Uploaded by Cauane Prado

I Think I Love You: Romance de Lauren Layne

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um agradecimento especial à @emnacassidy e @thenightcoutrs por
terem ajudado com a tradução.
Índice
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Quatorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte e Cinco
Capítulo Vinte e Seis
Capítulo Vinte e Sete
Capítulo Vinte e Oito
Epílogo
Sobre o Livro
Brit Robbins sabe que namorar na cidade de Nova York City é difícil
– ela só esperava ter dominado tudo aos trinta anos. Mas depois
que outro pretendente promissor diz que eles não têm faísca, Brit
decide que é hora de mudar seu jogo de namoro e tentar um novo
plano. E quem melhor para treinar Brit na arte da sedução do que o
cara que primeiro deu a ela o cartão de "vamos ser amigos"?
Hunter Cross sempre pensou que não tinha nadaa que sua melhor
amiga, Brit, pudesse fazer para o surpreender. Mas o pedido de Brit
é uma surpresa que ele não imaginou ser feito – e um pelo qual ele
definitivamente não está preparado. Hunter e Brit sempre tiveram
cuidado para manter as coisas perfeitamente platônicas, mas os
encontros falsos e os flertes de brincadeira estão começando a
parecer reais. E logo Hunter percebe que ele ensinou demais a Brit.
Não só ela se tornou uma expert em sedução, mas o homem
seduzido, foi ele.
Capítulo Um
— Quero dizer, o que há de errado com os homens de Nova York?
Hunter Cross ajustou seus óculos, aqueles que usava tão
raramente quanto possível, mas precisava com mais frequência do
que gostaria de admitir. Ele incisivamente manteve sua atenção em
seu iPad e ignorou a pergunta completamente.
Hunter alternou entre as duas de publicidade. Relógio preto com
fundo vermelho? Relógio azul marinho sobre fundo dourado...
O iPad foi arrancado de sua mão.
— Você está ouvindo?
Hunter suspirou e finalmente cedeu ao inevitável, tirando os
óculos e fixando o olhar na loira semi-irada que estava andando em
escritório pela maior parte da última meia hora.
No que diz respeito a funcionários, Brit Robbins era uma das
melhores de Hunter. Sua gerente de produto sênior era de baixa
manutenção, eficiente e inovadora em suas propostas. Um
excelente conjunto de habilidades, considerando que faziam parte
da equipe de operações digitais da Oxford, a revista masculina mais
popular do país.
Como sua melhor amiga, no entanto, ela era espirituosa,
ferozmente leal e no momento… exigindo toda a sua atenção.
— Desculpa, o quê? — Hunter se recostou na cadeira, sabendo
que havia pouca chance de ele voltar ao trabalho até que ela
resolvesse seu problema. O que, pelo que ele podia perceber, era
sua irritação com toda a população masculina da cidade de Nova
York.
Brit suspirou e se jogou em sua cadeira de convidados.
— Então, você não estava ouvindo.
— Ahhhn... — Não existia uma boa resposta para essa pergunta,
especialmente quando vinha de uma mulher.
— Deixa pra lá — ela disse, colocando o iPad que ela confiscou
no canto da mesa dele. — Eu deveria saber que não devo falar com
você quando você estiver concentrado.
Ele observou enquanto ela usava o elástico de cabelo em volta do
pulso para empilhar o cabelo loiro em um coque bagunçado no topo
da cabeça.
Ele a conhecia há tempo suficiente para saber que ela sempre
começava o dia com seus longos cabelos soltos e perfeitamente
penteados, apenas para tê-los puxado para trás e fora de seu rosto
por volta do meio-dia. Hunter não sabia por que ela simplesmente
não começava o dia com o cabelo puxado para trás, mas ele
perguntou uma vez e obteve uma revirada de olhos enojada. Ele
atribuiu isso a um dos riscos de ser o melhor amigo de uma mulher.
— Desculpe, mas em minha defesa, são duas da tarde em uma
sexta-feira — disse ele, tentando pegar seu iPad. — Falando nisso,
você não deveria estar em uma reunião com a equipe de design?
— Remarcada — ela disse, sua voz distraída e um pouco... triste.
Droga. Dever de amizade chamando. Ele se recostou.
— Ok. Me conta tudo. Qual é o problema? Versão resumida —
acrescentou ele rapidamente.
Ela ergueu um dedo e apontou na direção dele.
— Não. Eu alguma vez peço uma versão resumida para você
quando você quer me contar todos os detalhes dolorosos do jogo
dos Yankees?
— Você gosta dos Yankees.
— Hum, não. Na verdade, não. Gosto da comida e da cerveja que
geralmente vêm acompanhadas de assistir os Yankees. Diferença
crucial.
— Você quer me dizer o que está deixando você irritada ou não?
— Lenny e eu terminamos.
Ah.
— Bem, eu te avisei sobre os perigos de namorar alguém
chamado Lenny...
Seu olhar fulminante o silenciou.
— Certo. Muito cedo para isso. O que aconteceu?
— Ele me largou — disse ela. — Você acredita nisso? Quer dizer,
o cara mora ao lado da mãe dele, e ela ainda faz café da manhã
para ele. E ainda assim, de alguma forma, eu acabo no lado triste
da equação do término.
— Ah, qual é. Você não está realmente com o coração partido por
aquele cara. Vocês namoraram por, o que, uma semana?
— Um mês. E, não, não achei que ele fosse minha alma gêmea, é
só... O que há de errado comigo?
— Espera, pensei que a questão que estávamos abordando era o
que havia de errado com os homens de Nova York?
— Aha! — Ela apontou para ele acusadoramente. — Você estava
ouvindo antes.
Hunter passou as mãos pelo rosto e orou por paciência.
— Brit. Você sabe que eu estou do seu lado. Mas se vamos
conversar em círculos, podemos fazer isso depois do trabalho,
quando posso ter uma cerveja gigantesca na mão?
— Sim, é justo — disse ela com apenas um leve suspiro. — Deus
sabe que já fiz você passar por muitas dessas conversas nos
últimos meses.
— Faça o que eu faço — disse ele com um sorriso. — Não saia
com ninguém a menos que você queira e mantenha tudo casual.
— Sim, bem, eu quero — disse ela tristemente. — Mas eu não
consigo apenas estalar os dedos como você quando estou no clima.
Não sou um cara de mais de um metro e oitenta com uma conta
bancária de seis dígitos que pode conseguir quem eu quero apenas
sorrindo.
— Você também pode — disse Hunter enfaticamente.
E ele realmente quis dizer isso.
Seus sentimentos em relação a Brit sempre foram totalmente
platônicos, mas ele não era um idiota. Essa mulher era uma das
boas, o tipo que qualquer cara teria sorte de ter. Para começar, ela
era atraente. Muito. Altura média, mas com curvas em todos os
lugares certos, cabelos loiros, grandes olhos azuis. E um grande
sorriso. O que soava clichê apenas se você não tivesse visto o
sorriso de Brit Robbins. A mulher parecia brilhar.
Então, sim, qualquer cara que não percebesse isso, não
percebesse ela, era um idiota. Pelo era o que Hunter achava.
— Hum, meu histórico com os homens diz o contrário — disse
ela.
— Não sei por que você continua se submetendo a isso — ele
disse o mais gentilmente que pôde, considerando que sempre se
sentia perdido com esse tipo de conversa.
— Hum, porque meus óvulos estão apodrecendo? — ela disse,
gesticulando com a mão na área geral de sua barriga.
Hunter estremeceu.
— Ah, meu Deus. Deixa para lá.
Ela riu.
— Eu amo esse olhar que você dá sempre que é forçado a
reconhecer que eu sou, de fato, uma mulher.
— Ah, confie em mim — ele disse enfaticamente, — Eu estou
bem ciente de que você é mulher. Essa mesma conversa é uma
prova irrefutável. Você acha que algum dos caras vem aqui exigindo
discutir seus últimos problemas de relacionamento?
Ela ergueu as sobrancelhas em desafio.
— Você está me dizendo que você e Nick não falaram sobre ele
e...
— Nick e Taylor, sim, ok. Então eu meio que me envolvi lá. Mas
nenhum deles falou sobre seus óvulos...
— Nick não tem óvulos — ela apontou pragmaticamente. — E os
de Taylor estão em bom estado de funcionamento, como
evidenciado pelo fato de que ela nem estava tentando engravidar e
engravidou...
— Espera, espera. Você está procurando um namorado porque
quer um filho? Não existem outras maneiras de fazer isso? Adoção,
ou...
Ela ergueu a mão.
— Sim. E se chegar a isso, vou explorá-las. Mas eu não quero
apenas a criança. Eu também quero a parte romântica.
— Bom. Pare de namorar caras chamados Lenny.
Brit riu, mas então balançou a cabeça.
— Os nomes deles não são o problema. Eu sou. Há algo em mim,
algo que é... — Ela franziu os lábios. — Eu não sei. É como se os
caras não me vissem assim.
— Assim como? — ele perguntou, sem ter certeza se queria
saber.
— Como potencial namorada. É como se eu estivesse trancada
na zona de amizade perpétua.
— Você não está — disse ele, verificando seu relógio.
— Ah, é mesmo — ela disse, cruzando os braços. — E você e
eu?
Ele ergueu os olhos.
— Somos diferentes.
— Diferentes como?
— Porque nós somos... — Merda. Ele não queria ter essa
conversa. Nunca. Ele e Brit simplesmente eram o que eram.
Amigos. Bons amigos. Analisar por que eles eram do jeito que eram
só complicaria uma das melhores coisas da vida ele.
— Meu ponto é, você nunca me viu como mais do que uma
amiga. Desde o início, sempre fui a BFF.
— Para ser claro — Hunter esclareceu, — Eu nunca usei essa
frase. A maioria dos caras nunca usaram.
— Mas estou errada?
— Bom, foi o mesmo para você — ele apontou. — Você também
me rotulou como amigo, mas não vou ao seu escritório reclamando
disso.
— Meu escritório é menor.
— Brit.
— Ok, ok, estou sendo difícil — disse ela com um aceno de mão.
— Apenas me responda uma coisa, e então eu vou te deixar em
paz. Nenhum cara me vê como namorada. Por que isso acontece?
Ele esfregou a testa e sorriu.
— Podem ser conversas como esta. Acredite ou não, os caras
não gostam de conversar sobre outros caras. Inferno, na metade do
tempo nós nem gostamos de conversar.
Ele estava brincando, mas ficou surpreso ao ver sua melhor
amiga o levando a sério, batendo os dedos pensativamente em sua
mandíbula.
— Eu gosto de falar muito...
Hunter se levantou e caminhou em direção a Brit, a pegou pelos
ombros e a persuadiu a se levantar, então a virou em direção à
porta e a empurrou de brincadeira.
— E qualquer cara que valha a pena namorar gostaria de ouvir
você falar. Eu gosto. Só não agora?
— Tudo bem — ela murmurou. — Eu deveria saber que não teria
a ajuda de nenhum de vocês.
— Um de nós quem? — ele perguntou com uma voz confusa,
conduzindo-a até a porta.
Ela apontou para a virilha dele acusadoramente.
— Um de vocês com um desses.
— Hum, podemos não falar sobre meu pau como se fosse algum
tipo de doença? — ele perguntou estremecendo.
O dedo dela se ergueu para apontar para o rosto dele.
— Mais tarde. Mais tarde, vou embebedá-lo e fazer você me
explicar o que estou fazendo de errado.
— Tá bom. E vou continuar a repetir o clichê não é você, é eles e
dizer para você ser paciente.
Ela não pareceu ouvi-lo. Ou pelo menos escolheu ignorá-lo.
— Sinto que preciso de um plano. — Sua expressão se tornou
especulativa.
Hunter gemeu. Os planos de Brit eram frequentemente…
extensos. Quando eles se aplicavam às tarefas de trabalho dela, ele
os recebia bem. Quando se aplicavam à sua vida pessoal, as coisas
tendiam a ficar complicadas.
— Tudo bem — disse ele. — Faça um plano. Apenas me prometa
uma coisa.
— Certo. O que? — Ela olhou para ele.
— Me deixa fora disso? — Ele sorriu para suavizar o pedido.
Ela deu um tapinha em sua bochecha.
— Certo. É claro.
Brit se virou e correu pelo corredor, e Hunter balançou a cabeça.
De jeito nenhum ela iria deixá-lo de fora disso.
O melhor que ele podia fazer era trabalhar um pouco antes que o
que quer que fosse viesse rugindo para ele.
Capítulo Dois
— Oh, olhe para esses — disse Daisy Sinclair com uma voz
animada enquanto se virava, segurando dois vestidos iguais: um
destinado a uma criança, o outro para uma mulher adulta. Os dois
de bolinhas pretas e brancas, com uma faixa de cetim azul Tiffany
em volta da cintura. — Fofos, não são?
Brit ergueu os olhos de onde estava remexendo em uma pilha de
cardigãs, seus olhos observando as roupas de mãe e filha que sua
amiga estendia. Seus lábios se apertaram para abafar uma risada e
então, ela olhou para sua outra melhor amiga.
Isso vai ser bom.
Os longos cabelos pretos de Taylor Ballantine chicotearam
quando ela olhou por cima do ombro para Daisy, então seus olhos
azul-acinzentados se arregalaram comicamente.
— O que é isso?
— Roupas combinando! — Disse Daisy, estendendo-os ao lado
do corpo para admirá-los com amor. — Eles não são a coisa mais
adorável que você já viu?
Taylor já estava balançando a cabeça, arrancando os itens das
mãos de Daisy e pendurando-os de volta na prateleira.
— Como você encontrou esta seção? — ela disse, olhando
desanimada a exibição de roupas de mãe e filha combinando.
— Você disse que queria ajuda para escolher as roupas pósgravidez — observou Daisy.
— Eu quis dizer que queria comemorar não ter que usar roupas
de maternidade por mais tempo, não que eu quisesse começar a me
vestir como uma figurante em um filme de terror assustador.
Daisy estendeu a mão e puxou outro conjunto de roupas
combinando da prateleira, este um macacão cor de ferrugem para a
mamãe e um combinando para o bebê, com um monte de babados
onde ficaria a bunda do bebê.
— Para acentuar o tamanho da fralda — disse Daisy com ternura,
sacudindo a roupa na frente de uma Taylor que estava lançando um
olhar mortal.
Brit não conseguia mais evitar. Soltando uma risada, ela foi
resgatar Taylor, puxando as roupas horríveis das mãos de Daisy e
pendurando-as de volta.
— Querida. Você se lembra que Aidan é um menino?
O nariz de Daisy se torceu.
— Eu sei. Mas eles simplesmente não parecem fazer roupas de
mamãe e filho combinando, o que é uma pena. Embora aquele
pequeno macacão que acabei de escolher pudesse ser unissex...
— Não — disse Taylor, balançando a cabeça. — Nada de roupas
combinando. Nunca.
— Nem mesmo para cartões de Natal? — Daisy ficou amuada.
— Especialmente não em cartões de Natal — disse Taylor
enfaticamente. — Eu me recuso a ser esse tipo de mãe.
— É justo — disse Daisy agradavelmente. Muito agradavelmente.
— Vamos encontrar a seção masculina, ver se podemos encontrar
roupas de pai e filho combinando para Nick e Aidan.
Isso fez Taylor parar e ela bateu no lábio inferior pensativamente.
— Hmm. Agora, essa poderia ser a vingança perfeita por Nick ter
bebido a última xícara de café esta manhã depois de eu ter ficado
acordada a noite toda com um bebê gritando. Eu me pergunto se
eles fazem um daqueles estilos de bunda com babado para homens
de mais de um metro e oitenta. Pode ser interessante para...
— Não — Brit interrompeu, dando o braço a suas amigas e
puxando-as para longe das prateleiras. — Eu não sei o que é pior,
Daisy tentando vestir seu filho com um macacão laranja com uma
renda na bunda, ou você estar pensando em vestir seu marido da
mesma forma.
— A ideia dela é mais assustadora, sem dúvida — disse Daisy.
— Para onde você está nos levando? — Taylor perguntou a Brit,
apoiando-se ligeiramente nos calcanhares, como uma criança
teimosa. — Ainda não comprei nenhuma roupa.
Taylor Ballantine, nascida como Taylor Carr, era mais alta, mas
Brit era mais determinada, e puxou as duas amigas em direção à
porta da frente da Bloomingdale.
— Cometemos um grande erro de julgamento ao não almoçarmos
antes das compras — disse Brit.
Daisy afastou uma mecha de cabelo loiro do rosto quando saíram
da Bloomingdale e entraram na Terceira Avenida.
— Na verdade, não acho que alguém iria sugerir que comer antes
de experimentar roupas é uma boa ideia. Mesmo com o corpo
perfeito de Taylor, o que, aliás, é super irritante para uma mulher
que deu à luz apenas há alguns meses.
— Ok, vou admitir que comer nem sempre é benéfico antes de
fazer compras — Brit admitiu, liberando seus braços dados e
ajustando sua bolsa mais acima em seu ombro. — Mas o vinho com
certeza é.
Ela balançou as sobrancelhas de forma tentadora e esperou.
Taylor consultou o relógio e depois olhou para Daisy.
— São onze e quarenta e cinco…
— Perfeito — Daisy pronunciou. — Onde nós devemos ir?
Dez minutos depois, elas estavam acomodadas em uma mesa de
canto em um restaurante italiano próximo com uma garrafa de Gavi,
um varietal de vinho branco italiano recomendado pelo garçom,
esfriando ao lado delas. Taylor ergueu o copo em um brinde.
— Para a melhor expedição de compras que tive em anos.
— Você não comprou nada — lembrou Daisy.
— Vamos consertar isso mais tarde — disse Taylor, batendo sua
taça na de Brit e tomando um longo gole. Ela puxou o copo de seus
lábios e lhe deu um olhar amoroso. — Deus, estou feliz por ter
bombeado hoje.
— Perdão? — Brit disse, mordendo um pedaço de pão.
— Assuntos de amamentação — disse Taylor. “Enchi as garrafas
de Aidan com antecedência para que a mamãe pudesse desfrutar
desta garrafa. — Ela bateu no vinho com a unha.
Brit mastigou seu pão e estudou sua amiga com um sorriso.
Taylor podia fingir para todo mundo que sentia falta de sua antiga
vida de beber vinho sempre que quisesse, de fazer compras uma
vez por semana em vez de uma vez por mês, mas Brit sabia melhor.
Taylor adorava ser mãe. Pode ser um clichê, mas o brilho que Taylor
teve enquanto ela estava grávida se transformou em algo radiante
assim que Aidan fez seu caminho barulhento para o mundo. O fato
de Taylor dividir seus deveres parentais com Nick Ballantine
aumentava seu brilho.
Uma vez, Nick e Taylor foram inimigos, muito mais inclinados à
guerra do que ao amor. Mas, graças ao rompimento oportuno com
outras pessoas e à necessidade mútua de um colega de quarto, o
amor floresceu entre todas as brigas.
O bebê e o casamento vieram rapidamente. Muito rapidamente.
Brit estava feliz por sua amiga. Pelos dois amigos dela, já que ela
também considerava Nick um amigo próximo. Mas em meio a toda
aquela felicidade, talvez houvesse uma pequena pontada de inveja.
Ela queria isso. Ela queria o que Taylor tinha com Nick e o que
Daisy havia encontrado com Lincoln Mathis, o homem mais bonito
do planeta e outro funcionário de Oxford junto com Brit, Taylor e
Hunter.
Caramba, por falar nisso, a maior parte do círculo social de Brit
hoje em dia parecia estar concentrado em Oxford. Nick às vezes era
freelancer para a revista, e até Daisy havia trabalhado para a revista
temporariamente, até descobrir sua verdadeira vocação como
organizadora de casamentos.
Brit era grata. Grata por ter um emprego que amava, um grupo de
amigos que estava lá para ajudar em todos os altos e baixos da
vida.
Apenas parecia que uma parte da vida de Brit – a parte romântica
– tinha ficado para trás.
Ela não entendia. Como ela apontou para Hunter ontem, Brit
tentava. Não do modo desesperado "vou sair com qualquer um —
mas ela se permitia. Ela dizia sim para qualquer cara que a
convidasse para sair e que não parecesse ter alguém acorrentado
em um porão em algum lugar.
Ela estava aberta a namorar homens mais baixos do que ela,
homens carecas, homens com coque, embora ela odiasse homens
com coque. Barbas, sem barbas, fãs de esportes, fãs de xadrez…
Ela tinha a mente aberta, droga.
Ela fazia questão de estar disponível.
E ainda assim, toda vez ela recebia a conversa.
Você é uma ótima garota, Brit, eu simplesmente não estou
sentindo isso…
Isso. Que diabos era isso?
O que ela tinha de pouco? Ou não tinha de jeito nenhum?
— Quando você acha que ela vai nos contar? — Daisy disse,
casualmente olhando para Taylor por cima do menu.
Taylor estendeu a mão para a cesta de pão.
— Oh, você quer dizer o que ela está pensando? Dou a ela outro
gole de vinho ou dois, e ela vai explicar porque nos arrastou para
fora da Bloomingdale, que ela adora, para almoçar, embora ela
tenha dito uma hora atrás que tomou um café da manhã tão grande
que poderia vomitar.
— Tudo bem — disse Brit, colocando os braços sobre a mesa e
se inclinando para frente. — Mas lembrem-se, vocês pediram pela
conversa.
— Oh, querida — disse Daisy suavemente, tomando um gole de
vinho. — É pior do que discutir bombas de leite?
— Ou macacões com babados na bunda — disse Taylor com um
olhar aguçado para Daisy.
— Lenny e eu terminamos — Brit anunciou.
As respostas de Daisy e Taylor vieram ao mesmo tempo, mas não
eram nada parecidas.
— Oh, querida — disse Daisy com simpatia, no exato momento
em que Taylor declarou: — Graças a Deus
Daisy apertou seu braço.
— O que aconteceu?
— Ele me largou — disse Brit com um pequeno encolher de
ombros.
— O que? — Taylor cuspiu. — Como isso é possível? Aquele
homem era a forma física da halitose.
Brit piscou.
— O que isso sequer... não importa. Mas sim, ele terminou
comigo. Foi o mesmo discurso de sempre. Ele gostava de mim, mas
não desse jeito. Vou deixar um cara muito feliz, mas ele não é esse
cara. Ele gosta de passar um tempo comigo, mas estamos
perdendo a faísca… Soa familiar?
Suas amigas estremeceram e Brit sabia o que elas estavam
pensando.
Era familiar porque foi quase literalmente o que os últimos três
namorados de Brit tinham dito a ela.
Não que ela tivesse pensado que algum deles era o amor de sua
vida, mas ela estava disposta a dar ao relacionamento uma chance
de crescer em algo mais. Aparentemente, os homens não sentiram
o mesmo.
— Ok, vocês têm que ser perfeitamente honestas comigo — disse
Brit, fixando as duas com um olhar, — porque Hunter não ajudou.
— Os meninos nunca gostam desse tipo de coisa — disse Daisy,
passando um pedaço de pão pela travessa de azeite e vinagre
sobre a mesa. — Até mesmo os melhores não têm noção sobre o
amor.
— Bem, eu não acho que o amor estava entre Lenny e eu — Brit
admitiu. — Mas eu estaria mentindo se não estivesse um pouco…
perplexa com a separação.
— Você deveria estar perplexa. Você é mais gostosa do que ele
— Taylor disse enfaticamente. — E mais inteligente. Você tem um
bom emprego, um ótimo apartamento, uma excelente seleção de
sapatos e ele praticamente mora com a mãe e traz sua coleção de
moedas para coquetéis.
— Eu juro que não sabia que ele ia fazer isso — disse Brit,
olhando para Daisy em um pedido de desculpas. Daisy e Lincoln
deram uma festa de Ano Novo, e Brit achou que uma noite cheia de
bebida seria um momento tão bom quanto qualquer outro para
apresentar seu novo namorado a todos os seus amigos.
Lenny não só escondeu a bolsa de viagem forrada de veludo com
sua coleção de moedas raras no bolso da jaqueta, mas também
tentou ler as palmas das mãos de várias pessoas na festa, incluindo
Alex Cassidy, o editor-chefe de Oxford, o chefe da maioria das
pessoas na sala, o cunhado de Daisy, e não o tipo de homem que
tem sua palma da mão lida. Nunca.
— Querida, isso tudo é apenas mais uma prova de que você está
melhor sem ele — disse Daisy.
— Eu sei — disse Brit. — Não estou com o coração partido nem
nada. Não estou nem tão chateada; é só que… Gente, esta é a
terceira vez em alguns meses e é sempre a mesma coisa. É como
se eu fosse um repelente de homem.
— Você não é — disse Taylor. — E se você disser algo assim de
novo, vou tirar o seu vinho.
Brit agarrou o copo protetoramente contra o peito.
— Não se atreva. Mas sério, preciso de ajuda. Depois de Hunter,
vocês são minhas melhores amigas.
— E você é a nossa. Do que você precisa? Diga — disse Daisy.
Brit colocou o copo na mesa e abriu os braços para os lados.
— Sejam brutalmente honestas. Estou emitindo algum tipo de
energia estranha? Está escrito platônico na minha testa? Ou eu
tenho uma etiqueta escrito desinteressante em meus seios?
Taylor se inclinou e estudou o peito de Brit.
— Não, tudo bem aí. Peitos ótimos.
Brit revirou os olhos.
— Obrigada. Mas estou falando sério. Eu realmente não consigo
entender por que eles continuam fugindo de mim, todos eles
alegando falta de faísca.
— Você sente uma faísca? — Daisy perguntou. — Com eles?
Brit pressionou os lábios e considerou.
— Não de verdade? Quero dizer... nenhum deles me fez ofegar
nem nada. Mas eu pelo menos pensei que havia a opção para uma
eventual faísca. Em vez disso, todos eles olham para mim como
Hunter olha para mim. Como se eu fosse um dos caras. Exceto que
eu não sou, nunca fui. Não assisto esportes com entusiasmo, a
menos que seja aquele jogador de golfe fofo. Eu depilo minhas
pernas todos os dias. Eu sei como lidar com uma paleta de
sombras. Eu amo salto alto.
— Um brinde a isso — disse Taylor, esticando o pé de debaixo da
mesa para balançar um stiletto azul brilhante.
O garçom começou a vir na direção delas, mas ele parou no meio
do caminho e recuou. Provavelmente devido à combinação do salto
letal de stiletto de Taylor e a energia de mate os homens que Brit
suspeitava que ela poderia estar passando no momento.
— Talvez os homens apenas se sintam… confortáveis com você
— Daisy disse. — Talvez eles não saibam o que fazer a respeito.
— Você é realmente boa em deixar as pessoas à vontade —
Taylor acrescentou. — No primeiro dia em que te conheci em
Oxford, você me fez sentir como se fôssemos melhores amigas
instantaneamente.
— O mesmo comigo — disse Daisy em concordância. — Quando
eu era nova em Nova York e não conhecia ninguém além de Emma
e Cassidy, você realmente fez toda a diferença. Eu estava nervosa
pra caramba nos meus primeiros dias em Oxford, convencida de
que não me encaixava. Você me fez sentir como se eu me
encaixasse. Você agiu como se nos conhecêssemos desde sempre,
e foi… legal.
Brit bateu as unhas na mesa enquanto considerava isso. Embora
ela nunca tivesse realmente pensado nisso sob essa luz, ela supôs
que era como ela operava. Desde o ensino fundamental até o
ensino médio, ela foi aquela quem o diretor pediu para mostrar as
coisas aos novos alunos. Na faculdade da Universidade de
Michigan, ela foi convidada para liderar a orientação de calouros.
Caramba, até mesmo em Oxford, Cassidy estava sempre
trazendo os novatos para ela, pedindo-lhe para mostrar a eles o que
fazer. Ela não se tornou a melhor amiga de todos eles, mas… bem,
foi assim que ela conheceu Hunter, Daisy e Taylor.
Ela era amigável. Ela fazia as pessoas se sentirem confortáveis.
Isso era uma qualidade, não era?
Pode ser. Talvez quando se tratava de amizade, sim. Mas quando
se tratava de relacionamentos românticos…
— Eu os deixo muito confortáveis — ela disse em voz alta para
suas amigas.
— Quem? — Daisy perguntou.
— Homens — Brit disse, seus dedos batendo mais rápido
enquanto o pensamento tomava conta. — Talvez eu os tenha
deixado tão à vontade que matei a faísca.
— Ou apenas disfarçou a faísca — disse Daisy. — Você sabe,
como se você fosse quase tão boa que eles surtaram porque nada
está dando errado?
— Isso! E porque os homens são burros e acostumados a ter
relacionamentos difíceis, eles confundem a facilidade de estar com
você com falta de faísca — disse Taylor, visivelmente entusiasmada
com a ideia enquanto pegava a garrafa e enchia todas as taças.
Brit sentiu algo clicar com a avaliação de suas amigas. Isso
estava certo? Parecia que sim. Porque mesmo que seu histórico de
términos tenha sido especialmente brutal nos últimos meses
especificamente, ela não tinha sempre sentido como se os caras
não a vissem daquele jeito? Ela não tinha sempre se encontrado na
categoria de apenas amigos, mesmo quando ela não queria?
Sim. A resposta era, infelizmente, sim.
A questão, porém, era o que fazer a respeito.
Ela queria fazer algo sobre isso?
— Estar confortável com alguém não deveria ser uma coisa boa?
— Brit perguntou, um pouco abatida. — Vocês se sentem
confortáveis com Lincoln e Nick.
— Claro, agora. Mas Nick e eu não estávamos confortáveis no
início — disse Taylor. — Qualquer coisa menos isso.
— Lincoln e eu estávamos confortáveis — disse Daisy,
mordiscando o lábio inferior. — Mas isso era...
Brit se aproximou e deu um tapinha no braço dela.
— Diferente. Muito diferente. A sua história e do Lincoln é
especial.
— É — Daisy concordou com um sorriso feliz e privado. — Mas
você também merece uma história especial.
Brit fez um gesto chamando com os dedos.
— Mandem. Mandem todas as sugestões. Me tirem da zona de
amizade.
Daisy e Taylor se entreolharam por um momento, seus olhares
especulativos. Elas sorriram exatamente ao mesmo tempo, como se
uma ideia as atingisse ao mesmo tempo.
— O que? — Brit perguntou, olhando entre elas. — O que estou
perdendo?
Daisy acenou com a cabeça para Taylor.
— Você fala.
— Ok — Taylor disse animadamente, virando-se para encarar Brit
totalmente. — Você disse que deixa os caras muito confortáveis. Eu
acho que talvez você esteja certa, pelo menos nos estágios iniciais,
quando tudo se trata de tensão sexual e talvez até mesmo uma boa
briga de vez em quando para fazer o sangue bombear.
Brit acenou com a cabeça.
—E
— E você precisa de uma lição sobre como deixar um cara
desconfortável!
— Ah... — Brit fez uma pausa. — Eu gosto disso em teoria, mas
não posso imaginar que isso levaria ao romance.
— Existem diferentes tipos de desconforto — disse Daisy com um
sorriso enigmático. — O tipo constrangedor e... o tipo sexy.
— Um tipo sexy de desconforto? — Brit disse duvidosamente.
— Sedução — resumiu Taylor. — Ser seduzido é desconfortável
pra caramba, e ah, tão bom. E você, minha cara amiga, precisa de
uma lição.
— Uma lição na arte da sedução? De quem? Vocês?
Ambas as mulheres já estavam balançando a cabeça.
— Podemos dar dicas — disse Daisy. — Mas você precisa de um
especialista para realmente experimentar.
— Um cara com quem experimentar — esclareceu Taylor.
— Quem diabos me ensinaria a arte da sedução?
— Puxa, se você tivesse um melhor amigo que fosse um cara...
— Daisy disse, pegando seu menu e estudando-o.
Ah. Ahhhhhh.
Que boba ela foi por não ter visto isso primeiro. Brit se sentiu dar
um pequeno sorriso. Em seguida, um mais amplo.
Era brilhante.
Então ela começou a rir. Ela estava prestes a pedir o maior favor
do seu amigo.
Pobre Hunter.
Capítulo Três
Hunter se sentiu um idiota. Ele estava na casa dos trinta, pelo amor
de Deus. Estabelecido demais no mundo das mulheres e namoro
para fazer um movimento de novato, mas ele tinha feito.
Seu encontro foi bom. Ótimo, até, porque ele não quis atirar em si
mesmo no meio do jantar. A conversa tinha sido agradável, se não
exatamente brilhante. O filé de costela que ele comeu na refeição
estava excelente, assim como o tiramisu que ela quis dividir para a
sobremesa.
Não era, entretanto, pela estimativa de Hunter, um encontro que
necessitava ou mesmo inspirava mais um. Ele não se via se
casando ou mesmo namorando seriamente com Haley Ferris. Ela
era bonita, gentil e… incrivelmente literal.
Não era um traço ruim por si só, com certeza, mas dado o estilo
de sarcasmo particularmente seco de Hunter, suas táticas de
conversação dificilmente eram compatíveis a longo prazo.
Ao longo da noite, ele fez alguns comentários, e o sarcasmo
passou completamente despercebido por ela. Por outro lado, houve
um punhado de vezes em que ele erroneamente presumiu que ela
estava sendo sarcástica quando não estava. Eles riram durante os
mal-entendidos embaraçosos, mas um par perfeito com certeza não
eram.
Mas o encontro em si não foi o erro de Hunter.
Não. Isso foi sair com uma mulher que morava no prédio dele.
Assim, um encontro que deveria ter terminado, como a maioria
deles, com uma fácil separação de caminhos do lado de fora do
restaurante, estava se tornando algo muito mais complicado. Em
vez de ele levar uma mulher para seu próprio táxi antes de partir em
outro, ele e Haley seguiram para o mesmo destino.
Ou seja: táxi compartilhado. E se a maneira como ela estava
encostada nele fosse qualquer indicação, ela tinha toda a intenção
de sugerir o famoso convite para uma bebida.
Merda.
Hunter era bom em muitas coisas. Livrar-se das expectativas das
mulheres não era uma delas. Ele não era muito mole em sua vida
profissional e nem com seus amigos. Mas quando se tratava de uma
mulher bonita, ele morria de medo de ferir seus sentimentos.
Aterrorizado, ainda mais, de lágrimas, porque que homem não era?
Não que ele achasse que Haley fosse de chorar muito, mas eles
não pareciam estar na mesma página em termos de
incompatibilidade.
A mão dela encontrou o joelho dele. Merda.
Ou ela achava que o encontro tinha sido muito melhor do que ele
ou ela não se importava como o encontro tinha sido e estava
apenas procurando por um caso de uma noite. O que normalmente
ele consideraria, se a mulher estivesse interessada e o clima fosse
certo. Mas, novamente, tudo se resumia a esse incômodo problema
de proximidade. Embora eles não morassem no mesmo andar do
prédio, eles provavelmente se esbarrariam enquanto checassem a
correspondência, na escada ou durante o inesperado alarme de
incêndio, quando a senhora idosa no primeiro andar queimasse sua
torrada novamente.
Esses encontros casuais seriam muito menos estranhos se eles
não tivessem se visto nus.
O táxi parou do lado de fora do prédio e, enquanto Hunter pagava
a corrida, ele tentou se lembrar do conselho de seu amigo Lincoln
para se livrar de uma mulher com elegância. Antes de conhecer
Daisy Sinclair, Lincoln Mathis foi um dos playboys mais queridos e
nefastos da cidade. As duas qualidades deveriam ser mutuamente
exclusivas, mas Lincoln fez com que funcionasse. Sua reputação de
dispensar as mulheres facilmente, e de uma forma que as fazia
adorá-lo mais do que nunca, era lendária.
Então, uma vez, depois de alguns coquetéis, Lincoln deu a Hunter
uma espécie de roteiro. Algo sobre deixar a mulher pensar que ela
sabia de uma vulnerabilidade secreta sua. Ou era descobrir qual era
a vulnerabilidade da mulher… ou…
Droga. Hunter não conseguia se lembrar de nada que Lincoln
havia dito a ele.
Haley estava esperando por ele na calçada e deu um sorriso
sedutor quando ele fechou a porta do táxi.
— Que cavalheiro de sua parte me acompanhar até em casa —
disse ela. A risada dela quando disse isso o deixou saber que era
uma piada. Pelo menos para ela.
Hunter sorriu. Um sorriso tenso e educado, mas ela não pareceu
notar. Em vez disso, Haley se aproximou e ergueu a cabeça.
— Ainda está cedo. Eu tenho uma garrafa de conhaque
incrivelmente cara que ganhei de presente de Natal do meu chefe
que estou morrendo de vontade de compartilhar com alguém.
Hunter estendeu a mão e esfregou a nuca. Ele deveria dizer não
a ela agora, ou fazia a coisa educada e aceitava a oferta de uma
bebida? Mas se ele fizesse isso, ele meramente estaria adiando o
momento em que teria que dispensá-la de verdade…
Por que ele fazia isso consigo mesmo? No início da semana,
quando a sacola de compras de Haley explodiu no saguão e ele a
ajudou a pegar uma quantidade horrível de merda de folhas verdes,
por que ele não se esquivou da sugestão de jantar dela?
Ele poderia ter dado a desculpa de que teve uma semana agitada
no trabalho. Ou uma viagem. Ou gripe. Ou uma namorada! Droga,
teria sido fácil. Ele poderia ter alegado que estava saindo com outra
pessoa, e…
— Hum, Hunter? — A voz feminina veio de trás de Haley, e o tom
era incrédulo, talvez beirando a indignação.
Ele estudou a escuridão, notando uma forma feminina nas
sombras do canto de seu prédio, onde os fumantes tendem a se
reunir em torno de um vaso feio de planta.
Mas não era um fumante. E a voz e o andar da mulher eram
maravilhosamente familiares.
Brit emergiu das sombras, e seu rosto, agora iluminado pelas
luzes da cidade, estava lívido.
— Quem é essa? — Brit disse em um tom baixo e perigoso antes
que Hunter pudesse cumprimentá-la.
Hum. O que?
Ela tinha bebido? Brit era um tipo amigável e acolhedora. Nem um
pouco o tipo de mulher para ser, bem… estranha.
— Brit, essa é Haley. Haley, minha amiga Brit Robbins.
A risada de Brit foi cortante.
— Amigos? É isso que somos? Não parecíamos amigos quando
você me prendeu contra a parede do seu apartamento. Não
parecíamos amigos quando abandonamos o brunch para ficar nus
na cama o dia todo. Não parecíamos amigos quando deixei você me
virar e…
Hunter soltou uma risada assustada e ergueu a mão para parar o
absurdo louco que ela estava dizendo.
— Que diabos...
Seu olhar azul foi de Haley, que estava parecendo nervosa, para
Hunter, e embora Brit não tivesse perdido o olhar enlouquecido, ela
acrescentou algo a mais, apenas para Hunter. Uma piscada.
Ah. Entendi.
Bem, inferno, agora ele se sentia um idiota por não ter visto o
plano dela antes.
Não era a primeira vez que Brit o tirava de uma situação de
encontro desagradável fingindo ser sua namorada, ou o que fosse,
mas geralmente ele estava dentro do plano. E geralmente seus
métodos não eram tão… gráficos.
— Ele te contou alguma coisa disso? — Brit perguntou, voltandose para Haley. — Ou que ele vai me levar para sair amanhã? Ou
que, depois do fim de semana passado, eu mal conseguia andar
direito…
Jesus. Hunter segurou uma risada horrorizada e decidiu acabar
com isso. Para o bem de Haley, assim como para o seu próprio.
Ele se afastou de Haley e se aproximou de Brit, os dedos
envolvendo o braço dela.
— Brit. Querida. Vamos apenas subir para a minha casa e
conversar um pouco.
— Claro, “conversar” — disse ela, fazendo aspas no ar em torno
da palavra. — Todos nós sabemos...
Ele apertou os dedos em um aviso gentil. Chega de referências
sexuais estranhas; você está me assustando.
Ele deu a Haley um sorriso de desculpas.
— Haley...
Ela balançou a cabeça e deu um passo para trás.
— Esquece. Eu sabia que você era um paquerador, mas… — Ela
balançou a cabeça novamente. — Vejo você por aí, Hunter.
Ele e Brit observaram até que Haley desapareceu dentro do
prédio.
Então Hunter olhou para ela sem soltar seu braço.
— Feliz agora?
Ela sorriu para ele.
— De nada.
Ele deu uma risada incrédula.
— Não posso dizer que a gratidão é minha primeira emoção
agora.
— Virá quando você perceber que eu te salvei — ela disse com
confiança. — Não tente me dizer que você não estava pirando
tentando descobrir como se livrar dela.
— Ela não era tão ruim — Hunter resmungou, sentindo-se
culpado por querer se livrar de Haley tanto quanto ele queria.
— Não, ela parecia legal — Brit concordou. — Mas você não
estava afim dela.
— Como você poderia saber disso?
— Porque você estava fazendo seu coçar e inclinar.
Hunter piscou.
— Meu o quê?
— Coçar e inclinar. Sempre que você se sente desconfortável em
uma situação e deseja sair dela, mas não sabe como, você coça a
nuca e se inclina ligeiramente para longe de quem está lidando.
— Eu não faço isso.
Ela encolheu os ombros.
— Faz sim.
— Ok, talvez eu faça — ele disse, porque ele realmente não tinha
ideia se ele coçou o pescoço, ou se inclinou, ou o que seja. — Mas
não o estamos chamando assim. Não estamos transformando isso
em uma coisa.
— Você deveria ser grato pela mania. Sem ela, eu nunca saberia
como resgatá-lo!
— Sim, obrigado por isso, eu acho – espere. — Hunter soltou seu
braço, mas olhou para ela bruscamente. — Como você soube que
precisava me resgatar?
— Eu te disse, o coçar e inclinar...
— Não, quero dizer, por que você está aqui?
— Porque somos melhores amigos?
— Melhores amigos não se escondem do lado de fora dos prédios
uns dos outros.
Ela deu o braço a ele e encaminhou-se para a porta da frente de
seu prédio.
— Eles fazem isso se tiverem um favor a pedir.
— Não é para isso que servem as mensagens? — ele perguntou
cautelosamente. Brit tinha estado na casa dele dezenas de vezes,
talvez centenas, mas raramente ela simplesmente aparecia sem
avisar.
E Brit pedir favores era ainda mais raro. Não que ele se
importasse se ela pedisse mais. Ele faria qualquer coisa por ela.
Mas, de modo geral, Brit não era do tipo que precisava de favores.
Ele sempre pensou nela como totalmente autossuficiente.
— Acredite em mim, você não quer ouvir esse pedido em uma
mensagem — disse ela.
Isso o deixou curioso. E mais do que um pouco desconfiado,
especialmente dada a conversa de ontem.
Hunter tirou as chaves do bolso e usou o controle para abrir a
porta do saguão de seu prédio. Ele o segurou aberto para ela, e ela
entrou.
Seu prédio no Upper West Side não era chique. Na verdade, foi o
primeiro prédio para o qual ele se mudou depois de chegar a Nova
York, uma década atrás, recém-saído do avião de Missouri. Na
época, era tudo o que ele podia pagar. O prédio da pré-guerra tinha
um porteiro, mas em uma medida de corte de custos ele trabalhava
apenas das nove às cinco, de segunda a sexta-feira, em vez da
cobertura 24 horas por dia de prédios mais sofisticados. Havia um
elevador e, embora devesse servir apenas oito andares, Hunter
achava mais rápido subir as escadas para sua unidade no sexto
andar, a menos que estivesse com sacos de compras ou bagagem.
O saguão, embora provavelmente considerado luxuoso na
inauguração do prédio nos anos 20, tinha uma sensação
decididamente datada, e não no estilo intencionalmente retrô dos
prédios renovados da pré-guerra na área.
Quando ele conseguiu o emprego em Oxford, alguns anos atrás,
o primeiro pensamento de Hunter foi que ele poderia se mudar para
um prédio mais novo e mais agradável, apenas para perceber… que
ele não queria.
O Enclave era sua casa e Hunter não queria morar em nenhum
outro lugar. Em vez disso, ele aplicou o aumento do salário para
renovar seu apartamento. Com a permissão surpreendentemente
indiferente do proprietário, ele destruiu a cozinha, criando uma
planta aberta, com todos os novos aparelhos.
O banheiro também tinha sido reformado. Adeus papel de parede
feio e olá para um novo chuveiro que funcionava o tempo todo, em
vez de quando estava com vontade.
A maioria das outras coisas, porém, ele deixou em paz, preferindo
deixar o caráter do prédio antigo se mostrar nos tetos altos, nas
janelas antiquadas.
Ele teria deixado sua mobília intocada também, mas então Brit já
havia entrado em sua vida e insistido que ele abandonasse a vibe
de fraternidade. Ela havia enviado o sofá de segunda mão com a fita
adesiva em um dos braços dele para doação e substituído por um
confortável sofá de couro marrom que ele gostava mais do que
jamais admitiria para ela.
Ela também escolheu sua mesa de centro, lâmpadas e todas as
outras merdas com as quais os caras realmente não se importavam,
mas ela tomou cuidado para não deixar tudo espalhafatoso. Como
resultado, sua casa era, bem, um lar. Ou pelo menos um bom lar
temporário até que ele encontrasse o caminho de volta para o
Missouri, que ele sempre considerou como o seu objetivo final.
Hunter começou a subir as escadas e Brit gemeu.
— Você sabe que, se vai à academia todos os dias, não precisa
subir escadas, certo?
— Bem, já que você não vai à academia todos os dias, considere
isso seu exercício — ele disse, plantando a mão nas costas dela e
empurrando-a escada acima.
Ela caminhou na frente dele, o salto de suas botas clicando a
cada passo.
— Você não trata seus encontros assim, não é?
— Definitivamente não.
— Ah, isso mesmo. Porque você tenta se livrar delas antes que
elas tenham que participar dessa parte da noite.
Ele estendeu a mão e beliscou o lado dela. Brit engasgou e virou
a cabeça.
— Você não acabou de beliscar o topo do meu muffin.
— Seu o quê?
Seus olhos se estreitaram antes dela retomar a escalada.
— Você sabe muito bem o que é um topo de muffin e sabe que
acabou de beliscar.
— Eu acho que é fofo.
— Cale a boca, Hunter.
Ele sorriu enquanto ela subia com mais força as escadas até
chegarem ao sexto andar.
— Você me deve água. E vinho. Nessa ordem — ela disse, seu
peito arfando levemente enquanto ela balançava o dedo para ele e o
seguia pelo corredor.
— Sem problemas. — Ele empurrou a chave na fechadura. “Eu
tenho uma garrafa aberta de tinto da noite passada. Pode haver
uma garrafa ou duas de branco na geladeira, se você quiser que eu
abra elas?
— O que quer que você esteja bebendo. — Ela tirou o casaco e
pendurou-o no armário dele. Ela puxou um segundo cabide e
balançou os dedos para pegar o casaco dele.
Ele entregou a ela, mal registrando que era seu apartamento e,
portanto, ele provavelmente deveria estar pendurando o casaco
dela. Mas, então, eles já haviam passado disso.
— O que vou beber vai depender — disse ele, coçando o queixo
e estudando-a.
— Do que?
— Desse favor que você tem a me pedir. É o tipo de favor que
posso ouvir enquanto bebo água? Devo me servir uma taça de
vinho? Ou é o tipo de favor em que definitivamente vou querer
uísque?
Ela mordeu o lábio e considerou.
— Uísque.
Inferno.
— Para mim também — disse ela.
Inferno em dobro.
Brit raramente bebia uísque. Só quando ela realmente precisava
de coragem líquida. O que significava… o que ela tinha na manga?
Ele não iria gostar.
Capítulo Quatro
Brit estava nervosa e isso era estranho. Ela nunca ficava nervosa
perto de Hunter. Ele era seu melhor amigo em todo o mundo, o cara
que era tão parecido com seu irmão que ela nem se importava –
muito – quando ele beliscava alguns quilos extras de peso do
feriado à espreita em torno de sua cintura.
Mas agora, estando cara a cara com ele, ela percebeu a
enormidade do que ela estava prestes a pedir a ele.
Ela poderia pedir a ele?
Ela deveria?
Ela tentou dizer a si mesma que era isso que amigos faziam. Ela
o salvou de sua incapacidade cavalheiresca de ferir os sentimentos
de uma mulher, mesmo quando ele não estava a fim dela, como Brit
acabara de fazer com a situação de Haley lá fora, e ele em troca...
