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Vitaminas - um guia prático (1)

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VITAMINAS
UM GUIA PRÁTICO
nutrideividisf
VITAMINAS
UM GUIA PRÁTICO.
DEIVIDI SOARES FERREIRA
Editor
Deividi Soares Ferreira
Conteúdo
Deividi Soares Ferreira
Instagram
instagram.com/nutrideividisf
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
Vitamina A
Vitamina D
Vitamina E
Vitamina K
Vitamina C
Tiamina (vitamina B1)
Riboflavina (vitamina B2)
Niacina (vitamina B3)
Ácido Pantotenico (vitamina B5)
Piridoxina (vitamina B6)
Ácido Fólico (vitamina B9)
Cobalamina (vitamina B12)
Biotina (vitamina H)
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INTRODUÇÃO
Vitaminas são pequenos nutrientes organicos, diferente dos carboidratos,
proteinas e gorduras, elas não fornecem calorias.
Como o corpo não consegue produzi-las em quantidades suficientes, é
necessário atingir as necessidades diárias de vitaminas através da
alimentação e/ou suplementação.
Estão naturalmente presentes em pequenas quantidades nos alimentos.
Tanto a deficiência quanto o excesso de vitaminas pode causar
problemas a saúde a médio e longo prazo e até piorar problemas já
existentes.
Elas são divididas em lipossolúveis (absorvidas com gordura) e as
hidrossolúveis (absorvidos em meio aquoso).
Nesse material serão elucidados os papeis de cada uma das vitaminas no
organismo, suas principais fontes e funções.
VITAMINA A
O papel mais conhecido da Vitamina A é o de participar do processo
visual, tendo participação no grupo de proteínas sensíveis a luz na retina,
também participa na função dos testículos, útero e formação dos ossos.
Essa vitamina pode ser encontrada em várias formas como o retinol (em
alimentos de origem animal), 3-deidrorretinol ou Vitamina A2 (em peixes
de água doce) e também pode ser encontrada nos carotenoides
(alimentos de tonalidades amarelo a vermelho) sendo chamados de próvitaminicos A.
As formas de Vitamina A como a A2 e os carotenoides são lipossolúveis,
ou seja, dependem da ingestão de gorduras para serem absorvidas com
maior eficiência.
A vitamina A se armazena principalmente no fígado, entre 50 a 80% da
quantidade total, que pode servir como reserva por alguns meses, sendo
assim, os sinais de deficiência vão surgir após longos períodos de baixa
ingestão.
Para que a vitamina A seja excretada do fígado, será necessário que o
retinol se ligue a uma proteína chamada de apo-RBP (proteína ligadora
do retinol), que leva a vitamina para os tecidos periféricos.
A desnutrição e deficiência de zinco podem prejudicar a síntese de RBP
no fígado, levando a deficiência funcional de vitamina A, mesmo com as
reservas em quantidades adequadas.
A falta de Vitamina A é um importante problema de saúde pública,
podendo levar a problemas graves como xeroftalmia (olho seco ou
cegueira noturna) e cegueira.
Em condições de consumo aumentado da vitamina A e reservas no fígado
já em valores superiores à referência, é ativada uma via que aumenta o
catabolismo do retinol, o transformando em metabólicos, que serão
excretados pela urina e/ou pela bile, porém, se a ingestão estiver muito
elevada, esse sistema fica saturado, levando a toxicidade.
O retinol pode ser tóxico com doses elevadas, como ingestão habitual
entre 7,5 a 9mg/dia por períodos prolongados, e causa vários problemas,
podendo afetar o sistema nervoso central, fígado, ossos e a pele.
Alguns sinais de deficiência de vitamina A são dores de cabeça, náuseas,
anorexia, aumento do fígado (hepatomegalia), dores nas articulações,
secura excessiva e rachaduras na pele.
VITAMINA D
A principal função da vitamina D é controlar as concentrações de cálcio e
fósforo no sangue, por causar melhora na absorção desses nutrientes no
intestino, além de regular a atividade das células ósseas.
