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Matéria - Sumários

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(2019/2020)
SUMÁRIOS AHC
17 / 09 / 2019
Introdução ao estudo da Antropologia e História do Corpo. Programa exposto esquematicamente
através do Quadro-Plano geral de cada semana de aulas com a exposição de extensa e respectiva
bibliografia. Metodologia a adoptar na leccionação. Parte de leccionação propriamente dita e
parte de preenchimento de uma ficha relativa à matéria acabada de ser exposta. Proposta de
Avaliação (1 Frequência no final do I Semestre). Datas consoante as turmas:
Segunda-feira: 09 de Dezembro (CD1)
Terça-feira: 10 de Dezembro (RPM2) + (CD5)
Quarta-feira: 11 de Dezembro (CD4)
FREQUÊNCIA DE ANTROPOLOGIA
Quinta-feira: 12 de Dezembro (CD6) + (CD7) + CD2)
Sexta-feira: 13 de Dezembro (RPM1) + (CD3)
REGRAS: há 5 minutos de tolerância para entrada ao início da aula. Nas aulas não é permitida a
utilização de telemóveis, computadores ou tablets. Nas aulas é permitida a ingestão de água. No
entanto, não é permitida a ingestão de alimentos sólidos nem líquidos tais como café, sumos em
pacote, etc.
CONTACTO COM A PROFESSORA:
email: mhasseåtfmh.ulisboa.pt
telemóvel: 919 888 499
Horário de Atendimento: Gabinete 3 / Edifício Lord / Quinta-feira: das 14:00 às 14:30 Sexta-feira:
11:00 às 12:30
19 / 09 / 2019
20 /09 / 2019
***
23 / 09 / 2019
24 / 09 / 2019
REUNIÃO GERAL - CONSELHO PEDAGÓGICO
25 /09 / 2019
O que é a Antropologia? O que é a História? O que é o corpo?
‘O que é o homem’?
Anthropos+Logos constitui o homem (anthropos) + conhecimento, estudo (logos). A antropologia
é a ciência que estuda o homem na perspectiva da humanidade, na perspectiva da totalidade. O
que distingue o Homo Sapiens dos outros animais; sua evolução e transformações físicas e
nervosas, mas também psíquicas e sociais. Não se trata de estudar o homem numa única
perspectiva (por exemplo, biológica) mas de abarcar o seu estudo a partir de uma perspectiva
integradora onde se verifica a sobreposição e interligação profunda do bio+psico+social. As
múltiplas áreas dentro da antropologia indicam a importância desta área do conhecimento e na
sua aplicação. Trata-se de reunir estudos que melhor permitam conhecer as diversas realidades
socio-culturais para nelas ser possível realizar intervenções – de caris político, administrativo,
educativo e, também, ao nível das transformações urbanas locais a introduzir de forma a atenuar
o mais possível os impactos negativos. Nas escolas a diversos níveis, por exemplo também, nos
munícipios, no turismo, nos grupos de minorias éticnicas, empresas com elevado número de
funcionários onde se cruzam várias origens sócio-culturais ou outros, como clubes desportivos, de
futebol, basquetebol ou outros, a antropologia tem dado um valioso contributo para o
desenvolvimento positivo das sociedades.
É por esta razão que o maior desenvolvimento da antropologia se encontra nos Estados Unidos e
no Brasil dada a enorme diversidade de culturas que se encontram nestes dois países em
particular.
A história é o estudo do homem no tempo. Todos nós temos uma história. Carregamos connosco
uma história individual, que por sua vez se cruza com uma história colectiva e também biológica.
O homem necessita de pensar o tempo para melhor se organizar a si próprio e organizar em
simultâneo, as suas relações com os outros homens dos quais está em permanente dependência
directa ou indirecta.
Histor significa aquele que vê, que presencia, que testemunha. Como tal, aquele que testemunhou
alguma coisa encontra-se em condições de transmitir factos, acontecimentos, registos ‘de algo
que se passou’, por exemplo, guerras, epidemias, descobertas, ou simplesmente factos, rotinas do
quotidiano, práticas e condutas regulares, introdução de inovações ou a mera regularidade da vida
tais como um campeonato desportivo, a sucessão de factos e a sua problematização.
O corpo é aquilo que representa um todo. No caso do nosso corpo, na perspectiva da cultura, o
corpo representa aquilo que somos e sentimos, ele é parte integrante do ser social. Sem poder
escapar à sua dimensão física, biológica, parte da natureza, o corpo representa o domínio
simbólico na sua expressão mais profunda.
