capa_termodinamica_P1.pdf 1 04/03/2018 15:36:49 C Y Apêndice A Propriedades Gerais CM MY CY CMY K Apêndice B Propriedades Termodinâmicas Apêndice C Calor Específico de Gás Ideal Apêndice D Equações de Estado • Aplicações na engenharia, relacionadas ao assunto de cada capítulo, que procuram deixar mais clara a importância da termodinâmica na atividade do engenheiro. • Questões conceituais ao longo do texto, para provocar reflexões e melhorar a assimilação dos conceitos. Houve uma reorganização dos capítulos e todo o conteúdo foi revisto e complementado pelos autores. Vale destacar a ênfase dada às aplicações com os fluidos refrigerantes dióxido de carbono e R-410a, este último em substituição ao já abolido R-22. Apêndice E 2ª edição brasileira 1 2 Propriedades de uma Substância Pura 3 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia FUNDAMENTOS DA TERMODINAMICA 4 Análise Energética para um Volume de Controle 5 A Segunda Lei da Termodinâmica 6 Entropia 7 Segunda Lei da Termodinâmica Aplicada a Volumes de Controle 8 dução d a r E DIÇ Índice Remissivo · SONNTAG 8ª ÃO Exergia a Figuras Respostas para Problemas selecionados NA As principais características da oitava edição são: FUNDAMENTOS DA Escoamento Compressível A obra Fundamentos da Termodinâmica, em sua oitava edição, reafirma sua importância como literatura de referência para o estudo da termodinâmica sob a perspectiva da engenharia. Sua adoção pelas melhores escolas de engenharia do mundo se deve a sua qualidade e sua capacidade de renovação. TERMODINAMICA 15 TERMODINAMICA TEXTO INTEGRAL BORGNAKKE NA Introdução ao Equilíbrio de Fases e ao Equilíbrio Químico A M E RI conteúdo Introdução e Comentários Preliminares CA 14 8ª ÃO CA Reações Químicas · SONNTAG FUNDAMENTOS DA a 13 dução d ra E DIÇ BORGNAKKE Relações Termodinâmicas M · SONNTAG 12 t Mistura de Gases Série Van Wylen t 11 BORGNAKKE Série Van Wylen A M E RI TEXTO INTEGRAL 9 Sistemas de Potência e Refrigeração – com Mudança de Fase 10 Sistemas de Potência e Refrigeração – Fluidos de Trabalhos Gasosos Prefácio 1 SÉRIE VAN WYLEN Fundamentos da Termodinâmica Tradução da 8ª edição norte-americana termodinamica 00.indd 1 08/09/14 17:41 2 Fundamentos da Termodinâmica Tradução Prof. Dr. Roberto de Aguiar Peixoto Prof. Dr. Marcello Nitz Prof. Dr. Marco Antonio Soares de Paiva Prof. Dr. José Alberto Domingues Rodrigues Prof. Dr. Efraim Cekinski Prof. Dr. Antônio Luiz Pacífico Prof. Dr. Celso Argachoy Prof. MSc. Joseph Saab Prof. MSc. João Carlos Coelho Prof. MSc. Arivaldo Antonio Rios Esteves Prof. MSc. Clayton Barcelos Zabeu Instituto Mauá de Tecnologia – IMT Escola Politécnica da USP Coordenação e Revisão Técnica Prof. Dr. Roberto de Aguiar Peixoto Instituto Mauá de Tecnologia – IMT termodinamica 00.indd 2 08/09/14 17:41 Prefácio 3 SÉRIE VAN WYLEN Fundamentos da Termodinâmica Tradução da 8ª edição norte-americana Claus Borgnakke Richard E. Sonntag University of Michigan termodinamica 00.indd 3 08/09/14 17:41 Título original Fundamentals of Thermodynamics A 8ª edição em língua inglesa foi publicada por JOHN WILEY & SONS, INC. © 2013 by John Wiley & Sons, Inc. Fundamentos da Termodinâmica © 2013 Editora Edgard Blücher Ltda. 2ª reimpressão – 2016 1ª edição digital – 2018 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Angélica Ilacqua CRB-8/7057 Rua Pedroso Alvarenga, 1245, 4º andar 04531-934 – São Paulo – SP – Brasil Tel.: 55 11 3078-5366 contato@blucher.com.br www.blucher.com.br Borgnakke, Claus Fundamentos da termodinâmica [livro eletrônico] / Claus Borgnakke, Richard E. Sonntag; coordenação e tradução de Roberto de Aguiar Peixoto. – São Paulo: Blucher, 2018. (Série Van Wylen) 730 p. ; PDF. Segundo o Novo Acordo Ortográfico, conforme 5. ed. do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, Academia Brasileira de Letras, março de 2009. Tradução da 8ª edição norte-americana ISBN 978-85-212-0793-1 (e-book) Título original: Fundamentals of Thermodynamics 1. Termodinâmica – engenharia I. Título II. Sonntag, Richard E. III. Peixoto, Roberto de Aguiar IV. Série É proibida a reprodução total ou parcial por quaisquer meios sem autorização escrita da editora. Todos os direitos reservados pela Editora Edgard Blücher Ltda. 13-0856 CDD 621.4021 Índices para catálogo sistemático: 1. Termodinâmica p.iv_fundamentos_da_termodinamica.indd 4 21/02/2018 13:59:30 Prefácio 5 Prefácio Nesta oitava edição, os objetivos básicos das edições anteriores foram mantidos: • apresentar um tratamento abrangente e rigoroso da termodinâmica clássica, mantendo uma perspectiva do ponto de vista da engenharia e, fazendo isso; • preparar a base para subsequentes estudos em áreas como mecânica dos fluidos, transferência de calor e termodinâmica estatística, e, também; • preparar o estudante para o uso efetivo da termodinâmica na prática da engenharia. Nossa apresentação é deliberadamente voltada aos estudantes. Novos con­ ceitos e definições são apresentados no contexto em que são, em princípio, re­ levantes em uma progressão natural. O capítulo inicial foi reorganizado com uma breve introdução, seguida pelas primeiras propriedades termodinâmicas a serem definidas que são aquelas que podem ser prontamente medidas: pressão, volume específico e temperatura. No Capítulo 2, são introduzidas tabelas de propriedades termodinâmicas, mas apenas as que são relativas a essas proprie­ dades mensuráveis. Energia interna e entalpia são apresentadas, relacionadas à primeira lei; entropia, à segunda lei, e as funções de Helmholtz e Gibbs são apresentadas no capítulo sobre relações termodinâmicas. Muitos exemplos ex­ traídos do mundo real foram incluídos neste livro para ajudar o aluno a enten­ der a termodinâmica, e os problemas apresentados ao final de cada capítulo foram cuidadosamente sequenciados para que se relacionassem com o assunto, e estão agrupados e identificados dessa forma. Principalmente os primeiros ca­ pítulos apresentam um elevado número de exemplos, ilustrações e problemas. Em todo o livro são incluídos resumos ao final de cada capítulo, seguidos de um conjunto de problemas de fixação conceitual e estudo que serão de grande valia para os estudantes. Esta é a primeira edição que preparo sem as importantes observações do meu colega e coautor, o saudoso Professor Richard E. Sonntag, que contribuiu de forma substancial para as versões anteriores deste livro. Eu sou grato pela colaboração e pelas discussões frutíferas que tive com meu amigo e colega de termodinamica 00.indd 5 08/09/14 17:41 6 Fundamentos da Termodinâmica confiança, com quem tive o privilégio de trabalhar ao longo das três últimas décadas. O Professor Sonntag compartilhou generosamente o seu vas­ to conhecimento e experiência, relacionados com o nosso trabalho mútuo, em edições anteriores deste livro e em diversos projetos de pesquisa, na orientação de estudantes de doutoramento e na execução de várias tarefas profissionais no nosso departamento. Em honra às muitas contribuições do meu colega, o Professor Sonntag ainda aparece como um coautor desta edição. NOVAS CARACTERÍSTICAS DESTA EDIÇÃO Reorganização dos Capítulos e Revisões A introdução e os primeiros cinco capítulos da sé­ tima edição foram totalmente reorganizados. Uma introdução mais concisa nos levou à descrição, no novo Capítulo 1, de alguns conceitos fundamen­ tais da física, propriedades termodinâmicas e uni­ dades. No desenvolvimento das ferramentas para a análise termodinâmica, a ordem de apresentação das edições anteriores foi mantida, de modo que o comportamento das substâncias puras é apresen­ tado no Capítulo 2, com uma ligeira expansão e separação da descrição dos comportamentos das fases sólido, líquido e gás. Novas figuras e explica­ ções foram adicionadas para mostrar a região de gás ideal como comportamento limite para vapor com baixa densidade. A discussão sobre trabalho e calor agora é in­ cluída no Capítulo 3, junto com a equação da ener­ gia, para ressaltar que calor e trabalho são termos referentes à transferência de energia, explicando como a energia de uma determinada massa em um local pode ser alterada em decorrência da transfe­ rência de energia para ou de uma massa em outra localização. A equação da energia é apresentada ini­ cialmente para uma massa de controle (volume de controle) como: alteração no armazenamento de energia = trans­ ferência líquida de energia (entrada – saída) Em seguida, o capítulo discute o armazena­ mento de energia a partir das várias energias in­ ternas, associadas com a massa e a sua estrutura, para melhor compreender como a energia é real­ mente armazenada. Isso também ajuda na com­ termodinamica 00.indd 6 preensão de por que a energia interna e a entalpia podem variar de forma não linear com a tempera­ tura, resultando em calores específicos variáveis. Energias potencial e cinética macroscópicas são adicionadas à energia interna para a contabiliza­ ção da energia total. A primeira lei da termodinâ­ mica que, muitas vezes, é considerada como um sinônimo da equação da energia, é mostrada como uma consequência natural da equação da energia aplicada a um processo cíclico. Nesse caso, a apre­ sentação atual é baseada na física moderna, em vez de no desenvolvimento histórico apresentado em edições anteriores. Após a discussão sobre o armazenamento de energia, o lado esquerdo da equação da energia, os termos de transferência, calor e trabalho são ava­ liados, de modo que a apresentação toda se tornou menor do que em edições anteriores. Isso permite que menos tempo seja gasto no material utilizado para preparação da apresentação da aplicação da equação da energia em sistemas reais. Todas as equações de balanço de massa, quan­ tidade de movimento, energia e entropia seguem o mesmo formato para mostrar a uniformidade dos princípios básicos e tornar o conceito como algo a ser compreendido e não meramente memoriza­ do. Esta é também a razão para o uso dos nomes equação da energia e equação da entropia para a primeira e segunda leis da termodinâmica, para salientar que são válidas universalmente, não apenas no campo da termodinâmica, mas se apli­ cam a todas as situações e campos de estudo, sem exceções. Evidentemente, casos especiais reque­ rem extensões de tratamento de questões não abrangidas neste texto, como efeitos de tensão superficial em gotas ou líquidos em pequenos po­ ros, relatividade e processos nucleares, para citar algumas. A equação da energia aplicada a um volume de controle é apresentada da mesma forma que nas edições anteriores, com a adição de uma seção sobre dispositivos de múltiplos escoamentos. No­ vamente, isto ocorre para reforçar aos alunos que a análise é feita aplicando-se os princípios básicos aos sistemas sob análise. Isso significa que a forma matemática das leis gerais se baseia nos diagramas e figuras do sistema, e a análise a ser realizada não é uma questão de encontrar uma fórmula adequa­ da no texto. 08/09/14 17:41 Prefácio Para mostrar o aspecto geral da equação da entropia, um pequeno exemplo é apresentado no Capítulo 6, com a aplicação das equações da ener­ gia e da entropia a motores térmicos e bombas de calor. Isso demonstra que a apresentação histórica da segunda lei no Capítulo 5 pode ser totalmente substituída pela postulação da equação da entro­ pia e da existência da escala absoluta de tempe­ ratura. A partir das leis gerais básicas são apre­ sentadas as eficiências do ciclo de Carnot e o fato de que os dispositivos reais têm menor eficiência. Além disso, o sentido da transferência de calor de um corpo a uma temperatura mais alta para um de menor temperatura é previsto pela equação da entropia, em virtude da exigência de uma geração de entropia positiva. Esses são exemplos que mos­ tram a aplicação de leis gerais para casos específi­ cos e melhoram a compreensão dos assuntos pelo aluno. Os outros capítulos também foram atualizados de modo a melhorar a compreensão do aluno. A palavra disponibilidade foi substituída por exergia, como um conceito geral, embora não esteja estritamente de acordo com a definição original. Os capítulos sobre ciclos foram ampliados, adi­ cionando-se alguns detalhes para determinados ciclos e algumas questões para integrar a teoria às aplicações com sistemas reais nas indústrias. O mesmo ocorre no Capítulo 13 com a apresentação sobre combustão, de forma a ressaltar a compreen­ são da física básica do fenômeno, que pode não ser evidente na definição abstrata de termos como a entalpia de combustão. Material disponível na web Novos documentos estarão disponíveis no site da Editora Willey, em inglês, para o livro (www.wiley. com). O material descrito a seguir estará acessível para os alunos, com material adicional reservado para os instrutores do curso. Notas de termodinâmica clássica. Um conjun­ to resumido de notas abrangendo a análise termo­ dinâmica básica com as leis gerais (equações da continuidade, energia e entropia) e algumas das leis específicas, tais como equações para determi­ nados dispositivos e equações de processo. Esse material é útil para que os alunos façam a revisão termodinamica 00.indd 7 7 do conteúdo do curso ou na preparação para exa­ mes, na medida contendo uma apresentação com­ pleta, de forma condensada. Conjunto ampliado de exemplos. Esse docu­ mento inclui uma coleção de exemplos adicio­ nais para que os alunos estudem. Esses exemplos apresentam soluções um pouco mais detalhadas que as apresentadas para os exemplos contidos no livro e, portanto, são excelentes para o estudo in­ dividual. Há cerca de oito problemas em unidades do SI para cada capítulo, cobrindo a maior parte do material dos capítulos. Notas sobre como fazer. As perguntas mais frequentes estão listadas para cada conjunto de assuntos do livro, com respostas detalhadas. Exemplos: Como posso encontrar um determinado esta­ do para R-410a nas tabelas da Seção B? Como posso fazer uma interpolação linear? Devo usar energia interna (u) ou entalpia (h) na equação da energia? Quando posso utilizar a lei dos gases perfeitos? Material do instrutor. O material para os ins­ trutores abrange ementas típicas e trabalhos ex­ traclasse para um primeiro e um segundo curso em termodinâmica. Além disso, são apresentados exemplos de dois exames parciais de uma hora e um exame final de duas horas para cursos padrões de Termodinâmica I e Termodinâmica II. CARACTERÍSTICAS CONTINUADAS DA 7ª EDIÇÃO Questões Conceituais nos Capítulos As questões conceituais, ao longo dos capítulos, são formuladas após as principais seções para que o aluno possa refletir sobre o material apresenta­ do. São questões que servem para uma autoavalia­ ção ou para que o instrutor ressalte os conceitos apresentados para facilitar o seu entendimento pelos alunos. 08/09/14 17:41 8 Fundamentos da Termodinâmica Aplicações na Engenharia ao Final dos Capítulos A última seção ao final de cada capítulo, que cha­ mamos aplicações na engenharia, foi revisada com uma atualização das figuras e alguns exemplos adicionais. Essas seções apresentam material in­ teressante com exemplos informativos, de como o assunto do capítulo em questão é aplicado na engenharia. A maioria desses itens não apresenta nenhum material com equações ou desdobramen­ tos teóricos, mas contém figuras e explicações so­ bre alguns sistemas físicos reais em que o material de tal capítulo é relevante para a análise e projeto da engenharia. Nossa intenção foi manter esses itens curtos e não tentamos explicar todos os de­ talhes sobre os dispositivos que são apresentados, de modo que o leitor terá uma percepção geral da ideia, em um tempo relativamente pequeno. Resumos ao Final dos Capítulos Os resumos incluídos, ao final dos capítulos, pro­ porcionam uma breve revisão dos principais con­ ceitos tratados no capítulo, com as palavras-chave em evidência. Para melhorar ainda mais o resumo listamos o conjunto de habilidades que o aluno deve ter desenvolvido, após ter estudado o capí­ tulo. Tais habilidades podem ser testadas com os problemas conceituais juntamente com os proble­ mas para estudo. Conceitos e Fórmulas Principais Conceitos e Fórmulas principais foram incluídos como referência ao final de cada capítulo. Problemas Conceituais Os problemas conceituais, ao final de cada seção principal, servem como uma rápida revisão do ma­ terial apresentado. Esses problemas são selecio­ nados para que sejam breves e direcionados a um conceito muito específico. Um aluno pode respon­ der a todas essas perguntas para avaliar seu ní­ vel de entendimento e determinar se é necessário que se aprofunde em algum dos assuntos. Esses problemas também podem fazer parte de tarefas e trabalhos, juntamente com os outros problemas para estudo. termodinamica 00.indd 8 Problemas para Estudo O número de problemas oferecidos como prática de aprendizado foi ampliado, sendo agora mais de 2800, com mais de 700 problemas novos ou mo­ dificados. É apresentado um grande número de problemas introdutórios para cobrir todos os as­ pectos do material do capítulo. Além disso, os pro­ blemas foram divididos por assunto para facilitar a seleção, de acordo com o material estudado. Em muitas seções, os problemas apresentados ao fi­ nal são relacionados com processos e equipamen­ tos industriais e os problemas mais abrangentes são apresentados ao final, como problemas para revisão. Tabelas Foram mantidas as tabelas de substância da edi­ ção anterior, com o refrigerante R-410A, que substituiu o R-22, e o dióxido de carbono, que é um refrigerante natural. Várias novas substân­ cias foram incluídas no software. As tabelas de gases ideais foram impressas em base mássica assim como em base molar, para atender ao seu uso em base mássica no início do texto, e em base molar nos capítulos sobre combustão e equilíbrio químico. Software Incluído Esta edição inclui acesso ao software CATT3 estendido, disponível gratuitamente no site da editora, www.blucher.com.br, que inclui várias substâncias adicionais além daquelas incluídas nas tabelas impressas no Apêndice B. O conjunto atual de substâncias para as quais o software pode construir tabelas completas são: Água Fluidos Refrigerantes: R-11, 12, 13, 14, 21, 22, 23, 113, 114, 123, 134a, 152a, 404A, 407C, 410a, 500, 502, 507A e C318 Fluidos criogênicos: Amônia, argônio, etano, etileno, isobutano, meta­ no, neônio, nitrogênio, oxigênio e propano Gases Ideais: ar, CO2, CO, N, N2, NO, NO2, H, H2, H2O, O, O2, OH 08/09/14 17:41 Prefácio Alguns deles estão impressos no livreto Thermo-dynamic and Transport Properties, Claus Borgnakke e Richard E. Sonntag, John Wiley and Sons, 1997. Além das propriedades das subs­ tâncias que acabamos de mencionar, o software pode também construir a carta psicrométrica e os diagramas de compressibilidade e diagramas generalizados usando a equação de Lee-Kessler modificada para se ter maior precisão com o fa­ tor acêntrico. O software também pode traçar um número limitado de processos nos diagramas T-s e log P-log v, oferecendo as curvas do processo real em vez dos esboços apresentados ao longo do texto. FLEXIBILIDADE NA COBERTURA E ESCOPO O livro procura cobrir, de forma muito abrangen­ te, o conteúdo básico da termodinâmica clássica. Acreditamos que o livro proporcione preparo ade­ quado para o estudo da aplicação da termodinâmi­ ca nas várias áreas profissionais, assim como para o estudo de tópicos mais avançados da termodi­ nâmica, como aqueles relacionados a materiais, fenômenos de superfície, plasmas e criogenia. Sa­ be-se que várias escolas oferecem um único curso de introdução à termodinâmica para todos os de­ partamentos, e tentamos cobrir os tópicos que os vários departamentos gostariam de ter incluídos. Entretanto, uma vez que prerrequisitos, objetivos específicos, duração e base de preparo dos alunos variam consideravelmente nos cursos específicos, o material está organizado, especialmente nos úl­ timos capítulos, visando proporcionar muita flexi­ bilidade na quantidade de material que pode ser tratado. O livro abrange mais material do que o neces­ sário para uma sequência de dois cursos semes­ trais, oferecendo flexibilidade para escolhas sobre cobertura de determinados tópicos. Os instruto­ res podem visitar o site da editora em www.wiley. com/college/borgnakke para obter informações e sugestões sobre possíveis estruturas para o curso e programações, além de material adicional, refe­ rido como material web, que será atualizado para incluir as erratas atuais para o livro. 9 AGRADECIMENTOS Agradeço as sugestões, os conselhos e o encora­ jamento de muitos colegas, tanto da Universida­ de de Michigan como de outros locais. Essa aju­ da nos foi muito útil durante a elaboração desta edição, assim como nas edições anteriores. Tanto os alunos de graduação como os de pós-graduação foram muito importantes, uma vez que suas per­ guntas perspicazes fizeram com que, várias vezes, reescrevesse ou reavaliasse certa parte do texto ou, ainda, tentasse desenvolver uma maneira me­ lhor de apresentar o material de forma a respon­ der antecipadamente a essas perguntas ou evitar tais dificuldades. Finalmente o encorajamento de minha esposa e familiares foi essencial, tornando o tempo que passei escrevendo agradável e pra­ zeroso, apesar da pressão do projeto. Gostaria de fazer um agradecimento especial a vários colegas de outras instituições que revisaram as edições anteriores do livro e, também, forneceram dados para as revisões. Alguns dos revisores são: Ruhul Amin, Montana State University Edward E. Anderson, Texas Tech University Cory Berkland, University of Kansas Eugene Brown, Virginia Polytechnic Institute and State University Sung Kwon Cho, University of Pittsburgh Sarah Codd, Montana State University Ram Devireddy, Louisiana State University Fokion Egolfopoulos, University of Southern California Harry Hardee, New Mexico State University Hong Huang, Wright State University Satish Ketkar, Wayne State University Boris Khusid, New Jersey Institute of Technology Joseph F. Kmec, Purdue University Roy W. Knight, Auburn University Daniela Mainardi, Louisiana Tech University Randall Manteufel, University of Texas, San Antonio termodinamica 00.indd 9 08/09/14 17:41 10 Fundamentos da Termodinâmica Harry J. Sauer, Jr., Missouri University of Science and Technology J. A. Sekhar, University of Cincinnati Ahned Soliman, University of North Carolina, Charlotte Reza Toossi, California State University, Long Beach Thomas Twardowski, Widener University Etim U. Ubong, Kettering University Gostaria também de dar as boas-vindas à nos­ sa nova editora, Linda Ratts, e agradecê-la pelo encorajamento e ajuda durante a elaboração desta edição. Espero que este livro contribua para o ensino efetivo da termodinâmica aos alunos que encon­ tram desafios e oportunidades muito significativos durante suas carreiras profissionais. Os comentá­ rios, as críticas e as sugestões serão muito apre­ ciados e podem ser enviados para o meu endereço claus@umich.edu. Yanhua Wu, Wright State University Walter Yuen, University of California, Santa Barbara termodinamica 00.indd 10 CLAUS BORGNAKKE Ann Arbor, Michigan Julho de 2012 08/09/14 17:41 Prefácio 11 Prefácio à Edição Brasileira Este livro, 8a edição da série Van Wylen, em homenagem a um dos principais autores das primeiras edições, é um dos livros mais importantes para o ensino de Termodinâmica. Ao longo dos anos e das suas várias edições, o livro tem con­ tribuído para a formação de estudantes, nos princípios básicos desta ciência, e de engenheiros, para atuarem nos desafios da área de engenharia térmica. Na presente edição, foram mantidas e aperfeiçoadas as seguintes seções introduzidas na penúltima edição: • Questões conceituais ao longo do texto, para provocar alguma reflexão e melhorar a assimilação dos conceitos. • Aplicações na Engenharia, relacionadas ao assunto do capítulo, que procuram deixar mais clara a importância da Termodinâmica na ativida­ de do engenheiro. O capítulo sobre escoamentos compressíveis, que havia sido retirado e vol­ tou na edição anterior, foi mantido, e os problemas propostos, ao final de cada capítulo, foram revisados pelo autor, com a remoção e a inclusão de problemas. Os exemplos e os problemas no sistema inglês de unidades não foram incluídos nessa tradução – a exemplo da 7a edição –, considerando que eles são simila­ res aos apresentados no Sistema Internacional e, por isso, não houve perda de informações. Os capítulos Reações Químicas, Introdução ao Equilíbrio de Fases e ao Equilíbrio Químico e Escoamento Compressível, que na edição anterior esta­ vam disponíveis, para cópia, no site da Editora Blucher (www.blucher.com.br), com o material dos Apêndices, agora fazem parte da versão impressa. No site da Editora Blucher o aluno poderá obter o aplicativo computacional CATT3. O software permite a construção de tabelas de propriedades termodinâmicas, de cartas psicrométricas e diagramas de compressibilidade, T-s e P-log v. A tradução foi realizada por uma equipe de professores do Instituto Mauá de Tecnologia, que se empenhou em manter a elevada qualidade dos trabalhos anteriormente realizados. termodinamica 00.indd 11 08/09/14 17:41 12 Fundamentos da Termodinâmica Com a busca constante de aperfeiçoamento do texto, realizada ao longo das várias edições, a leitura da presente edição é bastante agradável, sem perder o rigor nos conceitos; e a apresentação dos diversos exemplos e das aplicações na Engenharia ajuda no seu entendimento. A seguir, são feitas algumas considerações resumidas sobre o contexto energético atual, julgadas importantes para dar ao estudante uma dimensão na qual o estudo e o uso da Termodinâmica se inserem, e, dessa forma, motivá-lo ainda mais no estudo deste livro. A energia é um dos principais recursos utilizados pela sociedade moderna. Em todos os processos de produção, tanto no setor industrial como no de servi­ ços, a energia tem uma participação fundamental. A Termodinâmica é conhecida como a ciência da energia e, por isso, é uma área do conhecimento fundamental para o equacionamento e a solução das necessidades de energia da humanidade. Os processos de conversão e uso de energia são fundamentais para o funcio­ namento da sociedade, por outro lado, representam uma das principais fontes de poluição nos dias atuais. Na avaliação de alternativas que minimizem ou eli­ minem esses impactos, o uso dos conceitos e as ferramentas da Termodinâmica é fundamental. A poluição do ar nas cidades e o grande desafio ambiental do nosso século: o aquecimento global e as mudanças climáticas; relacionam-se majoritariamente com a emissão de poluentes atmosféricos e dióxido carbônico, bem como de outros gases do efeito estufa, originados principalmente na quei­ ma de combustíveis fósseis, utilizados na geração termoelétrica, no transporte e em processos industriais. Esses setores utilizam sistemas de conversão de energia, que são objetos de estudos da Termodinâmica. Além disso, sistemas de conversão de energia para refrigeração e condicionamento de ar cooperam para a destruição da camada de ozônio e o aquecimento global, pelo uso de fluidos refrigerantes HCFCs e HFCs. Novos fluidos refrigerantes estão sendo desenvol­ vidos e avaliados. Nesse contexto, a Termodinâmica tem um papel importante. Outro aspecto marcante do cenário atual é a ampliação significativa do uso de fontes alternativas e renováveis na produção de energia. O crescimento eco­ nômico sustentável e o incremento da qualidade de vida de todos os habitantes do planeta só podem ser possíveis com o desenvolvimento e o emprego de novas tecnologias de conversão de energia, assim como do uso racional e eficiente dos recursos energéticos convencionais. Nesse sentido, vale ressaltar o aumento da disponibilidade de gás natural que, muito embora seja um combustível fóssil – não renovável –, cria possibili­ dades crescentes de geração descentralizada de energia elétrica e de geração de energia elétrica combinada (cogeração) com aquecimento e resfriamento – uma tecnologia que eleva a eficiência geral dos processos de conversão e promove a diversificação da oferta de energia elétrica. Por fim e como sempre, cabe mencionar que sugestões e contribuições para sanar problemas ocorridos nesta tradução e colaborar para uma nova edição melhorada são muito bem-vindas e podem ser enviadas ao coordenador de tra­ dução dessa edição. Prof. Dr. Roberto de Aguiar Peixoto robertopeixoto@maua.br termodinamica 00.indd 12 08/09/14 17:41 Conteúdo 13 Conteúdo 1 Introdução e Comentários Preliminares, 21 1.1 O Sistema Termodinâmico e o Volume de Controle, 23 1.2 Pontos de Vista Macroscópico e Microscópico, 24 1.3 Estado e Propriedades de uma Substância, 25 1.4 Processos e Ciclos, 26 1.5 Unidades de Massa, Comprimento, Tempo e Força, 26 1.6 Volume Específico e Massa Específica, 29 1.7 Pressão, 31 1.8 Energia, 34 1.9 Igualdade de Temperatura, 37 1.10 A Lei Zero da Termodinâmica, 37 1.11 Escalas de Temperatura, 38 10.12 Aplicações na Engenharia, 39 Resumo, 41 Problemas, 43 2 Propriedades de uma Substância Pura, 53 2.1 A Substância Pura, 54 2.2 As Fronteiras das Fases, 54 2.3 A superfície P-v-T, 57 2.4 Tabelas de Propriedades Termodinâmicas, 60 2.5 Os Estados Bifásicos, 61 2.6 Os Estados Líquido e Sólido, 62 2.7 Os Estados de Vapor Superaquecido, 63 2.8 Os Estados de Gás Ideal, 65 2.9 O Fator de Compressibilidade, 69 2.10 Equações de Estado, 72 2.11 Tabelas Computadorizadas, 72 2.12 Aplicações na Engenharia, 73 Resumo, 75 Problemas, 76 termodinamica 00.indd 13 08/09/14 17:41 14 3 Fundamentos da Termodinâmica A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia, 89 3.1 A Equação da Energia, 90 3.2 A Primeira Lei da Termodinâmica, 92 3.3 A Definição de Trabalho, 92 3.4 Trabalho Realizado na Fronteira Móvel de um Sistema Compressível Simples, 96 3.5 Definição de Calor, 102 3.6 Modos de Transferência de Calor, 103 3.7 Energia Interna − Uma Propriedade Termodinâmica, 105 3.8 Análise de Problemas e Técnica de Solução, 106 3.9 A Propriedade Termodinâmica Entalpia, 111 3.10 Calores Específicos a Volume e a Pressão Constantes, 114 3.11 A Energia Interna, Entalpia e Calor Específico de Gases Ideais, 115 3.12 Sistemas Gerais que Envolvem Trabalho, 121 3.13 Conservação de Massa, 122 3.14 Aplicações na Engenharia, 124 Resumo, 129 Problemas, 132 4 Análise Energética para um Volume de Controle, 157 4.1 Conservação de Massa e o Volume de Controle, 157 4.2 A Equação da Energia para um Volume de Controle, 159 4.3 O Processo em Regime Permanente, 161 4.4 Exemplos de Processos em Regime Permanente, 163 4.5 Dispositivos com Múltiplos Fluxos, 172 4.6 O Processo em Regime Transiente, 173 4.7 Aplicações na Engenharia, 177 Resumo, 181 Problemas, 183 5 A Segunda Lei da Termodinâmica, 203 5.1 Motores Térmicos e Refrigeradores, 204 5.2 A Segunda Lei da Termodinâmica, 208 5.3 O Processo Reversível, 211 5.4 Fatores que Tornam um Processo Irreversível, 212 5.5 O Ciclo de Carnot, 214 5.6 Dois Teoremas Relativos ao Rendimento Térmico do Ciclo de Carnot, 216 5.7 A Escala Termodinâmica de Temperatura, 217 5.8 A Escala de Temperatura de Gás Ideal, 217 5.9 Máquinas Reais e Ideais, 220 5.10 Aplicações na Engenharia, 223 Resumo, 225 Problemas, 227 6 Entropia, 241 6.1 6.2 6.3 termodinamica 00.indd 14 Desigualdade de Clausius, 242 Entropia – Uma Propriedade do Sistema, 244 A Entropia para uma Substância Pura, 245 08/09/14 17:41 Conteúdo 15 6.4 Variação de Entropia em Processos Reversíveis, 247 6.5 Duas Relações Termodinâmicas Importantes, 251 6.6 Variação de Entropia em um Sólido ou Líquido, 251 6.7 Variação de Entropia em um Gás Ideal, 252 6.8 Processo Politrópico Reversível para um Gás Ideal, 255 6.9 Variação de Entropia do Sistema Durante um Processo Irreversível, 258 6.10 Geração de Entropia e Equação da Entropia, 259 6.11 Princípio de Aumento de Entropia, 261 6.12 Equação da Taxa de Variação de Entropia, 263 6.13 Comentários Gerais sobre Entropia e Caos, 267 Resumo, 268 Problemas, 270 7 Segunda Lei da Termodinâmica Aplicada a Volumes de Controle, 291 7.1 A Segunda Lei da Termodinâmica para um Volume de Controle, 291 7.2 O Processo em Regime Permanente e o Processo em Regime Transiente, 293 7.3 O Processo Reversível em Regime Permanente para Escoamento Simples, 299 7.4 Princípio do Aumento da Entropia para um Volume de Controle, 302 7.5 Aplicações na Engenharia – Eficiência, 304 7.6 Resumo da Análise de Volume de Controle, 309 Resumo, 310 Problemas, 312 8 Exergia, 335 8.1 Exergia, Trabalho Reversível e Irreversibilidade, 335 8.2 Exergia e Eficiência Baseada na Segunda Lei da Termodinâmica, 344 8.3 Equação do Balanço de Exergia, 350 8.4 Aplicações na Engenharia, 353 Resumo, 354 Problemas, 356 9 Sistemas de Potência e Refrigeração – com Mudança de Fase, 369 9.1 Introdução aos Ciclos de Potência, 370 9.2 O Ciclo Rankine, 371 9.3 Efeitos da Pressão e da Temperatura no Ciclo Rankine, 374 9.4 O Ciclo com Reaquecimento, 377 9.5 O Ciclo Regenerativo e Aquecedores de Água de Alimentação, 378 9.6 Afastamento dos Ciclos Reais em Relação aos Ciclos Ideais, 384 9.7 Cogeração e outras Configurações, 386 9.8 Introdução aos Sistemas de Refrigeração, 389 9.9 Ciclo de Refrigeração por Compressão de Vapor, 389 9.10 Fluidos de Trabalho para Sistemas de Refrigeração por Compressão de Vapor, 391 9.11 Afastamento do Ciclo de Refrigeração Real de Compressão de Vapor em Relação ao Ciclo Ideal, 393 9.12 Configurações de Ciclos de Refrigeração, 394 9.13 O Ciclo de Refrigeração por Absorção, 396 Resumo, 397 Problemas, 399 termodinamica 00.indd 15 08/09/14 17:41 16 10 Fundamentos da Termodinâmica Sistemas de Potência e Refrigeração – Fluidos de Trabalhos Gasosos, 419 10.1 Ciclos Padrão a Ar, 419 10.2 O Ciclo Brayton, 420 10.3 O Ciclo Simples de Turbina a Gás com Regenerador, 425 10.4 Configurações do Ciclo de Turbina a Gás para Centrais de Potência, 427 10.5 O Ciclo Padrão a Ar para Propulsão a Jato, 430 10.6 O Ciclo Padrão de Refrigeração a Ar, 433 10.7 Ciclos de Potência dos Motores com Pistão, 435 10.8 O Ciclo Otto, 436 10.9 O Ciclo Diesel, 440 10.10 O Ciclo Stirling, 442 10.11 Os Ciclos Atkinson e Miller, 442 10.12 Ciclos Combinados de Potência e Refrigeração, 444 Resumo, 446 Problemas, 448 11 Mistura de Gases, 463 11.1 Considerações Gerais e Misturas de Gases Ideais, 463 11.2 Um Modelo Simplificado para Misturas de Gás-Vapor, 469 11.3 A Primeira Lei Aplicada a Misturas de Gás-Vapor, 472 11.4 O Processo de Saturação Adiabática, 474 11.5 Aplicações na Engenharia – Temperaturas de Bulbo Úmido e de Bulbo Seco e a Carta Psicrométrica, 475 Resumo, 479 Problemas, 481 12 Relações Termodinâmicas, 499 12.1 A Equação de Clapeyron, 500 12.2 Relações Matemáticas para Fase Homogênea, 502 12.3 As Relações de Maxwell, 503 12.4 Algumas Relações Termodinâmicas Envolvendo Entalpia, Energia Interna e Entropia, 505 12.5 Expansividade Volumétrica e Compressibilidades Isotérmica e Adiabática, 509 12.6 O Comportamento dos Gases Reais e as Equações de Estado, 510 12.7 O Diagrama Generalizado para Variações de Entalpia a Temperatura Constante, 514 12.8 O Diagrama Generalizado para Variações de Entropia a Temperatura Constante, 516 12.9 Relações de Propriedades para Misturas, 518 12.10 Modelos de Substâncias Pseudopuras para Misturas Gasosas Reais, 521 12.11 Aplicações na Engenharia – Tabelas de Propriedades Termodinâmicas, 524 Resumo, 527 Problemas, 529 13 Reações Químicas, 543 13.1 13.2 13.3 13.4 13.5 termodinamica 00.indd 16 Combustíveis, 543 O Processo de Combustão, 546 Entalpia de Formação, 553 Aplicação da Primeira Lei em Sistemas Reagentes, 554 Entalpia, Energia Interna de Combustão e Calor de Reação, 558 08/09/14 17:41 Conteúdo 17 13.6 Temperatura Adiabática de Chama, 559 13.7 Terceira Lei da Termodinâmica e Entropia Absoluta, 564 13.8 Aplicação da Segunda Lei em Sistemas Reagentes, 565 13.9 Células de Combustível, 568 13.10 Aplicações na Engenharia, 571 Resumo, 575 Problemas, 577 14 Introdução ao Equilíbrio de Fases e ao Equilíbrio Químico, 593 14.1 Condições para o Equilíbrio, 593 14.2 Equilíbrio entre Duas Fases de uma Substância Pura, 595 14.3 Equilíbrio Metaestável, 597 14.4 Equilíbrio Químico, 598 14.5 Reações Simultâneas, 605 14.6 Gaseificação de Carvão, 608 14.7 Ionização, 608 14.8 Aplicações na Engenharia, 610 Resumo, 612 Problemas, 613 15 Escoamento Compressível, 623 15.1 Propriedades de Estagnação, 624 15.2 A Equação da Conservação de Quantidade de Movimento para um Volume de Controle, 625 15.3 Forças que Atuam sobre uma Superfície de Controle, 627 15.4 Escoamento Unidimensional, Adiabático e em Regime Permanente de um Fluido Incompressível em um Bocal, 628 15.5 Velocidade do Som em um Gás Ideal, 630 15.6 Escoamento Unidimensional, em Regime Permanente, Adiabático e Reversível de um Gás Ideal em Bocais, 632 15.7 Descarga de um Gás Ideal em um Bocal Isotrópico, 634 15.8 Choque Normal no Escoamento de um Gás Ideal em um Bocal, 637 15.9 Coeficientes do Bocal e do Difusor, 641 15.10 Bocais e Orifícios como Medidores de Vazão, 643 Resumo, 646 Problemas, 651 Apêndice A – Propriedades Gerais, 659 Apêndice B – Propriedades Termodinâmicas, 675 Apêndice C – Calor Específico de Gás Ideal, 708 Apêndice D – Equações de Estado, 710 Apêndice E – Figuras, 715 Índice Remissivo, 725 termodinamica 00.indd 17 08/09/14 17:41 18 termodinamica 00.indd 18 Fundamentos da Termodinâmica 08/09/14 17:41 Conteúdo 19 Símbolos a A a, A AC Bs BT c c CA CD Cp Cv Cp0 Cv0 COP e, E EC EP F FEM g g, G h, H i I J k K L m m· M M n n P PC aceleração área função de Helmholtz específica e função de Helmholtz total relação ar-combustível módulo adiabático módulo isotérmico velocidade do som fração mássica relação combustível-ar coeficiente de descarga calor específico a pressão constante calor específico a volume constante calor específico a pressão constante e pressão zero calor específico a volume constante e pressão zero coeficiente de desempenho (o mesmo que β) energia específica e energia total energia cinética energia potencial força força eletromotriz aceleração da gravidade função de Gibbs específica e função de Gibbs total entalpia específica e entalpia total corrente elétrica irreversibilidade fator de proporcionalidade entre as unidades de trabalho e de calor relação entre calores específicos: Cp /Cv constante de equilíbrio comprimento massa vazão mássica massa molecular número de Mach número de mols expoente politrópico pressão Poder Calorífico termodinamica 00.indd 19 08/09/14 17:41 20 Fundamentos da Termodinâmica pressão parcial do componente i numa mistura Pr pressão reduzida P/Pc Pr pressão relativa (utilizada nas tabelas de gás) q, Q calor transferido por unidade de massa e calor transferido total · Q taxa de transferência de calor QH, QL transferência de calor num corpo a alta temperatura e num corpo a baixa tempe­ ratura; o sinal é determinado no contexto R constante do gás RC relação de compressão – R constante universal dos gases s, S entropia específica e entropia total Sger geração de entropia S·ger taxa de geração de entropia t tempo T temperatura Tr temperatura reduzida T/Tc u, U energia interna específica e energia inter­ na total v, V volume específico e volume total vr volume específico relativo (utilizado nas tabelas de gás) V velocidade w, W trabalho específico (por unidade de mas­ sa) e trabalho total · W potência (trabalho por unidade de tempo) wrev trabalho reversível entre dois estados x título y fração molar na fase vapor y fração de extração Z cota Z fator de compressibilidade Z carga elétrica Pi Letras Manuscritas potencial elétrico tensão superficial tensão Letras Gregas α volume residual α função de Helmoltz adimensional a/RT αP expansividade volumétrica β coeficiente de desempenho de um refrige­ rador (mesmo que COP) β′ coeficiente de desempenho de uma bom­ ba de calor (mesmo que COP) βS compressibilidade adiabática termodinamica 00.indd 20 βT δ η µ µJ ν ρ τ τ0 Φ f φ, Φ y ω ω compressibilidade isotérmica massa específica adimensional ρ/ρc eficiência ou rendimento potencial químico coeficiente de Joule – Thomson coeficiente estequiométrico massa específica variável adimensional de temperatura T/Tc variável adimensional de temperatura 1–Tr relação de equivalência umidade relativa disponibilidade de um sistema ou exergia disponibilidade associada a um processo em regime permanente fator acêntrico umidade absoluta Subscritos c propriedade no ponto crítico e estado de uma substância que entra no volume de controle f formação s propriedade do sólido saturado sl diferença entre as propriedades, de líqui­ do saturado e a de sólido saturado iv diferença de propriedades, entre a de vapor saturado e a de sólido saturado l propriedade do líquido saturado lv diferença de propriedades, entre a de vapor saturado e a de líquido saturado r propriedade reduzida s processo isotrópico s propriedade de uma substância que sai do volume de controle 0 propriedade do ambiente 0 propriedade de estagnação v propriedade do vapor saturado v.c. volume de controle Sobrescritos _ a barra sobre o símbolo indica uma pro­ priedade em base molar (a barra indica propriedade molar parcial quando aplica­ da sobre V, H, S, U, A e G) ° propriedade na condição do estado padrão * gás ideal * propriedade na seção mínima de um bocal irr irreversível r gás real rev reversível 08/09/14 17:41 Introdução e Comentários Preliminares Introdução e Comentários Preliminares 21 1 O campo da termodinâmica se relaciona com a ciência da energia, com foco em armazenamento e processos de conversão de energia. Neste livro, estudaremos os efeitos em substâncias diferentes, cujas massas podem ser submetidas a aquecimento/resfriamento ou a compressão/expansão volumétrica. Durante tais processos, estamos transferindo energia para ou de um sistema (massa), que terá uma mudança nas suas condições que são expressas por propriedades como temperatura, pressão e volume. Usamos vários processos semelhantes a esse em nossas vidas diárias; por exemplo, aquecemos água para fazer café ou chá, ou a resfriamos em um refrigerador para produzir água gelada ou pedras de gelo em um congelador. Na natureza, a água evapora de oceanos e lagos e se mistura com ar no qual o vento pode transportá-la, e mais tarde pode deixar o ar, na forma de chuva (água líquida) ou neve (água sólida). Como estudamos esses processos em detalhe, enfocaremos situações que são fisicamente simples e, ainda, típicas de situações da vida real na indústria ou na natureza. Descrevendo os processos envolvidos, podemos apresentar equipamentos ou sistemas complexos — por exemplo, uma central elétrica simples a vapor que é o sistema básico que gera grande parte da nossa potência elétrica. Uma central elétrica que queima carvão e produz potência elétrica e água quente para aquecimento distrital é mostrada na Figura 1.1. O carvão é transportado por um navio, e as tubulações de aquecimento distrital são localizadas em túneis subterrâneos e, dessa forma, não são visíveis. Uma descrição mais técnica e um melhor entendimento é obtido a partir do esquema simples da central elétrica, como mostrado na Figura 1.2. Nesse esquema são apresentadas as várias saídas da planta como potência elétrica fornecida à rede, água quente para aquecimento distrital, escória de carvão queimado, e outros materiais como cinza e gesso; a última saída é de um escoamento de gases de exaustão deixando a planta pela chaminé. Outro conjunto de processos fazem parte do refrigerador que usamos para resfriar alimentos ou para produzir um escoamento de fluido a temperaturas muito baixas para uma cirurgia criogênica, na qual o congelamento do tecido causa um mínimo sangramento. Um esquema simples de um sistema desse tipo é mostrado na Figura 1.3. O mesmo sistema pode, também, funcionar como um condicionador de ar com o duplo objetivo de resfriamento de um edifício termodinamica 01.indd 21 15/10/14 14:36 22 Fundamentos da Termodinâmica Calor para o ambiente Vapor “alta” temperatura 2 Condensador Trabalho 3 Líquido Válvula de expansão ou tubo capilar Compressor Evaporador Vapor “baixa” temperatura 1 Líquido “frio” + vapor Calor do espaço refrigerado 4 Figura 1.3 Esquema de um refrigerador. no verão e aquecimento no inverno; neste último modo de uso, é também chamado bomba de calor. Considerando aplicações móveis, podemos desenvolver modelos simples para motores a gasolina e diesel, normalmente utilizados para transporte, e turbinas a gás, motores a jato dos aviões, em que o baixo peso e volume são de grande preocupação. Figura 1.1 Central termoelétrica Esbjerg, Dinamarca. (Cortesia Dong Energy A/S, Denmark.) Produtos de combustão Tambor de vapor (tubulão) Silo de carvão Turbina Chaminé Sistema de distribuição elétrico Óleo Lavador de gases Calcário Despoeirador Gerador elétrico Moedor de carvão Cinza volante Bomba Ar Cinza fundida Trocador de calor Sistema de resfriamento (aquecimento distrital) Figura 1.2 Esquema de uma central termoelétrica a vapor. termodinamica 01.indd 22 15/10/14 14:36 23 Introdução e Comentários Preliminares Esses são apenas alguns exemplos de sistemas conhecidos que a teoria da termodinâmica nos permite analisar. Uma vez que conhecemos e entendemos a teoria, vamos ser capazes de estender a análise para outros casos com os quais podemos não estar tão familiarizados. trole que seja fechada para escoamento de massa, a fim de que não possa haver saída ou entrada de massa no volume controle, o objeto de análise é chamado sistema (massa de controle), contendo a mesma quantidade de matéria em todos os momentos. Além da descrição de processos básicos e sistemas, a abrangência da termodinâmica é ampliada de modo a tratar situações especiais como ar úmido atmosférico, que é uma mistura de gases, e a queima de combustíveis para uso na queima de carvão, óleo ou gás natural, que é um processo de conversão química e de energia utilizado em quase todos os dispositivos de geração de potência. São conhecidas muitas outras extensões da termodinâmica básica, as quais podem ser estudadas em textos especializados. Uma vez que todos os processos que os engenheiros tratam têm um impacto sobre o meio ambiente, devemos estar conscientes das maneiras pelas quais podemos otimizar a utilização dos nossos recursos naturais e produzir a mínima quantidade de consequências negativas para o nosso meio ambiente. Por esta razão, em uma análise moderna, é importante o tratamento dos ganhos de eficiência em processos e dispositivos e é necessário conhecimento para completa apreciação de engenharia sobre o funcionamento do sistema e seu desempenho. Ao considerar o gás contido no cilindro mostrado na Figura 1.4, colocando uma superfície de controle ao seu redor, reconhecemos isso como um sistema. Se um bico de Bunsen é colocado sob o cilindro, a temperatura do gás aumentará e o êmbolo se elevará. Quando o êmbolo se eleva, a fronteira do sistema também muda. Posteriormente, veremos que calor e trabalho cruzam a fronteira do sistema durante esse processo, mas a matéria que compõe o sistema pode ser sempre identificada e permanece a mesma. Antes de considerar a aplicação da teoria, vamos abordar alguns conceitos básicos e definições para a nossa análise e rever alguns aspectos da física e da química que serão necessários. 1.1 O SISTEMA TERMODINÂMICO E O VOLUME DE CONTROLE Um sistema termodinâmico é um dispositivo ou conjunto de dispositivos que contém uma quantidade de matéria que está sendo estudada. Para uma definição mais precisa, um volume de controle é escolhido de tal modo que contenha a matéria e os dispositivos dentro de uma superfície de controle. Tudo externo ao volume de controle é a vizinhança, com a separação proporcionada pela superfície de controle. A superfície pode ser aberta ou fechada para escoamentos de massa, e pode ter fluxos de energia em termos de transferência de calor e de trabalho. As fronteiras podem ser móveis ou fixas. No caso de uma superfície de con- termodinamica 01.indd 23 Um sistema isolado é aquele que não é influenciado, de forma alguma, pelas vizinhanças, ou seja, calor e trabalho não cruzam a fronteira do sistema. Em um caso mais típico, a análise termodinâmica deve ser realizada para equipamentos como, por exemplo, um compressor de ar que apresenta um escoamento de massa para dentro e para fora do equipamento, mostrado na Figura 1.5. O sistema real inclui, possivelmente, um tanque de armazenamento, mostrado posteriormente na Figura 1.20. O procedimento seguido em tal análise consiste em especificar um volume de controle que envolva o compressor com uma superfície que é chamada superfície de controle. Note que massa e quantidade de movimento, assim como calor e trabalho, podem ser transportados através da superfície de controle. Assim, no caso mais geral, uma superfície de controle define um volume de controle no qual podem ocorrer escoamentos de massa de entraPesos P0 Êmbolo Fronteira do sistema g Gás Figura 1.4 Exemplo de sistema. 15/10/14 14:36 24 Fundamentos da Termodinâmica Calor Superfície de controle Admissão de ar a baixa pressão Compressor de ar Descarga de ar a alta pressão Trabalho Motor Figura 1.5 Exemplo de um volume de controle. da e saída, com a definição de sistema sendo um caso especial sem a ocorrência de escoamentos de massa de entrada e saída. Dessa forma, o sistema contém uma quantidade de massa fixa sem variar no tempo, o que explica a sua denominação. A formulação geral da análise será tratada detalhadamente no Capítulo 4. Deve-se observar que os termos sistema fechado (massa fixa) e sistema aberto (envolvendo escoamento de massa), às vezes, são usados para fazer a distinção. Aqui usamos o termo sistema para uma descrição mais geral e pouco específica de uma massa, dispositivo ou combinação de dispositivos que são, então, mais bem definidos quando um volume de controle é selecionado. O procedimento que será adotado nas apresentações da primeira e da segunda lei da termodinâmica é o de primeiro formular as leis para um sistema e depois efetuar as transformações necessárias para torná-las adequadas a volumes de controle. 1.2 PONTOS DE VISTA MACROSCÓPICO E MICROSCÓPICO Uma investigação sobre o comportamento de um sistema pode ser feita sob os pontos de vista macroscópico ou microscópico. Vamos descrever brevemente o problema que teríamos se descrevêssemos um sistema sob o ponto de vista microscópico. Suponhamos que o sistema seja constituído por um gás monoatômico, a pressão e temperatura atmosféricas, contido em um cubo com aresta igual a 25 mm. Esse sistema contém cerca de 1020 átomos. Para descrever a posição de cada átomo devem ser especificadas três coordenadas e, para descrever a velocidade de cada átomo, são necessárias as três componentes do vetor velocidade. termodinamica 01.indd 24 Assim, para descrever completamente o comportamento desse sistema, sob o ponto de vista microscópico, é necessário lidar com, pelo menos, 6 × 1020 equações. Essa tarefa seria árdua, mesmo se tivéssemos um computador moderno de grande capacidade. Entretanto, dispomos de duas abordagens diversas que reduzem significativamente o número de variáveis necessárias para especificar o problema e, desse modo, facilitam sua solução. Uma dessas abordagens é a estatística que, basea­ da na teoria da probabilidade e em considerações estatísticas, opera com os valores “médios” das partículas que estamos considerando. Isso é, usualmente, feito em conjunto com um modelo do átomo sob consideração. Essa forma é a utilizada nas disciplinas conhecidas como teoria cinética e mecânica estatística. A outra forma de abordar o problema reduzindo o número de variáveis e facilitando a sua solução é a baseada no ponto de vista da termodinâmica clássica macroscópica. Como o termo macroscópico sugere, estamos interessados nos efeitos gerais ou médios de várias moléculas. Além disso, esses efeitos podem ser percebidos por nossos sentidos e medidos por instrumentos. Na realidade, o que percebemos e medimos é a influência média temporal de muitas moléculas. Por exemplo, consideremos a pressão que um gás exerce sobre as paredes de um recipiente. Essa pressão resulta da mudança na quantidade de movimento das moléculas quando colidem com as paredes. Entretanto, sob o ponto de vista macroscópico, não estamos interessados na ação isolada de uma molécula, mas na força média, em relação ao tempo, que atua sobre certa área e que pode ser medida com um manômetro. De fato, essas observações macroscópicas são completamente independentes de nossas premissas a respeito da natureza da matéria. Ainda que a teoria e o desenvolvimento adotados neste livro sejam apresentados sob o ponto de vista macroscópico, serão incluídas algumas observações suplementares sobre o significado da perspectiva microscópica como um auxílio ao entendimento dos processos físicos envolvidos. Outro livro desta série, Introduction to thermodynamics: classical and statistical, de R. E. Sonntag e G. J. Van Wylen, apresenta um tratamento da termodinâmica, sob o ponto de vista microscópico e estatístico. 15/10/14 14:36 Introdução e Comentários Preliminares Devem ser feitas algumas observações em relação à consideração de meio contínuo. Em geral, sempre tratamos de volumes que são muito maiores que as dimensões moleculares e trabalhamos com escalas de tempo que são muito maiores quando comparadas com as frequências de colisões intermoleculares. Dessa forma, trataremos com sistemas que contêm um grande número de moléculas que interagem com altíssima frequência durante nosso período de observação e, portanto, percebemos o sistema como uma simples massa uniformemente distribuída no volume chamado meio contínuo. Esse conceito é, naturalmente, apenas uma hipótese conveniente que não é válida quando o caminho médio livre das moléculas se aproxima da ordem de grandeza das dimensões do recipiente que está sendo analisado. Por exemplo, a hipótese de meio contínuo normalmente não é adequada nas situações encontradas na tecnologia do alto-vácuo. Apesar disso, a premissa de um meio contínuo é válida e conveniente em vários trabalhos de engenharia e consistente com o ponto de vista macroscópico. 1.3 ESTADO E PROPRIEDADES DE UMA SUBSTÂNCIA Se considerarmos uma dada massa de água, reconhecemos que ela pode existir em várias formas. Se ela é inicialmente líquida pode-se tornar vapor, depois de aquecida, ou sólida, quando resfriada. Uma fase é definida como uma quantidade de matéria totalmente homogênea. Quando mais de uma fase coexistem, estas se separam, entre si, pelas fronteiras das fases. Em cada fase a substância pode existir a várias pressões e temperaturas ou, usando a terminologia da termodinâmica, em vários estados. O estado pode ser identificado ou descrito por certas propriedades macroscópicas observáveis; algumas das mais familiares são: temperatura, pressão e massa específica. Outras propriedades serão apresentadas nos capítulos posteriores. Cada uma das propriedades de uma substância, em um dado estado, apresenta somente um determinado valor e essas propriedades têm sempre o mesmo valor para um dado estado, independentemente da forma pela qual a substância chegou a ele. De fato, uma propriedade pode ser definida como uma quantidade que depende do estado do sistema e é independente do caminho (ou seja, a história) pelo termodinamica 01.indd 25 25 qual o sistema chegou ao estado considerado. Do mesmo modo, o estado é especificado ou descrito pelas propriedades. Mais tarde, consideraremos o número de propriedades independentes que uma substância pode ter, ou seja, o número mínimo de propriedades que devemos especificar para determinar o estado de uma substância. As propriedades termodinâmicas podem ser divididas em duas classes gerais, as intensivas e as extensivas. Uma propriedade intensiva é independente da massa e o valor de uma propriedade extensiva varia diretamente com a massa. Assim, se uma quantidade de matéria, em um dado estado, é dividida em duas partes iguais, cada parte apresentará o mesmo valor das propriedades intensivas e a metade do valor das propriedades extensivas da massa original. Como exemplos de propriedades intensivas podemos citar a temperatura, a pressão e a massa específica. A massa e o volume total são exemplos de propriedades extensivas. As propriedades extensivas por unidade de massa, tal como o volume específico, são propriedades intensivas. Frequentemente nos referimos não apenas às propriedades de uma substância, mas também às propriedades de um sistema. Isso implica, necessariamente, que o valor da propriedade tem significância para todo o sistema, o que por sua vez implica no que é chamado equilíbrio. Por exemplo, se o gás que constitui o sistema mostrado na Figura 1.4 estiver em equilíbrio térmico, a temperatura será a mesma em todo o gás e podemos falar que a temperatura é uma propriedade do sistema. Podemos, também, considerar o equilíbrio mecânico, que está relacionado com a pressão. Se um sistema estiver em equilíbrio mecânico, não haverá a tendência de a pressão, em qualquer ponto, variar com o tempo, desde que o sistema permaneça isolado do meio exterior. Existe uma variação de pressão no gás com a altura, em virtude da influência do campo gravitacional, embora, sob as condições de equilíbrio, não haja tendência de que a pressão varie em qualquer ponto. Por outro lado, na maioria dos problemas termodinâmicos, essa variação de pressão com a altura é tão pequena que pode ser desprezada. O equilíbrio químico também é importante e será considerado no Capítulo 14. Quando um sistema está em equilíbrio, em relação a todas as possíveis mudanças de estado, dizemos que o sistema está em equilíbrio termodinâmico. 15/10/14 14:36 26 Fundamentos da Termodinâmica 1.4 PROCESSOS E CICLOS Quando o valor de pelo menos uma propriedade de um sistema é alterado, dizemos que ocorreu uma mudança de estado. Por exemplo, quando um dos pesos posicionados sobre o pistão mostrado na Figura 1.6 é removido, este se eleva e ocorre uma mudança de estado, pois a pressão decresce e o volume específico aumenta. O caminho definido pela sucessão de estados que o sistema percorre é chamado processo. Consideremos o equilíbrio do sistema quando ocorre uma mudança de estado. No instante em que o peso é removido do pistão na Figura 1.6, o equilíbrio mecânico deixa de existir, resultando no movimento do pistão para cima, até que o equilíbrio mecânico seja restabelecido. A pergunta que se impõe é a seguinte: Uma vez que as propriedades descrevem o estado de um sistema apenas quando ele está em equilíbrio, como poderemos descrever os estados de um sistema durante um processo, se o processo real só ocorre quando não existe equilíbrio? Um passo para respondermos a essa pergunta consiste na definição de um processo ideal, chamado processo de quase-equilíbrio. Um processo de quase-equilíbrio é aquele em que o desvio do equilíbrio termodinâmico é infinitesimal e todos os estados pelos quais o sistema passa durante o processo podem ser considerados como estados de equilíbrio. Muitos dos processos reais podem ser modelados, com boa precisão, como processos de quase-equilíbrio. Se os pesos sobre o pistão da Figura 1.6 são pequenos, e forem retirados um a um, o processo pode ser considerado como de quase equilíbrio. Por outro lado, se todos os pesos fossem removidos simultaneamente, o êmbolo se elevaria rapidamente até atingir os limiPesos tadores. Este seria um processo de não equilíbrio, e o sistema não atingiria o equilíbrio em nenhum momento durante a mudança de estado. Para os processos de não equilíbrio, estaremos limitados a uma descrição do sistema antes de ocorrer o processo e, após sua ocorrência, quando o equilíbrio é restabelecido. Não estaremos habilitados a especificar cada estado pelo qual o sistema passa, tampouco a velocidade com que o processo ocorre. Entretanto, como veremos mais tarde, poderemos descrever certos efeitos globais que ocorrem durante o processo. Vários processos são caracterizados pelo fato de que uma propriedade se mantém constante. O prefixo iso é usado para tal. Um processo isotérmico é um processo a temperatura constante; um processo isobárico é um processo a pressão constante e um processo isocórico é um processo a volume constante. Quando um sistema, em um dado estado inicial, passa por certo número de mudanças de estado, ou processos, e finalmente retorna ao estado inicial, dizemos que o sistema realiza um ciclo. Dessa forma, no final de um ciclo, todas as propriedades apresentam os mesmos valores iniciais. O vapor (água) que circula em uma instalação termoelétrica a vapor executa um ciclo. Deve ser feita uma distinção entre um ciclo termodinâmico, descrito anteriormente, e um ciclo mecânico. Um motor de combustão interna de quatro tempos executa um ciclo mecânico a cada duas rotações. Entretanto, o fluido de trabalho não percorre um ciclo termodinâmico no motor, uma vez que o ar e o combustível reagem e, transformados em produtos de combustão, são descarregados na atmosfera. Neste livro, o termo ciclo se referirá a um ciclo termodinâmico a menos que se designe o contrário. P0 g Êmbolo Fronteira do sistema Figura 1.6 Gás Exemplo de um processo de quase-equilíbrio em um sistema. termodinamica 01.indd 26 1.5 UNIDADES DE MASSA, COMPRIMENTO, TEMPO E FORÇA Uma vez que estamos considerando as propriedades termodinâmicas sob o ponto de vista macroscópico, só lidaremos com quantidades que possam ser medidas e contadas direta ou indiretamente. Dessa forma, a observância das unidades. Nas seções seguintes, deste capítulo, definiremos cer- 15/10/14 14:36 Introdução e Comentários Preliminares tas propriedades termodinâmicas e as unidades básicas. Nesta seção, será enfatizada a diferença existente entre massa e força pois, para alguns estudantes, este é um assunto de difícil assimilação. Força, massa, comprimento e tempo são relacionados pela segunda lei de Newton. Essa lei estabelece que a força que atua sobre um corpo é proporcional ao produto da massa do corpo pela aceleração na direção da força. F α ma O conceito de tempo está bem estabelecido. A unidade básica de tempo é o segundo (s), que no passado foi definido em função do dia solar, o intervalo de tempo necessário para a Terra completar uma rotação completa em relação ao Sol. Como esse período varia com a estação do ano, adota-se um valor médio anual denominado dia solar médio. Assim, o segundo solar médio vale 1/86 400 do dia solar médio. Em 1967, a Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM) adotou a seguinte definição de segundo: o segundo é o tempo necessário para a ocorrência de 9 192 631 770 ciclos do ressonador que utiliza um feixe de átomos de césio-133. Para intervalos de tempo com ordem de grandeza muito diferentes da unidade, os prefixos mili, micro, nano e pico podem ser utilizados (veja a Tabela 1.1). Para períodos maiores de tempo, as unidades usadas frequentemente, são o minuto (min), a hora (h) e o dia (dia). Ressaltamos que os prefixos da Tabela 1.1 são também utilizados com várias outras unidades. Tabela 1.1 Prefixos das unidades do SI Fator Prefixo Símbolo Fator Prefixo Símbolo 1012 tera T 10–3 mili m 109 giga G 10–6 micro µ 106 mega M 10–9 nano n 103 quilo k 10–12 pico p O conceito de comprimento também está bem estabelecido. A unidade básica de comprimento é o metro (m) e por muitos anos o padrão adotado termodinamica 01.indd 27 27 foi o “Protótipo Internacional do Metro”, que é a distância, sob certas condições preestabelecidas, entre duas marcas usinadas em uma barra de platina-irídio. Essa barra está guardada no Escritório Internacional de Pesos e Medidas, em Sevres, França. Atualmente, a CGPM adota outra definição mais precisa para o metro em termos da velocidade da luz (que é uma constante fixa). O metro é o comprimento da trajetória percorrida pela luz no vácuo durante o intervalo de tempo de 1/299 792 458 do segundo. No sistema de unidades SI, a unidade de massa é o quilograma (kg). Conforme adotado pela primeira CGPM em 1889, e ratificado em 1901, o quilograma corresponde à massa de um determinado cilindro de platina-irídio, mantido sob condições preestabelecidas no Escritório Internacional de Pesos e Medidas. Uma unidade associada, frequentemente utilizada em termodinâmica, é o mol, definido como a quantidade de substância que contém tantas partículas elementares quanto existem átomos em 0,012 kg de carbono-12. Essas partículas elementares devem ser especificadas, podendo ser átomos, moléculas, elétrons, íons ou outras partículas ou grupos específicos. Por exemplo, um mol de oxigênio diatômico, que tem um peso molecular de 32 (comparado a 12 para o carbono), tem uma massa de 0,032 kg. O mol é usualmente chamado grama-mol, porque corresponde a uma quantidade da substância, em gramas, numericamente igual ao peso molecular. Neste livro, quando utilizado o sistema SI, será preferido o uso do quilomol (kmol), que corresponde à quantidade da substância, em quilogramas, numericamente igual ao peso molecular. O sistema de unidades mais utilizado no mundo atualmente é o Sistema Internacional de Medidas, comumente referido como SI (da denominação francesa Système International d’Unités). Nesse sistema, segundo, metro e quilograma são as unidades básicas para tempo, comprimento e massa, respectivamente, e a unidade de força é definida a partir da segunda lei de Newton. A força, nesse sistema, não é um conceito independente. Portanto, não é necessário usar uma constante de proporcionalidade e podemos exprimir a segunda lei de Newton pela igualdade: F = ma (1.1) 15/10/14 14:36 28 Fundamentos da Termodinâmica A unidade de força é o Newton (N), que, por definição, é a força necessária para acelerar uma massa de 1 quilograma à razão de 1 metro por segundo: que é o fator necessário para os propósitos de conversão de unidades e consistência. Ressalte-se que devemos ser cuidadosos, distinguindo entre lbm e lbf e não usamos o termo libra isolado. 1 N = 1 kg m/s2 O termo peso é frequentemente associado a um corpo e, às vezes, é confundido com massa. A palavra peso é usada corretamente apenas quando está associada a força. Quando dizemos que um corpo pesa certo valor, isso significa que essa é a força com que o corpo é atraído pela Terra (ou por algum outro corpo), ou seja, o peso é igual ao produto da massa do corpo pela aceleração local da gravidade. A massa de uma substância permanece constante variando-se a sua altitude, porém, o seu peso varia com a altitude. Deve-se observar que as unidades SI que derivam de nomes próprios são representadas por letras maiúsculas; as outras são representadas por letras minúsculas. O litro (L) é uma exceção. O sistema de unidades tradicionalmente utilizado na Inglaterra e nos Estados Unidos é o Inglês de Engenharia. Nesse sistema, a unidade de tempo é o segundo, que já foi discutido anteriormente. A unidade básica de comprimento é o pé (ft) que, atualmente, é definido em função do metro como: 1 ft = 0,3048 m A polegada (in) é definida em termos do pé por: 12 in. = 1 ft A unidade de massa no Sistema Inglês é a libra-massa (lbm). Originalmente, o padrão dessa grandeza era a massa de um cilindro de platina que estava guardado na Torre de Londres. Atual­mente, é definida em função do quilograma como: 1 lbm = 0,453 592 37 kg Uma unidade relacionada é a libra-mol (lbmol) que é a quantidade de matéria, em libras-massa, numericamente igual à massa molecular dessa substância. É muito importante distinguir libra-mol de mol (grama-mol). No Sistema Inglês, o conceito de força é estabelecido como uma quantidade independente e a unidade de força é definida como a força, com a qual a libra-massa padrão é atraída pela Terra em um local onde a aceleração da gravidade é padrão. Essa aceleração é medida em um local ao nível do mar e 45° de latitude, assumindo o valor de 9 806 65 m/s2 ou 32,1740 ft/s2 é definida como unidade de força e é designada como libra-força. Observe que agora temos definições arbitrárias e independentes para força, massa, comprimento e tempo. Então, pela segunda lei de Newton, podemos escrever: EXEMPLO 1.1 Qual é o peso de um corpo que apresenta massa igual a um quilograma em um local, em que a aceleração local da gravidade vale 9,75 m/s2? Solução: O peso é a força que atua sobre o corpo. Aplicando-se a segunda lei de Newton, F = mg = 1 kg × 9,75 m/s2 × [1 N s2/kg m] = = 9,75 N QUESTÕES CONCEITUAIS a. Crie um volume de controle ao redor da turbina central de geração a vapor da Figura 1.2 e liste os fluxos de massa e energia existentes. b. Adote um volume de controle que englobe o refrigerador de sua casa, indique onde estão os componentes apresentados na Figura 1.3 e mostre todas as interações de energia. 1 lbf = 32,174 lbm ft/s2 termodinamica 01.indd 28 15/10/14 14:36 Introdução e Comentários Preliminares 1.6 VOLUME ESPECÍFICO E MASSA ESPECÍFICA O volume específico de uma substância é definido como o volume ocupado pela unidade de massa e é designado pelo símbolo v. A massa específica de uma substância é definida como a massa associada à unidade de volume. Desse modo, a massa específica é igual ao inverso do volume específico. A massa específica é designada pelo símbolo ρ. Observe que essas duas propriedades são intensivas. O volume específico de um sistema em um campo gravitacional pode variar de ponto para ponto. Por exemplo, considerando-se a atmosfera como um sistema, o volume específico aumenta com a elevação. Dessa forma, a definição de volume específico deve envolver o valor da propriedade da substância em um ponto de um sistema. Consideremos um pequeno volume δV de um sistema, e designemos a massa contida neste δV como δm. O volume específico é definido pela relação. ν = lim δ V →δ V δV δm em que δV′ é o menor volume no qual o sistema pode ser considerado como um meio contínuo. Volumes menores do que δV′ nos levam a questionar onde se concentra a matéria. Compreendemos, então, que ela não se distribui uniformemente, mas se concentra em partículas tais como moléculas, átomos, elétrons etc. A representação dessa situação é mostrada no gráfico da Figura 1.7, em que, na situação-limite de volume nulo, o volume específico pode ser infinito (caso em que o volume considerado não contém qualquer matéria) ou muito pequeno (o volume contém parte de um núcleo). 29 δV δm v δV δV Figura 1.7 Limite do contínuo para o volume específico. Neste livro, o volume específico e a massa específica serão dados em base mássica ou molar. Um traço sobre o símbolo (letra minúscula) será usado para designar a propriedade na base molar. Assim v– designará o volume específico molar e r– a massa específica molar. A unidade de volume específico, no sistema SI, é m3/kg em3/mol (ou m3/kmol na base molar) e a de massa específica é kg/m3 e mol/m3 (ou kmol/m3 na base molar). Embora a unidade de volume no sistema de unidades SI seja o metro cúbico, uma unidade de volume comumente usada é o litro (L), que é um nome especial dado a um volume correspondente a 0,001 m3, ou seja, 1 L = 10–3 m3. A Figura 1.8 apresenta as faixas de variação dos valores das massas específicas dos sólidos, dos líquidos e dos gases. As Tabelas A.3, A.4 e A.5 apresentam valores de massa específica para algumas substâncias no estado sólido, no líquido e no gasoso. Assim, em um dado sistema, podemos falar de volume específico ou massa específica em um ponto do sistema e reconhecemos que essas propriedades podem variar com a elevação. Entretanto, em sua maioria, os sistemas que consideraremos são relativamente pequenos e a mudança no volume específico com a elevação não é significativa. Nesse caso, podemos falar de um valor do volume específico ou da massa específica para todo o sistema. termodinamica 01.indd 29 15/10/14 14:36 30 Fundamentos da Termodinâmica Sólidos Gases Gases sob vácuo Ar atm. Fibras Madeira Tecido de algodão Al Poeira de gelo Chumbo Ag Au Líquidos Propano Água 10–2 10–1 100 101 102 Massa específica [kg/m3] 103 Hg 104 Figura 1.8 Densidade de substâncias comuns. EXEMPLO 1.2 O recipiente mostrado na Figura 1.9, com volume interno de 1 m3, contém 0,12 m3 de granito, 0,15 m3 de areia e 0,2 m3 de água líquida a 25 °C. O restante do volume interno do recipiente (0,53 m3) é ocupado por ar, que apresenta massa específica igual a 1,15 kg/m3. Determine o volume específico médio e a massa específica média da mistura contida no recipiente. A massa total de mistura é mtotal = mgranito + mareia + mágua + mar = = 755,0 kg Assim, o volume específico médio e a massa específica média da mistura são iguais a v = Vtotal/mtotal = 1 m3/755,0 kg = = 0,001 325 m3/kg ρ = mtotal/Vtotal = 755,0 kg/1 m3 = 755,0 kg/m3 Solução: As definições de volume específico e massa específica são: v = V/m e ρ = m/V = 1/v A determinação das massas dos constituintes da mistura pode ser feita utilizando os valores de massa específica apresentados nas Tabelas A.3 e A.4 do Apêndice A. Desse modo, mgranito = ρgranitoVgranito = 2 750 kg/m3 × 0,12 m3 = 330,0 kg mareia = ρareiaVareia =1 500 kg/m3 × 0,15 m3 = 225,0 kg mágua = ρáguaVágua = 997 kg/m3 × 0,2 m3 = 199,4 kg mar = ρarVar =1,15 kg/m3 × 0,53 m3 = 0,6 kg termodinamica 01.indd 30 Ar Figura 1.9 Esboço para o Exemplo 1.2. Comentário: É enganoso incluir a massa de ar nos cálculos, uma vez que ele está separado do resto da massa. 15/10/14 14:36 Introdução e Comentários Preliminares QUESTÕES CONCEITUAIS c. No Mar Morto as pessoas flutuam mais facilmente que em um lago comum. Por que isso ocorre? d. A massa específica da água líquida é ρ = 1 008 – T/2 [kg/m3] com T em °C. Se a temperatura se elevar, o que acontece com a massa específica e com o volume específico? 1.7 PRESSÃO Normalmente, falamos de pressão quando lidamos com líquidos e gases e falamos de tensão quando tratamos dos sólidos. A pressão em um ponto de um fluido em repouso é igual em todas as direções e definimos a pressão como a componente normal da força por unidade de área. Mais especificamente: seja δA uma área pequena e δA′ a menor área sobre a qual ainda podemos considerar o fluido como um meio contínuo. Se δFn é a componente normal da força sobre δA, definimos a pressão, P, como: P= lim δ A →δ A δ Fn δA em que δA tem um significado análogo ao estabelecido para δV, na definição do volume específico, que referencia a Figura 1.7. A pressão P em um ponto de um fluido em equilíbrio é a mesma em todas as direções. Em um fluido viscoso em movimento, a mudança no estado de tensão com a orientação passa a ser importante. Essas considerações fogem ao escopo deste livro e consideraremos a pressão apenas em termos de um fluido em equilíbrio. 31 1 bar = 105 Pa = 0,1 MPa e a atmosfera padrão é definida por 1 atm = 101 325 Pa = 14,696 lbf/in.2 e é ligeiramente maior que o bar. Neste livro, normalmente utilizaremos como unidades de pressão as unidades do SI, o pascal e os seus múltiplos (o quilopascal e o megapascal). O bar será frequentemente utilizado nos exemplos e nos problemas, porém a unidade atmosfera não será usada, exceto na especificação de determinados pontos de referência. Considere o gás contido no conjunto cilindro-pistão móvel indicado na Figura 1.10. A pressão exercida pelo gás em todas as fronteiras do sistema é a mesma desde que admitamos que o gás esteja em um estado de equilíbrio. O valor dessa pressão é fixado pelo módulo da força externa que atua no pistão, porque é necessário que exista equilíbrio de forças para que o pistão permaneça estacionário. Assim, nessa condição, o produto da pressão no gás pela área do pistão móvel precisa ser igual à força externa. Agora, se alterarmos o módulo da força externa, o valor da pressão no gás precisará se ajustar. Note que esse ajuste é alcançado a partir do movimento do pistão de modo que se estabeleça o balanço de forças no novo estado de equilíbrio. Outro exemplo interessante é: admita que o gás no cilindro seja aquecido por um corpo externo e que a força externa seja constante. Esse processo tenderia a aumentar a pressão no gás se o volume do sistema fosse constante. Entretanto, o pistão se moverá de tal modo que a pressão permanecerá constante e igual à pressão imposta pela força externa que atua no pistão. A unidade de pressão no Sistema Internacional é o pascal (Pa) e corresponde à força de 1 newton agindo em uma área de um metro quadrado. Isto é, 1 Pa = 1 N/m2 Gás P Fext Há duas outras unidades, que não fazem parte do SI, mas são largamente utilizadas. Uma delas é o bar termodinamica 01.indd 31 Figura 1.10 Equilíbrio de forças em uma fronteira móvel. 15/10/14 14:36 32 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 1.3 A Figura 1.11 mostra um conjunto cilindro-pistão utilizado em um sistema hidráulico. O diâmetro do cilindro (D) é igual a 0,1 m e a massa do conjunto pistão-haste é 25 kg. O diâmetro da haste é 0,01 m e a pressão atmosférica (P0) é 101 kPa. Sabendo que o conjunto cilindro-pistão está em equilíbrio e que a pressão no fluido hidráulico é 250 kPa, determine o módulo da força que é exercida, na direção vertical e no sentido descendente, sobre a haste. Solução: Considerando que o conjunto cilindro-pistão está em equilíbrio estático e que as forças atuam na direção vertical, Fvert = ma = 0 Pcil Acil – P0(Acil – Ahaste) – F – mPg Assim, a força aplicada na haste é F = Pcil Acil – P0(Acil – Ahaste) – mPg As áreas são iguais a: π Acil = π r = π D /4 = 0,12 m 2 = 0,007 854 m 2 4 π Ahaste = π r 2 = π D 2 /4 = 0,012 m 2 = 0,000 078 54 m 2 4 2 A pressão absoluta é utilizada na maioria das análises termodinâmicas. Entretanto, em sua maioria, os manômetros de pressão e de vácuo indicam a diferença entre a pressão absoluta e a atmosférica, diferença esta chamada de pressão manométrica ou efetiva. Isto está mostrado, graficamente, na Figura 1.12 e os exemplos a seguir ilustram os princípios envolvidos. As pressões, abaixo da atmosférica e ligeiramente acima, e as diferenças de pressão (por exemplo, através de um orifício em um tubo) são medidas frequentemente com um manômetro que utiliza água, mercúrio, álcool ou óleo como fluido manométrico. Considere a coluna de fluido com altura H, medida acima do ponto B, mostrada na Figura 1.13. A força que atua na base desta coluna é Patm A + mg = Patm A + ρAHg em que m é a massa de fluido contido na coluna, A é a área da seção transversal da coluna e r é a massa específica do fluido na coluna. Essa força deve ser balanceada por outra força vertical e com sentido para cima que é dada por PBA. Deste modo, PB = patm + ρHg 2 Os pontos A e B estão localizados em seções que apresentam mesma elevação. Assim, as pressões nos pontos A e B são iguais. Se a mas- e o módulo da força que atua na haste é P F = (250 × 103) 7,854 ×10−3 – (101 × 103) × (7,854 × 10−3 – 7,854 × 10−5 ) – 25 × 9,81 = 1 963,5 – 785,3 – 245,3 = 932,9 N Observe que foi preciso converter kPa em Pa para obter a unidade N. Pabs,1 Manômetro comum ∆ P = Pabs,1 – Patm Patm Manômetro de vácuo ∆ P = Patm – Pabs,2 F P0 Ahaste Pabs,2 Barômetro lê a pressão atmosférica Pcil Figura 1.11 Esboço para o Exemplo 1.3. O Figura 1.12 Ilustração dos termos utilizados em medidas de pressão. termodinamica 01.indd 32 15/10/14 14:36 Introdução e Comentários Preliminares Patm = P0 Fluído P H A EXEMPLO 1.5 Um manômetro de mercúrio é utilizado para medir a pressão no recipiente mostrado na Figura 1.13. O mercúrio apresenta massa específica igual a 13 590 kg/m3. A diferença entre as alturas das colunas foi medida e é igual a 0,24 m. Determine a pressão no recipiente. g B Figura 1.13 Exemplo de medição de pressão com uma coluna de líquido. sa específica do fluido contido no reservatório for pequena em relação à massa específica do fluido manométrico, temos que a pressão no reservatório é muito próxima de PA. Nessa condição, a pressão manométrica do fluido contido no reservatório é dada por ∆P = P – Patm = ρHg (1.2) Neste livro, para distinguir a pressão absoluta da pressão efetiva, o termo pascal irá se referir sempre à pressão absoluta. A pressão efetiva será indicada apropriadamente. Considere agora o barômetro usado para medir pressão atmosférica, como mostrado na Figura 1.14. Como a condição acima do fluido (normalmente mercúrio) da coluna é muito próxima do vácuo absoluto, a altura de fluido na coluna indica a pressão atmosférica, pela utilização da Equação 1.2: Patm = rgH0 33 (1.3) Solução: O manômetro mede a pressão relativa, ou seja, a diferença entre a pressão no recipiente e a pressão atmosférica. Deste modo, da Equação 1.2, ∆P = Pmanométrico = ρHg = 13 590 kg/m3 × 0,24 m × 9,807 m/s2 ∆P = 31 985 Pa = 31,985 kPa = 0,316 atm A pressão absoluta no recipiente é dada por ∆PA = Precipiente = PB = ∆P + Patm Assim, precisamos conhecer o valor da pressão atmosférica, que é medida com um barômetro, para determinar o valor da pressão absoluta no recipiente. Se admitirmos que a pressão atmosférica é igual a 750 mm Hg, a pressão absoluta no recipiente é Precipiente = ∆P + Patm = 31 985 Pa + 13 590 kg/m3 × 0,750 × 9,807 m/s2 = 31 985 + 99 954 = 131 940 Pa = 1,302 atm EXEMPLO 1.4 Um barômetro de mercúrio está em uma sala a 25 °C e tem uma coluna de 750 mm de altura. Qual é a pressão atmosférica em kPa? P≈0 H0 Patm Solução: g A massa específica do mercúrio a 25 °C é obtida na Tabela A.4, do Apêndice. Ela vale 13 534 kg/m3. Usando a Equação 1.3, Patm = ρgH0 = 13 534 kg/m3 × 9,807 m/s2 × × 0,750 m/1000 = 99,54 kg/m3 kPa termodinamica 01.indd 33 Figura 1.14 Barômetro. 15/10/14 14:36 34 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 1.6 O tanque esférico mostrado na Figura 1.15 apresenta diâmetro igual a 7,5 m e é utilizado para armazenar fluidos. Determine a pressão no fundo do tanque considerando que: a. O tanque contém gasolina líquida a 25 °C e a pressão na superfície livre do líquido é 101 kPa. b. O fluido armazenado no tanque é o refrigerante R-134a e a pressão na superfície livre do líquido é 1 MPa. Solução: A Tabela A4 do Apêndice fornece os valores das massas específicas dos líquidos. ρgasolina = 750 kg/m3; ρR-134a = 1 206 kg/m3 A diferença de pressão, em razão da ação da gravidade, pode ser calculada com a Equação 1.2. Assim, ∆P = ρgH A pressão no fundo do tanque é P = Ptopo + ∆P Quando o tanque contém gasolina, P = 101 × 103 + 750 × 9,81 × 7,5 = = 156 181 Pa = 156,2 kPa Quando o tanque contém o fluido refrigerante R-134a, P = 1,0 × 106 + 1 206 × 9,81 × 7,5 = = 1,0887 × 106 Pa = 1 089 kPa H Figura 1.15 Tanque do Exemplo 1.6. Se a massa específica for variável, devemos considerar a Equação 1.2 na forma diferencial, 1.8 ENERGIA dP = −ρgdh incluindo o sinal, de forma que a pressão diminui com o aumento da altura. Desta forma, a equação de diferenças finitas é Uma quantidade de massa macroscópica pode possuir energia na forma de energia interna, inerente a sua estrutura interna, energia cinética, em decorrência de seu movimento e energia potência l, associada às forças externas que atuam sobre ela. A energia total pode ser escrita como: P = P0 − ∫ H ρg dh com o valor da pressão P0 na cota zero. 0 (1.4) QUESTÕES CONCEITUAIS e. O manômetro de um sistema de enchimento de pneu de automóvel indica 195 kPa; qual é a pressão no interior do pneu? f. Pode-se sempre desprezar o correspondente ao fluido que está acima do ponto A na Figura 1.13? Quais circunstâncias influenciam esse aspecto? g. Um manômetro em U tem a coluna da esquerda conectada a uma caixa com pressão de 110 kPa e a da direita, aberta. Qual dos lados tem a maior coluna de fluido? termodinamica 01.indd 34 E = Interna + Cinética + Potência l = U + EC + EP e a energia total especifica é: e = E/m = u + ec + ep = u + ½ V2 + gz(1.5) onde a energia cinética é considerada como a energia de movimento translacional e a energia potência l considera a força gravitacional constante. Se a massa apresenta rotação, devemos adicionar o termo da energia cinética rotacional (½ω2). A energia interna na escala macroscópica tem um conjunto de energias similares associado com o movimento microscópico das moléculas indivi­ duais. Podemos então escrever u = uext molécula+ utranslação molécula + uint molécula (1.6) 15/10/14 14:36 35 Introdução e Comentários Preliminares EXEMPLO 1.7 Um conjunto cilindro-pistão, com área de seção transversal igual a 0,01 m2, está conectado, por meio de uma linha hidráulica, a outro conjunto cilindro-pistão que apresenta área da seção transversal igual a 0,05 m2. A massa específica do fluido hidráulico que preenche tanto as câmaras dos conjuntos quanto a linha é igual a 900 kg/m3 e a superfície inferior do pistão com diâmetro grande está posicionada 6 m acima do eixo do pistão com diâmetro pequeno. O braço telescópico e as cestas presentes no caminhão esboçado na Figura 1.16 são acionados por esse sistema. Admitindo que a pressão atmosférica é de 100 kPa e que a força líquida, que atua no pistão, com diâmetro pequeno é 25 kN, determine o módulo da força que atua no pistão com diâmetro grande. A pressão interna no pistão inferior é P1 = P0 + F1/A1 = 100 kPa + 25 KN/0,01 = 2 600 kPa A Equação 1.2 pode ser utilizada para calcular a pressão que atua na superfície inferior do pistão grande. Desse modo, P2 = P1 – ρgH = 2 600 kPa × 103 – 900 kg/m3 × 9,81 m/s2 × 6 m = 2,547 × 106 Pa = 2547 kPa O balanço de forças no pistão grande nos fornece F 2 + P 0A 2 = P 2 A 2 F2 = (P2 – P0)A2 = (2 547 – 100) kPa × 0,05 m2 = 122,4 kN Solução: Podemos admitir que as pressões interna e externa que atuam no pistão inferior são constantes porque é pequeno. Lembre que a pressão é constante em um plano horizontal quando o meio fluido está estagnado. Se também considerarmos que as áreas das seções transversais das hastes são pequenas, o balanço de forças no pistão pequeno resulta em F1 + P0 A1 = P1 A1 F2 P2 F1 H P1 Figura 1.16 Esboço para o Exemplo 1.7. como a soma da energia potêncial, em razão das forças intermoleculares, a energia cinética translacional da molécula e a energia associada com a estrutura interna molecular e atômica. ragem, a menos que colidam e o primeiro termo se torna próximo de zero. Esse é o limite que temos quando consideramos uma substância como um gás ideal, como será abordado no Capítulo 2. Sem entrar em detalhes, nos damos conta de que existe uma diferença entre as forças intermoleculares. Assim, o primeiro termo da energia para uma configuração em que as moléculas estão muito próximas, como em um sólido ou um líquido (alta massa específica), contrasta com a situação de um gás como o ar, no qual a distância entre as moléculas é grande (baixa massa específica). No limite de um gás com muito baixa massa específica, as moléculas estão tão distantes que não inte- A energia translacional depende apenas da massa e da velocidade do centro de massa das moléculas, considerando que o último termo da energia depende da estrutura detalhada. De um modo geral, podemos escrever a energia como termodinamica 01.indd 35 uint molécula = upotêncial + urotacional + uvibração + uátomos (1.7) 15/10/14 14:36 36 Fundamentos da Termodinâmica z y x Figura 1.17 Sistema de coordenadas para uma molécula diatônica. Para ilustrar a energia potêncial associada com as forças intermoleculares, considere uma molécula de oxigênio de dois átomos, como mostrado na Figura 1.17. Se queremos separar os dois átomos, exercemos uma força e, assim, fazemos algum trabalho sobre o sistema, como explicado no Capítulo 3. A quantidade de trabalho é igual à energia potêncial associada com os dois átomos, que são mantidos juntos na molécula de oxigênio. Considere um gás monoatômico simples como o hélio em que cada molécula é constituída por um átomo de hélio. Cada átomo de hélio possui energia eletrônica, resultado do momento angular orbital dos elétrons e do momento angular dos elétrons que rotacionam sobre seus próprios eixos (spin). A energia eletrônica é normalmente muito pequena quando comparada com a energia cinética molecular. (Os átomos também possuem energia nuclear que, excetuando os casos nos quais ocorre reação nuclear, é constante. Nesta análise, não estamos nos preocupando com esse tipo de reação.) Quando consideramos moléculas complexas, como as constituídas por dois ou três átomos, outros fatores devem ser considerados. Juntamente com a energia eletrônica, as moléculas podem rotacionar em relação ao eixo que passa sobre o seu centro de massa e, desse modo, apresentar energia rotacional. Além disso, os átomos podem vibrar e, assim, apresentar energia vibracional. Em algumas situações, pode ocorrer o acoplamento entre os modos de vibrar e rotacionar. Para avaliar a energia de uma molécula, costuma-se fazer uso do número de graus de liberdade f, desses modos de energia. Para uma molécula monoatômica, como a do gás hélio, f = 3, representando as três direções x, y e z nas quais a termodinamica 01.indd 36 molécula pode se movimentar. Para uma molécula diatômica, como a do oxigênio, f = 6, em que três dos graus de liberdade referem-se ao movimento global da molécula nas direções, x, y e z, e dois ao movimento de rotação. A razão pela qual existem apenas dois graus de liberdade para o movimento de rotação fica evidente na Figura 1.17, em que a origem do sistema de coordenadas fica no centro de gravidade da molécula e o eixo y ao longo do eixo que liga os dois núcleos. A molécula terá, então, um grande momento de inércia em relação aos eixos x e z, o que não ocorre em relação ao eixo y. O sexto grau de liberdade da molécula é o da energia vibracional, relacionado à deformação da ligação entre os átomos no eixo y. Em moléculas mais complexas, como a da água (H2O), existem graus vibracionais adicionais, conforme representado na Figura 1.18, em que fica evidente a existência de três graus de liberdade vibracionais. Como é possível existir ainda três modos de energia rotacional, resulta um total de nove graus de liberdade (f = 9): três translacionais, três rotacionais e três vibracionais. A maioria das moléculas mais complexas, como as poliatômicas, tem estrutura tridimensional e múltiplos modos vibracionais, cada um deles contribuindo para o armazenamento de energia, o que eleva o número de graus de liberdade. O Apêndice C, escrito para aqueles que desejam conhecer mais sobre o comportamento molecular das substâncias, apresenta informações adicionais sobre os modos de armazenamento de energia nas moléculas e, também, como essa energia pode ser estimada. O O H H H H O H H Figura 1.18 Os três principais modos de vibração para a molécula de H2O. 15/10/14 14:36 Introdução e Comentários Preliminares Vapor H 2O Líquido H 2O Calor Figura 1.19 Calor transferido para água. A Figura 1.19 mostra um recipiente que contém água e que está sendo “aquecida” (a transferência de calor é para a água). A temperatura do líquido e do vapor aumentará durante esse processo e, ao final, todo o líquido terá se transformado em vapor. Do ponto de vista macroscópico, estamos preocupados somente com a quantidade de calor que está sendo transferida e com a mudança das propriedades, tais como temperatura, pressão e quantidade de energia que a água contém (em relação a algum referencial), detectadas a cada instante. Assim, questões sobre como a molécula de água acumula energia não nos interessa. Do ponto de vista microscópico, estamos preocupados em descrever como a energia é acumulada nas moléculas. Poderíamos até estar interessados em desenvolver um modelo de molécula que pudesse prever a quantidade de energia necessária para alterar a temperatura de certo valor. A abordagem utilizada neste livro é a clássica macroscópica e não nos preocuparemos com questões microscópicas. Mas sempre é bom lembrar que a perspectiva microscópica pode ser útil no entendimento de alguns conceitos básicos, como foi no caso da energia. 1.9 IGUALDADE DE TEMPERATURA Embora a temperatura seja uma propriedade muito familiar, é difícil encontrar uma definição exata para ela. Estamos acostumados à noção de temperatura, antes de mais nada, pela sensação de calor ou frio quando tocamos um objeto. Além disso, termodinamica 01.indd 37 37 aprendemos que, ao colocarmos um corpo quente em contato com um corpo frio, o corpo quente esfria e o corpo frio aquece. Se esses corpos permanecerem em contato por algum tempo, eles parecerão ter o mesmo grau de aquecimento ou resfriamento. Entretanto, reconhecemos também que a nossa sensação não é muito precisa. Algumas vezes, corpos frios podem parecer quentes e corpos de materiais diferentes, que estão à mesma temperatura, parecem estar a temperaturas diferentes. Em razão dessas dificuldades para definir temperatura, definimos igualdade de temperatura. Consideremos dois blocos de cobre, um quente e outro frio, cada um em contato com um termômetro de mercúrio. Se esses dois blocos de cobre são colocados em contato térmico, observamos que a resistência elétrica do bloco quente decresce com o tempo e que a do bloco frio cresce com o tempo. Após certo período, nenhuma mudança na resistência é observada. De forma semelhante, quando os blocos são colocados em contato térmico, o comprimento de um dos lados do bloco quente decresce com o tempo, enquanto o do bloco frio cresce com o tempo. Após certo período, nenhuma mudança nos comprimentos dos blocos é observada. A coluna de mercúrio do termômetro no corpo quente cai e no corpo frio se eleva, mas após certo tempo nenhuma mudança nas alturas das colunas de mercúrio é observada. Podemos dizer, portanto, que dois corpos possuem igualdade de temperatura se não apresentarem alterações, em qualquer propriedade mensurável, quando colocados em contato térmico. 1.10 A LEI ZERO DA TERMODINÂMICA Consideremos agora os mesmos blocos de cobre e, também, outro termômetro. Coloquemos em contato térmico o termômetro com um dos blocos, até que a igualdade de temperatura seja estabelecida, e, então, o removamos. Coloquemos, então, o termômetro em contato com o segundo bloco de cobre. Suponhamos que não ocorra mudança no nível de mercúrio do termômetro durante essa operação. Podemos dizer que os dois blocos estão em equilíbrio térmico com o termômetro dado. A lei zero da termodinâmica estabelece que, quando dois corpos têm igualdade de temperatu- 15/10/14 14:36 38 Fundamentos da Termodinâmica ra com um terceiro corpo, eles terão igualdade de temperatura entre si. Isso nos parece muito óbvio porque estamos familiarizados com essa experiência. Entretanto, como essa afirmação não é derivada de outras leis e como precede as formalizações da primeira e da segunda lei da termodinâmica, na apresentação lógica da termodinâmica, é chamada lei zero da termodinâmica. Essa lei constitui a base para a medição da temperatura, porque podemos colocar números no termômetro de mercúrio e, sempre que um corpo tiver igualdade de temperatura com o termômetro, poderemos dizer que o corpo apresenta a temperatura lida no termômetro. O problema permanece, entretanto, em relacionar as temperaturas lidas em diferentes termômetros de mercúrio ou as obtidas por meio de diferentes aparelhos de medida de temperatura, tais como pares termoelétricos e termômetros de resistência. Isso sugere a necessidade de uma escala padrão para as medidas de temperatura. 