A vitamina D também está relacionada com a secreção de insulina,
síntese e secreção de hormônios da tireoide e paratireoide.
A vitamina D é considerada um pró-hormônio, pode ser produzida na
pele pela ação dos raios ultravioleta ou obtida pela dieta (óleos de fígado
de peixes, derivados do leite, ovos, carnes) nas formas de ergocalciferol
(D2) e colecalciferol (D3), porém, para que possa realizar sua função, ela
precisa estar em sua forma ativa, o 1,25 di-idroxicolecalciferol.
Para ter uma boa absorção da vitamina D, é necessário uma dieta com
ingestão adequada de gorduras, pois, se trata de uma vitamina
lipossolúvel.
Tanto a vitamina D formada na pele quanto a provinda da dieta será
metabolizada no fígado, se transformando em calcidiol (forma de
armazenamento da vitamina D), e depois nos rins, mudando para a
forma ativa da vitamina D, o calcitriol.
Quando a concentração de cálcio no sangue diminui, o hormônio da
paratireoide é liberado, fazendo com que os rins aumentem a atividade
da enzima responsável por transformar a vitamina D armazenada em
calcitriol (vitamina D ativa).
O calcitriol no intestino delgado, aumenta a absorção de cálcio e fósforo,
tem relação também com a síntese de calbindina (proteína ligadora de
cálcio), que permite acúmulo e transporte de cálcio. O mineral magnésio
também tem participação na absorção do cálcio.
A deficiência da vitamina D pode advir de pouca exposição ao sol e em
indivíduos com problemas no metabolismo das gorduras, pode provocar
osteomalácia (ossos fracos e sensíveis) fraqueza muscular e maior
frequência de fraturas.
A deficiência também se relaciona com diabetes, hipertensão e alguns
tipos de câncer.
Já a ingestão em excesso (por alimentos e/ou suplementos) pode
causar sintomas como fraqueza, náuseas, perda de apetite, dores de
cabeça, dores abdominais, cãibras e diarreia.
Pode ainda ocorrer hipercalcemia (que pode levar a encefalopatia
hipertensiva) e hipercalciúria (podendo causar cálculos urinários).
VITAMINA E
A principal função da vitamina E é combater os danos causados pelas
espécies reativas de oxigênio (EROs), que são formadas no metabolismo
oxidativo normal, essas EROs podem causar danos a membrana da
celula, levando a sérios problemas, como o desenvolvimento de doenças
autoimunes.
Seu poder antioxidante pode ter efeitos benéficos sobre doenças
crônicas não transmissíveis como a aterosclerose e diabetes, além de
melhora na função imune.
As fontes mais comuns de vitamina E são óleos vegetais (óleo de gérmen
de trigo, óleo de girassol, azeite de oliva) e cereais integrais. Por ser uma
vitamina lipossolúvel, é necessario uma boa ingestão de gorduras na
dieta para sua absorção.
É sintetizada naturalmente pelas plantas nas formas de tocoferóis e
tocotrienóis (alfa, beta, gama e delta) e também, há a forma sintética da
vitamina E, que consiste em uma mistura dos isômeros de tocoferóis e
tocotrienóis naturais, como o a-tocoferol sintético.
Sendo de maior importância para o organismo humano as formas
derivadas do a-tocoferol natural, pois as formas beta, gama e delta não
são convertidas para a-tocoferol e tem pouca afinidade com a proteína
responsável pelo transporte da vitamina E no fígado.
A vitamina E é absorvida principalmente no intestino delgado,
dependendo de uma boa função pancreática e ingestão adequada de
gorduras.
No intestino o tocoferol é quebrado e absorvido, já no fígado, uma
proteína específica (a-TTP) seleciona o a-tocoferol e o incorpora a uma
das lipoproteínas do colesterol (VLDLs) para poder ser transportada.
A forma alfa se acumula em tecidos onde há grande produção de radicais
livres, como nas membranas das mitocôndrias, coração e pulmões.
