Uploaded by Andréia de Oliveira

ARTIGO 4

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Alterando nosso paradigma de diagnóstico: classificação de diagnóstico do
sistema de movimento.
1. Introdução
Os autores do presente artigo nos relatam por meio de uma revisão
sistemática da literatura, as alterações propostas no paradigma da questão
diagnóstica em Fisioterapia, no que tange o cuidado musculoesquelético. Assim,
contemplando a priori o sistema de movimento ao invés da anatomia patológica. O
objetivo dos autores é fornecer subsídios que comprovem a necessidade de uma
padronização no diagnóstico baseado no sistema de movimento, porquanto o
mesmo legitima a identidade da profissão.
Atualmente nota-se uma discrepância entre o processo de diagnóstico e
tratamento fisioterapêutico, o que corrobora com a proposta de mudança do
paradigma diagnóstico, para uma abordagem de classificação diagnóstica com base
no sistema de movimento, a fim de promover maximização nos cuidados e
intervenções.
Em paralelo, é importante entender o porquê de se classificar primeiramente
os pacientes (não tratando cada um individualmente). Sendo assim, os autores
inferem que a classificação dos sinais e sintomas entre os indivíduos geram
benefícios, como por exemplo: direcionar as intervenções, compreender o
prognóstico, comunicar-se com pacientes, equipe de saúde e terceiros, influenciar
modelos de reembolso e criar novos grupos homogêneos para buscas de pesquisa e
diretrizes de prática clínica.
Quanto às classificações para agrupamento de pacientes, podemos
categorizar por: região de sintomas (ombro, joelho), duração dos sintomas (agudo,
subagudo, crônico) ou nível de irritabilidade do tecido (alto, moderado, baixo).
2. Modelos de diagnóstico
Comumente, conjectura-se que a classificação diagnóstica tende a fornecer
subsídios para determinar a causa, orientar o tratamento, assim como prognosticar
sobre uma condição. Sendo assim destacamos dois modelos que envolvem o
paradigma em questão: o Phatoanatômico (baseado na anatomia patológica) e o
Cinesiopatológico (baseado no sistema de movimento).
Todavia, no que tange as condições musculoesqueléticas, tal classificação
tenta identificar uma patologia tecidual específica como fonte causadora da dor ou
disfunção que acomete o paciente, ou seja, temos uma abordagem pelo modelo
Pathoanatômico (anatomia patológica). Este apresenta alguns desafios, como por
exemplo: alto custo (diagnóstico por imagem), validade limitada e confiabilidade de
testes especiais, além da freqüência com que é encontrada em pacientes
assintomáticos.
Na prática clínica, os fisioterapeutas mesmo quando dispõem de um
diagnóstico pathoanatômico, precisam examinar o paciente com relação às
alterações de movimento associadas, as quais contribuem para sua condição e, por
conseguinte, são indicadas para intervenção fisioterapêutica, porquanto diferentes
fatores contribuintes requerem tratamentos diferentes.
A abordagem pathoanatômica tradicional considera as deficiências de
movimento como secundárias ao diagnóstico pathoanatômico, entretanto, os fatores
de movimento são os principais condutores das decisões de tratamento (na maioria
das vezes).
A ausência de conhecimento sobre a estrutura de diagnóstico tende a
prejudicar a comunicação entre os profissionais da saúde. Algumas classificações
por serem amplamente utilizadas implicam em limitações na capacidade de
direcionar o tratamento de forma eficaz, como é o caso do termo “impacto”
empregado no diagnóstico de ombro. Ademais, para os médicos cirurgiões o
diagnóstico de "impacto" implica causalidade anatômica, enquanto para os
fisioterapeutas o mesmo diagnóstico implica causalidade do movimento.
Já a respeito do modelo Cinesiopatológico, a classificação diagnóstica está
diretamente associada às deficiências de movimento, as quais são a causa ou a
conseqüência da dor ou disfunção do paciente. Consequentemente, esse tipo de
classificação conduz ao tratamento dessas deficiências, corroborando com um
modelo de sistema de movimento.
Para os autores esse modelo de intervenção oferece maior integração com a
Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), quando
comparado ao modelo pathoanatômico, no que tange ao quesito função. É
importante ressaltar que o modelo cinesiopatológico não prevê ou exclui qualquer
patologia específica do tecido, pelo contrário, o mesmo reconhece o valor da
abordagem pathoanatômica, porém a considera como transitória e não como uma
classificação de interesse primário. Assim como, também não exclui componentes
psicossociais de uma condição.
2.1 Proposta de classificação baseada em movimento de ombro com maior
especificidade
Seja qual for o modelo adotado, faz-se necessário determinar um nível de
especificidade capaz de conduzir o tratamento de forma mais eficaz. Contudo, se for
adotado o modelo baseado no sistema de movimento, inicialmente deve-se
considerar a classificação diagnóstica inicial, ou seja, em primeiro a queixa principal
do paciente (esta pode estar relacionada à estabilidade, mobilidade ou dor ao
movimento); em seguida, um exame de movimento por meio de relatórios subjetivos,
uma vez que, uma classificação não é determinada apenas com base na presença
de uma deficiência de movimento isolada, mas, na história coletiva e exame físico
(incluindo assistência, testes de alívio dos sintomas ou testes de provocação da
dor).
