DIREITOS AUTORAIS: É terminantemente proibida a reprodução total ou parcial desta obra por qualquer forma ou meio, sem prévia autorização expressa do autor. A punição para violação dos Direitos Autorais é crime previsto no Artigo 184 do Código Penal e as sanções civis estão previstas nos Artigos 101 a 110 da Lei 9.610/1998. Para informações, consulte rodrigo.lhs@hotmail.com RODRIGO L . H. SILVA 1 Sobre mim Para aqueles que estão conhecendo meu trabalho pela primeira vez, é um prazer tê-los aqui! Meu nome é Rodrigo Luiz Huy da Silva, tenho 28 anos e sou nascido e criado em Curitiba. Desde pequeno sempre me vi envolvido nas práticas esportivas, sendo aquela criança viciada na aula de educação física, sabe? Ao longo da vida me envolvi em diversas modalidades esportivas na infância, adolescência e vida adulta, passando pelas lutas, como judô, capoeira e muay thai e pelo futebol. Já no fim da adolescência conheci a musculação aos 16 anos. De lá para cá, praticamente nunca parei, exceto por um mês no início porque fiquei sem dinheiro para pagar a mensalidade da academia ( de expressivos 50 reais), e que me obrigou a ficar um mês fora, mas desde então foram praticamente 12 anos ininterruptos de ferro. Logo que comecei a treinar já comecei meus estudos através de fóruns no Orkut e descobrindo a minha paixão, tornando assim fácil a escolha pela faculdade. Educação física e Nutrição foram os cursos que escolhi como primeira e segunda opção respectivamente. Passei em educação física na PUCPR com uma bolsa de 100% pelo Prouni e iniciei meus estudos no ano de 2012. Ao longo do curso comecei também minhas aventuras nos palcos do fisiculturismo e de lá para cá nunca mais parei. Alguns anos depois, antes de terminar a faculdade e querendo me dedicar mais ao fisiculturismo e ao trabalho, mudei para o Centro Claretiano que estava sendo uma das pioneiras com a modalidade EAD, terminando assim minha formação nela. RODRIGO L . H. SILVA 2 Anos depois comecei minha formação em nutrição pela Universidade Positivo e que está atualmente em vigor. Se tratando de trabalho, comecei assim como todos, estagiando na musculação em academias de 2012 até 2016 e dando algumas consultorias já. No fim de 2016 eu pedi meu desligamento e prometi a mim mesmo que nunca mais seria professor de sala, decidindo pular do abismo e aprender a voar enquanto caía. Consegui focar na consultoria e formado em 2017 comecei a trabalhar com alguns alunos de treino presencial. De lá para cá, muito estudo, inclusive passando pelo BOPE do professor Eder Lima, e muito trabalho, mas nada que me alavancasse ao nível que desejava, muito por culpa minha por ser inconsistente no trabalho das redes sociais, mas conseguindo viver relativamente bem. Competindo e trabalhando, consegui diversos títulos no fisiculturismo, inclusive a nível nacional conseguindo 4 troféus em 2019, desde vice campeão no estadual, no sul brasileiro, até um top 3 no brasileiro. Em 2020, a pandemia chegou para abalar a nossa sociedade e foi o que considero o ponto de virada, pois me vi sem poder atender meus alunos de personal que me traziam uma boa renda e com o menor número de alunos que já tive na consultoria online por estar me dedicando mais aos personais. Nesse momento a chave virou, e ali caí de ca cabeça beça com comoo nunca nos estudos e me dediquei de coração ao trabalho no mundo digital com uma consistência que nunca antes tive. Estava cansado de saber que era um profissional acima da média, reconhecido por aqueles próximos a mim, mas que era um anônimo ainda no mundo. Com muito trabalho consegui mudar isso. RODRIGO L . H. SILVA 3 Prefácio Com o destaque que comecei a ter, as pessoas começaram a me pedir cursos e material de estudo. Então com isso tive a ideia de desenvolver esse ebook que vai ser um dos melhores guias para você na hhora ora da estruturaçã estruturaçãoo e prescrição do treino. A prome promessa ssa é trazer um material que mude completamente a forma como você lida com o tre treinamento inamento e que assim possa te elevar a outro patamar dentro da academia. RODRIGO L . H. SILVA 4 Capítulos 1) Adaptaçõe Adaptaçõess ao treinamento treinamento..... ......... ......... ......... ......... .....77 - Aspecto Aspectoss anatômicos anatômicos e funcionais - A fundo na hipertrofia hipertrofia - Mecanismos da hipertrofia - Relação força velocidade - As microlesões. microlesões. 2) As variáveis variáveis do treinamento. treinamento...... ......... ......... ......... ......47 ..47 - Frequência - Volume - Intensidade - Cadencia - Descanso - Ordem dos exercícios - Intensidade de esforço 3) Técnicas Técnicas avançad avançadas as de treinam treinamento. ento...... .......88 ..88 - Origem das técnicas. - O Drop set e o Back off set - O Rest pause - O cluster set - A supersérie supersérie e a Pré exaustão 4) Peri Period odiz izaç ação ão de treinamento...................97 - Por que periodizar? Qual o seu conceito? - A periodização periodização crescente crescente de volume volume - A periodização periodização linear clássica - A periodização periodização linear reversa. -A periodização ondulatória. RODRIGO L . H. SILVA 5 5) Seleção Seleção de exercícios exercícios..... .......... ......... ......... ......... ......... .........1 ....109 09 - Aspectos a considerar considerar na seleção seleção de exercícios. - Aspectos musculo musculo a musculo. musculo. 6) Prescrição Prescrição de de treinamento treinamento na prática... prática......12 ...1211 - Prescrição de treino indivíduo homem. - Prescrição de treino indivíduo mulher. 7) Referencias.............................. Referencias............................................... .................143 143 RODRIGO L . H. SILVA 6 CAPÍTULO 1 ADAPTAÇÕES AO TREINAMENTO TREINAMENTO E MECANISMOS DA HIPERTROFIA RODRIGO L . H. SILVA 7 1.1 ANATOMIA FUNCIONAL BÁSICA Começando do começo, para entendermos melhor a hipertrofia, precisamos antes conhecer melhor o que compõe anatomicamente a grande estrutura funcional que são os músculos. Estrutura Muscular A estrutura muscular é inicialmente composta por camadas de tecido conjuntivo que a revestem, sendo a primeira delas, aquela que envolve todo o músculo, o epimísio. Dentro desse epimísio existem diversos feixes fibrascamada musculares conhecidos como fascículo revestidos pordeoutra de tecido conjuntivo conhecido como perimísio, e dentro desse fascículo ficam as fibras individuais que são cobertas pelo endomísio. As fibras musculares são compostas de centenas a milhares de miofibrilas e cada miofibrila é composta por sarcômeros e dentro desses sarcômeros ficam os componentes responsáveis pela contração muscular, a actina e a miosina que compõem 50% de toda proteína dentro da célula muscular e que interagem para gerar o movimento de contração, além de alguns outros componentes como a titina, a nebulina, a troponina e a tropomiosina. O número de fibras musculares varia que compõem um musculo varia de centenas até milhões, dependendo do tamanho do mesmo. Pelo fato do musculo esquelético ser composto de diversos núcleos, ele consegue realizar síntese proteicas e com isso crescer de tamanho. RODRIGO L . H. SILVA 8 Unidades motoras As unidades motoras são compostas pelos moto neurônios e são são as continuações do sistema nervoso central responsáveis por condu co nduzi zirr o estí estímu mulo lo co cont ntrá rátitill at atéé a musc muscul ulat atur ura. a. As un unida idade dess moto mo tora rass va varia riam m em nú núme mero ro de fibr fibras as e em ta tama manh nhoo de fi fibr bras as ao qual cada uma enerva. As unidades motoras de baixo limiar ener en erva vam m me meno noss e me meno nore ress fibr fibras as mu musc scul ular ares es,, co comu mume mente nte ener en erva vand ndoo ma mais is fibr fibras as do tipo tipo I, enqu enquan anto to as un unid idad ades es mo moto tora rass de alto alto limi limiar ar en ener erva vam m ma mais is e ma maio iore ress fi fibr bras as mu musc scul ulaare res, s, pred pr edom omin inan ante teme ment ntee as fibr fibras as do tipo tipo II. II. Ainda há diversos tipos de un unid idaade dess mot otor oraas inte interm rmeediá diárias rias com omoo as de médio lim imia iarr que ficariam no meio termo entre as de baixo e de alto limiar. RODRIGO L . H. SILVA 9 O recrutamento das unidades motoras segue o conhecido princípio de tamanho de Henneman, aonde quanto maior for o grau de esforço e necessidade de produzir força, maior será a quantidade e o limiar de unidades motoras sendo acionadas. Com isso, não se consegue acionar as unidades motoras de alto limiar sem acionar as de baixo, enquanto o oposto é possível. Assim sendo, unidades motoras de alto limiar não serão acionadas para tarefas do dia a dia, ficando essa função a cargo das unidades motoras de baixo limiar. Modalidades esportivas de baixa intensidade também não são capazes de trazer o acionamento das unidades motoras de alto limiar. Apenas duas situações são capazes de acionar as unidades motoras de alto limiar: A primeira é a fadiga da dass unidades motoras menores, cons construída truída ao longo de uma atividade, obrigando assim as unidades motoras de alto limiar a reduzirem seu limiar de ativação para poderem cooperar na produção de força, como por exemplo em uma série com carga moderada ou leve levada até a falha, já a segunda maneira é então com estímulos próximos da máxima produção de força, como por exemplo no trabalho com altas cargas, aonde RODRIGO L . H. SILVA 10 as unidades motoras de alto limiar serão acionadas desde o começo da série. RODRIGO L . H. SILVA 11 Fibras musculares e seus tipos Os músculos não são compostos de fibras musculares apenas de um tipo, mas sim de vários, e ainda dentro disso cada indivíduo irá ter uma predominância maior de fibras musculares em cada musculo, podendo ter uma composição bem diferente em músculos diferentes. As fibras musculares são categorizadas principalmente de duas formas: Fibras musculares do tipo I e Fibras musculares do tipo II, ou fibras musculares de contração lenta e fibras musculares de contração rápida, ou ainda fibras musculares vermelhas e fibras musculares brancas. As fibras musculares do tipo I são conhecidas por serem mais resistentes a fadiga e mais adaptadas a atividades com característica aeróbia ou de longa duração, porém a sua capacidade de gerar força é mais limitada limitada.. Ainda por cima, uum m estudo feito por van Wessel em 2010, encontrou que em mulheres as fibras do tipo I são maiores do que as do tipo II, algo que contraria o que se especulava antes de que as fibras do tipo II são sempre maiores do que as do tipo I. O estudo de van Wessel especula que a capacidade oxidativa de uma fibra influencia mais o seu tamanho do que o seu tipo, sendo que uma fibra oxidativa não conseguiria aumentar muito de tamanho para que assim conseguisse manter a sua funcionalidade estrutural. As fibras musculares do tipo II são divididas em fibras musculares do tipo IIa e do tipo IIx, sendo as do tipo IIa algo mais próximo do meio termo entre as características das fibras do tipo I e das fibras do tipo IIx. No geral as fibras do tipo II RODRIGO L . H. SILVA 12 têm uma capacidade de produzir força muito maior do que as do tipo I, porém dadas suas características, elas tendem a entrar em fadiga rapidamente e assim não tem uma grande capacidade de atuar em atividades exijamdo resistência, alémdo disso mais sensíveis ao danoque muscular que as fibras tipoelas I. são Alguns especialistas apontam para que as fibras musculares do tipo II sejam mais responsivas a hipertrofia do que as fibras do tipo I, segundo estudo de Adam de 2012, a resposta hipertrófica hi pertrófica das fibras do tipo II é 50% maior do que as do tipo I. Porém não se assume que isso seja de todo modo verdade hoje. Segundo dois estudos de Bjornsen de 2019 e um de Jakobsgaard J akobsgaard de 2018, encontraram que o método de restrição do fluxo sanguíneo tem uma hipertrofia maior das fibras do tipo I, e em estudos que comparou esse método com o treino tradicional (com foco nas fibras do tipo II), encontraram aumento similar do volume muscular. Característicass das fibras musculares. Característica Tempo de contração Produção de força Tipo I Baixo limiar Lento Baixa Tipo IIa Médio limiar Moderado a rápido Média Tipo IIx Alto limiar Rápido Alta Resistencia Densidade mitocondrial Capacidade oxidativa Capacidade glicolítica Densidade capilares Mioglobulina Estoque de glicogênio Estoques de triglicerídeos Alta Alta Alta Baixa A Alta lta Muita Baix Baixo o Alto Média Média Alta Alta Média Média Alto Médio Baixa Baixa Baixa Alta Baixa Pouca Alta Baixo Unidade motora Inspirado em Brad Schoenfeld 2019 RODRIGO L . H. SILVA 13 possível saber a composição de fibras em nosso corpo? Dependendo da adominância de fibras músculo, possível predizer sua performance e terem umaumprevisão maisé adequada do quão rápidos serão os ganhos de força. É possível saber qual a dominância de fibras em um determinado músculo através do exame de biópsia, porém esse é um método invasivo e que poucas pessoas se sujeitariam. Procurando resolver o problema de d e forma mais conservadora, um estudo de Hall 2020 buscou cruzar a perfomance em uma tarefa motora, com o que se encontra em biópsia. O teste ofoimáximo o seguinte: Os indivíduos do no grupo deveriam realizar de repetições possíveis agachamento com barra usando 80%RM. O número de repetições variou de 5 a 15 e aqueles q tinham mais fibras do tipo II tiveram uma média de 5 a 8, enquanto os que menos tinham fibras do tipo II realizaram entre 11 a 15 repetições. Quem ficou no meio desse range (9 a 10), tinha uma proporção igual de fibras. Com isso vemos q esse é um teste interessante para estimar a proporção de fibras no quadríceps e assim direcionar melhor os indivíduos com mais potencial de desenvolver força em modalidades de powerlifting. Além disso, em pessoas sabemos melhor o que esperar do seu ganho de forçacomuns, com o treinamento. RODRIGO L . H. SILVA 14 Adaptações do corpo ao treinamento Quando se iniciam os trabalhos com o treinamento resistido, o corpo começa a passar por diversas adaptações que irão fornecer um ambiente mais adequado para a produção de força, desde aspectos musculares até aspectos neurais. Dos neurais, podemos começar citando o direcionamento neural. É bem comum ver iniciantes realizando movimentos sem nenhuma sincronia e fora de ordem. Inicialmente o estimulo motor não chega adequadamente como deveria ao musculo, tanto que inúmeros estudos apontam que a ativação muscular vai aumentando com o passar do tempo, sendo reduzida sessões da de treinamento. Outra adaptação neural senas dáprimeiras pelo aumento capacidade de ativação das unidades motoras de alto limiar, assim potencializando o aumento da força gerada pelo musculo. Dentro das adaptações neurais, também se fala a respeito da melhora da sincronização da ativação das unidades motoras, ou seja, com o passar do tempo se tornará cada vez mais fácil para que o disparo contrátil ocorra de forma sincronizada em um grande número de unidades motoras, fazendo assim com que mais fibras produzam força juntas. Por último, citaremos aqui como adaptação neural a redução da coativação dos músculos antagônicos. Se um musculo antagônico se ativa em conjunto do agonista, ele tende a agir como um freio na produção de força e velocidade de contração do agonista. Embora seja normal que essa coativação ocorra, com o tempo a ativação do musculo antagonista vai se tornando cada vez menor e assim reduzindo a interferência na produção de força do musculo agonista. RODRIGO L . H. SILVA 15 1.2 A HIPERTROFIA Talvez aqui começamos a entrar na parte mais esperada de todas. Por vezes muitas vezes você sabe o que algo é, mas que quando deve colocar em palavras, isso se torna uma tarefa extremamente árdua. Justamente é o que ocorre com a hipertrofia! Muita gente compreende o conceito e sabe o que ela significa, mas agora explicar? Aí ficou difícil. A hipertrofia é irmã do anabolismo e assim sendo oposta ao catabolismo. Diariamente vivemos um processo de perda e de ganho e no fim do dia é o saldo final que definirá se anabolizamos e tivemos hipertrofia ou se catabolizamos e perdemos massa muscular. A hipertrofia como nós a conhecem conhecemos os e bu buscamos scamos é o aument aumentoo do tamanho do volume muscular através do incremento de proteínas em seus componentes. Esse aumento de proteínas intracelulares faz com que a matriz extra celular também aumente para dar suporte ao aumento de proteínas contráteis, sendo sempre uma relação proporcional. Quando ocorre uma sobrecarga que gere tensão na musculatura, ocorrem perturbações na estrutura muscular que acabam por gerar umaproteica cascata de reaçõesaumente que irãoosinalizar paradeque ocorra a síntese e assim conteúdo proteínas contráteis dentro desse musculo, processo esse conhecido como mecanotransdução, que é quando estímulo mecânicos são traduzidos em reações bioquímicas. A hipertrofia ocorre por duas formas, podendo ser uma hipertrofia em série ou então uma hipertrofia em paralelo. RODRIGO L . H. SILVA 16 Quando a hipertrofia é em paralelo, significa que o musculo cresceu ao longo de sua largura, sendo essa forma de hipertrofia aquela que compõem a maior parte dos ganhos de massa muscular na musculação tradicional e esta associada a quase todos os estímulos contráteis quando ocorre um ciclo de encurtamento e alongamento que gerem tensão na musculatura. A hipertrofia em em série é quando sarcômeros são adicionados no comprimento de um musculo, porém, essa forma de hipertrofia é mais limitada porque ela só terá espaço para crescer até a junção miotendínea, que é onde as células musculares começam a se mesclar com células tendinosas. Esse aumento do comprimento muscular já foi encontrado em diversas formas de trabalho diferentes. Comumente ele ocorre quando o musculo precisa se adaptar a um novo comprimento de trabalho, sendo normal vê-la acontecendo como consequência do trabalho de alongamento, da tensão em longas amplitudes de movimento, do treinamento excêntrico e da tensão com um musculo alongado. A hipertrofia em série costuma acontecer também quando um indivíduo destreinado começa a treinar de forma adequada. Também existe um estudo que encontrou ganhos de hipertrofia em série da panturrilha ao realizar a esteira com inclinação. RODRIGO L . H. SILVA 17 A hipertrofia não é um processo homogêneo Antigamente, quando comecei a treinar, muitos acreditavam que a hipertrofia das fibras de um musculo ocorria como um todo, ou seja, se eu estou ativando aquela direção de fibras, elas vão crescer de maneira igual da sua origem até a sua inserção. Porém essa teoria vai de encontro a um corpo gigantesco de estudos que mostram que a ativação muscular ocorre de forma diferente possivelmente devido a uma compartimentalização dos estímulos motores nas fibras musculares, ou seja, eu posso ter uma maior ativação em regiões diferentes da musculatura dependendo do gesto motor executado, além disso, também há um grande corpo de evidencias surgindo mostrando diferente hipertrofia ao longo do musculo dependendo do exercício e tipo de ação executada, podendo se ter mais hipertrofia proximal, medial e distal. Além disso, é possível ter hipertrofia de forma RODRIGO L . H. SILVA 18 diferenciada nas diferentes porções/cabeças de um mesmo musculo A região mais ativada pela musculatura esta diretamente ligada com a região que mais sofrerá hipertrofia, como mostrado em um estudo de Wakahara de 2012, que encontrou que a região do tríceps que mais hipertrofiou foi justamente a região que mais teve ativação muscular. Outros estudos, como o de Escamilla também apontam para essa direção, aonde se encontrou que o reto femural tem uma ativação muito maior na cadeira extensora do que no agachamento e consequentemente sua hipertrofia é maior no primeiro do que no segundo, quando analisamos os estudos de Kubo de 2019 que não encontrou hipertrofia de reto femural no agachamento, e analisamos o estudo de Maeo de 2018 que encontrou hipertrofia maior no reto femural na cadeira extensora do que dos demais músculos, conseguimos dar mais suporte a esse apontamento. No caso citado do quadríceps, o trabalho de reto femural está relacionado com sua característica bi articular, sendo um musculo que atua tanto na região do