Tópicos de Matemática Elementar: polinômios Copyright© 2012-2016 Antonio Caminha Muniz Neto. Direitos reservados pela Sociedade Brasileira de Matemática Sociedade Brasileira de Matemática Presidente: Hilário Alencar Vice-Presidente: Paolo Piccione Diretores: João Xavier José Espirrar Marcela de Souza Walcy Santos Tópicos de Matemática Elementar Volume 6 Polinômios Antonio Caminha Muniz Neto Editor Executivo Hilário Alencar k Assessor Editorial Tiago Costa Rocha k Coleção Professor de Matemática Comitê Editorial Abdênago Alves de Barros Abramo Hefez (Editor-Chefe) Djairo Guedes de Figueiredo José Alberto Cuminato Roberto lmbuzeiro Oliveira Sílvia Regina Costa Lopes 1 I)x k ] = -(f(l)+ Capa Pablo Diego Regino Distribuição e vendas Sociedade Brasileira de Matemática Estrada Dona Castorina, 110 Sala 109 - Jardim Botânico 22460-320 Rio de Janeiro RJ Telefones: (21) 2529-5073 / 2529-5095 http://www.sbm.org.br / email:lojavirtual@sbm.org.br ISBN 978-85-8337-101-4 Pl k p ( - 1 ) i·(k) Í f ( X k+ n- i) , J(w) + ... + J(wP-1) ). 2ª edição 2016 Rio de Janeiro MUNIZ NETO, Antonio Caminha. Tópicos de Matemática Elementar:polinômios I Caminha Muniz Neto. -2.ed. -- Rio de Janeiro: SBM, 2016. v.6 ; 312 p. (Coleção Professor de Matemática; 29) ISBN 978-85-8337-101-4 1. Números Complexos. 2. Polinômios. 4. Fatoração de Polinômios. 1. Título. 3. Raízes de Polinômios. .!SBM COLEÇÃO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA 1•• �· SBM COLEÇÃO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA Logaritmos - E. L. Lima Análise Combinatória e Probabilidade com as soluções dos exercícios A. C. Morgado, J. B. Pitombeira, P. C. P. Carvalho e P. Fernandez Medida e Forma em Geometria (Comprimento, Área, Volume e Semelhança) - E. L. Lima Meu Professor de Matemática e outras Histórias - E. L. Lima Coordenadas no Plano com as soluções dos exercícios - E. L. Lima com a colaboração de P. C. P. Carvalho Trigonometria, Números Complexos - M. P. do Carmo, A. C. Morgado e E. Wagner, Notas Históricas de J. B. Pitombeira Coordenadas no Espaço - E. L. Lima Progressões e Matemática Financeira - A. C. Morgado, E. Wagner e S. C. Zani Construções Geométricas - E. Wagner com a colaboração de J. P. Q. Carneiro. Introdução à Geometria Espacial - P. C. P. Carvalho Geometria Euclidiana Plana - J. L. M. Barbosa Isometrias - E. L. Lima A Matemática do Ensino Médio Vol. 1 - E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e A. C. Morgado A Matemática do Ensino Médio Vol. 2 - E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e A. C. Morgado A Matemática do Ensino Médio Vol. 3 - E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e A. C. Morgado Matemática e Ensino - E. L. Lima Temas e Problemas - E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e A. C. Morgado Episódios da História Antiga da Matemática - A. Aaboe Exame de Textos: Análise de livros de Matemática - E. L. Lima A Matemática do Ensino Media Vol. 4 - Exercicios e Soluções - E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e A. C. Morgado Construções Geométricas: Exercícios e Soluções - S. Lima Netto Um Convite à Matemática - D.C de Morais Filho Tópicos de Matemática Elementar - Volume 1 - Números Reais - A. Caminha Tópicos de Matemática Elementar - Volume 2 - Geometria Euclidiana Plana - A. Caminha Tópicos de Matemática Elementar Tópicos de Matemática Elementar Tópicos de Matemática Elementar Tópicos de Matemática Elementar - Volume 3 - Introdução à Análise - A. Caminha Volume 4 - Combinatória - A. Caminha Volume 5 - Teoria dos Números - A. Caminha Volume 6 - Polinômios - A. Caminha A meus filhos Gabriel e Isabela, na esperança de que um dia leiam este livro. VI Sumário XI Prefácio XIX Prefácio à segunda edição 1 Números Complexos 1.1 Definição e propriedades elementares 1.2 A forma polar de um número complexo 1 16 2 Polinômios 2.1 Definições e propriedades básicas 2.2 O algoritmo da divisão 31 32 40 3 Raízes de Polinômios 3.1 Raízes de polinômios . . . . . . . . 3.2 Raízes da unidade e contagem .. . 3.3 O teorema fundamental da álgebra 3.4 Raízes múltiplas . . . . 45 VII 1 46 63 69 76 VIII SUMÁRIO 4 Relações entre Coeficientes e Raízes 4.1 Polinômios em várias indeterminadas 4.2 Polinômios simétricos . 4.3 O teorema de Newton 85 85 90 101 5 Polinômios sobre IR 5.1 Alguns teoremas do Cálculo 5.2 As desigualdades de Newton 5.3 A regra de Descartes . . . 113 113 123 127 6 Interpolação de Polinômios 6.1 Bases para polinômios 6.2 Diferenças finitas . . . 135 136 146 7 Fatoração de Polinômios 7.1 Fatoração única em Q[X] . 7.2 Fatoração única em Z[X] . 7.3 Polinômios sobre Zp . . . . 7.4 Irredutibilidade de polinômios 155 155 164 168 178 8 Números Algébricos e Aplicações 8.1 Números algébricos . . . 8.2 Polinômios ciclotômicos. 8.3 Números transcendentes 189 190 201 209 9 Recorrências Lineares 9.1 Um caso particular importante. 9.2 Sequências, séries e continuidade em C 9.3 O caso geral . . . . . . . . . . . . . . . 215 216 220 234 10 Soluções e Sugestões 243 Referências 275 SUMÁRIO A Glossário IX 283 X SUMÁRIO Prefácio Esta coleção evoluiu a partir de sessões de treinamento para olimpíadas de Matemática, por mim ministradas para alunos e professores do Ensino Médio, várias vezes ao longo dos anos de 1992 a 2003 e, mais recentemente, como orientador do Programa de Iniciação Científica para os premiados na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) e do Projeto Amílcar Cabral de cooperação educacional entre Brasil e Cabo Verde. Idealmente, planejei o texto como uma mistura entre uma iniciação suave e essencialmente autocontida ao fascinante mundo das competições de Matemática, além de uma bibliografia auxiliar aos estudantes e professores do secundário interessados em aprofundar seus conhecimentos matemáticos. Resumidamente, seu propósito primordial é apresentar ao leitor uma abordagem de quase todos os conteúdos geralmente constantes dos currículos do secundário, e que seja ao mesmo tempo concisa, não excessivamente tersa, logicamente estruturada e mais aprofundada que a usual. Na estruturação dos livros, me ative à máxima do eminente matemático húngaro-americano George Pólya, que dizia não se poder fazer XI XII SUMÁRIO Matemática sem sujar as mãos. Assim sendo, em vários pontos deixei a cargo do leitor a tarefa de verificar aspectos não centrais aos desenvolvimentos principais, quer na forma de detalhes omitidos em demonstrações, quer na de extensões secundárias da teoria. Nestes casos, frequentemente referi o leitor a problemas específicos, os quais se encontram marcados com* e cuja análise e solução considero parte integrante e essencial do texto. Colecionei ainda, em cada seção, outros tantos problemas, cuidadosamente escolhidos na direção de exercitar os resultados principais elencados ao longo da discussão, bem como estendê-los. Uns poucos destes problemas são quase imediatos, ao passo que a maioria, para os quais via de regra oferto sugestões precisas, é razoavelmente difícil; no entanto, insto veementemente o leitor a debruçar-se sobre o maior número possível deles por tempo suficiente para, ainda que não os resolva todos, passar a apreçiá-los como .corpo de conhecimento adquirido. O primeiro volume discorre sobre vários aspectos relevantes do conjunto dos números reais e de Álgebra Elementar, no intuito de munir o leitor dos requisitos necessários ao estudo dos tópicos constantes dos volumes subsequentes. Após começar com uma discussão não axiomática das propriedades mais elementares dos números reais, são abordados, em seguida, produtos notáveis, equações e sistemas de equações, sequências elementares, indução matemática e números binomiais; o texto finda com a discussão de várias desigualdades algébricas importantes, notadamente aquela entre as médias aritmética e geométrica, bem como as desigualdades de Cauchy, de Chebyshev e de Abel. Dedicamos o segundo volume a uma iniciação do leitor à geometria Euclidiana plana, inicialmente de forma não axiomática e enfatizando construções geométricas elementares. Entretanto, à medida em que o texto evolui, o método sintético de Euclides - e, consequentemente, demonstrações - ganha importância, principalmente com a discussão dos conceitos de congruência e semelhança de triângulos; a partir desse ponto, vários belos teoremas clássicos da geometria, usualmente ausen- SUMÁRIO XIII tes dos livros-texto do secundário, fazem sua aparição. Numa terceira etapa, o texto apresenta outros métodos elementares usuais no estudo da geometria, quais sejam, o método analítico de R. Descartes, a trigonometria e o uso de vetores; por sua vez, tais métodos são utilizados tanto para reobter resultados anteriores de outra(s) maneira(s) quanto para deduzir novos resultados. De posse do traquejo algébrico construído no volume inicial e do aparato geométrico do volume dois, discorremos no volume três sobre aspectos elementares de funções e certos excertos de cálculo diferencial e integral e análise matemática, os quais se fazem necessários em certos pontos dos três volumes restantes. Prescindindo, inicialmente, das noções básicas do Cálculo, elaboramos, dentre outros, as noções de gráfico, monotonicidade e extremos de funções, bem como examinamos o problema da determinação de funções definidas implicitamente por relações algébricas. Na continuação, o conceito de função contínua. é apresentado, primeiramente de forma intuitiva e, em seguida, axiomática, sendo demonstrados os principais resultados pertinentes. Em especial, utilizamos este conceito para estudar a convexidade de gráficos - culminando com a demonstração da desigualdade de J. Jensen e o problema da definição rigorosa da área sob o gráfico de uma função contínua e positiva - que, por sua vez, possibilita a apresentação de uma construção adequada das funções logaritmo natural e exponencial. O volume três termina com uma discussão das propriedades mais elementares de derivadas e do teorema fundamental do cálculo, os quais são mais uma vez aplicados ao estudo de desigualdades, em especial da desigualdade entre as médias de potências. O volume quatro é devotado à análise combinatória. Começamos revisando as técnicas mais elementares de contagem, enfatizando as construções de bijeções e argumentos recursivos como estratégias básicas. Na continuação, apresentamos um apanhado de métodos de contagem um tanto mais sofisticados, como o princípio da inclusão exclusão e os métodos de contagem dupla, do número de classes de XIV SUMÁRIO equivalência e mediante o emprego de métricas em conjuntos finitos. A cena é então ocupada por funções geradoras, onde a teoria elementar de séries de potências nos permite discutir de outra maneira problemas antigos e introduzir problemas novos, antes inacessíveis. Terminada nossa excursão pelo mundo da contagem, enveredamos pelo estudo do problema da existência de uma configuração especial no universo das configurações possíveis, utilizando para tanto o princípio das gavetas de G. L. Dirichlet - vulgo "princípio das casas dos pombos" -, um célebre teorema de R. Dilworth e a procura e análise de invariantes associados a problemas algorítmicos. A última estrutura combinatória que discutimos é a de um grafo, quando apresentamos os conceitos básicos usuais da teoria com vistas à discussão de três teoremas clássicos importantes: a caracterização da existência de caminhos Eulerianos, o teorema de A. Cayley sobre o número de árvores rotuladas e o teorema extremal de P. Turán sobre a existência de subgrafos completos em um grafo. Passamos em seguida, no quinto volume, à discussão dos conceitos e resultados mais elementares de teoria dos números, ressaltando-se inicialmente a teoria básica do máximo divisor comum e o teorema fundamental da aritmética. Discutimos também o método da descida de P. de Fermat como ferramenta para provar a inexistência de soluções inteiras para certas equações diofantinas, e resolvemos também a famosa equação de J. Pell. Em seguida, preparamos o terreno para a discussão do famoso teorema de Euler sobre congruências, construindo a igualmente famosa função de Euler com o auxílio da teoria mais geral de funções aritméticas multiplicativas. A partir daí, o livro apresenta formalmente o co1;ceito de congruência de números em relação a um certo módulo, discutindo extensivamente os resultados usualmente constantes dos cursos introdutórios sobre o assunto, incluindo raízes primitivas, resíduos quadráticos e o teorema de Fermat de caracterização dos inteiros que podem ser escritos como soma de dois quadrados. O grande diferencial aqui, do nosso ponto de vista, é o calibre dos SUMÁRIO XV exemplos discutidos e dos problemas propostos ao longo do texto, boa parte dos quais oriundos de variadas competições ao redor do mundo. Finalmente, números complexos e polinômios são os objetos de estudo do sexto e último volume da coleção. Para além da teoria correspondente usualmente estudada no secundário - como a noção de grau, o algoritmo da divisão e o conceito de raízes de polinômios -, vários são os tópicos não padrão abordados aqui. Dentre outros, destacamos inicialmente a utilização de números complexos e polinômios como ferramentas de contagem e a apresentação quase completa de uma das mais simples demonstrações do teorema fundamental da álgebra. A seguir, estudamos o famoso teorema de 1. Newton sobre polinômios simétricos e as igualmente famosas desigualdades de Newton, as quais estendem a desigualdade entre as médias aritmética e geométrica. O próximo tema concerne os aspectos básicos da teoria de interpolação de polinômios, quando dispensamos especial atenção aos polinômios interpoladores de J. L. Lagrange. Estes, por sua vez, são utilizados para resolver sistemas lineares de Vandermonde sem o recurso à álgebra linear, os quais, a seu turno, possibilitam o estudo de uma classe particular de sequências recorrentes lineares. O livro termina com o estudo das propriedades de fatoração de polinômios com coeficientes inteiros, racionais ou pertencentes ao conjunto das classes de congruência relativas a algum módulo primo, seguido do estudo do conceito de número algébrico. Há, aqui, dois pontos culminantes: por um lado, uma prova mais simples do fechamento do conjunto dos números algébricos em relação às operações aritméticas básicas; por outro, o emprego de polinômios ciclotômicos para provar um caso particular do teorema de Dirichlet sobre primos em progressões aritméticas. Várias pessoas contribuíram ao longo dos anos, direta ou indiretamente, para que um punhado de anotações em cadernos pudesse transformar-se nesta coleção de livros. Os ex-professores do Departamento de Matemática da Universidade Federal do Ceará, Marcondes XVI SUMÁRIO Cavalcante França, João Marques Pereira, Guilherme Lincoln Aguiar Ellery e Raimundo Thompson Gonçalves, ao criarem a Olimpíada Cearense de Matemática na década de 1980, motivaram centenas de jovens cearenses, dentre os quais eu me encontrava, a estudarem mais Matemática. Meu ex-professor do Colégio Militar de Fortaleza, Antônio Valdenísio Bezerra, ao convidar-me, inicialmente para assistir a suas aulas de treinamento para a Olimpíada Cearense de Matemática e posteriormente para dar aulas consigo, iniciou-me no maravilhoso mundo das competições de Matemática e influenciou definitivamente minha escolha profissional. Os comentários de muitos de vários de ex-alunos contribuíram muito para o formato final de boa parte do material aqui colecionado; nesse sentido, agradeço especialmente a João Luiz de Alencar Araripe Falcão, Roney Rodger Sales de Castro, Marcelo Mendes de Oliveira, Marcondes Cavalcante França. Jr., Marcelo Cruz de Souza, Eduardo Cabral Balreira, Breno de Alencar Araripe Falcão, Fabrício Siqueira Benevides, Rui Facundo Vigelis, Daniel Pinheiro Sobreira, Antônia Taline de Souza Mendonça, Carlos Augusto David Ribeiro, Samuel Barbosa Feitosa, Davi Máximo Alexandrino Nogueira e Yuri Gomes Lima. Vários de meus colegas professores teceram comentários pertinentes, os quais foram incorporados ao texto de uma ou outra maneira; agradeço, em especial, a Fláudio José Gonçalves, Francisco José da Silva Jr., Onofre Campos da Silva Farias, Emanuel Augusto de Souza Carneiro, Marcelo Mendes de Oliveira, Samuel Barbosa Feitosa e Francisco Bruno de Lima Holanda. Os professores João Lucas Barbosa e Hélio Barros deram-me a conclusão de parte destas notas como alvo a perseguir ao me convidarem a participar do Projeto Amílcar Cabral de treinamento dos professores de Matemática da República do Cabo Verde. Meus colegas do Departamento de Matemática da Universidade Federal do Ceará, Abdênago Alves de Barros, José Othon Dantas Lopes, José Robério Rogério e Fernanda Esther Camillo Camargo, bem como meu orientando de iniciação científica Itamar Sales de Oliveira Filho, leram partes do texto final e oferece- SUMÁRIO XVII ram várias sugestões. Os pareceristas indicados pela SBM opinaram decisivamente para que os livros certamente resultassem melhores que a versão inicial por mim submetida. O presidente da SBM, professor Hilário Alencar da Silva, o antigo editor-chefe da SBM, professor Roberto Imbuzeiro de Oliveira, bem como o novo editor-chefe, professor Abramo Hefez, foram sempre extremamente solícitos e atenciosos comigo ao longo de todo o processo de edição. Por fim, quaisquer erros ou incongruências que ainda se façam presentes, ou omissões na lista acima, são de minha inteira responsabilidade. Por fim e principalmente, gostaria de agradecer a meus pais, Antonio Caminha Muniz Filho e Rosemary Carvalho Caminha Muniz, e à minha esposa Mônica Valesca Mota Caminha Muniz. Meus pais me fizeram compreender a importância do conhecimento desde a mais tenra idade, sem nunca terem medido esforços para que eu e meus irmãos desfrutássemos o melhor ensino disponível; minha esposa brindou-me com a harmonia e o incentivo necessários à manutenção de meu ânimo e humor, em longos meses de trabalho solitário nas madrugadas. Esta coleção de livros também é dedicada a eles. FORTALEZA, JANEIRO de 2012 Antonio Caminha M. Neto XVIII SUMÁRIO Prefácio à segunda edição A segunda edição contempla uma extensa revisão do texto e dos problemas propostos, tendo sido corrigidas várias imprecisões de língua portuguesa e de Matemática. A discussão sobre recorrências lineares foi ampliada, no que resultou o capítulo 9, inteiramente dedicado a elas. Nele, a solução de recorrências lineares de coeficientes constantes gerais é apresentada, sendo demonstrada com o auxílio de funções geradoras complexas. Apesar dessa ser uma abordagem natural para este problema, salta aos olhos não haver tratamento adequado desse tema disponível em língua portuguesa. Há, ainda, uma nova seção no capítulo 8, versando sobre números transcendentes. Nela, a prova original de J. Liouville para a existência de números transcendentes é demonstrada. Adicionei também alguns exemplos e problemas novos, no intuito de melhor exercitar certos pontos da teoria, os quais não se encontravam adequadamente contemplados pelos problemas propostos à primeira edição. As sugestões e soluções aos problemas propostos também foram revistas e reorganizadas, tendo sido colecionadas em um capítulo separado, o capítulo 10. Adicionalmente, são apresentadas sugestões ou soluções a praticamente todos os problemas do livro. XIX XX SUMÁRIO Gostaria de aproveitar o ensejo para agradecer à comunidade matemática brasileira em geral, e a todos os leitores que me enviaram sugestões ou correções em particular, o excelente acolhimento desfrutado pela primeira edição desta obra. CAPÍTULO 1 FORTALEZA, JULHO de 2016 Antonio Caminha M. Neto Números Complexos É um fato óbvio que o conjunto dos números reais resulta pequeno demais para uma descrição completa das raízes de funções polinomiais reais; por exemplo, a função x r-+ x 2 + 1, x E IR, não as possui. Historicamente, afirmações simples como essa motivaram o desenvolvimento dos números complexos, coroado pela demonstração, por Gauss, do famoso teorema fundamental da álgebra. Neste capítulo, concentramo-nos na construção do conjunto dos números complexos e na discussão de suas propriedades mais elementares, postergando ao capítulo 3 a apresentação de uma demonstração quase completa do teorema de Gauss acima referido. 1.1 Definição e propriedades elementares Conforme visto no capítulo 1 de [10], em geral pensamos no conjunto IR dos números reais como uma reta numerada: temos uma 1 Números Complexos 2 reta qualquer (entidade geométrica) disposta horizontalmente, na qual marcamos um ponto (correspondente ao zero). A partir daí, escolhemos um comprimento padrão (que corresponderá à unidade) e duas regras distintas para operar dois pontos da reta (denominadas adição e multiplicação de números reais), de modo a obter um terceiro ponto como resultado. Então, chamamos os pontos da reta de números e verificamos que as operações definidas gozam de várias propriedades úteis: comutatividade, associatividade etc. A discussão acima suscita a seguinte pergunta natural: haveria alguma forma de introduzir operações com propriedades úteis para os pontos de um plano? Mais precisamente, se considerarmos a reta real como o eixo horizontal de um plano cartesiano, haveria um modo de definirmos operações com os pontos desse plano, generalizando as operações com os pontos da reta real? A resposta é sim e o conjunto resultante, que passamos a descrever, é o conjunto dos números com- plexos. 1 1 Considere o plano cartesiano, visto como o conjunto lR x lR dos pares ordenados (a, b) de números reais. Defina em tal plano as operações EB e 8 por (a,b)EB(c,d) = (a+c,b+d), (a,b)8(c,d) = (ac-bd,ad+bc), (1.1) onde + e · denotam a adição e a multiplicação usuais de números reais. Podemos verificar sem dificuldade que EB e 8 são operações associativas e comutativas e que 8 é distributiva em relação a EB, i.e., que, para todos a, b, e, d, e, f E JR, valem as seguintes propriedades: 1. 11. Associatividade de EB e®: (a, b) EB ((e, d) EB (e,!))= ((a, b) EB (e, d)) EB (e,!) e (a, b) 8 ((e, d) 8 (e,!))= ((a, b) 8 (e, d)) 8 (e,!). Comutatividade de EB e®: (a,b) EB (c,d) = (c,d) EB (a,b) e (a, b) 8 (e, d) = (e, d) 8 (a, b). m. Distributividade de 0 em relação a EB: (a, b)8((c, d)EB(e, !)) = ((a, b) 8 (e, d)) EB ((a, b) 8 (e,!)) 1.1 Definição e propriedades elementares 3 Também é imediato verificar que (O, O) e (1, O) são, respectivamente, os elementos neutros de EB e 8, i.e., que (a, b) EB (O, O) = (a, b) e (a, b) 8 (1, O) = (a, b), para todos a, b E lR. Podemos ainda checar (faça isto!) que vale a seguinte lei de cancelamento para 8: (a, b) 8 (e, d) = (O, O) ==? (a, b) = (O, O) ou (e, d) = (O, O). Considere, agora, nossa reta real como sendo o eixo das abscissas ' o que equivale a identificar cada real x com o ponto (x, O). Temos, então, que ver se essa identificação é boa, no sentido de os resultados das operações EB e 8 coincidirem com os correspondentes das operações usuais de adição e multiplicação de números reais. Isto se resume a verificarmos se (x, O) EB (y, O) = (x + y, O) e (x, O) 8 (y, O) = (xy, O), (1.2) o que é imediato fazer. Em palavras, as expressões acima dizem que, ao identificarmos os números reais com os pontos do eixo das abscissas e executarmos as operações EB e 8 acima definidas, obtemos os mesmos resultados que obteríamos se, primeiro, executássemos as operações usuais de adição e multiplicação com os números reais e, só então, identificássemos os resultados assim obtidos com os pontos do eixo das abscissas. Portanto, podemos considerar lR com suas operações usuais de adição e multiplicação como um subconjunto de lR x lR com as operações EB e 8, definidas como em ( 1.1), e também chamar os pontos do plano de números, mais precisamente de números complexos. Denotamos o conjunto dos números complexos por C No que segue, vamos obter um modo mais cômodo de representar os números complexos e suas operações. Para tanto, denotaremos doravante por i o elemento (O, 1) do conjunto dos complexos e Números Complexos 4 denominaremos a unidade imaginária 1 . Denotando por ~ nossa identificação dos pontos do eixo das abscissas com os números reais e levando em conta a definição de 8, somos forçados a concluir que O 1.1 Definição e propriedades elementares • Cálculo de (a, b) + (e, d): por definição, temos (a, b) + (e, d) = (a+c, b+d). Por outro lado, operando como usualmente fazemos com números reais, obtemos i 2 = (O, 1) 8 (O, 1) = (O· O- 1 · 1, O· 1 + 1 · O) = (-1, O) ~ -1. (1. 3) Veja, ainda, que (a+bi) + (c+di) = (a+c) + (b+d)i. Mas, como estamos escrevendo (a+c,b+d) os dois resultados coincidem. (a, b) = (a, O) EB (O, b) = (a, O) EB ((b, O) 8 (O, 1)) ~a+ bi. a+ bi =O{::} (a, b) = (O, O) {::}a~ b = O. Por outro lado, veja que, de acordo com a discussão acima, no conjunto (C dos números complexos a equação x2 + 1 = (a+c) + (b+d)i, (1.4) Doravante, denotaremos as operações EB e 8 simplesmente por + e ·, e escreveremos a+ bi para denotar o número complexo (a, b), não mais utilizando identificações. Segue, a partir de (1.4), que =O tem o número i por raiz. Como veremos ao longo deste capítulo, esse fato é o cerne da importância dos números complexos. Uma boa justificativa para podermos escrever (a, b) E C como a+bi é que podemos operar com os complexos escritos na forma a+ bi como fazemos com números reais, lembrando que i 2 = -1: os cálculos feitos desse modo levam aos mesmos resultados que os cálculos feitos usando diretamente as definições das operações + e · de C. Senão, vejamos: 1 As 5 nomenclaturas imaginária e complexos têm origens históricas. Mais precisamente, quando os primeiros matemáticos começaram a utilizar números complexos ainda sem uma definição precisa do que tais números seriam, chamaram-nos cor:iplexos ou imaginários exatamente pela estranheza que causara cogitar-se a existência de "números" cujos quadrados pudessem ser negativos. • Cálculo de (a, b) · (e, d): por definição, temos (a, b) · (e, d) = (ac - bd, ad + bc). Operando novamente como com números reais, temos (a+ bi)(c + di) = ac +adi+ bci + bdi 2 = (ac - bd) + (ad + bc)i, uma vez que i 2 = -1. Mas, como estamos escrevendo (ac bd, ad + bc) = (ac - bd) + (ad + bc)i, os resultados novamente coincidem. Levando em consideração as identificações feitas acima, podemos escrever IR e C. Ademais, por analogia com as operações de adição e multiplicação dos reais, também denominaremos as operações + e · sobre complexos de adição e multiplicação, respectivamente. Prosseguindo nosso estudo, vamos introduzir em (C outras duas operações, semelhantes à subtração e à divisão de números reais. Dados z, w E C, subtrair w dez significa obter um complexo z -w (a diferença entre z e w) tal que z = (z - w) + w. Sendo z =a+ bi e w = e + di e operando como com números reais, vê-se facilmente que z - w = (a+ bi) - (e+ di) = (a - e)+ (b - d)i. Assim, sendo z definido por a+ bi e w = e+ di, o número complexo z - w, z - w = (a - e)+ (b - d)i, (1.5) Números Complexos 6 é denominado a diferença entre z e w. Para z, w E C, com w -# O, dividir z por w significa obter um número complexo z / w (o quociente entre z e w), tal que z = (z / w) · w. Sendo z = a + bi e w = e + di e operando como quando fazemos racionalizações com números reais, obtemos imediatamente a + bi w = c+di - z (ac (a + bi) (e - di) (c+di)(c-di) + bd) + (bc - ad)i c2 + d2 ac + bd bc - ad . ---+ 27,, c2+d2 c2+d 1.1 Definição e propriedades elementares Denotamos JzJ = Ja 2 + b2 e denominamos JzJ o módulo dez. Quando z E IR, é imediato que a noção de módulo de um número complexo, definida como acima, coincide com a noção usual de módulo de um número real. Note também que, em resumo, z =a+ bi:::} JzJ 2 1 a + b2 zz = a 2 + b2 . (1.7) Olhando os pontos do plano cartesiano como o conjunto C dos complexos, obtemos uma representação geométrica de C conhecida como o plano complexo 2 . Im Sendo z =a+ bi e w =e+ di, com w-# O, o número complexo z/w, definido por z ac + bd bc - ad . (1.6) c2 + d2 + c2 + d2 i, w é o quociente entre z e w. Examinando o caso particular da divisão de 1 por um número complexo não nulo, concluímos que todo complexo z -# Opossui inverso em relação à multiplicação. Sendo z =a+ ib-# O, segue de (1.6) que tal inverso, o qual denotaremos z- 1 ou 1/ z, é dado por z- = a2 = b -----,, z /" 1 ,/' ./' ,, / o 1 1 1 1 1 a Re 1 1 -b -----4 b . - a2 + b2 i. Lembre-se de que não precisamos nos preocupar em decorar as fórmulas acima. É só operar como quando operamos com números reais. A fim de simplificar muitos de nossos cálculos posteriores, introduzimos, agora, a seguinte notação: para z = a + bi E C, denotamos por z O complexo z = a-bi e o denominamos o conjugado dez. Em particular, temos z = z. Observe ainda que, ao multiplicar z por z, obtemos como resultado o número real a 2 + b2 : Figura 1.1: conjugação de números complexos. Os eixos horizontal e vertical do plano complexo são denominados, respectivamente, eixos real e imaginário. O eixo real é formado pelos números complexos reais (i.e., os pares ordenados (x, O)~ x), ao passo que o eixo imaginário é formado pelos números complexos da forma 2 z. z = (a+ bi)(a - bi) = a 2 - (bi) 2 = a 2 + b2 . também chamado plano de Argand-Gauss, em homenagem aos matemáticos Jean-Robert Argand e Johann Carl Friedrich Gauss. Números Complexos 8 yi, onde y E IR (i.e., os pares ordenados (O, y) = (y, O) · (O, 1) ~ yi); tais números complexos são denominados imaginários puros. Ainda em relação ao plano complexo, sendo z = a+ bi = (a, b), segue de z = a - bi que z e z são simétricos em relação ao eixo real (veja a figura 1.1). Por outro lado, os números reais a e b são respectivamente denominados a parte real e a parte imaginária de z, e denotados a= Re(z), b = Im(z). É, agora, claro que Re(z) = z + z e Im(z) 2 z- z = ~· 1.1 Definição e propriedades elementares (a) z E IR{::} Re(z) =O{::} z = z. (e) zn = (zt, para todo n E Z. (d) lzl = 1 {::} z = l/z. Prova. (a) Seja z =a+ bi. Temos z (1.8) O resultado a seguir traz mais algumas propriedades úteis dos nú- 9 (b) Sendo z E IR {::} b = O {::} a+ bi =a+ meros complexos. Para o enunciado do mesmo, observamos que a associatividade da multiplicação de números complexos garante a boa definição de zn, para z E CC e n EN, como z 1 = z e bi e w =a- bi {::} z = z. = e+ di, temos z + w = (a - bi) + (e - di) = (a + e) - (b + d) i =z+w n z=~, e n vezes + (ad + bc)i = (ac - bd) - (ad + bc)i = (a-bi)(c-di) = z·w. zw = (ac - bd) para n > 1. Tal definição pode ser facilmente estendida a expoentes inteiros n, pondo, para z E <C \ {O}, zº = 1 e zn = ( z -n)-1 = 1 - z-n' A partir daí, vem para n < O inteiro. Então, uma fácil indução permite mostrar que as regras usuais de potenciação continuam válidas, a saber, que (1.9) para todos z,w E <C \ {O} e m,n E Z. Podemos, finalmente, enunciar e provar o resultado desejado. Lema 1.1. Se z e w são complexos não nulos quaisquer, então: z/w · w = z/w · w = z, de maneira que z/w = z/w. (c) Para n = O o resultado é imediato e, para n E N, segue facilmente de (b), por indução. Para n < O inteiro, observe inicialmente que, pelo item (b), temos 1 = I = zz- 1 = z · z- 1 ' Números Complexos 10 de sorte que z- 1 = (z)-1; portanto, pondo u acima, juntamente com (1.9), fornece = 1.1 Definição e propriedades elementares z- 1 , a primeira parte 11 Im z 1 lb-dl (d) Uma vez que (cf. (1.7)) z · z = lzl 2, concluímos que lzl = 1 {::} z · z = 1 {::} I 1 1 r--- z = 1/ z. w la-cl Re D Exemplo 1.2 (Espanha). Se z e w são números complexos de módulo 1 e tais que zw #- -1, mostre que é um número real. r:z: t:z:, Prova. Se a = basta mostrarmos que que, pelo lema anterior, temos a= Figura 1.2: módulo da diferença entre dois complexos. a. Para tanto, note A desigualdade (1.10), a seguir, é conhecida como a desigualdade triangular para números complexos. z+w z+w 1 + zw 1 +z · w 1 1 z- + ww+z -a - 1 + z- 1 w- 1 - zw + 1 - · a= Corolário 1.4. Seu, v e z são números complexos quaisquer, então lu D Nosso próximo resultado dá uma interpretação geométrica bastante útil do módulo da diferença de dois números complexos. vi : : ; lu - zl + lz - vi. (1.10) Prova. De acordo com a proposição 1.3, o corolário diz apenas que qualquer lado de um triângulo (possivelmente degenerado) é menor ou igual que a soma dos outros dois lados, o que já sabemos ser verdadeiro D (conforme ensina a proposição 2.26 de [11]). Proposição 1.3. Dados z, w E C, o número real lz - wl é igual à distância Euclidiana de z a w no plano cartesiano subjacente ao plano complexo em questão. Prova. Se z = a + bi, w = lz - wl = l(a - c) Problemas - Seção 1.1 c + di, então + (b- d)il = J(a - c) 2 + (b- d) 2. Por outro lado (conforme a figura 1.2), a proposição 6.5 de [11] garante D que a distância dez a w também é dada por J(a - c) 2 + (b - d)2. 1. Em relação às operações de adição e multiplicação de números complexos, verifique, a partir da definição, a associatividade e comutatividade, bem como a distributividade da multiplicação com respeito à adição. Verifique, ainda, que (O, O) e (1, O) são, Números Complexos 12 respectivamente, seus elementos neutros e que vale a lei do cancelamento para a multiplicação. 2. 1.1 Definição e propriedades elementares 13 6. (Holanda.) A sequência (zk)k2'.l de números complexos é definida, para k E N, por * Para z, w E C, prove que: Zk = II (1 + ~) , j=l ../] (a) lzwl = lzl · lwl. (b) lz + wl 2 = lzl 2 onde i é a unidade imaginária. Encontre todos os n E N tais que + 2Re(zw) + lwl 2 . n 3. L lzk+l - zkl = 1000. * Use o item (b) do problema anterior para provar, para todos z, w E C, a validade da desigualdade lz + wl ~ lzl + lwl, a qual também é conhecida como a desigualdade triangular para números complexos. Em seguida, use essa desigualdade para: (a) Deduzir a validade de (1.10). k=l 7. Dados z, w C, sejam u e v os vetores de origem O e extremidades respectivamente z e w. Prove que os números complexos z + w e z - w são, respectivamente, as extremidades dos vetores u + v e u - v, com origem em O. E (b) Provar que llzl - lwll ~ lz - wl, para todos z, w E C. 4. Para z E C, prove que lzl = 1 se, e só se, existe x E IR tal que 1-ix Z = l+ix' 5. (OCM.) Sejam a e z números complexos tais que lal < 1 e az 1. Se #- z-al < 1, l1-az prove que lzl < 1. Para o próximo problema, definimos uma sequência de números complexos como uma função f : N ---+ C. Parafraseando nossa discussão sobre sequências de números reais, levada a cabo em (12], dada uma sequência f : N ---+ C, escrevemos Zn = f(n) e nos referimos à sequência f simplesmente por (zn)n2'.1· Para o próximo problema, recorde que (de acordo com a seção 4.2 de (13]) uma relação de ordem (parcial) em X é uma relação j em X que é reflexiva, transitiva e antissimétrica; ademais, se tivermos x j y ou y j x para todos x, y E X, a relação de ordem j é dita total. Para exemplificar, veja que a relação j, definida em IR por x j y~x ~ y, é uma relação de ordem total; por outro lado, a relação j em N, definida (veja o capítulo 1 de (14]) por x j y~x I y, é uma relação de ordem parcial que não é total. 8. Prove que o conjunto dos números complexos não pode ser totalmente ordenado. Mais precisamente, prove que não existe, Números Complexos 14 sobre <C, uma relação de ordem total~' a qual estende a relação de ordem usual em IR e satisfaz as condições 15 1.1 Definição e propriedades elementares (b) Mostre que as funções l 1 , 1,2 , 1, 3 : <C ~ lH1, tais que 1, 1 ( x+yi) = (x, y, O, O), l2(x + yi) = (x, O, y, O) e 1,3 (x + yi) = (x, O, O, y), preservam operações, no sentido de que o ~ z, w =} o ~ z + w' zw. O próximo problema generaliza a construção do conjunto dos números complexos, apresentando a construção do conjunto lH1 dos quatérnios (ou, ainda, números quaterniônicos) de Ha'milton3. 9. Em lH1 = {(a, b, e, d); a, b, e, d, E IR}, defina operações EB e 8, denominadas respectivamente adição e multiplicação, pondo, para a= (a,b,c,d) e /3 = para todos z, w E (C e 1 :::::; j :::::; 3. (c) De posse dos itens (a) e (b), escrevamos, doravante, simplesmente + e · para denotar EB e 8, respectivamente, x para denotar (x, O, O, O) e i = (O, 1, O, O), j = (O, O, 1, O) e k = (O, O, O, 1). Mostre que = j2 = k 2 = -1 ij = -ji = k,jk = i2 (w,x,y,z) em lH1, a EB /3 =(a+ w, b + x, e+ y, d+ z) e + bw + cz - dy, bz + cw + dx, az + by - ex+ dw), a 8 /3 = (aw - bx - cy - dz, ax ay - onde + e · denotam as operações usuais de adição e multiplicação de números reais. Faça os seguintes itens: (a) Mostre que a função l : IR~ lH1, tal que 1,(x) = (x,0,0,0) preserva operações, no sentido de que 1,(x) EB 1,(y) = 1,(x + y) e 1,(x) 8 1,(y) = 1,(x + y), para todos x, y E R -kj = i, ki = mas estas fogem ao escopo destas notas. = (1.11) j e (a, b, e, d)= a+ bi + cj + dk. (d) Mostre que os resultados de (a+ bi + cj + dk) + (w +xi+ yj + zk) e (a + bi + cj + dk) · (w + xi + yj + zk) são os mesmos que obteríamos utilizando as propriedades usuais da adição e da multiplicação de números reais, juntamente com as relações (1.11). A partir daí, conclua que: 1. 11. A operação + é comutativa, associativa e tem O como elemento neutro. A operação é associativa, distributiva em relação a +, tem 1 como elemento neutro mas não é comutativa. (e) Para a= a+ bi + cj + dk E lH1, sejam a= a - bi - cj - dj o conjugado de a. Mostre que, para a, f3 E lH1, temos a/3 = a/3. lal = .)a2 + b2 + c2 + d2 Mostre que aa = lal 2 e la/31 = lall/31, para (f) Para a= a+bi+cj+dk E lH1, seja o matemático inglês do século XIX William R. Hamilton. O conjunto dos quatérnios tem muitas aplicações importantes em Matemática e em Física, 3 Após -ik a norma de a. todos a, /3 E JH1. Números Complexos 16 (g) Use o resultado do item anterior para deduzir a identidade (7.9) de [14]. (h) Conclua que, para todo a E IHI\ {O}, existe um único /3 E lHI tal que a/3 = 1. A partir daí, mostre que a lei do cancelamento vale em IHI, i.e., mostre que, se a, /3 E lHI forem tais que a/3 = O, então a = O ou /3 = O. 10. (Japão.) Seja P um pentágono cujos lados e diagonais medem, em alguma ordem, li, l2 , ... , lio- Se os números lr, l~, ... , l~ são todos racionais, prove que lio também é racional. 1.2 A forma polar de um número complexo Dado z =a+ bi E (C \ {O}, seja a E [O, 21r) a menor determinação, em radianos, do ângulo trigonométrico entre o semieixo real positivo e a semirreta que une O a z (veja a figura 1.3). 1.2 A forma polar de um número complexo 17 segue que a COSO'.=----;::::== Ja2 + b2 e sena= b Ja2 + b2 , de maneira que z = 1 z 1 ( cos a + i sen a) . (1.12) cosa para todo Como sen (a + 2k1r) = sena e cos( a + 2k1r) k E Z, a igualdade (1.12) ainda vale com a + 2k1r no lugar de a. Por essa razão, diremos doravante que os números da forma a + 2k1r, com k E Z, são os argumentos do complexo não nulo z e que a é o argumento principal de z. Ademais, sendo a um argumento qualquer dez, denominaremos a representação (1.12) de forma polar (ou trigonométrica) dez. Veja, ainda, que I cosa+ i sen ai = 1, (1.13) para todo a E IR. Também doravante, denotaremos o complexo cos a+ i sena simplesmente por eis a. Assim, sendo a um argumento de z E <C, segue de (1.12) que Im z z = lzl eis a. o a Re Figura 1.3: forma polar de um número complexo. O exemplo a seguir traz um uso interessante, ainda que elementar, da noção de argumento de um número complexo. Exemplo 1.5. Dentre todos os complexos z tais que lz - 25il ~ 15, obtenha o de menor argumento principal. Escrevendo z= 1z 1 ( a J a2 + b2 + b . J a2 + b2 z·) ' Solução. Os complexos satisfazendo a condição do enunciado sao aqueles situados sobre o disco fechado de centro 25i e raio 15; Números Complexos 18 Im 19 1.2 A forma polar de um número complexo Prova. O caso n = O é trivial. Supondo que tenhamos provado a fórmula para n > O, mostremos sua validade para n < O. Para tanto, seja n = -m, com m E N. Dado O E IR, segue do item (d) do lema 1.1 e de \eis O\ = 1 que (eis 0)- 1 o = eis O = cos O+ i sen O = cos O- i sen O (1.15) = cos(-0) + i sen (-0) = eis (-0). Re Portanto, como estamos assumindo a validade de (1.14) com m no lugar de n, segue que zn destes, o de menor argumento principal é aquele z E C tal que a semirreta de origem Oe que passa por z tangencia tal círculo no primeiro quadrante cartesiano. Como o raio do círculo é 15, o teorema de Pitágoras, aplicado ao triângulo retângulo de vértices 25i, z e O, nos dá \z\ = 20. Agora, sendo z = a+bi, temos que a é igual à altura desse triângulo retângulo relativa à hipotenusa; portanto, as relações métricas em triângulos retângulos (proposição 4.9 de [11]) garantem que 25a = 15 · 20, de onde segue que a= 12. Como \z\ = 20, temos que 202 = \z\2 = ª2 + b2 = = z-m = \zln eis (-ma) = lzln eis (na). = (\z\ eis a)-m = \z\-m( eis (ma)t 1 Para o caso n > O, façamos indução sobre n, sendo o caso n trivial. Supondo o resultado válido para um certo n E N, temos zn+l = z · zn = = 1 lzl eis a· lzln eis (na) = lzln+l eis a· eis (na), e basta mostrarmos que cisa· eis (na)= eis (n (cos a + l)a, i.e., que + i sen a) (cos (na) + i sen (na)) = cos (n + 1) a + i sen (n + 1) a. 122 + b2 D Mas, esta última igualdade é imediata a partir das fórmulas trigonoD métricas de adição de arcos (proposição 7.18 de [11]). A fórmula (1.14) a seguir, conhecida como a primeira fórmula de de Moivre4 , estabelece as vantagens computacionais da representação polar de números complexos. O corolário a seguir fornece a interpretação geométrica usual para a multiplicação de números complexos, um dos quais de módulo 1. Para o caso geral, referimos ao leitor o problema 1. Proposição 1.6 (de Moivre). Se z = \z\ cisa é um complexo não nulo e n E Z, então Corolário 1.7. Sejam a um real dado e z E (C \ {O}. Se u é o vetor de origem O e extremidade z, então o ponto do plano complexo que representa (eis a) · z é a extremidade do vetor obtido mediante a rotação trigonométrica5 deu pelo ângulo a (veja a figura 1.4). e, daí, b = 16. Logo, z = 12 + 16i. (1.14) 4 Após Abraham de Moivre, matemático francês do século XVIII. 20 Números Complexos 1.2 A forma polar de um número complexo 21 D Im z z · eis a Re Dados n EN e z E (C \ {O}, entendemos por uma raiz n-ésirna dez um complexo w tais que wn = z. Contrariamente ao que ocorre com números reais, cada complexo não nulo z tem exatamente n raízes n-ésimas, as quais denotaremos genericamente por zyz. A fórmula (1.16) a seguir, conhecida como a segunda fórmula de de Moivre ' nos ensina a calculá-las. Proposição 1.9 (de Moivre). Se z = lzl cisa é um complexo não Figura 1.4: interpretando geometricamente a multiplicação por eis a. Prova. Sendo z = lzl eis O, temos da primeira fórmula de de Moivre que z · eis a = 1 z I eis O· eis a = 1z I eis (O+ a). nulo e n é um inteiro positivo qualquer, então há exatamente n valores complexos distintos para a raiz n-ésima de z. Ademais, tais valores são dados por nlÍ--::::TI . V 141 · eis onde Corolário 1.8. Se z = lzl eis a e w = lwl eis ,B = {::} rn eis (nB) {::} rn Em particular, a + ,B (resp. a - ,B) é a medida em radianos de um argumento para zw (resp. z/w). Prova. Façamos a prova para ~, sendo o outro caso totalmente análogo. Para tanto, basta ver que, por (1.15), = fl · eis (a lwl ,B). 