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Aula 2 - Conceitos essenciais à compreensão sonora

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Introdução ao Som
Inês Rebanda Coelho
Aula 2
2022/23
Introdução à teoria do som e aos fenómenos
acústicos
- Comprimento de onda
- Velocidade do som
- Intensidade
- Conceitos essenciais que serão abordados:
-
Frequência do movimento de onda
Movimentos de Onda
Vibração
Massa
Elasticidade
Período
Amplitude
Pitch
Timbre
“Se uma árvore cair e não estiver ninguém para
ouvir, existe som?”
(George Berkeley em Tratado sobre os Princípios do Conhecimento Humano (1710))
Perspetiva Sonora
• A resposta depende da distinção entre duas perspetivas diferentes
para definir som: a física e a psicológica. Albers (1970) escreveu que o
som “no sentido restrito, é uma onda de compressão que produz uma
sensação no ouvido humano” (p.36). Portanto, quando a “sensação
de ouvir” é incluída na definição de som os atributos psicológicos do
som são invocados: pitch, intensidade e timbre. Por outras palavras,
em termos psicológicos “o som é aquilo que ouvimos”.
Albers, V. M. (1970). The World of Sound. New York: A.S. Barnes and Company.
• Pitch – propriedade do som que nos permite classificá-lo como um som grave ou
um som agudo. Está diretamente ligado à afinação, visto que ao determinar a
escala de frequência de um som, para além de conseguirmos detetar se é um som
de pitch alto (agudo) ou baixo (grave), também é possível de determinar a
qualidade do pitch.
• Intensidade – A intensidade do som é relativa à quantidade de energia que incide
numa determinada área durante um determinado período de tempo
• Timbre – característica do som que diferencia um som de outro proveniente de
diferentes fontes que tenham a mesma intensidade, volume, frequência, pitch e
duração, ou seja, que distingue a natureza da fonte sonora. É o que torna possível
distinguir a nossa voz da voz de outra pessoa, pois as características físicas do
nosso corpo e dos elementos que o compõem são diferentes, gerando vozes com
timbres diferentes. O mesmo acontece com instrumentos e outros elementos que
vibrem a uma frequência e volume possíveis de serem percecionados pelo ouvido
humano.
• Certamente estamos conscientes de que existem muitos sons
constantemente à nossa volta - sons de vozes, de um cão a ladrar, de uma
criança a chorar, do chilrear de um pássaro, música, barulho do trânsito, etc.
• A interpretação psicológica para definir o som é tentadora e pode parecer
que seria mais fácil de perceber os acontecimentos físicos que caracterizam
o som através da referência às sensações psicológicas ou sentimentos que
estão associados com os muitos sons que nós experienciamos diariamente.
Mas o inverso é mais correto- é mais simples de explorar a natureza das
sensações psicológicas causadas pelo som se conseguirmos compreender
na totalidade as características físicas. Uma alternativa é definir primeiro o
som de uma perspetiva física.
Som
• O som é definido por referência às propriedades de uma fonte sonora
e às propriedades do meio no qual ou pelo qual o som é transmitido.
Fonte Sonora
Ar
Meio no qual ou pelo
qual o som é
transmitido
Fonte Sonora
• Quando propriedades físicas do som são enfatizadas, o som existe
mesmo na ausência do recetor ou caso não esteja funcional. Noutras
palavras, o som existe mesmo se ninguém estiver na floresta.
• Muitos objetos podem servir de fonte sonora: cordas vocais, cordas e
caixa de uma guitarra, de um piano, de um violino, a membrana de
um tambor, etc. Em todos os casos, um pré-requisito essencial para
que um corpo seja uma fonte sonora é que tem de vibrar.
• A vibração requer duas propriedades físicas: massa e elasticidade.
Todos os corpos presentes na natureza possuem ambas as
propriedades até a um certo grau.
Massa
Ao dividirem a força resultante (F) e a aceleração do objeto (a)
obtêm a massa: m = F / a ou através da divisão do peso (P) e a
aceleração da gravidade local (g).