1.11 ESCALAS DE TEMPERATURA A escala utilizada para medir temperatura no sistema de unidades SI é a Celsius, cujo símbolo é °C. Anteriormente foi chamada escala centígrada, mas agora tem esta denominação em honra ao astrônomo sueco Anders Celsius (1701-1744) que a idealizou. Até 1954, esta escala era baseada em dois pontos fixos, facilmente reprodutíveis, o ponto de fusão do gelo e o de vaporização da água. A temperatura de fusão do gelo é definida como a temperatura de uma mistura de gelo e água, que está em equilíbrio com ar saturado à pressão de 1,0 atm (0,101 325 MPa). A temperatura de vaporização da água é a temperatura em que a água e o vapor se encontram em equilíbrio à pressão de 1 atm. Esses dois pontos, na escala Celsius, recebiam os valores 0 e 100. Na Décima Conferência de Pesos e Medidas, em 1954, a escala Celsius foi redefinida em função de um único ponto fixo e da escala de temperatura do gás ideal. O ponto fixo é o ponto triplo da água (o estado em que as fases sólida, líquida e vapor coexistem em equilíbrio). A magnitude do grau é definida em função da escala de temperatura do gás ideal (que será discutida no Capítulo 5). termodinamica 01.indd 38 Os aspectos importantes dessa nova escala são o ponto fixo único e a definição da magnitude do grau. O ponto triplo da água recebe o valor 0,01 °C. Nessa escala, o ponto de vaporização normal da água determinado experimentalmente é 100,00 °C. Assim, há uma concordância essencial entre a escala velha de temperatura e a nova. Deve-se observar que ainda não consideramos uma escala absoluta de temperatura. A possibilidade de tal escala surge da segunda lei da termodinâmica e será discutida no Capítulo 5. Com base na segunda lei da termodinâmica, podemos definir uma escala de temperatura que é independente da substância termométrica. Essa escala absoluta é usualmente referida como escala termodinâmica de temperatura. Entretanto, é difícil operar diretamente nessa escala. Por esse motivo foi adotada a Escala Internacional de Temperatura que é uma aproximação muito boa da escala termodinâmica e é de fácil utilização. A escala absoluta relacionada à escala Celsius é chamada escala Kelvin (em honra a William Thompson, 1824-1907, que é também conhecido como Lord Kelvin) e indicada por K (sem o símbolo de grau). A relação entre essas escalas é K = °C + 273,15 (1.8) Em 1967, a CGPM definiu o kelvin como 1/273,16 da temperatura no ponto triplo da água e a escala Celsius passou a ser definida por essa equação. Várias escalas empíricas de temperatura têm sido utilizadas nos últimos 70 anos para propiciar a calibração de instrumentos e normalizar as medições de temperatura. A Escala Internacional de Temperatura de 1990 (ITS-90) é a mais recente dessas e é baseada em um conjunto de pontos fixos facilmente reprodutíveis, que receberam valores numéricos de temperatura definidos, e em certas fórmulas que relacionam as temperaturas às leituras de determinados instrumentos de medição de temperatura (para que seja possível efetuar a interpolação entre os pontos fixos). Não apresentaremos mais detalhes da ITS-90 neste texto, mas é importante ressaltar que essa escala fornece um modo prático de efetuar medidas que fornecem resultados coerentes com a escala termodinâmica de temperatura. 15/10/14 14:36 39 Introdução e Comentários Preliminares 1.12 APLICAÇÕES NA ENGENHARIA Os manômetros apresentados na Figura 1.21 são conectados aos bicos dos pneus. Alguns manômetros têm um indicador digital. A pressão no interior dos pneus é importante, por questões de segurança e durabilidade dos pneus. Com pressões muito baixas os pneus deformam muito e podem superaquecer; com pressões muito elevadas os pneus têm desgaste excessivo no centro. Na Figura 1.22, é mostrada uma válvula de segurança com mola. Um sistema de aperto pode regular a compressão da mola para que a válvula abra em pressões mais baixas ou mais elevadas. Esse tipo de válvula é utilizado em sistemas pneumáticos. 1 O conjunto manômetro mais um contator elétrico recebe a designação de pressostato (N.T.). termodinamica 01.indd 39 Compressor de ar com cilindro de armazenamento. (© zilli/ iStockphoto) Quando a borboleta do sistema de admissão de ar do motor de um veículo é fechada (Figura 1.23), diminuindo o fluxo de ar, ela cria um vácuo atrás de si que é medido por um manômetro, o qual envia um sinal para a central de controle do veículo. A menor pressão absoluta (maior vácuo) ocorre quando se tira completamente a pressão do acelerador e a maior pressão quando o motorista o abaixa completamente (exigindo a máxima aceleração do veículo). Um diferencial de pressão pode ser utilizado para medir indiretamente a velocidade de escoamento de um fluido, como mostrado esquematicamente na Figura 1.24 (este efeito você pode sentir quando estende sua mão para fora de um veículo em movimento; na face voltada para frente do veí­culo a pressão é maior que na face oposta, 2.5 2 30 20 1.5 1 3 40 3.5 50 60 4 10 A grandeza pressão é usada em controle de processos e na imposição de condições limites (segurança). Na maioria das vezes, utiliza-se a pressão manométrica. Para exemplificar o uso da grandeza, considere um tanque de armazenamento dotado de um indicador de pressão para indicar quão cheio ele está. Ele pode conter também uma válvula de segurança, que se abre e deixa material escapar do tanque quando a pressão atinge um valor máximo preestabelecido. Um cilindro de ar com compressor montado sobre ele é apresentado na Figura 1.20; por ser um equipamento portátil, é utilizado para acionar ferramentas pneumáticas. Um manômetro ativará um contato elétrico1 para ligar o compressor quando a pressão atingir certo limite inferior, e o desligará quando a pressão atingir certo limite superior. Figura 1.20 0.5 Quando lidamos com materiais para transportá-los ou comercializá-los, temos de especificar a quantidade; o que, muitas vezes, é feito pelo volume ou pela massa total. No caso de substâncias com massa específica razoavelmente bem definida, podemos usar ambas as medidas. Por exemplo, água, gasolina, óleo, gás natural, e muitos itens alimentares são exemplos comuns de materiais para os quais usamos volume para exprimir a quantidade. Outros exemplos são as quantidades de ouro, carvão, e itens alimentares em que usamos massa para quantificar. Para armazenar ou transportar materiais, muitas vezes precisamos saber ambas as medidas (massa e volume) para sermos capazes de dimensionar o equipamento adequadamente. Figura 1.21 Manômetro para calibração da pressão de pneus automotivos. 15/10/14 14:36 40 Fundamentos da Termodinâmica Linha para o retardamento do vácuo Ar para o motor Borboleta Linha para o avanço do vácuo Batente Borboleta Saída de fluido Trava da borboleta Figura 1.23 Figura 1.22 Desenho esquemático de uma válvula de segurança. Dispositivo para regulagem da vazão de ar de admissão em um motor automotivo. resultando em uma força líquida que tenta empurrar sua mão para trás). A análise de engenharia de tal processo é desenvolvida e apresentada no Capítulo 7. Em um jet ski, um pequeno tubo tem um de seus extremos voltado para frente, medindo a pressão mais elevada, que ocorre por causa do movimento relativo entre ele e a água. O outro extremo transmite um sinal de pressão que é utilizado por um velocímetro. A Figura 1.25 mostra um barômetro aneroide utilizado para medir a pressão absoluta do ar ambiente, a qual é importante na predição de condições climáticas. Ele consiste em uma lâmina fina metálica ou de um fole que expande ou contrai com a pressão atmosférica. A leitura é feita por um ponteiro de deslocamento ou por meio da variação da capacitância elétrica que ocorre pelo distanciamento de duas lâminas. Manômetro ∆P 1010 00 0 75 77 0 60 10 730 980 0 70 0 94 710 0 97 1050 790 Fluxo 1040 780 740 990 0 760 30 Pressão estática 102 10 10 0 72 0 950 96 Pressão estática + dinâmica Figura 1.24 Esquema de sistema de medição da velocidade de um fluido. termodinamica 01.indd 40 Figura 1.25 Barômetro aneroide. 15/10/14 14:36 Introdução e Comentários Preliminares 41 Inúmeros tipos de dispositivos são utilizados para medir temperatura. Talvez o mais comum seja o de vidro, no qual o líquido em seu interior é normalmente o mercúrio. Uma vez que a massa específica do líquido diminui com a elevação da temperatura, isso provoca a elevação da altura do líquido na coluna. Outros líquidos são também utilizados em tal tipo de termômetro, dependendo da faixa de temperatura de trabalho. Termopar Temopar Termopar Termopar Termopar Dois tipos de dispositivos usualmente com capa com junta com capa soldado com junta utilizados para medir temperatura são o terde proteção exposta de proteção na capa de exposta para e com fios proteção resposta mopar e a termistor. Exemplos de termopaisolados da rápida res são mostrados na Figura 1.26. Um tercapa mopar consiste na junção (solda em uma das pontas) de dois metais diferentes. As pontas Figura 1.26 soltas se estiverem em uma temperatura Termopares. diferente da junção soldada, apresentarão (como será discutido no Capítulo 5) pode também diferença de potencial proporcional à diferença de ser utilizado para determinar a temperatura por temperatura. Se as pontas soltas estiverem colocameio de uma série de medidas de pressão. das em um banho de temperatura conhecida (por exemplo, gelo fundente), o sistema pode ser calibrado e a diferença de potencial ser uma indicação da temperatura da junta soldada. Vários pares de RESUMO metais podem ser utilizados, dependendo da faixa Neste capítulo definimos o sistema termodinâmico de temperatura em que o termopar será utilizado. como um volume de controle, que para uma massa O tamanho da junta2 deve ser o mínimo possível fixada é um sistema (massa de controle). Tal sispara diminuir o tempo de resposta do instrumento. tema pode ser isolado, não ocorrendo transferênTermistores são componentes que mudam sua cias de massa, quantidade de movimento e enerresistência elétrica de acordo com a temperatura. gia com as vizinhanças. O sistema também pode Se uma corrente elétrica conhecida passa por um ser designado como aberto ou fechado, conforme termistor, a tensão nos seus terminais será proporpossa existir ou não fluxo de massa pela fronteira. cional à resistência elétrica. Há formas de amplifiQuando há uma variação de qualquer propriedade car tal sinal e esse componente pode ser assim utida substância que está sendo analisada, o estado lizado para, em função da medida de tensão, indicar termodinâmico é alterado e ocorre um processo. uma medida de temperatura. Medidas de temperaQuando uma substância, em um dado estado initura de elevada precisão são feitas de maneira simicial, passa por mudanças de estado, ou processos lar, utilizando-se um termômetro de resistência de e, finalmente, retorna ao estado inicial, dizemos platina. Para medir temperaturas muito elevadas, que executa um ciclo. utiliza-se a intensidade da radiação com compriAs unidades básicas de propriedades termodimento de onda na faixa do visível. nâmicas e físicas foram mencionadas e as tabelas É possível também medir temperatura indo Apêndice A apresentam seus valores. As prodiretamente por meio de medidas de pressão. priedades termodinâmicas massa específica ρ, o Se a pressão de vapor (discutida no Capítulo 2) volume específico v, a pressão P e a temperatura T é conhecida de forma precisa como uma função foram introduzidas junto com suas respectivas unida temperatura, então ela pode ser utilizada para dades. As propriedades foram classificadas como indicar o valor de temperatura. Em certas condiintensivas e extensivas. As propriedades intensivas ções, um termômetro de gás de volume constante independem da massa (como o volume específico v) e as extensivas são proporcionais à massa (como 2 E mesmo o diâmetro dos fios do termopar. (N.T.) termodinamica 01.indd 41 15/10/14 14:36 42 Fundamentos da Termodinâmica o volume total V). Os estudantes devem estar familiarizados com outros conceitos básicos da física, como por exemplo: o de força, F, de velocidade, V, e de aceleração a. O cálculo da variação de pressão nas colunas de fluido foi realizado com a aplicação da segunda lei de Newton. Essa avaliação é fundamental para compreender a medição de pressões absolutas e relativas com barômetros e manômetros. As escalas de temperatura normais e absolutas também foram apresentadas neste capítulo. Após estudar o material deste capítulo, você deve ser capaz de: • Fazer um esquema para iniciar a análise do processo que deseja estudar, identificar se existem fluxos de massa na fronteira escolhida e definir se a situação deve ser analisada com um sistema ou um volume de controle. • Conhecer o significado físico das propriedades P, T, v e ρ e suas unidades básicas. • Saber utilizar a tabela de conversão de unidades que está disponível no Apêndice A. • Saber que a energia é acumulada, em nível molecular, em diversos modos. • Saber que a energia pode ser transferida. • Reconhecer a diferença entre as propriedades intensivas (v e ρ) e as extensivas (V e m). • Aplicar um balanço de forças em um sistema e relacioná-lo à pressão. • Identificar a diferença entre os significados das pressões relativas e das absolutas. • Entender o funcionamento dos manômetros e barômetros e calcular as variações de pressão, P, e as pressões absolutas, P. • Conhecer a diferença entre as escalas de temperatura (normal e absoluta). • Conhecer as ordens de grandeza das propriedades abordadas (v, ρ, P e T). Ao longo do texto, será realizada uma repetição e um reforço dos conceitos abordados neste capítulo. As propriedades termodinâmicas serão reanalisadas no Capítulo 2; e a transferência de energia, nas formas de trabalho e calor, e a energia interna serão novamente abordadas no Capítulo 3 junto com suas aplicações. CONCEITOS E EQUAÇÕES PRINCIPAIS Volume de controle: Região sobre a qual nossa atenção é dirigida. Definição da pressão: P= F (limite matemático para A infinitesimal) A Volume específico: ν = V m Massa específica: ρ= m (Tabelas. A.3, A.4 e A.5) V Variação de pressão estática: DP = ρgH = – ∫ rg dh (H é a altura da coluna de fluido, g é uma aceleração e ρ é a massa específica do fluido) Temperatura absoluta: K = °C + 273,15 Energia total específica: 1 e = u + V 2 + gz 2 Unidades: Tabela A.1 do Apêndice termodinamica 01.indd 42 15/10/14 14:36 Introdução e Comentários Preliminares 43 Conceitos da Física Segunda lei de Newton: F = ma Aceleração: a= d 2 x dV = dt dt 2 Velocidade: V= dx dt PROBLEMAS CONCEITUAIS 1.1 1.2 1.3 1.4 Considere toda a central de potência mostrada na Figura 1.1 como um volume de controle e faça uma lista com os fluxos de massa e energia de entrada e saída. Existe acumulação de energia no volume de controle? Tenha cuidado ao identificar o que está dentro e o que está fora do volume de controle. Englobe o refrigerador da Figura 1.3 com um volume de controle. Identifique os fluxos de massa de ar externo e mostre onde você tem uma significativa transferência de calor e onde há variação no armazenamento de energia. Classifique a lista formada por: P, F, V, v, ρ, T, a, m, L, t e V em três grupos, de acordo com as seguintes características: propriedades intensivas, propriedades extensivas e o não propriedades. Um recipiente contendo água líquida é colocado em um congelador e é resfriado de 20 °C para –5 °C. Identifique o(s) fluxo(s) de energia e a acumulação de energia detectados no processo e explique as mudanças que ocorrem. 1.5 A massa específica das fibras, dos isolamentos térmicos, das espumas isolantes e do algodão é pequena. Por que isso ocorre? 1.6 A massa específica é a única medida de como a massa é distribuída em um volume? O valor da massa específica pode variar de um ponto para outro? 1.7 A água pode ser encontrada na natureza em três fases diferentes: sólida, líquida e vapor. Indique a ordem de grandeza da termodinamica 01.indd 43 massa específica e do volume específico da água nas três fases. 1.8 Qual é a massa aproximada de 1 L de gasolina? E a do hélio em um balão a T0 e P0? 1.9 Você consegue levantar 1 m3 de água líquida? 1.10 Um refrigerador doméstico tem quatro pés ajustáveis. Qual é a característica desses pés que pode garantir que eles não marcarão o piso? 1.11 A pressão no fundo de uma piscina é bem distribuída. Suponha que uma placa de ferro fundido esteja apoiada no solo. A pressão abaixo dele é bem distribuída? 1.12 O que determina, fisicamente, a variação da pressão atmosférica com a altitude? 1.13 Dois mergulhadores descem a uma profundidade de 20 m. Um deles se encaminha para baixo de um superpetroleiro e o outro fica distante dele. Qual deles é submetido à maior pressão? 1.14 Um manômetro com água indica um equivalente a Pamb/20. Qual é a diferença de altura das colunas de líquido? 1.15 A pressão tem de ser uniforme para que exista equilíbrio em um sistema? 1.16 Um esquiador aquático não afunda muito na água se a velocidade é relativamente alta. O que diferencia essa situação daquela em que os cálculos são feitos considerando fluido parado? 1.17 Qual é a mínima temperatura possível? Forneça o resultado em graus Celsius e em Kelvin. 15/10/14 14:36 44 Fundamentos da Termodinâmica 1.18 Converta a equação para a massa específica da água, apresentada na questão conceitual “d”, para que ela opere com a temperatura expressa em Kelvin. 1.19 Um termômetro que indica a temperatura por uma coluna de líquido tem um bulbo com grande volume de líquido. Qual é a razão disso? 1.20 Qual é a principal diferença entre a energia cinética macroscópica de um movimento de ar (vento) versus energia cinética microscópica das moléculas individuais? Qual delas você pode sentir com a mão? 1.21 Como se pode descrever a energia de ligação entre os três átomos em uma molécula de água. Dica: imagine o que deve acontecer para criar três átomos separados. 1.28 A variação da aceleração da gravidade, g, com a altura, z, pode ser aproximada por g = 9,807 − 3,32 × 10−6 z, em que a altura está em metros e a aceleração em m/s2. Determine a variação percentual do valor da aceleração da gravidade que ocorre entre a altura nula e a altura de 11 000 m. 1.29 Um modelo de automóvel é solto em um plano inclinado. A força na direção do movimento apresenta módulo igual a um décimo daquele da força gravitacional padrão (veja o Problema 1.26). Determine a aceleração no modelo, sabendo que sua massa é igual a 2 500 kg. 1.30 Um automóvel se desloca a 60 km/h. Suponha que ele seja imobilizado em 5 s por meio de uma desaceleração constante. Sabendo que a massa do conjunto automóvel-motorista é 2075 kg, determine o módulo da força necessária para imobilizar o conjunto. 1.31 Um automóvel com massa de 1 500 kg se desloca a 20 km/h. Sabendo que ele é acelerado até 75 km/h, com uma aceleração constante e igual a 4 m/s2, determine a força e o tempo necessários para a ocorrência desse movimento. 1.32 A aceleração da gravidade na superfície da Lua é aproximadamente igual a 1/6 daquela referente à superfície da Terra. Uma massa de 5 kg é “pesada” em uma balança de braço na superfície da Lua. Qual é a leitura esperada? Se a pesagem fosse efetuada em uma balança de mola, calibrada corretamente em um ponto em que a acelera- PROBLEMAS PARA ESTUDO Propriedades e Unidades 1.22 Uma maçã apresenta, respectivamente, massa e volume iguais a 60 g e 75 cm3 quando está em um refrigerador a 8 °C. Qual é a massa específica da maçã? Faça uma lista que apresente duas propriedades extensivas e três propriedades intensivas da maçã no estado fornecido. 1.23 Um kgf é o peso de um kg no campo gravitacional padrão. Qual é o peso de 1 kg em N? 1.24 Um cilindro de aço, que inicialmente está evacuado, é carregado com 5 kg de oxigênio e 7 kg de nitrogênio. Determine, nessa condição, o número de kmols contidos no cilindro. 1.25 Um cilindro de aço, com massa igual a 4 kg, contém 4 litros de água líquida a 25 °C e 100 kPa. Determine a massa total e o volume do sistema. Apresente duas propriedades extensivas e três propriedades intensivas da água no estado fornecido. 1.26 A aceleração “normal” da gravidade (no nível do mar e a 45° de latitude) é 9,806 65 m/s2. Qual é a força necessária para manter imobilizada uma massa de 2 kg nesse campo gravitacional? Calcule a massa de outro corpo, localizado nesse local, sabendo que é necessária uma força de 1 N para que o corpo permaneça em equilíbrio. 1.27 Um pistão de alumínio de 2,5 kg está submetido à aceleração “normal” da gravidade, quando é aplicada uma força vertical ascendente de 25 N. Determine a aceleração do pistão. termodinamica 01.indd 44 15/10/14 14:36 Introdução e Comentários Preliminares ção da gravidade é normal (ver Problema 1.26), que leitura seria obtida? 1.33 O elevador de um hotel tem uma massa de 750 kg, e carrega seis pessoas com uma massa total de 450 kg. Qual a força necessária no cabo para que o elevador tenha uma aceleração de 1 m/s2 no sentido ascendente? 1.34 Uma das pessoas, no problema anterior, pesa 80 kg. Qual o peso que essa pessoa sente quando o elevador começa a se mover? 1.35 Um recipiente de aço, que apresenta massa igual a 12 kg, contém 1,75 kmols de propano na fase líquida. Qual é a força necessária para movimentá-lo com aceleração de 3 m/s2 na direção horizontal? 1.36 Uma caçamba contendo concreto, com massa total igual a 700 kg, é movimentado por um guindaste. Sabendo que a aceleração da caçamba, em relação ao chão, é 2 m/s2, determine a força realizada pelo guindaste. Admita que a aceleração local da gravidade apresente módulo igual a 9,5 m/s2. conjunto com uma aceleração que é duas vezes a aceleração da gravidade? 1.40 Um reservatório estanque e com volume de 5 m3 contém 900 kg de granito (massa específica de 2 400 kg/m3) e ar (massa específica de 1,15 kg/m3). Determine a massa de ar e o volume específico médio. 1.41 Um tanque apresenta duas partições separadas por uma membrana. A partição A contém 1 kg de ar e apresenta volume igual a 0,5 m3. O volume da partição B é 0,75 m3 e esta contém ar com massa específica igual a 0,8 kg/m3. A membrana é rompida e o ar atinge um estado uniforme. Determine a massa específica do ar no estado final do processo. 1.42 Um quilograma de oxigênio diatômico (massa molecular igual a 32) está contido num tanque que apresenta volume de 500 L. Calcule o volume específico do oxigênio na base mássica e na molar. Pressão 1.43 Volume Específico 1.37 1.38 1.39 Um reservatório estanque e com volume de 1 m3 contém uma mistura obtida com 400 kg de granito, 200 kg de areia seca e 0,2 m3 de água líquida a 25 °C. Utilizando as propriedades apresentadas nas Tabelas A.3 e A.4, determine o volume específico médio e a massa específica média da mistura contida no reservatório. Desconsidere a presença do ar no reservatório. Uma central de potência separa CO2 dos gases de exaustão da planta. O CO2 é então comprimido para uma condição em que a massa específica é de 110 kg/m3 e armazenado em uma jazida de carvão inexplorável, que contém em seus poros um volume de vazios de 100 000 m3. Determine a massa de CO2 que pode ser armazenada. Um tanque de aço, com massa igual a 15 kg, armazena 300 L de gasolina que apresenta massa específica de 800 kg/m3. Qual é a força necessária para movimentar esse termodinamica 01.indd 45 45 Um elefante de massa 5 000 kg tem uma área de seção transversal em cada pata igual a 0,02 m2. Admitindo uma distribuição homogênea, qual é a pressão sob suas patas? Psaída A válvula Pcil FIGURA P1.44 1.44 A área da seção transversal da válvula do cilindro mostrado na Figura P1.44 é igual a 11 cm2. Determine a força necessária para abrir a válvula, sabendo que a pressão no cilindro é 735 kPa e que a pressão externa é 99 kPa. 1.45 O diâmetro do pistão de um macaco hidráulico é igual a 200 mm. Determine a pressão no cilindro para que o pistão levante uma massa de 740 kg. 15/10/14 14:36 46 Fundamentos da Termodinâmica 1.46 A pressão máxima no fluido utilizado em um macaco hidráulico é 0,5 MPa. Sabendo que o macaco deve levantar um corpo com massa de 850 kg, determine o diâmetro do conjunto cilindro-pistão que movimenta o corpo. 1.47 Uma sala de laboratório está sob um vácuo de 0,1 kPa. Qual é a força com que uma porta de 2 m por 1 m é puxada para dentro? 1.48 Um conjunto cilindro-pistão vertical apresenta diâmetro igual a 125 mm e contém fluido hidráulico. A pressão atmosférica é igual a 1 bar. Determine a massa do pistão sabendo que a pressão no fluido é igual a 1 500 kPa. Admita que a aceleração da gravidade seja a “normal”. 1.49 Uma pessoa de 75 kg tem uma área de contato com o chão de 0,05 m2 quando está usando botas. Vamos supor que ela deseja caminhar sobre a neve que pode suportar 3 kPa; adicionais, qual deveria ser a área total dos seus sapatos de neve? 1.50 Um conjunto cilindro-pistão apresenta área da seção transversal igual a 0,01 m2. A massa do pistão é 100 kg e está apoiado nos esbarros mostrados na Figura P1.50. Se a pressão no ambiente for igual a 100 kPa, qual deve ser a mínima pressão na água para que o pistão se mova? P0 pectivamente, iguais a 100 m2 e 1 000 kg. Qual é a pressão mínima necessária (vácuo) para que isso ocorra? Admita que o teto estivesse simplesmente apoiado. 1.53 Um projétil de canhão, com diâmetro de 0,15 m e massa de 5 kg, pode ser modelado como um pistão instalado em um cilindro. A pressão gerada pela combustão da pólvora na parte traseira do projétil pode ser considerada como igual a 7 MPa. Determine a aceleração do projétil, sabendo que o canhão aponta na horizontal. 1.54 Refaça o problema anterior, admitindo que o ângulo formado pelo cano do canhão e a horizontal é igual a 40 graus. 1.55 O cilindro de aço mostrado na Figura P1.55 apresenta área da seção transversal igual a 1,5 m2. Sabendo que a pressão na superfície livre da gasolina é 101 kPa, determine a pressão na superfície inferior da camada de água. P0 Ar g A diferença entre as pressões no corredor e na sala de um laboratório, provocada pela ação de um grande ventilador, foi medida com um manômetro de coluna d’água. Sabendo que a altura da coluna de líquido medida foi igual a 0,1 m, determine o módulo da força líquida que atua na porta que separa o laboratório do corredor. Admita que a altura e a largura da porta são, respectivamente, iguais a 1,9 m e 1,1 m. Um tornado arrancou o teto horizontal de um galpão. A área e o peso do teto são, res- termodinamica 01.indd 46 0,5 m Água 2,5 m 1.56 Uma boia submarina é ancorada no mar com um cabo, apresentando uma massa total de 250 kg. Determine o volume da boia para que o cabo a mantenha submersa com uma força de 1 000 N. 1.57 A pressão ao nível do mar é 1 025 mbar. Suponha que você mergulhe a 15 m de profundidade e depois escale uma montanha com 250 m de elevação. Admitindo que a massa específica da água é 1 000 kg/m3 e a do ar é 1,18 kg/m3, determine as pressões que você sente nesses dois locais. 1.58 Determine a pressão no fundo de um tanque que apresenta 5 m de profundidade e cuja superfície livre está exposta a uma pressão de 101 kPa. Considere que o tanque esteja armazenando os seguintes líqui- FIGURA P1.50 1.52 Gasolina FIGURA P1.55 Água 1.51 1m 15/10/14 14:36 Introdução e Comentários Preliminares dos: (a) água a 20 °C; (b) glicerina a 25 °C; e (c) gasolina a 25 °C? 1.59 O tanque sem tampa mostrado na Figura P1.59 é construído com aço e apresenta massa igual a 10 toneladas. A área da seção transversal e a altura do tanque são iguais a 3 m2 e 16 m. Determine a quantidade de concreto que pode ser introduzida no tanque para que este flutue no oceano do modo indicado na figura. 1.63 Admita que a massa específica do ar na atmosfera é constante e igual a 1,15 kg/m3 e que a pressão no nível do mar é 101 kPa. Qual é a pressão absoluta detectada por um piloto de balão que voa a 2000 m acima do nível do mar. 1.64 A pressão padrão na atmosfera em um local com elevação (H) acima do nível do mar pode ser correlacionado como P = P0 (1 – H/L)5,26 com L = 44 300 m. Com a pressão ao nível do mar local P0 em 101 kPa, qual é a pressão a 10 000 m de elevação? 1.65 A altura da coluna de mercúrio em um barômetro é 725 mm. A temperatura é tal que a massa específica do mercúrio vale 13 550 kg/m3. Calcule a pressão no ambiente. 1.66 Um manômetro montado em um recipiente indica 1,25 MPa e um barômetro local indica 0,96 bar. Calcule a pressão interna absoluta no recipiente. 1.67 Qual é a ΔP medida por um manômetro em U que indica uma diferença de níveis de mercúrio de 1 m? 1.68 Uma das extremidades de um manômetro em U está conectada a uma tubulação e a outra está exposta ao ambiente (Patm = 101 kPa). A diferença entre as alturas das colunas de fluido manométrico é 30 mm e a altura da coluna adjacente à tubulação é maior do que a outra. Sabendo que a massa específica do fluido manométrico é 925 kg/m3, determine a pressão absoluta no interior da tubulação. 1.69 Qual é a diferença de pressão entre o topo e base de uma coluna de ar atmosférico de 10 m de altura? 1.70 A altura da coluna de mercúrio em um barômetro é 760 mm quando está posicionado junto ao chão e 735 mm, quando o equipamento está instalado na cobertura de um edifício. Determine a altura do edifício, admitindo que a massa específica do ar é constante e igual a 1,15 kg/m3. 1.71 O medidor de pressão acoplado a um tanque de ar indica 75 kPa, quando o mergulhador está nadando a uma profundidade de 10 m no oceano. Determine a profundidade de mergulho em que a pressão indicada é nula. O que significa essa situação? Ar 10 m Oceano Concreto FIGURA P1.59 1.60 1.61 Um conjunto cilindro-pistão, com área de seção transversal igual a 15 cm2, contém um gás. Sabendo que a massa do pistão é 5 kg e que o conjunto está montado em uma centrífuga que proporciona uma aceleração de 25 m/s2, calcule a pressão no gás. Admita que o valor da pressão atmosférica seja o normal. Um cilindro que apresenta área de seção transversal A contém água líquida, com massa específica ρ, até a altura H. O cilindro apresenta um pistão inferior que pode ser movido pela ação do ar comprimido (veja a Figura P1.61). Deduza a equação para a pressão do ar em função de h. H g h Ar FIGURA P1.61 Manômetros e Barômetros 1.62 Um sensor está a 16 m de profundidade em um lago. Qual é a pressão absoluta nessa profundidade? termodinamica 01.indd 47 47 15/10/14 14:36 48 Fundamentos da Termodinâmica 1.72 Um submarino de pesquisa deve submergir até a profundidade de 1200 m. Admitindo que a massa específica da água do mar é constante e igual a 1 020 kg/m3, determine a pressão que atua na superfície externa do casco do submarino na profundidade máxima de mergulho. 1.73 Um submarino mantém a pressão interna de 101 kPa e submerge a uma profundidade de 240 m, em que a massa específica média é de 1 030 kg/m3. Qual é a diferença de pressão entre o interior e a superfície externa do submarino? 1.74 Um barômetro que apresenta imprecisão de medida igual a 1 mbar (0,001 bar) foi utilizado para medir a pressão atmosférica no nível do chão e na cobertura de um edifício alto. Determine a incerteza no valor da altura do prédio calculada a partir dos valores das pressões atmosféricas medidas. 1.75 A pressão absoluta em um tanque é igual a 115 kPa e a pressão ambiente vale 97 kPa. Se um manômetro em U, que utiliza mercúrio (ρ = 13 550 kg/m3) como fluido barométrico, for utilizado para medir o vácuo, qual será a diferença entre as alturas das colunas de mercúrio? 1.76 O medidor de pressão absoluta acoplado a um tanque indica que a pressão no gás contido no tanque é 135 kPa. Gostaríamos de utilizar um manômetro em U e água líquida como fluido manométrico para medir a pressão relativa no gás. Considerando que a pressão atmosférica seja igual a 101 kPa, determine a diferença entre as alturas das colunas de água no manômetro. 1.77 A diferença de altura das colunas de água (ρ = 1 000 kg/m3) em um manômetro em U é igual a 0,25 m. Qual é a pressão relativa? Se o ramo direito do manômetro for inclinado do modo indicado na Figura P 1.77 (o ângulo entre o ramo direito e a horizontal é 30º) e supondo a mesma diferença de pressão, qual será o novo comprimento da coluna? 1.78 Um manômetro está instalado em uma tubulação de transporte de óleo leve do modo indicado na Figura P1.78. Considerando os valores indicados na figura, determine a pressão absoluta no escoamento de óleo. P0 = 101 kPa 0,7 m 0,3 m 0,1 m FIGURA P1.78 1.79 Um manômetro U que utiliza um fluido manométrico com massa específica de 900 kg/m3 apresenta uma diferença de 200 mm no nível das colunas. Qual é a diferença de pressão medida? Se a diferença de pressão se mantivesse inalterada, qual seria o novo desnível, caso o fluido fosse mudado para mercúrio de massa específica 13 600 kg/m3? 1.80 O conjunto formado pelos cilindros e tubulação com válvula, mostrado na Figura P1.80, contém água (ρ = 1 000 kg/m3). As áreas das seções transversais dos cilindros A e B são respectivamente iguais a 0,1 e 0,25 m2. A massa d’água no cilindro A é 100 kg, enquanto a de B é 500 kg. Admitindo que h seja igual a 1 m, calcule a pressão no fluido em cada seção da válvula. Se abrirmos a válvula e esperarmos o equilíbrio, qual será a pressão na válvula? P0 B h Óleo Água g P0 L A h 30∞ FIGURA P1.77 termodinamica 01.indd 48 FIGURA P1.80 15/10/14 14:36 Introdução e Comentários Preliminares 1.81 A Figura P1.81 mostra dois conjuntos cilindro-pistão conectados por uma tubulação. Os conjuntos A e B contêm um gás e as áreas das seções transversais são respectivamente iguais a 75 e 25 cm2. A massa do pistão do conjunto A é igual a 25 kg, a pressão ambiente é 100 kPa e o valor da aceleração da gravidade é o normal. Calcule, nessas condições, a massa do pistão do conjunto B, de modo que nenhum dos pistões fique apoiado nas superfícies inferiores dos cilindros. Energia e Temperatura 1.84 Um elevador leva quatro pessoas, cuja massa total é de 300 kg, a altura de 25 m em um prédio. Explique o que acontece com relação à transferência de energia e energia armazenada. 1.85 Um carro se desloca a 75 km/h; a sua massa, incluindo pessoas, é de 3200 kg. Quanta energia cinética o carro tem? 1.86 Um pacote de 52 kg é levado até o topo de uma prateleira em um armazém que está 4 m acima do piso térreo. Qual o aumento da energia potêncial do pacote? 1.87 Um automóvel de massa 1 775 kg desloca-se com velocidade de 100 km/h. Determine a energia cinética. Qual a altura que o carro pode ser levantado no campo gravitacional padrão para ter uma energia potêncial é igual à energia cinética? 1.88 Uma molécula de oxigênio com massa mo = 32 × 1,66 × 10-27 kg se move com uma velocidade de 240 m/s. Qual é a energia cinética da molécula? Qual a temperatura correspondente a essa energia cinética, considerando que tem de ser igual a (3/2 ) kT, onde k é constante de Boltzmans e T é a temperatura absoluta em Kelvin? 1.89 Qual é o valor da temperatura absoluta (em Kelvin) equivalente a –5 °C? 1.90 A zona de conforto humana está entre 18 e 24 °C. Qual é a faixa de variação em Kelvin? Qual é a mudança relativa máxima da baixa à alta temperatura? 1.91 Uma coluna de mercúrio é usada para medir uma diferença de pressão de 100 kPa em um aparelho colocado ao ar livre. Nesse local, a temperatura mínima no inverno é −15 °C e a máxima no verão é 35 °C. Qual será a diferença entre a altura da coluna de mercúrio no verão e aquela referente ao inverno, quando estiver sendo medida a diferença de pressão indicada? Admita aceleração da gravidade “normal” e que a massa específica do mercúrio varie com a temperatura de acordo com P0 P0 g B A FIGURA P1.81 1.82 1.83 Reconsidere o arranjo analisado no Problema 1.81. Admita que as massas dos pistões sejam desprezíveis e que uma força pontual de 250 N empurra o pistão A para baixo. Nessas condições, determine o valor da força adicional que deve atuar no pistão B para que não se detecte qualquer movimento no arranjo. Um dispositivo experimental (Figura P1.83) está localizado em um local em que a temperatura vale 5 ºC e g = 9,5 m/s2. O fluxo de ar nesse dispositivo é medido, determinando-se a queda de pressão no escoamento através de um orifício, por meio de um manômetro de mercúrio (veja o Problema 1.91). Determine o valor da queda de pressão em kPa quando a diferença de nível no manômetro for igual a 200 mm. Ar g FIGURA P1.83 termodinamica 01.indd 49 49 ρHg = 13 595 − 2,5 T (kg/m3) com T em °C. 15/10/14 14:36 50 1.92 1.93 Fundamentos da Termodinâmica Os termômetros de mercúrio indicam a temperatura pela medida da expansão volumétrica de uma massa fixa de mercúrio líquido. A expansão volumétrica é em virtude de variação da massa específica do mercúrio com a temperatura (veja o Problema 21.91). Determine a variação percentual do volume ocupado pelo mercúrio quando a temperatura varia de 10 °C para 20 °C. A massa específica da água líquida é calculada por: ρ = 1 008 – T/2 [kg/m3]; T em °C. Se a temperatura se eleva em 10 °C, qual é a elevação da espessura de uma lâmina de água de 1 m? 1.94 Elabore uma equação para a conversão de temperaturas de °F para °C. Utilize como base as temperaturas dos pontos de solidificação e de vaporização da água. Faça o mesmo para as escalas Rankine e Kelvin. 1.95 A temperatura do ar na atmosfera cai com o aumento da altitude. Uma equação que fornece o valor local médio da temperatura absoluta do ar na atmosfera é Tatm = 288 − 6,5 × 10−3 z, em que z é a altitude em metros. Qual é a temperatura média do ar em um ponto localizado em uma altitude de 12 000 m. Forneça seu resultado em graus Celsius e em Kelvin. Problemas para Revisão 1.96 Repita o Problema 1.83 supondo que o fluido que escoa no dispositivo é água (ρ = 1 000 kg/m3). Observe que você não pode desprezar os efeitos das duas colunas desiguais de água. 1.97 A profundidade do lago esboçado na Figura P1.97 é igual a 6 m e a comporta vertical apresenta altura e largura respectivamente iguais a 6 m e 5 m. Determine os módulos das forças horizontais que atuam nas superfícies verticais da comporta em razão da água e do ar. termodinamica 01.indd 50 Lago Lago 6 6m m Corte Corte lateral lateral Lago Lago 5 5m m Vista Vista superior superior FIGURA P1.97 1.98 O reservatório d’água de uma cidade é pressurizado com ar a 125 kPa e está mostrado na Figura P1.98. A superfície livre do líquido está situada a 25 m do nível do solo. Admitindo que a massa específica da água é igual a 1 000 kg/m3 e que o valor da aceleração da gravidade é o normal, calcule a pressão mínima necessária para o abastecimento do reservatório. g H FIGURA P1.98 1.99 Considere uma tubulação vertical para a distribuição de água em um prédio alto, conforme mostrado na Figura P1.99. A pressão da água em um ponto situado a 5 m abaixo do nível da rua é 600 kPa. Determine qual deve ser o aumento de pressão promovido pela bomba hidráulica acoplada à tubulação para garantir que a pressão em um ponto situado a 150 m acima do nível da rua seja igual a 200 kPa. 15/10/14 14:36 51 Introdução e Comentários Preliminares Último piso 150 m Solo 5m Alimentação de água Bomba 1.101 O diâmetro do pistão mostrado na Figura P1.101 é 100 mm e sua massa é 5 kg. A mola é linear e não atua sobre o pistão enquanto estiver encostado na superfície inferior do cilindro. No estado mostrado na figura, o volume da câmara é 0,4 L e a pressão é 400 kPa. Quando a válvula de alimentação de ar é aberta, o pistão sobe 20 mm. Admitindo que a pressão atmosférica seja igual a 100 kPa, calcule a pressão no ar nessa nova situação. FIGURA P1.99 1.100 A Figura P1.100 mostra um pistão especial montado entre as câmaras A e B. A câmara B contém um gás, enquanto a A contém óleo hidráulico a 500 kPa. Sabendo que a massa do pistão é 25 kg, calcule a pressão do gás no cilindro B. B P0 = 100 kPa A g Linha de ar comprimido Ar FIGURA P1.101 DB = 25 mm DA = 100 mm P0 g Bomba FIGURA P1.100 PROBLEMAS ABERTOS, PROJETOS E APLICAÇÃO DE COMPUTADORES 1.102 Escreva um programa de computador que faça uma tabela de correspondência entre °C, °F, K e R, na faixa de −50 °C a 100 °C, utilizando um intervalo de 10 °C. 1.103 Represente graficamente a pressão atmosférica em função da altitude (0-20 000 m) em um local em que a pressão no solo a 500 m de altitude é de 100 kPa. Use a variação apresentada no Problema 1.64. 1.104 Escreva um programa de computador que transforme o valor da pressão, tanto em kPa como em atm ou lbf/in2, em kPa, atm, bar e lbf/in2. 1.105 Escreva um programa de computador para a correção da medida de pressão em um termodinamica 01.indd 51 barômetro de mercúrio (Veja Problema 1.70). Os dados de entrada são a altura da coluna e a temperatura do ambiente e as saídas são a pressão (kPa) e a leitura corrigida a 20 °C. 1.106 Faça uma relação dos métodos utilizados, direta ou indiretamente, para medir a massa dos corpos. Investigue as faixas de utilização e as precisões que podem ser obtidas nas medições. 1.107 O funcionamento dos termômetros é basea­ do em vários fenômenos. A expansão de um líquido com o aumento de temperatura é utilizado em muitas aplicações. As resistências elétricas, termistores e termopares 15/10/14 14:36 52 Fundamentos da Termodinâmica são usualmente utilizados como transdutores, principalmente nas aplicações remotas. Investigue os tipos de termômetros existentes e faça uma relação de suas faixas de utilização, precisões, vantagens e desvantagem operacionais. 1.108 Deseja-se medir temperaturas na faixa de 0 °C a 200 °C. Escolha um termômetro de resistência, um termistor e um termopar adequados para essa faixa. Faça uma tabela que contenha as precisões e respostas unitárias dos transdutores (variação do sinal de saída por alteração unitária da medida). É necessário realizar alguma calibração ou correção na utilização desses transdutores? 1.109 Um termistor é utilizado como transdutor de temperatura. Sua resistência varia, aproximadamente, com a temperatura do seguinte modo: R = R0 exp[α(1/T –1/T0)] em que R0 é a resistência a T0. Admitindo que R0 = 3 000 Ω e T0 = 298 K, determine α, de modo que a resistência seja igual a 200 Ω quando a temperatura for igual a 100 ºC. Escreva um programa de computador que forneça o valor da temperatura em função da resistência do termistor. Obtenha a curva característica de termodinamica 01.indd 52 um termistor comercial e a compare com o comportamento do termistor referente a este problema. 1.110 Pesquise quais são os transdutores adequados para medir a temperatura em uma chama que apresenta temperatura próxima a 1000 K. Existe algum transdutor disponível para medir temperaturas próximas a 2000 K? 1.111 Para determinar a pressão arterial de uma pessoa, utiliza-se um aparato com manômetro (esfigmomanômetro) enquanto a pulsação é ouvida por meio de um estetoscópio. Investigue como o sistema funciona, liste a faixa de pressões normalmente medidas (sistólica – ou seja, a máxima – e a diastólica – isto é, a mínima) e apresente essas informações na forma de um breve relatório. 1.112 Um micromanômetro utiliza um fluido com massa específica 1 000 kg/m3 e é capaz de medir uma diferença de altura com uma precisão de ±0,5 mm. Sabendo que a diferença máxima de altura que pode ser medida é 0,5 m, pesquise se existe outro medidor de pressão diferencial disponível que possa substituir esse micromanômetro. 15/10/14 14:36 Propriedades de uma Substância Pura Propriedades de uma Substância Pura 53 2 Consideramos, no capítulo anterior, três propriedades bem conhecidas de uma substância: volume específico, pressão e temperatura. Agora voltaremos nossa atenção para as substâncias puras e consideraremos algumas das fases em que uma substância pura pode existir, o número de propriedades independentes que pode ter e os métodos utilizados na apresentação das propriedades termodinâmicas. O conhecimento do comportamento e das propriedades das substâncias é essencial na análise de dispositivos e sistemas termodinâmicos. A usina de geração de energia a vapor mostrada na Figura 1.1 e outras usinas de geração de energia que usam combustíveis diferentes, como o óleo, o gás natural ou a energia nuclear, apresentam processos muito similares, que utilizam a água como fluido de trabalho. O vapor d’água é obtido a partir da ebulição de água a alta pressão, no gerador de vapor, seguida de expansão para a turbina com pressão mais baixa, resfriamento no condensador e retorno para o gerador de vapor através de uma bomba que aumenta sua pressão, como mostrado na Figura 1.2. É necessário conhecer as propriedades da água para dimensionar corretamente os equipamentos tais como queimadores, trocadores de calor, turbinas e bombas, e obter a transferência de energia e escoamento da água desejados. Quando a água passa do estado líquido para vapor, necessitamos conhecer a temperatura em uma dada pressão, bem como a densidade ou volume específico, para que a tubulação seja dimensionada corretamente para o escoamento desejado. Caso as tubulações sejam muito pequenas, a expansão criará velocidades excessivas, causando perda da pressão e aumentando o atrito. Isso demandará bombas maiores, o que reduzirá a produção de trabalho da turbina. Outro exemplo é o refrigerador mostrado na Figura 1.3. Nessa aplicação, precisamos de uma substância que evapore a uma temperatura baixa, digamos –20 °C. Esse processo absorve energia do ambiente refrigerado, mantendo-o frio. Na “grade” preta localizada na parte traseira ou na base do refrigerador, o fluido, agora quente, é resfriado pela passagem de ar ambiente através da grade. Nesse processo, o fluido é condensado a uma temperatura ligeiramente maior que a do ambiente. Quando um sistema desses é projetado, precisamos conhecer as pressões em que ocorrem esses processos, e as quantidades de energia envolvidas – assunto coberto nos Capítulos 3 e 4. Precisamos conhecer também termodinamica 02.indd 53 15/10/14 14:42 54 Fundamentos da Termodinâmica qual o volume ocupado pela substância, isto é, o volume específico, para selecionar os diâmetros das tubulações como mencionado na usina de produção de vapor. A substância deve ser selecionada de modo que a pressão seja razoável durante o processo; não deve ser muito alta para evitar vazamentos e também por questões de segurança, e não deve ser muito baixa para evitar a possibilidade de contaminação da substância pelo ar. Um último exemplo de um sistema em que é necessário o conhecimento das propriedades da substância é a turbina a gás e sua variação, motor a jato. Nesses sistemas, a substância de trabalho é um gás (muito semelhante ao ar) e não ocorre mudança de fase. Combustível e ar são queimados, liberando uma grande quantidade de energia, provocando o aquecimento e consequente expansão do gás. Precisamos saber o quanto o gás é aquecido e expandido para analisar o processo de expansão na turbina e no bocal de descarga do motor a jato. Nesses dispositivos, a velocidade do fluido de trabalho deve ser alta no interior da turbina e no bocal de descarga do motor a jato. Essa alta velocidade “empurra” as palhetas da turbina, produzindo trabalho de eixo, ou, no caso do motor a jato, empurra as palhetas do compressor (dando um impulso) para movimentar a aeronave para frente. Esses são apenas alguns exemplos de sistemas termodinâmicos em que uma substância percorre vários processos, sofrendo mudanças de estado termodinâmico e, portanto, alterando suas propriedades. Com a progressão dos seus estudos, outros exemplos serão apresentados para ilustrar os diversos temas. 2.1 A SUBSTÂNCIA PURA Uma substância pura é aquela que tem composição química invariável e homogênea. Pode existir em mais de uma fase, mas a composição química é a mesma em todas as fases. Assim, água líquida, uma mistura de água líquida e vapor d’água ou uma mistura de gelo e água líquida são todas substâncias puras, pois cada fase apresenta a mesma composição química. Por outro lado, uma mistura de ar líquido e ar gasoso não é uma substância pura, porque as composições das fases líquida e gasosa são diferentes. termodinamica 02.indd 54 Às vezes, uma mistura de gases, tal como o ar, é considerada uma substância pura desde que não haja mudança de fase. Rigorosamente falando, isso não é verdade. Como veremos mais adiante, pode-se dizer que uma mistura de gases, tal como o ar, exibe algumas das características de uma substância pura, contanto que não haja mudança de fase. Neste livro, daremos ênfase às substâncias simples e compressíveis. Este termo designa substâncias cujos efeitos de superfície, magnéticos e elétricos não são significativos. Por outro lado, as variações de volume, tais como aquelas associadas à expansão de um gás em um cilindro, são muito importantes. Entretanto, faremos referência a outras substâncias nas quais os efeitos de superfície, magnéticos ou elétricos são importantes. Chamaremos o sistema que consiste de uma substância compressível simples de sistema compressível simples. 2.2 AS FRONTEIRAS DAS FASES Consideremos como sistema certa quantidade de água contida no conjunto pistão-cilindro mantido a uma pressão constante, como na Figura 2.1a e cuja temperatura consigamos monitorar. Assuma que a água comece o processo nas condições ambientais P0 e T0, em que o estado seja líquido. Se a água é aquecida gradativamente, a temperatura aumenta, o volume aumenta apenas ligeiramente, porém, por definição, a pressão permanece constante. Quando a temperatura atinge 99,6 ºC, uma transferência adicional de calor resulta em uma mudança de fase, com a formação de alguma quantidade de vapor, como indica a Figura 2.1b. Nesse processo, a temperatura permanece constante, mas o volume aumenta consideravelmente. Mais aquecimento gera mais e mais vapor e um aumento substancial do volume até a última gota do líquido vaporizar. Uma transferência adicional de calor resulta em um aumento da temperatura e do volume específico do vapor, como mostra a Figura 2.1c. O termo temperatura de saturação designa a temperatura em que ocorre a vaporização a uma dada pressão, também conhecido como temperatura de ebulição. Se o experimento for repetido para diferentes pressões teremos uma temperatura de saturação diferente que pode ser marcado na 15/10/14 14:42 55 Propriedades de uma Substância Pura P S Vapor d’água Água líquida Água líquida (a) ( b) L V T Figura 2.2 A separação das fases de um diagrama de fases. Vapor d’água (c) Figura 2.1 Mudança da fase líquida para vapor de uma substância pura a pressão constante. Figura 2.2, separando as regiões de líquido (L) e vapor (V). Se o experimento for feito para resfriamento, ao invés de para o aquecimento, verificaremos que quando a temperatura diminui, alcançamos o ponto no qual o gelo (S para estado sólido) começa a se formar, com um aumento de volume associado. Durante o resfriamento, o sistema forma mais gelo e menos líquido a uma temperatura constante, que é uma temperatura de saturação diferente comumente chamada ponto de congelamento. Quando todo o líquido se transforma em gelo, um resfriamento adicional reduzirá a temperatura e o volume será praticamente constante. O ponto de congelamento é também marcado na Figura 2.2 para cada conjunto de pressão, e estes pontos separam a região de líquido da região de sólido. Cada um destes dois conjuntos de marcadores, caso se formem suficientemente próximos, formam a curva e ambos são curvas de saturação. A curva da esquerda é conhecida como a linha de fusão (praticamente uma reta), como se fosse uma fronteira entre a fase sólida e a fase líquida, enquanto a curva da direita é chamada curva de vaporização. Se o experimento é repetido para pressões cada vez mais baixas, observa-se que as duas cur- termodinamica 02.indd 55 vas de saturação se encontram, e uma redução adicional na pressão resulta em uma curva simples de saturação denominada de a linha de sublimação, separando a fase sólida da fase vapor. O ponto em que as curvas se encontram é chamado ponto triplo e é a única combinação em que as três fases (sólida, líquida e gasosa) podem coexistir; abaixo o ponto triplo, na temperatura ou pressão, nenhuma fase líquida pode existir. As três diferentes curvas de saturação estão apresentadas na Figura 2.3 denominada diagrama de fases. Este diagrama mostra os diferentes conjuntos de propriedades de saturação (Tsat, Psat) em que é possível ter duas fases em equilíbrio. Para uma pressão superior, 22,09 MPa, no caso da água, a curva de vaporização termina em um ponto chamado ponto crítico. Acima dessa pressão, não há nenhum fenômeno de ebulição, e aquecer o líquido produzirá um vapor sem ebulição em uma transição suave. As propriedades no ponto triplo podem variar significativamente entre as substâncias, como está evidenciado na Tabela 2.1. O mercúrio, como outros metais, tem um ponto triplo de pressão baixo, e o dióxido de carbono tem um ponto triplo alto, P Linha de fusão Ponto crítico S L Linha de sublimação V b a Ponto triplo T Figura 2.3 Esboço de um diagrama de fase de água. 15/10/14 14:42 Fundamentos da Termodinâmica 103 Gelo VII Gelo VI Dados de alguns pontos triplos – sólido–líquido–vapor Temperatura, °C Pressão, kPa Hidrogênio (normal) –259 7,194 Oxigênio –219 0,15 Nitrogênio –210 12,53 Dióxido de carbono –56,4 520,8 Mercúrio –39 0,00 000 013 Água 0,01 0,6113 Zinco 419 5,066 Prata 961 0,01 Cobre 1 083 0,000 079 Tabela 2.2 Alguns dados do ponto crítico Temperatura crítica, °C Pressão crítica, MPa Volume crítico, m3/kg Água 374,14 22,09 0,003 155 Dióxido de carbono 31,05 7,39 0,002 143 Oxigênio –118,35 5,08 0,002 438 Hidrogênio –239,85 1,30 0,032 192 Enquanto a Figura 2.3 é apenas um esboço em coordenadas lineares, as curvas reais estão plotadas em escala na Figura 2.4 para a água e, a escala da pressão é logarítmica, para cobrir uma faixa extensa. Neste diagrama de fase, são mostradas Gelo V Gelo III Gelo II 102 100 10–1 Ponto crítico Líquido 101 Vapor 10–2 10–3 Tabela 2.1 termodinamica 02.indd 56 104 Gelo I o que é incomum. Lembre-se do uso do mercúrio como um fluido barométrico no Capítulo 1, no qual se mostrou útil, em virtude da baixa pressão de vapor. Uma pequena amostra dos dados do ponto crítico é mostrada na Tabela 2.2, sendo que um conjunto maior de dados é dado na Tabela A.2, no Apêndice A. O conhecimento sobre os dois pontos finais da curva de vaporização fornece alguma indicação sobre onde se encontra a intersecção entre a fase vapor e a fase líquida, porém são necessárias informações mais detalhadas para conseguir determinar a fase numa dada pressão e temperatura. P [MPa] 56 Ponto triplo 10–4 10–5 200 300 400 500 T [K] 600 700 800 Figura 2.4 Diagrama de fases da água. diferentes regiões de fase sólida; da mesma forma, esse pode ser o caso para outras substâncias. Todos os sólidos são formados por gelo, mas cada região apresenta uma estrutura cristalina diferente e dividem uma quantidade de contornos de fase com diversos pontos triplos; no entanto, há apenas um único ponto triplo em que o equilíbrio sólido-líquido-vapor é possível. Embora tenhamos feito esses comentários com referência específica à água, todas as substâncias puras exibem o mesmo comportamento geral. Foi mencionado anteriormente que os dados de ponto triplo varia significativamente entre as substâncias; isto também é verdade para os dados de ponto crítico. Por exemplo, a temperatura crítica do hélio, de acordo com a Tabela A.2, é 5,3 K, e a condição de temperatura ambiente é, portanto, cerca de 50 vezes maior que sua temperatura crítica. A temperatura crítica da água é de 647,29 K, o que é mais que o dobro da temperatura ambiente. A maioria dos metais apresenta temperatura crítica muito mais alta que a da água. O diagrama de fases do dióxido de carbono plotado em escala é mostrado na Figura 2.5, e, 15/10/14 14:42 57 Propriedades de uma Substância Pura 2.3 A SUPERFÍCIE P-v-T Vapor 101 100 150 200 250 T [K] 300 350 Figura 2.5 Diagrama de fases do dióxido de carbono. novamente, o eixo da pressão está em escala logarítmica para cobrir a larga faixa de valores. Não é normal que o ponto triplo de pressão esteja acima da pressão atmosférica (veja também a Tabela 2.2) nem a inclinação da linha de fusão direcionada para direita, o que é o oposto do comportamento da água. Portanto, na pressão atmosférica de 100 kPa, o dióxido de carbono sólido fará uma fase de transição diretamente do vapor, sem se transformar, em princípio, em líquido. Esse processo se denomina sublimação. É usado para transportar carne congelada em embalagens, em que, em vez de gelo, é adicionado o dióxido de carbono sólido, de modo que, mesmo com a mudança de fase, as embalagens permanecem secas. Por isso também é conhecido como gelo seco. A Figura 2.5 mostra que essa mudança de fase ocorre a cerca de 200 K e, portanto, é muito frio. Para pressões maiores a temperatura de saturação é superior, como 179,9 °C no estado F para uma pressão de 1 MPa, e assim por diante. Na pressão crítica de 22,09 MPa, o aquecimento Q °C T Pa Ponto triplo 102 M P [kPa] Ponto crítico Sólido 103 Vamos considerar o experimento da Figura 2.1, novamente, mas agora também admitindo que medimos o volume total de água, que, junto com sua massa, fornece a propriedade volume específico. Podemos plotar a temperatura em função do volume, seguindo o processo de pressão constante. Admitindo que iniciamos nas condições de temperatura ambiente e que aquecemos a água líquida. A temperatura aumenta e o volume se expande ligeiramente, como indicado na Figura 2.6, iniciando com o estado A e indo na direção do estado B. Quando chegamos ao estado B, temos água líquida a 99,6 °C, que é denominada líquido saturado. Um aquecimento adicional aumenta o volume a temperatura constante (temperatura de ebulição) produzindo mais vapor e menos líquido que eventualmente alcança em C, denominado vapor saturado, quando todo o líquido se vaporiza. Um aquecimento adicional produzirá vapor a temperaturas superiores, em um estado denominado vapor superaquecido, em que a temperatura é superior da temperatura de saturação para uma dada pressão. A diferença entre uma determinada temperatura T e a temperatura de saturação na mesma pressão é denominada grau de superaquecimento. ,0 9 Líquido 104 22 105 N 374 O L Ponto crítico QUESTÕES CONCEITUAIS a. Se a pressão for menor que a menor Psat em uma T dada, qual será a fase? b. Uma torneira de água externa tem sua válvula acionada por um longo eixo, de modo que o mecanismo de fechamento localize-se na parte de dentro da parede. Por quê? c. Qual é a menor temperatura (aproximadamente) em que a água pode ser encontrada na fase líquida? termodinamica 02.indd 57 311 40 M Pa H 179,9 99,6 J F B P MI A E K 10 MPa G 1 MPa 0,1 MPa C D Linha de líquido saturado Linha de vapor saturado Volume Figura 2.6 Diagrama temperatura-volume para a água mostrando as fases líquida e vapor. 15/10/14 14:42 Fundamentos da Termodinâmica se dá do estado M para o estado N e para o estado O em uma transição suave do estado líquido para o vapor, sem passar pela vaporização à temperatura constante (ebulição) do processo. Durante o aquecimento, nessas pressões maiores, jamais haverá presença de duas fases ao mesmo tempo, e na região em que a substância passa diretamente da fase líquida para a de vapor ela é chamada fluido denso. Os estados que a temperatura de saturação é atingida no líquido (B, F, J) são os estados de saturação que formam a linha de líquido saturado. Da mesma forma, os estados ao longo de outras fronteiras na região de duas fases (N, K, G, C) são estados de vapor saturado, que formam a linha de vapor saturado. termodinamica 02.indd 58 Líquido e Ponto Pressão d l crítico Líq u -va idopor i Sólido c lid Vo lum o-v ap e or Gás h Lin h trip a la Só b k Va n g po r a P a tur era p em T L S Líquido L Sólido V Vapor S V ura rat e mp Te e Sólido Líquido f j mo Sólido-líquido Quando olhar para as superfícies bi ou tridimensionais, observe que o diagrama de fases P-T pode ser visto quando se olha para a superfície paralela com o eixo de volume; a superfície líquido-vapor é plana nessa direção, por isso cai para a curva de vaporização. O mesmo acontece com a superfície sólido-vapor, a qual é mostrada como a linha de sublimação, e a superfície sólido-líquido torna-se a linha de fusão. Para essas três superfícies, não é possível determinar onde, na superfície, um estado se encontra, tendo apenas as coordenadas (P-T). As duas propriedades não são independentes, elas são um par: P e T saturadas. É necessária uma propriedade, como o volume específico, para indicar onde, na superfície, o estado se encontra em uma determinada T ou P. o m j f Pressão Agora podemos mostrar as possíveis combinações P-v-T de substâncias típicas como uma superfície em um diagrama P-v-T, mostrada nas Figuras 2.7 e 2.8. A Figura 2.7 mostra uma substância como a água, que aumenta o volume durante a refrigeração, portanto, a superfície do sólido tem um volume específico maior que da superfície líquida. A Figura 2.8 mostra a superfície de uma substância que diminui de volume com a refrigeração, que é uma condição mais comum. Se a superfície é vista de cima para baixo, paralelamente ao eixo da pressão, vemos o diagrama T-v, um esboço mostrado na Figura 2.6, sem as complexidades associadas com a fase sólida. Cortando a superfície em P, T ou v constante, vai deixar um registro mostrando uma proprieda­de como função de outra, com a terceira propriedade constante. Um exemplo dessa situação é ilustrado com a curva de g-h-i-j, que mostra P como uma função do v seguindo uma curva T constante. Isso está mais claramente indicado no diagrama P-v, mostrando a região de duas fases L-V na superfície P-v-T quando vistos em paralelo com o eixo T, como mostrado na Figura 2.9. S L d l i Ponto crítico Líquido-vapor c G h Linha tripla Sólido-vapor Volume Pressão 58 ás Vapor b n gk a Líquido Sólido S V Ponto triplo L Ponto crítico V Gás Vapor Temperatura Figura 2.7 Superfície pressão-volume-temperatura para uma substância que expande na solidifcação. 15/10/14 14:42 59 Propriedades de uma Substância Pura Uma vez que a superfície tridimensional é muito complicada, vamos indicar processos e estados em diagramas P-v, T-v, ou P-T para obter uma visualização de como ocorrem as mudanças de estado durante um processo. Desses diagramas, o diagrama P-v será particularmente útil quando falarmos sobre o trabalho feito durante um processo, no capítulo seguinte. P L e -líquido i c Lin h trip a la Só lid Vo lum o-v l b e geral que afirma que, para uma substância pura simples, o estado é definido por duas propriedades independentes. Gás h Va k po a ap or r g Te ura rat e mp n L S Líquido P L Sólido V mo S L Sólido d Líquido l Ponto crítico Vapor Líquido-vapor c Linha tripla Sólido-vapor Volume b Gás Pressão Sólido Sólido-líquido Pressão ura rat e mp Te e V Vapor S f V Diagrama P-v para a região de duas fases L-V. Ponto crítico Líq u -va idopor g Figura 2.9 d Sólido Pressão Sólido L+V T = constante v o j m h i Olhando para a superfície da P-v-T de cima, em paralelo com o eixo de pressão, toda a superfície é visível e não sobreposta. Isto é, para cada par de coordenadas (T, v) existe é um e somente um estado na superfície, de modo que P é, então, uma função única de T e v. Isto é um princípio f j n k a Líquido Ponto S triplo V L Ponto crítico V Vapor Gás Para entender o significado do termo propriedade independente, considere os estados líquido saturado e vapor saturado de uma substância pura. Esses dois estados têm a mesma pressão e a mesma temperatura, mas não são definitivamente o mesmo estado. Portanto, em um estado de saturação, a pressão e a temperatura não são propriedades independentes. São necessárias duas propriedades independentes, tais como pressão e volume ou pressão e título, para especificar um estado de saturação de uma substância pura. A razão para mencionar anteriormente que uma mistura de gases, como o ar, tem as mesmas características que uma substância pura, enquanto apenas uma fase está presente, tem a ver precisamente com esse ponto. O estado do ar, que é uma mistura de gases de composição definida, é determinado especificando-se duas propriedades, contanto que permaneçam na fase gasosa. Em seguida, o ar pode ser tratado como uma substância pura. Temperatura Figura 2.8 Superfície pressão-volume-temperatura para uma substância que contrai na solidifcação. termodinamica 02.indd 59 15/10/14 14:42 Fundamentos da Termodinâmica 2.4 TABELAS DE PROPRIEDADES TERMODINÂMICAS Existem tabelas de propriedades termodinâmicas para muitas substâncias e, em geral, todas apresentam o mesmo formato. Nesta seção, vamos nos referir às tabelas de vapor d’água. Estas foram selecionadas como veículo para apresentação das tabelas termodinâmicas porque o vapor d’água é largamente empregado em instalações geradoras e processos industriais. Uma vez entendidas as tabelas de vapor, as outras tabelas termodinâmicas podem ser usadas prontamente. Várias versões diferentes de tabelas de vapor d’água foram publicadas ao longo do tempo. O conjunto apresentado no Apêndice B (Tabela B.1) é um resumo baseado em um complexo ajuste ao comportamento da água. Os resultados dessa tabela são similares aos das Tabelas de Vapor de Keenan, Keyes, Hill e Moore, publicadas em 1969 e 1978. Nós concentraremos a atenção nas três propriedades já discutidas no Capítulo 1 e na Seção 2.3, são elas T, P e v, mas note que existem outras propriedades – u, h e s – relacionadas no conjunto de Tabelas B.1, que serão apresentadas mais adiante. O conjunto de tabelas de vapor do Apêndice B é formado por cinco tabelas distintas, como representado na Figura 2.10. A região de vapor superaquecido é descrita na Tabela B.1.3 e a do líquido comprimido, na Tabela B.1.4. O Apêndice B não contém uma tabela referente à região de sólido comprimido. As regiões do líquido saturado e do vapor saturado, vistas na Figura 2.6 e 2.9 (e como linha de vaporização na Figura 2.4), estão representadas de acordo com os valores de T na Tabela B1.1 e de acordo com os valores de P (T e P não são independentes nas regiões de duas fases) na Tabela B1.2. Da mesma forma, a região de sólido saturado e vapor saturado é representada de acordo com T na Tabela B1.5, mas a região de sólido saturado e líquido saturado, a terceira linha de fronteira entre fases mostrada na Figura 2.4, não está listada no Apêndice B. Na Tabela B.1.1, a primeira coluna ao lado da temperatura fornece a pressão de saturação correspondente em quilopascal. As três colunas seguintes fornecem o volume específico em metro cúbico por quilograma. A primeira delas indica o volume específico do líquido saturado, vl, termodinamica 02.indd 60 T B. 1.4 L B.1.3 : V B.1.1 B.1.2 : L + V B.1.5 : S + V v P Sem tabela S Sem tabela B.1.5 L B.1.4 .1 . 2 60 B.1.1 +B V B.1.3 T Figura 2.10 Regiões das tabelas de vapor. a terceira fornece o volume específico do vapor saturado, vv, e a segunda coluna fornece a diferença entre as duas, vlv, como definido na Seção 2.5. A Tabela B.1.2 apresenta as mesmas informações da Tabela B.1.1, mas os dados estão organizados em função da pressão, como já explicado anteriormente. A Tabela B.1.5 das tabelas de vapor fornece as propriedades do sólido saturado e do vapor saturado que estão em equilíbrio. A primeira coluna apresenta a temperatura, e a segunda mostra a correspondente pressão de saturação. Como seria esperado, todas essas pressões são menores que a pressão do ponto triplo. As três colunas seguintes fornecem o volume específico do sólido saturado, vi, do vapor saturado, vv, e da diferença, viv. O Apêndice B também inclui tabelas termodinâmicas para diversas outras substâncias; fluidos refrigerantes R-134a e R-140a, amônia e dióxido de carbono, e os fluidos criogênicos nitrogênio e metano. Em cada caso, são fornecidas apenas duas tabelas: uma para a região de saturação líquido-vapor ordenada pela temperatura (equivalente à Tabela B.1.1 para a água) e uma para a região de vapor superaquecido (equivalente à Tabela B.1.3). 15/10/14 14:42 Propriedades de uma Substância Pura 61 EXEMPLO 2.1 Determine a fase de cada um dos estados fornecidos, utilizando as tabelas do Apêndice B, e indique a posição desses estados nos diagramas P-v, T-v, e P-T. a. 120 °C e 500 kPa b. 120 °C e 0,5 m3/kg Poderíamos também ter consultado a Tabela B.1.2 que mostra que a temperatura de saturação para a pressão de 500 kPa é 151,86 °C. Poderíamos dizer que é um líquido subresfriado. Isto é, à esquerda da linha de saturação para 500 kPa do diagrama P-T. Consulte a Tabela B.1.1 e veja que vl = 0,001 06 m3/kg < v < vv = 0,891 86 m3/kg Solução: Encontre a temperatura de 120 °C na Tabela B.1.1. A correspondente pressão de saturação é 198,5 kPa, o que indica que temos um líquido comprimido – ponto a na Figura 2.11. Esse ponto está acima da linha de saturação a 120 °C. Dessa forma, o estado é uma mistura bifásica líquido-vapor, representado pelo ponto b na Figura 2.11. O estado está localizado à esquerda da condição de vapor saturado e à direita do líquido saturado, ambos mostrados no diagrama T-v. T P P P.C. P.C. P.C. 500 S L a P = 500 kPa 500 a V 198 b T = 120 P = 198 kPa 152 120 a b b 120 T v v FIGURA 2.11 Diagramas para o Exemplo 2.1 2.5 OS ESTADOS BIFÁSICOS fases podem ser tratadas exatamente da mesma maneira. Os estados de duas fases, bifásicos, já foram mostrados nos diagramas P-v-T e as projeções correspondentes em duas dimensões nos diagramas P-T, T-v e P-v. Cada uma dessas superfícies descreve a mistura da substância em duas fases, como se fosse a combinação de certa quantidade de líquido com outra quantidade de vapor, como mostrado na Figura 2.1b. Admitimos, para este tipo de misturas, que as duas fases estão em equilíbrio na mesma P e T e cada uma das massas em um estado de líquido saturado, sólido saturado ou vapor saturado, de acordo com a mistura. Trataremos a mistura líquido-vapor em detalhes, pois é a aplicação técnica mais comum; as outras misturas de duas Por convenção os subscritos l e v são utilizados para designar os estados de líquido saturado e de vapor saturado respectivamente (o subscrito v é usado para designar temperatura e pressão de saturação). Uma condição de saturação em que existe mistura de líquido e vapor saturados, como a mostrada na Figura 2.1b, pode ser representada em coordenadas T-v como na Figura 2.12. Todo o líquido está no estado l, com volume específico vl, e todo o vapor no estado v, com volume específico vv. O volume total é igual à soma do volume de líquido com o volume de vapor, ou seja, termodinamica 02.indd 61 V = Vlíq + Vvap = mlíq vl + mvap vv 15/10/14 14:42 62 Fundamentos da Termodinâmica O volume específico médio do sistema é dado por v= m m V = líq vl + vap vv = (1 − x)vl + xvv m m m (2.1) em que foi utilizada a definição de título, ou seja, x = mvap/m. Utilizando a definição vlv = vv – vl pode-se reescrever a Equação 2.1 da seguinte forma: v = vl + xvlv (2.2) O título pode ser interpretado como a fração (v – vl)/vlv da distância entre os estados de líquido e vapor saturado, como indicado na Figura 2.12. Para ilustrar o uso do título, encontraremos o volume específico global de uma mistura saturada de água a 200 °C e título de 70%. Da Tabela B.1.1 encontramos o volume específico do líquido e vapor saturado a 200 °C e, então, usar a Equação 2.1. 3 v = (1 – x)vl + x vv = 0,3 × 0,001156 m /kg + + 0,7 × 0,12736 m3/kg = EXEMPLO 2.2 Um recipiente fechado contém uma mistura saturada com 0,1 m3 de líquido e 0,9 m3 de vapor de R-134a a 30 °C. Determine a fração mássica de vapor. Solução: Os valores das propriedades do R-134a na região de saturação podem ser encontrados na Tabela B.5.1. A relação entre massa e volume nos fornece Vlíq = mlíq vl , mlíq = Vvap = m vap vv , 0,1 = 118,6 kg 0,000 843 mvap = 0,9 = 33,7 kg 0,026 71 m = mlíq + m vap = 152,3 kg x= m vap 33,7 = = 0,221 m 152,3 Portanto, o recipiente contém 90% de vapor em volume, e apenas 22,1% de vapor em massa. = 0,0895 m3/kg Não há massa de água com este valor de volume específico. Ele representa uma média das duas massas, uma com o estado de x = 0 e outra com o estado de x = 1, ambos mostrados na Figura 2.12 como os pontos da fronteira da região de duas fases. T Ponto crítico Líq. sat. x=0 Vapor saturado v – vl x=1 vlv = vv – vl vf Figura 2.12 v Vapor saturado vg Diagrama T-v para a região bifásica líquido-vapor. termodinamica 02.indd 62 v 2.6 OS ESTADOS LÍQUIDO E SÓLIDO Quando um líquido tem a pressão maior que a pressão de saturação (ver Figura 2.3, estado b) para uma dada temperatura, o estado é um estado de líquido compressível. Se olharmos para o mesmo estado, mas comparando com o estado de líquido saturado na mesma pressão, noticiamos que a temperatura é menor que a temperatura de saturação; portanto, chamamos líquido subresfriado. Para esses estados líquidos, no restante deste texto, usamos o termo líquido comprimido. Similar ao estado sólido, a superfície líquida P-v-T para temperaturas menores é muito íngreme e plana, portanto, essa região também descreve uma substância incompressível com um volume específico que é apenas uma função fraca de T, que pode ser escrita assim: v ≈ v(T) = vl(2.3) 15/10/14 14:42 Propriedades de uma Substância Pura onde o volume específico do líquido saturado vl à T se encontra nas tabelas do Apêndice B como a primeira parte das tabelas para cada substância. Algumas outras entradas são encontradas, como a densidade (1/v) para alguns líquidos comuns nas Tabelas A.3 e F.2. Um estado com uma temperatura menor que a temperatura saturada para uma dada pressão na linha de fusão ou de sublimação fornece um estado sólido, que pode ser também chamado sólido subresfriado. Caso, para uma dada temperatura, a pressão for maior do que a pressão de sublimação saturada, temos um sólido comprimido, a menos que a pressão seja tão alta que exceda a pressão de saturação na linha de fusão. Esse limite superior é visto na Figura 2.4 para água, pois a linha de fusão tem uma inclinação negativa. Este não é o caso para a maioria das outras substâncias, como na Figura 2.5, em que a linha de fusão tem uma inclinação positiva. As propriedades de um sólido são, principalmente, função da temperatura. Como o sólido é praticamente incompressível, significa que a pressão não pode modificar as distâncias intermoleculares, e o volume não é afetado pela pressão. Isso fica evidente na superfície P-v-T para o sólido, o qual é praticamente vertical nas Figuras 2.7 e 2.8. v ≈ v(T ) = vi (2.4) com o volume específico saturado vi mostrado na Tabela B.1.5 para a água. Esse tipo de tabela não é mostrado para nenhuma outra substância, mas algumas entradas para a densidade (1/v) são encontradas nas Tabelas A.4 e F.3. A Tabela B.1.4 fornece as propriedades de líquido comprimido. Para demonstrar o uso dessa tabela, considere alguma massa de água líquida saturada a 100 °C. As propriedades estão mostradas na Tabela B.1.1, e notamos que a pressão é 0,1013 MPa e o volume específico é 0,001 044 m3/kg. Suponha que a pressão aumente para 10 MPa enquanto a temperatura permaneça constante a 100 °C pela necessidade de transferir o calor Q. Como a água é levemente compressível, esperamos um pequeno decréscimo no volume específico durante esse processo. A Tabela B.1.4 fornece esse volume específico de 0,001 039 m3/kg. Isto é apenas uma leve diminuição e, apenas um pequeno erro seria cometido se alguém admitisse que o volume termodinamica 02.indd 63 63 de um líquido comprimido é igual ao volume específico do líquido saturado na mesma temperatura. Em muitas situações é o procedimento mais conveniente, particularmente quando os dados de líquido comprimido não estão disponíveis. É, no entanto, muito importante notar que o volume específico do líquido saturado a uma determinada pressão, 10 MPa não fornece uma boa aproximação. Esse valor, da Tabela B.1.2 a uma temperatura de 311,1 °C é 0,001 452 m3/kg, que é um erro de cerca de 40%. 2.7 OS ESTADOS DE VAPOR SUPERAQUECIDO Um estado com uma pressão menor que a pressão saturada para uma determinada T (ver Figura 2.3, estado a) é um vapor expandido ou, se comparado com o estado saturado na mesma pressão, apresenta uma temperatura maior, que, portanto, se denomina vapor superaquecido. Geralmente usamos esta última designação para estes estados e para estados próximos à curva de vapor saturado. As tabelas no Apêndice B são usadas para encontrar as propriedades. As propriedades de vapor de água superaquecido estão dispostas na Tabela B.1.3 como subseção para uma dada pressão listada no cabeçalho. As propriedades estão mostradas como uma função da temperatura ao longo de curvas como K-L na Figura 2.6, iniciando com a temperatura de saturação para uma dada pressão, apresentada entre parênteses, após a pressão. Como um exemplo, considere um estado a 500 kPa e 200 °C, em que a temperatura de ebulição mostrada no cabeçalho é de 151,86 °C. Neste caso, o estado é superaquecido a 48 °C e o volume específico é 0,4249 m3/kg. Se a pressão for maior que a pressão crítica, como na curva P-Q na Figura 2.6, a temperatura de saturação não está listada. A baixa temperatura no final da curva P-Q está listada na Tabela B.1.4, e esses estados são de líquido comprimido. Alguns exemplos do uso das tabelas de vapor superaquecido, incluindo possíveis interpolações, são apresentados a seguir. 15/10/14 14:42 64 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 2.3 Solução: Determine a fase de cada um dos estados seguintes usando as tabelas do Apêndice B e indique as posições dos estados nos diagramas P-v, T-v, e P-T. a. Procure na Tabela B.2.1 a temperatura de 30 °C. A pressão de saturação correspondente é 1 167 kPa. Como nossa P é mais baixa, a amônia se encontra como vapor superaquecido. A mesma tabela indica que a temperatura de saturação para a pressão de 1 000 kPa é um pouco inferior a 25 °C, de modo que, nesse estado, o superaquecimento é de cerca de 5 °C. a. Amônia a 30 °C e 1000 kPa b. R-134a a 200 kPa, e 0,125 m3/kg P P T P.C. P.C. 1167 kPa 1000 P.C. 1167 1000 S L 30 °C 1167 1000 V v v T 30 30 25 25 °C FIGURA 2.13 Diagramas para o Exemplo 2.3a. b. Procure na Tabela B.2.1 (ou B.5.1) a pressão de 200 kPa e veja que v > vv = 0,1000 m³/kg Do diagrama P-v na Figura 2.14, conclui tratar-se de vapor superaquecido. Podemos encontrar o estado na Tabela B.5.2 entre 40 °C e 50 °C. P P T P.C. P.C. S L 1318 V 200 50 40 50 °C –10,2 °C P.C. 200 kPa –10,2 200 T v v FIGURA 2.14 Diagrama para o Exemplo 2.3b. termodinamica 02.indd 64 15/10/14 14:42 65 Propriedades de uma Substância Pura EXEMPLO 2.4 Um vaso rígido contém vapor saturado de amônia a 20 °C. Transfere-se calor para o sistema até que a temperatura atinja 40 °C. Qual é a pressão final? Solução: Como o volume não muda durante esse processo, o volume específico também permanece constante. QUESTÕES CONCEITUAIS d. Algumas ferramentas precisam ser limpas com água líquida a 150 °C. Que valor de P é necessário? e. Para a água a 200 kPa e título 50%, a fração Vv/Vtot é menor ou maior do que 50%? Com as tabelas de amônia, Tabela B.2.1, temos v1 = v2 = 0,149 22 m3/kg Como vv a 40 °C é menor que 0,149 22 m3/kg, é evidente que a amônia está na região de vapor superaquecido no estado final. Interpolando entre os valores das colunas referentes a 800 kPa e 1 000 kPa da Tabela B.2.2, obtemos P2 = 945 kPa na região do vapor superaquecido. Uma segunda observação é que as linhas se encaminham para a origem, o que significa não apenas uma relação linear, mas uma relação sem um deslocamento. Isso pode ser expresso matematicamente como T = Av para P = constante (2.5) P = BT para v = constante (2.6) f. Por que grande parte das propriedades nas regiões de líquido comprimido e sólido não estão incluídas nas tabelas? A observação final é que o multiplicador A aumenta com P e o multiplicador B diminui com v, seguindo as funções matemáticas simples: g. Por que não é comum encontrar tabelas como as da Apêndice B para o argônio, o hélio, o neônio ou o ar? A = AoP e B = Bo /v h. Qual é a mudança percentual do volume da água quando ela congela? Cite alguns efeitos possíveis dessa mudança de volume na natureza e em nossas casas. 2.8 OS ESTADOS DE GÁS IDEAL Longe da curva do vapor saturado, a uma determinada temperatura, a pressão é menor e o volume específico é maior, portanto, as forças entre as moléculas são menores, resultando em uma correlação simples entre as propriedades. Se traçarmos curvas de P, T ou v constantes nas projeções bidimensionais das superfícies tridimensionais, obteremos curvas como as mostradas na Figura 2.17. A curva de pressão constante no diagrama T-V e a curva do volume específico constante no diagrama P-T movem-se na direção das linhas retas termodinamica 02.indd 65 Ambas as relações são satisfeitas pela equação de estado do gás ideal Pv = RT(2.7) Onde a constante R é a constante do gás ideal e T é a temperatura absoluta em kelvin ou rankine, denominado escala de gás ideal. Discutiremos a temperatura absoluta mais adiante, no Capítulo 5, mostrando que ele iguala a escala termodinâmica de temperatura. Se compararmos gases diferentes podemos ter mais simplificações como as escalas R com a massa molecular: R= R M (2.8) Nesta relação, R é a constante universal dos gases com o valor R = 8,3145 kJ kmol K 15/10/14 14:42 66 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 2.5 Determine a pressão da água a 200 °C com v = 0,4 m3/kg. P 600 Solução: 500 A Tabela B.1.1 com 200 °C mostra que v > vv = 0,127 36 m3/kg. Portanto, temos vapor superaquecido. Proceda à Tabela B.1.3 em qualquer valor de pressão a 200 °C. Suponha que parta­mos de 200 kPa. Nesse estado, v = 1,080 34 m3/kg, que é muito alto, de modo que a pressão deve ser maior. Para 500 kPa, v = 0,424 92 m3/kg e para 600 kPa v = 0,352 02 m3/kg. Por isso está entre colchetes. Isso é mostrado na Figura 2.15. P 0,35 0,4 0,42 v FIGURA 2.16 Interpolação linear para o Exemplo 2.5. A verdadeira curva de T constante é levemente curvada e não linear, mas para efetuar a interpolação manual, admitimos a variação linear T P.C. P.C. 1554 200 1554 600 500 200 kPa 200 °C 600 500 200 0,42 1,08 v 0,35 0,13 0,13 0,35 0,42 1,08 v FIGURA 2.15 Diagramas para o Exemplo 2.5. P P T1 T2 T T3 v1 T P2 > P1 P1 T3 v2 > v1 0 P3 > P2 T2 T1 v 0 v Figura 2.17 Curvas P, T e v constantes. e, nas unidades inglesas R = 1545 termodinamica 02.indd 66 ft-lbf lbmol R O comportamento descrito pela lei de gás ideal na Equação 2.7 é muito diferente do comportamento descrito por leis semelhantes para estados líquidos ou sólidos, como nas Equações 2.3 e 2.4. 15/10/14 14:42 67 Propriedades de uma Substância Pura EXEMPLO 2.6 Qual é a massa de ar contida dentro de uma sala de 6 m × 10 m × 4 m quando a pressão e a temperatura forem iguais a 100 kPa e 25 °C? Admita que o ar se comporte como um gás ideal. Utilizando a Equação 2.9 e o valor de R da Tabela A.5, temos Solução: m= PV 100 kN/m 2 × 240 m 3 = = 280,5 kg RT 0,287 kN m/kg K × 298,2 K EXEMPLO 2.7 Um tanque com capacidade de 0,5 m3 contém 10 kg de um gás ideal que apresenta massa mo- lecular igual a 24. A temperatura é 25 °C. Qual é a pressão? Solução: Em princípio, determina-se a constante do gás R= R 8,3145 kN m/kmol K = 24 kg/kmol M = 0,346 44 kN m/kg K Agora resolvemos para P P= mRT 10 kg × 0,346 44 kN m/kg K × 298,2 K = V 0,5 m 3 = 2066 kPa Um gás ideal tem um volume específico que é muito sensível para ambos, P e T, variando linearmente com a temperatura e inversamente com a pressão, e, a sensibilidade para a pressão é característica de uma substância altamente compressível. Caso a temperatura seja dobrada a uma determinada pressão, o volume dobrará e, se a pressão for dobrada para uma dada temperatura, o volume será reduzido para a metade do valor. Multiplicando a Equação 2.7 pela massa, fornece a versão escalar da lei do gás ideal como PV = mRT = nRT(2.9) Se utilizarmos em base mássica ou base molar, onde n é o número de moles: N = m/M termodinamica 02.indd 67 (2.10) Com base na lei do gás ideal dado na Equação 2.9, percebe-se que um mol de substância ocupa o mesmo volume para um determinado estado (P, T), independentemente da sua massa molecular. Moléculas pequenas e leves como o H2 ocupam o mesmo volume de moléculas muito mais pesadas e maiores como o R-134a, para a mesma (P, T). Nas aplicações posteriores, analisaremos situações com uma vazão mássica (m· em kg/s ou lbm/s) entrando ou saindo do volume de controle. Quando temos um escoamento de gás ideal com um estado (P, T), podemos diferenciar a Equação 2.9 com o tempo para obter ! ! PV! = mRT = nRT (2.11) A utilização do modelo de gás ideal é muito conveniente nas análises termodinâmicas, em 15/10/14 14:42 68 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 2.8 A Figura 2.18 mostra um reservatório de gás, com selo de água, cuja massa é contrabalançada pelo sistema constituído de cabo e polias. A pressão interna é cuidadosamente medida e vale 105 kPa e a temperatura é igual a 21 °C. Em um intervalo de 185 s foi medido um aumento de volume de 0,75 m3. Nessas condições, determine a vazão volumétrica e a vazão mássica do escoamento que alimenta o reservatório, admitindo que se trate de dióxido de carbono gasoso. CO2 m m CO2 • FIGURA 2.18 Esboço para o Exemplo 2.8. Solução: A vazão volumétrica é dada por admitir que o CO2 possa ser modelado como um gás ideal na condição próxima à ambiente. Desse modo, PV = mRT ou v = RT/P. A Tabela A.5 indica que o valor da constante de gás ideal R para o CO2 é 0,1889 kJ/kg K. Utilizando esses dados, a vazão mássica de CO2 é dV DV 0,75 = = = 0,004 054 m 3 /s V! = dt Dt 185 · · e a vazão mássica por m· = rV = V/v. Nós vamos ! = m 500 PV! 105 × 0,004 054 kPa m 3 /s = = 0,007 66 kg/s RT 0,1889(273,15 + 21) kJ/kg 100% 0,1% 1% 400 Gás ideal 10 MPa 50% 0,2% T [ °C] 300 17,6% 270% 200 100 Erro < 1% 1 MPa 7,5% 100 kPa 1,5% 10 kPa 0 10–3 Figura 2.19 10–2 10–1 1% 100 Volume específico v [m3/kg] Diagrama temperatura-volume específico para a água. termodinamica 02.indd 68 0,3% 101 102 virtude de sua simplicidade. No entanto, duas questões são pertinentes para o momento. Sendo a equação de gás ideal um bom modelo para baixas massas específicas, a primeira pergunta é: O que é uma baixa massa específica? Ou, em outras palavras, em qual faixa de massa específica a equação dos gases ideais fornecerá resultados com uma boa precisão? A segunda questão é: Qual é o desvio entre os comportamentos do gás real e do gás ideal em uma dada temperatura e pressão? Um exemplo específico para responder a essas perguntas é dado na Figura 2.19, um diagrama T-v para a água, que mostra o erro associado ao modelo de gás 15/10/14 14:42 Propriedades de uma Substância Pura 2,0 1,8 1,4 1,2 300 K 1,0 0,8 Vapor sa turado 110 200 K K 0,6 0 0 K K 0,4 0,2 15 130 Compressibilidade, Pv/RT 1,6 Ponto crítico Líquido saturado 1.0 2 4 10 Pressão, MPa Figura 2.20 Compressibilidade do nitrogênio. ideal para condições de vapor saturado e vapor superaquecido. Como era de se esperar, o erro é pequeno quando a massa específica da água é pequena (pressões baixas e temperaturas altas), mas o erro se torna muito alto com o aumento da massa específica. A mesma tendência geral se verifica nas Figuras 2.7 ou 2.8. Os resultados do modelo de gás ideal se aproximam do real quando os estados considerados são distantes da região de saturação (T altas ou P baixas). 2.9 O FATOR DE COMPRESSIBILIDADE Uma análise quantitativa mais abrangente da adequabilidade do modelo de gás ideal pode ser realizada com a ajuda do fator de compressibilidade, Z, definido pela relação Z= Pv RT ou Pv = ZRT (2.12) Observe que, para um gás ideal, Z = 1 em que o afastamento de Z em relação à unidade é uma medida do desvio de comportamento do gás real em relação ao previsto pela equação de estado dos gases ideais. termodinamica 02.indd 69 20 40 69 A Figura 2.20 mostra um diagrama de compressibilidade para o nitrogênio. Desse diagrama, podemos efetuar algumas observações. A primeira é que para todas as temperaturas Z → 1 quando P → 0, ou seja, quando a pressão tende a zero a relação entre P, v e T se aproxima muito daquela dada pela equação de estado dos gases ideais. Segundo, para temperaturas de 300 K e superiores (isto é, temperatura ambiente e superiores), o fator de compressibilidade é próximo da unidade até pressões da ordem de 10 MPa. Isso significa que a equação de estado dos gases ideais pode ser usada para o nitrogênio (e, assim sendo, também para o ar), nessa faixa, com boa precisão. Terceiro, para temperaturas mais baixas ou a pressões muito altas, o fator de compressibilidade se afasta significativamente do valor para gás ideal. Forças de atração para massas específicas moderadas tendem a agrupar as moléculas, resultando em valores de Z < 1, enquanto que forças de repulsão para massas específicas muito elevadas tendem a exercer o efeito contrário. Examinando os diagramas de compressibilidade para outras substâncias puras, notamos que são todos semelhantes com relação às características descritas anteriormente para o nitrogênio, ao menos do ponto de vista qualitativo. Quantitativamente, os diagramas são todos diferentes, pois as temperaturas e pressões críticas das substâncias variam em uma faixa muito extensa, como mostram os valores da Tabela A.2. Existe uma maneira de colocar todas as substâncias em um mesmo diagrama? Para fazer isso, “reduzimos” as propriedades com respeito aos valores no ponto crítico. As propriedades reduzidas são assim definidas: Pressão = P = P , P = pressão r c crítica reduzida Pc Temperatura = T = T , T = temperatura r c crítica reduzida Tc (2.13) 15/10/14 14:42 70 Fundamentos da Termodinâmica Essas equações mostram que a proprieda­ de reduzida em um estado é o valor da propriedade nesse estado dividida pelo valor dessa mesma propriedade no ponto crítico. Se construirmos linhas de Tr constante em um diagrama de Z em função de Pr obtemos um gráfico como o mostrado na Figura D.1. Um fato interessante é que, se prepararmos diagramas de Z em função de Pr para várias substâncias, perceberemos que todos serão muito parecidos e quase coincidentes se as duas substâncias forem compostas por moléculas simples, essencialmente esféricas. A correlação para substâncias com moléculas mais complexas são razoavelmente próximas, exceto na região próxima à saturação ou quando a massa específica é alta. Assim, podemos considerar que a Figura D.1 é um diagrama generalizado para substâncias compostas por moléculas simples, porque ele representa o comportamento médio de diversas substâncias simples. Os resultados fornecidos pelo diagrama generalizado geralmente incorrem em certo erro. Por outro lado, se o comportamento P-v-T de uma substância não estiver disponível, o diagrama de compressibilidade generalizado poderá fornecer resultados que apresentam uma precisão razoável. Precisamos apenas conhecer a pressão e a temperatura críticas para utilizar esse diagrama generalizado. Em nossos estudos de termodinâmica usaremos a Figura D.1 primariamente para nos ajudar a decidir se, em uma determinada circunstância, será razoável admitir comportamento de gás ideal como modelo. Por exemplo, observamos no diagrama que o modelo de gás ideal pode ser adotado com boa precisão, para qualquer temperatura, se a pressão for muito baixa (ou seja, << Pc). Além disso, para temperaturas elevadas (isto é, maiores que cerca de duas vezes a temperatura crítica), o modelo de gás ideal pode ser adotado, com boa precisão, até pressões iguais a quatro ou cinco vezes a pressão crítica. Quando a temperatura for menor que cerca de duas vezes a temperatura crítica e a pressão não for extremamente baixa, estaremos em uma região normalmente chamada vapor superaquecido, na qual o desvio relativo ao comportamento do gás ideal pode ser apreciá­ vel. Nessa região é preferível usar as tabelas ou diagramas de propriedades termodinâmicas para a substância que está sendo analisada, conforme já discutido na Seção 2.4. EXEMPLO 2.9 É razoável admitir o comportamento de gás ideal em cada um dos seguintes estados? a. Nitrogênio a 20 °C, 1,0 MPa; b. Dióxido de carbono a 20 °C, 1,0 MPa e c. Amônia a 20 °C, 1,0 MPa. Solução: Para cada caso, é necessário, em princípio, verificar a fase e as propriedades críticas. a. A temperatura e a pressão crítica do nitrogênio são iguais a 126,2 K e 3,39 MPa (Tabela A.2). A temperatura fornecida no problema, 293,2 K, é superior ao dobro da temperatura crítica e a pressão reduzida é inferior a 0,3. Nessa condição, o modelo de gás ideal é adequado. termodinamica 02.indd 70 b. A temperatura e a pressão crítica do dióxido de carbono são iguais a 304,1 K e 7,38 MPa. A temperatura reduzida e a pressão reduzida do estado fornecido no problema são, respectivamente, iguais a 0,96 e 0,136. O diagrama de compressibilidade generalizado, Figura D.1, indica que o CO2 é um gás (embora T < Tc) e que Z é aproximadamente igual a 0,95. Nessa condição, o erro introduzido com a adoção do modelo de gás ideal é próximo a 5%. c. As tabelas de propriedades da amônia, Tabela B.2, fornecem as informações mais precisas. A Tabela B.2.1 indica que Psat = 858 kPa a 20 °C. A pressão fornecida no problema, 1,0 MPa, é superior à pressão de saturação para a mesma temperatura. Deste modo, a amônia se encontra na fase líquida e não gasosa. 15/10/14 14:42 71 Propriedades de uma Substância Pura EXEMPLO 2.10 Determine o volume específico do R-134a, a 100 °C e 3 MPa: a. Por meio das tabelas para o R-134a, Tabela B.5; b. Considerando gás ideal; R= v= kJ R 8,3145 = = 0,081 49 kg K M 102,03 RT 0,081 49 × 373,2 = = 0,010 14 m 3 /kg P 3000 que é cerca de 50% maior. c. Pelo diagrama generalizado, Figura D.1. c. A utilização do diagrama generalizado, Figura D.1, resulta em Solução: a. Da Tabela B.5.2 a 100 °C e 3 MPa v = 0,006 65 m3/kg (valor mais preciso) b. Considerando o modelo de gás ideal, Tr = 373,2 = 1,0, 374,2 v= Z× 3 = 0,74, 4,06 Pr = Z = 0,67 RT = 0,67 × 0,010 14 = 0,006 79 m 3 /kg P que é apenas 2% maior. EXEMPLO 2.11 Um recipiente de aço com volume interno igual a 0,1 m3 contém propano a 15 °C e título 10%. Estime a massa total de propano armazenado e a pressão, utilizando o diagrama de compressibilidade generalizado. Z Vapor saturado Tr = 2,0 Tr = 0,78 Tr = 0,7 Líquido saturado Solução: Precisamos conhecer a temperatura e a pressão reduzidas para que seja possível utilizar a Figura D.1. A Tabela A.2 indica que, para o propano, Pc = 4 250 kPa e Tc = 369,8 K. A temperatura reduzida pode ser calculada com a Equação 2.13 0,2 1 Pr sat = 0,2, Zl = 0,035, Zv = 0,83 ln Pr FIGURA 2.21 Diagrama para o Exemplo 2.11. Para o estado bifásico, a pressão é igual à pressão de saturação: P = Pr sat × Pc = 0,2 × 4 250 kPa = 850 kPa O fator de compressibilidade global pode ser calculado como na Equação 2.1 para v, T 273,15 + 15 Tr = = = 0,7792 = 0,78 Tc 369,8 Z = (1 – x)Zl + xZv = 0,9 × 0,035 + 0,1 × 0,83 = 0,1145 A Figura 2.21 mostra um esboço do diagrama da Figura D.1, indicando os estados saturados. A constante dos gases, da Tabela A.5 é R = 0,1886 kJ/kg.K, portanto, a lei dos gases é a Equação 2.12: PV = mZRT m= termodinamica 02.indd 71 PV 850 × 0,1 kPa m 3 = = 13,66 kg ZRT 0,1145 × 0,1886 × 288,15 kJ/kg 15/10/14 14:42 72 Fundamentos da Termodinâmica QUESTÕES CONCEITUAIS i. O quão preciso é considerar que o metano seja um gás ideal nas condições ambiente? j. Eu quero determinar o estado de uma substância, e sei que P = 200 kPa. Vai adiantar de alguma coisa escrever PV = mRT para encontrar a segunda propriedade? k. Uma garrafa a 298 K deveria conter propano líquido; para isso, qual deve ser a pressão? (Use a Figura D.1.) 2.10 EQUAÇÕES DE ESTADO Em vez do modelo de gás ideal ou mesmo do diagrama de compressibilidade generalizado, que é aproximado, é desejável que se tenha uma equação de estado que represente, com precisão, o comportamento P-v-T de um dado gás em toda a região de vapor superaquecido. Tal equação é necessariamente mais complexa e, portanto, de utilização mais difícil. Muitas dessas equações têm sido propostas e utilizadas para correlacionar o comportamento observado dos gases. Como exemplo, considere a classe de equações relativamente simples conhecida como equações de estado cúbicas em termos dos quatro parâmetros a, b, c e d. P= RT a − 2 v − b v + cbv + db2 (2.14) (Observe que se todos os quatro forem zero, a equação é reduzida para o modelo de gás ideal.) Vários outros modelos diferentes nessa classe são dados no Apêndice D. Em alguns desses modelos, os parâmetros são funções da temperatura. Uma equação de estado mais complexa, a equação de Lee-Kesler, é de interesse especial, pois essa equação, expressa em termos de propriedades reduzidas, é a que se usa para construir o diagrama de compressibilidade generalizado, Figura D.1. Essa equação e suas 12 constantes empíricas são também apresentadas no Apêndice D. Quando usamos um computador para determinar e tabular a pressão, o volume específico e a temperatura, assim como outras propriedades termodinâmicas, como se vê nas tabelas apresentadas no termodinamica 02.indd 72 Apêndice B, são empregadas equações modernas muito mais complicadas, geralmente contendo 40 ou mais constantes empíricas. Esse assunto é discutido em detalhes no Capítulo 12. 