quadril fazendo a flexão do mesmo e no joelho fazendo a extensão, sendo assim em exercícios como o agachamento aonde temos extensão do quadril, alongando a porção proximal, e extensão do joelho, encurtando a distal, a capacidade desse musculo de produzir força nesses exercícios é reduzida pois o seu comprimento total mal se altera. Um caso parecido que podemos citar aqui é também do tríceps braquial, aonde sua cabeça longa é bi articular enquanto as demais são mono articulares, e em um estudo de Brandão de 2020 foi encontrado que a quando se realizava supino reto, a porção longa do tríceps não sofria hipertrofia. Ela só RODRIGO L . H. SILVA 19 demonstrou hipertrofia quando um exercício isolado (tríceps testa) foi incorporado no treino. Já em se tratando de hipertrofia proximal, medial e distal, a maioria dos estudos com o treinamento excêntrico apontam mais hipertrofia distal do que proximal como nos estudos de Valamatos de 2018, Higbie de 1996 e Franchi de 2014 , porém no treinamento tradicional ainda não se tem muito consenso científico, com alguns estudos apontando resultados diferentes como o de Ema R. 2013 que apontou maior hipertrofia distal, enquanto os de Wakahara de 2013 e Hisaeda de 1996 que apontam maior hipertrofia medial. Pela divergência de resultados estudos sobre oaspectos treinamento tradicional, podemos teorizarnos sobre diferentes que influenciam a hipertrofia regional, como a cadeia cinética na qual é executada, sobre o comprimento do musculo no pico de torque, a ação ser mais proximal ou distal a articulação envolvida. Como exemplos podemos citar a diferença entre exercícios como agachamento e elevação de quadril, aonde um tem o torque máximo como o musculo alongado e o outro com o musculo encurtado. Em outros grupamentos podemos citar o supino reto e o voador na máquina que seguem o mesmo preceito, aonde o supino terá um pico de torque em alongamento e o voador terá um torque continuo, fornecendo também bom torque com o musculo encurtado. Com isso se especula que esses exercícios com torque em alongamento trazem uma melhor hipertrofia para a porção distal enquanto o torque em encurtamento enfoca a porção médio/proximal. Quando se relaciona a articulação envolvida, vemos que em RODRIGO L . H. SILVA 20 músculos bi articulares como os isquiotibiais, temos uma ativação maior da porção proximal em exercícios como o stiff e em exercícios como a mesa flexora a ativação maior é distal, como mostrado em um estudo de Schoenfeld de 2015, e como dito anteriormente, a ativação vai se correlacionar com a hipertrofia local. Em um estudo que tive acesso e que ainda não foi publicado que mediu a hipertrofia regional do bíceps utilizando uma amplitude máxima ou uma amplitude mais curta, a hipertrofia no geral foi maior para a hipertrofia maior, porém a maior diferença foi na porção distal que teve uma hipertrofia 5x maior (13,7% x 2,7%). Fatores que podem causar a diferença na hipertrofia Dos motivos que podem ser os causadores das diferenças na hipertrofia regional, além da compartimentalização que muda a ativação muscular ao longo das fibras, temos também diferenças di ferenças nas das adaptações da arquitetura das regiões dentro do musculo, por exemplo, temos variados ângulos de penações dentro da musculatura, algo que contribui com a vantagem mecânica e potencial de gerar força dessas regiões, então com isso as regiões que estiverem em menor desvantagem mecânica serão aquelas que terão que fazer mais força para sustentar ou produzir o movimento. Também podemos citar aqui que dentro do musculo mesmo podemos ter regiões que estão com seus sarcômeros mais encurtados e outras com seus sarcômeros mais alongados dentro da mesma angulação articular, algo que impacta diretamente a produção de força por mudar a posição desse sarcômero dentro da curva comprimento tensão, e assim também aumentando ou reduzindo a tensão passiva que o mesmo experiencia, algo que pode contribuir para a hipertrofia RODRIGO L . H. SILVA 21 pelo aumento da tensão mecânica total. Muitos desses fatores que permeiam a hipertrofia regional são apontado de forma brilhante em uma revisão sistemática de Zabaleta-Korta de 2020. A hipertrofia uniforme requer variedade! Em estudo de Costa de 2021, se testou a seguinte hipótese: Utilizar de exercícios variados irá induzir hipertrofia de forma diferente no musculo se comparado a não variar os exercícios? No desenho do estudo, as pessoas iriam treinar 3x na semana, 1 exercício para musculo principal (exceto deltoides), só que um grupo iria fazer sempre os mesmos exercícios para cada musculo enquanto o outro grupo iria fazer um exercício diferente em cada um desses 3 dias na semana para cada musculo, ou seja, um grupo iria fazer rosca direta segunda, quarta e sexta, enquanto o outro grupo iria fazer rosca direta segunda, rosca scott quarta e rosca inclinada sexta. Foram coletadas medidas dos flexores do cotovelo, extensores do cotovelo, coxa lateral e coxa medial. Ao fim do estudo, ambos os grupos tiveram hipertrofia significativa, porém a hipertrofia dos flexores do cotovelo e da coxa lateral do grupo que teve maior variedade de exercícios foi mais homogênea, ou seja, esse grupo atingiu um equilíbrio maior entre hipertrofia proximal, medial e distal. Diferentes angulações de trabalho impõem diferentes demandas musculares, e hoje sabemos que os músculos são divididos em porções, ou seja, a demanda não ocorre igualmente em toda fibra muscular, então por isso a hipertrofia ocorre de forma diferente ao longo do musculo. RODRIGO L . H. SILVA 22 Diferenças na hipertrofia do conteúdo muscular Dentro musculares temos uma divisão funcionaledo conteúdodasemfibras 2 componentes: O componente miofibrilar o componente sarcoplasmático. Cada um deles tem seu papel específico e ambos aumentam de tamanho, ou seja, são responsáveis pela hipertrofia geral da musculatura. A área do treinamento por muito tempo especulou se era possível selecionar a hipertrofia de um deles através de diferentes técnicas de treinamento, se era possível ter uma hipertrofia predominantemente do sarcoplasma ou uma hipertrofia predominantemente das miofibrilas, porém até hoje a ciência não conseguiu comprovar que ambos ocorram de forma dissociada, mas sim que a hipertrofia sarcoplasmática ocorre em proporção com a hipertrofia miofibrilar como forma de dar sustentação a mesma. RODRIGO L . H. SILVA 23 A hipertrofia miofibrilar A hipertrofiadasmiofibrilar composta pelo aumento numeroa e tamanho proteínasé que são responsáveis pornorealizar contração muscular, a actina e a miosina, além das demais proteínas do complexo contrátil como a troponina, tropomiosina, proteínas da linha z, proteínas da linha m, titina, nebulina e outras, sendo por isso também conhecida como hipertrofia dos componentes contráteis. Essa hipertrofia é tida como funcional, porque aumenta a capacidade do musculo de gerar força. Inúmeros teóricos especulam que formas de treinamento que usam maior sobrecarga, menos repetições e maior tempo de descanso, causam um aumento predominante desse conteúdo, embora até então não se tenha uma comprovação científica desse tipo de abordagem para essa predominância hipertrófica, faltam estudos que se aprofundem muito no tema. O sarcoplasma e sua hipertrofia. A hipertrofia do sarcoplasm sarcoplasmaa ocorre através do aumento do seu conteúdo que é composto por água, glicogênio, proteínas não contráteis e mitocôndrias. Segundo alguns estudos, como o de MacDougall de 1977, nos primeiros meses de treinamento, ocorre um grande aumento do conteúdo de glicogênio muscular, chegando a ser até 66% maior se comparado ao período antes de iniciar os treinamentos. Já em estudo de Abertnethy de 1944, se foi encontrado que bodybuilders tinham o dobro do glicogênio muscular quando se comparado a pessoas que não treinavam. Possivelmente esses aumentos se devam a adaptações que ocorrem para suprir a maior demanda RODRIGO L . H. SILVA 24 energética, e além disso, o próprio aumento do volume muscular possibilita um aumento da capacidade de estocar glicogênio. Se teoriza que a hipertrofia predominantemente sarcoplasmática não traz consigo aumento da capacidade de gerar força do musculo, mas sim aumento da capacidade de permanecer trabalhando por mais tempo devido ao maior estoque energético. Também se hipotetiza que o treinamento com cargas mais leves, mais repetições, menos descanso e mais estresse metabólico acaba promovendo uma hipertrofia maior desse componente, porém é apenas algo especulativo até então. Segundo Roberts e Haun 2020, de uma perspectiva molecular, 75% do conteúdo muscular é feito por água, 10 a 15% por proteínas miofibrilares e 5% proteínas sarcoplasmáticas. Porém de um ponto de vista espacial, a maior parte da fibra muscular é ocupada pelas proteínas miofibrilares, chegando a 85% do espaço intracelular, sendo o resto do espaço ocupado por mitocôndrias (entre 5 e 6%) e sarcoplasma (9%). Figura 1 Retirada de Roberts e Haun 2020 RODRIGO L . H. SILVA 25 Hiperplasia e não hipertrofia A hipertrofia não é o único processo processo pelo qual o musculo pode aumentar de tamanho. Existe um processo conhecido como hiperplasia e que também pode cooperar para o aumento do volume muscular. A hipertrofia é quando aumentamos o volume dentro da fibra muscular, já o processo de hiperplasia é quando aumentamos o número de fibras musculares. A base para a hipótese de hiperplasia em humanos deriva de alguns estudos em animais, mais especificamente em pássaros, como o de Alway de 1990, que testaram manter um peso de 10% do peso corporal do pássaro amarrado em uma de suas asas por 5 a 7 dias, e o que se encontrou foi um aumento de 27% no númeroagora de fibras quando comparada asatestado sem peso. em outro estudo, de Antonio J. de 1993,afoi usarJáuma carga de 35% do peso corporal do pássaro por um período de 28 dias, com breves períodos sem peso nesse tempo, e ao fim foi encontrado um aumento de 82% no total de fibras musculares nessa asa. Ao que parece, quando a fibra muscular atinge um tamanho muito grande, para evitar que esse crescimento se torne insustentável e crítico para sua funcionalidade, novas fibras são criadas. Porém quandocomo testado em humanos, os resultados tornam inconsistentes apontado até em meta análise deseKelley de 1996. Então quando se fala em hiperplasia em humanos, não temos ainda uma certeza absoluta, pois por exemplo, em um estudo de MacDougall de 1984 que comparou a quantidade de fibras de pessoas destreinadas e bodybuilders, a quantidade de fibras entre eles era bem parecida, então possivelmente se a hiperplasia contribui para o aumento do volume muscular em humanos, essa é uma contribuição pequena. Dificilmente RODRIGO L . H. SILVA 26 humanos hipertrofiariam as fibras musculares de forma comum com o treino ao ponto do volume se tornar critico para sua funcionalidade, masdeexiste uma hipótese de que isso possa ser possível com o uso esteroides. RODRIGO L . H. SILVA 27 1.3 AS VIAS HIPERTRÓFICAS Agora que já entendemos melhor sobre as adaptações ao treinamento e agora que entendemos melhor o que realmente é a hipertrofia, está na hora de entendermos o que desencadeia o processo de aumento da massa muscular. Ok, a musculação causa hipertrofia, assim como possivelmente alongamentos e outras modalidades esportivas. Mas como especificamente o processo se desenrola? Quais são as vias pelas quais se resulta o aumento do volume muscular? Quando comecei a treinar, ouvia apenas falar sobre o dano muscular, que o musculo acabava “rasgando” no treino e aí as proteínas rasgo e assim o musculo aumentavasede depositavam tamanho... Masnesse será que é isso mesmo? A ciência vive em constante atualização e busca cada vez mais se aprofundar nas suas áreas de estudo e hoje acreditamos que a hipertrofia é ativada por 3 mecanismos principais: A tensão mecânica, o estresse metabólico e o dano muscular. Todos esses mecanismos sempre ocorrem em conjunto! É IMPOSSÍVEL dissociar totalmente um do outro e isolar isol ar os seus efeitos sobre o ganho de massa muscular, porém ao que tudo indica a tensão mecânica parece ser o principal motivador da hipertrofia, enquanto o dano muscular é tido apenas como uma possível consequência segundo algumas alas da pesquisa atual, como bem apontado em Damas 2017. RODRIGO L . H. SILVA 28 A tensão mecânica e a hipertrofia A tensão mecânica é o quecomo temosa hoje a principal via hipertrófica, sendo descrita força como primária da resposta hipertrófica na musculação. E o que exatamente é a tensão mecânica? Podemos defini-la como a força aplicada em uma determinada área sobre a qual age. Já sabemos que a tensão mecânica por si só é capaz de ativar a via AKT/mTor, que é a principal via pelos quais os processos hipertróficos ocorrem. Nossos músculos tem estruturas proprioceptivas denominadas de mecanoceptores, que são responsáveis por detectar a tensão mecânica, e esses mecanoceptores são sensíveis a magnitude da carga/força que está sendo aplicada no musculo e também são sensíveis ao tempo sob tensão (TUT) pelo qual essa força é aplicada, e é com base nisso que ocorrem muitas más interpretações. O tempo sob tensão necessita de uma boa magnitude de carga para gerar uma alta tensão mecânica, ou seja, o que impacta a hipertrofia é o tempo sob máxima tensão, e não só o tempo sob tensão. Se assim fosse, veríamos hipertrofia significativa nos estudos que usam baixíssimas sobrecargas, algo que não acontece. Além disso, os mecanoceptores são sensíveis ao tipo de tensão que é imposta, podendo ser ela uma tensão induzida por alongamento que leva a hipertrofia em série pela adição de sarcômeros de forma longitudinal, ou também sendo sensíveis a contrações musculares dinâmicas, que levam a um aumento da hipertrofia em paralelo pela adição de sarcômeros lado a lado. RODRIGO L . H. SILVA 29 Figura 2 O estímulo mecânico O processo pelo qual os mecanoceptores sinalizam hipertrofia é chamado de mecanotransdução. A mecanotransdução mecanotransdução é a forma como a tensão mecânica é detectada e então traduzida em estímulos levam ao de massaemuscular através dobioquímicos aumento da que expressão de ganho vias anabólicas redução da expressão das vias catabólicas. RODRIGO L . H. SILVA 30 Figura 3 As vias da hipertrofia A tensão mecânica e a relação força x velocidade Para entender melhor a tensão mecânica, é fundamental conhecermos o conceito da “relação força x velocidade”. Projetar forças depende da velocidade com que ocorre a contração porque formar é necessário tempodemínimo (TUT) paramuscular, que seja possível o maiorum número pontes cruzadas de actina e miosina, algo que não acontece quando se contrai o músculo de forma muito acelerada, pois as pontes são formadas e desfeitas rapidamente, assim poucas sendo mantidas formadas ao mesmo tempo. Então um movimento lento permite que aquela fibra muscular que foi recrutada imprima a sua máxima força, só que quando o RODRIGO L . H. SILVA 31 movimento é feito lento de maneira voluntária, isso acaba por sinalizar um baixo grau de esforço e consequente uma baixa ativação de unidades motoras, ativando apenas as de baixo limiar, com isso tenho poucas fibras musculares projetando sua máxima força. Porém quando o movimento é realizado de forma lenta aliado a um alto grau de esforço, ou seja, o movimento é lento l ento devido a sobrecarga limitar a velocidade do movimento, aí sim temos a solicitação das unidades motoras de alto limiar em conjunto da máxima formação de pontes cruzadas, fazendo assim um cenário ideal para a máxima tensão mecânica. Esse ambiente não ocorre apenas em uma carga com sobrecarga alta, mas também nas últimas repetições de uma série com carga moderada levada até a falha ou próximo dela. Lembrando do conceito da tensão mecânica, cada uma das fibras musculares experimenta a tensão mecânica de forma individual, assim quando eu consigo ter a máxima tensão na maioria das fibras, a tensão mecânica no músculo inteiro é alta e isso resulta no máximo sinal de mecanotransdução. RODRIGO L . H. SILVA 32 O estresse metabólico e a hipertrofia Sabe aquela sensação de queimação que sentimos no treinamento e que muitos denominam erroneamente como o ácido lático? Pois é, esse é basicamente o estresse metabólico dando as caras, a nossa n ossa segunda via que desencadeia a hipertrofia através do treinamento. Temos evidencias suficientes para apontar para a contribuição do mesmo, além de diversos estudos com Blood Flow Restriction, uma forma de treino que enfoca totalmente o estresse metabólico, utilizando de uma baixa carga e gerando um dano muscular bem baixo, e mesmo assim promovendo respostas hipertróficas muito boas. O estresse metabólico se dá pelo acumulo de subprodutos do metabolismo energético da eles contração muscular períodos suficientes, sendo o lactato, fosfatosustentada inorgânico,poro hidrogênio, além de diversos outros (ao menos 4 mil). Ou seja, quando um estímulo vai além da via atp-cp e entra na via glicolítica, como por exemplo no treino com mais repetições, técnicas avançadas ou no treino com baixo intervalo que não permite a adequada ressíntese de atp, assim contribuindo diretamente para a fadiga periférica. Estudos que investigaram o aumento do lactato encontraram que temos um aumento significativo em séries de d e 12 repetições até a falha, que durem entre 30 e 40s, algo bem diferente do visto em séries com intensidades acima de 90%RM que duram menos do que 10s. Isso acontece justamente pelas diferenças metabólicas, aonde a série com alta carga não chega a demandar o uso do metabolismo glicolítico. Outro ponto bem interessante de comentar é que séries mais prolongadas acabam causando um ambiente de hipóxia e subsequente maior acumulo metabólico devido a vasoconstrição e isquemia que ocorre durante a contração muscular. RODRIGO L . H. SILVA 33 Segundo alguns estudos em animais, o lactato parece ter alguma ação direta na hipertrofia, porém estudos em humanos não encontraram ainda os mesmos resultados, então ainda se é inconclusivo afirmar sobre isso. O lactato demonstra inibir a ativação de um regulador negativo do crescimento muscular chamado de Histona deacetilase, sendo possivelmente esse um dos mecanismos pelos quais ele contribui diretamente para a hipertrofia. Além do acumulo de metabólitos, diversos outros mecanismos são supostos de contribuir para a hipertrofia através do estresse metabólico além, dentre eles o aumento no recrutamento das fibras muscular, o inchaço celular e a produção de miocinas. O aumento da ativação de fibras musculares se dá porque conforme a contração vai continuando a ocorrer, algumas fibras vão fadigando e não conseguindo sus sustentar tentar mais o tra trabalho, balho, RODRIGO L . H. SILVA 34 fazendo com que outras fibras sejam recrutadas para continuar a ter o movimento. Por muito tempo se observou que associado ao maior estresse metabólico, também se tem uma resposta aguda aumentada a liberação hormonal, porém esse aumento agudo não se correlaciona diretamente com a hipertrofia. Basta observamos também um pouquinho da prática... o uso isolado de GH não é suficiente para promover ganhos de massa muscular. O estresse metabólico parece promover alterações também das miocinas, aumentando a expressão daquelas que promovem hipertrofia e reduzindo daquelas que promovem o catabolismo, porém os estudos a respeito do tema são bem conflitantes ainda. Por último temos o nosso inchaço celular, o amado pump muscular. Em estudo de 2014, Schoenfeld explorou muitos dos mecanismos pelos quais o pump pode potencializar a hipertrofia. O treinamento resistido promove alterações do balanço hídrico intra e extra celular. Através das contrações intensas, as veias que levam o sangue para fora do musculo são comprimidas enquanto as artérias continuam entregando sangue para o musculo, fazendo assim com que ocorra um aumento do plasma sanguíneo intramuscular. Esse plasma intramuscular força seu espaço pelo interstício, que aumenta a pressão intra celular que faz com que flua novamente para o musculo e ali fique pela falta de drenagem das veias. O máximo pump é obtido no treinamento resistido com repetições moderadas a altas, pois também os subprodutos metabólicos lactato e fosfato inorgânico agem como moléculas osmolitas que ajudam a aumentar o fluído intracelular. O pump muscular parece