O peso (P) é calculado pela massa do corpo (m) multiplicada
pela aceleração da gravidade local (g).
• Massa: a quantidade de matéria
presente. O ar é uma matéria
gasosa, existindo ainda os líquidos e
os sólidos. Não confundam massa
com peso. O peso é uma força e é
relativo à força atrativa gravitacional
exercida na massa pelo planeta. Por
exemplo, diz-se que uma pessoa
pesa 60 kg porque o planeta atrai a
pessoa com uma força de 60 kg.
Porém, se a pessoa for até à Lua a
mesma quantidade de matéria está
presente, mas devido à existência de
menos atração gravitacional, o peso
altera-se, neste caso desce.
Para calcular a densidade de um material basta dividir a
massa pelo seu volume.
• Não confundam massa com densidade, dado que a
densidade é a quantidade de massa por unidade de
volume. Ou seja, imaginem um saco de compras com um
volume de 0,06 metros cúbicos que está preenchido com
50 folhas de jornais frouxamente amassadas, se vocês
embalarem o papel mais esticado e justo até à mesma
quantidade (50 folhas) esta apenas ocupa metade do
volume do saco de compras (0,03 metros cúbicos). O que
quer dizer que a mesma quantidade de matéria está
presente – a massa- mas essa matéria está empacotada
num volume mais pequeno. Após a compressão do papel, a
quantidade de matéria por metro cúbico – a densidadedobrou. Relativamente à primeira propriedade de um
meio de transmissão, é útil referirmo-nos tanto à massa
de um meio como à densidade de um meio, uma
quantidade derivada da massa.
Elasticidade
• A elasticidade é a segunda propriedade de um meio de
transmissão. Toda a matéria, seja gasosa, liquida ou sólida,
passa pela distorção seja da forma ou do volume ou de
ambos, quando uma força é aplicada à mesma. Para além
disso, toda a matéria é caracterizada pela tendência de
recuperar da distorção. A propriedade que permite essa
recuperação da distorção para a forma ou volume original
é a elasticidade. Sendo a sua melhor definição, “a
habilidade de resistir a alterações de forma, volume ou
posição” do que propriamente a habilidade de recuperar da
mudança.
• Imaginem um peso preso a uma mola no teto. Quando
a mola é esticada e depois libertada volta à sua
posição original a menos que tenha sido
sobrecarregada. Por sobrecarregada entenda-se que o
esticar da mola foi suficiente para exceder o seu limite
de elasticidade. Se a força aplicada excede o limite de
elasticidade, a deformação é permanente. Se a força
aplicada excede muito o limite de elasticidade, o
objeto parte. Portanto, temos objetos em que o
limite da elasticidade é muito pequeno e outros que
é muito grande. Por exemplo, no caso do ar o limite
de elasticidade é tão grande que nem nos
preocupamos com ele. Sendo que, aplicado ao ar, o
conceito de elasticidade significa “a tendência de um
volume de ar de voltar ao seu volume anterior antes
da compressão” .
Propriedade Sonora: Fonte e Meio de
Transmissão
• Quando uma potencial fonte de som é posta em modo de vibração,
ou seja, dá- se uma perturbação de um corpo que o faz vibrar ou
oscilar, o som é criado. O som que é criado pode, então, ser
transmitido da fonte com ou através de um determinado meio. O ar é
possivelmente o meio mais familiar que podemos encontrar. Mas,
como poderemos ver, outras estruturas moleculares, tal como, por
exemplo, água, fios, cordas, vidro, madeira, aço, entre outros,
também transmitem som. Como todas as estruturas moleculares
têm massa e elasticidade finita, cada uma é capaz de ser tanto uma
fonte de som como um meio para a sua transmissão.
Propriedade Sonora: Fonte e Meio de
Transmissão
• Claro que, algumas estruturas serão fontes sonoras mais eficazes ou
transmissores mais eficazes do que outras. Apesar das propriedades
que permitem uma estrutura ser uma fonte sonora serem
essencialmente as mesmas que as das propriedades que permitem
um meio transmitir som, é conveniente descrever as propriedades do
meio transmissor e as propriedades da fonte separadamente.