2.11 TABELAS COMPUTADORIZADAS Um programa de computador que acompanha este livro, disponível no site da editora, avalia a maior parte das propriedades termodinâmicas contidas no Apêndice. O programa principal opera no ambiente Windows (computador do tipo PC), apresenta interface visual e é, geralmente, autoexplicativo. O programa principal cobre o conjunto completo de tabelas para água, refrigerantes e fluidos criogênicos (Tabelas B.1 a B.7). A região de líquido comprimido só é coberta para a água. Para essas substâncias o programa apresenta um pequeno diagrama P-v que indica as regiões do líquido comprimido, de saturação líquido-vapor, do fluido denso e do vapor superaquecido. Quando um estado é escolhido e as propriedades são calculadas, um indicador mostra a posição do estado escolhido no diagrama, de modo que isto pode ser visto por meio de uma impressão visual do local do estado. A Tabela A.7 mostra os valores correspondentes para o ar e a Tabela A.8 ou A.9 para outros gases ideais. Você pode escolher a substância e o sistema de unidades para todas as seções das tabelas, o que fornece uma gama de opções mais ampla do que as tabelas impressas. Podem-se utilizar unidades do sistema métrico (SI) ou unidades padrão inglesas, assim como se pode escolher a base mássica (kg ou lbm) ou a base molar, satisfazendo as necessidades da maioria das aplicações comuns. O diagrama generalizado, Figura D.1, também foi incluído para que seja possível obter o valor de Z de modo mais preciso do que no gráfico. Isso é particularmente útil no caso de misturas bifásicas, quando são necessários os valores relativos às fases de líquido saturado e de vapor saturado. Além do fator de compressibilidade, essa parte do programa também fornece alguns termos de correção para as variações de outras propriedades termodinâmicas. A única aplicação incluída no programa envolvendo misturas é o cálculo de propriedades termodinâmicas do ar úmido. 15/10/14 14:42 Propriedades de uma Substância Pura 73 EXEMPLO 2.12 Determine os estados pedidos nos Exemplos 2.1 e 2.3 com o programa (CATT) e relacione as propriedades que não forem fornecidas dentre P-v-T e x, se aplicável. da calculadora e, então, escolha Caso 5 (P, v). Digite (P, v) = (0,2; 0,125). ⇒ Vapor superaquecido T = 44,0 °C Solução: Estados da água do Exemplo 2.1 podem ser determinados assim: Clique na aba Water, clique no botão da calculadora e selecione o Caso 1 (entradas T e P). Digite (T, P = 120; 0,5). O resultado será o indicado na Figura 2.22: Líquido comprimido v = 0,0106 m3/kg (como na Tabela B.1.4) Clique novamente no botão da calculadora, escolha o Caso 2 (T e v). Digite (T, v) = (120; 0,5): ⇒ Duas fases x = 0,5601, P = 198,5 kPa Estado da Amônia do Exemplo 2.3: Clique na aba Cryogenics; verifique se é amônia. Caso contrário, selecione Ammonia, clique no botão da calculadora, e, então, selecione Caso 1 (T, P). Digite (T, P) = (30,1): Vapor superaquecido v = 0,1321 m3/kg (como na Tabela B,2,2) Estado do R-134a do Exemplo 2.3: Clique na aba Refrigerants, verifique se é o R-134a. Caso contrário, selecione-o (Alt-R), clique no botão QUESTÕES CONCEITUAIS l. Uma garrafa a 298 K deveria conter propano líquido; para isso, qual deve ser a pressão? (Use o software CATT) 2.12 APLICAÇÕES NA ENGENHARIA Informações sobre as fronteiras entre as fases são importantes para o armazenamento de substâncias em estado bifásico, como em um cilindro de gás. A pressão no recipiente é a pressão de saturação na temperatura predominante, de modo que termodinamica 02.indd 73 FIGURA 2.22 Resultado do CATT para o Exemplo 2.12. uma estimativa da máxima temperatura a que o sistema estará sujeito fornecerá a pressão de projeto para o recipiente (Figuras 2.23 e 2.24). Em um refrigerador, um compressor “empurra” o refrigerante através do sistema, e isso determina a máxima pressão do fluido. Quanto mais se comprime, maior a pressão. Quando o refrigerante condensa, a temperatura é determinada pela temperatura de saturação correspondente àquela pressão, de modo que o sistema deve ser projetado para manter a temperatura e a pressão dentro dos limites desejáveis (Figura 2.25). O efeito de expansão e contração dos materiais com a temperatura é importante em muitas 15/10/14 14:42 74 Fundamentos da Termodinâmica (a) Tanque de aço inoxidável Figura 2.24 Navio-tanque para transporte de gás natural liquefeito (GNL), que consiste principalmente em metano. NATALIA KOLESNIKOVA/AFP//Getty Images, Inc. (b) Topo de uma lata de aerosol Figura 2.23 Tanques de estocagem. (a) Compressor (b) Condensador Figura 2.25 (a) Trilhos de ferrovias Figura 2.26 Juntas de expansão térmica. termodinamica 02.indd 74 © Elementallmaging/iStockphoto © Victor Maffe/iStockphoto © David R. Frazier Photolibrary, Inc. /Alamy Componentes de um refrigerador doméstico. (b) Juntas de expansão de pontes Figura 2.27 Balão de ar quente. 15/10/14 14:42 Propriedades de uma Substância Pura 75 situações. Duas delas são mostradas na Figura 2.26; os trilhos de uma ferrovia têm pequenos vãos para permitir a expansão, que produz o som característico das rodas do trem ao passarem por esses vãos. Uma ponte pode ter uma junta de expansão que provê uma superfície de sustentação contínua para os pneus dos automóveis para que eles não pulem, como acontece com os trens. Após estudar o material deste capítulo, você deve ser capaz de: Quando o ar se expande a pressão constante, ele ocupa um volume maior, portanto, a massa específica é menor. É assim que um balão de ar quente consegue erguer uma gôndola e pes­soas com uma massa total igual à diferença entre a massa de ar quente no balão e a massa de ar mais frio ao redor; a esse efeito dá-se o nome empuxo (Figura 2.27). RESUMO Foram discutidas as propriedades das substâncias puras e as fronteiras entre as fases sólida, líquida e vapor. Os equilíbrios entre as fases na vaporização (ebulição de um líquido para vapor), na condensação (de vapor para líquido), na sublimação (de vapor para sólido), na solidificação (de vapor para sólido), na fusão (de sólido para líquido), na solidificação (de líquido para sólido), devem ser identificados. A superfície tridimensional P-v-T e suas representações planas, os diagramas (P-T), (T-v) e (P-v ), e as linhas de vaporização, sublimação e fusão estão relacionadas com as tabelas impressas no Apêndice B. Foram apresentados tanto os dados das tabelas impressas como os obtidos pelo computador para várias substâncias, incluindo misturas líquido-vapor para as quais usamos a fração mássica de vapor (título). O modelo de gás ideal é adequado para descrever o comportamento dos gases quando a massa específica é baixa. Uma extensão do modelo de gás ideal é apresentada com a inclusão do fator de compressibilidade, Z, e outras equações de estado mais complexas são mencionadas. • Conhecer as diferentes fases e a nomenclatura utilizada para descrever as fases e as situações de mudança de fase. • Identificar a fase a partir de um estado definido (T, P). • Posicionar um estado em relação ao ponto crítico e saber utilizar a Tabela A.2 (F.1) e 2.2. • Reconhecer diagramas de fases e as regiões de mudança de fase. • Localizar um estado nas tabelas do Apêndice B a partir de um conjunto qualquer de dados: (T, P), (T, v) ou (P, v). • Reconhecer como as tabelas representam as regiões dos diagramas (T, P), (T, v) ou (P, v). • Determinar as propriedades dos estados bifásicos e utilizar o título x. • Localizar os estados utilizando qualquer combinação de propriedades (T, P, v, x) e fazendo uso de interpolação linear, se necessário. • Saber quando o estado é solido ou líquido e sa­ber utilizar as Tabelas A.3 e A.4 (F.2 e F.3). • Saber quando um vapor se comporta como gás ideal (e como determinar se o modelo de gás ideal é adequado). • Conhecer o modelo de gás ideal e a Tabela A.5 (F.4). • Conhecer o fator de compressibilidade Z e o diagrama de compressibilidade generalizado, Figura D.1. • Saber que existem equações de estado mais gerais. • Saber utilizar o programa de computador para obter propriedades. CONCEITOS E EQUAÇÕES PRINCIPAIS Fases: Sólida, líquida e vapor (gás) Equilíbrio entre fases Tsat, Psat, vl, vv, vi termodinamica 02.indd 75 15/10/14 14:42 76 Fundamentos da Termodinâmica Fronteiras de mudanças de fase: Linhas de vaporização, sublimação e fusão: geral (Figura 2.3), água (Figura 2.4) e CO2 (Figura 2.5); Ponto triplo: Tabela 2.1 Ponto crítico: Tabela 2.2, e Tabela A.2 (F.1) Estado de equilíbrio: Duas propriedades independentes (#1, #2) Título: x = mvap/m (fração mássica de vapor) 1 – x = mlíq/m (fração mássica de líquido) Volume específico médio: v = (1 – x ) vl + xvv (apenas para misturas entre duas fases) Superfície de equilíbrio: Constante dos gases: P–v–T (tabelas ou equação de estado) – Pv = RT PV = mRT = nR T – R = 8,3145 kJ/kmol K – R = R /M kJ/kg K, Tabela A.5 ou M da Tabela A.2 Fator de compressibilidade Z: Pv = ZRT (Z obtido no Diagrama D.1) Propriedades reduzidas: Pr = Equações de estado: Cúbica, explícita na pressão, Apêndice D, Tabela D.1; Lee Kesler: Apêndice D, Tabela D.2 e Figura D.1 Equação dos gases ideais: Constante universal dos gases: P Pc Tr = T (entradas para o diagrama de compressibilidade) Tc PROBLEMAS CONCEITUAIS 2.1 As pressões nas tabelas são absolutas ou relativas? 2.2 Qual é a pressão mínima do dióxido de carbono líquido? 2.9 Se temos 1 L de R-410a a 1 MPa e 20 °C, qual será a massa? 2.3 Um filme de água líquida é formado sob as lâminas dos patins quando você patina no gelo. Por quê? 2.10 2.4 Em altitudes elevadas, como nas montanhas, a pressão do ar é mais baixa; como isso afeta o cozimento dos alimentos? Localize a posição relativa da amônia nos diagramas T-v e P-v, quando a temperatura e a pressão são iguais a −10 °C e 200 kPa. Indique nesses diagramas os estados mais próximos relacionados na Tabela B.2. 2.11 Por que grande parte das regiões de líquido comprimido e sólido não está relacionada nas tabelas? 2.12 Como um processo v constante sofrido por um gás ideal aparece no diagrama P-T? 2.13 Se v = RT/P para um gás ideal, qual é a equação semelhante para os líquidos? 2.14 Para encontrar v para um dado (P, T) na Equação 2.14, qual é a dificuldade matemática? 2.15 Quando a pressão do gás aumenta, Z se torna maior que 1. O que isso indica? 2.5 A água à temperatura e pressão ambientes possui v ≈ 1 × 10n m3/kg; quanto vale n? 2.6 O vapor pode existir abaixo da temperatura de ponto triplo? 2.7 No Exemplo 2.1b, existe alguma massa de substância com o volume específico indicado? Explique. 2.8 Faça o esquema de duas linhas de pressão constante (500 kPa e 30 000 kPa) em um diagrama T-v e mostre nessas curvas em termodinamica 02.indd 76 que tabelas as propriedades da água são encontradas. 15/10/14 14:42 77 Propriedades de uma Substância Pura PROBLEMAS PARA ESTUDO Diagramas de Fases, Pontos Triplos e Críticos Tabelas Gerais 2.16 O dióxido de carbono a 280 K pode existir em três fases diferentes: vapor, líquido e sólido. Indique a faixa de pressão para cada fase. 2.25 Uma técnica moderna de extração é baseada na dissolução do material em um fluido supercrítico, como o dióxido de carbono. Quais são os valores da pressão e da massa específica do dióxido de carbono quando os valores da temperatura e da pressão são próximos dos valores críticos? Refaça o problema para o álcool etílico. 2.26 2.17 2.18 Determine a pressão e a correspondente temperatura de fusão no fundo da calota polar do polo norte, considerando que ela apresenta 1 000 m de espessura e massa específica igual 920 kg/m3. 2.19 Determine a menor temperatura em que ainda é possível encontrar a água na fase líquida. Qual é o valor da pressão nesse estado? 2.20 2.21 2.22 2.23 2.24 Determine a fase da água para os seguintes casos: a. T = 260 °C, P = 5,0 MPa b. T = –2 °C, P = 100 kPa Determine a fase para as seguintes substâncias utilizando as tabelas do Apêndice B: a. Água: 100 °C, 500 kPa b. Amônia: –10 °C, 150 kPa c. R-410a: 0 °C, 350 kPa 2.27 Determine as propriedades que faltam em P-v-T e x para água a: a. 10 MPa; 0,003 m3/kg b. 1 MPa; 190 °C c. 200 °C; 0,1 m3/kg d. 10 kPa; 10 °C 2.28 Determine a fração volumétrica do vapor de água a 200 kPa e título de 10%. 2.29 Verificar se o refrigerante R-410a, em cada um dos estados seguintes, é um líquido comprimido, um vapor superaquecido ou uma mistura de líquido e vapor saturados: A água a 27 °C pode existir em diferentes fases, dependendo da pressão. Indique as faixas aproximadas de pressão (em kPa) em que a água se encontra nas fases vapor, líquida e sólida. a. 50 °C, 0,05 m3/kg b. 1 MPa, 20 °C c. 0,1 MPa, 0,1 m3/kg d. −20 °C, 200 kPa Gelo seco é o nome dado ao dióxido de carbono na fase sólida. À pressão atmosférica (100 kPa), qual deve ser sua temperatura? O que acontece se ele for aquecido a 100 kPa? 2.30 Represente os estados do Problema 2.29 em um esboço de diagrama P-v. 2.31 Quais são as mínimas temperaturas (em K) em que um metal pode existir no estado líquido se o metal for (a) mercúrio ou (b) zinco? Qual é a mudança no volume específico da água a 20 °C quando ela passa do estado i para o estado j na Figura 2.14, alcançando 15 000 kPa? 2.32 Complete a tabela seguinte para a amônia: Uma substância está em um tanque rígido a 2 MPa e 17 °C. É possível determinar a fase da substância apenas a partir de suas propriedades críticas, considerando que essa substância seja oxigênio, água ou propano? Determine a fase para os seguintes casos: a. CO2 a T = 40 °C e P = 0,5 MPa b. Ar atmosférico a T = 20 °C e P = 200 kPa c. NH3 a T = 170 °C e P = 600 kPa termodinamica 02.indd 77 T [°C] v [m3/kg] a. 25 0,1185 b. –30 P [kPa] x 0,5 2.33 Posicione os dois estados a e b relacionados no Problema 2.32 em esboços dos diagramas P-v e T-v. 2.34 Encontre a propriedade que falta entre P, T, v e x para o R-410a a: 15/10/14 14:42 78 Fundamentos da Termodinâmica a. T = –20 °C, P = 450 kPa b. P = 300 kPa, v = 0,092 m³/kg 2.35 Complete a tabela seguinte para a água: P [kPa] T [°C] a. 500 20 b. 500 c. 1 400 d. v [m3/kg] x 2.45 Um conjunto cilindro-pistão contém, inicialmente, vapor d’água saturado a 200 kPa. Nesse estado, a distância entre o pistão e o fundo do cilindro é 0,1 m. Determine qual será essa distância e a temperatura se a água for resfriada até que o volume ocupado passe a ser a metade do volume original. 2.46 Água líquida saturada a 60 °C é colocada sob pressão para ter seu volume diminuído em 1%, enquanto a temperatura permanece constante. Até que pressão a água deve ser comprimida? 2.47 Água a 400 kPa e título 25% tem sua temperatura aumentada em 20 °C em um processo a pressão constante. Determine o volume e o título finais. 2.48 No seu refrigerador, a substância refrigerante muda de fase (evapora) a −20 °C no interior de um tubo que envolve a câmara fria. Na parte externa (atrás ou abaixo do refrigerador) existe uma grade preta, dentro da qual a substância condensa, passando da fase vapor para líquida, a +45 °C. Determine a pressão e a variação do volume específico (v) detectadas no evaporador e no condensador dessa geladeira, admitindo que o fluido refrigerante seja amônia. 2.49 Refaça o problema anterior considerando que o fluido refrigerante seja: 0,20 200 300 0,8 2.36 Posicione os quatro estados, de a até d, relacionados no Problema 2.35 em esboços dos diagramas P-v e T-v. 2.37 Determine o volume específico do R-410a nos seguintes casos: a. –15 °C, 400 kPa b. 20 °C, 1 500 kPa c. 20 °C, título 25% 2.38 aquecido. Se uma válvula de segurança for instalada, qual deverá ser a regulagem de pressão para que a temperatura máxima seja igual a 200 °C? Encontre a propriedade que falta entre P, T, v, e x para o CH4 a: a. T = 155 K, v = 0,04 m³/kg b. T = 350 K, v = 0,25 m³/kg 2.39 Determine os volumes específicos do dióxido de carbono a –20 °C e 2 000 kPa e a 1 400 kPa. 2.40 Calcule o volume específico para os seguintes casos: a. Dióxido de carbono: 10 °C, título 80% b. Água: 4 MPa, título 90% c. Nitrogênio: 120 K, título 60% 2.41 Encontre a propriedade que falta entre P, T, v, e x para: a) R-140a a 25 °C, v = 0,01 m³/kg b) R-410a a 400 kPa, v = 0,075 m³/kg c) Amônia a 10 °C, v = 0,1 m³/kg 2.42 2.43 2.44 Você quer que a água ferva a 105 °C, em um recipiente de 15 cm de diâmetro. Qual deve ser a massa da tampa desse recipiente, considerando Patm = 101 kPa? Água a 400 kPa e título 25% tem sua pressão aumentada em 50 kPa, em um processo a volume constante. Determine a temperatura e o título finais. Um vaso de pressão rígido e selado de 1 m3 contém 2 kg de água a 100 °C. O vaso é termodinamica 02.indd 78 a. R-134a b. R-410a. 2.50 Refaça o Problema 2.48 para o CO2, considerando o condensador a +20 °C e o evaporador a −30 °C. 2.51 Um recipiente de vidro, rígido e fechado, contém água a 500 kPa e título igual a 25%. Qual será a fração mássica de sólido encontrada no recipiente se for resfriado até −10 °C? 2.52 Considere os dois tanques, A e B, ambos contendo água, conectados conforme a Figura P2.52. O tanque A está a 200 kPa, v = 0,5 m3/kg e VA = 1 m3, e o tanque B 15/10/14 14:42 Propriedades de uma Substância Pura contém 3,5 kg a 0,5 MPa e 400 °C. A válvula é aberta e atinge-se a condição de equilíbrio. Determine o volume específico final. A 2.53 Vapor saturado de R-410a a 60 °C sofre um processo isotérmico até que seu volume específico atinja o dobro do valor inicial. Determine, no estado final, a pressão e o título, no caso de o estado ser saturado. Refaça o problema considerando que o volume específico final do processo seja igual à metade do inicial. 2.54 Um tanque de aço, com volume interno de 0,015 m3, contém 6 kg de propano (líquido + vapor) a 20 °C. O tanque é, então, aquecido lentamente. Determine se o nível do líquido (altura da interface líquido-vapor) subirá até o topo do tanque ou descer até o fundo. O que aconteceria com o nível do líquido se a massa contida no tanque fosse 1 kg em vez de 6 kg? 2.55 Vapor d’água saturado a 60 °C tem sua pressão reduzida para aumentar o volume em 10% enquanto a temperatura é mantida constante. Até que pressão o vapor deve ser expandido? 2.56 Uma massa de 2 kg de amônia a 20 °C e título de 50% é mantida em um tanque rígido que possui uma válvula para descarga no seu fundo. Qual é a massa de vapor que pode ser removida por essa válvula até o momento que todo o líquido desapareça, admitindo que a temperatura permaneça constante? 2.57 Um reservatório rígido e estanque, com capacidade de 2 m3, contém uma mistura de líquido e vapor de R-134a saturados a 10 °C. Se o refrigerante for aquecido, a fase líquida desaparecerá quando a temperatura atingir 50 °C. Determine a pressão a 50 °C e a massa inicial de líquido. termodinamica 02.indd 79 2.58 Um tanque armazena metano saturado a 120 K e com título igual a 25%. A temperatura do metano contido no tanque aumenta a uma taxa de 5 °C por hora em razão de uma falha no sistema de refrigeração do tanque. Calcule o tempo decorrido entre a falha do sistema de refrigeração e o momento em que o tanque contém metano monofásico. Qual é a pressão no tanque nesse instante? 2.59 Um conjunto cilindro-pistão contém 10 kg de amônia a 10 °C e volume inicial de 1 m3. Nesse estado, o pistão está apoiado sobre esbarros. A pressão interna necessária para erguer o pistão dos esbarros de modo que ele flutue é 900 kPa. A amônia é aquecida vagarosamente até que a temperatura atinja 50 °C. Determine a pressão e a temperatura finais. 2.60 Um tanque, com volume de 400 m3, está sendo construído para armazenar gás natural liquefeito (GNL). Admita, neste problema, que o GNL seja constituído por metano puro. Se o tanque deve conter 90% de líquido e 10% de vapor, em volume, a 100 kPa, qual será a massa, em kg, de GNL contida no tanque? Qual será o título nesse estado? 2.61 Uma bomba utilizada na alimentação de uma caldeira fornece 0,05 m3/s de água a 240 °C e 20 MPa. Qual é a vazão mássica (kg/s)? Qual seria o erro percentual se no cálculo fossem utilizadas as propriedades da água no estado de líquido saturado a 240 °C? E se fossem utilizadas as propriedades da água no estado de líquido saturado a 20 MPa? 2.62 A Figura P2.62 mostra um conjunto cilindro-pistão sobre o qual se exerce a força decorrente da pressão atmosférica e a força proveniente de uma mola linear. Inicialmente, o conjunto contém 0,1 m³ de água a 5 MPa e 400 °C. Se o pistão está encostado no fundo do cilindro, a mola exerce uma força tal que é necessária uma pressão de 200 kPa para movimentar o pistão. O sistema é, então, resfriado até que a pressão atinja 1 200 kPa. Calcule a massa d’água contida no conjunto e também a tempera- B FIGURA P2.52 79 15/10/14 14:42 80 Fundamentos da Termodinâmica tura e o volume específico no estado final (T2, v2). Mostre o processo em um diagrama P-v. contida no tanque se o gás é a) ar; b) neônio; ou c) propano? 2.67 Calcule as constantes de gás ideal do argônio e do hidrogênio utilizando os dados da Tabela A.2. Verifique seus resultados com os valores da Tabela A.5. 2.68 Um cilindro pneumático (um pistão–cilindro com ar) deve fechar uma porta aplicando uma força de 500 N. A área da seção transversal do cilindro vale 5 cm2 e V = 50 cm3 e T = 20 °C. Quais são os valores da massa e da pressão do ar considerando que o volume é igual a 50 cm3 e a temperatura igual a 20 °C? 2.69 O modelo de gás ideal é adequado para representar o comportamento destas substâncias nos estados indicados? P0 H2O FIGURA P2.62 2.63 2.64 Uma panela de pressão (recipiente fechado) contém água a 100 °C e o volume ocupado pela fase líquida é 1/20 do ocupado pela fase vapor. A água é, então, aquecida até que a pressão atinja 2,0 MPa. Calcule a temperatura final do processo. No estado final há mais ou menos vapor que no estado inicial? Uma panela de pressão tem a união da tampa com o corpo da panela bem rosqueada. Uma pequena abertura de A = 5 mm² é coberta com um pino que pode ser levantado para deixar o vapor escapar. Qual é a massa do pino para que a água ferva a 120 °C nessa panela, sendo a pressão atmosférica igual a 101,3 kPa? a. Oxigênio a 30 °C, 3 MPa b. Metano a 30 °C, 3 MPa c. Água a 30 °C, 3 MPa d. R-134a a 30 °C, 3 MPa e. R-134a a 30 °C, 100 kPa 2.70 Gás hélio armazenado em um tanque de aço de 0,1 m3 a 250 kPa e 300 K é utilizado para encher um balão. Quando a pressão cai para 125 kPa, o fluxo de hélio é interrompido. Se todo o hélio ainda estiver a 300 K, qual terá sido o tamanho do balão produzido? 2.71 Uma esfera oca de metal, com diâmetro interno igual a 150 mm, é “pesada” em uma balança de braço precisa, quando está evacuada, e é novamente “pesada” quando carregada com um gás desconhecido a 875 kPa. A diferença entre as leituras é 0,0025 kg. Admitindo que o gás seja uma substância pura, presente na Tabela A.5, e que a temperatura é uniforme e igual a 25 °C, determine o gás que está armazenado na esfera. 2.72 Um balão esférico com diâmetro de 10 m contém hélio à pressão e temperatura atmosféricas (100 kPa e 15 °C). Qual é a massa de hélio contida no balão? O balão é capaz de erguer uma massa igual à massa de ar atmosférico deslocada. Determine a massa total (inclui a massa do material utilizado para construir o balão) que pode ser erguida por esse balão. Vapor Vapor Líquido FIGURA P2.64 Gás Ideal 2.65 Determine a mudança percentual relativa na pressão P se dobrarmos a temperatura absoluta de um gás ideal mantendo a massa e o volume constantes. Repita para o caso em que dobramos o valor de V e mantemos m e T constantes. 2.66 Um tanque com volume interno de 1 m³ contém um gás à temperatura e pressão ambientes: 20 °C e 200 kPa. Qual é a massa termodinamica 02.indd 80 15/10/14 14:42 81 Propriedades de uma Substância Pura 2.73 2.74 2.75 Um copo é lavado com água a 45 °C e é colocado de boca para baixo em uma mesa. O ar ambiente a 20 °C que foi aprisionado no copo é aquecido até 40 °C. No processo de aquecimento, ocorrem vazamentos, de modo que, quando a temperatura do ar no copo atinge o valor fornecido, a pressão do ar no copo é 2 kPa acima da pressão ambiente de 101 kPa. Após algum tempo, a temperatura do ar aprisionado no copo volta a ser igual à do ambiente. Determine a pressão no interior do copo, sabendo que a pressão atmosférica é 101 kPa. O ar confinado em um pneu está inicialmente a −10 °C e 190 kPa. Depois de percorrer certo percurso, a temperatura subiu para 10 °C. Calcule a nova pressão. Você deve formular uma hipótese para resolver este problema. FIGURA P2.75 2.77 Faça o Problema 2.77 para o R-410a. 2.79 Faça o Problema 2.77 para a amônia. 2.80 Um tanque rígido com volume de 1 m3 contém propano a 100 kPa e 300 K e está conectado, por meio de uma tubulação com válvula, a outro tanque com volume de 0,5 m3, que contém propano a 250 kPa e 400 K. A válvula é aberta e espera-se até que a pressão se torne uniforme a 325 K. Determine a pressão no final desse processo. A O ar no interior de um motor de combustão interna está a 227 °C, 1 000 kPa e ocupa um volume de 0,1 m3. A combustão o aquece até 1 800 K, em um processo a volume constante. Qual é a massa de ar e qual é o valor que a pressão atinge nesse processo? Ar P 2.76 2.78 Inicialmente, um tanque rígido, com volume de 1 m3, contém N2 a 600 kPa e 400 K. Suponha que ocorra o vazamento acidental de 0,5 kg de N2 para a atmosfera. Sabendo que a temperatura final do N2 no tanque, após o vazamento é 375 K, determine a pressão final. Considere os seguintes estados do R-134a: vapor saturado a + 40 °C, vapor saturado a 0 °C e vapor saturado a −40 °C. Determine o volume específico do R-134a nesses estados com o modelo de gás ideal, utilizando as correspondentes pressões de saturação. Determine também o erro percentual relativo originado pela utilização do modelo de gás ideal = 100(v – vv)/vv, em que vv é obtido da tabela do R-134a saturado. termodinamica 02.indd 81 B FIGURA P2.80 2.81 Uma bomba de vácuo é utilizada para eva­ cuar uma câmara utilizada na secagem de um material que está a 50 °C. Se a vazão volumétrica da bomba é 0,5 m3/s, a temperatura e a pressão na seção de alimentação da bomba são iguais a 50 °C e 0,1 kPa, determine a quantidade de vapor d’água removida da câmara em um período de 30 minutos. 2.82 Um tanque rígido com volume interno de 1 m3 contém ar a 1 MPa e 400 K. O tanque está conectado a uma linha de ar comprimido do modo mostrado na Figura P2.82. A válvula é, então, aberta e o ar escoa para o tanque até que a pressão alcance 5 MPa, quando, então, a válvula é fechada e a temperatura do ar no tanque é 450 K. a) Qual é a massa de ar antes e depois do processo? b) Quando o tanque for resfriado até a temperatura ambiente de 300 K, qual será a pressão no seu interior? Linha de ar comprimido Tanque FIGURA P2.82 15/10/14 14:42 82 2.83 2.84 Fundamentos da Termodinâmica Um cilindro para armazenamento de gás apresenta diâmetro e comprimento iguais a 20 cm e 1 m. O cilindro é evacuado e depois carregado com CO2 (gás) a 20 °C. Qual deve ser a pressão para que se tenha 1,2 kg de dióxido de carbono no cilindro? 2.92 Determine o volume de 2 kg de etileno a 270 K e 2 500 kPa, usando Z obtido da Figura D.1. 2.93 Para o caso de Tr = 0,7, determine a relação vv/vl usando a Figura D.1 e comparado com a Tabela D.3. Um conjunto cilindro-pistão contém amônia a 700 kPa e 80 °C. A amônia é resfriada a pressão constante até que atinja o estado de vapor saturado (estado 2). Nesse estado, o pistão é travado com um pino. O resfriamento continua até que a temperatura seja igual a −10 °C (estado 3). Mostre, nos diagramas P–v e T–v, os processos do estado 1 para o 2 e do estado 2 para o 3. 2.94 Um tanque rígido com volume de 5 m³ armazena argônio a −30 °C e 3 MPa. Determine a massa de argônio contida no tanque, utilizando o diagrama de compressibilidade generalizado. Qual é o erro percentual na determinação dessa massa se admitirmos que o argônio se comporta como um gás ideal? 2.95 O refrigerante R-32 está a –10 °C e com título de 15%. Determine a pressão e o volume específico. 2.96 Para o projeto de um sistema comercial de refrigeração que utiliza R-123, determine a diferença entre o volume ocupado por kg de vapor saturado de R-123 a −30 °C em comparação ao do líquido saturado. 2.97 Um recipiente contém 1,5 kg do novo fluido refrigerante R-125 como líquido saturado a −20 °C com uma pequena quantidade de vapor. Determine o volume e a pressão interna no recipiente. Fator de Compressibilidade 2.85 Determine o fator de compressibilidade (Z) para o vapor saturado de amônia a 100 kPa e a 2 000 kPa. 2.86 Determine o fator de compressibilidade do nitrogênio a a. 2 000 kPa, 120 K b. 2 000 kPa, 300 K c. 120 K, v = 0,005 m3/kg 2.87 Determine o fator de compressibilidade do dióxido de carbono a 60 °C e 10 MPa por meio da Figura D.1. 2.88 Qual é o erro percentual no volume específico, se for adotado o modelo de gás ideal para representar o comportamento do vapor superaquecido de amônia a 40 °C e 500 kPa? Qual será o erro percentual se for usado o diagrama generalizado de compressibilidade, Figura D.1? 2.89 2.90 2.91 Um conjunto cilindro-pistão sem atrito contém butano a 25 °C e 500 kPa. O modelo de gás ideal é adequado para descrever o comportamento do butano nesse estado? Estime a pressão de saturação do cloro a 300 K. Uma garrafa rígida, com volume de 0,1 m³, contém butano saturado a 300 K e título 75%. Estime a massa de butano contida no tanque, utilizando o diagrama de compressibilidade generalizado. termodinamica 02.indd 82 Equações de Estado Para estes problemas, veja o Apêndice D para consultar as equações de estado e o Capítulo 12. 2.98 Determine a pressão do nitrogênio a 160 K, v = 0,00291 m3/kg, empregando o modelo de gás ideal, a equação de estado de van der Waals e a tabela de propriedades do nitrogênio. 2.99 Determine a pressão do nitrogênio a 160 K, v = 0,00291 m3/kg, empregando a equação de estado de Redlich-Kwong e a tabela de propriedades do nitrogênio. 2.100 Determine a pressão do nitrogênio a 160 K, v = 0,00291 m3/kg, empregando a equação de estado de Soave e a tabela de propriedades do nitrogênio. 2.101 Dióxido de carbono a 60 °C é bombeado para dentro de um poço de petróleo a uma 15/10/14 14:42 Propriedades de uma Substância Pura pressão muito alta, 10 MPa. O objetivo é reduzir a viscosidade do petróleo, facilitando o escoamento. Encontre o volume específico nas tabelas de propriedades do dióxido de carbono, por meio do modelo de gás ideal, pela equação de estado de van der Waals, empregando cálculo iterativo. 2.102 Resolva o problema anterior, empregando a equação de estado de Redlich-Kwong. Observe que o cálculo deve ser iterativo. 2.103 Resolva o Problema 2.101, empregando a equação de estado de Soave. Observe que o cálculo deve ser iterativo. 2.104 Um tanque de 0,1 m3 contém 8,35 kg de metano a 250 K. Determine a pressão, empregando o modelo de gás ideal, a equação de estado de van der Waals e a tabela de propriedades do metano. 2.105 Resolva o problema anterior, empregando a equação de estado de Redlich-Kwong. 2.106 Resolva o Problema 2.104, empregando a equação de estado de Soave. Problemas para Revisão 2.107 Determine o título (se saturado) ou a temperatura (se superaquecido) das seguintes substâncias, nos dois estados dados: a. Água: 120 °C e 1 m³/kg; 10 MPa e 0,01 m³/kg b. Nitrogênio: 1 MPa e 0,03 m³/kg; 100 K e 0,03 m³/kg 2.108 Determine a fase e as propriedades que faltam entre P, T, v e x para os seguintes casos: a. R-410a em T = 10 °C v = 0,01 m³/kg b. Água em T = 350 °C v = 0,2 m³/kg c. R-410a em T = –5 °C e P = 600 kPa d. R-134a em P = 294 kPa e v = 0,05 m³/kg 2.109 Determine a fase, o título x (se aplicável) e a propriedade que falta, P ou T. a. H2O em T = 120 °C com v = 0,5 m³/kg b. H2O em P = 100 kPa com v = 1,8 m³/kg c. H2O em T = 263 K com v = 200 m³/kg 2.110 Determine a fase, o título (se aplicável) e a propriedade que falta, P ou T. termodinamica 02.indd 83 83 a. NH3 em P = 800 kPa com v = 0,2 m³/kg b. NH3 em T = 20 ºC com v = 0,1 m³/kg 2.111 Determine a fase e as propriedades que faltam entre P, T, v e x para os seguintes casos. A determinação pode ser mais difícil empregando-se as tabelas de propriedades, em vez do programa de computador: a. R-410a, T = 10 °C, v = 0,02 m³/kg b. H2O, v = 0,2 m³/kg, x = 0,5 c. H2O, T = 60 °C, v = 0,001 016 m³/kg d. NH3, T = 30 °C, P = 60 kPa e. R-134a, v = 0,005 m³/kg, x = 0,5 2.112 Um conjunto cilindro-pistão-mola contém R-410a inicialmente a 15 °C e título igual a 1. O fluido é expandido em um processo em que P = Cv−1 até que a pressão se torne igual a 200 kPa. Determine a temperatura e o volume específico finais. 2.113 Considere os dois tanques, A e B, conectados com uma tubulação com válvula (veja a Figura P2.113). A capacidade de cada tanque é 200 L, e o tanque A contém R-410a a 25 °C, sendo 10% de líquido e 90% de vapor, em volume, enquanto o tanque B está evacuado. A B FIGURA P2.113 A válvula que liga os tanques é então aberta e vapor saturado sai de A até que a pressão em B se torne igual à pressão em A. Nesse instante, a válvula é fechada. Esse processo ocorre lentamente, de modo que todas as temperaturas permanecem constantes e iguais a 25 °C durante o processo. Determine a variação de título que ocorre no tanque A durante este processo. 2.114 Um conjunto cilindro–pistão contém água a 90 °C e 100 kPa. A pressão está relacionada com o volume interno do conjunto por meio da relação P = CV. A água é, então, aquecida até que a temperatura se torne igual a 200 °C. Determine a pressão e tam- 15/10/14 14:42 84 Fundamentos da Termodinâmica bém o título caso a água esteja na região de duas fases. 2.115 Um tanque contém 2 kg de nitrogênio a 100 K e título igual a 50%. Retira-se 0,5 kg de fluido do tanque por meio de uma tubulação com válvula e medidor de vazão em um processo a temperatura constante. Determine o estado final dentro do tanque e o volume de nitrogênio extraído, se a tubulação estiver localizada água a 105 °C e com título igual a 85%. O conjunto é aquecido e o pistão se movimenta e encontra uma mola linear. Nesse instante, o volume interno do conjunto é 1,5 L. O aquecimento continua até que a pressão atinja 200 kPa. Sabendo que o diâmetro do pistão é 150 mm e que a constante de mola é 100 N/mm, calcule a temperatura da água no final do processo. a. no topo do tanque b. no fundo do tanque 2.116 Um conjunto cilindro-pistão com mola contém água a 500 °C e 3 MPa. A pressão está relacionada com o volume interno do conjunto por meio da relação: P = CV. A água é, então, resfriada até que se atinja o estado de vapor saturado. Faça um esboço desse processo em um diagrama P-v, e determine a pressão no estado final. 2.117 Um recipiente contém nitrogênio líquido a 100 K e apresenta área da seção transversal igual a 0,5 m2 (Figura P2.117). Em razão da transferência de calor para o nitrogênio, parte do líquido evapora e, em 1 hora, o nível de líquido no recipiente baixa 30 mm. O vapor que deixa o recipiente passa através de um aquecedor e sai a 500 kPa e 260 K. Calcule a vazão volumétrica de gás descarregado do aquecedor. Vapor Líquido N 2 Aquecedor FIGURA P2.117 2.118 Para um determinado experimento, vapor de R-410a é mantido em um tubo de vidro selado a 20 °C. Precisamos conhecer a pressão nessa condição, mas não há meios de medi-la, pois o tubo está selado. No entanto, se o tubo é resfriado até –20 °C, gotículas de líquido podem ser observadas nas paredes do vidro. De quanto é a pressão inicial? H 2O FIGURA P2.119 2.120 Determine a massa de gás metano contida em um tanque de 2 m3 a –30 °C, 2 MPa. Estime o erro percentual na determinação dessa massa decorrente do emprego do modelo de gás ideal. 2.121 Um conjunto cilindro-pistão contém amônia. A força externa que atua sobre o pistão é proporcional ao volume confinado elevado ao quadrado. Inicialmente, o volume da câmara é 5 L, a temperatura é 10 °C e o título é igual a 90%. É aberta uma válvula no cilindro, e a amônia escoa para dentro da câmara até que a massa contida no conjunto se torne igual ao dobro da inicial. Sabendo-se que a nova pressão na câmara é igual a 1,2 MPa, calcule a temperatura nesse estado. 2.122 Um cilindro possui um pesado pistão inicialmente contido por um pino, como mostra a Figura P.2.122. O cilindro contém dióxido de carbono a 200 kPa e à temperatura ambiente, 290 K. O material do pistão tem massa específica igual a 8 000 kg/m3 e a pressão ambiente é igual a 101 kPa. O pino é então removido e espera-se até que a temperatura no gás atinja a temperatura do ambiente. O pistão encosta nos esbarros? 2.119 Inicialmente, o conjunto cilindro-pistão mostrado na Figura P2.119 contém 1 L de termodinamica 02.indd 84 15/10/14 14:42 85 Propriedades de uma Substância Pura é resfriado pela transferência de calor para o ambiente. 50 mm Pino 100 mm 100 mm a. Em que temperatura o pistão começa a se mover. b. Qual será o deslocamento do pistão quando o ar contido no conjunto apresentar temperatura igual à atmosférica? c. Represente o processo nos diagramas P-v e T-v. CO2 P0 100 mm FIGURA P2.122 2.123 Qual será o erro percentual na pressão, se for adotado o modelo de gás ideal para representar o comportamento do vapor superaquecido de R-410a a 60 °C e 0,03470 m3/kg? E no caso de usar-se o diagrama de compressibilidade generalizado (Figura D.1)? (Observe que será necessário um procedimento iterativo de cálculo). 2.124 Um balão murcho está conectado, por meio de uma válvula, a um tanque de 12 m3 que contém gás hélio a 2 MPa e temperatura ambiente de 20 °C. A válvula é, então, aberta e o balão é inflado a pressão constante, P0 = 100 kPa (pressão ambiente), até que se torna esférico com D1 = 1 m. Acima desse tamanho, a elasticidade do material do balão é tal que a pressão interna passa a ser dada por: ⎛ D ⎞ D P = P0 + C ⎜1 − 1 ⎟ 1 ⎝ D ⎠ D Esse balão é inflado até que o diâmetro atinja 4 m, condição em que a pressão interna é igual a 400 kPa. Admitindo que temperatura seja constante e igual a 20 °C, determine a pressão interna máxima no balão durante o processo de enchimento. Qual é a pressão no tanque quando a pressão interna no balão atinge o valor máximo? 2.125 O conjunto cilindro-pistão mostrado na Figura P2.125 contém ar a 250 kPa e 300 °C. O pistão de 50 kg apresenta diâmetro igual a 0,1 m, e inicialmente pressiona os esbarros. A pressão e a temperatura atmosféricas são iguais a 100 kPa e 20 °C. O cilindro termodinamica 02.indd 85 g 25 cm Ar FIGURA P2.125 Interpolação Linear 2.126 Determine a pressão e a temperatura do vapor saturado de R-410a, com v = 0,1 m3/kg. 2.127 Empregue interpolação linear para estimar as propriedades da amônia que faltam para completar a tabela a seguir P [kPa] a. 550 b. 80 c. T [°C] v [m3/kg] x 0,75 20 10 0,4 2.128 Empregue uma interpolação linear para estimar Tsat do nitrogênio a 900 kPa. Esboce a curva Psat(T) utilizando alguns valores tabelados em torno de 900 kPa da Tabela B.6.1. O resultado obtido na interpolação linear é superior ou inferior ao valor que pode ser obtido no gráfico construído? 2.129 Empregue uma dupla interpolação linear para encontrar a pressão do R-134a superaquecido a 13 °C e v = 0,3 m³/kg. 2.130 Determine o volume específico do dióxido de carbono a 0 °C e 625 kPa. 15/10/14 14:42 86 Fundamentos da Termodinâmica Tabelas Computadorizadas 2.131 Utilize o programa de computador para determinar as propriedades da água nos quatro estados definidos no Problema 2.35. 2.132 Utilize o programa de computador para determinar as propriedades da amônia nos quatro estados definidos no Problema 2.32. 2.133 Utilize o programa de comutador para determinar as propriedades da amônia nos três estados definidos no Problema 2.127. 2.134 Estime a temperatura de saturação a 900 kPa para o nitrogênio utilizando uma interpolação linear realizada com os dados existentes na Tabela B.6.1. Compare o valor calculado com o fornecido pelo programa de computador. 2.135 Utilize o programa de computador para construir um gráfico da pressão em função da temperatura no processo descrito no Problema 2.44. Faça uma pequena extensão da curva para a região monofásica. PROBLEMAS ABERTOS, PROJETOS E APLICAÇÃO DE COMPUTADORES 2.136 Construa uma planilha com uma tabela e um gráfico dos valores de pressão de saturação em função da temperatura da amônia, começando em T = –40 °C e terminado no ponto crítico, com intervalos de 10 °C. 2.137 Construa uma planilha com uma tabela e gráfico dos valores de pressão em função da temperatura da água para um volume específico constante. Considere que a pressão e o título do estado inicial são iguais a 100 kPa e 50% e a pressão final é 800 kPa. 2.138 Empregue o programa de computador disponível no site da editora para representar a variação da pressão com a temperatura no Problema 2.58. Estenda um pouco a curva obtida para a região monofásica. 2.139 Utilizando o programa de computador disponível no site da editora, determine alguns estados intermediários do processo descrito no Problema 2.114 e mostre a variação da pressão e da temperatura com o volume. 2.140 Utilize o programa de computador disponível no site da editora para reproduzir, estado por estado, o processo descrito no Problema 2.112. 2.141 Como a temperatura e pressão atmosférica variam com a elevação, a densidade de ar também varia, porém, a variação da pressão não é linear com a elevação. Desenvolva uma expressão para a variação da pressão com a elevação, que contenha uma integral sobre uma expressão contendo T. termodinamica 02.indd 86 Dica: Inicie com a Equação 1.2 na forma diferencial e use a lei dos gases ideais, admitindo que se conheça a relação de variação da temperatura com a elevação. 2.142 Em um refrigerador doméstico, o fluido refrigerante muda da fase líquida para a fase vapor a baixa temperatura, no interior do aparelho. O fluido também muda da fase vapor para a fase líquida a uma temperatura mais alta no trocador de calor que fornece energia para o ar ambiente. Meça ou estime essas temperaturas. Utilize essas temperaturas para construir uma tabela que apresente as pressões no condensador e no evaporador para cada um dos refrigerantes presentes no Apêndice B. Discuta os resultados e mostre quais são as características necessárias para que uma substância possa ser considerada um refrigerante em potencial. 2.143 Repita o problema anterior para os refrigerantes da Tabela A.2 e utilize o diagrama generalizado de compressibilidade (Figura D.1) para estimar as pressões. 2.144 A pressão de saturação, em função da temperatura, pode ser aproximada pela correlação de Wagner: ln Pr = [w1τ + w2τ1,5 + w3τ3 + w4τ6]/Tr em que a pressão reduzida, Pr , é dada por P/Pc, a temperatura reduzida, Tr, é dada por T/Tc e a variável τ é definida por τ = 1 –Tr. Os parâmetros wi para o refrigerante R-134a são: 15/10/14 14:42 Propriedades de uma Substância Pura R-134a w1 w2 w3 w4 –7,598 84 1,488 86 –3,798 73 1,813 79 Compare os resultados da correlação com os fornecidos pelas tabelas de propriedades do Apêndice B. 2.145 Determine os parâmetros wi da equação de Wagner mostrado no exercício anterior para a água e para o metano. Procure outras correlações na literatura e compare os resultados fornecidos com os obtidos das tabelas e apresente o desvio máximo. termodinamica 02.indd 87 87 2.146 O volume específico do líquido saturado pode ser aproximado pela equação de Rackett: vl = RTc n Zc ;n = 1 + (1 − Tr ) 2/7 MPc em que Tr é a temperatura reduzida (T/Tc) e o fator de compressibilidade Zc é dado por: Zc = Pcvc/RTc. Calcule o volume específico do líquido saturado das substâncias presentes no Apêndice B em vários estados e os compare com os fornecidos pelas tabelas. Utilize as constantes críticas indicadas na Tabela A.2. 15/10/14 14:42 88 termodinamica 02.indd 88 Fundamentos da Termodinâmica 15/10/14 14:42 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia 89 3 Tendo completado a análise das definições básicas e dos conceitos, estamos prontos para iniciar a discussão da primeira lei da termodinâmica e da equação da energia. Essas são expressões semelhantes que retratam a mesma lei fundamental da física. Mais adiante veremos a diferença entre elas e reconheceremos que são consistentes entre si. O procedimento a ser adotado será estabelecer a equação da energia para um sistema submetido a um processo de mudança de estado com o tempo. Faremos, então, a aplicação da mesma lei para o ciclo completo, e identificaremos a primeira lei da termodinâmica, que historicamente veio a ser a primeira formulação da lei. Depois da equação da energia ser formulada, a usaremos para relacionar a mudança de estado no volume de controle com o total de energia que é transferida no processo na forma de trabalho ou calor. Como o motor de carro transfere trabalho para o automóvel, aumentando sua velocidade, assim podemos relacionar energia cinética com trabalho; ou, se um fogão fornece certa quantidade de calor para um recipiente com água, poderemos relacionar a elevação da temperatura da água com o calor transferido. Um processo mais complicado pode ocorrer, tal como a expansão de gases a alta temperatura em um cilindro-pistão, como no motor de carro, no qual trabalho é fornecido ao mesmo tempo em que calor é transferido para a parede fria do cilindro. Em outras aplicações, podemos constatar uma mudança de estado sem fluir trabalho ou calor, tal como um objeto caindo em que há mudança na energia cinética, ao mesmo tempo em que há alteração na sua elevação. Em todos os casos, a equação da energia relaciona as várias formas de energia no sistema com a transferência de energia na forma de calor ou trabalho. termodinamica 03.indd 89 15/10/14 14:47 90 Fundamentos da Termodinâmica 3.1 A EQUAÇÃO DA ENERGIA No Capítulo 1 discutimos a energia associada com uma substância e seu estado termodinâmico, que foi chamada energia interna U e adicionadas algumas formas de energia, tais como energia cinética e energia potencial. A combinação é a energia total E, que escrevemos como E = me = U + EC + EP = m (u + ec + ep) (3.1) observamos que todos os termos estão diretamente relacionados com a massa total, sendo assim, u, ec e ep são energias específicas. Antes de evoluirmos no desenvolvimento da equação da energia com análises e exemplos, vamos considerar os diversos termos da energia total. A energia total, escrita com a energia cinética, e a potencial, associada ao campo gravitacional, toma a configuração E = mu + 1 mV 2 + mgZ 2 (3.2) permitindo que, em um processo, seja possível identificar mudanças em quaisquer das formas de energia. Uma bola subindo uma rampa vai desacelerar com o ganho de altura, consequentemente reduzindo a energia cinética e aumentando a energia potencial durante o processo, que é um simples caso de conversão de energia. A energia cinética e a potencial são relacionadas com o estado físico e localização da massa, e genericamente são rotuladas como energia mecânica para distingui-las da energia interna, que é caracterizada pelo estado termodinâmico da massa e, assim, identificada como energia térmica. Para um volume de controle com massa constante, ou seja, sistema, expressamos a conservação de energia como um princípio físico básico em uma equação matemática. Esse princípio estabelece que não podemos criar ou destruir energia dentro dos limites da física clássica. Essa condicionante significa que efeitos da mecânica quântica, que poderiam alterar a energia considerando uma mudança na massa, são ignorados, assim como a relatividade, ou seja, admitimos que qualquer velocidade é significativamente menor que a velocidade da luz. Sendo assim, deduzimos que, se o sistema tiver uma mudança em energia, a mudança terá de ser em virtude da energia transferida para termodinamica 03.indd 90 dentro ou para fora da massa. Tal fluxo de energia não está relacionado com qualquer transferência de massa (estamos considerando sistema), e sim somente ocorrerá com transferência de calor ou trabalho. Escrevendo essa interpretação por unidade de tempo, obtemos dEvc = E! vc = Q! − W! = + entrada – saída dt (3.3) onde a convenção de sinais segue o procedimento usual para um volume de controle, em que o calor absorvido é positivo e o trabalho produzido para o exterior também, como ilustrado na Figura 3.1. Observe que a convenção de sinais é uma escolha, e em sistemas mais complicados podemos adotar um critério diferente; o conceito importante para entendermos é que a Equação 3.3 e a Figura 3.1 trabalham juntas, ou seja, se for mudada a direção da seta que foi adotada na figura, o correspondente sinal na equação deve ser mudado. Esta equação nos diz que a razão com que é alterada a energia armazenada é igual à razão com que energia é adicionada menos a razão com que ela é removida. O saldo na energia armazenada é explicado pela transferência que ocorre no lado direito da equação, e não há outra explicação. Observe que a transferência tem de vir ou ir do entorno do volume de controle e, dessa forma, afeta o armazenado na região externa, de uma maneira oposta comparada ao que ocorre no volume de controle. Um processo pode deslocar energia de um local para outro, mas não pode alterar a energia total. Em diversos casos, estamos interessados em alterações finitas que se desenvolvem do início ao fim do processo e não focados nas variações instantâneas que ocorrem. Para esses casos, integramos no tempo a equação da energia, Equação 3.3, do início do processo t1 até o final do processo t2 multiplicando por dt e obtendo dEvc = dU + d(EC) + d(EP) = δQ – δW Q (3.4) W Evc Figura 3.1 Convenção de sinais para os termos da energia. 15/10/14 14:47 91 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia e integrando ∫ dE vc = E (t2 ) − E (t1 ) = E2 − E1 E o lado direito da equação integramos da seguinte forma ∫ [Q! − W! ] dt = ∫ linha δQ − ∫ linha δ W = 1 Q2 − 1W2 Aqui a integral não só depende do estado inicial como final, mas também do caminho que o processo percorreu entre eles; então, δQ é usado, em vez de dQ para indicar uma diferencial inexata. Subscritos são usados para distinguir, ou seja, E1 refere-se à energia total do volume de controle no estado 1 e tão somente é uma função de ponto. Por outro lado, 1Q2 indica o calor acumulado (integrado) na realização do processo, que é uma função não só dos estados 1 e 2, mas também do caminho em que o processo se desenvolveu; o mesmo aplicamos ao trabalho 1W2. Na Seção 3.4 discutiremos em detalhe a integração do trabalho e do calor transferido, para futuramente explicarmos esse processo. A equação da energia para mudanças finitas apresenta-se E 2 – E 1 = 1Q 2 – 1W 2 (3.5) combinada com E2 − E1 = U 2 − U1 + 1 m ( V22 − V12 ) + mg ( Z2 − Z1 ) 2 Em geral, dependendo da análise nos referiremos a ambas as equações (Equação 3.3 e Equação 3.5) como equação da energia, se queremos uma abordagem no tempo ou em mudanças finitas. Isto se assemelha ao caso de expressarmos o salário de um profissional por hora ou para um período de tempo definido, como mensal ou anual. Ambas as apresentações da equação da energia pode ser resumida como Alterações no conteúdo = + entrada – saída que nada mais é que uma equação básica de balanço de fluxos, tal como em uma conta bancária. Se você faz um depósito, o saldo cresce (uma parcela entrou); se você faz um saque, o saldo cai (houve uma saída). Equações semelhantes são apresentadas nos capítulos subsequentes para outras quan- termodinamica 03.indd 91 tidades, como massa, quantidade de movimento e entropia. Para ilustrar a relação entre um diagrama de um sistema real e a equação da energia, observe a Figura 3.2. Para esse volume de controle, a equação da energia por tempo, Equação 3.3 é E! vc = E! A + E! B + E! C = Q! A + Q! C − W! B (3.6) e para a conservação de massa temos ! vc = m ! A+m !B+m !C =0 m (3.7) Cada um dos três termos, que armazenam energia, é escrito como na Equação 3.2 incluindo os diferentes tipos de energia que pode haver nos componentes A, B e C. A representação das mudanças finitas contidas na Equação 3.5 agora tem uma expressão não trivial que junta a conservação de massa com a equação da energia m2 – m1 = ( m2A + m2B + m2C ) – – (m1A + m1B + m1C) = 0 (3.8) (E2A + E2B + E2C ) – ( E1A + E1B + E1C ) = = 1Q2A + 1Q2C – 1W2B (3.9) A massa total não sofre mudanças; entretanto a distribuição entre elas em A, B e C pode ter sofrido mudanças durante o processo, assim, se uma tiver um aumento de massa, as outras terão de mostrar um decréscimo de massa. O mesmo se aplica a energia, com o efeito adicional de que a energia total pode se alterar com a troca de calor e trabalho através da fronteira do volume de controle. F WB Superfície de controle B C QC A QA Figura 3.2 Um volume de controle com diversos subsistemas distintos. 15/10/14 14:47 92 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 3.1 O fluido contido em um tanque é movimentado por um agitador. O trabalho fornecido ao agitador é 5 090 kJ. O calor transferido do tanque é 1 500 kJ. Considere o tanque e o fluido dentro de uma superfície de controle e determine a variação da energia interna desse sistema. A equação da energia é (Equação 3.5) U 2 − U1 + 1 m ( V22 − V12 ) + mg ( Z2 − Z1 ) = 1 Q2 − 1W2 2 Como não há variação de energia cinética ou de energia potencial, essa equação fica reduzida a U 2 – U 1 = 1Q 2 – 1W 2 U2 – U1 = – 1500 – (–5090) = 3590 kJ 3.2 A PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA Qlíq Considere um sistema no qual a substância percorra um ciclo. Isso pode ser a água em uma planta de potência a vapor como na Figura 1.2 ou uma substância em um cilindro-pistão, mostrado na Figura 1.6, percorrendo diversos processos que são repetitivos. Quando a substância retorna ao seu estado original, não há variação líquida da energia total do volume de controle e, consequentemente, sua variação no tempo é zero. A soma líquida das parcelas do lado direito da equação da energia ficará 0= !∫ δ Q − !∫ δW (3.10) A notação dQ, que denominamos de integral cíclica do calor transferido, representa o calor líquido transferido no ciclo, e dW é a integral cíclica do trabalho, que representa o trabalho líquido durante o ciclo. Reescrevendo a equação teremos !∫ δ Q = !∫ δW (3.11) que estabelece a primeira lei da termodinâmica. Embora essa equação tenha sido apresentada como uma consequência da equação da energia, historicamente foi postulada primeiro e a equação da energia dela derivou. A equação anterior pode ser escrita em razão da taxa de variação e mostrada com na Figura 3.3, em que as integrais expressam o somatório ao longo de toda fronteira do volume de controle como termodinamica 03.indd 92 Wlíq Figura 3.3 Uma máquina cíclica. Ciclo: Q! líq entrada = W! líq saída (3.12) Essa equação foi originalmente definida para máquinas térmicas, em que o propósito era retirar trabalho, injetando calor, o que explica a tradicional convenção de sinais para calor e trabalho. Aplicações modernas incluem bombas de calor e refrigeradores, em que o trabalho é o que injetamos e a transferência de calor é o resultado líquido de saída. Podemos consequentemente caracterizar todos os ciclos como um dispositivo de conversão de energia; a energia é conservada, mas sai de uma forma diferente da que entrou. Outras discussões sobre tais ciclos são desenvolvidas no Capítulo 5, e detalhes dos ciclos são apresentados nos Capítulos 9 e 10. Antes de aplicar a equação da energia ou a primeira lei da termodinâmica, precisamos nos envolver mais com as formas de trabalho e de transferência de calor, assim como da energia interna. 3.3 A DEFINIÇÃO DE TRABALHO A definição clássica de trabalho é o trabalho mecânico definido como uma força agindo em um deslocamento x, assim de forma incremental 15/10/14 14:47 93 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia dW = F dx F = ma = mg e o trabalho finito torna-se 1W2 = ∫ 2 1 δW = –F dZ = – d EP F dx (3.13) Para calcular o trabalho realizado é necessário saber como F varia com x. Nesta seção, mostraremos exemplos relacionados com arranjos físicos que levem a simples equacionamento da força atuante, de tal forma que a integração será direta. Sistemas reais podem ser muito complexos, e alguns exemplos matemáticos serão mostrados sem uma descrição mecânica. Trabalho é energia em transferência e, consequentemente, cruzando as fronteiras do volume de controle. Em adição ao trabalho mecânico rea­ lizado por uma única força pontual, podemos ter um eixo rodando, como em um sistema de transmissão automotivo; trabalho elétrico, como o fornecido por uma bateria ou sistema de potência; ou o trabalho químico, só mencionando algumas possibilidades. Observe a Figura 3.4, que é um sistema simples de bateria, motor e polia. Dependendo da escolha do volume de controle, o trabalho cruzando a superfície, como na fronteira A, B ou C, pode ser elétrico via fios, mecânico, pelo torque de saída do motor, ou força, através de um cabo em uma polia. A energia potencial expressa na Equação 3.2 vem da energia trocada com o campo gravitacional, em razão da mudança de elevação da massa. Considere o peso da Figura 3.4, inicialmente parado e mantido a certa altura de um referencial. Se a polia começa a girar lentamente, eleva o peso, e teremos a força e o deslocamento expressos como com o sinal negativo, porque o trabalho está elevando o peso. Assim obtemos d EP = F dZ = mg dZ e na integração teremos ∫ EP2 EP1 d EP = m ∫ Z2 Z1 g dZ Admitindo que g não varia com Z (o que é uma premissa razoável para moderadas variações em elevação), obtemos EP2 – EP1 = mg(Z2 – Z1)(3.14) Quando a energia potencial é incluída na energia total, como na Equação 3.2, a força gravitacional não deve ser incluída no trabalho calculado pela Equação 3.13. O outro termo na equação da energia é a energia cinética da sistema, que é gerada por uma força aplicada à massa. Para esse termo, considere o deslocamento horizontal de uma massa, inicialmente em repouso, sobre a qual aplicamos uma força F na direção x. Considere que não temos transferência de calor e que não haja alteração na energia interna. A equação da energia, Equação 3.4, ficará δW = –F dx = – d EC Mas F = ma = m dV dx dV dV =m = mV dt dt dx dx Então d EC = F dx = m V dV B Integrando, obtemos Polia ∫ Motor + – C Fronteira do sistema Bateria A EC EC=0 d EC = ∫ V V=0 mV dV 1 EC = mV 2 2 (3.15) Peso Figura 3.4 Exemplos de trabalho cruzando a fronteira de um sistema. termodinamica 03.indd 93 15/10/14 14:47 94 Fundamentos da Termodinâmica Unidades de Trabalho EXEMPLO 3.2 Nossa definição de trabalho envolve o produto de uma unidade de força (um newton) atuando por meio de uma unidade de distância (um metro). Essa unidade de trabalho no SI é chamada joule (J). Um carro com massa de 1 100 kg se desloca com uma velocidade tal que sua energia cinética é de 400 kJ (veja a Figura 3.6). Encontre a velocidade desse veículo. Se o carro fosse içado por um guindaste, a que altura ele atingiria – no campo gravitacional padrão – que chegasse a uma energia potencial igual à energia cinética citada inicialmente? 1J=1Nm Potência é a variação no tempo da realização · do trabalho e é designada pelo símbolo W: δW W! ≡ dt A unidade de potência é o trabalho de um joule por segundo, que é um watt (W): g 1W = 1 J/s FIGURA 3.6 Esquema para o Exemplo 3.2. A unidade familiar de potência no sistema Inglês é o horsepower (hp), onde Solução: 1 hp = 550 ft lbf/s A energia cinética da massa é Note que o trabalho que atravessa a fronteira na Figura 3.4 é aquele relacionado com um eixo em rotação. Para chegarmos a uma expressão para a potência, partirmos do trabalho diferencial EC = isto é, força agindo em uma distância dx ou um torque (T = Fr) atuando em um ângulo de rotação, como mostrado na Figura 3.5. Agora, potência passa a ser (3.16) Ou seja, força vezes a variação do deslocamento no tempo (velocidade) ou torque vezes a velocidade angular. F dθ r Figura 3.5 dx T Força atuando em um raio r gera um torque T = Fr. termodinamica 03.indd 94 1 mV 2 = 400 kJ 2 A partir daí podemos encontrar a velocidade V= δW = F dx = Fr dθ = T dθ dx dθ δW F= = FV = Fr = Tω W! = dt dt dt V H = 2 EC = m 800 × 1000 Nm = 1100 kg 2 × 400 kJ = 1100 kg 8000 kg ms –2 m = 27 m/s 11 kg A definição de energia potencial é EP = mgH Quando condicionamos que este valor seja igual a energia cinética, temos H= EC 400 000 Nm = = 37,1 m mg 1100 kg × 9,807 ms−2 Observe a necessidade de converter kJ em J nos dois cálculos realizados. É frequentemente conveniente falarmos de trabalho por unidade de massa do sistema, normalmente designado por trabalho específico. Essa grandeza é designada por w e definida como w= W m 15/10/14 14:47 95 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia EXEMPLO 3.3 Considere uma pedra tendo massa de 10 kg e um reservatório com 100 kg de água na fase líquida. Inicialmente a pedra está a 10,2 m acima da água, e a pedra e a água estão a mesma temperatura, o que é chamado estado 1. A pedra é solta e cai dentro d’água. Determine ΔU, ΔEC, ΔEP, Q e W para as seguintes mudanças de estado, considerando a aceleração gravitacional padrão de 9,806 65 m/s2. a. A pedra está na iminência de entrar na água, estado 2. b. A pedra acaba de atingir o repouso no recipiente, estado 3. c. O calor foi transferido para o ambiente externo de tal forma que a pedra e a água estão na mesma temperatura, T1, estado 4. água não sofre nenhuma mudança de estado, então ΔU = 0, 1Q 2 = 0, 1W2 = 0 Assim, a primeira reduz-se a ΔEC + ΔEP = 0 ΔEC = – ΔEP = – mg(Z2 – Z1) = – 10 kg × 9,806 65 m/s2 × (–10,2 m) = 1 000 J = 1 kJ Isto é, para o processo do estado 1 para o estado 2 encontramos, ΔEC = 1 kJ e ΔEP = –1 kJ b. Para o processo do estado 2 para o estado 3 com zero de energia cinética, temos ΔEP = 0, 2Q3 = 0, 2W3 = 0 Então Análise e Solução: ΔU + ΔEC = 0 Para qualquer um dos casos questionados, a equação da energia é ΔU + ΔEC + ΔEP = Q – W Onde cada termo pode ser ajustado para a mudança de estado solicitada. a. A pedra cai de Z1 a Z2, assumindo que não haja transferência de calor durante essa queda. A ΔU = – ΔEC = 1 kJ c. No estado final, não há energia cinética ou potencial, e a energia interna é a mesma do estado 1. ΔU = –1 kJ, ΔEC = 0, ΔEP = 0, 3Q 4 = 3W 4 =0 ΔU = –1 kJ QUESTÕES CONCEITUAIS a. Em um ciclo completo, qual é a variação líquida de energia e de volume? b. Descreva o que ocorreu com as parcelas da energia da pedra no Exemplo 3.3. O que aconteceria se o objeto fosse uma bola flexível caindo em uma superfície dura? c. Faça uma lista de ao menos cinco sistemas que armazenam energia, explicando quais as de energia que estão em jogo. termodinamica 03.indd 95 d. Um corpo de massa constante passa por um processo em que recebe 100 J de calor e libera 100 J de trabalho. Esse corpo muda de estado? e. A concessionária de energia elétrica cobra ao consumidor kW·hora. Que unidade é essa no SI? f. Torque, energia e trabalho tem a mesma unidade (Nm). Explique a diferença. 15/10/14 14:47 96 Fundamentos da Termodinâmica 3.4 TRABALHO REALIZADO NA FRONTEIRA MÓVEL DE UM SISTEMA COMPRESSÍVEL SIMPLES se conhecermos a relação entre P e V durante o processo. Essa relação pode ser expressa em uma equação ou apresentada em um gráfico. Já observamos que existem vários modos nos quais um sistema pode receber trabalho ou fornecer. Essas opções incluem trabalho realizado por um eixo rotativo, trabalho elétrico ou trabalho produzido pelo movimento da fronteira de um sistema, tal como o desenvolvido pelo deslocamento de um êmbolo em um cilindro. Nesta seção consideraremos, com algum detalhamento, o trabalho realizado pelo movimento da fronteira de um sistema compressível simples em um processo quase estático. Considere como sistema o gás contido em um cilindro com êmbolo, como mostrado na Figura 3.7. Removendo-se um dos pequenos pesos localizados sobre o êmbolo, ocorrerá o movimento do êmbolo para cima de uma distância dL. Esse processo pode ser considerado quase estático, e calcular o trabalho realizado pelo sistema durante esse processo. A força total no êmbolo é PA, em que P é a pressão do gás e A é a área do êmbolo. Consequentemente, o trabalho δW é: Consideremos, em princípio, o caminho da solução gráfica e, como exemplo, o processo de compressão como o que ocorre ao ser comprimido o ar em um cilindro, Figura 3.8. No início do processo, o êmbolo está na posição 1 e a pressão é relativamente baixa. Esse estado está representado no diagrama pressão-volume (usualmente referenciado como diagrama P-V). No final do processo, o êmbolo está na posição 2 e o estado correspondente do gás é representado pelo ponto 2 no diagrama P-V. Consideremos que essa compressão seja um processo quase estático e que durante toda a sua realização o sistema passe pelos estados representados pela linha que liga os pontos 1 e 2 do diagrama P-V. A premissa de o processo ser quase estático é essencial nesse contexto porque cada ponto da linha 1-2 somente representará um estado definido, e esses estados um retrato dos estados reais, se a evolução for através de desvios infinitesimais de um estado para o seguinte. O trabalho realizado sobre o ar durante esse processo de compressão pode ser determinado integrando Equação 3.17: 1W2 = ∫ 2 1 δW = ∫ δW = P A dL Mas A dL = dV, que é a variação do volume do gás. Assim, δW = P dV 2 1 P dV (3.18) A notação 1W2 deve ser interpretada como o trabalho realizado durante o processo do estado (3.17) O trabalho realizado pelo deslocamento da fronteira durante o processo quase estático pode ser encontrado integrando a Equação 3.17. Entretanto, essa integração somente pode ser feita P 2 dV 1 dL Figura 3.7 Exemplo de trabalho efetuado pelo movimento de fronteira de um sistema, em um processo quase estático. termodinamica 03.indd 96 b 2 a 1 V Figura 3.8 Uso do diagrama P-V para mostrar o trabalho realizado pela fronteira móvel de um sistema em um processo quase estático. 15/10/14 14:47 97 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia 1 ao estado 2. É evidente, observando o diagrama P-V, que o trabalho realizado durante esse processo, ou seja, ∫ 2 1 Outra consideração sobre o diagrama P-V, da Figura 3.9, conduz a mais uma conclusão importante. É possível ir do estado 1 para o estado 2 por diferentes caminhos quase estáticos, tais como A, B ou C. Como a área sob cada curva representa o trabalho de cada processo, é evidente que o trabalho envolvido em cada caminho não é somente uma função dos estados inicial e final, mas também depende do caminho que se percorre ao ir de um estado para o outro. Por essa razão, o trabalho é chamado função de linha, ou no jargão matemático, δW é uma diferencial inexata. Esse conceito nos leva a uma breve consideração sobre as funções de ponto e as de linha ou, usando outras denominações, sobre as diferenciais exatas e as inexatas. As que, para um dado ponto no diagrama (tal como na Figura 3.9) ou na superfície (tal como na Figura 2.7) o estado está fixado, e assim só existe um valor definido para cada propriedade correspondente ao ponto. As diferenciais de funções de ponto são diferenciais exatas e a integração é simplesmente ∫ 1 ∫ P dV é representado pela área sob a curva 1-2, ou seja, a área a-1-2-b-a. Nesse exemplo o volume diminui, e a área a-1-2-b-a representa o trabalho realizado sobre o sistema. Se o processo tivesse ocorri­do do estado 2 para o estado 1, ao longo do mesmo caminho, a mesma área passaria a representar o trabalho realizado pelo sistema. 2 para designar as diferenciais inexatas (e o símbolo d para diferenciais exatas). Assim, para o trabalho, escrevemos dV = V2 − V1 termodinamica 03.indd 97 1 δ W = 1W2 Seria mais preciso usar a notação 1W2A, que indicaria o trabalho realizado durante a mudança do estado 1 para o 2 pelo caminho A. Entretanto, subentende-se na notação 1W2 que o processo entre o estado 1 e 2 tenha sido especificado. Atente que nunca usaremos a terminologia de trabalho existente no estado 1 ou no estado 2, e por isso nunca escreveremos W2 – W1. Até aqui, discutimos o trabalho do movimento de fronteira em um processo quase estático. Temos de estar cientes de que, com muita certeza, em um processo de não equilíbrio, defrontamos com trabalho de movimento de fronteira . Então, a força total exercida sobre o êmbolo pelo gás dentro do cilindro, PA, não iguala a força externa, Fext, e o trabalho não é dado pela Equação 3.17. O trabalho pode, entretanto, ser avaliado em termos de Fext ou, dividindo-se pela área, em termos de uma pressão externa equivalente, Pext. Nesse caso, o trabalho realizado na fronteira móvel é δW = Fext dL = Pext dV (3.19) A avaliação da Equação 3.19, em qualquer situação particular, requer o conhecimento de como a força ou pressão externa varia durante o processo. Por essa razão, a integral na Equação 3.18 é chamada frequentemente de trabalho efetivo. P 2 C Assim podemos falar de volume no estado 2 e de volume no estado 1 e a variação de volume depende dos estados inicial e final. O trabalho, entretanto, é uma função de linha, pois, como já foi mostrado, o trabalho rea­ lizado em um processo quase estático, entre dois estados, depende do caminho percorrido. As diferenciais de funções de linha são diferenciais inexatas. Neste texto, será usado o símbolo δ 2 A b B 1 a V Figura 3.9 Vários processos quase estáticos entre dois estado dados, mostrando que trabalho é uma função de linha. 15/10/14 14:47 98 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 3.4 Considere o conjunto cilindro-pistão ligeiramente diferente, como mostrado na Figura 3.10. Neste exemplo o pistão tem massa mp e atua sobre ele a pressão atmosférica P0, uma mola linear e uma força F1. O pistão retém o gás dentro do cilindro com a pressão P. Um balanço de forças no pistão, na direção do movimento, fornece m pa ≅ 0 = ∑F − ∑F ↑ ↓ P0 F1 Para visualizar o processo em um diagrama P-V, a distância x é convertida para volume dividindo-se e multiplicando-se por A assim P = P0 + m p g F1 km + + (V − V0 ) = C1 + C2V A A A2 Essa relação fornece a pressão como uma função linear do volume, com inclinação C2 = km/A2. A Figura 3.11 mostra possíveis valores de P e V para uma expansão. Independentemente de qual substância está dentro do cilindro, qualquer processo terá de percorrer a linha no diagrama P-V. O trabalho para um processo quase estático é dado por g 1W2 km mp = ∫ 2 1 1W2 x P dV = área sob a curva do processo = 1 ( P1 + P2 ) (V2 − V1 ) 2 P FIGURA 3.10 Esboço do sistema físico para o Exemplo 3.4. Como uma aceleração nula em um processo quase estático. As forças, quando a mola está em contato com o pistão, são: km ––– A2 2 1 1 W2 ∑ F = PA, ↑ ∑F = m ↓ pg + P0 A + km ( x − x0 ) + F1 onde km é a constante da mola linear. A posição do pistão para a força exercida pela mola ser nula é x0, e x0 depende do modo como é instalada a mola. Dividindo-se o balanço de forças pela área do pistão, A, obtemos a pressão no gás, ou seja P = P + [mpg + F1 + km(x – x0)]/A termodinamica 03.indd 98 V FIGURA 3.11 Diagrama do processo mostrando uma possível combinação P-V para o Exemplo 3.4. Se fosse uma compressão, em vez de expansão, o processo iniciaria no ponto 1 e deslocaria no sentido inverso, descrevendo uma linha com a mesma inclinação mostrada na Figura 3.11. 15/10/14 14:47 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia 99 EXEMPLO 3.5 Considere o conjunto cilindro-pistão mostrado na Figura 3.12, em que a massa do pistão é mp e, inicialmente, o pistão está travado com um pino. O gás armazenado no cilindro apresenta, inicialmente, a pressão P1 e o volume V1. Quando o pino é removido, a força externa por unidade de área que atua sobre a fronteira do sistema (gás) compreende duas parcelas: Pext = Fext/A = P0 + mp g/A Calcule o trabalho realizado pelo sistema quando o pistão atinge a nova posição de equilíbrio. deslocará para cima em uma velocidade finita, ou seja, em um processo de não equilíbrio, com a pressão no cilindro atingindo, eventualmente, o equilíbrio com a pressão Pext. Se pudermos representar a pressão média no cilindro como função do tempo, o comportamento seria tipicamente o da Figura 3.13. Entretanto, o trabalho realizado pelo sistema durante esse processo é feito contra a força resistente na fronteira móvel e, portanto, dado pela Equação 3.19. Assim, como a força externa é constante durante o processo, o resultado é 1W2 P0 mp = ∫ 2 1 Pext dV = Pext (V2 − V1 ) em que V2 é maior que V1 e o trabalho realizado pelo sistema é positivo. Se a pressão inicial fosse menor que a pressão imposta pela fronteira móvel, o pistão teria movido para baixo, P1 P FIGURA 3.12 Exemplo de um processo de não equilíbrio. P1 P2 = Pext Após a liberação do pistão, a pressão no sistema passa a ser ditada pela pressão na fronteira móvel, como discutido na Seção 1.7 em conjunto com a Figura 1.10. Observe que nenhuma das duas componentes da força externa se modifica com o movimento da fronteira, uma vez que o cilindro é vertical (sujeito à força gravitacional) e sua parte superior é aberta à atmosfera (o movimento do pistão para cima simplesmente empurra o ar para fora do cilindro). Se a pressão inicial P1 é maior que a pressão imposta pela fronteira móvel, o pistão se A parcela do trabalho pode ser examinada medindo-se a pressão e o volume durante o processo, informações que nos permitem avaliar a integral da Equação 3.18. E, usando curvas adequadas ou métodos numéricos, podemos chegar ao trabalho por meio da área sob a curva do processo, no diagrama P-V. Entretanto, será termodinamica 03.indd 99 Tempo FIGURA 3.13 Pressão no cilindro em função do tempo. comprimindo o gás, com o sistema finalmente atingindo uma pressão de Pext em um volume menor que o inicial, e com trabalho negativo, ou seja, a vizinhança empurrando o sistema. muito útil se toda a curva representativa do processo puder ser expressa por uma função analítica. Nesse caso, a integração poderá ser feita matematicamente, conhecendo-se os valores dos parâmetros dessa função. Com esse propósito, temos usado uma formulação matemática simples de uma curva chamada processo politrópico, com 15/10/14 14:47 100 Fundamentos da Termodinâmica somente dois parâmetros, ou seja, um expoen­te e uma constante, como PVn = constante (3.20) O expoente politrópico n é o referencial do tipo de processo com o qual estamos lidando, e pode variar entre menos infinito a mais infinito. Diversos processos se enquadram nessa classe de funções. Por exemplo, para n = 0, teremos um processo a pressão constante, e, para os extremos n → ± ∞, estaremos em um processo a volume constante. Nessas condições, ou seja, com a equação analítica do processo, calculamos a integral na Equação 3.14 assim PV n = constante = P1V1n = P2V2n P = constante = ∫ 2 1 P dV = constante ∫ = 2 1 P dV = ∫ P1V1n P2V2n = Vn Vn 2 dV 1 Vn ⎛ V −n+1 ⎞2 = constante ⎜ ⎟ ⎝ −n + 1 ⎠1 constante 1−n (V2 − V11−n ) = 1− n P2V2nV21−n − P1V1nV11−n P2V2 − P1V1 = 1− n 1− n (3.21) Note que o resultado da Equação 3.21 é válido para qualquer valor do expoente n, exceto para n = 1. Para n = 1, temos PV = constante = P1 V1 = P2 V2 e ∫ 2 1 P dV = P1V1 ∫ 2 dV 1 V = P1V1 ln V2 V1 (3.22) Observe que nas Equações 3.21 e 3.22 não dizemos que o trabalho é igual às expressões indicadas nessas equações. Essas expressões nos dão o valor de uma integral, ou seja, um resultado matemático. Considerar, ou não, que aquela integral corresponde ao trabalho em um dado processo depende do resultado de uma análise termodinâmica do processo. É importante manter separado o resultado matemático da análise termodinâmica, porque haverá muitos casos em que o trabalho não é dado pela Equação 3.18. O processo politrópico, como já descrito, demonstra uma especial relação funcional entre P e V durante um processo. Existem muitas outras relações possíveis, algumas das quais serão examinadas nos problemas apresentados ao final deste capítulo. EXEMPLO 3.6 Considere como um sistema o gás contido em um conjunto cilindro-êmbolo mostrado na Figura 3.14.Vários pequenos pesos são colocados sobre o êmbolo. A pressão inicial é de 200 kPa, e o volume inicial do gás é de 0,04 m3. a. Posicione um bico de Bunsen embaixo do cilindro e deixe o volume do gás aumentar para 0,1 m3, enquanto a pressão permanece constante. Calcule o trabalho realizado pelo sistema durante esse processo. 1W2 = ∫ 2 1 P dV Como a pressão é constante, concluímos da Equação 3.18 e da Equação 3.12 com n = 0 que 1W2 Gás 1W2 = ∫ 2 1 dV = P (V2 − V1 ) = 200 kPa × (0,1 − 0,04) m 3 = 12,0 kJ FIGURA 3.14 Esboço para o Exemplo 3.6. termodinamica 03.indd 100 15/10/14 14:47 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia 101 EXEMPLO 3.6 (continuação) b. Considere o mesmo sistema e as mesmas condições iniciais, porém ao mesmo tempo em que o bico de Bunsen está sob o cilindro e o êmbolo está se elevando, remova os pesos do êmbolo, de tal forma que, durante o processo, a temperatura do gás se mantenha constante. Se admitirmos que o modelo gás ideal é válido, então, da Equação 2.9, PV = m RT Observamos que esse é um processo politrópico com o expoente n = 1. Da nossa análise, concluímos que o trabalho pode ser calculado com a Equação 3.18 e que a integral é dada pela Equação 3.22. Portanto 1W2 = ∫ 2 1 P dV = P1V1 ln = 200 kPa × 0,04 m 3 × ln V2 V1 0,10 = 7,33 kJ 0,04 c. Considere o mesmo sistema, porém, durante a transferência de calor, remova os pesos de tal maneira que a expressão PV 1,3 = constante descreva a relação entre a pressão e o volume durante o processo. Novamente, o volume final é 0,1 m3. Calcule o trabalho no processo. Esse processo é politrópico, com n = l,3. Analisando o processo, concluímos novamente que o trabalho pode ser calculado com a Equação 3.18 e que a integral é dada pela Equação 3.21. Assim P 1 1W2 = = ∫ 2 1 P dV = P2V2 − P1V1 = 1 − 1,3 60,77 × 0,1 − 200 × 0,04 kPa m 3 = 6,41 kJ 1 − 1,3 d. Considere o sistema e o estado inicial dados nos três primeiros exemplos, porém mantenha o êmbolo preso por um pino, de modo que o volume permaneça constante. Adicionalmente, faça com que calor seja transferido do sistema até que a pressão caia para 100 kPa. Calcule o trabalho nesse processo. Como δW = P dV para um processo quase estático, o trabalho é nulo porque, nesse caso, não há variação de volume. Isso também pode ser interpretado como o limite do processo politrópico quando n → ∞, e assim obtendo trabalho zero na Equação 3.21. O processo para cada um dos quatro exemplos é mostrado no diagrama P-V da Figura 3.15. O processo 1-2a é um processo a pressão constante e a área 1-2a-f-e-1 representa o trabalho. Analogamente, a linha 1-2b representa o processo em que PV = constante, a linha 1-2c o processo em que PV1,3 é constante e a linha 1-2d representa o processo a volume constante. O estudante deve comparar as áreas sob cada curva com os resultados numéricos obtidos para as quantidades de trabalho realizado. 2a 2d 2b 2c e termodinamica 03.indd 101 ⎛ 0,04 ⎞1,3 P2 = 200 ⎜ ⎟ = 60,77 kPa ⎝ 0,10 ⎠ f Figura 3.15 V Diagrama P-V mostrando o trabalho realizado nos vários processos do Exemplo 3.6. 15/10/14 14:47 102 Fundamentos da Termodinâmica QUESTÕES CONCEITUAIS g. Qual é aproximadamente o valor percentual do trabalho feito no processo 1-2c em comparação ao processo 1-2a mostrados na Figura 3.15? h. Gás hélio expande de 125 kPa, 350 K e 0,25 m3 para 100 kPa em um processo politrópico com n = 1,667. O trabalho é positivo, negativo, ou zero? i. Um gás ideal é submetido a um processo de expansão no qual o volume dobra. Que processo levará ao maior trabalho produzido: um processo isotérmico ou um politrópico com n = 1,25? 3.5 DEFINIÇÃO DE CALOR A definição termodinâmica de calor é um tanto diferente do entendimento cotidiano que ela tem. É importante compreender claramente a definição de calor dada aqui, porque é aplicável a muitos problemas da termodinâmica. Se um bloco de cobre quente for colocado em um béquer com água fria, sabemos, pela vivência, que o bloco de cobre esfria e a água aquece até que o cobre e a água atinjam a mesma temperatura. O que provoca essa diminuição de temperatura do cobre e o aumento de temperatura da água? Dizemos que isso é um resultado da transferência de energia do bloco de cobre para a água. É dessa transferência de energia que chegamos a uma definição de calor. O calor é definido como sendo a forma de transferência de energia através da fronteira de um sistema, em uma dada temperatura, para outro sistema (ou o ambiente), que apresenta uma temperatura inferior, em virtude da diferença entre as temperaturas dos dois sistemas. Isto é, o calor é transferido do sistema com temperatura superior ao sistema que apresenta temperatura inferior e a transferência de calor ocorre unicamente em razão da diferença entre as temperaturas dos dois sistemas. Outro aspecto dessa definição de calor é que um corpo nunca contém calor. Ou melhor, o calor somente pode ser identificado quando atravessa a fronteira. Assim, o calor é um termodinamica 03.indd 102 fenômeno em trânsito. Se considerarmos o bloco quente de cobre como um sistema e a água fria do béquer como outro sistema, reconhecemos que, originalmente, nenhum sistema contém calor (naturalmente, eles contêm energia). Quando o bloco de cobre é colocado na água e os dois sistemas entram em contato térmico, calor é transferido do cobre para a água até que seja estabelecido o equilíbrio de temperatura. Nessa situação não mais ocorre transferência de calor porque não há qualquer diferença de temperatura. No final do processo nenhum sistema contém calor. Também concluímos que o calor é identificado na fronteira do sistema, e é definido como energia transferida através dessa fronteira. O calor, semelhante ao trabalho, é uma forma de transferência de energia para ou de um sistema. Portanto, as unidades de calor, ou de qualquer outra forma de energia, são as mesmas das do trabalho ou, pelo menos, são diretamente proporcionais a elas. Assim, no Sistema Internacional, SI, a unidade de calor (energia) é o joule. No Sistema Inglês, a libra-pés-força é a unidade usual de calor. Entretanto, ao longo dos anos, fomos assimilando naturalmente outra unidade, fruto do processo de aquecimento d’água, como o que usamos para definir calor na seção anterior. Considere um sistema com 1 lbm de água a 59,7 F. Coloquemos na água um bloco quente de cobre de massa e temperatura apropriados, tal que, quando for estabelecido o equilíbrio térmico, a temperatura da água seja de 60,5 F. Esse padrão de quantidade de calor transferida do cobre para a água nesse processo é chamado Unidade Térmica Britânica (Btu – British termal unit). Mais exatamente, é chamado 60-graus Btu, definido como o total de calor requerido para elevar 1 lbm de água de 59,5 F para 60,5 F. (O Btu usado atualmente é, na realidade, definido em termos de unidades do SI.) Vale aqui comentar que a unidade de calor do sistema métrico, a caloria, teve uma origem análoga a do Btu no sistema Inglês. A caloria é definida com o calor necessário para elevar a temperatura de 1 g de água de 14,5 °C para 15,5 °C. Considera-se positivo o calor transferido para um sistema, e negativo o calor transferido de um sistema. Assim, uma transferência de calor positiva representa um aumento de energia no sistema e uma transferência negativa representa uma diminuição de energia no sistema. O calor é repre- 15/10/14 14:47 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia 103 sentado pelo símbolo Q. Um processo em que não haja transferência de calor (Q = 0) são denominados processos adiabáticos. dT Q! = −kA dx Do ponto de vista matemático, o calor, assim como o trabalho, é uma função de linha e, por isso, apresenta diferencial inexata. Isto é, a quantidade de calor transferida para um sistema que passa do estado 1 para o estado 2 depende do caminho que o sistema percorre durante o processo. Como o calor tem uma diferencial inexata, a diferencial é escrita δQ. Na integração escrevemos que fornece a taxa de transferência de calor por condução como diretamente proporcional à condutibilidade térmica, k, a área total, A, e ao gradiente de temperatura. O sinal negativo indica que o sentido da transferência de calor é da região que apresenta temperatura mais alta para a que apresenta temperatura mais baixa. Muitas vezes, quando não temos disponível uma solução analítica ou numérica do problema, estimamos o gradiente, dividindo a diferença de temperatura pela distância, ∫ 2 1 δ Q = 1 Q2 Em palavras, 1Q2 é o calor transferido durante um dado processo entre o estado 1 e o estado 2. Também é conveniente exprimir a transferência de calor por unidade de massa do sistema, q, frequentemente chamada calor específico transferido, definido como q≡ Q m 3.6 MODOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR A transferência de calor é o transporte de energia em virtude da diferença de temperatura entre quantidades de matéria. Sabemos que um cubo de gelo tirado de um congelador derreterá quando colocado em um local mais quente, como, por exemplo, um copo de água líquida ou sobre um prato exposto ao ar ambiente. Da discussão sobre energia na Seção 1.8, vimos que as moléculas da matéria apresentam energia translacional (cinética), rotacional e vibracional. A energia nesses modos pode ser transferida às moléculas vizinhas por meio de interações (colisões) ou por intercâmbio de moléculas, de modo que as moléculas com energia, em média, maior (temperatura mais alta) transferem energia para as moléculas que têm, em média, menos energia (temperatura mais baixa). Essa transferência de energia entre moléculas é denominada transferência de calor por condução, e aumenta com a diferença de temperatura e com a habilidade em realizar transferência de energia, que a substância possua. Isso é expresso pela lei de Fourier da condução, termodinamica 03.indd 103 (3.23) Os valores típicos das condutibilidades térmicas, k, são da ordem de 100 W/m K para os metais, de 1 a 10 para os sólidos não metálicos como vidro, gelo, e rocha, 0,1 a 10 para líquidos, no entorno de 0,1 para materiais isolantes, e de 0,1 até menos de 0,01 para gases. Um modo diferente de transferência ocorre quando o meio está escoando e é chamado transferência de calor por convecção. Nesse modo de transferência, o movimento da substância como um todo − o escoamento − desloca matéria, que apresenta certo nível energético, sobre ou próximo a uma superfície que apresenta uma temperatura diferente daquela do meio que escoa. Nesse caso, a transferência de calor por condução é dominada pela maneira como o escoamento leva as duas substâncias, fluido e superfície, a interagirem. São exemplos: o vento soprando sobre um edifício ou escoando em trocadores de calor, que pode ser ar fluindo sobre ou através de um radiador com água passando na tubulação. Essa troca de calor geralmente é formatada pela lei de Newton do resfriamento como Q! = Ah DT (3.24) em que as propriedades de transferência estão agrupadas no coeficiente de transferência de calor por convecção, h, que é função das propriedades físicas médias do fluido que escoa, do escoamento e da geometria. É necessário um estudo mais detalhado dos aspectos da mecânica dos fluidos e da transferência de calor de todo um processo para avaliar o coeficiente de transferência de calor para uma dada situação. Os valores típicos do coeficiente de transferência de calor por convecção, em W/m2K, são: 15/10/14 14:47 104 Fundamentos da Termodinâmica por radiação pode ocorrer no vácuo e não requer a presença de matéria, mas é necessário um meio material para que ocorra tanto a emissão (geração) quanto a absorção de energia. A emissão de uma superfície é usualmente escrita como uma fração, emissividade ε, da emissão de um corpo negro perfeito, ou seja, Convecção natural gás h = 5-25 líquido h = 50-1 000 Convecção forçada gás h = 25-250 líquido h = 50-20 000 Ebulição (mudança de fase) h = 2 500-100 000 Q! = εσ ATs4 (3.25) em que Ts é a temperatura da superfície e σ é a constante de Stefan-Bolztmann. Valores típicos de emissividade variam entre 0,92 para superfícies O último modo de transferência de calor é a radiação, que transmite a energia por ondas eletromagnéticas no espaço. A transferência de calor EXEMPLO 3.7 Considere a transferência de energia de uma sala a 20 °C para o ambiente externo, que se encontra a −10 °C, através da janela simples mostrada na Figura 3.16. de transferência de calor por convecção na superfície externa do vidro igual a 100 W/m2 K. Admitindo que a temperatura externa do vidro é de 12,1 °C, determine a taxa de transferência de calor no vidro e a taxa de transferência de calor para o ambiente externo por convecção. A variação de temperatura com a distância, medida a partir da superfície de fora do vidro, é apresentada pela transferência de calor por convecção na camada externa, mas, por simplificação, não é mostrada a correspondente camada na parte interna. A placa de vidro tem a espessura de 5 mm (0,005 m) com uma condutibilidade 1,4 W/m K e a área total da superfície é de 0,5 m2. O vento provoca um coeficiente T T∞ s Ambiente externo qcond 0 dT DT W Q! = −kA = −kA = −1,4 × dx Dx mK 20 − 12,1 K × 0,5 m 2 = −1106 W 0,005 m T Tsala Ambiente interno Vidro qconv Para a condução através do vidro temos t x Tsala Ts T 0 t x FIGURA 3.16 Transferência de calor por condução e convecção através do vidro da janela. e o sinal negativo indica que a energia está deixando a sala. Para a transferência de calor por convecção na camada externa temos W Q! = hADT = 100 2 × m K 2 × 0,5 m [12,1 − (−10)] K = 1105 W termodinamica 03.indd 104 com o sentido da transferência de calor da região de alta para a região de baixa temperatura, ou seja, em direção ao ambiente externo1. 1 Considere que houve uma diferença de aproximação porque na verdade os dois resultados deveriam ser rigorosamente iguais, porque é um processo em regime permanente (N.T.). 15/10/14 14:47 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia não metálicas e 0,6 a 0,9 para superfícies metálicas não polidas, chegando a menos de 0,1 para superfícies metálicas altamente polidas. A radiação se distribui em uma faixa de comprimentos de ondas, sendo emitida e absorvida de maneira diferente por diferentes superfícies, mas o detalhamento desses aspectos estão além do escopo deste livro. 3.7 ENERGIA INTERNA – UMA PROPRIEDADE TERMODINÂMICA A energia interna é uma propriedade extensiva, visto que depende da massa do sistema. As energias cinética e potencial também são propriedades extensivas. O símbolo U designa a energia interna de uma dada massa de uma substância. Seguindo a convenção usada para as outras propriedades extensivas, o símbolo u designa a energia interna por unidade de massa. Pode-se dizer que u é a energia interna específica, conforme fizemos no caso do volume específico. Entretanto, como usualmente o contexto deixará claro, se estamos lidando com u (energia interna específica) ou a U (energia interna total), adotaremos para ambos os casos simplesmente a notação energia interna. No Capítulo 2 observamos que na ausência de movimento, da gravidade, efeitos de superfície, elétricos e outros, o estado de uma substância pura é especificado por duas propriedades independentes. É muito expressivo que, com essas restrições, a energia interna possa ser uma das propriedades independentes de uma substância pura. Isso significa, por exemplo, que, se especificarmos a pressão e a energia interna (com referência a uma base arbitrária) do vapor superaquecido, a temperatura estará também determinada. Assim, em uma tabela de propriedades termodinâmicas, como as tabelas de vapor, os valores de energia interna podem ser tabelados juntamente com as outras propriedades termodinâmicas. As Tabelas 1 e 2 de vapor (Tabelas B.1.1 e B.1.2) listam a energia interna dos estados saturados. Incluem os valores da energia interna do líquido saturado ul, da energia interna do vapor saturado uv e a diferença entre as energias internas do líquido saturado e do vapor saturado ulv. Os valores são fornecidos em relação a um estado de referência arbitrário que, para a água nas tabelas de vapor, é tomado como zero, para a energia interna do líquido termodinamica 03.indd 105 105 saturado na temperatura do ponto triplo, 0,01 °C. Todos os valores de energia interna nas tabelas de vapor são calculados relativamente a essa referência (note que o estado de referência deixa de ser preponderante quando se calcula a diferença de u entre dois estados). Valores para a energia interna são encontrados nas tabelas da mesma maneira que manipulamos o volume específico. Na região de saturação líquido-vapor, U = Ulíq + Uvap ou mu = mlíq ul + mvap uv Dividindo por m e introduzindo o título x, temos u = (1 – x)ul + xuv u = ul + xulv Como exemplo, calculamos a energia interna específica do vapor d’água saturado à pressão de 0,6 MPa, com título de 95%, do seguinte modo: u = ul + xulv = 669,9 + 0,95(1 897,5) = = 2 472,5 kJ/kg Os valores de u para a região de vapor superaquecido estão tabulados na Tabela B.1.3, para líquido comprimido na Tabela B.1.4, e para os valores referentes aos estados em que o sólido e o vapor coexistem em equilíbrio, na Tabela B.1.5. QUESTÕES CONCEITUAIS j. A água é aquecida de 100 kPa, 20 °C até 1 000 kPa, 200 °C. Em um caso, a pressão é aumentada a T constante, e depois T é elevada a P constante. Em um segundo caso, a ordem dos processos é invertida. Isso acarreta uma diferença para 1Q2 e 1W2? k. Um tanque A, rígido e isolado termicamente, contém água a 400 kPa, 800 °C. Um tubo com uma válvula liga esse tanque a outro tanque B também rígido, isolado e de igual volume, contendo vapor d’água saturado a 100 kPa. A válvula é aberta e permanece assim até que a água atinja um estado final uniforme nos dois tanques. Quais são as duas propriedades que definem o estado final? 15/10/14 14:47 106 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 3.8 Determine, para a água e nos estados indicados, as propriedades que faltam (P, T, x ou v): a. T = 300 oC, u = 2 780 kJ/kg b. P = 2 000 kPa, u = 2 000 kJ/kg As propriedades fornecidas nos dois estados são independentes e, assim, determinam completamente o estado termodinâmico. Temos que, inicialmente, identificar a fase da água em cada estado comparando-se as informações fornecidas com os valores das propriedades nos limites entre as fases. a. Para T = 300 oC , na Tabela B.1.1, obtemos uv = 2 563,0 kJ/kg. A água se encontra como vapor superaquecido porque u > uv a uma pressão menor que Pv, que é 8 581 kPa. Pesquisando na Tabela B.1.3 em 300 oC, encontramos que o valor de u = 2 780 kJ/kg está entre o valor de u para P = 1 600 kPa (u = 2 776,8 kJ/kg) e para P = 1 800 kPa (u = 2 781,0 kJ/kg). Fazendo uma interpolação linear, obte­mos P = 1 648 kPa Observe que o título não tem sentido na região de vapor superaquecido. A essa pressão, por interpolação linear, temos v = 0,1542 m3/kg. b. Para P = 2 000 kPa, na Tabela B.1.2, vemos que u = 2 000 kJ/kg é maior que ul = 906,4 kJ/kg, porém menor que uv = 2 600,3 kJ/kg. Assim, a água se encontra em um estado saturado líquido-vapor com T = Tv = 212,4 oC, e u = 2 000 = 906,4 + x1 693,8; x = 0,6456 E para o volume específico, v = 0,001 177 + 0,6456 × 0,09845 = 0,064 74 m3/kg termodinamica 03.indd 106 3.8 ANÁLISE DE PROBLEMAS E TÉCNICA DE SOLUÇÃO Neste ponto do nosso estudo da termodinâmica já fomos suficientemente longe (ou seja, acumulamos ferramentas suficientes para trabalhar) e é muito oportuno desenvolver um procedimento ou uma técnica formal para analisar e solucionar problemas termodinâmicos. No momento, pode não parecer extremamente necessário usar um rigoroso procedimento para muitos dos nossos problemas, porém, devemos lembrar que, à medida que adquirirmos mais ferramenta analítica, os problemas com os quais seremos capazes de lidar tornar-se-ão muito mais complexos. Assim, é conveniente começarmos agora a praticar essa técnica para nos prepararmos para os problemas futuros. A sequência a seguir mostra uma abordagem sistemática para os problemas de termodinâmica, para que sejam entendidos e se garanta que nenhuma simplificação seja adotada, eliminando assim muitos erros que, de outra forma ocorreriam em decorrência de premissas simplificadoras que venhamos a assumir e que não sejam aplicáveis. 1. Faça um esboço do sistema físico com seus componentes e identifique todos os fluxos de massa, de calor e trabalho. Evidencie as forças decorrentes de pressões externas e as pontuais. 2. Defina (ou seja, escolha) a sistema ou o volume de controle, estabelecendo a superfície de controle que contenha a substância que você deseja analisar. Indique todas as transferências que entram ou que saiam do volume de controle e rotule as diferentes partes do sistema, caso não tenham o mesmo estado termodinâmico. 3. Escreva as leis básicas para cada volume de controle (até aqui só usamos a equação da energia, no futuro teremos diversas leis). Se uma parcela de transferência deixa um volume de controle e entra em outro, devemos expressá-la, em cada uma das equações, com o sinal trocado. 