Molas O que é uma mola??? Molas são membros mecânicos projetados para responder à uma carga externa aplicada com relativamente grande quantidade de deflexão elástica, sem ocorrência de deformações plásticas. Isto é, o componente citado deverá voltar a sua forma inicial, sem que ocorra nenhuma deformação permanente. Todos os corpos constituídos por materiais elásticos funcionam como molas, deformando-se sob a ação de uma carga (armazenando energia potencial). Uma mola, possivelmente, terá deformação permanente, após longo tempo de uso ou se estiver mal dimensionada. Elementos elásticos: principais características Quando se deseja máxima eficiência dos elementos elásticos, ou seja, por exemplo, máximo trabalho para mínima massa, deve-se, para uma dada força, proporcionar maior deflexão do elemento. Quais os tipos de mola? Os diversos tipos de molas podem ser classificados quanto à sua forma geométrica ou segundo o modo como resistem aos esforços. Quanto à forma geométrica, as molas podem ser helicoidais (forma de hélice) ou planas. Quanto ao esforço que suportam, as molas podem ser de tração, de compressão,de flexão ou de torção. Quanto à forma... Molas helicoidais Molas planas Quanto aos esforços que resistem... Molas de tração Molas de compressão Molas de flexão Molas de torção Onde são usadas as molas? As molas ou uniões elásticas são usadas para amortecer choques, reduzir ou absorver vibrações e para tornar possível o retorno de um componente mecânico à sua posição primitiva. Alguns exemplos: LIMITADOR DE PRESERVAÇÃO DE JUNTAS OU CONTATOS VAZÃO regulam a vazão de água em válvulas e registros e a vazão de gás em bujões ou outros recipientes. preservar peças articuladas, alavancas de contato, vedações, etc... que estejam em movimento. ARMAZENAMENTO DE ENERGIA acionar mecanismos de relógios, de brinquedos, de retrocesso das válvulas de descarga e aparelhos de controle. AMORTECIMENTO DE CHOQUES DISTRIBUIÇÃO DE CARGA As molas distribuem cargas em estofamentos de poltronas, colchões e veículos em que, por meio de molas, a carga pode ser distribuída pelas rodas. As molas amortecem choques em suspensão e pára-choques de veículos, em acoplamento de eixos e na proteção de instrumentos delicados ou sensíveis. engaged disengaged Fonte: www.howstuffworks.com Suspensão Veicular Modelo de uma Suspensão Veicular Veículo Amortecedor Mola Roda Pista Carga X X O veículo começa se elevar A Força na Mola, proporcional à deformação, provoca um movimento de “subida” X O amortecedor se opõe ao movimento, com uma força proporcional à velocidade X X X X X Suspensão pneumática Sentido de enrolamento de uma mola Há duas formas de verificar o sentido de enrolamento de uma mola. Com as mãos, esquerda e direita, devem coincidir com o sentido de enrolamento da mola. Verifica-se o sentido de enrolamento conforme o sentido de desenvolvimento da espira. Molas progressivas Molas não lineares Molas de Flexão Tensões em flexão: σf = Mf / W W = J/y = bh2/6, onde: Mf = Momento Fletor W = módulo de resistência J = momento de inércia da secção y = distância da linha neutra σf = 6 . (F . l) / bh2 σf = f(comprimento) Molas de Flexão Condição para minimizar a massa: - σf constante em toda a mola Em uma seção X temos: σf = [6 . (F . lx) / bxhx2] = K Logo [lx / bxhx2] = K Alterar a geometría : b ou h ? Supondo hx = cte = h => b x = b . lx / l Molas de Flexão Configuração para σf = cte => mínima massa Molas de Flexão Molas de Flexão de Tensão Constante Espessura h = cte Largura b = cte Molas de Flexão Molas de Flexão de Tensão Constante Espessura h = cte Molas de Flexão Molas de Flexão de Tensão Constante – FEIXE DE MOLAS F Molas de Flexão Molas de Flexão de Tensão Constante – FEIXE DE MOLAS Constante Elástica: Deslocamento: d = (6.F.l3)/(E.b.h3) k = F/d = (E.b.h3)/(6.l3) Molas de Flexão Mola de compressão (torção) De: diâmetro externo Di: diâmetro interno Lf: comprimento da mola d: diâmetro da seção do arame; p: passo da