A. Permanece a questão de fundo da antropologia e da própria filosofia sem a qual nenhuma
forma de conhecimento poderá fazer sentido na vida colectiva: ‘o que é o homem?’. Para
responder a esta questão talvez a análise de uma caso ocorrido há alguns anos no decurso
da II Guerra Mundial nos ajude a perceber um pouco aquilo que é a preocupação central
da antropologia e das ciências sociais e humanas de uma maneira geral. Trata-se do
julgamento de Adolf Eichmann, alemão, nazi, e um dos responsáveis pela morte nos
campos de concentração de milhares de prisioneiros. Este julgamento foi adaptado ao
cinema. O filme ‘A Banalidade do Mal’ analisa este julgamento e os factos que se
desenrolaram à sua volta no decurso do acompanhamento que é feito deste caso pela
filósofa alemã judia Hannah Arendt contratada pelo jornal New Yorker. Dadas as suas
características: mulher, filósofa, alemã, judia, o que Hannah Arendt reporta não é aquilo
que era esperado e o escândalo rebenta perante a sua análise. O que esta intelectual via
não era um monstro tenebroso que personificaria toda a maldade do mundo mas, antes,
um homem comum, banal, um burocrata, um pensamento técnico, empobrecido de ética,
orientada apenas para o cumprimento de ordens. Este tipo de pensamento revela-se nas
nossas sociedades como algo extremamente prático, substitui a reflexão, a escolha. Travase, portanto, de um homem vulgar. Um homem como qualquer outro que, sujeito à
mesma situação, uma situação propícia ao exercício técnico de algo, permitiria a
emergência do que de pior existe em cada um de nós. A banalidade da violência sugere a
banalidade do sofrimento, e enquanto se canaliza a possibilidade de odiar plenamente um
único indivíduo como o culpado do terror nazi, é como se existisse um alívio nessa
legitimidade do ódio áquele homem – o que supõe o risco de fugirmos daquilo que, na
verdade, havia criado as condições que permitissem o que veio a ocorrer. O que Hannah
Arendt se esforça por fazer compreender é que não é um único indivíduo que deve ser
julgado pelo extermínio de milhões, mas antes as condições de possibilidade que
generalizam a ‘licença’ para a banalização do sofrimento. Prefere-se odiar um só e ficar
com a consciência tranquila (ele é o criminoso, nada mais nos implica a este homem que
não seja o nosso ódio personificado) em vez de se pensar no que permitiu que essa forma
de agir se tenha generalizado a uma vasta parte da sociedade alemã nazi, como a qualquer
outra, em qualquer outra época – como, por exemplo, no presente.
B. Robert Antelme foi um dos sobreviventes dos campos de concentração alemães. No final
da guerra, de regresso a casa, tem o desejo frenético de contar aquilo que havia vivido, o
imenso sofrimento a que fora, ele e muitos outros, sujeito. À sua volta dizem-lhe que tal
não é necessário pois o seu corpo, a sua aparência, são suficientemente eloquentes para
que se perceba as condições a que havia sido sujeito. Mas ao regressar a casa ‘dizer’ era a
única possibilidade de partilhar aquilo que havia sido vivido como uma experiência
extrema do mal e do sofrimento, a necessidade de falar, de a transmitir era maior, a
necessidade de ser ouvido impunha-se. E, logo de início, assim que se procurava falar
sobre o que havia acontecido nos campos, Robert Antelme, como muitos outros,
confrontava-se com a impossibilidade de dizer, a incapacidade de verbalizar o que
conhecera. Existia um vácuo entre a memória e a transmissão verbal do que fora vivido e
que se continuava a viver dentro de si, na mente, na memória.
C. No seu livro A Espécie Humana, escrito entre 1946-47, Robert Antelme procurou transmitir
aquilo que vivera. De forma surpreendente, descreveu um encontro com outro prisioneiro,
um jovem de 18 anos, que permaneceu sempre na escuridão e não poderia reconhecer no
dia seguinte quando a luz do dia iluminasse os prisioneiros, que à volta de umas passas
num ‘unico cigarro, verdadeiro luxo em especial nos Blocos – termina num aperto de mão
e as palavras ‘somos livres’, ‘sim’.
O que significa esta possibilidade de se sentirem livres no encarceramento abjecto a que estavam
submetidos, sem saber porquê, gente de esquerda, homossexuais, deficientes, ciganos,
sindicalistas, activistas, uns e outros de qualquer nacionalidade? A escolha. No limite em que
viviam, podiam ter-se comportado como animais, traído por um naco de comida, rastejado diante
dos guardas para obterem um benefício mínimo que lhes permitisse sobreviver mais uns dias,
umas horas. Em vez disso, no limite, toda a energia de que dispunham concentrava-se numa única
vontade: a de permanecerem dignos, a de preservarem a sua condição de homens, a de viverem
dentro das exigências de uma verdadeira humanidade e não segundo comportamentos baixos, de
animais. Ora a dignidade humana é aquilo que distingue homens e bichos, é aquilo a que todos os
homens, qualquer homem seja de que cultura ou origem for, luta para preservar. Uma inquietação
que a antropologia reconhece entre toda e qualquer cultura ou sociedade que tenha sido
estudada, que esteja a ser estudada em qualquer parte do mundo. Robert Antelme escreveria
ainda um outro livro Vingança? No qual exorta à necessidade de salvaguardar a todos os seres
humanos o seu direito à dignidade. Mesmo aos torturadores, aos carrascos da II Guerra Mundial.
Tanto A Espécie Humana quanto Vingança?, de Robert Antelme encontram-se traduzidos
em português.
Referências electrónicas:
Ladislav Dowbor (Professor)
www.justificando.com/2015/10/05a-atualidade-brutal-de-hannah-arendt/
Filmografia:
A Banalidade do Mal. Hannah Arendt (Legendado) baseado na obra Eichmann em
Jerusalém.
https://www.youtube.com/watch?v=06jufTlnFbU
Prática: entrega de Ficha com perguntas objectivas sobre a matéria transmitida na aula para
preenchimento individual
26 /09 / 2019 (Remete-se para o Sumário da aula de dia 25/09/2019)
27 /09 / 2019 (Remete-se para o Sumário da aula de dia 25/09/2019)
***
30 / 09 / 2019 (Remete-se para o Sumário da aula de dia 25/09/2019)
01 / 10 / 2019 (Remete-se para o Sumário da aula de dia 25/09/2019)
02 / 10 / 2019
Quais as origens da antropologia enquanto conhecimento cientificamente construído?
Quais os antecedentes desta área do conhecimento?
Quais foram os seus fundadores? Quais as suas preocupações e interesses?
Quais as teorias (ou correntes teóricas) e as escolas (mestres, discípulos, instituições académicas)?