4. Relacione as leis auxiliares e específicas para tudo que estiver em cada um dos volumes de controle. A característica de uma substância ou está explicitada ou referida a valores ta- 15/10/14 14:47 107 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia belados. A equação para um dado processo é normalmente fácil de ser escrita; e advém da forma como o sistema e componente se interagem, sendo frequentemente uma aproximação de realidade. Isto é, fazemos um modelo matemático simplificado, que retrate o comportamento do mundo real. 5. Conclua a formulação combinando todas as equações (não use números ainda); e, então, confira os valores que são conhecidos e as incógnitas. É importante especificar todos os estados, caracterizando-os com duas propriedades independentes. Essa tarefa é mais facilmente elaborada se esboçarmos todos os processos e estados em um diagrama (P-v), (T-v) ou similar. Esses diagramas também são úteis para selecionar tabelas e localizar estados. Como escrevemos na equação da energia 1 m (V22 − V12 ) + 2 +mg ( Z2 − Z1 ) = 1 Q2 − 1W2 U 2 − U1 + (3.26) nós também temos que considerar as várias parcelas de armazenamento. Se a massa não se desloca de forma considerável, ou em velocidade ou em elevação, consideramos que mudanças da energia cinética e/ou potencial são pequenas. Não é necessário seguir todos esses passos sempre. Na maioria dos exemplos deste livro não nos fixaremos a essa abordagem formal. Entretanto, quando o estudante tiver de enfrentar um problema novo e não familiar, deve sempre – ao menos – pensar nesse conjunto de questões que permitirão desenvolver a habilidade para resolver situações mais desafiantes. Resolvendo o problema a seguir, aplicaremos essa técnica em detalhe. EXEMPLO 3.9 Um recipiente com volume de 5 m3 contém 0,05 m3 de água líquida saturada e 4,95 m3 de água no estado de vapor saturado à pressão de 0,1 MPa. O calor é transferido à água até que o recipiente contenha apenas vapor saturado. Determine o calor transferido nesse processo. Sistema: A água contida no recipiente. Esboço: Figura 3.17 T Estado inicial: Pressão, volume de líquido, volume de vapor. Assim, o estado 1 está determinado. Estado final: Algum estado sobre a curva de vapor saturado. A água é aquecida, portanto, P 2 > P 1. Processo: Volume e massa constantes; portanto, o volume específico é constante. Diagrama: Figura 3.18. Modelagem: Tabelas de vapor d’água. Processo a volume constante Ponto crítico Vapor saturado no estado 2 2 Vapor d’água P1 Água líquida 1Q2 1 V2 = V1 FIGURA 3.17 Esboço para o Exemplo 3.9. termodinamica 03.indd 107 V FIGURA 3.18 Diagrama para o Exemplo 3.9. 15/10/14 14:47 108 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 3.9 (continuação) Análise m1 líq = Da equação da energia temos: V22 − V12 + 2 +mg ( Z2 − Z1 ) = 1 Q2 − 1W2 m1 vap = U 2 − U1 + m Pelo exame da superfície de controle, para os vários modos de trabalho, concluímos que o trabalho nesse processo é nulo. Além disso, o sistema não está se movendo, assim, não há variação de energia cinética. Há uma pequena mudança do centro de massa do sistema, porém admitiremos que a variação de energia potencial (em kJ) seja desprezível. Portanto 1Q 2 = U2 – U1 A solução se processa como segue termodinamica 03.indd 108 Vvap 4,95 = = 2,92 kg vg 1,6940 Portanto U1 = m1 líqu1 líq + m1 vapu1 vap = 47,94(417,36) + 2,92(2 506,1) = 27 326 kJ Para determinar u2 precisamos conhecer duas propriedades termodinâmicas independentes para o estado 2. A propriedade termodinâmica que conhecemos é o título x2 = 100%, e a que pode ser calculada de imediato é o volume específico final (v2). m = m1 líq + m1 vap = 47,94 + 2,92 = 50,86 kg Solução: O calor transferido será determinado com a equação da energia. O estado 1 é conhecido, de modo que U1 pode ser encontrado. O volume específico do estado 2 é também conhecido (a partir do estado 1 e do processo). Como o estado 2 é vapor saturado, ele está determinado, como podemos ver na Figura 3.18. Portanto, podemos obter o valor de U2. Vlíq 0,05 = = 47,94 kg vf 0,001 043 v2 = V 5,0 = = 0,098 31 m 3 /kg m 50,86 Na Tabela B.1.2 encontramos, por interpolação, que na pressão de 2,03 MPa vv = 0,098 31 m3/kg. A pressão final do vapor é, então, 2,03 MPa. Assim u2 = 2 600,5 kJ/kg U2 = mu2 = 50,86(2 600,5) = 132 261 kJ 1Q 2 = U2 – U1 = 132 261 – 27 326 = 104 935 kJ 15/10/14 14:47 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia 109 EXEMPLO 3.10 O conjunto cilindro-pistão do Exemplo 3.4 contém 0,5 kg de amônia a –20 oC e título igual a 25%. A amônia é aquecida até +20 oC, nesse estado o volume ocupado pela amônia é 1,41 vez maior. Determine a pressão final, o trabalho realizado pela amônia e o calor transferido. P1 = Psat = 190,2 kPa v1 = vl + x1 vlv = 0,001 504 + 0,25 × 0,621 84 = = 0,156 96 m3/kg u1 = ul + x1 ulv = 88,76 + 0,25 × 1 210,7 = = 391,44 kJ/kg Estado 2: (T2, v2 = 1,41v1 = 1,41 × 0,156 96 = = 0,2213 m3/kg) Solução: As forças que agem sobre o pistão, sob uma gravidade constante, a atmosfera externa a pressão constante e a mola linear impondo uma relação linear entre P e v(V). A Tabela B.2.2 indica que a pressão no estado 2 é muito próxima de 600 kPa, e u2 ≈ 1 347,9 kJ/kg O trabalho pode ser integrado, conhecendo P em função de v, e pode ser interpretado como a área no diagrama P-v, mostrado na Figura 3.19. Processo: P = C1 + C2v, veja Exemplo 3.5, Figura 3.12 Estado 1: Aplicando a definição de trabalho (T1, x1) da Tabela B.2.1 1W2 = ∫ 2 1 P dV = ∫ 2 1 1 Pm dv = área = m ( P1 + P2 ) ( v2 − v1 ) 2 1 = 0,5 kg (190,2 + 600) kPa (0,2213 = 0,156 96) m 3/kg 2 = 12,7 kJ 1 Q2 = m ( u2 − u1 ) + 1W2 = 0,5 kg (1 347,9 − 391,44) kJ + 12,71 kJ kg = 490,94 kJ P 2 600 190 NH3 T P.C. P.C. 2 20 1 –20 v 1 v FIGURA 3.19 Diagrama para o Exemplo 3.10. termodinamica 03.indd 109 15/10/14 14:47 110 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 3.11 O conjunto cilindro-pistão mostrado na Figura 3.20 contém 0,1 kg de água a 1 000 kPa e 500 oC. A água é, então, resfriada e sob a ação de uma força sobre o pistão até que seu volume alcance metade do inicial. Após essa etapa, a água é resfriada até 25 oC enquanto o pistão fica encostado no esbarro. Determine a pressão da água no estado final, o trabalho total realizado e o calor transferido em todo o processo, e mostre o processo em um diagrama P-v. v1 = 0,354 11 m3/kg, u1 = 3 124,34 kJ/kg Processo 1 –1a: P = constante = F/A 1a – 2 : v = constante = v1a = v2 = v1/2 Estado 2: (T, v2 = v1/2= 0,177 06 m3/kg) 0,177 06 − 0,001 003 43,3583 X 2 = ( v2 − v f ) /vlv = = 0,004 0605 u2 = ul + x2 ulv = 104,86 + 0,0040 605 × 2 304,9 = 114,219 kJ/kg Da Tabela B.1.1, v2 < vv, então, o estado final está na saturação e P2 = Psat = 3,169 kPa. F Água 1W2 FIGURA 3.20 Esboço para o Exemplo 3.11. = ∫ 2 1 P dV = m ∫ 2 P dv = m P1 ( v1a − v1 ) + 0 1 = 0,1 kg × 1 000 kPa (0,177 06 – 0,354 11) m3/kg = −17,7 kJ Solução: Reconhecemos que o processo se dá em dois passos, um a P constante e outro a V constante. Esse comportamento é determinado pela construção do dispositivo. Estado 1: (P,T) Da Tabela B1.3; P 1000 3 Observe que de 1ª até 2ª o trabalho realizado é nulo (não há mudança no volume), como mostrado na Figura 3.21. = m (u2 – u1) + 1W2 = 0,1 kg (114,219 – 3 124,34) kJ/kg – 17,7 kJ = – 318,71 kJ 1Q 2 T 1a 1 180 2 0,177 25 0,354 1 500 v 1a P1 2 v FIGURA 3.21 Diagramas para o Exemplo 3.11. termodinamica 03.indd 110 15/10/14 14:47 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia 3.9 A PROPRIEDADE TERMODINÂMICA ENTALPIA Ao se analisar tipos específicos de processos, frequentemente encontramos certas combinações de propriedades termodinâmicas que são, portanto, também propriedades da substância que sofre a mudança de estado. Para mostrar uma situação em que isso ocorre, consideremos um sistema que passa por um processo quase estático a pressão constante, como o mostrado na Figura 3.22. Admitamos também que não haja variações de energias cinética e potencial e que o único trabalho realizado durante o processo seja aquele associado ao movimento de fronteira. Considerando o gás como sistema e aplicando a equação da energia, Equação 3.5, temos, em termos de Q: U 2 – U 1 = 1Q 2 – 1W 2 O trabalho pode ser calculado pela expressão 1W2 = ∫ 2 1 P dV Como a pressão é constante, 1W2 =P ∫ 2 1 dV = P (V2 − V1 ) Portanto, 1Q 2 = U2 −U1 + P2V2 − P1V1 = (U2 + P2V2 )−(U1 + P1V1 ) Verificamos que, para esse caso muito particular, a transferência de calor durante o processo é igual à variação da quantidade U + PV entre os estados inicial e final. Como todos os elementos dessa expressão são propriedades termodinâmicas, isso é, funções apenas do estado do sistema, a combinação desses elementos deve apresentar, 2 1 Q Figura 3.22 Gás 111 obrigatoriamente, essa mesma característica. Torna-se, portanto, conveniente definir uma nova propriedade extensiva, a entalpia, H ≡ U + PV (3.27) ou, por unidade de massa, h ≡ u + Pv (3.28) Como no caso de energia interna, poderíamos nos referir à entalpia específica por h e à entalpia total por H. No entanto, iremos nos referir a ambas como entalpia, já que o contexto indicará claramente de qual se trata. Vimos que a transferência de calor em um processo quase estático a pressão constante é igual à variação de entalpia e essa inclui a variação de energia interna e o trabalho nesse processo. Assim, o resultado não é, de modo algum, geral e só é válido para esse caso especial, em que o trabalho realizado durante o processo é igual à diferença do produto PV entre os estados final e inicial. Isso não seria verdadeiro se a pressão não tivesse permanecido constante durante o processo. A importância e o uso da entalpia não estão restritos ao processo especial descrito anteriormente. Outros casos, nos quais a mesma combinação de propriedades u + Pv aparece, serão desenvolvidos mais tarde, especialmente no Capítulo 4, no qual discutiremos a análise para volumes de controle. A razão para introduzirmos a entalpia, nesse ponto, é que, embora as tabelas do Apêndice B listem os valores da energia interna, muitas outras tabelas e diagramas de propriedades termodinâmicas fornecem os valores da entalpia e não os da energia interna. Nesses casos é necessário calcular a energia interna a partir do valor tabelado da entalpia e da Equação 3.28: u = h – Pv Os estudantes frequentemente se confundem acerca da validade desse cálculo ao analisar processos de sistemas que não ocorrem a pressão constante, nos quais a entalpia não se apresenta fisicamente no processo. Devemos ter em mente que a entalpia, sendo uma propriedade, é uma função de ponto e usá-la para o cálculo da energia interna não está relacionado nem depende de qualquer processo que possa estar ocorrendo. Processo quase estático a pressão constante. termodinamica 03.indd 111 15/10/14 14:47 112 Fundamentos da Termodinâmica Os valores tabelados para a entalpia, como aqueles incluídos nas Tabelas B.1 a B.7 do Apêndice, são todos relativos a uma base arbitrária. O estado de referência, nas tabelas de vapor d’água, é o do líquido saturado a 0,01 °C, em que a energia interna recebe o valor zero. Para fluidos refrigerantes – como R-134a, R-410a e amônia – o estado de referência é o do líquido saturado a −40 °C. A entalpia nesse estado de referência recebe o valor zero. Fluidos criogênicos, tal como o nitrogênio, têm outros estados de referência arbitrários escolhidos para a entalpia em suas tabelas. Como cada estado de referência é arbitrariamente selecionado, é sempre possível termos valores negativos para a entalpia, como para a água sólida saturada na Tabela B.1.5. Deve ser ressaltado que, quando a entalpia e a energia interna recebem valores relativos ao mesmo estado de referência, como em praticamente todas as tabelas termodinâmicas, a diferença entre a energia interna e a entalpia no estado de referência é igual a Pv. Mas, como o volume específico do líquido é muito pequeno, o produto é desprezível diante dos algarismos significativos presentes nas tabelas, mas o princípio deve estar na mente, pois em alguns casos aquele produto pode ser significativo. A entalpia de uma substância, em um estado de saturação e apresentando certo título, é determinada do mesmo modo que foi utilizado para o volume específico e para a energia interna. A entalpia do líquido saturado tem o símbolo hl, a do vapor saturado hv, e o aumento da entalpia durante a vaporização hlv. A entalpia, para um estado de saturação, pode ser calculada por uma das relações: h = (1 – x)hl + xhv h = hl + xhlv A entalpia da água líquida comprimida pode ser obtida na Tabela B.1.4. Para substâncias para as quais não dispomos de tabelas de líquido comprimido, a entalpia do líquido comprimido pode ser admitida igual à do líquido saturado à mesma temperatura. EXEMPLO 3.12 Um cilindro provido de pistão tem volume de 0,1 m3 e contém 0,5 kg de vapor d’água a 0,4 MPa. Calor é transferido até que a temperatura alcance 300 °C, enquanto a pressão permanece constante. Processo: Pressão constante, P2 = P1 Estado inicial: P1 , V1, m; portanto, v1 é conhecido e o estado 1 está determinado (Confira nas tabelas de vapor saturado, com P1 e v1). Estado final: P2, T2; consequentemente o estado 2 está determinado (superaquecido). Diagrama: Figura 3.23. Modelo: Tabelas de vapor d’água. Determine o calor transferido e o trabalho realizado nesse processo. Sistema: Água dentro do cilindro. P T P2 = P1 T2 2 2 1 1 T = T2 T = T1 V V FIGURA 3.23 Diagramas do processo quase estático a pressão constante. termodinamica 03.indd 112 15/10/14 14:47 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia 113 EXEMPLO 3.12 (continuação) Análise: Não há variação de energia cinética ou de energia potencial. O trabalho está associado a movimento de fronteira. Vamos admitir que 1W2 = ∫ 2 1 P dV = P ∫ 2 1 o processo seja quase estático. Então, como a pressão é constante, temos dV = P (V2 − V1 ) = m ( P2 v2 − P1v1) ) Assim, a equação da energia é, em função de Q 1Q 2 = m(u2 − u1) + 1W2 = m(u2 − u1) + m(P2v2 − P1v1) = m(h2 − h1) Solução: Há vários procedimentos que podem ser utilizados. O estado 1 é conhecido, assim v1 e h1 (ou u1) podem ser encontrados. O estado 2 também é conhecido, assim, v2 e h2 (ou u2) po- dem ser obtidos. Utilizando-se da primeira lei e da equação do trabalho podemos calcular o calor transferido e o trabalho. Com os valores das entalpias, temos v1 = V1 0,1 m 3 m3 = = 0,2 = 0,001 084 = x1 0,4614) m 0,5 kg kg x1 = 0,1989 = 0,4311 0,4614 h1 = hl + x1hev = 604,74 + 0,4311 × 2 133,8 = 1 524,7 kJ/kg h2 = 3 066,8 kJ/kg 1 Q2 = 0,5 kg (3 066,8 − 1 524,7) kJ/kg = 771,1 kJ 1W2 = mP ( v2 − v1 ) = 0,5 × 400(0,6548 − 0,2) = 91,0 kJ u1 = ul + x1uev Portanto = 604,31 + 0,4311 × 1 949,3 = 1 444,7 kJ/kg U2 – U1 = 1Q2 – 1W2 = 771,1 – 91,0 = 680,1 kJ O calor transferido também pode ser obtido a partir de u1 e u2 1 Q2 u2 = 2 804,8 kJ/kg e = U 2 − U1 + 1W2 = 0,5 kg(2 804,8 − 1 444,7) kJ/kg + 9,10 = 771,1 kJ termodinamica 03.indd 113 15/10/14 14:47 114 Fundamentos da Termodinâmica 3.10 CALORES ESPECÍFICOS A VOLUME E A PRESSÃO CONSTANTES Nesta seção consideraremos uma substância de composição constante e que apresenta uma fase homogênea. Essa fase pode ser sólida, líquida ou gasosa, mas não ocorre mudança de fase. Definiremos o calor específico como a quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de uma unidade de massa da substância em um grau. É interessante analisar a relação que existe entre o calor específico e outras propriedades termodinâmicas, notamos inicialmente, que o calor transferido pode ser avaliado com a Equação 3.4. Desprezando as variações de energias cinética e potencial e admitindo que seja uma única substância compressível e que o processo seja quase estático, o trabalho na Equação 3.4 pode ser avaliado pela Equação 3.16, temos então dQ = dU + dW = dU + P dV Essa expressão pode ser avaliada para dois casos especiais distintos: 1. Se o volume é constante, o termo de trabalho (P dV) é nulo; de modo que o calor específico (a volume constante) é Cv = 1 ⎛ δQ ⎞ 1 ⎛ ∂U ⎞ ⎛ ∂u ⎞ ⎜ ⎟ = ⎜ ⎟ = ⎜ ⎟ (3.29) m ⎝ δT ⎠v m ⎝ ∂T ⎠v ⎝ ∂T ⎠v 2. Se a pressão é constante, o termo de trabalho pode ser integrado e os termos PV resultantes, nos estados inicial e final, podem ser associados com as energias internas, como na Seção 3.9, assim, concluímos que o calor transferido pode ser expresso em termos da variação de entalpia. O correspondente calor específico (a pressão constante) é Cp = 1 ⎛ δQ ⎞ 1 ⎛ ∂H ⎞ ⎛ ∂h ⎞ ⎜ ⎟ = ⎜ ⎟ = ⎜ ⎟ (3.30) m ⎝ δT ⎠ p m ⎝ ∂T ⎠ p ⎝ ∂T ⎠ p Observe que em cada um desses casos especiais, as expressões resultantes, Equação 3.29 ou 3.30, contêm somente propriedades termodinâmicas. Concluímos, assim, que os calores específicos a volume e a pressão constante também são propriedades termodinâmicas. Isso significa que apesar de iniciarmos essa discussão considerando a termodinamica 03.indd 114 quantidade de calor necessária para provocar a variação de uma unidade de temperatura e de ter realizado um desenvolvimento muito específico, que nos levou à Equação 3.29 (ou 3.30), o resultado obtido exprime uma relação entre um conjunto de propriedades termodinâmicas e, portanto, constitui definições que são independentes dos processos particulares considerados (no mesmo sentido que a definição de entalpia, na seção anterior, é independente do processo utilizado para ilustrar uma situação na qual a propriedade é útil em uma análise termodinâmica). Como exemplo, considere duas massas de fluidos idênticas mostrados na Figura 3.24. No primeiro sistema, 100 kJ de calor é transferido ao sistema, e, no segundo, 100 kJ de trabalho é realizado sobre o sistema. Assim, a variação de energia interna é a mesma em cada um deles, e, portanto, o estado final e a temperatura final são as mesmas em cada um deles. De acordo com a Equação 3.29, devemos obter exatamente o mesmo valor do calor específico médio a volume constante dessa substância para os dois processos, mesmo que os dois processos sejam muito diferentes no que se refere a transferência de calor. Sólidos e Líquidos Como um caso especial, consideremos um sólido ou líquido. Essas duas fases são praticamente incompressíveis, dh = du + d(Pv) ≈ du + vdP (3.31) Além disso, o volume específico, para ambas as fases, é muito pequeno, tal que em muitos casos dh ≈ du ≈ CdT (3.32) em que C é o calor específico a volume constan- –W = 100 kJ Fluído Fluído Q = 100 kJ Figura 3.24 Esboço mostrando dois processos que geram o mesmo ΔU. 15/10/14 14:47 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia te ou a pressão constante, pois os valores de ambos serão muito próximos. Em muitos processos que envolvem um sólido ou um líquido, podemos adicionalmente admitir que o calor específico da Equação 3.32 seja constante (a menos que o processo ocorra a baixa temperatura ou com um grande intervalo de temperatura). Nesse caso, a Equação 3.32 pode ser integrada, h2 – h1 u2 – u1 C(T2 – T1) (3.33) Os calores específicos para vários sólidos e líquidos estão apresentados nas Tabelas A.3, A.4 F.2 e F.3. Em outros processos, para os quais não é possível admitir calor específico constante, pode ser conhecida uma equação para C em função da temperatura. Nesse caso, a Equação 3.32 poderia ser integrada. 3.11 A ENERGIA INTERNA, ENTALPIA E CALOR ESPECÍFICO DE GASES IDEAIS Em geral, para qualquer substância a energia interna u depende de duas propriedades independentes que definam o estado termodinâmico. Entretanto, quando a massa específica dos gases é baixa, u depende basicamente da temperatura e muito menos da segunda propriedade, P ou v. Por exemplo, considere os vários valores de u para vapor d’água superaquecido obtido da Tabela B.1.3 e mostrados na Tabela 3.1. Desses valores, é evidente que u depende fortemente de T, mas não tanto de P. Também é possível verificar na tabela que a dependência de u com P é menor quando a pressão é baixa e é muito menor a alta temperatura, ou seja, quando a massa específica decresce, decresce também a dependência de u em P (ou em v). Podemos extrapolar esses comportamentos a estados em que a massa específica seja muito pequena a tal ponto que o modelo de gás ideal seja aplicável, e em que a energia interna não depende da pressão, mas é função somente da temperatura. Nessas condições, para um gás ideal, Pv = RT e u = f(T) somente termodinamica 03.indd 115 (3.34) 115 Tabela 3.1 Energia interna específica para o vapor d’água [kJ/kg] P, kPa T, °C 10 100 500 1 000 200 2 661,3 2 658,1 2 642,9 2 621,9 700 3 479,6 3 479,2 3 477,5 3 475,4 1200 44 67,9 4 467,7 4 466,8 4 465,6 A relação entre a energia interna u e a temperatura pode ser estabelecida utilizando-se a definição de calor específico a volume constante, dado pela Equação 3.29: ⎛ ∂u ⎞ Cv = ⎜ ⎟ ⎝ ∂T ⎠v Como a energia interna de um gás ideal não é função do volume específico, podemos escrever para um gás ideal Cv0 = du dT du = Cv0 dT (3.35) em que o índice 0 indica o calor específico de um gás ideal. Para uma dada massa m, dU = mCv0 dT (3.36) Da definição de entalpia e da equação de estado de um gás ideal, segue que h = u + Pv = u + RT (3.37) Como R é uma constante e u é função apenas da temperatura, temos que a entalpia, h, de um gás ideal, também é somente uma função da temperatura. Isto é, h = f(T)(3.38) A relação entre a entalpia e a temperatura é obtida a partir da definição do calor específico a pressão constante como definido na Equação 3.30: ⎛ ∂h ⎞ C p = ⎜ ⎟ ⎝ dT ⎠ p 15/10/14 14:47 116 Fundamentos da Termodinâmica Como a entalpia de um gás ideal é função apenas da temperatura e é independente da pressão, segue que C p0 = dh dT dh = Cp0 dT (3.39) Para uma dada massa m, dH = mCp0 dT (3.40) As consequências das Equações 3.35 e 3.39 podem ser vistas na Figura 3.25, que mostra duas linhas de temperatura constante. Como a energia interna e a entalpia são funções apenas da temperatura, essas linhas de temperatura constante são também linhas de energia interna constante e de entalpia constante. Do estado 1 podemos atingir a linha de temperatura elevada por vários caminhos e, em cada caso, o estado final é diferente. No entanto, qualquer que seja o caminho, a variação da energia interna e da entalpia serão as mesmas, para linhas de temperatura constante, pois são, também, linhas de u constante e de h constante. Como a energia interna e a entalpia de um gás ideal são funções apenas da temperatura, segue que os calores específicos a volume constante e a pressão constante são também funções somente da temperatura. Isto é Cv0 = f(T), gás ideal para uma dada substância é usualmente chamada calor específico à pressão zero, e o calor específico a pressão constante na pressão zero recebe o símbolo Cp0. O calor específico a volume constante a pressão zero recebe o símbolo Cv0. A Figura 3.26 mostra um gráfico de Cp0 em função da temperatura para várias substâncias. Esses valores foram determinados com o uso das técnicas da termodinâmica estatística que não está no escopo deste texto. Entretanto, um breve resumo sobre o assunto é dado no Apêndice C. É mostrado lá que o principal fator causador da variação do calor específico com a temperatura é a vibração molecular. Moléculas mais complexas têm múltiplos modos de vibração e, portanto, apresentam grande dependência da temperatura, como pode ser visto na Figura 3.26. Essa observação é importante para a decisão de quando levar ou não em consideração a variação do calor específico com a temperatura em uma particular aplicação. Uma relação muito importante entre os calores específicos a pressão constante e a volume constante de um gás ideal pode ser desenvolvida a partir da definição de entalpia. h = u + Pv = u + RT Diferenciando a equação e utilizando as Equações 3.35 e 3.39, obtemos dh = du + R dT Cp0 dT = Cv0 dT + R dT Cp0 = f(T)(3.41) Como todos os gases apresentam um comportamento próximo daquele de gás ideal quando a pressão tende a zero, o calor específico de P Portanto Cp0 – Cv0 = R (3.42) 2 2′ 1 2 ′′ Constante T + dT, u + du, h + dh Constante T, u, h v Figura 3.25 Diagrama P-v para um gás ideal. termodinamica 03.indd 116 15/10/14 14:47 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia 8 A segunda possibilidade para o calor específico é a utilização de uma equação analítica para Cp0 em função da temperatura. Como os resultados dos cálculos do calor específico, a partir da termodinâmica estatística, não conduzem a formas matemáticas convenientes, estes normalmente são ajustados empiricamente. A Tabela A.6 fornece equações de Cp0 em função da temperatura para diversos gases. C 2H 4 7 CO2 6 Cp0 R H2O 5 O2 4 Air 3 A terceira possibilidade é integrar os resultados dos cálculos da termodinâmica estatística desde uma temperatura arbitrária de referência até qualquer outra temperatura T, e definir a função H2 Ar, He, Ne, Kr, Xe 2 0 500 1000 1500 T [K] 2000 2500 3000 Calor específico em função da temperatura para diversos gases. A forma dessa equação na base molar é (3.43) Isso nos diz que a diferença entre os calores específicos a pressão constante e o volume constante, de um gás ideal, é sempre constante, embora ambos sejam funções da temperatura. Assim, precisamos examinar somente a dependência da temperatura de um deles; o outro será fornecido pela Equação 3.42. Consideremos o calor específico Cp0. Existem três casos a examinar. A situação mais simples resulta da hipótese de se admitir calor específico constante, ou seja, não dependente da temperatura. Nesse caso, é possível integrar diretamente a Equação 3.39, chegando a h2 – h1 = Cp0(T2 – T1)(3.44) Notamos, analisando a Figura 3.26, que os casos que estejam sob essas condições alcançarão uma modelagem precisa. Deve-se acrescentar, entretanto, que essa situação pode ser uma aproximação razoável para outras condições, especialmente se for usado um valor de calor específico médio, para o intervalo de temperatura da aplicação, na Equação 3.44. Valores do calor específico na temperatura ambiente e das constantes de gases estão tabelados na Tabela A.5 e F.4. termodinamica 03.indd 117 hT = 3500 Figura 3.26 C p0 − Cv0 = R 117 ∫ T T0 C p0 dT Essa função pode, então, ser listada em uma tabela com uma única entrada (temperatura). Assim, entre dois estados quaisquer 1 e 2, h2 − h1 = ∫ T2 T0 C p0 dT − ∫ T1 T0 C p0 dT = hT2 − hT1 (3.45) Observe que a temperatura de referência se cancela. Essa função hT (e uma função similar uT = hT – RT) é apresentada, para o caso do ar, na Tabela A.7 e F.5. Essas funções são apresentadas para outros gases na Tabela A.8 e F.6 Resumindo a discussão das três possibilidades, observa-se que as tabelas de gases ideais, Tabelas A.7 e A.8, são as mais precisas, enquanto as equações da Tabela A.6 fornecem boas aproximações empíricas. Admitir calor específico constante seria menos preciso, exceto para os gases monoatômicos e para outros gases a temperaturas inferiores à do ambiente. É importante lembrar que todas essas hipóteses emergem do modelo de gás ideal, que em muito outros problemas não é válido para modelar o comportamento das substâncias. 15/10/14 14:47 118 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 3.13 Calcule a variação de entalpia para 1 kg de oxigênio quando este é aquecido de 300 K a 1 500 K. Admita que o oxigênio se comporte como um gás ideal. Solução: Para um gás ideal, a variação de entalpia é dada pela Equação 3.39. Entretanto, precisamos admitir uma hipótese relativa à dependência do calor específico com a temperatura. Vamos resolver esse problema de diversas maneiras e h2 − h1 = ∫ T2 T0 C p0 dT − θ2 ∫θ comparar os resultados. A nossa resposta mais precisa para a variação de entalpia de gás ideal para o oxigênio entre 300 K e 1 500 K será obtida com as tabelas de gases ideais, Tabela A.8. O resultado, utilizando a Equação 3.45, é h2 – h1 = 1 540,2 – 273,2 = 1 267,0 kJ/kg A equação empírica da Tabela A.6 também fornecerá uma boa aproximação para a variação de entalpia. Integrando a Equação 3.39, temos C p0(θ ) × 1 000 dθ 1 θ =1,5 ⎡ 0,0001 2 0,54 3 0,33 4 ⎤ 2 = 1 000 ⎢0,88θ − θ + θ − θ ⎥ ⎣ ⎦θ1 =0,3 2 3 4 = 1 241,5 kJ/kg que é 2,0% menor que o resultado anterior. Se admitirmos calor específico constante, devemos decidir qual o valor a ser utilizado. Se utilizarmos o valor referente a 300 K da Tabela A.5, obtemos da Equação 3.44, que h2 – h1 = Cp0(T2 – T1) = 0,922 × 1200 = 1 106,4 kJ/kg que é 12,7% menor que o primeiro resultado. Por outro lado, se admitirmos que o calor específico seja constante, mas com o seu valor referente a 900 K, a temperatura média do intervalo e substituindo na equação correspondente da Tabela A.6, teremos Cp0 = 0,88 – 0,0001(0,9) + 0,54(0,9)2 – – 0,33(0,9)3= 1,0767 kJ/kg K Substituindo esse valor na Equação 3.44, obtemos o resultado h2 – h1 = 1,0767 × 1 200 = 1 292,1 kJ/kg que é cerca de 2% maior que o primeiro resultado, mais próximo daquele obtido usando o calor específico referente à temperatura ambiente. Deve se atentar que parte do modelo de gás ideal com calor específico constante envolve a escolha adequada do valor a ser usado para a temperatura. QUESTÕES CONCEITUAIS l. Para determinar v ou u para líquidos ou sólidos, é mais importante que se conheça P ou T? m. Para determinar v ou u para um gás ideal, é mais importante que se conheça P ou T? termodinamica 03.indd 118 n. Aquecemos 1 kg de uma substância a pressão constante (200 kPa) de um grau. Quanto calor é necessário se a substância é água a 10 °C, aço a 25 °C, ar a 325 K ou gelo a –10 °C? 15/10/14 14:47 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia 119 EXEMPLO 3.14 Análise: Um cilindro provido de pistão apresenta volume inicial de 0,1 m3 e contém nitrogênio a 150 kPa e 25 °C. Comprime-se o nitrogênio, movendo o pistão, até que a pressão e a temperatura se tornem iguais a 1 MPa e 150 °C. Durante esse processo, o calor é transferido do nitrogênio e o trabalho realizado sobre o nitrogênio é 20 kJ. Determine o calor transferido no processo. Da equação da energia, temos 1Q 2 = m(u2 – u1) + 1W2 Solução: A massa de nitrogênio é obtida a partir da equação de estado, com o valor de R dado pela Tabela A.5. Sistema : Nitrogênio. Processo: Trabalho que entra conhecido. m= Estado inicial: P1, T1, V1; o estado 1 está determinado. PV 150 kPa × 0,1 m 3 = = RT 0,2968 kJ × 298,15 K kg K = 0,1695 kg Estado final: P2, T2; o estado 2 está determinado. Modelo: Gás ideal com calor específico constante, referido a 300 K na Tabela A.5. 1 Q2 Admitindo calor específico constante dado na Tabela A.5, temos = mCv0 (T2 − T1 ) + 1W2 = 0,1695 kg × 0,745 kJ × (150 − 25) K − 20 kJ kg K = 15,8 − 20 = −4,2 kJ É claro que obteríamos um resultado mais preciso se tivéssemos utilizado a Tabela A.8. e não admitido calor específico constante (à temperatura ambiente), porém, frequentemente o termodinamica 03.indd 119 pequeno aumento da precisão não se justifica diante das dificuldades adicionais de interpolação dos valores nas tabelas. 15/10/14 14:47 120 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 3.15 O fogão a lenha, feito de ferro fundido, esboçado na Figura 3.27, apresenta massa igual a 25 kg, e contém 5 kg de lenha de pinho e 1 kg de ar. A temperatura do conjunto é de 20 oC e a pressão é de 101 kPa. O fogão é aceso e a madeira passa a queimar e transferir 1500 W aquecendo o conjunto uniformemente. Despreze os vazamentos de ar e as mudanças na massa da madeira e as perdas de calor para o ambiente. Determine a taxa de variação de temperatura do conjunto (dT/dt) e estime o tempo necessário para que a temperatura do conjunto atinja 75 oC. FIGURA 3.27 Esboço para o Exemplo 3.15. Solução: Sistema: O fogão, a lenha e o ar. Equação de energia em termos de taxa: E! = Q! − W! Não temos variações de energia cinética e potencial e de massa, assim U = mar uar + mmadeira umadeira + mferro uferro E! = U! = mar u! ar + mmadeira u! madeira + mferro u! ferro = ( marCV ar + mmadeira Cmadeira + mferroCferro ) dT dt · A equação da energia tem trabalho nulo e o calor liberado é Q. Aplicando-se a primeira lei temos = ( marCV dT = dt ( marCV = ar + mmadeira Cmadeira + mferroCferro ) dT = Q! − 0 dt Q! ar + m madeira Cmadeira + m ferroCferro ) 1500 W = 0,0828 K/s 1 × 0,717 + 5 × 1,38 + 25 × 0,42 kg (kJ/kg) Admitindo a taxa de aumento da temperatura como constante, podemos calcular o tempo decorrido, assim DT = dT dt = Dt ∫ dT dt dt ⇒ Dt = termodinamica 03.indd 120 Dt 75 − 20 = = 664 s = 11 min dT 0,0828 dt 15/10/14 14:47 121 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia 3.12 SISTEMAS GERAIS QUE ENVOLVEM TRABALHO Também devemos observar que podemos identificar muitas outras formas de trabalho em processos que não são quase estáticos. Por exemplo, há trabalho realizado pelas forças de cisalhamento em um escoamento de fluido viscoso ou o trabalho realizado por um eixo rotativo que atravessa a fronteira do sistema. Na seção precedente, discutimos sobre o trabalho, olhamos o que foi produzido por uma força pontual ou por uma pressão decorrente de uma força distribuída em uma área. Há outros tipos de força e de deslocamentos que diferem dessa abordagem pela natureza da força e de seu deslocamento. Mencionaremos algumas situações mais típicas que frequentemente aparecem e escreveremos a equação do trabalho 1W2 = ∫ 2 1 Fgeral dxgeral A identificação do trabalho é um aspecto importante em muitos problemas termodinâmicos. Já mencionamos que o trabalho pode ser identificado somente nas fronteiras do sistema. Por exemplo, considere a situação indicada na Figura 3.28, que mostra um gás separado do espaço evacuado por uma membrana. Deixe a membrana se romper e o gás encher todo o volume. Desprezando qualquer trabalho associado com a ruptura da membrana, podemos indagar se há trabalho envolvido no processo. Se tomarmos como sistema o gás e o espaço evacuado, concluímos prontamente que não há trabalho envolvido, pois nenhum trabalho pode ser identificado na fronteira do sistema. Se tomarmos o gás como sistema, temos uma variação de volume e podemos ser tentados a calcular o trabalho pela integral (3.46) Nessa equação, temos força e deslocamento genéricos. Para cada elemento, temos de saber sua expressão e, também, como a força varia no processo. Na Tabela 3.2, são listados exemplos simples, e para cada caso a expressão resultante para o trabalho pode ser alcançada desde que a função Fgeral(xgeral) seja conhecida. Para muitos desses casos, o sinal é positivo quando o trabalho sai do sistema, com essa definição de sinal teremos a forma geral ∫ dW = P dV – dL – dA – dZ + …(3.47) 2 1 P dV Entretanto, esse não é um processo quase estático e, portanto, o trabalho não pode ser calculado com essa relação. Como não há resistência na fronteira do sistema quando o volume aumenta, concluímos que, para esse sistema, não há trabalho envolvido no processo de enchimento do espaço inicialmente em vácuo. em que outros termos podem ser acrescentados. A taxa de variação do trabalho utilizando essa formatação representa potência, assim dW = PV! − 7 V − 6 A! − % Z! + " (3.48) W! = dt Tabela 3.2 Diversas combinações que produzem trabalho Caso Força Unidade Deslocamento Unidade Força única F N dx m Pressão P Pa dV m3 = ks(x – x0) N dx m Arame tensionado F N dx = x0 de m Tensão superficial = AEe N/m dA m3 volt dZ* Coulon Mola Elétrico * Observe que a derivada no tempo dZ/dt = i, é corrente (em amperes). termodinamica 03.indd 121 15/10/14 14:47 122 Fundamentos da Termodinâmica Gás Vácuo Fronteira do sistema Gás (a) (b) Figura 3.28 Exemplo de um processo que apresenta variação de volume e trabalho nulo. EXEMPLO 3.16 Durante a carga de uma bateria, a corrente i é 20 A e a voltagem é 12,8 V. A taxa de transferência de calor pela bateria é 10 W. A que taxa aumenta a energia interna? Solução: Como as mudanças na energia cinética e potencial são insignificantes, a primeira lei da termodinâmica pode ser escrita em equação de taxa como na Equação 3.31 dU = Q! − W! dt onde c = velocidade da luz e E = energia. Concluí­ mos, a partir dessa equação, que a massa de um sistema varia quando a sua energia varia. Calculemos, então, a magnitude dessa variação de massa para um problema típico e determinemos se essa variação é significativa. Consideremos 1 kg de uma mistura estequiométrica de ar com um hidrocarboneto combustível (gasolina, por exemplo) contido em um recipiente rígido como sistema. Do nosso conhecimento do processo de combustão, sabemos que, após a realização desse processo, será necessário transferir cerca de 2 900 kJ do sistema para que seja restabelecida a temperatura inicial. Da equação da energia W! = % i = −12,8 × 20 = −256 W = −256 J/s Assim, dU = Q! − W! = −10 − (−256) = 246 J/s dt 1Q 2 = U 2 – U 1 + 1W 2 com 1W2 = 0 e 1Q2 = –2 900 kJ, concluímos que a energia interna do sistema decresce de 2900 kJ durante o processo de transferência de calor. Calculemos, então, a diminuição de massa durante esse processo com a Equação 3.49. A velocidade da luz, c, é 2,9979 × 108 m/s. Portanto, 3.13 CONSERVAÇÃO DE MASSA Na seção anterior, consideramos a primeira lei da termodinâmica para um sistema que sofre uma mudança de estado. Um sistema é definido como uma quantidade de massa fixa. Surge agora uma pergunta: A massa do sistema poderá variar quando houver a variação de energia do sistema? Se isso acontecer, a nossa definição de sistema não será mais válida quando a energia do sistema variar. Da teoria da relatividade, sabemos que a massa e a energia estão relacionadas pela equação E = mc2 termodinamica 03.indd 122 (3.49) 2 900 kJ = 2 900 000 J = m(kg) × × (2,9979 × 108 m/s)2 e então: m = 3,23 × 10–11 kg Assim, quando a energia do sistema diminui de 2 990 kJ, a redução de massa é igual a 3,23 × 10−11 kg. Uma variação da massa com essa ordem de magnitude não pode ser detectada nem com a mais precisa balança. E, certamente, uma variação relativa de massa, com essa ordem de magnitude, está além da precisão necessária para a 15/10/14 14:47 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia 123 EXEMPLO 3.17 Considere 1 kg de água sobre uma mesa nas condições ambientes 20 °C, 100 kPa. Queremos examinar a alteração na energia para cada um dos três processos: aceleração do repouso até 10 m/s, elevação de 10 m e aquecimento de 10 °C. Para esse sistema, a alteração na energia será: DCE = 1 1 m ( V22 − V12 ) = × 1 kg × 2 2 × (10 2 − 0) m 2 /s 2 = 50 kgm 2 /s 2 = 50 J DEP = mg ( Z2 − Z1 ) = 1 kg × 9,81 m/s 2 × Observe quão pequenas são as mudanças na energia cinética e potencial, comparadas com a alteração da energia interna em razão da elevação da temperatura. Para que a energia cinética e a potencial sejam significantes, digamos 10% de ΔU, a velocidade deverá ser muito maior, cerca de 100 m/s, e a diferença de altura também muito maior, algo em torno de 500 m. Como na maioria das aplicações da engenharia essas diferenças são muito incomuns, podemos frequentemente desprezar a energia cinética e potencial em nossos cálculos. × (10 − 0) m = 98,1 J DU = m ( u2 − u1 ) = mCv (T2 − T1 ) = = 1 kg × 4,18 kJ × 10 K = 41,8 kJ kg-K maioria dos cálculos de engenharia. Portanto, não introduziremos erros significativos na maioria dos problemas termodinâmicos se considerarmos a lei de conservação da massa e a lei de conservação da energia como independentes, e a definição de sistema, como um sistema de massa constante, poderá ser utilizada mesmo que haja variação de energia do sistema. Todas as análises e exemplos anteriores administram uma única massa em um estado uniforme. Isso não é o que sempre ocorre, então vejamos uma situação em que temos um reservatório dividido em dois compartimentos conectados por uma válvula, como mostrado na Figura 3.29. Admitamos que as duas massas têm estados iniciais diferentes e que, depois de aberta a válvula, as massas se misturam e atingem um único estado final uniforme. Para uma sistema que é a combinação de A e B, temos a conservação de massa escrita na equação da continuidade Conservação de massa: m2 = m1 = m1A + m1B(3.50) Equação da Energia: m2e2 – (m1Ae1A + m1Be1B) = 1Q2 – 1W2 termodinamica 03.indd 123 (3.51) B A Figura 3.29 Dois tanques conectados com diferentes estados iniciais. A forma geral da equação da conservação da massa é chamada equação da continuidade, um nome usual na mecânica dos fluidos, que será abordado nos capítulos seguintes. Como o sistema não muda em elevação e observamos o estado 2 sem que nenhum deslocamento tenha ocorrido, a energia cinética é zero em todos os estados e não há alteração da energia potencial, assim o lado esquerdo da equação da energia fica m2e2 – (m1A e1A + m1B e1B) = m2(u2 + 0 + gZ1) – m1A(u1A + 0 + gZ1) – – m1B(u1B + 0 + gZ1) = m2u2 – m1A u1A – m1B u1B + + [m2 – (m1A + m1B)]gZ1 = m2u2 – m1A u1A – m1B u1B 15/10/14 14:47 124 Fundamentos da Termodinâmica Observe como a parcela da energia potencial se torna zero pela conservação da massa, o membro esquerdo simplifica-se, apresentando somente a energia interna. Se pegarmos a equação da energia e dividirmos pela massa total, obtemos: u2 – (m1Au1A + m1Bu1B)/m2 = (1Q2 – 1W2)/m2 ou u2 = m1 A m u1 A + 1B u1B + ( 1 Q2 − 1W2 ) /m2 (3.52) m2 m2 Para um recipiente isolado (1Q2 = 0) e rígido (V = C, então 1W2 = 0) o último termo desaparece e a energia interna específica final será a média ponderada das massas com suas respectivas energias internas na condição inicial. A parcela ponderada das massas é um adimensional que corresponde ao percentual de contribuição de cada parte na massa total, consequentemente somam 1, como é visto, dividindo-se a equação da continuidade pela massa total. Para a condicionante do processo, V = C, segunda propriedade que determina o estado final é o volume específico como v2 = V2/m2 = 2 m1 A m v1 A + 1B v1B m2 m2 1000 Energia específica 100 (Wh/kg) 10 1 0,1 100 Figura 3.30 Armazenamento e Conversão de Energia A energia pode ser armazenada em diferentes formas por várias implantações físicas, que têm diferentes características com respeito a eficiência de armazenagem, a taxa de transferência de energia e tamanho (Figuras 3.30 a 3.33). Esses sistemas podem também incluir uma possível conversão de energia que consiste na mudança de uma forma de energia para outra. A armazenagem é usualmente temporária, durando por períodos de frações de segundos até dias ou anos, e pode ser para pequenas ou grandes quantidades de energia. O armazenamento é também um deslocamento do momento da transferência de energia da situação em que não há demanda e, então, a energia tem pouco valor, para a ocasião de maior demanda sendo, portanto, mais cara. É também muito importante considerar a máxima taxa de transferência de energia no processo de carregamento ou descarregamento, uma vez que o tamanho e as possíveis perdas são sensíveis ao valor da taxa. Da Figura 3.30 nota-se que é difícil se ter elevadas potências e capacidades de armazenagem no mesmo dispositivo. É também difícil armazenar de forma mais concentrada do que na gasolina. (3.53) que também é uma média ponderada dos valores iniciais, agora para os volumes específicos. 10 000 3.14 APLICAÇÕES NA ENGENHARIA Sistemas Mecânicos Um volante de inércia armazena energia e quantidade de movimento em sua rotação Iω2/2. É utilizado para suavizar as flutuações que ocorrem em motores de combustão interna com um único (ou poucos) cilindros que, de outra forma, apresentariam uma velocidade rotacional não uniforme. O armazenamento Gasolina é por curtos períodos. Um volanHidrogênio te de inércia moderno é utilizado para amortecer flutuações em Baterias Meta do Departamento sistemas de produção intermitenVolante de inércia de Energia dos EUA para ultracapacitores te de energia, como nas turbinas eólicas. Ele pode armazenar mais Expectativa Expectativa para para capacitores energia que o volante mostrado capacitores de de óxidos metálicos carbono na Figura 3.31. Um conjunto de volantes de inércia pode fornecer 1000 10 000 100 000 1 000 000 quantidade substancial de potênPotência específica (W/kg) cia por 5 a 10 minutos. Energia específica versus potência específica. termodinamica 03.indd 124 15/10/14 14:47 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia Bomba de vácuo molecular Mancal magnético superior Carcaça interna Volante de fibra de carbono 125 Um arranjo do motor híbrido para carros envolve o acoplamento de um motor/bomba hidráulico ao eixo. Quando o freio é acionado, o eixo bombeia fluido hidráulico para um tanque de alta pressão que tem o nitrogênio como amortecedor. Quando a aceleração é solicitada, o fluido a alta pressão retorna acionando o motor hidráulico e adicionando potência ao eixo no processo de aceleração. Sistemas Térmicos Estator Rotor síncrono de relutância Passagem de líquido refrigerante Carcaça Mancal magnético inferior Figura 3.31 A água pode ser aquecida pela incidência solar, ou por alguma outra fonte, para prover calor em um momento em que a fonte não estiver mais disponível. Analogamente, a água pode ser resfriada ou congelada à noite para ser utilizada no dia seguinte para fins de condicionamento de ar. Uma bolsa térmica pode ser colocada no congelador para ser usada no dia seguinte em uma lancheira mantendo o conteúdo frio. Essa bolsa contém um gel com alta capacidade térmica ou uma substância que passe por uma mudança de fase. Sistemas Elétricos Volante de inércia moderno. Uma fração da energia cinética do ar pode ser capturada e convertida em energia elétrica pelas turbinas eólicas, ou a potência pode ser usada diretamente motorizando bombas hidráulicas ou outros equipamentos. Algumas baterias só podem descarregar uma única vez, porém outras podem ser reutilizadas e passam por vários ciclos de carga e descarga. Um processo Quando um excedente de potência está disponível, pode ser usado para bombear água para o reservatório elevado (veja Figura 3.32) e mais tarde pode ser liberada para acionar turbinas hidráulicas, fornecendo, em qualquer momento, um suplemento de potência para a rede energética. O ar pode ser comprimido em grandes tanques e volumes (como em uma mina de sal abandonada) usando a potência disponível no período de baixa demanda. O ar pode ser usado mais tarde para produzir energia quando houver um pico de demanda. termodinamica 03.indd 125 Figura 3.32 O maior hidrorreservatório artificial do mundo situado em Ludington, Michigan, bombeia água a 100 m acima do Lago Michigan quando há excedente de energia. Ele pode fornecer 1 800 MW quando necessário, por meio de um sistema reversível bomba/turbina. 15/10/14 14:47 126 Fundamentos da Termodinâmica químico libera elétrons em um ou dois polos que são separados por um eletrólito. O tipo de polo e o eletrólito dão o nome para a bateria, tal como bateria de carbono-zinco (típica pilha AA) ou bateria chumbo-ácido (típica bateria de uso veicular). Novos tipos de baterias como Ni-hidreto ou de lítio são mais caras, porém têm maior capacidade de armazenamento de energia e podem prover potência em picos de demanda (Figura 3.33). Sistemas Químicos Várias reações químicas podem ser utilizadas para operar sob condições tais que energia possa ser armazenada em um momento e recuperada em momento posterior. Pequenos pacotes contendo produtos químicos diferentes podem ser rompidos e, ao se misturarem, reagem e liberam energia na forma de calor; em outros casos, podem ser barras luminescentes que geram luz. Uma célula de combustível é também um dispositivo que converte um escoamento de hidrogênio e oxigênio em um escoamento de água mais calor e eletricidade. Células de combustível de alta temperatura podem usar gás natural ou metanol como combustível; nesse caso, dióxido de carbono também é emitido. A mais recente tecnologia para uma usina termo-solar consiste de um grande número de espelhos motorizados que acompanham o sol, concentrando a luz solar no topo de uma torre. A luz aquece um fluxo de sal derretido que corre para tanques de armazenamento e para a plan- ta geradora. Quando o sol se põe, os tanques de armazenamento suprem a energia para manter a instalação gerando por um período mais longo. As primeiras iniciativas no setor usavam a água e outras substâncias para reter a energia, mas o elevado calor específico do sal veio permitir um proveitoso sistema pulmão para a energia. Quando o trabalho precisa ser transferido de um corpo para outro, precisamos de um elemento móvel que pode ser uma combinação de cilindro-pistão. Exemplos são mostrados na Figura 3.34. Se a substância motora é um gás, o sistema é pneumático, se a substância é líquida, o sistema é hidráulico. O gás ou o vapor são tipicamente usados quando o movimento deve ser rápido, ou o volume varia muito, e uma pressão de operação moderada. Para acionamentos a grande pressão (grande força) um cilindro hidráulico é usado (exemplo incluem tratores, empilhadeiras, carregadeiras e escavadeiras. Veja o Exemplo 1.7). Dois desses robustos equipamentos são mostrados na Figura 3.35. Consideramos também, nesse conjunto, as substâncias que trabalham no cilindro-pistão por meio de um processo de combustão, como nos motores a gasolina e diesel. O esquema de um motor acionado a pistão e uma foto de um V6 automotivo são mostrados na Figura 3.36. Esse assunto é analisado em detalhe no Capítulo 10. (a) Cilindro hidráulico (b) Cilindro hidráulico ou pneumático ( c sciencephotos/Alamy Limited) Figura 3.33 Exemplos de diferentes tipos de baterias. termodinamica 03.indd 126 Figura 3.34 Cilindros hidráulicos e pneumáticos. 15/10/14 14:47 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia 127 (a) Empilhadeira (a) Esquema do cilindro do motor (b) Pá carregadeira Figura 3.35 Equipamentos de carga pesada que usam cilindros hidráulicos. Muitas outras transferências de trabalho envolvem eixos rotativos, como transmissões e eixo motor no carro ou correntes e engrenagens em uma bicicleta ou motocicleta. Para a transmissão de potência em longas distâncias, a eletricidade é a forma mais conveniente e eficiente. Linhas e torre de transmissão são mostradas na Figura 3.37. O calor é transferido entre regiões de diferentes temperaturas, como em prédios com temperaturas interna distinta da externa. As janelas com duplo painel de vidro, como na Figura 3.38, são usadas para reduzir a transferência de calor pela janela. Nas situações em que priorizamos a troca de calor, são usadas aletas para aumentarem a superfície de troca de calor. Na Figura 3.39 são apresentados exemplos. O último exemplo de um trocador aletado é a tubulação de calor ou termossifão usado para aumentar a capacidade de resfriamento de uma central processamento (central processing unit – CPU) em um computador (Figura 3.40). Temos um pequeno bloco de alumínio, com uma tubulação de cobre, acoplado no topo da CPU. Dentro da termodinamica 03.indd 127 (b) Motor automotivo V6 Figura 3.36 Esquema e foto de um motor automotivo. tubulação há um líquido que ferve a aproximadamente 60 °C. O vapor sobe para a parte superior, nos quais os tubos de cobre são aletados, e um ventilador sopra através das aletas, resfriando e condensando o vapor. O líquido retorna, por gravidade ou transporte, ao topo da CPU. A tubulação permite a fervura com um elevado coeficiente de transferência de calor agindo em uma pequena área junto à CPU. Por outro lado, na região em que a transferência de calor ocorre de uma forma menos eficiente, ou seja, do vapor para o ar, está longe da região confinada e há espaço que comporte uma grande área de troca de calor. Semelhantes tubulações de aquecimento são usadas em coletores solar e em pilares de sustentação do oleoduto do Alaska, mantendo a tubulação aquecida enquanto o terreno se encontra congelado. Na prática, quando desenvolvemos os cálculos de transferência de calor, é conveniente adotarmos a mesma abordagem para todos os modos de transferência de calor. 15/10/14 14:47 128 Fundamentos da Termodinâmica ( c Sergey Peterman/iStockphoto) Figura 3.37 Linhas e torres de transmissão elétrica. ( c C. Borgnakke.) Figura 3.40 Termossifão com ventilador para refrigeração de CPU. Q! = Cq A DT = DT /R1 Figura 3.38 (Martin Leigh/Getty Images, Inc.) ( c C. Bor gnakke) ( c Baloncici/iStockphoto) Janela com duplo painel de vidro. (a) Cilindro de motocicleta (b) Interior de um aquecedor (3.54) A transferência de calor é proporcional à · secção reta perpendicular a direção de Q, e a compatibilização vai contida na constante Cq. Reescrevendo a equação é também útil usar a noção de resistência térmica, Rt = 1/CqA, assim evidenciando que, para uma alta resistência, teremos uma pequena transferência de calor para um dado ΔT. Nessa abordagem, para a condução, temos Equação 3.23 com dT/dx ≈ ΔT/Δx, assim Cq = k/Δx, para a convecção, Equação 3.24 Cq= h. Concluindo, para a formulação da radiação, Equação 3.25, podemos também evidenciar a diferença de temperatura, mas, nesse caso teremos uma dependência não linear do fator Cq com a temperatura. Uma aplicação que envolve a transferência de calor e a da equação da energia em transientes será abordada e seguir, onde vamos querer saber o quanto rápido uma dada massa igualar-se-á com a temperatura externa. Admita que tenhamos uma massa, m, com uma temperatura uniforme T0 e que a mergulhamos na água a T∞, e que o coeficiente de transferência de calor entre a massa e a água seja Cq com uma superfície A. A equação da energia para a massa se torna (c) Resfriador de óleo para equipamento pesado com resfriamento a ar Figura 3.39 Exemplos de aletas em trocadores de calor. termodinamica 03.indd 128 dEvc dU vc dT = = mCv = Q! = −Cq A (T − T∞ ) dt dt dt 15/10/14 14:47 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia onde a energia cinética e potencial são desprezadas e não há trabalho envolvido. Também é considerado que a variação da energia interna pode ser expressa pelo calor específico, assim essa expressão não se aplica a processos com mudança de fase. Essa é uma equação de primeira ordem em T, assim faremos um adequada transformação de variável θ = T – T∞ e obtemos mCv dθ = Q = −Cq Aθ dt ou θ −1dθ = − Cq A dt mCv Integrando a equação de t = 0 onde T = T0 (θ = θ0), obtemos C A ⎛ θ ⎞ ln ⎜ ⎟ = − q dt mCv ⎝ θ 0 ⎠ ⎛ t ⎞ ou θ = θ 0 exp ⎜− ⎟ ⎝ τ ⎠ Com a constante de tempo térmica τ = mCv = mCv Rt mCq (3.55) Expressando a solução em termos de tem­­­pe­ratura ⎛ t ⎞ T − T∞ = (T0 − T∞ ) exp ⎜ ⎟ ⎝ τ ⎠ (3.56) mostra um decaimento exponencial no tempo da diferença de temperatura entre a massa e sua vizinhança com a constante de tempo τ (Figura 3.41). 1,0 0,8 0,6 θ θ0 τt = 3 0,4 τt = 1 0,2 0,0 τ t = 1/3 0 0,5 Figura 3.41 1,0 1,5 2,0 Tempo, t 2,5 3,0 3,5 4,0 O decaimento exponencial no tempo do adimensional de temperatura θ/θo. termodinamica 03.indd 129 129 Se a massa é a que flexiona em um termopar, teremos uma resposta rápida com uma pequena constante de tempo térmica (pequeno mCv, alto CqA) . Entretanto, se a massa é de uma casa (dado mCv), queremos a maior constante de tempo possível; dessa forma, reduzimos a participação de CqA com o isolamento térmico. RESUMO A conservação da energia é expressa como uma equação para alterações na energia total de um sistema, e, então, a primeira lei da termodinâmica é mostrada como a consequência lógica da equação da energia. A equação da energia é expressa em termos de variação no tempo para cobrir os transientes e, então, integrada no tempo para encontrar as alterações finitas. É apresentado o conceito de trabalho, e seu relacionamento com a energia cinética e potencial é mostrado, pois são partes da energia total. O trabalho é uma função do caminho percorrido pelo processo assim como do estado inicial e final. O trabalho de deslocamento é igual à área sob a curva do processo desenhada no diagrama P-V em um processo quase estático. Uma quantidade de processos rotineiros podem ser expressos como um processo politrópico tendo uma particular simples fórmula matemática para a relação P-V. O trabalho envolvendo a atuação de tensão superficial, força pontual, ou sistemas elétricos deve ser evidenciado e tratado separadamente. Qualquer processo de não equilíbrio (digamos, forças dinâmicas, que são importantes em virtude da aceleração) deve ser identificado para que somente forças em equilíbrio ou pressão sejam usadas para avaliar a parcela trabalho. A transferência de calor é energia em trânsito em razão da diferença de temperatura, e foram discutidos os modos de condução, convecção e radiação. A energia interna e a entalpia foram apresentadas como propriedades das substâncias e os calores específicos foram definidos como as derivadas dessas propriedades em relação à temperatura. Variações de propriedades, em alguns casos, foram apresentadas para estados incompressíveis de uma substância, tais como sólidos e líquidos, e para substâncias altamente compressíveis, como um gás ideal. O calor específico dos sólidos e líquidos varia pouco com a temperatura, mas o calor 15/10/14 14:47 130 Fundamentos da Termodinâmica específico dos gases pode variar de modo significativo com a temperatura. • Conhecer os modelos simples de transferência de calor por convecção e radiação. Após estudar o material deste capítulo, você deve ser capaz de: • Encontrar as propriedades u e h para um dado estado nas tabelas dos Apêndices B ou F. • Reconhecer as parcelas da energia total armazenada no sistema. • Localizar um estado nas tabelas com entrada do tipo P, h. • Escrever a equação da energia para um particular sistema uniforme. • • Identificar forças e deslocamentos em um sistema. Encontrar as variações de u e h para estados líquidos e sólidos usando as Tabelas A.3-4 ou F.2-3. • Entender que potência é a variação do trabalho (força × velocidade, torque × velocidade angular). Encontrar as variações de u e h para estados do gás ideal usando as Tabelas A.5 ou F.4. • Encontrar as variações de u e h para estados do gás ideal usando as Tabelas A.7-8 ou F.5-6. • Saber que trabalho é uma função dos estados limites e do caminho percorrido no processo. • • Saber que trabalho é a área sob a curva do processo em um diagrama P-V. Reconhecer que as expressões para Cp na Tabela A.6 são aproximações para as curvas da Figura 3.26 e que uma listagem mais precisa é apresentada nas Tabelas A.7-8 e F.5-6. • Calcular o trabalho sabendo a relação entre P-V ou F-x. • • Avaliar o trabalho envolvido em um processo politrópico entre dois estados. Formular a conservação da massa e da energia para sistemas mais complexos, com diferentes massas em diferentes estados. • • Diferenciar um processo quase estático de um não equilíbrio. • Reconhecer os três modos de transferência de calor: condução, convecção e radiação. Reconhecer as diferenças que existem nas leis gerais, como a lei de conservação da massa (continuidade), conservação da energia (primeira lei), e uma lei específica que descreve o comportamento de um dispositivo ou de um processo. • Estar familiarizado com a Lei de Fourier da condução e seu uso em aplicações simples. • CONCEITOS E EQUAÇÕES PRINCIPAIS Energia total: E = U + EC + EP = mu + Energia cinética: EC = Energia potencial: EP = mgZ Energia específica: e = u+ Entalpia: h u + Pv 1 mV 2 + mgZ 2 1 mV 2 2 1 mV 2 + gZ 2 Propriedades no estado saturado v – l Energia interna: termodinamica 03.indd 130 u = ul + xulv = (1 – x)ul + xuv 15/10/14 14:47 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia Entalpia: h = hl + xhlv = (1 – x)hl + xhv Calores específicos: ⎛ ∂u ⎞ ⎛ ∂h ⎞ Cv = ⎜ ⎟ ; C p = ⎜ ⎟ ⎝ ∂T ⎠v ⎝ ∂T ⎠ p Sólidos e líquidos Incompressível, assim v = constante vl (ou vi) e v pequeno 131 C = Cv = Cp [Tabela A.3 e A.4 (F.2 e F.3)] u2 – u1 = C(T2 – T1) h2 – h1 = u2 – u1 + v(P2 – P1) (frequentemente o segundo termo é pequeno) h = he + vl(P – Psat); u ul (saturado à mesma temperatura) Gás ideal h = u + Pv = u + RT (somente funções da temperatura) Cv = du dh ; Cp = = Cv + R dT dT u2 − u1 = ∫C h2 − h1 = ∫C v dT ≅ Cv (T2 − T1 ) p dT ≅ C p (T2 − T1 ) Lado esquerdo da Tabela A.7 ou A.8, parte central da Tabela A.6, e lado direito da Tabela A.6 com Tmédio, ou da Tabela A.5 a 25° Lado esquerdo da Tabela F.5 ou F.6, lado direito da Tabela F.4 a 77 F. · · · Equação da energia variando no tempo: E = Q – W (variação ocorrida = + entrada – saída) Equação da energia integrada: E2 – E1 = 1Q2 – 1W2 (mudança ocorrida = + entrada – saída) m ( e2 − e1 ) = m ( u2 − u1 ) = 1 m ( V22 − V12 ) + mg ( Z2 − Z1 ) 2 Estados com múltiplas massas: E = mAeA + mBeB + mCeC + … Trabalho Energia em trânsito: mecânica, elétrica, e química Calor Energia em trânsito causada por ΔT Trabalho de deslocamento W= ∫ 2 1 F dx = ∫ 2 1 P dV = ∫ 2 1 + dA = ∫ 2 1 T dθ Trabalho específico w = W/m (trabalho por unidade de massa) · · · Potência, variação do trabalho W = FV = PV = Tw (V taxa de variação volumétrica) com o tempo Velocidade V = rw, torque T = Fr, velocidade angular = w Processo politrópico PVn = constante Trabalho no processo politrópico 1W2 = ou Pvn = constante 1 ( P2V2 − P1 P1 ) 1− n (se n ≠ 1) V = P1V1 ln 2 (se n = 1) V1 1W2 DT dT " kA Transferência de calor por condução Q! = −kA dx L termodinamica 03.indd 131 15/10/14 14:47 132 Fundamentos da Termodinâmica Condutividade térmica Transferência de calor por convecção k(W/m K) · Q = hA DT Transferência de calor por radiação h(W/m2 K) · Q = es A (Ts4 – T 4amb) (s = 5,67 × 10–8 W/m2 K4) (valor líquido para o ambiente) Coeficiente convectivo Integração da variação do fluxo de calor com o tempo 1 Q2 = ∫ Q! dt ≈ Q! médio Dt PROBLEMAS CONCEITUAIS 3.1 To vale 1 cal nas unidades do SI e qual é o nome dado a 1 N-m? 3.2 A potência de um carro é de 110 kW. Qual é a potência em hp? 3.3 Por que escrevemos ΔE ou E2 – E1, mas por outro lado usamos 1Q2 e 1W2? 3.4 Se um processo em uma sistema há aumento da energia E2 − E1 > 0, podemos dizer alguma coisa sobre o sinal de 1Q2 e 1W2? 3.5 Na Figura P3.5, o Volume de Controle (VC) A é a massa contida em um cilindro-pistão, e VC B é o sistema formado por A mais o pistão. Escreva a equação da energia e o termo de trabalho para os dois VCs, admitindo que não seja zero o valor de Q entre os estados 1 e 2. P0 mp FIGURA P3.5 Um aquecedor de ambiente de 500 W tem um pequeno ventilador interno que sopra o ar sobre um fio elétrico quente. Para cada um dos volumes de controle: a) fio apenas; b) todo o ar da sala; e c) todo ar da sala mais o aquecedor; especifique os termos de energia armazenada, trabalho e transferência de calor como +500 W, –500 W ou 0 W (despreze qualquer taxa de transferência de calor através das paredes ou janelas da sala). termodinamica 03.indd 132 Dois motores fornecem o mesmo trabalho para operar um guindaste. Um pode prover uma força de 3 F em um cabo e o outro 1 F. O que você pode afirmar sobre o movimento do ponto em que a força age nos dois motores? 3.8 Dois conjuntos cilindro-pistão hidráulicos estão conectados por meio de uma tubulação, de modo que as pressões nos conjuntos podem ser consideradas iguais. Se eles têm diâmetros D1 e D2 = 2 D1, respectivamente, o que você pode dizer sobre as forças F1 e F2? 3.9 Considere o arranjo físico da Figura P3.5. Nós agora aquecemos o cilindro. O que acontece com P, T e v (aumenta, diminui ou fica constante)? Qual o sinal das transferências de Q e W (positivo, negativo ou nulo)? 3.10 A força de arrasto que atua em um objeto que se desloca em um fluido (como um veí­ culo através do ar ou um submarino através da água) é dada por Fd = 0,225 A ρV2. Verifique o dimensional dessa equação se chegamos a N. 3.11 A Figura P3.11 mostra três situações físicas. Ilustre os possíveis processos em um diagrama P-v. g mA 3.6 3.7 P0 m mpp R-410a (a) (b) (c) FIGURA P3.11 15/10/14 14:47 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia 3.12 3.13 Para o arranjo físico dos itens (a), (b) e (c) da Figura P3.11, escreva a equação do processo e a expressão para o trabalho. 3.14 na de 30 °C, considerando que todas as demais condições sejam mantidas. 3.19 Verifique que a tensão superficial com unidades de N/m também pode ser chamada energia superficial com unidade J/m2. A interpretação em J/m2 é útil para análise de gota e líquido em pequenos poros (capilaridade). 3.20 Certa quantidade de água líquida é aquecida de modo a se tornar vapor superaquecido. Deve-se usar u ou h na equação da energia? Explique. 3.21 Certa quantidade de água líquida é aquecida de modo a se tornar vapor superaquecido. Pode-se usar o calor específico para determinar o calor transferido? Explique. 3.22 Procure o valor de ul para o R-410a a –50 °C. A energia pode ser negativa? Explique. 3.23 Um tanque rígido, com ar pressurizado, é usado para (a) aumentar o volume de um cilindro-pistão sujeito à ação de uma mola linear; e (b) encher um balão. Admita, em ambos os casos, P = A + BV, com o mesmo A e o mesmo B. Qual é a expressão para o trabalho em cada situação? 3.24 Um gás ideal contido em um cilindro-pistão é aquecido com 2 kJ durante um processo isotérmico. Qual é o trabalho envolvido? 3.25 Um gás ideal contido em um cilindro-pistão é aquecido com 2 kJ durante um processo isobárico. O trabalho é positivo, negativo ou nulo? 3.26 Um gás é aquecido até 10 K a P = C. Qual gás da Tabela A.5 requer mais energia? Por quê? 3.27 Você mistura, em uma vasilha, água a 20 °C com água a 50 °C. O que você precisa saber para determinar a temperatura final? Para a situação física da Figura P3.11b, qual é o trabalho, a, b, c ou d? a. 1w2 = P1(v2 – v1) b. 1w2 = v1(P2 – P1) c. 1w2 = 1/2 [(P1 + P2) (v2 – v1)]/2 d. 1w2 = 1/2 [(P1 – P2) (v2 + v1)]/2 A Figura P3.14 mostra três situações físicas. Mostre os possíveis processos em um diagrama P-v. P0 mp R-410a (a) (b) (c) FIGURA 3.14 3.15 O que você pode dizer sobre o estado inicial do R-410a na Figura P3.11c comparado com aquele da Figura P3.14c para um mesmo conjunto cilindro-pistão? 3.16 Uma peça de aço tem condutividade térmica de k = 15 W/mK e um tijolo tem k = 1 W/mK. Qual deve ser a espessura de uma parede de aço para oferecer a mesma isolação térmica que 10 cm de espessura de tijolo? 3.17 Uma janela de vidro duplo (veja Figura 3.38) tem um gás entre os dois vidros. Por que isso é benéfico? 3.18 Um dia frio de outono com 10 °C uma casa, com a temperatura interna de 20 °C, perde 6 kW por transferência de calor. Qual a transferência que ocorrerá em um dia quente de verão com a temperatura exter- 133 PROBLEMAS PARA ESTUDO Energia Cinética e Potencial 3.28 Um conjunto cilindro-pistão aciona verticalmente para baixo, a partir do repouso, o martelo de massa de 25 kg de uma máquina de estampagem, até a velocidade de termodinamica 03.indd 133 50 m/s. Sabendo que o curso do martelo é igual a 1 m, determine a variação de energia total do martelo. 3.29 Um automóvel com massa de 1 200 kg acelera de km/h a 50 km/h em 5 s. Qual é o 15/10/14 14:47 134 Fundamentos da Termodinâmica trabalho necessário? Se a aceleração continuar de 50 km/h a 70 km/h em 5 s, o trabalho será o mesmo? 3.30 3.31 A resistência de rolagem dos pneus de um automóvel é dada por F = 0,006 mcarro g. Determine a distância que um veículo de massa 1200 kg percorrerá em uma pista plana se, ao atingir 90 km/h, o colocarmos em ponto morto, sem resistência do ar. Um pistão de massa 2 kg é baixado 0,5 m no campo gravitacional padrão. Determine a força necessária para tal movimento e o trabalho envolvido no processo. 3.32 Um automóvel com massa de 1 200 kg acelera de zero a 100 km/h em uma distância de 400 m. A diferença de elevação entre o ponto final do percurso e o inicial é igual a 10 m. Qual é o aumento da energia cinética e da energia potencial do automóvel? 3.33 O elevador hidráulico de uma oficina mecânica sobe um automóvel de massa igual a 1 750 kg a uma altura de 1,8 m. A pressão na seção de descarga da bomba hidráulica que aciona o elevador é constante e igual a 800 kPa. Determine o aumento de energia potencial do automóvel e o volume de óleo que foi bombeado para o conjunto cilindro-pistão desse elevador. 3.34 Um porta-aviões utiliza uma catapulta movida a vapor d’água para ajudar na decolagem de aviões. A catapulta pode ser modelada como um conjunto cilindro-pistão que apresenta pressão média de operação igual a 1 250 kPa. Um avião, com massa de 17 500 kg, deve ser acelerado do repouso até 30 m/s. Determine o volume interno do conjunto cilindro-pistão necessário, sabendo que a catapulta participa com 30% da energia necessária para a decolagem. 3.35 Resolva o Problema 3.34, considerando que a pressão do vapor no conjunto cilindro-pistão varia linearmente com o volume de 1 000 kPa até 100 kPa ao final do processo. 3.36 Uma bola de aço de 5 kg rola em um plano horizontal a 10 m/s. Se a bola começa a subir um plano inclinado, que altura será atingida quando a bola parar? Admita aceleração gravitacional padrão. termodinamica 03.indd 134 Trabalho do Deslocamento de Força 3.37 Um cilindro hidráulico de seção transversal de 0,01 m2 deve empurrar um braço de 1 000 kg elevando-o 0,5 m. Qual é a pressão necessária e quanto de trabalho é realizado? 3.38 Um conjunto cilindro-pistão tem área da seção transversal igual a 10 cm2 e pressão do fluido de 2 MPa. Se o pistão se desloca 0,25 m, qual o trabalho realizado? 3.39 Dois conjuntos cilindro-pistão estão conectados por meio de uma tubulação. O cilindro mestre apresenta área da seção transversal igual a 5 cm2 e opera em uma pressão de 1 000 kPa. O cilindro acionado apresenta área da seção transversal igual a 3 cm2. Se realizarmos um trabalho de 25 J sobre o cilindro mestre, qual será a força e o deslocamento em cada pistão e o trabalho produzido no pistão acionado? 3.40 A força de arrasto aerodinâmico em um automóvel é dada por 0,225 A ρV2. Admita que o ar se encontre a 290 K e 100 kPa e que a área frontal do automóvel seja 4 m2, e a velocidade do automóvel seja 90 km/h. Quanta energia é utilizada para vencer a resistência aerodinâmica em uma viagem de 30 minutos. 3.41 Uma máquina de terraplanagem arrasta 800 kg de cascalho por 100 m com uma força de 1 500 N. Em seguida, levanta o cascalho a 3 m de altura e o joga em um caminhão. Qual o trabalho associado a cada uma dessas operações? 3.42 Dois conjuntos cilindro-pistão hidráulicos mantêm a pressão de 1 200 kPa. As áreas das seções transversais dos cilindros são iguais a 0,01 m2 e 0,03 m2. Para o pistão receber o trabalho de 1 kJ, qual deve ser o deslocamento H e a variação do volume V em cada pistão? Despreze a pressão atmosférica. 3.43 Uma mola linear, F = km (x – x0), com constante da mola km = 500 N/m, é distendida até a deformação de 100 mm. Determine a força necessária e o trabalho envolvido no processo. 15/10/14 14:47 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia 3.44 Um pistão de 2 kg acelera do repouso até 20 m/s. Qual é a pressão constante de gás necessária se a área do pistão é de 10 cm2, o deslocamento do pistão é de 10 cm e a pressão externa é 100 kPa? ge 3 MPa e o volume interno do conjunto 0,1 m3. a. Determine a temperatura da água no estado final do processo. b. Esboce o diagrama P-v. c. Calcule o trabalho no processo. Trabalho do Movimento de Fronteira 3.45 3.46 3.47 Um pistão de 25 kg está sobre um gás em um cilindro vertical longo. O pistão é liberado do repouso e acelerado para cima até atingir o final do cilindro, a 5 m de altura, com velocidade de 25 m/s. A pressão cai durante o processo, tendo uma média de 600 kPa, com a pressão atmosférica externa de 100 kPa. Despreze as variações da energia cinética e potencial do gás e determine a variação de volume necessária. O R-410a do Problema 3.14c está a 1 000 kPa, 50 °C e sua massa é de 0,1 kg. Ele é resfriado de modo que seu volume é reduzido à metade do inicial. A massa do pistão e a aceleração gravitacional são tais que a pressão de 400 kPa equilibra o pistão. Determine o trabalho no processo. Um tanque de 400 L, A (veja Figura P3.47), contém gás argônio a 250 kPa e 30 °C. O cilindro B, com um pistão que se movimenta sem atrito e massa tal que flutua com uma pressão interna de 150 kPa, está inicialmente vazio. A válvula que liga os dois recipientes é, então, aberta e o argônio escoa para B e atinge um estado uniforme a 150 kPa e 30 °C. Qual o trabalho realizado pelo argônio durante esse processo? P0 H2O FIGURA P3.48 3.49 Em um conjunto cilindro-pistão com uma mola, similar ao conjunto do Problema 3.48, a pressão do ar contido varia linearmente com o volume, P = A + BV. Para o estado inicial P = 150 kPa, V = 1 L e estado final P = 800 kPa e V = 1,5 L, determine o trabalho feito pelo ar. 3.50 Calor é transferido para um bloco de 1,5 kg de gelo a –10 °C que derrete em uma cozinha a temperatura é de 10 °C. Quanto de trabalho a água libera? 3.51 Um conjunto cilindro-pistão sem atrito contém 5 kg de vapor superaquecido do refrigerante R-134a a 1 000 kPa e 140 °C. O sistema é resfriado a pressão constante até que o refrigerante apresente título igual a 25%. Calcule o trabalho realizado durante esse processo. 3.52 Um conjunto cilindro-pistão apresenta inicialmente volume interno igual a 0,1 m3 e contém 2 kg de água a 20 oC. Por engano, alguém trava o pistão impedindo seu movimento, enquanto aquecemos a água até o estado de vapor saturado. Determine a temperatura e o volume finais e o trabalho realizado. 3.53 O nitrogênio passa por um processo politrópico com n = 1,3 em um conjunto cilindro-pistão. O processo se inicia a 600 K e 600 kPa e termina a 800 K. O trabalho no processo é positivo, negativo ou zero? 3.54 O gás hélio se expande do estado inicial a 125 kPa, 350 K e 0,25 m3, para 100 kPa, em P0 g Argônio A B FIGURA P3.47 3.48 O conjunto cilindro-pistão mostrado na Figura P3.48 contém 2 kg de água a 20 oC e 300 kPa. A mola é linear, de modo que quando a água é aquecida, a pressão atin- termodinamica 03.indd 135 135 15/10/14 14:47 136 Fundamentos da Termodinâmica um processo politrópico, com n = 1,667. Quanto de trabalho é produzido? 3.55 O ar a 125 kPa e 325 K passa por um processo politrópico e atinge 300 kPa e 500 K. Encontre o expoente politrópico n e o trabalho específico nesse processo. 3.56 Um balão comportasse de tal forma que a pressão é dada por P = C2V 1/3, em que C2 = 100 kPa/m. O balão é enchido com ar de um volume inicial de 1 m3 até o volume final de 4 m3. Determine a massa de ar contida no balão no estado final e o trabalho realizado pelo ar no processo, assumindo a temperatura de 25 °C. 3.57 Considere um conjunto cilindro-pistão contendo inicialmente R-134a como vapor saturado a –10 °C. Ele é comprimido até 500 kPa em um processo politrópico com n = 1,5. Encontre o volume e a temperatura finais e o trabalho realizado durante o processo. 3.61 Uma janela de 2 m2 de área tem uma temperatura de 15 °C na face interior e sobre a face externa sopra um vento de 2 °C com um coeficiente de transferência de calor por convecção de h =125 W/m2 K. Qual é a perda de calor? 3.62 A lâmpada de iluminação interna de uma geladeira (25 W) permanece acesa por falha no fechamento da porta e a transferência de calor do ambiente para o espaço refrigerado é igual a 50 W. Qual deve ser a diferença de temperatura para o ambiente a 20 °C que o refrigerador deve apresentar, considerando uma área de troca de calor com 1 m2 e coeficiente médio de transferência de calor de 15 W/m2 K, para rejeitar essa energia que infiltra? 3.63 Um condensador de grande porte (trocador de calor) de uma central de potência precisa transferir 100 MW da água que escoa no ciclo de potência para a água bombeada do mar. Admita que a parede de aço que separa a água de circulação da água do mar apresente espessura de 4 mm, que a condutibilidade térmica do aço seja igual a 15 W/m K e que a diferença máxima de temperatura permitida entre os dois fluidos seja de 5 °C. Determine a área mínima desse condensador, desprezando a transferência de calor por convecção. 3.64 A grade preta atrás de um refrigerador tem a temperatura superficial de 35 °C e uma área total de 1 m2. A transferência de calor para o ambiente a 20 °C se dá com um coeficiente de transferência de calor médio por convecção de 15 W/m2 K. Quanto de energia pode ser removida durante 15 min de operação? 3.65 Uma panela de aço com condutibilidade térmica igual a 50 W/m K e espessura de 5 mm no fundo, contém água líquida a 15 °C. O diâmetro da panela é 20 cm. A panela é colocada em um fogão elétrico que transfere 500 W de calor. Admitindo que a temperatura da superfície interna da panela seja uniforme e igual a 15 °C, determine a temperatura da superfície externa do fundo da panela. 3.66 A temperatura da superfície da lenha em uma lareira é 450 °C. Admitindo que a Transferência de Calor 3.58 3.59 3.60 A lona e a panela do freio de um automóvel absorvem continuamente 75 W durante a frenagem. Admita que a área total da superfície externa seja de 0,1 m2 e que o coeficiente de transferência de calor por convecção seja 10 W/m2 K. Sabendo que a temperatura do ar externo é 20 °C, qual a temperaturas externas da lona e panela nas condições de regime permanente. Um aquecedor de água apresenta área superficial igual a 3 m2 e está coberto com uma camada de isolante térmico. A temperatura interna e externa da camada de isolante são, respectivamente, iguais a 75°C e 18 °C, e o material isolante apresenta condutibilidade térmica igual a 0,08 W/m K. Qual deve ser a espessura da camada de isolante para que a transferência de calor do aquecedor seja, no máximo, 200 W. Calcule a taxa de transferência de calor através de uma placa de madeira de 1,5 cm de espessura, k = 0,16 W/m K, com uma diferença de temperatura entre os dois lados de 20 °C. termodinamica 03.indd 136 15/10/14 14:47 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia emissividade da superfície da lenha seja igual a 1,0 (corpo negro perfeito), determine a energia, por unidade de área, emitida por radiação. 3.67 3.68 3.69 A temperatura e a emissividade da superfície de uma casa são iguais a 30 °C e e = 0,7. A temperatura ambiente que circunda a casa é igual a 15 °C e a emissividade média é 0,9. Determine a taxa de emissão de energia por radiação, por unidade de área para cada superfície. Uma lâmpada de aquecimento por radiação é um cilindro que tem comprimento e diâmetro iguais a 0,5 m e 0,5 cm que dissipa 400 W. Admitindo que a emissividade da superfície do aquecedor seja igual a 0,9 e desprezando a radiação que incide no aquecedor, determine a temperatura superficial desse aquecedor. a. T = 65 °C, P = 600 kPa b. T = 20 °C, P = 100 kPa c. T = 50 °C, v = 0,1185 m3/kg 3.74 3.75 3.76 Determine a fase das substâncias a seguir e encontre os valores das quantidades ausentes. 3.72 Indique a localização dos quatro estados do Problema 3.71 nos diagramas P-v e T-v. 3.73 Determine as propriedades P, v, u e x (se aplicável) que faltam e a fase da amônia, NH3. termodinamica 03.indd 137 Determine a fase das substâncias a seguir e encontre os valores das propriedades desconhecidas. a. R-410a: T = –20 °C, u = 220 kJ/kg, P = ?, x=? b. Amônia: T = –20 °C, v = 0,35 m3/kg, P = ?, u=? c. Água: P = 400 kPa, h = 2 800 kJ/kg, T = ?, v=? 3.78 Determine as propriedades que faltam para o dióxido de carbono a: a. 20 °C, 2 MPa: v=?eh=? b. 10 °C, x = 0,5: T=?eu=? 3 c. 1 MPa, v = 0,05 m /kg: T = ? e h = ? Determine a fase e as propriedades faltantes P, T, v, u e x (se aplicável) para a água: a. 500 kPa, 100 °C b. 5 000 kPa, u = 800 kJ/kg c. 5 000 kPa, v = 0,06 m3/kg d. –6 °C, v = 1 m3/kg Determine as propriedades u, h e x (se aplicável) que faltam e a fase da substância: a. Água a T = 120 °C, v = 0,5 m3/kg b. Água a T = 100 °C, P = 10 MPa c. Nitrogênio a T = 100 K, x = 0,75 d. Nitrogênio a 200 k, P = 200 kPa e. Amônia a 100 °C, v = 0,1 m3/kg Obtenção de Propriedades (u, h) das Tabelas 3.71 Determine a fase e as propriedades faltantes. a. H2O 20 °C, v = 0,001000 m3/kg P = ?, u = ? b. R-410a 400 kPa, v = 0,075 m3/kg T = ?, u=? c. NH3 10°C, v = 0,1 m3/kg P = ?, u = ? d. N2 101,3 kPa, h = 60 kJ/kg T = ?, v = ? Uma lâmpada de aquecimento por radiação tem uma temperatura superficial de 1 000 K e emissividade de 0,8. Qual deve ser a área para prover 250 W de calor transferido por radiação? a. Nitrogênio: P = 2 000 kPa, 120 K, v = ?, Z=? b. Nitrogênio: 120 K, v = 0,0050 m3/kg , Z = ? c. Ar: T = 100 °C, v = 0,500 m3/kg, P = ? d. R-410a: T = 25 °C, v = 0,01 m3/kg, P = ?, h=? Determine as propriedades que faltam de P, T, v, u, h e x, se aplicável, e indique os estados nos diagramas P-v e T-v para: a. Água a 5000 kPa, u = 1 000 kJ/kg b. R-134a a 20 °C, u = 300 kJ/kg c. Nitrogênio a 250 K, 200 kPa 3.77 3.70 137 3.79 Determine as propriedades P, T, v, u, h e x (se aplicável) que faltam e indique os estados nos diagramas P-v e T-v para: a. R-410a a 500 kPa,h = 300 kJ/kg b. R-410a a 10°C u = 200 kJ/kg c. R-134a a 40°C, h = 400 kJ/kg 3.80 Água se encontra como líquido saturado a 20 oC. A água é então comprimida a uma alta 15/10/14 14:47 138 Fundamentos da Termodinâmica pressão, em processo isotérmico. Determine as mudanças em u e h entre o estado inicial e o final, quando as pressões são: a. 500 kPa b. 2 MPa 3.81 Determine a fase das seguintes substâncias e encontre os valores das propriedades que faltam. a. Água: P =500 kPa, u = 2 850 kJ/kg, T = ?, v=? b. R-134a: T = –10 °C, v = 0,08 m3/kg, P = ?, u=? c. Amônia: T = –20 °C, u = 1 000 kJ/kg, P = ?, x=? Análise de Situações 3.82 3.83 3.84 3.85 Considere o Problema 3.101. Leve em conta todo o compartimento como um V.C. e escreva as equações de conservação de massa e energia. Escreva as equações para o processo (são necessárias duas) e as use nas equações de conservação. Agora especifique quatro propriedades que determine o estado inicial (duas) e o estado final (duas); você tem todas? Conte as incógnitas, identifique-as nas equações e determine-as. Considere uma garrafa de aço como um V.C. Ela contém dióxido de carbono a –20 °C, título 20%. Ela possui uma válvula de segurança que abre a 6 MPa. A garrafa é acidentalmente aquecida até abrir a válvula de segurança. Escreva a equação do processo que seja válida até a válvula abrir, e trace o diagrama P-v do processo. Um conjunto cilindro-pistão contém água com título de 75% a 200 kPa. Uma expansão lenta ocorre enquanto há transferência de calor com a pressão constante. O processo é interrompido quando o volume é o dobro do inicial. Como determinar o estado final e o calor trocado? Considere o Problema 3.173. O estado final foi dado, mas não foi dito que o pistão bate nos esbarros, somente que Vparada= 2 V1. Esboce o possível diagrama P-v para o processo e determine que valores você precisará para definir de forma inequívoca o termodinamica 03.indd 138 estado 2. Se houver uma quina no diagrama, quais serão as coordenadas desse ponto? Escreva uma expressão para o trabalho. 3.86 Use o Problema 3.210 e escreva o lado esquerdo (o lado representativo da mudança no reservatório) das equações de conservação de massa e energia. Como você escreveria m1 e a Equação 3.5? 3.87 Dois tanques rígidos e isolados termicamente são conectados por uma tubulação com uma válvula. Um tanque tem 0,5 kg de ar a 200 kPa e 300 K, o outro tem 0,75 kg de ar a 100 kPa e 400 K. A válvula é aberta e o estado do ar se uniformiza se ocorrer troca de calor. Como você pode determinar a temperatura e pressão finais. 3.88 Observe o Problema 3.183 e trace o diagrama P-v do processo. Somente T2 é dada; como você determina a segunda propriedade do estado final? O que você necessita para conferir esse resultado, e isso afetará de alguma forma o valor do trabalho? Processos de uma etapa 3.89 Um tanque rígido de 100 L contém nitrogênio a 900 K e 3 MPa. O tanque é, então, resfriado até que a temperatura atinja 100 K. Qual é o trabalho realizado e o calor transferido nesse processo? 3.90 Um conjunto cilindro-pistão que opera a pressão constante, contém 0,2 kg de água como vapor saturado a 400 kPa. O conjunto é, então, resfriado até que o volume ocupado pela água se torne metade do volume inicial. Determine o trabalho e o calor transferido nesse processo. 3.91 Um tanque rígido contém vapor saturado de R-410a a 0 °C, que é resfriado até –20 °C. Determine a transferência de calor espe­cífica. 3.92 Um tanque rígido de 200 L contém amônia a 0 °C e com título igual a 60%. O tanque e a amônia são aquecidos até que a pressão atinja 1 MPa. Determine o calor transferido nesse processo. 3.93 Um tanque rígido contém 1,5 kg de R-134a a 40 °C, 500 kPa. O tanque é colocado em 15/10/14 14:47 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia um refrigerador que leva o conjunto para –20 °C. Determine a transferência de calor e represente o processo em um diagrama P-v. 3.94 3.95 Um conjunto cilindro-pistão contém ar a 600 kPa, 290 K e volume de 0,01 m3 . O ar realiza um processo a pressão constante, fornecendo 54 kJ. Determine o volume final, a temperatura final do ar e o calor transferido no processo. Dois quilogramas de água a 120 °C e título igual a 25% tem sua temperatura aumentada de 20 °C, a volume constante, como na Figura P3.95. Qual é o trabalho e o calor transferido nesse processo? 139 cido em um processo em que a pressão varia linearmente com o volume até o estado de 120 °C e 300 kPa. Encontre o trabalho e o calor transferido para a amônia no processo. 3.100 Um conjunto cilindro-pistão contém 1 kg de água a 20 °C e o volume é de 0,1 m3. Por engano, alguém trava o pistão, e calor é transferido para a água até que o estado de vapor saturado. Determine a temperatura da água no estado final e o calor transferido no processo. 3.101 Um reator, com volume de 1 m3, contém água a 20 MPa e 360 °C, e está localizado em uma contenção como mostrado na Figura P3.101. A contenção é bem isolada e, inicialmente, está no vácuo. Em razão de uma falha operacional, o reator se rompe e a água ocupa toda a contenção. Determine qual deve ser o volume mínimo da contenção para que a pressão final não exceda 200 kPa. FIGURA P3.95 3.96 3.97 Um conjunto cilindro-pistão sem atrito contém 2 kg de vapor superaquecido de refrigerante R-134a a 350 kPa e 100 °C. O conjunto é, então, resfriado a pressão constante até que o R-134a apresente título igual a 75%. Calcule a transferência de calor nesse processo. Um conjunto cilindro-pistão contém 1,5 kg de água a 200 kPa e 150 °C. O conjunto é aquecido em um processo em que a pressão é linearmente relacionada com o volume até o estado de 600 kPa e 350 °C. Encontre o volume final, o calor transferido e o trabalho realizado no processo. 3.98 Um dispositivo composto de cilindro-pistão contém 50 kg água a 200 kPa ocupando um volume de 0,1 m3. No cilindro há esbarro que restringe o volume máximo da câmara em 0,5 m3. A água é aquecida até que o pistão toque o esbarro. Calcule o calor transferido necessário para esse processo. 3.99 Um cilindro-pistão contém 0,5 kg de amônia a 200 kPa e –10 °C. O conjunto é aque- termodinamica 03.indd 139 FIGURA P3.101 3.102 Um tanque rígido contém 0,75 kg de vapor saturado de amônia a 70 °C. O tanque é resfriado para 20 °C, trocando calor com o ambiente. Quais são as duas propriedades que definem o estado final? Determine a quantidade de trabalho e calor transferidos durante o processo. 3.103 Considere que 150 L de água estão retidos em um tanque rígido a 100 °C, com título igual a 90%. O tanque é resfriado até –10 °C. Calcule o calor transferido nesse processo. 3.104 Uma massa de 25 kg se move a 25 m/s. Um freio é acionado levando a massa ao repouso em uma desaceleração constante, durante 5 s. Considere que a massa está sob P e T constantes. A energia de frenagem é absorvida por 0,5 kg de água a 20 °C e 100 kPa. Calcule a energia que o freio remove da massa e o aumento de temperatura da água, considerando que esteja a pressão constante. 15/10/14 14:47 140 Fundamentos da Termodinâmica 3.105 Um conjunto cilindro-pistão no qual atua uma mola linear (constante da mola 15 kN/m) contém 0,5 kg de vapor d’água saturado a 120 °C, como mostrado na Figura P3.105. O calor é transferido para a água, causando a elevação do pistão. Se a área da seção transversal do pistão é igual a 0,05 m2 e a pressão varia linearmente com o volume até que a pressão final de 500 kPa seja atingida, determine a temperatura final da água no cilindro e o calor transferido nesse processo. 3.108 Considere as mesmas condições iniciais do Problema 3.101, mas com uma contenção que tenha 100 m3. Mostre que teremos duas fases no estado final e encontre a pressão final por tentativa e erro. 3.109 Um dispositivo cilindro-pistão contém di­ óxido de carbono a –20 °C e título 75%. O CO2 é comprimido em um processo em que a pressão varia linearmente com o volume até 3 MPa e 20 °C. Determine a transferência de calor específica. 3.110 Um reservatório rígido de aço de 2,5 kg contém 0,5 kg de R410a a 0 °C com volume específico de 0,01 m3/kg. Todo o sistema é aquecido até a temperatura ambiente de 25 °C. H 2O FIGURA P3.105 3.106 Um arranjo cilindro-pistão com uma mola linear como na Figura P3.105 contém R-134a a 15 °C, x = 0,4 e volume 0,02 m3. O R-134a é aquecido até 60 °C e nesse estado o volume específico é 0,030 02 m3/kg. Determine a pressão final, o trabalho e a transferência de calor no processo. 3.107 Um conjunto cilindro-pistão com 10 m de altura e área da seção transversal de 0,1 m2, contém na parte superior água a 20 °C, e na parte inferior 2 kg de água a 20 °C, separadas por um pistão fino flutuante e isolante com massa de 198,5 kg, veja Figura P3.107. Considere que a gravidade e a pressão atmosférica têm os valores padrões. Transfere-se calor para a água sob o pistão, de modo que ela se expande, empurrando o pistão para cima, provocando o transbordamento da água da parte superior. Esse processo continua até que o pistão atinja o topo do cilindro. Encontre o estado final da água sob o pistão (T, P, v) e o calor fornecido durante o processo. P0 H 2O H 2O termodinamica 03.indd 140 g FIGURA P3.107 a. Determine o volume do tanque. b. Encontre a pressão final P. c. Calcule a transferência de calor no processo. 3.111 O conjunto cilindro-pistão da Figura P3.111 contém 0,1 kg de água a 500 °C, 1 000 kPa. O cilindro apresenta um esbarro no meio do volume inicial. A água é resfriada até a temperatura ambiente de 25 °C. a. Esboce, em um diagrama P-v, os possíveis estados da água. b. Encontre a pressão e o volume final. c. Calcule o calor transferido e o trabalho realizado no processo. mp P0 Água FIGURA P3.111 3.112 Um dispositivo cilindro-pistão com mola contém 1 kg de água a 500 °C e 3 MPa. O conjunto é construído de tal forma que a pressão é proporcional ao volume: P = CV. O calor é retirado até a água se tornar vapor saturado. Represente o processo no diagrama P-V, e determine o estado final, o trabalho e o calor transferido no processo. 3.113 Um conjunto cilindro-pistão contém 1,5 kg de água a 600 kPa, 350 °C. A água é resfriada em um processo em que a pressão 15/10/14 14:47 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia 141 varia linearmente com o volume até atingir 200 kPa, 150 °C. Trace no diagrama P-v o processo e calcule o trabalho e o calor transferido no processo. junto é aquecido até o ponto de ebulição da água. Desprezando a transferência de calor para o ar ambiente, determine a energia necessária no processo. 3.114 Um refrigerante R-134a superaquecido a 20 °C e 0,5 MPa é resfriado em um conjunto cilindro-pistão a temperatura constante até atingir o estado saturado com título de 50%. A massa do refrigerante é 5 kg e são removidos 500 kJ de calor no processo. Determine os volumes inicial e final e o trabalho necessário. 3.120 Tenho 2 kg de água líquida a 20 °C e 100 kPa. Adiciono 20 kJ de energia a pressão constante. Se a energia for utilizada para o aquecimento, a que temperatura a água vai chegar? Se a energia for transferida na forma de uma força horizontal constante, que velocidade será atingida? Que altura será alcançada se a massa de água for elevada na vertical com essa energia? 3.115 Dois quilogramas de nitrogênio a 100 K, x = 0,5 são aquecidos em um processo a pressão constante até 300 K em um conjunto cilindro-pistão. Determine os volumes inicial e final e o calor total transferido. Calores Específicos: Sólidos e Líquidos 3.116 Em uma pia com 5 L de água a 70 °C são colocadas panelas de alumínio com massa de 1 kg, 1 kg de talheres (aço) e 1 kg de copos de vidro, todos a 20 °C. Qual é a temperatura final, desprezando-se qualquer troca de calor e trabalho com o ambiente. 3.117 Um “chip” de CPU de um computador consiste em 50 g de silício, 20 g de cobre e 50 g de cloreto de polivinila (PVC). O “chip” é aquecido de 15 °C a 70 °C quando o computador é ligado. Quanto de energia o aquecimento requer? 3.118 Um bloco de cobre com volume de 1 L sofre um tratamento térmico aquecido a 500 °C, e depois é resfriado em um banho de óleo de 200 L que está inicialmente a 20 °C, como mostrado na Figura P3.118. Admitindo que não haja transferência de calor para o ambiente, qual será a temperatura final? Cobre Óleo FIGURA P3.118 3.119 Uma panela de aço com massa de 1 kg contém 1 kg de água. A temperatura do conjunto é igual a 15 °C. A panela é colocada sobre uma chama em um fogão e o con- termodinamica 03.indd 141 3.121 Uma casa está sendo projetada para usar uma laje grossa de concreto como material de armazenagem da energia térmica solar. A laje tem 30 cm de espessura e a área exposta ao sol é de 4 m × 6 m. Espera-se que a massa de concreto tenha sua temperatura elevada de 3 °C durante o período diurno. Quanto de energia estará disponível para o aquecimento no período noturno. 3.122 Ao ser ligada a água quente, ela não sai imediatamente quente, porque parte da massa da tubulação deve ser aquecida pela água antes de chegar ao usuário. Admita que a água líquida a 70 °C e 100 kPa é resfriada até 45 °C à medida que aquece 15 kg de tubo de cobre de 20 °C a 45 °C. Qual é a massa de água necessária em kg? 3.123 Um automóvel, com massa de 1275 kg, se desloca a 60 km/h quando os freios são acionados rapidamente para reduzir a velocidade para 20 km/h. Considere que a massa das pastilhas de freio é de 0,5 kg, o calor específico é de 1,1 kJ/kg K e os discos de aço do freio têm massa de 4,0 kg. Determine o aumento da temperatura do conjunto pastilhas-disco de freio. Admita que as pastilhas e os discos sejam aquecidos uniformemente. 3.124 Um arranjo cilindro-pistão (massa de aço do conjunto é de 0,5 kg) mantém a pressão constante sobre 0,2 kg de R-134a como vapor saturado a 150 kPa. O conjunto é aquecido até 40 °C. O aço e o R-134a estão sempre à mesma temperatura. Determine o trabalho e a transferência de calor no processo. 15/10/14 14:47 142 Fundamentos da Termodinâmica 3.125 Um tanque de aço de 25 kg está inicialmente a –10 °C. O tanque é carregado com 100 kg de leite (considere que tenha as mesmas propriedades da água) a 30 °C. No frigorífico o leite e o aço atingem a temperatura uniforme de +5 °C. Quanto de calor deve ser transferido para viabilizar esse processo? 3.126 Um motor de combustão interna, mostrado na Figura P3.126, é composto por um bloco de ferro fundido de massa igual a 100 kg, cabeçotes de alumínio (massa igual a 20 kg) e partes diversas fabricadas com aço (massa igual a 20 kg). Além disso, o motor tem 5 kg de óleo lubrificante e 6 kg de glicerina (anticongelante do radiador). Inicialmente a temperatura de todos os componentes é de 5 °C. Quando o motor é acionado, determine o quanto ele aquece, se absorver 7 000 kJ antes de alcançar a temperatura de regime permanente. 3.129 Estime o calor específico constantes do R-134a da Tabela B.5.2 a 100 kPa e 125 °C. Compare esse valor com aquele da Tabela A.5 e explique a diferença. 3.130 Determine a variação em u para o dióxido de carbono entre 600 K e 1 200 K, utilizando: a. o valor de Cv0 da Tabela A.5. b. o valor de Cv0 avaliado com a equação da Tabela A.6 e na temperatura média do intervalo. c. os valores de u apresentados na Tabela A.8. 3.131 O nitrogênio a 300 K, 3 MPa é aquecido até 500 K. Determine a variação de entalpia usando (a) a Tabela B.6; (b) a Tabela A.8; e (c) a Tabela A.5. 3.132 Desejamos achar a variação de u do dióxido de carbono entre 50 °C e 200 °C à pressão de 10 MPa. Determine-a usando o gás ideal e a Tabela A.5 e repita o cálculo usando a tabela do Apêndice B. 3.133 Repita o Problema 3.130 para o oxigênio. 