Uploaded by Areta Cunha

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02/03/2021
O surgimento da educação inclusiva da criança com deficiência no cenário internacional
O surgimento da educação inclusiva da criança com
deficiência no cenário internacional
INTRODUÇÃO
Esse escrito trata-se da evolução sobre o tema da educação inclusiva. Os debates foram
árduos frente à quebra de paradigmas ao formato de acessibilidade das escolas da
época, acadêmicos humanistas deram início a uma batalha contra um modelo
conservador de educação escolar e familiar, percebia-se que o preconceito estava
entranhado nas pessoas e não nas crianças. Dessa forma, não se pensava na
possibilidade de inclusão de crianças com deficiência na rede de ensino regular, mas
sim uma educação de forma segregada, oposta aos princípios humanitários de acordos
internacionais atuais.
1 Da Iniciativa da Educação Regular
A escola, diferentemente do pensamento da maioria, tem a responsabilidade de aplicar
somente uma parcela da educação, ou seja, as outras parcelas são de responsabilidades
dos pais em primeiro plano, e do Estado em um segundo plano. Frente a isso,
precisamos quebrar alguns paradigmas frente á educação e acessibilidade da criança
com deficiência no ensino regular.
Antes dos anos 80, pensava-se que a melhor educação para a criança com deficiência
seria em uma escola própria, uma escola que separava as crianças com deficiências das
demais crianças sem deficiência, pois havia um pensamento arcaico de que crianças
com deficiência não conseguiria acompanhar, e atrapalharia o desenvolvimento das
que não tinham nem um tipo de deficiência, e ainda não conseguiria obter o
desenvolvimento de potencialidades. Era uma segregação total frente a esta realidade.
Até mesmo os termos usados eram de peso negativo, pejorativo como excepcional,
aleijado, defeituoso, incapacitado, inválido etc. Havia de forma evidente o preconceito
nas termologias e nos dizeres das pessoas, estes termos foram utilizados por muito
tempo até 1980.
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O surgimento da educação inclusiva da criança com deficiência no cenário internacional
A partir de 1981, iniciava-se um novo pensamento frente às terminologias e uma nova
reflexão do considerado “Ano Internacional das Pessoas Deficientes” surgindo,
portanto, a inclusão da palavra pessoa, colocando o vocábulo deficiência como adjetivo,
sendo então a designação pessoa com deficiência, isso ocorre pela iniciativa de pais,
profissionais, e pessoas com deficiência nos EUA em meados dos anos 80 e inicio dos
anos 90, considerado por muitos um primeiro passo para inclusão denominada de
“Regular Education Iniciative - Iniciativa da Educação Regular” (REI).
O movimento REI, não é nobre somente pela fonética, mas principalmente pelo
pensamento inicial de incluir as crianças com deficiências nas escolas regulares,
mesmo em um momento em que não havia um apoio da sociedade conservadora da
época.
Este movimento é considerado um dos primeiros que trouxe à tona a ideia de educação
única, atribuía o pensamento inicial de extinguir a separação, buscava abolir a
segregação educacional e extinguir a recuperação dos alunos que não conseguiam obter
desenvolvimentos médios, portanto o movimento REI lutou alguns anos por uma
modificação, ou melhor, reestruturação da educação especial, e melhor qualidade de
ensino. Considera-se uma luta internacional a favor desta minoria.
Conforme cita a Doutora Pilar Arnaiz Sánchez, professora titular da Faculdade de
Educação, departamento de Didática e Organização Escolar da Universidade de Murcia
Espanha:
A proposta do REI é clara: todos os alunos, sem exceção, devem estar escolarizados
na classe de ensino regular, e receber uma educação eficaz nessas classes. As
separações por causa da língua, do gênero, ou grupo étnico minoritário deveriam
ser mínimas e requerer reflexões. O REI defende a necessidade de reformar a
educação geral e especial para que se constitua como um recurso de maior alcance
para todos os alunos.
Aparece no final dos anos 80 e princípios dos 90, como continuação desse movimento
no contexto americano, e do movimento de integração escolar em outras partes do
mundo, o movimento da inclusão. Entre suas principais vozes encontram-se Fulcher
(1989) e Slee (1991) na Austrália; Barton (1988), Booth (1988) e Tomlinson (1982) no
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Reino Unido; Ballard (1990) na Nova Zelândia; Carrier (1983) em Nova Guiné; e
Biklen (1989), Heshusius (1989) e Sktirc (1991a) na América do Norte. Na Espanha,
ainda que um pouco mais tarde, cabe destacar os trabalhos de Arnaiz (1996, 1997),
García Pastor (1993) & Ortiz (1996) [1].
Os demais movimentos e autores citados pela Doutora Pilar Arnaiz Sánchez,
mostravam suas indignações frente ao tratamento dado às crianças com deficiência
naquele cenário mundial em diversos países. Dessa forma ocorrem os primeiros
movimentos a educação de crianças com deficiência na plataforma internacional.
2 Da Convenção de Salamanca
Entre 7 e 10 de junho de 1994 foi reafirmado um compromisso no cenário internacional
mediante uma assembleia em Salamanca, Espanha, em uma conferencia mundial de
educação especial, representada na época por 88 governos e 25 organizações
internacionais, para uma educação de todos, destruindo o paradigma da educação
separatista, que divide a criança com deficiência, da criança que não tem deficiência.
Assim reconhecendo, portanto a urgência, responsabilidade e necessidade da educação
da criança, adolescente ou adulto com deficiência ser no ensino regular.
Ratificaram os governos e organizações internacionais presentes na época o modelo de
educação e inclusão, pensando, portanto, em toda uma estruturação do ensino regular,
para atender estas crianças.