Quais os métodos desenvolvidos?
Qual a sua relação e importância para a Antropologia e História do Corpo e, em particular, para as
áreas de estudo das Ciências do Desporto e da Reabilitação Psicomotora?
Antecedentes – O interesse dos homens por outros homens de outras regiões foi registado desde
os antigos gregos e outros. Nesses textos (Aristóteles, Heródoto) a partir dos contactos
interculturais – através da guerra, trocas comerciais, migração, tratados e interesses políticos,
entre outros – eram apontados outros modos de vida, outros costumes, organização social,
aspecto físico, vestuário, técnicas, falas, características particulares e gerais de diferentes pontos
do mundo mediterrâneo ou de mais além. Coube a Ibn Khaldun (1332-1406) que desenvolveu uma
das primeiras teorias sociais não religiosas. ‘As Viagens’ de Marco Polo (1254-1323), e de Fernão
Mendes Pinto ‘A Peregrinação’ representavam esse tipo de textos, nesse caso em grande parte
sobre a Ásia, onde as maneiras de ser distantes e distintas eram descritas com maior ou menor
veracidade. Nos séculos quinze e dezasseis, as descobertas marítimas abrem o campo dos
possíveis e os europeus confrontam-se com outros povos considerados ‘selvagens’ que não só
habitavam regiões totalmente afastadas da Europa como desconheciam todos os avanços
políticos, sociais, técnicos e científicos que eram conhecidos neste continente. Na verdade, o índio
atingiu o amâgo da ideia europeia do que significava ser um ser humano. Algo havia sido posto em
causa e os alicerces do pensamento em que assentava a sociedade europeia começavam a ser
questionados. Em qualquer um destes três casos, existe em comum um interesse profundo por
outros homens, culturas e sociedades, nomeadamente sobre as suas formas de organização,
sistemas familiares, formas incipientes de direito, processos de educação, sistemas religiosos ou
práticas pagãs, técnicas e saberes sobre os quais assentavam as formas de vida encontradas.
Na Europa, no século dezasseis Michel de Montaigne considerou povos remotos (Os Canibais), a
influência do meio social e natural no homem e levantou uma série de questões sobre a natureza
humana. Por volta do século dezoito, começa a desenvolver-se uma certa nostalgia baseada na
simplicidade da vida dos ‘selvagens’, aparentemente não corrompidos pela sociedade onde os
vícios de carácter moral e físico eram correntes e se desenvolviam. Perante esta situação, sugeriase que ‘o homem nasce puro a sociedade é que o corrompe’ (Jean-Jacques Rousseau, 1712-1778).
A teoria do ‘bom selvagem’, retomada por este filósofo do pensamento de Montaigne, inspirou
vários outros pensadores os quais, confrontados com as características das sociedades em que
viviam, onde o luxo e a lúxuria se confundiam, vícios diversos e a ausência de virtudes
proliferavam, procuravam na vida rural e nos hábitos dos camponeses os traços de vidas mais
robustas e genuínas, o interesse pela ligação à terra oposto aos desvios da vida no meio urbano.
Por um lado, a descrição de viagens, por outro uma filosofia social. No centro, a ideia que a
desigualdade social era a origem de todos os problemas sociais. Com o seu trabalho O Contrato
Social (1762) e O Discurso sobre a Desigualdade dos Homens (1753), Rousseau inspirou até hoje
vários cientistas sociais posteriores.
O conceito de Volk desenvolvido por Herder foi retomado por outros autores, tais como Fichte e
Schelling, Kant, Hegel, e pensam-se os fundamentos epistemológicos da teoria social moderna.
Todo este movimento do pensamento, foi cruzado com as guerras napoleónicas, a revolução
industrial e as transformações profundas não só na agricultura mas na manufactura, na cidade e
nos movimentos do campo para a cidade, as migrações de milhões. Enquanto o tecido social
passava de predominantemente estático a predominantemente dinâmico, Charles Darwin (18091882) publicou em 1859 a sua obra sobre A Origem das Espécies baseada em dados
sistematicamente recolhidos numa viagem por mar à volta da terra no navio Beagle, contribuindo
deste modo para acentuar a efervescência científica e intelectual do tempo, o fervilhar histórico,
cultural e intelectual no seio da qual os estudos da antropologia se desenvolveram.
Fundadores – Foram vários aqueles que são considerados os fundadores da antropologia.
Provenientes de várias áreas científicas, de diferentes pontos da Europa e também do continente
americano, dedicaram-se ao estudo do homem em diferentes pontos do globo conduzidos pelo
interesse em conhecerem outros povos, diferentes modos de vida, formas de organização social
mais simples que pudessem ajudar a compreender as formas de vida de sociedades consideradas
primitivas, ou seja, sociedades com formas de organização social mais simples as quais
eventualmente permitiriam compreender as formas de organização social anteriores ao modo que
se procurava desenvolver nos finais do século XIX, em particular nos diversos países europeus, e
dessa maneira poder conhecer as diferentes etapas pelas quais teriam passado as sociedades a
que pertenciam os próprios fundadores da antropologia antes destas sociedades terem chegado
ao presente.
Entre os vários fundadores destacam-se alguns dos mais conhecidos (Ver Quadro Fundadores da
Antropologia) e que, de uma forma ou de outra contribuíram para erigirem os fundamentos
teóricos de uma nova área científica, de uma nova disciplina académica, de um extenso conjunto
de dados e informações inovadoras para a compreensão do homem e da diversidade humana.
Franz Boas, alemão que estuda nos Estados Unidos populações de índios estudos estes que
beneficiaram do facto de Boas viver no mesmo continente das populações estudadas e entre as
quais realiza um levantamento alargado e exaustivo e desenvolve a teoria do relativismo cultural.