contribuir para a hipertrofia por diferentes maneiras. RODRIGO L . H. SILVA 35 A primeira é que o aumento da hidratação celular modula o balanço proteico, aumentando a deposição e síntese proteica e reduzindo a degradação proteica. A segunda maneira que se hipotetiza é que o inchaço celular estimula a hipertrofia como forma de preservação da célula, pois o aumento da pressão intracelular aumenta a pressão exercida na membrana celular, algo que pode ser percebido como uma certa ameaça podendo levar ao rompimento dessa célula, que acaba por desencadear um aumento da síntese proteica local visando reforçar a ultraestrutura celular. A terceira maneira é pelo aumento da ativação das células satélite, porém essa hipótese ainda é especulativa, pois não se consegue diferenciar aumento da ativação daspor células provindo do pump ouodo treinamento resistido si só.satélite Além disso, esse aumento da perfusão sanguínea acaba por aumentar o pool de aminoácidos dentro da célula, potencialmente potencializando a hipertrofia. RODRIGO L . H. SILVA 36 Dano muscular e a hipertrofia Por anos se acreditou que o modelo teórico das microlesões era o principal processo pelo qual a hipertrofia acontecia, algo que foi colocado em debate na última década conforme os estudos sobre a mecanotransdução e o estresse metabólico se aprofundavam. Porém, antes de mais nada, temos que entender o que é esse processo de dano muscular, como ele ocorre e quais são as suas consequências. O dano muscular ocorre por um processo conhecido como Exercise induced muscle damage (EIMD), ou seja, dano muscular induzido pelo exercício. Esse dano muscular é a somatória de microlesões que podem ocorrer em uma pequena ou em uma vasta do ou tecido, acometer pequenas macromoléculas do área tecido entãoque afetar em larga escala estruturas como o sarcolema, a lâmina basal, sarcômeros e citoesqueleto. Sendo esse dano responsável por desencadear diversos processos que levam a inflamação e com isso levando ao conhecido processo de dor pós treino (delayed onset muscle soreness ou DOMS) que tende a ser maior entre 24 e 48h após a sessão. Associado também a esse dano muscular temos uma redução na capacidade de gerar força, edema, rigidez muscular e um estresse fisiológico elevado. Diversos aspectos modulam o quão severo o dano muscular será, como o tipo de treinamento, a intensidade, o volume, o tipo de ação muscular. Em recentes estudos, se encontrou que que contrações concêntricas e isométricas causam um dano muscular bem pequeno quando comparado a contrações excêntricas, muito provavelmente porque as contrações excêntricas promovem uma tensão de alongamento muito maior, levando assim aos pequenos “rasgos” estruturais. Outro ponto interessante a se ressaltar, é que as miofibrilas dentro do RODRIGO L . H. SILVA 37 musculo tem diferentes comprimentos, fazendo assim com que algumas miofibrilas sejam excessivamente alongadas em determinadas angulações de trabalho. Além da tensão promovida pela sobrecarga, se hipotetiza que existam mais mecanismos que acabem por causar o dano muscular, pois o dano fosse apenas resultado da tensão, não encontraríamos dano muscular altíssimo em praticantes de outras modalidades esportivas que tem um trabalho em menores intensidades e que não trabalhem com sobrecarga, como por exemplo o caso de maratonistas, jogadores de futebol e outros atletas de modalidades aeróbias que exibem um dano muscular até maior do que de fisiculturistas. Com isso, se teoriza que o acumulo de cálcio intracelular e neutrófilos inflamatórios causados por uma repetida atividade contrátil acabe por ser outra forma de agressão que ocorre no interior da fibra muscular. Com isso ao que parece, o dano muscular é uma consequência da interação da tensão mecânica em conjunto de alguns metabólitos provenientes de contrações sustentadas. Já foi observado que o dano muscular é maior na primeira vez em que o musculo é o musculo é exposto a uma atividade nova, como por exemplo a primeira pr imeira vez que você entrou na academia e ficou extremamente dolorido nos dias seguintes, ou então toda vez que você troca de treino e sente novamente algum grau de dor muscular, ou então mesmo sendo altamente treinado(a) e você decide fazer fazer 30 minutos de escadaria, escadaria, aalgo lgo que não fazia, e fica extremamente dolorido nos próximos dias. Porém com a exposição repetida a atividade, o dano muscular reduz bastante devido a uma adaptação e fortalecimento do tecido conjuntivo e remodelação celular. Esse processo é conhecido como Repeated Bout Effect (Efeito de ataque repetido). Em um estudo de Foley de 1999, foi encontrado que já na segunda vez em que o treinamento acontece, o dano muscular é RODRIGO L . H. SILVA 38 reduzido para 1/3, enquanto em um estudo de Chen de 2019, se encontrou que mesmo com o espaço de 2 semanas entre uma sessão de treino e outra, o dano muscular na segunda sessão já seria bem reduzido. Muito da base teórica que se dá por trás da associação das microlesões com a hipertrofia, se dá pelo fato de que o dano muscular causa um aumento da síntese proteica, e ainda por cima se especulava que a inflamação e o turnover proteico que ocorrem por causa do dano muscular são processos necessários para que o musculo cresça, porém embora se tenha essa associação, a mesma não indica causalidade. Casualidade e causalidade não são a mesma coisa. A casualidade se dá quando os dois eventos ocorrem em conjunto, enquanto a causalidade se dá porque um evento é o motivador do outro, e isso até então não foi demonstrado nos trabalhos que investigam o papel do dano muscular. Um exemplo dessa associação é que os estudos com o treinamento excêntrico demonstram níveis mais altos de dano muscular e hipertrofia do que o treino tradicional, e daí veio o porquê no cenário da musculação a maioria das pessoas estabeleceu que o dano muscular era a causa da maior hipertrofia, porém é o efeito de casualidade e não causalidade. Um estudo recente e que vem ganhando os holofotes é de um brasileiro, Felipe Damas de 2016. Em seu estudo foi encontrado que nas semanas iniciais, o dano muscular é alto assim como a síntese proteica. Então ao decorrer das semanas o dano muscular e a síntese proteica reduzem. A síntese proteica aumentada no início do estudo não tem correlação com um aumento da hipertrofia, mas sim com a reparação do tecido muscular apenas, pois esses são processos distintos, sendo a hipertrofia apresentada apenas nas semanas seguintes mesmo RODRIGO L . H. SILVA 39 com a síntese proteica atenuada em comparação ao começo, e isso se deve ao fato de que a síntese proteica que estava acontecendo na Décima semana ocorria justamente para ser usada na hipertrofia e não mais tanto direcionada a reparação como na Primeira semana do estudo. Já em estudo anterior de 2015, Damas havia encontrado que a síntese proteica após a sessão era muito maior em destreinados do que em treinados, algo que embasa mais ainda o Repeated Bout Effect. Em outro estudo ainda de Damas de 2015, foi encontrado que nas primeiras 3 semanas o aumento do volume muscular está mais associado ao edema causado pelo dano muscular do que propriamente pela hipertrofia, só após esse tempo é que a hipertrofia real começa a dar as caras. Já em 2018, Damas apresentou um amarrado de todas as informações coletadas e o gráfico abaixo basicamente resume tudo que sabemos até então. h ipertrofia, dano muscular e síntese proteica. Figura 4 Damas 2017, relação entre hipertrofia, Como vocês podem ver na primeira semana, o dano muscular é altíssimo, assim como a síntese proteica, e muito dessa síntese proteica é direcionada diretamente para a reparação do dano, sobrando um pouco para fazer o processo de hipertrofia, então RODRIGO L . H. SILVA 40 com o passar das semanas a síntese proteica reduz um pouco, porém a partição dessa síntese proteica do quanto é usado para fazer a reparação muscular e o quanto é usado para a hipertrofia começa a se a inverter, o início dos resultados hipertróficos partir datendo terceira semana,realresultado que na décima semana a hipertrofia atinge o seu mais alto nível enquanto o dano muscular atinge o seu mais baixo nível em conjunto do quanto da síntese proteica era direcionada para a reparação. Não podemos falar que o dano muscular é inútil para a hipertrofia, até porque ainda não temos todas as respostas, mas a direção que estamos tendo é de que talvez ele não tenha mesmo a importância que teve outrora. Outro ponto que vale a pena lembrar, é que estudos com o Método de Oclusão Vascular encontraram um dano muscular considerável, como apontado em um estudo de Wernbom de 2020, mas não ofereceram hipertrofia maior do que o treinamento tradicional. Quero deixar um adendo de que alguns estudos apontam que essa técnica pode ser interessante de ser usada em determinados quadros com limitações que impeçam o uso de sobrecargas mais altas, como articulares ou lesões musculo-tendinosas, e também pode ser usada de maneira inteligente dentro de uma periodização, porém o ponto a ser apontado agora é sobre o dano muscular. RODRIGO L . H. SILVA 41 CAPÍTULO 2 – AS VARIÁVEIS DO TREINAMENTO. RODRIGO L . H. SILVA 42 2.1 AS VARIÁVEIS DO TREINAMENTO. O treino écontar composto por inúmeras variáveis, as quaiso podemos a intensidade, a ordem dosdesde exercícios, intervalo entre as séries, a cadência, a frequência, o número de séries e o número de repetições. Todas essas variáveis podem e devem ter uma adequada manipulação com o decorrer do tempo, pois ficar engessado a uma única maneira de se treinar irá gerar resultados limitados. Nosso corpo precisa de uma progressão constante para se adaptar e se isso não ocorre, a adaptação não vem, por isso o estímulo pode e deve ser cada vez mais árduo com o passar do tempo e existem diferentes maneiras de tornar esse estímulo árduo. Se treino com muita sobrecarga e depois mudo para um treino com mais repetições, terei um árduo tempo fazendo esse treino novo até que ocorra a devida adaptação. Fora isso, por mais que o treino seja “perfeito”, os músculos têm a tendência a não se desenvolverem de forma linear, então precisamos alterar o treino com o passar do tempo para garantir um desenvolvimento mais harmonioso do físico. RODRIGO L . H. SILVA 43 2.2 FREQUÊNCIA A frequência de treino dentro se referede a quantas vezesescala um determinado musculo é treinado uma certa temporal, podendo treinar um musculo todo dia, dia sim dia não, 3x na semana, 1x na semana, 1x a cada 2 semanas... Existem diversas formas de organizarmos o treinamento dentro de uma determinada frequência. Podemos treinar um determinado musculo também 2x em uma semana e 1x na outra e ir assim alterando com o passar do tempo. Sim, acredite no que eu falei ali no começo! É possível sim treinar um musculo todo dia desde que se respeite e equalize o volume de treino de uma forma condizente com o tota totall semanal. semanal. Se você determinou 30 séries para costas, você pode faze-las 1x na semana, ou então dividir em 2x de 15 ou 3x10 ou ainda 6x5. Alguns estudos recentes até nos forneceram provas de que é possível dividir a sessão de treino de um determinado musculo em 2x no dia com bons resultados. Então mais uma vez reforçando, desde que se esteja utilizando um volume de treino trei no adequado por sessão, não há um limite na frequência. Mas quanto a hipertrofia? Podemos dizer que existe uma frequência ideal para os melhores ganhos? Um estudo de Briggato 2019 analisou 2 grupos, um deles treinando 16 séries 1x na semana e o outro 8 séries 2x na semana. Os resultados mostraram hipertrofia estatisticamente igual, mas a carga interna e volume load no grupo 2x na semana foi maior. Já um estudo de Ochi 2018 analisou o uso de 6 séries 1x na semana ou 2 séries 3x na semana e novamente a hipertrofia foi RODRIGO L . H. SILVA 44 estatisticamente igual, embora o grupo com maior frequência tenha tido um maior ganho de força. Por fim, temos uma meta análise de Schoenfeld 2018 que analisou muitos estudos a respeito do tema frequência. E novamente temos algo que aponta que a hipertrofia é semelhante desde que o volume de séries esteja equalizado. Vale ressaltar que um estudo foi um ponto fora da curva, o estudo de Zaroni 2018 que encontrou resultados bem superiores na hipertrofia de braços e coxas quando se treinava 5x na semana em uma rotina total body se comparado a uma rotina dividida com braços 2x na semana e coxas 1x na semana. Como podem ver, existem evidencias de sobra apontando para o fato de que a frequência de treino, embora tenha alguma importância na estruturação geral do treino, ela não é nem de perto o fator principal. E o que irá determinar a frequência de treino que usarei em um musculo? Existem alguns pontos a serem abordados, sendo os principais o nível de treinamento e o princípio da prioridade. O nível de treinamento é um fator extremamente importante pelo fato de que indivíduos iniciantes não tem ainda uma boa resistência ao dano muscular, então qualquer estimulo forte irá trazer uma tonelada de dano muscular e subsequente dor. Então pensando de um ponto de vista recuperativo, pode ser muito mais interessante você diluir o volume ao longo da semana, exigindo assim o mínimo possível da capacidade recuperativa por estar gerando menos dano muscular a cada sessão. RODRIGO L . H. SILVA 45 Agora quanto ao pr princípio incípio da prioridade, esse se dá ao fato de que devemos priorizar aqueles músculos que mais buscamos desenvolver na prescrição de treino, com isso pode ser interessante aumentar a frequência de treinamento naqueles músculos carentes, pois o principal ponto da frequência é ser um POTENCIALIZADOR DO VOLUME. Dentro da meta análise do Schoenfeld, foi encontrado que quando se utiliza de aumentos na frequência para aumentar o volume de treinamento, os resultados hipertróficos seriam maiores. Um ponto interessante sobre diluir o volume de treino em mais sessões é que conseguimos ter um desempenho mais regular ao longo da sessão de treino. Como assim? Quando você começa a treinar, seus estoques energéticos estão altos e você a fadiga não começou a ser construída, então com o passar das séries a fadiga central vai se acumulando e consequentemente o desempenho começa a cair. O número de repetições vai reduzindo, e a intensidade também, ou seja, se você fizer um determinado exercício no início da sessão, seu desempenho nele vai ser muito melhor do que se você fizer esse mesmo exercício no fim da sessão. Já se diluirmos o treino em mais sessões, a redução de desempenho nos últimos exercícios do treino tende a ser menor. Embora os estudos não apontem para que essa redução de desempenho faça uma diferença nos resultados, ainda é algo que deve ser analisado. Mas vale lembrar do seguinte: Com o passar do tempo treinando com volumes altos em sessão única, a tendencia é que devido a capacidade adaptativa consigamos sustentar o desempenho por mais tempo na sessão. RODRIGO L . H. SILVA 46 Vamos trazer isso para a prática agora? Com meusiniciais alunos identifico são pontos fracos, as abordagens nas quando minhas prescrições aumentar volume e frequência de treinamento. Se o ponto fraco no caso forem os braços, eu posso colocar algumas séries de bíceps no treino de costas e algumas séries de tríceps no treino de peitoral, enquanto tiro um dia específico na semana para treinar os braços em um volume alto. Essa é basicamente uma estratégia que mescla um estímulo forte e um estímulo mais fraco na semana visando aumentar o volume. O mesmo pode ser feito com os deltoides, treinando anterior e lateral com peitoral, e posterior com costas, enquanto adiciono um dia exclusivo apenas para deltoides na semana. Ainda para braços podemos utilizar uma divisão parecida com a do Cbum, que os treina 3x na semana, fazendo algumas séries de bíceps com costas, algumas séries de tríceps com peitoral, algumas séries de bíceps e tríceps com deltoides e ainda mais um dia exclusivo para braços. Agora tratando de prescrições pensando nas meninas, é interessante separar 3 dias na semana para membros inferiores, aonde você vai compor os dias com os músculos que visa priorizar. Podemos fazer 1 dia só para glúteos, 1 dia para glúteos epodemos quadríceps glúteos e isquiotibiais. fazere 12 dia dias para de quadríceps e glúteos naTambém semana enquanto fazemos 1 dia focado apenas em isquiotibiais ou viceversa. Tudo vai vai depender da análise análise individual de cada ca caso. so. RODRIGO L . H. SILVA 47 Treino com foco em deltoides e braços. Dia Peito1 Dia 2 Costas Dia 3 Dia 4 Quadríceps Deltoides Deltoides Deltoide AeL P Tríceps Posterior Pantu Pantu Abs AeL Deltoide P Glúteos Dia 5 Tríceps Bíceps Antebraço Abs Pantu Treino com foco em coxas, braços e deltoides. Dia 1 Dia 2 Quadríceps Costas Posterior Dia 3 Dia 4 Dia 5 Peito Posterior Deltoides Quadríceps Bíceps Glúteos Deltoide Deltoides P AeL Bíceps Tríceps Glúteos Glúteos Tríceps Pantu Abs Abs Pantu Pantu Treino com foco em quadríceps e glúteos Dia 1 Dia 2 Glúteos Deltoide Glúteos P Bíceps Abs Pantu Quadríceps Costas Pantu Dia 3 Posterior Dia 4 Dia 5 Tríceps Abs Pantu Deltoides Quadríceps AeL Peito leve Glúteos Glúteos RODRIGO L . H. SILVA 48 Treino com foco em glúteos Dia 1 Glúteos Dia 2 Costas Dia 3 Posterior Quadríceps Deltoide Glúteos leve P Posterior leve Pantu Abs Pantu Dia 4 Deltoides AeL Peito leve Dia 5 Quadríceps Abs Pantu Glúteos RODRIGO L . H. SILVA 49 2.3 O VOLUME DE TREINAMENTO Quando fala em distintas. volume de treinamento, existem algumas correntessecientificas Alguns estudos utilizam do famoso Volume load para contabilizar o volume total do treinamento, aonde o mesmo é dado através da multiplicação dos seguintes fatores: Carga x Repetições x Séries Essa formula resulta no que podemos chamar de tonelagem, ou volume load, ou volume total. Alguns estudos utilizam dessa forma de controle de carga para medir o impacto hipertrófico em diferentes situações de frequência, carga, intervalo. Já outra maneira mais fá fácil cil de contabilizar o volume de treino se dá através do número total de séries semanais levadas até próximo da falha utilizando um limiar de 5 a 30 repetições. Inclusive esse foi o tema de uma revisão sistemática de Baz Valle 2018 que encontrou resultados consistentes no uso dessa forma de mensuração do volume como uma ferramenta adequada. Nessa revisão sistemática eles analisaram diversos estudos que comparavam diferentes intensidades de treino e seus efeitos na hipertrofia, e encontraram que desde que o número total de séries fosse o mesmo, a hipertrofia seria semelhante. RODRIGO L . H. SILVA 50 O volume de treino é um tema que já foi assunto de diversas discussões e debates científicos, e não só científicos como também no meio da musculação aplicada, aonde algumas referências da área como Arthur Jones, Mike Mentzer e Dorian Yates defendiam uma vertente de treino que se utilizava de baixos volumes e esforços sobre-humanos em um número baixo de séries como a melhor forma de se promover hipertrofia. Mas bem, sinceramente acredito que essa é uma abordagem que só será excelente para indivíduos que tem um potencial po tencial genético completamente fora da curva, como os citados anteriormente, aonde qualquer metodologia de treino iria promover resultados fora de série. Do lado contrário, temos uma escola imensa de atletas que se deram extremamente bem com altíssimos volumes de treino, como Arnold e a maioria dos atletas da Golden age, Jay Cutler, Phil Heath, Ramy, Coleman... Eu mesmo só desenvolvi meus pontos fracos a partir do momento em que usei volumes altíssimos que nunca usei antes neles. Uma máxima que posso lhes afirmar é: Se tratando de hipertrofia, É 2017, REI! Inclusive, estudo de Figueiredo eVOLUME de Salles de é dito queemo volume treinamento é a variável mais fácil de manipular visando resultados positivos sobre a hipertrofia. Mas fora isso, algo que é tema de muito debate na ciência é: Existe um teto para o volume de treinamento? RODRIGO L . H. SILVA 51 Em que momento os ganhos de massa muscular não irão mais aumentar com o aumento no número de séries? Existe um momento aonde o volume de treinamento começará a promover um efeito deletério nos ganhos de massa muscular, podendo até causar a perda da mesma? Essa é a famosa Curva de “U” invertido. Pois bem, até o presente momento a ciência não