Ar: Meio de Transmissão
• Considerem o ar como meio de transmissão
sonora. O ar consiste em aproximadamente
400 biliões de biliões de moléculas por
polegada cúbica. No estado quiescente
(antes da fonte sonora começar a vibrar) as
moléculas de ar movem-se de forma aleatória
a velocidades próximas de 1.500 quilómetros
por hora (kph). Apesar da movimentação
molecular ser aleatória, as moléculas
mantêm alguma distância média umas das
outras.
Ar: Meio de Transmissão
• Os biliões sobre biliões de
moléculas exercem uma pressão
com tudo com que entrem em
contacto. Por exemplo, quando as
moléculas do ar que se movem
aleatoriamente colidem com o
tímpano do ser humano (ou
qualquer outra estrutura), é
exercida pressão no mesmo. Ainda
assim, essa ocorrência só por si não
causa a sensação de ouvir um som.
Essa pressão que se sente,
principalmente ao nível do mar, é
chamada de pressão atmosférica,
mas não é suficiente para que a
vibração seja audível.
Frequência do Movimento Vibratório
• A taxa a que uma fonte de som vibra é expressa em Hertz (Hz) e é chamada de
frequência (f). O que determina a frequência de vibração de uma fonte de som
são as propriedades da fonte. Não interessa se a onda sonora formada é
propagada através do ar ou da água ou de um caminho de ferro e não interessa
que força é aplicada à fonte. No caso de um diapasão, os principais fatores que
determinam a frequência de vibração são a densidade do metal e o comprimento
da barra. Portanto, um diapasão que é sempre caracterizado por uma densidade e
comprimento constantes, vibra sempre dentro da mesma frequência. Com um
pendulo, o comprimento é o fator principal que determina a vibração. No caso de
um piano ou de uma guitarra já depende do comprimento, massa e tensão das
cordas. É importante lembrar que, desde que nada aconteça que altere as
características principais da fonte, a frequência da vibração é a mesma.
• E no caso de frequências de vibração, para
lá e para cá, de moléculas de ar em
resposta à vibração da fonte? A frequência
da vibração de moléculas de ar depende
de, e é a mesma que, a frequência de
vibração da fonte. Ou seja, se um diapasão
vibrar a uma frequência de 125 Hz, as
moléculas de ar no meio vibram na
frequência de 125 Hz.
Velocidade do Som
• Enquanto a frequência ou taxa de vibração de uma fonte depende
de características da fonte, a velocidade da propagação da onda
sonora depende de características do meio. Portanto, as ondas de
compressão resultantes de diapasões que vibrem em frequências
diferentes (ex.; um a 125Hz e outro a 250 Hz) movem-se no meio com
a mesma velocidade. A nossa experiência de vida diz- nos que existe
uma finita quantidade de tempo necessário para que uma onda
alcance o nosso ouvido. Vemos um relâmpago muito antes de o
ouvirmos; vemos a bola a sair da área do jogador de golf antes de
ouvirmos o crack da tacada; a imagem da televisão chega antes do
som.
Velocidade do Som
• Estas diferenças de quão cedo nós vemos algo e quão cedo ouvimos
algo ocorre porque a luz e o som viajam a velocidades diferentes. A
velocidade da luz é de 299.792.458 metros por segundo. A velocidade
do som no ar a nível do mar com a temperatura de 0 graus Celsius é
de apenas 331 metros por segundo. Portanto, a velocidade da luz é
quase um milhão de vezes mais rápida que a velocidade do som. A
velocidade do som no ar é calculada através da seguinte equação, em
que “E” se refere à elasticidade, “s” ao som e “p” à densidade:
Calcular a frequência, a velocidade e o
comprimento de onda
• f representa a frequência, V representa a velocidade da onda
e λ representa o comprimento da onda. O T representa o
período de tempo requerida para que se complete uma única
oscilação de onda.
