Complexo Escolar Privado Queluz Belas Ensino Primário Iº e IIº Ciclo do Ensino Secundário Tema: Lingua, linguagem, fala, como factores de comunicação e interação Docente ___________________ Luanda, fevereiro,2024 Complexo Escolar privado Queluz Belas Ensino Primário Iº e IIº Ciclo do Ensino Secundário Curso: C.E.J. Trabalho Elaborado por: Classe: 11º e 10º Aércio Martinho Dala Disciplina: Lingua Portuguesa Professor: António Cassua Luanda, fevereiro,2024 Integrantes do grupo: • • • • • Aércio Dala Edvânia Cotelo Marquinha Sampaio Weza Alexandre Nogueira Regina Gonçalves Agradecimentos Agradeço primeiramente a Deus, por ter me concedido energia e benefícios para concluir este trabalho. Agradeço também aos meus colegas de classe que participaram das pesquisas do trabalho. índice 1. Introdução………………………………………………………………………………….……………6 2. Linguagem 2.1 Os tipos de linguagem……………………………………………………………………………7 2.2 Os níveis de linguagem…………………………………………………………………………..7 2.3 Os vícios de linguagem…………………………………………………………………………11 2.4 Figuras de linguagem………………………………………………………….…………………18 2.5 As funções da linguagem……………………………………………………………………….24 3. Fala 3.1 Níveis da fala…………………………………………………………………………………………29 4. Língua…………………………………………………………………………………………………….29 4.1 As variantes linguísticas………………………………………………………………………..30 4.2 Estruturas linguísticas…………………………………………………………………………..30 5. Conclusão………………………………………………………………………………………………31 6. Bibliografia…………………………………………………………………………………………….32 Introdução Linguagem: a linguagem é um sistema de signos ou símbolos usados na transmissão de uma mensagem. É a capacidade de comunicação de ideias, pensamentos, opiniões, sentimentos, experiências, desejos, informações, etc. Língua: a língua é um conjunto de palavras organizadas por regras gramaticais específicas. É uma convenção que permite que a mensagem transmitida seja sempre compreensível para os indivíduos de um determinado grupo. Fala: a fala é a forma pessoal de expressão de cada indivíduo, que possui uma organização própria de pensamentos, ideias, opiniões, etc. “A linguagem é mágica e poderosa, perigosa e encantadora; um grande motivo para estudarmos, pois, através da linguagem nos tornamos autônomos demais”. (Bruno Calil Fonseca) 6 Linguagem Existem dois tipos de linguagem: Linguagem verbal: utiliza palavras para estabelecer a comunicação, que são utilizadas tanto na escrita como na oralidade. Exemplos de Linguagem Verbal: bilhetes, cartas, conversas, poesias, livros, jornais, diálogos, etc. Linguagem não verbal: não utiliza palavras para estabelecer a comunicação, recorrendo a outras formas de comunicação, como gestos, sinais, símbolos, cores, luzes, etc. Exemplos de linguagem não verbal: apitos, bandeiras, buzinas, desenhos, imagens, placas, etc. Linguagem mista: a linguagem mista nada mais é do que o uso em simultâneo dos dois tipos de linguagem acima referidos, ou seja, do uso conjunto de palavras, gestos, imagens, cores, para estabelecer a comunicação. A linguagem mista ocorre quando chamamos uma pessoa e ao mesmo tempo acenamos, quando dizemos que sim e ao mesmo tempo balançamos a cabeça. Níveis de linguagem Os níveis da linguagem, também chamados de níveis da fala, são os diferentes registros em que a linguagem pode ser utilizada pelos falantes, conforme o contexto comunicativo, o nível de escolarização dos falantes, a interação com diferentes interlocutores. Existem dois níveis da linguagem principais: o culto e o coloquial. O registro culto, chamado de norma culta, linguagem formal e registro formal, é usado na linguagem escrita, na escola e no trabalho, na comunicação social, em 7 situações que requerem uma maior seriedade, quando não há familiaridade entre os interlocutores da comunicação. Características do registro culto • • • • • • • • Usada em situações formais, principalmente na escrita; É uma linguagem planejada, cuidada e elaborada; Privilegia a correção gramatical; Apresenta um vocabulário rico e diversificado; Utiliza