A enzima glutationa peroxidase (GPx), dependente do mineral selênio,
atua diminuindo a quantidade de precursores de radicais livres e a
vitamina E se relaciona com a remoção dos produtos advindos da ação
dos radicais livres nos lipídeos.
Os aminoácidos metionina e cisteina atuam como "poupadores" de
selênio e vitamina E.
A deficiência da vitamina E é muito rara e são necessários muitos meses
de consumo inadequado para que surjam sintomas de deficiência, que
são sintomas principalmente neurológicos, como disartria (problemas
na fala) e retardo mental.
VITAMINA K
A vitamina K é extremamente importante no processo de coagulação
sanguinea e também no metabolismo ósseo.
A vitamina K faz parte do grupo das vitaminas lipossolúveis (A,D,E,K), ou
seja, necessita de gordura para ser bem absorvida.
Pode ser encontrada em diversas formas como Vitamina K1 (filoquinona)
presente nos alimentos vegetais (em maior concentração no verdes
escuros) e Vitamina K2 (menaquinona), produzida por bactérias da flora
intestinal (podendo ser encontrada em fígado de animais, por exemplo).
No fígado, são produzidos os fatores de coagulação (II,VII, IX e X), porém,
em sua forma inativa.
Para que ocorra a ativação desses fatores, é necessária a carboxilação do
ácido glutâmico dessas proteínas para formar resíduos de gamacarboxiglutamato, permitindo assim a ligação das proteínas com a
membrana lipídica e formação do coágulo.
A enzima 2,3-epóxi-redutase (dependente de vitamina B3) transforma a
Vitamina K em sua forma ativa, a Hidroquinona, que tem papel essencial
no processo de ativação dos fatores de coagulação.
Ela também participa da formação dos ossos através da proteína
osteocalcina, que é produzida na formação óssea (processo que depende
de vitamina D).
O ácido gama-carboxiglutâmico na osteocalcina liga íons cálcio para
ocorrer a calcificação normal dos ossos.
Seu transporte é feito por quilomícrons e colesterol (VLDL) e quando há
baixa ingestão de vitamina K, as reservas da mesma no fígado diminuem
rapidamente.
Doses elevadas de vitamina E e coenzima Q-10 podem inibir a ação da
vitamina K.
Sendo assim, na falta de vitamina K, não ocorre a gama-carboxilação das
proteínas dependentes de vitamina K, prejudicando tanto o processo de
coagulação sanguínea quanto a calcificação dos ossos.
VITAMINA C
A vitamina C, também conhecida como Ácido Ascórbico, tem função
antioxidante, está envolvida na síntese de colágeno, funcionamento da
carnitina (transporta gordura para as mitocôndrias), na produção de
norepinefrina.
Também ajuda na absorção e metabolismo de ferro e inibição da
formação de nitrosaminas (produtos cancerígenos) produzidas no
estômago, também tem efeito poupador de vitamina E, pela interação
com o radical tocoferoxil.
A vitamina C é absorvida rapidamente em baixas concentrações, porém,
sua absorção diminui conforme a concentração aumenta e o excesso de
ascorbato (forma ativa da vitamina C) não absorvido é utilizado no
metabolismo de bactérias do intestino, podendo levar a diarréia.
Pode circular pela corrente sanguínea livre ou ligada a albumina, e são
carreadas por transportador de glicose (em caso de hiperglicemia, a
disponibilidade de vitamina C é menor).
Os sintomas de deficiência da vitamina são observados a partir de quatro
meses de baixa ingestão da mesma, podendo acarretar no
desenvolvimento de escorbuto (hemorragias e queda da imunidade)
sendo os primeiros sintomas as equimoses (ruptura de capilares
sanguíneos causando manchas roxas) e petéquias (pequenas equimoses).
A deficiência por tempo prolongado pode levar anormalidades
psicológicas como a depressão.
Fadiga e letargia também são sintomas da deficiência de vitamina C.
Seu excesso pode causar diarreias, litíase renal (pedras), excesso de ferro,
além de atrapalhar na disponibilidade de vitamina B12.
