Mecanismos de Evolução Como explicar toda a diversidade de seres vivos que existe num recife de coral? Como explicar a diversidade de seres vivos? Hipóteses possíveis. Fixismo: – As espécies são independentes quanto à sua origem. Tempo – As espécies são imutáveis. Evolucionismo: – As espécies actuais descendem de espécies ancestrais. – As espécies passam por modificações ao longo do tempo. Hipóteses fixistas Até ao séc. XVIII – Fundamentam-se no Criacionismo e no Esponteinismo – Teorias relativas à origem da vida. - Segundo o Criacionismo, todas as espécies foram criadas por Deus, sendo Deus é perfeito, toda a Sua obra tem de ser perfeita; - Para os filósofos da época, perfeição implicava imutabilidade; - Se as espécies Criadas eram perfeitas mantinham-se imutáveis para todo o sempre Depois do séc. XVIII – Fundamentam-se no Catastrofismo de Cuvier. - Segundo Cuvier (que se baseou no registo fóssil), o desaparecimento de fósseis de seres que não se encontram na actualidade, deveu-se à ocorrência de catástrofes, em determinados locais, que destruíram a fauna e a flora dessas regiões. - Os novos seres vivos são o resultado de novos povoamentos. Que argumentos podem ser usados a favor do Evolucionismo? - De acordo com os dados paleontológicos, os seres que existem hoje são diferentes dos que existiram no passado; - Quanto mais recentes são os estratos geológicos, mais complexos e diversificados são os seres vivos que aí ficaram registados: Explicações para a evolução das espécies – Lamarckismo. É considerado o fundador do evolucionismo por ter sido o primeiro a propor uma teoria explicativa para o mecanismo da evolução das espécies. A evolução segundo Lamarck De acordo com a teoria Lamarckista a evolução é: -Motivada pela necessidade de adaptação ao meio; -Centrada no indivíduo; -Desenvolvida segundo dois mecanismos: - o uso ou desuso de determinado órgão; Os órgãos mais usados tendem a desenvolver-se; os que não são usados ou são menos, tendem a atrofiar. - a transmissão das novas características à descendência. As modificações adquiridas pelo uso ou pelo desuso são transmitidas à descendência. Explicação Lamarckista Lamarck explica a evolução do corpo da cobra pela necessidade que esta teve de o esticar (uso), provocando o seu alongamento. Simultaneamente, o facto de ter deixado de usar os seus membros (desuso) resultou na atrofia progressiva que levou ao seu desaparecimento. Lamarckismo – Esquematização das concepções de Lamarck. Objecções à teoria de Lamarck - As propostas de Lamarck não são suportadas por factos; - A teoria admite que a matéria viva teria uma “ambição natural” de se tornar melhor, de forma a que cada ser vivo seria impelido para um grau de desenvolvimento mais elevado; - A lei do uso e do desuso, embora válida para alguns órgãos, como, por exemplo, os músculos, não explica todas as modificações; - A lei da transmissão dos caracteres adquiridos não é válida. A atrofia ou a hipertrofia de uma estrutura adquirida durante a vida do ser vivo não é transmitida à descendência; - Hoje sabe-se que só o material genético é transmitido à descendência e, assim, apenas as características que nele estão inscritas. Porque não foi aceite a teoria de Lamarck Argumentação pouco consistente; Forte influência de Cuvier (defensor do fixismo); A resistência à mudança que caracteriza o Homem. Darwin Em 1831, Charles Robert Darwin (1809-1882), inglês, foi convidado a ocupar o lugar de naturalista a bordo do Beagle, um dos navios da Coroa Britânica Dados biogeográficos Ao logo dos 5 anos de expedição, Darwin recolheu uma extensa quantidade de dados que mais tarde utilizou na fundamentação da sua teoria sobre a origem das espécies. Dados em que se baseou Darwin Biogeográficos – obtidos por si e por Wallace; Geológicos – atribuídos a Hutton e a Lyell; Paleontológicos – observados pelo próprio Darwin. Demográficos – da autoria de Malthus; Selecção artificial – obtidos por si e por muitos criadores. Dados Biogeográficos Em 1835 Darwin chegou ao arquipélago dos Galápagos, tendo ficado impressionado com as tartarugas gigantes, que apresentavam sete Pescoço longo – ambientes áridos variedades, ocupando cada variedade a sua ilha. Apesar das diferenças, estes animais são extremamente semelhantes, fazendo supor que tenham tido uma origem Pescoço curto – ambientes húmidos comum. Dados Biogeográficos O mesmo se verificava com outros seres, como os tentilhões, existindo 14 espécies muito semelhantes, que se distinguiam pelo