3.134 Para uma aplicação especial, necessitamos avaliar a variação da entalpia do CO2 de 30 °C a 1 500 °C a 100 kPa. Faça isso, usando o valor constante do calor específico da Tabela A.5, e repita, usando a Tabela A.8. Qual tabela é mais precisa? Motor de automóvel FIGURA P3.126 Propriedades do Gás Ideal (u, h, Cv, Cp) 3.127 Um gás ideal é aquecido de 500 K para 1 500 K. Determine a variação da entalpia usando o calor específico constante da Tabela A.5 com o valor da temperatura ambiente e discuta a precisão, se o gás for: a. Argônio b. Oxigênio c. Dióxido de carbono 3.128 Utilize a tabela de gás ideal para o ar, Tabela A.7, para avaliar o calor específico Cp a 300 K, usando a inclinação da curva h(T) dada por Δh/ΔT. Qual é o valor para 1 000 K e para 1500 K? termodinamica 03.indd 142 3.135 Água a 400 kPa tem sua temperatura elevada de 150 °C a 1200 °C. Avalie a variação da energia interna específica usando (a) as tabelas de vapor d’água; (b) a Tabela A.8 para gás ideal; e (c) a Tabela A.5 de calor específico. 3.136 Repita o Problema 3.134, mas use o valor do calor específico na temperatura média aplicada à equação da Tabela A.6 e também integre a equação da Tabela A.6 para obter a variação de entalpia. 3.137 A água a 20 °C e 100 kPa é levada a 100 kPa e 1 500 °C. Encontre a variação da energia interna específica usando as tabelas de vapor d’água e as tabelas de gás ideal. 3.138 Reconsidere o Problema 3.134, e determine se o uso também da Tabela B.3 conduz a resultado mais preciso; explique. 15/10/14 14:47 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia Calores Específicos: Gás Ideal 3.139 O ar é aquecido de 300 K a 350 K, a volume constante. Determine 1q2. Qual é o valor de 1q2 se a temperatura aumenta de 1 300 K a 1350 K? 3.140 Um vaso rígido contém 2 kg de dióxido de carbono a 100 kPa e 1200 K, e é aquecido até 1 400 K. Determine a transferência de calor no processo utilizando (a) calor específico da Tabela A.5; e (b) as propriedades da Tabela A.8. 3.141 Resolva o problema anterior para o nitrogênio (N2). 3.142 Três quilogramas de ar ocupam o volume de um cilindro-pistão como o da Figura P3.5 e estão a 27 °C, 300 kPa. O ar é aquecido até 500 K. Trace o processo no diagrama P-v e encontre o trabalho, bem como o calor transferido no processo. 3.143 Um vaso rígido fechado contém 1,5 kg de água a 100 kPa e 55 °C, 1 kg de aço inox e 0,5 kg de cloreto de polivinila (PVC), ambos a 20 °C, e 0,1 kg de ar a 400 K, 100 kPa. O vaso é isolado sem qualquer transferência de calor e a água não se vaporiza. Determine a temperatura final do ar e a pressão. 3.144 Um tanque rígido com volume interno de 250 L contém metano a 500 K e 1 500 kPa. O tanque é resfriado até 300 K. Determine a massa de metano contida no tanque e o calor transferido no processo, utilizando (a) gás ideal; e (b) tabelas do metano. 3.145 Um cilindro com área da seção transversal igual a 0,1 m2 e altura de 10 m, tem um pistão de massa desprezível, que separa a câmara interna em duas regiões. Inicialmente, a região superior contém água a 20 °C, como mostrado na Figura P3.145, e a inferior contém 0,3 m3 de ar a 300 K. Transfere-se calor à região inferior, de modo que o pistão inicia o movimento para cima, provocando o transbordamento da água. Esse processo continua até que o pistão alcance o topo do cilindro. Determine o calor transferido para o ar, no processo. termodinamica 03.indd 143 143 P0 H 2O g Ar FIGURA P3.145 3.146 Um conjunto cilindro-pistão com uma mola linear contém 2 kg de dióxido de carbono à temperatura de 400 °C e à pressão de 500 kPa. O CO2 é resfriado até 40 °C e, nessa condição, a pressão é de 300 kPa. Calcule a transferência de calor nesse processo. 3.147 A água a 100 kPa e 400 K é aquecida eletricamente com a adição de 700 kJ/kg em um processo a pressão constante. Determine a temperatura final usando: a. A Tabela B.1 para a água. b. A Tabela A.8 para o gás ideal. c. O calor específico constante da Tabela A.5 3.148 Um reservatório a pressão constante contém 1 kg de aço inoxidável e 0,5 kg de cloreto de polivinila (PVC), ambos a 20 °C, e 0,25 kg de ar quente a 500 K e 100 kPa. O reservatório é deixado uniformizar suas condições sem transferência externa de calor. a. Encontre a temperatura final. b. Determine o trabalho no processo. 3.149 Um conjunto cilindro-pistão com mola linear contém 1,5 kg de ar a 27 °C e 160 kPa. O ar é aquecido, em um processo em que a relação entre a pressão e o volume é linear, até o estado em que o volume interno da câmara se torna igual ao dobro do volume inicial. Faça um gráfico desse processo em um diagrama P-v e determine o trabalho, bem como o calor transferido no processo. 3.150 Um conjunto cilindro-pistão a pressão constante contém 0,5 kg de ar a 300 K e 400 kPa. Considere que o pistão tem massa de 1kg de aço e acompanha a temperatura do ar a todo instante. O sistema é aquecido a 1 600 K, por transferência de calor. 15/10/14 14:47 144 Fundamentos da Termodinâmica a. Encontre o calor transferido, usando o calor específico do ar. b. Calcule o calor transferido, sem usar o calor específico do ar. 3.151 A Figura P3.151 mostra um cilindro fechado, isolado e dividido em duas re­giões, cada uma com 1 m3, por um pistão que está inicialmente imobilizado por um pino. A região A contém ar a 200 kPa e 300 K e a B contém ar a 1,0 MPa e 1 000 K. O pino é, então, removido, liberando o pistão. No estado final, em razão da transferência de calor através do pistão, as regiões apresentam a mesma temperatura TA = TB. Determine as massas de ar contidas nas regiões A e B e os valores de T e P ao final do processo. A Ar 3.157 Resolva o problema anterior usando a Tabela A.7. 3.158 Determine o calor específico transferido no Problema 3.55. 3.159 Um conjunto cilindro-pistão contém nitrogênio à temperatura de 750 K e pressão de 1 500 kPa, como mostrado na Figura P3.159. O gás é, então, expandido em um processo politrópico com n = 1,2 até 750 kPa. Determine a temperatura no estado final, o trabalho específico e a transferência de calor específica no processo. B Ar FIGURA P3.151 Processo Politrópico 3.152 O ar em um cilindro-pistão está a 1 800 K, 7 Mpa, e expande em um processo politrópico com n = 1,5 até alcançar oito vezes o seu volume original. Determine o trabalho específico, além do calor específico transferido no processo, e desenhe o diagrama P-v. Utilize o calor específico constante para resolver o problema. 3.153 Resolva o problema anterior, porém não use calor específico constante. 3.154 Gás hélio se expande do estado inicial dado por 125 kPa, 350 K e 0,25 m3 para 100 kPa em um processo isotrópico com n = 1,667. Qual é o calor transferido no processo? 3.155 Um conjunto cilindro-pistão contém 0,1 kg de ar a 100 kPa e 300 K. O ar é, então, comprimido, lenta e isotermicamente, até que a pressão atinja 250 kPa. Mostre o processo em um diagrama P-v e determine o trabalho realizado, bem como o calor transferido nesse processo. termodinamica 03.indd 144 3.156 Um motor a gasolina tem em seu cilindro-pistão 0,1 kg de ar a 4 MPa e 1527 °C, após a combustão. O ar é expandido em um processo politrópico com n = 1,5 até um volume 10 vezes maior. Determine o trabalho de expansão e o calor trocado, usando a capacidade térmica da Tabela A.5. Gás FIGURA P3.159 3.160 Um conjunto cilindro-pistão contém 1 kg de gás propano a 700 kPa e 40 °C. O pistão tem área da seção transversal de 0,5 m2 e a força externa total que age sobre o pistão é proporcional ao quadrado do volume interno do conjunto. O calor é transferido para o propano até que a temperatura atinja 700 °C. Determine a pressão final no interior do cilindro, o trabalho realizado pelo propano e o calor transferido durante o processo. 3.161 Um conjunto cilindro-pistão com volume inicial de 0,025 m3 contém vapor d’água saturado a 180 °C. O vapor se expande em um processo politrópico, com n = 1, até a pressão de 200 kPa, enquanto realiza trabalho contra o pistão. Determine a transferência de calor nesse processo. 3.162 Um conjunto cilindro-pistão contém oxigênio puro nas condições ambiente de 20 °C e 100 kPa. O pistão se move de modo que o volume final é 1/7 do volume inicial 15/10/14 14:47 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia em um processo politrópico com expoente n = 1,25. Use o calor específico constante para calcular a pressão e a temperatura finais, bem como o calor e o trabalho específicos no processo. 3.163 Um conjunto cilindro-pistão em um automóvel contém 0,2 L de ar a 90 kPa e 20 °C, como mostra a Figura P3.163. O ar é comprimido em um processo politrópico quase estático, com expoente n = 1,25, até que o volume se torne igual a 1/6 do inicial. Determine a pressão e a temperatura finais, bem como a transferência de calor nesse processo. Ar FIGURA P3.163 3.164 A Figura P3.164 mostra o esquema de uma pistola a ar comprimido. Admita que, quando a pistola está carregada, o volume do ar seja 1 cm3, a temperatura do ar seja 27 °C e sua pressão igual a 1 MPa. A massa do projétil é 15 g e atua como um pistão que, inicialmente, está travado por um pino (gatilho). Quando a arma é disparada, o ar expande em um processo isotérmico (T = constante). Se a pressão do ar, no instante em que o projétil deixa o cano, é igual a 0,1 MPa. Determine: a. O volume final e a massa de ar contido na pistola. b. O trabalho realizado pelo ar contido no tubo alma e o trabalho realizado contra a atmosfera. c. O trabalho realizado sobre o projétil e sua velocidade na seção de saída do tubo alma. Ar P0 FIGURA P3.164 3.165 Um dispositivo cilindro-pistão que contém ar que passa por um processo politrópico com n = 1,3. O processo começa com termodinamica 03.indd 145 145 200 kPa e 300 K e termina na pressão de 2 200 kPa. Encontre a taxa de compressão v2/v1, o trabalho específico e o calor específico transferido. 3.166 O nitrogênio passa por um processo politrópico com n = 1,3 em um arranjo cilindro-pistão. O estado inicial apresenta 600 K, 600 kPa e termina a 800 K. Determine a pressão final, o trabalho específico no processo e o calor específico transferido. 3.167 Um conjunto cilindro-pistão contém oxigênio puro a 500 K, 600 kPa. O pistão se desloca de tal forma que a temperatura final é 700 K em um processo politrópico com o expoente n = 1,25. Use o gás ideal como aproximação e o calor específico constante para encontrar a pressão final. Determine também o trabalho específico e o calor específico transferido no processo. 3.168 Calcule o calor transferido no processo que ocorre no Problema 3.57. Processos de Múltiplas Etapas: Todas as Substâncias 3.169 Um cilindro-pistão mostrado na Figura P3.169 contém 0,5 m3 de R-410a a 2 MPa, 150 °C. A massa do pistão e a pressão atmosférica requerem a pressão interna de 450 kPa para equilibrá-lo. O conjunto é resfriado em um congelador e mantido a –20 °C. Determine o calor transferido e mostre o processo, chegando até T2 = –20 °C, em um diagrama P-v. R-410a FIGURA P3.169 3.170 Um cilindro contendo 1 kg de amônia tem um pistão carregado externamente. Inicialmente, a amônia está a 2 MPa e 180 °C. Ela é, então, resfriada até alcançar o estado saturado a 40 °C e, em seguida, novamente resfriada até 20 °C, chegando ao título de 50%. Calcule o trabalho total e o calor 15/10/14 14:47 146 Fundamentos da Termodinâmica transferido no processo, assumindo que em cada trecho P varie linearmente com V. 3.171 Um conjunto cilindro-pistão contém 10 kg de água. Inicialmente, a água apresenta pressão e título iguais a 100 kPa e 50%. A água é, então, aquecida até que o volume interno do conjunto se torne igual ao triplo do volume inicial. A massa do pistão é tal que seu movimento começa quando a pressão interna atinge 200 kPa, como na Figura P3.171. Determine a temperatura da água no estado final e a transferência de calor no processo. P0 g H 2O FIGURA P3.171 3.172 O gás hélio é aquecido a volume constante de 100 kPa e 300 K para 500 K. O processo seguinte é a expansão, a pressão constante, até alcançar três vezes o volume inicial. Qual é o trabalho específico e o calor específico transferido nesse processo de duas etapas? 3.173 A Figura P3.173 mostra um conjunto cilindro-pistão vertical que contém 5 kg de R-410a a 10 °C. Transferindo-se calor ao sistema, o pistão sobe até encostar nos esbarros; nessa situação o volume da câmara se torna o dobro do inicial. Transfere-se uma quantidade adicional de calor ao sistema até que a temperatura atinja 50 °C. Nesse estado, a pressão interna é de 1,4 MPa. a. Qual é o título no estado inicial? b. Qual a transferência de calor em todo o processo? R-410a FIGURA P3.173 termodinamica 03.indd 146 3.174 A água em um cilindro-pistão (Figura P1.374) está a 101 kPa, 25 °C, e massa de 0,5 kg. O pistão repousa nos esbarros, e a pressão deve ser de 1 000 kPa para deslocar o pistão. Agora aquecemos a água, até que o pistão chegue exatamente ao topo do cilindro. Determine a transferência total de calor. 5 h1 H 2O h1 FIGURA P3.174 3.175 Um dispositivo, como mostrado na Figura P3.169, tem 0,1 kg de R-410a, inicialmente a 1 000 kPa e 50 °C. A pressão que equilibra o pistão é de 400 kPa e o conjunto é resfriado, de modo que o volume é reduzido à metade do inicial. Determine o calor transferido no processo. 3.176 Um conjunto cilindro-pistão contém 1 kg de água a 20 °C e 300 kPa. Inicialmente o pistão flutua semelhante ao que ocorre na partida do Problema 3.173, com um volume máximo total de 0,002 m3 se o pistão tocar os esbarros. Agora o conjunto é aquecido até a pressão chegar a 600 kPa. Determine o volume final e o calor transferido no processo. 3.177 Um arranjo cilindro-pistão contém 5 kg de água a 100 °C com x = 20% e o pistão de mp = 75 kg, repousa nos esbarros, semelhante ao representado na Figura P3.171. A pressão externa é de 100 kPa, e a área da seção transversal do cilindro é A = 24,5 cm2. O calor é adicionado até que a água alcance o estado de vapor saturado. Encontre o volume inicial, a pressão final, o trabalho, o calor transferido e apresente o diagrama P-v do processo. 3.178 Um arranjo cilindro-pistão semelhante ao representado na Figura P3.171contém 0,1 kg de água saturada a 100 kPa e título de 25%. A massa do pistão é tal que ele flutua com a pressão de 500 kPa. A água é aquecida até 300 °C. Determine a pressão final, o volume, o trabalho 1W2 e o calor transferido 1Q2. 3.179 O cilindro-pistão da Figura P3.179 contém 0,1 kg de R-410a a 600 kPa e 60 °C. O con- 15/10/14 14:47 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia junto é resfriado de tal forma que o volume se reduz à metade do inicial. O cilindro tem montado esbarros superiores, e a massa do pistão e a ação da gravidade são tais que a pressão de flutuação é de 400 kPa. a. Encontre a temperatura final. b. Quanto de trabalho está envolvido no processo? c. Qual é o calor transferido no processo? d. Represente o processo no diagrama P-v. R-410a FIGURA P3.179 3.180 Um conjunto cilindro-pistão contém ar a 1 000 kPa, 800 K com um volume de 0,05 m3. O pistão está pressionado contra os esbarros superiores (veja Figura P3.14c) e flutua a 750 kPa. O ar é, então, resfriado chegando a 400 K. Qual é o trabalho e o calor transferido no processo? 3.181 O arranjo cilindro-pistão da Figura P3.181 contém 10 g de amônia a 20 °C com volume de 1 L. Há esbarros no cilindro que corresponde a um volume de 1,4 L. A amônia é aquecida até 200 °C. O cilindro e o pistão são feitos com 0,5 kg de alumínio. Considere que essa massa tenha sempre a mesma temperatura da amônia. Calcule o volume final, o total de calor transferido e trace o diagrama P-V do processo. P0 147 P0 g Ar FIGURA P3.182 3.183 A Figura P3.183 mostra um conjunto cilindro-pistão com esbarros em que o Vmín = 0,03 m3. O conjunto contém 0,5 kg de ar que, inicialmente, apresenta temperatura e pressão iguais a 1 000 K e 2 000 kPa. O ar transfere calor para o ambiente e atinge a temperatura de 400 K. Determine o volume ocupado pelo ar, a pressão interna no estado final (o pistão toca os esbarros?), o trabalho e o calor transferido no processo. mp P0 g FIGURA P3.183 3.184 O ar está em um tanque rígido de volume 0,75 m3 a 100 kPa e 300 K. O tanque é aquecido até 400 K, estado 2. Agora de um lado do tanque age um pistão que permite a expansão lenta do ar, a temperatura constante, até o volume de 1,5 m3, estado 3. Determine a pressão nos estados 2 e 3 e o trabalho total e calor total trocado. mp NH3 Equação da Energia em Forma de Potência FIGURA P3.181 3.182 O conjunto cilindro-pistão mostrado na Figura P3.182 contém ar a 200 kPa e 600 K. O ar é expandido em um processo a pressão constante, até que o volume se torne o dobro do inicial, estado 2. Nesse ponto, o pistão é travado com um pino e transfere-se calor do ar até que a temperatura atinja 600 K (estado 3). Determine P, T e h para os estados 2 e 3, e calcule o trabalho realizado e a transferência de calor nos dois processos. termodinamica 03.indd 147 3.185 Um motor automotivo de 100 hp tem seu eixo girando a 2 000 RPM. Quanto de torque tem no eixo para 25% da potência total? 3.186 Um guincho utiliza 2 kW para levantar uma caixa de 100 kg a 20 m de altura. Quanto tempo ele leva para efetuar esse trabalho? 3.187 Um guindaste eleva uma caçamba de 100 kg a 10 m, em 1 minuto. Determine a potência necessária nesse processo. 3.188 Um cilindro-pistão de área da seção transversal de 0,01 m2 trabalha a pressão cons- 15/10/14 14:47 148 Fundamentos da Termodinâmica tante. No seu interior há 1 kg de água com título de 5% a 150 °C. Se aquecermos a água de tal forma que 1 g/s se transforme de líquido em vapor, qual a potência nesse processo? 3.189 Uma panela tem água em ebulição em um fogão que fornece 325 W à água. Qual é a taxa de massa vaporizada (kg/s) admitindo que a pressão seja constante no processo? 3.190 Os aquecedores de uma nave espacial de repente falham. O calor é perdido por radiação a uma taxa de 100 kJ/h, e a instrumentação elétrica gera 75 kJ/h. Inicialmente o ar está a 100 kPa e 25 °C com um volume total de 10 m3. Quanto tempo demorará até que a temperatura do ar ambiente chegue a –20 °C? 3.191 À medida que o concreto endurece, as rea­ ções químicas de cura liberam energia à razão de 2 W/kg. Admita que uma porção de concreto fresco no centro de uma camada não sofra perda de calor e que tenha capacidade térmica média de 0,9 kJ/kg K. Calcule o aumento de temperatura durante 1 h de processo de endurecimento (cura). 3.192 Uma panela com 1,2 kg de água a 20 °C é colocada sobre um queimador de fogão que fornece 250 W de potência à água. Quanto tempo demorará até que a água ferva (100 °C)? 3.193 Um computador dissipa 10 kW, em uma sala fechada com volume de 200 m3. Na sala há 50 kg de madeira e 25 kg de aço e ar com todos os materiais a 300 K e 100 kPa. Suponha que todos os materiais se aqueçam uniformemente, quanto tempo será necessário para que a temperatura aumente 10 °C? 3.194 Uma pessoa, em repouso, transfere cerca de 400 kJ/h de calor ao meio ambiente. Suponha que a operação do sistema de ventilação de um auditório com 100 pessoas venha a falhar. Considere que a energia vá para o ar cujo volume é de 1500 m3 inicialmente a 300 K e 101 kPa. Determine a taxa de aumento da temperatura do ar no auditório (graus por minuto). 3.195 Um gerador de vapor aquece água líquida saturada à pressão constante de 800 termodinamica 03.indd 148 kPa em um dispositivo cilindro–pistão. Se 1,5 kW de potência é fornecida por transferência de calor, qual é a taxa (kg/s) de produção de vapor saturado? 3.196 Um aquecedor com potência de 500 W é utilizado para derreter 2 kg de gelo a −10 °C em líquido a +5 °C à pressão constante de 150 kPa. a. Determine a variação do volume total da água. b. Calcule a energia necessária para que o processo ocorra. c. Determine o tempo necessário para realizar o processo, admitindo que a temperatura da água seja sempre uniforme. 3.197 A força de arrasto sobre um automóvel com área frontal A = 2 m2, deslocando-se a 80 km/h no ar a 20 °C, é Fd = 0,225 × A × ρarV2. Qual é a potência necessária e qual é a força de tração? 3.198 Três quilogramas de gás nitrogênio a 2 000 K, V = Constante, resfriam com uma retirada de 500 W. Quanto é dT/dt? 3.199 Considere a panela do Problema 3.119. Admita que o fogão fornece 1 kW de calor. Quanto tempo durará o processo? Trabalho Diverso 3.200 Potência elétrica é dada por volts vezes ampéres (P = Vi). Quando uma bateria de automóvel de 12 V é carregada com 6 A por 3 h, quanto de energia é fornecida à bateria? 3.201 Um fio de cobre com diâmetro de 2 mm e comprimento de 10 m está esticado entre dois postes. A tensão normal (pressão), σ = E(L – L0)/L0, depende do comprimento L, do comprimento do corpo não tracionado L0 e do módulo de Young, E = 1,1 × 106 kPa. A força, F = Aσ, foi medida e é de 110 N. Qual é o comprimento do fio, e qual o trabalho realizado? 3.202 O etanol, a 20 °C, apresenta tensão superficial igual a 22,3 milinewton/metro em uma película que é mantida em uma armação de arame em que um dos lados é móvel, como 15/10/14 14:47 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia mostrado na Figura P3.202. Considerando a película com duas superfícies como a sistema, determine o trabalho realizado quando o arame é movido 10 mm na direção indicada para formar uma película de 20 × 40 mm. 30 mm Armação de arame Película de etanol 20 mm FIGURA P3.202 3.203 Um tanque rígido com 10 L de volume, contém R-410a a –10 °C com um título de 80%. Uma corrente elétrica de 10 A (fornecida por uma bateria de 6 V) passa por um resistor dentro do tanque por 10 minutos, depois disso a temperatura do R-410a atinge 40 °C. Qual a transferência de calor para ou do tanque durante esse processo? 3.204 Uma bateria é bem isolada durante a carga aplicada com 12,3 V e corrente de 6 A. Considere a bateria como uma sistema e calcule a taxa de trabalho e o trabalho total realizado em 4 h. 3.205 Um filme de borracha é esticado em torno de um anel que apresenta raio igual a 0,25 m. A configuração mostrada na Figura P3.205 é obtida colocando-se água líquida a 20 °C sobre o filme de borracha. Admitindo que a borracha forme uma superfície semiesférica (cuia) e que a massa do filme de borracha seja desprezível, determine a tensão superficial na região do filme próxima ao anel. 149 o balanço incremental δWHe = δWesticar + δWatm para estabelecer uma relação entre a pressão no hélio, a tensão superficial , a pressão atmosférica como uma função do raio do balão. 3.207 Um balão é construído com um material com tensão superficial constante = 2 N/m. Determine o trabalho necessário para encher o balão até o raio de 0,5 m. Despreze os efeitos da pressão atmosférica. 3.208 Uma bolha de sabão apresenta tensão superficial de = 3 × 10−4 N/cm. Inicialmente, o filme de líquido está plano e apoiado em um anel rígido com diâmetro de 5 cm. Soprando-se sobre o filme, obtém-se uma superfície semiesférica com diâmetro igual a 5 cm. Determine o trabalho realizado. 3.209 Uma barra de aço, com 1,0 cm de diâmetro e 0,50 m de comprimento, é tracionada em uma máquina de ensaio. Qual é o trabalho necessário para produzir uma deformação de 0,1%? O módulo de elasticidade do aço é 2,0 × 108 kPa. Dispositivos Mais Complexos 3.210 A Figura P3.210 mostra um tanque que está dividido em duas regiões por uma membrana. A região A apresenta VA = 1 m3 e contém água a 200 kPa e com v = 0,5 m3/kg. A região B contém 3,5 kg de água a 400 °C e 0,5 MPa. A membrana é, então, rompida e aguarda-se o estabelecimento do equilíbrio que ocorre a 100 °C. Determine a transferência de calor durante o processo. A B H2O Película de borracha FIGURA P3.205 3.206 Considere o processo de enchimento de um balão com gás hélio de um tanque. O hélio fornece o trabalho ∫PdV utilizado para esticar o material do balão ∫dA e, também, para deslocar a atmosfera ∫P0dV. Escreva termodinamica 03.indd 149 FIGURA P3.210 3.211 Um cilindro-pistão contém água em dois volumes separados por uma membrana rígida, VA = 0,2 m3 e VB = 0,3 m3 (Figura P3.211). A água em A está inicialmente a 1 000 kPa, x = 0,75 e em B está a 1 600 kPa e 250 °C. A membrana se rompe e a água 15/10/14 14:47 150 Fundamentos da Termodinâmica atinge um estado uniforme a 200 °C. Qual é a pressão final? Determine o trabalho e a transferência de calor no processo. P0 mp g A:H2O B:H2O FIGURA P3.211 3.212 O dispositivo da Figura P3.212 é formado por um pistão e abaixo dele dois compartimentos A e B que contêm água. A água em A tem massa de 0,5 kg e está a 200 kPa e 150 °C e em B, com volume de 0,1 m3, a pressão é de 400 kPa e o título é 50%. A válvula é aberta e o calor é transferido, de modo que a água atinge um estado uniforme com volume total de 1,006 m3. Determine a massa total de água e o volume total inicial, bem como o trabalho e a transferência de calor no processo. P0 mp A g B FIGURA P3.212 3.213 A água em um tanque A está a 250 kPa com título de 10% e massa de 0,5 kg. O tanque está conectado a um cilindro-pistão que mantém a pressão a 200 kPa e contém 0,5 kg de água. Inicialmente a temperatura é de 400 °C. A válvula é aberta o suficiente e o calor é transferido, de modo que, no estado de equilíbrio final, a temperatura é uniforme e igual a 150 °C. Determine a pressão e o volume finais, o trabalho e a transferência de calor no processo. 3.214 Dois tanques rígidos estão cheios de água (Figura P3.214). O tanque A tem 0,2 m3 e está a 100 kPa e 150 °C, e o tanque B tem 0,3 m3 e contém água como vapor satura- termodinamica 03.indd 150 do a 300 kPa. Os tanques estão conectados por um tubo com uma válvula inicialmente fechada. A válvula é, então, aberta e a água atinge um estado uniforme após uma troca de calor suficiente para que a pressão final seja 300 kPa. Apresente o valor de duas propriedades que determinem o estado final e calcule o calor trocado. B A FIGURA P3.214 3.215 Um tanque tem volume de 1 m3 com oxigênio a 15 °C, 300 kPa. Outro tanque contém 4 kg de oxigênio a 60 °C, 500 kPa. Os dois tanques são conectados por uma tubulação e uma válvula que é aberta, permitindo que todo o conjunto alcance um único equilíbrio com a temperatura ambiente de 20 °C. Encontre a pressão final e o calor trocado. 3.216 Um tanque rígido e isolado termicamente está dividido em duas regiões por uma placa reforçada. No compartimento A, de 0,5 m3, há ar a 250 kPa e 300 K e no compartimento B, de 1 m3, tem ar a 500 kPa e 1 000 K. A placa é removida e o ar chega a uma condição uniforme sem troca de calor. Determine a pressão e a temperatura finais. 3.217 O tanque rígido A tem volume igual a 0,6 m3 e contém 3 kg de água a 120 oC, e o tanque rígido B tem volume igual a 0,4 m3 e contém água a 600 kPa e 200 oC. Os tanques estão conectados ao conjunto cilindro-pistão, inicialmente, vazio com as válvulas fechadas como mostrado na Figura P3.217. O pistão do conjunto inicia seu movimento quando a pressão interna se torna igual a 800 kPa. As válvulas são abertas vagarosamente e o calor é transferido para a água até que se atinja um estado uniforme com temperatura igual a 250 oC. Determine a pressão e o volume do estado final, o trabalho realizado e a transferência de calor no processo. 15/10/14 14:47 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia 151 P0 g H2O FIGURA P3.220 A B FIGURA P3.217 Problemas de Revisão 3.218 Um conjunto cilindro-pistão contém 10 kg de água à pressão constante, na temperatura de 450 oC e ocupando um volume de 0,633 m 3. O sistema é, então, resfriado até 20 oC. Apresente o diagrama P-v, e o trabalho e o calor transferido no processo. 3.219 Um conjunto cilindro-pistão, como mostrado na Figura P3.171, contém 1 kg de água a 20 oC com volume de 0,1 m 3. Inicialmente, o pistão se apoia nos esbarros com sua superfície superior exposta à atmosfera, P0, e possui uma massa tal que para se movimentar será necessária uma pressão na água de 400 kPa. A que temperatura deve ser aquecida a água para que desloque o pistão? Se no aquecimento atingir o estado saturado, determine a temperatura final, o volume, e o trabalho 1W 2. 3.220 O conjunto cilindro-pistão contém 2 kg de água (Figura P3.220), com um pistão de massa nula e submetido à ação de uma mola linear e da pressão atmosférica. O volume da câmara no estado inicial é 0,2 m3 e a mola apenas toca o pistão de modo que a pressão na água é P1 = P0 = 100 kPa. Se o pistão encontrar o batente, o volume da câmara é 0,8 m3 e a temperatura na água é 600 °C. A água é agora aquecida até que a pressão atinja 1,2 MPa. Trace o diagrama P-V, e determine o trabalho, bem como o calor transferido no processo. termodinamica 03.indd 151 3.221 Duas molas com a mesma constante de mola são instadas em um cilindro-pistão, no qual podemos considerar o pistão de massa nula e exposta à pressão do ar externo de 100 kPa. As duas molas estão distendidas quando o pistão se encontra no fundo do cilindro e a segunda mola toca o pistão quando o volume confinado for igual a V = 2 m3. O cilindro (Figura P3.221) contém amônia que inicialmente está a –2 °C , x = 0,13, V = 1 m3, que é, então, aquecida até que a pressão interna se torne igual a 1 200 kPa. Determine o valor da pressão na amônia, no momento em que o pistão toca a segunda mola. Calcule também a temperatura final do processo e o trabalho realizado pela amônia, além do calor transferido. P0 NH3 FIGURA P3.221 3.222 A amônia (NH3) está confinada em um tanque rígido e selado a 0 °C, x = 50% é, então, aquecida até 100 °C. Encontre o estado final P2, u2, o trabalho específico e o calor específico transferido. 3.223 Um conjunto cilindro-pistão contém 50 L de ar a 300 °C, 110 kPa, com o pistão inicialmente apoiado em esbarros. Para equilibrar o total das forças externas que agem no pistão é necessária uma pressão interna de 200 kPa. O cilindro é feito de aço e inicialmente está a 1300 °C. O sistema está isolado de tal forma que só há troca de calor entre o aço do cilindro e o ar. O conjunto 15/10/14 14:47 152 Fundamentos da Termodinâmica chega ao equilíbrio. Encontre a temperatura final, o trabalho feito pelo ar no processo, e trace o diagrama P-V correspondente. 3.224 Um arranjo cilindro-pistão tem um pistão carregado com a pressão atmosférica e sua massa gerando uma pressão de 150 kPa. O conjunto contém água a –2 °C, que é aquecida até o estado vapor saturado. Encontre a temperatura final, o trabalho específico e o calor específico no processo. 3.225 Um dispositivo cilindro-pistão contém 1 kg de amônia a 20 °C com um volume de 0,1 m3, como mostrado na Figura P3.225. Inicialmente, o pistão repousa sobre os esbarros com a sua superfície superior sujeita à pressão atmosférica, P0, de modo que, para movê-lo, é necessária a pressão de 1 400 kPa. A que temperatura a amônia deve ser elevada para mover o pistão? Se o aquecimento leva a amônia ao estado de vapor saturado, determine a temperatura e o volume finais, bem como o calor trocado, 1Q2. P0 g NH3 FIGURA P3.225 3.226 A Figura P3.226 mostra um cilindro isolado, que contém 2 kg de água a 100 °C , com título de 98% e apresenta o pistão travado por um pino. A área da seção transversal do cilindro é 100 cm2, o pistão tem uma massa de 102 kg e a pressão atmosférica é igual a 100 kPa. O pino é, então, removido, permitindo que o pistão se mova. Admitindo que o processo seja adiabático, determine o estado final da água. P0 g H2O FIGURA P3.226 termodinamica 03.indd 152 3.227 Um cilindro vertical (Figura P3.227) tem um pistão de 61,18 kg travado por um pino e contém 10 L de R-410a a 10 °C e título 90%. A pressão atmosférica é de 100 kPa e a área da seção transversal é de 0,006 m2. O pino é removido e o pistão se move até o R-410a atingir o equilíbrio à temperatura de 10 °C. Determine a pressão final, o trabalho realizado, e o calor transferido para o R-410a. P0 Ar g Pino R-410a FIGURA P3.227 3.228 Um cilindro tendo um volume inicial de 3 m3 contém 0,1 kg de água a 40 °C. A água é, então, comprimida em um processo isotérmico quase estático até ter o título de 50%. Calcule o trabalho realizado, dividindo o processo em duas etapas. Considere que o vapor d’água se comporta como um gás ideal durante a primeira etapa do processo. 3.229 Um arranjo cilindro-pistão com mola contém R-134a a 20 °C, título de 24% e volume de 50 L. Estabelecida essa condição inicial o R-134a é aquecido e se expande, movendo o pistão. É observado que quando a última gota de líquido desaparece, a temperatura é 40 °C. O aquecimento é interrompido quando a temperatura é de 130 °C. Confira, por iteração, que a pressão final está entorno de 1 200 kPa e calcule o trabalho realizado no processo. 3.230 Um cilindro-pistão, semelhante ao arranjo da Figura P3.225, contém 1 kg de água a 100 °C com x = 0,5, e o pistão encontra-se apoiado nos esbarros. A pressão que equilibra o pistão é de 300 kPa. A água é aquecida até 300 °C por meio de um aquecedor elétrico. Em que temperatura toda a fase líquida terá se dissipado? Encontre (P, v) finais, o trabalho, e o calor trocado no processo. 15/10/14 14:47 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia 3.231 O conjunto cilindro-pistão-mola linear mostrado na Figura P3.321, onde na parte externa atua a pressão atmosférica, contém água, a 3 MPa e 400 °C, e apresenta volume de 0,1 m3. Se o pistão estiver encostado no fundo do cilindro, a mola exercerá uma força sobre ele tal que a pressão interna necessária para movimentar o pistão será de 200 kPa. O sistema é resfriado até a pressão atingir 1 MPa. Determine o calor transferido no processo. P0 3.234 Considere o arranjo cilindro-pistão mostrado na Figura P3.234. O pistão do arranjo pode deslizar livremente e sem atrito entre dois conjuntos de esbarros. Quando o pistão repousa sobre os esbarros inferiores, o volume da câmara é 400 L, e quando o pistão atinge os esbarros superiores, o volume é 600 L. O cilindro contém, inicialmente, água a 100 kPa e com título de 20%. Esse sistema é, então, aquecido até atingir o estado de vapor saturado. A massa do pistão requer 300 kPa de pressão para movê-lo contra a pressão do ambiente externo. Determine a pressão final no cilindro, o calor transferido e o trabalho para todo o processo. P0 H 2O g FIGURA P3.231 3.232 O tanque A, mostrado a Figura P3.232, apresenta volume interno igual a 1 m3 e contém ar a 25 oC e 500 kPa. Ele está conectado por um tubo com válvula a outro tanque contendo 4 kg de ar a 60 oC e 200 kPa. A válvula é aberta e o ar atinge o equilíbrio térmico com o ambiente a 20 °C. Determine a pressão do ar no estado final e a transferência de calor nesse processo, admitindo que o calor específico do ar seja constante e igual àquele referente à temperatura de 25 oC. A B FIGURA P3.232 3.233 Um contêiner rígido tem dois espaços cheios com água de 1 m3 cada, separados por uma parede (veja Figura P3.210). O espaço A tem pressão P = 200 kPa e título x = 0,80 e o espaço B tem P = 2 MPa e T = 400 °C. A parede divisória é retirada e, em razão da transferência de calor, a água atinge um estado uniforme à temperatura de 200°C. Determine a pressão final e a transferência de calor no processo termodinamica 03.indd 153 153 H 2O FIGURA P3.234 3.235 Dois quilogramas de amônia em um cilindro-pistão estão a 100 kPa, –20 °C, e são aquecidos em um processo politrópico com n = 1,3 até a pressão atingir 200 kPa. Sem utilizar a aproximação de gás ideal, determine T2, o trabalho e o calor trocados no processo. 3.236 Um pequeno balão flexível contém 0,1 kg de amônia a −10 °C e 300 kPa. O material do balão é tal que a pressão interna varia linearmente com o volume. O balão é deixado ao Sol onde a radiação incidente é de 75 W e a perda de calor é de 25 W para o solo e para o ar ambiente. Após certo tempo, o balão é aquecido até 30 °C e a pressão atinge 1 000 kPa. Determine o trabalho rea­lizado, a transferência de calor e o tempo decorrido nesse processo. 3.237 Um conjunto cilindro-pistão contém 0,1 kg R-134a e título x = 0,2534, a –20 °C. Esbarros são fixados de tal maneira que Vesbarros = 3 V1, veja Figura P3.237. O sistema é agora aquecido até a temperatura final de 20 °C. Determine o trabalho e o calor transferido no processo e desenhe o diagrama P-v. 15/10/14 14:47 154 Fundamentos da Termodinâmica válvula é aberta e a água atinge um estado uniforme em A e B. P0 mp NH3 FIGURA P3.237 3.238 A Figura P3.238 mostra um conjunto cilindro-pistão que contém R-410a a –20 °C, x = 20%. O volume da câmara é 0,2 m3. O volume da câmara, quando o pistão encosta nos esbarros é 0,4 m3, e ao pistão tocar o fundo do cilindro a força da mola apenas equilibra as outras forças que possam existir na ausência da pressão interna. O conjunto é aquecido até que a temperatura atinja 20 °C. Determine a massa de refrigerante, o trabalho realizado e o calor transferido no processo. Faça, também, um diagrama P-v para o processo. R-410a FIGURA P3.238 3.239 Um balão esférico contém 2 kg de R-410a a 0 °C com título de 30%. Esse sistema é aquecido até a pressão no balão atingir 1 MPa. Para esse processo pode-se assumir que a pressão é diretamente proporcional ao diâmetro do balão. Como a pressão varia com o volume e qual é o calor trocado no processo? 3.240 A Figura P3.240 mostra um conjunto cilindro-pistão, onde B está conectado ao tanque A, que tem volume de 1 m3, por uma tubulação com válvula de controle. Inicialmente, ambos contêm água, sendo que o tanque A contém vapor d’água saturado a 100 kPa e o cilindro B apresenta volume de 1 m3 e a água está a 400 °C e 300 kPa. A termodinamica 03.indd 154 a. Determine as massas iniciais em A e B. b. Se a temperatura resultar em T2 = 200 °C, calcule a transferência de calor e o trabalho realizado. A B FIGURA P3.240 3.241 Considere o arranjo mostrado na Figura P3.241. O tanque A tem volume de 100 L e contém vapor saturado de R-134a a 30 °C. Quando a válvula é entreaberta, o refrigerante escoa vagarosamente para o cilindro B. A pressão necessária para levantar o pistão no cilindro B é 200 kPa. O processo termina quando a pressão no tanque A cai para 200 kPa. O calor é trocado com o entorno durante o processo, de modo que a temperatura de todo o refrigerante é mantida constante e igual a 30 °C. Calcule o calor transferido no processo. Tanque A g Cilindro B Pistão Válvula FIGURA P3.241 15/10/14 14:47 A Primeira Lei da Termodinâmica e Equação da Energia 155 PROBLEMAS ABERTOS, PROJETOS E APLICAÇÃO DE COMPUTADORES 3.242 Um conjunto cilindro-pistão contém água. Inicialmente, o volume ocupado pela água é 0,025 m3 e o vapor está saturado a 200 °C. O vapor, então, se expande até a pressão final de 200 kPa em um processo quase estático e isotérmico. Determine o trabalho realizado nesse processo pela integração numérica da área abaixo da curva do processo no diagrama P-V. Utilize cerca de 10 pontos para construir a curva e adote um programa de computador para calcular o volume final a 200 °C e em diversas pressões. Qual será o erro cometido, se utilizarmos a hipótese de que a água se comporta como um gás ideal? 3.245 Use o software fornecido no site da editora para acompanhar o processo descrito no Problema 3.96 com intervalos de temperatura de 10 °C até alcançar a região bifásica e, então, a partir daí com intervalos de 5% no título. Em cada fim de intervalo, apresente os valores de T, x e a transferência de calor ocorrida desde o estado inicial. 3.243 Reconsidere o processo descrito no Problema 3.170 no qual são especificados três estados. Resolva o problema utilizando uma única curva “suave” (P em função de v) ajustada aos três pontos. Mostre o processo no diagrama (incluindo temperatura e título) durante o processo. 3.247 Usando estados com dados (P, v) e propriedades dadas no software fornecido no site da editora, desenvolva um procedimento para simular o processo do Problema 3.105. Escolha cinco pressões, entre as pressões inicial e final do processo, e construa os gráficos da temperatura, do calor transferido e do trabalho fornecido em função do volume da câmara. 3.244 Uma força externa atua no pistão de um conjunto cilindro-pistão e comprime o vapor de amônia contido no conjunto. Inicialmente, a amônia está a 30 °C, 500 kPa, e a pressão final do processo de compressão é 1 400 kPa. A tabela apresenta um conjunto de dados obtidos nesse processo de compressão. Pressão [kPa] Volume [L] 500 1,25 653 1,08 802 0,96 945 0,84 1 100 0,72 1 248 0,60 1 400 0,50 Determine o trabalho realizado pela amônia computando a área sob a curva P-V representativa do processo. A plotagem mostrará a pressão P com a altura e a alteração no volume como a base de inúmeros retângulos. termodinamica 03.indd 155 3.246 Examine a sensibilidade da pressão final ao volume da contenção descrita no Problema 3.10. Resolva para o volume no intervalo de pressão final de 100 kPa a 250 kPa e esquematize a curva pressão em função do volume. 3.248 Desenvolva um procedimento para simular o processo descrito no Problema 3.115, de modo a construir os gráficos do calor transferido e do trabalho realizado em função do volume. 3. 249 Escreva um programa de computador para resolver o Problema 3.123 para uma faixa de velocidade inicial. A massa do automóvel e a velocidade final devem ser entradas do programa. 3.250 Compare, para uma das substâncias relacionadas na Tabela A.6, a diferença de entalpia entre as temperaturas T1 e T2 obtida pela integração da equação do calor específico utilizando; o calor específico constante e obtido da temperatura média do intervalo; e o calor específico constante e avaliado para um T1. 3.251 Considere uma versão genérica do Problema 3.144 com uma das substâncias listadas na Tabela A.6. Escreva um programa em que a temperatura e a pressão iniciais e a temperatura final são variáveis de entrada. 15/10/14 14:47 156 Fundamentos da Termodinâmica 3.252 Escreva um programa de computador para o Problema 3.163, no qual as variáveis de entrada do programa sejam o estado inicial, a relação entre os volumes e o expoente politrópico. Admita que o calor específico seja constante para simplificar o desenvolvimento do programa. 3.253 Estude o processo em que ar a 300 K e 100 kPa é comprimido, em um conjunto cilindro-pistão, até a pressão de 600 kPa. Admita que o processo seja politrópico com expoentes que variam de 1,2 a 1,6. Calcule o trabalho necessário e a transferência de calor por unidade de massa de ar. Discuta os resultados obtidos e indique como esses processos podem ser implantados isolando o conjunto ou propiciando aquecimento ou resfriamento. termodinamica 03.indd 156 3.254 Um tanque cilíndrico, com 2 m de altura e seção transversal igual a 0,5 m2, contém água quente a 80 °C e 125 kPa. O tanque está em um ambiente a T = 20 °C, assim, lentamente, energia é perdida para o ambiente, proporcionalmente à diferença entre as temperaturas. · Qperda = CA(T – T 0 ) em que C é uma constante e A é a área da superfície do tanque. Estime o tempo necessário para que a temperatura da água atinja 50 °C. Para isso, utilize vários valores de C. Faça hipóteses simplificadoras suficientes de modo a resolver o problema analiticamente, obtendo a fórmula T(t). 15/10/14 14:47 Análise Energética para um Volume de Controle Análise Energética para um Volume de Controle 157 4 No capítulo anterior desenvolvemos a análise energética para um sistema que passa por determinado processo. Muitas aplicações em termodinâmica não são adequadamente tratadas utilizando-se o conceito de sistema, mas são mais bem trabalhadas quando adotamos a técnica mais geral que é a do volume de controle, como abordamos no Capítulo 1. Neste capítulo, nos preocupamos com o desenvolvimento das equações de conservação de massa e energia para volumes de controle, em situações em que estão presentes fluxos de substâncias. 4.1 CONSERVAÇÃO DE MASSA E O VOLUME DE CONTROLE O volume de controle, apresentado no Capítulo 1, é útil para definir a parte do espaço que inclui o volume de interesse para o estudo ou análise de um processo. A superfície que envolve esse volume é chamada superfície de controle que veste completamente o volume. Massa, assim como o calor e trabalho, pode atravessar a superfície de controle, e a massa junto com suas propriedades podem variar ao longo do tempo. A Figura 4.1 mostra o esquema de um volume de controle que apresenta transferência de calor, trabalho de eixo, movimento de fronteira e acúmulo de massa, com diversos fluxos. É importante identificar e rotular cada fluxo de massa e energia, e as partes do volume de controle em que a massa possa ser armazenada. Consideremos, em princípio, a lei de conservação da massa aplicada a um volume de controle. A lei física pertinente à massa, reportando à Seção 3.13, nos diz que não podemos criar ou destruir massa. Agora expressaremos matematicamente, essa afirmação, aplicando-a ao volume de controle. Para isso, levemos em conta todos os fluxos de massa que entram, saem e o acúmulo líquido no interior do volume de controle. Como um exemplo simples de um volume de controle, consideremos um tanque com um conjunto cilindro-pistão e duas tubulações acopladas, como mostrado na Figura 4.2. A taxa de variação da massa dentro do volume de controle pode ser diferente de zero se adicionamos ou retiramos massa do volume de controle, ou seja, Taxa de variação = + entrada – saída termodinamica 04.indd 157 15/10/14 14:52 158 Fundamentos da Termodinâmica Superfície de controle Vapor à alta pressão Vazão mássica = m· e Vapor à pressão intermediária Acumulador inicialmente em vácuo Turbina à vapor · W Vapor à baixa pressão Vazão mássica = (m· s)vapor à baixa pressão · W Vapor em expansão contra um êmbolo Eixo ligando a turbina ao gerador Trocador de calor Condensado vazão mássica = (m· s)condensado · QV.C. = taxa de transferência de calor Figura 4.1 Diagrama esquemático de um volume de controle mostrando as transferências e acúmulos de massa e energia. Como há diferentes possibilidades de fluxos, escrevemos assim: dmV.C. = dt ∑ m! − ∑ m! e s (4.1) essa equação estabelece que, se a massa no volume de controle muda com o tempo, essa mudança se Pe Te ve ee Superfície de controle dm V.C. dt Ps Ts vs es Figura 4.2 Escoamento Escoamento Fext Diagrama esquemático de um volume de controle para análise da equação da continuidade. termodinamica 04.indd 158 mV.C. = deve à entrada e/ou à saída de massa. Não há outra maneira de a massa no interior do volume de controle mudar. A Equação 4.1 é normalmente chamada equação da continuidade. Entretanto, enquanto essa forma de apresentação é suficiente para a maioria das aplicações em termodinâmica, ela é frequentemente reescrita em termos de propriedades locais do fluido, no estudo da mecânica dos fluidos e da transferência de calor. Neste livro, estamos mais interessados em balanços globais de massa e, por isso, consideraremos a Equação 4.1 como a expressão geral da equação da continuidade. A Equação 4.1 leva em consideração a massa total (um bolo só) contida no volume de controle. Mas, podem ocorrer situações em que seja necessário considerar as várias contribuições para essa massa total, ou seja, ∫ ρ dV = ∫ (1/v)dV = m A + m B + mC + ! A somatória das massas deve ser utilizada quando o volume de controle apresenta regiões de acúmulo de massa que possuem estados termodinâmicos diferentes. Vamos considerar mais detalhadamente o escoamento através de uma superfície de controle. Para simplificar, admitamos que um fluido esteja escoando no interior de um tubo, ou duto, como o mostrado na Figura 4.3. Nosso objetivo é estabelecer uma relação entre os termos de taxa que aparecem na Equação 4.1 com as propriedades locais do fluido. O escoamento através da superfície de controle pode ser representado pela velocidade média da corrente, como mostrado no lado esquerdo da válvula ou por uma distribuição de velocidades na seção transversal, como apresentado à direita da válvula. Nesses casos, a vazão volumétrica é dada por V! = VA = ∫V local dA (4.2) de modo que a vazão mássica se torna igual a 15/10/14 14:52 159 Análise Energética para um Volume de Controle V A Escoamento Figura 4.3 Escoamento através de uma superfície de controle que apresenta seção transversal A. No lado esquerdo da válvula, é mostrada a velocidade média do escoamento, e, no lado direito, o perfil de velocidade na seção transversal do escoamento. = ρ médioV = V /v = m ∫ (V local /v ) dA = VA /v (4.3) onde frequentemente usamos a velocidade média. Observe que esse resultado, Equação 4.3, foi desenvolvido para um escoamento com direção normal à superfície de controle e que essa superfície é estacionária. Essa expressão é aplicável para qualquer uma das várias correntes que entram ou saem do volume de controle, contanto que se respeitem as restrições impostas pelas hipóteses adotadas. QUESTÃO CONCEITUAL a. Por que um fluxo mássico que entra em um volume de controle deve ter um componente normal de velocidade? 4.2 A EQUAÇÃO DA ENERGIA PARA UM VOLUME DE CONTROLE Já consideramos a equação da energia para um sistema, que encerra em uma quantidade fixa de massa, e comentado, na Equação 3.5, que ela pode ser escrita na forma E 2 – E 1 = 1Q 2 – 1W 2 observamos, também, que essa equação pode ser escrita em termos de taxas como na Equação 3.3. dEM.C. = Q! − W! dt (4.4) Procederemos de modo análogo ao usado para deduzir a equação da conservação da massa para obter a equação da energia para um volume de controle. Com esse propósito, um volume de controle é apresentado na Figura 4.4 que envolve a taxa de calor transferido, a taxa de trabalho e os fluxos de massa. A lei fundamental da física atesta que não podemos criar ou destruir energia, de modo que a variação da energia no volume de controle só pode ser provocada pelas taxas de energia que entram ou saem do volume de controle. Tendo já incluído as taxas de transferência de calor e trabalho na Equação 4.4, agora é necessário discutirmos a energia associada às vazões mássicas que atravessam a fronteira do volume de controle. EXEMPLO 4.1 O ar escoa no interior de um tubo, que possui 0,2 m de diâmetro, com velocidade uniforme e igual a 0,1 m/s. A temperatura é 25 °C e a pres- são é igual a 150 kPa. Determine a vazão mássica do ar nesse tubo. Solução: Da Equação 4.3 A área da seção transversal do tubo é ! = VA/v m Utilizando o valor de R referente ao ar da Tabela A.5, temos v= RT 0,287 kJ/kg K × 298,2 K = = P 150 kPa A= π (0,2)2 = 0,0314 m 2 4 Portanto ! = VA/v = 0,1 m/s × 0,0314 m2/ m (0,5705 m3/kg) = 0,0055 kg/s = 0,5705 m 3 /kg termodinamica 04.indd 159 15/10/14 14:52 160 Fundamentos da Termodinâmica O volume de controle realiza trabalho para descarregar os escoamentos, Psvsm·s, e as vizinhanças realizam trabalho, Pevem·e, para que a massa entre no volume de controle. O trabalho de fluxo na fronteira do volume de controle, por unidade de massa, é então Pv. Portanto, a energia total por unidade de massa associada ao fluxo é P T m· i v e e e e e · Wfronteira · Weixo dE V.C. dt · Q e + Pv = u + Pv + m· e Ps Ts vs es Figura 4.4 Diagrama esquemático dos termos da equação da energia para um volume de controle genérico. O fluido que atravessa a superfície de controle entra ou sai com uma energia por unidade de massa como e = u+ 1 2 V + gZ 2 referenciada a certo estado da substância e a uma posição. Toda vez que o fluido entra no volume de controle, em um estado e, ou sai do volume de controle, em um estado s, existe um trabalho de movimento de fronteira associado com esse processo. Para explicar isso com mais detalhamento, considere uma quantidade de massa que escoa para o volume de controle. Para que essa massa entre no volume de controle, a pressão na superfície anterior dessa massa deve ser maior que na região frontal. O efeito líquido é que as vizinhanças empurram essa massa para dentro do volume de controle, com certa velocidade injetando uma taxa de trabalho no processo. De modo análogo, o fluido que deixa o volume de controle em um estado s tem de empurrar o fluido do ambiente à sua frente, realizando trabalho sobre ele, que é o trabalho que deixa o volume de controle. A velocidade vezes a área corresponde à vazão volumétrica que entra no volume de controle, e equivale ao fluxo de massa vezes o volume específico no estado em que a massa está. Agora temos condições de expressar a taxa de trabalho de fluxo como: W! fluxo = FV = termodinamica 04.indd 160 ∫ ! (4.5) PVdA = PV! = Pvm 1 2 1 V + gZ = h + V 2 + gZ (4.6) 2 2 Observe que utilizamos a definição da propriedade termodinâmica entalpia nessa equação. EXEMPLO 4.2 Considere que estamos próximos da adutora principal de uma cidade. A água líquida flui na tubulação a 600 kPa (6 atm) com uma temperatura por volta de 10 °C. Queremos injetar 1 kg de água líquida nessa tubulação, por meio de uma ramificação que contém uma válvula de controle. Qual é o trabalho necessário para realizar essa injeção? Se o 1 kg de água estiver em um balde e a válvula for aberta com a intenção de fazê-la escoar para dentro do tubo, veremos que acontecerá o escoamento no sentido contrário. A água escoará da região que apresenta pressão mais alta para a região que apresenta pressão mais baixa (de 600 kPa para 101 kPa). Assim, torna-se necessário colocar 1 kg de água em um conjunto cilindro-pistão (similar a uma bomba manual de poço) e conectá-lo à tubulação. Agora podemos mover o pistão até que a pressão interna no conjunto se torne igual a 600 kPa. Nesse ponto, abrimos a válvula e injetamos vagarosamente 1 kg de água para dentro da tubulação. O trabalho realizado pela superfície do pistão sobre a água é W= ∫ P dV = P água mv = 600 kPa × × 1 kg × 0,001 m 3 /kg = 0,6 kJ Este é o trabalho necessário para adicionar 1 kg de água à adutora. 15/10/14 14:52 Análise Energética para um Volume de Controle O frequente surgimento da combinação de (u + Pv) para a energia em parceria com o fluxo de massa, é a principal razão para se definir a propriedade entalpia. A sua introdução antecipada, relacionada com processos a pressão constante, foi feita para facilitar a utilização das tabelas de propriedades termodinâmicas naquele momento. A expressão da equação da energia da Equação 4.4 torna-se: dEV.C. ! eee − m ! s es + = Q! V.C. − W! V.C. + m dt − W! + W! fluxo ent. fluxo saída e a informação da Equação 4.5 nos dá dEV.C. = Q! V.C. − W! V.C. + dt ! e ( ee + Pe ve ) − m ! s ( es + Ps vs ) + m ⎛ ⎞ 1 = Q! V.C. − W! V.C. + me ⎜ he + Ve2 + gZe ⎟ − ⎝ ⎠ 2 ⎛ ⎞ 1 ! s ⎜ hs + Vs2 + gZs ⎟ −m ⎝ ⎠ 2 Nessa maneira de redigir a equação da energia, o termo da taxa de trabalho é a soma de todos os termos de trabalho de eixo, de movimento de fronteira e quaisquer outros tipos de trabalho envolvendo o volume de controle; entretanto, o trabalho de fluxo é apresentado separadamente e reunido com os demais termos de energia associados ao fluxo de massa. Para um volume de controle geral no qual temos várias seções de alimentação e de descarga, torna-se necessário realizar a somatória dos termos associados aos fluxos de massa. A forma final da equação da energia torna-se dEV.C. = Q! V.C. − W! V.C. + dt ⎛ ⎞ 1 ! e ⎜ he + Ve2 + gZe ⎟ − (4.7) + m ⎝ ⎠ 2 ⎛ ⎞ 1 ! s ⎜ hs + Vs2 + gZs ⎟ − m ⎝ ⎠ 2 ∑ ∑ Essa expressão mostra que a taxa de mudança de energia no interior do volume de controle deve-se a uma taxa líquida de transferência de calor, termodinamica 04.indd 161 161 a uma taxa líquida de trabalho (com sinal positivo para o trabalho realizado pelo volume de controle), e à soma das taxas de entrada e saída de energia associadas aos fluxos de massa. Como no caso da equação de conservação da massa, essa equação é válida para o volume de controle como um todo e, desse modo, é uma versão global (ou integral) em que EV.C. = ∫ ρe dV = me = = m Ae A + m B e B + mC eC + ! Como os termos de energia cinética e potencial por unidade de massa aparecem juntos com a entalpia em todos os termos do fluxo, encurtamos a notação usando: 1 2 V + gZ 2 1 = h + V2 2 htot = h ± hestag definindo a entalpia total ou entalpia de estagnação (usada em mecânica dos fluidos). E da compactação da equação chegamos a dEV.C. ! e htot,e − ! s htot,s = QV.C. − W! V.C. + m m dt (4.8) ∑ ∑ que é a forma geral da equação da energia em função do tempo. Todas as aplicações da equação da energia começa com ela na forma da Equação 4.8, e para cada caso sua transformação resultará em uma forma mais simples, como veremos nas seções subsequentes. 4.3 O PROCESSO EM REGIME PERMANENTE Nossa primeira aplicação das equações dedicadas à análise de volumes de controle será no desenvolvimento de um modelo analítico adequado para a operação, em regime permanente, de dispositivos como: turbinas, compressores, bocais, caldeiras e condensadores – que representam uma gama enorme de problemas de interesse da análise termodinâmica. Consideremos certo conjunto adicional de hipóteses (além daquelas que levaram às Equações 15/10/14 14:52 162 Fundamentos da Termodinâmica 4.1 e 4.7) que conduzem a um modelo razoável para esse tipo de processo, ao qual nos referiremos como processo em regime permanente. velocidades relativas à superfície de controle e não há trabalho associado com a aceleração do volume de controle. 1. O volume de controle não se move em relação ao sistema de coordenadas. 2. A hipótese de que o estado da massa em cada ponto do volume de controle não varia com o longo do tempo, temos 2. O estado da substância, em cada ponto do volume de controle, não varia com o tempo. 3. O fluxo de massa e o estado dessa massa em cada área discreta de escoamento na superfície de controle não variam com o tempo. As taxas com as quais o calor e o trabalho cruzam a superfície de controle permanecem constantes. Considere como exemplo de um processo em regime permanente a operação de um compressor centrífugo de ar do seguinte modo: a vazão mássica de ar na entrada e saída do equipamento é constante, as propriedades são constantes nas seções de alimentação e descarga, a taxa de transferência de calor para o entorno é constante, e a potência de acionamento também é constante. Observe que as propriedades permanecem constantes ao longo do tempo em cada ponto do compressor, embora as propriedades de uma dada massa elementar de ar variem à medida que ela escoa pelo compressor. Usualmente, tal processo é chamado processo com fluxo constante porque estamos interessados, principalmente, nas propriedades dos fluidos que entram e saem do volume de controle. Por outro lado, na análise de certos problemas de transferência de calor em que as mesmas hipóteses se aplicam, nos interessa, em primeiro lugar, a distribuição espacial das propriedades, particularmente a temperatura. Tal processo é, normalmente, chamado processo em regime permanente. Como este livro é introdutório, usaremos preferencialmente o termo processo em regime permanente para ambos os tipos descritos. O estudante deve notar que os termos processo em regime permanente e processo com fluxo constante são usados em profusão na literatura. Consideremos agora o significado de cada uma das hipóteses para o processo em regime permanente: 1. A hipótese de que o volume de controle não se move relativamente ao sistema de coordenadas, significa que todas as velocidades medidas em relação àquele sistema são também termodinamica 04.indd 162 dmV.C. =0 dt dEV.C. =0 dt e Portanto, para o processo em regime permanente podemos escrever as Equações 4.1 e 4.7 do seguinte modo Equação da continuidade ∑ m! =∑ m! e s Equação da energia ⎛ ⎞ V2 ! e ⎜ he + e + gZe ⎟ = Q! V.C. + m ⎝ ⎠ 2 ∑ = ∑ ⎛ ⎞ V2 ! s ⎜ hs + s + gZs ⎟ + W! V.C. m ⎝ ⎠ 2 (4.9) (4.10) 3. A hipótese de que as várias vazões, estados e taxas, com as quais calor e trabalho atravessam a superfície de controle, permanecem constantes requer que cada quantidade presente nas Equações 4.9 e 4.10 sejam constantes com o tempo. Isso significa que a aplicação das Equações 4.9 e 4.10 para a operação de algum equipamento é independente do tempo. Muitas das aplicações do modelo de processo em regime permanente são tais que há apenas um fluxo entrando e um saindo do volume de controle. Para esse tipo de processo, podemos escrever Equação da continuidade !e =m !s=m ! m Equação da energia ⎛ ⎞ V2 ! ⎜ he + e + gZe ⎟ = Q! V.C. + m ⎝ ⎠ 2 ⎛ ⎞ V2 ! ⎜ hs + s + gZs ⎟ + W! V.C. =m ⎝ ⎠ 2 (4.11) (4.12) Rearranjando essa equação, temos q + he + Ve2 V2 + gZe = hs + s + gZs + w (4.13) 2 2 15/10/14 14:52 Análise Energética para um Volume de Controle Onde, por definição, q= Q! V .C. ! m e w= WV .C. ! m (4.14) As unidades para q e w são kJ/kg. Por suas definições, q e w também podem ser usados para transferência de calor e trabalho (outros, além do trabalho de fluxo) por unidade de massa que flui para dentro ou para fora do volume de controle nesse processo particular, em regime permanente. Os símbolos q e w também são aplicados ao calor transferido e trabalho realizado por unidade de massa. Entretanto, o contexto sempre deixará claro se as notações q e w estão relacionadas ao sistema (massa constante) ou ao volume de controle (processo que envolve fluxo de massa), em cada uma das situações. O processo em regime permanente é frequente­ mente utilizado na análise de máquinas alternativas, tais como compressores ou motores alternati­ vos. Nesse caso, considera-se o fluxo, que pode ser pulsante, como sendo o fluxo médio para um número inteiro de ciclos. Hipótese semelhante é feita para as propriedades do fluido que atravessa a superfície de controle, para o calor transferido e para o trabalho que cruza a superfície de controle. Considera-se, também, que para um número inteiro de ciclos percorridos pela máquina alternativa, a energia e a massa no volume de controle não variam. Apresentaremos, na próxima seção, vários exemplos que ilustram a análise dos processos em regime permanente. QUESTÃO CONCEITUAL b. Um dispositivo operando em regime permanente pode apresentar trabalho de fronteira? c. O que você pode dizer sobre mudanças em · m· e V de um dispositivo operando com fluxos constantes? d. Desejo determinar uma propriedade de estado em um sistema envolvendo fluxo em múltiplos componentes. Onde devo procurar informações: no escoamento à montante ou à jusante do dispositivo? 163 4.4 EXEMPLOS DE PROCESSOS EM REGIME PERMANENTE Nesta seção consideraremos vários exemplos de processos em regime permanente que ocorrem em volumes de controle com apenas uma corrente de alimentação e uma de descarga, dessa maneira a equação da energia é escrita na forma da Equação 4.13. Alguns outros casos apresentam mais de um escoamento e, para tais situações, será necessário utilizar a forma mais geral da equação da energia como na Equação 4.10, apresentada na Seção 4.5. Uma relação de equipamentos com uma única linha de escoamento é fornecida na Tabela 4.1, no final desse capítulo, cobrindo um pouco mais do que será apresentado nas seções a seguir. Trocador de Calor Um trocador de calor que opera em regime permanente é um equipamento com um único fluido que escoa através de um tubo ou de um conjunto de tubos, no qual ocorre a transferência de calor para ou do fluido. O fluido pode ser aquecido ou resfriado, pode estar ou não em ebulição, passando de líquido para vapor, ou condensado, mudando de vapor para líquido. Um desses exemplos é o condensador do sistema de refrigeração com R-134a, mostrado na Figura 4.5. O condensador é alimentado com vapor superaquecido e líquido é descarregado. O processo tende a ocorrer à pressão constante, porque a queda de pressão no escoamento causada pelo atrito nas paredes é pequena. Essa queda de pressão pode ou não ser considerada, e isso depende do tipo de análise que desejamos realizar. Não existem meios para a realização de trabalho em trocadores de calor (trabalho de eixo, trabalho elétrico etc.) e as variações de · – Q V.C. Tubos de água fria R-134a Vapor R-134a Líquido Figura 4.5 Condensador de um sistema de refrigeração. termodinamica 04.indd 163 15/10/14 14:52 164 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 4.3 Considere um condensador de um sistema de refrigeração de grande porte, refrigerado a água, com R-134a como fluido a ser refrigerado. O R-134a entra no condensador a 1,0 MPa e 60 °C, em uma vazão de 0,2 kg/s, e deixa como líquido a 0,95 MPa e 35 °C. A água de refrigeração entra no condensador a 10 °C e sai a 20 °C. Determine a vazão mássica da água no condensador. Volume de controle: Condensador. Esboço: Figura 4.6 Estado de entrada: R-134a – conhecido; água – conhecida. Estado de saída: R-134a – conhecido; água – conhecida. Processo: Regime permanente. Modelo: Tabelas do R-134a da água. Entrada de R-134a (vapor) Entrada de água de resfriamento Saída de água de resfriamento Superfície de controle Saída de R-134a (líquido) FIGURA 4.6 Diagrama esquemático de um condensador para R-134a. Análise: Temos dois escoamentos cruzando a fronteira desse volume de controle, o de R-134a e o de água. Vamos admitir que as variações de energias cinética e potencial sejam desprezíveis. Observamos que o trabalho é nulo, e outra hipótese muito razoável é admitir que não haja transferência de calor através da superfície de controle. Portanto, a equação da primeira lei, Equação 4.10, fica reduzida a ∑ m! h = ∑ m! h e e s s Utilizando o índice r para o fluido refrigerante e a para a água, escrevemos ! r ( he ) + m ! a ( he ) = m ! r ( hs ) + m ! a ( hs ) m r w r w Solução: Das tabelas de R-134a e da água, temos (he)r = 441,89 kJ/kg (he)a = 42,00 kJ/kg (hs)r = 249,10 kJ/kg (hs)a = 83,95 kJ/kg !w=m !r m termodinamica 04.indd 164 Resolvendo a equação anterior, obtemos a vazão de água ( he − hs ) r (441,89 − 249,10) kJ/kg = 0,2 kg/s = 0,919 kg/s (83,95 − 42,00) kJ/kg ( hs − he ) w 15/10/14 14:52 Análise Energética para um Volume de Controle EXEMPLO 4.3 (continuação) Esse problema também pode ser resolvido considerando-se dois volumes de controle separados, um dos quais engloba apenas o escoa­ mento de R-134a e o outro engloba apenas o de água. Observe que, nesse caso, há transferência de calor de um volume de controle para o outro. Inicialmente, calcula-se o calor trocado no volume de controle que envolve o R-134a. Nesse caso, a equação da energia, em regime permanente, Equação 4.10, fica reduzida ! r ( hs − he ) Q! V.C. = m r = 0,2 kg/s × (249,10 − 441,89) kJ/kg= = −38.558 kW Essa é também a quantidade de calor transferida para o outro volume de controle que é QV.C. = +38,588 kW. ! a ( hs − he ) Q! V.C. = m a ! a= m energia cinética e potencial, normalmente são desprezíveis. (Uma exceção pode ser encontrada nos tubos de uma caldeira, que são alimentados com água na fase líquida e fase vapor é descarregada com um volume específico muito maior. Nesses casos, pode ser necessário verificar o valor da velocidade usando a Equação 4.3) A transferência de calor na maioria dos trocadores de calor, bem como as variações de entalpia dos fluidos, podem ser determinadas com a Equação 4.13. No condensador esboçado na Figura 4.5, a transferência de calor do refrigerante normalmente ocorre para o ar ambiente ou para uma água de refrigeração. É sempre mais simples escrever a primeira lei para um volume de controle que engloba todo o trocador de calor, incluindo os dois escoamentos, caso em que é normal admitirmos que a transferência de calor para as vizinhanças seja nula ou desprezível. O próximo exemplo ilustra essa situação. Bocal Os bocais são dispositivos que operam em regime permanente e são utilizados para gerar escoamentos com velocidades altas, à custa da pressão do fluido. Eles são desenhados de uma maneira apropriada para que o fluido expanda suavemente até uma baixa pressão, aumentando sua velocidade. Esse dispositivo não realiza trabalho, pois não existe parte móvel. A variação de energia potencial do escoamento é nula ou é muito pequena e, usualmente, a transferência de calor também é termodinamica 04.indd 165 165 38,558 kW = 0,919 kg/s (83,95 − 42,00) kJ/kg/s desprezível ou nula. Os bocais que estão expostos a altas temperaturas podem ser resfriados, como o bocal de saída de foguetes, ou têm muito calor removido, como nos bicos injetores de diesel ou maçaricos de gás natural de uma fornalha. Essas situações são razoavelmente complexas e requerem uma análise de transferência de calor mais detalhada. Adicionalmente, a energia cinética do fluido na entrada do bocal é usualmente menor e pode ser desprezada se seu valor não for conhecido. Difusor O difusor, que opera em regime permanente, é um dispositivo construído para desacelerar um fluido a alta velocidade de tal maneira que o resultado seja o aumento de sua pressão. Em essência, isso é exatamente o oposto do bocal, e pode ser pensado como um fluido escoando no sentido inverso, por um bocal, consequentemente com efeito oposto. As considerações são semelhantes àquelas dos bocais, mas com grande energia cinética na entrada do difusor, e pequena energia cinética na saída, mas normalmente não desprezível, que junto com a entalpia são os termos que permanecem na equação da energia, Equação 4.13. Restrição O processo de estrangulamento ocorre quando um fluido escoa em uma linha e subitamente encontra uma restrição na passagem do escoamento. Essa 15/10/14 14:52 166 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 4.4 Vapor d’água a 0,6 MPa e 200 °C entra em um bocal isolado termicamente com uma velocidade de 50 m/s e sai com velocidade de 600 m/s à pressão de 0,15 MPa. Determine, no estado final, a temperatura do vapor, se estiver superaquecido, ou o título, se estiver saturado. Volume de controle: Bocal. Estado de entrada: Conhecido (veja Figura 4.7). Estado de saída: Conhecida Ps. Processo: Regime permanente. Modelo: Tabelas da água. Superfície de controle Ve = 50 m/s Vs = 600 m/s Te = 200 °C Ps = 0,15 MPa Pe = 0,6 MPa FIGURA 4.7 Ilustração para o Exemplo 4.4. Análise: Temos A equação da energia (Equação 4.13) permite Q! V.C. = 0 (bocal isolado) W! V.C. = 0 he + Ve2 V2 = hs + s 2 2 PEi ≈ PEe Solução: Resolvendo para hs, obtemos ⎡ (50)2 (600)2 ⎤ m 2 /s 2 hs = 2850,1 + ⎢ − = ⎥ ⎣ 2 × 1000 2 × 1000 ⎦ J/kJ = 2671,4 kJ/kg As duas propriedades conhecidas que agora conhecemos do fluido na seção de saída são a restrição pode ser constituída por uma placa de orifício, como mostrado na Figura 4.8, ou pode ser uma válvula parcialmente fechada, mudando bruscamente a seção de escoamento, ou também pode ser a passagem para um tubo com diâmetro muito reduzido, chamado tubo capilar, que é normalmente encontrado nos refrigeradores. O resultado desse estrangulamento é uma queda abrupta na pressão do escoamento, enquanto procura encon- termodinamica 04.indd 166 pressão e a entalpia, e, portanto, o estado do fluido está determinado. Como hs é menor que hv a 0,15 MPa, calcula-se o título. h = hl + xhlv 2 671,4 = 467,1 + xs 2 226,5 xs = 0,99 trar um caminho através da inesperada redução de passagem. Esse processo é drasticamente diferente daquele que ocorre em um bocal com contorno suave e mudança de área, que resulta no aumento significativo da velocidade do escoamento. Normalmente verificamos algum aumento da velocidade do escoamento na restrição, mas tanto a energia cinética à montante como à jusante da restrição são suficientemente pequenas para poderem ser 15/10/14 14:52 Análise Energética para um Volume de Controle Superfície de controle Figura 4.8 O processo de estrangulamento. negligenciadas. Não há como realizar trabalho nesse dispositivo e a variação de energia potencial, se houver, também não é significativa. Na maioria dos casos, isso ocorre tão rapidamente, e em um espaço tão pequeno, que não há nem tempo nem oportunidade para que ocorra uma transferência de calor significativa, assim os únicos termos que sobram no lado esquerdo da equação da energia, Equação 4.13, é a entalpia de entrada e de saída. Concluímos que o processo que ocorre em uma restrição em regime permanente é aproximadamente uma queda na pressão com entalpia constante, e adotaremos isso como o que ocorre na restrição a menos que algo novo seja evidenciado. É comum o processo de estrangulamento envolver mudança de fase do fluido. Um exemplo típico é o escoamento pela válvula de expansão de um sistema de compressão de vapor de um ciclo de refrigeração, que mostraremos no Exemplo 4.8. Turbina A turbina é um equipamento rotativo, que normalmente opera em regime permanente, dedicado à produção de trabalho de eixo (ou potência), à custa da pressão do fluido de trabalho. Esses equipamentos podem ser agrupados em duas classes gerais: a formada pelas turbinas a vapor (ou outro fluido de trabalho), em que o vapor deixa a turbina e vai para um condensador, onde é condensado até o estado líquido; e as turbinas a gás, em que o fluido normalmente é descarregado na atmosfera. Em ambos os casos, a pressão de descarga é fixada pelo ambiente em que é descarregado o fluido de trabalho, e a pressão na seção de alimentação da turbina é alcançada com um bombeamento anterior ou compressão do fluido de trabalho em outro processo. Dentro da turbina há dois desenvolvimentos distintos. No primeiro, o fluido de trabalho escoa por um conjunto de bocais ou passagens formadas por pás fixas, nas quais o fluido é expandido até uma pressão menor, aumentando sua ve- termodinamica 04.indd 167 167 locidade. Na segunda etapa, esse escoamento de alta velocidade é dirigido a um conjunto de pás móveis (rotativas), que promovem a redução da velocidade do fluido antes que seja descarregado. Esse decréscimo de velocidade produz um torque no eixo da máquina, resultando em trabalho de saí­da no eixo. Finalizando, o fluido de baixa velocidade e pressão é descarregado da turbina. A equação da energia para esse processo pode ser a Equação 4.10 ou 4.13. Normalmente, as variações de energia potencial são desprezíveis, bem como a energia cinética na seção de alimentação da turbina. Como foi demonstrado no Exemplo 3.17, em razão das modestas diferenças de velocidade e elevação, a energia cinética e potencial são muito pequenas se comparadas com variação da energia interna, mesmo para pequenas diferenças de temperatura. Como a entalpia é diretamente relacionada com a energia interna, sua mudança para pequenas diferenças de temperatura é também grande, se comparada com variações da energia cinética e potencial. Usualmente, a energia cinética na seção de descarga da turbina também é desprezada e a rejeição indesejável de calor da turbina para o ambiente, normalmente é pequena. Assim, vamos admitir que o processo na turbina seja adiabático e o trabalho produzido, nesse caso, reduz-se à diminuição da entalpia entre o estado de entrada e de saída. No Exemplo 4.7 é analisada uma turbina, como parte de uma planta de potência. A discussão precedente visou à turbina, que é um equipamento rotativo de produção de trabalho. Porem há outros equipamentos não rotativos que produzem trabalho, que podem ser chamados genericamente de expansores. Nesses dispositivos, a análise e as hipóteses para a aplicação da equação da energia são praticamente as mesmas das turbinas, exceto que nos expansores do tipo cilindro-pistão, podem apresentar, na maioria dos casos, significativa perda ou rejeição de calor durante o processo. Compressor e Bomba O propósito dos compressores (para gases) e as bombas (para líquidos) em regime permanente é o mesmo: aumentar a pressão do fluido pela adição de trabalho de eixo (potência, com base na taxa de transferência de energia). Há duas classes 15/10/14 14:52 168 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 4.5 O compressor utilizado em uma instalação industrial (veja Figura 4.9) é alimentado com dióxido de carbono a 100 kPa, 280 K, com baixa velocidade. Na descarga do compressor, o dióxido de carbono sai a 1 100 kPa e 500 K, com velocidade de 25 m/s, e escoa para um pós-res- friador a pressão constante (trocador de calor), onde é resfriado a 350 K. A potência utilizada no acionamento do compressor é 50 kW. Determine a taxa de transferência de calor no pós-resfriador. Solução: V.C. compressor, regime permanente, uma corrente de entrada e uma de saída. Equação da energia – Equação 4.13: q + h1 + 1 2 1 V1 = h2 + V22 + w 2 2 1 • 2 3 –Wc Seção de compressão Seção de resfriamento FIGURA 4.9 Esboço para o Exemplo 4.5. Nessa solução, consideramos que o dióxido de carbono se comporta como gás ideal com calor específico variável (Apêndice A.8). Seria mais preciso utilizar a Tabela B.3 para determinar as entalpias, mas as diferenças são muito pequenas nesse caso. Admitimos também que q ≈ 0 e V1 ≈ 0 e obtemos h da Tabela A.8, fundamentalmente diferentes de compressores. O compressor mais comum é do tipo rotativo (tanto com escoamento axial ou radial/centrífugo), em que os processos internos são essencialmente opostos aos dois processos que ocorrem em uma turbina. O fluido de trabalho entra no compressor a baixa pressão e é obrigado a escoar por um conjunto de pás móveis, e sai a alta velocidade, como resultado do trabalho do eixo sobre o fluido. termodinamica 04.indd 168 + 1 2 V2 = 401,52 − 198 + 2 (25)2 = 203,5 + 0,3 = 203,8 kJ/kg 2 × 1 000 Lembre-se de converter a energia cinética de J/kg para kJ/kg, dividindo por 1 000. ! = m • Qresf. Compressor −w = h2 − h1 + −50 kW W! c = = 0,245 kg/s w −203,8 kJ/kg Volume de Controle, pós-resfriador, regime permanente, um único fluxo de entrada e saída, sem trabalho. Equação da energia – Equação 4.13: q + h2 + 1 2 1 V2 = h3 + V32 2 2 Aqui consideramos insignificante a alteração na energia cinética (veja o quanto não importante ela é), e novamente vamos usar o h da Tabela A.8: q = h3 − h2 = 257,9 − 401,5 = −143,6 kJ/kg ! = 0,245 kg/s × Q! resfriamento = −Q! V.C. = − mq × 143,6 kJ/kg = 35,2 kW O fluido, então, passa através de uma seção difusora onde é desacelerado, de modo que sua pressão aumenta. O fluido é, então, descarregado do compressor a alta pressão. A equação da energia para o compressor é a Equação 4.10 ou a 4.13. Normalmente, as variações de energia potencial são desprezíveis, bem como a energia cinética na seção de entrada do 15/10/14 14:52 169 Análise Energética para um Volume de Controle EXEMPLO 4.6 Uma pequena bomba hidráulica está instalada a 15 m no fundo de um poço (veja Figura 4.10), e é alimentada com água a 10 °C e 90 kPa a uma vazão mássica de 1,5 kg/s. O diâmetro interno da tubulação é igual a 0,04 m e a pressão indicada no manômetro instalado no tanque é 400 kPa. Admitindo que o processo seja adiabático, com a mesma velocidade de entrada e saída, e que a temperatura da água seja constante e igual a 10 °C. Determine a potência requerida para acionar a bomba. V.C. bomba + tubulação. Regime permanente, uma linha de entrada e uma de saída. Admita a mesma velocidade na entrada e na saída e sem transferência de calor. Solução: Equação da continuidade: !e = m !s = m ! m Equação da Energia 4.12 ⎛ ⎛ ⎞ ⎞ 1 1 ! ⎜ hs + Vs2 + gZs ⎟ + W! ! ⎜ he + Ve2 + gZe ⎟ = m m ⎝ ⎠ ⎝ ⎠ 2 2 Estado: hs = he +(Ps – Pe) v (v é constante e u também) Da equação da energia ! ( he + gZe − hs − gZs ) = W! = m ! ⎡⎣ g ( Ze − Zs ) − ( Ps − Pe ) v⎤⎦ =m s = 1,5 H e FIGURA 4.10 Esquema para o Exemplo 4.6. kg ⎡ m −15 − 0 m × ⎢9,807 2 × − ⎣ s 1 000 J/kJ s − (400 + 101,3 − 90) kPa × 0,001 001 m 3 ⎤ ⎥ kg ⎦ = 1,5 × (−0,147 − 0,412) = −0,84 W Isso é, a bomba requer uma entrada de 840 W. equipamento. A energia cinética na seção de descarga frequentemente é também desprezada. A transferência de calor do fluido de trabalho durante a compressão seria desejável, mas normalmente é pequena nos compressores rotativos, porque a vazão é muito grande e o tempo não é suficiente para que haja essa transferência. Assim, normalmente consideramos que o processo em compressores rotativos é adiabático, e o trabalho transferido ao fluido que escoa no compressor, nesse caso, se reduz à variação da entalpia entre os estados de entrada e saída do compressor. ter camisa, na qual circula água, caso dos grandes compressores, proporcionando maior transferên­cia de calor). Nesses compressores, a transferência de calor do fluido de trabalho é significativa e não pode ser desprezada na equação da energia. Como regra geral, nos exemplos e problemas deste livro, consideraremos que o compressor é adiabático a não ser que seja especificado o contrário. Nos compressores do tipo cilindro-pistão, o cilindro usualmente tem aletas para promover uma transferência de calor do fluido de trabalho durante a compressão (ou o cilindro pode Os próximos exemplos ilustram a incorporação de diversos dispositivos e equipamentos já discutidos nessa seção formando um sistema termodinâmico completo, construídos para propósitos específicos. termodinamica 04.indd 169 Ciclo Completo: Usina de Potência e de Refrigerador 15/10/14 14:52 170 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 4.7 Considere a central de potência com uma única linha de vapor d’água, com mostrado na Figura 4.11. Os dados a seguir são dessa usina, em que Localização Pressão Temperatura ou Título 1 2 3 4 2,0 MPa 1,9 MPa 15 kPa 14 kPa 300 °C 290 °C 90% 45 °C os estados são numerados em cada ponto da tubulação, e é fornecido um trabalho específico para a bomba igual a 4 kJ/kg. Determine as seguintes quantidades por kg de fluido que escoa nos componentes: a. Calor transferido na linha entre a caldeira e a turbina. b. Trabalho da turbina. c. Calor transferido no condensador. d. Calor transferido na caldeira. –1Q· 2 1 2 Gerador de vapor · WT Turbina · Qb 3 5 Bomba · –Wp Condensador 4 · –Qc FIGURA 4.11 Central de potência com uma única linha de vapor. Como existem diversos volumes de controle a serem considerados na solução deste problema, vamos consolidar, de certa forma, nosso procedimento de solução com esse exemplo. Utilizando a notação da Figura 4.11, temos: Todos os processos: Regime permanente. Modelo: Tabelas da água. Das tabelas de vapor d’água: h1 = 3 023,5 kJ/kg h2 = 3 002,5 kJ/kg h3 = 225,9 + 0,9(2 373,1) = 2 361,8 kJ/kg h4 = 188,4 kJ/kg Em todas as análises: Na solução, consideraremos que as variações de energia cinética e potencial são nulas. Em cada caso, a equação da energia é dada por Equação 4.13. termodinamica 04.indd 170 Agora, procederemos com as respostas às questões específicas levantadas no enunciado do problema. a. Para o volume de controle referente à tubulação entre o gerador de vapor e a turbina, a equação da energia e a solução + h1 = h2 1q2 = h2 – h1 = 3 002,5 – 3 023,5 = –21,0 kJ/kg 1q 2 b. A turbina é uma máquina essencialmente adiabática. Portanto, é razoável desprezar o calor transferido na equação da energia, desse modo h 2 = h 3 + 2w 3 2w3 = 3 002,5 – 2 361,7 = 640,8 kJ/kg 15/10/14 14:52 Análise Energética para um Volume de Controle 171 EXEMPLO 4.7 (continuação) c. Não há trabalho no volume de controle que envolve o condensador. Consequentemente a equação da energia e a solução são 3q 4 + h 3 = h 4 3q4 = 188,4 – 2 361,7 = – 2 173,3 kJ/kg Para esta resolução, é necessário conhecer o valor de h5, que pode ser obtida considerando o volume de controle que envolve a bomba: h 4 = h 5 + 4w 5 h5 = 188,4 –(–4,0) = 192,4 kJ/kg d. Se considerarmos o volume de controle da caldeira, o trabalho é igual a zero, e assim a equação da energia fica Portanto, para a caldeira 5q 1 + h 5 = h 1 5q1 = 3 023,5 – 192,4 = 2 831,1 kJ/kg 5q 1 + h5 = h1 EXEMPLO 4.8 O refrigerador mostrado na Figura 4.12 utiliza R-134a como fluido de trabalho. A vazão mássica no ciclo é 0,1 kg/s e a potência consumida no compressor é igual a 5,0 kW. Os seguintes dados referentes ao estado são apresentados, usando a numeração adotada na Figura 4.12: b. Para o volume de controle que contém o evaporador, a equação da energia fornece · Q = m·(h − h ) P1 = 100 kPa P2 = 800 kPa T3 = 30 °C T4 = –25 °C c. E para o compressor, a equação da energia fornece · · Qcomp = m·(h2 − h1) + Wcomp = 0,1(435,1 − 387,2) − 5,0 = − 0,21 kW T1 = –20 °C T2 = 50 °C x3 = 0,0 Determine o seguinte: evap 1 = 0,1(387,2 − 241,8) = 14,54 kW a. O título na entrada do evaporador. b. A taxa de transferência de calor no evaporador. c. A taxa de transferência de calor no compressor. · –Qcond. para o ambiente Todos os processos: Regime permanente. Vapor quente Modelo: Tabelas do R-134a. Todas as análises: Sem alteração da energia cinética e potencial. A equação da energia em cada caso é dada pela Equação 4.10. 4 2 Condensador · –Wcomp 3 Válvula de expansão ou tubo capilar Compressor Evaporador Solução: a. Para o volume de controle que contém a válvula de expansão, a equação da energia fornece h4 = h3 = 241,8 kJ/kg h4 = 241,8 = hf4 + x4hfg4 = 167,4 + x4 × 215,6 x4 = 0,345 termodinamica 04.indd 171 Vapor frio 1 Líquido quente 4 Líquido frio + vapor · Qevap do espaço refrigerado FIGURA 4.12 Refrigerador. 15/10/14 14:52 172 Fundamentos da Termodinâmica QUESTÃO CONCEITUAL e. Como um bocal ou um pulverizador geram energia cinética? f. Qual é a diferença entre os escoamentos em um bocal e em um estrangulamento? g. Se um líquido saturado é estrangulado, o que acontece com seu estado? E o que acontece se for feito com um gás ideal? h. Uma turbina hidráulica, no fundo de uma barragem, recebe um fluxo de água. Como esse fluxo produz trabalho? Que termos da equação da energia são importantes se o V. C. é apenas a turbina? Se o V. C. compreender a turbina mais o escoamento à montante desde a superfície do reservatório de água, que termos são importantes na equação da energia? i. Se você comprime o ar, a temperatura sobe. Por quê? Quando ar quente, em alta P, escoa por tubos longos, ele eventualmente é resfriado até a temperatura T do ambiente. Como isso afeta o escoamento? j. Uma câmara de mistura junta todos os fluidos a uma mesma P, desprezando-se perdas. Um trocador de calor mantém os fluidos separados, trocando energia entre si sem se misturar. Por que existem esses dois tipos? quente a alta pressão é estrangulado reduzindo a pressão (semelhante a restrições/válvula em um ciclo de refrigeração). A saída resultante é um escoamento bifásico que é separado em uma câmara em vapor saturado e líquido saturado. Para essas e outras situações semelhantes, a equação da continuidade e da energia não fica mais complicada que nos exemplos anteriores, então mostraremos a abordagem para as situações de mistura. Considere a câmara de mistura na Figura 4.13 com dois fluxos de entrada e uma saída simples operando em regime permanente sem eixo; sem trabalho envolvido, e desprezando energia cinética e potencial. A equação da continuidade e da energia para esse caso fica Equação da Continuidade – Equação 4.9: !1+m !2−m !3 0=m Equação da Energia – Equação 4.10: ! 1h1 + m ! 2 h2 − m ! 3 h3 + Q! 0=m Nós podemos relacionar toda a equação com a massa total que sai e, para isso, dividimos a equação da continuidade por m3, chegando a 1= Na seção anterior, consideramos um número de dispositivos e ciclos fechados em que circula um único fluido em cada componente. Algumas aplicações têm fluxos que se separam ou se combinam em um, no equipamento. Por exemplo, uma torneira misturadora que usamos na cozinha ou no banheiro, tipicamente combina um fluxo de água quente com água fria produzindo uma mistura com a temperatura desejada. Em uma fornalha de gás natural um pequeno bocal recebe o gás mistura ao ar e fornece uma mistura de combustível. Um último exemplo é um jato evaporador em uma planta geotérmica, em que líquido termodinamica 04.indd 172 (4.15) E, da equação da energia, obtemos 0= 4.5 DISPOSITIVOS COM MÚLTIPLOS FLUXOS !1 m ! m + 2 !3 m !3 m !1 ! m m Q! h1 + 2 h2 − h3 + !3 !3 !3 m m m (4.16) Desenvolvendo a distribuição ponderada na equação da energia as parcelas passam a ser adimensionais da razão dos fluxos, que, pela equação da continuidade, somam um. Selecionamos uma como parâmetro 0 < y < 1; e assim obtemos a equação da continuidade y= !1 m ; !3 m 1 2 !2 m =1− y !3 m Aquecedor de mistura (4.17) 3 Figura 4.13 Uma câmara de mistura. 15/10/14 14:52 Análise Energética para um Volume de Controle e a equação da energia fica ! m ! 3 (4.18) 0 = yh1 + (1 − y)h2 − h3 + Q/ Se os estados de entrada forem dados, determinamos a entalpia de saída como ! m !3 h3 = yh1 + (1 − y)h2 + Q/ (4.19) Essa entalpia de saída é uma média mássica ponderada das duas entalpias de entrada, determinada pela razão de fluxos e a possível transfe- 173 rência de calor. Se não houver transferência de calor, a entalpia de saída h3 variará entre as entalpias de entrada h1 e h2, pois o razão y está entre 0 e 1. Isso é exatamente o que ocorre quando variamos a mistura na torneira entre água fria e água quente para uma mesma vazão total. Outras podem ser as combinações de parâmetros conhecidos e desconhecidos que nos levará à equação da energia, determinando um parâmetro, e à da continuidade, definindo a razão das vazões em termos de um único parâmetro y. EXEMPLO 4.9 Temos a vazão de 3 kg/s de vapor superaquecido a 300 kPa e 300 °C que queremos reduzir o superaquecimento misturando água na fase líquida a 300 kPa e 90 °C, de tal maneira que a saída seja vapor saturado a 300 kPa. Considere a câmara isolada e encontre a vazão de água líquida necessária ao processo. Volume de controle: Câmara de mistura, semelhante à Figura 4.13. Processo: Mistura permanente. adiabática em regime Estados de entrada e saída: Estados 1, 2 e 3 todos conhecidos. Modelo: Tabelas da água, assim h1 = 3 069,28 kJ/kg h2 = 376,9 kJ/kg h3 = 2 967,59 kJ/kg 4.6 O PROCESSO EM REGIME TRANSIENTE Nas seções precedentes consideramos o processo em regime permanente e vários exemplos de sua aplicação com um escoamento; depois estendemos para a análise de múltiplos fluxos. Existem, porém, muitos processos de interesse que não pertencem a essa categoria, e podem ser caracterizados como aqueles em que os estados e as condições mudam com o tempo e, consequentemente, envolvem um transitório. Esse é, por exemplo, o enchimento ou esvaziamento de tanques fechados com um líquido ou gás, em que o armazenamento de massa e termodinamica 04.indd 173 Análise: Para esse caso, o valor desconhecido é m·2, e a equação da continuidade nos dá !3=m !1+m !3 m que substituímos na equação da energia assim ! 1h1 + m ! 2 h2 − ( m !1+m ! 2 ) h3 0=m Solução: A única incógnita é a segunda vazão mássica, assim usando a equação da energia teremos !2=m ! 1 ( h3 − h1 ) / ( h2 − h3 ) m = 3 kg/s 2 967,59 − 3 069,28 = 0,118 kg/s 376,9 − 2 967,59 seu estado no volume de controle mudam com o tempo. Pense no caso de um pneu vazio que você enche com ar; a massa do ar e sua pressão aumentam com a evolução do processo, e o processo para, quando a pressão desejada é atingida. Esse tipo de processo é chamado processo em regime transiente para distinguir de processo em regime permanente. Em geral, a palavra transiente significa que algo varia com o tempo e não necessariamente que há um fluxo de massa envolvido. Para analisar essas situações, precisaremos de algumas simplificações para a abordagem matemática. São elas: 15/10/14 14:52 174 Fundamentos da Termodinâmica 1. O volume de controle permanece fixo em relação ao sistema de coordenadas. 2. O estado da massa contida no volume de controle pode variar com o tempo. Porém, em qualquer instante, o estado é uniforme em todo o volume de controle (ou sobre as várias regiões que compõem o volume de controle total). 3. O estado da massa que atravessa cada uma das áreas de fluxo na superfície de controle é constante com o tempo, embora as vazões possam variar com o tempo. Examinemos as consequências dessas hipóteses e formulemos uma expressão para a equação da energia que se aplique a esse processo. A hipótese de que o volume de controle permanece fixo em relação ao sistema de coordenadas já foi discutida na Seção 4.3. As demais hipóteses levam às seguintes simplificações das equações da continuidade e da energia. Todo o processo ocorre durante o tempo t, e durante esse período a expressão instantânea para a massa dentro do volume de controle é dada pela equação da continuidade na Equação 4.1. ∫ t ⎛ dm ⎜ 0 ⎝ V.C. ⎞ dt ⎟ dt = ( m2 − m1 ) V.C. ⎠ A massa total que deixa o volume de controle durante o tempo t é dEV.C. dt = E2 − E1 = m2e2 − m1e1 0 dt ⎛ ⎛ ⎞ ⎞ 1 1 = m2 ⎜ u2 + V22 + gZ2 ⎟ − m1 ⎜ u1 + V12 + gZ1 ⎟ ⎝ ⎝ ⎠ ⎠ 2 2 ∫ t t ∫ Q! ∫ W! 0 V.C. dt = QV.C. V.C. dt = WV.C. t 0 Para os termos de fluxos, a terceira hipótese permite a integração simples, assim t ∫ ⎡⎣∑ m! h ⎤ e tot e ⎦ dt 0 = ∑ m ⎛⎜⎝ h e t e ∫ ⎡⎣∑ m! h + ⎤ = ∑ m ⎛⎜⎝ h s s + e tot e = ⎞ 1 2 Ve + gZe ⎟ ⎠ 2 s tot s ⎦ dt 0 ∑m h = ∑m h = s tot s = ⎞ 1 2 Vs + gZs ⎟ ⎠ 2 Para o período de tempo t a equação da energia para o processo em regime transiente pode ser escrita como ⎛ 1 1 2 ⎞ ⎞⎟ − E=1 Q = QV.C. − WV.C. + m m⎛⎜ h + gZ e ⎜ h e + V 2V+e gZ e E2E−2 E − W + + 1 V.C. V.C. e e ⎟ ⎠ ⎝ ⎝e 2 2e ⎠ ⎛ ⎛⎜ h 1+ 12V 2 + gZ ⎞ ⎞ (4.21) s +s V +s gZ ⎟ s ⎟ ⎜ h − − msm s s s ⎝ ⎠ 2 ⎝ ⎠ 2 ∑∑ ∑∑ ( m2 − m1 ) V.C. = ∑ me − ∑ ms (4.20) Observe como essa equação é semelhante à equação para um sistema, Equação 3.5, ampliada com os termos de fluxo. Agora o lado direito inclui todas as possibilidades de transferência de energia através da fronteira do volume de controle como transferência de calor, trabalho, ou massa fluindo durante certo período. O lado esquerdo, que representa a mudança no armazenamento, fala com a energia interna (u2, u1), enquanto o direito contém a entalpia. Se o estado do fluxo que atravessa a fronteira do volume de controle variar com o tempo, deve ser usada uma média das propriedades do fluxo, que pode não ser simples de estimar. A equação da energia para mudanças no intervalo finito de tempo foi apresentada na Equação 3.5 para o sistema no qual temos de adicionar os termos do fluxo. Integraremos a equação da energia na Equação 4.8, integrando cada termo como Como exemplo do tipo de problema para os quais essas hipóteses são válidas e a Equação 4.21 é apropriada, vamos abordar o problema clássico de um fluxo entrando em um vaso evacuado. Esse é o tema do Exemplo 4.10. t ∫ (∑ ) 0 ! s dt = m ∑ ms e a massa total que entra no volume de controle durante o tempo t é t ∫ (∑ m! ) dt = ∑ m 0 e e Consequentemente, para esse período de tempo t, podemos escrever a equação da continuidade para o processo em regime transiente como termodinamica 04.indd 174 15/10/14 14:52 Análise Energética para um Volume de Controle 175 EXEMPLO 4.10 Vapor d’água a 1,4 MPa e uma temperatura de 300 °C escoa no tubo mostrado na Figura 4.14. Um tanque, inicialmente no vácuo, está conectado a uma tubulação por meio de uma válvula. Abre-se a válvula e o vapor enche o tanque até que a pressão atinja 1,4 MPa, e então a válvula é fechada. O processo é adiabático e as variações de energias cinética e potencial são desprezíveis. Determine a temperatura final do vapor no tanque. Volume de controle: Tanque, como mostrado na Figura 4.14. Estado inicial no tanque: Vácuo interno, massa m1 = 0. Estado final: P2 conhecida. Estado de entrada: Pe ,Te (na tubulação) conhecidas. Processo: Transiente com um único fluxo de entrada. Modelo: Tabelas de vapor d’água. Análise: Da equação da energia, Equação 4.21, temos ⎛ Ve2 e s e s e 2 s ( s ) ⎡ 1 + ⎢ m2 u2 + + V22 + gZ2 ⎣ 2 ⎤ 1 − m1 u1 + + V12 + gZ1 ⎥ + WV.C. ⎦ 2 ( Superfície de controle ⎞ ∑ m ⎜⎝ h + 2 + gZ ⎟⎠ = 1 = ∑ m ( h + + V + gZ ) 2 QV.C. + 1.4 MPa, 300 ˚C ) Observe que Qv.c. = 0, Wv.c. = 0, ms = 0 e (m1)v.c. = 0. Além disso, admitimos que as variações de energia cinética e potencial serão desprezíveis. Desse modo, o enunciado da primeira lei para esse processo, fica reduzido a m eh e = m 2u 2 Inicialmente em vácuo FIGURA 4.14 Escoamento para o interior de um tanque em vácuo – análise pelo volume de controle. Com a equação da continuidade para esse processo, Equação 4.20, concluímos que m2 = me Portanto, combinando a equação da continuidade com a equação da energia, temos u2 = he Ou seja, a energia interna final do vapor no tanque é igual à entalpia do vapor que entra no tanque. Solução: Das tabelas de vapor d’água obtemos he = u2 = 3 040,4 kJ/kg Como a pressão final de 1,4 MPa é fornecida, conhecemos duas propriedades do estado final e, portanto, esse estado está definido. A temperatura correspondente à pressão de 1,4 MPa e à energia interna de 3 040,4 kJ/kg é encontrada e o valor é 452 °C. Esse problema também pode ser resolvido considerando-se o vapor d’água que entra no tan- termodinamica 04.indd 175 que e o espaço em vácuo como um sistema, como apresentado na Figura 4.15. O processo é adiabático, mas devemos examinar se há trabalho de fronteira. Se imaginarmos um êmbolo entre o vapor contido no sistema e o vapor que flui atrás dele, imediatamente percebemos que a fronteira se move e que o vapor na tubulação realiza o trabalho sobre o vapor contido no sistema. A quantidade desse trabalho é –W = P1 V1 = mP1 v1 15/10/14 14:52 176 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 4.10 (continuação) Escrevendo a equação da energia para um sistema, Equação 3.5, e observando que as energias cinética e potencial podem ser desprezadas, temos = U2 −U1 + 1W2 0 = U2 −U1 − P1V1 0 = mu2 − mu1 − mP1v1 = mu2 − mh1 1Q 2 Os próximos dois exemplos mostram mais aplicações do processo em regime transiente. Sistema 1,4 MPa, 300 ˚C Inicialmente em vácuo Portanto u2 = h1 que é o mesmo resultado que foi obtido na análise para volume de controle. FIGURA 4.15 Escoamento para o interior de um tanque em vácuo-sistema. EXEMPLO 4.11 Um tanque de 2 m3 contém amônia saturada a 40 °C. Inicialmente, o tanque contém 50% do volume na fase líquida e 50% na fase vapor. Vapor é retirado pelo topo do tanque até que a temperatura atinja 10 °C. Admitindo que somente vapor (ou seja, nenhum líquido) saia e que o processo seja adiabático, calcule a massa de amônia retirada do tanque. Volume de controle: Tanque. Estado inicial: T1, Vlíq, Vvap, determinado. Estado final: T2. Estado de saída: Vapor saturado (temperatura variando). Processo: Transiente. Modelo: Tabelas da amônia. Análise: Na equação da energia, Equação 4.21, observamos que Qv.c. = 0, Wv.c. = 0 e me = 0. Vamos admitir que as variações de energias cinéticas e potencial sejam desprezíveis. Entretanto, a entalpia do vapor saturado varia com a temperatura e, portanto, não podemos simplesmente considerar que a entalpia do vapor que sai do tanque permaneça constante. Contudo, notamos que a 40 °C, hv = 1 470,2 kJ/kg e que a 10 °C, hv = 1 452,0 kJ/kg. Como a variação de hv durante esse processo é pequena, podemos admitir que hs seja a média desses dois valores. Assim (hs)médio = 1 461,1 kJ/kg e a equação da energia reduz-se a m 2u 2 – m 1u 1 = – m sh s termodinamica 04.indd 176 e a equação da continuidade (da Equação 4.20) torna-se (m2 – m1 )VC = – ms Combinando essas duas equações, temos m2(hs – u2) = m1hs – m1u1 Solução: Os seguintes valores foram obtidos das tabelas da amônia: vl1 = 0,001 725 m3/kg, vv1 = 0,083 13 m3/kg vl2 = 0,001 60 m3/kg, vlv2 = 0,203 81 m3/kg ul1 = 368,7 kJ/kg, uv1 = 1 341,0 kJ/kg ul2 = 226,0 kJ/kg, ulv2= 1 099,7 kJ/kg 15/10/14 14:52 Análise Energética para um Volume de Controle EXEMPLO 4.11 (continuação) Calculando primeiro a massa inicial no tanque, m1, encontramos que a massa inicial de líquido presente, ml1, é V 1,0 ml = l = = 579,7 kg vl1 0,001 725 Analogamente, a massa inicial de vapor, mv1, é mv1 = Vv 1,0 = = 12,0 kg vv1 0,083 13 m1 = ml1 + mv1 = 579,7 + 12,0 = 591,7 kg m1hs = 591,7 × 1 461,1 = 864 533 kJ m1u1 = (mu)l1 + (mu)v1 = 579,7 × 368,7 + +12,0 × 1 341,0 = 229 827 kJ Substituindo esses valores na equação da energia, obtemos m2(hs – u2) = m1hs – m1u1 = 864 533 – – 229 827 = 634 706 kJ Existem duas incógnitas, m2 e u2, nesta equação. Portanto QUESTÃO CONCEITUAL k. Um cilindro inicialmente vazio é carregado com ar a 20 °C e 100 kPa. Admita que não haja transferência de calor, a temperatura final maior, igual ou menor que 20 °C? O valor final de T dependerá do tamanho do cilindro? 