ENGENHARIA MECÂNICA RENATO ALVES DA SILVA ESCOAMENTO DE UM FLUIDO NÃO-NEWTONIANO ATRAVÉS DE UMA ESTRUTURA POROSA Uruguaina 2020 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 3 2. JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 5 3. PROBLEMA ......................................................................................................... 6 4. OBJETIVOS ......................................................................................................... 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 8 3 1. INTRODUÇÃO O escoamento de um fluido genérico é descrito através de equações diferenciais parciais denominadas equações de Navier-Stokes (equações da conservação da massa e da conservação da quantidade de movimento linear). Para um fluido Newtoniano, a tensão de cisalhamento é diretamente proporcional ao produto da viscosidade absoluta pela taxa de deformação do elemento fluido, onde a viscosidade absoluta é uma propriedade física do fluido que caracteriza sua resistência para escoar. Os fluidos na qual a tensão de cisalhamento não é diretamente proporcional a taxa de deformação do fluido são denominados fluidos não-Newtonianos, nessa categoria se encontram os fluidos-plásticos, como o de Bingham (somente escoa a partir de um valor limite de tensão, exemplo: creme dental) e os fluidos que são descritos pela lei das potências, que são os fluidos pseudoplásticos (fluidos que se adelgam sob tensão, exemplo: tintas), e os fluidos dilatantes (fluidos que se espessam sob tensão, exemplo: suspensões de dióxido de titânio, e de amido de milho em água). Os fluidos podem ser caracterizados ainda como compressíveis ou incompressíveis, os fluidos compressíveis são aqueles quando sujeito a pressão variam seu volume, nessa categoria se encontram os gases. Por outro lado, os fluidos incompressíveis, são, praticamente, insensíveis a variação da pressão, ou seja, seu volume não se altera com a pressão (YUNES, CIMBALA, 2015). O escoamento por sua vez, pode ser classificado em: laminar ou turbulento, o escoamento laminar é caracterizado como sendo em lâminas de fluido sobrepostas; e o escoamento turbulento é caracterizado por movimentos caóticos e aleatórios da partícula fluida, proporcionando assim altas taxas de difusão, sendo esse o regime de escoamento predominante na engenharia. Além disso, o escoamento pode ser classificado ainda, em permanente ou transiente. No escoamento permanente as propriedades termofísicas não se alteram no tempo; no escoamento transiente, as propriedades termofísicas variam no tempo. O escoamento de um fluido pode ser interno ou externo, o escoamento interno é aquele que é delimitado por superfícies sólidas, por exemplo: escoamento em dutos, bombas, turbinas, etc; o escoamento externo é aquele que ocorre sobre superfícies sólidas, por exemplo: escoamento ao redor de meios de transporte, residências, pontes, entre outros (YUNES, CIMBALA, 4 2015). O atrito entre uma superfície sólida e o escoamento gera uma região delgada adjacente a superfície denominada camada limite. Dentro da camada limite os efeitos viscosos impõem um gradiente de velocidade, fora dessa região encontra-se a região potencial, região esta onde os efeitos viscosos não são importantes e, portanto, não há um gradiente de velocidade. Por outro lado, no escoamento interno em tubos de seção transversal constante, a camada limite cresce até atingir a linha de centro da tubo, a partir desse momento o escoamento é denominado completamente/totalmente desenvolvido, ou seja o perfil de velocidade se torna, nesse caso, dependente apenas de uma coordenada espacial (YUNES, CIMBALA, 2015). Os fluidos podem escoar em regiões desobstruídas (sem obstáculos), ou em regiões com estruturas porosas, como por exemplo: através de elementos filtrantes, em reservatórios de petróleo, etc. As estruturas porosas são caracterizadas pela geometria interna: poros inter ou desconectados, estrutura rígida ou não, distribuição homogênea ou heterogênea de poros, isotropia ou anisotropia da estrutura e por propriedades macroscópicas da estrutura porosa como porosidade e permeabilidade (BEAR, 1972). Nesse trabalho será investigado o efeito das propriedades da estrutura porosa e reológicas no comportamento do escoamento laminar completamente desenvolvido, em regime permanente, de um fluido incompressível e regido pela lei das potências, permeando uma estrutura porosa, rígida e indeformável, de propriedades constantes e homogêneas. 