encontrou aonde fica esse teto, mesmo tendo alguns estudos a respeito do tema que testaram volumes altíssimos e única coisa que se encontrou foi uma volume dependência para os ganhos, com mais volume trazendo mais ganhos de massa muscular. Inclusive Figueiredo e de Salles comentam em seu estudo de 2017, que embora possa existir uma curva em “U” invertido, ela provavelmente tem uma plasticidade muito maior do que antes se especulava. Claro, possivelmente existem aspectos individuais que vão limitar o volume de treino atingível de cada um, mas isso é algo que deve ser avaliado durante o acompanhamento com o passar do tempo. Em um estudo de Schoenfeld 2018, se foi testado volumes baixos, e altos, até 30 series para osmédios músculos do sendo braço esse e 45último sériesgrupo para de quadríceps. O resultado? Ganhos de massa muscular cada vez maior com o aumento do volume de treino. Em outro estudo, agora de Radaelli 2015, se foram testados volumes de até 30 séries para bíceps e 45 para tríceps, novamente com resultados bem superiores aos demais grupos. RODRIGO L . H. SILVA 52 Por último citarei dois estudos que trazem agora outra informação importante, um de Oliveira-Júnior de 2020 e um de Briggato de 2019, ambos testaram volumes baixos, médios e altos, chegando a 32 séries em um estudo e 36 séries no outro, encontrando novamente uma volume dependência para os ganhos de massa muscular. Mas o que esse estudo te de diferente dos demais? Eles têm a curva evolutiva individual, e se foi encontrado que conforme o volume de treino subia, o número de indivíduos non responders (aquele com péssima resposta hipertrófica) diminuía, chegando a ser extinto no grupo de alto volume. Máximo volume recuperativo. Com todas essas informações, acredito que vocês conseguiram captar a importância de um volume de treinamento adequado certo? Mas como mencionei anteriormente, existem fatores individuais a serem levados em conta. Nem todos serão capazes de suportar volumes elevadíssimos de treinamento. Alguns terão um limiar de fadiga muito mais baixo e por isso devemos nos ater a algo que chamamos de Máximo Volume Recuperativo. E o que seria esse MVR? Seria a o máximo volume que o indivíduo suporta e que mantenha a recuperação adequada entre as sessões. E como medimos essa recuperação entre sessões? Se ainda houver dor muscular e também queda de rendimento de um treino para o outro, significa que o treino foi além do volume possível de se recuperar naquele prazo, sendo assim necessário aumentar o intervalo entre sessões ou reduzir o volume de cada uma delas. A queda de desempenho que nos referimos aqui pode ser medida de duas diferentes formas, sendo o peso total erguido RODRIGO L . H. SILVA 53 para um determinado número de repetições, ou o contrário, o número de repetições realizadas para um determinado peso que está sendo movido. Por exemplo: Se em um treino você fez supino com 100kg para 10 repetições e no outro fez com 80kg para 10 repetições, ou então em um treino fez com 100kg para 10 repetições e no outro fez com 100kg para 5 repetições. Esses dois exemplos podem ser indícios de um volume excessivo. Mas temos que lembrar que oscilações de peso/reps entre 5-10% entre sessões são comuns. O problema é se houver uma queda de desempenho maior do que essa ou se essa queda de desempenho ocorrer em diversas sessões seguidas. Se algo assim estiver acontecendo, fique atento e reveja o treinamento! Volume e nível de treinamento. Um ponto muito importante que não pode passar batido é uma máxima do treinamento: Quanto menos treinado, mais treinável. Ou seja, quando falamos em iniciantes, os mesmos irão apresentar respostas excelentes mesmo com um baixo volume de treino, então conforme o nível de treinamento for subindo, podemos e deveremos utilizar de volumes mais altos de treino para mantermos resultados excelentes. Não é incomum sabermos de relatos de atletas de nível profissional treinando por 2-3 horas por dia apenas de musculação. Mas faria sentido passar um treino tão longo para o seu aluno que começou ontem? Com certeza não! Lembrem do que já falamos sobre dano muscular e adaptação muscular ao dano. RODRIGO L . H. SILVA 54 Quando falamos em volume de treinamento para iniciantes, podemos trabalhar com algo como 4 a 6 séries por musculo semanalmente, pois os mesmos terão uma sensibilidade aumentada a hipertrofia e também terão uma alta suscetibilidade ao dano muscular. Quando falamos já em uma pessoa intermediária, podemos subir esse volume de treino para 6 a 14 séries por grupo muscular, pois os mesmos precisam de um estimulo mais forte do que os iniciantes para terem uma ótima resposta ao treinamento. Já chegando na parte de indivíduos avançados, temos aqueles indivíduos que já tem uma base muito consolidada no treinamento, que conseguem realizar os exercícios com uma ótima forma e são mais resistentes ao estimulo de treino. Com isso se tratando desses indivíduos recomendamos no mínimo 14 séries por grupo muscular, enquanto o máximo acaba por não ter um teto estabelecido, pois embora a ciência nos de base para usar pelo menos 45 séries semanais, ela não encontrou o limite de volume, sendo assim até possível extrapolar esse número de séries em indivíduos que tenham uma excelente recuperação e resposta ao treinamento em altíssimo volume. Na prática, considero extremamente comum trabalhar entre 22 e 35 séries para indivíduos avançados, tendo até alunas que realizam 50 séries para glúteo máximo. Então aqui recomendo que tenha prudência e feeling na avaliação do treinamento para se manter gerando máximo resultado, sempre avaliando a performance com o passar das d as semanas. RODRIGO L . H. SILVA 55 Como contabilizar as séries Poisna é, eu sei que parecer algo extremamente simples, mas que prática nãopode vai ser tão simples assim. Mas o que teria de difícil em contar a série de um exercício? Em um artigo de Schoenfeld de 2019, ele aponta diversos aspectos que podem influenciar no nível de tensão e hipertrofia que um determinado musculo irá experienciar em um determinado exercício, e quando se trata de exercícios multiarticulares, é preciso ter um olhar criterioso para avaliar o quanto de volume de treino deve ser prescrito para cada musculo envolvido, tanto que diversos aspectos irão influenciar nessa contagem, como os aspectos cinesiológicos e biomecânicos. Por exemplo, temos alguns estudos comparativos entre exercícios compostos e multi articulares e seu efeito na hipertrofia. Em um estudo de Ogasawra de 2012, mediram a hipertrofia de tríceps e peitoral no supino reto. A hipertrofia do peitoral foi mais do que o dobro da hipertrofia do tríceps. Já em um estudo de Mannarino de 2019 aonde se comparou a hipertrofia do bíceps no serrote x hipertrofia do bíceps na rosca direta, a hipertrofia do bíceps no exercício isolado foi o dobro daquela obtida no exercício multi articular. Os mesmos resultados foram encontrados em um estudo de Brandão 2020, que comparou a hipertrofia de tríceps usando apenas supino, supino + tríceps testa e apenas tríceps testa. O grupo que usou apenas o supino foi o único que não teve hipertrofia significativa de tríceps. RODRIGO L . H. SILVA 56 Bom, acredito que com todos esses apontamentos já podemos calar a boca daqueles críticos aos exercícios isolados né? Se tratando dos músculos do braço já temos a comprovação de que eles são imprescindíveis para aqueles que buscam desenvolver braços acima da média, e por que o mesmo não poderia se aplicar a todos os demais músculos, não é mesmo? Pois é. Como estava falando anteriormente, existem diversos aspectos cinesiológicos e biomecânicos que definem o quanto será o grau de trabalho daquele musculo em um determinado exercício. Por exemplo, em exercícios como supinos teremos o peitoral como o motor principal do movimento, sendo o tríceps apenas um trabalho como consequência do peitoral. Se arrancássemos o tríceps fora, o braço naturalmente já seguiria uma direção de extensão do cotovelo. Em costas a lógica seria a mesma nos exercícios compostos que tem como motor principal o grande dorsal e demais músculos das costas, tendo o bíceps como apenas um trabalho de consequência para a flexão do cotovelo. Por esses motivos é bom termos uma analisa mais m ais criteriosa em cima dos estudos que utilizam exercícios de costas na contagem de séries para bíceps e nos de peito para tríceps. Já em outros exercícios a contagem pode ser um pouco mais complicada para alguns músculos. Por exemplo nos membros inferiores, temos trabalho de quadríceps no levantamento terra, mas muito reduzido em comparação a um agachamento. Já em se tratando de glúteos, por aspectos biomecânicos temos os adutores dividindo forças com o glúteo máximo em exercícios como agachamento e Leg press, enquanto temos adutores, glúteo máximo e isquiotibiais dividindo o trabalho de extensão RODRIGO L . H. SILVA 57 de quadril em exercícios como stiff, extensão no banco, levantamento terra. Em contrapartida em exercícios unilaterais como agachamento búlgaro e agachamento unilateral, temos um grande aumento da ativação glútea devido ao componente de estabilização de quadril ser mais necessário, enquanto os únicos exercícios que quase isolam o trabalho glúteo são aqueles como elevação de quadril, Frog e ademais. Com isso tudo de informação inf ormação que foi apresentada sobre trabalho muscular em exercícios específicos, você ainda consideraria simples contar séries com maestria? Pois é... Aqui deve entrar a expertise pessoal e análise exercício por exercício para mensurar o volume de treino na sessão para um musculo. Eu particularmente adoto um sistema próximo disso: 2:1 para braços em exercícios compostos em intermediários. Não contabilizo o volume de compostos para braços em avançados. 2:1 para glúteos em exercícios com dominância de quadríceps como agachamento e Leg press. 1:1 para glúteos em exercícios unilaterais ou isolados. 2:1 ou 3:2 para glúteos em exercícios como stiff, extensão 45º. Esse é o meu sistema atual de contagem de volume para diferentes músculos. Em se tratando de deltoides, contabilizo apenas o trabalho isolado e em desenvolvimentos conto trabalho de anterior e lateral de deltoide. RODRIGO L . H. SILVA 58 Exemplo de contagem do volume de treino 1 Exercício Séries Agachamento 4 Agachamento búlgaro búlgaro 4 Elevação de quadril 4 Cadeira extensora 4 Cadeira abdutora 4 No exemplo podemos contabilizar assim: Quadríceps 12 séries Glúteo máximo 10 séries Glúteo médio 4 séries Exemplo de contagem do volume de treino 2 Exercício Séries Puxada supinada 4 Remada curvada 4 Serrote 4 Voador inverso 4 Rosca direta 4 No exemplo podemos contabilizar assim: Costas 12 séries Deltoide posterior 4 séries Bíceps 10 séries Também poderia contar as séries de puxada no trabalho de peitoral. Mas essa contagem, assim como a do bíceps nos exercícios multiarticulares só faço em intermediários/iniciantes. RODRIGO L . H. SILVA 59 Exemplo de volume de um atleta focando costas. (40 séries totais para esse grupamento) Treino A S ets Treino D S ets Remada curvada pronada Remada apoiado neutra halt Serrote Remada sentado pronada Facepull Voador inverso Rosca direta Rosca scott ez 5 5 5 5 4 4 4 4 Puxada pronada Puxada c/triangulo Remada sentado triangulo Pulldown c/corda Facepull Voador inverso Rosca alternad alternada a Rosca scott ez 5 5 5 5 4 4 4 4 Abdominal supra + Infra 4 Panturrilha maq/leg 7 Treino B S ets Treino E S ets Supino inclinado smith Supino inclinado c/halt Supino reto c/halteres Supino reto maq Cross polia alta Desenv smith Elevação lateral Triceps corda Triceps testa c/halt 5 5 5 5 3 3 4 4 4 Desenv smith Desenv c/halteres Elevação lateral Elevação lateral maq Triceps corda Triceps testa cross Triceps testa w 5 5 5 5 4 4 4 Panturrilha maq/leg 7 Abdominal supra + Infra 4 Treino C S ets Treino F S ets Cadeira extensora Leg press 45º Agachamento Agachamen to hack Agachamento Agachamento bulgaro Cadeira flexora Abdutora sentado 5 5 5 5 5 5 4 Elevação de quadril Lev terra sumo Stiff Mesa flexora Flexora em pé unilateral Abdutora sentado 4 5 5 5 5 5 Abdominal supra + Infra 4 Panturrilha maq/leg 7 RODRIGO L . H. SILVA 60 Treino de uma atleta focado em Glúteos chegando a 47 séries para o Gmáx. Esse é um musculo que facilmente pode ficar com volumes altíssimos na contagem. Treino A Abdutora 45º Elevação de quadril quadril Lev terra sumo Extensão banco 45º Agachamento bulgaro Mesa flexora Side band walk S ets 6 5 3 3 3 3 3 Treino C Leg press 45º Agachamento Agachamento bulgaro Abdutora 45º Abdutora levant incl S ets 4 4 4 5 6 Bracing tsd Treino B Supra solo + Prancha Remada curv pronada Serrote Puxada pronada Puxada triangulo Voador inverso S ets 5 3 3 4 4 4 Treino D Supra solo + Prancha Desenv barra em pé Elevação lateral Desenv c/halteres Supino reto c/halt Elevação frontal neutra neutra Triceps testa c/haltere c /halteress S ets 5 4 5 4 3 3 3 RODRIGO L . H. SILVA 61 2.4 INTENSIDADE Se você adquiriu ebook e me segue para algum talvez já deva saber, mas éesse sempre bom reforçar quetempo, não entremos em erros conceituais aqui! O que é treinar em alta intensidade? Treinar em alta intensidade em nada tem a ver com usar descansos curtos, usar diversas técnicas avançadas, treinar para sentir queimar e romper as barreiras da dor, em nada tem a ver com ficar suado e se sentir cansado pelo treino não deixar seus BPM abaixarem. Isso tudo na verdade é o OPOSTO de treinar em alta intensidade. Intensidade é CARGA, PESO, CHUMBO, FERRO! Ok?! Intensidade não é se sentir cansado. Se sentir cansado tem a ver com sua PSE, sua percepção subjetiva de esforço, ou então com o que alguns chamam de intensidade RELATIVA. Quando você descansa pouco, e usa mil técnicas, automaticamente a carga que você utiliza naquele determinado exercício será muito menor do que se você descansasse mais e realizasse o exercício de forma mais simples. Vale lembrar que intensidade também pode se serr confu confundida ndida co com m DENSIDADE. A densidade se refere a concentração do volume load em uma escala temporal. Quanto mais denso o treino, maior o volume load será em um menor tempo, mas novamente repetindo, isso não é intensidade! RODRIGO L . H. SILVA 62 A intensidade referida no treinamento pode ser feita de duas formas: Podemos delimitar %1RM ou então utilizarmos faixas fixas de Repetições Máximas. E o que é o %1RM? 1RM é o peso máximo que você utiliza para fazer apenas uma repetição, podendo ser tido como 100%RM. Com isso, vários estudos se baseiam em faixas percentuais para a prescrição do treino e mensuração da intensidade. Por exemplo, fazendo o teste para aferir QUAL é o 100%RM e então prescrever o treino em faixas como 40, 60, 80% do peso utilizado nesse teste e realizar o máximo número de repetições para essa faixa de peso. Em teoria existe uma faixa média de repetições para cada % escolhido. Por exemplo, a faixa de 80%RM equivale a uma média de 8 repetições enquanto 60%RM equivale a 15 repetições. O problema maior da prescrição através de %RM é que existem inúmeros fatores individuais que podem mudar muito o número de repetições executadas em uma faixa % de indivíduo para indivíduo. Além disso, essa faixa também varia muito de exercício para exercício como mostrado no estudo de Hoege de 1987. Emboraem nosumbásicos agachamento e supino, fique sempre limiar como próximo de repetições, quandoelao mesmo é testado em exercícios como leg press, a diferença acaba sendo muito grande. Por exemplo, 80%RM no supino reto gera em média 10 repetições, enquanto no leg press pode chegar a 15 repetições. Em um estudo de Schoenfeld de 2014, ao se utilizar de 75%RM no leg press e realizar repetições até a falha, teve indivíduos realizando 7 repetições enquanto outros conseguiram realizar 24 repetições. RODRIGO L . H. SILVA 63 Por esse problema e também pela baixa aplicabilidade de ficar repetindo testes de 1RM, eu prefiro a segunda opção de mensurar intensidade que é medir através de faixas de Repetições Máximas (RM). Quando utilizamos apenas as RM, usaremos sempre o maior peso possível para um determinado número estabelecido de repetições, como por exemplo, se optarmos por trabalhar numa faixa de 6 a 8RM, vou usar um peso que não me permita realizar mais do que 8 repetições e não me permita realizar menos do que 6 repetições. Por ser uma forma mais simples e aplicável de estabelecer a intensidade do treino, é essa que recomendo usar nas prescrições, e que também é muito utilizada em diversos estudos. Ao utilizar utilizar aass fa faixas ixas de RM, podem podemos os clas classificar sificar a inte intensidade nsidade da seguinte forma: 1 a 4 RM – Altíssima intensidade 4 a 8RM – Alta intensidade 9 a 15RM – Moderada intensidade 15RM ou mais – Baixa intensidade. Quando se fala do âmbito de hipertrofia, é possível atingir bons resultados através de uma grande gama de intensidades de treino. Alguns estudos suportam hipertrofia semelhante ao se utilizar RM de 5 a 30. (Baz Valle 2018) Ou seja, existe sim um limiar li miar mínimo de intensidade para se ter excelentes resultados e isso é apontado com mais precisão p recisão em RODRIGO L . H. SILVA 64 um estudo de Lasevicius 2018 que testou intensidades de 20%, 40%, 60% e 80% e encontrou que limiares de 20%RM são insuficientes para promover uma boa hipertrofia, enquanto que ao atingir intensidades de 40% ou mais, se tem uma hipertrofia realmente significante e não diferente entre as variadas zonas testadas. Nesse estudo de Lasevicius, o grupo 20% chegou a realizar 67 repetições por série em média, enquanto o grupo 40% realizou 28, o grupo 60% realizou 14 e o grupo 80% realizou 10. Além desse estudo temos 2 meta análises de peso que testaram o impacto de variadas intensidades na hipertrofia. A primeira é a de Jozo Grgic de que testou reuniu estudos que coletaram hipertrofia apenas dos quadríceps, usando intensidades de maiores de 60%RM ou intensidades menores de 60%RM. Não se encontrou diferença estatística, embora tenha uma certa tendencia favorecendo intensidades mais altas. Já outra meta análise de peso de Lopez 2021, comparou os resultados de intensidades altas (80% ou mais), moderadas (60% a 80%) e intensidades baixas (60% ou menos), e novamente não tivemos diferenças estatísticas significativas, embora possamos observar no comparativo que intensidades mais altas tem uma pequena tendencia melhor do que baixas e que intensidades moderadas tem uma tendencia um pouco melhor do que altas. Muitos pesquisadores e teóricos supõem que o uso de cargas muito altas não é a melhor abordagem para promover hipertrofia porque embora se tenha uma altíssima tensão mecânica, o tempo de trabalho é muito curto. Já na via oposta, quando se utiliza cargas baixas e o tempo de trabalho é bem longo promovendo um alto acumulo metabólico, mesmo assim não se é o suficiente porque baixas cargas não parecem RODRIGO L . H. SILVA 65 promover o esforço necessário para recrutar as unidades motoras de alto limiar. Por isso o que se supõem como o melhor caminho é aquele que equilibra a tensão mecânica com o tempo de trabalho. Um limiar mais moderado de repetições nos permite ter um recrutamento ótimo da maioria das fibras musculares pelo acionamento de grande parte das unidades motoras enquanto fornecemos trabalho por um bom tempo. Ao que se sabe, as fibras musculares do tipo II começam a ser recrutadas a partir de 15% da força isométrica máxima, enquanto a ativação de todas as unidades motoras se dá a aproximadamente 80% e essa máxima ativação das unidades motoras já é predito no Princípio de tamanho de Henneman. Segundo alguns estudos que testaram repetições na reserva, foi encontrado que quando se utiliza de baixas intensidades, se é necessário chegar até a falha para promover uma hipertrofia adequada, enquanto quando se utiliza intensidades mais altas, é possível utilizar 1-2 repetições na reserva e ter o mesmo resultado hipertrófico do que indo até a falha. O princípio de tamanho O princípio de tamanho de Henneman nos aponta que o trabalho em diferentes intensidades deve ser encarado de forma diferenciada. Esse princípio aponta que o tamanho e o número de unidades motoras que estão sendo recrutados está ligado diretamente ao grau de esforço que é necessário naquele dado momento, ou seja, quando temos um baixo grau de esforço, apenas pequenas unidades motoras são recrutadas, enquanto