estruturas sintáticas complexas; Ensinada na escola e usada na comunicação social; Utilização rigorosa das normas gramaticais; Pronúncia clara e correta das palavras. Situações de uso do registro culto • • • • • Em discursos públicos ou políticos; Em salas de aulas, conferências, palestras, seminários,…; Em exames e concursos públicos; Em reuniões de trabalho e entrevistas de emprego; Em documentos oficiais, cartas, requerimentos, contratos,…; Público-alvo do registro culto • • • • Superiores hierárquicos; Autoridades religiosas, oficiais, políticas,…; Público alargado; Público desconhecido; Exemplos: • Vamos ao supermercado realizar compras para o jantar?; • Gostaria de agradecer aos presentes pela homenagem; • Senhor, presidente, gostaria de começar por saudá-lo pela sua eleição à presidência em exercício da união africana e augurar-lhe muitos êxitos durante o seu mandato. 8 O registro coloquial, também chamado de linguagem coloquial, linguagem informal e linguagem popular, é a linguagem falada em situações cotidianas de comunicação e em conversas descontraídas entre familiares, amigos, conhecidos, vizinhos, etc. Características da linguagem coloquial • • • • • • • • • • Usada em situações informais ou familiares; É uma linguagem falada, espontânea e despreocupada; Responde a necessidades de comunicação imediata do dia a dia; Aceita a existência de algumas incorreções linguísticas; Há um maior relaxamento em relação ás regras gramaticais; Apresenta um vocabulário simples e expressões populares; Ocorre o uso de gírias e de palavras não dicionarizadas; Utiliza estruturas sintáticas simples; Permite a liberdade de expressão do falante; Está sujeita a variações regionais, culturais e sociais. Exemplos de linguagem coloquial • • • • • • • Utilização do verbo ter com sentido de existir: Tem muita gente na festa; Utilização da próclise no início das frases: te amo!; Utilização de a gente em vez de nós: a gente vai hoje!; Utilização de palavras abreviadas ou contraídas: tá, pra, cê; Utilização de gírias, palavrões, e palavras inventadas: pô, que caô meu irmão!; Utilização de palavras para articulação de ideias: foi, tipo, muito engraçado!; Utilização de marcas de várias pessoas gramaticais: você vem ou eu te espero? Situações de uso da linguagem coloquial • Conversas cotidianas; 9 • • Mensagens de celular; Chat na internet; Público-alvo do registro culto • Familiares; • Amigos; • Conhecidos, etc. Outros níveis de linguagem Além dessa divisão principal entre linguagem culta e linguagem coloquial, existem outras classificações de níveis de linguagem, conforme diferentes autores, como: • Nível regional; • Nível vulgar; • Nível técnico ou profissional; • Nível literário ou artístico. Nível não é hierarquia Apesar de classificados em níveis, não significa que haja uma hierarquia entre a linguagem formal e a linguagem informal, ou seja, uma não pode ser considerada melhor ou mais importante do que a outra. Um falante que sabe adaptar o seu discurso às diferentes situações comunicativas e aos diferentes interlocutores irá usar, necessariamente, a linguagem culta e a linguagem coloquial no seu dia a dia, como linguagens complementares. Vícios de linguagem 10 Vícios de linguagem: são desvios gramaticais, ou seja, palavras, expressões e construções que fogem às regras da norma padrão ou norma culta. Os vícios de linguagem ocorrem normalmente, por falta de atenção e pouco conhecimento dos significados das palavras pelos falantes. Estes são alguns vícios de linguagem: Barbarismo: erros de pronúncia, acentuação, ortografia, flexão e significação são considerados barbarismo. Erros de pronúncia: • Pogama (correto = programa) • Reintero (correto = reitero) • Beneficiente (correto = beneficente) Erros de acentuação: • Rúbrica (correto = rubrica) • Gratuito (correto = gratuito) • Púdico (correto = pudico) Erros de ortografia: • Mecher (correto = mexer) • Quiseram (correto = quiseram) • Geito (correto = jeito) 