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Estratégias de Nutrição e Suplementação no Esporte - Simone Biesek

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A presente obra é disponibilizada pela equipe eLivros e
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conteúdo para uso parcial em pesquisas e estudos
acadêmicos, bem como o simples teste da qualidade da
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É expressamente proibida e totalmente repudíavel a
venda, aluguel, ou quaisquer uso comercial do presente
conteúdo.
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Copyright © Editora Manole Ltda., 2015, de acordo com
contrato com as organizadoras.
Editor gestor: Walter Luiz Coutinho
Editora: Ana Maria Silva Hosaka
Produção editorial: Marília Courbassier Paris,
Rodrigo de Oliveira Silva, Amanda Fabbro
Capa: Thereza de Almeida
Conversão digital: MobileTag
ISBN 978-85-204-4716-1
Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida, por
qualquer processo, sem a permissão expressa dos editores.
É proibida a reprodução por xerox.
A Editora Manole é filiada à ABDR – Associação Brasileira
de Direitos Reprográficos.
Edição digital – 2016
Editora Manole Ltda.
Av. Ceci, 672 – Tamboré
06460-120 – Barueri – SP – Brasil
Tel.: (11) 4196-6000 – Fax: (11) 4196-6021
www.manole.com.br
info@manole.com.br
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Agradecimentos
Agradecemos em especial aos nossos leitores que se
interessam pela área de Nutrição Esportiva e que foram os
grandes responsáveis pela reedição deste livro.
Nosso agradecimento especial aos autores dos capítulos de
Estratégias de Nutrição e Suplementação no Esporte, os
quais se empenharam mais uma vez em revisar e atualizar
seus capítulos, e aos novos autores que trouxeram mais
enriquecimento à obra.
Simone Biesek
Letícia Azen Alves
Isabela Guerra
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Organizadoras
Simone Bie se k
Nutricionista graduada pela Universidade Federal do Paraná
(UFPR);
especialização em Nutrição Clínica pela UFPR; Mestre em
Educação Física pela Universidade Gama Filho (UGF-RJ);
autora de Nutrição, um caminho para a vitória, ed.
Nutroclínica; professora pesquisadora e coordenadora do
Curso de Nutrição do Centro Universitário Autônomo do
Brasil (UniBrasil), Curitiba-PR. Professora responsável pelo
ambulatório-escola, para atendimento de atletas e
praticantes de atividade física do Unibrasil. Membro da
Diretoria Executiva da Associação Brasileira de Nutrição
Esportiva (ABNE).
Le tícia Aze n Alve s
Nutricionista graduada pela Universidade do Estado do Rio
de Janeiro (UERJ); Doutora em Ciências Nutricionais pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Mestre em
Ciência da Motricidade Humana pela Universidade Castelo
Branco (UCB-RJ); Pós-graduada em Fisiologia do Exercício
pelas Faculdades Integradas Maria Thereza (FAMATh);
Docente da Pós-Graduação em Ciência da Performance
Humana da Escola de Educação Física e Desportos
(EEFD/UFRJ); Autora do livro Saiba tudo sobre Alimentação,
Ed. Shape, 2007.
Isabe la Gue rra
Nutricionista graduada pela UFRJ; Mestre e Doutora em
Nutrição Humana
Aplicada pela Universidade de São Paulo (USP); Revisora
Científica da Revista Brasileira de Medicina do Esporte e da
Revista Brasileira de Futebol; Coautora do livro Ciência do
Futebol. Ed. Manole, 2004.
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Colaboradores
Allys Vile la de Olive ira
Nutricionista graduado pela Universidade Federal de Goiás
(UFG);
Especialização em Engenharia Corporal pelo Instituto
Aleixo; Mestre em Nutrição e Saúde pela UFG. Nutricionista
na Arícia Motta Nutrição. Membro da Diretoria Executiva da
ABNE.
Ana Paula Nune s Be nto
Nutricionista graduada pela UFG; Mestranda em Nutrição e
Saúde pela Faculdade
de Nutrição (FANUT/UFG), Pós-graduanda em Nutrição
Esportiva pela Faculdade Redentor. Atua como nutricionista
na equipe Arícia Motta Nutrição, realizando atendimentos a
praticantes de exercícios físicos e atletas.
Anna Christina Castilho
Nutricionista e Consultora em Personal Diet do Instituto de
Metabolismo e Nutrição (IMeN); Especialista em Fisiologia
do Exercício Universidade Federal de São Paulo – Escola
Paulista de Medicina (UNIFESP/EPM); Especialização em
Nutrição Clínica pelo Centro Universitário São Camilo.
Ande rson Ponte s Morale s
Graduado em Educação Física pela Universidade Salgado
de Oliveira (Universo RJ); Pesquisador do Laboratório de Química e Biomoléculas
(LAQUIBIO)
(ISECENSA-RJ); Pesquisador do Laboratório Integrado de
Pesquisa e Inovação em Ciências do Esporte – (LAPICESUFRJ Macaé).
Annie Schtsche rbyna
Nutricionista graduada pela Universidade Federal
Fluminense (UFF - RJ);
Doutora em Ciência pela Faculdade de Medicina da UFRJ;
Mestre em Nutrição Humana pelo Instituto de Nutrição
Josué de Castro (INJC - UFRJ); Especialista em Nutrição
Clínica pelo INJC. Título de especialista em Nutrição Clínica
pela Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN);
Nutricionista do Núcleo de Transtornos Alimentares e
Obesidade (NUTTRA); Professora substituta do curso de
graduação em Nutrição do Instituto de Nutrição da UERJ;
Membro do Grupo de Pesquisa em Saúde
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Óssea do Setor de Densitometria Óssea do Hospital
Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) da UFRJ.
Arícia Motta Arante s Lustosa
Nutricionista graduada pela UFG. Mestre em Ciência da
Motricidade Humana –
UCB; Pós-graduada em Esporte e Recuperação pela Escola
Superior de Educação Física de Goiás (ESEFEGO); Pósgraduada em Atividade Física e Suas Bases Nutricionais
pela Universidade Veiga de Almeida (UVA); Membro do
ACSM
(American College of Sports Medicine) desde 1999; Autora
do livro Suplemento, da coleção Corpo e Saúde, Ed. Shape,
2006; Diretora da Arícia Motta Nutrição.
Be atriz Gonçalve s Ribe iro
Nutricionista graduada pela UFF; Mestre em Nutrição
Humana pelo Instituto de Nutrição da UFRJ; Doutora em
Nutrição Humana Aplicada pela USP; Professora Associada
do Curso de Nutrição da – UFRJ Macaé; Coordenadora do
Laboratório Integrado da LAPICES (UFRJ Macaé).
Carla Pire s Bogé a
Nutricionista graduada pela Universidade Federal
Fluminense (UFF); especialista
em Nutrição e Atividade Física pela UFRJ; Doutora em
Ciências de Alimentos pela UFRJ. Foi nutricionista da
Federação de Atletismo do Rio de Janeiro por 10 anos.
Nutricionista / Sócia Protreina – Consultoria Nutricional com
atuação em consultório, clubes esportivos, academias e
empresas; Sócia Fundadora da Associação Brasileira de
Nutrição Esportiva
Caroline Buss
Nutricionista graduada pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul
(UFRGS); Professora Adjunta do Departamento de Nutrição
da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto
Alegre (UFCSPA) e Vice-Coordenadora do Curso de
Nutrição/UFCSPA; Especialista em Ciências do Esporte pela
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC
– RS); Mestre em Epidemiologia pela UFRGS; Doutora em
Ciências: Fisiopatologia - ênfase em fisiologia da digestão e
fisiologia microvascular pela UERJ, com período sanduíche
na Maastricht University, Holanda; Professora Substituta da
UFF (2008 - 2010), disciplinas de Avaliação Nutricional e
Supervisão de Estágio em Saúde Pública. Pós-doutorado em
Biociências - ênfase em Obesidade, pela UERJ; Membro da
Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e
Síndrome Metabólica (ABESO).
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Cláudia Dorne lle s Schne ide r
Nutricionista graduada pelo Instituto Metodista de
Educação e Cultura - RS; Mestre e Doutora em Ciências do
Movimento Humano pela Escola de Educação Física
pela UFRGS; Professora de Nutrição no Esporte e Nutrição e
Dietética da UFCSPA.
Professora convidada (Nutrição no Esporte) dos cursos de
especialização da Escola de Educação Física da PUC-RS e
UFRGS.
Edilcé ia Ravazzani
Nutricionista graduada pela UFPR; Especialização em
Nutrição Clínica pela UFPR. Professora do Curso de Nutrição
do Centro Universitário Campos de Andrade
(Uniandrade); Professora do Curso de Nutrição e Educação
Física do Centro Universitário Autônomo do Brasil
(Unibrasil); Professora responsável pelo ambulatório-escola,
para atendimento de crianças e adolescentes do Unibrasil.
Fabio Bande ira
Graduado em Educação Física pelo Uniandrade; Mestre e
doutorando em
Engenharia Biomédica pela Universidade Tecnológica
Federal do Paraná (UTFPR); Fisiologista do exercício;
Consultor e palestrante em gestão esportiva; Professor do
Curso de Educação Física, nas disciplinas de Fisiologia do
Exercício e Treinamento Desportivo (Uniandrade). Foi
preparador físico de times de futebol do Paraná Clube e
Club Atlético Juventud do Uruguai. Atualmente é
preparador físico e coordenador de preparação física do
Curitiba Rugby Clube e consultor Associado da Saphari,
atuando no desenho de modelos de negócios para
empresas de esportes.
Fe rnanda Mattos Magno
Nutricionista graduada pela Universidade Estácio de Sá;
Doutoranda em Ciências
Nutricionais pelo INJC da UFRJ; Mestre em Clínica Médica
pela Faculdade de Medicina da UFRJ; Pós-Graduada em
Nutrição Clínica pelo INJC; Diploma de Competência em
Sobrepeso e Obesidade pelo Colégio Oficial de Médicos de
Barcelona, Espanha; Membro da Sociedade Brasileira de
Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM); Membro da
International Federation for the Surgery of Obesity(IFSO);
Nutricionista Colaboradora da equipe do Programa de
Cirurgia Bariátrica da HUCFF (UFRJ).
Fe rnando Augusto Monte iro Saboia Pompe u
Graduado em licenciatura plena em Educação Física pela
Universidade Castelo Branco - RJ; Doutor em Biodinâmica
do Movimento Humano pela Escola de Educação
Física e Esporte (EEFE-USP); Professor Associado em
Fisiologia do Exercício da UFRJ; Professor Permanente do
Programa de Pós-graduação em Educação Física da
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UFRJ; Coordenador do Laboratório de Biometria (LADEBIO –
UFRJ).
Gise le de Paiva Le mos
Nutricionista graduada pela UFRJ; Mestre em Nutrição
Humana pela UFRJ;
Nutricionista da Confederação Brasileira de Judô.
Jonas Alve s de Araujo Junior
Graduado em licenciatura em Educação Física pela
Universidade Estadual de Londrina (UEL), com
aprimoramento profissional no Departamento de Clínica
Médica da Faculdade de Medicina de Botucatu (Unesp);
Mestre em Ciência dos Alimentos pela Faculdade de
Ciências Farmacêuticas da USP.
Jose ly Corre a Koury
Nutricionista graduada pela UERJ; Doutora em Ciências
(área de concentração Biodisponibilidade de Nutrientes)
pela UFRJ; Professora Adjunta e Coordenadora do Núcleo de
Estudos em Nutrição e Fatores de Estresse do Instituto de
Nutrição UERJ.
Julio Tirape gui
Graduado em Bioquímica pela Universidade do Chile;
Professor associado do Departamento de Alimentos e
Nutrição Experimental das Faculdades de Ciências
Farmacêuticas da USP; Bioquímico pela Universidade do
Chile; Mestre em Fisiologia da Nutrição pela USP; Doutor
em Ciências e professor livre-docente pela USP; Professor
visitante do Departamento de Nutrição Humana da Escola
de Higiene e Medicina Tropical da Universidade de Londres,
Inglaterra.
Le ila Maria Lope s da Silva
Nutricionista graduada pela UERJ; especialista em Nutrição
e Atividade Física pela UERJ; nutricionista do Instituto
Fernades Figueira - Fiocruz - RJ.
Manoe l He nrique Pe re ira Coutinho
Graduado
em
Educação
Física
pela
Universidade
Castelo
Branco;
Aperfeiçoamento em Treinamento Desportivo de Alto
Rendimento (Rússia);
Especialista em Futebol pela UFRJ; Mestre em Educação
Física pela Universidad de la Habana (Cuba); Professor da
Disciplina Avaliação da Performance Humana (UFRJ);
Gerente do (UFRJ).
Marce lo Mace do Roge ro
Nutricionista graduado pela Faculdade de Saúde Pública da
USP; Especialista em
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Nutrição em Esporte pela ASBRAN; Mestre e Doutor em
Ciência dos Alimentos pela Faculdade de Ciências
Farmacêuticas da USP. Pós-doutorado em Ciência dos
Alimentos pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da
USP. Pós-doutorado pela Faculdade de Medicina da
Universidade de Southampton, Inglaterra. Professor Doutor
do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde
Pública da USP.
Mariana Corrê a Gonçalve s
Nutricionista graduada pela UERJ. Mestre e Doutoranda em
Alimentação,
Nutrição e Saúde pelaUERJ; Professora do curso de Nutrição
na Universidade Salgado de Oliveira e de do curso de pósgraduação do Instituto de Pesquisa e Gestão em Saúde
(iPGS).
Marcus Vinícius Santos do Nascime nto
Nutricionista graduado pela Universidade Federal de
Sergipe. Mestrando em Educação Física pela Universidade
Federal de Sergipe. Professor do Departamento de Nutrição
da Universidade Tiradentes (SE).
Priscila de Mattos Machado Guse la
Biotecnóloga e Nutricionista graduada pela UFRJ; Mestre
em Nutrição Esportiva
pela UFRJ; Especialista em Medicina Ortomolecular pela
Fapes-Facis-Ibhe;
Nutricionista da Confederação Brasileira de Triatlo; Docente
da Pós-Graduação de Medicina Ortomolecular da FapesFacis-Ibhe.
Raque l Simõe s Me nde s Ne tto
Nutricionista graduada pela USP; Mestre e Doutora em
Ciência de Alimentos pela
Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP; Docente do
Departamento de Nutrição da Universidade Federal de
Sergipe (NUNUT/UFS), Orientadora do Programa de PósGraduação em Educação Física pela UFS.
Robe rta Olive ira de Albuque rque Lima
Nutricionista graduada pela UFRJ; Especialização em
Nutrição Esportiva pela UGF; Nutricionista da Confederação
Brasileira de Judô tendo atuado nos Jogos Olímpicos de
Pequim (2008), nos Jogos Olímpicos de Londres (2012), e
atualmente no ciclo dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro
(2016); Nutricionista da Academia Velox Fitness-RJ.
Sé rgio Bastos More ira
Graduado em Ciências Aeronáuticas pela Academia da
Força Aérea (AFA);
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Professor de Educação Física graduado pela Escola de
Educação Física do Exército (EsEFEX); Especialista em
Ciência do Treinamento Desportivo pela UGF; Mestre em
Bases Biomédicas da Educação Física pela UFRJ; Doutorado
em Ciências
Aeroespaciais pela Universidade da Força Aérea (UNIFA);
Pós-Doutorado em Engenharia de Produção, na área de
Ergonomia pela COPPE/UFRJ; Livre-docente em
Fisiologia do Exercício pela UGF; Coordenador Científico do
Instituto de Ciências da Atividade Física da Aeronáutica e
professor de Fisiologia do Exercício em cursos de
graduação e pós-graduação na UFRJ, UNESA, UNISUAM e
UGF (mestrado e
doutorado). Atualmente é professor do Programa de Pósgraduação (Mestrado e Doutorado) da UNIFA; Autor de
Metas e mitos; Educação física e informática; Equacionando
o treinamento: a matemática das provas longas;
Informática, ciência e atividade física; e Atividade física e
qualidade de vida (publicados pela editora Shape).
Silvia Ange la Guge lmin
Nutricionista graduada pela UFPR; Mestre e Doutor em
Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz. Desenvolve
pesquisas nas seguintes áreas: saúde e nutrição indígena,
análise nutricional de populações, alimentação e cultura.
Professor Adjunto I do Departamento de Saúde Coletiva, do
Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal de
Mato Grosso e do Programa de Pós-Graduação em
Alimentação, Nutrição e Saúde, da UERJ. Foi coordenadora
dos Cursos de Especialização e Aperfeiçoamento em
Vigilância Alimentar e Nutricional para Saúde Indígena,
modalidade a distância, oferecido pela Fundação Oswaldo
Cruz (2007/2009). Desde 2007 compõe a Rede
Interinstitucional de Alimentação e Cultura (Rede A&C).
Suzane Le se r
Nutricionista graduada pela UERJ; Especialista em Nutrição
e Atividade Física pela Universidade de Loughborough,
Inglaterra; Mestre em assuntos regulatórios relacionados a
alimentos da União Europeia pela Universidade de Ulster,
Irlanda do Norte; Nutricionista da empresa Volac,
Inglaterra.
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Sumário
Apresentação
1 Carboidratos no exercício físico
Beatriz Gonçalves Ribeiro
Anderson Pontes Morales
2 Proteínas e exercício físico
Marcelo Macedo Rogero
Jonas Alves de Araujo Junior
Julio Tirapegui
3 Os lipídios no exercício
Suzane Leser
Letícia Azen Alves
4 As vitaminas no exercício
Simone Biesek
5 Os minerais no exercício
Priscila de Mattos Machado Gusela
6 Micronutrientes e polifenóis com atividade antioxidante e
exercício
Josely Correa Koury
Cláudia Dornelles Schneider
Mariana Corrêa Gonçalves
7 Hidratação no exercício físico
Isabela Guerra
8 Guia alimentar para atletas
Simone Biesek
Leila Maria Lopes da Silva
9 Recursos ergogênicos nutricionais
Letícia Azen Alves
10 Indicadores bioquímicos para avaliação de atletas
Josely Correa Koury
Caroline Buss
11 Avaliação dietética
Silvia Angela Gugelmin
Simone Biesek
12 Testes, medidas e avaliação da composição e forma
corporal
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Manoel H. P. Coutinho
Fernando A. M. S. Pompeu
13 Determinando as necessidades energéticas
Simone Biesek
Letícia Azen Alves
14 Peculiaridades e recomendações nutricionais para
crianças e adolescentes atletas
Edilcéia Ravazzani
Isabela Guerra
15 Recomendações nutricionais para perda de peso em
praticantes de atividade física com sobrepeso e obesidade
Fernanda Mattos Magno
Letícia Azen Alves
16 Atividades em alta montanha
Simone Biesek
Sérgio Bastos Moreira
17 Estratégias nutricionais no atletismo
Carla Pires Bogéa
18 Estratégias nutricionais no futebol
Isabela Guerra
19 Estratégias nutricionais na natação
Annie Schtscherbyna
20 Treinamento contrarresistência
Raquel Simões Mendes Netto
Marcus Vinícius Santos do Nascimento
21 Estratégias nutricionais no triatlo
Allys Vilela de Oliveira
Ana Paula Nunes Bento
Arícia Motta Arantes Lustosa
22 Estratégias nutricionais no rúgbi
Simone Biesek
Fabio Bandeira
23 Estratégias nutricionais no judô
Gisele de Paiva Lemos
Roberta Oliveira de Albuquerque Lima
24 Estratégias nutricionais em corridas de aventura
Anna Christina Castilho
Anexos
Anexo 1
Anexo 2
Anexo 3
Anexo 4
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Anexo 5
Anexo 6
Anexo 7
Anexo 8
Anexo 9
Anexo 10
Anexo 11
Anexo 12
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Apresentação
Em 2015, no lançamento da terceira edição do livro
Estratégias de Nutrição e Suplementação no Esporte,
comemoramos dez anos da publicação da primeira edição.
Este é um momento importante para agradecermos aos
nossos leitores, pois sem o interesse deles, não estaríamos
aqui, na terceira edição deste livro. É o momento também
de agradecermos a nossos colaboradores, que dispuseram
de seu precioso tempo para elaborar seus capítulos,
buscando, dessa maneira, auxiliar e atualizar profissionais
e acadêmicos. Com muita satisfação, agradecemos aos
autores que estão conosco desde a primeira edição, além
dos novos autores que se agregaram ao nosso trabalho,
contribuindo para o contínuo aperfeiçoamento.
Logicamente, nada seria possível sem a colaboração da
Editora Manole, e, por isso, o nosso sincero agradecimento
por acreditar em nosso projeto.
Há dez anos, na cidade do Rio de Janeiro, conversando com
nutricionistas da área a respeito da necessidade de se ter,
no mercado brasileiro, uma obra que abrangesse todos os
aspectos, práticos e científicos, da nutrição esportiva,
nasceu o primeiro exemplar.
Nesses anos, muitos avanços ocorreram na área da
nutrição esportiva no Brasil e
no mundo. A cada dia, mais graduandos de nutrição e de
educação física se interessam pelo tema, e muitos
profissionais estão buscando o aperfeiçoamento nessa
área. Embora tenha havido grandes avanços nessa
especialidade, ainda se observa pouca atuação do
nutricionista em grandes clubes esportivos e em diferentes
modalidades esportivas.
Poucas são as recomendações específicas de nutrientes no
esporte e em fases de treinamento, bem como em
diferentes fases da vida. Na literatura observa-se poucas
informações de indicação de suplementos para crianças e
adolescentes que participam de competições, além de
limitações quanto à estratégias efetivas de mudanças de
hábitos alimentares desses clientes. Por essas questões, na
terceira edição, houve o acréscimo de um novo capítulo em
que são exploradas estratégias nutricionais para crianças e
adolescentes atletas.
Nesta edição, o livro Estratégias de Nutrição e
Suplementação no Esporte foi dividido em quatro partes.
Na primeira, são abordados os macronutrientes e
micronutrientes e sua relação com a atividade física, além
do capítulo de recursos ergogênicos nutricionais para
praticantes de atividade física. Em seguida, são
apresentados os métodos de avaliação nutricional,
englobando avaliação dietética,
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avaliação da composição corporal, bem como os métodos
de estimativa de gasto energético na atividade física.
Posteriormente, foram incluídos os capítulos de
recomendações nutricionais para crianças e adolescentes
atletas e estratégias nutricionais para o emagrecimento.
Na sequência, são contempladas as diferentes modalidades
esportivas, incluindo o rúgbi e o triatlo. Por fim, os anexos
do livro trazem materiais de apoio, como tabelas de índice
glicêmico dos alimentos, valores de equivalentes
metabólicos em diferentes modalidades esportivas e o guia
de suplementos nutricionais.
Esta edição conta também com material complementar
que pode ser acessado em
www.manoleeducacao.com.br.
Esperamos que a nova edição de Estratégias de Nutrição e
Suplementação no Esporte possa contribuir ainda mais
para a formação e atuação profissional de nutricionistas e
profissionais de educação física.
Simone Biesek
Letícia Azen Alves
Isabela Guerra
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1
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Carboidratos no exercício físico
Beatriz Gonçalves Ribeiro
Anderson Pontes Morales
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INTRODUÇÃO
Os carboidratos da dieta são um grupo diverso de
substâncias com uma gama de
propriedades químicas, físicas e fisiológicas. Embora os
carboidratos sejam principalmente substratos para o
metabolismo energético, eles também podem afetar a
saciedade, a glicemia e a insulinemia e o metabolismo
lipídico e, por meio da fermentação, exercem um poder
importante sobre a função do cólon, incluindo controle e
manutenção do hábito intestinal, do trânsito, do
metabolismo e o equilíbrio da flora e a saúde das células
epiteliais do intestino grosso. Podem, ainda, ser
imunomoduladores e influenciar a absorção do cálcio.
Essas propriedades têm implicações para a nossa saúde
em geral, contribuindo, especialmente, para o controle do
peso corporal, do diabetes, das doenças cardiovasculares,
da densidade mineral óssea, da constipação e do câncer do
intestino grosso.24
Os carboidratos são fundamentais para o exercício físico e
para o desempenho esportivo. Os estoques de carboidrato
do corpo são limitados e, muitas vezes, são menores do
que as necessidades para o treinamento atlético e para a
competição. No entanto, a disponibilidade de carboidratos
como substrato para o metabolismo do músculo é um fator
crítico para o desempenho em exercícios intermitentes de
alta intensidade e exercícios aeróbicos prolongados. 2 A
taxa de oxidação de carboidratos durante o exercício é
bem regulada, com a disponibilidade de glicose combinada
às necessidades dos músculos em exercício. Tanto a
contribuição absoluta como a contribuição relativa do
exercício desempenham papéis importantes na regulação
do metabolismo energético: combustíveis à base de
carboidratos predominam no treinamento de intensidade
moderada a alta, com a utilização exponencial ao relativo
aumento da taxa do glicogênio muscular e da glicose
plasmática. 2,11
Assim, as estratégias para manter ou aumentar a
disponibilidade de carboidratos –
tais como seu consumo antes, durante e depois do
exercício – são críticas para o desempenho de uma
variedade de eventos desportivos, o que as torna uma das
principais recomendações e orientações atuais na nutrição
desportiva.
O objetivo deste capítulo é abordar conceitos sobre os
carboidratos e sua aplicação no exercício e desempenho
físicos, seus benefícios e recomendações nutricionais.
Classificação
Os carboidratos são poli-hidroxialdeídos, cetonas, álcoois,
ácidos derivados simples e seus polímeros unidos por
ligações do tipo acetil. De acordo com seu grau de
polimerização podem ser classificados em açúcares,
oligossacarídeos e
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polissacarídeos. 27
Na classe dos açúcares estão os monossacarídeos,
compostos por glicose, galactose e frutose; os
dissacarídeos, compostos por sacarose, trealose e lactose;
e os polióis, cujos componentes são o sorbitol e o manitol.
Na classe dos oligossacarídeos encontramos maltooligossacarídeos, compostos por maltodextrinas e por
outros oligossacarídeos, como a rafinose (galactose +
glicose
+ frutose), a estaquiose (galactose + galactose + glicose +
frutose) e os fruto-oligossacarídeos. E, finalmente, entre os
polissacarídeos estão os amidos e os não amidos. Os
componentes dos amidos são a amilose, a amilopectina e
os amidos modificados. Os poligossacarídeos não amidos
são compostos por celulose, hemicelulose, pectinas e
hidrocoloides (Tabela 1.1).27
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CONSUMO DE CARBOIDRATOS
Os carboidratos são consumidos sob três formas básicas:
(i) cereais, vegetais, frutas, leguminosas; (ii) carboidratos
purificados adicionados às preparações; (iii) carboidratos
dissolvidos em certas bebidas. A Tabela 1.2 apresenta o
conteúdo de carboidratos em alimentos presentes na dieta
da população brasileira.
Na dieta ocidental, 50% do conteúdo energético decorrem
dos carboidratos.
Desses, 25% são derivados de açúcares (glicose, sacarose,
lactose) e o restante de polissacarídeos amido e não
amido. A maior fonte de carboidratos são os cereais, que
representam 50% do carboidrato consumido em países
desenvolvidos e em
desenvolvimento. 66
O valor nutricional dos alimentos são influenciados por
certas propriedades dos carboidratos: absorção no
intestino delgado (digestibilidade e velocidade),
metabolismo dos monômeros absorvidos e produtos da
fermentação no intestino delgado (digestibilidade,
velocidade e natureza). A extensão da digestão no intestino
delgado (digestibilidade) determina a fração do carboidrato
total que passará ao intestino grosso para ser fermentado.
A digestibilidade do carboidrato é considerada a mais
importante propriedade nutricional. A velocidade de
absorção no intestino delgado estabelecerá as respostas
glicêmica e hormonais após uma refeição, expressas como
índice glicêmico, definido por Jenkins et al., em 1981. 42
A biodisponibilidade da glicose nos alimentos pode ser
avaliada tanto in vitro como in vivo. Primeiro, é essencial
determinar se a glicose será absorvida ou fermentada no
intestino grosso pela flora microbiana. Neste caso, a glicose
será metabolizada em ácidos graxos de cadeia curta e
gases, e seu destino metabólico será completamente
diferente. No entanto, se o amido for digerido no intestino
delgado, a glicose aparecerá na corrente sanguínea em
maior ou menor velocidade após a ingestão do alimento, o
que poderá afetar seu destino metabólico.17
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Metabolismo dos carboidratos
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O fígado recebe uma mistura de monossacarídeos livres
resultantes da digestão de açúcares, oligo e
polissacarídeos. Cerca de dois terços da glicose livre que
chega aos hepatócitos mediados por transportadores GLUT
( Glucose Transporters – fígado isoforma GLUT2) e que
agem por difusão facilitada é fosforilada; e a glicose-6fosfato pela enzima glicoquinase (enzima do tecido
hepático); o restante passa do fígado para a circulação
sistêmica. Os outros monossacarídeos (frutose e galactose)
são fosforilados no fígado, onde se transformam em
glicose-6-fosfato. No tecido muscular, a isoforma do
transportador GLUT4 é modulada pela insulina (pela via de
sinalização da insulina), que facilita a entrada de glicose no
citoplasma, onde é “aprisionada” por fosforilação pela
hexoquinase (enzima do tecido muscular).
A glicoquinase difere da hexoquinase – presente no
músculo – tanto em sua velocidade de transformação de
substrato como em sua regulação alostérica. 65 A
constante de Michaelis-Menten (Km) expressa a
concentração necessária de substrato para que a enzima
atinja a metade de sua velocidade máxima. O Km da
glicoquinase é de aproximadamente 10 mM enquanto o Km
da hexoquinase muscular é 0,1 mM. Como
a concentração de glicose fica em torno de 4 a 5 mM em
humanos, a hexoquinase muscular normalmente trabalha
em velocidades máximas e é inibida alostericamente por
seu produto glicose-6-fosfato. A glicoquinase, por sua vez,
necessita de concentrações séricas de glicose próximas a
10 mM para funcionar em metade dessa velocidade
máxima, concentração essa que, em condições normais, só
é atingida no estado pós-prandial. Essa característica da
glicoquinase, unida ao eficiente transporte de glicose no
fígado, mantém as concentrações de glicose dentro dos
hepatócitos muito próximas daquelas encontradas no
sangue, o que permite uma regulação direta da
concentração de glicose no sangue.
Em uma dieta normal, a maior parte dos carboidratos é
transformada em glicogênio, ácidos graxos ou glicose
sanguínea. Relativamente pouco é oxidado por completo,
pois a oxidação dos ácidos graxos e dos aminoácidos
fornece a quase todo ATP necessário ao fígado. Cerca de
metade da glicose degradada no fígado entra na via do
fosfogluconato (via das pentoses), responsável pela
geração de NADPH necessário como agente redutor na
biossíntese dos ácidos graxos.
As concentrações normais de glicose plasmática (glicemia)
situam-se em torno de
70 a 110 mg/dL, e situações de hiperglicemia tornam o
sangue concentrado, alterando os mecanismos de troca da
água do líquido intracelular com o líquido extracelular,
além de ter efeitos degenerativos no sistema nervoso
central. Assim, um sistema hormonal apurado entra em
ação para evitar que o aporte sanguíneo de glicose exceda
os limites de normalidade.
Os hormônios pancreáticos insulina e glucagon possuem
ação regulatória sobre a
glicemia plasmática e não são os únicos envolvidos no
metabolismo dos carboidratos.
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Os hormônios sexuais, a epinefrina, os glicocorticoides, os
tireoidianos, o hormônio do crescimento e outros também
influenciam a glicemia em mecanismos contrarregulados.
A insulina é produzida nas células-β das ilhotas de
Langerhans e é armazenada em vesículas do complexo
golgiense em uma forma inativa (pró-insulina). Nessas
células existem receptores celulares (mecanismo de
feedback hormonal negativo) que detectam níveis de
glicose plasmática (hiperglicemia) após uma alimentação
rica em carboidratos. Como resposta imediata, a insulina
estimula:
1. a captação de glicose pelas células (com exceção de
neurônios e
hepatócitos);
2. o armazenamento de glicogênio hepático e muscular
(glicogênese); e
3. o armazenamento de aminoácidos (fígado e músculos) e
ácidos graxos
(adipócitos).
O resultado dessas ações é uma redução gradual da
glicemia (hipoglicemia), que
estimula as células α-pancreáticas a liberar o glucagon.
Esse hormônio possui ação antagônica à insulina, que
estimula:
1. a mobilização dos depósitos de aminoácidos e ácidos
graxos;
2. a glicogenólise; e
3. a neoglicogênese.
Esses efeitos hiperglicemiantes possibilitam nova ação
insulínica, o que deixa a glicemia de um indivíduo normal.
A captação de glicose pela célula se dá pela sinalização
intracelular da insulina a um receptor específico de
membrana, uma proteína heterotetramérica com atividade
quinase, composta por duas subunidades α e duas
subunidades β, que atua como uma enzima alostérica na
qual a subunidade α inibe a atividade tirosina-quinase da
subunidade β. 15 A ligação da insulina à subunidade α
permite que a subunidade β
adquira atividade quinase levando a alteração
conformacional e autofosforilação, que aumenta ainda mais
a atividade quinase do receptor. Esse complexo sofre
endocitose e permite a entrada de glicose da matriz
extracelular para a intracelular (difusão facilitada); a
glicose é metabolizada pela glicólise e pelo ciclo de Krebs,
e a insulina degradada por enzimas intracelulares.
Regenerado o receptor, reinicia-se o processo.
Quanto mais o complexo insulina/receptor é endocitado,
mais glicose entra na célula, até que o plasma fique
hipoglicêmico. Essa hipoglicemia, entretanto, não é
imediata, pois a regeneração do receptor limita a entrada
de glicose na célula de forma a possibilitar somente a
quantidade de glicose necessária, evitando, assim, o
excesso
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de glicose intracelular.
A deficiência na produção ou ausência total de insulina ou
dos receptores caracterizam uma das doenças metabólicas
mais comuns: o diabetes mellitus. 24
Carboidrato e desempenho físico
O uso de intervenções dietéticas e o consumo de
nutrientes com a finalidade de aumentar o desempenho
são práticas milenares. Esse fato não surpreende,
considerando o ambiente altamente competitivo em que os
atletas estão inseridos e sua motivação para vencer. A
disposição dos atletas para experimentar as intervenções
nutricionais é um fenômeno que cresce a cada dia. 57
Há muitos anos a importância dos carboidratos como
substrato energético para a
contração da musculatura esquelética é bastante
reconhecida. O clássico estudo de Christensen e Hansen,
na década de 1930, demonstrou claramente a importância
da disponibilidade de carboidratos durante os exercícios
prolongados e a influência do carboidrato alimentar no
metabolismo e no desempenho físico. 32 A regulação do
fornecimento de carboidratos durante o exercício
prolongado e a recuperação após o exercício físico é um
profundo desafio para o ser humano. O metabolismo de
carboidratos muscular não acontece isoladamente: requer
integração entre os tecidos, bem como regulação com
outros substratos importantes, tais como ácidos graxos e
aminoácidos. 61
O glicogênio muscular representa a principal fonte de
carboidratos no organismo
(300 a 400 g ou 1.200 a 1.600 kcal), seguido do glicogênio
do fígado (75 a 100 g ou 300 a 400 kcal) e, por fim, da
glicose no sangue (25 g ou 100 kcal).
Indivíduos não treinados têm estoques de glicogênio
muscular, cerca de 80 a 90
mmol/kg de músculo líquido. Os atletas de resistência têm
estoques de glicogênio muscular de 130 a 135 mmol/kg de
músculo líquido. Uma sobrecarga de carboidrato aumenta
os estoques de glicogênio muscular para 210 a 230
mmol/kg de músculo liso. 41
As demandas de energia do exercício demonstram que o
carboidrato é o
combustível preferido para exercícios com intensidades
acima de 65% do VO2 máx. –
níveis em que a maioria dos atletas treinam e competem. A
oxidação de lipídios não consegue fornecer trifosfato de
adenosina (ATP) suficientemente rápido para apoiar tais
exercícios de alta intensidade. O glicogênio muscular e a
glicose no sangue fornecem cerca de metade da energia
para exercícios de intensidade moderada (65% do VO2
máx.) e dois terços da energia para exercícios de alta
intensidade (85% do VO2 máx.).
É impossível atender às exigências de ATP para exercícios
de alta intensidade e de alta potência quando esses
carboidratos estão esgotados.22 A utilização do glicogênio
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muscular é mais rápida durante as fases iniciais de
exercício e está exponencialmente relacionada à
intensidade do exercício.34,41
Existe uma forte relação entre o conteúdo de glicogênio
muscular pré-exercício e o tempo em que o exercício a 75%
do VO2 máx. pode ser mantido. Quanto maior o estoque de
glicogênio muscular, maior será o tempo de exercício
realizado. 14
Bergstrom et al. 6 compararam o tempo de exercício a 75%
do VO2 máx. até a exaustão após três dias de consumo de
diferentes quantidades de carboidratos. A dieta mista (50%
de carboidrato) produziu um conteúdo de glicogênio
muscular de 106
mmol/kg, e os indivíduos se exercitaram durante 115
minutos. A dieta com baixa quantidade de carboidrato
(menos de 5% de carboidrato) produziu um conteúdo de
glicogênio muscular de 38 mmol/kg e sustentou apenas 60
minutos de exercício. No entanto, uma dieta rica em
carboidratos (mais de 82% de carboidratos) forneceu 204
mmol/kg de glicogênio muscular e permitiu que os
indivíduos se exercitassem por 170
minutos.
Os estoques de glicogênio hepático mantêm os níveis de
glicose no sangue quando
se está em repouso e durante o exercício. Em repouso, o
cérebro e o sistema nervoso central (SNC) utilizam a maior
parte da glicose do sangue e o músculo, menos de 20%
da glicose do sangue. Durante o exercício, no entanto, a
absorção da glicose muscular pode aumentar em até 30
vezes, dependendo da intensidade e da duração do
exercício.
Inicialmente, a produção de glicose hepática vem da
glicogenólise, mas como a duração do exercício aumenta e
o glicogênio hepático diminui, a contribuição da glicose
aumenta a partir da gliconeogênese. 41 Assim, por ser a
oferta de glicose arterial um elemento-chave no
fornecimento de energia, o corpo tenta manter a
concentração de glicose, durante o exercício, ativando a
produção de glicose no fígado com diminuição de insulina,
aumento de glucagon e de catecolaminas, bem como com
a melhoria da disponibilidade de precursores
gliconeogênicos, glutamina, alanina, lactato e glicerol. 63
Além dos hormônios glicorregulatórios (insulina e glucagon)
e da corticosterona (equivalente ao hormônio cortisol)
regularem a via gliconeogênese, propõe-se que níveis
elevados de IL-6 (interleucina 6 – citocina pró-inflamatória)
gerados por contrações intensas do músculo esquelético
durante os exercícios possam indicar uma redução dos
estoques de glicogênio muscular, que, uma vez lançado no
plasma, poderia favorecer a liberação da glicose hepática
para a corrente sanguínea.
Essa hipótese foi testada num estudo em que os sujeitos se
exercitavam com uma
infusão de solução salina e uma segunda com
recombinante de IL-6. A taxa de produção de glicose foi
significativamente maior nos sujeitos que apresentaram
altos níveis de IL-6, sem alterações nos hormônios
glicorregulatórios, sugerindo que a IL-6 está envolvida no
aumento dos níveis de glicose pela via gliconeogênese em
exercícios
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prolongados intensos.28 No entanto, os mecanismos
celulares envolvidos são desconhecidos. Acredita-se que a
interação da IL-6 com o receptor específico do tecido
hepático ativa um gene chamado SOCS3 (Supressor de
Sinalização de Citocina 3), que tem a função de
desfosforilar os receptores de insulina (supressão dos sinais
insulínicos), 80 ativando a via gliconeogênese durante os
exercícios prolongados de alta intensidade.4
Dessa forma, a contribuição dos carboidratos para o
metabolismo durante o exercício é determinado por um
número de fatores que incluem intensidade e duração do
exercício, influência do treinamento físico e consumo
alimentar. 19
Portanto, os estoques de carboidratos no corpo são
limitados à integração altamente coordenada entre fígado,
tecido adiposo, pâncreas e músculo e são importantes para
o fornecimento constante de energia durante o exercício
prolongado e, durante a recuperação, para restabelecer a
homeostase. 84
Um dos fatores que determinam o efeito e a eficiência do
consumo de alimentos ricos em carboidratos no
desempenho físico é o período em que é ingerido.
Consumir quantidades adequadas de carboidratos
diariamente é fundamental para satisfazer as necessidades
de energia exigidos pelo programa de treinamento do
atleta, bem como para repor glicogênio muscular e
hepático entre as sessões de treinamento e eventos
competitivos.
Apesar dessas evidências, pesquisas realizadas com atletas
brasileiros de diferentes modalidades esportivas indicam
que a ingestão diária de carboidratos perfaz, em média, 45
a 55% do total de energia consumida ou 4,7 a 6,0 g/kg de
massa corporal, 20, 70,71, 78 quantidades abaixo das
orientações propostas para indivíduos ativos.
Orientações nutricionais para o público em geral
expressam metas para a ingestão de carboidratos como
uma porcentagem do valor energético total diário. Por
exemplo, o Food and Nutrition Board estabeleceu a Faixa
de distribuição aceitável de macronutrientes (AMDR) para
carboidratos em 45 a 65% do valor energético. No entanto,
para o exercício, a quantidade absoluta de carboidratos na
dieta é mais importante do que a porcentagem de energia
dele derivada. Recomendações de carboidrato a um atleta
deve considerar a quantidade de carboidrato necessária
para a reposição ideal de glicogênio ou o valor de
glicogênio gasto durante o treinamento.
Essa estimativa também deve ser fornecida de acordo com
o peso corporal do atleta, a fim de considerar a sua maior
massa muscular. Diretrizes para a ingestão de carboidratos
apresentadas em gramas por quilograma de peso são de
fácil utilização, práticas e relativamente simples para os
atletas determinarem o conteúdo de carboidratos das
refeições e lanches para atingirem suas metas diárias de
ingestão.
Outro problema com o uso das recomendações baseadas
em porcentagens é que os
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requisitos de energia e de carboidratos do atleta nem
sempre são atendidos. Atletas com grandes massas
musculares e regimes de treinamento pesados têm,
geralmente, exigências de energia muito elevadas, e suas
necessidades de carboidratos podem ser atendidas com
um percentual menor de energia a partir de carboidratos.
Quando um atleta consome 4.000 a 5.000 kcal/dia, uma
dieta que contém 50% de
energia a partir de carboidratos fornecerá 500 a 600 g de
CHO por dia. Isso se traduz em 7 a 8 g de CHO/kg. Para um
atleta de 70 kg, essas quantidades estão adequadas para
manter os estoques de glicogênio muscular no dia a dia.
Por outro lado, quando um atleta com menos de 60 kg
consome uma dieta inferior a 2.000 kcal por dia, mesmo
que a dieta contenha 60% de energia a partir de
carboidratos (4 a 5 g/kg/dia), é improvável que forneça
quantidades suficientes de carboidratos para manter um
ótimo estoque de glicogênio para o treinamento diário.
Essa situação é particularmente comum em atletas do sexo
feminino que restringem a ingestão de energia para
alcançar ou manter o peso corporal ou o percentual de
gordura corporal baixo. Dessa forma, é mais confiável e
prático recomendar que os atletas consumam uma
quantidade absoluta de carboidratos (5 a 12 g/kg/dia) em
vez de uma porcentagem relativa de energia (45 a 65%). 1
Em se tratando de recomendação de ingestão de
carboidrato diária, sugere-se que
os atletas consumam uma dieta que contém cerca de 5 a 8
g de carboidrato/kg de peso corporal e que descansem
periodicamente para que o músculo restabeleça seus
estoques de glicogênio. Já uma dieta que contém de 8 a 10
g de carboidrato/kg de peso corporal/dia é indicada para
atletas que participam de atividades intensas (acima de
70% VO2 máx.) durante várias horas diariamente. Porém,
se o atleta se exercitar com a mesma intensidade por 1
hora ou menos, uma dieta que forneça 6 g de
carboidrato/kg de peso corporal/dia é suficiente para repor
os estoques de glicogênio muscular depletados durante o
exercício. 49
Supercompensação de carboidratos
A depleção de glicogênio muscular é um fator limitante
durante o exercício.
Atletas que utilizam técnicas de supercompensação de
carboidrato podem dobrar suas reservas glicogênio e,
quanto maior o conteúdo de glicogênio antes do exercício,
melhor será o desempenho.
A supercompensação de carboidrato é um modelo de
manipulação alimentar, associado ao exercício, indicado
para promover um aumento na síntese de glicogênio
muscular precedente a um evento competitivo de
resistência, como triatlo, maratona, ultramaratona ou
ciclismo. Atletas que participam de eventos com duração
acima de 90
minutos e/ou de provas repetitivas realizadas em um único
dia ou em múltiplos dias também podem se beneficiar da
supercompensação de carboidrato.
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Diferentes tecidos também são beneficiados com a
supercompensação de carboidrato. Os autores Matsui et al.
58 induziram, em ratos, a depleção de glicogênio por meio
de uma corrida na esteira de intensidade moderada (20
m/min) até a exaustão e, logo depois, administraram aos
animais, por um cateter, uma solução de glicose a 50%
(0,2 mL por 300 g de peso corporal). Os resultados
indicaram uma elevação nos níveis de glicogênio cerebral
(córtex, hipocampo, hipotálamo, cerebelo e tronco
cerebral) 6 horas após o exercício exaustivo. Eles
observaram, ainda, que a elevação dos níveis de glicogênio
cerebral é precedida à dos músculos esqueléticos e tem
por objetivo retardar o aparecimento de monoaminas
(noradrenalina NA e 5-hidroxitriptamina 5-HT), indutoras da
fadiga central.
Existem dois modelos de supercompensação de
carboidrato: o modelo clássico e
o proposto por Sherman (Quadro 1.1).
O modelo clássico tem a duração de uma semana e iniciase com sessões de treinamento exaustivo 1 semana antes
da competição. Nos primeiros 3 dias, o atleta deve
consumir uma dieta com baixa quantidade de carboidrato e
continuar a se exercitar para diminuir ainda mais o
conteúdo de glicogênio muscular. Depois, nos 3
dias que antecedem a competição, o atleta descansa e
ingere uma dieta rica em carboidrato para promover a
supercompensação de glicogênio. Esse modelo foi
considerado, por muito tempo, o melhor para maximizar os
estoques de glicogênio.
Porém, o modelo apresenta algumas falhas. O atleta que
ingere uma dieta com baixa quantidade de carboidrato por
3 dias pode apresentar um quadro de cetose, náuseas,
fadiga, tontura e irritabilidade; além disso, o treinamento
exaustivo na semana anterior a competição pode expô-lo
ao risco de lesão tecidual. Assim, seguem algumas
considerações em relação ao modelo clássico de
supercompensação de carboidrato:
A técnica clássica de supercompensação de carboidrato
utilizava uma dieta com
baixa quantidade de carboidrato porque acreditava-se
necessário para alcançar
o nível máximo dos estoques de glicogênio muscular.
Porém, atualmente, sabese que o primeiro estímulo para o aumento da síntese de
glicogênio muscular é o
treinamento focado na intensificação da atividade da
enzima glicogênio
sintetase (GS), responsável pela síntese de glicogênio e por
seu consequente acúmulo na célula muscular.
Para que haja a supercompensação do glicogênio, os
exercícios praticados devem ser os mesmos da
competição, já que os estoques de glicogênio são
específicos para o grupo muscular utilizado. Por exemplo,
um corredor precisa
reduzir seus estoques correndo ao invés de pedalar.
É essencial que o treinamento seja reduzido nos três dias
precedentes à competição, pois muito treinamento nesse
período irá utilizar o glicogênio
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estocado.12, 59
A prática da supercompensação não deve ser realizada
mais do que duas vezes ao
mês. Isso porque o armazenamento de carboidratos no
organismo é um processo que requer a presença de água,
numa proporção de 3 para 1, ou seja, para cada grama de
glicogênio armazenado, três gramas de água o
acompanham. Em situações extremas, em que ocorre um
grande armazenamento de glicogênio – cerca de 500
gramas –, 1,5 kg de água é adicionado ao peso corporal.
Consequentemente, rigidez muscular, cãibras, sensação de
excesso de peso e fadiga precoce podem ser observados.
77
Consumo de carboidrato e exercício de endurance
Esportes de resistência estão se tornando muito populares
e cada vez mais pessoas estão correndo meias maratonas,
maratonas, ultramaratonas e até mesmo participando de
competições de ironman, com duração de 2 a 17h. Muitos
eventos, como as
“corridas de rua” de curta duração (até 30 min), são
organizados, em geral, para incentivar as pessoas a
praticar esportes de endurance mais manejáveis para o
atleta principiante. 61 Para efeitos deste tópico, exercício
de resistência, portanto, refere-se a eventos com duração
de 30 min ou mais, tal como definido no documento
Passclaim. 76
Passclaim foi uma iniciativa da Comissão Europeia com o
objetivo de desenvolver um conjunto de métodos e
procedimentos para a avaliação e o apoio científico,
visando orientações relacionadas à ingestão de alimentos e
componentes alimentares e à melhoria da saúde do
atleta.76
Ingestão de carboidratos 60 min antes do exercício
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Apesar dos possíveis efeitos positivos sobre o desempenho
causados pelo consumo de um alto teor de carboidratos
nos dias que precedem o exercício e pela ingestão de
refeições ricas em carboidratos 3 a 4h antes do
exercício33, tem-se sugerido que a ingestão de
carboidratos 30 a 60 minutos antes do exercício de
endurance pode afetar negativamente o desempenho.30 A
ingestão de glicose 1 hora antes da prática do exercício
pode resultar em hiperglicemia e hiperinsulinemia, que,
muitas vezes, é seguida por um declínio rápido da glicose
no sangue, de 15 a 30 minutos após o início do exercício.
30,49 Esse evento metabólico é denominado hipoglicemia
reativa ou de rebote. É mais provável que o resultado da
queda da glicose no sangue seja devido a um aumento da
absorção muscular de glicose do que a uma produção
reduzida de glicose do fígado. Adicionalmente, a
hiperinsulinemia após a ingestão de carboidratos inibe a
lipólise e a oxidação lipídica30,50, o que pode levar ao
esgotamento mais rápido do glicogênio muscular. Portanto,
a ingestão de carboidratos 1 hora antes do exercício
poderia exercer um efeito negativo no desempenho. No
entanto, apenas dois estudos demonstram redução do
desempenho, enquanto a maioria relatam nenhuma
mudança ou
melhora no desempenho após a ingestão de carboidratos.
47 Uma hipoglicemia de rebote na fase inicial do exercício
parece ter pouco significado funcional, uma vez que não
afeta o desempenho do exercício. 48 Isso sugere que não
há necessidade de evitar o consumo de carboidratos 1 hora
antes do exercício.
É interessante notar que a hipoglicemia de rebote ocorre
em alguns triatletas, mas não em outros. 44 Kuipers et al.
51 sugeriram que a hipoglicemia de rebote em triatletas
treinados está relacionada a uma alta sensibilidade à
insulina. No entanto, alguns estudos mostram que
indivíduos treinados que desenvolveram a hipoglicemia de
rebote não obtiveram melhora na tolerância à glicose
quando comparados a indivíduos que não mostraram
hipoglicemia de rebote. 44 Por isso, é improvável que a
sensibilidade à insulina desempenhe um papel importante
na prevalência da hipoglicemia reativa em atletas
treinados. Alguns atletas são “sensíveis” a baixos níveis de
glicose no sangue e, para eles, a hipoglicemia induzida
pelo exercício pode ser um fator importante que contribui
para o aparecimento da fadiga. Essas alterações
metabólicas podem ser atenuadas pela escolha de fontes
de carboidratos pré-exercício com um baixo índice
glicêmico, pois elas promovem uma resposta de glicose e
insulina no sangue mais estáveis durante o exercício
subsequente. 45
Outra abordagem para minimizar a glicemia e as respostas
insulinêmicas durante o exercício é o consumo de
carboidratos de 5 a 15 min antes do início da atividade. 62
Os efeitos metabólicos e no desempenho da ingestão de
carboidratos pouco antes do exercício (5 a 15 min) são
muito semelhantes aos observados quando os carboidratos
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são ingeridos durante a atividade.
É interessante observar que não há clara relação entre
hipoglicemia (glicose sangue <3,5 mmol/L-1) e sintomas de
hipoglicemia. 48 Os sintomas são frequentemente
relatados na ausência de hipoglicemia verdadeira, e as
baixas concentrações de glicose no plasma não são, em
geral, associadas a sintomas. No entanto, essa observação
não é nova. Em 1979, Foster et al. 30 observaram que os
sintomas relatados não correspondiam às concentrações
de glicose sérica em indivíduos que consumiram glicose
antes do exercício.
Concluindo, a recomendação de se evitar a ingestão de
carboidratos 1 hora antes
do exercício é infundada. Alguns atletas podem
desenvolver sintomas semelhantes aos da hipoglicemia,
embora eles não sejam sempre associados a baixas
concentrações de glicose. E o mais importante é que
hipoglicemia de rebote não parece afetar o desempenho.
Para minimizar os sintomas de hipoglicemia, é desejável
uma abordagem individual. Essa abordagem poderia incluir
a indicação de ingestão de carboidratos antes do exercício
ou a seleção de carboidratos de índice glicêmico baixo a
moderado, como suplementos à base de amido, para
ingestão durante o aquecimento.
Ingestão de carboidratos durante o exercício
A ingestão de carboidratos durante exercícios de
endurance está associada à manutenção dos níveis
plasmáticos de glicose que previnem a fadiga observada
nos últimos 30 minutos de exercício. Atualmente, sugere-se
que os carboidratos consumidos durante o exercício
contribuem efetivamente como substrato energético
utilizado pelas fibras musculares exercitadas.46
Coyle, 21 considera que, durante 2 horas de exercício de
intensidade moderada, a utilização do carboidrato como
energia é similar, com ou sem a ingestão dele. Neufer et al.
64 sinalizam que, caso os estoques corporais de
carboidratos estejam reduzidos ao início da atividade,
devido a uma dieta inadequada ou a exercícios, a
suplementação de carboidratos pode aumentar o
rendimento em atividades com 60 minutos de duração.
Durante as atividades de intensidade moderada, a
concentração sanguínea de glicose pode ser mantida com
40 a 75 g/hora de carboidratos diluídos em 400 a 750 mL
de água. Soluções com 6 a 10% de carboidratos são
absorvidas e incorporadas aos fluidos corporais numa
velocidade similar ou ligeiramente maior do que a água
potável e são, provavelmente, tão eficazes quanto a
capacidade de reidratação da água pura. 27
A suplementação de carboidratos durante o exercício de
endurance poder ser eficiente na prevenção da fadiga.
Considerando a velocidade do esvaziamento gástrico, o
consumo deve ser realizado durante todo o tempo em que
o exercício está sendo
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realizado ou, pelo menos, 35 minutos antes da fadiga
ocorrer. 26 Para evitar o retardo do esvaziamento e o
desconforto gastrointestinal, Jeukendrup e Chambers47
mostraram que um simples bochecho de uma solução
contendo carboidrato durante o exercício (> 75%
VO2 máx.) de duração relativamente curta (cerca de 1 h)
proporcionou o mesmo desempenho do consumo da
suplementação.
Rollo e Williams71 explicam que o efeito ergogênico do
bochecho com a solução de carboidrato aumenta a
excitabilidade corticomotor pela estimulação dos centros
cerebrais de recompensa. Tem sido demonstrado de forma
convincente que o carboidrato é detectado na cavidade
oral por receptores não identificados, e isso pode estar
relacionado a melhorias no desempenho do exercício (para
uma revisão, ver Jeukendrup e Chambers)47. No entanto,
são necessárias mais pesquisas para determinar se os
efeitos centrais do bochecho de carboidrato são
responsáveis por um melhor desempenho em exercícios de
endurance.
O carboidrato contido nas bebidas hidroeletrolíticas é uma
boa alternativa para o consumo durante o exercício, já que,
ao consumir de 150 a 300 mL dessas bebidas a uma
concentração de 4 a 8% de carboidrato a cada 15-20
minutos, atinge-se a quantidade recomendada de
carboidrato – 30 a 60 g/hora.
Outra alternativa de consumo são os alimentos ricos em
carboidratos
disponibilizados na forma de barras e géis, porém, eles
provocam uma sensação maior de saciedade.
O atleta deve ser orientado a consumir pequenas
quantidades de carboidrato em intervalos frequentes para
prevenir algum eventual desconforto gastrointestinal; o
alimento a ser consumido deve ser familiar ao atleta e de
fácil digestão. Essa prática alimentar deve ser adaptada ao
indivíduo, e nunca um alimento ou suplemento deve ser
introduzido pela primeira vez em competições oficiais.
Apesar dessas orientações, deve-se ressaltar que a
ingestão ideal de carboidratos pode variar em função da
intensidade e da duração do exercício, do nível inicial de
glicogênio muscular, das condições ambientais etc. Além
disso, existem diferenças individuais importantes na
quantidade de carboidrato necessária para manter a
disponibilidade de glicose durante o exercício de longa
duração. A Tabela 1.3
apresenta algumas recomendações de consumo de
carboidratos durante os exercícios de endurance.
Ingestão de carboidratos após o exercício
O período pós-exercício é, muitas vezes, considerado o
tempo mais crítico e fundamental para a ingestão de
nutrientes. Um treinamento de resistência intensa resulta
no esgotamento de uma proporção significativa de
combustíveis armazenados
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(incluindo glicogênio e aminoácidos), bem como causa
danos às fibras musculares.
Teoricamente, o consumo da proporção adequada de
nutrientes durante esse tempo não só inicia a reconstrução
do tecido danificado e a restauração das reservas de
energia, mas gera uma supercompensação que tanto
melhora a composição corporal como exerce influência no
rendimento. Vários pesquisadores fizeram referência a uma
“janela anabólica de oportunidade”, em que existe um
tempo limitado, após o treinamento, para otimizar as
adaptações relativas ao treinamento e às lesões
musculares. 52 No entanto, a importância – e mesmo a
existência – de uma “janela” pós-exercício pode variar de
acordo com um número de fatores. O destaque não está
apenas no tempo de ingestão do nutriente em termos de
aplicabilidade, mas evidências recentes estão desafiando
diretamente a visão clássica da relevância da ingestão de
nutrientes pós-exercício no anabolismo. 36
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A recuperação após o exercício de endurance é um desafio
para o atleta moderno, uma vez que, em geral, ele está
envolvido em treinamentos extenuantes, divididos, às
vezes, em duas sessões ao dia, com períodos que variam
de 6 até 24 horas de recuperação entre as sessões de
treinos.
O principal objetivo das recomendações de ingestão de
carboidratos pós-treino é
repor os estoques de glicogênio depletados. O glicogênio é
considerado essencial para o desempenho no treinamento
de resistência, com 80% da produção de ATP derivada da
glicólise. 1
A ingestão de carboidrato deve se dar logo após o término
do exercício para que a reposição dos estoques de
glicogênio muscular seja completa, não comprometendo,
assim, a recuperação do atleta. Isso se deve, sobretudo, a
três motivos: a) o fluxo sanguíneo para os músculos nessa
condição é maior, e a célula muscular tem uma captação
maior de glicose; b) nesse período os receptores celulares
de insulina estão mais sensíveis, promovendo um maior
influxo de glicose e síntese de glicogênio; c) a glicogênio
sintetase está com sua atividade maximizada, favorecendo
o acúmulo de glicogênio na célula.
Um desafio para o consumo de carboidratos após os
exercícios se deve ao fato de
os atletas não sentirem fome após a realização do exercício
extenuante; nesse caso, para assegurar a reposição dos
estoques de glicogênio, recomenda-se o uso de bebidas
esportivas ou de bebidas a base de carboidrato e
carboidratos sob a forma de gel.
Há evidências de que a adição de proteína em uma
refeição com carboidratos póstreino pode melhorar a ressíntese de glicogênio. Berardi et
al. 5 demonstraram que o consumo de proteína e de
carboidrato no período de 2 horas após uma sessão de 60
minutos de ciclismo resultou em maior ressíntese de
glicogênio em comparação com a ingestão isolada de uma
solução equicalórica de carboidratos. Da mesma forma, Ivy
et al. 40 verificaram que o consumo de uma combinação
de proteínas e carboidratos após uma sessão de mais de 2
horas de ciclismo aumentou significativamente o conteúdo
de glicogênio muscular quando comparado ao suplemento
de carboidrato isocalórico. O
efeito sinérgico da proteína-carboidrato tem sido atribuído
a uma resposta mais pronunciada da insulina, embora se
note que nem todos os estudos suportam tais resultados.
Jentjens et al. 41 demonstraram que, dada a ingestão de
uma ampla dosagem de carboidratos (1,2 g/kg/h), a adição
de proteína (1,2 g CHO/kg/h + 0,4 g Pro/kg/h) não
aumentou a síntese de glicogênio durante o período de 3
horas de recuperação.
Os diferentes tipos de carboidrato parecem influenciar a
taxa de síntese do glicogênio muscular. Em relação ao
índice glicêmico, parece que a reposição de glicogênio
muscular é mais eficaz quando alimentos com alto índice
glicêmico são consumidos nesse período de recuperação.
13
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Burke, Collier e Hargreaves9 investigaram o efeito do
consumo de carboidratos na reposição de glicogênio
muscular em atletas de elite. Foram oferecidas duas dietas,
uma contendo alimentos de alto índice glicêmico (flocos de
milho, pão, polímero de glicose comercial (policose), purê
de batatas) e outra de moderado índice glicêmico (lentilha,
feijão, macarrão, pão de aveia), após 2 horas de exercício a
75% do VO2
máx. em ciclo ergômetro. Essas dietas forneciam um total
de 10 g de carboidrato/kg de massa corporal total. A área
total observada abaixo da curva de glicose e insulina após
cada refeição foi maior para a dieta com alto índice
glicêmico. A quantidade de glicogênio muscular, avaliado
pela biópsia, após 24 horas de recuperação, foi maior para
a refeição de alto índice glicêmico (106 ± 11,7 mmol/kg de
peso seco) do que para a de moderado índice glicêmico
(71,5 ± 6,5 mmol/kg de peso seco).
No que se refere à forma na qual o carboidrato será
consumido no período pós-exercício, esta pouco
influenciará a taxa de reposição do glicogênio muscular. O
importante é que o atleta consuma a quantidade
preconizada de carboidrato, seja ela na forma líquida ou
sólida, iniciando imediatamente após o término do
exercício.
A quantidade de carboidratos ingerida após um exercício
de longa duração deve ter como base o consumo diário por
unidade de peso (g/kg/dia) e fornecer uma quantidade de
0,7 a 1,5 g/kg de peso corporal de 2 em 2 horas, durante 6
horas, após um exercício intenso e um total de 600 g de
carboidratos durante as primeiras 24
horas. 39
Consumo de carboidratos e o treinamento de força
O glicogênio é considerado essencial para o desempenho
na execução dos exercícios de treinamento de força e na
hipertrofia muscular, representando 80% da produção total
de moléculas de ATPs derivadas das vias da glicólise e
glicogenólise.
Em estudo clássico, Robergs et al. 72 demonstraram que os
indivíduos que executaram 6
séries de extensões de joelhos, (35% e 70% de 1RM) até a
falha concêntrica do movimento (13 ± 1 e 6 ± 0 RMs
obtidas) resultou na redução de glicogênio muscular em
38% e 39%, respectivamente.
Haff et al. 31 relataram que o consumo de carboidratos
antes e durante uma sessão de treinamento de força pode
atenuar a diminuição de glicogênio muscular. Nessa
investigação, 8 homens, durante uma sessão de
treinamento de força com pesos livres (sessão de 39
minutos) ingeriram uma bebida contendo carboidratos
antes do início da sessão (1,0 g/Kg) e a cada 10 minutos de
treinamento (0,5 g/Kg). A sessão consistiu de 3 séries de
10 RM no agachamento (65% de 1RM), agachamento com
movimentos explosivos (45% de 1RM) e agachamento
unilateral (um dos pés servindo de base e outro à frente)
(10% de 1RM). Os resultados revelaram uma redução de
26,7% no
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glicogênio muscular (músculo vasto lateral) com o
tratamento placebo. No entanto, com o carboidrato, a
diminuição foi de 13,7%. Os autores concluíram que a
ingestão de carboidratos pode estar relacionada a uma
maior síntese de glicogênio muscular durante os intervalos
de descanso entre as séries de exercícios.
Existem evidências de que a manutenção e a restauração
dos estoques de glicogênio modulam as vias de
sinalizações intracelulares, como, por exemplo, a síntese
de proteínas miofibrilares.2 Objetivando mostrar esses
efeitos, Creer et al. 23
avaliaram ciclistas profissionais 10 minutos após a
realização de 30 RMs no exercício de extensão de joelho
(70% de 1RM). Eles observaram que o consumo elevado de
carboidratos (77%) em relação ao baixo consumo (2%)
promoveu níveis elevados de
fosforilação (ativação) da Akt (proteína quinase B) (P
<0,05). Assim, a disponibilidade de glicogênio muscular
parece contribuir para a regulação da via Akt, que pode
influenciar o crescimento celular e a adaptação por
exercícios de treinamento de força.
Churchley et al. 16 recrutaram 7 indivíduos treinados que
realizaram uma sessão no cicloergômetro utilizando
somente uma perna (experimental) até à exaustão com o
objetivo de reduzir os níveis de glicogênio muscular, e, em
seguida, os sujeitos executaram extensões de joelho (Leg
Press 45°) unilateralmente (8 séries de 5 RMs a 80% de 1
RM). As análises das biópsias musculares de ambas as
pernas foram realizadas no repouso, imediatamente após o
treino e depois de 3 horas de recuperação.
Os resultados indicaram níveis elevados de glicogênio (3
horas após a sessão de treinamento de força) na perna
controle em relação à experimental (435 ± 87; 193 ± 29
mmol/kg, p < 0,01). Os níveis de mRNA de GLUT4 foram
significativamente mais baixos na perna experimental no
repouso (depois da sessão do cicloergômetro) em relação
ao controle (p < 0,05). Observaram-se, ainda, na perna
controle (sem diferenças p > 0,05) elevados níveis de
mRNA para miogenina, fator de diferenciação miogênica D
(MyoD) e IGF-I 3 horas após a sessão de treinamento de
força. Acredita-se que os níveis de GLUT4 reduzidos na
perna utilizada (experimental) no cicloergômetro foram
afetados pelos níveis diminuídos de insulina. Assim, parece
que o exercício de força realizado com baixos níveis de
glicogênio muscular não aumenta a atividade de genes
implicados na promoção da hipertrofia muscular. Contudo,
existe um consenso entre os autores que o consumo de
carboidratos no período de treinamento de força se torna
uma técnica eficaz para a melhora dos estoques de
glicogênio, visto que a restauração e manutenção do
glicogênio muscular e hepático são importantes nos
processos de sinalizações celulares.
Consumo de carboidrato e o treinamento concorrente (
endurance versus
força)
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Nas últimas duas décadas, a suplementação de
carboidratos tem sido bastante estudada, notadamente em
exercícios de longa duração ( endurance). 25, 82 Por outro
lado, existe uma grande lacuna no conhecimento sobre os
efeitos da suplementação de diversos tipos de carboidratos
nos níveis de geração de força. A grande questão tratada
aqui é se a suplementação de carboidratos pode atenuar
os efeitos deletérios do exercício de endurance sobre os
subsequentes níveis de força.
Estudos clássicos como o dos autores Leveritt, MacLaughlin
e Abernethy55 e Leveritt e Abernethy54 já discutiram e
revelaram o comprometimento da capacidade de produzir
tensão nas fibras musculares logo após da realização do
exercício de endurance. Nesse contexto, estudos a níveis
de sinalizações celulares verificaram uma redução
quantitativa na liberação de Ca+ do retículo
sarcoplasmático e dos níveis de força muscular máxima em
ratos que superexpressaram (PGC)-1α. 79
Anteriormente, Wang et al. 83 estudaram os efeitos de
uma combinação de uma sessão de exercício de endurance
seguida de uma sessão de exercício de força sobre as vias
AMP-AMPK-PGC-1α (via da biogênese mitocondrial) \ AktmTOR-p70S6K (via
da síntese de proteínas miofibrilares). Os autores
encontraram um aumento na expressão de AMP-AMPK-PGC1α, 1 e 3 horas após o término do exercício de força.
De acordo com a literatura atual, o Peroxisome proliferatoractivated receptor-γ
coativador (PGC)-1α é o membro de uma família de
proteínas coativadoras transcricionais (respiratório nuclear
factor-1 NRF-1; proteína citocromo c; factor de transcrição
mitocondrial A Tfam) que desempenha um papel central na
regulação do metabolismo energético, pela estimulação da
biogênese mitocondrial, e no aumento da taxa de oxidação
de ácidos graxos proporcionado pela redução dos níveis de
malonil-CoA (precursor da síntese e alongamento das
moléculas de ácidos graxos). 56, 69,74 A expressão de
PGC-1 α no músculo esquelético está relacionada tanto à
prática de treinamento de endurance (modelos humanos),
73 como à restrição de carboidratos que geram uma
resposta na redução da relação ATP\AMP. 67 Estudo de
Atherton et al., 3
evidenciou que o treinamento de endurance ativou por
fosforilação a via AMPK-TSC2
e inibiu a mTOR-p70S6K, sugerindo que a síntese de
proteínas miofibrilares é inibida com este tipo de
treinamento (Figura 1.1).
Acredita-se que a redução dos níveis de força após o
endurance estaria ligada a não adequação metabólica e/ou
morfológica do tecido muscular provocada pela redução
dos níveis de glicogênio e glicose plasmática. Dessa forma,
a combinação desses estímulos poderia acarretar
hipertrofia e prejuízo na adaptação do tecido muscular ao
gerar força máxima, dados os mecanismos celulares
diferentes a serem acionados, 37 como os sinais
moleculares envolvidos na regulação da translação de
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proteínas miofibrilares e mitocondriais. 35
Evidências obtidas em exercícios de endurance apontam
que o consumo de carboidratos é eficiente para o aumento
do desempenho, e o mecanismo proposto para isso é o
aumento da glicogênese hepática e muscular,
desencadeado pela ativação da via de sinalização de
Insulina\IGF-1\PI3K\AKT. 8 Leveritt e Abernethy54
demonstraram que a depleção de glicogênio muscular por
meio de restrição de carboidratos e de exercício de
endurance afeta subsequente o desempenho da força
isoinercial mensurado no exercício de agachamento (3
séries a 80% de 1 RM até a falha concêntrica do
movimento). Porém, o desempenho isocinético no exercício
de extensão de joelho (5 RMs realizadas em cinco
velocidades diferentes; 1,05, 2,09, 3,14, 4,19, e 5,24 rad.s1) não foi afetado, indicando que o comprometimento
parece estar relacionado às diferentes demandas
metabólicas e ao tipo de força mensurada.
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Breen et al. 7 adicionaram carboidratos nas bebidas
proteicas de 10 atletas ciclistas (25 g hidratos de carbono
+ 10 g proteína de soro de leite) antes de realizarem um
teste de 90 minutos (77 ± 1% do VO2 máx.), que resultou
em uma maior taxa na síntese de proteínas miofibrilares
provocada pela ativação por fosforilação do eixo de
sinalização Akt-mTOR-p70S6K, em comparação com as
mitocondriais.
Assim, pode parecer lógico que um aumento na taxa de
síntese proteica relatada após o treinamento de endurance
seja devido, principalmente, às proteínas mitocondriais. No
entanto, essa ideia não é suportada pelos dados de Coffey
et al.
(2010). 18 Em vez disso, parece que o aumento na síntese
de proteínas no músculo pelo
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consumo de carboidratos e de proteínas imediatamente
após o treinamento de endurance é atribuído mais
apropriadamente ao aumento das proteínas miofibrilares.
Assim, a homeostase energética (equilíbrio entre o
consumo e a oferta de carboidratos) representa o ponto
fundamental da regulação das vias; AMP-AMPK-PGC-1α e
Akt-mTOR-p70S6K.
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ÍNDICE GLICÊMICO
O índice glicêmico (IG) é um método proposto em 1981,
obtido pela análise da curva glicêmica produzida por 50 g
de carboidrato (disponível) de um alimento-teste em
relação à curva de 50 g de carboidrato do alimento-padrão
(glicose ou pão branco).
Os alimentos-testes são classificados com base em seu
potencial de aumentar a glicose sanguínea. Atualmente
utiliza-se o pão branco por ter resposta fisiológica melhor
do que a da glicose.
Alimentos com baixo índice glicêmico causam uma
liberação mais lenta e continuada de glicose para o
sangue, enquanto alimentos com alto índice glicêmico
causam um rápido aumento de curta duração de glicose no
sangue. 10
O IG reflete a taxa de digestão e absorção de alimentos
ricos em carboidratos.
Assim, o IG é influenciado pela forma dos alimentos
(incluindo o tamanho das partículas, a presença de grãos
intactos, a textura e a viscosidade), o grau de
processamento dos alimentos, o cozimento, a presença de
frutose ou lactose (ambos têm um baixo índice glicêmico),
a razão de amilopectina e amilose no amido (amilose tem
uma velocidade de digestão mais lenta), amido-proteína ou
interações amido-gordura e a presença de antinutrientes
como fitatos e lecitinas. 10
Geralmente, os alimentos são divididos naqueles que
possuem um alto índice glicêmico (glicose, pão, batatas,
cereais, bebidas esportivas), um índice glicêmico moderado
(sacarose, refrigerantes, aveia, frutas tropicais, como
banana e manga) e um baixo índice glicêmico (frutose,
leite, iogurte, lentilhas, massas, nozes, frutas de clima frio,
como maçãs). O conceito de índice glicêmico aplicado ao
planejamento das refeições para atletas é bastante útil. A
seleção de alimentos será realizada em função do efeito
metabólico desejado, dado o tempo e a quantidade de
carboidratos recomendada. 10 Alimentos ricos em
carboidratos com alto índice glicêmico são recomendados
para o consumo de 3 a 6 horas antes do treinamento e
imediatamente após o exercício. Alimentos ricos em
carboidratos com moderado índice glicêmico são
recomendados para o consumo antes e depois do
treinamento. Alimentos ricos em carboidratos com baixo
índice glicêmico são recomendados para o consumo antes
do treinamento.
A classificação do IG do alimento é alterada em função do
alimento-padrão de referência, glicose ou pão branco. Se a
glicose é o padrão (i. e., IG de glicose = 100), os valores de
IG dos alimentos são menores do que quando o pão branco
for o padrão.
Os valores de IG são multiplicados por um fator de 1,38,
porque a resposta glicêmica da glicose é 1,38 vezes maior
do que a do pão branco.27 Entretanto, a avaliação do IG é
realizada com uma porção do alimento que disponibilize 50
g de carboidrato, mas, na maioria das vezes, essa
quantidade não é compatível com a porção usual do
alimento
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pelos atletas, em decorrência das variações dos treinos e
das provas realizadas. A carga glicêmica (CG) é o resultado
do produto do IG do alimento pela quantidade de
carboidrato disponível na porção consumida, dividido por
100.53
CG do alimento = (IG x carboidrato disponível na porção) /
100
As Tabelas 1.4 e 1.5 apresentam os valores de referência
para a classificação do IG e da CG dos alimentos.
Thomas et al. 81 compararam as respostas bioquímicas e
fisiológicas de ciclistas treinados em endurance que
ingeriram a mesma porção de alimentos de alto índice
glicêmico (glicose e batata) e de baixo índice glicêmico
(lentilhas) 1 hora antes do exercício de endurance. A
alimentação com baixo índice glicêmico produziu os
seguintes efeitos: (i) nível menor de glicose e insulina 30 a
60 minutos após a ingestão; (ii) maior nível de ácidos
graxos livres; (iii) menor oxidação de carboidratos durante
o exercício; e (iv) período de realização do exercício 9 a 20
minutos maiores que o tempo correspondente aos dos
indivíduos que ingeriram a refeição de alto índice
glicêmico. Esse estudo sugere que a ingestão de alimentos
de baixo índice glicêmico 1
horas antes da realização do exercício estimula uma menor
liberação de insulina e mantém uma concentração maior
de glicose e de ácidos graxos no plasma.
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Em outro estudo mais recente, Moore, Szpalek e
McNaughton60 examinaram em 10
mulheres (não atletas) os efeitos do consumo dos
carboidratos de alto e baixo índice glicêmico isocalórico
(2,5 g CHO/kg), ingeridos 15 minutos antes do exercício no
cicloergômetro a 60% do VO2 máx. até a exaustão. Os
resultados revelaram que os carboidratos de baixo índice
glicêmico aumentaram o desempenho do endurance 67,4
± 8,4 min em relação ao consumo de carboidratos de alto
índice glicêmicos 48,9 ± 10,0
min (p= 0,02). Os autores também mostraram que o
consumo (antes) dos carboidratos de alto índice glicêmico
reduziram significativamente as concentrações de glicose
sanguínea durante os 20 minutos de exercício e foram
considerado pelos autores um limitador do desempenho no
teste. Portanto, parece que os diferentes tempos de
consumo dos carboidratos (baixo índice glicêmico) antes
dos exercícios de endurance apresentam efeitos similares
no desempenho.
A Tabela 1.6 apresenta alguns alimentos de uso comum e
seus respectivos índices
glicêmicos.
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CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS E FINAIS
Os carboidratos são fundamentais para o exercício físico e
para o desempenho esportivo. Os estoques de carboidratos
do corpo são limitados e, muitas vezes, são menores do
que as necessidades para o treinamento atlético e para a
competição. No entanto, a disponibilidade de carboidratos
como substrato para o metabolismo do músculo é um fator
crítico para o desempenho em exercícios intermitentes de
alta intensidade e exercícios aeróbicos prolongados.
Sugere-se que os atletas consumam uma dieta que
contenha cerca de 5 a 8 g de carboidrato/kg de peso
corporal e que descansem periodicamente para que o
músculo restabeleça seus estoques de glicogênio. Já uma
dieta que contém de 8 a 10 g de carboidrato/kg de peso
corporal/dia é indicada para atletas que participam de
atividades intensas (acima de 70% do VO2 máx.) durante
várias horas diariamente.
Porém, se o atleta se exercitar nessa intensidade por 1
hora ou menos, uma dieta que forneça 6 g de
carboidrato/kg de peso corporal/dia é suficiente para repor
os estoques de glicogênio muscular depletados durante o
exercício. O conceito de índice glicêmico aplicado ao
planejamento das refeições para atletas é bastante útil. A
seleção de alimentos será realizada em função do efeito
metabólico desejado, dado o tempo e a quantidade de
carboidratos recomendada.
Apesar dessas orientações, deve-se ressaltar que a
ingestão ideal de carboidratos pode variar em função da
intensidade e da duração do exercício, do nível inicial de
glicogênio muscular, das condições ambientais etc. Além
disso, existem diferenças individuais importantes que
devem sempre ser observadas na prescrição dietética.
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2
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Proteínas e exercício físico
Marcelo Macedo Rogero
Jonas Alves de Araujo Junior
Julio Tirapegui
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INTRODUÇÃO
As proteínas são formadas por combinações dos 20
aminoácidos em diversas proporções e cumprem funções
estruturais, reguladoras, de defesa e de transporte nos
fluidos biológicos. Alguns aminoácidos, denominados
essenciais, devem ser fornecidos pela dieta; sua falta
ocasiona alterações bioquímicas, fisiológicas e diminuição
acentuada na síntese proteica. Em crianças, provoca
diminuição do crescimento e um quadro conhecido como
kwashiorkor, com profundas alterações bioquímicas,
fisiológicas e anatômicas. 62,64
Os aminoácidos livres estão em equilíbrio dinâmico na
célula e nos fluidos biológicos. Esse equilíbrio depende do
anabolismo e catabolismo orgânico; esse processo é
denominado turnover proteico. Os principais tecidos
responsáveis por esse equilíbrio são o muscular e o
visceral, este responsavel pela síntese de proteínas
sanguíneas fundamentais na homeostase celular.68 As
melhores fontes proteicas são as de origem animal; no
entanto a ingestão de mistura de cereais e leguminosas
nos fornece também as quantidades de aminoácidos
necessários para a síntese proteica. A principal função dos
aminoácidos está relacionada com a síntese proteica;
entretanto alguns deles são precursores de compostos de
importância fisiológica, como, por exemplo, alguns
neurotransmissores. Neste capítulo, enfocaremos alguns
aspectos básicos desse nutriente e sua relação com a
atividade física.
Ligações peptídicas
Os aminoácidos se juntam para formar uma proteína por
meio da ligação peptídica
que une o grupo carboxílico de um aminoácido ao grupo
amino de outro O composto resultante tem em suas
extremidades um grupo carboxílico e um grupo amino
livres.
Esses grupos carboxílicos e amínicos, influenciados pelo pH
do meio e sua ionização, fornecem características básicas
ou ácidas, respectivamente. A união de dois aminoácidos
forma um dipeptídio; três, um tripeptídio, podendo uma
proteína ter 400
ou mais aminoácidos. Os aminoácidos das proteínas se
unem um ao outro em uma sequência pré-determinada
geneticamente.
Estrutura das proteínas
A estrutura de uma proteína pode ser classificada em
primária, e a conformação que envolve a estrutura em
secundária, terciária e quaternária.
A estrutura primária diz respeito ao tipo e à sequência de
aminoácidos na molécula proteica. A secundária é formada
por associação de membros próximos da cadeia
polipeptídica e é mantida à custa das pontes de hidrogênio.
Na terciária, a
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molécula proteica se arranja em estruturas globulares
utilizando diversos tipos de ligações, como pontes de
hidrogênio, hidrofóbicas, iônicas, eletrostáticas e
covalentes.
Essas últimas são representadas pelas pontes de
dissulfetos entre os resíduos de cisteína. Finalmente, a
forma como diversas estruturas terciárias ou subunidades
se associam é a chamada estrutura quaternária. 8,10
Classificação das proteínas
Devido à sua complexidade estrutural, as proteínas são
difíceis de ser rigorosamente classificadas. Entretanto,
podem ser agrupadas em: simples, quando por hidrólise
fornecem apenas aminoácidos; e conjugadas, quando dão
origem a outros compostos além dos aminoácidos. As
proteínas conjugadas são combinações de uma molécula
não proteica unida a uma molécula proteica. Entre as
primeiras, podemos citar, como exemplo, albuminas,
globulinas, glutelinas, prolaminas, entre outras. Em relação
às conjugadas, temos as nucleoproteínas, encontradas nos
ácidos ribonucleico (RNA) e desoxirribonucleico (DNA); as
mucoproteínas e glicoproteínas, que combinam a proteína
com polissacarídeos complexos, como a mucina,
encontrada nas secreções gástricas, e a albumina (clara do
ovo); as lipoproteínas, encontradas no plasma, que se
unem com lípides, triacilgliceróis, colesterol e fosfolípides;
as fosfoproteínas, em que o ácido fosfórico forma ligação
éster com as proteínas, como, por exemplo, na caseína do
leite; e, ainda, as metaloproteínas, tais como a ferritina, a
hemosiderina e a peroxidase, em que os metais – ferro,
cobre ou zinco – estão unidos às proteínas.37,44
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As proteínas também podem ser divididas em fibrosas e
globulares. As fibrosas incluem a queratina, que é a
proteína do cabelo e das unhas; a fibrina do sangue; a
miosina do músculo; e o colágeno, principal componente
do tecido conjuntivo e que é usado na fabricação da
gelatina. Cerca de 30% das proteínas totais dos mamíferos
são constituídas de colágeno, proteína de baixa qualidade
nutricional, pois praticamente não contém triptofano,
apesar de ser uma proteína animal amplamente utilizada
na alimentação humana na forma de gelatina. As proteínas
globulares encontram-se principalmente nos fluidos
orgânicos e nos tecidos. Elas são solúveis e facilmente
desnaturadas. As proteínas globulares de interesse em
nutrição são as caseínas do leite, albumina do ovo e as
albuminas e globulinas do sangue, do plasma e da
hemoglobina, bem como as globulinas das sementes como
as do feijão e da soja (Tabela 2.1). 44
Função das proteínas
As proteínas da dieta, pela digestão e subsequente
absorção pelo intestino, fornecem aminoácidos ao
organismo, que terão três destinos principais: anabolismo
(síntese de proteínas e polipeptídeos); catabolismo ou
degradação (produção de energia); e síntese de compostos
de pequeno peso molecular. Por essas vias, os
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aminoácidos servirão na construção e manutenção dos
tecidos, na formação de enzimas, hormônios, anticorpos,
no fornecimento de energia e na regulação de processos
metabólicos. Além do nitrogênio, os aminoácidos fornecem
compostos sulfurados ao organismo. Como fonte de
energia, as proteínas são equivalentes aos carboidratos,
fornecendo 4 kcal/g ou 16,7 kJ/g. No entanto, elas são
consideradas mais “caras” do que os carboidratos, pois
demandam maior quantidade de energia para a sua
metabolização.20 Assim, uma condição fundamental para
se garantir a adequada utilização pelo organismo da
proteína ingerida é satisfazer a necessidade energética,
pois a deficiência de energia acarreta em desvio de
proteínas a partir de suas funções plásticas e reparadoras
em detrimento da produção de energia. Nos períodos de
intenso crescimento, a taxa de síntese proteica encontra-se
aumentada, tendo como consequência um aumento na
recomendação de proteína a ser ingerida (Tabela 2.2).
Na forma de lipoproteínas, as proteínas participam no
transporte de
triacilgliceróis, colesterol, fosfolípides e vitaminas
lipossolúveis. As vitaminas e minerais estão unidos a
transportadores proteicos específicos para o seu
transporte. Por exemplo, a albumina carrega ácidos graxos
livres, bilirrubina e também medicamentos ingeridos.
As proteínas também contribuem para a homeostase
mantendo o equilíbrio
osmótico entre os diferentes fluidos do organismo, como
evidenciado no edema decorrente da hipoproteinemia
(baixo nível de proteínas no plasma), observada em
crianças com deficiência proteica ou kwashiorkor. A
albumina é particularmente importante nessa função.
Devido à sua estrutura, as proteínas são capazes de se
combinar a compostos ácidos ou básicos e, dessa forma,
manter o equilíbrio ácido-base entre o sangue e os
diferentes tecidos do organismo. 12, 49
Aminoácidos essenciais e não essenciais
Entre os 20 aminoácidos que participam da síntese
proteica, vários devem estar presentes na dieta para
satisfazer as necessidades do organismo, enquanto outros
não; em consequência, a qualidade nutricional das
proteínas pode ser determinada pelo tipo e pela
quantidade de seus aminoácidos constituintes.
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Alguns aminoácidos são classificados como essenciais
porque sua síntese no organismo é inadequada para
satisfazer as necessidades metabólicas e devem ser
fornecidos como parte da dieta. Esses aminoácidos são:
treonina, triptofano, histidina, lisina, leucina, isoleucina,
metionina, valina, fenilalanina e, possivelmente, arginina. A
ausência ou a inadequada ingestão de alguns desses
aminoácidos resulta em balanço nitrogenado negativo
(perda de N pelo organismo), perda de peso, crescimento
menor em crianças e pré-escolares e sintomatologia clínica.
63
Os aminoácidos não essenciais (Tabela 2.4) – alanina, ácido
aspártico,
asparagina, ácido glutâmico, glicina, prolina e serina – são
igualmente importantes na estrutura proteica; no entanto,
se houver deficiência na ingestão de um deles, ele pode
ser sintetizado em nível celular a partir de aminoácidos
essenciais ou de precursores contendo carbono e
nitrogênio. 45,46, 63
Não há reserva de proteína ou de aminoácidos livres no
organismo; qualquer quantidade acima das necessidades
para a síntese proteica celular e para a síntese dos
compostos não proteicos que contêm nitrogênio será
metabolizada.
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No entanto, na célula, existe um pool metabólico de
aminoácidos em um estado de equilíbrio dinâmico que
pode ser utilizado quando necessário. O contínuo estado de
síntese e de degradação de proteínas, fenômeno
denominado turnover, é necessário para manter o pool
metabólico e a capacidade de satisfazer a demanda de
aminoácidos nas várias células e tecidos do organismo
quando essas são estimuladas a produzir novas proteínas
para uma determinada função. Os tecidos mais ativos do
organismo, responsáveis pelo turnover proteico, são:
plasma, mucosa intestinal, pâncreas, fígado e
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rins; por outro lado, o tecido muscular, pele e cérebro são
os menos ativos. 68
Outras funções dos aminoácidos
Além de participar da síntese proteica, quase todos os
aminoácidos exercem determinadas funções específicas no
organismo, conforme pode ser observado na Tabela 2.5.
Processo de digestão das proteínas
A digestão das proteínas começa no estômago com a
enzima pepsina secretada no
suco gástrico, seguida pela ação das enzimas proteolíticas
provenientes do pâncreas e da mucosa do intestino
delgado. Essas enzimas não são secretadas na forma ativa,
mas como proenzimas ou zimogênios; posteriormente, pela
ação de outros compostos, são ativadas pela perda de uma
pequena parte da cadeia polipeptídica por uma hidrólise
parcial. Assim, por exemplo, o ácido clorídrico do estômago
desnatura as proteínas e transforma o pepsinogênio em
pepsina. Essa enzima começa a clivagem das proteínas dos
alimentos, principalmente das ligações peptídicas que
envolvem aminoácidos aromáticos e leucina. 56
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As proenzimas pancreáticas são ativadas pela
enteroquinase do suco intestinal que transforma o
tripsinogênio em tripsina pela hidrólise, processo que é
continuado por uma ativação em cascata das outras
proenzimas pancreáticas pela ação da tripsina. A secreção
de enzimas proteolíticas parece ser regulada pela presença
de proteína da dieta no intestino delgado. 18
Algumas plantas, como o feijão e a soja crus, possuem
inibidores da tripsina intestinal, cujo fato acarreta em
estimulação da secreção de mais enzimas pelo pâncreas,
produzindo alterações metabólicas que resultam até
mesmo em redução do crescimento. Esses fatores
antinutricionais devem ser inativados termicamente, e a
sua presença controlada, especialmente em produtos
industrializados.
Os eventos que ocorrem no intestino durante a digestão de
proteínas estão bem estabelecidos. As enzimas do suco
pancreático mostram uma grande especificidade,
especialmente nas ligações adjacentes à lisina ou à
arginina (tripsina) ou nas adjacentes
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aos aminoácidos aromáticos (quimotripsina) e ainda aos
aminoácidos alifáticos neutros (elastase).
Entre as exopeptidases, ou enzimas que liberam
aminoácidos da cadeia
polipeptídica, incluem-se as carboxipeptidases, que liberam
o aminoácido com a carboxila livre, e as aminopeptidases,
que liberam aqueles com os grupos NH2 livres.
As aminopeptidases e as dipeptidases são produzidas nas
microvilosidades da mucosa intestinal e completam a
digestão dos peptídeos até aminoácidos. Junto com os
aminoácidos, existe também absorção direta de
dipeptídeos nas células da mucosa intestinal,
posteriormente hidrolisados por dipeptidases
intracitoplasmáticas do enterócito, resultando na formação
de aminoácidos livres. Todo esse processo é controlado
primeiro pela chegada do alimento ao trato intestinal e
pela presença dos diferentes hormônios gastrintestinais
responsáveis pela estimulação das secreções do suco
gástrico, pancreático e intestinal. Dentre esses hormônios,
é necessário ressaltar principalmente a gastrina do
estômago, a secretina e a colecistoquinina-pancreozimina
secretadas pelas células da mucosa intestinal, ao lado de
outros hormônios gastrintestinais locais. 37
Processo de absorção de aminoácidos, dipeptídeos e
tripeptídeos
A maior parte da proteína que entra no intestino, quer de
origem dietética, quer de origem endógena, é digerida e
absorvida na forma de aminoácidos. Para uma ingestão
diária média de proteína de 90 a 100 g, a contribuição das
secreções digestivas endógenas equivale a
aproximadamente 60 a 70 g (enzimas e produtos de
descamação intestinal), que no intestino são digeridas e
absorvidas; proteínas plasmáticas (~2 g); e 6 a 12 g de
proteína aparecem nas fezes. Portanto, conclui-se que
cerca de 150 a 200 g de proteínas são digeridas por dia e
absorvidas por um mecanismo altamente eficiente. 20
Outro fator importante na absorção das proteínas dos
alimentos é a sua digestibilidade, definida como a relação
entre proteína ou nitrogênio absorvido e proteína ou
nitrogênio ingerido. Em geral, as proteínas de origem
animal têm digestibilidade de 90 a 95%, como se verifica
no leite, na carne e no ovo. As proteínas dos vegetais têm
digestibilidade menor. Na do milho, a porcentagem varia de
82 e 67%
para crianças e adultos, respectivamente. As do feijão
apresentam um valor variável que depende do tempo de
armazenamento, correspondendo de 50 a 75%.
Digestibilidade menor que 66% ocorre quando as condições
de armazenamento são inadequadas.20
Metabolismo das proteínas: anabolismo e catabolismo
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Após a absorção intestinal, os aminoácidos são
transportados diretamente ao fígado pelo sistema porta.
Esse órgão exerce um papel importante como modulador
da concentração de aminoácidos plasmáticos. Cerca de
20% dos aminoácidos que entram no fígado são liberados
para a circulação sistêmica, cerca de 50% são
transformados em ureia e 6%, em proteínas plasmáticas.
Os aminoácidos liberados na circulação sistêmica,
especialmente os de cadeia ramificada (isoleucina, leucina
e valina), são depois metabolizados pelo músculo
esquelético, rins e outros tecidos. 37
O fígado é o órgão regulador do catabolismo de
aminoácidos essenciais, com exceção daqueles de cadeia
ramificada, que são degradados principalmente pelo
músculo esquelético. No fígado, parte dos aminoácidos é
usada na síntese de proteínas secretadas, como a
albumina e fibrina, e na síntese de proteínas de vida média
mais curta, como as enzimas, necessárias ao catabolismo
dos aminoácidos da própria célula hepática.47
Turnover proteico
O destino dos aminoácidos em cada tecido varia de acordo
com as necessidades
de momento daquele tecido, a fim de garantir um equilíbrio
dinâmico entre as proteínas tissulares, os aminoácidos
ingeridos pela dieta e os aminoácidos circulantes. 38
Há um contínuo processo dinâmico de síntese e de
catabolismo proteico, específico em cada tecido,
denominado turnover proteico. A vida média de uma
proteína corresponde ao tempo que o organismo leva para
renovar a metade da quantidade dessa proteína. Certas
enzimas intracelulares têm vida média de algumas horas;
já a hemoglobina tem vida média de 120 dias e o colágeno
de cerca de 365
dias.7
A velocidade do turnover proteico depende da função da
proteína e do tipo do tecido ou órgão. A taxa média diária
de proteína renovada do adulto é da ordem de 3%
do total proteico do organismo. Na pele, perdem-se e
renovam-se 5 g de proteínas por dia; no sangue, 25 g; no
trato intestinal, cerca de 70 g; e no tecido muscular,
aproximadamente 75 g por dia28,68 (Figura 2.2).
Síntese proteica
O uso fundamental dos aminoácidos diz respeito à síntese
de proteínas como enzimas, hormônios, vitaminas e
proteínas estruturais. O desenvolvimento normal de um
indivíduo é caracterizado por um anabolismo (síntese)
intenso e depende de um suprimento adequado de
nutrientes, entre os quais as proteínas exercem papel
fundamental, pois a forma essencial de desenvolvimento é
padronizada e regulada pela
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síntese das diferentes proteínas que compõem os diversos
tecidos do corpo.
A síntese proteica requer que todos os aminoácidos
necessários ao processo estejam disponíveis ao mesmo
tempo e que todos os aminoácidos essenciais estejam
presentes. Os aminoácidos não essenciais devem ser
fornecidos como tal, ou, pelo menos, o esqueleto carbônico
e os grupos aminos, derivados de outros aminoácidos,
devem estar disponíveis para o processo de
transaminação.
A síntese de uma proteína é controlada em cada célula
pelo DNA, e a energia para a realização desse mecanismo é
fornecida pela adenosina trifosfato (ATP) obtida do
metabolismo intermediário em nível celular. 28
Catabolismo proteico
Com relação ao catabolismo de proteínas e aminoácidos,
antes da oxidação do esqueleto carbônico do aminoácido, o
grupo amino deve ser separado. Isso é realizado pela
transaminação ou deaminação oxidativa do aminoácido,
com a consequente formação do cetoácido, processos que
ocorrem principalmente no fígado. O esqueleto carbônico é
convertido nos mesmos compostos intermediários
formados durante o catabolismo de glicose e de ácidos
graxos. Esses compostos podem ser transportados para
tecidos periféricos, onde entram no ciclo do ácido cítrico
para produzir ATP.
Podem também ser usados para produzir glicose a partir de
aminoácidos.
Aproximadamente 58% da proteína consumida pode, dessa
maneira, ser convertida em glicose. A maioria dos
aminoácidos, particularmente a alanina, é glicogênica. O
piruvato proveniente da oxidação da glicose no músculo é
aminado (recebe grupo amino) para formar alanina; esta é
transportada ao fígado, onde é desaminada, e o esqueleto
carbônico reconvertido em glicose (ciclo alanina-glicose).
Esse ciclo da alanina é uma importante fonte de glicose
para o músculo durante um fornecimento exógeno
deficiente desse carboidrato. É também um método de
transportar nitrogênio do músculo ao fígado sem a
formação de amônia. O ciclo glicose-alanina funciona com
uma dupla finalidade: transportar grupos amino do
músculo esquelético ao fígado, para ser convertido em
ureia, e fornecer ao músculo em trabalho a glicose
sanguínea sintetizada pelo fígado, a partir do esqueleto
carbônico de alanina.28,39
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METABOLISMO DE PROTEÍNAS E DE AMINOÁCIDOS
NO EXERCÍCIO
FÍSICO
Proteínas e aminoácidos são frequentemente ignorados em
discussões sobre o metabolismo durante o exercício por
duas razões: (i) aminoácidos contribuem somente com uma
pequena parcela (5 a 15%) da energia consumida durante
o exercício e (ii) pouco é conhecido sobre esse complexo
aspecto do metabolismo. Por outro lado, é importante
reconhecer que essa pequena parcela de fornecimento de
energia torna-se fundamental em condições de alta
demanda de energia durante um período de tempo
prolongado. Além disso, o exercício prolongado e intenso
acarreta elevado estresse sobre o turnover proteico
muscular.
Síntese proteica e exercício físico
O consenso de muitos estudos demonstra que a síntese
proteica é suprimida durante o exercício, e a magnitude
desse efeito é proporcional à duração e à intensidade da
atividade.
Estudos demonstram que a síntese proteica hepática é
reduzida em 20% após uma
hora de corrida, e o mesmo exercício praticado até a
exaustão resulta em diminuição de 65% da síntese proteica
hepática. Aliado a esse fato, verifica-se que exercícios
intensos e prolongados acarretam em diminuição de 35 a
55% da síntese proteica muscular. 3,6,17,26
Um dos primeiros relatos da influência do exercício sobre a
síntese proteica foi realizado em músculos perfundidos de
ratos pós-exercício. Observou-se que o exercício diminuiu a
taxa de síntese proteica e que a magnitude do efeito foi
proporcional ao nível do esforço. O exercício leve –
produzido pela natação em ratos, durante 1 hora –
diminuiu a síntese proteica em 17%. Nesse mesmo estudo,
verificou-se que ratos submetidos à corrida em esteira,
durante 3 horas, apresentaram diminuição de 70% da
síntese de proteínas. Esses dados sugerem que o exercício
produz condições catabólicas no músculo esquelético e que
esses efeitos são dependentes da intensidade e da duração
do exercício. 3,14-17
Estudos realizados em humanos sustentam a condição
catabólica imposta pelo exercício. Rennie et al. 52
verificaram que indivíduos do sexo masculino submetidos à
corrida em esteira, durante 225 minutos a 50% do VO2
máx., apresentaram diminuição de 14% da capacidade de
síntese proteica muscular, enquanto a capacidade de
degradação de proteínas aumentou em 54%. Nesse mesmo
estudo, durante o período de recuperação pós-exercício,
observou-se que a taxa de síntese proteica apresentou
valores mais elevados que os níveis pré-exercício,
enquanto a degradação proteica
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havia retornado aos valores pré-exercício52. Essas
alterações no turnover proteico sugerem que o período de
recuperação pós-exercício é direcionado preferencialmente
para a síntese de proteínas (Figura 2.3). 42
A supressão da síntese proteica durante o exercício no
tecido muscular pode ser o resultado da diminuição da
energia destinada à síntese proteica, decorrente do
excessivo gasto energético no processo de contração
muscular. Desse modo, uma relação direta entre a
diminuição do conteúdo de glicogênio e a taxa de síntese
de proteínas tem sido estabelecida no músculo e fígado.
Entretanto, deve-se considerar o papel dos glicocorticoides
(hormônios produzidos e liberados durante o exercício),
que favorecem a diminuição da síntese proteica
muscular.13, 60,65
De modo geral, as evidências para a diminuição da síntese
proteica durante o exercício são inúmeras e consistentes, e
o grau de supressão da síntese proteica no fígado e no
músculo é influenciado tanto pela intensidade como pela
duração do exercício. Outro fator importante na
compreensão do processo de síntese de proteínas durante
o exercício relaciona-se ao papel do principal hormônio
regulador da síntese proteica, a insulina, pois a diminuição
de sua concentração plasmática relaciona-se com a
diminuição da síntese proteica observada durante o
exercício intenso e prolongado.26
Degradação proteica e exercício físico
Existem duas classes de proteínas no músculo esquelético:
contráteis e não contráteis. Em humanos, proteínas
contráteis e não contráteis representam 66 e 34% do total
proteico muscular, respectivamente. Durante o exercício, a
degradação de proteínas pode estar aumentada, diminuída
ou inalterada dependendo da intensidade e da duração do
exercício. Entretanto, a maioria dos trabalhos científicos
sustenta o fato de que o exercício resulta em aumento da
taxa de degradação de proteínas hepáticas e de proteínas
musculares não contráteis. Todavia, há uma supressão na
taxa de degradação de proteínas contráteis no músculo.
Devido às dificuldades em mensurar a degradação proteica
hepática no homem, a maioria dos estudos relatados na
literatura demonstra que ratos submetidos a exercício até a
exaustão apresentam diminuição da concentração proteica
hepática total. A perda de proteínas hepáticas pode ser de
10 a 30% do total de proteínas do fígado, respondendo por
uma significativa quantidade de aminoácidos mobilizados
para o metabolismo. 14,17,26, 53, 65
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O aumento da atividade de proteases miofibrilares aponta
para a possibilidade de envolvimento de proteínas
miofibrilares no efeito catabólico do exercício. A
degradação de proteínas contráteis leva à liberação de 3metil-histidina, que se caracteriza como um índice
quantitativo de degradação de proteína contrátil, medido
tanto no plasma como na urina. A excreção urinária de 3metil-histidina apresenta uma resposta bifásica para o
exercício, ou seja, ocorre uma diminuição da excreção
urinária de 3-metil-histidina durante o exercício e um
posterior aumento dessa excreção durante o período de
recuperação. O grau de degradação de proteínas contráteis
depende da intensidade e da duração do exercício, bem
como do tipo de exercício (concêntrico versus excêntrico).
Desse modo, observa-se uma elevação da excreção de 3metil-histidina, principalmente após exercícios prolongados
e intensos. 6,8,17, 65
De acordo com os estudos, até o presente momento,
conclui-se que há um aumento
da degradação proteica tanto no fígado como no músculo,
acompanhado, em parte, por uma diminuição da taxa de
síntese de proteínas em ambos os tecidos; no entanto, no
músculo esquelético, há uma diminuição na degradação de
proteínas contráteis e um aumento da degradação de
proteínas não contráteis.