tamanho, cor e forma do bico, associado ao tipo de alimentação de cada uma. Darwin concluiu que as ilhas (vulcânicas) foram povoadas a partir do continente americano e que as características particulares de cada ilha condicionaram a evolução de cada espécie, daí a sua diferenciação. Principles of Geology Charles Lyell Dados de Geologia Na opinião de alguns autores, a personalidade que mais influenciou Darwin foi o geólogo Charles Lyell (1797-1875), autor da obra Principles of Geology, que admitiu que: -as leis naturais são constantes no espaço e no tempo; -se deve explicar o passado a partir dos dados do presente; -na longa história da Terra decorreram permanentemente mudanças lentas e graduais. Dados de Geologia Durante a sua viagem, Darwin observou numerosos fósseis, tendo descoberto fósseis de animais marinhos nos Andes, a milhares de metros de altitude. Dados de Geologia Darwin talvez tenha admitido que, se a Terra tem milhões de anos e está em mudanças constantes e graduais, então, de um modo semelhante, a vida poderia ter seguido o mesmo caminho. Os seres experimentariam ao longo dos anos mudanças contínuas e graduais, inicialmente imperceptíveis, mas que com o tempo acabariam por ter significado. O papel de Malthus Em 1838 Darwin leu um trabalho publicado por Malthus (1766-1834) Thomas R. Malthus, segundo o qual, a população humana tende a cresce para além das possibilidades que o meio tem para a sustentar, ou seja, cresce exponencialmente (A), enquanto que os recursos alimentares crescem em progressão aritmética (B). Esta situação tende a gerar uma tremenda luta pela sobrevivência. Darwin adaptou estas ideias às populações animais: “na enorme diversidade de seres vivos, e devido à escassez de recursos, vai ocorrer uma luta (competição) pela sobrevivência”. Selecção Artificial Darwin contou ainda com a experiência que possuía como criador de pombos, intervindo directamente em processos de selecção artificial – selecção que consiste na escolha de indivíduos com características desejáveis, utilizando-os em cruzamentos. Segundo o raciocínio de Darwin, se se pode obter tanta diversidade por selecção artificial, é possível, de forma análoga, que ocorra na Natureza uma selecção determinada pelos factores ambientais – Selecção natural – responsável pela estabilidade numérica da população (C). Selecção Natural Quando os troncos das árvores se tornaram enegrecidos pelos fumos da poluição industrial, as borboletas, Biston betularia (predominantemente claras), que antes se confundiam com os troncos, cobertos de líquenes, passaram a ser mais susceptíveis de ser apanhadas pelos predadores, acontecendo o inverso relativamente às de cor escura. As borboletas escuras, que se tornaram a forma mais apta, foram favorecidas pela selecção natural, sendo, actualmente, predominantes nas zonas poluídas. Selecção Natural – Pressupostos de Darwin - Os seres vivos, mesmo os da mesma espécie, apresentam variações entre si; - As populações têm tendência para crescer em progressão geométrica; - O número de indivíduos de uma espécie, geralmente, não se altera muito de geração em geração. Teoria da Selecção natural - Em cada geração, uma boa parte dos indivíduos é naturalmente eliminada porque se estabelece uma “luta pela sobrevivência”, devido à competição pelo alimento, pelo espaço, etc. - Sobrevivem os indivíduos que estiverem melhor adaptados (sobrevivência do mais apto), isto é, os que possuírem as características que lhes conferem qualquer vantagem em relação aos restantes. Os menos aptos, ao longo do tempo, serão eliminados progressivamente. Existe, pois, uma selecção natural. Teoria da Selecção natural - Os indivíduos melhor adaptados, vivem durante mais tempo e reproduzem-se mais, transmitindo as suas características à descendência – reprodução diferencial. - A acumulação das pequenas variações determina, a longo prazo, a transformação dos indivíduos e o aparecimento de novas espécies. Críticas ao Darwinismo A teoria de Darwin gerou uma grande controvérsia na comunidade científica e na sociedade, tendo a Igreja igualmente contestado as suas ideias. Cartoon de sátira ao Darwinismo Tal como foi enunciado por Darwin, a teoria da selecção natural apresentava alguns pontos frágeis: - Não explicava os mecanismos responsáveis pelas variações verificadas nas espécies; - nem o modo como essas variações se transmitem de geração em geração, que permaneceram por explicar até ao séc. XX. Cartoon de sátira ao Darwinismo Argumentos a favor da