O relativismo cultural defende para o campo da antropologia o entendimento de que todas as
sociedades devem ser entendidas como iguais em valor e não como sendo inferiores ou superiores
umas às outras. Existe um valor relativo a cada uma das sociedades estudadas não podendo ser
tomadas como mais ou menos do que outras pelo facto de cada uma ter tido um desenvolvimento
específico. Também Branislow Malinovski, de origem polaca, após ter desenvolvido estudos de
antropologia na London School of Economics deslocou-se à Nova Guiné onde estudou os costumes
dos habitantes de uma ilha remota, a ilha de Trobriand, onde desenvolve a teoria do
funcionalismo a partir da qual a sociedade deveria ser entendida a partir das necessidades que
originavam diferentes funções em torno das quais se organizava a vida social. Mais importante do
que a teoria funcionalista foi o desenvolvimento de um método que se tornaria o método
primordial da antropologia e que correspondia ao estudo directo das populações a partir da
observação participante. O método da observação participante permite ao investigador mergulhar
nas sociedades a estudar, permanecer um período mergulhado na vida colectiva e, nessas
circunstâncias, poder observar, reunir dados, relacionar informações diversas e compreender –
tanto quanto possível como se a esta pertencesse – os elementos fundamentais a partir dos quais
toda a sociedade se organizava. Modos de vida, estatutos e relações entre indivíduos, família e
instituições, ritos e actividades, magia e economia nada passaria despercebido do investigador
que inserido no seio das populações observava e questionava sobre os aspectos que mais o
intrigavam.
FUNDADORES ANTROPOLOGIA CULTURAL E SOCIAL
Nome
Origem
Formação
Inicial
Teoria
Síntese
Universidad On
progress
e
Franz Boas
(1858-1942)
Alemão
Judeu
Física
Matemática
Geografia
Particularismo
Histórico
Relativismo
cultural
Professor de
Antropologia,
Universidade de
Colúmbia, NY.
1899-1942
Edward
Burnett
Tylor
(1832-1917)
Inglês
Todas as
culturas são
iguais (em
valor) e
diferentes
(entre si).
Para as
estudar era
necessário
utilizar um
conjunto
complexo de
técnicas
para
compreende
r como é
que um
grupo dado
se desenvolvera.
A ideia
básica era
que a
sociedade e
a cultura
haviam
Evolucionismo
On
progr
ess
James
George
Frazer
(1854-1941)
Inglês
Lewis Henri
Morgan
(1818-1881)
John
Ferguson
McLennan
(1827-1881)
AL
Kroeber
(1876-1960)
Americano
Advogado
Escocês
Advogado
R. Lowie
(1883-1957)
H. Maine
(1822-1888)
A. R.
Radcliffe –
Brown
(1884-1955)
Americano
Bronislaw
Malinowski
(1884-1942)
Polaco
W.H.R.
Rivers
Evolucionismo
Americano
Inglês
1º Professor
de Antropologia na
Universidade de
Liverpool,
1908.
Evolucionismo
biológico e
social
Evolucionismo
social
Particularismo
Histórico e
Cultural
Escocês
Inglês
desenvolvid
o-se numa
série de
estádios
previsíveis.
Aluno de
Tylor
Leccionou
durante 45
anos na
Universidade
de Berkeley,
CA.
Evolucionismo
Iniciou
estudos de
Medicina em
Oxford mas
mudou-se
para
Cambridge
para estudar
Antropologia
Doutorado em
Física e
Filosofia.
Matemática e
Ciências
Naturais
Psicólogo
Funcionalismo
Estrutural
Funcionalismo
Difusionismo
Todas as
sociedades
tinham de
resolver os
mesmos
problemas
básicos, tais
como
satisfazer as
necessidade
s físicas e
psicológicas.
Cada
costume
servia uma
finalidade.
Observação
participante,
um novo
padrão para a
pesquisa
etnográfica.
Estudou na
London
School of
Economics
(LSE).
1910.
Abordagem
sincrónica.
Universida
de de
(1864-1922)
Cambridge
.
Adolf
Bastian
(1826-1905)
Alemão
Médico
Etnógrafo
Difusionismo
Marcel
Mauss
(1872-1950)
Francês
Judeu
Formado em
Estudos
Clássicos e
Filologia
Comparada,
com vasto
conhecimento
da história
cultural
mundial e da
etnografia
contemporân
ea era vasto.
Antropologia
simbólica
Nicolai
Nicolaievich
MiklukhoMaklai
(1846-1888)
Nicolai
Nicolaievich
MiklukhoMaklai
(1846-1888)
Vladimir
Germanovic
h Bogoraz
(1865-1936)
Lev
Yacovlevich
Shterberg
(1861-1927)
Z.Consiglieri
Pedroso
(1851-1910)
J.Leite de
Vasconcelos
(1858-1941)
Russo
Difusionismo
Russo
Difusionismo
Russo
Difusionismo
Russo
Difusionismo
Português
Evolucionismo
Português
Criações
culturais
migram,
possuem
várias
origens e
histórias.
Totalidade.
Antropologi
a Simbólica.
Estabelece
três níveis
de
elaboração
do estudo
antropológic
o:
etnografia,
(o trabalho
de campo),
etnologia,
organização
e
interpretaçã
o dos dados,
antropologia
, construção
teórica e
explicação.
Arqueologia
e Etnografia
O estudo da
cultura como
uma
totalidade.
Professor
de Religião
Primitva
na École
Pratique
des Hautes
Études em
Paris,
desde
1902.
.