Regulação da síntese e da degradação proteica durante o
exercício físico
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Estudos recentes relacionados ao turnover proteico têm
enfocado os principais fatores reguladores da síntese e da
degradação proteica. Observa-se que a síntese proteica é
aumentada em resposta à insulina, ao hormônio do
crescimento, à leucina e a outros aminoácidos, mas é
diminuída pelo exercício físico, pela reduzida ingestão de
proteínas na dieta e pela diminuição do estado energético
intracelular. 26, 60
Por outro lado, a degradação proteica é aumentada em
resposta ao jejum, ao exercício e aos glicocorticoides, e
diminuída pela infusão de leucina e triacilgliceróis de
cadeia média e pela ingestão de proteínas. Existem
diferentes reguladores em potencial da síntese e da
degradação proteica, e o saldo final das mudanças
ocorridas sobre o turnover proteico é dependente da
somatória desses fatores. Entretanto, durante o exercício
prolongado, há aumento da concentração plasmática de
glucagon e glicocorticoides, que poderiam promover uma
diminuição da síntese de proteínas e um aumento da
degradação proteica. Desse modo, a sinalização endócrina,
considerada o mais potente dos reguladores do turnover
proteico, reforça o fato da ocorrência de degradação
proteica durante o exercício. 26, 59,60
Efeitos do treinamento crônico sobre o metabolismo
proteico muscular
Apesar de muitos adultos saudáveis, com massa corporal
estável, estarem em estado de saldo proteico muscular
equilibrado (síntese proteica = degradação proteica), é
evidente que o treinamento crônico durante um período de
tempo promove hipertrofia muscular, ou seja, ocorre um
saldo de síntese proteica muscular durante o período de
treinamento. 13,22, 32
A comparação entre atletas de força e de endurance (por
exemplo, maratonistas) demonstra que o treinamento de
endurance resulta em menor hipertrofia muscular em
relação ao treinamento de força. Contudo, o treinamento
de endurance pode promover aumento de força muscular e
da área transversa da fibra muscular. Portanto, parece que
o treinamento de endurance apresenta um efeito positivo
sobre o saldo proteico muscular, ao menos em relação a
algumas proteínas ou subfrações proteicas, tais como
proteínas mitocondriais. 50-52, 60
O aumento de proteína muscular como resultado do
treinamento implica em um saldo proteico muscular
positivo. Assim, embora em um determinado momento o
saldo proteico possa estar positivo ou negativo, a
somatória geral do balanço proteico deve ser positiva. É
mais provável que a hipertrofia muscular ocorra devido a
diversos aumentos transitórios no balanço proteico
muscular em resposta ao exercício do que por um aumento
do saldo proteico muscular basal. Cabe destacar que é
incomum que a taxa basal de síntese proteica seja elevada
pelo treinamento, apesar de alguns estudos com idosos
treinados relatarem essa hipótese. Provavelmente, esse
resultado decorra
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do efeito agudo da última sessão de exercício de força
sobre a síntese proteica muscular. Portanto, o aumento de
proteína muscular durante o período de treinamento seria
decorrente da somatória das respostas positivas de cada
sessão de exercício executada durante aquele período de
treinamento. Coerente com essa hipótese é o fato de que a
síntese proteica muscular e o saldo proteico muscular
permanecem elevados acima dos valores basais por até 48
horas após o término de uma sessão de exercício de força
intenso. A somatória dessas respostas repetidas muitas
vezes ao longo do período de treinamento poderia ser
esperada por representar um significativo ganho de massa
muscular sem uma inerente alteração na taxa basal de
síntese proteica muscular.
Todavia, essas respostas induzidas pelo treinamento de
força são dependentes também da alimentação do
indivíduo durante o período de treinamento. 13,22, 50,52,
59,61
Cabe ressaltar que as respostas de síntese e de
degradação proteica muscular induzidas pelo exercício de
força em uma mesma carga relativa são ambas reduzidas
em indivíduos treinados comparados àqueles não
treinados. É válido ainda destacar que indivíduos não
treinados apresentavam um substancial aumento da
síntese e da degradação proteica muscular após uma única
sessão de exercício de força, enquanto a mesma sessão de
exercício em indivíduos treinados acarretou menos
alterações metabólicas. Similarmente, observou-se em
ratos treinados, durante oito semanas, que a síntese
proteica muscular em resposta ao exercício de força agudo
não foi superior àquela do grupo controle, enquanto a
síntese proteica muscular em animais não treinados
submetidos à mesma sessão de exercício (mesma carga
relativa) foi superior em relação aos valores do grupo
controle. 13,22,50, 59,61
Metabolismo de aminoácidos no repouso
Visando a uma melhor compreensão das alterações
ocorridas durante o exercício
físico sobre o metabolismo de aminoácidos, uma revisão do
metabolismo de aminoácidos durante o repouso é
necessária.
A maior parte dos aminoácidos do corpo está presente na
forma de proteínas, que
respondem por 15 a 20% da massa corporal total. Por
exemplo, um indivíduo de 70 kg contém aproximadamente
12 kg de proteína, da qual 40 a 45% está localizada no
músculo esquelético, principalmente como proteína
contrátil. Menos de 2% do total de aminoácidos do corpo,
ou aproximadamente 200 g, existem na sua forma livre no
plasma e em espaços intra e extracelulares.22, 32,63
Entretanto, esse relativo pequeno pool de aminoácidos
livres participa de um grande número de reações
metabólicas no organismo. Aproximadamente metade do
pool de aminoácidos livres está presente no espaço
intracelular do músculo esquelético e, apesar da
concentração de aminoácidos nesse pool apresentar-se
geralmente estável, há uma contínua troca de aminoácidos
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entre o pool de aminoácidos livres e outros
compartimentos proteicos (Figura 2.4). 22, 67
O sítio primário para a degradação da maioria dos
aminoácidos é o fígado, que possui a capacidade de
degradar aminoácidos e sintetizar ureia para a eliminação
do nitrogênio amínico. O tecido hepático contém
concentrações altas de enzimas denominadas
aminotransferases, que removem os grupamentos α-amino
na primeira etapa da degradação de aminoácidos. As
exceções são os aminoácidos de cadeia ramificada (ACR),
pois o fígado possui uma baixa concentração de enzimas
denominadas aminotransferases de aminoácidos de cadeia
ramificada, o que acarreta à liberação desses aminoácidos
na circulação sanguínea. Dentre os tecidos extra-hepáticos,
o músculo esquelético parece ser o tecido predominante na
utilização e degradação de ACR. 3,23-25
Em contraste com o tecido hepático, capaz de oxidar os 20
vinte aminoácidos presentes na proteína, o músculo
esquelético pode oxidar apenas seis aminoácidos.
Esses aminoácidos são: leucina, isoleucina, valina,
glutamato, aspartato e asparagina.
Ao mesmo tempo, o músculo esquelético libera
quantidades de glutamina e de alanina superiores à
ocorrência relativa desses aminoácidos na proteína
muscular, sugerindo que a síntese de novo desses
aminoácidos ocorre no tecido muscular. Aliado a esse fato,
estudos demonstraram que a adição de ACR para o meio
de perfusão de tecido
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muscular de ratos aumentou a liberação de alanina e de
glutamina. 23, 30,31,54, 67
A relação entre o metabolismo de aminoácidos de cadeia
ramificada e a liberação
de glutamina e de alanina tem sido objeto de diversos
estudos. Verifica-se que, na reação catalisada pela enzima
aminotransferase de ACR, o grupo amino desses
aminoácidos é doado para o α-cetoglutarato para formar
glutamato e um α-cetoácido de cadeia ramificada. Na
reação catalisada pela enzima glutamina sintetase, o
glutamato reage com a amônia para formar glutamina.
Alternativamente, o glutamato pode doar o seu grupo
amino ao piruvato para formar alanina e, desse modo,
regenerar o αcetoglutarato. Essas reações fornecem um mecanismo para
a eliminação de grupos aminos, a partir do tecido muscular
na forma de carreadores de nitrogênio não tóxicos, de
alanina e de glutamina. 3,23,27, 31, 54
Após um jejum noturno, ocorre um saldo de quebra de
proteínas musculares, pois
a taxa de síntese proteica é ligeiramente inferior à taxa de
degradação de proteínas.
Assim, os aminoácidos não metabolizados no músculo são
liberados em proporções relativas à sua ocorrência na
proteína muscular, enquanto uma alteração será
encontrada em aminoácidos transaminados, oxidados ou
sintetizados. O músculo esquelético humano libera muito
mais glutamina e alanina (48% e 32% do total dos
aminoácidos liberados, respectivamente) em relação à sua
relativa ocorrência na proteína muscular (glutamina 7% e
alanina 9%). Portanto, a glutamina com dois átomos de
nitrogênio por molécula é a forma dominante de carrear
nitrogênio de aminoácidos liberados a partir do músculo
esquelético.53, 67
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Observa-se na Figura 2.5 que o carbono da alanina originase predominantemente
a partir da glicose sanguínea e do glicogênio muscular. O
grupo α-amino é doado por um dos seis aminoácidos
metabolizados no músculo esquelético. Parte da alanina e
da glutamina é diretamente gerada da degradação da
proteína muscular. 53, 67 O carbono derivado de
aminoácidos e de proteínas primeiro é exportado do
músculo esquelético na forma de glutamina, e não na
forma de alanina – conforme proposto por Felig19 –
peloo ciclo glicose-alanina. Assim, a glutamina, do ponto de
vista quantitativo, é mais relevante do que a alanina como
um precursor para a gliconeogênese no estado pósabsortivo e jejum em humanos.
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METABOLISMO DE AMINOÁCIDOS E EXERCÍCIO DE
ENDURANCE
O exercício exerce um significativo impacto sobre o pool de
aminoácidos livres, mas as principais mudanças no
músculo e no plasma são relacionadas a alguns
aminoácidos específicos.
Existem três potenciais fontes de aminoácidos que
poderiam atuar como
fornecedores de energia durante o exercício: proteína da
dieta, pool corporal de aminoácidos livres e proteína
tecidual. É pouco comum a atuação direta da proteína da
dieta no fornecimento de aminoácidos para o metabolismo
durante o exercício, uma vez que o consumo de alimentos
a base de proteínas antecedendo uma competição é muito
pequeno. Aliado a esse fato, observa-se que o sangue é
desviado parcialmente das vísceras para o músculo
esquelético durante o exercício, o que diminui a absorção
de aminoácidos provindos da dieta. 14
Igualmente, o pool de aminoácidos livres corporais é uma
fonte relativamente pequena de energia para o exercício, e
as concentrações intracelulares de aminoácidos não se
alteram drasticamente durante o exercício. Contudo,
verifica-se que a quantidade oxidada do aminoácido
leucina durante o exercício é aproximadamente 25 vezes
maior do que o pool de leucina no músculo, no fígado e no
plasma. 14
Portanto, se a proteína é utilizada como combustível
durante o exercício, a proteína tecidual deve ser a fonte de
fornecimento de aminoácidos para a oxidação e para a
conversão em glicose (neoglicogênese). Os aminoácidos
liberados a partir da proteína durante o exercício
apresentam comumente três destinos:
1. acumulados no pool de aminoácidos livres;
2. oxidados para CO2;
3. onvertidos em glicose.
Durante o exercício com duração inferior a 1 hora não há
mudanças significativas na quantidade de nitrogênio αamino total, mas há mudanças nas concentrações de
aminoácidos individuais. A mais notável mudança decorre
do aumento progressivo da concentração intramuscular de
alanina e da concomitante diminuição da concentração de
glutamato: 10 a 20 minutos após o início do exercício a
70% do VO2máx., observa-se um aumento de 50 a 60% na
concentração de alanina e diminuição de 50 a 70% na
concentração de glutamato. 29 A diminuição absoluta da
concentração intracelular de glutamato tende a ser maior
do que o aumento de alanina, e a magnitude dessas
alterações é proporcional à intensidade do exercício. A
baixa concentração de glutamato é mantida durante a
prática de exercícios prolongados ou até a exaustão,
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enquanto a concentração de alanina retorna lentamente
para os níveis de repouso. Além disso, observa-se que
quantidades acentuadas de alanina são liberadas na
circulação durante os 30 primeiros minutos de exercício, e
a liberação desse aminoácido – pelo músculo esquelético –
aumenta de aproximadamente 30 mmoles/minuto no
repouso para aproximadamente 50 mmoles/minuto durante
o exercício de intensidade leve, 70
mmoles/minuto durante o exercício moderado e 170
mmoles/minuto durante exercício intenso. Ainda, a
liberação de alanina é reduzida à proporção que os
estoques de glicogênio são depletados no decorrer da
atividade física. 14,22,24,29
A diminuição da concentração de glutamato é
especialmente interessante devido à
posição central do glutamato no metabolismo de
aminoácidos. Muitos aminoácidos sofrem reações de
transaminação com o α-cetoglutarato e formam glutamato,
que pode novamente sofrer uma reação de transaminação
ou ser deaminado, regenerando o αcetoglutarato em ambas situações. A funcionalidade da
rápida queda da concentração de glutamato durante o
exercício decorre principalmente da conversão de seu
esqueleto de carbono via α-cetoglutarato em outros
intermediários do ciclo de Krebs, ou seja, o glutamato atua
no processo de anaplerose dos intermediários do ciclo de
Krebs. 3,22,24, 67
Em relação a glutamina, que é o aminoácido livre mais
abundante no plasma e no
músculo esquelético, observa-se que, durante os primeiros
minutos de exercício, a concentração plasmática desse
aminoácido tende a se elevar, enquanto a concentração
intramuscular de glutamina permanece relativamente
constante. Porém, após 60 a 90
minutos de exercício ocorre uma diminuição de 10 a 15%
da concentração intramuscular de glutamina e queda da
glutaminemia. 1,2,13, 53,55, 71
O aumento do fluxo pela via glicolítica durante o exercício
fornece mais piruvato, que pode atuar de diferentes
modos: (i) como substrato para a reação catalisada pelo
complexo enzimático piruvato desidrogenase, fornecendo
acetil-CoA para ser oxidado pelo ciclo de Krebs; (ii)
convertido em lactato pela enzima lactato desidrogenase;
(iii) convertido em oxaloacetato pela enzima piruvato
carboxilase ou em alanina pela enzima alanina
aminotransferase (AAT), sendo que essas duas últimas
reações aumentam a concentração de intermediários do
ciclo de Krebs, pelo fornecimento de oxaloacetato e αcetoglutarato, respectivamente. 8
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De acordo com a Figura 2.6, observa-se que a alta taxa de
produção de alanina durante os 30 minutos iniciais do
exercício de endurance e o temporário aumento da
concentração de alanina muscular, após 10 a 20 minutos
de atividade, indica que a reação catalisada pela AAT é
utilizada para a rápida conversão do carbono do glutamato
em intermediários do ciclo de Krebs. Portanto, a função
primária da reação catalisada pela AAT é a síntese de novo
do α-cetoglutarato e o consequente aumento da
concentração de intermediários do ciclo de Krebs,
aumentando, desse modo, a atividade desse ciclo e sua
capacidade de oxidar acetil-CoA oriundo do piruvato ou de
ácidos graxos. 29, 67
Quando a depleção de glicogênio ocorre durante o
exercício prolongado, a diminuição da concentração de
piruvato muscular não somente limita a contribuição
parcial da reação catalisada pela AAT para a anaplerose do
ciclo de Krebs, mas também a capacidade da enzima
piruvato carboxilase, que fornece oxaloacetato a partir do
piruvato oriundo da glicose sanguínea ou do glicogênio
muscular. O exercício de endurance até a exaustão provoca
a diminuição do conteúdo de glicogênio, diminuição dos
intermediários do ciclo de Krebs e o consequente aumento
da oxidação de ACR. 3,22, 30, 59, 67
Numerosos estudos em humanos têm demonstrado que o
catabolismo de ACR, especialmente leucina, ocorre na fibra
muscular em processo de contração durante o exercício de
endurance prolongado. 3, 59 Esse fato é evidenciado pelo
aumento da
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liberação de ACR pelo fígado, que são captados pelo
músculo esquelético. Na fibra muscular, os ACR são
consumidos, gerando intermediários do ciclo de Krebs e
fornecendo seu grupo amino ao piruvato, convertendo-o
em alanina. Esse processo de síntese de alanina é
predominante em exercícios intensos. Em exercícios
moderados, os ACR entram na mitocôndria e cedem seus
grupamentos amínicos à síntese de glutamina.
Esses processos acima citados ocorrem paralelamente à
diminuição do conteúdo de glicogênio muscular. 3,13
Nesse contexto, constata-se que o exercício físico acarreta
na ativação do complexo enzimático desidrogenase de
cetoácidos de cadeia ramificada (DCCR) no músculo
esquelético. Cabe ressaltar que o estado nutricional e o
conteúdo intramuscular de glicogênio podem influenciar a
ativação do complexo enzimático DCCR durante o
exercício. Além disso, verifica-se que o aumento da
concentração de ADP, que é um inibidor da enzima DCCR
quinase, devido à alteração do estado energético muscular
durante o exercício, pode ativar o complexo DCCR. Esse
aumento da concentração de ADP livre depende da
intensidade do exercício e é maior durante o exercício em
músculos depletados de glicogênio. Portanto, de acordo
com os fatos citados, verifica-se que um aumento de
quatro vezes na ativação do complexo DCCR (e da
oxidação de leucina) pode ocorrer durante o exercício
intenso (70 a 80% do VO2máx.) e prolongado. Em
intensidades de exercício inferiores a essas, o grau de
ativação é reduzido. 3, 27, 57
Em uma maratona, por exemplo, o glicogênio muscular
apresenta-se como o combustível primário para atletas
engajados nessas provas. Porém, a diminuição da
concentração de glicogênio muscular acarreta a diminuição
do fluxo de substratos pela via glicolítica e a diminuição da
taxa de oxidação de ácidos graxos livres pelo ciclo de
Krebs. De acordo com os estudos sobre a participação da
enzima AAT no processo anaplerótico de intermediários do
ciclo de Krebs durante o exercício, a queda da
concentração de glicogênio muscular leva à diminuição da
capacidade de anaplerose e a consequente diminuição dos
intermediários do ciclo de Krebs. Esse fato acarreta à
diminuição da atividade desse ciclo e à necessidade de
diminuir a velocidade durante a maratona (fadiga). 67
Fatores que afetam a necessidade proteica
A necessidade de ingestão proteica pela dieta pode ser
influenciada por alguns fatores, dentre os quais destacamse a intensidade, duração e tipo de exercício, conteúdo de
glicogênio, balanço energético, sexo, idade e tempo de
treinamento. 40-43
A ingestão inadequada de energia acarreta aumento da
necessidade proteica na dieta, presumivelmente porque
algumas das proteínas utilizadas normalmente no
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processo de síntese de proteínas funcionais (enzimática) e
estruturais (tecidual) são desviadas para o fornecimento de
energia nessa condição metabólica. Aparentemente, esse
efeito sobre a necessidade de proteínas é similar quando o
déficit energético é causado pelo aumento do gasto
energético (exercício). Além disso, esse efeito pode ser
potencialmente maior naqueles indivíduos fisicamente
ativos, porquanto as necessidades proteicas são elevadas
para a manutenção de uma maior taxa de síntese proteica
devido a presença de maior conteúdo de massa magra
absoluta (atletas de força) ou de enzimas (atletas de
endurance). 40, 42
Para um ótimo desempenho esportivo, é fundamental que
o atleta ingira
carboidratos. Todavia, a ingestão inadequada de
carboidratos acarreta prejuízo ao processo de contração
muscular, ao mesmo tempo que sua disponibilidade está
inversamente relacionada à taxa de catabolismo proteico
durante o exercício. 26
O aumento da intensidade e da duração do exercício, ao
menos em exercícios aeróbicos, eleva a utilização de
proteínas, presumivelmente como substrato energético.
O exercício de força acarreta aumento da necessidade de
proteínas, porém estudos demonstram que os mecanismos
implicados nesse processo não estão relacionados ao maior
uso de proteínas como fonte de energia. Preferivelmente, a
maior demanda proteica decorre de alterações na taxa de
síntese proteica muscular e da necessidade de manter uma
maior massa muscular corporal. 42
O treinamento em exercício de endurance regular parece
aumentar a oxidação de aminoácidos, especialmente os
ACR. Além disso, estudos demonstram que indivíduos
submetidos a treinamento de força podem apresentam
uma maior necessidade proteica no período inicial de
treinamento – a fim de sustentar o aumento do
crescimento muscular – quando comparados àqueles que
treinam visando a manutenção da massa muscular. Esse
fato pode indicar que as necessidades proteicas podem
diminuir com o decorrer do treinamento de força. 40, 42
Exercício de força e metabolismo proteico
O exercício de força representa um potente estímulo à
hipertrofia na fibra muscular em humanos. O processo de
hipertrofia ocorre quando a taxa de síntese proteica
muscular excede a taxa de degradação e gera um saldo
positivo do balanço proteico muscular. 70 O aumento desse
saldo ocorre após uma única sessão de exercício de força.
Em geral, aceita-se que o crescimento muscular ocorre
após semanas ou meses de treinamento de força, como
consequência das elevações crônicas e transitórias na
síntese proteica, que supera a degradação proteica,
durante o período de recuperação entre as sessões
consecutivas de treinamento. A duração do aumento no
saldo do balanço proteico é desconhecida; contudo, a
síntese proteica muscular pode
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permanecer elevada por até 48 horas pós-exercício (Figura
2.3).21, 32, 60
A alimentação representa um forte estímulo para tornar
esse balanço positivo. Na realidade, em um estado não
alimentado, o saldo do balanço proteico é negativo. Uma
sessão de exercício de força aumenta a síntese e a
degradação proteica no período pós-exercício, com um
menor grau na degradação de proteína muscular, e
consequentemente tem como resultado um balanço menos
negativo. Desse modo, a alimentação pós-exercício torna o
saldo positivo, por meio da ingestão de carboidratos e de
proteínas. 42,70
Visando a maximizar o ganho de massa muscular, é
necessário otimizar os fatores
que promovem a síntese proteica e diminuem a
degradação proteica (Quadro 2.1). Não obstante, uma
miríade de potenciais fatores pode influenciar as mudanças
induzidas pelo exercício no metabolismo proteico muscular,
incluindo o tipo, a intensidade, a frequência e a duração do
exercício, os fatores hormonais e a extensão do período de
recuperação. Além disso, fatores nutricionais podem
influenciar o metabolismo proteico, e tais intervenções
nutricionais são comumente difundidas entre atletas e
praticantes recreacionais de exercício de força, que
acreditam que a ingestão de determinados suplementos
nutricionais – após uma sessão de treinamento ou durante
o treinamento habitual – possa aumentar o ganho normal
na hipertrofia da fibra muscular.
Todavia, enquanto argumentos teóricos podem ser
frequentemente relatados para justificar o benefício
potencial da suplementação, existem, em geral, poucas
evidências científicas para sustentar tais práticas. 42,69
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Ingestão de macronutrientes pós-exercício de força
A ingestão de carboidratos imediatamente após o exercício
de força pode aumentar a subsequente ressíntese de
glicogênio. Similarmente, é possível estimular o
crescimento muscular (minimizando a degradação e/ou
maximizando a síntese) pela ingestão de carboidrato e de
aminoácidos após uma sessão de exercício de força. Esse
efeito é parcialmente devido a mudanças estimuladas pela
insulina no processo de captação de aminoácidos e de
síntese proteica no tecido muscular. 32,36, 59,60
A ingestão de aminoácidos e de carboidratos durante as
primeiras horas após uma
sessão de exercício de força parece promover um saldo
mais positivo no balanço
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proteico quando comparado ao estado de jejum. 69 O
mecanismo preciso envolvido ainda não foi elucidado, mas
está provavelmente relacionado ao aumento da
disponibilidade de aminoácidos intracelular e/ou ao
aumento da concentração sérica de insulina. Como uma
recomendação prática, portanto, a alimentação pósexercício deve inicialmente priorizar a hidratação do
indivíduo, aliada à ingestão de carboidratos (1
g/Kg) e de proteínas (6 a 10 g), na forma líquida ou sólida,
durante os primeiros 30
minutos após o exercício. Cabe ressaltar que esse consumo
de proteína pode ser realizado pela utilização de alimentos,
devido à baixa quantidade a ser ingerida. 21,36,42,51, 60
Segundo Rennie51, a síntese proteica muscular parece ser
muito sensível ao aumento da disponibilidade de
aminoácidos no sangue e saturável por aumentos
relativamente pequenos na disponibilidade de
aminoácidos, equivalentes a 3,5 a 7 g de proteína durante
1 hora, ou por um aumento de 25% da concentração
plasmática de aminoácidos.
Exercício de força, balanço proteico muscular e
aminoácidos de cadeia
ramificada
A ingestão de uma mistura de aminoácidos ou de um
hidrolisado de proteínas após
uma sessão de exercício de força estimula a taxa de
síntese proteica em músculo humano e promove balanço
proteico muscular positivo. Diferentes teorias tentam
explicar esse efeito: a maior disponibilidade de
aminoácidos promove o aumento do transporte deles para
a célula muscular, estimulando a síntese proteica. 50, 61
Outra possibilidade é que esse efeito decorre de um grupo
de aminoácidos, como os ACR, ou de um único aminoácido,
como a leucina. No que concerne à leucina, ela aumenta a
fosforilação de proteínas envolvidas na regulação da
síntese proteica, incluindo a p70S6k e a 4E-BP1, no
músculo esquelético humano. Observa-se, ainda, que a
atividade da p70S6k induzida pelo exercício está
correlacionada ao aumento da massa muscular após seis
semanas de treinamento de força. Desse modo, alterações
na fosforilação da p70S6k no músculo esquelético pósexercício podem refletir em ativação de vias de sinalização,
que podem responder pelo aumento da síntese proteica
durante a fase inicial da recuperação pós-exercício. Esse
fato é relevante, uma vez que a ingestão de leucina
aumenta a fosforilação de proteínas envolvidas na
regulação da síntese proteica muscular, incluindo a p70S6k
(Figura 2.7). 5,11, 34
Koopman et al35 verificaram que a adição de leucina a
bebida que continha hidrolisado proteico e carboidratos
estimulou mais a síntese proteica corporal total, após a
realização de uma sessão de exercício de força quando
comparada à ingestão de
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carboidrato ou de carboidrato com hidrolisado proteico.
Além disso, a ingestão combinada de carboidrato,
hidrolisado proteico e leucina aumentou a síntese proteica
muscular em relação à ingestão isolada de carboidrato. Os
resultados desse estudo indicam que a adição de leucina
na forma livre combinada a proteínas e carboidratos
representa uma estratégia efetiva na promoção do
anabolismo proteico muscular pós-exercício de força.
Karlsson et al33 investigaram o efeito do exercício de força
isolado ou combinado à ingestão de ACR sobre a
fosforilação da p70S6k no músculo esquelético. Sete
indivíduos executaram uma sessão de exercício de força
(músculo quadríceps; 4 x 10
repetições; 80% de uma repetição máxima) em duas
condições, ou seja, com a ingestão da solução de ACR
(45% leucina, 30% valina e 25% isoleucina) ou do placebo
(água flavorizada) durante e após o exercício. A ingestão
de ACR acarretou o aumento da concentração plasmática
dos três ACR durante o exercício e no período de
recuperação (2 horas). O exercício de força promoveu
significativo aumento da fosforilação da p70S6k, que
persistiu 1 a 2 horas pós-exercício, enquanto a ingestão
com ACR aumentou 3,5 vezes a fosforilação da p70S6k
durante a recuperação. Além disso, a fosforilação da
proteína ribossomal S6 – substrato da p70S6k – aumentou
durante o período de recuperação pós-exercício de força
apenas no grupo que ingeriu ACR. Desse modo, ACR –
ingeridos durante e após o exercício de força – podem
aumentar a síntese proteica no músculo esquelético pósexercício de força pela cascata de sinalização dependente
da p70S6k.
Lesão muscular induzida pelo exercício físico e aminoácidos
de cadeia
ramificada
Os ACR podem atuar no balanço proteico muscular
também pela diminuição da lesão e da degradação
proteica muscular induzida pelo exercício físico. Nesse
contexto, Coombes et al9 avaliaram o efeito da
suplementação com ACR sobre a concentração sérica de
creatina quinase (CK) e lactato desidrogenase (LDH) –
parâmetros indicativos de lesão muscular – após a
realização de exercício prolongado.
Para tanto, 16 homens foram distribuídos em dois grupos:
um grupo suplementado com 12 g de ACR por dia, durante
14 dias, juntamente com a dieta normal; e um grupo
controle (dieta normal apenas). O teste de exercício físico
foi realizado no sétimo dia do estudo e consistiu de
exercício de ciclismo realizado em ciclo ergômetro, em
intensidade de aproximadamente 70% do VO2 máx. As
amostras de sangue foram coletadas uma semana antes do
teste (ciclismo) e 1, 2, 3 e 4 horas, 1, 3, 5 e 7 dias após o
exercício. Os valores basais de CK e LDH não diferiram
entre os grupos 7 dias
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previamente ao teste. Contudo, verificou-se significativo
aumento entre os valores préexercício e pós-exercício para LDH e CK até 5 dias após o
exercício. Cabe ressaltar que a suplementação com ACR
reduziu significativamente essa alteração na concentração
de LDH entre 2 horas e 5 dias pós-exercício e de CK entre 4
horas e 5
dias pós-exercício, o que indica que a suplementação com
ACR pode reduzir a lesão muscular associada ao exercício
de endurance.
Shimomura et al. 57 investigaram em humanos os efeitos
da suplementação com ACR sobre a dor muscular de início
tardio (DMIT) e a fadiga muscular induzidas pelo exercício.
Doze mulheres saudáveis (21 a 24 anos; índice de massa
corporal: 19,4 ±
0,5 kg/m2), que não praticavam exercício físico
regularmente, participaram desse estudo. A composição
das soluções testes utilizadas foi: (i) solução ACR (200 mL)
que continha 5,5 g de ACR (isoleucina:leucina:valina =
1:2,3:1,2), 1 g de pó de chá-verde e 1,2 g adoçante; e (ii)
solução placebo (200 mL) contendo os mesmos
ingredientes da solução ACR, porém com 5,5 g de dextrina
em substituição aos ACR. Na manhã do exercício físico, os
indivíduos ingeriram a solução de ACR (0,1 g/kg de peso)
ou a solução de dextrina (0,1 g/kg de peso) 15 minutos
antes do exercício de agachamento,
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que consistiu em 7 séries de 20 agachamentos/série, com
3 minutos de intervalo entre cada série. A dor muscular foi
maior nos segundo e terceiro dias no grupo placebo,
indicando a ocorrência de DMIT. Contudo, apesar da DMIT
também ter ocorrido no grupo suplementado com ACR, o
pico de dor ocorreu apenas no segundo dia e foi
significativamente menor em relação àquela observada no
grupo controle. A DMIT
entre o terceiro e o quinto dias foi também
significativamente menor no grupo ACR em comparação ao
grupo placebo. Portanto, os resultados obtidos nesse
estudo demonstram que a ingestão de 5 g de ACR
previamente ao exercício físico pode reduzir a DMIT e a
fadiga muscular por diversos dias pós-exercício. Dentre os
possíveis mecanismos relacionados a esses resultados
destacam-se a possibilidade dos ACR atenuarem a
degradação proteica pós-exercício e o fato da leucina poder
estimular a síntese proteica muscular.
Recomendação de ingestão de proteínas
Debate-se, há muitos anos, a questão da quantidade de
proteína que um atleta deve consumir. Até o início do
século passado, a proteína foi considerada o combustível
mais importante para a prática de exercícios físicos. 66 Não
obstante, naquela época, começaram a se acumular
resultados demonstrando que, na realidade, os principais
combustíveis utilizados durante o exercício eram
carboidratos e lipídios.
Consequentemente, a opinião científica mudou, e passouse a acreditar que a prática do exercício físico pouco
afetava a necessidade proteica. 4,27 Entretanto, dados
recentes obtidos por novas técnicas experimentais indicam
que a prática regular de exercícios pode aumentar a
necessidade de proteínas e de aminoácidos. Esse aumento
da necessidade proteica causado pelo treinamento pode
ocorrer de forma direta, devido a mudanças no
metabolismo de aminoácidos, ou indireta, como resultado
do consumo insuficiente de energia.
Uma grande variedade de fatores interage para aumentar a
necessidade proteica de indivíduos que se exercitam
regularmente. Embora estudos futuros sejam necessários
para determinar precisamente as recomendações de
proteínas para esses indivíduos, pesquisas indicam que
quando a ingestão energética é adequada, a ingestão
proteica de 1,2 a 1,4 g/kg/dia seria adequada a indivíduos
que praticam exercícios de endurance moderada e
regularmente (5 a 6 vezes/semana durante 60 minutos), ao
passo que atletas de endurance de elite deveriam consumir
1,6 g/kg/dia de proteínas. Indivíduos que praticam
atividades de endurance de modo recreativo (4 a 5
vezes/semana por 30
minutos com intensidade inferior a 55% do VO2 máx.)
deveriam ingerir a mesma quantidade recomendada para
indivíduos sedentários (0,8 g/kg/dia). 36,40,42, 58,69
O consumo de 1,7 a 1,8 g/kg/dia de proteínas é
recomendado para indivíduos que
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estão iniciando um programa de treino de força rigoroso. A
atividade contrátil aumenta as respostas anabólicas, tanto
que o treinamento habitual torna o metabolismo proteico
mais eficiente frente à ingestão de proteínas, ou seja, a
necessidade proteica de atletas de força, com longo
período de treinamento e engajados na manutenção da
massa muscular, diminui para 1,2 g/kg/dia de proteínas. A
ingestão de 0,9 g/kg/dia é recomendada para indivíduos
engajados em treino de força, mas que não são atletas.
36,40, 42, 58,69
Para garantir esse aumento de ingestão proteica, é
relevante o consumo de uma dieta que contenha adequado
valor calórico total e a seleção de alimentos fontes de
proteína de alto valor biológico.
Todavia, é fundamental ressaltar que a ingestão em
excesso de proteínas não implica mais síntese proteica,
conforme observado por Tarnopolsky et al. 58 Esses
pesquisadores investigaram os efeitos da ingestão de
proteína pela dieta sobre a força e a composição corporal
em indivíduos treinados e sedentários. Ambos os grupos
ingeriram 0,86, 1,4 e 2,4 g de proteína/kg/dia durante 13
dias, com um período de 8
dias de washout. Os atletas de força apresentaram uma
maior necessidade proteica (1,4
g/kg/dia), contudo o aumento da ingestão proteica (2,4
g/kg/dia) não acarretou aumento da síntese proteica
(Figura 2.8). Embora esse resultado demonstre uma maior
necessidade de ingestão proteica por atletas de força,
também se observa um platô para o aumento da taxa de
síntese proteica, apesar do aumento da ingestão de
proteínas pela dieta.
De acordo com as recomendações citadas acima, para
indivíduos engajados tanto
em exercícios de endurance como de força, é relevante
ressaltar que essas quantidades proteicas podem ser
obtidas a partir de uma dieta mista, que contenha de 12 a
15% de energia na forma de proteína. Além disso, o
aumento do gasto energético imposto pelo exercício
acarreta aumento da ingestão calórica total, o que favorece
o consumo de proteínas em valores superiores àquele
recomendado para indivíduos sedentários.
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Limite superior tolerável de ingestão de leucina
Dentre os aminoácidos essenciais incluem-se os três
aminoácidos de cadeia ramificada, ou seja, leucina, valina
e isoleucina. Esses aminoácidos participam da regulação do
balanço proteico corporal, além de serem fonte de
nitrogênio para a síntese de alanina e de glutamina. No
tocante à regulação da síntese proteica muscular, verificase que a leucina estimula a fase de iniciação da tradução
do RNA mensageiro em proteína, por mecanismos tanto
dependentes como independentes de insulina.
O aminoácido leucina tem sido utilizado como suplemento
nutricional por indivíduos que praticam diferentes tipos de
exercícios físicos. Todavia, o seu consumo, em algumas
situações, é realizado em grandes doses e sem o
acompanhamento de nutricionista ou médico. Nesse
sentido, baseado em pesquisas recentes, Cynober et al. 72
propuseram um limite superior de ingestão segura de
leucina para adultos saudáveis, cujo valor é de 0,53 g/kg
de massa corporal/dia. Entretanto, futuros estudos com
exposição crônica à elevada ingestão de leucina em
adultos saudáveis são necessários para uma melhor
adequação do valor de ingestão supracitado.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de a proteína contribuir com uma porcentagem
menor de energia (5 a 15%)
no exercício físico prolongado, sua importância como
nutriente essencial é fundamental em todas as fases da
vida e em diferentes estados fisiológicos, considerando,
nesse caso, também o exercício físico. Existem muitos
mitos e inverdades referentes à utilização da proteína no
exercício físico. As evidências científicas indicam que o
excesso de ingestão de proteína não aumenta a massa
muscular e, além disso, torna-se prejudicial à saúde.
O aumento da massa muscular, que representa um
objetivo perseguido por atletas
em todos os tempos, desde a antiguidade até os dias
atuais, especialmente por fisiculturistas, é alcançado
somente com muito treinamento e dedicação, alimentação
adequada, orientação de treinador capacitado, de médico e
de nutricionista.
A quantidade de proteína a ser consumida diariamente por
atletas e por praticantes de atividade física deve ser
preconizada e orientada por profissionais capacitados.
Somente dessa forma a proteína exercerá seu papel
relevante no processo de síntese proteica no decorrer do
treinamento de força, ao mesmo tempo que permitirá um
balanço nitrogenado positivo no adulto.
Finalmente, é necessário salientar que a proteína apenas
realizará sua função plástica na síntese proteica se as
necessidades energéticas forem adequadas em relação ao
gasto energético diário, pois, caso contrário, será utilizada
como substrato energético, prejudicando,
consequentemente, alguma função estrutural do indivíduo
e sobrecarregando a função renal, com consequências
imprevisíveis a longo prazo.
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72. Cynober L, Bier DM, Kadowaki M, Morris SM Jr, Renwick
AG. A proposal for an upper limit of leucine safe intake in
healthy adults. J Nutr. 2012;142:2249S-2250S.
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3
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Os lipídios no exercício
Suzane Leser
Letícia Azen Alves
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INTRODUÇÃO
Lipídios são nutrientes fundamentais para a manutenção
da boa saúde e para o desempenho esportivo, assim como
todos os outros macro e micronutrientes nas devidas
proporções. Atualmente, é muito comum o hábito de, por
parte da população leiga e não orientada, tentar evitar ao
máximo o consumo de lipídios na dieta como medida de
prevenção da obesidade, de doenças cardiovasculares e de
demais doenças crônico-degenerativas. Por outro lado,
atletas de elite estão apostando cada vez mais no consumo
de lipídios como nutriente poupador de glicogênio muscular
e fonte inesgotável de energia, considerando que o
organismo tem capacidade de estocar grande quantidade
de lipídios no tecido adiposo.
Em geral, pessoas fisicamente ativas tendem a apresentar
menor proporção de gordura corporal do que os indivíduos
sedentários, e, em mulheres, a proporção de lipídios
estocados é maior do que em homens. Estima-se que 90%
da gordura corporal total encontra-se acumulada na região
subcutânea.
Os lipídios e os carboidratos são os principais substratos
utilizados pelo organismo como fonte de energia durante a
atividade física. Ambas as fontes são oxidadas
simultaneamente. Contudo, a proporção de energia que
cada substrato fornece depende do tipo, da intensidade e
da duração da atividade física, assim como do nível de
condicionamento físico do indivíduo e das características
da dieta e da refeição que antecede a atividade. Durante
as atividades de endurance (longa duração), os lipídios se
tornam o substrato predominante no fornecimento de
energia, uma vez que as reservas de carboidratos
corporais, sob a forma de glicogênio muscular e glicose
sérica, são limitadas, portanto insuficientes para suprir a
energia durante um tempo prolongado de atividade (> 90
min). Já durante os exercícios de curta duração, sobretudo
os de força e explosão muscular, a creatina fosfato (CP) e
os carboidratos predominam como fonte energética, e a
contribuição dos lipídios para a síntese de energia é
proporcionalmente menor.
Apesar da necessidade de dietas com elevada proporção
de carboidratos para tornar viável a ótima reposição dos
níveis de glicogênio muscular após o exercício, a ingestão
de lipídios não deve ser negligenciada, uma vez que são as
principais fontes de vitaminas lipossolúveis e ácidos graxos
essenciais. Esses são lipídios que o nosso organismo não é
capaz de sintetizar e, portanto, devem ser fornecidos de
forma adequada na alimentação, pois desempenham
funções vitais no organismo. Os lipídios são responsáveis,
ainda, por proporcionar sabor e palatabilidade aos
alimentos.
Constituem as estruturas das membranas celulares e nelas
desempenham papel fundamental, função imune, além de
ser a forma pela qual o organismo estoca energia para
sustentar a demanda dos treinamentos intensos e de longa
duração.
O objetivo deste capítulo é discutir o papel dos lipídios
como fonte de energia e
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sua importância na dieta de atletas e indivíduos
fisicamente ativos, contemplando desde suas definições,
classificações, funções e metabolismo até suas
recomendações de consumo e seus efeitos como recurso
ergogênico e na promoção da saúde.
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DEFINIÇÃO
Os lipídios são moléculas formadas basicamente pelos
elementos estruturais carbono (C), hidrogênio (H) e
oxigênio (O), que diferem dos carboidratos não só pela
ligação peculiar entre os átomos, como também pela maior
proporção de moléculas de hidrogênio em relação às de
oxigênio em sua estrutura. O termo “lipídio” tem sua
origem no grego ( lipos) e significa “gordura”. Sua fórmula
genérica é C57H110O6 e, na realidade, refere-se a um
grupo heterogêneo de compostos que incluem os óleos
(lipídios que se mantêm líquidos em temperatura
ambiente), gorduras (lipídios que se mantêm sólidos em
temperatura ambiente), ceras (lipídios que se mantêm
semissólidos em temperatura ambiente) e seus respectivos
derivados. São encontrados tanto em fontes animais como
vegetais e são insolúveis em água. Por essa propriedade,
apresentam processos de digestão, absorção e transporte
no organismo diferenciados dos demais macronutrientes,
carboidratos e proteínas. 5, 53,56
Aproximadamente 98% dos lipídios de origem alimentar
encontram-se sob a forma de triglicerídios, que podem
conter ácidos graxos saturados, monoinsaturados ou poliinsaturados. Alimentos com alta concentração de lipídios,
como óleos, manteigas e margarinas, são chamados de
gorduras visíveis. Alimentos elaborados, também com alta
concentração de lipídios, como certos biscoitos, bolos e
sobremesas, são conhecidos como gorduras invisíveis.
Alimentos de origem animal (carnes, ovos, leite e
derivados), em geral, apresentam proporção
significativamente maior de lipídios do que os alimentos de
origem vegetal (frutas, vegetais e grãos), com algumas
exceções, como os óleos vegetais e algumas frutas (coco,
abacate e açaí, principalmente).5, 53,56
Os lipídios podem ser classificados de acordo com o
tamanho de sua cadeia de carbonos, nível de saturação,
forma ou de acordo com o processo tecnológico aplicado
(hidrogenação). De forma geral, são classificados como
simples, compostos e derivados. 5, 53,56
Lipídios simples
Também classificado como gorduras neutras, esse grupo é
composto basicamente
pelos triglicerídios (ou triacilgliceróis), estruturas lipídicas
predominantes no organismo, mais especificamente nas
reservas corporais que formam o tecido adiposo.
Uma molécula de triglicerídio é formada por dois grupos
distintos: o glicerol e os ácidos graxos.
O glicerol é uma molécula composta por três átomos de
carbono que,
isoladamente, não é classificada como um lipídio, dada sua
alta solubilidade em água. 5, 53,56 Por sua vez, os ácidos
graxos, em número de três, encontram-se ligados à
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molécula de glicerol e consistem em cadeias de átomos de
carbono que podem variar de quatro a mais de vinte
carbonos, apesar de mais comumente encontrados em
cadeias de dezesseis a dezoito. Recebem esse nome
devido à molécula de ácido orgânico (COOH), que faz parte
de sua estrutura química.
Os ácidos graxos podem ser classificados de acordo com o
número de átomos de
carbono que compõe sua molécula, com seu nível de
saturação e com sua configuração.
Quando um ácido graxo apresenta menos de seis átomos
de carbono ao longo de sua cadeia, é considerado um
ácido graxo de cadeia curta (AGCC ou a sigla, em inglês,
SCFA); quando apresentam de seis a doze átomos de
carbono, são classificados como ácidos graxos de cadeia
média (AGCM ou MCFA) e, por fim, os que contêm catorze
ou mais átomos de carbono são denominados ácidos
graxos de cadeia longa (AGCL ou LCFA). O tamanho da
cadeia de carbono é importante, pois determina o método
de digestão e absorção a qual os lipídios serão submetidos,
assim como suas propriedades e funções no organismo. 5,
53,56
Os ácidos graxos também podem ser classificados como
saturados (AGS ou SFA)
e insaturados, mais especificamente monoinsaturados
(AGMI ou MUFA) ou poli-insaturados (AGPI ou PUFA). A
principal diferença entre eles é determinada
estruturalmente pela presença ou ausência de duplas
ligações entre as moléculas de carbono que os
constituem5, 53,56. (Figura 3.1).
Toda gordura contida nos alimentos consiste em uma
mistura de diferentes proporções de ácidos graxos
saturados e insaturados (Tabela 3.1). Em geral, os lipídios
contidos em alimentos de origem animal fornecem cerca
de 40 a 60% do total de sua energia como ácidos graxos
saturados e de 30 a 50% como insaturados; os lipídios
oriundos de alimentos de origem vegetal, por sua vez,
fornecem apenas de 10 a 20% do total de sua energia
como ácidos graxos saturados, e o restante, insaturados. O
grau de saturação de um lipídio é importante para
determinar suas funções no organismo, seus efeitos sobre
a saúde e seu uso na formulação de produtos alimentícios.
5, 53,56
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Os ácidos graxos saturados contêm apenas uma ligação
simples entre os átomos de carbono. As demais valências
anexam os átomos de hidrogênio. Portanto, recebem a
designação saturada por acoplar o máximo de moléculas
de hidrogênio quimicamente viável. Ocorrem de modo
predominante em alimentos de origem animal e seus
derivados, como carne, leite, queijo e manteiga. As fontes
vegetais são, sobretudo, o coco e o óleo de palma. 5,53,56
Os ácidos graxos insaturados, por sua vez, contêm uma ou
mais duplas-ligações ao longo da cadeia principal de
carbonos. As duplas-ligações reduzem o número de sítios
de ligação de átomos de hidrogênio na molécula. Um ácido
graxo monoinsaturado contém apenas uma única duplaligação ao longo da cadeia de carbonos. Um ácido graxo
poli-insaturado, por sua vez, contém duas ou mais duplasligações. São encontrados sobretudo em óleo de girassol,
grão de soja e óleo de milho. Já os ácidos graxos
monoinsaturados são encontrados, em especial, em óleos
de canola e de oliva, amendoim, amêndoa e abacate3,
43,46 (Tabela 3.2).
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Em geral, os ácidos graxos de origem vegetal tendem a se
liquefazer em temperatura ambiente (óleos). Já os lipídios
que contêm cadeias de carbono mais longas e saturadas
tendem a permanecer sólidos sob tal condição. As cadeias
curtas e insaturadas permanecem pastosas. 5
Os ácidos graxos também podem ser classificados, de
acordo com sua
configuração, em cis ou trans, isto é, a posição do átomo
de hidrogênio em torno da dupla-ligação (Figura 3.2). Essa
classificação é importante, pois a configuração dos ácidos
graxos altera suas características e, em consequência, suas
funções no organismo. Um ácido graxo cis apresenta
ambos os átomos de hidrogênio paralelos em relação à
dupla-ligação; os ácidos graxos trans, por sua vez,
apresentam os átomos de hidrogênio em posições opostas
em relação à dupla-ligação. A configuração cis é
comumente encontrada na natureza, enquanto a
configuração trans é rara. 5, 53,56
Atualmente, os ácidos graxos trans são cada vez mais
encontrados na alimentação em decorrência do processo
tecnológico de hidrogenação. A hidrogenação é um recurso
que vem sendo bastante aplicado pela indústria de
alimentos para transformar os lipídios líquidos em
compostos semissólidos. Seu produto é cada vez mais
adicionado às formulações de alimentos industrializados
com a finalidade de melhorar as características físicoquímicas e sensoriais e aumentar o prazo de validade do
alimento final, em geral pronto ou semipronto para
consumo. Esse processo consiste na quebra das duplasligações dos ácidos graxos insaturados para adição de
moléculas extras de hidrogênio ao óleo vegetal, com o
objetivo de reduzir ao máximo as duplas ligações a
ligações simples. 53
A saturação da molécula com hidrogênio resulta em um
lipídio mais sólido em temperatura ambiente, com
características semelhantes à gordura naturalmente
saturada.
Além disso, a menor proporção de valências livres na
molécula diminui a possibilidade de ligação oportuna de
oxigênio à estrutura, prevenindo a oxidação. O
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exemplo mais comum de gordura hidrogenada é a
margarina oriunda do óleo de milho.
Um produto final mais sólido significa que foi empregado
maior processo de hidrogenação para sua obtenção. Outros
exemplos incluem os alimentos processados, como bolos
prontos, tortas e biscoitos. 53
O maior problema do processo de hidrogenação é a
ocorrência de ácidos graxos
trans, que acontece quando um dos átomos de hidrogênio
ao longo da cadeia reestruturada de carbonos move-se de
sua posição original ( cis) para a posição oposta da duplaligação que separa os dois átomos de carbono ( trans). Os
ácidos graxos trans apresentam praticamente os mesmos
efeitos adversos sob as lipoproteínas séricas que os ácidos
graxos saturados, isto é, diminuem a concentração das
lipoproteínas de alta densidade (HDL colesterol), que são o
“bom colesterol”, e estão, ainda, relacionados ao aumento
das lipoproteínas de baixa densidade (LDL colesterol ou
“mau colesterol”).
A recomendação diária sugerida para consumo é o limite
de 2% das calorias totais oriundas de ácidos graxos trans.
53
Ácidos graxos essenciais
Foram identificados na natureza apenas dois ácidos graxos
essenciais (AGE), isto é, ácidos graxos que o nosso
organismo não é capaz de sintetizar e, portanto, devem ser
fornecidos pela alimentação. São eles os ácidos graxos poliinsaturados linoleico (ômega-6 ou ω-6) e linolênico (ômega3 ou ω-3). Os ômega-6 são encontrados sobretudo nos
óleos vegetais, como os de girassol, de canola, de milho,
de soja e de amendoim. Os ômega-3, por sua vez, são
encontrados nos vegetais folhosos de coloração verdeescura, no óleo de canola, na soja, no óleo de soja e nos
demais derivados dessa leguminosa, assim como nos
peixes de água gelada, por exemplo a truta, o atum e o
salmão. Os óleos de peixe contêm duas fontes de ácidos
graxos ômega-3 – ácido eicosapentanoico (EPA) e ácido
docosaexaenoico (DHA), derivados do metabolismo do
ácido α-linolênico. No organismo, os ácidos graxos ômega-3
são metabolizados a esses derivados. O DHA é componente
vital dos fosfolipídios das membranas celulares, em
especial das do cérebro e da retina. Ambos EPA e DHA
desempenham ações anti-inflamatórias e
imunomoduladoras.25,53,56,89 Além disso, de acordo com
a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC)89, eles
exercem inúmeros efeitos sobre diferentes aspectos
fisiológicos e do metabolismo que podem levar a uma
menor chance de desenvolvimento de doenças
cardiovasculares. Estudos clínicos mostram que a
suplementação com 2 a 4 g de EPA/DHA ao dia pode
diminuir os níveis de triglicérides (TG) em até 25 a 30%,
aumentar discretamente os níveis de HDL-colesterol (1 a
3%) e elevar os de LDL-colesterol em até 5 a 10%. 89
Os ácidos graxos essenciais são extremamente
importantes para a síntese de
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substâncias no organismo com ação semelhante à de
hormônios, como eicosanoides, prostaglandinas,
tromboxanos, leucotrienos e prostaciclinas. Essas
substâncias são importantes como potentes mediadores de
muitas funções bioquímicas e desempenham papel
fundamental na coordenação de numerosas funções
fisiológicas, como coagulação sanguínea, pressão
sanguínea, vasodilatação, frequência cardíaca e resposta
imune.
Uma vez que os ácidos graxos essenciais são necessários
para o funcionamento normal de todos os tecidos e, em
contrapartida, não são sintetizados no organismo, sua
baixa ingestão como consequência de uma dieta restrita
em lipídios pode conduzir à sua deficiência. Para os atletas,
os principais sintomas de deficiência de ácidos graxos
essenciais são lesões cutâneas, infertilidade e maior
suscetibilidade a infecções. 25, 53
A recomendação diária sugerida para consumo é o limite
de 2% das calorias totais oriundas dos ácidos graxos
linoleicos (ômega-6) e, pelo menos, 1,3% das calorias da
dieta (cerca de 3 g/dia em uma dieta de 2.000 kcal) sob a
forma de ácidos graxos linolênicos, EPA e DHA (ômega-3).
53,56 A Tabela 3.3 resume as principais recomendações da
SBC quanto ao consumo da suplementação com ômega-3.
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Lipídios compostos
Os lipídios compostos consistem em uma molécula de
triglicerídio combinada a outro elemento químico e
representam cerca de 10% do total da gordura corporal. O
principal exemplo de lipídio composto são os fosfolipídios,
formados por uma (ou mais) molécula de ácido graxo
combinada a um grupamento que contém fósforo e uma
base nitrogenada em sua estrutura. São formados em
todas as células, apesar de o fígado também sintetizá-los.
Formam a bicamada lipídica das membranas celulares em
que a parte da molécula que contém fósforo atrai água
(hidrofílica), enquanto a camada que contém o lipídio a
repele (hidrofóbica). Dessa forma, os fosfolipídios
interagem com a água e com os lipídios para modular o
movimento de líquidos através da membrana celular.
Também são responsáveis pela manutenção estrutural das
células, desempenham papel importante na coagulação
sanguínea e são responsáveis pelo
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isolamento, por meio da bainha de mielina, das fibras
nervosas. 5, 53,56
A lecitina é o fosfolipídio mais abundante em alimentos
como o fígado, a gema de ovos, o gérmen de trigo, as
nozes e os grãos de soja. No organismo, atua como
transportador de ácidos graxos e colesterol para utilização.
No entanto, a lecitina não é classificada como nutriente
essencial, pois o organismo é capaz de produzi-la em
quantidade suficiente para sua demanda. 5, 53,56
Outros exemplos de lipídios compostos são os glicolipídios –
ácidos graxos combinados a carboidratos e nitrogênio – e
as lipoproteínas solúveis em água –
formadas no fígado quando uma proteína se liga a
triglicerídios ou fosfolipídios. As lipoproteínas são as
grandes responsáveis pelo transporte de lipídio no sangue
e são classificadas de acordo com sua densidade em
quilomícrons, isto é, lipoproteínas de alta densidade (HDL),
lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL) e
lipoproteínas de baixa densidade (LDL). 53,56
Os quilomícrons são formados quando os lipídios
emulsificados (ácidos graxos livres, triglicerídios de cadeia
longa e fosfolipídios), resultantes do processo digestivo,
migram da luz intestinal para a via linfática. Sob condições
metabólicas normais, o fígado metaboliza os quilomícrons e
os destina para armazenamento no tecido adiposo.
Os quilomícrons também são responsáveis pelo transporte
das vitaminas lipossolúveis A, D, E e K. 53,56
As HDL, por sua vez, são produzidas pelo fígado e pelo
intestino delgado. Quando comparadas às demais
lipoproteínas, são as que apresentam maior proporção de
proteínas, em torno de 50%, e as menores proporções de
lipídios e de colesterol (cerca de 20% cada). 43
As VLDL são formadas no fígado por lipídios, carboidratos,
álcool e colesterol e, quando comparadas às demais
lipoproteínas, são as que apresentam maior proporção de
lipídios (em torno de 95%, dos quais aproximadamente
60% consistem em triglicerídios). 53 A degradação das
VLDL pela enzima lipase lipoproteica resulta nas LDL, isto
é, moléculas menos densas devido à menor proporção de
lipídios. As LDL
normalmente carreiam de 60 a 80% do colesterol sérico
total e apresentam grande afinidade com as células que
compõem a parede arterial, onde depositam seu colesterol
e se oxidam, contribuindo para alterações desfavoráveis
que danificam e diminuem a luz arterial. Por isso, são
popularmente conhecidas como mau colesterol. Como
antagonistas desse processo estão as HDL, popularmente
conhecidas como bom colesterol. Elas, por sua vez,
apresentam papel protetor para a parede arterial e,
consequentemente, para a saúde do sistema
cardiovascular, uma vez que atuam no transporte reverso
do colesterol, removendo-o da parede arterial e
conduzindo-o até o fígado, onde será destinado à formação
dos sais biliares e, em consequência, excretado
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via trato intestinal (Tabela 3.4). 53,56
Lipídios derivados
Os lipídios derivados são formados por lipídios simples e
compostos. O
colesterol é o lipídio derivado mais amplamente conhecido,
que existe apenas no tecido animal. Sua estrutura química
é a base para a síntese de todos os compostos esteroidais
do organismo, como sais biliares, vitamina D, hormônios
sexuais (estrogênios, androgênios e progesterona) e
hormônios adrenocorticais, além de fazer parte da
membrana de todas as células. 5,53,56
O colesterol não contém ácidos graxos em sua estrutura,
no entanto compartilha algumas das características físicas
e químicas dos lipídios. Portanto, do ponto de vista
dietético, pode ser considerado um lipídio. O colesterol
pode ser obtido pela alimentação (colesterol exógeno) ou
pela síntese celular (colesterol endógeno). A síntese
endógena de colesterol varia de 0,5 a 2,0 g de colesterol
por dia. Uma dieta que forneça elevada quantidade de
ácidos graxos saturados favorece o aumento da produção
endógena de colesterol por facilitar sua síntese no fígado.
O fígado é responsável por cerca de 70% da produção
endógena de colesterol, também realizada por outros
tecidos, como as paredes das artérias dos intestinos,
porém em menores proporções. A taxa de síntese
endógena geralmente é suficiente para atingir a
necessidade diária de colesterol para o bom funcionamento
do organismo. 5, 53,56
Outros exemplos de lipídios derivados incluem ácido
palmítico, ácido oleico, ácido esteárico e ácido linoleico,
além dos esteroides ergosterol e cortisol, dos ácidos
biliares, da vitamina D e dos hormônios estrogênio,
progesterona e androgênio, assim como os hidrocarbonos
terpenos.5
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FUNÇÕES
Os lipídios desempenham numerosas funções estruturais,
metabólicas e
energéticas vitais no organismo. Os lipídios formam a mais
abundante reserva energética corporal e estão envolvidos
na estrutura e na função das membranas celulares, na
formação de hormônios esteroides e da bile, na regulação
da função imune, no isolamento térmico e na proteção dos
órgãos vitais, além de serem importantes para o transporte
de vitaminas lipossolúveis. 56 Além disso, os lipídios, são
excelentes fontes de energia para as células, uma vez que
cada molécula tem a capacidade de gerar uma
considerável quantidade de energia imediata para
viabilizar as atividades diárias, além de ser de transporte e
de armazenamento relativamente fácil no organismo. Em
indivíduos eutróficos, em repouso, os lipídios são os
responsáveis pelo fornecimento de, aproximadamente, 80
a 90% da demanda energética. Um grama
de lipídio fornece cerca de 9 kcal, isto é, mais que o dobro
fornecido ao organismo por carboidratos e proteínas. Isso
acontece devido à maior proporção de átomos de
hidrogênio disponível na estrutura de suas moléculas. A
oxidação desses átomos de hidrogênio fornece energia
para as funções corporais, não apenas durante o repouso,
mas também durante o exercício, e é o combustível ideal
para a manutenção do esforço físico prolongado. 56
O tecido adiposo é uma forma eficiente de o organismo
armazenar energia em um
espaço relativamente pequeno. Se toda energia extra fosse
armazenada sob a forma de glicogênio, o organismo
normalmente seria em torno de 2 vezes maior e mais
pesado, uma vez que cada grama de glicogênio
armazenado acumula cerca de 2,7 g de água. A gordura,
por sua vez, é armazenada de forma concentrada, livre de
água (Tabela 3.5). 53,56
Aproximadamente 4% da gordura corporal está envolvida
na proteção dos órgãos
vitais contra traumas, sobretudo coração, fígado, rins,
baço, cérebro e coluna vertebral.
Já o papel da gordura subcutânea é servir de isolamento
térmico, permitindo a tolerância do indivíduo à exposição à
extrema baixa temperatura. Para os indivíduos fisicamente
ativos ou atletas, essa função será importante apenas para
algumas modalidades esportivas, como mergulho e
travessias a nado oceânicas ou de canais.
Para outras modalidades, em particular as de endurance, o
excesso de gordura subcutânea pode prejudicar o processo
de regulação da temperatura corporal durante o estresse
térmico, retardando a dissipação cutânea de calor do
organismo durante a atividade. Por outro lado, o excesso
de gordura subcutânea em um jogador de futebol
americano pode ser favorável para amenizar os impactos
físicos proporcionados pelas características dessa
modalidade esportiva. Contudo, o excesso de gordura
subcutânea consiste em um “peso morto” para o atleta,
portanto seus efeitos para o desempenho
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devem ser sempre avaliados. 56
Os lipídios da dieta são os meios de transporte para as
vitaminas lipossolúveis A, D, E e K, vitaminas essas
fundamentais para a viabilidade de numerosos processos
metabólicos. A redução crônica da ingestão de lipídios na
dieta pode interferir nos níveis dessas vitaminas no
organismo, conduzindo à deficiência. Os lipídios oriundos
da dieta também facilitam a absorção dos precursores da
vitamina A, como os carotenoides presentes em muitos
vegetais. 53,56
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METABOLISMO
Os lipídios são a mais abundante fonte de energia para a
atividade física. A habilidade de mobilizar e de utilizar os
lipídios armazenados durante o exercício pode contribuir
para o desempenho do atleta. Os lipídios podem ser
mobilizados a partir das seguintes fontes: lipídios
intramusculares, tecido adiposo, lipoproteínas séricas ou
lipídios consumidos antes ou durante a atividade física.
Uma série de fatores determinará a quantidade e a fonte
de lipídios a serem utilizadas durante o exercício, como
nível de treinamento, tipo de exercício, intensidade e
duração da atividade, reservas de lipídios intramusculares
disponíveis, habilidade de mobilizar e de transportar os
ácidos graxos do tecido adiposo para as células
musculares, composição da refeição pré-treino,
disponibilidade de glicogênio e quantidade de carboidratos
e lipídios ingerida durante a atividade.23, 53,55
O uso de gorduras durante o exercício envolverá os
seguintes passos: redução dos triglicerídios a ácidos graxos
e glicerol, mobilização e transporte dos ácidos graxos livres
no interior da célula adiposa, seu transporte do interior da
célula adiposa para a corrente sanguínea e posterior
transporte para o interior das células musculares, das quais
serão transportados para o interior das mitocôndrias e, por
fim, oxidados à energia no ciclo do ácido cítrico (ciclo de
Krebs).23
Lipólise
A quebra dos lipídios dos tecidos adiposo ou intramuscular
a ácidos graxos livres (AGL) e glicerol ocorre por um
processo denominado lipólise. Esse processo é iniciado
quando o sistema nervoso simpático estimula a produção
do hormônio lipase sensível (HSL) e da epinefrina. Com o
início da atividade física, há um momento transitório
normal de queda nos níveis de AGL circulantes na corrente
sanguínea, devido ao aumento de sua captação pelas
células musculares que, naquele momento, excedem a
produção de ácidos graxos pela lipólise nos adipócitos. 23,
53,55
Após 20 a 30 minutos de exercício de baixa a moderada
intensidade, a concentração sérica de epinefrina aumenta,
o que estimula a produção da forma ativa, isto é,
fosforilada, do HSL na célula adiposa. Essa fosforilação – ou
ativação – é desencadeada pela adenosina monofosfato
cíclica (AMPc), dependente da enzima proteína quinase. A
proteína quinase é produzida nas células do tecido adiposo
quando a epinefrina se liga aos receptores da membrana
celular e ativa a adenil ciclase. O HSL
separa dois dos ácidos graxos ligados à molécula de
glicerol do triglicerídio (ácidos graxos das posições 1 e 3), o
que resulta em um monoglicerídio (uma molécula de
glicerol com um ácido graxo ligado na posição 2). Esse
último ácido graxo é removido pela ação da enzima
monoglicerídio lipase (MGL). Ambas as enzimas, HSL e
MGL,
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são necessárias para a quebra completa dos triglicerídios.
O resultado final da lipólise consiste em três moléculas de
ácidos graxos livres (AGL ou FFA) e uma molécula de
glicerol, que devem ser transportadas do citosol e das
membranas celulares para a circulação sanguínea. O HSL
determinará a velocidade desse processo, e sua atividade é
dependente de alguns fatores inibitórios e estimulatórios.
23, 53,55
A molécula de glicerol livre resultante do processo de
lipólise não pode ser reutilizada pelo tecido adiposo, uma
vez que esse tecido não contém quantidades significativas
da enzima glicerol quinase. Portanto, os níveis de glicerol
no sangue podem ser considerados medidas indiretas de
indicativo de lipólise no organismo. O
glicerol será, então, transportado para o fígado, no qual
será utilizado como um precursor da gliconeogênese.58
Os AGL resultantes da lipólise atravessam a membrana
celular adiposa de forma
passiva ou são transportados para o exterior da célula por
uma proteína transportadora denominada ácido graxo
translocase (FAT) ou proteína ligadora de ácidos graxos
(FABP). Na corrente sanguínea, esses ácidos graxos são
liberados e logo se ligam à albumina, proteína que irá
transportá-los até os músculos em atividade. Na membrana
da célula muscular, esses ácidos graxos são liberados e
transportados de forma ativa para o seu interior. No
entanto, nem todos os AGL resultantes da lipólise são
utilizados para a produção de energia. Se não forem mais
necessários para essa finalidade, podem ser novamente
reesterificados a triglicerídios. A reesterificação pode
ocorrer no interior da célula adiposa ou após a liberação do
ácido graxo pela célula, no fígado.
Em repouso, a reesterificação é alta e as concentrações
séricas de albumina ligadas a ácidos graxos são baixas.
Durante o exercício, a reesterificação é suprimida à medida
que a lipólise é acelerada. Ao mesmo tempo, as
concentrações séricas de AGL ligados à albumina
aumentam significativamente. 23, 53,55
Alguns fatores, no entanto, afetarão essa taxa de
reesterificação. Se não houver albumina suficiente na
corrente sanguínea para promover o transporte dos AGL, a
reesterificação aumentará. A redução de albumina sérica é
consequência sobretudo de períodos de desnutrição ou
perda severa de sangue. Cada molécula de albumina
apresenta quantidade finita de receptores para a ligação
dos AGL. Se as moléculas de albumina estiverem
saturadas, a taxa de ligação e de transporte dos AGL
diminuirá, o que contribuirá para o aumento da taxa de
reesterificação. Altos níveis de lactato também diminuem a
mobilização do AGL pelo aumento da reesterificação sem,
no entanto, afetar a lipólise. Todavia, durante atividades de
endurance prolongadas, os níveis de lactato permanecem
baixos e provavelmente não interferem de modo
significativo na regulação da mobilização dos AGL. 23,
53,55
O exercício estimula a lipólise de forma suficiente a ponto
de sua taxa exceder, em
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muito, a necessidade de AGL para a oxidação pelas células
musculares. Em repouso, níveis plasmáticos arteriais basais
de ácidos graxos livres sob dieta mista variam de 0,2 a 0,4
mmol/L. Durante o exercício, essas concentrações podem
aumentar de 10 a 20
vezes, dependendo da intensidade e da duração da
atividade. 23
Durante o exercício, uma série de alterações hormonais
sinaliza ao organismo a necessidade de mobilização de
substratos para a síntese de energia pelos músculos em
atividade. Essas alterações hormonais são influenciadas
por uma série de fatores, sobretudo a duração e a
intensidade da atividade, o nível de condicionamento do
indivíduo e as características da refeição pré-treino. O
sistema nervoso simpático e as catecolaminas são os
principais estimuladores da lipólise. As catecolaminas
estimulam a quebra dos lipídios intramusculares e do
tecido adiposo, assim como a quebra do glicogênio
muscular e hepático. Outros hormônios, como o hormônio
do crescimento (GH), o cortisol e o hormônio estimulante
da tireoide (TSH), também estimulam a lipólise. 23
Contudo, o uso de lipídio como fonte predominante de
energia é limitado a atividades de leve a moderada
intensidade (<65% do VO2 máx.). Essa colocação, no
entanto, gera grande confusão em relação à quantidade de
lipídio a ser mobilizada durante a atividade física,
sobretudo quando se tem o objetivo estético de redução da
gordura corporal. Apesar das atividades de leve a
moderada intensidade mobilizarem predominantemente o
lipídio como fonte de energia, seu gasto energético total é
significativamente inferior ao gasto energético total gerado
pelas atividades de alta intensidade para o mesmo tempo
de exercício. O gasto energético durante as atividades de
alta intensidade é tão superior que, mesmo não sendo os
lipídios proporcionais a sua fonte predominante de energia,
geram quantitativamente maior utilização de lipídios que
as atividades de baixa a moderada intensidade. Portanto,
uma demanda
proporcionalmente maior de lipídios não significa uso
quantitativo maior desse substrato. O fator determinante
desse processo será, então, o gasto energético total gerado
pela atividade que, quanto mais intensa, maior demanda
energética proporcionará (Figura 3.3). 84
A insulina é o grande inibidor da lipólise. Esse hormônio
diminui a quantidade de HSL produzida pelo bloqueio da
atividade da AMPc de fosforilar o HSL. Durante o exercício,
quando a necessidade de gorduras como fonte de energia
está significativamente elevada, a insulina encontra-se
diminuída e a lipólise, aumentada. A diminuição das
concentrações de insulina durante o exercício ocorre,
sobretudo, devido à ação da norepinefrina e da epinefrina
em inibir a liberação pancreática de insulina. O
aumento da insulina antes e durante a atividade física
pode inibir a lipólise, assim como o aumento da
concentração sérica de glicose pela administração de
carboidratos durante o exercício, o que altera a proporção
do uso dos substratos como fonte de
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energia.23, 53,55
Triglicerídios intramusculares como substrato energético
Os triglicerídios intramusculares são importante fonte de
energia durante o exercício. Sua mobilização é mais
conveniente ao organismo, uma vez que estão mais
próximos das células musculares que os demandam e não
necessitam de transporte pela corrente sanguínea.
Contudo, a quantidade de triglicerídios intramusculares de
um indivíduo saudável dependerá de seu tipo
predominante de fibra muscular, seu estado nutricional e
do tipo de atividade física ao qual está condicionado. 27
Os estudos mais recentes observaram que, durante as
atividades de endurance, as concentrações de lipídios
intramusculares são reduzidas de 25 a 50%68 e sua
contribuição para a síntese de energia durante a atividade,
em relação à contribuição total dos lipídios como fonte de
energia, varia de 5 a 35%. 10,11,13, 27 Essa estimativa
pode variar de acordo com o nível de treinamento dos
indivíduos envolvidos no estudo, com o protocolo de
exercício utilizado e com a metodologia empregada para a
determinação do conteúdo dos triglicerídios
intramusculares. Diferentes tipos de exercício recrutarão
fibras musculares distintas, o que resultará em diferentes
taxas de oxidação de triglicerídios. Os métodos para aferir
as alterações dos triglicerídios intramusculares durante o
exercício vão ao encontro, ainda, do fato de que esses
lipídios não se encontram distribuídos de modo uniforme
nas fibras musculares, e os dois tipos principais de fibras (I
e II) oxidam lipídios em taxas distintas, e as do tipo I
oxidam esse substrato em maior proporção. 85 Os
exercícios mais intensos demandam maior oxidação dos
triglicerídios intramusculares, e os indivíduos mais
condicionados ao esforço oxidam esses lipídios de forma
mais otimizada, poupando o glicogênio muscular. Hurley et
al. 27 demonstraram que, em atividades de endurance,
indivíduos treinados oxidam 2 vezes mais triglicerídios
intramusculares e 60% menos glicogênio muscular que os
não treinados.
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Lipídios séricos como substrato energético
Os lipídios transportados pela corrente sanguínea e pelas
lipoproteínas também contribuem para a produção de
energia durante o exercício. As lipoproteínas com maior
concentração de triglicerídios são os quilomícrons e as
VLDL. Se um indivíduo inicia uma atividade após a refeição,
os níveis séricos de quilomícrons podem estar altos.
Assim como a lipólise nos tecidos adiposo e muscular, os
ácidos graxos que compõem as lipoproteínas também
precisam ser liberados das moléculas de triglicerídios antes
de entrar na célula muscular. A enzima lipase lipoproteica
(LPL) é a responsável por clivar os ácidos graxos dos
triglicerídios das lipoproteínas séricas. Os AGL estarão,
então, disponíveis para transporte para o interior das
células musculares e oxidados à energia ou, ainda, para
armazenamento no tecido adiposo. Uma vez que é
praticamente inviável submeter-se ao exercício intenso
após grande refeição, em especial com quantidade
considerável de gorduras, a contribuição energética dos
lipídios das lipoproteínas é muito pequena. 23, 53,55
β-oxidação
Os AGL obtidos, seja pelo tecido adiposo, pelos
triglicerídios intramusculares ou pelas lipoproteínas
circulantes, passam por uma série de etapas antes de
serem finalmente oxidados à energia nas mitocôndrias (βoxidação). As proteínas ligadoras de ácidos graxos
presentes nas membranas das células musculares
transportam os ácidos graxos para o sarcoplasma
(citoplasma das células musculares). No sarcoplasma, os
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ácidos graxos são transportados ligados às proteínas
sarcoplasmáticas, ligadoras de ácidos graxos e podem ser
reesterificados e estocados como triglicerídios
intracelulares ou ativados para transporte para o interior
das mitocôndrias.
Se um ácido graxo estiver destinado à β-oxidação, ele
deverá, primeiro, ser ativado pela enzima acil-CoA
sintetase, ainda no sarcoplasma. O ácido graxo ativado
deverá, então, ser transportado pela membrana interna da
mitocôndria, pelas enzimas carnitina palmitoil transferase I
(CPT 1) e carnitina palmitoil transferase II (CPT 2), que
trabalham em conjunto para concluir essa etapa. A CPT 1,
localizada na superfície externa da membrana
mitocondrial, converte o ácido graxo ativado acil-CoA em
acilcarnitina para transporte. Em seguida, na superfície
interna da membrana mitocondrial, a CPT 2 reconverte a
acilcarnitina ao ácido graxo ativado acil-CoA para,
finalmente, servir de substrato para a β-oxidação. A CPT 1
é a enzima responsável por regular o fluxo de ácidos
graxos para o interior da mitocôndria. A enzima malonilCoA é um potente inibidor da ação da CPT 1 e sua ação é
desencadeada quando a disponibilidade de glicose
circulante encontra-se alta. 23, 53,55
Foi baseado no papel fisiológico desempenhado pelas
enzimas CPT 1 e CPT 2 no
metabolismo dos lipídios que se fundamentou a
suplementação com L-carnitina, substância precursora
dessas enzimas, como agente potencializador da oxidação
de lipídios durante a atividade física, resultando em
diminuição do percentual de gordura corporal, objetivo
estético de muitos frequentadores de academia. A carnitina
é sintetizada no organismo a partir dos aminoácidos lisina
e metionina, com a participação fundamental dos
nutrientes vitaminas C e B6, niacina e ferro. A carnitina
também pode ser obtida pela alimentação, de modo mais
específico por alimentos de origem animal. Em indivíduos
saudáveis, a suplementação com L-carnitina não otimiza a
oxidação de lipídios, uma vez que o organismo dispõe o
suficiente dessa substância para elevar ao máximo a taxa
de transporte de ácidos graxos para o interior das
mitocôndrias. 23, 53,55
A β-oxidação ocorre na mitocôndria por uma via cíclica
degradativa, que se inicia com o rompimento de duas
unidades de carbono a partir do grupamento carboxila do
ácido graxo sob a forma de acetil-CoA. Cada vez que o
ácido graxo completa um ciclo, perde-se duas unidades de
carbono, até permanecerem apenas quatro átomos de
carbono na molécula. Nesse ponto, a unidade com quatro
carbonos é degradada, resultando em duas unidades de
acetil-CoA. Cada rotação do ciclo gera, então, duas
unidades de acetil-CoA, FADH e NADH. As unidades de
acetil-CoA entram no ciclo do ácido cítrico para a produção
de energia sob a forma de adenosina trifosfato (ATP).
Se a molécula de acetil-CoA for completamente reduzida a
oxigênio e água no ciclo do ácido cítrico, doze ATP serão
produzidas para cada unidade de acetil-CoA. FADH e NADH,
por sua vez, entrarão na cadeia transportadora de elétrons
para posterior
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produção de ATP. Cada unidade de FADH gera duas ATP,
enquanto cada unidade de NADH gera três ATP. A produção
total de ATP pela oxidação completa de um ácido graxo
com uma cadeia de 16 carbonos é de 129 ATP (2 são
usados durante o processo).
A oxidação dos ácidos graxos produz 3 vezes mais ATP que
a mesma quantidade de glicose. 23,53,55
Corpos cetônicos
Há dois derivados lipídicos – o acetoacetato e o βhidroxibutirato –, que são os únicos substratos lipídicos
solúveis circulantes, conhecidos como corpos cetônicos.
Apesar de não se adequarem à definição bioquímica de
lipídios, são, em geral, classificados como substratos
lipídicos oxidáveis solúveis em água. São oriundos da
oxidação parcial dos AGL no fígado e podem ser utilizados
como substrato energético por praticamente todos os
tecidos, como músculos esqueléticos, músculo cardíaco e
cérebro, sobretudo em momentos de privação de
carboidratos. 20 A acetil-CoA formada durante a β-oxidação
dos ácidos graxos entra no ciclo do ácido cítrico, desde que
haja suficiente oxaloacetato para a formação de citrato.
Isso exige equilíbrio uniforme entre a degradação lipídica e
a de carboidratos. Quando a degradação lipídica predomina
e/ou a disponibilidade de oxaloacetato é reduzida, a acetilCoA é desviada para a formação de cetonas no fígado.55
A concentração sérica de corpos cetônicos em indivíduos
saudáveis, bem nutridos, é muito baixa, mas pode atingir
valores de 2 a 3 mmol após 3 dias de jejum, 7 a 8 mmol
após 3 semanas e valores extremos de 25 a 30 mmol em
pacientes diabéticos cetônicos severos. A taxa de utilização
de corpos cetônicos pelos vários tecidos é dependente, em
parte, de sua concentração sérica. A captação de cetonas
plasmáticas pelo miocárdio, rins e cérebro fornece uma
fonte alternativa de combustível para esses órgãos nos
momentos em que há baixa disponibilidade de
carboidratos, auxiliando na manutenção da glicemia. No
entanto, as cetonas são ácidas e seu acúmulo no sangue
não pode ser tolerado quando em níveis elevados. Um
limiar renal baixo para a reabsorção de cetonas permite
perda significativa desse composto pela urina. 55
Durante a atividade física, os níveis de corpos cetônicos
irão variar de acordo com a duração do exercício. No
entanto, sua contribuição total para o metabolismo
oxidativo é normalmente mínima, não excedendo a
proporção de 1 a 2%. 39,94,98
Fatores determinantes da eficiência e da habilidade da
utilização de lipídios
como substratos energéticos
Uma vez que os estoques de glicogênio muscular e
hepático são limitados, a
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diminuição desses estoques de energia conduz à fadiga
durante o exercício. A otimização do uso de gorduras
durante o exercício pode ajudar a prevenir a instalação da
fadiga, melhorando o desempenho durante a atividade. A
consequente redução do percentual de gordura corporal
também é apelo interessante à saúde, ao condicionamento
e à estética.
Apesar de a maioria dos indivíduos ter uma quantidade
relativamente alta de gordura acumulada, a habilidade de
oxidação desse estoque durante a atividade é limitada.
Alguns autores consideram que essa limitação na
habilidade de oxidação de lipídios deve-se à execução
ineficiente de alguns dos passos da lipólise ou do
transporte de substratos e destacam os seguintes passos
como possíveis reguladores do processo: mobilização dos
ácidos graxos do tecido adiposo e intramusculares;
transporte dos ácidos graxos para os músculos; e captação
destes pelas células musculares. 30
Alguns autores acreditam que o principal fator regulador do
processo de oxidação de AGL é a sua captação pelas
células musculares. Turcotte et al.94 examinaram o
metabolismo dos AGL de indivíduos treinados e não
treinados durante 3 horas de extensão de quadríceps.
Apesar de a concentração plasmática arterial de AGL ter
elevado na mesma proporção para ambos os grupos, a
captação de AGL pelas células musculares do grupamento
envolvido na atividade permaneceu a uma taxa de 15%
nos indivíduos treinados, enquanto, nos indivíduos não
treinados, regrediu de 15 para 7%, em especial durante a
última hora de exercício. A captação de AGL aumentou
linearmente conforme a disponibilidade do substrato nos
indivíduos treinados; já nos indivíduos não treinados,
saturou em certo ponto. Os autores concluíram que,
possivelmente, a difusão de AGL pela membrana da célula
muscular represente o fator limitante da taxa de oxidação
de lipídios durante a atividade física, o que pode ser
potencializado pela melhora do condicionamento físico com
treinamentos de endurance.
No entanto, outros fatores também estão fortemente
envolvidos na eficiência da oxidação de lipídios, e a
disponibilidade de glicose é importante fator regulador. A
alta concentração de glicose no meio intracelular diminui a
oxidação dos ácidos graxos de cadeia longa por inibir seu
transporte para a mitocôndria. 106 Se há glicose
disponível, a célula oxidará, preferencialmente, a glicose. O
mesmo parece não ocorrer com os ácidos graxos, uma vez
que sua disponibilidade para a célula, em geral, é muito
maior que o demandado para a oxidação.
A concentração plasmática de ácidos graxos geralmente
excede os níveis
necessários para atender à sua velocidade de oxidação
pela célula muscular. Estudos recentes sugerem que a taxa
de oxidação dos ácidos graxos no interior das células
musculares durante o exercício, controlada sobretudo no
sítio de oxidação, é
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determinada pela presença de glicose e não pela
disponibilidade dos ácidos graxos em si. 8,10, 106
Atualmente, o que os indivíduos mais buscam, desde os
fisicamente ativos até os
atletas de alto nível, é o aumento da queima de gordura
corporal, seja para fins de estética ou pelo desempenho.
De fato, há estratégias de treinamento, condutas dietéticas
e até mesmo uso de recursos ergogênicos que objetivam
otimizar a oxidação dos ácidos graxos e ajudar no alcance
desse tão almejado objetivo. Contudo, é o nível de
treinamento do indivíduo o principal agente regulador
desse processo.
O nível de condicionamento físico é baseado na capacidade
do indivíduo de utilizar mais gordura como fonte de energia
e, assim, poupar carboidratos pelas adaptações fisiológicas
e metabólicas proporcionadas pelo treinamento, tais como:
(i) aumento do número de mitocôndrias e da concentração
e atividade das enzimas envolvidas na β-oxidação, no ciclo
do ácido cítrico e no transporte de elétrons; (ii) aumento da
síntese de acil-CoA, LPL, CPT 1 e 2; (iii) aumento dos
estoques de triglicerídios intramusculares, isto é, maior
proximidade dos ácidos graxos de seus sítios de oxidação
com consequente aumento da oxidação destes; (iv)
aumento da captação de AGL pelas células musculares e
transporte no sarcoplasma; e (v) melhora da capacidade
cardiovascular, associada ao aumento da vascularização, o
que otimiza o fluxo de oxigênio necessário pelas células
musculares para a oxidação dos ácidos graxos e o próprio
fornecimento destes para a oxidação pelas células. 23, 53,
55
No entanto, situações de overreaching ou overtraining
podem conduzir à diminuição dos lipídios séricos e, em
consequência, da oxidação desse substrato. 40
Kreider et al.40 investigaram, por três semanas, os efeitos
do volume de treinamento aumentado em corredores bem
treinados de longa e média distância sobre o desempenho,
o nível de catecolaminas e o metabolismo energético. Os
indivíduos foram submetidos a 6 dias de treinamento por
semana, com volume de corrida inicial de 85,9 km na
primeira semana e volume final de 174,6 km na quarta e
última semana. Ao término do período, verificou-se que os
níveis basais de triglicerídios, LDL e VLDL, diminuíram de
modo significativo. Os autores concluíram que situações de
overreaching ou overtraining podem conduzir a um estado
catabólico no qual a excessiva degradação proteica pode
diminuir os níveis séricos de albumina e, assim, reduzir o
transporte de AGL no sangue.
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RECOMENDAÇÕES DE CONSUMO
Quando se fala em recomendações de macronutrientes
para atletas, são os carboidratos os nutrientes mais
valorizados e comentados na literatura, com sua
recomendação variando de 60 a 65% das calorias totais da
dieta. Contudo, os indivíduos fisicamente ativos também
necessitam ingerir quantidades adequadas de proteínas e
lipídios. A quantidade de lipídio a ser oferecida na dieta em
geral é o último passo a ser determinado e é estipulada
como complementação do valor energético total (VET) a
ser oferecido em uma dieta. No entanto, a ingestão desse
macronutriente é importante para se atingir os
requerimentos de ácidos graxos essenciais, fornecer
energia e tornar os alimentos e as refeições palatáveis.
Além disso, a proporção de lipídio a ser consumida na dieta
deve fornecer um perfil ideal dos diferentes tipos de
lipídios, de forma a torná-la saudável e preventiva
sobretudo contra doenças crônico-degenerativas. 53
Os atletas, em geral, ingerem mais carboidratos e menos
lipídios que os indivíduos sedentários. Atletas de
endurance, em fase de treinamento, ingerem cerca de 20 a
25% do total de calorias da dieta de lipídios, enquanto
atletas, na tentativa de redução de peso, ingerem, no
máximo, 20%. Dietas com proporções de lipídios muito
reduzidas (<15% das calorias totais) não proporcionam
mais benefícios à saúde e ao desempenho que uma dieta
moderada em lipídios. Além disso, uma dieta
significativamente reduzida em lipídios pode conduzir à
ingestão insuficiente de ácidos graxos essenciais.53,56
Atualmente, vários estudos vêm contribuindo para a
determinação da proporção ideal dos macronutrientes a ser
oferecida nas dietas para atletas, que pode variar de
acordo com o hábito alimentar, o nível de treinamento, a
modalidade esportiva na qual está envolvido e o estado
nutricional geral do atleta. Contudo, cada vez mais os
estudos confirmam e reconhecem a importância dos
lipídios para a recuperação muscular, para a prevenção de
lesões e para a manutenção da integridade do sistema
imunológico do atleta. 40
Apesar das recomendações de macronutrientes para
indivíduos fisicamente ativos
ainda serem discutidas na literatura, em especial quando
se leva em consideração a prevenção de doenças crônicodegenerativas, algumas considerações já podem ser feitas
sobre a ingestão de lipídios por indivíduos fisicamente
ativos e atletas em geral, baseadas nas recomendações
americanas internacionais estipuladas para a população.
A ingestão de gorduras deve variar de 20 a 25% das
calorias totais da dieta. Para atletas com um consumo
energético diário entre 3.000 e 3.500 kcal, essa proporção
seria equivalente 0,9 a 1,2 g de gorduras por kg de peso, e
as gorduras saturadas não devem compor mais que 10%
das calorias totais. A ingestão de lipídios deve ser, em
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sua maioria, oriunda de ácidos graxos mono e poliinsaturados, em iguais proporções, totalizando 70%,
preferencialmente 80%, do total de lipídios ingeridos. A
ingestão de colesterol não deve ultrapassar 300 mg diários
ou, mais precisamente, 100 mg por 1.000 kcal consumidas.
17, 26,47, 63
Ao realizar dietas com quantidades reduzidas de lipídios, os
esportistas devem priorizar a ingestão de alimentos fonte
de ácidos graxos essenciais para não comprometer a
adequação na dieta. Pessoas fisicamente ativas e atletas
adaptados à ingestão de dietas com alto teor de lipídios,
cuja proporção ultrapassa a recomendada para o consumo
diário, podem optar por ingerir alimentos formulados com
substitutos de gorduras com intuito de reduzir a proporção
de lipídios na dieta e, dessa forma, aumentar a ingestão de
carboidratos complexos e proteínas. Indivíduos com o
objetivo de redução de gordura corporal devem estar
atentos ao fato de que a maioria dos alimentos reduzidos
em gorduras ( light) ou modificados apresenta redução
calórica em torno de apenas 25% e, portanto, devem ser
consumidos com moderação. 26, 53,56
Atletas submetidos a treinamentos intensos, cujas
demandas energéticas são muito altas (muitas vezes maior
que 6.000 kcal diárias), podem reduzir a proporção de
carboidratos na dieta (de 60 a 65% para 55%), o que ainda
fornecerá uma quantidade de carboidratos suficiente para
promover a reposição de glicogênio muscular e aumentar a
proporção de lipídios na dieta para 25 a 30% das calorias
totais, reduzindo, dessa forma, o volume de alimentos a ser
ingerido diariamente, evitando possíveis desconfortos
gastrintestinais durante treinamentos intensos e mantendo
a alta ingestão energética para suprir sua demanda. 53
Indivíduos fisicamente ativos e atletas com fatores de risco
para doenças crônico-degenerativas, seja por histórico
familiar ou por exames bioquímicos alterados, devem estar
atentos à qualidade e à quantidade de carboidratos e
lipídios a serem ingeridos na alimentação diária. Histórico
familiar de diabetes, hipertensão ou doenças
cardiovasculares requer a monitoração do atleta em
relação a seu perfil de lipídios séricos, de glicose e de grau
de hipertensão. Esses indivíduos devem ser submetidos a
dietas com reduzido teor de gorduras saturadas e com
quantidades satisfatórias de alimentos grãos integrais,
frutas e vegetais. Devem, também, ser regularmente
monitorados quanto à sua resposta bioquímica a qualquer
conduta dietética.
Ingestão de lipídios e função imune de atletas
Os lipídios são importantes fatores na modulação e na
mediação da função imune. 74 A quantidade e os tipos de
lipídios da dieta exercem efeitos diretos moduladores e
indiretos sobre a imunidade celular. Os efeitos diretos
incluem o fornecimento de energia para as células do
sistema imune e o papel essencial na
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formação, na integridade e na função das membranas
celulares. Os efeitos indiretos são aqueles relacionados aos
aspectos bioquímicos e moleculares do sistema
imunológico, que exercem função imune moduladora. Os
mecanismos pelos quais os lipídios exercem essa função
imune moduladora envolvem diversos fatores complexos,
incluindo a formação de eicosanoides, principalmente
prostaglandinas, a produção e a expressão das citocinas.
15 Os AGPI ômega-6, em geral, aumentam os níveis das
citocinas e prostaglandinas pró-inflamatórias, enquanto os
AGPI ômega-3 estão relacionados à diminuição nos níveis
dessas citocinas e prostaglandinas.
As citocinas pró-inflamatórioas estão relacionadas a
alterações na captação de nutrientes pelas células do
sistema imunológico, interrompendo seu processo
anabólico e desencadeando uma série de atividades
catabólicas. Portanto, o perfil lipídico da dieta pode
colaborar na prevenção de processos inflamatórios, no
aumento das citocinas pró-inflamatórias induzidos pelo
exercício e, sobretudo, na imunossupressão resultante de
atividades físicas intensas e de longa duração. É possível,
então, reduzir, de modo significativo, os efeitos próinflamatórios do exercício pela ingestão adequada de
lipídios que tenham a propriedade de atuar na repressão
desse processo inflamatório, como os AGPI ômega-3
(Tabela 3.6). 96
Os AGMI, por sua vez, apresentam propriedades próinflamatórias reduzidas quando comparados aos AGPI
ômega-6. Portanto, a ingestão adequada de lipídios na
dieta, obedecendo as proporções recomendadas de ácidos
graxos saturados, mono e
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poli-insaturados, pode contribuir para a prevenção de
processos inflamatórios e lesões vivenciadas por muitos
atletas que se mantêm por tempo prolongado sob dietas de
restrição calórica e com baixa proporção de lipídios (<15%
das calorias totais). 96
Além disso, a baixa ingestão de lipídios está geralmente
associada ao consumo insuficiente de vitamina E, ferro,
cálcio e zinco, nutrientes estes protetores contra o estresse
oxidativo e igualmente essenciais para a boa função imune
dos atletas.
Consequências da baixa ingestão de lipídios por atletas
É fato que indivíduos treinados apresentam menor
coeficiente respiratório que indivíduos não treinados,
quando submetidos à mesma intensidade de exercício, o
que sugere maior taxa de oxidação lipídica pelos indivíduos
treinados.9
Uma dieta reduzida em lipídios para atletas pode contribuir
para a redução significativa dos estoques de triglicerídios
intramusculares, o que acarreta prejuízos ao
desempenho.34,90
Diversos estudiosos demonstraram que os estoques de
triglicerídios
intramusculares encontram-se significativamente reduzidos
após atividades de endurance, e, durante eventos de
ultraendurance, os estoques de lipídios intramiocelulares
(lipídios em contato com as mitocôndrias no interior das
células musculares) encontram-se quase completamente
depletados. 29,39, 90 Portanto, assim como acontece com
o glicogênio muscular em dietas com baixa quantidade de
carboidratos, o desempenho está comprometido quando
ocorre redução dos triglicerídios
intramusculares e dos ácidos graxos intramiocelulares
como consequência de dietas com baixa quantidade de
lipídios. Uma dieta com proporções adequadas desse
macronutriente (25 a 30% das calorias totais) pode evitar,
e até mesmo reverter, um quadro de queda de rendimento
em atletas, que sempre atribuem a fadiga precoce à
carência de carboidratos e, portanto, muitas vezes
terminam por não encontrar a causa real da queda de seu
desempenho em atividades de endurance, quando a
origem do problema pode simplesmente estar relacionada
à reduzida ingestão de lipídios na dieta.
Fat loading – uma estratégia para a melhora do
desempenho durante
atividades de longa duração?
Muitas estratégias nutricionais vêm sendo utilizadas,
sobretudo em atletas envolvidos em atividades de
endurance, na tentativa de promover maior oxidação de
lipídios e diminuir a taxa de utilização de glicogênio,
visando melhorar o desempenho.
Uma das estratégias mais recentes, e cada vez mais
difundida, é a adaptação a uma dieta com alta proporção
de lipídios (60 a 70% das calorias totais). 91
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Alguns estudiosos questionaram se o maior consumo de
lipídios – fat loading –
realmente melhoraria o desempenho durante atividades de
endurance sob esforço submáximo (aproximadamente 70%
do VO2 máx.).14 Demonstrou-se que maior proporção de
lipídios na dieta contribui para o aumento na
disponibilidade de lipídios para a oxidação e, como uma
adaptação do organismo, melhora a habilidade de oxidação
de ácidos graxos durante o exercício. Com isso, o
organismo se torna menos dependente dos carboidratos
como fonte de energia, poupando o glicogênio muscular.
Outros estudiosos, posteriormente, confirmaram tal
fato39,43 e observaram, ainda, que a adaptação à dieta
hiperlipídica pode ser obtida em curto intervalo de tempo,
estimado em apenas 5 dias de conduta. 7,21
Demais pesquisadores observaram os mesmos resultados
após a infusão venosa de
lipídios durante o exercício, o que diminuiu de modo
significativo a taxa de utilização de glicogênio nos
indivíduos estudados em relação ao grupo-controle. 66, 97
Parece que o organismo se adapta à pouca disponibilidade
de carboidratos, tornando mais eficiente sua capacidade de
oxidar ácidos graxos como fonte de energia. 24 Essas
observações são realmente interessantes para o atleta de
endurance, uma vez que, durante uma atividade de longa
duração (>90 min) a 65 a 75% do VO2 máx., a depleção
dos estoques corporais de carboidratos é o fator
determinante para a instalação da fadiga, o que leva o
atleta à queda no rendimento e à exaustão. 9
Apesar de alguns pesquisadores terem verificado que o
consumo de alta
proporção de lipídios na dieta pode conduzir realmente ao
aumento no uso de ácidos graxos como fonte de energia
durante a atividade, outros estudos demonstraram que não
houve diferenças no tempo de exaustão e na diminuição do
glicogênio muscular em relação a dietas moderadas em
lipídios. 61, 77 Whitley et al. 105 não relataram diferenças
na oxidação de substratos durante o exercício em
indivíduos submetidos a dietas com alta proporção de
lipídios, alta proporção de carboidratos e jejum (grupocontrole), enquanto Okano et al. 67 observaram um
coeficiente respiratório significativamente menor durante a
atividade, quando oferecida uma refeição com alta
proporção de lipídios antes de iniciar o exercício, em
comparação à refeição com alta proporção de carboidratos.
Esse reduzido coeficiente respiratório observado sugere
maior taxa de oxidação de ácidos graxos durante o
exercício.
Lambert EV et al. 43 submeteram cinco atletas ciclistas de
endurance a uma dieta com alta proporção de lipídios (76%
das calorias totais) ou a uma dieta com alta proporção de
carboidratos (74% das calorias totais) durante 2 semanas,
com um intervalo também de 2 semanas entre cada
conduta dietética sob dieta normal. Ao final de cada
período, foram feitos diferentes testes para aferir potência
muscular e tempo de
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exaustão sob atividade de alta intensidade (90% do VO2
máx.), como também de moderada intensidade (60% do
VO2 máx.). Os resultados demonstraram que as diferentes
condutas dietéticas aplicadas não exerceram influência
sobre a potência muscular e sobre o tempo de exaustão
sob atividade de alta intensidade. A utilização de glicogênio
durante o exercício foi similar para ambas as condutas
dietéticas durante o teste sob atividade de alta
intensidade, apesar dos níveis de glicogênio estarem
significativamente reduzidos nos indivíduos após a dieta
com alta proporção de lipídios (68 mmol/kg de massa seca)
quando comparados à resposta à dieta com alta proporção
de carboidratos (121 mmol/kg de massa seca). No entanto,
o tempo de exaustão sob o teste de moderada intensidade
foi significativamente maior após a dieta com alta
proporção de lipídios (80 min) quando comparado à dieta
com alta proporção de carboidratos (43 min). Esse tempo
prolongado de endurance foi atribuído a um menor
coeficiente respiratório (0,87) observado nos atletas
submetidos à dieta com alta proporção de lipídios quando
comparado ao coeficiente obtido pelos atletas sob dieta
com alta proporção de carboidratos (0,92).
Já Johannessen et al. 33 submeteram sete indivíduos
moderadamente condicionados a uma dieta com alta
proporção de lipídios, de forma líquida ou sólida (76%
lipidios, 14% proteínas e 10% carboidratos) ou a uma dieta
isocalórica, com alta proporção de carboidratos (10%
lipídios, 14% proteínas e 76% carboidratos) por 4 dias, sem
realização de atividade física. Após o período, os indivíduos
foram submetidos ao exercício, mais especificamente uma
corrida em esteira até a exaustão, a 70% do VO2
máx., com 30 min de atividade contínua e 10 min de
descanso. Como resultado do estudo, os indivíduos
submetidos à dieta com alta proporção de carboidratos
permaneceram em atividade por um tempo
significativamente maior que os submetidos à dieta com
alta proporção de lipídios. Observou-se, ainda, que os
níveis de glicose séricos diminuíram muito após a dieta
com alta proporção de lipídios, e todos os indivíduos
experimentaram sintomas indesejáveis de baixa
concentração de glicose sérica no momento de exaustão.
Os autores concluíram que 4 dias sob uma dieta com alta
proporção de lipídios conduz à fadiga prematura quando
comparados a uma dieta com alta proporção de
carboidratos, resultados esses posteriormente observados
por demais autores. 39
Kiens et al. 38 submeteram indivíduos destreinados a uma
dieta com alta proporção de lipídios (62% das calorias
totais; n = 10) ou com alta proporção de carboidratos (65%
das calorias totais; n = 10) por 7 semanas. Todos os
indivíduos realizaram treinamento de endurance 3 a 4
vezes por semana ao longo do estudo. Ao final do período,
os que consumiram a dieta com alta proporção de
carboidratos melhoraram significativamente seu tempo de
endurance de 35 min (início do estudo) para 102 min
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(191% de melhora), enquanto os submetidos à dieta com
alta proporção de lipídios melhoraram seu tempo para
apenas 65 min (85% de melhora). Nesse estudo, a
adaptação a uma dieta com alta proporção de lipídios
pareceu não auxiliar na melhora do desempenho.
Os estudos que investigam esse assunto vêm gerando
resultados distintos, muitas vezes devido a diferenças nos
desenhos experimentais das pesquisas, no nível de
treinamento dos indivíduos estudados, nas metodologias
de aferição do desempenho, nas diferentes proporções de
lipídios oferecidos nas dietas e no tempo sob o qual os
indivíduos foram submetidos à conduta. Uma análise crítica
desses estudos revela que as dietas com alta proporção de
lipídios (acima de 60%) são muito reduzidas em
carboidratos. Dessa forma, os níveis de glicogênio
muscular dos indivíduos submetidos a esse tipo de conduta
dietética já se encontram extremamente reduzidos no
início da atividade de endurance, isto é, a quantidade total
de carboidratos ingerida (g/dia) não é suficiente para a
manutenção dos níveis ótimos de glicogênio muscular.
É consenso na literatura que, se a atividade física for
iniciada já com estoques reduzidos de glicogênio muscular,
a rápida diminuição dos níveis desse substrato fará com
que o indivíduo interrompa a atividade precocemente por
fadiga. Contudo, se a ingestão de lipídios for aumentada
em proporções adequadas, de forma a manter o
fornecimento suficiente de carboidratos para tornar plenos
os níveis de glicogênio muscular, é realmente possível que
o tempo de endurance do atleta seja aumentado, baseado
no fato de que maior oxidação de lipídios poupará o
glicogênio muscular, desde que este esteja pleno58 Além
disso, dietas com alta proporção de lipídios (60 a 70% das
calorias totais), em geral, não são condutas de fácil adesão
para o dia a dia dos atletas e podem causar desconfortos
gastrintestinais, sobretudo durante a atividade, devido à
digestão mais prolongada dos lipídios. A infusão de lipídios,
por sua vez, não é conduta prática durante a atividade,
além de ser prática ilegal em competições.86
Apesar de interessante a teoria de que pela adaptação a
dietas com alta proporção de lipídios seria possível poupar
glicogênio muscular e, dessa forma, melhorar o
desempenho e prolongar o tempo de exaustão em
atividades de longa duração, as evidências da viabilidade
desse processo ainda não são suficientes para se chegar a
um consenso sobre o assunto. Do ponto de vista da saúde,
dietas com alta proporção de lipídios estão associadas a
doenças crônicas degenerativas e a síndrome metabólica,
condições que conduzem a doenças cardiovasculares,
diabetes e certos tipos de câncer.
No entanto, ainda não está comprovado que esses efeitos
deletérios à saúde se aplicariam a indivíduos fisicamente
ativos. Apesar disso até que novos estudos sejam
realizados, sob metodologias plausíveis, permanece o
consenso atual de que dietas contendo alta proporção de
lipídios (acima de 30% das calorias totais) não melhoram o
desempenho físico e podem ser fator de risco para doenças
cardiovasculares e certos
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tipos de câncer não sendo, portanto, recomendadas.
Triglicerídios de cadeia média (TCM)
Uma vez que a digestão dos lipídios é, em geral, mais lenta
que a dos carboidratos, eles permanecem no trato
gastrintestinal por mais tempo antes de serem absorvidos
pelo organismo. Esse fato contribui para a não utilização
dos lipídios como fonte exógena imediata de energia, como
acontece com os carboidratos.
Os triglicerídios de cadeia média (TCM ou MCT) são
exceção a essa regra, uma
vez que são processados pelo organismo de forma
diferenciada dos demais lipídios típicos da dieta. Os TCM
são lipídios 100% saturados, constituídos por três ácidos
graxos de cadeia média (AGCM) ligados a uma molécula de
glicerol. No entanto, o fato de os AGCM apresentarem
apenas de seis a doze átomos de carbonos ao longo de
suas cadeias faz que sejam digeridos, transportados e
utilizados como fonte de energia de forma diferenciada no
organismo, isto é, passam rapidamente pelo estômago e
são reduzidos a AGCM, que são absorvidos pela mucosa
intestinal de forma tão rápida quanto a glicose.
Quando comparados aos AGCL, os AGCM apresentam maior
solubilidade em
água e requerem menor ação da enzima lipase pancreática
e dos sais biliares para sua digestão. Uma vez no interior
das células da mucosa intestinal, não necessitam ser
ressintetizados a triglicerídios e incorporados aos
quilomícrons para transporte pela corrente sanguínea,
como ocorre com os AGCL. Os AGCM entram na veia porta
e se
ligam à albumina para serem transportados ao fígado de
forma tão rápida quanto a glicose. Atingem a circulação
sistêmica e se tornam disponíveis para o metabolismo 250
vezes mais rápido do que os AGCL. Os AGCM não são
armazenados no tecido adiposo e são rapidamente
oxidados pelas células para prover energia, sobretudo no
fígado. Uma vez no interior das células musculares, não
dependem da carnitina para ser transportados ao interior
das mitocôndrias. Por fim, são metabolizados de forma tão
rápida quanto a glicose, porém fornecem
aproximadamente 8 kcal, isto é, o dobro fornecido pela
glicose (4 kcal).
A observação dessas características peculiares dos TCM e
dos AGCM levou diversos pesquisadores a propor que os
TCM poderiam vir a ser uma fonte importante de energia
durante a atividade física, em especial durante eventos de
ultraendurance25
e, além disso, a contribuir para a diminuição da taxa de
utilização de glicogênio durante a atividade, poupando,
dessa forma, esse substrato energético. Muitos estudos
foram desenvolvidos pela avaliação dos efeitos dos TCM
sobre o desempenho, a redução das taxas de uso de
glicogênio muscular e aumento da utilização de lipídios
como substrato energético durante o exercício.
Um dos primeiros estudos desenvolvidos com TCM,
relacionados à atividade
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física, foi conduzido por Ivy et al. 28 Os autores
submeteram dez indivíduos bem treinados, do gênero
masculino, a 1 hora de atividade a 70% do VO2 máx., sob a
seguinte conduta dietética: (i) grupo-controle (indivíduos
que se exercitaram após uma noite de jejum); (ii) 30 g de
TCM misturados a cereais e 240 mL de leite desnatado
(621 kcal) oferecidos 1 hora antes do exercício; (iii) 30 g de
triglicerídios de cadeia longa misturados a cereais e 240
mL de leite desnatado (609 kcal) oferecidos 1 hora antes
do exercício; (iv) apenas cereais e 240 mL de leite
desnatado (354 kcal) oferecidos 1 hora antes do exercício.