evolução Paleontológicos – baseiam-se no estudo dos fósseis, atribuindo particular atenção a alguns fósseis específicos. Anatomia comparada – baseia-se no grau de semelhança da anatomia de indivíduos, que à primeira vista, são diferentes. Bioquímicos – Baseiam-se na análise de compostos orgânicos comuns a todos os seres vivos. Citológicos – Baseiam-se no reconhecimento de que todos os seres vivos são constituídos por células. Argumentos paleontológicos Trilobite No passado, existiram seres Amonites que não existem na actualidade Argumentos paleontológicos - Formas fósseis de transição Existiram também seres vivos com características “estranhas”… Ichthyostega Archaeopteryx - Escamas e barbatana caudal como os Peixes; - Asas e penas como as Aves; - Quatro membros e pulmões primitivos como os Tetrapodes. - Dentes e cauda com vértebras como os Répteis. Pteridospérmica - Folhas como os Fetos. - Sementes como as Espermatófitas Argumentos paleontológicos – “Elos perdidos” Recentemente têm sido descobertos fósseis de transição que estabelecem a ligação entre os ancestrais das baleias (mamíferos terrestres) e as baleias actuais. Argumentos paleontológicos – Séries Filogenéticas Por vezes é possível fazer a reconstituição de conjuntos de fósseis de organismos pertencentes a uma mesma linha evolutiva – Série Filogenética. Argumentos Anatómicos – Estruturas homólogas Na anatomia dos seres actuais verifica-se a existência de estruturas constituídas por partes semelhantes, Homem Gato Baleia Morcego dispostas segundo a mesma ordem, Estrutura anatómica dos membros anteriores de alguns Vertebrados com a mesma origem embrionária, cuja existência é atribuída a um processo de Evolução Estrutura anatómica do Sistema nervoso central de alguns Vertebrados divergente. Argumentos Anatómicos – Estruturas homólogas – Evolução Divergente Adaptações das folhas a diferentes meios e/ou funções Argumentos Anatómicos – Estruturas homólogas – Evolução Divergente Adaptações dos caules a diferentes meios e/ou funções Argumentos Anatómicos – Estruturas homólogas – Evolução Divergente Adaptações das raízes a diferentes meios e/ou funções. Argumentos Anatómicos – Importância das Estruturas homólogas - Permitem determinar relações de parentesco entre os seres vivos que as apresentam. -Traduzem o efeito adaptativo da selecção natural. Evolução divergente – Radiação adaptativa A divergência de organismos a partir de um grupo ancestral, pode ser explicada pela colonização de diferentes habitats, sujeitos a diferentes pressões selectivas. Argumentos Anatómicos – Estruturas análogas – Evolução Convergente Morcego em relação a borboleta Estruturas com funções Borboleta em relação à águia similares, com organização anatómica e origem embrionária diferentes. Podem traduzir uma adaptação a ambientes Cacto Euphorbia semelhantes de indivíduos que descendem de ancestrais diferentes. A sua existência é atribuída a um processo de evolução convergente Argumentos Anatómicos – Importância das Estruturas análogas - Embora não permitam determinar relações de parentesco entre os seres vivos que as apresentam… -Traduzem o efeito adaptativo da selecção natural Argumentos Anatómicos – Órgãos vestigiais As asas do quivi e os ossos da cintura pélvica e dos membros posteriores da pitão, aparentemente, não desempenham qualquer função. São órgãos vestigiais Argumentos Anatómicos – Importância dos Órgãos vestigiais - Permitem determinar relações de parentesco entre os seres que apresentam estruturas vestigiais e aqueles que as apresentam desenvolvidas. - Traduzem o efeito adaptativo da selecção natural. Argumentos Bioquímicos -Todos os organismos são constituídos pelos mesmos compostos orgânicos: glícidos, lípidos, prótidos e ácidos nucleicos.; - O código genético é universal, bem como a intervenção do DNA e do RNA na síntese proteica; - As proteínas, resultado da expressão da sequência nucleotídica do DNA, têm uma estrutura semelhante em todos os seres vivos. Argumentos Bioquímicos Outros argumentos a favor da evolução - embriológicos - Quanto mais prolongadas forem as fases semelhantes, mais próximos filogeneticamente se encontram os seres vivos e vice-versa. Neodarwinismo – Teoria sintética da evolução Elaborada por: Huxley, Dozhansky, Wright, Mayr, Simpson e Stebbins Recorrendo aos contributos de: Darwin e Wallace; Mendel, Hugo de Vries, Sutton Morgan Selecção Natural Segregação independente dos caracteres Descoberta das mutações Teoria cromossómica da hereditariedade