4.7 APLICAÇÕES NA ENGENHARIA Sistemas de Escoamento e Dispositivos de Fluxo A maioria dos dispositivos e aplicações técnicas da conservação e transferência de energia envolve o escoamento de uma substância. Podem ser dispositivos passivos, como válvulas e tubos, ou ativos, como turbinas e bombas, que envolvem trabalho, ou trocadores de calor, que envolvem transferên- termodinamica 04.indd 177 m2 = 177 V 2,0 = v2 0,001 60 + x2(0,203 81) e u2 = 226,0 + x2(1 099,7) e, portanto, ambas são funções somente de x2, título do estado final. Consequentemente 2,0(1 461,1 − 226,0 − 1 099,7 x2 ) = 634 706 0,001 60 + 0,203 81x2 Resolvendo para x2, obtemos x2 = 0,0110 57 Consequentemente v2 = 0,001 60 + 0,011 057 × 0,203 81= = 0,003 853 5 m 3 /kg m2 = V 2 = = 579 kg v2 0,003 853 5 e a massa da amônia retirada, ms, é ms = m1 – m2 = 591,7 – 519 = 72,7 kg cia de calor entre fluidos. Exemplos dessas aplicações são listadas na Tabela 4.1, junto com seus propósitos e hipóteses mais comuns, que está apresentada após o resumo do capítulo. Dispositivos passivos como bocais, difusores, e válvulas ou estrangulamentos Um bocal é um dispositivo passivo (que não possui partes móveis) que aumenta a velocidade de uma corrente de fluido à custa da redução de pressão. Sua forma com contornos suaves depende de o fluxo ser subsônico ou supersônico. Um difusor, basicamente oposto de um bocal, é mostrado na Figura 4.16, que, acoplado à saída de hidrante, permite um fluxo sem que a velocidade da água seja alta. Um fluxo é geralmente controlado pela abertura ajustável de uma válvula pela qual passa. Com uma pequena abertura, que representa uma grande restrição, há uma elevada queda de pressão ao 15/10/14 14:52 178 Fundamentos da Termodinâmica (a) Válvula de esfera Figura 4.16 Difusor. (b) Válvula de retenção (c) Válvula borboleta escoar pela válvula, por outro lado uma grande abertura permite ao fluxo passar quase sem restrição. Existem vários tipos de válvula em uso, alguns dos quais são apresentados na Figura 4.17. Aquecedores/Resfriadores e Trocadores de Calor Dois exemplos de trocadores de calor são apresentados na Figura 4.18. O pós-resfriador (aftercooler) reduz a temperatura do ar de saída do compressor antes de alimentar o motor. O propósito do trocador de calor mostrado na Figura 4.18b é resfriar uma corrente quente ou aquecer uma corrente fria. Os tubos internos funcionam como uma interface entre os dois fluidos. Sistemas e Dispositivos Ativos de Fluxo Na Figura 4.19 são mostrados alguns compressores e ventiladores. Esses dispositivos requerem trabalho, de modo que o compressor possa fornecer uma corrente de ar em alta pressão e o ventilador possa fornecer uma corrente de ar com certa velocidade. Quando a substância empurrada para alta pressão é um líquido, isso é realizado por uma bomba, cujo exemplo é mostrado na Figura 4.20. termodinamica 04.indd 178 Entrada Saída (d) Válvula solenoide (e) Válvula de gaveta Figura 4.17 Diversos tipos de válvulas. Na Figura 4.21 são mostrados três tipos de turbinas. A carcaça da turbina também possui pás direcionadoras de fluxo. Essas carcaças não estão representadas na Figura 4.21b. A Figura 4.22 mostra um condicionador de ar funcionando no modo refrigeração. Ele possui dois trocadores de calor: um interno, que resfria o ar, e o outro externo, que rejeita calor para a atmosfera externa. O princípio é o mesmo do refrigerador 15/10/14 14:52 Análise Energética para um Volume de Controle (a) Pós-resfriador (aftercooler) de um motor diesel Conexões Espelho Casco 1 5 2 179 (a) Compressor de ar centrífugo para veículo 7 8 3 4 Cabeçotes 6 Gaxetas Chicanas Feixe de tubos Suporte (b) Ventilador simples (b) Trocador de calor casco-tubos Figura 4.18 Trocadores de Calor. doméstico. O mesmo tipo de sistema pode ser usado como uma bomba de calor. No modo de aquecimento, o fluxo é invertido, de modo que o trocador interno é o quente (condensador, que rejeita calor) e o trocador externo é o frio (evaporador). Há vários tipos de sistemas de produção de potência. Uma planta de potência a carvão foi mostrada esquematicamente nas Figuras 1.1 e 1.2, e outros tipos de máquinas foram descritas no Capítulo 1. Este assunto será desenvolvido em detalhe nos Capítulos 9 e 10. (c) Rotor de grande porte de um compressor axial de uma turbina a gás Figura 4.19 Dispositivos de Fluxo Múltiplo O texto trouxe o exemplo de uma câmara de mistura com duas entradas e uma saída, e o Exemplo 4.9 descreve um dessuperaquecedor usualmente encontrado em uma planta de potência, antes de o vapor ser enviado para um processo industrial ou um sistema de aquecimento. Nesses casos o propósito é diminuir a temperatura de pico antes da distribuição, que reduzirá as perdas de transferência de calor na tubulação. O sistema de termodinamica 04.indd 179 Compressores de ar e ventilador. exaustão predial tem diversos dutos de admissão antes de chegar aos ventiladores de extração, por outro lado, os dutos de aquecimento prediais têm uma linha principal que se ramifica em diversas saídas, de tal maneira que, frequentemente, vão reduzindo de dimensões, acompanhando a redução da necessidade de vazão. Praticamente toda planta industrial tem sistema de ar comprimido 15/10/14 14:52 180 Fundamentos da Termodinâmica central com uma única entrada para o compressor principal e saídas distribuídas para todas as estações de trabalho que utilizam o ar comprimido em ferramentas e máquinas. (a) Bomba de engrenagens Grandes turbinas a vapor podem ter diversas extrações em diferentes pressões para várias aplicações, e algumas saídas são usadas para aquecer a água de alimentação para incrementar a eficiên­ cia do ciclo básico de potência; veja o Capítulo 9. (b) Bomba para irrigação Entrada de fluido a alta pressão Jato (c) Bomba manual de óleo Entrada de fluido Descarga Entrada de fluido Descarga Impelidor (d) Bomba de jato (edutor) e bomba centrífuga Figura 4.20 Bombas hidráulicas. Gerador Estator Eixo do gerador da turbina Rotor Turbina Fluxo de água Distribuidor (a) Turbinas eólicas de grande porte (b) Eixo de turbina a vapor d’água com pás rotativas Pás da turbina (c) Turbina hidráulica Figura 4.21 Exemplos de turbinas. termodinamica 04.indd 180 15/10/14 14:52 Análise Energética para um Volume de Controle Serpentina do condensador pelo que ocorre no enchimento ou no esvaziamento de um tanque. É oportuno observar que o processo desenvolvido na partida e na parada dos equipamentos que operam em regime permanente é um processo transiente. Ventilador Após estudar o material deste capítulo, você deve ser capaz de: Equalizador • Entender o significado físico das equações de conservação. Variação = + entrada – saída. Tubulação para escoamento de fluido refrigerante Base de concreto • Entender o conceito de vazão mássica, volumétrica e velocidade local. Compressor Serpentina do evaporador • Reconhecer na equação da energia os termos de fluxos e os que não são fluxos. Bandeja de recolhimento de condensado • Saber como os dispositivos típicos operam e se há transferência de calor ou trabalho. Gabinete Dreno de condensado • Identificar as situações em que a energia cinética e a potencial são importantes. Soprador • Analisar a operação em regime permanente de dispositivos de um único fluxo, como bocais, restrições, turbinas e bombas. Figura 4.22 Sistema de ar condicionado predial. • Extrapolar o entendimento para dispositivos de múltiplos fluxos, tais como trocadores de calor, câmara de mistura ou turbina. • Aplicar a equação da conservação para sistemas complexos como um todo ou para componentes individuais, identificando suas conexões e interações. • Reconhecer e usar, de forma adequada, as equações em problemas de transiente. • Ter segurança ao considerar o valor médio de para um termo de um fluxo em transiente. • Reconhecer a diferença entre a taxa de armazenamento de energia (dE/dt) e a energia que escoa com o fluxo (m·h). RESUMO A equação de conservação da massa é expressa como a taxa de mudança da massa total em virtude dos fluxos mássicos que entram e saem de um volume de controle. A equação da energia para um sistema foi ampliada para incluir o fluxo de massa que também carrega energia (interna, cinética e potencial) e o trabalho de fluxo necessário para empurrá-lo dentro do volume de controle ou o trabalho de retirá-lo forçando-o contra a pressão externa. A conservação de massa (equação da continuidade) e a conservação da energia (equação da energia) foram aplicadas para diversos dispositivos típicos. Nos componentes em regime permanente não há o efeito do acúmulo, todas as propriedades são constantes no tempo, e nesse regime operam a maioria dos dispositivos com fluxos. A combinação de vários dispositivos forma um sistema complexo para um propósito específico, tais como uma central de potência, turbina a jato ou refrigerador. O processo transiente com variação de massa (armazenamento) pode ser bem exemplificado termodinamica 04.indd 181 181 Uma relação de dispositivos que operam em regime permanente é listada na Tabela 4.1 com um breve resumo do propósito de cada um, suas características a respeito de trabalho e troca de calor, e as hipóteses mais comuns adotadas. Essa lista não é exaustiva com relação aos equipamentos existentes, ou com respeito às considerações descritas, mas apresenta dispositivos típicos, alguns provavelmente desconhecidos de muitos leitores. 15/10/14 14:52 182 Fundamentos da Termodinâmica Tabela 4.1 Equipamentos e dispositivos que operam em regime permanente Equipamento/Dispositivo Função Característica Hipótese usual Aquecedor Aquece substâncias w=0 P = constante Aquecedor de água de alimentação Aquece a água líquida com outro fluxo w=0 P = constante Bocais Cria EC; Reduz a P.; Mede vazões w=0 P = constante Bomba de calor Transfere calor de Tbaixo para Talto; necessita entrar trabalho w=0 P = constante Bombas O mesmo que compressores, mas manipulam líquidos Wentra, Paumenta P = constante Caldeira Levar o fluido ao estado vapor w=0 P = constante Câmara de mistura Mistura dois ou mais fluxos w=0 q=0 Compressor Eleva a temperatura da substância wentra q=0 Condensador Remove calor e leva a substância para o estado líquido w=0 P = constante Desaerador Remove gases dissolvidos no líquido w=0 P = constante Dessuperaquecedor Adiciona água ao vapor superaquecido para fazê-lo vapor saturado w=0 P = constante Desumidificador Remove água do ar w=0 P = constante Difusor Converte EC em pressões maiores P w=0 q=0 Economizador Trocador de calor baixo-T e baixo-P w=0 P = constante Evaporador Leva a substância para o estado vapor w=0 P = constante Evaporador instantâneo Gera vapor por expansão (estrangulamento) w=0 q=0 Expansor Semelhante a turbina, mas pode ter fluxo de calor w=0 P = constante Gerador de Vapor O mesmo que caldeira; esquenta água líquida para vapor superaquecido w=0 P = constante Humidificador Adiciona água na mistura ar-água w=0 P = constante Maçarico Queima o combustível e injeta calor w=0 P = constante Máquina térmica Converte parte do calor em trabalho Qentra, Wsai P = constante Pós-resfriador (Aftercooler) Resfriar o fluido depois de comprimido w=0 P = constante Reator Promove a reação de duas ou mais substâncias w=0 P = constante Redução O mesmo que válvula w=0 P = constante Regenerador Usualmente um trocador de calor para recuperar energia w=0 P = constante Resfriamento intermediário (Intercooler) Troca calor entre estágios de compressão w=0 q=0 Superaquecedor Um trocador de calor que coloca T além de Tsat w=0 P = constante Supercarregador Um compressor acionado pelo eixo motor para forçar ar para a câmara de combustão Wentra P = constante Trocador de calor Transfere calor de um meio para outro w=0 P = constante Turbina Cria eixo motor a partir de fluxo a alta P Wsai P = constante Turbocarregador Um compressor acionado por uma turbina a fluxo de exaustão para carregar ar na máquina · Wturbina = –W C Válvula Controla o fluxo por restrição w=0 q=0 Ventiladores/Sopradores Move uma substância, tipicamente o ar Wentra, ECaumenta P = constante, q = 0 termodinamica 04.indd 182 15/10/14 14:52 Análise Energética para um Volume de Controle 183 CONCEITOS E EQUAÇÕES PRINCIPAIS Vazão volumétrica Vazão mássica · V = ∫ VdA = AV (utilizando a velocidade média) m· = ∫ rVdA = rAV = AV/v (utilizando a velocidade média) Trabalho de fluxo · · Wfluxo = PV = m·Pv Direção de escoamento De maior P para a menor, a menos que hajam significativas EC e EP Processos instantâneos Equação de continuidade Equação de energia Entalpia total m·V.C. = Σm·e – Σm·s · · · EV.C. = QV.C. – WV.C. + Σm·ehtot e – Σm·shtot s htot = h + 1 2 V + gZ = hestagnação + gZ 2 Regime permanente Sem acúmulo no volume de controle m·V.C. = 0; Equação de continuidade Σm· = Σm· Equação de energia Calor específico Trabalho específico Equação da energia para um único fluxo em regime permanente E·V.C. = 0; (entrada = saída) i e · · QV.C. + Σm·ehtot e – WC.V. + Σm·shtot s (entrada = saída) · q = Q /m· (somente para a condição de regime permanente) V.C. · w = WV.C./m· (somente para a condição de regime permanente) (entrada = saída) q + htot e = w + htot s Processo transiente Equação de continuidade m2 – m1 = Σmi Σme E2 − E1 = 1 Q2 − 1W2 + Σme htot e − Σms htot s ⎛ ⎛ ⎞ ⎞ 1 1 E2 − E1 = m2 ⎜ u2 + V22 + gZ2 ⎟ − m1 ⎜ u1 + V12 + gZ1 ⎟ ⎝ ⎝ ⎠ ⎠ 2 2 Equação de energia htot e = htot,s média ≈ 1 ( hhot, s1 + htot, s2 ) 2 PROBLEMAS CONCEITUAIS 4.1 Uma diferença de temperatura conduz à transferência de calor. Existe um conceito similar aplicável a m·? 4.2 Que efeito pode ser sentido à montante em um escoamento? 4.3 Quais propriedades (P, v, T) podem ser controladas em um escoamento? Como? 4.4 O ar a 500 kPa é expandido até 100 kPa em dois processos distintos, em regime permanente. O primeiro caso é um bocal e o se- termodinamica 04.indd 183 gundo é uma turbina; ambos os casos têm o mesmo estado de saída. O que você pode dizer a respeito do trabalho específico na turbina, em comparação com a energia cinética específica do escoamento na saída do bocal? 4.5 Os tubos que transportam fluidos quentes, como vapor em instalação de potência e os de exaustão de gases de motores a diesel de navios etc., são geralmente isolados. Isso é feito para reduzir as perdas de calor ou há outro motivo? 15/10/14 14:52 184 4.6 Fundamentos da Termodinâmica Uma torre eólica transforma uma fração da energia cinética do vento em trabalho, no eixo. Como a temperatura do ar e a velocidade do vento influenciam na potência gerada? Dica: escreva o termo de potência como a vazão mássica multiplicada pelo trabalho específico. 4.7 Uma turbina submersa extrai parte da energia cinética da corrente oceânica. Como a temperatura e a velocidade da água influenciam na potência produzida? Dica: escreva o termo da potência como o produto da vazão mássica pelo trabalho específico. 4.8 Uma turbina hidráulica, instalada no fundo de uma barragem, produz trabalho de eixo. Que termo(s) na equação da energia está ou estão mudando e é ou são importantes? 4.9 Considere um balão sendo insuflado com ar. Que tipos de trabalho, incluindo o trabalho de fluxo, você observa nesse caso? Onde a energia é armazenada? 4.10 Um tanque de armazenamento para gás natural possui uma cobertura móvel que se desloca à medida que gás é adicionado ou retirado do tanque, mantendo 110 kPa e 290 K em seu interior. Uma tubulação abastece o tanque com gás natural a 110 kPa e 290 K. O estado do gás muda durante o processo de abastecimento? O que acontece com o trabalho de fluxo? PROBLEMAS PARA ESTUDO Equação da Continuidade e Vazões 4.11 Uma grande cervejaria tem uma tubulação de seção transversal de 0,2 m2 escoando dióxido de carbono a 400 kPa e 10 °C, com vazão volumétrica de 0,3 m3/s. Determine a velocidade e a vazão mássica. 4.12 O ar, a 35 °C e 105 kPa, escoa em um duto de um sistema de aquecimento de seção retangular de 100 mm × 150 mm. A vazão mássica é 0,015 kg/s. Qual a velocidade do ar no duto e a vazão volumétrica? por uma torneira que fornece 10 kg/min. Depois de 10 minutos a tampa do ralo é retirada, gerando uma vazão de saída de 4 kg/min; nesse mesmo instante, a vazão de alimentação de água é reduzida para 2 kg/min. Faça um gráfico da massa de água na banheira em função do tempo e determine o tempo transcorrido do início do enchimento até o esvaziamento. 4.15 Por um canal plano de 1 m de profundidade escoa ar a P0 e T0 em regime laminar totalmente desenvolvido, com perfil de velocidade: V = 4Vc x (H – x)/H2, em que Vc é a velocidade na linha de centro e x é a distância através do canal, como mostra a Figura P4.15. Determine a vazão mássica e a velocidade média, ambas como funções de Vc e H. H x FIGURA P4.12 4.13 Uma piscina com 60 m3 está sendo enchida com uma mangueira de jardim que tem 2,5 cm de diâmetro e a água flui a 2 m/s. Encontre a vazão mássica e o tempo para encher a piscina. 4.14 Uma banheira, inicialmente vazia e com o ralo tampado, passa a ser enchida de água termodinamica 04.indd 184 C L 4.16 Vc V(x) FIGURA P4.15 O nitrogênio flui em uma tubulação de 50 mm de diâmetro a 15 °C e 200 kPa, com uma vazão mássica de 0,05 kg/s, e encontra uma válvula parcialmente fechada. Se ocorrer, ao atravessar a válvula, uma queda de pressão de 30 kPa, mas a temperatura permanecer praticamente constante, quais 15/10/14 14:52 185 Análise Energética para um Volume de Controle são as velocidades do escoamento à montante e à jusante da válvula? 4. 17 Uma caldeira é alimentada com 5000 kg/h de água líquida a 5 MPa e 20 °C, e aquece o fluido descarregando vapor d’água a 450°C e pressão de 4,5 MPa. Determine quais devem ser as áreas das seções de escoamento de alimentação e descarga da caldeira, de modo que as velocidades não excedam a 20 m/s. 4.18 Um ventilador doméstico de diâmetro igual a 0,6 m recebe ar a 98 kPa, 20 °C e descarrega a 105 kPa, 21 °C e com velocidade de 1,5 m/s (veja Figura P4.18). Quais são a vazão mássica (kg/s), a velocidade na entrada e a vazão volumétrica do ar na saída em m³/s. 400 °C, com uma energia cinética desprezível em um processo adiabático. Determine a velocidade e a área de entrada. 4.23 Um motor a jato escoa ar a 1 000 K, 200 kPa a 30 m/s que entra no bocal, como mostra a Figura P4.23, onde o ar é descarregado a 850 K e 90 kPa. Qual é a velocidade na seção de descarga, admitindo-se que não haja perda de calor? Entrada de combustível Entrada de ar Saída de gases quentes Difusor Compressor 4.19 FIGURA P4.18 Câmara de Turbina combustão Bocal FIGURA P4.23 4.24 O bocal de propulsão de um motor a jato é alimentado com ar a 1 000 K, 200 kPa e 40 m/s. O ar deixa o bocal a 500 m/s e 90 kPa. Qual é a temperatura de saída, considerando-se que não haja perda de calor. 4.25 Vapor de amônia superaquecida entra em um bocal isolado a 30 °C e 1 000 kPa, como mostrado na Figura P4.25, com uma baixa velocidade e vazão mássica de 0,01 kg/s. A amônia deixa o bocal a 300 kPa, com uma velocidade de 450 m/s. Determine a temperatura (ou título, se saturado) e a área da seção de saída do bocal. O sistema de ventilação de um aeroporto alimenta uma fornalha com 2,5 m3/s de ar a 100 kPa e 17 °C, aquecendo-o a 52 °C, e fornecendo um fluxo a um duto retangular com área de seção transversal de 0,4 m2 a 110 kPa. Determine a vazão mássica e a velocidade no duto. Um único Dispositivo, um único Fluxo NH3 Bocais e Difusores 4.20 A água líquida a 15 °C sai de um bocal e atinge a altura de 15 m. Qual é a velocidade do escoamento na seção de saída bocal, Vsaída? 4.21 Um bocal recebe um fluxo de gás ideal com uma velocidade de 25 m/s, e sai a 100 kPa, 300 K e velocidade de 250 m/s. Determine a temperatura de entrada para os seguintes gases: argônio, hélio ou nitrogênio. 4.22 Um difusor recebe 0,1 kg/s de vapor d’água a 500 kPa e 350 °C. A saída é feita a 1 MPa e termodinamica 04.indd 185 4.26 FIGURA P4.25 O vento está soprando horizontalmente a 30 m/s em uma tempestade a P0 e 20 °C contra uma parede, onde atinge a estagnação. O fluxo deixa a parede com uma velocidade desprezível, semelhante ao que ocorre em um difusor de grandes dimensões. Encontre a temperatura de estagnação a partir da equação da energia. 15/10/14 14:52 186 4.27 4.28 Fundamentos da Termodinâmica Uma comporta deslizante está montada em uma represa que tem 5 m de profundidade. Um furo com diâmetro de 1 cm posicionado no fundo permite o escoamento da água a 20 °C. Desprezando qualquer variação de energia interna da água, determine a velocidade de saída e a vazão mássica. Um difusor, mostrado na Figura P4.28, é alimentado com ar a 100 kPa e 300 K com velocidade de 200 m/s. As áreas das seções transversais de alimentação e descarga são, respectivamente, iguais a 100 mm2 e 860 mm2. A velocidade do ar na descarga do difusor é de 20 m/s. Determine a pressão e a temperatura do ar na saída. 4.32 O dióxido de carbono é estrangulado de 20 °C, a 2 000 kPa, para 800 kPa. Encontre a temperatura de saída, admitindo-o como um gás ideal, e repita o cálculo adotando o comportamento real do gás. 4.33 O líquido saturado de R-134a, a 25 °C, é estrangulado para 300 kPa, em um refrigerador. Qual a temperatura de saída? Determine o aumento percentual da vazão volumétrica. 4.34 Uma linha de suprimento tem um fluxo estável de R-410a, a 1 000 kPa e 60 °C, do qual parte é extraída por meio de uma redução com uma saída a 300 kPa. Determine a temperatura de saída. 4.35 O dióxido de carbono, usado como fluido refrigerante natural, sai de um resfriador a 10 MPa e 40 °C e passa por uma redução, na qual a pressão cai para 1,4 MPa. Determine o estado do fluido (T, x) após a redução. 4.36 Água líquida a 180 °C e 2 000 kPa é estrangulada e injetada na câmara de um evaporador instantâneo (flash) a 500 kPa. Despreze qualquer variação na energia cinética. Qual são as frações mássicas de líquido e de vapor na câmara? 4.37 O hélio é estrangulado de 1,2 MPa e 20 °C para 100 kPa. Os diâmetros do tubo de alimentação e descarga são tais que as velocidades de saída e entrada são iguais. Determine a temperatura de saída do hélio e a razão entre os diâmetros dos tubos. 4.38 O metano, a 1 MPa e 300 K, é pressionado através de uma válvula, saindo a 100 kPa. Considere que não há mudança na energia cinética. Qual é a temperatura de saída? 4.39 O R-134a é estrangulado em uma linha a 25 °C e 750 kPa, com reduzidíssima energia cinética, para a pressão de 165 kPa. Determine a temperatura na seção de descarga e a relação entre os diâmetros das seções de descarga e alimentação (De/Ds) para que as velocidades dos escoamentos nessas seções sejam iguais. Ar 4.29 4.30 FIGURA P4.28 Um meteorito atinge a atmosfera superior a 3 000 m/s, onde a pressão é de 0,1 atm e a temperatura é –40 °C. O quanto quente o ar imediatamente à frente do meteorito ficará, admitindo-se que não haja transferência de calor nesse processo de estagnação adiabático? A parte frontal de uma turbina de avião atua como um difusor, recebendo ar a 900 km/h, –5 °C e 50 kPa, e trazendo para 80 m/s antes de entrar no compressor (veja a Figura P4.30). Se a área da seção de alimentação do compressor aumenta para 120% da área da seção de alimentação do difusor, determine a temperatura e a pressão na alimentação do compressor. Ventilador FIGURA P4.30 Fluxo com Estrangulamento Turbinas e Expansores 4.31 4.40 O R-410a, a −5 °C, 700 kPa, é estrangulado, chegando a –40 °C. Qual é a pressão P de saída? termodinamica 04.indd 186 Uma turbina é alimentada com 3 kg/s de água a 1 200 kPa e 350 °C e com velocidade de 15 m/s. A saída está a 100 kPa, 150 °C e 15/10/14 14:52 Análise Energética para um Volume de Controle baixíssima velocidade. Determine o trabalho específico e a potência gerada. 4.41 O ar a 20 m/s, 1500 K, 875 kPa com 5 kg/s, flui para uma turbina, e sai com um fluxo de 25 m/s, 850 K, 105 kPa. Determine a potência gerada usando os calores específicos constantes. 4.42 Resolva o problema anterior usando a Tabela A.7. 4.43 Uma turbina eólica com um rotor de diâmetro igual a 20 m e transforma 40% da energia cinética do vento em trabalho no eixo, em um dia com a temperatura de 20 °C e vento de 35 km/h. Qual é a potência produzida? 4.44 Uma turbina hidráulica é alimentada com 2 kg/s de água a 2 000 kPa e 20 °C com uma velocidade de 15 m/s. A saída está a 100 kPa e 20 °C e uma velocidade bem baixa. Determine o trabalho específico e a potência gerada pela turbina. 4.45 Qual é o trabalho específico que podemos esperar da hidrogeração do Problema 4.27? 4.46 Uma turbina pequena e de alta velocidade é alimentada com ar comprimido e produz uma potência de 100 W. O estado na seção de entrada é 400 kPa e 50 °C, e o estado na seção de saída é 150 kPa e –30 °C. Admitindo que as velocidades sejam baixas e o processo adiabático, determine a vazão mássica na turbina. 4.47 O nível d’água na Barragem Hoover, no Rio Colorado, em que está instalada uma usina hidrelétrica, que está 200 m acima do nível do Lago Mead, como mostrado na Figura P4.47. A potência elétrica gerada na usina é de 1 300 MW. Se a temperatura da água na represa é 17,5 °C, determine a vazão mínima de água necessária nas turbinas. 4.48 H FIGURA P4.47 termodinamica 04.indd 187 2 · WT 3 4.49 FIGURA P4.48 Um pequeno expansor (uma turbina que opera com transferência de calor) é alimentado com 0,05 kg/s de hélio a 1 000 kPa e 550 K. O fluido é descarregado a 250 kPa e 300 K. A potência medida no eixo é 55 kW. Determine a taxa de transferência de calor, desprezando a energia cinética. Compressores e Ventiladores 4.50 O compressor de um refrigerador comercial é alimentado com R-410a, a –25 °C e x = 1. O fluido é descarregado do compressor a 1 000 kPa e 40 °C. Desprezando a energia cinética, determine o trabalho específico. 4.51 Um compressor altera o estado do nitrogênio de 100 kPa a 290 K para 2 000 kPa. No processo há um entrada de trabalho específico no total de 450 kJ/kg e a temperatura de saída é de 450 K. Determine o calor específico transferido usando calores específicos constantes. 4.52 Um ventilador portátil impele 0,3 kg/s de ar ambiente com uma velocidade de 15 m/s (veja Figura P4.18). Qual a mínima potência para o motor que o aciona? Dica: Há alguma mudança em P ou T? 4.53 Um refrigerador usa o refrigerante natural dióxido de carbono que o compressor eleva 0,02 kg/s de 1 MPa a –20 °C para 6 MPa usando 2 kW de potência. Determine a temperatura de saída do compressor. 4.54 Uma fábrica gera ar comprimido partindo de 100 kPa e 17 °C e comprimindo até Rio Colorado Turbina hidráulica A Figura P4.48 mostra o esquema de uma pequena turbina operando em carga parcial, chegando à válvula uma vazão de 0,25 kg/s de vapor d’água a 1,4 MPa e 250 °C que é estrangulada para 1,1 MPa antes de entrar na turbina e deixar a 10 kPa. Se a turbina produz 110 kW, determine a temperatura de exaustão (e título se saturada). 1 Barragem Hoover Lago Mead 187 15/10/14 14:52 188 Fundamentos da Termodinâmica 1 MPa e 600 K, e, em seguida, o ar passa por um resfriador que opera a pressão constante e do qual sai a 300 K (Veja Figura P4.54). Determine o trabalho específico no compressor e a transferência de calor específico no resfriador. 1 • • Compressor 2 3 Seção de compressão Seção de resfriamento 4.56 Um compressor é alimentado com R-134a, a 150 kPa e –10 °C. O fluido é descarregado a 1 200 kPa e 50 °C. Ele é refrigerado a água, com uma perda de calor estimada em 40 kW, e que a potência utilizada para acionar o equipamento é de 150 kW. Determine a vazão mássica de R-134a no compressor. O compressor de uma turbina a gás de grande porte recebe ar do ambiente a uma velocidade baixa e a 95 kPa e 20 °C. Na saí­da do compressor, o ar está a 1,52 MPa e 430 °C e a velocidade é de 90 m/s. A potência de acionamento do compressor é de 5 000 kW. Determine a vazão mássica de ar que escoa na unidade. Qual a potência necessária para acionar o ventilador descrito no Problema 4.18? 4.58 Um compressor de um sistema de ar condi­cionado industrial comprime amônia de vapor saturado a 200 kPa até a pressão de 1 000 kPa. Na descarga do compressor, a temperatura é 100 °C e a vazão mássica de 0,5 kg/s. Qual é o tamanho do motor (kW) requerido para esse compressor? 4.59 Um ventilador de exaustão de um edifício deve provocar um escoamento de 3 kg/s de ar na pressão atmosférica a 25 °C, em um duto de diâmetro igual a 0,5 m. Qual é a velocidade que será gerada e qual é a potência necessária? Um compressor recebe vapor saturado de R-410a, a 400 kPa, e o comprime até 2 000 kPa e 60 °C. A seguir, um resfriador trás o estado para líquido saturado a 2000 kPa termodinamica 04.indd 188 Um fluxo de ar é comprimido de 20 °C, 100 kPa para 1 000 kPa e 330 °C por um compressor adiabático acionado por um motor de 50 kW. Qual é a vazão mássica e volumétrica do ar? Aquecedores e Resfriadores 4.62 O aparelho de ar-condicionado de uma residência ou de um carro tem um resfriador que pega o ar atmosférico a 30 °C e o descarrega a 10 °C; em ambos os estados a pressão é de 101 kPa. Para uma vazão mássica de 0,75 kg/s, determine a taxa de transferência de calor. 4.63 Uma caldeira ferve 3 kg/s da água no estado líquido saturado a 2 000 kPa para vapor saturado em um processo reversível a pressão constante. Determine o calor de transferência específico no processo. 4.64 Um condensador (resfriador) é alimentado com 0,05 kg/s de R-410a, a 2 000 kPa e 80 °C, e refrigera para 10 °C. Admita que as propriedades na saída sejam as mesmas do líquido saturado na mesma T. Qual a taxa de transferência de calor (kW) que esse condensador terá de ter? 4.65 O dióxido de carbono, operando em regime permanente, esquenta em fluxo regular, entrando a 300 kPa e 300 K e saindo a 275 kPa e 1 500 K, como mostrado na Figura P4.65. Despreze as variações de energia cinética e potencial. Calcule a transferência de calor necessária por quilograma de dióxido de carbono que escoa no aquecedor. FIGURA P4.54 4.57 4.60 4.61 Qresf. –Wc 4.55 (veja Figura P4.54). Determine o trabalho específico do compressor e a transferência de calor específica no resfriador. CO2 · Q 4.66 FIGURA P4.65 Calcule o calor transferido no Problema 4.17. 15/10/14 14:52 Análise Energética para um Volume de Controle 4.67 4.68 Um chiller resfria água líquida para o sistema de ar-condicionado. Considere que 2,5 kg/s de água a 20 °C e 100 kPa é resfriada até 5 °C no chiller. Quanto de transferência de calor (kW) é necessário? Uma caldeira é alimentada com 0,008 kg/s de nitrogênio líquido saturado a 600 kPa e o descarrega como vapor saturado (veja Figura P4.68). O nitrogênio, então, alimenta um superaquecedor também a 600 kPa, e sai a 600 kPa e 280 K. Determine as taxas de transferência de calor na caldeira e no superaquecedor. Caldeira 2 Superaquecedor 3 turado a – 20 °C. Sabendo que não há trabalho, determine a transferência de calor específica. 4.74 4.75 Uma bomba para irrigação retira água de um rio a 10 °C e 100 kPa e a bombeia para um canal aberto a um nível 100 m acima e a 10 °C. O diâmetro do tubo à montante e à jusante da bomba é de 0,1 m e o motor fornece 5 hp. Qual é a vazão mássica da água, desprezando-se os termos de energia cinética e eventuais perdas? 4.76 Uma tubulação transporta água a 15 °C de um prédio para outro. No inverno, a taxa de transferência de calor da água para o ambiente é igual a 500 W. Qual é a mínima vazão mássica de água para que não ocorra a formação de gelo (ou seja, atinja a 0 °C)? 4.77 Um rio escoa a 0,5 m/s através de um canal com a profundidade de 1 m e largura de 10 m, e nele foi construída uma barragem de 2 m de altura. Quanta energia uma turbina pode produzir por dia, se 80% da energia potencial pode gerar trabalho? 4.78 Uma tubulação para vapor d’ água, montada em um edifício com 300 m de altura, é alimentada, no nível do chão, com vapor superaquecido a 200 kPa. Na seção de descarga do tubo, localizada no topo do edifício, a pressão é 125 kPa, e todo o calor perdido na tubulação é de 110 kJ/kg. Qual deve ser a temperatura da água na seção de alimentação para que não ocorra condensação na tubulação? 4.79 Considere uma bomba hidráulica acoplada a um bocal por meio de uma tubulação curta. Os diâmetros das tubulações de alimentação e descarga da bomba são iguais. O diâ­metro de descarga do bocal é igual a • • 4.69 4.70 4.71 4.72 4.73 Qsuperaquecedor FIGURA P4.68 O dióxido de carbono é utilizado como fluido refrigerante natural em um trocador de calor a 10 MPa, que, por ser essa pressão supercrítica, não ocorre condensação. A entrada está a 220 °C e a saída a 50 °C. Determine a transferência de calor específica. Em um gerador de vapor, água, no estado líquido comprimido a 10 MPa e 30 °C, entra na tubulação de 30 mm de diâmetro e vazão de 3 L/s. Vapor a 9 MPa e 400 °C deixa os tubos. Determine a transferência de calor para a água. Um forno tem cinco queimadores por radiação; cada um gerando 15 kW. Eles devem aquecer 2 kg de chapa de aço de 20 °C a 800 K. Quantas dessas placas por minuto podem ser aquecidas? Um bisturi criogênico é resfriado com nitrogênio líquido. O fluido entra no bisturi a 90 K e 400 kPa e sai a 160 K e 400 kPa. Determine a taxa de transferência de calor específica para o nitrogênio. Se a área da seção transversal da linha de retorno for 100 vezes maior que a da linha de alimentação, qual a razão entre as velocidades de retorno e de alimentação? Um evaporador tem R-410a, a – 20 °C e título 20%, entrando, e saindo com vapor sa- termodinamica 04.indd 189 Um motor utiliza glicerina em uma camisa, resfriando-a enquanto absorve energia. A glicerina entra a 60 °C, escoa em volta do motor e recebe 19 kW de calor. Qual é vazão mássica mínima necessária para que sua temperatura de saída não ultrapasse 95 °C? Bombas, Tubos e Escoamento em Canais 1 Q caldeira 189 15/10/14 14:52 190 Fundamentos da Termodinâmica 2 cm (0,02 m). A bomba é acionada por um motor de 1 kW e é alimentada com água a 100 kPa e 25 °C. O bocal descarrega o fluido na atmosfera a 100 kPa (veja Figura P4.79). Despreze a energia cinética da água no tubo e considere constante a energia interna u da água. Determine a vazão mássica de água e a velocidade de descarga. Último andar 150 m Solo 5m Bomba 4.80 4.81 4.82 4.83 Ramal de distribuição Bocal FIGURA P4.83 FIGURA P4.79 Uma pequena bomba hidráulica é utilizada em um sistema de irrigação. Ela transfere 5 kg/s de água a 10 °C e 100 kPa de um rio para um canal aberto, 20 m acima do nível do rio e da bomba. Considere que o processo seja adiabático e que a temperatura da água permaneça em 10 °C. Determine a potência necessária para o bombeamento. Múltiplas correntes e Processos com um Único Dispositivo Turbinas, Compressores e Expansores 4.84 Água a 15 °C escoa em um riacho que desemboca em uma cachoeira com 50 m de altura. Estime a temperatura da água no pé da cachoeira, quando é desprezada a velocidade horizontal à montante e à jusante da cachoeira? Qual é a velocidade da água antes de bater no pé da cachoeira? Um jato d’água a alta velocidade, obtido por intermédio de um bocal, é utilizado como elemento cortante em uma máquina. Admita que a velocidade do jato seja de 500 m/s a 20 °C de água na fase líquida com um jato de diâmetro igual a 2 mm (0,002 m). Qual é a vazão mássica? Qual é a potência necessária para acionar a bomba, sabendo que é alimentada com água a 20 °C e 200 kPa? A pressão da água que entra no ramal de distribuição que abastece o edifício mostrado na Figura P4.83 é de 600 kPa. O ramal está 5 m abaixo do nível do solo. A pressão da água na tubulação localizada no último andar do prédio, a 100 m do nível do solo, deve ser igual 200 kPa. Considere uma vazão de 10 kg/s de água líquida a 10 °C e despreze as variações de energia cinética e interna u. Determine a potência fornecida pela bomba. termodinamica 04.indd 190 Bomba Uma turbina a vapor d’água adiabática de uma planta de potência recebe 5 kg/s de vapor a 3 000 kPa e 500 °C. Vinte por cento do fluxo é extraído a 1 000 kPa a 350 °C para um aquecedor de água de alimentação, e o fluxo restante sai a 200 kPa e 200 °C (veja Figura P4.84). Determine a potência da turbina. 2 1 · WT 3 4.85 FIGURA P4.84 Um compressor recebe 0,05 kg/s de R-410a, a 200 kPa e –20 °C, e 0,1 kg/s de R-410a, a 400 kPa e 0 °C. A corrente de saída está a 1 000 kPa e 60 °C, como mostra a Figura P4.85. Admita que o processo seja adiabático, despreze a energia cinética e determine a potência fornecida. 2 · −We 4.86 1 3 FIGURA P4.85 A cogeração é normalmente utilizada em processos industriais que utilizam vapor d’água como fonte de energia. Admita que certo processo requeira 5 kg/s de vapor a 15/10/14 14:52 191 Análise Energética para um Volume de Controle 0,5 MPa. Em vez de gerar esse insumo utilizando um conjunto bomba-caldeira, propõe-se a extração do suprimento de vapor necessário da turbina de alta pressão do aparato mostrado na Figura P4.86. Determine a potência cogerada nessa turbina. Alimentação 20 kg/s mos referentes à energia cinética e determine a vazão mássica da corrente 2. 1 3 2 · – Qrejeitado 1 10 MPa 500 °C · WTurbina Turbina Turbina alta P baixa P Valor para o processo 5 kg/s 0,5 MPa 155 °C 4.90 Para o condensador 15 kg/s 2 3 20 kPa x = 0,90 4.87 FIGURA P4.86 Uma turbina recebe vapor de duas caldeiras (veja Figura P4.87). Um fluxo é de 5 kg/s, a 3 MPa e 700 °C, e o outro o fluxo é de 10 kg/s, a 800 kPa e 500 °C. O estado de saída é 10 kPa, com título de 96%. Determine a potência considerando que a turbina seja adiabática. Vapor · WT 2 4.88 4.89 3 FIGURA P4.87 Um compressor é alimentado com 0,1 kg/s de R-134a, a 150 kPa e −10 oC. O fluido refrigerante é descarregado a 1 000 kPa e 40 °C. A potência utilizada no acionamento do compressor é igual a 3 kW. O compressor é refrigerado com ar a 100 kPa, que entra a 20 °C e sai a 30 °C. Qual é a vazão mássica de ar? A Figura P4.89 mostra o esquema de um volume de controle que opera em regime permanente. O fluido em todas as correntes é o ar. A seção 1 consiste em 0,025 kg/s de ar, a 350 kPa e 150 °C. A seção 2 tem ar a 450 kPa e 15 °C. A saída, seção 3, está a 100 kPa e –40 °C. O volume de controle rejeita 1 kW de calor para as vizinhanças e produz 4 kW de potência. Despreze os ter- termodinamica 04.indd 191 FIGURA P4.89 Uma máquina geradora de potência de grande porte, que opera em regime permanente, é alimentada com duas correntes de água de baixa velocidade. A linha 1 consiste em 2,0 kg/s de vapor de alta pressão, a 2 MPa e 500 °C. A linha 2 consiste em 0,5 kg/s de água de arrefecimento, a 120 kPa e 30 °C. A máquina descarrega em uma única linha a água a 150 kPa, com título de 80%, linha 3, que é um tubo de diâmetro igual a 0,15 m. Sabendo que a máquina perde 300 kW de calor, determine a velocidade na tubulação de descarga e a potência gerada nessa máquina. Trocadores de Calor 4.91 1 · W A Figura P4.91 mostra o esboço de um condensador (trocador de calor) que é alimentado com 1 kg/s de água, a 10 kPa e título de 95%, e descarrega líquido saturado a 10 kPa. O fluido de resfriamento é a água captada de um lago a 20 °C e devolvida a 30 °C. Sabendo que a superfície externa do condensador é isolada, calcule a vazão da água de resfriamento. 1 2 4 3 Água do lago FIGURA P4.91 4.92 O ar a 600 K e escoando a 3 kg/s entra em um trocador de calor, saindo a 100 °C. Quanto (kg/s) de água a 100 kPa e 20 °C pode ser aquecida pelo ar a ponto de ebulição? 4.93 Vapor d’água a 500 kPa e 300 °C é utilizado para aquecer água líquida de 15 °C a 75 °C 15/10/14 14:52 192 Fundamentos da Termodinâmica para uso doméstico. Quanto de vapor (kg de vapor/kg de água aquecida) é necessário nessa operação, considerando que o vapor não pode condensar? 4.94 4.95 Um trocador de calor é alimentado por 5 kg/s de água a 40 °C, 150 kPa e deixa a 10 °C e 150 kPa. O outro fluido é glicol que entra a –10 °C, 160 kPa e é descarregado a 10 °C e 160 kPa. Determine a vazão mássica necessária do glicol e a troca interna de calor. O trocador de calor, mostrado na Figura P4.95, é usado para resfriar ar de 800 K para 360 K à pressão constante de 1 MPa. O refrigerante é a água que entra no equipamento a 15 °C e 0,1 MPa. Se a água deixar o trocador de calor como vapor saturado, qual será a relação entre as vazões m·água/m·ar? 4 Ar 2 1 FIGURA P4.95 4.96 4.97 3 H 2O Um superaquecedor é alimentado com 2,5 kg/s de vapor saturado a 2 MPa e descarrega o vapor a 450 °C e 2 MPa. A energia é recebida de uma corrente de ar a 1 200 K, que escoa em contracorrente; o arranjo é conhecido como trocador de calor contracorrente (similar ao da Figura P4.95). Para que a diferença entre a temperatura de descarga do ar e a de entrada da água seja maior que 20 °C, determine a menor vazão mássica de ar. Um trocador de calor de dois fluidos é alimentado com 2 kg/s de amônia líquida a 20 oC e 1 003 kPa entrando no estado 3 e saindo no estado 4. Ela é aquecida por 1 kg/s de nitrogênio a 1 500 K, estado 1, que deixa o trocador de calor a 600 K, estado 2 semelhante à Figura P4.95. Determine a taxa total de transferência de calor transferido dentro do trocador. Faça um esboço do gráfico da temperatura da amônia em função da posição no trocador de calor e determine o estado 4 (T, v) da amônia. termodinamica 04.indd 192 4.98 Em um trocador de calor de correntes paralelas (fluidos escoam no mesmo sentido) 1 kg/s de ar a 500 K troca calor com ar que entra no canal adjacente com 2 kg/s e 300 K. Quais são as temperaturas de descarga das correntes, pressupondo-se que o trocador de calor seja infinitamente longo? Faça um gráfico com as variações de T para os dois fluidos. 4.99 O ar e a água em um trocador contracorrente tem as seguintes características: o ar entra com 2 kg/s a 125 kPa e 1 000 K, saindo a 100 kPa e 400 K. Na outra linha, escoa a água com 0,5 kg/s entrando a 200 kPa e 20 °C e saindo a 200 kPa. Qual é a temperatura de saída da água? 4.100 O radiador automotivo, mostrado na Figura P4.100, é alimentado com glicerina a 95 °C que retorna a 55 °C. O ar entra no trocador de calor a 20 °C e sai a 25 °C. Admitindo-se que a taxa de transferência de calor no radiador seja igual a 25 kW, qual é a vazão más­sica de glicerina no radiador e a vazão volumétrica de ar a 100 kPa? Alimentação de ar Alimentação de glicerina Descarga de glicerina Descarga de ar Alimentação de ar Descarga de ar FIGURA P4.100 4.101 O resfriador (cooler) de uma unidade de ar-condicionado é alimentado com 0,5 kg/s de ar a 35 °C e 101 kPa e descarrega o ar a 5 °C e 101 kPa. O ar resfriado é, então, misturado com 0,25 kg/s de ar a 20 °C e 101 kPa, e a mistura é encaminhada para um duto. Determine a taxa de transferência de calor no trocador e a temperatura da corrente no duto. 4.102 Uma câmara de resfriamento é alimentada com 1,5 kg/s de ar a 20 °C e é utilizada 15/10/14 14:52 193 Análise Energética para um Volume de Controle para resfriar continuamente um fio de cobre. A temperatura do fio, na sua seção de alimentação, é 1 000 K e se desloca a 0,25 kg/s. O ar deixa a câmara a 60 °C. Determine a temperatura do fio de cobre na saída da câmara. 4.103 Um trocador de calor com fluxos na mesma direção tem em uma linha 0,25 kg/s de oxigênio entrando a 17 °C e 200 kPa, e, na outra linha, 0,6 kg/s de nitrogênio entrando a 150 kPa e 500 K. O trocador é muito longo, e os fluidos saem na mesma temperatura. Use o calor específico constante e encontre a temperatura de saída. Processos de Mistura 4.104 Dois fluxos de ar estão na mesma pressão, 200 kPa; um tem 1 kg/s a 400 K e o outro tem 2 kg/s a 290 K. Os fluxos são misturados em uma câmara isolada para fornecer uma única corrente a 200 kPa. Determine a temperatura de saída. 4.105 Dois escoamentos de ar são misturados, formando uma corrente única. O primeiro escoamento é de 1 m3/s a 20 °C e 100 kPa. O segundo escoamento é de 2 m3/s a 200 °C e 100 kPa, como na Figura P4.105. A mistura ocorre sem nenhuma troca térmica e obtém-se uma corrente a 100 kPa. Despreze a energia cinética e determine a temperatura e vazão volumétrica da saída. 2 líquido saturado na pressão dada, determine a vazão mássica de vapor proveniente da turbina. 1 3 2 Aquecedor de mistura FIGURA P4.107 4.108 Dois escoamentos de água são misturados em um único fluxo. O fluxo do estado 1 é de 1,5 kg/s, a 200 °C e 400 kPa, e do estado 2 a 100 °C e 500 kPa. Que vazão mássica no estado 2 produzirá uma saída a T3 = 150 °C, se a pressão de saída for de 300 kPa? 4.109 Um dessuperaquecedor recebe uma corrente de 1,5 kg/s de amônia a 1 000 kPa e 100 °C, que é misturada com outra corrente de amônia a 25 °C e título de 50% em uma câmara de mistura adiabática. Determine a vazão necessária da segunda corrente para que, na descarga, a amônia esteja no estado de vapor saturado a 1 000 kPa. 4.110 A câmara de mistura mostrada na Figura P4.110 é alimentada com 2 kg/s de R-410a, a 1 MPa e 40 °C em uma linha e com 1 kg/s de R-410a, a 15 °C e com título igual a 50% na linha com válvula. O refrigerante deixa a câmara a 1 MPa e 60 °C. Determine a taxa de transferência de calor nessa câmara de mistura. 2 3 3 1 1 FIGURA P4.110 FIGURA P4.105 4.106 Uma corrente de água a 2 000 kPa e 20 °C é misturada com 2 kg/s de água a 2 000 kPa e 180 °C. Qual deve ser a vazão da primeira linha para termos na saída o estado de 200 kPa a 100 °C? 4.107 Um aquecedor de água de alimentação de uma central térmica é alimentado com 4 kg/s de água 45 °C e 100 kPa e com vapor descarregado de uma turbina a 100 kPa e 250 °C, como na Figura P4.107. Admitindo que o aquecedor descarregue a água como termodinamica 04.indd 193 4.111 Um fornecimento geotérmico de água a 500 kPa e 150 °C, alimenta um evaporador instantâneo (flash) com uma vazão de 1,5 kg/s. Uma corrente de líquido saturado a 200 kPa é drenada do fundo da câmara, e vapor saturado a 200 kPa é removido do topo do tanque e vai alimentar uma turbina. Determine a vazão mássica dos dois fluxos. 4.112 A câmara de mistura mostrada na Figura P4.110 é alimentada com 2 kg/s de R-134a, a 1 MPa a 100 °C, em uma linha de baixa 15/10/14 14:52 194 Fundamentos da Termodinâmica velocidade. A outra corrente tem líquido saturado de R-134a, a 60 °C, que flui através de uma válvula para a câmara de mistura onde chega a 1 MPa. A saída é vapor saturado a 1 MPa escoando a 20 m/s. Determine a vazão mássica da linha que passa pela válvula. 4.113 Para resfriar turbinas a jato, parte do ar admitido no equipamento é desviada da câmara de combustão. Admita que 2 kg/s de ar quente a 2 000 K e 500 kPa sejam misturados com 1,5 kg/s de ar a 500 K e 500 kPa, sem nenhuma transferência de calor externa, como mostra a Figura P4.113. Determine a temperatura da mistura, utilizando o calor específico da Tabela A.5. e, circulando inversamente ao nitrogênio, deixa o trocador a 35 °C. Calcule a vazão da água. 4.118 Os seguintes dados são referentes a uma instalação de potência a vapor d’água mostrada na Figura P4.118. No ponto 6, x6 = 0,92 e velocidade de 200 m/s. A vazão de vapor d’água é de 25 kg/s. A potência de acionamento da bomba é de 300 kW. Os diâmetros dos tubos são de 200 mm do gerador de vapor à turbina e de 75 mm do condensador ao gerador de vapor. Calcule a potência produzida pela turbina e a velocidade no ponto 5. 1 2 3 4.114 Resolva o problema anterior utilizando os valores da Tabela A.7. 4.115 Uma corrente de 5 kg/s de água a 100 kPa e 20 °C deve ser transformada em vapor a 1 000 kPa e 350 °C para ser usada em certa aplicação. Considere o processo que comprime a água até 1 000 kPa e 20 °C e, em seguida, promove seu aquecimento a pressão constante até 350 °C. Indique quais dispositivos são necessários e determine seus consumos específicos de energia. 4.116 Um compressor de dois estágios admite nitrogênio a 20 °C e 150 kPa e comprime até 600 kPa e 450 K. Em seguida, passa por um resfriador intermediário, no qual a temperatura cai para 320 K, e, em um segundo estágio, é comprimido até 3 000 kPa, e 530 K. Determine o trabalho específico em cada um dos estágios de compressão e o calor específico transferido no resfriador intermediário (intercooler). 4.117 O resfriador intermediário (intercooler) do problema anterior usa água fria para resfriar o nitrogênio. O nitrogênio escoa a 0,1 kg/s, e a água entra na fase líquida a 20 °C termodinamica 04.indd 194 1 2 P, MPa 6,2 3 4 5 6 7 0,01 0,009 6,1 5,9 5,7 5,5 T, °C 45 175 500 490 h, kJ/kg 194 744 3 426 3 404 40 168 5 FIGURA P4.113 Equipamentos Combinados e Ciclos térmicos Ponto · WT 4 · QS Gerador de vapor Turbina 6 3 · QE Condensador Água de resfriamento Economizador 7 · –WP 2 1 Bomba FIGURA P4.118 4.119 Para a usina mostrada no Problema 4.118, considere que a água de refrigeração vem de um lago a 15 °C e é devolvida a 25 °C. Determine a taxa de transferência de calor no condensador e a vazão de água de resfriamento que vem do lago. 4.120 Para a usina do Problema 4.118, determine a taxa de transferência de calor no economizador que é um trocador de calor a baixa temperatura. Também calcule a taxa de transferência de calor no gerador de vapor. 4.121 A Figura P4.121 mostra o diagrama simplificado de uma usina termonuclear. A tabela 15/10/14 14:52 Análise Energética para um Volume de Controle a seguir mostra as vazões mássicas e os estados da água em vários pontos do ciclo. Ponto · m, kg/s P, kPa T, °C 1 75,6 7 240 vap sat 2 75,6 6 900 2 765 3 62,874 345 2 517 4 310 5 7 6 75,6 h, kJ/kg 33 138 415 140 8 2,772 35 2 459 9 4,662 310 558 10 Esse ciclo envolve diversos “aquecedores”, nos quais calor é transferido das correntes de vapor d’água, que saem das turbinas a determinadas pressões intermediárias, para a água na fase líquida, que é bombeada do condensador ao tubulão de vapor. A taxa de transferência de calor para a água no reator é igual a 157 MW e pode-se admitir que não há transferência de calor nas turbinas 2 279 7 7 35 34 68 a. Admitindo que não haja transferência de calor no separador de umidade, determine a entalpia h4 e o título x4. b. Determine a potência fornecida pela turbina de baixa pressão. c. Determine a potência fornecida pela turbina de alta pressão. d. Qual é a razão entre a potência total fornecida pelas duas turbinas e a taxa de transferência de calor transferida para a água no reator? 142 11 75,6 380 12 8,064 345 13 75,6 330 285 15 4,662 965 16 75,6 7 930 565 17 4,662 965 2 593 18 75,6 7 580 688 19 1 386 7 240 20 1 386 7 410 21 1 386 7 310 2 517 14 349 1 139 277 584 1 220 1 221 3 2 Separador de umidade Turbina de alta pressão Tambor de vapor 195 4 Turbina de baixa pressão Gerador elétrico 21 19 12 5 Reator · Q 20 9 Condensador 17 Bomba 8 · Q = 157 MW 6 16 18 Aquecedor de alta pressão 13 11 7 Bomba 15 14 Aquecedor de pressão intermediária 10 Aquecedor de baixa pressão Bomba de condensação FIGURA P4.121 termodinamica 04.indd 195 15/10/14 14:52 196 Fundamentos da Termodinâmica 4.122 Considere o ciclo de potência descrito no problema anterior. a. Determine o título do vapor que sai do reator. b. Qual é a potência necessária para operar a bomba de água de alimentação do reator? mos de energia cinética, exceto aquele na descarga do bocal. Determine os trabalhos específicos do compressor e da turbina e a velocidade do escoamento na seção de descarga do bocal. Compressor 4.123 A Figura P4.123 mostra o esquema de uma bomba de calor que opera com R-410a. A vazão de refrigerante é 0,05 kg/s e a potência de acionamento do compressor é 5 kW. As condições operacionais do ciclo são as seguintes: Ponto 1 2 3 4 5 6 P, kPa 3 100 3 050 3 000 420 400 390 T, °C 120 110 45 –10 –5 h, kJ/kg 377 367 134 280 284 Nestas condições, calcule o calor transferido do compressor, o calor transferido do R-410a no condensador e o calor transferido para o R-410a no evaporador. · –Qcomp 2 1 · –Wcomp Condensador · –Qcond para a sala Compressor 3 Válvula de expansão 4 6 Evaporador 5 Saída de gases de ar a 1 2 3 4 5 Difusão Bocal FIGURA P4.124 4.125 Propõe-se usar um suprimento geotérmico de água quente para acionar uma turbina a vapor d’água, utilizando o dispositivo esquematizado na Figura P4.125. Água a alta pressão, a 1,5 MPa e 180 °C, é estrangulada e segue para um evaporador instantâneo (flash), de modo a se obter líquido e vapor à pressão baixa de 400 kPa. O líquido sai pela parte inferior, enquanto o vapor é retirado para alimentar a turbina e deixando-a com 10 kPa e título igual a 90%. Sabendo que a turbina produz uma potência de 1 MW, calcule a vazão mássica necessária de água quente geotérmica, em kg/h. 1 Água quente 2 FIGURA P4.123 termodinamica 04.indd 196 Turbina Entrada · Qevap do ar frio externo 4.124 A temperatura e a pressão dos gases na seção de descarga da câmara de combustão de uma turbina aeronáutica moderna são iguais a 1 500 K e 3 200 kPa, como entra na turbina (veja o estado 3, Figura P4.124). Na admissão do compressor temos 80 kPa e 260 K (estado 1) e na saída 3 300 kPa e 780 K (estado 2); na saída da turbina (estado 4), ou seja, entrada no bocal temos 400 kPa e 900 K (ponto 4) e na saída (estado 5) do bocal temos 640 K e 80 kPa. Despreze as transferências de calor e os ter- Câmara de combustão Saída de vapor saturado · W Evaporador instantâneo Turbina 3 Saída de líquido saturado Saída FIGURA P4.125 15/10/14 14:53 Análise Energética para um Volume de Controle Processos Transientes 4.126 Um cilindro, inicialmente em vácuo, é preenchido com ar a 20 °C e 100 kPa. O processo é adiabático, e queremos saber se a temperatura final será acima, igual ou abaixo de 20 °C? A T final do ar depende do tamanho do cilindro? 4.127 Um cilindro de 0,2 m³, inicialmente vazio, é preenchido com dióxido de carbono proveniente de uma linha em que ele se encontra a 800 kPa e 400 K. O processo transcorre até que seja interrompido espontaneamente. O processo é adiabático. Use valor de calor específico constante para determinar a temperatura final no cilindro. 4.128 Resolva novamente o problema anterior usando a Tabela A.8 de gás ideal para resolvê-lo. 4.129 Um tanque contém 1 m³ de ar inicialmente a 100 kPa e 300 K. Um tubo por onde escoa ar a 1 000 kPa e 300 K é conectado ao tanque e o ar escoa para seu interior lentamente até que se atinge a pressão interna de 1 000 kPa. Determine a quantidade de calor que deve ser transferida para que a temperatura final do ar no tanque seja de 300 K. 4.130 Um tanque com volume de 1 m3 contém amônia a 150 kPa e 25 °C. O tanque está ligado a uma linha em que escoa amônia a 1 200 kPa e 60 °C. A válvula é aberta e a amônia escoa para o tanque, até que metade do volume do tanque esteja ocupada por líquido a 25 °C. Calcule o calor transferido do tanque, nesse processo. 4.131 Deseja-se preencher um tanque de 2,5 L, inicialmente vazio, com 10 g de amônia. A amônia vem de uma linha de vapor saturado a 25 °C. Para atingir a massa desejada, o tanque é resfriado à medida que a amônia escoa lentamente para o seu interior. Mantém-se a temperatura do tanque e de seu conteúdo a 30 °C durante o processo. Determine a pressão no momento em que se deve fechar a válvula, e calcule a quantidade total de calor transferido. 197 a uma linha de ar comprimido a 25 °C e 8 MPa. Quando essa válvula é aberta, ar escoa para o interior do tanque. A válvula é fechada quando a pressão interna atinge 6 MPa. Esse preenchimento é muito rápido e é essencialmente adiabático. O tanque é deixado em repouso para resfriar naturalmente até 25 °C. Determine a pressão final no tanque. 4.133 Um tanque isolado de 2 m3 é enchido com R-134a por meio de uma linha em que o refrigerante está a 3 MPa e 90 °C. O tanque está inicialmente em vácuo, e a válvula é fechada quando a pressão interna do tanque atinge 3 MPa. Determine a massa que flui para o tanque e sua temperatura final. 4.134 Encontre o estado final do problema anterior se a válvula for fechada quando o tanque atingir 2 MPa. 4.135 Um tanque de aço, com volume interno igual a 0,1 m3, inicialmente contém hélio a 300 K e 250 kPa. O hélio vai ser utilizado para encher um balão e a operação de enchimento é finalizada automaticamente quando a pressão no tanque atinge 150 kPa. Se todo o hélio permanecer a 300 K, que tamanho alcançará o balão? Admita que a pressão no balão varie linearmente com o volume entre 100 kPa (V = 0) até a pressão final de 150 kPa. Quanto calor será transferido no processo? 4.136 O ar a 800 kPa e 20 °C escoa em uma tubulação principal e pode alimentar um tanque por meio de uma tubulação secundária com válvula (veja Figura P4.136). O volume do tanque é igual a 25 L e, inicialmente, está no vácuo. A válvula é, então, aberta e o ar escoa para o tanque até que a pressão interna atinja 600 kPa. Se o processo ocorrer adiabaticamente, quais serão a massa e a temperatura finais do ar no interior do tanque? Desenvolva uma expressão, utilizando calores específicos constantes, que relacione a temperatura na tubulação principal com a temperatura final no tanque. 4.132 Um tanque de 150 L, inicialmente evacua­ do, é conectado por meio de uma válvula termodinamica 04.indd 197 15/10/14 14:53 198 Fundamentos da Termodinâmica Tanque Linha de ar comprimido Vapor Líquido FIGURA P4.136 4.137 A Figura P4.137 mostra o esquema de uma turbina que é alimentada por uma linha de nitrogênio a 0,5 MPa e 300 K. A descarga da turbina está ligada a um tanque com volume de 50 m3, inicialmente vazio. A operação da turbina termina quando a pressão no tanque atinge 0,5 MPa. Nessa condição, a temperatura no tanque é 250 K. Admitindo que todo o processo seja adiabático, determine o trabalho realizado pela turbina. N2 WT Tanque Turbina FIGURA P4.137 4.138 Um tanque rígido de 1 m3 contém 100 kg de R-134a, a temperatura ambiente de 15 °C. É aberta uma válvula no topo do tanque, e o vapor saturado sofre uma redução de pressão, sendo liberado para um sistema coletor a 100 kPa. Durante o processo, a temperatura dentro do tanque permanece a 15 °C. A válvula é fechada quando não há mais líquido dentro do tanque. Calcule o calor transferido para o tanque. 4.139 Inicialmente, um tanque de 200 L (veja Figura P4.139) contém água a 100 kPa e título igual a 1%. Transfere-se calor à água para que a temperatura e a pressão interna aumentem. Quando a pressão na água atinge 2 MPa, a válvula de segurança é aberta e vapor saturado a 2 MPa passa a escoar para fora do tanque. O processo continua, sendo mantido a pressão de 2 MPa no interior do tanque, até que o título se torna igual a 90%. Nessa situação o processo é interrompido. Determine a massa de água que escoa para fora do tanque e o calor total transferido para a água durante o processo. termodinamica 04.indd 198 FIGURA P4.139 4.140 Uma lata de 1 L com R-134a está a temperatura ambiente de 20 °C e título de 50%. Um vazamento na válvula de topo permite que escape vapor, e, absorvendo calor do ambiente, que alcança o estado final de 5 °C e título de 100%. Determine a massa que escapa da lata e o calor trocado. 4.141 O tanque cilíndrico fechado, mostrado na Figura P4.141, apresenta altura igual a 2 m e conta com uma tubulação com válvula montada no fundo do tanque. Inicialmente, o tanque contém 1 m de coluna de água líquida e 1 m de coluna de ar à pressão de 100 kPa. A válvula é aberta um pouco e, enquanto a pressão da água próxima à saída for maior que a pressão do ambiente externo de 100 kPa, a água escoa para fora do tanque. Admita que o processo ocorra lentamente e que seja isotérmico. O escoamento vai parar em algum momento? Quando? 1m 1m Ar H 2O FIGURA P4.141 Problemas de Revisão 4.142 Um tubo de raio R apresenta um escoamento laminar de ar totalmente desenvolvido a P0, T0, com um perfil de velocidade V = Vc [1 – (r/R)²], em que Vc é a velocidade no centro do tubo e r é o raio, como mostra a Figura P4.142. Determine a vazão mássica e a velocidade média do ar, ambas as funções de Vc e R. 15/10/14 14:53 Análise Energética para um Volume de Controle R melhor estimativa da taxa de transferência de calor necessária. r Vc FIGURA P4.142 4.143 Uma turbina é alimentada com 5 m3/s de vapor d’água a 3 MPa e 400 °C. A turbina apresenta uma extração intermediária de vapor a 200 °C e 600 kPa, que corresponde a 15% da vazão mássica de alimentação. Na descarga, o restante sai a 20 kPa com título de 90% e velocidade de 20 m/s. Determine a vazão volumétrica da corrente de extração e a potência da turbina. 4.144 A Figura P4.144 mostra o esboço de um laminador e resfriador de uma fábrica de vidros. A largura da lâmina de vidro é de 2 m, a espessura 5 mm e a velocidade da lâmina é igual a 0,5 m/s. O ar de resfriamento entra através de uma abertura de 2 m de largura com uma vazão de 20 kg/s e temperatura de 17 °C, escoando paralelamente à lâmina de vidro. Suponha que o comprimento da região de resfriamento seja muito longo, de modo que as temperaturas de descarga do ar e do vidro sejam aproximadamente iguais (trocador de calor de correntes paralelas). Determine a temperatura de saída. Entrada de ar Saída de ar Vvidro Lâmina de vidro FIGURA P4.144 4.145 Suponha que o escoamento de ar no equipamento descrito no problema anterior ocorra no sentido contrário ao do movimento da lâmina de vidro, ou seja, o ar é admitido na seção por onde o vidro sai. Determine a vazão de ar a 17 °C necessária para resfriar o vidro até 450 K, admitindo que a diferença entre a temperatura do vidro e a do ar de resfriamento não possa ser menor que 120 K em nenhum ponto do equipamento. 4.146 Uma corrente de 2 kg/s de água, a 20 °C e 500 kPa, é aquecida até 1 700 °C em um processo a pressão constante. Encontre a termodinamica 04.indd 199 199 4.147 Um tanque isolado de 500 L contém ar a 40 °C e 2 MPa. É aberta uma válvula do tanque e o ar escapa. A válvula é fechada quando a massa contida no tanque é igual à metade da massa inicial. Qual é a pressão no tanque nesse momento? 4.148 Três correntes de ar a 200 kPa são conectadas ao mesmo duto de saída e se misturam sem que haja transferência de calor com as vizinhanças. A corrente 1 é de 1,0 kg/s a 400 K, a corrente 2 é de 3,0 kg/s a 290 K e a corrente 3 é de 2,0 kg/s a 700 K. Despreze os termos de energia cinética e determine a vazão volumétrica da corrente de saída. 4.149 Considere o ciclo de potência descrito no Problema 4.121. a. Determine a temperatura da água que deixa o aquecedor de pressão intermediária, T13, considerando que não haja transferência de calor para o ambiente. b. Determine a potência necessária para operar a bomba localizada entre as Seções 13 e 16. 4.150 Considere o ciclo de potência descrito no Problema 4.121. a. Determine a taxa de transferência de calor para a água de resfriamento (não mostrada) no condensador. b. Determine a potência necessária para operar a bomba de condensado. c. Faça um balanço de energia no aquecedor de baixa pressão e verifique se há alguma transferência de calor não representada no esquema. 4.151 Um tanque rígido de aço com 1 m3 e massa de 40 kg contém ar a 500 kPa. As temperaturas do tanque e do ar são inicialmente iguais a 20 °C. O tanque está ligado, por meio de uma ramificação com válvula, a uma linha onde o ar escoa a 2 MPa e 20 °C. A válvula é aberta, permitindo o escoamento de ar para o tanque, e só é fechada quando a pressão interna atinge 1,5 MPa. Admitindo que o tanque e o ar estejam sempre 15/10/14 14:53 200 Fundamentos da Termodinâmica em equilíbrio térmico e que a temperatura final seja 35 °C, determine a massa final de ar e o calor transferido. 4.152 Uma instalação de potência a vapor d’água baseada em uma turbina é mostrada na Figura P4.152. A caldeira tem um volume de 100 L e contém, inicialmente líquido saturado a 100 kPa em equilíbrio com uma pequena quantidade de vapor. O calor é fornecido à água por um maçarico. Quando a pressão na caldeira atinge 700 kPa, uma válvula reguladora passa a manter a pressão da caldeira constante. O vapor saturado a 700 kPa escoa para a turbina e é descarregado na atmosfera a 100 kPa. O maçarico se desliga automaticamente quando não existe mais líquido na caldeira. Determine o trabalho total fornecido pela turbina e o calor total transferido para a caldeira nesse processo. Vapor Caldeira Turbina isolada Trabalho Para a atmosfera FIGURA P4.152 4.153 Um conjunto cilindro-pistão-mola isolado, mostrado na Figura P4.153, está conectado a uma linha de ar comprimido a 600 kPa e 700 K por meio de uma válvula. Inicialmente, o cilindro está vazio e a tensão na mola é nula. A válvula é, então, aberta até que a pressão no cilindro atinja 300 kPa. Observando que u2 = ulinha + Cv(T2 –Tlinha) e hlinha – ulinha = RTlinha, determine uma expressão para T2 em função de P2, P 0 e Tlinha. Admitindo que P 0 = 100 kPa, calcule T2. Linha de ar comprimido g P0 P0 g Linha de ar comprimido Ar FIGURA P4.154 Regulador de pressão Água líquida 4.154 O conjunto cilindro-pistão mostrado na Figura P4.154 apresenta inicialmente 0,25 m3 de ar a 300 kPa e 17 °C. O volume da câmara, quando o pistão está encostado nos esbarros, é igual a 1 m3. Uma linha de ar a 500 kPa e 600 K é conectada por uma válvula que é, então, aberta até que a pressão atinja 400 kPa, na câmara. Nesse estado, T = 350 K. Determine o aumento da massa de ar no conjunto cilindro–pistão, o trabalho realizado e a transferência de calor no processo. 4.155 A Figura P4.155 mostra o esquema de um tanque para armazenamento de GNL (gás natural liquefeito). O volume do tanque é 2 m3 e contém 95% de líquido e 5% de vapor, em volume, de GNL a 160 K. Admita que as propriedades do GNL sejam iguais às do metano puro. O calor é transferido ao tanque, e vapor saturado a 160 K escoa para um aquecedor, no qual o vapor é aquecido até 300 K. O processo prossegue até que se esgote todo o líquido do tanque de armazenamento. Determine o calor transferido para o tanque e para o aquecedor durante o processo. Regulador de pressão Aquecedor Q aquecedor Vapor Líquido Q tanque Tanque de armazenamento FIGURA P4.155 FIGURA P4.153 termodinamica 04.indd 200 15/10/14 14:53 Análise Energética para um Volume de Controle 201 PROBLEMAS ABERTOS, PROJETOS E APLICAÇÃO DE COMPUTADORES 4.156 Um tanque isolado de volume V contém um gás ideal, que apresenta calor específico constante, a P1 e T1. Uma válvula é aberta e o gás vaza até que a pressão interna atinja P2. Determine T2 e m2, utilizando uma solução discretizada entre P1 e P2. O número de incrementos é variável. 4.157 Um tanque isolado de 2 m3 contém água no estado saturado a 4 MPa. Uma válvula no topo do tanque é aberta e o vapor saturado escapa. Durante o processo, todo líquido formado é drenado para o fundo do tanque, assim só o vapor saturado deixa o tanque. Queremos encontrar a massa que saiu do tanque até que a pressão chegue a 1 MPa. Adotar um valor médio para a entalpia de saída não é um procedimento muito preciso, por isso divida o processo em duas ou três etapas, sendo que para cada uma, seja adotado um valor médio estimado para a entalpia. Use, por exemplo, (4-3), (3-2), e (2-1) MPa como etapas para a resolução do problema. 4.158 O trocador de calor contracorrente ar-água descrito no Problema 4.95 apresenta temperatura de saída do ar igual a 360 K. Suponha que a temperatura de saída da água termodinamica 04.indd 201 seja de 300 K e que a relação entre as vazões mássicas dos fluidos, obtida da equação da energia seja igual a 5. Mostre que esse é um processo impossível, observando a distribuição de temperatura do ar e da água em vários pontos do trocador. Discuta como essa distribuição de temperatura põe um limite na energia que pode ser removida do ar. 4.159 A Figura P4.159 mostra o esquema de um trocador de calor, com correntes paralelas, que é alimentado com ar a 800 K e 1 MPa, e água a 15 °C e 100 kPa. A linha de ar aquece a água de tal maneira que a temperatura de saída do ar é de 20 °C acima da temperatura de saída da água. Investigue os limites das temperaturas de saída do ar e da água em função da relação entre as vazões mássicas dos fluidos. Faça um gráfico que mostre os perfis de temperatura dos fluidos ao longo do escoamento no trocador de calor. Ar H2O 1 2 3 4 FIGURE P4.159 15/10/14 14:53 202 termodinamica 04.indd 202 Fundamentos da Termodinâmica 15/10/14 14:53 A Segunda Lei da Termodinâmica A Segunda Lei da Termodinâmica 203 5 A primeira lei da termodinâmica estabelece que, para um sistema percorrendo um ciclo, a integral cíclica do calor é igual à integral cíclica do trabalho. No entanto, a primeira lei não impõe nenhuma restrição quanto às direções dos fluxos de calor e trabalho. Em um ciclo, no qual uma determinada quantidade de calor é cedida pelo sistema e uma quantidade equivalente de trabalho é recebida pelo sistema, satisfaz a primeira lei da mesma maneira que um ciclo em que essas transferências se dão em sentidos opostos. Sabemos, com base em nossas experiências, que se um dado ciclo proposto não viola a primeira lei, não está assegurado que esse ciclo possa realmente ocorrer. Esse tipo de evidência experimental levou à formulação da segunda lei da termodinâmica. Assim, um ciclo somente ocorrerá, se tanto a primeira quanto a segunda lei da termodinâmica forem satisfeitas. Em um sentido amplo, a segunda lei indica que todos os processos conhecidos ocorrem em certo sentido e não no oposto. Uma xícara de café quente esfria em virtude da transferência de calor com o ambiente, porém o calor não será transferido do ambiente, que apresenta temperatura mais baixa que a do café, para a xícara. Consome-se gasolina quando um carro sobe uma colina, mas o nível de combustível do tanque de gasolina não pode ser restabelecido ao nível original na descida da colina. Observações cotidianas como essas, juntamente com várias outras, são evidências da validade da segunda lei da termodinâmica. Neste capítulo, consideraremos em princípio a segunda lei para um sistema percorrendo um ciclo e, nos próximos dois capítulos, estenderemos os conceitos para um sistema que sofre uma mudança de estado e, em seguida, para um volume de controle. termodinamica 05.indd 203 15/10/14 14:55 204 Fundamentos da Termodinâmica 5.1 MOTORES TÉRMICOS E REFRIGERADORES Gás Consideremos o sistema e o ambiente previamente apresentados e mostrados na Figura 5.1 (já os analisamos no desenvolvimento da primeira lei). Seja o sistema constituído pelo gás, e como no nosso estudo da primeira lei, façamos com que esse sistema percorra um ciclo. Inicialmente, rea­liza-se um trabalho sobre o sistema, mediante a redução do peso e por meio das pás do agitador, e concluímos o ciclo, transferindo calor para o ambiente. Entretanto, com base em nossa experiência, sabemos que não podemos inverter esse ciclo. Isto é, se transferirmos calor ao gás, como observado na flecha pontilhada, a sua temperatura aumentará, mas a pá não girará e não levantará o peso. Com o ambiente dado (o recipiente, as pás e o peso), esse sistema só poderá operar em um ciclo para o qual calor e trabalho são negativos, não podendo operar segundo um ciclo no qual calor e trabalho são positivos (apesar de esse ciclo não violar a primeira lei). Consideremos, utilizando nosso conhecimento experimental, outro ciclo impossível de ser rea­lizado. Sejam dois sistemas, um a temperatura elevada e outro a temperatura baixa. Suponha um processo no qual determinada quantidade de calor é transferida do sistema a alta para o de baixa temperatura. Sabemos que esse processo pode ocorrer. Sabemos, além disso, que o processo inverso, ou seja: a transferência de calor do sistema a baixa, para o de alta temperatura, não pode ocorrer e que é impossível completar o ciclo apenas pela transferência de calor. Isso está ilustrado na Figura 5.2. Essas duas ilustrações nos levam a considerar o motor térmico e o refrigerador (que também é conhecido como bomba de calor). O motor térmico pode ser um sistema que opera segundo um ciclo, realizando um trabalho líquido positivo e trocando calor líquido positivo. A bomba de calor pode ser um sistema que opera segundo um ciclo, que recebe calor de um corpo a baixa temperatura e cede calor para um corpo a alta temperatura; sendo necessário, entretanto, trabalho para sua operação1. 1 O autor utiliza a nomenclatura: a) motor térmico, quando há trabalho líquido fornecido pelo dispositivo; b) bomba de calor ou re- termodinamica 05.indd 204 W Gás Q Figura 5.1 Sistema percorrendo um ciclo que envolve calor e trabalho. Alta temperatura Q Q Baixa temperatura Figura 5.2 Exemplo que mostra a impossibilidade de se completar um ciclo por meio da transferência de calor de um corpo a baixa temperatura para outro a alta temperatura. Nós, agora, vamos considerar três motores térmicos simples e dois refrigeradores simples. O primeiro motor térmico está ilustrado na Figura 5.3. Ele é constituído por um cilindro, com limitadores de curso, e um êmbolo. Consideremos o gás contido no cilindro como sistema. Inicialmente, o êmbolo repousa sobre os limitadores inferiores e apresenta um peso sobre sua plataforma. Façamos com que o sistema sofra um processo durante o qual o calor é transferido de um corpo a alta temperatura para o gás, fazendo com que se expanda, elevando o êmbolo até os limitadores superiores. Nesse ponto, removamos o peso. Vamos fazer com que o sistema retorne ao estado inicial por meio da transferência de calor do gás para um corpo a baixa temperatura e, assim, completando frigerador, quando o dispositivo recebe calor de um reservatório de baixa temperatura e rejeita calor para um reservatório de alta temperatura, utilizando algum trabalho; c) máquina cíclica, para indicar indistintamente um dos dois dispositivos. Em português, é comum também utilizar a designação máquina térmica para indicar indistintamente um motor térmico ou refrigerador/bomba de calor (N.T.). 15/10/14 14:55 l A Segunda Lei da Termodinâmica Gás QH Corpo a alta temperatura QL Corpor a baixa temperatura Figura 5.3 Motor térmico elementar. o ciclo. É evidente que o gás realizou o trabalho durante o ciclo porque um peso foi elevado. Podemos concluir, a partir da primeira lei, que o calor líquido transferido é positivo e igual ao trabalho realizado durante o ciclo. Esse dispositivo é denominado de motor térmico e a substância para e da qual o calor é transferido é chamada fluido de trabalho. Um motor térmico pode ser definido como um dispositivo que, operando segundo um ciclo termodinâmico, realiza um trabalho líquido positivo à custa da transferência de calor de um corpo a temperatura elevada e para um corpo a temperatura baixa. Frequentemente, a denominação motor térmico é utilizada em sentido mais amplo para designar todos os dispositivos que produzem trabalho, por meio da transferência de calor ou combustão, mesmo que o dispositivo não opere segundo um ciclo termodinâmico. O motor de combustão interna e a turbina a gás são exemplos desse tipo de dispositivo e a denominação de motores térmicos é aceitável nesses casos. Neste capítulo, entretanto, nos limitaremos a analisar os motores térmicos que operam segundo um ciclo termodinâmico. Uma instalação motora a vapor simples (Figura 5.4) é um exemplo de motor térmico no sentido restrito. Cada componente dessa instalação pode ser analisado separadamente, associando a cada um deles um processo em regime permanente, mas se a instalação é considerada como um todo, ela poderá ser tratada como um motor térmico no qual a água (vapor) é o fluido de trabalho. Uma quantidade de calor, QH, é transferida de um corpo a alta termodinamica 05.indd 205 205 temperatura, que poderá ser os produtos da combustão em uma câmara, um reator, ou um fluido secundário que, por sua vez, foi aquecido em um reator. O esquema da turbina também está mostrado na Figura 5.4. Observe que a turbina aciona a bomba e que o trabalho líquido fornecido pelo motor térmico é a característica mais importante do ciclo. A quantidade de calor QL é transferida para um corpo a baixa temperatura que, usualmente, é a água de resfriamento do condensador. Assim, a instalação motora a vapor simples é um motor térmico no sentido restrito, pois tem um fluido de trabalho, para, ou do qual, o calor é transferido, e realiza uma determinada quantidade de trabalho, enquanto percorre o ciclo. Assim, por meio de um motor térmico, podemos fazer um sistema percorrer um ciclo que apresenta tanto o trabalho líquido quanto a transferência de calor líquida positivos. Note que não foi possível realizar isso com o sistema e o ambiente mostrados na Figura 5.1. Ao utilizarmos os símbolos QH e QL afastamo-nos da nossa convenção de sinal para o calor, porque, para um motor térmico, QL deve ser negativo quando se considera o fluido de trabalho como sistema. Neste capítulo será vantajoso usar o símbolo QH para representar o calor transferido no corpo a alta temperatura e QL para o transferido no corpo a baixa temperatura. O contexto sempre evidenciará o sentido da transferência de calor o qual será indicado por setas nas figuras. • QH Gerador de vapor Turbina Bomba Trabalho • WLíq Condensador • QL Fronteira do sistema Figura 5.4 Motor térmico constituído por processos em regime permanente. 15/10/14 14:55 206 Fundamentos da Termodinâmica O tamanho, a função e a forma dos motores térmicos variam muito. Normalmente, as máquinas a vapor e as turbinas a gás são equipamentos grandes, os motores a gasolina, utilizados nos automóveis, e os motores diesel, utilizados em automóveis e caminhões, são motores de tamanho médio e os motores utilizados para acionar ferramentas ma­ nuais, como os cortadores de grama, são pequenos. A eficiência térmica típica das máquinas reais e dos sistemas operacionais de grande porte varia de 35% a 50%, os motores a gasolina apresentam rendimento térmico que varia de 30% a 35% e os motores diesel apresentam eficiência térmica entre 35% e 40%. Motores térmicos pequenos podem ter eficiência de apenas 20%, porque os sistemas de carburação e de controle utilizados nesses equipamentos são muito simples, e algumas perdas se tornam relevantes quando a máquina é pequena. A esta altura, é apropriado introduzir o conceito de eficiência térmica para um motor térmico. Em geral, dizemos que a eficiência é a razão entre o que é produzido (energia pretendida) e o que é usado (energia gasta), porém essas quantidades devem ser claramente definidas. Simplificadamente, podemos dizer que a energia pretendida em um motor térmico é o trabalho e a energia gasta é o calor transferido da fonte a alta temperatura (implica em custos e reflete os gastos com os combustíveis). A eficiência térmica, ou rendimento térmico, é definida por: ηtérmico = W(energia pretendida) = QH (energia gasta) Q Q − QL =1− L = H QH QH (5.1) EXEMPLO 5.1 A potência no eixo do motor de um automóvel é 136 HP e a eficiência térmica do motor é igual a 30%. Sabendo que a queima do combustível fornece 35 000 kJ/kg ao motor, determine a taxa de transferência de calor para o ambiente e a vazão mássica de combustível consumido em kg/s. A aplicação da primeira lei da termodinâmica fornece Q! L = Q! H − W! = (1 − 0,3)Q! H = 233 kW A vazão mássica de combustível pode ser calculada por Solução: ! = Q! H /q H = m Da definição de eficiência térmica, Equação 5.1, obtemos: · · W = htérmico × QH = 136 hp × 0,7355 kW/hp = = 100 kW 333 kW = 0,0095 kg/s 35 000 kJ/kg A Figura 5.5 mostra as principais rejeições de energia no ambiente detectadas no motor, quais sejam: por meio da transferência de calor no radiador – em que o fluido arrefecedor é resfriado pelo ar atmosférico –, por transferência de calor do sistema de exaustão e por meio do escoamento dos gases de combustão quentes para o ambiente. Q! H − W! /η térmico = 100/0,3 = 333 kW Filtro de ar Potência do eixo Produtos de combustão Radiador Ventilador Utilizando a definição de eficiência térmica, Equação 5.1, resulta Ar atmosférico Fluído arrefecedor FIGURA 5.5 Esboço para o Exemplo 5.1. termodinamica 05.indd 206 12/11/14 16:04 207 A Segunda Lei da Termodinâmica O segundo ciclo, que não fomos capazes de completar, era aquele que envolvia a impossibilidade da transferência de calor diretamente de um corpo a baixa temperatura para um corpo a alta temperatura. Isso pode ser evidentemente alcançado com um refrigerador ou uma bomba de calor. O ciclo de refrigeração por compressão de vapor, introduzido no Capítulo 1 e mostrado na Figura 1.3, pode também ser visto na Figura 5.6. O fluido de trabalho é um refrigerante, tal como o R-134a ou a amônia, que percorre um ciclo termodinâmico. Transfere-se calor para o refrigerante no evaporador, em que a pressão e a temperatura são baixas. O refrigerante recebe trabalho no compressor e transfere calor no condensador, onde a pressão e a temperatura são altas. A queda de pressão é provocada no fluido quando este escoa através da válvula de expansão ou do tubo capilar. β= = QL(energia pretendida) = W(energia gasta) QL 1 = QH − QL QH /Q L − 1 (5.2) Um refrigerador doméstico pode ter um COP de cerca de 2,5 enquanto o de um freezer estará próximo de 1,0. Manter espaços em baixa ou alta temperatura resultará em baixos valores do COP, como poderá ser visto na Seção 5.6. Para bombas de calor operando em intervalos de temperatura moderados, o valor dos seus coeficientes de desempenho, poderá ser de cerca de 4, tendo este valor decrescendo rapidamente à medida que o intervalo de operação da bomba de calor tornar-se mais amplo. Fronteira do sistema QH Condensador Válvula de expansão ou tubo capilar Evaporador Trabalho QL Figura 5.6 Ciclo de refrigeração elementar. Assim, o refrigerador ou a bomba de calor é um dispositivo que opera segundo um ciclo e que necessita de trabalho para que se obtenha a transferência de calor de um corpo a baixa temperatura para outro a alta temperatura. A eficiência de um refrigerador é expressa em termos do coeficiente de desempenho (COP), que é designado pelo símbolo β. No caso de um refrigerador, o objetivo (ou seja, a energia pretendida) é QL, o calor transferido do espaço refrigerado, e a energia gasta é o trabalho, W. Assim, o coeficiente de desempenho, β2, é: 2 Deve-se notar que um refrigerador, ou uma bomba de calor, pode ser utilizado com um destes objetivos: retirar QL , o termodinamica 05.indd 207 calor transferido do espaço refrigerado para o fluido refrigerante (tradicionalmente denominado refrigerador); fornecer QH, o calor transferido do fluido refrigerante ao corpo a alta temperatura, que é o espaço a ser aquecido (tradicionalmente denominado bomba de calor). O calor QL, nesse último caso, é transferido ao fluido refrigerante pelo solo, ar atmosférico ou pela água de poço. O coeficiente de desempenho neste caso, β9, é β ʹ′ = QH (energia pretendida) QH 1 = = QH − QL 1 − QL W (energia gasta) QH Assim, para um ciclo β9 – β = 1 A menos que seja especificado de outra forma, o termo coeficiente de desempenho irá se referir sempre a um refrigerador, conforme definido pela Equação 5.2. 15/10/14 14:55 208 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 5.2 A potência elétrica consumida no acionamento de um refrigerador doméstico é 150 W e o equipamento transfere 400 W para o ambiente. Determine a taxa de calor no espaço refrigerado e o COP do refrigerador 3. Ambiente da cozinha Tamb • QH = 400 W • W = 150 W Ref • QL • W TL Espaço refrigerado • QH FIGURA 5.7 Esboço para o Exemplo 5.2. Solução: Nós vamos admitir que o sistema seja composto pelo refrigerador e que este opera com a porta fechada e em regime permanente. A primeira lei da termodinâmica aplicada ao sistema fornece Q! L = Q! H − W! = 400 − 150 = 250 W Esta é, também, a taxa de transferência de energia da cozinha mais quente para o espaço refrigerado (mais frio) em virtude da transferência de calor e da troca de ar frio por ar aquecido quando abrimos a porta do refrigerador. Utilizando a definição de COP, Equação 5.2, obtemos 250 Q! β refrigerador = !L = = 1,67 W 150 3 Cabe lembrar, ainda, que, na literatura inglesa, o coeficiente de desempenho do ciclo de refrigeração é denominado coefficient of performance, ou simplesmente COP (N.T.). Antes de enunciarmos a segunda lei, devemos introduzir o conceito de reservatório térmico. Reservatório térmico é um corpo que nunca apresenta variação de temperatura, mesmo estando sujeito a transferências de calor. Assim, um reservatório térmico permanece sempre a temperatura constante. O oceano e a atmosfera satisfazem, com boa aproximação, essa definição. Frequentemente, será útil indicar um reservatório a alta temperatura e outro a baixa temperatura. Às vezes, um reservatório do qual se transfere o calor, é chamado fonte e um reservatório para o qual se transfere calor é chamado sorvedouro. termodinamica 05.indd 208 5.2 A SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA Baseados nos temas tratados na seção anterior, podemos agora enunciar a segunda lei da termodinâmica. Existem dois enunciados clássicos da segunda lei, conhecidos como enunciado de Kelvin-Planck e enunciado de Clausius. Enunciado de Kelvin-Planck: é impossível construir um dispositivo que opere em um ciclo termodinâmico e que não produza 15/10/14 14:55 A Segunda Lei da Termodinâmica outros efeitos além do levantamento de um peso e da troca de calor com um único reservatório térmico (veja Figura 5.8). Esse enunciado está vinculado a nossa discussão sobre o motor térmico, e, com efeito, estabelece que é impossível construir um motor térmico que opere segundo um ciclo que receba uma determinada quantidade de calor de um corpo a alta temperatura e produza igual quantidade de trabalho. A única alternativa é que alguma quantidade de calor deve ser transferida do fluido de trabalho a baixa temperatura para um corpo a baixa temperatura. Dessa maneira, um ciclo só pode produzir trabalho se estiverem envolvidos dois níveis de temperatura e o calor for transferido do corpo a alta temperatura para o motor térmico, e também do motor térmico para o corpo a baixa temperatura. Isso significa que é impossível construir um motor térmico que apresente eficiência térmica igual a 100%. Enunciado de Clausius: É impossível construir um dispositivo que opere segundo um ciclo e que não produza outros efeitos, além da transferência de calor de um corpo frio para um corpo quente (veja a Figura 5.9). Esse enunciado está relacionado com o refrigerador ou a bomba de calor e, com efeito, estabelece que é impossível construir um refrigerador que opere sem receber trabalho. Isso também significa que o COP é sempre menor que infinito. Podem ser efetuadas três observações relativas a esses dois enunciados. A primeira é que ambos são enunciados negativos. Naturalmente, é TH QH W Impossível Figura 5.8 Enunciado de Kelvin-Planck. termodinamica 05.indd 209 η térmico = 1 Impossível Conclusão: η térmico < 1 209 TH QH β = ∞ Impossível Conclusão: β < ∞ QL TL Impossível Figura 5.9 Enunciado de Clausius. impossível provar um enunciado negativo. Entretanto, podemos dizer que a segunda lei da termodinâmica (como qualquer outra lei da natureza) se fundamenta na evidência experimental. Todas as experiências já realizadas têm, direta ou indiretamente, confirmada a segunda lei da termodinâmica. A base da segunda lei é, portanto, a evidência experimental. A segunda observação é que esses dois enunciados da segunda lei são equivalentes. Dois enunciados são equivalentes se a verdade de cada um implicar a verdade do outro, ou se a violação de cada um implicar na violação do outro. A demonstração de que a violação do enunciado de Clausius implica a violação do enunciado de Kelvin-Planck pode ser feita do seguinte modo: o dispositivo esquerdo da Figura 5.10 é um refrigerador que não requer trabalho e, portanto, viola o enunciado de Clausius. Façamos com que uma quantidade de calor QL seja transferida do reservatório a baixa temperatura para esse refrigerador e que a mesma quantidade de calor QL seja transferida para o reservatório a alta temperatura. Façamos agora com que uma quantidade de calor QH, que é maior do que Q L seja transferida do reservatório a alta temperatura para o motor térmico e que esse motor rejeite o calor QL, realizando um trabalho W (que é igual a QH – QL). Como não há uma troca líquida de calor com o reservatório a baixa temperatura, esse reservatório, o motor térmico e o refrigerador podem constituir um conjunto. Esse conjunto, então, pode ser considerado como um dispositivo que opera segundo um ciclo e não produz outro efeito além do levantamento de um peso (trabalho) e a troca de calor com 15/10/14 14:55 210 Fundamentos da Termodinâmica um único reservatório térmico. Assim, a violação do enunciado de Clausius implica a violação do enunciado de Kelvin-Planck. A completa equivalência entre esses dois enunciados é estabelecida quando se demonstra que a violação do enunciado de Kelvin-Planck implica a violação do enunciado de Clausius. Isso fica como exercício para o estudante. A terceira observação é que, frequentemente, a segunda lei da termodinâmica tem sido enunciada como a impossibilidade da construção de um moto-perpétuo de segunda espécie. Um moto-perpétuo de primeira espécie criaria trabalho do nada ou criaria massa e energia, violando, portanto, a primeira lei. Um moto-perpétuo de segunda espécie receberia uma quantidade de calor de um reservatório térmico e, então, converteria essa quantidade de calor totalmente em trabalho violando, assim, a segunda lei, e um moto-perpétuo de terceira espécie não teria atrito e, assim, operaria indefinidamente, porém não produziria trabalho. Um motor térmico, que viola a segunda lei da termodinâmica, pode ser transformado em um moto-perpétuo de segunda espécie da seguinte maneira. Consideremos a Figura 5.11, que poderia ser a instalação propulsora de um navio. Uma quantidade de calor QL é transferida do oceano para um corpo de alta temperatura, por meio de uma bomba de calor. O trabalho necessário é W9 e o calor transferido ao corpo de alta temperatura é QH. Façamos, então, uma transferência da mesma quantidade de calor ao motor térmico, que viola o enunciado de Kelvin-Planck da segunda lei e que Reservatório a alta temperatura QL produz um trabalho W = QH. Desse trabalho, uma parcela igual a QH – QL é necessária para acionar a bomba de calor, sobrando o trabalho líquido (Wlíq = QL) disponível para movimentar o navio. Dessa maneira, temos um moto-perpétuo, no sentido de que o trabalho é realizado, utilizando fontes de energia livremente disponíveis, tais como o oceano e a atmosfera. QUESTÕES CONCEITUAIS a. Eletrodomésticos (TV, aparelho de som) utilizam energia elétrica. Para onde vai a potência recebida? Os eletrodomésticos são máquinas térmicas? O que a segunda lei fala sobre esses equipamentos? b. Água ou vapor geotérmicos aquecidos podem ser utilizados para gerar energia elétrica. Isso viola a segunda lei da termodinâmica? c. Uma turbina eólica produz potência mecânica (eixo de saída da turbina) a partir da energia cinética dos ventos. Esse equipamento é um motor térmico? Ele é um moto-perpétuo? Explique. d. Motores térmicos e refrigeradores, motores térmicos e bombas de calor (refrigeradores) são dispositivos de conversão de energia, transformando quantidades de energia entre Q e W. Qual direção de conversão (Q → W ou W → Q) é limitada e qual não tem limites, de acordo com a segunda lei? Fronteira do sistema Fronteira do sistema QH Reservatório a alta temperatura QH W=0 W = QH – Q L QL QL Reservatório a baixa temperatura Figura 5.10 Demonstração da equivalência entre os dois enunciados da segunda lei. termodinamica 05.indd 210 QH W = QH Wlíq = W – W = QL Bomba de calor QL W = QH – QL Oceano Figura 5.11 Moto-perpétuo de segunda espécie. 15/10/14 14:55 A Segunda Lei da Termodinâmica 5.3 O PROCESSO REVERSÍVEL – Trabalho A pergunta que logicamente ocorre agora é: se é impossível obter um motor térmico com eficiência de 100%, qual é a máxima eficiência que pode ser obtida? O primeiro passo para responder a essa pergunta é definir um processo ideal, que é chamado processo reversível. Um processo reversível, para um sistema, é definido como aquele que, tendo ocorrido, pode ser invertido e depois de realizada essa inversão, não se notará nenhum vestígio no sistema e nas vizinhanças. 