Merda. Como ela não refletiu sobre a formulação da frase antes
de vir?
Oi, você pode me ensinar como seduzir um homem?
Você pode me mostrar como ser sexy?
Você pode me treinar no que os homens querem?
Parecia tão simples ao discutir isso com as meninas naquela
tarde, mas agora...
— Coloque uma música, ok? — ele gritou, entrando na cozinha e
tirando dois copos do armário.
— Claro. — Brit pegou o celular e conectou ao seu sofisticado
sistema de som do jeito que ela fazia várias vezes no passado.
O que sempre foi uma tarefa fácil e sem sentido de repente
pareceu monumental.
Ela colocava algo sexy, para definir o clima para o pedido?
Ou algo decididamente não sexy, então ele não interpretaria mal o
pedido?
— Oh, a propósito — disse Hunter, colocando os copos no balcão
e indo para a prateleira que ele usava como uma espécie de
carrinho de bar improvisado, — você tem batom nos dentes.
Ah, pelo amor de Deus – Brit revirou os olhos e esfregou os dois
dentes da frente com o dedo. Ela olhou para a ponta do dedo,
notando a mancha de seu batom rosa.
Sim. De alguma forma, ela não achava que haveria muita chance
de Hunter interpretar mal seu pedido como algo sexy.
O dia em que ele começasse a vê-la como outra coisa senão sua
melhor amiga com batom nos dentes e gordurinhas na cintura seria
o dia em que ele pararia de coçar e inclinar, e ela sabia que isso
nunca iria acontecer.
Às vezes Brit se perguntava se o homem realmente tinha uma
reação alérgica ao compromisso. Porque parecia para ela que o
simples pensamento de se estabelecer com uma mulher, em vez de
manter suas opções em aberto, o fazia instintivamente se coçar e se
inclinar longe do alérgico ofensivo.
— Você não vai me fazer ouvir Taylor Swift de novo, vai? — ele
perguntou, adicionando um cubo de gelo ao copo dela sem
perguntar porque ele sabia que era a única maneira que ela bebia
uísque, isso quando bebia.
Perfeito. Seria Taylor Swift.
Ela selecionou um dos álbuns mais antigos de Taylor, cheio de
vibes adolescentes e que garantia que o clima não ficasse muito
estranho quando ela lançasse o Plano.
Hunter colocou os dois copos na mesa de café, descaradamente
desconsiderando os porta-copos que ela comprou para ele no Natal,
e então se jogou no sofá, esticando os braços ao longo da parte de
trás antes de acenar com a cabeça para o lugar ao lado dele.
— Senta. Me diga por que você parece pronta para vomitar.
Ela se sentou, puxando uma perna por baixo dela e virando-se
para encará-lo, o cotovelo apoiado no encosto do sofá, a cabeça
apoiada na mão.
— Então, como foi o encontro?
— Bem, vendo como eu… como era? Cocei e rolei?
Ela soltou uma risada.
— Coçou e inclinou.
— Certo. Já que fiz isso, certamente você sabe que não deve ter
sido tão bom.
— Sim, mas como não foi tão bom? — ela pressionou.
Hunter deu a ela um olhar curioso. Ela raramente expressava
muito interesse em seus encontros. Mesmo se ela quisesse, havia
muitos para acompanhar. Hunter era um tipo estranho de playboy,
pois parecia realmente gostar de namorar mulheres, mas não por
muito tempo. Ao contrário dos outros lendários solteiros de Oxford,
que estavam decididos a dormir com mulheres, mas nunca namorálas.
Era como se Hunter sempre esquecesse que não queria um
relacionamento quando convidava essas mulheres. Isso, ou ele era
apenas uma espécie de namorado em série, curtindo o processo
sem querer que fosse a algum lugar.
Sinceramente, ela não sabia qual era o problema dele. Ela não
tinha certeza se ele sabia também.
— Hum, ok — ele disse com uma risada. — Foi apenas meio
que... entediante. Haley era legal, interessante o suficiente, mas
nossos sensos de humor eram um pouco incompatíveis. Não é
grande coisa, não foi ruim, mas eu realmente não via isso indo a
lugar nenhum.
— Mas ela via — disse Brit. — Eu poderia dizer pelas risadas dela
e a maneira como ela olhou para você.
Hunter encolheu os ombros.
— Pode ser. Honestamente, ela era muito de tocar. Tive a
sensação de que era mais uma atração física para ela do que ter
qualquer sentimento por mim.
— Ele disse modestamente.
Hunter – um metro e oitenta, com ombros largos, lindas ruguinhas
quando ria e olhos castanhos sexy – apenas riu. Não era de se
admirar que não houvesse uma mulher viva que não sentisse
atração física por ele.
Bem, além de Brit.
Exatamente por isso que ele era a pessoa perfeita para ajudá-la.
As mulheres o queriam, sem nenhum esforço da parte dele. Ele não
era instantaneamente visto como amigo. Ela sabia por quê. Ela tinha
ouvido coisas o suficiente na sala de descanso, ido a happy hours
pós-trabalho o suficiente com colegas do sexo feminino para saber
como as mulheres viam Hunter.
Ele era a combinação perfeita de evasivo e alcançável. Ele tinha
um pouco daquela energia será que ele irá sossegar, com a
simpatia do Meio-Oeste o suficiente para torná-lo o tipo de cara com
quem as mulheres gostariam de sossegar.
Acima de tudo isso, ele era gostoso.
Ei, ele pode ser o melhor amigo dela, mas fatos eram fatos.
— Isso é sobre Lenny? — Hunter perguntou. Sua voz era leve,
provocante, mas seus olhos procuraram os dela, a mais leve
preocupação em seu rosto.
Ela pegou sua bebida, embora realmente não quisesse. Ela só
precisava de algo para segurar. Olhando para o líquido âmbar, ela
balançou levemente, de forma que o único cubo de gelo derretido
bateu contra o vidro.
Os dedos dele tocaram as costas da mão dela levemente,
acalmando os movimentos nervosos.
— Brit. — Não havia provocação agora, apenas uma
preocupação silenciosa. — O que está acontecendo?
Ela se forçou a encontrar seus olhos enquanto sua mão se
afastava.
— Preciso da sua ajuda.
— Sim, eu percebi isso. O que não estou entendendo é por que
você está tão agitada. Você sabe que farei tudo o que puder se
precisar de ajuda. É dinheiro? Eu posso te emprestar o que você
precisar. Casamento de família horrível? Eu serei seu
acompanhante. Quer que eu dê uma surra no Lenny? Eu ligo para o
Jackson para você.
Uma risada escapou. Jackson era Jackson Burke. Jackson era
um amigo e colega funcionário de Oxford e ex-quarterback da NFL.
E ele tinha o físico para mostrar isso. Jackson definitivamente era o
cara para quem você ligava se precisasse dar alguns socos.
— Não é nada disso — disse ela, tomando um gole de sua
bebida. Ela nem mesmo estremeceu com a queimação ligeiramente
doce. Talvez ela finalmente estivesse começando a gostar.
— Diga logo.
Tudo bem, você pediu por isso.
— Eu preciso aprender como seduzir um homem — ela deixou
escapar.
O copo de Hunter parou a meio caminho de sua boca, seus olhos
se arregalando em confusão.
— Perdão?
— Você me ouviu — disse ela, sentindo o arrepio de um rubor
subindo por seu pescoço, fazendo seu rosto ficar quente de
vergonha. — Eu preciso descobrir como fazer os caras começarem
a me ver como uma mulher em vez de apenas uma amiga.
— Okaaaay — disse ele de uma forma lenta e prolongada que ela
sabia que significava que ele não sabia do que diabos ela estava
falando.
— Caras gostam de mim o suficiente — disse ela sem rodeios. —
Mas eles não me querem. Algo sobre mim grita energia de irmã, e
eu quero ter energia de namorada. Ou até mesmo energia de ficada.
Caramba, algum dia espero transmitir a energia de esposa.
Qualquer coisa diferente da boa e velha Brit camarada.
— Entendo — ele disse lentamente, seus olhos se estreitando
ligeiramente. — O que isso tem a ver comigo?
Aqui vamos nós. Ela tomou outro gole de sua bebida e então
olhou para baixo. Em sua amizade de seis anos com Hunter, ela
nunca se sentiu desconfortável com ele, mas ela estava
desconfortável agora.
— Eu quero que você me ensine.
O silêncio se estendeu indefinidamente, até que finalmente ela se
forçou a olhar para ele.
— Te ensine o quê? — Sua voz era gentil, mas completamente
confusa.
— Como seduzir um cara.
Sua cabeça caiu para trás e ele inalou pelo nariz.
— De jeito nenhum.
— Por que não? — ela disse, dando um pequeno salto impaciente
de irritação no sofá. Era o que ela esperava, mas era frustrante ao
mesmo tempo. — Você é a pessoa perfeita.
— Como você sabe?
Ah. Agora, para isso ela estava pronta. Ela e as meninas haviam
conversado sobre essa parte de sua discussão, e Brit estava
armada e pronta para responder. Colocando o copo de lado, ela
começou a contar as razões nos dedos.
— Para começar, você aparentemente tem algum tipo de carisma
inato. Você mesmo disse – as mulheres são fisicamente atraídas por
você, até mesmo quando você não quer que elas sejam. É
exatamente o oposto do meu problema e quero descobrir qual é a
diferença entre nós.
— Em segundo lugar — ela continuou. — Você namora. Muito.
Você tem uma tonelada de experiência, e você é um cara. Você
sabe o que os move, especialmente no mundo do namoro.
Ele franziu a testa.
— Eu poderia citar meia dúzia de outros caras que também se
enquadram nessas categorias. Pergunte a um deles. Inferno, eu vou
perguntar para você.
— Há mais uma razão — ela continuou, ignorando suas objeções.
— Você é você. Nós somos nós. Eu confio em você de uma forma
que não confio em mais ninguém. Além disso, você é solteiro. Não
posso perguntar a Lincoln, ou Nick, ou Cole. Eles poderiam me dar
conselhos, provavelmente, mas são todos casados ou estão
envolvidos com algumas das minhas amigas mais próximas. Eu não
posso praticar com eles.
Hunter engasgou com sua bebida.
— O que você quer dizer com praticar?
— Estamos falando da arte da sedução aqui — ela disse
praticamente. — Não sou uma especialista, obviamente, mas sei
que isso significa mais do que apenas palavras. É sobre aparência,
toque e… táticas.
— Não se atreva a rir de mim — disse ela rapidamente,
levantando um dedo em advertência quando os lábios dele se
contraíram.
— Táticas? — ele disse, tentando esconder o sorriso iminente e
falhando. — Estamos no ensino médio nos anos noventa?
Ela se inclinou para frente e deu-lhe um soco não tão gentil no
braço.
— Você vai me ajudar ou não?
— Não.
Brit fez uma careta.
— Você disse que faria qualquer coisa por mim.
— Sim, mas não te ensinar como... acasalar.
— Acasalar? Ok, isso é pior do que táticas. E não é tão radical
assim. Eu só preciso de algumas dicas sobre como fazer os caras
pararem de me ver como uma amiga. É só isso.
— Ah, é só isso? — Ele disse isso sarcasticamente, passando a
mão pelo rosto. — É estranho, Brit. Você é minha amiga. Minha
amiga mais próxima.
— Exatamente o problema. Todos os outros caras querem esse
papel também.
— Eu tenho competição no departamento de amigos? — Ele
sorriu ao dizer isso, mas ela percebeu que ele a observava como se
a respostas fosse importante.
— Claro que não. Você ainda é meu número um.
— Você está me bajulando agora.
— Está funcionando? — ela perguntou esperançosa.
— Não. — Hunter se inclinou para frente no sofá, segurando seu
copo com as duas mãos e olhando para seus pés.
O coração dela afundou. Ela o conhecia bem, então ela conhecia
aquele olhar. Ele não estava considerando seu pedido – ele estava
apenas tentando descobrir como dizer a uma mulher algo que ela
não queria ouvir.
Como no início da noite, geralmente esse era o trabalho dela. Foi
ela quem o ajudou quando ele estava tentando dispensar uma
mulher facilmente, sem machucá-la.
Ela respirou lentamente, deixando sair ainda mais devagar para
que ele não ouvisse o suspiro que era.
Um suspiro de decepção.
Ela não ficou surpresa. Na verdade, não. Não havia uma boa
maneira de pedir a um cara para ajudar a te ensinar como seduzir
outros caras. Mas ela teve que pelo menos perguntar.
Ela falhou. Mas tentou.
Brit tomou outro gole de sua bebida. Estava descendo ainda mais
fácil agora, cortesia do gelo derretido diluindo o uísque em uma
espécie de gosto suave.
E então ela fez o que sempre fazia. Ela ajudou Hunter a dispensar
uma garota facilmente.
— Não se preocupe com isso — disse ela, colocando uma mão
amigável em seu ombro e, em seguida, usando-o como alavanca
para se levantar.
— Brit — ele disse baixinho enquanto ela levava o copo para a
pia da cozinha. Ela bebeu o último gole, enxaguou o copo e o
colocou na máquina de lavar louça nova que ele instalou alguns
meses antes.
— Sério, Hunter, não se preocupe com isso — disse ela, fixando
um sorriso no rosto. — Foi um pedido estranho. Eu entendo. Eu
entendo mesmo.
— Você não precisa de ajuda para conseguir um cara — ele
disse, indo em sua direção e cruzando os braços sobre o peito, o
copo de uísque ainda na mão. — Você só precisa de tempo para
encontrar o certo.
— Hmm — disse ela evasivamente, indo para o armário de
casacos e recuperando o seu.
Hunter a seguiu.
— Você não concorda?
— Além de ser meu melhor amigo, você também é meu chefe —
ela ressaltou, vestindo o casaco. — Você já me viu como o tipo de
pessoa que deixa as coisas simplesmente acontecerem?
— Não — ele admitiu. — Você é uma que vai atrás, mas...
— Exatamente. Se há algo que quero, encontro uma maneira de
fazer acontecer. E o que eu quero é um homem. Meu Príncipe
Encantado. E para isso, preciso melhorar meu jogo.
— Eu já te disse...
— Ah, eu sei! — ela interrompeu alegremente. — Que você não
vai me ajudar. Eu te ouvi.
— Mas você acabou de dizer...
— Que eu precisava aprender a arte da sedução.
— Espere — disse Hunter com uma carranca. — Você não vai
desistir do seu plano louco de sedução?
— Nope — ela disse animada, indo até ele e colocando a mão em
seu braço, então se levantando na ponta dos pés para beijar sua
bochecha. — Eu disse que confiaria apenas em você para me
ensinar, e isso é verdade. Mas, se você não estiver disponível,
posso começar por conta própria.
— Que significa...? — ele perguntou, seu tom segurando uma
nota de advertência.
— Que significa que terei de fazer à moda antiga e aprender
sozinha.
— Como você planeja fazer isso?
— Fácil. — Ela sorriu para ele. — Praticando!
Com isso, ela girou em direção à porta dele e saiu do
apartamento de seu melhor amigo com uma onda alegre e um novo
plano colocado em ação.
Capítulo Cinco
— Ainda não consigo acreditar que Brit acha que precisa de ajuda
para conseguir um cara — disse Lincoln Mathis, tomando uma
bebida espumosa rosa em um canudo verde da Starbucks.
Os caras optaram por uma pausa para cafeína após o almoço em
uma taverna próxima. Pelo menos, a maioria dos caras optaram.
Lincoln optou por algo que parecia algodão doce batido no
liquidificador.
Você tinha que se maravilhar com um cara que parecia um pouco
com o Super-Homem, mas não tinha escrúpulos em pedir algo
comercializado principalmente para meninas adolescentes, com a
adição de "granulado extra".
— Estou com Lincoln nessa — disse Cole Sharpe, terminando o
resto do café e jogando o copo em uma lata de lixo próxima. — Brit
é ótima. Qualquer um que não consegue ver isso não vale seu
tempo.
— É bom que todos nós pensemos que ela é ótima —
acrescentou Nick Ballantine, — mas talvez esse seja o ponto de Brit.
Achamos que ela é ótima e não temos nenhum interesse romântico
por ela.
— Bem, somos todos casados ou próximos disso — Cole
argumentou. — Exceto o Hunter, e ele é praticamente irmão dela.
— Sim, mas nem sempre fomos casados — Nick argumentou de
volta. — Todos nós estivemos solteiros em algum momento durante
nossa amizade com Brit, certo? Da perspectiva dela, talvez ela se
pergunte por que nunca a vimos sob uma luz romântica.
Hunter lançou a Nick um olhar mortal rápido. De todos os caras
de Oxford, ele era o mais próximo de Nick, embora ele fosse um
freelancer em vez de um funcionário em tempo integral. Mas agora,
seu amigo estava começando a irritá-lo com sua lógica fria.
— Eu só contei a vocês sobre o pedido de Brit porque queria um
conselho — Hunter disse, ainda se sentindo um pouco culpado por
ter confiado nos caras. Mas, caramba, depois que ela saiu no
sábado à noite, foi tudo o que ele pensou. Na segunda-feira de
manhã ele estava desesperado.
Ele precisava de ajuda. Especificamente, a garantia de que ele
tinha feito a coisa certa ao recusar seu pedido. Então ele convidou
alguns dos caras de Oxford para almoçar, por conta dele.
E embora todos tivessem concordado que o pedido era ousado,
ele teve a impressão de que ninguém entendia porque ele estava
tão relutante. Como Lincoln havia apontado, ela era solteira, ele era
solteiro. Eles eram amigos. Qual era o problema?
Qual era o problema? Hunter se perguntou pela centésima vez.
Ele sabia que algo estava o segurando, mas não conseguia
identificar o que era.
— Olha — disse Nick, combinando seu passo com o de Hunter
enquanto Lincoln e Cole ficavam para trás, os quatro navegando no
trânsito da hora do almoço na calçada. — Tudo o que estou dizendo
é que conheço a Brit. Não tão bem quanto você, mas ela vai ao
nosso apartamento pelo menos uma vez por semana para
conversar com Taylor. Ela não teria pedido a menos que ela
realmente quisesse ajuda.
— Ela quer que eu a ajude a seduzir outros caras — disse Hunter.
— É estranho.
— Eu não acho que isso é exatamente o que ela estava pedindo.
Ela só quer uma ajudinha para entender o cérebro masculino.
— Ela conhece o cérebro masculino. É por isso que todos nós
gostamos tanto dela! Não temos que explicar as coisas para ela, ela
nunca é melodramática, ela é só...
— Espera aí — interrompeu Nick. — Talvez seja esse o ponto
dela. Ela é só. Não é uma palavra que qualquer um de nós queira
aplicada a nós, certo?
Hunter deu a ele um olhar irritado.
— Só porque você é um escritor, não significa que você sempre
tem que ser profundo e o cacete.
Nick não era só um escritor de meio período para Oxford,
preenchendo onde havia necessidade, mas também escrevia ficção.
— Não posso evitar — disse Nick com um sorriso, batendo na
têmpora com um dedo. — Cérebro grande.
— Ego grande também — acrescentou Lincoln atrás deles.
— Ei, ei, falando no diabo — Cole interrompeu enquanto eles se
aproximavam do prédio.
Hunter olhou por cima do ombro para ver a quem Cole estava se
referindo, e seu amigo ergueu o queixo para a direita.
Todos eles se viraram, examinando a onda interminável de
pessoas saindo e entrando no prédio de escritórios onde Oxford
estava sediada, até que o olhar de Hunter pousou em seu alvo.
Ele imaginou que seria Brit, dada a referência de falar no diabo de
Cole, e ele imaginou que ela não estaria sozinha. Brit, a própria Sra.
Popularidade, raramente estava.
No entanto, ele não estava preparado para o fato de que ela
estaria falando com um homem. Não, não falando. Isso não seria
grande coisa. Como eles estabeleceram, Brit tinha toneladas de
amigos homens.
Não, Brit estava flertando. Com Bradley Calloway.
— Deus, eu odeio aquele cara — Nick rosnou ao lado dele.
Hunter não o culpou. Hunter não tinha uma rixa pessoal com
Calloway, mas Nick definitivamente sim. A esposa de Nick, Taylor,
namorou Calloway antes de ela e Nick ficarem juntos. Na verdade, a
única razão pela qual Nick foi morar com Taylor (platonicamente no
começo, e então não tão platônico) em primeiro lugar foi para irritar
Calloway.
Bradley Calloway era vice-presidente de publicidade e ele e
Hunter trabalhavam juntos com bastante frequência. Bradley
adquiria as contas de publicidade e Hunter descobria como encaixar
isso no calendário de publicidade online da Oxford.
O cara era bom em seu trabalho, mas uma espécie de babaca
quando se tratava de mulheres. Ok, muito babaca.
E ainda assim... Hunter observou, os olhos se estreitando
enquanto Brit se mexia levemente, revelando seu perfil e um olhar
em seu rosto que ele não estava acostumado a ver.
Ela estava sorrindo, sim, mas não era seu sorriso usual, que
iluminava todo o seu rosto. Esse sorriso era leve, quase tímido, e
combinado com uma batida de cílios estranha que ele sabia que
nunca a tinha visto fazer antes.
Então Brit estendeu o braço, passou a mão pelo braço de Bradley,
rindo escandalosamente de algo que Hunter apostaria um dinheiro
sério que não era tão engraçado assim.
— Olha só — Lincoln meditou. — Parece que nossa garota
cumpriu a ameaça de praticar sozinha.
Hunter percebeu que sua mandíbula estava cerrada e fez um
esforço consciente para relaxar.
Não importava. Brit poderia fazer o que diabos ela quisesse. Ela
era uma mulher adulta, que tinha todo o direito...
— E lá vai ele! — Cole disse em uma voz de locutor esportivo.
Não é surpreendente, dado o papel de Cole como co-editor da
seção de esportes de Oxford.
Hunter reconheceu tardiamente que Cole estava se referindo a
ele. Sem estar ciente disso, ele começou a se mover em direção a
Bradley e Brit assim que Bradley se aproximou dela, seu olhar
predatório.
Ah, inferno, não. A vida pessoal de Calloway era assunto dele,
mas Brit era assunto de Hunter.
— Brit — Hunter ladrou quando estava dentro do alcance da
audição.
Ela se virou, piscou surpresa uma vez e sorriu.
— Ei! Esse Starbucks seria para mim?
Não era, mas ele não protestou quando ela estendeu a mão e
puxou o café com leite de sua mão.
— E aí, Hunter — Calloway disse, mostrando suas covinhas que
eram marca registrada, que falaram para Hunter que as mulheres
amavam, mas ele com certeza não entendia o apelo.
— E aí. — A voz de Hunter foi tensa, mas Bradley não pareceu
notar.
Brit notou. Suas sobrancelhas se ergueram.
— Você tem um minuto? — Ele perguntou a ela.
Ela olhou para o relógio. — Eu tenho uma reunião há uma hora
com... bem, você, eu acho.
— Perfeito — disse Hunter, envolvendo os dedos em torno de seu
braço antes de perceber que não era uma atitude apropriada de
chefe.
Ele quase a soltou, mas então ela se virou e olhou por cima do
ombro para Calloway, fazendo algo sedutor e estranho com seu
cabelo.
— Tchau, Bradley. Eu te vejo por aí.
— Ah, pelo amor de Deus — Hunter murmurou, praticamente
empurrando-a pela porta giratória e no saguão do elevador.
— Qual é o seu problema? — ela perguntou, tirando o crachá de
sua bolsa e deslizando para passar pela catraca de segurança.
Ele fez o mesmo, ignorando sua pergunta.
— Você não colocou baunilha nisso — disse ela, tomando outro
gole do café.
— Porque não era para você.
— Mmm — ela reconheceu, tomando outro gole de qualquer
maneira e então devolvendo. Ele balançou a cabeça. Pode ficar.
— Você me viu trabalhando minha magia? — ela disse em um
sussurro animado enquanto eles entravam no elevador.
— Magia? É assim que você chama? — ele murmurou, apertando
o botão do andar de Oxford, e eles se moveram em direção à parte
de trás para que outros pudessem entrar no elevador.
— Eu estava pensando que em filmes antigos, os sorrisos das
mulheres são sempre meio misteriosos quando falam com os
homens, então eu estava tentando criar uma espécie de energia de
Marilyn Monroe. Acho que funcionou. Falei com Bradley um milhão
de vezes, e ele nunca olhou para mim assim.
Ela manteve a voz baixa, embora ninguém estivesse prestando
atenção neles. O prédio comercial era um arranha-céu com milhares
de funcionários. Oxford era apenas uma das publicações da
Ravenna Corporation. Você poderia passar um mês sem ver o
mesmo rosto duas vezes.
Hunter ficou em silêncio até que pararam no andar de Oxford. Ele
seguiu Brit para fora, principalmente ignorando sua tagarelice feliz
enquanto se dirigiam para seu escritório.
— Ok — disse ela, tomando o último gole de seu café e, em
seguida, jogando-o na lata de lixo em seu escritório enquanto
fechava a porta. — Então, conversei com aquele novo empreiteiro
de Web Design sobre as maquetes para a primavera...
— Esqueça as malditas maquetes — ele retrucou, virando-se
para ela e cruzando os braços. — Que tal você me dizer o que
diabos você estava fazendo batendo os cílios pra porra do Bradley
Calloway?
— Batendo meus cílios? — Brit perguntou, meio confusa, meio
irritada com o tom desconhecido de raiva autoritária na voz de seu
melhor amigo.
Hunter Cross não ficava zangado. Irritado, claro. Impaciente,
absolutamente. Mas isso era… diferente.
Ele passou as duas mãos pelos cabelos, como se não soubesse
o que fazer com elas.
— Você sabe. Você estava toda... flertando.
— E daí?
Ele deu a ela um olhar incrédulo.
— Você conhece a reputação dele, certo? Ele é um babaca
completo quando se trata de mulheres.
— Ele não foi um babaca comigo. Foi inofensivo.
— Esse é um local de trabalho. Ele é seu colega. Quando se trata
de flertar, não existe algo inofensivo.
— Ah, pare com isso — ela disse, sua raiva agora combinando
com a dele. — Você sabe tão bem quanto eu que esse escritório é
um terreno fértil para relacionamentos românticos. Uns que duram
— ela apontou. — Nick e Taylor. Cole e Penelope. Caramba, se
você incluir as garotas de Stiletto, você também terá Jake e Grace,
Cassidy e Emma. Até Lincoln e Daisy meio que contam. A empresa
não tem nenhuma política contra relacionamentos de escritório,
portanto...
Ela ergueu as mãos como se estivesse confirmando que era
inofensivo.
— Inferno, Brit, ele namorou uma de suas melhores amigas.
Taylor sabe que você estava se jogando no ex dela agora?
— Foi ideia da Taylor! — Brit exclamou, um pouco magoada com
sua atitude desdenhosa. — Eu disse a ela que você se recusou a
me ajudar e que eu iria experimentar toda essa coisa de sedução
sozinha. Ela sugeriu Bradley. Disse que era um mestre em flertar e
completamente seguro, já que sou muito inteligente para me
apaixonar por ele.
— Você é? — Hunter desafiou. — Muito inteligente para se
apaixonar por ele?
— Porque isso importa? — As mãos dela encontraram seus
quadris enquanto ela lançava um olhar mortal para ele. — Como é
possível que seja da sua conta quem eu namoro?
— Eu sou seu amigo.
— Sim, mas agora você está ultrapassando os limites.
Ele se encolheu.
Brit suavizou seu tom ligeiramente.
— Você nunca se importou quem eu ia atrás antes. Por que isso é
tão diferente?
— Porque agora eu sei do seu... plano. E não acho que Bradley
Calloway seja certo para você.
— Ele não tem que ser certo. Não estou procurando casar com o
cara. Ou até namorar com ele. Eu só estava tentando ser qualquer
coisa além da boa e velha Brit, sabe?
— Eu gosto da boa e velha Brit!
— Bem, que se dane. Eu quero que alguém mais do que goste de
mim, Hunter! — ela gritou.
A sala pareceu ficar quieta, e ela não tinha certeza qual deles
estava mais surpreso com sua explosão.
— Brit — disse ele calmamente.
— Não — ela disse, sua cabeça caindo ligeiramente. — Você não
tem que dizer nada. Eu só... eu tenho que fazer isso. Eu sinto que
estou em uma encruzilhada, não apenas porque os caras não
parecem se apaixonar por mim, mas porque eu nunca experimentei
aquela coisa que outras pessoas parecem experimentar quando
estão em um relacionamento. Eu quero...
Ela se interrompeu, parando antes de dizer a ele que queria saber
o que era sentir a luxúria que a consumia. Querer alguém.
Uma coisa era dizer isso às amigas, tomando duas taças de
vinho, mas confiar essas coisas a um cara, até mesmo seu melhor
amigo, parecia um pouco… estranho.
— Desculpe pela minha reação — disse ele mal-humorado,
recostando-se e apoiando as palmas das mãos na mesa, os dedos
tamborilando de uma forma que ela sabia que significava que ele
estava pensando profundamente. — É só que... Calloway trata as
mulheres como merda. Eu não suporto a ideia dele pisando em
você.
— Ele não vai fazer isso.
— Você diz isso, mas...
— Olha, Hunter — disse ela, começando a se sentir realmente
exausta desta conversa. — Eu te pedi ajuda; você disse que não.
Você não pode ter os dois jeitos, ok? Você pode me ajudar ou pode
ficar fora disso.
A mandíbula de Hunter ficou tensa, seus dedos tamborilando
mais rápido.
— Então, se eu concordar em ajudar, você pratica aquele
estranho piscar de olhos em mim em vez de em outros caras?
— Bem, em primeiro lugar, não foi estranho — ela disse
defensivamente. — Talvez só para você, porque você não está
acostumado.
— Foi estranho. Parecia que você tinha algo no olho.
Ok. Isso era o suficiente.
E porque sua provocação mesquinha não valia uma resposta
verbal, ela o encarou com um olhar fulminante antes de girar nos
calcanhares e se virar em direção à porta.
Hunter a alcançou e tocou seu braço.
— Ei. Eu sinto muito. Isso foi uma coisa idiota de se dizer.
— Sim. — Ela alcançou a maçaneta sem olhar para ele, e a mão
dele deslizou de seus bíceps até o pulso, fechando-se levemente
em torno dele.
Ela ficou muito quieta com o contato. Ela e Hunter se tocavam o
tempo todo, casualmente, seja o que for, toques que ela nem
percebia.
Por alguma razão, ela percebeu esse. Percebeu a emoção por
trás.
Aparentemente ele também, porque ele largou o pulso dela
rapidamente e limpou a garganta.
— Você está fazendo tudo errado — Hunter disse baixinho,
enfiando as mãos nos bolsos da calça do terno e olhando para o
chão antes de olhar para ela novamente.
— Sua desaprovação é notada — ela retrucou. — Você não
precisa chutar o cachorro morto.
— Não, quero dizer... as abordagens abertas funcionam com
caras como Bradley, mas ele não é o tipo que você procura. É?
— Não — ela disse lentamente. — Ele é um pouco… óbvio. E
acho que minha abordagem também foi. — Hunter encolheu os
ombros.
Ela se virou para ele.
— Então, qual abordagem teria sido melhor?
Ele soltou um suspiro e cruzou os braços, fazendo com que o
paletó se esticasse ligeiramente sobre os braços. Eram bons
braços. Ótimos braços, se você se preocupa com esse tipo de coisa.
Ela olhou para baixo.
— Olha, Brit, se fizermos isso...
Sua cabeça se ergueu.
— Sério? Você vai fazer isso?
— Estou pensando — disse ele com cuidado. — Melhor eu do
que Bradley como seu guia.
— Ele não era meu guia, apenas meu manequim de prática, ou
algo assim.
— E é isso que eu seria?
— Eu estava pensando que você seria as duas coisas. Sabe,
você poderia me mostrar o que fazer. Eu poderia praticar. Em você.
E então, quando estiver pronta, posso usar minhas habilidades no
mundo real.
Ele deu um sorriso torto.
— Você faz o namoro parecer um hobby.
— Bem, para você meio que é, certo? Quantos encontros por
semana você vai?
Ele se mexeu desajeitadamente.
— Depende.
— Dois? Sete?
— Jesus, não todas as noites — disse ele com uma careta.
— Ainda assim, às vezes você namora casualmente, coisas
únicas. Outras vezes, é um caso de uma noite...
Ele estreitou os olhos para ela.
— Por favor — disse ela. — Eu estive em sua órbita tempo
suficiente para saber como você opera. Eu não estou julgando.
— Ok, antes de eu dizer sim — ele disse lentamente, e o coração
dela bateu com entusiasmo. — Qual é exatamente o prazo aqui?
Como saberemos quando... terminamos?
— Você é o professor — disse ela. — Eu imagino que você vai
decidir quando eu passar na aula?
— Merda — ele murmurou. — Isso é estranho. Ok, bem, qual é a
sua jogada final? Qual é o seu objetivo? Se eu fizer isso, preciso de
objetivos claros.
Ela sorriu, porque era tão ele. Mas também era ela. Afinal, ela e
Hunter estavam na equipe de operações. Eles deixavam o aspecto
subjetivo da forma de arte para os escritores e a equipe de design e
se concentravam nos elementos mais concretos, como prazos,
números e calendários.
— Ok, bem, na melhor das hipóteses, eu gostaria de estar em um
relacionamento, ou à beira de um relacionamento com alguém...
— Não igual o Lenny? — ele forneceu.
— Isso.
— Não me leve a mal, mas isso pode demorar um pouco — disse
ele. — Não por sua causa, mas... bem, não sei se alguém pode
controlar o momento de conhecer o futuro cônjuge, ou o que seja.
— Eu não preciso encontrar o Certo — ela disse rapidamente. —
Eu só quero o potencial. Passar dos três ou quatro encontros sem
receber a conversa de vamos ser amigos.
Hunter assentiu lentamente, como se estivesse pensando sobre
isso.
— Tudo bem. Tudo bem. Que tal isto: cancelamos esta
experiência depois que você sair em três encontros com o mesmo
cara. Ele não termina com você, e você pelo menos meio que gosta
dele.
— Isso funciona — disse ela. Depois ela sorriu. — Então você vai
fazer isso?
— Mais algumas perguntas primeiro, para ficar tudo claro. O que
exatamente você quer que eu faça? Só responder às suas
perguntas, ou...
— Ah, não se preocupe, eu tenho uma lista! — ela disse.
Ele revirou os olhos.
— Claro que você tem. Me dá um spoiler.
Ela franziu os lábios.
— Não, eu acho que não.
— Porque você sabe que vou reconsiderar — disse ele em um
tom resignado, mas tolerante.
— Vamos apenas dizer, se você precisou de uísque para ouvir
meu pedido inicial, você definitivamente vai querer mais para os
detalhes.
— Fantástico — ele murmurou. — Mal posso esperar para
começar.
Ela apertou o braço dele com entusiasmo.
— Nem eu.
— Eu estava sendo sarcástico...
Ela sabia.
— Que tal na minha casa hoje às sete?
— Meu apartamento é menos apertado e eu tenho bebida melhor
— disse ele. — Venha para o meu.
— Sim, mas para a minha primeira aula temos que estar na minha
casa.
— Por quê?
— Eu vou querer cerveja — disse ela, balançando as
sobrancelhas de forma sedutora enquanto evitava deliberadamente
responder à pergunta dele. — E pizza — ela disse. — Uísque
também.
Hunter balançou a cabeça.
— Eu vou me arrepender disso, né?
— Olhe pelo lado bom — ela disse alegremente. — Nas próximas
semanas, você poderá mandar em mim no trabalho e fora dele.
— Eu realmente gosto de mandar nas pessoas — ele admitiu. —
Falando nisso, podemos trabalhar de verdade agora?
— Com certeza — Brit concordou, indo para a cadeira de visitante
de seu escritório e sentando-se, cruzando as pernas enquanto ele
dava a volta para o seu lado da mesa e sentava em frente a ela.
Dez minutos depois, a conversa mudou para os prós e contras de
adicionar uma página de golfe totalmente nova ao site, em vez de
construir uma parte de golfe na página de esportes existente, e
embora Brit tenha dado à conversa a maior parte de sua atenção,
ela não conseguiu dar toda.
Porque muito mais interessante do que golfe era a fantasia do
futuro amor de sua vida, uma vez que Hunter a ensinasse a se
esquivar da armadilha da zona de amizade.
Embora fosse estranho. Por mais que tentasse, por mais que se
concentrasse, Brit continuava tentando visualizar o cara dos seus
sonhos, mas ele parecia... escondido. Como se ele não estivesse
pronto para ser revelado.
Ah, bem.
Tudo em seu tempo.
Capítulo Seis
Conforme instruído, Hunter chegou ao apartamento de Brit às sete
horas. Ela o adicionou à “lista de convidados autorizados” há muito
tempo, mas a maioria de seus porteiros o reconhecia de imediato.
Ele conversou sobre futebol americano com James por alguns
minutos e depois de concordar em discordar sobre a probabilidade
de os Giants terem uma chance contra os Seahawks no domingo
(Hunter apostaria muito dinheiro que não), ele foi até o apartamento
de Brit no vigésimo sexto andar.
Hunter bateu na porta com os nós dos dedos. Brit abriu, seu rosto
estava ansioso, então seu entusiasmo esmaeceu levemente.
— Ah. É você.
Ele ergueu as sobrancelhas.
— O cara da pizza deve estar bem atrás de você — ela explicou,
puxando-o para dentro e enfiando a cabeça para o corredor. Não
vendo ninguém, ela fechou a porta e acenou para seu apartamento.
— Cerveja na geladeira, vinho no balcão. Abra a porta quando o
cara da pizza bater, ok? Já paguei e dei gorjeta pelo aplicativo.
— Claro — disse ele, tirando a jaqueta e pendurando-a nas
costas da banqueta do balcão da cozinha. Tecnicamente, Brit tinha
um armário de casacos, mas ele sabia por experiência própria que
não haveria espaço, ou mesmo um cabide sobressalente, já que
todas as roupas que não cabiam em seu armário principal estavam
ali.
Brit morava em um arranha-céu em Chelsea, completo com um
saguão contemporâneo, academia de última geração e áreas de
entretenimento ao ar livre. Mas ela costumava brincar que a troca
por um apartamento em um edifício moderno em Manhattan com um
salário modesto era viver em uma caixa de sapatos.
Não era impreciso. A casa dela era nova, com balcões de granito,
eletrodomésticos atualizados e tudo mais, mas era um estúdio
minúsculo, basicamente um cômodo comprido. Ela tinha a cama
empurrada contra a janela, um sofá-cama empurrado contra a
cama, todos de frente para uma TV que ele montou na parede para
ela, sem poucos palavrões.
Ele tirou uma cerveja da geladeira e vasculhou a gaveta dela até
encontrar o abridor de garrafas.
— Quer alguma coisa? — ele perguntou, abrindo a tampa da
cerveja e olhando com uma pequena pontada de alarme masculino
para a cena diante dele.
Ele estava acostumado com a casa de Brit lotada. E, como
mencionado, ele sabia que o espaço limitado do closet do
apartamento não era páreo para a tendência de sua amiga para
fazer compras.
Mas isso...
Havia roupas por toda parte. Em cima da cama. No sofá. Havia
uma espécie de calça estranha jogada sobre a TV.
Ele tomou um gole de cerveja e examinou o caos com uma
mistura de diversão e terror iminente.
Normalmente, ele não teria pensado muito nisso. Por mais
organizada que Brit fosse no trabalho, sua vida em casa poderia ser
uma história totalmente diferente. Ela tendia a abraçar os extremos,
com sessões massivas de limpeza de primavera e semanas em que
encontrar seu celular embaixo da desordem era uma aventura.
No entanto, sabendo que esta noite era supostamente parte de
seu treinamento...
Ele estava perplexo.
Inferno, talvez ela estivesse certa sobre não saber como os caras
operavam, porque ele não conhecia um único cara heterossexual
que sentiria outra coisa senão pânico absoluto na cena diante dele.
— Isso é um sim para uma bebida? — ele perguntou novamente
enquanto ela abria uma gaveta da cômoda e pegava uma pilha de
roupas bagunçadas, colocando-as na cama.
— Eu tenho uma taça de vinho em algum lugar — ela disse
distraidamente enquanto repetia o processo com outra gaveta da
cômoda.
Com superfícies mínimas no pequeno apartamento, não foi difícil
encontrar a taça de vinho tinto no balcão perto da geladeira.
Ele estava prestes a levá-la para ela, mas uma batida na porta o
distraiu.
Hunter aceitou a entrega de pizza, afastando o recipiente em cima
que sabia ser a salada que ela sempre insistia em pedir, mas
raramente tocava, e verificou se a pizza estava como eles
gostavam.
Pepperoni por toda parte, azeitonas na metade dele, cogumelos
na dela. Perfeito.
Ele fechou a caixa de pizza novamente, embora se essa coisa
estranha de roupas que ela estava fazendo durasse muito mais
tempo, ele iria comer sem ela.
Hunter trouxe o vinho, tomando cuidado para não pisar na dúzia
ou mais de pares de sapatos espalhados pelo chão.
— Você realmente lembrava que eu viria hoje à noite, certo? —
ele perguntou.
Ela aceitou o copo distraidamente e tomou um gole, examinando
a bagunça.
— Sim, claro.
— Por favor, me diga que tudo isso não me envolve. — Ele
gesticulou com a mão sobre a bagunça.
Ela deu um tapinha no ombro dele.
— É uma parte crucial do plano, eu prometo.
Ele deu a uma pilha de vestidos um olhar duvidoso.
— Se essa é sua ideia de um grande encontro, temos mais
trabalho a fazer do que eu pensava.
Ela riu.
— Não se preocupe. Estou fazendo você passar por isso para
não ter que fazer isso com meu futuro pretendente.
— Pretendente, hein?
— Venha — disse ela, tomando outro gole de vinho e voltando
para a pequena área da cozinha. — Você será mais receptivo ao
meu plano assim que for alimentado.
— Eu duvido — ele murmurou.
Mas ela estava certa. Depois que ele comeu três pedaços de
pizza e abriu sua segunda cerveja, ele se sentiu um pouco menos
apavorado com o que quer que ela tivesse na manga.
Também ajudou quando ela colocou uma playlist de rock clássico.
O favorito dele. Não dela. Ele revisou sua opinião. Talvez Brit
soubesse mais sobre o cérebro masculino do que ele imaginava.
Pizza. Cerveja. Steely Dan...
Ele contemplou outro pedaço de pizza, mas desistiu. Então ele
percebeu que o lado cogumelo da pizza de Brit mal foi tocado e que
pela primeira vez ela realmente tinha comido a salada que pedira.
— Qual é a história aí? — ele disse, apontando acusadoramente
para o prato de alface dela.
— Aí, nem me fala — ela disse com um suspiro enquanto
beliscava um pepino com a ponta do garfo. — Mas um jantar mais
leve tornará todo esse processo um pouco menos doloroso.
— Ok, chega de rotina enigmática — ele disse, pegando a garrafa
de vinho e enchendo a taça dela. — Me fala o que está
acontecendo.
Ela engoliu outra garfada de salada com um gole de água e sorriu
para ele.
— Você vai me ajudar a examinar meu guarda-roupa, e não
posso ficar entupida de pizza pra isso.
Ele gemeu.
— Tive a sensação de que era isso que estava acontecendo.
— Mas pensa bem — disse ela, dando um salto de empolgação.
— Que melhor maneira de reformular minha imagem do que
começar com minhas roupas. Você sabe, eu sempre achei que tinha
um bom senso de moda, mas olhando agora, talvez uma boa parte
seja um pouco deselegante?
— Suas roupas são boas — ele a assegurou.
— Eu sei — ela concordou. — Eu preciso de algo mais do que
bom. Eu preciso de... atraente.
— Taylor ou Daisy não podem ajudar?
— Taylor talvez. Ela tem toda aquela coisa de femme-fatale. Mas
o que funciona para ela não necessariamente funcionará para mim.
É por isso que preciso da opinião de um cara sobre o que me torna
sexy. Sua opinião.
Ele moldou seus dedos como uma pistola e a ergueu até a
têmpora.
— Ah, para com isso — ela disse com uma risada. — Não vai ser
tão ruim. Eu estava pensando em apenas segurar algumas coisas
na frente do corpo, experimentar outras, e você pode me dizer a
primeira coisa que pensar quando olhar para elas. Como isso soa?
— Como se fosse meu pesadelo.
— Vamos. — Ela pegou seu braço e puxou-o para a outra
extremidade de seu apartamento. — Tudo que você precisa fazer é
sentar no sofá, beber cerveja e me julgar. Do jeito que você gosta.
Ela jogou algumas roupas no chão para dar espaço para ele no
sofá e empurrou-o para baixo.
— Ok, por onde começar — disse ela, esfregando as mãos e
olhando para a bagunça.
— Que tal o fato de você ter alface nos dentes — disse ele.
Sem um traço de constrangimento, ela limpou o ofensivo pedaço
de alface entre os dois dentes da frente e então pegou uma coisa
quadrada de jaqueta branca do sofá ao lado dele.
— Que tal isso? — ela perguntou.
— O que tem isso?
Brit chutou sua canela suavemente com o dedo do pé.
— Vamos. Jogue meu jogo. Por favor?
Ele suspirou.
— Tudo bem. Ok. É... boa.
Desta vez, seu chute foi um pouco mais forte.
— É boa para o trabalho — acrescentou ele rapidamente. — E se
eu soubesse que uma mulher estava vindo direto do trabalho para
nosso encontro, não pensaria em nada. Mas se fosse um sábado,
ou uma noite fora...
— Entendi. Muito corporativo — disse ela. — Isso se aplica a
todos os blazers?
— Acho que sim — ele disse.
— Droga — ela murmurou. — Eles são tão fáceis.
Ela dançou pelo apartamento pegando um punhado de blazers, e
seu caos deve ter sido mais organizado do que ele percebeu,
porque ela parecia saber exatamente em que pilha olhar para tirar
um blazer preto, um cinza, um azul que ele reconhecia...
— Esse fica bem com os seus olhos — disse ele, apontando a
garrafa de cerveja para o blazer azul.
— Sério? Obrigada! — ela disse, segurando-o contra ela e se
virando em direção ao espelho de corpo inteiro. — Então, esse é
apropriado para um primeiro encontro?
— Eh. Podemos fazer melhor — disse ele. Hunter pegou uma
blusa preta de aparência sensual do sofá ao lado dele. — E esse?
Ela torceu o nariz.
— É.. apertado.
Ele sorriu.
— Perfeito.
Ela pendurou os blazers em seu closet e os empurrou para o lado
direito antes de se virar para ele e dar a ele um olhar cético.
— Qual é. Apertado e preto. Não é um pouco... óbvio?
— Lição número um, e você pode querer anotá-la porque é
crucial: quando se trata de caras e primeiras impressões, o óbvio é
uma coisa boa.
— Ugh — ela resmungou. — Isso é tão superficial.
— Por favor. Como se vocês, mulheres, não tivessem sua própria
lista de primeira impressão. Fazer julgamentos precipitados com
base na aparência vai acontecer, quer você goste ou não. Pode
muito bem trabalhar com isso.
— Ok, eu já entendi. Roupas sexy bom, roupas desleixadas ruim.
Mas e se uma mulher não se sentir confortável com roupas
sensuais? Os caras não percebem isso? Não somos todas Taylor
Carr, saindo do útero parecendo completamente confortáveis em
vestidos que se ajustam à forma.
— Isso te deixa desconfortável? — ele perguntou, levantando a
camisa preta em questão.
— Hum. Não tenho certeza.
— Você nunca o usou?
— Não — ela disse. — Comprei por capricho há alguns meses e
nunca tive coragem.
— Bem, aqui está sua chance — disse ele, arremessando-a na
direção dela.
Ela a pegou no ar.
— Você vai ser honesto? Eu quero parecer sexy, mas também
quero parecer comigo.
— Como um cara, posso garantir o primeiro, e como seu melhor
amigo, posso garantir o segundo. É por isso que você pediu minha
ajuda — disse ele. — Agora prova a camiseta.
— Tudo bem — ela murmurou.