F. Adolfo
Coelho
(1847-1919)
Português
Evolucionismo
Sumário still on progress
https://www.youtube.com/watch?v=J5aglbgTEig
https://www.youtube.com/watch?v=vcRqWbhwSq4
https://www.youtube.com/watch?v=pSLBz7O7kNk
03 / 10 / 2019 (Remete-se para o Sumário da Aula de dia 2/10/2019)
04 / 10 / 2019 (Remete-se para o Sumário da Aula de dia 2/10/2019)
07 / 10 / 2019 (Remete-se para o Sumário da Aula de dia 2/10/2019)
08 / 10 / 2019
A Representação.
A capacidade que os homens desenvolveram de re-presentar, isto é, de voltar a apresentar algo
que se encontra ausente: uma imagem, uma ideia, uma memória, um objecto. Associada à representação está todo o processo de simbolização, processo esse que o homem desenvolve no
decorrer da hominização. Ao longo de milhares de anos as transformações sofridas pelos
antepassados do homem – desde o lento abandono da posição quadrúpede para a passagem à
posição bípede, a libertação das mãos e a possibilidade de subir às árvores, de aí se movimentar e
de se alimentar de frutos e de bagas, a posição do polegar oponente ao indicador e aos outros
dedos da mão, a transformação da dentição entre caninos, incisivos e molares, o desenvolvimento
da visão periférica e da visão em profundidade ao poder olhar o horizonte, a diminuição do crâneo
e o aumento da complexidade das sinapses, da transformação da vida social, da sofisticação da
organização da vida do grupo, da vida social, e das crescentes possibilidades de sobrevivência
colectiva contribuíram para o desenvolvimento no sentido da representação, de tornar presente
algo que se encontrava ausente. Ao contrário de outros animais, ao retirarem os olhos do chão os
antecedentes do homem conquistaram o espaço distante e a possibilidade de desenvolvimento da
memória que guardava a imagem de algo que o olhar registava e a memória guardava, por
exemplo, caça, arbustos, perigos, refúgios.
Estas transformações conjugadas permitiram a representação que designamos por simbolização,
ou seja, a capacidade de criar o símbolo – algo que só o homem elabora a nível mental e que está
inacessível aos outros animais.
O símbolo, expressão da capacidade de representação, é uma metade presente associada a outra
metade ausente: uma aliança, uma bandeira nacional, uma cruz, um hino nacional, uma qualquer
imagem ou objecto que remeta para uma outra parte que a completa e que está ausente,
presente apenas no domínio do universo oculto, submerso da memória, do onírico, do sentido
emocional.
No universo dos sinais (um sinal é sempre uma informação, um estímulo se quisermos) em que o
homem vive quer no meio natural, quer no meio social, o sinal dá uma ordem, não há hesitação,
falta de clareza, é peremptório – por exemplo, os sinais de trânsito. Em qualquer dos casos, não
poderá haver dúvidas e a ordem é compreensivel em todo o mundo até porque está padronizada a
nível mundial. O sinal de stop é para parar ‘até mesmo no deserto’! Outros sinais dão outras
indicações precisas quanto ao comportamento a adoptar: sentido proibido, sentido obrigatório,
estacionamento ou paragem proibida, cruzamento, perigo, proibida ultrapassagem, lomba, etc.
Também os sinais desenvolvidos pelos escuteiros são compreensíveis em todo o mundo onde
exista o movimento de escutas que marca os caminhos pela natureza fora a indicar as vias certas
para determinado lugar e as vias que não devem ser seguidas pois não correspondem à direcção
estabelecida previamente às marchas, aos acampamentos, aos encontros e reuniões de diferentes
agrupamentos de escuteiros.
Designa-se por signo um outro sinal de carácter mais complexo. Neste caso, o signo é também um
sinal mas não se limita a dar uma ordem como os sinais mais simples (faz isto, não faças aquilo, vai
por aqui, não vás por ali) mas classifica, implica uma opção, ordena as várias classes ou grupos, ou
objectos, ou sinais de identificação de actividades, direcções, profissões. Por exemplo, a marca
Lacoste está associada ao ténis, enquanto a Adidas ou a Nike estão associadas ao atletismo, à
velocidade, aos desportos colectivos, a Speedo à natação, a Hansen à vela, etc. Cada uma destas
marcas corresponde a um signo, tal como a marca Coca-Cola, que se ordena com este nome entre
a Pepsi, a Fanta, a Sumol, a Canada Dry! No universo de todas estas marcas todas são signos,
haverá que considerar também as fardas e os uniformes, as fardas de voluntários, de auxiliares, de
enfermeiros, de médicos, no universo da saúde, dos hospitais, bem como os uniformes do
exército, dos comandos, da marinha, dos fuzileiros, da aviação, dos páraquedistas, os uniformes
da polícia, os GOEs (Grupo das Operações Especiais), da GNR, dos bombeiros, todos eles signos
que ordenam as actividades e funções de grupos cujas funções sociais são fundamentais à vida
colectiva e se distinguem com facilidade. Os códigos postais, os endereços, os indicadores de
andares com as respectivas campaínhas, os emblemas dos clubes, o zodíaco, um complexo mundo
de signos em que o mundo ocidental em geral vive mergulhado.