5 2. JUSTIFICATIVA Uma das aplicações de fluidos não-Newtoniano é apresentado na Figura 1a e b, onde é ilustrado a perfuração de um poço de petróleo. Para a perfuração de um poço de petróleo é usado o fluido ou lama de perfuração (fluido não-Newtoniano), este tem por finalidade lubrificar e refrigerar a broca durante a perfuração, manter a pressão hidrostática de fundo e impermeabilizar as paredes do poço. A lama de perfuração quando sob tensão diminui sua viscosidade, facilitanto o escoamento e o carreamento de detritos para superfície, porém na ausência de tensão o fluido aumenta sua viscosidade, o que faz com que os detritos retidos na lama não precipitem ao fundo do poço (THOMAS, 2004). Diante do exposto, evidencia-se a importância dos fluidos não-Newtonianos para a indústria petrolífera, em particular para a extração de petróleo, assim sendo, o estudo e análise de seu comportamento, a partir de modelos simples e bem descritos na literatura pode gerar conhecimentos que levem a outras aplicações. Dentre os diversos fluidos nãoNewtonianos, o fluido descrito pela lei das potências, ou simplesmente power-law fluid (CHHABRA, RICHARDSON, 2008), é um modelo simples e tem grande empregabilidade comercial nas aréas alimentícias, de tintas, etc. Desta forma, o estudo do escoamento do power-law fluid em estruturas porosas pode contribuir para o avanço da ciência. Figura 2: perfuração de um poço de petróleo. a) b) Fontes: a) https://url.gratis/gUmZU, b) https://url.gratis/TTyQQ, acessado em 01/04/2020. 6 3. PROBLEMA Qual a influência das propriedades da estrutura porosa (porosidade e permeabilidade) e da reologia do fluido no comportamento do escoamento ? Para responder a essa pergunta será utilizado a geometria apresentada no diagrama esquemático (Figura 2), onde um escoamento completamente desenvolvido, em regime permanente, de um power-law fluid, com propriedades constantes, flui da esquerda para a direita, permeando a estrutura porosa (meio poroso) e a região desobstruída (meio limpo). Como condições de contorno são utilizados: em y=0, condição de simetria; em y=H/2, condição de salto de tensão de cisalhamento, em y=H, condição de não-escorregamento; em x=0 e x=L condição de periodicidade espacial. Figura 2: canal parcialmente preenchido com material poroso. simetria uD meio limpo H/2 interface uD y meio poroso H H/2 y x x parede impermeável L As equações macroscópicas que descrevem o escoamento de um fluido governado pela lei das potências em um meio poroso rígido, homogêneo, isotrópico e saturado por um fluido incompressível, proposto no trabalho de SILVA et. al. (2016), serão solucionadas numericamente. Para isso, as equações governantes serão discretizadas através do uso do métodos numérico de volumes finitos com arranjo co-localizado num sistema de coordenadas não-ortogonal, onde o algoritmo SIMPLE será empregado para correção do campo de pressão (DE LEMOS, 2006). 7 4. OBJETIVOS Este projeto tem como finalidade investigar a influência de parâmetros como porosidade, permeabilidade (propriedades de uma estrutura porosa) e da reologia no comportamento do escoamento. Para isso, além da comparação dos resultados numéricos com aqueles encontrados na literatura, será investigado: a) a influência do índice de comportamento do escoamento no perfil de velocidade do escoamento; b) o efeito da porosidade e da permeabilidade no perfil de velocidade do escoamento; c) o efeito do coeficiente de salto de tensão de cisalhamento na interface no comportamento do escoamento. 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEAR, Jacob. Dynamics of fluids in porous media. 1ª edição. New York: American Elsevier Pub. Co., 1972. ÇENGEL, Yunes A., CIMBALA, John M. Mecânica dos fluidos – fundamentos e aplicações. 3ª edição. Porto Alegre: AMGH, 2015. CHHABRA, R. P., RICHARDSON, J. F. Non-Newtonian flow and applied rheology. 2nd edition. Burlington: Elsevier, 2008. DE LEMOS, Marcelo J. S. Turbulence in porous media – modeling and applications. 1st editon. Oxford: Elsevier Ltd., 2006. SILVA, Renato A., ASSATO, Marcelo, DE LEMOS, Marcelo J. S. Mathematical modeling and numerical results of power-law fluid flow over a finite porous medium. International Journal of Thermal Sciences, Vol. 100, p. 126-137, 2016. THOMAS, José Eduardo (Org.). Fundamentos de engenharia de petróleo. 2ª edição. Rio de Janeiro: Interciência, 2004.