RODRIGO L . H. SILVA 66 graus de esforço maiores irão recrutar mais e maiores unidades motoras, porque você não consegue recrutar as unidades motoras de alto limiar de forma independente das de baixo limiar, pois para recruta-las, você irá também recrutar todas as outras. Para chegar no recrutamento dessas unidades motoras, podemos chegar através de 2 cenários: O primeiro deles se dá quando empregamos máximos esforços desde o começo, ou seja, em uma série com alta intensidade de carga, eu estarei utilizando todas as fibras musculares desde a primeira repetição devido a necessidade de produção de força. O segundo cenário se dá no uso de cargas leves e moderadas, aonde no começo temos o uso das unidades motoras de médio e baixo limiar, então conforme as repetições são feitas e a fadiga se constrói, as unidades motoras de baixo limiar não são mais capazes de continuar gerando força para mover a carga, assim obrigando as unidades motoras de alto limiar a entrarem em cena. O interessante desse cenário é que as unidades motoras de alto limiar precisam abaixar o seu limiar de ativação para entrarem em jogo e continuarem o movimento, pois em uma situação comum, elas só apareceriam para mover cargas altas, e aqui devido a toda a situação que foi construída elas entraram em jogo para mover cargas menores. Devido a todo tod o esse cenário, apenas as últimas repetições de uma série mais leve é que tem o máximo potencial de sinalizar a hipertrofia. RODRIGO L . H. SILVA 67 As diferenças entre as variadas intensidades e suas aplicabilidades. O treinamento em intensidades menores tem como característica principal um grande estresse metabólico e uma tensão mecânica reduzida e utiliza de 12 repetições para mais. Também devido a suas características de recrutamento, essa forma de treinar requer que as séries sejam levadas até a falha para que se obtenha os melhores resultados possíveis. O que vejo como o maior problema de se uutilizar tilizar baixas intensidades é justamente a alta acidose que vai se construindo ao decorrer da série. A acidose por si só não é o problema, mas sim o desconforto mesma gera, a dor.seExiste variabilidade de indivíduo que paraaindivíduo quando fala emuma tolerância a dor, e com isso é possível que ao se utilizar baixas intensidades o indivíduo pare a série porque não aguenta mais resistir a dor, e não porque ele realmente atingiu a falha muscular, e isso é algo que vai afetar negativamente os ganhos de massa muscular. Para além disso, o treino em baixa intensidade é uma ótima opção para quando se tem algum histórico de lesão ou dor articular, sendo assim uma maneira mais segura de se trabalhar. Também é interessante o seu uso na finalização de uma sessão de treino, visando complementar complementar com um estím estímulo ulo que gera m mais ais pump e fadiga local. Vale lembrar que recomendo aqui o uso de até 20 repetições para fazer esse trabalho, devido ao fator que comentei anteriormente da tolerância individual a dor, e que trabalhar acima de 20 repetições vai lhe colocar em um ponto aonde a tolerância a dor pode afetar negativamente o seu trabalho. RODRIGO L . H. SILVA 68 Já o treinamento eem m alta intensidade pode ser feito na faixa de 4 a 8RM e não deve ser indicado no início de um trabalho e muito menos para quadros aonde se tenha uma lesão pré existente ou dor articular. Nesses casos recomendo uma progressão bem prudente através de intensidades baixas, moderadas e por último altas. O trabalho nessa faixa de repetições tem uma altíssima tensão mecânica e também promove os maiores ganhos de força possíveis. Tendo uma necessidade de descansos mais longos para manutenção adequada do desempenho, tendo além disso um baixo acumulo e estresse metabólico. Devido ao quão essas intensidades exigem do sistema muscular, tendinoso e articular, não recomendo o uso de altíssimos volumes nessa fase, pois eles se tornam um tanto quanto insustentáveis. Fora isso, essa fase não tem a mínima necessidade de chegar até a falha muscular, e também isso é algo que não recomendo aqui. O treinamento em intensidades moderadas ficaria na faixa de 8 a 12 repetições e é justamente o meio termo entre os 2 citados anteriormente. Tem um bom equilíbrio entre tensão mecânica e estresse metabólico, não exigindo tanto da tolerância a dor para chegar a falha. Além disso a falha aqui é opcional, não é algo obrigatório de se ter. Essa faixa de intensidade é o nosso Sweet spot, aonde temos possivelmente os melhores ganhos de massa muscular, aliados a um bom ganho de força e segurança no treino. Além disso é uma faixa que nos permite trabalhar bem em altos volumes de treinamento. Vocês podem ter sentido fa falta lta aqui do treinamento em altíssima intensidade que utiliza entre 1 a 4RM, mas bem, não falei dele porque não o considero como uma abordagem essencial nos RODRIGO L . H. SILVA 69 trabalhos visando hipertrofia. Embora seja a intensidade que mais promove ganhos de força, ela também é a mais arriscada de se trabalhar. Acredito fielmente que utilizar intensidades entre 4 e 8RM já são suficientes para promover os ganhos de força necessários para potencializar potencializar ao máximo a hipertrofia. RODRIGO L . H. SILVA 70 2.5 CADENCIA A cadencia é talvez a mais superestimada variável do treinamento. A cadencia é expressa na velocidade média que cada repetição dura e pode ser medida em tempos ou segundos. Costuma ser referida em uma ordem de 2 a 4 números, como por exemplo 3:2 ou 3:0:2:0. Quando se tem tempos 0, não se costuma colocálo na “fórmula”. Os números nada mais são do que a duração que o musculo passará agindo em cada fase, sendo o primeiro número referente a negativa/excêntrica, o segundo número sendo o tempo que o musculo passa ao fim da d a fase excêntrica, o terceiro numero a fase positiva/concêntrica e o quarto número, o tempo referente a fase aonde o musculo fica em seu máximo encurtamento. Um tempo de 3:1:2:0 significa que o musculo passou 3s na excêntrica, 1s no seu alongamento máximo, 2s na concêntrica e 0s no seu máximo encurtamento. Muitos praticantes de musculação costumam manipular a cadencia do exercício para mais como forma de aumentar a percepção de esforço e técnicas como o Super Slow e o MTUT costumam ser utilizadas nesse tipo de situação, acreditando assim fornecer um estímulo melhor para a hipertrofia do que o treinamento tradicional. Geralmente as repetições nessas técnicas chegam a terem durações superiores a 10 segundos de duração. A diferença do MTUT para o super slow é que o MTUT costuma empregar uma velocidade lenta sempre após 3 repetições em uma série, realizando a quarta em uma baixa velocidade. Já o super slow pode ser usado em todas as repetições de uma série. RODRIGO L . H. SILVA 71 Mas o que mais importa é: Qual o resultado ddee manipulações da cadencia na hipertrofia? Talvez agora vocês lembrem um pouco da sessão sobre a relação força velocidade, mas vamos lá! Ao custo de se lentificar as repetições, é necessário reduzir intensidade do exercício, e essa redução da intensidade pode levar a redução do resultado hipertrófico. Como dito na relação força velocidade, para se obter a máxima tensão possível no musculo, é necessário que se tenha uma baixa velocidade de contração em conjunto de um alto grau de esforço, sendo esse alto grau de esforço ocorrendo pela alta sobrecarga utilizada. Quando se lentifica o movimento de forma intencional o esforço se torna submáximo e com issolimiar, não reduzindo temos o acionamento das unidades motoras de alto assim a tensão mecânica gerada no musculo. Já temos estudos que mostram uma menor ativação ativação do peitoral quando se utiliza velocidades lentas de contração como o de Keogh de 1999 e ainda por cima temos diversos estudos que encontraram hipertrofia significativamente INFERIOR quando se utilizou de velocidades muito lentas de contração, como Schuenke de 2012 e Carlson de 2019. Ao que parece, a cadencia ideal do movimento deve girar entre 0,5s a 6s para promover hipertrofia. Sendo viável utilizar de concêntricas de 1 a 2s enquanto excêntricas entre 1 e 3s. O que considero como ideal na velocidade de contração é termos uma velocidade minimamente controlada principalmente por questões de segurança, pois velocidades muito rápidas acabam por ter uma ativação fusal e assim o musculo não consegue se alongar adequadamente, transferindo muita força para os componentes elásticos como os tendões. RODRIGO L . H. SILVA 72 Excêntrica e Concêntrica. Há diferença entre elas? Pois bem, muitos adeptos acreditam que existe superioridade no efeito hipertrófico de uma fase em comparação a outra e a base teórica para isso até que tem algum sentido. Diversos estudos que testaram o treinamento excêntrico encontraram nele um maior grau de hipertrofia do que no treinamento tradicional. Logo por esse motivo a fase excêntrica tem um maior potencial em promover hipertrofia do que a fase concêntrica. Mas será que é exatamente isso? Pois bem, os estudos são reais! Mas as conclusões tiradas em cima deles são um tanto quanto erradas e vamos agora aos porquês. O treinamento excêntrico costuma ser feito com uma carga ATÉ 130% maior do que o treinamento tradicional, porque os nossos músculos tem uma capacidade de RESISTIR ao movimento maior do que a de produzir movimento. Com isso o treinamento excêntrico costuma ter uma tensão mecânica altíssima! Mas se trouxermos para o contexto em que sãoa aplicadas, algumas essas coisasafirmações são bem diferentes. Por exemplo, sobrecarga usada no treino tradicional não é a mesma utilizada no treino excêntrico. Logo uma carga que aguenta realizar a fase positiva certamente é uma carga submáxima para a fase negativa. Se existisse um aparelho aonde realizássemos a negativa mais pesada do que a positiva, talvez a negativa realmente se tornasse uma fase mais importante. RODRIGO L . H. SILVA 73 Em um estudo de Diniz 2020, foi testado diferentes tempos de execução para as fases negativa e positiva do movimento, aonde foi investigado se priorizar uma ou outra, iria trazer melhor hipertrofia. Nesse estudo um grupo realizou a positiva em 5s e a negativa em 1s, enquanto o outro grupo realizou o contrário, com 1s na positiva e 5s na negativa, e no fim o resultado foi de que a hipertrofia em ambas situações foi extremamente parecida Com isso tudo exposto podemos dizer que todas as fases do movimento têm a sua importância e falar que uma é superior a outra é um tanto quanto errôneo. O principal é realizar o movimento de forma controlada e segura, mas não extremamente lenta. Cadencias totais de 2 a 5s estão de bom tamanho! RODRIGO L . H. SILVA 74 2.6 INTERVALO O intervalo entre as séries com toda certeza é uma das variáveis mais importantes na hipertrofia e que são constantemente mal utilizados. Podemos classificar os intervalos de diferentes maneiras. Intervalos muito curtos - Que vão utilizar 30 segundos ou menos. Intervalos curtos - Que irão durar até 60s. Intervalos moderados - Que vão de 60s a 90s. Intervalos longos – Que irã durar de 2 a 3 minutos Intervalos muito longos – Que chegam a 5minutos ou mais. Quando eu comecei a treinar, costumava ouvir muito de que o ideal para hipertrofia era descansar pouco e de que você estava na academia para cansar, e não descansar. Então era comum realizar intervalos de 30 a 60s, dando pequenas pausas apenas para respirar e tomar um pouco de água... Mas em pleno século 21, será que isso é mesmo o melhor caminho para a hipertrofia? Pois bem, o tempo de descanso serve para que possamos nos reabilitar para a execução da série seguinte. É nesse tempo aonde vai ocorrer principalmente uma pequena do ou ATP. grande ressíntese do substrato energético, O sistema energético ATP CP é aquele que costuma fornecer maior parte da energia necessária das séries de musculação, em conjunto do sistema glicolítico. Entre 2 e 3 minutos são o tempo necessário para uma ressíntese de 90% do ATP, enquanto que uma reposição de 100% do ATP chega a necessitar de 5 minutos. RODRIGO L . H. SILVA 75 Além disso existe outro fator que afeta a performance que é a chama de fadiga central, essa se dando pela incapacidade dos motoneurônios em conduzirem o estímulo de contração para a musculatura, sendo também necessário um bom tempo de descanso para que essa fadiga se dissipe e que a atividade contrátil muscular possa ser restaurada ao seu ponto ótimo. Esses são os dois motivos pelos quais o desempenho entre séries tende a cair de forma mais acentuada em intervalos curtos quando comparados a intervalos longos. Se o intervalo não é adequado, faltará energia e faltará contração. Em um estudo de Ratamess de 2007, intervalos entre séries que utilizavam apenas 30s de descanso, acabaram por reduzir o volume de treinamento em até 50% ao decorrer de 5 séries no supino reto. Já em um estudo de Medeiros de 2013, foi encontrado que para a realização de 8RM a 12RM em séries que envolvam 60s de descanso, é necessário reduzir a sobrecarga em até 10% da carga usada na série em cada série subsequente. Ou seja, se eu realizei a primeira série com 100kg, na quinta série eu precisarei chegar a até 65kg para manter o número de repetições Se tratando de ganhos de força, em uma Revisão Sistemática e Meta Análise de Jozo Grgic de 2018, temos alguns apontamentos interessantes. Tanto intervalos longos como curtos, serão eficientes para promover ganhos de força e em indivíduos destreinados, intervalos de 60 a 120s se mostram adequados para isso, porém quando se trata de indivíduos treinados a história muda, sendo necessário utilizar intervalos de 2 minutos ou mais para que se tenham ganhos de força satisfatórios. Isso se deve a máxima: Quanto mais treinado, menos treinável RODRIGO L . H. SILVA 76 Se tratando de hipertrofia, alguns estudos já investigaram mais a fundo o tema comparando diferentes durações de intervalo. Em um estudo de Schoenfeld de 2016, foi testada a hipótese de qual intervalo seria superior para hipertrofia, comparando o intervalo curto com duração de 1 minuto e o intervalo longo com 3 minutos. Ao final desse estudo foi constatado que intervalos longos foram muito superiores tanto para o ganho de massa muscular quanto para o ganho de força, também foi constatado que o volume load do grupo com intervalo longo foi superior ao volume load no grupo com intervalo curto, podendo ser esse o fator principal fator pelo qual o intervalo longo foi muito melhor em promover de e massa magra. O A hipertrofia foi medida no bíceps,ganhos no tríceps no quadríceps. grupo com intervalo longo teve quase o dobro da hipertrofia do bíceps quando comparado ao intervalo curto (5,4% x 2,8%), também teve um aumento de 7% na hipertrofia do tríceps enquanto o intervalo curto não teve hipertrofia desse musculo (0,5%), enquanto a hipertrofia do quadríceps no intervalo longo também foi quase o dobro quando comparada ao intervalo curto (13.3 % x 6,9%). Em um estudo mais recente de Longo de 2020, se buscou equalizar o volume load(VL) das séries para poder afirmar o que realmente acaba por ocasionar a diferença dos resultados entre os diferentes intervalos. Tivemos 4 grupos: Intervalo Longo x Intervalo curto com VL do intervalo longo. Intervalo Curto x Intervalo longo com VL do intervalo curto. RODRIGO L . H. SILVA 77 A hipertrofia entre os grupos com VL equalizado foi factualmente a mesma e no geral os grupos Intervalo longo e Intervalo curto com VL do intervalo longo tiveram os melhores resultados na hipertrofia. Quando falamos por vias hipertróficas, se acredita que intervalos curtos consigam ter uma influência diferente na hipertrofia por ter um acumulo de metabólitos maior, resultando assim em um maior estresse metabólico. Já se tratando de intervalos longos, por permitir uma maior manutenção da sobrecarga, conseguimos sustentar uma maior tensão mecânica a cada série. Agora o que se deve questionar é o custo benefício de intervalos longos, o quão longo ele precisa ser para que se possa manter uma ótima capacidade c apacidade de trabalho. Muitos estudos apontam que algo entre 2 e 3 minutos já permite uma excelente manutenção da carga de treinamento. Uso adequado dos intervalos de treinamento. Em um estudo de Senna de 2012, foi encontrado que iintervalos ntervalos curtos afetam muito mais a performance em exercícios multi articulares do que em exercícios exercícios isolados. Esse fato se deve a fadiga que é muito maior nesse tipo de exercício quando comparado a exercícios mono articulares. ar ticulares. Outros pontos que também devemos levar em consideração quando pensamos no intervalo, além do exercício ser multi articular ou mono articular, é a intensidade que está sendo utilizada, se o exercício é com peso livre ou na máquina e se o exercício está sendo feito até a falha ou não, com um alto grau RODRIGO L . H. SILVA 78 de esforço. Todos esses fatores irão afetar substancialmente a necessidade de descanso entre séries. Em um estudo de De Salles de 2016, uma alternativa para alguns casos aonde se busque uma abordagem mais tempo eficiente é o uso de intervalos auto sugeridos, sem o uso de um relógio. No estudo apresentado por De Salles, quando comparados intervalos controlados e intervalos auto sugeridos, o uso de intervalos auto sugeridos reduziu a duração da sessão e não causou perda significativa no numero de repetições. Particularmente acredito que essa abordagem de intervalos auto sugeridos é mais viável de ser utilizada para atletas extremamente avançados com excelente nível proprioceptivo e que talvez seja melhor adaptada de uma forma aonde se tenha um limiar mínimo e máximo de descanso por exercício. Por exemplo, no exercício 1 você poderá descansar de 90s a 120s, no exercício 2 você poderá descansar descansar de 60 a 120 120s, s, e assim por diante. Podemos ajustar uma prescrição com intervalos variados seguindo os dois exemplos mostrados na página a seguir: RODRIGO L . H. SILVA 79 Prescrição de treino PUSH Supino reto c/halteres Supino reto máquina Voador Desenvolvimento Elevação lateral Tríceps testa Tríceps corda 2 a 3min 90 a 120s 60 a 90s 2 a 3min 90 a 120s 90 a 120s 60 a 90s Prescrição de treino Quadríceps e Glúteos. Agachamento Leg press 45º Elevação de quadril Glúteo 3 apoios Cadeira abdutora Cadeira extensora Panturrilha máquina 2 a 3min 90 a 120s 90 a 120s 60 a 90s 60 a 90s 60 a 90s 30 a 60s A seleção dos intervalos foi baseada no exercício sendo livre ou máquina, intensidade do exercício e número de articulações envolvidas. RODRIGO L . H. SILVA 80 2.7 ORDEM DOS EXERCÍCIOS A ordem dos exercícios é um tema ainda um tanto quanto controverso. Por um ponto de vista de performance, as diretrizes atuais recomendam o treinamento começar pela parte mais árdua e pesada, que são os exercícios livres e multiarticulares e então depois disso migrar para os exercícios em máquinas e isolados. Pensando de um ponto de vista de performance geral, isso tem seu sentido, mas pensando de um ponto de vista de hipertrofia, as coisas não são bem assim! Os estudos nos mostram que o desempenho tende a cair ao longo da sessão, ou seja, os exercícios realizados no começo irão conseguir ser realizados com mais sobrecarga para um número maior de repetições, enquanto que os exercícios realizados ao fim tendem a sofrer um déficit de performance por culpa da fadiga que veio se instaurando ao longo do treino todo. Esse impacto na performance pode afetar diretamente a hipertrofia, pois afinal, ao se utilizar uma carga menor e realizar menos repetições, a tensão mecânica sofrida pelos músculos treinados ao fim da sessão será menor, e inclusive, isso foi algo apontado em um estudo de Simão de 2010 que mediu a hipertrofia de tríceps e bíceps em duas formas de treino: Musculo grande e depois musculo pequeno Vs. Musculo pequeno e depois musculo grande. O tríceps só mostrou hipertrofia quando realizado antes na sessão. O mesmo desenho de estudo foi feito por Spineti 2010 e o resultado foi praticamente o mesmo, apontando maior hipertrofia do tríceps quando feito antes na sessão de treino. RODRIGO L . H. SILVA 81 Por último, um estudo de Brandão de 2020 que mediu hipertrofia de peitoral tríceps ou ao se fazer Supino + Tríceps testa ou Tríceps testa e+deSupino Supino ou Tríceps testa. Nesse estudo a hipertrofia de peitoral foi maior quando o mesmo foi feito antes do exercício de tríceps, mas em contrapartida, nesse