Como resultado, não foram observadas diferenças nas
taxas de sensação subjetiva ao esforço. A adição de TCM
não aumentou de forma significativa os níveis plasmáticos
de ácidos graxos ou a taxa de oxidação de lipídios durante
a atividade quando comparada às demais condutas
dietéticas. Com base nessas observações, os autores
concluíram que a combinação oferecida de carboidratos e
TCM não foi uma forma efetiva de fornecimento de energia
para a melhora do desempenho, uma vez que todos os
tratamentos dietéticos (com exceção do grupo-controle)
forneceram a mesma quantidade de lipídios e carboidratos.
Os autores relataram, ainda, que, em etapas experimentais
do estudo, a ingestão de 50 a 60 g de TCM causou
desconfortos abdominais em 100% dos indivíduos em
estudo, enquanto a
quantidade de 30 g causou esses sintomas em apenas 10%
deles.
Decombaz et al. 12 encontraram resultados semelhantes.
Nesse estudo foram oferecidos a doze indivíduos, 1 hora
antes do exercício, 25 g de TCM ou 50 g de carboidratos.
Os indivíduos permaneceram em atividade por 1 hora, a
60% do VO2
máx. Os resultados demonstraram que os TCM não
contribuíram para a redução das taxas de utilização de
glicogênio muscular durante o exercício, no entanto
compreenderam 10% do gasto energético total da
atividade. Os autores concluíram que os TCM parecem não
oferecer vantagens sobre os carboidratos como substrato
energético e, principalmente, para a melhora do
desempenho.
Outros estudos de investigação dos efeitos da
administração de TCM durante atividade física por bebidas
foram desenvolvidos. Massicotte et al. 54 estudaram os
efeitos da administração de água com TCM (25 g) ou
glicose (57 g) durante o exercício em seis indivíduos em
atividade por 2 horas, a 65% do VO2 máx. Observou-se que
os TCM e os carboidratos foram oxidados à energia em
taxas similares, porém, representaram apenas 7 e 8,5%,
respectivamente, do total de energia produzido com a
atividade. Não se verificou, contudo, redução no uso de
carboidratos endógenos para ambos os substratos
energéticos administrados. Esses resultados foram
confirmados por outros estudiosos30,31 que observaram,
ainda, que a administração de TCM não contribuiu para a
diminuição da taxa de utilização do glicogênio muscular
durante a atividade, mesmo quando essa reserva
energética já se encontrava reduzida antes do
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exercício. A possibilidade de se administrar maior
quantidade de TCM nesses estudos foi inviável por causa
dos desconfortos gastrintestinais gerados pela substância.
Os efeitos da administração de TCM sobre o desempenho
foram estudados por Van Zyl et al.95 Os autores
submeteram seis ciclistas de endurance, treinados, a três
ocasiões distintas de exercício, por 2 horas a 60% do VO2
máx., com posterior teste de tempo para uma distância de
40 km. Os indivíduos em estudo foram submetidos a três
condutas dietéticas em ordem aleatória: solução de 10%
de glicose, solução de 4,3%
de TCM ou solução de 10% glicose + 4,3% TCM. Os
resultados demonstraram que a
substituição da glicose por TCM tornou os tempos de teste
5,3 min. mais lentos. No entanto, a combinação de TCM e
glicose na mesma bebida melhorou os tempos em 1,7
minuto. As concentrações de glicogênio muscular não
foram aferidas.
Jeukendrup et al. 31 confirmaram tais resultados,
observando que a administração de uma solução
isocalórica de apenas glicose ou de TCM combinados a
glicose não melhorou o desempenho de ciclistas treinados
quando comparada à administração de uma solução
placebo à base de água, aromatizantes e corantes. No
entanto, a administração de TCM isoladamente prejudicou
o desempenho em 17 a 18% quando comparada às demais
intervenções dietéticas, inclusive ao placebo. Os autores
observaram que os TCM não afetaram a utilização de
carboidratos e proteínas durante o exercício, como também
não exerceram efeitos sobre as taxas de glicogênio e
demais carboidratos endógenos. Os autores ressaltaram,
ainda, que a quantidade de TCM
administrada no estudo (85 g) resultou em desconfortos
abdominais, como ocorrência de vômitos em dois
indivíduos e episódios de diarreia em três deles. Eructações
e sensação de estômago cheio foram relatados por todos
os indivíduos em todos os tratamentos dietéticos, com
exceção do placebo. Cólica gastrintestinal foi a queixa mais
comum relatada pelos indivíduos sob a administração de
TCM isoladamente.
Em 2005, objetivando determinar se a ingestão combinada
de TCM ao carboidrato
alteraria o substrato metabolizado por ciclistas de
ultraendurance, Goedecke et al. 22
submeteram oito atletas a um dos seguintes protocolos de
suplementação em dois momentos distintos, com, no
mínimo, 7 dias de intervalo: (i) 75 g de carboidratos, 1
hora antes do teste (270 min de ciclismo a 50% da sua
potência máxima) e, durante, 200 mL de solução a 10% de
carboidratos a cada 20 min; (ii) 32 g de TCM, 1 hora antes
de realizarem o mesmo teste e, durante, 200 mL de
solução a 4,3% de TCM +
10% de carboidratos a cada 20 min. Os pesquisadores
concluíram que a suplementação com TCM não alterou o
substrato metabolizado durante o exercício, além de ter
comprometido significativamente o desempenho.
Em síntese, nos estudos desenvolvidos com a
administração de TCM em
indivíduos fisicamente ativos e em atletas, observa-se que,
apesar desse substrato
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contribuir para a disponibilidade total de energia durante a
atividade, sua contribuição para o gasto energético total
parece ser muito pequena, 7 a 8%. Além disso, os
resultados dos estudos levam a crer que o uso de TCM não
poupa glicogênio, como também não diminui a utilização
dos demais carboidratos endógenos e exógenos.
A taxa de oxidação de lipídios permanece inalterada com a
administração dos TCM, antes ou durante o exercício,
mesmo quando as reservas de glicogênio muscular já se
encontram comprometidas no início da atividade. Isso
sugere que os AGCM estão competindo com os AGCL para
a oxidação durante o exercício. Dessa forma, os TCM
podem estar poupando as reservas corporais de lipídios, 5
o que contribui como justificativa para o fato de o
glicogênio muscular não ser poupado quando os TCM são
administrados. Apesar de os TCM passarem rapidamente
pelo estômago e os AGCM
serem rapidamente digeridos, transportados e empregados
pelo organismo como substrato energético, o uso de TCM
como fonte de energia durante a atividade física parece ser
limitado pelos efeitos gastrintestinais adversos.
O consenso atual na literatura sobre o emprego de TCM
como recurso ergogênico
durante a atividade física é de que esse substrato não
exerce efeitos poupadores de glicogênio significativos e,
portanto, não pode ser considerado responsável pela
melhora do desempenho em atividades de endurance,
apesar de ser excelente fonte de lipídios para compor uma
dieta normal devido a todas as vantagens de suas
características metabólicas já descritas.
Ácido linoleico conjugado (CLA)
A sigla CLA significa ácido linoleico conjugado, em inglês
conjugated linoleic acid, e ganhou popularidade como uma
das promessas de suplementos, supostamente sem efeitos
colaterais, que poderia auxiliar na redução da gordura,
especialmente localizada na região abdominal.
O CLA se refere a uma mistura de isômeros (substâncias
que possuem composição
e massa molecular idênticas, mas estruturas diferentes por
possuírem organização atômica diferente dentro da
molécula) do ácido linoleico (ômega-6), que diferem deste
por apresentarem duplas-ligações conjugadas. 70 Em um
composto orgânico insaturado, duas duplas-ligações
separadas por uma única ligação em uma cadeia de
carbonos são chamadas ligações conjugadas.13,25,69,70
O CLA é naturalmente encontrado em alimentos como
carnes bovina, de demais animais ruminantes e de aves,
ovos, leite e seus derivados (queijos e iogurtes), desde que
tenham sofrido algum tratamento térmico. Gorduras
vegetais não são fontes significativas de CLA. No entanto,
ele pode ser produzido a partir do ácido linoleico contido no
óleo de girassol, por um tratamento tecnológico especial. O
CLA foi
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originalmente encontrado na gordura presente no leite, sob
a forma de triglicerídios e fosfolipídios. Há fortes evidências
de que o leite humano seja uma fonte importante de CLA.
25, 107
Os diferentes isômeros do CLA produzem efeitos biológicos
distintos. O principal isômero é o cis 9 trans 11-CLA,
também conhecido como ácido rumênico ou RA. Esse
isômero é produzido pelo metabolismo das bactérias
presentes no processo digestivo de animais ruminantes.
Outro isômero comum, também presente nos tecidos
desses animais, é o trans 10 cis 12-CLA. A maioria dos
estudos até hoje desenvolvidos com CLA usou misturas
com quantidades equivalentes desses dois isômeros mais
comuns, e a maioria dos produtos à base de CLA
atualmente disponíveis no mercado também consiste em
uma mistura desses dois isômeros, com quantidades
bastante inferiores dos demais isômeros, por sua vez não
tão comuns. 25 Na Tabela 3.7, pode-se observar a
concentração do isômero cis 9 trans 11-CLA em algumas
fontes alimentares.
Inicialmente, o CLA foi estudado quase sempre com
animais. O resultado da maioria das pesquisas sugeria que
o CLA poderia trazer diversos benefícios à saúde ou à
estética: combater o câncer e o diabetes, dificultar o
depósito de placas de gordura nas artérias, além de estar
relacionado ao aumento da massa muscular e à redução do
percentual de gordura, dentre outros. No Quadro 3.1, são
apresentadas algumas das prováveis ações da
suplementação com CLA.
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O mecanismo de ação do CLA sobre a composição corporal
ainda é muito pouco
conhecido. Em estudos experimentais com animais,
observou-se que o CLA é normalmente absorvido após a
digestão. No entanto, seu metabolismo pós-absortivo ainda
não foi inteiramente descrito, mas acredita-se que o CLA
seja incorporado aos fosfolipídios das membranas
celulares.
O trans 10 cis 12-CLA é o isômero mais relacionado a
alterações na composição corporal. Algumas hipóteses
para explicar o seu mecanismo de ação sobre a redução do
percentual de gordura corporal já foram descritas. O trans
10 cis 12-CLA poderia estar relacionado: (i) à redução da
atividade da enzima lipase lipoproteica; 25 (ii) à redução no
armazenamento intracelular de ácidos graxos; 3,6,25 (iii)
ao aumento da oxidação lipídica, possivelmente devido a
uma maior atividade da enzima Carnitina Palmitoil
Transferase-1 (CPT-1); 79 (iv) à apoptose das células
adiposas; 37,58, 93 (v) ao aumento da termogênese; 3, 62,
83, 92 (vi) à redução da adipogênese (alteração na
expressão gênica do tecido adiposo, por meio da inibição
de fatores de transcrição que coordenam a expressão de
genes envolvidos com a diferenciação de células adiposas:
PPAR-γ e C/EBP-α)1, 37 (Figura 3.4).
Os primeiros estudos com CLA datam do final da década de
1990 e utilizaram animais, sobretudo camundongos, como
modelos experimentais. Park et al. 72, ao estudar os efeitos
do CLA sobre a composição corporal, submeteram um
grupo de camundongos à suplementação com 5,5% de óleo
de milho e outro grupo à suplementação com 5,0%
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de óleo de milho adicionado de 0,5% de CLA. Os resultados
demonstraram que o grupo que recebeu CLA reduziu de 57
a 60% a gordura corporal e aumentou de 5 a 14% a massa
magra, o que não foi observado para o grupo placebo.
West et al. 101, estudando os efeitos da suplementação
com CLA sobre as alterações na composição corporal,
como também sobre o metabolismo energético,
submeteram um grupo de camundongos à dieta de 2,46
mg de CLA/kcal e 15% de lipídios e outro grupo à dieta de
2,46 mg de CLA/kcal e 45% de lipídios, durante 6 semanas.
Os resultados demonstraram que a suplementação com
CLA proporcionou redução de 43 a 88% nos depósitos de
gordura e aumentou a taxa metabólica basal,
independentemente da composição da dieta recebida.
Observou-se, ainda, aumento na atividade das enzimas
CPT1 e CPT2 no tecido adiposo e no músculo esquelético.
Os estudos sobre a suplementação com CLA em humanos
datam do início de 2000.
Blankson et al. 4 pesquisaram os efeitos do CLA sobre as
alterações na composição corporal de 60 indivíduos com
sobrepeso e obesidade (índice de massa corporal (IMC)
entre 25 e 35 kg/m2). Esses indivíduos foram divididos em
cinco grupos, que receberam, respectivamente, 9 g de óleo
de oliva (placebo); 1,7 g de CLA; 3,4 g de CLA; 5,1 g de
CLA; e 6,8 g de CLA durante 12 semanas. Os resultados
desse estudo confirmaram, em parte, os obtidos nos
experimentos com animais, isto é, todos os indivíduos que
receberam CLA apresentaram redução significativa do
percentual de gordura corporal em comparação ao grupo
placebo. Os autores observaram, também, que a redução
na gordura corporal foi significativamente maior tanto para
o grupo que recebeu 3,4 g de CLA como para o que
recebeu 6,8 g de CLA. Já Zambell et al. 109 não
observaram efeitos significativos da suplementação com
CLA sobre o gasto energético, a oxidação de lipídios e o
coeficiente respiratório em humanos, em repouso ou em
atividade, o que vai de encontro aos resultados observados
em estudos com animais.
Smedman e Vessby88, mediante a suplementação com 4,2
g de placebo/dia (óleo de oliva) ou 4,2 g de CLA/dia,
durante 12 semanas, em 53 homens e mulheres, com
idade entre 23 e 63 anos, observaram que a
suplementação com CLA levou à redução significativa da
gordura corporal, sem promover alterações nas
concentrações sanguíneas de lipídios e no metabolismo
glicídico.
Kreider et al.41, por sua vez, estudaram os efeitos do CLA
sobre a composição corporal, a densidade óssea, a força e
a imunidade de indivíduos envolvidos em treinamento
contra a resistência. Os resultados revelaram que as
alterações observadas para os parâmetros em estudo não
foram estatisticamente significativas, conduzindo os
autores a concluir que o CLA parece não exercer efeitos
ergogênicos em indivíduos com bom nível de treinamento
em atividades de força.
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Estudos mais recentes nem sempre foram capazes de
demonstrar efeitos positivos.
Petridou et al.76 administraram 2,1 g de CLA ou placebo,
durante 45 dias, em 16
mulheres não obesas. Como resultado, os autores
observaram que, apesar de ter havido aumento dos níveis
séricos de CLA, a suplementação não promoveu alteração
no perfil lipídico e na composição corporal. MalpuechBrugere et al. 52 também não foram capazes de observar
alterações na composição corporal nos grupos que
ingeriram 1,5
ou 3 g de cis 9 trans 11-CLA ou de trans 10 cis 12-CLA,
durante 18 semanas. A Tabela 3.8
resume de forma comparativa alguns dos estudos em
humanos quanto à amostra de sujeitos investigados, doses
de CLA testadas e principais resultados encontrados.
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Apesar de alguns estudos longitudinais (durante 1 a 2
anos) sugerindo que a suplementação com CLA seria
considerada segura 45,103,104, existem evidências
contrárias. Pelo menos cinco estudos já verificaram que a
utilização da suplementação com CLA, especialmente o
isômero trans 10 cis 12-CLA, poderia levar à resistência à
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insulina. 19, 44, 82, 99 Esse efeito adverso ocorreria em
resposta ao menor armazenamento de ácidos graxos no
tecido adiposo, fazendo com que permanecessem elevados
no plasma82,90 sendo, então, depositados em outros
tecidos, como o músculo e o fígado.
Essa condição é conhecida com Lipodistrofia, que se
correlaciona fortemente com a resistência à insulina. 44
O CLA é uma substância ainda muito recente e pouco se
sabe como ela age.
Portanto, são necessários mais estudos para elucidar sua
ação sobre a composição corporal e sobre os demais
efeitos associados ao seu uso. Os mecanismos de ação do
CLA em humanos ainda são inconclusivos, uma vez que a
maioria das pesquisas foi realizada em animais. Além disso,
os resultados apresentados diferem de acordo com as
doses suplementadas, tipo de isômero(s) testado(s) e
duração da suplementação.
Segundo Park, 73 os efeitos do CLA em humanos parecem
ser menos expressivos devido às baixas dosagens
utilizadas. Além disso, estudos em humanos costumam
associar a suplementação com restrições energéticas
enquanto animais costumam ingerir essas substâncias ad
libitum. Ainda, a suplementação deveria ser realizada por
mais de 4
semanas. Segundo Lasa et al. 46 a magnitude na redução
da gordura corporal parece diferir de acordo com o modelo
animal escolhido: camundongos > hamsters > ratos.
Com base no exposto, conclui-se relevante o
desenvolvimento de mais estudos em
humanos com a aplicação isolada dos isômeros para
melhor distinção de suas ações peculiares, com a
finalidade de confirmar a efetividade da suplementação
com CLA sobre todos os seus efeitos ergogênicos
propostos.
Em 28 de março de 2007 (resolução no 833), a Diretoria
Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária,
considerando que os estudos científicos apresentados
sobre o CLA foram avaliados pela área técnica de alimentos
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quanto
à segurança e à eficácia, determinou a apreensão, em todo
território nacional, de todos os lotes do produto, por não
possuir registro no Ministério da Saúde.
Os principais motivos apresentados no informe técnico (no
23, de 17 de abril de 2007)59 quanto ao indeferimento dos
pedidos de registro para a comercialização do CLA no
nosso país foram: (i) a ingestão de CLA recomendada pelas
empresas supera em mais de vinte vezes as quantidade
usualmente consumidas pela população; (ii) existem
evidências científicas de efeitos adversos (aumento do
fígado, esteatose hepática, hiperinsulinemia e diminuição
dos níveis séricos de Leptina); (iii) os mecanismos de ação
dos diferentes isômeros e sua interação ainda não foram
adequadamente elucidados e comprovados; (iv) a maioria
dos dados é oriunda de estudos experimentais em animais;
(v) os dados científicos em humanos são controversos e
consideravelmente menos significativos.
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Óleo de cártamo
Em função da proibição da comercialização do CLA, muitos
laboratórios
passaram a ofertar o óleo de cártamo para substitui-lo.
Entretanto, são ainda mais escassos os estudos a respeito
desse lipídio, de modo que pairam dúvidas quanto a sua
eficácia e segurança. A Tabela 3.9 apresenta uma
comparação entre estes dois recursos ergogênicos. Pode-se
observar que no óleo de cártamo não há a presença de
ácidos linoleicos conjugados, desmistificando o conceito
difundido por muitos de que seria uma suplementação com
composição idêntica ao CLA, ou seja, o mesmo produto
com
outro nome na tentativa de burlar a legislação.
Em 2009, Norris et al. 65 estudaram 55 mulheres
portadoras de diabetes mellitus tipo 2, com IMC superior a
30kg/m2, menopausadas (ausência de menstruação há
mais de 1 ano) e com idade superior a 70 anos, que
receberam suplementação com 8 g de óleo de cártamo ou
CLA, durante 16 semanas. Após um intervalo de 4
semanas, todo o procedimento foi repetido, de modo que a
suplementação pudesse ser alterada. A suplementação
com óleo de cártamo promoveu significativa redução da
glicose e da gordura na região do tronco, promoveu maior
aumento da liberação de adiponectina e melhorou a
sensibilidade à insulina. Por outro lado, o CLA gerou ampla
redução da gordura corporal. Ambas as suplementações
geraram respostas semelhantes quanto à redução da
circunferência da cintura.
Por tomografia computadorizada para observação da
gordura visceral, Adams et al. 1 avaliaram trinta sujeitos
saudáveis (com IMC acima de 25 kg/m2, entre 35 e 55
anos de idade, praticantes de treinos de força por, no
mínimo, 6 meses e que não utilizavam medicamentos ou
suplementos para perda de peso), durante 12 semanas.
Nas primeiras 4 semanas todos fizeram uso de placebo
(quatro doses de 1 g de óleo de cártamo, n=30). Nas 4
semanas seguintes, metade dos sujeitos (n=15) passou a
receber CLA (4 cápsulas, totalizando 3,2 g de CLA), e o
restante (n=15) continuou recebendo placebo. Nas 4
últimas semanas, repetiu-se o procedimento inicial, ou
seja, todos os sujeitos (n=30) voltaram a receber placebo.
Os dois grupos não apresentaram alteração significativa de
peso e de IMC após a oitava semana. O tecido adiposo
visceral não se alterou com o CLA, mas essa alteração
ocorreu com o grupo placebo (óleo de cártamo) ao final do
estudo, apesar de não ter havido diferença
estatisticamente significativa entre os grupos em nenhum
momento.
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Óleo de coco
O coco e o óleo de coco (Coco nucifera) são importantes
fontes naturais de TCM
e gorduras saturadas, especialmente de ácido láurico
(C12:0). Em algumas regiões da Ásia, o óleo de coco
representa até 80% da gordura consumida. 42,50
Ao contrário dos outros ácidos saturados, especialmente
ácido mirístico e palmítico, o ácido láurico é resistente à
oxidação não enzimática, portanto, se conserva por longos
períodos, sem necessidade de refrigeração ou adição de
produtos químicos.51 Além disso, a suplementação com
óleo de coco extravirgem seria capaz de exercer ação
antiaterosclerótica, devido a seu benefício no perfil lipídico
e cardiovascular de indivíduos dislipidêmicos11,64,87,89
em comparação às gorduras sólidas ricas em ácidos graxos
trans, 57 especialmente por auxiliar na elevação do níveis
de HDL-C.18, 87,89
Outros benefícios da gordura do coco têm sido sugeridos:
(i) aumenta a resposta
imunológica contra diversos microrganismos (bactérias,
fungos e virus);11,16 (ii) previne alguns tipos de
câncer;11,16 (iii) desempenha ação anti-inflamatória;16
(iv) possui ação antioxidante por ser rico em vitamina E16
e vitamina C;11 (v) auxilia na redução da circunferência da
cintura em obesos;49 (vi) efeito antitrombótico.11
No Brasil, ensaios clínicos têm demonstrado redução da
relação LDL:HDL, aumento do HDL-C e redução da
circunferência abdominal no grupo que utilizou 30 mL
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de óleo de coco durante 3 meses. 2, 87 Por outro lado,
apesar dos potenciais benefícios do óleo de coco no HDL,
um recente estudo com cobaias que comparou óleo de
coco
com azeite de oliva e óleo de girassol comprovou o efeito
hipercolesterolêmico do coco e de seus subprodutos, uma
vez que o grupo tratado com óleo de coco apresentou
aumento significativo da fração não HDL e triglicérides. 48
Liau et al. 49 também não observaram alteração no perfil
lipídico dos sujeitos suplementados com 30 g de óleo de
coco extavirgem (ou 24 g de ácido láurico) durante 4
semanas.
Com base no exposto, conclui-se que, embora os estudos
atuais demonstrem as propriedades nutricionais benéficas
do óleo de coco, a Organização Mundial da Saúde (OMS)
ainda não o reconhece como alimento funcional e,
portanto, não estabeleceu a recomendação do consumo do
produto e de seus componentes.
Coenzima Q (CoQ )
10
10
A coenzima Q10 [CoQ10 ou CoQ(50)] pertence a uma
família de substâncias denominadas ubiquinonas, também
conhecidas como coenzimas Q e mitoquinonas. É
uma substância semissólida semelhante às ceras, lipofílica,
insolúvel em água, cujo papel no metabolismo é o
transporte de elétrons e a produção de energia (ATP).
Também exerce ação antioxidante nas membranas
celulares e nas mitocôndrias, protegendo as células da
peroxidação lipídica. Possui ações cárdio e neuroprotetoras.
É por exercer tais funções, que atualmente a CoQ10 vem
sendo bastante adotada por atletas e praticantes de
atividade física, em geral.25
A CoQ10 ocorre na maioria dos organismos aeróbios, desde
bactérias a plantas e
animais. Quando empregada para suplementação, é
derivada de extratos das folhas do tabaco ou de açúcares
fermentados da cana ou da beterraba. 25
Os mecanismos de ação da CoQ10 ainda não foram
completamente elucidados, portanto, ainda são
especulativos. O organismo é capaz de produzi-la e sua
síntese é semelhante à do colesterol. Seus níveis, no
entanto, diminuem conforme avança a idade do indivíduo.
O motivo dessa diminuição ainda não está esclarecido, no
entanto, acredita-se que seja devido à síntese endógena
diminuída ou ao aumento da peroxidação lipídica, fato
comum decorrente do processo natural de envelhecimento.
25
A CoQ10 é absorvida pelo intestino delgado para o sistema
linfático e depois atinge a corrente sanguínea. Sua
absorção, no entanto, é pequena, correspondendo a cerca
de 40% da dose ingerida. O restante é excretado nas fezes.
A absorção da dose pode se tornar maior quando conciliada
com uma refeição que contém satisfatória quantidade de
lipídios. São necessárias 3 semanas de ingestão diária de
CoQ10, na
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quantidade de 5 a 200 mg por dia, para se atingir as
concentrações séricas máximas da substância. O equilíbrio
deve ser mantido com a administração diária da dose. A
CoQ10
é distribuída a todos os tecidos do organismo, inclusive ao
cérebro. Sua principal via de eliminação são os ácidos
biliares. 25
Os estudos que investigaram os efeitos da suplementação
com CoQ10 sobre o rendimento esportivo são recentes,
datando do final da década de 1990, mas ainda escassos
para se estabelecer um consenso em relação aos
benefícios da substância para os indivíduos fisicamente
ativos. Weston et al. 102 investigaram os efeitos da
suplementação oral com CoQ10 sobre as concentrações
plasmáticas da substância e a capacidade aeróbia de
atletas de resistência, mais especificamente ciclistas e
triatletas.
Os indivíduos foram divididos em dois grupos, que
receberam suplementação com 1,0
mg/kg/dia de CoQ10 ou placebo durante 28 dias. Testes
específicos foram realizados antes e após a
suplementação. Os resultados demonstraram aumento
significativo nas concentrações séricas da substância nos
indivíduos suplementados, porém, não observaram efeitos
sobre o consumo de oxigênio, sobre os limiares anaeróbios
e respiratórios, sobre o lactato sanguíneo, sobre a
frequência cardíaca ou sobre a pressão arterial durante e
após os testes. Já Ylikoski et al. 108, estudando a
suplementação com CoQ10 sobre os indicativos de
rendimento esportivo em atletas de elite, verificaram
melhora em 94% dos atletas suplementados (90 mg
CoQ10/dia) e melhora de apenas 33% no grupo placebo.
Não há consenso na literatura de que a suplementação
com CoQ10 melhore o rendimento esportivo. Ainda são
necessários mais estudos para esclarecer o papel dessa
substância na produção de energia e na melhora da
recuperação muscular pós-exercício, reduzindo os
indicativos de fadiga e danos musculares.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
É consenso na literatura científica que os lipídios são
nutrientes de vital importância para a saúde e integridade
das funções fisiológicas do organismo, assim como é
fundamental para o desempenho esportivo. Portanto, não
devem ser integralmente eliminados da dieta e, sim,
ingeridos de forma adequada e moderada, de acordo com
as recomendações propostas e consideradas seguras para
o consumo diário. A proporção ideal dos diferentes lipídios
na dieta também deve ser considerada, pois é fator
determinante para a prevenção ou o risco aumentado de
doenças crônico-degenerativas.
Os atletas e indivíduos fisicamente ativos devem ser
orientados, por profissionais qualificados, a diminuir a
ingestão de ácidos graxos saturados e a aumentar a
ingestão de ácidos graxos mono e poli-insaturados,
incluindo os essenciais, como hábito alimentar diário. É
recomendada a substituição de alimentos com alto teor de
ácidos graxos saturados por seus similares isentos de
lipídios ou com lipídios reduzidos, assim como a inclusão de
alimentos fonte de ácidos graxos insaturados na
alimentação diária (Tabela 3.10).
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A forma mais prudente de aumentar a oxidação de lipídios
é pelo treinamento associado à reeducação alimentar,
ambos orientados por profissionais qualificados para tal,
com o objetivo principal de manutenção da boa saúde.
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4
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As vitaminas no exercício
Simone Biesek
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INTRODUÇÃO
Vitaminas são uma classe de substâncias orgânicas
complexa encontradas em pequenas quantidades na
maioria dos alimentos. No total, são 13 as vitaminas já
isoladas, analisadas, classificadas, sintetizadas que
apresentam reomendações de consumo. Embora nosso
organismo necessite de quantidades mínimas desses
micronutrientes na dieta diária, sintomas de deficiência de
muitas vitaminas podem aparecer entre 3 a 4 semanas.
As vitaminas são classificadas em lipossolúveis (solúveis
em gordura) e hidrossolúveis (solúveis em água). As
vitaminas A, D, E e K são lipossolúveis; as hidrossolúveis
são vitamina C e as vitaminas do complexo B; tiamina (B1),
riboflavina (B2), niacina, nicotínico ou nicotinamida (B3),
ácido pantotênico (B5), piridoxina (B6), cobalamina (B12),
biotina (H) e ácido fólico, folacina ou folato (B11).
As vitaminas atuam inicialmente como reguladoras das
funções metabólicas e, muitas delas, como as do complexo
B, exercem papel fundamental no metabolismo energético
para o desempenho físico. Alguns estudos têm
demonstrado que a deficiência em vitaminas pode
prejudicar o desempenho atlético. Porém, o uso de
suplementos vitamínicos em indivíduos que mantêm uma
dieta balanceada, com quantidades suficientes de
vitaminas e minerais, não tem demonstrado efeitos
adicionais em termos de melhora no desempenho. Sabe-se
ainda, que atletas têm o hábito de fazer o uso de doses de
vitaminas 50 a 100 vezes maiores do que as
recomendações, entretanto, os malefícios e/ou benefícios
no organismo ainda não são totalmente conhecidos.
De acordo com o Minitério da Saúde, 27 suplementos de
vitaminas e/ou minerais isolados ou combinados entre si
são definidos como produtos formulados para suplementar
a dieta dos indivíduos desde que não ultrapassem 100% da
Recomendação Diária de Ingestão (RDI). Dosagens acima
dessa quantidade são consideradas medicamentos e
devem ser consmidas apenas sob prescrição médica. Nos
anexos deste livro, apresentamos as recomendações atuais
das doses de ingestão de vitaminas consideradas seguras.
O presente capítulo visa apresentar a importância desses
micronutrientes e discutir as recomendações para
indicíduos atletas.
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ASPECTOS GERAIS
Apesar de a maioria das pesquisas que avalia o consumo
de vitaminas no eercíio
não comprova a necessidade de suplementação desses
nutrientes, muitos atletas e indivíduos não atletas vêm
consumindo grande variedade de suplementos, incluindo
vitaminas e minerais, visando benefícios ergogênicos. Os
produtos mais consumidos em nosso meio são a vitamina C
– com a propaganda de atenuar a ação de radicais livres e
de melhorar o sistema imunológico – e os complexos
vitamínicos – com a alegação de recuperação da energia
do organismo.
Krumbach et al., 21 por exemplo, investigaram a
prevalência e as razões do uso de suplementos de
vitaminas e minerais em atletas de uma universidade e
observaram que 56,7% dos entrevistados faziam uso
desses suplementos com regularidade (> 5
vezes/semana), e a principal razão para o uso foi a
recomendação da família ou de amigos, visando a melhora
no desempenho atlético. Resultados semelhantes foram
encontrados por Kim e Keen.19
Sundot-Borgen et al. 49 avaliaram quais sulementos
nutricionais (vitaminas, minerais, ômega-3, antioxidantes,
ginseng, aminoácidos, creatina, e suplementos
energéticos) eram mais utilizados entre atletas da elite da
Noruega, qual era o motivo do uso e quem havia indicado o
suplemento. O estudo revelou que atletas usam mais
suplementos nutricionais quando comparados com o grupo
controle; os produtos mais consumidos foram suplementos
de minerais, aminoácidos e creatina; e o preparador físico
foi quem recomendou o uso desses produtos; a principal
razão para o uso foi
“esses indivíduos sentiam necessidade de adicionar
nutrientes na sua ingestão diária”.
Schroder et al.51 observaram que os suplementos
nutricionais mais utilizados por jogadores da Liga de
Basquete da Espanha foram os complexos vitamínicos
(51%), seguidos por repositores hidroeletrolíticos (21,8%).
É importante lembrar que esses estudos buscaram avaliar
o uso de suplementação de vitaminas entre atletas, sem
considerar a ingestão desses nutrientes pela alimentação.
Jonnalagadda et al., 17 por outro lado, avaliaram o
consumo de nutrientes, bem como o uso de suplementos
de vitaminas e minerais, em uma equipe de mulheres que
praticava ginástica artística. Os autores observaram que
82% das ginastas faziam uso de suplementação de
vitaminas e minerais sem prescrição médica; além disso,
48% das meninas faziam sua alimentação sem orientação
de profissionais. Quando se avaliou a ingestão de
nutrientes consumidos pela dieta, associados à
suplementação, os autores verificaram baixa ingestão de
vitamina E, provavelmente, pelo baixo consumo de fontes
de gordura – fato com frequência observado em atletas
mulheres –, bem como baixa ingestão de vitamina A.
Porém, a ingestão de vitamina C, tiamina, riboflavina e
niacina foi elevada, podendo ser atribuída ao uso de
alimentos fortificados e à suplementação
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dessas vitaminas. A ingestão elevada de vitamina C, nesse
estudo, foi em decorrência do consumo elevado de frutas
cítricas e sucos.
No Brasil, os resultados não são muito diferentes; Santos e
Barros Filho45
investigaram o uso de suplementos de vitaminas entre
estudantes (não atletas) de uma universidade de São
Paulo. O estudo revelou que 30,4% consumiam,
principalmente, complexos vitamínicos e vitamina C
isolada, para a manutenção da saúde. Quanto à ingestão
de suplementos de vitaminas entre atletas brasileiros e os
níveis de adequação de consumo entre diferentes
modalidades esportivas, observa-se ainda poucos estudos
em nosso meio. Porém, Soares et al. 47 avaliaram o
consumo dietético de nadadores competitivos de São Paulo
e do Rio de Janeiro e verificaram pouca inadequação
quanto à ingestão de vitaminas por eles. Os autores
observaram inadequações mínimas de vitamina D para o
gênero feminino e masculino em diferentes faixas etárias,
de vitamina A em nadadores juvenis, de vitamina B1 e B6
tanto para nadadoras juvenis como para nadadores
seniores, quando comparadas às quantidades dietéticas
recomendadas (RDARecomended Dietary Allowance) de
1989. Nesse estudo, os autores não relatam
o uso de suplementação de vitaminas entre os atletas
estudados.
Kazapi e Ramos18, também avaliando o consumo
alimentar de atletas nadadores brasileiros, observaram
inadequação na ingestão de vitamina A entre os atletas do
gênero masculino e do feminino e ingestão excedente de
vitamina C em ambos os gêneros.
Ribeiro e Soares38, avaliando a ingestão dietética de
ginastas olímpicas das capitais do Rio de Janeiro e de São
Paulo, encontraram ingestão adequada de vitaminas nessa
modalidade esportiva, com exceção do ácido fólico entre as
adolescentes cariocas. Já Colares e Soares7, em pesquisa
com atletas competitivos de handebol do Rio de Janeiro,
observaram inadequação na ingestão das vitaminas do
complexo B, principalmente B1, B2 e B6, bem como da
vitamina A, em atletas de ambos os gêneros.
O posicionamento da Associação Americana de Dietética
(ADA), da Associação
Canadense de Dietética (ACD) e do Colégio Americano de
Medicina do Esporte (ACSM) de 20091 não faz nenhuma
menção sobre as necessidades adicionais de vitaminas
para atletas, apenas recomendam cuidado com dietas com
grande restrição no consumo energético ou com atletas
que utilizam técnicas radicais para perda peso.
Esses atletas, provavelmente, estão sob maior risco de
desenvolver alguma deficiência de micronutriente. O
posicionamento também recomenda que atletas
consumam uma dieta que forneça pelo menos as RDA para
todos os micronutrientes.
A Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do
Esporte (SBME)14 sugere cautela na recomendação do
consumo de vitamina C, entre 500 e 1.500 mg/dia, e
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vitamina E, que tem sido prescrita para atletas em regime
de treinamento intenso. A SBME recomenda que
profissionais qualificados, nutricionistas e médicos,
prescrevam, de forma sistemática, vitamina C e E para
atletas, com a ressalva de que esta atitude se baseia em
baixo grau de evidência científica.
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VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS
Essas vitaminas (Tabela 4.1) são dissolvidas e armazenadas
no tecido adiposo corporal; portanto, nosso organismo
apresenta estoques por certo período de tempo. As
vitaminas A e D são armazenadas no fígado; a E é
largamente encontrada em toda a extensão do tecido
adiposo corporal; e a K, entretanto, é armazenada em
pequenas quantidades, sobretudo no fígado. 28 O consumo
de gordura pela dieta é capaz de fornecer as vitaminas
lipossolúveis, portanto, indivíduos que fazem dietas
restritas em gordura podem acelerar o desenvolvimento de
deficiências nessas vitaminas.
Como nosso corpo é capaz de armazenar quantidades
dessas vitaminas, a ingestão
de doses elevadas ou de megadoses (dose de um nutriente
superior a dez vezes sua necessidade) pode elevar o risco
de toxicidade do organismo, superior ao referente às
vitaminas hidrossolúveis. 40 Por exemplo, o consumo diário
de doses elevadas de vitamina A (como retinol) pode
resultar em hipervitaminose A. Em adultos, os sintomas da
hipervitaminose incluem náuseas, cefaleia, diarreia, perda
de cabelo e de cálcio dos ossos, deixando-os quebradiços.
28
Vitamina A
Vitamina A constitui um termo nutricional que descreve
uma família de compostos
alimentares essenciais lipossolúveis, estruturalmente
relacionados com o álcool lipídico retinol, que
compartilham de suas atividades biológicas. A vitamina A,
em suas diversas formas (carotenoides ou vitamina A pré-
formada), é necessária para visão, crescimento,
proliferação e diferenciação celular e integridade do
sistema imunológico.41 Os seres humanos e outros animais
convertem os carotenoides, sobretudo ß-caroteno, em
retinol e seus metabólitos, ou obtêm vitamina A préformada (retinol) em alimentos de origem animal ou em
suplementos nutricionais. É possível alcançar uma ingestão
adequada de vitamina A, a partir de uma dieta
estritamente vegetariana a uma estritamente carnívora. 41
Entretanto, indivíduos que consomem quantidades
pequenas de frutas, vegetais folhosos amarelados e
verdes, fígado, ovos, leite e derivados podem apresentar
níveis baixos de vitamina A no organismo. Sabe-se, porém,
que em sociedades industrializadas como a nossa
encontram-se disponíveis no mercado diversos alimentos
processados enriquecidos com essa vitamina, o que torna
rara sua deficiência. Além disso, é comum, em indivíduos
fisicamente ativos, o uso frequente de suplementação de
vitaminas e minerais, bem como de produtos da linha
esportiva enriquecidos com todas as vitaminas. Esses
suplementos nutricionais contêm vitamina A na forma de
retinol, retinol esterificado e/ou ß-caroteno em doses
geralmente iguais e, algumas vezes, podem exceder as
RDA.
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A vitamina A também apresenta outros papéis fisiológicos
no organismo ainda pouco conhecidos, embora seja
considerado um nutriente essencial para uma ótima função
do sistema imunológico. O ß-caroteno tem sido estudado
por suas propriedades antioxidantes. 60 Há relatos de que
a deficiência de vitamina A pode afetar o desempenho
físico e influenciar no processo de gliconeogênese no
fígado.
As recomendações das necessidades de vitamina A, nas
diferentes fases da vida,
encontram-se nos anexos deste livro.
Vitamina D (Colecalciferol)
A vitamina D é classificada como uma vitamina lipossolúvel
e, ainda, como um hormônio. 60 A atuação dessa vitamina
na manutenção da homeostasia do cálcio e na
remodelação óssea é bem estabelecida.
Existem duas formas fisiologicamente ativas de vitamina D:
a vitamina D2 ou ergocalciferol e a vitamina D3 ou
colecalciferol, ambas com atividade antirraquítica. A
primeira, existente em alimentos de origem vegetal,
origina-se da irradiação do
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ergosterol e é a forma usada na fortificação de alimentos;
já a vitamina D3 resulta da transformação não enzimática
do precursor 7-deidrocolesterol (intermediário na síntese
do colesterol), existente na pele de mamíferos, pela ação
dos raios ultravioletas do sol, da mesma maneira que o
ergosterol. O 7-deidrocolesterol é também o composto
encontrado nos óleos de fígado de peixes, que são
excelentes fontes de vitamina D. 40
No fígado e nos rins, essa vitamina sofre sucessivas
hidroxilações para formar a 1,25-diidroxivitamina D
(1,25(OH)2D), sua forma biologicamente ativa. A
1,25(OH)2D
interage com um receptor nuclear específico em seus
tecidos-alvo, intestino e ossos, o que resulta em uma
resposta fisiológica. 15
Deficiências dessa vitamina podem ocorrer em indivíduos
que não se expõem ao
sol ou que aplicam filtros solares antes de sair de casa. Na
ausência de exposição à luz solar, a ingestão diária deverá
aumentar em três vezes a recomendação. A deficiência
pode alterar o metabolismo do cálcio, levando a
deformidades ósseas conhecidas como raquitismo, comum
em crianças.60 Em adultos, a perda de tecido ósseo é
conhecida pelo termo osteomalacia, podendo coexistir com
a osteoporose na terceira idade; os principais sintomas são
fraqueza muscular e dores ósseas. 40
A ingestão excessiva de vitamina D pode resultar em
toxicidade, cujos principais sintomas são a hipercalemia,
hipercalciúria, anorexia, fraqueza, letargia, náuseas,
vômitos, constipação intestinal, dores articulares,
desorientação e perda de peso. 40
A vitamina D ocorre naturalmente em poucos alimentos.
Óleo de fígado de bacalhau é uma boa fonte; gemas, atum
e salmão apresentam pequenas quantidades; arenque e
cavala apresentam maiores concentrações dessa vitamina.
Além disso, muitos alimentos são fortificados com vitamina
D, como margarina, leite e alguns cereais matinais.
Recomenda-se de 5 a 30 minutos de exposição ao sol nas
mãos, nos antebraços e
na face, duas a três vezes por semana, em indivíduos
idosos. Após a exposição à luz solar por um curto período,
os indivíduos devem aplicar filtro solar para evitar os
efeitos deletérios crônicos da exposição excessiva à luz
solar. 15
Até o momento não existem recomendações especiais para
indivíduos fisicamente
ativos, e seu possível papel no desempenho físico ainda
não é conhecido. Porém, novas descobertas do papel da
vitamina D em outras funções vitais do corpo humano têm
emergido na literatura. Algumas das funções estão
envolvidas com a síntese de proteínas e hormônios e
resposta imune. Além disso, descobriu-se um receptor da
vitamina D dentro do músculo, sugerindo um papel
significativo da vitamina D na função muscular. 31
Pesquisas têm sugerido que a vitamina D tem um papel
importante na fraqueza muscular, dor e fraturas na
população idosa, porém, em atletas são poucos os
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estudos que relacionam essa vitamina com desempenho
físico. Considerando que uma parte significativa da
população apresenta níveis sanguíneos insuficientes de
vitamina D, 5 provavelmente muitos atletas poderiam estar
nessa categoria. 31
Ogan e Pritchett31 sugerem monitoramento dos níveis de
vitamina D em atletas e recomendam que atletas ingiram
uma quantidade adequada da vitamina para manter níveis
ótimos de 25(OH)D acima de 40 ng/mL. Além disso, esses
autores sugerem que muitos atletas, especialmente
aqueles que realizam atividades em espaços internos, sem
exposição ao sol e aqueles com níveis insuficientes de
vitamina D, deveriam ingerir em torno de 5.000UI de
vitamina D/dia por oito semanas para atingir valores de 40
ng/mL
e, em seguida, manter uma ingestão de 1.000 a
2.000UI/dia. Mulheres atletas que apresentam desordens
alimentares devem ser rotineiramente monitoradas por
apresentarem maior risco de alterações na massa óssea.
12,17 Em 2011, as recomendações de vitamina foram
aumentadas para a maioria das faixas etárias e podem ser
observadas nos anexos deste livro. 37
Vitamina E
Vitamina E constitui o nome coletivo para moléculas que
exibem atividade biológica do α-tocoferol, incluindo todos
os derivativos tocóis e tocotrienóis. 56 O αtocoferol é o que apresenta maior atividade biológica e é
encontrado em abundância nos alimentos, 40 porém sua
absorção é ineficiente (apenas 20 a 40% do que é
ingerido).
A eficiência na absorção da vitamina E é aumentada pelo
concomitante consumo de gordura na dieta.3
A vitamina E atua in vivo como um antioxidante interruptor
de cadeia que previne a auto-oxidação subsequente de
lipídios. 56 Assim, apresenta propriedades antioxidantes,
particularmente em tecidos que contêm níveis elevados de
ácidos graxos poli-insaturados (PUFA), existentes nas
membranas celulares; os PUFA são suscetíveis à oxidação
mediada por radicais livres, assim a vitamina E age
bloqueando as reações que ocorrem durante o processo de
oxidação lipídica, preservando a membrana celular. 3
A vitamina E aparece nos alimentos predominantemente
como α-tocoferol.
Tocoferóis ocorrem em grandes concentrações em gérmen
de trigo, amêndoas, nozes e avelãs. Óleos ricos em ácidos
graxos poli-insaturados, como os de girassol, amendoim,
milho e soja, recebem fortificação com vitamina E. Carnes,
sobretudo as com maior teor de gordura, também são boas
fontes de vitamina E. Produtos fabricados com esses óleos,
como margarinas e maioneses, também apresentam essa
vitamina,40 além de grãos não processados de cereais.
Frutas e hortaliças contêm menores quantidades. 56
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Atualmente, a vitamina E vem sendo consumida pela
suplementação, devido à alegação de propriedade
antioxidante.
Com exceção da anemia hemolítica e da retinopatia, que
podem ocorrer por deficiência de vitamina E em bebês
prematuros, a deficiência dessa vitamina, por limitações
dietéticas, não tem sido observada em humanos. 4 Porém,
estudos em animais têm observado a essencialidade da
vitamina E na função reprodutora de ratas; lesões
neurológicas em ratos e macacos; e ataxia cerebelar em
frangos. Deficiências genéticas podem resultar em severa
deficiência de vitamina E. Nesse caso, os sintomas comuns
são retardo mental, ataxia cerebelar, perda do reflexo dos
tendões e disartria, entre outros. 4
Doses bem acima das recomendações têm apresentado
efeitos benéficos no
tratamento de doenças cardiovasculares, câncer,
inflamação crônica e doenças de Alzheimer e Parkinson.
Porém, como os estudos são pouco conclusivos quanto ao
modo como a vitamina E atua nos tecidos, não foi aprovado
o aumento nas recomendações dessa vitamina. 4 Tem sido
relatado que doses muitas elevadas dessa vitamina
também podem agir como pró-oxidante. 3
A recomendação de ingestão dietética de vitamina E é de 5
mg/dia para homens e
mulheres, acima de 13 anos de idade, é recomendada
pelas RDI. A ingestão de 50 a 100
vezes as recomendações parece ser segura. Contudo,
pacientes tratados com anticoagulantes não devem
receber doses altas dessa vitamina, para evitar
hemorragias.
Exceto por essa interação com a vitamina K, não parece
haver efeitos colaterais específicos associados a altas
doses de vitamina E em adultos. 40
Mulheres atletas, com frequência, fazem dietas restritas
em gordura. Sacheck et al. 43 avaliaram os níveis
plasmáticos da vitamina E em atletas com dieta restrita em
lipídios e verificaram que, apesar desses indivíduos não
consumirem a quantidade de vitamina E recomendada, o
consumo foi suficiente para evitar o estresse oxidativo do
exercício.
Takanami et al. 53 sugerem suplementação de 100 a 200
mg/dia de vitamina E para todos os atletas de endurance
com o intuito de prevenir os danos causados pelo exercício.
A produção de radicais livres parece não ser
exclusivamente gerada durante exercícios físicos aeróbios,
mas também durante períodos intensos de atividade física
anaeróbia. Fatores ambientais, como altitude relacionada
com hipóxia hipobárica, redução na temperatura ambiental
e aumento da exposição a raios UV, também podem estar
relacionados com estresse oxidativo.50 Há sugestões que
atletas envolvidos com atividades na altitude poderiam se
beneficiar do uso de substâncias antioxidantes.
Subudhi et al. 50 avaliaram marcadores de danos
oxidativos em uma equipe de
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atletas de esqui. Os resultados encontrados sugerem que
esses atletas podem apresentar declínio no estado
antioxidante durante período de intenso treinamento, mas
como não foi observado estresse oxidativo, conclui-se que
atletas treinados podem aumentar suas defesas
antioxidantes mediante ingestão dietética adequada, sem
necessidade de suplementação. Como ainda são escassos
os estudos em humanos avaliando o uso de vitaminas
antioxidantes no desempenho físico, mais pesquisas são
necessárias para verificar a real necessidade de
suplementação. 2, 35,50 O papel dessa vitamina como
antioxidante será discutido no Capítulo 6.
Vitamina K
A vitamina K é constituída por um grupo de substâncias
com propriedades anti-hemorrágicas, derivadas de
naftoquinona, e está presente em alimentos de origem
vegetal (filoquinonas ou vitamina K1) ou sintetizadas pelas
bactérias intestinais (menoquinonas ou vitamina K2).40
Para se processar a coagulação sanguínea, é necessário
haver a transformação do
fibrinogênio em fibrina insolúvel, com a interferência de
uma enzima proteolítica, a trombina. Esta, por sua vez, se
origina da protrombina (fator II), por meio de vários fatores,
três deles dependentes da vitamina K, a saber: a próconvertina (fator VII), o fator anti-hemofílico B (fator IX) e o
fator Stuart (fator X). A vitamina K influi, ainda, na síntese
de proteínas;40 é conhecida por influenciar no
metabolismo ósseo, facilitando a síntese de osteocalcina.
59
A administração de óleo mineral reduz a absorção de
vitamina K,40 bem como o uso de salicilatos, como a
aspirina, que é frequentemente consumida, aumentando as
necessidades dessa vitamina.59 Sua deficiência primária é
incomum em adultos saudáveis, pois a flora microbiana do
intestino normal sintetiza menaquinonas que podem
contribuir com a necessidade de vitamina k; além disso,
essa vitamina é amplamente encontrada em tecidos
animais e plantas.32
A necessidade de vitamina K em mamíferos é alcançada
pela combinação da ingestão alimentar com a biossíntese
microbiológica no intestino. Fatores genéticos influenciam
na necessidade de vitamina K tanto em animais como em
humanos, pois indivíduos do gênero masculino necessitam
de mais vitamina K por quilograma de peso do que os do
gênero feminino. Os dados disponíveis, porém, não
estabelecem de forma conclusiva a necessidade de
vitamina K em humanos. Não há relatos a respeito de
efeitos tóxicos da filoquinona em até 500 vezes sua RDI
nem estudos na literatura relacionando vitamina K e
desempenho físico.
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VITAMINAS HIDROSSOLÚVEIS
As vitaminas do complexo B (Tabela 4.2) são
particularmente importantes nos aspectos relacionados à
produção de energia; atuam no metabolismo de
carboidratos, lipídios, proteínas e ácidos nucleicos e, por
esse motivo, vários estudos têm sido realizados a fim de
investigar os efeitos da deficiência ou da suplementação
dessas vitaminas no desempenho físico. A vitamina C,
particularmente, tem sido estudada devido às suas
propriedades antioxidantes.
Essas vitaminas, por serem solúveis em água, são pouco
armazenadas no
organismo, e o excesso é, na maioria das vezes, eliminado
pela urina.
Vitamina C (ácido ascórbico)
O ácido ascórbico apresenta múltiplas funções, entre elas a
capacidade de ceder e receber elétrons, o que lhe confere
um papel essencial como antioxidante e a de reciclar a
vitamina E,35,39 que será discutida no capítulo dos
micronutrientes antioxidantes (Capítulo 6). O ácido
ascórbico é necessário para produção e manutenção do
colágeno, participando na hidroxilação da prolina,
formando hidroxiprolina. É
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essencial para a oxidação da fenilalanina e da tirosina e
para a conversão de folacina em ácido tetraidrofólico
(THFA). É também necessário para redução do ferro férrico
a ferro ferroso no trato intestinal. 57 O ascorbato deve vir
em conjunto com o ferro em duas etapas da via de
biossíntese da carnitina, em reações similares à
hidroxilação da prolina durante a formação do colágeno. O
ácido ascórbico exerce efeitos vasodilatadores e
anticoagulantes, nas funções imunológica e respiratória,
entre outras. 16
Quando a ingestão alimentar de ácido ascórbico é
insuficiente, humanos exibem um conjunto de condições
reprodutíveis, denominada escorbuto. Os sintomas vão
desde defeitos na formação de tecido conjuntivo a uma
série de manifestações hemorrágicas, incluindo
sangramento no interior das articulações. A redução na
capacidade da gengiva de resistir à inflamação e a
sangramentos parece consistir em um sinal físico precoce
da deficiência dessa vitamina. 16, 39
O escorbuto clínico é raro em países desenvolvidos, mas
ainda pode ocorrer em
indivíduos com dietas deficientes (p. ex., naqueles que
abusam de álcool e de fármacos) e com dietas restritivas
em ácido ascórbico. Em geral, indivíduos idosos são mais
propensos a apresentar deficiências por viverem isolados e
não consumirem grandes quantidades de frutas e
hortaliças.16
Além da necessidade absoluta de 5 a 10 mg/dia de
vitamina C para prevenir o escorbuto, a necessidade
alimentar humana dessa vitamina permanece controversa.
As recomendações mundiais atuais para a ingestão de
vitamina C variam de 45 a 90
mg/dia37 (ver anexos).
Parece que aportes farmacológicos de ácido ascórbico que
variam de 1 a 15 g/dia
podem apresentar efeitos deletérios no organismo. Porém,
grandes doses de ácido ascórbico não parecem tóxicas.
Mecanismos homeostáticos – saturação na absorção de
ingestões entre 2 a 3 g⁄dia e depuração renal do excesso
de vitamina não metabolizada –
provavelmente exercem um dos principais papéis na
prevenção da toxicidade pelo ácido ascórbico. Além disso,
o fato do ácido oxálico constituir um metabólito do
catabolismo do ácido ascórbico aumenta a preocupação
acerca da hiperoxalúria na formação de cálculos renais,
apesar do excesso do ácido ascórbico ser excretado
sobretudo na forma não modificada na urina e da
quantidade metabolizada a oxalato ser limitada,
independente do aporte. Náuseas e diarreias também são
alguns dos sintomas consequentes do consumo de
megadoses dessa vitamina. 16
A maioria dos estudos que relacionam a vitamina C à
atividade física discute seus efeitos como antioxidante. Por
exemplo, Sanchez-Quesada et al. 44 observaram que o uso
de 1 g de ácido ascórbico inibiu a suscetibilidade em elevar
a lipoproteína de baixa densidade (LDL) após uma sessão
de exercício aeróbio intenso. Com relação à
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necessidade da suplementação da vitamina C durante o
exercício e seu efeito na defesa imunológica, os resultados
são controversos: alguns estudos demonstram pouco ou
nenhum efeito benéfico, 5,11,20,30,42, 55 e outras
pesquisas, por outro lado, demonstram benefícios.33,34,52
Entretanto, é importante estar atento aos efeitos próoxidantes da vitamina C quando ingerida em excesso (ver
Capítulo 6).
Tiamina (B )
1
A tiamina é conhecida como vitamina B1, vitamina F ou
aneurina. É uma substância com um anel pirimidínico
ligado ao tiazol por uma ponte metílica, solúvel em água,
que perde sua atividade quando submetida a altas
temperaturas ou a pH
alcalino.63,57
A tiamina ingerida é relativamente bem absorvida,
rapidamente convertida à forma fosforilada e, pelo fato de
não ser armazenada em grandes quantidades em qualquer
tecido, é necessário um fornecimento contínuo. Do total de
tiamina corpórea, cerca de 80% de tiamina corpórea é
constituída de tiamina pirofosfato (TPP), 10% de trifosfato
de tiamina e o restante é constituído de monofosfato de
tiamina (TMP) e tiamina.63
A TPP é necessária para a descarboxilação oxidativa do
piruvato, formando acetato e acetilcoenzima A,
componente principal do ciclo de Krebs. Essa conversão é
essencial para o metabolismo aeróbio da glicose; portanto,
o desempenho físico pode ser prejudicado se essa
conversão não ocorrer. 59 De modo geral, a TPP é
necessária para a descarboxilação de outros α-cetoácidos
(ácido α-cetoglutárico e
cetocarboxilatos) derivados de aminoácidos metionina,
leucina, isoleucina e valina.
Portanto, a tiamina é necessária ao metabolismo de
carboidratos bem como ao de proteínas.25,57
A deficiência acentuada de tiamina causa uma doença
conhecida como beribéri.
Em animais e humanos, afeta os sistemas cardiovascular,
muscular, nervoso e gastrintestinal. Insuficiência cardíaca,
fraqueza muscular, neuropatia periférica e central, bem
como disfunção gastrintestinal, têm sido observados em
humanos com dieta restrita em tiamina.63
A deficiência de tiamina ocorre mais frequentemente nas
áreas em que a alimentação básica consiste em arroz,
farinha refinada e peixes crus, que contêm em seu trato
gastrintestinal micro-organismos que sintetizam tiaminase,
enzima que quebra a tiamina. Contudo, uma das principais
causas da deficiência de tiamina no Ocidente é o
alcoolismo.57
Um aumento das necessidades de tiamina devido ao
exercício físico extenuante, à
febre, à gravidez, à lactação ou ao crescimento no
adolescente pode precipitar
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manifestações clínicas em indivíduos com status marginal
de tiamina.63 Teoricamente, o exercício aumenta a
necessidade dessa vitamina, porém, até o momento, são
raros os estudos metabólicos que avaliam o estado da
tiamina em indivíduos ativos. 24,25 Além disso, pesquisas
realizadas com estes observaram ingestão dietética
adequada de tiamina.10,11 Webster61 suplementou 6
ciclistas altamente treinados com tiamina e ácido
pantotênico e não encontrou alteração no metabolismo
nem no desempenho dos atletas suplementados.
Como a tiamina é essencial ao metabolismo de
carboidratos e dos aminoácidos de
cadeia ramificada, a ingestão de tiamina encontra-se
expressa em termos de ingestão calórica total. As RDI
atuais para tiamina correspondem a 1,2 mg/dia para
homens com 14 ou mais anos de idade. Para as mulheres,
a recomendação é de 1,0 mg/dia na faixa etária entre 14 e
18 anos de idade e 1,1 mg/dia para mulheres com 19 ou
mais anos de idade (ver anexos). Porém, como a TPP é uma
importante coenzima que participa de diversas reações no
metabolismo dos carboidratos, tem-se sugerido que a
recomendação de tiamina deva se basear na ingestão de
carboidratos da dieta. Elmadfa et al. 9 avaliaram os níveis
de tiamina no plasma, na urina e nas fezes e a atividade do
eritrócito transcetolase após o consumo de dietas que
continham 65 e 75% de carboidratos, durante 4 dias
consecutivos, sem alterar os níveis da atividade física
habitual. Observou-se redução na tiamina urinária e no
plasma, sem afetar a atividade enzimática. Os autores
acreditam que não houve alteração na atividade
enzimática por causa do curto período de estudo e
sugerem que indivíduos com elevada ingestão de
carboidratos, como atletas, que fazem grande consumo de
produtos comerciais ricos nesse macronutriente, podem
apresentar níveis inadequados de tiamina.
Pacientes com deficiência em tiamina podem ser tratados
com doses fisiológicas
dela. O excesso de tiamina ingerido é rapidamente
removido pelos rins. 63
Riboflavina (B )
2
A riboflavina pertence a um grupo de pigmentos
fluorescentes amarelos
denominados flavinas. O anel da flavina liga-se a um álcool
relacionado à ribose. É
uma substância estável ao calor, à oxidação e aos ácidos,
mas é degradada pela ação da luz, sobretudo a
ultravioleta. A riboflavina é pouco destruída durante o
cozimento ou o processamento dos alimentos. 57
Na forma coenzimática ligada, a riboflavina participa de
reações de oxirredução
em numerosas vias metabólicas e na produção de energia,
via cadeia respiratória.29 A riboflavina é necessária para a
síntese de duas importantes coenzimas – a flavina
mononucleotídio e a flavina adenina dinucleotídio (FAD),
importantes no metabolismo
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de carboidratos, ácidos graxos, glicerol e aminoácidos para
produção de energia. 25
Entre as múltiplas funções, a riboflavina é essencial para
formação de células vermelhas do sangue e também está
envolvida na ativação da vitamina B6. 25, 57
Rokitzki et al. 42 avaliaram o estado da vitamina B2 em
várias modalidades de esporte e em indivíduos não atletas
e observaram que a maioria dos atletas apresentava
estoque adequado dessa vitamina, quando comparado com
os valores de referência para indivíduos não atletas. Soares
et al. 48 estudaram o efeito do exercício em 6
indivíduos com sinais de deficiência em riboflavina. Os
autores sugerem que há aumento no recrutamento de
riboflavina para reações bioquímicas durante o exercício, o
que favorece a deterioração dos níveis em indivíduos
deficientes dessa vitamina.
Para avaliar o impacto da restrição na ingestão de tiamina,
riboflavina e piridoxina no desempenho físico, Van Der
Beek et al. 58 avaliaram, durante 11 semanas, 24 homens
que receberam dieta com restrição em torno de 55% das
RDA dessas vitaminas, tendo sido todas as outras
vitaminas suplementadas 2 vezes mais que os níveis
recomendados.
Os autores observaram redução da atividade enzimática
eritrocitária e da excreção urinária dessas vitaminas, além
de significativa redução da capacidade aeróbia, consumo
de oxigênio, força e acúmulo de lactato sanguíneo. Porém,
relatam que o declínio no desempenho observado no
presente estudo não pode ser atribuído à deficiência das
vitaminas estudadas por falta de parâmetros específicos
que relacionem o efeito da deficiência dessas vitaminas no
desempenho.
Apesar da riboflavina apresentar ampla distribuição nos
alimentos consumidos, muitos indivíduos vivem por longos
períodos com ingestão reduzida; além disso, a deficiência
ocorre quase invariavelmente em combinação com a
deficiência de outras vitaminas hidrossolúveis. 29 Os
sintomas da deficiência são dor de garganta, hiperemia e
edema de membranas das mucosas faríngea e oral,
queilose, estomatite angular, glossite (língua magenta),
dermatite seborreica e anemia normocrômica e
normocítica. 29
Indivíduos anoréxicos raramente ingerem quantidades
adequadas de riboflavina e
de outros nutrientes. A absorção deficiente pode ser
também consequência de distúrbios que aumentam a
motilidade intestinal e reduzem o tempo de passagem
gastrintestinal, como diarreia, enterite infecciosa e
síndrome do cólon irritável. 29
As RDI de 2001 (ver anexos) para a riboflavina variam de
1,3 mg/dia para homens na faixa de 18 anos de idade e 1,0
mg/dia para mulheres da mesma faixa etária.
A suspeita de que idosos teriam maior requerimento de
vitamina B2 não está comprovada.3 Manore24 acredita que
se, em estudos que avaliam o estado de riboflavina em
indivíduos que seguem programa de exercício e dieta para
redução de peso ocorre aumento da necessidade dessa
vitamina, então atletas mulheres envolvidas
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em atividades extenuantes podem necessitar de pelo
menos 2 a 3 mg/dia de riboflavina.
Niacina (B )
3
As estruturas da niacina também são conhecidas como
ácido nicotínico ou ácido piridina-3-carboxílico. Niacina,
nicotinamida e triptofano são precursores da NAD
(nicotinamida-adenina-dinucleotídio) e da NADP
(nicotinamida-adenina-dinucleotídio fosfato). Esses
nucleotídios são componentes-chave de reações de
oxidorredução, envolvidas no catabolismo de glicose,
ácidos graxos e aminoácidos. As NADP-desidrogenases
estão, preferencialmente, envolvidas em reações
anabólicas (p. ex., síntese de ácidos graxos e de
colesterol). Em contraste, a NAD é utilizada em reações
catabólicas para transferir a energia livre potencial
armazenada em macronutrientes, como carboidratos,
lipídios e proteínas, à NADH, que é utilizada para formar
ATP, a forma primária de energia da célula. 6
A deficiência grave de niacina causa uma doença
conhecida como pelagra, identificada em populações que
tinham o milho como alimento principal. Descobriu-se,
então, que alimentação rica em proteínas de alto valor
biológico poderia prevenir a pelagra. Estudos posteriores
observaram que os sintomas dessa doença eram revertidos
com o uso de niacina ou de triptofano. Os sintomas da
deficiência em niacina são fraqueza muscular, anorexia,
indigestão e erupção cutânea. Em casos graves há
dermatite, diarreia e demência. Estágios iniciais da
dermatite incluem espessamento da pele, descamação e
hiperqueratinização em áreas expostas à luz solar.
Inflamação das membranas mucosas também pode
ocorrer, com úlceras de língua, estomatite, esofagite,
uretrite e vaginite.6 Pacientes alcoólatras e com síndrome
de má-absorção são altamente suscetíveis a desenvolver
pelagra. 57
As recomendações dietéticas de niacina (NE) são de 14 mg
NE/dia e 16 mg NE/dia para mulheres e homens acima de
13 anos de idade, respectivamente (ver anexos). Nosso
organismo é capaz de converter o aminoácido triptofano
em niacina, então define-se um equivalente de NE como 1
mg de niacina ou 60 mg de triptofano. 57
A niacina em grandes doses tem sido utilizada para
tratamento da hiperlipidemia. 6
Além disso, por essa vitamina apresentar papel
vasodilatador, tem sido recomendado seu uso como
termorregulador. 59
É importante que indivíduos fisicamente ativos obtenham,
por meio da
alimentação, as recomendações de niacina para prevenir
alterações na utilização de energia, evitando, com isso,
piora no rendimento físico.
Ácido pantotênico (B )
5
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O ácido pantotênico se encontra amplamente distribuído
em células e tecidos e é essencial a todas as formas de
vida. 36 Sua forma biologicamente funcional é a coenzima
A (CoA), um cofator essencial para reações biológicas de
acetilação, como a acetilação da sulfonamida no fígado e
da colina no cérebro. Demonstrou-se que a CoA contendo
pantotenato é essencial ao ciclo respiratório do ácido
tricarboxílico, à síntese e à degradação de ácidos graxos e
a diversos outros processos metabólicos e regulatórios. 36
O ácido pantotênico é relativamente estável em pH neutro.
Entretanto, parece que o cozimento é capaz de destruir de
15 a 50% da vitamina presente na carne crua; já, no
processamento de vegetais, as perdas de pantotenato
podem variar de 37 a 78%. 36
Após a ingestão, a partir de fontes alimentares, a CoA é
hidrolisada no lume intestinal a ácido pantotênico, que é
absorvido para a corrente sanguínea. Múltiplas etapas
hidrolíticas liberam ácido pantotênico a partir da CoA, com
a reação final única consistindo na hidrólise da panteteína
a cisteamina e a pantotenato, que é excretado na urina.
Este, geralmente na forma de CoA, exerce múltiplos papéis
no metabolismo celular e é essencial para a oxidação de
produtos glicolíticos e outros metabólitos produtores de
energia, pelo ciclo mitocondrial do ácido tricarboxílico. O
ácido pantotênico é necessário à síntese de ácidos graxos e
fosfolipídios de membrana. A síntese dos aminoácidos
leucina, arginina e metionina inclui uma etapa que requer
pantotenato. A CoA é necessária para a síntese de
derivados isoprenoides, como colesterol, hormônios
esteroides e vitaminas A e D. 36
A deficiência de ácido pantotênico é rara em humanos. A
indução de uma dieta com falta de ácido pantotênico
parece provocar fadiga, insônia, instabilidade cardíaca,
vômitos e depressão.57 A administração de ácido
pantotênico apresenta efeitos benéficos em casos não
claramente relacionados à deficiência de pantotenato.36
As recomendações para o ácido pantotênico são de 5
mg/dia para homens e mulheres acima de 13 anos de
idade. Gestantes e lactantes podem precisar de doses mais
elevadas (ver anexos).
Tem sido sugerido que o ácido pantotênico apresenta
efeitos ergogênicos no desempenho físico, porém os
estudos ainda falham em apresentar esse resultado.61 Até
o momento não existem trabalhos que relatem a
necessidade de aumentar a ingestão dessa vitamina em
indivíduos fisicamente ativos. 59
Piridoxina (B )
6
Vitamina B6 é o nome empregado para os derivados do 3hidroxi-5-hidroximetil2-metil-piridina. Ela engloba três piridinas intimamente
relacionadas: piridoxina (PN),
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piridoxal (PL) e piridoxamina (PM). Todos esses compostos
são encontrados na natureza, portanto podem suprir o
organismo por meio da alimentação. As formas ativas são
as coenzimas piridoxal-5-fosfato (PLP) e piridoxamina-5fosfato (PMP). As três formas da vitamina B6 são
consideradas relativamente lábeis, com o grau de
labilidade sendo influenciado pelo pH. Todas são
relativamente estáveis ao calor em meio ácido, mas
termolábeis em condições alcalinas. 23, 57
As numerosas funções da vitamina B6 são complexas e
multifacetadas. A PLP está
envolvida com a gliconeogênese em reações de
transaminação, bem como pela ação do glicogênio
fosforilase. A conversão direta do triptofano em niacina
envolve uma enzima que requer PLP, a quinureninase. A
vitamina parece ainda estar envolvida no metabolismo
lipídico, atua no sistema imunológico na modulação
hormonal, na função do eritrócito e na síntese de diversos
neurotransmissores. 23 Leonard e Leklem,22 por exemplo,
avaliando as concentrações plasmáticas de PLP após
ultramaratona de 50 km, observaram queda nos níveis de
PLP. No entanto, não se pôde concluir que a vitamina B6
estava sendo metabolizada em taxas mais elevadas nesse
grupo de atletas. Crozier et al. 8 não encontraram os
mesmos resultados provavelmente por diferenças
metodológicas entre as pesquisas.
A deficiência em vitamina B6 provoca dermatite,
diminuição do crescimento, esteatose hepática, anemia e
decréscimo da resposta imunológica, entre outros efeitos.
Os sintomas são parecidos com os da deficiência em
riboflavina e em niacina. A deficiência provoca maior
excreção de oxalato, o que pode causar uma maior
ocorrência de cálculos renais. Doses de piridoxina em torno
de 100 mg podem levar a efeitos colaterais, como falta de
sono; indivíduos que consomem megadoses de piridoxina,
entre 2 e 3 g/dia, podem desenvolver algum tipo de
neuropatia periférica grave. 3, 57
A RDI de 2001 da vitamina B6 para adultos varia de 1,0 a
1,7 mg/dia. As RDI relativas à vitamina B6 para adultos
baseiam-se em estudos metabólicos com dados da
ingestão de vitamina B6 e de proteínas pela população.
Acredita-se que a recomendação atual seja muito baixa
para adultos mais idosos e mulheres jovens e que seria
mais apropriado consumir pelo menos 2 mg/dia (ou 0,020
mg/g de proteína). Para adultos, foi estabelecido um valor
de 0,016 mg de vitamina B6 por grama de proteína. 23
Os requerimentos de vitamina B6 podem aumentar
conforme a quantidade de proteína ingerida. 3 Os
aminoácidos resultantes da ingestão de proteína além das
necessidades do organismo são metabolizados, e tal
processo requer aumento do nível de enzimas
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transaminases, o que acarreta maior necessidade de PLP
nos tecidos. 3 É fundamental observar esse aspecto em
algumas modalidades de esporte, como em exercícios
contrarresistência, nos quais o consumo de proteína
geralmente excede o recomendado.
Embora estudos observem que o exercício físico pode
aumentar o turnover e a perda da vitamina B6, medida
pela excreção urinária do ácido piridóxico (4-PA), Manore25
sugere que a quantidade adicional dessa vitamina
necessária para compensar as perdas ou as necessidades
aumentadas pode ser atingida por meio de boas escolhas
alimentares.
Cobalamina (B ) e ácido fólico
12
A vitamina B12, assim como o ácido fólico, é necessária
para a síntese do timidilato e, dessa forma, do DNA.3 Essas
duas vitaminas estão inter-relacionadas em sua síntese e
metabolismo. Ambas são necessárias para a síntese normal
dos eritrócitos e, por isso, podem ser importantes para
indivíduos fisicamente ativos. 59
Ao contrário da vitamina B12, que está presente só na
proteína animal, os folatos apresentam ampla distribuição
na natureza e estão presentes em quase todos os
alimentos naturais. Novamente, em contraste com a
vitamina B12, o folato é altamente suscetível à destruição
oxidativa: de 50 a 95% do folato em alimentos podem ser
destruídos por cozimento ou por outros processamentos, e
todo o folato de alimentos refinados é perdido. 13
Embora não constem relatos de que atletas apresentam
ingestão inadequada de vitamina B12 e folato,24 a
ingestão deficiente de ambas as vitaminas pode levar à
anemia megaloblástica. Como os níveis mais altos de
vitamina B12 alimentar ocorrem nas carnes, indivíduos
vegetarianos restritos podem apresentar sinais de
deficiência nessa vitamina. 13 Além disso, muitos atletas
consomem suplementos de vitaminas C em megadoses
(500 a 1.000 mg/dia), o que pode reduzir a
biodisponibilidade da vitamina B12. Atletas com dieta
balanceada provavelmente não desenvolvem deficiência
dessa vitamina.
O ácido fólico não parece ser tóxico em humanos, mesmo
em doses que excedem a
necessidade mínima diária para adultos em até 20 vezes.
Doses de até 30 μg de vitamina B12 por dia parecem ser
bem toleradas pelo organismo, não apresentando
toxicidade. A recomendação de cianocobalamina é de 2,4
μg por dia, para indivíduos saudáveis maiores de 13 anos
de idade. A recomendação de folato é de 400 μg para
homens e mulheres saudáveis acima de 13 anos de idade.
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Mulheres ativas parecem ser mais predispostas a
apresentar baixos níveis de folato do que homens ativos,
principalmente em função da baixa ingestão alimentar.
Quanto à vitamina B12, o risco de deficiência parece ser
menor em indivíduos ativos, com exceção de atletas que
seguem uma alimentação vegetariana ou que apresentam
baixo consumo de produtos de origem animal. 24
Vitaminas do complexo B (tiamina, riboflavina e vitamina
B6) são necessárias para produção de energia, enquanto o
folato e a vitamina B12 são necessários para a síntese de
novas células sanguíneas, como as células vermelhas, bem
como para reparação celular. Indivíduos ativos com níveis
limítrofes de vitaminas do complexo B
parecem apresentar redução na habilidade em
desempenhar exercícios de alta intensidade. O exercício
parece aumentar os requerimentos de riboflavina e
vitamina B6, enquanto dados em relação ao folato e
vitamina B12 no exercício são limitados. 62
Porém, Sato et al. 46 verificaram que o treinamento intenso
de nadadores afetou os níveis de tiamina sem alterar as
concentrações de riboflavina. Atletas que seguem dietas
inadequadas, especialmente quando fazem restrições
energéticas ou eliminam algum grupo alimentar, deveriam
considerar o uso de suplementação de vitaminas e
minerais. 62
Biotina
Em mamíferos, a biotina é um cofator essencial para quatro
carboxilases, com cada uma catalisando uma etapa crítica
do metabolismo intermediário. 26 Vários sistemas
enzimáticos são dependentes da biotina, que age como
coenzima no processo de fixação do dióxido de carbono e
na síntese e oxidação de ácidos graxos. Acredita-se que a
biotina pode ser essencial para crescimento celular,
homeostase da glicose e síntese do DNA, mas essas
funções podem estar mais ligadas às carboxilases que à
própria biotina. Também está intimamente relacionada ao
metabolismo da vitamina B12
e do ácido pantotênico. 26
A deficiência de biotina é rara, porém, pode ocorrer tanto
em animais como em humanos em dietas que contêm clara
de ovo cru. Existe uma ligação altamente específica e
muito estreita entre biotina e avidina, uma glicoproteína
encontrada na clara de ovo. A avidina nativa é resistente à
proteólise intestinal, tanto na forma livre como combinada
à biotina. Assim, a avidina alimentar (presente na clara do
ovo cru) se liga a biotina e inibe sua absorção e de
qualquer biotina sintetizada pelas bactérias intestinais.26 A
avidina parece ser desnaturada com a cocção do ovo. Os
sinais de deficiência em biotina incluem dermatite,
anorexia, glossite, hipercolesterolemia, dores
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musculares, depressão e anormalidades cardíacas.57
Ainda faltam dados disponíveis suficientes que forneçam
estimativa acurada das necessidades alimentares de
biotina nas diferentes fases da vida, bem como para
indivíduos fisicamente ativos26 (ver anexos). Não há
relatos de toxicidade dessa vitamina em indivíduos que
consomem de 20 a 200 mg por via intravenosa. 26
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Considerações finais
Teoricamente, o exercício ocasiona mudanças no caminho
metabólico em que os micronutrientes são utilizados;
promove diferentes adaptações bioquímicas nos músculos,
exigindo, desse modo, maiores quantidades desses
micronutrientes. Além disso, pode haver aumento do
turnover e das perdas desses nutrientes pelo corpo.
Assim, atletas podem necessitar de maiores quantidades
de vitaminas e minerais para manutenção e recuperação
da massa corporal magra. Entretanto, a Associação
Americana e Canadense de Dietética e o Colégio
Americano de Medicina Esportiva acreditam que as RDI
podem cobrir as necessidades aumentadas dos atletas.
Sugerem que apenas alguns indivíduos com risco elevado
de desenvolver deficiências nutricionais, como atletas que
realizam práticas não recomendadas de perda de peso ou
indivíduos que retiram um ou mais grupos alimentares de
sua dieta, podem precisar de suplementação de vitaminas
e minerais. Essas organizações também desencorajam o
uso isolado de micronutrientes, sem a clara avaliação
médica e nutricional.
Apesar dessas considerações, no momento atual
observamos um crescente abuso no consumo de
suplementos de vitaminas e minerais, isolados ou
combinados, devendo esse fato ser avaliado, pois, como
vimos, não só as deficiências de vitaminas podem interferir
no desempenho físico, mas o consumo excessivo pode
apresentar relação negativa com a saúde e com a queda
na performance dos atletas. Até o momento, poucos
estudos verificaram a necessidade do uso de doses mais
elevadas de vitaminas do que o recomendado para
indivíduos não treinados. Esse assunto ainda merece ser
mais explorado, pois muitos fatores podem influenciar nos
resultados das pesquisas que vêm sendo realizadas. No
capítulo de avaliação bioquímica deste livro, vários
aspectos serão considerados no que se refere a indicadores
do estado desses nutrientes em indivíduos treinados. Esses
parâmetros servirão de base para analisar a real
necessidade do uso de suplementos além do que a
alimentação convencional é capaz de oferecer, evitando,
dessa forma, o uso indiscriminado e os possíveis problemas
de saúde associados. Além disso, devemos levar em
consideração que as metodologias dos estudos são
variadas, o que pode nos trazer informações contraditórias.
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5
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Os minerais no exercício
Priscila de Mattos Machado Gusela
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INTRODUÇÃO
Os minerais são micronutrientes indispensáveis ao
organismo, pois atuam na regulação do metabolismo
corporal, incluindo os processos-chave no aproveitamento
de energia e no rendimento físico.
A importância desse grupo de nutrientes é, sem dúvida,
inquestionável, uma vez que atuarão em processos
metabólicos diversos, auxiliando no sincronismo enzimático
para regulação da homeostase corporal.
Os minerais são de ocorrência natural no Planeta. As
formações rochosas geralmente contêm sais minerais, e,
nos processos erosivos, ao longo dos bilhões de anos,
ocorre a formação de pó e areia. Os microorganismos que
vivem nos diferentes tipos de solo em simbiose com a
natureza acabam usando os pequenos cristais minerais e
os passando às plantas. Assim, ao consumir plantas e
animais, ingerimos os sais minerais num ponto da cadeia
alimentar.
Todas as células vivas dependem de minerais para sua
própria função e estrutura.
Os minerais são necessários para a composição dos
líquidos corporais, para a formação dos ossos, do sangue e
manutenção da saúde do sistema nervoso. Além disso, os
minerais são essenciais para a regulação do tônus
muscular, inclusive do próprio sistema cardiovascular.
Assim como as vitaminas, os minerais funcionam como
coenzimas, capacitando o
organismo a exercer adequadamente suas funções
enzimáticas e reações celulares, como produção de
energia, crescimento e reparo. Muito do interesse em
estudar o mecanismo de ação dos minerais no
metabolismo celular vem da observação de que eles são
cruciais para a adequada utilização das vitaminas e de
outros nutrientes.
Nutricionalmente, os minerais são divididos em dois
grupos: os macrominerais e
os oligoelementos.
Os macrominerais, cálcio, magnésio, sódio, potássio e
fósforo são necessários em quantidades maiores do que os
oligoelementos como boro, cromo, cobre, germânio, iodo,
ferro, manganês, molibdênio, selênio, sílica, enxofre,
vanádio e zinco.
Os minerais são estocados primariamente nos ossos e
músculos e, se consumidos
em excesso, podem gerar toxicidade. Essas situações são
raras; entretanto, o que se observa é que a toxicidade está
associada a longos períodos de suplementação de
quantidades excessivas ou ao desequilíbrio do balanço
normal do organismo causado por um ou mais minerais,
pois alguns competem entre si.
Às vezes, pode ser difícil ingerir toda a quantidade
necessária de minerais exclusivamente pela alimentação;
quando isso ocorre, faz-se, então, o uso da suplementação
de minerais. No mercado, geralmente se comercializa
minerais sob a forma de multivitaminas, embora também
existam minerais isolados, que podem ser encontrados sob
a forma de tabletes, cápsulas, pós e líquidos.
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Alguns suplementos de minerais estão disponíveis na
forma de quelados, ou seja, associados a aminoácidos e
proteínas de forma a facilitar sua absorção e aumentar sua
biodisponibilidade. Porém, quando suplementos de
minerais são oferecidos na forma isolada, e, são ingeridos
durante as refeições, eles são automaticamente quelados
no estômago durante a digestão. Assim, há controvérsias
sobre a melhor forma de apresentação e administração dos
minerais, porém, os quelados são os mais recomendados.
As fibras, em geral, reduzem a absorção dos minerais.
Uma vez absorvidos, os minerais precisam ser
transportados para as células pelo
sangue e, ainda, para o interior celular da célula-alvo,
atravessando a membrana celular. Em todo esse trajeto, as
interações entre distintos minerais podem ser observadas,
pois eles competirão pelos sítios ativos das proteínas
transportadoras, pelos transportadores celulares, entre
outros.
Os micronutrientes devem ser ingeridos em pequenas
quantidades, na ordem de microgramas e miligramas por
dia, considerando sempre a correlação de uns com os
outros, para evitar as interações entre eles e suprir as
necessidades.
A maioria dos praticantes de atividade física e atletas não
necessitam de suplementos minerais ou mesmo
vitamínicos para aprimorar seu rendimento. O
fornecimento dos micronutrientes pode ser adequado pelo
planejamento dietético e pela ingestão de alimentação
balanceada, uma vez que, em razão dos requerimentos
energéticos aumentados desse grupo de indivíduos, tornase mais fácil o aporte dos minerais pela alimentação.
Porém, isso é ainda questionável por vários motivos como:
teor dos nutrientes no solo, uso de aditivos químicos e
defensivos agrícolas, mau funcionamento do tubo digestivo
e, ainda, rotina de treinos do indivíduo.
Muitos estudos têm sido propostos com a finalidade de
pesquisar a necessidade da suplementação de minerais
para atletas, mas os dados ainda são controversos e
inconsistentes. O uso indiscriminado de minerais pode
causar efeitos adversos ao organismo e comprometer a
saúde e o rendimento deles. Este capítulo pretende discutir
os tópicos mais importantes em relação a alguns minerais
e à atividade física.
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MAGNÉSIO (Mg)
O magnésio é um mineral catalizador vital do metabolismo
oxidativo (Figura 5.1); sua deficiência pode resultar em
importantes alterações metabólicas, pois participa de
inúmeras reações metabólicas, atuando em enzimas da via
glicolítica, em etapas importantes do ciclo de Krebs, em
enzimas da via gliconeogênica, no metabolismo dos
lipídios, na ativação de aminoácidos via DNA e RNA
polimerases e na transferência do CO2 em reações de
carboxilação. Também tem sido descrito o papel do Mg na
síntese da glutationa (um importante antioxidante), na
permeabilidade e no transporte da membrana celular, em
qualquer enzima que fizer uso de ATP em fosforilações, na
osmorregulação e na contratilidade muscular. Atua, ainda,
na captação de cálcio e potássio, sendo o Mg o cátion mais
abundante na célula. Está, em sua maior parte, na forma
ligada, e mais da metade de sua quantidade no corpo
encontra-se nos ossos. Uma função importante desse
mineral é impedir a calcificação dos tecidos moles; está,
ainda; associado à resistência dos vasos sanguíneos às
variações das pressão arterial.
Por essa característica, muitos trabalhos têm demonstrado
que o magnésio previne doenças cardiovasculares,
osteoporose, alguns tipos de cânceres e, ainda, auxilia o
organismo a dissolver os cálculos de oxalato de cálcio.
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Entre os cátions minerais do organismo, o Mg é que menos
se perde pelo suor, quando comparado ao sódio, potássio e
cálcio.
É absorvido em todo o intestino por difusão passiva em um
processo saturável. O
porcentual quantitativo de sua absorção é relacionado à
quantidade dietética consumida e à presença de outros
nutrientes, como fibras, cálcio, íons fosfato e zinco, que
podem tanto auxiliar como interferir na absorção desse
nutriente.
Ingestão dietética e atividade física
A ingestão estimada de Mg em praticantes de diferentes
modalidades esportivas (Tabela 5.1) evidencia que há
ingestão adequada ou acima da ingestão dietética de
referência (DRI). Lukaski85 sugere que a ingestão diária de
Mg por esportistas parece
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estar adequada, não necessitando de mais intervenções.
Esse resultado foi também verificado por outros
pesquisadores43, 146 que fizeram uso de grupos controle
(Tabela 5.2).
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Dinâmica do magnésio no organismo
Pesquisadores têm observado redistribuições substanciais
no organismo e aumento
da perda de Mg em resposta ao exercício.87,116
Comparando com o estado préexercício, esse mineral parece ser transferido do plasma
para o interior das células sanguíneas. Deuster et al.29
afirmam que a direção e a magnitude da redistribuição do
Mg na circulação seriam influenciadas pelas intensidades
do exercício realizado, dos requerimentos energéticos, do
metabolismo e da translocação do Mg plasmático para as
hemácias. Além disso, a excreção de Mg aumentaria cerca
de 21% no dia do exercício.
Essas alterações no perfil do Mg plasmático tendem a
retornar ao normal, por mecanismos homeostáticos
compensatórios que acomodam este estado transiente de
perda de Mg para o retorno ao equilíbrio durante a
recuperação do exercício.
Além de perdas fecais, a principal forma de perda de Mg
corporal é pelo suor.
Consolazio26 analisou o teor de Mg no suor de homens que
se exercitaram por 8 horas em cicloergômetro a 37,8ºC e
obteve valores correspondentes a 4 a 5% da ingestão
diária de Mg e de 10 a 15% da excreção total do mineral.
Aumento das perdas e
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possíveis estados de deficiência estão associados a
oscilações da pressão arterial, vertigens, renites
persistentes, hiperexitação neuromuscular e menor
resistência ao estresse.
Como citado, seu essencial efeito como engrenagem
metabólica faz com que esteja
associado a fixadores de vitamina B6 e vitamina D e, com
isso, a ação no metabolismo ósseo.
Suplementação de magnésio
Tem sido descrito que o uso de suplementos de Mg pode
afetar diretamente o metabolismo celular. Golf et al. 49
forneceram suplemento de 360 mg de aspartato de Mg a
atletas do gênero feminino cujos valores séricos estavam
próximos ao limite mínimo.
As atletas suplementadas tiveram a atividade da enzima
creatina quinase muscular mais baixa quando comparadas
àquelas não suplementadas. Da mesma forma e no mesmo
estudo, remadores suplementados apresentaram menor
concentração de lactato sérico e 10% menos captação
máxima de oxigênio durante testes submáximos, indicando
benefícios na capacidade de resistência. O benefício da
suplementação também foi descrito por Liu et al. ,79 que
relataram melhora das câimbras musculares após
suplementação de gliconato de Mg (500 mg/dia) em atletas
com hipomagnesemia.
Alguns trabalhos mostram que suplementação de Mg
melhora a função muscular, principalmente durante
exercícios com predomínio do metabolismo glicolítico. 15,
117 Já Manore et al. 88 descrevem que a suplementação
de Mg não eleva o rendimento e que a melhora do
condicionamento diminuiu a concentração do Mg nos
eritrócitos, independente da suplementação e do tipo de
exercício executado. As perdas urinárias de Mg também
não sofreram alterações relacionadas à suplementação ou
ao tipo de exercício. Finstad et al. 41 avaliaram o efeito da
suplementação de Mg no desempenho e na recuperação de
mulheres atletas usando a dosagem de Mg+2 iônico. Os
autores verificaram que a suplementação de 212 mg de
óxido de Mg elevou os valores de Mg+2
plasmático, mas não houve melhoras no rendimento nem
na recuperação.
Esses achados indicam que a suplementação de Mg não
exerce efeito independente
no ganho de rendimento, principalmente quando a
concentração sérica desse mineral está na faixa de
normalidade.
Consumo de álcool e diuréticos, quadros importantes de
diarreia, ingestões elevadas de vitamina D e zinco podem
induzir maior necessidade de magnésio pelo organismo,
enquanto grandes quantidades de gordura, óleo de fígado
de bacalhau, cálcio e dietas hiperproteicas podem reduzir a
absorção de magnésio. Assim, a ingestão dessas
substâncias e nutrientes pelos atletas deve ser planejada
para não levar a
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estados de deficiência. 121
Em resumo, o magnésio estabiliza o fosfato nas moléculas
de ATP, auxilia a ação
muscular e nervosa na síntese de ATP nos processos de
ubiquitinação, atua como coenzima para o metabolismo de
carboidratos, atua no metabolismo proteico, aumenta a
absorção de cálcio, ativa a vitamina D, ajuda a função
paratireoidiana (reduzindo o catabolismo ósseo), ajuda a
função da calcitonina (aumentando a absorção de cálcio).
Níveis elevados de Mg podem ser decorrentes de
suplementação desse mineral, redução da aldosterona
(síndrome de Addison), hipotireoidismo, falência renal ou
ingestão de medicamentos. Os sintomas desse aumento
são diarreia, náuseas, vômito, e o tratamento sugerido é a
redução dos suplementos de magnésio em primeira mão.
Já os níveis reduzidos de magnésio podem ser decorrentes
de alcoolismo, hiperaldosteronismo, hipercalemia,
hipertireoidismo, pancreatites e ingestão de
medicamentos. Nesses casos, podem ocorrer câimbras
musculares (muito comum em atletas), depressão
(condição em que muitos esportistas relatam desânimo em
perdurar as atividades), constipação, arritmias ou
dificuldade de manter a frequência em treinos específicos e
dificuldade de crescimento em jovens atletas. Se estiver
baixo, o tratamento sugerido é de 300 a 700 mg/dia,
associado a 500 mg/dia de N-acetilcisteína.
As doses de Mg para atletas variam até 8 mg/kg/dia, dose
essa bem tolerada em
indivíduos saudáveis;85 porém, não se deve ultrapassar
300 mg/dia na suplementação e deve-se atentar à relação
1 para magnésio e 2 para cálcio. Ou seja, após o cálculo da
dieta, o total de Mg deve ser metade da quantidade de
cálcio. Se faltar magnésio, então suplementar, de forma
que a proporção total fique 1 Mg:2 Ca.
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CÁLCIO (Ca)
O cálcio é importante para manutenção e formação da
massa óssea e dos dentes,
mas também é necessário para coagulação sanguínea e
agregação plaquetária, excitabilidade dos nervos,
contração muscular – tanto dos músculos estriados como
dos lisos – e união da actina com a miosina. Influencia a
permeabilidade das membranas celulares e auxilia na
manutenção do equilíbrio ácido-base.
Cerca de 1,5 a 2% do peso corporal é de cálcio, e apenas
1% desse total é encontrado no sangue e nos tecidos
moles, como músculos, fígado e coração. O
conteúdo plasmático de cálcio varia entre 9 e 11 mg/dL,
raramente mais do que 3%
desses valores.
Quando sua ingestão não é adequada, o cálcio é
mobilizado dos estoques corporais, localizados nos ossos.
Os hormônios da paratireoide estimulam a absorção
intestinal, a reabsorção pelos rins e a mobilização de cálcio
ósseo.
A absorção de cálcio ocorre no intestino delgado, e a taxa
de aproveitamento é de 20 a 30% do ingerido, diretamente
influenciada por diversos fatores, como a quantidade
adequada das vitaminas D, A, C e dos minerais fósforo,
manganês, magnésio, silício, proteínas e exercício físico. Já
a excreção de cálcio se dá pelas fezes, urina e suor. 122
O exercício físico pode induzir o aumento da massa óssea,
o que é possível, de acordo com a lei de Wolfe. 148 O osso
é capaz de responder dinamicamente à demanda funcional
disposta sobre ele. A pressão e a força impostas pela
musculatura induzem a fixação de cálcio no osso e o
aumento da massa óssea. Numerosos estudos têm sido
realizados inter-relacionando a prática de exercícios físicos
com o aumento da massa óssea. Crianças e adolescentes
que praticam esportes na fase de crescimento apresentam
maior densidade óssea. 8,14, 89,97,127 Mesmo assim,
ainda não há trabalhos conclusivos na literatura que
relacionem o estilo de vida mais ativo desde a infância até
a idade adulta com incidência de fraturas ósseas em idade
mais avançada. Há relatos que confirmam que as
vantagens obtidas pela prática de exercícios durante a vida
não são mantidas durante a velhice70 exercícios físicos
podem manter a massa óssea, mas não impedem a
desmineralização. 64
Mulheres atletas, muitas vezes, são consideradas grupo de
risco, quando se pensa em alterações hormonais. Em geral,
esse grupo apresenta perfil dietético comprometido, o que
pode influenciar a ingestão de macro e micronutrientes.
Esses aspectos associados podem levar à desmineralização
óssea e à osteoporose. Uma atleta com amenorreia pode
apresentar valores de densidade óssea semelhantes aos de
uma mulher de idade avançada com osteoporose. 100
A saúde dos ossos é importante para qualquer pessoa,
independente da idade, seja
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ela atleta ou não. A osteoporose é uma doença prevalente
e alvo de grandes estudos. 12
Para o aumento da densidade óssea, são necessários
constantes exercícios físicos e alimentação balanceada em
cálcio e vitamina D, sobretudo durante a puberdade. A
ingestão adequada de cálcio durante toda a vida continua
sendo o melhor meio de prevenção contra a perda óssea
decorrente do processo de envelhecimento.
Ingestão e suplementação dietética de cálcio
Avaliações dietéticas da ingestão de cálcio têm sido feitas
com atletas e são raros os grupos que não ingerem as
quantidades preconizadas. 39,59,60,72,74, 96 Assim, a
suplementação de cálcio não parece ser necessária para
atletas, mesmo porque o excesso de cálcio no organismo
pode levar a numerosos problemas, como o
comprometimento da absorção de ferro e zinco e a
facilitação do surgimento de cálculos renais. Suplementos
devem ser indicados para atletas com deficiência bem
diagnosticada. Geralmente, é utilizado carbonato de cálcio,
gluconato de cálcio ou citrato de cálcio. Este apresenta
menor probabilidade de acarretar comprometimentos
gástricos e pode acelerar a absorção de ferro.
Suplementos à base de carbonato de cálcio fornecem cerca
de 30% de cálcio elementar, ou seja, para cada 1.000 mg
de suplemento administrado, apenas 280 mg de cálcio é
absorvido. Porém, a vitamina D presente em alguns
suplementos aumenta a reabsorção do mineral. 147 Assim,
das 1.000 mg administradas, cerca de 500 mg serão, de
fato, de cálcio elementar.
Preparados de isoflavona de soja não têm mostrado
qualquer benefício ao conteúdo mineral dos ossos ou à
densidade mineral óssea.1
Atletas com amenorreia devem ser estimuladas a
aumentar o consumo de cálcio diariamente, a fim de
contrabalançar a absorção diminuída e os baixos níveis de
estrógeno. Recomenda-se, nesse caso, a ingestão de 2.000
mg de cálcio por dia. 108
A RDA (1997)62 para o cálcio em adolescentes é de 1.300
mg/dia; para adultos entre 19 e 50 anos de idade, é de
1.000 a 1.200 mg/dia; e, para adultos com mais de 50
anos de idade, é de 1.200 mg/dia.
Outro fator importante a ser considerado é quando
administrar esse suplemento. O
melhor seria pequenas doses, ao longo do dia, de, no
máximo, 500 mg. Porém, uma vez que atletas treinam
vários períodos por dia, a administração imediatamente
antes de dormir também seria interessante, pois não
haveria a interferência das fibras no processo absortivo, e,
ainda, de acordo com alguns trabalhos, o indivíduo poderia
se beneficiar do cálcio na indução do sono profundo.93
O cálcio e o ferro competem pelos mesmos sítios de
absorção; portanto sugere-se
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que, quando houver necessidade de suplementação dos
dois elementos, eles sejam administrados em horários
distintos. O excesso na ingestão de cálcio parece interferir
na absorção de zinco, e o excesso de zinco também parece
interferir na absorção de cálcio. Uma boa correlação seria
de 2.500 mg de cálcio para cada 50 mg de zinco em casos
de real deficiência com necessidade de suplementação.
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FERRO (Fe)
Atualmente, muito valor tem sido dado ao ferro por toda a
sua importância no rendimento de atletas. O ferro é o
oligoelemento mais abundante no metabolismo celular. 102
A importância dele para o desempenho físico está
relacionada com seu papel na constituição de
hemoglobina, mioglobina, desidrogenases, citocromos e
algumas enzimas mitocondriais. Todas essas proteínas são
essenciais para o transporte de oxigênio no organismo e
para a produção de energia. 143
O corpo humano possui cerca de 3 a 5 g de ferro, estando a
maior parte dele incorporada ao centro ativo de fixação de
oxigênio da hemoglobina (60 a 70%) e da mioglobina
(10%). Apenas 2% estão envolvidos em sistemas
biológicos, como a cadeia transportadora de elétrons, as
enzimas antioxidantes e a replicação de DNA.
Cerca de 30% do ferro corporal de um homem adulto e de
10% de uma mulheres são
estocados sob a forma de ferritina, hemosiderina no fígado,
medula óssea e músculo. O
ferro desses locais de armazenamento pode ser deslocado
para a eritropoiese quando há necessidade. O transporte
de ferro no plasma e nos líquidos extravasculares é feito
pela transferrina e pelas proteínas ligadoras de ferro.
Um balanço negativo de ferro prolongado pode levar à
deficiência. O processo se
inicia com a redução dos estoques corporais, seguida de
prejuízos no transporte corporal e culminando no
comprometimento da hematopoiese.
A perda de ferro corporal normal é cerca de 2 mg/dia e é
regulada pela absorção
intestinal. O maior local de absorção do ferro é o duodeno.
Quando o organismo apresenta estados de carência, a
absorção intestinal aumenta. O organismo absorve o ferro
do alimento sob duas formas: o ferro heme e o ferro não
heme. O primeiro é mais facilmente absorvido (cerca de
23%) e independe de outros alimentos para melhorar sua
absorção. Além disso, corresponde à cerca de 40% do teor
de ferro total de carnes, peixes e aves. Já o ferro não heme
tem seu porcentual de absorção de 3 a 8%, diretamente
influenciado por determinados nutrientes presentes em
certos alimentos. A vitamina C aumenta a absorção do
ferro não heme enquanto os ácidos tânico (chá e café) e
fítico (presente em alguns vegetais) e grandes quantidades
de cálcio, fosfato e zinco atrapalham sua absorção. Além
deles, podemos citar os anti-inflamatórios não esteroidais
como potenciais problemas para a absorção de ferro. A
absorção de ferro pelo organismo é otimizada com a
combinação da ingestão de ferro2 e ferro3 (origem vegetal
e animal) na mesma refeição.
Considerando que os requerimentos médios de ferro são de
1,4 g/dia para mulheres e de 1,0 g/dia para homens e que
apenas 10% do que é ingerido é absorvido, as
recomendações de ingestão média para mulheres e
homens são, respectivamente, de 15 e 10 g/dia. Nosso
corpo absorve, aproximadamente, 15% do ferro ingerido.
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Se considerarmos que a anemia é um problema de saúde
pública prevalente no Brasil e no mundo106 é bem
provável que a população de atletas e praticantes de
atividade física possa apresentar comprometimentos
quanto à ingestão desse nutriente. 118
A ingestão de ferro por atletas deve ser cuidadosamente
analisada. Muitos pesquisadores têm procurado avaliar
vários indicadores bioquímicos para caracterizar o estado
do ferro no organismo de atletas. Alguns autores
encontraram pequenas diferenças entre os níveis séricos
de ferro de atletas e da população em geral9, 145,146
detectando uma aparente deficiência independente do tipo
de esporte praticado. 19, 42,128
Atletas perdem ferro através do suor e do processo de
hemólise devido o impacto
no solo. Particularmente, as mulheres perdem quantidades
significativas de ferro pela menstruação, o que as torna
mais susceptíveis à carência desse mineral.
Ingestão de ferro e deficiência em atletas
Estudos sobre a ingestão dietética de nutrientes por atletas
têm demonstrado que atletas homens normalmente
ingerem ferro de acordo com o preconizado. 98,145,146 Tal
fato não parece ser verdadeiro para as mulheres104 em
que atletas ginastas, bailarinas, adolescentes e
vegetarianas, em sua grande maioria, apresentam ingestão
deficiente em ferro. O consumo dietético inadequado
parece ser um fator contribuinte importante para a
prevalência da deficiência em ferro.99
A maior parte dos estudos sobre a deficiência em ferro foi
realizada com atletas mulheres, pois o ciclo menstrual é
um fator de risco para essa deficiência, independente do
treinamento. As perdas menstruais da mulher variam de
maneira substancial.
Contudo, independente do gênero, vários aspectos podem
ser evidenciados, indicando que exercícios intensos
alteram o balanço de ferro corporal: baixos níveis de
ferritina sérica,19, 42,128 aumento da absorção de ferro
intestinal, aumento das taxas de eliminação e depleção dos
estoques de ferro no fígado e na medula óssea.98.Os
indicadores bioquímicos mais usados para caracterizar o
estado de deficiência são: ferritina plasmática, saturação
da transferrina e concentração de hemoglobina, sugere-se
consultar o Capítulo 10, de Indicadores Bioquímicos.
A concentração de ferritina no plasma está diretamente
relacionada aos estoques corporais, e valores iguais ou
inferiores a 12 µg/L indicam que as reservas estão sendo
depletadas. Vale acrescentar que a ferritina é uma proteína
de fase aguda e, por isso, deve ser avaliada
cuidadosamente. Ela pode aumentar em casos de infecção
e inflamação, disfarçando o estado de depleção.
A saturação da transferrina também se encontra reduzida
em atletas. Isso ocorre
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quando há um aumento da concentração de protoporfirina
eritrocítica livre, que induz maior estímulo para a síntese
da transferrina. Essa situação diminui sua saturação, pois o
ferro não aumenta proporcionalmente (em quantidade) no
estado de deficiência.
A anemia em atletas não é rara. Mas, mais comum do que
a anemia ou deficiência
clínica de ferro, é a depleção das reservas do mineral no
organismo caracterizado, então, pelo baixo nível de
ferritina sérica. Um nível normal de ferritina não indica, no
entanto, que as reservas de ferro estão adequadas, já que
esse número sofre modificações na presença de infecções,
inflamações, doenças hepáticas, entre outras condições. O
nível de ferritina no organismo também aumenta após o
exercício. A ferritina é uma proteína que contêm ferro e é a
principal responsável pelo armazenamento de ferro na
medula óssea. É comum encontrar atletas de endurance
com níveis aceitáveis de hemoglobina e hematócrito, mas
com nível de ferritina extremamente baixo. Já o nível de
hemoglobina não parece ter relação direta com o de
ferritina no atleta.
Os resultados de níveis baixos de ferritina sérica em atletas
são sentidos como: exaustão, maior acúmulo de ácido
lático, lenta recuperação pós-exercício, baixo desempenho,
sensação de pernas pesadas e aumento do risco de lesões.