Para além dos signos, e possuindo um grau de complexidade superior aos outros sinais, o símbolo
corresponde ao mundo da representação na totalidade, é a metade que evoca a outra metade
submersa. Um símbolo é a superfície de um lago, visível, onde se apercebem pequenas
movimentações circulares provocadas pela queda de uma folha, o movimento de um insecto, a
ligeira ondulação provocada por um pássaro em voo rasante para apanhar insectos. O símbolo é
toda essa superfície de aparência tranquila e também a parte submersa da qual se apercebe muito
pouco ao primeiro contacto, ao primeiro olhar. E, no entanto, o que se vê faz parte do que se
esconde do olhar, do que permanece imerso e participa da realidade visível, concreta, do lago. A
superfície do lago não existe sem a parte submersa, profunda, meio onde se confundem correntes
de origens confusas, lastros de plantas e de raízes, uma infinidade de imagens que remetem para
os confins da memória individual e colectiva, o objectivo e o subjectivo, a real e o onírico, o
consciente e o inconsciente, o mundo denso dos símbolos.
Sinais, signos e símbolos são todos sinais. Porém, cabe aos símbolos ligar todos os níveis da vida
humana e social, eles são a matéria que liga os níveis do mais vísivel para o mais oculto, o menos
consciente.
09 / 10 / 2019 (Remete para a aula de 8 de Outubro)
10 / 10 / 2019 (Remete para a aula de 8 de Outubro)
11 / 10 / 2019 (Remete para a aula de 8 de Outubro)
14 / 10 / 2019 (Remete para a aula de 8 de Outubro)
15 / 10 / 2019 (Remete para a aula de 8 de Outubro)
16 / 10 / 2019 (Remete para a aula de 8 de Outubro)
17 / 10 / 2019 (Remete para a aula de 8 de Outubro)
18 / 10 / 2019 (Remete para a aula de 8 de Outubro)
21 / 10 / 2019 (Remete para a aula de 8 de Outubro)
22 / 10 / 2019 (Remete para a aula de 8 de Outubro)
23 / 10 / 2019
As Técnicas do Corpo.
O estudo das técnicas do corpo é integrado no âmbito dos estudos da antropologia por Marcel
Mauss (1872-1950), sociólogo e antropólogo francês e um dos fundadores da antropologia. Atento
a tudo o que o rodeava, as grandes mudanças no mundo transformado pela industrialização e, em
particular, aos modos de agir dos indivíduos em sociedade, Mauss regista ao longo dos anos um
conjunto de maneiras de fazer que despertam o seu interesse. Este autor, mergulhado na
sociedade europeia que passava do século dezanove aos inícios do século vinte numa atmosfera
de domínio das máquinas de grandes dimensões (máquina a vapor, vias férreas e locomotivas,
automóvel, bicicleta, telégrafo, telefonia, fotografia, cinematografia, etc.), anotava as diferentes
maneiras de andar, correr, marchar, cavar, nadar, sentar, colocação das mãos, todo um conjunto
de acções que levantavam a questão de saber se nessas diferentes formas de actuar existiria
intervenção da natureza ou se, como decerto admitiria, seria o resultado de uma intervenção da
cultura – aquilo que os ingleses questionam sobre a intervenção da nature or nurture? O tema
não despertara qualquer interesse até ali, mas a multiplicidade das maneiras de fazer afirmava-se
na sua evidência, diversidade e complexidade pelo que Mauss reuniu sistematicamente factos,
confrontou outros autores interessados nas possibilidades que se abriam na área do
conhecimento da cultura, aprofundou hipóteses e confrontou-se com a sua própria cultura. A
existência de uma técnica supunha ou não a presença de um instrumento, de um utensílio que
permitisse executar uma acção? O que significava a palavra técnica? Como poderia a técnica
permitir um aprofundamento do conhecimento do homem? Como poderia compreender-se o
corpo enquanto um elemento fundamental da cultura?
Estas questões faziam parte do seu ensino num curso de Etnologia descritiva e já haviam sido
parte da sua experiência lectiva do seu ensino no Institut d’Ethnologie da Université de Paris.
Parte de um conjunto de questões ainda mal conhecidas e sobre as quais não existiam quaisquer
estudos Mauss verificara as diferenças que existiam entre as maneiras de nadar dos polinésios e
as maneiras de nadar dos franceses, o facto das novas gerações nadarem de maneira diferente das
maneiras de nadar dos seus antecedentes, ‘mas que fenómenos sociais seriam esses?’.
Técnica é uma palavra de origem grega – têchné – que significa arte e técnica propriamente dita.
No domínio da arte integrava-se a dança, o canto. No domínio da técnica propriamente dita
integravam-se todas as maneiras de fazer através das quais o homem procurava transformar a
natureza segundo as suas próprias necessidades. Nessa perspectiva, se a técnica supunha um
instrumento, o corpo (natureza) seria o primeiro instrumento (cultura) do homem (totalidade). Se
de início Marcel Mauss considerava a técnica como ‘as maneiras como os homens, de sociedade
para sociedade, e de forma tradicional, sabem servir-se do seu corpo.’ A sua definição clarifica-se
ao afirmar que ‘técnica é um acto tradicional e eficaz’. Acto – tradicional – eficaz. A acção, a
tradição, a eficácia não meramente mecânica mas antes simbólica. A transmissão das técnicas. A
imitação prestigiosa. A técnica e a socialização.
Um habitus, não exactamente um ‘hábito’, uma ‘faculdade’, uma ‘aquisição’. Esses habitus não
variam somente de indivíduo para indivíduos nem segundo a sua memória mas antes de acordo
com as sociedades, as educações, as conveniências, as modas, os prestígios. São ‘técnicas e obras
da razão prática colectiva e individual’. A técnica é um facto social total a partir do qual é possível
estudar o homem na sua totalidade, o facto bio-psico-social, simultaneamente físico e mecânico,
psico-fisiológico e social. Mauss propõe a classificação das técnicas segundo o sexo e a idade, em
relação ao rendimento e a transmissão da forma das técnicas e, ainda, as técnicas segundo a
perspectiva biográfica.