Antes que Hunter pudesse registrar o que ela pretendia fazer, Brit
pegou a bainha de sua camiseta branca, que, a propósito, ele teria
que dizer a ela que estava na pilha de “roupas para ficar”. A
combinação de jeans e camiseta justa sempre era uma vitória, pelo
menos de acordo com ele.
— Uou uou uou — disse ele, desviando o olhar assim que viu o
primeiro vislumbre da pele em seu estômago. — O que você está
fazendo?
— Sério? — ela observou secamente. — Eu nunca pensei que
você fosse um puritano.
— Eu não sou. Mas você não quer se trocar no banheiro?
— Na verdade não. Você pode desviar seus olhos delicados, no
entanto.
Ele fez exatamente isso, tentando não deixar seu cérebro
registrar o som do tecido contra a pele enquanto ela tirava uma
camisa e colocava outra.
— Ok, vovó, você pode se virar agora — ela disse.
Ele hesitantemente olhou por cima do ombro, então se virou mais
completamente para ela quando viu que ela estava vestida.
— Então? — ela perguntou, estendendo as mãos para os lados.
— Como você se sente? — ele perguntou, já que isso era o mais
importante. Uma mulher que não se sentia bem com sua própria
pele – ou roupas – era mais desagradável do que até mesmo o
blazer mais quadradão.
Ela se virou para o espelho, alisou o tecido preto com a mão.
— Eu não odeio. Eu gosto que seja justo, mas não muito
apertado. E não é decotado.
Como um cara, ele quase mencionou que o aspecto de roupa
decotada pode valer a pena explorar, mas ele mordeu a língua por
enquanto e a deixou assumir a liderança.
— Imagine encontrando um cara no bar usando isso. O jeans que
você está vestindo. Salto alto. Como você se sente?
Ela inclinou a cabeça e depois se virou novamente, abaixando-se
para pegar um par aleatório de saltos pretos e então, como se
estivesse se transformando, ela caminhou na direção dele.
Os olhos dele se arregalaram em alarme. Definitivamente não era
uma Brit que ele tinha visto antes. Ou mesmo reconhecido. Ela
parecia uma espécie de leoa à espreita, e não de um jeito bom.
— Não. Pare. Ande normalmente, como você normalmente anda
— ele disse a ela. — Mas enquanto você caminha, pense que você
é a mulher mais gostosa da sala.
Ela deu um passo para trás e começou novamente, desta vez
andando mais rápido, e Hunter imediatamente balançou a cabeça.
— Não. Sem pressa. Finja que tem um movimento sexual secreto
que só você conhece. Você não precisa se apressar.
— Qual é o meu segredo? — ela perguntou, franzindo a testa.
— Cristo, eu não sei! Hum, apenas... imagine que todos os caras
na sala estão olhando para você, mas você já tem namorado e,
portanto, nem percebe.
— Mas eu não tenho namorado.
— Brit! — ele disse exasperado.
— Ok, ok. — Ela balançou levemente a cabeça e, desta vez,
quando caminhou em direção a ele, foi melhor. Muito melhor.
— Isso — ele murmurou enquanto ela sustentava seu olhar. —
Isso, agora finja que eu sou o namorado e você só tem olhos para
mim.
Ele disse as palavras como seu treinador, como um ator
desempenhando um papel, mas quando seus olhares se
encontraram, por um estranho e esquisito momento, ele se
esqueceu de que era Brit e que ele acabou de vê-la arrancar alface
dos dentes.
Ele se esqueceu de que tinha comido três pedaços de pizza na
frente dela e que a viu com gripe, e ela a ele.
Em vez disso, ele estava pensando naquele breve vislumbre da
pele lisa em seu torso, sobre a forma como a blusa abraçava seus
seios fartos...
Ela parou na frente dele, abaixando a mão e arrancando a garrafa
de cerveja de sua mão, tomando um gole.
— Então?
— Bom — disse ele, limpando a garganta. — Muito bom. Nada
mal.
Brit ergueu as sobrancelhas.
— Foi qual? Muito bom? Ou nada mal?
Ele tateou cegamente para o lado e em desespero agarrou a
primeira peça de roupa que tocou.
— Aqui. Vamos tentar isso.
Ela deu a ele um olhar cético.
— Isso é um top de malhar.
— Caras gostam de uma mulher em forma — ele disse
estupidamente, pegando sua cerveja e dando um passo para trás,
tentando se recuperar. — E se eles quiserem correr em um de seus
primeiros encontros?
Ela abriu a boca para discutir, então deu ao top um olhar
pensativo.
— Sabe, fiquei sabendo que foi quando Julie Greene se
apaixonou pelo marido. Em uma corrida.
— Viu, aí está — disse ele, embora não soubesse do que diabos
ela estava falando. Julie Greene era editora da Stiletto, a revista
irmã de Oxford. Ele conhecia Julie. Gostava dela. Seu marido
também, de seus breves encontros em festas com amigos em
comum.
Mas agora tudo o que ele realmente se importava era tirar sua
mente da imagem visual de Brit naquela camisa preta sexy.
No final, Brit não acabou com tantas roupas na pilha de doações
quanto ela esperava.
Claro, Hunter tinha insistido veementemente que um terninho rosa
fosse banido para sempre, assim como uma blusa que ele dizia ser
mais uma tenda do que uma camisa.
E ela finalmente se permitiu admitir que mesmo se algum dia
conseguisse caber no mesmo jeans que usava quando tinha vinte e
dois anos, o corte de bota provavelmente não estaria na moda de
qualquer maneira. Ela também se despediu de um par de suéteres
que há muito tempo já estavam com aparência de velhos.
Hunter também exigiu que ela banisse todos os sapatos que
fizessem seus pés doerem, porque, como ele apontou, uma mulher
mancando ou reclamando dos sapatos anula completamente
qualquer fator de sensualidade.
Ela falsificou um pouco a verdade sobre isso. Enquanto ela
felizmente entregou alguns pares de sapatilhas que lhe deram
bolhas, ela exagerou o nível de conforto de seus amados sapatos
de salto agulha.
Estritamente falando, eles não eram tãããão confortáveis como ela
alegou. Mas havia algumas coisas na vida em que a dor valia a
pena, e Louboutins e Jimmy Choos estavam em sua lista.
Fora isso, porém, a maioria das roupas na pilha da doação tinha
sido escolha dela, não de Hunter. Ela estava preparada para Hunter
dizer a ela para se livrar de qualquer coisa que não fosse super
curta ou que valorizasse os seios, mas ele a surpreendeu.
Claro, ele era um grande fã de tops mais justos ao invés de
túnicas esvoaçantes e, como a maioria dos caras, ele deu um joinha
para cima para seus vestidos de coquetel curtos e seus vestidos
longos e esvoaçantes foram chamados de enormes.
Mas, principalmente, ele a fez perceber que não era sobre as
roupas em si; era sobre a maneira como ela os usava, a maneira
como elas a faziam se sentir. Ela descobriu que se sentia estranha
exibindo decote, mas se sentia sexy pra caramba mostrando um
pouco de costas. Ela percebeu que as estampas pareciam
divertidas no cabide, mas depois que ela as colocava, elas não
combinavam com ela igual as cores sólidas.
Hunter tinha apontado que quando ela experimentou o suéter
rosa choque que ela dizia amar, ela puxava constantemente as
mangas, que eram um pouco curtas.
— Caras notam isso? — ela perguntou.
Hunter encolheu os ombros.
— Não explicitamente, necessariamente. Não sei se isso nos
incomodaria. Mas pegamos quando você está preocupada com
outra coisa, mesmo que inconscientemente. Isso significa que você
não está totalmente interessada em nós.
Ela se livrou do suéter.
Agora com seu closet de volta ao normal e uma sacola cheia de
roupas perto da porta da frente, pronta para doação amanhã, Brit se
jogou em seu sofá ao lado de Hunter, com uma fatia de pizza na
mão.
Ele olhou para ela, um olhar ciente.
— Ah, então agora você come a pizza?
Ela sorriu e puxou a camiseta larga e confortável que estava
vestindo.
— Isso mesmo. Esta é a minha camisa de comer.
— Engraçado, eu não vi essa quando estávamos passando pela
limpeza do guarda-roupa.
— Eu sabia que você me faria me livrar dela.
— Mais como você sabia que eu ia fazer você me devolver —
disse ele.
Ela olhou para baixo novamente.
— É sua? — Sua voz era falsa inocente.
Hunter revirou os olhos e tomou um gole da garrafa de água com
gás que tirou de sua geladeira.
— Certo. Eu tinha esquecido que você foi para a Universidade de
Missouri.
— Devo ter lido errado — disse ela, arrancando um cogumelo de
sua pizza e colocando-o na boca. — Achei que fosse a minha alma
mater, a Universidade de Michigan.
— Uhum. — Ele voltou sua atenção para a TV, onde ligou um
resumo de esportes.
— Então, o que vem a seguir no seu plano de aula? — ele
perguntou, sua atenção ainda principalmente na televisão.
— Ah, Obi-Wan está ansioso para ensinar.
— Para deixar registrado, eu sou o Yoda. E eu só gostaria de
estar preparado.
— Ah, qual é, esta noite não foi tão ruim, foi?
— Poderia ter sido pior — admitiu. — Pelo menos agora eu sei
onde minha camiseta favorita foi parar. Mas também tenho a
sensação de que essa foi a parte fácil.
Ele estava certo. Verdade seja dita, essa noite tinha sido tanto
para relaxar a própria Brit em relação a todo esse plano quanto tinha
sido para Hunter. No fundo, ela sabia que seus problemas
românticos tinham muito pouco a ver com suas roupas e escolhas
de sapatos. Não era como se ela estivesse se arrastando por
Manhattan de Crocs e macacão e assustando todos os caras
gostosos de Wall Street.
Mas tática para enrolar ou não, foi surpreendentemente útil para
obter algumas informações sobre como os homens viam as
mulheres em roupas. Ainda mais interessante foi a informação sobre
Hunter.
Em todos os seus anos de amizade, ela nunca tinha pensado
muito nele como homem. Ele era simplesmente Hunter. Ela sabia
que ele era um cara no sentido de que era para ele quem ela ligava
se ela precisasse montar uma cômoda ou mudar o sofá. E embora
ela soubesse em um nível lógico que ele namorava e ficava com
mulheres, nunca tinha realmente ocorrido a ela que ele era um
homem de sangue quente.
Esta noite ela tinha visto alguns vislumbres disso. Não dirigido a
ela, obviamente. Mas quando ele olhou para algumas das roupas
que ela experimentou e as declarou sexy ou não, ela percebeu que
ele estava olhando para ela. Como uma mulher. E por algumas
frações de segundo ao longo da noite, ela sentiu... algo.
Um formigamento?
Nah.
Ela não podia nem mesmo começar a seguir esse caminho,
mesmo se fosse como um experimento mental inofensivo, ou as
lições que se seguiriam ficariam estranhas rapidamente.
— O próximo é o protocolo do encontro — disse ela, dando outra
mordida na pizza. — Você sabe, como as complexidades do
primeiro encontro.
— Como isso vai funcionar? — Hunter deu um olhar para ela.
Ela mastigou e engoliu.
— Estava pensando que poderíamos sair para jantar. Fingir que é
um primeiro encontro e você pode, tipo...me treinar.
— Tenho certeza de que seu jogo de encontro está ótimo — disse
ele, ainda assistindo à TV.
Ela o cutucou com o joelho.
— Você concordou em me ajudar.
Ele finalmente olhou em sua direção.
— E você acha que um encontro falso comigo vai ajudar?
Brit encolheu os ombros.
— Não sei. Mas mal não vai fazer. Todos os sinais apontam que
você é excelente no namoro. Eu nem tanto.
Ela deu a ele um largo sorriso e apoiou o queixo em seu ombro
enquanto olhava para ele.
— Por favor? Vou vestir a camisa preta de que você gostou tanto.
Ele revirou os olhos e olhou de volta para a TV, e ela viu que ele
estava sorrindo.
— Tudo bem — disse Hunter finalmente. — Tá. Amanhã, sete
horas?
— Yay! Eu estava pensando que poderíamos tentar ir...
— Não. Eu escolho o lugar.
A voz de Hunter era gentil, mas firme, e tinha um tom de comando
que ela não tinha ouvido antes dele.
Era... sexy.
Por uma fração de segundo sua boca ficou um pouco seca com...
que?
Surpresa? Antecipação?
Nervosismo?
Sem dizer uma palavra, Hunter estendeu a mão e pegou o
pedaço de pizza esquecido da mão dela e deu uma enorme
mordida, em seguida, devolveu. O gesto distraído e nada sexy
ajudou muito a resolver aquela estranha fissura de apreensão.
Quase.
Capítulo Sete
— Está bom — murmurou Penelope Pope, recuando e observando
o enorme quadro branco que cobria a parede direita do escritório de
Hunter. — Está muito bom. A questão é: Cassidy aceitará isso?
— Ele vai — Hunter e Cole Sharpe responderam em uníssono.
— Como vocês sabem? — Penelope perguntou, virando-se.
— Porque se ele se importasse de uma forma ou de outra, ele
teria vindo para a reunião — respondeu Hunter.
— E o futebol é a praia dele, não o futebol americano —
acrescentou Cole.
Brit ergueu os olhos de onde estava transcrevendo as anotações
do quadro para o laptop o melhor que pôde.
— Por que o esclarecimento?
— Quase todo mundo fora dos Estados Unidos chama futebol só
de futebol — disse Penelope.
— Certo — disse Brit, continuando a digitar. — Eu sabia. Eu acho.
Ela não era totalmente ignorante sobre esportes, mas neste grupo
ela estava totalmente fora do seu elemento. Cole Sharpe e
Penelope Pope eram os editores de esportes de Oxford.
A parceria deles era lendária na revista. Cole era um funcionário
contratado de longa data, e quando uma posição de editor de
esportes em tempo integral abriu, ele e todos os outros presumiram
que ele seria um candidato a emprego.
Então Penelope apareceu, uma moleca de rosto novo de Chicago
em busca de uma ficha limpa em Nova York. Atrevida, sincera e
totalmente simpática, as habilidades de redação esportiva de
Penelope obrigaram Cole a se esforçar muito para conseguir o
emprego.
Tanto que Cassidy acabou decidindo dividir o cargo de editor de
esportes solitário em dois papéis. Mas não antes de os fanáticos por
esportes terem se apaixonado extremamente e loucamente.
Isso foi há alguns anos agora, mas você nunca saberia disso ao
vê-los juntos. Cole e Penelope ainda agiam como um casal nos
primeiros estágios da paixão.
Eles eram além de fofos juntos e, individualmente, duas das
pessoas favoritas de Brit.
— Você acha que podemos conseguir isso até o Super Bowl? —
Cole perguntou, jogando uma bola de futebol americano entre as
mãos antes de arremessá-la para Penelope, que a pegou
facilmente.
Brit balançou a cabeça. Tanto pelo fato de que tinha até uma bola
de futebol no escritório e por Penelope parecer tão tranquila com a
bola enorme apesar de ser minúscula.
— Nós vamos dar um jeito — disse Hunter.
Brit revirou os olhos com bom humor. Era fácil para ele falar. Não
seria ele quem teria que levar este plano para a equipe de
operações da Web e dizer a eles que o domingo do Super Bowl
seria gasto gerenciando o elaborado portal interativo no site de
Oxford.
Mesmo assim, era uma boa ideia. A maioria das ideias de Cole e
Penelope eram. Desde que assumiram o controle, a seção de
esportes de Oxford deixou de ser uma pequena coleção de artigos
esportivos intercalados entre os artigos de sexo de Lincoln e os
anúncios espalhafatosos de ternos de grife para se tornar uma das
seções mais visitadas do site.
— Então — disse Penelope, deixando-se cair na cadeira em
frente a Brit e servindo-se de um dos M&M que Hunter mantinha em
sua mesa. Ideia de Brit. Chocolate acalmava. — Como está o seu
treinamento na arte da sedução?
Com o canto do olho, Brit viu Hunter lançar a Cole um olhar
assassino, e Cole ergueu as mãos com uma risada.
— Não olhe para mim. Eu não contei a ela.
— Não, eu contei à Pen. Não estou envergonhada do meu plano
— Brit disse com um encolher de ombros.
Ela viu o alívio no rosto de Hunter por ela não ter ficado chateada
por ele aparentemente ter falado com Cole sobre isso, mas ela não
estava. De verdade. Eles mantinham os segredos um do outro
quando necessário, mas sempre foram muito francos um com o
outro sobre o que era confidencial e o que era jogo justo. Eles eram
melhores amigos, mas não eram os únicos amigos um do outro.
— Eu acho que é brilhante — disse Penelope. — Acredite em
mim, se alguém entende o que é ser sempre a amiga, nunca a
namorada, sou eu.
— Ei! — Cole exclamou.
Penelope sorriu por cima do ombro para ele, então jogou a bola
de volta na direção dele.
— Você sabe o que eu quero dizer. Antes-do-Cole.
— Achei que tivéssemos concordado em tratar os dias Antes-doCole como se eles não existissem — disse ele.
Seu tom era provocador, mas seus olhos eram de adoração
enquanto olhava para Penelope, e Brit desviou o olhar. Tanto para
dar a eles a privacidade do momento quanto para esconder a
pontada de inveja.
Esse era o motivo que ela estava fazendo tudo isso. Para
encontrar alguém que olhasse para ela do jeito que Cole olhava
para Penelope, alguém que a fizesse sorrir do jeito que Penelope
sorria agora, como se ela estivesse aquecida de dentro para fora.
— Então? — Cole perguntou, voltando sua atenção para Brit com
um sorriso amigável. — Você já é uma mulherenga?
— Quase — disse ela, fechando seu laptop e colocando-o na
mesa de Hunter antes de cruzar as pernas. — Hunter me ajudou a
analisar o meu guarda-roupa.
Cole lançou a Hunter um olhar simpático.
— Como foi isso?
— Perigoso — respondeu Hunter. — Muito perigoso.
— Ah, eu amo suas roupas! — Penelope disse para Brit. —
Embora eu ache que minha opinião provavelmente não conte muito.
— Ela estudou suas próprias roupas, uma blusa branca lisa e calças
cinza e sapatilhas pretas. Traje bastante comum de Penelope Pope,
mas combinava com ela.
Brit teve uma ideia.
— Ei, Cole — ela disse. — Você gosta das minhas roupas?
Os olhos azuis de seu amigo se arregalaram em pânico e ele
olhou rapidamente para Hunter, que estava sorrindo amplamente.
— É, Cole. O que você acha das roupas da Brit?
— Ei, cara, você é o treinador do amor dela. Não eu.
— Treinador do amor! — Disse Penelope. — Eu gostei disso!
— Não — Hunter e Brit disseram ao mesmo tempo.
— Não é isso que estamos fazendo — Brit se apressou em
explicar. — Ele está apenas me dando algumas dicas.
— Em sua vida amorosa — enfatizou Penelope.
— Ok, sim, mas – espere, ele nunca respondeu à pergunta — Brit
disse, voltando para Cole.
— Bem... — Cole cutucou a bochecha com a língua por dentro da
boca e pareceu pensar sobre isso. — Verdade seja dita, Brit, não
posso dizer que notei suas roupas de uma forma ou de outra.
— Viu — disse Hunter. — Eu disse que não era tão importante
quanto você pensava.
— E ainda assim você parecia ter muitas opiniões.
— Eu disse que não gosto daqueles vestidos esvoaçantes
esquisitos que se arrastam no chão e parecem roupas de
maternidade.
— Vestidos maxi — uma nova voz acrescentou.
Todos se viraram para ver Jake Malone parado na porta, uma lata
de Coca-Cola na mão enquanto bisbilhotava sem se desculpar.
— Como diabos você sabe o que é um vestido maxi? — Hunter
perguntou ao editor de viagens de Oxford.
— Isso é o que o casamento faz com você — disse Jake com um
encolher de ombros.
— Nota para mim mesmo — Hunter murmurou.
— Você gosta de vestidos maxi? — Brit perguntou a Jake.
Jake sorriu para ela.
— Depende. Com que frequência você fala com Grace?
Grace Malone era a esposa de Jake. Uma morena bonita e de
temperamento doce que combinava perfeitamente com Jake em boa
aparência e simpatia. Grace também trabalhava na revista Stiletto,
no mesmo prédio de Oxford, o que significava que, embora não
fossem melhores amigas, Brit via Grace com frequência.
— Ok, então vestidos longos são odiados universalmente,
aparentemente — Brit meditou.
Todos os três homens concordaram.
— É uma pena — disse Penelope com simpatia. — Nunca
poderei usá-los porque sou muito baixa, mas parecem muito
confortáveis.
— Eles são confortáveis — disse Brit. — E ele me disse que o
que os homens gostam mais do que tudo é que as mulheres se
sintam confortáveis. — Ela apontou para Hunter, então olhou para
Cole e Jake. — Nós concordamos ou discordamos?
— Ahhh... — Cole puxou a gola da camisa como se estivesse
muito apertada. — Malone, você fica com essa.
Jake terminou o resto de seu refrigerante, esmagou a lata em seu
punho e a jogou na lata de lixo de Hunter.
— Antes de entrar neste campo minado de conversação, por que
estamos falando sobre as roupas de Brit?
— Hunter é o treinador do amor de Brit — Penelope anunciou.
Brit abriu a boca para esclarecer, então revirou os olhos e deixou
para lá. Ela supôs que treinador do amor era uma descrição boa o
suficiente para seu plano.
— Tipo Hitch? — Jake perguntou, encostado no batente da porta.
— Aquele filme?
— Sim! — Penelope disse, estalando os dedos. — Eu nem tinha
visto as semelhanças até agora, mas você está totalmente certo!
Brit examinou seu repertório de filmes e recuperou vagas
memórias de um divertido filme de Will Smith, onde Will interpretava
um guia de relacionamento para homens cujas vidas amorosas
eram uma droga, apenas para ter suas cantas de costume falharem
quando ele conheceu uma mulher que realmente gostava.
— Acho que é mais ou menos assim — disse ela.
Hunter deu um suspiro pesado.
— Eu quero mesmo ver este filme?
— Definitivamente — disse Cole. — Eva Mendes está nele.
Gostosa.
Penelope concordou com a cabeça.
— Super gostosa.
— Hum — disse Hunter, em seguida, disse a Brit: — Adicione à
nossa lista de noites de filmes.
— Sério? — Ela se sentou mais reta animadamente. — Você
nunca quer assistir comédias românticas quando temos noites de
filmes.
O olhar dele entrou em pânico, e ele olhou para Cole e Jake.
— Vocês não disseram nada sobre ser uma comédia romântica.
— Mais comédia do que romance— disse Cole, dando um passo
em direção a ele e dando um tapinha reconfortante no seu ombro.
— Ok, mas de verdade — disse Jake. — Brit e Hunter estão... o
que. Namorando de mentira?
— Não, não — Brit disse rapidamente. — Bem, mais ou menos.
Nós vamos a um encontro hoje à noite.
Ela deu a Hunter uma batida sedutora de seus cílios.
Ele balançou sua cabeça.
— Ei, aluna, aqui está sua lição do dia. Chega dessa coisa
estranha com os cílios.
— Minha Marilyn interior estremece com a ideia de aposentar
essa tática.
Ele a encarou por um momento, então balançou a cabeça.
— Eu nem quero saber o que isso significa.
— Marilyn Monroe — disse Lincoln Mathis, enfiando a cabeça
para dentro. — Clássica. Ela é um exemplo pra você, Robbins?
Você poderia fazer pior. Embora eu ache que você tem mais uma
vibe do tipo Julie Andrews. Tipo de garota da porta ao lado...
Lincoln parou ao som de Alex Cassidy limpando a garganta atrás
dele.
Lincoln lambeu o dedo e o ergueu no ar sem se virar.
— Estou sentindo uma poderosa força sombria...
Cassidy revirou os olhos.
— Eu quero saber o que está acontecendo aqui? Por que meus
editores estão discutindo ícones de Hollywood no escritório do meu
vice-presidente operacional? E me poupem da besteira sobre como
é uma história em que vocês estão trabalhando — disse ele antes
que qualquer um deles pudesse apresentar uma desculpa
esfarrapada.
Brit sabia que ele estava falando apenas meio sério. Como editorchefe da Oxford, Cassidy era o chefe deles, mas ele também era um
bom amigo. E ele tinha um talento impressionante para mantê-los
na linha, tanto como amigo quanto como chefe.
Os olhos de Cassidy foram direto para Hunter e Brit.
— Não me digam. Tem algo a ver com vocês dois e o plano de
Hitch.
— Aí está — Cole disse a Hunter. — Até Cassidy viu o filme.
— Já que vocês são todos especialistas no assunto, talvez um de
vocês pudesse ser o treinador do amor da Brit — disse Hunter
sombriamente.
— Tá vendo, você disse treinador do amor também! — Penelope
exclamou com alegria.
Cassidy teve pena deles.
— Ok, todo mundo para fora. Até você — ele disse a Penelope.
— Na verdade, especialmente você. Você está com aquela
expressão no rosto.
— Que expressão? — Penelope disse, se levantando e
empurrando sua cadeira.
— Aquela em que você deseja que todos estejam tão
apaixonados da forma nojenta quanto você e Cole.
— Certo. Como se você e Emma não tivessem ficado trancados
em seu escritório por um bom tempo esta manhã — disse Penelope,
referindo-se à esposa de Cassidy.
Ele deu a ela um olhar de ha ha quando ela saiu do escritório,
então apontou para Lincoln, Cole e Jake no corredor.
— Vocês se lembram que há um prazo para as cinco hoje?
— Entreguei o meu mais cedo — disse Lincoln. — Você não deve
ter visto.
— Eu vejo tudo, e você nunca entrega cedo — Cassidy apontou.
— Valeu a pena tentar — Lincoln murmurou enquanto também
desaparecia.
— Tudo certo? — Cassidy disse, nivelando seu olhar para Brit e
Hunter depois que todos foram embora.
Os dois assentiram, e Hunter garantiu que eles teriam um esboço
do plano do Super Bowl em sua mesa no final do dia.
Cassidy deu um aceno rápido, começou a sair e se virou para
Brit.
— Para deixar claro, eu definitivamente vejo um pouco de Norma
Jean em você.
Ele deu uma piscadela rápida e saiu, e Brit sorriu para si mesma.
Hunter estava olhando para ela.
— Quem diabos é Norma Jean? E por que você parece tão feliz
com a comparação?
Brit deu a ele um sorriso enigmático e se levantou, pegando seu
laptop.
— Vou melhorar essas anotações e enviar um e-mail para você o
mais rápido possível.
— Tá. Ok. Quem é Norma Jean?
— Eu, por enquanto.
— Ao contrário de você mais tarde, quando se tornar...
Brit bateu os cílios novamente.
— Marilyn. Obviamente.
Capítulo Oito
Brit não conseguiu evitar. Ela ficou literalmente boquiaberta com
seus arredores enquanto Hunter a levava para o restaurante. Era
lindo. Facilmente um dos restaurantes mais deslumbrantes que ela
já tinha ido, e isso era algo importante já que morava em Manhattan,
onde chique costumava ser o status quo.
— Esse é o seu lugar para primeiro encontro? — ela perguntou
quando Hunter deu seu nome para a hostess.
— Às vezes — disse ele com um encolher de ombros. — Você
nunca veio aqui?
Ela bufou.
— Não. E mesmo se tivesse, provavelmente teria sido em uma
noite das garotas planejada por uma das meninas da Stiletto. Caras
nunca me trariam aqui. Ou em qualquer lugar parecido.
Hunter estava no processo de ajudá-la a tirar sua jaqueta de seus
braços, mas ele parou por um momento e ela virou a cabeça
ligeiramente, olhando para cima para ver qual era o problema.
A expressão dele era... de raiva.
Então ele balançou a cabeça e voltou a puxar sua manga.
— Você tem namorado os caras errados.
Brit não disse nada enquanto ele levava seus casacos para a
moça do guarda-volumes. Ela já sabia que estava namorando o tipo
errado de cara. Todo esse plano era para atrair o homem certo.
Hunter aceitou o bilhete da garota do casaco, então se virou para
Brit, ficando imóvel mais uma vez quando a viu.
Ele a olhou de cima a baixo.
— Essa não é a blusa preta de que falamos.
O vestido preto era um dos favoritos dela. Era justo, sem ser
colado à pele. À primeira vista era surpreendentemente recatado,
um estilo básico que cobria seus braços e parava logo acima do
joelho, não mostrando muita pele. Mas algo no modo como foi
cortado fez com que parecesse ser feito para ela. A parte de cima
era de veludo e ajustada no torso com um decote em coração. A
saia era de renda com o menor movimento para balançar quando
ela andava.
— Não, eu tomei uma decisão de última hora contra a blusa preta
— ela admitiu. — Não experimentei esse na outra noite porque já
sabia que o adorava e iria ficar com ele, quer você aprovasse ou
não.
Brit viu Hunter engolir em seco e sacudir rapidamente a cabeça.
Antes que ela pudesse perguntar se isso era aprovação ou a falta
dela, a hostess se aproximou com dois menus.
— Sua mesa está pronta, Sr. Cross.
Hunter fez um gesto para que Brit fosse na sua frente, e ela foi,
voltando a se maravilhar com o restaurante – a iluminação perfeita,
os lustres deslumbrantes, as cores e texturas quentes que
conseguiam parecer românticas atemporais e fantasticamente
modernas.
Seus pensamentos se dispersaram quando ela sentiu a mão de
Hunter descansar levemente em suas costas. Um toque fugaz,
provavelmente mais instintivo do que qualquer coisa, mas ela sentiu
o contato formigar por toda a sua espinha.
Ele já a havia tocado assim antes? Talvez. Provavelmente. Ela
nunca tinha notado.
Ela notou agora.
Em seguida, seu toque desapareceu e ela estava atravessando o
restaurante, seguindo a hostess, que os conduziu a uma mesa de
canto. Poderia caber facilmente quatro pessoas, e como eram
apenas os dois, o espaço extra dava uma ilusão de privacidade rara
em restaurantes minúsculos e lotados de Nova York.
Hunter sentou-se um pouco mais perto do que precisava, embora
ela supôs que era mais devido à música alta do que qualquer outra
coisa. Ela se perguntou se isso era parte do que tornava o
restaurante sexy. A música alta deveria ter matado o romance, mas
de alguma forma contribuía para isso – faz você querer se inclinar
um pouco mais perto de quem você estivesse para ter certeza de
não perder uma palavra.
— Vejo por que você gosta daqui — disse ela, colocando o
guardanapo no colo. — É... bem, é sexy, não é?
Ele olhou ao redor.
— Eu só gosto da comida.
— Ah, isso é mentira — disse ela com uma risada. — Levar uma
mulher para um lugar como esse tem mais chances de fazer você
transar, e você sabe disso.
Ele deu a ela um olhar penetrante e surpreso, e sua risada
morreu.
— Não como se você e eu... Você sabe o que eu quero dizer
Ele sorriu rapidamente.
— Sim. Eu entendi.
Um garçom se aproximou, perguntando se eles queriam água,
com gás ou de garrafa. Depois de esclarecer que normal estava
boa, ela pegou o menu e olhou para ele.
— O que é bom? Ah, espera. — Ela mordeu o lábio. — Isso é
irritante? Sempre pergunto se eu sei que um cara já foi a um
restaurante antes e eu não, mas isso é muita pressão...
— Brit. — Ele colocou os dedos levemente contra o braço dela. —
Relaxa. Sou só eu.
— Eu sei, mas...
— Aqui está o que vamos fazer — ele interrompeu. — Em vez de
pensar demais em cada frase da noite inteira, e em vez de eu
fornecer feedback constante, seja você mesma. Farei o meu melhor
para vê-la como uma mulher com quem estou saindo. Podemos
debater depois.
Brit considerou isso, então ela encolheu os ombros.
— Funciona para mim.
Ele sorriu, um sorriso verdadeiro que enrugou os cantos dos
olhos.
— Por que você está sorrindo assim? — ela perguntou.
Ele deu de ombros enquanto tirava os óculos de leitura do bolso
interno do paletó e os colocava.
— Nada. Você é só… fácil.
— Hum.
— Fácil de estar por perto — disse ele, sem tirar os olhos do
menu. — Além disso, lição número um, não estude cada coisinha.
— Pensei que não iríamos debater até depois?
— Começando agora — disse ele. Ele olhou para ela por cima
dos óculos. — Você gosta de ostras?
— Gosto — ela disse. — Eu não costumava gostar, mas elas
meio que crescem no seu conceito com o tempo, né?
Hunter concordou com a cabeça.
— Não posso dizer que havia muitas ostras frescas nos Kansas
City e, quando me mudei para Nova York, meu primeiro chefe pediu
algumas para a mesa sem perguntar se eu gostava delas. Quando
elas chegaram, pensei que era algum tipo de erro horrível.
Ela riu.
— Sim, elas definitivamente levam o prêmio por um dos alimentos
menos apetitosos visualmente. Tive que fechar os olhos e tapar o
nariz na primeira vez que experimentei. Mas então a vibração do
mar salgado se instalou, e... sim, eu gosto delas.
Hunter pediu uma dúzia para os dois, junto com uma garrafa de
champanhe. Ele não perguntou se ela gostava de champanhe. Isso,
ele já sabia, cortesia de anos de amizade e muitas vésperas de ano
novo que passaram juntos.
— Falando em Kansas City, como estão todos? — ela perguntou.
Ela já viu a família dele algumas vezes quando foi a Missouri para
ser sua acompanhante em vários casamentos.
— Engraçado você mencionar isso — disse ele. — Meus pais
estão vindo para cá neste fim de semana. Eles querem que Malik
veja a cidade. Inferno, provavelmente para que ele não acabe como
eu, nunca vendo uma ostra até os vinte e quatro anos.
— Como ele está se acomodando? — ela perguntou enquanto o
garçom servia o champanhe.
Malik era o irmão adotivo de Hunter. Dennis e Gail tiveram quatro
filhos, mas foram duramente atingidos pela síndrome do ninho vazio
quando a irmã mais nova de Hunter foi para a faculdade alguns
anos atrás. Eles decidiram se tornar pais adotivos de uma criança
que precisava desesperadamente de um lar.
— Melhor. Muito melhor, na verdade. Quando voltei para casa no
Natal, ele não estava do mesmo jeito, sabe? Ele parecia feliz. Todos
eles pareciam.
— Ele tem o quê, doze anos?
— Treze. Espero que a aliança cuidadosa que todos eles
formaram não vá para o inferno quando ele entrar na adolescência,
mas meus pais dizem que até agora tudo bem.
— Adoraria vê-los quando estiverem aqui, se não for muito
invasivo.
Ele olhou para ela.
— Por favor. Como se meus pais fossem perder a chance de
interrogá-la. Malik quer te conhecer também.
— Ele sabe sobre mim? — Ela estava surpresa.
Hunter parecia confuso com a pergunta.
— É claro. — Então ele ergueu a taça. — Vamos brindar?
Ela levantou a dela também.
— Claro. Brindar... a visita de seus pais? Malik?
— Hmm. Sim. Para isso. E para o seu plano.
Ela bateu com a taça na dele e tomou um gole. Delicioso.
— Achei que você odiasse meu plano.
— Eu nunca disse isso.
— Bem, você com certeza não concordou com ele prontamente, e
você deu um chilique com cada sugestão que eu fiz.
— Homens não dão chilique, Robbins.
— Uhum. Trabalho principalmente com homens, então sei que é o
contrário.
— Ok, tudo bem, eu não amo o plano. Mas... — Ele olhou para
ela. — Estou feliz que seja eu, em vez de outra pessoa.
— Eu não teria pedido a mais ninguém — ela disse calmamente.
Sinceramente. — Não consigo imaginar nada mais vulnerável do
que pedir a alguém que diga por que você não é digna de amor.
— Brit. — Ele baixou a taça bruscamente.
— Eu não quis dizer isso assim — ela se apressou em explicar. —
Sério, eu não quis. Eu prometo que não acho que eu não seja digna
de amor. Eu só... Às vezes me pergunto por que não estou
encontrando o amor quando todos ao meu redor estão.
— Eu não estou.
— Sim, bem... — Ela sorriu um pouco. — Você não quer.
— Como você sabe?
— Porque você é bom com as mulheres. Muito bom. Se você
quisesse fazer um desses relacionamentos durar, você escolheria
qualquer uma.
— Bem...
Ela se virou para ele.
— Quando foi a última vez que alguém largou você?
Ele desviou o olhar e ela ergueu um dedo.
— Aha! Você é irresistível. Aposto que são os óculos — ela
refletiu baixinho, tomando seu champanhe novamente.
— Eu não os uso em encontros.
Foi a vez de ela colocar a taça com força na mesa.
— O que? Nunca?
Hunter balançou a cabeça.
— Mas você precisa deles. Como você lê o menu sem os óculos?
Para sua surpresa, ele corou ligeiramente.
— Posso ler o menu sem eles; eu só tenho que apertar os olhos e
trazê-lo para perto...
— Hunter. — Ela esperou até que ele ergueu os olhos. — Me
prometa que você vai parar com essa besteira. Eles ficam muito
bem em você.
— É? — Ele inclinou a cabeça.
— É.
— Você nunca disse isso antes.
— Sim, bem... — Ela se sentiu confusa. — Amigos garotos e
garotas não têm o hábito de dizer essas coisas um ao outro, não é?
Quer dizer, namoradas sim, namorados e namoradas sim, mas não
tanto em amizades entre garotos e garotas.
— Não, acho que não. — Ele olhou para a mesa e depois para
ela. — Talvez devessem.
— Talvez devessem o quê? — ela perguntou.
Seu olhar era intenso.
— Dizer um ao outro. Quando algo está... bem, em outra pessoa.
— Claro, ok — disse ela com um encolher de ombros, voltando
sua atenção para o menu.
— Brit. — Ele esperou até que ela olhasse para ele. — Esse
vestido que você está usando. Eu aprovo.
— É? — Ela imitou sua pergunta de quando elogiou seus óculos.
— Ah, é.
Brit de repente não conseguia respirar, e suas mãos pareciam um
pouco trêmulas, seu rosto quente.
Bem, então...
Bem, então...
O que ela fazia com isso?
E por que isso a fazia se sentir assim?
Capítulo Nove
— Ah, qual é — disse ela, inclinando a cabeça para trás contra o
encosto de cabeça do táxi em frustração exagerada. — Me dá o
meu boletim escolar.
Hunter riu.
— Quando você estiver pronta.
— Estou mais do que pronta — disse ela com um sorriso.
E ela estava. O falso encontro com Hunter tinha sido... bom. Tão
bom, na verdade, que ela tinha esquecido que deveria ser um falso.
Simplesmente parecia uma noite maravilhosa com um amigo.
Mas não, isso também não estava certo.
Ela jantou com Hunter dezenas de vezes ao longo dos anos, e
isso era decididamente diferente, mas de alguma forma... o mesmo?
Foi toda a alegria de estar confortável, com uma consciência
ligeiramente aumentada. Ela não sabia se era o vestido ou o
champanhe, mas ela nunca tinha estado tão consciente de que era
mulher e Hunter homem.
Ela sempre pensou em Hunter como alguém relaxado e fácil, e
ele meio que continuava o mesmo, mas esta noite havia algo mais
também. Havia uma intensidade silenciosa sobre ele. Quando ele
olhou para ela, ela sentiu. Quando ele a ouviu falar, ela se sentiu a
pessoa mais importante da sala – do mundo. Hoje à noite, ele não
tinha sido seu chefe, mas também não tinha sido apenas seu amigo.
Tinha sido... diferente.
Foi adorável e um pouco angustiante, o que significava que agora
que eles estavam indo para o apartamento dela, ela estava
duplamente determinada a trazê-los de volta ao ponto da noite.
Uma avaliação de suas habilidades em namoro.
— Você realmente não precisava me acompanhar o caminho todo
até em casa — disse ela, olhando para ele.
Ele encolheu os ombros.
— Talvez seja antiquado, mas acho que um encontro de
qualidade vale a pena acompanhar uma mulher para casa. Até aqui
na cidade. Se ele não te acompanhar até em casa, é um sinal de
que ele não está interessado.
— É uma mentalidade antiquada. Mas bem legal. — Em seguida,
acrescentou: — A menos que o cara seja sinistro. Então eu não
quero que ele saiba onde eu moro.
— Obviamente — ele disse. — Você tem muitos desses? Os tipos
sinistros?
— Não muito. Ninguém por quem eu já me senti ameaçada ou
algo assim. Mas também não houve tantos que convidei para voltar
à minha casa após o primeiro encontro.
— Acho que sou especial.
Brit riu.
— Acho que você se convidou e entrou no táxi comigo.
— Você quer seu boletim escolar ou não?
— Certo, tem isso — disse ela, sentindo-se repentinamente
nervosa. E se ele não tivesse gostado? E se ela fosse ainda pior em
namoro do que pensava? E se...
O táxi parou em frente ao prédio dela. Ela sabia que não devia
tentar pagar. Mesmo quando eles não estavam em um encontro, ele
nunca a deixava pagar o táxi.
Depois que eles saíram do táxi, Brit começou a caminhar em
direção ao seu apartamento por hábito.
Hunter a agarrou pelo cotovelo, gentilmente a puxou para trás e a
levou para uma alcova isolada na frente de seu prédio.
Ela olhou para ele em dúvida, e ele deu um leve sorriso.
— Você disse que não costuma trazer caras depois do primeiro
encontro.
— Não, quase nunca.
— Bem então. — Ele enfiou as mãos nos bolsos do casaco. —
Devemos continuar a desempenhar o nosso papel.
— Mas precisamos debater...
— Você foi perfeita — ele interrompeu.
A respiração de Brit ficou presa.
— O que?
Ele olhou para os pés brevemente, depois voltou a olhar para ela.
— Seu boletim escolar. Dez. Cinco estrelas. Tanto faz.
— Ah, qual é — disse ela com uma risada, recuperando o
equilíbrio. — Eu não pedi a você para me ajudar com isso para
acariciar meu ego. Você pode falar diretamente para mim. Eu falei
muito, ou não o suficiente, ou...
Hunter colocou um único dedo em sua boca, interrompendo suas
palavras.
— Não. Perfeita.
Brit engoliu em seco, olhando para ele sem palavras.
Ele retirou lentamente a mão, parecendo tão surpreso com o
contato quanto ela se sentia, como se ele tivesse agido por instinto
e não tivesse realmente a intenção de tocá-la.
Ele limpou a garganta.
— Quero dizer... Eu me diverti hoje à noite. Me diverti muito. Você
está procurando por algum tipo de arma ou dica secreta; o melhor
que posso dizer é... Apenas seja você. Quando você saiu da sua
cabeça e parou de pensar sobre o fato de que você estava em um
encontro, tornou-se um encontro muito bom.
Brit brincou com seu brinco enquanto considerava seu conselho.
— Agora que você mencionou, eu tendo a pensar muito durante
os encontros. Só quero sempre ter certeza de que o cara está
confortável, que mesmo que ele não me queira, ele goste de mim.
Isso faz sentido?
— Sim. — As mãos dele estavam de volta aos bolsos. — Você
gosta de deixar as outras pessoas à vontade. Você sempre gostou.
— Você diz isso como se fosse uma coisa ruim.
— Não — ele disse lentamente. — Não é ruim. Nem no trabalho,
nem em uma festa. Mas em um encontro, você não quer que o cara
fique muito à vontade.
— Mas você acabou de dizer que eu era melhor quando estava
mais relaxada!
— Exatamente. Você estava cativante quando não estava tão
preocupada se eu estava me divertindo ou não. Isso me fez querer
ter certeza de que você estava se divertindo...
— Eu estava — ela interrompeu, então desviou o olhar,
envergonhada por sua explosão.
— Fico feliz — disse ele calmamente. — Mas você entende o que
estou dizendo, certo? Um cara quer se sentir confortável, e você é
boa nisso, mas um pouco de mistério também não é uma coisa
ruim. Faça-o pensar um pouco.
Brit fez uma cara triste.
— Mas eu sou mais ou menos o que você vê é o que você tem.
Eu realmente não faço mistério.
— Você fez hoje à noite. Eu me perguntei o que você estava
pensando. O que se passava pela sua cabeça quando você fez
aqueles barulhos ao tomar um gole de champanhe. Quanto menos
você se preocupava se eu estava me divertindo ou não, mais eu me
divertia.
— Isso nem faz sentido — disse Brit com uma carranca.
Hunter deu de ombros.
— Você pediu minha opinião. Aí está. Você disse que confia em
mim. Confie em mim. A chave para ser irresistível? Pare de tentar
tanto ser a melhor amiga de todos. Apenas seja você.
— Diz o meu melhor amigo.
Ela sorriu. Ele sorriu de volta.
— Tudo bem — disse ele. — Agora que cobrimos as melhores
práticas do encontro real, mostre-me como você termina um
encontro.
— O que você quer dizer com como eu termino? Ele só... termina.
— Brit, Brit, Brit — ele disse, fazendo um barulho gentil de
repreensão. — Você tem muito a aprender.
Ela coçou o nariz.
— Ok, treinador. Como se termina um encontro que foi fantástico,
mas não vai acabar com o cara indo lá para cima?
— Depende.
— Do que?
— Se o primeiro encontro foi ou não digno do primeiro beijo.
Ela engoliu em seco, e embora o instinto exigisse que ela olhasse
para a boca dele, ela manteve os olhos nos dele.
— Tudo bem... me conduza pelos dois cenários, professor.
— Tudo bem — disse ele em voz baixa. — Digamos que o
encontro tenha potencial, o suficiente para que você esteja aberta
para uma repetição, mas não tão bom que esteja coçando de
vontade para dar o beijo.
— Coçando? Eu não acho que já tenha coçado de vontade por
um beijo assim na minha vida.
Ele balançou sua cabeça.
— Ah, Robbins. Você está com mais problemas do que eu
pensava. Mas antes de chegarmos a essa parte, vamos ver o
primeiro cenário. Você quer vê-lo de novo, talvez, mas não está
sentindo a vibe para o beijo. O que você faz?
Brit pensou sobre isso. Levantou a mão direita para um aperto.
— Obrigada pelo encontro. Eu me diverti muito.
Ele deu um tapa de brincadeira na mão dela.
— Afaste isso; não é uma entrevista.
Ela riu e esfregou a mão.
— Ok, o que, então?
— Inversão de papéis — disse ele, esfregando as mãos. — Eu
sou você, e você é um pobre idiota que foi um bom primeiro
encontro, mas não tão bom quanto eu.
Ela revirou os olhos.
— Uhum.
Ele ignorou seu sarcasmo e, em vez disso, deu meio passo mais
perto, sua expressão de repente mudando de Hunter, BFF, para...
algo mais.
Droga, o homem é um bom ator, ela percebeu com um
sobressalto. De repente, ele realmente era outra pessoa, alguém
com quem ela tinha saído, que tinha uma aparência sedutora e
enigmática.
As mãos dele pousaram levemente nos ombros dela e ele deu um
leve sorriso.
— Obrigado — disse ele em voz baixa. — Eu me diverti muito
essa noite.
Ele se inclinou para frente e acariciou sua bochecha antes de se
afastar.
— Eu te vejo por aí?
Ele se virou como se fosse embora, então deu a volta para
encará-la, o Hunter normal de volta ao lugar enquanto sorria.
— Agora você tenta.
Brit se deu uma rápida sacudida mental. É só o Hunter. É só o
Hunter.
— Tudo bem — disse ela. Isso parecia bem fácil.
Ela respirou fundo e olhou para ele, fingindo que ele era um cara
atraente que ainda não lhe dava borboletas no peito, mas poderia
com o tempo.
Brit sorriu e deu um passo em direção a ele, descansando a mão
levemente em seu peito enquanto ela se levantava na ponta dos pés
e beijava sua bochecha, um sussurro de um toque, um talvez mais
algum outro dia tipo de beijinho.
— Eu me diverti muito — ela murmurou enquanto se afastava,
deixando sua mão deslizar para longe de seu peito. Devagar.
Ela omitiu o tímido “vejo você por aí” do roteiro de Hunter em
favor de um sorriso persistente enquanto dava um passo para trás e
mantinha contato visual por um momento a mais, então se virou e
fingiu ir embora.
Brit se virou, ansiosa por feedback.
— Então?
Hunter sorriu.