Os riscos de lesão por overuse dobram quando o nível
sérico de ferritina é inferior a 20 mg/dL e triplicam quando
é abaixo de 12 mg/dL. A maioria dos estudos indica que a
média do nível de ferritina sérica em atletas é de 32,8
mg/dL. Exames de sangue geralmente fornecem a
saturação percentual da transferrina. Níveis abaixo de 16%
junto a níveis de ferritina abaixo de 30 mcg/L indicam
deficiência de ferro. 101, 129,130
Alguns estudos indicam que uma margem de erro muito
grande é encontrada quando a dosagem de ferritina é
isoladamente aplicada a atletas de elite. Os números
apresentaram variações quando os exames foram
aplicados diariamente, uma vez que a ferritina é uma
proteína de fase aguda, e, por consequência de
treinamentos exaustivos, ela pode se apresentar mais
elevada.
O receptor solúvel de transferrina (sTfr) é um novo
indicador do status do ferro e da atividade eritropoiética no
organismo. 103 Esse número não é alterado pela resposta
aguda do organismo e é, portanto, considerado um bom
exame para diferenciar a verdadeira deficiência de ferro da
deficiência causada por doenças crônicas. Kratovil78
sugere que o exercício não influencia os níveis do sTfr.
Atualmente, muitos laboratórios não realizam essa
dosagem, o que torna sua avaliação na prática clínica
difícil.
A suplementação de ferro em atletas sem comprovada
deficiência não é indicada,
e os estudos não demonstram melhora do desempenho.
Doses acima de 75 mg podem interferir na absorção de
zinco.
A concentração de hemoglobina, quando inferior a 12 g/dL
para mulheres e a 13
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g/dL para homens, caracteriza a anemia, 57 assim como
eritrócitos menores que o normal (microcíticos) e com
baixo teor em ferro (hipocrômico). A anemia por deficiência
de ferro em atletas é relativa. Entre as adaptações
orgânicas ao estímulo do treinamento, pode-se citar a
expansão do volume plasmático. Essa situação pode
resultar em diminuição na concentração das hemácias,
apesar de muitos atletas possuírem concentrações de
hemoglobina dentro da normalidade nas faixas de variação.
37 Outro fator relevante é a hemólise por trauma que
causa destruição das hemácias com redução da
hepatoglobina livre. A hepatoglobina se liga à hemoglobina
plasmática e forma um complexo, evitando a perda de ferro
pela urina. Alguns estudos relatam a evidência de hemólise
intravascular em atletas, apesar de outros não relatarem
qualquer evidência. 16, 35, 123
Situações como perdas sanguíneas gastrintestinais,
aumento das perdas de ferro pelo suor e pela urina, má
absorção de ferro intestinal e baixa ingestão de ferro
podem colaborar para o estado de deficiência. O efeito
mais relevante na homeostase de ferro são as perdas
gastrintestinais, responsáveis pela perda de 3 a 5 mg
Fe/dia durante os treinos ou competições. 102
Apesar da depleção de ferro em muitos atletas, em
especial em mulheres atletas de endurance e
adolescentes, a anemia por deficiência em ferro é rara. 24
Assim, muitas observações têm sido realizadas a fim de
relacionar a deficiência em ferro com o desempenho.
A baixa ingestão de ferro é a principal causa de deficiência
de ferro em atletas do gênero feminino. Sua ingestão diária
é 37 a 62% menor do que a RDA de 60 a 100 mg de ferro
por dia. A baixa biodisponibilidade do ferro ingerido
também contribui para esses resultados.
A deficiência em ferro prejudica o desempenho do atleta,
alterando a capacidade
de trabalho e a captação de oxigênio. Quando a
hemoglobina se encontra abaixo dos valores ideais, há
comprometimento do transporte de oxigênio para os
tecidos do corpo. Essa situação é extremamente prejudicial
para a produção de energia e a recuperação do atleta.23
Suplementação de ferro
A suplementação de ferro tem sido amplamente estudada
em relação aos estoques
corporais desse mineral e aos parâmetros que
caracterizam o condicionamento e a capacidade aeróbica.
44,69,75
Os benefícios da suplementação de ferro em atletas que
não apresentam quadro de
deficiência ainda permanecem obscuros. Em geral, um
pequeno, mas significativo
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aumento nos valores de ferritina sérica é observado na
maioria dos estudos que envolvem atletas não deficientes.
102
No entanto, o excesso desse mineral no organismo
representa um risco talvez até
maior. Uma porção significativa do ferro no organismo é
armazenado na forma de ferritina sérica. O valor de
ferritina sérica no organismo é considerado uma medida
acurada da reserva de ferro.
Pesquisadores identificaram melhora do rendimento após a
suplementação com ferro, como aumento do VO2 máx., 79,
88 maior tempo de execução do exercício de resistência
até a exaustão,79, 120 diminuição dos níveis séricos de
lactato79 e parâmetros subjetivos, dos quais destaca-se a
melhora da motivação para o treinamento. 98, 118
Entretanto, é possível que alguns dos atletas tenham
apresentado condições de anemia durante os estudos e
que todos os benefícios relatados sejam simplesmente
causados pela normalização do estado de ferro corporal e
das concentrações de hemoglobina. 102
Preconiza-se a ingestão diária de 50 a 100 mg de ferro para
atletas deficientes e não anêmicos e 300 mg/dia para os
anêmicos. 9 O restabelecimento dos estoques de ferro
leva, no mínimo, 3 meses e a suplementação deve ser feita
cautelosamente.
Como mencionado, a ferritina é uma proteína de fase
aguda, e seus níveis podem
ser aumentados em resposta ao excesso de treino.
Condições de overtraining e pseudoanemia37 devem ser
cuidadosamente analisadas para não mascarar seus
resultados. O uso de suplementos de ferro pode resultar
em aumento dos valores de ferritina plasmática. De acordo
com Nielsen e Nachtigall, 99 recomenda-se a intervenção
quando os valores de ferritina forem inferiores a 25 m/L ou
mg/dL. Para corredores de longa distância, recomenda-se a
suplementação de ferro de forma controlada a todos os
atletas que apresentarem ferritina sérica inferior a 35 m/L
(Figura 5.2). Os sintomas, neste caso, geralmente são:
fadiga, prejuízo no desenvolvimento cognitivo, fraqueza,
artralgias, taquicardias, apneia no exercício, unhas fracas,
finas e descamantes e imunossupressão. O tratamento
dietético inclui a redução de fitatos e aumento na ingestão
de carnes magras. Administrando doses de 100 mg Fe/dia,
os estoques de ferro levam, em geral, de 2 a 3 meses para
voltar ao normal. 102 Em atletas sob treinamento intenso,
a suplementação é necessária durante 7 dias/mês para
manter os valores de ferritina a 35 m/L. Reavaliações
quanto aos valores séricos de ferritina devem ser feitas a
cada 6 meses. A suplementação deve ter como objetivo
principal elevar os valores de ferritina sérica para 60 m/L.
O uso indiscriminado de suplementos de ferro para atletas
é contraindicado e extremamente perigoso, uma vez que
há risco de toxicidade pelo ferro, o que pode aumentar os
riscos de desenvolvimento de câncer e infarto agudo do
miocárdio. 102 O
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excesso de ferro no organismo é preocupante devido a sua
toxicidade; quando não mantido nas células ou ligado às
proteínas, deposita-se em diversos tecidos e pode levar ao
mau funcionamento dos órgãos. Há, ainda, pessoas com
distúrbio genético chamado hemocromatose, que faz que
haja alta absorção e depósito de grandes quantidades de
ferro no organismo; essa condição pode levar a danos
hepáticos. Assim, é sempre prudente analisar muito bem a
necessidade de suplementação desse mineral e a forma
pela qual será realizada para que não haja
comprometimento da saúde do atleta.
Aconselha-se a monitoração anual dos atletas, por
parâmetros bioquímicos, a fim
de assegurar o estado nutricional adequado de
micronutrientes. Estratégias nutricionais específicas devem
ser tomadas de acordo com o caso, e a suplementação
deve ser indicada apenas nos casos de comprovada
deficiência, para não comprometer a saúde e o rendimento
do atleta.
Não se deve administrar ferro em casos de infecções
bacterianas, já que as bactérias requerem ferro para seu
crescimento, e o organismo tende a ocultar esse elemento
no fígado e em outros locais de depósito quando uma
infecção está presente.
A melhor forma de reposição de ferro seriam os quelados
associados à reposição
de vitamina C. A administração de sulfato ferroso em doses
de mais ou menos 125 a
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150 mg deixam as fezes escuras, pois possuem apenas 15
mg de ferro elementar e o restante é eliminado.
O excesso de ferro no organismo é perigoso e ele pode agir
como um cofator na
síntese de radicais hidroxilas por meio da reação de Haber
Weiss, daí a necessidade em estabelecer um protocolo
antioxidante bem coerente. 17
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ZINCO (Zn)
Durante as três últimas décadas, o zinco tem sido muito
estudado. Já foi descrita sua participação em mais de 300
enzimas, o que o torna um mineral vital no metabolismo
orgânico. Entretanto, é importante estabelecer corretas
estratégias nutricionais visando melhorar o estado de zinco
corporal, o que nem sempre é fácil, já que não existem
métodos totalmente seguros para avaliá-lo. Deficiências de
zinco são observadas subclinicamente pela presença de
manchas esbranquiçadas na unha (lesão do trato
unguinal), atraso na maturação sexual, acne, prejuízo no
crescimento, perda de cabelo, aumento do colesterol,
impotência, maior suscetibilidade a infecções, perda de
memória e acuidade visual.
Importante para o paladar e olfato, esse mineral atua
regulando a atividade das glândulas sebáceas e, por isso,
tem uma ação importante no controle da acne; protege o
fígado das agressões químicas e é vital na formação óssea.
É um importante cofator de numerosas enzimas corporais
das quais pode-se destacar a Cu-Zn SOD, uma das
principais enzimas antioxidantes do organismo. Associado
ao aminoácido metionina, forma a zinco monometionina,
cuja ação antioxidante é poderosa e tem sido comparada
às vitaminas C e E e ao betacaroteno. A ingestão adequada
de zinco é importante para manter e assegurar bons níveis
corporais de vitamina E no plasma, além de aumentar a
absorção da vitamina A.
Participa da síntese de DNA e RNA105 bem como da
manutenção dos níveis normais de algumas proteínas
transportadoras. 73, 114 No plasma, está
predominantemente ligado à albumina, porém outras
proteínas, como α2-macro-globulina, transferrina e préalbumina também se ligam à significativa quantidade de
zinco. 74
É constituinte da insulina e, por isso, deficiências
importantes de zinco podem prejudicar o metabolismo de
glicose no organismo.
Fisiologia do zinco no organismo
No organismo sua absorção se dá no intestino delgado,
particularmente no jejuno, por carreadores presentes na
borda em escova do enterócito, por difusão passiva. O
zinco se liga à metalotionína citoplasmática e pode ser
usado pelo enterócito ou passar para circulação portal,
onde é transportado pela albumina.
A absorção do zinco aumenta quando seus níveis corporais
começam a cair. O
zinco absorvido é transportado ao fígado pela albumina e
daí por albumina e aminoácidos para outras vísceras. A
quantidade ligada ao aminoácido constitui a parte filtrada
nos glomérulos, que pode ser perdida na urina. O pâncreas,
os rins e o baço têm alta taxa de turnover de zinco, ao
contrário do cérebro e dos ossos, com taxa de
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renovação muito menor. O zinco ósseo não é metabolizado
durante o balanço negativo de zinco.
A principal forma de eliminação desse mineral é pelas
fezes, mas ele também é eliminado pela urina e pelo suor.
A perda pelo suor em atletas tende a ser maior do que em
indivíduos sedentários e apresenta concentrações
diferentes de acordo com a parte do corpo. 6 A excreção
urinária em atletas também é maior e tem sido observada
após o exercício.140
A interação entre zinco e outros nutrientes da alimentação
pode aumentar ou diminuir sua absorção. Fitatos presentes
em fibras (cereais, legumes, vegetais folhosos) em maiores
concentrações se ligam ao zinco formando complexos
insolúveis, diminuindo a digestibilidade e a absorção.
Administração de ferro concomitantemente à de zinco não
deve ser realizada, pois eles competem entre si no sítio de
absorção intestinal. O sulfato ferroso, habitualmente
prescrito, não deve ultrapassar 30 mg/dia, já que
quantidades maiores podem reduzir a absorção de zinco.
Cereais são boas fontes de zinco, mas apresentam menor
disponibilidade que produtos de origem animal, devido ao
alto teor de fitatos. Outros inibidores da absorção
presentes nos alimentos são polifenóis, cádmio e cálcio.
Zinco, cobre e cádmio compartilham características físicoquímicas e competem entre si nos sítios de absorção
intestinal. Níveis excessivos de cobre e cádmio na
alimentação também diminuem a absorção de zinco. As
controvérsias em relação ao total de zinco visto pelo
exame de mineralograma de cabelo vêm, também, da
inter-relação entre o cádmio e o zinco, pois o cádmio
norteará, muitas vezes, o resultado. Nem sempre zinco alto
ou baixo indicam excesso ou deficiência, respectivamente.
Nesse contexto, vale acrescentar que o mineralograma,
portanto, é um bom indicador para a contaminação por
metais tóxicos, a saber: mercúrio, cádmio e alumínio. 142
Zinco durante os exercícios
Recentemente foi descrita a relação entre zinco, exercício e
hormônios
tireoidianos, embora os reais mecanismos pelos quais o
zinco altera as funções desses hormônios ainda não
tenham sido totalmente elucidados.48
Evidências sustentam a hipótese de que Mg e Zn
promovem força e melhora na função cardiorrespiratória de
atletas, porém, os estudos não fornecem informações
conclusivas sobre a recomendação ideal de Zn e Mg para a
promoção de rendimento ótimo para atletas. 86
Cordova e Navas27 revelam que perdas no suor, com
consequente diminuição do zinco plasmático em atletas,
pode levar à fadiga e a decréscimo na capacidade de
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endurance. Dressendorf e Sockolov34 relatam que alguns
corredores de endurance possuem níveis séricos de zinco
muito inferiores aos de homens da mesma faixa etária que
não estejam sob as mesmas condições de exercícios
crônicos. Mais de 20% de sua amostra apresentaram níveis
inferiores a 11,5 mmol/L, limite mínimo na faixa de valores
padrão, valores esses relacionados à baixa ingestão e a
perdas aumentadas pelo suor desse mineral.
Sabe-se que o exercício altera as concentrações séricas
não apenas do zinco, mas também de outros
micronutrientes. Exercícios de curta duração, de alta
intensidade ou prolongados podem promover alteração da
concentração média de zinco, aumentando-a
imediatamente após o exercício. 58 A magnitude desse
aumento não pode ser atribuída à hemoconcentração,80
mas pode ser acarretada pela movimentação do zinco da
musculatura esquelética para o fluido extracelular em
razão de lesão das fibras musculares, em um processo
decorrente do esforço. 70 Ocorre um abrupto decréscimo
minutos após o término do exercício que parece estar
relacionado ao aumento da excreção urinária de zinco,
acoplada à redistribuição desse mineral do plasma para o
fígado, em um processo consequente da síntese de
proteínas de fase aguda modulado por citocinas. 85 Esse
fluxo acelerado de zinco pode ocorrer devido ao aumento
do nível de citocina sérica, particularmente o fator de
necrose tumoral-α (TNF-α).
O papel imunológico do zinco tem sido amplamente
estudado em virtude de sua grande importância. Ainda que
a função imune seja governada por uma variedade de
fatores independentes vários trabalhos sugerem que baixos
níveis de zinco possam resultar em aumento do risco de
infecções bacterianas.
Disfunções no sistema imunológico podem resultar da
deficiência ou do excesso de um nutriente sozinho ou em
combinação com má nutrição proteico-energética. Como
disfunções imunológicas induzidas por problemas
nutricionais são geralmente reversíveis, é importante
reconhecer e identificar os casos em que elas são de
origem nutricional. 11
A deficiência em zinco causa atrofia do tecido linfoide e
produz anormalidades na imunidade celular e humoral.
33,36 A reação de hipersensibilidade cutânea se torna
retardada e a atividade hormonal do timo é suprimida. 11
Ingestão de zinco por atletas
Atletas de endurance possuem hábitos alimentares durante
a rotina de treinos e competições que, muitas vezes,
podem levar a uma baixa ingestão de certos
micronutrientes. Geralmente, os atletas adotam, nesses
períodos, dieta rica em carboidratos e com percentual
reduzido de proteínas e lipídios, fazendo com que a
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ingestão de zinco seja insuficiente. Micheletti et al. 91
relatam que 90% dos atletas ingerem zinco abaixo das
recomendações ideais. Deficiência em zinco é difícil de ser
detectada devido à falta de indicadores bioquímicos
precisos. A determinação total de zinco corporal não é uma
rotina disponível para uso clínico. 76
Em atletas, a deficiência desse mineral pode provocar
anorexia, perda excessiva
de peso corporal, fadiga crônica com perda da capacidade
de endurance e risco elevado de osteoporose, além de
perda da acuidade do paladar, retardo na maturação
sexual, prejuízo na cura de feridas e retardo do
crescimento. 142
Lukaski82 observou que a ingestão dietética de zinco é
bem variada entre grupos de atletas de diferentes
modalidades (Tabela 5.3). Existem evidências de que a
deficiência prevalece entre o gênero feminino pela menor
ingestão alimentar comparativamente aos homens.
Deficiência de zinco
Concentrações séricas de albumina, transferrina e préalbumina decrescem em pessoas com deficiência em zinco
e são corrigidas por suplementos em pequenas dosagens,
como forma de intervenção terapêutica. 10 O efeito do
zinco no metabolismo proteico aparenta ser multifatorial.
Uma das primeiras manifestações da deficiência em zinco é
o decréscimo da atividade da timidina quinase, enzima da
síntese de DNA. 115
Por esse motivo, o decréscimo no nível de proteínas
transportadoras em atletas com deficiência em zinco
provavelmente causa prejuízos na síntese proteica. Atletas
podem ter prejuízo na recuperação muscular, fundamental
pós-exercício. Em adição a deficiência em zinco, a redução
das proteínas séricas pode levar à anorexia e a má função
gastrintestinal, por exemplo, diarreia.
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Alguns pesquisadores evidenciam que muitos atletas
possuem níveis plasmáticos de zinco abaixo das
concentrações normais (80 a 130 µg/dL), o que pode ser
acarretado por baixa ingestão dietética, maiores perdas
durante o exercício e pela expansão do volume plasmático
durante o treino e a redistribuição do zinco entre os tecidos
do organismo.
Suplementação de zinco
A suplementação de zinco não pode ultrapassar 100
mg/dia. Doses terapêuticas variam de 30 a 50 mg/dia,
estão numa relação de 16 para 1 para o cobre, e não se
deve administrar o ferro concomitantemente, pois eles
competem entre si pelo sítio de absorção intestinal. 142
A suplementação de zinco deve ser cuidadosamente
administrada, pois pode afetar
a absorção de cobre quando ofertado em quantidades
maiores que 22,5 mg. Dosagens
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em torno de 160 mg/dia podem fazer que suplementos de
zinco exerçam papel aterogênico, uma vez que podem
reduzir o HDL-colesterol responsável pela remoção do
colesterol no organismo. 50,52, 61
Os benefícios da suplementação de zinco para a melhora
do rendimento ainda apresentam resultados controversos
(em termos de melhora no próprio desempenho), pois a
maioria dos trabalhos descritos até o momento relatam
benefícios para atletas imunodeprimidos, com níveis
séricos alterados ou com ingestão insuficiente desse
mineral. 85
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SELÊNIO (Se)
Esse micronutriente começou a ser mais amplamente
estudado na década de 1980,
apesar de os relatos iniciais datarem da década de 1930.
O selênio protege o organismo contra a toxicidade a
mercúrio, cádmio e prata. 142
Propõe-se também um papel na defesa do organismo
contra metais pesados125 e radicais livres, por ser
constituinte essencial de grande número de enzimas
relacionadas aos mecanismos antioxidantes do organismo,
das quais destaca-se a glutationa peroxidase.
Um papel importante desse mineral é sua ação como
cofator (em associação ao zinco) na enzima 2 a-deiodinase
durante a síntese de hormônios tireoidianos. Dessa forma,
baixas ingestões desses minerais estão associadas à
menor síntese de T3 e T4 e, consequentemente, a um
baixo metabolismo energético.
As recomendações do Food and Nutrition Board of the
National Research Council,
de 1989, preconizam a ingestão de 70 µg/dia para homens
e 55 µg/dia para mulheres.
Em atletas, preconiza-se a ingestão de 100 µg/dia.
O selênio geralmente é ingerido sob diversas formas:
selenometionina (das fontes vegetais), selenocisteína (das
fontes animais) e como selênio inorgânico. As duas
primeiras formas são bem absorvidas, enquanto a forma
inorgânica do mineral é influenciada por fatores luminais. A
forma de selênio glicinato, ou seja, quelado a um
aminoácido, é a forma mais bem absorvida, em caso de
necessidade de suplementação.
Deficiência em selênio
A deficiência em selênio causa redução na atividade da
glutationa peroxidase, provocando aumento das injúrias
causadas pelo estresse oxidativo. A atividade dessa enzima
no plasma e no fígado é muito sensível ao suprimento
corporal de selênio, fazendo que seja usada como
marcador do estado nutricional desse micronutriente. Uma
concentração plasmática de 8m/dL ou mais em indivíduos
saudáveis indica que o organismo apresenta reservas
adequadas de selênio.18
Exercícios, radicais livres e selênio
Exercícios induzem ao aumento da produção das espécies
reativas de oxigênio que
podem agredir e gerar danos a todas as células do
organismo66,111,124 A magnitude da formação de radicais
livres está diretamente relacionada à intensidade do
exercício. 47
O treinamento promove aumento da atividade da enzima
glutationa peroxidase no
plasma e nos eritrócitos e reduz nestes últimos a atividade
da enzima glutationa redutase. Entretanto, Miyazaki et al.
94 afirmam que não há evidência de que o exercício
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exaustivo aumente os níveis de qualquer enzima
antioxidante no plasma.
Os processos metabólicos geram vários radicais livres cuja
produção tem sido estimada em torno de 4 a 5% de todo o
oxigênio consumido durante a respiração.
Portanto, como o consumo de oxigênio aumenta muito
durante o exercício, ocorre concomitantemente aumento
da produção de radicais livres e peroxidação lipídica. 22
Além disso, os radicais livres podem ser formados durante
a inativação metabólica da epinefrina e de outras
catecolaminas, durante a produção de ácido lático que
pode auxiliar a converter espécies menos reativas
(superóxido) em mais reativas (hidroxil) e, ainda, nas
respostas inflamatórias secundárias às lesões musculares.
Um período de exercício de alta intensidade promove
aumento na capacidade dos
neutrófilos em produzir o ânion superóxido, tanto antes
como após o exercício, mas a magnitude desse aumento é
pequena após o treino.106 A influência dos exercícios de
endurance na fosforilação oxidativa e na suscetibilidade
mitocondrial das células musculares aos radicais livres tem
sido estudada.137
As células possuem mecanismos importantes de defesa
contra essas espécies reativas. Para manter o equilíbrio dos
sistemas antioxidantes, o organismo depende de vários
micronutrientes – destacando-se o selênio, as vitaminas C
e E, entre outros –, bem como da produção endógena de
compostos antioxidantes, como glutationa e numerosas
enzimas.
A glutationa serve como substrato para a enzima
glutationa peroxidase, que atua removendo o peróxido de
hidrogênio. O selênio é um componente essencial da
glutationa peroxidase e de outras enzimas antioxidantes,
como superóxido dismutase, catalase e glutationa
redutase.
Alterações na glutationa plasmática têm sido amplamente
estudadas por serem um
bom marcador do estresse oxidativo. A glutationa passa da
forma reduzida (GSH) para a forma oxidada (GSSG) em
resposta ao aumento dos radicais livres liberados em
função do exercício. 22
Por todo seu papel na síntese da glutationa, o selênio
provavelmente interage com qualquer nutriente que afete
o balanço antioxidante/pró-oxidante da célula. 125
Suplementação de selênio
A suplementação de minerais e fórmulas antioxidantes em
atletas tem sido alvo de grande interesse por todo o
estresse oxidativo que os treinamentos podem gerar. Ainda
não está claro na literatura se as adaptações dos sistemas
antioxidantes ao exercício são suficientes ou se
suplementações nutricionais são necessárias para conter o
aumento dos radicais livres durante o exercício.7
Benefícios na peroxidação lipídica após a administração de
complexos
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polivitamínicos e minerais também têm sido descritos. 65
Porém, o uso da suplementação de selênio orgânico em
atletas não tem mostrado melhora no rendimento e na
capacidade de resistência, 91,135 mas pode ser útil para
atletas de endurance por promover significativas
alterações nos peróxidos lipídicos formados após o
exercício.32
A suplementação de selênio gera aumento dos níveis
basais plasmáticos da glutationa peroxidase-GPx. Tessier el
al. 132 indicaram que o nível de glutationa no sangue é
bom marcador de estresse oxidativo induzido pelo exercício
exaustivo e que o potente efeito antioxidante da GPx pode
ser desenvolvido pelo treinamento de resistência.
A suplementação rotineira de selênio nos Estados Unidos
não tem sido realizada,
uma vez que o Third National Health and Nutritional
Examination Survey determinou, pela análise de selênio
plasmático de 17 630 pessoas, que mais de 99% dos
indivíduos não apresentavam deficiência.18
Até o momento, todos os trabalhos publicados são
insuficientes para assegurar a recomendação de
suplementos antioxidantes para atletas. Alguns
pesquisadores sugerem que megadoses administradas por
longo período de tempo podem ser perigosas. 22
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CROMO (Cr)
O cromo é um oligoelemento que atua diretamente sobre a
sensibilidade dos receptores periféricos da insulina,
influenciando o metabolismo de carboidratos e lipídios. 125
Tende a manter a estabilidade plasmática da glicose, pois
atua associado a uma proteína de baixo peso molecular,
para os mecanismos de amplificação de sinal na ação e
eficiência da insulina. 25, 113 Muitos trabalhos na
literatura descrevem o papel do cromo no perfil lipídico,
diminuindo os níveis plasmáticos de LDL-colesterol e
triglicérides e aumentando os níveis do HDL-colesterol e
apolipoproteína A. 141
A deficiência de cromo parece estar associada a depressão,
ansiedade e fadiga.
Além disso, está associada ao metabolismo inadequado de
aminoácidos e a maior risco de arteriosclerose. Sua
reposição deve ser cuidadosa, principalmente em
pacientes e atletas diabéticos. Uma avaliação cautelosa e
completa é importante, pois em caso de administração de
insulina, o uso do cromo pode influenciar a quantidade de
insulina administrada ao indivíduo.
Um fato importante a ser considerado é que a forma
usualmente encontrada nos alimentos não é facilmente
absorvida (somente 0,4 a 2,5% do total); as maiores fontes
de cromo não são também consumidas com facilidade, e a
quantidade ainda fica aquém das necessidades do mineral.
Notoriamente, grandes perdas de cromo ocorrem com o
processamento dos alimentos, e maiores quantidades de
açúcar na dieta reduzem a biodisponibilidade de cromo por
favorecer as perdas corporais.
A administração usual de cromo é a associada a um
aminoácido de ocorrência natural no metabolismo humano,
o picolinato, formando o picolinato de cromo.
Ingestão dietética de cromo
Análises recentes da ingestão dietética de norteamericanos indicam que o teor de cromo na dieta esteja
entre 5 a 6 µg e 16 µg a cada 1.000 calorias ingeridas. 3 A
ingestão média está em torno de 56 µg no Canadá, 29 µg
na Finlândia, 25 µg na Inglaterra e entre 28 e 37 µg nos
Estados Unidos. Até o momento, não há dados na literatura
que indiquem a ingestão média de atletas.
Embora o cromo seja considerado um nutriente essencial,
não existe uma ingestão
específica para atletas. 138 A ingestão dietética diária
segura e adequada para adultos está entre 50 e 200
µg/dia. 85
Alguns trabalhos supõem que os requerimentos de atletas
de endurance são maiores. Após uma corrida de 10 km, os
níveis séricos de cromo elevam-se e permanecem elevados
até 2 horas após a atividade.2 A excreção urinária também
é maior no dia do exercício, diferente dos dias anteriores e
posteriores à atividade. O
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efeito direto do exercício na excreção de cromo também foi
analisado em outro estudo realizado em corredores. As
perdas foram maiores nos indivíduos exercitados do que no
grupo controle sedentário, embora ambos os grupos
estivessem ingerindo a mesma dieta. 3
A ingestão dietética afeta a excreção de cromo durante o
exercício. Uma dieta de supercompensação de carboidratos
resultou em menor excreção desse mineral após o
exercício, quando comparado com uma dieta balanceada e
mista. 4
A deficiência em cromo provocaria prejuízo na ação da
insulina, contribuindo para intolerância a glicose, alteração
das concentrações dos lipídios plasmáticos e alteração do
metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas. 25
Suplementação de cromo e composição corporal
A suplementação de cromo parece exercer alterações
sobre a composição
corporal, promovendo ganho de massa muscular e perda
de tecido adiposo; contudo, os resultados são inconclusivos
e controversos (Tabela 5.4).13,110
Assim, a maioria dos trabalhos disponíveis até o momento
evidencia que a suplementação de cromo não promove
ganho de massa muscular nem perda de gordura
corporal, como determinado por vários métodos de análise
da composição corporal.85
Existem poucas informações disponíveis sobre a segurança
da administração do cromo em relação ao tempo de
suplementação e à dosagem. Porém, nos trabalhos
publicados pela comunidade científica até o momento, não
se observa riscos. A conduta mais prudente a se tomar é
ingerir picolinato de cromo até 0,1 mg por dia associado ao
vanádio quelado, também na dose de 0,1 mg dia.
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COBRE (Cu)
O cobre é um mineral importantíssimo para o organismo,
pois participa do metabolismo proteico, da oxidação
orgânica da vitamina C, da formação de hemoglobina e
facilita a absorção do ferro. É necessário para a síntese do
RNA, para o aproveitamento adequado do oxigênio pela
célula e é essencial para a mielinização das células
nervosas. É um poderoso antioxidante do organismo capaz
de regenerar a enzima citocromo-oxidase da cadeia
transportadora de elétrons, mas seu maior papel como
antioxidante é pela enzima cobre-zinco-superóxido
desmutase. Essa enzima possui efeitos anti-inflamatórios,
estimula a função imunológica e aumenta os valores
plasmáticos do HDL-colesterol. 131
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Várias enzimas essenciais do organismo são compostas por
cobre. Podemos citar as aminas oxidase, ferroxidase,
citocromo oxidase, dopamina β-hidroxilase, superóxido
dismutase, tirosinase, metalotionina, albumina e outras.
125
Dentre essas inúmeras funções, destaca-se também o
papel no metabolismo ósseo,
na hematopoiese. Associado à vitamina C e ao zinco, esse
mineral participa do metabolismo da elastina (uma
proteína da pele), participando, portanto, no processo de
cicatrização.
Deficiência de cobre pode ser verificada pela diminuição do
paladar, perda da coloração da pele e cabelo, anemia,
calvície, diarreia, fraqueza geral e alterações do sistema
respiratório. Já o excesso pode estar associado a
depressão, irritabilidade, náusea, vômito, dores musculares
e atralgias.
Apesar de utensílios de cozinha e tubulações usadas na
construção civil serem feitas com cobre, esse mineral é
amplamente distribuído nos alimentos. Boas fontes dele
são abacate, amêndoas, feijões, brócolis, alho e
oleaginosas.
O cobre pode interagir com outros nutrientes. Grandes
quantidades de ferro, zinco, molibdênio, ácido ascórbico e
carboidratos afetam a biodisponibilidade do cobre, que, em
alta ou baixa quantidade na dieta, também pode afetar o
metabolismo desses minerais. 5 Consumo de frutose
exagerado pode afetar significativamente as concentrações
corporais de cobre, amplificando uma deficiência, se
houver. A ingestão de cobre deve ser correlacionada com a
ingestão de zinco numa proporção de 1 para 16, ou seja, 1
mg de cobre para 16 mg de zinco, 2 mg de cobre para 32
mg de zinco, e assim por diante.
O cobre é absorvido pela mucosa intestinal, transportado
via veia porta para o fígado e, então, é incorporado à
estrutura da ceruloplasmina, uma proteína plasmática.
Essa proteína, por sua vez, tem duas funções: transportá-lo
a todos os tecidos do organismo e auxiliar a transferência
de ferro da ferritina para a transferrina. A maior parte do
cobre endógeno é secretada no trato gastrintestinal e
combina-se à porção não absorvida da dieta. Pequena
parte do cobre corporal é perdida por outras vias de
excreção. 131
Em atletas, a perda pelo suor é significativa, mas pode ser
contrabalançada com aumento na ingestão dietética. A
concentração de cobre no suor varia de acordo com a parte
do organismo. O abdome e o tórax são áreas de maior
perda quando comparadas às costas e aos braços.
Considerando a temperatura ambiente, o calor parece
diminuir os valores de cobre sérico, mas não os de
ceruloplasmina e exercícios realizados em ambientes
quentes induzem à menor perda no suor, quando
comparados a ambientes neutros. 133, 139
A DRI para o cobre, de acordo com a Organização Mundial
de Saúde148, seria de
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0,6 mg/dia para homens e de 0,7 mg/dia para mulheres. Já
a recomendação preconizada pelo National Research
Council of the United State. 46 é de 1,5 a 3,0 mg/dia, dose
que parece ser segura e adequada. Já a Academia
Americana de Ciências do Instituto de Medicina do Food
and Nutrition Board, em 200131, publica novas DRI, RDA e
UL para vitaminas e minerais e recomenda cerca de 900
mcg por dia de cobre, mas relatam que a ingestão média
para homens e mulheres seria de 1,0 e 1,6 mg dia
respectivamente, em que a UL estaria em 10 mg/dia para
ambos os gêneros. 152, 107
Em relação à ingestão de cobre, parece que atletas tanto
do gênero feminino como do masculino apresentam uma
ingestão pouco maior que indivíduos não atletas. 112,126
Para avaliar o estado de deficiência em atletas, geralmente
é empregada a análise de cobre plasmático, embora se
acredite que o melhor indicador do estado de cobre
corporal seja a avaliação dos níveis de superóxido
dismutase eritrocítica. Valores de ceruloplasmina de 30 a
125 mg/L e de cobre sérico de 1,8 a 7,2 µmol/L já indicam
estados de deficiência. 5
Em geral, estudos demonstram que os efeitos do exercício
nas concentrações plasmáticas não só de cobre, mas dos
metais em geral, variam de indivíduo para indivíduo e que
não se pode estabelecer uma conclusão definitiva se essas
concentrações são muito influenciadas por perdas pelo
suor ou por alterações no metabolismo dos minerais.
As concentrações de cobre sérico e de ceruloplasmina
aumentam durante
exercícios prolongados54, 106,107 ou permanecem
constantes. 2 No início do exercício, os valores de
ceruloplasmina mantêm-se inalterados, sugerindo que o
cobre possa ser metabolizado por essa proteína. 54
Exercícios anaeróbicos promovem maior aumento dos
níveis séricos de cobre em atletas quando comparados a
atividades moderadas em indivíduos controle.119
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BORO (B)
O boro é um micronutriente fundamental para o
metabolismo de cálcio, fósforo e
magnésio, ou seja, influencia indiretamente o metabolismo
ósseo. Tanto é que sua deficiência tem sido associada à
baixa densidade mineral óssea e à osteoporose. Sua
deficiência leva também à síntese de vitamina D.
É, ainda, fundamental para o metabolismo de hormônios da
tireoide e tem a característica de regular a permeabilidade
da membrana celular. Sua deficiência pode levar a
comprometimentos no crescimento e a transtornos
nutricionais, como hiperparatireoidismo secundário.
Tem a função de hidroxilar a pregnenolona formando a 17alfa-hidroxipregnenolona (forma ativa) envolvida na síntese de
Dihidroepiandrosterona (DHEA) e, consequentemente, de
outros hormônios esteroides. Nesse contexto, seu possível
papel como agente anabolizante fez o mineral ser alvo de
maior atenção. 30
Poucos são os estudos envolvendo o uso de boro como um
possível agente ergogênico. Ferrando e Green40
suplementaram fisiculturistas com 2,5 g de boro por dia.
Esses pesquisadores não conseguiram correlacionar
nenhum efeito do boro às variações hormonais da
testosterona plasmática e livre. Variações individuais
ocorrem e devem ser cuidadosamente analisadas para a
investigação de doses maiores de suplementação. O boro
forma ligações-ponte incomuns, aumentando a hidroxilação
dos anéis esteroides de andrógenos, estrógenos,
progestágenos, corticoesteróides e vitamina D. Assim,
doses elevadas de boro no organismo podem comprometer
diretamente a saúde e o desempenho do atleta pelas
possíveis alterações hormonais. A suplementação de boro
também afeta as concentrações séricas de fósforo e
magnésio, podendo acarretar problemas referentes ao
metabolismo desses dois minerais no organismo.
Doses elevadas de boro levam ao aumento de sua
excreção urinária. 92
Embora tenha 90% de eficiência absortiva, é grandemente
eliminado; assim, sua ingestão deve ser realizada ao longo
do dia, de preferência de 2 a 3 vezes. Fontes importantes
de boro são maçã, cenoura, uva, verduras, pera, grãos e
nozes. Carnes e laticínios são pobres nesse mineral. Sua
ingestão diária como suplemento varia de 1 a 6
mg.
Sua toxicidade é atribuída a doses elevadas em torno de 15
mg por dia em adultos, mas não é cancerígeno ou
mutagênico.
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MANGANÊS (Mn)
É um mineral necessário para várias ativações enzimáticas,
pois atua como cofator ou diretamente na composição de
determinadas enzimas. Participa da formação do colágeno,
da síntese da ureia e do metabolismo de carboidratos e
lipídios. Está envolvido na síntese do colesterol e dos
hormônios sexuais e na capacidade reprodutiva do
organismo. Atua no pâncreas e age melhorando a ação da
insulina no organismo.
Compõe a estrutura do sistema nervoso central e ainda é
essencial no metabolismo da vitamina B1 e E. É importante
no tratamento da anemia por deficiência de ferro,
funcionando melhor quando associado a vitaminas do
complexo B.
É um catalisador na formação da cartilagem e dos líquidos
sinuviais, necessário para a lubrificação das articulações.
Além disso, é fundamental para o crescimento ósseo e sua
reprodução. 134
O manganês é absorvido por um mecanismo similar ao do
ferro e, no plasma, é encontrado em maior parte ligado à
transferrina, proteína muito relacionada ao transporte de
ferro no organismo. A taxa de absorção do manganês é
baixa e está entre 3
e 4% do ingerido. Sua RDA é de 2,5 a 5 mg/dia, e suas
fontes mais ricas são nozes, amêndoas, sementes, cereais
integrais, café e chá. Os demais alimentos possuem
pouquíssima quantidade desse mineral. 28
As doses para suplementação variam de 1 a 5 mg;
entretanto, doses superiores a 5
mg podem gerar danos ao sistema nervoso central, e
alguns trabalhos referem-no à doença de Parkinson. A
deficiência de manganês pode estar relacionada à
confusão mental, convulsões, problemas oculares,
auditivos e cardíacos, alem de hipertensão arterial,
irritabilidade, perda de memória e lesões pancreáticas.
A maior parte do manganês corporal é encontrada no
pâncreas, nos ossos, no fígado e nos rins. Nas células,
encontra-se nas mitocôndrias. O conteúdo corporal de
manganês é regulado pela concentração deste excretado
na bile. Normalmente, as perdas urinárias são muito
baixas.
Não há dados conclusivos na literatura em relação ao seu
papel como ergogênico
em atletas. A maioria dos estudos descritos até o momento
refere-se à sua atuação como cofator de enzimas
essenciais para todo o metabolismo. Assim, uma ingestão
alimentar adequada em manganês assegura um bom
funcionamento do organismo. 134
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GERMÂNIO (Ge)
O elemento germânio foi identificado por um químico
alemão em 1886. É um semimetal que pertence à família
do carbono, do silício, do estanho e do chumbo. 67
Apesar de sua concentração na crosta terrestre ser maior
que a de mercúrio, prata, ouro, cádmio, bismuto e
antimônio, ele é muito raro, pois dificilmente é encontrado
isolado, e sim sempre associado aos metais sulfurosos, ao
zinco, ao cobre, etc.
Foi o japonês Kasuhiko Asai que descobriu a utilização do
germânio orgânico em
terapia. Em 1945, ele descobriu uma discreta quantidade
de germânio na parte lenhosa do carvão japonês. Mais
tarde, pesquisas demonstraram a existência de
quantidades significativas de germânio em plantas
utilizadas pela medicina chinesa (fungos, ginseng, alho,
aloe vera, consolida etc.). Mas foi somente em 1967 que o
grupo do Dr. Asai conseguiu sintetizar um composto
orgânico do germânio (carboxietilgermânio sexquióxido),
cujo uso demonstrou um grande poder terapêutico no
tratamento de uma grave forma de artrite reumatoide que
fora acometido. 68
O germânio melhora a oxigenação celular, auxiliando na
dor e mantendo o sistema
imune funcionando adequadamente. Envolve estímulo da
produção dos gammainterferon, ativação dos macrófagos, estímulo da atividade
dos linfócitos, estímulo da produção dos linfócitos T8
supressor e reequilíbrio do sistema imunológico nas
pessoas idosas.
Atua da mesma forma que a hemoglobina, transportando
oxigênio às células. A ingestão de 100 a 300 mg de
germânio por dia pode melhorar a artrite reumatoide,
alergias alimentares, hipercolesterolemia, candidíase,
infecções virais crônicas, entre outras. 108
Apesar da forma mais usada ser a do germânio orgânico,
com dose geralmente empregada de 25 mg uma a duas
vezes ao dia, pode-se, ainda, fazer a administração na
forma de soluções iônicas gliceroaquosas (oligoterapia),
que já demonstrou grande eficácia nas patologias citadas
e, particularmente, nos casos de hipertensão, cefaleia e
depressão.
Uma importante função atribuída a esse mineral é a
detoxificação, auxiliando o organismo na limpeza contra
toxinas e agrotóxicos. E isso é muito relevante em atletas
sob treinamento intenso, em função da excessiva formação
de amônia e, ainda, do uso de corantes e conservantes
contidos nos suplementos esportivos.
É encontrado em vários compostos orgânicos tanto de
origem animal como vegetal. Boas fontes são brócolis,
shiitake, leite, cebola, ruibarbo, aloe vera, ginseng e alho.
A melhor via de ingestão desse mineral se dá pela
alimentação e a suplementação
é rara. Sua toxicidade pode ser observada com consumo
crônico e levar a danos
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renais. 77
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não existem informações conclusivas a respeito da
melhoria do rendimento a partir da suplementação de
minerais em atletas que realmente não apresentem
deficiência orgânica. Uma dieta balanceada contendo as
fontes dos vários minerais (Tabela 5.5) deve ser indicada e
ter sua importância constantemente esclarecida. Para
atletas em uso de polivitamínicos e poliminerais, deve-se
fornecer esclarecimentos sobre os perigos da ingestão
acima das doses diárias recomendadas e em períodos
prolongados.
O objetivo dos atletas é o alto rendimento e melhores
resultados. Entretanto, para tal,
o
organismo
precisa
estar
saudável,
funcionando
plenamente,
sem
comprometimentos. A nutrição pode, nesse aspecto, fazer
a diferença entre ganhar e perder.
A maioria dos atletas acredita que suplementações devam
ser constantemente feitas, negligenciando aspectos
importantes da ingestão dietética do dia a dia. A conquista
por melhores resultados não está apenas associada à dieta
da semana da competição ou do dia da prova. Ela deve
estar presente todos os dias, proporcionando ao organismo
capacidade de responder aos treinos na busca do
rendimento máximo. A manutenção de ingestão adequada
de todos os macro e micronutrientes durante toda a
temporada é fundamental.
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Se a ingestão energética é compatível com o gasto calórico
diário e uma dieta balanceada é consumida, a
suplementação com vitaminas e minerais não é necessária,
mas a necessidade do organismo dependerá da demanda
do esforço. Assim, várias estratégias nutricionais podem e
devem ser realizadas a fim de maximizar o rendimento de
atletas.
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Micronutrientes e polifenóis com atividade antioxidante e
exercício
Josely Correa Koury
Cláudia Dornelles Schneider
Mariana Corrêa Gonçalves
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INTRODUÇÃO
O exercício físico extenuante, sobretudo quando a prática é
esporádica, pode induzir o desequilíbrio entre a produção
de radicais livres (sistema oxidante) e sua remoção por
meio dos sistemas antioxidantes, de forma que predomine
a produção dos agentes oxidantes. 32 Esse desequilíbrio é
denominado estresse oxidativo, ou desequilíbrio redox, e
que pode levar a danos de lesão tecidual até alteração na
estrutura do DNA, prejudicando, assim, a saúde e o
desempenho de atletas. 19,20,22, 29 O
conceito de estresse oxidativo propõe o reconhecimento da
existência de múltiplas vias de sinalização redox e sugere
que a definição mais apropriada deste termo seja: condição
que perturba a sinalização e o controle redox. Tal definição
fornece uma estrutura conceitual para avaliação clínica
mais significativa. 32
Alguns dos danos provocados pelo desequilíbrio redox
podem ser prevenidos ou
minimizados de diferentes formas, como alterar o consumo
dietético de nutrientes antioxidantes, por exemplo. 21, 43
A exposição crônica ao exercício (treinamento físico)
também é capaz de disparar adaptações positivas,
induzidas pelo estresse. Essas adaptações são sistêmicas e
ocorrem como consequência das alterações na homeostase
redox, atingindo o tecido muscular esquelético, hepático e
cerebral. 64 O resultado da adaptação é o aumento da
atividade antioxidante65,73 e a diminuição do dano
oxidativo.
O uso de nutrientes antioxidantes para prevenir ou reduzir
o estresse oxidativo, induzido pelo exercício, tem sido
amplamente estudado. 19 Entretanto, é importante
ressaltar que os radicais livres gerados durante o exercício
agem como sinalizadores fundamentais na adaptação
celular ao treinamento físico, 22 e, em alguns casos, a
suplementação antioxidante exibe ações pró-oxidantes.52
Consequentemente, a prática de utilizar antioxidantes
indiscriminadamente deve ser avaliada com cautela.30
Este capítulo visa demonstrar a relação de alguns
micronutrientes e polifenóis com atividade antioxidante em
atletas.
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EXERCÍCIO FÍSICO COMO PROMOTOR DE ESTRESSE
OXIDATIVO
O oxigênio possui características eletrônicas que o tornam
o oxidante, ideal para os sistemas biológicos, pois
apresenta alto potencial de oxidação para as reações das
quais participa. A maior parte do oxigênio que respiramos é
reduzida de forma tetravalente e gera CO2 e H2O, produtos
metabólicos finais pouco reativos.
Além dessas reações metabolicamente benéficas, o
oxigênio também forma
oxirradicais como o superóxido e a hidroxila. O peróxido de
hidrogênio, por não possuir elétrons desemparelhados, não
é considerado radical livre (RL), e é uma molécula menos
reativa do que as demais. 78 Há espécies de oxigênio
muito reativas, como o radical hidroxila, que reage
indiscriminadamente com a maioria das biomoléculas,
exercendo efeitos biológicos prejudiciais. Já o óxido nítrico
reage com biomoléculas específicas e, assim, pode se
difundir de uma célula à outra e exercer função de
mediador biológico. 55, 78
Durante a atividade física intensa, há um aumento de 10 a
20 vezes do consumo total de oxigênio pelo organismo,
além de um aumento de 100 a 200 vezes da captação de
oxigênio pelo tecido muscular, 25 o que favorece maior
produção de espécies reativas de oxigênio (ERO). A
atividade física intensa pode ativar três principais vias de
formação de espécies reativas de oxigênio: produção
mitocondrial, produção citoplasmática e produção
favorecida por íons, ferro e cobre (reação de Fenton). 82 A
Tabela 6.1 mostra as ERO e suas denominações.
O desequilíbrio entre a liberação de espécies reativas de
oxigênio e a ação das substâncias antioxidantes promove o
desequilíbrio redox ou estresse oxidativo. O
excesso de liberação de espécies reativas de oxigênio faz
parte do mecanismo intermediário de várias doenças - tais
como isquemia, inflamação, trauma e doenças
degenerativas -, causa morte celular por ruptura da
membrana (lipoperoxidação) e inativação enzimática. 82
A magnitude do estresse oxidativo após exercícios aeróbios
é, geralmente, proporcional à intensidade do exercício.63
Atletas de ultrarresistência mantêm um altíssimo volume
de exercício e estão suscetíveis ao dano oxidativo como
resultado de uma maior produção de ERO. Exercícios
prolongados ou muito prolongados, como maratona43 ou
ultramaratona, 77 induzem o estresse oxidativo, observado
pelo aumento da peroxidação lipídica. Entretanto, treinar e
competir em provas de longa distância, como triatlo
IronMan e meio-IronMan, pode conduzir a diferentes efeitos
nas atividades das enzimas antioxidantes e no estresse
oxidativo,36 inclusive no sistema antioxidante zincodependente.39 Além disso, consecutivos dias de exercício
de alta intensidade aumentam as concentrações
plasmáticas de antioxidantes e reduzem o aumento das
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concentrações de malondialdeído (um marcador de
peroxidação lipídica) como efeito de uma adaptação ao
esforço e à proteção celular. 76
Assim como os exercícios aeróbios, os exercícios
contrarresistência de alta intensidade que envolvem
grande massa muscular também podem conduzir ao
estresse oxidativo. A intensidade do exercício parece ser
um dos determinantes para o início desse processo.
Protocolos de hipertrofia podem induzir um maior nível de
estresse se comparados com protocolos de força, devido à
combinação da intensidade moderada e da curta duração
de recuperação entre as séries. Entretanto, já se observou
que tanto o protocolo de hipertrofia como o de força
provocam estresse oxidativo quando analisado o dano
causado às proteínas.29
Por outro lado, o dano oxidativo não está relacionado
somente à intensidade do exercício, mas também ao tipo
de contração muscular. A contração excêntrica parece ser
capaz de provocar maior dano muscular, como observado
em bailarinas. 68 Outro aspecto importante a ser
ressaltado é que as respostas ocorrem de forma diferente
em indivíduos sedentários ou treinados. Em mulheres de
meia-idade (45 a 55 anos), engajadas em programas de
exercício (intermitente ou anaeróbio), parece que há maior
proteção antioxidante que combate as espécies reativas de
oxigênio quando necessário se comparadas a mulheres
sedentárias. 6
As informações quanto ao tipo de treinamento ou à
intensidade de exercício capaz de causar estresse oxidativo
ainda são divergentes. O universo que envolve a prática de
exercício e sua relação com o estresse oxidativo e as
substâncias antioxidantes são complexos, e existem
inúmeros fatores que, individual ou coletivamente,
influenciam as respostas em cada organismo humano. O
efeito positivo do treinamento de força sobre o estresse
oxidativo é observado, porém, algumas características tem
de ser consideradas, tais como raça, 9 grau de
envolvimento com o exercício físico, idade, 6
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tipo específico de protocolo de treinamento de força72 e
característica de contração muscular excêntrica e
isométrica, responsáveis por maior dano oxidativo.68
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PROTEÇÃO ANTIOXIDANTE
O corpo possui diversos sistemas antioxidantes. Os
antioxidantes biológicos têm sido definidos como “qualquer
substância que, quando presente em pequenas
concentrações, comparada aos substratos oxidáveis, é
capaz de impedir ou prevenir a oxidação”. 78 A regulação
de todos os processos metabólicos requer a presença de
micronutrientes que estão presentes nos alimentos, em
pequenas quantidades; doses reduzidas desses
micronutrientes são necessárias para o organismo manter
o processo fisiológico. A inadequação do consumo de
micronutrientes pode aumentar a suscetibilidade a
doenças, afetar a capacidade cognitiva e reduzir o
desempenho. 17
Os sistemas antioxidantes encontrados no organismo
humano podem ser
classificados de diferentes formas, tais como enzimáticos
(superóxido dismutase, catalase e glutationa peroxidase) e
não enzimáticos (ácido úrico e bilirrubina); intracelular
(metalotioneína) e extracelular (ceruloplasmina); lipofílico
(α-tocoferol) e hidrofílico (ácido ascórbico, polifenóis); ou
de acordo com sua ação antioxidante, podendo ser
antioxidantes de prevenção – aqueles que previnem a
formação de espécies reativas de oxigênio – ou varredores
– que destroem ou inativam as espécies reativas de
oxigênio.78 Os antioxidantes, porém, não foram capazes
de prevenir lesões musculares em resposta a
ultramaratona.51
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MICRONUTRIENTES ANTIOXIDANTES
Os micronutrientes possuem papel biológico essencial nos
mecanismos de
proteção antioxidante, sobretudo relacionados às
membranas celulares. Estudos nutricionais demonstram
que atletas, geralmente, ingerem dietas com elevada
concentração energética, porém, com quantidade
insuficiente de micronutrientes para compensar as perdas
destes pela urina e pelo suor. 53 Deve-se ter muita atenção
para o papel dúbio dos micronutrientes, que tanto podem
ter ação anti como pró-oxidante, como é o caso da
vitamina E (α-tocoferol), do cobre e do ferro. 8, 38 Além
disso, vários estudos têm demonstrado, em animais22 e
em humanos, 23 que a suplementação oral com
antioxidantes suprime algumas respostas adaptativas
importantes à contração muscular, e recomendam atenção
ao usar altas doses de antioxidantes durante programas de
treinamento.
A Figura 6.1 ilustra os locais de ação dos micronutrientes
antioxidantes na célula.
Vitamina E (α-tocoferol)
A vitamina E é classificada como lipossolúvel e designa um
conjunto de moléculas que exibem atividade biológica do
α-tocoferol. As fontes mais ricas de vitamina E são os óleos
vegetais comestíveis. 5
A relação entre a atividade da vitamina E e a sua função
molecular como antioxidante apresenta-se principalmente
em sua localização na membrana celular, na qual é um
eficaz agente “quelante” do radical peroxila, protegendo os
ácidos graxos poli-insaturados no interior das membranas
biológicas das lipoproteínas plasmáticas. 5
A deficiência de α-tocoferol pode causar perda da
integridade da membrana celular e aumento da
peroxidação lipídica, causando redução no desempenho e
danos teciduais. 20
Ao contrário do que muitos pensam, o excesso de vitamina
E não é benéfico e pode acarretar efeito oposto ao de
antioxidante, favorecendo a lipoperoxidação.14
Vitamina C (ácido ascórbico)
A vitamina C é uma vitamina hidrossolúvel encontrada
amplamente em frutas cítricas. A denominação vitamina C
é utilizada de forma genérica para todos os compostos que
exibem qualitativamente a atividade biológica do ácido
ascórbico.
Refere-se, assim, a duas formas biologicamente ativas, o
ácido ascórbico e o ácido dehidroascórbico. 75 O primeiro
possui propriedades antioxidantes, agindo diretamente
sobre o radical superóxido e a hidroxila em meio aquoso
como o plasma, prevenindo, assim, lesões nas membranas
dos eritrócitos. 31 Também participa do processo de
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regeneração do α-tocoferil ao α-tocoferol, 16 favorecendo a
ação antioxidante do αtocoferol.
O ácido ascórbico também possui a função de reduzir o
ferro dietético (ferro férrico para ferro ferroso) para que
este possa ser absorvido. Essa função garante a dualidade
da vitamina C como agente anti e pró-oxidante, pois
quanto mais ferro absorvido, maior a possibilidade do ferro
ferroso participar da reação de Fenton, que promove a
liberação de RL, principalmente superóxido e hidroxila. 14
Zinco
O zinco é um mineral-traço essencial e atua como cofator
em mais de 300 enzimas, incluindo lactato desidrogenase e
superóxido dismutase. Também participa da respiração
celular e da duplicação do DNA, mantém a integridade das
membranas celulares30 e está intimamente relacionado ao
sistema endócrino. 48,50
Observa-se a participação do zinco no sistema de proteção
antioxidante por meio
de estudos in vivo. Estes estudos demonstram que a
deficiência de zinco provoca lesões oxidativas relacionadas
à ação das ERO em animais e em humanos. Também, por
meio de estudos in vitro, demonstra-se o antagonismo do
zinco na formação de RL em modelos bioquímicos e
celulares. 62
O exato papel do zinco como antioxidante ainda não foi
completamente
esclarecido, mas as evidências disponíveis indicam a ação
dele em diversos mecanismos.37,48,62 Esses mecanismos
incluem a regulação da expressão de metalotioneína, a
atividade da enzima superóxido dismutase e a proteção de
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agrupamentos sulfidrila de proteínas de membranas
celulares por antagonismo com metais pró-oxidantes, como
cobre e ferro. A ação antioxidante do zinco é indireta, uma
vez que o íon zinco não é ativo em reações de oxirredução.
Metaloenzimas zinco-dependentes
A superóxido dismutase (SOD) ocorre em vários
compartimentos celulares; no citoplasma, é constituída de
duas subunidades idênticas, que contêm, cada uma delas,
um equivalente de cobre e de zinco, ao passo que a
mitocondrial contém manganês. A SOD parece proteger os
organismos aeróbios contra os efeitos prejudiciais do
superóxido.
A metalotioneína é uma proteína localizada no citoplasma
das células hepáticas, renais e intestinais e está ligada
potencialmente a minerais tóxicos como cádmio e chumbo,
favorecendo sua detoxificação, e a nutrientes como zinco e
cobre, regulando seu metabolismo e, talvez, suas funções
em resposta à ingestão dietética e alterações fisiológicas. A
síntese de metalotioneína é induzida por vários tipos de
estresse (físico, químico, por ação de poluentes) e
hormônios. Alguns autores sugerem o envolvimento da
metalotioneína no mecanismo de defesa celular, já que foi
identificada a capacidade de “varredor” dos íons hidroxila
in vitro. Se essa reação ocorrer também in vivo, a
metalotioneína poderá proteger os tecidos de lesões
oxidativas.13
Observou-se que, ao comparar atletas de diferentes
modalidades esportivas (alto
versus baixo impacto; longa versus curta duração), a
prática de exercícios de longa duração e de alto impacto,
de forma crônica, induz uma adaptação no sistema
antioxidante zinco-dependente de maneira específica às
características do tipo de treinamento. As associações
encontradas entre estado nutricional de zinco e SOD e
metalotioneína são consistentes com a importância de um
adequado estado de zinco na resposta antioxidante ao
exercício intenso.39 Além disso, também já foi descrito que
o repouso de 5 dias em judocas de elite é capaz de reduzir
a atividade da SOD sem alterar os níveis eritrocitários de
metalotioneína, mostrando que os ajustes antioxidantes
dependem também do repouso após atividade física
intensa.40
Selênio
O selênio é um micromineral essencial que compõe a
enzima antioxidante glutationa peroxidase. A glutationa
peroxidase (GPx) catalisa a reação da glutationa (GSH) com
o peróxido de hidrogênio. A GSH reage com o peróxido de
hidrogênio, inativando-o e produzindo a glutationa oxidada
(GSSG).
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2 GSH + 2 H2O2 GSSG + 2 H2O
Tong et al. 80 encontraram em um grupo de adolescentes
de diferentes modalidades esportivas em que a catalase e
a GSH apresentavam associação com macronutrientes
como carboidratos, proteínas e lipídios. A GSH também
apresentou correlação com a ingestão dietética de
magnésio, selênio e zinco. Essas associações podem ser
explicadas pela função do magnésio na síntese de GSH, 74
enquanto o selênio e o zinco estão associados a produção e
manutenção endógena da GSH. 2, 54 Esses estudos
suportam a hipótese de que o mecanismo de regulação do
sistema antioxidante endógeno pode sofrer adaptação
devido à prática crônica de exercício e à ingestão habitual
de um conjunto de nutrientes com propriedades
antioxidantes.
Cobre
O cobre é componente de várias metaloenzimas, que
desempenham funções
essenciais e contribuem para a manutenção de sua
homeostase. 18 O cobre desempenha funções
contraditórias e é essencial para o sistema antioxidante e
potencialmente tóxico às células pela facilidade de sofrer
mudanças de oxirredução. Portanto, para que as
metaloproteínas cobre-dependentes desempenhem suas
funções de forma adequada, o íon cobre precisa estar
adequadamente compartimentalizado e presente em
concentrações intra e extracelulares equilibradas. Tanto a
deficiência como o excesso de cobre podem trazer
prejuízos à integridade e à estabilidade da membrana
celular, 18
provocando sua morte precocemente.
Koury et al.38 observaram que as metaloproteínas cobredependentes (Cu-Zn SOD, metalotioneína e
ceruloplasmina) mantêm associação com diferentes
concentrações plasmáticas de cobre (<11; 11 a 13 e >13
µmol/L) em atletas de diferentes modalidades esportivas.
Entre as metaloproteínas estudadas, as intracelulares (SOD
e metalotioneína) são mais sensíveis a baixas
concentrações plasmáticas de cobre, e a extracelular
(ceruloplasmina), sensível a maior concentração. Isso,
possivelmente, ocorre em virtude da mobilização do cobre
para os sistemas antioxidantes, sugerindo um equilíbrio
entre os antioxidantes intra e extracelulares na proteção
aos diferentes níveis de cobre circulante.
Efeitos da suplementação com micronutrientes
antioxidantes em atletas
O termo “suplementação” tem sido definido como a
concentração de um ou mais
nutrientes ingeridos além da ingestão habitual e das
recomendações nutricionais, na tentativa de suprir as
células quantitativamente. A suplementação apresenta
efeito
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benéfico somente quando a forma biodisponível do
nutriente é ingerida em concentração menor que a
necessidade celular. Variações metabólicas, fatores
genéticos e meio ambiente podem alterar o requerimento
celular. Por exemplo, sobre certas circunstâncias, os
antioxidantes intracelulares podem ser depletados, e a
suplementação dietética pode restaurar a proteção
antioxidante ideal. 84
A suplementação múltipla, com vários nutrientes ingeridos
em uma só dose, pode
trazer prejuízos quanto à biodisponibilidade de um dos
elementos consumidos. Esse fato pode ocorrer também
quando se faz uso de doses muito elevadas de um único
nutriente. 84
As principais razões para se utilizar a suplementação de
micronutrientes são:
1. Otimizar a função celular, em situações de: inadequada
ingestão;
inadequada obtenção dos micronutrientes por dificuldade
absortiva;
aumento do requerimento, como ocorre durante as fases
de crescimento,
gestação e lactação e na presença de exercício físico de
elevada
intensidade, de longa duração e com perdas pela urina e
pelo suor.
2. Obter efeitos farmacológicos a fim de corrigir funções
celulares anormais
como resultado do processo de doença.
Dillard et al. 12 foram os primeiros pesquisadores a
investigar os efeitos da suplementação com antioxidantes
sobre a peroxidação dos lipídios induzida pelo exercício. Os
autores forneceram, para um grupo de indivíduos em
treinamento com bicicleta ergométrica, vitamina E (12.000
UI de α-tocoferol) diariamente, durante duas semanas, e
observaram redução significativa do pentano expirado
durante repouso e exercício. A determinação de
hidrocarbonetos voláteis como pentano, metano e etano é
um método frequentemente usado para detectar a
peroxidação de lipídios. A quebra de peróxidos de lipídios
produz hidrocarbonetos, que são expirados durante a
respiração e podem ser obtidos durante o exercício com
sacos coletores de gases. 8 Os resultados obtidos
demonstram eficácia da suplementação com α-tocoferol
durante o esforço físico.
Nielsen et al. 57 forneceram para triatletas em treinamento
uma mistura de 600 mg de ácido ascórbico, 270 mg de αtocoferol e 100 mg de coenzima Q10 durante seis
semanas. Ao final do estudo, observaram que a
suplementação não exerceu o efeito desejado sobre o VO2
máx., metabolismo energético e fadiga muscular,
mostrando a ineficácia da suplementação.
Os resultados dos estudos realizados com a suplementação
de vitamina E em
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atletas são contraditórios, devendo-se ter cuidado com as
doses a serem administradas, já que a elevada quantidade
pode interferir na absorção das vitaminas A e K. Doses de
200 a 600 mg/dia parecem ser inócuas.29 Nenhum dos
autores citados anteriormente encontraram alteração no
desempenho dos atletas suplementados com vitamina E.
Estudos com suplementação de vitamina C têm sido
desenvolvidos. 14,16, 17, 79 Os estudos bem controlados
têm demonstrado que a suplementação com vitamina C
não altera o desempenho, mas ela é capaz de interagir
com O2 e OH, em fase aquosa, como o plasma, prevenindo
a lesão da membrana do eritrócito. Entretanto, o excesso
de vitamina C pode levar à fadiga precoce durante o
exercício prolongado, possivelmente em virtude da
propriedade antioxidante dessa vitamina, que reage com
os íons metais de transição (cobre e ferro) para formar as
espécies reativas de oxigênio. 14, 79
Com base em evidências conflitantes sobre os efeitos da
alta ingestão de vitamina C e/ou E, no desempenho do
exercício e da homeostase redox, a ingestão permanente
de doses não fisiológicas de vitamina C e/ou E não deve ser
recomendada para indivíduos saudáveis. Isso não pode ser
confundido com uma alta ingestão de frutas e legumes,
considerada segura e benéfica. 60
O cobre está envolvido em todo metabolismo energético, é
um importante componente de hemoglobina, mioglobina e
citocromos, além de ser necessário para a utilização do
ferro (ceruloplasmina) no metabolismo das catecolaminas e
contra a lesão celular causada pelo estresse oxidativo.
Porém, nenhum estudo determina as dosagens de
suplementação de cobre para o desempenho ou para a
redução de lesões por estresse oxidativo. 42 Estima-se que
a ingestão acima de 20 mg/dia é tóxica para humanos,
podendo causar hemólise intravascular, e a ingestão de 10
a 15 mg/dia pode causar náuseas, vômitos e diarreia. 42
Muitos são os efeitos adversos quando há consumo
descontrolado de cobre e/ou zinco. A suplementação
excessiva de zinco pode inibir a absorção de cobre
proveniente da dieta quando o suplemento é ingerido
separadamente das refeições. 42 A ingestão de zinco na
dose de 160 mg/dia, durante dezesseis semanas, foi
relatada como fator redutor da concentração da HDL
(lipoproteína de alta densidade) em homens, 27 assim
como doses na faixa de 17 a 50 mg/dia é suficiente para
reduzir o aumento da HDL-colesterol induzido pela
atividade física. Logo, a suplementação com zinco tem sido
recomendada somente para atletas em que a ingestão do
mineral não exceda 15
mg/dia. 41
A utilização da suplementação de ferro é comum entre os
atletas, já que muitos apresentam deficiência marginal.
Contudo, essa indicação deve ser bem estudada para que
atletas que consomem quantidade adequada de ferro por
meio da dieta não sejam
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suplementados. A suplementação entre 75 e 106 mg de
ferro pode estar associada a distúrbios gastrintestinais e
constipação. Além disso, o excesso de ferro livre pode se
tornar potencial agente oxidante por sua participação na
reação de Fenton.
Como visto anteriormente, a intensidade do exercício é um
dos fatores envolvidos na instalação do estresse oxidativo;
logo, atletas que participam regularmente de exercícios de
alta intensidade, com até 40 minutos de duração, podem
necessitar de uma alta ingestão de antioxidantes
exógenos, que podem ser fornecidos pela ingestão
adequada de alimentos ricos em antioxidantes. Assim, não
parece haver razão para recomendar suplementos
antioxidantes aos atletas que praticam exercícios agudos
de alta intensidade, com até 40 minutos de duração, com
exceção para aqueles que consomem dietas pobres em
antioxidantes por períodos prolongados. 44, 83
Os efeitos adversos da suplementação com vitaminas e
minerais têm sido estudados. Diversos autores
identificaram que o excesso de antioxidante pode provocar
o aumento do desequilíbrio redox, como o excesso de
coenzima Q10, 45 vitamina C e n-acetil cisteína7 e
vitaminas C e E isoladas ou em conjunto. 3,4, 36,58 Além
disso, a suplementação com antioxidantes pode dificultar a
adaptação celular ao esforço, incluindo os benefícios de
proteínas citoprotetoras, como a HSP. 22, 35
A atividade física é reconhecida como promotora da
secreção de insulina, porém,
Ristow et al. 67 observaram que a suplementação com
vitaminas C e E inibe os efeitos do exercício sobre a
resistência à insulina quando comparados grupos placebo e
suplementado. Marques et al. 49 observaram, em ciclistas,
que a suplementação com gluconato de zinco aumenta a
concentração de insulina, porém, quando há
comprometimento do estado nutricional, a suplementação
se faz necessária para recuperação da saúde. Logo, uma
avaliação nutricional completa e minuciosa, com
indicadores adequados, é necessária para a prescrição da
suplementação de micronutrientes antioxidantes.
Polifenóis
O termo polifenóis ou compostos fenólicos refere-se a
moléculas biologicamente
ativas oriundas do metabolismo secundário dos vegetais,
envolvidos na proteção contra raios ultravioleta e
agressões por patógenos, insetos e fungos.26 Além disso,
são responsáveis pela coloração e algumas características
organolépticas dos alimentos. 47
Alimentos de cultivo orgânico apresentam conteúdo
polifenólico maior quando comparados aos de cultivo não
orgânico, sugerindo que o uso de pesticidas e fertilizantes
resulte na interrupção da produção natural dos polifenóis.
10
Os polifenóis são classificados em diferentes grupos em
função de suas estruturas
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químicas e número de anéis fenólicos. São categorizados
em quatro famílias: flavonoides, ácidos fenólicos, lignanas
e estilbenos. Os flavonoides, por exemplo, apresentam
estrutura básica semelhante, que consiste de dois anéis
aromáticos, três átomos de carbono e um heterociclo
oxigenado (anel C). Esse último é o responsável pela
divisão em seis subclasses, de acordo com o tipo de
heterociclo envolvido: isoflavonas, flavonas, flavanonas,
antocianinas, flavanols, flavanóis. 47
Os ácidos fenólicos são encontrados no café,
principalmente o ácido clorogênico; no grupo dos
estilbenos, o resveratrol está presente nas uvas e vinho; as
cumarinas, como as furanocumarinas, são encontradas no
aipo; as ligninas, como as lignanas, na linhaça; e os
flavonoides como principais alimentos-fonte, são
encontrados nas frutas e hortaliças, chás, cacau, soja,
dentre outros. Assim como a quercetina na cebola, as
antocianinas em frutas de coloração vermelha-arroxeada,
tais como cereja, morango e uvas, e as flavanonas em
frutas cítricas, como laranja e tangerina. 47, 69,71
Os polifenóis mais comuns na dieta humana não são
necessariamente os mais biologicamente ativos no
organismo, pois apresentam menor atividade intrínseca,
má absorção intestinal, rápida metabolização ou
eliminação. Além disso, os metabólitos encontrados no
sangue ou em órgãos-alvo resultam da atividade digestiva
e hepática e podem diferir suas atividades biológicas das
substâncias nativas. 46 O aumento dos polifenóis na
concentração sanguínea é transitório e reflete,
principalmente, a capacidade do organismo em assimilar o
polifenol do alimento. Em condições de consumo regular,
mesmo pequenas quantidades de polifenóis podem ser
absorvidas e aumentar significativamente as
concentrações plasmática e intracelular.71 Interações
diretas entre polifenóis e alguns componentes de
alimentos, como ligações com proteínas e polissacarídeos,
podem ocorrer e, consequentemente, interferir na
absorção.
Efeitos indiretos da dieta na fisiologia intestinal como pH,
fermentação intestinal, excreção biliar, tempo de trânsito
intestinal também são fatores relevantes na absorção dos
polifenóis. 46
Na circulação sanguínea, os metabólitos dos polifenóis
estão ligados a proteínas plasmáticas, principalmente à
albumina, e sua afinidade pelos polifenóis varia de acordo
com as suas estruturas químicas. Os níveis de ligação da
albumina com os polifenóis podem interferir na taxa de
excreção e distribuição desses metabólitos até os tecidos.
46
Nos tecidos, os polifenóis interagem com a superfície da
membrana plasmática, devido a sua capacidade de reação
em meio aquoso e lipídico. 70 Essa capacidade se justifica
pela presença de grupamentos hidroxila na estrutura dos
polifenóis que interagem com a cabeça polar dos
fosfolipídios na superfície da membrana, formando pontes
de hidrogênio, 81 o que limita o acesso de agentes
oxidantes aquosos à membrana
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celular. Polifenóis têm a capacidade de sequestrar espécies
reativas de oxigênio como o radical superóxido, hidroxila e
peróxidos.28, 59,66 A ação antioxidante dos polifenóis
inclui também capacidade quelante de metais que
promovem peroxidação lipídica11 e modulação da
atividade de enzimas antioxidantes. 15
Diferente das vitaminas C e E, que estão concentradas na
fase aquosa e na bicamada fosfolipídica da membrana
celular, respectivamente, os polifenóis podem permanecer
flutuantes entre as duas fases. Essa característica permite
ação na interface das membranas, evitando, assim, o início
e a progressão da reação em cadeia por radicais. 69
Polifenóis também podem exercer habilidades
antioxidantes por proteção e indução dos antioxidantes
endógenos, como glutationa S-transferase (GST), enzima
que protege células contra os danos oxidativos causados
pelo peróxido de hidrogênio. 11
A suplementação de substâncias antioxidantes tem
apresentado resultados
controversos em praticantes de exercícios físicos, não
havendo ainda um consenso sobre a real necessidade
dessa suplementação, quando há uma dieta balanceada.
Estudos que avaliam efeitos do consumo de polifenóis
sobre indicadores de desequilíbrio oxidativo ainda são
escassos. As diferentes metodologias, o grau de
treinamento, a duração e o modo de administração dos
polifenóis podem explicar as controvérsias dos resultados
apresentados pelos estudos.
Panza et al. 61 avaliaram o efeito da inserção de 600 mL de
chá-verde na dieta de praticantes de musculação e
observaram, como efeitos da ingestão aguda, a redução da
atividade enzimática da aspartato aminotransferase (AST),
creatina quinase (CK), xantina oxidase (OX), provavelmente
devido a presença dos polifenóis da bebida, especialmente
as catequinas. Jówko et al. 33 observaram que o consumo
de 320 mg de extrato seco de chá-verde em indivíduos
destreinados, submetidos a exercícios de força por quatro
semanas, aumentou a capacidade antioxidante plasmática,
reduziu a concentração de hidroperóxidos e a concentração
da CK. Entretanto, em indivíduos treinados, a ingestão
aguda de 640 mg de extrato seco de chá-verde não
aumentou a capacidade antioxidante e não reduziu
marcadores de lesão muscular. 34
Em indivíduos ativos, o consumo de 40 g de chocolate
amargo, fonte de polifenóis, durante duas semanas,
reduziu a concentração de F2-isoprostanos e a oxidação de
LDL. 1 Morillas-Ruiz et al. 56 não observaram alterações
nas concentrações de lactato desidrogenase e da
capacidade antioxidante plasmática de ciclistas, após a
ingestão aguda de extratos de frutas (uvas-pretas,
framboesa e groselha), com elevado teor de polifenóis.
Gonçalves et al. 24 avaliaram o efeito da ingestão de 300
mL de suco de uva-tinta orgânico durante 20 dias e
observaram redução de glicemia, aumento da SOD
eritrocitária e melhora nos parâmetros da microcirculação
em triatletas.
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A falta de informação precisa sobre a ação benéfica da
suplementação de polifenóis em atletas não exclui a
importância da ingestão regular de alimentos ricos nesses
compostos, pois podem ser fundamental no combate ou
retardo de danos oxidativos. Porém, deve-se considerar
que o consumo de polifenóis antes do exercício pode
retardar os efeitos adaptativos pela inibição da sinalização
celular.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os nutrientes com potencial antioxidante que exercem
papel biológico essencial nos mecanismos de proteção,
sobretudo os relacionados às membranas celulares, são
muito requisitados durante a atividade física intensa.
Estudos nutricionais demonstram que atletas, geralmente,
consomem quantidade insuficiente desses nutrientes na
dieta, não compensando as perdas aumentadas pelo suor e
pela urina, nem a elevada demanda.
Esses nutrientes merecem maior atenção durante a
orientação nutricional para reduzir os danos causados pelo
estresse oxidativo sobre o desempenho e a saúde dos
atletas, sem esquecer, no entanto, a participação deles na
sinalização celular.
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7
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Hidratação no exercício físico
Isabela Guerra
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INTRODUÇÃO
A desidratação não só afeta o desempenho, mas também é
condição que coloca a
vida do ser humano em risco. Em média, a perda de líquido
é cerca de 2,5 L/dia, porém, essa perda pode aumentar em
algumas circunstâncias:
Exposição a temperatura ou ambiente quente.
Quando o ar que respiramos está mais seco (arcondicionado, altitude, cabine pressurizada).
Prática de exercícios em intensidade elevada por um longo
período de tempo.
Durante episódios de diarreia e vômito.8
Inúmeros estudos realizados desde a década de 1980 vêm
demonstrando que a desidratação pode diminuir o
desempenho e que condições extremas de desidratação
podem ter consequências sérias e fatais para o ser
humano.
Vale a pena ressaltar que, devido a vários estudos, as
regras de hidratação têm sofrido mudanças ao longo do
tempo. Por exemplo, em 1953, a IAFF (Federação
Internacional de Atletismo) tinha postos de hidratação
somente nos quilômetros 15 e 30
de uma maratona (lembrando que o percurso da maratona
é de 42,1 km). Já, em 2009, essa mesma organização
elaborou um guia indicando que postos de hidratação
deveriam estar disponíveis no início e no final de cada
corrida e que, em eventos com distâncias maiores do que
10 km, bebidas deveriam ser oferecidas a cada 2 a 3 km do
percurso. 18
É de extrema importância que o atleta conheça sua taxa de
suor em diferentes condições ambientais. Essa taxa sofre
influência de vários fatores, entre eles: superfície corporal,
intensidade do exercício, temperatura ambiente, umidade,
tipo de roupa e aclimatação do atleta. 15
Antes, durante e após o exercício, é preciso consumir uma
quantidade adequada de líquidos para: (i) iniciar o exercício
devidamente hidratado; (ii) evitar uma desidratação maior
do que 2% do peso corporal durante o exercício; (iii)
reestabelecer o balanço após o término do exercício.
Em indivíduos saudáveis, a reposição diária de líquidos e a
manutenção do balanço hídrico é bem regulada pelo
mecanismo da sede e pelas perdas urinárias.
Porém, em condições de estresse, a sede pode não ser um
estímulo suficiente para manter o estado de hidratação
normal. Além disso, alguns esportes não têm pausas
regulares que permitam a ingestão de líquidos. Quanto
maior for o grau de desidratação durante o exercício, maior
será o impacto de seus efeitos no sistema fisiológico e no
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desempenho do atleta.5,8,20
Neste capítulo, serão abordados aspectos sobre a
importância da hidratação, como ela afeta o desempenho e
suas recomendações antes, durante e após o exercício.
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HIDRATAÇÃO NO EXERCÍCIO
Os indivíduos se exercitam em diferentes condições
ambientais e, dependendo dessas condições, elas podem
ser completamente adversas a um bom desempenho.
As contrações musculares que ocorrem durante o exercício
produzem um calor metabólico, responsável por aumentar
a temperatura interna do organismo. Com isso, são
necessários ajustes fisiológicos que têm como objetivo
facilitar a transferência de calor para a pele afim de ser
dissipado para o meio ambiente. 2 Essa troca de calor
entre pele e meio ambiente sofre influências de vários
fatores, tais como: temperatura, umidade, radiação e
vestimentas. Além disso, a temperatura corporal aumenta
também devido ao fato do organismo acumular calor do
meio ambiente. 8
Só para se ter uma ideia, um exercício realizado sob uma
intensidade de 80 a 90%
do VO2 máx. gera uma produção de calor tal que aumenta
a temperatura corporal em 1oC a cada 4 a 5 minutos. Essa
produção de calor é diretamente proporcional à intensidade
do exercício. Assim, exercícios muito intensos, mesmo em
condições ambientais frias, geram um aumento substancial
na temperatura corporal. 17
Outro fato que vale a pena ser mencionado é que a
temperatura corporal do atleta ao final do exercício
depende muito da temperatura inicial, ou seja, quanto
maior for essa temperatura no início do exercício, maior ela
será no final. Então, quando a temperatura ambiental
estiver elevada, deve-se evitar qualquer tipo de
aquecimento mais vigoroso que possa vir a provocar um
aumento rápido dessa temperatura corporal. 17 Em um dia
muito quente, um atleta que se exercite e/ou compita em
uma alta intensidade pode ter um aumento da temperatura
corporal sem sequer estar desidratado, lembrando que a
desidratação, por si só, faz com que a temperatura
corporal se eleve mais rapidamente. 8
Durante o exercício, o principal mecanismo responsável em
dissipar o calor da pele é a evaporação. Com esse
mecanismo atuando, a tendência é ocorrer perda de
líquidos, e, se essa perda não for reposta de maneira
adequada, o atleta pode entrar em um estado de
desidratação.
Alguns fatores contribuem para o quadro de desidratação,
entre eles: intensidade da atividade (quanto mais intensa
for a atividade, maior a probabilidade de desidratação),
condições ambientais, tipo de vestimenta do atleta,
frequência diária de treinos (quanto mais sessões de treino
no dia, maior a probabilidade de desidratação) etc. 28
A desidratação traz algumas consequências fisiológicas
para o nosso organismo, entre elas: diminuição no fluxo
sanguíneo, comprometendo a oferta de substrato e de
oxigênio aos músculos que estão trabalhando; aumento da
frequência cardíaca (cerca de
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1% de perda de peso corporal aumenta de 5 a 8
batimentos/minuto); aumento da incidência de distúrbios
gastrointestinais; aumento do uso do glicogênio muscular;
e diminuição do desempenho. 11, 36
Vale a pena ressaltar que, além de líquidos, ocorre também
perda de sódio durante o exercício, que é o eletrólito em
maior quantidade na composição do suor, e, em
quantidades menores, eletrólitos como potássio, cálcio e
magnésio. Essa composição pode variar de acordo com a
dieta, com a própria taxa de suor, nível de hidratação e
aclimatação do atleta (Tabela 7.2). 27
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COMO SABER A DESIDRATAÇÃO DO ATLETA?
Durante o exercício, é necessário que o atleta tenha
consciência de suas perdas hídricas em diferentes
condições climáticas e de treinamento. Para isso, existem
inúmeros instrumentos que avaliam o estado de hidratação
em atletas ou praticantes de atividade física. Alguns deles
são apresentados na Tabela 7.3.
Sempre é indicado associar mais de um parâmetro para a
avaliação do estado de
hidratação do atleta, já que, dessa maneira, o resultado é o
mais fidedigno possível. É
evidente que o tipo de instrumento utilizado na avaliação
irá depender das condições de trabalho e da praticidade de
aplicação.
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Com uma balança digital, conseguimos aferir o peso do
atleta antes e depois da atividade e, com isso, calcular, por
meio de algumas fórmulas, sua taxa de suor e seu grau de
desidratação.
Taxa de suor: (peso antes da atividade – peso após a
atividade) = ΔP
(ΔP + volume ingerido) – volume de urina = volume de
suor
Volume de suor/horas de atividade = mL de suor/hora de
atividade
Grau de desidratação: (mudança do peso corporal – volume
urinário durante o
exercício) / peso inicial x 100
A taxa de suor varia muito entre atletas devido a diferentes
fatores que a influenciam e pode ser expressa em mililitros
por hora. Essa taxa significa o quanto de suor o indivíduo é
capaz de perder por unidade de tempo.
Normalmente, as mulheres tendem a suar menos do que os
homens em condições
padronizadas, mesmo após um período de aclimatação.
Conforme a idade avança, a taxa de suor diminui. É
importante lembrar que a capacidade de suar em crianças,
quando expressa por unidade de massa corporal, é
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também menor quando comparada à de adultos. 34
Atualmente, sabe-se que o consumo adequado de líquidos
antes, durante e depois
da atividade física é uma prática nutricional de extrema
importância para maximizar o desempenho e preservar a
saúde e o bem-estar do atleta.33
Para que pessoas que praticam atividades físicas
mantenham um nível adequado de hidratação, é
necessária a ingestão de quantidades suficientes de
líquidos antes, durante e depois dos exercícios. A
dificuldade de manter um balanço entre a perda e o
consumo de líquidos se dá devido a limitações na
frequência da ingestão de líquidos, esvaziamento gástrico
e absorção intestinal. 23
Geralmente, durante o exercício, o atleta, ingerindo
líquidos de forma voluntária, consegue repor apenas 2/3 de
suas necessidades. 11
O consumo voluntário de bebidas esportivas é maior do
que o de água por causa
de sua palatabilidade. A temperatura da bebida, o sabor
doce e a intensidade do gosto na boca e a acidez são
características que influenciam a palatabilidade e,
consequentemente, estimulam ou não o consumo de
líquidos durante a atividade física.
Recomenda-se que a bebida a ser consumida durante o
exercício esteja a uma temperatura de 10 a 20oC. 1,2 O
fator temperatura é importante, já que demonstrou-se que
a ingestão de líquidos gelados (<10ºC) é menor do que a
de líquidos frios (11 a 22ºC), gerando, assim, um menor
consumo de líquidos. 5
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O consumo de bebidas esportivas, quando comparadas ao
de água, é mais vantajoso durante o exercício. Porém,
alguns cuidados devem ser tomados em relação a esse tipo
de bebida, entre eles: (i) quantidade de líquido ingerida
para evitar qualquer tipo de desconforto gastrintestinal; (ii)
tempo que o líquido leva para ser esvaziado do estômago;
(iii) tempo para ser absorvido no intestino. 10
O processo de hidratação depende tanto do esvaziamento
gástrico como da absorção intestinal. 12,14
Esvaziamento gástrico
Após a ingestão de líquidos, o esvaziamento gástrico é
considerado o primeiro fator limitante para tornar o líquido
ingerido disponível na circulação. O estômago tem a função
de um reservatório, onde não ocorre nenhuma absorção
significante e de onde o líquido deve ser esvaziado para o
intestino. O esvaziamento gástrico é controlado por uma
variedade de fatores, como: intensidade e tipo do exercício,
volume ingerido, densidade energética, osmolalidade,
temperatura e tipo de carboidrato contido na solução.
4,12,23,32
Densidade energética
A concentração ideal de carboidrato de uma bebida
esportiva depende de circunstâncias individuais.
Concentrações elevadas de carboidrato retardam o
esvaziamento gástrico, reduzindo a quantidade de líquidos
disponível para a absorção, mas, em compensação,
aumentam a taxa de oferta de carboidrato. Isso pode
aumentar o risco de desidratação e também pode causar
distúrbios gastrintestinais. 15
As consequências tanto da desidratação como da
hipertermia são potencialmente fatais, ao passo que a
depleção de carboidrato gera, no máximo, fadiga e queda
no desempenho.3 Por isso, em condição ambiental quente,
é sempre mais razoável oferecer bebidas com uma
concentração não muito alta de carboidrato (6 a 8 %);
dessa forma não haverá retardo no esvaziamento gástrico
e a bebida poderá estar disponível para absorção quando o
organismo necessitar. 26
O volume ingerido e o conteúdo de carboidrato da bebida
irão influenciar, em um
primeiro momento, a taxa com que as bebidas esportivas
irão ser esvaziadas do estômago.
Intensidade do exercício
Exercícios realizados sob uma intensidade de 70 a 75% do
VO2 máx. têm pouco
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ou nenhum efeito na taxa de esvaziamento gástrico, porém
exercícios realizados sob uma intensidade maior ou igual a
80% do VO2 máx. parecem diminuir a taxa de
esvaziamento gástrico. Isso pode não ser um problema, já
que esses tipos de exercícios não são mantidos por tempo
suficiente para causar uma limitação na disponibilidade de
líquidos. 1,4, 12-14,23,25
Em eventos de curta duração, como sprints, a hidratação
não irá influenciar. Por mais alta que seja a taxa de suor de
um atleta, o volume de líquidos perdido nesse tipo de
evento é muito pequeno.37
A hipohidratação severa combinada à hipertermia e ao
exercício intenso diminui o esvaziamento gástrico e
aumenta o risco de desconforto gastrintestinal.1,14
Temperatura da bebida
A temperatura das bebidas deve estar ajustada à
preferência de cada atleta, e bebidas geladas podem
oferecer alguma vantagem em exercícios realizados no
calor.
Quando o exercício é realizado em temperaturas
ambientais frias, bebidas menos geladas podem oferecer
benefícios fisiológicos.4,23 Porém, deve-se mencionar que
os estudos sobre os efeitos da temperatura da bebida no
esvaziamento gástrico não são conclusivos. Alguns estudos
recomendam que a temperatura do líquido esteja entre 5 e
15ºC,1 mas isso depende da condição climática e da
preferência do atleta.
Volume ingerido
O volume do conteúdo do estômago regula a taxa de
esvaziamento gástrico: na medida em que o líquido é
esvaziado para o intestino e o volume do conteúdo do
estômago diminui, a taxa de esvaziamento também é
reduzida; por outro lado, quando há um grande volume de
líquido no estômago, a taxa de esvaziamento é acelerada.
Porém, para que isso aconteça, é necessário que o atleta
tenha tolerância a grandes volumes no estômago – e isso é
algo que está sujeito a treinamento, mas, muitas vezes,
não bem aceito entre os atletas.
Quando o volume gástrico é de 600 mL ou mais, a maioria
dos indivíduos é capaz
de esvaziar mais de 1.000 mL/h, desde que os líquidos
ingeridos tenham uma concentração de 4 a 8% de
carboidrato. Então, para promover o esvaziamento
gástrico, especialmente quando o líquido apresenta essas
características, é mais vantajoso manter o maior volume
no estômago tolerável durante o exercício (400 a 600
mL).12,14,25
Tipo de exercício
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Os exercícios de corrida levam a uma incidência maior de
problemas gastrintestinais quando comparados a outros
tipos de modalidades esportivas, como natação, ski crosscountry e pedalar. Consequentemente, a ingestão de
líquidos durante maratonas e demais competições de
corridas torna-se pequena e insuficiente, variando de 150
a, no máximo, 600 mL/h. Dessa forma, o risco de
desidratação e a incidência de problemas relacionados ao
trato gastrointestinal aumenta significativamente. 4
Osmolaridade
A osmolalidade é a relação entre o total de partículas livres
(ionizáveis) por mL
de solução, representada, prioritariamente, pelo sódio nas
bebidas esportivas.
A osmolalidade dos líquidos é importante, já que pode
influenciar tanto o esvaziamento gástrico como a absorção
intestinal: ambos os processos determinantes da
efetividade da reidratação de líquidos e da oxidação de
substratos. 27
Um aumento da osmolalidade do conteúdo gástrico tende a
retardar o
esvaziamento gástrico. 4,13 Embora possa haver uma
relação entre osmolalidade e densidade energética dos
líquidos, o volume e a densidade energética são
considerados os principais fatores de influência no
esvaziamento gástrico, com a osmolalidade apresentando
uma influência maior na absorção intestinal. 12 Vale a pena
ressaltar que, aqui, no Brasil, as bebidas ainda não contêm
nos rótulos informações relacionadas à osmolalidade.
Tipo de carboidrato na solução
Quando se avalia a ingestão de glicose comparada à de
maltodextrina ou sacarose, há pouca diferença entre esses
carboidratos, no que diz respeito ao esvaziamento gástrico.
Soluções que contêm frutose esvaziam mais rapidamente
do estômago do que soluções equimolares de glicose.12
Absorção intestinal
A absorção de água, eletrólitos e carboidrato é um
determinante de quão efetiva uma bebida será em manter
a homeostase durante o exercício. Variações no tipo e
concentração de carboidrato e na composição de eletrólitos
têm um efeito complexo na taxa de absorção de
carboidrato, de eletrólitos e, mais importante, de água. 12
Como ocorre apenas uma pequena absorção de água e
solutos no estômago, a taxa
com que o líquido chega ao intestino delgado irá influenciar
a rapidez da absorção. 21
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Tipo de carboidrato
A bebida que contém sacarose e glicose promove uma
maior absorção de água e
sódio, porém estimula a absorção de somente uma
pequena quantidade de carboidrato; já a bebida que
contém glicose ou frutose estimula uma maior absorção de
carboidrato e absorção moderada de água, porém uma
absorção muito pequena de sódio. 12,16 O
ideal é consumir uma bebida que contém diferentes tipos
de carboidrato para que a absorção intestinal seja mais
rápida.
Concentração de carboidrato
Além de ser substrato energético para os músculos em
exercício, a adição de carboidrato aos líquidos promove a
absorção de água no intestino delgado, desde que a
concentração não seja muito alta. Devido ao papel dos
açúcares e do sódio na promoção da absorção de água no
intestino delgado, é difícil separar os efeitos da reposição
de água daqueles efeitos da reposição de substratos e
eletrólitos quando uma solução hidroeletrolítica de
carboidrato é oferecida.26
A oxidação de carboidrato durante o exercício é limitada
(60 g/h), pois os transportadores no intestino ficam
saturados com esse valor. Para aumentar o total de
carboidrato a ser absorvido pelo organismo, um segundo
tipo de carboidrato, que utilize um transportador diferente
pode ser ingerido. Por exemplo, a glicose e a frutose
utilizam diferentes transportadores; quando são usadas
juntas, tanto a absorção como a oxidação do carboidrato
ingerido pode aumentar significativamente. Isso tem
algumas vantagens: (i) maior fornecimento de energia; (ii)
maior quantidade do carboidrato ingerido é absorvida; (iii)
com o aumento da quantidade de carboidrato
transportado, o fluxo da água aumenta na mesma direção,
melhorando o fornecimento de líquidos também. 18
A concentração de glicose no lúmen intestinal de 80 a 200
mmol/L maximiza a taxa de absorção de líquidos; logo,
bebidas que contêm glicose são mais facilmente
absorvidas e reidratam o atleta mais rapidamente.
A absorção de líquidos, embora seja mais eficiente com a
ingestão de bebidas que contêm carboidrato quando
comparada à ingestão exclusiva de água, não é
significativamente alterada quando a solução ingerida
possui uma concentração glicídica superior a 8%.
Por outro lado, quando a concentração lumial de glicose é
superior a 10%, o fluxo de líquido é deslocado no sentido
contrário, saindo do espaço vascular em direção ao lúmen
intestinal, promovendo, dessa forma, uma desidratação em
vez de hidratação. 12,16
Concentração de sódio
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As pequenas quantidades de sódio presentes nas bebidas
esportivas têm um efeito mínimo na absorção intestinal,
porém elas ajudam tanto na absorção de açúcar e água no
intestino delgado como na manutenção do volume
extracelular. 12,26
Efeito da osmolaridade
A osmolalidade de uma bebida esportiva é influenciada
pela concentração e pelo
tipo de carboidrato contido na bebida e pela concentração
de eletrólito. Existe uma correlação negativa entre a
osmolalidade do conteúdo do lúmen e a absorção de água.
12
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HIDRATAÇÃO ANTES DO EXERCÍCIO
Estar bem hidratado antes do início de uma atividade física
assegura respostas fisiológicas e desempenho melhores.
Os atletas que iniciam as competições em um estado de
desidratação estão em desvantagem em relação àqueles
bem
hidratados. 27, 38, 39
A desidratação pode afetar tanto a função fisiológica como
a termorregulação.
Com a progressão da desidratação e a diminuição do
volume plasmático, o fluxo sanguíneo periférico e o ritmo
da transpiração diminuem, e a termorregulação se torna
mais difícil. Com isso, ocorre um aumento na frequência
cardíaca, na percepção do esforço, na temperatura central
e na fadiga prematura. 19, 34
O comprometimento do desempenho começa a ser
observado quando ocorre uma
queda de 2% do peso corporal. Com a perda de 5% do peso
corporal através do suor, o desempenho diminui em cerca
de 30%. Se a desidratação persistir com perda de água
superior a 7%, o risco de colapso circulatório torna-se
iminente, e, em extremo, a hipertermia pode levar ao
choque térmico e morte (Tabela 7.5). 9, 34
Os atletas têm dificuldade em manter níveis adequados de
hidratação devido a suas grandes perdas de líquidos (suor)
durante treinos e competições. Por isso, eles têm que
prestar bastante atenção em seus hábitos, para ingerir
quantidade suficiente de líquido e estar bem hidratados
antes e durante treinos e competições. Diante do exposto,
é de extrema importância que a ingestão de líquidos
durante o exercício se inicie o mais rápido possível, não só
para minimizar o grau de desidratação, mas também para
maximizar a biodisponibilidade do líquidos ingerido. 17
Durante períodos de temperatura elevada, as necessidades
de ingestão de líquidos podem chegar a 10 L/dia. A
recomendação é que os atletas ingiram 500 mL de líquidos
que contêm sódio 2 horas antes do início do exercício para
assegurar adequada hidratação e tempo suficiente para a
excreção do excesso de líquidos pela urina. 1,2,9, 37
Em dias de 250 a 500 mL de 30 a 60 minutos antes da
atividade.
Uma forma prática e viável de se verificar o nível de
hidratação é observar a coloração e o volume da urina. Se
a urina apresentar uma coloração amarela escura, volume
pequeno e um odor forte, o atleta ainda está desidratado e
deve continuar ingerindo líquidos. 30,33
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Para saber, ao certo, o estado de hidratação do atleta
antes do exercício, indica-se medir a densidade da urina.
Esse parâmetro de avaliação é prático, fácil de ser aplicado
em campo, não invasivo e confiável. A densidade inicial
deve ser igual ou inferior a 1.020 mg/mL. Geralmente,
atletas do gênero masculino tendem a iniciar, com mais
frequência, o exercício em um estado de hipohidratação e,
para compensar, têm uma ingestão maior de líquidos
durante a prática do exercício. 38
Vale a pena mencionar que a aclimatação é um processo
necessário ao atleta quando ele mesmo vai competir em
condições ambientais mais quentes do que as de costume.
Porém, esse processo quase nunca é viável, uma vez que o
calendário esportivo não permite o tempo disponível para
esse processo.
É de extrema relevância lembrar que a prática de
hidratação antes do exercício não substitui o importante
consumo de líquidos durante a atividade física.
Alguns suplementos normalmente utilizados pelos atletas
podem ter impacto no processo de hidratação.
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HIDRATAÇÃO DURANTE O EXERCÍCIO
Uma adequada ingestão de líquidos durante o exercício é
necessária para diminuir o risco de algum problema
relacionado ao estresse térmico. Sem um adequado
consumo de líquidos durante o exercício prolongado, a
temperatura retal e os batimentos cardíacos ficam mais
elevados.
Por isso, durante o exercício, os atletas devem iniciar a
ingestão de líquidos o mais cedo possível e em intervalos
regulares para assegurar que o consumo seja suficiente
para repor toda a água perdida pelo suor e que seja
consumida a quantidade máxima tolerada, minimizando
assim a desidratação.
Normalmente, os atletas conseguem repor entre 30 a 70%
do que eles perdem durante o exercício. Isso porque
existem alguns fatores que influenciam na ingestão de
líquidos durante o treino:
Variabilidade individual.
Elevada taxa de suor.
Falta de consciência a respeito dos benefícios de uma
adequada hidratação.
Confiança na sede para iniciar a hidratação.
As regras do esporte (interferindo na oportunidade de
ingestão).
Palatabilidade (sabor, temperatura e conteúdo de sódio) e
disponibilidade do líquido oferecido.
Desconforto gastrointestinal.
Medo de urinar durante o exercício.
Problemas com ganho de peso.
O American College of Sports Medicine (ACSM)1 recomenda
que os líquidos sejam servidos em uma temperatura fria
(15oC é o mais recomendado, já que, nessa temperatura,
os atletas conseguem consumí-lo rapidamente e em
grandes quantidades), sejam flavorizados (de preferência
sabor doce, para aumentar a palatibilidade e a ingestão
voluntária), contenham carboidrato para aumentar o
desempenho e contenham cloreto de sódio para estimular
a ingestão e também ajudar na retenção do líquido
ingerido, promovendo, assim, uma adequada rehidratação.
6,7,20, 40
A inclusão de carboidrato nesse tipo de bebida oferecida
durante o exercício é importante, já que sua ingestão
melhora o desempenho, pois mantém as concentrações de
glicose sanguínea e permite a utilização desse carboidrato
em exercícios com duração superior a 1 hora,
principalmente quando as concentrações de glicogênio
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muscular estão baixas. 1
Os eletrólitos também têm sua importância na composição
dessas bebidas porque
eles aumentam a palatabilidade, estimulam a ingestão de
líquidos, previnem a hiponatremia, aumentam a taxa de
retenção de líquidos no organismo e aumentam a taxa de
absorção de água. 17
Atualmente, a hiponatremia vem recebendo uma atenção
especial, já que vem aumentando o números de casos em
eventos esportivos. A hiponatremia ocorre quando uma
grande quantidade de líquidos é consumida e ultrapassa a
capacidade dos rins de produzir urina, e componentes do
sangue, incluindo o sódio, podem ser diluídos. Essa
condição é caracterizada por uma concentração plasmática
de sódio abaixo de 135
mmol/L, lembrando que, quanto mais baixa essa
concentração plasmática se encontra, mais grave são os
sintomas da hiponatremia, que podem incluir confusão
mental, irritabilidade, coma e morte. 8
Algumas situações contribuem para esse quadro, entre
elas: intensidade e duração do exercício, condições
ambientais, perda elevada de sódio pelo suor, tempo maior
para completar uma maratona ou outro evento esportivo,
não ingestão de bebidas que contêm sódio durante
exercícios longos e intensos e ganho de peso ao longo do
exercício indicando uma super hidratação.6,8
Deve-se lembrar que o esvaziamento gástrico e a absorção
intestinal do líquido a ser ingerido devem ser considerados,
conforme mencionados anteriormente. 12, 14 O ideal é
oferecer uma bebida com diferentes tipos de carboidrato
em uma concentração de 4 a 8% e 10 a 35 mmol/L de
sódio. 8
A ingestão de líquidos durante o exercício deve ser feita em
intervalos regulares porque assim há um estímulo na perda
de calor pela manutenção da taxa de suor. 31
A recomendação de ingestão de líquidos durante o
exercício é de 150 a 250 mL a
cada 15 a 20 minutos, lembrando que deve ser levada em
consideração a intensidade, a duração e a condição
ambiental na qual o exercício é realizado, além da taxa de
suor do atleta. 1, 2,8,9, 40 No quadro 7.1 encontra-se o
resumo das recomendações a serem seguidas em relação à
hidratação antes e durante o exercício.
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HIDRATAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO
Após o exercício, é fato consolidado que muitos atletas não
conseguem restaurar o balanço hídrico. Isso é conhecido
como desidratação involuntária, uma vez que indivíduos
desidratados não têm vontade de se reidratar, mesmo
quando não faltam líquidos e oportunidades para tal. 6 A
reidratação se torna ainda mais difícil quando a
desidratação durante o exercício for maior do que 2% do
peso corporal e quando o intervalo entre os treinos é
menor do que 6 a 8 horas. 8
Alguns fatores contribuem de forma positiva ou negativa
para uma reposição adequada de líquidos, entre eles:
padrões comportamentais, predisposição genética em ser
relutante ou não à ingestão de líquidos e características da
bebida, que, entre outras, deve ser doce. 6,7
A reposição inadequada de líquidos após o término das
atividades não só afeta a
capacidade de realizar exercícios, mas também cria
distúrbios no equilíbrio hídrico e na temperatura central.
Por isso, tanto a reidratação como a reposição dos
eletrólitos perdidos pelo suor são pontos fundamentais
durante o processo de recuperação após o exercício em
que ocorreu grandes perdas de suor. 9
Assim, é necessário que haja uma programação adequada
para a reposição hídrica
para preservar o volume plasmático, fazendo com que a
circulação e a transpiração progridam em níveis ótimos.
A necessidade de reposição de líquidos irá depender do
volume perdido pelo suor, seu conteúdo de eletrólitos e do
tempo disponível até a próxima sessão de exercícios.26,27
Uma rápida e completa reidratação pode ser assegurada
somente pela ingestão de adequada quantidade de água e
cloreto de sódio. Isso normalmente ocorre após 12 a 24
horas, já que os alimentos e as bebidas que os atletas
ingerem fornecem água e cloreto de sódio necessários para
a hidratação.
Quando necessária a rápida hidratação, deve-se evitar o
consumo de bebidas cafeinadas e alcoólicas durante esse
período. 30 O sódio irá ajudar nessa situação, já que esse
mineral irá promover a retenção dos líquidos ingeridos e
restaurar mais rapidamente o volume plasmático perdido
durante a reidratação. 29
A quantidade ideal de sódio a ser oferecida nesse momento
é entre 25 a 50
mmol/L. Valores acima dessa recomendação não trazem
nenhum benefício, além de deixar a bebida com um sabor
desagradável. É necessário ressaltar que existem
benefícios em aumentar a quantidade de sódio quando
uma rápida e plena reidratação é o objetivo. Nesse
momento, indica-se, ainda, a ingestão de alimentos que
contêm sódio ou o acréscimo de um pouco mais de sal às
refeições oferecidas, que, além de tudo,
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também estimulam a ingestão de líquidos. 6,7
Outro fato interessante é que, ainda nesse período, não é
aconselhável oferecer ao atleta somente água, uma vez
que ela irá causar uma queda na osmolalidade sérica e,
consequentemente, um aumento na diurese.
