MBA GESTÃO DE MARKETING ESTRATÉGICO Criatividade e Inovação Prof. Dr. Alexandre Dias Prof. Dr. Alexandre Dias É doutor e mestre pelo Programa de Pós‐Graduação em Administração de Organizações (PPGAO) pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FEARP/USP). É professor RDIDP do Departamento de Administração e orientador do PPGAO da FEARP/USP. É pesquisador do Núcleo de Pesquisas em Inovação, Gestão Empreendedora e Competitividade (INGTEC). Suas pesquisas são predominantemente aplicações empíricas na área de inovação. http://lattes.cnpq.br/1546047930887145 2 Agenda • Estímulos para a inovação • Gestão da capacidade inovadora • Desempenho inovador O que é inovação? Como transformamos capacidades em performance? • • • • 1. Estímulos para a inovação Recursos Liderança Gestão de pessoas Gestão de conhecimento 2. Gestão da capacidade inovadora • Gestão de tecnologia • Modelo de gestão • Estratégia • Estrutura 3. Desempenho inovador • Indicadores de performance Capacidades organizacionais sustentadoras da inovação Por que não somos melhores na inovação? ou… Quais são os maiores desafios que a sua organização enfrenta para inovar? Recursos • Recursos devem ser cuidadosamente destinados para a implementação dos projetos de inovação • Financeiros • Físicos • Capital intelectual (capital humano, capital estrutural e capital relacional) • Organizacionais • Reputação Bakar e Ahmad (2010) Na sua opinião, o que distingue empresas excelentes de não excelentes? Liderança, cultura e RH • Gestão de RH é determinante para a implementação de inovações (Haneda & Ito, 2018). • O papel das lideranças na criação de um ambiente propício à inovação. • Como fomentar um ambiente e uma cultura propícios à inovação? Tolerância à divergência Tolerância a erros Liderança inovadora, mas Reconhecimento não centralizadora Academia Pearson (2010) Equipes heterogêneas Comunicação fluente dentro e fora da empresa Investimento em educação continuada Ambiente físico inspirador Remuneração • O papel estratégico da política compensatória (Haneda & Ito, 2018) • Incentivos de longo prazo a executivos impactam positivamente a inovação. • Inventores são menos sensíveis ao modelo pay‐for‐ performance (motivação intrínseca). • Diferenças salariais entre a equipe de P&D estão negativamente associadas à inovação nas empresas. Gestão do conhecimento e da propriedade intelectual • Gerenciamento da base de conhecimento: • Identificação • Transformação • Compartilhamento (estratégia de compartilhamento seletivo) • Proteção e exploração Igartua et al. (2010) Patenteamento • Requisitos • Novidade • Atividade inventiva • Aplicação industrial • O que não é patenteável: • Ideias • Lei da natureza • Princípios científicos Tipos de Patente • INVENÇÃO INDUSTRIAL • nova relação de causalidade não encontrada na natureza + utilidade da invenção • proteção ao efeito técnico por 20 anos • MODELO DE UTILIDADE • nova forma ou disposição envolvendo ato inventivo que resulte em melhoria funcional do objeto (forma + função técnica) • Proteção à forma por 15 anos • Ex.: Tesoura para canhoto • DESENHO INDUSTRIAL • nova forma a objetos de caráter meramente ornamental (efeito visual) • proteção à forma por 10 anos Embora as patentes sejam usualmente usadas como proxies de inovação, há outros mecanismos para assegurar a apropriabilidade da inovação... O Modelo de Inovação Fechado Modelo de Inovação Aberta Internalização de Licenciamento Aquisição de Produtos Marca compartilhada Fronteiras da empresa Mercado foco da empresa Fronteiras da empresa Licenciamento Ideias e Tecnologia Tecnologia Spin-outs Fonte: Chesbrough (2003). Mesmo grandes empresas podem enfrentar dificuldades para impulsionar, sozinhas, determinados projetos de inovação. Tendência: Programas de Inovação Aberta Programa de aceleração de protótipos com foco na validação de produtos voltados para o setor industrial. Vinculação entre startups e empresas âncoras. Ex.: Gerdau, Mondeléz International e Seara. O que uma organização consolidada