mola; p Lf n: número de espiras. D=Di+d/2 α Passo é a distância entre os centros de duas espiras consecutivas. A distância entre as espiras é medida paralelamente ao eixo da mola. Como se conta o número de espiras Fonte: http://www.webmolas.com.br/faq/faq.asp Posicione a mola na vertical, com o começo da espira virado para você. Agora conte as espiras inteiras como o exemplo ao lado. Conte as frações de espiras. Comprimento e deflexão de molas Lf: comprimento livre - comprimento global da mola na condição descarregada La: comprimento montado - comprimento da mola depois de instalada à deflexão inicial δ0 (pré carga) δtrab: deflexão de trabalho – deflexão da mola em trabalho (carga de trabalho) Lm: comprimento mínimo de trabalho - é a menor dimensão da mola quando em serviço (carga máxima) Ls: comprimento fechado ou altura sólida - seu comprimento quando todas as espiras se tocarem. δint: limite de interferência – diferença entre comprimento mínimo de trabalho e altura fechada, expresso como uma porcentagem da deflexão de trabalho. Recomendado: 10-15% como valor mínimo de interferência. Requisitos básicos de um projeto de molas Satisfazer a função de maneira econômica Alta confiabilidade Sempre que possível, baixo peso, volume e comprimento Nível de tensão deve estar abaixo do limite de escoamento do material Sob ação da carga máxima, a mola não deve ser comprimida até o estado sólido: Fsolido=1,1Fmax Deve sempre ser mantida uma folga, da ordem de 10% do diâmetro externo da mola, entre a mola e a parede que a guia Sob ação de carregamento dinâmico, a freqüência natural da mola não deve coincidir com a freqüência natural do carregamento. Critérios de falha Escoamento: nível de tensão deve estar abaixo do limite de escoamento do material. Fadiga: tensão média sempre diferente de zero (pré carga) e quase nunca são usadas em carregamento reverso. Flambagem: molas em compressão atuam como colunas e o caso de instabilidade deve ser considerado Freqüência natural: a mola, como todo elemento estrutural que trabalha dinamicamente, deve ter freqüência natural diferente da freqüência de serviço. Tensões As tensões são de cisalhamento: composição das tensões de cisalhamento devido à torção e ao cisalhamento puro. d T P J= D/2 P πd 4 32 A= πd 2 4 T = P D/2 Centro do arame P/A Tensão cisalhante + transversal τmax Tr/J Tensão cisalhante de torção = Tensão cisalhante resultante τ max = 4P πd 2 + 8 PD πd 8 PD 2C + 1 = 3 2C πd 8 PD = K 3 S πd 3 = (usualmente entre 6 e 12) D C= d 2C + 1 Ks = 2C Fator multiplicativo de cisalhamento Diretamente proporcional à P e D, inversamente proporcional ao cubo de d ∴ Uma pequena mudança no diâmetro do arame tem um grande efeito na tensão Cálculo da deflexão na mola através da energia de deformação T 2L P2L U= + 2GJ 2 AG L = πDna : é o comprimento da mola G : módulo de elasticidade transversal ∂U 8 PD 3na APDna 8 PD 3na = + = δ= ∂P Gd 4 Gd 2 Gd 4 δ≅ 8 PD 3na δ= Gd 4 8 PD 3na Gd 4 O efeito do cortante pode ser desprezado!!! Gd 4 ⇒ P = 8 D 3n a 1 1 + 2 C Teorema de Castigliano δ P L=πDna δ K = rigidez da mola Note que K ↑ se n ↓ Tipo de extremidade Simples Esmerilhada Conformada Esmerilhada e conformada Espiras da extremidade 0 1 2 2 Espiras ativas, na nt nt -1 nt -2 nt -2 Comprimento livre, Lf nap+d p(na+1) nap+3d nap+2d Comprimento fechado, Ls (na+1)d (na+1)d (na+3)d (na+2)d Passo, p (Lo-d)/na Lo/(na+1) (Lo-3d)/na (Lo-2d)/na Termo nt: número total de espiras Vigas curvas têm concentração de tensões na superfície interna da curvatura. c 0 τ=Tr/J τ<Tr/J T T a T d T τ=Tr/J 0 Incluindo a curvatura b τ>Tr/J Efeito ↑ quanto ↓ C Desprezando a curvatura Seção transversal τmax Incluindo a curvatura Linha de centro da mola ( 4C − 1) 0,615 Kw = + (4C − 4) C Fator de Wahl – desenvolvido por A. M. Wahl para combinar os efeitos da concentração de tensões e do cisalhamento direto, e publicado em 1929 em Transactions of the American Society of Mechanical Engineers τ max 8PD = Kw 3 πd Flambagem L f ≤ 2,63 D α Função da condição de montagem da mola α Condição da extremidade Extremidades fixas por superfícies paralelas 0,5 Uma extremidade fixa em sup paralela, outra rotulada 0,707 Ambas extremidades rotuladas 1 Ambas extremidades engastadas 2 Freqüência natural 1 kg fn = 2 Wa k: constante da mola Wa = π 2 d 2 Dnaγ 4 g: constante gravitacional peso das espiras ativas da mola γ é a densidade do material Os limites de resistência dos materiais para mola variam com o diâmetro do fio. Uma equação empírica aproximada para designar esse valor é dada por: A Sut = m d Resistência ao escoamento torcional: aço carbono estirado à frio 0,45Sut S sy = 0,50 Sut temperado e usinado (ação carbono e liga) 0,35S aço inoxidável e materiais não ferrosos ut Resistência ao cisalhamento: S su = 0,67 S ut Testes mostram que uma estimativa razoável do limite de resistência à torção de materiais usados comumente em molas é de 67% do liite de resistência do material. Resistência à fadiga torcional: 310 MPa S se = 465 MPa molas não jateadas molas jateadas Projeto Usualmente, a análise ou projeto de molas inicia-se pela definição do diâmetro do arame e do diâmetro da própria mola, já que são estes fatores, aliados ao carregamento externo, que definem a magnitude das tensões atuantes. Definindo-se D e d, relaciona-se o número de espiras, que tem como restrição o valor exigido para a constante elástica k da mola. Por último, define-se o comprimento livre da mola e verificase a possibilidade da ocorrência de flambagem e vibração. Material MATERIAL ASTM no. Expoente A, kpsi m Corda de violão A228 0,163 186 2060 Temperado em óleo A229 0,193 146 1610 Temperado a frio A227 0,201 137 1510 Cromovanadium A232 0,155 173 1790 Cromo-silício A401 0,091 218 1960 A, MPa Exercício 600N 300N Um came é fixado a um eixo que gira a 650 rpm e aciona um seguidor, mantido em sua posição por uma mola, conforme Figura ao lado. A 25 mm força no seguidor varia entre 300 e 600 N, e a mola 650 rpm 600N came deve apresentar um curso de 25mm. As molas são jateadas, extremidades 300N esmerilhadas e conformadas, o material é eixo um aço cromo-vanadio, conforme norma ASTM A232. Pede-se ∆+25 ∆ dimensionamento da mola, para coeficiente de G=80760 N/mm2 segurança à fadiga de 1,2. pela norma: Sut = 1350 MPaa min Propriedades Mecânicas do Material S se = 465 MPa S su = 0,67 Sut A 1790 Sut = m = 0,155 d d Sut ≅ 1350 MPa ∴ S su ≅ 904,5MPa Estimativa da curva SN Lei de Goodman τa 0,833 S se τa S se + τm S su 1 = = 0,833 1,2 τm 0,833 S su Valor mínimo recomendado pela norma. Relação entre tensão média e alternada Portanto: 600 + 300 = 450 N Fm = 2 τ a Fa 1 = = → 3τ a = τ m τ m Fm 3 Da equação de Goodman: 600 − 300 Fa = = 150 N 2 τ a = 152 MPa τ m = 456 MPa Definição do diâmetro do arame ( 4C − 1) 0,615 Kw = + (4C − 4) C τ max 8 PD = Kw πd 3 suponho c=10 K w = 1,145 8 x600 x10 608 = 1,145 πd 2 d = 5,35 mm = 5,5 mm Adota-se d=5,5mm e verifica-se os cálculos! Verificação: d = 5,5 mm 1790 Sut = = 1374 MPa 0 ,155 5,5 S se = 465 MPa S su = 920,6 MPa τa 3τ a + = 0,833 465 920,6 τ a = 154 MPa τ m = 462 MPa S sy = 0,45Sut = 0,45 x1374 = 618,3 MPa 8 x600 x10 616 = 1,145 πd 2 S sy < τ max = 616 MPa d ≅ 5,5 mm 8600C 616 = K w → K wC = 12,20 → C = 10,8 D ≅ 59,4 mm 2 π 5,5 Constante elástica da mola: ∆F 300 k= = 12 N/mm ∆y 25 Número de espiras Gd 4 5,54 x80769 na = = = 3,67 3 3 8 D k 8 x59,4 x12 Comprimento sólido Comprimento livre da mola Ls = nt d = d (na + 2) = 5,5(3,67 + 2 ) = 31,19 mm ysolido 1,1Fmax 1,1x600 = = = 55 mm k 12 L f = Ls + ysolido = 31,19 + 55 = 86,19 mm Supõe-se que a deflexão da mola do estado livre ao comprimento sólido ocorre sob ação da carga igual a 1,1Fmax Verificação à flambagem: 59,4 L f ≤ 2,63 = 2,63 = 312,44 mm α 0,5 D OK Verificação da freqüência natural: γ aço = 76734 N/m 3 π x5,5 x59,4 x3,67 x76734 2 Wa = 2 4 (10 ) 10 −3 2 1 12 x103 x9,8 fn = = 153,42 Hz 2 1,249 = 9205,2 rad/min >>> 650 rpm −3 = 1,249 N OK