5 Quer dizer, giramos u de um ângulo de medida a radianos, no sentido antihorário se a > O e no sentido horário se a < O. N, (1.16) wn = z {::} (rcisor = lzl cisa são complexos não zw = lzwlcis (a+ ,B) e : = i1:1 1· eis (a - ,B). E reis O, então nulos quaisquer, então !._ = lzl eis a· lwl- 1 eis (-,B) w n2k1r) ; O:S: k < n, k vTzT é a raiz real positiva de lzl. Prova. Se w Mas, este último complexo é exatamente a extremidade do vetor obD tido pela rotação deu do ângulo a, no sentido trigonométrico. (ª + = lzl eis a = lzl e nB =a+ 2k1r, :l k E Z. vizT Estas últimas duas igualdades ocorrem se, e só se, r = e O= 1 k '71 p , -n-, para a gum E /L,, ortanto, havera tantas raízes n-ésimas de z distintas quantos forem os números eis ( a+;;krr) distintos. Mas é fácil ver que a+2k1r . (ª ClS + 2k1r) = n . ClS (ª + 2(k + n)1r) n e eis ( a +n2k1r) -=/=- eis ( a +n2l7r) para O :S: k < l < n, de maneira que basta considerarmos os inteiros k tais que O :S: k < n. D Números Complexos 22 Em que pese a fórmula acima, vale frisar que nem sempre ela se constitui na melhor maneira de calcularmos as raízes de um certo índice de um número complexo; isto porque nem sempre a forma trigonométrica de complexo é efetivamente útil para cálculos. Veja o que ocorre no exemplo a seguir. Exemplo 1.10. Calcule as raízes quadradas de 7 + 24i. Solução. Se tentarmos utilizar a segunda fórmula de de Moivre, teremos de começar observando que 7 + 24i = 25 (cos a + i sen a), i. onde a = arctg 2 Mas, como tal arco não é um arco notável, os cálculos trigonométricos que teremos de fazer para utilizar. a segunda fórmula de de Moivre serão mais trabalhosos do que a utilização direta da definição de raiz quadrada de um número complexo. Senão, vejamos: Seja 7 + 24i = (a + bi) 2 , com a, b E IR. Desenvolvendo (a + bi) 2 e igualando em seguida as partes real e imaginária, obtemos o sistema Como 1 = eis O, a segunda fórmula de de Moivre nos diz que há precisamente n raízes n-ésimas distintas da unidade, as quais são dadas por . (2krr) ---:;;- ; O :::::; k < n, k wk = eis { ª2 - b2 = 7 . ab = 12 Elevando a segunda equação ao quadrado e substituindo a2 = b2 + 7 no resultado, chegamos à equação (b2 + 7)b2 = 144, de sorte que b2 = 9. Mas, como ab = 12 > O, concluímos que a e b devem ter sinais iguais e, a partir daí, que os possíveis pares (a, b) são (a, b) = (3, 4) ou (-3, -4). Logo, as raízes quadradas procuradas são os números D complexos ±(3+ 4i). Como caso particular importante da discussão sobre raízes de números complexos, dizemos que o número complexo w é uma raiz da unidade se existir um natural n tal que wn = 1. Neste caso, w é denominado uma raiz n-ésima da unidade. E Z. (1.17) Denotando w = eis 2; , segue imediatamente de (1.17) e da primeira fórmula de de Moivre que as raízes n-ésimas da unidade são os números complexos 1,w,". ,wn-1 (1.18) À guisa de fixação, vejamos dois exemplos. Exemplo 1.11. Dado n E N, ache, em função de n, as soluções da equação (z zn. ir= r Solução. Como z = O não é raiz, a equação equivale a ( 1 - ~ = 1. Portanto, sendo w = eis 2; , segue da discussão acima que 1- ~ é igual a um dos números w, w2, ... , wn-l (note que 1 também não é raiz da equação dada). Como 1 - ~ = wk se, e só se, z = 1 _1wk, segue que zé igual a um dos números complexos 1 de equações 23 1.2 A forma polar de um número complexo 1 1 1 - w' 1 - w2 ' ... ' 1 - wn-1 . D Para o que segue, recordemos (conforme discussão que precede o problema 6, página 12) que uma sequência de números complexos é uma função f : N ---+ C, a qual será, o mais das vezes, denotada simplesmente por (zn)n::::1, onde Zn = f(n). Isto posto, observamos que a demonstração da fórmula para a soma dos n primeiros termos de uma PG de números reais e razão diferente de O e 1 é válida ' ipsis literis, para uma PG de números complexos, i.e., uma sequência (zn)n::::1 de complexos, tal que Zk+l = qzk para todo k 2:: 1, onde q E C \ {O, 1}. Portanto, podemos enunciar o resultado auxiliar a seguir. 24 Números Complexos Lema 1.12. Para z E C \ {O, 1}, temos 4·\ !' 1 zn - 1r 21r 31r cos 7 - cos 7 + cos 7 l+z+z +···+z - = - z-1 = -Re(w +w 2 +w 3 ) = Como corolário do lema acima, note que, se w =I 1 é uma raiz n-ésima da unidade, então wn = 1, de maneira que 1 + w + w2 + · · · + wn-l = O. (1.19) Utilizaremos a fórmula acima várias vezes em nossas discussões posteriores. Exemplo 1.13 (IMO). Use números complexos para provar que 1r 27r 31r 1 cos- - cos- +cos- = - 7 7 7 2· Re(w + w2 + w3 ) = cos 27r + cos 7 21r 7 4 1r 7 7 1r -cos 7 -cos 7 . Por outro lado, como wk · w7-k = 1 e lwkl = 1, segue do item (d) do lema 1.1 que w7-k = (wk)-1 = wk. Portanto, w + w2 + w3 = w6 + w5 + w4 e, daí, Re(w + w2 + w3 ) = Re(w 6 + w5 + w4 ). (1.20) Por fim, segue de (1.19) que w+w 2 + .. ·+w 6 = -1; daí, tomando partes reais e utilizando (1.20), obtemos 2Re(w + w2 + w3 ) D O próximo resultado usa a segunda fórmula de de Moivre para dar uma bela interpretação geométrica para as raízes n-ésimas de um complexo não nulo. Proposição 1.14. Se zé um complexo não nulo e n > 2 é um natural, então as raízes n-ésimas de z são os vértices de um n-ágono regular centrado na origem do plano complexo. (ª + cos 51r 31r 1 2. Prova. Sendo a um argumento de z, segue da segunda fórmula de de Moivre que as raízes n-ésimas de z são os complexos z0 , z1 , ... , Zn-l tais que nfi":T , +n2k7r) , Zk = y 1~1 • ClS Prova. Se w = eis 2; , uma raiz sétima da unidade, então = cos 25 1.2 A forma polar de um número complexo e segue, de (1.20), que n 1 2 11 = Re(w + w2 + w3 ) + Re(w 6 + w5 + w4 ) = -1 para O::::; k < n. A partir de (1.13), obtemos de sorte que os pontos zk estão todos situados sobre o círculo de centro O e raio ~ do plano complexo. Por outro lado, segue do corolário 1.8 que Zk+1 = Zk eis (21r) ' n para O ::::; k < n. Então, sendo uk o vetor de origem O e extremidade zk, segue do corolário 1. 7 que o ângulo entre uk e uk+l, medido em radianos e no sentido anti-horário, é, para O::::; k < n, igual a 2: . A proposição decorre imediatamente desses dois fatos. D Números Complexos 26 1.2 A forma polar de um número complexo 27 lm Im 1 Re ; 1 . w3 Re Figura 1.5: disposição geométrica de raízes quartas de -1. Figura 1.6: raízes sextas da unidade. Exemplo 1.15. Na figura 1.5, representamos, no plano complexo, as raízes quartas de -1. Observe que z1 = Jf=-Iícis i = 1J;. Problemas - Seção 1.2 1 O corolário a seguir isola uma consequência importante do resul- tado anterior. Corolário 1.16. As raízes n-ésimas da unidade se dispõem, no plano complexo, como os vértices do polígono regular de n lados, inscrito no círculo de raio 1 centrado na origem e tendo o número 1 como um de seus vértices. Exemplo 1.17. Na figura 1. 6, temos w = eis 2; = l+;v'3, de sorte que os números complexos 1, w, ... , w5 são as raízes sextas da unidade. Os números 1, w2 e w4 são as raízes cúbicas da unidade, ao passo que os números w, w3 = -1 e w5 são as raízes cúbicas de -1. 1. Para r E lR \ {O}, definimos a homotetia de centro O e razão r como a função Hr : C --+ C, tal que Hr(z) = rz, para todo z E C. Para () E lR \ {O}, definimos a rotação de centro O e ângulo () como a função R 0 : C \ {O} --+ C \ {O}, tal que Ro(z) = (cisO)z, para todo z E C \ {O}. (a) Seja u o vetor de origem O e extremidade z. Se w = Hr(z), prove que o vetor de origem O e extremidade w é ru. (b) Se w = reis() é um complexo não nulo, prove que, para todo z E C \ {O}, temos wz = Hr o Ro(z). 2. (OCM.) Seja w um número complexo tal que w2 +w + 1 = O. 28 Números Complexos Calcule o valor do produto ' I; !~:;;, ~ 1.2 A forma polar de um número complexo 29 11. Dados n > 2 inteiro e a E IR, use números complexos para calcular cada uma das somas abaixo em função de n e a: (a) sena+ sen (2a) + sen (3a) + · · · + sen (na). 3. Seja num natural múltiplo de 3. Calcule o valor de (1 + (1 - v'3it- v'3it. 12. Dê exemplo de um conjunto infinito 7 guintes condições: 4. Resolva em <C o sistema de equações (b) Para todos z, w E 7, temos zw E 7. 5. Encontre, em função de n EN, as soluções da equação 1 (1 + z) 2n + (1 - z) 2n =· O. 6. Mostre que todas as raízes da equação (z-1) 5 = 32(z+ 1) 5 estão situadas sobre o círculo do plano complexo de raio Í e centro -i, 7. (Irlanda.) Para cada n E N, defina an = prove que existem EN tal que ªk-Iak = n2 + n + 1. Dado k E N, ªm· 8. (Romênia.) Sejam p, q E <C, com q =/=- O, tais que a equação x 2 + px + q2 = O tem raízes de módulos iguais. Prove que ~ E lR. 9. Sejam z1, z2 e z3 números complexos não todos nulos. Prove que z1, z2 e z3 são os vértices de um triângulo equilátero no plano complexo se, e só se, 2 2 2 Z1 + Z2 + Z3 = Z1Z2 + Z2Z3 + Z3Z1, 10. Dado n > 2 inteiro, use números complexos para provar que n-1 2k7r n-1 2k7r ~cos-- = I:sen-- = O. Ln n k=O k=O e <C satisfazendo as se- (a) Para todo z E 7 existe n EN tal que zn = 1. lz1I = lz2I = lz3I = 1 { Z1 + Z2 + Z3 = Ü Z1Z2Z3 = 1 ! ' (b) sen 2a + sen 2(2a) + sen 2(3a) + · · · + sen 2(na). 13. (Croácia.) Sejam n um natural dado e A um conjunto de n números complexos não nulos, tendo a seguinte propriedade: se quaisquer dois de seus elementos (não necessariamente distintos) forem multiplicados, obtemos outro elemento do conjunto. Ache todos os conjuntos A possíveis. 14. Seja g : <C --+ <C uma função dada e w = eis 2;. Para cada número complexo dado a, prove que há uma única função f : (C --+ <C tal que f(z) + f(wz + a) = g(z), V z E <C. 30 Números Complexos CAPÍTULO 2 Polinômios De um ponto de vista mais algébrico, funções polinomiais reais podem ser encaradas como polinômios de coeficientes reais. Conforme veremos a partir deste capítulo, um tal ponto de vista resulta muitíssimo frutífero no estudo de polinômios, não somente os de coeficientes reais, mas também aqueles com coeficientes racionais ou, mais geralmente, complexos. Nesse sentido, em tudo o que segue, sempre que uma propriedade for válida para polinômios com coeficientes em um qualquer dos conjuntos numéricos (Ql, lR. e C, escreveremos simplesmente IK para denotar tais conjuntos, salvo menção explícita em contrário. Nosso propósito é, pois, desenvolver os aspectos algébricos elementares da teoria dos polinômios sobre IK. 1 1 Para os que já estudaram um pouco de Estruturas Algébricas, frisamos que lK poderia denotar um corpo qualquer de característica O. De fato, a restrição de lK a (Ql, ~ ou C é meramente psicológia, tendo o intuito de tornar o mais elementar possível a discussão subsequente. 31 ------------~---- - Polinômios 32 2.1 i. Os elementos Definições e propriedades básicas Colecionamos, nesta seção, as definições e notações básicas sobre polinômios, as quais serão fundamentais para os desenvolvimentos subsequentes da teoria. 33 2.1 Definições e propriedades básicas ai E IK são denominados os coeficientes de f. ii. Quando ai = O omitiremos, sempre que for conveniente, o termo aiXi. Em particular, como a sequência (a 0, a 1 , a 2, .. .) é quase toda nula, existe um inteiro n ~ O para o qual podemos escrever n Definição 2.1. Uma sequência (a 0, a 1 , a2, .. .) de elementos de IK é dita quase toda nula se existir n ~ -1 tal que = Lªkxk. f(X) k=O iii. Quando ai = ±1, escreveremos ±Xi em vez de (±l)Xi, para termo correspondente de f. Em palavras, uma sequência (ao, a 1 , a 2, .. .) é quase toda nula se todos os seus termos, de uma certa posição em diante, forem iguais a zero. Por exemplo, as sequências (O, O, O, O, O, O, ... ) e (1, 2, 3, ... , n, O, O, O, ... ) são quase todas nulas; por outro lado, a sequência (1, O, 1, O, 1, ... ), com l's e O's se alternando indefinidamente, não é quase toda nula. Definição 2.2. Um polinômio sobre ( ou com coeficientes em) IK é uma soma formal f = f(X) do tipo f(X) = ªº + a1X + a2X 2 + a3X 3 + ... := L akxk, k2:0 (2.1) onde (ao, a 1 , a 2, .. .) é uma sequência quase toda nula de elementos de IK e convencionamos Xº = 1 e X 1 = X no somatório acima. Ainda em relação à definição acima, cumpre observar que X é um símbolo qualquer. Em particular, X não representa uma variável e poderíamos, por exemplo, ter utilizado o símbolo O em seu lugar. Assumiremos ainda que os polinômios f(X) = Lk2:o akXk e g(X) = Lk>O bkXk sobre IK são iguais se, e só se, ak = bk, para todo k ~ O. Dado um polinômio f(X) = a0 + a 1X + a2X 2 + a3X 3 + · · · sobre IK, adotamos as seguintes convenções: O iv. O polinômio O = O+ OX + OX 2+ · · · é denominado o polinômio identicamente nulo sobre IK. Sempre que não houver perigo de confusão com O E IK, denotaremos o polinômio identicamente nulo sobre IK simplesmente por O. v. Mais geralmente (e consoante ii.), dado a E IK, denotamos o polinômio a+ox +OX 2+· · · simplesmente por O: e O denominamos o polinômio constante a; em cada caso, o contexto deixará claro se estamos nos referindo ao polinômio constante e igual a a ou ao elemento a E IK. Denotamos por IK[X] o conjunto de todos os polinômios sobre IK. Em particular, de posse do item v. acima, convencionamos também que IK e IK[X]. Por outro lado, as inclusões (Q (Q[X] e e IR e IR[X] C fornecem as inclusões e C[X]. Exemplo 2.3. Se f(X) = 1 + X - X 3 + \!'2X7, então f tJ. (Q[X] (uma vez que v'2 (f. Q) mas f E IR[X]. Já a expressão g = 1 +X+ x2 + x3 + x4 + · · · nao - e, um po l.inomio, uma vez que a sequência A (1, 1, 1, ... ) não é quase toda nula. • r 1 i' oe:3. cc4_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _=-P=ol=in=ô=m=1=·º=-s a soma e_º produto de f e g, denotados respectivamente por f EB g e f 8 g, sao os polinômios No que segue, vamos definir sobre IK[X] operações EB : IK[X] x IK[X] ----+ IK[X] e 8 : IK[X] x IK[X] ----+ IK[X], U EB g)(X) = L(ak + bk)Xk k2:0 respectivamente denominadas adição e multiplicação. Para tanto, precisamos inicialmente do seguinte resultado auxiliar. e U 8 g)(X) = Lckxk, k2:0 Lema 2.4. Se (ak)k2:o e (bk)k2:o são sequências quase todas nulas de elementos de OC, então também são quase todas nulas as sequências (ak ± bk h2:o e (ck h2:o, onde k ck = L aibj = L aibk-i· i=O i+i=k i,j2:0 35 2.1 Definições e propriedades básicas Prova. Mostremos somente que a sequência (ck) k2:0 é quase toda nula, ficando o outro caso como exercício para o leitor (veja o problema 1). Sejam m, n E Z+ tais que ai = O para i > n e bj = O para j > m. Se k > m + n e i + j = k, com i, j ~ O, então i > n ou j > m, pois, do contrário, teríamos k = i + j :S n + m, o que não é o caso. Mas, como i > n =} ai = O e j > m =} bj = O, em qualquer caso temos aibj = O, Ainda que, em princípio, possa não parecer, a definição do produto de dois polinômios é bastante natural: a fórmula para o coeficiente ck de f 8 g é necessária se quisermos que valham a distributividade da operação 8 em relação à operação EB, bem como a regra usual de potenciação xm 8 xn = xm+n. De fato, se tais propriedades forem válidas, então, calculando o produto (ao+ a1X + a2X 2 + · · ·) 8 (b0 + b1X + b2 X 2 + ... ) distributivamente, obtemos aobo = L aibj i+j=O de sorte que Ck = i,j2:0 L aibj = O. para coeficiente de i+j=k Xº, i,j2:0 o aob1 + a1bo = L aibj i+j=l i,j2:0 De posse do lema anterior, podemos finalmente formular as definições das operações de adição e multiplicação de polinômios. 1 Definição 2.5. Dados em IK[X] os polinômios para coeficiente de X, aob2 + a1 b1 + a2bo = L aibj i+j=2 i,j2:0 para coeficiente de X 2 e assim por diante. Polinômios 36 1 ! De fato, não é difícil nos convencermos (cf. problema 3) de que, conforme foram definidas, as operações de adição e multiplicação de polinômios sobre lK gozam das seguintes propriedades: i. Comutatividade: f E9 g = g E9 f e f 0 g = g 0 f; ii. Associatividade: (! E9 g) E9 h f 0 (g 0 h); m. Distributividade: f =f E9 (g E9 h) e (! 0 g) 0 h = 0 (g E9 h) = (! 0 g) E9 (! 0 h), para todos f,g, h E JK[X]. Exemplo 2.6. Considere os polinômios de coeficientes reais f(X) = 1 + X - v'2X 2 - 4X 3 e g(X) =X+ X 2, onde, como anteriormente convencionado, omitimos os coeficientes nulos. Então (! EB g)(X) = 1 + 2X + (1 - v'2)X 2 - 4X 3 e (! 0 g)(X) = (1 + X - v'2X 2 - 4X 3) 0 (X+ X 2) = [10 (X+ X 2)] E9 [X 0 (X+ X 2)]EB E9 [-v'2X 2 0 (X+ X 2)] E9 [-4X 3 0 (X+ X 2)] = (X+ X2) E9 (X2 + X3) E9 ( -v'2X3 - v'2X4)EB E9 ( -4X 4 - 4X 5 ) =X+ 2X 2 + (1 - v'2)X 3 - (v'2 + 4)X4 - 4X 5 . A discussão acima deixa claro que podemos relaxar nossas notações, denotando, a partir de agora, as operações de adição e multiplicação de polinômios sirnplesrnente por + e ·. Assim, sempre que adicionarmos dois polinômios, os sinais + representarão duas operações diferentes: a adição de elementos de lK, efetuada sobre os coeficientes dos polinômios ern questão, e a adição de elementos de JK[X]. No entanto, isto não deve causar confusão, urna vez que o contexto sempre 2.1 Definições e propriedades básicas 37 deixará claro a qual operação o sinal+ se refere. Note, ainda, que urn comentário análogo é válido para o sinal · de multiplicação. Observação 2.7. Todas as definições acima podem ser estendidas, aliás de maneira óbvia, para incluir polinômios de coeficientes inteiros. Doravante, sempre que necessário, denotaremos o conjunto de tais polinômios por Z[X]. Sendo O o polinômio identicamente nulo, ternos f + O = O+ f = O para todo f E JK[X], i.e, o polinômio identicamente nulo é o elemento neutro da adição de polinômios. Por outro lado, dado f E JK[X], existe urn único polinômio g E JK[X] tal que f + g = g + f = O: de fato, sendo f(X) =ao+ a1X + a 2X 2 +···,é imediato que g(X) = -ao - a1X - a 2 X 2 - · •. é esse único polinômio, o qual será, doravante, denotado por sim, (-!)(X)= -ao - a1X - a 2 X 2 - • • • f. As- e, para /, g E JK[X], podemos definir a diferença f - g entre f e g por f - g = f + ( -g). Para a E lK e g(X) = bo + b1X + b2X 2 + · · · E JK[X], é imediato verificar que a · g = abo + ab1X + ab2X 2 + · · . ; em particular, ternos 1 · g = g para todo g E JK[X], de maneira que o polinômio constante 1 é o elemento neutro da multiplicação de polinômios. Doravante, sempre que não houver perigo de confusão, escreveremos sirnplesrnente f g para denotar o produto f · g, de f, g E JK[X]. Em particular, se a E JK, então af denotará o produto de a, visto como polinômio constante, e f. A definição a seguir desempenhará papel central ao longo do texto. ~382.__ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __.:=..P-=-o=lin=º=Am=iº=---' r l: Definição 2.8. Se J(X) = a0 + a1 X + · · · + anXn E IK[X] \ {O}, ,'l com an -=I O, dizemos que o inteiro não negativo n é o grau de f, e ~ denotamos f = n (lê-se "o grau de f é igual a n"). i- a Veja que só definimos grau para polinômios não identicamente nulos; por outro lado, 8f = O para todo polinômio constante J(X) = a, com a E lK \ {O}. Doravante, sempre que nos referirmos a f E IK[X] \ {O} escrevendo 39 2.1 Definições e prnpriedades básicas e há duas possibilidades: an + bn = O ou an + bn =f O. No primeiro caso, 8(! + g) < n = max{8f, 8g}. No segundo, 8(! + g) = n = max{8f,8g}. Em qualquer caso, ainda teremos 8(! + g) ::; max{8f, 8g}. (b) Seja fg = co+c1X +c2X 2+· · ·. Se k > m+n, vimos, na prova do lema 2.4, que ck = O. Portanto, se mostrarmos que Cm+n -=I O, seguirá que fg-# O e 8(fg) = m+n = 8f +8g. Mas, como ai= O parai> n e bj = O para j > m, é imediato que f (X) = anXn + · · · + a1 X + ao Cm+n = suporemos, salvo menção em contrário, que an -=I O. Nesse caso, an será denominado o coeficiente líder de f. Finalmente, f será dito L aibj = anbm =f O. i+j=m+n i,j?_O D mônico quando tiver coeficiente líder 1. A proposição a seguir estabelece duas propriedades muito importantes da noção de grau de polinômios. Proposição 2.9. Para f,g E IK[X] \ {O}, temos: (a) Problemas - Seção 2.1 au + g)::; max{8f,8g} se f + g -=I o. (b) f g -=I O e 8(f g) = 8f + 8g. Prova. Sejam af 1. = n e 8g = m, com * Se (ak)k?.O e (bk)k?.o são sequências quase todas nulas de elementos de IK, mostre que a sequência (ak ± bk)k?.O também é quase toda nula. 2. Dado n EN, execute as seguintes multiplicações de polinômios: (a) Sem -=I n, podemos supor, sem perda de generalidade, quem> n. (a) (X - l)(xn- 1 + xn- 2 +···+X+ 1). Então (b) (X+ l)(xn- 1 - xn- 2 + · · · - X+ 1), se n for ímpar. (c) (X+ l)(X 2 + l)(X 4 + 1) ... (X 2n + 1). (f + g)(X) =(ao+ bo) + · · · + (an + bn)Xn + bn+1xn+1 + · · · + bmXm, de forma que 8(! + g) = m = max{8f, 8g}. Sem= n mas f + g =f O, então (f + g)(X) =(ao+ bo) + · · · + (an + bn)Xn 3. * Mostre que as operações de adição e multiplicação de polinômios são comutativas, associativas e que a multiplicação é distributiva em relação à adição. r i;;, Polinômios 40 4. * Mostre que, em K[X], não há divisores de zero. Mais precisamente, mostre que se f,g E K[X] são tais que fg = O, então f = o ou g = o. 5. (Torneio das Cidades.) Encontre pelo menos um polinômio de grau 2001, tal que J(X) + J(l - 6 41 2.2 O algoritmo da divisão com ri= O ou O ~ ori < og, parai= 1, 2. Então, g(q1 - q2) = r 2 - r 1 e, se q1 -=/:- q2, o problema 4, página 40, garante que r 1 -=/:- r 2. Mas, pela proposição 2.9, temos og ~ og + o(q1 - q2) f, X) = 1. = o(r1 - r2) ~ = o(g(q1 - q2)) max{or1, or2} < og, que é um absurdo. Portanto, q1 = q2 e, daí, r 1 = r 2. Façamos, agora, a prova da existência de polinômios q e r satisfazendo as condições do enunciado. No que segue, sejam b o coeficiente líder e no grau de g, e consideremos o seguinte algoritmo: O 2.2 O algoritmo da divisão Já vimos ser possível adicionar, subtrair e multiplicar polinômios, sendo o resultado ainda um polinômio. E quanto à possibilidade de uma operação de divisão para polinômios? Bem, nem sempre será possível efetuá-la; em outras palavras, dados polinômios f, g E K[X], com g -=/:- O, nem sempre existirá h E K[X] tal que f = gh; por exemplo, se J(X) =X+ 1 e g(X) = X 2 então um tal polinômio h não existe, Algoritmo da divisão para polinômios 1. FAÇA • r +-- f; m +-- of; q +-- O; • a+-- COEFICIENTE LÍDER DE r; pois, caso existisse, deveríamos ter 1 = of = o(gh) = og +oh= 2 + oh 2. ENQUANTO r -=/:- 0 OU or 2:: og FAÇA e, daí, oh= -1, o que é um absurdo. Apesar da discussão do parágrafo anterior, o seguinte análogo da divisão de inteiros, denominado o algoritmo da divisão para po- • r(X) +-- r(X) - ab- 1 xm-ng(X); linômios, ainda é válido. • m +-- or Teorema 2.10. Se f, g E K[X], com g -=/:- O, então existem únicos • q(X) +-- q(X) + ab- 1 xm-n; • a+-- COEFICIENTE LÍDER DE r; q, r E K[X] tais que 3. LEIA OS VALORES FINAIS DE r E DE q. f = gq + r, com r = o ou o~ or < og. (2.2) 1 11 Prova. Mostremos, inicialmente, que há no máximo um par de polinômios q e r satisfazendo as condições do enunciado. Para tanto, sejam q1 , q2, r 1 , r 2 E K[X] tais que Provemos que o algoritmo acima realmente termina após um número finito de repetições do laço ENQUANTO e nos dá, ao final, polinômios q e r como desejado. Ser -=/:- 0 ou or 2:: og, então a instrução do laço ENQUANTO troca r(X) pelo polinômio r(X) - ab- 1 xm-ng(X); tal polinômio, se não for o polinômio nulo, tem grau menor que o de r, uma vez que o Polinômios 42 polinômio ab- 1xm-ng(X) tem grau m (que é o grau de r antes da execução do laço) e coeficiente líder a (que é o coeficiente líder de r antes da execução do laço). Assim, o algoritmo pára após um número 43 2.2 O algoritmo da divisão 1. Fazemos as atribuições r(X) = X 4 - 2X 2 + 5X + 7; m = 4; q(X) = O; a = 1. 2. Como nem r(X) = O nem m = 4 < n = 2, trocamos r(X) por finito de passos. Após a primeira atribuição, temos r(X) - ab- 1xm-ng(X) = 1 = X 4 - 2x 2 + sx + 7 - -x4- 2(3X 2 + 1) f(X) = g(X)q(X) + r(X), 3 uma vez que, no início, q(X) = O e r(X) = J(X). Suponha, por hipótese de indução, que após uma certa execução do laço ENQUANTO tenhamos f(X) = g(X)q(X) + r(X) e que, nesse momento, r(X) =lO e or :2:: og. Então a próxima execução ocorre e troca r(X) por r(X) - ab- 1xm-ng(X) e q(X) por q(X) + ab- 1xm-n. Como (2.3) é igual a g(X)q(X) + r(X), segue da hipótese de indução que, após tal execução, ainda teremos (2.3) igual a f(X). D 7 2 = - 3X +5X +7, m por 2, q(X) por Vejamos como o algoritmo da divisão se comporta num exemplo particular. Considere o problema de dividir f(X) = X 4-2X 2+5X +7 por g(X) = 3X2 + 1 em Q[X]. Iniciamos o algoritmo armazenando os valores b = 3 e n = 2. Ao segui-lo, temos os seguintes passos: 1 3 3 e a por - 37 . 3. Como ainda não temos nem r(X) = O nem m = 2 < n = 2, · trocamos r(X) por r(X) - ab- 1xm-ng(X) = Nas notações do algoritmo da divisão para polinômios, dizemos que (o valor final de) q é o quociente e (o valor final de) r é o resto da divisão de f por g. Ademais, quando r = O, dizemos que fé divisível por g ou, ainda, que g divide f, e denotamos g I f. Observação 2.11. Como o leitor pode facilmente verificar repassando a discussão acima, o algoritmo da divisão ainda é válido para polinômios em Z[X], contanto que o coeficiente líder do polinômio divisor seja ±l. Mais precisamente, se f, g E Z[X], onde g =1- O tem coeficiente líder ±1, então q e r também têm coeficientes inteiros. No que segue, usaremos esta observação sem maiores comentários. 1 q(X) + ab-ixm-n =O+ -x4-2 = -X2 7 7/3 = --X 2 + 5X + 7 + - X 2- 2(3X 2 + 1) 3 =5X 3 + 70 9' m por 1, q(X) por q(X) + ab-1 xm-n = ~X2 + -7 /3 x2-2 = ~X2 - ~ 3 3 3 9 e a por 31 . 4. Agora, ainda temos r(X) =1- O, mas m = 1 < n = 2, de modo que não mais voltamos para o início do loop. Simplesmente lemos r(X) = 5X + 79ü e q(X) = ~X 2 - ~3 9 Polinômios 44 Podemos esquematizar o procedimento acima na tabela abaixo, ao longo da qual você deve identificar cada uma das passagens acima: Algoritmo da divisão para polinômios x4 -X4 +7 3X 2 + 1 -2X 2 +5X 1/3X 2 -1/3X 2 +7 1/3X 2 - 7/9 -7/3X 2 +5X +7/9 7/3X 2 5X +70/9 CAPÍTULO 3 Raízes de Polinômios Problemas - Seção 2.2 1. Se n E N, encontre o resto da divisão do polinômio (X 2 +X+ 1t pelo polinômio X 2 X - + 1. 2. Dados m, n E N, com m > n, encontre o resto da divisão de X 2m + 1 por X 2 + 1. n 3. Ao dividirmos um polinômio f E Q[X] por X +2, obtemos resto -1; ao dividirmos f por X - 2, obtemos resto 3. Encontre o resto da divisão de f por X 2 - 4. 4. Um polinômio f E IR[X] deixa resto 4 quando dividido por X+ 1 e resto 2X + 3 quando dividido por X 2 + 1. Obtenha o resto de sua divisão por (X+ l)(X 2 + 1). Na exposição que fizemos até agora da teoria de polinômios não tivemos, em momento algum, a intenção de substituir X por um número. De outra forma, até o presente momento, polinômios têm sido para nós meramente expressões formais com as quais aprendemos a operar. Nesse sentido, a indeterminada X é um símbolo sem significado aritmético, e observamos uma vez mais que poderíamos tê-lo substituído pelo símbolo D, por exemplo, sem problema algum. Remediamos o estado de coisas descrito acima neste capítulo, onde introduzimos o conceito de raiz de um polinômio e de função polinomial associada a um polinômio. Dentre os vários resultados importantes discutidos, destacamos a apresentação de uma demonstração completa do teorema fundamental da álgebra. Outros pontos dignos de nota são a discussão do critério de pesquisa de raízes racionais de polinômios de coeficientes inteiros e a utilização de raízes da unidade como marcadores de posição em certos problemas combinatórios. 45 Raízes de Polinômios 46 3 .1 Raízes de polinômios (c) Se a 1 , ... , ak forem raízes duas a duas distintas de f, então o polinômio (X - a 1 ) ···(X - ak) divide f (X) em K[X]. Para continuar nosso estudo de polinômios, é conveniente considerar a função polinomial associada a um polinômio. Prova. (a) Segue do algoritmo da divisão a existência de polinômios q, r E K[X] tais que f(X) = (X - a)q(X) + r(X), Definição 3.1. Para f(X) = anXn+· · ·+a1 X +ao E K[X], a função polinomial associada a f é a função J : K --+ K dada, para x E K, por com r = O ou O ~ 8r < 8(X - a) = 1. Portanto, r(X) = c, um polinômio constante. Por outro lado, sendo J e ij as funções polinomiais respectivamente associadas a f e q, segue da igualdade acima que Quando f (X) = c, note que a função polinomial associada f será a função constante ](x) = c, para todo x E K, justificando o nome constante imputado anteriormente a um polinômio de grau O. ](a)= (a - a)ij(a) Definição 3.2. Seja f E K[X] um polinômio, com função polznomial associada f : K --+ K. Um elemento a E K é uma raiz de f se ](a) = O. i.e., f(X) X f-----7 +1 f {::} ](a) =O{::} f(X) = (X - a)q(X). (b) Sem > 8f, então (X - a)m f f(X), uma vez que 8(X - a)m = m > f. Daí e do item (a), existe um maior inteiro positivo m tal que (X - a)m I J(X), digamos J(X) = (X - a)mq(X). Passando para funções polinomiais, obtemos, a partir daí, a igualdade a (C X + c = e, = (X - a)q(X) + ](a). Assim, a é raiz de Por exemplo, se f(X) =X+ 1 E <C[X], é fácil ver que x = -1 é a única raiz de f em <C. De fato, a função polinomial associada a f é ]:<C - t 47 3.1 Raízes de polinômios ' ](x) de sorte que ](x) = O se, e só se, x = -1. A proposição a seguir é conhecida como o teste da raiz. = (x - a)mij(x), V x E K; se ij(a) = O, seguiria de (a) que q(X) = (X - a)q1 (X), para algum polinômio q1 E K[X]. Mas aí, teríamos Proposição 3.3. Se f E K[X] \ {O} e a E K, então: (a) a é raiz de f se, e só se, (X - a) 1 f(X) em K[X]. contrariando a maximalidade de m. {b) Se a for raiz de f, então existe um maior inteiro positivo m tal que (X - a)m divide f. Ademais, sendo f(X) = (X - a)mq(X), com q E K[X], tem-se ij(a) -=1- O, onde ij : K --+ K é a função polinomial associada a q. (c) Façamos a prova deste item para o caso k = 2 (a prova do caso geral é inteiramente análoga). Como a 1 é raiz de f, pelo item (a) existe um polinômio g E K[X] tal que f(X) = (X - a 1 )g(X). Seja 1 48 Raízes de Polinômios ga função polinomial associada ao polinômio g. Como a 1 também é raiz de f, segue da última igualdade que # a2e a2 e a 2 é raiz de g. Daí, novamente pelo item (a), existe um polinômio h E JK[X] tal que g(X) = (X - a 2)h(X) e, assim, f(X) 3.1 Raízes de polinômios 49 (note que tanto f (X) - a quanto o polinômio do segundo membro na igualdade acima são mônicos e têm grau n). Portanto, de forma que os produtos dos números em cada linha são iguais a (-1r- 1 a. D = (X - a 1 )(X - a2)h(X). D O exemplo a seguir traz uma aplicação interessante do teste .da raiz. Exemplo 3.4 (União Soviética1 ). Numere as linhas e colunas de um tabuleiro n x n de 1 a n, respectivamente de cima para baixo e da esquerda para a direita. Dados 2n números reais distintos a 1 , ... , an, b1 , ... , bn, para 1 ::S i, j ::S n escreva o número ai + bj na casa 1 x 1 situada na linha i e na coluna j. Se os produtos dos números escritos nas casas das colunas do tabuleiro forem todos iguais, prove que os produtos dos números escritos nas casas das linhas do mesmo também serão todos iguais. Como corolário do teste da raiz, explicitamos a seguir um algoritmo bastante simples para a obtenção do quociente da divisão de um polinômio mônico f E JK[X] por X - a, onde a é uma raiz de f. Tal algoritmo é conhecido na literatura como o algoritmo de Horner-Ruffini, e é baseado no resultado a seguir. Proposição 3.5 (Horner-Ruffini). Seja um polinômio mônico sobre JK. Se a E lK é uma raiz de f e g(X) = xn-I + bn-2Xn- 2 + · · · + bo E JK[X] Prova. Considere o polinômio f(X) = (X+ a1)(X + a2) ... (X+ an) E JR[X]. é o quociente da divisão de f(X) por X - a, então Sendo J a função polinomial associada a f, segue do enunciado a existência de a E lR tal que ](b 1) = ](b 2) = · · · = ](bn) = a. Então, ](bi) - a = O para 1 ::S i ::S n, de modo que, pelo teste da raiz, temos a+ ªn-1 abn-2 + ªn-2 (3.1) bn-i-1 1A União Soviética foi um país que existiu até 1991, quando o colapso do Comunismo a fez dividir-se em vários países distintos, dentre os quais citamos Azerbaijão, Bielorrússia, Estônia, Cazaquistão, Letônia, Lutiânia, Moldávia, Rússia, Ucrânia e Uzbequistão. bo Prova. Por uniformidade de notação, faça bn-I = 1. Temos inicial- Raízes de Polinômios 50 mente que A discussão acima pode ser resumida na tabela a seguir, na qual colocamos os coeficientes de f (que não o coeficiente líder 1) na primeira linha e calculamos, da esquerda para a direita e a começar pelo coeficiente líder bn-1 = 1, os sucessivos coeficientes de g na segunda linha. n-1 f(X) = (X - a)g(X) = (X - a) L bn-1-ixn-l-i i=O n-1 ~ ~ bn-1-i xn-i n-1 ~ ~ - i=O a bn-1-i xn-1-i i=O n-1 Algoritmo de Horner-Rufinni n-2 bn-lxn + I : bn-1-ixn-i i=l I : abn-1-ixn-l-i - aba i=O n-1 n-1 xn + I : bn-1-ixn-i i=l n-1 I: abn-ixn-i - aba i=l xn + I:(bn-1-i abn-i)xn-i - aba. - Comparando a última expressão acima para f com aquela do enunciado, concluímos que bn-1-i - abn-i = ªn-i, ~ n - 1. Obtemos, assim, o sistema de equações 1 bn-1 bn-2 - abn-1 bn-3 - abn-2 ªn-1 ªn-2 bn-i-1 - abn-i ªn-i b0 - ab1 -ab0 bn-1 = 1 a · 1 + ªn-1 a · bn-2 "--v---" bn-2 i=l para 1 ~ i 51 3.1 Raízes de polinômios ª1 ªº' o qual, por sua vez, equivale às relações do enunciado (a última equação do sistema acima pode ser desprezada, pois representa somente a condição de compatibilidade advinda da suposição de que a seja raiz de!). D + ªn-2 bn-3 Observe que cada coeficiente de g, que não o líder, é igual ao produto do coeficiente à sua esquerda por a, somado ao coeficiente de f situado acima deste. Exemplo 3.6. Verifique que v'2 é raiz do polinômio f(X) = X 5 5X 4 + X 3 - 5X 2 - 6X + 30 e encontre, com o auxílio do algoritmo de H orner-Rufinni, o quociente da divisão de f por X - v'2. Solução. Montemos a tabela do algoritmo de Horner-Rufinni pondo n = 5 e a4 = -5, a3 = 1, a 2 = -5, a 1 = -6, a0 = 30 na primeira linha. Começando com b4 = 1 na primeira casa da segunda linha, obtemos sucessivamente b3 = v'2 · 1 - 5, b2 = v'2b 3 + 1 = 3 - 5\/'2, b1 = v'2b 2 - 5 = -15 + 3v'2 e b0 = v'2b 1 - 6 = -15\/'2. -51 1 1 -5 1 -6 1 30 1 v'2 · 1- 5 3 - 5v'2 -15 + 3v'2 -15v'2 Por fim, como -ab0 = -v'2( -15v'2) = 30 = a0 , segue que v'2 é realmente raiz de f e o quociente da divisão de f por X - v'2 é X 4 + (v'2 - 5)X 3 + (3 - 5v'2)X 2 + (-15 + 3v'2)X - 15\/'2. D Raízes de Polinômios 52 3.1 Raízes de polinômios Nas notações do teste da raiz, se f(X) = (X - a)mq(X), com ij(a) -=I= O, dizemos que m é a multiplicidade de a como raiz de f. Em particular, a é uma raiz simples de f se m = 1 e múltipla se m li il 11: 11 1, 1 1 maior natural tal que J(X) = (X - a)mq(X), para algum polinômio q E K[X]. Como 8q = 8f - m < 8f, > 1. Exemplo 3.7. Sendo f(X) = X 3 - 7X 2 + 16X - 12 um polinômio de coeficientes reais, temos que 2 é raiz dupla e 3 é raiz simples de f, uma vez que f(X) = (X - 2)2(X - 3). Mais adiante neste capítulo, estudaremos em detalhe o problema de examinar se um polinômio f com coeficientes em K possui ou não raízes múltiplas. Por ora, precisaremos no máximo saber o que vem a ser uma tal raiz. Devemos notar, todavia, que já temos uma maneira de saber se um elemento a E K é ou não raiz múltipla de um polinômio não nulo f: basta dividir f por (X - a) 2 (o que pode ser feito com duas aplicações sucessivas do algoritmo de Horner-Rufinni) e verificar se a divisão é exata. Teremos mais a dizer sobre isso mais adiante. Outro corolário interessante do algoritmo da divisão é o fato de um polinômio não identicamente nulo não poder ter mais raízes do que seu grau. Observe que permitimos raízes múltiplas no resultado a seguir. Corolário 3.8. Se f E K[X] \ {O}, então f possui no máximo 8f raízes em K, contadas de acordo com suas multiplicidades. Prova. Façamos indução sobre o grau de f. Se 8f = O, então existe c E K \ {O} tal que f (X) = c. Daí, a função polinomial associada j é a função constante xi---+ c, e segue que o número de raízes de f é O, igual a seu grau. Seja, agora, f um polinômio de grau positivo e suponha a afirmação do enunciado válida para todos os polinômios não nulos de graus menores que f. Se f não tiver raízes em K, nada há a fazer. Senão, seja a E K uma raiz de f e (de acordo com o teste da raiz) mo a 53 J i 1 segue da hipótese de indução que q tem no máximo 8q raízes em K, contadas de acordo com suas multiplicidades. Agora, se /3 -=I= a é raiz de J, temos O= }(/3) = (/3 - a)mij(/3) e, daí, /3 é raiz de q. Portanto, o número de raízes de f é igual a m (a multiplicidade de a) mais o número de raízes de q, e segue, por hipótese de indução, que f possui no máximo 1 1 f m+8q = 8f D raízes em K. Utilizamos frequentemente o corolário acima em uma das formas a seguir. Corolário 3.9. Se f(X) anXn + · · · + a X + a K[X] admite 1 l pelo menos n + 1 raízes distintas em K, então f é identicamente nulo, = t i i. e.' an 1 0 E = ... = ªº = o. Prova. Se f E K[X] \ {O}, então, pelo corolário anterior, máximo n raízes em K. lt ~ t i f l f teria no D Corolário 3.10. Sejam f(X) = anXn + · · · + a 1 X + a0 e g(X) bmXm+· · ·+b1 X +bo polinômios sobre K, com m 2: n. Se J(x) = g(x) para ao menos m + 1 valores distintos x E K, então f = g, i. e, m = n e ai = bi, para O ~ i ~ n. Prova. Basta aplicar o corolário anterior ao polinômio f que a função polinomial associada a tal polinômio é f - - g, notando g. D Raízes de Polinômios 54 Se F é o conjunto das funções de JK em JK, então o último corolário acima garante que a aplicação JK[X] f --+ F c---7 3.1 Raízes de polinômios Solução. Defina a sequência (un)n>o por u 0 = O e Un+l = u~ + 1, para n ~ 1. Se g(X) = X, então f(u 0 ) = O = g(u 0 ) e, supondo J(uk) = g(uk), temos também (3.2) j ' f(uk+I) = f(u% + 1) = f(uk) 2 + 1 = g( uk) 2 + 1 = u% + 1 J que associa a cada polinômio f E JK[X] sua função polinomial E F, é injetiva. Em outras palavras, ele afirma que dois polinômios sobre JK só terão funções polinomiais iguais quando eles mesmos forem iguais 2 • Graças a esse fato, doravante vamos denotar por f tanto um elemento de JK[X] (i.e., um polinômio com coeficientes em JK) quanto a função polinomial associada a tal elemento. Em particular, quando escrevermos f(X), estaremos nos referindo ao polinômio f; quando escrevermos f (x), estaremos nos referindo ao elemento de JK, imagem de x E JK pela função polinomial associada a f. O contexto esclarecerá eventuais confusões. 55 = g(uk+I)· Portanto, por indução temos f(un) = g(un), para todo inteiro não negativo n. Mas, como os valores dos termos Un são dois a dois distintos, concluímos que f e g coincidem em uma quantidade infinita de valores distintos, e segue do corolário 3.10 que f = g, i.e., f(X) = D X. Exemplo 3.13 (Hong Kong). Sejag(X) = X 5 +X 4 +X 3 +X 2 +X+l. Calcule resto da divisão de g(X 12 ) por g(X). Solução. Pelo algoritmo da divisão, existe q, r E JR[X] tais que Observação 3.11. O corolário 3.10 garante que os coeficientes de um polinômio f E JK[X] são determinados pelos valores f(x), com x E JK. Posteriormente, estudaremos em detalhe o problema de como obter um polinômio em JK[X] que assuma valores prescritos em um número finito de elementos x E JK dados. Os dois exemplos a seguir ilustram usos típicos dos corolários 3.9 e 3.10. Exemplo 3.12 (Moldávia). Obtenha todos os polinômios f E JR[X] tais que f (O) = O e f (x 2 + 1) = f (x) 2 + 1, 2 Conforme + r(X), com r = O ou O :::;; 8r :::;; 4. Tomando w = eis 2; e fazendo x = wk nas funções polinomiais correspondentes, com 1 :::;; k:::;; 5, obtemos para 1 :::;; k:::;; 5. Agora, como w 12 k = eis (4k1r) = 1, temos g(w 12 k) outro lado, para 1 :::;; k :::;; 5, o lema 1.12 fornece g(wk) = w5k + w4k + w3k + w2k + wk + 1 = Vx E R 1·; ! g(X 12 ) = g(X)q(X) veremos na seção 7.3, ao desenvolvermos a teoria de polinômios sobre Zp, onde p E Zé primo, o fato de K ser infinito nos casos presentemente sob consideração é imprescindível para a injetividade de (3.2). = g(l) = 6. Por w6k 1 - = O. wk -1 Assim, (3.3) se reduz a r(wk) = 6, para 1 :::;; k :::;; 5, de sorte que o polinômio r - 6 tem pelo menos cinco raízes distintas. Mas, como r - 6 = O ou 8(r - 6) :::;; 4, segue do corolário 3.8 quer - 6 = O. D 56 Raízes de Polinômios O corolário a seguir garante que a imagem da função polinomial associada a um polinômio não constante é um conjunto infinito. i 3.1 Raízes de polinômios (a) PI ao 57 e q 1 ªn· (b) Se f for mônico, as possíveis raízes racionais de f são inteiras. Corolário 3.14. Se f E K[X] \ K, então a imagem Im (!) da função polinomial associada a f é um subconjunto infinito de K. Prova. Suponha o contrário, i.e, que Im (!) = { a 1 , ... , ak} C K. Então, para todo x E K, teríamos f (x) E { a 1 , ... , ak}. Mas, como K é um conjunto infinito, existiriam 1 :s; i :s; k e elementos dois a dois distintos x 1 , x 2 , . • . E K tais que (c) (p- mq) 1 f(m), para todo m E Z. Em particular, (p-q) e (p+q) 1 f(-1). 1 f(l) Prova. (a) A partir de f(~) = O, obtemos prontamente e, daí, Portanto, f(X) - ai seria um polinômio não identicamente nulo (lembre-se de que f é não constante) com uma infinidade de raízes distintas, o que é uma contradição. D Exemplo 3.15 (Canadá). Ache todos os polinômios não constantes f E Q[X] que satisfazem a relação f(J(X)) = f(X)k, onde k é um inteiro positivo dado. { aoqn = ªnPn = p(-anpn-l_,,.-a1qn-l) q( -an-lPn-l - · · · - aoqn-l) . Portanto, p I aoqn e q I anpn. Mas, uma vez que p e q são primos entre si, o item (a) da proposição 1.21 de [14] garante que p I a0 e q I an, como queríamos provar. (b) Imediato a partir de (a). Solução. É fácil ver (conforme problema 1) que, para todo x E Q, temos f(J(x)) = f(x)k. De outro modo, f(y) = yk, para todo y E Im (!). Mas, o corolário 3.14 garante que Im (!) é um subconjunto infinito de Q, de sorte que o corolário 3.10 garante que f(X) = Xk. D Terminamos esta seção estudando o problema de pesquisa de raízes racionais de polinômios de coeficientes inteiros. O item (a) da proposição a seguir ·traz o resultado central, conhecido na literatura como o critério de pesquisa de raízes racionais de polinômios de coeficientes inteiros. Proposição 3.16. Sejam n > 1 inteiro, f(X) = anXn+, · ·+a1X +ao um polinômio de coeficientes inteiros e p e q inteiros não nulos primos entre si. Se f(!) = O, então: (c) Como f(!) = O, temos f(m) = f(m) - f(!) ou, ainda, Portanto, + · · · + a1m + ao) - (anpn + · · · + a1pqn-l + aoqn) an((mqr - pn) + '' · + a1qn- 1(mq - p) = (mq - p)r, qnf(m) = qn(anmn = para algum r E Z, onde utilizamos o item (a) do problema 2.1.18 de [10] na última igualdade acima. Os cálculos acima garantem que (mq - p) 1 qn f(m). A partir daí, para concluir que (mq - p) 1 f(m), li!i \i Raízes de Polinômios 58 59 3.1 Raízes de polinômios ,I' II : !'• é suficiente, novamente pelo item (a) da proposição 1.21 de [14], mostrarmos que mdc (mq - p, qn) = 1. Para tanto, basta aplicarmos o item (b) da proposição 1.21 e o corolário 1.22 de [14] para obter ,/3, segue que Mas, como tg 30º = (3a - a 3 ) 2 (1 - 3a2 ) 2 1 3 mdc(p,q) = 1 =} mdc(mq-p,q) = 1 =} mdc(mq-p,qn) = 1. O resto é imediato. D A proposição anterior pode, por vezes, ser aplicada para garantir a irracionalidade de números reais. Vejamos alguns exemplos. Exemplo 3.17. Prove que o número V2 + J 2 + J2 J2 J2 é irracional. J2 Prova. Se a = + + J2, então a 2 - 2 = + J2 e, daí,.· 2 2 2 2 2 (a - 2) = 2 + J2. Logo, ((a - 2) - 2) = 2, de maneira que a é raiz do polinômio mônico de coeficientes inteiros . ((X 2 f(X) (X 4 - - 2) 2 2) 2 - 2 4X 2 + 2) 2 - 2. - Portanto, se a E Q, segue dos itens (a) e (b) da proposição anterior que a EN e a 1 /(O)= 2, de modo que a= 1 ou 2. Mas, como J2 + J2+2 = 1 <a< 3a6 - 27a4 + 33a2 Exemplo 3.19 (Iugoslávia3 ). Ache todos os racionais positivos a ::; b ::; e tais que os números 1 1 1 a + b + e, - + - + - e abc a b e sejam todos inteiros. D Prova. Denotemos a= tg 10º. Aplicando a proposição 7.18 e ocorolário 7.19 de [11], obtemos sucessivamente J(X) = X 3 11 i __.1g_ 1-a2 ! i - 1- +a 2 2a 1-a2 3,..., - ,..., 3 u; - - (a+ b + c)X 2 + (ab + bc + ca)X - abc, com ab + bc + ca = abc ( 1i + + ~) E Z. Segue, então, que f E Z[X]. Mas, como fé mônico, o critério de pesquisa de raízes racionais aplicado a f garante que a, b e e são inteiros. Por fim, uma vez que a, b e c são positivos, as condições do enunciado tg 20º + tg 10º 1 - tg 20º · tg 10° 1 1 = O. Portanto, tg 10º é raiz do polinômio de coeficientes inteiros /(X) = 3X6-27X 4 +33X 2 -1, e basta mostrar que o mesmo não possui raízes racionais. Para tanto, note inicialmente que, pela proposição 3.16, as possíveis raízes racionais de f são ±1 ou ±!; entretanto, calculando diretamente /(±1) e/(±!) concluímos que nenhum desses números é D igual a O, conforme desejado. Exemplo 3.18. Prove que tg 10º é irracional. tg 30º _ - Solução. Se f(X) = (X - a)(X - b)(X - e), então a, b e e são as raízes de f, ademais racionais. Por outro lado, 2, chegamos a uma contradição. ou, ainda, u; 1- 3a2 3 Atê a década de 1990, Bósnia e Herzegovina, Croácia, Eslovênia, Kosovo, Macedônia, Montenegro e Sérvia compunham um único país, a Iugoslávia. 