— Nada mal, Robbins. Nada mal. Eu estaria ligando para você
com certeza. Qual foi a sensação?
— Foi um pouco estranho — ela admitiu. — Minha abordagem
normal é garantir que ele pense que eu me diverti, mesmo que eu
não tenha me divertido, porque não quero magoá-lo. Mas eu entendi
seu ponto. Isso deixa a porta aberta sem trancar nenhum de nós em
algo que pode não parecer tão atraente amanhã.
— Exatamente. Ok, agora vamos dar um passo adiante. Digamos
que sexo não esteja em jogo, mas um segundo encontro
definitivamente está. Qual é a sua tática?
— Ummm... Eu não tenho uma?
— Tudo bem — disse ele pacientemente. — Você beija ou espera
ser beijada?
— Espero ser beijada — Brit disse sem hesitação.
Ele inclinou a cabeça.
— Sempre?
— Estaríamos aqui se eu explodisse confiança romântica? — ela
apontou. — Não me considero exatamente a melhor beijadora do
mundo; certamente não vou forçar isso em alguém.
— Ok, vamos lidar com esse complexo mais tarde — ele
murmurou. — Por enquanto, vamos trabalhar para fazer com que
ele beije você.
— Ah... — Ela sentiu uma pontada de pânico. — Nós não
vamos... você sabe ... quando sugeri um encontro de prática, não
quis dizer que realmente teríamos que...
— Brit. Relaxe — Hunter disse. — Não vou fazer isso de verdade
O alívio surgiu através dela. E algo mais também...
— Ok — disse ele com naturalidade, aproximando-se dela mais
uma vez para que ficassem cara a cara, apenas alguns centímetros
os separando. — Eu sei que uma mulher quer que eu a beije não
pelo que ela diz, mas pela maneira como ela se move, a maneira
como ela me olha.
— Isso parece complicado — disse Brit. — Certamente há algum
código pra usar como um atalho?
— Desculpe, mas as palavras não fazem parte dessa dança. Ou
melhor, podem fazer, mas não são a parte importante.
Ele se aproximou ainda mais quando disse isso, e Brit resistiu ao
impulso de recuar. De repente, tudo parecia demais. O champanhe,
a conversa fácil, as risadas, os toques e agora isso? Era mais do
que ela esperava, as águas parecendo mais turvas do que ela
esperava...
— Não assim — disse Hunter suavemente. — Você está se
afastando, está vendo? Seu pescoço está inclinado para trás. Você
parece apavorada.
Estou apavorada.
— Relaxe — ele disse novamente. — Incline-se para mim, só um
pouco. Fala que você se divertiu muito.
Brit se inclinou um pouco, mas manteve os olhos na gola da
jaqueta de lã dele.
— Eu me diverti muito.
— Olhe para mim enquanto você diz isso — ordenou Hunter.
Os olhos de Brit se ergueram, encontraram o familiar olhar avelã
dele, que não parecia mais caloroso e seguro, e sim quente e...
tentador.
— Eu me diverti muito essa noite — Brit sussurrou, falando sério.
Sem perceber, ela se inclinou ainda mais para ele.
— Que bom — ele sussurrou de volta. A mão de Hunter se
ergueu para a bochecha dela, seus dedos roçando sua bochecha
levemente antes de colocar seu rosto em sua palma quente. — Eu
também.
Brit sentiu a agitação da noite da semana em Nova York se
dissipando. Ela parou de ouvir o coro implacável das buzinas dos
táxis tocando, o barulho estridente de uma sirene distante. Ela
provavelmente conhecia algumas das pessoas que passavam por
eles na calçada, se aproximando de seu prédio, mas ela não estava
ciente delas.
Existia apenas Hunter, o toque de sua mão no rosto dela, a
maneira como sua respiração sussurrava contra os lábios dela
enquanto ele abaixava a cabeça.
As mãos de Brit levantaram, aparentemente por conta própria,
parando levemente contra as lapelas da jaqueta dele.
Isso, ela percebeu enquanto seus olhos se fechavam. Isso era o
que significava coçar de vontade de dar um beijo. Querer tanto, que
um pequeno pedaço de você morreria se você não sentisse os
lábios dele nos seus, como se ela não pudesse sobreviver se Hunter
não a beijasse...
Hunter.
Os olhos de Brit se abriram, seu olhar alarmado se fixando no
dele igualmente chocado.
A mão dele se afastou de seu rosto e ela tirou as mãos de seu
peito em pânico.
Ela rapidamente recuou, e Hunter deu uma risada nervosa
enquanto passava a mão pelo cabelo.
— Ah – tudo bem, então... você entendeu? Você entendeu — ele
repetiu com um sorriso que parecia um pouco forçado. — Nota dez,
top de linha.
Top de linha?
Ela quase sorriu, aliviada por não ser a única a ficar nervosa no
momento.
— Ótimo — ela disse. — Obrigada pela aula.
— Sim — disse ele, dando-lhe um sorriso que era um pouco mais
como ele.
Crise evitada, ela pensou com alívio.
— É melhor eu entrar — disse ela, acenando com a cabeça em
direção ao seu prédio. — Meu chefe agendou uma reunião às oito e
meia amanhã.
— Ele soa como um verdadeiro idiota.
— Tenho certeza de que ele vai garantir que tenhamos donuts.
Hunter não disse nada, e ela lançou um olhar para ele.
— Você vai pedir donuts, certo?
Ele revirou os olhos.
— Acho que agora vou pedir.
— Que bom — ela disse feliz, virando-se. — Até amanhã.
— Até.
Brit não se permitiu virar para ver se ele ainda estava parado ali.
Ela estava com muito medo de que ele estivesse. Estava com
ainda mais medo de que ele não estivesse.
Caramba, ela estava com medo de que todo o momento tivesse
sido unilateral, que ele não tivesse sentido o que ela sentiu...
Ela olhou por cima do ombro.
Hunter não se moveu. Ele estava olhando para ela com uma
expressão pensativa no rosto, os ombros ligeiramente curvados
contra o vento forte. Ele ergueu a mão em despedida.
Ela deu um aceno alegre de volta e sorriu antes de entrar em seu
prédio.
O sorriso dela sumiu assim que ela saiu de sua linha de visão. Ela
não sabia se estava aliviada ou incomodada pelo fato de não ser a
única a sentir isso. Não importa o que isso fosse. Ela conhecia
Hunter, e ela sabia por sua expressão facial que ele estava tão
perplexo quanto ela com o que quer que tivesse acontecido.
Era apenas uma questão de clima, ela se tranquilizou,
cumprimentando o porteiro e se dirigindo aos elevadores. Apenas
um caso único. Como dois atores fingindo em um papel
temporário...
Mas não parecia fingimento.
E a ideia de que tenha sido um caso único era estranhamente...
deprimente.
Capítulo Dez
Na noite de quinta-feira, Hunter se viu no Upper East Side, batendo
na porta de seu outro melhor amigo.
Nick Ballantine abriu a porta e Hunter foi imediatamente atingido
por duas coisas: a onda de algo apimentado sendo cozido e o choro
de um bebê. Esse último poderia ter sido o pior pesadelo de um
solteiro, mas Hunter não achou nada desagradável. Para ele, a
combinação parecia os cheiros e sons de uma casa.
Não a casa dele, ainda não. Mas algum dia. Talvez.
— Não se preocupe, tem álcool aqui — Nick brincou enquanto se
afastava para que Hunter pudesse entrar. — A menos que você
prefira pegar as coisas e correr para as colinas — disse ele,
referindo-se às toalhas e lençóis extras e coisas que Nick e Taylor
estavam lhe emprestando para a chegada de seus pais e irmão
adotivo naquele fim de semana.
A casa de Hunter era espaçosa o suficiente, mas era solidamente
um apartamento de solteiro. Ele tinha exatamente duas toalhas, um
conjunto de lençóis etc. Digamos apenas que ele estava
terrivelmente despreparado para hóspedes.
— Eu vou ficar por aqui. Não perderia a chance de vê-lo no modo
pai — Hunter disse, tirando a jaqueta e jogando-a nas costas de
uma cadeira da cozinha. — Onde está o seu Mini-Eu?
— No quarto. Sendo trocado pela mãe dele, já que ganhei na cara
ou coroa. O que você quer? Cerveja, vinho? Algo mais forte?
— Algo mais forte. Me surpreenda — disse Hunter.
Além de às vezes ser escritor de Oxford e escritor de livros de
ficção, Nick trabalhava meio período como barman em um hotel
chique. Nick era um verdadeiro pau para toda obra de uma forma
que funcionava muito bem para seus amigos.
Nick foi trabalhar com suas ferramentas de barman e um monte
de garrafas de bebida que Hunter nunca tinha visto. Hunter vagou
para mais longe na planta baixa do apartamento de Nick e Taylor,
notando os brinquedos de cachorro espalhados, uma girafa na mesa
de centro que ele tinha certeza que era do bebê, mas difícil de
saber. Em vez da garrafa de cerveja que ele tinha visto apenas
alguns meses atrás, havia uma mamadeira em uma mesa lateral,
uma chupeta ao lado dela.
Era uma loucura como as coisas mudaram rápido. Mais ou menos
um ano atrás, esse era o apartamento de Taylor, destinado a ser
compartilhado com Bradley Calloway. Então se tornou o
apartamento dela e de Nick, embora em um arranjo platônico e
briguento.
Em algum lugar ao longo do tempo, havia se tornado o que era
agora. A calorosa casa de duas pessoas que não apenas
estabeleceram um relacionamento amoroso, mas também tiveram
um filho. A coisa toda era... legal.
E embora Hunter não fosse tão longe a ponto de dizer que estava
com inveja, ele estaria mentindo se dissesse que não sentia uma
pontada de... algo.
— Ainda está nevando? — Perguntou Nick.
— Sim. Vai estar alguns centímetros até amanhã de manhã.
— Quando seus pais chegam? Acha que o voo deles vai atrasar?
— Amanhã à tarde. Acho que vai dar tudo certo com o voo,
embora eu tenha sérias preocupações sobre como as minhas
instruções para pegar um Uber de Newark serão traduzidas.
— Sim, Nova York realmente não foi feita para a tradição
antiquada de pegar alguém no aeroporto — concordou Nick. —
Ninguém tem carro, e o trânsito é uma merda. Seus pais já
estiveram na cidade antes?
— Não. — Hunter olhou por cima do ombro e sorriu. — Digamos
que tenho muitas merdas turísticas no meu futuro próximo.
— Então você precisa disso ainda mais — disse Nick, colocando
um coquetel castanho-amarelado no balcão.
Hunter vagou de volta para a ilha e o pegou, olhando para o topo
espumoso com mais interesse do que suspeita.
— O que é isso?
— Um Flip novo em que estou trabalhando — respondeu Nick,
como se Hunter devesse saber o que diabos era. — Feedback
honesto é bem-vindo.
Nick ergueu seu próprio copo em um brinde antes de tomar um
gole.
Hunter fez o mesmo.
— Bom — respondeu ele. — Excelente.
Ele falou sério. A bebida tinha um gosto forte, mas qualquer que
fosse a merda de espuma negava a queima de uísque usual.
— Ooooh, bebidas para adultos!
Hunter girou em direção à porta, assustado ao ouvir a voz de Brit.
Ela piscou surpresa quando saiu do quarto e o viu.
— Ei! O que você está fazendo aqui?
— Roubando a roupa de cama dessas pessoas finas para a visita
iminente de meus pais. Você?
— Fofocando descaradamente com Taylor — Brit disse. — Eu
não tenho consegui minha dose com ela desde que ela saiu de
licença maternidade.
— Ela ainda está trocando o Aidan? — Perguntou Nick.
— Dando o peito. Palavras dela — disse Brit. — Também disse
para lhe dizer que ela vai querer o “suco de uva” adulto dela quando
ela terminar.
— E ela terá — disse ele. — O que você quer?
— Hmm — Brit disse, vagando por todo o caminho até a cozinha
e inclinando-se sobre o balcão.
Seu olhar se concentrou na bebida de Nick e Hunter.
— O que vocês estão bebendo?
Sem perguntar, Brit estendeu a mão e pegou o copo de Hunter,
servindo-se de um gole.
Hunter sentiu uma onda de alívio por tudo parecer normal entre
eles depois do estranho fim do “encontro” de terça à noite. Hunter e
o resto da equipe de liderança sênior de Oxford estiveram em uma
reunião estratégica nos últimos dois dias, então ele mal a viu desde
aquele momento do lado do apartamento dela.
Um momento em que ele quase esqueceu que era Brit quem
estava diante dele, que era sua melhor amiga cujo rosto ele estava
tocando, cujos lábios ele queria tanto provar que pensou que
morreria por causa disso.
Só de pensar nisso agora sua boca ficava seca e seu pulso
acelerava, mas ela parecia a mesma de sempre, relaxada na
presença dele. Caramba, mal ciente da presença dele.
Graças a Deus, Hunter pensou. Ele tinha perdido mais do que um
pouco de sono nos últimos dias, preocupado que eles tivessem
causado sérios danos a amizade, mas se fosse unilateral, isso
passaria. Se fosse apenas ele, ele consideraria um momento
estranho, que nunca mais se repetiria...
Ela devolveu o copo para ele. Quando ele o pegou, seus dedos
se roçaram, como haviam feito um milhão de vezes no passado.
Ao contrário daquela época, ele sentiu isso.
Ela também. Brit inspirou rapidamente e olhou para ele antes de
desviar o olhar apressadamente.
Droga. Droga! Ele não era o único desestabilizado pela outra
noite. E mesmo assim, enquanto ele xingava mentalmente, ele
estava ciente de outra emoção... alívio.
Não, alegria. Uma pura sensação de prazer masculino por ela
estar ciente dele, assim como ele dela.
Ele empurrou o sentimento de lado. É a Brit, pelo amor de Deus.
Ela mudou sua atenção para Nick e sorriu.
— Alguma chance de eu conseguir essa bebida aí?
— É pra já — ele disse, pegando suas ferramentas de barman
mais uma vez. — Suponho que nenhum de vocês dois tenha um
nome para isso? Estou pensando em incluí-lo no menu do próximo
mês como um coquetel especial.
— Não — disse Brit, sentando-se na banqueta. — Você é o
escritor entre nós.
— E você? — Nick perguntou com um olhar para Hunter
enquanto media o bourbon em uma coqueteleira.
— Não. Concordo com o Brit. Criatividade é o seu negócio.
— Qual é o seu negócio? — Perguntou Nick.
Hunter sorriu.
— Beber sua criatividade?
— Ei, hum, pessoal? — Taylor chamou do quarto. — Qual de
vocês quer desembaraçar meu cabelo das garras mortais de Aidan?
— Seu peito está pra fora? — Hunter gritou. — Eu vou.
— Sim — Taylor respondeu. — E tem um pequeno humano ligado
a ele. Pode entrar!
Hunter estremeceu e Nick riu de sua expressão enquanto
colocava o coquetel de Brit em um copo.
— Eu vou.
Nick pegou sua própria bebida e foi resgatar sua esposa de seu
filho pequeno, deixando Hunter e Brit sozinhos na cozinha.
— Como a equipe sobreviveu sem mim hoje? — ele perguntou.
Ela deu um suspiro dramático.
— Foi delicado. Mas, de alguma forma, conseguimos não queimar
o prédio ou transformar o site de Oxford em um centro de
pornografia.
— Uma pena em relação ao último.
— Como foi o treinamento?
— Entediante. Muito do Calloway ouvindo a si mesmo falando,
com sanduíches sem graça levados para o almoço.
— Você volta amanhã?
— Sim, por quê?
Ela sorriu.
— Porque isso significa que terei que tirar minhas coisas do seu
escritório, onde eu tenho ocupado.
— O que há de errado com o seu escritório?
— Hum, vamos ver — ela disse, contando nos dedos. — Metade
do tamanho. Sem janela. Ainda cheira a atum que o último ocupante
aparentemente comia todos os dias por dez anos...
— É melhor você não ter espalhado migalhas de salgadinhos por
toda a minha mesa.
— Não posso prometer nada. — Ela usou o dedo do pé para
empurrar a outra banqueta para longe do balcão. — Senta. Me
conta sobre a visita de seus pais.
— Eles chegam às quatro amanhã — disse ele. — O que me
lembra, você está afim de jantar com a gente?
— Claro — ela disse surpresa. — Eu adoraria, mas você não quer
que a primeira noite seja apenas para a família?
— Tivemos bastante tempo para a família no Natal. Eles
declararam que esta viagem é tudo sobre Nova York e minha vida
em Nova York. Pelo que vejo, isso inclui você.
— Oh. — Brit piscou rapidamente, como se estivesse
processando tudo. — Bem, obrigada, eu acho?
Ele riu.
— Não diga isso ainda. Você não passou pelo jantar.
— Eu já os conheci, no entanto. Eu gosto deles. Qual é o plano
para o fim de semana?
— Se é clichê em Nova York, está nos planos. Observatório Top
of the Rock, caos na Times Square, passeio de balsa pela Estátua
da Liberdade, compras na Quinta Avenida, show na Broadway...
— Divertido!
— É mesmo? — ele disse com um tom de brincadeira.
— Ah, você vai se divertir muito. Quando foi a última vez que você
fez alguma dessas coisas?
— Já faz um tempo — ele admitiu. — Você é bem-vinda para
acompanhar em tudo e qualquer coisa.
Por mais que ele resmungasse, na verdade estava meio ansioso
para fazer algumas das merdas de turista. Ele tinha pensado muito
ultimamente sobre como ele poderia não ficar em Nova York para
sempre. Ele amava a cidade, mas ultimamente vinha pensando em
uma mudança. Uma casa em vez de um apartamento apertado. Um
quintal de verdade. Uma boa noite de sono que não envolvia o
implacável barulho de buzinas. Não que a partida fosse iminente,
mas ele imaginou que deveria aproveitar ao máximo a cidade
enquanto ainda estava aqui.
— Deixe-me adivinhar o que você realmente quer — Brit brincou,
alheia aos pensamentos dele. — Você espera mudar a atenção de
sua mãe para mim, para que ela não persiga você sobre netos?
— Bingo. Não sei por que ela é tão agressiva sobre isso. Ela já
tem quatro, cortesia dos meus irmãos tarados que estão
engravidando suas esposas.
— Poderia ser pior. Meus pais não têm netos, e minha irmãzinha
tem um espírito livre e sem filhos para mim, obrigada. Então, você
sabe, sem pressão sobre mim e meu útero ou qualquer coisa.
— Eu gostaria de conhecer seus pais algum dia.
— Se você conseguir descobrir como colocá-los em um avião,
muito menos em um avião para Manhattan, me avise — disse ela
com um pequeno sorriso.
— Isso te incomoda? — ele perguntou. — Que eles nunca vêm
para ver a vida que você construiu aqui?
— Na verdade não — ela disse em um tom tranquilo que o fez
pensar que ela falava sério. — Eles estão muito felizes com a vida
tranquila deles, e eu volto lá com frequência. Se eles quiserem ver
minha vida aqui, eu gostaria, mas não preciso disso.
— Entendo. Os meus não são tão resistentes a Nova York, mas
meu pai com certeza fará pelo menos 1.200 comentários sobre o
trânsito. E minha mãe é uma causa perdida. Garanto que ela fará
cerca de mil comentários sobre a qualidade do ar. Tudo o que posso
fazer é impedi-la de usar uma daquelas máscaras. E eu perdi
completamente a batalha contra os percevejos. Ela está convencida
de que todos os hotéis da cidade têm.
— É por isso que eles vão ficar com você?
— Sim. Meus pais ficarão com minha cama; Malik pode ficar no
sofá.
— E você?
Ele encolheu os ombros.
— Vou me arriscar com os percevejos de um hotel.
— Você não pode dormir em um hotel!
— É isso ou meu piso de madeira, e eu não desejaria isso para
meu irmão mais novo, muito menos para mim.
— Isso é estúpido — disse ela. — Você pode ficar na minha casa.
— Porque é tãããão espaçosa? — ele brincou.
Ela o chutou.
— Meu sofá é um sofá-cama. E fizemos isso antes, quando sua
casa estava sendo reformada.
Sim, mas isso foi antes.
Antes de te levar a um encontro e me divertir tanto que esqueci
que não era real. Antes de te ensinar um pouco bem demais como
fazer um homem querer beijar você...
— Você sabe que eu não ronco — ela continuou conversando. —
E meu café é muito melhor do que qualquer cafeteira de quarto de
hotel. E se você for para um hotel, sua mãe só vai ficar preocupada
que você leve percevejos para casa em sua mala. E...
— Tudo bem — disse ele com uma risada. — Se te fizer calar a
boca sobre isso.
— Perfeito — ela disse alegremente.
— E bônus — Brit adicionou quando Nick e Taylor saíram do
quarto, o minúsculo Aidan aninhado no ombro de Nick. — Isso vai
me dar algum tempo ininterrupto para colocar sua cabeça em ordem
sobre toda a minha aula de sedução.
— Perfeito — ele repetiu baixinho enquanto ela se virava para
falar com o bebê. Simplesmente perfeito.
Ele terminou sua bebida, e Nick deu-lhe um olhar enquanto
entregava o bebê a uma adorável Brit.
— Você precisa de outra? — Nick perguntou, voltando para a
cozinha.
Hunter olhou para Brit, notou que ela estava usando jeans. Jeans
que ela pensou em jogar fora por ser muito apertado na bunda.
Jeans que ele sugeriu que ela ficasse.
Ele estava se arrependendo disso agora. Apenas algumas noites
atrás, ele a viu experimentar o jeans e foi capaz de vê-la
objetivamente, como uma mulher tentando atrair um homem. Um
homem diferente.
Agora, entretanto, ele não conseguia pensar em nada além do
fato de que ela era atraente para ele.
— Ei, Hunter — Nick disse com uma risada. — Você quer outra
bebida ou o quê?
— Sim — disse Hunter com um pequeno aceno de cabeça. —
Obrigado.
Brit começou a balançar o bebê levemente, fazendo ruídos
ininteligíveis de adulto para criança pequena que deveriam ter sido a
coisa menos sensual do mundo. Em vez disso, o movimento parecia
fazer com que todas as partes mais femininas dela saltassem
inteiramente e... Ah, inferno.
Hunter reprimiu um gemido e quase disse ao amigo para não se
preocupar com a bebida. Nesse ritmo, tudo o que ele realmente
precisava era enfiar um punhado de gelo nas calças para lembrar a
metade inferior de seu corpo que aquela era Brit. Que ela não
estava disponível para cobiçar ou tocar...
Brit se virou para ele, captando seu olhar e dando um largo
sorriso.
O peito de Hunter se apertou, e por um momento terrível ele se
perguntou se realmente seria seu pau que iria causar-lhe o
verdadeiro problema.
E se fosse seu coração?
Capítulo Onze
— Estou tão cheia — disse a mãe de Hunter com um suspiro feliz
enquanto esfregava a barriga acolchoada, recostando-se na cabine.
— Mas o cheesecake valeu a pena. Não valeu? — ela perguntou a
ninguém em particular.
Hunter, Malik e o pai deles estavam mais interessados em sua
discussão sobre futebol do que em cheesecake, então Brit sorriu e
se dirigiu a Gail.
— Eu estava parcial ao chocolate, mas não dispensaria o
cheesecake.
A mãe dele deu uma risada apreciativa, grande e descarada.
— Verdade. Embora você ainda seja jovem. O chocolate e o
cheesecake não fizeram a mágica deles e mudaram o tamanho da
sua roupa.
— Eu gostaria de pensar que sempre vou concordar com a
mentalidade de a vida é curta, coma o cheesecake — disse Brit.
— Mais uma razão para gostar de você. Eu preciso usar o
banheiro feminino. Gostaria de vir?
Brit concordou, já que era melhor do que ter que fingir interesse
no Super Bowl. Os caras olharam para cima enquanto as mulheres
se levantavam, Hunter se levantando também em uma
demonstração de boa educação.
Malik, que tinha um caso adorável de adoração de herói por seu
irmão mais velho, imitou o gesto, se levantando tão rapidamente
que empurrou a mesa.
O pai de Hunter ficou no mesmo lugar, resmungando bemhumorado sobre ser muito velho para essas coisas de
cavalheirismo.
O restaurante era um pouco chique, mas confortável também, e o
enorme banheiro feminino era uma mudança refrescante em relação
aos pontos badalados de West Village, que tinham um banheiro só
para homens e mulheres para todo o restaurante.
— Então — disse Gail, abrindo a bolsa e tirando o batom. Brit
observou enquanto a mulher girava o tubo, revelando um tom coral
brilhante que Brit estava imaginando ser sua marca registrada por
mais tempo do que Brit estava viva. — Me diga como você está,
querida.
Brit ficou surpresa com a pergunta porque a maior parte do jantar
passou colocando o papo em dia, tanto com Hunter quanto com ela.
O que mais havia para contar?
— Ah, bem...
— Você está saindo com alguém especial? — Gail perguntou,
batendo os lábios para misturar a cor e, em seguida, franzindo-os
para inspecionar sua aplicação.
Oh. Ohhhhh.
Astuta, Sra. Cross. Muito astuta.
— Não no momento — Brit disse evasivamente.
— Hunter também não. — Gail encontrou seus olhos no espelho
com uma falsa inocência de olhos arregalados.
Brit deu a ela um sorriso de entendimento.
— Poxa, o que você poderia estar insinuando?
A mãe de Hunter riu.
— Bem, você tem que me dar um pouco de crédito por aguentar
tanto tempo. Dennis me fez prometer não dizer nada, mas vendo
vocês dois hoje à noite, eu simplesmente não consegui segurar
minha língua.
— Viu o que sobre nós hoje à noite? — Brit perguntou
curiosamente.
— É só uma sensação que tive — disse Gail com um encolher de
ombros. — Eu pensei que talvez algo tivesse mudado entre vocês.
Sério?
Brit achava que ela e Hunter haviam feito um bom trabalho
voltando ao normal após os eventos estranhos da noite de terçafeira. Eles não tinham falado sobre isso, mas ela tinha certeza de
que ele estava na mesma página que ela em termos de considerar
que tinha sido pelo calor do momento.
Aparentemente não, se a mãe dele estava sentindo alguma
energia. Então, novamente, poderia ser apenas um bom truque
maternal casamenteiro à moda antiga.
— Hunter e eu somos apenas amigos, Sra. Cross — Brit disse o
mais gentilmente que pôde.
— Sim, mas por quê — disse Gail com exasperação. — Vocês se
dão tão bem. Você é tão linda; ele é um menino bonito...
Brit sorriu com a descrição de Hunter como um menino.
— Nós nos damos bem — Brit concordou. — Mas é preciso mais
do que isso para um relacionamento romântico. E tem que ter
aquela faísca.
Ela manteve a voz gentil enquanto se movia na direção da porta,
na esperança de encerrar a conversa.
— E você nunca sentiu essa faísca pelo meu filho — disse Gail,
com a voz decepcionada.
— Hum... — Ela não estava pronta para admitir para si mesma,
muito menos para a mãe de Hunter, que havia sentido uma ou duas
faíscas recentemente com ele.
— Desculpa — Gail disse rapidamente enquanto saía do banheiro
feminino na frente de Brit. — A pergunta foi carregada e
inadequada.
— Um pouco carregada, sim — Brit admitiu com um sorriso para
deixar a outra mulher à vontade. — Mas eu não me importo. E, não,
nunca senti qualquer tipo de faísca. Hunter é o melhor, mas ele é
tipo meu irmão.
Não é totalmente verdade, mas é necessário. Necessário para a
Sra. Cross acreditar, e definitivamente necessário para Brit lembrar.
— Constraaaangedor.
A cabeça de Brit girou em direção ao pronunciamento prolongado,
viu que veio do irmão adotivo de Hunter.
Malik deu a ela um sorriso atrevido de treze anos de idade, mas
não era com ele que ela estava preocupada.
Uma rápida olhada em Dennis Cross revelou a atenção do pai de
Hunter inteiramente em seu iPhone, onde ele digitava algo
meticulosamente no lento toque de um dedo de alguém que não
tinha crescido com celulares touch-screen.
Talvez ela tivesse sorte. Talvez a atenção de Hunter também
estivesse em seu celular. Talvez ele não tivesse ouvido a dispensa
dele como um irmão...
Ela olhou para ele, com esperança...
Não.
Seus olhos colidiram. Brit sentiu uma leve queda no estômago.
Ele escutou. Ela podia lê-lo melhor do que ninguém e sabia que ele
tinha escutado.
Não deveria importar – inferno, ela tinha feito isso antes, o
chamado de irmão. Caramba, ela tinha certeza que ele a descreveu
como uma irmã em algum momento de sua amizade.
Mas agora parecia... diferente.
Parecia errado. Ou pelo menos não totalmente verdade.
E a maneira como ele segurou seus olhos por apenas um
momento, seu sorriso breve e um pouco forçado, deu-lhe uma
estranha dor no peito.
— Ah, vocês já pagaram a conta! — a mãe dele disse, alheia ao
rápido momento de turbulência entre Brit e seu filho.
— Por que diabos vocês demoraram tanto? — Dennis murmurou
bem-humorado.
Gail passou o braço pelo dele e sorriu.
— Todos esses anos de casamento e você ainda não sabe que
nós, mulheres, precisamos de tempo para passar pó no nariz?
O pai de Hunter se inclinou e a beijou, borrando levemente seu
batom e fazendo-a rir como uma menininha enquanto levantava a
mão para limpar o batom da boca.
Malik revirou os olhos e fez um gesto sutil de engasgo enquanto
Brit olhava para o perfil de pedra de Hunter e implorava para que ele
olhasse para ela, para tranquilizá-la de que ele não estava
incomodado com o que ela disse.
— Então o que vem agora? — Malik perguntou, balançando dos
calcanhares aos dedos dos pés e para trás novamente com a
energia impaciente de um adolescente.
— Bem, estou exausto depois do voo e de toda essa comida —
disse o Sr. Cross. — Eu estava pensando que a cama parece muito
bom.
— Cama! São oito e meia! — Malik disse em protesto.
Hunter se inclinou para baixo.
— Vantagens de dormir no sofá da sala... Xbox e Nintendo o
aguardam.
— Inferno, sim — Malik disse, mudando o tom de voz e
levantando seu punho. Então ele percebeu o olhar de advertência
da sra. Cross. — Isso aí — ele corrigiu.
Os cinco deixaram o restaurante, e na esperança de amenizar
qualquer constrangimento, Brit alcançou Hunter e passou o braço no
dele.
— Eu sei que você e os caras às vezes usam o Xbox como um
bando de estudantes universitários, mas desde quando você tem
um Nintendo?
Ele olhou para baixo e sorriu.
— Desde que minha amiga me ofereceu o sofá dela, e eu usei
meu orçamento do hotel para um sistema de jogo que
provavelmente nunca usarei.
— Ah, certo. Deve ser uma grande amiga.
— Ela é — ele disse. — Praticamente como uma irmã.
Brit ficou imóvel e ele puxou o braço para se livrar. Ele se afastou
antes que ela pudesse responder, levantando o braço para chamar
um táxi, que parou imediatamente no meio-fio.
— Tudo bem, Crosses — disse ele, abrindo a porta. — Deem
tchau a Brit, e para casa vocês vão.
Brit deu um abraço nos pais dele, aceitou um soquinho de Malik,
com a promessa de vê-los no brunch de domingo.
Quando os pais e irmão dele entraram no táxi, Hunter se virou
para Brit.
— Eu vou levá-los de volta para minha casa, deixar todos
acomodados para a noite. Ainda está tudo bem se eu for para a sua
casa?
— Sim, claro! Talvez possamos finalmente começar a assistir
Hitch.
— Certo. Você está ok em voltar para casa sozinha?
Ela revirou os olhos.
— Sabe, eu consigo navegar pela cidade sem você.
Especialmente considerando que meu prédio está a quatro
quarteirões naquela direção. — Ela apontou para o oeste em
direção ao seu prédio.
— Tudo bem, espertinha — disse ele com um sorriso enquanto
fechava a porta traseira do táxi e, em seguida, abriu a da frente para
se sentar ao lado do taxista.
No último minuto, ele se virou e beijou sua bochecha, assustandoa com o inesperado de tudo.
— Te vejo daqui a pouco.
Hunter desapareceu no táxi com sua família e Brit acenou até que
o táxi desapareceu de vista alguns segundos depois.
O formigamento do beijo em sua bochecha?
Durou muito mais do que isso.
Capítulo Doze
— Então, o que achamos? — Brit perguntou, suas pernas
balançando sobre o topo das coxas de Hunter enquanto eles
estavam deitados em seu sofá, os créditos de Hitch rolando no
fundo.
— Cole e Penelope estavam certos. Eva Mendes é super gostosa
— disse Hunter.
— Muito bonita — Brit disse concordando.
Hunter colocou a mão no topo das canelas dela para manter suas
pernas no lugar enquanto ele se inclinava para pegar um punhado
de pipoca.
— Eu não entendo como você consegue fazer isso — disse ela,
fazendo uma careta.
— O que? — ele perguntou enquanto mastigava.
— Comer pipoca fria. Algo sobre manteiga fria só me dá nojo. Eu
tenho que comer quando está recém-estourada ou não como.
— Mais para mim, então.
Ele esteve no apartamento dela por algumas horas, tempo
suficiente para assistir Will Smith ser chutado pelo amor, os dois
esparramados no sofá que seria a cama improvisada dele no fim de
semana.
Ele pegou outro punhado de pipoca e ela fingiu vomitar.
— Ah, o que, eu tenho que assistir você comer pizza fria, mas
você não pode lidar com isso?
— Pizza fria é diferente.
Hunter balançou a cabeça e mastigou.
— Não. O queijo frio e coagulado não difere da manteiga fria e
coagulada. Na verdade, é pior.
— Hum, que tal banirmos a palavra coagulado de nossas
conversas — ela disse, rolando para fora do sofá e se levantando.
Ela se espreguiçou, a bainha de sua camisa subindo apenas o
suficiente para mostrar um pedaço de pele. Algumas semanas atrás,
ele não teria notado.
Agora? Ele notou.
E não foi só isso. Ele notou a maneira como ela andava. A
maneira como uma mecha de cabelo tendia a cair em seus lábios
depois que ela aplicava brilho labial e dava risada. Ele notou o jeito
que ela era com a família dele, como se ela fosse parte dela...
Brit inclinou a cabeça e deu a ele um olhar curioso.
— Você está bem?
Não. Nem um pouco, porra.
— Sim.
— Ok, tudo bem. — Ela se inclinou e cutucou o lado de seu
joelho. — Levanta sua bunda. Vamos transformar esse sofá em uma
cama.
Hunter não se mexeu.
— Nah, é grande o suficiente para eu dormir como está — disse
ele.
Ela parecia em dúvida.
— É — ele insistiu. — Inferno, provavelmente é mais confortável.
Eu não tenho que me preocupar com uma mola cutucando minha
bunda.
Brit encolheu os ombros e foi até sua cama, pegando uma pilha
de cobertores.
— Vamos pelo menos colocar os lençóis. Assim não deixamos
sua masculinidade em todo o meu couro.
— Em primeiro lugar, minha masculinidade esteve em seu sofá
nas últimas duas horas e, em segundo lugar, isso não é couro de
verdade.
A única resposta dela foi abrir o lençol e começar o processo de
colocá-lo sobre o sofá. Sobre ele.
Ele riu. Claramente, era ajudá-la a fazer a cama ou ser arrumado
na cama.
Hunter saiu de debaixo do lençol e a ajudou a colocá-lo
desordenadamente sob as almofadas do sofá para que ficasse no
lugar.
Ele avaliou com ceticismo.
— Os lençóis rosa eram minha única opção ou você os
selecionou apenas para mim?
— Não, também tenho lençóis brancos extras — disse ela. —
Achei que esses ficariam bem com o seu cabelo ruivo.
— É castanho — ele murmurou, sem saber porque gastava o
fôlego. Seu cabelo era ruivo acastanhado. Ele escolhia ver apenas o
castanho. Seus amigos gostavam de apontar o ruivo porque sabiam
que o incomodava.
Alguns momentos depois, sua cama estava feita e Hunter puxou
sua mochila para cima da cama para vasculhar suas coisas.
Ele fez um trabalho de merda ao fazer as malas. Não é surpresa,
entretanto. Ele tinha se distraído com o milhão de perguntas de seus
pais sobre o termostato, as travas das janelas e a taxa de
criminalidade em sua vizinhança, sem falar de Malik o apimentando
com exclamações animadas sobre os jogos que Hunter tinha
escolhido para o novo console Nintendo.
Como resultado, o processo de fazer as malas de Hunter foi
continuamente interrompido, e ele tinha... bem, não muitas coisas.
Ele se lembrou de colocar calças de moletom para dormir, mas
não de uma camiseta limpa. Escova de dentes, sem pasta de dente.
Com o último, pelo menos, Brit poderia ajudar.
Ele ouviu a água correr e, como a porta do banheiro estava
aberta, ele se aproximou com a escova de dentes na mão.
Brit já havia vestido um pijama, uma calça folgada de flanela
vermelha e branca e uma camiseta azul marinho com decote em V.
Ela estava claramente vestida para o conforto mais do que qualquer
outra coisa, e por que não estaria?
Ela estava indo dormir. E eu sou tipo um irmão para ela.
Hunter odiava o quanto aquele comentário ficou com ele a noite
toda. Não era grande coisa. Ele sabia em primeira mão como sua
mãe poderia ser. Inferno, ele tinha certeza de que tinha usado a
mesma frase de Brit é como minha irmã durante as festas, quando
sua mãe estava fazendo a habitual conversa abra seus olhos e veja
o que está bem na sua frente.
Então por que diabos isso o incomodou nessa noite?
Talvez porque enquanto tudo o que ele tinha sido capaz de
pensar era aquela noite do lado de fora do prédio dela, em como
sua pele era macia, ela estava aparentemente mantendo tudo do
jeito que sempre foi.
Pensamentos platônicos de irmãos.
Hunter deveria estar aliviado – a última coisa que ele queria fazer
era cruzar uma linha com Brit da qual eles não poderiam voltar.
Mas, droga, era uma merda saber que a atração, mesmo que
temporária, também era unilateral.
Ele pensou que ela havia sentido isso também. A maneira como
ela olhou para ele naquela noite...
Como se estivesse determinada a provar que ele estava errado,
Brit olhou para ele com um sorriso cheio de pasta de dente, sem se
importar que ele a visse espumando pela boca.
Silenciosamente, ela entregou-lhe a pasta de dente, sabendo,
como sempre sabia, o que ele precisava sem que ele tivesse que
dizer uma única palavra. Ele passou a pasta de menta na escova de
dentes e começou a escovar os próprios dentes.
Seus olhos se encontraram no espelho apenas por um momento,
e Hunter percebeu...
Ele nunca escovou os dentes com uma mulher antes. Era uma
estranha mistura de mundano e ainda estranhamente íntimo e...
meio que bom.
Brit desviou o olhar primeiro, segurando o cabelo para trás com
uma mão enquanto se curvava para cuspir e enxaguar a boca.
Ela limpou a boca com a toalha pendurada na prateleira antes de
apontar para uma toalha branca dobrada na lateral da pia.
— Sua. Eu já lavei meu rosto; o banheiro é todo seu.
Ele acenou com a cabeça, e alguns momentos depois ele
terminou de escovar os dentes, lavou o rosto com a merda de
limpeza chique de pele dela sem pedir (o que era um sabonete
compartilhado entre amigos), e fez xixi.
Como um homem evoluído, ele geralmente aplicava algum tipo de
hidratante masculino que sua irmã lhe dava no Natal, mas ele
também se esqueceu disso.
Hunter abriu a porta e colocou a cabeça para fora. Brit estava
jogada em sua cama, mexendo no celular. Instagram, se ele a
conhecesse bem, e ele conhecia.
— Se eu usar algumas das suas coisas para o rosto, vai crescer
ovários em mim?
— Nah — disse ela, sem levantar os olhos da tela. — Só deixa
seu cartão de homem na mesa, e estaremos quites.
Hunter desligou a luz e abandonou todos os planos de hidratação.
Seu rosto poderia passar um dia sem isso.
Ele ainda estava de jeans e camisa social e apontou com o
queixo para o abajur.
— É melhor desligar isso se você não quiser um lugar na primeira
fila de um show de strip-tease.
— Ou você pode se trocar no banheiro — disse ela, afastando o
telefone um pouco para olhar para ele.
Hunter levou a mão até o botão de cima de sua camisa e o abriu.
Brit voltou para seu telefone.
— Eu já vi você de regata antes.
É verdade. Mas Hunter não gostava de dormir de regata. Na
verdade, ele não gostava de dormir com uma camisa sequer, e se
dormisse, não com uma que tivesse usado o dia todo.
Ele jogou a camisa em cima da bolsa e puxou a regata pela
cabeça.
Hunter olhou para Brit. Nada. Nenhuma reação. Nem mesmo um
olhar. Apenas seu dedo percorrendo tudo o que ela estava olhando.
Sentindo uma necessidade diabólica de apertar os botões dela,
de mudar as coisas, ele abriu o botão de cima da calça jeans e,
devagar, bem alto, abaixou o zíper.
Ela se sentou rapidamente, os olhos arregalados, o telefone
esquecido.
— O que você está fazendo?
— Trocando de roupa. Eu disse para você apagar a luz se não
quisesse um show.
— E eu disse para você se trocar no banheiro. — Com um
pequeno bufo, Brit estendeu a mão para apagar o abajur em sua
mesa de cabeceira. Não, ele percebeu com satisfação, antes que
ela olhasse mais uma vez para ele em sua cueca boxer.
Irmão minha bunda.
Ele jogou a calça jeans de lado e vestiu uma calça de moletom.
Um momento depois, ele caiu em sua cama improvisada.
— Como está? — Brit perguntou na escuridão.
Hunter rolou de costas, uma mão atrás da cabeça.
— É melhor do que dormir no chão da minha sala de estar.
— Ou com percevejos.
Ele sorriu.
— Isso também.
Hunter ouviu enquanto ela puxava seus cobertores, batendo no
travesseiro e depois se jogando de volta no colchão.
— Hunter?
— Sim?
Ela não respondeu de imediato, e ele virou ligeiramente a cabeça
em direção à cama, embora não pudesse vê-la na escuridão, nem
ela a ele.
— Você acha que cometemos um erro? — ela perguntou
finalmente.
— O que você quer dizer?
Ele tinha certeza de que sabia exatamente o que ela queria dizer,
mas era melhor ter certeza.
— Na coisa toda de você me ajudando a aprender a namorar.
Ele virou a cabeça novamente, olhando para o teto.
— Por que a pergunta?
— Não sei. Só tenho a sensação de que algo mudou um pouco
depois daquele primeiro encontro falso.
— Bem — disse ele, sem se preocupar em negar. — Talvez seja
esse o problema. Que tivemos apenas um encontro falso.
— Como assim?
— Aquela foi a primeira vez para nós, nos vendo sob esse ângulo,
mesmo que fosse fingimento. Ninguém acertaria na primeira vez.
— Hum — disse ela, um pouco cética. — Então nós precisamos,
o quê... de prática?
— Claro — disse ele. — Ninguém é bom em nada sem prática.
— Então você acha que deveria haver uma próxima vez?
— Isso é com você. Esse é o seu esquema. É você quem quer
ajuda em sua vida amorosa. A menos que você pense que tudo foi
resolvido após um encontro. Quer dizer, talvez eu seja realmente tão
bom assim.
Brit bufou, e ele a ouviu rolar.
— Por favor. Você pode ser um presente de Deus para as
mulheres, mas ainda não consegui decifrar o código de como ser
um presente de Deus para os homens.
— Você tentou? — ele perguntou, olhando para ela novamente.
— Quero dizer, desde o nosso encontro falso, você esteve em um
verdadeiro?
— Não — disse ela, prolongando a palavra.
Hunter sentiu algo suspeitamente parecido com alívio, mas ele o
empurrou de lado.
— Bem, então, como você sabe? — ele apontou.
— Acho que não sei — ela admitiu. — Mas eu...
Ele esperou que ela terminasse a frase, mas ela não terminou.
— Brit?
— Você não pode rir — ela deixou escapar.
— Eu não vou.
— Eu não sei como ser sexy. — Ela disse a frase tão
rapidamente, com tanta pressa, que levou um momento para ele
separar todas as palavras até fazerem sentido.
— Não, isso não está certo — ela disse mais devagar. — Eu não
me sinto sexy. Tenho pensado nisso e acho que esse é o meu
problema. Tipo, eu namoro e me sinto confiante. Posso até me
sentir bonita. Mas eu nunca sinto aquele algo extra, e me pergunto
se é isso que os caras sentem. Se é por isso que me colocaram na
categoria de amiga.
Hunter passou a mão pelo rosto, sentindo-se subitamente
perdido. E um pouco... com calor.
— Esquece — disse ela antes que ele pudesse falar qualquer
coisa. — Eu vou me sufocar agora. — Suas palavras foram
abafadas, como se ela tivesse puxado o travesseiro sobre a cabeça.
— Brit — disse ele com uma risada.
Ela não disse nada.
— Qual é. Não tem nada para se envergonhar.
Ainda nada, e ele se sentou, olhando para a cama dela através
das sombras. Havia apenas luz suficiente vindo da cidade para ele
ver o formato de seu corpo, e com certeza... havia um travesseiro
onde deveria estar seu rosto.
Ele estendeu a mão e beliscou o dedo do pé dela. Ela guinchou,
mas não saiu de debaixo do travesseiro.
Hunter chutou as cobertas do sofá e subiu no pé da cama,
rastejando até ficar deitado ao lado dela.
Ele puxou o travesseiro. Ela o segurou firme.
— Tudo bem, então — ele disse em um tom razoável.
Ele se abaixou e fez cócegas na cintura dela, onde ele sabia que
ela sentia cócegas brutalmente.
Ela deu um grito de riso, e ele estava pronto, puxando o
travesseiro para longe no segundo que ela afrouxou o aperto.
Brit instantaneamente agarrou o travesseiro de volta, mas em vez
de voltar a cobrir o rosto, ela o golpeou com ele.
— Passou dos limites. Passou muito dos limites.
— Tempos desesperadores — disse ele, puxando um dos
travesseiros extras para debaixo da cabeça e deitando-se para
encará-la.
Ela colocou o travesseiro sob a cabeça e imitou a postura dele, de
frente para ele.
— Podemos simplesmente apagar toda aquela coisa que eu disse
sobre não me sentir sexy? — ela perguntou esperançosa.
— Desculpe, não. Agora tudo foi exposto.
Brit suspirou.
— Tá bom. Então eu suponho que você não tem nenhum
conselho?
— Estou pensando — disse ele, fechando os olhos.
— Sério? — ela falou lentamente. — Porque parece muito com
dormir.
— Não é minha culpa que sua cama seja mais confortável do que
seu sofá.
— Muito bem — disse ela calmamente. — Não tenho certeza se
sexy é uma habilidade ensinável.
— Claro que é — ele murmurou, sem abrir os olhos. — Sexy é um
estado de espírito. Nós vamos te levar até lá.
— Quando? — ela perguntou mal-humorada.
— Que tal quando meus pais não estiverem na cidade? — ele
perguntou com um leve sorriso.
— Bom ponto. Ok. Nesse meio tempo, vou tentar aprender
sozinha.
— Isso promete ser deliciosamente indecente.
Ela riu.
— Não assim. Quero dizer que vou pensar um pouco. Tentar
descobrir o que me faz sentir sexy e o que não.
— Posso assistir?
— Hunter! — Ela riu de novo, suavemente.
— Certo. — Ele abriu os olhos, seu sorriso desaparecendo
enquanto a estudava. — Você provavelmente não iria discutir essas
coisas com um irmão.
Seus olhos encontraram os dele.
— Você diz isso como se fosse uma coisa ruim. Como se
incomodasse você.
Ele sorriu e se forçou a ser honesto porque com Brit, ele sempre
foi honesto.
— Eu acho que sei o que você quis dizer. Mas parecia uma
dispensa de alguma forma. Você sabe, tipo, Ah, ele? É tipo meu
irmão.
— Não — disse ela rapidamente, estendendo a mão e tocando
seu pulso suavemente. — Não foi assim. Foi só que sua mãe...
— Sim, eu sei — disse ele. — Ela ainda sonha que vou te
transformar na nora dela.
