Fadiga dos Materiais 3. FADIGA DOS MATERIAIS 3.1 Introdução. 3.2 Início e crescimento de trinca por fadiga. 3.3 Estudo da fadiga: concentração de tensão, acabamento superficial, efeito de tamanho e efeito de carga. 3.4 Resposta cíclica de um material em termos de laços de histerese. 3.5 Fadiga de alta deformação e baixo ciclo. 3.6 Previsão de vida à fadiga: curva de Wolher, curva de Paris. 3.7 Dimensionamento de eixo a flexo-torção. 3.8 Prevenção de falhas em componentes mecânicos. 3.9 Exercícios. 3.10 Testes. 2a Prova Bimestral Fadiga: Significado: Sensação penosa causada pelo esforço ou trabalho intenso. Fadiga: Redução gradual da capacidade de carga do componente, pela ruptura lenta do material, consequência do avanço quase infinitesimal das fissuras que se formam no seu interior. Este crescimento de trinca ocorre em cada flutuação do estado de tensão Fadiga é um tipo de falha mecânica, causada primariamente pela aplicação repetida de carregamentos (tensões ou deformações) variáveis, sendo caracterizada pela geração e propagação lenta e gradual de trincas que levam à ruptura e ao colapso súbito do componente. É um fenômeno complexo, de caráter extremamente estatístico, dependente de diversos fatores como: carregamento, geometria, microestrutura do material, fatores ambientais (temperatura, meio, umidade, etc.) e processos de fabricação (tensões residuais, acabamento superficial, defeitos, etc.). A maioria das falhas que ocorrem em componentes mecânicos é decorrente da fadiga (80% a 90%). Em geral, os níveis de tensão em que ocorre a ruptura em carregamento variável são muito inferiores aos necessários para ruptura em carregamento estático. Resumo Histórico ~1830-1860: •Contexto da Revolução Industrial Européia; •Uso intensivo de metais em construções mecânicas (pontes, indústria ferroviária, máquinas têxteis, etc.); •Aumento do número de acidentes e mortes: 1842 em Versailles ~60 mortes em acidente ferroviário (primeiro laudo técnico detalhado); •Inglaterra: Pesquisas em elementos de máquinas descrevendo fratura e características microestruturais. Resumo Histórico 1860-1900: Wöhler (1860- Alemanha, Indústria Ferroviária): •Primeiro estudo experimental sistemático. Ensaios em escala real de componentes sob carregamento cíclico. •Cargas cíclicas << Cargas Estáticas; •Levantamento de dados S-N (Tensão vs. N. Ciclos); •Conceitos de limite para vida infinita ou Limite de Resistência à Fadiga (grande maioria dos aços); Resumo Histórico • • • • • 1860-1900: Bauschinger (1886): Confirmação dos estudos de Wöhler. Constatação da variação das propriedades elásticas devido a cargas cíclicas (Encruamento ou Amaciamento); Fim do sec. XIX: Primeiros conceitos de “projeto” e dimensionamento quanto à fadiga. ~80 artigos técnicos publicados na última década. Resumo Histórico • 1900~1950: • Ewing & Humfrey (1903, Suécia): • Interpretação das propriedades microestruturais de materiais cristalinos. Teoria de Cristalização; • Definição das “bandas de deslocamento” em materiais cristalinos; • Estudos dos micromecanismos da fratura; • Colapso do componente devido a uma única trinca “dominante”; Resumo Histórico • 1900~1950: • Primeiras leis empíricas para o Limite de Resistência (Basquin 1910), Relação S-N; • Medição de laços de histerese em plasticidade cíclica (Baristow 1910, Inglaterra); • Estudos em vibrações, efeitos de tratamentos térmicos e processos de fabricação; • 1926/27: Primeiros livros (EUA e Inglaterra); • ~1920-1930: Reconhecimento científico dos estudos em fadiga; Resumo Histórico • 1900~1950: • Palmgren (1924)/ Miner (1954): Definição do conceito de Acúmulo de Dano. Regra de acúmulo linear de dano (Regra de Miner). • Coffin & Manson (1954): Consideração dos efeitos da deformação plástica. Conceito de “deformação” cíclica. Levantamento de curvas -N (Relações de Coffin-Manson ). Fadiga de baixo ciclo. Resumo Histórico • 1950-2000: • Preocupação em definir bases matemáticas sólidas. Métodos analíticos compatíveis com os experimentos; • Grande avanço da Mecânica da Fratura com base nos conceitos de análise de tensões, Inglis (1913) e conceitos de energia em fratura, Griffith (1921); Resumo Histórico • 1950-2000: • Paris & Anderson (1961): • Fator de concentração de tensões em trincas (K); • Teorias de propagação de trincas (da/dN) em função de K em carregamentos estáticos e cíclicos; Resumo Histórico • 1950-2000: • Avanços nos estudos em propriedades microestruturais (microscopia eletrônica, laser, raiosX, etc), efeitos ambientais e processos de fabricação,carregamentos complexos (aleatórios e multiaxiais), materiais diversos, análise estatística, etc. (últimas 4 décadas). • Modelos de acúmulo de dano mais adequados, com base na Mecânica do Contínuo: Mecânica do Dano: Kachanov (1958) e Rabotnov (1959), Lemaitre, Chaboche e Krajcinovic (1980-2000); Requisitos Para Que Ocorra Fadiga • Componente trativa – Necessário para que a trinca cresça • Tensões cíclicas – Necessária para que o dano seja cumulativo • Número de ciclos – Grande o suficiente para que haja ruptura Vida em Fadiga • Iniciação da trinca – desenvolvimento prematuro de dano por fadiga, podendo ser removido por recozimento adequado; • Crescimento de bandas de deslizamento –aprofundamento da trinca inicial em planos de alta tensão cisalhante. É frequentemente chamado de estágio I de crescimento de trinca; Vida em Fadiga • Crescimento da trinca em planos de alta tensão trativa – envolve o coalescimento de trincas gerando uma ou mais trincas principais com direção bem definida, normal à direção principal de carregamento, normalmente chamado de estágio II de crescimento de trinca; • Ruptura final estática por sobretensão – ocorre por falta de seção resistente, quando a trinca atinge determinado tamanho a fratura se dá por tensão plana cisalhante. Concentração de Tensão • Na presença de concentradores de tensão, a tensão externa aplicada tem seu valor ampliado localmente; • Nesses locais, o campo de tensões pode ser alto o suficiente para que o material se deforme plasticamente. Nucleação e Crescimento de Bandas de Deslizamento • • Ao longo dos ciclos cresce o número e a densidade de bandas e a deformação plástica acumulada em cada uma delas; Nos locais de deformação plástica mais severa as bandas de deslizamento recebem a denominação de bandas de deslizamento persistentes. Fator de Schmid. A tensão cisalhante é resolvida no sistema de deslizamento. Nucleação e Crescimento de Bandas de Deslizamento Bandas de Deslizamento • Essa deformação plástica é extermamente localizada e se manifesta na forma de bandas de deslizamento; • A concentração de tensão cresce com o aumento do número de bandas de deslizamento fazendo com que o material acumule cada vez mais deformação plástica, surgindo novas bandas de deslizamento. e d a b c Intrusões e Extrusões • Um conjunto de bandas formam intrusões e extrusões na superfície do material. Bandas de Deslizamento Persistentes Iniciação de Trincas (estágio I) • Em orientações cristalinas com fator de Schmid elevado, a deformação plástica é mais severa, sendo as bandas de deslizamento desses grãos chamadas de bandas de deslizamento persistentes; • Nas bandas de deslizamento persistentes a concentração de tensões é mais intensa; • Quando o material não é mais capaz de acumular deformação plástica nas bandas de deslizamento persistentes uma ou mais trincas são nucleadas. Propagação de Trincas (estágio II) • Com o crescente número de ciclos a(s) trinca(s) se propagam de maneira dúctil crescendo enquanto na componente trativa, e fechando a ponta da trinca na componente compressiva Marcas de Praia • A propagação da trinca forma relevos característicos da fadiga, são chamados de marcas de praia (macroscópicas) e estrias de fadiga (microscópicas) Marcas de praia na zona escura onde houve a propagação da fissura por fadiga em braço de eixo manivela de alumínio. Parte clara ruptura final catastrófica Estrias de Fadiga Ruptura Final Estática • Ao atingir um determinado tamanho a seção resistente remanescente do material não suporta mais a tensão aplicada. O material sofre então ruptura final estática por sobretensão Fatores que Afetam a Vida em Fadiga • • • • • Temperatura; Deslizamento; Deslizamento Cruzado; Microestrutura; Design das Peças. Efeitos da Superfície • Superfícies livres de entalhes, arranhões e outros concentradores de tensão estão menos sujeitas à fadiga; • Melhorias nas propriedades tribológicas do material ampliam a vida em fadiga; • Tensões residuais compressivas aumentam a vida em fadiga. Efeitos da Temperatura • Em altas temperaturas a vida em fadiga é menor, além de competir com o mecanismo de fratura por fluência para temperaturas homólogas > 0.5; • Em baixas temperaturas a vida em fadiga é a maior, devido inclusive à baixa taxa de movimentação de lacunas, entretanto observa-se fadiga em temperaturas de 4K. Efeitos do Deslizamento • Se o deslizamento for concentrado em determinados locais ao longo do volume do material a vida em fadiga é comprometida; • Caso o deslizamento ocorra de forma homogênea em todo o material a vida em fadiga é superior. Efeitos do Deslizamento Cruzado • Materiais com alta energia de falha de empilhamento produzem mais deslizamento cruzado, promovendo a formação de bandas de deslizamento; • Se o deslizamento cruzado é reduzido, como nos materiais com baixa energia de falha de empilhamento, a concentração de deformação plástica é inibida, suprimindo o dano por fadiga; • Na prática, o controle sobre a energia de falha de empilhamento do material é limitado. Efeitos da Microestrutura • Microestruturas com resistência mecânica superiores são preferíveis; • Estruturas martensíticas revenidas são largamente utilizadas; • Um decrécimo na temperatura de revenimento promove maior vida em fadiga. Efeitos do Design das Peças • É o fator mais importante; • A ausência de cantos vivos, entalhes e arranhões garantem um bom design; • Um design comprometedor anula os ganhos com o controle sobre os fatores metalúrgicos.