estudo a hipertrofia de tríceps não mudou se o treinasse no começo ou no final da sessão. Existem evidencias e uma base teórica muito forte que apontam para a direção de que os músculos trabalhados mais cedo na sessão serão aqueles que terão maior hipertrofia, com isso o recomendado é se começar pelas partes deficientes. Por exemplo, no treinamento de meninas que tem o glúteo máximo ou médio fraco, recomendo começar por exercícios específicos para essa região antes de partir para os demais exercícios. Alguns exemplos na página a segui seguir.r. RODRIGO L . H. SILVA 82 Exemplo de sessão de treino com ênfase em glúteos. Exercício Cadeira abdutora Elevação de quadril Levantamento terra Extensão no banco romano Agachamento Extensora Séries 3 3 3 3 3 3 Exemplo de sessão de treino com ênfase na porção superior do peitoral Exercício Supino inclinado halter Supino inclinado máquina Desenvolvimento barra Supino reto barra Cross over na polia alta Triceps corda Series 3 3 3 3 3 3 RODRIGO L . H. SILVA 83 2.8 INTENSIDADE DE ESFORÇO A intensidade de esforço no treinamento resistido costuma ser medida pela proximidade ao qual a série se encontra da falha. Quanto mais se aproxima da falha, maior é o grau de esforço empregado, sendo o limite máximo quando se atinge a falha muscular concêntrica. Quando não utilizamos o treinamento até a falha, chamamos de trabalhar com RIR (reps in reserve), aonde o número associado a sigla indica quantas repetições possivelmente ainda faltariam para a falha, por exemplo, 1-2 RIR indica que só faltariam mais 1 ou 2 repetições para a falha concêntrica. Algumas modalidades de treino consistem de um treinamento além do nível comum de mensuração da intensidade de esforço, sendo esse o treinamento excêntrico, aonde já se tem a falha muscular concêntrica e se busca a falha muscular excêntrica, mas o mesmo tem baixa aplicabilidade na nossa rotina comum. O treinamento até a falha tem como base teórica maximizar o recrutamento das unidades motoras de alto limiar, que são responsáveis contrair mais e maiores fibras musculares e com isso potencializar a hipertrofia no maior número de fibras musculares possíveis. Alguns estudos já demonstraram que conforme uma série se aproxima da falha, a atividade eletromiográfica aumenta em resposta do recrutamento das unidades motoras de alto limiar que entram em jogo para manter a produção de força (princípio de tamanho de Henneman). Pelo princípio de tamanho de Henneman, temos um recrutamento das unidades motoras de alto limiar durante toda RODRIGO L . H. SILVA 84 a série quando se utiliza de uma alta intensidade, enquanto que esse recrutamento só ocorre em intensidades baixas caso a série seja levada até a falha. É necessário compreender bem esse conceito quando vamos nos aprofundar no treinamento até a falha e entender a sua necessidade ou não. Muitos anos atrás, a falha era algo unanime defendida por todo e qualquer marombeiro. Algo que deveria ser obrigatório em todas as séries e em todo treino. Se acreditava que era impossível ter um ótimo desenvolvimento muscular sem usar a falha muscular. Pois bem, devemos aprender algo com nossos amigos powerlifters que tem rotinas de treino que EVITAM a falha muscular ao máximo, pois descobriram que assim você consegue potencializar os seus ganhos de força. Mas e para hipertrofia? Jay Cutler, Phil Heath, Juliana Malacarne já declararam abertamente que não treinavam até a falha muscular. Nos últimos anos surgiu um corpo de estudos muito grande investigando a necessidade de se usar a falha muscular para se ter os melhores resultados para a hipertrofia, e pelo que se está sendo investigado, isso está longe de ser verdade. Em um estudo de Lasevicius de 2019, se foi encontrado que o quando o treinamento é feito em alta intensidade, não faz diferença se atingir a falha muscular ou não, porém quando o treino é feito em baixa intensidade, não chegar a falha pode reduzir os resultados. Porém esse estudo vai de encontro a um estudo de Nóbrega 2017 que não viu diferença na hipertrofia RODRIGO L . H. SILVA 85 entre falhar ou não falhar em intensidade alta e falhar ou não falhar em intensidade baixa. Ainda mais incrível possa parecer para alguns, existem estudospor com os de Carrolque 2018, Lacerda 2020 e Santanielo 2020 que apontam para um possível ganho de massa muscular maior para o treinamento sem falha muscular. Um dos problemas do treinamento até a falha é a sua possível associação com o overtraining, quadro deletério para o desempenho e massa muscular, que Kraemer já apontava em 1997. Claro, depois de tudo que foi apresentado aqui, não queremos fazer um case para criminalizar a falha muscular, pois ela ainda pode ser utilizada e fornecer alguns benefícios. O treinamento até a falha causa um estresse metabólico maior do que o treinamento com repetições na reserva e quando combinado de forma adequada dentro de uma sessão de treinamento, pode vir a promover um papel positivo no ganho de massa muscular. RODRIGO L . H. SILVA 86 A maneira ideal de utilizar a falha muscular Pensando em colher algum benefício a mais que a falha muscular possa trazer para a hipertrofia, o ideal é deixar para usa-la apenas na última série do exercício, pois assim você evitará que o uso precoce dela acabe levando a um aumento precoce da fadiga que irá reduzir o desempenho ao decorrer do exercício. Além disso, pode ser mais interessante explorar a falha nos exercícios finais do treino e em exercícios isolados, evitando a falha em exercícios multiarticulares. Exemplo reserva. de uma rotina controlando falha e repetições na Exercício Supino reto Supino inclinado Cross polia alta Voador Série 1 1-2RIR 1-2RIR 1-2RIR 1-2RIR Série 2 1-2RIR 1-2RIR 1-2RIR Falha Série 3 Falha Falha Falha Falha RODRIGO L . H. SILVA 87 CAPÍTULO 3 – AS TÉCNICAS AVANÇADAS AVANÇADAS DE TREINAMENTO. RODRIGO L . H. SILVA 88 3.1 TÉCNICAS AVANÇADAS DE TREINAMENTO Desde que o treinamento com pesos existe, os seus praticantes procuram por maneiras de dificultar as coisas e aumentar os seus resultados. Com isso diversas técnicas de treinamento foram inventadas, tendo algumas que se perpetuaram como técnicas eficientes e outras que sumiram na história. Segundo Schoenfeld, podemos dividir as técnicas avançadas de duas maneiras: Estratégias de acumulo de trabalho, que são técnicas que visam facilitar o acumulo de grande volume de treinamento, como o drop set, a supersérie a pré exaustão e o alongamento intra séries, e também temos as estratégias de intensificação, que visam aumentar a capacidade de carga, como o rest pause, o cluster set e a sobrecarga excêntrica. Embora Schoenfeld divida as técnicas dessa maneira, todas elas têm como intuito principal aumentar a densidade do treinamento e o volume, fazendo com que consigamos ter um maior volume load em um menor prazo temporal. RODRIGO L . H. SILVA 89 3.2 O DROP SET O drop set, parte do princípio de que após a falha concêntrica, o musculo não está totalmente fadigado, pois está fadigado apenas para aquela sobrecarga, pois pode conseguir continuar trabalhando além dessa falha inicial caso haja uma redução da sobrecarga, então o drop set consiste em realizar uma série até a falha ou próximo dela, realizar uma redução da sobrecarga que está sendo utilizada entre 20 a 30% e então realizar uma nova série com o mínimo de descanso possível. Dentro dessa técnica também pode-se realizar reduções sucessivas da sobrecarga, como por exemplo: Série 1 até a falha, reduz 20%, Série 2 até a falha, reduz 20%, Série 3 até a falha, descansa. Quando se visa reduzir todo peso gradualmente até não haver mais peso, costuma-se chamar de strip set, mas é basicamente a mesma coisa. O drop set é uma técnica interessante para se utilizar quando se visa um aumento do estresse metabólico na série, porém se utilizada muito cedo, pela alta fadiga gerada, pode ter um impacto negativo no desempenho no decorrer da sessão de treinamento. Como falado anteriormente, as técnicas avançadas tem o intuito principal de potencializar o volume de treinamento, e em um estudo de Goto de 2004, testaram a seguinte hipótese: Após um período 6 semanas de treinamento, parte do grupo foi assinalado para fazer um treinamento tradicional e outra parte foi assinalada para fazer o mesmo treino, só que com a adição de um drop set ao final. O grupo que realizou o drop set ao final teve um aumento da massa muscular enquanto o grupo que não realizou não teve ganhos adicionais. RODRIGO L . H. SILVA 90 Já nos estudos de Fisher de 2016, Angleri 2017 e Ozaki 2017 que testaram a hipótese de treino tradicional x treino set, com volume equalizado, a hipertrofia acabou por com ser a drop mesma Em contrapartida, um estudo de Fink 2017, não encontrou diferença estatística, mas apontou para uma superioridade ao treinamento drop set mesmo com volume equalizado. No geral, minha recomendação é de utilizar o drop set como uma técnica a mais buscando incorporar mais volume na sessão de trabalho, e sua contagem para o controle do volume pode ser algo com 0,5 série a cada drop set realizado. Também não é para recomendado utilizar o dropsérie muito cedo na sessão, deixando realizar apenas na última do exercício ou então nos últimos exercícios do treinamento. 3.3 O BACK OFF SET Essa é uma técnica muito parecida com o drop set, sendo a diferença que o cluster funciona como uma série de finalização e que usa um certo descanso. Após a última série pesada, se realiza uma redução de 15 a 30% da carga total, descansa entre 30s e 60s forem e então realizaaté uma série adicional com quantas repetições possíveis a falha. O back off ainda não foi devidamente estudado pela ciência, embora a teoria nos permita inferir algumas coisas. Eu considero o back off como uma técnica excelente e até superior ao drop por permitir que façamos muito mais repetições na série por permitir um certo descanso. RODRIGO L . H. SILVA 91 3.4 O REST PAUSE O rest pause é sem dúvidas uma das melhores técnicas avançadas que podem ser utilizadas na sessão de treinamento. A sua vantagem quando comparado as demais, é que o rest pause promove aumento do volume de treinamento sem sacrificar a intensidade da série. O rest pause é realizado da seguinte maneira: Após uma série até a falha ou próximo dela, se dá um descanso de 10 a 30s e então uma nova série é realizada até a falha. Assim como o drop set, o rest pause também pode ser realizado consecutivamente na série, podendo ser realizado 1, 2, 3 ou até mais vezes. Embora o habitual seja de 1 a 2. Por exemplo: Série1 até a falha, descanso de 15, série 2 até a falha, descanso de 15s, série 3 até a falha. Por ter uma breve pausa no meio da série, o rest pause permite que a fadiga se dissipe parcialmente e que ocorra uma ressíntese parcial do atp, permitindo assim que mais repetições sejam performadas sem necessidade de uma redução da sobrecarga, mas claro, a cada rest pause feito, a tendencia é que menos repetições sejam feitas. Se na primeira série até a falha, foram feitas 10 repetições, após um rest pause podem sair 5 a 7 repetições, depois de mais um rest pause sair 3 a 6, e assim por diante. No único estudo até o presente momento que mediu a hipertrofia ocasionada pelo drop set de forma regional com ultrassom, Prestes de 2017, testou treinamento utilizando rest pause X treinamento tradicional, com volume equalizado. Nesse estudo, o treino tradicional realizou 3x6 com 80%RM e RODRIGO L . H. SILVA 92 descanso de 2 a 3 minutos entre séries, enquanto o grupo Rest Pause realizouséries 1 série até anecessárias falha comcom 80%RM, entãoderealizou mais quantas fossem descansos 20s até completar 18 repetições. Os resultados acabaram por serem favoráveis ao treinamento com rest pause. 3.5 O CLUSTER SET O cluster set é uma técnica extremamente parecida com o rest pause. A diferença é o que cluster set não é baseado em repetições até a falha, mas sim em particionar um número determinado de repetições em sobrecarga blocos visando número de repetições com uma muito realizar mais altaesse do que normalmente seria utilizada, sendo uma técnica excelente para o ganho de força. Um exemplo de cluster set é o seguinte: Utilizar 6 blocos de 4 repetições com uma sobrecarga de 8RM, descansando 20s entre cada um deles. Ao fim do trabalho, eu terei feito 24 repetições, ou seja, 3x mais do que faria normalmente com aquela sobrecarga em uma série tradicional. O cluster set também pode ser feito em blocos de 1 a 2 repetições, como por exemplo, 4 blocos de 2 repetições com uma carga de 4RM. RODRIGO L . H. SILVA 93 3.6 A SUPERSÉRIE. A Super série consiste da combinação de 2 exercícios, e pode ser feita de diversas formas diferentes. Temos a super série agonistaantagonista, quando se faz 2 exercícios para músculos opostos com o mínimo de descanso possível, como por exemplo, uma rosca scott e um tríceps corda. Temos a super série agonistaagonista, que é quando se realiza 2 exercícios em sequência para o mesmo musculo, como por exemplo supino reto combinado com flexão. E por último temos a super série alternada por segmento, aonde trabalhamos com 2 exercícios combinados de músculos que não tem ligação direta, como por exemplo um leg press combinado com desenvolvimento para ombros. O principal intuito da super série, assim como as demais técnicas, é aumentar a densidade do treinamento. Alguns estudos Paz de 2017, Robbins 2010 e outro de Robbins de 2010 apontam que a super série agonista-antagonista parece reduzir o tempo do treinamento sem afetar negativamente o volume load. Em contrapartida, um estudo de Santos 2010, aponta que o uso de super série agonista-antagonista pode trazer um ganho de força até 50% menor no segundo musculo treinado se comparado a uma prescrição tradicional alternada por segmento. Já em outro estudo, Wallace ddee 2019, que testou a super série agonista-agonista para exercícios compostos, encontrou que comparado ao treino tradicional o volume load é reduzido. Dentro da super série agonista-agonista, existe ainda a técnica que é conhecida como a Pré exaustão, que consiste realizar um exercício isolado antes de um exercício composto visando aumentar a ativação e enfoque desse musculo no exercício composto. Por exemplo, uma elevação lateral combinada com RODRIGO L . H. SILVA 94 um desenvolvimento ou então uma elevação de quadril combinada com um agachamento. O problema da super série é que comumente as pessoas contam cada série dos exercícios como uma série no volume total, logo se forem realizados supino reto + supino inclinado, teríamos 2 séries para peito. Essa abordagem é extremamente errada, porque basicamente o que está acontecendo aqui é uma série prolongada de alta repetição, algo parecido com um drop set, pois o primeiro exercício será feito com uma sobrecarga adequada enquanto o segundo exercício irá ser realizado com uma sobrecarga reduzida. Se o supino inclinado fosse realizado depois maneira a cargaforma que seria no mesmo de seria muito tradicional, mais alta. Dessa é maisutilizada adequado considerar 1 série inteira para o primeiro exercício e 0,5 série para o segundo exercício, pois provavelmente se fossem realizados de formas distintas, o treino tradicional traria mais resultados para a hipertrofia. A única maneira possível de se contar 1 série completa para cada exercício usado na super série agonista-agonista, é quando utilizamos exercícios que recrutam feixes distintos de um mesmo musculo, como por exemplo uma elevação frontal combinada com um crucifixo inverso. E como vocês pensar, as combinações dentro dessa forma de seleçãopodem serão bem reduzidas. RODRIGO L . H. SILVA 95 Como contabilizar o volume das técnicas Para quem assim como eu gosta de controlar todas as variáveis do treino e assim ter boas métricas para progressão, é fundamental pensar em uma abordagem para controlar o volume de treino das das técnicas avançadas. avançadas. A seguir, minhas sugestões sugestões de contagem de volume para cada técnica. Drop set: Por ser uma técnica que reduz a carga e perde repetições, considero contar 0,5 série a cada drop realizado. Back off: Embora o back off reduza a carga, ele mantém um bom número de repetições, então considero contar 1 série inteira. Rest pause: É uma técnica que preserva a carga, mas perde repetições, porém tem suas repetições feitas em um alto limiar de recrutamento motor. Considerar entre 0,5 a 1 série por rest pause realizado. Cluster set: É uma técnica que não se aproxima da falha mas usa uma alta sobrecarga, considero controlar o volume pelo número de repetições totais. Por exemplo, usando uma carga para 8RM e fazendo 4x4 com 20s de descanso, realizando 16 repetições. Considero nesse caso 2 séries feitas. Super Série: O volume a ser contado depende diretamente de que tipo só de contaria super série é feita. superporsérie Agonista1 agonista, 1, talvez atéUma 1,5 série considerar série regular no exercício inicial e 0,5 série como se fosse um drop no segundo exercício. Na SS agonista antagonista devese contar 1 série para cada exercício/músculo. RODRIGO L . H. SILVA CAPÍTULO 4 – A PERIODIZAÇÃO DO TREINAMENTO. TREINAMENTO. 96 RODRIGO L . H. SILVA 97 PERIODIZAÇÃO 4.1 O que é periodização? E qual sua importância? Organizar o treinamento de maneira inteligente dentro de uma escala temporal, visando otimizar o máximo o ganho de desempenho, a hipertrofia e ainda por cima prevenir lesões. É dentro da periodização que pensamos a alteração das variáveis, podendo ser alterações na intensidade do ttreinamento, reinamento, no volume de treinamento, na frequência, no tempo de descanso, no uso de técnicas avançadas, na divisão do treinamento e nos músculos a serem enfocados. O ponto principal quando se fala em periodização é ENTENDER OS CONCEITOS e aprender a aplica-los. Dentro da literatura, os diversos autores se contradizem muito com teorias completamente diferentes, porém os estudos feitos com determinados conceitos nos dão base para pensar em como organizarmos a periodização da melhor maneira pensando do ponto de vista de hipertrofia. Em um estudo recente de Carvalho 2020, temos um apontamento da importância da foi periodização os um ganhos de massa muscular. Nesse estudo testado o para uso de treino bodybuilding style com 4 series de 8-12RM por 8 semanas em um grupo, enquanto o outro grupo fez inicialmente por 3 semanas um treino para força com 4 series de 1-3RM e então finalizou com mais 5 semanas do treino bodybuilding style. O grupo que realizou o treino de força antes teve ganhos de massa muscular muito maiores do que o grupo que manteve por 8 semanas no treino bodybuilding. Isso muito provavelmente RODRIGO L . H. SILVA 98 ocorreu porque o ganho de força da fase inicial impactou diretamente performance do treino style, fazendo-o sernafeito com uma carga maior ebodybuilding com isso trazendo mais resultados. Em outro estudo de De Souza de 2018, foi encontrado que nas primeiras 6 semanas de treinamento, o grupo periodizado e o grupo sem periodização tiveram os mesmos resultados, porém nas 6 semanas subsequentes, apenas o grupo que tinha tinh a um treino periodizado conseguiu evoluir significativam significativamente. ente. Os achados que temos hoje reforçam que a periodização é um grande diferencial no longo prazo quando se pensa em hipertrofia e ganho de força. Além disso, outro foco da periodização é reduzir o risco de lesões como falei anteriormente, mas para isso precisamos entender os pilares que vamos manipular manipular visando ess essee objetivo. 4.2 Composição da periodização A periodização é dividida em macrociclo, microciclo e mesociclo, cada um tendo sua duração específica. O macrociclo compreende todo o período de treinamento que é composto por mesociclos e microciclos. Usualmente o macrociclo compreende um período de 6 meses ou todo o período de preparação geralmente, tendo dois macrociclos por ano. Os mesociclos costumam durar de 4 a 12 semanas, sendo compostos por diversos microciclos. É aqui que fica o esqueleto do treinamento RODRIGO L . H. SILVA 99 Os microciclos compreendem os períodos de uma maneira diária, semanal ou então bi semanal. 