Mauss, Marcel (1989) – Sociologie et anthropologie. Paris. Pp.363-386.
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Marques Pereira, Alberto - Manual de Ginástica.
24 / 10 / 2019 (Remete para a aula de 23/10/2019)
25 / 10 / 2019 (Remete para a aula de 23/10/2019)
28 / 10 / 2019 (Remete para a aula de 23/10/2019)
29 / 10 / 2019 (Remete para a aula de 23/10/2019)
30 / 10 / 2019 (Remete para a aula de 23/10/2019)
31 / 10 / 2019 (Remete para a aula de 23/10/2019)
01/ 11 / 2019 FERIADO
04 / 11 / 2019
A Construção do Corpo do Outro.
A Carta de Pero Vaz de Caminha e a descoberta do Brasil pelos portugueses.
O problema da alteridade.
No quadro da disciplina de Antropologia e História do Corpo o interesse deste estudo reside no
facto do encontro entre culturas ter sido uma descoberta tanto dos outros quanto de si próprio.
Este princípio aplica-se tanto aos estudantes de ciências do desporto quanto aos de reabilitação
psicomotora. Tanto num caso como no outro não deixa de haver um encontro que propícia o
conhecimento do outro (adversário, deficiente, marginal, mulher, indú) e a possibilidade de nos
revelar aspectos em nós que ignorávamos.
A Carta constitui um estudo de caso onde o corpo representa não só a cultura índigena em si,
segundo o olhar português, e a revelação do que o português e o europeu aprenderam a conhecer
sobre si nessa confrontação com uma outra cultura num mundo novo que descobre o antigo.
A chegada ao litoral atlântico da terra de Vera Cruz a 24 de Abril de 1500 é descrita pelo cronista
Pero Vaz de Caminha que, em carta dirigida ao Rei de Portugal D. Manuel I, apresenta ao monarca
as características da nova gente e das novas terras. No contacto estabelecido desde as naus é a
indicação dos corpos de cor parda que se destaca. A cor era indicada pela sua originalidade, uma
tonalidade desconhecida até aí pelos europeus, distinta da cor da pele dominante no oriente, nos
diferentes pontos de África. Por outro lado, a cor decorava os próprios corpos que se
apresentavam pintados segundo cores e formas distintas entre cada um dos habitantes do lugar os
quais utilizavam ainda penas e contas coloridas para a sua própria decoração. E se, de início, a cor
se destacava, a beleza dos rostos, o cuidado dos cabelos, textura e forma do seu corte, a limpeza,
a ausência de qualquer pilosidade a acentuar a nudez era a harmonia dos corpos e a inocência dos
gestos que se impunha ao olhar dos portugueses.
A valorização da visão em relação ao ouvido, sentido até aí dominante, revela a importância que o
sentido da visão foi adquirindo na sociedade ocidental. Ao mesmo tempo, diante das maneiras
graciosas e desprovidas de maldade os homens que desembarcaram na praia e se depararam
frente a frente com os índios tupiniquins são seduzidos pela beleza em que se achavam
mergulhados. A atracção que desencadeavam não impedia a consideração de se terem deparado
os portugueses com povos num estado de desenvolvimento marcado pela simplicidade de
costumes, de habitação, de processos de defesa. Além do mais, os portugueses do tempo
evidenciavam a incapacidade de compreenderem as particularidades antropológicas, o relativismo
cultural, e os índios foram considerados como alguma coisa entre os homens e os animais pelo
facto – não da sua nudez, nem dos seus costumes rudimentares, mas pelo facto de não lhes ser
reconhecido o conhecimento de Deus. Sem alma, isto é, sem Deus, a cristianização tornava-se a
única maneira aceitável de os conduzir ao que era conhecido, comum aos portugueses e europeus
de um modo geral. Eram, afinal, seres mais próximos da natureza, dominados pela natureza com a
qual viviam em perfeito equílibrio.
O encontro com os índios do Brasil confrontou os portugueses, assim como os homens de toda a
Europa, com os seus próprios hábitos, as suas maneiras – próprias da vida urbana, a vida na cidade
e remete para a civitas romana antiga, as maneiras adoptadas na cidade, dos homens que viviam
na proximidade entre si e que, como regras de vida em comum, haviam desenvolvido formas de
viver e de organização distinta. Essas maneiras eram civis, próprias daqueles que as usavam,
faziam parte da civilidade realidade cujo valor viria a ser acentuado por Didier Erasmo de
Roterdão, precisamente 30 anos após a descoberta do Brasil, na obra A Civilidade Pueril (1530)
tratado de educação dedicado a Henri de Bourgogne, filho de Adolphe, príncipe de Veere, e onde
se regista de forma impressa, e acessível a quantos sabiam ler, os códigos de comportamento que
regiam a vida entre a nobreza. O branco confundia-se com a identidade do ‘civilizado’ sendo a
epiderme, a cor da pele, o indicador inicial da posição relativa entre ‘uns’ e ‘os outros’.
Este confronto entre os europeus (cultura) e os índios (natureza) marcava a separação entre os
civis e os ‘selvagens’ na ausência de modos e de costumes equivalentes. Sendo os índios
desprovidos de alma, segundo a representação dos índios pelos portugueses, cristianizar era a
maneira aceite de os tornar mais semelhantes, além disso tornava-os parte da Igreja, de um
mundo organizado em torno de princípios estabelecidos segundo a defesa do bem.