60 Raízes de Polinômios garantem que basta encontrarmos todos os a ~ b ~ e naturais para os quais i + + ~ também seja natural. Este é um problema simples, o qual será deixado ao leitor; as únicas soluções são os ternos t (a, b, e)= (1, 1, 1), (1, 2, 2), (3, 3, 3), (2, 4, 4) ou (2, 3, 6). 61 3.1 Raízes de polinômios 5. Existe um polinômio f E li [X], tal que todo real x? Justifique sua resposta. f (sen x) = cos x para 6. Seja a =/=- br um número complexo. Prove que o polinômio X 2 + 1 divide o polinômio f(X) =(cosa+ Xsenaf - cos(na) - sen(na)X. D 7. (Canadá.) Seja f um polinômio não nulo e de coeficientes inteiros. Se f(O) e f(l) são ímpares, prove que f não possui raízes inteiras. Problemas - Seção 3.1 1. * Mostre que a definição usual de função composta de duas funções de lK em JK, quando aplicada a polinômios f, g E JK[X] de graus respectivamente m e n, produz um polinômio em JK[X], de grau mn. Denotando tal polinômio também por f o g, mostre ainda que a função polinomial associada ao mesmo coincide com a função composta J o g, onde J e g denotam, respectivamente, as funções polinomiais associadas a f e g. 2. * Sejam a, 8. (Canadá.) Prove que não existem x, y e z inteiros não nulos em PA, tais que x 5 + y 5 = z 5 . 9. Mostre que, dado n EN, existe um único polinômio4 fn tal que fn(2cosfJ) = 2cos(nfJ), para todo () E R Mostre ainda que: (a) fi(X) = X, h(X) = X 2 Ík+2(X) b e r números racionais, onde r > O é tal que .jr é irracional. Faça os seguintes itens: (b) (a) Para k E N fixado, mostre que existem ak, bk E Q tais que (a± b.Jrl = ak ± bkvr· 1 e, para k 2:: 1 inteiro, = Xfk+1(X) - Ík(X). f n é mônico, de coeficientes inteiros e grau n. f n (z + ~) = zn + };, , para todo z E CC \ {O}. 10. Encontre todos os a E Q para os quais cos( mr) E Q. (b) Se f E Q[X] \ {O}, prove que f(a + b.jr) = O {::} f(a - b.jr) = (c) - o. 3. Uma das raízes do polinômio X + + X + bX - 2 é 1- J2. Encontre as demais raízes, sabendo que a e b são ambos racionais. 4 aX 3 11. (BMO.) Param E Z, prove que o polinômio X4 - 1994X 3 + (1993 + m)X 2 - llX + m 2 4. Sejam dados a, b E JK, sendo a=/=- O. Para f E JK[X] \ {O}, prove que o resto da divisão de f por aX + b é igual a f (- ~). não possui duas raízes inteiras distintas. 4 0s polinômios f n de que trata este problema são conhecidos na literatura como os polinômios de Chebyshev, em homenagem ao matemático russo do século XIX Pafnuty L. Chebyshev. Raízes de Polinômios 62 3.2 Raízes da unidade e contagem 3.2 12. (AIME.) Encontre todos os reais a e b tais que X 2 -X -1 divide ax11 + bX16 + 1. 13. (Moldávia.) Seja n > 4 um natural dado e p um polinômio ..,.·.••_:·. mônico, de grau n e com n raízes inteiras distintas, uma das quais igual a O. Calcule o número de raízes inteiras e distintas do polinômio p(p( X)). 1 t 14. (Áustria-Polônia.) Seja f(x) = ax 3 + bx 2 +ex+ d um polinômio de coeficientes inteiros e grau 3. Prove que não é possível achar quatro primos distintos p 1 , p 2 , p 3 e p 4 para os quais 1 [ Í 63 Raízes da unidade e contagem Nesta curta seção, paramos momentaneamente a apresentação da teoria geral de polinômios para ilustrar o papel das raízes da unidade como ferramenta de contagem. Uma vez que a aplicabilidade de argumentos algébricos em Combinatória é muitíssimo mais ampla do que conseguiremos mostrar aqui, recomendamos ao leitor a excelente referência [55] para uma abordagem abrangente. Comecemos examinando, no exemplo a seguir, como utilizar números complexos como marcadores. 1 15. (Canadá.) Seja p(X) = xn + an_ 1 xn- 1 + · · · + a 1X+ a0 um polinômio de coeficientes inteiros, e suponha que existam inteiros distintos a, b, e e d tais que p(a) = p(b) = p(c) = p(d) = 5. Prove que não existe inteiro m tal que p( m) = 8. J_._; l 16. Ache todos os valores k E N tais que o polinômio X 2 +X+ 1 divide o polinômio X 2k + 1 +(X+ 1) 2k. Para o exemplo a seguir, lembre-se (cf. parágrafo anterior ao problema 1.4.11 de [13]) de que um multiconjunto é uma coleção l {{a1,{a{2 , ... , an}} de}}eleme{n{tos não neces}s}ariamente distintos, ( com a 1 , a2 , ... , an = b1 , b2 , ... , bm se m = n e cada elemento aparecer uma mesma quantidade de vezes em cada um deles. 17. Sejam { {a1, a2, ... , an}} e {{b1, b2, ... , bn}} dois multiconjuntos distintos, cada um dos quais formado por inteiros positivos. Se prove que n é uma potência de 2. 1·.••.·. 1 Exemplo 3.20. Em um círculo há n > 1 lâmpadas igualmente espaçadas. Inicialmente, exatamente uma delas está acesa. Uma operação permitida sobre o estado das lâmpadas é escolher um divisor positivo d de n, tal que d< n, e mudar o estado de J lâmpadas igualmente espaçadas, contanto que o estado inicial de todas elas seja o mesmo. Existe uma sequência de operações que deixe todas as n lâmpadas acesas? Prova. Não. Por contradição, suponha, sem perda de generalidade, que o círculo é o círculo unitário do plano complexo e que as lâmpadas estão posicionadas nos pontos 1, w, ... , wn- 1 , onde w = eis 2; . Suponha ainda (também sem perda de generalidade) que a lâmpada inicialmente acesa está posicionada em 1. Para k 2: O, seja ak a soma dos números complexos associados às lâmpadas acesas imediatamente antes da ( k + 1)-ésima operação, de sorte que a0 = 1. Na (k + 1)-ésima operação, escolhemos lâmpadas posicionadas em 1 ll 't. l para algum par (l, d) de inteiros tais que O ~ l <de d I n, com d< n. Raízes de Polinômios 64 = ak ± (wz ak ± + wl+d + wz+2d + ... + wz+(~-1)a) wz+(~-1)a. wª _ wl d = ak, w -l e segue que ak = 1, para todo k ~ O. Por fim, se após m operações todas as lâmpadas resultassem acesas, teríamos am = 1 + w + · · · + wn = o, o que é uma contradição. D Agora, dados m, n,p E N, consideremos a tarefa de construir um retângulo m x n utilizando peças 1 x p. Contando quadradinhos 1 x 1, obtemos uma condição necessária óbvia para que a construção proposta seja possível: p deve dividir mn. Por outro lado, é claro que, se p dividir m ou n, então tal construção é sempre possível: sendo, por exemplo, m = pk, com k E N, podemos montar nosso retângulo m x n justapondo k retângulos p x n, cada um dos quais construído empilhando n peças 1 x p. O fato interessante é que a recíproca da discussão acima é verdadeira, i.e., só será possível montar nosso retângulo se p dividir m ou n. Esse é o conteúdo do teorema a seguir, devido ao matemático americano David Klarner 5 . Teorema 3.21 (Klarner). Sejam m, n, p naturais dados. Se pudermos cobrir um tabuleiro m x n usando peças 1 x p, sem sobras ou superposições de peças, então p deve dividir m ou n. Prova. Suponha que possamos cobrir o tabuleiro como se pede e notemos inicialmente que p :S max{m, n}. Particione o tabuleiro em m linhas 1 x n e n colunas 1 x m, numerando as linhas de cima para baixo, de 1 a m, e as colunas da esquerda para a direita, de 1 a n (como em 5 Cf. [36]. Contudo, a demonstração apresentada difere da original. 65 urna matriz m x n). Em seguida, escreva, na casa do tabuleiro situada à linha i e coluna j, o número complexo wi+í, onde w = eis 2p1r. Calculemos, agora, a soma dos números escritos nas casas do tabuleiro de duas maneiras distintas (eis aqui uma contagem dupla!). Por um lado, tal soma é claramente igual a Mas, uma vez que wn = 1, temos ªk+i 3.2 Raízes da unidade e contagem onde utilizamos o lema 1.12 na igualdade acima; por outro, como estamos supondo ser possível cobrir o tabuleiro como pedido, os números escritos no mesmo podem ser agrupados em conjuntos de p números, correspondentes às p casas horizontais ou verticais cobertas por cada peça 1 x p utilizada. Tais conjuntos de p números dão origem a somas de um dos tipos ou wi+j + w(i+l)+í + · · · + w(i+p-l)+í, conforme a peça 1 x p seja respectivamente horizontal ou vertical. Novamente pelo lema 1.12 e pela primeira fórmula de de Moivre, cada uma de tais somas é igual ·+· wi 3 (1 . . wP + w + · · · + wP- 1 ) = wi+J · 1 w-l =O e, portanto, a soma de todos os números escritos no tabuleiro deve também ser igual a O. Então, segue de (3.4) que (wn - l)(wm -1) = O ou, ainda, que . 2mr . 2m1r ClS - - = 1 OU ClS - - = 1. p p Por fim, é imediato, a partir de tais igualdades, que p divide n ou m. D Raízes de Polinômios 66 O teorema a seguir traz urna ferramenta algébrica bastante útil em várias situações combinatórias, sendo conhecida corno a fórmula de multiseção. 67 3.2 Raízes da unidade e contagem D Exemplo 3.23 (Polônia). Para cada inteiro positivo n, calcule, em Junção de n, o valor da soma Teorema 3.22. Para f E C[X] \ {O}, denote por ak o coeficiente de Xk em f. Se p é um número primo e w unidade, então -=/:- 1 é uma raiz p-ésima da 1 L ak = -(f(l) + f(w) + · · · + f(wP- 1)). Plk (3.5) Prova. Corno f(X) ternos = Lf2_o ajXj, k=O k=O j20 f(X) =(X+ 1)" = j20 k=O p-1 = (3.6) LªjLWjk. j20 k=O Note agora que, se p I j, então wjk = 1 para todo k, de sorte que I:,~;:~ wjk = p. Por outro lado, se p f j, então o itern (a) da proposição 6.3 de [14] garante que {O, j, 2j, ... , (p - l)j} é urn SCR6 módulo p. Portanto, ainda nesse caso, ternos p-I .k L w3 = k=O Lp-1 k w = k=O wP - 1 w-1 p-1 Lf(wk) k=O p-1 = L ª j Lwjk j20 k=O = t. (~)x• Sendo w = eis 2; , raiz cúbica da unidade, ternos 1 + w segue, da fórmula de rnultiseção aplicada a f, que L (n) k = 3lk + w2 = Oe 1 3 (f(l) + J(w) + f(w 2)) = O, e (3.6) fornece LªPz]p l20 =p Lªpl =p Lªk· l20 plk que um sistema completo de restos (abreviado SCR) módulo pé um conjunto {a 0 , a 1 , ... , ap-I} de números inteiros tais que, a menos de uma permutação, tenhamos aj = j (modp), para O:::; j:::; p - 1. 6 Recorde Solução. Seja p Note agora que, se 3 1 n, então wn = 1 e, daí, w 2n + wn = 2; se 3 f n, então wn = w ou w 2 , de sorte que w 2n + wn = w 2 + w = -1. Portanto, "(n) "fu' k = { n (2n + 2(-lr)/3, se 3 I (2n + (-lr+l)/3, se 3 f n D Raízes de Polinômios 68 Problemas - Seção 3.2 1. Prove a seguinte extensão do teorema de Klarner: dados números naturais m, n, p e q tais que 1 < q ~ min {m, n, p}, podemos particionar um tabuleiro m x n x p usando peças 1 x q se, e só se, q dividir m, n ou p. 2. Podemos generalizar ainda mais o teorema de Klarner como segue (veja [36]): dados m 1 , ... , mn EN, seja o conjunto das sequências (x 1 , ... , Xn) de inteiros positivos tais que 1 ~ Xk ~ mk, para 1 ~ k ~ n. Um bloco de dimensões (1, ... , l,p) em A é um subconjunto de A formado por p sequências (x 11 , ... , X1n), ... , (xp1, ... , x11n) satisfazendo a seguinte condição: existe 1 ~ k ~ n tal que: (a) x 1j = x 2j = ··· = Xpj, para todo 1 ~ j ~ n, j -=/:- 69 3.3 O teorema fundamental da álgebra 4. Seja num natural dado e, para O~ k ~ 2n, seja ak o coeficiente de Xk na expansão de f(X) = (1 + X + X 2 t. Calcule, em função de n, o valor da soma 5. * Generalize a fórmula de multiseção do seguinte modo: dados f E C[X] \ {O}, p primo ímpar e O ~ r ~ p - 1 inteiro, se w -=/:- 1 é uma raiz p-ésima da unidade, então L k:r (modp) ak = 1 p-1 LW(p-l)rj f(wí), j=O onde ak denota o coeficiente de Xk em f. 6. Calcule, em função de n, o valor da soma k. (~) + (~) + (;) + (~) + .... (b) (xlk, x 2k, ... , Xpk) é uma sequência de p inteiros consecutivos. Dizemos que o conjunto A pode ser particionado em blocos de tamanho (1, ... , 1, p) se A puder ser escrito como a união disjunta de blocos desse tipo. Prove que tal é possível se, e só se, p dividir um dos números m1, ... , mn. 3. (Rússia.) Desejamos particionar o conjunto dos naturais de quatro algarismos em conjuntos de quatro números cada, de modo que a seguinte propriedade seja satisfeita: os quatro números de cada conjunto têm os mesmos algarismos em três posições e, na posição restante, seus algarismos são consecutivos (por exemplo, uma possibilidade para os quatro números de um conjunto poderia ser 1265, 1275, 1285 e 1295). Prove que não existe uma tal partição. 3.3 O teorema fundamental da álgebra Como caso particular do corolário 3.9, todo polinômio de coeficientes complexos e grau n possui no máximo n raízes complexas. Por outro lado, o polinômio f(X) = X 2 -2 E Q[X] tem coeficientes racionais mas não admite raízes racionais; da mesma forma, o polinômio g(X) = X 2 + 1 E IR[X] tem coeficientes reais mas não admite raízes reais. Em ambos os casos, o fato de tais polinômios não admitirem raízes em Q ou IR se deve a deficiências de tais conjuntos numéricos, no sentido de que, neles, não é possível realizarmos certas extrações de raízes. Em sua tese de doutoramento, em 1799, o matemático alemão Carl F. Gauss mostrou, contrariamente aos casos examinados acima, que Raízes de Polinômios ·. 70 todo polinômio sobre C admite raízes também em C. Esse é o conteúdo do teorema a seguir, conhecido na literatura como o teorema fundamental da álgebra. A demonstração que apresentamos é devida ·• a Jean-Baptiste le Rond d'Alembert, matemático francês do século. XVIII. Teorema 3.24 (Gauss). Todo polinômio menos uma raiz complexa. f E C[X] \ (C lf(zo)I = min{lf(z)I; z E C, lzl ~ R}. Portanto, segue do que fizemos acima que · lf(zo)I = min{IJ(z)I; z E C}. Por contradição, suponha que f(z 0 ) =/:- O e mostremos que existe h E C tal que lf(zo+h)I < lf(zo)I. Para tanto, comecemos observando que é imediato que existem Co, c1, ... , Cn E C, independentes de h e tais que f (Zo + h) = = ªn-1 ªn-2 . ao I an+--+--+···+z z2 zn 1 > lzln (lanl _ lan-. 11 _ lan-21 _ ... _ laol) . lzl - lzl 2 lzln 71 Agora, na seção 9.2 mostraremos (veja o corolário 9.20) que existe zo E C tal que Izo 1 ~ R e possui ao: Prova. Por comodidade de notação, escrevamos f(z) = anzn + · · · + a 1 z + a0 para denotar a função polinomial associada a f; sem perda de generalidade, podemos supor a0 =/:- O. Para z =/:- O, a desigualdade triangular para números complexos nos, dá li( z )1= 1z ln 3.3 O teorema fundamental da álgebra + h) + · · · + an (Zo + hr Co + C1h + ' · · + Cnhn; ao + a1 (Zo ademais, c0 = f(zo) =/:- O e Cn = an =/:- O. Tome o menor 1 ~ k ~ n, tal que ck =/:- O. Então, fazendo di = ~~ para O~ j ~ n, temos Portanto, para ~ 11 + dkhkl = temos lan-k 1 lzlk <~ de sorte que 2n ' 11 + ldk+lhk+l + ·'' + dnhnl + dkhkl + ldkhkl Idk+l h + · · · + dn hn-kl. dk Agora, estimativas análogas às que fizemos com o auxílio de (3.7), nos ~ r =} permitem escolher r > Otal que lhl Então, Mas, como lzl > n 1 temos 2~: 1, lanllzln > 2nlaol e, daí, IJ(z)I > nlaol ~ laol· Em resumo, denotando por R o segundo membro de (3.7), concluímos que lzl > R =} dk IJ(z)I > laol = lf(O)I. lhl <r - =} 1 d:: h + · · · + thn-kl < !· 1 lf(zo + h)I < 11 + d hkl lf(zo)I Seja dk = seis a e faça h Moivre nos dá - k + !ld hkl 2 k = reis (:1. A primeira fórmula de de k . 1 k lf(zo + h) I - - < 11 + sr c1s(a + kO)I +-sr· lf(zo)I - · 2 ' 72 Raízes de Polinômios + k() portanto, escolhendo () E lR. de modo que a () = 1r,/x), obtemos lf(zo + h)I lf(zo)I = 1r (i.e., tomando ~ 11 + srk cis1rl + ~srk = ll = srkl + 21 srk 1 2 <1 1- -sr sempre que srk < 1, i.e., O< r < k ' + h)I < IJ(zo)I. Corolário 3.26. Se f(X) = anXn + · · · + a1X + a0 é um polinômio de coeficientes complexos e grau n 2: 1, então, dado a E C, existem zi, ... , Zn E (C tais que f(zk) = a, para 1 ~ k ~ n. = f(X) D Voltando ao caso geral, seja f(X) = anXn + · · · + a1X + a0 um polinômio não nulo com coeficientes em K. Se existirem elementos a 1 , ... , an E K para os quais D Uma consequência imediata do teorema fundamental da álgebra é dada pelo corolário a seguir. Corolário 3.25. Se f (X) = anXn + · · · + a1X + a0 é um polinômio de coeficientes complexos e grau n 2: 1, então existem n números complexos z1, ... , Zn tais que f(X) = an(X - z1) ... (X - Zn)· 73 Prova. Aplique o corolário anterior ao polinômio g(X) a. {jf. Com um tal r (e, logicamente, com oh correspondente), temos lf(zo 3.3 O teorema fundamental da álgebra (3.8) A expressão acima é a forma fatorada do polinômio f. Prova. Façamos a prova por indução sobre o grau n de f, sendo o caso n = 1 imediato. Suponha, pois, n > 1 e o corolário válido para todo polinômio de coeficientes complexos e grau n - 1. Se z1 E C é uma raiz de f, o teste da raiz garante a existência de um polinômio g, também de coeficientes complexos, tal que f(X) = (X - z1)g(X). Note que g tem grau n - 1 e coeficiente líder an; portanto, por hipótese de indução existem z2 , ... , Zn E C tais que g(X) = an(X - z2) ... (X - zn)· Logo, f(X) = (X - z1)g(X) an(X - z1)(X - z2) ... (X - Zn) e nada mais há a fazer. D Uma variante do corolário acima é dada pelo resultado a seguir. também diremos que tal expressão é a forma fatorada de f sobre K. Uma vez que alguns dos a/s podem aparecer repetidos, se considerarmos apenas os ai distintos concluímos, após uma possível reenumeração dos mesmos, que existem 1 ~ m ~ n e k1 , ... , km inteiros positivos tais que com k1 + · · · + km K = n e a 1 , ... , am elementos dois a dois distintos de Exemplo 3.27. Dado n > 1 um natural, faça os seguintes itens: (a) Obtenha a forma fatorada do polinômio f(X) ···+X+l. = xn-l + xn- 2 + (b) Se A 1 A 2 ... An é um polígono regular de n lados inscrito num círculo de raio 1, calcule o valor do produto A1 A2 · A1A3 · ... · A1An. Solução. (a) Uma vez que (X - l)f(X) = (X - l)(xn-l + xn- 2 +···+X+ 1) = xn -1, 74 Raízes de Polinômios as raízes complexas de f são precisamente as raízes n-ésimas da unidade distintas de 1. Por (1.18), tais raízes são os números complexos w, w2, ... , wn-l, onde w = eis 2; . Logo, a forma fatorada de f é f(X) = (X - w)(X - w2 ) ... (X - wn- 1). (b) Suponha, sem perda de generalidade, que o círculo de raio 1 que circunscreve o polígono A 1A 2 ... An é o círculo unitário centrado na origem do plano complexo e que A 1 = 1 e A 2 = w, onde w = eis 2n7!". Então, Aj = wj-l para 1 ::; j ::; n, de sorte que --2 n-1 A1A2 · A1A3 · ... · A1An = 11- wlll - w I · .. 11- w I = 1(1 - w)(l - w2 ) ... (1 - wn- 1)1 -- 3.3 O teorema fundamental da álgebra 75 4. * Prove que todo polinômio de coeficientes reais e grau ímpar tem um número ímpar de raízes reais. Em particular, um tal polinômio sempre tem pelo menos uma raiz real. 5. * Sejam f E CQ[X] um polinômio de grau n e a -=/:- O uma raiz complexa de f. Dado m E Z, prove que existem b0 , b1, ... , bn-l E CQ tais que (3.9) 6. Seja f(X) = anXn + an_ 1xn- 1 + · · · + a1X + a0 um polinômio de coeficientes complexos e grau n 2:: 1. Se z E (C é uma raiz de f, prove que lzl :S max { 1, ~:I}, = IJ(l)I = n. onde A= max{laol, la1I, ... , lan-11}. D 7. Problemas - Seção 3.3 1. Prove que a fórmula que dá as raízes de uma equação do segundo grau ainda é válida para calcular as raízes complexas de aX 2 + bX + e, com a, b, e E C, sendo a-=/:- O. 2. * Se JR, prove que f(z) = O {::} f(z) = O. Conclua, a partir daí, que todo polinômio não nulo de coeficientes reais possui um número par de raízes complexas não reais. f E JR[X] \ {O} e z E (C \ 3. Dê um exemplo para mostrar que o resultado do problema anterior não é mais válido caso f tenha coeficientes não reais. * Seja f(X) = anXn + an_ 1xn- 1+ · · ·+ a1X + a0 um polinômio de coeficientes inteiros tal que an 2:: 1, e k > 2 um inteiro tal que lail :S k, para O :Si < n. Se zé uma raiz complexa de f, prove que Re(z) < 1 + l 8. Um polinômio f sobre (C da forma f(X) = aX 4 + bX 3 + cX 2 + bX + a, com a -=/:- O, é denominado recíproco de quarto grau. Calcule suas raízes e, em seguida, formule e resolva o problema análogo para polinômios de grau seis. 9. (Canadá.) Seja f um polinômio de grau n, tal que J(k) para todo inteiro O ::; k ::; n. Calcule f (n + 1). = k!i, 10. Suponha que as raízes complexas do polinômio X 3+ pX 2+ qX + r sejam todas reais e positivas. Mostre que tais raízes são os comprimentos dos lados de um triângulo se, e só se, p3 - 4pq + 8r > O. 76 Raízes de Polinômios 11. Para n > 2 inteiro, prove que 1r 21r 31r (n - 1)1r sen - sen - sen - ... sen n n n n A proposição a seguir lista as principais propriedades básicas de derivadas de polinômios. n = --. 2n-1 12. Dado um inteiro positivo m, prove que: (a) sen 1r 2m sen 21r 2m ... (m-l)1r _ sen ~ - 1r 21r (b) sen 2m+l sen 2m+l ... m1r sen 2m+l (a) 2m-l · (b) v'2m+ 1 ~· 13. (Romênia.) Encontre todos os polinômios não constantes p, de coeficientes reais e tais que p(X 2) = p(X)p(X - 1). 3.4 Raízes múltiplas Definição 3.28. Para um polinômio f (X) = anXn + · · ·+ a 1 X + a0 E C[X], definimos a derivada f' E C[XJ de f como o polinômio se of > O. = nanxn-l + (n - Senão, definimos l)an-2xn- 2 + · · · + 2a2X + a1 f' = O. A regra para a obtenção da derivada de um polinômio é bastante simples: a derivada de um polinômio constante é o polinômio identicamente nulo; a derivada de um polinômio de grau n ~ 1 é obtida apagando seu termo constante e efetuando, para 1 :s; k :s; n, a troca de monômios 1 1.. (~:=1adi)'= ~:=l adI. (n:=11i)' = ~:=11i ... 1: ... Ík· Prova. (a) Imediato, por indução sobre k ~ 1. (Observe que os casos iniciais são k = 1 e k = 2.) (b) Considere, primeiro, dois polinômios Seja f um polinômio de coeficientes complexos. No que segue, convencionamos dizer que z E C é raiz de multiplicidade zero de f se z não for raiz de f. Queremos, nesta seção, encontrar um critério que nos permita decidir se z é ou não raiz múltipla de f e, caso o seja, calcular sua multiplicidade. Para tanto, precisamos da definição a seguir. J'(X) Proposição 3.29. Para !1, ... , Ík E C[X] e a1, ... , ak E C, temos: ,jm _ - 77 3.4 Raízes múltiplas f e g dados por Omitindo X quando conveniente, segue de (a) que Por outro lado, m i=O m m . ·b·Xj+i-1 -- ~ L.....J Jª1 i +~ . ·b·Xj+i-1 L.....J ia] i Í=Ü Í=Ü m m i=O i=l Raízes de Polinômios 78 Portanto, voltando à expressão anterior para (! g )', obtemos ,,, i (b} Se z for raiz de f e for raiz de multiplicidade m-1 de f', então z é raiz de multiplicidade m de f. n (Jg)' = L[(aiXi)'g + aiXig'] Prova. (a) Seja f(X) = (X - z)mg(X), com g(z) sição anterior e seu corolário nos dão j=O = (t(aiXi)') g + ( t aixi) g' J=O = J=O = (X - J=O + fg', onde utilizamos novamente o item (a) na penúltima igualdade. Por fim, a extensão para k polinômios li, ... , fk é imediata por indução. . D Corolário 3.30. Dados g E C[X] e n E N, se f(X) = g(X)n, então f'(X) = ng(X)n- 1g'(X). Em particular, se f(X) = (X - a)n, então 1. f'(X) = n(X - ar- Prova. Fazendo k anterior, obtemos = n e li=···= fn = g no item (b) da proposição = O item (b) da propo- + (X - z)mg'(X) z)m- 1 [mg(X) + (X - z)g'(X)]. Portanto, sendo h(X) = mg(X)+(X-z)g'(X), temos h(z) = mg(z) =J O e f'(X) = (X - z)m- 1 h(X). Pela definição, segue que z é raiz de multiplicidade m - 1 de f'. (b) Seja f(X) = (X -z)kg(X), com g(z) =J Oe k ~ 1. Pelo item (a), a multiplicidade de a como raiz de f' é k- l, de modo que k-1 = m-1 e, daí, k = m. D Corolário 3.32. Se z E (C e f E C[X] \ {O}, então z é raiz múltipla de f se, e só se, f(z) = f'(z) = O. Prova. Imediata, a partir da proposição anterior. Lg(xr- 1 g'(X) D Exemplo 3.33. Prove que, para todo inteiro positivo n, o polinômio n J'(X) =J O. J'(X) ~ m(X - z)m-lg(X) (taixi)' g + fg' = f'g 79 3.4 Raízes múltiplas = ng(xr- 1 g'(X), x2 xn l+X+-+ .. · + - i=l O caso particular segue daí, pondo g(X) = X - a. D A proposição a seguir vincula a multiplicidade de uma raiz de um polinômio às derivadas do mesmo. Proposição 3.31. Seja f um polinômio não nulo de coeficientes complexos e z um complexo dado. ( a) Se z for raiz de multiplicidade m ~ 1 de f, então z é raiz de multiplicidade m - 1 de f'. 2! n! não tem raízes múltiplas. ~t Prova. Seja f (X) = 1 +X+ + · · · + -:~, e suponha que f tem uma raiz múltipla z. Então, pelo corolário anterior, temos f(z) = f'(z) = O. Agora, uma vez que f(X) = f'(X) +-:~,seguiria daí que zn o= f (z) = f' (z) + -, ' n. i.e., z = O. Mas, como f(O) = 1 =J O, chegamos a uma contradição. D Raízes de Polinômios 80 81 3.4 Raízes múltiplas A fim de refinar o corolário anterior precisamos, inicialmente, generalizar a definição 3.28. Agora Definição 3.34. Para f E C[X] \ {O}, definimos a k-ésima derivada de f, denotada J(k), por e f(z) = · · · = J(m-l)(z) =O=* k S m D j(k) { f, se k = O = (J(k-I))', se k ~ 1 f'; daí, J( 2) = Segue da definição acima que J(l) = (!( 0 ) )' (j( 1l)' = (!')', de sorte que denotamos J(2) = f". Analogamente, sempre que conveniente, denotamos j(3) = f"', etc. Se f = n e O :S k :S n, então uma fácil indução garante que a J(k) S n - k; em particular, a f(n) = Oe, daí, j(n+l) = f(n+ 2 ) = · · · = a o. Corolário 3.35. Se z E (C e f E C[X] \ {O}, então z é raiz de multiplicidade m ~ 1 de f se, e só se, f(z) = · · · = j(m- 1l(z) = O e j(ml(z) -1- O. Prova. Suponha, primeiro, que z seja raiz de multiplicidade m de f. Repetidas aplicações do item (a) da proposição 3.31 nos dão, por um lado, f(z) = · · · = f(m-ll(z) = O e, por outro, que z é raiz de multiplicidade zero de f(m), 1.e., que f(m)(z) -1- O. Reciprocamente, suponha a condição do enunciado satisfeita e sejam k E N e g E C[X] tais que J(X) = (X - z)kg(X), com g(z) -1- O. Novamente pelo item (a) da proposição 3.31, para O :S j :S k temos que z é raiz de multiplicidade k - j de JU). Em particular, J(z) = · · · = j(k-I)(z) = O e j(kl(z) -1- O. Nosso propósito, no restante desta seção, é mostrar que, se f E C[X] \ {O} tem grau n e z E C, então f é totalmente determinado pelos valores j(k)(z), para O :S k :S n. Antes, contudo, precisamos de mais duas consequências da proposição 3.31. Corolário 3.36. Seja f E C[X] tal que f = O ou a f :S n. Se z E (C é tal que f(z) = · · · = f(n)(z) = O, então f = O. Prova. Se f -1- O, o corolário anterior garante que z é raiz de multiplicidade pelo menos n + 1 de f. Mas, como f :S n, chegamos a uma contradição. D a Corolário 3.37. Sejam f, g E C[X] \ {O}, com af, ag :S n. Se existe z E (C tal que J(z) = g(z), ... , J(nl(z) = g(n)(z), então f = g. Prova. Basta aplicar o corolário anterior a f - g, notando (a partir da definição 3.34 e por indução sobre k ~ 1) que D O resultado a seguir é conhecido como a fórmula de Taylor para polinômios, sendo uma consequência imediata do corolário acima. 82 Raízes de Polinômios .: Teorema 3.38. Se z E <C e f E <C[X] \ {O} tem grau n, então f(X) = f(z) + j(I)(z) l! (X - z) + ··· + Problemas - Seção 3.4 f(n)(z) (X - zr. n! (3.10) '. 1. Ache todos os valores inteiros de a para os quais o polinômio f(X) Prova. Defina g(X) 11, n f(z) = f'(z) + 11 (X - z) + ··· + f(n)(z) n! 2. (X - zr. Como f =/= O, segue do corolário 3.36 que ao menos um dentre os números f(z), f'(z), ... , f(n)(z) é não nulo; portanto, g =!= O. Por , outro lado, é imediato verificar que, para O :::; k :::; n, temos g(k\X) = = X3 _:_ aX 2 + 5X - 2 possui raízes múltiplas. * Generalize parcialmente o item (a) da proposição 3.31, mostrando que, se f, g E <C[X] são tais que g(X) 2 1 /(X), então g(X) 1 f'(X). 3. (j) * Para z1, ... , Zn E <C, seja f(X) = j=k f'(z) _ n _l_ f(z) - ~ z-z·· e, daí, que J=l f(z) = g(z), f'(z) = g'(z), ... , j(n\z) = (X - z1) ... (X - Zn)· Prove que, para z E <C \ {z1, ... , Zn}, temos L (J~ - (z)k)! (X - z)i-k n 83 3.4 Raízes múltiplas J g(n)(z). Mas, como f e g têm graus menores ou iguais a n, segue do corolário D anterior que f = g. 4. * Generalize o problema anterior provando que, se li, ... , Ík <C[X], f =li ... Ík e z Exemplo 3.39. Seja f E JR[X] \ {O} e a E :IR tal que f(a) = O · e J(k)(a) ~ O, para todo k ~ 1. Prove que f não possui raízes no f'(aj E E <C não é raiz de f, então fl(aj fl(aj --=--+ .. ·+-f(z) f1(z) Ík(z)' intervalo (a, +oo). 5. (Estados Unidos.) Para cada conjunto não vazio e finito S de números reais, sejam a(S) e 1r(S), respectivamente, a soma e o produto de seus elementos. Prove que Prova. Pela fórmula de Taylor, temos f(X) f'(a) = 11 (X - a)+···+ f(n)(a) n! (X - ar, onde n = 8f. Mas, como f =/= O, ao menos uma das derivadas J(k)(a), para 1 ::S k ::S n, é positiva. Assim, sendo x > a um número real e f(j)(a) > O, temos f(x) = f'(a) (x - a)+ ... + f(n)(a) (x - ar 1! (j) ~ f .~a) (X J. n! - a)i > O. D '""" L.....J -a(S) = n 2 + 2n 0-#SCln 1r(S) ( 1 1) (n + 1). 1 + - + ···+ 2 n 6. Prove o seguinte teorema de Gauss: se f(X) = anXn + · · · + a1X +ao é um polinômio de grau maior que 1 e coeficientes complexos, então as raízes de f' estão contidas no menor polígono convexo (possivelmente degenerado) do plano complexo que tem as raízes de f como vértices. Raízes de Polinômios 84 7. * Se fé um polinômio de coeficientes inteiros e grau n e a E Z, JUl (a) '71 Ü prove que j , - E u..,, para ::::; J. ::::; n. 8. Seja f um polinômio de coeficientes inteiros e p um primo que não divide seu coeficiente líder. Sem é um natural tal que f(m) - O(modp) e J'(m) prove que, para todo k EN, existe mk t CAPÍTULO 4 O(modp), EN tal que Relações entre Coeficientes e Raízes Nosso propósito neste capítulo é formalizar e provar algumas relações importantes entre as raízes de um polinômio em uma indeterminada, resultados estes denominados genericamente de relações entre coeficientes e raízes de um polinômio. Também, discutimos um importante teorema de Newton sobre polinômios simétricos, o qual se revelará de importância central para a discussão do capítulo 8. Para o que segue, lembre-se de que lK denota Q, IR ou C. 4.1 Polinômios em várias indeterminadas Fixado n EN, um polinômio uma soma de monômios do tipo f 85 a n indeterminadas sobre lK é Relações entre Coeficientes e Raízes 86 onde ai 1 .. .in E K e ii, ... , in variam em Z+, sendo ai 1 ...in = O para quases todas (i.e., para todas, exceto um número finito de) sequências (ii, ... , in) de inteiros não negativos. Nesse caso, escrevemos f = /(Xi, X2, ... 'Xn) = L ªi1 ...inxf1... x~n. i1, .. ,,in~O O grau de um polinômio f como acima é o maior valor possível para a soma ii + · · · + in, tal que ªii.,.in =/; o. Denotamos por OC[Xi, ... , Xn] o conjunto dos polinômios a n indeterminadas sobre K. Sobre tal conjunto definimos, de maneira óbvia, operações 4.1 Polinômios em várias indeterminadas 87 um polinômio em K[Xi, X2, X 3 ]; escrevendo consideramos f como um polinômio em X 3 , cujos coeficientes estão em K[Xi, X2]. Se/, g E K[Xi, ... , Xn] são dados por /(Xi, X2, ... 'Xn) = L ªi1, ..inxf1... x~n L bi1 ...inxf1.. . x~n, i1, ... ,in~O e g(Xi,X2, ... ,Xn) = i1, ... ,in~O e respectivamente denominadas adição e multiplicação, as quais se reduzem às operações de adição e multiplicação sobre K[X] quando n = 1 e continuam gozando das mesmas propriedades dessas operações. Por exemplo, se /(Xi, X 2) = X;+ XiX2 + X? e g(Xi, X2) = Xf - v'2XiX2, então /(Xi, X2) + g(Xi, X2) = x; + (1 - v'2)XiX2 + Xf + xg e /(Xi,X2) · g(Xi,X2) = dizemos que f e g são iguais quando ai 1...in = bi 1...in, para todas as escolhas possíveis de índices ii, ... , in E Z+. Fixados Xi, X2 ... , Xn E K, definimos o elemento /(xi, x2, ... , Xn) E Kpor i1, ... ,in A proposição a seguir nos dá uma relação entre tais elementos de K e a noção de igualdade de polinômios em várias indeterminadas. Proposição 4.1. Sejam f,g são conjuntos infinitos, então E K[Xi, ... ,Xn]· Se Ai, ... ,An C K Xf-v'2XfX2 +xtx2 -v'2X;X? + x:xg- J2xixi. Dado f E K[Xi, ... , Xn], podemos considerar f como um polinômio em Xi, com coeficientes em K[Xi, ... , Xi, ... , Xn], onde usamos o circunflexo A sobre Xi para indicar que todas as indeterminadas, menos Xi, estão presentes. Por exemplo, seja Prova. Se f = g, é claro que /(xi, X2, ... , Xn) = g(xi, X2, ... , Xn), para todos xi, x2, ... , Xn E K e, em particular, para Xi E Ai, x 2 E A2, ··., Xn E An. Reciprocamente, suponhamos que esta última condição seja satisfeita e provemos que f = g usando indução sobre o número n de Relações entre Coeficientes e Raízes 88 indeterminadas. Já temos a validade da proposição para n = 1, pelo corolário 3.10. Por hipótese de indução, suponha o resultado válido para polinômios em n - 1 indeterminadas e escreva 4.1 Polinômios em várias indeterminadas 89 Observação 4.2. Doravante, ao lidarmos com polinômios f em duas indeterminadas, escreveremos em geral f(X, Y) em vez de f(X1 , X 2 ). Uma notação análoga será usada para polinômios f em três indeterminadas: escreveremos f(X, Y, Z) em vez de f(X 1 , X 2 , X 3 ). Exemplo 4.3. Escreva o polinômio (X+ Y + z)3 - (X3 + y3 + z3) como produto de polinômios de grau 1. 1111 li com Íi, 9i E OC[X2 , ••• , Xn] para todos OS i S m, OS j S p. Fixados x 2 E A 2, ... , Xn E An, temos por hipótese de indução que Solução. Fixe Y, z E JR.*, com y g(X) = f(X, Y, =/:- z, e considere o polinômio em X z) = (X+ y + z) 3 - X 3 - (y 3 + z3). Uma vez que para todo x 1 E A1 , i.e., que m f(-y, Y, z) = (-y + y + z)3 - ((-y)3 + y3 + z3) = O, p Lfi(x2,···,xn)x{ j=O = L9i(x2,····,xn)x{, j=O para todo x 1 E A1 . Como o conjunto A1 é infinito, aplicando o coro- temos pelo teste da raiz que o polinômio f(X, y, z) (em X) é divisível por X - (-y) = X+ y. Analogamente, f é divisível por X+ z e, como âg = 2, o item (c) da proposição 3.3 garante que lário 3.10 aos polinômios f(X, y, z) m J(X1, X2, ... , Xn) =L fi(x2, · · ·, Xn)Xf ayz = f(O, y, z) p g(X1, X2, ... , Xn) = a(X + y)(X + z), sendo a E lR. a determinar. Avaliando a igualdade acima em O, obtemos j=O e = L 9i(x2, ... , Xn)Xf, = (y + z) 3 - (y 3 + z3) = 3yz(y + z), de forma que a= 3(y + z). Logo, j=O concluímos que m = p e f(X, y, z) (4.2) para Os j s m. Mas, como os elementos X2 E A2, ... , Xn E An fixados foram escolhidos arbitrariamente, concluímos que (4.2) é válida para todos x 2 E A 2, ... , Xn E An· Portanto, pela hipótese de indução segue D que Íi = gi para OS j S m, e (4.1) garante que f = g. = 3(y + z)(X + y)(X + z) e, daí, f(x, y, z) = 3(y+z)(x+y)(x+z), para todos x E JR. e y, z E JR.*, com y =/:- z. Pela proposição 4.1, segue então que f(X, Y, Z) = 3(Y + Z)(X + Y)(X + Z). D Relações entre Coeficientes e Raízes 90 Problemas - Seção 4.1 1. * Se f E JK[X1, ... , Xn] é não nulo, prove que existem conjuntos infinitos A1 , ... , An C lK tais que f(x1, ... , Xn) =/:- O, para todos X1 E A1, ... , Xn E An, 2. Faça os seguintes itens: 91 4.2 Polinômios simétricos Um certo conjunto de polinômios simétricos, ditos elementares, merece especial atenção. Explicitamos tais polinômios na definição a seguir. Definição 4.5. Para O ~ j ~ n, o j-ésimo polinômio simétrico elementar em Xi, ... , Xn, denotado Sj = sj(X1, ... , Xn), é definido como (a) Prove que o polinômio (X - Y) 5 + (Y - Z) 5 + (Z - X) 5 é. divisível pelo polinômio (X - Y)(Y - Z)(Z - X). (b) Fatore o polinômio (X - Y) 5 + (Y - Z) 5 + (Z - X) 5 . 3. Fatore o polinômio (X+ Y + Z) 5 - X 5 - Y 5 - Z 5 como produto . de três polinômios de grau 1 e um polinômio de grau 2. 4.2 Polinômios simétricos O objeto de estudo dessa seção é isolado na definição a seguir. Definição 4.4. Um polinômio f E JK[X1, ... , Xn] é simétrico quando f(X1, X2,,,,, Xn) = f(Xu(l), Xu(2), · · ·, Xu(n)), se j = O se 1 ~ j ~ n No caso n 3, por exemplo, temos s0 = 1, s1 = X+ Y + Z, s2 = XY + Y Z + X Z, s3 = XY Z. Para um natural n qualquer, não é difícil provar que Sj é de fato simétrico. Por outro lado, a importância dos polinômios simétricos elementares reside na proposição a seguir, sendo as relações (4.3) conhecidas como as relações de Girard 1 entre coeficientes e raízes de um polinômio. Proposição 4.6. Se f(X) = anXn + · · · + a 1X + a0 E JK[X] \ lK se fatora completamente sobre JK, com raízes a 1 , ... , an, então, para 1 ~ j ~ n, temos para toda permutação a de ln. Sj (a1,,,,,an ) Para entender melhor a definição acima, considere os polinômios f,g E JK[X, Y], dados por f (X, Y) = = X 2 + Y 2 - XY +X+ Y e g(X, Y) = X 3 + Y 3 - X. ªn-j -_ (-1 )i -. an (4.3) Prova. Por simplicidade de notação, denote sj(a 1 , ... , an) simplesmente por si(ai)· Escrevendo f(X) = an(X -a1)(X -a2) ... (X -an) e expandindo os parênteses, obtemos O primeiro é simétrico mas o segundo não, uma vez que f(Y, X) = Y2 +X 2- Y X+ Y +X= f(X, Y), mas g(Y, X)= Y 3 +X 3- Y =/:- g(X, Y). Igualando os coeficientes correspondentes nessa expressão para naquela do enunciado, obtemos o resultado desejado. 1 Após Albert Girard, matemático francês do século XVII. f e D 92 Relações entre Coeficientes e Raízes A fim de ilustrar o que a proposição acima diz e o que ela não diz, considere as raízes complexas a, f3 e I do polinômio f(X) =::: X 3 - 2X 2 + 1. Pelas relações de Girard, temos ~ todas as raízes complexas de f são reais. Mas, se tais raízes, as relações de Girard fornecem n Lªi = -ªn-1 i=l Porém, vale observar que tais relações não trazem informação suficiente para calcularmos a, {3 e 1 ; de fato, ao tentarmos resolver o sistema formado pelas igualdades acima, recaímos nas equações polinomiais . f(a) = O, f(f3) = O e J(r) = O. Senão, vejamos: multiplicando ambos os membros da segunda relação por a, obtemos 93 4 2 Polinômios simétricos e ct1, ... , ctn E IR são L ªiªj = ªn-2· i<j A partir daí, temos n Lªl= i=l O D que nos fornece a contradição desejada. Exemplo 4.8. Sejam a, b e c números reais não nulos, tais que a+ b + c = O. Prove que substituindo nessa igualdade f3 + 1 por 2 - a e a/31 por -1, segue que ª5 + b5 + c5 5 a 2 ( 2 - a) - 1 = O. Nas notações da proposição acima, nos referimos a s j ( a 1 , ... , an) E lK como a j-ésima soma simétrica elementar das raízes de f. Sempre que ct1, ... , ctn estiverem subentendidos e não houver perigo de confusão com o polinômio simétrico elementar s J. = sJ.(X1, · · ·, X n ) , denotaremos a soma simétrica elementar sj(a 1 , ... , an) simplesmente por si. Apresentamos, a seguir, uma série de exemplos que ilustram avariedade de situações em que podemos empregar as relações de Girard. Exemplo 4. 7. Seja f(X) = xn+an_ 1 xn- 1 +an_ 2xn- 2+. +a1 X +ao um polinômio de coeficientes reais, tal que a;._ 1 < 2an_ 2. Prove que f tem ao menos duas raízes complexas não reais. Prova. Por contradição, suponha que a;._ 1 < 2an_ 2 mas ao menos n - 1 dentre as raízes complexas de f sejam reais. Como f tem coeficientes reais, o resultado do problema 2, página 74, garante que Prova. Se f(X) = (X-a)(X-b)(X -e), então a condição a+b+c = O garante que f(X) = X 3+sX -t, onde s = ab+ac+bc e t = abc. Mas, como f(a) = O, temos a3 = -sa + t e, analogamente, b3 = -sb + t e c3 = -se+ t. Somando membro a membro essas três igualdades e usando novamente a condição a+ b +e= O, obtemos a3 + b3 + c3 = -s(a + b +e)+ 3t = 3t. Para manipular adequadamente a soma a5 + b5 + c5 , comece multiplicando ambos os membros das igualdades a3 = -sa + t, b3 = -sb + t e c3 = -sc+t respectivamente por a2, b2 e c2 ; em seguida, some membro a membro os resultados para obter ª5 + b5 + c5 = -s(a3 + b3 + c3) + t(a2 + b2 + c2). Substituindo, na igualdade acima, a expressão para a3 + b3 + c3 obtida no parágrafo anterior e observando que a2 + b2 + c2 =(a+ b + c) 2 - 2(ab + ac + bc) = -2s, 94 Relações entre Coeficientes e Raízes chegamos à igualdade a5 + b5 Logo, + c5 = 2 o Exemplo 4.9. As raízes do polinômio f(X) = X 3 - 7X 2 + 14X - 6 são os comprimentos dos lados de um triângulo. Calcule a área do mesmo. 1: Solução. Sejam a, becas raízes de f e A a área do triângulo tendo tais raízes por lados. A fórmula de Herão para a área de triângulos (proposição 7.30 de [11]) nos dá A2 = p(p - a)(p - b)(p - c), onde pé o semi-perímetro do triângulo. Por outro lado, pelas relações de Girard, temos Usando agora a forma fatorada de f, vJ. o Exemplo 4.10 (Romênia). Sejam a, b, c e d números reais tais que a=J4-\!'5-a, b=V4+~, c= V 4 - v'5 +c ed= V+ v'5 + 4 d. Calcule os possíveis valores do produto abcd. Solução. Veja que a 2 = 4-\!'5-a, de sorte que (a2 -4) 2 = 5-a ou, ainda, a4 -8a2 +a+ll = O. Analogamente, obtemos b4 -8b2 +b+ll = O, de maneira que a e b são raízes do polinômio f(X) = X 4 abcd temos = (X - a) (X - b) (X - c) = X 3 - 7X 2 + 14X - 6 e, daí, f (;) de sorte que A= - 8X 2 +X+ 11. Do mesmo modo, concluímos que c e d são raízes do polinômio X 4 8X 2 - X + 11 e segue, daí, que -c e -d também são raízes de f. Portanto, a, b, -c e -d são todos raízes de f e, se soubermos que tais raízes são duas a duas distintas, concluiremos que elas são todas as raízes do polinômio f; daí, as relações de Girard nos darão de maneira que f ( X) A=;. f (;) =;. t =t6' -s · 3t + t(-2s) = -5st. A igualdade do enunciado é, agora, óbvia. 95 4.2 Polinômios simétricos = = (;-a) (;- b) (;- c) G) G) + G) 3 - 1 8 7 2 14 = ab(-c)(-d) = 11. Para o que falta, se tivéssemos, por exemplo, a = b, teríamos 4 - \!'5-a = 4 + v'5 - a e, assim, a = 5. Mas, como 5 -/:4 - y'5-=s, temos a -/:- b. Analogamente, provamos que c -/:- d; por fim, como -c, -d < O < a, b, nada mais há a fazer. O v' v' J Exemplo 4.11 (Romênia). Se x 1 , x 2 , ... , Xn são reais positivos tais que X1X2 ... Xn = 1, prove que 6 n ~ 1 < 1. L....tn-l+x·i=I J 96 Relações entre Coeficientes e Raízes Prova. Seja p(X) = (X+ x 1) 83, temos p'(x) p(x) ... = (X+ t i=l Xn)· Pelo problema 3, página ·. t (.~) nxn-• = Í:(n - k) (:) (X - Avaliando as funções polinomiais correspondentes em x nn = Í:(n - k) (~) (n - 1r-k-l k=O = ~[(n n-1 L ªi(n - 1r-j ~ L(n - j)ain - 1r-j- 1 j=O ou, ainda, n-1 L ªi(j - 1)(n - 1r-j-l + ªn ~ nao(n - 1r- 1 - ao(n - ir. j=l 1)"_,_, k=O de sorte que basta mostrar que j=O t, (:)ex -1)"-' nos dá, por derivação, n-1 p(X) = L ajxn-j e p(X) = L(n - j)ajxn-j-I, j=O j=O n ~ (n -1r- 1 . Afirmamos que tal desigualdade é, de fato, uma igualdade. De fato, a igualdade x" = ex -1+ 1r = Para o que falta, para 1 ~ i ~ n, seja ai= si(x 1 , ... , xn) ai-ésima soma simétrica elementar de x 1 , ... , Xn, e faça a0 = 1. Então, temos n (j - l)(n - 1r-j-l j=l J x+xi p'(n - 1) < 1. p(n -1) - l"I:'. 97 de modo que basta mostrarmos que 1 para x =/:- -xi, ... , -xn. Portanto, queremos mostrar que 1; 4.2 Polinômios simétricos = n, vem que -1) - (k-1)] (:) (n - 1)"_,_, =É(~) (n -1r-k - Í:(k-1) (~) (n-1r-k-l_ k=O k=O Por outro lado, Finalmente, queremos provar que n Lªiu-1)(n-1r-j-l ~ (n -1r- 1 . j=l Pela desigualdade entre as médias aritmética e geométrica, temos de forma que t, G) (n-1r-· = ~ (:)cn-1)"-· -Í:(k 1) (~) (n - ir-kk=O 1. 98 Relações entre Coeficientes e Raízes . Após efetuar os cancelamentos óbvios, chegamos à igualdade 99 4.2 Polinômios simétricos onde CJ varia sobre todas as n! permutações de ln. Prove que g é um polinômio simétrico, denominado a simetrização de f, e que g = f se f for simétrico . • ou, ainda, a t,<k- l)(~)(n -1r-•- = o. 4. (Croácia.) Se a, b e e são reais dois a dois distintos satisfazendo o sistema de equações 1 11:•. Por fim, a partir daí, obtemos a3 = 3b2 + 3c2 - 25 { b3 = 3c2 + 3a2 - 25 c3 = 3a2 + 3b2 - 25 calcule os possíveis valores do produto abc. que é precisamente a igualdade desejada. i', !., ]i ! ir: :: 5. Dados a, b, e E C, explicite, em função de a, b e e, os coeficientes de um polinômio mônico de grau três cujas raízes complexas sejam os cubos das raízes complexas do polinômio X 3 + aX 2 + bX+c. Problemas - Seção 4.2 6. Dado o polinômio p(x) = X 3 1. Sejam f, g eh polinômios não nulos em K[X1 , ... , Xnl, tais que '. f e g são simétricos e f = gh. Prove que h é simétrico. ' 2. * Um polinômio f E K[X1 , ... , Xn] é denominado homogêneo (a) Mostrar que p tem três raízes distintas, duas das quais são complexas e não reais. (b) Obter o polinômio mônico de terceiro grau cujas raízes são os cubos das raízes de p. de grau k quando para todo t E K. Obtenha, a menos de multiplicação por constantes, todos os polinômios simétricos e homogêneos de grau 2 em JR[X, Y, Z]. 3. Para f E K[X1, ... , Xn], seja g E K[X1, ... , Xn] o polinômio definido por 1 g(X1, · · ·, Xn) = I n. X 2 +X+ 1, pede-se: - L f(Xu(l), '. · ·, Xu(n)), (T 7. (OBM.) Sabendo que o polinômio f (X) raízes reais distintas, prove que p < O. = X 3 + pX + q tem três 8. (Romênia.) Sejam a, b e e complexos não nulos, tais que a + b+ e = 1 1 b 1 - + - + - = O. a e Se n for um inteiro positivo, mostre que an só se, 3 f n. + bn + cn = O se, e Relações entre Coeficientes e Raízes 100 9. (Hong Kong.) Sejam a3, a4 , ... , a100 números reais, sendo a100 O. Prove que nem todas as raízes do polinômio 4.3 O teorema de Newton f. , (a) Dados n 2: 2 reais positivos x 1 , x 2 , ... , Xn, mostre que / X1 f(X) = a100X 100 + a99X 99 + · · · + a3X 3 + 3X 2 + 2X + 1 * (x2 * (· ·· * Xn) · · ·) = . 