As fontes principais de vitamina C são os alimentos de origem vegetal,
como as frutas cítricas (laranja, limão, morango e etc).
Sua disponibilidade nos alimentos pode ser afetada pelo clima, modo de
preparo e armazenamento.
VITAMINA B1 (Tiamina)
A vitamina B1, faz parte das vitaminas hidrossolúveis, é muito importante
para o bom funcionamento do cérebro e metabolismo em geral.
Ela é absorvida no intestino, e seu transporte se satura com pouca
quantidade da vitamina, ou seja, nem toda a vitamina será absorvida caso
ocorra ingestão excessiva.
Sua absorção pode ser prejudicada pelo consumo de álcool e a diurese
aumenta a excreção da vitamina (pelo suor e urina).
Atua como coenzima (necessário para o funcionamento de enzimas) para
formar acetato e acetil-CoA, sendo de extrema importância no
metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras.
Faz parte da via da pentose fosfato (metabolismo de carboidratos)
levando a produção de NADPH para ser usado em reações como a
produção de nucleotídeos (construtores de DNA e RNA).
Sua deficiência está associada a algumas síndromes como:
Neurite Crônica Periférica, patologia que ataca os nervos que levam
sinais do cérebro para o resto do corpo podendo causar perda de
sensibilidade e atrofia muscular,
Beribéri, patologia que pode levar a fraqueza muscular, sendo
associada ou não com insuficiência cardíaca;
Síndrome de Wernicke-Korsakoff (especialmente em casos de
alcoolismo).
O excesso da ingestão de carboidratos e falta de atividade física podem
prejudicar ainda mais o caso da deficiência.
A falta de tiamina ainda pode levar a acidose lática, com a diminuição da
conversão de piruvato em acetil-CoA, ocorrendo um aumento de lactato e
piruvato na corrente sanguínea, levando a risco de vida.
Uma observação interessante é que os sulfitos, presentes em alimentos
processados, quebram a tiamina reduzindo sua biodisponibilidade.
Não existem evidências sobre o excesso da vitamina, já que sua absorção
é limitada e a tiamina livre é filtrada e excretada rapidamente pelos rins.
Algumas fontes alimentares são a carne de porco, caju, ervilhas, feijão
preto, amendoim, pão branco, melancia dentre outros alimentos.
VITAMINA B2 (Riboflavina)
A vitamina B2, também chamada de Riboflavina, tem papel fundamental
no metabolismo energético, pois, faz parte de duas enzimas, a Flavina
Mononucleotídeo (FMN) e Flavina Adenina Dinucleotídeo (FAD)
participando, por exemplo, na cadeia transportadora de elétrons na
mitocôndria.
Atua também na formação de células vermelhas do sangue, na formação
de nova glicose através de outros substratos (neoglicogênese), também
regula as enzimas tireoideanas e participa da ativação da vitamina B6.
Essa vitamina pode ser encontrada em vários alimentos como leite, ovos,
cereais, frutas e verduras, também pode ser produzida no intestino.
Seu mecanismo de absorção é saturável, ou seja, qualquer dose mais
elevada acabará por ser excretada na urina/fezes.
As necessidades diárias de vitamina B2 e B6 podem ser aumentadas pela
prática de exercícios físicos intensos.
A exposição do leite à luz solar pode levar a perdas de vitamina B2 por
um processo chamado de fotólise que leva a formação de lumiflavina e
lumicromo, que pode catalizar a oxidação de lipídeos e da metionina,
dando um sabor desagradável ao leite.
Sua deficiência é comum, podendo trazer sintomas como estomatite
angular (lesões nos cantos da boca), queilose (lesão nos lábios), glossite
(descamação dolorosa na língua), conjuntivite, dentre outros sintomas.
A deficiência de vitamina B2 ainda pode estar associada com a anemia,
pois para o ferro ser transportado, é necessária a atuação de uma enzima
dependente de B2. Como sua absorção é limitada no intestino, acaba não
trazendo doses de ingestão toxicas.