211 Gás Processo inicial Processo inverso –Q Figura 5.12 Exemplo de processo irreversível. Ilustremos o significado dessa definição analisando o comportamento do gás contido no conjunto cilindro-pistão mostrado na Figura 5.12. Consideremos o gás como sistema. Inicialmente, a pressão no gás é alta e o pistão está imobilizado por um pino. Quando o pino é removido, o pistão sobe e se choca contra os limiGás tadores. Algum trabalho é realizado pelo sistema, pois o pistão foi levantado. Admita que desejemos restabelecer o es- Figura 5.13 tado inicial no sistema. Uma maneira de Exemplo de um processo que se aproxima do reversível. fazer isso seria exercer uma força sobre expanda e realize um trabalho correspondente ao o pistão, comprimindo o gás até que o pino possa levantamento dos pesos que ainda permanecem ser recolocado. Como a pressão exercida sobre a sobre o êmbolo. À medida que o tamanho dos peface do pistão é maior no curso de volta do que sos é reduzido, e, portanto, aumentado o seu núno curso inicial de expansão, o trabalho realizado mero, aproximamo-nos de um processo que pode sobre o gás no processo de volta é maior que o ser invertido (pois, em cada nível do êmbolo, no realizado pelo gás no processo inicial. Uma deterprocesso inverso, haverá um pequeno peso que minada quantidade de calor deve ser transferida está exatamente no nível da plataforma e, assim, do gás durante o curso de volta, para que o sistepode ser colocado sobre a plataforma sem consuma tenha a mesma energia interna do estado inimo de trabalho). No limite, como os pesos se torcial. Assim, o sistema retorna ao seu estado inicial, nam muito pequenos, o processo inverso pode ser porém as vizinhanças mudaram pelo fato de ter realizado de tal maneira que tanto o sistema como sido necessário fornecer trabalho ao sistema, para as vizinhanças retornam exatamente ao mesmo fazer descer o êmbolo e transferir calor para as estado em que estavam inicialmente. Assim, esse vizinhanças. Assim, o processo inicial é irreversíprocesso é reversível. vel, pois não pode ser invertido sem provocar uma mudança nas vizinhanças. Consideremos o gás contido no cilindro mostrado na Figura 5.13 como o sistema, e admitamos que o êmbolo seja carregado com vários pesos. Retiremos os pesos, um de cada vez, fazendo-os deslizar horizontalmente e permitindo que o gás termodinamica 05.indd 211 15/10/14 14:55 212 Fundamentos da Termodinâmica 5.4 FATORES QUE TORNAM UM PROCESSO IRREVERSÍVEL ça nas vizinhanças, as vizinhanças não retornam ao seu estado inicial. Assim, temos que a expansão não resistida é um processo irreversível. O processo descrito na Figura 5.12 também é um exemplo de expansão não resistida. Há muitos fatores que causam irreversibilidade nos processos, quatro dos quais serão abordados detalhadamente nesta seção. Na expansão reversível de um gás, a diferença entre a força exercida pelo gás e a força resistiva é infinitesimal. Desse modo, a velocidade com que a fronteira se move também será infinitesimal. De acordo com a nossa definição anterior, esse processo é quase estático. Entretanto, os casos reais envolvem diferenças finitas de forças, que provocam velocidades finitas de movimento da fronteira e, portanto, são, em determinado grau, irreversíveis. Atrito É evidente que o atrito torna um processo irreversível, porém uma breve ilustração pode esclarecer alguns pontos. Considere um bloco e um plano inclinado com sistema (Figura 5.14) e façamos com que o bloco seja puxado para cima, no plano inclinado, pelos pesos que descem. Uma determinada quantidade de trabalho é necessária para realizar esse processo. Parte desse trabalho é necessária para vencer o atrito entre o bloco e o plano, e outra parte é necessária para aumentar a energia potencial do bloco. O bloco pode ser recolocado na sua posição inicial pela remoção de alguns pesos, podendo assim deslizar no plano inclinado. Sem dúvida, é necessário que haja alguma transferência de calor do sistema para as vizinhanças, para que o bloco retorne à sua temperatura inicial. Como as vizinhanças não retornam ao seu estado inicial ao final do processo inverso, concluímos que o atrito tornou o processo irreversível. Outros efeitos provocados pela presença do atrito são aqueles associados aos escoa­ mentos de fluidos viscosos em tubos e canais e com os movimentos dos corpos em fluidos viscosos. Expansão Não Resistida O exemplo clássico de expansão não resistida é mostrado na Figura 5.15, na qual um gás está separado do vácuo por uma membrana. Consideremos o processo que ocorre quando a membrana se rompe e o gás ocupa todo o recipiente. Pode-se demonstrar que esse pro­cesso é irreversível, considerando o processo que seria necessário para recolocar o sistema no seu estado original. Esse processo envolve a compressão e a transferência de calor do gás, até atingir o estado inicial. Como trabalho e transferência de calor implicam uma mudan- termodinamica 05.indd 212 Transferência de Calor com Diferença Finita de Temperatura Considerar como sistema um corpo a alta temperatura e outro a baixa temperatura, e deixar que ocorra uma transferência de calor do corpo a alta temperatura para o de baixa temperatura. A única maneira pela qual o sistema pode retornar ao seu estado inicial é providenciando um refrigerador, que requer trabalho das vizinhanças, e também –Q (a) (b) (c) Figura 5.14 Demonstração do fato de que o atrito torna um processo irreversível. Fronteira do sistema Gás –W Gás Vácuo –Q Estado inicial Processo inverso Figura 5.15 Demonstração do fato de que a expansão não resistida torna os processos irreversíveis. 15/10/14 14:55 A Segunda Lei da Termodinâmica será necessária uma determinada transferência de calor para as vizinhanças. Como as vizinhanças não retornam ao seu estado original, temos que o processo é irreversível. Surge agora uma questão interessante. O calor é definido como a energia que é transferida em decorrência de uma diferença de temperatura. Acabamos de demonstrar que essa transferência é um processo irreversível. Portanto, como podemos ter um processo de transferência de calor reversível? Um processo de transferência de calor se aproxima de um processo reversível quando a diferença entre as temperaturas dos dois corpos tende a zero. Portanto, definimos um processo de transferência de calor reversível como aquele em que o calor é transferido por meio de uma diferença infinitesimal de temperatura. Percebemos, naturalmente, que para transferir uma quantidade finita de calor por meio de uma diferença infinitesimal de temperatura, necessitamos de um tempo infinito ou de uma área infinita. Portanto, todos os processos reais de transferência de calor ocorrem por meio de uma diferença finita de temperatura e, consequentemente, são irreversíveis; e quanto maior a diferença de temperatura maior será a irreversibilidade. Verificamos, entretanto, que o conceito de transferência de calor reversível é muito útil na descrição dos processos ideais. Mistura de Duas Substâncias Diferentes Esse processo está ilustrado na Figura 5.16, na qual dois gases diferentes estão separados por uma membrana. Admitamos que a membrana se rompa e que uma mistura homogênea de oxigênio e nitrogênio ocupe todo o volume. Esse processo será considerado com mais detalhamento O2 Figura 5.16 N2 O2 + N2 Demonstração de que a mistura de duas substâncias diferentes é um processo irreversível. termodinamica 05.indd 213 213 no Capítulo 11. Podemos dizer que esse processo pode ser considerado como um caso especial de expansão não resistida, pois cada gás sofre uma expansão não resistida ao ocupar todo o volume. É necessária uma determinada quantidade de trabalho para separar esses gases. Observe que uma instalação de separação de ar requer trabalho para que se volte a obter as massas puras de oxigênio e nitrogênio. A mistura da mesma substância em dois diferentes estados também é um processo irreversível. Considere a mistura de água quente e fria para produzir água morna. O processo pode ser revertido, mas isso requer o consumo de trabalho em uma bomba de calor para aquecer uma parte da água e esfriar a outra. Outros Fatores Existem outros fatores que tornam os processos irreversíveis, mas não serão considerados detalhadamente aqui. Efeitos de histerese e a perda RI 2, encontrados em circuitos elétricos, são fatores que tornam os processos irreversíveis. Um processo de combustão, como normalmente ocorre, também é um processo irreversível. É frequentemente vantajoso fazer a distinção entre a irreversibilidade interna e a externa. A Figura 5.17 mostra dois sistemas idênticos, para os quais se transfere o calor. Admitindo que cada sistema seja constituído por uma substância pura, a temperatura se mantém constante durante o processo de transferência de calor. Em um deles, o calor é transferido de um reservatório à temperatura T + dT e, no outro, o reservatório está a uma temperatura T + ∆T, que é muito maior que a do sistema. O primeiro é um processo reversível de transferência de calor e o segundo é um processo irreversível de transferência de calor. Entretanto, quando se considera somente o sistema, ele passa exatamente pelos mesmos estados nos dois processos. Assim, podemos dizer que o processo é internamente reversível no segundo caso, porém é externamente irreversível porque a irreversibilidade ocorre fora do sistema. Deve-se observar, também, a inter-relação geral existente entre reversibilidade, equilíbrio e tempo. Em um processo reversível, o afastamento do equilíbrio é infinitesimal e, portanto, ocorre 15/10/14 14:55 214 Fundamentos da Termodinâmica com velocidade infinitesimal. Os processos reais ocorrem com velocidade finita, portanto, o afastamento do equilíbrio deve ser finito. Assim, os processos reais são irreversíveis em determinado grau. Quanto maior o afastamento do equilíbrio, maior é a irreversibilidade e mais rapidamente ocorre o processo. Deve-se, também, observar que o processo quase estático, que foi descrito no Capítulo 1, é um processo reversível, e daqui por diante será usado o termo processo reversível. QUESTÕES CONCEITUAIS e. Quando cubos de gelo são colocados em um banho de água líquida em contato com o ar ambiente, haverá um momento em que se fundirão e a temperatura de todo o banho se aproximará da temperatura ambiente. Esse é um processo reversível? Por quê? f. Há alguma relação entre a intensidade da irreversibilidade e a velocidade com que o calor é transferido? Dica: relembre, do Ca· pítulo 3, que Q = CADT. g. Se o hidrogênio for gerado a partir de, por exemplo, energia solar, o que será mais eficiente: (1) transportá-lo e depois queimá-lo em um motor; ou (2) converter a energia solar em eletricidade e depois transportá-la? O que você precisa saber para dar uma resposta definitiva? Temperatura = T Vapor Vapor Líquido Líquido Q Q T + dT T + ∆T Figura 5.17 Ilustração da diferença entre processos interna e externamente reversíveis. termodinamica 05.indd 214 5.5 O CICLO DE CARNOT Ao definir o processo reversível e considerar alguns fatores que tornam os processos irreversíveis, apresentamos novamente a questão levantada na Seção 5.3. Se o rendimento térmico de todo motor térmico é inferior a 100%, qual é o ciclo de maior rendimento que podemos ter? Vamos responder esta questão para um motor térmico que recebe calor de um reservatório térmico a alta temperatura e rejeita calor para um a baixa temperatura. Observe que as temperaturas dos reservatórios térmicos são constantes e independem das quantidades de calor transferidas. Admitamos que esse motor térmico, que opera entre os dois dados reservatórios térmicos, funcione segundo um ciclo no qual todos os processos são reversíveis. Se cada processo é reversível, o ciclo é também reversível e, se o ciclo for invertido, o motor térmico se transforma em um refrigerador. Na próxima seção, mostraremos que esse é o ciclo mais eficiente que pode operar entre dois reservatórios térmicos. Esse ciclo é conhecido como ciclo de Carnot, em homenagem ao engenheiro francês Nicolas Leonard Sadi Carnot (1796-1832) que estabeleceu as bases da segunda lei da termodinâmica, em 1824. Voltemos nossa atenção para uma consideração sobre o ciclo de Carnot. A Figura 5.18 mostra uma instalação motora semelhante a uma instalação simples a vapor d’água. Nós vamos admitir que a instalação opere segundo um ciclo de Carnot e que o fluido de trabalho seja uma substância pura, tal como a água. O calor é transferido do reservatório térmico a alta temperatura para a água (vapor) no gerador de vapor. Para que esse processo seja uma transferência de calor reversível, a temperatura da água (vapor) deve ser apenas infinitesimalmente menor que a temperatura do reservatório. Isso também significa que a temperatura da água deve se manter constante, pois a temperatura do reservatório permanece constante. Portanto, o primeiro processo do ciclo de Carnot é um processo isotérmico reversível, no qual o calor é transferido do reservatório a alta temperatura para o fluido de trabalho. A mudança de fase, de líquido para vapor, em uma substância pura e a pressão constante, é naturalmente um processo isotérmico. 15/10/14 14:56 A Segunda Lei da Termodinâmica que as bombas operam apenas com a substância na fase líquida). Reservatório a alta temperatura QH QH Gerador de vapor (condensador) W Bomba (turbina) Turbina (bomba) W Condensador (evaporador) QL QL Reservatório a baixa temperatura Figura 5.18 Exemplo de um motor que opera segundo um ciclo de Carnot. O processo seguinte ocorre na turbina. Esse processo ocorre sem transferência de calor e é, portanto, adiabático. Como todos os processos do ciclo de Carnot são reversíveis, esse deve ser um processo adiabático reversível, durante o qual a temperatura do fluido de trabalho diminui, desde a temperatura do reservatório a alta temperatura até a do reservatório a baixa temperatura. No processo seguinte, o calor é rejeitado do fluido de trabalho para o reservatório a baixa temperatura. Esse processo deve ser isotérmico e reversível, no qual a temperatura do fluido de trabalho é infinitesimalmente maior que a do reservatório a baixa temperatura. Durante esse processo isotérmico, parte do vapor d’água é condensado. Como o ciclo motor térmico de Carnot é reversível, cada processo pode ser invertido e, nesse caso, se transforma em um refrigerador. O refrigerador é mostrado pelas linhas tracejadas e pelos parênteses, na Figura 5.18. A temperatura do fluido de trabalho no evaporador deve ser infinitesimalmente menor que a temperatura do reservatório a baixa temperatura e, no condensador, é infinitesimalmente maior que a do reservatório a alta temperatura. Deve-se salientar que o ciclo de Carnot pode ser realizado de várias maneiras diferentes. Podem ser utilizadas várias substâncias de trabalho, tais como um gás ou uma substância que pode mudar de fase, como descrito no Capítulo 1. Existem também vários arranjos possíveis para as máquinas. Por exemplo, pode-se imaginar um ciclo de Carnot que ocorra totalmente no interior de um cilindro e utilizando um gás como a substância de trabalho (Figura 5.19). Um ponto importante, que deve ser observado, é que o ciclo de Carnot, independentemente da substância de trabalho, tem sempre os mesmos quatro processos básicos. São eles: 1. Um processo isotérmico reversível, no qual o calor é transferido para (ou do) reservatório a alta temperatura. 2. Um processo adiabático reversível, no qual a temperatura do fluido de trabalho diminui desde a do reservatório a alta temperatura até a do outro reservatório. 3. Um processo isotérmico reversível, no qual o calor é transferido para o (ou do) reservatório a baixa temperatura. O processo final, que completa o ciclo, é um processo adiabático reversível, no qual a temperatura do fluido de trabalho aumenta desde a temperatura do reservatório a baixa temperatura até a temperatura do outro reservatório. Se esse processo fosse efetuado com água (vapor), encontraríamos uma compressão de uma QL QH mistura de líquido com vapor efluente 1 1–2 2 2–3 3 3–4 4 4–1 do condensador (na prática, isso seria Expansão Compressão Compressão Expansão muito inconveniente e, portanto, em adiabática isotérmica adiabática isotérmica todas as instalações motoras reais, o fluido de trabalho é condensado com- Figura 5.19 pletamente no condensador. Lembre Exemplo de um ciclo de Carnot baseado em um sistema gasoso. termodinamica 05.indd 215 215 1 15/10/14 14:56 216 Fundamentos da Termodinâmica 4. Um processo adiabático reversível, no qual a temperatura do fluido de trabalho aumenta desde a do reservatório de baixa temperatura até a do outro reservatório. 5.6 DOIS TEOREMAS RELATIVOS AO RENDIMENTO TÉRMICO DO CICLO DE CARNOT Existem dois teoremas importantes relativos ao rendimento térmico do ciclo de Carnot. Entretanto, se consideramos os dois motores e o reservatório a alta temperatura como o sistema, conforme indicado na Figura 5.20, teremos um sistema operando segundo um ciclo, que se comunica com um único reservatório e produz uma determinada quantidade de trabalho. Porém, isso constitui uma violação da segunda lei da termodinâmica e concluímos que a nossa hipótese inicial (que o motor irreversível é mais eficiente que o motor reversível) é incorreta. Assim, não podemos ter um motor irreversível que apresente rendimento térmico maior do que aquele de um motor reversível que opere entre os mesmos reservatórios térmicos. Primeiro Teorema É impossível construir um motor que opere entre dois reservatórios térmicos dados e que seja mais eficiente que um motor reversível operando entre os mesmos dois reservatórios. Teorema I: ηqualquer ≤ ηrev Admitamos que exista um motor irreversível operando entre dois reservatórios térmicos e que tenha um rendimento térmico maior que um motor reversível operando entre os mesmos dois reservatórios. Seja QH o calor transferido ao motor irreversível, Q9L o calor rejeitado e WIR o trabalho (igual a QH – Q9L) conforme mostrado na Figura 5.20. Admitamos que o motor reversível opere como um refrigerador (isto é possível, pois ele é reversível). Finalmente, seja QL o calor transferido no reservatório a baixa temperatura, QH o calor transferido no reservatório de alta temperatura e WR o trabaWlíq = QL – QL' lho necessário (igual a QH – QL). termodinamica 05.indd 216 Todos os motores que operam segundo o ciclo de Carnot e entre dois reservatórios térmicos apresentam o mesmo rendimento térmico. Teorema II: ηrev 1 ≤ ηrev 2 A demonstração desse enunciado envolve um exercício mental. Faz-se uma hipótese inicial, e então se demonstra que essa hipótese conduz a conclusões impossíveis. A única conclusão possível é que a hipótese inicial era incorreta. Como a hipótese inicial era a de que o motor irreversível é mais eficiente do que o reversível, segue-se que Q9L < QL e WIR > WR (pois QH é o mesmo para os dois ciclos motores). Desse modo, o motor irreversível pode movimentar o motor reversível e ainda produzir o trabalho líquido Wlíq (igual a WIR – WR = QL – Q9L). Segundo Teorema A demonstração desse teorema é similar à esboçada anteriormente e envolve a hipótese de que existe um ciclo de Carnot que é mais eficiente que outro ciclo de Carnot operando entre os mesmos reservatórios térmicos. Façamos com que o ciclo de Carnot com a eficiência maior substitua o ciclo irreversível da demonstração anterior, e o ciclo de Carnot com eficiência menor opere como o refrigerador. A demonstração segue a mesma linha de raciocínio do primeiro teorema. Os detalhes ficam como exercício para o estudante. Fronteira do sistema Reservatório a alta temperatura QH WIR = QH – QL' Motor irreversível WR = QH – QL QL' QH Motor reversível QL Reservatório a baixa temperatura Figura 5.20 Demonstração de que o ciclo de Carnot, operando entre dois reservatórios térmicos, é o que apresenta maior rendimento térmico. 15/10/14 14:56 A Segunda Lei da Termodinâmica 217 5.7 A ESCALA TERMODINÂMICA DE TEMPERATURA 5.8 A ESCALA DE TEMPERATURA DE GÁS IDEAL Na discussão sobre temperatura, no Capítulo 1, foi observado que a lei zero da termodinâmica estabelece uma base para a medida de temperatura, mas que a escala de temperatura deve ser definida em função de uma determinada substância e de um dispositivo termométrico. Seria desejável termos uma escala de temperatura que fosse independente de qualquer substância particular, a qual poderia ser chamada escala absoluta de temperatura. Na última seção verificamos que a eficiência de um ciclo de Carnot é independente da substância de trabalho e depende somente das temperaturas dos reservatórios térmicos. Esse fato estabelece a base para essa escala absoluta de temperatura, que chamaremos escala termodinâmica. Como o rendimento térmico do ciclo de Carnot é função somente da temperatura, podemos escrever Nesta seção, consideraremos detalhadamente a escala de temperatura de gás ideal apresentada na Seção 2.8. Essa escala é baseada no seguinte fato: à medida que a pressão de um gás tende a zero, a sua equação de estado tende à equação de estado do gás ideal, ou seja: ηtérmico Q = 1 − L = 1 − ψ (TL ,TH ) QH (5.3) onde ψ designa uma relação funcional. Existem diversas relações funcionais que poderiam ser escolhidas e que satisfazem a relação expressa pela Equação 5.3. Por simplicidade, a escala termodinâmica de temperatura é definida como QH TH = QL TL (5.4) Substituindo esta definição na Equação 5.3, o rendimento térmico de um ciclo de Carnot pode ser expresso em função das temperaturas absolutas. ηtérmico = 1 − QL T =1− L QH TH Pv = RT Será mostrado que a temperatura de gás ideal satisfaz a definição de temperatura termodinâmica apresentada anteriormente por meio da Equação 5.4. Mas, em primeiro lugar, vejamos como um gás ideal pode ser usado para medir a temperatura em um termômetro a gás de volume constante. Um esquema desse termômetro é mostrado na Figura 5.21. O bulbo de gás é colocado no local em que a temperatura deve ser medida e, então, a coluna de mercúrio é ajustada de maneira que o nível de mercúrio fique na marca de referência A. Assim, o volume do gás permanece constante. Admite-se que o gás no tubo capilar esteja à mesma temperatura do gás no bulbo. Então, a pressão do gás, correspondente à altura L da coluna de mercúrio, é uma indicação da temperatura. Como referencial de temperatura, pode-se utilizar a temperatura do ponto triplo da água (273,16 K). Desse modo, mede-se a pressão que B L Tubo capilar Bulbo de gás (5.5) Note que a Equação 5.4 nos fornece uma relação entre temperaturas absolutas, porém não nos informa sobre a grandeza do grau, nem sobre uma temperatura de referência. Na próxima seção, discutiremos a escala de temperatura de gás ideal apresentada na Seção 2.8 e mostraremos que tal escala satisfaz a relação definida pela Equação 5.4. A g Colunas de mercúrio Figura 5.21 Esquema de um termômetro a gás de volume constante. termodinamica 05.indd 217 15/10/14 14:56 218 Fundamentos da Termodinâmica está associada à temperatura desse ponto e designa-se essa pressão por Pp.t.. Então, utilizando-se a definição de gás ideal, qualquer outra temperatura T pode ser determinada a partir da medida da pressão P por meio da relação ⎛ P ⎞ T = 273,16 ⎜ ⎟ ⎝ Pp.t. ⎠ Do ponto de vista prático, temos o problema de que nenhum gás se comporta exatamente como um gás ideal. Entretanto, sabemos que o comportamento de todos os gases tende ao do gás ideal quando a pressão tende a zero. Admitamos, então, que uma série de medidas da temperatura do ponto triplo da água sejam realizadas com quantidades diferentes de gás no bulbo. Isso significa que a pressão medida nesse ponto, e também a pressão medida em qualquer outra temperatura, variará. Se a temperatura indicada Ti (obtida com a hipótese de que o gás se comporta como um gás ideal) for representada graficamente em função da pressão do gás, obtém-se uma curva como a mostrada na Figura 5.23. Quando essa curva é extrapolada até a pressão nula, obtém-se a temperatura de gás ideal correta. Se utilizarmos gases diversos, poderemos obter curvas diferentes, porém todas indicam a mesma temperatura na pressão nula. Esboçamos apenas os aspectos e os princípios gerais para a medida de temperatura na escala de temperatura de gás ideal. Os trabalhos de precisão nesse campo são difíceis e laboriosos e existem poucos laboratórios no mundo em que esse trabalho de precisão é executado. A Escala Prática Internacional de Temperatura, que foi mencionada no Capítulo 1, se aproxima muito da escala termodinâmica de temperatura. Além dis- EXEMPLO 5.3 Em um termômetro de gás ideal de volume constante, no ponto de congelamento (veja Seção 1.11) da água, ou seja, 0 °C, a pressão medida é de 110,9 kPa e, no ponto de ebulição (100 °C) é de 151,5 kPa. Por meio de uma extrapolação, estime para qual temperatura, em °C, a pressão iguala-se a zero. Análise: Pela equação de estado do gás ideal PV = mRT para massa e volume constantes, a pressão varia linearmente com a temperatura, como mostrado na Figura 5.22. P 151,5 110,9 P = CT, em que T é a temperatura absoluta do gás ideal. 0 ? 0 °C 100 °C T FIGURA 5.22 Gráfico para o Exemplo 5.3. Solução: Inclinação da reta a partir dos dados DP 151,5 − 110,9 = = 0,406 kPa/°C DT 100 − 0 Este resultado estabelece a relação entre temperatura absoluta de gás ideal em Kelvin e a escala de temperatura Celsius 4. Extrapolando do ponto 0 °C para P = 0 T =0− termodinamica 05.indd 218 110,9 kPa = 273,15 °C 0,406 kPa/°C 4 Que é compatível com a definição atual das escalas Kelvin e Celsius. 15/10/14 14:56 219 Temperatura indicada, Ti A Segunda Lei da Termodinâmica 0 Gás A Combinando as quatro equações anteriores, obtemos para cada um dos quatro processos δ q = Cv0dT + Gás B Pressão no ponto triplo, Pp.t. Figura 5.23 Esboço que mostra como se determina a temperatura de gás ideal. so, é muito mais cômodo trabalhar com essa escala nas medições de temperatura. Agora demonstraremos que a escala de temperatura de gás ideal é, de fato, idêntica à escala de temperatura termodinâmica que foi definida na discussão sobre o ciclo de Carnot e a segunda lei da termodinâmica. Nosso objetivo pode ser alcançado analisando os processos que ocorrem em um motor térmico que opera segundo o ciclo de Carnot e que utiliza um gás ideal como fluido de trabalho. Os quatro processos que compõem um ciclo de Carnot e os estados termodinâmicos 1, 2, 3 e 4 podem ser vistos na Figura 5.24. Por conveniência, consideremos que a massa de gás contida na câmara seja unitária. O trabalho realizado em cada um dos quatro processos, pode ser calculado com a Equação 3.16, ou seja: δw = P dv Agora vamos integrar a Equação 5.6 em cada um dos quatro processos que compõem o ciclo de Carnot. Para o processo isotérmico de adição de calor 1-2, temos q H = 1 q2 = 0 + RTH ln 0= (5.7) ∫ TL TH Cv0 v dT + R ln 3 T v2 (5.8) P 1 2 TH 4 e sua energia interna pode ser calculada com a Equação 3.33 3 du = Cv0 dT termodinamica 05.indd 219 v2 v1 Para o processo 2–3, expansão adiabática, nós dividimos por T, obtendo Pv = RT δq = du + δw (5.6) A forma da curva dos dois processos isotérmicos mostrados na Figura 5.23 é conhecida, uma vez que Pv é constante em cada caso. O processo de adição de calor 1-2 é uma expansão à TH, uma vez que v2 é maior do que v1. De forma análoga, o processo de rejeição de calor 3-4 é uma compressão na menor temperatura, TL, e v4 é menor do que v3. O processo adiabático 2-3 é uma expansão de TH para TL, com aumento do volume específico, enquanto o processo adiabático 4-1 é uma compressão de TL para TH, com redução do volume específico. A área sob a curva que representa cada etapa do processo representa o trabalho realizado pelo sistema naquela etapa, como indicado na Equação 3.17. Como admitimos que o gás contido na câmara seja ideal, temos que o comportamento dele é dado por Admitindo que as variações de energia cinética e potencial sejam desprezíveis, a equação da primeira lei por unidade de massa, Equação 2.7, é: RT dv v TL v Gás ideal Figura 5.24 Ciclo de Carnot que opera com um gás ideal. 15/10/14 14:56 220 Fundamentos da Termodinâmica Para o processo isotérmico de rejeição de calor 3-4 do gás contido na câmara, temos q L = − 3 q4 = −0 − RTL ln = RTL ln v4 = v3 v3 v4 (5.9) Para o processo 4-1, compressão adiabática, dividindo por T, temos 0= ∫ TH TL Cv0 v dT +R ln 1 T v4 (5.10) As primeiras igualdades presentes nas Equações 5.5, 5.12 e 5.13 são baseadas em definições que utilizam conceitos da primeira lei da termodinâmica e, por isso, são sempre verdadeiras. Já as segundas igualdades só são válidas para ciclos reversíveis, ou seja, ciclos de Carnot. Lembrando que qualquer ciclo térmico real (motor, refrigerador ou bomba de calor) é menos eficiente que o ciclo reversível equivalente, temos ηtérmico real = 1 − β real = QL TL ≤ QH − QL TH − TL β ʹ′real = QH TH ≤ QH − QL TH − TL Utilizando as Equações 5.8 e 5.10, obtemos ∫ TH TL v v Cv0 dT = +R ln 3 = −R ln 1 T v2 v4 Portanto: v3 v4 = v2 v1 v3 v2 = v4 v1 ou (5.11) Assim, das Equações 5.7 e 5.9 e substituindo a Equação 5.11, obtemos: v2 qH v1 TH = = v qL TL RTL ln 3 v4 RTH ln que é a Equação 5.4, a definição da escala termodinâmica de temperatura relacionada com a segunda lei. 5.9 MÁQUINAS REAIS E IDEAIS Se utilizarmos a definição da escala de temperatura termodinâmica, estabelecida na Equação 5.4, podemos calcular a eficiência térmica da motor de Carnot com a Equação 5.5. Observe, também, que o coeficiente de desempenho de um ciclo de Carnot que opera como refrigerador, ou bomba de calor, é dado por termodinamica 05.indd 220 β= QL QH − QL β ʹ′ = QH QH − QL = TL TH − TL (5.12) = TH TH − TL (5.13) Carnot Carnot QL T ≤1− L QH TH Deve ser feito um comentário final sobre o significado do zero na escala termodinâmica de temperatura e seu relacionamento com a segunda lei da termodinâmica. Considere um motor térmico de Carnot que recebe uma determinada quantidade de calor de um reservatório térmico a alta temperatura. À medida que diminui a temperatura na qual o calor é rejeitado, o trabalho produzido aumenta e a quantidade de calor rejeitado diminui. No limite, o calor rejeitado é nulo, e a temperatura do reservatório térmico, correspondente a esse limite, é zero (absoluto). Analogamente, no caso de um refrigerador de Carnot, a quantidade de trabalho necessária para produzir uma determinada quantidade de refrigeração aumenta à medida que a temperatura do espaço refrigerado diminui. O zero representa a temperatura limite que pode ser atingida, pois, à medida que a temperatura do ambiente que está sendo refrigerado tende a zero, o trabalho necessário para produzir uma quantidade finita de refrigeração tende a infinito. Nos exemplos e discussões anteriores, consideramos que as transferências de calor nos ciclos de Carnot ocorrem com reservatórios térmicos (em que a temperatura é constante) e utilizamos essas temperaturas para calcular a eficiência dos ciclos. Entretanto, as expressões para as taxas de calor por condução, convecção e radiação apresentadas no Capítulo 3, apresentam a seguinte forma geral 15/10/14 14:56 A Segunda Lei da Termodinâmica 221 EXEMPLO 5.4 Consideremos o motor térmico mostrado esquematicamente na Figura 5.25 que recebe a taxa de calor de 1 MW na temperatura de 550 °C e rejeita energia para a sua vizinhança a 300 K. A potência desse motor térmico, ou seja, a taxa de realização de trabalho, é 450 kW. Calcule o valor da taxa de transferência de calor para o ambiente e determine a eficiência desse motor térmico. Compare esses valores com os relativos a um motor térmico de Carnot, que opera entre os mesmos reservatórios térmicos. TH • QH • W M.T. • QL TL FIGURA 5.25 Esquema de motor térmico para o Exemplo 5.4. Solução: Considere o motor térmico como sistema. Aplicando a primeira lei, temos A potência e a taxa de calor para o ambiente na máquina de Carnot são Q! L = Q! H − W! = 1 000 − 450 = 550 kW W! = ηCarnotQ! H = 0,635 × 1 000 = 635 kW e a definição de eficiência estabelece que 450 W! ηtérmico = ! = = 0,45 QH 1 000 A eficiência do motor térmico de Carnot é determinada pelas temperaturas dos reservatórios térmicos. Assim ηCarnot = 1 − TL 300 =1− = 0,635 TH 550 + 273 Q! = CDT (5.14) em que a constante C depende do modo de transferência de calor, ou seja kA Dx Convecção: C = hA Condução: C = Radiação: C = εσ A (Ts2 + T∞2 ) (Ts + T∞ ) Para situações mais complexas, em que a transferência de calor ocorre em ambientes compostos ou a transferência de calor ocorre por meio de modos combinados, devemos estabelecer uma termodinamica 05.indd 221 Q! L = Q! H − W! = 1 000 − 635 = 365 kW A eficiência do motor térmico real, deste exemplo, é próxima daquela de uma central termoelétrica a vapor moderna, que tem eficiência típica de 45%, mas essa eficiência é menor que a da máquina de Carnot, que opera entre os mesmos reservatórios térmicos. Isto implica que o motor real rejeita uma quantidade de energia para a vizinhança (55%) maior do que o motor de Carnot (36%). nova expressão para o C da Equação 5.14. É importante lembrar que o valor de C depende da geometria, de materiais e de modos de transferências de calor envolvidos na interação do ciclo térmico com sua vizinhança. Observe que é necessário que exista uma diferença de temperatura para que ocorra a transferência de calor. Assim, o fluido de trabalho que percorre o ciclo não pode atingir as temperaturas dos reservatórios e isso só ocorreria se a área de transferência de calor utilizada nos ciclos fosse infinitamente grande. 15/10/14 14:56 222 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 5.5 Uma forma de um aparelho de ar-condicionado operar é como um refrigerador, resfriando uma sala em um dia quente, como ilustrado na Figura 5.26. A carga térmica a ser removida do ambiente é igual a 4 kW para que ele seja mantido a 24 °C. Sabendo que o ambiente externo está a 35 °C, estime a potência necessária para acionar o equipamento. Para que isso ocorra, não analisaremos os processos que ocorrem no refrigerador, o que será realizado no Capítulo 9, mas podemos avaliar um limite inferior para a potência requerida, supondo que o aparelho de ar-condicionado opera segundo um ciclo de Carnot. Ar interior Ar externo TL Evaporador 4 Válvula de expansão · QL Condensador 3 1 · Wc TH · QH Compressor 2 Ar-condicionado operando no modo de refrigeração FIGURA 5.26 Ar-condicionado para o Exemplo 5.5. Solução: O coeficiente de desempenho é TL 273 + 24 Q! Q! β = !L = ! L ! = = = 27 35 − 24 W QH − QL TH − TL Assim, a potência requerida pelo compressor será 4 Q! = 0,15 kW W! = L = β 27 Observe que essa potência foi calculada para um refrigerador de Carnot e, desse modo, é a potência mínima de acionamento de uma máquina de ar-condicionado que opera nas condições do exemplo. No Capítulo 3 analisamos termodinamica 05.indd 222 algumas expressões para as taxas de transferência de calor. Admita que a temperatura no condensador do condicionador seja 45 °C. Essa hipótese é adequada porque o condensador do condicionador de ar deve transferir 4,15 kW para o ambiente externo, que apresenta temperatura igual a 35 °C, através de uma superfície de transferência de calor com tamanho razoável. Como o ambiente é refrigerado, é necessária a vazão de ar a, pelo menos, 18 °C. Recalculado o coeficiente de desempenho utilizando as temperaturas de 45 °C e 18 °C obtemos 10,8, o que é mais realista. Um refrigerador real operaria com coeficiente de desempenho da ordem de 5 ou menos. 15/10/14 14:56 A Segunda Lei da Termodinâmica 5.10 APLICAÇÕES NA ENGENHARIA A segunda lei da termodinâmica foi apresentada na forma como foi desenvolvida, apenas com alguns comentários adicionais e segundo um contexto mais moderno. A sua principal decorrência é a imposição de limites aos processos: alguns processos não podem ocorrer na natureza, mas outros, sim. Ela impõe também restrições aos ciclos termodinâmicos, tais quais os que ocorrem nas máquinas térmicas. Em quase todos os processos de conversão de energia com produção de trabalho (depois, com frequência, convertido em energia elétrica) há algum tipo de motor térmico cíclico envolvido. É o caso, por exemplo, do motor de um automóvel, uma turbina de uma central de potência ou uma turbina eólica. A fonte primária de energia pode ser um reservatório de armazenamento (combustíveis fósseis que podem ser queimados, tais como gasolina ou gás natural) ou algo mais transitório, como a energia cinética dos ventos, cuja existência decorre, em última instância, do aquecimento de ar atmosférico pelo sol. Máquinas que violam a equação da energia, digamos, que geram energia a partir de nada, são chamadas moto-perpétuos de primeira espécie. Já foram feitas muitas tentativas de “demonstração” desse tipo de máquina, tentou-se seduzir muitos investidores para financiar seu desenvolvimento, mas na maioria dos casos havia a introdução 223 externa de algum tipo de energia, algo de difícil observação (algo como um pequeno compressor que fornecia ar, ou algum combustível escondido). Exemplos recentes são a fusão a frio e o desequilíbrio elétrico de fases, processos que podem ser medidos apenas por engenheiros especialistas. Atualmente, se reconhece que esses processos são impossíveis. As máquinas que violam a segunda lei, mas obedecem à equação da energia, são chamadas moto-perpétuos de segunda espécie. Há mais sutilezas nesse caso, e para os não especialistas essas máquinas parecem de fato funcionar. Há muitos exemplos delas 5, e continuam a ser “inventadas”, mesmo atualmente, mas envolvendo processos, muitas vezes, obscurecidos por uma sequência complicada de etapas. Motores Térmicos e Bombas de Calor Reais Em muitos desses sistemas, a transferência de ca­lor acontece usualmente em um trocador de calor no qual o fluido de trabalho, que circula internamente ao equipamento, recebe ou rejeita calor para um segundo fluido. Os motores térmicos estacionários usam frequentemente um sistema externo de queima do combustível (carvão, óleo, gás natural), como no caso de uma termoelétrica, ou recebem calor de um reator nuclear. Existem 5 Enquanto processo virtual. (N.T.) PROCESSOS LIMITADOS PELA EQUAÇÃO DA ENERGIA (Primeira Lei) Possível Movimento em um plano inclinado a partir do repouso Bola pulando Conversão de energia Motor térmico termodinamica 05.indd 223 Impossível mg mg mg tempo tempotempo Q ⇒ W + (1 – h)Q mg mg mg tempo tempotempo h>1 W = hQ e h limitado 15/10/14 14:56 224 Fundamentos da Termodinâmica PROCESSOS LIMITADOS PELA SEGUNDA LEI Possível Impossível Transferência de calor (sem o termo de trabalho) · · Q (de Talta) ⇒ Q (para Tbaixa) · · Q (de Tbaixa) ⇒ Q (para Talta) Vazão mássica sem energia potencial ou cinética Palta ⇒ Pbaixa Pbaixa ⇒ Palta Conversão de energia W ⇒ Q (100%) Q ⇒ W (100%) Conversão de energia Q ⇒ W +(1 – η)Q W = ηQ e η limitado η > ηmáquina térmica reversível Combustível + ar ⇒ produtos de combustão Produtos de combustão ⇒ combustível + ar Reação química de combustão Trocador de calor misturador Misturador quente frio ⇒ morno morno ⇒ quente frio O2 N2 ⇒ Ar Ar ⇒ O2 N2 apenas alguns tipos de motores térmicos não estacionários (ou seja, veiculares) com câmara de combustão externa, particularmente o motor Stirling (veja Capítulo 10), que usa um gás leve como substância de trabalho. Nas bombas de calor e nos refrigeradores, o fluido de trabalho sempre troca calor com substâncias externas ao equipamento. Em relação ao trabalho, ele é recebido na forma de energia elétrica, ou por meio de um eixo em rotação, como no caso do sistema de condicionamento de ar em automóveis. Em todos esses equipamentos, para que ocorra transferência de calor é necessário que haja uma diferença de temperatura, de forma que as taxas de calor podem ser expressas por Q! H = C H DTH e Q! L = C LDTL em que a variável C das equações contém certas particularidades da transferência de calor e a área de interface entre as substância envolvidas. Ou seja, para um motor térmico, a substância de trabalho se move através do ciclo e troca calor nas temperaturas, Talta = TH – ∆TH termodinamica 05.indd 224 e Tbaixa = TL + ∆TL Assim, o salto de temperatura efetivo é, ∆TMT = Talta – Tbaixa = TH – TL – (∆TH + ∆TL) (5.15) Na bomba de calor, o fluido de trabalho tem de estar em uma temperatura maior que a do reservatório quente para o qual vai rejeitar QH. No processo em que retira a taxa de calor QL do reservatório frio, ele deve estar em uma temperatura mais baixa do que a do reservatório. Então temos, Talta = TH + ∆TH e Tbaixa = TL – ∆TL O salto de temperatura efetivo do fluido de trabalho é, então: ∆TBC = Talta – Tbaixa = TH – TL + (∆TH + ∆TL) (5.16) Esse efeito é ilustrado na Figura 5.27 para o motor térmico e a bomba de calor. Observe que, em ambos os casos, a existência da diferença finita de temperatura nos trocadores de calor provoca perda de rendimento. A eficiência máxima possível do motor térmico diminui porque Talta é menor que a do reservatório quente, e Tbaixa é maior que a temperatura do reservatório frio. No caso da 15/10/14 14:56 A Segunda Lei da Termodinâmica Alguns Eventos Marcantes na História da Termodinâmica T TH ∆TH ∆TH ∆TMT TL ∆TBC ∆TL ∆TL Figura 5.27 Salto de temperatura para motores térmicos e bombas de calor. bomba de calor (também de um refrigerador), o coeficiente de desempenho é menor em razão do maior valor de Talta e ao menor valor de Tbaixa. Para motores térmicos em que a conversão de energia ocorre no próprio fluido de trabalho, não há transferência de calor de ou para um reservatório térmico externo. Esse é o caso típico de motores de combustão interna não estacionários (por exemplo, motores veiculares), que não podem ter muitos componentes, algo que elevaria o volume e a massa, algo indesejável. Nesse caso, quando o fluido de trabalho aquece, há perda de calor para o ambiente, com redução da pressão (para certo volume fixado). Isso diminui a capacidade de realização de trabalho sobre qualquer fronteira móvel. Esses processos são mais difíceis de analisar e requerem mais conhecimento para a determinação do efeito líquido sobre a eficiência. Em capítulos posteriores utilizaremos modelos simples para descrever esses ciclos. Um comentário final sobre motores térmicos e bombas de calor é que não existem exemplos práticos que operem exatamente como um ciclo de Carnot. Todas as máquinas térmicas cíclicas reais operam com ciclos um pouco diferentes daquele, e as alterações são determinadas pelo conceito físico empregado, como mostrado nos Capítulos 9 e 10. termodinamica 05.indd 225 225 A forma como se deu o progresso no entendimento das ciências físicas fez com que o desenvolvimento básico da segunda lei ocorresse antes do da primeira lei. Uma grande variedade de pessoas com diferentes formações trabalharam nessa área do conhecimento, entre elas, Carnot e Kelvin dentre outros relacionados na Tabela 5.1, que, junto com avanços na matemática e na física, impulsionaram a Revolução Industrial. Muito desse desenvolvimento ocorreu na segunda metade do século XIX e continuou no início no século XX, com o desenvolvimento da turbina a vapor, do motor a gasolina e a diesel e do refrigerador moderno. Todos essas invenções e desenvolvimentos provocaram um profundo impacto em nossa sociedade. RESUMO A apresentação clássica da segunda lei da termodinâmica parte dos conceitos de motor térmico e refrigerador. Um motor térmico produz trabalho a partir da transferência de calor de um reservatório térmico a alta temperatura e sua operação é limitada pelo enunciado de Kelvin-Planck. Os refrigeradores, que funcionalmente são iguais às bombas de calor, transferem calor de um reservatório a baixa temperatura para outro reservatório a alta temperatura e esse processo não ocorre naturalmente. O enunciado de Clausius estabelece que é necessário trabalho para que ocorra a transferência de calor de um reservatório a baixa temperatura para o reservatório a alta temperatura. Para avaliar o limite desses dispositivos cíclicos, os processos reversíveis foram discutidos e apresentamos os processos opostos, os irreversíveis, e as máquinas impossíveis. O moto-perpétuo de primeira espécie viola a primeira lei da termodinâmica (lei de conservação da energia) e o moto-perpétuo de segunda espécie viola a segunda lei da termodinâmica. As limitações operacionais dos motores térmicos (quantificadas pela eficiência térmica) e dos refrigeradores (quantificadas pelo coeficiente de desempenho) foram analisadas utilizando os ciclos de Carnot como referência. Dois teoremas relativos a dispositivos que operam segundo o ciclo de Carnot, são formas alternativas de expressar 15/10/14 14:56 226 Fundamentos da Termodinâmica Tabela 5.1 Eventos históricos importantes na termodinâmica 1660 Robert Boyle P = C/V a T constante (primeira tentativa de formular lei para os gases) 1687 Isaac Newton Lei de Newton, gravitação, lei do movimento 1712 Thomas Newcomen & Thomas Savery Primeira máquina a vapor usando um conjunto pistão-cilindro 1714 Gabriel Fahrenheit Primeiro termômetro de mercúrio 1738 Daniel Bernoulli Forças hidráulicas, equação de Bernoulli (Capítulo 7) 1742 Anders Celsius Propõe a Escala Celsius 1765 James Watt Máquina a vapor com condensador separado (Capítulo 9) 1787 Jacques A.Charles Relação entre V e T para o gás ideal 1824 Sadi Carnot Conceito de máquina térmica, que sugere a segunda lei 1827 George Ohm Lei de Ohm é formulada 1839 William Grove Primeira célula de combustível (Capítulo 13) 1842 Julius Robert Mayer Conservação de energia 1843 James P. Joule É medida a relação entre calor e trabalho 1848 William Thomson Lorde Kelvin propõe a escala absoluta de temperatura, com base no trabalho realizado por Carnot e Charles 1850 Rudolf Clausius e, depois, William Rankine Primeira lei de conservação da energia. A termodinâmica é uma nova ciência 1865 Rudolf Clausius Em um sistema fechado, a entropia (Capítulo 6) sempre aumenta (segunda lei) 1877 Nikolaus Otto Desenvolve o motor de ciclo Otto (Capítulo 10) 1878 J. Willard Gibbs Equilíbrio heterogêneo, regra das fases 1882 Joseph Fourier Teoria da matemática da transferência de calor 1882 Planta de geração de eletricidade em Nova York (Capítulo 9 ) 1893 Rudolf Diesel Desenvolve o motor de ignição por compressão (Capítulo 10) 1896 Henry Ford Primeiro Ford (quadriciclo) montado em Michigan 1927 General Electric Co. Primeiro refrigerador é comercializado (Capítulo 9) a segunda lei da termodinâmica em vez dos enunciados de Kelvin-Planck e Clausius. Esses teoremas nos levaram à formulação da escala termodinâmica de temperatura, feita por Kelvin, e à obtenção da eficiência do ciclo de Carnot. Nós também mostramos que a escala de temperatura termodinâmica é igual à escala de temperatura de gás ideal introduzida no Capítulo 2. • Entender a definição de rendimento térmico de um ciclo motor. • Entender a definição de coeficiente de desempenho de um refrigerador ou bomba de calor. • Conhecer as diferenças entre temperaturas absolutas e relativas. • Aplicar o limite de rendimento térmico imposto pela segunda lei da termodinâmica na análise de um problema. Após estudar o material deste capítulo, você deve ser capaz de: • Entender os conceitos de motor térmico, refrigerador e bomba de calor. • Verificar se o rendimento térmico de um motor real é razoável. • Ter conceito do que são processos reversíveis. • • Conhecer e irreversíveis. Aplicar o limite de coeficiente de desempenho imposto pela segunda lei da termodinâmica na análise de um problema. • Conhecer o ciclo de Carnot. • Verificar se o coeficiente de desempenho de um refrigerador real, ou de uma bomba de calor real, é razoável. termodinamica 05.indd 226 identificar vários processos 15/10/14 14:56 A Segunda Lei da Termodinâmica 227 CONCEITOS E EQUAÇÕES PRINCIPAIS Motor térmico: WMT = QH − QL ; η MT = WMT Q = 1− L QH QH Bomba de calor: WBC = QH − QL ; β BC = QH QH = WBC QH − QL Refrigerador: WREF = QH − QL ; β REF = QL QL = WREF QH − QL Fatores que tornam um processo irreversível: atrito, expansão não resistida (W = 0), transferência de calor com diferença finita de temperatura, corrente elétrica através de uma resistência, combustão, restrição no escoamento etc. Ciclo de Carnot: 1-2 Adição de calor isotérmica (QH a TH) 2-3 Processo de expansão adiabático (a temperatura cai) 3-4 Rejeição de calor isotérmica (QL a TL ) 4-1 Processo de compressão adiabático (a temperatura aumenta) Teorema I: hreal ≤ hreversível mesmo TH, TL Teorema II: hCarnot = hCarnot 2 mesmo TH, TL Temperatura absoluta: TL Q = L TH QH Motor térmico real: ηMT = WMT T ≤ ηCarnot MT = 1 − L QH TH Bomba de calor real: β BC = QH TH ≤ β Carnot BC = TH − TL WBC Refrigerador real: β REF = Taxas de calor: Q = C T QL TL ≤ β Carnot REF = TH − TL WREF PROBLEMAS CONCEITUAIS 5.1 5.2 Dois motores térmicos operam entre os mesmos reservatórios térmicos e ambos recebem a mesma quantidade de calor QH. Um motor é reversível e o outro, não. Qual é a relação entre os valores de QL dos dois motores? Compare duas bombas de calor domésticas (A e B) que consomem a mesma quanti- termodinamica 05.indd 227 dade de trabalho. Se a bomba A é melhor do que a B, qual delas transfere mais calor para o reservatório de alta temperatura? 5.3 Suponha que esqueçamos o modelo de · transferência de calor Q = CADt. É possível esboçar alguma informação sobre a direção · de Q a partir da segunda lei? 15/10/14 14:56 228 5.4 Fundamentos da Termodinâmica Uma combinação de dois motores térmicos é mostrada na Figura P5.4. Encontre a eficiência térmica global como função das suas eficiências térmicas individuais. TH TL · QH · QL · QM MT1 · W2 5.10 A eficiência das centrais térmicas aumenta com a queda da temperatura do reservatório térmico, em que ocorre a rejeição de calor do ciclo. Por que as centrais não rejeitam calor em reservatórios térmicos a −40 °C? 5.11 A eficiência das centrais térmicas aumenta com a queda da temperatura do reservatório térmico, em que ocorre a rejeição de calor do ciclo. Por que as centrais não rejeitam o calor em evaporadores de refrigeradores, a uma temperatura próxima de −10 °C, em vez de rejeitar no ambiente a 20 °C? 5.12 A temperatura máxima encontrada nos ciclos da potência das centrais elétrica que consomem carvão é próxima de 600 °C, enquanto a temperatura máxima encontrada nas turbinas a gás é 1 400 K. Nós devemos substituir todas as centrais a carvão por turbinas a gás? 5.13 Uma transferência de calor só ocorre quando existe uma diferença de temperatura. Quais são as implicações dessa afirmação sobre o comportamento dos motores térmicos reais? O mesmo ocorre com os refrigeradores? 5.14 Gás de combustão, que pode ser modelado com ar puro, a 1 500 K é utilizado como fonte de calor em um motor térmico em que o gás é resfriado até 750 K. Observe que existe variação de temperatura na fonte de alta temperatura do ciclo. Como essa variação de temperatura afeta a eficiência térmica do motor? Admita que o ambiente no qual esteja localizado o motor esteja a 300 K. FIGURA P5.4 5.5 Compare dois motores térmicos recebendo o mesmo calor Q, um deles de uma fonte a 1 200 K e o outro de uma fonte a 1 800 K, ambos rejeitando para um reservatório térmico a 500 K. Qual deles é melhor? 5.6 Um motor de automóvel é alimentado com ar atmosférico a 20 °C e descarrega o ar no ambiente a –20 °C. O motor não consome combustível e produz certo trabalho. Analise esse motor utilizando a primeira e a segunda lei da termodinâmica. É possível construir esse motor? 5.7 Uma combinação de dois ciclos de refrigeração é mostrada na Figura P5.7. Encontre o coeficiente de desempenho global como função dos coeficientes de desempenho individuais COP1 e COP2. TH · QH REF2 · W2 5.8 Um motor térmico reversível que queima carvão (na prática é impossível construir uma máquina completamente reversível) tem algum outro impacto sobre o planeta, além de reduzir as reservas de carvão? MT2 @ TM · W1 5.9 TL · QM @ TM · QL REF1 · W1 FIGURA P5.7 Você volta para casa, após uma longa viagem, e desliga o motor de seu veículo. O motor é resfriado e assim volta ao mesmo estado em que estava antes de ser acionado. O que aconteceu com toda a energia liberada pela queima do combustível? E com todo o trabalho realizado no percurso? termodinamica 05.indd 228 15/10/14 14:56 A Segunda Lei da Termodinâmica 229 PROBLEMAS PARA ESTUDO Motores Térmicos e Refrigeradores 5.15 Um aparelho de ar-condicionado de janela remove 3,5 kJ do interior de uma residência utilizando 1,75 kJ de trabalho. Quanta energia é liberada no exterior e qual é o seu coeficiente de desempenho? 5.16 O motor de uma segadeira produz 18 HP, usando a potência de 40 kW, transferida do combustível queimado. Encontre a eficiência térmica e a taxa de transferência de calor rejeitada para o ambiente. 5.17 Calcule a eficiência térmica da instalação motora a vapor d´água descrita no Exemplo 4.7. 5.18 Um refrigerador opera em estado estacionário usando 500 W de potência elétrica com um COP de 2,5. Qual é o efeito líquido no ar da cozinha? 5.19 Um quarto é aquecido com um aquecedor elétrico de 1 500 W. Quanta potência elétrica pode ser economizada se uma bomba de calor com COP igual a 2,5 for utilizada para o aquecimento do quarto? 5.20 Calcule o COP do refrigerador que usa R-134a descrito no Exemplo 4.8. 5.21 Calcule a eficiência térmica da central de potência a vapor descrita no Problema 4.118. 5.22 Uma grande central de potência que utiliza carvão como combustível tem eficiência térmica de 45% e produz a potência elétrica de 1 500 MW. O carvão libera 25 000 kJ/kg quando queima. Qual é o consumo horário de carvão? 5.23 • W = 0,5 kW A potência utilizada para acionar um aparelho de ar-condicionado de janela é 0,5 kW e a taxa de transferência de calor rejeitada no ambiente é 1,7 kW. Determine a taxa de transferência de calor no ambiente refrigerado e o COP do refrigerador. termodinamica 05.indd 229 Ambiente frio interior Ambiente quente exterior Compressor 1,7 kW FIGURA P5.23 5.24 Um equipamento industrial é refrigerado utilizando-se a vazão mássica de 0,4 kg/s de água a 15 °C que é obtida pelo resfriamento de água originalmente a 35 °C, pelo uso de uma unidade de refrigeração com COP igual a 3. Encontre a capacidade de refrigeração requerida e a potência requerida pela unidade de refrigeração. 5.25 Calcule o COP da bomba de calor, que utiliza R-410a, descrita no Problema 4.123. 5.26 Um ar-condicionado de janela é ensaiado na bancada de um laboratório. O aparelho foi ajustado no modo de resfriamento e notou-se que a potência de acionamento do aparelho é 750 W e o COP é igual a 1,75. Determine, nestas condições, a capacidade de resfriamento do aparelho. Qual é o efeito global da operação do aparelho sobre o ambiente do laboratório? 5.27 Um fazendeiro deseja utilizar uma bomba de calor, acionada com um motor de 2 kW, para manter a temperatura de um galinheiro igual a 30 °C. A taxa de transferência de calor do galinheiro para o ambiente, 15/10/14 14:56 230 Fundamentos da Termodinâmica que está a uma temperatura Tamb, é igual a 10 kW. Qual é o COP mínimo da bomba de calor para que o sistema de aquecimento opere adequadamente? 5.28 O motor de um carro esportivo disponibiliza a potência de 100 HP no girabrequim com uma eficiência de 25%. O combustível libera, ao ser queimado, 40 MJ/kg. Determine o consumo de combustível nesta condição e a taxa de calor rejeitada para o meio ambiente. 5.29 R-410a entra no evaporador (trocador de calor de baixa temperatura) de uma unidade de ar-condicionado a –20 °C, x = 28%, e o deixa a –20 °C, x = 1. O COP é de 1,5 e a vazão mássica de fluido é 0,003 kg/s. Determine a potência mecânica líquida requerida. 5.30 Em um ciclo Rankine, a potência térmica de 0,9 MW é rejeitada para o meio ambiente, pelo condensador. A turbina desenvolve a potência de 0,63 MW e a bomba requer a potência de 0,03 MW. Encontre a eficiência térmica dessa unidade. Se todos os processos pudessem ser revertidos, determine o COP dessa unidade de refrigeração. 5.31 A potência elétrica gerada em uma central termoelétrica geotérmica é 130 MW. A taxa de transferência de calor da fonte geotérmica para o ciclo da central é 1 200 MW e a central rejeita calor para a atmosfera por meio de uma torre de resfriamento. Determine a taxa de calor para a atmosfera e a vazão mássica de ar na torre, sabendo que a variação de temperatura máxima do ar que escoa na torre é 12 °C. 5.32 5.33 Um resfriador de água potável deve resfriar 25 L/h de água de 18 °C para 10 °C, utilizando uma pequena unidade de refrigeração com COP de 2,5. Determine a taxa de refrigeração e a potência mecânica requeridas. A potência no eixo de um motor diesel estacionário e de grande porte é 5 MW, com eficiência térmica igual a 40%. Os gases de combustão, que podem ser considerados como ar puro, são descarregados do motor a 800 K e o motor aspira ar da atmosfera a 290 K. Determine a vazão mássica de ar, termodinamica 05.indd 230 supondo que este é o único meio de rejeitar calor para o meio ambiente. A energia associada ao escoamento de gases de combustão pode ser utilizada para algum fim? 5.34 Considere um ciclo térmico motor que opera nas condições a seguir. Verifique se, para cada caso, o motor satisfaz a primeira lei da termodinâmica e se viola a segunda. · · · a. QH = 6 kW, QL = 4 kW, W = 2 kW · · · b. QH = 6 kW, QL = 0 kW, W = 6 kW · · · c. QH = 6 kW, QL = 2 kW, W = 5 kW · · · d. QH = 6 kW, QL = 6 kW, W = 0 kW 5.35 Reconsidere as condições operacionais descritas no Problema 5.34. Determine se é possível operar uma bomba de calor com os dados fornecidos. As operações satisfazem a primeira e a segunda lei da termodinâmica? 5.36 Calcule o trabalho necessário para obter 250 g de gelo a partir de água líquida a 10 °C. Admita que seu refrigerador seja acionado por um motor com potência de 750 W e que o ciclo de refrigeração apresenta coeficiente de b = 3,5. Considerando que a única carga térmica é devida à água no congelador do refrigerador, calcule o tempo necessário para completar a operação de resfriamento. Processos e Segunda Lei da Termodinâmica 5.37 Prove que um dispositivo cíclico que não satisfaz o enunciado de Kelvin-Planck da segunda lei da termodinâmica viola, também, o enunciado de Clausius. 5.38 Discuta os fatores que tornariam irreversível o ciclo de potência descrito no Problema 4.118. 5.39 Discuta os fatores que tornariam irreversível o ciclo de bomba de calor descrito no Problema 4.123. 5.40 Considere uma máquina cíclica que troca 6 kW de calor com um reservatório térmico a 250 °C e apresenta as seguintes características operacionais: · · a. QL = 0 kW, W = 6 kW · · b. QL = 6 kW, W = 0 kW 15/10/14 14:56 A Segunda Lei da Termodinâmica · O QL é trocado com o ambiente externo que apresenta temperatura igual a 30 °C. Considere que a máquina cíclica é um motor térmico. O que você pode dizer sobre a operação do motor nas condições operacionais a e b? E se a máquina cíclica for uma bomba de calor? 5.41 A Figura P5.41 mostra um motor térmico acoplado a uma bomba de calor. Admita que TH1 = TH2 > Tamb. Considere cada uma das condições operacionais indicadas a seguir (as taxas de calor e as potências estão expressas em kW) e determine se o arranjo satisfaz a primeira lei. Verifique, também, se o arranjo viola a segunda lei da termodinâmica. TH1 5.45 Um motor térmico que opera segundo um ciclo de Carnot tem uma eficiência de 40%. Se a temperatura mais elevada é aumentada 15%, qual é a nova eficiência, mantendo a temperatura mais baixa inalterada? 5.46 Considere um dia de inverno em que a tempe­ratura do ar é igual a −30 °C e a temperatura da terra em um plano abaixo do nível do solo é 13 °C. Considerando que o ar atmosférico e o solo se comportam como reservatórios térmicos, determine o rendimento térmico de um motor que opera entre esses reservatórios segundo um ciclo de Carnot. 5.47 Considere uma combinação de motor e bomba de calor similar à do Problema 5.41, que opere com a temperatura baixa igual a 400 K. Qual deveria ser a temperatura alta, de forma que o motor fosse reversível? Para essa temperatura, qual é o COP para um bomba de calor reversível? 5.48 Um motor térmico, que opera segundo um ciclo de Carnot, recebe 6 kW de calor de um reservatório térmico a 250 °C, e rejeita calor em um reservatório térmico a 30 °C. Determine a potência do motor e a taxa de calor para o reservatório térmico que apresenta temperatura igual a 30 °C. 5.49 Uma bomba de calor de grande porte receberá uma taxa de calor de 4 MW de um reservatório a 65 °C e rejeitará calor a 145 °C. Qual é a mínima potência mecânica requerida para a operação da bomba de calor? 5.50 É possível atingir uma temperatura próxima de 0,01 K, utilizando-se a técnica de resfriamento magnético. Nesse processo, um forte campo magnético é imposto sobre um sal paramagnético, que é mantido a 1 K, por meio da transferência de calor para o hélio líquido, que está em ebulição a uma pressão muito baixa. O sal é, então, isolado termicamente do hélio e o campo magnético é removido. Assim, a temperatura do sal diminui. Admitindo que 1 mJ de energia seja removido do sal paramagnético à temperatura média de 0,1 K e que, com o objetivo de estabelecer o limite teórico, a refrigeração necessária é produzida por um ciclo de refrigeração de Carnot, deter- TH2 · · QH1 · Wlíq Motor térmico · W 1 · QH2 Bomba de calor · W 2 · QL1 QL2 Tambiente a b c Q̇H1 Q̇L1 Ẇ1 Q̇H2 Q̇L2 Ẇ2 6 6 3 4 4 2 2 2 1 3 5 4 2 4 3 1 1 1 FIGURA P5.41 5.42 Reconsidere os quatro ciclos motores descritos no Problema 5.34. Analise se entre eles existe um moto-perpétuo de primeira ou de segunda espécie. 5.43 Considere o ciclo de refrigeração simples descrito no Problema 5.23 e na Figura 5.6. Quais são os processos que se espera que sejam reversíveis? Ciclo de Carnot e Temperatura Absoluta 5.44 Calcule o rendimento térmico de um motor que opera segundo o ciclo de Carnot e entre reservatórios que apresentam temperaturas iguais a 300 °C e 45 °C. Compare o resultado com o do Exemplo 4.7. termodinamica 05.indd 231 231 15/10/14 14:56 232 Fundamentos da Termodinâmica mine o trabalho fornecido ao refrigerador e o COP desse ciclo de refrigeração. Admita também que a temperatura ambiente seja igual a 300 K. 5.51 5.52 5.53 5.54 5.55 A temperatura mais baixa obtida até hoje é da ordem de 1 × 10−6 K. Para atingir essa temperatura, um estágio adicional é inserido no processo descrito no Problema 5.50. Esse estágio conhecido por resfriamento nuclear e é semelhante ao resfriamento magnético, porém envolve o momento magnético associado com o núcleo, em vez daquele associado com determinados íons no sal paramagnético. Admita que 10 µJ devam ser removidos de uma amostra, à temperatura média de 10−5 K (10 µJ é aproximadamente a quantidade de energia associada com a queda de um alfinete de uma altura igual a 3 mm). Se essa quantidade de refrigeração, à temperatura média de 10−5 K, for produzida por um refrigerador de Carnot, determine o trabalho necessário e o COP do ciclo de refrigeração. Admita também que a temperatura ambiente seja igual a 300 K. uma lista com todas as hipóteses utilizadas na solução deste problema. 5.56 Um refrigerador deve retirar 400 kJ de certo alimento. Admita que o refrigerador opere segundo um ciclo de Carnot entre –15 °C e 45 °C e que o compressor tenha um consumo de 400 W. Caso não haja nenhuma outra carga de resfriamento, quanto tempo é necessário para se obter o resfriamento completo do alimento? 5.57 Calcule o trabalho necessário para obter 250 g de gelo a partir de água líquida a 10 °C. Admita que seu refrigerador opere segundo um ciclo de Carnot, seja acionado por um motor com potência de 600 W e trabalhe entre reservatórios térmicos que apresentam temperaturas iguais a – 8 °C e 35 °C. Considerando que a única carga térmica é devida a água no congelador do refrigerador, calcule o tempo necessário para completar a operação de resfriamento. 5.58 Uma bomba de calor é usada para aquecer uma residência durante o inverno. A temperatura da residência deve ser sempre mantida igual a 20 °C. Estima-se que, quando a temperatura do meio externo cai a −10 °C, a taxa de transferência de calor da residência para o ambiente é igual a 25 kW. Qual é a mínima potência elétrica necessária para acionar essa bomba de calor? Considere o conjunto da Figura P5.4. Adote as temperaturas TH = 850 K, TM = 600 K e TL = 350 K. Admitindo que os motores operem segundo ciclos de Carnot, determine a eficiência individual dos dois motores térmicos e a eficiência do conjunto. • W Suponha que o refrigerador existente na cozinha da sua casa opere segundo um ciclo de Carnot. Estime o valor máximo do seu COP. O motor de um automóvel consumiu 5 kg de combustível (equivalente à adição de QH a 1 500 K) e transferiu energia para o ambiente, por meio dos gases de combustão e do radiador, em uma temperatura média de 750 K. Admitindo que o combustível forneça 40 MJ/kg, determine o trabalho máximo que esse motor pode fornecer nesse experimento. Um ar-condiconado fornece 1 kg/s de ar a 15 °C. Sabendo que o ambiente externo se encontra a 35 °C, estime a potência necessária para acionar o ar-condicionado. Faça termodinamica 05.indd 232 • QL • • BC QH Qperda FIGURA P5.58 5.59 Um refrigerador doméstico opera em uma sala a 20 °C. O calor necessita ser transferido do espaço refrigerado a uma taxa de 2 kW para manter a sua temperatura interna em –30 °C. Qual é a menor potência teórica requerida para a sua operação? 5.60 Um leito de granito, com volume de 2 m³, é utilizado como acumulador térmico e é aquecido até 400 K por energia solar. Um motor térmico opera recebendo calor do leito de granito e o rejeitando em um ambiente a 290 K. O leito de granito esfria durante a operação do motor térmico e o 15/10/14 14:56 A Segunda Lei da Termodinâmica processo cessa quando a temperatura do leito atinge 290 K. Determine a energia que o leito de granito pode fornecer. Qual é a eficiência do motor térmico no início da operação? Qual é a eficiência no final deste processo? W QH 5.61 MT 5.63 Em uma experiência criogênica, é necessário manter a temperatura de um recipiente a −125 °C enquanto o ambiente, a 20 °C, transfere 120 W de calor ao recipiente. Qual é a mínima potência necessária para acionar um sistema de refrigeração que atenda estes requisitos? 5.64 O hélio apresenta o mais baixo ponto de ebulição normal entre todos os elementos (4,2 K). O hélio, nessa temperatura, apresenta entalpia de vaporização igual a 83,3 kJ/kmol. Um ciclo de refrigeração de Carnot deve ser considerado para a produção de 1 kmol de hélio líquido, a 4,2 K, a partir de vapor saturado à mesma temperatura. Qual é o trabalho requerido pelo refrigerador e o COP desse ciclo de refrigeração? Admita que a temperatura ambiente seja igual a 300 K. 5.65 Um recipiente de aço, com volume interno de 0,1 m3, contém R-134a a 20 °C e 200 kPa. O recipiente é, então, transferido para um congelador até que a temperatura do refrigerante atinja −10 °C. O congelador está instalado em um ambiente que apresenta temperatura igual a 20 °C e sua temperatura interna é −10 °C. Determine o calor transferido do refrigerante e estime o trabalho necessário para acionar o congelador nesse processo. 5.66 Um motor térmico utiliza um coletor solar, que opera a 450 K e proporciona fluxo de calor igual a 0,2 kW/m2, como fonte quente. O motor rejeita calor em um reservatório térmico que apresenta temperatura igual a 40 °C. Sabendo que a potência produzida no motor é de 2,5 kW, determine a área mínima do coletor solar acoplado ao motor térmico. 5.67 A Figura P5.67 mostra um conjunto bomba de calor-motor térmico utilizado no aquecimento de uma casa. Admitindo que todos os processos presentes nas máquinas sejam ideais, determine a razão entre a taxa de transferência de calor total para a casa e a taxa de transferência de calor para o motor térmico, que aciona a bomba, em função das temperaturas dos reservatórios térmicos. QL FIGURA P5.60 Propõe-se construir uma central termoelétrica com potência de 1 000 MW, utilizando-se vapor d’água como fluido de trabalho. Os condensadores devem ser resfriados com a água de um rio (veja Figura P5.61). A temperatura máxima do vapor será de 550 °C e a pressão nos condensadores se­rá de 10 kPa. Como consultor de engenharia, você é solicitado a estimar o aumento da temperatura da água no rio (entre montante e jusante da usina). Qual é a sua estimativa? Central termoelétrica 60 m Entrada 8 m prof. 5.62 Descarga Velocidade média do rio 10m/min. FIGURA P5.61 A temperatura máxima alcançada em um tipo de coletor de energia solar é 100 °C. A energia coletada deve ser utilizada como fonte térmica em um ciclo motor. Qual será o máximo rendimento térmico do motor, se a temperatura do ambiente for igual a 10 °C? Suponha que o coletor fosse reprojetado para concentrar a energia luminosa de modo a aumentar a temperatura máxima. Qual deveria ser essa temperatura, se o aumento desejado da eficiência térmica do motor for 25%? termodinamica 05.indd 233 233 15/10/14 14:56 234 Fundamentos da Termodinâmica Ciclos Reais Tamb TH • • QH1 QL2 5.72 Um vendedor de refrigeradores e congeladores domésticos garante que o COP de seus equipamentos é constante, durante a operação anual, e igual a 4,5. Como você avaliaria este coeficiente de desempenho? O resultado da sua avaliação e o proposto pelo vendedor são iguais? 5.73 Uma máquina cíclica, mostrada na Figura P5.73, recebe 325 kJ de um reservatório térmico a 1 000 K, rejeita 125 kJ para um reservatório térmico a 400 K e produz 200 kJ de trabalho. Determine, utilizando os valores fornecidos na figura, se essa máquina é reversível, irreversível ou impossível. • W MT • QL1 Casa 5.68 5.69 5.70 5.71 BC • QH2 Tcasa FIGURA P5.67 Um escoamento de água, com vazão mássica igual a 60 kg/h, passa através de um trocador de calor, entrando como líquido saturado a 200 kPa e saindo como vapor sa­turado. A transferência de calor para a água é fornecida por uma bomba de calor que utiliza um reservatório térmico a 16 °C como fonte fria e que apresenta COP igual à metade de uma bomba de calor de Carnot similar. Determine, nessas condições, a potência requerida pela bomba de calor. Uma central de potência tem uma eficiência térmica de 40%, e localiza-se ao lado de um rio, em um arranjo similar ao da Figura P5.61. Se no rio escoa 1 × 105 kg/s de água a 15 °C, determine a máxima potência produzida, sabendo que a elevação máxima de temperatura admitida para o rio seja de 1 °C. O sódio líquido deixa um reator nuclear a 800 °C e deve ser usado como fonte térmica em uma instalação de potência a vapor d’água. A água de resfriamento provém de um rio próximo a 15 °C. Determine o máximo rendimento térmico dessa instalação. É correto utilizar as temperaturas de 800 °C e 15 °C para calcular esse valor? O gestor de uma grande empresa não consegue decidir qual combustível utilizar. O combustível selecionado deve ser utilizado em um motor operando entre as temperaturas de combustão e de exaustão dos gases. O combustível A queima a 2 200 K, liberando 30 MJ/kg, custa US$ 1,50/kg e, ao ser utilizado no motor, produz os gases a 450 K. Já o combustível B apresenta temperatura de combustão igual a 1 200 K, proporciona 40 MJ/kg, custa US$ 1,30/kg e, ao ser utilizado no motor, produz os gases a 350 K. Qual dos dois combustíveis você compraria? Por quê? termodinamica 05.indd 234 TH = 1000 K QH = 325 kJ Máquina cíclica W = 200 kJ QL = 125 kJ TL = 400 K FIGURA P5.73 5.74 Considere o problema anterior e suponha que as temperaturas e o calor transferido do reservatório de alta temperatura são dados. Se a máquina real tem uma eficiência igual à metade daquela de uma máquina de Carnot operando nas mesmas condições, encontre o trabalho e o calor rejeitado. 5.75 Repita o problema anterior utilizando um valor de eficiência térmica de 45%, algo mais realista. 5.76 Um inventor afirma ter desenvolvido uma unidade de refrigeração que mantém o espaço refrigerado a −10 °C enquanto opera em uma sala, em que a temperatura é 25 °C e apresentando, nessas condições, um COP igual a 8,5. Como você avalia essa alegação? 5.77 Uma bomba de calor recebe energia de uma fonte a 80 °C e rejeita energia para uma caldeira que opera a 350 kPa. Na caldeira, a água entra na forma de líquido saturado e o vapor produzido é saturado seco. A bomba de calor consome 2,5 MW de potência mecânica e tem um COP que é 60% do de Carnot. Qual é a máxima vazão de vapor produzida? 15/10/14 14:56 235 A Segunda Lei da Termodinâmica 5.78 5.79 5.80 Em um local remoto, um motor é operado para prover potência para acionar um refrigerador. O motor térmico opera entre as temperaturas de 800 K e 400 K e tem eficiên­ cia igual à metade daquela de um motor de Carnot operando nas mesmas condições. O refrigerador opera com TL = –10 °C, TH = 35 °C e com COP igual a um terço de um refrigerador de Carnot, operando nas mesmas condições. Suponha que a capacidade de refrigeração requerida é igual a 2 kW e encontre a taxa de calor observada entre o reservatório de alta temperatura e o motor. O motor de um veículo tem uma eficiência térmica de 33% e, além de tracionar as rodas do veículo, aciona o sistema de ar-condicionado e outros equipamentos auxiliares. Em um dia quente (35 °C), o sistema de ar-condicionado capta ar externo e o resfria a 5 °C dirigindo-o ao duto de insuflamento de ar na cabine, consumindo no total 2 kW de potência. Admita que o COP do sistema de ar-condicionado seja metade do de Carnot. Determine a potência adicional desenvolvida pelo motor para operar o ar-condicionado e seu COP. Determine também a vazão de ar frio que ele pode fornecer. Uma bomba de calor de grande porte recebe uma taxa de calor de 5 MW a 85 °C e rejeita calor a 150 °C (para o ambiente sob aquecimento). Admita que o COP real da bomba seja de 2,5. Qual é a potência mecânica requerida para operar o equipamento? Admitindo que a temperatura mais baixa fosse mantida, assim como aquele COP, e que o ciclo fosse de Carnot, em que temperatura a bomba de calor poderia rejeitar calor? Transferência de Calor com ∆T Finito 5.81 Um refrigerador que mantém a temperatura do espaço refrigerado a 5 °C está instalado em uma sala que está a 30 °C. É necessário que o refrigerador opere com sua temperatura alta superior à da sala e com sua temperatura mínima inferior à do espaço refrigerado para realmente promover transferência de calor. Supondo que as diferenças de temperatura sejam, respecti- termodinamica 05.indd 235 vamente, 0 °C, 5 °C e 10 °C, calcule o COP, supondo que o ciclo seja o de Carnot. 5.82 Perto do Havaí, a temperatura do oceano é de 20 °C no nível da superfície e 5 °C a certa profundidade. Planeja-se construir uma central de potência utilizando essa diferença de temperatura. Qual é a eficiência máxima que se pode esperar? Se os trocadores de calor que realizam QH e QL necessitam de uma diferença de temperatura de 2 °C, qual seria a máxima eficiência? 5.83 Uma bomba de calor, que utiliza o ambiente externo como reservatório a baixa temperatura, é utilizada para aquecer uma casa. A casa transfere energia ao ambiente se· gundo a relação Q = k(TH – TL). Determine a potência mínima necessária para acionar o motor elétrico da bomba de calor em função de TH e TL. • W • QL • BC QH • Q perda FIGURA P5.83 5.84 Um aparelho de ar-condicionado instalado em uma região muito quente, requer a potência de 2,5 kW para resfriar um ambiente a 5 °C estando a alta temperatura do ciclo igual a 40 °C. O calor é rejeitado para o ambiente externo que está a 30 °C por meio de um trocador de calor que apresenta um coeficiente global de transferência de calor igual a 50 W/m²K. Encontre a área mínima de transferência de calor requerida. 5.85 Uma residência cujo interior é mantido a 20 °C rejeita a potência térmica de 12 kW para o meio ambiente que está a 0 °C. Uma bomba de calor é utilizada para aquecer a residência com a possível ajuda de um sistema de aquecimento elétrico. A bomba de calor é acionada por um motor elétrico com potência de 2,5 kW e tem um COP igual a um quarto do coeficiente de desempenho de uma máquina de Carnot que opera entre as mesmas temperaturas. Encontre o COP real da bomba de calor e a potência desenvolvida, se necessário, pelo aquecimento elétrico para manter a temperatura da residência. 15/10/14 14:56 236 Fundamentos da Termodinâmica 5.86 Considere uma sala a 20 °C resfriada por um sistema de ar-condicionado com COP igual a 3,2, que consome uma potência mecânica de 2 kW, quando o ambiente externo se encontra a 35 °C. Qual é o valor da constante na Equação 5.14, usada para avaliar a taxa de calor do ambiente externo para a sala? 5.87 O motor de um automóvel opera com eficiên­cia de 35%. Admita que o aparelho de ar-condicionado desse automóvel, cujo compressor é acionado pelo motor do automóvel, apresente COP igual a 3. Sabendo que a temperatura interna do automóvel é 15 °C e que a temperatura do ambiente é 35 °C, determine a energia consumida no motor do automóvel necessária para que o ar-condicionado retire 1 kJ do interior do automóvel. 5.88 Exploradores das regiões árticas estão inseguros em relação a poderem utilizar, para se manterem aquecidos, uma bomba de calor acionada por um motor de 5 kW. Eles desejam manter seu abrigo a 15 °C. O abrigo rejeita calor à taxa de 0,5 kW por grau Celsius de diferença de temperatura com o meio ambiente. O COP da bomba de calor é igual à metade daquele de uma máquina de Carnot que opera nas mesmas condições. Você recomendaria o uso dessa bomba de calor, sabendo que a temperatura do meio ambiente pode atingir –25 °C durante a noite? 5.89 Se a bomba de calor do exercício anterior for utilizada, qual é a temperatura que o abrigo poderia atingir durante a noite? 5.90 Um ar-condicionado, que apresenta coeficiente de desempenho igual a 60% daquele referente a um ciclo de Carnot que opera entre os mesmos reservatórios térmicos, é utilizado para manter a temperatura interna de uma sala constante e igual a 20 °C. A taxa de calor do ambiente para a sala, em kW, é dada por 0,6 (TH − TL) e a potência máxima disponível no eixo do motor que aciona o ar-condicionado é 1,2 kW. O ar-condicionado opera adequadamente até qual valor de TH? termodinamica 05.indd 236 5.91 Uma casa é resfriada por meio de uma bomba de calor elétrica que utiliza o ambiente externo como reservatório a alta temperatura. Estime, para diferentes temperaturas do ambiente externo, os percentuais de redução do consumo de energia elétrica se a temperatura na casa for alterada de 20 °C para 25 °C. Admita que a transferência de calor do ambiente para a casa seja proporcional à diferença entre a temperatura ambiente e a interna (veja a Equação 5.14). • W • Qrecebido • • QH BC QL TL ambiente FIGURA P5.91 5.92 Uma bomba de calor, que apresenta COP igual à metade daquele referente a um ciclo de Carnot que opera entre os mesmos reservatórios térmicos, é utilizada para manter a temperatura interna de uma casa constante e igual a 20 °C. A taxa de transferência de calor da casa para o ambiente, em kW, é dada por 0,6 (TH − TL) e a potência máxima disponível no eixo do motor que aciona a bomba de calor é 1,0 kW. A bomba opera adequadamente até que valor de TL? 5.93 A sala do Problema 5.90 é constituída por 2 000 kg de madeira, 250 kg de aço e 500 kg de placas de gesso, sendo que o seu calor específico médio é igual a 1,0 kJ/kg.K. Estime quão rapidamente a sala é aquecida se o aparelho de ar-condicionado for ligado em um dia em que a temperatura seja igual a 35 °C. 5.94 Um ar-condicionado, que apresenta COP igual a 60% daquele referente a um ciclo de Carnot que opera entre os mesmos reservatórios térmicos, mantém uma sala refrigerada na temperatura TL = 22 °C, quando acionado por um motor com potência máxima de 1,2 kW. A taxa de calor do ambiente para a sala, em kW, é dada por 0,6 (TH − TL). Encontre a potência real requerida pelo aparelho de ar-condicionado em um dia em que a temperatura externa é igual a 30 °C. 15/10/14 14:56 A Segunda Lei da Termodinâmica 5.95 5.96 Em um dia frio, com temperatura de –10 °C, uma bomba de calor fornece a potência térmica de 20 kW para que uma casa seja mantida a 20 °C. Se o coeficiente de desempenho for 4, quanto de potência mecânica a bomba de calor requer para operar? Admita que, no dia seguinte, a temperatura do ar externo caia para –15 °C. Se o COP da bomba de calor se mantiver inalterado, assim como o coeficiente global de transferência de calor entre o ambiente interno da casa e o ambiente externo, qual será a nova potência mecânica requerida para o acionamento da bomba de calor? No problema anterior, foi suposto que o COP permanece o mesmo quando a temperatura externa cai. Dadas as temperaturas e o COP real em um dia de inverno no qual a temperatura externa é igual a –10 °C, avalie de forma mais realista o COP em um dia no qual a temperatura externa atinge –15 °C. Ciclos de Carnot com Gases Ideais 5.97 5.98 5.99 O hidrogênio, na fase vapor, é utilizado como fluido de trabalho em um ciclo de Carnot que utiliza um reservatório térmico a 300 K como fonte fria e que apresenta eficiência igual a 60%. A pressão no processo de rejeição de calor do ciclo varia de 90 kPa a 120 kPa. Determine, por unidade de massa de hidrogênio, as transferências de calor e o trabalho realizado nesse ciclo. Dióxido de carbono é utilizado em um ciclo de refrigeração de gás ideal, em processo inverso ao mostrado na Figura 5.24. O calor é recebido a 250 K e rejeitado a 325 K. O fluido de trabalho opera entre os níveis de pressão de 1 200 e 2 400 kPa. Determine o COP de refrigeração e a troca de calor a baixa temperatura por quilograma de fluido que circula no ciclo. O ar contido em um conjunto cilindro-pistão segue um ciclo de Carnot. O reservatório térmico que transfere calor para o ciclo apresenta temperatura igual a 1 000 K e o ar rejeita calor para reservatório térmico a 400 K. Sabendo que o volume específico termodinamica 05.indd 237 237 do ar triplica no processo de transferência de calor a alta temperatura, determine as transferências de calor por unidade de massa e a eficiência térmica do ciclo. 5.100 O ar contido em um conjunto cilindro-pistão segue um ciclo de Carnot. O diagrama P-v desse ciclo está indicado na Figura 5.24. As temperaturas máxima e mínima do ciclo são respectivamente iguais a 600 K e 300 K. O calor transferido a alta temperatura é 250 kJ/kg e a pressão mais baixa no ciclo é 75 kPa. Determine o volume específico e a pressão do ar nos quatro estados do ciclo indicados na figura. Admita que o calor específico do ar seja constante e igual àquele a 300 K. Problemas para Revisão 5.101 Uma jarra com 4 L de leite a 25 °C é colocada em um refrigerador de Carnot e é, então, resfriada até 5 °C. A temperatura do reservatório de alta temperatura do refrigerador é igual a 45 °C e as propriedades do leite podem ser consideradas iguais às da água líquida. Determine a quantidade de energia que precisa ser removida do leite e também o trabalho necessário para acionar o refrigerador nesse processo. 5.102 Considere a combinação de dois motores térmicos, como na Figura 5.4. Admitindo que operem segundo ciclos de Carnot, como deve ser escolhida a temperatura intermediária, de forma que os rendimentos térmicos dos dois sejam iguais? 5.103 Considere a combinação de duas centrais de potência, uma que opera com turbina a gás e outra, com turbina a vapor, como mostrado na Figura P5.4. A turbina a gás opera no nível mais alto de temperatura (topping cycle) e a turbina a vapor opera no nível de temperatura mais baixo (bottom cycle). Admita que ambos os ciclos tenham efi­ ciência térmica de 32%. Admitindo que QL do ciclo da turbina a gás seja igual ao QH do ciclo da turbina a vapor, qual é a eficiência térmica global do ciclo combinado? 5.104 Deseja-se produzir refrigeração a −30 °C. Dispõe-se de um reservatório térmico, ilus- 15/10/14 14:56 238 Fundamentos da Termodinâmica trado na Figura P5.104, a 200 °C e a temperatura ambiente é 30 °C. Assim, o trabalho pode ser produzido por um motor térmico operando entre o reservatório a 200 °C e o ambiente, e esse trabalho pode ser utilizado para acionar o refrigerador. Admitindo que todos os processos sejam reversíveis, determine a relação entre os calores transferidos do reservatório a alta temperatura e do espaço refrigerado. Talta Tambiente QH Qm2 W Qm1 Tambiente QL Tbaixa FIGURA P5.104 5.105 Resolva o problema anterior considerando que ambos dispositivos tenham eficácia igual a 60% do máximo teórico. 5.106 Deseja-se manter uma casa aquecida a 20 °C utilizando uma bomba de calor com COP de 2,2. Estima-se que a perda de calor para o ambiente externo é de 0,8 kW por grau Celsius de diferença de temperatura (temperatura da casa – temperatura externa). Para uma temperatura externa de –10 °C, qual é a potência requerida para acionamento da bomba de calor? 5.107 Estime o COP da bomba de calor do problema anterior e a potência requerida para acioná-la quando a temperatura externa atinge –15 °C. 5.108 Um fazendeiro deseja utilizar uma bomba de calor, acionada por um motor de 2 kW, para manter a temperatura de um galinheiro igual a 30 °C. A taxa de calor do galinheiro para o ambiente, em kW, é dada por 0,5 (30 − Tamb), em que Tamb, deve estar expresso em °C. A bomba de calor disponível apresenta um COP igual a 50% daquele referente a uma bomba de calor reversível que opera entre os mesmos reservatórios térmicos. A bomba de calor disponível opera adequadamente até que temperatura do ambiente? termodinamica 05.indd 238 5.109 Um ar-condicionado deve ser utilizado para manter a temperatura de um cômodo constante e igual a 20 °C. Esse condicionador pode operar como refrigerador (β = 3) ou como bomba de calor (β9 = 4) e a potência elétrica disponível para acionar a unidade é 1,2 kW. A transferência de calor para o cômodo, em kW, é igual à diferença entre as temperaturas da atmosfera e do cômodo multiplicada por 0,5. Nessas condições, determine as temperaturas mínima e máxima da atmosfera em que a unidade opera adequadamente. 5.110 Um aparelho de ar-condicionado em um dia quente de verão transfere a potência térmica de uma casa a 21 °C e rejeita energia para o ambiente externo que está a 31 °C. A casa tem massa de 15 000 kg, com um calor específico médio de 0,95 kJ/kgK. Para prover o resfriamento necessário, o evaporador do ar-condicionado opera a 5 °C e o condensador a 40 °C. O aparelho de ar-condicionado tem COP igual a 60% daquele de um refrigerador de Carnot operando nas mesmas condições. Encontre o COP do ar-condicionado e a potência necessária para acioná-lo. 5.111 O ar-condicionado do problema anterior é desligado. Quão rapidamente a temperatura da casa aumenta em °C/s? 5.112 Um recipiente rígido, com volume interno de 1 m3, contém ar a 300 K e 200 kPa. O ar é, então, aquecido até 600 K, transferindo-se calor do condensador de uma bomba de calor reversível que utiliza um reservatório térmico a 300 K como fonte fria. Observe que o COP não é constante nesse caso e, por essa razão, utilize a relação dQ = mar Cv dT para determinar o trabalho diferencial consumido na bomba, dW. Integre dW para determinar o trabalho requerido para acionar a bomba de calor nesse processo de aquecimento. Admita que o calor específico do ar seja constante e igual àquele a 300 K. 5.113 Um motor que opera segundo um ciclo de Carnot, mostrado na Figura P5.113, recebe calor de um reservatório térmico a Tres por meio de um trocador de calor no qual o ca- 15/10/14 14:56 239 A Segunda Lei da Termodinâmica lor transferido é proporcional a diferença · de temperatura, QH = K(Tres – TH), e rejeita calor para um reservatório térmico a TL. Mostre que o rendimento térmico do motor é máximo quando TH for igual a (TresTL)1/2. Tres . QH TH à temperatura ambiente (Tatm) e a fonte quente da bomba de calor está à temperatura da sala (Tsala). Admitindo que o calor transferido para a fonte quente da bomba de calor seja QH2, determine a relação QH2/ QH1 em função das temperaturas. É melhor utilizar o sistema proposto nesse problema ou o baseado no aquecimento direto? TH1 . W Tsala QH1 QH2 TL . QL TL Energia desperdiçada • 50 °C • QW1 QW2 • W • QL 30 °C BC • QH TH = 150 °C FIGURA P5.114 5.115 Uma câmara de combustão pode transferir QH1 enquanto sua temperatura permanece constante e igual a TH1. Propõe-se utilizar esta disponibilidade energética para substituir um sistema de aquecimento direto por outro baseado na operação conjunta de um ciclo motor com uma bomba de calor (veja a Figura P5.115). As fontes frias da bomba de calor e do ciclo motor estão termodinamica 05.indd 239 BC FIGURA P5.113 5.114 Uma combinação de motor térmico acionando um bomba de calor, veja a Figura P5.114, absorve o calor de um reservatório térmico a 50 °C (aproveitando energia que é atualmente desperdiçada), e rejeita calor em um reservatório que apresenta temperatura igual a 30 °C. Já a bomba de calor absorve do reservatório térmico a 50 °C e rejeita calor em outro reservatório que apresenta temperatura igual a 150 °C. Sabendo que a taxa de transferência de calor total no reservatório que apresenta temperatura igual a 50 °C é 5 MW, determine a taxa de transferência de calor para o reservatório que apresenta temperatura mais alta. MT W MT QL1 Tatm QL2 Tatm FIGURA P5.115 5.116 Considere o leito de rocha descrito no Problema 5.60. Utilize o calor específico da rocha para relacionar dQH com dTrocha e obtenha a expressão do trabalho realizado pelo motor térmico, dW. Integre essa expressão no intervalo de temperatura do problema e determine o trabalho realizado pelo motor térmico no processo. 5.117 Considere um motor térmico de Carnot que opera no espaço. A única maneira de esse motor rejeitar calor é por radiação térmica. Assim, a taxa de transferência de calor no radiador desse motor é proporcional à quarta potência da temperatura absoluta do radiador e à área da superfície de ra· diação do dispositivo, ou seja, Qrad ~ KAT4. Mostre que, para uma dada potência do motor e uma dada temperatura TH, a área do radiador será mínima se TL/TH = 3/4. 5.118 Um ciclo de Carnot que opera entre dois reservatórios térmicos a TH (de alta temperatura) e TL (de baixa temperatura) tem a eficiência térmica definida exclusivamente por essas temperaturas. Compare essa eficiência com a de dois ciclos operando de forma combinada, um operando entre TH e uma temperatura intermediária TM, produzindo o trabalho WA, e outro, operando entre TM e T L e produzindo WB. Os dois 15/10/14 14:56 240 Fundamentos da Termodinâmica casos devem ter a mesma eficiência, de forma que, QH /QL = ψ(TH ,TL) = [QH /QM] [QM/ QL]. Os termos QH /QM e QM/QL devem ser expressos pela mesma função ψ, que depende agora da temperatura TM. Utilize essas observações e mostre quais condições a função ψ deve satisfazer. 5.119 Em um dia frio, com temperatura de –10 °C, uma bomba de calor fornece 20 kW de aquecimento para que uma casa seja mantida a 20 °C. Se o coeficiente de desempenho for 4, quanto de potência mecânica a bomba de calor requer para operar? Admita que a temperatura do ar externo caia para –15 °C. Supondo que o coeficiente de desempenho da bomba de calor varie segundo a mesma porcentagem da variação do coeficiente de desempenho de uma máquina de Carnot operando nas mesmas condições, determine a nova temperatura termodinamica 05.indd 240 de equilíbrio da casa. E que percentualmente se mantiver inalterado, assim como o coeficiente global de transferência de calor entre o ambiente interno da casa e o ambiente externo, qual será o novo consumo da bomba de calor? 5.120 Um tanque com volume de 10 m3 contém, inicialmente, ar a 500 kPa e 600 K e funciona como fonte quente para um ciclo de Carnot que rejeita calor a 300 K. A temperatura alta do ciclo de Carnot é sempre 25 °C inferior à do gás no tanque e isto é necessário para que ocorra a transferência de calor para o ciclo. O motor térmico opera até que a temperatura do ar no tanque atinja 400 K. Admitindo que os calores específicos do ar sejam constantes, determine qual é o trabalho realizado em uma operação de resfriamento do ar no tanque. 15/10/14 14:56 Entropia Entropia 241 6 Consideramos, até este ponto do nosso estudo da segunda lei da termodinâmica, apenas os ciclos termodinâmicos. Embora essa abordagem seja muito útil e importante, em muitos casos estamos mais interessados na análise de processos do que na de ciclos. Assim, podemos estar interessados na análise, baseada na segunda lei, de processos que encontramos diariamente, tais como: de combustão em um motor de automóvel, de resfriamento de um copo de café ou dos processos químicos que ocorrem em nossos corpos. É também desejável poder lidar com a segunda lei, tanto qualitativa como quantitativamente. No nosso estudo da primeira lei, estabelecemos, inicialmente, essa lei para ciclos e, então, definimos uma propriedade, a energia interna, que nos possibilitou usar quantitativamente a primeira lei em processos. De modo análogo, estabelecemos a segunda lei para um ciclo e agora verificaremos que a segunda lei conduz a outra propriedade, a entropia, que nos possibilita aplicar quantitativamente a segunda lei em processos. Energia e entropia são conceitos abstratos que foram idealizados para auxiliar a descrição de determinadas observações experimentais. Conforme mencionamos no Capítulo 1, a termodinâmica pode ser definida como a ciência da energia e da entropia. O significado dessa afirmação se tornará, agora, cada vez mais evidente. termodinamica 06.indd 241 15/10/14 14:59 242 Fundamentos da Termodinâmica 6.1 DESIGUALDADE DE CLAUSIUS TH QH O primeiro passo do nosso estudo, que levará à formulação da propriedade termodinâmica entropia, é o estabelecimento da desigualdade de Clausius: Wrev δQ !∫ T ≤ 0 A desigualdade de Clausius é um corolário ou uma consequência da segunda lei da termodinâmica. A sua validade será demonstrada para todos os ciclos possíveis. Isso inclui os motores térmicos e os refrigeradores reversíveis e irreversíveis. No caso dos ciclos reversíveis, precisamos considerar apenas um ciclo de Carnot, porque qualquer ciclo reversível pode ser representado por uma série de ciclos de Carnot. Essa análise nos conduzirá à desigualdade de Clausius. Consideremos, inicialmente, o ciclo reversível (Carnot) de um motor térmico que opera entre os reservatórios térmicos que apresentam temperaturas iguais a TH e TL (veja Figura 6.1). Para esse ciclo, a integral cíclica do calor trocado, d Q, é maior que zero. !∫ δ Q = Q H δQ QH QL = − =0 TH TL T Se d Q, a integral cíclica de d Q, tender a zero (fazendo TH se aproximar de TL), enquanto o ciclo permanece reversível, a integral cíclica de d Q/T permanece nula. Assim, concluímos que para todos os ciclos reversíveis de motores térmicos !∫ δ Q ≥ 0 e δQ !∫ T = 0 Consideremos, agora, um ciclo motor térmico irreversível que opera entre as mesmas temperaturas TH e TL, do motor reversível da Figura 6.1, e recebendo a mesma quantidade de calor QH. Comparando o ciclo irreversível com o reversível, concluímos, pela segunda lei, que termodinamica 06.indd 242 TL Figura 6.1 Ciclo do motor térmico reversível utilizado na demonstração da desigualdade de Clausius. Wirr < Wrev Como QH – QL = W para os ciclos, reversíveis ou irreversíveis, concluímos que QH – QL irr < QH – QL rev e, portanto, QL irr > QL rev consequentemente, para o motor cíclico ir­­re­ve­r-­ sível, − QL > 0 Como TH e TL são constantes, utilizando a definição da escala de temperatura absoluta e o fato de que este é um ciclo reversível, concluímos que !∫ QL !∫ δ Q = Q H − QL irr > 0 δQ Q !∫ T = T H − e H QL irr <0 TL Vamos admitir que o motor se torne cada vez mais irreversível, enquanto se mantêm fixos QH, TH e TL. A integral cíclica de δQ, então, tende a zero, enquanto a integral cíclica de δQ/T torna-se progressivamente mais negativa. No limite, o trabalho produzido tende a zero e !∫ δ Q = 0 e δQ !∫ T < 0 Assim, concluímos que para todos os motores térmicos irreversíveis !∫ δ Q ≥ 0 e δQ !∫ T < 0 Para completar a demonstração da desigualdade de Clausius, devemos realizar análises análo- 15/10/14 14:59 Entropia TH e, portanto, QH irr > QL rev QH Wrev QL TL Figura 6.2 Ciclo de refrigeração reversível utilizado na demonstração da desigualdade de Clausius. gas para os ciclos de refrigeração, tanto reversíveis quanto irreversíveis. Para o ciclo de refrigeração reversível mostrado na Figura 6.2, !∫ δ Q = −Q H + QL < 0 e δQ Q !∫ T = − T H H + QL =0 TL Se a integral cíclica de δQ tende a zero (TH se aproximando de TL), a integral cíclica de δQ/T permanece nula. No limite, !∫ δ Q = 0 e δQ !∫ T = 0 Assim, para todos os ciclos de refrigeração reversíveis, !∫ δ Q ≤ 0 e δQ !∫ T = 0 Finalmente, considere um ciclo de refrigeração irreversível operando entre as temperaturas TH e TL e recebendo a mesma quantidade de calor QL do refrigerador reversível, mostrado na Figura 6.2. Pela segunda lei, concluímos que o trabalho necessário para operar o refrigerador irreversível é maior que o calculado para o refrigerador reversível, ou seja Wirr > Wrev Como QH – QL = W para cada ciclo, temos que QH irr – QL > QH rev – QL termodinamica 06.indd 243 243 Isto é, o calor rejeitado pelo refrigerador irreversível para o reservatório térmico de alta temperatura é maior que o calor rejeitado pelo refrigerador reversível. Assim, para o refrigerador irreversível, !∫ δ Q = −Q Q δQ !∫ T = − T H irr H irr + QL < 0 + H QL <0 TL Fazendo com que essa máquina se torne progressivamente mais irreversível; enquanto QL, TH e TL são mantidos fixos, as integrais cíclicas de δQ e δQ/T tornam-se mais negativas. Consequentemente, para um refrigerador irreversível não existe o caso limite em que a integral cíclica de δQ tende a zero. Assim, para todos os ciclos de refrigeração irreversíveis, !∫ δ Q < 0 e δQ !∫ T < 0 Resumindo, consideramos todos os ciclos reversíveis possíveis (ou seja, d Q 0), e para todos esses ciclos reversíveis a relação δQ !