4.3 O deload, ou a fase regenerativa. O treinamento gera microlesões do tecido muscular e também do tecido tendinoso. Enquanto as microlesões do tecido muscular são reparadas de uma forma rápida, as do tecido tendinoso ocorrem de forma mais lenta, por isso quando se há um excesso de treinamento sem o devido intervalo de recuperação, essas microlesões podem se acumular e vir a desencadear uma macrolesão do tecido porém por vezes no tecido comumente muscular. Fora isso, tendinoso, existe um estresse e desgaste que pode vir a se acumular no sistema nervoso, e com o tempo nesse acumulo de estresse pode ser causado o que se conhece como Overtraining, que é quando o corpo não consegue gerenciar toda a recuperação do treinamento, entrando assim em um processo de perda de d e massa muscular e desempenho. Tendo isso tudo em mente, mente, entendemos o porque é importante termos períodos no treinamento aonde tiremos o pé do acelerador, assim permitindo ao corpo gerenciar adequadamente o estresse e ainda reparar todas as microlesões que vieram se acumulando Embora seja de extrema importância passarmos por um período que não exija o máximo da capacidade recupera recuperativa tiva e assim nos forneça o ambiente para total recuperação, ainda assim procuramos evitar entrar em um processo de reversão dos ganhos de força e massa muscular e para isso, manter um RODRIGO L . H. SILVA 100 volume de 1/3 daquilo que vinha sendo usado anteriormente parece suficiente para promover essacomplementar manutenção como aponta ser um oestudo de Bickel de 2011. Para isso, um estudo de Spiering de 2021 aponta para o fato de que para a manutenção do desempenho e massa muscular, a manutenção da intensidade parece ser a chave. Sabendo disso tudo, depois de um período de treinamento aonde se realizava 30 séries para os músculos, podemos cortar para 10 séries até que iremos conseguir manter os ganhos desde que a intensidade não seja reduzida também. Em alguns casos considero trabalhar em reduções de volume para 33 a 50% do que vinha sendo feito, ou seja, de 1/3 a 1/2 e como dito anteriormente, mantendo a intensidade, porém em alguns casos aonde se tenham problemas como dores aparecendo, cogito a redução de 10 a 30% da intensidade ou a mudança de um trabalho de 6-8RM para um trabalho de 12-15RM. Além disso, o deload tem duração mínima de 1 semana, podendo ser estendido por até 6 semanas ou mais, embora na maioria dos casos 1 a 3 semanas sejam suficientes para que o seu fim de recuperação seja atingido. 4.4 Qual a diferença de deload e destreino? Embora ambos tenham intuitos parecidos, eles são diferentes e justamente por isso são muito confundidos. Como comentado anteriormente, o deload é uma fase aonde visamos exigir o mínimo do sistema recuperativo do organismo, permitindo assim que toda reparação seja feita e que o estresse acumulado se dissipe, porém sem termos reversão dos ganhos de massa muscular e força. Já o destreino é um período adotado em RODRIGO L . H. SILVA 101 situações extremas ou então em momentos de relaxamento total da rotina, como em férias totalmente ou viagem.porNo1 destreino treinamento é interrompido semana noo mínimo aonde não haverá nenhuma rotina de d e treinamento físico e justamente por isso é possível po ssível ocorrer algum grau de reversão da força e da massa muscular. 4.5 Progressão de volume Um ponto muito importante a respeito da periodização são as suas progressões. Conforme o corpo se adapta, gerar uma nova demanda daquela anterior irá promover um efeito adaptativo acima forte novamente. Alguns estudos já encontraram que aumentar o volume de séries com base no volume anteriormente praticado, gera aumento da resposta hipertrófica. No estudo de Maíra de 2020, foi encontrado que aumentar o volume de treino em torno de 20% promove uma excelente resposta nos ganhos massa muscular. Já em outro estudo de Aube de 2020 que comparou diferentes volumes de treinamento, também se teve uma análise individual da resposta hipertrófica, com os sujeitos sendo divididos em 3 grupos, 1 de baixa resposta, 1 de média resposta e 1 de ótima resposta. altatreino resposta tiveram um aumento de médioOsdeindivíduos 6,6 sériesde de se comparado ao seu volume prévio, enquanto os de baixa resposta tiveram um aumento de 1,8 séries e os de média de 4,3 séries. No geral, é seguro dizer que podemos manipular o volume com o passar do tempo com incrementos de 20 a 30% do volume total até chegarmos a um limiar ótimo de volume. Essa forma de progredir na periodização é aquela que considero a melhor abordagem para ser feita em iniciantes e intermediários i ntermediários RODRIGO L . H. SILVA 102 até atingir o nível avançado, aonde começaremos em um baixo volume de treino e com o tempo iremos progredindo até cchegar hegar em um alto volume. É seguro dizer que esses incrementos do volume de treino podem ser manipulados em períodos médios de 4 a 8 semanas, promovendo assim tempo suficiente para que as adaptações ocorram e não se queime etapas da progressão. Modelo de periodização crescente de volume Semana 1 a 8 Volume 7 a 10 9 a 16 9 a 13 17 a 24 12 a 17 25 a 32 15 a 23 33 a 40 20 a 30 4.6 Período de base O período de base é aquele aonde iremos passar o maior tempo da periodização. É um período que nos permite um certo conforto que exige da capacidade recuperativa, mas não do seu máximo limiar. Dentro dele também que ocorre a progressão do volume de treino em níveis níveis ainda toleráveis, toleráveis, podendo ser usado um volume médio de 15 a 30 séries de treino e uma iintensidade ntensidade moderada a alta com 15 a 5RM. Nessa fase também recomendo manter o treino de uma maneira simples, focada na progressão de intensidade e de volume, sem uso exagerado de técnicas avançadas. RODRIGO L . H. SILVA 103 4.7 Período de choque Esse é o período aonde a performance será levada ao máximo e e a capacidade recuperativa também, sendo assim um momento que não será possível manter por períodos muito longos, sendo impossível se manter em choque o ano inteiro. Caso alguém acha que se mantém em choque o ano inteiro, na verdade essa pessoa esta se mantendo em base e achando que é choque. Nesse momento volume poderá ser elevado ao máximo podendo chegar a 45 séries ou até mais enquanto a intensidade se mantém, ou a intensidade pode ser elevada ao máximo podendo chegar até a 1RM e o volume se mantém, ou por último, com base na análise e tolerância individual, tanto o volume quanto a intensidade são elevados ao máximo. Pessoalmente prefiro manter uma intensidade moderada a alta (6 a 12RM) nessa fase enquanto manipulo o volume para mais. O período de choque pode ter duração de 1 a 8 semanas, com base na tolerância individual e capacidade recuperativa, além disso, esse é o momento aonde mais podemos utilizar de técnicas avançadas para incrementarmos o máximo de volume sem estender tanto o treinamento. 4.8 A periodização linear Dentro do modelo de periodização linear, existem 2 formas que podemos trabalhar: A periodização linear crescente e a periodização linear decrescente. Na periodização clássica linear crescente temos um aumento progressivo da intensidade do treinamento enquanto o volume RODRIGO L . H. SILVA 104 reduz progressivamente. Ou seja, a intensidade começa baixa e o volume alto e com o tempo eles se invertem. Na periodização clássica lineardodecrescente, temos umaaumento redução progressiva da intensidade treinamento e um progressivo do volume. Ou seja, a intensidade começa alta e o volume baixo e com o tempo o volume se torna alto e a intensidade baixa. Como volume é uma variável fundamental para a hipertrofia, eu recomendo adaptações dessas formas de periodização para algo que seja mais condizente com a realidade e objetivo. No caso, mantendo o volume de treino sempre moderado a alto ou então realizando pequenas alterações do mesmo, não chegando a volumes realmente realmente baixos, exc exceto eto no caso de um deload. Figura 5 Periodização linear crescente RODRIGO L . H. SILVA 105 Figura 6 Periodização linear decrescente. 4.9 A periodização ondulatória Essa forma de periodizar tem se tornado a queridinha da maioria nos últimos tempos pois alguns estudos mostraram resultados promissores utilizando esse modelo. A periodização ondulatória compreende alterações diárias, semanais ou bi semanais da intensidade de treino, ou seja, ela altera a intensidade a cada microciclo. Por exemplo, 1 semana 12 a 15RM, 1 semana 8 a 12RM e 1 semana 5 a 8RM. Eu particularmente gosto de adotar o modelo de ondulação bi semanal da intensidade, pois acredito que assim conseguimos aferir e consolidar melhor as melhorias da carga de treinamento, além disso gosto muito dessa forma de periodizar pois a considero mais segura do que a periodização linear crescente por expor o individuo a menos tempo seguido a uma intensidade que traga mais risco de d e lesão. RODRIGO L . H. SILVA 106 Figura 7 Modelo comum de periodização ondulatoria. A periodização ondulatória pode ser feita também de duas formas quando se trata do volume de treino: A primeira forma seria fazer alterações apenas da intensidade do treino, sem alterar o volume. Essa forma é mais recomendada para avançados. A segunda forma seria associar aumentos da intensidade com reduções do volume e vice-versa. c om alteração de volume e intensidade. Figura 8 Periodização ondulatória com RODRIGO L . H. SILVA 107 Outro ponto interessante para comentar é que a organização dos microciclos precisa seguir umatoda premissa fixa, ou seja, não precisa ir de não um extremo ao outro hora passando pela fase intermediária. Por exemplo, caso eu esteja em uma fase que priorize ganho de força, eu posso usar mais microciclos de uma intensidade alta. Como no modelo abaixo. Figura 9 Modelo de periodização o ondulatória ndulatória com mais foco em alta a lta intensidade. RODRIGO L . H. SILVA CAPÍTULO 5 – A SELEÇÃO DE EXERCÍCIOS. EXERCÍCIOS. 108 RODRIGO L . H. SILVA 109 5.1 ASPECTOS A SE CONSIDERAR NA SELEÇÃO DE EXERCÍCIOS Pois bem, um dos maiores erros que profissionais da área cometem na prescrição de exercícios está na seleção de maneira aleatória, sem analisar e estruturar perfeitamente como cada exercício vai se encaixar em uma sessão de treino. Todos os aspectos devem ser analisados quando se monta uma estrutura de treino, desde o nível do indivíduo que vai executa-lo, suas necessidades e limitações. Cada exercício deve ter um porque específico de ser colocado naquela sessão e naquela ordem. Muitos profissionais do personal training fazem a prescrição diária no famoso esquema “bingo”. Ou seja, seu aluno chega para treinar e ele monta um treino aleatório da cabeça dele, sem pé nem cabeça, sempre variando o treino a cada sessão. Poderia isso ser ruim? Com certeza absoluta! Essa é uma abordagem inferior de prescrição de treino porque você perde todo o controle das variáveis e evolução de seu aluno. Se um dia ele começa por supino reto c/halteres e no treino seguinte começa por supino declinado e no próximo por voador, como você vai mensurar adequadamente a progressão de carga dele ao longo do tempo? Pois é. Quando se trata da seleção de exercícios, podemos pensar em muitas coisas para definir os exercícios da sessão, como por exemplo: Que exercícios serão melhor colocados no começo da sessão visando desenvolver desenvolver força? RODRIGO L . H. SILVA 110 Que exercícios irão nos promover uma pré exaustão quando viso trabalhar com cargas menores por alguma limitação estrutural? Que exercícios irão enfocar aquele musculo específico dificilmente recrutado? Que exercícios irão trabalhar com o melhor alinhamento das fibras que quero enfocar? Que ter um pico de torque com a musculatura mais encurtada, que exercícios irão ter um pico de torque com a musculatura alongada e que exercícios irão ter um pico de torque no meio do movimento? Que exercícios vão colocar o musculo em uma posição mais ou menos favorecida dentro da curva de comprimento e tensão? Outro ponto fundamental a levar em consideração é que temos músculos que se irão exigir uma abordagem multiplanar para serem trabalhados de maneira completa. Por exemplo costas precisamos trabalhar com exercícios no plano sagital também no plano frontal, assim como deltoides. Já glúteos exigem trabalhos nos 3 planos de movimento, sagital, frontal e horizontal para uma máxima e completa hipertrofia. 5.2 COSTAS As costas são um dos grupamentos mus musculares culares mais complexos de serem trabalhados, pois são compostas de muitos músculos, sendo os principais o latíssimo do dorso, romboides, redondo maior, trapézios e Paravertebrais. A maioria deles agindo em RODRIGO L . H. SILVA 111 sinergia em muitos dos movimentos, mas todos também com suas funções específicas. Os movimentos de remadas e puxadas tendem a trabalhar muito bem trapézios e romboides devido aos movimentos de depressão e adução escapular. Já se tratando do redondo maior, maior, ele atua aduzindo o braço nas nas puxadas abertas, estendendo os braços nas puxadas fechadas e remadas fechadas, e também auxiliando na abdução horizontal nas remadas mais abertas. Agora em se tratando do grande dorsal, o mesmo tem sua inserção em espiral, oueseja, as fibras inferiores se inserem na parte superior do braço as fibras superiores se inserem na parte inferior. Esse esquema cruzado faz com que as fibras inferiores tenham uma melhor solicitação em movimentos com os braços mais fechados enquanto as fibras superiores sejam melhor ativadas em movimentos com os braços mais abertos. Algo bem interessante de lembrar é que exercícios como remadas livres tem o seu pico de torque com o musculo mais encurtado, tendo assim possivelmente uma solicitação mais médio-proximal das fibras, enquanto as puxadas tem um torque maior no meio do movimento, tendo assim uma boa solicitação proximal, medial e distal das fibras musculares. Já no pullover tradicional, o maior torque é com a musculatura alongada, possivelmente assim propiciando uma maior hipertrofia distal. O problema maior do pullover é sua associação com lesões, sendo um exercício que oferece um grau de risco mais elevado, sendo altamente recomendo da minha parte dar preferencia ao pulldown no cabo. Inclusive esse é um excelente exercício RODRIGO L . H. SILVA 112 quando se visa realizar uma pré exaustão para o treino de costas ou finalizar o treino com um exercício isolado focando em umentão mais alto estresse metabólico. Já exercícios como remada curvada, cavalinho e serrote podem ser bem indicados para um início de sessão quando se visa maior desenvolvimento de força. Existem motivos também para se começar por puxadas também, quando o foco é essa ativação mais médio-distal das fibras. Tudo depende de qual é o objetivo e necessidade principal daquele indivíduo. 5.3 PEITORAL O peitoral é um musculo um pouco mais simples de ser trabalhado, pois irá envolver basicamente o plano transversal. Dependendo do direcionamento para onde se colocará o braço, br aço, conseguiremos enfocar um pouco mais as fibras inferiores, mediais ou superiores. Ou seja, em exercícios como o supino reto e supino declinado iremos ter uma excelente ativação das fibras mediais e inferiores, enquanto exercícios com a inclinação entre 30 e 45º irão dar um enfoque maior nas fibras clavicular e também mediais do peitoral. Vale lembrar que em puxadas, o feixe esternal do peitoral também participa do movimento até os 90º de flexão do ombro. Exercícios como supinos irão ser excelentes para o desenvolvimento de força e maior tensão mecânica, enquanto RODRIGO L . H. SILVA 113 voador, cross over e crucifixo servirão de exercícios para isolar osessão. peitoral, pré ativa-lo ou aumentar o estresse metabólico da Também é interessante realçar que exercícios com tensão continua como o voador, ou tensão aumentada no fim do movimento como o cross over, solicitam um pouco mais a parte proximal da musculatura por ter um maior torque em encurtamento. 5.4 DELTÓIDES Os deltoides também são músculos que respondem melhor a uma abordagem multiplanar, pois o mesmo é um musculo multipenado com fibras em diversas direções. Sendo assim, para enfocar o feixe lateral do deltoide, precisamos trabalhar no plano frontal com movimentos de abdução, enquanto para trabalhar melhor o feixe posterior precisamos trabalhar no plano horizontal com movimentos de abdução horizontal e para trabalhar o feixe anterior precisamos trabalhar no plano sagital com movimentos de flexão ou também no frontal associando abdução com flexão. Exercícios multiarticulares como o desenvolvimento trabalham muito bem o deltoide anterior e o lateral, já a remada alta irá trabalhar o deltoide anterior podendo estar associado a um trabalho do deltoide posterior ou então do anterior, dependendo da forma como é executada, por exemplo, se a remada alta é realizada de forma livre com barra ou halter, teremos um trabalho do deltoide lateral e do anterior por termos uma abdução associada a uma flexão do ombro, porém se realizamos RODRIGO L . H. SILVA 114 a remada alta no cross a um afastamento de 1 ou 2 passos do cabo, teremos uma assim abdução associada uma abdução horizontal, solicitando deltoide lateral e aposterior. Para deltoides é possível variar também o momento do pico de torque, como por exemplo em uma elevação lateral tradicional tendo um torque máximo com o deltoide encurtado, enquanto em uma elevação unilateral apoiado no banco teremos o torque máximo no meio movimento, enquanto em uma elevação lateral no cross com o cabo na altura média da mão, teremos um torque máximo com o musculo alongado. O mesmo pode ser feito de diferentes formas também para as demais porções do deltoide. 5.5 BÍCEPS O bíceps pode ser trabalhado de inúmeras maneiras, mas todos os seus movimentos irão ocorrer no plano sagital. Aqui as diferentes maneiras de trabalho ficarão a cargo do momento de pico de torque e alterações na curva comprimento tensão através do aumento ou redução da flexão do ombro. Exercícios como rosca direta e rosca alternada, são excelentes exercícios livres para o desenvolvimento de força e tem seu torque máximo no meio do movimento, diferentemente da rosca scott que embora tenha um grau de flexão do ombro, o seu maior torque é com o bíceps alongado, jogando assim muita tensão na parte distal do bíceps. A scott é diferente da rosca spider, pois embora ambas compartilhem de um grau de flexão de ombros, na spider essa flexão é maior e o torque máximo é com o braço a graus de flexão do cotovelo, sendo um excelente exercício para enfocar os braquiais devido a posição RODRIGO L . H. SILVA 115 desvantajosa do bíceps dentro da curva comprimento tensão, estando encurtado capaz de gerar máximacom força.o Já na viamais oposta temos ea menos rosca inclinada, que trabalha bíceps extremamente alongado, sendo um excelente exercício para promover hipertrofia em série no bíceps pela sua alta carga em alongamento. 5.6 TRÍCEPS O tríceps é um musculo bi articular e assim com o bíceps é muito bem trabalhado em exercícios no plano sagital. As principais alterações nosa exercícios de tríceps estãoé na comprimento tensão, pois cabeça longa do bíceps bi curva articular e tem um melhor posicionamento para gerar força em exercícios aonde o ombro se encontre fletido, sendo o tríceps francês o tríceps testa os melhores exercícios para essa porção do tríceps, e embora as demais porções atuem em todo tipo de extensão do cotovelo, elas acabam participando mais nos movimentos como tríceps corda ou tríceps na polia com barra, pois o cotovelo estará ao lado do corpo deixando a cabeça longa em posição mais encurtada e participando menos do movimento, fazendo assim com que as cabeças curtas dominem o mesmo. 