11 Erros de flexão: • Deteu (correto = deteve) • Proporam (correto = propuseram) • Cidadões (correto = cidadãos) Erros de significação: • Meus comprimentos (correto = meus cumprimentos) • O conserto da Rita Lee (correto = o concerto da Rita Lee) • O acento da bicicleta (correto = o assento da bicicleta) Solecismo: erros de sintaxe (concordância, regência e colocação pronominal) são considerados solecismo. Erros de concordância: • A gente vamos (correcto = a gente vai) • Fazem dois dias (correcto = faz dois dias) • Haviam muitas vagas (correcto = havia muitas vagas) Erros de regência: • Chegamos no colégio (correto = chegamos ao colégio) 12 • Sempre obedeci meu pai (correto = sempre obedeci ao meu pai) • Vamos na praia (correcto = vamos à praia) Erros de colocação pronominal: • Não enganei-me (correto = não me enganei) • Foi ela quem chamou-me (correto = foi ela que me chamou) • Compraremos-te um carro (correto = comprar-te-emos um carro) Pleonasmos viciosos ou redundância: ocorre pleonasmo vicioso ou redundância quando há uma repetição de ideias desnecessárias para a transmissão do conteúdo da frase. Exemplos: • Vamos entrar para dentro. • Vamos adiar para depois. • Vamos encarar de frente. Ambiguidade ou anfibologia Nas frases sem clareza ou com duplo sentido ocorre ambiguidade ou anfibologia. Exemplos: • A professora levou o aluno para sua sala. (de quem é a sala?) • Paula conversou com Helena sobre seu trabalho. (de quem é o trabalho?) 13 • A cachorra da sua prima é mal-humorada. (a prima é uma cachorra ou tem uma cachorra?) Cacofonia ou cacófato Ocorre cacofonia ou cacófato quando a pronúncia de palavras seguidas produz um som desagradável ou sugere outra palavra menos apropriada. Exemplos: • Eu beijei a boca dela. • Eu não vi ela. • Me dá uma mão. Eco Dissonâncias causadas por terminações iguais nas palavras são consideradas eco. Exemplos: • Tem gente que, por mais que tente, não consegue ser diferente. • Nesta cidade não há honestidade, apenas vaidade. Hiato Dissonâncias causadas por sequências de vogais idênticas ou semelhantes são consideradas hiato. Exemplos: • Ana a ama muito. 14 • Ou eu ou ele estaremos lá. Colisão Dissonâncias causadas por sequências de consoantes idênticas ou semelhantes são consideradas colisão. Exemplo: • Essa saia suja é da Sara. • Fazendo fiado fico freguês Vulgarismo O uso de expressões que não se enquadram no padrão culto é considerado vulgarismo. Vulgarismo fonético: • Vamo brincá? (correto = vamos brincar?) • Brincadeira boba! (correto = Brincadeira boba!) • Põe mais sau, por favor. (põe mais sal, por favor.) Vulgarismo morfológico e sintático: • Custa cinco real! (correto = custa cinco reais!) • Os menino vem aí. (correto = os meninos vêm aí.) • Eu vi ele na rua. (correto = eu vi-o na rua.) Plebeísmo 15 Refere-se a gírias, calão e expressões populares que indicam falta de instrução e erudição. Exemplos: • O amigo do João está muito boiado • Candengue caiste com cumbú Nota: também a utilização de chavões é considerada por muitos autores como vício de linguagem, por empobrecer o discurso e limitar a autonomia do pensamento humano. Exemplos: • A união faz a força. • Cada macaco no seu galho. Estrangeirismo Considerado por alguns autores como barbarismo, o estrangeirismo consiste no uso exagerado e desnecessário de palavras de outros idiomas em vez das formas equivalentes em português. Exemplos: • Show (em português = espetáculo) • Drink (em português = bebida ou drinque) • Delivery (em português = entrega em domicílio) Neologismo 16 Consiste na criação exagerada de novas palavras, muitas vezes desnecessárias, por já haver palavras análogas no português. Exemplos: • Já chega de tuitar. • Deleta essa informação, por favor. • Manjo bem esse assunto. Arcaísmo Refere-se à utilização de palavras ou expressões em desuso. Exemplos: • Venha, menina, asinha! • Vosmecê precisa de ajuda? Preciosismo e prolixidade Referem-se a uma linguagem exacerbada para referir ideias normais, bem como ao excesso de palavras para transmitir ideias simples, prejudicando a clareza e naturalidade do discurso. Exemplos: • Minha progenitora, transtornada com meu insubmisso agir, procrastinou a nossa viagem intercontinental. • Estivesse eu rejubilante e álacre em vez de apreensiva e inconformada com as vicissitudes de meu viver. 