Tipos de Movimentos de
Onda
• O movimento de onda não é só direcionado
ao som. A vibração ou tremores de prédios
ou pontes também são exemplos de
movimentos de onda. Outro exemplo é o
padrão de vibrações que se vê se agitarem a
extremidade de uma corda esticada que se
encontra presa a uma parede. O tipo de
ondas que resulta de movimentos
vibratórios é uma onda mecânica e é
classificado de acordo com a direção da
vibração do meio relativo à direção em que
a onda é propagada. Há dois tipos de
movimento de onda: transversal e
longitudinal.
Movimento de Onda Transversal
• A direção do movimento de uma onda é da
esquerda para a direita em contraste com a
direção do movimento das partículas, que é para
cima e para baixo. Isso é o que se chama de
movimento de onda transversal. Uma onda
transversal é uma onda cuja direção de vibração
está em ângulos retos (90 graus) na direção da
onda que é propagada através de um meio.
Movimento de ondas transversais acontecem
quando, por exemplo, puxam a corda de uma
guitarra (observem a forma como vibram).
Movimento de Onda Longitudinal
• As ondas sonoras propagadas no ar são
longitudinais, visto que a direção do
movimento das partículas é paralela à
direção do movimento da onda, ou seja, a
variação de pressão é feita ao longo da
direção de propagação do som. Nas ondas
longitudinais sonoras os movimentos de
vibração das moléculas alteram o seu
posicionamento e provocam no meio de
propagação zonas de compressão, ou seja,
onde as moléculas se encontram mais
próximas do que o normal e zonas de
rarefação, ou seja, onde as moléculas estão
mais afastadas do que o habitual.
Onda Sinusoidal
• A onda sinusoidal ou senoidal é possivelmente a forma mais comum de representar
graficamente uma onda sonora. As propriedades de uma onda sinusoidal são:
- Frequência (f): o número de ciclos por segundo (unidade de medida: Hertz)
- Amplitude (A) (no caso de ser representada em metros) ou Volume (dB) (em caso de ser
representado em decibéis): variações da pressão do ar e refere-se à representação da altura
da onda (especialmente quando falamos de amplitude)
- Comprimento de Onda (λ): comprimento físico de um período de onda (medido em
metros e é representado por λ )
- Período (T): é a quantidade de tempo necessário para que uma onda complete um ciclo
completo, ou seja, o tempo que uma onda demora a viajar a distância de um comprimento
de onda (medido em segundos).
- Fase (°): o ponto de partida de uma onda ao longo do eixo y (medido em graus)
Onda Sinusoidal
• Movimento de onda - representação do movimento de onda em
distância (metros) e em tempo (segundos) (primeira imagem);
oscilação de uma onda sinusoidal – período, frequência e amplitude
representados (segunda imagem); fase de uma onda (terceira
imagem)
Cálculos adicionais: Fase, Volume e Amplitude
Sonora
A fase de uma onda ou oscilação refere-se a uma função senoidal com a
seguinte forma:
onde
•(kx + ωt + Φ0) é a fase
•k é o número de onda
•x é a posição no espaço
•ω é a frequência angular
•t é o tempo
•Φ0 é a constante de fase.
Volume Sonoro
Amplitude da onda sonora
Frequência
• A frequência refere-se, como já visto anteriormente, ao número de
ciclos por segundo de uma onda sonora, sendo medida em Hertz.
Portanto, se uma onda sinusoidal tem uma frequência de 100 Hz,
então um período dessa onda repete-se a ele mesmo a cada 1/100 de
segundo. Os seres humanos podem ouvir frequências entre os 20 Hz
e os 20,000 Hz. Lembrem-se que: apesar de a frequência estar
relacionada com o pitch, não são a mesma coisa; a frequência não
determina a velocidade a que a onda viaja e a frequência é inerente a
e determinada pela vibração de um corpo e não pela quantidade de
energia que é depositada nesse corpo para que ele vibre.
Frequência
• Quanto mais alta a frequência, maior a
amplitude, mais agudo o som e menor o
comprimento de onda.
• Quanto menor a frequência, menor a
amplitude, mais grave é o som e maior o
comprimento de onda.