Explicação genética das mutações E ainda a estudos na área da: Paleontologia, Biogeografia, Embriologia, Sistemática e mais recentemente, Etologia. Tem como objectivos… Neodarwinismo Objectivos: - Colmatar as lacunas da teoria de Darwin; - Construir uma visão unificadora entre o darwinismos e os novos dados, sobretudo da área da genética; Ideias fundamentais: - A selecção natural é o principal agente da evolução; - A selecção natural actua sobre a variabilidade das populações; - A variabilidade genética é da responsabilidade de dois fenómenos: mutações e recombinação genética (essencialmente associada à reprodução sexuada) Neodarwinismo – Factores de variabilidade populacional A população como unidade evolutiva -Tal como Darwin havia previsto, nenhum indivíduo evolui isoladamente; - A unidade evolutiva é a população; - A população é um conjunto de indivíduos da mesma espécie que, num dado momento, ocupam uma determinada área geográfica e se cruzam entre si. Selecção natural e fundo genético - A selecção natural não actua sobre genes ou características genéticas de forma isolada mas sim sobre a globalidade dos indivíduos de uma população; - A selecção natural actua sobre o conjunto de todos os genes presentes numa população num dado momento – fundo genético; - Há alteração do fundo genético sempre que se altera o tipo ou a frequência dos genes; - Sempre que tal acontece, diz-se que a população está em evolução. Neodarwinismo e evolução Diversos factores (fatores de evolução) podem actuar sobre o fundo genético de uma população, produzindolhe alterações significativas de forma a promover fenómenos evolutivos. Neodarwinismo – fatores de evolução – fatores que alteram o fundo genético da população: - Mutações – alteram o tipo de genes - Seleção natural – pode alterar o tipo e/ou a frequência dos genes. - Deriva genética – alteração ao acaso da frequência dos genes – pode alterar o tipo e/ou a frequência dos genes. - Migrações – podem alterar o tipo e/ou a frequência dos genes. - Cruzamentos não ao acaso – podem alterar o tipo e/ou a frequência dos genes. Neodarwinismo e evolução Quanto maior for a diversidade do fundo genético, maior é a probabilidade de uma população se adaptar a mudanças que ocorram nesse meio, pois, entre toda essa diversidade, pode aparecer um conjunto génico que seja favorecido pela selecção natural Neodarwinismo e evolução Ao longo do tempo, determinados genes, e, portanto, determinadas características, acabam por ser eliminadas das populações, em detrimento de outros que se implantam, dando-se, assim, a evolução Principais semelhanças/diferenças entre: Lamarckismo, Darwinismo e Neodarwinismo. Semelhanças: - Todas as teorias consideram ser o ambiente o principal motor da evolução; - Todas reconhecem que a evolução se traduz por modificações nas populações. Diferenças quanto à acção do meio: Lamarckismo – considera que o ambiente induz modificações nos indivíduos. Darwinismo – o ambiente exerce uma acção selectiva. Preserva os mais aptos e elimina os menos aptos. Neodarwinismo – o ambiente exerce uma acção selectiva. Preserva os genes que conferem melhores aptidões e tende a eliminar aqueles que determinam características menos adaptativas. Principais semelhanças/diferenças entre: Lamarckismo, Darwinismo e Neodarwinismo. Diferenças quanto à origem das modificações populacionais: Lamarckismo – as modificações são acontecimentos individuais. Cada um por si, tem capacidade para responder à acção do meio, modificando-se de forma a poder se adaptar. O indivíduo é a unidade evolutiva. Darwinismo – as modificações não são fenómenos individuais mas sim populacionais. Não são os indivíduos que se modificam em função das exigências do meio, mas sim as populações em função da acção selectiva do meio. A unidade evolutiva é a população. Neodarwinismo – o que varia é a frequência dos genes na população (é desta variação que resultam as alterações populacionais). A unidade evolutiva é a população mas considerada em termos de conjunto de genes – fundo genético. Referências: Amparo Dias da Silva e outros, (2008), Terra Universo de Vida, Biologia e Geologia – 11º ano, Vol. I, Porto Editora. João Carlos Silva e outros, (2008), Desafios, Biologia e Geologia 11º ano, Vol. I, Edições ASA. Osório Matias e Pedro Martins, (2008), Biologia 11, Biologia e Geologia 11º ano, Vol I, Areal Editores. Cristina Carrajola e outros, (2008), Planeta com vida, Biologia 11, vol. 1, Editora Santillana. http://forum.netxplica.com/faq.php