A perda de líquidos pela urina e pelo suor continua mesmo
quando há um estado
de desidratação, por isso é importante, nesse período,
repor uma quantidade de líquidos maior do que aquela
perdida durante o exercício. Recomenda-se que o atleta
consuma o equivalente entre 120 a 150% do volume
perdido durante um período de 4 a 6 horas após o término
do evento. 6,7,13,20,5, 6,7,8
O sucesso de uma reidratação após o exercício não
depende só da quantidade do
líquido ingerida nesse período, mas também da quantidade
de água retida e redistribuída pelo organismo. 8
Se o tempo antes do próximo evento competitivo é limitado
(~ 2 horas), os atletas devem repor suas perdas a fim de
alcançarem o estado de hidratação.
O processo de reidratação exige um plano especial de
ingestão de líquidos, já que a sede e a ingestão voluntária
irão interferir na restauração das perdas pelo suor na fase
aguda (0 a 6 horas) do processo de recuperação. O líquido
a ser oferecido nesse período deve ser palatável e deve
conter sódio para maximizar a retenção dos líquidos
ingeridos.6, 39
Mais uma vez, vale a pena lembrar que o líquido a ser
oferecido nesse momento
deve conter sódio, já que esse eletrólito é responsável por:
reter maior parte do líquido ingerido; manter o equilíbrio
entre o volume e a osmolalidade plasmática; reduzir as
perdas urinárias e melhorar o balanço hídrico ao final do
período de 6 horas pós-exercício.7
Para que ocorra uma reidratação adequada, é necessário
que o volume ingerido e
o conteúdo de sódio da solução sejam altos. 13 Segundo
Mack, 22 a ingestão de líquidos era significativamente
maior quando cloreto de sódio era adicionado à solução.
Além disso, soluções que não contêm sódio provocam uma
queda rápida da concentração plasmática de sódio e da
osmolalidade. 23-25,31
Além do sódio, recomenda-se que essa bebida contenha
em sua composição carboidrato, porque esse nutriente
estimula a absorção de líquidos no intestino, melhora o
sabor da bebida e, ainda, ajuda na reposição do glicogênio
muscular. 17
Nesse período, não é recomendável a ingestão de álcool
nem cafeína, já que esses dois são diuréticos e interferem,
assim, no processo de reidratação. 17 Porém, para
indivíduos acostumados a ingerir habitualmente cafeína, o
seu efeito diurético é quase nulo.7
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo, podemos verificar a importância da
hidratação durante a prática de qualquer atividade física,
principalmente em temperaturas elevadas. Porém, devido à
falta de informação ou até mesmo falta de prática por
parte dos atletas, a hidratação ainda é um fator limitante
de desempenho em algumas modalidades esportivas,
especialmente quando as regras do esporte interferem no
processo.
O objetivo primário de repor os líquidos é manter um
estado normal de hidratação. Durante o exercício, é muito
difícil manter uma ingestão que acompanhe a taxa de suor
do atleta, levando-o quase sempre a um quadro de
desidratação, o que pode diminuir o desempenho.
Por isso, é de fundamental importância a ingestão de
líquidos antes, durante e depois do exercício. As bebidas
esportivas que contêm carboidrato não só atuam como
amenizadoras do quadro de desidratação como também
fornecem substrato
(carboidrato) e eletrólito (principalmente sódio, que é o
eletrólito que mais se perde pelo suor). Essas bebidas
também são importantes no período de recuperação
porque, além de reidratarem o organismo, elas fornecem
carboidrato para a resíntese do glicogênio muscular.
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Uma completa restauração do balanço hídrico após o
exercício é parte fundamental do período de recuperação
após o exercício, principalmente quando o exercício é
realizado em ambiente quente e úmido. Quando o atleta se
prepara para participar de eventos com várias provas no
mesmo dia, essa reidratação se torna ainda mais
importante.
Considerando que a desidratação frequentemente ocorre
em atletas e que tem um efeito negativo tanto na saúde
como no desempenho, há uma necessidade de se educar
técnicos e atletas a respeito dessa questão.
É de fundamental importância que sejam traçadas
estratégias para o planejamento
de uma melhor hidratação antes, durante e após o
exercício.
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8
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Guia alimentar para atletas
Simone Biesek
Leila Maria Lopes da Silva
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INTRODUÇÃO
Pesquisas sobre o papel da nutrição no exercício e no
esporte têm crescido substancialmente ao longo dos
últimos vinte anos. Hoje, não restam dúvidas de que a
nutrição exerce papel vital no desempenho atlético. 6,8, 14
Apesar de as pesquisas na área da nutrição nos desportos
ainda estarem longe de
serem completas, o consenso geral estabelece que as
pessoas fisicamente ativas podem atingir as necessidades
de nutrientes por meio de uma alimentação saudável e
equilibrada, semelhante à destinada à população em geral.
6,14 A atenção deve estar mais voltada à necessidade
aumentada de calorias decorrente da atividade desportiva
praticada.
A Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (SBME)
recomenda que se
considerem as orientações nutricionais destinadas à
população em geral, calculadas proporcionalmente à cada
1.000 kcal ingeridas. Desse modo, o incremento na oferta
de micronutrientes é proporcional ao aumento calórico da
dieta, mantendo-se o equilíbrio ou balanço nutricional em
níveis adequados.14
Dietas balanceadas, com diversidade de alimentos, são
suficientes para suprir os micronutrientes, vitaminas,
minerais e oligoelementos da demanda requerida pelos
praticantes de atividade física regular, ficando a
suplementação para ocasiões especiais, como para
praticantes de atividade física com anemia ferropriva, por
exemplo. 6, 14
Porém, apesar dos avanços na área da nutrição esportiva, a
grande maioria dos estudos que avaliam o consumo
alimentar de atletas observa um grande desequilíbrio
nutricional. 1,3,16 Por outro lado, poucos estudos de
educação nutricional com atletas têm sido publicados.
13,19, 20 Orientações individualizadas ao longo da
temporada competitiva, com o objetivo de aumentar o
conhecimento de atletas em relação aos alimentos e à
quantidade mais adequada para o nível de atividade física
praticada, parecem ser efetivos para melhorar a ingestão
de nutrientes desses clientes, com consequente melhora
no desempenho físico. 14,19,20
O propósito deste capítulo é apresentar os Guias
Alimentares Americano e Brasileiro destinados à população
em geral que podem ser utilizados como ferramentas de
educação nutricional em atletas de diferentes faixas
etárias.
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ASPECTOS GERAIS
O corpo humano necessita de mais de 50 nutrientes
diferentes para manter o funcionamento adequado. Todos
esses nutrientes precisam ser consumidos pela
alimentação. Nesse sentido, surge a necessidade de uma
alimentação balanceada, capaz de fornecer todos os
nutrientes necessários ao crescimento e ao
desenvolvimento de todos os tecidos, aos processos de
regulação metabólica, além de fornecer energia suficiente
apenas para manter o controle do peso corporal.21
Embora os nutrientes essenciais aos indivíduos saudáveis
sejam os mesmos, as quantidades em que são necessários
variam de acordo com o período fisiológico em que se
encontram, bem como serão diferenciados segundo o
gênero, o estilo de vida e a prática de atividade física.
Assim, numerosas condições podem influenciar as
necessidades nutricionais, que devem ser individualizadas.
Há alguns anos, vêm sendo desenvolvidos modelos de
orientações nutricionais que
funcionam como guias para uma alimentação saudável.
Um dos primeiros guias é o da Pirâmide Alimentar, utilizado
como ferramenta de educação nutricional. Esse modelo foi
publicado em 1992 pelo Departamento de Agricultura dos
Estados Unidos (USDA) e pelos Departamentos de Saúde e
Serviços Humanos (HDD). 20 Foi o guia alimentar oficial
nos Estados Unidos e substituiu a antiga Roda dos
Alimentos, também criada pelo governo norte-americano.
A Pirâmide dos Alimentos (Figura 8.1) foi desenvolvida para
ilustrar os três principais conceitos dos Guias de Dietas
para Americanos: variedade, moderação e
proporcionalidade, destinados a indivíduos saudáveis
acima de 2 anos de idade. 10 Foi também elaborada para
pessoas que consomem regularmente alimentos de todos
os cinco maiores grupos alimentares. Portanto, os
indivíduos vegetarianos e os que possuem padrões
alimentares bem diferentes necessitam de adaptações.
A Pirâmide dos Alimentos não é uma prescrição rígida, mas
um guia geral; um resumo de como deve ser a alimentação
diária, objetivando uma dieta adequada em carboidratos,
proteínas, vitaminas, minerais e fibra alimentar, sem
quantidades excessivas de calorias, gordura total, gordura
saturada, colesterol, sódio, açúcares adicionados e álcool.
O Guia Alimentar da Pirâmide fornece uma variação de
porções para cada grupo
de alimentos. O número correto de porções depende das
calorias de que o indivíduo necessita. A maioria das
pessoas precisa de, pelo menos, o número menor de
porções dentro das variações recomendadas. O USDA
sugere porções de cada grupo alimentar de acordo com a
necessidade calórica de cada indivíduo. No modelo original
da pirâmide de 1992, são apresentados três níveis
calóricos de ingestão (1.600, 2.200 e 2.800 kcal).
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O padrão alimentar de 1.600 kcal pode ser suficiente para
mulheres com atividade física sedentária e para idosos; já
o de 2.200 kcal pode ser aplicado a crianças, adolescentes
do gênero feminino, mulheres com atividade física intensa
e homens sedentários; e o padrão de 2.800 kcal, para
homens com atividade física intensa e adolescentes do
gênero masculino.
No Guia Alimentar da Pirâmide, os alimentos estão
agrupados primariamente de acordo com os nutrientes que
fornecem, e não apenas pela quantidade de calorias. Os
alimentos contêm combinações de nutrientes e outras
substâncias saudáveis, portanto, nenhum único alimento
pode suprir todos os nutrientes nas quantidades de que
necessitamos. Isso explica porque precisamos variar os
alimentos na nossa alimentação. A Tabela 8.1 mostra os
principais nutrientes fornecidos por cada grupo de
alimentos que constitui a Pirâmide dos Alimentos.
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Com base em diversos conhecimentos científicos, muitos
pesquisadores discutem
falhas observadas na pirâmide de alimentos original20 e
sugerem um novo modelo que reflete melhor os atuais
entendimentos sobre a relação existente entre dieta e
saúde.
Segundo esses autores, a ideia que a pirâmide passa de
que a gordura é um nutriente ruim não procede. Esse fato
baseia-se nos estudos que observaram altas taxas de
ingestão de gorduras e altas taxas de doenças
cardiovasculares nos países ocidentais.
Essa correlação existe, porém, é limitada à gordura
saturada. Sabe-se que os ácidos graxos poli e
monoinsaturados podem reduzir o colesterol sanguíneo.
Portanto, seria mais interessante substituir o excesso de
gordura saturada por esses outros dois tipos.
Por outro lado, as gorduras hidrogenadas não deveriam
mais aparecer na pirâmide, já que podem provocar
aumento nos níveis de LDL colesterol e de triglicerídeos e
diminuição no HDL colesterol. Considerando essas
questões, os autores propõem que os óleos vegetais (como
os de milho, canola, soja, girassol e outros) dividam a base
da pirâmide com o grupo de pães, massas e cereais
integrais. Dessa forma, a contribuição calórica percentual
proveniente das gorduras poderia ser um pouco superior
aos 30%
propostos pelo modelo original. Os alimentos ricos em
carboidratos refinados (como arroz branco, massas
refinadas, pão branco, batatas e doces) também deveriam
ser consumidos esporadicamente e, assim, teriam lugar no
topo da pirâmide. Esses alimentos perdem grande parte de
seu valor nutricional após o processo de refinamento,
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passando a constituir as chamadas calorias vazias. Outra
falha apontada na pirâmide original é a junção, em um
mesmo grupo de alimentos, de todos os tipos de carne. Um
alto consumo de carne vermelha tem sido associado ao
aumento do risco de doenças cardiovasculares, diabetes
tipo II e câncer de cólon. Os autores propõem a disposição
da carne vermelha no topo da pirâmide, significando que
seu uso seja esporádico.
A carne branca de aves e peixes contém menor quantidade
de gordura saturada e
maior de gordura insaturada do que a carne vermelha. Os
peixes são fontes ricas de ácidos graxos essenciais, como o
ômega-3.
Para os autores, as recomendações de alta ingestão de
frutas e de vegetais é a questão menos controversa da
pirâmide de alimentos original.
A pirâmide proposta pelos autores (Figura 8.2) enfatiza que
o controle de peso deve ser feito por exercícios físicos
diários, evitando-se o consumo excessivo de energia.
Nesse contexto de necessidade de modificações do modelo
original da pirâmide de alimentos, com base em evidências
a respeito de alimentação saudável e prevenção de
doenças crônicas, 4 em 2005, o Departamento de
Agricultura dos Estados Unidos lançou um novo guia
alimentar, que é atualixada a cada 5 anos12 (Figura 8.3).12
Foi criada uma página na internet para a divulgação dos
seus conceitos com espaço para interação com o público
em relação às características individuais. 12 Essa nova
representação gráfica contém todos os grupos alimentares
da pirâmide original, porém, com a forma gráfica
completamente diferente da anterior e com a inclusão da
prática diária de atividade física como uma forma de vida
mais saudável. Nos diferentes grupos alimentares, pode-se
observar um enfoque na seleção dos alimentos mais
saudáveis. 12 Uma das razões da revisão da pirâmide foi
assegurar que essa representação gráfica refletisse
resultados científicos mais recentes. Desde que a Pirâmide
dos Alimentos foi publicada, em 1992, novos padrões para
ingestão de nutrientes, como as DRI ( Dietary Reference
Intakes), foram estabelecidos9 e novos dados sobre
consumo e composição alimentar tornaram-se disponíveis,
além da publicação de novos guias de dieta para
americanos. A segunda razão para a revisão foi tentar
ajudar mais efetivamente os consumidores a colocarem as
recomendações alimentares em prática. A representação
gráfica da nova pirâmide apresenta um novo padrão de
faixas verticais para os grupos alimentares, degraus para
simbolizar a atividade física e a representação de uma
pessoa. A inclusão de uma pessoa não somente enfatiza a
mensagem de atividade física, mas ajuda a personalizar o
gráfico. O
desenho, como um todo, promove o conceito de equilíbrio
entre a ingestão alimentar e a atividade física. O ícone
atual apresenta os grupos alimentares em listras verticais
coloridas, mantendo a ideia de proporção entre eles, e
engloba, também, a
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proporcionalidade dentro de um mesmo grupo. As
diferentes larguras servem para dar noção de quantidade
entre os grupos. Ou seja, as faixas mais largas representam
alimentos que devem ser ingeridos em maior quantidade
no dia e as mais finas representam a recomendação de
menores quantidades. Por exemplo, os produtos de grãos
integrais estão localizados próximo à base, e os mais ricos
em gordura e açúcar (p. ex.: croissant) estão mais
próximos ao topo da pirâmide. Também, no novo modelo,
aumentou a possibilidade de individualização: o novo
símbolo recomenda doze níveis calóricos (Tabela 8.2).
Comparado ao anterior, houve aumento do número de
porções para hortaliças e frutas, e redução do tamanho das
porções do grupo das carnes. No símbolo, as cores de
alguns grupos alimentares encorajam a escolha de
alimentos mais nutritivos. Por exemplo: o grupo dos grãos
tem cor alaranjada, para dar ênfase aos grãos integrais; o
grupo das hortaliças é verde-escuro, para dar ênfase às
hortaliças dessa cor. Houve, também, a inclusão de óleos,
representados pela faixa amarela, enfatiza ndo a base que
contêm fontes de óleos monoinsaturados e poli-insaturados
provenientes de peixes, frutas oleaginosas, sementes e
óleos vegetais, como canola, oliva, soja, milho e girassol.
Esses óleos são indispensáveis, pois são fontes de ácidos
graxos essenciais e de vitamina E. No topo, estão
representadas as fontes de gorduras saturadas, trans e
colesterol, que devem ser limitadas. Outra novidade foi a
inclusão da
“permissão de calorias controladas”, aumentando as
possibilidades da introdução de alimentos ricos em lipídios
e açúcares em um padrão saudável de alimentação, desde
que a ingestão calórica total seja controlada.
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Em conclusão, embora os princípios, o formato e as
mensagens-chave (Quadro 8.1) não tenham radicalmente
se modificado, a nova pirâmide aperfeiçoou a comunicação
de aspectos importantes à saúde do público em geral. 6
Gao et al. 2 compararam os guias alimentares da pirâmide
de 1995 e 2005 e evidenciaram que a última parece
fornecer menos energia e maior adequação na ingestão de
nutrientes, com exceção da vitamina E e do potássio para
alguns grupos. Em suas análises, os autores sugerem que
seguir o novo modelo pode estar associado a menor
ingestão de energia e ótima ingestão de nutrientes.
Adicionalmente, discute-se a forte ênfase dada à redução
na ingestão de energia e ao aumento da atividade física
como forma de reduzir o enorme índice de obesidade no
país. 2, 7
A partir da pirâmide alimentar original norte-americana
(Figura 8.1), em 1999, foi proposta uma pirâmide adaptada
para a população brasileira (Figura 8.3). 15 Porém, a
Pirâmide Alimentar Brasileira sofreu alterações por conta
das novas recomendações de ingestão energética diária
recomendada para a população brasileira, sugerida pela
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Anvisa, em 2005.24 A Pirâmide Alimentar Brasileira evolui
para a recomendação de 2.000 kcal, conforme observada
na Figura 8.3. Na construção dessa pirâmide foram
considerados os alimentos disponíveis no Brasil, bem como
os hábitos alimentares da população brasileira.
Diferentemente da pirâmide original, a pirâmide alimentar
adaptada é dividida em 4 níveis, de acordo com o nutriente
que mais se destaca na sua composição.24 Na pirâmide
brasileira o grupo das leguminosas está separado do grupo
de carnes e ovos. Segundo a autora, essa separação
justifica-se pelo fato de as leguminosas serem bastante
utilizadas na alimentação básica do brasileiro. E, por não
possuírem o mesmo valor nutritivo das carnes e dos ovos,
não podem ser substituídas por estes, sem que se faça o
necessário ajuste no equilíbrio de aminoácidos, uma vez
que as proteínas de origem animal são consideradas de
alto valor biológico, pois possuem todos os aminoácidos
essenciais em quantidades satisfatórias. Já as proteínas de
origem vegetal são consideradas de baixo valor biológico,
pois não possuem aminoácidos essenciais em quantidades
suficientes.
Nesse modelo, raízes e tubérculos, como aipim e batata,
foram incluídos no grupo de pães e cereais por
constituírem fontes de carboidratos. Para cada grupo são
estabelecidos valores energéticos, fixados em função da
dieta e das quantidades de alimentos, permitindo
estabelecer os equivalentes em energia (kcal). Os nomes
dos grupos dos alimentos foram definidos para a Pirâmide
Brasileira a partir da identidade da população, com o nome
dos alimentos presentes no grupo, considerando o hábito
de se alimentar e o valor nutritivo. Os valores dos
alimentos nas porções estão apresentados em gramas,
quilocaloris (kcal) e medidas usuais para facilitar a
compreensão da população e a transissão de
orientações.24 Consta no Quadro 8.4 um modelo de dieta
com 2.000 kcal e os números de porções por grupo
alimentar.
Uma dieta adequada deve ser baseada em alimentos de
todos os grupos
alimentares da pirâmide, principalmente em alimentos em
sua forma natural, reforçando o consumo dos grupos das
frutas, legumes e verduras. A dieta deve ser distribuída
entre os macronutrientes, conforme a recomendação da
Organização Mundial de Saúde (OMS), ou seja, 55 a 75% do
VET deve ser proveniente de carbidratos; 10 a 15% de
proteínas e 15 a 30% de lipídios.24 A alimentação deve ser
composta por 4 a 6
refeições diárias, distribuídas em 3 refeições principais
(café da manhã, almoço e jantar), com 15 a 35% das
recomedações diárias de energia, e até 3 lanches
intermediários (manhã, tarde e noite), contendo 5 a 15%
das recomendações diárias.
No anexo deste livro apresentamos a lista de substituição
da Pirâmide dos Alimentos Americana e da Pirâmide
Alimentar adaptada para a população brasileira.
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GUIA ALIMENTAR DA POPULAÇÃO BRASILEIRA
Em 2006, o Ministério da Saúde publicou o Guia Alimentar
para População Brasileira, em que apresentou as primeiras
diretrizes alimentares oficiais para a população. Em 2014, é
publicada a nova versão do Guia Alimentar (ainda em
consulta pública), que será discutida neste capítulo. O Guia
é disponibilizado para acesso de todo cidadão brasileiro,
incluindo aqueles que atuam com promoção da saúde da
população. O foco do Guia é a promoção da saúde e a
prevenção de enfermidades, mas também pode ser útil em
outras situações, desde que adaptado por profissionais de
saúde às condições de cada indivíduo. 11
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O Guia Alimentar Brasileiro (2014) está dividido em cinco
capítulos. No Capítulo 1, são descritos os princípios que
orientaram a elaboração do Guia, que podem ser
observados no Quadro 8.2.
No Capítulo 2 do Guia Alimentar, destacam-se três
recomendações gerais que servem a todas as pessoas
interessadas em cuidar da sua alimentação e da
alimentação de sua família e, ainda, a todos aqueles cujo
trabalho envolve a proteção da saúde e do bem-estar de
pessoas e coletividades. 11 As três recomendações
principais são observadas no Quadro 8.3.
Neste capítulo, o Guia destaca a necessidade da população
em reduzir o consumo
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de produtos processados e ultraprocessados.
No Capítulo 3 do Guia Alimentar Brasileiro, são fornecidos
exemplos de opções
saudáveis de alimentação com base na alimentação dos
brasileiros, privilegiando alimentos e preparações
culinárias. 11
Como nenhum alimento sozinho, além do leite materno,
pode proporcionar aos seres humanos a densidade
energética e de nutrientes que o organismo necessita, a
primeira recomendação do Guia Alimentar é o consumo
frequente de diferentes fontes de alimentos. 11
A seguir, serão apresentados, em forma de tabela, os
grupos alimentares com os respectivos nutrientes e
recomendações de uso e preparações sugeridos pelo Guia
Alimentar Brasileiro.
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O Capítulo 4 do Guia Alimentar Brasileiro destaca as
circunstâncias que envolvem o ato de comer, incluindo
quando, como, onde e com quem se come, e sugere três
recomendações (observadas no Quadro 8.5). Essas
recomendações podem trazer benefícios, como melhor
digestão e aproveitamento dos alimentos, controle mais
eficiente do quanto comemos, mais prazer com a
alimentação e maiores oportunidades de convivência com
nossos familiares e amigos e de interação social. 11
O Capítulo 5 aborda fatores que podem ser obstáculos para
a adoção das recomendações universais apresentadas no
Capítulo 2 e para a adoção das orientações específicas
para a população brasileira apresentados nos Capítulos 3 e
4. Esses fatores são identificados como: informação, oferta,
custo, habilidades, tempo e publicidade (Quadro 8.6). O
Guia buscou apoiar suas orientações nos hábitos de
consumo de uma parte substancial das famílias brasileiras,
aquelas que mantêm padrões tradicionais de alimentação e
limitam o uso de produtos prontos para o consumo. Mas
entende que a
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adoção integral de todas as suas recomendações nem
sempre é fácil ou imediata para todos. Apesar de alguns
obstáculos instransponíveis em um primeiro momento, de
fato, não o são. Algumas vezes, a remoção dos obstáculos
dependerá, essencialmente, de que as pessoas reflitam
sobre a importância que a alimentação tem ou pode ter
para suas vidas e concedam maior valor ao processo de
adquirir, preparar e consumir alimentos. 11
A construção do Guia também deu importância à
viabilidade de suas proposições,
de modo que o recomendado fosse efetivamente possível
de ser adotado. Nesse sentido, com frequência, o Guia
emprega termos como “prefira” e não “faça” e “na maior
parte das vezes” em vez de “sempre”. Evita, ainda,
instruções como “coma tantas porções deste ou daquele
alimento”, até porque são praticamente infinitas as
combinações e quantidades de alimentos que podem
resultar em uma alimentação saudável. Por fim, o Guia
apresenta os dez passos para uma alimentação saudável.
11
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Tendo em vista os grandes desequilíbrios nas escolhas
alimentares de atletas, o Guia Alimentar Brasileiro pode – e
deve – se tornar uma ferramenta efetiva de educação
nutricional para atletas, especialmente para crianças e
adolescentes que estão em formação de suas práticas
alimentares.
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REGRAS DIETÉTICAS BÁSICAS PARA OS INDIVÍDUOS
DESPORTISTAS
A alimentação do desportista é similar à estabelecida para
toda a população, porém com ligeiras diferenças. GonzalezGross et al. 4 propuseram uma adaptação da pirâmide
original para as características da população desportista
(Figura 8.4). A maior diferença em relação à dos
sedentários encontra-se nas quantidades, já que maior
aporte calórico implica maior volume de alimentos. O
desportista pode encontrar dificuldades em alcançar suas
necessidades energéticas, motivo pelo qual muitos
recorrem aos suplementos alimentares, em especial
aqueles desenvolvidos para cobrir as necessidades de
energia e nutrientes.
Na base da pirâmide, destaca-se o papel de uma
hidratação adequada, em que se
sugere ingestão diária mínima de 8 copos de água e/ou
bebidas reidratantes. Em relação ao importante papel dos
carboidratos como fonte de energia, propõe-se a ingestão
de 6
a 11 porções do grupo de pães, cereais, arroz e massas
(lembrando que se deve priorizar os alimentos integrais
nesse grupo, já que são boas fontes de vitaminas do
complexo B). Essas, entre outras funções, são
imprescindíveis para o metabolismo energético,
certamente aumentado nos atletas.
Responsáveis por importante fornecimento de
carboidratos, mas também ricos em
vitaminas, minerais e água, encontram-se os grupos de
frutas e de verduras e hortaliças.
Do grupo das frutas recomenda-se 2 porções ao dia, e as
recomendações para o grupo de verduras e hortaliças são
de 3 a 5 porções ao dia. Para assegurar uma ingestão
proteica adequada, recomenda-se a ingestão de 2 a 3
porções do grupo das carnes, dos pescados e dos ovos e
mais 3 a 4 porções do grupo do leite e produtos derivados.
Com a ingestão desses grupos de alimentos, fornecem-se,
também, vitaminas (A, E, B1, B2 e B12) e minerais (cálcio,
ferro e zinco), bem como certa quantidade de gorduras e
ácidos graxos essenciais, especialmente do grupo do
ômega-3. Para garantir aporte adequado de gorduras,
recomenda-se o uso de azeite de oliva nas preparações,
em quantidade de 2 a 4 porções ao dia, considerando cada
10 g como 1 porção. Do grupo das leguminosas e frutos
secos, recomenda-se consumo quase diário de 1 porção de
30 g e de 50 a 60 g, respectivamente, devido ao
fornecimento de ácidos graxos essenciais (ômega-6),
vitaminas (E, B6 e folato) e minerais (magnésio, zinco e
cálcio). Já os alimentos ricos em gorduras saturadas devem
estar restritos na alimentação, com consumo de poucas
vezes ao mês. Em alguns casos, pode ser necessária a
adoção de suplementos vitamínicos e/ou minerais, e, por
isso, eles estão assinalados no topo da pirâmide com uma
flâmula. Essa necessidade de suplementação pode ser
observada, por exemplo, quando se trata de ingestão
energética inferior a 1.800 kcal.
Com essas regras básicas de alimentação, estima-se não
só que se cumpram os requerimentos nutricionais
considerados saudáveis, mas também se satisfaçam as
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necessidades específicas e características da alimentação
do indivíduo que realiza atividade física de maneira
intensa. 4
Certamente, as quantidades poderão ser adaptadas de
acordo com as atividades realizadas e com as
características fisiológicas de cada indivíduo.
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O USO DA PIRÂMIDE COM DESPORTISTA
VEGETARIANOS
Alguns indivíduos fisicamente ativos ou atletas adotam
dietas vegetarianas por diversas razões: culturais,
religiosas, ecológicas, etc. Há várias formas de
vegetarianismo. O vegetariano estrito, também conhecido
como vegan, não consome nenhum alimento ou produto
alimentício de origem animal. Os nutrientes são por eles
obtidos de frutas, vegetais, pães, cereais, grãos e
sementes (inclusive as oleaginosas).
Os ovovegetarianos incluem apenas ovos (de origem
animal) em sua dieta, enquanto os lactovegetarianos
incluem alimentos do grupo do leite, como queijos e outros
laticínios.
Os ovolactovegetarianos consomem tanto ovos quanto
leite e derivados. 21
Há, ainda, outro grupo, que pode ser chamado de
semivegetariano, pois não consome carne vermelha,
apenas carne branca. Diante de todas essas
particularidades, faz-se necessária uma avaliação dietética
completa para que se possa saber quais alimentos ou
grupos alimentares excluir da alimentação do indivíduo.
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Há relatos de que atletas que adotam dietas vegetarianas,
e especificamente os vegans, têm dificuldade em consumir
a quantidade de energia de que necessitam devido à baixa
densidade energética de muitos vegetais.17 Quanto maior
for a necessidade energética do atleta, maior será a
atenção às escolhas alimentares e ao número de refeições
e lanches realizados para que se consiga alcançar essas
necessidades, que serão as mais variadas possíveis, já que,
como visto em capítulo anterior, a
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necessidade energética depende de vários fatores, como
composição corporal, gênero, regime de treinamento,
padrão de atividade física etc.
Com direcionamento correto às escolhas alimentares,
nutrientes como
carboidratos, proteínas e gorduras não causam
preocupações, pois podem ser facilmente obtidos. No
entanto, mulheres vegetarianas estritas talvez precisem
consumir alimentos fortificados ou suplementos de cálcio
para alcançar a necessidade diária desse mineral. 17
Recomenda-se a ingestão de alimentos não refinados e
pouco processados, porque
contêm maior quantidade de vitaminas, minerais e fibras
dietéticas do que os refinados e processados. 5 Haddad et
al. 5 sugerem o consumo de nozes, sementes, abacate e
óleo de oliva para os vegetarianos com baixa ingestão de
gorduras. Esses alimentos são fonte de gordura insaturada,
ácidos graxos essenciais, nutrientes antioxidantes,
fitoquímicos e fibras. Por outro lado, há também o atleta
que necessita de um consumo energético restrito (como as
ginastas, que precisam manter seu peso corporal
rigorosamente dentro do normal), mas, mesmo assim,
necessitam adequar a ingestão de todos os nutrientes.
Em relação ao ferro, os alcances das necessidades também
são possíveis sem a suplementação do mineral, mas esses
atletas precisam receber orientações sobre as boas fontes
alimentares de origem vegetal e sobre como lidar com os
fatores que aumentam e diminuem sua absorção,
lembrando que o ferro utilizado será a forma não heme.
Esse tipo de ferro possui baixa biodisponibilidade e pode
ter sua absorção aumentada se for consumido juntamente
com alguma fonte de vitamina C (p. ex., suco de frutas
cítricas).
No caso das vitaminas, as dietas vegetarianas podem
fornecer facilmente a maioria das vitaminas do complexo
B. Contudo, a vitamina B12 constitui uma exceção,
sobretudo no caso dos vegans, já que as fontes alimentares
da forma ativa dessa vitamina são exclusivamente de
origem animal. Assim, nesses casos, haverá necessidade
de consumo de alimentos fortificados com vitamina B12
e/ou de suplementação dessa vitamina.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de ainda não existirem recomendações específicas
especialmente de micronutrientes para atletas, as
evidências sugerem que indivíduos fisicamente ativos
podem atingir suas necessidades nutricionais por meio de
uma alimentação semelhante à da população em geral.
Porém, em alguns momentos, suprir as necessidades
nutricionais de esportistas parece tarefa das mais difíceis,
muitas vezes pelo próprio desconhecimento destes em
relação à importância de uma alimentação equilibrada para
um ótimo desempenho. Isso nos mostra a necessidade de
mais atividades de intervenção nutricional com esses
clientes.
Os guias alimentares apresentados neste capítulo podem e
devem servir de ferramenta para atividades de educação
nutricional tanto em atendimentos individualizados como
em atividades com grupos de atletas, visando, com isso, o
aumento do conhecimento dos indivíduos em relação a
alimentação saudável.
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REFERÊNCIAS
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percepção da autoimagem corporal de atletas adolescentes
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9
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Recursos ergogênicos nutricionais
Letícia Azen Alves
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INTRODUÇÃO
Há dois importantes fatores para o sucesso atlético: a
genética e o treinamento. Em certos níveis de competição,
os participantes, em geral, possuem habilidades atléticas
genéticas similares e, se estiverem expostos aos mesmos
métodos de treinamento, tornam-se bastante nivelados.
Portanto, muitos atletas vivem em busca de meios que
possam levá-los a uma pequena melhora do rendimento
diante de seus oponentes. Para isso, duas estratégias têm
sido sugeridas: dieta adequada e utilização de recursos
ergogênicos.
Segundo Williams e Branch,194 a palavra “ergogênico” –
derivada de duas palavras gregas “ergon”, trabalho, e
“gennan”, produção – significa substâncias ou artifícios
adotados visando a melhora do desempenho. 11, 194
No contexto de crescente competitividade, há um grande
número de suplementos sendo comercializados com
variados propósitos ergogênicos, porém, alguns deles não
contam com um respaldo científico.
O propósito da maioria dos ergogênicos é aumentar o
desempenho pela
intensificação da potência física, da força mental ou do
limite mecânico e, dessa forma, prevenir ou retardar o
início da fadiga.
Os ergogênicos podem ser classificados em cinco
categorias de “ajuda”: i) nutricional; ii) farmacológica; iii)
fisiológica; iv) psicológica; e v) biomecânica ou mecânica.
O objetivo deste Capítulo é discutir os efeitos de alguns
ergogênicos nutricionais, dando enfoque às substâncias
mais utilizadas e/ou questionadas nos últimos tempos.
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ERGOGÊNICOS NUTRICIONAIS
Os ergogênicos nutricionais servem, principalmente, para
aumentar o tecido muscular, a oferta de energia para o
músculo e a taxa de produção de energia no músculo
(Quadro 9.1).
Os nutrientes estão envolvidos com os processos geradores
de energia por meio de uma destas três funções básicas: i)
atuar como substrato energético; ii) regular os processos
pelos quais a energia é produzida no corpo; e iii) promover
o crescimento e o desenvolvimento dos tecidos corporais.
Uma alimentação adequada é fundamental para que
consigamos atingir um ótimo desempenho esportivo.
Assim, se a alimentação apresenta-se deficiente em um
determinado nutriente fundamental para a produção de
energia durante o exercício, o desempenho será
prejudicado.
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Os nutrientes podem ser agrupados em seis diferentes
classes: carboidratos, gorduras, proteínas, vitaminas,
minerais e água. Geralmente, o carboidrato é usado como
principal fonte de energia do organismo. A gordura fornece
energia e também faz parte da estrutura da maioria das
células. A proteína desempenha uma série de papéis e é
necessária para: i) formação, crescimento e
desenvolvimento de tecidos corporais; ii) formação de
enzimas que regulam a produção de energia; e iii) geração
de energia, sobretudo quando os estoques de carboidratos
estão baixos. As vitaminas regulam os processos
metabólicos atuando como coenzimas. Muitos minerais
estão envolvidos com a regulação do metabolismo, mas
alguns também contribuem com a formação da estrutura
do nosso corpo como um todo (p. ex.: o cálcio atua como
constituinte do tecido ósseo). Finalmente, a água compõe a
maior parte do nosso peso corporal e ajuda
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a regular uma variedade de processos metabólicos (Tabela
9.1).
Todos os nutrientes estão envolvidos com a produção de
energia de uma maneira
ou de outra, mas alguns são especialmente importantes
para atletas, cujas taxas de produção de energia podem
aumentar de modo significativo durante o exercício.
Regulamentação brasileira para os recursos ergogênicos
nutricionais
No dia 27 de abril de 2010 foi publicada, pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), uma resolução
(no 18) que aprovou o regulamento técnico sobre
Alimentos para Atletas. 117 Essa resolução veio para
substituir a portaria no 222, de 1998,116 que fixava a
identidade e as características mínimas de qualidade a que
deveriam obedecer os Alimentos para Praticantes de
Atividade Física.
Em 1998, os “alimentos para praticantes de atividade
física” foram classificados em: repositores hidroeletrolíticos
para praticantes de atividade física; repositores energéticos
para atletas; alimentos proteicos para atletas; alimentos
compensadores para praticantes de atividade física;
aminoácidos de cadeia ramificada para atletas; e outros
alimentos com fins específicos para praticantes de
atividade física. Já os
“alimentos para atletas” passam a ser classificados em:
suplemento hidroeletrolítico para atletas; suplemento
energético para atletas; suplemento proteico para atletas;
suplemento para substituição parcial de refeições de
atletas; suplemento de creatina para atletas; e suplemento
de cafeína para atletas. A Tabela 9.2 demonstra os
principais requisitos básicos de cada uma dessas
categorias e a respectiva comparação entre a
regulamentação atual e a anterior. No Quadro 9.2 são
apresentadas as especificações para os novos “alimentos
para atletas”.
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Tabelas comparativas que contêm a composição
centesimal e por dose de alguns suplementos disponíveis
estão dentre os Anexos deste livro. Entretanto, não
podemos atestar a conformidade dos produtos frente à
legislação vigente.
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AMINOÁCIDOS DE CADEIA RAMIFICADA (BCAA)
Definição
Os aminoácidos de cadeia ramificada compreendem três
aminoácidos essenciais –
leucina, isoleucina e valina – encontrados, sobretudo, em
fontes proteicas de origem animal. 69 São popularmente
conhecidos como BCAA, sigla derivada de sua designação
em inglês: Branched Chain Amino Acids.
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Há muito tempo, os aminoácidos de cadeia ramificada têm
sido utilizados na nutrição clínica, para o tratamento de
uma série de doenças, como a encefalopatia hepática, por
exemplo. No entanto, neste capítulo, vamos nos limitar ao
relato de sua polêmica aplicabilidade como recurso
ergogênico.
Necessidades diárias, absorção intestinal e
armazenamento
Após a ingestão, os BCAA, cujas necessidades diárias estão
apresentadas na Tabela 9.3, são absorvidos no intestino
através do transporte ativo sódio-dependente e
transportados até o fígado pela circulação porta. No fígado,
os BCAA podem ser utilizados como substrato para a
síntese proteica. Eles são distribuídos no organismo pela
circulação sistêmica e se depositam, preferencialmente, no
músculo esquelético.
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Metabolismo
Apesar de os aminoácidos não serem considerados a
principal fonte de energia para a contração muscular, os
BCAA atuam como importante fonte de energia para o
músculo esquelético, durante períodos de estresse
metabólico. Nessas situações, os BCAA podem promover a
síntese proteica, evitar o catabolismo proteico e servir
como substrato para a gliconeogênese. Os BCAA são
catabolizados sobretudo no músculo esquelético,
estimulando a produção de glutamina e alanina, entre
outras substâncias.34
Efeitos ergogênicos
Sugere-se alguns efeitos da suplementação com BCAA:
Auxílio na hipertrofia muscular. 34
Ação anticatabólica.22,105
Retardo da fadiga central. 19,21
Melhora do desempenho. 20, 106
Poupança dos estoques de glicogênio muscular. 22
Aumento dos níveis plasmáticos de glutamina, após
exercício intenso podendo
fortalecer o sistema imunológico. 12,22
Atenuação do dano muscular durante exercício de
endurance prolongado. 64
Os estudos científicos
Carli et al. 34 realizaram investigação com o objetivo de
avaliar os possíveis efeitos dos BCAA na resposta endócrina
em corridas contínuas de 1 hora. Para isso, 14
corredores de longa distância realizaram testes (corridas de
1 hora) com 1 semana de
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intervalo. Antes de cada teste, os atletas receberam 10 g
de BCAA ou placebo. Ao final, observou-se que a ingestão
de BCAA promoveu aumento da liberação de testosterona
após o exercício. O resultado desse estudo fez que muitos
passassem a usar essa suplementação como auxílio no
ganho de massa muscular.
Além de estarem relacionados à melhor síntese proteica,
outras pesquisas têm demonstrado que a suplementação
com BCAA pode inibir o catabolismo proteico durante ou
após o exercício.22, 105
Alguns autores sugerem que os aminoácidos essenciais são
os principais
reguladores da síntese de proteína muscular, ao contrário
dos aminoácidos não essenciais, 160 e que os BCAA,
particularmente a leucina, parecem ser os mais
importantes. 87 Entretanto, segundo Rennie et al., 146
estudos têm tentado provar a ideia de que um único
aminoácido essencial (leucina) poderia estimular a síntese
de proteína muscular, na ausência de outros tantos
aminoácidos, mas a maioria desses estudos foi realizada
com animais, ou seja, faltam estudos em humanos para
comprovar essa teoria.
A suplementação com os BCAA também tem sido estudada
há muitos anos por causa do papel desses aminoácidos na
instalação do quadro de fadiga central durante o exercício
prolongado, uma vez que a menor concentração
plasmática de BCAA favorece a entrada do triptofano livre
no sistema nervoso central, levando à geração de 5hidroxi-triptamina, precursor da serotonina, um
neurotransmissor envolvido com sintomas clássicos da
fadiga central (Figura 9.1). Essa hipótese foi, inicialmente,
levantada por Blomstrand et al. 19 que realizaram uma
pesquisa na qual 25 homens receberam 7,5 g de BCAA
durante uma corrida cross-country de 30 km ou 16 g de
BCAA durante uma maratona de 42,2 km. Eles observaram
que a suplementação com BCAA melhorou o desempenho
mental e físico, principalmente dos corredores mais
“lentos”, em comparação com os mais “rápidos”. Mais
tarde, esses mesmos autores confirmaram a teoria de que
a suplementação com BCAA diminui a fadiga central
durante o exercício realizado em bicicleta ergométrica a
70% do VO2 máx., durante 60
min. Entretanto, quando os mesmos indivíduos eram
orientados a se exercitar em esforço máximo, durante 20
min, não foram detectados efeitos significativos da
suplementação com BCAA. 21
Em 1998, Mittleman et al. 117 verificaram que a
suplementação com BCAA retardou a fadiga, melhorando o
rendimento de homens e mulheres durante exercício
realizado sob elevada temperatura (34,4ºC ou superior).
Não há evidências de que a suplementação com BCAA
exerça efeito significativo
sobre o desempenho físico, uma vez que os resultados das
pesquisas são conflitantes.
Estudo realizado com ciclistas bem treinados, que
realizaram 100 km de ciclismo, em três situações
(ingerindo glicose, glicose + BCAA ou placebo), separadas
por um
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intervalo de 7 dias, mostrou que a solução de BCAA +
glicose não promoveu melhora significativa do
desempenho quando comparada à solução de glicose
apenas.
Entretanto, as duas situações foram mais favoráveis que a
não suplementação (placebo). 106 Esses resultados
confirmaram o que já havia sido verificado por Blomstrand
et al. 20 Além disso, na pesquisa realizada por Blomstrand
e Saltin, 105
mediante a suplementação com BCAA (100 mg/kg),
observou-se tendência à menor depleção de glicogênio,
independente da normalidade ou da redução dos estoques
préexercício. Porém, as diferenças não foram estatisticamente
significativas, o que os levou a concluir que os BCAA
exercem pouco efeito sobre o metabolismo dos
carboidratos.
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Exercícios prolongados causam redução na defesa
imunológica do organismo, e esse efeito parece estar
associado à diminuição plasmática de glutamina pósexercício.
Uma alternativa de suplementação, a fim de reverter à
diminuição da concentração de glutamina e, em
consequência, a incidência de infecções, seria a oferta de
BCAA, uma vez que servem de substrato para a síntese
desse aminoácido. Blomstrand et al. 20
verificaram que a suplementação com BCAA promoveu
aumento significativo dos níveis plasmáticos de glutamina
durante a recuperação pós-exercício, mas esses
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resultados não foram confirmados por Blomstrand e Saltin.
22
Doses estudadas: 77 a 100 mg/kg. 21,22
Efeitos adversos: altas doses (acima de 20 g/dia) podem
provocar transtornos gastrintestinais, como diarreia, além
de comprometer a absorção de outros aminoácidos. 193
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WHEY PROTEIN
Atualmente existem diversos suplementos proteicos
disponíveis à base de
quantidades isoladas ou combinadas de diversos tipos de
proteína, especialmente da soja, do ovo (albumina) e do
leite (caseína e Whey Protein). Entretando, a Whey Protein
é, sem dúvida, a mais popular delas, por isso mereceu
destaque neste capítulo.
Definição
A Whey Protein (WP), nome comercial utilizado para
designar as proteínas do soro do leite de vaca, tornou-se
uma das proteínas mais populares dos últimos tempos.154
A composição do leite é bastante variável, em espécies
diferentes,
particularmente, no que diz respeito aos teores de
proteína, de gordura e lactose. O leite de vaca tem,
aproximadamente, 3,5% de proteína, sendo 2,9% caseína e
0,6% proteínas do soro. 154
A caseína pode ser definida de maneira simplificada como
a proteína precipitada
do leite desnatado a um pH 4,6 a 20ºC. As proteínas que
permanecem em solução, nessas condições, podem ser
obtidas por precipitação com sulfato de amônio. Quando a
caseína é removida do leite desnatado, o líquido
remanescente recebe o nome de soro do leite. 154
As proteínas do soro representam cerca de 20% das
proteínas do leite. As duas principais proteínas do soro
alfalactoglobulina e betalactoglobulina perfazem 70 a 80%
das proteínas totais do soro. Além delas, são encontradas
soroalbumina, imunoglobulinas, lactoferrina, transferrina,
enzimas etc.154
A betalactoglobulina está ausente no leite humano, mas é
o peptídeo do soro do leite bovino com maior
representação, cerca de 3,2 g/L. Além disso, apresenta
maior teor de BCAA (cerca de 25,1%), importantes para a
manutenção tecidual e prevenção de ações catabólicas
durante o exercício.74
Em termos quantitativos, a alfalactoglobulina é o segundo
peptídeo do soro (15 a 25%) do leite bovino e o principal do
leite humano. Caracteriza-se por ser de fácil e rápida
digestão. A alfalactoglobulina é precursora da biossíntese
de lactose no tecido mamário e possui a capacidade de se
ligar a certos minerais, como cálcio e zinco, afetando
positivamente a sua absorção. Além disso, a fração
alfalactoglobulina apresenta atividade antimicrobiana. 74
A soroalbumina corresponde a cerca de 10% das proteínas
do soro do leite. É um
peptídeo de alto peso molecular, rico em cistina
(aproximadamente 6%), relevante precursor da síntese de
glutationa, que já demonstrou apresentar propriedades
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antioxidantes significativas. A soroalbumina possui
afinidade por ácidos graxos livres e outros lipídeos, o que
favorece seu transporte na corrente sanguínea. 74
As imunoglobulinas (Ig) são proteínas de alto peso
molecular. Quatro das cinco classes de Ig estão presentes
no leite bovino (IgG, IgA, IgM e IgE), sendo a IgG a principal
imunoglobulina (>90%). Suas principais ações biológicas
residem na imunidade passiva e atividade antioxidante.
Essas proteínas são separadas e purificadas utilizando-se
várias técnicas, o que permite a obtenção de diferentes
concentrações de WP. 74
Whey Protein em pó
A WP em pó pode ser encontrada em diferentes formas e
tem muitas aplicações na
indústria de alimentos. Podemos encontrar a WP doce, a
WP ácida (normalmente adicionada a alguns molhos para
saladas), a WP desmineralizada (habitualmente utilizada
como aditivo em fórmulas infantis, por exemplo) e a WP
reduzida. As formas desmineralizada e reduzida costumam
ser utilizadas nos suplementos esportivos.66
Além da grande importância para a alimentação (boa
composição em aminoácidos
essenciais, elevada digestibilidade), as proteínas do leite
encontram aplicações industriais. Na indústria de
alimentos, por suas propriedades funcionais (p. ex.:
espumantes, emulsificantes, geleificantes etc.), são muito
utilizadas na formulação de produtos. Os agentes
emulsificantes (ou surfactantes) são substâncias
adicionadas às emulsões para aumentar a sua estabilidade
tornando-as razoavelmente homogêneas; já os
geleificantes têm a capacidade de formar um gel ou de
coagular um líquido.66
Whey Protein concentrada (WPC)
O processo remove a água, lactose, cinzas e alguns
minerais. Além disso, em comparação com a Whey Protein
isolada (WPI), a WPC normalmente contém mais
componentes biologicamente ativos. A Tabela 9.4
apresenta a composição centesimal da WPC.66
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Whey Protein isolada (WPI)
Proteínas isoladas são a fonte proteica mais pura. A WPI
contém cerca de 90% de
concentração proteica ou mais (Tabela 9.5). Durante o
processamento da WPI, há uma significativa remoção de
gorduras e lactose. Dessa forma, indivíduos intolerantes à
lactose podem utilizar seguramente essa proteína. Apesar
da sua concentração proteica ser a mais elevada,
frequentemente, contém proteínas que são desnaturadas
durante o processo de manufaturação. A desnaturação de
uma proteína envolve a quebra da sua estrutura,
resultando em perda de bandas peptídicas e redução de
sua eficiência. 66
Benefícios da Whey Protein para a hipertrofia muscular
Conforme descrito anteriormente, uma das características
da WP é a sua elevada
concentração estrutural em aminoácidos essenciais,
especialmente os aminoácidos de cadeia ramificada
(leucina, isoleucina e valina) (Tabela 9.6). Essa condição já
a colocaria em destaque em relação às demais proteínas
quanto à síntese proteica, tendo
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em vista que a leucina tem sido apontada como o principal
aminoácido responsável pela estimulação do anabolismo
muscular. 4, 146
Calbet e MacLean31 avaliaram o efeito de quatro
diferentes soluções, uma contendo somente 25 g/L de
glicose (controle) e outras três contendo a mesma
quantidade de glicose mais 0,25 g/kg de peso corporal de
três diferentes fontes proteicas: ervilha (E), WP e leite
integral (L), sobre as concentrações de insulina e
aminoácidos. Os pesquisadores observaram que, após 20
min da ingestão, a solução que continha a WP provocou
elevação mais significativa nas concentrações de insulina e
de aminoácidos essenciais, o que configura um estado
metabólico mais favorável ao anabolismo.
Visando estudar a resposta aguda do balanço proteico
muscular frente à ingestão de proteína intacta após o
treino de força, Tipton et al.170 ofereceram a homens e
mulheres saudáveis, acostumados à prática da
musculação, uma solução placebo (n = 7) ou 20 g de
caseína (C) (n = 7) ou a mesma quantidade de WP (n = 9),
1 hora após uma sessão de extensão da perna. Os
resultados dessa pesquisa propuseram que, apesar de
terem gerado uma resposta diferente em relação às
concentrações de aminoácidos no sangue, a ingestão de
WP e de C gerou um estímulo à síntese proteica similar ao
placebo, tanto em relação às concentrações musculares de
fenilalanina como às de leucina, mensuradas por biópsias
musculares realizadas imediatamente e 55, 120 e 300
min após o exercício. Entretanto, vale ressaltar que 120
min após a sessão de extensão da perna, as concentrações
musculares de leucina estavam significativamente mais
elevadas do que em todos os outros momentos,
especialmente quando foi realizada a ingestão de WP.
Em 2006, Cribb et al. 39 estudaram os efeitos da
suplementação com WPI ou com C
sobre a composição corporal e a força de 13 fisiculturistas
durante 10 semanas de treino de força. Os sujeitos da
pesquisa ingeriram um total de 2,1 g/kg de peso
corporal/dia de proteína, dos quais 1,5 g/kg/dia eram
representados pela suplementação
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e somente o restante pela alimentação convencional. Em
comparação com a ingestão de C, a administração da WPI,
realizada no desjejum e no almoço após a atividade física e
antes de dormir, aumentou significativamente a massa
corporal magra e a força, além de ter gerado maior
redução de gordura corporal. Vale ressaltar que esses
resultados dificilmente poderão ser observados na prática,
já que o nutricionista especializado em nutrição esportiva
não deve sugerir uma alimentação à base de suplementos
nutricionais em detrimento da dieta alimentar
convencional.
No mesmo ano, Candow et al. 32 compararam os efeitos da
suplementação entre a WP e a proteína de soja sobre a
força, a composição corporal e o catabolismo proteico em
27 indivíduos (18 mulheres e 8 homens) não acostumados
à realização do treinamento de força. Os voluntários
iniciaram a prática da musculação ingerindo placebo ou WP
ou proteína de soja durante 6 semanas. A quantidade de
proteína suplementada antes e após o treinamento e antes
de dormir totalizou 1,2 g/kg de peso/dia. A ingestão diária
total de proteína (que ficou em torno de 1,6 a 1,8 g/kg de
peso/dia) não foi capaz de minimizar a elevação da 3-metilhistidina na urina (parâmetro bioquímico escolhido para
analisar os efeitos do treinamento sobre o catabolismo
proteico muscular), entretanto, gerou aumento significativo
da força e da massa corporal magra em comparação com o
placebo, sem diferenças entre a ingestão de WP e da
proteína de soja.
Três anos mais tarde, Hulmi et al.76 observaram que o
exercício de força aumenta a sinalização da mTOR (
mammalian target of rapamycin) e pode reduzir a
expressão da miostatina (fator de crescimento que limita o
crescimento do tecido muscular)99 no músculo. Segundo
os autores, essa resposta foi potencializada por meio da
subsequente ingestão de 15 g de WP em comparação com
o placebo. Na Figura 9.2, está demonstrada a via de
sinalização hipertrófica em resposta aos treinos aeróbicos e
de força. 53
Whey Protein hidrolisada (WPh)
Segundo Tang et al. ,165 a ingestão de 21,4 g de WPh foi
capaz de estimular de forma mais significativa a síntese de
proteína muscular, em comparação à proteína da soja (22,2
g) e à C (21,9 g), já que gerou uma maior captação
muscular de fenilalanina e maiores concentrações de
leucina na corrente sanguínea. Além disso, os autores
observaram que somente a WPh e a soja foram capazes de
gerar uma liberação de insulina significativamente maior.
Para obtenção desses resultados, foram realizadas coletas
de sangue 30, 60, 90, 120 e 180 min após o treino de força
e biópsia muscular após 180 min. Dessa forma, concluiu-se
que a superioridade da WPh estaria relacionada à sua mais
rápida absorção em comparação, especialmente, à C.
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Mais recentemente, o mercado de suplementos tem sido
invadido por opções de produtos à base de WPh a um custo
bem elevado. Mas será que vale a pena o investimento?
Buckley et al. 27 suplementaram 28 homens sedentários
com 250 mL de água flavorizada (n = 11) ou 25 g de WPI
(n = 11) ou 25 g de WPIh, imediatamente, 6h e 22h após a
realização de 100 contrações excêntricas máximas. A
suplementação com WPIh resultou em uma mais rápida
recuperação da força. Os pesquisadores sugeriram que
parte dessa recuperação se deve a um estímulo mais
significativo à reparação do dano muscular, apesar de não
ter havido nenhuma modificação nas concentrações de CK
e TNF-α.
Doses recomendadas
Ainda não há um consenso quanto à dose de WP
recomendada para estimular a síntese proteica em sua
extensão máxima. As quantidades suplementadas
costumam variar de 10 a 30 g ingeridas imediatamente
pós-exercício (até 1h) para estimular o pico máximo de
síntese proteica e as adaptações ao treinamento. Além
disso, recomenda-se que haja uma distribuição uniforme
entre três a quatro refeições por dia.
Entretanto, Moore et al., 118 ao compararem os efeitos da
ingestão de 10, 20, 30 ou 40 g
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após o treino de força sobre a síntese proteica, não
evidenciaram resposta adicional com doses superiores a 20
g de WP.
Com base nas informações apresentadas, conclui-se que,
uma vez ingerida, após o
exercício, em quantidades de cerca de 20 g, a WP parece
ser a proteína mais eficaz para o aumento da massa
muscular. Muito provavelmente isso deve-se ao fato da WP
promover uma maior disponibilidade de leucina e insulina.
Além disso, parte dos resultados pode-se atribuir à sua
mais rápida digestibilidade em comparação às demais
fontes proteicas, entretanto ainda faltam dados na
literatura para sugerir uma superioridade da sua versão
hidrolisada.
Carboidratos combinados às proteínas
Um número crescente de estudos tem demonstrado que a
coingestão de
carboidratos e proteínas durante e/ou após o treinamento
físico exaustivo pode trazer benefícios superiores à
ingestão isolada de carboidratos, tais como: otimizar a
reposição das reservas de glicogênio;177,192 estimular a
liberação de insulina;79, 125, 192 e propiciar um balanço
proteico positivo. 90 Entretanto, esse assunto ainda
permanece bastante controvertido.
Efeitos da coingestão de carboidrato e proteína sobre a
melhora do desempenho durante o exercício
Pelo menos dois estudos publicados recentemente
relataram melhoras
significativas no desempenho em atividades de endurance
quando a proteína é ingerida juntamente ao carboidrato
durante o exercício prolongado.
Em um desses estudos com design crossover duplo cego
randomizado, Ivy, Sprague e Widzer78 compararam os
efeitos da ingestão de uma bebida que continha
carboidrato (7,75%) e proteína (1,94%) versus uma bebida
que continha apenas carboidrato (7,75%) ou placebo. O
desempenho de 9 ciclistas foi avaliado mediante a
realização de três testes físicos, separados por, pelo
menos, 7 dias de intervalo: pedalaram durante 180 min,
sob duas intensidades sub-máximas (45 e 75% do VO2
máx.) e, até a exaustão, a 85% do VO2 máx. Esse protocolo
teve por objetivo aproximar-se da intensidade
rotineiramente observada durante as competições de
ciclismo. Os ciclistas receberam 200 mL de bebida
imediatamente antes do exercício e 200 mL a cada 20 min
durante o exercício, resultando na ingestão aproximada de
600
mL de líquido, 0,67 g/kg de peso corporal de carboidrato, e
mais 0,17 g de Whey Protein para cada quilo de peso,
somente no grupo que fez a ingestão de proteína, a cada
hora durante o exercício. Quando receberam a bebida de
carboidrato e proteína,
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os ciclistas pedalaram até a exaustão por um período maior
(36%) (26,9 ± 4,5min) do que quando ingeriram a bebida
de apenas carboidrato (19,7 ± 4,6 min). Ambas as bebidas
proporcionaram benefícios superiores ao placebo (12,7 &±
3,1 min).
Em outro estudo crossover duplo cego randomizado,
comparou-se o desempenho obtido mediante a ingestão de
bebida que continha somente carboidrato (7,3%) ou
carboidrato (7,3%) mais proteína (1,8%), em 15 ciclistas do
sexo masculino, durante o período que pedalaram até a
exaustão a 75% do VO2 máx., e nos 30 min de
recuperação. Foram fornecidos 1,8 mL da bebida para cada
kg, a cada 15 min ao longo do teste, totalizando cerca de
528 mL de líquido, 0,52 g de carboidrato/kg de peso
corporal e 0,13 g/kg de peso corporal/h de Whey Protein.
Além disso, os atletas ingeriram 10 mL/kg de peso corporal
de bebida ao longo dos primeiros 30 min pós-exercício. Os
ciclistas que ingeriram a bebida de carboidrato mais
proteína pedalaram 106,3 ± 45,2 min comparado com 82,3
± 32,6 min daqueles ciclistas que ingeriram a bebida de
apenas carboidrato, o que representou um incremento de
29% no tempo de exercício.152
Com base no exposto, pode-se especular que a adição da
proteína às bebidas administradas durante o exercício
poderia aumentar a resistência ao esforço. Entretanto,
ainda são poucos os estudos conduzidos com esse objetivo,
de forma que ainda restam muitas dúvidas, especialmente
no que diz respeito à hipótese de que tais benefícios
poderiam ser explicados em função de uma maior oferta
calórica e não em função de benefícios especificamente
inerentes às proteínas. Até o momento, a maioria dos
estudos objetivou avaliar os efeitos da coingestão de
carboidrato e proteína sobre a melhora da recuperação
muscular pós-exercício.
Efeitos da coingestão de carboidrato e proteína sobre a
melhora da recuperação
muscular pós-exercício
Betts et al.16 realizaram dois estudos nos quais
administraram diferentes volumes (estudo A: ±1031 mL/h;
estudo B: ±722 mL/h) de uma solução de somente
carboidrato (9,3%) e outra da mesma quantidade de
carboidrato, adicionada de proteína (1,5%), com 1 semana
de intervalo. As soluções foram administradas, a cada 30
min, durante o período de 4 horas de recuperação após 90
min de corrida, a 70% do VO2 máx. Após esse período, os
indivíduos voltavam a correr a 85% do VO2 máx. até a
exaustão. A ingestão da solução de carboidrato e proteína
resultou em uma maior liberação de insulina, entretanto
não foi capaz de postergar o tempo de exaustão. Nesse
trabalho, as reservas de glicogênio não foram mensuradas
diretamente por biopsia muscular.
Já na pesquisa realizada por Van Loon et al., 177 os autores
submeteram 8 ciclistas
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a três procedimentos experimentais, separados por 1
semana de intervalo, diferenciados pela suplementação
recebida. Em uma das situações, eles receberam 0,8
g de carboidrato/kg de peso corporal/hora. Em um segundo
momento, eles receberam a mesma quantidade de
carboidrato acrescida de 0,4 g de proteína e, por fim,
receberam uma maior carga de carboidrato (1,2 g/kg/h),
sem adição de proteína. Para a avaliação do impacto das
três soluções sobre a ressíntese de glicogênio, os atletas
foram submetidos à biopsia muscular 15 min e 5 horas
após o teste físico e à coleta de sangue a cada 30 min,
durante esse mesmo período. Ao longo dos primeiros 270
min pós-exercício, os atletas ingeriam 3.5 mL/kg de peso
corporal de cada solução a cada 30
min. Como resultado, os autores não observaram diferença
significativa entre a ingestão de uma maior dose de
carboidrato e a ingestão da solução de carboidrato mais
proteína.
Entretanto, essas duas soluções conseguiram promover
uma ressíntese de glicogênio significativamente superior
do que quando se realizou a ingestão da solução de uma
menor concentração de carboidrato sem adição de
proteína. Esse resultado mostra que o impacto da ingestão
de proteína sobre o reabastecimento das reservas de
glicogênio poderia estar relacionado à maior oferta
calórica.
Carrithers et al. 35 suplementaram 7 ciclistas, pósprotocolo para depleção de glicocogênio, com três tipos de
solução, a cada 30 min, durante 4 horas (100%
carboidrato; 70% carboidrato + 20% de proteína + 10% de
lipídios; 86% de carboidrato + 14% de mistura de
aminoácidos). O objetivo da pesquisa era, também,
determinar os efeitos da ingestão de uma mistura de
carboidrato mais proteína sobre a restauração das reservas
musculares de glicogênio, entretanto os resultados obtidos
sugeriram que a ressíntese de glicogênio não é aumentada
em função da presença de proteína, quando soluções de
igual valor calórico são administradas pós-exercícicio.
Berardi et al. 14 comparam os efeitos da ingestão de
placebo, de carboidrato (1,2
g/kg/hora) e de carboidrato mais proteína (0,8 g/kg/hora de
carboidrato + 0,4 g/kg/hora de proteína) administrados em
6 ciclistas, imediatamente, 1 e 2 horas após 60 min de
teste físico, no qual foram instruídos a pedalar na máxima
velocidade possível durante esse período. Seis horas após
o término do primeiro teste, um novo teste, com as
mesmas características, foi realizado. Para a avaliação do
impacto da suplementação sobre as reservas de glicogênio,
os atletas foram submetidos à ressonância nuclear
magnética antes e após cada teste. Todos foram
submetidos aos três procedimentos experimentais com, no
mínimo, 1 semana de intervalo. Após análise dos dados
coletados, diferentemente do que havia sido demonstrado
por Carrithers et al. 35 e Van Loon et al., 177 a ressíntese
de glicogênio foi aumentada mediante a ingestão da
solução de carboidrato mais proteína, entretanto esse
aumento não contribuiu para um melhor desempenho
físico.
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Segundo Koopman et al., 90 a degradação proteica
aumenta durante o exercício de endurance. Sheffield-Moore
et al. 155 observaram que o catabolismo proteico aumenta
imediatamente após exercício aeróbico de moderada
intensidade. Apesar da síntese proteica também elevar-se
durante o período de recuperação, o balanço proteico
permanece negativo ao longo de 3 horas após o exercício,
quando não realizada intervenção nutricional. Bebidas de
carboidrato mais proteína podem melhorar
significativamente a síntese proteica e reduzir a
degradação proteica, resultando em um balanço proteico
positivo após o exercício,90 pela observação de uma
redução na liberação de marcadores de dano muscular.
Efeitos da coingestão de carboidrato e proteína sobre a
redução do dano e dor muscular Bebidas que contêm
carboidrato e proteína têm sido associadas à minimização
do
dano muscular induzido pelo exercício. Em três estudos, as
concentrações de creatina-quinase (CK) pós-exercício
foram menores do que quando o carboidrato foi ingerido
isoladamente.103, 148,152 Entretanto, a validade da CK
como um indicador do dano muscular é questionável,
tendo em vista que o exercício pode causar a liberação da
CK
através de fontes não musculares como, por exemplo, dos
monócitos. Uma das alternativas para se conseguir
esclarecer melhor essa questão seria pela mensuração de
múltiplos marcadores de dano muscular. Além disso, a
alguns produtos também costuma-se adicionar vitaminas C
e E, o que poderia comprometer os resultados, visto que
essas vitaminas atuam como antioxidantes, ou seja,
também poderiam estar associadas à proteção contra o
dano muscular.148
A ingestão de carboidratos associados às proteínas
também têm sido associada à
redução dos níveis de lactato-desidrogenase (LDH)148 e
dor muscular103,148 quando comparada à ingestão
somente de carboidrato.
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A redução pós-exercício de marcadores de dano muscular
pode implicar positivamente no desempenho de atividades
físicas realizadas subsequentemente. 152
Entretanto, essa hipótese foi negada nos estudos
realizados por Luden et al.103 e Romano-Ely et al.148
Na Tabela 9.7 estão resumidos os principais estudos sobre
o tema.
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CREATINA
A creatina (Cr) ou ácido metilguanadinoacético tornou-se
um dos recursos ergogênicos nutricionais mais populares
nos últimos tempos, devido à crença de que ela poderia
levar à melhora no rendimento físico. Os efeitos da
suplementação dessa substância baseiam-se na teoria de
que a suplementação aumentaria a força e a velocidade
nos esportes em que a fonte de energia predominante é
proveniente do sistema energético alático ou ATP-CP.
Biossíntese e fontes alimentares
Há três aminoácidos envolvidos na síntese de Cr: glicina,
arginina e
metionina10, 195 (Figura 9.3). Em humanos, as enzimas
envolvidas na síntese de Cr ficam localizadas no fígado, no
pâncreas e nos rins.194
Além da síntese endógena, a Cr também é encontrada na
dieta mista, em especial
em peixe, carne e outros produtos animais.10,195
Conforme pode ser observado na Tabela 9.8, há cerca de 3
a 5 g de Cr para cada quilo de peixe ou carne. O consumo
de Cr exógena parece desempenhar um papel no controle
da biossíntese endógena de Cr, por meio de mecanismos
de feedback. 10,194
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Consumo alimentar e absorção
Normalmente, o consumo de Cr é cerca de 1 g,194,195
levando-se em consideração
um consumo médio diário, em uma dieta mista, de 300 g
de carne de boi e 300 mL de leite. 10
Segundo Harris et al. ,67 as necessidades normais de Cr
por fontes endógenas e exógenas se aproximam de 2 g
para repor a Cr catabolisada, excretada pelos rins como
creatinina. Assim, como parte das necessidades de Cr pode
ser atingida pela dieta, essas necessidades são
complementadas pela síntese endógena. Em dieta isenta
de Cr, como pode ser o caso dos vegetarianos, as
necessidades diárias são atingidas exclusivamente por
síntese endógena. 44,195
Apesar da acidez das secreções gastrintestinais, estudos
indicam que a Cr consumida oralmente é absorvida intacta
através da parede intestinal, atingindo posteriormente a
corrente sanguínea.195
Armazenamento
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Um homem que pesa 70 kg armazena cerca de 120 g de
Cr,195 e 95% desse conteúdo total encontra-se depositado
no músculo esquelético. 10, 195 Outros tecidos que
contêm quantidades significativas de Cr são o coração, os
testículos, a retina e o cérebro. 119, 194,195 Essa
distribuição indica que a Cr é transportada pela corrente
sanguínea dos locais de síntese aos locais de utilização.194
Uma vez atingido o citosol celular, a Cr é rapidamente
fosforilada pela enzima CK. Com isso, cerca de 60 a 70%
(2/3) do total de Cr no músculo encontra-se na forma
fosforilada ou de fosfocreatina (PCr) e apenas o restante na
forma livre (Cr livre). 10, 195
Normalmente, o conteúdo total de Cr no músculo estriado
gira em torno de 120 a 125
mmol/kg de matéria seca;7 e a concentração normal de Cr
no plasma é de 5 a 100
mmol/L. 9 As concentrações de Cr e PCr correlacionam-se
com a capacidade glicolítica de diferentes músculos
esqueléticos, com as fibras tipo II contendo de 5 a 15%
mais PCr do que as fibras tipo I. As principais diferenças
fisiológicas entre as fibras tipo I e II são apresentadas na
Tabela 9.9.
A taxa de degradação de PCr tem-se mostrado maior nas
fibras do tipo II versus tipo I63, e a disponibilidade da PCr,
como um substrato energético nas fibras musculares tipo II,
é considerada um possível fator limitante para a
manutenção da força durante exercícios de alta
intensidade. Além disso, estudo desenvolvido por Tesch et
al. 167 demonstrou que a taxa de ressíntese de PCr nas
fibras tipo I é mais lenta do que nas tipo II, provavelmente
devido ao maior potencial aeróbico das fibras tipo I.
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Excreção
Nos vertebrados, há a conversão não enzimática da Cr a
creatinina, formada, em
grande parte, no músculo, justamente onde a maior parte
de Cr é armazenada. Em indivíduos sedentários, em média,
1,6% do pool diário de Cr é degradado a creatinina no
músculo.11 Uma vez formada, a creatinina atinge a
circulação por difusão simples, é filtrada pelos glomérulos
renais e, posteriormente, excretada na urina. A excreção
diária de creatinina se aproxima de 2 g, mas essa
quantidade pode variar de modo considerável dependendo
da massa muscular total dos indivíduos.195
Suplementação
Apesar de podermos obter parte da Cr de que precisamos
de fontes alimentares, seria muito difícil conseguirmos
ingerir mais do que 3 a 4 g de Cr/dia a partir desses
alimentos. Além disso, o colesterol, presente nas carnes,
poderia levar ao aparecimento da aterosclerose, quando
ingerido em altas quantidades; e o alto conteúdo de
gordura desses alimentos poderia contribuir
consideravelmente para o aumento do consumo calórico
diário, levando ao ganho de peso. Portanto, para os que
desejam aumentar o consumo de Cr, os suplementos à
base de Cr monoidratada, um pó branco solúvel em água
morna, tornam-se necessários. 10
Várias estratégias de suplementação têm sido usadas para
aumentar a quantidade total de Cr, sobretudo de PCr, no
músculo. A dose mais comumente utilizada, a qual
chamamos de dose de carga, corresponde a um total de 20
a 30 g de Cr por dia, em geral Cr monoidratada.
Normalmente, essas doses diárias são divididas em 4 a 6
doses de 5 g, uma vez que doses mais elevadas podem
provocar náuseas, fraqueza e diarreia, 138 além de
contribuir para melhor absorção de Cr. De acordo com
alguns autores,10,67,77 essas quantidades, ingeridas
durante 5 a 7 dias, já seriam suficientes para aumentar ao
máximo os estoques de Cr no músculo. Uma vez atingido o
limite máximo de estocagem de Cr no músculo, as
quantidades excedentes passam a ser excretadas na urina.
Com isso, após o término do período de carga, sugere-se a
ingestão de doses de manutenção mais reduzidas: de 2 a 5
g ao dia.
A maioria dos estudos usa doses absolutas de Cr, sem
considerar a quantidade a
ser suplementada no peso corporal. No entanto, Hultman
et al.77 recomendaram uma dose de carga de 0,3 g de
Cr/kg de peso/dia (~20 g) durante 5 a 7 dias, seguida de
manutenção de 0,03 g de Cr/kg de peso/dia (~ 2 g) durante
28 dias. Após esse período, recomenda-se uma parada de 3
meses antes de se iniciar nova dose de carga.
Os mesmos autores testaram outro protocolo que tinha por
base quantidades inferiores de Cr administradas por um
período mais prolongado (3 g de Cr/dia, por 28
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dias) e verificaram que tanto a rápida suplementação como
a mais lenta levaram a resultados similares: aumento de
cerca de 20% da quantidade total de Cr muscular.
Outros autores também acreditam que doses menores de
Cr possam ser igualmente
eficazes em relação à clássica dose de carga. Pearson et al.
136 sugerem que a suplementação de Cr seja feita por
meio da ingestão de uma dose de 5 g/dia, durante 10
semanas.
Em 2000, Burke et al.28 analisaram os efeitos de uma dose
menor, considerando a massa corporal magra (MCM) (0,1
g/kg de MCM), durante 21 dias. Esse foi um dos primeiros
estudos a sugerir que a suplementação de Cr considerasse
uma análise mais criteriosa da composição corporal e,
apesar da quantidade total de Cr oferecida à amostra ter
sido menor do que a clássica dose de carga, a
suplementação de Cr gerou aumento significativo da força.
Acredita-se que, possivelmente, serão necessários em
torno de 28 a 30 dias após o término da suplementação de
Cr para que seu conteúdo muscular total volte aos níveis
pré-suplementação (basais). Esse período costuma ser
chamado de washout period. 52, 107, 180
Com o objetivo de avaliar os efeitos da dose de
manutenção de Cr (5 g/dia, durante 33 dias) e, ao mesmo
tempo, checar o washout period, Alves e Dantas3
observaram que o aumento significativo da massa corporal
total, verificado em todos os indivíduos que ingeriram a
dose de carga de Cr (20 g/dia, durante 5 dias), foi mantido
ao longo dos 33 dias da fase de manutenção, mesmo nos
indivíduos que receberam placebo no mesmo período. Os
resultados encontrados sugerem que, para alguns
indivíduos, o período de 1 mês talvez não seja suficiente
para que os estoques de Cr voltem ao normal. Tal hipótese
pôde ser levantada, uma vez que os indivíduos que fizeram
parte da amostra eram judocas, orientados a manter o
treinamento específico de judô (em igual intensidade e
duração), sem associação a qualquer tipo de exercício que
buscasse aumentar a força e/ou a massa corporal magra.
Em 2002 Preen et al. 142 testaram uma dose de 15 g de Cr
administrada 120 e 60
min antes do exercício, mas essa suplementação não
melhorou o desempenho, fazendo os autores concluírem
que esse método não substitui os tradicionais 5 dias de
suplementação.
Influência do carboidrato e da cafeína
Estudos demonstraram que, combinando Cr com
carboidrato simples, como a glicose, ocorre aumento no
armazenamento de Cr no músculo em até 60% quando
comparado ao uso de Cr isolada. A combinação de Cr com
carboidrato permite que indivíduos se aproximem dos
limites musculares máximos de Cr (160 mmol/kg de
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matéria seca).60,61 Provavelmente, esse efeito é mediado
pela insulina. 162, 196
Já a cafeína parece exercer efeito contrário ao do
carboidrato no que diz respeito ao armazenamento de Cr
no músculo. Estudo desenvolvido por Vandenberghe et al.
179
mostrou que o consumo de cafeína, juntamente com Cr
(0,5 g de Cr/kg de peso associados a 5 mg/kg de peso/dia
de cafeína, durante 8 dias), gerou o aumento significativo
das reservas musculares de PCr, mas a cafeína eliminou
completamente o efeito ergogênico da Cr, sem que os
autores conseguissem explicar o motivo. Essa constatação
foi possível em função da pesquisa ser do tipo cross-over,
em que os mesmos sujeitos que receberam a combinação
de Cr com cafeína também receberam a
suplementação isolada de Cr, com 8 semanas de intervalo
entre esses dois momentos.
Efeitos ergogênicos
Tem-se demonstrado, por experimentos controlados em
laboratório, que a ingestão
de Cr em quantidades maiores que as normalmente
consumidas nas dietas mistas, aumenta a disponibilidade
de PCr. Com isso, especula-se que, em esportes que
requerem sucessivos movimentos de alta intensidade e
curta duração (p. ex.: futebol, basquete, hóquei e tênis), a
suplementação de Cr pode exercer um efeito ergogênico,
caso a disponibilidade de PCr nos músculos esteja
limitada.10
A Cr representa um dos suplementos mais populares, por
apresentar como prováveis efeitos ergogênicos:
Aumento da massa corporal magra. 3, 54, 86, 137, 181
Aumento da força.13, 86,88,136,137,163
Recuperação entre esforços repetidos de alta
intensidade.37
Ação antioxidante. 98
Atenuação da perda de força e de massa corporal magra
durante a
imobilização. 80
Já foram desenvolvidos alguns trabalhos acerca dos efeitos
da suplementação de
Cr sobre a capacidade aeróbica, porém, na maioria dos
casos, verificou-se que a suplementação de Cr não exerce
efeito sobre essa variável.50, 168
Em relação ao aumento da massa corporal magra, muitos
estudos indicam que a dose de carga da suplementação de
Cr (20 a 30 g/dia, durante 5 a 7 dias) leva ao aumento da
massa corporal magra (0,7 a 2,0 kg). Porém, tendo em
vista que 5 dias seria um período muito curto para induzir a
hipertrofia muscular, parte desse resultado pode
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ser atribuído ao fato de a Cr ser uma substância
osmoticamente ativa e, com isso, o aumento de sua
concentração intracelular poderia induzir o fluxo de água
para o interior das células, gerando a hipertrofia muscular.
54, 112,120
Um dos primeiros estudos a levantar tal hipótese foi o de
Hultman et al. 77, que demonstraram que a suplementação
de Cr reduziu o volume urinário em cerca de 0,6 L
durante os dias iniciais de suplementação. Mais tarde,
Ziegenfuss et al.198, confirmaram essa teoria
acrescentando que o acúmulo de líquido seria observado
sobretudo no meio intracelular. Segundo Williams et al.195,
cada grama de Cr leva à retenção de, aproximadamente,
15 mL ou g de água.
Objetivando avaliar os efeitos da suplementação de Cr
sobre as alterações no peso e no total de água corporal e
determinar se eventuais aumentos seriam suficientes para
melhorar a regulação térmica, Kern et al. 85 observaram
que a suplementação de Cr associada a carboidrato (carb)
(carga: 21 g de Cr + 136 g de carb/dia, durante 5 dias +
manutenção: 2 g de Cr + 68 g de carb/dia, durante 23
dias), de fato, houve aumento na massa corporal de
indivíduos moderadamente ativos, e esse aumento reflete,
parcialmente, em alterações no conteúdo de água corporal.
Segundo os autores, esse resultado seria suficiente para
melhorar a regulação térmica durante atividade física (60
min de ciclismo em bicicleta ergogmétrica a 60% do VO2
máx.) realizada a 37oC
de temperatura, tendo em vista que a suplementação
reduziu a temperatura retal.
Resultados semelhantes foram observados em atletas de
endurance por Kilduff et al. 86
Peeters et al. 137 acreditam na possibilidade da
suplementação de Cr promover alterações na composição
corporal, não somente devido ao aumento da retenção
hídrica, mas também devido a maior síntese proteica,
como resultado do aumento da força associado ao
treinamento contrarresistência. 94
Apesar de grande parte das pesquisas realizadas com a
suplementação de Cr que
procuraram observar seus efeitos ergogênicos sobre a
força e a potência ter mostrado resultados positivos, alguns
estudos falharam em demonstrar tal efeito. 15,100
O efeito da suplementação de creatina em populações
especificas
Mulheres
Até o momento, poucos estudos foram conduzidos com
mulheres. Larson-Meyer et
al. 97 observaram que a suplementação de Cr aumentou
significativamente a força e a massa corporal magra de 14
jogadoras de futebol, que receberam a seguinte
suplementação: carga: 15 g/dia (2 x 7,5 g), durante 5 dias
+ manutenção: 5 g/dia,
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durante 12 semanas.
Vegetarianos
Lukaszuk et al.104 estudaram 32 indivíduos onívoros
saudáveis, aleatoriamente divididos em dois grupos:
metade deles foi submetida a uma dieta
ovolactovegetariana (n = 16) e os demais mantiveram seus
hábitos alimentares (n = 16) durante 26 dias. A partir do
22º dia, eles receberam aleatoriamente ou Cr (0,3 g/kg/dia
+ 20 g de carboidrato) ou o equivalente em placebo,
durante 5 dias. Os resultados demonstraram que 21 dias
de dieta ovolactovegetariana foram suficientes para induzir
uma redução significativa das concentrações musculares
de Cr; entretanto, pela biopsia muscular, observou-se que,
após a suplementação de Cr, o conteúdo muscular total de
Cr não diferiu entre os grupos. 80 Esses resultados
confirmaram a hipótese de que vegetarianos poderiam
apresentar reservas corporais de Cr mais reduzidas, mas,
especificamente nesse estudo, apesar da suplementação
ter sido suficiente para normalização dos estoques
musculares de Cr, mesmo em indivíduos vegetarianos, os
autores não avaliaram se poderia haver diferentes efeitos
ergogênicos da suplementação entre os grupos.
Burke et al. 29 demonstraram que 18 vegetarianos, que
receberam suplementação de Cr (carga: 0,25 g/kg de
MCM/dia, durante 7 dias + manutenção: 0,0625 g/kg de
MCM/dia, durante 49 dias), apresentaram maior aumento
nas concentrações musculares de PCr, massa corporal
magra e força em relação aos 24 não vegetarianos. Isso se
deu, provavelmente, devido às menores concentrações
musculares de Cr pré-suplementação, verificadas
igualmente por meio de biopsia muscular, demonstrando
que indivíduos que apresentam menores concentrações
musculares de Cr poderão responder melhor à
suplementação.
Watt et al.190 confirmaram que vegetarianos apresentam
menores concentrações musculares de Cr présuplementação e maior capacidade em aumentar o
conteúdo muscular de Cr mediante a suplementação.
Mais recentemente, objetivando analisar os efeitos da
suplementação de Cr e do treinamento contrarresistência
sobre o conteúdo muscular de Insulin-like Growth Factor-1
(IGF-1), Burke et al. 30 observaram que o treinamento
induziu o aumento intramuscular de IGF-1, especialmente
quando associado à suplementação de Cr, e que esses
resultados não diferiram entre vegetarianos e não
vegetarianos.
Idosos
Uma das primeiras pesquisas que observaram diferentes
respostas da
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suplementação de Cr sobre as concentrações musculares
de fosfocreatina (CP) em idosos e jovens foi conduzida por
Rawson et al. 145 Contrariando as expectativas, os autores
observaram que após a suplementação de Cr (20 g/dia,
durante 5 dias), indivíduos jovens apresentaram maior
capacidade de armazenamento de CP do que indivíduos
idosos (35 versus 7%, respectivamente). Esses resultados
refletiram as maiores concentrações musculares de CP e de
Cr plasmática observadas em présuplementação em idosos. Apesar disso, Gotshalk et al. 59
consideram que a suplementação de Cr parece ser uma
estratégia terapêutica de grande valia para idosos, visando
atenuar a perda de força muscular, melhorando, assim, a
autonomia, visto que eles observaram que idosos
suplementados com Cr (0,3 g/kg/dia durante 7 dias)
apresentaram aumento da massa magra e da força
significativamente maior do que o grupo que recebeu
placebo.
Efeitos adversos
Os efeitos colaterais apontados com maior frequência são o
aumento da massa corporal total137 e diarreia. 82
Uma vez que a Cr é formada de aminoácidos, tem-se
sugerido que sua
suplementação poderia aumentar o estresse renal e
provocar danos ao fígado. Porém, nenhum estudo relatou
elevações clinicamente significativas de enzimas hepáticas
em resposta à suplementação de Cr. 92 Além disso,
Poortmans e Francaux140 avaliaram o efeito de diferentes
concentrações de Cr (2 a 30 g/dia) associada ou não a
carboidrato sobre a função renal de atletas de voleibol,
durante o período de 10 meses a 5 anos, e concluíram que
a suplementação de Cr, uma vez administrada em
indivíduos saudáveis, não induz efeitos prejudiciais sobre a
função renal.
Há também alguns rumores de que atletas que treinam
intensamente e sob elevadas
temperaturas apresentariam grande incidência de
câimbras quando consomem Cr. Os proponentes dessa
teoria sugerem que, por levar à retenção de líquidos, a
suplementação de Cr poderia promover alteração no perfil
eletrolítico, levando à desidratação e/ou alterações na
temperatura corporal. Porém, nenhum estudo demonstrou
que a suplementação de Cr pode provocar tais efeitos.65,
91 Além disso, muitas equipes esportivas têm relatado o
aumento da incidência de lesões musculares após o uso da
suplementação com Cr, mas ainda faltam dados científicos
para confirmar essa teoria. Vale ressaltar que a maioria dos
trabalhos que dizem que a suplementação de Cr não induz
efeitos colaterais foi realizada em curto espaço de tempo.
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L-CARTININA
A carnitina ainda é um dos suplementos mais utilizados por
aqueles que querem diminuir o porcentual de gordura com
o mínimo de esforço e sem restrições alimentares.
A carnitina vem sendo comercializada por alguns
fabricantes, isolada ou adicionada a produtos, com a
indicação de “queima” gordura, daí a expressão do inglês
fat burner (“queimador de gordura”). Mas, afinal, qual o
papel da carnitina?
Definição
No passado, a carnitina (ácido butírico β-hidroxi-γ-trimetilamina) foi definida por alguns autores como um
aminoácido por ser sintetizada, sobretudo, no fígado, nos
rins e no cérebro a partir de dois aminoácidos essenciais:
lisina e metionina.
Entretanto, atualmente ela é considerada uma substância
vitamin-like, por apresentar estrutura química semelhante
à das vitaminas do complexo B, em particular a colina.
Alguns cientistas não concordaram com tal definição,
alegando que não se poderia classificar a carnitina como
vitamina, uma vez que, originalmente, as vitaminas eram
classificadas como nutrientes que o nosso organismo não
seria capaz de sintetizar.
Entretanto, o conhecimento evoluiu ao longo dos anos e já
se sabe que várias vitaminas são produzidas em certas
quantidades no organismo, e, em consequência, muitos,
agora, tendem a classificar as vitaminas como substâncias
absolutamente necessárias para a manutenção das
funções vitais, independente de sua derivação. Com isso, a
carnitina pode ser chamada de vitamina “esquecida” do
complexo B, pois foi chamada de vitamina BT durante
algum tempo. 101
Biossíntese, fontes alimentares, consumo alimentar e
necessidades diárias
A carnitina pode ser sintetizada nos rins, no cérebro e,
sobretudo, no fígado, a partir de dois aminoácidos (lisina e
metionina), juntamente com niacina (vit. B3), piridoxina
(vit. B6), ácido fólico, ácido ascórbico (vit. C) e ferro (Figura
9.4). Estima-se que sejam necessários 30 g de proteína
para a síntese de 1 g de carnitina. 101 Depois de
sintetizada, a carnitina é captada por um sistema de
transporte ativo mediado por carreadores. 96
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Apesar de ser sintetizada em nosso organismo, apenas de
10 a 25% das nossas necessidades normais de carnitina
podem ser supridas pela síntese orgânica, devendo o
restante ser suprido pela alimentação. 101,121
A carnitina é encontrada, predominantemente, em carnes e
produtos animais. As carnes de carneiro e cordeiro
representam suas maiores fontes, como observado na
Tabela 9.10. Pessoas com dieta rica em alimentos de
origem animal costumam ingerir em torno de 50 mg de
carnitina por dia, o que não ocorre com vegetarianos
restritos e pessoas que fazem restrição calórica. 38 Alguns
autores sugerem que devemos ingerir de 150 a 250 mg por
dia de carnitina para que as demandas possam ser
supridas, 121
enquanto outros sugerem em torno de 250 a 500 mg por
dia. 122 Após ingerida, a carnitina é absorvida pelo
intestino delgado, tanto por processo ativo sódiodependente como por processo passivo. 96
Armazenamento e excreção
O corpo humano contém, em média, de 20 a 25 g de
carnitina, 101 dos quais 90%
encontram-se distribuídos no músculo esquelético e o
restante no músculo cardíaco, nos rins, nos testículos e no
cérebro. 23 A afinidade parece ser maior com as fibras tipo
I do que com as fibras tipo II, possivelmente em
decorrência da maior densidade mitocondrial nas
primeiras. 77 Além disso, de 15 a 50 mg de carnitina são
excretadas na urina na forma de carnitina ou acilcarnitina.
23,96
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Como a carnitina funciona
A membrana interna da mitocôndria é impermeável aos
acil-CoA de cadeia longa
e, com isso, esses ácidos graxos ativos não conseguem
atingir o sítio mitocondrial da βoxidação. Porém, ao se ligar à carnitina, a molécula de acilCoA forma a acilcarnitina de cadeia longa, que consegue
atravessar a membrana mitocondrial. Na matriz
mitocondrial, a molécula de acil-CoA é regenerada,
tornando-se substrato disponível para a oxidação, e a
carnitina liberada retorna ao citoplasma celular, para
permitir que outra molécula de acil-CoA seja carreada para
o interior da mitocôndria.
Três componentes enzimáticos estão envolvidos nesse
processo: a carnitina palmitoil transferase I (CPT I),
encontrada na face interna da membrana mitocondrial
externa, a carnitina palmitoil transferase II (CPT II), que
encontra-se ligada à face interna da membrana
mitocondrial interna, e a carnitina acilcarnitina translocase.
Após ativação pela acil-CoA sintetase, gerando acil-CoA, o
ácido graxo de cadeia longa é transesterificado à
acilcarnitina pela ação catalítica da CPT I. A carnitinaacilcarnitina translocase age sequencialmente, transferindo
o complexo carnitina-acil-CoA para a CPT II que, então,
regenera a carnitina e o acil-CoA graxo. A CPT I está sujeita
à inibição promovida por diversos fatores, como malonilCoA. Além disso, insulina, glucagon, estrogênio e os
hormônios tireoidianos também regulam a atividade dessa
enzima (Figura 9.5). 96,101
Em repouso, o pool de carnitina é distribuído da seguinte
maneira: aproximadamente 80 a 90% de carnitina, 10 a
20% de acilcarnitina de cadeia curta e menos de 5% de
acilcarnitina de cadeia longa. Sessenta minutos de
exercício de baixa intensidade não levam a alterações no
pool de carnitina. Porém, após apenas 10
minutos de exercício intenso, o pool de carnitina é
redistribuído: cerca de 40% de
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carnitina e 60% de acilcarnitina de cadeia curta.23
Estudos clínicos experimentais que procuraram investigar
os efeitos da
suplementação de carnitina sobre o metabolismo durante o
exercício ou sobre o desempenho não nos permitem chegar
a conclusões definitivas. A maior parte das investigações
mostrou que a administração dessa substância promoveu
aumento nas concentrações plasmáticas, mas sem elevar o
conteúdo muscular, provavelmente, devido à limitação dos
transportadores de carnitina para o músculo que, durante o
exercício, podem estar saturados. 23, 96
Efeitos ergogênicos
Alguns efeitos da suplementação sobre o desempenho de
indivíduos saudáveis já
foram propostos:
1. Aumento da oxidação de ácidos graxos.
2. Diminuição das taxas de depleção dos estoques de
glicogênio, em
decorrência do aumento da oxidação lipídica durante o
exercício,
retardando a fadiga. 26
3. Diminuição da síntese de ácido lático, provavelmente
devido à diminuição
dos níveis de acetil coenzima A (acetil Co-A), ativando a
enzima piruvato
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desidrogenase, que converte o piruvato a acetil-CoA,
desviando-o da síntese de ácido lático. 156
4. Diminuição da incidência de dores e/ou lesões
musculares causadas pelo exercício excêntrico,
provavelmente devido à vasodilatação tipicamente
acompanhada da suplementação de L-carnitina. 56
Estudo realizado por Silipradi et al. 156, no qual 10 homens
moderadamente ativos se submeteram a duas sessões de
exercícios máximos em bicicleta ergométrica e receberam,
aleatoriamente, 2 g de L-carnitina ou placebo 1 hora antes
do início de cada sessão, demonstrou que a suplementação
de L-carnitina estimulou a atividade da enzima piruvato
desidrogenase. Porém, outro trabalho realizado com 7
maratonistas, que receberam 2g de L-carnitina 2 horas
antes do início da maratona e, posteriormente, após 20 km
de corrida, chegou à seguinte conclusão: a administração
de L-carnitina está associada a aumentos significativos em
suas concentrações plasmáticas, mas não promoveu
mudanças expressivas no tempo de corrida dos
maratonistas, nas concentrações dos metabólitos do
carboidrato (glicose, lactato e piruvato), da gordura (ácidos
graxos livres, glicerol, β-hidroxibutirato), dos hormônios
(insulina, glucagon, cortisol) e, tampouco, auxiliou na
ativação de algumas enzimas (CK, LDH). Ou seja, não
contribuiu para a melhora do desempenho desses atletas.
36
Ransone e Lefavi143 estudaram o efeito da suplementação
de L-carnitina sobre o acúmulo de lactato antes e após um
sprint de 600 m realizado por 26 corredores de elite que
ingeriram dois gramas de L-carnitina ou placebo durante
21 dias. Foi realizado um período de washout de 7 dias.
Concluiu-se que a suplementação de Lcarnitina não alterou
o acúmulo de lactato durante o exercício aeróbico máximo.
Decombaz et al. 43 realizaram estudo no qual 9 homens
receberam, aleatoriamente, 3 g de L-carnitina ou placebo
durante 7 dias. Após jejum noturno, eram submetidos a
sucessivos 20 min de exercícios submáximos em bicicleta
ergométrica. Chegou-se à conclusão de que após a
depleção de glicogênio, isto é, durante um alto fluxo de
lipídios, o substrato energético não é influenciado pela
suplementação de L-carnitina.
O grande apelo mercadológico da carnitina a relaciona com
maior oxidação lipídica, contribuindo para a perda de peso,
mas nem sempre os trabalhos puderam comprovar esse
efeito, como nos estudos realizados por Vukovich et al. 184
e Broad et al. 25, que estudaram Doses estudadas: 2 a 6
g/dia. Efeitos adversos não foram relatados. 193
O que há de novo?
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Publicações mais antigas costumavam descrever
resultados conflitantes com relação ao aumento dos níveis
intracelulares de carnitina, mediante a suplementação.
No entanto, um estudo publicado em 2011 revelou que o
conteúdo muscular de carnitina pode ser aumentado
quando a suplementação com 2 g de L-carnitina L-tartarato
for realizada, por um período de 24 semanas, em conjunto
com substância estimulante da liberação de insulina (80 g
de carboidrato). 188
Os pesquisadores descobriram que as concentrações
musculares de carnitina aumentaram após a
suplementação. Além disso, tal suplementação também
impactou positivamente a utilização do substrato
energético em exercício de baixa intensidade, e as
concentrações do lactato acumulado em exercício de alta
intensidade.
Especificamente, essa pesquisa mostrou que um aumento
no conteúdo muscular de Lcarnitina diminuiu o uso de
glicogênio durante o exercício de baixa intensidade. Tal
descoberta voltou a gerar o debate de que a
suplementação com carnitina poderia aumentar a oxidação
lipídica e diminuir a utilização da glicose. Em termos
práticos, tais poupadores de glicose, durante exercícios de
baixa intensidade, poderiam potencialmente melhorar o
desempenho prolongando o uso de glicogênio como
combustível. Durante o exercício de alta intensidade, a
diminuição do acúmulo de lactato foi atribuída a um
aumento no complexo piruvato desidrogenase, o que
aumenta a disponibilidade de acetil-CoA para a geração de
energia aeróbica, conforme já havia sido demonstrado por
Silipradi et al. 156
Em 2002, Volek et al. 182 propuseram que a
suplementação com 2 g de L-carnitina L-tartarato poderia
auxiliar na recuperação muscular após a realização de
exercício intermitente de alta intensidade. Posteriormente,
em uma análise de dose-resposta, Spiering et al. 161
observaram que a suplementação com 1 ou 2 g de Lcarnitina L-tartarato gerou os mesmos efeitos sobre a
redução de marcadores metabólicos de estresse
(hipoxantinas, xantina oxidase e mioglobina) e da dor
muscular. Dessa forma, os autores sugeriram que baixas
doses L-carnitina L-tartarato pode ser eficaz na
recuperação muscular.
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HMB
Definição
O HMB (β-hidroxi-β-metilbutirato) é um metabólito do
aminoácido essencial leucina,69,193 um dos três
aminoácidos de cadeia ramificada já abordados.
Estudos em animais indicam que, em condições normais,
5% da leucina são desviados para a síntese de HMB em
nosso organismo. 176
Metabolismo
O HMB é produzido a partir do cetoiscaproato (KIC), um
metabólito do
aminoácido leucina, pela ação da enzima KICdesidrogenase, produzida naturalmente pelo corpo
humano.
A concentração plasmática de HMB normalmente varia de
1 a 4 mmol/L. 127
Efeitos ergogênicos
O mecanismo de ação do HMB é desconhecido, mas há
especulações e algumas propostas ergogênicas:
Diminuição a incidência de lesão e/ou aceleração de sua
recuperação muscular
(por diminuir as concentrações séricas de LDH e CK; e/ou
urinárias de 3-metilhistidina.81,89,126
Aumento da força muscular. 81, 126, 135
Aumento da massa corporal magra (MCM). 55, 81, 126,
129,135
Ação imunomoduladora em modelo animal. 138, 139,157
Redução da gordura corporal. 185
Retardamento do limiar de lactato (OBLA).186
Melhora da capacidade aeróbica.95
Efeitos sobre o aumento da força e da massa muscular em
indivíduos destreinandos versus indivíduos treinados
Nissen et al. 126 foram os pioneiros em estudar os efeitos
da suplementação de HMB em humanos. Em um único
artigo expuseram e analisaram dois experimentos. Em
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um deles, 41 homens destreinados receberam
suplementação de 0 ou 1,5 ou 3 g de HMB por dia
associado a 117 ou 175 g de proteína por dia, durante 3
semanas, e, ao longo desse período, realizaram
treinamento contrarresistência. O grupo que recebeu 3
g de HMB associado a 175 g de proteína apresentou maior
ganho de massa corporal magra. No outro experimento, 28
homens receberam 0 ou 3 g de HMB por dia, sem o
controle da dieta, e o grupo suplementado também
apresentou aumento significativo da massa muscular.
Panton et al. 135 verificaram, em um estudo do qual
participaram 39 homens e mulheres, entre 20 e 40 anos de
idade, que a suplementação com 3 g de HMB/dia aumentou
o ganho de força e minimizou os danos musculares,
independe do gênero e do nível de treinamento dos
indivíduos, quando combinada a um programa de
treinamento contrarresistência realizado 3 vezes por
semana, durante 4 semanas.
Esse aumento de força e da MCM em indivíduos
destreinados em menos de 3
semanas fez com que Slater e Jenkins158 sugerissem que,
provavelmente, o HMB
potencializa a adaptação neural ou permite que haja uma
antecipação da prevalência da hipertrofia muscular, já que,
durante esse período, as alterações ocasionadas pelo
treino de força estariam especialmente correlacionadas à
adaptação neural com progressivo aumento da
contribuição da hipertrofia muscular.
Com o objetivo de verificar os efeitos de duas diferentes
doses de HMB (38
mg/kg/dia ou 76 mg/kg/dia) sobre a força e a massa
corporal magra (MCM), Gallagher et al. 55 propuseram que
33 indivíduos destreinados associassem a suplementação
com HMB a um treinamento contrarresistência (10
exercícios executados a 80% de 1RM), realizado 3 vezes
por semana, durante 8 semanas. Os autores observaram
que não houve diferença significativa no aumento da força
e redução da gordura corporal entre os grupos, porém o
grupo que ingeriu a menor dose de HMB obteve aumento
significativamente maior da MCM.
Na tentativa de explicar o mecanismo de ação do HMB,
Wolinsky e Driskell197
sugerem que a suplementação com HMB pode manter a
demanda para manutenção da função celular por participar
da síntese de colesterol, o qual é utilizado para a
preservação e estabilização das membranas celulares.
Uma vez que os indivíduos nos estudos descritos eram
iniciantes, outro grupo de
pesquisadores investigou se os efeitos do HMB poderiam
ser similares em atletas treinados. Mero111 realizou um
estudo duplo-cego, no qual 40 atletas experientes no
treinamento contrarresistência receberam placebo ou 0,3
ou 6 g de HMB por dia, durante 28 dias. Não foram
encontradas diferenças significativas no ganho de massa
muscular, percentual de gordura e aumento da força entre
os grupos. Esses mesmos resultados foram observados por
Kreider et al. 93 mediante a suplementação com 0, 3 ou
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6 g de HMB por dia, durante 28 dias, em indivíduos
habituados a realizar o treinamento de força; e por Slater
et al. 159, mediante a suplementação com placebo ou 3
g/dia de HMB em grupo semelhante.
Em 2003, Ransone et al. 144 objetivaram avaliar o impacto
da suplementação com HMB sobre a força muscular e a
composição corporal de 35 jogadores de futebol americano
submetidos a um intenso programa de treinamento. Os 16
atletas que receberam 3 g /dia de HMB, durante 4
semanas, não apresentaram resultados estatisticamente
significativos em relação ao grupo placebo (n = 19).
Isso sugere que os resultados obtidos em indivíduos
destreinados e/ou em início de treinamento provavelmente
não serão evidenciados em atletas submetidos a uma
rotina de treinos intensos de força. 8, 132
Segundo Slater e Jenkins, 158 4 semanas seria um tempo
muito limitado para que a suplementação com HMB
pudesse induzir alterações significativas em indivíduos
treinados.
Efeitos sobre a redução da incidência de lesão
Knitter et al.89 suplementaram 8 homens e 8 mulheres
com 3 g /dia de HMB ou a mesma quantidade de placebo,
durante 6 semanas antes da corrida de longa distância e
por 4 semanas após a corrida. Nesse estudo, a
suplementação com HMB resultou na diminuição dos níveis
séricos de CK e LDH. O grupo intervenção do estudo
experimentou menor ocorrência de lesão muscular ou
maior tolerância a estas quando comparado ao grupo
placebo.
Ao tentar verificar os efeitos da suplementação com HMB
(40 mg/kg/dia), realizada durante 6 dias, sobre eventuais
danos musculares ocasionados pela contração excêntrica
isocinética máxima, Paddon-Jones et al. 132 não
encontraram resultados diferenciados em relação à
ingestão de placebo, utilizando a sensação da dor muscular
como um dos parâmetros de análise. Os autores
concluíram que os resultados obtidos poderiam estar
correlacionados à necessidade da realização da
suplementação com HMB por um período maior pré-teste.
Em idosos
No estudo realizado por Nissen et al.128, no qual foram
incluídos homens e mulheres, jovens e idosos, os
resultados obtidos não diferiram significativamente em
função da idade entre os sujeitos. Vukovich et al. 185
suplementaram com 3 g de HMB ou placebo por dia em 31
indivíduos (15 homens e 16 mulheres), com idade média
de 70
anos, que passaram a realizar treinamento de força 5 vezes
por semana. Após 8
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semanas, a suplementação com HMB (3 g ao dia) resultou
em uma significativa redução do percentual de gordura,
aumento da MCM e da força, de forma similar ao que
costuma ser observado em indivíduos jovens.
HMB e creatina
Jówko et al. 81, ao comparar os efeitos das suplementações
de Cr e HMB, durante 3
semanas, isoladas (20 g Cr/dia, durante 7 dias, seguidos
por 10 g de Cr/dia, durante 14
dias ou por 3 g de HMB/dia) ou as mesmas quantidades de
Cr e HMB conjugadas sobre o aumento da massa corporal
magra (MCM) e da força de 40 indivíduos que realizaram,
simultaneamente, exercício contrarresistência, verificaram
que a combinação de Cr + HMB foi a que levou aos
melhores resultados em relação às duas variáveis
estudadas. Os autores sugeriram que, provavelmente, o
mecanismo de ação de ambos seja distinto, uma vez que
seus efeitos foram somados. Mediante os resultados
encontrados, acredita-se que o mecanismo pelo qual a Cr
induziu o aumento da MCM
esteja relacionado ao aumento do conteúdo de água no
músculo e que o HMB iniba o catabolismo proteico. Tal
hipótese pôde ser levantada ao observar que a
suplementação com HMB inibiu a elevação da enzima CK e
a excreção urinária de ureia, mas o mesmo não aconteceu
com a suplementação isolada de Cr. Além disso, essa
suplementação induziu um maior aumento de MCM (0,92
kg) versus o aumento verificado no grupo que ingeriu HMB
isoladamente (0,39 kg). Já OĆonnor e Crowe130 não
observaram melhora da capacidade aeróbica e anaeróbica
de atletas profissionais de rúgbi após 6 semanas de
suplementação com HMB (3 g/dia) ou HMB + Cr (3 g de
HMB/dia + 3 g de Cr/dia).