• Quando se fala da altura do som (alto ou
baixo), não estamos a referir-nos ao volume,
mas sim à frequência (se os sons são agudos
ou graves).
Amplitude e Volume
• A amplitude e o volume descrevem o
tamanho da variação de pressão de uma
onda, sendo medida ao longo do eixo
vertical y. Estas medem a relação entre os
picos e depressões de uma onda sonora. A
diferença entre ambas é que a amplitude é
relativa ao tamanho da onda em altura,
sendo medida em metros (representação
gráfica da medida da altura da onda),
enquanto o volume é a representação dessa
mesma altura em decibéis (estando mais
direcionada à representação do nível de
intensidade da onda (de energia que a
mesma comporta) e como é percecionada
pelos nossos ouvidos).
Intensidade e Nível de Intensidade
• A intensidade do som e o nível de
intensidade do som são duas coisas
diferentes. A intensidade do som é relativa à
quantidade de energia que incide numa
determinada área durante um determinado
período de tempo. O nível de intensidade é a
quantidade de energia que a onda sonora
carrega e que é percecionada pelo ouvido
humano (dB), por norma em comparação
com outro som detetável dentro do limiar de
audição. O nível de intensidade é o que
chamamos de volume, a unidade de medida
é o decibel e os sons intensos são chamados
de sons fortes e os que têm baixa intensidade
de sons fracos.
Calcular a Intensidade e Nível de Intensidade
de um som
Calcular o nível de intensidade de um som:
Período e Comprimento de onda
• Tanto o período como o comprimento da onda são relativos ao
tamanho da onda em largura, porém, uma é a sua representação em
tempo – o período- ou seja, quanto tempo em segundos uma onda
demora a completar um ciclo e a outra é relativa à distância
percorrida – comprimento de onda- o tamanho físico em que o
período de uma onda sonora ocorre.
Período (T) = 1/f (frequência)
Conclusão
• Concluímos, assim, que o som é uma onda sinusoidal mecânica
longitudinal que se propaga através de um ou mais meios físicos (o
que significa que o som não se propaga no espaço (vácuo)).
Resumo e exemplos de alguns conceitos
essenciais
Link: https://www.youtube.com/watch?v=TsQL-sXZOLc&ab_channel=ScienceSauce
Frequência
• Exemplo prático auditivo
Link:
https://www.youtube.com/watch?v=qNf9nzvnd1k&ab_channel
=adminofthissite
Amplitude/Volume
• Exemplo prático de alteração de volume
Link: https://www.youtube.com/watch?v=PWyWZRC8Hg&ab_channel=DavidMoes
Frequência e Volume
• Experimentem fazer o download de um áudio e alterarem o mesmo
numa DAW (Digital Audio Workstation) como o Audacity (gratuíto),
Audition, Reaper ou Protools (software profissional pago).
Sons Simples
• Os sons simples, também conhecidos como tons
puros ou simples, consistem numa frequência única,
apesar da intensidade dessa frequência poder variar.
Um exemplo de um tom simples é o som que deriva
do diapasão, pois o som que produz é apenas na sua
totalidade um tom a que os instrumentos musicais
têm de igualar. Os sons simples não caracterizam os
sons normais do mundo real, pois estes são
complicados. No nosso dia-à-dia ouvimos sons que
pertencem ao segundo tipo de sons: sons complexos
(ou tons complexos).
Sons Complexos
• Sons complexos, como a voz humana, a
música de um instrumento ou o som de uma
cascata, são compostos de diversas ondas
sinusoidais diferentes, ou seja, dois ou mais
tons/sons simples. A coleção de todas as
ondas sinusoidais que compõem um som é
referida como espectro. Cada componente
individual é referida como uma parcial.
Tipicamente a parcial mais baixa, ou seja, a
que tem a frequência mais baixa dentro do
espectro é chamada de fundamental ou de
frequência fundamental e todos os outros
elementos são chamados de sobretons
(overtones).
Sobretons
• Os sobretons são ondas parciais que podem ser
harmónicos ou inarmónicos e são numerados
sequencialmente da fundamental para cima.