17 Figuras de linguagem Também chamados de figuras de estilo, são recursos estilísticos utilizados na linguagem oral e escrita que aumentam a expressividade da mensagem. Quais são todas as figuras de linguagem? Existem diversas figuras de linguagem. Estão subdivididas em: figuras de palavras, figuras de construção, figuras de pensamento e figuras de som. Figuras de palavras: alegoria, perífrase ou antonomásia, catacrese, comparação, ou símile, metáfora, metonímia, sinédoque, sinestesia. Figuras de construção: anacoluto, anáfora, anástrofe ou inversão, hipérbato, sínquise, assíndeto, polissíndeto, elipse, zeugma, silepse, hipálage, pleonasmo ou redundância. Figuras de pensamento: antítese, apóstrofe, eufemismo, gradação ou clímax, hipérbole, ironia, paradoxo ou oxímoro, prosopopeia ou personificação. Figuras de som: aliteração, assonância, onomatopeia, paronomásia. Conheça cada figura de linguagem de forma pormenorizada: Paradoxo No paradoxo (ou oxímoro) ocorre a associação de conceitos contraditórios na representação de uma só ideia, passível de ser real, mesmo que antagônica. Exemplo: • “É ferida que doi e não se sente. / É um contentamento descontente.” (Luís de camões); • “sendo a sua liberdade/Era a sua escravidão.” (Vinicius de Moraes). 18 Pleonasmo No pleonasmo (ou redundância) ocorre repetição de ideais, havendo um uso excessivo de palavras na transmissão de uma mensagem. Sendo um pleonasmo literário, a repetição de ideias é intencional, visando intensificar o valor expressivo das palavras. Exemplo: • “Ó mar salgado, quanto do teu sal/ São lágrimas de Portugal!” (Fernando Pessoa); • “E rir meu riso e derramar meu pranto”(Vinicius de Morais) Metáfora Na metáfora ocorre uma comparação entre dois elementos com características em comum. Essa característica não se encontra, contudo, salientada, estando a comparação implícita. Exemplo: • “As mãos que dizem adeus são pássaros que vão morrendo lentamente.” (Mário Quintana); • “Mas a girafa era uma virgem de tranças recém-cortadas.” (Clarice Lispector) Metonímia Na metonímia ocorre a substituição de palavras com sentidos próximos, ou seja, que partilham uma relação de contiguidade ou proximidade de sentido. Pode haver troca do efeito pela causa, da parte pelo todo, do autor pela obra, da marca pelo producto. Exemplo: 19 • “E o médico veio de chevrolé” (Oswaldo de Andrade) • Trabalhava ao piano, não só Chopin como ainda os estudos de Czerny”. (Murilo Mendes) Eufemismo No eufemismo ocorre a utilização de palavras agradáveis em substituição de outras mais chocantes, de forma a suavizar o discurso e evitar assuntos desagradáveis Exemplos: • “Quando a indesejada das gentes chegar (…)” (Manuel Bandeira) • “Vamos todos numa linda passarela de uma aquarela que um dia enfim… Descolorirá”. (Vinicius de Moraes) Elipse Na elipse ocorre a omissão de termos da oração. Essa omissão não prejudica, contudo, a compreensão da mensagem. Pode haver elipse de sujeito, elipse de verbos, elipse de preposições, etc. Exemplos: • “No mar, tanta tormenta e tanto dano.” (Luís de Camões) • “Tão bom se ela estivesse viva me ver assim.” (António Olavo Pereira) Onomatopeia Onomatopeia são palavras que reproduzem sons, indicando de forma escrita os ruídos produzidos pelo ser humano, pelos animais, por objectos e na natureza. Exemplos: • O bum da explosão foi ouvido em toda a cidade; • O ovo caiu da mesa e fez ploft no chão. Ironia 20 Através da ironia transmite-se, de forma intencional, o oposto do que pretende realmente transmitir, visando satirizar uma determinada situação. Exemplo: • “Moçã linda bem tratada,/três séculos de família,/burra