HMB e carboidrato
Objetivando investigar a cinética do HMB e a influência da
associação com a glicose, Vukovich et al. 187
suplementaram 16 indivíduos, com 7 dias de intervalo, ou
com glicose ou com HMB ou com HMB + glicose. Foram
coletadas amostras de sangue
e urina antes e após a suplementação. Em comparação
com o consumo de HMB
isoladamente, a associação da glicose com HMB retardou a
sua absorção, aumentou a sua meia-vida (2,38 versus
2,69h) e reduziu a concentração de HMB na urina (29 vs
27%), por promover maior retenção corporal.
Dose mais frequentemente administrada: 3,0 g/dia.
Efeitos adversos: a utilização de 3 g/dia de HMB, durante 3
a 8 semanas, é considerada segura. 128, 196
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GLUTAMINA
Definição
A glutamina está presente em muitas proteínas e é o
aminoácido mais abundante no plasma e nos tecidos. Em
humanos, a glutamina representa cerca de 20% do total
dos aminoácidos livres do plasma. Não é considerada um
aminoácido essencial, porque pode ser sintetizada pelo
organismo no tecido muscular, a partir de outros
aminoácidos: ácido glutâmico, valina e isoleucina.196
Contudo, em algumas condições, como trauma, septicemia
e câncer, e, eventualmente, no esforço físico extremo, a
concentração intracelular e plasmática desse aminoácido
diminui em até 50%. Assim, quando a demanda é maior
que a produção, estabelece-se um quadro de deficiência de
glutamina.
Por essa razão, esse aminoácido foi reclassificado como
“condicionalmente essencial” 42 e vem sendo
habitualmente suplementado.
Muitas vezes, a suplementação oral falha em aumentar a
concentração plasmática
de glutamina, pois os enterócitos (células do epitélio
intestinal) consomem a maior parte dela, mas, mesmo
assim, a suplementação exógena parece poupar a
glutamina endógena, aumentando a disponibilidade desse
aminoácido para outros tecidos corporais. 8
Funções no organismo
É importante para o crescimento e a manutenção de
células, atua como precursor
de nucleotídios, além de servir como substrato energético
para a proliferação celular.
Já foi evidenciada a função da glutamina na síntese
proteica. Em todas as células, é o doador de nitrogênio
durante a síntese de purinas, pirimidinas e amino açúcares.
Nos rins, participa no controle do equilíbrio ácido-básico
como o mais importante substrato para a amoniagênese.
No fígado, pode servir como substrato gliconeogênico.
No músculo esquelético, representa 40 a 60% do pool de
aminoácidos livres.
Além das funções já citadas, a glutamina também é um
importante veículo para o
transporte de nitrogênio e carbono entre os diversos
tecidos do organismo e é avidamente consumida pelas
células de divisão rápida, como enterócitos, células
tumorais e fibroblastos, 42 e é, ainda, usada como
combustível para as células do sistema imunológico.196
Glutamina e a síndrome do over training
O excesso de treinamento em atletas é caracterizado por
um número de sinais e sintomas, denominados Síndrome
do over training ou Síndrome do excesso de
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treinamento. Essa síndrome, em geral, é provocada por
uma sucessão de exercícios prolongados e intensos, aliada
a períodos de recuperação inadequados que impedem a
supercompensação necessária para a adaptação às cargas
progressivas. Sintomas subjetivos, como fadiga,
irritabilidade, distúrbios do sono e depressão, são
geralmente relatados. Essa situação prejudica o atleta, não
apenas por estar associada ao decréscimo no desempenho,
mas também pelas consequências fisiológicas relacionadas
à sua própria saúde, 94, 150, 196 como a maior incidência
de infecções do trato respiratório, possivelmente devido à
inibição do sistema imunológico. 122, 150, 196
Exercícios prolongados ou treinamento exaustivo sem
períodos suficientes de recuperação alteram os processos
de produção e liberação da glutamina pelos músculos
esqueléticos, diminuem a disponibilidade desse aminoácido
para as células do sistema imunológico e podem provocar
imunossupressão, tornando os atletas mais suscetíveis a
processos infecciosos. Após uma sessão de exercícios
prolongado e intenso, o sistema imunológico pode
permanecer deprimido por um período de 3 a 72
horas, considerado o mais crítico, e pode ser denominado
“janela aberta” por causar elevada incidência de infecções.
123, 124
No entanto, Rohde et al. 147 realizaram um estudo que
teve por objetivo examinar a influência da suplementação
de glutamina sobre as mudanças no sistema imunológico
induzidas pelo exercício, e os resultados encontrados não
permitiram sustentar a hipótese de que as alterações
imunológicas, observadas após o exercício, pudessem ser
provocadas pelo decréscimo da glutamina plasmática, uma
vez que a suplementação não promoveu alterações nas
concentrações de leucócitos após o exercício. Além disso,
segundo Hiscock e MacKinnon, 71 as concentrações
plasmáticas de glutamina pós-exercício variam em atletas
de diferentes modalidades esportivas, dadas as diferentes
demandas metabólicas e/ou o consumo alimentar. Os
autores verificaram que os ciclistas e os não atletas
apresentaram as maiores concentrações plasmáticas do
aminoácido, ao compará-las em ciclistas, nadadores,
levantadores de peso e não atletas.
Glutamina e carboidrato
As concentrações séricas de glutamina aumentam durante
exercícios intensos ou prolongados e apresentam
significativo decréscimo algumas horas após o término da
atividade física, provavelmente em virtude da depleção do
glicogênio muscular. 150 Com isso, um adequado consumo
de carboidrato parece ser o meio mais eficaz para prevenir
a depleção de glutamina. 150, 196
Com o objetivo de avaliar a relação entre o glicogênio
muscular e as
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concentrações plasmáticas e musculares de glutamina,
Blanchard et al. 18 submeteram 5
atletas de endurance a duas situações, separadas por 14
dias. Em cada situação, os indivíduos deveriam realizar 50
min de exercícios intensos contínuos e intervalados
durante 3 dias consecutivos, em uma dieta com 45 ou 70%
de carboidratos. Os resultados encontrados demonstraram
que a dieta com maior concentração de carboidrato
promoveu as maiores concentrações plasmáticas de
glutamina, porém, o decréscimo de glicogênio foi o mesmo
nas duas situações. Com isso, os autores não acreditam
que a influência do carboidrato sobre as concentrações de
glutamina seja mediada pelas concentrações musculares
de glicogênio.
Metabolismo
A glutamina é, junto com os aminoácidos de cadeia
ramificada, o aminoácido mais
abundante no tecido muscular e o mais importante
energeticamente. Para que seus esqueletos de carbono
sejam utilizados, é necessário que ocorra transaminação,
com transferência do grupo amina para oxiácidos e
formação dos aminoácidos glutamato e alanina.
Durante o exercício, a oxidação dos aminoácidos não é a
principal fonte de ATP,
entretanto sua utilização pelos músculos é muito
importante, para manter o fluxo de substratos no ciclo de
Krebs, em atividades de longa duração.
Há vários órgãos e células que podem aumentar a
captação e o uso de glutamina,
durante e após o exercício. Os rins podem ser considerados
candidatos, pois, sabidamente, sintetizam glicose a partir
de glutamina (gliconeogênese) e, sobretudo, dependem da
amônia carreada pela glutamina, para manterem o balanço
ácido-básico do organismo. 149,189 Além do fornecimento
de amônia, a oxidação de glutamina nos rins aumenta a
produção de íons bicarbonato (HCO -
3 ), posteriormente liberados na
circulação, para tamponarem os íons de hidrogênio. Quanto
mais intenso o exercício, maior a produção de íons
hidrogênio e, em consequência, a demanda dos rins, para
tamponarem a acidose provocada. Esse fato está de acordo
com os resultados encontrados por Keast et al. 83 Segundo
eles, a diminuição da concentração plasmática de
glutamina é diretamente proporcional ao aumento da
intensidade do exercício realizado.
Outro órgão que usa glutamina como precursor
gliconeogênico é o fígado. Estudos
sugerem maior importância da glutamina, em comparação
à alanina, no processo gliconeogênico hepático em
humanos, no estado pós-absortivo. Segundo Van Hall et al.,
175 do total de aminoácidos liberados pelos músculos no
estado pós-absortivo, a glutamina e a alanina
correspondem a 48 e 32%, respectivamente.
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Efeitos ergogênicos
Como base no que foi relatado, há algumas propostas em
relação aos efeitos da suplementação de glutamina:
Ação anticatabólica.
Representa fonte de energia em situações de elevada
demanda energética.
Auxilia na remoção dos metabólitos da atividade física (p.
ex., amônia); e
Fortalece o sistema imunológico.
Doses sugeridas: 5 a 20 g
Efeitos adversos: não relatados.
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CAFEÍNA
Definição
A cafeína (1,3,7-trimetilxantina) é uma das substâncias
mais antigas e usadas do mundo para aumentar a potência
física e mental. 45, 191,193 Ela pode ser classificada como
ergogênico farmacológico, mas também pode ser
considerada um ergogênico
nutricional por ser, normalmente, encontrada em alguns
alimentos. É considerada um nutriente não essencial, cujos
efeitos no nosso organismo incluem: estimulação do
sistema nervoso central, diurese, lipólise e secreção de
ácido gástrico. 48,150,193
Fontes alimentares
A cafeína está presente, sobretudo, no café e em outras
fontes alimentares, como chás, refrigerantes à base de cola
e chocolate (Tabela 9.11).
Efeitos ergogênicos
De acordo com as revisões de literatura mais atuais, a
cafeína pode:
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Auxiliar na melhora do desempenho físico, especialmente
quando utilizada para sustentação do exercício de
resistência máxima “contra o relógio” (até a exaustão), 46,
57,58 além de ser benéfica para praticantes de esportes
intermitentes de longa duração (p. ex.: futebol). 58
Aumentar o estado de alerta. 58
Diminuir a fadiga mental e a percepção de esforço durante
o exercício físico.57
Melhorar a concentração e a memória. 57
Aumentar a oxidação lipídica. 51, 173
Melhorar a disponibilidade de energia. 57
Os seus efeitos sobre o aumento da força e da potência
muscular são
inconclusivos, 58 visto que alguns estudos demonstram
que a cafeína parece não aumentar a força muscular e/ou a
potência anaeróbica. 40, 134
Sugestão de uso
De acordo com Goldstein et al., 57 o efeitos ergogênicos da
cafeína são mais significativos quando ingerida no estado
anidra do que com o consumo de café.
Os efeitos ergogênicos da cafeína foram observados pela
administração da substância tanto 1 hora antes do evento,
como também em doses distribuídas durante a
atividade.46 Entretanto, segundo Van Soeren et al. ,178 os
resultados ergogênicos da cafeína dependem do período
em que está sendo utilizada. Portanto, para melhores
resultados, alguns autores sugerem que haja abstinência
dessa substância por 4 dias, seguida da ingestão feita de 3
a 4 horas antes do exercício.46 Entretanto, essa teoria já
vem sendo contestada, visto que as quantidades de
cafeína consumidas na dieta habitual seriam bem inferiores
às administradas para obtenção de seus efeitos
ergogênicos.
Objetivando avaliar o impacto do consumo prévio de café
sobre o efeito ergogênico da suplementação de cafeína
pré-exercício, McLellan e Bell110
suplementaram 30 indivíduos saudáveis de seis formas
diferentes, com intervalos de 3
semanas, 1 hora e 30 min antes de pedalarem a 80% do
VO2 máx. até a exaustão: (i) café descafeinado + placebo;
(ii) café descafeinado + cafeína (5 mg/kg); (iii) café (1,1
mg de cafeína/kg) + cafeína (5 mg/kg); (iv) café (1,1 mg de
cafeína/kg) + cafeína (3
mg/kg); (v) café (1,1 mg de cafeína/kg) + cafeína (7
mg/kg); (vi) água + cafeína (5
mg/kg). Os resultados revelaram que todas as doses de
cafeína promoveram melhora do
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desempenho em comparação com a ingestão de placebo e
que a ingestão prévia de café não afetou esse efeito
ergogênico.
Doses recomendadas
A cafeína melhora o desempenho físico de indivíduos
treinados por meio da utilização de doses consideradas
baixas ou moderadas, 3 a 6 mg/kg/dia, com a dose máxima
recomendada igual a 9 mg/kg/dia, 58 visto que já foi
demonstrado que doses superiores não proporcionariam
melhoras adicionais no desempenho esportivo.49
Efeitos adversos
A cafeína pode ser considerada segura para indivíduos
saudáveis, 57 mas a tolerância individual varia e, assim,
podem haver efeitos adversos. O consumo excessivo pode
provocar rubor facial, ansiedade, nervosismo, tremor das
mãos, insônia e, até mesmo, arritmias cardíacas e perda de
memória. 193 Além disso, pode levar ao aumento da
produção de calor em repouso, aumentando a temperatura
corporal, o que pode vir a prejudicar o desempenho em
exercícios realizados sob altas temperaturas.
Alguns atletas também relatam sentir náuseas e dores de
estômago com o consumo excessivo. 150 Por aumentar a
diurese, a cafeína, teoricamente, poderia promover
desidratação. 166
A suplementação com cafeína realmente compromete a
hidratação?
Mais recentemente, diversos estudos vêm demonstrando
que a sua utilização não altera o estado de hidratação.58
Armstrong et al. 5 suplementaram 59 sujeitos saudáveis
com cafeína (3 mg/kg/dia), durante 6 dias. Posteriormente,
esses mesmos sujeitos foram divididos em três grupos: um
grupo passou a receber placebo (n = 29), outro grupo (n =
20) recebeu cafeína na mesma dosagem anterior (3
mg/kg/dia), e o terceiro passou a receber cafeína em dose
duas vezes mais concentrada (6 mg/kg/dia), por mais 6
dias.
Ao final do estudo, os autores questionaram a teoria de que
a ingestão de cafeína atuaria cronicamente como um
diurético, já que não houve diferença significativa nos
seguintes parâmetros analisados: volume urinário,
coloração da urina, hematócrito e excreção de eletrólitos
(sódio e potássio), ureia, creatinina e proteína totais.
Mais recentemente Millard-Stafford et al. 114 realizaram
um estudo visando verificar se bebidas que contêm cafeína
em sua composição prejudicariam a hidratação durante o
exercício realizado em clima quente e úmido. Para tal, 16
ciclistas foram suplementados em três momentos,
separados por 3 dias, com placebo ou repositor
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hidroeletrolítico ou repositor cafeinado (195 mg de
cafeína/L). As bebidas foram ingeridas antes (6 mL/kg,
metade desse volume 10 min antes e a outra metade
imediatamente antes) e durante (3 mL/kg a cada 15 min)
os 120 min que pedalaram a 60
a 75% do VO2 máx. seguidos de 15 min de ciclismo até a
exaustão. Ao final, os atletas haviam recebido cerca de 5,3
mg de cafeina/kg e observou-se que a frequência cardíaca
e a temperatura retal permaneceram semelhantes até os
15 min finais. Além disso, a taxa de sudorese, a produção
de urina e as perdas de volume plasmático não diferiram.
Entretanto, a intensidade do exercício foi superior no grupo
que ingeriu a bebida cafeinada. Com base nos resultados
obtidos, os autores concluíram que a bebida que contém
cafeína é absorvida tão rapidamente quanto o repositor
hidroeletrolítico e mantem a hidratação e as funções
cardiovascular e termorregulatória da mesma forma que o
repositor hidroeletrolítico, mesmo quando ingerida em
ambiente quente e úmido.
Dessa forma, parece que a suplementação com cafeína não
interfere de forma significativa no estado de hidratação,
entretanto ainda é prudente que cardiopatas e hipertensos
procurem seu médico antes de iniciar a utilização da
suplementação com cafeína.
Um dos estudos que deixa como conclusão esse tipo de
alerta foi desenvolvido por Astorino et al. 6 Os autores
observaram um aumento significativo da frequência
cardíaca (FC) a da pressão arterial (PA), após a
suplementação com cafeína (6 mg/kg), em 22 homens
acostumados a realizar o treinamento contrarresistência.
Aspectos legais e éticos
A detecção de 12 mcg de cafeína/mL de urina era
considerada doping pelo COI.
Essa quantidade seria detectada em decorrência do
consumo de 600 mg166 a 800 mg de cafeína, que equivale
a, aproximadamente, oito xícaras (chá) de café, 150, 191
30 min antes do teste. 166 Porém, de acordo com a
Agência Mundial Antidoping, a partir de janeiro de 2004, a
cafeína foi retirada da lista de substâncias proibidas.
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ARGININA
Definição
O óxido nítrico (NO) é um gás naturalmente presente no
nosso organismo, envolvido com uma série de importantes
funções, tais como: modula a resposta imunológica, auxilia
no processo de cicatrização, promove vasodilatação e a
angiogênese (síntese de novos vasos sanguíneos),
minimiza o surgimento da aterosclerose (entupimento
arterial), dentre outros benefícios. Por esses motivos,
atualmente uma das linhas de produtos mais vendida é
aquela que vem com a sigla
“NO” no painel frontal dos rótulos. Assim, torna-se
imprescindível o conhecimento dos precursores nutricionais
do NO, das doses recomendadas e de seus efeitos em
indivíduos saudáveis fisicamente ativos.
Biossíntese, absorção e fontes alimentares
A arginina (Arg) é um aminoácido condicionalmente
essencial, normalmente ingerido através da nossa
alimentação e sintetizado por nosso organismo,
primariamente nos rins, a partir de L-ornitina e da Lcitrulina. Está presente em todas as fontes proteicas,
principalmente de origem vegetal, como a soja, e o seu
consumo através da alimentação varia de 3 a 5 g/dia. 141
Após sua ingestão, uma quantidade de Arg é metabolizada
pelas células intestinais (enterócitos) e pelo fígado; o
restante permanece na circulação. Segundo McConell et al.,
109 isto explica porque a suplementação oral parece ser
bem menos eficiente.
Funções biológicas
Detoxificação da amônia: a Arg exerce um papel integral no
metabolismo do nitrogênio como um intermediário na
síntese da ureia.
Reparo tecidual: a Arg estimula o fluxo sanguíneo pela
síntese do NO.
Sistema endócrino: a Arg estimula a liberação de
catecolaminas, insulina, glucagon e hormônio de
crescimento.
Fornecimento de energia: a Arg atua como um
intermediário na síntese de creatinina e CP.
Sistema imunológico: a Arg aumenta o peso e a
celularidade do timo em ratos,
bem como a resposta de linfócitos à estimulação
mitogênica, em ratos e humanos. A Arg parece melhorar a
função de neutrófilos, além de promover a capacidade
bactericida de macrófagos de ratos ao sustentar a síntese
de NO. 1
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Efeitos ergogênicos
Ainda pouco se conhece a respeito dos efeitos da
suplementação com Arg como recurso para aumento das
concentrações fisiológicas de NO em humanos. Entretanto,
Paddon-Jones et al.133 classificaram os supostos efeitos
ergogênicos da Arg em duas categorias: (i) efeito agudo,
que resultaria em aumento na capacidade de realizar
exercício; e (ii) efeito crônico, que resultaria em aumento
na estimulação da síntese proteica muscular e, portanto,
em um efeito anabólico.
Estudos preliminares, conduzidos em cobaias,
demonstraram resultados
satisfatórios em relação à suplementação com Arg sobre a
síntese do NO. Segundo Maxwell et al., 108 a
suplementação com Arg aumentou a síntese de NO
induzida pelo exercício e a capacidade aeróbica de ratos
saudáveis. Esse mesmo grupo de pesquisadores também
investigou os efeitos da suplementação com Arg em ratos
hipercolesterolêmicos e com reduzida capacidade aeróbica
e, igualmente, verificou melhora no desempenho físico
desses animais.
Posteriormente, estudos com humanos começaram a ser
publicados, de modo que,
em um dos mais recentes, McConell et al. 109 concluíram
que já está claramente demonstrado que a suplementação
com Arg pode trazer benefícios para humanos, mediante a
coexistência de algumas situações patológicas. Foi
justamente o que havia sido demonstrado por Lucotti et al.
102 em 2006. Eles suplementaram 33 indivíduos com
diabetes tipo II com 8,3 g de L-arginina ou placebo, durante
21 dias. Todos foram submetidos a um programa de
exercícios e dieta hipocalórica e, ao final, todos os
indivíduos apresentaram diminuição da glicemia, do peso
corporal e da circunferência da cintura. Mas, no grupo
suplementado, houve maior redução da massa adiposa e
preservação da massa corporal magra.
Entretanto, outros autores acreditam que a suplementação
com Arg não traria os mesmos benefícios para indivíduos
saudáveis. 2, 109 Além disso, segundo Tipton et al . 169
mesmo que a suplementação com Arg seja capaz de
melhorar o fluxo sanguíneo, em função da aceleração da
produção de NO, o estímulo à síntese de proteína muscular
dependerá da ingestão simultânea, ou não, de outros
aminoácidos ou proteínas. Já, de acordo com Volpi et al.,
183 caso a nossa alimentação forneça uma quantidade
adequada de aminoácidos essenciais, a ingestão de Arg
torna-se desnecessária.
Vale destacar também que nem todos os produtos
presentes no mercado, que supostamente auxiliariam na
liberação de NO, apresentam a Arg na composição. O
mais comum é encontrarmos proteínas na composição que
seriam fontes naturais desse aminoácido, entretanto a
adequação da dose a ser suplementada torna-se uma
tarefa difícil, já que o consumidor não tem acesso à
informação referente à quantidade de Arg disponível por
dose recomendada.
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Doses estudadas: entre 500 mg a 30 g/dia, por períodos
entre 3 a 80 dias. 69
Efeitos adversos: a Arg é considerada segura e não tóxica
para humanos. 69
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ALANINA
Definição
A alanina é um aminoácido não essencial precursor da
carnosina (β-alanina-L-histidina), que apresenta várias
funções biológicas, dentre elas a de tamponar os íons H+,
e está predominantemente concentrada na fibras
musculares tipo II. 41, 61, 84,151
Efeitos ergogênicos
Estudos têm demonstrado que o treinamento físico84 e a
suplementação com βalanina poderiam aumentar a síntese de carnosina em,
aproximadamente, 60 a 80%. 68,70
Por contribuir para o tamponamento muscular, o aumento
das concentrações musculares de carnosina poderia,
potencialmente, favorecer a execução de exercícios
intensos, uma vez que o declínio do pH (acidez) muscular
contribui para a redução da fadiga. 84, 199
Fontes alimentares: cerca de 150 g de peito de peru ou 100
g de carne de baleia
fornecem o equivalente a 10 mg/kg/dia de β-alanina.68,70
O que dizem os estudos?
Durante 4 semanas, 8 sujeitos experientes na prática do
exercício de força (em treinamento por mais de 3 anos)
receberam 4,8 g de β-alanina (1,6 g/dia, 4 vezes ao dia) ou
placebo (maltodextrina). Após um período de 3 dias, houve
a troca da suplementação, de modo que todos os sujeitos
fizeram uso de β-alanina. Além disso, ao longo de todo o
estudo, os sujeitos permaneceram em treinamento (6
séries de agachamento, com 12 repetições cada,
executadas a 70% de 1RM e com 1,5 minuto de intervalo).
A suplementação de β-alanina aumentou
significativamente a força muscular, sem promover
alterações hormonais (GH, testosterona e cortisol). 73
Tentando verificar se esses mesmos efeitos seriam
reproduzidos em sujeitos menos treinados e qual seria a
influência do treinamento sobre os resultados da
suplementação com β-alanina, igualmente durante 4
semana, Kendrick et al. 84 suplementaram 14
estudantes vietnamitas de Educação Física com 6,4 g de βalanina (800 mg, 8 vezes ao dia) (n = 7) ou placebo
(maltodextrina) (n = 7). Ao longo do estudo, os sujeitos
realizaram treinamento isocinético em apenas uma das
pernas. Ao final, observou-se que a suplementação de βalanina aumentou as concentrações musculares de
carnosina (biopsia), mas sem diferença entre as pernas
(treinadas ou não).
Mais recentemente, durante 4 semanas, 16 boxeadores
amadores, após serem divididos em dois grupos (n = 6
cada), passaram a receber a suplementação com 6 g de
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β-alanina (1,5 g, 4 vezes ao dia) ou placebo
(maltodextrina). Ao simular uma competição típica do
esporte, evidenciou-se que a suplementação com β-alanina
aumentou a força e a frequência dos golpes ( punch). 47
Alanina e creatina
Em 2006, Hoffman et al. 72 resolveram estudar os efeitos
combinados da β-alanina com a creatina (Cr), durante 10
semanas de treino de força. Para tal, eles contaram com a
participação de 33 atletas, do gênero masculino,
experientes nesse tipo de treinamento. Eles foram
divididos em três grupos iguais (n = 11 cada) e
suplementados da seguinte maneira: creatina + β-alanina
(10,5 g de Cr/dia + 3,2 g β-alanina/dia) ou apenas Cr ou
placebo (dextrose). A suplementação combinadada de βalanina com Cr gerou os mesmos efeitos em relação ao
aumento da força, mas promoveu ganho mais significativo
de massa muscular e maior redução do percentual de
gordura, em comparação com a ingestão isolada de Cr.
Ainda em 2006, os efeitos da suplementação combinada de
β-alanina com a Cr foram testadas quanto a um possível
efeito no retardo da fadiga durante exercício aeróbico
intenso. Cinquenta e um homens, durante 6 dias,
receberam dose de Cr (5,25 g de Cr + 34 g de dextrose; n
= 14) ou β-alanina (1,6 g de β-alanina + 34 g de dextrose;
n
= 12) ou Cr + β-alanina (5,25 g de Cr + 1,6 g de β-alanina
+ 34 g de dextrose; n = 12) ou placebo (34 g de dextrose;
n = 13), 4 vezes ao dia. Posteriormente, por mais 22 dias,
os mesmos grupos foram mantidos, mas passaram a
receber metade da dose diária, ou seja, 2 doses por dia. Ao
serem submetidos a um incremento de cargas em
cicloergômetro, verificou-se que tanto a suplementação
isolada com β-alanina como a suplementação de β-alanina
com Cr promoveram retardo mais significativo da fadiga
em relação ao consumo exclusivo de Cr e placebo. 164
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quem pratica atividade física e pode valer-se de uma dieta
equilibrada e ajustada ao seu treinamento, associada a
produtos que possam vir a atender às suas necessidades
complementares, ou seja, as necessidades que a dieta
convencional não é capaz de suprir, terá mais chances de
alcançar seus objetivos e, em consequência, chegar à
vitória. Porém, não podemos deixar de observar se a dieta,
somada ao uso de recursos ergogênicos, colocará nossa
saúde em risco. Além disso, no momento de fazer a
aquisição e/ou a prescrição de qualquer produto, deve-se
ler atentamente os rótulos, pois produtos comercializados
para uma mesma finalidade podem apresentar formulações
bem distintas. O profissional nutricionista deve, além disso,
buscar atualizar constantemente seus conhecimentos, uma
vez que algumas pesquisas realizadas demonstraram
resultados extremamente conflitantes e, com o passar dos
anos, antigas teorias caem em descrédito e outras
propostas ergogênicas podem surgir.
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Indicadores bioquímicos para avaliação de atletas
Josely Correa Koury
Caroline Buss
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INTRODUÇÃO
Os exames laboratoriais são usados para detectar estados
subclínicos de deficiência nutricional; estimar
concentrações e disponibilidade de nutrientes nos líquidos
e tecidos biológicos; avaliar atividade enzimática,
quantificar hormônios, verificar dano tecidual, entre outros
objetivos. No entanto, esses exames devem ser
considerados em conjunto com informações clínicas,
dietéticas e antropométricas para realizar uma avaliação
correta e segura. 15, 16 Exemplos de variáveis préanalíticas a se considerar incluem gênero, idade, estilo de
vida, etilismo, tabagismo e quadro clínico.
Além dessas considerações, deve-se levar em conta as
adaptações hematológicas e bioquímicas que ocorrem
durante e após a atividade física intensa. Amostras de
sangue são facilmente obtidas e, por isso, bastante usadas
na avaliação bioquímica. No entanto, a coleta é um método
invasivo que necessita do consentimento do indivíduo para
sua execução.
O sangue transporta nutrientes recentemente absorvidos,
portanto a determinação plasmática ou sérica de um
nutriente, em geral, reflete a ingestão atual e as alterações
agudas. Esse efeito pode ser minimizado coletando-se
amostras de sangue após jejum noturno. 25 A análise de
nutrientes nos eritrócitos pode refletir o estado crônico de
ingestão, já que eles possuem meia-vida de 120 dias.15
A avaliação bioquímica do estado nutricional pode incluir
vários indicadores laboratoriais, como medição da
atividade enzimática e da concentração de componentes
específicos no sangue, de acordo com o nutriente em
estudo, produção anormal de um metabólito específico
desse nutriente e/ou medição da sua excreção por suor,
urina ou fezes. Os exames realizados na urina podem
identificar a excreção de alguns minerais, vitaminas do
complexo B, vitamina C e proteína; esta última indicadora
de possível anormalidade na função renal. A análise da
excreção de nutrientes na urina reflete a ingestão recente.
17 Para obter resultados confiáveis, é muito importante
conhecer todos os metabólitos do nutriente em estudo
excretados na urina.
Com o intuito de analisar os resultados dos exames
laboratoriais obtidos, é necessário compará-los aos valores
de referência ou intervalos de referência, que refletem o
perfil de grande número de indivíduos sadios e se mantêm
em uma curva de distribuição normal. O termo “normal”
aqui tem dois sentidos, o matemático (curva de Gauss) e a
ausência de problemas fisiológicos. As diferentes
modalidades esportivas e os variados níveis de repouso19
causam adaptações fisiológicas e metabólicas específicas,
dificultando a padronização dos resultados.
Para a correta interpretação de exames laboratoriais em
atletas, deve-se levar em conta que as alterações nos
indicadores se devem não somente à resposta do atleta ao
exercício, mas também à variação biológica individual
juntamente à variação de
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medidas.3 Assim, é fundamental fazer do atleta seu próprio
controle, comparando-se resultados de exames realizados
após o repouso e após a atividade física em diferentes
graus de intensidade. A alteração de uma determinada
variável bioquímica deve exceder sua flutuação biológica
normal para que seja indicativa de uma significativa
mudança em resposta ao treinamento.3 Muitos fatores
influenciam os indicadores bioquímicos e podem levar a
uma interpretação equivocada dos resultados obtidos nos
exames laboratoriais. Esses fatores incluem: estado
fisiológico, regulação homeostática, ciclo circadiano, estado
hormonal, exercício físico intenso, estado patológico,
interação de nutrientes, estresse emocional, idade, gênero,
etnia, ingestão dietética recente, hemólise e uso de drogas,
entre outros. Além disso, os resultados dos exames
dependem de precisão e sensibilidade dos indicadores
selecionados e podem ser alterados pela contaminação do
material a ser analisado. 25
Para muitos nutrientes, como zinco, ferro e cobre, a
concentração no soro pode ser afetada pela presença de
infecção ou doença inflamatória, que alteram a distribuição
desses microelementos entre os tecidos, o que pode ser
interpretado erroneamente como deficiência ou excesso de
tais microelementos. Nesse caso, é necessário verificar, por
meio de exames específicos, a presença de infecção, e,
após a solução do problema, dar continuidade ao estudo de
avaliação bioquímico-nutricional. 30
Várias são as alterações bioquímicas e hematológicas que
ocorrem durante e após
a atividade física intensa, o que faz necessário levar em
consideração o momento da coleta do material biológico
para a interpretação correta do exame. Por exemplo, se o
sangue for empregado como material de exame logo após
o exercício intenso, a possibilidade de hemoconcentração
deve ser considerada; ou, ainda, a de hemodiluição, caso o
sangue seja coletado entre 24 e 48 horas após o exercício
intenso.
A sudorese que ocorre durante a atividade física provoca
perda de água, resultando em hemoconcentração e
aumento da osmolalidade sanguínea. Esse aumento
estimula o hipotálamo, que por sua vez, estimula o lobo
posterior da hipófise, que secreta o hormônio antidiurético
(ADH). O ADH atua sobre os rins, aumentando a
permeabilidade dos túbulos renais e dos ductos coletores
da água, o que leva ao aumento de sua reabsorção, além
da reabsorção de sódio (Na+), e reduz, dessa maneira, a
produção de urina. 5 Após algumas horas de exercício, com
a ingestão de água e sódio, o volume plasmático aumenta
(hemodiluição) e a osmolalidade sanguínea diminui. No
entanto, durante 12 a 48 horas após o exercício, as
influências hormonais da aldosterona e do ADH podem
persistir, reduzindo a formação de urina e protegendo o
organismo contra a desidratação. 7
O objetivo deste capítulo é abordar, de forma prática, quais
os exames bioquímicos e hematológicos que podem ser
realizados rotineiramente, para melhor
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avaliar o estado do atleta, considerando algumas
adaptações ao esforço, e, com isso, contribuir com
orientações mais precisas.
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HEMOGRAMA
O hemograma completo encontra-se disponível em
qualquer hospital ou
laboratório de análises clínicas. A principal informação do
hemograma a ser utilizada na avaliação do estado
nutricional é a existência de anemia e sua classificação
com base na morfologia dos eritrócitos. As anemias
megaloblásticas têm origem na deficiência de folato e/ou
de vitamina B12; já a anemia microcítica hipocrômica pode
surgir por deficiência nutricional de ferro. A seguir, os
indicadores que compõem o hemograma:
Hemoglobina. A estrutura da hemoglobina compreende
quatro cadeias de globina e quatro moléculas de heme. O
heme é uma porfirina que contém um átomo de ferro,
fixado no centro da estrutura da hemoglobina, e a globina
é um conjunto de quatro cadeias polipeptídicas. 4 A
hemoglobina está presente nos eritrócitos, fornece
coloração avermelhada e possui a função de transportar
oxigênio dos pulmões aos tecidos. Cada molécula de
hemoglobina fixa quatro moléculas de oxigênio no ferro,
constituindo a oxiemoglobina. Valores de concentração de
hemoglobina no sangue considerados normais podem
variar de 14 a 18 g/dL e de 12 a 16 g/dL para homens e
mulheres, respectivamente. 27
Hematócrito. É obtido por centrifugação, em alta rotação,
de um pequeno volume de sangue em um tubo graduado,
que permite a leitura direta dos volumes relativos do
plasma e dos eritrócitos. Seu resultado permite avaliar o
volume de massa eritróide de uma amostra de sangue
expressa em porcentagem do volume total. Os valores
entre 42 e 50% e 37 e 47% são considerados normais para
homens e mulheres sedentários, respectivamente. 27
Valores de hemoglobina e hematócrito encontrados em
diferentes estudos com atletas são apresentados na Tabela
10.1.
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Eritrócitos. São as células mais numerosas do sangue,
possuem vida média em torno de 120 dias e são renovadas
cerca de 1% por dia ( turnover). 30 A taxa de turnover
tende a aumentar após treinamento de endurance, sendo
uma boa adaptação para atletas, pois as células jovens
transportam mais oxigênio e possuem maior capacidade
antioxidante que as células mais antigas. 30 Cerca de 30%
do peso total dos eritrócitos são compostos por
hemoglobina, que é responsável pelo transporte de
oxigênio para todos os tecidos corporais. A contagem de
eritrócitos no sangue é determinada por equipamentos
automáticos. A média de eritrócitos por milímetro cúbico de
sangue é de 5,0 ± 0,5.10-6 células/mL3 para mulheres, e
de 4,5 ± 0,5.10-6
células/mL3 para homens. 26
O conteúdo dos eritrócitos depende da quantidade de
hemoglobina sintetizada no
decorrer da eritropoese. Ele é avaliado essencialmente
pelos índices corpusculares de eritrócitos, que podem
auxiliar na classificação dos principais tipos de anemia,
determinados por contadores automáticos, e podem, ainda,
ser calculados por equações específicas baseadas em
médias da contagem de eritrócitos, valor da hemoglobina
no sangue e valor do hematócrito.
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Volume corpuscular médio (VCM). Esse índice
representa o volume do eritrócito médio circulante. É um
indicador seguro da adequação de síntese de hemoglobina.
Os valores normais situam-se entre 80 e 98 femtolitros (fL).
25 Valores abaixo de 80 fL
indicam deficiência de ferro para a eritropoese. 6 A maior
limitação do VCM é o tempo transcorrido até que a
deficiência seja instalada. São necessários mais de três
meses de deficiência para que as células microcíticas
alterem o VCM.26
Hemoglobina corpuscular média (HCM). Esse índice
representa a massa de hemoglobina no eritrócito médio
circulante. O resultado é expresso em picogramas (pg), e
os valores normais são os que estão entre 26 e 32
picogramas26 (Tabela 10.2).
O volume (VCM) e o conteúdo de hemoglobina (HCM) nos
eritrócitos individuais
são resultados importantes para classificar as anemias e
caracterizar outras
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anormalidades hematológicas. Em caso de anemia, a
concentração de hemoglobina é sempre reduzida, podendo
o VCM e o HCM apresentar valores normais (anemia
normocrômica e normocítica) ou reduzidos (anemia
hipocrômica e microcítica). No caso do VCM aumentado, a
anemia é macrocítica.
Concentração corpuscular média de hemoglobina
(CCMH). É a concentração de hemoglobina (peso/volume)
no eritrócito médio circulante. Os valores de referência
variam de 32 a 36%. 27
De acordo com os valores laboratoriais encontrados nos
índices corpusculares dos eritrócitos, é possível classificar
morfologicamente as anemias (Tabela 10.3).
Coeficiente de variação do volume eritrocitário (RDW
– do inglês red cell volume width distribution). Indica a
variação do tamanho médio celular dos eritrócitos
circulantes. Esse índice é também obtido pela contagem
eletrônica dos eritrócitos, cujos valores normais estão entre
11,5 e 15,5%. Ao observar valores acima da normalidade,
confirma-se problema na produção dos eritrócitos ou
existência de dupla população de eritrócitos
(heterogeneidade), como ocorre no caso de transfusão
sanguínea. 27 Esse indicador permite visualizar o quadro
de anisocitose, ou seja, o percentual de variação do
tamanho médio dos eritrócitos: quanto mais homogênea a
população de eritrócitos, maior a capacidade antioxidante
e a resistência das células ao impacto. 19 Esse indicador
pode ser influenciado pelo repouso, que reduz a
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heterogeneidade da população de eritrócitos
possivelmente por meio da remoção das células mais
antigas e mais frágeis pelos macrófagos. 19
A contagem de reticulócitos reflete a velocidade com que a
medula está liberando eritrócitos jovens para a circulação
periférica. Essa medida deve ser solicitada separada do
hemograma, pois a metodologia de análise é diferenciada.
Reticulócitos. São os eritrócitos imaturos presentes no
sangue. Os reticulócitos possuem maior volume que os
eritrócitos e menor concentração de hemoglobina; sua
meia-vida é de 1 a 4 dias, e a contagem é feita por
equipamentos automáticos. A taxa de reticulócitos é a
razão percentual entre o número de reticulócitos e de
eritrócitos em uma amostra de sangue. A elevação da taxa
(2% para adultos) reflete o aumento da eritropoese, o que
costuma ocorrer nas anemias hemolíticas, na hemorragia
aguda e na reposição de nutrientes em casos de deficiência
nutricional. Taxas de reticulócitos abaixo de 0,5% são
observadas nas anemias carenciais. A Tabela 10.4 mostra
alguns resultados do percentual de reticulócitos em atletas
de diferentes modalidades esportivas.
Adaptações ao exercício intenso
Atletas, frequentemente, apresentam concentração
reduzida de hemoglobina e hematócrito. 30 Alguns autores
sugerem que a hemólise intravascular associada à
excreção renal de hemoglobina pode contribuir para as
baixas concentrações encontradas, 25 outros afirmam que
o aumento do volume plasmático possa ser
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responsável pela redução da concentração de
hemoglobina. 1
Para aumentar o desempenho durante treinos e
competições e otimizar o
treinamento, uma das estratégias mais empregadas é
induzir adaptações fisiológicas, a fim de aumentar o
transporte de oxigênio para os músculos cardíaco e
esquelético. Os atletas de resistência conseguem, com
essa estratégia, uma expansão do volume plasmático
acima de 20%, paralelo ao menor aumento dos eritrócitos,
causando anemia dilucional ou pseudoanemia. O volume
plasmático elevado favorece o fluxo sanguíneo para os
músculos e uma eficiência termorregulatória maior, pelo
aumento do volume cardíaco. Entretanto, a redução do
hematócrito limita o total de oxigênio carregado por
unidade de volume de sangue. 25 Para elevar o
hematócrito, algumas medidas podem ser tomadas, umas
fisiologicamente corretas, outras nem tanto.
O treinamento em altitudes elevadas (>2.200 m) parece
ser um bom caminho; já demonstrou-se aumento de cerca
de 1% de hemoglobina por semana de exposição à altitude
durante 8 a 10 dias de treinamento. 4 Porém, duas práticas
banidas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), não
detectáveis pelos procedimentos médicos, são adotadas
por alguns atletas: transfusão de eritrócitos, também
chamada doping sanguíneo, ou indução da eritrocitemia
pelo uso da eritropoetina recombinante humana (rHuEpo).
22 No primeiro caso, há aumento de cerca de 5 a 10% no
valor do hematócrito, resultando em valores acima da taxa
normal. Com o uso da rHuEpo por 6
semanas, há aumento de 11% do teor de hemoglobina
sanguínea e de 12% do valor do hematócrito. Os prejuízos
dessas práticas são: encefalopatia, distensão vascular,
redução do fluxo sanguíneo, embolia pulmonar e infarto. 26
Muitos pesquisadores estudiosos das adaptações
hematológicas que ocorrem em atletas têm descrito o
“paradoxo do hematócrito” .14 Após a atividade física, o
hematócrito geralmente apresenta-se reduzido quando
comparado ao valor inicial. Essa adaptação reduz a
viscosidade sanguínea e favorece a microcirculação
benéfica ao atleta. Quando há medidas para elevar o
hematócrito, a viscosidade aumenta, dificultando a
microcirculação. 14 Além disso, já identificou-se, em
jogadores de futebol, que valores de hematócrito abaixo de
40% estão associados a maior capacidade aeróbia,
enquanto valores acima de 44,6% estão ligados a maior
frequência de deficiência de ferro, overtraining e mais
viscosidade.5 Vale ressaltar que o aumento fisiológico do
hematócrito como adaptação ao exercício físico vem sendo
aceito e não há evidências de problemas associados,
exceto quando há desidratação. 25
Durante a atividade física ocorrem alterações nos
eritrócitos que favorecem sua ruptura (hemólise). A
alimentação deficiente em vitaminas e minerais também
altera a coloração, o volume, o tamanho e a capacidade de
transporte de oxigênio dos
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eritrócitos.11,12 A ocorrência de hemólise tem sido
atribuída às modalidades esportivas de impacto, como
corrida e futebol, porém já se sabe que atletas praticantes
de modalidades de baixo impacto, como natação e
ciclismo, também apresentam hemólise. 17,18
Alguns indicadores são úteis para avaliar a presença de
hemólise, entre eles a haptoglobina, que se liga à
hemoglobina liberada no plasma pelos eritrócitos lisados.
O complexo haptoglobina-hemoglobina é rapidamente
eliminado da circulação pelas células do sistema
reticuloendotelial, conservando, assim, o ferro contido na
hemoglobina. 29 Outro possível indicador de hemólise é a
bilirrubina , produto da degradação do grupamento heme,
com a grande maioria resultando da degradação da
hemoglobina. Em condições de hemólise significativa, a
bilirrubina (em especial a fração indireta) acumula-se antes
de ser levada para a conjugação no fígado e à excreção. 26
A hemopexina, uma glicoproteína plasmática, também
potencializa a capacidade do plasma de conservar a
hemoglobina ligando-se ao grupamento heme após a
haptoglobina. A redução na concentração plasmática de
hemopexina reflete recente liberação de compostos heme
no compartimento extracelular. 8 Por se ligarem ao heme,
evitando a liberação de ferro, esses indicadores também
podem ser considerados indicadores da capacidade
antioxidante. 13
Indicadores bioquímocos de deficiência de ferro
Há outros parâmetros hematológicos, além dos já citados,
importantes para verificar a presença de anemia por
deficiência em ferro, que altera de forma significativa o
hemograma, assim como a deficiência de vitamina B12,
ácido fólico, energia e proteínas. Entre esses parâmetros
está a quantificação dos valores de ferro sérico, para o qual
o sangue deve ser coletado pela manhã após jejum de 12
horas. Os valores normais variam de 50 a 150 µg/dL, com
valores médios de 125 e 100 µg/dL
para homens e mulheres, respectivamente. Os níveis de
ferro sérico variam em resposta à deficiência nutricional, às
doenças crônicas e à hemólise intravascular, entre
outros.6,27
Diferenças significativas são encontradas entre os
indicadores bioquímicos referentes ao estado nutricional
em ferro de atletas e indivíduos não treinados. 11 A
concentração de ferritina sérica vem se mostrando
indicador sensível para o estoque de ferro. Alguns estudos
têm demonstrado que atletas do gênero feminino
apresentam menores valores para ferritina que do gênero
masculino, porém ambos os gêneros apresentam ferritina
plasmática em menor concentração em relação a
indivíduos não treinados.12
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A capacidade da transferrina sérica se ligar ao ferro (
capacidade de ligação do ferro total – TIBC) pode ser
avaliada pela quantificação do ferro ligado a essa proteína.
Os valores normais de TIBC para adultos são de 240 a 360
µg/dL, tendendo a reduzir com a idade e a aumentar na
presença de deficiência de ferro e durante a gestação. 27
Se a reserva de ferro e o metabolismo de proteínas são
normais, o grau de saturação da transferrina plasmática
com ferro fica entre 30 e 35%, e os valores normais estão
entre 20 e 45% de saturação. O percentual de saturação é
baixo na carência de ferro (< 15%), porém, apresenta-se
elevado na hemólise intravascular.6
Indicadores metabólicos e de lesão tecidual
Os indicadores metabólicos mais comumente solicitados
são glicose,
triglicerídeos, colesterol total e frações. Alguns autores
recomendam, porém, que se conduzam triagens
sistemáticas desses indicadores, principalmente dos níveis
de colesterol, somente quando há história familiar de
doença.9 Já é bem conhecido que o treinamento induz
adaptações no metabolismo da glicose que melhoram a
utilização e a sensibilidade à insulina. No entanto,
dependendo do tipo de esporte praticado, o metabolismo
da glicose é ligeiramente diferente entre atletas, e, assim,
os parâmetros laboratoriais também o são. Esses dados
são particularmente úteis no acompanhamento do atleta
após o encerramento de sua carreira e a redução da
atividade física.
Os indicadores de lesão tecidual rotineiros incluem a
creatinina quinase (CK) e as aminotransferases: alaninaaminotransferase (ALT), encontrada predominantemente no
fígado, e aspartato-aminotransferase (AST), expressa no
citosol e nas mitocôndrias do tecido hepático e muscular
esquelético, o que deve ser levado em consideração para
interpretação dos valores séricos.
Dada a variabilidade entre os indivíduos e entre as
modalidades, não há consenso na literatura quanto a
valores de referência para atletas. Como citado no início
deste capítulo, o atleta deve ser acompanhando
regularmente, e seus resultados devem ser comparados ao
longo do tempo, para identificação de alterações e
adaptações ao treinamento, levando-se em conta a
variação biológica normal dos indicadores.
Alguns centros com longo tempo de experiência em
análises bioquímicas de atletas, após muitas análises em
diferentes grupos, desenvolveram seus próprios valores de
referência, como é o caso do laboratório do Instituto
Australiano de Esporte. 9 A Tabela 10.5 indica os intervalos
de referência de indicadores bioquímicos e de lesão
tecidual desenvolvidos nesse centro.
A avaliação da concentração sérica de CK é útil para avaliar
a resposta ao treinamento e lesão muscular. Em atletas
altamente condicionados, ocorre um
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microtrauma muscular adaptativo como resposta à
constante exposição a sessões intensas de treinamento,
capaz de acelerar o turnover das fibras musculares. 20,28
Estão disponíveis na literatura limites de referência
sugeridos para a concentração de CK
plasmática em atletas de ambos os gêneros de diversas
modalidades esportivas. 23 O
menor intervalo de referência para os atletas do gênero
masculino é de 73 a 86 U/L, e o maior de 881 a 1.479 U/L.
Entre as modalidades estudadas para o gênero masculino,
o futebol apresentou o maior limite de referência, de 1.492
U/L. Sabe-se, no entanto, que a CK apresenta variação
intraindividual de 30 a 40%, 3 reforçando a importância do
controle de variações ao longo do tempo no mesmo atleta.
De forma geral, a concentração sérica de CK aumenta após
o exercício e há uma
correlação positiva entre esta e a duração e intensidade do
exercício. Os níveis de CK
podem também ser usados para monitorar a recuperação
do tecido muscular, ou seja, a falta de retorno aos valores
basais de CK pode ser indicativa de lesão ou overtraining. 2
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A avaliação bioquímica dos atletas é de difícil
interpretação, pois, para cada modalidade, há
especificidades que devem ser consideradas que, com
certeza, alteram o metabolismo, causando adaptações que
não permitem que os resultados bioquímicos obtidos sejam
comparados com resultados encontrados em indivíduos
não ativos fisicamente. Para minimizar esse problema, o
ideal é que o atleta seja seu próprio controle, mantendo a
realização de exames laboratoriais com periodicidade
adequada, para que haja intervenção nutricional, quando
necessário, para garantir, assim, constante estado
adequado.
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11
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Avaliação dietética
Silvia Angela Gugelmin
Simone Biesek
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INTRODUÇÃO
A avaliação dietética é um dos procedimentos mais
utilizados na prática do nutricionista e em pesquisas de
nutrição humana. Ela parte do pressuposto de que a
análise do consumo de alimentos pode expressar a
adequação na ingestão de nutrientes, segundo as
necessidades nutricionais do indivíduo, grupo ou
população. Portanto, tem como objetivo principal obter, da
forma mais precisa possível, informações quantitativas
e/ou qualitativas da ingestão de alimentos e de hábitos
alimentares individuais e coletivos.
Os primeiros estudos relacionados à dieta, sem contudo
estarem vinculados à avaliação dietética propriamente
dita, foram desenvolvidos em meados do século XVIII. Lind,
em 1753, conduziu um dos primeiros ensaios clínicos
controlados, avaliando o efeito do consumo de laranja e de
limão no curso da doença escorbuto. 66
Depois disso, vários autores enfocaram a relação entre
alimentos e doenças, e, no século XX, entre as décadas de
1930 e 1940, o interesse em avaliar a dieta dos americanos
levou à realização de estudos diretamente associados ao
consumo alimentar; nesse período, as técnicas de história
dietética e longos recordatórios alimentares eram os
métodos mais populares. A década de 1950 foi reconhecida
como um período de extensas comparações
metodológicas. O tamanho da amostra e a avaliação de
métodos para o uso em grupos especiais surgiram pela
primeira vez nessa década. Na década de 1960, decênio de
grandes mudanças sociais, iniciaram-se numerosos estudos
epidemiológicos. As técnicas de frequência alimentar e o
uso de programas de computador, além da manutenção do
uso do recordatório de 24 horas, foram as principais
estratégias empregadas nessa época. Nas décadas de
1970, 1980 e 1990, os avanços provocaram a expansão de
bancos de dados de nutrientes e a sofisticação de técnicas
estatísticas para análise, bem como o refinamento nas
metodologias de coleta de dados. 44 Além disso, na
década de 1980, um dos avanços ocorridos foi a validação
dos métodos de avaliação dietética pela técnica da água
duplamente marcada (ADM).30
O interesse crescente na relação entre nutrição e
desempenho físico tem gerado diversos estudos na área,
11,13,14, 18,21,26, 7,39, 56 demonstrando a importância
da composição da dieta como fator que altera a magnitude
das mudanças na massa e na composição corporal do
indivíduo. Ao mesmo tempo, estudos sobre consumo
alimentar tornam-se importantes, pois a dieta balanceada
pode reduzir a fadiga, o que permite ao indivíduo treinar
por mais tempo; o modismo e a falta de conhecimento a
respeito de alimentos e de nutrientes adequados para a
prática da atividade física são muito grandes; a nutrição
adequada reduz a possibilidade de enfermidades. 66,67
Ainda que o avanço tecnológico tenha permitido maior
agilidade na coleta e na
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análise dos dados dietéticos, facilitando o diagnóstico da
situação alimentar e nutricional de indivíduos e
coletividades, a dieta tem sido uma das exposições mais
difíceis de avaliar em estudos observacionais. A Fourth
International Conference on Dietary Assessment, realizada
em setembro de 2000 na cidade de Tucson, Arizona,
evidenciou progressos, retrocessos e uma gama de
questões ainda não elucidadas na avaliação dietética. 46
Novos métodos têm sido propostos, como avaliação global
da dieta, índice de alimentação saudável e modelagem
estatística para análise de consumo usual, mas, ao final, o
antigo questionamento permanece: o método dietético
mede realmente o que as pessoas consomem?
A medição da ingestão alimentar será sempre uma
estimativa que poderá retratar
de forma mais precisa, ou não, o consumo real do indivíduo
e/ou da população. Dessa forma, o propósito deste capítulo
é descrever os diversos métodos utilizados para a obtenção
de informações dietéticas, suas vantagens e limitações e
avaliar as possibilidades de análise e de interpretação dos
dados dietéticos, considerando erros e discutindo sua
aplicação entre atletas.
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MÉTODOS DIETÉTICOS
Conhecer o consumo alimentar de um indivíduo ou de uma
população é tarefa quase impossível. As técnicas que
apresentam mais exatidão e reprodutibilidade são as que
provocam incômodo e interferências na conduta alimentar
dos entrevistados.51 Por isso, tem-se buscado alternativas
para a avaliação do consumo alimentar, tais como: história
dietética, questionário de frequência alimentar (QFA),
recordatório de 24 horas (R24h), registro alimentar de 3 a 7
dias e pesagem dos alimentos. 52
A decisão sobre qual é o “melhor” método a utilizar deve
considerar o objetivo do estudo, a população a ser
estudada, a reprodutibilidade do método, os recursos
disponíveis e o aspecto custo-efetividade. Por exemplo,
quando a intenção é avaliar a ingestão usual, os métodos
de memória (frequência alimentar e recordatório dietético)
são as melhores opções, enquanto, para a avaliação da
ingestão atual para estudos clínicos ou metabólicos, os
dados são obtidos por registro alimentar, pesagem dos
alimentos ou duplicação das porções. 52 Se o interesse da
análise é caracterizar a dieta de um indivíduo,
normalmente mais observações são necessárias em
comparação com a avaliação de um grupo de pessoas.16,
52 Outros fatores, como o número de pessoas investigadas
e de entrevistadores disponíveis, a capacidade de
compreensão dos indivíduos avaliados e o tempo para a
coleta dos dados dietéticos, também influenciam na
escolha do método.
Para selecionar o método de avaliação do consumo
alimentar mais apropriado, Gibson23 e Pennington52
relacionam alguns aspectos que devem ser considerados
no planejamento do estudo:
Proposta do estudo e disponibilidade de recursos.
Tamanho da amostra (número de entrevistados).
Necessidade de dados individuais ou de um grupo.
Características da população (idade, motivação, grau de
alfabetização,
diversidade cultural).
Capacidade e cooperação dos indivíduos (para avaliar a
responsabilidade que
pode ser imposta aos entrevistados).
Capacidade dos entrevistadores/ staff (para avaliar a
responsabilidade que lhe pode ser imposta).
Tempo disponível para o estudo.
Quando esses aspectos são considerados, ainda na fase do
planejamento, a
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ocorrência de erros poderá ser controlada ou minimizada,
tornando a pesquisa e a avaliação do consumo alimentar
mais precisa.
A seguir descrevemos os métodos utilizados para a coleta
de dados retrospectivos ou prospectivos de ingestão
alimentar.
Métodos retrospectivos
Os métodos retrospectivos exigem que o indivíduo recorde
a ingestão dietética de um período de tempo específico.
Consequentemente, esses métodos são inadequados para
indivíduos incapazes de lembrar a ingestão dietética do dia
anterior ou de um período mais distante. 61 Alguns
aspectos que diminuem a confiabilidade de qualquer
método de ingestão alimentar são: falhas de memória ou
esquecimento de detalhes sobre o alimento (p. ex.: açúcar
no café ou no suco ou, ainda, se o produto consumido é
fortificado, como suco de laranja fortificado com cálcio);
pouco conhecimento dos tamanhos das porções e sub ou
superestimação das quantidades consumidas. 44,52
Entretanto, quando o entrevistador é habilidoso e o
entrevistado está motivado e comprometido, os dados
obtidos podem aproximar-se ou mesmo igualar-se aos
obtidos pelos métodos prospectivos.16 Os métodos
retrospectivos mais comuns são o recordatório dietético de
24 horas e o questionário de frequência alimentar.
Recordatório dietético de 24 horas (R24hs). O
recordatório dietético de 24
horas é um dos métodos mais rápidos e fáceis para avaliar
a ingestão de alimentos e de nutrientes. O método exige
que o entrevistado relembre em detalhes todos os
alimentos e bebidas consumidos durante as últimas 24
horas. O conhecimento do método de preparo do alimento,
a marca do alimento ou da bebida consumidos e o uso de
suplementos de vitaminas e minerais são fundamentais
para uma avaliação efetiva. O
entrevistador deve deixar o entrevistado à vontade e
auxiliá-lo a lembrar o consumo de alimentos do dia
anterior. A coleta de informações sobre as atividades
realizadas no dia prévio pode contribuir no momento das
perguntas sobre os alimentos consumidos, por exemplo:
“Você comeu ou bebeu alguma coisa quando esteve no
shopping?”.
Quando o entrevistado não lembra o que comeu é
preferível iniciar com a refeição imediatamente precedente
à entrevista. Modelos de alimentos, medidas caseiras
(copos, colheres) e outras ferramentas são utilizadas para
obtenção do tamanho das porções.
Uma estratégia denominada USDA Multiple-Pass Method foi
desenvolvida pelo Departamento de Agricultura dos EUA
(USDA) em 1999 para a coleta de dados em inquéritos
dietéticos populacionais, por meio do recordatório de 24
horas. Esse método baseia-se em uma entrevista em cinco
etapas, nas quais diversos passos e dicas são utilizados
para ajudar o entrevistado a relembrar e descrever os
alimentos consumidos
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no dia anterior à entrevista, reduzindo os erros de medida
do consumo alimentar. Após estudos de validação, foi
elaborada uma versão para computador ( Automated
Multiple-Pass Method), incorporando questões
padronizadas com opções de respostas para diferentes
alimentos e bebidas. Desde 2002 essa versão faz parte do
questionário do National Health and Nutrition Examination
Survey (NHANES). 48
As etapas ou passos sucessivos podem ser habilitados
automaticamente no programa computacional Nutrition
Data System for Research (NDS-R) desenvolvido pela
Universidade de Minnesota dos Estados Unidos. 20 Mesmo
que o método tenha sido proposto para inquéritos
populacionais, os passos e as dicas servem para a
avaliação dietética individual, pois estruturam a coleta do
R24h, facilitando a descrição detalhada dos alimentos, o
modo de preparo e a quantificação dos itens consumidos,
informações necessárias para melhorar a confiabilidade da
medida dietética. Os passos utilizados no método são:
Passo 1 – listagem rápida
Passo 2 – listagem de alimentos comumente esquecidos
Passo 3 – definição do horário e refeição
Passo 4 – ciclo de detalhamento e revisão
Passo 5 – revisão final
Com o objetivo de reduzir custos, minimizar tempo de
pesquisa, eliminar a necessidade de deslocamento do
entrevistado/entrevistador e manter o elemento surpresa,
aspecto importante em estudos de intervenção, 66 os
Estados Unidos têm utilizado o recordatório de 24 horas por
telefone. No Brasil, essa estratégia foi utilizada no Inquérito
de Saúde realizado na capital do estado de São Paulo (ISACapital) em 2008. A avaliação do consumo alimentar foi
desenvolvida em duas fases: a primeira aplicação do R24h
realizada em domicílio e, posteriormente, sua reaplicação
por telefone, junto com questionário de frequência
alimentar. 20
As maiores limitações do recordatório de 24 horas incluem
a dependência da memória do entrevistado, tanto para
identificação dos alimentos como para as porções
consumidas, e a tendência de alguns entrevistados
relatarem a ingestão de alimentos que considerem mais
saudáveis ou mais aceitos e não relatarem o consumo de
outros produtos que consideram pouco saudáveis. Por isso,
durante a entrevista é importante indagar sobre o uso de
outros alimentos acrescentados na refeição. Em geral, os
indivíduos que consomem consideravelmente menos do
que a média parecem
superestimar sua ingestão, enquanto os que consomem
mais do que a média, tendem a
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subestimá-la. Esse fenômeno foi denominado Flat Slope
Syndrome – Síndrome da Curva Achatada. 11,15, 66
Um recordatório de 24 horas adequado dependerá em
grande parte da memória do
entrevistado, da motivação para responder corretamente
às perguntas e da capacidade em transmitir informações
precisas. A precisão do recordatório poderá ser melhorada
pela habilidade do entrevistador em fazer questionamentos
apropriados e pela utilização de modelos de alimentos que
ajudem o entrevistado a se lembrar do tipo e da
quantidade dos alimentos consumidos.16, 61
Um único recordatório de 24 horas é mais indicado para
estimar a ingestão de nutrientes de um grupo ou de uma
população, pois a média de ingestão de alimentos não
varia de modo significativo de um dia para outro dentro de
grupos. 61 Contudo, é necessária uma amostra
representativa da população e dos dias da semana. Se o
recordatório de 24 horas for usado para estimar a ingestão
alimentar individual, o Comitê Americano de Padrão de
Consumo Alimentar recomenda a coleta de
informações por um período maior que um ano. 6 Além
dessas aplicações, o recordatório permite monitorar a
adesão do indivíduo à dieta e avaliar a efetividade dos
programas de intervenção nutricional.
Questionário de frequência alimentar (QFA). O
questionário de frequência alimentar oferece informações
sobre hábitos alimentares ou padrão dietético individual
usual. 61 As informações coletadas podem ser usadas para
avaliar o padrão alimentar e as preferências que
normalmente não são observadas em um recordatório
alimentar.
Para a obtenção de bons resultados, o questionário deveria
ser rápido, exigindo não mais que 30 minutos para ser
administrado.16
Como o recordatório de 24 horas, a maior limitação do
questionário de frequência alimentar é a dependência da
boa memória do entrevistado, podendo este não ser um
bom método para crianças e indivíduos com pouca
memória. 16 Os QFA são utilizados para caracterizar os
padrões alimentares de uma população, porém, são
limitados em fornecer informações quantitativas sobre a
ingestão de nutrientes específicos. 16 Alguns
pesquisadores têm adotado gravuras de alimentos
coloridas ou em preto e branco para que os indivíduos,
então, identifiquem os alimentos consumidos e os
classifiquem em categorias, baseados na frequência
consumida (p. ex.: “diariamente”, “uma vez por semana”,
“nunca” etc.). O tamanho das porções também pode ser
identificado por meio das figuras padronizadas. 6
Os QFA podem ser desenvolvidos para fornecer
informações qualitativas ou semiquantitativas da ingestão
alimentar típica de um indivíduo ou de uma população. 61
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Os questionários que fornecem dados qualitativos são úteis
para obter informações gerais sobre comportamentos
alimentares e padrões multifacetados de consumo
alimentar entre segmentos de uma população. 48 Por isso
sua aplicação no desenvolvimento de intervenções
nutricionais e em sua avaliação. Os questionários
semiquantitativos, além de listarem alimentos tipicamente
consumidos, também quantificam a ingestão usual destes.
41 Esse tipo de questionário permite avaliar a ingestão de
nutrientes específicos, como gordura, carboidratos e
colesterol, e sua relação com doenças, bem como
descrever o padrão dietético. Porém, para estimar os
macronutrientes por questionários semiquantitativos é
necessária uma lista extensa de alimentos. 50
Embora ainda não se tenha definido o número adequado
de alimentos para a listagem, Willett66 sugeriu que o limite
estivesse em torno de 120 alimentos. Para Fisberg et al. 19,
questionários com menos de 50 itens alimentares não
avaliam corretamente a ingestão habitual e listas extensas
(com mais de 100 itens) comprometem a rapidez e a
simplicidade do instrumento. Assim, listagens muito
reduzidas simplificariam a relação dieta-saúde e
subestimariam o consumo, enquanto listagens muito
extensas apresentariam elevado número de itens não
respondidos e superestimariam o consumo. 61 A
construção da listagem é realizada por consulta direta à
tabela de composição dos alimentos, por metodologia
estatística aplicando a correlação e a regressão e pelo uso
de outros métodos dietéticos, como recordatórios de 24
horas ou registro diário.
Como o objetivo dos QFA é avaliar a assiduidade com que
certos itens alimentares ou grupos de alimentos são
consumidos, durante um período específico, é importante
que o questionário seja desenvolvido e testado na
população específica que será avaliada.
Métodos prospectivos
Os métodos prospectivos de coleta de dados de ingestão
dietética são obtidos no
momento em que o alimento é consumido ou logo em
seguida. Incluem a coleta de uma porção duplicada dos
alimentos consumidos, a pesagem dos alimentos, o diário
alimentar, o recordatório dietético por telefone, a filmagem
ou a fotografia dos alimentos consumidos. 6,16
Os métodos prospectivos são mais confiáveis e precisos
para estimar a ingestão média individual porque reduzem a
variabilidade individual atribuída às variações diárias da
dieta e são menos afetados por esquecimentos do que os
retrospectivos. 16
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Registro diário. No registro diário, o indivíduo anota os
alimentos e as bebidas consumidos, incluindo a descrição
do método de preparo e a marca dos produtos, por um
período específico de tempo (geralmente 3 a 7 dias). A
quantidade consumida pode ser avaliada por medidas
caseiras (p. ex.: colher de sopa, xícara etc.) ou pode ser
estimada utilizando-se modelos ou figuras de alimentos.
Dependendo dos objetivos do estudo, outras informações
podem ser obtidas, como local e horário das refeições ou
como o alimento foi preparado (receita). Após a coleta das
informações, a contribuição dos nutrientes de cada
alimento é determinada, e a ingestão média dos nutrientes
por um período de tempo pode ser calculada. 6
Para que a estimativa da ingestão dietética seja precisa e
confiável, o número de dias de coleta de dados deve ser
determinado. Um período de vários dias proporciona a
informação sobre os alimentos consumidos com menor
frequência, bem como gera dados sobre a variação intra e
interindividual. 51 Na maioria dos casos, 3 a 4 dias
parecem suficientes; porém, a confiabilidade e a exatidão
tendem a aumentar para cada dia adicional até o sétimo
dia de coleta. 6,11 Períodos de tempo de estimativa maior
que 7 dias parecem trazer poucas vantagens e aumentar
os erros dos entrevistados. 16 Em recordatórios de 3 a 4
dias, pelo menos um dia do final de semana deve ser
incluído. O
uso do registro diário pode ser empregado como método
pedagógico para mudanças do comportamento alimentar
de um indivíduo.
Pesagem direta de alimentos. A pesagem direta de
alimentos também é conhecida como registro alimentar
com pesagem. Consiste na pesagem e na descrição
detalhadas das quantidades de alimentos e bebidas
efetivamente ingeridos durante um determinado período.
As anotações devem ser realizadas em formulário
específico, em que também conste o método de preparo
dos alimentos, receitas e, se possível, a marca do alimento.
No caso de o indivíduo realizar refeições fora de casa, é
solicitado o registro dos alimentos e das quantidades
consumidas durante o dia. 16, 66
A pesagem direta é o método mais preciso para estimar a
ingestão usual de alimentos e/ou nutrientes de indivíduos
ou de famílias, apresentando mais exatidão e
confiabilidade em relação aos outros métodos, uma vez
que registra as porções e o peso de cada alimento e de
bebidas ingeridos. Por isso, é considerada o padrão-ouro
para a avaliação dietética. 51, 61 A estimativa do número
de dias necessários para caracterizar a ingestão comum ou
real varia de acordo com o nutriente estudado, mas é
importante sempre incluir em proporção os finais de
semana, uma vez que podem alterar de modo significativo
o consumo intraindividual.
Uma das vantagens desse método é a não dependência da
memória do
entrevistado. Em contrapartida, os indivíduos devem ser
alfabetizados, com alta
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motivação e cooperação, pois é invasivo, cansativo e
demorado. Normalmente, os entrevistados alteram seu
comportamento alimentar para simplificar o processo de
pesagem ou para impressionar o entrevistador. 23
Novas formas de registro alimentar têm sido desenvolvidas
para facilitar a avaliação do consumo alimentar usual. O
uso de telefone celular com câmera digital, método
denominado Wellnavi (Matsushita Electric Works, Ltd,
Osaka, Japan), foi uma das estratégias estudadas por
Wang, Kogashiwa e Kira entre jovens universitários. O
instrumento apresentou boa aceitação entre os estudantes,
parece ser válido e não apresentou diferenças estatísticas
para a maior parte dos nutrientes estudados quando
comparados ao registro alimentar e ao R24h. 65
Outro instrumento desenvolvido pelo National Cancer
Institute (NCI) e o National Institutes of Health (NIH) é o
recordatório de 24 horas autoadministrado automatizado
(ASA24). É um programa de acesso público livre e tem
apresentado boa relação custo-efetividade na coleta de
dados de consumo alimentar com alta qualidade. 48
A seguir, apresentamos de forma sistematizada a descrição
geral de cada método,
suas vantagens e limitações (Quadro 11.1).
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ASPECTOS RELACIONADOS AO DESENHO DO ESTUDO
A principal limitação da análise dos dados dietéticos é a
dificuldade em se obter cálculos exatos do consumo
alimentar: a quantificação das porções dos alimentos é um
problema nas pesquisas dietéticas. Modelos de alimentos,
medidas caseiras e treinamentos têm sido propostos para
ajudar a estimar a quantidade dos alimentos, 9
entretanto, Burke et al. 11 relatam que as pessoas acham
difícil estimar o tamanho das porções acuradamente.
Subestimação e superestimação são bem comuns nesses
casos, variando segundo o gênero, a fase da vida, o
tamanho corporal e os alimentos. Os autores descrevem os
resultados de um estudo realizado com remadores norteamericanos que evidenciou grande variação na precisão da
estimativa consumida de alimentos (média em torno de
30%) e indivíduos (com estimativas variando de 19 a 400%
do tamanho real da porção). Portanto, é essencial conhecer
os possíveis erros cometidos no momento do registro de
dados para controlá-los ou até mesmo eliminá-los antes do
início do estudo. 16,22
De forma geral, a literatura reconhece duas grandes
categorias de erros: os sistemáticos e os aleatórios. 7, 66
Erros sistemáticos são repetidos continuamente devido à
super ou subestimação do consumo individual ou de
grupos (intencional ou não), devido a erros nas tabelas de
composição de alimentos ou ao emprego de técnicas
inadequadas no momento da entrevista ou do registro
(indução, omissão, codificação).
Os erros de subestimação podem ser subdivididos em
baixo consumo, ou seja, redução na ingestão de alimentos
durante o período avaliado; e baixo registro, que é a falha
no relato de todos os alimentos consumidos durante o
período observado. 25 Erros aleatórios são os que
acontecem sem um padrão definido. Estão associados à
variação diária de consumo intraindividual e a mudanças
na dieta. Por isso, a avaliação do consumo de um dia
específico é muito pobre para estimar a ingestão média ou
usual de um indivíduo. Normalmente, a variação
intraindividual é muito maior do que a variação entre
indivíduos e, quando alta, diminui a reprodutibilidade. Essa
ocorrência, entretanto, poderá ser minimizada pela
identificação das causas de heterogeneidade, controlandoas com a estratificação da amostra selecionada ou com a
análise dos dados. 16, 66
Nesse contexto, um bom desenho de estudo deverá
considerar uma amostra representativa da população em
estudo, de todos os dias da semana e do número de dias,
além do objetivo, do nutriente e da reprodutibilidade a que
se quer chegar. 7, 66 O
aumento do número de dias de coleta de dados geralmente
reduz os erros aleatórios. No entanto, para atenuar os erros
a um nível aceitável e manter as relações esperadas, o
número de dias exigidos é muito grande, o que torna o
estudo impraticável.
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Considerando, por exemplo, que o número de dias do
recordatório alimentar necessário para predizer a ingestão
usual de um nutriente varia substancialmente entre
indivíduos, quando avaliamos um único indivíduo, 31 dias
de recordatório dietético parecem ser suficientes para
predizer a ingestão de energia e de carboidratos e cerca de
433 dias para avaliar a ingestão da vitamina A.4 No
entanto, quando avaliamos grupos de indivíduos, a
precisão parece melhorar ao aumentar o número da
amostra. Em uma amostra típica de 10 a 20 pessoas,
estima-se que aproximadamente 3 dias de recordatório
sejam necessários para avaliar a ingestão de energia e 41
dias para avaliar a ingestão de vitamina A. 27
É importante lembrar o nível de precisão que desejamos do
nutriente estudado.
Por exemplo, a vitamina C – micronutriente não
armazenado no organismo humano por longos períodos –
pode exigir maior precisão na avaliação do que a vitamina
A, que é um micronutriente armazenado em nosso
organismo. 4 Outra opção é empregar análises estatísticas
que estimam os componentes dos erros e possibilitam
ajustar as análises realizadas. 7
Em relação à validade de um método, avaliamos o grau
que este mede o que se propôs a mensurar. Portanto, essa
validade pode ser afetada por erros sistemáticos (também
denominados bias) e, em menor amplitude, por erros
aleatórios. É difícil determinar a validade dos métodos
porque a dieta está em constante mudança. Na realidade,
devido aos erros sistemáticos e de resposta, analisamos
apenas a validade aparente, o que não nos permite saber
se o método está produzindo a resposta correta ou a
mesma resposta. 16
Uma técnica amplamente utilizada para a validação é a
utilização de um padrãoouro, método de referência para a comparação do método
avaliado. Mais recentemente, outros esforços têm sido
realizados para estimar a validade dos métodos dietéticos,
entre os quais os marcadores bioquímicos para nutrientes
específicos, incluindo a água duplamente marcada para
avaliar a energia e o aparecimento de nitrogênio urinário
como indício da ingestão de proteínas. 7,16, 29,30
Subar et al. 59 conduziram um estudo com 484 homens e
mulheres em que avaliaram a ingestão de proteína e de
energia por meio de dois instrumentos de avaliação
dietética retrospectiva, o QFA e o R24h, e compararam os
dados com biomarcadores de ingestão energética e
proteica pelo método da água duplamente marcada e o
nitrogênio urinário, respectivamente. Os autores
encontraram baixo sub-relato, diferente de outros estudos.
Os homens apresentaram um sub-relato de ingestão de
energia de 12 a 14% no R24h e de 31 a 36% no QFA se
comparado com o gasto energético e um sub-relato de
ingestão proteica de 11 a 12% no R24h e de 30 a 34% no
QFA quando comparado ao nitrogênio urinário. Resultados
bastante semelhantes foram observados no grupo de
mulheres. Os
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autores observaram que os sub-relatos tendiam a
aumentar com o aumento na ingestão alimentar. 59
A reprodutibilidade, por sua vez, é uma variável que mede
o grau em que o método fornece os mesmos resultados
quando utilizado repetidamente na mesma situação. Ela é
afetada por erros aleatórios de resposta e pela variação
intrapessoal.
Por isso, submeter os entrevistadores a treinamento e
padronizar as técnicas de coleta podem reduzir os erros de
resposta. 16
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ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS DIETÉTICOS
Os métodos dietéticos ainda apresentam muitas limitações
que lhes são inerentes e devem ser consideradas no
momento do planejamento da pesquisa, da análise e da
interpretação dos dados. A natureza complexa da dieta,
com exposições altamente inter-relacionadas, dificulta a
análise dos dados dietéticos; com poucas exceções, os
indivíduos sempre estão expostos a fatores de risco (todos
comem gordura, vitamina A, fibras), o que impossibilita
categorizar a exposição pela presença ou ausência do
nutriente. As questões sociais, culturais, ideológicas e
econômicas afetam diretamente o consumo de alimentos e
fazem parte da privacidade do indivíduo, impondo, quase
sempre, limitações aos métodos; a determinação indireta
do consumo de nutrientes a partir do alimento ingerido
também pode gerar erros no momento da análise dos
dados.
A ingestão calculada não necessariamente representa o
que é biologicamente disponível e absorvido pelo corpo,
portanto, é necessário conhecer a biodisponibilidade dos
nutrientes e a interação deles no organismo. 61,66 Para
suplantar essas limitações, vários autores27, 31,36,38, 55
têm proposto o estudo do padrão dietético (ou índice de
qualidade da dieta) em contraposição à abordagem
tradicional, que enfoca um único nutriente ou alguns
alimentos. Esse tipo de análise será abordado adiante.
Após a coleta das informações dietéticas, é necessário
processar, analisar e interpretar as informações obtidas.
Atualmente, realiza-se a entrada dos dados dietéticos em
programas computacionais que analisam dietas. Esses
programas podem diferir em fontes de dados de
composição dos alimentos e em número de produtos
incluídos. Em geral, alguns desses programas falham em
não apresentar produtos regionais e preparações
comerciais, receitas e produtos formulados, como os
alimentos esportivos.
Os alimentos são, então, convertidos em nutrientes, por
numerosas tabelas de composição química. 45,53, 69,70
Esse procedimento pode gerar diversos erros e limitações
na análise dos dados, pois o número de alimentos
presentes nas tabelas varia muito, bem como as unidades
para expressar o tamanho das porções e o conteúdo de
nutrientes em cada porção. Os métodos utilizados em
coleta, processamento e análise dos alimentos não são
padronizados e podem afetar os valores de vitaminas e
minerais.
Para alguns nutrientes, não há informação suficiente para
estabelecer as quantidades em cada alimento. Também
ocorre uma variação na composição química de alguns
alimentos de acordo com o solo, a maturidade, a estação
do ano, o clima, a estocagem, o transporte e o
processamento do alimento. Esses fatores invalidam o uso
de diversas tabelas de composição de alimentos na análise
dos dados dietéticos. Torna-se necessário empregar apenas
uma tabela para quantificar a ingestão de nutrientes de um
indivíduo. 23, 63,68
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Outro aspecto a ser considerado na utilização de
programas de análise de dietas é o treinamento do
digitador. Embora os programas de análise dietética por
computador estejam amplamente disponíveis no mercado
e sejam aparentemente de fácil abordagem, é
recomendado que a entrada de dados seja realizada por
pessoa treinada, a fim de eliminar erros e reduzir a
variabilidade nas decisões a respeito da quantificação das
porções descritas pelos participantes ou da combinação
dos alimentos descritos com aqueles contidos nas tabelas
de composição. 11 Em estudos longitudinais, desenvolvidos
por um período maior do que 1 ano, recomenda-se utilizar
o mesmo programa de análise. Portanto, deve-se ter muita
cautela na comparação de pesquisas dietéticas em grupos
diversos.
Os dados de ingestão de nutrientes podem ser
apresentados por média, mediana ou
distribuição percentual por grupos específicos, segundo
idade, gênero, etnia, renda, entre outros. Essas
características afetam diretamente a ingestão de
alimentos, por isso a necessidade de considerá-las no
momento da análise. Por exemplo, os homens tendem a
consumir maior quantidade de alimentos do que as
mulheres, assim, a distribuição por gênero explicitará esse
fato. 68
Um método simples e rápido para interpretar os dados
obtidos pelos inquéritos dietéticos é comparar a ingestão
dietética com o Guia Alimentar da Pirâmide dos Alimentos
e determinar se a maioria dos grupos de alimentos é
omitida da dieta do indivíduo ou se raramente é
consumida. 45 Como nenhum alimento pode fornecer
todos os nutrientes necessários, a dieta também deve ser
analisada em termos de variedade dentro de cada grupo
alimentar. Em geral, uma dieta monótona aumenta o risco
de deficiências nutricionais.
Outros instrumentos utilizados na interpretação dos dados
dietéticos são os Índices de Qualidade da Dieta (IQD),
desenvolvidos para avaliar seus diversos aspectos, como
padrão e adequação de consumo, diversidade e
moderação, escores de ingestão de nutrientes e
pontuações de ingestão de alimentos específicos. Além
disso, os índices podem refletir a qualidade da dieta em
relação às recomendações nacionais. As diferenças nos
escores encontradas em diferentes períodos deveriam
demonstrar os avanços e os declínios ocorridos no
comportamento alimentar. No entanto, é importante que o
avaliador fique atento aos possíveis erros na sub ou
superestimação do consumo alimentar. 27
Há diversas denominações na literatura para o IQD, mas o
Índice de Qualidade da
Dieta Revisado (IQD-R) e o Índice de Alimentação Saudável
(IAS) são os mais adotados para avaliar a qualidade total
da dieta. Ambos empregam as recomendações do Guia
Alimentar da Pirâmide no que concerne ao tamanho e ao
número de porções. 27,38 O IQD-R e o IAS apresentam
semelhanças e diferenças: o IAS pode ser
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utilizado para crianças a partir de 2 anos de idade até a
velhice; o IQD-R é usado para indivíduos a partir dos 18
anos de idade. Os dois índices incorporam componentes
relacionados a nutrientes e alimentos. Ambos são baseados
em uma escala de 100
pontos e incluem estimativas das porções recomendadas
de frutas, vegetais e grãos. O
IAS também avalia as porções de leite e de carne (Tabelas
11.1 e 11.2), já o IQD-R
mede a adequação da ingestão de cálcio e ferro. Ambos os
índices incluem medidas do percentual de energia derivado
das gorduras, da gordura saturada e do colesterol da dieta.
Os dois índices incluem medidas da diversidade da dieta,
porém as definições são diferentes. O IQD-R avança ainda
mais, pois adiciona medidas que avaliam os principais
conceitos dos guias da dieta dos americanos: variação,
moderação e proporcionalidade. 27,38
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Além das possibilidades já descritas para a análise e a
interpretação dos dados de consumo alimentar, na prática
cotidiana tem sido utilizada a comparação direta com os
valores de referência de ingestão. Embora haja uma
variedade de padrões dietéticos disponíveis para avaliar a
ingestão de nutrientes, os mais utilizados são as
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Recomendações Nutricionais (RDA) e as Recomendações
de Ingestão de Nutrientes (RNI) estabelecidas para as
populações norte-americana e canadense,
respectivamente.
Na década de 1990, após muitas considerações, a Food
and Nutrition Board iniciou extensa revisão nas RDA e criou
novos valores de referência de ingestão de nutrientes
– a Ingestão Dietética de Referência (RDI).33,46, 62, 64 Há
quatro tipos de valores de referência na RDI (Quadro 11.2):
Necessidade Média Estimada (EAR); Ingestão Dietética
Recomendada (RDA); Ingestão Adequada (AI); e Limite
Superior Tolerável de Ingestão (UL).
Para avaliar a adequação ou não dos nutrientes
consumidos usualmente, tem sido
utilizado como ponto de corte a necessidade média
estimada (Estimated Average Requirement – EAR),
conforme proposto pelo Institute of Medicine (IOM) para a
população dos Estados Unidos e do Canadá. A prevalência
de inadequação de ingestão de cada nutriente é estimada
pela proporção de indivíduos com a ingestão abaixo do
valor de EAR. Mas, a EAR só pode ser utilizada se
conhecermos a distribuição do consumo usual da
população de estudo e se houver independência das
distribuições da ingestão e da necessidade do nutriente;
simetria na distribuição da necessidade do nutriente; e
variância da distribuição da necessidade menor do que a
variância da distribuição da ingestão. 3, 32 Para os
nutrientes que não possuem EAR, as médias de ingestão
são comparadas aos valores de ingestão adequada
(Adequate Intake – AI), e não é possível estimar as
prevalências de inadequação.
Cabe lembrar que a análise de um único nutriente pode ser
inadequada por não considerar as diversas interações
entre os nutrientes, sua biodisponibilidade e as
intercorrelações entre alguns deles, como ocorre na
intercorrelação entre o potássio e o
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magnésio, em que é difícil examinar seu efeito
separadamente. Além disso, o padrão dietético pode ser
uma variável que confunde na análise de um único
nutriente. Para suplantar essas limitações, os estudos têm
proposto a avaliação do comportamento alimentar,
considerando a combinação da ingestão de alimentos e de
nutrientes. 31,36 A avaliação do padrão dietético se
aproxima mais do cotidiano dos indivíduos, uma vez que o
consumo consiste de nutrientes que compõem, em
conjunto, os alimentos.
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ESTUDOS DIETÉTICOS EM ATLETAS
A avaliação dietética é fundamental para conhecer os
hábitos alimentares, o nível de conhecimento em relação à
alimentação saudável, as deficiências e os excessos de
ingestão de nutrientes de um atleta ou de um grupo de
atletas em uma ou em várias modalidades esportivas. Além
disso, com esse procedimento também podemos avaliar o
uso de suplementos alimentares e o consumo de nutrientes
em fases específicas do treinamento ou da competição,
como os hábitos dietéticos do atleta antes, durante e após
a atividade física, aspecto de fundamental importância
para um bom resultado durante as competições, bem como
para a recuperação do esportista.
Exercícios físicos intensos aumentam as necessidades
nutricionais e podem interferir na composição corporal e no
desempenho atlético. Por isso, um dos objetivos da
avaliação da ingestão de energia e nutrientes em atletas é
comparar os dados coletados com os guias recomendados
para homens e mulheres ativos. As
recomendações atuais afirmam que homens e mulheres
fisicamente ativos, que seguem uma dieta bem
balanceada, não requerem uso de nutrientes adicionais. 1
Jonnalagadda et al., 35 ao avaliar as práticas dietéticas,
atitude e estado fisiológico de 31 jovens iniciantes no
futebol, observaram que 55% faziam uso de fast food.
Desses atletas, 42% relatavam usar suplementos
dietéticos, sendo a creatina a substância mais utilizada
(36%). Além disso, grande parte dos jovens (50%)
acreditava que a suplementação proteica era necessária
para o crescimento e o desenvolvimento muscular e
considerava as proteínas a principal fonte de energia para
os músculos.
Estudos como esse têm demonstrado que atletas
apresentam pouco conhecimento na área, o que faz com
que esses indivíduos dificilmente alcancem suas
recomendações nutricionais. 17,18
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É por estudos de consumo alimentar que sabemos, por
exemplo, que atletas envolvidos em esportes de resistência
(p. ex.: jogadores de futebol, ciclistas) apresentam maior
ingestão calórica, enquanto atletas que necessitam manter
baixo peso corporal (p. ex.: ginastas, patinadores)
apresentam menor ingestão calórica. 21,26,40, 56, 71
Pela avaliação dietética também observamos deficiências
de nutrientes específicos, como verificado pela maioria dos
estudos com atletas de elite do sexo feminino, nos quais se
constatou que há uma menor ingestão de
macronutrientes6,20, 33,47 e micronutrientes, em
comparação com os guias dietéticos para atletas. 13,14,18,
40,43,56 Essas deficiências, com o passar do tempo,
podem gerar problemas conhecidos como a tríade da
mulher atleta: amenorreia, desordem alimentar e
osteoporose. 40, 56, 67
Nuviala et al. 49 observaram, por meio da avaliação de
recordatórios dietéticos de 7 dias e pesagem de alimentos,
que mulheres envolvidas em esportes como caratê,
handebol, basquetebol e corrida não alcançavam o mínimo
recomendado de nutrientes como magnésio (280 mg/dia) e
zinco (12 mg/dia). Já a ingestão de cobre (1,5 mg/dia)
superava o recomendado em jogadoras de basquetebol e
corredoras. Apesar desses nutrientes serem necessários
em pequenas quantidades na dieta e no corpo, atuam em
importantes funções na regulação e no metabolismo
corporal, incluindo a participação
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em várias reações enzimáticas envolvidas no fornecimento
de energia e no desempenho físico. 39
Há ainda fortes evidências de que atletas treinados,
especialmente do sexo feminino, bem como mulheres mais
velhas, com sobrepeso ou que estão tentando perder peso,
subestimam sua ingestão dietética de energia. 4, 34,40,60
Observa-se também que a subestimação no consumo
alimentar varia de acordo com o tabagismo, o nível
educacional, a prática de atividade física e os dias da
semana que o recordatório de 24
horas abrange. 4
Burke et al., 11 por sua vez, observaram que os melhores
resultados nas avaliações dietéticas parecem ser obtidos
em atletas confiantes sobre seus hábitos alimentares e
sobre sua imagem corporal e naqueles indivíduos que
estão altamente motivados a receber um feedback. O
treinamento desses atletas na habilidade em preencher os
instrumentos de avaliação dietética provavelmente
melhorará ainda mais a exatidão dos resultados. Os
autores relatam que o diário alimentar (com ou sem
pesagem) é o instrumento mais adotado para estudos
dietéticos entre atletas. No entanto, a avaliação
autopreenchida é inexata e podem ocorrer erros durante o
registro do consumo alimentar, entre eles:
O indivíduo pode alterar sua ingestão dietética durante o
período da
investigação e, portanto, não refletir sua ingestão usual.
O atleta anota sua ingestão dietética erroneamente para
melhorar a percepção do
que está consumindo (p. ex.: ele omite ou subestima a
ingestão de alimentos ou
refeições consideradas indesejáveis ou falsamente relata a
ingestão de
alimentos considerados desejáveis), e
O atleta quantifica ou descreve inadequadamente seu
consumo no momento do registro.
O viés dos erros de registro nos diários alimentares de
atletas geralmente acontece em direção à subestimação do
consumo usual, e a extensão dessa subestimação é ampla
e significativa. Alguns estudos relatados por Burke et al.11
evidenciaram que a média da subestimação foi de 18% em
um grupo de 266 indivíduos enquanto em outro grupo essa
média excedeu 30%. Além disso, segundo os autores, os
erros de registro não foram consistentes em termos de
extensão ou direção em um grupo, pois cerca de 80% dos
participantes subestimaram sua ingestão, 11% relataram
um consumo dentro das recomendações energéticas e 8%
superestimaram sua ingestão. 11
No Brasil, poucos são os estudos de âmbito nacional que
incluem aspectos dietéticos na análise do perfil nutricional
de atletas. Geralmente as publicações
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enfatizam pequenos grupos e não seguem padronização
quanto à metodologia de coleta e análise dos dados, como
observado na compilação realizada a partir da base de
dados do Lilacs (Tabela 11.3). Por exemplo, Gomes et al.24
avaliaram o consumo alimentar por três diários alimentares
de 24 tenistas profissionais (PRO; n=9) e amadores (AM;
n=15). Foi observado déficit energético entre a estimativa
da necessidade energética e a ingestão energética. O
consumo de carboidratos apresentou-se no limite mínimo
sugerido (AM:6,3± 0,5g/kg/d e PRO:6,5± 0,7g/kg/d); a
ingestão de proteínas mostrou-se superior às
recomendações (AM:2,4 ±0,2g/kg/d e PRO:2,3±
0,3g/kg/d). Com relação aos minerais, a principal
preocupação foi a baixa ingestão de cálcio (AM: 798
±786mg/d e PRO: 766,9 ±602,4mg/d).
No contexto descrito, evidencia-se que a avaliação
dietética de atletas permite analisar os hábitos alimentares
e as principais deficiências do grupo. Além disso, auxilia no
planejamento de estratégias de orientação nutricional que
possam evitar maiores riscos nutricionais e prejuízo no
desempenho físico desses indivíduos. No entanto, como
mencionado anteriormente, comparar dados de diversos
estudos pode gerar informações distorcidas devido a
diversidade de métodos e análises empregados.
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Segundo o posicionamento da Associação Americana de
Dietética (ADA) e da Associação Canadense de Dietética
(ACD), é papel do profissional nutricionista avaliar a
ingestão dietética dos atletas durante o treinamento, na
competição e fora da temporada. As informações obtidas
por essas ferramentas devem ser utilizadas para fornecer
recomendação apropriada de energia e nutrientes para a
manutenção de uma boa saúde e de adequada massa e
composição corporal para um ótimo desempenho atlético
durante o ano. Ao mesmo tempo, deve-se investigar a
ingestão de líquidos antes, durante e após o exercício e o
consumo de dietas vegetarianas e avaliar minuciosamente
o uso de suplementos de vitaminas/minerais, ervas,
recursos
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ergogênicos e drogas que visem melhorar o desempenho
desses atletas. 1
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo, procuramos demonstrar as vantagens e as
limitações do uso de instrumentos de avaliação dietética
como parte da avaliação do estado nutricional de atletas.
Apesar de todas as limitações das técnicas de pesquisa
dietética, estas ainda são as mais adotadas para estimar a
ingestão alimentar de indivíduos ou de grupos de
indivíduos e determinar a relação entre dieta, risco de
doença e deficiências nutricionais. Portanto, é fundamental
que, ao escolher o método de avaliação dietética para uma
dada clientela, tenha-se em mente o que se pretende
medir e, então, se definam as estratégias para amenizar os
erros que esses instrumentos possam gerar. Em particular,
os erros causados por sub ou superestimação na ingestão
durante o período pesquisado parecem ser comuns na
população de atletas, o que exige cautela na orientação
dos entrevistados e na interpretação dos resultados. Em
outros capítulos deste livro, esses instrumentos de
avaliação dietética são citados e podemos observar que a
grande dificuldade em se avaliar adequadamente o estado
nutricional de atletas decorre das limitações na
interpretação das avaliações dietética e bioquímica e da
composição corporal. Entretanto, a associação dessas três
medidas poderá nos fornecer melhor perfil nutricional
desses indivíduos.
Os resultados observados nessa discussão também
fortalecem a necessidade de maior preocupação por parte
dos profissionais que atuam com nutrição esportiva quanto
à necessidade de educação nutricional aos atletas.
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12
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Testes, medidas e avaliação da composição e forma
corporal
Manoel H. P. Coutinho
Fernando A. M. S. Pompeu
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INTRODUÇÃO
A partir do conceito de “medida da vida”, originou-se o
termo Biometria, definido como o segmento da biologia
que estuda e mede os componentes biológicos e suas
correlações. Essa área da ciência possui como princípio o
conhecimento instrumental e metodológico para a
aplicação de testes, medidas e avaliação e é fundamental
para o estudo e a compreensão de tamanhos, proporções,
formas e composição coporal.68
O acompanhamento da composição e das formas corporais
vem se tornando cada
vez mais popular e, consequentemente, vem sendo mais
empregado por profissionais de diversas áreas da saúde.
Apesar das vantagens que essas informações trazem ao
profissional que as utiliza, é comum observarmos situações
constrangedoras quando há discrepâncias, algumas vezes
inexplicáveis, entre resultados de avaliações realizadas em
locais diferentes e, algumas vezes, até no próprio local em
que as medidas foram realizadas.
Devido à importância que essas informações oferecem ao
profissional para embasar sua atuação técnica e,
principalmente, ao cliente, que deposita grande
expectativa nos resultados atingidos, é fundamental que as
medidas sejam sempre realizadas com precisão e acurácia.
Assim, para evitar problemas de imprecisão, os avaliadores
precisam ser devidamente treinados, tanto no aspecto
teórico como na conduta técnico-prática. O avaliador deve
estar atento e preparado para evitar os erros mais comuns,
tais como: imprecisão nos procedimentos para
identificação dos locais de medida, execução técnica da
medida fora dos padrões e protocolos préestabelecidos, além do cuidado com a calibragem dos
instrumentos de medida.
A avaliação é um recurso de grande importância dentro de
qualquer área, especialmente em saúde, nutrição e
atividade física. Portanto, para que possamos desenvolver
um procedimento com testes e medidas de forma mais
apropriada, é fundamental entender claramente a
finalidade de uma avaliação física. Para isso, é preciso
compreender os objetivos do cliente, do aluno ou do atleta
e, também, da instituição para a qual se está realizando o
serviço de avaliação física.
Ao longo deste capítulo, pretende-se discutir a importância
da utilização da avaliação física como suporte ao trabalho
de nutricionistas, apresentando os principais
equipamentos, descrevendo as técnicas e os métodos de
maior relevância, bem como a acurácia, a precisão, a
validade e as vantagens e desvantagens de cada um.
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CONCEITOS E DEFINIÇÕES
Dominar os termos e as definições utilizadas na área da
avaliação física é um aspecto importante para se
compreender, objetivamente, o que está sendo informado
e, por outro lado, ser compreendido por meio de
expressões adequadamente empregadas.
Teste, medida, avaliação, entre outros termos, apresentam
definições específicas relacionadas a processos distintos
que têm, como propósito final, fundamentar procedimentos
e tomadas de decisão.
Análise – Processo filosófico que inicia do simples para o
composto ou dos efeitos às causas. A análise parte da
fragmentação do todo em suas partes constituintes para o
exame de cada parte, isoladamente, com objetivo de
compreender o todo. 67
Avaliação – É a interpretação dos resultados obtidos. É o
processo de julgamento de valor referente à qualidade de
uma determinada medida. Para se chegar a uma decisão, é
necessária a comparação dos valores aferidos com
medidas anteriores ou de outros avaliados, utilizando-se de
tabelas de referência com normas e padrões préestabelecidos. São informações que envolvem alguma
subjetividade na intenção de qualificar ou de julgar algum
atributo visando uma tomada de decisão. 42, 67,68
Antropometria – Palavra de origem grega, na qual
anthropos significa, de modo geral, “homem” e metry
traduz-se por “medida”. São técnicas padronizadas para
quantificar ou predizer os tamanhos corporais, a proporção
e o formato. 58
Cineantropometria – Termo derivado da língua grega, em
que kines significa
“movimento”, anthropos significa, de modo geral,
“homem” e metry se traduz por
“medida”. É a utilização da medida no estudo dos
tamanhos, forma, proporcionalidade, composição e
maturação do corpo humano, com o objetivo de ampliar a
compreensão
do comportamento humano em relação ao crescimento,
atividade física e estado nutricional. 12, 68
Composição corporal – É a quantificação dos principais
componentes estruturais do corpo humano em
compartimentos, ou seja, é o fracionamento do corpo nas
partes que o compõem. Normalmente, o corpo é dividido
em dois compartimentos: massa de
gordura e massa corporal magra (livre de gordura)7, 75; ou
em quatro componentes: massa de gordura, massa óssea,
massa muscular e massa residual. 53
Densidade corporal (Dc) – É a massa corporal enunciada
por unidade de volume corporal (massa corporal ÷ volume
corporal). 58
Gordura essencial – São os compostos lipídicos
necessários para a formação da membrana celular, bainhas
de mielina, células de glia, hormônios esteroides, entre
outros, correspondendo a, aproximadamente, 10% da
quantidade de gordura corporal.30
Gordura de reserva – É toda a gordura que se acumula,
principalmente, no tecido
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adiposo. Essa reserva nutricional inclui tecidos gordurosos
viscerais que protegem os órgãos internos, além do grande
volume de gordura subcutânea, depositado abaixo da
superfície da pele. 58
Massa corporal – É peso corporal total resultante da soma
do peso de cada compartimento corporal: músculos, ossos,
gordura e vísceras. 53, 68
Massa gorda (MG) ou peso gordo (PG)- Compreende
toda a gordura de reserva presente no corpo,
principalmente a que se encontra no tecido subcutâneo. 58
Massa corporal magra (MCM) ou lean body mass (LBM)É a massa livre de gordura mais os lipídios essenciais (de 2
a 4%), sem os quais o organismo fica impossibilitado de
manter um funcionamento fisiológico adequado. 41
Massa livre de gordura ou peso isento de gordura
(FFB – fat free body mass) –
É a massa corporal livre de toda gordura extraível,
inclusive a gordura essencial, não contendo lipídios.5
Medida – É o resultado de um teste, uma determinação de
grandeza demonstrada por escore ou número aferido pelo
teste. São informações quantitativas.42, 67,68
Percentual de gordura corporal (%G) – É a quantidade
de gordura corporal relativa, expressa em porcentagem, da
massa corporal total. 24, 61
Teste – É um instrumento ou um procedimento de medida
utilizado para obter informações sobre um atributo
específico ou característica, ou seja, uma resposta de um
grupo ou indivíduo. Submeter alguém a uma prova. 42,
67,68
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TIPOS DE AVALIAÇÃO
Avaliação diagnóstica
É o estudo dos pontos fortes e fracos de um indivíduo ou
grupo em relação a uma
determinada característica. É o tipo de avaliação realizado
no início de um programa, pois auxilia o profissional a
compreender as necessidades iniciais do sujeito avaliado,
facilitando o planejamento das intervenções necessárias.
42,67
Avaliação formativa
São as avaliações repetidas ao longo do tempo, e a
principal característica é o acompanhamento da evolução
dos sujeitos testados. É importante que seja realizada
constantemente com o objetivo de identificar as alterações
corporais promovidas pela intervenção nutricional e/ou
treinamento físico, facilitando a aplicação das correções
necessárias. 42, 67
Avaliação somativa
É a soma de todas as avaliações realizadas ao final de cada
processo, com intuito de obter uma visão geral do indivíduo
e, assim, atribuir um conceito ou nota de acordo com o
critério estabelecido no início. 42,67
Avaliação da composição corporal
A avaliação da composição corporal é a quantificação dos
principais componentes
estruturais do corpo humano. O tamanho e a forma
corporais são determinados basicamente pela carga
genética e formam a base sobre a qual são dispostos, em
proporções variadas, os três maiores componentes
estruturais do corpo humano: proteínas, minerais e
gordura. Dependendo do modelo teórico utilizado, o
fracionamento pode ser definido, mais tradicionalmente,
em dois componentes: massa de gordura e massa livre de
gordura; em três componentes: massa de gordura, massa
muscular e massa óssea; ou em quatro componentes:
gordura, músculos, óssos e vísceras. Cada modelo teórico
possui vantagens e desvantagens, e cabe ao avaliador
conhecer cada um deles e ter a capacidade de escolher o
que mais se adapta às condições em que se encontra e às
necessidades que possui. 5,7, 53,58, 75
Métodos de fracionamento do peso corporal
No estudo da composição corporal são utilizadas técnicas
de determinação direta,
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indireta e duplamente indireta da composição corporal, que
variam conforme o nível de precisão, objetividade,
validade, praticidade e sofisticação da técnica. A seguir,
são apresentados os principais métodos utilizados no
campo e em laboratório. 5,7,12,30,53, 58, 7
Métodos diretos
Dissecação anatômica de cadáveres e dissecação química
A utilização dessas técnicas apresenta extrema dificuldade,
pois é realizada pela dissecação física e/ou química de
cadáveres. A dissecação química quantifica a mistura dos
componentes, separando-os em componentes de gordura e
isentos de gordura. A outra técnica utilizada, a dissecação
anatômica, produziu o estudo mais importante e
significativo no âmbito da cineantropometria – The Brussels
Cadaver Analysis Study –, realizado na Universidade de
Vrije, Bélgica, entre outubro de 1979 e junho de 1980, com
25 cadáveres de pessoas de 55 a 94 anos, denominado
CAS1; posteriormente, o CAS2, realizado em 1983, com
sete cadáveres de pessoas com idades de 16 a 80 anos.
Nesses estudos, os corpos foram totalmente dissecados e
separados em pele, ossos, músculos, tecido adiposo isento
de gordura, órgãos e vísceras, nos quais foram aplicados os
métodos: antropometria, radiografia, fotogrametria e
densitometria para se definir a composição anatômica dos
cadáveres estudados. 9
Métodos indiretos
Existem vários métodos indiretos para estimar a
composição corporal. Esses métodos recebem essa
denominação, pois, para estimar qualquer parâmetro, o
fazem a partir da medida de um outro. Por exemplo,
podemos citar o cálculo do percentual de gordura pela
utilização da pesagem hidrostática (densimetria), em que
se mede, primeiro, a densidade corporal total, que é a
relação entre peso corporal e o volume corporal e, em
seguida, utiliza-se a equação de Siri75 para estimar o
percentual de gordura corporal pressupondo-se, assim,
uma teórica e constante relação quantitativa entre ambas
as variáveis. Em razão das limitações para execução do
método direto, a maioria dos estudos na área da
composição corporal é desenvolvida com a utilização dos
métodos indiretos e duplamente indiretos. 58
Densimetria ou pesagem hidrostática (PH)
A densimetria realizada por meio da pesagem hidrostática,
conhecida também por
pesagem subaquática, constitui-se como um instrumento
válido e reprodutível e é o método laboratorial mais
utilizado na determinação da densidade corporal (Dc),
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constituindo-se na estimativa da relação do peso corporal
fora da água com o peso corporal imerso na água. 34 Esse
método assume a condição de que o corpo humano é
composto por dois componentes distintos: massa de
gordura (MG) e massa livre de gordura (MLG). É possível
determinar cada um desses componentes a partir da
medida da Dc. 51 O método se apoia na diferença de
densidade entre objetos, seguindo o princípio proposto por
Arquimedes de que o volume corporal, quando submerso, é
determinado pelo deslocamento da água. O último
parâmetro pode ser calculado considerando-se o peso
perdido pelo sujeito dentro da água. O volume corporal
(VC) necessita ser corrigido pelo volume de ar ainda
restante nos pulmões, após a expiração máxima do sujeito
avaliado, denominado volume residual. 21, 58
Volume corporal = peso corporal – peso perdido na
água
Apesar da evolução tecnológica e metodológica que vem
ocorrendo com os outros
métodos conhecidos, a densimetria ainda é aceita como o
método padrão ouro ( gold standart) por vários
pesquisadores, servindo como referência para validar os
métodos duplamente indiretos. 3, 52,55 Mesmo com as
potenciais fontes de erro, a pesagem hidrostática tem se
mostrado bastante confiável, apresentando um coeficiente
de correlação de Pearson maior do que 0,95 em medidas
realizadas em intervalos de 30
minutos a 48 horas. Maud e Foster55observaram um erro
padrão da medida (EPM) menor do que 0,002 g/cc.