81 + 83 +···+Si -------- 1 + S2 + 84 + ··· + Sp onde i e p são, respectivamente, o maior ímpar e o maior par menores ou iguais a n e Sj é a j-ésima soma simétrica elementar de X1, X2, ... , Xn· são reais. 1. 101 10. Considere todas as retas que encontram o gráfico da função poli- , nomial real f(x) = 2x4 +7x 3 +3x-5 em quatro pontos distintos (xi,Yi), para 1::; i::; 4. Prove que o número 1 +x 2 +x3+x4 ) ;, independe da reta considerada e calcule seu valor. (b) Se J(X) = (X+ x1)(X + x2) ... (X+ xn), use o resultado do item (a) para mostrar que Hx 11. (Moldávia.) No plano cartesiano, um círculo intersecta a hipér- : bole de equação xy = 1 em quatro pontos distintos. Prove que o produto das abscissas dos pontos de interseção é sempre igual a 1. 14. Seja n > 1 inteiro. Obtenha todas as soluções reais do sistema 12. (Canadá - adaptado.) Sejam a, b e e as raízes complexas do polinômio X 3 - X 2 - X - 1. x1 + x2 + · · · + x~ = n 15. Seja f(X) = xn + ªn-1xn-l + · · · + a1X + 1 um polinômio de coeficientes reais não negativos e raízes reais. Prove que f(x) 2: (x + lt, para todo real X 2: Ü. (a) Prove que a, b e e são duas a duas distintas. (b) Se, para cada n EN, pusermos 16. (Irlanda.) Dado n E N, ache todos os polinômios J(X) anXn + · · · + a1X + a0 satisfazendo as seguintes condições: mostre que Sk+3 = Sk+2 (b) (c) Conclua que Sn E Z, para todo n EN. 13. (BMO - adaptado.) Para números reais x e y tais que xy defina l+x+y X*Y = l+xy =/:- O::; j::; n. Todas as raízes de f são reais. (a) ai E {-1, 1}, para + Sk+l + Sk, para todo k E N. -1, 4.3 O teorema de Newton Ainda sobre polinômios simétricos, note que f(X, Y, Z) = X 4 + Y 4 + Z 4 é simétrico mas não é um dos polinômios simétricos em X, Relações entre Coeficientes e Raízes 102 Y e Z que chamamos elementares. Contudo, sendo si = si(X, Y, Z), s 2 = s 2(X, Y, Z) e s 3 = s 3 (X, Y, Z), podemos escrever + y2 + z2)2- 2(x2y2 + x2z2 + y2z2) [ (X + Y + Z) 2 - 2(XY + X Z + Y Z)] 2 - 2 [(XY + XZ + YZ) 2 - 2XYZ(X + Y + Z)] f(X, Y, Z) = (x2 = = = 1' = (s~ - 2s 2 ) 2 - 2(s~ - 2sis3) sf - 4s~s2 + 2s~ + 4sis3 g (si, s2, s3)' onde g(X, Y, Z) = X 4 - 4X 2 Y + 2Y 2 + 4X z. Assim, nesse caso particular, fomos capazes de expressar o polinômio simétrico f(X, Y, Z) = X 4 + Y 4 + Z 4 como um polinômio nos polinômios simétricos elementares em X, Y e Z. Conforme veremos nesta seção, tal possibilidade não é acidental. Mais precisamente, provaremos a seguir um resultado usualmente atribuído ao matemático e físico inglês Isaac Newton, conhecido na literatura como o teorema fundamental dos polinômios simétricos. No que segue, K inclui a possibilidade K = .Z. Seguimos, essencialmente, a exposição de [27]. 4.3 O teorema de Newton 103 de K[Xi, ... , Xn] da seguinte maneira: dadas duas n-uplas distintas (ii, ... , in) e (ji, ... , Jn) de inteiros não negativos e monômios ª(i)Xf 1 ••• X!n e b(i)Xf 1 ••• Xtn em K[Xi, ... , Xn], definimos a (i) X ii1 · · · Xin n -< b(j) xi1i · · · Xin n ~ :3 l :::; k :::; n; { ~l = 1,k j'. se l < k < )k (4.4) . Neste caso, dizemos que bu)Xf1 ••• Xtn é maior do que ª(i)Xt 1 ••• x:;,,. Em geral, nos referiremos à ordenação acima como a ordem lexicográfica dos monômios de K[Xi, ... , Xn]· Em particular, para f E K[Xi, ... , Xn], seu termo líder é o monômio máximo (i.e., maior que todos os demais) em relação à ordem lexicográfica. Note ainda que, em K[X], tem-se 1 -< X -< X 2 -< · · ·, de modo que a noção de termo líder em mais de uma indeterminada generaliza a noção usual em uma indeterminada, dada pelo grau de um monômio. Exemplo 4.13. Se f = st1 ••. s~n, onde si E K[Xi, ... , Xn] é o i-ésimo polinômio simétrico elementar, então f tem termo líder De fato, uma vez que Teorema 4.12 (Newton). Se f = f(Xi, ... , Xn) E K[Xi, ... , Xn] é simétrico, então existe g E K[Xi, ... , Xn] tal que f(Xi, ... , Xn) = g(si, ... , sn), a definição de ordem lexicográfica garante que seu termo líder é onde si, ... , sn E K[Xi, ... , Xn] são os polinômios simétricos elementares em Xi,· . . ,Xn. Para a prova do teorema anterior, precisamos introduzir alguns conceitos preliminares. Inicialmente, vamos ordenar os monômios i.e., 104 Relações entre Coeficientes e Raízes De posse do conceito de ordem lexicográfica, a chave para a prova do teorema de Newton se encontra no seguinte resultado auxiliar. Lema 4.14. Se f E OC[X1, ... , Xn] é simétrico e ª(a)Xf 1 seu termo líder, então ••• X~n é Prova. Se a 1 é o maior expoente que comparece em algum monômio de f, então, como f é simétrico, existe em f um monômio contendo Xf 1 • Se ª(i)Xi 1 •.• X~n é um monômio de f tal que i1 < a1, segue da definição da ordem lexicográfica que tal monômio não é o termo líder . de f. Portanto, o termo líder contém Xf 1 • Agora, dentre todos os monômios de f contendo Xf1 , selecione um com expoente máximo em alguma das indeterminadas X 2 , ••• , Xn, digamos expoente a 2 . Novamente por ser f simétrico, existe um tal monômio de f contendo Xf 1 Xf 2 • Ademais, pela escolha de a 1 temos a 1 2: a 2. Por outro lado, se ª(i)Xf 1 X~2 ••• X~n é monômio de f tal que i 2 < a 2 , então, novamente pela definição de ordem lexicográfica, tal monômio não é o termo líder de f, de modo que o termo líder de f contém Xf 1 Xf 2 • Por fim, repetindo esse argumento mais n - 2 vezes, obtemos o resultado desejado. D 4.3 O teorema de Newton 105 a(a)Xf 1 ••• X~n em relação à ordem lexicográfica, um número finito de repetições do algoritmo acima nos dá f-g = l(s 1 , ... , sn), para algum polinômio l E OC[X1, ... , Xn]· Assim, o mesmo ocorre com f. D Vale frisar que o teorema de Newton é, primordialmente, um teorema de existência. De fato, é possível provar que, para polinômios simétricos em geral; o algoritmo descrito na prova do teorema de Newton não termina em tempo polinomial (i.e., mesmo com o auxílio de um computador não conseguimos, para um polinômio simétrico genérico em n indeterminadas, expressá-lo, em tempo finito, como um polinômio nos polinômios simétricos elementares em n indeterminadas). Todavia, mostraremos, no exemplo a seguir que a mera existência assegurada pelo teorema de Newton pode ser bastante útil. Para outra aplicação interessante, veja a seção 8.1. Exemplo 4.15 (Miklós Schweitzer). Seja f E Z[X] um polinômio não constante e w = eis 2; , onde n > 1 é um inteiro. Prove que f(w)f(w 2) ... J(wn-l) E Z. Prova. Considere o polinômio g E Z[X1, ... , Xn-i] dado por Podemos, finalmente, apresentar a prova do teorema de Newton. Prova do teorema 4.12. Tome f E OC[X1, ... ,Xn] simétrico, com termo líder ª(a)Xf 1 ••• X~n. Pelo lema anterior, temos a 1 2: · · · 2: ªn· Por outro lado, pelo exemplo 4.13, o polinômio simétrico Se cr é uma permutação de In-I, então {cr(l),cr(2), ... ,cr(n-1)} = {1,2, ... ,n-1} e, daí, também tem termo líder ª(a)Xf 1 •.• X~n, de modo que o polinômio simétrico f - g tem termo líder ª(f3)Xf 1 ••• X~n, com ª(f3)Xf 1 ••• X~n -< ª(a)Xf 1 ••• X~n na ordem lexicográfica. Mas, como OC[X1, ... , Xn] contém somente um número finito de monômios mônicos e menores que g(Xu(l), · · ·, Xu(n-I)) = f(Xu(I))f(Xu(2)) · · · f(Xu(n-I)) = f(X1)f(X2) ... f(Xn-1) = g(X1, ... , Xn-1). Relações entre Coeficientes e Raízes 106 Assim, g é simétrico e o teorema de Newton garante a existência de um polinômio h E Z[X1, ... , Xn-1] tal que g(X1, ... , Xn-1) h(s1, ... , Bn-1), i.e., 107 4.3 O teorema de Newton Lema 4.16 (Horner-Rufinni). Seja f(X) = xn - s1xn-i + · · · + (-1r- 1sn-1X + (-ltsn um polinômio não constante sobre C. Se z é uma raiz complexa de f onde Sj é o j-ésimo polinômio simétrico elementar em X1, ... , Xn-l· Substituindo Xi por wi na igualdade acima, obtemos i '.('1•' ' ,,, g(X) = xn-i + b1xn- 2 + · · · + bn-1 é o quociente da divisão de f(X) por X - z, então f (w)f (w 2) ... f (wn-l) = h(s1 (w, ... , wn-l ), ... , Bn-1(w, ... , wn-l )); (: e portanto, a fim de mostrar que f(w)f(w 2 ) •.. f(wn- 1) E Z, é suficiente mostrar que siw, ... , wn-l) E Z, para 1 :::; j :::; n - 1. Para o que falta, basta observar que xn - 1 = (X - l)(X -w)(X - w 2) ... (X - wn- 1) = (X - l)(xn-i + xn- 2 +···+X+ 1), Zn-1 - S1Zn-2 de sorte que xn-l + xn- 2 (4.5) + · · · + (- l)n...:..1 Bn-1 Prova. Nas notações do enunciado, as recorrências (3.1) se escrevem +···+X+ 1 (X - wn- 1) (X - w)(X n-1 -- "(-l)j L.....J s1·(W,W 2 , ... ,Wn-l)xn-1-j . w2 ) ... = j=O Assim, temos que ,. ,., s1·(w, w2 , ... , wn-1) -_ (-l)j Eu...,, conforme desejado. D A discussão que antecede o exemplo anterior sugere que, quando quisermos expressar efetivamente um dado polinômio simétrico como um polinômio nos polinômios simétricos elementares, teremos, via de regra, de recorrer a argumentos ad hoc. Nesse sentido, terminamos esta seção discutindo um exemplo relevante, para o qual precisamos da seguinte consequência do algoritmo de Horner-Rufinni. As identidades (4.5) a seguir são conhecidas como as identidades de HornerRuffini. Resolvendo o sistema linear acima sucessivamente para b2 , obtemos uma a uma as relações do enunciado. ... , bn-I, D As relações contidas na proposição a seguir nos fornecerão recorrências para expressar o polinômio simétrico como um polinômio nos polinômios simétricos elementares em X 1 , X 2 , ... , Xn. As fórmulas dos itens (a) e (b) a seguir são respectivamente Relações entre Coeficientes e Raízes 108 denominadas primeira e segunda identidades de Jacobi 2 . Para uma outra prova das mesmas, veja o problema 2, página 242. Proposição 4.17 (Jacobi). Para Z1, ... 'Zn E e, se Si= si(z1, ... 'Zn) é ai-ésima soma simétrica elementar de z1 , ... , Zn e O"k = zf+· · ·+z~, então: (a) O"n+k = I:7= 1(-l)j-lSjO"n+k-j, para k 2:: l. (b) Sk+1 = kii E;~i(-l)í- 1sk+1-jO"j, para 1::; k::; n -1. 4.3 O teorema de Newton Por outro lado, para z E CC \ {z1 , ... , zn}, segue do problema 3, página 83, que f'(z) = f(z) + ... + f(z) . Z - Z1 Z - Zn Sendo Í} E C[X] tal que f(X) = (X - Zj)i}(X), digamos segue que n J'(z) = n L i}(z) = L(zn-l + b1jZnj=l Prova. (a) Seja = nzn-l + (t (t bn-1,j) . J=l Mas, como a igualdade acima é válida para todo z E CC \ {z1 , ... , Zn}, segue do corolário 3.10 que f, temos nxn-t + (t. b,;) xn-, + · · · + (t. bn-1,;) . (4.8) • para 1 ::; i ::; n e, daí, z~+n - s1z~+n-l i i + · · · + bn-1,j) b1j) zn- 2 + · · · + J=l f'(X) = . 2 j=l f(X) = (X - z1) ... (X - zn) = Xn - s1Xn-l + ·: · + (-lts~. (4.6) Como zi é raiz de 109 + · · · + (-l)n-ls n-1 z~+l + (-l)nsn z~ = i i Por fim, igualando os coeficientes correspondentes em (4.7) e (4.8) e substituindo as identidades (4.5), obtemos O• n Somando as igualdades acima para 1 ::; i ::; n, obtemos (-lt+l(n - k - l)sk+l = L bk+l,j j=l n = ~( L.....J Zjk+l · - S1Zjk + · · · + (- l)k+l Sk+l ) j=l = ªk+i - s1ak + · · · + (-1t+1nsk+1, igualdade equivalente à do enunciado. (b) Segue de (4.6) que J'(X) 2 Após = nxn-l - (n- l)s1xn- 2 + · · · + (-1r- 1sn-1· o matemático alemão do século XIX Carl G. J. Jacobi. de maneira que (4.7) D Relações entre Coeficientes e Raízes 110 O corolário a seguir também é devido a Jacobi. Corolário 4.18 (Jacobi). Para cada inteiro k ~ 1, sejam sk o k-ésimo polinômio simétrico elementar em X1 , ... , Xn e <J"k = Xf+· · +X~. Então: (a} <J"n+k = 4.3 O teorema de Newton 4. Sejam m EN, w xos tais que = 111 cos ! + i sen ! e z1 , ... , Zn números comple- f(X) = (X - z1)(X - z2) ... (X - zn) é um polinômio de coeficientes inteiros. I:7= 1 (-l)i-lsj<J"n+k-j, para k ~ 1. (b} sk+l = kll I:7~t(-l)i- 1 sk+1-j<J"j, para 1::::; k::::; n-1. (a) Se g(X) . TI::~ 1 f(wiX), prove que Prova. Avaliando ambos os membros de (a) e (b) em z1, ... , Zn E (C obtemos, pela proposição anterior, igualdades verdadeiras. Como (C é um conjunto infinito, a proposição 4.1 garante a igualdade dos polinômios correspondentes. D (b) Use as identidades de Jacobi para mostrar que o polinômio g do item (a) tem coeficientes inteiros. Problemas - Seção 4.3 (c) Conclua que, se z E C é raiz de um polinômio não nulo f de coeficientes inteiros, então existe um polinômio não nulo h, também de coeficientes inteiros, tal que zm é raiz de h. 1. Se f E Z[X] é um polinômio mônico, de grau n ~ 1 e raízes + · · · + E Z, para todo complexas z1, ... , Zn, prove que k ~ 1 inteiro. zt z~ 2. Se a 1, ... , an, b1, ... , bn são números complexos tais que k + · · · + ank = bk1 + · · · + bkn, ª1 para 1 ::::; k ::::; n, mostre que {a1, ... , an} = {b1, ... , bn}· 3. (Japão - àdaptado.) Sejam n, k EN, com 2::::; k::::; n, e a 1 , ... , ak números reais tais que + · · · + ak a~+···+ a~ a1 n n g(X) = (Xm - zf) ... (Xm - z;:1'). 5. (OBM.) (a) Se n EN, prove que há somente um número finito de polinômios mônicos, de grau n e coeficientes inteiros, tais que todas as suas raízes complexas têm módulo 1. (b) Seja f E Z[X] \ Z um polinômio mônico, tal que todas as suas raízes complexas têm módulo 1. Prove que todas as raízes complexas de f são raízes da unidade. 112 Relações entre Coeficientes e Raízes • CAPÍTULO 5 Polinômios sobre :IR Neste capítulo, revisitamos alguns dos teoremas clássicos do Cálculo, estudados em [12), para polinômios de coeficientes reais, tendo como ferramenta principal o teorema fundamental da álgebra. Como aplicação dos mesmos, provaremos as desigualdades de Newton, as quais generalizam a desigualdade entre as médias aritmética e geométrica de n números reais positivos, e a regra de Descartes, que relaciona o número de raízes positivas de um polinômio de coeficientes reais ·ao número de trocas de sinal de seus coeficientes não nulos. 5.1 Alguns teoremas do Cálculo Nosso primeiro resultado dá uma condição suficiente para a existência de raízes reais num intervalo. Para a prova do mesmo, precisamos do seguinte resultado auxiliar. I·:. 1 il 1,1 11 li !'I i: 114 5.1 Alguns teoremas do Cálculo Lema 5.1. Se f E R[X] \ {O} é mônico e não tem raízes reais, então existem polinômios 9, h E R[X] tais que f = 9 2 + h2 • Em particular,··. J(x) > O para todo x E R. Teorema 5.2 (Bolzano). Se f E R[X] e a < b são reais tais que J(a)J(b) < O, então existe e E (a, b) tal que f(c) = O. Prova. Pelo problema 2, página 74, existem números complexos não reais z1 , ... , zk tais que k f(X) = II (X - Prova. Supondo, sem perda de generalidade, que fé mônico e f(a) < O< J(b), segue da última parte do lema anterior que f tem ao menos uma raiz real. Sejam, pois, a1 ::; · · · ::; ak as raízes reais de f, repetidas de acordo com suas multiplicidades. Se 9 E ~[X] é tal que Zj)(X - Zj)· f(X) = 9(X)(X - a1) ... (X - ak), j=l Agora, se Zj = ai + ibi, com ai, bi E R, então (X - zi)(X - zi) = (X - ai - ibi)(X - ai+ ibi) (X - ai)2 - (ibi)2 = (X - ai)2 + bJ, = 115 então 9 é mônico e não possui raízes reais, de sorte que, novamente pelo lema anterior, 9(x) > O para todo x E R. Por contradição, suponha que não há raiz de f no intervalo (a, b) e considere três casos separadamente: (i.) ak < a: temos a soma dos quadrados de dois polinômios de coeficientes reais (um t deles constante). Basta, agora, aplicar várias vezes um argumento similar à identi- · dade de Euler (7.7) de [14]: para 9 1 , 92, h 1 , h2 E R[X], temos J(a) = 9(a)(a - a1) ... (a - ak) > O, uma contradição. (ii.) b < a 1 : segue de f(b) > O que Para o que falta, segue da primeira parte que f(x) = 9(x) 2 + h(x) 2 ~ O, para todo x E ~; mas, como f não tem raízes reais, a desigualdade acima deve ser estrita, para todo x E R. D O resultado a seguir é o teorema do valor intermediário para polinômios, sendo conhecido na literatura como o teorema de Bolzano 1. 1 Após Bernhard Bolzano, matemático alemão do século XIX. e, daí, k é par (uma vez que 9(b) > O e b - ai < O, para 1 ::; i ::; k). Por outro lado, segue de f(a) < O que 9(a)(a- a1) ... (a - ak) < O e, daí, k é ímpar (uma vez que 9(a) > O e a - ai < O, para 1 ::; Portanto, chegamos a umá contradição. i::; k). . Polinômios sobre lR 116 5.1 Alguns teoremas do Cálculo 117 ' (iii.) a1 < a < b < a1+1, para algum 1 ~ l < k: chegamos a um absurdo de modo análogo ao item anterior. (Por exemplo, O< f(a) = ~~--~~--·--~~----~~-- Assim, temos f (un) = g( un) para todo inteiro n ~ 1. Mas, como g(a) (a - a1) ... (a - ai) (a - a1+1) ... (a - ak) .._,.,,. >O ....... >0 para todo n <0 · implica k - l par.) D Exemplo 5.3 (Moldávia). Sejam f, g E JR[X], cada um dos quais possuindo ao menos uma raiz real. ~ 1, segue do corolário 3.10 que f = g. D No que segue, estabelecemos para polinômios o teorema do valor médio de Lagrange2 . Teorema 5.4 (Lagrange). Sejam f E JR[X] \ {O} e a< b reais dados. Então existe a < e < b tal que (a) Prove que existe a E lR tal que f(a) 2 = g(a)2. J'(c) {b) Se f(l +X+ g(X)2) = g(l +X+ J(X)2), mostre que f = g. Prova. (a) Sejam a e (3 raízes de f e g, respectivamente. Podemos supor, sem perda de generalidade, que a~ (3. Se g(a) = O ou J(f3) = O, nada há a fazer. Senão, temos J(a)2 - g(a)2 = -g(a)2 < O e f(f3)2 - g(f3)2 = f(f3)2 > O, de sorte que o teorema de Bolzano, aplicado ao polinômio J(X) 2 g(X)2, garante a existência de a E (a, (3) tal que J(a) 2 - g(a) 2 = O. (b) Sendo a E lR como no item (a), defina uma sequência (un)n:2:1 pondo u 0 = a e, para cada n ~ 1, Un+l = 1 + Un + g(un)2. Pelo item (a), temos f(u 1) = g(u 1). Suponha, por hipótese de indução, que f(uk) = g(uk), para um certo inteiro k ~ 1. Então, nossas hipóteses garantem que = + uk + g(uk)2) g(l + Uk + f(uk)2) g(l + Uk + g( Uk)2) = g(uk+i)· J(uk+i) = f(l = = J(b) - J(a). b-a Prova. Provemos primeiro que, se f(a) = f(b) = O, então existe a< e< b tal que f'(c) = O. Podemos supor, sem perda de generalidade, que f não tem outras raízes no intervalo (a, b). De fato, se f possuir uma infinidade de raízes em (a, b), temos f = O, pelo corolário 3.9; se f possuir um número finito de raízes em (a, b), digamos a 1 < a2 < · · · < ak, trocamos b por a 1 . Se existissem a < e < d < b tais que f(c)f(d) < O, o teorema de Bolzano garantiria a existência de uma raiz de f no intervalo (a, b), o que é um absurdo. Portanto, f tem sinal constante em (a, b). Suponha, sem perda de generalidade, que J(x) > O para x E (a, b), e sejam respectivamente k e l as multiplicidades de a e b como raízes de f. Então, existe g E JR[X] tal que f(X) = (X - at(x - b) 1g(X), com g(a), g(b) -1- O. Agora, a< e< b =* J(c) >O=* (e - at(c - b) 1g(c) >O=* (-1) 1g(c) > O. 2 Após Joseph Louis Lagrange, matemático franco-italiano do século XVIII. Polinômios sobre 118 ~ Consideremos o caso em que l é par (o caso em que l é ímpar é análogo), de sorte que g(c) > O, para todo e E (a, b). Se g(a) < O, o teorema de Bolzano garantiria a existência de a < d < tal que g(d) = O, de modo que f(d) = O, o que, por sua vez, é um absurdo. Logo, g(a) > O e, analogamente, g(b) > O. Então, temos ª1b J'(X) = k(X - at- 1(X - b) 1g(X) + l(X - a)k(X - b}1- 1g(X) 119 Corolário 5.5 (Rôlle). Se f E R[X] \ {O} e a < b são reais tais que J(a) = f(b) = O, então existe a< e< b tal que f'(c) = O. Ilustramos a utilização do teorema de Rôlle no exemplo a seguir. Exemplo 5.6. Seja f(X) =ao+ a1X + · · · + ªn-1xn- 1 + anXn um polinômio de coeficientes reais, tal que -ªº + -a1 + ... + -ªn-1 + -ªn- = o. + (X - at(X - b}1g'(X) = 5.1 Alguns teoremas do Cálculo 1 (X - at- 1(X - b}1- 1h(X), n 2 n+l Prove que f possui pelo menos uma raiz no intervalo (O, 1). li,; ' j ·1''.,·,,' l,1 ! onde h(X) = (k(X - b) + l(X - + (X - a))g(X) Prova. É imediato que a)(X - b)g'(X). Basta, pois, então mostrarmos que existe e E ( a, b) tal que· h( e) = O. Mas, como h(a)h(b) = -kl(a - b) 2 g(a)g(b) < O, f = g', onde g(X) = aoX + a1 x2 + ... + ªn-1 xn + ~xn+i. 2 n n+ 1 Mas, como g(O) = g(l) = O, o teorema de Rôlle garante a existência de a E (O, 1) tal que f(a) = g'(a) = O. D Uma consequência importante do teorema do valor médio é o estudo da primeira variação (i.e., crescimento ou decrescimento) de polinômios, conforme ensina o corolário a seguir. o teorema de Bolzano liquida a questão. Para o caso geral, seja fi(X) = f(X) - J(a) - (f(b) - f(a)) (X - a). Corolário 5. 7. Sejam f E R[X] \ {O} e I b-a Como fi(a) = J1 (b) = O, o que fizemos acima garante a existência de e E (a, b) tal que Jf(c) = O. Por fim, resta observar que D Conforme frisamos em [12], o caso f(a) = f(b) = O do teorema anterior precedeu a versão geral de Lagrange, tendo sido provado pelo matemático francês do século XVII Michel Rôlle e sendo conhecido na literatura como o teorema de Rôlle. e R um intervalo. (a) Se f'(x) > O para todo x E J, então f é crescente em I. (b) Se f'(x) < O para todo x E J, então f é decrescente em I. Prova. Façamos a prova do item (a), sendo a prova do item (b) análoga. Para a < b em I, o teorema do valor médio garante a existência de e E ( a, b) (e, portanto, e E J) tal que J(b) - f(a) = J'(c) > O. b-a Em particular, f(b) > f(a). D 120 Polinômios sobre lR. Exemplo 5.8. Prove que, para todo inteiro positivo n, o polinômio x2 xn 5.1 Alguns teoremas do Cálculo 2. 121 * Prove, para polinômios de coeficientes reais e com os métodos desta seção, o teorema de permanência do sinal: se f E R[X] é tal que f(a) > O para algum a E R, então existe r > O tal que f(x) > O para todo x E (a - r, a+ r). l+X+-+···+2! n! tem no máximo uma raiz real. ~t Prova. Sendo fn = 1 +X+ + · · · + :~, mostremos que (i) fn não tem raízes reais se n é par, e (ii) fn tem exatamente uma raiz real se n é ímpar. (i) Supondo n par, temos limlxl-t+oo fn(x) = +oo. Portanto, segue do teorema de Weierstrass (o teorema 4.31 de [12]) a existência de · x 0 E R tal que fn assume seu valor mínimo em x 0. Suponha, por contradição, que fn(x 0 ) ~ O. Então, pelo resultado do problema 3, temos xn f~(xo) = O e, como fn(xo) = f~(xo) + xn n~, segue que O 2: Ín ( Xo )· = ~Como n é par, a única maneira de não termos uma contradição a partir dessa última relação é que seja O = fn(x 0 ) = n. Mas aí, deveria ser fn(O) = O, o que é um absurdo. 3. * Dado f E R[X] \R, sejam a f(a) Prove que f'(a) número ímpar de raízes reais; por outro lado, segue do exemplo 3.33 · que f n não tem raízes múltiplas. Suponha, então, que .fn tem pelo menos três raízes reais distintas, digamos a < b < e. Então, o teorema do valor médio garante a existência de a E (a, b) e /3 E (b, e) tais que f~(a) = f~(/3) = O. Mas, como f~ = fn-1 e n-1 é par, o caso anterior D nos fornece uma contradição. R e r > Otais que x E (a - r, a+ r)}. O. 4. Seja f(X) = X 5 -2X4 + 2. Prove que f possui exatamente três raízes reais. 5. * Dado f E R[X] \ R com coeficiente líder positivo, prove que existe n 0 E N tal que 5t-. (ii) Supondo n ímpar, segue do problema 4, página 75, que fn tem um = = min{f(x); E u > v >no::::} f(u) > f(v) > O. 6. Prove que não existe polinômio f E Z[X], tal que f(n) seja primo para todo inteiro não negativo n. 7. (Leningrado3 .) Decida se existem quatro números reais distintos a, b, e e d tais que, para quaisquer dois deles, x e y digamos, tenhamos x10 + xg y + ... + xyg + y10 = 1. 8. Os reais positivos a 1, a 2, a3 e a4 são tais que a1 ~ e a 1 a2 a3 a4 = 1. Se À é uma raiz real do polinômio a2 ~ a3 ~ a4 Problemas - Seção 5.1 f Z[X] é um polinômio não constante e m é um inteiro positivo tal que m > 1 + Re( z), para toda raiz complexa z de f, prove que IJ(m)I > 1. 1. Se E prove que À > a2. 3 A cidade russa de São Petesburgo mudou seu nome para Leningrado durante a existência da União Soviética. 122 Polinômios sobre lR 5.2 As desigualdades de Newton (a) Adicionavam ao polinômio sua derivada. 9. (Leningrado.) Sejam a, b, e, d e e números reais tais que O polinômio aX 2 + (e - b)X + (e - d) = O tem uma raiz real maior que 1. Prove que o polinômio aX 4 + bX 3 + cX 2 + dX + e = O tem ao menos uma raiz real. (b) Subtraíam do polinômio sua derivada. Ao final da aula, o polinômio inicial apareceu novamente no quadro negro. Prove que ao menos um dos alunos cometeu um erro. 10. (Áustria-Polônia.) Dados números reais a 1 , ... , an, prove que n a·a· >O LJ_i_J ~ ·· 1 i + j - ' i,J= com igualdade se, e só se, a 1 15. (OIM.) São dados números reais a 1 , a2, ... , an, tais que O < a1 < a2 < · · · < ªn· Se f : lR \{-ai, ... , -an} -+ lR é a função tal que = · · · = an = O. n f(x) = ~ LJ 11. Seja J(X) = X 3 - 3X + 1. Calcule o número de raízes reais distintas do polinômio f (! (X)). j=l 5.2 13. Dois matemáticos A e B disputam o seguinte jogo: é dado um polinômio de grau par maior ou igual a 4, f(X) = X 2n + a2n-1X 2n-I + · · · + a1X + 1, onde a1, ... , a2n-1 são números reais não especificados. Os jogadores, começando por A, alternam-se especificando os coeficientes de f, até que festeja completamente determinado. No final, A ganha se nenhuma raiz de f for real e B ganha caso contrário. Encontre uma. estratégia ganhadora para B. 14. No começo de uma aula, o professor escreveu no quadro negro um polinômio de grau 3. A partir daí, os alunos, um por vez, vinham ao quadro e perfaziam uma das seguintes operações com o polinômio deixado pelo aluno anterior: ; a· , J .. ·+an. + J'(x) + J"(x) + · · · + j(n)(x) 2: O, para todo x E lR. X para x =/=- -a 1 , ... , -an, prove que o conjunto {x E JR; J(x) 2: 1} pode ser escrito como a união de n intervalos limitados, dois a dois disjuntos e cuja soma de comprimentos é igual a a 1 + a 2 + 12. (Suécia.) Seja f E JR[X] um polinômio de grau n. Se J(x) 2: O para todo x E JR, mostre que f(x) 123 As desigualdades de Newton Nesta seção, apresentamos um conjunto de desigualdades que refina a desigualdade entre as médias aritmética e geométrica (provada na seção 7.2 de [10]). Para tanto, precisamos inicialmente do resultado auxiliar a seguir. Lema 5.9. Se f E JR[X] \ {O} tem k raízes reais, então f' tem pelo menos k - 1 raízes reais. Em particular, se todas as raízes de f forem reais, então todas as raízes de f' também serão reais. Prova. Podemos supor k > 1. Sejam a 1 < · · · < a1 as raízes reais distintas de f, com multiplicidades respectivamente iguais a m 1 , ... , m 1, de tal modo que m 1 + · · · + m 1 = k. Então, já vimos na proposição 3.31 que cada ai é raiz de multiplicidade mi - 1 de f'. Por outro lado, 124 Polinômios sobre lR pelo teorema de Rôlle, entre ai e ai+l há pelo menos mais uma raiz real de f', de modo que contabilizamos ao menos (m 1 - 1) + .. · + (mz - 1) + (l - 1) = k - 1 raízes reais para 111 f'. Para o que segue, dados n > 1 reais positivos a 1 , a 2 , ... , an e O ::; i ::; n, denotaremos simplesmente por Si (aj) a i-ésima soma simétrica elementar de a 1 , ... , an e por Hi (aj) a média aritmética das (7) parcelas que compõem Si(aj), i.e., H,(a;) ~ (7 O lema anterior garante a existência de n-1 reais positivos b1 , ... , bn-l tais que J'(X) = n(X + b1) ... (X+ bn-1), de modo que D O resto é imediato. 125 5.2 As desigualdades de Newton ~J'(X) = xn- 1 + (n ~ 1)H1(bj)xn-2 + ··· + (~ = ~)Hn-1(bj)· Por outro lado, f(X) = I:~=o (7)Hi(aj)xn-i fornece r S,(a;) O teorema a seguir é frequentemente creditado. a Isaac Newton. e segue, daí, que Teorema 5.10. Nas notações acima, para 1 ::; i < n temos Hi(a1, ... , an) ocorrendo a igualdade para algum i se, e só se, a 1 = a2 = · · · = an. Prova. Façamos indução sobre o número n > 1 de reais positivos. Para n = 2, queremos mostrar que Hf (a 1, a 2) 2: H 0 (a 1 , a 2)H2(a 1, a 2) ou, ainda, que ª2) 2 2: ª1ª2· ( ª1 + 2 Mas isto é apenas a desigualdade entre as médias aritmética e geométrica, na qual a igualdade ocorre se e só se a 1 = a 2 . Suponha, por hipótese de indução, que as desigualdades de Newton são válidas para n - 1 reais positivos quaisquer, ocorrendo a igualdade em uma qualquer delas se e só se os n - 1 números forem todos iguais. Agora, consideremos n 2: 3 reais positivos a 1 , a2 , ... , an, e seja Hi(b1, ... , bn-1), para O ::; i ::; n - 1. Pela hipótese de indução, para 1 ::; i ::; n - 2 temos H;(aj) = H;(bj) 2: Hl_ 1(bj)Hf+ 1(bj) = Hl_ 1(aj)Hf+ 1(aj)· (5.1) Resta somente provar que H;,_ 1 (aj) 2: Hn_ 2 (aj)Hn(aj) ou, ainda, que [(n: J t, a, 1 > [ (n: Sendo P 2r ta, · â, â, . . .â; · · a{ > ·ªnl [(:fa, a.] . = a 1 ... an, provar a desigualdade acima equivale a provar que ( J(X) = (X+ a1) ... (X+ an)· = 1 n P) i=l i ;L~ 2 2P P 2: n(n-1) i<j a·a· i J L Polinômios sobre lR. 126 ou, ainda, que (n-1) Fazendo ai = ( 1 ~ -) ~ a· i=l i n 2 1 ~2n~-. ~ i<j a·a· i J ;i , queremos mostrar que 127 5.3 A regra de Descartes Corolário 5.11 (McLaurin). Para n > 1 reais positivos a 1 , a 2 , .•. , an, temos H1(ai) ~ JH2(aj) ~ 1H3(aj) ~ · · · ~ ~Hn(aj), com igualdade em ao menos uma de tais desigualdades se, e só se, todos os ai forem iguais. Prova. Escreva Hi para Hi(ai)· As desigualdades de Newton nos dão Hf ~ HoH2 = H2 e H? ~ H1H3. Logo, Ht ~ H? ~ H 1H 3, de modo que H't ~ H3 e, daí, H? ~ H 1H 3 ~ H! 13 H 3 = Hi/ 3. Assim, H1 > H1/2 > Hl/3. 2 3 Suponha que já mostramos que H1_ > H1/2 > Hl/3 > ... > Hl/k 2 3 k , para algum k < n. Então, 2 Hk onde a última desigualdade é simplesmente a desigualdade entre as médias quadrática e aritmética dos a/s (veja o problema 7.3.3 de [10] ou, ainda, o teorema 6.63 de [12]). Quanto à igualdade, se H;,_ 1 (aj) = Hn(ai)Hn_ 2(aj), então, pelo que fizemos acima, temos a 1 = · · · = an e, daí, a 1 = · · · = ªn· Por outro lado, se Hf(ai) = Hi_ 1(ai)Hi+I(ai) para algum 1 :::;; i :::;; n - 2, éntão (5.1) nos dá Hf (bj) = Hi-i(bi)Hi+I(bi)· A condição de igualdade na hipótese de indução garante, agora, que b1 = · · · = bn-I e, a partir daí, é imediato que a 1 = · · · = ªn· D O corolário a seguir, usualmente imputado ao matemático escocês do século XVIII Colin McLaurin, traz o refinamento prometido da desigualdade entre as médias. k-1 ~ Hk-1Hk+1 ~ ~ Hk k Hk+I, 2-( k-1) l!!±.! o que nos dá Hk k ~ Hk+l ou, ainda, Hk k ~ Hk+l· Essa última desigualdade equivale a Ht 1k ~ Ht(~+I). Para a igualdade, suponha que Ht/k = Ht(~+I). Então, temos Hf = Hk-lHk+l pois, do contrário, teríamos 2 Hk > Hk-1Hk+1 k-1 ~ ~ Hk k Hk+I, 2-( k-1) l!!±.! de sorte que Hk k > Hk+l ou, ainda, Hk k > Hk+I, o que é uma contradição. Assim, a condição para igualdade nas desigualdades de D Newton nos dá a1 = · · · = ªn· 5.3 A regra de Descartes O resultado principal desta seção relaciona o número de raízes positivas de um polinômio de coeficientes reais ao número de mudanças de Polinômios sobre IR 128 sinal de seus coeficientes não nulos. Dentre os resultados demonstrados anteriormente neste capítulo, sua prova utiliza somente o teorema de Bolzano e, portanto, poderia ter sido dada logo após o mesmo; contudo, adiamos sua discussão a fim de privilegiar a exposição dos resultados mais básicos, apresentados anteriormente. Comecemos com o lema combinatório abaixo, o qual pode ser facilmente demonstrado, por indução por exemplo. l1\,:i I'''' Lema 5.12. Em relação ao alfabeto { +, -}, sejam A o conjunto das palavras finitas com sinais inicial e final distintos e B o conjunto das palavras finitas com sinais inicial e final iguais. Para cada palavra · finita a, seja v( a) o número de pares de sinais consecutivos e distintos 129 5.3 A regra de Descartes Lema 5.14. Seja g um polinômio não constante de coeficientes reais e c ~ O ~m real dado. Se J(X) = (X - c)g(X), então V(f) - V(g) é um inteiro positivo ímpar. Prova. Façamos indução sobre og. = 1:2 é claro que podemos supor g mônico. Se g(X) = X, então f(X) = X - cX, de modo que V(f) - V(g) = 1. Suponha, agora, g(X) = X - a, onde a> O. Então, f(X) = X 2 - (a+ c)X + ca, de modo que V(f)-V(g) = 2-1 = 1. O caso g(X) = X +a onde a> o é igualmente fácil: f(X) = X 2 + (a - c)X - ca e, co~o -ca < o'. (a) og seg~e d~ lema ~ ..12 que V(f) é ímpar. Portanto, V(f) - V(g) = V(f), um mteiro positivo ímpar. em a. Então: (a) a E (b) a E (b) Suponha o resultado válido para todo polinômio g tal que f)g < n onde n > 1 é inteiro, e tome um polinômio g de grau n. Dado u~ polinômio qualquer h, denotaremos, sempre que necessário por a e . ' h (3h respectivamente o coeficiente líder de h e o coeficiente do termo de h de menor grau. Assim, A~ v(a) - l(mod 2). B ~ v(a) - O(mod 2). Precisamos, agora, da definição a seguir. Definição 5.13. Seja com r 2:: s. Há três casos a considerar: um polinômio não constante de coeficientes reais, com kn > kn-1 > · · · > k1 > k0 2:: O e aj #- O para O ~ j ~ n. Defina a sequência VJ = (an, O:n-1, ... , 0:1, ao) pondo, para cada inteiro O~ j ~ n, . _ { +, ªJ - - ' • Todos os coeficientes de g são positivos: supondo novamente (e sem perda de generalidade) g mônico, seja g(X) = xn + ... + aXl, com l < n. Então, f(X) = (X - c)g(X) = se aj > O se a·<Ü J . A variação de f, denotada V(f), é o número de pares de sinais consecutivos distintos em v1 . Para nossos propósitos, o resultado a seguir é crucial. xn+i + ... - caXz ' com ca < O; pelo lema 5.12 concluímos que V(f) é ímpar e, daí, que V(!) - V (g) = V(!) é positivo e ímpar. • Existem polinômios u e v tais que g u(X) = auXr + · · · + f3uX8, = u + v, com v(X) = avXP + ... + f3vXq, 130 131 5.3 A regra de Descartes com n = r 2'.: s, p 2'.: q e p + 1 < s. Então, (X - c)g(X) = = • g(X) (X - c)u(X) + (X - c)v(X) (auxr+l + ... - cf3uX 8 ) + (avXP+l + · · · - cf3vXª), uma vez que p + 1 < s. Distingamos, agora, dois subcasos: avf3u > O e avf3u < O. No primeiro deles, temos V(g) = V(u) + V(v). Porém, (-cf3u)av < O, de modo que, por (5.2), V(!) = V((X - c)g) = V((X - c)u) + V((X - c)v) + 1. Pela hipótese de indução (em princípio u tem grau r = n; contudo, s > 1 implica que podemos aplicar a hipótese de indução '. a w(X) = auxr-s + · · · + f3u, uma vez u(X) = X 8 w(X).), segue que V(!) 2'.: (1 + V(u)) + (1 + V(v)) + 1 > V(g) + 1 e, módulo 2, V(!) - (1 + V(u)) + (1 + V(v)) + 1 _ V(g) + 1. No segundo subcaso, avf3u < O, temos V(g) = V(u) anXn + an_ 1 xn- 1 + · · · + akXk, com an, . .. , ak + V(v) + 1 g = 9o - 91 Oe + · · · + (-1 )t9t, tal que cada gi = aiXki + · · · + /3iX 1i (ki 2'.: li) tem todos os coeficientes positivos e, parai< t, li= ki+l + 1. Então V(g) = t e (X - c)g = = = (X - c)go - (X - c)g1 + · · · + (-ll(X - c)gt (X - c)(aoXkº + · · · + /30 X 10 ) - (X - c)(a1Xk1 + · · · + /31Xli) + · · · + (-l)t(X - c)(atXkt + · · · + f3tX 1t) a 0 Xko+l + · · · - (a1 + c/3o)X10 + · · · + (a2 + c/31)Xli + · · · - (a3 + c/32)X12 + · · · + (-l)t(at + cf3t-1)X1t - i + ... + (-l)t+lC/3tXlt. Assim, pelo lema 5.12, há um número ímpar (e, daí, pelo menos um) de pares de coeficientes consecutivos de sinais contrários em cada um dos t + 1 intervalos com reticências acima, de forma que + 1; segue também da observação acim que, módulo 2, V(!)= V((X - c)g) _ t + 1 = V(g) = i= nem todos positivos: escreva V(!)= V((X - c)g) 2'.: t + 1 = V(g) e, por (5.2), V(!)= V((X - c)g) = + 1. V((X - c)u) + V((X - c)v). D Usando novamente a hipótese de indução, obtemos V(!) 2'.: (1 + V(u)) + (1 + V(v)) = V(g) +1 e, módulo 2, V(!)= (1 + V(u)) + (1 + V(v)) = V(g) + 1. De posse do lema anterior, podemos enunciar e provar o resultado do teorema a seguir, o qual é conhecido como a regra de Descartes4 para polinômios de coeficientes reais. 4 Após René Descartes, matemático e filósofo francês do século XVII, conhecido como o pai da Geometria Analítica. 132 5.3 A regra de Descartes Teorema 5.15. Seja f um polinômio não constante de coeficientes reais. Se R+(f) denota o número de raízes positivas de f, então V(f) - R+U) é um inteiro par e não negativo. Corolário 5.16. Se f é um polinômio não constante de coeficientes reais e R_(J) é o número de raízes negativas de f, então V(f (-X))R-U) é par e não negativo. Prova. Façamos indução sobre o grau de f. Se &f = 1 suponhamos, sem perda de generalidade, que f é mônico. Se J(X) = X ou J(X) = X + a, com a > O, então V(f) - R+(f) = O - O = O. Se J(X) = X - a, com a > O, então V(f) - R+U) = 1-1 = O. Suponha, agora, o teorema válido para todo polinômio de grau menor que n, onde n > 1 é inteiro, e seja Prova. Imediata, a partir do teorema 5.15, juntamente com o fato de D que a E R_(J) se, e só se, -a E R+(f). 133 Exemplo 5.17. Sejam ao, a1, ... , ªn-l reais não negativos e não todos nulos. Calcule o número de raízes positivas do polinômio X n - ªn-1 xn-1 - · · · - a1 X - ao. Solução. Se f denota o polinômio do enunciado, a regra de Descartes garante que V(f) -R+(f) é não negativo e par. Mas, como V(f) = 1, é imediato que R+ (!) = 1. D um polinômio de grau n. Há dois casos a considerar: • R+(f) = O: nesse caso, basta mostrar que V(f) é par. Como f (O) = a0 e f (x) tem o sinal de an para todo real x suficientemente grande (por uma estimativa análoga àquela que precede 3. 7)), o fato de que R+ (!) = O garante, via teorema de Bolzano, que anao > O; daí, o lema 5.12 garante que V(f) é par. • R+U) > O: tomando uma raiz positiva e de f, existe um polinômio não constante g tal que f(X) = (X - c)g(X). O lema 5.14 garante a existência de um inteiro ímpar e positivo J, tal que V(f) - R+(f) = (V(g) + I) - (R+(g) + 1) = (V(g) - R+(g)) + (I - 1). Problemas - Seção 5.3 1. Para cada n E N, seja an uma raiz real positiva do polinômio xn - xn-l - xn- 2 - • • • - X - 1. Mostre que, para todo tal n, temos 1 1 2- - -< an -< 2 - 2n-l 2n. 2. (Leningrado.) O polinômio de terceiro grau e coeficientes reais aX 3 + bX 2 + cX + d tem três raízes reais distintas. Calcule o número de raízes reais do polinômio 4(aX 3 + bX 2 + cX + d)(3aX + b) - (3aX 2 + 2bX + c)2. Como, pela hipótese de indução, V(g) - R+(g) é par e não negativo, segue que V(f) - R+(f) é também par e não negativo. D 134 Polinômios sobre lR CAPÍTULO 6 ! i I': . li,I k li' Interpolação de Polinômios O corolário 3.10 garante que há, no máximo, um polinômio de grau n que assume valores predeterminados em n + 1 valores complexos distintos da variável. O que não sabemos ainda é se um tal polinômio realmente existe. Por exemplo, há um polinômio f de coeficientes racionais, grau 3 e satisfazendo as condições f(ü) = 1, f(l) = 2, f(2) = 3 e f(3) = O? Estudaremos, aqui, técnicas que possibilitam responder essa pergunta, técnicas essas denominadas genericamente de interpolação de polinômios. Em especial, discutiremos a classe dos polinômios interpoladores de Lagrange, os quais serão, por sua vez, utilizados para resolver sistemas lineares de Vandermonde sem o recurso aos métodos da Álgebra Linear. A seu turno, o conhecimento das soluções de um tal sistema nos possibilitará estudar, na seção 9.1, uma classe particular importante de sequências recorrentes lineares, estendendo parcialmente o material da seção 4.3 de [10]. 135 Interpolação de Polinômios 136 6.1 Bases para polinômios Para o que segue, lembre-se de que K representa um qualquer dos conjuntos numéricos (Q, IR ou C. Precisamos, inicialmente, estabelecer uma convenção útil. Notação 6.1. Para n E N e 1 Kronecker 1 por ô·. ={ iJ ~ i, j 1, se i O, se i ~ =j =f. j n, definimos o delta de j=l para 1 ~ i ~ n. Agora, sejam dados n EN e elementos dois a dois distintos a 1 , a 2 , ... , ande K. Para 1 ~ i ~ n, definimos o polinômio Li E K[X] por II ªi = (X -ª1) . . . (x=;,i) . . . (X -ªn) , X a·i - a·J a·i - a 1 Teorema 6.2 (Lagrange). Dados n EN e a 1 , ... , an, b1 , ... , bn E K, com a1, ... , an dois a dois distintos, existe exatamente um polinômio f E K[X], de grau menor que n e tal que f(ai) = bi, para 1 ~ i ~ n. Mais precisamente, tal polinômio é f(X) = I:Ôijbj = bi, l:$j:$n Essa propriedade permite, como veremos no teorema a seguir, construir polinômios que assumam valores pré-fixados em elementos distintos de K também pré-fixados; tal resultado é conhecido como o teorema de interpolação de Lagrange. n n = 137 . A vantagem da notação acima vem do fato de podermos usá-la como um marcador de posições, no seguinte sentido: dados n E N e uma sequência (b 1 , ... , bn) em K, temos Li(X) 6.1 Bases para polinômios a·i - a·i a·i - an L bjLj(X), onde os Li são os polinômios interpoladores de Lagrange para o subconjunto { a1, ... , an} de K. Prova. A unicidade segue do corolário 3.10. Por outro lado, tomando f como em (6.1), basta mostrarmos que 8f < n e f(ai) = bi, para 1 ~ i ~ n. Como 8Li = n - 1 para 1 ~ j ~ n e o grau de uma soma de polinômios (sempre que tal soma for não nula) não ultrapassa o maior dentre os graus das parcelas, é imediato que 8f < n. Para o que falta, basta ver que n n j=l j=l #i onde o sinal '"' sobre um fator indica que o mesmo está ausente do produto considerado. Tais polinômios Li são os polinômios interpoladores de Lagrange para o conjunto {a1 , ... , an}· É imediato verificar que, para todos 1 ~ i, j ~ n, tem-se D Uma maneira equivalente de formular o resultado acima é dada pelo corolário a seguir. Corolário 6.3. Sejam n E N e a 1 , ... , an elementos dois a dois distintos de K. Se f E K[X] \ {O} satisfaz 8f < n, então n J(X) = 1 Após o matemático alemão do século XIX Leopold Kronecker. (6.1) j=l L f(ai)Li(X). i=l Interpolação de Polinômios 138 6.1 Bases para polinômios 139 Prova. De fato, definindo n g(X) = L J(ai)Li(X), L4(X) = 1$j$5 i=l #4 temos âf, âg < n e, pela demonstração do teorema anterior, g(ai) = f(ai), para 1 :::;; i :::;; n. Segue novamente do corolário 3.10 que g = f. D Colecionamos, a seguir, dois exemplos de aplicação dos polinômios interpoladores de Lagrange. Exemplo 6.4. Encontre um polinômio f E (Q[X] tal que J(l) f(2) = 2, f(3) = 1, f(4) = -6 e f(5) = 4. = 12, Solução. Explicitemos, primeiramente, os polinômios interpoladores de Lagrange para o conjunto {1, 2, 3, 4, 5}: Li(X) = -j II X 1- j = II X4-J - ! = (X - 1) (X - 2) (X - 3) (X - 5) 4-1 4-2 4-3 4-5 (X1-- 33) (X1-- 44) (X1-- 55) (X - 2) 1- 2 = -~(X 4 -11X 3 + 41X 2 - 61X + 30) e L5(X) = II X5-J - ! = (X - 1) (X - 2) (X - 3) (X - 4) 5-1 5-2 5-3 5-4 1$j$5 #5 = 1 4 24 (X - 10X3 + 35X2 - 50X + 24). Portanto, de acordo com o corolário anterior podemos tomar f(X) = 12L1(X) + 2L2 (X) + L3 (X) - 6L 4 (X) = 19 x 4 12 _ 55 x 3 + 233 x 2 3 4 _ 775 x 6 + 4L5 (X) + 86 _ 1$j$5 #1 = L2 (X) = D _!_(X 4 - 14X 3 24 II X2 -- jj = + 154X + 120), 71X 2 - ·(x2 --33) (X2 -- 44) (X2 -- 55) (X - 1) 2- 1 1$j$5 #2 = L3 (X) = -~(X 4 - 13X3 + 59X 2 - - j (X - 1) (X3 -- 22) (X3 -- 44) (X3 -- 55) II X 3- j = 3- 1 #3 !(X4 4 - 12X 3 + 49X 2 - Prova. Pela fórmula de interpolação de Lagrange, temos 107X + 60), 1$j$5 = Exemplo 6.5. Seja f um polinômio mônico, de coeficientes reais e grau n, e sejam xi, x2 , ... , Xn+1 inteiros dois a dois distintos. Prove que existe 1 :::;; k:::;; n + 1 tal que lf(xk)I 2::: ;l. 78X + 40), Comparando os coeficientes líderes nos dois membros da igualdade acima, obtemos 140 Interpolação de Polinômios Agora, se M = max{IJ(xk)I; 1 $ k $ n + 1} e Pi= ni-1- .(xj - xi) temos ,J ' n+l f( ) n+l n+l 1= L ~ $Llf(~j)I $ML-l. j=l PJ j=l IPJ I j=l IPj I Mas, como E7~[ /~/ é simétrico em relação a x 1 , x 2 , .•. , Xn+i, podemos supor (após reenumerar os x/s, se necessário) que x 1 < x 2 < · · · < Xn+I · Assim, IPil = (xj - x1) ... (xj - Xj-1)(xj+l - Xj) ... (xn+I - xj) admite uma única solução em K. Em particular, se a 1 então X1 = · · · = Xn = Ü. = · · · = an = O, Prova. Se J(X) = Co + c1X + · · · + Cn-1xn-l E K[X], então, multiplicando as equações do sistema respectivamente por c0 , c1 , ... , Cn-1 e somando os resultados, obtemos Agora, fixado 1 $ i $ n, o teorema 6.2 nos permite escolher unicamente c 0 , c1, ... , Cn-1 em K (i.e., escolher !) de modo que f(a 1 ) = = (j - l)!(n + 1 - j)! = :' . .