como uma porta: uma amor!” (Mário de Andrade); • “A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar crianças”. (Monteiro Lobato) Hipérbole Na hipérbole ocorre a intensificação de um sentimento ou ação, que se traduz num grande exagero da realidade. Exemplo: • “Rios te correrão dos olhos, se chorares!.” (Olavo Bilac) • Já te disse um milhão de vezes para irmos embora. • Estou morrendo de fome. Sinestesia: Na sinestesia ocorre a combinação de diferentes sensações numa só sensação, ou seja, ocorre a mistura de sensações provenientes de diferentes sentidos (visão, tato, olfato, paladar e audição) Exemplos: • “É uma sombra verde, macia e vã.” (Carlos Drummond de Andrade) • “Vem da sala de linótipos a doce música mecânica.”(Carlos Drummond de Andrade) 21 Antítese Na antítese ocorre a aproximação de conceitos contrários, sendo enfatizada essa relação de antagonismo. • “Tristeza não tem fim,/Felicidade, sim.” (Vinicius de Moraes) • “O mito é o nada que é tudo.” (Fernando de Pessoa) Prosopopeia ou personificação Na prosopopeia ou personificação ocorre a atribuição de características, sentimentos e ações humanas a seres inanimados e/ou irracionais. Exemplos: • “O cipreste inclina-se em fina reverência/e as margaridas estremecem, sobressaltadas.” (Cecília Meireles); • “A água não para de chorar.” (Manuel Bandeira) Comparação Na comparação (ou símile) ocorre, como o nome indica, a comparação entre elementos que apresentam uma característica em comum. São utilizados conectivo comparativo (como, feito, tal qual, que nem, igual a,…) Exemplos: • Meu coração tombou na vida/tal qual uma estrela ferida/pela flecha de um caçador.” (Cecília Meireles) 22 • “A via láctea se desenrolava/como um jorro de lágrimas ardentes.” (Olavo Bilac) Aliteração Na aliteração ocorre a repetição ritmada e harmônica de sons consonantais. Aparece, predominantemente, nos fonemas iniciais das palavras. Exemplo: • “fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos…”(Eugênio de Castro); • “chove chuva, chove sem parar.” (Jorge Bem Jor); • O rato roeu a roupa do rei de Roma. (Trava-língua popular) Catacrese Na catacrese são utilizadas palavras no seu sentido figurado por falta de outra de palavra que corresponda ao conceito que se pretende nomear. Frequentemente são atribuídas características de seres vivos a seres inanimados. Exemplo: • “dobrando o cotovelo da estrada, […]” (Graciliano Ramos); • Você não retirou a pele do tomate? • O dente de alho. Silepse Na silepse ocorre uma concordância com termos subtendidos ou com a ideias que se pretende transmitir, não com as palavras que compõem a frase. Pode haver silepse de gênero, silepse de número e silepse de pessoa. Exemplo: • “conheci uma criança…mimos e castigos podiam com ele.” (Almeida Garret); • “O casal de patos nada disse, (…). Mas espadanaram, ruflaram, e voaram embora.” (Guimarães Rosa) 23 Anacoluto O anacoluto é uma frase partida, ou seja, que apresenta uma quebra na sua estrutura sintática, sendo concluída de forma alternativa. Exemplo: • “Eu, porque sou mole, você fica abusando.” (Rubem Braga); • Crianças, como ter paciência para elas? Zeugma No zeugma ocorre a omissão de um termo da oração anteriormente mencionado. Assim, essa omissão não prejudica o entendimento da oração. Exemplo:” O meu pai era paulista/meu avô pernambucano/o meu bisavô, mineiro/meu tataravô, baiano.” (Chico Buarque) Funções da linguagem Toda mensagem que produzimos tem um objectivo principal: expressar emoções, convencer alguém, transmitir informações, entre outros. As funções da linguagem Representam as diferentes formas de uso da linguagem para alcançar esses objectivos. De acordo com Roman Jakobson, existe seis funções da linguagem: referencial, emotiva, fática, conativa, poética e metalinguística. Elas mostram onde está o foco de cada texto com base nos elementos da comunicação. Função referencial ou denotativa A função referencial tem como principal objectivo transmitir uma informação. Para isso, faz uso de uma linguagem clara, objectiva e denotativa (literal), baseada em fatos e dados concretos. A linguagem é impessoal, sem sentimentalismo e subjectividade (sem apresentar a opinião do emissor). Assim utiliza a 3.