Embora seja considerado o padrão ideal, esse método não
está livre de problemas. O erro padrão da estimativa (EPE),
quando realizado em laboratório, varia em uma amplitude
de ± 0,8 e ± 1,2% das estimativas, o que é relativamente
pouco.
Quando realizado fora de um laboratório, o EPE sobe para
± 3,9%. 80
Procedimento: um tanque deve ser preparado com a água
em uma temperatura confortável, próxima à do corpo
humano, entre 32 e 35oC. A temperatura da água pode
variar de 23 a 37oC, e deve-se aplicar uma tabela com
fatores de correção para a densidade da água. 66 O
indivíduo a ser testado deve utilizar o menor traje de banho
possível, bem colado à pele. O sujeito deve se sentar em
uma cadeira especial, presa por uma balança suspensa ou
a uma célula de carga, que é submersa no tanque de água.
O indivíduo deve soltar todo o ar possível, mantendo essa
condição por 5 a 8 segundos, enquanto se realiza a
medição do peso corporal submerso. Esse procedimento
deve ser repetido de oito a doze vezes para se obter um
escore confiável. 21 O volume corporal deve ser corrigido
pelo volume de ar residual dos pulmões após expiração
máxima, pela utilização de um sistema de medida do
volume residual dos pulmões por lavagem
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de nitrogênio ( washout) ou por diluição de hélio,
indispensáveis para que o método seja considerado padrão
de referência. 80
Após estimar a densidade corporal, é necessário aplicar o
resultado em equações
específicas para se estimar o percentual de gordura.
Brozek7 e Siri75 desenvolveram as equações mais
utilizadas para essa função, sendo a equação descrita
abaixo, desse último autor, a mais utilizada.
%G = (4,95/Dc – 4,50)
Há, na literatura, vários estudos que comparam os
resultados obtidos pela pesagem hidrostática a outros
métodos de medida da composição corporal, mas,
infelizmente, os resultados têm se mostrado muito
divergentes, não permitindo uma conclusão mais objetiva
para essa questão. 19
Limitações: apesar de ser um método de referência, sua
aplicação prática é difícil e de alto custo. Não é um
procedimento confortável para alguns públicos, como
crianças, portadores de obesidade mórbida e de doenças
respiratórias, que tenham medo de ficar submersas ou
confinadas em espaços pequenos.
Para se determinar a densidade corporal, esse método
assume que o corpo submerso é composto por proporções
variadas de gordura, tecido magro e ar. Embora a
densidade do tecido magro sofra variação entre sujeitos
devido, principalmente, à densidade óssea, os cálculos
para a pesagem hidrostática assumem a densidade média
para os tecidos magros em 1,10 g/mL, e a densidade da
gordura é predita em 0,9 g/mL, o que pode ser uma fonte
de erro. 82
Absorciometria com raios X de dupla energia (DEXA)
É uma técnica radiológica não invasiva de alta tecnologia
que vem sendo muito utilizada. Trata-se de um
procedimento seguro, rápido e de fácil utilização, tanto
pelo indivíduo avaliado como para o operador do
equipamento. 21
Diferentemente da pesagem hidrostática, o DEXA não é
limitado pelo modelo de
densidade constante de dois compartimentos, visto que a
densidade dos tecidos é medida diretamente. O escaner
pode medir, simultaneamente, a quantidade de massa de
gordura e de massa corporal magra regional não óssea e o
conteúdo mineral das estruturas ósseas do corpo
humano25, sendo esta a função primordial do
equipamento. É
um instrumento clínico de alta precisão aceito para avaliar
a perda de massa óssea e os distúrbios ósseos
relacionados. O DEXA se correlaciona muito bem com a
pesagem hidrostática e com os modelos de multicompartimentos, sendo um método preciso para
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medir a composição corporal. 10,69
O princípio básico de funcionamento do DEXA se dá pela
emissão de dois feixes
distintos de raios X de baixa energia (curta e baixa
exposição à radiação) que penetram no tecido ósseo e nas
áreas dos tecidos moles a uma profundidade aproximada
de 30
cm, medem a densidade dos tecidos diretamente e, assim,
os diferenciam. É
considerado um método de três compartimentos, pois
possui a capacidade de medir tanto o componente ósseo
como os componentes do tecido de gordura e magro. 1
Apesar da eficiência do método e da baixa exposição à
radiação do DEXA, não é recomendado a frequente
repetição do exame. 1
O percentual de gordura corporal estimado por meio do
DEXA, referente a uma ampla faixa etária de homens e
mulheres, costuma apresentar boa correlação com os
resultados obtidos pela densimetria (r = 0,90). 56 Haarbo
et al. 26 observaram um EPE
menor do que 3% para gordura corporal, 1,1 kg para tecido
muscular e 30 g para tecido ósseo, o que demonstra boa
reprodutibilidade. Além disso, ao avaliar as diferenças
entre várias marcas e modelos desse equipamento,
Mattsson e Thomas54 sugeriram a boa precisão do DEXA,
visto que identificaram um coeficiente de variação de 1%
para a densidade mineral óssea, e de 2 a 3% na gordura
corporal total.
O DEXA vem sendo aceito por muitos pesquisadores como
referência na pesquisa
da composição corporal em substituição a pesagem
hidrostática. 19 Entretanto, embora algumas equações
tenham sido desenvolvidas e validadas com base no DEXA
como padrão de referência, mais pesquisas são necessárias
para estabelecer esse método como gold standart. 45
Procedimento: o método requer mínimo esforço e
habilidade do avaliado. Antes de iniciar o procedimento,
verifica-se a estatura e o peso corporal do indivíduo
descalço e minimamente vestido. O avaliado deita-se em
decúbito dorsal em uma mesa, de modo que as sondas,
fonte e detectora, atravessem o corpo em baixa velocidade
de 1
cm/seg. O tempo do exame pode variar de 10 a 20
minutos, dependendo do tamanho do diâmetro abdominal
sagital. O sistema reconstrói os feixes atenuados de raios
X, de modo a produzir uma imagem dos tecidos
subjacentes, quantificando o conteúdo mineral ósseo, a
massa total de gordura e o peso magro. 15
Limitações: além do alto custo do equipamento e de sua
manutenção, há o problema da exposição à radiação, que,
mesmo considerada baixa, entre 1 a 10% da emissão em
uma radiografia de tórax, 45 acaba por contraindicar a
realização de reavaliações periódicas.
Outro problema relacionado ao DEXA é a dificuldade em se
estabelecer a validade do método, pois há três fabricantes
que desenvolvem seus próprios aparelhos
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e os respectivos softwares, de modo que os resultados da
composição corporal variam de equipamento para
equipamento. 19, 34 Diferentes marcas e modelos do
mesmo fabricante desses escaners apresentaram variações
superiores a 10% na medida da gordura corporal, e 6% na
medida da massa magra com variações de 3 a 6% na
medida do tecido ósseo. Assim, é recomendado que
reavaliações sejam realizadas sempre no mesmo
equipamento e que comparações de resultados entre
escaners diferentes sejam avaliadas com cautela. 54
Deve-se considerar também que o DEXA não é capaz de
medir o componente de
água corporal, o que prejudica a sua aplicação em
situações nas quais há alterações dessa variável. 34,55
Além disso, alguns estudos indicam que o DEXA pode não
ser confiável em populações extremas, incluindo os
indivíduos obesos. 45
Plestimografia (Bod Pod®)
A plestimografia, técnica relatada pela primeira vez no final
do século XIX, é um método relativamente novo para se
estimar o volume corporal e surge como uma opção muito
promissora e interessante, com o nome comercial de Bod
Pod® ( Life Measurement Instruments). Apesar de
apresentar um conceito próximo ao da pesagem
hidrostática (PH), o modo de operação desse método é
bem mais simplificado, exigindo pouca cooperação do
sujeito testado.34,55
A estimativa da densidade corporal é realizada a partir da
medida do
deslocamento de ar, em vez do deslocamento de água,
dentro de uma câmara especial de fibra de vidro dividida
em duas: uma frontal, na qual o sujeito que está sendo
testado permanece sentado, e uma outra, menor, de
referência. O volume corporal é definido a partir da medida
do deslocamento de ar e das relações de pressão e volume
entre as câmaras. O equipamento informa o volume
corporal verificado pela diferença entre o volume inicial da
câmara vazia e o volume com presença do sujeito testado
em seu interior. A partir do resultado do volume corporal,
um software acoplado ao sistema processa e informa a
densidade corporal. 55, 83 Para estimar o percentual de
gordura a partir da densidade corporal, o software utiliza a
equação de Siri75, mas, dependendo do avaliado, é
possível ajustar para utilização de uma equação específica
a uma determinada população.32
A correlação obtida entre esse método e a pesagem
hidrostática foi considerada excelente (r = 0,96) em
homens e mulheres de várias idades, com diferentes níveis
de percentual de gordura e origem étnica. 59 Heyward33
demonstrou bons resultados para o EPE, inferiores a 0,008
g/cm3 em adultos. Além disso, Fields et al. 18 sugerem alta
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reprodutibilidade para os valores medidos (r > 0,90) no
mesmo dia e em dias diferentes.
Procedimento: antes de entrar na câmara, o indivíduo deve
ser pesado já utilizando uma roupa adequada para o
procedimento, que deve ser mínima, bem justa ao corpo,
além de um touca de natação. Recomenda-se esvaziar
completamente o intestino e a bexiga antes do teste.
Dentro da câmara, o indivíduo deve realizar várias
incursões respiratórias visando definir o volume gasoso
pulmonar. A aplicação do teste é rápida e confortável para
o indivíduo testado, variando entre 3 a 5 minutos. 21
Limitações: é um método que necessita de um
equipamento de alto custo, além de
apresentar o mesmo problema metodológico das
suposições assumidas de densidade corporal dos tecidos,
como ocorre na pesagem hidrostática, ao se estimar o
percentual de gordura a partir da densidade corporal.82
Tomografia computadorizada (TC)
É um exame de diagnóstico por imagem no qual o
equipamento produz imagens radiográficas bidimensionais
em corte transversal detalhadas de diferentes segmentos
corporais. Uma sucessão de feixes de raios X passa através
dos tecidos com diferentes densidades. A técnica da TC
produz informações quantitativas relativas à área tecidual
total e à área total de gordura e músculos, além da
espessura e volume de um órgão.
Esse exame possui uma alta taxa de correlação (r = 0,82)
entre a circunferência da cintura e a área profunda do
tecido adiposo visceral. 21
Limitações: como fatores limitantes à utilização do
equipamento, Lukaski51 cita a exposição à radiação,
principalmente em crianças e gestantes, o alto custo e a
dificuldade de acesso a um tomógrafo para exames de
composição corporal.
Métodos duplamente indiretos
Recebem esse nome porque resultam de equações ou
nomogramas a partir de algum dos métodos indiretos. A
antropometria constitui um bom exemplo, pois, a partir das
medidas de alguns parâmetros e da densidade corporal de
uma determinada população, se calcula uma equação de
regressão. Essa equação, teoricamente, permitirá estimar a
porcentagem de massa de gordura de outros grupos de
população, a partir de medidas das dobras cutâneas.
Análise de impedância bioelétrica – Bioimpedância (BIA)
É um método rápido, seguro, não invasivo, de relativo
baixo custo e de fácil utilização, tanto no laboratório como
no campo. O método consiste na passagem de uma
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corrente elétrica alternada de baixa intensidade que flui
através da parte superior ou inferior do corpo ou mesmo
em todo o corpo. Essa corrente elétrica possui a
capacidade de se propagar mais rapidamente na presença
de água extracelular e tecidos isentos de gordura. Isso
ocorre devido ao maior conteúdo eletrolítico (baixa
resistência elétrica) presente nesses tecidos, ao contrário
dos tecidos de gordura e ósseo, que apresentam baixa
condutividade elétrica devido ao pequeno conteúdo de
água que apresentam. A condutibilidade dos tecidos
biológicos é praticamente iônica, ou seja, as cargas
elétricas são transferidas pela ionização dos sais, bases e
ácidos dissolvidos no fluido corporal. Portanto, a
condutibilidade biológica é diretamente proporcional à
quantidade do volume de fluido corporal. 43
Com base nesse conceito, o equipamento realiza a medida
da impedância (Z), que
é a oposição ao fluxo da corrente elétrica pelo corpo. A
resistência (R) ao fluxo da corrente é maior em indivíduos
obesos, pois o tecido de gordura apresenta baixa
quantidade relativa de água, o que dificulta a condução
elétrica. 82 Considerando os dados da impedância medida
e da estatura, o equipamento estima o total de água
corporal (TBW) por uma equação específica. A partir dessa
informação, a massa livre de gordura é calculada,
assumindo que 73% dessa massa corresponde a água. A
seguir, a massa de gordura é estimada pela subtração do
valor da MLG da massa corporal total. 45
O método tradicional da BIA mede a impedância corporal
por meio da utilização
de uma configuração tetrapolar dos eletrodos, dispostos no
punho e no tornozelo.
Posteriormente, apareceram modelos mais simples e
econômicos, que utilizam somente duas placas de contato
para realizar a medida da impedância nas regiões supeior
ou inferior do corpo, para se estimar o percentual de
gordura.34
Duas empresas se destacam na fabricação desses
equipamentos. A marca Tanita® é
conhecida por utilizar o contato dos pés com uma
plataforma, pela qual se mede a impedância (Z) da região
inferior do corpo entre as pernas, emitindo uma corrente
elétrica de baixa intensidade de 500 mA a uma frequência
de 50 kHz. 39 O procedimento é bastante simples: basta o
sujeito permanecer em pé, com os pés descalços, sobre a
plataforma de contato e aguardar o avaliador iniciar o
teste, que dura poucos segundos.
O EPE produzido pelo equipamento é considerado
razoavelmente bom quando se compara com a massa livre
de gordura média obtida por pesagem hidrostática em
amostras heterogêneas de adultos (EPE = 3,5 a 3,7kg). 34
Segundo Utter et al., 41 as estimativas realizadas pelo
equipamento da Tanita® apresentaram boa correlação com
a pesagem hidrostática (r = 0,78).
A marca Omron® utiliza o contato das mãos com o
equipamento de BIA para emitir
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uma corrente elétrica de baixa intensidade de 500 mA e
frequência de 50 kHz, que atravessa os membros
superiores e o tronco. O procedimento é igualmente
simples: basta o sujeito testado segurar o equipamento
com ambas as mãos pelas placas de contato e elevar os
braços à frente do corpo, em um ângulo próximo a 90o, e
aguardar alguns segundos para os dados serem
processados pelo software do equipamento. No estudo de
Loy et al., 50 o equipamento apresentou um EPE de 3,9 kg
para homens e de 2,9 kg para mulheres.
A validade e a precisão do método de bioimpedância são
influenciados por vários
fatores, como tipo de instrumento, colocação dos eletrodos,
nível de hidratação, alimentação e prática de exercícios
antes do teste, ciclo menstrual, temperatura ambiente e a
equação de predição selecionada. 31 Além disso, os erros
de estimação dos equipamentos Tanita® e Omrom®
tendem a ser maiores nos extremos inferior e superior da
distribuição do percentual de gordura corporal.33
Procedimento: a acurácia e a precisão dos resultados
dependem da aplicação correta dos procedimentos de
preparação para o teste (Quadro 12.1). O sujeito testado
deve permanecer deitado em uma superfície plana e não
condutora. Nessa condição, o avaliador deve realizar a
assepsia nos locais de fixação dos eletródios com algodão e
água. Os eletródios injetores (fonte) são fixados nas
superfícies dorsais do pé e próximos ao punho, e os
eletródios detectores são fixados entre o rádio e a ulna
(processo estiloide) e próximos ao tornozelo, entre os
maléolos medial e lateral. Uma corrente elétrica de 500 a
800 mA com frequência de 50 kHz é acionada. O
equipamento de BIA mede a impedância (resistência) ao
fluxo da corrente entre os eletródios fixados nas mãos e
nos pés. Após um rápido processamento, a densidade
corporal é informada levando-se em consideração dados
coletados anteriormente, como: peso corporal, estatura,
sexo, idade e a raça, dependendo da equação utilizada.
Em seguida, o equipamento aplica o resultado da
densidade corporal encontrada na equação de Siri, 75
visando estimar o percentual de gordura corporal.
Limitações: a qualidade dos resultados depende muito do
controle das variáveis intervenientes que afetam as
medidas realizadas pelo método BIA. O principal fator
interveniente nos resultados é o estado de hidratação do
indivíduo testado. Condições de hiper ou hipo-hidratação
afetam a acurácia e a precisão dos resultados, interferindo,
consequentemente, no resultado do percentual de gordura
informado. A hiper-hidratação ou a hipo-hidratação alteram
as concentrações eletrolíticas normais do corpo, afetando o
fluxo da corrente de impedância bioelétrica. A alteração da
temperatura da pele também afeta a BIA. Nessa situação, a
gordura corporal prevista é muito mais baixa em ambientes
quentes, pois a pele úmida produz menos impedância ao
fluxo elétrico do que a pele seca. O modelo de
equipamento também é um dos fatores limitantes do
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método, pois existem vários fabricantes e modelos que
operam com diversos softwares, o que dificulta o
conhecimento sobre as equações utilizadas. Nesse caso, é
importante solicitar ao fabricante que informe o software
que o equipamento utiliza. Mesmo em condições bem
controladas, o método BIA apresenta graus de exatidão e
precisão inferiores se comparado à pesagem hidrostática.
O método BIA tende a realizar uma estimativa excessiva da
gordura corporal em indivíduos magros e atletas, e mais
baixa em indivíduos obesos.
Antropometria
A antropometria é o estudo das medidas do homem, e é
empregada pela
antropologia física com aplicações nas áreas de saúde
pública, nutrição e desempenho físico. Os meios utilizados
pelo método antropométrico são as medidas de peso,
altura, diâmetro e comprimento ósseos, circunferências,
dobras cutâneas e alguns índices derivados dessas
medidas. 12, 67
A partir das equações peditivas, uma ou várias medidas
antropométricas são utilizadas para se estimar o
percentual de gordura corporal. Seu uso é muito
frequentemente e popular devido às seguintes vantagens:
Simplicidade dos instrumentos (compassos, trenas e
paquímetros).
Inocuidade do método.
Pouco ou nenhum sacrifício por parte do sujeito avaliado.
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Relativa facilidade de seus procedimentos.
Condições de estudos de campo e levantamento de um
grande número de
sujeitos.
Certa facilidade no treinamento de pessoal.
Baixo custo operacional. 25, 47
O local do procedimento deve ser amplo e com regulação
de temperatura para torná-lo confortável. A pessoa
avaliada deve estar descalça, trajando a menor roupa
possível. Os aparelhos devem sempre estar calibrados.
Todas as medidas devem ser tomadas no lado direito,
mesmo que este não seja o lado dominante do sujeito
avaliado.
Antes de iniciar a tomada das medidas, marcam-se os
pontos anatômicos com lápis dermográfico.47, 66
Massa corporal
A medida da massa corporal é a mais simples de ser
realizada. Antes de iniciar, é importante verificar se o
equipamento está localizado em uma superfície plana e
ajustado ao solo e verificar se o instrumento está tarado. O
indivíduo deve ser orientado a vestir a menor quantidade
de roupa possível. Devido a oscilação que pode ocorrer
com a massa corporal ao longo do dia, sugere-se realizar
essa medida nas primeiras horas da manhã ou sempre no
mesmo horário. Após esses procedimentos preliminatres, o
avaliado deve subir e permanecer imóvel no centro da
plataforma até que o avaliador consiga registar o peso
corporal. A medida deve ser registrada em precisão de 100
gramas, 47,68 utilizando-se uma balança clínica
(preferencialmente).
Estatura
A medida da estatura pode ser realizada com o indivíduo
em pé ou deitado, em posição ortostática, com os pés
descalsos. Apesar da medida em pé ser a mais utilizada, a
medida deitada reproduz os resultados de forma mais
exata. A medida corresponde à distância entre o vértex
(ponto anatômico mais alto do crânio) e a região plantar
dos pés. O indivíduo avaliado deve estar com a cabeça
posicionada de modo que a visão esteja direcionada ao
horizonte, obedecendo ao plano de Frankfurt. Devido ao
achatamento dos discos intervertebrais, que ocorrem ao
longo do dia, sugere-se realizar essa medição nas primeiras
horas da manhã ou sempre no mesmo horário, a fim de
evitar diferenças nas comparações entre as medidas ou,
ainda, uma inspiração forçada do avaliado no momento da
medida. A medida deve ser registrada com precisão de 1
mm47, 68 com auxílio de uma trena antropométrica ou
estadiômetro.
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Perímetros
Os perímetros são medidas lineares realizadas
circunferencialmente com o auxílio de uma trena
antropométrica ou de uma fita métrica apropriada, flexível
e inelástica, com largura de 7 mm e escalas de resolução
em milímetros, preferencialmente em ambos os lados. O
plano da trena deve estar adjacente à pele, e suas bordas
perpendiculares ao eixo do segmento que se pretende
medir. Os pontos anatômicos de referência utilizados nas
medidas dos perímetros podem variar de acordo com o
protocolo escolhido. 64
As medidas das circunferências corporais podem
representar valores que
correspondem ao crescimento muscular e, ainda, informar
sobre o estado nutricional e a estimativa da gordura
corporal dos sujeitos. A utilização dessa técnica se torna
bem interessante por ser de fácil aplicação, rápida e de
baixo custo. Os resultados obtidos podem ser utilizados de
forma isolada, apenas com o intuito de verificar e
acompanhar a evolução do tamanho dos segmentos
corporais, como também para estimar a densidade ou
composição corporal pela aplicação de equações
específicas. Outra vantagem importante das medidas dos
perímetros é o estabelecimento de alguns índices
antropométricos muito úteis em estudos de levantamento
epidemiológicos, em situações clínicas e como indicadores
de risco associados à saúde. Entre os índices mais
conhecidos, podemos destacar o Índice de Massa Corporal
(IMC), o Índice de Relação Cintura/Quadril (IRCQ) e o
Perímetro de Cintura (PC). 47, 64,66,68
Segundo Weltman, 70 as equações antropométricas que
utilizam somente circunferências estimam a gordura
corporal em obesos com maior acurácia do que equações
de predição por dobras cutâneas. Lohman48 sugere que as
medidas circunferenciais e de diâmetro ósseo apresentam
menores índices de erro quando comparadas às medidas
realizadas somente por dobras cutâneas.
Para o procedimento, o sujeito avaliado deve estar vestido,
preferencialmente, com roupa de banho bem aderida ao
corpo, sendo que as mulheres devem utilizar a vestimenta
em duas peças. É aconselhável identificar e marcar os
pontos de referência anatômica utilizando lápis ou caneta
dermográfica. As medidas devem ser realizadas,
preferencialmente, com ajuda de um espelho, recurso que
facilita o controle e o correto posicionamento da trena
durante a mensuração. A trena antropométrica deve ser
tomada na mão direita e a extremidade livre na mão
esquerda. A fita métrica deve ser mantida sempre
formando um ângulo reto com o eixo do segmento que se
está medindo. É
importante não esquecer o dedo entre a pele e a fita
métrica no momento da leitura e a trena deve transpassar
o local onde se vai realizar a medida, sem que os braços do
avaliador se cruzem. A pressão sobre a trena deve ser
exercida de forma moderada, evitando comprimir a pele
em demasia, o que reduz o tamanho da medida, ou
deixando
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que a fita permaneça frouxa, o que aumenta o tamanho da
medida.
A leitura das medidas devem ser realizadas olhando
frontalmente para a escala, com aproximação em
milímetros. A medida deve ser realizada, pelo menos, duas
vezes em cada local e caso as medidas apresentem
resultados diferentes, o procedimento deve ser repetido
mais vezes para que a média aritmética dos valores
encontrados seja estabelecida. 47, 64, 67,68
Obervação: as medidas são realizadas com os segmentos
em condição de
relaxamento, porém, opcionalmente, as medidas podem
ser realizadas com os segmentos em condição de
contração isométrica. Essa opção deve ser anotada na
ficha de coleta de dados.
Na Tabela 12.2 está a descrição dos procedimentos para
medição dos perímetros.
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ÍNDICES ANTROPOMÉTRICOS
As medidas antropométricas servem como referência para
obtenção dos índices antropométricos. Esses índices são
indicadores que podem ser aplicados,
principalmente, em levantamentos epidemiológicos e em
situações clínicas. A obtenção desses índices se caracteriza
pela rapidez e pela facilidade da execução técnica dos
procedimentos, além do baixo custo dos instrumentos. Os
índices antropométricos permitem o levantamento do
padrão de distribuição regional de gordura e do grau de
obesidade, auxiliando na realização de um prognóstico de
risco de saúde em uma determinada população.
Vários estudos sobre diagnóstico de obesidade e da
determinação do tipo de distribuição de gordura utilizam,
de forma simultânea ou não, o IMC, o IRCQ e o PC. 21, 34
Índice de massa corporal (IMC)
Constitui-se um dos instrumentos mais utilizados em
estudos populacionais, para a identificação do quantitativo
de obesidade e para a estratificação de risco para doenças
ligadas a obesidade, em função da sua praticidade e baixo
custo operacional; apresenta, ainda, boa correlação com a
adiposidade corporal em adultos. 3 O IMC, porém, é
limitado como um indicador de obesidade, pois não leva
em consideração a composição da massa corporal,
afetando, principalmente, praticantes de atividade física e
atletas.33 Em crianças, adolescentes e idosos, a aplicação
desse procedimento é mais propensa a erros, pois a
relação entre IMC e percentual de gordura é afetada pela
idade, gênero e etnia. 14 Esse índice é calculado dividindose o peso corporal (kg) pela estatura ao quadrado (m2). O
índice obtido deve ser classificado com o auxílio da Tabela
12.1.
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Índice de relação cintura/quadril (IRCQ)
O IRCQ é um índice simples e bem prático que associa a
distribuição de gordura
na região superior à região inferior do corpo. O IRCQ parece
ser um índice de risco aceitável de acúmulo de gordura
intra-abdominal84 e um melhor indicador de adiposidade e
de riscos à saúde do que a circunferência da cintura,
medida isoladamente.35
Para calcular a razão da cintura/quadril, divide-se a
circunferência da cintura (cm) pela circunferência do
quadril (cm). A medida deve ser realizada com fita métrica
apropriada, levando em consideração o correto
posicionamento nos pontos de reparo antropométricos
determinados. Depois de identificado o índice do IRCQ, o
resultado deve ser obtido com o auxílio da Tabela 12.3 de
classificação específica, de acordo com o gênero e a faixa
etária.
Limitações: O IRCQ não é válido para ser utilizado na
distribuição de gordura em crianças pré-púberes. A
acurácia do IRCQ na avaliação da gordura visceral diminui
com o aumento da gordura. A circunferência do quadril é
afetada apenas pelo acúmulo da gordura subcutânea; já a
gordura acumulada na cintura é afetada por depósitos de
gordura visceral e subcutânea.
Perímetro de cintura (PC)
O PC, de forma isolada, vem sendo destacado por alguns
autores por se apresentar como um melhor preditor do
excesso da gordura visceral do que o IRCQ, estimando
melhor o grau de risco de doença cardiometabólica
associado à obesidade. 60
A medida deve ser realizada com fita antropométrica,
levando em consideração o
correto posicionamento da fita na região da cintura,
conforme descrito na Tabela 12.2.
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Depois de identificada a medida do perímetro de cintura, o
resultado deve ser aplicado na tabela de classificação,
específica ao gênero, para a verificação do nível de risco
associado.
Uma tabela contendo os parâmetros para classificação do
risco para doenças crônicas não degenerativas, com base
na circunferência da cintura, pode ser encontrada no
Capítulo 15 que aborda as recomendações nutricionais
para perda de peso em praticantes de atividade fisica.
A literatura apresenta algumas equações para estimativa
do percentual de gordura corporal (G%), com base nos
valores de IMC, perímetro de cintura e idade. Algumas
delas estão na Tabela 12.4.
Dobras cutâneas
A técnica das dobras cutâneas é um dos mais práticos
métodos para avaliação da
composição corporal em população adulta entre 20 e 50
anos de idade. Como 50 a 70%
da gordura corporal humana está localizada no tecido
subcutâneo, as dobras cutâneas têm sido utilizadas como
referência para estimar a gordura corporal.48
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Os métodos laboratoriais são considerados os mais
precisos indicadores da densidade corporal e,
consequentemente, da composição corporal. Mas, devido à
complexidade dos procedimentos e ao alto custo envolvido,
o método de dobras cutâneas se tornou, efetivamente, o
procedimento mais utilizado para medir o tecido adiposo
subcutâneo e, assim, estimar a densidade corporal e a
composição corporal. A facilidade e a rapidez de execução
dos procedimentos, somados ao relativo baixo custo e a
boa correlação com os métodos indiretos, tornaram o
método bastante utilizado. 24, 34,48
A técnica de medir o tecido subcutâneo é realizada por
meio de compassos especiais, cuja principal característica
é a aplicação de uma pressão constante em todos os
ângulos de abertura das hastes. Apesar dessas vantagens,
o método está sujeito a várias fontes de erro, que podem
ser minimizadas se forem devidamente controladas pelo
avaliador. Para isso, basta que ele siga os procedimentos
padronizados para o teste e pratique a técnica com
bastante frequência, procurando atingir um nível ótimo de
execução com precisão e acurácia. 15, 34,48, 66
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Procedimentos:
As medidas devem ser sempre realizadas no lado direito do
avaliado.
Identificar e marcar com exatidão os pontos anatômicos
com lápis
dermográfico.
Compasso de dobras cutâneas tomado na mão direita.
A dobra deve ser pinçada, firmemente, cerca de 1,0 cm
acima do ponto de medida.
A dobra deve ser pinçada e levantada com o polegar e o
indicador da mão esquerda, separados cerca de 8 cm entre
si, em uma linha perpendicular ao eixo
longitudinal da dobra. Em sujeitos com dobras muito
grandes, é necessário separar os dedos em mais de 8 cm,
podendo até obter ajuda para realizar o pinçamento da
dobra.
Após pinçar a dobra com os dedos, estes devem
permanecer firmemente
pressionados enquanto se realiza o procedimento de
medida.
As extremidades do compasso devem estar ajustadas,
perpendicularmente à
dobra, a uma distância de cerca de 1,0 cm abaixo do ponto
pinçado.
Deve-se soltar as hastes do compasso lentamente.
Após soltar totalmente a pressão do compasso, a leitura da
medida deve ser realizada entre 2 e 3 segundos.
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O intervalo entre as medidas deve ser de, pelo menos, 10
segundos.
Em reavaliações futuras, aconselha-se repetir os mesmos
horários e condições
de temperatura referente à última medida realizada.
Visando minimizar os erros de medida, recomenda-se
realizar uma série de três
medidas no mesmo local, tomadas de forma rotacional
entre as dobras
escolhidas.
Na eventualidade de ocorrer discrepâncias superiores a 5%
entre as medidas da
mesma dobra, é aconselhável realizar uma nova série de
medidas.
Para efeito de cálculo das medidas realizadas, é
aconselhável considerar o resultado apresentado com valor
intermediário de cada um dos pontos.
Outros cuidados:
- Não realizar avaliações após realização de exercícios.
- As medidas sempre devem ser realizadas sobre a pele
nua, ou seja, nunca sobre qualquer peça de roupa.
- A pele deve estar completamente seca.
- Para efeito de treinamento do avaliador, é aconselhável
comparar as medidas
realizadas com as de outros avaliadores experientes. 24,
34,47,55, 64, 66, 7
Principais erros nas medidas
A qualidade técnica de uma medida é a principal fonte de
erros no procedimento
de medida de dobras cutâneas, por isso um avaliador deve
estar bem treinado e conhecedor todos os procedimentos
recomendados. A capacidade de um avaliador em
reproduzir as mediadas de um mesmo modo é o que
chamamos de confiabilidade ou fidedignidade, que
representa a segurança e a consistência de uma medida. É
o grau em que se espera que os resultados sejam
reproduzidos da mesma maneira quando examinados pelo
mesmo observador, em diferentes horários ou em dias
próximos.
À comparação das medidas realizadas por dois ou mais
avaliadores diferentes damos o nome de objetividade, que
é o grau de uniformidade e consistência das medidas
realizadas. Refere-se ao erro entre testadores, ou seja, ao
grau da influência pessoal do avaliador nos resultados.
52,67
A Tabela 12.5 apresenta os índices aceitáveis de variação
intra-avaliador associados às medidas de espessura das
dobras cutâneas realizadas em indivíduos adultos.
Compassos de dobra cutânea
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Conhecidos também por plicômetros e adipômetros, esses
equipamentos estão disponíveis no mercado apresentando
grande variedade de fabricantes, modelos e preços,
nacionais ou importados, confeccionados em plástico ou
metal. A tensão exercida pela mola desses compassos não
devem variar mais do que 2 g/mm2 ao longo de sua
amplitude ou exceder 15 g/mm. 16,67
Os compassos de alta qualidade exercem uma pressão
constante de ≈ 7 a 8 g/mm2
em toda amplitude. Considera-se fundamental que a
pressão exercida pelos compassos seja controlada, pois,
qualquer variação devido ao tempo de uso, causará uma
imprecisão na comparação longitudinal das medidas.
Recomenda-se eleger somente um tipo de compasso para
utilização em um determinado local, pois diferentes tipos
de compasso podem sofrer variações significativas entre
medidas da mesma dobra cutânea e, consequentemente,
alterar significativamente a estimativa da gordura corporal.
11
A precisão da escala é um fator importante para que a
medida tenha precisão e acurácia. Para escolher um
compasso, vários fatores devem ser considerados, como
custo, qualidade, precisão e acurácia do equipamento.
Outro aspecto que pode ser levado em consideração é se o
compasso foi utilizado no desenvolvimento de uma
determinada equação que se pretende utilizar. 34
Localização das dobras cutâneas
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É possível encontrar na literatura a descrição de diversos
pontos de referência de dobras cutâneas, no entanto,
faremos a citação das dobras mais importantes, de acordo
com a descrição de Pollock e Wilmore66 e Guedes24 (que
serão utilizadas nas equações propostas neste Capítulo)
(Tabela 12.6).
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Equações preditivas de densidade e gordura corporal em
adultos e idosos Desde 1951, quando Brozek e Keys7
publicaram as primeiras equações de regressão para
predição da densidade corporal, a partir da utilização das
técnicas antropométricas, mais de 100 equações já foram
publicadas na literatura. 38
As equações para estimativa de dobras cutâneas são
desenvolvidas em modelos de
regressão linear e classificadas em específicas e
generalizadas. As equações específicas para população são
desenvolvidas a partir de amostras homogêneas e, por
isso, são capazes de estimar mais precisamente a média
de uma determinada população específica, mas, conforme
os sujeitos se afastam da média, o erro padrão da medida
aumenta significativamente. As equações generalizadas
são desenvolvidas com base em amostras populacionais
heterogêneas com diferenças significativas de idade e
composição corporal, aumentando sua capacidade
preditiva para um espectro mais amplo de uma população,
substituindo várias equações por uma única, sem perda de
acurácia. 66
De modo geral, as equações apresentam uma maior
validade e um menor erro para
estimativas da densidade e gordura corporal, quando
aplicadas em indivíduos que apresentam características
semelhantes aos sujeitos que serviram de referência para o
desenvolvimento daquela equação. Portanto, é importante
que a seleção de uma equação preditiva seja realizada
levando-se em conta às características dos indivíduos que
serão avaliados.
As equações generalizadas apresentam uma razoável
acurácia na estimativa da gordura corporal total e relativa,
com correlações que variam de 0,90 a 0,96. 85 A validade
de uma equação está diretamente relacionada ao grau de
precisão com que é capaz de estimar a Dc ou o percentual
de gordura (%G) de uma determinada amostra
populacional, e a validação cruzada é o modo como se
definem os limites da generalização de uma equação.
Portanto, para que uma equação que foi desenvolvida para
uma determinada população possa ser utilizada em
população diferente, é importante que essa equação seja
validada,64 de modo que não é possível indicar a melhor
equação, mas é possível mostrar as características das
mais utilizadas e as que apresentam os melhores níveis de
correlação (r).
A Tabela 12.7 apresenta as principais equações para
predição da densidade corporal e percentual de gordura.
Com objetivo de facilitar a identificação da estimativa do
percentual de gordura de homens e mulheres, a partir da
utilização das equações de três dobras cutâneas, Jackson e
Pollock37 elaboraram duas tabelas, nas quais se pode
identificar o percentual de gordura a partir do cruzamento
da soma das três dobras cutâneas coletadas com a
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faixa etária determinada (Tabelas 12.8 e 12.9). Assim, não
é preciso, obrigatoriamente, aplicar a equação de Siri ou de
Brozek para se extrair o percentual de gordura, pois esse
valor é indicado diretamente na tabela.
Há uma grande quantidade de equações não específicas
para o público brasileiro
sendo aplicadas no país para estimar a densidade corporal
e o percentual de gordura.
Visando facilitar a escolha de equações antropométricas a
serem aplicadas no Brasil, Petroski62 e Pires-Neto63
realizaram um estudo de validação cruzada ( crossvalidation) de 30 equações para mulheres e 41 equações
para homens provenientes de outras populações e
validaram equações generalizadas (Tabela 12.10) e
específicas (Tabela 12.11).
A maioria das equações preditivas de densidade corporal e
de gordura corporal foram desenvolvidas para adultos. No
entanto, vários pesquisadores propuseram equações para
crianças e adolescentes, 13, 47,87 sendo as equações
propostas por Slaughter et al. 76 as mais específicas, já
que consideram alguns aspectos importantes como gênero,
idade, raça e estágio maturacional (Tabela 12.12).
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Equações preditivas de densidade e gordura corporal em
atletas adultos e adolescentes A quantidade de equações
disponíveis para estimar a densidade corporal a partir
das dobras cutâneas é praticamente ilimitada. Contudo,
algumas equações são reconhecidas pelo grande potencial
de aplicação, pois são validadas e classificadas como
equações generalizadas. Embora essas equações não
tenham sido desenvolvidas, especificamente, para atletas,
Sinning et al., 73,74 encontraram na equação de Jackson e
Pollock36 para homens e na equação de Jackson et al. 37
para mulheres uma maior precisão do que em outras
equações estudadas, quando estas foram testadas em
amostras de atletas masculinos e femininos. Os erros
esperados associados a essas equações para a estimativa
da densidade corporal variaram de 2 a 4% quando
expressos em termos de percentual de gordura para
indivíduos de ambos os sexos.
As equações para aplicação em atletas adolescentes são
bastante raras. Heyward e Stolarczyk, 30 recomendam as
equações de Forsyth e Sinning20 para adolescentes do
gênero masculino e a equação de Jackson et al.37 para
adolescentes do gênero feminino (Tabela 12.13).
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Conversão de densidade corporal (Dc) para percentual de
gordura (%G)
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Após estimar a Dc, é possível converter o resultado para
porcentagem de gordura, o que pode ser feito utilizando-se
a equação proposta por Siri75:
%G = (4,95 / Dc – 4,50) x 100
Essa equação é baseada na premissa de que os
componentes corporais (músculos,
ossos e gordura) apresentam, individualmente, uma
densidade constante, e a água corporal total apresenta
uma composição padrão.
Apesar da precisão, a equação de Siri75 foi desenvolvida
com base no estudo de composição corporal direta em
cadáveres humanos, mas, como foram utilizados poucos
cadáveres, acabam por não representar uma distribuição
real da população. Dessa forma, a partir da equações de
Siri, 75 Lohman46 propôs equações corrigidas para a
conversão de Dc em gordura corporal relativa, de acordo
com o gênero e a faixa etária (de 20 a 50), para não atletas
(Tabela 12.14) e atletas (Tabela 12.15).
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Índices de referência para percentual de gordura em
crianças, adultos e idosos
A determinação dos índices de referência ou normativos da
composição corporal
sofrem bastante influência de algumas variáveis, como
gênero, idade, etnia e estado físico, além do tipo de
população de referência. McArdle et al. 57 sugerem valores
normativos para mulheres jovens, entre 22 e 29%; e entre
12 e 15% para jovens do
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gênero masculino. Para mulheres mais velhas, de 25 a
34%, e para homens mais velhos, de 18 a 27%. Pollock e
Wilmore, 66 levando em consideração somente o gênero,
estabelecem um limite tolerável único, independente da
idade, de 16% para homens e 25% para mulheres.
Lohman et al. 49 propõem a uma tabela mais ampla,
separada por gênero e faixas etárias, de crianças a idosos
(Tabela 12.16), e uma outra, específica, para adultos
fisicamente ativos (Tabela 12.17).
Ao optar pelas equações propostas por Jackson e Pollock36
e Jackson et al. 37,
sugere-se utilizar a Tabela 12.18 para classificação.
Índices de referência para percentual de gordura em
atletas
Na literatura, é possível encontrar uma grande quantidade
de publicações que descrevem os níveis de percentual de
gordura corporal em atletas de alto rendimento de ambos
os gêneros em diversos esportes e de diferentes
países.2,6,28,48, 79,85
Devido à grande variedade de solicitações funcionais
exigidas pelos mais diferentes esportes, é esperado que o
tipo físico e a composição corporal de atletas sejam
bastante variados, mesmo dentro do mesmo esporte, em
que a especialização em uma determinada posição ou
função acabam exigindo demandas energéticas
significamente diferentes.
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O aspecto físico dos atletas possui grande importância para
a compreensão e até
para a predição do desempenho esportivo, por isso, é
comum observar na literatura estudos sobre perfis
antropométricos e de composição corporal referente a um
determinado esporte. Essas informações podem ser
bastante úteis no processo de seleção de atletas, no
controle nutricional e, também, no controle do
treinamento. 2,21,28, 34,52,58
O padrão de referência para percentual de gordura de
atletas adolescentes e adultos, de vários países e de
diversos esportes, está apresentado nas Tabelas 12.19 e
12.20, respectivamente. Nessas tabelas também é
demonstrada a razão da MLG pela estatura (E), que
permite interpretar, de forma mais abrangente, o perfil de
composição corporal de atletas, visto que alguns podem
apresentar maior MLG em função da uma elevada E.
Na maioria dos grupos de atletas encontra-se um desvio
padrão (DP) abaixo quando comparados a grupos
semelhantes de não atletas. Outro aspecto interessante
são as informações da MLG, que caracterizam bem a
diferença entre homens e mulheres em
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todos os grupos, além dos índices mais elevados
observados nos esportes de potência, como nos
arremessos e no levantamento de peso.
As tabelas apresentadas se baseiam em padrões de atletas
internacionais, por isso, recomenda-se buscar, na
literatura, por padrões de referência de atletas nacionais,
com um perfil mais próximo possível da realidade de cada
grupo de atletas.
Apesar de muito úteis, essas informações devem ser
utilizadas com prudência, procurando não sugerir ou impor
metas de peso ou de composição corporal que estejam fora
do alcance dos atletas. Em situações como essa, o atleta
pode recorrer a práticas arriscadas e não saudáveis ou,
ainda, ilegais para conseguir atingir os objetivos propostos
ou impostos, além de prejudicar o desempenho físico. 23
Portanto, é recomendável que os objetivos quanto ao peso
e à composição corporal sejam planejados,
individualmente, e com antecedência, com a participação
de uma equipe multidisciplinar.
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SOMATOTIPO
O somatotipo é o estudo das formas corporais relacionadas
às proporções de cada
um dos componentes corporais (músculos, ossos e
gordura). A partir da aplicação de equações específicas
para as medidas da massa corporal, estatura, diâmetros
ósseos, perímetros e dobras cutâneas, são definidos os três
componentes do somatotipo: endomorfo (I), mesomorfo (II)
e ectomorfo (III), em índices independentes. Diferentes
metodologias podem ser aplicadas para a determinação do
somatotipo, sendo o método antropométrico proposto por
Heath e Carter em 1967 o mais utilizado. 21,28, 52,58, 67,
68
A preocupação em classificar seres humanos de acordo
com sua constituição morfológica está presente desde a
Antiguidade. As classificações em gordo e magro, alto e
baixo, forte e fraco, a partir de observações empíricas,
eram utilizadas no comércio de escravos, seleção de
soldados e lutadores para arenas. 68 Desde então, o
estudo do biótipo ou somatotipo corporal veio sendo
desenvolvido ao longo dos anos por vários pesquisadores.
A partir do século XIX, o estudo da biotipologia começou a
ser estruturada por meio das bases antropométricas,
destacando-se as publicações de Adolphe Quételet. 7, 53,
71,72
Em 1940, Sheldon introduziu o conceito de somatotipo,
além do termo, por meio
da publicação de The Varieties of Human Physique. Nesse
estudo, cada indivíduo obtinha um determinado grau, pela
simples aplicação de uma escala numérica, com variação
de 1 a 7. Essa classificação levava em consideração
algumas medidas antropométricas somadas às impressões
visuais de cada sujeito, obtidas por meio de fotografias – o
método fotoscópio. Sheldon definiu somatotipo como a
quantificação dos três componentes primários catalogados
sempre dentro da mesma ordem: endomorfismo (primeiro
componente), mesomorfismo (segundo componente) e
ectomorfismo (terceiro componente). Desse modo,
tomando-se como exemplo um somatotipo 6-4-2, indicaria
um índice 6 para endomorfismo; 4 para mesomorfismo; 2
para ectomorfismo. 71, 72
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Todos os indivíduos apresentam a mistura dos três
componentes do somatotipo nas
mais variadas combinações possíveis. Não existe, portanto,
indivíduos que tenham somente um dos componentes
presente. A maioria possui combinações equilibradas entre
os três componentes com variações pequenas entre eles. É
possível, também, que alguns indivíduos apresentem dois
componentes predominantes e o terceiro mais baixo.
Outra possibilidade, mais difícil de ocorrer, são indivíduos
que apresentam um dos três componentes predominante,
e os outros dois com valores mais baixos. 8,22,28,68
O somatotipo é determinado preponderantemente pela
carga hereditária, mas pode
ser influenciado por fatores ambientais e, principalmente,
pelo estilo de vida. Devido à genética, as proporções
morfológicas somente podem ser alteradas relativamente,
mas é possível que cada um dos componentes do
somatotipo possa sofrer modificações, principalmente, por
intervenções sistemáticas do treinamento e do controle
alimentar. 4,28
A análise morfológica das variáveis corporais,
proporcionada pelos métodos antropométricos e
laboratoriais, é instrumento fundamental para o controle e
a identificação das potencialidades e limitações individuais,
bastante útil para utilização
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em um planejamento de ações combinadas. 8
Componentes
Endomorfia
É o primeiro componente, caracterizando uma
predominância relativa de forma arredondada suave e de
vísceras digestivas grandes. Em outras palavras, a
endomorfia é o componente “gorduroso”. As características
morfológicas são marcadas pela predominância do abdome
sobre o tórax, ombros altos e pescoço curto. O prefixo
“endo” refere-se às camadas embrionárias endodérmicas,
das quais o trato digestivo é derivado. 8,22
Mesomorfia
É o segundo componente, que se caracteriza pela
predominância relativa dos tecidos muscular, ósseo e
conjuntivo. A musculatura é rígida e proeminente, com
destaque para os músculos deltoides e trapézios. Os ossos
são grandes e as características mais marcantes são a
circunferência do antebraço e o diâmetro do punho, mão e
dedos. O tórax é grande, os ombros são largos e a cintura
esguia, com músculos abdominais proeminentes. Muitos
atletas apresentam essas características. O
prefixo “meso” se refere às camadas embrionárias
mesodérmicas. 8,22
Ectomorfia
É o terceiro componente, apresentando características de
linearidade e
fragilidade, com uma grande relação entre a área
superficial e a massa corporal. Em outras palavras, é o
componente da “magreza”. Os ossos possuem diâmetro
pequeno e os músculos delgados. Os membros inferiores e
superiores são, relativamente, longos e o tórax, curto. Os
ombros são estreitos e caídos. Não há predominância de
músculos em nenhuma parte do corpo. O sistema nervoso
provém da camada embrionária ectodérmica.8,22
Para determinar o valor de cada um dos componentes do
somatotipo, Heath e Carter28 propuseram o método
antropométrico. Nesse método, não há limite superior de
valores quantitativos dos componentes. Os cálculos dos
componentes são realizados pelas seguintes medidas:
Estatura em centímetros (cm).
Peso corporal em quilos (kg).
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Dobras cutâneas em milímetros (mm): tríceps, perna,
subescapular,
supraespinal.
Diâmetros ósseos em centímetros (cm): biepicondileano
femural e umeral.
Perímetros musculares contraídos em centímetros (cm):
bíceps e perna.
Classificação e escala de valores
A escala de valores de cada componente varia em frações
com aproximação de meia unidade (0,50) , conforme a
Tabela 12.21.
Cálculo do primeiro componente (Endomórfico)
O cálculo do primeiro componente é realizado pela
seguinte equação:
Cálculo do segundo componente (Mesomórfico)
O cálculo do segundo componente é realizado pela
seguinte equação:
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Cálculo do terceiro componente (Ectomórfico)
Existem dois caminhos para o cálculo do componente
ectomófico, e o índice ponderal (IP) indica a equação mais
apropriada:
Somatograma
A partir do índice identificado para cada um dos
componentes (I-Endomorfo; II-Mesomorfo; III-Ectomorfo),
procede-se a plotagem do ponto correspondente no
somatotipograma, modificado por Carter, formado por um
triângulo de lados arredondados. É um gráfico dividido em
três eixos que se interceptam no centro (ponto zero). Cada
um dos eixos representa um componente: o endomorfo à
esquerda, o mesomorfo acima e o ectomorfo à direita.
Considerando a plotagem referente aos eixos X e Y, cada
somatotipo se localiza em apenas um ponto do gráfico
(Figura 12.1).
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Para efeito de comparação, as Figuras 12.2 e 12.3 ilustram
a distribuição dos somatotipos médios para vários grupos
desportivos e de não atletas, dos gêneros feminino e
masculino, respectivamente, em um somatograma.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A antropometria, ou ciência da medida do homem, foi
introduzida no Brasil pelos
prestigiosos mestres José Rizzo Pinto e Mauricio Leal Rocha.
Desde nossos tempos como acadêmicos daqueles
pioneiros, acumulamos três décadas de experiência na
área.
Tão importante como essa experiência prática é a
convicção de que herdarmos o discernimento quanto à
importância do controle do erro técnico, do cuidado com a
seleção do procedimento, da permanente atualização
teórica e do compromisso com a formação das novas
gerações de antropometristas. É fundamental a consciência
de que, no caminho da medida para a tomada de decisão
acurada e confiável de um bom profissional, há também o
investimento no ser humano e na construção de uma
sociedade mais sadia.
O objetivo deste capítulo foi introduzir ao nutricionista a
importância e os conceitos básicos da prática da avaliação
física, com intuito de destacar que este processo é um
importante instrumento para o desenvolvimento humano.
Destacamos que, somente com a prática constante dos
procedimentos de medida demonstrados, é possível atingir
o domínio pleno das técnicas antropométricas e,
consequentemente, da precisão nas medidas, da correta
interpretação de resultados e da realização de julgamentos
com mais consistência e segurança.
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validação de equações para a estimativa da massa
corporal magra de meninos de 12 a 14 anos. Rev Bras Cin
Des Hum. 2000;2(1):7-16.
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13
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Determinando as necessidades energéticas
Simone Biesek
Letícia Azen Alves
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INTRODUÇÃO
Os mecanismos fisiológicos (fome, saciedade, controle
glicêmico etc.) e
comportamentais (escolha do alimento, aprendizagem,
hábitos etc) deveriam equilibrar-se entre a ingestão de
energia (a soma da energia ingerida pelos alimentos,
líquidos e suplementos) e o gasto energético (a soma da
energia gasta com o metabolismo basal, o efeito térmico
dos alimentos e qualquer atividade física voluntária). 7
O balanço energético corporal é considerado um dos
parâmetros essenciais da função homeostática, 53 definido
como o estado no qual a ingestão energética é igual ao
gasto energético. 41 O balanço energético deve ser zero,
ou isoenergético, para manter o peso corporal estável;21 a
manutenção do equilíbrio energético é essencial para a
conservação da massa corporal magra, para as funções
imune e reprodutora e para um ótimo rendimento atlético.
6 Assim, no acompanhamento nutricional de atletas que
apresentam alto gasto energético, satisfazer as
necessidades energéticas torna-se prioridade. Contudo,
estudos indicam que a inadequação de energia e
nutrientes ainda predomina em vários grupos atléticos,
revelando a necessidade da reeducação nutricional.
Portanto, a compreensão das relações entre o padrão de
alimentação de atletas e os diversos fatores relacionados
ao esporte são aspectos fundamentais para o
estabelecimento de orientações nutricionais. 47
O desequilíbrio contínuo entre ingestão e gasto de energia
poderá resultar em mudanças na composição corporal,
podendo afetar a saúde e o desempenho de um indivíduo.
49 Em uma situação em que a ingestão energética é
limitada (balanço energético negativo), a massa corporal
de gordura e a massa corporal magra serão utilizadas pelo
organismo como combustível. A perda de massa magra
pode resultar em perda de força e queda do rendimento
físico, maior incidência de lesão, disfunções hormonais,
osteopenia/osteoporose e maior frequência de doenças
infecciosas, ou seja, algumas das principais características
da síndrome do overtraining, comprometendo o
treinamento pela queda do desempenho e do rendimento
esportivo.27, 68
Estimar qual seria a necessidade energética adequada
pode ser uma tarefa difícil, já que diversos fatores
inerentes à modalidade esportiva podem influenciar essa
estimativa, tais como os esquemas de treinamento e as
exigências relativas à imagem corporal. 47
Este capítulo visa discutir as principais variáveis que
influenciam o gasto energético e rever os avanços nas
técnicas de avaliação do custo energético com a atividade
física, bem como discutir o uso das equações de predição
disponíveis.
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COMPONENTES DO GASTO ENERGÉTICO
O metabolismo envolve todas as reações químicas das
moléculas biológicas dentro do organismo, incluindo tanto
reações de síntese (anabolismo) como de fracionamento
(catabolismo), 41 responsáveis pelo gasto energético diário
total (GEDT).
A seguir, a definição dos principais componentes do gasto
energético (GE):
Taxa metabólica basal (TMB): reflete a produção de
calor pelo organismo, determinada indiretamente medindose a captação de oxigênio em condições bastante
rigorosas: as mensurações são feitas n estado pósabsortivo (não se ingere alimento algum por pelo menos 12
horas antes do teste). A atividade física também é restrita
antes do teste de avaliação da TMB, e o indivíduo repousa
em decúbito dorsal em meio ambiente termoneutro (≈
25°C) e confortável, por cerca de 30 minutos, quando a
captação de oxigênio é medida por 10 a 30 minutos. 41 A
TMB é o componente principal do GE e representa a
demanda energética mínima necessária à manutenção da
vida, 21
podendo variar de 50 (indivíduo muito ativo fisicamente)
até 70% (indivíduo sedentário) do GE total diário. 67 O
metabolismo basal é, em média, cerca de 65 a 70
kcal por hora para um homem de porte médio.
Taxa metabólica de repouso (TMR): ao contrário da
TMB, mensurada em condições laboratoriais controladas, a
TMR é medida em condições menos rigorosas.
O indivíduo, acordado e alerta, é avaliado em repouso e em
jejum (de pelo menos 8
horas). A TMR é em torno de 10% maior do que a TMB por
causa do efeito térmico dos alimentos e da atividade física
e representa a maior porção do gasto energético diário (60
a 75%). 41 É a medida da energia gasta para a
manutenção das funções orgânicas normais; esses
processos incluem as funções cardiovasculares e
pulmonares em repouso, a energia consumida pelo sistema
nervoso central, a homeostasia celular e outras reações
bioquímicas envolvidas na manutenção do metabolismo
em repouso. 50
Para avaliar a TMR, utiliza-se a calorimetria indireta, porém
é mais comum estimar a TMR por equações de predição,
que serão discutidas no decorrer deste capítulo.
A TMR está fundamentalmente relacionada com a massa
livre de gordura do organismo e é influenciada, ainda, por
idade, gênero, composição corporal e fatores genéticos. Por
exemplo, os homens tendem a ter TMR mais alta do que as
mulheres, devido a seu maior tamanho corporal. 50
Efeito térmico dos alimentos (ETA): refere-se a
qualquer mudança no gasto energético induzida pela dieta.
Após a ingestão de uma refeição, o gasto energético
mantém-se elevado por 4 a 8 horas. Em relação ao impacto
das refeições na composição corporal e no desempenho
físico, os dados na literatura são escassos.
Porém, a Internacional Society of Sports Nutrition34
elaborou um posicionamento sobre
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a frequência das refeições, sugerindo que:
O aumento na frequência das refeições não parece
favorecer mudanças na composição corporal na população
sedentária.
Se o nível de ingestão proteica for adequado, o aumento na
frequência das refeições durante o período de restrição
energética pode preservar a massa corporal magra em
atletas.
O aumento na frequência das refeições parece ter um
efeito positivo nos marcadores sanguíneos, particularmente
nas frações de LDL-C, colesterol total
e insulina.
O aumento na frequência das refeições não parece
aumentar significativamente a
termogênese induzida pela dieta, o gasto energético total
ou a taxa metabólica basal.
O aumento na frequência das refeições pode auxiliar na
redução da fome e no melhor controle do apetite. 34
Fatores como composição e quantidade do alimento
consumido elevam o gasto energético.17 O ETA representa
10% do GEDT e inclui os custos de energia da absorção, do
metabolismo e do armazenamento. 21, 41, 50 A maioria
dos autores utiliza os termos ETA e termogênese induzida
pela dieta (TID) como sinônimos. 11
Já é bem conhecido que a ingestão dietética de proteína
promove maior aumento
no GE no período pós-prandial – em torno de 23% – quando
comparado com carboidratos (~6%) e gorduras (~3%).
Sabe-se ainda que, além da proteína aumentar o GE, ela
promove maior saciedade, auxiliando na menor ingestão
energética por mecanismos que influenciam o apetite. 1 O
tipo de proteína também parece influenciar na
termogênese.
Achenson et al. 1 avaliaram a ingestão de três tipos
diferentes de proteínas, o whey (soro do leite), a caseína e
a proteína da soja, quanto ao efeito termogênico, na
saciedade e no controle glicêmico. Os autores verificaram
que o efeito térmico foi maior após o consumo de whey,
seguido da caseína e da proteína de soja (14,4; 12 e
11,6%, respectivamente). A caseína e a soja apresentaram
maior poder de saciedade do que o whey. Além disso,
observou-se que todas as proteínas consumidas reduziam a
glicemia pós-prandial dos voluntários investigados.
O ETA diminui com a idade; em relação à atividade física,
ainda não está claro como o treinamento poderia
influenciá-lo, mas parece haver alguma interação entre
exercício físico e ETA. 50
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O ETA é dividido em dois subcomponentes: termogênese
facultativa (TF) e termogênese obrigatória (TO). O
componente obrigatório do ETA é o custo de energia
associada à absorção, ao transporte, à síntese e ao
armazenamento de proteínas, gorduras e carboidratos. O
“excesso” de energia gasta acima da termogênese
obrigatória é a termogênese facultativa, e acredita-se que
seja parcialmente mediada pela atividade do sistema
nervoso simpático. 50 A TF também parece ser estimulada
pela exposição ao frio, com o uso de cafeína e nicotina. 38
A ingestão de cafeína parece aumentar o gasto energético
de repouso em torno de
6% por, pelo menos, 4 horas após seu consumo. 21 A
associação de compostos (alho, gengibre, erva-mate, cháverde, laranja-amarga e outros), com alegação de
apresentarem propriedades termogênicas, também tem
sido amplamente divulgada no mercado. 35, 46 Esses
produtos, porém, não apresentam no rótulo nutricional a
quantidade presente desses compostos que teriam efeito
no aumento na termogênese. Em geral, a única substância
com essa propriedade cuja quantidade presente é descrita
é a cafeína.
Outlaw et al. 46 avaliaram o efeito da ingestão de um
desses produtos comerciais com propriedades
termogênicas. Os autores testaram um produto que
continha 340 mg de cafeína, além de extrato de chá-verde,
extrato de erva-mate e outros ingredientes ativos, ou
placebo, em 6 homens e 6 mulheres, que consumiam,
habitualmente, menos de 200 mg de cafeína, praticavam
atividade física há mais de 12 meses e apresentavam, em
média, 9,5% de gordura corporal. O estudo observou
aumento no gasto energético de repouso nas primeiras 4
horas após ingestão do composto, variando de 123,4 para
147,3 kcal/dia acima dos níveis basais, estimado por
calorimetria indireta. Verificou-se melhora no sinal de
alerta, foco e redução no cansaço sem promover
ansiedade, mudanças nos batimentos cardíacos, pressão
arterial e alterações no ecocardiograma.
Efeito térmico da atividade física (ETAF): é o
componente mais variável do gasto energético diário, que
inclui a energia gasta por meio dos exercícios voluntários e
involuntários, como tremor, inquietação nervosa e controle
postural, ou seja, inclui a energia gasta acima da TMR e do
ETA. O exercício físico voluntário produz um variável
aumento na TMR, provavelmente por promover ativação do
sistema nervoso simpático (SNS), com consequente
liberação de catecolaminas, e/ou por induzir a maior massa
corporal magra (MCM), no caso específico do exercício de
força. O gasto energético induzido pelo exercício físico
voluntário depende do tipo, da intensidade e da duração do
exercício, além do nível de treinamento do indivíduo
(indivíduos bem condicionados liberam menos
catecolaminas). 11 A atividade física é o componente de
maior variação do GE, podendo variar de 10% do total, em
um indivíduo confinado ao leito, até 50% em atletas. 43
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Fatores que afetam os requerimentos de energia
Além de seus principais componentes, há alguns fatores
que podem afetar o GEDT.
O conhecimento de tais fatores torna as estimativas muito
mais precisas, portanto, a seguir, tentar-se-á explicar
alguns deles:
Idade: o GEDT varia com a quantidade de tecido
metabolicamente ativo do corpo, com a proporção relativa
de cada compartimento e com a contribuição de cada
tecido no metabolismo total; todos variam com a idade.
Mudanças na composição corporal de crianças, adultos e
idosos devem ser levadas em consideração quando se
calcula os requerimentos de energia para um grupo
populacional específico. 50 Em indivíduos adultos, com o
passar dos anos, em razão da redução na quantidade de
células metabolicamente ativas, verifica-se que, em ambos
os gêneros, o metabolismo de repouso reduz entre 2 e 5%
a cada década de vida. 21
Gênero: embora haja diferença na massa e na composição
corporal de meninos e meninas desde os primeiros meses
de vida, essas diferenças são relativamente pequenas até
os 9 a 10 anos de idade e se alteram rapidamente durante
a adolescência.
Após a maturidade, os homens apresentam maior massa
muscular do que as mulheres; já as mulheres apresentam
maior proporção de gordura corporal, o que faz com que
elas apresentem demanda energética associada ao
metabolismo de repouso por volta de 5 a 10% menor do
que a dos homens. 21
Composição corporal: indivíduos com dimensões
corporais grandes (ou pequenas) requerem
proporcionalmente mais (ou menos) energia total por
unidade de tempo para atividades como caminhar, que
envolve movimento de massa pela distância.
A massa corporal pode ser usada para ajustar as diferenças
no tamanho corporal em uma dada categoria de idade e
gênero. 69 Indivíduos com maior massa muscular, em
comparação ao percentual de gordura, apresentam maior
GEDT. 21,69 Entretanto, segundo Ceddia, 11 os músculos
ocupam cerca de 40% da massa corporal total, mas
contribuem com apenas 20 a 25% da TMR (Tabela 13.1).
Além disso, a maioria das equações disponíveis usa a
massa corporal total, sem diferenciar massa gorda e massa
livre de gordura.
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Clima: as condições climáticas, em especial as mudanças
de temperatura, também podem aumentar ou reduzir o
GEDT. O custo energético do trabalho é levemente maior
(≈5%) em temperatura média <14°C que em ambientes
quentes. No frio, há aumento de energia devido ao
aumento na taxa metabólica associada a tremores e outros
movimentos involuntários ou voluntários realizados para
aumentar a liberação de calor pelo organismo. 50 Os
requerimentos de energia também aumentam em
indivíduos que desempenham trabalho pesado em
temperaturas elevadas (≥37°C), uma vez que resultam em
aumento na captação de oxigênio de, aproximadamente,
5% em comparação com o mesmo trabalho em meio
ambiente com neutralidade térmica. Isso provavelmente se
deve ao aumento da atividade das glândulas sudoríparas,
ao efeito termogênico da temperatura central elevada e à
dinâmica circulatória alterada durante o trabalho realizado
em clima quente. 41
Estresse: responsável pelo aumento da atividade do
sistema nervoso simpático, que, por sua vez, aumenta a
TMB. 70
Hormônios: a tiroxina, produzida pela tireoide, e a
adrenalina, produzida pelas adrenais, aumentam a TMB. 70
As alterações dos níveis de progesterona, durante o ciclo
menstrual da mulher, também parecem aumentar a TMB.
Wahrlich e Anjos66 sugerem padronização quanto ao
período do ciclo menstrual, para a realização de medições
da TMB.
Todas essas variáveis devem ser consideradas ao se avaliar
os requerimentos de
energia de um indivíduo. É importante ressaltar que, neste
capítulo, não serão discutidos outros aspectos que
aumentam as necessidades de energia, como crescimento,
gestação, lactação e uso de drogas.
Avaliando a produção de calor corporal
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A quantidade de energia gerada pelo corpo durante o
repouso e o esforço muscular é convertida em calor.
Portanto, uma forma de estimar o gasto energético de um
indivíduo é pela determinação da produção de calor, que
pode ser feita por métodos classificados como diretos e
indiretos.
Calorimetria direta
Consiste em uma câmara hermética arejada, com
isolamento térmico. O calor produzido e irradiado pela
pessoa é removido por uma corrente de água fria, que flui
em um ritmo constante por tubos espiralados perto do teto
da câmara. A diferença na temperatura da água que entra
e sai da câmara reflete o calor produzido pela pessoa.
Essa técnica, apesar de altamente precisa, é pouco
utilizada em razão do custo elevado e da pouca praticidade
em estudos de campo.41,50
Calorimetria indireta
Nesta técnica, a perda de calor do corpo não é medida,
mas estimada com base na
análise da queima de nutrientes. Avaliam-se o gasto
energético de repouso e o quociente respiratório (QR) pela
medida das concentrações de O2 inspirado e de CO2
expirado; ao medir o consumo de oxigênio da pessoa em
repouso e em condições de exercício em ritmo estável, é
possível obter uma estimativa indireta do metabolismo
energético.41 Considerando que cada nutriente
metabolizado utiliza uma quantidade diferente de O2 para
sua metabolização, obtém-se quocientes respiratórios
diferentes.
Esse método requer equilíbrio estável da produção de CO2
e da troca respiratória, em indivíduos com equilíbrio
acidobásico normal.
O consumo de O2 e a produção de CO2 são coletados em
sacos de Douglas ou em
respirômetro de Tissot e posteriormente analisados a partir
das diferenças de concentração no fluxo de ar que entra e
sai do capuz. Os capuzes ventilados são excelentes tanto
para medidas de curto como de longo prazo, mas são
menos úteis na medida do gasto de energia na atividade
física; nesse caso, o indivíduo pode achar o capuz
desconfortável e há problema de dissipação da perspiração
e do vapor de água.
A calorimetria indireta, com o uso de bocal ou máscara
facial, resulta em uma das medidas mais confiáveis e
precisas para a estimativa do GE de repouso, bem como do
custo energético na atividade física quando temos acesso
aos aparelhos portáteis.
Atualmente, o mercado dispõe de um sistema metabólico
portátil – que funciona com instrumentos eletrônicos,
bateria e sensor de oxigênio, e dióxido de carbono – que,
por transmissão telemétrica, pode medir dados
metabólicos (gasto energético, batimentos cardíacos e
ventilação pulmonar) durante a execução de exercícios de
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intensidade baixa a elevada, apesar da necessidade de
mais estudos para a validação da acurácia desse sistema
em diferentes modalidades de esporte e sob diferentes
condições ambientais.41,43
O tempo de realização do procedimento para a obtenção
das medidas da TMR por
meio da calorimetria indireta normalmente é de 30 minutos
a 1 hora; para se obter medidas pós-prandiais, geralmente,
de 3 a 8 horas. 50
Quociente respiratório (QR)
Em situação normal, as necessidades de energia de um
indivíduo são supridas por
dieta mista de carboidratos, lipídios e proteínas. Como há
diferenças químicas na composição desses nutrientes, a
quantidade de oxigênio (O2) necessária para oxidar
completamente os átomos de carbono e de hidrogênio,
presentes na molécula até a formação dos produtos
terminais, dióxido de carbono (CO2) e água (H2O), também
será diferente. Portanto, a quantidade de dióxido de
carbono eliminado em relação ao volume de oxigênio
utilizado varia ligeiramente de acordo com o substrato
oxidado. O
QR (QR = CO2/O2), então, fornece um indicativo da
mistura de nutrientes que estão sendo catabolizados para
energia durante o repouso e o exercício aeróbio. 41
QR para os carboidratos
Como a relação de átomos de hidrogênio para oxigênio em
todos os carboidratos é
a mesma da água, de 2 para 1, todo o oxigênio consumido
pelas células é utilizado para oxidar o carbono presente na
molécula dos carboidratos para a produção de dióxido de
carbono. Durante a oxidação completa de uma molécula de
glicose, são produzidas seis moléculas de dióxido de
carbono e consumidas seis moléculas de oxigênio.40
O QR do carboidrato é igual a 1, como se pode deduzir da
oxidação completa da
glicose (Tabela 13.2).
C6H12O6 + 6 O2 → 6 CO2 + 6 H2O
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QR para as gorduras
O QR dos lipídios é menor (0,7) em função do menor
conteúdo de átomos de O2
em relação aos átomos de carbono e hidrogênio da
molécula. Por isso, para oxidar o CO2 e a água é necessário
mais oxigênio externo.
Exemplo da oxidação do ácido palmítico:
C16H32O2 + 23 O2 → 16 CO2 + 16 H2O
QR para as proteínas
As proteínas, no corpo, não são simplesmente oxidadas
para dióxido de carbono e
água durante o metabolismo energético. Elas são, primeiro,
desaminadas no fígado, e os fragmentos de nitrogênio e de
enxofre são excretados na urina e nas fezes. Em seguida,
os fragmentos “cetônicos” resultantes são oxidados para
dióxido de carbono e água, a fim de proporcionar energia
para o metabolismo. 30 Assim como as gorduras, os corpos
cetônicos de cadeia curta necessitam de mais oxigênio em
relação ao dióxido de carbono produzido para a completa
combustão.
Exemplo da oxidação da albumina:
C72H112N2O22S + 77 O2 → 63 CO2 + 38 H2O + SO3 + 9
CO(NH2)2 Ureia
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QR para uma dieta mista
O QR raramente reflete a oxidação apenas de carboidratos
ou gorduras, mas a mistura no uso desses nutrientes.
Portanto, conforme pode ser visto na Tabela 13.3, um QR
de 0,85 significa que, em situação de repouso, o organismo
está metabolizando 50,7% de carboidratos e 49,3% de
gorduras.
Exemplo da interpretação da calorimetria indireta durante
o exercício (McArdle et al.):39
Após 30 minutos de exercício aeróbio, um indivíduo
consumiu 3,22 L/min de oxigênio e eliminou 2,78 L/min de
CO2.
No Anexo 3, o valor 0,86 equivale a 4.875 kcal/L de
oxigênio consumido ou um
dispêndio de energia de 15,69 kcal/min (5,22 L de O2/min x
4.875 kcal).
Com base no QR não proteico, 54,1% das calorias
metabolizadas foram de carboidratos e 45,9%, de gordura.
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O gasto calórico de 30 minutos de exercício aeróbio foi de
470,70 kcal (15,69
kcal/min 3 30), sendo 254,64 kcal (470,70 kcal 3 54,1%) ou
63,66 g (254,64 g/4) provenientes do metabolismo dos
carboidratos e 216,05 kcal (470,70 kcal 3 45,9%) ou 24 g
(216,05 g/9) provenientes do metabolismo das gorduras.
Técnica da água duplamente marcada
O uso da técnica da água duplamente marcada (ADM),
apesar de desenvolvida há
mais de 50 anos em pesquisas de nutrição humana, é
relativamente recente. A ADM é uma forma de calorimetria
indireta, uma técnica não invasiva e segura ao ser humano,
que permite a avaliação precisa do metabolismo energético
humano fora de um
“confinamento”. Mede-se o gasto energético total
(metabolismo basal, termogênese e efeito do exercício) por
vários dias consecutivos com o indivíduo levando uma vida
normal. Esse método é mais completo do que os outros,
que restringem muito os movimentos do indivíduo. Em
indivíduos confinados em câmaras calorimétricas por vários
dias, a técnica da água duplamente marcada produz uma
avaliação do gasto energético muito próximo ao obtido por
medidas de trocas gasosas; porém, quando esses
indivíduos são testados sob condições de vida normal
usando a ADM, os valores de gasto energético encontrados
são mais elevados, em torno de 13%. 7
O GE medido pela técnica da água duplamente marcada é
realizado por meio da
ingestão de água que contém dois isótopos, o deutério (2H)
e o oxigênio 18 (18O). Eles permitem avaliar o GE do
indivíduo pela diferença entre a eliminação do oxigênio
marcado e do deutério na urina. 55 Parte-se do princípio
que a produção de gás
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carbônico pode ser medida pelas diferentes eliminações da
água marcada com as formas isotópicas de hidrogênio e
oxigênio ou, respectivamente, 18O e 2H (deutério). O
deutério é eliminado como água, enquanto o 18O é
eliminado como água e gás carbônico. Assim, a diferença
entre tais taxas de eliminação, corrigidas pelo conjunto (
pool) de água corporal, corresponderia à produção de gás
carbônico. 54 Assumindo-se um valor fixo de QR
(usualmente 0,85), pode-se estimar o consumo de O2
(VCO2/0,85) e, então, o GE. 4 Amostras sucessivas de urina
comparadas, uma logo após a ingestão da dose oral e
outra após o período final da observação, permitem a
medição precisa do gasto energético total. 7
A principal vantagem da técnica da água duplamente
marcada é que ela mede o gasto energético diário total, o
qual inclui a TMR, o ETA e o gasto energético da atividade
física, baseiando-se na premissa de que a energia ingerida
ou é dispendida pelo corpo ou é armazenada. 52 Além
disso, as medidas são realizadas por um longo período de
tempo (1 a 3 semanas).
Apesar do custo elevado, há muitos trabalhos usando essa
técnica; porém a amostra, em geral, é pequena: são
avaliados, em média, 12 indivíduos. Essa técnica é
considerada o “padrão ouro” para avaliar as necessidades
de energia de indivíduos saudáveis, bem como a presença
de doenças. Comparações da técnica de ADM com o
consumo alimentar, obtidas pela avaliação dietética, têm
revelado importantes discrepâncias entre indivíduos obesos
e magros, bem como entre atletas. 28
Diversos estudos têm avaliado o balanço energético em
atletas utilizando a técnica da água duplamente marcada.
15,16, 28,29, 31, 57, 7, 64 Hill e Davies28 avaliaram o
gasto energético de um homem correndo uma
ultramaratona, por duas semanas, pela ADM. Os autores
encontraram gasto energético médio de 6.321 kcal/dia,
bem maior que os valores estimados por cálculos de
predição. Em 2002, esses mesmos autores avaliaram o
gasto energético de mulheres remadoras e o compararam
com a avaliação de quatro dias de ingestão energética
realizada por elas. A ingestão média de energia relatada
pelas atletas foi de 2.214 kcal/dia e o gasto energético
médio, avaliado pela técnica da ADM, foi de 3.957 kcal/dia.
Após ajustar o gasto energético total às mudanças no peso
dessas atletas, observou-se que houve subestimação no
consumo de energia em cerca de 1.133 kcal/dia.
Ebine et al. 15 avaliaram o gasto energético de 7 dias em
jogadores profissionais de futebol durante o período de
competições usando a técnica da ADM. Eles avaliaram a
ingestão de energia pelo recordatório dietético de 7 dias. O
gasto energético médio encontrado foi de 3.532 kcal/dia e
o consumo energético, de 3.113 kcal. Apesar da forte
associação entre as duas avaliações, os autores sugerem
que os recordatórios dietéticos
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subestimam o consumo energético dos jogadores, portanto
deve-se utilizá-los com cautela.
A mensuração do gasto energético na atividade física pela
ADM tem a grande vantagem, em comparação a outras
técnicas, de os atletas permanecerem em seu ambiente de
treino cotidiano, porém ainda é considerada uma técnica
de alto custo, que exige equipamentos sofisticados e
pessoal amplamente treinado, impossibilitando os
trabalhos em grandes estudos.
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EQUAÇÕES DE PREDIÇÃO
Quando não é possível avaliar o gasto energético por
técnicas mais sofisticadas, como calorimetria indireta e
água duplamente marcada, as estimativas das
necessidades de energia são realizadas por equações de
predição. Além das equações de predição, podemos utilizar
a ingestão dietética de referência (IDR) para energia, com
base em procedimentos fatoriais que estimam a
quantidade média de ingestão de energia necessária para
sustentar os processos metabólicos, em adição ao nível de
atividade física esperado, em grupos de indivíduos
saudáveis. 45
Vinken et al., 65 após avaliarem as necessidades de
energia pela técnica de ADM, acreditam que as
recomendações de ingestão dietética subestimam as
necessidades de energia, sobretudo em indivíduos
fisicamente ativos, e sugerem que o uso de equações de
regressão apoiadas em medidas de ADM pode ser mais
adequado, em especial em
indivíduos saudáveis não obesos. Quando se trabalha com
atletas, duas formas de cálculo das necessidades de
energia parecem mais convenientes: os equivalentes
metabólicos (MET), que serão abordados na sequência; o
método dos múltiplos da taxa metabólica basal ou método
fatorial (FAO/WHO/UNU), 18 que pressupõe o conhecimento
de todas as atividades exercidas pelo indivíduo em 24
horas, bem como a distribuição do tempo gasto com cada
atividade física. A seguir, são apresentadas algumas
equações utilizadas para cálculo da taxa metabólica basal,
sendo necessário acrescentar nessas fórmulas o fator
atividade.
Harris e Benedict, 24 em 1919, publicaram uma
monografia clássica sobre metabolismo basal em
indivíduos normais; os parâmetros metabólicos foram
determinados por calorimetria indireta e, a partir dessas
medidas, eles formularam equações de regressão, nas
quais estimavam o gasto energético de repouso (GER)
considerando altura, peso, idade e gênero dos indivíduos
(Tabela 13.4).
Em 1985, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a
recomendar que as necessidades energéticas tivessem
como base a medição do GE e não mais a ingestão
alimentar dos indivíduos. Como na maioria das vezes não é
possível medir a TMB, houve a recomendação do uso
internacional pela FAO/WHO/UNU18 de equações de
predição da TMB, modificadas de uma compilação de dados
realizada por Schofield56
(Tabela 13.5). No entanto, ainda não existem equações de
predição da TMB validadas para população brasileira, então
a equação de Schofield pode ser utilizada, apesar de poder
superestimar a TMB em aproximadamente 20%, como
observado no estudo de Wahrlich e Anjos. 66 Portanto,
recomenda-se cautela ao se utilizar equações de predição
para estimar a TMB de indivíduos.
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A maioria das equações é derivada de amostras das
populações norte-americana e
europeia, que apresentam características diferentes de
composição corporal e vivem em condições ambientais
distintas. Com base nessas evidências, Henry e Rees26
compilaram as informações disponíveis de TMB de pessoas
que vivem nos trópicos e desenvolveram equações
específicas para essas populações (Tabela 13.6).
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Levando-se em consideração a ideia de que a massa
corporal magra influencia positivamente o GE,
Cunningham14 propôs uma equação generalizada para
estimar o gasto energético diário de repouso (GEDR) para
homens e mulheres por ampla gama de pesos corporais
(Quadro 13.1).
Exemplo: Para um homem de 70 kg de massa, com 21% de
gordura corporal, sua
massa livre de gordura (MLG) seria estimada em 55,3 kg e,
com isso, seu GEDR seria de:
GEDR = 370 + 21,6 (MLG em kg)
GEDR = 370 + 21,6 (55,3)
GEDR = 370 + 1.194,48 = 1.564,48 kcal
Se esse mesmo indivíduo tivesse 11% de gordura, sua MLG
seria estimada em 62,3 kg e, com isso, seu GEDR seria de:
GEDR = 370 + 21,6 (62,3)
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GEDR = 370 + 1.345,68 = 1.715,68 kcal
A Associação Americana de Dietética (ADA), Associação
Canadense de Dietética
(ACD) e o Colégio Americano de Medicina do Esporte
(ACSM),52 sugerem a utilização da equação publicada pelo
Institute of Medicine (Tabela 13.7).
Após definir a equação de estimativa da taxa metabólica
basal a ser utilizada, recomenda-se, em seguida, a
realização do método fatorial, conforme apresentado na
Tabela 13.8. No caso de atletas, sugere-se realizar um
diário do tempo gasto em cada atividade desempenhada
nas 24 horas.
Método dos múltiplos da taxa metabólica basal ou método
fatorial
(FAO/WHO/UNU, 2004)18
Para calcular a recomendação de energia para adultos pelo
método dos múltiplos
da taxa metabólica basal ou método fatorial, deve-se
seguir os seguintes passos: Calcular a TMB: quando não é
possível medir a TMB, a Organização das Nações Unidas
para Agricultura e Alimentação (FAO) e a Organização
Mundial da Saúde (OMS) sugerem que a nova
recomendação de requerimentos energéticos (RE) seja
baseada no uso da equação de Schofield56, citada
anteriormente. Uma maneira
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simplificada de estimar o gasto energético diário de
indivíduos é multiplicar a TMB
pelo nível de atividade física (NAF) (Tabela 13.9), que
classifica o estilo de vida dos indivíduos em relação à
intensidade da atividade física habitual. Outra maneira,
inspirada no método fatorial, é realizar um diário do tempo
gasto em cada atividade desempenhada nas 24 horas. Este
método é limitado por não dispormos de custo energético
de diferentes atividades exercida em nossa rotina diária, os
poucos dados disponíveis sobre o custo energético de uma
atividade por unidade de tempo ou razão atividade física
(RAF). Além disso, outro aspecto que deve ser visto com
cautela, segundo Anjos e Wahrlich, 4 refere-se aos valores
de NAF, pois há poucos dados disponíveis desses valores
na literatura, especialmente em países em
desenvolvimento.
No Brasil, ainda são escassos os trabalhos que avaliam o
GE e o NAF da população.
Nesse sentido, Anjos et al., 5 por exemplo, avaliaram o GE
e o NAF da população de Niterói (RJ). Os autores
observaram que o NAF de 1,4 foi o que melhor estimou o
gasto energético total diário (GETD) da população. Isso
demonstra que, em geral, os valores de NAF que têm sido
utilizados podem estar superestimando as necessidades de
energia dos indivíduos e que, provavelmente, deveríamos
utilizar valores menores para estimar os requerimentos
energéticos da população. No anexo 3 deste livro são
descritos os valores médios do RAF para várias ocupações.
Exemplo da recomendação de energia para um jovem por
meio do método
fatorial:18
Calcule a TMB, de acordo com gênero, idade e peso do
indivíduo (no exemplo
abaixo utilizou-se a equação de Schoefield.
Divida o resultado do cálculo da TMB por 24, obtendo,
assim, a TMB/h.
Faça o registro das atividades realizadas pelo indivíduo,
contabilizando as 24
horas do dia (período de sono, horas gastas com atividade
profissional e atividade física, horas gastas comendo,
tomando banho etc.).
Multiplique o gasto energético bruto (Anexo 3) de cada
atividade registrada pelo tempo (horas). Divida o resultado
do somatório por 24. Avalie o nível de
atividade do indivíduo utilizando a Tabela 13.7.
Para obter a recomendação de ingestão energética ou o
GET do indivíduo, multiplique o gasto energético bruto de
cada atividade pelo tempo em horas e pela TMB/hora e, em
seguida, some as quilocalorias (kcal) correspondentes a
cada atividade física (Tabela 13.10).
Estimativa do gasto energético na atividade física
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Vários métodos têm sido utilizados para avaliar o nível de
atividade física em que se empregam medidas fisiológicas
e observações com registros e diários de atividade física.
Por exemplo, o monitor da frequência cardíaca, usado para
medir o gasto energético, baseia-se na correlação entre
frequência cardíaca e consumo de oxigênio durante os
exercícios. 44 Essa técnica parece ser acurada para estimar
o gasto energético na atividade física realizada por
indivíduos ativos. 60, 61 Entretanto, a frequência cardíaca
pode ser alterada por muitos fatores, como estresse
emocional, mudanças de postura e condições ambientais.
44
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Os estudos de movimento com o tempo também são
adotados para estimar o gasto
energético da atividade física em condição real; assim,
costuma-se utilizar os sensores de movimento. O indivíduo,
ao se movimentar, produz certo nível de aceleração nos
membros e no corpo, proporcional à demanda energética
induzida pelo trabalho metabólico. Nesse caso, o método
consiste na estimativa da quantidade e da frequência dos
movimentos voluntários realizados no plano vertical. Os
sensores de movimento mais utilizados são os
acelerômetros portáteis, que, em geral, são fixados na
cintura dos avaliados. Esses sensores apontam a demanda
energética minuto a minuto e a acumulada no período de
uso do equipamento. 21 Os estudos sugerem que o custo
energético de atividade física medida por acelerômetros é
altamente dependente do tipo da atividade
desempenhada, o que pode levar à necessidade de
associar esse método a outras avaliações, como os
questionários de atividade física. 2,25, 62
Diários e recordatórios identificam o tipo e a duração da
atividade física realizada, tornando-os, portanto,
instrumentos comumente usados para quantificar o gasto
energético de diferentes atividades, ao longo de um
período representativo de tempo. Conway et al. 13
avaliaram o gasto energético na atividade física de 7
homens adotando medidas indiretas (recordatório de 7 dias
e questionário de atividade física) e compararam com o
gasto energético estimado pela técnica da ADM. Os autores
concluíram que esses instrumentos fornecem uma
estimativa aceitável do gasto energético em indivíduos
adultos, porém, como nos registros alimentares, os
recordatórios de atividade física dependem da memória e
da disposição do indivíduo, nem sempre confiáveis. 13, 50
Entretanto, esses instrumentos continuam sendo
empregados em estudos populacionais para avaliar o gasto
energético na atividade física com
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intensidade moderada e sua relação com a manutenção da
saúde.
Pode-se estimar o gasto energético também pela avaliação
da ingestão energética e das alterações da composição
corporal. As vantagens e limitações das técnicas de
avaliação dietética são abordadas no Capítulo 11.
O posicionamento da Associação Americana de Dietética
(ADA), da Associação
Canadense de Dietética (ACD) e do Colégio Americano de
Medicina do Esporte (ACSM)52 é que se estime as
quantidades de macronutrientes para atletas utilizando as
recomendações desses nutrientes em gramas por
quilograma de peso; dessa forma, seria mais confiável
atingir as quantidades de energia e a quantidade de
macronutrientes de acordo com o tipo e a duração do
exercício praticado. Já que, se a ingestão energética do
atleta for estimada de maneira inadequada, ao distribuir os
macronutrientes em percentuais, provavelmente não serão
atingidos os valores sugeridos pela literatura (carboidratos
de 5 a 12 g/kg/dia; proteínas de 1,2 a 1,7 g/kg/dia; lipídeos
pelo menos 1
g/kg/dia).
A seguir, serão demonstradas as principais equações
propostas para estimar o gasto calórico com atividades
físicas.
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Compêndio de atividade física (valores de MET)
Ainsworth et al.2 publicaram um compêndio de atividades
físicas para adultos que
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tem sido amplamente aceito e utilizado para classificar o
custo energético de atividades físicas executadas por
humanos. O compêndio oferece uma vasta lista de
atividades, desde atividades de casa, cuidados pessoais,
atividades profissionais e atividades esportivas.3 O MET,
definido como um múltiplo da taxa metabólica de repouso
que equivale a, aproximadamente, 3,5 mLO2/kg/min ou 1
kcal/kg/h. Um MET é considerado a taxa metabólica de
repouso ou custo energético de uma pessoa em repouso. 3
Por exemplo, uma atividade de custo metabólico de 5 MET
requer 5 vezes a quantidade de energia gasta em repouso.
Esse valor inicialmente foi estimado em um homem de 40
anos de idade, pesando 70 kg. 3 Porém, o valor de MET
disponível em um compêndio (Anexo 4) não foi
desenvolvido para estimar com precisão o gasto energético
da atividade física nos indivíduos, mas para fornecer um
sistema de classificação da atividade que padroniza a
intensidade da atividade física por MET para ser utilizado
em pesquisas epidemiológicas, uma vez que essa
classificação não considera as diferenças de massa
corporal, adiposidade, idade, gênero, eficiência do
movimento e condições geográficas e ambientais em que
são realizadas as atividades físicas. 3, 13 Em 2011, o
compêndio de atividades físicas foi revisado, e algumas
atividades sofreram modificação nos valores dos MET. Na
Tabela 13.11 estão descritas algumas dessas alterações.
Estudos têm encontrado valores menores de MET quando
estimado em diferentes
indivíduos. 10, 22 Byrne et al. 10 encontraram um valor
médio de VO2 de repouso de 2,6 ±
0,4 mL O2/kg/min, em um grupo heterogêneo de indivíduos
composto por 642 mulheres e 127 homens, com uma
superestimativa de 35% do VO2 de repouso. Gunn et al. 22
avaliaram um grupo menor de indivíduos, composto por 36
homens, com faixa etária semelhante e IMC entre 19 e 33
kg/m2, e também verificaram um valor menor de MET
de 3,0 ± 0,3 mL O2/kg/min. Esses dados demonstram que
ainda são necessários mais estudos sobre o custo
energético em diferentes atividades, para a validação da
tabela de MET. Apesar disso, o compêndio fornece uma
ampla variedade de atividades físicas executadas com
intensidades diferentes, o que auxilia muito o profissional
nutricionista a estimar o gasto energético das atividades
por essa ferramenta. Com a lista de atividades presente
nesse compêndio, pode-se estimar o gasto energético
diário dos indivíduos por um registro de atividades
realizadas nas 24 horas ou, ainda, podemos acrescer na
TMB do indivíduo o custo energético da atividade física
executada.
Gomes et al. 22 avaliaram o consumo alimentar e perfil
antropométrico de tenistas amadores (AM) e profissionais
(PRO). Os autores utilizaram a equação da FAO/OMS
para estimar o GEB e adotaram 10% de acréscimo no GER
referente a termogênese
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induzida pela dieta (TID). Para estimar a atividade física, os
autores utilizaram dois procedimentos. No primeiro foi
utilizado o fator 2,1, que corresponde à atividade física
pesada. No segundo procedimento, o gasto diário na
atividade física durante treinos e jogos foi calculado por
equivalentes metabólicos (MET). Os autores verificaram
que a estimativa do GET entre AM e PRO foi semelhante
nos dois procedimentos. Além disso, observaram que
ambos os grupos investigados apresentavam balanço
energético negativo.
Em 2011, ocorreu uma atualização dos códigos e valores
de MET, disponível online (http://links.lww.com/MMS/A82). 3
É importante destacar que os valores de MET
disponíveis nesse compêndio são aplicados para adultos, e
não para crianças e adolescentes. Harrel et al. 23
determinaram o gasto energético em termos de custo
calórico e equivalentes metabólicos em atividades
comumente desempenhadas por crianças e adolescentes.
O estudo foi realizado com 295 voluntários de 8 a 18 anos
de idade. Os autores verificaram que o gasto energético
por quilograma de massa corporal em repouso e durante a
execução de exercícios foi maior em crianças e
adolescentes quando comparado ao dos adultos, e esses
valores diferiam de acordo com a fase
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puberal. O estudo sugere que os valores de MET
disponíveis no compêndio de atividades físicas seria
inadequado para estimar o custo energético da atividade,
especialmente em crianças que não atingiram o estágio 5
na escala de Tanner. Embora os valores encontrados de
MET em crianças não sejam perfeitamente iguais os
encontrados em adultos, os autores sugerem que o
compêndio de atividade física disponível pode ser usado
para estimar o gasto energético em crianças e
adolescentes com idade de 8 a 18 anos, desde que
ajustados para um maior dispêndio energético em crianças.
Os ajustes poderiam ser feitos por idade ou estágio
puberal, dependendo do foco do estudo. Após os 16 anos
de idade, uma vez que a puberdade está quase completa,
o compêndio de atividade física pode ser utilizado sem
ajustes.
A seguir, será apresentado um exemplo prático do uso de
MET para estimar o GE
da atividade física desempenhada.
Cálculo do gasto energético baseado no MET (kcal)
Exemplo. Para um indivíduo que pesa 70 kg e pratica 30
minutos de musculação com intensidade média, o gasto
energético será:
MET (referente à musculação média): 4,5 (Anexo 4)
Tempo de atividade: 30 minutos
Peso do indivíduo: 70kg
kcal = MET x peso (kg) x tempo do exercício em horas
kcal = 4,5 x 70 x 0,5 = 157,5 kcal
Com base no volume de O2 captado durante o exercício
Como a calorimetria indireta nem sempre está disponível,
Pollock e Wilmore51
propuseram estimativas do volume de O2 (em mL),
captado por minuto, durante a prática de algumas
modalidades esportivas, a ser multiplicado pelo peso
corporal (em kg) do indivíduo. Levando em consideração
que, para 1 L de O2 captado, são gastas, em média, 5 kcal,
é possível estimar o gasto calórico com a atividade física
(Anexo 3).
Exemplo. Um indivíduo de 70 kg que treina musculação
durante 30 minutos terá o seguinte gasto energético:
volume (mL) de O2 captado na atividade física realizada x
peso do praticante (kg) x tempo de prática (min) = 28 mL
(O2 captado na musculação) x 70 = 1.960 mL = 1,96 L x
30 min = 58,8 LO2 x 5 kcal = 294 kcal.
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Com base no gasto energético/min
Pollock e Wilmore51 também fixaram valores, com base em
um indivíduo de 70 kg, para a estimativa de gasto
energético por minuto de prática de algumas modalidades
esportivas (Anexo 3).
Exemplo. Um indivíduo de 70 kg que treina musculação
durante 30 minutos terá o seguinte gasto energético
(sempre para indivíduos pesando 70 kg): calorias gastas
com a atividade física realizada x tempo de prática (min) =
10 (kcal gastas com a musculação) x 30 = 300 kcal.
Para estimar o gasto energético de atividades domésticas,
recreativas e desportivas, Katch e McArdle33 estipularam
constantes específicas de gasto energético, por peso
corporal (kg) por minuto (Anexo 3).
Exemplo. Um indivíduo de 70 kg que pratica diariamente
60 minutos de judô terá o seguinte gasto energético:
calorias gastas com a atividade física realizada x peso do
praticante (kg) x tempo de prática (min) = 0,195 (kcal
gastas com o judô) x 70 x 60 =
819 kcal.
Clark12 propõe uma tabela com as calorias gastas durante
a prática de exercícios em peso corporal por hora (Anexo
3).
Exemplo. Um indivíduo de 70 kg que pratica 30 minutos
de musculação terá o seguinte gasto energético: calorias
gastas com a atividade física realizada x peso do praticante
(kg) x tempo de prática (h) = 4,2 (kcal gastas com a
musculação) x 70 x 0,5
(equivalente a 30 min) = 147 kcal.
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MONITORANDO O PESO CORPORAL
O nutricionista esportivo deve acompanhar o atleta,
fazendo com que ele atinja o peso e a composição corporal
mais adequados para a modalidade de esporte praticada,
cuidando para que ele não venha a apresentar
consequências negativas para saúde.
Uma vez estabelecido o peso apropriado do atleta, as
necessidades de energia devem ser estimadas. Fatores
como idade, gênero, composição corporal, esporte e
horário de treinamento podem influenciar as necessidades
energéticas.
A ingestão dietética também deve ser avaliada. Uma
combinação de várias ferramentas de avaliação pode
fornecer uma estimativa mais precisa dos hábitos desse
atleta. Além disso, para ajudar a determinar as
necessidades de energia, essas ferramentas podem
identificar modelos e preferências alimentares e podem ser
usadas para o planejamento do cardápio do atleta.
Aconselhamento ao atleta (adaptado de Brenda, 2000)9
Recomendações gerais:
Avaliar o hábito alimentar: avaliar a ingestão dietética de 3
ou mais dias, com
instrumentos apropriados. Fornecer informações de como
preencher esses
instrumentos, como tamanho das porções, tipo de
preparação, tipo de
restaurante em que costuma fazer as refeições e outras
informações importantes.
Avaliar a rotina de atividade física diária: nos recordatórios
de atividade física, orientar o atleta a especificar o tempo e
a intensidade desempenhada em cada modalidade e o
horário de treinamento. Ele provavelmente ficará mais
motivado para preencher esses recordatórios e desejará
receber informações precisas de sua ingestão alimentar e
de seu gasto energético diário.
Estabelecer as necessidades de energia e analisar os
recordatórios dietéticos: muitos programas de computador
são capazes de analisar dietas. É importante,
nesse momento, lembrar que, em geral, os indivíduos
tendem a sub ou
superestimar sua ingestão habitual. Avaliar os valores
encontrados nos
recordatórios alimentares preenchidos e compará-los com
as estimativas de energia recomendadas. No retorno do
atleta, revisar os recordatórios dietéticos
com ele e considerar alguns pontos:
i. O atleta vem realizando todas as refeições prescritas
regularmente ou costuma “pular” refeições?
ii. O atleta costuma fazer uso de muitos alimentos com
calorias “vazias”, por
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exemplo, refrigerantes, bebidas alcoólicas?
iii. O atleta consome alimentos ricos em gordura com muita
frequência, os quais poderiam facilmente ser eliminados
para criar um déficit calórico?
iv. O atleta utiliza grande quantidade de produtos
esportivos, como barras energéticas e bebidas hidratantes?
v. O atleta vem fazendo uso de todos os grupos
alimentares da Pirâmide dos
Alimentos?
Determinar a ingestão de macro e micronutrientes:
considerar a modalidade de
esporte desempenhada e o regime de treinamento.
Avaliar a massa e a composição corporal: planejar um peso
corporal adequado
ao gênero, ao esporte e à história pessoal de mudanças de
peso do atleta.
Planejar um cardápio prático, com estratégias
individualizadas para que o atleta mantenha seu peso
corporal. Algumas sugestões incluem:
i. Fornecer um modelo de cardápio para ajudar o atleta a
entender como podem ser atingidas suas necessidades de
calorias e macronutrientes.
ii. Sugerir lanches que possam ser carregados na bolsa,
como frutas secas, barras de cereais e cereais semiprontos.
iii. Suplementos “esportivos” podem ser uma alternativa
para lanches rápidos,
quando não for possível fazer um lanche com alimentos.
iv. Se o atleta dispõe de pouco tempo para preparar as
refeições, sugerir preparações rápidas, massas de
preparação simples e sanduíches.
Monitorar a estabilidade do peso semanalmente
(acompanhamento): para
indivíduos com dificuldade em manter o peso, a sugestão é
monitorá-lo
regularmente. Esse procedimento ajuda a prevenir
flutuações de peso,
importantes no desempenho atlético. Se necessário, repetir
o recordatório alimentar. Em mulheres, monitorar as
irregularidades no ciclo menstrual. A composição corporal
deve ser reavaliada após 2 semanas de intervenção.
Reavaliações periódicas na ingestão alimentar podem
ajudar a monitorar as mudanças nas práticas dietéticas. O
nutricionista esportivo deve estar atento à motivação, às
excessivas alterações no peso e ao estado psicológico
desses indivíduos. Muitos atletas podem apresentar risco
elevado para o
desenvolvimento de distúrbios alimentares. O
comportamento alimentar
compulsivo e grandes flutuações no peso corporal podem
indicar distúrbios alimentar. 6 Portanto, é importante estar
atento a sinais comuns de excessivo
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balanço energético negativo (fadiga, baixo nível de
treinamento, doenças frequentes, irregularidade
menstrual).
Estratégias dietéticas para ganho de peso
Limitar a ingestão de gordura em 25 a 30% da ingestão
calórica total, distribuída adequadamente em gorduras
mono e poli-insaturadas.
Manter elevada a ingestão de carboidratos; a
recomendação de ingestão de carboidrato para atletas
varia de 6 a 10 g/kg de peso corporal/dia. Essa
recomendação depende do gasto calórico total, tipo de
esporte, gênero e condições ambientais. 27, 52
Assegurar ingestão proteica adequada (1,6 a 1,8 g/kg/dia).
Estimular o uso de refeições regulares com lanches
frequentes.
Aumentar o tamanho das porções das refeições,
particularmente os alimentos com elevada densidade
calórica.
Incluir suplementos esportivos, como barras energéticas e
alimentos
compensadores, quando necessário.
Incluir refeição extra a cada dia.
Estimular a ingestão de alimentos com alto aporte calórico,
como frutas desidratadas (banana, damasco, uva-passa) e
concentradas em açúcar como
goiabada e marmelada.
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ORIENTAÇÕES PARA REDUÇÃO DO PERCENTUAL DE
GORDURA, PERDA
E/OU CONTROLE DO PESO CORPORAL
Para muitos atletas saudáveis, restrição alimentar para
redução de peso em um curto espaço de tempo não
acarretará problemas de saúde, porém, quando a dieta é
feita por atletas mulheres, os prejuízos para a saúde
podem ser elevados. Essa restrição de energia pode
apresentar-se de muitas formas; para algumas atletas
pode, em casos mais sérios, resultar em desordens
alimentares. Ao contrário, outras atletas restringem a
ingestão de energia sem ter consciência disso, fazendo
com que essas práticas não forneçam as calorias
suficientes para cobrir o custo de seu treinamento;
geralmente ocorre perda de peso durante esse período,
prejudicando a saúde.
Se uma atleta restringir sua ingestão de energia para
menos de 1.800 kcal/dia, será quase impossível atingir
uma ingestão adequada de macro e micronutrientes. Esse
baixo nível de energia é muito comum na maioria das
atletas de competição, independente do tamanho corporal,
situação que pode ser muito preocupante quando essas
mulheres estão em fase de crescimento. Atletas mulheres
que treinam de 10 a 20 horas ou mais por semana
necessitam de, pelo menos, 2.200 a 2.500 kcal para
manter a massa corporal. Se estiverem envolvidas em
esportes como maratona ou triatlo, sua necessidade de
energia pode ser ainda maior (4.000 kcal). 37
Atletas mulheres com baixa ingestão de energia são mais
suscetíveis a deficiência de cálcio, ferro, magnésio e zinco,
algumas vitaminas do complexo B e antioxidantes.
Esses micronutrientes são especialmente importantes para
a manutenção da saúde óssea, do metabolismo energético,
da construção e reparação tecidual e da síntese de
hemoglobina.
É bem estabelecido que a restrição severa de energia
(<1.200 kcal) resulta em redução na taxa metabólica de
repouso (TMR). Essa redução na TMR torna-se ainda mais
prejudicial quando a atividade física intensa é combinada
com baixa ingestão de energia. Além disso, o custo
energético da digestão e do metabolismo dos alimentos é
prejudicado, reduzindo ainda mais a necessidade diária de
energia. O resultado provável dessa restrição crônica de
energia e intensa atividade física é que menos energia será
necessária para manter a massa corporal. 37,63 Até bem
pouco tempo, acreditava-se que os atletas eram capazes
de consumir pequenas quantidades de alimentos em face
de um elevado gasto energético por serem
“metabolicamente eficientes”. 28 Porém, com os avanços
das técnicas de ADM, descobriu-se que a causa da baixa
ingestão de energia estava associada à subestimação nos
relatos de consumo alimentar. 16,32, 57
Para que não ocorra queda no desempenho do atleta, as
estratégias para redução de peso devem ser seguidas
durante o período de férias ou algumas semanas antes do
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início dos treinamentos. Durante a fase de competições e
treinamento, a redução de peso deve ser gradual. O
acompanhamento do peso 2 vezes por semana, durante o
período de competição e treinamento, pode ser útil para
identificar mudanças involuntárias no peso corporal que, se
mantidas, inevitavelmente comprometerão o desempenho
atlético. 59 Assim, a restrição energética deve ser
monitorada por um profissional capacitado, pela ingestão
calórica reduzida com a escolha de alimentos de baixa
densidade calórica. 27 Em atletas, a redução de 10 a 20%
na ingestão calórica total promove alteração na
composição corporal, com redução de massa corporal de
gordura, não induzindo fome e fadiga, como ocorre com
dietas de muito baixo valor calórico.27
Estratégias para manutenção de peso em atletas6, 8
Monitoração do peso:
Atingir peso e composição corporal realista. Perguntar ao
atleta:
i. Qual é o peso em que ele se sente bem?
ii. Qual foi o último peso que conseguiu atingir sem dieta?
iii. Como estimou seu peso ideal?
iv. Com qual peso e composição corporal seu desempenho
foi melhor?