Desta forma está descrito na DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, a crença e a batalha de
aplicabilidade dos princípios:
Acreditamos e Proclamamos que: a) Toda criança tem direito fundamental à educação,
e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem;
b) Toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de
aprendizagem que são únicas; c) Sistemas educacionais deveriam ser designados e
programas educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a
vasta diversidade de tais características e necessidades; d) Aqueles com necessidades
educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-los
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dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades; e)
Escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais
eficazes de combater atitudes discriminatórias criando-se comunidades acolhedoras,
construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; f) Além disso,
tais escolas proveem uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a
eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional[2].
Percebe-se que o objetivo principal é nortear os governos frente a uma educação
igualitária justa para as crianças com deficiências, por questões de dignidade e
fraternidade do pensamento humanitário. Atualmente não se pode mais aceitar
qualquer tipo de segregação e não democratização de acessibilidade, principalmente se
tratando de educação, que neste momento deve ser inclusiva, pois a criança com
deficiência também aprende com contato, também aprende com as demais crianças que
não são deficientes. A aprendizagem é constante. Assim está descrito na
DECLARAÇÃO DE SALAMANCA:
Aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular,
que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de
satisfazer a tais necessidades. As escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva
constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando-se
comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando
educação para todos; além disso, tais escolas proveem uma educação efetiva à maioria
das crianças e aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de todo
o sistema educacional[3].
Daí a importância da Convenção de Salamanca, sendo um marco importante ao apoio e
acesso a educacional das crianças com deficiência no ensino regular. Compara-se com a
importância dos direitos humanos fixado na dignidade, e direito social de obter uma
vida “salubre” no ponto de vista de convívio educacional.
Uma questão relevante para os que têm uma visão radical para o assunto, é que o
primeiro passo importante seria extinguir as escolas especiais, estas escolas seria uma
questão relevante que bloquearia a tentativa da implantação do ensino regular para as
crianças com deficiência. E desde então, poucos lugares e democracias do mundo
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houve diminuição de escolas especiais. Mesmo sendo uma ideia principal na
Convenção de Salamanca a ideia inicial de acabar com estas escolas, perceber-se que
hoje, alguns anos depois não é um fato.
Essa é a defesa, de maneira persistente para os que rezam à educação inclusiva a
melhor maneira de haver uma formação justa para essa classe de pessoas em sua vida
adulta. Outra questão perceptível é que os países internacionais criticam e observam o
gasto para a implementação das questões da educação inclusiva, hoje neste mercado
capitalista, a educação é formal para inclusão de pessoas no mercado de trabalho, isto
faz com que não sobre espaço para outro modelo de educação, e dificulta
implementação de novas perspectivas para inclusão educacional.
Entende-se necessário haver uma reestruturação na educação formal, para uma
educação humanitária que proporcione o desenvolvimento de potencialidades das
crianças com deficiências para uma vida em sociedade com dignidade, seria o novo
enfoque. Pois este formato atual de educação formal não é adequado para a
implantação de uma educação que tem como principio maior um ensino inclusivo em
escolas regulares.
Outro fator determinante é a aceitação e apoio dos pais, no sentido de acreditar, que é
melhor para seus filhos estarem juntos, pois na vida adulta não serão segregados da
sociedade, isto pouco ocorre nas comunidades internacionais nos dias de hoje.
CONCLUSÃO
Portanto, percebe-se que é necessária maior preocupação dos governantes na inclusão
dessa classe na escola regular de ensino. Na realidade atual não se percebe esforços
suficientes dos representantes em desenvolver ações que incentivem a inclusão com
qualidade. Educação é muito mais do que apenas garantir vagas para estes alunos. Não
é novidade que na rede pública de ensino não tenha condições de garantir vagas e
ensino de qualidade, frente a um cenário que não tem esta disponibilidade.
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Sabe-se que, em vários Estados do país, noticia-se sobre o déficit de vagas na rede de
ensino nas primeiras séries do ensino público fundamental, ainda, exigirmos o
fornecimento de uma estrutura de qualidade para desenvolver todos os alunos, é quase
que utopia. Para alguns tipos de deficiência, a intelectual, por exemplo, nossa
preocupação é ainda maior, por ser uma minoria, dentro da própria minoria, no que diz
respeito a dificuldades, é uma inclusão ainda mais delicada que exige uma
responsabilidade maior da escola na formação deste aluno, que nas condições atuais
dificilmente garantirá um futuro digno sem o apoio das escolas especificas.
Conforme a preocupação da comunidade internacional, representados pelos
movimentos humanistas do REI nos EUA e anos mais tarde a “ratificação” expressa na
Declaração de Salamanca, confirma que é preciso mudar o formato da educação atual
escolar e familiar, criando mecanismos técnicos educativos para haver a possibilidade
de incluir as crianças com deficiência em um ensino regular de qualidade,
proporcionando mais tarde uma vida digna de qualidade.
REFERÊNCIAS:
DECLARAÇÃO DE SALAMANCA. Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das
Necessidades Educativas Especiais. Disponível em. Acesso em: 23 ago. 2015.
SÁNCHEZ, Pilar Arnaiz. A educação inclusiva: um meio de construir escolas para
todos no século XXI. Inclusão – Revista da educação especial – Out/2005.
[1] SÁNCHEZ, Pilar Arnaiz. A educação inclusiva: um meio de construir escolas para
todos no século XXI. Inclusão – Revista da educação especial – Out/2005.
[2] DECLARAÇÃO DE SALAMANCA. Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das
Necessidades Educativas Especiais. Disponível em. Acesso em: 23 ago. 2015.
[3] Idem.
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