— Foi a maneira mais fácil de tirá-la do assunto — disse Brit.
— Entendo. Mas tenho que dizer, se você sente todas essa vibe
fraterna, vai ser muito estranho se eu tiver que te ensinar a arte da
sedução.
— Eu prometo deixar de lado a vibe fraterna durante o período de
aulas.
— Perfeito. Mas essa noite... lembre-se de que sou como seu
irmão e você deve pensar em mim como tal.
— Ok? — ela disse, uma pergunta em sua voz. — Por que?
— Porque hoje à noite vou dormir beeeeem aqui. — Hunter rolou
de costas, colocando as duas mãos atrás da cabeça. — Mãos longe
de mim.
— Você sabe, né, que irmãos adultos geralmente não dormem na
mesma cama e agem como se fosse normal.
Ele estendeu a mão, pegou mais um dos travesseiros extras e
colocou-o entre eles.
— Pronto. Perfeito.
Ele ouviu o movimento do cabelo dela contra o travesseiro
enquanto ela balançava a cabeça.
Mas ele sabia que ela estava sorrindo.
Capítulo Treze
Sexy é um estado de espírito. Sexy é um estado de espírito.
Brit estava repetindo o mantra para si mesma a noite toda, mas
enquanto Ross Alford a acompanhava até sua casa, ela começou a
repeti-lo com mais e mais frequência, esperando que pensar em ser
sexy a fizesse sentir como se fosse.
Até agora, sem sorte.
Ela não teve um momento ruim. Na verdade, ela tinha quase
certeza de que o encontro havia corrido bem. A conversa não tinha
sido ruim. O senso de humor de Ross beirava o bobo, mas pelo
menos ele tinha senso de humor, e eles compartilharam algumas
risadas.
E ele era bonito, com cabelos pretos e encaracolados e olhos
castanho-escuros amigáveis. Em forma, boa altura, tudo mais.
Certo, ele não comia glúten, o que, para Brit amante de pão,
parecia um pouco insondável. Ele comia ostras, só que as pedir fez
Brit pensar em Hunter, e, bem...
Aí está. Esse era o problema. Ela estava pensando em Hunter
quando deveria estar pensando em Ross.
Imaginando se Hunter teve um dia divertido com sua família,
imaginando o que ele diria quando soubesse que ela aceitou o
convite de Ross para jantar no último minuto.
Ela conheceu Ross em uma arrecadação de fundos alguns meses
atrás, quando ela estava entre relacionamentos e deu a ele seu
número de telefone. Ele mencionou que iria viajar a trabalho, mas
que ligaria para ela quando voltasse para a cidade.
Que tinha sido essa noite, aparentemente.
Na época, parecia uma oportunidade tão boa quanto qualquer
outra para abraçar seu novo estado de espírito sexy, mas ela estava
sentindo tudo menos isso.
Claramente ela precisava de mais do que Hunter dizendo a ela
que sexy era um estado de espírito. Ela precisava que ele lhe
dissesse como chegar lá. Como chegar ao ponto em que ela queria
convidar Ross ou pelo menos praticar sua nova tática de garantir o
primeiro beijo.
Em vez disso, quando eles chegaram no quarteirão final para o
apartamento dela, Brit sabia que ela estaria praticando a outra
tática. Aquela em que ela deixava em aberto para um segundo
encontro sem terminar este com um beijo, muito menos com sexo.
— Bem, eu moro aqui — disse ela, acenando com a cabeça para
seu prédio enquanto eles se aproximavam.
Ross ergueu os olhos.
— Caramba. Chique.
Brit quase explicou que um apartamento chique em seu
orçamento também significava um apartamento minúsculo, mas
percebeu que isso poderia ser interpretado como um convite para
ver o referido apartamento, então, em vez disso, ela deu um sorriso
evasivo.
O que Hunter disse que viria a seguir no corte educado com
opção de mais? Não era um aperto de mão, disso ela se lembrava.
Ah, sim...
Brit se aproximou e tocou o braço de Ross brevemente antes de
olhar para ele.
— Obrigada. Eu me diverti muito essa noite.
— Eu também — ele disse, já inclinando a cabeça na direção
dela.
Opa, não. Obviamente ela tinha feito algo de errado.
Brit rapidamente recuou e mordeu o lábio.
— Eu te vejo por aí? — Ela disse isso com um sorriso para
suavizá-lo. O sorriso que ela estava praticando no espelho. Aquele
que era amigável, mas não muito amigável.
Ou então ela esperava.
Ela girou sobre os saltos, gostando da forma como a saia cheia
de seu vestido girava em torno de suas pernas, acrescentando um
pouco mais de algo a seu andar.
Ela sorriu, um sorriso real desta vez, sabendo muito bem que
Ross estava a observando ir embora.
Ei, talvez ela pudesse fazer isso afinal.
Brit parou derrapando quando um homem saiu das sombras.
Hunter.
— Ei! — ela disse com um sorriso. — O que você está fazendo
aqui?
Ele não sorriu de volta.
— Pensei que ia dormir aqui hoje à noite.
— Bem, sim, claro. Só não pensei que você chegaria tão cedo.
Suas sobrancelhas se ergueram.
— São dez e quinze, e meus pais têm sessenta e dois anos. Você
pensou que ir a baladas estava na agenda depois do nosso jantar
no Sardi's?
— Não, acho que não percebi que era tão tarde — disse ela
enquanto entravam no saguão. — Desculpa. Colocarei seu nome na
lista para que você consiga uma chave se eu não estiver aqui.
Como foi? Como foi seu dia?
— Caótico, mas não foi ruim. O possível destaque do dia foi
finalmente persuadir minha mãe a entrar no metrô, apenas para ela
usar um frasco inteiro de álcool em gel para as mãos no segundo
em que saiu.
Brit riu, mas ele não riu com ela.
— Ok, o que houve? — ela perguntou, apertando o botão do
elevador para seu andar.
— O que?
Ela acenou com a mão sobre ele.
— Essa energia de tristeza e melancolia. O que aconteceu?
Hunter deu de ombros.
— Estou cansado, eu acho.
Cansado minha bunda. Ela conhecia esse homem e sabia quando
ele tinha algo em mente.
Embora ela também soubesse que ele podia ser brutalmente
teimoso. Quanto mais ela o pressionava para desembuchar, mais
recalcitrante ele se tornava.
Isso exigia uma mudança de estratégia.
Brit deliberadamente mudou de assunto para algo fútil,
tagarelando sem parar sobre o tempo enquanto caminhavam pelo
corredor até seu apartamento. Ele odiava falar sobre o tempo;
certamente ele mudaria de assunto para calá-la.
Ele não fez isso.
Brit elevou as apostas enquanto tiravam os casacos de inverno,
contando a ele tudo sobre uma receita de uma deliciosa salada de
couve que ela viu no Pinterest naquela tarde.
— Sabe, eu nunca teria pensado em colocar uvas em uma salada
— ela meditou. — Mas combinado com o pistache, isso não soa
delicioso? E eles sugeriram cobrir com...
Isso o quebrou, como ela sabia que aconteceria. A maioria dos
homens só conseguia lidar com a discussão sobre salada até certo
ponto.
— Quem era o cara? — Hunter perguntou.
Brit ergueu os olhos.
— O que?
— O cara. Você estava em um encontro.
— Ah, certo. — Estranho como ela quase se esqueceu de Ross
em cinco minutos. — Só... um cara. Nós nos conhecemos há alguns
meses, antes de Lenny, e eu dei a ele meu número, mas não tive
notícias dele. Ele me mandou uma mensagem hoje à tarde,
perguntou se eu aceitaria um encontro de último minuto...
— Que tipo de idiota chama uma mulher em um primeiro encontro
de última hora? A primeira escolha dele cancelou?
Ai.
Brit olhou para seu melhor amigo por um momento, em choque
com o comentário estranhamente maldoso.
— Hum, quem é você agora?
Hunter passou as mãos pelo rosto.
— Esqueça. Estou irritado.
— Não vou discordar disso, mas não soou como um pedido de
desculpas — ela disse, cruzando os braços.
— Desculpe — ele retrucou.
— Muito sincero, Hunter.
— Bem, o que você quer que eu diga? Tive um dia infernal e
depois volto para casa pra... isso, vendo você flutuando em torno de
algum cara.
— Flutuando? — ela perguntou. — Eu quero que você saiba que
aquele flutuar saiu direto do seu manual. Você sabe, a coisa toda de
não, você não vai subir, mas talvez em algum outro momento?
— Você não pode estar pensando seriamente em sair com ele de
novo. O cara olhou para sua bunda o tempo todo em que você se
afastou.
— Talvez eu queira que alguém olhe para minha bunda! — ela
gritou.
A exclamação dela pareceu ricochetear nas paredes, depois
pairou desajeitadamente entre eles.
Finalmente, Hunter balançou a cabeça, parecendo cansado.
— Tanto faz. Isso é problema seu. Vou para a cama.
Nenhum deles falou enquanto continuavam o processo de
acomodação para a noite. Desta vez, não houve experiência de
escovação de dentes compartilhada. Ele esperou que ela
terminasse no banheiro, então entrou sozinho, fechando a porta
com um clique.
Brit rastejou para a cama, ouvindo a água correr, olhando para o
teto e tentando descobrir por que ela se sentia tão mal. Por que eles
pareciam tão distantes.
Ele não estava agindo como ele mesmo. E ao invés de falar sobre
isso, ele estava fazendo uma coisa típica de cara, ficando todo
taciturno e estranho.
Ela não estava amando isso. Assim como ela não estava amando
o fato de que, como aconteceu com sua experiência no jantar, em
vez de pensar em Ross, em vez de pensar em seu encontro, ela
estava pensando em Hunter.
— Eu não preciso ir para o brunch amanhã — ela disse quando
ele saiu do banheiro.
Ele apagou a luz do banheiro e olhou para ela.
— Por que você não iria para o brunch amanhã?
— Hum, porque você está sendo um idiota? — ela disse. — Você
realmente insinuou que a única razão pela qual um cara poderia me
convidar para sair em uma noite de sábado seria se sua primeira
escolha tivesse cancelado.
— Eu não quis dizer isso — ele resmungou, puxando sua mochila
para cima do sofá e vasculhando-a.
— Bem, o que você quis dizer? — ela perguntou, sentando-se na
cama.
Sentar foi um erro, ela percebeu imediatamente.
Ao imaginar que ela estaria segura sob as cobertas antes que ele
saísse do banheiro, e planejando ir ao chuveiro primeiro amanhã,
ela vestiu uma de suas camisas de dormir habituais. Um top de
alças.
Um top fino de alças que não deixava muito para a imaginação.
O olhar de Hunter caiu para o peito dela por uma fração de
segundo antes que ele parecesse arrastá-lo de volta aos olhos dela.
— Eu só quis dizer que você merece algo melhor do que um
convite de última hora, inesperado.
— Talvez ele só estivesse tentando criar coragem para convidar
alguém tão fabulosa quanto eu — disse ela com um sorriso,
tentando quebrar a tensão estranha e desconhecida entre eles.
— Tenho certeza de que era isso. — Ele sorriu de volta, mas
havia uma tensão no sorriso.
Ela apagou a luz; não havia brincadeira, nenhuma risada na
escuridão.
E ele definitivamente não sugeriu dormir em sua cama
novamente.
Capítulo Quatorze
— Estou surpreso que você não esteja lá — disse o pai de Hunter,
apontando com o queixo em direção ao rinque de patinação do
Central Park. — Você costumava adorar patinar.
Hunter sorriu.
— Já se passaram alguns anos desde os meus dias de hóquei.
Além disso, acho que Malik prefere que sua primeira experiência de
patinação no gelo seja com uma garota bonita do que com seu
irmão adotivo adulto.
Hunter, sua família e Brit optaram por dar uma caminhada após o
brunch pelo Central Park. Malik parecia fascinado pela pista de
patinação no gelo, mas no segundo que a mãe de Hunter sugeriu
que ele e Hunter alugassem patins, Malik considerou patinar no gelo
uma coisa patética.
Brit, entretanto, viu o desejo no rosto do garoto e, sob o pretexto
de implorar por alguém para andar de skate, persuadiu o garoto a r
para o gelo.
Ela sabia o que estava fazendo, Hunter percebeu, no segundo em
que pisou no gelo. Ela sabia patinar. Como ele não sabia disso?
Ele e seu pai ficaram em silêncio por um momento, observando
enquanto Brit e Malik lentamente, sem jeito, faziam seu caminho ao
redor do ringue, onde os patinadores iniciantes estavam. Os dois
estavam de braços dados, que permitiu que o novo-patinador Malik
se agarrasse a Brit ao invés de abraçar a parede.
Ela estava salvando o garoto um pouco de seu orgulho de
adolescente macho. Mas, então, essa era a Brit. Ela sabia
exatamente o que fazer para que as pessoas se sentissem bem.
Para deixá-las confortáveis.
Não foi o que ela disse no início de tudo isso? Que ela deixava as
pessoas muito confortáveis e é por isso que os homens nunca a
viam como namorada?
Ela estava errada.
Hunter não se sentiu nada confortável na noite anterior. Primeiro,
observando-a inclinar-se para aquele cara de rosto indiferente cujo
nome ele já havia esquecido. Então a briga deles.
Ela em um top que se agarrou ao que parecia ser seios perfeitos.
Hunter sufocou um gemido com a memória.
Seu pai olhou para ele enquanto ele se mexia
desconfortavelmente no banco.
— Você está entediado? Podemos pegar sua mãe, chamar Malik.
— Nah, estou bem — disse Hunter. — Além disso, não acho que
poderíamos afastar mamãe de seu fascínio por aquela artista.
Os dois olharam para onde Gail se juntou a um pequeno grupo de
espectadores reunidos em torno de uma mulher magricela atrás de
um cavalete, aparentemente pintando a cena no gelo à sua frente.
— Ela virou especialista em todos os tipos de arte desde que
vocês foram embora — disse o pai de Hunter. — Aquarelas,
principalmente.
Hunter acenou com a cabeça, e eles ficaram em silêncio por
alguns momentos.
Não que ele ficasse estranho perto de seu pai, mas as coisas
tinham estado um pouco tensas entre eles ao longo dos anos. Seu
pai nunca disse isso abertamente, mas Hunter suspeitava que o
incomodava que Hunter tivesse optado por perseguir seus sonhos
até Nova York em vez de ficar no Missouri e ajudar nos negócios da
família.
O avô de Hunter tinha começado um serviço de móveis anos
atrás. Carpintaria, principalmente. Mesas de centro, escrivaninhas,
esse tipo de coisa. Eles faziam bons negócios, especialmente em
uma área onde a Ikea reinava.
O irmão mais velho de Hunter assumiu grande parte do design
dos produtos, e Hunter sabia que seu pai esperava que Hunter
especialista-em-tecnologia fosse a pessoa que levasse a empresa
para o reino do comércio eletrônico.
E talvez um dia Hunter fizesse isso. A ideia era muito atraente.
Mas ele precisava se ramificar sozinho primeiro, desenvolver um
nome para si mesmo separado dos negócios da família.
Hunter tinha certeza de que seu pai entendia isso, mesmo que ele
não gostasse.
— Olha, filho — disse seu pai, limpando a garganta e não olhando
para Hunter. — Sua mãe e eu estávamos querendo falar sobre
isso... na verdade, é parte da razão pela qual viemos. Queríamos
falar com você pessoalmente...
Hunter imediatamente ficou tenso.
— Está tudo bem? Estão todos bem?
Imediatamente, seu cérebro foi ao pior. Câncer. Alzheimer.
Problemas cardíacos.
— Não, não, estamos bem. Tão bem, na verdade, que decidimos
que somos muito jovens para apenas sentar e entrar no grupo de
geriátricos no asilo.
Hunter riu.
— Não consigo nem imaginar isso.
— Certo. Bem... sua mãe e eu achamos que ainda temos um
pouco de paternidade em nós. Decidimos adotar Malik de vez.
Hunter olhou surpreso.
— Sério? Isso é ótimo.
O sorriso de seu pai foi de alivio.
— É?
— É, claro. Eu não poderia estar mais empolgado. Ele é um ótimo
garoto. Ele já é meu irmão; pode muito bem tornar oficial.
Dennis acenou com a cabeça.
— Seus irmãos e irmã concordaram, mas sua mãe e eu
queríamos ter certeza de que era uma decisão familiar. Adicionar
um novo membro da família é uma grande decisão. Uma importante.
— Malik sabe?
Seu pai balançou a cabeça.
— Ainda não. Queremos ir mais longe no processo, nos certificar
de que está tudo certo. Então vamos sentar e perguntar se ele quer
se juntar à família. A decisão dele é mais importante do que todas
as nossas.
Hunter acenou com a cabeça, em seguida, ergueu a mão em um
aceno enquanto Brit e Malik abriam caminho até a parte do rinque
mais próxima do banco onde ele e seu pai estavam sentados.
Ele estava muito longe para ver se o sorriso feliz de Brit alcançou
seus olhos. Provavelmente sim. Afinal, ela não tinha sido nada além
de sorrisos para seus pais e Malik o dia todo.
Ela parecia muito distante da Brit furiosa e magoada da noite
anterior, ou da Brit ligeiramente fria no início dessa manhã, quando
eram apenas os dois.
Ele não estava acostumado com ela sendo outra coisa senão feliz
perto dele, e ele não gostava disso. Gostava ainda menos de ser o
responsável pela infelicidade dela.
— Há outra coisa — seu pai disse lentamente. Hunter se virou
para seu pai, grato por qualquer assunto que mantivesse seus
pensamentos longe do que quer que estivesse acontecendo entre
ele e Brit.
— Manda — disse Hunter.
Dennis suspirou.
— Olha, filho, você está indo bem em Nova York. Muito bem. Não
poderíamos estar mais orgulhosos da vida que você criou para si
mesmo, mas sua mãe e eu não podemos deixar de nos perguntar...
nós apenas queremos saber...
— Se algum dia eu vou voltar para o Kansas City?
Os ombros de seu pai caíram um pouco de alívio por não ter que
ser a pessoa a dizer isso em voz alta.
— Sim. Só estou perguntando. Respeitamos sua escolha, não
importa o que aconteça, mas...
— Eu não sei — Hunter interrompeu, seu olhar em Brit e Malik. —
Eu realmente não posso dizer com certeza de uma forma ou de
outra. Eu gosto daqui. Eu amo isso aqui. Meu trabalho é ótimo,
tenho amigos, um ótimo apartamento... mas. — Ele exalou. — Eu
penso sobre isso. Sempre pensei em voltar algum dia. Estar perto
da família. Não precisar entrar em um avião no Dia de Ação de
Graças. Ter meus filhos crescendo perto de seus primos e avós.
Esse tipo de coisa.
Seu pai assentiu, e Hunter viu a esperança em seus olhos. O
matou um pouco não dar uma resposta sólida a seus pais, mas por
enquanto ele só poderia dar a eles a verdade.
Talvez. Algum dia. Provavelmente.
Ele queria voltar para Kansas City. Um pouco mais a cada dia. Ele
estava pronto para a segunda etapa de sua vida adulta. Ele tinha
feito a coisa da cidade grande e amou. Ele queria tentar algo novo.
Casamento. Paternidade. Jantares de domingo com a família.
Inferno, ele até sentia falta de um carro.
Mas ele também sabia que sair de Nova York implicaria em
sacrifícios.
Seu olhar foi para Brit novamente. Sair de Nova York significaria
dizer adeus às pessoas que importavam muito.
E ele não estava pronto para isso.
— Ei, na verdade, você se importa se eu for me juntar a eles? —
Hunter perguntou de repente, virando-se para seu pai.
Dennis acenou com a mão na direção da barraca de aluguel de
patins.
— Sem problemas. Estarei aqui.
Poucos minutos depois, Hunter amarrou seus patins e fez o seu
caminho para onde Brit estava tentando persuadir Malik a patinar
sem o braço dela.
— Graças a Deus — disse Malik em alívio quando Hunter parou
na frente deles. — Sua garota é implacável.
Hunter não corrigiu a afirmação de Malik sobre Brit ser sua
garota. Em vez disso, ele olhou e encontrou os olhos de Brit.
— Eu não sabia que você sabia patinar.
Ela fez uma reverência, puxando uma saia imaginária enquanto
se abaixava.
— Três anos de aulas de patinação artística, muito obrigada. Eu
adorava, até perceber que meu tipo de corpo não tinha exatamente
a medalha de ouro olímpica escrita nele.
Ela colocou as mãos em volta dos lábios e sussurrou peitos.
Malik revirou os olhos, ouvindo tudo.
— E estou fora.
— Ei, estávamos apenas começando com sua aula de patinação!
— Brit disse em protesto. — Você estava indo tão bem.
Malik ergueu a mão em um obrigado, mas terminamos aqui
enquanto ele cambaleava desajeitadamente em direção à borda do
rinque, claramente com sua paixão pela patinação no gelo acabada.
— Qual é a sua história de patinação? — Brit perguntou,
voltando-se para Hunter.
— Hóquei por alguns anos. Eu era tão entusiasmado quanto
medíocre no esporte, mas sempre gostei da parte da patinação. —
Ele estendeu a mão. — Vamos?
Ele quis que fosse como uma oferta de paz – uma tentativa de
fazer as coisas voltarem ao normal depois do constrangimento da
noite anterior.
Ela pegou a mão dele sem hesitar, mas embora os dois usassem
luvas, não parecia que as coisas estavam voltando ao normal. Em
vez disso, parecia mais um passo na direção de... onde diabos eles
estavam indo.
Eles encontraram o ritmo um do outro imediatamente, movendose facilmente em sincronia mais perto do centro da pista, onde os
patinadores mais experientes estavam.
Hunter aumentou o ritmo um pouco e ela o acompanhou. Eles
foram cada vez mais rápidos, as mãos agarradas, os rostos
gelados, e ele sorriu quando a ouviu rir de alegria.
Hunter perdeu a conta de quantas vezes eles circularam o rinque,
se esqueceu do fato de que ele deveria estar entediado porque ele
estava tudo, menos isso. Havia algo maravilhosamente
despreocupado em andar de skate em um dia frio de inverno com a
sua... melhor amiga.
Finalmente, ele puxou a mão dela ligeiramente para pará-la,
então com mais firmeza para trazê-la para encará-lo.
Os olhos de Brit estavam brilhantes, suas bochechas e nariz
vermelhos enquanto ela sorria para ele.
— Ah, esqueci como isso pode ser divertido. É tipo voar.
Ele sorriu e tocou um dedo com luva no nariz dela.
— Você está toda rosa. Parece que você está com frio.
— Poxa, elogios tão bons — ela disse com uma risada. — Estou
começando a me perguntar se você era o cara certo para me
ensinar a arte da sedução.
— Eu sou o cara certo — disse ele com firmeza.
— Sério? — Sua voz era cética. — Porque...
Hunter apertou a mão dela, puxando-a um pouco mais perto, a
outra mão indo para as costas dela e a puxando todo o caminho até
que ela estava nivelada contra ele.
Mantendo um braço totalmente ao redor dela, ele puxou a luva de
sua mão livre com os dentes e colocou-a debaixo do braço.
Desta vez, quando ele tocou seu rosto, não foi com um dedo
enluvado, e não foi seu nariz.
Em vez disso, Hunter passou um dedo ao longo de seu lábio
inferior e ela congelou, parecendo prender a respiração.
— Você está corada — disse ele calmamente. — Você está linda.
A confusão cintilou no olhar dela, seguida por outra coisa que ele
não conseguiu identificar.
Até mesmo enquanto os skatistas passavam zunindo por eles, até
mesmo quando seus pais e Malik provavelmente olhavam para eles
com uma surpresa fascinada, nenhum deles se moveu, além do
movimento suave para frente e para trás de seu dedo ao longo do
lábio inferior dela. Ele testou a elasticidade, imaginando como seria
a sensação sob sua boca, imaginando se teria um gosto tão macio
quanto parecia, imaginando...
Brit soltou uma risadinha e recuou.
— Tudo bem. Você ganhou. Você é bom nessa coisa de sedução.
— Ela ergueu um dedo e apontou para o rosto dele. — Isso foi
excelente. Definitivamente irei adicionar isso ao meu repertório.
Brit patinou para longe, dando um pequeno meio salto, mas
Hunter permaneceu parado por mais um momento, um pouco
abalado pelo fato de que ele não a tocou por causa do plano; ele
não estava tentando ensinar nada a ela.
Ele a tocou porque queria.
E ele queria fazer isso novamente.
Horas depois, Brit e Hunter estavam deitados na cama dela
assistindo a algum filme do Bruce Willis. Ela já tinha esquecido o
nome. Ela gostava bastante do Bruce Willis, mas todos os seus
filmes tendiam a se misturar para ela. A maioria deles envolvia
armas, gracejos e bandidos.
Hunter, por outro lado, amava Bruce Willis. Quando era sua vez
de escolher um filme, era um filme de Bruce Willis pelo menos
metade das vezes.
A atenção de Brit estava apenas metade no filme; a outra metade
estava no celular.
Bem, não, isso não era verdade. Parte de sua atenção estava no
filme; uma parte estava em seu telefone...
O resto estava em Hunter. E na memória daquele momento no
Central Park quando ele apareceu inesperadamente... carinhoso.
Claro, não tinha sido real. Ele estava apenas mostrando a ela
como as coisas podiam ser entre um homem e uma mulher. Quando
o homem se interessava pela mulher.
Mas parecia real, apenas por um momento.
Ainda mais alarmante, tinha sido... bom. Ela gostou de Hunter a
tocando. Ela gostou do jeito que ele olhou para ela.
No entanto, se ela esperava que isso continuasse no final do dia –
e ela não tinha certeza se esperava isso – ela teria ficado
desapontada.
O resto do dia tinha sido como os velhos e normais Hunter e Brit.
Platônicos, brincalhões, casuais. Não houve olhares, nem toques.
Até mesmo agora, enquanto eles estavam a apenas alguns
centímetros de distância na cama dela, as coisas estavam mais
confortáveis do que esperado.
E isso foi bom, mas...
Ela suspirou e ele olhou para ela.
— Você está bem?
— Sim. Você acha que seus pais chegarão bem ao aeroporto
amanhã?
— O Uber está vindo buscar eles às cinco da manhã. Supondo
que eles consigam acordar Malik tão cedo, ele pode colocá-los no
carro.
— É incrível eles o adotarem — disse ela. Ele a informou sobre o
plano de adoção depois do jantar.
— Sim, realmente é — disse ele.
— Você ficou chateado por não estar muito por perto para vê-lo?
— Sim.
Ela o estudou.
— Você já pensou em voltar? Para o Kansas City, quero dizer?
De vez?
— Sim.
Normalmente ela iria encher o saco dele sobre o clichê de
masculinidade de suas respostas de uma palavra só, mas ela
estava chocada demais com a admissão dele para fazer qualquer
coisa além de pensar sobre a perspectiva de ele deixar Nova York.
De vez.
Ela sabia que não deveria se surpreender. Apesar de toda a
sofisticação de cidade grande, Hunter também tinha uma vibe
casual do meio-oeste quando você o conhecia. Brit sempre soube
em algum nível que talvez a cidade de Nova York não fosse para
ele. Ele era próximo de sua família; ele voltava para casa todos os
feriados, falava com todos os irmãos pelo menos algumas vezes por
semana.
Mas ouvi-lo dizer em voz alta que estava pensando em deixar a
cidade, em deixá-la...
Ela não estava pronta para isso.
— Não se preocupe, não vou arrumar minhas malas tão cedo —
disse ele com um pequeno sorriso, sua atenção de volta à TV. —
Portanto, não prepare ainda a festa de comemoração de ele se foi.
— Droga — disse ela, jogando o celular na cama. — Eu já imprimi
os pôsteres de ele finalmente se foi e tudo mais.
Ele a surpreendeu desligando a TV antes que o filme acabasse e
rolando para encará-la, sua cabeça apoiada em seu braço dobrado
enquanto ele sorria para ela.
— Você sentiria minha falta se eu fosse embora.
— Hmmm. — Ela torceu o nariz, como se questionasse sua
suposição.
— E sem mim, quem concordaria com o seu plano de aula de
sedução estranho?
— Não tenho certeza se você deveria estar se gabando disso
ainda. Minha vida amorosa não está exatamente prosperando.
— Você não se jogou lá fora.
— Eu fui a um encontro ontem à noite — ela apontou.
Seu sorriso diminuiu ligeiramente.
— Isso foi prematuro. Você não estava pronta.
Brit riu.
— Bem, qual é então? Ou não estou jogando lá fora ou não estou
pronta.
Ele considerou a pergunta por um momento.
— Eu acho que isso é com você. Você disse que nunca se sentiu
sexy. Você se sentiu sexy na noite passada? Com o Russ?
— Ross. E... Eu usei a roupa certa. O sutiã certo.
As sobrancelhas dele se ergueram.
— Me conte. Nós pulamos essa parte da sua avaliação do
guarda-roupas.
— Preto e rendado.
Os olhos dele pareceram escurecer por um momento, mas ele
acenou com a cabeça.
— Boa escolha.
— Não é? Também achei. E gostei do meu vestido, ele era um
cara bem decente... mas não. Sem energia sexy. Nunca tem. — Ela
soltou um longo suspiro. — Talvez eu esteja quebrada.
Hunter balançou a cabeça.
— Você não está quebrada. Você está só pensando demais. Sexy
é sobre sentimento, e você está transformando isso em uma coisa
de pensamento.
— Esse realmente é um conselho bom — ela disse
sarcasticamente. — Vou simplesmente desligar meu cérebro,
então? É assim que funciona? Basta ser estúpida e vou ficar noiva?
Ele revirou os olhos.
— Ok, pegue seu caderno. É hora da aula. Quando você não se
sente sexy?
Ela colocou um dedo no queixo, fingindo pensar sobre isso.
— O tempo todo.
— Ok, quando você quer se sentir sexy, mas não consegue?
Brit mordeu o lábio, sentindo-se repentinamente estranha.
— Isso é... pessoal.
— Que bom que somos melhores amigos, então.
— Certo — ela disse, respirando fundo. — Ok, é principalmente
quando os caras... Me tocam. Ou quando acho que eles podem me
tocar. Eu começo a... bem, como você disse, acho que fico
pensando demais.
— Ok, tente isso — disse Hunter. — Feche seus olhos.
— Eu tenho que fechar?
— A menos que você queira reprovar na minha aula. Então eu
teria que dizer a seus pais que você está sendo reprovada na escola
de sedução. Vai ser desconfortável para todos nós.
Ela riu ao pensar em seu melhor amigo dizendo a seus pais
conservadores que ela reprovou em uma aula de sedução. Então
ela obedeceu e fechou os olhos.
— Ok. Pronto.
Ele deu uma risadinha.
— Sério? Porque você parece preparada para algo doloroso.
Relaxa.
— Bem, eu não consigo! — ela disse com outra risada. — Tente
fechar os olhos sem saber o que vai acontecer; me fala se você
relaxa.
— Brit.
Ela respirou fundo, exalou, tentando se acalmar.
— Tá bom. Vai.
— Vai, ela diz. Tão romântico — ele murmurou.
Brit não tinha certeza do que ela estava esperando, mas com
certeza não era que a mão de Hunter descansasse em sua cintura.
Ela imediatamente enrijeceu e ele fez um barulho de repreensão.
— Pare. Respire fundo. Diga o que você está pensando.
Eu não consigo pensar.
O coração de Brit começou a disparar, mas ela fez o que ele
sugeriu e respirou fundo. Tentou fingir que era outro cara, não
Hunter.
— Estou pensando que você está pegando nas minhas
gordurinhas e que talvez eu devesse ter comido brócolis no jantar e
não o purê de batatas.
— Tudo bem — disse ele calmamente, sem julgar. — Agora
deixe-me dizer o que estou pensando. Estou pensando que nenhum
homem que seja digno de colocar a mão aqui está pensando em
gordura ou batatas.
— No que ele estaria pensando? — ela perguntou suavemente.
— Bem, as chances são de que ele não estaria pensando muito.
Mas se estivesse... — A mão de Hunter se moveu ligeiramente, a
palma pressionada com mais firmeza contra o lado de sua cintura,
aquecendo sua pele através da camisa. — Ele estaria pensando
que você é suave. Quente.
Brit engoliu em seco e a voz de Hunter ficou mais rouca.
— Ele estaria pensando que, se tiver sorte, saberá como você é
por baixo da camisa. Se sua pele é tão macia quanto ele espera.
Por um momento, nenhum deles se moveu, e Brit sentiu a
hesitação nele, mesmo quando ela sentiu o desejo que combinava
com o dela.
Isso. Isso era desejo. Isso era querer...
Isso era sexy.
A mão de Hunter se moveu devagar, muito devagar, descendo um
pouco até pousar no quadril dela. Sua mão parou novamente.
Esperando. Prolongando o momento.
Sua mão deslizou para cima novamente, deslizando sob a camisa
dela.
A palma da mão de Hunter tocou sua pele nua e ela ofegou, uma
exalação involuntária de desejo.
— Agora, no que você está pensando? — A voz dele era um
rosnado.
— Eu não estou — ela disse, mantendo os olhos bem fechados,
com muito medo de que olhar para ele encerraria aquele momento
inesperadamente perfeito. — Não estou pensando.
— Não? Por que não?
Brit balançou a cabeça.
— Estou sentindo.
— Bom — Hunter sussurrou. — Isso é bom.
Ela abriu os olhos.
Ele estava mais perto. Mais perto do que ele esteve antes, seu
rosto a meros centímetros do dela enquanto sua mão acariciava
lentamente ao longo de seu lado, as pontas de seus dedos
arrastando sobre a pele dela suavemente, sedutoramente.
— Hunter — ela sussurrou. Apavorada. Necessitando.
O olhar dele caiu para a boca dela, a cabeça dele se inclinando
para baixo...
Um celular vibrou entre eles e os dois pularam.
Hunter balançou a cabeça rapidamente e tirou a mão de dentro
da blusa dela.
Cada parte dela protestou.
Ele tateou nas cobertas entre eles até que encontrou o celular
ainda zumbindo. O celular dela.
Hunter a entregou, mas não antes de ver o nome de quem ligava.
Ross.
O encontro blé da noite passada.
Não. Não!
Ela não queria Ross; ela queria Hunter.
E porque o pensamento a assustou mais do que qualquer coisa,
ela fez a única coisa que conseguia imaginar para consertar as
coisas novamente, para manter Hunter e ela onde eles pertenciam:
amigos.
Brit se sentou e atendeu a ligação.
— Alô?
— Brit, ei. — A voz de Ross estava meio alta e chorosa. Estava
assim na noite passada? Ela não conseguia se lembrar. Mas em
comparação com o timbre baixo de Hunter...
— Ei, Ross! — Ok, agora a voz dela estava alta.
Hunter se moveu, rolando de costas por um momento, então se
mexendo para que pudesse se sentar, as pernas balançando para o
lado da cama.
Brit deu a ele um rápido olhar com o canto do olho, mas ele
estava de costas para ela, a cabeça baixa como se estivesse
olhando para o chão.
Ela mal registrou qualquer coisa que Ross estava dizendo. Algo
sobre ter se divertido na noite passada, se ela queria fazer isso de
novo...
Hunter se levantou e foi para o banheiro, fechando a porta com
um clique silencioso. Ela ouviu a água correr e se perguntou se ele
estava jogando água fria no rosto, porque Deus sabia que era isso
que ela queria fazer.
— Brit? — Ross perguntou ao telefone.
— Hmm? Desculpe, o quê?
Ele deu uma risada ligeiramente perplexa.
— Eu perguntei se você estava livre na terça. Meu chefe me deu
ingressos para algum evento sinfônico. Não sei se isso é sua praia,
mas podemos jantar depois?
Brit engoliu em seco. Lembrando do que Hunter disse sobre não
se colocar lá fora. Lembrando por que ela e Hunter estavam nesse
lugar para começar – porque ela queria encontrar alguém.
Ela queria um namorado. Uma paixão. Um quem-sabe-um-dia
marido. O futuro pai de seus filhos.
Ela não iria encontrá-lo passando todas as noites assistindo
filmes de Bruce Willis com um cara que nunca a veria como mais do
que uma amiga. Que está com um pé fora da cidade de Nova York
para voltar para sua cidade natal.
— Claro — ela disse, forçando a animação que não sentia.
Eles combinaram de se encontrar para um drinque perto da casa
sinfônica às seis, depois desligaram.
Brit olhou para o celular em sua mão, perdida em pensamentos
até que Hunter abriu a porta do banheiro.
Ela olhou para cima, preparada para a vergonha, mas ele sorriu.
Um sorriso tenso, mas real.
— Então? Nossa tática garantindo o segundo encontro da noite
passada funcionou?
Ela sorriu de volta.
— Pelo visto, sim. Ele me convidou para ir à sinfonia na terçafeira.
— Nada mal, aluna minha. Nada mal. Você pode talvez passar na
minha classe, afinal.
Seu tom era normal, assim como a maneira casual com que se
jogou no sofá ao dizer isso, mas ele não estava olhando para ela.
Nada normal.
— Hunter.
Ele olhou para o lado e encontrou os olhos dela.
Brit engoliu em seco, querendo perguntar o que tinha acontecido.
Se era tudo fingimento ou se ele sentiu o que ela sentia.
— O que foi? — ele perguntou quando ela não continuou.
Brit perdeu a coragem.
— Nada. Deixa para lá. Vejo você pela manhã.
Ela estendeu a mão e apagou a luz.
Nenhum deles disse outra palavra.
Mas ela tinha certeza de que não foi a única que ficou acordada
até tarde da noite.
Capítulo Quinze
Às sete na sexta-feira seguinte, Brit colocou uma garrafa de
champanhe debaixo do braço, tirou a luva e bateu na porta de Alex
Cassidy.
A porta se abriu para uma onda de som e uma linda morena. Não
era Cassidy, nem a esposa de Cassidy, Emma.
Era Riley Compton, a impressionante colunista de sexo da revista
Stiletto.
— Brit! — Riley exclamou feliz, puxando-a para um abraço
caloroso. — Eu não vejo você há muito tempo. Você está fabulosa.
Riley se afastou, seus olhos azuis brilhantes dando a Brit um
olhar avaliador.
— Cabelo novo — ela proclamou.
Brit estremeceu ligeiramente.
— Super novo. Tipo, novo há uma hora. Seja honesta, eu
aguento. O que nós achamos?
— Eu sou muito boa em ser honesta — Riley declarou, — e eu
amei. Amei. O loiro claro combina com você.
Loiro claro talvez fosse um eufemismo. A nova cor de cabelo de
Brit estava bem perto do platinado.
Ela não tinha certeza do que aconteceu com ela, além do fato de
que ela sentiu a necessidade de mudar algo depois de um encontro
decididamente medíocre (e final) com Ross Alford na terça-feira.
A inspiração veio ontem, quando a prima de Brit postou uma foto
das duas quando crianças brincando nuas em uma piscina infantil,
no estilo Bridget Jones. Brit sempre foi loira, mas ela tinha
esquecido que era quase loira-platinado quando pequena.
Tinha escurecido conforme ela envelheceu para uma espécie de
marrom claro sem graça, que ela clareava todos os meses para um
tom amarelo ensolarado. E então ela começou a pensar...
Se ela estava clareando o cabelo de qualquer maneira, por que
não clareava totalmente?
Sua cabeleireira ficou muito empolgada com a ideia, embora ela
tenha rejeitado a ideia de Brit de cortá-lo. Em vez disso, ela sugeriu
deixá-lo crescer e passar uma chapinha nele para cortar um pouco
do volume natural de Brit (uma forma educada e estilizada de dizer
juba).
O resultado foi.. bem, surpreendente.
No bom sentido. Gabrielle, a cabeleireira, se recusou a deixar Brit
se olhar no espelho até que ela tivesse feito sua “mágica — e por
uma estranha fração de segundo, Brit não se reconheceu.
Além do cabelo estar vários tons mais claro e liso do que
normalmente era, sua pele parecia mais brilhante, seus olhos
maiores... Ela parecia – e se sentia – nova. Confiante. Não de uma
forma maluca, mas apenas uma mudança sutil que dizia: é hora de
mudar, Robbins.
Não doeu que, antes de vir para a festa de Emma e Cassidy, ela
mudou sua blusa de trabalho e colocou a blusa preta que Hunter
gostou tanto durante a revisão do guarda-roupa.
Ela também disse a si mesma durante todo o trajeto que sua
decisão de usá-lo não tinha nada a ver com o fato de Hunter ser um
fã dela.
Ou que ele em a ignorou por quase toda a semana, exceto
quando o trabalho necessitava de comunicação.
— Entre, entre — Riley estava dizendo. — Emma e Cassidy estão
por aqui em algum lugar, mas acho que não ouviram você bater.
Não é uma surpresa. O apartamento de Cassidy e Emma era de
bom tamanho para os padrões de Manhattan, mas estava lotado de
gente. Principalmente o pessoal da Stiletto e Oxford.
Cassidy era Oxford, Emma era Stiletto e o relacionamento deles
era meio que lendário. Brit ficou encantada ao receber um convite
para a festa porque sim, porque, como Cassidy havia apontado,
uma festa era praticamente a única maneira de sobreviver em
janeiro em Nova York.
Brit colocou o champanhe na geladeira, embora claramente não
fosse necessário – ainda. O balcão estava coberto com todas as
opções possíveis de vinho, cerveja e coqueteis.
— Riley, quem é sua amiga gostosa? — Sam Compton
perguntou, colocando um braço em volta dos ombros de sua esposa
e piscando para Brit.
— Ela não está incrível? — Riley jorrou.
— Hum, aí meu Deus, tão incrível. — Isso veio de Mollie, a
namorada de Jackson Burke, uma loira brilhante que era tão
inteligente quanto fofa. — Eu amei. Combina completamente com
você.
Brit deu uma risada constrangida enquanto tirava o casaco.
— Obrigada.
Ela examinou a sala em busca de um lugar para colocar o casaco
e Cassidy se aproximou, tirando-o de sua mão e dando um beijo em
sua bochecha.
— Ei. Belo cabelo.
— Belo cabelo? — Riley disse exasperada. — Isso é bem coisa
de homem de se dizer.
Cassidy olhou para Sam e Jackson, que se juntaram ao grupo.
— O que diabos eu disse de errado?
Brit deu um tapinha em seu braço.
— Nada. Obrigada pelo elogio.
— O que você vai beber? — ele perguntou. — Eu posso
felizmente oferecer Sam ou Nick para fazer uma bebida para você,
ou eu sou bem decente em servir vinho e abrir garrafas de cerveja.
— Vinho branco. — Ela olhou para a variedade de vinhos brancos
esfriando em um balde de gelo. — Surpreenda-me.
Brit tinha acabado de aceitar a taça de vinho de Cassidy quando
sentiu um puxão em seu braço.
Era Julie Greene, a colega colunista da Stiletto de Riley, uma loira
borbulhante que tendia a ser a vida de todas as festas.
— Que bom que você está aqui — ela disse, beijando a bochecha
de Brit no ar. — Estou morrendo de vontade de apresentar você a
alguém. Um cara.
— Hum, o quê? — Brit perguntou, sentindo uma pontada de
pânico.
— Eu sei, eu sei. Encontros a cegas são os piores, mas no
segundo que o conheci, eu sabia que vocês iriam se dar bem. Ele
trabalha com Mitchell, mas eu prometo que ele não é um dos tipos
babacas de Wall Street. Ele é hilário, bonito e um total cavalheiro, e
espere até ver os braços dele. E a mandíbula, MEU DEUS, eu
poderia morrer...
— Estou confuso. — Mitchell Forbes interrompeu a enxurrada de
elogios da esposa em seu tom seco e sereno de sempre. — Eu
jurava que você era casada. Comigo.
Julie soprou um beijo sedutor para ele e se voltou para Brit.
— Você ainda está solteira, certo? Se você estiver saindo com
alguém, posso abortar totalmente minha missão.
Brit pensou em Ross e no encontro sem graça. Então ela pensou
em Hunter, no jeito que ele mal olhou para ela esta semana.
— Sim, ainda estou solteira.
— Excelente. — Julie examinou a sala lotada até encontrar quem
estava procurando.
Brit aproveitou o momento para tomar um grande gole de vinho.
Sexy é um estado de espírito. Sexy é um estado de espírito...
Julie a puxou para frente novamente, e um segundo depois, Brit
estava sendo apresentada ao cara mais bonito que ela já tinha visto.
— Julie, esse é Jon Cook. Jon, Brit Robbins. Ela trabalha na
equipe do Cassidy.
— Cassidy é quem está bebendo a bebida rosa?
— Não, aquele é o Lincoln.
— Ex-jogador de futebol americano? — Jon tentou novamente.
— Aquele é Jackson. Cassidy é ex-jogador de futebol.
— O anfitrião — Brit adicionou, dando uma dica para o cara. —
Provavelmente aquele que te ofereceu uma bebida?
— Sim — disse ele em alívio. — Desculpe, todo mundo é ótimo, é
só que...
— Eu sei — Brit disse com uma risada. — Confie em mim, eu sei.
Às vezes, não consigo ficar a par com todos. Nem me deixe
começar a falar sobre tentar descobrir quem tem filhos, quem está
grávida...
— Quem está grávida? — Julie exigiu.
— Ninguém. Eu acho — disse Brit. — Hipoteticamente.
— Droga. Eu finalmente fiquei boa em comprar presentes para
bebês.
— Sério? — Mitchell disse, juntando-se a eles. — Você deu a
Taylor e Nick uma garrafa de uísque do Sam.
— Aquilo era para eles — ela apontou. — Não para o bebê. Eu
dei para o bebê... Droga. Eu dei algo para o bebê?
— Então, Brit, o que você faz? — Jon perguntou, desviando a
atenção dela da reflexão em pânico de Julie.
— Estou na equipe de operações digitais de Oxford. Eu
basicamente decido como colocar todas as várias histórias,
anúncios e imagens no site na hora certa. Parece chato, mas eu
prometo que amo isso — ela disse com um sorriso. — Julie disse
que você trabalha na Wall Street?
Ele assentiu.
— Sim. Eu poderia lhe dar os detalhes super entediantes, ou
podemos pular essa parte por enquanto e falar sobre algo mais
interessante. Super-herói favorito, salgadinho que levaria para uma
ilha deserta, esse tipo de coisa.
Ela riu.
— Sempre tive uma queda pelo Homem-Aranha. Brigão e
subestimado. Quanto ao salgadinho... ah cara, quantas escolhas
difíceis. Batatas chips de creme e cebola, talvez?
Ele estremeceu.
— Aaahh, eu sinto muito. A resposta correta era Homem de Ferro
e Doritos Cool Ranch.
— Ok, admito que Robert Downey Jr. é encantador, mas a história
do Homem de Ferro é meio blé.
— Ao contrário do Peter Parker, que foi picado por um inseto? —
ele disse com um sorriso, aproximando-se dela para deixar alguém
passar por trás deles.
A pessoa passou, mas Jon não se afastou, ficando apenas um
pouco mais perto dela. Intencionalmente.
Droga, ela e Hunter não haviam chegado a este ponto em suas
aulas. Eles haviam feito a rotina pós-encontro, mas não a rotina préencontro.
Brit sorriu para ele, lembrando-se de não bater os cílios, como
Hunter havia dito a ela que ela estava propensa a fazer da maneira
errada. Em vez disso, ela tomou um gole de seu vinho e sustentou
seu olhar por um momento a mais do que o necessário.
Jon sorriu de volta.
Ele disse outra coisa. Algo sobre os filmes da Marvel ou os
Vingadores e Brit acenou com a cabeça, mas sua atenção vagou
quando a multidão mudou ligeiramente e seu olhar pousou em...
Hunter. Ele estava vestido com uma camisa preta de mangas
compridas, calça jeans escura e estava conversando com uma linda
mulher pequena de cabelos pretos e com um corpo de ampulheta,
batom vermelho perfeito e a mão pousada possessivamente no
braço de Hunter.
O estômago de Brit caiu, e ela respirou fundo de surpresa com o
quanto a visão doeu.
Isso era novo. E indesejável. Ela tinha visto Hunter flertar com
centenas de mulheres. Ela o viu namorar. Assistiu ele sair de uma
festa com uma mulher no braço, sabendo que provavelmente
acabariam na cama.
Ela nunca tinha pensado nada sobre isso.