·· = ou, o que é o mesmo l M > - n! o A seguir, mostramos como utilizar polinômios interpoladores de L_agran~e para resolver certos tipos de sistemas lineares de equações, ditos sistemas de Vandermonde2 , os quais encontrarão utilidade na seção 9 .1. Proposição 6.6 (Vandermonde). Dados elementos a 1 , a2, ... , an, ª1, a2, · · ·, an de K, sendo a1, a2, ... , an dois a dois distintos o sistema linear de· equações + X2 + · · · + Xn a1x1 + a2x2 +···+an x n a~x1 + a 2 2x2 + · · · + an2x n ' - af- 1x1 + a~- 1x2 + · · · + a~-lXn = f(X) = aofo(X) (6.2) an ~-::-~~~~~~~~- 2 Alexandre-Theóphile = 1. Portanto, a igualdade Vandermonde, matemático francês do século XVIII. O Definição 6.7. Uma base para K[X] é uma sequência3 (!o, li, h, .. .) de elementos de K[X] satisfazendo a seguinte condição: para todo f E K[X], existem únicos n E Z+ e a0 , ... , an E K tais que G1 a3 O e f(ai) Uma limitação dos polinômios interpoladores de Lagrange para um subconjunto finito de K vem do fato de que, com eles, só geramos o conjuto dos polinômios de graus menores que o número de elementos do conjunto em questão. Remediamos essa situação com a seguinte definição mais geral. ,.., uc 2 , = e a arbitrariedade do 1 $ i $ n escolhido termina a demonstração. 2n· X1 -- f(ai) = · · · = f(an) acima garante que deve ser De posse das estimativas acima, obtemos finalmente n+l n+l , l $ M L - l $ M L ! ( . n )=2nM i=l IPil i=l n! J - 1 n! 1 141 2 [(j - 1) ... 2 · 1][1 · 2 ... (n + 1 - j)] C-1) ' 6.1 Bases para polinômios + · · · + anfn(X). Exemplo 6.8. Uma maneira simples de construir uma base para K[X] é tomar uma sequência (!0 , J1 , h, .. .) de K[X] tal que 8fi = j, para uma sequência (IJ)i?.O em IK[X] ê uma função <I>: Z+-+ IK[X], <I>(j), para j ~ O. 3 Formalmente, tal que ÍJ = Interpolação de Polinômios 142 j 2::: O. Para mostrar que um tal sequência é realmente uma base para OC:[X], temos de provar as duas afirmações a seguir: 6.1 Bases para polinômios 143 aG) de que = k, para todo k E Z+. Quanto a (ii), basta mostrarmos que, para todo n E Z+, existem a0 , a 1, ... , an E OC: tais que (6.3) (i) Se a0 , a 1, ... , an e b0 , b1, ... , bn são elementos de OC: tais que então ai = bi, para O :::::; i :::::; n. (ii) Para todo f E IK[X], existem n EN e a0 , a1, ... , an E OC:, tais que f(X) = aofo(X) + aif1(X) + · · · + anfn(X). Deixamos ao leitor a verificação de que a validade das afirmações dos itens (i) e (ii) acima é realmente equivalente ao fato de que tal sequência de polinômios é uma base ( veja o problema 1). Como caso particular do exemplo acima, note que a sequência (1,x,x 2 ,x3 , ... ) é uma base para IK[X] (como, aliás, já sabíamos). No que segue, construímos, a partir dos números binomiais, uma base bastante útil para IK[X]. Para tanto, precisamos da definição a segmr. Definição 6.9. Para k E Z+, definimos o k-ésimo polinômio binomial (~) por (~) = 1, (~) = X e, para k > 1, (~) = Sem apelar diretamente para o resultado do exemplo supracitado, façamos indução sobre n 2::: O. Para n = O e n = 1, a validez de (6.3) segue da definição de polinômio binomial. Suponha agora que, para um certo k E N, existam a0 , a 1, ... , ak E OC: satisfazendo (6.3) quando n = k. Então, t,x(x -1) ... (X - k + 1). Como aplicação do exemplo 6.8, afirmamos que a sequência dos polinômios binomiais é uma base para IK[X]. Para tanto, basta mostrarmos que as condições dos itens (i) e (ii) são satisfeitas. A verificação da validade da condição (i) segue, como no exemplo 6.8, do fato (6.4) e, para terminar, basta ver que ( ~) X J = -;, X (X - 1) ... (X - j + 1) (X - j + j) J. 1 = --:,X(X - 1) ... (X - j + l)(X - j) J. + ~1X(X J. = (j + 1) ... (X - j + 1) 1) (j : 1) + j ( ~). Ainda que o conceito de base de polinômios, conforme formulado nesta seção, não se aplique ao conjunto dos polinômios de coeficientes inteiros, uma rápida revisão da discussão acima estabelece o seguinte resultado mais geral. Proposição 6.10. Se f E IK[X] \ {O} é um polinômio de grau n, então existem únicos a0 , a 1, ... , an E OC: tais que Ademais, se f E Z[X], então podemos tomar a0 , a 1, ... , an E Z. 144 Interpolação de Polinômios,. Prova. É suficiente provar que os coeficientes a0 , a 1 , ... , an em (6.3) são inteiros. Argumentando novamente por indução, suponha que tal afirmação é verdadeira quando n = k. Então, os cálculos subsequentes a (6.4) fornecem 145 6.1 Bases para polinômios (uma vez que (J)(k) = O se j > k). Agora, aplicando o lema 2.12 de [13], concluímos que para O:::;; k:::;; n. Mas, uma vez que (1)(x) E Z para todo x E Z (veja D O problema 2), segue de (6.5) que f(x) E Z, para todo x E Z. Problemas - Seção 6.1 com ª-1 = ak+l = O. Portanto, ai E Z, para O :::;; j :::;; k + 1, de forma que j(ai-l + ai) E Z, para O :::;; j :::;; k + 1, completando o passo de indução. D Vejamos um exemplo interessante de aplicação das ideias discutidas acima. Exemplo 6.11. Seja f E JR[X] um polinômio de grau n e suponha que J(O), f(l), ... , f(n) sejam inteiros. Prove que f(x) é inteiro para todo inteiro x. Prova. Pela proposição acima, existem a0 , a 1 , ... , an E lR tais que (6.5) Portanto, para O :::;; k :::;; n fixado, temos f(k) = t ª i (~) (k) = j=O J 1. * Termine a discussão do exemplo 6.8. 2. * Para k E Z+, prove que (1)(x) E Z, para todo x E Z. 3. (Estados Unidos.) Seja f um polinômio de grau n, tal que J(k) = (nt1)- 1 para O :::;; k :::;; n. Calcule f (n + 1). 4. (Canadá.) Seja f um polinômio de grau n, tal que f(k) = para todo inteiro O :::;; k :::;; n. Calcule f (n + 1). 5. Seja n um natural dado. (a) Mostre que O, -1, -2, ... , -n são raízes do polinômio f(X) = t(-l)i(~)x(X+l) ... (x+J) ... (X+n)-n!. j=O J (b) Conclua, a partir de (a), que, para todo k EN, tem-se t j=O (~)ai J k!l .(n) ~(-l)J n j 1 n! k+j = k(k+l) ... (k+n)" 146 Interpolação de Polinômios 147 6.2 Diferenças finitas Definição 6.12. Sejam h um número real e f: lR-+ lR uma função dada. Para k 2:: O inteiro, definimos a k-ésima diferença finita de f com incremento h. como a função D.~f : lR -+ JR, dada por: (c) Use o item (b) para calcular, em função de n, o valor da soma I: k(k + 1) ... (k + n)" 1 k2::l (a} D.if =f. 6. Dados números reais dois a dois distintos a, b, c e d, resolva sistema de equações ax1 + a2x2 + a 3 x3 + a4x4 bx1 + b2x2 + b3 x3 + b4x4 + c 2 X2 + C3 X3 + C4 X4 dx1 + d2x2 + d3 x3 + d4x4 CX1 O i = j=O ,:1 , , li ·I:,, ;!, Prove que X - 1 divide Pi(X), para O :Si :S n - 2. 8. (Leningrado.) Uma sequência finita a 1 , a2, ... , an é p-balanceada se todas as somas da forma , (a) Se f é constante, então D.hf = 1 1 •'!' 6.2 Diferenças finitas Outra técnica de interpolação útil, mas um tanto mais elaborada, é a das diferenças finitas. Esboçamos os rudimentos da mesma nesta seção. JR. O. (b) Se a e b são constantes reais, então D.h (af + bg) = aD.hf + bD.hg. (c) D.h(f g) = (b.hf)(g + D.hg) + f D.h9· (d} D.~f = D.~- 1(b.hf), para todo k EN. (e) Se k 2:: O e x E JR, então (b.~f)(x) - ~(-1); ':I E Proposição 6.13. Nas notações da definição anterior, dados h E lR e f, g : lR -+ JR, temos que: k forem, para k = 1, 2, ... , p, iguais entre si. Prove que, se n = 50 e a sequência (aih~i 90 for p-balanceada para p = 3, 5, 7, 11, 13 e 17, então todos os seus termos são iguais a zero. f(x), para todo x A fim de que tal definição tenha utilidade, precisamos das propriedades de D.~f contidas na proposição a seguir. 1 (xn-i + xn- 2 +···+X+ l)p(X). + h) - (c} D.~f = D.h(D.~- 1!), se k 2:: 2. 1 1 1 7. (Estados Unidos.) Sejam n > 3 inteiro e p, Po, Pi, ... , Pn- 2 polinômios tais que n-2 LXipi(Xn) (b} (b.if)(x) = (D.hf)(x) = f(x Prova. (a) Para x E JR, temos D.hf(x) = f(x é constante. G)t(x+ (k- j)h). + h) - f(x) = O, uma vez que f (b) Para x E JR, temos (b.h(af + bg))(x) = + bg)(x + h) - (af + bg)(x) a(f(x + h) - f(x)) + b(g(x + h) - = a(b.hf)(x) + b(D.hg)(x). = (af g(x)) Interpolação de Polinômios 148 (c) Façamos indução sobre k 2:: 1, sendo o caso k = 1 imediato. Suponha, por hipótese de indução, que a fórmula valha para um certo k EN. Para k + 1, temos: J(x + (k + l)h) = f(x + kh) + (ô.1f)(x + kh) k = f(x +kh) + ~ G) k G) G) + ~ G) G) =~ (À~-; J)(x) = (À!-; f)(x) + (,:l~+l J)(x) t +~ (Á~+H f)(x) = (,:l~+l f)(x) t.(-1); G) ·(l) = + (l - j)h) f(x + (l + l)h) + t.(-1); (e: e~ 1) - 1)) f(x + (l+ 1- j)h) G)1cx + (l - j)h) ~(-l)i (l : 1) f(x + (l + 1- j)h) - t.(-1); (Áincx) 1 = J (d) Façamos indução sobre k 2:: 1, sendo o caso k = 1 imediato a partir da definição 6.12. Suponha, por hipótese de indução, o resultado verdadeiro quando k = l 2:: 1. Para k = l +1, aplicando sucessivamente a o item (c) da definição 6.12, a hipótese de indução e novamente o f(x) = (,:lif)(x). f(x +h + (l - j)h) l 3 j - ~(-1) f(x (,:lH f)(x) k+l ( k ~ 1) (ô.~+1-j f)(x). I: j=O O ex E JR, então = ô.h(ô.~f)(x) = (ô.~f)(x + h) - (ô.~f)(x) = · 1)) (Át+l)-(j+l) f)(x) = Suponhamos, agora, que a fórmula valha quando k = l 2:: O, e provemos sua validade para k = l + 1. Para x E JR, aplicando sucessivamente o item (c) da definição 6.12 e a hipótese de indução, obtemos + +te: 1) +t (G) +e; + (À:-; f)(x) = (,:l:+1 f)(x) ô.~+lf = ô.'fi(ô.~f) = ô.h(ô.~-l(ô.hf)) = ô.~(ô.hf). (ô. 1+1 f)(x) Agora, executando uma troca de índices na última soma acima e utilizando a relação de Stifel, obtemos f(x + (k + l)h) sucessivamente igual a t G) item (c) da definição 6.12 (desta feita à função ô.hf, no lugar de!), obtemos t,(-1); G)f(x) = (-l)ºG)f(x) = k (Á~-(i-1) f)(x). 149 (e) Façamos indução sobre k 2:: O. Se k (Á~-;(,:l!.f))(x) k 6.2 Diferenças finitas - t.(-1/ e~ (l) 1)f(x + (l + 1- j)h) l 3. j - ~(-1) f(x + (l - j)h), Interpolação de Polinômios 150 onde utilizamos a relação de Stifel (6.2) de [10] na penúltima igualdade acima. Portanto, t,!+1 f(x) = t{-1); + n·'''"' 'ii-;i'1· ,1' li 1)1<x + (l t{-li G) (!J.hf)(x) = f(x f(x + (l - j)h) J! :11 ' = t{-1); 1)t<x + (l + 1- j)h) Conforme ficará patente nos dois exemplos a seguir, a principal utilidade das fórmulas para diferenças finitas discutidas acima é o fato de as mesmas nos permitirem calcular diretamente o valor que um polinômio assume em um ponto que não os de interpolação, caso tais pontos de interpolação sejam os termos de uma progressão aritmética. ·(l) f(x + (l - j)h) - ~(-1) ·(l) f(x + l 1 + L(-1) l = t{-1); . J j=O 3 j e: f(x), 1J.t- . e: + h) - e este é o valor do polinômio !J.hf(X) := f(X +h)- f(X) para X= x. Agora, observe que !J.hf(X) tem grau k -1. Portanto, argumentando por indução sobre o grau de um polinômio, segue do item (d) da 1(/J.hf) tem grau O, de sorte que é proposição anterior que !J.~f = constante. Logo, !J.~f(X) = O para l > k. D J j=O si, ao passo que as l-ésimas diferenças, com l > k, são todas iguais a zero. Prova. Para x E IR, temos + 1- j)h) - {-1)1+1 f(x) ·(l) f(x + (l - j)h) l 1 ,I)-1) i:l,1 :! e: 151 6.2 Diferenças finitas (l - j)h) Exemplo 6.15. Seja f E lR[X] um polinômio de grau m 2:: 1, tal que f(j) = ri para O:::; j :::; m, onde r é um real positivo dado. Calcule os possíveis valores de f (m + 1). 1)1<x + (l + 1- j)h) D Dentre as propriedades de diferenças finitas elencadas na proposição acima, a que encontra uso mais frequente em problemas de interpolação é a do item (e), principalmente quando combinada com o próximo resultado. Note que a proposição anterior se refere a diferenças finitas de funções em geral, ao passo que o que segue é especificamente relacionado a diferenças finitas de polinômios. Proposição 6.14. As k-ésimas diferenças finitas, com incremento h, de um polinômio de coeficientes reais e grau k são todas iguais entre Solução. Ponha h = 1 e escreva !J.k f para denotar !J.tf. O item (e) da proposição 6.13 garante que k 1:,• f(x) = ~{-1); G) f(x + para todo x E R Mas, uma vez que nos dá, então, af k - j) = m, a proposição anterior ri i,I 11 152 Interpolação de Polinômios Portanto, m+l ( ) /(m+l) = ~{-l)i+' m;l /{m+l-j) 6.2 Diferenças finitas 153 Para o que falta, note inicialmente que 997 é primo (utilize o crivo de Eratóstenes, por exemplo). Portanto, o pequeno teorema de Fermat garante que 2996 1 (mod 997), de sorte que 21992 = (2 996 )2 - 1 (mod 997). A partir daí, é imediato que = rm+l - I:(-l)j (m ~ l)rm+l-j f(1994) = 21994 - 2 =22 - 2 - 2 (mod 997). J j=O = rm+l - (r - l)m+1, onde utilizamos a fórmula de expansão binomial de (r - l)m+l na última igualdade acima. D Assim, temos o sistema linear de congruências { !(1994) O(mod2) !(1994) - 2 (mod 997) '1 1 1 A solução do próximo exemplo utiliza livremehte alguns conceitos e resultados básicos de Teoria dos Números, os quais podem ser encontrados em [14]. Exemplo 6.16. Seja f um polinômio de grau 1992, tal que f(j) = 2i para 1 ~ i ~ 1993. Calcule o resto da divisão de f (1994) por 1994. o qual possui, pelo teorema chinês dos restos, uma única solução, módulo 2 · 997 = 1994. Mas, como 2 é claramente uma solução, segue que !(1994) - 2 (mod 1994). D Solução. Combinando o item (e) da proposição 6.13 com a proposição 6.14, e escrevendo novamente l::1k f para denotar l::1tf, temos 1993 t) /{1994- j). O= t. 1993 /(1) = ~(-1)' ( 19 Problemas - Seção 6.2 1. Prove que, para todo polinômio f E IR[X], temos Portanto, k /{1994) ( ) = 1993 ~(-l)i+l 1~93 21994-j 1993 = (19:3) 2'"' _ 2 ~ ( -1 )' (1~93) 21993-j = 21994 - 2(2 - 1)1993 = 21994 - 2. f(x + kh) = ~ G) (L'.~-; f)(x), para todos h, x E IR e todo k 2:: O. 2. (Canadá.) Seja f um polinômio de grau n, tal que f(k) para todo inteiro O ~ k ~ n. Calcule f (n + 1). = k!l Interpolação de Polinômios 154 3. (Estados Unidos.) Seja f um polinômio de coeficientes reais e grau n, tal que J(k) = (nt1)- 1 , para O S k S n. Calcule os possíveis valores de f(n + 1). 4. Um polinômio f, de grau 990, é tal que J(k) = Fk para 992 S k:::;; 1982, onde Fk é o k-ésimo número de Fibonacci. Prove que f (1983) = ,•,tf i:·. 5. Seja CAPÍTULO 7 F19s3 - 1. f um polinômio de coeficientes reais, tal que: (a) f(l) > f(O) > O. Fatoração de Polinômios (b) f(2) > 2f(l) - f(O). (c) f(3) > 3f(2) - 3f(l) + f(O). (d) J(n + 4) > 4f(n + 3) - 6f(n + 2) + 4f(n + 1) - J(n) para todo n EN. Prove que J(n) > O, para todo n EN. O algoritmo da divisão para polinômios fornece uma noção de divisibilidade em IK[X] quando IK = Q, li ou <C, a qual goza de proprieda- des análogas àquelas da noção correspondente para números inteiros. É, então, natural perguntar se, assim como em Z, temos em IK[X] polinômios primos, os quais forneçam algum tipo de fatoração única, com propriedades similares às da fatoração única de inteiros. Nosso propósito neste capítulo é fornecer respostas precisas a tais questões, as quais encompassarão também polinômios com coeficientes em Zp (p primo). Referimos o leitor à introdução do capítulo 1 de [10] ou, mais geralmente, ao capítulo 1 de [14), para uma revisão dos conceitos correspondentes em Z. 7.1 Fatoração única em (Q[X] Ao longo desta seção, IK denota Q, li ou <C. 155 ····.1·· r . 1 ;·, . i: ' ' Fatoração de Polinômios 156 Dizemos que dois polinômios f, g E IK[X] \ {O} são associados (em IK[X]) se existir a E lK \ {O} tal que f = ag. Por exemplo, os polinômios de coeficientes reais f(X) = 4X 2 - 2X + 1 e g(X) Definição 7.1. Dados f, g E IK[X] \ {O}, dizemos que d E IK[X] \ {O} é um máximo divisor comum de f e g, e denotamos d= mdc (!, g), se as duas condições a seguir forem satisfeitas: I f, g em IK[X]. (b) Se d' E IK[X] \ {O} divide f e g em IK[X], então d' 1 d em IK[X]. O próximo resultado, também conhecido como o teorema de Bézout1 para polinômios, garante a existência de um mdc para dois polinômios não nulos sobre IK, o qual é único a menos de associação (i.e., a menos de multiplicação por elementos não nulos de IK). Para o enunciado do mesmo, dado f E IK[X] denotamos por fIK[X] o conjunto dos múltiplos de f em IK[X], i.e., flK[X] = {af; a E IK[X]}. Teorema 7.2. Sejam f, g E IK[X] \ {O}. Se S = {af + bg; a,b E IK[X]}, então existe um polinômio d E IK[X] \ {O} satisfazendo as seguintes condições: 1 Após 'Etienne Bézout, matemático francês do século XVIII. ( a) S = dlK[X]. 157 Em particular, d I f, g em IK[X]. (b) Todo polinômio em IK[X] \ {O} que divide f e g também divide d. 1 = 2\/'2X 2 - v'2X + v2 são associados em IR[X], uma vez que f = \129 e v2 E IR\ {O}. Se f, g E IK[X] \ {O} são dados, dizemos que um polinômio p E IK[X] \ {O} é um divisor comum de f e g quando p I f, g. Note que f e g sempre têm divisores comuns: os polinômios constantes e não nulos sobre IK, por exemplo. (a) d 7.1 Fatoração única em Q[X] Ademais, tal polinômio d é único, a menos de associação. Prova. (a) Se d E S \ {O} é tal que ad = min{ ah; h E S \{O}}, afirmamos inicialmente que S = dlK[X]. De fato, sendo d= a0 f +b0 g, com a0 , b0 E IK[X], e c E IK[X], então cd = (cao)f + (cbo)g E S, i.e., dlK[X] e S. Reciprocamente, tome h E S, digamos h = af + bg, com a, b E IK[X]. Pelo algoritmo da divisão, temos h = dq + r, com q, r E IK[X] e r = O ou O ::; ar < ad. Mas, se r # O, então ar < ad e r = h - dq = (af + bg) = (a - aoq)f + (b - - (aof + bog )q boq)g E S, uma contradição à minimalidade do grau de d em S. Logo, r = O e, daí, h = dq E dlK[X]. Para a segunda parte do item (a), basta ver que f, g E S = dlK[X], de forma que, em particular, f e g são múltiplos de d em IK[X]. (b) Seja d1 E IK[X] \ {O} um polinômio que divide f e g, digamos f = dif1 e g = d191, com f1, 91 E IK[X]. Se a, b E IK[X], então af + bg = (af1 + bg1)d1 E d1IK[X]. Mas, como af +bg é um elemento genérico do conjunto S, segue então que d E dlK[X] =Se d1IK[X]; 158 Fatoração de Polinômios ,r em particular, d é um múltiplo de d1 , conforme desejado. .J 1 A última afirmação é deixada como exercício para o leitor (veja O problema 1). O 1 : :~·· 1 i. '!.] • 1 Graças à parte de unicidade do teorema de Bézout, doravante convencionamos que o mdc de dois polinômios não nulos sobre K é sempre mônico. Por outro lado, continuando a paráfrase com a noção de mdc em Z, dizemos que dois polinômios f, g E K[X] \ {O} são primos· entre si, ou relativamente primos, quando mdc (!, g) = 1. Isto posto, temos a seguinte consequência do teorema anterior. Corolário 7.3. Se f, g E K[X] \ {O}, então f e g são primos entre si. se, e só se, existem polinômios a, b E K[X] tais que af + bg = 1. Prova. Se mdc (!, g) = 1, a existência de a, b E .K[X] como no enunciado segue do teorema de Bézout. Reciprocamente, se d= mdc (!, g) e existem a, b E K[X] tais que af + bg = 1, então, novamente pelo teorema de Bézout, temos que 1 E dK[X], i.e., d é um divisor do polinômio constante 1. Mas, uma vez que d é mônico, segue que d= 1. o Corolário 7.4. Sejam f, g E K[X] \ {O} primos entre si eh E K[X] \ {O} tal que âh < â(f g). Então, existem a, b E K[X] tais que a= O ou âa < âg, b = O ou âb < âf e af + bg = h. Prova. Pelo corolário anterior, existem a 1 , b1 E K[X] tais que aif + b1g = 1. Daí, fazendo a2 = a1h e b2 = b1h, temos a2f + b2g = h. Agora, pelo algoritmo da divisão, temos a2 = gq + a, com a = O ou O~ âa < âg. Assim, h ~ (gq + a)f + b2g = af + (qf = â(bg) = â(h - aí) ~ âh de sorte que âb < âf. D A definição a seguir é central para o restante deste capítulo . Definição 7.5. Um polinômio p E K[X] \ K é irredutível sobre ][{ se p não puder ser escrito como produto de dois polinômios não constantes e com coeficientes em K. Um polinômio p E K[X] \ K que não é irredutível é dito redutível sobre K. Em geral, é útil refrasear a condição de irredutibilidade contrapositivamente; assim, um polinômio p E K[X] \ K é irredutível se, e só se, a seguinte condição for satisfeita: p = gh, com g, h E K[X] ==} g E K ou h E K. (7.1) A fim de dar um sentido mais concreto ao conceito de polinômio irredutível, vejamos dois exemplos simples. Exemplo 7.6. É imediato, a partir de (7.1), que todo polinômio p E K[X] de grau 1 é irredutível; de fato, sendo p = gh, com g, h E K[X], segue da proposição 2.9 que âg+âh = âp = 1 e, daí, âg = O ou âh = O, í.e., g ou h é constante. Por outro lado, pelo teorema fundamental da álgebra (o teorema 3.24), os polinômios irredutíveis em C[X] são precisamente aqueles de grau 1. Exemplo 7. 7. Se p E JR[X] é irredutível sobre JR, então âp = 1 ou 2. De fato, de acordo com o problema 2, página 74, um número complexo z é raiz de p se, e só se, z também o for. Consideremos, pois, dois casos separadamente: + b2)g e, fazendo b = qf + b2, temos h = af + bg, com a= O ou âa < âg. Por fim, como bg = h - af, se b #- O, temos âb + âg 159 7.1 Fatoração única em Q[X] < â(f g) = âf + âg, ( a) âp 2:: 3 e p tem pelo menos uma raíz real, a digamos: pelo teste da raíz (proposição 3.3) temos p(X) = (X - a)h(X), para algum h E JR[X] de grau 2, e p é redutível sobre JR. Fatoração de Polinômios 160 (b) 8p 2': 3 e p tem duas raízes não reais conjugadas, digamos z e z: novamente pelo teste da raiz, temos p(X) = (X -z)(X -z)h(X), para algum polinômio h E C[X] de grau pelo menos 1. Mas, se z =a+ bi e g(X) = (X - z)(X - z), então g(X) = (X - a - bi)(X - a+ bi) = (X - a) 2 + b2 E II[X]. Portanto, aplicando o algoritmo da divisão à divisão de p por g, concluímos que h E II[X]. Assim, p = gh, com g, h E II[X] \ II, e p é redutível sobre II. Graças ao exemplo acima, doravante consideraremos a noção de irredutibilidade de polinômios somente para polinômios sobre Q. Nesse sentido, um argumento análogo ao do item (a) do último exemplo acima permite concluir que, se p E Q[X] tem grau 2 ou 3, então p é irredutível sobre Q se, e só se, não tiver raízes em (Q (veja o problema 7.1 Fatoração única em Q[X] 161 Como p 1 (f g), segue da igualdade acima e do problema 4 que p I g, conforme desejado. D No que segue, mostraremos que todo polinômio f E Q[X] \ Q pode ser escrito unicamente, a menos de associação, como o produto de um número finito de polinômios irredutíveis. Mais precisamente, mostraremos que: (i) Existem polinômios irredutíveis p 1 , ... ,Pk E Q[X] \ Q tais que f = P1 .. ·Pk· (ii) Se q1 , ... , q1 E Q[X] \ Q são também irredutíveis e tais que f = q1 ... q1, então k = l e, a menos de uma reordenação, Pi e qi são associados em Q[X]. Comecemos examinando a parte de existência. 3). Voltando ao conceito geral de polinômio irredutível, note que, se p E Q[X] \ Q é irredutível, então os únicos divisores de p (em Q[X]) são os polinômios constantes e aqueles associados a p. Temos, pois, o seguinte resultado importante. Proposição 7.8. Seja p E Q[X] \ Q irredutível. Se !1, ... , Ík E Q[X] \ {O} são tais que p I fi ... Ík, então existe 1 : : :; i :::::; k tal que p I Íi· Prova. Por indução, basta mostrarmos que, se p I f g, com f, g E Q[X] \ {O}, então p I f ou p I g. Se p f f, afirmamos inicialmente que mdc (f,p) = 1; de fato, se d= mdc (f,p), então d I p, de forma que d E Q ou d é associado a p em Q[X]. Mas, se d for associado a p, então segue de d I f que p I f, o que é uma contradição. Logo, d E (Q e, daí, d= 1. Agora, pelo corolário 7.3, existem polinomios a, b E Q[X] tais que af + bp = 1, de sorte que a(f g) + (bg)p = g. Proposição 7.9. Todo polinômio f E Q[X] \ Q pode ser escrito como produto de um número finito de polinômios irredutíveis sobre Q. Prova. Façamos indução sobre 8f, sendo o caso 8f = 1 imediato (já vimos que, nesse caso, f é irredutível). Por hipótese de indução, suponha o resultado verdadeiro para todo polinômio em Q[X] \ Q de grau menor que n, e tome f E Q[X] \ Q tal que af = n. Se f for irredutível, nada há a fazer. Senão, podemos escrever f = gh, com g, h E Q[X]\Q. Logo, 8g, 8h < n, e a hipótese de indução garante que g e h podem ambos ser escritos como produtos de um número finito de polinômios irredutíveis sobre Q, digamos g = P1 ... Pi eh = Pi+l ... Pk· Então f = gh = P1 ... PiPi+l ... Pk, um produto finito de polinômios D irredutíveis sobre Q. O próximo resultado garante a validade da parte de unicidade (a menos de associação) da representação de um polinômio não constante sobre Q como produto de polinômios irredutíveis. Proposição 7.10. Se Pi, ... ,Pk, q1, ... , qz E Q[X] \ Q são irredutíveis e tais que p 1 ... Pk = Q1 ... qz, então k = l e, a menos de uma reordenação, Pi e Qi são associados sobre Q. Prova. Se k = 1, temos p 1 = q1 ... qz, e a irredutibilidade de p 1 garante que l = 1. Analogamente, l = 1 ::::} k = 1. Suponha, pois, k, l > 1; como Pk I q1 ... qz, a proposição 7.8 garante a existência de 1 ::;; j ::;; l tal que Pk I qj. Suponha, sem perda de generalidade, j = l. Como qz é irredutível e Pk ~ Q, a única possibilidade é que Pk e q1 sejam associados, digamos Pk = uq1, com u E Q \ {O}. Então 163 Fatoração única em Q[X] Fatoração de Polinômios 162 Problemas - Seção 7 .1 1. * Complete a prova do teorema 7.2. 2. Sejam f, g E Q[X] \ Q polinômios tais que onde Pi, ... ,Pk, Q1, ... , Ql e r 1 , ... , rm são polinômios mônicos e irredutíveis, dois a dois não associados, e ai, a~, (3j, f3; E N. Prove que mdc (!, g) = p]1 .. ·Pl/, com 'Yi = min{ ai, [3i}, para 1 ::;; com q~ = Qi para 1 ::;; i < l - 2 e qf- 1 = uq1_ 1 , todos irredutíveis sobre Q. Por indução sobre max{k, l}, temos k-l = l-l e, a menos de uma reordenação, Pi associado a q~ para 1 ::;; i ::;; l - 1. Portanto, a menos de uma reordenação, Pi e Qi são também associados sobre Q. D Resumimos as duas proposições acima dizendo que, em Q[X], temos fatoração única. Assim como em Z, se f E Q[X] \ Q é tal que f = P1 · · ·Pk, com p 1 , ... ,Pk E Q[X] \ Q irredutíveis, então, reunindo os fatores Pi iguais a menos de associação, obtemos (7.2) com q1 , ... , qz E Q[X]\Q irredutíveis e dois a dois não associados, e a 1 , ... , a 1 EN. A expressão (7.2) (também única a menos de associação) é a fatoração canônica de f em Q[X], e q1 , ... , qz são os fatores irredutíveis de f em Q[X]. * Se p i::;; k. 3. Q[X] é um polinômio de grau 2 ou 3, prove que p é irredutível sobre Q se, e só se, p não tiver raízes em Q. 4. * Se J, g, h E Q[X] \ {O} são tais que f I g, h, prove que f E divide · ag + bh, para todos a, b E Q[X]. 5. Se f E JR[X] \ lR tem grau maior que 1, prove que f pode ser escrito, de maneira única a menos de associação, como produto de um número finito de polinômios irredutíveis sobre R 6. O objetivo deste problema é estabelecer a existência de decomposições de quocientes de polinômios em frações parciais. Para tanto, sejam dados f, g E K[X] \ {O}. (a) Se 8 f < og e g = gf 1 ••• g~k é a fatoração canônica de g em polinômios irredutíveis de K[X], prove que existem polinômios J1 , ... , Ík em K[X], tais que Íi = O ou ofi < o(g;j), para 1 ::;; j ::;; k, e k t g = L 1j" j=l gj Fatoração de Polinômios 164 (b) Se 9 é irredutível sobre K e k 2: 1 é inteiro, prove que existem polinômios q, r 1 , ... , rk E K[X], com rj = O ou arj < 89, tais que f k = 9 7.2 k ~r- q+ L.....J --2. j=l 9J Fatoração única em Z[X] Estudamos, na seção anterior, o problema de fatoração única para polinômios com coeficientes racionais. Nesta seção, estendemos a análise de tal problema a polinômios com coeficientes inteiros. Nesse sentido, a definição a seguir se revelará crucial. Definição 7.11. Se f E Z[X] \ {O}, o conteúdo e(!) de f é o mdc de seus coeficientes não nulos. Se e(!) = 1, dizemos que f é um polinômio primitivo em Z[X]. Por simplicidade de notação, se Z[X] \ {O}, denotamos f e(!) = mdc (ao, ... , an)· O lema a seguir, cuja prova deixamos ao leitor (veja o problema 1), estabelece duas propriedades úteis do conceito de conteúdo de um polinômio de coeficientes inteiros. Lema 7.12. (a) Se f E Z[X] \ {O} e a E Z \ {O}, então c(af) = lal · e(!). Em particular, existe 9 E Z[X] \ {O} primitivo tal que f = c(J)9. (b) Se f E Q[X] \ {O}, então, a menos de multiplicação por -1, existem únicos a, b E Z\ {O} primos entre si e 9 E Z[X] primitivo tais que f = (a/b)9. 7.2 Fatoração única em Z[X] 165 A importância do conceito de conteúdo de um polinômio de coeficientes inteiros reside no papel chave que o mesmo desempenha no estudo de polinômios irredutíveis sobre Z, a começar pela definição • dos mesmos. Definição 7.13. 2 Um polinômio p E Z[X] \ Z é irredutível sobre Z se p for primitivo e não puder ser escrito como produto de dois polinômios não constantes em Z[X]. Um polinômio primitivo p E Z[X] \ Z que não é irredutível é dito redutível sobre Z. Novamente, é útil refrasear a condição de irredutibilidade de polinômios de coeficientes inteiros contrapositivamente, de modo que um polinômio primitivo p E Z[X] \ Z é irredutível se, e só se, a seguinte condição for satisfeita: p = 9h, com 9, h E Z[X] =} 9 = ±1 ou h = ±1. (7.3) A proposição a seguir é conhecida como o lema de Gauss. Proposição 7.14 (Gauss). Para f, 9 E Z[X] \ Z, temos que: (a) c(f 9) = c(f)c(9). Em particular, f9 é primitivo se, e só se, f e 9 o forem 3 . (b) Se f é primitivo, então f é irredutível em Z[X] se, e só se, o for em Q[X]. (c) Se f e 9 forem primitivos e associados em Q[X], então f = ±9. Prova. (a) Pelo lema 7.12, se f = c(f)f1 e 9 = c(9)9 1, então f 1,91 E Z[X] são primitivos e f 9 = c(f)c(9)f191, de modo que c(f9) = c(f)c(9)c(J1g1). 2 Apesar da definição que adotamos aqui para polinômios em Z[X] irredutíveis ser ligeiramente mais restritiva que a usualmente encontrada na literatura (conforme [28], por exemplo), ela será suficiente para nossos propósitos. 3 Para uma outra prova, veja o problema 7, página 178. Fatoração de Polinômios 166 ' 1 7.2 Fatoração única em Z[X] 167 Portanto, basta mostrarmos que f 191 é primitivo, ou, o que é o mesmo, que f, 9 primitivos {:} f 9 primitivo. Podemos, finalmente, enunciar e provar um celebrado resultado de Gauss, o qual se constitui, para polinômios de coeficientes inteiros, no análogo das proposições 7.9 e 7.10. Se f não for primitivo, existe p E Z primo tal que p divide todos os coeficientes de f. Então, p divide todos os coeficientes de f 9, e f 9 não é primitivo. Analogamente, se 9 não for primitivo, então f 9 também não é primitivo. Reciprocamente, suponha que J(X) , amXm + · · · + a1X + ao e 9(X) = bnXn + · · · + b1X + b0 são primitivos mas f9 não o é. Tome p E Z primo tal que p divide todos os coeficientes de f 9, e sejam. k, l 2:: O os menores índices tais que p f ak, bz (tais k e l existem, uma vez que f e 9 são primitivos). Denotando por ck+l o coeficiente de Xk+l em f9, segue que Teorema 7.15 (Gauss). Todo polinômio primitivo f E Z[X] \ Z pode ser escrito como produto de um número finito de polinômios irredutíveis em Z[X]. Ademais, tal maneira de escrever f é única a menos de uma reordenação dos fatores e de multiplicação de alguns dos mesmos por -1. Ck+l = ·· '+ ak-2bl+2 + ªk-lbl+l + akbl + ak+lbl-1 + ak+2bl-2 + ... · Agora, como p I ck+l e p I a0 , ... , ªk-1, bo, ... , bz-1, a igualdade acima garante que p I akbl, o que é uma. contradição. (b) A implicação ~) é clara. Reciprocamente, tome f E Z[X] \ Z primitivo e suponha que f é redutível em Q[X], digamos f = 9h, com 9, h E Q[X] \ (Q. Pelo lema 7.12, podemos tomar a, b, c, d E Z\ {O} tai& que 9 = (a/b)9 1 eh= (c/d)h 1 , com 91 , h 1 E Z[X] primitivos. Então, Prova. Mostremos primeiramente a existência da fatoração em irredutíveis: vendo f como polinômio em (Q[X], segue da proposição 7.9 a existência de polinômios irredutíveis p 1 , ... ,Pk E (Q[X] \ (Q tais que f ..:_ P1 .. ·Pk· Escreva Pi= (adbi)qi, com ai, bi E Z \ {O} relativamente primos e Qi E Z[X] \ Z primitivo. Como Qi também é obviamente irredutível em Q[X], segue do item (b) do lema de Gauss que Qi é. irredutível em Z[X]. Sendo a = a 1 ... ak e b = b1 ... bk, temos então que f = (a/b)q1 ... Qk· Mas, como q1 , ... , Qk são todos primitivos, o item (a) do lema de Gauss garante que q1 ... Qk também é primitivo. Assim, tomando conteúdos na igualdade acima, obtemos bdf = b9 · dh = a91 · ch1 = ac91h1. Mas, como 91 h 1 é primitivo pelo item (a), tomando conteúdos na igualdade acima obtemos lbdl · c(f) = lacl. Logo, : = ±c(f) E Z, e segue novamente da igualdade acima que f = ±c(f)91 h 1 , i.e., fé redutível emZ[X]. (c) Se f = (a/b)9, com a, b E Z \ {O}, então bf = a9 e, tomando conteúdos, obtemos lbl · c(f) = lal · c(9). Mas, uma vez que c(f) = 1 D e c(9) = 1, segue que lal = lbl, de sorte que a/b = ±1. Portanto, segue que a/b = ±1 e, daí, f = q1 ... Qk, um produto de polinômios irredutíveis de Z[X]. A prova da parte de unicidade do enunciado é essencialmente idêntica à prova da proposição 7.10, uma vez que provemos o seguinte: se p, f, 9 E Z[X] \ Z são tais que p é irredutível e p I f 9 em Z[X], então p I f ou p 19 em Z[X]. Para tanto, note inicialmente (novamente pelo item (b) do lema de Gauss) que p também é irredutível em (Q[X] e, assim sendo, já sabemos que p I f ou p 1 9 em Q[X]. Se p I f em (Q[X] Fatoração de Polinômios 168 (o outro caso é análogo), existe li E Q[X] tal que f = liP· Tomando a, b E Z tais que li= (a/b)h, com Í2 E Z[X] \ Z primitivo, temos bf = bf1P = af2p. Agora, p e Í2 primitivos implica (uma vez mais pelo item (a) do lema de Gauss) em Í2P primitivo e, tomando conteúdos na igualdade acima, obtemos lbl · c(f) = lal · c(f2p) = lal. Portanto, a/b = ±e(!) E Z, de maneira que fi E Z[X] e p I f em Z[X]. D 7.3 Polinômios sobre Zp 169 aqueles das seções 3.3 e 6.2 e do capítulo 5) são válidos ipsis literis para Zp[X]. Aproveitamos também para deduzir, com o auxílio de polinômios sobre Zp, alguns resultados de teoria dos números e combinatória não acessíveis pelos métodos de que dispomos até o presente momento. Em particular, demonstramos a existência de raízes primitivas módulo p, completando, assim, a discussão da seção 7.2 de [14]. Dado /(X)= anxn+· · ·+a1X +ao E Z[X], denote por f E Zp[X] o polinômio (7.4) Problemas - Seção 7.2 1. 2. 7.3 * Prove o lema 7.12. * Seja f E Z[X] um polinômio mônico e não constante. Se fé redutível sobre Q, prove que existem polinômios mônicos e não constantes g, h E Z[X], tais que f = gh. onde a0 , a1 , ... , "an denotam, respectivamente, as classes de congruência de a0 , a 1 , ... , an, módulo p. A correspondência f r-+ f define uma aplicação 1rP: f a qual é obviamente sobrejetiva, sendo denominada a projeção de Z[X] sobre Zp[X]. Para f, g E Z[X], é imediato verificar que f (X) = g(X) Polinômios sobre Zp Vimos, à seção 6.2 de [14], que, para p primo, o conjunto Zp das classes de congruência módulo p pode ser munido com operações de adição, subtração, multiplicação e divisão bastante similares às suas análogas em C. Tal semelhança faz com que praticamente todos os conceitos e resultados sobre polinômios estudados até o momento continuem válidos no conjunto Zp[X] dos polinômios com coeficientes em Zp. Nosso propósito aqui é comentar explicitamente algumas semelhanças e diferenças entre polinômios sobre Zp e sobre K, com K = Q, R ou C, deixando ao leitor a tarefa de checar que todos os demais resultados e definições para K[X] apresentados no texto (exceto por Z[X] em Zp[X] t :3h E Z[X]; f(X) = g(X) + ph(X) em Z[X]. Equivalentemente, denotando pZ[X] = {ph; h E Z[X]}, temos f = O{:} f E pZ[X]. Estendemos as operações de adição e multiplicação de Zp a operações homônimas+,· : Zp[X] x Zp[X] --+ Zp[X] pondo, para/, g E Z[X], 1+ g = f + g e f ·g = fg. Fatoração de Polinômios 170 Deixamos a cargo do leitor a verificação da boa definição da adição e da multiplicação de Zp[X], a qual pode ser feita de maneira análoga à verificação da boa definição das operações de Zp ( de acordo com a seção 6.2 de [14); veja também o problema 1, página 177). Assim como em Z[X] 1 dizemos que um polinômio f E Zp[X) \ {Õ} como em (7.4) tem grau n se <in-=/=- Õ, i.e., se p f ªn· Mais geralmente, se f E Z[X] \pZ[X], então]-=/=- Õ e 8f ~ 8f. Os dois exemplos a seguir utilizam a multiplicação de polinômios em Zp [X) para provar propriedades interessantes de números binomiais. Exemplo 7.16. Se p é um número primo e k é um inteiro positivo, prove que (~k) é múltiplo de p, para 1 ~ j < pk. Prova. Pelo exemplo 1.41 de [14), já sabemos que (X+ I)P =XP+ I em Zp[X). Por hipótese de indução, suponha que, para algum l EN, tenhamos provado que em Zp[X). Então, aplicando sucessivamente o caso inicial e a hipótese de indução, obtemos (X+ I/+1 =(XP+ Ii = (XPi 171 7.3 Polinômios sobre Zp Prova. Seja (de acordo com o exemplo 5.12 de [10)) a representação binária de n, onde O ~ a0 < a 1 < · · · < exemplo 7.16, temos em Z 2 [X) que ªk· Pelo (X+ It =(X+ I)2ªk (X+ I)2ªk-1 ... (X+ I)2ª0 = (X2ªk + I)(X2ªk-1 + I) ... (X2ª0 + I). (7.5) Sendo S o conjunto dos números formados a partir de somas de potências distintas de 2, escolhidas dentre as potências 2ªk, 2ªk-i, ... , 2ª1 e 2ªº, temos pelo princípio fundamental da contagem e pela unicidade da representação binária de naturais, que ISI = 2k+1; por outro lado, efetuando os produtos da última expressão de (7.5), obtemos (X+It=Lxm, (7.6) mES uma soma com exatamente 2k+1 parcelas. Mas, uma vez que a fórmula de expansão binomial fornece (7.7) +I = XPl+l + I. comparando as expressões (7.6) e (7.7), concluímos que exatamente 2k+1 dentre os números binomiais da forma (;) (os quais compõem a Por outro lado, também temos n-ésima linha do triângulo de Pascal) são tais que (;) -=/=- Õ, i.e., são D ~~ffi. de modo que, para 1 ~ j < pk, temos binomial (~k). (~k) = Õ; daí, p divide o número D Exemplo 7.17 (Romênia). Prove que o número de coeficientes binomiais ímpares na n-ésima linha do triângulo de Pascal é uma potência de 2. Para definir a função polinomial associada a um polinômio f E Zp[X] temos que ter alguns cuidados. Note inicialmente que, se f E Z[X] e a, b E Z são tais que a = b (modp), então o item (e) da proposição 5.6 de [14) garante que f(a) f(b) (modp); Fatoração de Polinômios 172 por outro lado, se f = g em Zp[X], vimos acima que existe h E Z[X] tal que f(X) = g(X) + ph(X). Portanto, para a E Z, temos f(a) = g(a) + ph(a) g(a) (modp). Dado f E Zp[X], os comentários acima permitem definir a função polinomial associada f : Zp --+ Zp pondo, para a E Z, !(a) = g(a), (7.8) onde g E Z[X] é qualquer polinômio tal que f = g. Obviamente, a imagem de f é um conjunto finito, uma vez que o próprio Zp o é. . Doravante, sempre que não houver perigo de confusão, escreveremos (7.8) simplesmente como ](a) = f(a). O exemplo a seguir mostra que, contrariamente ao que ocorre com polinômios sobre (Q, lR. ou C, a função polinomial associada a um polinômio não nulo em Zp[X] pode ser identicamente nula. Em particular, não é mais válido que dois polinômios sobre Zp só terão funções polinomiais iguais quando forem eles mesmos iguais. Exemplo 7.18. O polinômio f(X) = XP - X E Zp[X] é claramente um elemento não nulo de Zp[X]. Por outro lado, denotando por f : ZP--+ ZP a função polinomial associada ao mesmo, temos pelo pequeno teorema de Fermat (veja {14]) que para todo a E Zp. õ, ](a) = aP - a= Assim, f é a função identicamente nula. aP - a = Sejam dados f E Z[X] e a E Z. Como na seção 3.1, dizemos que a E Zp é uma raiz de f se f(a) = Õ. Uma rápida inspeção da prova do teste da raiz mostra que o mesmo continua válido em Zp[X]. Em particular, obtemos, a partir do exemplo acima, o seguinte resultado importante. 7.3 Polinômios sobre Zp 173 Proposição 7.19. Em Zp[X], temos XP- 1 - I = (X - I)(X - 2) ... (X - (p-1)). Prova. Como I, 2, ... , p - 1 são raízes de xp-I _ I em Zp (novamente pelo pequeno teorema de Fermat), o item (c) da proposição 3.3 garante que xp-l - I é divisível em Zp[X] pelo polinômio (X - I)(X 2) ... (X - (p - 1)). Mas, como ambos tais polinômios são mônicos e têm grau p - 1, segue que xp-i - I = (X - I) (X - 2) ... (X - (p - 1)). D Em Zp[X], as definições e resultados da seção 7.1 mantém-se completamente. Em particular, podemos enunciar o seguinte teorema, cuja prova é totalmente análoga às provas das proposições 7.9 e 7.10. Teorema 7.20. Se p E Z é primo, então todo polinômio f E Zp[X] \ Zp pode ser escrito, de maneira única a menos de reordenação e associação, como produto de um número finito de polinômios irredutíveis sobre Zp[X]. Como primeira aplicação do resultado acima, provamos, a seguir, a existência de raízes primitivas módulo p. 4 Para o enunciado e prova do mesmo, sugerimos ao leitor rever o material da seção 7.2 de [14]. Teorema 7.21. Se p é um primo ímpar e d é um divisor positivo de p - 1, então a congruência xp-I - 1 - O(modp) (7.9) tem exatamente r.p(d) raízes de ordem d, duas a duas incongruentes módulo p. Em particular, p possui raízes primitivas. comodidade do leitor, recordamos que um inteiro a, não divisível por um primo p, é denominado uma raiz primitiva módulo p se p - 1 for o menor inteiro positivo k satisfazendo a congruência ak = 1 (modp). 4 Para 174 Fatoração de Polinômios Prova. Para d divisor positivo de p - 1, seja N(d) o número de raízes da congruência (7.9), com ordem d e duas a duas incongruentes, módulo p. Uma vez que as raízes da congruência (7.9) são os inteiros 1, 2, ... ,p- l e (pela proposição 7.2 de [14]) cada um de tais números . tem ordem igual a um divisor de p - 1, concluímos que L N(d) =p-1. O<dl(p-1) Portanto, se mostrarmos que N(d) :S cp(d), seguirá da proposição 3.11 de [14] que p- l = L N(d):::;; O<dl(p-1) L cp(d) =p- l O<dl(p-1) e, daí, que N(d) = cp(d), para todo divisor positivo d de p - 1. Seja, então, d um divisor positivo de p - 1. Se N(d) = O, é claro que N(d) :::;; cp(d). Senão, seja a um inteiro de ordem d, módulo p; então, as classes I, a, ... , a:J,- 1 E Zp são raízes duas a duas distintas do polinômio Xd - I E Zp[XJ. Por outro lado, o corolário 3.8 garante que tal polinômio possui no máximo d raízes em Zp, de sorte que suas raízes são exatamente I, a, ... , a:J,- 1 . Portanto, se a E Z for uma raiz de ordem d de (7.9), então a E ZP é raiz de Xd - I E Zp[X], de sorte que a E {I, a, ... ,a;d-l }. Assim, as raízes de ordem d de (7.9) são exatamente os elementos de ordem d do conjunto {1, a, ... , ad-l} e, daí, N(d) = #{O :S k :S d - 1; ordp(ak) = d}. O item (c) da proposição 7.5 de [14] conta o número de elementos do segundo membro acima: como ordp(a) = d, temos 7.3 Polinômios sobre Zp 175 portanto, #{O :S k :S d - 1; ordp(ak) =d}= =#{O:::;; k:::;; d-1; mdc(d,k) = 1} = cp(d) . Assim, N(d) = O ou cp(d) e, em qualquer caso, temos N(d) :S cp(d), conforme desejado. Para o que falta, basta notar que N(p - 1) = cp(p - 1), ou seja, há exatamente cp(p - 1) inteiros, dois a dois incongruentes, módulo p, e com ordem p - 1 = cp(p), módulo p; de outro modo, há exatamente cp(p-1) raízes primitivas, módulo p, duas a duas incongruentes, módulo p (veja que este resultado concorda com a proposição 7.8 de [14]). D Terminamos esta seção exibindo mais uma aplicação da teoria de polinômios sobre Zp à Teoria dos Números. Exemplo 7.22 (Miklós-Schweitzer). Se p > 3 é um primo tal que p = 3 (mod4), prove que II (x 2 + y2 ) _ 1 (modp). l~x/y~p;l Prova. Em tudo o que segue, salvo menção em contrário os índices dos produtórios apresentados variam de 1 a P; 1. Se P denota o produto do primeiro membro, então Fatoração de Polinômios 7.3 Polinômios sobre Zp P; 1, denote por ck o inverso de k, módulo p. Agora, observe que 176 Agora, para 1 ::; k ::; Módulo p, tem-se f(X 2 ) De fato, a primeira congruência é imediata e, para a segunda, basta observar que { (ckx )2; 1 ::; x ::; P; 1 } é um conjunto de P; 1 resíduos quadráticos dois a dois incongruentes, módulo p; portanto, {(ckx)2; 1 ~ x <2 p-l} = {x 2 · 1 < x < p-l} módulo p. ' -2' Segue então que, módulo p, 2 l'.::.! 2 2 2 .1 . 2 . .. . . (- 2- 1) 2P = 1 . 2 . .. . . (- 2- 1)2 (II (x + 1)) p- 2 p- 2 2 = (X-a)(X-a 2 ) 177 ... (X-a~)(X +a)(X +a 2 ) ](X2 ) 2 E.::! = (X - I)(X - 2) ... (X - p- 1) e, daí, - f (X) p-1 - (Il(x + 1))2 Mas, como p 2 Sejam a uma raiz primitiva, módulo p, e Q = f1(x 2 + 1). Uma vez que {a 2\ 1 ::; k ::; P; 1 } é um conjunto de P; 1 resíduos quadráticos dois a dois incongruentes, módulo p, temos {a 2 \ 1 ::; k ::; P; 1 } = {x2 ; 1::; x::; P; 1 }, módulo p, de sorte que (X +a9). Para 1 ::; i,j ::; P; 1 , se ai= -ai (modp), então a 2i a 2i (modp), e segue de a ser uma raiz primitiva, módulo p, que 2i = 2j ou, ainda, i = j; mas, assim sendo, teríamos ai -ai (modp), o que é um 2 absurdo. Então, o conjunto { ±a, ±a , .