ganha ao participar deste tipo de iniciativa? qualificação em desenvolvimento de startups teste de soluções a baixo ou sem custo acesso a soluções que estão na fronteira do mercado Princípios dos Modelos de Inovação Modelo de Inovação Fechada As pessoas mais talentosas na nossa área trabalham para a empresa. A lucratividade com P&D, depende da descoberta e desenvolvimento interno. Modelo de Open Innovation Nem todas as pessoas mais talentosas trabalham para nós então devemos encontrar e trazer o conhecimento e a expertise de indivíduos brilhantes que estão fora da organização. P&D externo pode criar valores significativos; o P&D interno é necessário para se apropriar de parte desse valor. Quem descobre primeiro, chega com o produto ao mercado primeiro. Não é necessário iniciar a pesquisa para lucrar com ela. Quem comercializa primeiro uma inovação vence. Construir um melhor Plano de Negócios é melhor que chegar ao mercado primeiro. Vitória depende da quantidade criada de boas ideias. Usar as melhores ideias internas e externas leva a vitoria. Devemos lucrar com a utilização da PI de outros, e devemos Deve‐se controlar a PI de forma que os competidores não lucrem a partir das ideias comprar a PI de outros toda vez que esta traga vantagens ao plano de negócios da empresa. da empresa. Fonte: Chesbrough (2003, p. 38) Impacto nas Receitas e nos Custos Venda Novas Receitas Receitas Spin‐off Licenciamento Receita de Mercado Receita de Mercado Custos de Desenvolvimento Interno Custos de Desenvolvimento Interno e externo 0 Custos Economia de “tempo e custo” alavancados pelo desenvolvimento externo Modelo de Negócio Fechado Fonte: Chesbrough (2007, p. 27) Modelo de Negócio Aberto Estratégias de Inovação Liderar ou Seguir? Fonte: Reis (2008). Liderança não é apenas para as grandes! Faturamento: R$ 1,2 milhão nos primeiros 12 meses Vantagens do liderança Cobrar um “premium” dos consumidores antes de ocorrer a competição por preços. Acumular recursos e capacitações críticas pioneiramente. Ter a primeira chance de fidelizar os clientes em determinado produto. Respeitabilidade associado ao inovador. Desvantagens de liderança Testar designs que podem ser rejeitados pelo mercado. A experiência da empresa provê informações para os seguidores. (Estes podem se aproveitar de soluções já prontas.) Possibilidade de investimentos fixos em tecnologias que serão logo ultrapassadas. (sunk costs ) Maior grau de incerteza em diversas dimensões (aceitabilidade do produto, p. e.). Arcar com outros custos gerais da introdução da nova tecnologia (infraestrutura, promoção) Armadilhas da liderança Empresas líderes de mercado se acostumam a satisfazer o mesmo tipo de cliente. As inovação que criam apenas melhoram a tecnologia atual. É aberto espaço para inovações de ruptura que oferecem uma nova perspectiva sobre o produto/serviço e o valor de suas funcionalidades. A inovação trouxe ruptura a diversos mercados É fácil perceber rupturas passadas, a questão é saber quando e como se darão as próximas. Organização da inovação: Interface Organizacional O que o Marketing solicitou Como a Fábrica produziu Como Projetos interpretou Como Vendas apresentou Como a Engenharia desenhou O que os Clientes queriam Mecanismos de Integração • CONSCIENTIZAÇÃO E TREINAMENTO – Ênfase em Valores, Atitudes e Habilidades orientadas a uma cultura participativa • TRANSFERÊNCIA DE PESSOAL ENTRE‐ÁREAS – Ênfase em rodízios planejados • CRIAÇÃO DE GRUPOS DE INTERFACE – P&D ‐ Marketing – P&D – Produção • UTILIZAÇÃO DE PROJETOS MATRICIALMENTE ORGANIZADOS – Ênfase em alterações estruturais mais substanciais fortalecendo papel do Gerente de Projeto Fonte: Adaptado de Sbragia FEA/USP Organizações baseadas em projetos Mecanismos de Integração • PROCESSO PRODUTOS DE DESENVOLVIMENTO – Engenharia Simultânea – Matriz de Responsabilidade (Matriz RACI) – Responsável, Aprovador, Consultado, Informado Fonte: Adaptado de Sbragia FEA/USP DE NOVOS Função Tecnológica: Visão Integrada FONTES EXTERNAS DE