Nesse caso (ombro), são descartadas as causas não mecânicas ou não
relacionadas de dor no ombro, distinguem-se os comprometimentos glenoumerais
primários dos escapulatórios, considerando os subtipos de cada deficiência de
movimento primário e a partir desse comprometimento, insere-se testes e medidas
adicionais a fim de determinar os contribuintes do sistema de movimento primário
(flexibilidade, do tecido, força muscular, coordenação) e por fim, avaliam-se os
contibuintes pathoanatômicos relevantes como, por exemplo, uma ruptura ou
restrição de tecido e lesão do nervo.
A classificação de diagnóstico não é determinada apenas com base na
presença de uma deficiência de movimento isolada, mas sim na história coletiva e
quando ocorre o julgamento clínico a partir dos achados coletivos torna-se possível
definir qual classificação representa melhor a disfunção do sistema de movimento
do paciente.
2.2 Limitações da estrutura do sistema de movimento
A estrutura do sistema de movimento também apresenta algumas limitações,
as quais exigem averiguação a fim de produzir e ratificar classificações confiáveis,
pertinentes a essa estrutura, assim como testes e medidas de diagnóstico clínico
necessários.
Tal averiguação deve impactar nos resultados tanto a curto quanto em longo
prazo, custo benefício, na eficiência do processo de diagnóstico e tratamento, assim
como na eficiência do processo educacional.
Ademais, alguns critérios foram defendidos pela American Physical Therapy
Association (APTA) ao se utilizar uma classificação de diagnóstico a partir do
sistema de movimento, dentre as quais: a utilização de termos reconhecidos com
relação ao movimento para descrever a condição da síndrome do sistema de
movimento; inclusão do nome da patologia, doença, distúrbio, termos anatômicos ou
fisiológicos e estágio de recuperação associado ao diagnóstico; precisão e
objetividade a fim de melhorar a utilidade clínica; esforço para obter diagnósticos do
sistema de movimento que abranjam todas as populações, condições de saúde e
tempo de vida e melhorar a eficiência do processo educacional e o avanço em
direção à perícia clínica.
Todavia ressalta-se que alguns pacientes se adéquam melhor em um
determinado sistema de classificação (biopsicossocial ou de processamento da dor
na ausência de contribuintes mecânicos), assim como, há uma preocupação em
considerar os fatores psicossociais e de processamento da dor ao decidir a
classificação diagnóstica e a abordagem de tratamento mais assertivas.
2.3 Utilidade multidisciplinar na classificação de diagnóstico de um sistema de
movimento
Embora, os fisioterapeutas foquem seu exame mais na pathocinesiologia e o
médico cirurgião, por exemplo, foque no pathoanatomia, ambos interessa-se por
patologias de tecidos (entretanto sob pontos de vista diferentes), por melhores
resultados funcionais (cada um com sua ferramenta de tratamento, exclusivas do
seu escopo profissional). Sendo assim tanto o cirurgião quanto outros profissionais
que atuam diretamente com os pacientes, como: fisiatras, médicos de família,
enfermeiros, assistentes médicos e outros podem utilizar-se da classificação de
diagnóstico do sistema de movimento a fim de promover encaminhamento adequado
e intervenção preventiva, porquanto possuem interesses semelhantes.
Tais premissas pressupõem a importância da padronização com relação à
classificação de diagnóstico, a fim de facilitar a comunicação entre os profissionais
envolvidos.
3. Conclusão
Assim como os autores, acredito que há uma necessidade com relação ao
desenvolvimento de uma padronização no que tange a classificação diagnóstica
baseada em sistema de movimento, porquanto esse fator legitima nossa identidade
e promove melhora nas condutas fisioterapêuticas de uma maneira em geral, seja
nas ações de prevenção ou de tratamento. Assim como, tende a melhorar a
comunicação e, por conseguinte a atenção dispensada a cada paciente atendido
pelos diferentes profissionais envolvidos.
Sendo assim, os pressupostos do artigo me levaram a uma reflexão sobre a
importância da multidisciplinaridade, a qual permeia o campo da saúde e corrobora
com ações decorrentes do nosso sistema de saúde vigente e até mesmo com a
evolução da padronização necessária.
Ao longo dos anos o nosso sistema de saúde passou por mudanças, tais
como, de um modelo mais centrado na prática clínica (modelo biológico) para um
modelo de assistência mais humanizado, a fim de contemplar as ações de
prevenção, promoção e recuperação da saúde dos indivíduos, de forma integral e
contínua.
Nesse sentido, surgem as equipes multidisciplinares, as quais possuem
habilidades diferentes e precisam unir seus saberes em prol da população, sendo
norteados pelos princípios do nosso sistema único de saúde, mas na prática nem
sempre esse objetivo é alcançado.
Logo, independente do avanço nas classificações diagnósticas baseadas no
sistema de movimento há um avanço que precisa ser contemplado a priori: a
eficácia da multidisciplinaridade, porquanto os profissionais, embora direcionados
teoricamente, ainda apresentem dificuldades em considerar as diferenças e conflitos
para assim construir um projeto comum.
Desta forma, embora reconheça a necessidade de ambas, adoto antes a
necessidade
de
conscientização
da
diversidade
dos
saberes
da
possibilitando articulações mais integradas entre si e a favor do paciente.
equipe,
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