VITAMINA B3 (Niacina)
Essa vitamina serve como substrato para a formação de coenzimas muito
importantes no metabolismo energético (NAD e NADP), atua também na
replicação, reparo e diferenciação de moléculas de DNA.
A niacina pode ser produzida a partir do aminoácido triptofano ou obtida
de fontes alimentares como a carne vermelha, fígado, leite, ovos, peixes,
leveduras, legumes, no milho, entre outros alimentos, sendo a carne
vermelha o alimento uma das melhores fontes em niacina e triptofano,
nas fontes vegetais, a niacina vem na forma de ácido nicotínico, que será
convertido em NAD no fígado e/ou intestino, enquanto nos cereais, a
niacina é encontrada em uma forma com menor valor biológico
(niacitina).
A deficiência em niacina pode causar a Pelagra (doença que causa
dermatite fotossensível, distúrbios gastrintestinais e psiquicos), que se
não for tratada, pode ser fatal.
Deficiência das vitaminas riboflavina (B2) e piridoxina (B6) podem estar
relacionadas a deficiência em niacina, pois, participam no processo de
conversão do triptofano para ácido nicotínico. O mineral zinco pode atuar
aumentando o metabolismo do triptofano.
Alguns sintomas de toxicidade são hipotensão, visão borrada, náuseas,
vômitos e piora de úlceras pépticas.
A niacina ainda pode auxiliar na redução do LDL colesterol e aumento de
HDL colesterol pela expressão de genes que reduziriam a lipólise,
diminuindo assim a liberação de ácidos graxos pelo tecido adiposo.
VITAMINA B5 (Ácido Pantotênico)
Uma vitamina presente em vários alimentos, sendo assim, são raros os
casos de deficiência ou simplesmente não há relatos de sua deficiência.
Para ser utilizada, necessita ser transformada em sua forma
enzimaticamente ativa, a coenzima A (CoA), está diretamente ligada ao
metabolismo energético e também pode atuar como um carreador para
grupos acil, sendo importânte no metabolismo de gorduras e geração de
compostos como ácidos, colesterol, fosfolipídeos, hormônios esteroides
dentre outros.
A absorção de ácido pantotênico é feita por difusão simples por todo o
intestino delgado, porém, nos tecidos como coração, músculos e fígado
ocorre por um mecanismo ativo dependente de sódio.
Sua deficiência foi relatada apenas em casos de desnutrição grave, tendo
alguns sintomas como alterações neuromotoras (parestesia, fraqueza
muscular, dentre outros) devido a falta de acetilcolina (neurotransmissor)
e redução na produção da mielina dos neurônios, depressão mental,
problemas gastrintestinais (vômitos, dor, úlceras), diminuição do
colesterol, redução da resposta imune dentre outros.
É uma vitamina com pouca toxicidade, está distribuído em uma vasta
gama de alimentos além de ter sua disponibilidade aumentada pela
contribuição da síntese bacteriana intestinal.
Alguns exemplos de alimentos fonte são os ovos, amendoim, brócolis,
abacate, fígado de frango, carne de porco dentre vários outros.
VITAMINA B6 (Piridoxina)
A vitamina B6 existe em várias formas, sendo mais utilizada para
fortificação de alimentos e preparações medicamentosas na forma de
piridoxina.
Suas formas enzimáticas biologicamente ativas são o piridoxal 5’fosfato
(PLP) e piridoxamina 5’fosfato(PMP), sendo o PLP o de maior interesse,
que participa em cerca de 100 reações enzimáticas diferentes.
Está presente na maioria dos alimentos e têm alta absorção, porém, em
muitos alimentos de origem vegetal, ela se encontra em sua forma
glicosilada (menos eficiente que as demais formas) e também podem se
perder grandes quantidades no cozimento e no processamento de
alimentos (enlatados).
O congelamento de vegetais também leva a uma perda de algo em torno
de 55% da vitamina disponível.