TECNOLOGIAS: Universidades Institutos de Pesquisa Fornecedores Concorrentes Consultorias Congressos e Feiras Matriz Banco de Patentes Mercado de Trabalho Mecanismos de Aquisição e Transferência de Tecnologia EMPRESA Desenvolvimento Interno Transferência de Tecnologia da Matriz Consórcio de Pesquisa Pesquisa em Parceria •Aquisição de EBT’s •Joint-Venture / Aliança •Cooperação com universidade/ PI Contratação de Pesquisa Contratação de Pessoas •Licenciamento Compra de Equipamentos •Produção •Marketing •P&D •RH •Finanças •TI •Logística •Estratégia e Auditoria Tecnológica •Estrutura da Função Tecnológica •Avaliação de Parcerias e Alianças RESULTADOS Aumento da competitividade da empresa •Novos produtos •Melhoramento dos produtos atuais •Redução de custos •Patentes Indicadores de desempenho • “O que pode ser medido, pode ser alcançado” (Tom Peters) • O que empresas excelentes fazem? • Armadilhas: • Fixação de uma única métrica de inovação (Ex.: retorno das atividades inovativas ‐> c.p.) • Encorajamento de atividades de baixo risco • Baixo retorno • Inovações incrementais não são ruins, mas são insuficientes para criar crescimento substancial • Foco nos inputs em detrimento dos outputs (Ex.: orçamento de P&D, nº de patentes) Anthony et al. (2008) Sugestões de métricas Medidas de inputs • Recursos financeiros (começar com uma política “just enough” e aumentar • Recursos humanos (tempo pode ser mais importante que dinheiro) • Recursos para “noncore innovations” (foco no l.p.) • Nº de patentes Anthony et al. (2008) Medidas de outputs Medidas de processo e supervisão • Velocidade do processo (critical • N° de novos produtos lançados • % do faturamento proveniente da decision points) • venda de novos produtos Abrangência do processo de geração • de ideias % de lucro com novas categorias de produtos • Equilíbrio do portfólio de inovação • Lacuna de crescimento (resultados projetados x alcançados) atual • Retorno sobre o investimento (cuidado) Considerações finais: recomendações para fortalecer a inovação • O desempenho em inovação é multifatorial • Investir sistematicamente em projetos de P&D. • Fomentar uma cultura e um clima organizacional voltados à inovação. • Combinar fontes internas e externas de acesso à tecnologia. • Dispor de uma estrutura adequada para administrar a função tecnológica, integrando‐a às demais áreas da empresa. Referências • ACADEMIA PEARSON. Criatividade e inovação. São Paulo: Pearson Universidades, 2010. • ANTHONY, S. D.; JOHSON, M. W.; SINFIELD, J. V.; ALTMAN, E. J. The innovator’s guide to growth: putting disruptive innovation to work. Boston: Harvard Business Press, 2008. • BAKAR, L.J.A.; L. AHMAD, H. Assessing the relationship between firm resources and product innovation performance: A resource‐based view. Business Process Management Journal, v. 16(3), p. 420‐435, 2010. • CHESBROUGH, H. The era of open innovation. MIT Sloan Management Review, v. 44, p. 35‐41, 2003. • CHESBROUGH, H. W. Why companies should have open business models. MIT Sloan Management Review, winter 2007. • GRIMALDI, M.; GRECO, M.; CRICELLI, L. A framework of intellectual property protection strategies and open innovation. Journal of Business Research, v. 123, p. 156‐164, 2021. • HANEDA, S.; ITO, K. Organizational and human resource management and innovation: Which management practices are linked to product and/or process innovation? Research Policy, v. 47, p. 194‐208, 2018. • IGARTUA, J.I.; GARRIGÓS, J.A.; HERVAS‐OLIVER, J.L. How innovation management techniques support an open innovation strategy. Research‐Technology Management, v. 53(3), p. 41‐52, 2010. • LEENDERS, M. A. A.M.; WIERENGA, B. The effectiveness of different mechanisms for integrating marketing and R&D. The Journal of Product Innovation Management 19 (2002) 305‐317. Referências • REIS, D. R. Gestão da inovação tecnológica. Barueri: Manole, 2008. • TIGRE, P. B. Gestão da inovação: a economia da tecnologia no Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. OBRIGADO! a.dias@usp.br