5.7 GLÚTEOS Esses que são tão negligenciados negli genciados e simplificados, são na verdade músculos extremamente complexos de serem bem trabalhados. Os glúteos se assemelham aos deltoides e requerem uma abordagem multiplanar, podendo serem trabalhados tanto no plano frontal, quanto horizontal, quanto no sagital. RODRIGO L . H. SILVA 116 Glúteo médio e glúteo mínimo são músculos abdutores do quadril e sãosendo muitomais bemespecífico trabalhados no oplano frontal plano horizontal, ainda, glúteo médioe no é melhor acionado no meio termo entre o plano horizontal e frontal, quando realiza a abdução de quadril com uma flexão média de 30 a 45º. Já o glúteo máximo tem uma melhor posição de suas fibras superiores para realizar a abdução a 90º ou mais de flexão de quadril. Se tratando do glúteo máximo, além de uma abordagem multiplanar, também precisamos de uma abordagem com diferentes sentidos de força, sendo elas horizontais e verticais. Exercícios com uma sobrecarga vertical são aqueles que irão fornecer um maior torque com os glúteos alongados, como por exemplo agachamentos, levantamento terra, stiff, goodmorning, afundos e búlgaros. Já exercícios com sobrecarga horizontal são aqueles que irão trabalhar o glúteo máximo de forma mais isolada, como por exemplo elevação de quadril, sapinho, glúteo 4 apoios, glúteo no cabo, extensão de quadril no banco. O glúteo máximo tem seu maior braço de momento, ou seja, o seu melhor posicionamento para gerar força, nos últimos graus de extensão do quadril, sendo assim importante combinar exercícios que gerem maior tensão passiva (com maior torque em alongamento) com exercícios que trabalhem efetivamente com o maior braço de momento do glúteo máximo, associando assim sobrecarga vertical e horizontal, além é claro do trabalho referido anteriormente nos vários planos de movimento. RODRIGO L . H. SILVA 117 5.8 QUADRÍCEPS O quadríceps é um musculo que tem 3 pporções orções monoarticulares (vasto lateral, medial e intermédio) e 1 porção bi articular (reto femoral). Com isso alguns exercícios multiarticulares que trabalhem, com extensão de quadril e de joelho associadas irão ser excelentes para os vastos, porém não serão eficientes para trabalhar o reto femoral, algo que já foi demonstrado em inúmeros estudos citados no capítulo sobre isolados, com isso para uma máxima hipertrofia de quadríceps é importante associar exercícios multiarticulares com extensão de quadril e joelho associados e também monoarticulares com apenas extensão dos joelhos. Se supõem também que exercícios com uma maior amplitude de flexão de joelhos, tenham um trabalho um pouco mais ativo de vasto medial, além de que o mesmo participa um pouco mais nos últimos graus de extensão de joelho do que os demais (sendo bem trabalho em uma cadeira extensora também). Um erro comumente cometido ao treinar quadríceps é o de manter os pés juntos acreditando que irá se enfocar mais o vasto lateral, algo que não tem base científica nenhuma e que ainda pode vir a comprometer os joelhos pela grande força em valgo que estará acontecendo. 5.9 ISQUIOTIBIAIS Os isquiotibiais são músculos bi articulares e estão envolvidos tanto na flexão de joelhos quanto na extensão do quadril, porém para que possam participar adequadamente da extensão do quadril, é necessário que os joelhos se mantenham em relativa RODRIGO L . H. SILVA 118 extensão ou semiextensão, pois em exercícios como agachamento e leg press, ocorreconjunto o mesmodas que vemos no reto, femoral, por termos um trabalho d uas duas articulações articulações, alongando os isquiotibiais ao nível do joelho e encurtando ao nível do quadril, o mesmo acaba não conseguindo fornecer força para o movimento por mal alterar seu comprimento. No levantamento terra tradicional, os isquiotibiais atuam muito mais que no agachamento e contribui pelo menos tanto quanto ou até mais que o quadríceps no movimento. Já no stiff e levantamento l evantamento terra romeno, que o joelho se mantém quase que fixo, os isquiotibiais conseguem participar com grande força na extensão de contribuindo tanto maismovimentos do que o glúteo máximo paraquadril, o movimento. Porém sãoounos de flexão de joelho aonde os isquiotibiais tem sua maior ativação e contribuição, pois atuam apenas auxiliados pelo gastrocnêmio para esse movimento, enquanto na extensão de quadril eles dividem a força realizada com os glúteos e com os adutores. Alguns estudos mostraram já qu quee no movimento de exte extensão nsão de quadril, a porção proximal dos isquiotibiais é mais ativada enquanto nos movimentos de flexão do joelho, a porção distal d istal é mais ativada. 5.10 PANTURRILHAS A musculatura das panturrilhas é formada pelo gastrocnêmio e pelo sóleo. No geral as panturrilhas participam sim dos movimentos de agachamento, leg press, passada, levantamento RODRIGO L . H. SILVA 119 terra, porém, seu trabalho é mais ativo nos movimentos de flexão de joelho flexão plantar. com A porção mais proximal do gastrocnêmio atuae sinergicamente os isquiotibiais na flexão do joelho. O gastrocnêmio também atua em conjunto do sóleo nos movimentos de flexão plantar com o joelho estendido ou semi estendido, porém quando o joelho está em flexão de aproximadamente 90º, o gastrocnêmio fica em insuficiência ativa e quem realiza o movimento de flexão plantar é puramente o sóleo. Um estudo recente de Nunes JP de 2020 encontrou que um posicionamento em rotação com os pés para dentro ou para fora influencia na hipertrofia dos gastrocnêmios mediais ou laterais, algo que eu particularmente era cético e fui obrigado a rever depois desse estudo, aonde uma rotação interna leva a uma maior hipertrofia da cabeça lateral enquanto uma rotação externa leva a uma maior hipertrofia da cabeça medial. RODRIGO L . H. SILVA 120 CAPÍTULO 6 – PRESCRIÇÃO DO TREINAMENTO NA PRÁTICA. RODRIGO L . H. SILVA 121 Agora vamos para a parte prática montando um treinamento periodizado. 6.1 Situação 1, indivíduo homem. Perfil: Homem, sem limitações, vindo de treino com média de 12 séries por musculo e com dificuldade em desenvolver braços. Mesociclo 1 – 6 semanas. Base - Fase de hipertrofia e força. Volume: Peito 16, Costas 16, Quads 15, Posterior 10, Deltoides 25, Bíceps 18, Tríceps 18 Seman a1 8 a 12 Seman a2 6a8 Seman a3 6a8 Seman Seman a4 a5 12 a 15 6 a 8 Seman a6 6a8 RODRIGO L . H. SILVA Divisão A B C D E A – Peito e tríceps Exercício Supino inclinado halt Supino reto barra Supino reto halt Voador Tríceps corda corda Int 180s Sets Reps 4 X 180s 180s 90s 90s 4 4 4 6 Int 180s Sets Reps 4 X 180s 180s 4 4 X X 90s 90s 4 6 8 a 12 8 a 12 Int 180s 180s 180s 120s 90s Sets 5 5 5 5 5 Reps X X X 8 a 12 8 a 12 Obs X X 8 a 12 8 a 12 B – Costas e bíceps Exercício Remada curvada supinada Serrote Remada sentado triangulo Pulldown Rosca direta Obs C – Inferiores Exercício Agachamento Agachame nto Lev terra sumo Leg press 45º Stiff Agachamento Agachame nto búlgaro Obs 122 RODRIGO L . H. SILVA D – Deltoides Exercício Desenvolvimento halteres Desenvolvimento maquina Remada alta Elevação lateral Voador inverso inverso Int 180s Sets Reps 5 X 120s 5 X 120s 120s 90s 5 5 5 x x 8 a 12 Obs E – Braços Exercício Rosca direta Rosca alternada Rosca martelo Supino fechado Tríceps testa testa Tríceps corda corda Int 120s 120s 120s 120s 120s 90s Sets 4 4 4 4 4 4 Reps X X X X X X Obs 123 RODRIGO L . H. SILVA 124 Mesociclo 2 – 6 semanas. Base - Fase intermediária de hipertrofia. Volume: Peito 20, Costas 20, Quads 18, Posterior 12, Deltoides 30, Bíceps 21, Tríceps 21 Seman Seman a1 a2 12 a 15 8 a 12 Seman a3 8 a 12 Seman a4 6a8 Seman a5 8 a 12 A – Peito e tríceps Exercício Supino inclinado halt Supino reto barra Supino reto maq Cross polia alta Tríceps corda corda Int 120s Sets Reps 5 X 120s 120s 90s 90s 5 5 5 6 Obs X X 8 a 12 8 a 12 B – Costas e bíceps Exercício Int Sets Reps Remada supinada curvada Serrote Puxada frente Puxada triangulo Rosca direta 120s 120s 120s 90s 90s 5 5 5 5 6 X X X 8 a 12 8 a 12 Obs Seman a6 8 a 12 RODRIGO L . H. SILVA C – Inferiores Exercício Agachamento Agachame nto Lev terra sumo Afundo smith smith Mesa flexora Cadeira extensora Int 180s 180s 120s 90s 90s Sets 6 6 6 6 6 Reps X X X 8 a 12 8 a 12 Obs Int 120s Sets Reps 6 X Obs 120s 6 X 90s 6 x 90s 90s 6 6 x 8 a 12 Int 120s 90s 90s 120s 90s Sets 5 5 5 5 5 Reps X X X X X 90s 5 X D – Deltoides Exercício Desenvolvimento halteres Desenvolvimento maquina Elevação lateral maquina Elevação lateral Crucifixo inverso E – Braços Exercício Rosca direta Rosca scott Rosca martelo Supino fechado Triceps testa cross Tríceps corda corda Obs 125 RODRIGO L . H. SILVA 126 Mesociclo 3 – 6 semanas. Choque - fase de máximo volume. Volume: Peito 25, Costas 25, Quads 22, Posterior 16, Deltoides 35, Bíceps 26, Tríceps 26 Seman Seman a1 a2 12 a 15 8 a 12 Seman a3 8 a 12 Seman Seman a4 a5 12 a 15 8 a 12 Seman a6 8 a 12 A – Peito e tríceps Exercício Supino inclinado halter Supino inclinado barra Supino reto halter Int 120s Set Setss Reps 5 X Obs Ultimo set em Back off set Ultimo set em Back off set Rest pause 1x no último set 120s 5 X 120s 4 X Cross polia alta Voador 90s 90s 5 4 Triceps testa halter 90s Triceps corda corda 90s 4 4 8 a 12 8 a 12 Drop 2x no ultimo set 8 a 12 8 a 12 RODRIGO L . H. SILVA 127 B – Costas e bíceps Exercício Remada curvada supinada Remada sentado triangulo Puxada frente Int 120s Sets Reps 5 X 120s 5 X 120s 4 X Puxada triangulo 120s 4 X Pulldown 90s 4 8 a 12 Rosca direta 90s cross Rosca martelo 90s 4 4 8 a 12 8 a 12 Obs Ultimo set em Back off set Ultimo set em Back off set Rest pause 1x no último set Rest pause 1x no ultimo set Drop 2x no ultimo set C – Inferiores Exercício Agachamento Agachame nto Int 180s Sets Reps 6 X Lev terra sumo 180s 6 X Leg press 45º Agachamento Agachame nto búlgaro Cadeira flexora 120s 90s 5 4 X X 90s 4 8 a 12 Cadeira extensora Mesa flexora 90s 4 8 a 12 90s 4 8 a 12 Obs Ultimo set em Back off set Ultimo set em Back off set Rest pauseset 1x no último Drop 2x no último set Rest pause 1x no último set Drop 2x no último set Drop 2x no último set RODRIGO L . H. SILVA 128 D – Deltoides Exercício Desenvolvimento halteres Desenvolvimento maquina Elevação lateral Int 120s Sets Reps 5 X Obs Ultimo set em back off set Ultimo set em back off set Rest pause 1x no último set Drop 2x no ultimo set 120s 5 X 90s 4 X Elevação lateral 90s máquina 30s Elevação unilateral cross Crucifixo inverso 90s 4 X 5 8 a 12 5 8 a 12 Voador inverso inverso 90s 4 8 a 12 Drop 2x no ultimo set Exercício Rosca direta Int 120s Sets Reps 5 X Rosca scott 90s 5 X Rosca inclina 90s 3 X Rest pause 1x no último set Rosca Supinoinversa fechado 90s 120s 45 X Triceps cross testa 90s 5 X Triceps testa 90s c/halteres Triceps corda 90s 3 X Ultimo set em back off set Ultimo set em back off set Rest pause 1x no último set 4 X E – Braços Obs Ultimo set em back off set Ultimo set em back off set RODRIGO L . H. SILVA 129 Mesociclo 4 – 2 a 4 semanas. Deload Volume: Peito 12, Costas 12, Quads 10, Posterior 8, Deltoides 15, Bíceps 26, Tríceps 26 Semana Semana Semana Semana 1 2 3 4 8 a 12 8 a 12 8 a 12 8 a 12 A – Peito e tríceps Exercício Supino inclinado halter Supino inclinado barra Voador Triceps testa halter Int 120s Set Setss Reps 4 X 120s 4 X 90s 90s 4 4 8 a 12 8 a 12 Obs B – Costas e bíceps Exercício Int Remada curvada 120s Sets Reps 4 X supinada Remada sentado 120s triangulo Puxada frente 120s Rosca direta 90s cross 4 X 4 4 X 8 a 12 Obs RODRIGO L . H. SILVA C – Inferiores Exercício Agachamento Agachame nto Lev terra sumo Cadeira flexora Cadeira extensora Int 180s 180s 90s 90s Sets 6 4 4 4 Reps X X 8 a 12 8 a 12 Obs Int 120s Sets Reps 4 X Obs 120s 4 X 90s 90s 4 3 X X Exercício Rosca direta Rosca scott Int 120s 90s Sets Reps 3 X 3 X Rosca Supinoinclina fechado Triceps testa cross Triceps testa c/halteres 90s 120s 90s 33 3 X X X 90s 3 X D – Deltoides Exercício Desenvolvimento halteres Desenvolvimento maquina Elevação lateral Voador inverso inverso E – Braços Obs 130 RODRIGO L . H. SILVA 131 6.2 Situação 2, indivíduo mulher - Perfil: Mulher, sem limitações, vindo de treino com média de 10 séries por musculo e com dificuldade em desenvolver Glúteos. Mesociclo 1 – 6 semanas. Base - Hipertrofia e introdução ao treino. Volume: Peito 6, Costas 12, G Glúteo lúteo m máximo áximo 34 Qu Quads ads 115, 5, Posterior 10, Deltoides 16, Bíceps 3, Tríceps 3 Seman a1 8 a 12 Seman a2 8 a 12 Seman a3 6a8 Seman Seman a4 a5 12 a 15 8 a 12 Divisão A B C D E A – Glúteo, quadríceps e posterior Exercício Elevação Int de 120s quadril Agachamento Agachame nto búlgaro Gluteo no cabo Abdutora sentada Abdutora 45º 45º Sets Reps 3 X 120s 3 X 120s 90s 3 3 X 8 a 12 90s 3 8 a 12 Obs Seman a6 8 a 12 RODRIGO L . H. SILVA B – Costas e bíceps Exercício Remada curvada supinada Serrote Puxada pronada Voador inverso inverso Rosca martelo Int 120s Sets Reps 4 X 120s 120s 90s 90s 4 4 4 3 Obs X X 8 a 12 8 a 12 C – Quadríceps e glúteos Exercício Agachamento Agachame nto Agachamento Agachame nto búlgaro Leg press 45º Cadeira extensora Abdutora sentada Int 120s 120s Sets Reps 3 X 3 X 120s 120s 3 3 X 8 a 12 90s 4 8 a 12 Obs D – Deltoides, peitoral e tríceps Exercício Desenvolvimento halteres Supino reto barra Elevação lateral Remada alta Triceps corda corda Int 120s Sets Reps 4 X 120s 90s 90s 90s 4 4 4 3 X X X 8 a 12 Obs 132 RODRIGO L . H. SILVA E – Isquiotibiais e glúteos Exercício Lev terra sumo Elevação de quadril Stiff Extensão no banco 45 Mesa flexora Cadeira abdutora Int 120s 120s Sets Reps 3 X 3 X 120s 120s 3 3 X X 90s 90s 3 3 8 a 12 8 a 12 Obs 133 RODRIGO L . H. SILVA 134 Mesociclo 2 – 6 semanas. Base - Fase de hipertroforça com aumento de volume. Volume: Peito 4, Costas 16, Glúteo máximo 45, Quads 20, Posterior 20 Deltoides 20, Bíceps 3, Tríceps 3 Seman a1 6a8 Seman a2 6a8 Seman Seman a3 a4 12 a 15 8 a 12 Seman a5 6a8 A – Glúteo, quadríceps e posterior Exercício Int Sets Reps Obs Elevação de 180s 4 X quadril Lev terra sumo 180s 4 X Agachamento 180s 4 X búlgaro Abdutora 90s 4 8 a 12 sentada Abdutora 45º 90s 4 8 a 12 B – Costas e bíceps Exercício Remada curvada supinada Serrote Remada sentada triangulo Puxada triangulo Voador inverso inverso Rosca martelo Int 180s Sets Reps 4 X 180s 180s 4 4 X X 180s 90s 90s 4 4 3 X 8 a 12 8 a 12 Obs Seman a6 6a8 RODRIGO L . H. SILVA C – Quadríceps e glúteos Exercício Agachamento Agachame nto Leg press 45º Agachamento Agachame nto búlgaro Cadeira extensora Abdutora sentada Int 180s 180s 180s Sets 4 4 4 Reps X X X 90s 4 8 a 12 90s 5 8 a 12 Obs D – Deltoides, peitoral e tríceps Exercício Int Sets Reps Desenvolvimento halteres Desenvolvimento barra Elevação lateral Elevação lateral maquina Triceps testa testa 180s 4 X 180s 4 X 120s 120s 4 4 X X 90s 3 8 a 12 Obs E – Isquiotibiais e glúteos Exercício Int Sets Reps Lev terra sumode Elevação quadril Stiff Extensão no banco 45 Cadeira flexora Cadeira abdutora 180s 4 X 180s 120s 4 4 X X 90s 90s 4 4 8 a 12 8 a 12 Obs 135 RODRIGO L . H. SILVA 136 Mesociclo 3 – 6 semanas. Choque – Fase de máximo volume. Volume: Peito 5, Costas 21, Glúteo máximo 55, Quads 25, Posterior 25 Deltoides 25, Bíceps 3, Tríceps 3 Seman a1 6a8 Seman a2 6a8 Seman Seman a3 a4 12 a 15 8 a 12 Seman a5 6a8 Seman a6 6a8 A – Glúteo, quadríceps e posterior Exercício Int Sets Elevação de 120s 4 quadril Lev terra sumo 120s 4 Reps X Agachamento Agachamento búlgaro Glúteo no cabo Abdutora sentada Side band walk 120s 3 X 120s 4 90s 4 8 a 12 12 a 15 90s 30 4 X Obs Último set em back off set Último set em back off set Drop set 2x no ultimo set RODRIGO L . H. SILVA 137 B – Costas e bíceps Exercício Int Remada curvada 120s supinada Serrote 120s Remada 120s cavalinho cross Puxada Pronada 120s Sets Reps 5 X 5 X 4 X 4 X Crucifixo inverso 90s 4 8 a 12 Rosca martelo 90s 3 8 a 12 Obs Rest pause 1x no último set Último set em back off Rest pause 1x no ultimo set Drop 2x no ultimo set Drop 2x no ultimo set C – Quadríceps e glúteos Exercício Agachamento Agachame nto Int 120s Sets Reps 5 X Agachamento Agachamento hack Agachamento Agachame nto búlgaro Cadeira extensora Abdutora sentada Abdutora 45 45 120s 4 X 120s 5 X 30s 6 8 a 12 60s 5 12 a 15 60s 5 12 a 15 Obs Ultimo set em back off set Rest Pause 1x no ultimo set Ultimo set em back off set RODRIGO L . H. SILVA 138 D – Deltoides, peitoral e tríceps Exercício Desenvolvimento halteres Desenvolvimento barra Elevação lateral Int 120s Sets Reps 4 X 120s 4 X 90s 3 X Elevação lateral 90s maquina Elevação 0s unilateral cross 3 X 3 8 a 12 3 8 a 12 Triceps testa testa 90s Obs Cluster 4x6 no ultimo set Rest pause 1x no ultimo set Drop 2x no ultimo set E – Isquiotibiais e glúteos Exercício Lev terra sumo Elevação quadril Stiff Int 120s Sets Reps 5 X de 120s 4 X 120s 5 X Extensão no 120s banco 45 Cadeira flexora 60s Cadeira abdutora 60s 4 X 6 4 8 a 12 12 a 15 Obs Ultimo set em back off set Cluster 4x6 no ultimo set Ultimo set em back off set Rest pause 1x no ultimo set RODRIGO L . H. SILVA 139 Mesociclo 4 – 2 a 4 semanas. Deload. Volume: Peito 5, Costas 10, Glúteo máximo 21, Quads 12, Posterior 12 Deltoides 12, Bíceps 3, Tríceps 3 Semana Semana Semana Semana 1 2 3 4 8 a 12 8 a 12 8 a 12 8 a 12 A – Glúteo, quadríceps e posterior Exercício Elevação de quadril Lev terra sumo Agachamento Agachame nto búlgaro Abdutora sentada Side band walk Int Sets 120s 3 Reps X 120s 3 120s 3 X X 90s 3 12 a 15 90s 3 30 Obs B – Costas e bíceps Exercício Remada curvada supinada Serrote Remada cavalinho cross Crucifixo inverso Rosca martelo Int 120s Sets Reps 4 X 120s 120s 3 3 X X 90s 3 8 a 12 90s 3 8 a 12 Obs RODRIGO L . H. SILVA C – Quadríceps e glúteos Exercício Agachamento Agachame nto Agachamento Agachame nto hack Cadeira extensora Abdutora 45 45 Int 120s 120s Sets Reps 3 X 3 X 60s 3 8 a 12 60s 3 12 a 15 Obs E – Deltoides, peitoral e tríceps Exercício Supino reto barra Desenvolvimento Halteres Elevação lateral Elevação lateral maquina Triceps testa testa Int 120s 120s Sets Reps 3 X 3 X 90s 90s 3 3 X X 90s 3 8 a 12 Obs F – Isquiotibiais e glúteos Exercício Stiff Extensão banco 45º Cadeira flexora Cadeira abdutora Int 120s 120s Sets Reps 3 X 3 X 60s 60s 3 3 8 a 12 12 a 15 Obs 140 RODRIGO L . H. SILVA 141 Mensagem final Enfim chegamos ao fim de uma longa jornada. Esse ebook foi escrito através de muito tempo de estudo e revisão. Foram meses a fio até que ficasse pronto aonde coloquei todo o meu coração na criação desse material. A promessa foi de trazer a você um conteúdo inovador e prático que elevasse o seu conhecimento para outro nível, e que ao fim dessa leitura, você seria uma nova pessoa na academia. Espero que tenhamos atingido nosso objetivo e que você possa ser cada vez melhor nessa prática que tanto amamos. Forte abraço e fique com Deus! Por Rodrigo Silva RODRIGO L . H. SILVA 142 Referências Capítulo 1 van Wessel, T, de Haan, A, van der Laarse, WJ, and Jaspers, RT. The muscle fiber type-fiber size paradox: hypertrophy or oxidative metabolism? Eur. J. Appl. Physiol. 110: 665-694, 2010. Bjornsen, T, Wernbom, M, Kirketeig, A, Paulsen, G, Samnoy, L, Baekken, L, Cameron-Smith, D, Berntsen, S, and Raastad, T. Type 1 Muscle Fiber Hypertrophy Hypertrophy after Blood Flowrestricted Training Training in Powerlifters. Med. Sci. Sports Exerc. 51: 288-298, 2019. Jakobsgaard, JE, Christiansen, Jakobsgaard, Christiansen, M, Sieljacks, Sieljacks, P, Wang, J,J, Groennebaek, T, de Paoli, F, and Vissing, K. 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Does Performing Different Resistance Exercises for the Same Muscle Group Induce Non-homogeneous Hypertrophy? Int J Sports Med. Med. 2021 Wakahara T, Miyamoto N, Sugisaki N, et al. Association Association between regional differences in muscle activation in one session of resistance exercise and in muscle hypertrophy after resistance training. Eur J Appl Physiol. 2012; Escamilla RF, Fleisig GS, Zheng N, Barrentine SW, Wilk KE, Andrews Biomechan Biomechanics ics ofexercises. the kneeMed during chain andJR. open kinetic chain Sci closed Sports kinetic Exerc. 1998 Kubo K, Ikebukuro T, Yata H. Effects of squat training t raining with different depths on lower limb muscle volumes. Eur J Appl Physiol. 2019 Maeo, Sumiaki, et al. "Single‐joint eccentric knee extension training preferentially trains the rectus femoris within the quadriceps muscles." 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Single-Jointt Exercise Results in Higher Hypertrophy of Elbow Single-Join Flexors Than Multijoint Exercise. Journal of Strength Condition Research 2019 Brandão L, de Salles PV, Lasevicius T, Silva-Batista C, Brendon H, Schoenfeld BJ, et al. Varying the order of combinations of single- and multi-joint exercises differentially affects resistance training adaptations. Journal of Strength Condition Research. 2020 Schoenfeld BJ, Grgic J, Haun C, Itagaki T, Helms ER. Calculating set-volume for the limb muscles with the performance of multi-joint exercises: implications for resistance training prescription. Sports. 2019 RODRIGO L . H. SILVA 149 Hoeger, WW, Barette, SL, Hale, DF, and Hopkins, DR. Relationship between repetitions and selected percentages of one repetition maximum. Journal of Strength and Conditioning Research. 1987 Schoenfeld, BJ, Contreras, B, Willardson, JM, Fontana, F, and Tiryaki-Sonmez, Tiryaki-Son mez, G. 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