ª pessoa do discurso e orações estruturadas na ordem direta. O foco está no contexto da comunicação, ou seja, no assunto da mensagem. 24 Onde se usa a função referencial ou denotativa • • • • • • Notícias de jornal; Textos técnicos; Artigos científicos; Livros didáticos; Documentos oficiais; Correspondências comerciais. Exemplo: • As tarifas dos transportes públicos aumentarão de preço no próximo mês. • Os artigos podem ser classificados em artigos definidos e artigos indefinidos Função emotiva ou expressiva A função emotiva tem como principal objectivo transmitir as emoções e sentimentos do emissor. Assim, a mensagem é pessoal e subjectiva, sendo utilizada a 1.ª pessoa do discurso (eu). A base é a visão do emissor. Onde se usa a função emotiva ou expressiva • Diários; • Blogs; • Cartas pessoais; • Memórias; • Músicas; • Poemas. Exemplos: • Ah, fiquei tão feliz com essa notícia!; • Minha nossa, sinto-me tão triste e cansado; • Estou sentindo um ódio extremo dele. 25 Função fática A função fática tem como principal objectivo estabelecer ou manter um canal de comunicação entre o emissor (quem produz o texto) e o receptor (quem recebe o texto). Onde se usa a função fática • Cumprimentos; • Saudações; • Conversas telefônicas. Exemplos: • Alô! Alô?; • Bom dia!; • Não é mesmo?; • Sei…; • Hum…hum… Função conativa ou apelativa A função conativa tem como principal objectivo influenciar e persuadir (convencer) o receptor. É um apelo para que a pessoa que recebe a mensagem faça algo, tenha um determinado comportamento ou atitude. Onde se usa a função apelativa ou conativa • Publicidades; • Propagandas; • Discursos políticos; • Sermões religiosos; • Livros de autoajuda; • Horóscopo. Exemplo: 26 • Aproveite as melhores ofertas! • Não perca esta chance! Ligue ainda hoje! • Cidadão consciente, vote em mim! Função poética A função poética tem como principal objectivo transmitir uma mensagem elaborada, formalmente estruturada, com as palavras cuidadosamente selecionadas para produzir um resultado estético (belo) e inovador. A ênfase é dada à própria mensagem. Onde se usa a função poética • Poemas; • Obras literárias; • Letras de músicas; • Publicidade; • Propaganda. Exemplo: • “O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é A dor que deveras sente.” (Fernando Pessoa) Função metalinguística Na função metalinguística, a ênfase é dada ao código comunicativo, ao conjunto de signos e sinais utilizados na transmissão da mensagem. Assim, essa função tem como principal objectivo usar o código comunicativo para explicar o próprio código. Onde se usa a função metalinguística • Dicionários; 27 • Gramáticas. Exemplos: • O código linguístico é um sistema de signos usados na construção de mensagens; • Uma mensagem é uma comunicação oral ou escrita que visa transmitir uma informação. Funções da linguagem e elementos da comunicação As funções da linguagem foram revistas e ampliadas pelo linguista Roman Jakobson e se relacionam com a teoria da comunicação. De acordo com ele, cada uma das funções tem o foco e sua origem em um dos elementos comunicação, que também são seis: emissor, receptor, mensagem, código, canal e contexto. Funções da linguagem Elementos da comunicação Função referencial ou denotativa Contexto (o assunto) Função emotiva ou expressiva Emissor (quem produz o texto) Função apelativa ou conativa Receptor (quem recebe o texto) Função poética Mensagem (o texto em si) Função Fática Canal (o meio de comunicação) Função metalinguística Código (a língua usada, por exemplo) Para haver comunicação, todos os elementos devem estar presentes. É preciso que haja transmissão de uma mensagem por parte de um receptor. 