Comet o primeiro jato comercial com um mistério resolvido Certamente o quadrijato de Havilland Comet teve seu lugar na história da aviação por dois motivos, primeiro porque foi o primeiro jato comercial a operar comercialmente no mundo e segundo porque se envolveu no primeiro acidente de causas a serem investigadas pelo fabricante. A aeronave foi projetada pela empresa fabricante de jatos britânica na época do pós segunda guerra, de Havilland. O novo jato foi desenvolvido e fez seu voo inaugural em 27 de julho de 1949 pelas mãos do piloto de provas John Cunnigham, uns anos antes do projeto rival da Boeing, o -80 que passaria a ser chamado posteriormente de Boeing 707. O segundo protótipo juntou-se ao programa de desenvolvimento exatamente um ano depois do primeiro protótipo. O protótipo voou dois anos e nove meses depois do programa ter sido iniciado. Na empresa o projeto foi designado D.H.106 Comet que teve instalado quatro turboreatores de Havilland Ghost 50 montados nas raízes das asas, um par de cada lado. Por ter sido a primeira aeronave de transporte comercial de passageiros os protótipos foram submetidos a um extensivo envelope de testes para certificação de voo. Logo no primeiro voo o Comet voou durante 31 minutos subindo a 10.000 pés realizando também passagens a médias e baixas velocidades antes de retornar a base de Hatfield. A grande disponibilidade da aeronave permitiu que o fabricante liberasse os operadores a voar com uma frequência de cinco ciclos (voos) diários com apenas um reabastecimento. Durante os testes chegou-se a conclusão de que a manobrabilidade com os protótipos era bastante satisfatória no ar como em solo assim como a economia de combustível que era bem razoável para a época em curtas e médias distâncias o que permitiria mais transporte de cargas. Os ensaios acumularam 500 horas em voo para testar os sistemas, a tripulação e obter a certificação incluindo em temperaturas tropicais, raides transoceânicos e decolagens em pistas de grandes altitudes. Cada voo podia durar mais de cinco horas alcançando até 43.000 pés a velocidades máximas de mach 0.8 em mergulho. Os protótipos do Comet completaram os testes com sucesso não apresentando dificuldades de percurso com a operadora BOAC recebendo a permissão para operar a nova aeronave comercial em 1952. A tragédia, o mistério e a conclusão A história do Comet também tem um lado trágico que resultou em muita experiência para os futuros projetos de aeronaves comerciais além de estudos de acidentes e equipamentos de segurança como a invenção da “caixa preta” dos aviões contemporâneos. Depois de dois desastres envolvendo dois Comet e mais alguns incidentes que ocorreram de forma misteriosa, o governo britânico e a de Havilland iniciaram imediatamente investigações para saber qual foram os motivos das quedas sobre o mar. O primeiro voo partiu de Roma em 10 de janeiro de 1954 que enquanto sobrevoava o mar mediterrâneo em rota para a ilha de Elba derrepente se desintegrou em pleno ar matando todos seus 35 passageiros e tripulantes da BOAC. Esse já era o quarto acidente com os Comet da empresa britânica ao qual ordenou a retirada de operação da frota para investigações, o que não se chegou a nenhuma conclusão definitiva, apenas desconfianças de atentado. Em 23 de março os voos foram retomados quando em 8 de abril do mesmo ano outro Comet caiu em circunstâncias misteriosas novamente. A única certeza era de que as duas aeronaves do mesmo tipo estavam na mesma altitude e tinham acumuladas horas de voo semelhantes. A coincidência era muito óbvia para ser ignorada pelas autoridades britânicas e o fabricante, assim o certificado de aeronavegabilidade foi revogado em 12 de abril de 1954 em consequência dos acidentes. Os navios de salvamento da Marinha Real Britânica recolheram os destroços dos Comet que estavam submersas mas no segundo acidente a profundidade era bem maior tendo sido resgatado apenas 2/3 das partes. Os destroços foram então levados para Farnborough, Inglaterra onde o Comet acidentado teve suas partes recolocadas das posições aproximadas, utilizando peças novas no lugar das que faltavam. Outro Comet teve sua célula adaptada a um tanque de água que simularia os ciclos de voo da aeronave com diferenças de pressão e desgaste de material. Nesse teste foi que se percebeu que ocorria fissura de forma séria junto a uma janela da aeronave que era desenhada de forma quadrada e não arredondada como é nos dias de hoje. Como as aeronaves até então só voavam a baixas altitudes não possuindo dispositivos de pressurização não havia conhecimento extenso sobre o que a diferença de pressão influenciaria no projeto da aeronave. Como a pressão atmosférica atua em todas as direções o projeto das janelas do Comet foi refeito em função das tensões estruturais sofridas. Outras variantes da aeronave foram desenvolvidas e produzidas como o Comet 4 e o modelo militar para missões de patrulha marítima da RAF denominado Nimrod MRA4 atualmente com seu característico nariz. Especificações Comet Tripulação: Capacidade de passageiros: Comprimento: Envergadura: Altura: Área da asa: Perfil da asa (aerofólio): Peso vazio: Peso máximo: Turboreatores Velocidade máxima: Alcance: Teto de serviço: 4 56 a 109 passageiros 34 metros 35 metros 9 metros 197m² NACA 63A116 na raiz e NACA 63A112 ponta 34.200kg 73.470kg 4x Rolls-Royce Avon MK 524 turbojatos 810km/h 5.190km 12.000m