Ela estava pensando sobre isso agora. O ciúmes, pungentemente
amargo, pareceu agarrá-la.
Hunter estava completamente absorvido com o que quer que a
mulher estava dizendo a ele. Pelo menos parecia assim para Brit.
Sem aviso, o olhar dele se desviou para Brit. Não procurando,
como se sentisse o olhar de alguém sobre ele, mas ciente. Ele sabia
exatamente onde ela estava e, a julgar pelo olhar sombrio em seu
rosto, exatamente com quem ela estava falando.
Coce e se incline, do jeito que você faz quando não está
interessado, ela implorou silenciosamente. Faça aquilo que você faz
quando quer fugir. Me dê alguma indicação de que você quer que eu
vá salvá-lo dela...
Seus olhos se fixaram nos dela por um longo momento antes que
ele deliberadamente desviasse sua atenção para sua linda
companheira, se abaixando para sussurrar algo em seu ouvido que
a fez inclinar a cabeça para trás e rir, sua mão subindo ainda mais
alto no braço dele, praticamente acariciando o seu bíceps.
Brit se virou para Jon, chocada porque, além de sentir ciúme, ela
sentia uma suspeita vontade de chorar. Havia um pouco de raiva
misturada ali também, embora ela não soubesse porquê. Ela não
entendia nada disso.
— Você está bem? — Jon perguntou educadamente, dando a ela
um olhar preocupado.
— Sim, desculpa — disse ela, sacudindo a cabeça. — Na
verdade, está um pouco quente aqui. Acho que vou pegar um copo
d'água.
— Ok. Eu estarei por aqui — ele disse, felizmente não parecendo
tomar sua desculpa como uma rejeição, mas também não passando
por cima dela e a seguindo.
Brit sorriu agradecida e se dirigiu para a cozinha, encontrando um
copo limpo e servindo-se de uma das garrafas que alguém havia
rotulado de H2O com um post-it e canetinha.
Ela tinha acabado de colocar a água no copo quando alguém
parou atrás dela, perto o suficiente para que ela pudesse senti-lo. E
ela sabia que era um homem.
Ela também sabia que homem era.
Brit se virou e olhou para o rosto de seu melhor amigo. Só que ele
não parecia seu melhor amigo agora. Não havia a calma segurança
que ela normalmente sentia perto de Hunter. Em vez disso, ele
parecia alguém infinitamente mais perigoso, e ela se sentiu nervosa.
E também eufórica.
— Tem um minuto? — ele perguntou.
Seu olhar cruzou a sala para Jon, que estava conversando com
Mitchell.
— Na verdade, Julie me apresentou a esse cara. Eu acho que...
Hunter a interrompeu agarrando seu pulso e puxando-a pelo
apartamento, através da multidão de pessoas. Ele passou pelo
banheiro e, batendo rapidamente em uma porta fechada, abriu-a e
puxou-a para dentro.
Então ele fechou a porta.
Capítulo Dezesseis
Hunter esperava que Cassidy e Emma não pensassem que ele
estava abusando ao tomar temporariamente seu quarto de
hóspedes, mas por enquanto ele tinha coisas mais importantes com
que se preocupar.
— Que porra foi aquilo? — ele perguntou, olhando para Brit.
— Aquilo o que?
— Achei que tivéssemos conversado sobre a coisa de bater os
cílios. Não funciona.
A boca dela se abriu.
— Sério? Não seja um babaca. E quer saber, eu não planejo
bater meus cílios. Talvez seja assim que eu pisque!
— É assim que você flerta — ele esclareceu, cruzando os braços.
— E daí! — ela gritou. — Talvez seja. Não é como se eu tivesse
escondido que quero conhecer alguém. E deixe-me lembrá-lo, você
deveria estar me ajudando em todo esse processo horrível de
namoro, não só me repreendendo.
Ela estava certa. Ela estava completamente certa. Ele disse que
mostraria a ela como fazer os caras a verem como uma possível
namorada.
Ele poderia dizer a ela que ela não precisava de nenhuma ajuda
agora. Que o amigo de Mitchell estava comendo tudo o que ela
estava dando para ele.
Que ela era a mulher mais gostosa da sala, especialmente com...
— O que você fez com o seu cabelo?
— O que eu... — Ela fechou os olhos e balançou a cabeça. —
Quer saber? Você está de mau humor e está sendo ofensivo. Você
quer ser um babaca, vá em frente, mas eu não vou ficar aqui e
aceitar isso.
Ela tentou passar por ele, mas Hunter bloqueou seu caminho.
— Eu não quis ser ofensivo. Eu gosto do cabelo.
— Estou tão feliz — disse ela sarcasticamente. — Mas eu não fiz
isso por você.
— Para quem, então? O cara que você acabou de conhecer?
— Para mim, seu idiota. — Ela empurrou os ombros dele. — O
que há de errado com você, Hunter?
Deus, ele gostaria de saber. Ele se sentia... fora de controle.
Enlouquecido.
Com ciúmes.
Ele estava com ciúme daquele cara lá fora, que provavelmente
era perfeitamente decente. Possivelmente perfeito para Brit. E em
vez de torcer por ela, em vez de fazer o que ele havia prometido e
ajudá-la a conseguir um encontro com o cara, Hunter queria...
O quê?
O que ele queria?
— Nada. Não há nada de errado — ele disse calmamente. —
Longa semana, eu acho. Desculpe por ser um babaca. — Longa
semana porque tentei muito ficar longe de você.
Ela deu de ombros em aceitação de seu pedido de desculpas,
começando a se mover ao redor dele mais uma vez, e mais uma
vez ele deu um passo à frente dela. Sem estar pronto para deixá-la
partir.
— Então qual é o plano? — ele disse.
— Qual plano? — Ela ergueu os olhos.
— Com esse cara. Parece tão bom quanto qualquer outro para
praticar. — Ele tentou manter sua voz leve e amigável. Para
recuperar o equilíbrio que sempre tiveram perto um do outro.
Ela respirou fundo e parecia disposta a encontrá-lo no meio do
caminho e deixar a discussão para trás, porque ela sorriu antes de
responder.
— Na verdade, acho que estou bem sozinha — disse ela com
cautela. — Talvez você estivesse certo o tempo todo. Talvez seja
simplesmente uma questão de confiança. Antes, quando eu via um
cara bonito, eu ficava tão focada em fazer ele gostar de mim que eu
acho que de alguma forma devo ter emitido energias de irmã ou
algo assim.
— Sem energias de irmã com esse cara, então?
— Muito cedo para dizer — ela disse com outro sorriso, um pouco
mais suave desta vez. — Mas eu duvido que vou descobrir isso me
escondendo no quarto de hóspedes de Cassidy com você.
— Certo. Não, provavelmente não vai.
— Certo. Então... — Ela, brincando, estendeu os braços e imitou
o gesto de movê-lo para o lado.
Ele não se mexeu.
— Hunter — Brit disse com uma risada. Desta vez, ela colocou as
mãos em seus braços e realmente tentou afastá-lo.
Ele ainda não se moveu.
Ela olhou para cima, sua expressão confusa.
— Hunter?
Ele olhou para ela. Não faça isso. Não faça isso, cara.
Foda-se.
Hunter se abaixou e capturou a boca dela com a dele.
Brit ofegou contra sua boca, mas além disso ficou perfeitamente
imóvel.
Hunter esperou mais um momento, dando a ela a chance de
afastá-lo. Rezando para que ela não fizesse isso.
Lentamente, as mãos dele se levantaram para o rosto dela e seus
lábios se moveram contra os dela. Lentamente, ele explorou sua
boca.
Deus, ela tinha um gosto bom.
Melhor do que ele esperava. Melhor do que ele havia imaginado.
Melhor do que ele já experimentou antes.
Brit suspirou suavemente contra sua boca e ele separou seus
lábios, sua língua encontrando a dela enquanto ele inclinava a
cabeça ligeiramente para aprofundar o beijo.
As mãos dela se levantaram, seus dedos envolvendo os pulsos
dele quando ela começou a beijá-lo de volta. Hesitante no início, e
depois combinando com a necessidade crescente dele quando os
braços dela foram ao redor de seu pescoço e seu corpo pressionou
contra ele.
Hunter gemeu, uma mão indo para as costas dela, a
pressionando ainda mais perto, mas não era o suficiente. Ele
deslizou a mão por baixo da bainha de sua camisa, espalmando a
pele nua das costas dela enquanto devorava sua boca.
Brit. Ele estava beijando sua melhor amiga.
O pensamento deveria tê-lo feito se afastar de horror, mas em vez
disso o deixou mais ganancioso, mais desesperado para saber mais
sobre ela. Para saber tudo.
A mão dele deslizou para o lado da cintura dela, patinando ao
longo de suas costelas até que seus dedos roçaram a borda de seu
sutiã, tão perto de...
A porta se abriu, e Brit recuou tão rapidamente que ele mal
conseguiu tirar a mão de debaixo da blusa dela sem rasgá-la.
— Eu... ah. Ah! Céus.
Hunter fechou os olhos com a interrupção. A voz de Emma ou
Daisy. É difícil dizer às vezes, já que eram gêmeas idênticas.
Hunter se virou para a porta. Eram as duas, Daisy com os olhos
arregalados e espantada, Emma completamente confusa.
Com o canto do olho, ele viu Brit levar a mão à boca inchada. Ela
parecia um pouco trêmula. Não, muito trêmula, e ele queria envolvêla em seus braços, dizer às amigas para darem o fora e dar a eles
um minuto para descobrir o que havia acontecido.
— Eu estava apenas mostrando a Dais a nova cor de tinta aqui —
Emma disse em um tom suave. — Mas isso pode esperar.
— Não — Brit deixou escapar, sua voz um pouco alta demais. —
Não, é a sua casa, estávamos apenas...
— Sim, o que vocês estavam apenas...? Daisy disse com um
sorriso provocador.
Inferno se eu sei, Hunter pensou.
E Brit, aparentemente, também não sabia, porque ela não
respondeu à pergunta.
Em vez disso, ela balançou a cabeça rapidamente e foi em
direção à porta.
— Eu tenho que ir — ela sussurrou.
— Espera, Brit. — Ele tentou agarrar a mão dela, mas ela se
afastou. — Não faça isso. Por favor.
— Desculpe — disse ela baixinho para Daisy e Emma ao passar
por elas. — Eu… Eu não posso agora.
— Você está bem? — Daisy perguntou em alarme enquanto Brit
se movia pelo corredor em direção à porta da frente.
— Obviamente não — Emma murmurou enquanto Brit empurrava
o pessoal da festa e abria a porta da frente do apartamento,
parando apenas tempo suficiente para pegar sua bolsa da mesa. —
Ela esqueceu o casaco.
— Vou pegar e levar para ela — disse Daisy, indo para a porta.
Hunter tocou no braço de Daisy.
— Eu vou.
Ela deu a ele um olhar cético.
— Tem certeza de que é uma boa ideia? Ela não parecia muito
animada para conversar com você.
— Bem, que pena — ele murmurou. — Porque tenho toda a
intenção de conversar com ela.
Capítulo Dezessete
Ela tinha esquecido seu casaco.
Brit não percebeu até que ela saiu do táxi do lado de fora de seu
apartamento. O calor do beijo finalmente começou a se dissipar,
deixando-a com proteção quase zero contra o frio de janeiro.
Ela caminhou o mais rápido que pôde em seus saltos em direção
ao prédio, rezando para que nenhum dos porteiros estivesse com
humor para conversar.
Então, novamente, talvez fosse melhor se eles estivessem. Uma
distração seria perfeita, já que ela não tinha certeza se estava
pronta para ficar sozinha com seus pensamentos. A viagem de táxi
tinha sido ruim o suficiente, o beijo passando repetidamente em sua
cabeça. Para piorar sua situação tinha o fato de que seu taxista era
aparentemente o único motorista de táxi em Nova York que não
sabia se locomover em Manhattan, e levou o dobro do tempo que
deveria para ir do Upper West Side até Chelsea.
O dobro do tempo para pensar no que acabou de acontecer.
Ela beijou Hunter.
Bem, Hunter a beijou, mas ela definitivamente o beijou de volta. E
foi... explosivo. Épico. Revolucionário.
E ela estava morrendo de medo. Como eles possivelmente
voltariam disso? Como eles poderiam se olhar da mesma maneira
na noite de filmes, cada um sabendo a sensação um do outro. O
gosto um do outro.
Ai, Deus, como ela poderia encará-lo no escritório? Só um pouco
menos apavorante do que o fato de que ela beijou seu melhor amigo
era o fato de que ele também era seu chefe.
Ela beijou seu chefe.
Meu Deus. Os horrores nunca parariam?
O porteiro noturno estava ao telefone quando ela passou pela
recepção. Uma distração e tanto.
No elevador, ela puxou o celular e começou a enviar uma
mensagem para Emma, avisando que ela tinha esquecido o casaco
e se estaria ok em aparecer amanhã para pegá-lo.
Ela não estava particularmente ansiosa para encarar Emma,
sabendo que Emma tinha testemunhado o Beijo, mas era isso ou
mandar Cassidy levar seu casaco para o escritório na segunda-feira,
e de alguma forma isso seria ainda pior.
Brit saiu do elevador em seu andar, preparada para apertar
ENVIAR...
E viu Hunter.
Seu melhor amigo estava encostado na parede do lado de fora de
sua porta, o casaco dela pendurado em um braço, sua expressão
ilegível.
Brit soltou um longo suspiro e colocou o telefone de volta na
bolsa, mensagem não enviada.
Hunter se endireitou quando ela se aproximou, mas nenhum
deles disse uma palavra quando ela abriu a porta do apartamento.
As coisas que precisavam ser ditas não eram o tipo de coisa que se
diz em um corredor, para que todos possam ouvir.
— Como eu cheguei antes que você? — ele disse, finalmente
quebrando o silêncio enquanto colocava o casaco dela na banqueta
do bar, então encolheu os ombros e tirou o dele.
— Motorista de táxi péssimo. Pegou a Broadway.
Ele acenou com a cabeça em compreensão e foi até a geladeira.
Ele puxou uma garrafa de vinho espumante e o ergueu.
— Você está guardando isso?
— Não? — ela disse confusa, olhando para o prosecco. — Não
consigo nem lembrar para o que comprei. Talvez tenha escolhido
para uma noite de garotas e nunca chegamos a abrir?
Hunter foi até o armário dela e tirou duas taças. Ela viu quando
ele removeu o papel alumínio e abriu a rolha com um rápido giro de
suas mãos.
Ele encheu as taças e foi em sua direção, entregando-lhe uma.
— Estou confusa — disse ela lentamente, aceitando a taça.
— Com o que?
Ela olhou para ele.
— Por que diabos estamos bebendo champanhe ao invés de
discutir o que acabou de acontecer.
— Estamos bebendo champanhe por causa do que acabou de
acontecer.
— Champanhe geralmente é para comemorar algo.
Ele acenou com a cabeça em concordância.
— É.
— Hunter, nós acabamos de nos beijar. Isso não é algo para ser
celebrado.
Ele sustentou o olhar dela.
— Você tem certeza disso?
— Sim! Isso vai arruinar tudo o que temos.
— De onde eu estava vendo, não havia nada de ruinoso.
Os lábios dela se contraíram apesar de seu humor perturbado.
— Ruinoso.
Ele sorriu de volta.
— Boa palavra, não é?
Brit sentiu uma pequena pontada de alívio ao perceber que
mesmo depois do que tinha acontecido, eles ainda eram eles por
baixo de tudo.
— Talvez não tenha que ser um desastre — ela disse lentamente.
Ela falava cada vez mais rápido enquanto se aquecia com o
pensamento. — Podemos atribuir isso a único erro. Caramba, na
próxima semana provavelmente vamos rir disso, e no próximo mês
será esquecido.
Hunter estava olhando para ela enquanto ela falava. Mais
precisamente, observando sua boca.
— Não faça isso — ela sussurrou.
— Não faça o quê?
— Olhe para mim assim.
— Como?
Ela cerrou os dentes com a estupidez deliberada dele.
— Como se você quisesse... você sabe.
— Fazer aquilo de novo? — Seus olhos ergueram-se para os
dela.
— E? — ela sussurrou. — Quer?
Em vez de responder à pergunta, ele ergueu sua taça de
champanhe e a bateu contra a dela.
— Um brinde.
— Ao quê? — ela perguntou, enquanto fazia a mesma coisa que
ele e tomava um gole do espumante.
O sorriso de Hunter foi lento, deliberado e muito sexy.
— Ainda não entendi o que diabos estamos comemorando.
— Celebração preventiva — disse ele.
— Pelo que? — Ela franziu a testa quando ele tirou a taça de sua
mão e a colocou no balcão ao lado dele.
Hunter deu um passo em sua direção e a puxou contra ele.
— Por isso.
Não houve hesitação em seu beijo desta vez. Não do lado dela
também. Mesmo enquanto o cérebro dela rugia em pânico em
protesto, sua boca se agarrou à dele, suas unhas cravando-se nos
ombros dele enquanto ela tentava puxá-lo para mais perto.
— Nós não deveríamos fazer isso — ela disse em um suspiro
enquanto a boca dele se arrastava pelo pescoço dela.
— Até parece — disse ele.
— E se mudar as coisas?
— Não vai — ele disse, se afastando e encontrando os olhos
dela. — Eu me importo demais com você para perder minha melhor
amiga. Mas caramba, Brit, eu quero você. Eu te quero a um tempo.
E acho que você também quer.
Ela não disse nada, e os olhos dele brilharam com
vulnerabilidade.
— Se eu estiver errado...
— Você não está errado — disse ela, balançando a cabeça
rapidamente. — Eu estou apenas… com medo. As coisas já estão
mudando entre nós; isso as fará mudar mais.
— Talvez seja isso que precisamos? — ele perguntou, roçando
seus lábios nos dela suavemente. — Para tirar isso do nosso
sistema para que possamos voltar ao normal. Somos adultos, Brit.
Podemos fazer sexo e ter amizade se quisermos.
A mão dele deslizou ao redor de sua nuca, inclinando o rosto dela
para ele enquanto ele procurava algo em sua expressão.
— Qual vai ser?
Sexo e amizade.
Ele fez isso parecer tão simples. Talvez fosse simples. Talvez
fosse isso que descomplicasse as coisas.
Timidamente, ela pressionou os lábios nos dele, afastando-se
ligeiramente para responder à sua pergunta.
— Sexo e amizade, então.
Ele rosnou em advertência.
— Tenha certeza.
— Tenho certeza — disse Brit.
As palavras mal saíram quando a boca de Hunter se fechou com
força sobre a dela.
Como todo o resto que ele fazia, ele assumiu o comando, sua
língua acariciando corajosamente contra a dela, uma mão
segurando sua cabeça enquanto a outra deslizava em torno de suas
costas, puxando-a totalmente contra ele.
As mãos de Brit foram para o peito dele, os dedos agarrando sua
camisa enquanto ela cedia ao ataque de sentimentos, tanto físicos
quanto emocionais.
Por um lado… esse era o Hunter.
Por outro lado... esse era o Hunter.
Tudo nele parecia perfeito; tudo sobre eles juntos era certo.
Ela tinha tanta certeza de que estar com ele assim iria bagunçar
tudo, mas agora parecia o contrário. Como se eles finalmente
estivessem se encontrando depois de todo esse tempo.
A boca dele se suavizou com a dela, mesmo quando suas mãos
se tornaram mais urgentes. Seus dedos cravaram nos quadris dela,
puxando-a contra ele, antes de deslizarem para baixo de sua
camisa, deslizando sobre sua pele quente nua.
Brit fez alguns toques por conta própria, suas mãos deslizando
para baixo nos planos rígidos de seu peito e, em seguida,
deslizando sob sua camisa.
Ele gemeu quando as unhas dela arrastaram levemente sobre
seu torso, sua boca esmagando a dela em um beijo ardente.
Ele a ergueu, e ela nunca foi tão grata por seu minúsculo
apartamento, porque a cama estava maravilhosamente perto.
Em vez de deitá-la, ele a colocou no chão do lado da cama,
segurando seus olhos enquanto estendia a mão para a bainha de
sua blusa.
— Eu disse que essa era uma boa blusa — disse ele com um leve
sorriso.
Ela riu levemente.
— Parece que me lembro de um certo treinador me dizendo que
sexy era um estado de espírito.
— Ah é? — ele perguntou enquanto puxava lentamente a camisa
para cima e sobre a cabeça dela. — Você já está lá?
— Onde? — ela perguntou com uma respiração trêmula quando
ele jogou sua camisa de lado.
Hunter olhou para o rosto dela, em vez de olhar para o sutiã
agora exposto.
— Você está em um estado de espírito sexy?
— Hm...
— Isso é um não — ele murmurou. — Mas vamos mudar isso.
Ele a deitou na cama, seguindo-a até que ele estivesse meio
inclinado sobre ela, a palma da mão quente contra seu estômago.
Agora ele estava olhando para os seios dela, e ela sentiu o calor
de seu olhar tão agudamente como se ele os estivesse tocando. E
então ele os estava tocando, primeiro com um dedo gentil passando
sobre o topo, então seguindo com sua língua.
Brit disse seu nome com um suspiro enquanto os dedos dele
puxavam o tecido para baixo, sua língua encontrando seu mamilo.
No momento em que ele tirou o sutiã e abaixou a cabeça para
adorar seus seios, ela estava além de um estado de espírito sexy.
Ela estava em um estado sexy de ser.
Sentindo-se ousada de uma forma que ela não costumava se
sentir com um homem, Brit saiu de debaixo dele e o empurrou de
costas, montando em seus quadris enquanto ela olhava para ele.
Ele ergueu as sobrancelhas em um desafio gentil. Você me
pegou. E agora?
Ela mostrou a ele. Com as mãos trêmulas e um pouco de ajuda
dele, ela o despiu até o deixar de cueca.
— Tire isso — ele rosnou, puxando impacientemente o cós da
calça jeans dela enquanto ela se abaixava sobre ele mais uma vez.
Ela desobedeceu deliberadamente, inclinando-se para beijá-lo,
primeiro os lábios, depois cada centímetro do seu peito.
— Se eu soubesse o que você estava escondendo, poderia ter
sugerido que fizéssemos isso há muito tempo — disse ela,
mordiscando levemente ao longo de seu tanquinho.
A boca de Brit se abaixou, mas Hunter pegou um punhado de seu
cabelo suavemente, puxando-a para um beijo e, em seguida,
rolando-a de costas.
Por um momento, a brincadeira desapareceu quando ele segurou
seu rosto e encontrou seus olhos.
— Não deveríamos ter feito isso há muito tempo.
Brit sentiu uma pontada de dor, mas ele balançou a cabeça para
indicar que ela havia entendido mal.
— Quero dizer, estou feliz por termos esperado. Se tivéssemos
feito isso um tempo atrás, não teria sido tão bom quanto é agora.
Provando seu ponto, as mãos dele foram para a cintura dela,
desabotoando seu jeans e deslizando-o por suas pernas, segurando
seu olhar o tempo todo.
Sua calcinha era preta para combinar com o sutiã. Quando ela se
vestiu, disse a si mesma que o conjunto sexy tinha sido para ela,
mas agora ela não tinha tanta certeza. Não tinha tanta certeza de
que alguma parte dela não esperava há um tempo que ela e Hunter
acabariam assim.
Ela chutou seu jeans para longe, e ele a tocou por cima de sua
calcinha. Brit gemeu, muito excitada para ficar envergonhada.
A mão dele deslizou sob o tecido, seus dedos deslizando sobre o
ponto certo com uma precisão tão perfeita que ela se arqueou em
necessidade. Ele manteve uma mão entre suas pernas, a outra
segurando seu rosto para um beijo ardente enquanto seus dedos
acariciavam e exploravam. Ele sabia exatamente o que estava
fazendo, parecia saber do que ela precisava antes dela mesma.
Como se ele conhecesse todos os seus desejos. E talvez ele
conhecesse. Talvez essa fosse a vantagem de fazer isso com
alguém que te conhecia tão bem...
O orgasmo de Brit a pegou de surpresa, e ela gozou com um grito
que mal reconheceu como seu.
Ele descansou a testa em seu ombro por um momento, sua
respiração quase tão rápida quanto a dela.
— Camisinha — ele grunhiu. — Me fala que você tem uma.
— Mesa de cabeceira — ela conseguiu dizer, ainda ofegando por
ar.
Hunter se afastou. Ela ouviu a gaveta abrir, o barulho de uma
embalagem de camisinha. Quando ele voltou, sua cueca boxer
havia sumido e ela se permitiu olhar para ele – ele todo.
Puta merda. Ela estava vendo seu melhor amigo nu, e era bom.
Mais do que bom.
Hunter lentamente arrastou a calcinha dela por suas pernas, em
seguida, abaixou-se sobre ela, os cotovelos emoldurando seu rosto,
os dedos emaranhados em seu cabelo.
— Última chance de desistir — disse ele.
Brit manteve os olhos fixos nos dele enquanto abria mais as
pernas, depois as enrolou na cintura dele, arqueando-se em um
convite inconfundível.
— Sem arrependimentos — ele comandou enquanto se movia
para frente, deslizando para dentro dela, lentamente no início, então
mais seguramente enquanto a enchia.
— Sem arrependimentos — ela repetiu em um suspiro quando ele
empurrou totalmente para dentro.
Hunter gemeu e ficou parado por um longo momento antes de se
afastar e empurrar novamente. Mais rápido, mais forte, seus corpos
inconfundivelmente perfeitos um para o outro.
— Brit — ele disse enquanto aumentava o ritmo, suas mãos
encontrando as dela no colchão, seus dedos entrelaçados com os
dela. — Brit.
Ela gozou novamente, esse orgasmo ainda mais forte que o
anterior, e ele estava ali com ela, cantando seu nome repetidamente
enquanto seu corpo estremecia contra o dela.
Mesmo depois que acabou, ele se agarrou a ela, e ela a ele, até
que o peso dele se tornou muito grande e ela se contorceu de
desconforto.
Ele se retirou lentamente, dando um beijo em seu ombro e
rolando para fora da cama para ir ao banheiro.
Ainda incapaz de se mover, Brit ficou esparramada em sua névoa
sexual por mais alguns momentos, até que ouviu a descarga do
banheiro. Ela se sentou assim que ele saiu do banheiro.
Não deixe ser estranho, ela orou enquanto mordia o lábio. Por
favor, não deixe que isso tenha estragado tudo.
Hunter foi até a cômoda dela, impassível em sua nudez,
remexendo na gaveta, em seguida, jogando um par de roupas para
ela.
Ela olhou para a calcinha limpa e a camisa de dormir enquanto
ele vestia a cueca boxer.
Então ela ergueu os olhos.
— Essa é talvez a primeira vez que um cara tenta me vestir
depois do sexo.
— Vantagens de fazer sexo com seu melhor amigo — disse ele
com um sorriso. — A menos, é claro, que você geralmente durma
nua, nesse caso não tenho nenhuma objeção.
— Cavalheiro da sua parte — ela respondeu, puxando a camisa
sobre a cabeça e colocando a calcinha.
— Foi o que pensei.
Ela esperava que ele colocasse sua calça jeans e camisa, mas
em vez disso ele foi para a cama, puxando as cobertas e deslizando
por baixo delas.
— Hm...
— Outra vantagem de dormir com seu melhor amigo — explicou
ele. — Não temos que fazer aquela dança estranha de descobrir
como tirar a outra pessoa de nossos apartamentos.
Ele olhou para ela em busca de confirmação, mas ela não disse
nada.
— Certo?
— Não é estranho — disse ela, mais para si mesma do que para
ele. — Por que?
— Eu te disse. Porque somos adultos e os adultos podem
escolher ser amigos e amantes.
— Por quanto tempo?
— Por quanto tempo o quê?
— Somos amantes? — ela perguntou. — Coisa de uma vez só?
Ele passou a mão pelo cabelo e saiu da cama novamente,
pegando o champanhe do balcão da cozinha e levando as taças
para a cama.
— Antes de fazermos sexo, eu pensei que sim. Achei que uma
vez só iria tirar isso do nosso sistema.
Ela pegou a taça de vinho que ele estendeu.
— E agora?
Ele tomou um gole do vinho espumante e a estudou.
— Agora? Não acho que esteja nem remotamente fora do meu
sistema.
Ela sorriu, e ela sabia que não era o sorriso tímido de uma mulher
fingindo ser legal, mas o sorriso tonto de uma garota descobrindo
que o garoto de quem ela gostava também gostava dela.
Pelo menos ela tinha certeza.
— Podemos assistir TV agora ou precisamos ter uma conversa
constrangedora? — ele perguntou.
Ela deslizou para o pé da cama, encostando-se nas cobertas e
deslizando as pernas por baixo enquanto dava tapinhas ao lado
dela.
— Fica. Mas é minha vez de escolher o filme.
Ele deu um suspiro dramático, mas subiu na cama ao lado dela.
Juntos, eles beberam prosecco e assistiram a um filme de
desastre cafona, mas divertido, sobre o fim do mundo. Foi como um
milhão de noites antes, e ainda assim Brit continuava esperando
que fosse diferente. Ficou esperando o momento de horror quando
percebesse exatamente o que ela e Hunter haviam feito. Quando
ela registrasse o constrangimento pelo fato de suas roupas estarem
espalhadas por todo o quarto, seus corpos ainda levemente
corados.
O horror nunca veio. Foi como antes. Exceto que ela continuou
sorrindo mais do que normalmente sorria.
E ele ficava olhando para ela.
E quando desligaram a TV para dormir, desta vez não havia
travesseiro entre eles.
Capítulo Dezoito
Acordando na manhã seguinte, Hunter imediatamente registrou que
não estava em sua própria cama, e seu primeiro pensamento foi de
pavor. Ele fazia questão de não ficar na casa de uma mulher depois
do sexo.
Dormir ao lado de alguém de alguma forma parecia mais íntimo
do que dormir com essa pessoa no sentido carnal da frase.
Então a névoa do sono começou a passar e ele percebeu que
reconhecia o teto. A cama. O cômodo.
A mulher.
Lentamente, Hunter virou a cabeça para onde Brit dormia ao lado
dele. Ela estava de lado, de frente para ele, o edredom enrolado em
volta da cintura, mas os lençóis puxados para cima, dobrados sob o
queixo. Como se ela tivesse ficado com calor no meio da noite e
empurrado as cobertas, apenas para mudar de ideia e puxar uma
das camadas.
Seus lábios estavam ligeiramente separados, seu cabelo uma
bagunça.
Ela estava linda.
Com cuidado, para não acordá-la, ele rolou para ficar de lado.
Estritamente falando, ver alguém dormir era um pouco assustador,
mas esse era outro benefício de dormir com a sua melhor amiga.
Ela não o classificaria como um esquisitão total se ela acordasse e o
pegasse olhando. Pelo menos, ele achava
Enquanto ouvia o ritmo constante da respiração dela, o ocasional
suspiro sonolento, como se ela estivesse no meio de um sonho, ele
esperou pelo pânico. A sensação de que cometeram um erro
terrível, de que nada mais seria o mesmo.
Nenhum pânico veio.
Claro, talvez as coisas não seriam exatamente como eram, mas
ele não trocaria a noite anterior por nada.
De todas as mulheres com quem ele dormiu – e embora ele não
fosse um pegador, havia algumas – ele nunca realmente pensou
muito sobre o sexo ser outra coisa senão… sexo.
A noite anterior foi diferente. Significou algo, de alguma forma.
Se havia alguma coisa o assustando, era o fato de que ele não
queria que a noite passada fosse apenas a noite passada.
Ele queria mais.
Brit se moveu, se mexendo sob as cobertas antes de abrir os
olhos.
Ela piscou para ele. Lentamente no início, de uma forma
indiferente que dizia ah, é o Hunter, então mais rápido, ele imaginou
que assim que os eventos da noite passada a estavam alcançando.
Ele deslizou um braço sob o travesseiro e sorriu para ela.
— Ei.
Ela apenas olhou para ele.
— Você estava me observando dormir?
— Talvez. Muito estranho?
— Super estranho — disse ela, rolando de costas e se
espreguiçando.
Para seu alívio, ela não parecia nem um pouco assustada. Em
vez disso, parecia a manhã do fim de semana passado, quando ele
dormiu com ela platonicamente. E embora aquelas manhãs tinham
sido boas... Hunter descobriu que não estava muito interessado em
nada platônico no momento.
Não quando o alongamento dela fez com que ela arqueasse
ligeiramente as costas e ele tivesse certeza de que podia ver o
contorno do mamilo, mesmo através das camadas do lençol e da
camisa.
Ou talvez fosse uma ilusão.
Talvez eu tenha que descobrir.
Com sua metade inferior totalmente acordada agora, Hunter
estendeu a mão em direção a ela.
Brit bateu nela com uma expressão alarmada.
— O que diabos você está fazendo?
O estômago de Hunter caiu um pouco. Talvez ele tivesse
interpretado errado. Talvez ela estivesse se arrependendo da noite
passada.
Ou talvez ela simplesmente não estivesse interessada em repetir.
O pensamento era... chocante. Decepcionante. Um pouco
esmagador, para ser totalmente honesto.
Ele cuidadosamente escondeu tudo isso enquanto puxava sua
mão de volta.
— Perdão.
— Você acha? — ela disse com uma risada. — Eu não sei com
que tipo de mulher você fica, mas fazer alguma coisa antes da hora
de escovar os dentes é um sério não-não para mim. Duvido que até
Marilyn pudesse se sentir sexy antes de escovar os dentes.
Hunter sentiu uma onda de esperança. Bem, se fosse por isso...
Ele deslizou para fora da cama e foi direto para o banheiro. Um
momento depois ele voltou, armado com duas escovas de dente,
ambas prontas com pasta de menta.
Ela estava sentada agora, rindo.
— Você não pode estar falando sério...
Ele enfiou a escova de dente na boca dela e depois colocou a
outra na dele.
Ela ficou quieta, então balançou a cabeça e começou a escovar.
— Onde você conseguiu isso? — ela perguntou com a boca cheia
de espuma, acenando para a escova dele.
— Debaixo de sua pia. Não estava aberta; imaginei que estava
disponível para pegar.
Brit revirou os olhos.
Por um minuto houve apenas o som da tarefa matinal mundana,
mas saber o que viria depois dela – com sorte – era tudo menos
mundano.
Brit pegou seu olhar, então sorriu quase timidamente. Ele sorriu
de volta, menos tímido, e um momento depois os dois estavam
sorrindo em torno de escovas de dente com espumas como duas
crianças apaixona...
Não. Ele não estava indo lá.
Ele recuou para o banheiro, e ela o seguiu, cuspindo e
enxaguando descaradamente, e Hunter sentiu uma estranha
sensação de alívio por ela ainda estar confortável o suficiente perto
dele para fazer isso.
Ela fez uma pausa no processo de enxugar o rosto com a toalha.
— Por que você está olhando assim para mim?
Porque eu te adoro. Eu adoro isso.
Em vez de dizer isso, ele deu um passo em direção a ela,
deslizando os dedos sob sua mandíbula, inclinando seu rosto para
cima com o polegar antes de abaixar os lábios nos dela.
O beijo foi lento e lânguido, mas não menos apaixonado.
Sua pele ainda estava quente do sono enquanto ele passava as
mãos sobre ela, tocando tudo o que podia alcançar. Braços, seios,
até a cintura, segurando sua bunda perfeita e puxando-a contra ele.
Ela gemeu quando ele arrastou a ponta do polegar sobre seu
mamilo, e ele a empurrou contra a parede, menos lânguida agora
enquanto levantava sua camisa, expondo seus seios as mãos dele,
sua boca.
— Hunter — Brit disse com um suspiro quando ele fechou os
lábios sobre seu mamilo.
Os dedos dela se enrolaram no cabelo dele, puxando-o para perto
enquanto sua língua brincava com o seio dela.
Incentivado por sua respiração ofegante, Hunter lentamente se
abaixou de joelhos, deslizando para baixo por seu estômago
enquanto seus dedos enrolavam em sua calcinha.
Ela endureceu, os dedos em seu cabelo menos gentis agora,
puxando-o para cima.
Ele olhou para cima em dúvida, e ela se encolheu um pouco de
vergonha.
— Não quero ser aquela garota exigente e puritana, mas não
estou de banho tomado e...
Hunter entendeu imediatamente. Levantando-se, ele agarrou a
mão dela e puxou-a em direção à banheira, abrindo a torneira.
— Espera — ela disse em uma risada. — Eu não quis dizer...
Ele ignorou seu protesto, segurando-a perto com uma mão,
testando a temperatura do fluxo da água. Quando estava quente,
ele a virou de costas com um sorriso deliberadamente perverso.
— Braços para cima.
Com seus protestos abandonados, ela fez o que ele exigiu. Ele
arrastou a camisa sobre a cabeça dela e atirou-a na direção do
cesto.
Hunter se livrou de sua cueca boxer enquanto ela tirava a
calcinha. Brit hesitou apenas um pouco antes de pegar a mão dele
estendida e entrar com cuidado na banheira.
— Eu tenho que te falar — ela disse, virando-se para ele
enquanto ele a seguia, fechando a cortina atrás dele. — Eu nunca
fiz isso antes.
— Tomou banho? — ele disse, impassível.
Ela riu.
— Não, quero dizer, tomei banho com alguém.
— Encantado em ser o primeiro — ele disse com voz rouca,
colocando as mãos em sua cintura e puxando-a para um beijo.
Embora quisesse tocá-la por inteiro, saboreá-la por completo, ele
se satisfez envolvendo os braços em volta dela e puxando-a para
mais perto dele, roçando os lábios em sua boca uma e outra vez até
que todos os vestígios de timidez a deixassem.
Os braços de Brit se levantaram, indo para ao redor do pescoço
dele, e ela o beijou de volta com ardor descarado.
Algum dia, Hunter prometeu a si mesmo enquanto eles se
beijavam apaixonadamente, ele levaria essa mulher para tomar
banho em um resort de luxo. Algo com espaço de sobra, vários
chuveiros, talvez algum tipo de assento para atos perversos.
Por enquanto, ele fez o melhor que pôde com o tamanho padrão
da banheira, tocando cada parte dela que podia alcançar, sua pele
se tornando cada vez mais quente enquanto a água quente jorrava
sobre eles.
Hunter a inclinou para trás, sua boca adorando os seios dela
enquanto a palma da mão deslizava por sua coxa até que ele a
encontrou, quente e úmida.
Ela ofegou quando um dedo deslizou dentro dela, choramingou
quando os dentes dele beliscaram levemente seu mamilo.
— Hunter.
Aqui. Estou aqui. Os quadris dela começaram a se mover contra a
mão dele, e ele acrescentou um segundo dedo, o polegar
encontrando seu clitóris e circulando.
Os dedos dela agarraram-se aos braços dele, as unhas cravandose desesperadamente em seus bíceps.
— Goze — ele disse contra a ponta de seu seio. — Goze, Brit.
Ela fez o que ele mandou, montando nos dedos dele enquanto
roçava em sua mão com pequenos gritos de prazer.
Ele levou seu tempo para trazê-la de volta, não a soltando até que
ela parasse de tremer.
Hunter se endireitou e ela estendeu a mão para ele, uma mão
deslizando em seu peito, abaixo de sua cintura. Ele capturou os
dedos dela e os beijou com um sorriso.
— Você não tem ideia do quanto eu quero suas mãos em mim,
mas primeiro...
Ele estendeu a mão para sua bucha e sabonete líquido,
estremecendo um pouco.
— Prometa que não vai contar a ninguém no trabalho que usei
uma bucha rosa.
Ela riu.
— Hum, tenho quase certeza de que não devíamos contar a
ninguém no trabalho sobre isso, chefe.
Ah, certo. Isso.
Ele lidaria com isso na segunda-feira. Ele lidaria com tudo isso na
segunda-feira.
Por enquanto, ele se contentou em colocar um pouco de
sabonete líquido na bucha e lavar cada centímetro dela.
Ela retribuiu o favor, ignorando seus protestos de que o gel de
banho cheirava a rosas.
— É gardênia — ela disse enquanto o virava e começava a lavar
suas costas. — E é bom. Aposto que Lincoln gostaria.
Ele deu a ela um olhar sombrio por cima do ombro.
— Será que eu quero saber por que você está pensando em
Mathis enquanto estamos nus no chuveiro?
— Estou só dizendo. Ele não protesta por causa de coisas boas.
— Porque ele é como uma velha presa no corpo de Clark Kent —
Hunter resmungou.
Ela riu, o som o fez sorrir. Poucos minutos depois, ele a beijou e
lavou seu cabelo. Uma novidade para ele, e uma tarefa
surpreendentemente sexy, pelo menos até ela começar a ficar
autoritária sobre o processo de condicionamento. Ele a beijou para
calá-la e então lavou o próprio cabelo – rapidamente – porque ele
não aguentava muito mais ficar nu com ela sem estar dentro dela.
Desligando a água, ele pegou uma toalha, secando-a primeiro,
depois a si mesmo. Brit começou a pegar um pente ao lado da pia,
mas Hunter o agarrou de sua mão e jogou de volta para baixo.
— Ei! Eu preciso de...
Ele a pegou em seus braços e a carregou para fora do banheiro.
— Mim — ele disse para ela enquanto a deitava na cama. —
Você precisa de mim.
Hunter começou a esticar o braço para ela, mas parou, sentindose repentinamente inseguro.
— Certo?
Por favor?
O olhar de Brit olhar ficou suava e ela tocou o cabelo molhado na
têmpora dele.
— Sim. Sim, eu preciso de você.
Ele rosnou em satisfação masculina primitiva, e desta vez quando
ele se ajoelhou, ele estava determinado a não ser interrompido.
E ela nem mesmo tentou, deixando-o puxá-la para a beira da
cama. Deixando-o separar as pernas longas, acomodando-se entre
suas coxas lisas. Ela choramingou quando a língua dele deslizou
sobre ela, a cabeça caindo para trás enquanto ela colocava a mão
na nuca dele, segurando-o perto.
Ele a explorou lentamente, aprendendo do que ela gostava,
descobrindo exatamente o que ela precisava; então ele se
estabeleceu em um ritmo implacável e sem remorso até que ela se
desmoronou contra a boca dele.
Brit caiu para trás fracamente na cama enquanto ele se levantava.
Ele se deitou ao lado dela, acariciando a barriga dela com a mão até
que ela abriu os olhos e deu a ele um olhar tímido.
— Bem...
Ele sorriu.
— Bem...
Hunter rolou de costas, puxando-a com ele, seus seios macios
contra o seu peito, as pernas dela dos lados da sua cintura.
Ela se aninhou no pescoço dele enquanto girava seus quadris
contra seu pau, e ele gemeu, espalhando as mãos nas costas dela.
Brit se afastou apenas o suficiente para pegar uma camisinha na
gaveta da mesinha de cabeceira, e então ela o rolou sobre ele em
um movimento suave que quase o fez gozar ali mesmo como um
menino no ensino médio prestes a explodir.
Então ela se abaixou sobre ele, a mão dela o guiando em seu
calor quente, e ele sabia que não duraria muito. Não com o gosto
dela ainda em seus lábios, não com os seios dela saltando
sedutoramente na frente de seu rosto. Não com ela montando nele
cada vez mais rápido...
Hunter gritou enquanto perdia todo o controle, seus quadris
empurrando para cima, os dedos agarrando-se a ela enquanto ela o
levava ao limite como uma espécie de sereia sexual feita para seu
prazer, e só dele.
Quando ele finalmente parou de tremer, quando ele finalmente
conseguiu pensar de novo, Brit se afastou dele, aconchegando-se
ao seu lado antes de beijar seu ombro.
Ele ainda estava muito atordoado para fazer muito mais do que
roçar os lábios contra o cabelo dela e puxá-la para perto.
O braço de Brit envolveu sua cintura, o gesto casual e
possessivo, e... certo.
Ele não sabia quanto tempo eles ficaram lá. Achou que eles
podem ter adormecido, talvez não.
Só quando percebeu o incômodo da camisinha é que se obrigou a
se levantar, indo ao banheiro cuidar dos negócios.
Quando ele saiu, ela estava remexendo em sua cômoda atrás de
roupas limpas, sua bunda perfeitamente em forma de coração e o
deixando duro novamente.
Ela se virou e riu ao ver sua expressão acalorada.
— Nem pense nisso — disse ela. — Eu preciso de café e preciso
agora.
Hunter poderia usar um pouco de cafeína, então ele pegou sua
boxer no banheiro, se sentou no balcão e observou enquanto ela
puxava a caixa de cápsulas para sua cafeteira chique.
Ela entregou-lhe a primeira xícara e ele sorriu em agradecimento.
Um minuto depois, ela se juntou a ele no balcão com sua própria
caneca e uma garrafa de creme de baunilha.
— Então — ela disse, tomando um gole.
Ele tomou um gole de café e olhou para ela.
— E agora?
E agora? Eles conversavam sobre isso? Terminavam? Juravam
que não iria acontecer de novo? Concordavam que isso aconteceria
novamente, mas sem compromisso? Ele dava o fora daqui antes
que turvassem as águas ainda mais do que já haviam feito?
Ou...
Ele olhou para sua caneca e encolheu os ombros casualmente.
— Quão cheio é aquele restaurante na esquina nos fins de
semana? Aquele com rabanada de amêndoa.
Ele sentiu que ela o estudava.
— Você quer ir para o brunch?
— Precisamos comer, não é? — ele perguntou, encontrando o
olhar dela.
O momento era cheio de significado. Compartilhar uma refeição
era uma coisa. Compartilhar uma refeição após sexo, especialmente
sexo matinal, era outra. E ambos sabiam disso.
Ele sentiu uma onda repentina de vergonha e desconforto. Meu
Deus, e se ela apenas quisesse que ele saísse de seu apartamento
para que ela pudesse passar o seu fim de semana sozinha? E se...
— Sim — disse Brit, dando-lhe um sorriso feliz. — Brunch soa
ótimo.
Capítulo Dezenove
Na noite de domingo, Brit se sentou de pernas cruzadas no sofá de
Hunter com uma caixa de frango chow mein em uma mão e uma
taça de chardonnay na outra.
Metade de sua atenção estava no jogo de futebol, a outra metade
no homem assistindo ao jogo de futebol.
Não, isso era mentira. A divisão estava mais como 10-90.
Ela nem gostava de futebol americano. Mas ela realmente
gostava do homem ao lado dela.
Hunter deu uma mordida no rolinho primavera, sem tirar os olhos
da tela.
— Por que você está me encarando?
— Você me encara enquanto eu durmo — ela respondeu, sem se
preocupar em negar. — Acho que estamos quites.
— É justo. — Ele se virou para ela e estendeu o rolinho
primavera. — Quer uma mordida?
Ela se inclinou para frente e deu uma mordida no rolinho na mão
dele. Algo que ela não tinha certeza se teria feito... antes. Em vez de
parecer assustado com a familiaridade de compartilhar comida,
Hunter colocou o resto do rolinho na boca e se virou para a TV.
Brit não se importou. Hunter sempre foi um ávido fã de futebol
americano, e a agradava que ele ainda se sentisse confortável o
suficiente perto dela para abraçar seu amado esporte.
Era a mesma razão que ela não tinha pensado em não ir para sua
aula regular de spinning de domingo, a mesma razão que não a
incomodou nem um pouco quando ela voltou para seu apartamento
toda suada e o encontrou ainda lá. E ela realmente não se importou
em repetir o banho de ontem.
Ele não pareceu se importar quando, depois da matinê, ela fez
seu telefonema regular de domingo para os pais dela no
apartamento dele, já que era perto do cinema. Ele até tirou o
telefone da mão dela para encantar sua mãe, o que normalmente
teria sido gentil da parte dele, mas, dada a mudança no
relacionamento deles neste fim de semana, quase derreteu o
coração dela.
Foi bom, ela percebeu. Bom poder fazer sexo com um homem
sem qualquer constrangimento. Ainda melhor ser capaz de pular
para aquele ponto no relacionamento onde suas respectivas vidas
meio que se juntam em uma mistura de união, com os interesses e
anomalias um do outro perfeitamente preservados.
Foi bom e ainda assim...
Brit não tinha ideia do que aconteceria depois.
Além da aula de spinning, eles não haviam passado muito tempo
separados desde a primeira vez que dormiram juntos na noite de
sexta-feira. Isso em si era diferente. Eles passaram o fim de semana
juntos antes, mas não todo o fim de semana.