Algumas drogas como a isoniazida, contraceptivos orais e álcool podem
diminuir a biodisponibilidade de vitamina B6.
Essa vitamina pode ser produzida no intestino grosso, porém, deve-se
adquiri-la através da dieta.
Sua absorção é feita no lúmen intestinal, quase toda a vitamina absorvida
vai para o fígado na forma de piridoxal, onde será transformada em
piridoxal fosfato, por ação da enzima piridoxina fosfato oxidase, que é
sensível a falta de vitamina B2.
O piridoxal livre no fígado pode ser liberado para a circulação ligado a
albumina ou então ser oxidado para ácido 4-piridóxo, que é um produto
de excreção da vitamina B6.
Com a ingestão de doses muito altas de piridoxina, a maioria será
excretada pela urina e/ou fezes.
A vitamina B6 está diretamente relacionada com o metabolismo de
aminoácidos, carboidratos, neurotransmissores e gorduras.
Está envolvida por exemplo, na síntese do grupo heme (podendo ter
relação com anemias) e na transulfuração da homocisteína para cisteína
(podendo se relacionar com eventos cardiovasculares).
Sua deficiência é rara, porém, em casos de deficiência aguda de vitamina
B6 podem ocorrer sintomas como dermatite seborreica, anemia
microcítica, convulsões, depressão e confusão.
Seu mecanismo de toxicidade não é conhecido, porém, dosagens muito
elevadas de vitamina B6 podem levar a danos neurais.
VITAMINA B9 (Ácido fólico)
A vitamina B9 participa de várias reações para a formação de DNA e RNA.
Sua forma ativa é o ácido tetrahidrofólico (THF), é metabolicamente
relacionado com a vitamina B12.
O ácido fólico está presente em vários alimentos como, o brócolis,
espinafre, grãos, fígado bovino, ovos, leite, dentre outros, além de poder
ser sintetizado pela microbiota intestinal.
A absorção do folato ocorre no intestino delgado e precisa passar pelo
processo de hidrólise, que é feita pela enzima hidrolase
pteroilpoliglutamato, uma enzima dependente de zinco (a falta de zinco
pode atrapalhar assim a absorção da vitamina).
Após o processo de hidrolise, o folato livre será absorvido principalmente
no duodeno e jejuno, a maioria do folato absorvido passará pelo
processo de metilação ainda na mucosa intestinal, entrando na circulação
portal como 5-metiltetrahidrofolato e para que ele fique em sua forma
ativa, é necessária a ação da enzima metionina sintetase (enzima
dependente de vitamina B12).
A biodisponibilidade de folato pode ser reduzida pela baixa ingestão, má
absorção, doenças malignas, por alguns medicamentos (quimioterápicos,
antibacterianos, antiepiléticos e antimaláricos), pelo alcoolismo ou por
suplementos de outras formas de folato, podendo levar a deficiência de
folato, por outro lado, o pH gástrico e a presença de vitamina C podem
influenciar positivamente a biodisponibilidade do ácido fólico.
A deficiência em folato pode levar ao surgimento de anemias
(semelhante à deficiência de B12), lesões na mucosa, defeitos no tubo
neural ou hiperhomocisteinemia (levando a danos vasculares) e também
pode estar associada a problemas durante a gravidez como abortos
espontâneos, sangramentos e pré-eclâmpsia.
Deficiência em folato e B12 podem ainda estar associadas à doenças
como Alzheimer e depressão.
A vitamina não possui toxicidade, porém, altas doses podem mascarar
uma anemia perniciosa.
VITAMINA B12 (Cobalamina)
É a única das vitaminas que além de ser uma molécula complexa contém
também um elemento traço, o cobalto.
Também pode ser chamada de Cobalamina, e pode ser encontrada em
algumas formas como metilcobalamina e cianocobalamina, dependendo
do composto ligado a vitamina.
A vitamina B12 é essencial para o funcionamento de duas enzimas, a
metilmalonil-CoA mutase (que atua no metabolismo das gorduras) e a
metionina sintetase (participa na síntese de DNA e nas reações de
metilação no organismo).