•• , ±a9} é um SCI5 , módulo p, de sorte que coincide, módulo p, com {1, 2, ... ,P - 1}. Portanto, denotando por] E Zp[X] a imagem de f pela projeção de Z[X] sobre Zp[X], temos ou, ainda, 29 P ... = = XP- 1 - I x-2 - 1. p-1 - 3 (mod4), segue que Q = -1(-I) = -(-I)9 - I = 2, i.e., Q = 2 (modp). Por fim, substituindo essa informação em (7.10), obtemos a congruência 29 P - 29 (modp) e, a partir dela, P 1 (modp). D t',,\' .;,·,: (7.10) Problemas - Seção 7.3 A fim de calcular o resíduo de Q, módulo p, seja f E Z[X] definido por 1. de maneira que Q p-1 2 f(-1) _ -f(-l) (modp) (-1)- (aqui, utilizamos o fato de que p acima). =3 (mod4) na segunda congruência * Fixado um primo p, verifique a boa definição das operações de adição e de multiplicação de Zp[X]. Mostre também que tais operações são associativas e comutativas, possuem elementos neutros respectivamente iguais a Õ e I e que a multiplicação é distributiva em relação à adição. 5Recorde que um sistema completo de invertíveis (abreviamos SCI), módulo p, ê um conjunto {a 1 , a 2 , •.. , ap-l de inteiros tais que, a menos de uma permutação, temos ªi j (modp). = Fatoração de Polinômios 178 2. * Se f E Z[X] e a E Z é raiz de f, prove que a E Zp é raiz de f E Zp[X]. Em particular, conclua que, se a1, ... , ak E Zp são as raízes de f, então existe 1 ~ j ~ k tal que a - ªi (modp). 3. Ache, se houver, as raízes em Z 3 do polinômio X 2 - 2X + I E Z.4 Irredutibilidade de polinômios 179 seja, escrever um polinômio dado f (digamos em Z[X]) como produto de dois outros g e h e, resolvendo ó sistema de equações resultante nos coeficientes de g e h, obter uma fatoração para f ou chegar a uma contradição. A seguir, exemplificamos tal procedimento (veja, também, os problemas 1 e 2). Z3[X]. 4. Fatore X2 + Exemplo 7.23. Prove que f(X) = X 4 +10X 3 +5X +1993 é irredutível sobre Q. 3 em Z1[X]. 5. Mostre que o polinômio f (X) = X 3 -15X 2 + lOX - 84 não tem raízes racionais. 6. * Se p E Zé primo e f 7. * Use a projeção 1r : Z -+ Zp para provar que, se f, g E Z[X] \ Z E Z[X], prove que J(XP) = J(X)P. são polinômios primitivos (conforme a definição 7.11), então fg também o é. 8. * Seja p 2:: 3 primo e, para 1 ~ j ~ p-1, seja sj(l, 2, ... ,p-1) a j-ésima soma simétrica elementar dos números 1, 2, ... , p - 1. Prove que: (a) Para 1 :$ j~ p- 2, temos sj(l, 2, ... ,P - 1) - O(modp). Prova. Pelo lema de Gauss, é suficiente mostrar que f não pode ser escrito como produto de dois polinômios não constantes e de coeficientes inteiros. Para tanto, observe inicialmente que 1993 é primo (pelo critério de Eratóstenes, por exemplo);_ portanto, pelo critério de pesquisa de raízes inteiras, as possíveis raízes inteiras de f são ±1 ou ±1993, e uma verificação direta garante que f não possui raízes inteiras. Resta, pois, descartarmos a possibilidade de fatoração de f na forma f(X) = (X 2 + aX + b)(X 2 + cX + d), com a, b, e, d E Z. Se tal ocorrer, então, desenvolvendo o produto do segundo membro e igualando os coeficientes obtidos aos correspondentes do primeiro membro, ~btemos o sistema de equações (b) sp_ 1 (1, 2, ... ,P - 1) - -1 (modp). 9. * Se a, f! e e são as raízes complexas do polinômio X 3 -3X 2 + 1, mostre que, para todo n E N, a soma an deixa resto 1 quando dividida por 17. 7.4 a+c=lO ac+b+d=O ad+bc=5 bd = 1993 + bn + cn é inteira e Irredutibilidade de polinômios Até o momento, não temos à disposição modo algum de.determinar se um dado polinômio é ou não irredutível. É claro que, em exemplos práticos, pode-se, às vezes, utilizar para tal fim o método direto, qual ' A quarta equação, juntamente com a primalidade de 1993 e a simetria da fatoração de f, nos fornecem as possibilidades essencialmente distintas (b, d) = (1, 1993) ou (-1, -1993). Portanto, a primeira e a terceira equações fornecem um dos sistemas de equações { a+c=lO a+ 1993c = 5 ou { a+c= 10 . a+ 1993c= -5 Fatoração de Polinômios 180 Por fim, é imediato verificar que nenhum de tais sistemas possui soluções inteiras. D Conforme atestam os cálculos executados no exemplo acima, a verificação, pelo método direto, de que um polinômio f E (Q[X] dado é irredutível sobre (Q esbarra em dificuldades computacionais consideráveis, mesmo no caso em que f tem coeficientes inteiros e grau pequeno. Faz-se, pois, necessário desenvolvermos técnicas apropriadas ao tratamento de questões ligadas à irredutibilidade de polinômios. Nesse sentido, comecemos com o seguinte resultado. Proposição 7.24. Sejam f E Z[X] primitivo e mônico e p E Z primo. 7.4 Irredutibilidade de polinômios 181 Exemplo 7.25. Seja p E Z primo e k EN tais que p 5(mod6) e 3 2 kp+ 1 é primo. Prove que f(X) = X +pX +pX +kp+ 1 é irredutível emZ[X]. Prova. Projetando em Zp[X], temos ](X) = X 3 +I = (X+ T)(X 2 - X+ I). Afirmamos inicialmente que - I é a única raiz de f em Zp. De fato, se ](a) = O, então a3 = -I e, daí, a3 = -1 (modp); assim, a6 _ 1 (mod p), de maneira que ordp(a) J mdc (6,p - 1) = 2, Prova. (a) Por contraposição, suponha f(X) = g(X)h(X), com g, h E Z[X] \ Z mônicos. Então, ](X)= g(X)h(X), com ãg = 8g e 8h = 8h. i.e., ordp(a) = 1 ou 2. Mas, como ordp(a) = 1 ==> a = I, o qual não é raiz de], devemos ter ordp(a) = 2. Então, a 2 1 (modp) e a "t=- 1 (modp), de sorte que a - -1 (modp) ou, ainda, a= -I. Segue da afirmação acima que X 2 - X+ I não tem raízes em Zp [X] e, portanto, é irredutível em Zp[X]. A proposição anterior assegura, então, que ou f é irredutível em Z[X] ou f tem uma raiz a E Z tal que a - -1 (modp). Mas, pelo critério de pesquisa de raízes racionais (proposição 3.16), uma raiz a de f deve dividir kp + 1, que é primo, de forma que a = -1 ou a = -( kp + 1). Testando tais possibilidades, D obtemos uma contradição. (b) Suponha f redutível, digamos J(X) = g(X)h(X), com g, h E Z[X] \ Z mônicos. Então, ãg = 8g, 8h = 8h e Observação 7.26. Fixado p E N, estabeleceremos na seção 8.2 a existência. de infinitos k E Z tais que kp + 1 seja primo. (a) Se f E Zp[X] é irredutível em Zp[X], então f é. irredutível em Z[X]. {b) Se J(X) (X - a)f1 (X), com ] 1 E Zp[X] irredutível, então ou f é irredutível em Z[X] ou f tem uma raiz a E Z tal que a - a (modp). (X - a)f1 (X) = g(X)h(X). Mas, uma vez que ] 1 é irredutível em Zp[X], segue do teorema 7.20 que g ou h deve ser associado a X - a e, daí, que 8g = 1 ou 8h = 1. Suponha, sem perda de generalidade, que 8g = 1. Então, g(X) = X - a e g (logo, f) tem uma raiz a E Z. Por fim, é claro que a = a. O O teorema a seguir e, mais precisamente, seu corolário, o critério de Eisenstein, se constitui em poderoso aliado na tarefa de garantir a irredutibilidade de certos polinômios. Teorema 7.27 (Eisenstein). Seja f(X) = anXn + · · · + a 1 X + a0 um polinômio de grau n 2: 1 e com coeficientes inteiros. Sejam ainda p E Z primo e 1 ::; k < n inteiro tais que: 1 ! Fatoração de Polinômios 182 Exemplo 7.29. Se p E Z é primo e f E Z[X] é o polinômio definido por f(X) = xp-l + xp- 2 + ... + x + 1, (7.11) (a) p I ao,al,···,ªk· (b) p2 fao epfan. Se f = gh, com g, h E Z[X], então ao menos um dentre g eh tem grau maior ou igual a k + 1. Prova. Se f(X) = g(X)h(X), com g(X) = brXr + · · · + b0 e h(X) = c8 X 8 + · · · + co polinômios em Z[X], então an = brcs e ao = boc0 . Portanto, P f an P f brCs =* p f br e p f C8 , '* de maneira que, em Zp[X], temos ](X) = g(X)h(X), com ãg = âg = r e âh = âh = s. Ademais, se X I g(X) e X I h(X) em Zp[X], então p I bo e p I Co em Z, de sorte que p2 1 b0 c0 = a0 , o que é um , absurdo. Portanto, em Zp[X], o polinômio X divide no máximo um dos polinômios g ou h, e segue de , que Xk+ 1 1 g(X) ou Xk+ 1 i h(X). Logo, r ~ k + 1 ou s ~ k + 1. D Corolário 7.28 (Eisenstein). Seja f(X) = anXn+· · ·+a1X +ao um polinômio de grau n ~ 1 e com coeficientes inteiros. Se existe p E Z primo tal que p I ao, a1, ... , ªn-1, p2 f ao e p f an, então f é irredutível em (Q[X]. 1 então f é irredutível sobre (Q. Prova. Observando, inicialmente, que f(X) = g(X)h(X) se, e só se, f(X + 1) = g(X +l)h(X + 1), concluímos ser suficiente provar que f(X + 1) é irredutível em Q[X]. Mas, como (X - l)f(X) = XP - 1, temos Xf(X + 1) =(X+ l)P - 1 = XP + e, daí, f(X g(X)h(X) = J(X) = cinXn + · · · + ak+1Xk+1 = (anxn-k-1 + ... + ªk+1)Xk+1 1 183 7.4 Irredutibilidade de polinômios + 1) = xp-l + (f) XP- + ... + ~ ~ l) X 1 (f)xp- + · ·· + (P ~ 2 1). Agora, lembre-se (conforme exemplo 1.41 de [14]) de que p 1 (f), para 1 :S k :S p - 1, de modo que podemos aplicar o critério de Eisenstein com o primo p para concluir pela irredutibilidade de f(X + 1) em ({]~. D Em que pese a teoria desenvolvida acima, frequentemente estabelecemos a irredutibilidade de um certo polinômio por intermédio de métodos ad hoc. Vejamos alguns exemplos. Prova. Pelo teorema anterior, se f(X) = g(X)h(X), com g, h E Z[X], então âg ~ n ou âh ~ n, de maneira que h ou g é constante. Assim, f não pode ser escrito como o produto de dois polinômios não constantes de coeficientes inteiros, e segue do lema de Gauss que f é irredutível em (Q[X]. D Exemplo 7.30 (Romênia). Seja f E Z[X] um polinômio mônico de grau n ~ 1, tal que f(O) = 1. Se f tiver pelo menos n - 1 raízes complexas de módulo menor que 1, prove que f será irredutível em Colecionamos, no exemplo a seguir, uma aplicação clássica do corolário acima, a qual será reobtida, por outros métodos e em maior generalidade, na seção 8.2. Prova. Pelo lema de Gauss, basta mostrar que f é irredutível em Z[X]. Suponha, pois, f = gh, com g, h E Z[X] \ Z. Sem perda de generalidade, podemos supor g e h mônicos. De g(O)h(O) = 1, temos (Q[X]. 184 Fatoração de Polinômios g(O), h(O) = ±1. Por outro lado, pelas relações de Girard (vide a proposição 4.6), o módulo do produto das raízes complexas de fé igual a 1, de modo que, pelas hipóteses do enunciado, f tem exatamente uma raiz complexa de módulo maior que 1. Portanto, um dos polinômios g ou h, digamos g, tem somente raízes complexas de módulo menor que 1. Mas, uma vez que g é mônico e lg(O)I = 1, temos, novamente pelas relações de Girard, que o módulo do produto das raízes de g é igual a 1, o que é uma contradição. D Observação 7.31. Polinômios f E Z[X] satisfazendo as condições do lema acima podem ser facilmente construídos. Por exemplo, seja f (X) = anXn + an_ 1xn- 1 + · · · + a1X + ao E Z[X] tal que 7.4 Irredutibilidade de polinômios 185 Prova. Pelo lema de Gauss, basta mostrar que f não pode ser escrito como produto de dois polinômios não constantes e de coeficientes inteiros. Suponha, por contradição, que fosse f = gh, com g e h polinômios mônicos, de coeficientes inteiros e não constantes. Como e g(ai), h(ai) E Z, deve ser g(ai) = 1 e h(ai) = -1, ou vice-versa; em qualquer caso, temos g(ai) + h(ai) = O. Agora, defina li = g + h. Como g e h são mônicos, li não é identicamente nulo. Então, ali:::; max{ag, ah}< af = n, a Se lzl = de maneira que li admite, no máximo, li < n raízes distintas. Mas, como li(ai) = O para 1:::; i:::; n, chegamos a uma contradição. D 1, então + ªn-2Zn- 2 + · · · + a1z + aol :::; lanl + lan-21 + · · · + la1I + laol < lan-11 = lan-1Zn-ll· lf(z) - ªn-1Zn-ll = lanZn Em particular, f não se anula sobre o círculo lzl = 1 do plano complexo, e um teorema da teoria de funções analíticas f : (C --+ C ( o teorema de Rouché - veja a seção Vl.4 de f50}, por exemplo) garante que f possui exatamente n - 1 raízes complexas de módulo menor que 1. Exemplo 7.32. Sejam n > 1 um inteiro ímpar e a 1 , ... , an inteiros dados, dois a dois distintos. Prove que o polinômio f(X) = (X é irredutível em Q[X]. a1)(X - a2) ... (X - an) - 1 Problemas - Seção 7.4 1. Use o método direto, descrito no início desta seção, para provar que o polinômo X 4 - X 2 + 1 é irredutível em Z[XJ. 2. * Também com o auxílio do nômio f(X) Q. = X 5 - X4 - método direto, mostre que o poli4X 3 + 4X 2 + 2 é irredutível sobre 3. Um polinômio de coeficientes reais é dito positivamente redutível se puder ser expresso como produto de dois polinômios não constantes, cujos coeficientes não nulos são reais positivos. Seja f um polinômio de coeficientes reais tal que, para algum n E N, o polinômio f(Xn) é positivamente redutível. Mostre que f é positivamente redutível. Fatoração de Polinômios 186 4. Sejam n > 1 inteiro e a 1, ... , an inteiros positivos dados, dois a dois distintos. Prove que o polinômio i I J(X) = (X - a1)(X - a2) ... (X - an) + 1 7.4 Irredutibilidade de polinômios 187 9. (Romênia.) Seja f(X) = anXn+· · ·+a1X +ao um polinômio não constante de coeficientes inteiros. Se Iao I > Ia1 I+ Ia2 I+ · · · + 1an I e < + 1, prove que f não pode ser escrito como o produto de dois polinômios não constantes e de coeficientes inteiros. v'faoT ../íaJ é redutível em Q[X] somente nos seguintes casos: + 1. ti''';; ' (a) f(X) = (X - a)(X - a - 2) l! (b) f(X) = (X - a)(X - a - l)(X - a - 2)(X - a - 3) + 1. .. ~1fo ~. ·, 10. (Romênia.) Seja N = A1UA2U· · ·UAk uma partição do conjunto dos números naturais em k conjuntos não vazios. Dado m EN, prove que existe 1 :S j :S k tal que podemos construir infinitos polinômios f satisfazendo as seguintes condições: 5. Sejam p um primo ímpar, f(X) = 2XP-l - 1 e g(X) = (X - (a) 8f l)(X -2) ... (X -p+l). Prove que ao menos um dos polinômios f(X) - g(X) ou J(X) - g(X) +pé irredutível em Z[X]. 7. Sejam p E Z primo e f(X) = a2n+1X 2n+1 + · · · + anXn + · · · + a 1 X + a0 um polinômio de coeficientes inteiros satisfazendo as seguintes condições: · (a) p 2 ao, a1, ... , ªn· 1 (b) PI an+l, an+2, · · ·, a2n· (c) p3 I ao ep{a2n+1· Mostre que f não pode ser escrito como o produto de dois polinômios não constantes e de coeficientes inteiros. 8. (Romênia.) Seja p E Z um número primo. Se f(X) = anXn + an_ 1xn- 1+· · ·+a1X +ao é um polinômio de coeficientes inteiros, com laol = p e tal que lanl + lan-11 + · · · + la1I < p, prove que f é irredutível sobre Q. m. (b) Os coeficientes de (c) 6. (IMO.) Prove que o polinômio de coeficientes inteiros xn + 5xn- 1 + 3 é irredutível em Z[X]. = f pertencem ao conjunto Ai. f não pode ser escrito como o produto de dois polinômios não constantes de coeficientes inteiros. 11. * Sejam f ... , Zn um polinômio de coeficientes inteiros e grau n, e z1, as raízes complexas de f. (a) Se Re(zi) < O para 1 :Si :S n, prove que todos os coeficientes de f têm um mesmo sinal. (b) Prove o teorema de Pólya-Szegõ 6 : suponha que existe m E Z tal que f(m) é primo, f(m-1) =I- Oem> !+Re(zi), para 1 :S i :S n. Então, f não pode ser escrito como produto de dois polinômios não constantes e de coeficientes inteiros. 12. (BMO.) Sejam n > 1 inteiro e ao, a1, ... , ªn-1, an naturais tais que an =I- O e O :S ai :S 9, para O :S i :S n. Se f (10) é primo, prove que f é irredutível sobre Z. 6 Após os matemáticos húngaros do século XX George Pólya e Gábor Szegõ. 188 Fatoração de Polinômios CAPÍTULO 8 Nú meros Algébricos e Aplicações Neste capítulo, invertemos o ponto de vista adotado no capítulo 3. Mais precisamente, fixamos um número complexo z e examinamos o conjunto dos polinômios f E C[X] tais que f(z) = O. Como subproduto de nossa discussão, damos uma prova distinta da apresentada em [26] para o fechamento, em relação às operações aritméticas usuais, do conjunto dos números complexos que são raízes de polinômios não nulos e de coeficientes racionais. Por outro lado, a análise do caso em que z E (C é uma raiz ri-ésima da unidade nos leva ao estudo dos polinômios ciclotômicos e permite dar uma prova parcial de um famoso teorema de Dirichlet sobre a infinitude de primos em progressões aritméticas. 189 190 !.1 8.1 Números Algébricos e Aplicações Números algébricos Um número complexo a é dito algébrico sobre (Q se existir um polinômio f E (Q[X] \ {O} tal que f(a) = O. Um número complexo que não é algébrico sobre (Q é dito transcendente sobre (Q. É possível provar (e o faremos na seção 8.3) que nem todo número complexo é algébrico, i.e., que o conjunto dos números transcendentes é não vazio. Por outro lado, é claro que todo racional r, sendo raiz do polinômio X - r E (Q[X] \ {O}, é algébrico sobre (Q. Colecionamos, a seguir, alguns exemplos menos triviais de números algébricos sobre (Q. Exemplo 8.1. Sejam r E (Q~ e n EN. Se w é uma raiz n-ésima da unidade, então y'rw é algébrico sobre (Q, uma vez que tal número é raiz do polinômio não nulo de coeficientes racionais X"" - r. Poderíamos definir, aliás de modo óbvio, o que se entende por um número complexo a ser algébrico sobre R Contudo, esse não é um conceito interessante, uma vez que todo complexo é algébrico sobre JR. De fato, dado um complexo não real a = a + ib, temos que a é raiz do polinômio não nulo f(X) = (X - (a+ bi))(X - (a - bi)) = X2 - 2aX + (a 2 + b2 ) E JR[X]. Por essa razão, sempre que considerarmos um número algébrico sobre (Q, diremos simplesmente que se trata de um número algébrico. Se um complexo a for algébrico, o conjunto Aa = {f E (Q[X] \ {O}; f(a) = O} é, por definição, não vazio. Então, também é não vazio o conjunto de inteiros não negativos {&J; f E Aa}, de modo que existe Pa E Aa mônico e de grau mínimo. Temos, pois, a definição a seguir. 191 8.1 Números algébricos Definição 8.2. Dado a algébrico sobre (Q, um polinômio Pa E (Q[X] \ {O}, mônico, de grau mínimo e tendo a por raiz é denominado um polinômio minimal de a. A proposição a seguir e seus corolários colecionam as propriedades mais importantes de polinômios minimais de números algébricos. Proposição 8.3. Se a é algébrico sobre (Q e Pa é um polinômio minimal de a, então: {a) Pa é irredutível sobre (Q. {b) Se f E (Q[X] é tal que f(a) = O, então Pa I f em (Q[X]. Em particular, Pa é unicamente determinado por a. Prova. (a) Se fosse Pa = f g, com f e g não constantes e de coeficientes racionais, então f e g teriam graus menores que o grau de Pa e ao menos um deles teria a por raiz, uma contradição à minimalidade do grau de Pa· Logo, Pa é irredutível sobre (Q. (b) Pelo algoritmo da divisão, existem polinômios q, r E (Q[X] tais que f(X) = Pa(X)q(X) + r(X), com r = O ou O::; &r < OPa· Ser=/:- O, então r(a) = f(a) - Pa(a)q(a) = O, com &r < &pa, novamente contradizendo a minimalidade do grau de Pa· Logo, r = O e, daí, Pa I f em (Q[X]. Por fim, se Pa e qª são polinômios minimais de a, segue do item (b) que Pa I Qa e Qa I Pa em (Q[X]. Mas, como Pa e Qa são ambos D mônicos, temos Pa = Qa· 192 Números Algébricos e Aplicações Graças à proposição anterior, dado a E C algébrico, podemos nos referir a Pa como o polinômio minimal de a. Corolário 8.4. Se a E C é algébrico e f E Q[X] \ {O} é um polinômio mônico, irredutível e tal que f(a) = O, então f = p0 • Prova. Pela proposição anterior, Pa divide f em Q[X]. Mas, como f é irredutível, deve existir um racional não nulo e tal que f = cp0 • Por fim, como f e Pa são mônicos, devemos ter e = 1. D Corolário 8.5. Se f E Q[X] \ Q é irredutível, então f não possui. raízes múltiplas. Prova. Podemos supor, sem perda de generalidade, que fé mônico. Se algum a E C fosse raiz múltipla de f, então a proposiçãb 3.31 garantiria que a também seria raiz da derivada f' de f. Mas, como f E Q[X] \ {O} é mônico e irredutível, o corolário 8.4 garantiria que f é o polinômio minimal de a. Portanto, teríamos, pela proposição 8.3, D que f I f' em Q[X], contradizendo a desigualdade âf > âf'. Colecionamos, agora, alguns exemplos de aplicação da proposição 8.3 e de seus corolários. Exemplo 8.6. Sejam f um polinômio não constante de coeficientes racionais e a um número real tal que a 3 - 3a = f(a) 3 - 3f(a) = -1. Prove que, para todo inteiro positivo n, tem-se 8.1 Números algébricos 193 Por outro lado, como estamos supondo que o polinômio g o f também tem a por raiz, a proposição 8.3 garante que g divide g o f em Q[X], digamos (g o f)(X) = g(X)u(X), para algum u(X) E Q[X]. Por fim, suponha que tenhamos provado que g(J(k) (a)) = O para algum k ~ 1. Então g(Jk+ 1 (a)) = (g o f)(fk(a)) = g(fk(a))u(fk(a)) = O, e nada mais há a fazer. D O exemplo 7.29, em conjunção com o corolário 8.4, garante imediatamente que, se p é primo e w = eis 2p1r, então o polinômio minimal de w é Pw(X) = xp-l + XP- 2 +···+X+ 1. O próximo exemplo utiliza este fato para dar uma bela prova alternativa do exemplo 6.4 de [14], devida ao matemático búlgaro N. Nikolov. Exemplo 8.7 (IMO). Seja pum primo ímpar. Calcule quantos subconjuntos de p elementos do conjunto {l, 2, ... , 2p} são tais que a soma de seus elementos é divisível por p. Solução. Se w = eis ~, então wP = 1 e segue, daí, que p (XP -1) 2 = Il(X -wi) Il(X -wi) j=l p = p Il(X -wi) j=l j=l 2p II (X -wi) j=p+l 2p = onde j(n) denota a composição de f consigo mesmo, n vezes. Prova. Se g(X) = X 3 - 3X + 1, então âg = 3 e, pelo critério de pesquisa de raízes racionais (a proposição 3.16), g não tem raízes racionais. Portanto, pelo problema 3, página 163, g é irredutível sobre Q. Daí, o corolário 8.4 garante que g é o polinômio minimal de a. Il(X -wi). j=l Calculando o coeficiente de XP em ambos os membros da igualdade acima e lembrando que pé ímpar, concluímos que 2= (8.1) Números Algébricos e Aplicações 194 onde a soma acima se estende a todos os subconjuntos de p elementos, {j1 , ... ,jp}, de I2p = {1, 2, ... , 2p}. Por outro lado, se, para O ~ k ~ p-1, denotarmos por ck o número de conjuntos de p elementos {j1 , ... , }p} C I2p, tais que }1 + · · · + )p == k (modp), então wP = 1 garante que o segundo membro de (8.1) é igual a E1:~ ckwk, de sorte que p-1 LCkWk = 2. k=O Segue do que fizemos acima que w é raiz do polinômio de coefici-· entes inteiros f(X) = E1:~ ckXk - 2. Note ainda que Cp-1 # O, uma vez que o conjunto p-lp+l. } { 1,p-1,2,p- 2,3,p- 3, ... , -2-, -2-, 2p- l tem p elementos e a soma dos mesmos é congruente a p - 1, módulo p. Portanto, 8f = p - 1. Mas, como o polinômio minimal de w é Pw(X) = XP- 1 +· · ·+X +1, o item (b) da proposição 8.3 garante que f é um múltiplo inteiro de Pw, digamos f = CPw, com e E N. Em particular, comparando os coeficientes de ambos os membros dessa igualdade, concluímos que c0 - 2 = c1 = · · · = Cp-1 = e. = Co + C1 + ···+ . Cp-1 ~ ( (;) - Exemplo 8.8 (Romênia). Seja f E Z[X] um polinômio mônico, de grau ímpar maior que 1 e irredutível sobre Q. Suponha ainda que: (a) f(O) é livre de quadrados. (b) As raízes complexas de f têm módulo maior ou igual a 1. Prove que o polinômio F E Z[X], dado por F(X) =J(X 3 ), também é irredutível sobre Q. Prova. Por contradição, suponha que F é redutível sobre Q. Então, segue do problema 2, página 168, a existência de polinômios g, h E Z[X], mônicos, não constantes e tais que F = gh. Como 8F = 38f e 8f é ímpar, segue que 8F também é ímpar. Portanto, o problema 4, página 75, garante que F admite uma raiz real a. Podemos supor, sem perda de generalidade, que a é raiz de g e que g é irredutível sobre Q. De fato, se a for raiz de g mas g for redutível sobre Q, basta tomar o fator mônico e irredutível de g que tem a por raiz, utilizando em seguida o resultado do problema 2, página 168, para concluir que tal fator irredutível tem coeficientes inteiros. Nas condições do parágrafo anterior, sabemos que g é o polinômio minimal de a sobre Q. Agora, se w é uma raiz cúbica de 1, com w # 1, então Temos, pois, de distinguir dois casos: (i) g(aw) = O: como (pelo problema 2, página 74) as raízes não reais de um polinômio de coeficientes reais ocorrem aos pares complexocomplexo conjugado, temos que aw = aw 2 também é raiz de g. Agora, agrupando na expressão de g os monômios com expoentes das formas 3k, 3k + 1 e 3k + 2, podemos escrever = (2p) p · Logo, c0 = e+ 2 = 195 O= F(a) = f(a 3 ) = f((aw)3) = F(aw) = g(aw)h(aw). A fim de calcular o valor de e, note que Co + c 1 + · · · + cp-1 é igual ao número de subconjuntos de p elementos de I 2p, de maneira que pc + 2 8.1 Números algébricos 2) + 2. D (8.2) Números Algébricos e Aplicações 196 com a, b e e de coeficientes inteiros. Logo, a(ci) + ab(o?) + a 2 c(ci) a(a 3 ) g(a) = + awb(a 3 ) + a:2w2c(a:3 ) = a(a 3 ) = O, e a( o:3 ) + aw 2 b( a 3 ) + a:2wc( a:3 ) = g( aw 2 ) = O. Considerando as três igualdades acima como um sistema linear de equações em a(o: 3 ), b(o: 3 ) e c(a 3 ), não é difícil mostrar que a(a 3 ) === b(a 3 ) = c(a3 ) = O. Assim, sendo p o polinômio minimal de a 3 sobre. (Q, segue da proposição 8.3 que p divide a, b e e em (Q[X] e, portanto (novamente pelo problema 2, página 74), em Z[X]. Segue de (8.2) que p(X 3 ) divide g(X). Mas, como g é mônico e irredutível, concluímos que g(X) = p(X 3 ). Agora, sendo g um polinômio em X\ segue novamente de (8.2) que b, e = O e, daí, que f(X 3 ) = F(X) = g(X)h(X) = a(X 3 )h(X). O: como no item (i), concluímos que h(aw 2 ) ainda como acima, = - a 2 c(a 3 ) = O. Mas, como g é o polinômio minimal de a sobre (Q, invocando novamente a proposição 8.3, concluímos que g divide a(X 3 ) - X 2 c(X 3 ) em Q[X] e, logo, em Z[X] (pela observação 2.11, uma vez que g E Z[X] e é mônico). Fazendo X= O, concluímos que g(O) deve dividir a(O) em Z. Sendo a(O) = g(O)m, com m E Z, segue que f(O) = g(O)h(O) = g(O)a(O) = g(0)2m. Uma vez que f(O) é livre de quadrados, segue que g(O) = ±1. Portanto, sendo z1, ... , Zk as raízes complexas de g, segue das relações de Girard que (8.3) Por outro lado, como Tal igualdade, por sua vez, implica que h também deve ser um polinômio em X 3 , digamos h(X) = l(X 3 ), com l E Z[X]. Finalmente, temos f(X 3 ) = a(X 3 )l(X3 ) e, daí, f = gl, com 89, 8l 2 1. Mas isto contraria a irredutibilidade de f. (ii) h(aw) 197 Multiplicando a primeira dessas igualdades por w e subtraindo a segunda do resultado, obtemos = O, g(aw) 8.1 Números algébricos = O. Seja, segue do item (b) do enunciado que lzJI 2 1 e, portanto, lzil 2 1, para 1 ::; j ::; k. Coligindo tal informação com (8.3), concluímos que lzil = 1, para 1 ::; j ::; k. Em particular, !ai = 1 e, sendo a real, devemos ter a= ±1, de sorte que a: 3 = ±1. Mas, como fé irredutível sobre (Q e f(a 3 ) = O, terímos f(X) = X± 1, contrariando o fato de que af > 1. D O restante desta seção é destinado a apresentar uma demonstração com a, b .e e de coeficientes inteiros. Então, de que o conjunto dos números complexos algébricos é fechado para as operações de adição, subtração, multiplicação e divisão (por um divisor algébrico não nulo). Começamos com o seguinte resultado. e Teorema 8.9. Se a, /3 E C \ {O} são algébricos, então a+ /3 também o é. Números Algébricos e Aplicações 198 Prova. Sejam a = a 1 , ... , am as raízes complexas de Pa e (3 == (31 , ... , f3n aquelas de Pf3, de modo que m p0 (X) = II(X - 8.1 Números algébricos 199 onde s1, ... , Sm E (Q[X1, ... , Xm] são os polinômios simétricos elementares em X1, ... , Xm. Em particular, n ai) e p13(X) = i=l II(X - f3j)· j=l uma vez que Defina m f(X, X1, .. ,, Xm) = m n II II(X - xi - f3j) = IIp13(X - Xi) i=l i=l j=l Assim, se h(X) = f(X, a1, ... , am), então, por um lado, mn-1 = xmn + L Ík(X1, ·,, ,Xm)Xk, k=O E (Q[X]). m m f(X,Xcr(l),". ,Xcr(m)) = IIp13(X -Xcr(i)) = IIp13(X - Xi) i=l i=l ou, ainda, mn-1 L mn-1 Ík(Xu(l),,,,, Xcr(m))Xk = k=O Ík(a1,,,,, am)Xk E Q[XJ xmn + e, por outro, m Se a é uma permutação de Im, então xmn + L k=O para certos polinômios fo, ... , Ímn-1 E Q[X1, ... , Xm] (uma vez que Pf3 mn-1 h(X) = xmn + L fk(X1,,, ·, Xm)Xk. k=O m n II II h(X) = IIP13(X - ai)= (X - ai - f3i)· i=l i=l j=l Logo, h é um polinômio não nulo de coeficientes racionais tal que ~ ' h( a + /3) = O, o que garante que a + f3 é algébrico. D Observação 8.10. Suponha que Pa,Pf3 E Z[XJ. Então, nas notações da demonstração acima, temos s1(ai), ... , sm(ai) E Z, e Ík E Z[X1, ... , Xml, para O ~ k ~ mn - 1. Portanto, segue novamente do teorema de Newton que gk E Z[X1, ... , Xm] e, daí, que Portanto, temos Ík(Xcr(i), ·, ·, Xcr(m)) = Ík(X1, · · ·, Xm), para todos O ~ k ·~ mn - 1 e a, de sorte que Ík é um polinômio simétrico em X 1 , ... , Xm, para O~ k ~ mn - 1. O teorema de Newton 4.12 garante, então, a existência de um polinômio gk E Q[X1, ... , Xm] tal que Ík(X1,,,,, Xm) = gk(s1, · ·,, Sm), para O ~ k ~ mn - 1. Portanto, h Pa+f3 E Z[X]. E Z[X] e segue do problema 4 que Para mostrar que o conjunto dos números algébricos é fechado para produtos e quocientes, precisamos do seguinte resultado auxiliar. Lema 8.11. Se a#- O é algébrico, então a- 1 e a 2 também o são. 200 1 ''' ! '' i Prova. Seja /(X)= anXn + ªn-1xn- 1 + · · · + a1X + a0 E (Q[X] \ Q tal que ao =/= O e f(a) = O. Então, g(X) = a 0 Xn + a 1xn- 1 + · · · + an_ 1X + an é um polinômio não constante de coeficientes racionais, e é imediato verificar que g( a- 1) = O. Para a 2 , observe que existem polinômios u e v de coeficientes racionais, não ambos nulos e tais que f(X) = u(X 2) + Xv(X 2). (u(a 2 ) - = (u(a 2 ) - av(a 2))(u(a 2) + av(a 2)) av(a 2))f(a) = O. Teorema 8.12. Se a, f3 E C\ {O} são algébricos, então af3 e o são. 1. ! é um racional não nulo e a =/= O é um complexo algébrico, prove diretamente (i.e., sem recorrer ao teorema 8.12) que ra também é algébrico. 21r n é um número algébrico. * Seja a E (C algébrico. Se existe J(a) = O, prove que Pa E Z[XJ. f E Z[X] \ Z mônico e tal que (a) Sejam a, b e e inteiros positivos. Prove que: D (i) y'a + vb + ye é raiz de um polinômio mônico e de coeficientes inteiros. J também (ii) Se y'a+ vb+ ye (j_ Z, então y'a+ vb+ Jc é irracional. duas aplicações do teorema 8.9, juntamente com o resultado do problema 1, garantem que af3 é algébrico. Para o que falta,, observe que = a · com algébrico (pelo lema anterior). Portanto, a primeira parte acima garante que j é algébrico. D !, * Se r 2. Dado n EN, prove que cos , 5. Prova. Pelo lema anterior, a 2 e {3 2 são algébricos. Mas, como já sabemos que a+ f3 é algébrico, segue novamente do lema anterior que (a + {3) 2 também o é. Agora, uma vez que J ~ 4. - a 2v(a2)2 = Problemas - Seção 8.1 3. Sejam p primo e n EN. Prove que o polinômio minimal de -f:(fJ é f (X) = xn - p. Sendo h(X) = u(X) 2 - X v(X) 2, temos h E Q[XJ \ {O} e h(a 2) = u(a 2)2 201 8.2 Polinômios ciclotômicos Números Algébricos e Aplicações (b) Generalize os itens (i) e (ii) para vb1 + vb2 + · · · + vbn, onde b1 , b2, ... , bn são inteiros positivos. 6. (OBM.) Prove que o polinômio J(X) = X 5 -X4 -4X 3 +4X 2 +2 não admite raízes da forma {fr, onde ré um racional e n > 1 é um natural. 7. Dê uma prova análoga à do teorema 8.9 para mostrar que af3 é algébrico sempre que a e f3 o são. 8.2 Polinômios ciclotômicos A teoria de polinômios sobre Zp, p primo, nos permite apresentar algumas das propriedades elementares de uma classe muito importante de polinômios, conhecidos como ciclotômicos. Como subproduto do 202 Números Algébricos e Aplicações 203 8.2 Polinômios ciclotômicos estudo que faremos aqui, mostraremos que os polinômios ciclotômicos são exatamente os polinômios minimais das raízes complexas da unidade. Sendo n um natural e Wn = eis 2: , consideraremos, no que segue, as raízes n-ésimas da unidade da forma w~, com 1 ~ k ~ n e mdc (k, n) = 1. Tais raízes são ditas primitivas, e é imediato que há exatamente cp( n) de tais raízes, onde cp : N --+ N é a função de Euler. Dados m, n E N, sempre que não houver perigo de confusão denotaremos seu mdc escrevendo simplesmente (m, n). Agora, como cada inteiro 1 ~ m ~ n pode ser escrito de modo único = 1 (tal d é d = (m, n)), a como m = dk, com o < d I n e (k, última soma acima é claramente igual a Definição 8.13. Para n E N, o n-ésimo polinômio ciclotômico é o polinômio Se II 1>n(X) = (X - w~). ~n n II(X - wfi) = xn - (b) Façamos indução sobre n EN, notando inicialmente que 1> 1 (X) = X -1 E Z[X], por definição. Seja, agora, n > 1 natural e suponha, por hipótese de indução, que 1>m E Z[X], para todo inteiro 1 ~ m < n. g(X) = (k-:-nF=1 Segue da definição acima que 1>n é momco e 81>n = cp(n). A proposição a seguir coleciona outras propriedades elementares de 1>n. II 1>d(X), l<d<n (8.4) l<k<n 1. j=l dln temos que g E Z[X] e, pelo item (a), xn - 1 = 1>n(X)g(X). Mas, como g é mônico (pois já sabemos que cada 1>m o é), segue da observação 2.11 que 1>n E Z[X]. (e) Novamente por indução, temos primeiramente Proposição 8.14. Para n EN, temos: (a) xn - 1 = I1o<dln 1>d(X). (b) 1>n E de modo que 1> 2 (X) = X + 1 e 1> 2 (0) = 1. Seja, agora, n > 1 e suponha, por hipótese de indução, que 1>m(O) = 1 para todo inteiro 2 ~ m < n. Então, nas notações da prova de (b), temos Z[X]. (e) 1>n(O) = 1, para n > 1. Prova. (a) Observe inicialmente que l<d<n dln II 1>d(X) = II 1>njd(X) = II II O<dln O<dln = O<dln II II O<dln 19~n/d (k,n/d)=l II 1>d(O) = (-1) II 1>d(O) = -1, g(O) = 1>1(0) (X - W~jd) l<d<n dln e segue de xn - 1 = 1>n(X)g(X) que l~k~n/d (k,n/d)=l -1 = 1>n(O)g(O) = -1>n(O), (X - w~k). como desejado. D 204 Números Algébricos e Aplicações Corolário 8.15. Se p é primo, então <I>p(X) = xp-l 8.2 Polinômios ciclotômicos 205 Para o próximo resultado, lembre-se de que, se w é uma raiz n-ésima da unidade, então a proposição 8.3 garante que seu polinômio minimal Pw divide xn - 1 em Q[X]. Em particular, segue do problema 4, página 201, que Pw E Z[X]. + xp- 2 + ... + x + 1. Prova. O item (a) da proposição anterior garante que Proposição 8.17. Sejam n, p E N tais que p é primo e p f n. Se w é uma raiz n-ésima da unidade, então Pw(X) = PwP(X). de sorte que o O exemplo 7.29 mostrou que <I>P é irredutível sobre (Ql, de sorte que <I>P é o polinômio minimal de wP. No que segue, nosso objetivo é generalizar este fato, provando que, para todo n E N, o polinômio minimal Pwn de Wn coincide com o n-ésimo polinômio ciclotômico <I>n. Precisamos, inicialmente, do seguinte resultado auxiliar. Lema 8.16. Sejam f, g E Z[X] e p E N um número primo. g E Zp[X] \ Zp e g 2 17 em Zp[X], Se então g I f' em Zp[X]. Prova. Seja ( = wP. Como w e ( são ambos raízes de xn - 1, o item (b) da proposição 8.3 garante que Pw(X) e Pç(X) dividem xn - l. Por contradição, suponha que Pw(X) # Pc;(X). Então, a irredutibilidade de tais polinômios garante, via teorema 7.15, que Pw(X)pc;(X) divide xn - 1 em Z[X], digamos xn - 1 = Pw(X)pc;(X)u(X). Se g(X) (8.5) = Pç(XP), então g(w) = Pc;(wP) = Pc;(() = o e, daí, Pw divide g em Z[X]. Seja v E Z[X] tal que Pw(X)v(X) = g(X). Em Zp[X], temos pelo problema 6, página 178, que Prova. Se h E Z[X] é tal que f(X) = g(X)2"Fi(X) em Zp[X], sabemos que existe um polinômio l E Z[X] tal que f(X) = g(X) 2 h(X) e o teorema 7.20 garante a existência de um polinômio mônico e irredutível h E Zp[X] tal que h(X) 1 Pw(X),Pc;(X) em Zp[X]. Segue de (8.5) que h(X) 2 1 (Xn - I) em Zp[X], e o lema anterior garante que h(X) nxn-l em Zp[X]. Mas, como h é mônico e n # O, aplicando novamente o teorema 7.20 obtemos 1 ::S: l ::S: n-1 tal que h(X) = xt em Zp[X]. Logo, h(X) f (Xn-I) em Zp[X], o que é uma contradição. D + pl(X) em Z[X]. Derivando ambos os membros dessa igualdade, obtemos 1 J'(X) = 2g(X)g'(X)h(X) + g(X) 2 h'(X) + pl'(X) em Z[X] e, daí, f'(X) = g(X)(2 g'(X)h(X) Chegamos finalmente ao resultado desejado. + g(X)h'(X)) Teorema 8.18. Se Wn = eis i! ! D <I>n E então Pwn Z[X] é irredutível sobre Q[X]. 2; , <I>n. Em particular, 206 Números Algébricos e Aplicações Prova. Tome k E N tal que k > 1 e mdc (k, n) = 1, e seja k === PI ... pz, com PI, ... , pz primos que não dividem n. Repetidas aplicações da proposição anterior nos dão Em particular, os cp(n) números w!, com 1 ::; k::; n e mdc (k, n) são raízes distintas de Pwn, de maneira que = 1, Mas, como <I>n é mônico de coeficientes inteiros e tem Wn por raiz, a definição de polinômio minimal garante que Pwn = <I>n· D Terminamos esta seção provando um caso particular do teorema de Dirichlet sobre primos em progressões aritméticas. Esse teorema afirma que uma progressão aritmética não constante e infinita de números naturais contém uma infinidade de números primos, contanto que sua razão e seu primeiro termo sejam relativamente primos. Em que pese o teorema de Dirichlet ser uma generalização natural do teorema de Euclides da infinitude dos primos (este último provado na seção 1.3 de (14]), as provas conhecidas desse resultado estão fora do alcance da maior parte dos currículos de graduação em Matemática. Todavia, a teoria de polinômios ciclotômicos desenvolvida acima nos permite apresentar uma demonstração elementar do teorema de Dirichlet, no caso particular em que o primeiro termo da progressão é igual a 1. Teorema 8.19 (Dirichlet). Se n EN, então a PA l, 1 +n, 1 + 2n, ... contém infinitos números primos. a = ynpI ... Pk temos, módulo a, que <I>n(a) <I>n(O) = 1 (moda). Seja, então, <I>n(a) = aq + 1 = ynpI ... pkq + 1. Se p for um fator primo de <I>n(a), temos p =/:.PI, ... ,Pk e mdc (p, n) = l. Portanto, se provarmos que p _ 1 (mod n), seguirá que pé um primo em nossa PA, diferente de PI, ... , Pk. Para o que falta, note que mdc (p, a) = 1, de modo que podemos considerar t := ordp(a). Como p 1 <I>n(a) e <I>n(a) 1 (an - 1) (pois <I>n(X) 1 (Xn - 1) em Z[X]), vem que an 1 (modp) e, daí, t I n. Se mostrarmos que t = n, seguirá das propriedades da ordem e de ap-I - 1 (modp) que n 1 (p - 1) ou, o que é o mesmo, p _ 1 (mod n). Se e E {a,a + p}, segue de at _ 1 (modp) que ct 1 (modp). Suponha, por contradição, que t < n. A proposição 8.14, juntamente com o fato de que t I n, nos dá O<dln = <I>n(c)h(c) O<d<n dln IJ <I>d(c) O<dlt = <I>n(c)h(c)(ct - 1), onde h E Z[X] é um polinômio apropriado. Mas, como e segue que <I>n(c) - <I>n(a) O(modp), de maneira que cn - 1 = <I>n(c)h(c)(ct - 1) - O(modp2 ). Por outro lado, Prova. Sejam PI, ... ,Pk primos quaisquer e <I>n o n-ésimo polinômio ciclotômico. Como <I>n é mônico, escolhendo um inteiro y suficientemente grande, temos <I>n(ynpI .. ·Pk) > 1. Agora, fazendo 207 8.2 Polinômios ciclotômicos a (modp), !' 1 ! li' l! 208 Números Algébricos e Aplicações 8.3 Números transcendentes 209 : 1 e (pelos cálculos acima) tanto (a+pt-1 quanto an-1 são múltiplos de p 2 . Portanto, olhando a última igualdade acima módulo p 2 , concluímos que o que é um absurdo. D Para uma discussão autocontida da prova do caso geral, sugerimos ao leitor as referências [37] ou [51). Problemas - Seção 8.2 1. Sendo p primo e k natural, calcule explicitamente o polinômio <I>pk· 2. Se n > 1 é um inteiro par, mostre que <I>2n(X) = <I> 2n(-X). 3. Se m e n são naturais distintos, prove que <I>m e <I>n não têm fatores não constantes comuns em C[X]. 4. Se n > 1 é natural e d é o produto dos fatores primos distintos de n, mostre que <I>n(X) = <I>d (xnfd). . t o { 1, 21 , 31 , 41 , . . . } cont,em vanas , . progressoes 5. O conJun an"t me't"1cas. Prove que, dado k > 2 inteiro, esse conjunto contém uma progressão de k termos que não está contida em uma progressão de k + 1 termos do conjunto. ! ! 1 6. Sejam a, n EN, sendo a> 1 e n ímpar. Prove que a congruência xn - a (modp) tem solução para uma infinidade de primos p. ' 11 'i' 1., :1 'I 7. Seja a EN não quadrado perfeito. Prove que há infinitos primos p tais que a não é resíduo quadrático, módulo p. 8. Sejam a, b E Z tais que, para cada n E N, existe um inteiro e para o qual n 1 (c 2 +ac+b). Prove que a equação x 2 +ax+b = O tem raízes inteiras. 8.3 Números transcendentes Como foi dito no início da seção 8.1, números transcendentes são precisamente os números complexos que não são raízes de polinômio não nulo algum com coeficientes racionais. Contudo, até esse ponto nem mesmo sabemos se tais números existem. Uma maneira possível de estabelecer a existência de números transcendentes (mesmo reais) é começar mostrando que o conjunto A dos números algébricos (reais) é enumerável, i.e., que seus elementos podem ser listados como os termos de uma sequência (xn)n~l, de modo que A= {x 1 ,x 2 ,x 3 , ... }; então, mostra-se que o conjunto lR não é enumerável, de forma que lR \ A é necessariamente não vazio. Não seguiremos esse caminho aqui, uma vez que ele requeriria que desenvolvêssemos os resultados básicos sobre conjuntos enumeráveis, bem como que estabelecêssemos a não enumerabilidade do conjunto dos reais, e isso nos desviaria bastante do fio condutor deste volume. Para o leitor interessado, sugerimos [26] ou (39). Em vez de seguir a estratégia delineada no parágrafo anterior, apresentamos a construção (explícita) do primeiro número transcendente descoberto, devida ao matemático francês do século XIX J. Liouville. Nossa apresentação segue o maravilhoso clássico (19). Para o que segue, dizemos que um número algébrico a tem grau n se seu polinômio minimal Pa tem grau n; em particular, se n > 1, então é claro que a é irracional. . Precisamos introduzir mais uma nomenclatura: dizemos que uma propriedade P(k), dependente de um natural k, é verdadeira para todo k suficientemente grande se existe k0 E N tal que P(k) é verdadeira sempre que k > k0 ; ademais, se 210 Números Algébricos e Aplicações um valor específico de k0 for irrelevante no contexto sob discussão, escreveremos simplesmente que P(k) é verdadeira para todo k » 1. Estamos finalmente em posição de enunciar e provar o teorema de Liouville. Teorema 8.20 (Liouville). Seja a E C um número algébrico de grau n > 1. Se (Pk)k?.l e (qk)k?.l são sequências de inteiros não nulos tais . Pk tque 1Imk---++oo qk = a, en ao > _1 la_Pkl qk q~+l' para todo k » 8.3 Números transcendentes k Como ak --+ a, temos lak - ai < 1 para todo k a desigualdade triangular, concluímos que para todo k (8.6) + · · · + a1X + a0 , j=l n I n . ak-a I · "'"""" ~ 1ªi 1 · 1a{ - aJ 1, n = » 1, onde ai < 1), Agora, uma vez que qk --+ +oo, temos lak todo k » 1, de forma que -01 > _1._ e, portanto, qk ai < 1 e qk > C para I 1 1 a - Pk - > -lf(ak)I, qk qk ak-a L lail ·lati+ a{-2a + ... +ai-li· j=l LJlail((l + la1)1- 1 , j=l k j=l : : ; Ln lail. ia{ 1 - ail1 j=l < . ! fk(a_ka) 1 I a n depende somente de a, e não de k. Então, para todo k » 1 (escolhido de forma tal que lak temos onde utilizamos a desigualdade triangular na última passagem acima. Portanto, um pouco de álgebra elementar fornece ! la;l(la,IH + la,l;-,lal + · · · + lalH) e== I:j1aj1((1 + 1a1f-1 j=l 1 1 t. n para todo k j=l 1 ! 1 e, daí, (8. 7) e (8.8) fornecem n 1 'i 1. Utilizando : : ; L lail ( (1 + lal)j-l + (1 + lal)1- 2lal + · · · + lalj-l) com a0,a1, ... ,an E Z. Agora, observemos que ::::; » 1:.(~·~1 = Prova. Seja ak = Pk. Como ak ~ a, temos que qk ~ +oo. Como qk a é algébrico de grau n > 1, existe f E Z[X] \ {O} de grau n e tal que f(a) = O, digamos, = anXn » (8.8) 1. f(X) 211 (8.7) para todo k » 1. Como passo final, observe que se f(ak) = O, então teríamos f(X) = (X - ak)g(X) para algum g E Z[X] \ {O} de grau n-1. Como a=/= ak 212 Números Algébricos e Aplicações (pois a é irracional), concluímos que a seria raiz de g contrad· d . f t d 1zen O O 1 a O o po mom10 minimial de a ter grau n · Logo , f( ªk ) .../.. . r 0 e, assim A • 213 8.3 Números transcendentes para todo k » 1. Por outro, , la - akl = Portanto, para k 1 < 1 10(k+I)I · 9, 999 ... = 1 10(k+I)l-l' j>k 1/(ak)I =an(::)n +···+a1 (::) +ao = qk lanPk ""°" a· LJ l~il + · · · + a1pkqk-l + a0 qkl » 1 teríamos 1 10(k+l)l-l >__!_ 1 > (10kl) n+I - qk Finalmente, combinando essa última desigualdade com a ant . a ela, obtemos (8.6). enor D· - O exemplo a seguir, também devido a Liouville, traz uma aplicaçaodengenhosa do teorema anterior à construça-o , de n·u'meros . t ranscen e~tes. Para u~a apreciação adequada do mesmo, o leitor precisa p~~smr uma relativa familiaridade com manipulações aritméticas de senes convergentes, no nível do capítulo 3 de [12]. Exemplo 8.21 (Liouville). Se ª1 ' a2 ' a3 ' ... E {1 , 2, 3, · · · , 9} , en t-ao o , l numero rea ª1 a2 a3 a= - +1021 - + 1031 + . . . . 1011 é trancendente. Prova. . . Suponha . . que a fosse algébrico , de grau n > 1 ('""' '-" e, c1arament e irracional - veJa o problema 1). Para k 2:: 1, seja k ªk = L . a· _J 10il = J=l p _k_ 10kl' e, daí, (k + 1)! - 1 < k!(n equivale a + 1). Contudo, essa última desigualdade k!(k - n) < 1, que é falsa para k 2:: n + 1. Finalmente, uma vez que a hipótese de que a é algébrico leva a uma contradição, não temos alternativa além de concluir que a é D· transcendente. Terminamos recordando que, em [12], mostramos que os números e e 1r são irracionais. Contudo, métodos mais refinados de Análise real permitem mostrar que tais números são transcendentes. Ambos tais fatos foram estabelecidos ainda no século XIX, sendo devidos ao matemático francês C. Hermite e ao matemático alemão F. Lindemann, respectivamente. Para o leitor interessado, recomendamos [26]. Exemplo 8.22. Admitindo a transcendência dos números e e 1r, os teoremas 8.9 e 8.12 permitem justificar a transcendência de vários números complexos. Por exemplo, o número 1r + v'2 é transcendente, posto que, se fosse algébrico, teríamos 1í com Pk EN. Então, por um lado, segue do teorema de Liouville que = (1r + v'2) - v'2, também algébrico, por ser uma diferença entre dois números algébri- la- akl > 1 (10k1r+l' cos. 214 Números Algébricos e Aplicações Problemas - Seção 8.3 1. Prove que o númbero a do Exemplo 8.21 é irracional (esse fato foi utilizado na discussão do exemplo). 