Estimular o atleta a se preocupar menos com valores da
massa corporal e mais
com as mudanças nos hábitos saudáveis, bem como
estimular a escolha de melhores opções de alimentos.
Monitorar o progresso no desempenho físico do atleta, bem
como na redução de
lesões, na função menstrual e no estado geral global.
Ajudar a desenvolver mudanças no estilo de vida do atleta
que mantenham seu
peso saudável.
Sugestão de ingestão de alimentos:
Uma dieta reduzida em energia não sustentará o
treinamento atlético. Em vez disso, reduzir apenas 10 a
20% da ingestão de energia normal ajudará na perda
de peso sem fazer o atleta sentir-se privado de alimentos
ou sentir fome.
Escolher alimentos com baixo teor de gordura, reduzir a
ingestão de lanches calóricos e aumentar o gasto
energético em atividades extras pode ser uma alternativa.
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Se necessário, os atletas podem reduzir a ingestão de
gordura, mas devem saber que uma dieta pobre em
gordura não garantirá perda de peso se não for atingido
um balanço energético negativo (redução na ingestão de
energia e aumento no gasto energético). A ingestão de
gordura não deverá ser menor que 15% do valor calórico
total da dieta; alguma quantidade de gordura é essencial
para uma boa saúde. Limitar o uso de manteiga,
margarina, maionese e queijos amarelos.
Dar preferência aos alimentos situados na parte inferior da
Pirâmide dos Alimentos.
Estimular a ingestão aumentada de grãos, cereais
integrais, frutas e hortaliças.
Atletas em controle alimentar devem fazer boas escolhas
de fontes proteicas e
manter uma ingestão adequada de cálcio.
O uso de carnes com baixo teor de gordura, como aves e
peixes, deve ser sugerido.
Uma variedade de líquidos – em especial a água – deve ser
consumida durante
o dia, incluindo antes, durante e após o exercício físico. A
desidratação como estratégia de perda de peso deve ser
contra-indicada.
Outras estratégias para controle de peso:
Estimular os atletas a não “pular” refeições, especialmente
o café da manhã.
Eles devem ser orientados a selecionar lanches saudáveis
(p. ex., frutas, barras de cereal) para os momentos de
fome.
Atletas não devem ser proibidos de consumir seus
alimentos favoritos nem devem ser estimulados a tentar
atingir metas dietéticas irreais. Em vez disso, os cardápios
devem ser flexíveis e fáceis de cumprir. Os atletas devem
saber que
todos os alimentos podem ser consumidos em um estilo de
vida saudável.
Lembrar os atletas que essas mudanças dietéticas são para
controlar o peso e manter o estado nutricional e que
devem ser preferidas em detrimento de restrições muito
severas e de curta duração.
Cuidados com o cálculo e/ou o planejamento alimentar de
praticantes de atividade física:
Para estimativa do gasto energético basal com a atividade
física, escolher os métodos ou equações que mais se
adaptem à clientela e aos equipamentos disponíveis no
ambiente de trabalho, buscando aqueles que possam
induzir à
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mínima margem de erro.
Estar atento(a) ao tempo real de prática da atividade física
para não superestimar o gasto energético pelas equações
de predição.
Exemplo. Praticantes de musculação costumam relatar
um tempo referente à sua permanência nas academias que
não traduz o período real em que se exercitam. Além disso,
uma vez que os intervalos entre exercícios costumam
variar entre os programas, tentar conversar com o cliente
para saber mais sobre as características individuais de seu
treinamento.
Não ser radical nas sugestões de mudanças de hábitos
alimentares. Mesmo que
haja necessidade de grandes mudanças, tentar se
aproximar do ideal
gradativamente.
Respeitar o poder aquisitivo do cliente e os horários
disponíveis para a alimentação. Além disso, o
questionamento sobre o local onde são realizadas as
refeições habituais e sobre quem costuma preparar os
alimentos em casa também será de grande importância.
Analisar o consumo calórico habitual, desde que se sinta
confiança nele, para melhor controlar as características
individuais, ou seja, as fórmulas para estimativa do gasto
energético podem não ser aplicáveis em todos os casos.
Exemplo. Muitos atletas que visam ao ganho de peso já
realizam um consumo energético acima dos valores
calculados, possivelmente por não estarem enquadrados
na média populacional que originou as equações.
Não se limitar à estimativa do gasto calórico diário, mas
fazer também os acréscimos ou decréscimos calóricos
levando em consideração os objetivos apresentados pelo
cliente, de modo a auxiliá-lo no alcance de seus objetivos
(p.
ex.: aumento da massa muscular e/ou redução do
percentual de gordura). Além
disso, torna-se imprescindível uma adequada distribuição
dos macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídios),
dependendo do resultado esperado, com o
planejamento alimentar proposto.
Distribuir adequadamente os alimentos prescritos
observando os horários em que o indivíduo realiza a
atividade física, deixando-o ciente do que deverá consumir
antes, durante e após a atividade física.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estimar as necessidades de energia dos indivíduos,
sobretudo de atletas, não é uma tarefa simples. Para
estimar a TMB por medidas, como a calorimetria indireta
ou a água duplamente marcada, apresentam-se
dificuldades em termos de disponibilidade de
equipamentos apropriados, em razão do alto custo e da
complexidade no manuseio.
Com isso, em geral, lança-se mão das equações de
predição, as quais, muitas vezes, apresentam grandes
erros nas estimativas. Além disso, considerado o trabalho
com atletas, essas estimativas podem apresentar erros
ainda maiores, devido a vários fatores, como composição
corporal e nível de treinamento, que, em geral, não são
considerados.
O gasto energético da atividade física permanece um
problema não resolvido por
nutricionistas, fisiologistas do exercício e epidemiologistas,
porém, é dado fundamental para determinar as
necessidades de energia de indivíduos e grupos de atletas.
A partir das estimativas de GE é possível elaborar um
planejamento dietético adequado, visando à homeostase
do organismo e/ou à melhora no desempenho físico. A
monitoração periódica das alterações na composição
corporal pode contribuir com as possíveis alterações na
conduta dietética. No presente capítulo, apresentamos
algumas possibilidades para estimar as necessidades
energéticas de atletas. Contudo, o bom senso e a
experiência profissional podem auxiliar na escolha do
método ou da equação que mais se adapte à clientela e
aos equipamentos disponíveis no ambiente de trabalho,
tentando escolher os que possam induzir à mínima
margem de erro.
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14
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Peculiaridades e recomendações nutricionais para crianças
e
adolescentes atletas
Edilcéia Ravazzani
Isabela Guerra
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INTRODUÇÃO
A infância é caracterizada pela faixa etária de 6 a 10 anos.
Crianças nessa fase da vida apresentam ritmo de
crescimento constante e ganho de peso mais acentuado,
uma vez que se encontram próximas ao estirão da
adolescêcia. Nesse período, a criança se torna mais
independente, principalmente no que diz respeito às
escolhas alimentares.
Considerando a ampliação das relações sociais promovidas
pela escola, novos hábitos alimentares podem ser
adquiridos e, em determinadas situações, passar a
comprometer o crescimento e o desenvolvimento da
criança. 58,59,62
Já a adolescência é marcada por rápido desenvolvimento
físico (puberal, sexual e cerebral), psicológico, cognitivo
(mudanças na maneira de pensar), afetivo e sociais
(relações familiares e com outras pessoas). Segundo a
Organização Mundial da Saúde, a adolescência
compreende o período de 10 a 19 anos (WHO, 2002).
Quanto ao ritmo de crescimento, é importante observar
que os desevolvimentos supracitados podem não ser
concomitantes, assim um adolescente pode parecer
fisicamente maduro, porém é possível que não esteja
plenamente desenvolvido do ponto de vista psicológico.
Nos adolescentes, a saúde e o desenvolvimento estão
extremamente inter-relacionados, as mudanças físicas que
ocorrem nessa fase são acompanhadas de importantes
alterações psicossociais e decisivas no caminho até a idade
adulta. 5,8,13,30 Considerando os ritmos de crescimento, a
adolescência é o terceiro período de maior
desenvolvimento, perdendo apenas para a fase intrauterina
e a primeira infância.
As principais manifestações da puberdade são o estirão
puberal e as mudanças na
composição corporal, além do desenvolvimento gonadal,
dos órgãos de reprodução, das características sexuais
secundárias e dos sistemas e órgãos internos. Ocorre
grande variabilidade no tempo de início, na duração e na
progressão do desenvolvimento puberal. Considera-se
atraso puberal a ausência de caracteres sexuais
secundários, em meninas, a partir dos 13 anos e, em
meninos, a partir dos 14 anos. O estadiamento do
desenvolvimento pubertário masculino e feminino é
realizado pelo método de Tanner, para avaliação da
maturação sexual classificada nas etapas da puberdade, e
considera, quanto ao sexo feminino, o desenvolvimento
mamário e a distribuição e a quantidade de pelos; quanto
ao sexo masculino, o aspecto dos órgãos genitais e
também a quantidade e a distribuição dos pelos
pubianos.41
O desenvolvimento deve ser acompanhado de adequações
das necessidades
nutricionais, pois o pico máximo de ingestão calórica
coincide com o pico de velocidade máxima de crescimento,
podendo haver, portanto, aumento real do apetite nessa
fase. O hábito de seguir dietas baseadas em modismos
alimentares e os distúrbios alimentares (causados por
padrões de beleza) podem causar deficiências nutricionais
sérias. 5, 32
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Os hábitos alimentares nas fases da infância e da
adolescência preocupam profissionais de saúde. Porém,
adolescentes engajados em esportes organizados parecem
apresentar um comportamento alimentar mais saudável.
16, 28 Estudos epidemiológicos prévios relatam que o
menor consumo de frutas e vegetais e o maior consumo de
lanches altamente calóricos estão associados a
comportamentos sedentários, como assistir à televisão ou
permanecer por muito tempo em frente ao computador. 10,
18, 63
Considerando a importância de uma alimentação
equilibrada na infância e na adolescência, esse fator torna-
se mais relevante para jovens engajados em esportes, visto
que muitos deles realizam treinos intensos diariamente.
Portanto, o acompanhamento nutricional periódico de
crianças e adolescentes atletas é fundamental para
garantir desenvolvimento e desempenho atlético
adequados e evitar desequilíbrios nutricionais.
Uma ingestão alimentar adequada é importante para
manter a saúde, o crescimento
e a maturação, assim como para minimizar lesões e
otimizar o desempenho durante o exercício em jovens
atletas. 30,31
A participação em atividades físicas e também a adesão a
uma dieta balanceada na infância e/ou adolescência irão
promover uma experiência de vida mais saudável e
recompensadora.30
Nessa fase, devemos também estar atentos para não
exagerar na “disciplina” tanto da dieta como do exercício,
para que a criança não sinta esse processo como um fardo
em sua rotina.
Os jovens atletas têm algumas diferenças fisiológicas,
metabólicas e biomecânicas importantes em relação aos
adultos e aos jovens não praticantes de exercícios físicos.
São elas:
Maior necessidade proteica por kg de peso corporal para
satisfazer os
requerimentos do crescimento.
Maior requerimento de cálcio devido ao crescimento ósseo.
Maior custo metabólico no movimento por kg de peso
corporal durante a execução do exercício.
Maior uso de gordura durante o exercício.
Diferenças na concentração de eletrólitos perdidos por
meio do suor.
Desidratação mais perigosa em crianças do que em
adultos. 30
Dessa forma, este capítulo tem por objetivo destacar o
papel da alimentação como
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fator fundamental na manutenção nutricional de crianças e
adolescentes fisicamente ativos.
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AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
A avaliação do estado nutricional é uma etapa de
fundamental importância para definir a conduta e o
acompanhamento da criança e do adolescente e deve ser
realizada periodicamente pelo profissional de saúde. O
ganho de peso e a altura devem estar em sintonia; não é
normal crescer muito e ganhar pouco peso ou o contrário. É
importante salientar que uma única medição pode não
apresentar dados conclusivos, e o acompanhamento por
meio dos gráficos de crescimento é o método mais
adequado para se avaliar o estado nutricional.
Medidas antropométricas
O uso de medidas antropométricas na avaliação do estado
nutricional tem se tornado, apesar das limitações, o modo
mais prático e de menor custo para a análise de indivíduos
e de populações, seja em ações clínicas, de triagem ou
mesmo em monitoração de tendências. Um padrão ou
curva de referência antropométrica é a representação
sumarizada da distribuição de determinada medida
antropométrica.15,54,56
A avaliação nutricional antropométrica utiliza quatro
variáveis básicas: peso, altura, idade e gênero. Essas
variáveis devem ser utilizadas em conjunto, já que uma
variável pode refletir apenas o estado atual, a exemplo do
peso que, isolado, não tem tanto significado, porém,
quando associado à altura ou mesmo à idade, torna-se um
indicador de estado nutricional. Os valores desses
indicadores devem, então, ser comparados a padrões
(população de referência). A Organização Mundial da Saúde
(OMS) publicou, em 2006, padrões que têm sido utilizados
pelo Ministério da Saúde desde 2010.
A avaliação do estado nutricional tem se tornado aspecto
cada vez mais importante no estabelecimento de situações
de risco, no diagnóstico nutricional e no planejamento de
ações de promoção da saúde e de prevenção de doenças.
Sua importância é reconhecida tanto na atenção primária,
para acompanhar o crescimento e a saúde da criança e do
adolescente, como na detecção precoce de distúrbios
nutricionais, seja desnutrição ou obesidade. 57,59 Para a
completa avaliação da condição nutricional, quase sempre
utiliza-se dados antropométricos associados ou não a
inquéritos alimentares e a exames bioquímicos.
Na avaliação individual, os seguintes parâmetros devem
ser levados em conta:
Avaliação dietética (quantitativa e qualitativa).
Exame físico (busca de sinais clínicos relacionados a
distúrbios nutricionais).
Aferição dos parâmetros antropométricos (avaliação da
composição corporal) e
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exames bioquímicos. 49
Entre as medidas antropométricas, o peso e a estatura são
referidos como as medidas mais sensíveis e específicas
para a avaliação dos processos de crescimento e de
desenvolvimento. 56
O peso é a medida mais tradicional e representa a
somatória de todos os compartimentos corporais (massa
magra, massa gorda, água e massa mineral óssea), porém,
não podemos, por meio dessa variável, avaliar qual
compartimento apresenta maior ou menor contribuição no
peso total aferido. Dessa forma, a combinação de peso a
outras variáveis antropométricas (altura e idade) tem sido
utilizada como indicador consistente de avaliação do
estado nutricional. A estatura é a segunda medida
antropométrica mais tradicional e usual, ela representa a
somatória de quatro componentes do corpo humano:
membros inferiores (pernas), pélvis, coluna vertebral e
crânio. A estatura expressa, portanto, o processo de
crescimento linear do corpo humano como um todo.
54,56,64 Para aferição de peso e estatura, deve-se
considerar as orientações para a técnica de aferição
segundo normas estabelecidas pelo Sisvan (2004) (Quadro
14.1). 46
Para o diagnóstico do estado nutricional, o Ministério da
Saúde recomenda, como
referênciais antropométricas, que se utilize as novas curvas
de acompanhamento de crescimento propostas pela OMS
(2006), classificadas em escores Z, gráficos para
determinação do diagnóstico nutricional, e que se
considere os indicadores peso para idade, IMC para idade e
estatura para idade em crianças de até 10 anos de idade.
Já para o acompanhamento dos adolescentes dos 11 aos
18 anos, recomenda-se o uso dos indicadores IMC para
altura e altura para idade. 37
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Dobras cutâneas
A medida de composição corporal, determinação de massa
adiposa e de massa livre de gordura, pode ser
indiretamente avaliada por medidas antropométricas
rápidas e não invasivas, como as medidas de dobras
cutâneas. A medida da dobra cutânea, portanto, estima o
tamanho do depósito subcutâneo de gordura. As mais
utilizadas para esse fim em crianças e adolescentes são as
dobras tricipital e subescapular. Essas medidas possuem
referência em tabela percentilar isolada ou na soma das
duas dobras, encontradas no anexo deste livro. Também,
com as duas medidas, é possível obter a porcentagem de
gordura corporal por meio de equações de
predição.15,18,27Com a soma dos valores das dobras
cutâneas tricipital e subescapular, é possível obter a
porcentagem de gordura corporal. Para esse cálculo, a
Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)49 sugere o uso da
fórmula de Slaughter et al. na faixa etária de 8 a 18
anos (Tabela 14.1).
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Circunferências
Medidas de circunferência têm sido recomendadas na
prática clínica por
guidelines, sociedades científicas e autoridades em saúde
para uso nos estudos de doenças associadas a obesidade e
são muito usadas em estudos epidemiológicos. 25,53
São recomendadas para avaliar riscos relativos à diabetes,
alterações no perfil de lipídios sanguíneos e risco de
hipertensão arterial além de doenças cardiovasculares.
Na infância e na adolescência, a associação de riscos ainda
está pouco definida, principalmente relativo à gordura
abdominal, considerando que as crianças, principalmente
na puberdade, apresentam acúmulo de gordura abdominal
necessária para o estirão.15,44,51O Quadro 14.2 destaca
características das diferentes medidas de circunferência
utilizadas nas avaliação do perfil nutricional.
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Circunferência do braço (CB)
Como referência para classificação da circunferência do
braço é utilizada a tabela percentilar proposta por
Frisancho (1990). Valores abaixo do P5 são indicadores de
risco de doenças e de distúrbios associados à desnutrição e
valores acima do P95
representam risco de doenças relacionadas ao excesso de
peso. Tabelas e gráficos categorizados em percentis e
escore-z são disponibilizados pela OMS (2012) para
crianças de 3 meses a 5 anos, estratificadas por sexo,
disponíveis no seguinte endereço eletrônico
http://www.who.int/growthref/en/.
Circunferência muscular do braço (CMB)
Para classificação da CMB, indica-se a tabela disposta em
percentis, proposta por Frisancho (Quadro 14.3). São
considerados indicativos de risco de doenças e de
distúrbios associados à desnutrição, indicados em
percentis, os valores abaixo do P5; os valores encontrados
acima do P95 não indicam excesso de gordura corporal,
considerando que a medida avalia indiretamente a
quantidade de tecido muscular.49,59
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Circunferência abdominal
Existem várias formas de aferição, e a mais empregada é
aquela em que a criança
deve estar apoiada em ambos os pés, separados entre si
em 25 a 30 cm para a localização do ponto médio entre a
borda inferior da última costela e a crista ilíaca e aferição
da circunferência utilizando fita métrica inextensível, sem
comprimir os tecidos. Estudos mostram1,4,27,56 que a
circunferência abdominal acima do percentil 90
tem boa correlação com o desenvolvimento de
dislipidemia, hipertensão arterial e resistência insulínica. A
Sociedade Brasileira de Pediatria tem sugerido para
classificação a distribuição em percentis proposta por
Freedman et al. 20 (Anexo).9,38,49
Avaliar o estado nutricional é de fundamental importância
para a determinação da conduta nutricional. As medidas
antropométricas devem ser realizadas por profissionais
treinados, a fim de minimizar variações e erros nas
medições. A determinação da massa corporal total
relacionada à estatura, às medidas de circunferência do
braço e do abdômen e as dobras cutâneas do tríceps e da
supraescapular têm sido apontadas como variáveis seguras
para determinar o diagnóstico nutricional (massa corporal
total, massa magra e gordura corporal) e acompanhamento
de criança e/ou adolescente quando eles estão engajados
em algum tipo de atividade física. 1,3,9
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AVALIAÇÃO DIETÉTICA
A prática da atividade física é favorecida quando se obtém
uma alimentação equilibrada com todos os nutrientes
necessários para formação, reparação e reconstituição de
tecidos corporais, mantendo a integridade funcional e
estrutural do organismo.36 Dessa forma, avaliar o consumo
alimentar se torna uma etapa fundamental para a
determinação da conduta nutricional de jovens atletas ao
lado da avaliação física.
A infância e a adolescência, por consistirem em um período
que contribui com a
formação e a consolidação dos hábitos alimentares, têm
aspectos característicos referentes ao comportamento
alimentar. Diante dessas peculiaridades, faz-se necessária
maior atenção para a realização de avaliações dietéticas
nesse grupo etário específico.
Aspectos que devem ser levados em consideração na
avaliação dietética de crianças e adolescentes:
Crianças e adolescentes têm dificuldade e, muitas vezes,
são incapazes de estimar corretamente o tamanho das
porções consumidas. 3, 12
Durante a avaliação, com crianças, podem ocorrer
limitações no momento de recordar os alimentos ingeridos;
o vocabulário, por vezes, pode ser incompleto
e muitos ingredientes podem não ser conhecidos. Também
as variações no consumo durante o dia e, principalmente,
nos períodos de férias devem ser consideradas.
No entanto, a ingestão alimentar dos adolescentes muda
com a maturação sexual, e o padrão alimentar passa a ser
mais variado, com tendência a omissões pelas meninas
durante a aplicação dos inquéritos. Quanto ao tamanho das
porções, em ambos, crianças e adolescentes, encontramos
dificuldades, uma vez que, em muitos momentos, eles são
incapazes de estimar corretamente o tamanho das porções
consumidas. 12,19
Considerando as dificuldades apresentadas no processo de
avaliação do consumo
alimentar, especificamente na adolescência, diferentes
instrumentos de inquéritos dietéticos devem ser aplicados
pelo profissional. Nessa faixa etária, porém, devemos
considerar que não existe um método ideal para
determinação da ingestão alimentar.
Dependendo do objetivo, deve-se utilizar a combinação de
dois métodos de avaliação dietética no momento da
entrevista.
E, quando se trata de crianças e/ou adolescentes atletas, é
de fundamental importância conhecer a fundo os hábitos
alimentares para que se possa corrigir e/ou adequar o
consumo de energia e de macro e micronutrientes antes e
após os treinos e/ou competições. 7
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Segundo estudos14,21,26realizados com o objetivo de
avaliar o consumo alimentar de atletas, os métodos mais
utilizados foram o registro alimentar (RA) ou o questionário
de frequência alimentar (QFA) isolados ou associados a
outros métodos.
Contudo, destaca-se que não existe padronização quanto
ao número de métodos a serem aplicados, isto é, pode-se
utilizar vários métodos de avaliação por vários dias.
Segundo Marchioni, 29 os métodos mais indicados foram o
registro alimentar (RA) e o recordatório de 24 horas (R24H)
associados ou não e aplicados, no mínimo, em 3 dias, como
alternativa para minimizar a variabilidade intrapessoal.
14,21, 26,29
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NECESSIDADES E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS
Uma boa nutrição é a base para um desenvolvimento
saudável (WHO, 2002). Os
cálculos nutricionais devem ser suficientes para atender às
necessidades das crianças e dos adolescentes, bem como
estarem adequados às demandas metabólicas para
permitir o alcance do potencial genético de cada indivíduo.
Para tanto, as recomendações devem estar baseadas nas
Dietary Recommended Intakes (DRI), que constituem a
mais recente revisão dos valores de recomendações de
nutrientes e energia adotados pelos Estados Unidos e pelo
Canadá, estabelecidas no intuito de reduzir os riscos de
doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), além de
proporcionar ausência de sinais de deficiências
nutricionais. 57,59,62
Devido ao rápido crescimento no período da adolescência,
a nutrição se torna essencial para a garantia do alcance do
potencial genético, uma vez que, nesse período, o
adolescente pode ganhar cerca de 25 a 50% de seu
potencial de crescimento. 59
Em crianças e/ou adolescentes, são necessárias
adequações dietéticas como: estabelecimento das
necessidades de proteína por quilograma de peso corporal
para satisfazer as exigências relacionadas ao crescimento;
maior necessidade de cálcio para fortificar os ossos;
elevado gasto metabólico de movimento por massa
corporal; e mais utilização de gordura durante o exercício.
11, 31
Requerimentos energéticos
O aporte energético adequado é necessário para atender
às demandas do
crescimento, da saúde, das atividades físicas diárias, do
treinamento e da manutenção do peso corporal.
A ingestão energética inadequada e crônica pode resultar
em baixa estatura, atraso na puberdade, disfunções
menstruais, comprometimento da saúde óssea e aumento
do risco de lesões.
O requerimento energético de crianças durante
caminhadas e corridas pode ser até 30% maior do que em
adultos. Isso se deve ao fato da criança ter uma maior
frequência de impacto, variação na parte mecânica do
trabalho e da força nos músculos antagonistas. É evidente
que, com o treinamento, o custo energético dessa
locomoção diminui.
É muito difícil estabelecer uma recomendação de energia
para jovens atletas. O
mais indicado, nessa situação, é monitorar o crescimento,
o peso corporal e outras variáveis antropométricas. Dessa
forma, o profissional que acompanha esse atleta saberá se
o aporte energético ingerido está sendo suficiente para
atender às demandas do crescimento e do desempenho.
Porém, o requerimento energético deve ser estimado e
pode ser calculado pelas
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fórmulas preditivas de Gasto Energético Basal (GEB)
(Tabela 14.2).
Para a determinação do Gasto Energético Total (GET),
multiplique o GEB de acordo com as atividades realizadas
propostas por Samour et al. (Tabela 14.3).
Esses valores, porém, não se referem ao fator atividade
diária e sim a atividade desenvolvida por hora, dessa forma
deve-se multiplicar as horas de cada atividade até atingir o
total em 24 horas e, após dividir o resultado obtido por 24,
o fator multiplicador do GEB será obtido. 47, 59 Esse
cálculo deve ser utilizado para recomendação diária de
crianças e adolescentes saudáveis em atividades normais.
Se a criança realizar exercícios físicos programados mais
do que 3 vezes por semana, é necessário acrescentar a
quantidade de energia proporcional ao gasto energético.
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Devido ao fato de crianças começarem a treinar e a
competir muito cedo, existe uma preocupação a respeito
do fato da demanda energética do treinamento afetar
negativamente ou não o crescimento e a maturação.
É interessante destacar que crianças e adolescentes que
participam de atividades recreacionais (mais do que 15
horas semanais), treinamento de força com carga leve a
moderada (2 vezes/semana) ou esportes, em clubes
esportivos, não apresentam qualquer comprometimento no
crescimento e na maturação.
Quando qualquer redução no peso corporal for desejável,
ela deverá ser feita de
maneira gradual e não ultrapassar 1,5% do peso
corporal/semana.
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INGESTÃO DE MACRONUTRIENTES
Carboidratos
Os estoques de carboidratos são menores em crianças do
que em adultos, e as enzimas envolvidas na capacidade
glicolítica podem não estar completamente desenvolvidas.
Uma menor atividade da enzima lactato desidrogenase foi
observada em crianças e pode explicar a diminuição tanto
na capacidade anaeróbica como na produção de lactato. 30
A ingestão inadequada de carboidratos pode resultar em
estoques insuficientes de glicogênio muscular e fadiga
precoce, além do uso de estoques proteicos para fins de
produção de energia. 25,36 Para otimizar a recuperação
muscular, recomenda-se que o consumo de carboidratos
esteja entre 5,0 e 8,0 g/kg de peso/dia.48 Estoques
elevados de glicogênio muscular produzem maior reserva
energética para atividades aeróbicas e anaeróbicas,
resultando em maior resistência e retardando o surgimento
da fadiga. 3
Não há estudos a respeito da compensação de carboidrato
e de glicogênio em crianças e/ou adolescentes. Isso porque
existem várias desvantagens para essa população quando
se pensa em adotar esse método de compensação, como
fadiga, irritabilidade, ingestão inadequada de nutrientes
juntamente com nenhum benefício no
desempenho.25,47,52
Segundo Williams, 60 a recuperação de jovens atletas, nos
treinos diários ou competições intensas, é melhor quando
os atletas consomem uma dieta rica em carboidratos. O
efeito mais importante dessa dieta é maximizar os
estoques de glicogênio nos músculos. Aproximadamente
10 g de carboidratos por kg de peso corporal devem ser
suficientes para repor os estoques de glicogênio após uma
sessão de treinos pesados. O consumo de uma dieta rica
em carboidratos, durante as primeiras 24 horas após o
exercício intenso, é capaz de recuperar as concentrações
de glicogênio muscular para níveis normais.55
Alimentos ricos em carboidrato são muito importantes na
alimentação de jovens atletas. Grãos integrais, frutas,
hortaliças e leite e derivados são fontes nutritivas de
carboidrato, além de outros nutrientes, como vitaminas e
minerais. Bebidas esportivas, géis e barras de carboidrato
são muito utilizados durante o exercício, mas, por conterem
carboidrato refinado, deve-se ter atenção especial em
relação ao seu consumo por conta da obesidade infantil e
de cáries dentárias. 31
O efeito do consumo de carboidrato em crianças não é tão
bem estudado quanto em adultos, mas há uma tendência
para se afirmar que seu consumo durante o exercício
também é benéfico para essa população. Durante o
exercício intenso, a utilização de
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carboidrato em adolescentes pode ser de 1,0 a 1,5 g/kg de
peso corporal/hora.
Gordura
As crianças oxidam relativamente mais gordura do que
carboidrato quando comparadas a adultos em uma
determinada intensidade de exercício. Isso pode ser
demonstrado por um aumento das concentrações dos
níveis de glicerol e ácido graxo livre durante o exercício
prolongado. O lactato (produto do metabolismo do
carboidrato e inibidor da mobilização e captação de ácido
graxo) tem sido frequentemente encontrado em baixos
níveis em criaças – mais do que em adultos –
durante exercícios de intensidade baixa, moderada e
alta.30,39
Essas diferenças no metabolismo energético podem ser
atribuídas pelas respostas
hormonais ao exercício. Apesar da indicação de que
crianças têm a gordura como principal combustível durante
o exercício, não há evidências científicas que sugiram que
crianças e/ou adolescentes atletas devam consumir uma
maior quantidade de gordura em sua dieta habitual. Pelo
contrário, um consumo elevado desse nutriente antes do
exercício inibe a secreção do hormônio do crescimento
(GH), importante para a adaptação e crescimento
muscular. Em um estudo realizado por Moran,34 foi
observada uma redução de 40% da secreção do hormônio
de crescimento durante a realização, por 30 minutos, de
exercício intermitente (bicicleta), quando as crianças
estudadas ingeriram um shake rico em lipídios (0,8 g/kg de
peso corporal), 45 minutos antes do início do exercício.
O consumo de gordura deve seguir as recomendações: 25
a 35% do valor energético total; gorduras saturadas não
mais do que 10%; e um consumo de gorduras trans e
colesterol menor do que 300 mg/dia. A redução demasiada
do consumo de gordura para essa população não é
indicada, uma vez que pode implicar em uma ingestão
inadequada de ácidos graxos essenciais e vitaminas
lipossolúveis, além de alimentos ricos em proteína que, por
sua vez, são ricos em ferro e zinco. 25,30,39
Proteína
As crianças e os adolescentes têm uma maior necessidade
proteica do que os adultos, devido ao crescimento. De fato,
ingestão adequada não só desse nutriente, mas também
de energia, é fundamental para manter o balanço
nitrogenado positivo.
Dentre os macronutrientes, a proteína tem especial
importância pelas funções associadas ao crescimento. É
importante, ainda, salientar que um mínimo de proteínas
deve ser garantido (Tabela 14.4) para que os aminoácidos
essenciais sejam contemplados na ingestão diária. Dessa
forma, deve-se observar as recomendações de acordo com
as RDA. 5, 59
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A Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte48
recomenda, para jovens que têm por objetivo o aumento
de massa muscular, a ingestão de 1,6 a 1,7 g/kg de
peso/dia de proteínas e, para os esportes nos quais o
predomínio é a resistência, 1,2 a 1,6 g/kg.
Porém, salienta a importância dos profissionais estarem
alertas em conscientizar os atletas de que o aumento do
consumo proteico na dieta, além dos níveis recomendados,
não leva ao aumento adicional da massa magra, uma vez
que não há evidência científica comprovando que o
aumento da ingestão de proteína aprimora a capacidade
do exercício e aumenta a massa muscular em crianças e
adolescentes em
desenvolvimento. 48, 59
Na maioria das vezes, a recomendação estabelecida de 1,7
g de proteína/kg de peso corporal/dia é atingida e, até
mesmo, ultrapassada.
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MICRONUTRIENTES
Não existem recomendações específicas de
micronutrientes para jovens atletas. As Dietary Refence
Intakes (DRI) são utilizadas como padrão para verificar a
adequação, apesar da pouca especificidade. O baixo
consumo de energia por praticantes de atividade física
pode causar perda de massa muscular e óssea, aumento
da fadiga e lesões que comprometem o rendimento e os
resultados no esporte. O equilíbrio entre os
macronutrientes e a ingestão adequada dos
micronutrientes deve ser garantido de forma a permitir o
desempenho adequado e preservar a saúde do atleta. 6,
25, 59
Cálcio
A recomendação de cálcio se baseia na quantidade
necessária para manter o balanço desse mineral e
promover um ótimo crescimento ósseo. Quando o consumo
de cálcio é baixo durante a infância e/ou adolescência, há
uma eficiência maior na retenção desse mineral, na
tentativa de compensar o quadro de inadequação de sua
ingestão. Cerca de 26% do crescimento ósseo se dá na
adolescência. Uma má qualidade óssea predispõe a
fraturas, e uma baixa densidade óssea está associada a
uma maior taxa de fraturas em meninas.30
O consumo adequado desse mineral é extremamente
importante para os atletas em
crescimento, para minimizar as fraturas por estresse e,
mais tarde, diminuir o risco de desenvolver osteoporose.
Esse fator é particularmente importante entre atletas do
sexo feminino que apresentam amenorreia primária,
associada a uma densidade óssea menor.
As ginastas estão entre as atletas que apresentam maior
frequência de dano ósseo. A ingestão inferior a 500 mg de
cálcio, muito comum nesse grupo, resulta em uma menor
retenção do nutriente em adolescentes.
Para melhor desenvolvimento ósseo e redução do risco de
fraturas por estresse, a nova DRI para o cálcio sugere
valores maiores de ingestão (Tabela 14.6) desse nutriente
para adolescentes, considerando o incremento dramático
do conteúdo mineral ósseo no período, porém não leva em
consideração necessidades relacionadas à prática
esportiva.22,25,43,45
Devido ao aumento da absorção de cálcio na adolescência,
ocorrem mudanças no
metabolismo da vitamina D, entretanto esses eventos
parecem não aumentar a demanda pela vitamina. 45,50
Considera-se que a exposição solar garanta o aporte de
vitamina D necessário para a absorção de cálcio nos ossos,
facilitada, ainda, pela atividade física. 50
Ferro
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O ferro é outro micronutriente que merece especial
atenção. Ele é necessário para a formação de células
sanguíneas, responsáveis pelo transporte de oxigênio.
Quanto menor o estoque de ferro no organismo, maior será
a possibilidade de baixo desempenho esportivo. Dessa
forma, a ingestão diária de ferro deve ser garantida (Tabela
14.5). 22, 45, 48, 50
Adolescentes do sexo feminino são o grupo com o maior
risco de desenvolver deficiência de ferro devido às perdas
na menstruação, além de também ser o grupo mais
propenso ao consumo inadequado desse mineral. Uma
baixa ingestão de ferro não resulta necessariamente em
um quadro de anemia, mas, se essa situação se tornar
crônica, pode prejudicar o metabolismo muscular e a
função cognitiva. É necessário cuidado ao diagnosticar um
quadro de anemia baseando-se somente na concentração
de ferritina sérica. Isso porque tanto a fase de estirão como
o treinamento causam um aumento no volume plasmático,
dando um resultado falso-positivo de anemia. 30
O rápido aumento da massa magra, do volume sanguíneo e
das células vermelhas
resulta em uma maior necessidade de ferro. A ocorrência
da anemia no período de estirão pode estar elevada, e as
perdas menstruais, em meninas, justificam a necessidade
de uma maior ingestão desse nutriente nessa faixa etária.
A ingestão insuficiente de ferro pode prejudicar a
capacidade de transporte de oxigênio, diminuindo o
desempenho e interferindo no treinamento, se a deficiência
de ferro progredir para uma anemia. 25 Dessa forma, a
inclusão de alimentos ricos em ferro e vitamina C deve ser
priorizada na elaboração das recomendações
nutricionais.25, 59
Zinco
Não existem valores de referência específicos de
micronutrientes para jovens atletas. A maior parte dos
valores de referência que existem para adolescentes é
estabelecida pela extrapolação de valores determinados
para adultos. Muitas das limitações que ocorrem residem
no fato de que os adolescentes ainda estão em fase de
crescimento acelerado e não estão estabilizados
fisiologicamente. 43
Considerando o período de crescimento das fases da
infância e da adolescência e
entendendo o papel do zinco no crescimento, na
construção e na reparação de tecidos musculares e em sua
atuação como coenzima na produção de energia, é
importante avaliar a ingestão desse mineral. 6, 50
Vitaminas do complexo B
As vitaminas do complexo B exercem funções diretamente
relacionadas ao
exercício, pois participam das reações químicas de
produção de energia, produção de
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hemoglobina, síntese proteica, manutenção e reparo de
tecidos. 6
O exercício pode aumentar em até 15 vezes o consumo de
oxigênio, causando, assim, estresse oxidativo por meio da
produção de radicais livres. 6, 43 Dessa forma, as
vitaminas antioxidantes exercem importante papel na
redução de danos causados pelos radicais livres.
Entretanto, a necessidade de suplementação ainda não é
clara, uma vez que os indivíduos que apresentam risco de
baixo consumo de vitaminas são aqueles que fazem
restrição energética ou apresentam baixo consumo de
frutas e verduras. 6, 40
De maneira geral, sabe-se que as necessidades de
vitaminas e de minerais são maiores na adolescência, e o
profissional deve estar atento às recomendações diárias
(Tabela 14.6). 22
Ainda não existe consenso se há necessidade de aumento
de consumo desses micronutrientes em jovens fisicamente
ativos. 25, 61 Porém, assim como em todas as fases da
vida, na infância e na adolescência, a alimentação deve ser
a mais variada possível, com alimentos de todos os grupos,
para, assim, garantir o fornecimento adequado dos
micronutrientes.22, 61
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HIDRATAÇÃO
A hidratação é outra medida importante a ser considerada
para crianças e adolescentes praticantes de atividade
física. As consequências da hipertermia podem ser graves,
portanto, crianças não devem ser expostas a situações de
risco. Além disso, ela é essencial para garantir a
manutenção da saúde e o desempenho físico. A hidratação
é recomendada antes, durante e após as práticas
esportivas. 5, 47
Crianças apresentam menor taxa de sudorese quando
comparadas aos adultos para
esforços que se assemelham em intensidade e duração,
em condições térmicas idênticas em ambiente laboratorial.
No entanto, elas se desidratam à semelhança do adulto;
não costumam perder mais do que 350 a 400 mL/hr/m2 de
superfície corporal. A transição do padrão de sudorese
infantil para o adulto ocorre no início e no meio da
puberdade.
Assim como nos adultos, alguns estudos demonstram que,
durante o exercício prolongado, a ingestão de líquidos por
crianças é insuficiente para repor as perdas. 25
Segundo a Diretriz da Sociedade Brasileira de Medicina do
Esporte (2009), 48
nessa população, a palatabilidade é um fator importante no
estímulo à reposição de água, visto que pesquisas mostram
que sua ingestão voluntária aumenta quando são
adicionados sabores: sódio (20 a 25 mEq/L) e carboidrato
(6%), evitando, desse modo, a desidratação. 48
Recomenda-se que o indivíduo beba cerca de 250 a 500 mL
de água, 2 horas antes do exercício. Durante o exercício,
recomenda-se iniciar a ingestão já nos primeiros 15
minutos e continuar ingerindo líquido a cada 15 a 20
minutos. O volume a ser ingerido deve variar conforme as
taxas de sudorese, na faixa de 500 a 2.000 mL/h.
Se a atividade durar mais de 1 hora ou se for intensa, do
tipo intermitente, mesmo com menos de 1 hora, deve-se
repor o carboidrato na quantidade de 30 a 60 g/h e Na+ na
quantidade de 0,5 a 0,7 g/L. É necessário atenção à
temperatura da bebida, que deve estar entre 15 a 22°C e
apresentar sabor agradável, de acordo com a preferência
do indivíduo. Em um estudo32 realizado para verificar a
preferência de sabor de bebidas por crianças canadenses,
de ambos os sexos, entre 9 e 13 anos, durante o exercício,
os autores observaram a preferência da bebida sabor uva,
quando comparada a água pura e a bebidas com sabor
laranja e maçã. Após o exercício, deve-se continuar
ingerindo líquidos para compensar as perdas adicionais de
água pela urina e pela sudorese.
Deve-se aproveitar para ingerir carboidratos, em média 50
g de glicose, nas primeiras 2 horas após o exercício, para
que se promova a ressíntese e o rápido armazenamento de
glicogênio muscular e hepático. 32,48, 55
A recomendação de concentração de carboidrato em uma
bebida esportiva para crianças e/ou adolescentes é
também de 6%. Assim como em adultos, uma bebida
esportiva com 8% de carboidrato não é bem tolerada
durante o exercício por essa
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população.30
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SUPLEMENTAÇÃO
Suplementos alimentares são definidos como substâncias
utilizadas por via oral com o objetivo de complementar
uma determinada deficiência dietética. Muitas vezes, eles
são comercializados como substâncias ergogênicas
capazes de melhorar ou aumentar o desempenho físico. 30
Segundo estudo realizado por Alves et al., 4 proteínas e
aminoácidos,
creatina,
carnitina,
vitaminas,
microelementos,
cafeína,
betahidroximetilbutirato e bicarbonato são os suplementos
alimentares mais utilizados pelos adolescentes. 4,23
O consumo de suplementos dietéticos é amplamente
difundido entre adolescentes.
Na maioria das vezes, ele ocorre sem uma necessidade
específica, motivado pela busca do corpo ideal. Outros
motivos para essa suplementação são: compensar dieta
inadequada, aumentar imunidade, prevenir doenças,
melhorar o desempenho
competitivo e superar os próprios limites. 4, 42, 55Em
geral, uma nutrição balanceada, que forneça a quantidade
de energia e de nutrientes necessários, é suficiente para o
bom desempenho nas atividades físicas. A reposição com
suplementos dietéticos deve ser reservada para atletas
competitivos que não consomem uma dieta balanceada,
após a comprovação de alguma deficiência específica. 4,
30
Embora suplementos vitamínicos e minerais possam
melhorar o estado nutricional
de jovens que não consomem as quantidades mínimas
recomendadas desses nutrientes em alimentos, 31 seu uso
irrestrito deve ser desaconselhado, uma vez que pode
expor o adolescente a vários efeitos adversos; além disso,
não há evidência científica que suporte o uso geral de
suplementos para melhorar o desempenho. 4,23, 31, 55
Orientações nutricionais gerais
A necessidade de adequar e de equilibrar a alimentação se
torna imperativa nessa fase. Algumas recomendações
podem ser utilizadas para a promoção da saúde e a
prevenção de doenças, segundo a Coordenação Geral da
Política de Alimentação e Nutrição (Quadro 14.4). 17
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Para os praticantes de atividade física regular, a adequação
da alimentação deve ser observada considerando o estado
nutricional e a atividade praticada.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A participação da criança e do adolescente em atividades
esportivas é parte do processo de socialização, pois além
dos benefícios para a saúde, oferece oportunidades de
lazer e desenvolvimento de melhor aptidão física, que leva
à melhoria da autoestima. 47 As atividades de educação
nutricional direcionadas a crianças e adolescentes devem
abordar temas referentes aos hábitos alimentares
saudáveis condizentes à faixa etária, ao controle saudável
do peso corporal, aos transtornos alimentares, à
necessidade de líquidos durante a prática esportiva, aos
riscos e às indicações de uso de suplementos nutricionais e
produtos ergogênicos. É importante, ainda, a participação
de pais e treinadores nas atividades educativas, com o
intuito de evitar orientações impróprias em relação à
alimentação, principalmente àquelas direcionadas aos
engajados na prática da atividade física.
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Recomendações nutricionais para perda de peso em
praticantes
de atividade física com sobrepeso e obesidade
Fernanda Mattos Magno
Letícia Azen Alves
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INTRODUÇÃO
O controle de peso corporal está essencialmente ligado à
regulação do balanço energético e depende de dois
componentes básicos: o consumo energético e o gasto
energético. Quando o consumo energético é equivalente ao
que se gasta, o peso corporal permanece constante. 50
Os mecanismos fisiológicos (fome, saciedade, controle
glicêmico etc.) e
comportamentais (escolha do alimento, aprendizagem,
hábitos etc.) deveriam equilibrar-se entre a ingestão de
energia (a soma da energia ingerida por alimentos, líquidos
e suplementos) e o gasto energético (a soma da energia
gasta com o metabolismo basal, o efeito térmico dos
alimentos e qualquer atividade física voluntária). 14 O
desequilíbrio contínuo entre ingestão e gasto de energia,
pode resultar em mudanças na composição corporal e
afetar a saúde e o desempenho de um indivíduo. 95 Essas
mudanças na composição corporal, dependendo da sua
magnitude, podem levar ao sobrepeso ou à obesidade.
A obesidade é uma condição crônica caracterizada pelo
acúmulo excessivo de gordura nos adipócitos. Nos últimos
anos, tem sido considerada uma doença metabólica e
neuroendócrina que resulta da interface entre um
ambiente obesogênico e uma predisposição genética
intrínseca. Trata-se de um transtorno complexo que
envolve desordens na regulação do apetite (excesso de
ingestão energética), inatividade física e múltiplos fatores
endógenos (genéticos, endócrinos, psicogênicos,
medicamentos, neurológicos, metabólicos).34, 60
Para a maioria dos casos de obesidade, a redução do peso
é o primeiro passo para o tratamento das comorbidades
associadas – diabetes mellitus tipo 2 (DM2), hipertensão
arterial sistêmica (HAS), dislipidemias etc. No entanto, a
conduta alimentar para o tratamento da obesidade é muito
controversa. Enquanto as principais autoridades mundiais
em saúde, como a American Dietetic Association (ADA),
recomendam dietas hipocalóricas, com uma proporção
relativamente alta de carboidrato se reduzida em gordura,
os livros populares que abordam os modismos dietéticos,
as chamadas “dietas da moda”, normalmente redigidos por
médicos americanos, promovem dietas
hiperproteicas, hiperlipídicas e com redução moderada a
severa de carboidratos.
Muitas dessas estratégias proporcionam uma acentuada
perda de peso, entretanto a taxa de adesão em longo
prazo constantemente é muito pequena, o que gera a
desistência e a recuperação do peso (e tempo) perdido. 4
Outros fatores importantes observados em programas de
emagrecimento é que a maior perda de peso corporal
ocorre nas primeiras consultas, cursando com perda
máxima por volta do quinto mês e que, quanto menor for o
intervalo entre as consultas, maiores serão as chances de
perda e de manutenção do peso. 122
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Assim, devemos pensar em estratégias que permitam
favorecer uma menor ingestão energética, visando à
manutenção de uma perda de peso saudável. Dessa forma,
o presente capítulo visa identificar os diversos fatores que
causam o excesso de peso, bem como entender a
complexidade da obesidade e sugerir recomendações
nutricionais gerais àqueles que objetivam o
emagrecimento.
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EPIDEMIOLOGIA DA OBESIDADE
A prevalência da obesidade é crescente e vem adquirindo
proporções epidêmicas,
um dos principais problemas de saúde pública no mundo
atual. 134 Em função do aumento de sua prevalência, e
das graves consequências que pode acarretar, é
considerada a mais importante desordem nutricional nos
países desenvolvidos.118 No Brasil, as mudanças
demográficas, socioeconômicas e epidemiológicas ao longo
do tempo permitiram que ocorresse a denominada
transição nos padrões nutricionais, com a diminuição
progressiva da desnutrição e o aumento da obesidade. 36
De acordo com os dados da Pesquisa de Orçamento
Familiar (POF) (2008-2009), o excesso de peso corporal foi
diagnosticado em cerca de metade dos homens (50,1%) e
das mulheres (48%), com prevalência entre os adultos de
49%. Já a obesidade foi observada em 14,8% do total de
adultos (12,5% dos homens e 16,9% das mulheres). 52
Dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico
(Vigitel), coletado no ano de 2013 mostrou que o sobrepeso
atinge 54,7% dos homens e 47,4% das mulheres e a
obesidade está presente em 17,5% em ambos os sexos,
adultos com idade igual ou superior a 18 anos, na cidade
do Rio de Janeiro. 19
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CLASSIFICAÇÃO DA OBESIDADE
A obesidade é reconhecida como doença crônica desde
1985 pelo National Institutes of Health (NIH)84 e é
caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura nos
adipócitos, comprometendo a saúde do indivíduo. 24,34,
60 A distribuição de gordura corporal também deve ser
considerada ao se relacionar a obesidade a outras
morbidades crônicas não transmissíveis. 22, 31
Classificação quanto à gravidade do excesso ponderal
Determinação do Índice de Massa Corporal
A gravidade do excesso ponderal costuma ser determinada
pelo cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), dado
pela divisão do peso do indivíduo (em kg) pela altura ao
quadrado (em m).
A Organização Mundial da Saúde (OMS)134 estabeleceu
diferentes pontos de corte para permitir a classificação da
obesidade: grau 1 para os indivíduos com IMC entre 30 e
34,9 kg/m2, grau 2 para indivíduos com IMC entre 35 e
39,9 kg/m2 e grau 3, ou obesidade mórbida, para
indivíduos com IMC acima de 40 kg/m2.
Limitação da utilização do IMC
Apesar de representar um método simples, barato e de alta
reprodutibilidade, o IMC é, de longe, a abordagem mais
comumente aplicada para caracterizar a obesidade em
indivíduos. Porém, o excesso de gordura corporal de
pessoas fisicamente ativas não deve ser avaliado pela
relação peso/altura, uma vez que pessoas com grande
quantidade de desenvolvimento de massa muscular
costumam ser pesadas.
É provável que os indivíduos, muitas vezes, sejam
diagnosticados com quantidade
excessiva de gordura corporal, devido à variação da massa
muscular, e que certos indivíduos com adiposidade
significativa sejam negligenciados, uma vez que, apesar de
estarem com um peso corporal considerado adequado,
podem apresentar elevado percentual de gordura.15
Portanto, devemos escolher um método que nos permita
estimar o percentual de gordura e, a partir daí, classificar
mais precisamente o estado nutricional.
Avaliação da composição corporal
A avaliação da composição corporal tem por objetivo
quantificar os diferentes componentes corporais. Para isso,
faz-se necessário a utilização de técnicas que
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permitam verificar se a quantidade de gordura corporal,
que é o componente normalmente mais avaliado, está
dentro dos padrões adequados.
Existem diversos métodos de avaliação da composição
corporal para
determinação do percentual de gordura, desde aqueles que
utilizam complexas técnicas laboratoriais, de alto custo e
de difícil aplicação (tomografia computadorizada
“padrão-ouro”, ultrassonografia e Dual Energy X-ray
Absorptiometry- DEXA) até aqueles que envolvem técnicas
simples que podem ser utilizadas no dia a dia dos
profissionais de nutrição e esporte. Dentre essas técnicas,
as mais utilizadas são a bioimpedância (bipolar, tetrapolar
e octopolar) e a medição das dobras cutâneas
(adipômetro), que, a partir de procedimentos não
invasivos, de baixo custo e relativa simplicidade, permitem
a estimativa válida da composição corporal do indivíduo.
Alguns cuidados devem ser tomados no momento da
avaliação. Para realização da
bioimpedância, deve-se atentar para a preparação
adequada do sujeito. Já nos casos de obesidade, sugere-se
avaliar previamente se há possibilidade de medir as dobras
cutâneas do indivíduo a fim de não causar situações
constrangedoras tanto para o avaliador como para o
avaliado. Em casos de obesidade grave, as dobras
cutâneas não podem ser utilizadas para definir o valor total
de gordura corporal, uma vez que os adipômetros,
geralmente, não medem além de 50 milímetros. Essa
observação também é válida para balanças e fitas métricas
inelásticas, visto que, em programas de emagrecimento, os
pacientes variam de sobrepeso a super obesidade, com
IMC acima de 50 kg/m2.6 Atualmente existem no mercado
balanças (analógicas, digitais e com bioimpedância) com
capacidade de 300 kg e fitas inelásticas com 2 m de
comprimento.
A classificação do excesso ponderal, baseada na predição
do percentual de gordura obtido pela antropometria, por
exemplo, varia de acordo com o protocolo utilizado.
Portanto, para a reprodução dessa técnica, visando o
acompanhamento do cliente, torna-se imprescindível que a
avaliação seja sempre realizada pelo mesmo avaliador, que
deverá utilizar o mesmo instrumento, preferencialmente.
Além disso, os parâmetros adotados para a avaliação do
excesso de gordura corporal variam de acordo com a
técnica utilizada, e esta deve ser usada em todas as
avaliações. Vale ressaltar que o percentual de gordura ideal
será sugerido de acordo com o quadro clínico do indivíduo
(doenças associadas ao excesso de peso) ou com a
exigência da modalidade esportiva praticada. Por último,
deve-se preocupar com a satisfação do ideal estético, pois
este, muitas vezes, apresenta-se incompatível com uma
boa saúde e/ou poderá prejudicar o rendimento físico.
Em geral, a faixa percentual de gordura, em média, para
adultos jovens, corresponde a 15% para homens e a 23%
para mulheres; acima da média, de 16 a 24%
para homens e de 24 a 31% para mulheres; considera-se
risco de doenças associadas à obesidade quando o homem
atinge percentual de gordura igual ou superior a 25% e a
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mulher a 32%. 67
Demais informações a respeito da avaliação da composição
corporal poderão ser
obtidas no Capítulo 12 desta obra.
Classificação baseada nas características do tecido adiposo
Essa classificação considera, basicamente, a distribuição
anatômica do tecido adiposo excessivo e sua celularidade
(proporção entre tecido hemopoético e adiposo).
Existem dois tipos de tecido adiposo envolvidos no balanço
energético, porém, com características bem distintas: o
tecido adiposo branco (TAB) e tecido adiposo marrom
(TAM). O TAB está envolvido, principalmente, na estocagem
de energia na forma de triglicerídeos; já o TAM tem função
na dissipação de energia na forma de calor durante a
termogênese induzida pelo frio e pela dieta. O TAB contém
adipócitos, pré-adipócitos (células precursoras de
adipócitos), células endoteliais, fibroblastos, leucócitos e
macrófagos. Além disso, podem-se isolar nesse tecido
células-tronco mesenquimais, que podem ser direcionadas
para diversas linhagens celulares, incluindo miócitos,
condrócitos, osteoblastos e adipócitos. 100
O aumento do tecido adiposo ocorre por dois processos:
hipertrofia dos adipócitos, caracterizada pelo aumento do
tamanho das células já presentes quando a gordura é
adicionada, e hiperplasia, caracterizada pelo aumento do
número de células adiposas. O ganho de peso corporal
pode ser resultante da hipertrofia, da hiperplasia ou da
combinação de ambos. 64
Os depósitos de gordura podem se expandir em até mil
vezes somente pela hipertrofia, um processo que pode
ocorrer em qualquer período da vida, desde que haja
espaço disponível nos adipócitos. A hiperplasia ocorre
primariamente como parte do processo de crescimento
durante a infância e a adolescência, mas também pode
ocorrer na fase adulta quando o conteúdo de gordura das
células existentes tiver alcançado o limite de sua
capacidade. 62
Classificação quanto à distribuição do tecido adiposo
Atualmente, um aspecto importante que vem despertando
a atenção de
pesquisadores que se dedicam ao estudo da obesidade é a
distribuição da gordura corporal. Na década de 1950, o
pesquisador Vague criou o índice de diferenciação
masculina e, por meio desse índice, classificou a gordura
em androide (gordura localizada na região do abdome ou
central), mais específica em homens, e em gordura ginoide
ou ginecoide (gordura localizada nos quadris e nas coxas),
mais específica em mulheres, o que indica o perfil
estrogênico.120
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Obesidade ginoide
A obesidade ginoide, também conhecida como obesidade
baixa, periférica ou gluteofemoral, é predominante em
mulheres. Esse tipo de obesidade é associado à figura da
pera e às alterações circulatórias e hormonais. 85
Obesidade androide
A obesidade androide, também conhecida como obesidade
alta, central e troncular, é predominante em homens. Esse
tipo de obesidade é associado à figura da maçã.
Estudos mostram que a obesidade androide está associada
a várias complicações metabólicas, entre elas podemos
destacar dislipidemias, HAS, doenças coronarianas,
intolerância à glicose e apneia do sono. 85
Como a avaliação da distribuição do tecido adiposo pela
medida de dobras cutâneas consiste em um método de
baixa reprodutibilidade, a maior parte dos estudos
epidemiológicos passou a valorizar a relação ou a razão
cintura/quadril (RCQ), um importante método de avaliação
no diagnóstico de obesidade androide e,
consequentemente, na avaliação do risco de algumas
doenças. 89 Assim, a obesidade seria classificada ginoide
quando o valor (em cm) da medida da circunferência da
cintura (C) dividida pela circunferência (em cm) do quadril
(Q) fosse menor que 0,9; e a obesidade seria classificada
androide quando a RCQ fosse maior ou igual a 0,9.
Tanto para homens como para mulheres, a RCQ de 1,0 ou
superior é considerada
fator de risco de consequências indesejáveis à saúde, como
doenças cardíacas. RCQ
considerada saudável corresponde a 0,90 ou menos para
homens e a 0,80 ou menos para mulheres. 82
A partir de 1994, atribui-se à medida isolada da cintura
uma eficácia superior à relação cintura-quadril para
identificar o excesso de gordura abdominal visceral e
estimar o risco metabólico (Tabela 15.1). 133
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Classificação quanto à idade de início
Início na infância
Algumas evidências apontam que um elevado peso ao
nascer pode se associar com
sobrepeso e obesidade. Entretanto, essa questão ainda é
controversa, visto que diversos pesquisadores da área
ainda acreditam que o peso ao nascer parece não se
correlacionar com o desenvolvimento de obesidade na
infância ou na vida adulta.103
Durante o primeiro ano de vida, verifica-se um crescimento
no tamanho dos adipócitos com pouco aumento do número
de adipócitos. A obesidade iniciada nessa fase da vida não
parece predispor decisivamente à obesidade na vida
adulta. A partir dessa idade, já podem desenvolver-se
casos de obesidade com tendência maior à hiperplasia
adipocitária e maior propensão à persistência na vida
adulta. 112
A puberdade produz diferenças marcantes na relação de
mudanças hormonais e de
composição corporal em meninos e meninas. Nos meninos,
ocorre um considerável aumento do hormônio testosterona
com funções na diminuição de lipogênese, aumento da
lipólise, hipertrofia muscular e óssea. Nas meninas, devido
ao aumento na concentração sanguínea de estrogênios
(estradiol, estrona e estriol), o efeito é maior na
estimulação de lipogênese.101,121 Por isso, a puberdade é
considerada um período crítico no desenvolvimento da
obesidade. 40, 97
Início na vida adulta
Estima-se que aproximadamente dois terços dos casos de
obesidade tenham início
na vida adulta. O aumento progressivo do peso corporal
tende a se acentuar dos 20 aos 50 anos, e o fenômeno se
agrava ainda mais quando há redução de atividade física.
Após os 25 anos, em média, os indivíduos aumentam 600g
de peso corporal e reduzem 200g de massa muscular por
ano, devido à inatividade física. Além disso, o ganho de
peso corporal a partir dos 40 anos, muitas vezes, se deve à
manutenção da ingestão energética associada à sarcopenia
(redução da massa muscular), que acarreta redução do
metabolismo basal e culmina em balanço energético
positivo e acúmulo de gordura corporal. 13
Entre as mulheres, o ganho de peso está frequentemente
relacionado à gestação.
Gestantes que ganham peso excessivamente no primeiro
trimestre da gravidez apresentam maior risco de reter o
peso ganho após o parto do que as gestantes que
engordam mais no terceiro trimestre. 44 Já os indivíduos do
sexo masculino frequentemente engordam em decorrência
de mudanças de estilo de vida ocorridas após o casamento,
quando adotam um comportamento mais sedentário. 59
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Depois dos 60 anos, apesar da tendência natural à
diminuição da massa muscular e ao aumento do tecido
adiposo, não é comum o surgimento de novos casos de
obesidade. 88
Classificação quanto à etiologia
A obesidade não é uma doença de desordem singular, e
sim um grupo heterogênico
de condições com múltiplas causas e um dos fatores de
maior risco para as doenças e agravos não transmissíveis.
39 Dentre os fatores que causam a obesidade, podemos
citar as desordens alimentares pelo consumo excessivo de
energia e, principalmente, de lipídios, que pode favorecer
ainda mais o aumento da adiposidade.38 Além disso, é
consenso que há redução da adiposidade de acordo com o
desenvolvimento e mecanização da sociedade, com
consequente diminuição do gasto energético. 43, 132
O mapa gênico da obesidade humana está em processo
constante de evolução, e pesquisas que utilizaram
diferentes protocolos e metodologias identificaram mais de
430 genes e diversos marcadores genéticos implicados na
obesidade, demonstrando, de forma evidente, a
participação do componente genético na incidência dessa
doença.68,77
Estima-se que entre 40 e 70% da variação no fenótipo
associado à obesidade é de
caráter hereditário. Nesse sentido, os genes têm
interferência na manutenção de peso e de gordura corporal
ao longo do tempo, por sua participação no controle de
vias eferentes (leptina, nutrientes, sinais nervosos, entre
outros), de mecanismos centrais (neurotransmissores
hipotalâmicos) e de vias aferentes (insulina, catecolaminas,
sistema nervoso autônomo). 111 Assim, a influência
genética como causa da obesidade pode se manifestar por
meio de alterações tanto no apetite como no gasto
energético.48
Em relação ao processo evolutivo, a teoria da economia
energética também vem sendo relatada como possível
contribuinte para o desenvolvimento da obesidade. Em
situações de adversidades biológicas e sociais, em que há
déficit de energia, o organismo aciona uma série de
mecanismos metabólicos adaptativos, promovendo a
redução no gasto energético como estratégia de
sobrevivência. Essa adaptação leva o organismo a um novo
ponto de equilíbrio, em que o gasto e a ingestão de energia
são inferiores ao normal. Esse novo equilíbrio torna-se
poupador, e um aumento na ingestão energética pode
levar a um ganho de peso, em consequência do aumento
da eficiência metabólica adquirida.128
Por fim, a presença da obesidade em vários membros da
mesma família confirma a
participação da herança genética na incidência da
obesidade, e a probabilidade de que os filhos sejam obesos
foi estimada em 50 a 80% quando os pais o são.70
Os distúrbio endócrinos – como o hipotireoidismo,
problemas hipotalâmicos,
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alterações no metabolismo de corticosteroides,
hipogonadismo em homens, ovariectomia em mulheres e
síndrome do ovário policístico – também podem conduzir à
obesidade e à alteração do comportamento alimentar e do
gasto energético. 54
Problemas psicológicos, transtornos alimentares, estresse,
ansiedade e depressão também estão associados ao ganho
de peso, principalmente em relação ao comportamento
alimentar. 117
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ADAPTAÇÕES METABÓLICAS E DOENÇAS CRÔNICAS
ASSOCIADAS À
OBESIDADE
Estudos demonstram que valores de IMC maiores ou iguais
a 30 kg/m2
correlacionam-se com elevada incidência de outras
doenças crônicas não
transmissíveis (DCNT), enquanto valores de IMC maiores
que 40 kg/m2 correlacionam-se com significativo aumento
da mortalidade. 41,71
A obesidade é caracterizada isoladamente como fator de
risco para o
desenvolvimento da resistência à insulina (RI), definida
como um estado metabólico, no qual o mecanismo de
homeostase da glicose normal é falho e seu funcionamento
torna-se inadequado. 75 Além disso, obesos costumam
apresentar quadro de dislipidemia (caracterizada por
alterações metabólicas decorrentes de distúrbios em
qualquer fase do metabolismo lipídico que ocasionem
repercussão nos níveis séricos das lipoproteínas)114 e
níveis mais elevados de marcadores biológicos de
inflamação. Entre esses mediadores pró-inflamatórios
produzidos pelo tecido adiposo, destacam-se a
interleucina-6 (IL-6), a interleucina-18 (IL-18), o fator de
necrose tumoral alfa (TNF-α) e a proteína quimiotática de
monócitos-1 (MCP-1). 51 Segundo alguns autores, esses
mediadores pró-inflamatórios podem contribuir para o
desenvolvimento da RI interferindo no metabolismo
glicídico e lipídico. 57, 118, 123
Além da RI e da dislipidemia, a obesidade contribui para o
surgimento e o agravamento de outras doenças. Entre elas
destacam-se DM2, HAS, doença
coronariana, acidente vascular cerebral, doença hepática
gordurosa não alcoólica, doença da vesícula biliar,
osteoartrite (degeneração da cartilagem e osso das
articulações), apneia do sono e outros problemas
respiratórios, estado pró-
inflamatório, algumas formas de câncer (mama,
endometrial, colo retal e rim), complicações na gravidez e
irregularidades menstruais.12, 31, 81
Apesar de inúmeras doenças estarem relacionadas à
obesidade, a incidência de HAS, DM2, dislipidemia e do
estado pró-trombótico ainda são tidas como as principais
causas de morte em países industrializados. 64
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DETERMINAÇÃO DAS NECESSIDADES ENERGÉTICAS
Estimar precisamente o quanto de energia o corpo
necessita diariamente para manter suas funções é
imprescindível para adequar a alimentação para os que
querem emagrecer ou manter o peso corporal, tanto em
indivíduos saudáveis quanto em indivíduos com sobrepeso
e obesidade, fisicamente ativos.
Métodos de avaliação das necessidades energéticas
A calorimetria indireta (CI) é considerada, atualmente, o
“padrão ouro” de avaliação do gasto energético. Trata-se
de um método não invasivo que mede o calor liberado
durante o processo oxidativo pelos valores do consumo de
oxigênio (VO2) e pela produção de gás carbônico (VCO2). A
vantagem desse método é a precisão na avaliação do
gasto energético do indivíduo, e as desvantagens são as
limitações técnicas de aplicação, como custo elevado do
equipamento, exigência de pessoal treinado para aferição
com disponibilidade de tempo e necessidade de fração de
oxigênio inspirado (FIO2) maior que 0,6, dentre
outros.35,42
Em 1985, a OMS recomendou que as necessidades
energéticas fossem baseadas na
medida do gasto energético. A partir de então, a TMB
passou a ser analisada, contribuindo em processos de
emagrecimento, visto que, nos indivíduos muito ativos
fisicamente, representa 50% do valor energético total (VET)
e, em sedentários, 70% do VET. Diversos fatores podem
contribuir para uma TMB mais baixa, como: genética,
idade, hábitos de sono, redução da massa muscular,
atividade física (tipo, intensidade e frequência),
deficiências nutricionais, álcool (frequência e quantidade),
tabagismo, drogas ilícitas e doenças metabólicas que
possam contribuir para a diminuição da TMB
– por exemplo, o hipotireoidismo não tratado. 69
Os métodos mais comuns para avaliação das necessidades
energéticas são as equações preditivas e as fórmulas de
bolso, devido à facilidade de execução e ao custo zero.
Existem, atualmente, cerca de 190 fórmulas publicadas na
literatura para estimativa do gasto energético utilizando as
variáveis: peso, estatura, idade, gênero e superfície
corporal.109
Equações preditivas tais como: Harris e Benedict,46
FAO/WHO/UNU, 33
Schofield, 107 Owen91,92 e Mifflin, 78 Henry e Rees, 47
Ireton-Jones53 e a fórmula de bolso para perda de peso (20
a 25 kcal/kg peso)129 são utilizadas para cálculo das
necessidades energéticas, porém, na prática clínica, a
Harris e Benedict e a fórmula de bolso são as mais
utilizadas pelos profissionais. A utilização dessas equações
para estimar as necessidades de obesos, no entanto, pode
ser considerada pouco eficaz, visto
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que muitas delas foram formuladas para indivíduos
saudáveis. Por exemplo: se um indivíduo pesa 170 kg e
deseja emagrecer, ao utilizar a fórmula de bolso para
determinar uma dieta hipocalórica (170 x 25 kcal) suas
necessidades energéticas diárias seriam de 4250 kcal.
Caso o indivíduo não consuma essa quantidade de calorias
diariamente, o emagrecimento não ocorrerá ou poderá
levar o indivíduo a ganhar ainda mais peso, por outro lado,
caso o indivíduo consuma quantidades calóricas maiores, o
calculo será favorável para perda de peso. Desta forma,
faz-se necessário o uso de mais métodos de avaliação do
consumo energético do indivíduo para não superestimar ou
subestimar suas necessidades energéticas.
Alguns métodos são utilizados como estratégia para perda
de peso em indivíduos
mais pesados, como, por exemplo, o método de Knox, que
utiliza o peso teórico multiplicado por 24 kcal. Esse método
possui a vantagem de não usar o peso atual, mas, por
outro lado, tem a desvantagem de subestimar as
necessidades energéticas diárias do indivíduo. Existe,
ainda, o método que se baseia na anamnese alimentar
habitual com diminuição de 20 a 30% para cálculo do VET,
tendo como vantagem uma prescrição dietética mais
próxima à realidade do indivíduo, com as devidas correções
na qualidade da dieta. Em contrapartida, esse tipo de
prescrição pode se tornar arriscado, visto que devemos
acreditar na veracidade da dieta usual relatada pelo
indivíduo. 136
O método Venta (valor energético do tecido adiposo) é
utilizado para estimar a redução de peso por mês,
considerando o valor energético do tecido adiposo, em que:
1
kg de tecido adiposo / mês = 7.700 kcal. Para promover a
perda de 1 kg por mês, diminui-se do VET,
aproximadamente, 256,5 kcal/dia; para perda de 2 kg,
aproximadamente, 513,0 kcal; e assim sucessivamente. 65
Essa redução poderá ser apoiada nas necessidades
energéticas calculadas pelas equações preditivas ou pela
fórmula de bolso (com suas devidas correções) ou no
cálculo da anamnese alimentar.
Com o objetivo de produzir um balanço negativo de energia
para reduzir o peso e
melhorar a composição corporal, o Consenso Latinoamericano de Obesidade sugere uma redução progressiva
de ingestão de energia (entre 500 kcal e 1.000 kcal/dia)
com relação ao valor energético obtido a partir da
anamnese alimentar, desde que a prescrição final não seja
inferior a 1.200 kcal/dia, segundo Coutinho27 e de acordo
com NIH,83 não utilizar dietas inferiores a 800 kcal, pois
elas não são efetivas para a redução de peso em longo
prazo. Vários estudos corroboram com as recomendações
do Consenso e sugerem que o déficit energético esteja
associado ao aumento do gasto energético diário. Dessa
forma, haveria maior chance de ocorrer a manutenção da
perda de peso. 10,11, 26, 55, 105
Qual dessas fórmulas seria a mais apropriada à população
brasileira?
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As equações preditivas utilizadas, ainda nos dias de hoje,
na prática clínica brasileira foram elaboradas, em sua
maioria, com base em populações saudáveis europeias e
norte-americanas, que possuem realidades completamente
diferentes da nossa população, além de serem muito
antigas.
Estudos que comparam as equações preditivas com a
calorimetria indireta têm sido realizados em diversos
países, porém ainda há escassez de estudos com a
população brasileira, o que dificulta aos profissionais a
escolha do melhor método para avaliação das
necessidades energéticas de seu paciente/cliente.
De acordo com diversos estudos, observa-se que as
equações Harris e Benedict, 46
FAO/WHO/UNU, 33 Schofield, 107 Owen91,92 e Mifflin, 78
Henry e Rees, 47 Ireton-Jones, 53
superestimaram a TMB. 49, 69, 127 Em contrapartida,
Rosado et al., em estudo realizado com mulheres
brasileiras e espanholas, com IMC de 31,16 ± 3,18 e 37,66
± 6,24 kg/m², respectivamente, comparando os resultados
das equações preditivas com calorimetria indireta,
perceberam que equações propostas pela FAO/WHO/ONU,
Harris e Benedict, Shofield e Henry e Rees foram
adequadas para estimar o gasto energético, ao contrário
das equações de Owen e Miffline Oxford subestimaram o
gasto de energia em mulheres brasileiras e espanholas
obesas.102
Os referidos estudos mostraram que as equações
preditivas superestimaram as necessidades energéticas
quando aplicadas em indivíduos com peso elevado,
tornando difícil a sua aplicabilidade em programas de
emagrecimento. Utilizar o método Knox para obesidade
grave poderia subestimar as necessidades energéticas, e a
perda de peso inicial ocorreria, pois a ingestão seria inferior
ao que o indivíduo consome, porém estudos apontam altas
taxas de abandono precoce desses tipos de dieta restritiva,
seguida de rápida recuperação de peso. 136 O método que
tem por base a anamnese alimentar habitual poderia ser
considerado um método seguro, já que as restrições
energéticas ocorreriam de acordo com o consumo habitual
do indivíduo. Por outro lado, o uso de mais de uma
ferramenta para avaliação do consumo alimentar do
indivíduo teria que ser utilizado para uma real avaliação do
seu consumo energético, o que demandaria muito tempo
de consulta, dependendo do(s) método(s) de avaliação.
O método Venta e as estratégias do Consenso Latinoamericano de Obesidade, atualmente, são considerados os
mais eficazes no tratamento nutricional para a perda de
peso e os mais utilizados em programas de obesidade e
emagrecimento. Além disso, vale lembrar que o processo
de emagrecimento não se dá apenas pelo fato do consumo
energético ser inferior ao VET do indivíduo, deve-se,
portanto, atentar à qualidade da dieta ingerida e promover
mudanças, gradativas, nos hábitos alimentares do
paciente/cliente.
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Avaliação do consumo alimentar
A avaliação do consumo alimentar é realizada para
fornecer informações
necessárias e relevantes para a construção de planos
nutricionais. Essa avaliação é realizada por meio de
protocolo de atendimento para avaliação nutricional com o
objetivo de estimar se a ingestão de alimentos está
adequada ou inadequada às necessidades energéticas do
indivíduo, bem como identificar hábitos inadequados e/ou a
ingestão excessiva de alimentos com pobre conteúdo
nutricional.
A avaliação quantitativa da ingestão de nutrientes, do
consumo de alimentos ou grupos alimentares e do padrão
alimentar individual são pontos importantes para a
avaliação do consumo alimentar. Para adquirir informações
mais precisas sobre os hábitos alimentares do indivíduo, a
aplicação de mais de um método pode ser necessária,
porém, deve-se ressaltar que quanto mais ferramentas
utilizadas para se avaliar o consumo energético real do
indivíduo, mais extensa e cansativa pode se tornar a
consulta nutricional.
Quanto aos métodos de investigação do consumo
alimentar, a Tabela 15.2
apresentará as vantagens e desvantagens, considerando o
objetivo a ser atingido. 37
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Vale ressaltar que estudos que mediram o consumo
energético diário de pacientes
obesos mostraram que eles subestimam a ingestão
energética em aproximadamente 40%
do total, contra 5 a 20% de subestimação por parte dos
não obesos.45
Diário e recordatório de atividade física
Talvez a forma mais simples de se estimar o gasto
energético seja a aplicação de questionários.
Acredita-se que essa seja uma metodologia que, por suas
vantagens (fácil aplicação, baixo custo) e por apresentar
uma grande variação de questionários, deva ser explorada
em estudos epidemiológicos, especialmente quando o
emprego de outras
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técnicas mais precisas torna-se inviável. 7 O método apoiase no princípio de que o indivíduo avaliado possa recordar
as atividades físicas, ocupacionais ou não. O
período exigido de recordação pode variar de um dia a um
ano ou mais. 7
Conway et al . 25 avaliaram o gasto energético na
atividade física de sete homens utilizando medidas
indiretas (recordatório de sete dias e questionário de
atividade física) e compararam com o gasto energético
estimado pela técnica da água duplamente marcada
(ADM). Os autores concluíram que esses instrumentos
fornecem uma estimativa aceitável do gasto energético em
indivíduos adultos, porém, como nos registros alimentares,
os recordatórios de atividade física dependem da memória
e da disposição do indivíduo, que nem sempre são
confiáveis. 99
Estimativa do gasto energético pela frequência cardíaca
Dentre as variáveis fisiológicas utilizadas para estimar o
gasto energético, a frequência cardíaca (FC) é a de mais
fácil aplicação em campo, por isso, tem se tornado um
método promissor e popular de avaliação da atividade
física diária, uma vez que não interfere nas atividades
habituais. O método da frequência cardíaca tem como
princípio a relação de linearidade existente entre a FC e o
consumo de oxigênio (VO2) durante o esforço. 7
Normalmente, o monitoramento da FC é realizado por meio
da utilização de eletrodos colocados no peito do avaliado
ou por meio da utilização de frequencímetros cardíacos
(alguns dos modelos comerciais já fornecem o gasto
energético registrado durante a utilização). No estudo
realizado por Crouter et al. 28, o gasto energético, de
homens e mulheres que correram, pedalaram e remaram,
foi mensurado pela calorimetria indireta e, posteriormente,
comparado ao registro realizado pelo Polar®
S410. Os autores observaram uma superestimativa (12%
em mulheres e 4% em homens) do gasto energético
registrado por meio do frequencímetro em relação ao gasto
energético observado na calorimetria indireta.
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MONITORANDO O PESO CORPORAL
Por meio de modificações na ingestão de energia, o
nutricionista deve acompanhar o indivíduo, fazendo com
que ele atinja o peso e a composição corporal mais
adequados para que não venha a apresentar
consequências negativas em sua saúde.
Uma vez estabelecido o peso ideal do indivíduo, as
necessidades de energia devem ser estimadas e a ingestão
dietética também deve ser avaliada. Uma combinação de
várias ferramentas de avaliação pode fornecer uma
estimativa mais acurada dos hábitos do indivíduo.
Efeitos da restrição energética severa
Para muitos indivíduos saudáveis, uma restrição alimentar
para redução de peso em um curto espaço de tempo não
acarretará problemas na saúde, porém, quando a dieta é
feita por mulheres, os prejuízos para a saúde podem ser
elevados. Essa restrição de energia pode apresentar-se de
muitas formas. Para algumas mulheres, a restrição da
ingestão de energia pode, em casos mais sérios, direcionar
para distúrbios alimentares.
Em obesos, problemas relacionados ao preconceito social
podem gerar alterações
no comportamento alimentar, tornando imprescindível o
reconhecimento e o diagnóstico clínico dos transtornos
alimentares nessa população e o concomitante tratamento
alimentar. A prevalência de compulsão alimentar varia de
20 a 50%.16,117
Mulheres com baixa ingestão energética são mais
suscetíveis a deficiência de cálcio, ferro, magnésio, zinco,
algumas vitaminas do complexo B e antioxidantes. Esses
micronutrientes são especialmente importantes para a
manutenção da saúde óssea, do metabolismo energético,
da construção e reparação tecidual e da síntese de
hemoglobina. 76,79
Se a restrição de energia é muito severa, o indivíduo pode
apresentar uma série de complicações, que irão depender
da técnica utilizada (desidratação ou dieta de muito baixo
valor energético – <800 kcal/dia) e da velocidade da perda
de peso. Pode ocorrer:76,79, 130
Redução da taxa metabólica basal.
Diminuição do volume sanguíneo.
Diminuição dos níveis de testosterona.
Prejuízo na função cardiovascular.
Má termorregulação.
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Hipoglicemia.
Depleção do glicogênio muscular e hepático.
Fadiga.
Aumento da incidência de lesões.
Irritabilidade.
Distúrbios hidroeletrolíticos.
Anemia.
Dislipidemias.
Dessa forma, para a perda de peso saudável e definitiva,
recomenda-se o aumento
do gasto energético (aproximadamente, 300 a 500 kcal/dia,
4 a 5 dias/semana) por meio da prática da atividade física e
da redução moderada da ingestão de energia (300 a 500
kcal).
Perda de peso saudável
Segundo alguns autores, a perda de peso saudável seria de
500 g a 1
kg/semana.8,55,58, 90, 130,131 Em termos gerais, a
redução de peso ocorre quando o gasto energético excede
a ingestão energética. Dessa forma, estima-se que o déficit
energético de 500 a 1.000 kcal por dia promova uma
redução de peso corporal total de 450 a 900 g por semana,
resultando em, aproximadamente, 8% de redução de peso
corporal total após 6 meses de tratamento. Além disso,
vale destacar que a redução de 5 a 10% do peso corporal
promove uma melhora significativa do controle
metabólico;116 e que, apesar da recuperação do peso ser
comum após o período de intervenção, segundo Wing, 131
aproximadamente dois terços do peso perdido é mantido
durante um ano.
Por que a maior proporção de perda de peso ocorre no
início da
intervenção?
Existem algumas possíveis explicações para a progressiva
dificuldade em se manter o emagrecimento inicial:
1. Perda de água corporal: a maior proporção de perda
de peso inicialmente se deve à diminuição dos estoques de
carboidrato e, consequentemente, de água. Levando em
consideração que, para cada 1 g de glicogênio
armazenado, em torno de 3 g de água
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são armazenados simultaneamente.
Em torno de 70% da perda de peso durante os primeiros 5
dias de dieta energeticamente restrita se deve à perda de
água, 25% vem dos estoques de gordura e 5% dos
estoques de proteína. Assim, para a perda de 1 kg de peso,
não seria necessária uma restrição de 7.500 kcal e sim de
2.250 kcal. Porém, ao final da segunda semana de dieta, a
perda de água é de 20%; com isso, a perda de 1 kg de
peso custará, aproximadamente, 6000 kcal. Ao final da
terceira semana, a perda de água é mínima.17, 130
2. Perda da massa magra: a progressiva perda de peso
geraria uma diminuição das necessidades energéticas, uma
vez que a exigência energética diminui conforme ocorre
diminuição do peso corporal, 130 principalmente se o
indivíduo estiver passando por uma acentuada restrição
energética, induzindo à perda da massa corporal magra.
3. Teoria do set point: nosso corpo é programado por
mecanismos fisiológicos, geneticamente determinados,
para apresentar um determinado peso ou um set point. Se
desviamos deste set point, nosso organismo realiza ajustes
metabólicos para retornar ao peso normal. 61,73, 130 Isso
é chamado de termogênese adaptativa. 130
Estudos com obesos apontam que a termogênese
adaptativa pode ocorrer
especialmente em indivíduos que foram submetidos, em
diferentes períodos da vida, a restrições alimentares,
ajustando sua TMB e tornando-se mais econômicos. 74
Uma rápida redução de 5% de peso pode resultar em um
decréscimo de 15% do
metabolismo basal, na tentativa de se recuperar o peso
perdido. 73 Entretanto, Kerksick et al. 56 sugerem que,
após 10 semanas de restrição energética, haja uma
normalização.
Mesmo assim, a prática de exercícios físicos é considerada
de extrema importância nesse momento, na tentativa de
promover a continuação da oxidação lipídica e a
consequente perda de peso. 130
A atividade física parece colaborar com o aumento e/ou
preservação da massa magra, proporcionando,
consequentemente, aumento e/ou manutenção da TMB.29,
113
Importância da ingestão adequada de proteínas
Dietas ricas em proteína (com cerca de 30% em relação ao
VET) podem trazer os
seguintes benefícios:
Aumento da termogênese, visto que a proteína contribui
com 5 a 10% do gasto
energético diário a mais do que carboidratos e lipídios e
auxilia na biogênese
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mitocondrial. 29
Redução dos níveis séricos de glicose, insulina e
triglicerídeos. 1,9, 29, 56,66, 87
Auxílio na redução da circunferência da cintura. 1
Mais saciedade. 29, 89
Entretanto, como a maioria dos alimentos ricos em proteína
costumam associar-se
a elevadas concentrações de gordura, a orientação
nutricional deve destacar a importância de se escolher
alimentos “magros”, “desnatados” ou “light” (Tabela 15.3)
para não prejudicar o emagrecimento. 98
Carboidratos
Os carboidratos representam a maior fonte de energia da
dieta de humanos e são
os responsáveis pelo maior aporte energético total (45 a
55%), devendo ser ainda mais importantes na alimentação
de indivíduos fisicamente ativos (55 a 75%). Os
carboidratos são subdivididos em carboidratos complexos
(amidos), carboidratos simples (açúcares simples ou livres)
e fibras alimentares. São invariavelmente transformados
pela digestão em monossacarídeos. Estão disponíveis em
abundância nos alimentos e são obtidos primariamente nos
alimentos de origem vegetal.
As fibras alimentares vêm sendo amplamente estudadas
nos últimos anos, e a sua
relação com a perda de peso em dietas tem sido o foco
dessas pesquisas. As fibras são divididas em fibras solúveis
(pectinas, gomas, mucilagens, inulina e algumas
hemiceluloses) e fibras insolúveis (celuloses, ligninas e
hemiceluloses) e atuam na redução da ingestão energética,
pois requerem mais tempo de mastigação; no aumento do
tempo de esvaziamento gástrico; na diminuição da
secreção de insulina; no aumento da sensação de
saciedade; no auxílio do bom funcionamento e da
integridade do intestino (possivelmente são fatores de
proteção contra doenças diverticulares e contra
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o câncer do cólon); e, ainda, no controle do colesterol e da
glicose plasmáticos. O
Consenso Latino-americano de Obesidade recomenda
consumo de 20 a 30 g de fibras
por dia. 27 O guia alimentar para a população brasileira
(2006) recomenda o consumo mínimo diário de 25 g de
fibras totais.18 Já Sposito et al. 114 orientam 20 a 30 g de
fibras totais, e, destas, 5 a 10 g de fibras solúveis, ou seja,
de 1/3 a 1/4 do total de fibras.
Índice glicêmico e carga glicêmica
Padrões alimentares específicos adotados pelo paciente
obeso também
influenciam na resposta fisiológica ao planejamento
alimentar. Sugere-se que, em cada refeição, haja a
associação de diferentes tipos e proporções de
carboidratos, pois grupos de alimentos, como frutas, leite e
amidos, fornecem tipos distintos de carboidratos, com
diferentes índices glicêmicos (IG), que proporcionam
estimulações variáveis na secreção de insulina.
Em indivíduos com resistência à insulina, o consumo
frequente de pequenos lanches com uma alta carga
glicêmica (CG) e carboidratos de alto IG estimula a
secreção desse hormônio, que aumenta significativamente
na corrente sanguínea, prejudicando a utilização dos
estoques de lipídios como fonte de energia e aumentando,
ainda, a sensação de fome. Isso leva o indivíduo obeso ao
impulso de realizar um próximo lanche com um intervalo
de tempo pequeno em relação ao anterior e, dessa forma,
a estabelecer um ciclo compulsivo.2
Assim, o elevado consumo de carboidratos de alto IG pode
prejudicar a perda de
peso, uma vez que leva à supressão da lipólise, em função
da liberação de insulina. 2
Efeitos positivos e negativos do IG
Dietas de baixo a médio IG atuam de forma benéfica, tanto
na prevenção primária
de DCNT como no auxílio do tratamento de quadros clínicos
já instalados. 124,125 Outros efeitos positivos de alimentos
com baixo IG são: promoção de baixas concentrações
sanguíneas de ácidos graxos não esterificados (NEFAS),
aumento da captação muscular da glicose, redução da
síntese da lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL),
apolipoproteína B e lipoproteína de baixa densidade (LDL),
auxílio no aumento da lipoproteína de alta densidade (HDL)
e, ainda, no controle do apetite, diminuindo a fome e
aumentando a saciedade.110,123
Quanto às características negativas dos alimentos com alto
IG, pode-se destacar o aumento da lipogênese dos níveis
de triglicerídeo circulantes, depleção de vitaminas do
complexo B, C e cromo, diminuição da saciedade e da
oxidação de lipídeos, irritabilidade, hiperatividade,
aumento da ingestão alimentar compulsiva (mediada pelo
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neuropeptídeo Y), hipertrofia pancreática, hiperinsulinismo
e aumento da produção de cortisol (hormônio que estimula
o consumo energético). 108
Efeitos do IG na atividade física
O IG dos alimentos influencia na reposição correta dos
estoques de carboidratos, uma vez que quedas acentuadas
na concentração de glicogênio muscular podem causar
fadiga com consequente queda no desempenho físico.30
Assim, o ideal é preferir, no pré-exercício, carboidratos
complexos, com baixo IG (algumas frutas, aveia, macarrão
integral), ou seja, alimentos de mais fácil digestão e que
fornecem mais energia para o exercício físico. Deve-se
evitar, nesse período, alimentos com alto IG (batata inglesa
cozida, pão branco, arroz branco, mel, milho) por promover
a diminuição da oxidação lipídica. 3 Já após o exercício,
estimula-se a ingestão de alimentos com alto IG, por se
tratar de energia rápida para utilização imediata, a fim de
repor os estoques de glicogênio e otimizar a liberação de
insulina,3,110 tentando, em contrapartida, evitar os
excessos para não atrapalhar o emagrecimento.
Efeitos positivos e negativos da CG
Alimentos com baixa CG têm efeito positivo na resposta
glicêmica, já os alimentos com alta CG promovem
diminuição da saciedade culminando em consumo
excessivo de alimentos, o que leva ao acúmulo de gordura
corporal, e cursa com maior resistência à insulina com
consequente desenvolvimento, em longo prazo, ou piora na
DM2.80
Um estudo recente, randomizado, crossover, com 80
participantes (40 indivíduos com IMC 18,5 a 24,9 kg/m² e
40 com IMC 28,0 a 40,0 kg/m²), que comparou dietas com
baixa CG com biomarcadores de inflamação em obesos e
eutróficos, concluiu que padrões alimentares enfatizando
alimentos de baixa CG podem reduzir a inflamação e
promover o aumento da adiponectina (adipocina liberada
pelo tecido adiposo que atua na melhora da sensibilidade à
insulina, aumenta a oxidação dos ácidos graxos e está
inversamente relacionada com vários marcadores de
inflamação) em indivíduos com sobrepeso e obesidade. 86
Esses achados complementaram os resultados observados
em outro estudo randomizado, com 39 pacientes com
sobrepeso e idade entre 18 e 40 anos, em que uma
redução na CG dos alimentos ingeridos auxiliou na
prevenção ou no tratamento de obesidade, doença
cardiovascular e DM2.96
Lipídios
A ingestão de lipídios deve variar de 20 a 35% das calorias
totais da dieta.
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Dependendo do perfil lipídico sanguíneo, as gorduras
saturadas não devem compor mais que 7% das calorias
totais. A ingestão de lipídios deve ser, em sua maioria,
oriunda de ácidos graxos monoinsaturados (>20% das
calorias totais) e polinsaturados (>10% das calorias totais).
A ingestão de colesterol não deve ultrapassar a quantidade
de 200 mg diários. A Tabela 15.4126 apresenta os valores
referenciais do perfil lipídico e, na Tabela 15.5, 114 estão
expostas as recomendações nutricionais para tratamento
em casos de dislipidemia.
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Motivos para se consumir menos lipídios
Existem algumas razões para avaliarmos a necessidade de
realizar uma restrição
lipídica na dieta:
Larson et al . 63 demonstraram que, quando comparados
com indivíduos com peso normal (controle), os indivíduos
“ex-obesos” apresentam uma menor taxa de oxidação de
gordura.
Dietas hiperlipídicas contêm mais calorias/grama, e não
conferem saciedade superior aos carboidratos e proteínas.
130
Gastamos energia para sintetizar e armazenar gordura no
tecido adiposo, porém, em comparação com a dieta rica
em lipídios, se gasta de 3 a 4 vezes mais energia para
converter carboidrato e proteína em gordura. 130
O consumo excessivo de gorduras saturadas reduz a
sensibilidade à insulina, prejudica a lipólise, altera o
metabolismo do ácido araquidônico e aumenta a produção
de eicosanoides pró-inflamatórios. 108
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MODISMOS ALIMENTARES (“DIETAS DA MODA”)
Apesar das controvérsias relacionadas à eficácia, aos
benefícios e às
consequências dos modismos alimentares atuais, a maioria
é apoiada em planejamentos alimentares com redução
significativa das calorias e/ou da proporção de carboidratos
e consequente aumento das proporções de proteínas e
gorduras, as “dietas da moda”
estão entre os principais instrumentos utilizados para o
tratamento da obesidade e da redução de peso.
Nas últimas décadas, houve um crescente aumento de
livros e produtos (com pouca ou nenhuma comprovação
científica) que prometem sucesso na perda de peso rápida
e, aparentemente, com pouco esforço. Na maioria das
vezes, são realizadas sem orientação profissional,
resultando em riscos para a saúde do paciente (alterações
desfavoráveis no perfil bioquímico) e em redução de massa
magra, devido a erros de conduta ocasionados
principalmente pela falta de conhecimento por parte do
paciente a respeito da composição dos alimentos.
Habitualmente, culmina com a recuperação da massa
corporal total após um período de tempo, o que resulta em
frustração para o paciente, maior ganho de peso e
comprometimento da saúde.
Os principais modismos alimentares são relatados a seguir,
com a ressalva de que a eficácia de sua aplicação é
amplamente discutida na literatura e de que, quando
aplicados, requerem rigoroso acompanhamento
profissional.
Posicionando-se sobre as dietas reduzidas em carboidratos
e com elevada proporção de lipídios e proteínas, as
organizações oficiais em saúde, como a ADA e a American
Heart Association (AHA), atentam para os efeitos deletérios
dessas condutas, principalmente sobre a saúde
cardiovascular, óssea, renal, hepática e sobre o risco
aumentado para o câncer, por conter reduzida ou nula
quantidade de frutas, vegetais e fibras alimentares. 4,5 Na
dieta cetogênica principalmente, o consumo de lipídios
atinge proporções que variam de 56 a 66% do valor total
das calorias, sendo sua maioria sob a forma de gorduras
saturadas. Esses percentuais compreendem a,
aproximadamente, o dobro do que é preconizado pelas
organizações em saúde americanas (30%). 94
Diversos estudos vêm sendo realizados com a finalidade de
avaliar a eficácia comparativa dessas condutas na redução
de peso e no tratamento das comorbidades associadas à
obesidade, principalmente, no perfil de lipídios séricos.
20,21, 38, 104, 115, 135
Brehm et al. 21 estudaram 53 mulheres obesas (IMC médio
= 34 kg/m2) por 6 meses sob dieta restrita em calorias. O
grupo foi dividido em 2 subgrupos, em que um seguiu dieta
restrita em carboidratos e o outro uma dieta restrita em
lipídios. Os resultados demonstraram que o subgrupo
submetido à dieta restrita em carboidratos sofreu redução
de peso significativamente maior (4,8 ± 0,67 kg) em
relação ao subgrupo submetido à
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dieta reduzida em lipídios (2,0 ± 0,75 kg), apesar de ambos
os subgrupos terem sido submetidos à mesma restrição
energética. O perfil sérico de lipídios sofreu melhoras
significativas durante o período de intervenção para ambos
os subgrupos, assim como a glicose, a insulina e a pressão
arterial.
Samaha et al., 104 em estudo semelhante, verificaram
resultados que corroboram o observado por Brehm et al. 21
em relação à redução de peso e ao perfil de lipídios séricos,
observando, ainda, que a glicose sanguínea foi reduzida
significativamente entre os indivíduos obesos que
apresentavam DM2 associada e que foram submetidos à
dieta reduzida em carboidratos. Observaram, ainda, que a
sensibilidade à insulina, aferida apenas nos indivíduos não
diabéticos, sofreu melhora significativa apenas em
indivíduos submetidos às dietas reduzidas em carboidratos,
independentemente da redução de peso verificada.
Um questionamento importante sobre o comparativo entre
as diferentes condutas alimentares está pautado no
progresso das alterações proporcionadas pelas dietas
restritas em carboidratos em longo prazo, assim como na
manutenção dos resultados obtidos. Com base nesse
questionamento, Stern et al. 115 realizaram um estudo
comparativo entre as diferentes condutas, no período de
um ano, e observaram que a diferença de redução de peso
atingida em 6 meses de dieta (4 kg) foi reduzida para 2 g
entre as condutas ao final de um ano, demonstrando que a
perda de peso, por meio dessas estratégias, torna-se
insignificante após um longo período. O grupo submetido à
dieta reduzida em carboidratos experimentou a
manutenção de peso no segundo semestre de conduta,
enquanto o grupo submetido à dieta reduzida em lipídios
continuou experimentando redução significativa de peso
até o final do período de estudo. Em relação ao perfil sérico
de lipídios, as alterações observadas para o colesterol total
e LDL não foram estatisticamente significativas entre os
grupos no período de um ano. Porém, em relação ao HDL,
seus níveis experimentaram maior redução entre o grupo
submetido à dieta restrita em gorduras, parâmetro que não
havia mostrado alterações significativas entre os grupos,
para o primeiro semestre de estudo.
As respostas para glicose sérica e sensibilidade à insulina
mantiveram os mesmos perfis de resultados observados no
primeiro semestre. No entanto, para os indivíduos
diabéticos, o controle glicêmico melhorou
significativamente no grupo submetido à dieta restrita em
carboidratos.
Em relação à adesão de pacientes a essas condutas
alimentares, Foster et al. 38
verificaram, em seu estudo, uma evasão de 40%, ao longo
de um ano, porém para ambos os tipos de dieta. Os
motivos foram, principalmente, devidos à dificuldade dos
pacientes em manter uma ingestão de carboidratos abaixo
de 30 g por dia quando submetidos às dietas reduzidas em
carboidratos e à dificuldade de submissão à dieta
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restrita em calorias, no caso das dietas com 30% de
lipídios. Esses resultados foram ratificados por Stern et
al.115, que verificaram uma evasão de 34% de seus
pacientes submetidos a ambas condutas dietéticas.
Foster et al. 38 sugerem que a redução significativa da
massa corporal observada em pacientes obesos
submetidos à dietas restritas em carboidratos pode anular
os efeitos da ingestão excessiva de lipídios proporcionada
por essas dietas sobre a elevação dos níveis de colesterol
séricos total e LDL. O atual conhecimento dos efeitos
positivos sobre o perfil sérico de lipídios proporcionados
pelos ácidos graxos poli e monoinsaturados pode contribuir
para a atual adoção de dietas com alta proporção de
lipídios, porém com ênfase em alimentos-fonte desses
ácidos graxos, o que contribui para a melhora da relação
sérica de HDL e LDL.
Uma revisão sistemática da literatura sobre a eficácia e os
efeitos metabólicos das dietas reduzidas em carboidratos,
na qual foram avaliados 107 estudos envolvendo 94
condutas distintas, não encontrou quaisquer efeitos
adversos sobre os níveis de colesterol total, HDL e LDL nos
indivíduos envolvidos. No entanto, os autores ressaltam
que as evidências na literatura sobre a indicação ou
contraindicação das dietas com reduzido teor de
carboidratos é ainda insuficiente, principalmente para
indivíduos com idade acima de 50 anos. Pesquisas que
avaliam a aplicação dessas condutas por períodos maiores
que 90 dias também são insuficientes, o que interfere na
obtenção de conclusões consistentes sobre a aplicação das
dietas com baixo teor de carboidratos em longo prazo.
Entre os estudos avaliados, verificou-se que a redução de
peso dos indivíduos estava principalmente associada à
redução energética total da dieta e ao período de tempo ao
qual eles foram submetidos à conduta do que à redução da
quantidade de carboidratos em si. 20
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CONDUTAS NUTRICIONAIS PARA O EMAGRECIMENTO
Nas últimas décadas, muitos pesquisadores e profissionais
da área da saúde que se dedicam a trabalhar com
obesidade, buscam entender os fatores etiológicos da
doença a fim de oferecer o melhor e mais efetivo
tratamento da obesidade, de tratamentos convencionais
(dietas, medicamentos e atividade física) à cirurgia. Porém,
sabe-se que todos os tratamentos propostos para a perda e
a manutenção do peso corporal são extremamente difíceis
na maioria dos casos.
A cirurgia bariátrica foi considerada, durante muito tempo,
um tratamento eficaz e definitivo para o controle da
obesidade, porém, nos últimos anos, diversos estudos
mostram uma alta prevalência de reganho de peso após a
realização da cirurgia a partir dos dois anos, reforçando o
conceito de que obesidade é uma doença crônica e
progressiva, que necessita de tratamento sério em longo
prazo.23, 34, 72, 93,106
O emagrecimento saudável requer um profundo
conhecimento do indivíduo, bem como, disciplina e
motivação, tanto da equipe como do paciente/cliente, e
perseverança, visto que se trata de um tratamento em
longo prazo.
Nos programas de tratamento multidisciplinar da
obesidade atuam profissionais de diversas áreas de
conhecimento específico, como: médicos, nutricionistas,
educadores físicos, psicólogos e psiquiatras. Essa
intervenção multiprofissional é de suma importância dada
a etiologia multifatorial da obesidade, pois, quando o apoio
acontece juntamente com os profissionais envolvidos no
programa, as chances de sucesso no tratamento são ainda
maiores.
A perda de peso, na maioria das vezes, depende de um
balanço energético negativo, porém, em alguns casos,
diminuir somente a ingestão energética não promove a
perda de peso desejada, resultando em consequências
negativas tanto no físico como no emocional. Dessa forma,
para tratar o paciente que deseja emagrecer, o binômio
reeducação alimentar e atividade física devem estar
alinhados ao longo de todo tratamento, bem como as
mudanças comportamentais e o controle dos fatores
ambientais (família, trabalho etc., que possam interferir na
evolução do indivíduo).
Recomendações gerais
Avaliar o hábito alimentar – avaliar a ingestão dietética
de 3 ou mais dias, por meio de registro alimentar. Fornecer
informações de como preencher esses instrumentos:
tamanho das porções, tipo de preparação, tipo de
restaurante que costuma fazer as refeições e outras
informações importantes.
Avaliar a rotina de atividade física diária – Nos
recordatórios de atividade física, orientar o indivíduo a
especificar o tempo desempenhado em cada modalidade e
o horário de treinamento. O indivíduo provavelmente
sentirá motivação para preencher
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esses recordatórios e desejará receber informações
precisas da sua ingestão alimentar e do seu gasto
energético diário.
Estabelecer as necessidades de energia e analisar os
recordatórios dietéticos –
Muitos programas de computador são capazes de analisar
dietas. É importante, nesse momento, lembrar que, em
geral, os indivíduos tendem a sub ou superestimar sua
ingestão habitual. Avaliar os valores encontrados nos
recordatórios alimentares preenchidos e comparar com as
estimativas de energia recomendadas. No retorno do
indivíduo, revisar os recordatórios dietéticos junto com o
cliente/paciente e considerar alguns pontos:
O indivíduo vem realizando todas as refeições prescritas
regularmente ou ele costuma “pular” refeições?
O indivíduo costuma fazer uso de muitos alimentos com
calorias “vazias”, por
exemplo, refrigerante, bebidas alcoólicas, balas etc.?
O indivíduo consome, com muita frequência, alimentos
ricos em gordura, que poderiam facilmente ser eliminados
para criar um déficit energético?
O preparo costuma ser realizado com óleos, azeites,
manteiga e maionese?
Determinar uma ingestão de macro e
micronutrientes – Para o planejamento do programa
nutricional, deve-se elaborar a prescrição nutricional
segundo a situação clínica e o nível de atividade física do
indivíduo; em seguida, estimar o VET diário por meio de
equações ou fórmulas, porém, em alguns casos, mais de
um cálculo será necessário para atender às necessidades
energéticas quanto ao(s) tipo(s) de atividade(s) física(s) do
indivíduo, incluindo os dias em que ele não realiza
exercícios.
Quanto aos macronutrientes, para a prescrição do plano
alimentar de emagrecimento, ofertar de 45 a 55% de
carboidratos, com aporte adequado em fibras alimentares;
15 a 30% de proteínas; 20 a 30% de lipídios (< 7%
saturados, > 20% monoinsaturados, > 10%
polinsaturados). Quanto aos micronutrientes, suplementar
caso haja deficiência prévia de vitaminas e minerais séricos
por meio de avaliação bioquímica e em planos alimentares
inferiores a 1.200 kcal devido à dificuldade em atender as
necessidades de micronutrientes provenientes da
alimentação. 73
Avaliar a massa corporal e a composição corporal –
Planejar uma faixa de peso corporal adequada ao gênero
do indivíduo, esporte e história pessoal de mudanças de
peso.
Planejar um cardápio prático e individualizado –
Importante repassar o cardápio junto com indivíduo. Caso
esse cardápio seja elaborado e enviado em seguida para o
paciente, é importante que ele contenha informações
completas, facilitando para o
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indivíduo na hora de colocá-lo em prática. Algumas
sugestões incluem: Fornecer um modelo de cardápio para
ajudá-lo a entender como podem ser atingidas suas
necessidades de calorias e macronutrientes.
Sugerir lanches que possam ser carregados na bolsa.
Elaborar opções de refeição cujas combinações dos grupos
alimentares sejam fáceis de realizar.
Monitorar a estabilidade do peso – Adesão ao
tratamento é igual a comprometimento. Um dos fatore
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