A forma de cianocobalamina é encontrada em pequenas quantidades na
corrente sanguínea, que se não for convertida a aquo ou
hidroxicobalamina, pode ter efeito antivitamínico e estar envolvida com
os danos neurais causados pela intoxicação crônica por cianeto.
Alimentos de origem animal como carnes, ovos, leite e derivados são as
únicas fontes naturais de vitamina B12, se fazendo importante o
consumo de cereais fortificados com B12 para vegetarianos.
Para ser absorvida, a vitamina B12 necessita do fator intrínseco,
estômago, enzimas pancreáticas e do intestino funcionando
adequadamente.
No estômago a vitamina B12 é separada da proteína ingerida, se liga a
uma proteína R que é secretada na saliva, já no intestino, essa proteína R
é quebrada por enzimas pancreáticas e assim a vitamina livre se liga ao
fator intrínseco e pode ser absorvida.
A vitamina B12 circula pelo sangue ligada a uma proteína chamada
transcobalamina II, que é produzida no fígado.
O excesso de B12 será eliminado na urina e nas fezes.
A deficiência é bem rara, porém, pode acontecer em dietas pobres em
alimentos de origem animal ou por problemas na absorção (em pessoas
que fizeram cirurgia bariátrica, por exemplo) e metabolismo da vitamina,
podendo causar anemia megaloblástica e neuropatia.
Outro problema relacionado à deficiência de B12 é em relação à
diminuição do funcionamento da enzima metionina sintetase que está
envolvida, por exemplo, no processo de metilação do ácido fólico
(vitamina B9) podendo levar a deficiência de ácido fólico e aumento dos
níveie de homocisteína, podendo causar problemas vasculares.
VITAMINA H (biotina)
Também conhecida como Vitamina H, a biotina deve ser adquirida pela
dieta, pois, não é sintetizada no organismo.
Está amplamente distribuída nos alimentos como o amendoim, ovo
cozido, farelo de aveia, mamão papaia dentre vários outros. Os efeitos da
sua deficiência não são tão bem conhecidos.
Ela pode estar presente nos alimentos ligada a proteínas ou em sua
forma livre, quando ligada a proteínas, ela deverá sofrer ação enzimática
(proteases e peptidases) para poder ficar em sua forma livre e ser
absorvida no intestino delgado por transporte ativo dependente de sódio,
a biotina livre filtrada na urina pode ainda ser reabsorvida nos rins.
A biotina participa como cofator enzimático das carboxilases (enzimas
que participam dos processos de síntese e oxidação de gorduras,
degradação proteica e produção de glicose através de aminoácidos e
outros compostos).
A deficiência em biotina é rara, porém, pode acontecer em casos de erros
no metabolismo, onde ocorre uma redução da atividade da Biotinidase
(que faz a reutilização da biotina através da biocitina), em estado de
desnutrição ou em casos de alta ingestão de ovos crus.
Alguns dos sintomas que podem ser desenvolvidos pela deficiência de
biotina são dermatite esfoliativa (inflamação na pele), alopecia (queda de
pelos), transtornos neurológicos e retardo no desenvolvimento de bebes
e crianças.
Ressecções intestinais e terapia prolongada com anticonvulsivantes
também podem levar a menor absorção de biotina.
A deficiência pode ser revertida com a suplementação da vitamina. Casos
de alopecia e dermatite respondem bem à suplementação de ácidos
graxos poli-insaturados.
REFERÊNCIAS
MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S. ; RAYMOND, J.L. Krause: Alimentos, Nutrição e
Dietoterapia. 13ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
MUSSOI, T. D. Avaliação nutricional na prática clínica: da gestação ao
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Tabela Brasileira de Composição de
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COZZOLINO, S.M.F. Biodisponibilidade de Nutrientes. 4ed. São Paulo: Manole,
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PALERMO, J.R. Bioquímica da Nutrição. Rio de Janeiro: Atheneu, 2008
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