28 A mensagem deverá estar codificada com um código que seja do conhecimento dos interlocutores e será transmitida num determinado contexto, por um determinado canal. Fala A fala é a forma pessoal de expressão de cada indivíduo, que possui uma organização própria de pensamentos, ideias, opiniões,… A fala segue as regras gramaticais da língua, mas deixa margem para a criatividade e diferenciação na comunicação em função de quem fala. É influenciada pelo contexto, vivências, personalidade e conhecimentos linguísticos do falante, apresentando diversos níveis, desde o mais informal ou coloquial, até o mais formal ou culto. Níveis da fala: • • • • • • Nível formal ou culto; Nível informal, coloquial ou popular; Nível regional Nível vulgar; Nível técnico ou profissional; Nível literário ou artístico. Língua A língua é um conjunto de palavras organizada por regras gramaticais específicas. É uma convenção que permite que a mensagem transmitida seja sempre compreensível para os indivíduos de um determinado grupo. Assim, tem um carácter social e cultural, sendo usada por uma comunidade específica: língua portuguesa, inglesa, francesa, alemã, chinesa, etc. 29 A Língua possui um carácter social: pertence a todo um conjunto de pessoas, as quais podem agir sobre ela. Cada membro da comunidade pode optar por esta ou aquela forma de expressão. Por outro lado, não é possível criar uma língua particular e exigir que outros falantes a compreendam. Dessa forma, cada indivíduo pode usar de maneira particular a língua comunitária, originando a fala. A fala está sempre condicionada pelas regras socialmente estabelecidas da língua, mas é suficientemente ampla para permitir um exercício criativo da comunicação. Um indivíduo pode pronunciar um enunciado da seguinte maneira: A família da Maria era paupérrima. Outro, no entanto, pode optar por: A família da Maria era muito pobre. As diferenças e semelhanças constatadas devem-se às diversas manifestações da fala de cada um. Note, além disso, que essas manifestações devem obedecer às regras gerais da língua portuguesa, para não correrem o risco de produzir enunciados incompreensíveis como: família a paupérrima de era Maria. Variantes linguísticas • Dialetos: variantes regionais de uma língua; • Sotaques: diferenças na pronúncia dentro de uma língua. Estrutura linguística • • • • Fonética e fonologia: estudos dos sons da fala; Sintaxe: organização das palavras e frases; Semântica: significado das palavras e frases; Morfologia: estrutura e formação de palavras. 30 Conclusão Ao longo do trabalho falamos sobre a linguagem, fala e língua. Na linguagem vimos que existem dois tipos de linguagem que são: linguagem verbal e não verbal. Vimos também os níveis de linguagem, definimo-lo, vimos os principais níveis de linguagem que são: culto e coloquial, definimolos, falamos sobre as suas características, o seu público alvo, demos alguns exemplos e falamos sobre às suas situações de uso. Também falamos sobre os vícios de linguagem, definimo-los, e citamos alguns deles. Também falamos sobre as figuras de linguagem, citamos alguns, demos exemplos, e definimos alguns. Também falamos sobre as funções de linguagem, vimos que elas são seis, definimos, e demos exemplos, falamos sobre onde devemos usar. Na fala nós definimo-la, e citamos os seus respectivos níveis. Na língua definimo-la, falamos sobre as variantes linguísticas e as suas respectivas estruturas linguísticas. Concluímos que a língua, a fala, e a linguagem são elementos cruciais para nos comunicarmos melhor com as outras pessoas, de forma a transmitir uma mensagem de clara e objectiva, porque nos ajudam a adaptar o nosso discurso a diferentes situações comunicativas e aos diferentes interlocutores, para não prejudicar a compreensão do discurso, causar malentendidos e até mesmo comprometer a nossa credibilidade. Palavras-chaves: Lingua, linguagem, fala. 31 Bibliografia 1. https://www.normaculta.com.br/linguagem-lingua-e-fala-qual-adiferenca/ 2. https://www.soportugues.com.br/ 3.https://chat.openai.com/ 32