E certamente não haviam passado o fim de semana nus como
nos últimos dias.
Até agora, eles estavam basicamente arrasando na área de
amigos e amantes. Mas por quanto tempo?
Ela não sabia. E ela definitivamente não sabia como perguntar.
Seria uma conversa confusa se eles fossem apenas amigos que
dormiram juntos.
Mas eles também eram colegas de trabalho que dormiram juntos.
Caramba, eles eram um chefe e subordinada.
A manhã de segunda-feira de repente surgiu em seu futuro
próximo, estranha e assustadora.
Brit respirou fundo e colocou seu chow mein na mesa, com a
intenção de terminar sua taça de vinho e voltar para casa – sozinha
– para organizar seus pensamentos.
Hunter a surpreendeu pegando o controle remoto e desligando a
TV, embora não estivesse passando um comercial.
Ela olhou para ele.
— Não aguenta assistir seu time perder?
O canto da boca dele se ergueu.
— Eles estavam na frente por vinte e um pontos.
— Oh.
— Prestando atenção, não estava?
— Eu nunca disse amar futebol americano.
— Verdade. — Ele se virou para ela mais completamente. — Mas
você geralmente sabe quando os Chiefs estão perdendo ou
ganhando.
— Hum, só porque você geralmente grunhe, Vai, Chiefs, pelo
menos uma vez a cada dez minutos, então eu tenho alguma dica.
Ele riu da imitação dela de um homem grunhindo.
— É assim que você acha que eu falo?
— É assim que você fala. — Ela tomou outro gole de vinho. —
Você já pensou em mudar de times?
— Para qual?
— Bem, você está em Nova York, o quê... dez anos agora? A
maior parte de sua vida adulta. E ainda assim você torce para um
time do Kansas City.
Ele colocou a mão sobre o coração como se estivesse magoado.
— A dedicação de um homem a seu time não muda com sua
localização física, Robbins.
— Acho que isso é inteligente — disse ela. — Porque então, se
você voltasse, teria que trocar de novo e ficaria uma bagunça.
— Exatamente. Talvez se eu pretendesse ficar em Nova York para
sempre, teria considerado mudar minha lealdade para os Jets.
Assim eu poderia assistir a um jogo ao vivo do meu time mais de
uma vez por temporada. Mas...
— Mas você vai voltar — ela terminou por ele. — Para Kansas
City.
Ele pegou sua taça de vinho da mesa.
— Algum dia. Sim.
Algum dia... em breve?
De repente, a resposta pareceu mais importante do que nunca,
embora ela tivesse quase certeza de que não iria gostar.
Ela o tinha visto com sua família. Ele sentia falta deles. Eles
sentiam falta dele.
Brit também sentia falta dos pais, mas era diferente. Michigan
tinha deixado de sentir como sua casa no segundo que ela foi
embora. E seus pais, embora amáveis, nunca pareceram considerar
que ela voltaria, muito menos a pressionaram a voltar.
Pelo que ela já viu, a família Cross funcionava de forma diferente
– melhor juntos, de alguma forma. E Hunter era uma parte crucial do
clã.
— Você vai me dizer o que está acontecendo? — ele perguntou,
pegando o chow mein que ela havia colocado de lado e enchendo a
boca com os hashis que ela havia deixado no recipiente.
Brit soltou um suspiro.
— O que acontece amanhã?
Ele mastigou e engoliu.
— Bem, espero que você acorde por volta das seis. Lentamente,
e um pouco mal-humorada, se o que vi recentemente for alguma
indicação. Você comerá aquele cereal de comida de pássaro
nojento que parece gostar. Tomará banho, embora provavelmente
não seja tão agradável quanto o banho de hoje...
— Hunter. Fala sério. Estou pirando um pouco aqui. Nós
trabalhamos juntos.
Ele colocou a comida chinesa de lado e se aproximou dela no
sofá, pegando uma mecha de seu cabelo em um movimento que foi
tão inesperadamente de namorado que ela sentiu seu coração
apertar.
— Falar sério — ele repetiu. — Ok. Bem, é segunda-feira.
Teremos nossa reunião de equipe. Provavelmente será chato pra
caramba.
— É a sua reunião, chefe — ela ressaltou.
— Bem, se você tiver alguma sugestão sobre como deixar as
estatísticas de tempo de inatividade do site da semana passada
mais interessantes...
— Donuts? — ela perguntou esperançosa.
Ele revirou os olhos.
— Viu? Você ainda está focada no café da manhã frito e
açucarado, assim como da última vez. Eu não acho que mudou
muito.
— Só que mudou — ela disse. — Eu sei que concordamos em ser
amigos e amantes, mas isso foi apenas uma vez. Certo?
— Não foi apenas uma vez se me lembro bem. — Ele deu um
sorriso perigoso, os olhos fixos em sua própria mão, onde esfregou
o polegar contra os fios loiros claros dela.
— Você sabe o que eu quero dizer. Um fim de semana. E tem
sido incrível, mas continuo pensando que talvez devêssemos parar
enquanto estamos bem. Tudo está bem agora.
— Então, quem pode dizer que não vai ser melhor se
continuarmos assim?
Ela se virou para encará-lo mais completamente e ele soltou seu
cabelo.
— Você é meu chefe, Hunter. Estou bem sendo aquela garota que
dormiu com seu melhor amigo. Eu não estou bem sendo a mulher
que dorme com o chefe dela.
— Ninguém precisa saber.
— Sim, as pessoas de Oxford são tão boas em cuidar das suas
próprias vidas. Além disso, a esposa do nosso chefe nos pegou nos
beijando.
Ele passou a mão pelo rosto.
— Cassidy não vai se importar. Tecnicamente, Emma estava se
reportando a ele quando eles ficaram.
— Sim, mas nós não somos eles — ela disse suavemente. —
Eles tiveram uma década de história antes.
— Ei, nós temos alguns anos disso também — disse Hunter,
parecendo inesperadamente magoado com seu comentário.
— Sim, mas como amigos. Eles eram... — Ela acenou com a
mão. — O que quer que fossem. Almas gêmeas.
Ele abriu a boca e fechou-a.
— Sim. Você está certa. Foi diferente.
Ela deveria ter ficado satisfeita com sua resposta. Ela adorava
estar certa.
Mas feliz não era o que ela estava sentindo agora.
— Talvez seja esse o motivo pelo qual as pessoas não fazem isso
— disse ela, gesticulando entre eles.
— Odeio dizer a você, mas as pessoas têm feito isso desde o
início dos tempos.
— Sim, mas não somos uma ficada sem compromisso, e também
não estamos namorando.
Estamos?
Ela não fez a pergunta em voz alta, mas ficou lá mesmo assim,
incômoda, estranha e, ainda assim, necessária.
— Não — ele disse calmamente. — Não estamos.
Ela assentiu, a afirmação deixando-a um pouco mais melancólica
do que esperava.
— Estamos de acordo com isso, certo? — Hunter perguntou,
chegando mais perto, inclinando o rosto dela para cima. A
expressão de pânico no rosto dele a fez sorrir ligeiramente.
— Estamos. Eu não aguentaria se tentássemos namorar e
fracassássemos. Dormir juntos, acho que podemos sobreviver
relativamente ilesos, mas romance...
— É mais complicado — disse ele.
Brit assentiu.
— Estou pensando que mesmo que isso tenha sido divertido,
talvez deixemos isso neste fim de semana. Antes que as coisas
fiquem tão emaranhadas que não possamos desembaraçá-las.
— Concordo — ele disse depois de um momento. — E quanto ao
seu grande plano de sedução? Onde estamos com isso?
Por um segundo, ela não teve ideia do que ele estava falando. O
plano era a última coisa em sua mente no fim de semana passado.
Então tudo voltou correndo para ela... A razão pela qual as coisas
mudaram entre Hunter e ela foi que ela pediu a ele para ensiná-la a
seduzir.
— Bem, já que ainda estou terrivelmente solteira, acho que o
plano ainda está em andamento — disse ela, forçando a leveza em
sua voz. — Por mais útil que você seja no chuveiro, essas suas
mãos boas não serão muito boas para mim no que diz respeito ao
casamento e aos bebês.
— Sabe, me ocorre que devo ser um professor muito bom —
Hunter meditou, seu polegar deslizando sobre os lábios dela.
— É? — Ela tocou com a ponta da língua a ponta do polegar dele
fugazmente, acidentalmente de propósito, e os olhos dele se
estreitaram.
— Você me contratou para te ensinar como seduzir um homem —
disse ele com voz rouca. — Eu diria que fiz exatamente isso.
— Sim. Jon da festa parecia muito encantado.
Seus dedos se apertaram levemente contra o rosto dela, e então
ele piscou surpreso como se com sua própria reação.
O sorriso dele foi fugaz.
— Não de quem eu estava falando.
— Eu sei — ela sussurrou, inclinando-se para ele e pressionando
sua boca na dele.
— Pensei que não íamos mais fazer isso — disse ele, mesmo
enquanto a puxava sobre seu colo.
— Não depois desse fim de semana — disse ela, deslizando os
braços em volta do pescoço dele. — Mas ainda é fim de semana.
— É mesmo — ele disse, puxando a cabeça dela para baixo para
um beijo tão assumidamente desejoso que a deixou sem fôlego.
Mesmo que uma pequena parte da mente dela quisesse
desacelerar, fazer esse momento final com Hunter durar, seu corpo
tinha outros planos.
Hunter também. Ele não foi bruto, mas não havia nem um pouco
de sua gentileza usual. Ele assumiu o controle, suas mãos exigindo
enquanto ele despia as roupas de ambos.
Brit começou a montá-lo novamente, mas ele a empurrou de
costas no sofá.
Hunter a beijou com força.
As mãos dele percorrendo o corpo dela como se estivesse
memorizando cada centímetro.
A boca dele seduziu. Os lábios dela, o pescoço, a pele sensível
logo atrás de sua orelha. Avidamente, os lábios dele encontraram
seu mamilo, e ele soltou um gemido de satisfação enquanto
chupava.
Seus dedos deslizaram entre as pernas dela e ela arfou,
arqueando-se. Ele deu a ela, primeiro um dedo, depois outro, até
que ela estava implorando por liberação. Implorando por ele.
Ela esticou o braço para baixo e o encontrou quente e duro em
sua palma. O acariciando.
Hunter rosnou e se afastou dela.
— Camisinha.
Ele se foi, mas voltou em um segundo, rasgando a embalagem
com os dentes antes de puxá-la para cima, guiando-a para ficar de
frente para as costas do sofá.
Com as mãos nos quadris dela, ele empurrou dentro dela com
tanta força que ela gritou, suas mãos encontrando o encosto do sofá
e se agarrando.
Hunter deu um beijo em seu ombro, mas ele não suavizou seus
movimentos, e Brit não queria que ele fizesse isso. Foi bom entre
eles todas as vezes, mas dessa vez era diferente. Não houve
exploração delicada, nenhum traço de hesitação ou cuidado.
Era bruto e um pouco desesperado, como se seus corpos
estivessem agindo de acordo com o que suas mentes não queriam
aceitar – que essa era a última vez.
Brit estava chegando no limite antes mesmo da mão dele deslizar
para frente dela, seus dedos encontrando e circulando o local exato
para desencadear seu orgasmo.
Ela choramingou quando gozou, mas quando ela estava caindo
para frente, o braço de Hunter envolveu seu peito, puxando-a contra
ele, o hálito quente dele em seu pescoço.
Brit virou a cabeça levemente, um braço indo atrás dela para se
segurar os cabelos de Hunter, seus dentes encontrando o lóbulo da
orelha dele, mordendo.
Hunter se lançou contra ela com um rugido, seu braço apertando
em seu peito enquanto ele a apertava contra ele, os quadris batendo
nos dela de novo e de novo.
Ela aceitou tudo. Abraçou tudo, saboreando que seu desespero e
necessidade correspondessem aos dela.
Finalmente, os músculos do braço dele relaxaram ligeiramente
para que ela pudesse desabar com as pernas trêmulas no sofá.
Hunter foi ao banheiro. Quando ele voltou, ela se forçou a sentarse, pretendendo pegar as roupas.
Ele se abaixou e a pegou no colo facilmente, apesar do fato de
que ela não era uma minúscula mulher, e a carregou para a cama
dele.
Hunter a deitou, puxou as cobertas e acenou com a cabeça para
que ela rastejasse para baixo. Ela fez isso, e ele se juntou a ela, o
peito contra as costas dela na velha posição de conchinha.
— Hunter. — Sua voz era suave.
— Hmm?
— Nós realmente fizemos isso menos de dez minutos depois de
comer comida chinesa?
Ele riu suavemente.
— Uma das minhas táticas sexuais mais ousadas.
Eles ficaram em silêncio por mais um tempo, e ela se mexeu
quando sentiu as pálpebras ficando pesadas.
— Eu não posso ficar aqui.
— Por que não? — ele murmurou sonolento.
— Porque amanhã é segunda-feira. Não tenho nenhuma das
minhas roupas de trabalho aqui.
— Então pegue elas de manhã.
— Eu não vou fazer a caminhada da vergonha do seu
apartamento. Além do mais, eu teria que sair de madrugada para
conseguir chegar no trabalho a tempo daquela reunião idiota. — Ela
fez uma pausa e olhou para ele por cima do ombro. — A não ser
que eu possa faltar à reunião.
Hunter sorriu sem abrir os olhos.
— Não.
Ela suspirou.
— E eu pensei que ia ter vantagens em dormir com o chefe.
— É esse o motivo pelo qual você fez isso, né? Para fugir daquela
reunião.
— O único motivo — ela mentiu com um sorriso. — Agora que sei
que não funcionou, terei de declarar meu corpo fora dos limites.
— A partir de amanhã, certo? — A mão dele deslizou para o seio
dela.
Brit suspirou. Ela teria jurado que não tinha mais um grama de
energia sexual nela, mas...
Hunter beliscou seu mamilo levemente.
Ela rolou na direção dele.
— Sim. Começando amanhã.
Capítulo Vinte
— O que diabos você pensa que está fazendo?
Hunter não tirou os olhos do laptop quando Cassidy entrou em
seu escritório.
— Anotando nossas estatísticas semanais para a apresentação
desta tarde. Como você pediu. — Hunter manteve os olhos na tela.
Seu chefe fechou a porta com um pouco mais de força do que o
controle padrão de Cassidy permitia.
— Não é disso que estou falando, e você sabe muito bem.
Hunter cerrou os dentes apenas por um momento para evitar se
exaltar já que, embora Cassidy fosse de fato seu chefe em questões
de trabalho, ele não tinha autoridade na vida pessoal de Hunter.
Porque não havia dúvida na mente de Hunter sobre o que
Cassidy queria discutir. Sobre quem ele queria discutir.
Mesmo assim, ele entendeu que seu amigo tinha boas intenções,
então ele girou sua cadeira em direção a Cassidy e sorriu o mais
benignamente que pôde.
— Então, suponho que você e Emma conversaram — disse
Hunter.
— Você quer dizer se minha esposa e eu tivemos uma discussão
sobre dois de meus funcionários tendo a língua na garganta um do
outro? Sim.
Hunter tirou os óculos e os dobrou com cuidado, colocando-os
dentro da caixa.
— E?
Cassidy fechou os olhos por um momento, depois inclinou a
cabeça para trás e olhou para o teto. Quando ele olhou para Hunter
novamente, seus olhos verdes estavam afiados como laser.
— Não gosto de confraternização entre os meus funcionários.
Hunter não conseguiu conter a risada incrédula.
— Sério? Seu escritório nada mais é do que uma grande
confraternização.
Cassidy cruzou os braços.
— Evidentemente, Oxford parece ser um foco de envolvimentos
românticos. Mas isso é diferente.
— Por que?
— Porque é você e a Brit — disse Cassidy. — Eu não deveria ter
que dizer a você que...
— O quê? — Hunter disse em um desafio.
Cassidy coçou a bochecha.
— Há pessoas achando que já estava na hora. Mas eu achava
que você tinha mais bom senso e não mexeria com ela.
— Eu a beijei. Admito que é complicado, já que ela é minha
subordinada direta, mas como isso é mexer com ela?
— Então parou por aí? Com o beijo?
Os olhos de Hunter se estreitaram.
— Cassidy. Gosto de você como amigo, respeito você como
chefe, mas isso não é da sua conta.
— Eu sabia — disse Cassidy com um suspiro. — Você dormiu
com ela. Então, vocês são… um casal?
— De novo, não é da sua conta, mas se isso vai fazer você calar
a boca, não. Nós não estamos namorando. Foi apenas… sexo.
Entre amigos.
Cassidy olhou para ele como se ele fosse um idiota.
— Droga, cara, espero que você saiba o que está fazendo.
— Eu fiz sexo com uma mulher atraente. Não é um crime.
— Não para você, talvez. Mas você já pensou sobre o efeito que
isso terá na Brit?
— Ela é minha melhor amiga — Hunter respondeu. — Acho que
sei como as coisas a afetam.
— Exatamente. Ela é sua melhor amiga, então vou perguntar
novamente. Que diabos você está fazendo?
— Somos adultos — disse Hunter, ficando de pé quando seu
temperamento começou a se aproximar de uma fervura. — Brit e eu
já resolvemos tudo.
Cassidy balançou a cabeça.
— Você não entende, não é? Você pensa nela apenas como uma
amiga. Ela pensa em você da mesma forma. Mas ela foi ou não até
você em busca de ajuda porque os caras sempre parecem manter
distância?
— Como isso é minha culpa? Se é de alguém, é sua — Hunter
disse. — Você é quem a trata como a residente Betty Cooper de
Oxford. Você pede a ela para mostrar o lugar para os novatos como
se ela fosse a maldita garota da porta ao lado. Como resultado,
todos a tratam como se ela fosse a boa e velha Brit. Se alguém deu
um complexo a ela, foi você.
— Besteira — disse Cassidy, dando um passo à frente, o dedo
apontado para Hunter. — Isso é besteira. Isso é culpa sua, Hunter.
Você sabe por que os caras não ficam? Você sabe por que eles
continuam fugindo dela? Porque todo mundo pensa que ela é sua.
Você a declarou fora dos limites no segundo em que a nomeou sua
melhor amiga, ou o que quer que seja.
A cabeça de Hunter levantou com tudo.
— Que diabos? Eu não penso nela como minha. Brit também não
pensa em si mesma dessa forma.
— Não conscientemente, talvez — disse Cassidy, com a mão
caindo ao lado do corpo. — Mas acredite em mim quando digo que
qualquer um que viu vocês dois juntos percebeu que é apenas uma
questão de tempo. Você acha que algum cara quer se apaixonar por
uma mulher cujo melhor amigo se parece com você? Que tem
festas do pijama com você?
— Isso é...
— Me fala. Existe alguma correlação entre ela ser rejeitada e os
namorados dela conhecerem você?
— Eu...
Hunter queria protestar, mas o comentário de Cassidy o forçou a
considerar. Ele supôs que houve algumas vezes em que um cara
terminou um relacionamento com ela logo depois que Hunter o
conheceu, mas...
— Somos apenas amigos — Hunter murmurou. — Tenho certeza
que ela diz isso aos caras.
— Sim, porque é assim que os homens funcionam. Muito racional
e nada territorial quando se trata de mulheres — Cassidy disse
sarcasticamente. — Escute, não estou dizendo que você fez algo de
errado no passado. Amizades entre homens e mulheres são
complicadas, independentemente das partes envolvidas. Mas
nenhum homem quer se apaixonar pela garota de outro homem, e
isso foi antes de você dormir com ela.
— Foi só sexo! — Hunter gritou. Ele baixou a voz com o olhar de
advertência de Cassidy. — Se for te tranquilizar, vá falar com Brit.
Ela e eu estamos de acordo com isso. Foi uma aventura divertida de
fim de semana, e agora vamos voltar a ser como éramos antes.
— Que é como? Ela constantemente sendo rejeitada pelos
homens porque eles não querem competir com você? Tenho a
impressão de que ela deseja um relacionamento sério. Casamento,
filhos, tudo.
— Ela quer.
— E o que você quer?
— O mesmo — disse Hunter lentamente. — Eventualmente.
— Mas não com a Brit.
— A vida de Brit é aqui em Nova York — disse Hunter. — Não
pretendo ficar na cidade para sempre. É por isso que nunca me
envolvi emocionalmente com ninguém aqui. Sempre achei que
tentaria a coisa do relacionamento sério assim que voltasse para
casa.
— Brit sabe disso?
— Sim, minha melhor amiga sabe dos meus planos de voltar para
Kansas City algum dia — disse Hunter sarcasticamente. — Existe
um limite de tempo para esta palestra? Porque senão, talvez você
possa gravar e eu posso ouvir mais tarde, ou nunca.
— Tudo bem — Cassidy disse, erguendo as mãos em resignação.
— Parece que você tem tudo planejado. Apenas... pense no que eu
disse. Coloque-se no lugar dos caras com quem ela está
namorando, então dê uma boa olhada no porque ela ainda está
solteira.
— Certo. Tanto faz — Hunter disse, tentando manter seu tom leve
e desdenhoso, mesmo quando as dúvidas começaram a se
enraizar.
Cassidy estava certo?
Hunter era a razão pela qual os caras nunca pareciam dispostos a
dar uma chance a Brit?
Cassidy se virou e abriu a porta, quase colidindo com Brit quando
ele saiu.
— Ah! Ei, Cassidy! — Brit disse alegremente. Ela ergueu uma
caixa de padaria. — Donut?
— Não. Obrigado — ele disse em um tom cortante, com um
último olhar de advertência para Hunter.
Brit ficou olhando para ele com uma expressão confusa.
— O que foi aquilo?
Hunter esfregou as mãos no rosto e Brit deu a ele um olhar
curioso.
— Vocês dois estavam brigando?
— Não sei. Alguém briga com Cassidy, ou eles simplesmente são
tratados com condescendência?
— Ele pode ser mandão — Brit admitiu, indo em direção a sua
mesa e colocando os donuts sobre ela antes de escolher um de
chocolate e dar uma mordida. — Mas por mais chato que seja, ele
geralmente está certo.
— Não sobre isso, ele não estava. — Eu não acho.
— Sobre o quê? — ela perguntou, dando outra mordida.
Ele olhou para ela, então sorriu um pouco porque ela tinha
chocolate no lábio e não pareceu notar ou se importar.
Ele começou a estender a mão sobre a mesa para limpar, mas se
conteve, um pouco atordoado pelo instinto.
— Você tem... — Ele gesticulou para sua boca, e ela limpou,
lambendo o dedo de uma forma que fez sua virilha ficar tensa.
Porra. Porra! Talvez essa coisa toda de de volta ao platônico não
fosse funcionar, no final das contas. Ele a queria. Ainda. Muito.
Só que parecia ser unilateral. Brit parecia ter sentimentos muito
mais eróticos sobre seu donut do que sobre ele.
— Eu sabia que você iria trazê-los para a reunião — ela disse
presunçosamente. — E você trouxe o suficiente para sobrar.
Mandou bem.
— Porque eu sabia que nunca ouviria o fim disso se não
trouxesse.
Apenas uma verdade parcial. Ele parou no caminho para pegar os
donuts por causa dela. Para ela.
Para fazê-la sorrir.
Inferno. E se a amizade deles a estivesse impedindo de algo?
Impedindo os dois de encontrar outra pessoa?
Ele se importava muito com ela para permitir que isso
acontecesse.
Hunter pegou seu celular e mandou uma mensagem rápida para
Mitchell Forbes, que se tornou um amigo através de Julie para
Hunter ter seu número de telefone. Ele enviou a mensagem.
— Então, você não vai me dizer sobre o que você e Cassidy
brigaram? — ela perguntou, acabando com o donut e olhando
melancolicamente para a caixa antes de fechá-la.
Hunter não respondeu. Na eficiência típica de Mitchell, seu amigo
respondeu em segundos com a resposta que Hunter precisava. Não
era a resposta que ele queria, mas… era o que ele precisava. O que
ele e Brit precisavam.
Hunter puxou um post-it de um bloco e rabiscou as informações
da mensagem de Mitchell. Ele entregou para Brit.
Ela pegou e olhou para baixo em confusão.
— O que é isso?
— Aquele cara da festa. Jon. É o número dele.
Ela ergueu os olhos.
— E?
— E... você deveria ligar para ele.
Brit estreitou os olhos.
— Isso é sobre o quê?
Ele passou as mãos pelos cabelos.
— Cassidy acha que você não dá certo com os outros caras por
minha causa.
Ela riu.
— Bem. Ele definitivamente pensa muito bem de você.
Hunter não sorriu de volta.
— Ele está errado? Normalmente conheço seus namorados bem
cedo. Eles terminam com você logo depois?
Sua risada desapareceu.
— Você está falando sério.
— Não sei. Eu só… Eu sei como os caras funcionam, e sei que se
estivesse saindo com uma mulher que fosse tão próxima de outro
homem quanto você e eu, eu seria… cauteloso.
Ela ergueu o post-it adesiva, seu rosto inexpressivo.
— E você acha que Jon será diferente?
— Não sei. Talvez não. Mas pelo menos você pode responder a
quaisquer preocupações que ele possa ter. Tranquilize-o que somos
apenas amigos.
— Que dormiram juntos — ela disse secamente.
Ele se encolheu.
— Talvez não conte a ele sobre este fim de semana.
— Uma maneira realmente excelente de começar um novo
relacionamento. Com mentiras — Brit murmurou.
— Você pode contar a ele eventualmente, mas não há razão para
oferecer. Não é como se ele começasse o primeiro encontro
contando a você sobre a última mulher com quem dormiu
Ela olhou para o número de telefone, uma carranca em seu rosto.
— Você realmente quer que eu ligue para ele?
Não. Inferno, não. Quero puxar você para este lado da mesa, ver
se sua boca ainda tem gosto de chocolate...
— Sim. Por que não? Dissemos que retomaríamos seu
treinamento de sedução, não dissemos? — Ele sorriu – foi forçado –
e ela não o devolveu.
Ela colocou o Post-it com cuidado e precisão em cima da caixa de
donut fechada, passando o dedo ao longo da parte adesiva na parte
superior para prendê-lo. Então ela pegou a caixa com as duas mãos
e se virou.
— Onde você está indo? — ele perguntou, sentindo-se irritado
com a partida dela. Ele não terminou de falar com ela. Olhar para
ela. Estar com ela.
Ela lançou-lhe um sorriso frio por cima do ombro.
— Fazer o que meu chefe instruiu. Vou ligar para Jon
Brit deixou a porta aberta quando saiu, mas não importava.
Porque Hunter teve a estranha sensação de que outra porta
acabara de ser fechada.
Capítulo Vinte e Um
Bem, Brit pensou entorpecida. Ela tinha feito isso.
No fim de semana seguinte que seu melhor amigo lhe deu o
número de Jon, ela implementou a tática Hunter Cross para garantir
o segundo encontro com um primeiro beijo e teve sucesso.
Jon a convidou para um segundo encontro. Ele a beijou.
E isso depois de um primeiro encontro excepcional. O restaurante
era moderno, mas confortável, caro, mas acessível. Não houve
silêncio constrangedor, nenhuma conversa fiada sem sentido. Ele a
fez rir. Ela o fez rir. Eles gostavam do mesmo tipo de vinho e
concordavam que berinjela era apenas uma comida estranha.
Jon parecia interessado nela. E ela definitivamente deveria ter
gostado dele. Ele era… perfeito. Um cavalheiro que era bemsucedido, engraçado, inteligente e bonito?
Uma raridade em Manhattan.
E ainda assim, mesmo quando ela deu a ele um sorriso
enigmático após o beijo, mesmo quando ela se afastou sabendo que
ele estava olhando para ela com um olhar faminto, ela sentiu...
Nada.
O beijo tinha sido proficiente, mas dado a ela zero sensações. O
encontro foi agradável, mas ela não conseguiu reunir entusiasmo
para o segundo.
Só depois de entrar no elevador de seu prédio é que ela se
permitiu reconhecer o porquê.
Se apoiando contra a parede do elevador, olhos bem fechados,
ela encarou a verdade.
Ela não queria seguir em frente com Jon porque queria outra
pessoa.
Ela queria Hunter.
Não como amigo. Nem mesmo como amigo colorido.
Brit queria Hunter do jeito consumidor e apaixonante. Ela queria
voltar para casa com ele todos os dias, segurar sua mão, beijá-lo
sempre que ela quisesse. Dormir com ele, sim, mas também
acordar ao lado dele.
Ela era uma idiota em pensar que ela era a exceção à regra de
sexo complica as coisas. Complicou as coisas, e como. Não só seu
corpo o queria, seu coração o queria. Muito.
Problema: ele não a queria de volta.
Se a quisesse, com certeza não teria insistido que ela ligasse
para Jon.
Tola que era, ela adiou ligar para o corretor de Wall Street na
esperança de que seu melhor amigo caísse na real. Ela esperou
que Hunter dissesse para ela não sair com Jon. Para sair com ele
em vez disso.
Ele não disse.
Na quinta-feira, ela se forçou a aceitar que seus sentimentos
confusos eram apenas dela e ligou para Jon. Ele, pelo menos,
parecia ansioso para passar um tempo com ela porque a convidou
para sair no sábado.
Brit não tinha ideia se Hunter sabia sobre o encontro ou não. Ele
não perguntou. Ela não tinha contado a ele. E ela normalmente
contava tudo a ele.
Ela engoliu um nó na garganta ao perceber que seus piores
medos estavam vindo à tona: ela e Hunter estavam mudando. Foi
sutil, talvez temporário. Mas ela se sentiu… perdida.
Abatida, Brit abriu a porta de seu apartamento, esperando que
uma taça de vinho e um banho de espuma levantassem seu ânimo.
Ela acendeu a luz e gritou ao ver um homem sentado em seu
sofá.
— Droga, Hunter! — disse ela, curvando-se para pegar a bolsa
que havia deixado cair. — O que diabos você está fazendo aqui?
— Estou na sua lista de chaves para convidados autorizados,
lembra?
— Sim, para emergências — disse ela irritada, empurrando brilho
labial e absorventes de volta em sua bolsa. Ela se endireitou,
colocou a bolsa no balcão e olhou para ele.
Ele estava sentado em seu sofá, não descansando, mas…
esperando. Sua postura estava tudo menos relaxada, inclinando-se
para a frente, as mãos entrelaçadas entre as pernas.
Ele olhou de volta, e ela balançou a cabeça.
— Por que estou recebendo esse olhar? Foi você quem invadiu
meu apartamento...
— Invadi? — ele disse com uma risada áspera. — Eu sou seu
melhor amigo.
— Sim, bem, você não tem agido como se fosse — ela disse, indo
até o armário para pegar uma xícara e o fechando com mais força
do que o necessário.
— O que isso significa? — Ele se levantou do sofá e entrou na
cozinha.
Ela se virou.
— Significa que depois que você entrou nas minhas calças, você
praticamente me entregou a outro homem e me ignorou a semana
toda.
— Eu estava ocupado — ele retrucou. — Era você que estava
pirando sobre as pessoas no escritório sabendo sobre o nosso
tempo juntos. Achei que estava fazendo o que você queria.
— O que foi o quê, exatamente – deixar todas as minhas
mensagens sem resposta, mal falando comigo a não ser em uma
reunião?
— Bem, o que diabos você quer que eu faça?
— Seja normal — disse ela. — Aja como meu amigo.
— Eu sou seu amigo. É por isso que estou aqui.
— Sem ser convidado, sentado no escuro? — ela perguntou
ceticamente.
— Não sabia que precisava de um convite. — Sua voz estava fria.
— Como foi seu encontro?
Seus olhos se estreitaram.
— Como você sabia que eu tinha um encontro?
— Penelope mencionou. Você não.
— Sim, bem. Você não estava exatamente por perto. — Ela foi
até a geladeira para pegar a jarra de água, serviu-se de um copo,
mas o deixou de lado sem beber.
— Como foi? — ele perguntou baixinho. — O encontro.
— Bom. — Ela ergueu o queixo e encontrou seus olhos. — Ótimo,
na verdade.
Ele assentiu uma vez.
— Para onde ele te levou?
— Gramercy Tavern.
Hunter piscou de surpresa, e ela sabia por quê. O lugar era
icônico em Nova York. Difícil de entrar e não tão barato. Um
encontro ali exigiu algum esforço.
Sim, isso mesmo, Hunter. Algumas pessoas acham que valho a
pena o esforço.
Ela percebeu o absurdo do pensamento. Apenas algumas
semanas atrás, ela tinha afirmado que não era boa para namorar, e
Hunter estava garantindo que sim.
Mas agora ele tinha uma expressão quase desafiadora no rosto,
parecendo tudo menos feliz por ela.
Ele cruzou os braços e encostou o quadril no balcão enquanto
olhava para ela.
— Você usou a tática? Aquela que o deixou pensando se haverá
um segundo encontro?
— Não.
O alívio brilhou em seu rosto, embora tenha desaparecido com as
palavras seguintes.
Ela se inclinou ligeiramente para a frente e baixou a voz como se
compartilhasse segredos.
— Eu usei a outra tática que você me ensinou.
Um músculo se contraiu no maxilar dela como se seus dentes
estivessem rangendo.
— Qual?
— Aquele que garante que definitivamente haverá um segundo
encontro.
Hunter ficou muito quieto.
— Você o beijou?
Brit encolheu os ombros e pegou seu copo de água.
— Ou ele me beijou. Nós nos beijamos, eu acho.
Hunter não disse nada enquanto ela tomava um gole de água.
O silêncio se estendeu indefinidamente até que ele finalmente o
quebrou, sua voz baixa e proibitiva.
— Como foi?
Ela olhou para ele por cima do copo.
— Como foi o quê?
— O beijo, Brit. — Desta vez, sua voz era quase um rosnado.
— Ah. — Ela colocou o copo no balcão novamente e deu-lhe um
sorriso brilhante. — Eu não beijo e conto.
Ela começou a se virar, mas os dedos dele agarraram seu braço,
puxando-a de volta.
Brit puxou o braço dela e então colocou as duas mãos no ombro
dele.
— Pare, Hunter!
— Parar com o que?
— Pare de brincar comigo. Você não pode fazer isso. Você não
pode me dizer para ir a um encontro e depois me fazer sentir mal
por isso. Você não pode me mandar ligar para um cara e depois
ficar bravo quando eu ligar. Você não pode me dizer que não quer
mais me beijar e depois agir como se estivesse chateado quando eu
beijo outra pessoa...
Suas palavras foram cortadas pelos lábios dele enquanto ele a
puxava contra ele, sua boca colidindo com a dela.
Seus dedos se enrolaram no cabelo dela, freneticamente a
princípio, depois mais suavemente enquanto as mãos dele
seguravam seu rosto, diminuindo o beijo, persuadindo-a a
responder.
Ela tentou permanecer teimosa, ela realmente tentou. Mas ele
tinha uma sensação tão boa, um gosto tão bom...
Seus lábios se suavizaram sob os dele, respondendo lentamente,
então com mais urgência. Ele aprofundou o beijo ainda mais, então
recuou em um suspiro, encostando a testa na dela e olhando para
ela como se tentasse recuperar o fôlego, recuperar o controle.
— Eu nunca disse isso.
— Disse o que? — ela sussurrou.
— Que eu não queria mais beijar você. É tudo em que venho
pensando há uma semana. — Ele deixou uma trilha de beijos
quentes e rápidos em suas bochechas, roçando sua boca na dela
novamente.
— Então por que você me ignorou?
Ele deu uma risada triste contra o pescoço dela.
— Para que eu não fizesse isso. Para que eu não arruinasse
nenhuma chance que você teria com Jon tocando em você.
— Eu queria que você me tocasse — ela disse suavemente. —
Antes e agora.
Hunter se acalmou, suas mãos apertando.
— Não diga isso.
— Por que não?
— Porque — ele murmurou, passando a língua pelo pescoço
dela. — Isso significa que não terei o controle para parar de fazer
isso...
Ele a suspendeu para o balcão da cozinha, separando suas coxas
e colocando-se entre elas.
— E isso significa — ele disse, inclinando-se para a frente para
chover beijos ao longo do decote em V de seu vestido, — que eu
não vou conseguir parar de fazer isso...
Ele segurou seu seio.
— Ou isso...
O polegar dele esfregou seu mamilo e ela respirou fundo.
— Significa, Brit — Hunter disse, sua voz quase rouca agora, as
mãos se movendo sob a saia de seu vestido para puxar sua
calcinha por suas pernas, jogando-a de lado, — que não há nada
para me impedir de...
Ele puxou o vestido mais para cima, se abaixando enquanto fazia
isso. Sua cabeça desapareceu sob a saia, o leve arranhar de sua
barba por fazer áspera contra a parte interna das coxas dela, o
primeiro golpe de sua língua tão deliciosamente erótico que ela
gritou de necessidade.
A boca de Hunter contra ela era gentil, mas implacável, suas
mãos envolvendo sua bunda, segurando-a em seu rosto.
Brit agarrou o balcão com força, sua cabeça caindo para trás de
prazer enquanto tudo desaparecia da consciência. Seu encontro
confuso, sua briga com Hunter, sua confusão sobre o que estava
acontecendo com eles.
Havia simplesmente isso, simplesmente eles.
Seu orgasmo veio muito cedo. Ela agarrou a cabeça dele,
tentando detê-lo. Ela não sabia se conseguiria lidar com isso; ela
teve a sensação de pânico de que isso a destruiria...
Ele ignorou o puxão de seus dedos no cabelo dele, sua língua
circulando mais rápido até que ela caiu no clímax. Hunter ficou com
ela durante cada estremecimento e choramingo.
Só quando ela caiu ligeiramente para trás, respirando com
dificuldade, ele recuou, alisando suavemente sua saia pelas pernas,
ajustando a bainha modestamente em torno de seus joelhos, como
se ele não tivesse sido incrivelmente perverso no balcão da cozinha.
Ele apoiou as mãos no balcão, observando. Esperando.
Finalmente, ela se forçou a olhar para ele.
Ele deu a ela um sorriso pensativo.
— Me peça para passar a noite aqui — disse ele calmamente.
— Hunter...
— Peça, Brit. Por favor.
Droga. Droga.
Ela estendeu a mão e segurou a bochecha dele.
— Fica aqui.
Hunter fechou os olhos de alívio, então virou a cabeça, dando um
beijo rápido na palma da mão dela.
Então ele a levou para a cama.
Capítulo Vinte e Dois
— Então — disse Taylor Ballantine, sentando-se em sua cadeira e
dando a Hunter e Brit um olhar conhecedor do outro lado da mesa.
— Agora que vamos para a sobremesa, podemos falar sobre que
vocês dois estão trepando?
Nick revirou os olhos para sua esposa.
— Jesus, Tay
— O que?
— Não os convidamos para um jantar espontâneo durante a
semana para interrogá-los.
Ela ergueu os ombros.
— Eu meio que convidei.
Hunter riu, sem se importar com a ousadia de sua amiga.
Eles estavam sentados à mesa da cozinha de Nick e Taylor com a
cachorrinha dos Ballantines deitada aos pés de Nick, esperando
pacientemente pelas sobras de costeleta de porco. O filho deles
estava dormindo contra o peito de Brit; seus dedos ocasionalmente
passavam pelo cabelo fino de Aidan, até mesmo enquanto Hunter
estava com a mão nas costas da cadeira dela, ocasionalmente
brincando com seu cabelo.
— Então? — Taylor exigiu.
Brit olhou para a amiga e deu um chute por baixo da mesa, se o
ligeiro estremecimento de Taylor fosse qualquer indicação.
— Ah, qual é — disse Taylor, indo para trás, provavelmente fora
do alcance do Stiletto de Brit. — Estamos esperando há muito
tempo que isso aconteça.
Ela olhou para Nick.
— Não estamos?
— Me deixe fora disso — ele murmurou em sua taça de vinho
tinto.
— Não vou deixar. Você mesmo disse que achava que era
apenas uma questão de tempo até que eles ficassem.
Hunter deu a seu amigo um olhar penetrante e Nick deu de
ombros.
— Sério? — Brit perguntou. — Vocês acharam que íamos ficar
juntos e nunca se preocuparam em mencionar isso?
— Não teria sido tão divertido sem a surpresa — disse Taylor com
um sorriso.
— Ela tem razão — disse Hunter, removendo o braço de Brit para
que ele pudesse se virar para encará-la completamente com um
sorriso. — É divertido. Embora eu suspeite que teria sido com ou
sem o fator da surpresa.
Brit deu um sorriso tímido e beijou a cabeça do bebê.
— Aaaah, agora estamos chegando a algum lugar — disse Taylor,
fazendo uma pequena dança em sua cadeira. — Então o sexo é
divertido, hm? Tipo, diversão travessa, ou...
— Você sabe que seu filho está bem aqui — disse Brit, indicando
o bebê em seus braços.
— Ah, temos anos antes de começarmos a falar em código. É
melhor tirar vantagem disso — disse Taylor.
— Ok, inquisição de sexo invasivo à parte — Nick disse com um
olhar de advertência para sua esposa, — qual é a situação de vocês
dois. Estão juntos?
Brit enrijeceu um pouco, e Hunter esticou o braço por debaixo da
mesa para colocar uma mão reconfortante no joelho dela.
Ele notou que o olhar perceptivo de Nick rastreou o movimento,
estreitando os olhos, mas Hunter o ignorou. O que havia entre Brit e
ele era exatamente isso – entre eles.
— Decidimos não colocar um rótulo nisso — Brit disse a Nick e
Taylor. — Estamos apenas vendo para onde tudo vai.
— Bem, se vocês continuarem fazendo sexo travesso, pode estar
indo nessa direção — disse Taylor, acenando para seu filho. Sua
voz estava brincando, embora seus olhos estivessem cheios de
amor enquanto ela olhava para o bebê.
— Ah, nós não estamos… nós estamos... você sabe, proteção —
Brit disse sem jeito.
Taylor bufou.
— Nós também estávamos.
Nick olhou para o teto.
— Há algum assunto fora dos limites para você, Taylor?
Ela franziu os lábios.
— Na verdade, não.
Hunter sorriu, mais do que acostumado com a franqueza de
Taylor. Ele também sabia as circunstâncias da concepção de Aidan
– não planejada, mas bem-vinda ao mesmo tempo.
Hunter olhou para Brit e o bebê, aguardando a esperada onda de
terror ao pensar que isso poderia acontecer com eles. O que quer
que eles fossem, não estavam no caminho de ter um bebê. Nem
perto, e ainda assim...
Brit murmurou algo ininteligível contra a cabeça do bebê, seu
dedo acariciando suavemente a bochecha de Aidan, e ele sentiu
algo se torcer dentro dele.
Não uma pontada de medo, mas uma pontada de desejo. Uma
visão, quase, de Brit segurando um bebê, exceto que não era o filho
de Taylor e Nick, mas o deles, um menino ou menina...
Hunter balançou a cabeça rapidamente para limpar a imagem
mental que de repente era muito atraente. Eles só estavam fazendo
o que estavam fazendo a algumas semanas. Semanas se passaram
com eles mantendo tudo profissional no trabalho (bem, exceto
naquela vez), mas noites e fins de semana eram para eles. Para
jantares. Brunch. Filmes. Sexo. Muito sexo...
Era muito cedo para pensar nesse caminho e, mesmo que não
fosse, sempre havia o conhecimento iminente de que eventualmente
Hunter teria que escolher. Entre uma vida aqui com Brit e uma vida
em casa perto de sua família.
A não ser que...
Não. Ele nem estava indo lá. Ainda não.
Aidan começou a se mexer, fazendo pequenos ruídos agitados,
seu pequeno punho batendo suavemente no peito de Brit.
— Essa é sua dança de cocô — Taylor anunciou.
— E é a minha vez — disse Nick, colocando a taça de vinho de
lado e se levantando. — Brit, posso te livrar da pequena pilha de
fedor?
— Só se você o trouxer de volta quando acabar — disse Brit,
relutantemente entregando o bebê cada vez mais inquieto.
Brit se levantou enquanto Nick levava o filho para o quarto, a
cachorra correndo atrás deles com um brinquedo que fazia barulho
na boca.
— Com licença, vou retocar o pó no meu nariz — disse ela.
Taylor esperou até que Brit tivesse desaparecido no banheiro
antes de fixar seu olhar azul-gelo em Hunter.
— Qual é o seu plano, Cross?
Ele não se fez de bobo. Taylor sempre foi direta, e evitar suas
perguntas apenas a tornava mais persistente.
— É como Brit disse. Não estamos colocando rótulos nisso.
— Então, você dorme com ela, sai com ela, trabalha com ela, e
ainda assim ela não é digna de ser sua namorada.
Hunter sentou-se um pouco mais ereto, seu humor descontraído
tornando-se afiado.
— Não foi o que eu disse.
— Então ela é sua namorada.
— Bem, agora, eu não sei, nós estamos no ensino médio? Devo
pedir a ela para ficarmos sério?
— Eu não sei — disse Taylor com um sorriso enganosamente
doce. — Deveria?
— Eu não sirvo para ser namorado — ele disse calmamente.
— Não, definitivamente não serve. — A voz dela era sarcástica.
— Estavelmente empregado em um emprego confortável,
apartamento recentemente reformado. Abre portas para mulheres,
ama sua mãe... é, não, você está certo. Quem gostaria de namorar
você?
— Eu só não estou no mercado para nada sério agora.
— Brit sabe disso?
— Sim. — Pelo menos, ele achava.
Taylor se recusou a desistir.
— Você ama ela?
Hunter congelou no processo de se servir de mais vinho da
garrafa sobre a mesa.
Amor.
Ele não era um daqueles caras que ficavam assustados com a
palavra. Ele amava sua família. Amava seus amigos. E, sim, isso
incluía Brit, obviamente.
Mas não era isso que Taylor estava perguntando...
A porta do banheiro abriu e o reaparecimento de Brit salvou
Hunter de responder.
O olhar de advertência de Taylor disse a ele que a discussão
ainda não havia terminado, mas ele estava mais do que grato pelo
adiamento. Ele não sabia como iria responder a essa pergunta para
Taylor.
Não tinha certeza se ele poderia responder para si mesmo.
Capítulo Vinte e Três
Na manhã seguinte, Hunter estava fazendo um progresso lento,
mas constante, através do trabalho árduo de ler sua caixa de
entrada do e-mail.
Um de seus funcionários queria a próxima sexta-feira de folga e
se ele poderia aprovar. Outro queria trabalhar em casa na próxima
terça-feira para estar presente quando a empresa de TV a cabo
viesse. Cassidy queria que ele enviasse uma proposta para o site do
projeto Março Maluco deles. Haviam relatórios de despesas para
preencher, e-mails puxando o saco para escrever, guerras territoriais
de equipe para mitigar...
Hunter tirou os óculos e esfregou os olhos. Ele gostava do seu
trabalho, gostava, mas também estava um pouco... cansado.
Oxford era uma grande revista e, embora tivesse orgulho de fazer
parte dela, havia também um aspecto corporativo de grande porte
em seu trabalho que não o empolgava particularmente.
Ele preferia as raras ocasiões em que podia se reunir com alguns
funcionários ao mesmo tempo, para fazer um brainstorming e
simplificar os processos. Em vez disso, ele supervisionava as
pessoas que faziam tudo isso.
Pagava bem, ele gostava de seus colegas, de sua equipe e, no
entanto, para ser honesto, às vezes ficava um pouco entediado com
toda aquela porcaria de processo de assinar papéis.
Ele olhou para o relógio, esperando que estivesse perto o
suficiente para uma pausa para o almoço. De preferência com Brit.
De preferência em algum lugar onde ninguém do trabalho
pudesse vê-los, para que ele pudesse apalpá-la embaixo da mesa.
Ele fechou os olhos e afundou na cadeira. Não apenas não eram
nem dez horas, mas todo o desejo de almoçar com a Brit era outra
coisa em sua mente. Ele pode não saber como definir o que ele e
Brit eram em um nível pessoal, mas ele sabia o que eles eram em
um nível profissional.
Ele era o chefe dela. E ele estava dormindo com ela. Não era
certo e, se continuasse, teria que haver algumas mudanças. Para o
bem dela, para o bem de seus outros funcionários...
Ele não sabia como resolver isso, mas… Cassidy sim. Deus sabia
que o homem tinha alguma experiência com funcionários ficando.