2. Assumindo a transcendência de e e de 1r, prove diretamente (i.e., sem apelar para o teorema 8.9) que os números 1r + J2 e e+ .J3 também são transcendentes. CAPÍTULO 9 3. Se a E C é transcendente e n EN, prove que y'a e an também são transcendentes. Recorrências Lineares Neste capítulo final, completamos o trabalho iniciado na seção 4.3 de [10], mostrando como resolver uma recorrência linear de coeficientes constantes e ordem qualquer. Precisamos, inicialmente, de duas definições, as quais se revelarão centrais para tudo o que segue. Definição 9.1. Uma sequência (an)n2'.l é dita recorrente linear, se existirem um inteiro positivo k e números complexos u 0 , ... , uk-I, nem todos nulos, tais que (9.1) 1 ! 1' para todo n ~ 1. O natural k é denominado a ordem da recorrência linear e a equação (9.1) é a relação de recorrência ou, simplesmente, a recorrência satisfeita pela sequência. Neste caso, (an)n2'.l é também denominada uma recorrência linear de ordem k. 215 216 Recorrências Lineares Dados a1, ... , ak E C, é imediato verificar que há exatamente uma sequência (an)n2'.l satisfazendo (9.1) e tal que ªi = ai, para 1 :::; j:::; k. Portanto, uma recorrência linear de ordem k fica totalmente determinada quando conhecemos a relação de recorrência linear por ela satisfeita e os valores de seus k primeiros termos. 217 9.1 Um caso particular importante onde x 1 , ... , Xk é a solução do sistema de Vandermonde + X2 + · · · + Xk zix1 + Z2X2 + · · · + ZkXk Z~X1 + Z~X2 + · · · + Z~Xk X1 (9.3) Definição 9.2. Seja (an)n2'.l uma sequência satisfazendo a recorrência linear an+k = Uk-lan+k-1 + · · · + Uoan, para n 2: 1, onde uo, ... , uk-l são números complexos dados, nem todos nulos. O polinômio característico de (an)n2'.l é o polinômio f E C[X] dado por "(9.2) 9.1 Prova. Como z1 , z2 , .•• , Zk são dois a dois distintos, a proposição 6.6 garante a existência de uma única solução x 1 , x 2, ... , xk do sistema (9.3). Podemos, pois, definir a sequência (bn)n2'.l pondo bn = n-1 Z1 X1 + Z2n-1 X2 + · · · + Zkn-1 Xk, w V n > _ 1. Então, para 1 :::; j :::; k, o sistema (9.3) fornece Um caso particular importante Discutimos, inicialmente, o caso em que as raízes do polinômio característico da recorrência são duas a duas distintas; apesar da limitação envolvida, este caso é bem mais simples que o caso geral e encontra muitas aplicações interessantes. O resultado de interesse é o conteúdo do teorema a seguir. Por outro lado, sendo f o polinômio característico de (an)n2'.I, segue da definição dos bi 's que bn+k - Uk-lbn+k-1 - """ - Uobn = k k k 2 """'zi:i,+k-lx · - uk -L.....tJ 1 """'zi:i,+k- x · - · · · - u 0 """'zi:i- 1x · L.....!J J J L.....!J J j=l Teorema 9.3. Seja (an)n2'.1 uma sequência satisfazendo, para todo n 2: 1, a relação de recorrência j=l j=l k L z7- 1xi(zj - Uk-1zJ- 1 - · · · - uo) j=l k L z7- 1xif(zi) = O. onde uo, ... , uk-1 são números complexos dados, nem todos nulos. Se as raízes complexas z1 , z 2, ... , zk do polinômio característico de (an)n2'.1 são todas distintas e ªi = ªi para 1 :::; j :::; k, então j=l Portanto, a sequência (bn)n2'.l satisfaz a mesma recorrência linear que (an)n2'.l e seus k primeiros termos coincidem, respectivamente, com os k primeiros termos da sequência (an)n2'.l· Logo, uma fácil indução garante que an = bn para todo n 2: 1, conforme desejado. D Recorrências Lineares 218 O exemplo a seguir mostra que não necessariamente precisamos conhecer explicitamente as raízes do polinômio característico para aplicar o resultado do teorema anterior a fim de obter informações relevantes acerca do comportamento de uma dada recorrência linear. Exemplo 9.4 (Crux). Seja A 1 A 2 A 3 A 4 o quadrado de vértices A1 = (O, 1), A2 = (1, 1), A3 = (1, O) e A 4 = (O, O). Para cada n 2:: 1, seja An+4 o ponto médio do segmento AnAn+l · Prove que, quando n ---+ +oo, a sequência de pontos An converge para um ponto A e calcule as coordenadas de tal ponto. Prova. Para cada n 2:: 1, seja An(xn, Yn)· A condição do enunciado, juntamente com a fórmula para as coordenadas do ponto médio de um segmento (veja o corolário 6.2 de [11]), garante que 2Xn+4 = Xn+1 + Xn, Y n 2:: 1, = 2X4 - X - 1 = (X - l)g(X), a+b+c= -1 e ab+ac+bc= 1. (9.4) i 1 = a(b + c) + bc = a(-1 - a)+ bb, de modo que lbl 2 = a(a + 1) + 1 < 1. Mas, como lbl = lei, segue que lbl = lei < 1. Então, a relação (9.5), juntamente com o resultado do exemplo 9.8, garante que lim Xn = D. n--++oo 1 o o 1 Multiplicando as três últimas equações por 2 e somando membro a membro as quatro igualdades resultantes, chegamos a Ag(a) + Bg(b) + Cg(e) + 7D = 3. < O, Mas, uma vez que a, b e e são as raízes de g, segue que 7D = 3 ou, ainda, D=~· De modo análogo, provamos que limn--++oo Yn = ~ e, assim, de sorte que, pelo exemplo 4.7 e problema 2, página 74, podemos supor que a é real e b e c são complexos não reais, conjugados. Em particular, a, b e c são dois a dois distintos e, como 1 não é raiz de g, D Portanto, ! '. 'i Para sabermos o que ocorre quando n ---+ +oo, note inicialmente que g(-l)g(O) = -1 < O e, assim, o teorema de Bolzano 5.2 garante que -1 < a < O. Portanto, as relações (9.4) fornecem A+B+C+D Aa+Bb+Ce+Dd Aa2 + Bb2 + Cc2 + Dd2 Aa3 + Bb3 + Ce3 + Dd3 onde g(X) = 2X 3 + 2X 2 + 2X + 1. Se a, b e c são as raízes complexas de g, segue das relações de Girard que : o teorema 9.3 garante a existência de constantes reais A, B, C e D tais que Xn = Aan-l + Bbn-l + Ccn-l + D, Y n 2:: l. (9.5) A fim de calcular o valor de D, recorde que X1 = X4 = O e X2 = x 3 = 1. Portanto, fazendo sucessivamente n = 1, 2, 3 e 4 em (9.5), obtemos o sistema linear valendo uma recorrência análoga para a sequência (Yn)n::::i· O polinômio característico da recorrência acima é f(X) 219 9.1 Um caso particular importante a2 + b2 + c2 =(a+ b + c)2- 2(ab + ac + bc) = (-1)2- 2 · 1 = -1 220 Recorrências Lineares Problemas - Seção 9.1 1. Seja A 1 A2A3 o triângulo do plano cartesiano de vértices A1 (0, O), A 2 (1, O) e A3 (!,O). Para cada n 2: 1, seja An+3 o baricentro do triângulo AnAn+1An+2· Se An(Xn, Yn), mostre que Xn ---+ 1~ e Yn---+ quando n---+ +oo. 1 9.2 Sequências, séries e continuidade em C 221 Exemplo 9.5. Para todos a E (C e R > O o disco aberto D(a; R) é um conjunto aberto e o disco fechado D( a; R) é um conjunto fechado. Prova. Escolhido arbitrariamente z E D(a; R), seja r = R - lz - ai. Então, r > O e afirmamos que D(z; r) C D(a; R) (veja a figura 9.1), o que será suficiente para garantir que D(a; R) é aberto. 2. Se a é a maior raiz positiva do polinômio X 3 - 3X 2 + 1, mostre que os números la 1788 J e la 1988 J são, ambos, múltiplos de 17. 9.2 Sequências, séries e continuidade em CC Nesta seção, estendemos algumas definições e resultados dos capítulos 3 e 4 de [12] a funções com valores complexos. Observamos que o material aqui apresentado (mais precisamente, o teorema 9.19) foi utilizado na prova do teorema fundamental da álgebra, na seção 3.3, e será de fundamental importância para a discussão do material da seção 9.3. Dados a E C e R > O, denotamos por D(a; R) o disco aberto de centro a e raio R, i.e., o subconjunto de (C dado por D(a; R) = {z E C; lz - ai < R}. Analogamente, o disco fechado de centro a e raio R é o subconjunto D(a; R) de C, dado por D(a; R) = {z E C; lz - ai ::; R}. Figura 9.1: todo disco aberto é um conjunto aberto. Para o que falta, tome w E D(z; r). Pela desigualdade triangular, temos lw - ai l(w - z) + (z - a)I ::; lw - zl + lz - ai ::; r + lz - ai = R = 1 ii ti I: 1: 1 Um conjunto U C (C é aberto se, para todo a E U, existir R > O tal que D(a; R) e U. Um conjunto F e (C é fechado se Fc = C\F for aberto. É imediato que 0 e (C são subconjuntos abertos de (C (no caso de 0, não há como a condição exigida pela definição não ser satisfeita, uma vez que não existe z E 0); portanto, (C = C\0 e 0 = C\C também são fechados. Colecionamos, a seguir, um exemplo menos trivial. e, daí, w E D(a; R). Mas, como tal sucede com todo w E D(z; r), concluímos que D(z; r) e D(a; R), conforme desejado. Para a segunda parte, é suficiente mostrar que U = (C \ D(a; R) é aberto. Para tanto, tome z E U e seja r = lz - ai - R. Então, r > O e, como no primeiro caso, mostramos facilmente que w E D(z; r) =?w EU, de sorte D(z; r) e U. Logo, Ué, realmente, aberto. D Recorrências Lineares 222 Voltemo-nos, agora, às sequências de números complexos, <lendo, às mesmas, o conceito de convergência. Definição 9.6. Dizemos que uma sequência (zn)n~I em <C converge para um limite z E <C, e denotamos Zn --+ z ou limn-++oo Zn = z, se a seguinte condição for satisfeita: ',!E > O, :l no E N; n > no =} Zn - z 1 < 1 lz - wl Lema 9. 7. Seja (zn)n>I uma sequência em <C. = w. (b) Se (znk)k~I é uma subsequência de (zn)n>I e Zn --+ z, então Znk --+ z. 223 (C Prova. (a) Se z -=J. w, então E= lz - wl > O. Mas, como ! ainda é positivo e Zn--+ z e Zn --+ w, existem naturais n1 e n2 tais que lzn - zl < ! para n > n1 e IZn - w 1 < ! para n > n2. Portanto, tomando um índice n > n 1 , n 2 e aplicando a desigualdade triangular, obtemos + (zn - w)I = l(z - Zn) < 2 + 2 =E= lz - E. Heuristicamente, o cumprimento da condição estipulada pela definição acima significa que, à medida que n --+ +oo, os termos Zn se aproximam cada vez mais de z. Realmente, a definição dada estipula que a sequência (zn)n~I converge para z E <C se, dado arbitrariamente um raio E > O, existir um índice n 0 E N tal que os termos Zn, para n > n 0 , pertençam todos ao disco aberto D(z; e). Para o que segue, definimos uma subsequência (znk)k~ 1 de uma sequência (zn)n~I como a sequência obtida pela restrição de (zn)n~I a um subconjunto infinito { n 1 < n 2 < n 3 < · · · } de índices; de um ponto de vista mais rigoroso, (znk)k~I é a sequência f o g : N --+ <C, onde f : N --+ <C e g : N --+ N são dadas por J(n) = Zn, para todo n EN, e g(k) = nk, para todo k EN. O resultado a seguir encerra duas propriedades fundamentais do conceito de convergência de sequências de números complexos. O item (a) do mesmo garante que os termos de uma sequência convergente não podem se aproximar de dois limites distintos. (a) Se Zn--+ z e Zn--+ w, então z 9.2 Sequências, séries e continuidade em E E o que é uma contradição. Logo, z :=::; lz - Znl + lzn - wl wl, = w. (b) Dado E> O, a convergência de (zn)n~I para z garante a existência de no EN tal que lzn - zl < E, para n > no. Agora, como n1 < n2 < n 3 < · · ·, existe k 0 E N tal que k > k 0 =} nk > n 0 . Portanto, para tais valores de k, temos lznk - zl < E, de sorte que (znk)k~I também converge para z. D Graças ao item (a) do lema anterior, se uma sequência (zn)n~I em (C converge para z E <C, diremos, doravante, que zé o limite de (zn)n>I· Para os propósitos destas notas, um dos exemplos mais importantes de sequência convergente é o isolado a seguir. A esse respeito, veja também o problema 2. Exemplo 9.8. Se lzl < 1 e Zn converge para O. = zn, para todo n ~ 1, então (zn)n>I Prova. Inicialmente, observe que lzn - OI = lznl = lzln. Agora, se (an)n~I é a sequência de números reais dada por an = lzln, para n ~ 1, então o exemplo 3.3 de [12] garante que an--+ O. Portanto, dado E> O, existe n 0 E N tal que O ::::; an < E, para n > no. Assim, para n > no, temos lzn - OI = an < E, de sorte que Zn--+ O. D Dada uma sequência (zn)n~I de números complexos, podemos escrever Zn = Xn + iyn, para todo n ~ 1, com Xn, Yn E IR. O próximo 224 Recorrências Lineares resultado relaciona a convergência da sequência (zn)n2':l em (C com as convergências das sequências (xn)n2:1 e (Yn)n2:1 em IR. Lema 9.9. Seja (zn)n2:1 uma sequência de números complexos, com Zn = Xn + iyn, para todo n 2: 1, onde Xn, Yn E IR. Então, (zn)n>i converge em C se, e só se, (xn)n2:1 e (Yn)n2:1 convergem em IR. Ad~mais, se Xn --+ a e Yn --+ b, para certos a, b E IR, então Zn --+ z, onde z =a+ ib. Prova. Suponha, primeiramente, que Zn --+ z, onde z =a+ ib, com a, b E IR, e seja dado E > O. Corno ternos fxn - af, fYn - bf < E se fzn - zf < E. Mas, corno Zn--+ z, existe no E N tal que n > no =} fzn - zf < E. Então, para cada um de tais n, ternos realmente que xn - af, fYn - bf < E, o que estabelece as convergências desejadas. Reciprocamente, suponha que Xn --+ a e Yn --+ b, e seja dado E > O. Corno f teremos fzn - zf < E se fxn - af, fYn - bf < f Mas, corno Xn --+ a e Yn --+ b, existem n1, n2 E N tais que n > n1 =} fxn - af < ~ e n > n2 =} fYn - bf < f Se no= rnax{n1,n2}, então, para n > n 0 , ternos fxn - af, fYn - bf < ~ e, daí, fzn - zf < E, o que estabelece a convergência desejada. D Precisamos, agora, da definição a seguir. Definição 9.10. Uma sequência (zn)n2':l em (C é de Cauchy se, dado E > O, existir n 0 E N tal que m, n > no =} fzm - Znf < E. 9.2 Sequências, séries e continuidade em <C 225 Se (zn)n2':l é urna sequência convergente em C, então (zn)n2':l é de Cauchy. De fato, se Zn --+ z e E > O é dado, então existe n 0 E N tal que fzn - zf < ~' para todo n > no. Portanto, param, n > n 0 , segue da desigualdade triangular para números complexos que _ fz m lzm - z n f < E E zf + lz - zn f < _ 2 + -2 = E. Reciprocamente, ternos o seguinte resultado. Proposição 9.11. (C é completo. Mais precisamente, se (zn)n>l é uma sequência de Cauchy em C, então (zn)n2:i converge. Prova. Seja Zn = Xn +iYn, com (xn)n2:1 e (Yn)n2:1 sequências de números reais. Dado E > O, torne n 0 E N corno na definição de sequência de Cauchy. Corno fxm - Xnl ~ fzm - Znf, segue que (xn)n2:1 é de Cauchy em IR. Portanto, o teorema 3.16 de [12] garante que (xn)n2':l é convergente, para x E IR, digamos. Analogamente, existe y E IR tal que Yn--+ y. Portanto, sendo z = x+iy, segue do lema 9.9 que Zn --+ z. D Corno no caso real (tratado no capítulo 3 de [12]), dada urna sequência (zn)n2:1 de números complexos, definimos a série 1 Lk2':l zk corno sendo a sequência (sn)n2:1, tal que sn = E;=l Zk, para todo n EN. Também corno lá, dizemos que sn é a n-ésima soma parcial da série, e que a série converge se existir o limite s := lirnn-++oo sn; adernais, nesse caso dizemos que sé a soma da série em questão. Em símbolos, escrevemos n ~ Zk 6 k2':1 = n-Hoo6 lirn ~ Zk, k=l caso o limite do segundo membro exista. Ilustramos, a seguir, o exemplo de urna série convergente que será de importância fundamental na próxima seção. 1 Por vezes, consideraremos uma sequência (zn)n>o de números complexos e a série correspondente Ek~o Zk· ,I,' Recorrências Lineares 226 ! Exemplo 9.12. Se a E C\ {O}, mostre que, para z E D(O; 11), temos 9.2 Sequências, séries e continuidade em C 227 Proposição 9.13. Em C, toda série absolutamente convergente é convergente. Antes de continuar, precisamos entender o que vem a ser uma função contínua definida e tomando valores em um subconjunto de C. Prova. Pelo lema 1.12, a n-ésima soma parcial da série do enunciado é n 1 ( )n+l 1 (azr+l "'(azt = - az L...,; 1 - az 1- az 1- az k=O ! Agora, para z E D(O; 1 1), temos lazl < 1, de sorte que, pelo exemplo 9.8, temos (azr-+ O quando n-+ +oo. Portanto, segue da igualdade acima que, para z E D(O; 1 1), ! "'(azt = L...,; k~O n 1 lim "'(azt = n--++oo L...,; 1 - az k=O (azr+l· lim - · n--++oo 1 - az Definição 9.14. Dado um subconjunto não vazio X de C, dizemos que uma função f : X -+ C é contínua se a seguinte condição for satisfeita: para toda sequência (zn)n~I de pontos de X, se Zn -+ z, com z E X, então f(zn)-+ f(z). A proposição a seguir nos permitirá construir um exemplo de função contínua de nosso interesse. 1 Proposição 9.15. Se f, g : X -+ C são funções contínuas, então f + g, fg: X-+ C também são contínuas. 1 - az . D Também de fundamental importância é o conceito de série absolutamente convergente, i.e., uma série Lk~o ak tal que a série real Lk>O lakl converge. Para n E N, sejam sn = L~=l ak e tn = L~=l lakl, de ~rte que a sequência (tn)n~I converge. A desigualdade triangular para números complexos fornece, para m > n inteiros, m lsm~snl = L k=n+l m ak ~ L lakl =tm-tn. k=n+l Agora, vimos no capítulo 3 de [12) que, como (tn)n~I converge, temos (tn)n~l de Cauchy; portanto, dado E > O, existe ko E N tal que m > n > ko =} tm - tn < E. Logo, também temos lsm - snl < E para m > n > k 0 , de sorte que (sn)n~o também é de Cauchy. Como vimos na proposição 9.11 que toda sequência de Cauchy em (C é convergente, o argumento acima prova o resultado a seguir. Prova. Seja dada uma sequência (zn)n~I em X, tal que Zn-+ z, com z E X. Observe inicialmente que, pela desigualdade triangular para números complexos, l(f + g)(zn) - (! + g)(z)I = l(f(zn) - f(z)) + (g(zn) - g(z)I ~ lf(zn) - f(z)I + lg(zn) - g(z)I. Agora, dado E> O, como f(zn) -+ f(z) e g(zn) -+ g(z), existe n 0 EN tal que n >no=} lf(zn) - f(z)I, lg(zn) - g(z)I < é 2. Portanto, também para n > n 0 , segue dos cálculos acima que é é l(f + g)(zn) - (! + g)(z)I ~ 2 + 2 = e, daí, (! + g)(zn) -+ (! + g)(z). E Recorrências Lineares 228 Para f g, e aplicando duas vezes a desigualdade triangular para números complexos, obtemos l(f g)(zn) - (f g)(z)I = lf(zn)g(zn) - f(z)g(z)I :::; lf(zn) - f(z)llg(zn)I + lf(z)llg(zn) - g(z)I :::; lf(zn) - f(z)llg(zn) - g(z)I + lf(zn) - f(z)llg(z)I + lf(z)llg(zn) - g(z)I. Como antes, dado E > O, tome n 0 E N tal que n > n 0 implique lg(zn) - g(z)I < min { /%, 3(lg(z;I + l)} li, 3(lf(z;I + l)}. li· li+ contínua. Agora, aplicando várias vezes a primeira parte da proposição anterior, concluímos que a soma de tais funções, quando k varia de O a n, também é contínua. Mas tal soma é, precisamente, a função f. D Voltemo-nos, agora, á discussão de séries de potências em CC. Uma série de potências em CC é uma série da forma 1:\:::::o akzk, onde (an)n:::::o é uma sequência dada de números complexos. f. Então, para n > n 0 , segue dos cálculos acima que l(f g)(zn) - (f g)(z)I :::; 229 Admita que a sequência ( -elía,Jh:::::o é limitada, digamos v1a,J < l, para todo k ~ O e algum l > O. Então, lakzkl :::; (lz)k para k ~ O, de sorte que, pelo exemplo 9.12, a série Lk>o lakzkl converge em D(O; R), onde R = A proposição anterior g;rante, então, que a série de potências Lk:::::o akzk converge em D(O; R). Abreviaremos a situação descrita até aqui dizendo que D(O; R) é um disco de convergência para a série de potências em questão. Nosso próximo resultado garante que a função f: D(O; R) -+ CC assim definida é contínua. Por uniformidade de notação, convencionamos que Lk:::::o akzk = a0 para z = O. lf(zn) - f(z)I < min { e 9.2 Sequências, séries e continuidade em C 3(lg(z;I + 1) · lg(z)I E + lf(z)I · 3(lf(z)I + 1) E E E <-+-+-=E 3 3 3 Proposição 9.17. Se D(O; R) é um disco de convergência para a série e, daí, (f g)(zn)-+ (f g)(z). Exemplo 9.16. Dados n EN e ao, a1, ... , ªn-l, an E CC, com an D -=/:- O, a função polinomial f : CC -+ CC, tal que para z E de potências Lk>o akzk, então a função f : D(O; R) -+ CC, dada para z E D(O; R) por f (z) = Lk:::::o akzk, é contínua. CC, é contínua. Prova. Evidentemente, as funções constantes e a função z M z são contínuas. Portanto, aplicando várias vezes a segunda parte da proposição anterior, concluímos que, para O :::; k :::; n, a função z M akzk é Prova. Sejam z, w E D(O; R) tais que lw lwl < r, onde r = !(R + lzl) e, para k EN, zl < HR - lzl). Então, lwk - zkl = lw - zl lwk-l + wk-2z + ... + wzk-2 + zk-ll :::; lw - zl(lwlk-l + lwlk- 2lzl + · · · + lwllzlk- 2+ lzlk-l) :::; lw - zl(rk-l + rk-2. r + ... + r. rk-2 + rk-1) = krk-llw - zl. 230 Recorrências Lineares Portanto, mantida a restrição acima sobre w, segue do problema 4 que lf(w) - f(z)I Lªkwk - Lªkzk k20 k20 Lªk(wk - zk) ::; L iakllwk - k21 k21 : ; ~ (L zkl klaklrk) lw - zl. k21 Agora, fixe um real e tal que 1 < e < ~ (tal é possível, uma vez que r < R). Como {/i'a,;f < para k ~ O e 1;/k -+ 1 (de acordo com o exemplo 3.12 de [12]), existe k0 EN tal que {lkía,J < fz, para k > k0. ti. D~, . L klakirk < L (~) k ==e< +oo, k2ko k2ko uma vez que O< ~ < 1. Fazendo C' = lf(w) - f(z)I ::; ~ (tklaklrk) lw - E!: zl k=l C' ::; -lw - zl r C + -lw r 1 2(R- s; Prova. Avaliando a igualdade Ek 2o akzk = Ek 2o bkzk para z = O, obtemos a0 = b0. Então, cancelando a0 = b0 em ambos os membros da igualdade Í:k>O akzk = Í:k>O bkzk, obtemos Í:::k>l akzk = Í:::k>l bkzk, para z E D(O; R) e, daí, E~>l akzk-l = Í:::k>l bk~k-l, para z E -D(O; R) \ {O}. Mas, como ambos os-membros da última igualdade definem funções contínuas em D(O; R), concluímos que Ek>l akzk-l = Ek 21 bkzk-l, para z E D(O; R). Então, avaliando essa última igualdade em z = O, obtemos a 1 = b1 . Prosseguindo dessa maneira, mostramos indutivamente que ak = bk, para todo k ~ O. D Terminamos esta seção com um resultado que estende, para funções contínuas f: D(a; R) -+ C, o teorema 3.14 de [12]. Teorema 9.19 (Weierstrass). Se f : D(a; R) -+ C é uma função 1 +~ klaklrk, segue que (L contínua, então existem Zm e ZM em D(a; R), tais que lf(zm)I klaklrk) lw - zl k>ko zl. Em resumo, mostramos que lw - zl < Corolário 9.18. Sejam Í:k>o akzk e Í:k>O bkzk séries de potências Í:k>o akzk = Ek>o bkzk, convergentes no disco aberto- D(O; R). para todo z E D(O; R), então ak = bk, para todo-k ~ O. - Lªk(wk - zk) k20 = 231 9.2 Sequências, séries e continuidade em C lzl) =* IJ(w) - f(z)I < Alw - zl, para alguma constante positiva A. Mas, sendo esse o caso, o problema 7 mostra que Zn-+ z =* f(zn) -+ f(z), e a arbitrariedade dez garante a continuidade de f. D O corolário a seguir mostra que, se uma função f : D(O; R) -+ C for dada por uma série de potências, então tal série é única. = min{lf(z)I; z E D(a; R)} e lf(zM)I = max{lf(z)I; z E D(a; R)}. Prova. Seja (zn)n 21 uma sequência em D(a; R) tal que J(zn)-+ sup{jf(z)I; z E D(a; R)} (aqui, em princípio não excluímos a possibilidade de que tal sup seja +oo). Ponha Zn = Xn + iyn, com Xn, Yn E R Como lznl ::; R para todo n ~ 1, temos IXn 1, 1Yn 1 ::; R, para todo n ~ 1. Pelo teorema 4.31 de [12], podemos tomar um subconjunto infinito N1 e N, tal que (xn)nENi converge para um certo x E R Daí, podemos tomar um segundo subconjunto infinito N2 e N1 , tal que (Yn)nEN 2 converge para 232 Recorrências Lineares um certo y E R Mas, como (xn)nEl"b é uma subsequência de (xn)nENu temos que (xn)nEN2 ainda converge para x. Fazendo ZM = x+iy, segue do lema 9.9 que (zn)nEN2 converge para ZM, Portanto, segue do problema 1 que lzMI ::; R, i.e., ZM E D(a; R). Invocando agora a continuidade de f, temos que f(zM) = n--++oo lim f(zn) = sup{l/(z)I; z E D(a; R)}. 9.2 Sequências, séries e continuidade em C Para o próximo problema, dizemos que uma sequência de números complexos é divergente se não for convergente. 2. Se lzl > 1 e Zn = zn, para todo n 2: 1, mostre que a sequência (zn)n~l é divergente. 3. * Se (zn)n~l e (wn)n~l são sequências em C, convergindo respectivamente para z e w, prove que: nEN2 Em particular, sup{l/(z)I; z E D(a; R)} = max{l/(z)I; z E D(a; R)}. A prova da primeira parte do teorema é análoga e será deixada D como exercício para o leitor. (a) Se a E C, então azn--+ az. (b) Zn ± Wn --+ Z ± W. (c) ZnWn--+ ZW. Corolário 9.20. Se f : C --+ C é uma função polinomial, então, dado R > O, existem Zm e ZM em D(a; R), tais que 1/(zm)I = min{l/(z)I; z E D(a; R)} 233 (d) Se Wn,W # O, então Zn/Wn--+ z/w. * Se 4. a, b E C e Lk~l zk e Lk~l wk são séries convergentes de números complexos, mostre que Lk~ 1(azk+bwk) também é convergente, com 5. * Se 0 # X e Y e C e f: Y--+ C é uma função contínua, prove que /1x : X --+ C também é contínua. 6. * Se 0 # X e 7. * Seja 0 # e lf(zM)I = max{l/(z)I; z E D(a; R)}. Prova. O exemplo 9.16 e o problema 6 garantem que 1/1 : C --+ [O, +oo) é uma função contínua. Portanto, também é contínua a função 1/1 : D(a; R) --+ [O, +oo). Basta, agora, aplicar o teorema de Weierstrass. D Problemas - Seção 9.2 1. * Se (zn)n~1 é uma sequência em C convergindo para z E C, prove que (zn)n~l é limitada, i.e., que existe M > O tal que lznl < M, para todo n 2: 1. Ademais, se lznl ::; R, para todo n 2: 1, mostre que lzl :SR. C e f: X--+ C é uma função contínua, prove que 1/1 : X--+ [O, +oo) também é contínua. X e C e f : X --+ C uma função satisfazendo a seguinte condição: para z E X, existem A, B > O (em princípio dependendo de z), tais que w E X, lw - zl < B => lf(w) - f(z)I < Alw - zl. Mostre que i i f é contínua. Recorrências Lineares 234 8. * Se a E <C \ {O} em EN, mostre que, para z E D(O; 1~1), temos 1 (1 - az)m 9.3 = L n2'.0 (n +m m - 1) az - para 1 S n < m, com m > k, então + · · · + U1am-k+l + Uoam-kl S luk-tllam-11 + · · · + lu1llam-k+1I + luollam-kl S luk-1IRm-l + · · · + lu1IRm-k+l + luolRm-k = Rm-k(luk-1IRk-I + · · · + lu1IR + luol). laml = luk-Iªm-1 n n 1 235 9.3 O caso geral · O caso geral De posse do material da seção anterior, podemos finalmente nos voltar à discussão do caso geral de (9.1), i.e., aquele em que as raízes complexas do polinômio característico (9.2) não são necessariamente distintas. Para tanto, nos valeremos da teoria de funções geradoras (discutida no capítulo 3 de [13]), adequadamente estendida a séries de potências sobre C. O resultado fundamental é dado pelo teorema a seguir. Teorema 9.21. Seja (an)n 21 uma sequência satisfazendo, para n 2: 1, Portanto, se g(X) = Xk - luk-1IXk-I - · · · - lu1IX - luol e Ro > O for tal que g(R) > O para R > Ro, então, para cada um de tais R's, temos pelos cálculos acima que laml S Rm-k(luk-1IRk-I s Rm-k. Rk = + · · · + lu1IR + luol) Rm. Basta, pois, escolhermos, de início, Ro > O tal que la1I, ... , lakl S Ro e g(R) > O, para todo R > R 0. Agora, fixe R > R 0 e seja a recorrência linear F(z) = LªnZn. n21 onde u 0, ... , uk-I são números complexos dados, com u 0 =/:- O. Sejam z1 , ... , z1 as raízes duas a duas distintas do polinômio característico (9.2) de (an)n2 1, com multiplicidades respectivamente iguais a m 1 , ... , mz. Então, para n 2: 1 temos Como lanl S Rn para n 2: 1, o teste da comparação garante a condo plano complexo. Sejam vergência de F no disco aberto D(O; f(X) = Xk - uk_ 1xk-I - · · · - u 1X - u 0 o polinômio característico de (an)n21 e h(X) = -uoXk -u1xk-l _ ... -Uk-lx + 1 seu recíproco (âh = k, uma vez que u 0 =/:- O). Para z E D(O; Ji), temos i) h(z)F(z) 1 onde p 1 , ... ,Pz E <C[X] são polinômios de graus menores ou iguais a m 1 - 1, ... , mz - 1, respectivamente, os quais são totalmente determinados pelos valores de a 1 , ... , ak. = -(f UjZk-j) (Lanzn) + LªnZn j=O n21 n21 k-1 = - L L Ujanzn+k-j + L anzn j=O n21 n21 k-1 Prova. Afirmamos, inicialmente, que existe uma constante R 0 > O tal que lanl S Rn, para todos n 2: 1 e R > Ro. De fato, se lanl S Rn = - L L j=O n2'.k-j+l Ujªn-k+jZn + L anZn. n21 236 Recorrências Lineares Para j 2'.: 2, escreva L 237 9.3 O caso geral segue de (9.1) que k-1 L Ujan-k+jZn n2::k-j+l Ujan-k+jZn + L Ujan-k+jZn n=k-j+l n2::k -f L (-f -(-f Ujan-k+jZn Ujaj I:n2::l anzn. Obtemos + ak) Zk + Ujaj L Uoan-kZn - n2::k+l U1an-k+1Zn n2::k -f ( f j=2 L Ujan-k+jZn + ak) zk + + L Ujan:.....k+jZn) · n2::k L n2::k+l -L L Ujªn-k+jZn j=2 n2::k k-1 k-1 Ujan-k+jZn j=2 n=k-j+l LL j=2 n2::k (ª• - n=l LL n2::k j=2 Ujan-k+jZn' + u1an-k+1) zn. U1an-k+1Zn + ak) zk + (uoan-k + u1an-k+1) zn n2::k+l k-1 k-1 t L Ujan-k+jZn + LªnZn n=l u;a;) z• - t n=t+l u;a..-k+;Z" + ~ a,.z", h(z)F(z) = zp(z) para z E D(O; i), onde p E C[X] é um polinômio não nulo, de grau ap::; k - 1. Como h(O) = 1 =!= O, aumentando R, se necessário, podemos supor que h(z) =!= O para z E D(O; ~). Por outro lado, como k-1 Ujan-k+jZn = Zn de sorte que + LªnZn. Mas, como k-1 L j~n=k~+l anzn n2::k k-1 -L L Ujaj -L L U1ªn-k+1Zn +L + an) n2::k f n2::k k-1 Ujan-k+j Uoan-k j=2 L Zn j=2 L ( Uoan-kZn - k-1 n2::k Uoan-kZn - L + (- + LªnZn + LªnZn = - + an) n2::k+l n2::k+l k-1 n=l L (- f Ujan-k+j j=2 Portanto, h(z)F(z) n=k-j+l n2::k n2::k+l . j=2 h(z)F(z) L (- f anZn = n2::k j=2 e analogamente para +L j=2 n2::k temos 238 Recorrências Lineares de sorte que F(z) = (1 - zp(z) ••• (1 - zzz)mi' (9.6) z1z)m 1 fi)· para z E D(O; Agora, observe que Uma vez que an é o coeficiente de zn na série que define F, segue da última igualdade acima e do corolário 9.18 que _ an - ~ ~ d. (n +n.ni- -1 ~ ~ Jnj j=l l F(z) = z "°' nj=l "°' (1-z·z Jnj ) . , n1 .1 (9.7) ~~ j=l fi)· para z E D(O; Mas, ser= min{-h, 1; 11 , ••• , página 234, garante que __ 1_ = (1-z·z)nj .1 1;z1 }, então o resultado do problema 8, n~O "!'_ 1 mj (n?:.; l)! (n + n; - 2){n + n; - 3) ... (n + l)nz;- 1 = LPi(n - l)zy- 1 , j=l onde p;(X) = = ~ (n::; l)! (X+ n; Cj,mj-lxmrl l){X + n; - 2) ... (X+ l)z;- 1 + · · · + Cj1X + Cjo, um polinômio de grau menor ou igual a mi - 1. "°' (n+nj - l)z"!'zn n·-1 ~ .1 2) z.1 l d· mj nj=l =;; l Portanto, aplicando à igualdade (9.6) a fórmula de decomposição em frações parciais (conforme o problema 6, página 163), concluímos pela existência, para 1 :S j :S l e 1 :S ni :S mi, de constantes djnj , unicamente determinadas pelos coeficientes de p (e, portanto, por a 1 , a 2 , ... , ak e uo, ui, ... , Uk-i), tais que 239 9.3 O caso geral .1 3 ' para 1 :S j :S l, 1 :S ni :S mi e z E D(O; r). Portanto, segue de (9.7) que, para lzl < r, D A fim de apresentar uma aplicação relevante do teorema anterior, precisamos da seguinte definição. Definição 9.22. Sejam dados uma sequência (an)n~l e um inteiro m > 1. Dizemos que (an)n~l é uma (a) PA de ordem 1 se (an)n~l for uma PA. (b) PA de ordem m se a sequência (bn)n~l for uma PA de ordem m - 1, onde bn = an+l - an, para n 2:: 1. 11 1 O lema a seguir caracteriza PA's de ordem m por meio de uma recorrência linear que generaliza a recorrência satisfeita pelas PA's ordinárias. 240 Recorrências Lineares Lema 9.23. Uma sequência (an)n:2'.:l é uma PA de ordem m se, e só se, ( m+l) O an+m+l - (m+l) l an+m + · · · + (-1 )m+l(m+l) m + l an = O, (9.8) para todo n 2 1. Prova. Inicialmente, seja (an)n:2::1 uma PA de ordem m. Sem = 1, então (an)n:2'.:l é uma PA e (9.8) se reduz a an+2 - 2an+l + an = O para n 2 1, relação que sabemos ser sempre satisfeita por uma PA. Por hipótese de indução, suponha que (9.8) é válida quando m = k - 1. Para m = k, a sequência (bn)n:2::1, dada por bn = ªn+i - an é, por definição, uma PA de ordem k - 1. Portanto, segue da hipótese de indução que 9.3 O caso geral 241 Reciprocamente, seja (an)n:2:: 1 uma sequência para a qual vale (9.8). Se m = 1, então ªn+2 - 2an+l + an = O para n 2 1, de sorte que (an)n:2::i é uma PA. Por hipótese de indução, suponha que a validade de (9.8) para m = k - 1 acarreta que (an)n:2::1 é uma PA de ordem k - 1. Considere, então, uma sequência (an)n:2::1 que satisfaz (9.8) para m = k, i.e., tal que (k; 1 )an+k+l - .(k; 1 )an+k + · · · + (-ll+l (:: ~)an = O, para n 2 1. Então, utilizando a relação de Stifel, juntamente com as igualdades (k't 1) = (~) e (!!~) = (!), reobtemos sucessivamente as relações (9.11), (9.10) e (9.9), para n 2 1. Portanto, segue da hipótese de indução que a sequência (bn)n:2'.:l é uma PA de ordem k-1, de sorte que, por definição, (an)n:2::1 é uma PA de ordem k. D Podemos, finalmente, apresentar a aplicação prometida do teorema 9.21. Exemplo 9.24. Se (an)n:2'.:l é uma PA de ordem m, então (9.8) vale para todo n 2 1, de sorte que o polinômio característico de (an)n:2::1 é para todo n 2 1, ou, ainda, (~) (an+k+l - an+k) - (~) (an+k - an+k-1) + ··· f(X) = (m; l)xm+i _ (m = (X - l)m+l. (9.10) · · · + (-ll (:) (an+l - an) = O, t l)xm + ... + (-l)m+l (:: ~) Pelo teorema 9.21, existem constantes ao, para todo n 2 1. Mas, isso é o mesmo que ai, ... , an =ao+ a1(n - 1) + · · · + am(n - am tais que l)m, para todo n 2 1. Avaliando a relação acima para n = 1, obtemos = a1; avaliando-a para = 2, ... ' m + 1, obtemos a i , . . . ' am como soluções do sistema linear de equações ªº ·. Ii n a1 +a2 + · · · + am 2a1 + 22a2 + · · · + 2mam A partir daí, a relação (9.8) para m = k segue da relação de Stifel, . (k+l) Juntamente com o fato de que (k) e (k) k -- (k+l) k+l · O = 0 Recorrências Lineares 242 Observe que o fato de um tal sistema linear de equações sempre admitir uma única solução é uma decorrência imediata do teorema 9. 21. Problemas - Seção 9.3 CAPÍTULO 10 1. Seja k um natural dado e (an)n~l uma sequência tal que 1 2(an-k + an+k), an = Soluções e Sugestões para todo natural n > k. Use o teorema 9.21 para mostrar que k an = L)Aj + (n - l)Bj)wi-1., j=l para todo n ~ 1, onde w = eis 2; . 2. Prove as identidades da proposição 4.17 com o uso de funções geradoras. Seção 1.1 2 Para o item (b), escreva lz + wl 2 = (z + w)(z + w) e use o resultado do item (b) do lema 1.1, juntamente com 1.8. ri ,. ~·li ·~:;, 1 i I' 3. Para o item (a), aplique a desigualdade lz + wl ::S lzl + lwl, com u- z no lugar de z e z - v no lugar de w. Para o item (b), observe que a desigualdadeemquestãoéequivalentea-lz-wl ::S lzl-lwl ::S lz-wl; em seguida, para obter a desigualdade lzl - lwl ::S lz - wl, aplique a desigualdade lz + wl ::S lzl + lwl, escrevendo z - w no lugar dez. 11 ! ,1 I· 1 1, 1 z tem a forma do enunciado, use o item (a) do problema 2 para concluir que lzl = 1. Reciprocamente, suponha que lzl = 1. Imponha que z = t;t;, com w E C, para obter w = i t;:!; em seguida, use os itens (b) e (d) do lema 1.1, juntamente com o fato de que lzl = 1, para concluir que w E R 4. Se 11 I'! lJ 243 Soluções e Sugestões 245 5. Desenvolva ambos os membros da desigualdade lz - al 2 < 11 - azl 2, utilizando o resultado do item (b) do problema 2. deduza que Im(a)Im(b) é racional; analogamente, Im(a)Im(c) também é racional. Agora, como (novamente pelo problema 2) lb- cl 2 = lbl 2 + lcl 2 - 2Re(bc), basta mostrarmos que Re(bc) é racional. Para tanto, veja que 244 6. Note inicialmente que Zk+l = Zk ( 1 + k). Em seguida, calcule lzkl em função de k utilizando produtos telescópicos. Por fim, veja que Zk+l - Zk -- -3.ki_ v'k+i. 7. Revise a definição de adição e subtração de vetores, no capítulo 8 de [11]. Re(bc) de sorte que basta mostrarmos que Im(b)Im(c) é racional. Para o que falta, escreva I (b)I ( ) m me 8. Suponha que uma tal ordem total exista e chegue a uma contradição. 9. As verificações dos itens (a) a (e) são longas, mas elementares. Quanto ao item (f), a primeira parte é imediata a partir da definição da multiplicação em lHI; para a segunda parte, basta utilizar a igualdade la,81 2 = a,Ba,B, juntamente com o resultado do item (e). O item (g) segue da segunda parte de (f). Finalmente, se a E lHI \ {O}, então a · ~ = 1; daí, se a,B = O e a =/:- O, então o= 1:i2 (a,B) = c:i2ª) ,B = 1 · ,B = ,8. = 1, então a,8- a~ = Oou, ainda, a (,a - 1:i2 ) = O; mas, como a =/:- O, segue que ,B = ~ (aqui, escrevemos a - ,B para Por fim, se a,B denotar a+ (-,8), onde -,8 = (-w) + (-x)i + (-y)j + (-z)k se ,B=w+xi+yj+zk). 10. No plano complexo, sejam a, b, e, d e e os números associados aos vértices de P e suponha, sem perda de generalidade, que l10 = lb-cl, Em seguida, use um argumento geométrico para mostrar que podemos supor que d = O e e = 1. Em seguida, observe que as condições do enunciado equivalem a que lal 2, lbl 2, lcl 2, la - 11 2, lb - 11 2, lc - 11 2, la - bl 2 e la - cl 2 sejam todos racionais. Conclua, com o auxílio do problema 2, que Re(a), Re(b), Re(c), Re(ab) e Re(ac) são racionais e, também, que Im(a) 2 = lal 2 - Re(a) 2 é racional. Como Re(ab) = Re(a)Re(b) - Im(a)Im(b) = Re(a)Re(b) + Im(a)Im(b), = Re(b)Re(c) + Im(b)Im(c), = Im(a)Im(b) · Im(a)Im(c) Im(a)2 . Seção 1.2 1. Adapte, ao presente caso, a prova do corolário 1. 7. 2. Comece observando que w + w2, para todo k E Z. t = -1 e w3k = 1, w3k+l = w e w3k+ 2 = · 3. Ponha 1 ± y'3i em forma polar e use a primeira fórmula de de Moivre. 4. Conjugue a segunda equação para obter z1 + z2 + z3 = O. Em seguida, use a primeira equação e o item (d) do lema 1.1 para concluir que 1.. + 1.. + 1.. = O e, daí, que z1z2 + z1z3 + z2z3 = O. Por fim, observe Zl Z2 Z3 que Ü = z1(z1z2 + Z1Z3 + z2z3) = z?(z2 + Z3) + 1 = -zr + 1, valendo identidades análogas para z2 e z3. 5. Adapte, ao presente caso, a solução do exemplo 1.11. Para tanto, comece mostrando que a equação dada equivale a ( t:: rn = -1. 6. Adapte, ao presente caso, a solução do exemplo 1.11, consoante a sugestão dada ao problema anterior. 7. Escreva an = (n - w)(n - w2), com w = eis 2;. Em seguida, recorde que l+w+w 2 = O, de maneira que (k- l-w)(k-w 2) = (k+w 2)(kw2) = k 2 -w e, analogamente, (k-l-w 2)(k-w) = (k+w)(k-w) = k2 -w2. Soluções e Sugestões 247 8. Pondo w 2 = p 2 - 4q2, use a fórmula de Báskara para mostrar que as raízes têm módulos iguais se, e só se, Re(pw) = O; em seguida, substitua p = reis a, q = seis f3 e w = t eis 'Y em w 2 = p 2 - 4q2, com r, s, t E lR+, e conclua que ia - f31 é um múltiplo inteiro de 1r. 5. Se g(X) = f(X) +!,então g(X) + g(l - X)= O ou, ainda, g(X) = -g(l - X). Fazendo g(X) = (X - a) 2 1, devemos ter (X - a) 2 1 = -(1 - X - a) 2 1 = (X+ a - 1) 2001 . Basta, pois, escolher a de tal . . 1 forma que a= 1 - a, 1.e., a= 2 . 246 T 1 1 ºº ºº ºº 9. Fazendo z2 = z; + z1 e Z3 = z; + z1, mostre que podemos supor z1 = O; em seguida, fazendo zi = wz; e zl = wz;, mostre que podemos supor Z2'-1 . Seção 2.2 1 10. Se w = eis 2;, use a primeira fórmula de de Moivre para calcular as partes real e imaginária do primeiro membro de (1.19). 11. Para o item (a), adapte a sugestão dada ao problema anterior. Faça o mesmo quanto ao item (b), utilizando também a fórmula sen 2 x = !(1 - cos(2x)). 12. Para k E N fixado, o conjunto das raízes n-ésimas da unidade é um subconjunto finito de C satisfazendo as condições (a) e (b). 13. Comece utilizando a finitude de A para mostrar que todos os seus elementos são raízes da unidade. Em seguida, se z E A e zk = 1 para algum natural k, mostre que k I n. 14. Opere duas vezes a substituição z t-+ wz+a na condição do enunciado. Seção 2.1 2. Para o item (c), lembre-se de que, de acordo com o exemplo 5.12 de [10], todo número natural pode ser escrito, de maneira única a menos de uma reordenação, como uma soma de potências de 2, com expoentes inteiros não negativos e dois a dois distintos. .i . 1' li, 4. Por contraposição, mostre que se f,g E K[X] \ {O}, então fg #- O. Para tanto, escreva f(X) = I::,k aiXi e g(X) = I:"J=l bjXi, com ak, bl #- O, e examine o coeficiente de Xk+l em f g. 1. Comece escrevendo X 2 +X+ 1 = (X 2 - X+ 1) + 2X. 2. Comece observando que x2m -1 = (X2m-1 = (X2m-l + l)(X2m-1 -1) + l)(X2m-2 + l)(X2m-2 - 1) = •. • ' de sorte que X 2n + 1 divide X 2m - 1. 3. Escreva f(X) =(X+ 2)q1(X) - 1 = (X - 2)q2(X) + 3, com q1, q2 E Q[X]. Em seguida, se q1(X) = (X - 2)q(X) + r, então f(X) = (X 2 -4)q(X) +(X+ 2)r -1. Use a parte de unicidade do algoritmo da divisão para concluir que r = 1. 4. Escreva f(X) =(X+ l)(X 2 + l)q(X) + (aX 2 + bX + e), para certos a, b, e E lR. Em seguida, mostre que os restos das divisões de aX 2 + bX + e por X + 1 e X 2 + 1 são respectivamente iguais aos polinômios a - b + e e bX + (e - a). Seção 3.1 1. Inicialmente, mostre que é suficiente considerar o caso em que f é da forma f(X) = axn, para algum a E K \ {O}, e g não é constante. Para o que falta, use o corolário 3.14 . ' ! 248 249 Soluções e Sugestões 2. Para o item (a), use a fórmula do binômio de Newton; para (b), escreva J(X) = cnXn + · · · + c1X + Co e use (a) para concluir pela existência de racionais A e B tais que f(a ± byr) =A± Byr. Em seguida, aplique o resultado do problema 1.3.3 de (10]. imediato verificar que 2cos0 · 2cos(k + 1)0 - 2cos(k0) = 2cos(k + 2)0 ou, o que é o mesmo, 3. Use o resultado do problema anterior para concluir que o polinômio dado é divisível por X 2 - 2X - 1. Ík+2(2 cos O) = 2 cos O· Ík+1 (2 cos O) - fk(2 cos O) = 2 cos O· 2 cos(k + 1)0 - 2 cos(kO) = 2cos(k + 2)0, 4. Use o algoritmo da divisão. 5. Comece observando que, se um tal f existir, então f(y) 2 = 1 - y2, para todo O ~ y ~ 1 e, daí, para todo y E lR. Em seguida, conclua que 8 f = 1 e chegue a uma contradição. 6. Use o teste da raiz para ±i. 7. Se a fosse uma raiz inteira de f, use a condição f(O) ímpar, juntamente com o critério de pesquisa de raízes racionais, para concluir que a seria ímpar. Em seguida, mostre que se x for ímpar, então f (x) e f(l) têm paridades iguais, de sorte que f(a) seria ímpar e, portanto, não poderíamos ter f(a) = O. 8. Sendo r a razão da PA, escreva x = y - r e z = y + r e conclua que o polinômio X 5 -10X4 - 20X 2 - 2 tem a raiz racional x/r. Em seguida, aplique o critério de pesquisa de raízes racionais para chegar a uma contradição. 9. Uma vez que {2 cos O; O E JR} = [-2, 2], o qual é um conjunto infinito, o corolário 3.10 garante que há, no máximo, um polinômio fn satisfazendo a condição do enunciado. Agora, para o item (a), é imediato verificar que fi (X) = X e (com o auxílio de um pouco de trigonometria) h(X) = X 2 - 1 satisfazem as condições do enunciado. Para o que falta, seja Un)n?.1 a sequência de polinômios tal que fi(X) = X, h(X) = X 2 -1 e Ík+2(X) = Xfk+1(X) - fk(X), para k ~ 1 inteiro. Suponha, por hipótese de indução, que Jj(2cos0) = 2cos(j0), para 1 ~ j ~ k + 1 e todo O E JR. Com um pouco de trigonometria, é para todo O E lR. Por fim, (b) e (c) seguem imediatamente de (a), por indução sobre n EN. 10. Sejam m, n,p, q E Z, tais que n, q i- Oe cos(~n') = ~- Use o resultado do problema anterior para mostrar que fn(~) = 2(-l)m e, daí, que ? é raiz de um polinômio mônico e de coeficientes inteiros. Por fim, como?= 2cos(~1r) E [-2,2], conclua que!= 0,±! ou ±1. 11. Suponha que o polinômio em questão possui uma raiz inteira, r digamos, de sorte que r 4 -1994r 3 + (1993 + m)r 2 - llr + m = O. Examinando tal igualdade módulo 2, conclua que m e r são pares. Suponha, agora, que a e b sejam raízes inteiras distintas do polinômio em questão. Então, subtraindo membro a membro as igualdades a 4 - 1994a3 + (1993 + m)a2 - lla + m = O e b4 - 1994b3 + (1993 + m )b2 - llb + m = O, e fatorando a - b do resultado, obtenha (a+ b)(a2 + b2) - 1994(a2 + ab + b2) + (1993 + m)(a + b) = 11 e chegue a uma contradição. 1 !I 251 Soluções e Sugestões 250 12. SejaX 2 -X-1 = (X-u)(X-v). Pelo teste da raiz, basta encontrarmos todos os a e b tais que au 17 + bu 16 + 1 = O e av 17 + bv 16 + 1 = O. Multiplicando a primeira relação por u 16 , a segunda por v 16 e sub16 16 n n traindo os resultados, obtenha a= u u=~ . Agora, defina Xn = uu=~ e mostre que x1 = x2 = 1 e Xn+2 = Xn+l + Xn, para todo n EN, de sorte que a sequência (xn)n~l é a sequência de Fibonacci. Conclua, a partir daí, que a == 987 e calcule o valor de b de modo análogo. 13. Escreva p(X) = X(X - a2) ... (X - an), com a2, ... , an inteiros não nulos e dois a dois distintos. Para d E Z, mostre que p(p( d)) = O se, e só se, d = ai para algum 1 :S i :S n ou p(d) = ai, para algum 2 :S i :S n. Neste último caso, temos d # O; ademais, escrevendo a= ai, mostre que existe q E Z* tal que d(d- a)q = a. Conclua que dq + 1 = -1 e, daí, que d = ~. Por fim, deduza, a partir daí, que (d- a2) ... (d- an) = 2, e use o fato de ser n > 4 para chegar a·uma contradição. 14. Há dois casos essencialmente distintos, quais sejam, f(p1) = f(p2) = f (p3) = 3 e f (p4) = -3, ou f (p1) = f (p2) = 3 e f (p3) = f (p4) = -3. No primeiro caso, mostre que f(X) = a(X -p1)(X -p2)(X-p3)+3 e use, em seguida, a condição f(p4) = -3, juntamente com o fato de os pi's serem primos e distintos, para chegar a uma contradição. No segundo caso, mostre que J(X) = a(X - P1)(X - p2)(X - q) + 3 e calcule J(O) para concluir que q = 2 ; use, em seguida, as condições f(p3) = f(p4) = -3 para chegar a uma contradição. use as condições do enunciado para mostrar que 1 é raiz de que (!(X)+ g(X))(f(X) - g(X)) = f(X 2) - g(X 2). 