Por exemplo, um som pode consistir em ondas
sinusoidais a 100 Hz, 260 Hz e 400 Hz. O set de
três frequências compreendem o espectro.
Cada uma das componentes é uma parcial. A
fundamental é 100 Hz e os sobretons são 260
Hz e 400 Hz. A onda a 260 Hz é chamada de
primeiro sobretom, enquanto a de 400 Hz é
chamada de segundo sobretom. Na Teoria da
Música, o set de sobretons é parte do que é
referido como o timbre do som.
Sobretons Harmónicos e Inarmónicos
Como dito anteriormente, os sobretons podem ser classificados
como harmónicos e inarmónicos. Um harmónico é um múltiplo
inteiro da fundamental, portanto, um sobretom harmónico tem de
ser um múltiplo inteiro da frequência fundamental, enquanto um
sobretom inarmónico é um múltiplo não inteiro da frequência
fundamental. No exemplo anterior, sendo a frequência fundamental
100 Hz, a onda de 260 Hz é um sobretom inarmónico, enquanto a de
400 Hz é harmónico. Frequentemente, sons da natureza ambiente
como de um trovão, da chuva, etc. são inarmónicos. Em contraste,
os instrumentos musicais frequentemente produzem sequências de
sobretons harmónicos. Isto é particularmente verdade com
instrumentos que dependem da ressonância de cordas sob tensão
(ex.: guitarra, violino, piano, etc.) ou colunas de ar (trompete, flauta,
saxofone, etc.). Pela sua própria natureza, estas fontes de som
produzem sobretons que são múltiplos inteiros da fundamental.
Um exemplo de sobretons harmónicos
f
440 Hz
tom
fundamental
primeiro
harmónico
2f
880 Hz
primeiro
sobretom
segundo
harmónico
3f
1320 Hz
segundo
sobretom
terceiro harmónico
4f
1760 Hz
terceiro
sobretom
quarto harmónico
Sobretons Harmónicos e Inarmónicos
• A fundamental é determinada em parte pelo comprimento do
sistema mecânico (ex.: comprimento das cordas da guitarra ou a
distância do bocal até à extremidade efetiva de uma coluna de ar). Os
sobretons são igualmente restritos e devem “encaixar” totalmente
dentro desse comprimento, caso contrário apenas múltiplos inteiros
são produzidos. Consequentemente, ao discutir instrumentos
musicais, os sobretons são frequentemente referidos como
harmónicos, que é a abreviação de sobretons harmónicos.
Timbre
• O timbre é o que faz com que dois instrumentos musicais tenham
uma sonoridade diferente quando estão a tocar a mesma nota.
• Os harmónicos no início de cada nota- o chamado “ataque”- são
especialmente importantes para o timbre, portanto, é na realidade
mais simples identificar instrumentos que estão a tocar notas curtas
com fortes articulações do que é identificar instrumentos a tocar
notas longas e suaves. O ouvido humano é capaz de ouvir e apreciar
variações do timbre muito pequenas. O ouvinte pode ouvir, não só a
diferença entre um oboé e uma flauta, mas a diferença entre dois
oboés distintos. O som geral que alguém espera que um
determinado tipo de instrumento tenha, como por exemplo um
trombone, é usualmente chamado de timbre ou cor. A variação do
timbre entre instrumentos específicos, por exemplo, dois saxofones
diferentes, ou dois saxofonistas diferentes a usar diferentes tipos de
sons em diferentes peças, podem ser chamadas de diferenças entre
timbre ou cor.
Timbre
O timbre está relacionado à qualidade dos sons complexos produzidos,
dado que depende da forma da onda, que varia com o número,
frequência e a intensidade relativa dos sobretons presentes. Diferentes
formatos de ondas são produzidos através da sintetização
(combinação) de diferentes sons puros de várias frequências e
intensidades. Por este motivo, o timbre de um som varia com as
características dos sobretons. Quando ouvimos dois instrumentos
diferentes a tocar a mesma nota, os mesmos possuem diferentes
timbres porque têm diferentes sons complexos apesar de possuírem a
mesma frequência fundamental.