Ou ele poderia ir diretamente até Cole e Penelope, embora isso
fosse diferente. Eles eram colegas. Ambos se reportavam a Cassidy,
nenhum ao outro.
O celular de Hunter vibrou e ele o agarrou, grato por uma
distração de seus pensamentos.
— Oi, mãe.
Houve uma pausa longa demais e, quando sua mãe respondeu,
houve uma oscilação em sua voz.
— Oi, querido. Como você está?
Ele imediatamente se endireitou.
— Qual é o problema?
— Você parece chateada — ele disse, mantendo sua voz gentil
quando ela não respondeu imediatamente.
Quando ela respondeu, foi com um soluço.
O estômago de Hunter caiu.
— É o papai? Algo deu errado com os papéis de Malik?
Ela prendeu a respiração em um soluço, como se tentasse se
recompor.
— É o Blake. Você falou com ele?
— Claro — disse Hunter lentamente. Blake era seu irmão mais
velho. Eles não eram tão próximos quanto Hunter e Dustin, que
eram mais próximos em idade, mas eles conversavam um com o
outro a cada duas semanas mais ou menos.
— Recentemente?
Hunter pensou.
— No fim-de-semana passado? Talvez na semana anterior. Liguei
para desejar feliz aniversário a Bridget. Por que?
— Ele não tem se sentido bem ultimamente, e Jana o fez ir ao
médico, só para garantir. Eles fizeram alguns testes...
Trêmulo, Hunter apoiou o cotovelo na mesa e apoiou a cabeça na
mão enquanto se preparava para o pior.
— Ele tem câncer, Hunter. A tireoide dele...
Hunter sentiu seus ouvidos zumbindo enquanto tentava processar
tudo. Câncer. Seu irmão não tinha nem quarenta anos, pelo amor de
Deus...
— Qual é o prognóstico? — ele perguntou nervosamente.
— Eles detectaram cedo, mas é… bem, é câncer, querido. Eles
querem começar o tratamento já na próxima semana.
Porra. Portanto, não é um câncer de crescimento lento e um dia
pode se tornar algum ruim, mas a coisa real.
— Jesus — ele murmurou, passando a mão pelo rosto. — Como
ele está lidando com isso?
— Ah, você o conhece. Teimoso, insistindo que vai vencer, mas
tenho certeza que ele está apavorado. Jana e as meninas também.
Todos estão pensando positivo, mas temos uma longa jornada pela
frente
Sim. Eles tinham. Como uma família e...
A empresa. Blake era o braço direito de seu pai. Ele foi preparado
para assumir a empresa algum dia, e Hunter sabia que Blake e seu
pai estavam discutindo sobre a transição enquanto Dennis se
aproximava da aposentadoria.
Inferno, por falar nisso, era Blake que estava sempre brincando,
mas não brincando, dizendo a Hunter para voltar para Kansas City e
arrumar site deles logo.
— Blake queria dizer a você ele mesmo, e tenho certeza que ele
ligará em breve — sua mãe estava dizendo, — mas ele e Jana
levaram as crianças para a casa do lago por alguns dias enquanto
todos eles lidam com tudo...
— Claro, sim — disse ele com voz rouca. — Mãe. O que eu posso
fazer?
— Ah, nada, querido. Tudo depende de orações e o tratamento.
Não era toda a verdade, e ambos sabiam disso. Ele pode não ser
capaz de lutar contra o câncer de seu irmão. Mas ele poderia fazer o
trabalho de seu irmão. Parte dele, pelo menos.
Sua mãe fez um som exausto, como se mal estivesse se
segurando.
— Hunter, querido, eu tenho que ir. Sua irmã está ligando na outra
linha. Seu pai e eu vamos nos encontrar com ela e Dustin para
almoçar, então podemos contar a eles pessoalmente.
— Certo, claro — disse ele, de repente se sentindo a um milhão
de quilômetros de distância de sua família. Inferno, ele poderia
muito bem estar. Ele não estava lá.
— Seu pai e eu ligamos para você mais tarde, ok? Eu amo você.
— Eu também te amo.
Hunter desligou o telefone, sentindo-se entorpecido, mas
também… certo. Certo sobre o que ele precisava fazer.
Não, o que ele queria fazer. O que, em algum nível, ele queria
fazer há muito tempo, mas estava esperando o momento certo para
fazer.
Agora era a hora.
Ele sentiu uma onda feroz de anseio por Brit. Para sua melhor
amiga abraçá-lo e dizer que ficaria tudo bem, porque Brit não
mentiria para ele. Se ela dissesse que ficaria tudo bem, então
ficaria.
Mas contar a ela sobre Blake também significaria que ele teria
que contar tudo a ela.
Ele não sabia se poderia suportar o adeus. Ainda não.
Em vez disso, ele lentamente empurrou a cadeira para trás e se
levantou. Ele caminhou pelo corredor até o escritório de Cassidy,
aliviado ao ver que seu chefe estava atrás de sua mesa.
Hunter bateu na porta.
— Ei, chefe. Você tem um minuto?
Capítulo Vinte e Quatro
Hunter estava agindo de maneira estranha.
Não, não é inteiramente correto. Hunter estava agindo de maneira
estranha há dias. Brit tinha lhe dado espaço, conhecendo seu
melhor amigo bem o suficiente para saber que ele era um pensador.
Ele resolvia as coisas mastigando-as em seu cérebro por dias,
não conversando sobre elas. Mas eventualmente ele falaria. Ele
diria o que o estava incomodando, e ela estaria lá para ele.
Foi a maneira como eles fizeram as coisas por toda a sua
amizade, e ela estava começando a aprender que seus silêncios
misteriosos e taciturnos eram muito mais enervantes agora que eles
estavam em um relacionamento, ou o que diabos eles estavam
fazendo.
E ela desejou como o inferno que soubesse. Eles concordaram
em não colocar rótulos neles; ela sabia disso. Ela estava ok com
isso. Na verdade, tornou as coisas mais fáceis, especialmente no
trabalho. Embora ela estivesse confiante de que ela e Hunter tinham
sido os mais profissionais possível enquanto estavam no escritório,
estava se tornando cada vez mais desconfortável ter que falar com
ele nas reuniões, ficar lado a lado nas apresentações. Fingindo ser
apenas colegas quando já se viram nus.
Ainda mais desconfortáveis eram as reuniões da equipe de
Hunter. Ela tinha certeza de que ele não a tratava de forma
diferente, mas o que aconteceria se eles acabassem com as
coisas?
Ou levassem as coisas a outro nível?
Ou quando seus colegas descobrissem? Todos eles tinham sido
legais sobre a amizade dela e de Hunter ao longo dos anos, mas um
relacionamento romântico era diferente.
O que aconteceria quando Brit tivesse a possibilidade de uma
promoção e conseguisse? Seria por mérito?
Porque ela era a namorada?
Ela era a namorada?
A coisa toda fazia sua cabeça doer. Por falar nisso, ela se
perguntou se era isso que o estava incomodando. Ele estava
falando com Cassidy mais do que o normal nos últimos dias.
Eles estavam falando sobre transferi-la? Ou transferir Hunter?
Ele tinha ficado em silêncio durante todo o jantar, deixando Brit
para conduzir a conversa. Coisa que ela não se importava, mas
estava cada vez mais preocupada.
Ele pode não querer falar sobre o que quer que esteja em sua
mente, mas ele precisava. Ela podia dizer pelas olheiras sob seus
olhos, os silêncios distraídos que diziam que ele havia passado do
ponto de processamento e entrado no estágio de persistir no
pensamento.
Eles optaram por caminhar para casa depois do jantar, em vez de
pegar um táxi por alguns quarteirões. Talvez não fosse a melhor
decisão deles, já que a noite estava estranhamente fria, mesmo
para os padrões do inverno de Nova York, e ela abraçou o braço
dele enquanto caminhavam em silêncio de volta ao apartamento
dele.
Hunter não percebeu.
Ele não a convidou para ir para casa com ele e na verdade
parecia um pouco mais tenso a cada passo, o que só a deixava
mais preocupada.
Ela o deixou ter seu momento por enquanto, mas assim que eles
estivessem de volta na casa dele, ela iria fazer uma intromissão
gentil. Se passaram três dias assim. Ela não sabia o que diabos
tinha acontecido entre o jantar deles na casa de Taylor e Nick e
agora, mas algo o estava assombrando.
Ele era mais ou menos o mesmo no trabalho, pelo menos para
todos os outros, mas ela sabia bem. Seu sorriso não alcançava seus
olhos e, o mais revelador de tudo, a porta de seu escritório estava
sempre fechada.
Até para ela.
Eles entraram no prédio dele, subindo as escadas em silêncio. Do
lado de fora de sua porta, Brit esperou enquanto ele tirava a chave
do bolso.
Hunter hesitou antes de deslizar a chave na fechadura e, em vez
de abri-la, ele se virou para ela.
Pela primeira vez em dias, ele pareceu realmente vê-la, e o que
ela viu em seu rosto a deixou apavorada.
Medo. Dor. Arrependimento.
Ele colocou a mão na bochecha dela.
— Brit.
Ela levou a mão ao pulso dele e envolveu-o com os dedos,
tentando, como podia, oferecer conforto.
— Brit — disse ele novamente, fechando os olhos por um
momento, parecendo insuportavelmente cansado.
— O que foi? — ela perguntou suavemente.
Seus olhos se abriram novamente, travando nos dela.
— Você sabe que significa tudo para mim.
Ela sorriu.
— Essas palavras seriam um pouco menos assustadoras se você
não tivesse me evitado nos últimos dias. O que está acontecendo?
Ele respirou fundo e deu um passo para trás. Em vez de
responder a sua pergunta, Hunter abriu a porta, mas não se moveu.
Dando a ele um olhar perplexo, Brit entrou em seu apartamento e
acendeu a luz. Ela congelou.
Tinha...
Caixas de mudança. Em todo lugar.
Isso não poderia estar certo, ela pensou, cada vez mais em
pânico. Talvez ele estivesse apenas limpando, doando algumas
coisas…
Então ela viu uma pilha de caixas perto do banheiro, já com
nomes. COZINHA. BANHEIRO. ARMÁRIO. LIVROS.
Essas não eram coisas que ele estava dando. Eram coisas que
ele estava movendo para outro lugar.
— Hunter? — ela o questionou, sua voz trêmula.
Ela se virou para ele, mas ele não olhou nos olhos dela enquanto
colocava as chaves no balcão e fechava a porta.
— Hunter. — Sua voz estava mais firme dessa vez. — O que é
isso?
Finalmente ele olhou para ela, e a determinação resignada em
seu rosto fez o peito dela apertar.
— Estou me mudando, Brit.
Ela balançou a cabeça, sem entender. Não querendo entender.
— Mudando? Para onde? — Brit perguntou. Sua voz era firme,
mas suas mãos não. Ela sentiu como se seus joelhos pudessem
dobrar a qualquer momento.
— Para casa. De volta ao Kansas City.
Ela respirou fundo. Ok. Ok. Ela não podia dizer que não sabia que
isso provavelmente aconteceria algum dia, mas isso… as caixas já
embaladas, a TV no chão em vez de montada na parede, a
sensação de vazio...
Isso não era um dia, era… parecia em breve.
— Quando? — ela perguntou, olhando para ele.
Os olhos de Hunter imploraram para que ela entendesse.
— Semana que vem.
Seus joelhos que ameaçavam dobrar? Eles fizeram exatamente
isso.
Capítulo Vinte e Cinco
— Brit! — A garganta de Hunter se apertou de medo quando ele viu
sua melhor amiga afundar lentamente no chão, como se suas
pernas não conseguissem mais sustentá-la.
Ele se agachou ao lado dela, e ela o encarou com os olhos tão
cheios de dor e confusão que o aperto em sua garganta se
transformou em um nó. Isso era exatamente o que ele estava
evitando. Adiando.
Machucar ela.
E ele percebeu, tarde demais, estupidamente demais, que
adiando isso, ele estava se protegendo e machucando-a ainda mais.
— O que você quer dizer com você vai se mudar na semana que
vem? — ela sussurrou.
A cabeça dele caiu para a frente em sua posição agachada, e ele
olhou para as mãos, cruzadas frouxamente entre os joelhos.
— É meu irmão. Blake. Ele tem câncer de tireoide.
Brit fez um som de desespero, suas mãos imediatamente se
estendendo para agarrar as dele em conforto.
— Ah, Hunter. Hunter.
Ele se afastou e se levantou, sem ter certeza se merecia seu
conforto.
— Eu sinto muito — disse ela, se levantando. Ela parecia querer
dar um passo em direção a ele, mas manteve uma distância
cautelosa. — Ele está… eles sabem quais as chances dele?
— Eles descobriram cedo — disse ele, — mas vai começar a
fazer quimo e toda aquela merda na próxima semana, então eles
não estão brincando...
— Você vai ajudar na empresa — disse ela, entendendo
imediatamente, porque é claro que ajudaria. — Para estar lá para
eles.
Ele deu de ombros.
— Para eles. Com eles. Eu pertenço lá, Brit.
Ela se encolheu ligeiramente, embora tivesse assentido com a
cabeça, então de repente ela ficou imóvel.
— Espera... — Seus olhos percorreram a sala, e desta vez,
quando ela olhou de volta para ele, havia raiva em seu olhar
também. — Isso foi embalado em mais do que algumas horas.
Ele engoliu em seco.
— Sim.
— Quando você descobriu? — ela perguntou, enunciando cada
palavra como se doesse, mas ela tinha que soltar todas.
Ele mordeu o interior da bochecha, saboreando a dor. A
merecendo.
— Terça-feira.
— Terça-feira — ela disse suavemente. — E hoje é sexta-feira.
Você sabia há três dias que seu irmão tinha câncer e não me
contou? Por quê?
Ele enfiou os dedos no cabelo e puxou levemente.
— Não sei. Porque eu sou um idiota.
— Mas, Hunter — ela acenou com o braço para as caixas, —
você não pode simplesmente pegar as coisas e ir embora. Cassidy
vai entender, mas você ainda precisa dizer a ele...
Ela se interrompeu e seu braço caiu. Seus olhos ficaram frios e
vazios.
— Cassidy já sabe, não é? É por isso que você tem ficado de
portas fechadas com ele tão frequentemente.
— Eu dei minhas duas semanas de aviso prévio na terça-feira —
Hunter disse a ela. — Ele está me deixando trabalhar do Kansas
City na maior parte do tempo. Sugeriu isso, na verdade. Mas, Brit,
você precisa saber… Eu sugeri você como minha substituta. Eu
disse a Cassidy que não há ninguém mais qualificado do que você...
A risada dela o fez parar. Foi forte e fria e completamente
diferente de Brit.
— Ai, Deus, isso torna tudo isso melhor. Meu melhor amigo está
indo embora, lidando com uma tragédia familiar, e não me contou,
mas, ei, ele me deu uma boa recomendação no trabalho!
— Brit.
— Não me venha com Brit, Hunter. Qual era o seu plano,
exatamente? Fugir no meio da noite? Deixar um bilhete? Me contar
quando você dissesse ao resto da equipe, o quê, na próxima
semana?
— Segunda-feira — disse ele calmamente. — Meu último dia no
escritório. E eu teria te contado antes disso.
— Você deveria ter me contado primeiro — ela disse, seus olhos
lacrimejando. — Eu sei que a coisa romântica entre nós é
complicada, mas a coisa da amizade não é. Ou pelo menos não
deveria ser.
— Não chore — ele disse quando a voz dela falhou. — Eu não
sabia como te contar. Eu não sabia o que dizer. É por isso que não
queria me envolver com você. Sempre soube que algum dia iria
embora. Eu não sabia que seria tão cedo, mas sempre soube que
não servia para um relacionamento de longo prazo.
— Não serve para amizade de longo prazo também — disse ela.
— Brit — disse ele, incapaz de esconder a dor em sua voz.
— O que? O quê, Hunter? O que você quer que eu diga? Que
está tudo bem você escolher o que me dizer? Que você opta por
evitar conversas difíceis em vez de ser homem? Já é ruim o
suficiente que você não diga à mulher com quem está dormindo...
— Mas que droga — gritou ele. — Está vendo, é isso. Isso é
porque não devíamos ter feito nada. É por isso que eu não queria
me envolver em toda a sua busca pelo conto de fadas, porque eu
não sou seu Príncipe Encantado.
— Obviamente não é — ela disse, sua voz tão fria que ele
estremeceu.
Ela começou a caminhar em direção à porta e ele estendeu a
mão, não querendo deixá-los terminar assim. Ele precisava dela.
Ele...
— Quer saber? — ela disse, como se a inspiração tivesse
surgido. — Nas últimas semanas, tenho tentado descobrir o que
somos um para o outro. E não somos namorado-namorada. Isso
certamente está claro. Mas sabe, Hunter… não somos melhores
amigos também. Melhores amigos não ouvem notícias horríveis e
guardam para si. Melhores amigos não se sentam à mesa de
alguém por três dias seguidos e não mencionam que eles têm
empacotado toda a sua vida.
— Mentira — ele protestou com raiva. Desesperadamente. —
Você é minha melhor amiga, Brit.
Ela o encarou como se nunca o tivesse visto antes.
— Acho que não. Não acho que sejamos amigos de verdade. Não
mais.
Ela se virou, sua mão encontrando a maçaneta, mesmo quando
ele morria de vontade de puxá-la de volta. Mesmo sabendo que não
poderia. Não deveria. Brit se virou para ele, seus olhos não
encontrando os dele enquanto ela falava.
— Seu irmão ficará bem, Hunter.
O peito de Hunter parecia desmoronar com suas palavras. Era a
coisa certa e errada para ela dizer.
Certa porque era exatamente o que ele precisava ouvir – o
conforto que o iludiu por dias.
Mas também errada. Errada porque o fez perceber o idiota
colossal ele tinha sido. Que grande erro ele cometeu...
Ela se foi antes que ele pudesse resolver o problema. Saiu de sua
vida com nada mais do que um clique silencioso.
Ele deu um passo à frente, com a intenção de ir atrás dela,
sabendo que não deveria. O que ele poderia dizer?
Em vez disso, ele descansou sua testa contra a porta, mesmo
enquanto batia a palma da mão contra ela em dor, frustração.
Pela primeira vez desde que soube da notícia sobre seu irmão,
Hunter se permitiu chorar.
Capítulo Vinte e Seis
— O trabalho é seu, Brit. Se você quiser.
Brit estava sentada no escritório de Cassidy, olhando cegamente
para o chefe de seu chefe. Não, o chefe dela. Até que encontrassem
um substituto para Hunter, toda a sua equipe se reportaria
diretamente a Cassidy.
E se Brit aceitasse o que Cassidy estava oferecendo, a equipe de
Hunter se reportaria diretamente a ela.
Melhor ainda, por ser Cassidy oferecendo o emprego em vez de
Hunter, ela contornaria a maioria das acusações de transou para
conseguir o emprego.
Ela deveria estar empolgada, e ela sentiu… nada.
— Posso pensar sobre isso? — ela disse, olhando para suas
mãos.
— Claro, sim. Leve o tempo que precisar. Hunter estará por perto
via ligações nas próximas semanas, e depois disso, eu acho que
você e eu temos conhecimento coletivo suficiente entre nós dois
para comandar o navio até resolvermos as coisas.
— Excelente.
Ela começou a se levantar, mas Cassidy levantou a mão.
— Brit.
Ela voltou a sentar-se.
Os olhos de Cassidy estavam preocupados.
— Você está bem?
Ela sorriu, sabendo que ele estava perguntando como amigo em
vez de chefe. Ou talvez ela só quisesse pensar nisso porque
realmente precisava de um amigo agora.
Era segunda-feira. Três dias desde a briga.
Último dia de Hunter.
Taylor disse a ela que o voo dele seria às sete da manhã. Taylor
tinha contado a ela porque Hunter e Brit não se falaram. Ela tinha
uma chamada não atendida dele na noite de sábado. Ela não
atendeu. Ele não ligou de volta.
— Na verdade, não — disse ela, respondendo à pergunta de
Cassidy. — O que é um pouco patético, eu acho.
— Vocês são próximos — disse Cassidy. — Você pode ficar
chateada quando alguém próximo a você se muda.
— Sim.
— Você, ah... — Cassidy brincava com sua caneta, parecendo
mais desconfortável do que Brit estava acostumada a vê-lo. —
Vocês vão tentar a coisa de longa distância, ou...
Ela bufou.
— Não.
— Sim, isso seria difícil.
— Especialmente considerando que ele não pediu — disse Brit.
— Não?
— Hum, vamos apenas dizer que ele nem me disse que estava se
mudando até que eu vi suas coisas todas embaladas na noite de
sexta-feira.
— Na sexta...
Ela podia ver Cassidy pensando, sem dúvida percebendo que ele
recebeu a notícia na terça-feira, enquanto Brit...
Cassidy suspirou.
— Inferno. Que idiota.
— Não vou discutir com isso.
— Há alguma coisa...
— Cassidy — ela interrompeu. — Eu realmente não quero falar
sobre isso. Ainda não.
— Claro, ok.
Houve uma batida em sua porta e Brit se levantou, grata pela
fuga. Ela passou todo o fim de semana chorando. Se o geralmente
estoico Cassidy continuasse olhando para ela com olhos amáveis,
ela desmoronaria novamente.
— Sim — disse Cassidy para quem estava batendo.
A porta se abriu e Penelope enfiou a cabeça para dentro,
claramente aliviada por ver Brit. Ela entrou sem pedir. Cole a seguiu,
assim como Jackson Burke, o editor de fitness da revista.
— Ei, querida — disse Penelope, caminhando para Brit e
envolvendo os braços em volta dela. Brit abraçou a mulher menor
de volta, então riu um pouco quando Cole apareceu e botou seus
braços ao redor de ambas mulheres.
Jackson fechou a porta e Cassidy suspirou.
— Eu não suponho que isso seja relacionado ao trabalho.
Jackson ignorou Cassidy, seus olhos encontrando Brit por cima
do ombro de Cole. Ele sorriu.
— Como você está, Brit?
Ela riu um pouco quando Cole começou a balançar ela e
Penelope para frente e para trás em uma espécie de movimento de
canção de ninar.
— Todos no escritório estão pensando que sou uma borboleta
frágil para ser acalmada assim?
— Não — respondeu Penelope. — Eu ouvi Bradley Calloway
dizer a Evan na contabilidade que, com Hunter fora do caminho, ele
poderia finalmente dar em cima da sua, e eu repito, bela bunda.
Cole derramou café nele.
— Acidentalmente — disse Cole, olhando para Cassidy. Ele
capturou a atenção de Brit e piscou.
Ela conseguiu se extraditar do abraço.
— Agradeço todo o apoio. De verdade. Mas eu estou bem.
Amigos se mudam o tempo todo.
— Sim, mas você e Hunter eram tipo...
Penelope começou a mexer os quadris e Cassidy pigarreou.
— Você sabe — disse Penelope em vez disso.
— Bem... — Brit deu um olhar nervoso para o chefe.
— Não se preocupe em negar — Jackson disse alegremente. —
Todo mundo sabe que vocês estavam, sabe, até mesmo Cassidy.
Houve apostas sobre quanto tempo demoraria para isso acontecer
desde que entrei aqui.
— Fabuloso — ela murmurou.
Jackson vagou até a mesa de Cassidy.
— Você tem algum doce?
— Não, porque essa não é a quinta série. — Cassidy observou
Jackson pegar um recipiente de plástico em sua mesa e abri-lo. —
Esse seria o meu almoço.
— Salada — disse Jackson, colocando-o de volta no lugar. —
Chato.
— O que vocês três pesadelos querem? — Perguntou Cassidy. —
Porque obviamente não tem nada a ver com produtividade.
— Ver como a Brit está. Ver se Hunter precisa ser mutilado —
respondeu Jackson.
Cole assentiu, e todos eles olharam em expectativa para Brit.
Ela pensou por um momento.
— Eu não diria não à mutilação...
Penelope suspirou.
— Ah não. Então ele não pediu para você ir com ele?
— Pen — disse Cole, um pouco bruscamente.
Os olhos de Penelope se arregalaram.
— Eu não deveria… todo mundo estava se perguntando – vou
ficar quieta agora.
— Excelente ideia — disse Cassidy.
— Está tudo bem — disse Brit, dando um aperto reconfortante no
braço de Penelope. — Mas não. Ele não me pediu para ir com ele.
Ele nem me disse que estava indo embora até que tudo estava
embalado.
Cole fez um som irritado.
— Idiota.
Penelope abriu a boca como se fosse dizer algo, depois apertou
os lábios como se estivesse escondendo algo.
Um silêncio ligeiramente constrangedor caiu sobre o grupo, e foi
Jackson Burke quem o quebrou, o que surpreendeu Brit. Ela
gostava de Jackson, muito, mas não era próxima do ex-quarterback
de futebol americano. Ele era um pouco mais quieto do que os
outros caras, mais cauteloso.
Não hoje, aparentemente.
Ele pegou uma caneta da mesa de Cassidy e começou a girá-la
nos dedos com uma agilidade surpreendente para um homem tão
grande. Ele a estudou.
— Sabe... você não precisa da permissão dele.
— O que? — ela perguntou, seus olhos na caneta como se
estivesse hipnotizada.
O rodopio da caneta parou.
— Você não precisa da permissão dele. O país é livre para você ir
para onde quiser. — O rodopio recomeçou. — E eu fiquei sabendo
que Kansas City é legal. Muito legal.
Brit olhou para ele. Certamente ele não estava sugerindo que...
— Jackson — Cassidy disse com um suspiro. — Acabo de perder
meu número um na equipe de operações. Você está tentando se
livrar da minha número dois?
Jackson encolheu os ombros.
— São operações. Merda online. Acho que muito disso pode ser
feito remotamente. Certo? — Ele olhou para seu chefe.
Todos eles olharam para Cassidy. Ele olhou direto para Brit.
— Sim. Sim, eu deixaria alguns membros da minha equipe de
operações trabalharem remotamente.
O coração de Brit bateu forte com… ela não sabia o quê.
Na verdade, isso era mentira. Ela sabia o que era. Seu coração
bateu forte com um plano.
— Cassidy — disse ela lentamente. — Posso tirar o resto do dia
de folga?
Há algo que preciso fazer.
Ele a estudou, então concordou com a cabeça.
— Claro. Sim. Você pode tirar o resto do dia.
— Espera! — Penelope disse enquanto Brit se dirigia para a
porta. — Você vai perder a festa de despedida do Hunter!
Brit não se preocupou em responder. Ela perderia a festa, sim.
Mas ela não ia se despedir.
Capítulo Vinte e Sete
Hunter tentou como o inferno aproveitar seu último dia com a equipe
de Oxford. Ele realmente tentou.
Ele amava esses caras. E as mulheres, já que Penelope e Taylor,
assim como todas as meninas Stiletto, apareceram para mandá-lo
embora.
Todas, exceto aquela que mais importava.
Ele odiava como ficava olhando para a porta toda vez que uma
nova pessoa entrava no bar, esperando que uma loira querida
passasse pela porta...
— Você quer que eu ligue para ela? — Uma voz suave com um
toque de sotaque do sul perguntou.
Ele olhou para Daisy Sinclair, que olhou para ele com olhos
castanhos simpáticos.
Ele não se incomodou em fingir não saber quem ela era. Depois
dele e de Taylor, Daisy era a melhor amiga de Brit.
Não, ele pensou com uma pontada de remorso. Taylor e Daisy
eram suas amigas mais próximas, ponto final.
Brit deixou claro que ele não estava mais na disputa pelo primeiro
lugar. Ela estava certa. A maneira como ele a tratou...
Ainda assim, ele queria que ela estivesse aqui. Precisava que ela
estivesse aqui.
Mas ele não merecia.
— Nah — ele disse baixinho para Daisy. — Obrigado, de qualquer
forma.
Ela deu um tapinha em seu braço em conforto, o que fez Taylor
estreitar os olhos enquanto ela se aproximava.
— Daisy aqui pode estar disposta a deixá-lo escapar facilmente,
mas não pense que eu não estou pronta para cortar suas bolas.
— Isso aí! — Riley Compton disse, batendo seu copo no de Taylor
e entrelaçando o braço no dela.
Hunter olhou por um momento para as duas mulheres com seus
cabelos pretos e olhos claros, ligeiramente alarmado.
— Sabe, eu nunca percebi o quão parecidas vocês duas são.
Tanto na aparência quanto no, hum...
— Temperamento gentil? — Riley arrulhou perigosamente.
Era verdade. Taylor era um pouco mais alta, seus olhos um pouco
mais claros e cinzentos do que os azuis brilhantes de Riley, mas as
duas eram deslumbrantes... e assustadoras. Pelo menos no
momento, quando uma ou ambas pareciam prontas para esmurrálo.
O marido de Riley, Sam, se colocou entre elas e Hunter, dando às
mulheres um olhar de advertência.
— Agora, senhoras. Lembrem-se, nós, homens, podemos ser
idiotas. Precisamos de tempo para resolver isso.
— Ai — disse Hunter com uma risada.
Sam o estudou.
— Mas, sério. É verdade que você não disse a ela que estava
partindo até que a maioria de nós soubesse?
Hunter se sentiu como um cara no ensino médio sendo
repreendido.
— Hum. Sim?
Até a gentil Daisy parecia desapontada com ele.
Ele foi salvo por Lincoln, que apareceu ao lado de Hunter, colocou
um braço sobre seu ombro e lhe entregou um coquetel.
— Aqui. Beba isso.
Hunter olhou para a bebida. Era roxa fluorescente.
— Eu tenho que beber?
— Coquetel de aviação. É legítimo — Nick verificou do outro lado,
dando a ele um sinal de positivo em aprovação do coquetel. E Nick
saberia. A festa de despedida de Hunter estava acontecendo no bar
onde Nick trabalhava meio período.
Ele deu um gole hesitante na bebida. Nada mal. Mais importante,
alcóolica. Talvez isso acabasse com a dor de sentir falta de Brit.
Com a dor do fato de que ele não a veria por um longo tempo.
Ele não veria nenhum deles por um longo tempo, e a realidade
doía como o inferno.
Não que Hunter se arrependesse de sua decisão. Ele sabia em
que lugar pertencia agora. E era em Kansas City com sua família.
Além do mais, mesmo preocupado com o irmão, ele estava animado
com o novo emprego na empresa.
Por mais que doesse admitir, era hora de ele deixar Oxford.
Mas, caramba, ele iria sentir falta disso. E deles.
— Nós sabemos — disse Grace Malone, aproximando-se dele e
apoiando a cabeça em seu ombro. — Sentiremos sua falta também.
Ele olhou para baixo com um sorriso para a linda morena.
— Eu disse isso em voz alta?
— Não — disse Jake Malone, tomando um gole de sua cerveja.
— Mas como você pode não sentir nossa falta.
— Super verdade — Penelope entrou na conversa. — Nós somos
os melhores.
— Ei, ei... — Lincoln disse, levantando as mãos em uma ofensa
simulada. — Vocês todos dizem isso como se não fossemos estar
todos juntos em breve.
— Você tem uma viagem de volta para Nova York planejada? —
Penelope perguntou a Hunter alegremente.
— Ah... não? — Hunter disse com um olhar questionador.
Eventualmente, ele voltaria para uma visita, mas ele não tinha
planos concretos...
— Claro que ele tem — Lincoln disse, batendo seu copo no de
Hunter, coquetel roxo com coquetel roxo. — Ele vai voltar para o
meu casamento e da Daisy.
Houve um momento de silêncio atordoante e então todos
começaram a falar ao mesmo tempo – as mulheres, ao atacarem a
mão esquerda de Daisy, exigindo a prova de diamantes, depois os
homens, ao darem parabéns entusiásticos a Lincoln.
Lincoln capturou a atenção de Hunter e sorriu, e Hunter sorriu de
volta em apreciação, sabendo que Lincoln acabou de lhe dar uma
breve pausa na atenção que ele não queria.
Quase. Quase uma pausa.
Ignorando a comoção, Taylor Ballantine caminhou até ele, taça de
champanhe na mão, olhos vigilantes.
— Então. Você nunca respondeu minha pergunta. ”
— Que pergunta? — Droga, esse coquetel estava ficando cada
vez mais bom para ele. Ia precisar de outro.
Taylor tocou seu cotovelo, com mais delicadeza do que esperava.
— Você ama ela?
Hunter olhou para ela com irritação exasperada.
— Claro que a amo.
Tarde demais, ele percebeu que tinha anunciado isso em voz alta
o suficiente para cortar a empolgação com o noivado de Lincoln e
Daisy.
Todo mundo estava olhando.
— Está apaixonado por ela? — Cole perguntou.
Hunter lançou um olhar mortal para ele.
— Cala a boca.
— É uma pergunta justa — Jackson Burke disse suavemente.
— Por que isso importa? Ela mora em Nova York. Estou me
mudando para Kansas City. E eu dificilmente acho que ela vai
concordar com um relacionamento a distância depois de três
semanas de namoro.
— Talvez não — disse Julie Greene. — Mas ela pode depois de, o
quê, seis anos de amizade
— Eu... — Ele olhou para a bela loira, que apenas deu de ombros
como se dissesse: Só estou dizendo.
— Você ao menos perguntou? — Riley fingiu inspecionar suas
unhas bem feitas.
Porra. Pooooorrrrrraaaaaa.
O que ele estava fazendo? E se ele tivesse a chance de estar lá
para sua família e fazer as coisas derem certo com Brit?
De encontrar uma maneira de ter a mulher que amava e a família
de que precisava.
Inferno. Ele nunca saberia se não tentasse.
Cegamente, Hunter empurrou sua bebida para alguém. Emma,
talvez.
— Eu tenho que ir. Sai. Eu tenho que ir.
Ele esbarrou em um Cassidy assustado, que estava entrando no
bar enquanto Hunter estava correndo.
— Ei! — Disse Cassidy. — Se vou dar a minha equipe toda a
tarde de folga para a sua festa, você poderia pelo menos estar aqui.
— Desculpa — disse Hunter, nem um pouco arrependido
enquanto caminhava de costas para falar com seu chefe. — Tenho
um lugar mais importante para estar.
Hunter se virou e correu. Mas não antes de ver o sorriso de
aprovação de Cassidy.
Capítulo Vinte e Oito
Brit precisava de uma pausa de debater exatamente quantos pares
de sapatos ela precisava. Algumas decisões eram muito difíceis.
Ela pegou seu celular de debaixo de uma pilha de roupas e
verificou suas mensagens.
Um monte de seus amigos, mas ela as ignorou por enquanto.
Muito distrativo. Em vez disso, ela leu a mensagem de sua corretora
de imóveis, erguendo as sobrancelhas em surpresa.
— Isso foi rápido — ela murmurou, mandando uma mensagem de
volta para a mulher. Ela nem havia colocado seu apartamento no
mercado ainda, e sua corretora já achava que tinha o candidato
perfeito para sublocar o apartamento de Brit mensalmente, com
potencial para durar mais.
Brit realmente esperava que durasse mais. Mas, por enquanto,
ela precisava cobrir sua bunda. E seu aluguel.
Brit concordou em deixar uma chave na recepção para a corretora
e potencial locatário amanhã à tarde. Ela disse a eles para virem
quando pudessem. Ela não estaria lá.
Ela voltou às suas escolhas de sapatos.
Sapatilhas de couro preto ou couro envernizado preto. Couro
preto, couro envernizado preto...
Ela jogou as duas na mala. Só porque ela estava saindo de Nova
York não significava que ela não poderia levar um pouco de Nova
York com ela.
Brit mudou para seus suéteres quando houve uma batida em sua
porta. Provavelmente Daisy e/ou Taylor, decidindo checá-la
pessoalmente depois que ela as evitou durante toda a tarde.
— Estou indo — ela gritou, jogando um cardigã azul em cima de
sua bolsa e abrindo a porta da frente sem verificar o olho mágico
primeiro.
Seus olhos se arregalaram de surpresa.
— Hunter? Você não deveria estar...
— Na minha festa, sim — disse ele, ligeiramente sem fôlego. —
Posso entrar?
Sem palavras, ela deu um passo para o lado, muito atordoada
para se ver fazendo qualquer outra coisa.
— Por que você não está na festa? — ela perguntou.
Ele olhou para ela.
— Por que você não está?
Ela se esquivou da pergunta, dando-lhe uma olhada cética.
— Você veio correndo ou algo assim?
Ele riu e levou a mão à testa, que estava levemente úmida de
suor.
— Eu acho que sim. Eu tinha algo a dizer e parecia – parece –
urgente.
— Bem. — Ela cruzou os braços e encostou-se na parede. —
Meio que é. Você tem um voo para pegar amanhã de manhã, não
tem?
— Eu tenho — disse ele lentamente.
Ela o estudou novamente, com mais cuidado desta vez,
precisando saber que ele estava bem, mesmo que ela ainda
estivesse meio brava com ele.
— Como está seu irmão?
Ele assentiu.
— Nós conversamos. Blake está... bem, de melhor humor do que
acho que estaria no lugar dele. Ele está convencido de que vai
vencer.
— Que bom — disse Brit com firmeza. — Porque ele vai.
Hunter sorriu, sua expressão decididamente menos assombrada
do que durante a briga deles na noite de sexta-feira.
Um momento estranho se estendeu entre eles enquanto eles
apenas se encaravam.
— Brit. — Ele deu um passo à frente, sua expressão se tornando
intensa. — Brit, eu preciso te perguntar uma coisa que eu... não
tenho o direito de perguntar a você. Especialmente depois da
maneira como me comportei.
— Estou ouvindo — disse ela, mesmo com o coração acelerado
de ansiedade.
Ele respirou fundo.
— Ok, bem, eu estava na festa, e a gangue estava, bem, como
sempre...
— Interferindo, sendo intrometidos, mas bem intencionados?
— Sim, isso. — Ele engoliu em seco. — De qualquer forma,
alguém, não me lembro quem agora, disse algo... Eles perguntaram
se íamos ter um relacionamento a distância. E eu disse que não.
Que estávamos saindo há apenas algumas semanas e eu não
poderia pedir isso...
O coração de Brit afundou.
— Relacionamento a distância.
— Sim. Não é uma ideia horrível, muitos casais fazem isso. E eu
vim aqui para perguntar, para implorar. Mas então, no caminho para
cá, percebi...
Ele deu um passo à frente, levantando as mãos como se quisesse
tocá-la, mas depois as deixou cair para os lados, mesmo enquanto
seus olhos imploravam.
— Eu não posso ter um relacionamento a distância com você,
Brit.
Seu coração se apertou de dor e ela se virou.
As mãos dele pegaram o rosto dela, segurando-o enquanto ele o
inclinava para ele.
— Não posso ter um relacionamento a distância porque não
suporto ficar horas sem te ver, muito menos dias. Semanas. Meses.
Eu não posso fazer isso, Brit. Eu preciso muito de você. Como
minha amiga. Como minha amante. Como meu tudo. É por isso que
preciso perguntar e, como disse, não tenho o direito...
Ele fechou os olhos e depois os abriu, e ela viu que estavam
úmidos.
— Venha comigo. Por favor, venha comigo. Podemos resolver
algo com Cassidy. Pode ser temporário. Só até meu irmão melhorar,
até que a empresa encontre outra pessoa. Então podemos voltar
para Nova York. Ou talvez você se apaixone por Kansas City e
possamos conseguir uma casa e um grande quintal e – talvez
começar uma família — disse ele apressadamente.
Brit olhou, atordoada, e ele soltou uma risada nervosa com a
expressão dela.
— Ok. Isso é rápido. Muito rápido. Tudo bem, podemos começar
com relacionamento à distância, e então...
Ela colocou seus dedos levemente contra a boca dele, seus
próprios olhos úmidos agora.
— Hunter. Hunter.
Ele prendeu a respiração.
— Sim.
Ela enfiou a mão no bolso de trás, onde ela colocou o celular
depois de sua conversa com sua corretora.
Brit olhou para baixo, abriu o que ela queria que ele visse e
entregou-lhe o celular.
Ele olhou para ela com uma expressão perplexa, então olhou
para baixo. Encarou. Encarou mais um pouco.
Ele olhou de volta para ela.
— É uma passagem de avião.
Ela sorriu.
— É.
— No seu nome. Para amanhã. Kansas City.
— O exato mesmo voo — ela disse calmamente. — Nick
espionou um pouco.
Hunter deu um passo para trás, balançando a cabeça, e então
olhou ao redor do apartamento dela para as malas.
— Você está falando sério.
— Você precisa de mim — ela disse simplesmente. — Você pode
não saber, mas você precisa da sua melhor amiga agora, e apesar
do que eu disse na outra noite, essa sou eu. Sempre será eu,
Hunter.
— Eu sei. — Sua voz estava rouca e ele pigarreou. — Brit, eu
agradeço por você ir. Sério. Mas eu preciso saber... você vem
apenas como minha melhor amiga? Ou algo mais?
— O que você tinha em mente? — ela perguntou com um leve
sorriso, seu coração perto de estourar.
Ele sorriu de volta, timidamente.
— Eu estava pensando que poderíamos ser... do que diabos você
queira chamar os melhores amigos que dormem juntos, comem
juntos, saem. Eu estava pensando que poderia ser seu...
— Namorado? — ela perguntou, sem ousar ter esperança.
— Eu gostaria muito mais disso do que apenas amigos — ele
disse, seu olhar fixo no dela.
— Eu também — ela sussurrou.
Por um momento, eles apenas sorriram um para o outro, seus
sorrisos ficando cada vez mais amplos até que se transformaram
em grandes sorrisos idiotas.
Então, todo o rosto de Hunter se suavizou com ternura.
— Deus, eu te amo.
— Eu sei. Eu também te amo — disse ela, enxugando as lágrimas
de felicidade.
— Não — ele disse, indo em sua direção e agarrando suas mãos.
— Não, quero dizer, estou apaixonado por você, Brit.
Desesperadamente, até o fim dos tempos.
Ela se lançou sobre ele, seus braços e pernas envolvendo-o. Ele
a pegou com uma risada enquanto ela enterrava o rosto em seu
pescoço.
— Diga — ele disse em seu cabelo depois de um momento. —
Por favor, diga.
Ela sorriu.
— Eu também estou apaixonada por você.
Seus braços se apertaram.
— Desesperadamente, até o fim dos tempos?
Brit se afastou e segurou seu rosto.
— Completamente, perdidamente, até o fim dos tempos.
Ela o beijou para provar.
Epílogo
— O que você acha? — Hunter perguntou enquanto pegava outra
taça de champanhe de uma bandeja que passava. — Nosso
casamento vai ser tão bom assim, certo?
Brit deu a ele um olhar exasperado.
— Você não pode me pedir em casamento no casamento de outra
pessoa. É falta de educação.
Ele olhou para baixo e sorriu antes de dar um beijo em seus
lábios.
— Eu ainda não pedi?
— Não. E eu quero algo chique. Em público. Um espetáculo.
— Você promete dizer sim? — ele perguntou, aprofundando o
beijo.
Ela apenas sorriu contra sua boca, levantando a mão para puxálo para mais perto.
— Hu-hum.
Taylor e Nick se aproximaram, taças de champanhe nas mãos, já
que estavam sem bebês naquela noite.
— Esse casamento quase me faz arrepender de ter casado
escondido — disse Taylor, admirando o Plaza ricamente decorado.
— Quase. — Ela colocou o braço em volta de Nick ao dizer isso.
— Sim, embora eu esteja adorando o open bar — disse Nick. —
Lincoln e Daisy tiveram a ideia certa com os coquetéis exclusivos.
— Ah, você quer dizer os coquetéis exclusivos que eles pediram
para você criar? — Taylor perguntou secamente.
Nick sorriu.
— O que posso dizer? Eu sou um gênio.
Taylor olhou para Brit.
— Quando vocês dois vão fazer isso? — Ela gesticulou para os
arredores elegantes.
— Estávamos discutindo isso agora — disse Hunter. — Embora
eu possa dizer com segurança que não vamos ter o bar de algodão
doce.
— Ideia do Lincoln — disse Penelope, juntando-se a eles, sua
mão na de Cole.
— Sim, acho que nunca houve dúvida sobre isso, querida —
disse Cole. — Graças a Deus, Daisy, a organizadora do casamento
se contratou para planejar tudo. Tenho certeza de que devemos
agradecer a ela por anular o plano dele de chantilly e granulado
servido em cima do champanhe.
— Quando começa a dança? — Penelope perguntou impaciente.
— Eu acho que devemos esperar pelos brindes e pela primeira
dança e corte do bolo — Brit apontou.
— Ooooh, bolo — Penelope ponderou, olhando ao redor como se
tentasse descobrir quando essa parte estaria acontecendo.
Cole a puxou para perto, pressionando um beijo sorridente em
sua têmpora.
— Eu te adoro.
— Obviamente — disse Penelope. — Eu sou fantástica.
Houve uma batida no microfone. O DJ esperou que todos se
aquietassem e anunciou que, em vez dos brindes dos padrinhos,
haveria na verdade um brinde conjunto ao casal feliz.
Emma e Alex Cassidy foram para frente e pegaram o microfone.
Emma falou primeiro, seu tom suave imediatamente comandando
todo o lugar.
— Cassidy e eu estamos muito felizes com a oportunidade de ter
uma plataforma para envergonhar abertamente minha irmã e Lincoln
com detalhes que eles gostariam que não falássemos. E vamos
chegar a isso. Mas primeiro, a pedido da noiva e do noivo...
A banda ao vivo começou a tocar baixinho sob a voz de Emma.
— Por mais que Daisy e Lincoln se amem – e eles se amam,
tanto quanto qualquer casal que eu já vi – há outra parte importante
do amor deles que eles achavam que merecia um pouco de atenção
hoje. Um grupo que, sem ele, eles não estariam juntos. Um grupo
que, sem ele, Cassidy e eu não estaríamos juntos...
Cassidy pegou o microfone e deu um sorriso raro e desprotegido.
— Para o pessoal de Stiletto e Oxford presentes essa noite: Pela
menos uma vez em suas vidas, se vocês realmente fizerem o que
eu digo, por favor, levem suas bundas na pista de dança para se
juntarem a Daisy e Lincoln em sua primeira dança...
A banda tocou mais alto agora, iniciando o refrão da conhecida
canção de Rembrandts.
Rindo de alegria, Brit deixou Hunter levá-la para a pista de dança,
junto com Penelope e Cole. Taylor e Nick se juntaram. Jackson girou
Mollie em um rodopio, enquanto Jake abaixava Grace. Riley atraiu
Sam para algum tipo de dança sexy. Emma e Cassidy se juntaram a
eles, e Lincoln conduziu sua noiva para a pista em uma valsa
dramática.
E por último, mas não menos importante, a dupla que começou
tudo, Julie e Mitchell, se juntou ao grupo, persuadindo-os a uma
monstruosidade cantante de fila para dançar a conga para nada
menos que a música tema de Friends.
E enquanto a banda cantava sobre a vida estar presa em
segunda marcha e amar a vida sem graça, Brit rindo se agarrou a
Hunter e sabia que tudo ficaria bem.
Claro, eles moravam em Kansas City agora, mais longe de seus
amigos do que ela gostaria, mas eles voltavam para Nova York com
frequência, para suas viagens mensais para ver a equipe de Oxford
pessoalmente.
O irmão de Hunter ainda não tinha voltado ao que era antes, mas
estava em remissão e, com sorte, voltaria ao trabalho em breve para
administrar a empresa da família. Lado a lado com Hunter, que se
tornou parte importante do negócio e amava cada aspecto dele. E
depois de complicações intermináveis com a papelada, Malik se
estabeleceu como um membro legal e amado da família.
Não foi um caminho fácil para a família Cross. Ou para Hunter e
Brit enquanto eles se ajustavam a uma nova vida longe de Nova
York.
Pode não ter sido o dia deles. Ou semana. Ou mesmo o ano
deles.
Mas, apesar de tudo, Hunter e Brit estavam juntos.
E eles tinham essa equipe. Eles tinham as meninas da Stiletto, os
homens da Oxford (mais Penelope e Taylor), que ficariam com eles
a cada passo do caminho. A distância não importava. Nunca
importaria.
Todos eles estariam lá. Um para o outro. Sempre.
Para os leitores da série Stiletto e Oxford. Obrigada por todas as
memorias.
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