Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares T6. Funções holomorfas Matemáticas III Manuel Andrade Valinho manuel.andrade@usc.gal Área de Astronomia e Astrofísica Departamento de Matemática Aplicada Escola Politécnica Superior de Engenharia Campus Terra (Lugo) Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 1 / 88 Índice Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 2 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Apartados Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 3 / 88 Introdução Definição 6.1.1 (função de uma variável complexa) Seja S um conjunto de números complexos. Uma função complexa f definida em S é uma regra que associa a cada z de S um número complexo w . Dizemos que w é o valor ou a imagem de f em z, ou seja, w = f (z) = u (x, y ) + i v (x, y ) , onde u e v (que são funções reais) constituem as partes real e imaginária de w . O conjunto S é denominado o domínio de definição de f e a imagem de todo o domínio de definição de S é a imagem de f . Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 4 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Mapeamento complexo Ainda que não é possível representar a gráfica de uma função complexa w = f (z), podemos interpretá-la como uma aplicação ou transformação do plano z no plano w . plano z z plano w w=f(z) domínio de f Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares w imagem de f Matemáticas III – Tema 6 5 / 88 Mapeamento complexo Exercício 6.1.2 (mapeamento complexo) Acha a imagem da linha Re (z) = 1 sob o mapeamento f (z) = z 2 . Resolução Para a função f (z) = z 2 temos f (z) = z 2 = (x + iy )(x + iy ) = (x 2 − y 2 ) + 2xyi. Isto é, u = x 2 − y 2 e v = 2xy . Por outra parte, considerando Re (z) = x e substituindo x = 1 em u e v , obtemos � u(x, y ) = 1 − y 2 , v (x, y ) = 2y , que são as equações paramétricas da curva no plano w . Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 � 6 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Mapeamento complexo Substituindo y = v na primeira equação elimina-se y e obtemos 2 v2 u =1− , 4 de maneira que a imagem da reta é uma parábola. v 3 y 3 plano w plano z 2 2 x=1 1 -3 -2 -1 1 2 u = 1- 1 3 x -3 -2 -1 1 -1 -1 -2 -2 -3 -3 Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares v2 4 2 3 u Matemáticas III – Tema 6 7 / 88 Mapeamento complexo Definição 6.1.3 (curva paramétrica no plano complexo) Se x(t) e y (t) são as funções de valores reais de uma variável real t, então o conjunto C formado por todos os pontos z(t) = x(t) + iy (t), a ≤ t ≤ b, chama-se curva paramétrica complexa. A função de valores complexos de variável real t, z(t) = x(t) + iy (t), chama-se parametrização de C . Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 8 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Funções complexas como campos vetoriais Função complexa w = f (z) −→ fluxo bidimensional (w representa a velocidade e a direção do fluxo em z) Seja z(t) = x(t) + iy (t) uma parametrização do caminho de uma partícula no fluxo e z � = x � (t) + iy � (t) o vetor tangente ⇒ z � (t) = x � (t) + iy � (t)=f (z(t)) = f (x(t) + iy (t)). Posto que f (z) = u(x, y ) + iv (x, y ), o caminho da partícula verifica dx = u(x, y ), dt dy = v (x, y ), dt cuja família de soluções são as linhas de corrente do fluxo planar associado a f (z). Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 9 / 88 Funções complexas como campos vetoriais Exercício 6.1.4 (linhas de corrente) Acha as linhas de corrente do fluxo associado a f (z) = z 2 . Resolução Temos f (z) = z 2 = (x + iy )2 = x 2 − y 2 + i 2xy ⇒ � u(x, y ) = x 2 − y 2 , v (x, y ) = 2xy . As linhas de corrente do fluxo associado a f (z) devem satisfazer dx = x 2 − y 2, dt dy = 2xy . dt Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 � 10 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Funções complexas como campos vetoriais Chegamos à equação diferencial dy 2xy ⇒ x2 + y2 = c y, = 2 2 dx x −y cuja solução representa uma família de circunferências com centro no eixo y que passam pelo zero. 1.0 y 0.5 0.0 - 0.5 - 1.0 - 1.0 - 0.5 0.0 0.5 1.0 x Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 11 / 88 Apartados Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 12 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Limite Definição 6.2.1 (limite de uma função) Suponhamos que f seja um função definida em todos os pontos z de alguma vizinhança perfurada de um ponto z0 . Diremos que f (z) tem um limite em z0 , isto é, lim f (z) = w0 , z→z0 se para cada ε > 0, existe δ > 0 tal que |f (z) − w0 | < ε sempre que 0 < |z − z0 | < δ. Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares � Matemáticas III – Tema 6 13 / 88 Limite Significado geométrico do limite complexo v w0 ε u plano w Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 14 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Teoremas de limites Teorema 6.2.2 (unicidade) Se um limite de uma função f (z) existir num ponto z 0 , ele é único. Teorema 6.2.3 (partes real e imaginária de um limite) Suponhamos que z = x + iy , f (z) = u(x, y ) + iv (x, y ), z0 = x0 + iy0 , w0 = u0 + iv0 . Então lim(x,y )→(x0 ,y0 ) u(x, y ) = u0 lim(x,y )→(x0 ,y0 ) v (x, y ) = v0 � ⇔ lim f (z) = w0 . Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares z→z0 Matemáticas III – Tema 6 15 / 88 Teoremas de limites Teorema 6.2.4 (limites da soma, do produto e do quociente) Suponhamos que lim f (z) = w1 , z→z0 lim g (z) = w2 . z→z0 Então • limz→z0 [f (z) ± g (z)] = w1 ± w2 , • limz→z0 f (z)g (z) = w1 w2 , • limz→z0 Manuel Andrade Valinho f (z) w1 , = g (z) w2 w2 �= 0. Matemáticas III – Tema 6 16 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Continuidade Definição 6.2.5 (continuidade num ponto) A função f é contínua num ponto z0 se lim f (z) = f (z0 ). z→z0 Teorema 6.2.6 (continuidade das partes real e imaginária) Seja a função complexa f (z) = u(x, y ) + iv (x, y ) e z0 = x0 + iy0 , então f é contínua no ponto z0 se, e somente, se ambas funções reais u e v são contínuas no ponto z0 . Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 17 / 88 Continuidade Teorema 6.2.7 (continuidade de funções polinomiais) Um polinómio de grau n f (z) = an z n + an−1 z n−1 + . . . + a1 z + a0 , an �= 0, n ∈ Z+ , com ai ∈ C, i = 0, 1, . . . , n, é contínuo em todo o plano z. Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 18 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Continuidade Teorema 6.2.8 (função limitada) Se uma função f for contínua em toda uma região R que é fechada e também limitada, então existirá um número real não negativo M tal que |f (z)| ≤ M Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares ∀z ∈ R. Matemáticas III – Tema 6 19 / 88 Apartados Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 20 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Diferenciabilidade Definição 6.3.1 (derivada) Seja f uma função definida numa vizinhança de um ponto z 0 . A derivada de f em z0 é o limite f � (z0 ) = lim z→z0 ou f (z) − f (z0 ) , z − z0 f (z0 + Δz) − f (z0 ) , Δz→0 Δz f � (z0 ) = lim Δz = z − z0 . e, se existir, diremos que a função f é complexa diferenciável (C–diferenciável) em z0 . � � dw � Notação w = f (z), f � (z0 ) = dz � z=z0 Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 21 / 88 Diferenciabilidade Regras de derivação d d c = 0, cf (z) = cf � (z), dz dz d soma [f (z) ± g (z)] = f � (z) ± g � (z), dz d produto [f (z)g (z)] = f (z)g � (z) + g (z)f � (z), dz � � d f (z) g (z)f � (z) − f (z)g � (z) = quociente , dz g (z) [g (z)]2 d n potência z = nz n−1 , n ∈ Z, dz d regra da cadeia f (g (z)) = f � (g (z))g � (z). dz constante Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 22 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Diferenciabilidade Exemplo z2 Derivar f (z) = . 4z + 1 (4z + 1) · 2z − z 2 · 4 4z 2 + 2z = . f (z) = (4z + 1)2 (4z + 1)2 � Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 23 / 88 Diferenciabilidade Definição 6.3.2 (função holomorfa) Seja f : Ω −→ C, Ω ⊂ C aberto, uma função complexa. Dizemos que f é holomorfa em z0 ∈ Ω se é diferenciável numa vizinhança de z0 . Dizemos que f é holomorfa em Ω se é holomorfa em todos os pontos de Ω (escreve-se f ∈ H(Ω)). Em geral, um ponto z em que uma função f não é holomorfa chama-se ponto singular ou singularidade. Nota É frequente o uso do termo analítica como sinónimo de holomorfa, apesar de que o primeiro se refere a uma função igual à sua série de Taylor num disco aberto. Porém, em análise complexa prova-se que as funções holomorfas também são analíticas. Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 24 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Diferenciabilidade Definição 6.3.3 (função inteira) Dizemos que uma função f é inteira se é holomorfa em todo ponto z do plano complexo, isto é, se f ∈ H(C). Teorema 6.3.4 (funções polinomiais e racionais) i) Uma função polinomial complexa p(z) = an z n + an−1 z n−1 + . . . + a1 z + a0 , n ∈ Z+ , é uma função inteira. p(z) , onde p e q são ii) Uma função racional complexa f (z) = q(z) funções polinomiais, é holomorfa num domínio D que não contém nenhum ponto z0 para o qual q(z0 ) = 0. Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 25 / 88 Diferenciabilidade Teorema 6.3.5 (diferenciabilidade ⇒ continuidade) Se f é derivável num ponto z0 , então f é contínua em z0 . Teorema 6.3.6 (infinitamente diferenciável) Seja f : Ω −→ C, Ω ⊂ C aberto, uma função holomorfa, então f é infinitamente diferenciável. Teorema 6.3.7 (regra de L’Hôpital) Suponhamos que f e g são funções holomorfas num ponto z 0 e f (z0 )=0, g (z0 )=0, mas g � (z0 ) �= 0. Então f (z) f � (z0 ) = � . lim z→z0 g (z) g (z0 ) Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 26 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Equações de Chauchy-Riemann Teorema 6.3.8 (equações de Cauchy–Riemann) Suponhamos que f (z) = u(x, y ) + iv (x, y ) e que exista f � (z) num ponto z0 = x0 + iy0 . Então, as derivadas parciais de primeira ordem de u e v existem em (x0 , y0 ) e satisfazem nesse ponto as equações de Cauchy–Riemann ∂u ∂x ∂u ∂y ∂v , ∂y ∂v = − . ∂x = Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 (1) 27 / 88 Equações de Chauchy-Riemann Demonstração. Posto que f � (z) existe f (z + Δz) − f (z) . Δz→0 Δz f � (z) = lim Tomando f (z) = u(x, y ) + iv (x, y ) e Δz = Δx + iΔy transforma-se em u(x + Δx, y + Δy ) + iv (x + Δx, y + Δy ) ... Δz→0 Δx + iΔy −u(x, y ) − iv (x, y ) ... f � (z) = lim Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 � 28 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Equações de Chauchy-Riemann Δz pode aproximar-se a zero desde qualquer direção. Tomemos a direção horizontal, então Δz = Δx e u(x + Δx, y ) − u(x, y ) Δx→0 Δx v (x + Δx, y ) − v (x, y ) + i lim Δx→0 Δx ∂u ∂v ⇔ f � (z) = +i . ∂x ∂x f � (z) = lim Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares (2) � Matemáticas III – Tema 6 29 / 88 Equações de Chauchy-Riemann Fazendo o mesmo, mas tomando Δz → 0 verticalmente, então Δz = iΔy , temos que u(x, y + Δy ) − u(x, y ) Δy →0 iΔy v (x, y + Δy ) − v (x, y ) + i lim Δy →0 iΔy ∂u ∂v ⇔ f � (z) = −i + . ∂y ∂y f � (z) = lim (3) Igualando as partes real e imaginária de (2) e (3) obtemos as equações de Cauchy–Riemann. Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 30 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Equações de Chauchy-Riemann Exercício 6.3.9 (função não holomorfa) Demonstra que a função f (z) = 2x 2 + y + i(y 2 − x) não é holomorfa em nenhum ponto. Resolução Identificamos u(x, y ) = 2x 2 + y e v (x, y ) = y 2 − x. Calculamos as derivadas parciais ∂u ∂x = 4x , ∂u ∂y = 1 , Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares ∂v ∂y ∂v ∂x = 2y , = −1. Matemáticas III – Tema 6 � 31 / 88 Equações de Chauchy-Riemann Vejamos se se satisfazem as equações de Cauchy–Riemann ∂v ∂u = ⇔ 4x = 2y ⇔ y = 2x, ∂x ∂y ∂u ∂v =− ⇔ 1 = −(−1) ⇔ 1 = 1. ∂y ∂x Porém, para qualquer ponto na reta y = 2x não existe nenhuma vizinhança de z na qual f seja derivável ⇒ f não é holomorfa em nenhum ponto. Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 32 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Equações de Chauchy-Riemann As equações de Cauchy–Riemann são uma condição necessária, mas não suficiente, para garantir que uma função seja holomorfa. Teorema 6.3.10 (teorema de Looman–Menchoff, 1923–1936) Seja f = u(x, y ) + iv (x, y ) uma função contínua no disco aberto Ω ⊂ C. Suponhamos que as derivadas parciais de primeira ordem de u(x, y ) e v (x, y ) existem em cada ponto de Ω. Então f ∈ H(Ω) ⇔ u, v satisfazem as equações de Cauchy–Riemann Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 33 / 88 Equações de Chauchy-Riemann Exercício 6.3.11 (função holomorfa) Será f (z) = x y − i holomorfa em algum domínio? x2 + y2 x2 + y2 Resolução A função f é contínua exceto no ponto onde x 2 + y 2 = 0, isto é, y x em z = 0. Identificamos u(x, y ) = x 2 +y 2 e v (x, y ) = − x 2 +y 2 . Comprovamos que se satisfazem as equações de Cauchy–Riemann ∂u ∂v y2 − x2 = = , ∂x (x 2 + y 2 )2 ∂y ∂u 2xy ∂v = − = − , ∂y (x 2 + y 2 ) ∂x exceto em z = 0 ⇒ f (z) é holomorfa em C \ {0}. Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 34 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Equações de Chauchy-Riemann f holomorfa ⇒ f diferenciável ✟ f diferenciável ⇐ f holomorfa ✟ Teorema 6.3.12 (critério de diferenciabilidade) Suponhamos que as funções reais u(x, y ) e v (x, y ) são contínuas, que têm derivadas parciais de primeira ordem contínuas numa vizinhança de z e que satisfazem as equações de Cauchy–Riemann (1) em z. Então, a função complexa f (z) = u(x, y ) + iv (x, y ) é diferenciável em z e a sua derivada é f � (z) = ∂u ∂v ∂v ∂u +i = −i . ∂x ∂x ∂y ∂y Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares (4) Matemáticas III – Tema 6 35 / 88 Equações de Chauchy-Riemann Exercício 6.3.13 (derivada de uma função complexa) Calcula a derivada, se existir, da função f (z) = 2x 2 + y + i(y 2 − x). Resolução Num exemplo anterior provamos que f não era holomorfa em nenhum ponto, mas que satisfazia as equações de Cauchy–Riemann na reta y = 2x. Posto que as funções � u(x, y ) = 2x 2 + y , ux = 4x, uy = 1 v (x, y ) = y 2 − x, vx = −1, vy = 2y , são contínuas em cada ponto, deduzimos que f é derivável na reta y = 2x. Utilizamos (4) para calcular a derivada Manuel Andrade Valinho f � (z) = 4x − i = 2y − i. Matemáticas III – Tema 6 36 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Equações de Chauchy-Riemann Definição 6.3.14 (funções harmónicas) Dizemos que uma função real φ(x, y ) é harmónica num domínio Ω se tem derivadas parciais de segunda ordem contínuas e satisfaz a equação de Laplace ∂ 2 φ(x, y ) ∂ 2 φ(x, y ) + =0 ∂x 2 ∂y 2 ou ∇2 φ = 0 (sendo ∇ o operador laplaciano) Teorema 6.3.15 (fonte de funções harmónicas) Se uma função f (z) = u(x, y ) + iv (x, y ) é holomorfa num domínio Ω, então as suas funções componentes u e v são harmónicas em Ω. Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 37 / 88 Apartados Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 38 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares A função exponencial Cálculo de uma variável real f (x) = e x , f � (x) = e x , f (x1 + x2 ) = f (x1 )f (x2 ). x e = ∞ � xn n=0 n! (em série de McLaurin) Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 � 39 / 88 A função exponencial Tomando x = iy obtemos a fórmula de Euler e iy ∞ � (iy )n (iy )2 (iy )3 (iy )4 = = 1 + iy + + + + ... n! 2! 3! 4! n=0 � � � � y3 y5 y7 y2 y4 y6 + − + ... + i y − + − + ... = 1− 2! 4! 6! 3! 5! 7! = cos y + i sen y . Definição 6.4.1 (exponencial complexa) e z = e x+iy = e x (cos y + i sen y ) Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 40 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares A função exponencial Exercício 6.4.2 (exponencial) Avalia e 2+3i . Resolução Identificando x = 2 e y = 3 chegamos a e z = e 2+3i = e 2 (cos 3 + i sen 3) = −7.3151 + 1.0427i. Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 41 / 88 A função exponencial Teorema 6.4.3 (diferenciabilidade da exponencial) A função exponencial e z é inteira e a sua derivada é d z e = ez . dz Teorema 6.4.4 (propriedades algébricas) Dados z1 , z2 ∈ C temos que e z1 e z2 = e z1 +z2 , e z1 = e z1 −z2 , z e 2 (e z1 )n = e nz1 , n = 0, ±1, ±2, . . . . Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 42 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares A função exponencial Definição 6.4.5 (periodicidade) Dizemos que uma função complexa f é periódica com período T se f (z + T ) = f (z) para todo z ∈ C. Teorema 6.4.6 A função exponencial complexa e z é periódica com um período imaginário puro 2πi. Demonstração. e z+2πi = e z e 2πi = e z (cos 2π + i sen 2π) = e z . Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 43 / 88 A função exponencial O plano complexo divide-se em infinitas faixas horizontais. Aquela definida por −∞ < x < ∞ e −π < y ≤ −π chama-se a região fundamental da função exponencial complexa. Fluxo sobre a região fundamental 6 4 y 2 Região 0 fundamental -2 -4 -6 - 10 -5 0 5 10 x Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 44 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares A função logaritmo O logaritmo de um número complexo z = x + iy , z �= 0, define-se como a inversa da exponencial, isto é, w = ln z ⇔ z = e w , onde w = u + iv . Partes real e imaginária z = re iθ = e w = e u e iv ⇒ � r = eu, ⇒ θ = v, � u = ln r , v = θ, onde se θ é um argumento de z, também o é θ + 2nπ com n = 0, ±1, ±2, . . .. Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 45 / 88 A função logaritmo Definição 6.4.7 (logaritmo) ln z = ln |z| + i arg z, sendo z �= 0, arg z = θ + 2nπ. O valor principal de ln z corresponde ao logaritmo complexo com n = 0 e θ = Arg z (isto é, −π < θ ≤ π) Ln z = ln |z| + iθ. Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 46 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares A função logaritmo Exercício 6.4.8 (valores complexos do logaritmo) Acha os valores de a) ln(−1), b) ln i, e c) ln(−1 − i). Resolução a) ln (−1) = ln 1 + i(π + 2nπ) = iπ(1 + 2n), (n = 0, ±1, ±2, . . .), Ln (−1) = iπ. b) �π � π + 2nπ , (n = 0, ±1, ±2, . . .), ln i = ln |i| + i( + 2nπ) = i 2 2 π Ln i = i . 2 Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 � 47 / 88 A função logaritmo c) � 5π + 2nπ ln (−1 − i) = ln | − 1 − i| + i 4 � � √ 5π + 2nπ , (n = 0, ±1, ±2, . . .), = ln 2 + i 4 √ 3π Ln (−1 − i) = ln 2 − i. 4 Manuel Andrade Valinho � Matemáticas III – Tema 6 48 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares A função logaritmo Exercício 6.4.9 (resolução de uma equação exponencial) Acha todos os valores de z que satisfazem e z = 1 + √ 3i. Resolução √ � e = 1 + 3i ⇔ z = ln 1 + 3i √ r = |1 + 3i| = 2, √ ⇒ √ � � arg 1 + 3i ⇒ tg θ = 3 ⇒= π , 1 3 �π � z = ln 2 + i + 2nπ . 3 z √ � Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 49 / 88 A função logaritmo O logaritmo complexo, ln z = ln |z| + i(θ + 2nπ), (n = 0, ±1, ±2, . . .), é uma função multivalente, quer dizer, uma coleção infinita de funções logaritmo. Definição 6.4.10 (ramo) Um ramo de uma função multivalente f é qualquer função bem definida (ou seja, univalente) F que seja holomorfa em algum domínio e tal que, em cada ponto z desse domínio, F (z) é um dos valores de f (z). F (z) chama-se ramo principal da função multivalente f . Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 50 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares A função logaritmo Definição 6.4.11 (corte e ponto de ramificação) Um corte é uma parte de uma reta ou curva que é introduzida para definir um ramo F de uma função multivalente f . Os pontos de um corte para F são singularidades de F , e qualquer ponto em comum de todos os cortes de f é denominado um ponto de ramificação de f . Partes real e imaginária da função logaritmo Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 51 / 88 A função logaritmo Representação da parte imaginária do logaritmo complexo com vários dos ramos. A medida que o número complexo z gira em redor da origem, a parte imaginária sobe ou baixa. Superfície de Riemann Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 52 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares A função logaritmo w = Ln z como um fluxo A função F (z) = Ln z é o ramo principal da função f (z) = ln z. 2 -∞ y O corte do ramo principal do logaritmo consiste no zero e na parte negativa do eixo real. De facto, a origem é um ponto de ramificação de todos os ramos da função multivalente logaritmo. 4 corte 0 -2 ponto de ramificação -4 -4 -2 0 2 4 x Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 53 / 88 A função logaritmo Teorema 6.4.12 (diferenciabilidade do logaritmo) A função logaritmo Ln z é holomorfa em C \ (−∞, 0] e tem como derivada d 1 Ln z = . dz z Teorema 6.4.13 (propriedades algébricas) Dados z1 , z2 ∈ C temos que ln (z1 z2 ) = ln z1 + ln z2 , � � z1 = ln z1 − ln z2 , ln z2 ln z1n = n ln z1 . Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 54 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares A função logaritmo Exemplo Consideremos z1 = 1 e z2 = −1. Tomando logaritmos (para o caso n = 0) temos Ln z1 = 2πi e Ln z2 = πi. Portanto Ln (z1 z2 ) = Ln (−1) = Ln z1 + Ln z2 = 2πi + πi = 3πi, � � z Ln 1 = Ln (−1) = Ln z1 − Ln z2 = 2πi − πi = πi. z2 A propriedades algébricas dos logaritmos não se verificam, em geral, quando substituímos ln z por Ln z. Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 55 / 88 A função logaritmo Exemplo A identidade Ln (1 + i)2 = 2 Ln (1 + i) é válida, posto que π 2 = Ln (2i) = ln 2 + i, Ln (1 + i) 2 � � √ π 2 Ln (1 + i) = 2 ln 2 + π i = ln 2 + i. 4 2 Porém, temos que Ln (−1 + i)2 �= 2 Ln (−1 + i), posto que π 2 = Ln (−2i ) = ln 2 − Ln (−1 + i) i, 2 � � √ 3π 3π i = ln 2 + i. 2 Ln (−1 + i) = 2 ln 2 + 4 2 Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 56 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares A função potência Definição 6.4.14 (função potência) Se α é um número complexo e z �= 0, então a potência complexa z α define-se como z α = e α ln z . Em geral, z α é multivalente, posto que ln z também o é. Porém, no caso em que α = n, n = 0, ±1, ±2, . . ., z α será univalente. O valor principal de z α obtém-se utilizando o valor principal do logaritmo, isto é, z α = e α Ln z . Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 57 / 88 A função potência Exemplo Considera a função potência i i = e i ln i . Posto que ln i = ln 1 + i �π 2 + 2nπ = � � 1 +2n 2 � � 1 + 2n πi, 2 (n = 0, ±1, ±2, . . .), Podemos escrever i i =e i � 1 +2n 2 πi =e − � � π , (n = 0, ±1, ±2, . . .), π cujo valor principal é i i = e 2 . − Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 58 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares A função potência Teorema 6.4.15 (diferenciabilidade da função potência) O valor principal de z α = e α Ln z tem como derivada d α z = αz α−1 , dz (|z| > 0, −π < arg z < π). Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 59 / 88 As funções trigonométricas e hiperbólicas Cálculo de uma variável real Da fórmula de Euler � e ix e −ix sen x e ix − e −ix , = 2i e ix + e −ix = . 2 = cos x + i sen x ⇒ = cos x − i sen x cos x Definição 6.4.16 (funções seno e cosseno) sen z Manuel Andrade Valinho cos z e iz − e −iz , = 2i = e iz + 2 e −iz (5) . Matemáticas III – Tema 6 60 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares As funções trigonométricas e hiperbólicas Definição 6.4.17 (outras funções trigonométricas) tg z cotg z sec z cossec z Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares sen z , cos z cos z , = sen z = = 1 , cos z = 1 . sen z Matemáticas III – Tema 6 61 / 88 As funções trigonométricas e hiperbólicas Teorema 6.4.18 (diferenciabilidade das funções seno e cosseno) As funções seno e cosseno são inteiras e as suas derivadas são d dz sen z = cos z, d cos z = − sen z. dz Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 62 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares As funções trigonométricas e hiperbólicas Teorema 6.4.19 (propriedades algébricas) Dados z, z1 , z2 ∈ C temos que sen (−z) = − sen z, cos (−z) = cos z, cos2 z + sen2 z = 1, sen (z1 ± z2 ) = sen z1 cos z2 ± cos z1 + sen z2 , cos (z1 ± z2 ) = cos z1 cos z2 ∓ sen z1 + sen z2 , sen (2z) = 2 sen z cos z, Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares cos (2z) = cos2 z − sen2 z. Matemáticas III – Tema 6 63 / 88 As funções trigonométricas e hiperbólicas Teorema 6.4.20 (periodicidade do seno e do cosseno) As funções seno e cosseno complexas, sen z e cos z, são periódicas com um período real puro 2π. Demonstração. e i(z+2π) − e −i(z+2π) e iz sen (z + 2π) = = 2i e i(z+2π) + e −i(z+2π) e iz cos (z + 2π) = = 2 Manuel Andrade Valinho − e −iz = sen z, 2i + e −iz = cos z. 2 Matemáticas III – Tema 6 64 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares As funções trigonométricas e hiperbólicas Seno e cosseno hiperbólicos na análise real Seno e cosseno hiperbólicos (y ∈ R): y −y senh y = e − e , 2 y + e −y e cosh y = . 2 Destas expressões, junto com as definições (5), obtemos na forma u + iv � sen z = sen x cosh y + i cos x senh y , cos z = cos x cosh y − i sen x senh y . Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 65 / 88 As funções trigonométricas e hiperbólicas Definição 6.4.21 (zero de uma função) Um zero de uma função dada f é um número z0 tal que f (z0 ) = 0. Teorema 6.4.22 (zeros das funções seno e cosseno) Os zeros de sen z e cos z no plano complexo são os mesmos zeros de sen x e cos x na reta real, ou seja, sen z = 0 ⇔ z = nπ, cos z = 0 ⇔ z = (2n + 1) π , 2 com n = 0, ±1, ±2, . . .. Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 � 66 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares As funções trigonométricas e hiperbólicas Demonstração. Tendo em conta que cosh2 y = 1 + senh2 y chegamos a � | sen z|2 = sen2 x + senh2 y , | cos z|2 = cos2 x + senh2 y . � sen x = 0 ⇒ x = nπ, 2 sen z = 0 ⇔ sen2 x + senh y = 0 ⇒ senh y = 0 ⇒ y = 0. ⇒ z = nπ, n = 0, ±1, ±2, . . .. 2 2 cos z = 0 ⇔ cos x + senh y = 0 ⇒ π ⇒ z = (2n + 1) , 2 � (6) cos x = 0 ⇒ x = (2n + 1) π2 , senh y = 0 ⇒ y = 0. n = 0, ±1, ±2, . . .. Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 67 / 88 As funções trigonométricas e hiperbólicas Na análise real satisfazem-se | sen x| ≤ 1 e | cos x| ≤ 1. Porém, das expressões (6), posto que senh y toma valores no intervalo (−∞, ∞), deduz-se que sen z e cos z não estarão limitadas. Exemplo Consideremos a função seno sen (2 + i). O seu valor será sen z = sen x cosh y + i cos x senh y = sen 2 cosh 1 + i cos 2 senh 1 = 1.4031 − 0.4891i. Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 68 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares As funções trigonométricas e hiperbólicas Teorema 6.4.23 (diferenciabilidade das outras funções trigonométricas) As funções tg z e sec z são holomorfas em toda parte, exceto nas singularidades correspondentes aos zeros de cos z. As funções cotg z e cossec z são holomorfas em toda parte, exceto nas singularidades correspondentes aos zeros de sen z. As suas derivadas são d 2 dz tg z = sec z, d sec z = sec z tg z, dz d cotg z = − cossec2 z, dz d cossec z = − cossec z cotg z. dz Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 69 / 88 As funções trigonométricas e hiperbólicas Exercício 6.4.24 (resolução de uma equação trigonométrica) Resolve a equação cos z = 10. Resolução e iz + e −iz = 10 ⇒ e iz + e −iz = 20 cos z = 2 iz iz ⇒ e e + e iz e −iz = 20e iz ⇒ e 2iz − 20e −iz + 1 = 0 √ ⇒ e iz = 10 ± 3 11 � √ � ⇒ iz = ln 10 ± 3 11 + 2nπi, n = 0, ±1, ±2, . . . � √ � ⇒ z = 2nπ ± i ln 10 + 3 11 , n = 0, ±1, ±2, . . . . Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 70 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares As funções trigonométricas e hiperbólicas Definição 6.4.25 (funções seno e cosseno hiperbólicos) Para qualquer z = x + iy ∈ C senh z cosh z e z − e −z , = 2 e z + e −z = . 2 Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 71 / 88 As funções trigonométricas e hiperbólicas Definição 6.4.26 (outras funções hiperbólicas) tgh z cotgh z sech z cossech z Manuel Andrade Valinho = senh z , cosh z = 1 , tgh z = 1 , cosh z = 1 . senh z Matemáticas III – Tema 6 72 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares As funções trigonométricas e hiperbólicas Teorema 6.4.27 (diferenciabilidade das funções seno e cosseno hiperbólicos) As funções seno e cosseno são inteiras e as suas derivadas são d dz senh z = cosh z, d cosh z = senh z. dz Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 73 / 88 As funções trigonométricas e hiperbólicas Teorema 6.4.28 (propriedades algébricas) Dados z, z1 , z2 ∈ C temos que senh (−z) = − senh z, cosh (−z) = cosh z, cosh2 z − senh2 z = 1, senh (z1 ± z2 ) = senh z1 cosh z2 ± cosh z1 + senh z2 , cosh (z1 ± z2 ) = cosh z1 cosh z2 ± senh z1 + senh z2 . Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 74 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares As funções trigonométricas e hiperbólicas Teorema 6.4.29 (relação funções trigonométricas/hiperbólicas) sen z cos z tg iz tg iz = −i senh z, = i cosh z, = i tgh z, = i tgh z, Teorema 6.4.30 (periodicidade do seno e do cosseno hiperbólicos) As funções seno e cosseno hiperbólicas de uma variedade complexa, senh z e cosh z, são periódicas com um período imaginário puro 2πi. Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 75 / 88 As funções trigonométricas e hiperbólicas As expressões das funções hiperbólicas na forma u + iv são � senh z = senh x cos y + i cosh x sen y , cosh z = cosh x cos y + i senh x sen y . Teorema 6.4.31 (zeros das funções seno e cosseno hiperbólicos) Todos os zeros de senh z e cosh z no plano complexo pertencem ao eixo imaginário, senh z = 0 ⇔ z = nπi, � � cosh z = 0 ⇔ z = π + nπ i, 2 com n = 0, ±1, ±2, . . .. Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 76 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares As funções trigonométricas e hiperbólicas Teorema 6.4.32 (diferenciabilidade das outras funções hiperbólicas) As funções tgh z e sech z são holomorfas em toda parte, exceto nas singularidades correspondentes aos zeros de cosh z. As funções cotgh z e cossech z são holomorfas em toda parte, exceto nas singularidades correspondentes aos zeros de senh z. As suas derivadas são d 2 dz tgh z = sech z, d sech z = − sech z tgh z, dz d cotgh z = − cossech2 z, dz d cossech z = − cossech z cotgh z. dz Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 77 / 88 As funções trigonométricas e hiperbólicas Teorema 6.4.33 (função inversa do seno) � � 2 arcsen z = −i ln iz + 1 − z . � Demonstração. w = arcsen z se z = sen w . � e iw − e −iw ⇒ e 2iw − 2ize iw − 1 = 0 ⇒ e iw = iz + 1 − z 2 z= 2i � � � � � � 2 2 ⇒ iw = ln iz + 1 − z ⇒ w = −i ln iz + 1 − z . Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 78 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares As funções trigonométricas e hiperbólicas Exercício 6.4.34 (valores da função inversa do seno) Acha todos os valores de arcsen √ 5. Resolução � � � 2 arcsen z = −i ln iz + 1 − z � � � ��√ � � √ √ √ 2 5i + 1 − ( 5) = −i ln 5±2 i ⇒ arcsen 5 = −i ln � �� � �� � π � � � √ = −i ln �� 5 ± 2 i �� + + 2nπ i , n = 0, ±1, ±2, . . . 2 � �√ π = + 2nπ ± i ln 5 + 2 , n = 0, ±1, ±2, . . . 2 � � √ � �√ � �√ Nota: ln 5 − 2 = ln 1/( 5 + 2) = − ln 5 + 2 . Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 79 / 88 As funções trigonométricas e hiperbólicas Teorema 6.4.35 (funções inversa do cosseno e da tangente) � � 2 arccos z = −i ln z + i 1 − z . � arctg z = Manuel Andrade Valinho i i +z ln . 2 i −z Matemáticas III – Tema 6 80 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares As funções trigonométricas e hiperbólicas Teorema 6.4.36 (derivadas das funções trigonométricas inversas) d 1 , arcsen z = √ dz 1 − z2 d −1 , arccos z = √ 2 dz 1−z d 1 . arctg z = dz 1 + z2 Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 81 / 88 As funções trigonométricas e hiperbólicas Exercício 6.4.37 (derivada da função inversa do seno) Acha a derivada de w = arcsen z em z = Resolução √ √ 5. �� √ � Tomando a raiz concreta 1 − = 1 − ( 5)2 = 2i na expressão da derivada de arcsen z obtemos � 1 1 dw �� = = − i. dz �z=√5 2i 2 Manuel Andrade Valinho z2 Matemáticas III – Tema 6 82 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares As funções trigonométricas e hiperbólicas Teorema 6.4.38 (inversas das funções hiperbólicas) � � � 2 arcsenh z = ln z + z + 1 , � � � 2 arccosh z = ln z + z − 1 , arctgh z = 1 1+z ln . 2 1−z Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 83 / 88 As funções trigonométricas e hiperbólicas Exercício 6.4.39 (derivada da função inversa do seno) Acha todos os valores de arccosh (−1). Resolução Tomando z = −1 na expressão da inversa do cosseno hiperbólico obtemos � � � � � � arccosh z = ln z + z 2 − 1 = ln −1 + (−1)2 − 1 = ln (−1) = ln | − 1| + (π + 2nπ)i, (n = 0, ±1, ±2, . . .) ⇒ arccosh (−1) = (2n + 1)πi, Manuel Andrade Valinho (n = 0, ±1, ±2, . . .) Matemáticas III – Tema 6 84 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares As funções trigonométricas e hiperbólicas Teorema 6.4.40 (derivadas das funções hiperbólicas inversas) d 1 arcsenh z = √ , dz z2 + 1 d 1 , arccosh z = √ 2 dz z −1 d 1 . arctgh z = dz 1 − z2 Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 85 / 88 Algumas diferenças importantes com a análise real i) A função exponencial real é unívoca, mas a exponencial complexa não. ii) No referente à função logaritmo, ln x é uma função de valor único, mas ln z é multivalente. iii) Não todas as propriedades dos logaritmos reais são aplicáveis aos logaritmos complexos, especialmente ao seu valor principal Ln z. iv) Existem algumas propriedades das potências reais que não satisfazem as potências complexas. Exemplo: (z α1 )α2 �= z α1 α2 , a menos que α2 ∈ Z. v) Algumas propriedades válidas para potências complexas não são aplicáveis a valores principais de potências complexas. Exemplo: (z1 z2 )α = z1α z2α para quaisquer números complexos não nulos, mas não se satisfaz para os valores principais. � Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 86 / 88 Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Algumas diferenças importantes com a análise real vi) A função exponencial é muito mais importante na análise complexa que na real, posto que todas as funções elementares complexas se podem definir em termos da exponencial e da logarítmica complexas. vii) As funções de uma variável real senh x e cosh x não são periódicas, ao contrário que as funções complexas senh z e cosh z. Ademais, cosh x não tem zeros e senh x só tem um zero em x = 0. Porém, as funções complexas senh z e cosh z têm um número infinito de zeros. Manuel Andrade Valinho Funções de uma variável complexa Limites e continuidade Diferenciabilidade. Equações de Cauchy–Riemann Algumas funções elementares Matemáticas III – Tema 6 87 / 88 Licença O trabalho Matemáticas III – T6. Funções holomorfas de Manuel Andrade Valinho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. Manuel Andrade Valinho Matemáticas III – Tema 6 88 / 88