16. Se w = eis 2;, então w e w2 são raízes cúbicas da unidade e as raízes de X 2 + X + 1; use tais fatos para examinar para quais k E N temos w2k + 1 + (w + 1) 2k = O e, analogamente, para w2 no lugar de w. 17. Comece definindo f (X) = I:r=l Xªi e g(X) = I:r=l Xb;; em seguida, g e Seção 3.2 1. Adapte, ao presente caso, a demonstração do teorema 3.21. 2. Adapte, ao presente caso, a demonstração do teorema 3.21. 3. Use o resultado do problema anterior. 4. Aplique a fórmula de multiseção. 5. Argumentemos como na prova do teorema 3.22: se f (X) = Lk~O akXk e S denota o segundo membro da expressão do enunciado, então p-1 S = = = a!~: 15. Use o teste da raiz para concluir que p(X) = 5 + (X -a)(X -b)(X c)(X - d)q(X), para algum polinômio q E Z[X]; em seguida, faça x = m nas funções polinomiais correspondentes e chegue a uma contradição. f - ! LW(p-l)rj LªkWjk p j=O k~O p-1 ! L L akw((p-l)r+k)j p j=O k~O p-1 ! Lªk LW(k-r)i, p k~O j=O onde utilizamos a relação wP = 1 na última igualdade. Agora, se k = r (modp), digamos k- r = pq, então p-1 LW(k-r)j j=O p-1 se k t=, r (modp), então wk-r p-1 j=O . = lq = p; j=O # 1 e, ~ w(k-r)J L....J j=O p-1 = L(wP)q = L pelo lema 1.12, temos w(k-r)p - 1 wk-r - 1 = O. 252 253 Soluções e Sugestões 9. Use a condição do enunciado para obter a forma fatorada do polinô- Portanto, mio g(X) =(X+ I)f(X) - X. 10. Mostre inicialmente que, se a, b e e são tais raízes, então a hipótese de que a, b e e são positivos garante que a, b e e são os lados de um triângulo se, e somente se, (a+b-c)(a+c-b)(b+c-a) > O; em seguida, substitua a + b + e = -p no primeiro membro dessa desigualdade e use a forma fatorada (X - a)(X - b)(X - e) do polinômio. 6. Use o resultado do problema anterior. Seção 3.3 1. Reveja a dedução da fórmula de Báskara, em [10]. 2. Conjugue ambos os membros da igualdade f(z) = O. Em seguida, escreva f(z) = anzn + · · · + a1z + ao e use os itens (b) e (e) do lema 1.1. 3. Para f(X) = X 2 + 2iX - 1 temos que i é raiz mas -i não é raiz. 4. Use o corolário 3.25 e o resultado do problema 2. 5. Se f (X) = anXn + ªn-1xn-l + · · · + a1X + ao, com an #- O, segue de f(a:) = O que a:n = - ªn-l · a:n-l - · · · - ~O: ª 0 . Agora argumente an an an ' por indução para provar (3.9) para m 2:: n. Para provar (3.9) para m = -1, escreva a igualdade 0:- 1f(a:) = O em termos dos coeficientes de f; para o caso m < O geral, use novamente indução. 6. Use a desigualdade triangular para concluir que, se lzl 2:: 1, então 11. Assim como no exemplo 3.27, substitua X por 1 na forma fatorada de xn-1 +xn-2 +... +X+ 1. Em seguida, use um pouco de trigonometria para mostrar que, se w = eis 2; , então II - wk 1 = 2sen k:, para 1 S k S n. 12. Use o resultado do problema anterior, juntamente com a relação sen (-rr - x) = sen x, para x E R 13. Se z E (C for uma raiz de p, mostre que z 2 e z - 1 também o são. A partir daí, conclua sucessivamente que lzl = 1, lz - li = 1 e z = w ou z = w, onde w = eis 2f. Por fim, use o resultado do problema 2. Seção 3.4 1. Use o resultado do corolário 3.32, nos moldes do exemplo 3.33, para mostrar que 8a 3 - 25a 2 - I80a + 608 = O. Em seguida, conclua que a=4. 7. Se z = a: + /3i é uma raiz complexa de f tal que a: > 2, use a desigualdade triangular, no espírito da sugestão dada ao problema anterior, para concluir que lanzn + an-1Zn-l l < k1 11:~ 1 ; mostre, a J; partir daí, que lzl < 1 + 1anz ; an-1 1 e, por fim, substitua z =a:+ i/3. 8. Para o caso de grau quatro, se z E (C é uma raiz, então z -=1- O e a (z 2 + }2 ) +b (z + ~) +e; faça agora a mudança de variável w = z+ ~. Para o caso de grau seis, raciocine analogamente. 2. Escreva f(X) = g(X) 2h(X) e, em seguida, calcule f'. 3. Use o item (b) da proposição 3.29 para mostrar que f'(z) = 4. Use o item (b) da proposição 3.29 para mostrar quer J'(z) = t j=l J;(z) f(z). Jj(z) '2:j=l !~1j · 254 Soluções e Sugestões 5. Pondo f(X) = IT~=l (1 seguida, mostre que + !Xk), f (X) = 1 + mostre que f(l) L 0-j,SCin e calcule J'(l). anterior. Por fim, calcule = n+ 1. Em (t Seção 4.1 1. Adapte, ao presente caso, a demonstração da proposição 4.1. _l_xa(S) 2. Para o item (a), adapte a ideia da solução do exemplo 4.3. Para o item (b), comece escrevendo 1r(S) jg} com o auxílio do problema (X -Y) 5 +(Y-Z)5+(Z-X) 5 6. Basta mostrar que, se um semiplano qualquer do plano complexo contiver as raízes de f, então ele também conterá as raízes de f'. Por absurdo, suponha que exista uma reta r tal que um dos semiplanos que ela determina contém uma raiz w de f', enquanto o outro contém as raízes de f. Seja u E C de módulo 1 e tal que o vetor u é perpendicular a r; se f (X) = a(X - z1) ... (X - Zn) e (} e (}j são respectivamente os argumentos deu e de Zj - w, use o resultado do problema 3 para mostrar que Re 255 = (X -Y)(Y -Z)(Z-X)J(X, Y,Z), com f de grau 2; em seguida, use a igualdade -y5 + (y - z )5 + z 5 = -yz(y-z)f(O, y, z) para mostrar que f(O, Y, Z) = 5(Y 2 -YZ+Z2 ) e, analogamente, J(X, O, Z) = 5(X 2 -XZ + Z 2 ) e J(X, Y, O)= 5(X 2 XY + Y 2 ). Por fim, mostre que J(X, Y,Z) = 5(X 2 + Y 2 + Z 2 -XY -XZ- YZ). 3. Adapte a ideia da solução do exemplo 4.3 para concluir que J(X, Y, Z) =(X+ Y)(X lzi - wl- 1 cos(Oj - O)) = O. J=l Agora, observe que (zj - w)/u tem um argumento em (-~, ~) e use a igualdade acima para chegar a uma contradição. 7. Se J(X) = E~=ockXk, com ck E Z, então J(X) = E~=ock(a+X al- Expanda a expressão do segundo membro em potências de X - a e compare o resultado com (3.10), quando z = a. 8. Faça indução .sobre k ~ 1. Para o passo de indução, se mk EN for tal que f(mk) = O(modpk) e f'(mk) f=. O(modp), faça mk+l = mk+xpk, com x E Z a determinar. Em seguida, use a fórmula de Taylor (3.10), juntamente com o resultado do problema anterior, para mostrar que = a partir daí, mostre que é possível escolher x de forma que f(mk+I) O(modpk+l). Por fim, como mk+I = mk (modp) e f' E Z[X], temos f'(mk+I) = J'(mk) f=. O(modp). + Z)(Y + Z)g(X, Y, Z), com g de grau 2. Agora, use a igualdade J(O, y, z) = yzg(O, y, z) para mostrar que g(O, Y, Z) = Y 2 + Y Z + Z 2 e, analogamente, g(X, O, Z) = X 2 + X Z + Z 2 e g(X, Y, O) = X 2 + XY + Y 2 . Por fim, mostre que g(X, Y,Z) = X 2 + Y 2 +z2 +XY +xz + YZ. Seção 4.2 1. Use a simetria de f e g para mostrar que, fixada uma permutação u de ln, temos h(x1, ... , Xn) = h(xa(I), ... , Xa(n)) para infinitos xi, ... , Xn E K. Você precisará utilizar o resultado do problema 1, página 90, bem como o resultado da proposição 4.1. 4. Fazendo a2 + b2 + c2 = k, temos a3 + 3a2 = 3k-25, de modo que a é raiz de J(X) = X 3 + 3X 2 + (25- 3k); analogamente, b e e são raízes de tal polinômio. Agora, use as relações de Girard para concluir que a+ b + e = -3 e ab + ac + bc = O, de sorte que a2 + b2 + c2 = 9. 256 l 1 '1 !' , !I!, ;, Soluções e Sugestões 257 5. Sendo z1, z2, z3 as raízes complexas do polinômio dado, o polinômio desejado é f(X) = (X - zf)(X - z?)(X - zi). Use as relações de Girard, juntamente com o resultado do exemplo 4.3, para calcular os coeficientes de f em termos dos complexos dados a, b e e. Por exemplo, sendo g(X) = X 3 + aX 2 + bX + e, temos g(X) = (X z1)(X - z2)(X - z3) e, daí, 13. Para o item (a), use indução; para o item (b), observe inicialmente que 1,:' zr + z? + zi = (z1 + Z2 + Z3) 3 - !I 3(z1 14. Faça indução sobre n > 1 para concluir que x1 Para o passo de indução, se + z2)(z1 + Z3)(z2 + Z3) f(X) = (X - x1)(X - x2) ···(X - Xn) (-a) 3 - 3(-a - z3)(-a - z2)(-a - z1) = -a3 - 3g(-a) = -a3 + 3ab- 3c. = = x2 = · · · = Xn = 1. = xn + an_ 1xn-l + · · · + a1X + ao, conclua que 6. Para o item (a), use os resultados do problema 2, página 74 e do exemplo 4.7; para o item (b), use o resultado do problema anterior. + f (x2) + · · · + f (xn) = n + ªn-1n + ·· · + a1n + aon = nf (1). O = f (x1) 7. Adapte o argumento do exemplo 4.7. 8. Se f(X) p = = abc "1- (X - a)(X - b)(X - e), então f(X) = X 3 - p, onde O; argumente, agora, como na sugestão ao problema 5, página 75. º 9. Aplique o resultado do exemplo 4. 7 ao polinômio g(X) = X 10 + 2X 99 + 3X 98 + · · · + a 98 X 2 + a 99 X + a100 ; em seguida, mostre que as raízes de g são os inversos das raízes de f. 10. Sendo ax + by = e a equação de uma reta satisfazendo as condições do enunciado, substitua y = -~x- ~ na equação que define o gráfico de f e, em seguida, use as relações de Girard para calcular o valor de XI + X2 + X3 + X4. 15. Conclua inicialmente que as raízes de f são negativas; em seguida, use as relações de Girard e a desigualdade entre as médias aritmética · e geométrica para deduzir que ªk ~ (~), para 1 :S k :S n - 1. 16. Sendo x 1 , ... , Xn as raízes de f, use as relações de Girard para concluir que I:f=1 = 3 e I1f= 1 = 1; então, aplique a desigualdade entre as médias aritmética e geométrica para concluir que n :S 3. Por fim, considere separadamente cada um dos casos aos quais o problema ficou reduzido. x; x; Seção 4.3 i 11. Sendo (x- a) 2 + (y-b) 2 = R 2 a equação do círculo, substitua y = na mesma, utilizando em seguida as relações de Girard para calcular o produto das abscissas dos pontos de interseção. 12. Para o item (a), use o corolário 3.32. Para o item (b), use o fato de que a3 = a2 +a+ 1, e analogamente para b e e; para o item (c), use (b) e as relações de Girard. 1. Para 1 :::; k :::; n use o teorema de Newton e as relações de Girard; para k ~ n + 1, use o item (a) da proposição 4.17. 2. Use o item (b) da proposição 4.17 para provar, por indução sobrei, que as i-ésimas somas simétricas elementares de a1, ... , an e b1, ... , bn coincidem, para 1 :S i :S n; em seguida, compare os coeficientes dos polinômios I17= 1 (X - ai) e I17= 1 (X - bj)· Soluções e Sugestões 259 3. Use o item (b) da proposição 4.17 para provar, por indução sobre j, que Sj = (;), para 1 :::; j :::; k. 5. Tome no maior que as maiores raízes reais de f e de f'. Use o teorema de Bolzano, juntamente com o fato de que f(x) > O para x suficientemente grande (conforme estimativa análoga à que precede (3.7)) para mostrar que f(x) > O para x > no. Em seguida, use o corolário 5.7 para mostrar que f(u) > f(v) para u > v > no. 258 4. Para o item (a), fatore xm-zm sobre C e use o resultado para fatorar g sobre C. i' 1 ., 1 5. Para o item (a), se f(X) = xn + ªn-1xn-l + · · · + a1X + a0 é um polinômio de coeficientes inteiros e tal que todas as suas raízes complexas têm módulo 1, use as relações de Girard para mostrar que lan-kl:::; (~), para O< k:::; n. Para o item (b), sejam a1, ... ,an as raízes de f. Mostre, com o auxílio do teorema de Newton, que o polinômio Ík(X) = (X - at) ... (X - a~k) tem coeficientes inteiros, para todo k ~ 1. Em seguida, use o item (a) para garantir a existência de naturais k < l tais que Ík = fz. Por fim, use tal igualdade para mostrar que ai é uma raiz da unidade, para 1 :::; i. :::; n. 1. Para cada raiz complexa não real z = a + bi de f, escreva o fator (X - z)(X - z) de f como na prova do lema 5.1. Em seguida, ponha f na forma fatorada e mostre que IJ(m)I-::/= O, 1. 2. Se a < a < /3 são as raízes de f mais próximas de a, aplique o teorema de Bolzano a intervalos do tipo (a, b) ou (b, a) contidos no intervalo (a,/3). 3. Por contradição, suponha f' (a) > O (o outro caso é análogo) e aplique o item (a) do corolário 5.7, juntamente com o resultado do problema anterior. "l; .i· 1 '1 1 rI::'; .: ! 1'1 H ', i 7. Inicialmente, mostre que a condição do enunciado equivale a x 11 -x = y 11 - y. Em seguida, prove que, para qualquer e E JR, o polinômio f(x) = X 11 - X - e tem no máximo três raízes reais distintas; para tanto, você precisará utilizar os resultados do corolário 5. 7 e do problema 3, de maneira análoga àquela delineada na sugestão ao problema 4. 8. Como À -::/= O, mostre que À é raiz do polinômio do enunciado se, e · só se, f(.X) = 1, onde J(X) = (X - a1)(X - a2)(X - a3)(X - a4). Agora, mostre que fé decrescente em (-oo, a1), de sorte que J(O) = 1 garante que À ~ a1. Por fim, note que, se a1 :::; À :::; a2, então Seção 5.1 ,(r 6. Tome, de acordo com o problema anterior, no E N tal que u > v > no::::} f(u) > J(v) > O. Em seguida, sem> no é um inteiro tal que f(m) = p, um número primo, mostre que J(m + p 2 ) é composto. 4. Aplique o teorema de Bolzano, o corolário 5. 7 e o resultado do problema anterior, observando que f'(x) = O {::} x = O ou x = e f(-1), J(i) <O< f(O). i f(.X):::; o. 9. Sejam J(X) = aX 4 + bX 3 + cX 2 + dX + e e t > 1 tal que t 2 é uma raiz real de aX 2 + (e - b)X + (e - d). Mostre que f(t)J(-t) = (bt 2 + d)(l - t 2 ) < O e, em seguida, use o teorema de Bolzano. 10. Faça e conclua que xg'(x) = f(x) 2 ~ O, para todo x ~ O. Em seguida, use o corolário 5.7 para concluir que g(l) ~ g(O) = O, com igualdade se, e só se, g for constante. 11. Comece mostrando que f tem três raízes reais distintas a < /3 < "(, tais que -2 <a< -1, O< /3 < 1 e 1 < 'Y < 2. Em seguida, observe 260 Soluções e Sugestões 261 que J(f(x)) = O se, e só se, f(x) = a, /3 ou 'Y· Por fim, examine as quantidades de raízes reais distintas de cada um dos polinômios f (X) - a, f (X) - /3 e f (X) - "f. O; se f' (/3) > O (o caso f' (a) > O é anâlogo), conclua que o próximo polinômio escrito na lousa ou não tem raiz no intervalo [/3, +oo) ou tem uma raiz em (/3, +oo). Se a = /3, de sorte que f(X) = (X - a) 3 , mostre que f ± f' se enquadra no primeiro caso. 12. Seja g(x) = f(x) + f'(x) + f"(x) + · · · + j(n)(x) e suponha, por contradição, que g assume valores negativos. Então, f i- O e a condição f (x) 2: O para x E IR garante que n é par e o coeficiente líder de J é positivo. Portanto, limlxl----++oo f(x) = +oo, e o teorema de Weierstrass (o teorema 4.31 de [121) garante a existência de x 0 E IR tal que g assume seu valor mínimo em xo, valor este negativo. Segue do problema 3 que g'(xo) = O. Mas, como temos que = J(xo) + g'(xo) = f(xo) 2: O, 15. Se bi = -ai para 1::; i::; n, mostre que a condição f(x) 2: 1 equivale a ~~ O, onde q(X) = f1~=l (X - bi) e :f : ; Mostre que p tem uma raiz x1 E (b1, +oo); em seguida, use o teorema de Bolzano para mostrar que p também possui uma raiz Xi em cada um dos intervalos (bi, bi-1), para 2 ::; i ::; n. Analisando separadamente os casos n par e n ímpar, mostre que a soma dos comprimentos g'(xo) = f'(xo) + f"(xo) + · · · + JCn)(xo), O> g(xo) f' (/3) > . :f~~ ::; O é l~~=l Xi - ~~=l bil· dos intervalos-solução da inequação Por fim, use as relações de Girard para mostrar que ~~=l Xi = O. o que é uma contradição. 13. Mostre inicialmente que B pode jogar de forma tal que, quando faltarem ser escolhidos exatamente três coeficientes, ao menos dois deles sejam coeficientes de termos xr, com r ímpar. Em seguida, após A jogar, teremos f(X) = g(X) + aXk + bX1, sendo g um polinômio completamente determinado, 1 ::; k, l ::; 2n - 1 inteiros distintos e a e b coeficientes a escolher, tais que pelo menos l é ímpar. Por fim, como f(2) = g(2) + 2ka+ 21b e J(-1) = g(-1) + (-l)ka-b, teremos f(2) + 21J(-1) = g(2) + 219(-l) + (2k + (-l)k2 1)a, de forma que 2)+ 219 (- 1) · eonc1ua que, apos- t a1 B po d e Jogar escolhendo a = 92Ck+(-l)k 21 . jogada de B, teremos f (2) + 21f (-1) = O, de sorte que, pelo TVI, f terâ pelo menos uma raiz real, independentemente da última jogada de A. 14. Sem perda de generalidade, suponha que o coeficiente líder do polinômio f, originalmente escrito na lousa, é positivo, e sejam a a menor e /3 a maior raiz real de f. Se a < /3, mostre que f'(a) > O ou Seção 5.3 1. Se f denota o polinômio do enunciado e g(X) = (X - l)f(X), então g(X) = xn+I - 2xn + 1. Conclua, a partir da regra de Descartes, que g tem no mâximo duas raízes reais positivas e, daí, que f tem uma única raiz positiva, a qual deve ser an (alternativamente, apele para o exemplo 5.17). Para concluir, é suficiente, pelo teorema de Bolzano, mostrar que f (2 - 2n1:_i) e f (2 - 2;) têm sinais contrârios. Por fim, use o fato de que 1 < 2 - 2n1:_I < 2 - 2; para mostrar que é suficiente provar que g (2 - 2n1:_i) e g ( 2 - 2;) têm sinais contrârios. 2. Se f(X) = aX 3 +bX 2 +cX +d, queremos calcular o número de raízes reais de g = 2f f" - (!') 2 . Suponha, sem perda de generalidade, que a = 1; ademais, se a < /3 < 'Y são as raízes de f, mostre que, trocando g(X) por h(X) = g(X + /3), podemos supor, sem perda 'i I 263 Soluções e Sugestões 262 de generalidade, que /3 = O e, daí, que e < O e d = O. Sob tais simplificações, um cálculo imediato fornece g(X) = 3X 4 + 4bX3 + 6cX 2 - c2 . Basta, agora, usar a regra de Descartes para concluir que g tem exatamente uma raiz positiva e exatamente uma raiz negativa. Seção 6.2 1. Façamos indução sobre k 2:: 1, sendo o caso k = 1 imediato. Suponha, por hipótese de indução, que a fórmula valha para um certo k E N. Para k + 1, temos: f(x + (k + l)h) = f(x + kh) + (fllf)(x + kh) k Seção 6.1 = 1. Para o item (i), use o fato de que âfj = j para concluir que an = bn; em seguida, argumente por indução. Para (ii), tome n = âf e argumente por indução sobre n; para o passo de indução, comece escolhendo an igual ao coeficiente líder de f. + kh) + ~ (;) (Ll~-j (Lllf))(x) f(x G}L',~-i f)(x) + ~ G) (L'>!+l-j f)(x) k = k ~ e) ("'~-; + fi k =~ 2. Para k = O e k = 1, o resultado é trivial. Para k 2:: 2, mostre que G)(x) = O se O ::; x ::; k - 1, (1)(x) = (%) se x 2:: k e (1)(x) = (-l)k(-xkl+k), se x < O. . !) (x) + (L'>~+l f)(x) k G}"':-(i-1) f)(x). 3. Aplique o teorema de interpolação de Lagrange. 4. Aplique o teorema de interpolação de Lagrange. Agora, executando uma troca de índices na última soma acima e utilizando a relação de Stifel, obtemos f(x+ (k+ l)h) sucessivamente 6. Adapte, ao presente caso, a demonstração da proposição 6.6. igual a 7. Faça w = eis 2; ; em seguida, para 1 ::; k ::; n-1 substitua x = wk nas funções polinomiais correspondentes a p e aos Pj 's e use o resultado da proposição 6.6. 8. Para cada um dos primos p do conjunto A= {3, 5, 7, 11, 13, 17}, seja ap o valor comum das somas ak+ªk+p+ak+ 2p+· · · quando k varia de 1 a p, e Wp = eis 2; . Se J(X) = a50X 50 + · · · + a2X 2 + a1X, aplique a versão geral da fórmula de multiseção (dada pelo problema 5) para r = O, 1, ... ,P - 1, a fim de obter um sistema linear de equações do tipo (6.2) nas p incógnitas f(wi), O ::; j ::; p - 1. Conclua, com o auxílio da proposição 6.6, que a solução de tal sistema é f(l) = pap e f(wp) = · · · = f(w~- 1 ) = O, obtendo, assim, p - 1 raízes distintas e não nulas para f. Por fim, notando que LpEA (p - 1) = 50 e que O também é raiz de f, conclua que f = O. t G) ("'~-; f)(x) + ("':+! f)(x) + ~ C: 1) ("'•-; f)(x) = (fl~+l f)(x) + (flif)(x) +~ ( G) + C: 1)) ("'t+l}-(i+l} f)(x) I: = k+l ( k ~ 1) (Ll~+l-j f)(x). j=O J 2. Adapte, ao presente caso, as soluções dos exemplos 6.15 e 6.15. 3. Como âf = n, a proposição 6.14 garante que fln+l f = O, onde escrevemos [lk para denotar Llr Portanto, segue do item (e) da 264 265 Soluções e Sugestões Seção 7.1 proposição 6.13 que n+l O = (~n+l f)(O) = L(-l)j (n n+l - {;r_ - j) J j=O _ '°'( l)j ~ 1) f(n + 1 - (n + 1) (n~i~j) 1 + f(n + 1) j 2. Inicialmente, mostre que Pi1 ••. Pkk divide ambos f e 9 em (Q[X]. Para o que falta, comece mostrando que, se h E (Q[X] é mônico e tal que 8k 8~ 8f O::::; uiJ: ::::; ai, para h I f em rni[X] ~ , ent-ao h _- p81 1 ... Pk q1 ... q1 , com 1 ::::; i ::::; k, e O::::; 8: ::::; a~, para 1 ::::; i ::::; l. · 3. Argumente por contraposição. n+l = I:(-l)j + f(n + 1), 5. Comece utilizando o corolário 3.25, juntamente com o problema 2, página 74, nos moldes do item (b) do exemplo 7.7. j=l de maneira que 6. Para o item (a), faça indução sobre k, utilizando o corolário 7.4 para n+l f (n + 1) = - ~ (-1 )J = { O, se n 1, se n = 1 (mod2) = O(mod2) 4. Use o item (e) da proposição 6.13 para obter a igualdade mostrar que existem li, Ík E JK[X] tais que li tg = "'l hªk-l + 4, com gk 91 ... gk-1 f1 = O ou 8 < 8(9f 1 •.. 9~1:._11 ) e Ík = O ou 8 Ík < 8(9rk). Para o item (b), comece dividindo f por 9k, obtendo f = 9kq + r, com r = O ou O ::::; ar < 8(9k); em seguida, divida r por 9k-l e proceda indutivamente. Em seguida, utilize o lema 2.12 de [13], juntamente com o resultado do problema 18 da seção 6.2 de [10]. 5. As condições do enunciado garantem que (~}f)(ü) > O para O< k < 4 3 e (~if)(n) > O para todo n E N. Mostre agora que, para todo m EN, temos Seção 7.2 2. Como f é redutível sobre (Q, existem 91, h1 E Q[X] momcos, não constantes e tais que f = 91h1. Tome a, b, e, d E Z \ {O} tais que mdc (a, b) = mdc (e, d) = 1 e 91 = i9, h1 = á9, com 9, h E Z[X] mônicos e não constantes. Como bdf(X) = ac9(X)h(X), tome conteúdos e use o lema de Gauss para concluir que bd = ac. n-1 (~i-1 f)(n) = L(~i f)(k) + (~i-1 f)(O) k=O e, por fim, use a fórmula acima para mostrar sucessivamente que (~ff)(n) > O, (~tf)(n) > O, (~if)(n) > O e f(n) = (~~f)(n) > O, para todo n EN. Seção 7.3 2. Note primeiro que f(a) =O::::;, f(a) =O::::;, ](a)= O. A segunda afirmação é imediata. Soluções e Sugestões 267 5. Se a E <Q for uma possível raiz racional de f, o critério de pesquisa de raízes racionais garante que a E Z e a 1 84, mas ainda fornece muitas possibilidades para a; a fim de eliminar várias delas, projete f em Z3[X] e em Zs[X] para concluir, com o auxílio do problema 2, que a= O(mod3) e a= 4(mod5), de sorte que a= -6, -21 ou 84. 2. Pelo lema de Gauss, basta mostrarmos que f não pode ser escrito como o produto de dois polinômios não constantes de coeficientes inteiros. Para tanto, observe inicialmente que, pelo critério de pesquisa de raízes racionais, f não possui raízes racionais; portanto, se f pudesse ser escrito como o produto de dois polinômios não constantes de coeficientes inteiros, deveríamos ter 266 ' i I 6. Faça indução sobre âf; no passo de indução você terá de usar que P 1 ( { ) , para 1 :S k :::; p - 1. 7. Suponha que fg não é primitivo e fixe um primo p que divide todos os seus coeficientes. A partir da igualdade fg = fg = Õ em Zp[X], conclua que f = Õ ou g = Õ. 8. Use o resultado da proposição 7.19, juntamente com as relações de Girard. 9. Mostre que, módulo 17, temos X 3 - 3X 2 + I = (X -4)(X - 5)(X + 6). Em seguida, ponha Sk = ak + bk + ck, tk = 4k + 5k + (-6)k e conclua (com o auxílio dos métodos da seção 4.2) que A partir daí, mostre que sn E Z, para todo n E N, e sn = tn (mod 17). Seção 7.4 1. Inicialmente, use o critério de pesquisa de raízes racionais para mostrar que o polinômio dado não tem raízes inteiras. Em seguida, analise a possibilidade X 4 - X 2 + 1 = (X 2 + aX + b)(X 2 + cX + d), com a,b,c,d E Z. f(X) = (X 2 + aX + b)(X3 + cX 2 + dX + e), para certos a, b, e, d, e E Z. Desenvolvendo o produto do segundo membro acima e comparando coeficientes de mesmo grau, concluímos que deveria ser be = 2, de forma que (b,e) = (1,2), (-1,-2), (2, 1) ou (-2, -1). Mas, verifica-se facilmente que nenhuma dessas possibilidades é compatível com as demais equações obtidas da comparação dos coeficientes. 3. Escreva f(Xn) = g(X)h(X), com g, h E ~[X] \ lR como prescrito pelo enunciado e n > 1 (o caso n = 1 é trivial). Se g(X) = bkXk + bk+lxk+i + · · · e h(X) = ezX1 + ez+1xz+1 + · · · , com bk, ez # O, então, trocando g eh respectivamente por g(X) = bk + bk+lX + · · · e h(X) = ezXk+l + Cz+1Xk+l+l + · · · , podemos supor que g(O) # O. Sejam, pois, g(X) = bo + b1X + · · · e h(X) = ezX1 + cz+1xz+1 + · · · , com bo, ez # O. Use o fato de que f(Xn) = g(X)h(X) para mostrar que n l l. Em seguida, cancele os termos de grau mínimo em ambos os membros da igualdade f(Xn) = g(X)h(X) e argumente por indução sobre âf para mostrar que g(X) = g1(Xn) e h(X) = h1(Xn), para certos 91, h1 E ~[X]\~ como prescrito pelo enunciado. 4. Pelo lema de Gauss, é suficiente examinar quando f = gh, com g e h polinômios mônicos, não constantes e de coeficientes inteiros. Adaptando a ideia da prova do exemplo 7.32, temos 1 = f (O) = g(O)h(O), de sorte que g(O) = h(O) = ±1; portanto, a1, a2, ... , an são raízes duas a duas distintas do polinômio g - h. Se g - h # O, entãç:>, â(g-h) :S max{âg, âh} < âf = n, de sorte que g-h teria menos de n raízes distintas. Logo, g - h = O e, daí, f = g2 ou, ainda, g(X) 2 - 1 = (X - a1) ... (X - an)· 268 269 Soluções e Sugestões Em particular, devemos ter n = 2k, para algum k E N. Suponha, sem perda de generalidade, que g(X)-l com a1 = (X-a1) ... (X-ak) e g(X)+l = 1 ::;; j ::;; n, então JaoJ = Ja1Zj + · · · + anz.11 ::;; Ja1JlzjJ + · · · + JanlJziln ::;; Ja1J + · · · + JanJ, (X-ak+1) ... (X-a2k), < a2 < · · · < ªk e ªk+l < ªk+2 < · · · < a2k· Então, e, avaliando a igualdade acima respectivamente em a1, a2, ... , ak, obtemos para 1 ::;; i ::;; k. A partir daí, conclua que, se k 2:: 3, então ao menos dois dos números ªk+l, ªk+2, ... , a2k seriam iguais, o que não ~ o caso. Por fim, analise separadamente os casos k =· 1 e k = 2 para obter os polinômios do enunciado. o que é um absurdo. Logo, JziJ > 1, para 1::;; j::;; n. Suponha, agora, que f = gh, com g, h E Z[X]\Z, digamos g(X) = bo+b1X + ·+brXr e h(X) = co + c1X + · · · + c8 X 8 • Reenumerando os Zj 's, se necessário, podemos supor que as raízes de g são z1, ... , Zr. Então, segue das relações de Girard que Portanto, JboJ 2:: JbrJ JaoJ = lbolJcoJ 2:: (lbrJ + l)(Jcsl + 1) = lbrlJcsJ + lbrJ + lcsl + 1 5. Use o critério de Eisenstein, em conjunção com o resultado do item (a) do problema 8, página 178. 2:: lbrlJcsJ + 2,vJbrllcsl + 1 = (vlbrllcsl + 1) 2 =(~+1)2. 6. Use o teorema 7.27, em conjunção com o critério de pesquisa de raízes racionais (proposição 3.16). 7. Suponha f = gh, com g, h g(X)h(X) em Zp[X]. 1 ! ' E Z[X] \Z, e examine a igualdade J(X) = 8. Pelo lema de Gauss, basta mostrar que fé irredutível em Z[X]. Por contradição, suponha que fosse f = gh, com g e h não constantes e de coeficientes inteiros e (sem perda de generalidade, uma vez que f(O) = p) g(O) = ±1. Use as relações de Girard para concluir que g, e então f, tem uma raiz complexa z de módulo menor ou igual a 1. Por fim, substitua a expressão de f na igualdade f(z) = O e use as hipóteses sobre os coeficientes de f para chegar a uma contradição. 1 9. Sejam z1, ... , Zn as raízes complexas de f. Se lzj J ::;; 1, para algum + 1 e JcoJ ::;; JcsJ + 1, de sorte que Assim, JiaoT 2:: JfaJ + 1, o que é um absurdo. 10. Para cada 1 ::;; i ::;; k, escolha ai E Ai; em seguida, escolha um primo p tal que p > a1, ... , ªk· Se A= {pq; q E N e p f q}, mostre que existe 1 ::;; j ::;; k tal que A n Aj é infinito. Por fim, aplique o critério de Eisenstein para mostrar que todo polinômio f de grau m, com coeficiente líder ªi e demais coeficientes em A n Aj satisfaz a condição (c). 11. Para o item (a), use um argumento àquele da prova do lema 5.1. Para o item (b), suponha que f = gh, com g, h E Z[X] \ Z. Então, segue de (a) que todos os coeficientes de g1(X) = g (X+ m têm um mesmo sinal. Portanto, g2(X) := 91(-X) tem coeficientes !) 270 Soluções e Sugestões 271 não nulos e de sinais alternados, de sorte que 192 (x) 1< 191 (x) 1para todo x > O e, daí, 9 (-x + m - !) < 9 (x + m - !), para todo x > O; em particular, l9(m - 1)1 < l9(m)I. Conclua que l9(m)I ~ 2 e, analogamente, lh(m)I ~ 2. Por fim, use o fato de que f(m) é primo para chegar a uma contradição. 6. Pelo problema 2, página 185, fé irredutível sobre Q. Suponha, agora, que existam a e b inteiros primos entre si e n > 1 natural tais que f(a) = O, onde a= Seja 12. Combine o teorema de Pólya-Szegõ, dado pelo problema anterior, com o resultado do problema 7, página 75. onde w = eis 2; . Pelo corolário 8.4, temos que f = Pai portanto, o item (b) da proposição 8.3 garante que f divide 9 em Q[X] e, daí, em .Z[X] (uma vez que f E .Z[X] e fé mônico). Portanto, segue do problema 2, página 74, que existem 1 :'.S k < l :'.S n - 1 tais que v'fTI. 9(X) = bXn - a= b(X - a)(X - aw) ... (X - awn-l), Seção 8.1 1. Se f(X) = anXn+. · ·+a1X +ao E Q[X]\Q tem a por raiz, examine o polinômio 9 (X) anXn-1 +···+-X+ a1 = -ªnxn +ao rn rn-1 r E Q [X ] \ Q. 2. Pela primeira fórmula de de Moivre, temos (cos 2; + i sen 2; )n = 1. Em seguida, desenvolva o binômio e utilize a relação fundamental da trigonometria para obter um polinômio não nulo, de coeficientes racionais e tendo cos 2; por raiz. Examinando o termo independente de f, segue que -a5 = 2 e, daí, a = - ~- Mas, como h(X) = X 5 + 2 é irredutível (pelo critério de Eisenstein) e h(a) = O, deveríamos ter f = h, o que é um absurdo. 7. Se a= a1, ... , am são as raízes de Pa e (3 = f31, ... , f3n são as raízes de PfJ, o candidato natural a analisar é h(X)= I1 (X-ai(3j)=(a1···ªmtfIPfJ(~ix). i=l l<i<m 1~}3:;n Agora, observe que a1 ... am = ±pa(O) E Q. 3. Use o critério de Eisenstein 7.28. 4. Use primeiro o teorema de Gauss 7.15 para mostrar que existe 9 E .Z[X] \ .Z, irredutível sobre .Z e tal que 9(a) = O. Conclua, com o auxílio do lema de Gauss 7.14 que 9 também é irredutível sobre Q e, daí, que 9 = Pa· 1. Use o item (a) da proposição 8.14 para n = 5. Para o item (i), aplique duas vezes a observação 8.10, juntamente com o fato de que P..,ra(X) = X - y'a ou X 2 - a, conforme y'a E N ou ./a~ N (e analogamente para P,/b e P,jc)· Para o item (ii), use (i) e o critério de pesquisa de raízes racionais. 2. Uma raiz típica de <I>2n é w = eis 2; ; , tal que 1 :'.S k :'.S 2n e mdc (k, 2n) = 1. Use, agora, o fato de que -w também é dessa forma para concluir que -w também é raiz de <I>2n· Conclua, pois, que <I> 2n(X) é o produto de fatores do tipo (X - w)(X + w). Seção 8.2 pk-l en= pk. 272 Soluções e Sugestões 273 3. Se <I>m e <I>n tivessem um fator não constante comum em C[X], então eles seriam idênticos, como polinômios minimais de uma qualquer de suas raízes comuns. Sendo <I>m = <I>n = f, seguiria do item (a) da proposição 8.14 que J2 dividiria xmn - 1, o que é um absurdo. problema garantem que a congruência x 2 = D. (mod n) tem solução, para todo n E N. Se D. não for quadrado perfeito, escreva D. = af3 2 , com a, f3 E Z e lal > l. Use, então, o resultado do problema anterior para chegar a uma contradição. 4. Primeiramente, veja que, com n e d como no enunciado, temos <p(n) = <p(d) · ~' de forma que o<I>n = of, onde f(X) = <I>d(xnfd). Agora, se w = eis 2~71"' com 1 :s; k :s; d e mdc(k,d) = 1, e rJ E (C é uma raiz ~-ésima de w, mostre que rJ é uma raiz primitiva n-ésima da unidade. Conclua, por fim, que <I>n e f têm as mesmas raízes. 5. Pelo teorema de Dirichlet, escolha d EN tal que 1 + kd = p, um nú. E m segmºda, cons1ºd ere a PA (p-l)!, 1 l+d l+(k-l)d mero pnmo. (p-l)!, ... , (p-l)! . 6. A versão geral do teorema de Dirichlet garante que a PA (n + 2, 2n + 2, 3n + 2, ... ) contém infinitos primos. Sendo p = kn + 2 > a um qualquer deles e g uma raiz primitiva módulo p, segue do fato de {g, g2 , .•. , gP- 1 } ser um SCR módulo p a existência de um inteiro 1 :s; t :s; p - 1 tal que gi = a (mod p). Agora, aplique o teorema de Bézout para garantir a existência de naturais u e v tais que nu = t + (p - l)v, de sorte que (gur = a (modp). 7. Considere, inicialmente, o caso em que a é ímpar. A condição do enunciado garante a existência de naturais b e t e primos ímpares distintos q1, ... , qt para os quais a= b2 q1 ... qt; portanto, pela proposição 7.23 de [14], basta garantirmos a existência de infinitos primos p para os quais ( ~) ... (;) = -1. Pela lei da reciprocidade quadrática, tal relação equivale a ÍI (p.) j=l = (-l)l+(p;1)(8/), q] onde s = I:;~=l qj. Aplique, agora, o teorema dos primos de Dirichlet, escolhendo p = 4kq1 ... qt + 1. 8. Faça D. = a 2 - 4b. Multiplicando ambos os membros da equação dada por 4 e completando quadrados, mostre que as hipóteses do Seção 8.3 1. Prove que a expansão decimal de a não é periódica. 2. Supondo que tais números fossem racionais, deduza que 1r e e seriam algébricos, exibindo polinômios com coeficientes racionais que teriam tais números como raízes. 3. Se ya fosse algébrico, então várias aplicações do teorema 8.12 garantiriam que o mesmo sucederia com ( va) = a. Se an fosse algébrico, e f E (Q[X] \ {O} fosse tal que f(a) = O, construa g E (Q[X] \ {O} tal que g(a) = O. Seção 9.1 l. Use a relação (6.3) de [11] para estabelecer a recorrência satisfeita pelas sequências (xn)n=:,:1 e (Yn)n=:,:1- Em seguida, adapte a solução do exemplo 9.4 a esse caso. 2. Se f(X) = X 3 - 3X 2 + 1, comece mostrando que f tem raízes reais a > b > e, tais que - 160 < e < - 150 , 160 < b < 1~ e O < bn + cn < 1, para todo inteiro n 2 2. Se an = an + bn + cn para n 2 1, mostre que a1, a2, a3 E Z e ªk+3 = 3ak+2 - ak, para k 2 1; em seguida conclua, a partir do que fizemos acima, que lan J = an - l. Por fim, use a recorrência linear satisfeita pela sequência (an)n>l para mostrar que ªk+1 7 = ak (mod 17); alternativamente, apele para o problema 9, página 178. 274 Soluções e Sugestões Seção 9.2 275 Referências então 1 1. Para a segunda parte, suponha que lzl > R e faça E = lzl - R. Use a condição de convergência para garantir a existência de n E N tal que lzn - zl < E e deduza, daí, que lznl > R, o que é uma contradição. 1 1 2. Use o resultado do problema anterior. 3. Adapte os argumentos delineados na prova da proposição 9.15. 4. Aplique o resultado dos itens (a) e (b) do problema anterior à sequência das somas parciais de I:k 21 (azk + bwk)· 6. Comece observando que, se (zn)n21 é uma sequência em X tal que Zn--+ z, com z E X, então, pela desigualdade triangular, IIJ(zn)l - lf(z)II ~ lf(zn) - onde utilizamos o teorema das colunas do triângulo de Pascal na última igualdade acima. f(z)I. Seção 9.3 7. Veja inicialmente que, se (zn)n21 é uma sequência em X, tal que Zn--+ z, então lzn - zl < B para todo índice n suficientemente grande; daí, If (Zn) - f (z) 1 ~ AI Zn - z 1, também para todo índice n suficientemente grande. Agora, mostre que a convergência de (zn)n21 para z acarreta a convergência de (f(zn))n21 para J(z). 8. O caso m = 1 é o conteúdo do exemplo 9.12. Param= 2 e segue, daí, que = L ak+lzk+l k,l20 Por indução, se 1 (1 - az)m-l '°' (n + m-2) 2 a z ' = L.....t n20 n n m - lzl < for, ITi=l 2. Nas notações do enunciado da proposição 4.17, ponha J(X) = (1+ ZjX) = I:"J=o SjXi; em seguida, calcule f' de duas maneiras distin- ~(~i, tas, e.g., diretamente e com o auxílio da fórmula para dada no problema 3, página 83. Por fim, compare, nos casos k < n e k ~ n, o coeficiente de xk-l em ambas as expressões para f'. Você precisará utilizar o resultado do exemplo 9.12. 276 Referências Referências Bibliográficas [1] AIGNER, M. e ZIEGLER, G. (2010) Proofs from THE BOOK. Springer-Verlag. [2] ANDREWS, G. (1994). Number Theory. Dover. [3] AKOPYAN, A. V. e ZASLAVSKY A. A. (2007). Geometry of Conics. American Mathematical Society. [4] APOSTOL, T. (1967). Calculus, Vol. 1. John Wiley & Sons. [5] APOSTOL, T. (1967). Calculus, Vol. 2. John Wiley & Sons. [6] APOSTOL, T. (1976). Introduction to Analytic Number Theory. Springer-Verlag. [7] DE BARROS, A. 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The Mathematical Association of America. 282 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAPÍTULO A Glossário. AIME: American lnvitational Mathematics Examination. APMO: Asian-Pacific Mathematical Olympiad. Áustria-Polônia: Olimpíada de Matemática Austro-Polonesa. BMO: Balkan Mathematical Olympiad. Baltic Way: Baltic Way Mathematical Contest. Crux: Crux Mathematicorum, periódico de problemas da Sociedade Canadense de Matemática. IMO: lnternational Mathematical Olympiad. 283 284 Glossário Israel-Hungria: Competição Binacional Israel-Hungria. Miklós-Schweitzer: The Miklós-Schweitzer Mathematics Competition (Hungria). NMC: Nordic Mathematical Contest. Índice Remissivo OBM: Olimpíada Brasileira de Matemática. OCM: Olimpíada Cearense de Matemática. OBMU: Olimpíada Brasileira de Matemática para Universitários. OCS: Olimpíada de Matemática do Cone Sul. OIM: Olimpíada Ibero-americana de Matemática. OIMU: Olimpíada Ibero-americana de Matemática Universitária. ORM: Olimpíada Rioplatense de Matemática. Putnam: The William Lowell Mathematics Competition (Estados Unidos). Torneio das Cidades: The Tournament of the Towns, olimpíada intermunicipal mundial de Matemática. Complexo Adição de polinômios, 34 argumento principal de um, 17 Algoritmo argumentos de um, 17 da divisão para polinômios, 40 conjugado, 6 de Horner-Ruffini, 49 forma polar de um, 17 de Horner-Rufinni, 106 forma trigonométrica de um, Argumento principal de um com17 plexo, 17 módulo de um, 7 Argumentos de um complexo, 17 plano, 7 Bézout raiz de um, 21 Etienne, 156 Complexos teorema de, 156 adição de, 5 Base, 141 desigualdade triangular para, Bolzano 11, 12 Bernhard, 114 diferença de, 6 teorema de, 114 multiplicação de, 5 números, 3 Chebyshev quociente de, 6 Pafnuty, 61 Conjugado polinômios de, 61 de um complexo, 6 Coeficiente líder, 38 285 286 de um quatérnio, 15 Conjunto aberto, 220 Conteúdo de um polinômio, 164 Convergência de uma série, 225 de Moivre Abraham, 18 primeira fórmula de, 18 segunda fórmula de, 21 Derivada de um polinômio, 76 propriedades da, 77 Descartes regra de, 131 René, 131 Desigualdade entre as médias, 126 triangular, 11, 12 Desigualdades de McLaurin, 127 Diferença de polinômios, 37 finita, 147 Dirichlet, teorema de, 206 Disco aberto, 220 fechado, 220 Divisor comum, 156 comum, máximo, 156 Eixo imaginário, 7 real, 7 ÍNDICE REMISSIVO Elemento neutro, 37 Fórmula de de Moivre, primeira, 18 de de Moivre, segunda, 21 de multiseção, 66 de Taylor, 81 Fatoração canônica, 162 Forma polar, 17 Forma trigonométrica, 17 Função contínua, 227 polinomial, 46, 172 Gauss Carl F., 69 lema de, 165 teorema de, 70, 83 Girard, relações de, 91 Grau, 38 de um número algébrico, 209 de um polinômio, 86 propriedades do, 38 Hamilton quatérnios de, 14 William R., 14 Hermite, Charles, 213 Homotetia, 27 centro de, 27 razão de, 27 Horner-Ruffini algoritmo de, 49, 106 ÍNDICE REMISSIVO identidades de, 106 287 Jacobi Carl G. J., 108 identidades de, 108, 110 teorema de, 108 Número algébrico, 190 algébrico, grau de um, 209 imaginário puro, 8 transcendente, 190 Números complexos, 3 Newton Isaac, 102 teorema de, 102 Norma de um quatérnio, 15 Kronecker delta de, 136 Leopold, 136 Ordem de uma recorrência, 215 lexicográfica, 103 Lagrange polinômios interpoladores de, 136 teorema de interpolação de, 137 Lema de Gauss, 165 Limite de uma sequência, 222 Lindemann, Ferdinand, 213 Liouville exemplo de, 212 Joseph, 209 teorema de, 210 Pólya, George, 187 Pólya-Szego, teorema de, 187 PA de ordem 1, 239 de ordem m, 239 Parte imaginária, 8 Parte real, 8 Plano complexo, 7 Polinômio a n indeterminadas, 85 binomial, 142 característico, 216 ciclotômico, 202 coeficiente líder de um, 38 conteúdo de um, 164 derivada de um, 76 forma fatorada de um, 72, 73 grau de um, 38, 86 Identidades de Horner-Ruffini, 106 de Jacobi, 110 Indeterminada, 45 Módulo de um complexo, 7 McLaurin Colin, 126 desigualdades de, 127 Multiconjunto, 62 Multiplicação de polinômios, 34 288 ÍNDICE REMISSIVO homogêneo, 98 Michel, 118 irredutível, 159, 165 teorema de, 118 mônico, 38 Raízes, soma simétrica elementar primitivo, 164 das, 92 raiz de um, 46 Raiz recíproco, 75 n-ésima da unidade, 22 redutível, 159, 165 n-ésima de um complexo, 21 simétrico, 90 da unidade, 22 simétrico elementar, 91 de um polinômio, 46 simetrização de um, 99 múltipla, 52 variação de um, 128 multiplicidade de uma, 52 Polinômios primitiva da unidade, 202 adição de, 34, 86 simples, 52 algoritmo da divisão para, 40 teste da, 46 associados, 156 Raiz primitiva, 173 de Chebyshev, 61 da unidade, 202 diferença de, 37 Recorrência linear, 215 iguais, 32 igualdade de, 87 ordem de uma, 215 interpoladores de Lagrange, 136 relação de, 215 multiplicação de, 34, 86 Relação primos entre si, 158 de ordem parcial, 13 quociente de, 42 de ordem total, 13 relativamente primos, 158 Relações de Girard, 91 Projeção sobre Zp[X], 169 Resto, 42 Quatérnio conjugado de um, 15 norma de um, 15 Quatérnios, 14 Quociente de polinômios, 42 Rôlle Rotação, 27 ângulo de, 27 centro de, 27 Série absolutamente convergente, 226 convergência de uma, 225 ÍNDICE REMISSIVO de potências, 229 soma de uma, 225 soma parcial de uma, 225 SCI, 177 SCR, 66 Sequência convergente, 222 divergente, 233 limite de uma, 222 recorrente linear, 215 subsequência de uma, 222 Sistema de Vandermonde, 140 Subsequência, 222 Szegõ, Gábor, 187 Teorema de Bézout, 156 de Bolzano, 114 de Dirichlet, 206 de Gauss, 70, 83 de interpolação de Lagrange, 137 de Jacobi, 108 de Liouville, 210 de Newton, 102 de Pólya-Szegõ, 187 de permanência do sinal, 121 de Rôlle, 118 do valor médio, 117 fundamental da álgebra, 70 fundamental dos polinômios simétricos, 102 289 Unidade imaginária, 4 Vandermonde Alexandre-Theóphile, 140 sistema de, 140 Variação de um polinômio, 128 .!ISBM .!ISBM (continuação dos títulos publicados) (continuação dos títulos publicados) Treze Viagens pelo Mundo da Matemática· C. Correia de Sa e J. Rocha (editores) Como Resolver Problemas Matemáticos · T. Tao Geometria em Sala de Aula · A. C. P. Rellmeister (Comitê Editorial da RPM) Números Primos, amigos que causam problemas - P. Ribenboim Manual de Redação Matemática· D.C de Morais Filho COLEÇÃO PROFMAT Introdução à Álgebra Linear · A. Refez e C.S. Fernandez Tópicos de Teoria dos Números. C. G. Moreira, F. E Brochero e N. C. Saldanha Polinômios e Equações Algébricas · A. Refez e M.L. Villela Tópicos de Historia de Matemática - T. Roque e J. Bosco Pitombeira Recursos Computacionais no Ensino de Matemática · V. Giraldo, P. Caetano e F. Mattos Temas e Problemas Elementares - E. L. Lima, P. C. Pinto Carvalho, E. Wagner e A. C. Morgado Números e Funções Reais · E. L. Lima Aritmética · Abramo Refez Geometria · A. Caminha Avaliação Educacional · M. Rabelo Geometria Analítica · J. Delgado, K. Frensel e L. Crissaff Matemática Discreta· A. Morgado e P.C.P. Carvalho Matemática e Atualidade · Volume 1 . C. Rousseau e Y. Saint-Aubin COLEÇÃO INICIAÇÃO CIENTÍFICA Números Irracionais e Transcendentes· D. G. de Figueiredo Números Racionais e Irracionais · I. Niven Tópicos Especiais em Álgebra· J. F. S. Andrade COLEÇÃO TEXTOS UNIVERSITÁR10S Introdução à Computação Algébrica com o Maple · L. N. de Andrade Elementos de Aritmética · A. Refez Métodos Matemáticos para a Engenharia · E. C. de Oliveira e M. Tygel Geometria Diferencial de Curvas e Superfícies · M. P. do Carmo Matemática Discreta· L. Lovász, J. Pelikán e K. Vesztergombi Álgebra Linear: Um segundo Curso . R. P. Bueno Introdução às Funções de uma Variável Complexa · C. S. Fernandez e N. C. Bernardes Jr. Elementos de Topologia Geral · E. L. Lima A Construção dos Números · J. Ferreira Introdução à Geometria Projetiva· A. Barros e P. Andrade Análise Vetorial Clássica - F. Acker Funções, Limites e Continuidade· P. Ribenboim Fundamentos de Análise Funcional· D. Pellegrino, E. Teixeira e G. Botelho Teoria dos Números Transcendentes · D. Marques Introdução à Geometria Hiperbólica · O modelo de Poincaré · P. Andrade Álgebra Linear: Teoria e Aplicações · T. P. de Araújo COLEÇÃO MATEMÁTICA APLICADA Introdução à Inferência Estatística · R. Bolfarine e M. Sandoval Discretização de Equações Diferenciais Parciais· J. Cuminato e M. Meneguette COLEÇÃO OLIMPÍADAS DE MATEMÁTICA Olimpíadas Brasileiras de Matemática, 1ª a 8ª - E. Mega, R. Watanabe Olimpíadas Brasileiras de Matemática, 9ª a 16ª . C. Moreira, E. Motta, E. Tengan, L. Amâncio, N. C. Saldanha e P. Rodrigues 21 Aulas de Matemática Olímpica· C. Y. Shine Iniciação à Matemática: Um Curso com Problemas e Soluções - K. I. M. Oliveira e A. J. C. Fernández Olimpíadas Cearenses de Matemática 1981-2005 Nível Fundamental - E. Carneiro, O. Campos e M.Paiva Olimpíadas Cearenses de Matemática 1981-2005 Nível Médio. E. Carneiro, O. Campos e M.Paiva Olimpíadas Brasileiras de Matemática · 17° a 24ª · C. G. T. de A. Moreira, C. Y. Shine, E. L. R. Motta, E. Tengan e N. C. Saldanha COLEÇÃO FRONTEIRAS DA MATEMÁTICA Fundamentos da Teoria Ergódica · M.Viana e K. Oliveira Tópicos de Geometria Diferencial · A. C. Muniz Neto Formas Diferenciais e Aplicações · M. Perdigão do Carmo