Pitch
• A frequência fundamental é o que percecionamos como
sendo o pitch de um som dentro de um som complexo. Por
exemplo, se num som complexo tivermos três sobretons de
frequências variadas que são múltiplos de 100 Hz e a
frequência fundamental é 100 Hz, o pitch percecionado do
som será o de 100 Hz.
Componentes com ligações psicológicas
essenciais
• Tonalidade
• Tom e Qualidade de Tom
• Ritmo
Tonalidade
• Quando falamos da tonalidade de
um som estamos a referir-nos à
sua escala musical, sendo que
quando falamos de escala,
estamos a referir-nos à sucessão
de notas. O recurso a
determinadas tonalidades causam
sensações e sentimentos no ser
humano, sendo uma componente
mais ligada à interpretação
psicológica do ouvinte.
Qualidade do Tom
Relativamente ao Timbre ou qualidade do Tom (os sobretons), são usadas determinadas terminologias na sua apreciação (tendo em
conta que o pitch, ou seja, a frequência fundamental também está presente e associada a cada um deles, assim como o volume), entre
elas:
• Perfurante/Piercing: pitch alto, sobretons agudos e volume alto
• Estridente: semelhante ao perfurante, mas com o pitch e as frequências altas bem evidenciadas, por vezes, ao ponto de se tornar
incómodo
• Esganiçado/Reedy: frequências altas fora de afinação
• Metalizado/ Brassy: sons onde se pode percecionar a presença do metal na sua vibração
• Nasal: poucos sobretons e pitch básico baixo com volume alto (corriqueiramente chamado de falar pelo nariz)
• Lamacenta/Muddy: falta de clareza e definição, com má separação quando existe mais do que um instrumento
• Plano/Flat: pitch baixo, com poucos sobretons e com pouca variedade sonora, som sem dimensão
• Pesado ou Leve: no primeiro temos sons de baixa frequência ou de alta frequência em destaque e de forma constante durante a
maioria da peça, enquanto sons leves possuem mais variações de sobretons que oferecem uma palete de frequências mais suaves
• Sedoso/Silky: som suave (exemplo, voz suave)
Qualidade do Tom
• Arredondado/ Rounded: som suave com um fluxo constante, recurso a frequências
médias-baixas
• Áspero/Harsh: temporariamente instável, apresenta rápidas variações temporais que
podem trazer algum tipo de ruído, dá uma sensação de fricção/arranhar
• Meloso/Mellow: poucos harmónicos superiores com tons fundamentais fortes
• Quente: baixos e vocais ficam em destaque enquanto os sons mais altos não, frequências
baixas e médias-baixas
• Brilhante/Bright: oposto do som quente, com o pitch alto em que os agudos se
encontram evidenciados
• Claro/Clear: usado para descrever equipamento brilhante. Revela facilmente assobios e
outras imperfeições nas gravações, devido ao seu detalhe na captura de frequências
Qualidade do Tom
• Breathy: capaz de ouvir o fluxo de ar
• Vibrato: uma nota longa que muda de frequência e tom (ter muito, pouco ou nenhum vibrato; ter
lento ou rápido, estreito ou amplo vibrato)
• Ressonante: que apresenta ressonância, ou seja, uma vibração que arrasta o som principal
associada
• Focalizada/Não focalizada: ou seja, se está ou não em primeiro plano e apresenta definição
sonora
O objetivo da manipulação do timbre e do pitch para que encaixem numa destas vertentes, está
relacionado com as sensações e emoções que se pretendem transmitir estarem devidamente
representadas. Este tipo de análise está ligada à audição analítica, que iremos estudar mais à frente.
Bibliografia recomendada
• Charles E. Speaks (2018). Introduction to Sound: Acoustics for the
Hearing and Speech Sciences, 4ª Ed. Minnesota: Plural Publishing Inc.
• Stephane Elmosnino (2018). Audio Production Principles: Practical
Studio Applications. Oxford: Oxford University Press.
• Gary Davis e Ralph Jones (1990). The Sound Reinforcement
Handbook. California: HLP Corporations
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