É desse encontro que os europeus adquirem a consciência da sua própria maneira de viver, uma
maneira de ser civil que implicava a necessidade de tornar ‘civis’ aqueles que desconheciam – e
prescindiam – das suas formas de estar. Para o europeu, tornar civil significava civilizar, verbo que
se tornaria em civilização palavra que passaria a designar o processo de civilizar e apenas aparecia
no século XVIII na Europa. Contudo, diante da inocência descoberta nos modos de viver dos índios,
a total ausência de vergonha, que estava longe de ser conotada com os excessos de uma
sexualidade excessiva como acontecia na sociedade da nobreza, não deixava de tornar evidente a
contradição entre o bem, a ausência de maldade dos índios e o mal, a malícia e a lascívia de outros
– precisamente aqueles que se descobriam como cristãos e civlizados. A manifestação profunda da
alteridade: a capacidade de se descobrir ‘outro’, de descobrir o que não estava preparado para
aceitar. Distinção entre empatia e alteridade.
No encontro de A e B, A actua, domina e influencia B submissão. Porém, B domina A através da
inocência, da beleza, da docilidade. Do encontro de A e B: A descobre B em si.
Crespo, Jorge (1996) – A construção do corpo do outro (Séc. XV-Séc. XVI). Arquivos da Memória.
Dezembro, 1996. Semestral - nº 1. Pp. 7-22.
Filmografia:
A Missão (1985), Roland Jouffé.
A Conquista do Paraíso (1992), de Jhene Carlson.
05 / 11 / 2019 (Remete para a aula de 04 / 11 / 2019)
06 / 11 / 2019 (Remete para a aula de 04 / 11 / 2019)
07 / 11 / 2019 08 / 11 / 2019 (Remete para a aula de 23 / 10 / 2019)
11 / 11 / 2019 Preenchimento de Ficha V e esclarecimento de dúvidas
12 / 11 / 2019 Preenchimento de Ficha V e esclarecimento de dúvidas
13 / 11 / 2019 Preenchimento de Ficha V e esclarecimento de dúvidas
14 / 11 / 2019 As aulas não se realizaram por motivo do dia do Ano Académico
15 / 11 / 2019 Preenchimento de Ficha V e esclarecimento de dúvidas
18 / 11 / 2019 (Remete para a aula de 04 / 11 / 2019)
19 / 11 / 2019
A Alimentação
A Alimentação, um elemento de cultura.
No desporto, na reabilitação, na vida em geral e na vida actual marcada por dietas, regimes e a
ciência da nutrição, a alimentação centra-se no fulcro das questões sociais, económicas e
ambientais. Enquanto o planeta se esgota nas capacidades da terra produzir toda a alimentação
desejada, as florestas são abatidas para aproveitamento das madeiras mas, acima de tudo, das
terras para a produção agrícola, o consumo da carne de vaca é cada vez mais vigiado e a
contabilidade das calorias é rigorosa e exibida por lei na maioria dos produtos alimentares
empacotados e, ainda, em alimentos que longe das receitas dos antigos, tradicionais e familiares
são pensadas em função de dietas cada vez mais subordinadas ao equilíbrio energético que traduz
alimentos em hidratos de carbono, proteínas, vitaminas, etc.
A alimentação constitui um dos mais importantes elementos de cultura, a par da organização
social, a religião, a economia e o direito. Depois das formas de sobrevivência assentes na colecta, a
pesca e a caça, a passagem à agricultura permitiu a fixação num lugar, a redução do nomadismo e
a progressiva vida sob uma forma gregária, favorece a escolha dos alimentos (trigo, milho, centeio,
cevada, mandioca, arroz, castanha), a produção, a sementeira, a colheita, a conservação e a
preparação dos alimentos, os alimentos crus e cozidos, a ornamentação dos pratos, o lugar de
consumo dos alimentos, a existência ou não de uma mesa, bancos e cadeiras, esteiras e tapetes,
cozinhas e dependências associadas como dispensas, sala de jantar, o espaço e o tempo dedicados
à ingestão dos alimentos.
Estudo de caso: a alimentação no Real Colégio de Nobres de Lisboa (1761-1837) como ponto de
partida.
Crespo, Jorge e Hasse, Manuela (1981) – A alimentação no Real Colégio dos Nobres de Lisboa.
Revista de História Económica e Social, Jan.-Jun. nº7, Pp. 93-110.
Crespo, Jorge (1992) – A Alimentação, in A História do Corpo. Cap.III. Lisboa. Pp.242-257.
Nothom, Amélie (2004) – Biographie de la faim. Paris.
Balinska, Marta Aleksandra (2003) – Retour à la vie. Quinze ans d’anorexie. Paris.
Filmografia:
A Festa de Babette (1987), Gabriel Exfell.
Chocolate (2001), Lasse Hallström.
Julie e Julia (2008), Nora Ephron.
A Viagem dos Cem Passos (2014), Lasse Hallström
20 / 11 / 2019 Remete para a aula de 19 / 11 / 2019
21 / 11 / 2019 Remete para a aula de 19 / 11 / 2019
22 / 11 / 2019 Remete para a aula de 19 / 11 / 2019
25 / 11 / 2019
26 / 11 / 2019
27 / 11 / 2019
28 / 11 / 2019
29 / 11 / 2019
02 / 12 / 2019
03 / 12 / 2019
04 / 12 / 2019
05 / 12 / 2019
06 / 12 / 2019
09 / 12 / 2019 FREQUÊNCIA
10 / 12 / 2019 FREQUÊNCIA
11 / 12 / 2019 FREQUÊNCIA
12 / 12 / 2019 FREQUÊNCIA
13 / 12 / 2019 FREQUÊNCIA
16/ 12 / 2019
17 / 12 / 2019
18 / 12 / 2019
19 / 12 / 2019
20 / 12 / 2019
FINAL DO I SEMESTRE
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