∫ T = 0 mostrou-se válida. Consideramos também todos os ciclos irreversíveis possíveis (ou seja, d Q 0), e para todos estes ciclos irreversíveis a relação δQ !∫ T < 0 Assim, para todos os ciclos podemos escrever δQ !∫ T ≤ 0 (6.1) sendo a igualdade válida para os ciclos reversíveis e a desigualdade para os ciclos irreversíveis. Essa relação, Equação 6.1, é conhecida como a desigualdade de Clausius. 15/10/14 14:59 244 Fundamentos da Termodinâmica O significado da desigualdade de Clausius pode ser ilustrado considerando o ciclo de potência a vapor d’água simples mostrado na Figura 6.3. Esse ciclo é ligeiramente diferente do ciclo comum dessas instalações de potência. A bomba é alimentada com uma mistura de líquido e vapor em uma proporção tal que a água sai da bomba e entra na caldeira como líquido saturado. Admitamos que alguém nos informe que as características do fluido, no ciclo, são as fornecidas na Figura 6.3. Esse ciclo satisfaz a desigualdade de Clausius? Calor é transferido em dois locais, na caldeira e no condensador. Assim, δQ δQ !∫ T = ∫ ⎜⎝ T ⎟⎠ ⎛ ⎞ caldeira + ⎞ condensador Como a temperatura permanece constante, tanto na caldeira como no condensador, essa expressão pode ser integrada da seguinte forma, δQ 1 !∫ T = T ∫ 1 2 1 δQ + 1 T3 ∫ Q Q δQ = 1 2 + 3 4 3 T1 T3 4 Considerando 1 kg de fluido de trabalho, temos 1q 2 3q 4 1 898,4 δQ 2 066,3 !∫ T = 164,97 + 273,15 − 53,97 + 273,15 = = −1,087 kJ/kg K Assim, esse ciclo satisfaz a desigualdade de Clausius, o que é equivalente a dizer que o ciclo não viola a segunda lei da termodinâmica. QUESTÕES CONCEITUAIS a. A desigualdade de Clausius diz alguma coisa a respeito do sinal de d Q? ∫ ⎜⎝ δTQ ⎟⎠ ⎛ Portanto, = h2 – h1 = 2 066,3 kJ/kg, T1 = 164,97 °C = h4 – h3 = 463,4 – 2 361,8 = – 1 898,4 kJ/kg, T3 = 53,97°C b. A desigualdade de Clausius requer que a temperatura T do denominador seja constante, como no ciclo de Carnot? 6.2 ENTROPIA – UMA PROPRIEDADE DO SISTEMA Nesta seção, vamos mostrar, a partir da Equação 6.1 e da Figura 6.4, que a segunda lei da termodinâmica conduz à propriedade termodinâmica denominada entropia. Façamos com que um sistema percorra um processo reversível do estado 1 ao 2, representado pelo caminho A, e que o ciclo seja concluído por meio de um processo reversível, representado pelo caminho B. Como esse ciclo é reversível, podemos escrever δQ !∫ T = 0 = ∫ Vapor saturado, 0,7 MPa 2 Gerador de vapor W Turbina 1 Líquido saturado, 0,7 MPa 4 Bomba Figura 6.3 Título 10%, 15 kPa 3 ⎜ ⎟ + 1 ⎝ T ⎠ A P ∫ 1 ⎛ δ Q ⎞ ⎜ 2 ⎝ ⎟ T ⎠ B 2 A Título 90%, 15 kPa B C Condensador Instalação a vapor simples utilizada para demonstrar a desigualdade de Clausius. termodinamica 06.indd 244 2 ⎛ δ Q ⎞ 1 ν Figura 6.4 Dois ciclos reversíveis (para demonstrar que a entropia é uma propriedade termodinâmica). 15/10/14 14:59 Entropia Consideremos, agora, outro ciclo reversível que tem o processo inicial alterado para o representado pelo caminho C e completado pelo mesmo processo reversível representado pelo caminho B. Para esse ciclo, δQ !∫ T = 0 = ∫ 2 ⎛ δ Q ⎞ ⎜ ⎟ + 1 ⎝ T ⎠C ∫ 1 ⎛ δ Q ⎞ ⎜ 2 ⎝ ⎟ T ⎠ B Subtraindo a segunda equação da primeira, temos ∫ 2 ⎛ δ Q ⎞ ⎜ ⎟ = 1 ⎝ T ⎠ A ∫ 2 ⎛ δ Q ⎞ 1 ⎜ ⎟ ⎝ T ⎠C Como d Q/T é constante para todos os caminhos reversíveis entre os estados 1 e 2, concluímos que essa quantidade é independente do caminho e é uma função apenas dos estados inicial e final; portanto, ela é uma propriedade. Essa propriedade é denominada entropia e é designada por S. Concluímos que a propriedade termodinâmica entropia pode ser definida por: ⎛ δQ ⎞ dS ≡ ⎜ ⎟ ⎝ T ⎠rev (6.2) A entropia é uma propriedade extensiva, e a entropia por unidade de massa é indicada por s. É importante observar que a entropia é definida em função de um processo reversível. A variação de entropia de um sistema, em uma mudança de estado, pode ser obtida pela integração da Equação 6.2. Assim, S2 − S1 = ∫ 2 ⎛ δ Q ⎞ 1 ⎜ ⎟ ⎝ T ⎠rev (6.3) Para efetuar essa integração, a relação entre T e Q deve ser conhecida (oportunamente apresentaremos exemplos dessa integração). O ponto importante a ser observado aqui é: como a entropia é uma propriedade, a variação de entropia de uma substância, ao ir de um estado a outro, é a mesma para todos os processos, tanto reversíveis como irreversíveis, entre esses dois estados. A Equação 6.3 permite obter a variação de entropia somente por um caminho reversível. Entretanto, uma vez determinado, esse será o valor da variação de entropia para todos os processos entre esses dois estados. termodinamica 06.indd 245 245 A Equação 6.3 nos permite calcular variações de entropia, porém, não nos informa nada a respeito dos valores absolutos da entropia. Entretanto, pela terceira lei da termodinâmica, que será discutida em capítulo posterior, conclui-se que podemos atribuir o valor zero para a entropia de todas as substâncias puras na temperatura de zero absoluto. A partir da termodinâmica estatística é possível também concluir que todas as substâncias puras no estado (hipotético) de gás ideal, na temperatura de zero absoluto, têm entropia igual a zero. Entretanto, quando o material que está sendo analisado não apresenta mudança de composição, é adequado atribuir valores de entropia em relação a um estado de referência arbitrário. Esse é o método utilizado na maioria das tabelas de propriedades termodinâmicas, como as tabelas de vapor d’água e de amônia. Portanto, até que se faça a introdução do conceito de entropia absoluta neste livro, os valores de entropia serão sempre dados em relação a um estado de referência arbitrário. Devemos acrescentar, neste ponto, um comentário relativo ao papel de T como fator integrante. Observamos, no Capítulo 3, que Q é uma função de linha, e, portanto, δQ é uma diferencial inexata. Entretanto, como (δQ/T)rev é uma propriedade termodinâmica, ela é uma diferencial exata. Do ponto de vista matemático, verificamos que uma diferencial inexata pode ser transformada em uma exata pela introdução de um fator integrante. Portanto, em um processo reversível, 1/T funciona como o fator integrante na transformação da diferencial inexata δQ para a diferencial exata δQ/T. 6.3 A ENTROPIA PARA UMA SUBSTÂNCIA PURA A entropia é uma propriedade extensiva de um sistema. Os valores da entropia específica (entropia por unidade de massa) estão apresentados nas tabelas de propriedades termodinâmicas do mesmo modo que o volume específico e a entalpia específica. A unidade da entropia específica nas tabelas de vapor d’água e de refrigerantes é kJ/kg K e os valores são dados em relação a um estado de referência arbitrário. Nas tabelas de vapor d’água, atribui-se o valor zero para a entropia do 15/10/14 14:59 246 Entalpia, kJ/kg Na região de saturação, a entropia pode ser calculada utilizando-se o título. As relações são análogas às de volume específico e de entalpia. Assim, Ponto crítico 2000 A entropia do líquido comprimido está tabelada da mesma maneira que as outras propriedades. Essas propriedades são principalmente uma função da temperatura e não são muito diferentes das propriedades do líquido saturado à mesma temperatura. A Tabela 4 das tabelas de vapor d’água de Keenan, Keyes, Hill e Moore está resumida na Tabela B.1.4 do Apêndice e fornece, do mesmo modo, que para as outras propriedades, a entropia do líquido comprimido. ,55 M Pa po tul rs at lo tu Tí Tí ur ad % 90 0 0 Figura 6.5 1 2 3 4 5 Entropia, kJ/kg K 6 7 4 5 6 Entropia, kJ/kg K 0k Pa 20 7 8 Esses diagramas são úteis tanto para apresentar dados termodinâmicos como para visualizar as mudanças de estados que ocorrem nos vários processos. Com o desenvolvimento do nosso estudo, o estudante deverá adquirir familiaridade na visualização de processos termodinâmicos nesses diagramas. O diagrama temperatura-entropia é particularmente útil para essa finalidade. P=1 Va o 100 v=0 % mentos principais dos diagramas temperatura-entropia e entalpia-entropia para o vapor d’água. As características gerais desses diagramas são as mesmas para todas as substâncias puras. A Figura E.1 (do Apêndice E) apresenta um diagrama temperatura-entropia mais completo para vapor d’água. h = 2800 kJ/kg 3 /kg ,13 m 80 Diagrama entalpia-entropia para o vapor d’água. m 3/kg v = 0,13 o rad atu os 1,55 MPa uid % Líq 10 Temperatura, °C 200 rado Figura 6.6 As propriedades termodinâmicas de uma substância são frequentemente apresentadas nos diagramas temperatura-entropia e entalpia-entropia, que também é conhecido como o diagrama de Mollier, em homenagem ao alemão Richard Mollier (1863-1935). As Figuras 6.5 e 6.6 mostram os ele- 300 r satu 1000 3 Ponto crítico ulo Vapo Líquido saturado s = (1 – x)sl + xsv s = sl + xslv 400 Tít °C kP a 400 10 Em geral, usamos o termo entropia para indicar tanto a entropia total como a entropia específica, pois o contexto ou o símbolo apropriado indicará claramente o significado preciso do termo. 40 3000 2M Pa líquido saturado a 0,01 °C. Para muitos fluidos refrigerantes, atribui-se o valor zero para a entropia do líquido saturado a −40 °C. MP a Fundamentos da Termodinâmica 8 o Para a maioria das substâncias, a diferença entre a entropia do líquido comprimido e a do líquido saturado, à mesma temperatura, é muito pequena. Normalmente, o processo de aquecimento de um líquido a pressão constante é representado por uma linha coincidente com a linha de líquido saturado até que se atinja a temperatura de saturação correspondente (Figura 6.7). Assim, se a água a 10 MPa é aquecida de 0 °C até a temperatura de saturação, o processo pode ser representado pela linha ABD, que coincide com a linha de líquido saturado. Diagrama temperatura-entropia para o vapor d’água. termodinamica 06.indd 246 15/10/14 14:59 247 Entropia T 40 M Pa Esse processo está mostrado na Figura 6.8a e a área abaixo da linha 1-2, a área 1-2-b-a-1, representa o calor transferido ao fluido de trabalho durante o processo. 10 MPa 1 MPa O segundo processo de um ciclo de Carnot é adiabático reversível. Da definição de entropia: Líquido saturado s (a) é evidente que a entropia permanece constante em um processo adiabático reversível. Um processo de entropia constante é chamado processo isotrópico. A linha 2-3 representa esse processo que termina no estado 3 (em que a temperatura do fluido de trabalho atinge o valor TL). F 40 M Pa T ⎛ δQ ⎞ dS = ⎜ ⎟ ⎝ T ⎠rev D 10 MPa E 1 MPa B O terceiro processo é isotérmico reversível, no qual o calor é transferido do fluido de trabalho ao reservatório térmico a baixa temperatura. Para esse processo, podemos escrever C Líquido saturado A s (b) S4 − S3 = Figura 6.7 Diagrama temperatura-entropia mostrando as propriedades de um líquido comprimido (água). Mostramos que a entropia é uma propriedade termodinâmica e agora vamos analisar o seu significado em vários processos. Nesta seção, nos limitaremos a sistemas que percorrem processos reversíveis e consideraremos, novamente, o ciclo de Carnot. S2 − S1 = ∫ S2 − S1 = termodinamica 06.indd 247 1 TH T 1 ∫ 2 1 δQ = 1 Q2 TH TH T 2 4 TH 3 W 4 TL ⎜ ⎟ ⎝ T ⎠rev Como esse processo é isotérmico Q ⎜ ⎟ = 3 4 3 ⎝ T ⎠ rev TL Como o trabalho líquido do ciclo é igual à transferência líquida de calor, é evidente que a 2 ⎛ δ Q ⎞ 1 4 ⎛ δ Q ⎞ Durante esse processo, o calor transferido é negativo (em relação ao fluido de trabalho) e a entropia do fluido decresce. O processo final, 4-1, é um processo adiabático reversível (e, portanto, isotrópico). É evidente que a diminuição de entropia no processo 3-4 deve ser exatamente igual ao aumento de entropia no processo 1-2. A área abaixo da linha 3-4 da Figura 6.8a, a área 3-4-a-b3, representa o calor transferido do fluido de trabalho ao reservatório a baixa temperatura. 6.4 VARIAÇÃO DE ENTROPIA EM PROCESSOS REVERSÍVEIS Consideremos como sistema o fluido de trabalho de um motor térmico que opera segundo o ciclo de Carnot. O primeiro processo é o da transferência de calor isotérmica do reservatório a alta temperatura para o fluido de trabalho. Para esse processo, podemos escrever ∫ a (a) 3 1 TL QH b S a (b) 2 QL b S Figura 6.8 Ciclo de Carnot no diagrama temperatura-entropia. 15/10/14 14:59 248 Fundamentos da Termodinâmica área 1-2-3-4-1 representa o trabalho líquido do ciclo. O rendimento térmico do ciclo pode ser também expresso em função de áreas. ηtérmico = T 3 1 2 a b Wlíq área 1-2-3-4-1 = QH área 1-2-b-a-1 Algumas afirmações feitas anteriormente sobre os rendimentos térmicos podem agora ser visualizadas graficamente. Por exemplo: com o aumento de TH, enquanto TL permanece constante, há aumento do rendimento térmico. É também evidente que o rendimento térmico se aproxima de 100% quando a temperatura absoluta, na qual o calor é rejeitado, tende a zero. Se o ciclo for invertido, teremos um refrigerador ou uma bomba de calor. O ciclo de Carnot para um refrigerador está mostrado na Figura 6.8b. Observe, nesse caso, que a entropia do fluido de trabalho aumenta à temperatura TL, pois o calor é transferido ao fluido de trabalho. A entropia decresce à temperatura TH em virtude da transferência de calor do fluido de trabalho. c s Figura 6.9 Áreas que representam as transferências de calor em processos inteiramente reversíveis. hlv = 1 317,1 kJ/kg T = 311,06 + 273,15 = 584,21 K Portanto, slv = slv 1 317,1 = = 2,2544 kJ/kg K T 584,21 esse é o valor de slv apresentado nas tabelas de vapor d’água. Consideremos os processos reversíveis de transferência de calor. Na realidade, estamos interessados aqui nos processos que são internamente reversíveis, ou seja, processos que não envolvem irreversibilidades dentro da fronteira do sistema. Para tais processos, o calor transferido para ou do sistema pode ser indicado como uma área no diagrama temperatura-entropia. Por exemplo, consideremos a mudança de estado de líquido saturado para vapor saturado a pressão constante. Isso corresponderia ao processo 1-2 no diagrama T-s da Figura 6.9 (observe que devemos operar com temperaturas absolutas). A área 1-2-b-a-1 representa o calor transferido. Como esse é um processo a pressão constante, o calor transferido, por unidade de massa, é igual a hlv. Assim, Se transferirmos calor ao vapor saturado, a pressão constante, o vapor será superaquecido ao longo da linha 2-3. Para esse processo, podemos escrever 1 m Uma conclusão importante é: a área abaixo da linha que representa um processo internamente reversível no diagrama temperatura-entropia é igual à quantidade de calor transferida. Isso não é verdade para processos irreversíveis, conforme será visto posteriormente. s2 − s1 = slv = = 1 mT ∫ 2 1 δQ = ∫ 2 ⎛ δ Q ⎞ ⎜ ⎟ = 1 ⎝ T ⎠ rev 1 q2 T = hlv T Essa relação fornece um modo para o cálculo de slv. Por exemplo, consideremos o vapor d’água a 10 MPa. Das tabelas de vapor, temos termodinamica 06.indd 248 2 q3 = 1 m ∫ 3 2 δQ = ∫ 3 2 T ds Como T não é constante, a expressão anterior não pode ser integrada, a menos que se conheça uma relação entre a temperatura e a entropia. Entretanto, verificamos que a área abaixo da linha 2-3, a área 2-3-c-b-2, representa a integral de 23T ds entre os estados 2 e 3. Portanto, essa área representa o calor transferido durante o processo reversível mencionado. 15/10/14 14:59 Entropia 249 EXEMPLO 6.1 O fluido de trabalho utilizado em uma bomba de calor, que opera segundo um ciclo de Carnot, é o R-134a. A temperatura do fluido refrigerante no evaporador da bomba de calor é 0 °C e o fluido deixa o evaporador como vapor saturado. A temperatura do fluido refrigerante é 60 °C no condensador da bomba de calor e o fluido deixa o condensador como líquido saturado. Determine, nessas condições, a pressão de descarga do compressor e o coeficiente de desempenho (COP) do ciclo térmico. Solução: O ciclo de Carnot é composto por dois processos isotérmicos com transferência de calor, intercalados por dois processos adiabáticos reversíveis. A variação de entropia pode ser avaliada com a Equação 6.2 Estado 4: s4 = s3 = 1,2857 kJ/kg K (Tabela B.5.1 entropia do líquido saturado a 60 °C) Estado 1: s1 = s2 = 1,7262 kJ/kg K (Tabela B.5.1 entropia do vapor saturado a 0 °C) ds = δq/T Estado 2: s2 = s1 e T = 60 oC (Tabela B.5.2 entropia do vapor saturado a 0 °C) e o diagrama geral do ciclo de Carnot pode ser visto na Figura 6.8. A Figura 6.10 mostra os diagramas P-v e T-s referentes às condições deste exemplo. Assim P 1682 294 T 3 1682 kPa 60 °C 2 0 °C 4 60 3 0 4 2 294 kPa 1 v 1 s FIGURA 6.10 Esboço para o Exemplo 6.1. Interpolando, na Tabela B.5.2, entre as pressões de 1 400 e 1 600 kPa, temos P2 = 1 400 + (1 600 − 1 400) 1,7262 − 1,736 = 1,7135 − 1,736 = 1 487,1 kPa Como a bomba de calor opera segundo um ciclo de Carnot, o coeficiente de desempenho pode ser calculado por termodinamica 06.indd 249 β ʹ′ = qH TH 333,15 = = = 5,55 w TH − TL 60 É importante ressaltar que as variações de pressão nos processos de transferência de calor não são desprezíveis. Assim, nenhuma bomba de calor, ou refrigerador, apresenta coeficiente de desempenho próximo àquele referente a um ciclo de Carnot que opera entre os mesmos reservatórios térmicos 15/10/14 14:59 250 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 6.2 Um conjunto cilindro-pistão contém 1 litro de líquido saturado de R-410a, a 20 °C. A posição do pistão é alterada vagarosamente até que a pressão interna se torne igual a 400 kPa. Admi- tindo que o processo de expansão seja isotérmico e reversível, determine o trabalho realizado e a transferência de calor nesse processo. Solução: Sistema (massa de controle): R-410a. Estado 2 – Tabela B.4.2 Equação da continuidade: m2 = m1 = m u2 = 276,44 kJ/kg Processo: Isotérmico e reversível. s2 = 1,2108 kJ/kg K Lembrando que a temperatura permanece constante no processo Equação da energia – Equação 3.5: = mT(s2 – s1) = 1,083 × 293,15 × × (1,2108 – 0,3357) = 227,8 kJ 1Q 2 m(u2 – u1) = 1Q2 – 1W2 Equação da entropia – Equação 6.3: m(s2 – s1) = dQ/T O trabalho realizado pode ser determinado com a primeira lei da termodinâmica (a igualdade foi utilizada porque o processo é reversível) = m(u2 – u1) + 1Q2 = 1,083 × × (87,94 – 276,44) + 277,8 = 73,7 kJ Estado 1 – Tabela B.4.1 u1 = 87,94 kJ/kg 1W 2 A Figura 6.11 mostra como é difícil determinar o trabalho realizado no processo a partir da integração no diagrama P-v. A mesma figura mostra que a transferência de calor nesse processo é representada pela área vista no diagrama T-s. s1 = 3 357 kJ/kg K m = V/v1 = 0,001/0,000 923 = 1,083 kg P T 1 2 1 2 T v s FIGURA 6.11 Esboço para o Exemplo 6.2. QUESTÕES CONCEITUAIS c. Como você pode alterar a entropia específica s de uma substância em um processo reversível? d. Em um processo reversível tem-se de fornecer calor para uma substância? Uma variação de temperatura altera a variação de s? e. Durante um processo reversível, 75 kJ/kg de calor são transferidos para certa massa de água a 100 kPa, 150 °C. Qual processo provoca a maior variação de s: sob T constante, sob v constante ou sob P constante? termodinamica 06.indd 250 15/10/14 14:59 Entropia 251 6.5 DUAS RELAÇÕES TERMODINÂMICAS IMPORTANTES 6.4 é realizada ao longo de um processo reversível entre os mesmos estados inicial e final. Neste ponto, vamos deduzir duas relações termodinâmicas importantes para uma substância compressível simples. Essas relações são H U + PV Como a entalpia é definida por podemos fazer T dS = dU + P dV e T dS = dH – V dP dH = dU + P dV + V dP Substituindo essa relação na Equação 6.4, obtemos T ds = dH – V dP (6.5) A primeira dessas relações pode ser deduzida considerando uma substância compressível simples na ausência de efeitos de movimento ou gravitacional. A primeira lei para uma mudança de estado sob essas condições é que é a segunda equação que nos propusemos a deduzir. Frequentemente, dá-se o nome de equações de Gibbs para o conjunto dessas equações. dQ = dU + dW Essas equações também podem ser escritas para uma unidade de massa, ou seja, As equações que estamos deduzindo se referem a processos em que o estado da substância pode ser identificado a qualquer instante. Assim, devemos considerar um processo quase estático ou, utilizando o termo introduzido no capítulo anterior, um processo reversível. Para uma substância compressível simples e admitindo um processo reversível, podemos escrever dQ = T dS e dW = P dV Substituindo essas relações na equação da primeira lei da termodinâmica, temos T dS = dU + P dV(6.4) que é uma das equações que pretendíamos deduzir. Observe que utilizamos um processo reversível para a dedução dessa equação. Assim, ela pode ser integrada em qualquer processo reversível, pois durante esse processo o estado da substância pode ser identificado em qualquer ponto. Observamos também que a Equação 6.4 só opera com propriedades termodinâmicas. Admitamos um processo irreversível que ocorra entre determinados estados inicial e final. As propriedades de uma substância dependem somente do estado, e, portanto, as variações das propriedades durante uma dada mudança de estado são as mesmas, tanto para um processo irreversível como para um processo reversível. Portanto, a Equação 6.4 pode ser aplicada a um processo irreversível entre dois estados dados, porém, a integração da Equação termodinamica 06.indd 251 T ds = du + P dv (6.6) T ds = dh – v dP (6.7) As equações de Gibbs serão muito utilizadas neste livro. Se considerarmos substâncias de composição fixa, mas que não podem ser modeladas como compressíveis simples, as equações de “T ds” anteriormente apresentadas não serão válidas, pois o trabalho não é mais da forma p dv. Vimos, no Capítulo 3, que em um processo reversível, o trabalho generalizado é dado por: dW = P dV – dL – dA – dZ + … Assim, uma expressão mais geral para a equação de “T dS” é T dS = dU + P dV – dL – dA – dZ + … (6.8) 6.6 VARIAÇÃO DE ENTROPIA EM UM SÓLIDO OU LÍQUIDO Na Seção 3.10, consideramos o cálculo das variações de energia interna e de entalpia para sólidos e líquidos e verificamos que, em geral, é possível expressar ambas as variações de maneira simples (veja a relação diferencial indicada na Equação 3.30 e a forma integrada mostrada na Equação 3.31). 15/10/14 14:59 252 Fundamentos da Termodinâmica Podemos utilizar esses resultados e a relação de propriedades termodinâmicas, Equação 6.6, para calcular a variação de entropia em um sólido ou em um líquido. Para essas fases, o termo do volume específico da Equação 6.6 é muito pequeno e pode ser desprezado. Utilizando a Equação 3.30, temos ds ! du C ! dT T T (6.9) Agora, conforme foi mencionado na Seção 3.10, podemos admitir que o calor específico se mantenha constante em muitos processos que envolvem sólidos ou líquidos. Nesse caso a Equação 6.10 pode ser integrada, obtendo-se o seguinte resultado ⎛ T ⎞ s2 − s1 ! C ln ⎜ 2 ⎟ ⎝ T1 ⎠ também pode ser calculada integrando a Equação 6.9. A Equação 6.10 mostra que um processo adiabático reversível (isotrópico) realizado sobre um fluido incompressível (volume específico constante) é um processo isotérmico. Esse é o motivo para modelarmos o bombeamento de líquidos como isotérmico. 6.7 VARIAÇÃO DE ENTROPIA EM UM GÁS IDEAL Duas equações muito úteis para a determinação da variação de entropia de gases ideais podem ser desenvolvidas aplicando as Equações 3.35 e 3.39 na Equação 6.7. Desse modo, T ds = du + P dv (6.10) Normalmente, o calor específico é função da temperatura. Nesses casos, a variação de entropia Para um gás ideal e du = Cv0dT P R = T v Portanto, EXEMPLO 6.3 Um quilograma de água líquida é aquecido de 20 °C a 90 °C. Calcule a variação de entropia, admitindo que o calor específico seja constante e compare esse resultado com o obtido utilizando as tabelas de vapor. Sistema: Água. s2 − s1 = Modelo: Calor específico constante e relativo à temperatura ambiente. Solução: ∫ 2 1 Cv0 (6.11) ⎛ v ⎞ dT + R ln ⎜ 2 ⎟ T ⎝ v1 ⎠ (6.12) Analogamente T ds = dh – v dP Estados iniciais e finais: Conhecidos. Para um gás ideal dh = C p0dT e v R = T P Portanto, Utilizamos a Equação 6.10 para os casos em que o calor específico é constante. Assim s2 − s1 = 4,184 ln 363,2 = 0,8958 kJ/kg K 293,2 O resultado obtido por meio das tabelas de vapor é s2 – s1 = sf 90 °C – sf 20 °C = 1,1925 – 0,2966 = = 0,8959 kj/kg K termodinamica 06.indd 252 dT Rdv + T v ds = Cv0 ds = C p0 s2 − s1 = ∫ 2 1 dT dP −R T P C p0 P dT − R ln 2 P1 T (6.13) (6.14) Para integrar as Equações 6.13 e 6.15, devemos conhecer as relações entre os calores específicos e a temperatura. Entretanto, lembrando que a diferença entre os calores específicos é sempre 15/10/14 14:59 Entropia constante, conforme expresso pela Equação 3.42, verificamos que precisamos examinar a relação com a temperatura de apenas um dos calores específicos. Vamos considerar o comportamento de Cp0 do mesmo modo apresentado na Seção 3.11. Novamente, existem três possibilidades a serem examinadas. A mais simples é a hipótese de calor específico constante e, nesse caso, é possível fazer a integral a Equação 6.15 diretamente. s2 − s1 = C p0 ln T2 P − R ln 2 T1 P1 (6.15) 253 Analogamente, integrando a Equação 6.13 para o caso de cv0 constante, s2 − s1 = Cv0 ln T2 v + R ln 2 T1 v1 (6.16) A segunda possibilidade, relativamente ao calor específico, é utilizar uma equação analítica de Cp0 em função da temperatura, como aquelas indicadas na Tabela A.6. A terceira possibilidade é integrar os resultados dos cálculos da termodinâmica estatística, desde a temperatura de referência T0 até qualquer outra temperatura T, e definir uma função EXEMPLO 6.4 Reconsidere o Exemplo 3.13, no qual o oxigênio é aquecido de 300 K a 1 500 K. Admita que durante o processo de aquecimento a pressão seja reduzida de 200 kPa para 150 kPa. Calcule a variação de entropia específica nesse processo. Solução: A resposta mais precisa para a variação de entropia, admitindo o comportamento de gás ideal, é aquela obtida com os dados da Tabela de Gases Ideais, Tabela A.8. Esse resultado, utilizando a Equação 6.19, é ⎛ 150 ⎞ s2 − s1 = (8,0649 − 6,4168) − 0,2598 ln ⎜ ⎟ = 1,7228 kJ/kh K ⎝ 200 ⎠ A utilização da equação empírica da Tabela A.6 fornece um resultado muito próximo do obtido com a Tabela A.8. Integrando a Equação 6.15, temos s2 − s1 = ∫ T2 T1 C p0 dT P − R ln 2 T P1 θ =1,5 ⎡ ⎛ 150 ⎞ 0,54 2 0,33 3 ⎤ 2 s2 − s1 = ⎢0,88 ln θ − 0,0001θ + θ − θ ⎥ − 0,2598 ln ⎜ ⎟ = 1,7058 kJ/kg K ⎣ ⎦ ⎝ 200 ⎠ 2 3 θ1 =0,3 O erro em relação ao primeiro resultado é menor que 1,0%. Se admitirmos que o calor específico é constante e avaliado a 300 K (Tabela A.5), temos ⎛ 1 500 ⎞ ⎛ 150 ⎞ s2 − s1 = 0,922ln ⎜ ⎟ − 0,2598 ln ⎜ ⎟ = 1,5586 kJ/kg K ⎝ 300 ⎠ ⎝ 200 ⎠ que é 9,5% inferior ao primeiro resultado. Se, por outro lado, admitirmos que o calor específico seja constante, mas avaliado à temperatura média de 900 K, como no Exemplo 3.13, temos ⎛ 1 500 ⎞ s2 − s1 = 1,0767 ln ⎜ ⎟ + 0,0747 = 1,8076 kJ/kg K ⎝ 300 ⎠ que é 4,9% superior ao primeiro resultado. termodinamica 06.indd 253 15/10/14 14:59 254 Fundamentos da Termodinâmica sT0 = ∫ C p0 dT T0 T T (6.17) Essa função pode ser apresentada como uma tabela em que a única entrada é a temperatura. A Tabela A.7, para o ar, e a Tabela A.8, para vários outros gases, foram construídas dessa maneira. A variação de entropia entre qualquer um dos estados 1 e 2 pode ser calculada do seguinte modo: 0 s2 − s1 = ( sT0 2 − sT1 ) − R ln P2 P1 (6.18) Como no caso das funções de energia, discutido na Seção 3.11, as Tabelas de Gases Ideais, A.7 e A.8, fornecem os resultados mais precisos e utilizando as equações apresentadas na Tabela A.6 EXEMPLO 6.5 Calcule a variação de entropia específica para o ar, quando este é aquecido de 300 K a 600 K e a pressão diminui de 400 kPa para 300 kPa, admitindo: 1. Calor específico constante; 2. Calor específico variável. Solução: Para o ar a 300 K (Tabela A.5) obtemos boas aproximações. A hipótese de calor específico constante fornece menor precisão, exceto para gases monoatômicos e para outros gases a temperaturas inferiores à do ambiente. Deve-se lembrar, novamente, que todos esses resultados são parte do modelo de gás ideal, que podem, ou não, ser adequados para um dado problema específico. A análise de processos isotrópicos é muito frequente na atividade dos engenheiros. Nesses processos, o lado direito da Equação 6.15 é nulo e a equação passa a fornecer uma relação entre as temperaturas e pressões dos estados inicial e final. Observe que a relação entre as temperaturas e pressões dos estados inicial e final é função do modelo utilizado para representar o comportamento do calor específico a pressão constante. Apresentamos, no texto localizado após a Equação 6.15, três modos de modelar o comportamento do calor específico em função da temperatura. O modo que propicia resultados mais precisos é baseado na utilização das tabelas de gás ideal, Tabelas A.7 e A.8, em conjunto com a Equação 6.18. O próximo Exemplo ilustra a análise de um processo isotrópico utilizando as Tabelas de gás ideal. Considere novamente um processo isotrópico. Se admitirmos que a variação do calor específico a pressão constante é nula durante o processo, a Equação 6.16 pode ser escrita do seguinte modo Cp0 = 1,004 kJ/kg K s2 − s1 = 0 = C p0 ln Portanto, utilizando a Equação 6.15 ⎛ 600 ⎞ ⎛ 300 ⎞ s2 − s1 = 1,004 ln ⎜ ⎟ − 0,287 ln ⎜ ⎟ = ⎝ 300 ⎠ ⎝ 400 ⎠ ou ⎛ T ⎞ ⎛ P ⎞ R ln ⎜ 2 ⎟ = ln ⎜ 2 ⎟ ⎝ T1 ⎠ C p0 ⎝ P1 ⎠ = 0,7785 kJ/kg K Da Tabela A.7 0 sT1 = 6,8693 kJ/kg K, e R/C T2 ⎛ P2 ⎞ p0 = ⎜ ⎟ T1 ⎝ P1 ⎠ sT0 2 = 7,5764 kJ/kg K Utilizando a Equação 6.19 ⎛ 300 ⎞ s2 − s1 = 7,5764 − 6,8693 − 0,287 ln ⎜ ⎟ = ⎝ 400 ⎠ = 0,7897 kJ/kg K termodinamica 06.indd 254 T2 P − R ln 2 T1 P1 (6.19) Entretanto, C − Cv0 k − 1 R = p0 = C p0 k C p0 (6.20) 15/10/14 14:59 Entropia em que k é a razão entre os calores específicos a pressão zero, EXEMPLO 6.6 Um conjunto cilindro-pistão contém um quilograma de ar. Inicialmente, a pressão e a temperatura são iguais, respectivamente, a 400 kPa e 600 K. O ar é, então, expandido até a pressão de 150 kPa em um processo adiabático e reversível. Calcular o trabalho realizado pelo ar. k= Processo: Adiabático e reversível. (6.21) (6.22) Combinando esse resultado com a equação que descreve o comportamento dos gases ideais, obtemos, Modelo: Gás ideal e Tabela de Ar, Tabela A.7. Análise: (k−1)/k T2 ⎛ P2 ⎞ = ⎜ ⎟ T1 ⎝ P1 ⎠ Estado inicial: P1, T1; estado 1 determinado. Estado final: P2. C p0 Cv0 A Equação 6.20 pode ser transformada em um formato mais adequado, ou seja, Sistema: Ar. T2 ⎛ v1 ⎞k−1 = ⎜ ⎟ T1 ⎝ v2 ⎠ (6.23) P2 ⎛ v1 ⎞k = ⎜ ⎟ P1 ⎝ v2 ⎠ (6.24) e Primeira lei da termodinâmica: 0 = u2 − u1 + w Segunda lei da termodinâmica: Observe que podemos reescrever a última equação do seguinte modo: s2 = s1 Solução: Pvk = constante Da Tabela A.7 0 = 7,5764 kJ/kg K sT1 Da Equação 6.18 0 s2 − s1 = 0 = ( sT0 2 − sT1 ) − R ln P2 P1 ⎛ 150 ⎞ = ( sT0 2 − 7,5764 ) − 0,287 ln ⎜ ⎟ ⎝ 400 ⎠ sT0 2 = 7,2949 kJ/kg K Da Tabela A.7 T2 = 457 K, (6.25) Observe que o caso analisado é um processo politrópico particular em que o expoente politrópico é igual a k. u1 = 435,10 kJ/kg u2 = 328,14 kJ/kg Portanto w = 435,10 – 328,14 = 106,96 kJ/kg termodinamica 06.indd 255 255 6.8 PROCESSO POLITRÓPICO REVERSÍVEL PARA UM GÁS IDEAL Quando um gás realiza um processo reversível no qual há transferência de calor, o processo frequentemente ocorre de modo que a curva log P × log V é uma linha reta. Isso está mostrado na Figura 6.12 e para tal processo, PVn = constante. Esse processo é chamado politrópico. Um exemplo é a expansão dos gases de combustão no cilindro de uma máquina alternativa refrigerada a água. Se a pressão e o volume em um processo politrópico são medidos durante o curso de expansão e os logaritmos da pressão e do volume são traçados, o resultado será semelhante ao mostrado na Figura 6.12. Dessa figura, conclui-se que 15/10/14 14:59 256 Fundamentos da Termodinâmica log P Para um sistema constituído por um gás ideal, o trabalho realizado na fronteira móvel durante um processo politrópico reversível pode ser deduzido a partir das relações Inclinação = – n 1W2 log V 1W2 Figura 6.12 Exemplo de um processo politrópico. d ln P = −n d ln V d ln P = nd ln V = 0 P dV = constante ∫ 2 dV (6.28) Vn P V − P1V1 mR (T2 − T1 ) = 2 2 = 1− n 1− n 1 1 P = constante T = constante s = constante v = constante PV = constante = P1V1 = P2V2 (6.29) O trabalho realizado na fronteira móvel de um sistema compressível simples durante um processo isotérmico reversível pode ser obtido pela integração da equação (6.27) ( n−1)/ n ⎛ V1 ⎞n−1 T2 ⎛ P2 ⎞ = ⎜ ⎟ = ⎜ ⎟ T1 ⎝ P1 ⎠ ⎝ V2 ⎠ n = 0, n = 1, n = k, n = ∞, O processo isotérmico reversível com um gás ideal é particularmente interessante. Nesse caso, n n= + – 2 PV n = constante e P dV Processo isobárico: Processo isotérmico: Processo isotrópico: Processo isocórico: Essa equação nos permite escrever as seguintes expressões para o processo politrópico: P 1 A Figura 6.13 mostra vários processos politrópicos em diagramas P-v e T-s. Os valores de n, para alguns processos familiares, são: PV n = constante = P1V1n = P2V2n (6.26) P 2 para qualquer valor de n, exceto para n = 1. Se n for uma constante (o que implica em uma linha reta no diagrama log P versus log V), a expressão pode ser integrada e fornecer o seguinte resultado: P2 ⎛ V1 ⎞ = ⎜ ⎟ P1 ⎝ V2 ⎠ ∫ = ∫ = 1W2 n = –2 T n = –1 = ∫ 2 1 P dV n=k n=+ – (v = constante) n = –1 n=0 (P = constante) n = –0,5 n=0 n=1 n = 1 (T = constante) 1 < n < k = Cp /Cv n=k (s = constante) v s Figura 6.13 Processos politrópicos nos diagramas P-v e T-s. termodinamica 06.indd 256 15/10/14 14:59 Entropia 257 EXEMPLO 6.7 O nitrogênio é comprimido de forma reversível, em um conjunto cilindro-pistão, de 100 kPa e 20 °C até 500 kPa. Durante o processo de compressão, a relação entre a pressão e o volume é PV1,3 = constante. Calcule o trabalho necessário e o calor transferido, por quilograma de nitrogênio, e mostre o processo nos diagramas P-v e T-s. P Sistema: Nitrogênio. Estado inicial: P1, T1; estado 1 é conhecido. Estado final: P2. Processo: Reversível; politrópico com expoente n < k. Diagrama: Figura 6.14 Modelo: Gás ideal com calor específico constante (valor a 300 K). T 2 2 1 1 Área = trabalho (a) v Área = calor transferido (b) s FIGURA 6.14 Diagramas para o Exemplo 6.7. Análise: Trabalho associado a movimento de fronteira. Da Equação 6.29, 1W2 = ∫ 2 1 P V − P1V1 mR (T2 − T1 ) P dV = 2 2 = 1− n 1− n Primeira lei da termodinâmica: 1 q2 = u2 − u1 + 1 w2 = Cv0 (T2 − T1 ) + 1 w2 Solução: Da Equação 6.28 ( n−1)/ n ⎛ 500 ⎞(1,3−1)/1,3 T2 ⎛ P2 ⎞ = ⎜ ⎟ = ⎜ = 1,4498 ⎟ ⎝ 100 ⎠ T1 ⎝ P1 ⎠ T2 = 293,2 × 1,4498 = 425 K Então 1 w2 = R (T2 − T1 ) 0,2968(425 − 293,2) = – 130,4 kJ/kg 1− n (1 − 1,3) e da equação da energia 1 q2 = Cv0 (T2 − T1 ) + 1 w2 = 0,745(425 − 293,2) − 130,4 = −32,2 kJ/kg termodinamica 06.indd 257 15/10/14 14:59 258 Fundamentos da Termodinâmica A integração se faz da seguinte forma: 1W2 = ∫ 2 1 P dV = constante = P1V1 ln ∫ 2 dV 1 V = (6.30) V2 P = P1V1 ln 1 V1 P2 ou 1W2 = mRT ln V2 P = mRT ln 1 V1 P2 (6.31) Como não há variação de energia interna ou entalpia em processos isotérmicos, o calor transferido é igual ao trabalho (desprezando as variações de energia cinética e potencial). Então, poderíamos ter deduzido a Equação 6.31 a partir do cálculo da transferência de calor no processo. Utilizando, por exemplo, a Equação 6.7 ∫ 2 1 T ds = 1 q2 = ∫ 2 1 du + ∫ 2 1 P dv 6.9 VARIAÇÃO DE ENTROPIA DO SISTEMA DURANTE UM PROCESSO IRREVERSÍVEL Consideremos um sistema que percorra os ciclos mostrados na Figura 6.15. O ciclo constituído pelos processos reversíveis A e B é um ciclo reversível. Portanto, podemos escrever δQ !∫ T = ∫ = ∫ 2 1 P dv = P1v1 ln v2 v1 esse resultado é igual ao apresentado na Equação 6.31. 2 ⎛ δ Q ⎞ ∫ ⎜ ⎟ + 1 ⎝ T ⎠ A ⎜ ⎟ = 0 ⎝ T ⎠ B 1 O ciclo constituído pelo processo irreversível C e pelo processo reversível B é um ciclo irreversível. Portanto, a desigualdade de Clausius pode ser aplicada para esse ciclo, resultando δQ !∫ T = ∫ 2 ⎛ δ Q ⎞ ∫ ⎜ ⎟ + 1 ⎝ T ⎠C 2 ⎛ δ Q ⎞ ⎜ ⎟ < 0 ⎝ T ⎠ B 1 Subtraindo a segunda equação da primeira e rearranjando, temos Mas, du = 0 e Pv = constante = P1v1 = P2v2. Assim, 1 q2 2 ⎛ δ Q ⎞ ∫ 2 ⎛ δ Q ⎞ 2 ⎛ δ Q ⎞ ∫ ⎜ ⎟ > 1 ⎝ T ⎠ A ⎜ ⎟ ⎝ T ⎠C 1 Como o caminho A é reversível, e como a entropia é uma propriedade, ∫ 2 ⎛ δ Q ⎞ ⎜ ⎟ = 1 ⎝ T ⎠ A ∫ 2 ∫ dS A = 1 2 1 dSC Portanto, QUESTÕES CONCEITUAIS ∫ f. Um líquido é comprimido mediante um processo adiabático reversível. Qual é a mudança em T? g. Um gás ideal sofre um processo isotérmico em que o calor é transferido de forma reversível a ele. Como as propriedades (v, u, h, s, P) mudam (ou seja, aumentam, diminuem ou se mantêm constantes)? h. O dióxido de carbono é comprimido em um processo politrópico, com n = 1,2, e tem seu volume reduzido. Como as propriedades (u, h, s, P, T) mudam (ou seja, aumentam, diminuem ou se mantêm constantes)? 2 1 ∫ dSC > A ⎜ ⎟ ⎝ T ⎠C 1 2 l ve rsí ve Re 2 ⎛ δ Q ⎞ B v Re C 1 l íve s er l íve ers v Irre Figura 6.15 Variação de entropia de um sistema durante um processo irreversível. termodinamica 06.indd 258 15/10/14 14:59 Entropia Como o caminho C é arbitrário, podemos generalizar o resultado. Assim, dS ≥ S2 − S1 ≥ demos reescrever a versão diferencial da Equação 6.33 do seguinte modo: δQ T ∫ dS = 2 δQ 1 T (6.32) Nessas equações, a igualdade vale para um processo reversível e a desigualdade para um processo irreversível. Essa é uma das equações mais importantes da termodinâmica e é utilizada no desenvolvimento de vários conceitos e definições. Essencialmente, essa equação estabelece a influência da irreversibilidade sobre a entropia de um sistema. Assim, se uma quantidade de calor δQ é transferida para um sistema à temperatura T, segundo um processo reversível, a variação da entropia é dada pela relação ⎛ δQ ⎞ dS = ⎜ ⎟ ⎝ T ⎠rev 259 δQ + δ Sger T (6.33) contanto que δSger ≥ 0 (6.34) O termo δSger representa a geração de entropia no processo, em virtude da ocorrência de irreversibilidades no sistema. Posteriormente, estudaremos a geração de entropia em volumes de controle. A geração interna de entropia pode ser causada pelos mecanismos descritos na Seção 5.4, como, por exemplo: atrito, expansão não resistida e redistribuição interna de energia com diferenças finitas de temperatura. Além dessa geração interna, também é possível termos as irreversibilidades externas. A transferência de calor com diferença finita de temperaturas é um bom exemplo de irreversibilidade externa. Entretanto, se durante a transferência da quantidade de calor δQ para o sistema à temperatura T ocorrerem efeitos irreversíveis, a variação de entropia será maior que a do processo reversível. Assim, podemos escrever O sinal de igualdade na Equação 6.35 é válido para os processos reversíveis e o sinal de maior para os irreversíveis. Como a geração de entropia é nula ou positiva, podemos formular alguns limites para o calor e o trabalho associados aos processos termodinâmicos. ⎛ δQ ⎞ dS > ⎜ ⎟ ⎝ T ⎠irr Considere um processo reversível. Nesse processo, a geração de entropia é nula e são válidas as seguintes relações A Equação 6.33 é válida para δQ = 0, ou quando δQ < 0, ou mesmo quando δQ > 0. Se δQ for negativo, a entropia tenderá a decrescer em decorrência da transferência de calor. Entretanto, a influência das irreversibilidades é, ainda, no sentido de aumentar a entropia do sistema. Do ponto de vista matemático, mesmo se δQ < 0, podemos escrever dS ≥ δQ T 6.10 GERAÇÃO DE ENTROPIA E EQUAÇÃO DA ENTROPIA Uma das principais conclusões da seção anterior é que a variação de entropia em um processo irreversível é maior que aquela referente a um processo reversível que apresente o mesmo δQ e T. Po- termodinamica 06.indd 259 δQ = T dS e δW = P dV Considere, agora, um processo irreversível. Nesse processo, a geração de entropia é positiva e a transferência de calor pode ser calculada a partir da Equação 6.34, ou seja δQirr = T dS – T δSger Se considerarmos a mesma mudança de estado (mesmo dS), a transferência de calor no processo irreversível será menor que a referente ao processo reversível e o trabalho no processo irreversível, nessas condições, também será menor que o referente ao reversível. Para demonstrar essa última afirmação, podemos utilizar a primeira lei da termodinâmica. Assim, δQirr = dU + δWirr 15/10/14 14:59 260 Fundamentos da Termodinâmica Utilizando a relação entre as propriedades T Q para dentro Q para fora T dS = dU + P dV do sistema do sistema podemos escrever Sger δWirr = P dV – T δSger(6.35) Essa equação mostra que o trabalho realizado no processo irreversível é menor que o trabalho referente ao processo reversível, e que a diferença é proporcional à geração de entropia. Por esse motivo, o termo T δSger é, muitas vezes, denominado trabalho perdido, mas esse trabalho não é um trabalho real ou uma quantidade de energia perdida, mas sim uma oportunidade perdida de se realizar trabalho. A Equação 6.34 pode ser integrada entre os estados inicial e final. Assim, S2 − S1 = ∫ 2 1 dS = ∫ 2 δQ 1 T + 1 S2 ger (6.36) Desse modo, obtivemos uma expressão para a variação de entropia para um processo irreversível que envolve uma igualdade e não uma desigualdade (como na Equação 6.33). Note que as Equações 6.37 e 6.33 são equivalentes para um processo reversível e que o trabalho é igual a ∫ P dV para esse tipo de processo. A Equação 6.37 é o balanço de entropia para um sistema, da mesma forma como a Equação 3.5 é o balanço de energia, e pode incluir vários subsistemas. A equação pode ser reescrita na forma geral, ∆ Entropia = (entradas) – (saídas) + (geração) Algumas conclusões importantes podem agora ser extraídas das Equações 6.34 a 6.37. Em princípio, existem dois modos de aumentar a entropia de um sistema – pela transferência de calor ao sistema ou fazendo-o percorrer um processo irreversível. Como a geração de entropia não pode ser negativa, há somente um único modo pelo qual a entropia de um sistema pode ser diminuída: transferindo-se calor do sistema. O diagrama T-s mostrado na Figura 6.16 ilustra esse fato. Observe que Qsaindo do sistema é negativo e que Qentrando no sistema é positivo. Em segundo lugar, observamos que, para um processo adiabático, δQ = 0 e, neste caso, o aumento de entropia está sempre associado às irreversibilidades. termodinamica 06.indd 260 s Figura 6.16 Variação de entropia em um sistema, provocada por transferência de calor e geração de entropia. Em terceiro, a existência de irreversibilidades faz com que o trabalho real seja menor que o trabalho reversível. Isso significa menos trabalho produzido em um processo de expansão e mais trabalho a ser fornecido ao sistema (δW < 0) em um processo de compressão. Finalmente, deve ser enfatizado que a mudança em s, associada com a transferência de calor, ocorre através de uma superfície de controle. Dessa forma, um ganho de calor no sistema tem como contrapartida uma perda de igual magnitude nas vizinhanças, em contraste com o termo de geração de entropia, que ocorre no interior do volume de controle em virtude de processos irreversíveis. Deve ser feita outra observação, que envolve a representação de processos irreversíveis nos diagramas P-v e T-s. Para um processo irreversível, o trabalho não é igual a ∫ P dV e o calor transferi- 1 P 1 T 2 2 v P 1 s (a) T 1 2 a b 2 a b v (b) s Figura 6.17 Processos irreversível e reversível em diagramas pressão-volume e temperatura-entropia. 15/10/14 14:59 Entropia do não é igual a ∫ T ds. Portanto, as áreas abaixo das curvas que representam esses processos nos diagramas P-v e T-s não correspondem, respectivamente, ao trabalho e ao calor envolvidos nesse tipo de processo. De fato, em muitos processos irreversíveis não conhecemos os estados intermediários do sistema. Por essa razão, é vantajoso representar os processos irreversíveis por linhas pontilhadas e os processos reversíveis por linhas cheias. Assim, a área abaixo da linha pontilhada nunca representará o trabalho ou o calor. A Figura 6.17a mostra um processo irreversível com transferência de calor e trabalho nulos. Observe que as áreas abaixo das linhas tracejadas não têm significado nesse caso. A Figura 6.17b mostra um processo reversível. A área 1-2-b-a-1 representa o trabalho no diagrama P-v e o calor transferido no diagrama T-s. 261 comum e uma vizinhança C. Admita que esses três volumes de controle englobem todo o universo. Seja agora um processo que se desenvolve, de forma que esses volumes de controle trocam calor e trabalho, como indicado na Figura 6.18. Como Q ou W é transferido de um volume de controle para outro, usaremos um único símbolo para cada um desses termos e indicaremos sua direção pela seta. Escreveremos agora as equações da energia e da entropia para cada volume de controle e, então, as adicionaremos para avaliar o efeito líquido. À medida que formos escrevendo as equações, não tentaremos memorizá-las, mas só escrevê-las como Mudança = (entradas) – (saídas) + (geração) utilizando a figura para determinar o sinal. Devemos lembrar, contudo, que podemos somente gerar entropia, não energia. Energia: QUESTÕES CONCEITUAIS i. O calor é transferido de uma substância. Você pode falar algo sobre a variação de s, se o processo for reversível? E se for irreversível? j. Uma substância é comprimida adiabaticamente, então P e T elevam-se. Isso faz com que s sofra alguma alteração? 6.11 PRINCÍPIO DO AUMENTO DE ENTROPIA Consideramos, na seção anterior, os processos irreversíveis em que as irreversibilidades ocorriam no sistema. Determinamos também que a variação de entropia em um sistema pode ser positiva ou negativa. A entropia pode ser aumentada por meio da transferência de calor ao sistema ou pela presença de irreversibilidades (que geram entropia). A entropia só pode ser diminuída pela transferência de calor do sistema. Nesta seção, será enfatizada a diferença entre as equações da energia e da entropia e que a energia é conservada e a entropia, não. Considere dois volumes de controle A e B, mutuamente exclusivos, que têm uma fronteira termodinamica 06.indd 261 ( E2 − E1 ) A = Qa − Wa − Qb + Wb ( E2 − E1 ) B = Qb − Wb − Qc + Wc ( E2 − E1 )C = Qc + Wa − Qa − Wc Entropia: ( S2 − S1 ) A = ∫ δTQ − ∫ δTQ + Sger A ( S2 − S1 ) B = ∫ δTQ − ∫ δTQ + Sger B ( S2 − S1 )C = ∫ δTQ − ∫ δTQ + Sger C a a b b b b c c c c a a Somaremos agora todas as equações da energia para obter a variação de energia de todo o globo terrestre: ( E2 − E1 ) total = = ( E2 − E1 ) A + ( E2 − E1 ) B + ( E2 − E1 )C = Qa − Wa − Qb + Wb + Qb − Wb − Qc + Wc + + Qc + Wa − Qa − Wc = 0 (6.37) e concluímos que a energia de todo o universo não foi alterada, ou seja, a energia é conservada, uma 15/10/14 14:59 262 Fundamentos da Termodinâmica Ta Tb C Qa Wa Tc Qb A B Wb Wc Qc Figura 6.18 Globo terrestre dividido em três volumes de controle. cebe o calor (um incremento, ou seja, uma quantidade “pequena”) δQ da vizinhança C, que se encontra na temperatura uniforme T0. Admita que o volume de controle B é a parede que separa o volume A da vizinhança C. O calor é transferido de C para A através de B. Vamos agora analisar o processo incremental, do ponto de vista do volume de controle B, que não sofre uma mudança de estado com o tempo, mas que tem uma variação de temperatura no espaço (pois, na parede, a temperatura varia de T0, na superfície de contato com C, a T, na superfície de contato com A). Equação da energia: vez que todos os termos do membro da direita da equação anterior cancelam-se aos pares. Da mesma forma, a energia não é armazenada ou retirada de algum lugar, a energia total ao final do processo é a mesma daquela anterior à sua realização. Para a entropia, no entanto, temos algo um pouco diferente: ( S2 − S1 ) total = ( S2 − S1 ) A + ( S2 − S1 ) B + ( S2 − S1 )C = = ∫ δTQ − ∫ δTQ + Sger A + ∫ δTQ − ∫ δTQ + Sger C = a a + c c b b a a = Sger A + Sger B + Sger C ≥ 0 ∫ δTQ − ∫ δTQ b b c c + S ger B + Equação da entropia: dS = 0 = (6.38) Como exemplo de processo irreversível, considere a transferência de calor de um domínio de alta temperatura para outro de baixa temperatura, como mostrado na Figura 6.19. Seja o volume de controle A, um sistema à temperatura T que re- δQ δQ − + δ Sger B T0 T Então, da equação da energia, obtemos que os dois termos de calor transferido são iguais, mas observamos que eles ocorrem em temperaturas diferentes, ocasionando a geração de entropia δ Sger B = em que todos os termos se cancelam, com exceção dos termos de geração de entropia. A entropia aumenta e, portanto, não é conservada. Somente se os processos forem reversíveis em todas as partes do universo é que o termo da direita da Equação 6.38 será nulo. Esse conceito é conhecido como princípio de aumento da entropia. Observe que, se somarmos as variações de entropia de todo o universo, obteremos a geração total de entropia, mas não conseguiremos identificar onde foi gerada. Para isso, é necessário tomar volumes de controle tais como o A, o B e o C do desenvolvimento anterior, avaliar todos os termos de transferência e, assim, obter a geração de entropia a partir da equação do balanço. termodinamica 06.indd 262 dE = 0 = δ Q1 − δ Q2 ⇒ δ Q1 = δ Q2 = δ Q ⎛ 1 1 ⎞ δQ δQ − = δ S ⎜ − ⎟ ≥ 0 T T0 ⎝ T T0 ⎠ (6.39) Uma vez que, para que haja transferência de calor de C para A, devemos ter T0 > T, podemos concluir que a geração de entropia é positiva. Suponha agora que T0 < T. Nesse caso, o termo entre parênteses na Equação 6.40 é negativo e, para que a geração de entropia seja positiva, o termo δQ deve ser negativo, ou seja, o calor deve ser transferido na direção oposta à anterior. Portanto, B C T0 A T δQ2 δQ1 Figura 6.19 Transferência de calor através de uma parede. 15/10/14 14:59 Entropia 263 a consequência natural da segunda lei da termodinâmica é que a transferência de calor ocorre de um domínio de alta para outro de baixa temperatura. 6.12 EQUAÇÃO DA TAXA DE VARIAÇÃO DE ENTROPIA O princípio de aumento da entropia (geração total de entropia), Equação 6.38, é ilustrado pelo exemplo 6.8. A segunda lei da termodinâmica foi utilizada para obter a Equação 6.34, que fornece a variação de entropia em uma variação infinitesimal de estados, e para obter a Equação 6.37, que nos possibilita calcular a variação de entropia em uma variação finita de estados (processo). É importante EXEMPLO 6.8 Suponha que 1 kg de vapor d’água saturado a 100 °C seja condensado, obtendo-se líquido saturado a 100 °C em um processo a pressão constante, por meio da transferência de calor para o ar ambiente que está a 25 °C. Qual é o aumento líquido de entropia para o conjunto sistema e ambiente? Solução: Para o sistema, das tabelas de vapor d’água É interessante observar que a transferência de calor, da água para o ambiente, poderia acontecer reversivelmente. Admitamos um motor térmico, operando segundo um ciclo de Carnot, que receba calor da água e rejeite calor no ambiente (veja Figura 6.20). Nesse caso, a diminuição de entropia da água é igual ao aumento de entropia do ambiente. Dsistema = – mslv = – 1 × 6,0480 = – 6,0480 kJ/K Considerando o ambiente, temos Qpara o ambiente = mhlv = 1 × 2 257,0 = 2 257 kJ DSambiente = Q 2257 = = 7,5700 kJ/K T0 298,15 DSlíquido = DSsistema + DSambiente = = −6,0480 + 7,5700 = 1,5220 kJ/K DSsistema = −6,0480 kJ/K DSambiente = 6,0480 kJ/K Esse aumento de entropia está de acordo com o princípio do aumento de entropia e diz, do mesmo modo que a nossa experiência, que esse processo pode ocorrer. H 2O W = QH − QL = 2257 − 1 803,2 = 453,8 kJ T T = 373,2 K 1 QH Motor reversível Qp/o ambiente = T0DS = 298,15(6,0480) = 1 803,2 kJ 4 W 373,2 K 298,2 K 2 3 QL Ambiente T0 = 298,2 K s FIGURA 6.20 Transferência reversível de calor para o ambiente. Como esse ciclo é reversível, o motor pode ser invertido e operar como bomba de calor. Para esse ciclo, o trabalho necessário para a bomba de calor seria 453,8 kJ. termodinamica 06.indd 263 15/10/14 14:59 264 Fundamentos da Termodinâmica contarmos com uma equação que forneça a taxa de variação de entropia em um sistema para que seja possível analisar o comportamento temporal dos processos. É importante ressaltar que a equação da taxa de variação de entropia também é fundamental no desenvolvimento da equação geral do balanço de entropia em volumes de controle. Tomemos uma variação incremental de S na Equação 6.33 e a dividamos por δt. Assim, dS 1 δ Q δ Sger = + δt T δt δt (6.40) Observe que a superfície de controle pode ser composta por várias regiões que apresentam temperatura uniforme. Assim, deve-se tomar cuidado na aplicação da equação anterior. Lembre que na equação da energia não precisamos considerar as temperaturas das regiões em que ocorrem as transferências de calor e todos os termos relacionados com essas transferências foram agrupados em uma taxa líquida de transferência de calor (veja a Equação 3.3). Observando que o ponto sobre o símbolo indica uma taxa, a forma final da equação da taxa de variação de entropia em um sistema é dSsist = dt 1 ∑ T Q + S ger (6.41) Essa equação mostra que a taxa de variação de entropia do sistema é em razão do fluxo de entropia associado às transferências de calor na fronteira do sistema e à taxa de geração de entropia no sistema. Essa taxa de geração de entropia EXEMPLO 6.9 Considere um aquecedor de ambientes elétricos que consome 1 kW de energia elétrica. A temperatura superficial das resistências elétricas utilizadas nesse aquecedor é uniforme e igual a 600 K. Analise o processo de conversão de energia elétrica em calor e determine a taxa total de geração de entropia nesse processo. Sistema: Resistências elétricas. Estado: Temperatura superficial constante. Processo: Regime permanente. Análise: As formas da primeira e da segunda lei da termodinâmica adequadas à análise deste problema são dEsist dU sist = = 0 = W elétrico − Q transferido dt dt dSsist Q = 0 = − transferido + S ger dt Tsuperficial Note que desprezamos as variações de energias cinética e potencial e, por esse motivo, igualamos a taxa de variação de energia total à taxa de variação de energia interna na equa- ção da primeira lei da termodinâmica. A taxa de variação de energia total no sistema é nula porque o regime de operação é o permanente. Nessas condições, determinamos que a taxa de transferência de calor nas resistências do aquecedor é igual à potência elétrica utilizada para acionar o aquecedor. O lado esquerdo da equação da taxa de variação de entropia é nulo porque o regime de operação do aquecedor é o permanente e o lado direito da equação nos mostra que o fluxo de entropia na superfície de controle do sistema é provocado pela taxa de geração de entropia que ocorre nas resistências do aquecedor elétrico. Solução: A taxa de geração de entropia nas resistências do aquecedor é termodinamica 06.indd 264 Q 1 kW S ger = transferido = = 0,001 67 kW/K T 600 K 15/10/14 14:59 Entropia é um resultado dos processos irreversíveis que ocorrem no interior do sistema. Se todos os processos internos ao sistema são reversíveis, a taxa 265 de variação de entropia será determinada apenas pelo termo associado às transferências de calor na fronteira do sistema. EXEMPLO 6.10 Considere um sistema de ar-condicionado moderno que utiliza R-410a como fluido de trabalho e que está operando no modo de bomba de calor, como mostrado na Figura 6.21. O coeficiente de desempenho do equipamento é 4 e a potência elétrica consumida é 10 kW. O reservatório de baixa temperatura é o subsolo, que se encontra a 8 °C e, o de alta temperatura é o ambiente no interior da casa, mantido a 21 °C. Como simplificação, admitida que o ciclo da bomba de calor tenha a alta temperatura de 50 °C e a baixa temperatura de 10 °C (lembre-se da Seção 5.10). O que queremos obter é a geração de entropia associada à operação da bomba de calor, para o caso de regime permanente. CV2 21 °C QH CV1 CVBC 50 °C H.P. −10 °C W QL FIGURA 6.21 Bomba de calor para uma casa. Primeiro, vamos considerar a bomba de calor, de volume de controle VCBC. A partir da definição de COP: Q H = β BC × W = 4 × 10 kW = 40 kW Equação da energia: Q L = Q H − W = 40 kW − 10 kW = 30 kW Equação da entropia: Q L Q − H + S gerBC Tbaixa Talta Q L Q 40 kW + H = = 9,8 W/K S gerBC – Tbaixa Talta 323 K termodinamica 06.indd 265 Equação da entropia: 0= Q L Q L − + S ger v.c.1 TL Tbaixa Q L Q 30 kW 30 kW S ger v.c.1 = − L = − = 7,3 W/K Tbaixa TL 263 K 281 K E, finalmente, consideremos o VC2, um sistema que “une” a fronteira do trocador de calor de alta temperatura da bomba de calor, a 50 °C, ao ambiente no interior da casa, a 21 °C: Equação da entropia: 8 °C 0= Consideremos agora o volume VC1, um sistema que “une” o subsolo a 8 °C ao trocador de calor a –10 °C, da bomba de calor: 0= Q H Q H − + S ger v.c.2 Talta TH Q Q 40 kW 40 kW S ger v.c.2 = H − H = − = 12,2 W/K TH Talta 294 K 323 K A entropia total gerada resulta S ger TOT = S ger v.c.1 + S ger v.c.2 + S ger BC Q L Q Q Q Q Q L − L+ H − H + H − = Tbaixa TL TH Talta Talta Tbaixa Q H Q L 40 kW 30 kW − = − = 29,3 W/K TH TL 294 K 3281 K O último resultado também pode ser obtido com um volume de controle que seja a reunião dos três volumes considerados. Nesse caso, contudo, não será possível determinar onde a entropia foi gerada, ao contrário do que ocorreu na análise mais detalhada efetuada. 15/10/14 14:59 266 Fundamentos da Termodinâmica A equação da entropia para sistema na Equação 6.37 ou Equação 6.42 é a versão moderna da engenharia para a segunda lei. Essa é a equação que utilizaremos nas análises técnicas, enquanto o que foi apresentado no Capítulo 5 representa um desenvolvimento histórico. A versão final é apresentada no capítulo seguinte para volume de controle, quando os termos de escoamento de massa são acrescentados, assim como estabelecido para a equação da energia no Capítulo 4. Para demonstrar a equivalência da equação da entropia ao que foi desenvolvido no Capítulo 5, vamos aplicá-la a um motor térmico e a um refrigerador térmico (ou bomba de calor). Considere um motor real em uma montagem similar à da Figura 6.1, operando em regime permanente. As equações da energia e da entropia tornam-se 0 = Q H − Q L − W MT (6.42) 0= Q H Q L − + Sgen TH TL (6.43) Para expressar o termo do trabalho como uma · fração da fonte de calor QH, eliminaremos a taxa · de calor QL, utilizando a equação da entropia, o que resultou em W! = Q! − Q! MT H L T = Q! H − L Q! H − TL S! gen TH ⎛ T ⎞ = ⎜1 − L ⎟ Q! H − TL S! gen ⎝ TH ⎠ (6.44) O resultado pode ser expresso em função e também relacionado com a eficiência real W MT = η MT Carnot Q H − perda = η MT , real Q H (6.45) Antes de discutir esse resultado, considere um refrigerador real (ou bomba de calor) similar ao da Figura 6.2, operando em regime permanente. As equações da energia e da entropia tornam-se 0 = Q L − Q H + W REF Q L Q H − + S gen TL TH 0= termodinamica 06.indd 266 (6.46) (6.47) Para o refrigerador, desejamos expressar a · transferência de calor QL como um múltiplo do trabalho utilizado e, para isso, utilizamos a equa· ção da entropia para isolar o termo QH T Q! H = H × Q! L + TH S! gen TL E substituir na equação da energia ⎡ T ⎤ 0 = Q! L − ⎢ H Q! L + TH S! gen ⎥ + W! REF ⎣ TL ⎦ · Resolvendo para QL, resulta Q L = TL T T W REF − H L S gen TH − TL TH − TL (6.48) No primeiro termo da equação anterior aparece o COP do refrigerador de Carnot; sua relação com o COP real se dá por meio da expressão Q L = β carnot W REF − perda = β realW REF (6.49) A partir dos resultados provenientes da análise do motor térmico e do refrigerador, podemos concluir: 1. A maior eficiência ocorre para os processos · reversíveis, Sger = 0, uma vez que a Equação · 6.45 produz o máximo WMT para um determi· nado QH fixado, e que, para um refrigerador, · a Equação 6.49 produz o máximo QL para um · determinado WREF. 2. Para uma máquina reversível, a análise feita permite prever a eficiência do motor de Carnot e o COP do refrigerador de Carnot. 3. Para uma máquina real, a análise feita demonstra que há um decréscimo de desempe· · nho (menor WMT ou menor QL), o qual é diretamente proporcional à geração de entropia. Para prever o desempenho real, é necessário conhecer os detalhes do processo para determinar a entropia gerada. Isso é muito difícil de ser feito. O que os fabricantes fazem usualmente é medir o desempenho do equipamento em uma faixa de operação, para a qual se estabelece um rendimento ou COP. 15/10/14 14:59 Entropia A aplicação das equações da energia e da entropia apresentaram assim todos os resultados obtidos ao longo do desenvolvimento histórico da segunda lei, conforme visto no Capítulo 5. Este será o método que utilizaremos na análise de sistemas e máquinas, segundo uma abordagem de engenharia. 6.13 COMENTÁRIOS GERAIS SOBRE ENTROPIA E CAOS Neste ponto, é possível que o aluno tenha uma razoável compreensão do material apresentado e, ainda assim, um vago entendimento do significado da entropia. De fato, a questão “O que é entropia?” é frequentemente formulada pelos alunos, tendo como conclusão que ninguém pode realmente apresentar com precisão uma resposta. Esta seção foi incluída como uma tentativa de aprofundar os aspectos qualitativos e filosóficos relativos à entropia, ilustrando a vasta aplicação que ela pode ter em muitas disciplinas. Primeiro, é preciso lembrar que o conceito de energia provém da primeira lei da termodinâmica e o conceito de entropia, da segunda. A bem da verdade, a questão “O que é energia?” é tão difícil de ser respondida como aquela “O que é entropia?”. Entretanto, como utilizamos o termo energia regularmente e somos capazes de relacioná-lo a fenômenos do dia a dia, a palavra energia tem um significado estabelecido para nós e serve como um veículo efetivo de compreensão e comunicação. A palavra entropia poderia cumprir uma finalidade semelhante. Se, ao observarmos um processo altamente irreversível (como o resfriamento de café ou a colocação de uma pedra de gelo dentro da xícara), disséssemos “Isso certamente aumenta a entropia”, rapidamente nos familiarizaríamos com a palavra entropia, assim como estamos familiarizados com a palavra energia. Em muitos casos, quando falamos sobre aumentar a eficiência, estamos falando realmente sobre atingir um determinado objetivo com menor aumento de entropia. Em segundo lugar, deve-se mencionar que na termodinâmica estatística, a propriedade entropia é definida em termos de probabilidade. Embora este tópico não seja examinado em detalhes neste livro, alguns poucos comentários sobre entropia e probabilidade podem ajudar na compreensão da termodinamica 06.indd 267 267 entropia. Desse ponto de vista, a elevação líquida de entropia que ocorre em um processo irreversível pode ser associada com a mudança de um estado menos provável para outro, mais provável. Utilizando um exemplo anteriormente apresentado, é mais provável encontrar gás ocupando ambos os lados da membrana rompida, na Figura 5.15, do que gás de um lado e vácuo do outro. Então, quando a membrana se rompe, a direção do processo é do estado menos provável para o mais provável, e, associado a isso, há um aumento de entropia. De forma similar, é mais provável que a temperatura de xicara de café aproxime-se da temperatura ambiente do que se afaste dela. Ou seja, quando o café esfria, como resultado da transferência de calor para o ambiente, há mudança de um estado menos provável para outro mais provável, e, associado a isso, há aumento de entropia. Para deixar a entropia um pouco mais próxima dos físicos e do conceito de desordem e caos, consideremos um sistema bem simples. Propriedades como U e S para uma substância são valores médios das propriedades de muitas moléculas, as quais não se encontram todas no mesmo estado quântico. Há um número diferente de configurações possíveis para um determinado estado que constitui uma incerteza, ou caos, do sistema. O número de configurações possíveis, w, é chamado probabilidade de termodinâmica, e cada um deles é igualmente possível. Esse número w é utilizado para definir a entropia como S = k ln w (6.50) em que k é a constante de Boltzman. É a partir dessa definição que S fica relacionado à incerteza e ao caos. Quanto maior o número de configurações possíveis, maior o valor de S. Para um dado sistema, teríamos de avaliar todos os estados quânticos possíveis para a energia cinética, a energia rotacional, a energia vibracional, e assim por diante, para determinar a distribuição de equilíbrio e w. Sem entrar em mais detalhes, que são objeto da termodinâmica estatística, um exemplo bem simples é utilizado a seguir, para ilustrar o princípio (Figura 6.22). Admita que existam quatro objetos idênticos dotados de apenas uma forma de energia, digamos, energia potencial associada com a altura que ocupam em um edifício de muitos andares. Considere que a soma total da energia desses objetos 15/10/14 14:59 268 Fundamentos da Termodinâmica é de duas unidades de energia (massa × altura × aceleração gravidade). Como esse sistema pode ser configurado? Podemos ter um objeto no segundo andar e os três restantes no andar térreo (ou seja, os objetos contêm, no total, duas unidades de energia). Podemos ter também dois objetos no primeiro andar e dois no térreo (novamente, duas unidades de energia no total). Essas duas configurações são igualmente possíveis, e podemos, portanto, ver cada uma delas 50% do tempo total de existência das duas configurações; temos, então, algum valor positivo de S. Adicionemos agora duas unidades de energia por transferência de calor. Isso é feito dando aos objetos alguma energia que eles compartilham. Os objetos possuem agora, no total, 4 unidades de energia. São possíveis agora as seguintes configurações (a–e): Andar 0 Número de objetos a: Número de objetos b: Número de objetos c: Número de objetos d: Número de objetos e: 3 2 2 1 1 2 3 4 1 1 2 4 1 2 1 Agora temos cinco configurações diferentes (w = 5), cada uma delas igualmente possível, de forma que observaremos cada configuração em 20% do tempo, e agora temos um valor maior de S. Por outro lado, se o incremento de duas unidades de energia se der por adição de trabalho, o resultado é diferente. Trabalho é associado com movimento de fronteira, o que equivale a alongar o edifício (torná-lo mais alto, com altura 2 vezes a original), ou seja, o primeiro andar terá 2 unidades de energia por objeto, e assim por diante. Isso significa que simplesmente dobraremos a quantidade Figura 6.22 Representação da distribuição de energia. termodinamica 06.indd 268 de energia por objeto em relação à situação original sem alterar o número de configurações possíveis, que permanece em w = 2. Com efeito, S não será alterado. Andar 0 1 Número de objetos f: Número de objetos g: 3 2 2 2 3 4 1 Este exemplo ilustra a profunda diferença entre adicionar energia por transferência de calor, em que há variação de S, em comparação à adição de energia por intermédio de trabalho, caso em que o valor de S não muda. No primeiro caso, fazemos com que certo número de partículas passe de um nível de energia para outro maior, mudando a distribuição e aumentando o caos. No segundo caso, não mudamos partículas de um nível de energia para outro, mas alteramos a magnitude que cada nível de energia de um dado estado tem, preservando a ordem e o caos. RESUMO A desigualdade de Clausius é uma formulação moderna da segunda lei da termodinâmica e a propriedade entropia, s, é uma consequência dessa abordagem. Uma das formulações gerais da segunda lei é a equação do balanço de entropia que inclui um termo referente à geração de entropia. Todos os resultados apresentados no Capítulo 5, que foram derivados a partir da formulação clássica da segunda lei, podem ser obtidos se analisarmos a operação de um dispositivo que opera em um ciclo com a equação de balanço de entropia. A geração de entropia é nula em todos os processos reversíveis e todos os processos reais (irreversíveis) apresentam geração de entropia positiva. A taxa de geração de entropia depende das características do processo real. As relações entre a entropia e as outras propriedades termodinâmicas foram derivadas a partir da análise de processos reversíveis e estabelecemos as relações de Gibbs. As variações de entropia podem ser avaliadas a partir dos valores encontrados nas tabelas de propriedades termodinâmicas e mostramos as aproximações utilizadas 15/10/14 14:59 Entropia para calcular as variações de entropia de sólidos, líquidos e gases ideais. Examinamos também as variações de entropia encontradas em vários processos e examinamos mais detalhadamente alguns casos particulares (como o processo politrópico). O trabalho de fronteira reversível é representado pela área abaixo da curva do processo no diagrama P-v e a transferência de calor reversível é representada pela área abaixo da curva do processo no diagrama T-s. Após estudar o material deste capítulo, você deve ser capaz de: • Reconhecer que a desigualdade de Clausius é uma das formas da segunda lei da termodinâmica. • Reconhecer a relação que existe entre a variação de entropia e a transferência de calor reversível. • Localizar um estado termodinâmico nas tabelas a partir dos valores da entropia e de outra propriedade independente. 269 • Elaborar o diagrama T-s, referente a um ciclo de Carnot. • Reconhecer a forma das curvas de processos simples no diagrama T-s. • Aplicar a segunda lei da termodinâmica em um sistema que realiza, ou sofre, um processo. • Identificar os processos que geram entropia em um sistema. • Avaliar as variações de entropia em sólidos, líquidos e gases. • Reconhecer as várias relações entre propriedades dedicadas a descrever os processos politrópicos em gases ideais. • Aplicar a segunda lei da termodinâmica a um processo transitório que ocorre em um sistema e identificar os significados da taxa de geração de entropia e do fluxo de entropia. CONCEITOS E EQUAÇÕES PRINCIPAIS dQ Desigualdade de Clausius: ∫T ≤0 Entropia: ds = dq + dsger ; T Equação da taxa de variação de entropia: dSsist = dt Equação da entropia: m ( s2 − s1 ) = dsger ≥ 0 ∑ T1 Q + S ger ∫ 2δQ T 1 + 1 S2, ger ; 1 S2, ger Variação total de entropia: Slíq = Ssistema + Smeio = Sger ≥ 0 Trabalho perdido: Wperdido = Trabalho de fronteira real: 1W2 Relações de Gibbs: Sólidos e Líquidos: Variação de s: termodinamica 06.indd 269 = ≥0 ∫ T dS ger ∫ P dV − W perdido Tds = du + P dv Tds = dh − v dP v = constante, dv = 0 du dT T s2 − s1 = = C ≈ C ln 2 T T T1 ∫ ∫ 15/10/14 14:59 270 Fundamentos da Termodinâmica Gases Ideais Entropia padrão: sT0 = T C p0 T0 T ∫ dT (função de T ) s2 − s1 = sT0 2 − sT0 1 − R ln Variação de s: P2 (Tabela A.7 ou A.8) P1 s2 − s1 = C p0 ln P T2 − R ln 2 (C p constante) P1 T1 s2 − s1 = Cv0 ln v T2 − R ln 2 (Cv constante) v1 T1 Relação entre calores específicos: k = Cp0/Cv0 Processos Politrópicos: Pvn = constante; PVn = constante n P2 ⎛ V1 ⎞ ⎛ v ⎞n ⎛ T ⎞ n−1 = ⎜ ⎟ = ⎜ 1 ⎟ = ⎜ 2 ⎟ P1 ⎝ V2 ⎠ ⎝ v2 ⎠ ⎝ T1 ⎠ n T2 ⎛ v1 ⎞n−1 ⎛ P2 ⎞ = ⎜ ⎟ = ⎜ ⎟ T1 ⎝ v2 ⎠ ⎝ P1 ⎠ 1 n−1 n 1 v2 ⎛ P1 ⎞ n ⎛ T1 ⎞ n−1 = ⎜ ⎟ = ⎜ ⎟ v1 ⎝ P2 ⎠ ⎝ T2 ⎠ Trabalho específico: 1 R ( P2 v2 − P1v1 ) = (T2 − T1 ) 1− n 1− n P v v2 = RT1 ln 2 = RT1 ln 1 1 w2 = P1 v1 ln P2 v1 v1 1 w2 = n≠1 n=1 O trabalho específico em virtude do movimento de fronteira é dado por w = Pdv Processos específicos: Processo isobárico: n = 0; P = constante Processo isotérmico: n = 1; T = constante Processo isotrópico: n = k; s = constante Processo isocórico: n = ± ∞; v = constante PROBLEMAS CONCEITUAIS 6.1 As propriedades termodinâmicas v, u, h e s da substância que percorre um ciclo completo não são alteradas. Como é possível detectarmos um efeito do ciclo nessas condições? Justifique sua resposta. 6.2 Considere um motor térmico que recebe QH. Você pode afirmar alguma coisa sobre QL se o motor é reversível? Você pode afirmar alguma coisa sobre o QL se o motor é irreversível? termodinamica 06.indd 270 6.3 O volume de controle A é a massa no interior de um sistema cilindro-pistão. O volume de controle B é a região adicional que contém a parede e que faz fronteira com o reservatório térmico que transfere o calor 1Q2 na temperatura Ts. Escreva a equação da entropia para os dois volumes de controle, admitindo que não haja mudança de estado do pistão ou das paredes. 15/10/14 14:59 271 Entropia P0 P mp 1 mA 6.4 6.5 6.6 6.7 Ts 1 2 FIGURA P6.3 Considere no problema anterior que a massa no interior do cilindro seja mA, que a massa do pistão seja mp e que no início do processo estejam a temperaturas diferentes (Figura P6.3). Decorrido certo tempo, a temperatura se torna uniforme, sem que haja transferência de calor com o ambiente. Obtenha o termo de acumulação de entropia (S2 – S1) para a massa total. 2 v s FIGURA P6.8 6.9 Ar a 290 K, 100 kPa, em uma caixa rígida, é aquecido até 325 K. Como variam as propriedades (P, v, u e s), ou seja, os valores se elevam, diminuem ou permanecem os mesmos? 6.10 Água a 100 °C, título de 50%, que se encontra em uma caixa rígida, é aquecida até 110 °C. Como variam as propriedades (P, v, x, u e s), ou seja, os valores se elevam, diminuem ou permanecem os mesmos? Ar a 20 °C, 100 kPa, é comprimido em um dispositivo cilindro-pistão, sem qualquer transferência de calor, até uma pressão de 200 kPa. Como variam as propriedades (T, v, u e s), ou seja, os valores se elevam, diminuem ou permanecem os mesmos? 6.11 Água líquida a 20 °C, 100 kPa é comprimida em um dispositivo cilindro-pistão, sem qualquer transferência de calor, até uma pressão de 200 kPa. Como variam as propriedades (T, v, u e s), ou seja, os valores se elevam, diminuem ou permanecem os mesmos? Dióxido de carbono é comprimido em um processo politrópico com n = 1,4. Como as propriedades termodinâmicas (u, h, s, P e T) variam nesse processo, ou seja, os valores se elevam, diminuem ou permanecem os mesmos? 6.12 Sejam os seguintes processos: 1) Processo A, ar a 300 K, 100 kPa, é aquecido até 310 K a pressão constante; 2) Processo B, ar a 1300 K, é aquecido até 1310 K, à pressão constante de 100 kPa. Utilize a tabela seguinte para comparar a mudança das propriedades. Um processo reversível desenvolve-se em um dispositivo cilindro-pistão, como mostrado na Figura P6.7. Determine o termo de acumulação (u2 – u1) e avalie se os termos de transferência 1w2 e 1q2 são positivos, negativos ou nulos. 2 2 v s DA = DB DA < DB 6.13 Qual é a associação do termo (S2 – S1) com os termos dQ/T e 1S2 ger? 6.14 Uma bomba de calor reversível tem um fluxo de entrada de entropia por intermédio do termo QL/TL. O que você pode dizer do fluxo de saída de entropia na temperatura TH? 6.15 Um aquecedor elétrico recebe 1500 W de potência elétrica e aquece uma sala que cede a mesma taxa de calor para o ambiente através de paredes e janelas. Especifique exatamente onde a entropia é gerada nesse processo. FIGURA P6.7 Um processo reversível desenvolve-se em um dispositivo cilindro-pistão, como mostrado na Figura P6.8. Determine o termo de acumulação (u2 – u1) e avalie se os termos de transferência 1w2 e 1q2 são positivos, negativos ou nulos DA > DB D = v2 – v1 D = h2 – h1 D = s2 – s1 1 1 termodinamica 06.indd 271 Propriedade T P 6.8 T 15/10/14 14:59 272 6.16 Fundamentos da Termodinâmica Um aquecedor elétrico de ambiente, de 500 W, é dotado de um ventilador que sopra ar sobre a resistência de aquecimento (fios resistivos). Para cada um dos volumes de controle, ou seja, (a) somente a resistência de aquecimento à Tfio; (b) todo o ar da sala à Tsolo; e (c) todo o ar da sala mais a resistência de aquecimento, determine as taxas de acumulação, de transferência e de geração de entropia (despreze o termo de · Q através de paredes e janelas). PROBLEMAS PARA ESTUDO Desigualdade de Clausius 6.17 6.18 6.19 6.20 6.21 6.22 Reconsidere o ciclo de potência a vapor d’água descrito no Exemplo 4.7 e admita que a transferência de calor na tubulação de vapor ocorre na temperatura média (entre os estados 1 e 2). Mostre que esse ciclo satisfaz a desigualdade de Clausius. Um motor térmico recebe 6 kW de um reservatório térmico a 250 °C e rejeita calor em um reservatório a 30 °C. Considere que a potência no eixo da máquina seja: a. 6 kW; b. 0 kW; c. igual àquela de um motor de Carnot. Analise cada uma dessas situações com a desigualdade de Clausius. Utilize a desigualdade de Clausius para mostrar que é possível transferir calor de um reservatório de alta temperatura para outro de baixa, sem produção de trabalho (ou seja, que é possível existir um motor térmico sem produção de trabalho). Utilize a desigualdade de Clausius para mostrar que é impossível transferir calor de um reservatório de baixa temperatura para outro, de alta temperatura, sem que haja consumo de trabalho (ou seja, que é impossível existir uma bomba de calor sem consumo de trabalho). gualdade de Clausius? Repita o problema, considerando que o ciclo opera de modo reverso, ou seja, como um refrigerador. 6.23 Entropia de uma Substância Pura 6.24 termodinamica 06.indd 272 Determine a entropia para os estados a seguir. a. Nitrogênio, P = 2 000 kPa, 120 K b. Nitrogênio, 120 K, v = 0,0050 m3/kg c. R-410a, T = 25 °C, v = 0,01 m3/kg 6.25 Entre as propriedades T, P, s e x, encontre as que faltam para o R-410a, nos seguintes estados: a. T = – 20 °C, v = 0,1377 m3/kg b. T = 20 °C, v = 0,013 77 m3/kg c. P = 200 kPa, s = 1,409 kJ/kg K 6.26 Entre as propriedades T, P, s e x, encontre as que faltam para a amônia (NH3) nos seguintes estados: a. T = 65 °C, P = 600 kPa b. T = 20 °C, P = 800 kJ/kg c. T = 50 °C, v = 0,1185 m3/kg 6.27 Considere que as temperaturas dos reservatórios térmicos da máquina descrita no Problema 5.34 são iguais a 1000 K e 400 K. Analise os quatro casos descritos no problema com a desigualdade de Clausius. A temperatura do vapor na caldeira do ciclo térmico descrito no Problema 5.30 é 700 °C e a temperatura da água no condensador do ciclo é 40 °C. Esse ciclo satisfaz a desi- Reconsidere a máquina térmica descrita no Problema 5.74. A operação da máquina satisfaz a desigualdade de Clausius? Considere a água como fluido de trabalho. Determine o valor da entropia específica para cada um dos estados fornecidos e indique a posição desses estados no diagrama T-s. a. T = 250 °C, v = 0,02 m3/kg b. T = 250 °C, P = 2 000 kPa c. T = −2 °C, P = 100 kPa 6.28 Entre as propriedades P, v, s e x, encontre as que faltam para o CO2 e indique cada es- 15/10/14 14:59 Entropia tado no diagrama T–s, tomando com referência a região de mistura bifásica. forma de líquido satura do em vapor saturado. Sabendo que a pressão na amônia é igual a 190 kPa no processo de rejeição de calor, determine TL, a eficiência do ciclo, os calores transferidos no ciclo por quilograma de amônia e a entropia da amônia no início da rejeição de calor para a fonte fria. a. –20 °C, 2 000 kPa b. 20 °C, s = 1,49 kJ/kg-K c. –10 °C, s = 1 kJ/kg-K 6.29 Entre as propriedades T, P, v, e s, encontre as que faltam a. H2O, 20 °C, v = 0,001 000 m3/kg b. R-410a, 400 kPa, s =1,17 kJ/kg-K c. NH3, 10 oC, v = 0,1 m3/kg d. N2; 101,3 kPa; s = 3,5 kJ/kg-K 6.30 6.31 6.36 Dois quilogramas de água a 120 °C, com título de 25%, têm sua temperatura elevada em 20 °C, em um processo a volume constante. Quais serão o novo título e a nova entropia específica? Dois quilogramas de água a 400 kPa, com título de 25% têm sua temperatura elevada em 20 °C, em um processo a pressão constante. Qual é a alteração da entropia específica? 6.32 A água líquida saturada a 20 °C é comprimida em um processo isotérmico. Determine as variações de u e s quando a pressão final do processo de compressão é igual a: a) 500kPa; b) 2 000 kPa; c) 20 000 kPa. 6.33 O vapor d’água saturado a 250 °C é expandido em um processo isotérmico. Determine as variações de u e s quando a pressão final do processo de expansão é igual a: a) 100 kPa; b) 50 kPa; c) 10 kPa 6.34 Determine as propriedades que faltam (o conjunto completo é formado por P, T, v, h e s) e o título, se aplicável, para as seguintes substâncias e estados: Uma bomba de calor de Carnot utiliza R-410a como fluido de trabalho. O calor é transferido do fluido de trabalho a 35 °C e durante esse processo o R-410a muda de vapor saturado para líquido saturado. Sabendo que a transferência de calor para o R-410a ocorre a 0 °C. a. Mostre este ciclo no diagrama T-s. b. Calcule o título no início e no término do processo isotérmico a 0 °C. c. Determine o COP do ciclo. 6.37 Repita o Problema 6.36 utilizando o refrigerante R-134a em vez do refrigerante R-410a. 6.38 Uma máquina que opera segundo um ciclo de Carnot utiliza água como fluido de trabalho. O estado da água varia de líquido saturado para vapor saturado a 200 oC no processo de adição de calor do ciclo. O calor é rejeitado da máquina em um processo isobárico e isotérmico a 20 kPa. Essa máquina térmica aciona um refrigerador, baseado no ciclo de Carnot, que opera entre reservatórios térmicos que apresentam temperaturas iguais a −15 °C e +20 °C (Figura P6.38). Determine o calor transferido para a água por quilograma de fluido de trabalho. Qual deve ser a transferência de calor para a água da máquina térmica, de modo que o refrigerador remova 1 kJ do reservatório de baixa temperatura? a. Amônia, 25 °C, v = 0,10 m3/kg b. Amônia, 1 MPa, s = 5,2 kJ/kg K c. R-410a, 500 kPa, s = 1,4 kJ/kg K d. R-410a, 50 °C, s = 0,8 kJ/kg K 20 °C QH W MT Processos Reversíveis 6.35 Considere um motor térmico de Carnot que utiliza amônia como fluido de trabalho. A temperatura do reservatório térmico onde se transfere QH é 60 °C. Nesse processo de transferência de calor, a amônia se trans- termodinamica 06.indd 273 273 QL REF 1 kJ –15 °C 6.39 FIGURA P6.38 Água a 1 MPa e 250 °C é expandida em um arranjo cilindro-pistão até o estado de vapor saturado a 200 kPa. Admitindo que o 15/10/14 14:59 274 Fundamentos da Termodinâmica processo seja reversível, determine os sinais do trabalho e da transferência de calor presentes nesse processo. 6.40 vel. Determine o calor transferido da água para o motor térmico e o calor transferido para o ambiente. R-410a, a 1 MPa e 60 °C é expandido em um conjunto cilindro–pistão até o estado em que a pressão e a temperatura são iguais a 0,5 MPa e 40 °C. Admitindo que o processo seja reversível, determine os sinais do trabalho e da transferência de calor presentes nesse processo. 6.41 O pistão de um cilindro comprime vapor saturado de R-410a, a 500 kPa até uma pressão de 3 000 kPa em um processo adiabático reversível. Determine a temperatura final e o trabalho específico de compressão. 6.42 Um dispositivo cilindro-pistão recebe R-410a, a 500 kPa e o comprime adiabática e reversivelmente até 1800 kPa e 60 °C. Determine a temperatura inicial. 6.43 Inicialmente, um conjunto cilindro-pistão contém CO2 a 1 400 kPa e 20 °C. Um processo de compressão isotérmico é realizado e o CO2 atinge o estado de vapor saturado. Determine o trabalho específico e a transferência de calor específica nesse processo. 6.44 Um conjunto cilindro-pistão contém 0,1 kg de água líquida saturada a 100 °C, e mantém a pressão no interior do cilindro constante. Todo o líquido é transformado em vapor saturado por meio de um processo reversível. Determine os termos de trabalho e calor da equação da energia. Determine também o termo de calor a partir da equação de entropia. Esse último é o mesmo da equação da energia? 6.45 Um conjunto cilindro-pistão contém 0,25 kg de R-134a a 100 kPa. O R-134a deve ser comprimido até 400 kPa em um processo adiabático reversível, atingindo a temperatura final de 70 °C. Qual deve ser a temperatura inicial? 6.46 Um conjunto cilindro-pistão contém 0,5 kg de água a 200 kPa, 300 oC, e é resfriado para 150 °C em um processo isobárico. O calor é transferido para um motor térmico que, por sua vez, rejeita calor para o ambiente a 25 °C (veja Figura P6.46). Todo o processo é admitido como reversí- termodinamica 06.indd 274 –1Q2 H 2O WMT MT QL Tamb FIGURA P6.46 6.47 Um conjunto cilindro-pistão contém amônia. Inicialmente, a amônia apresenta T = 50 °C, x = 0,2 e V = 1 L. A amônia é, então, expandida isotermicamente até que não exista mais líquido na câmara. Determine o trabalho realizado e o calor transferido nesse processo. 6.48 Inicialmente, um conjunto cilindro-pistão contém água a 400 oC e 2,0 MPa. A água é, então, expandida em um processo adiabático reversível com a realização de 415,72 kJ de trabalho por quilograma de água. Determine a pressão e a temperatura no estado final desse processo. Construa as curvas do processo nos diagramas T-s e P-v. 6.49 Um conjunto cilindro-pistão, que opera a pressão constante, contém 2 kg de água. Inicialmente, a temperatura e a pressão na água são iguais a 200 °C e 1,0 MPa. É transferido calor da água até que o fluido atinja o estado de líquido saturado. Determine o trabalho realizado e a transferência de calor nesse processo. Construa as curvas do processo nos diagramas T-s e P-v. 6.50 Um conjunto cilindro-pistão contém um quilograma de água a 300 °C. A água é expandida até 100 kPa e, nesse ponto, o título é igual a 90,2%. Admitindo que o processo de expansão seja adiabático reversível, determine qual é a pressão inicial na água e o trabalho realizado no processo de expansão. 6.51 Inicialmente um vaso rígido contém água a 1,0 MPa e 250 °C. Transfere-se calor à água, até que esta atinja o estado de vapor saturado. Determine a temperatura final da água e a transferência de calor específica desse processo. 15/10/14 14:59 Entropia ce no interior do vaso sofre uma expansão adiabática e reversível. Determine a fração de vapor que escapou do vaso quando o vapor que permanece no interior do vaso apresenta-se saturado. H 2O FIGURA P6.51 6.52 Avalie a transferência de calor específica no processo descrito no problema anterior, utilizando a curva do processo no diagrama T-s. Compare o valor obtido com aquele calculado no problema anterior. 6.53 Um tanque rígido com volume igual a 10 L contém 5 kg de água a 25 °C. Esta água é, então, aquecida até 150 °C por meio de uma bomba de calor que recebe calor do ambiente a 25 °C. Sabendo que o processo é reversível, determine a transferência de calor para a água e sua variação de entropia. 6.54 6.55 6.56 6.57 Um conjunto cilindro-pistão contém dois quilogramas de R-410a, a 60 °C e 100 kPa. A amônia é, então, comprimida até 1 000 kPa. O processo de compressão é muito lento e pode ser considerado isotérmico. Admitindo que o processo seja reversível, determine a transferência de calor e o trabalho. Um conjunto cilindro-pistão isolado termicamente continha amônia a 1,2 MPa e 60 °C. O pistão se moveu e a amônia expandiu reversivelmente até que a temperatura atingiu −20 °C. O trabalho realizado durante o processo foi medido e verificou-se que era igual a 200 kJ. Qual era o volume inicial da câmara? Inicialmente, um conjunto cilindro-pistão contém água a 250 °C e 1,0 MPa. É realizado um processo isobárico até que a água atinja o estado de vapor saturado. Determine o trabalho específico e a transferência de calor específica nesse processo. Estime a transferência de calor específica com a curva de processo no diagrama T-s e compare o valor obtido com o calculado anteriormente. A Figura P6.57 mostra o esboço de um vaso de pressão rígido e isolado termicamente, que contém vapor d’água superaquecido a 3 MPa e 400 °C. Uma válvula do vaso é aberta, permitindo o vazamento do vapor. Pode-se admitir que o vapor que permane- termodinamica 06.indd 275 275 FIGURA P6.57 6.58 Um conjunto cilindro-pistão contém água, inicialmente a 100 kPa e 25 °C que é levada ao ponto de ebulição por meio de um processo isobárico. O calor requerido é transferido por meio de uma bomba de calor que recebe o calor de um meio a 25 °C. Admita que todo o processo seja reversível. Determine o trabalho requerido pela bomba de calor por kg de água. 6.59 Um conjunto cilindro-pistão contém água, inicialmente a 1 000 kPa e 200 °C, que é levada ao estado de vapor saturado por meio de um processo isobárico. Determine o trabalho específico e o calor por kg de água requeridos. Estime o calor específico a partir da área sob o processo descrito no diagrama T-s e compare-o com o valor correto. Entropia de Líquidos ou Sólidos 6.60 Dois blocos de aço, ambos com massa de 5 kg, um a 250 °C e outro a 25 °C, são colocados em contato térmico. Determine a temperatura final e a variação de entropia do conjunto de blocos de aço. 6.61 Um tanque rígido de aço, de 1,2 kg, contém em seu interior 1,5 kg de R-134a, a 40 °C e 500 kPa. O conjunto completo é resfriado até –20 °C em um refrigerador. Determine o calor transferido no processo de resfriamento e a variação de entropia do conjunto aço–R134a. 6.62 Uma laje de concreto, com dimensões iguais a 5 × 8 × 0,3 m, é utilizada como armazenador térmico em um sistema de aquecimento solar doméstico. Considerando que a 15/10/14 14:59 276 Fundamentos da Termodinâmica temperatura da casa é constante e igual a 18 °C e que a temperatura da laje varia de 23 °C para 18 °C durante uma noite, determine a variação líquida de entropia associada a esse processo. 6.63 Uma fôrma de fundição contém 25 kg de areia a 200 °C. Ela é, então, mergulhada em um tanque com 50 L de água e que inicialmente estava a 15 °C. Admitindo que a transferência de calor para o ambiente seja nula e que não ocorra evaporação de água, calcule a variação líquida de entropia nesse processo. 6.64 6.65 6.66 6.67 6.68 rior e contém inicialmente 1,5 kg de R134a, a 40 °C e 500 kPa. O conjunto é resfriado em um refrigerador até a temperatura de –20 °C. Determine o calor transferido no processo de resfriamento e a variação de entropia do conjunto aço-R134a. 6.69 Calor é transferido a um bloco de 1,5 kg de gelo, inicialmente a –10 °C. No processo, o gelo se funde e o processo é interrompido quando a água líquida atinge 10 °C. Calcule a variação de entropia da água no processo. Um recipiente de aço, com massa igual a 10 kg, sai de um forno de tratamento térmico a 500 °C. Água, a 15 °C e 100 kPa, é despejada no recipiente de modo que a temperatura final do conjunto água-recipiente é 50 °C. Desprezando a evaporação da água durante o processo de resfriamento do recipiente e os efeitos do ar no processo, determine a quantidade de água que foi colocada no recipiente e o aumento global de entropia nesse processo. 6.70 Na pia de uma cozinha doméstica, 5 L de água a 70 °C são combinados com 1 kg de panelas de alumínio, 1 kg de talheres de aço inox e 1 kg de copos de vidro, todos a 20 °C. Desprezando-se a transferência de calor para o ambiente e qualquer tipo de trabalho, qual é a temperatura final (admitida uniforme) e a variação líquida de entropia? Inicialmente, um balde contém 5 L de óleo de motor a 20 °C e 100 kPa. Em certo momento, um mecânico despeja 3 L de óleo de motor a 100 °C no balde e promove a mistura dos dois óleos. Determine a temperatura final do processo, desprezando qualquer interação trabalho, e calcule a geração de entropia no processo. 6.71 O chip da CPU de um microcomputador consiste em 50 g de silício, 20 g de cobre e 50 g de cloreto de polivinila (material plástico). Quando a CPU é ligada, tal chip aquece-se de 15 °C a 75 °C. Qual é a variação de entropia do chip? 6.72 Um trocador de calor fabricado com alumínio e com massa igual a 5 kg contém 2 kg de fluido refrigerante R-134a. Inicialmente, a temperatura do R-134a é −10 °C. Transfere-se 220 kJ de calor para o conjunto e espera-se atingir o equilíbrio térmico. Determine a temperatura final do conjunto e sua variação de entropia no processo de aquecimento. 6.73 Um recipiente de aço, com massa igual a 12 kg, contém 0,2 kg de água. Inicialmente, a pressão na água e a temperatura do conjunto água-recipiente são iguais a 1,0 MPa e 200 °C. O conjunto é, então, resfriado até que a temperatura atinja 30 °C. Determine a transferência de calor e a variação de entropia do conjunto aço-água nesse processo. Um conjunto cilindro-pistão, que opera a pressão constante, contém água. Inicialmente, a temperatura e a pressão são iguais a 20 °C e 2,0 MPa. A água é, então, aquecida até que a temperatura atinja 100 °C. Determine a transferência de calor e a variação de entropia nesse processo, utilizando as tabelas de propriedades da água. Refaça o problema, considerando que os calores específicos da água são constantes e que a água é incompressível. Uma jarra com 4 L de leite a 25 °C é transferida para o interior de um refrigerador em que é resfriada até entrar em equilíbrio térmico com o interior do refrigerador. A temperatura interna do refrigerador é constante e igual a 5 °C. Admitindo que as propriedades do leite sejam iguais às da água líquida, determine a entropia gerada nesse processo de resfriamento. Um recipiente de aço, de massa 1,2 kg, mantém a pressão constante em seu inte- termodinamica 06.indd 276 15/10/14 14:59 Entropia 6.74 Determine o trabalho total que a máquina térmica descrita no Problema 5.60 pode rea­ lizar (veja também a Figura P6.74). Dica: escreva a equação de balanço de entropia para o sistema constituído pelo leito de rocha e pela máquina térmica. 6.80 Inicialmente, um conjunto cilindro-pistão contém ar a 100 kPa e 400 K. O ar é, então, comprimido até que a pressão atinja 1,0 MPa. Considere os seguintes processos: a) compressão adiabática e reversível; e b) compressão isotérmica e reversível. Construa as curvas de processo nos diagramas T-s e P-v para os dois tipos de compressão. Determine as temperaturas nos estados finais e os trabalhos específicos desses dois processos. 6.81 Prove que as Equações 6.15 e 6.16 são equivalentes quando o calor específico é admitido constante (lembre-se da Equação 3.27 para o calor específico). 6.82 Um recipiente rígido é carregado com 1,5 kg de água a 100 kPa e 55 °C; 1 kg de aço inox e 0,5 kg de cloreto de polivinila, ambos a 20 °C; 0,1 kg de ar quente a 400 K e 100 kPa. O conjunto é isolado termicamente e aguarda-se até que a temperatura de equilíbrio entre os componentes seja estabelecida. Determine a temperatura final e a variação total de entropia do conjunto. 6.83 A água a 400 kPa é levada de 150 °C a 1 200 °C por um processo isobárico. Avalie a variação de entropia específica usando: a) tabelas de vapor d’água; b) tabela de gás ideal, Tabela A.8; e c) calor específico da Tabela A.5. 6.84 R-410a, a 400 kPa é levado de 20 °C a 120 °C por um processo isobárico. Avalie a variação da entropia específica usando a Tabela B.4 e depois usando gás ideal com calor específico Cp = 0,81 kJ/kg K. 6.85 R-410a, a 300 kPa, 20 °C, é levado a 200 °C, por um processo a volume constante. Avalie a variação da entropia específica usando a Tabela B.4 e depois usando gás ideal com calor específico Cp = 0,695 kJ/kgK. 6.86 Considere uma pistola de ar comprimido (Figura P6.86) cuja câmara tem volume igual a 1 cm3 e que contém ar a 250 kPa e 27 °C. A bala se comporta como um pistão e, inicialmente, está imobilizada por um gatilho. O gatilho, então, é acionado e o ar expande em um processo adiabático W Leito de rochas QH QL T0 FIGURA P6.74 6.75 Considere os dois blocos de aço do Problema 6.60. Admita que a transferência de calor de um para o outro se dê por meio de um motor térmico, como na construção da Figura P6.74. Qual o trabalho produzido? 6.76 O chumbo líquido a 400 °C é vazado em um molde que aprisiona 2 kg de material. A peça transfere, então, calor ao ambiente até que sua temperatura atinja a ambiente (20 °C). O ponto de fusão do chumbo, a pressão ambiente, é 327 °C e a entalpia de fusão é 24,6 kJ/kg. Admitindo que o calor específico do sólido seja 0,138 kJ/kg K, e o do líquido seja 0,155 kJ/kg K, calcule a variação de entropia do chumbo nesse processo. Entropia de Gases Ideais 6.77 6.78 6.79 O ar no interior de um tanque rígido é aquecido de 300 a 350 K. Determine o acréscimo de entropia (s2 – s1). Qual é o aumento de entropia se o aquecimento for de 1 300 K para 1 350 K? Um tanque rígido contém 1 kg de metano a 500 K e 1 500 kPa. Se ele for resfriado até 300 K, qual será o calor transferido e sua variação de entropia admitindo comportamento de gás ideal? O ar inicialmente a 27 °C e 300 kPa está no interior de um conjunto cilindro-pistão. Ele é, então, aquecido até 500 K. Represente o processo no diagrama T-s do ar e determine o calor transferido. termodinamica 06.indd 277 277 15/10/14 14:59 278 Fundamentos da Termodinâmica reversível. Admitindo que a pressão do ar seja 120 kPa quando a bala deixa o cano da pistola, determine o volume desse cano e o trabalho realizado pelo ar. Ar duas alternativas: 1) rapidamente (~1 s); ou 2) vagarosamente (~1 hora). Pede-se: a. Monte um conjunto de hipóteses convenientes para modelar cada uma das alternativas. b. Determine o volume final da câmara e a temperatura final do ar em cada um dos processos. V FIGURA P6.91 6.87 FIGURA P6.86 Um conjunto cilindro-pistão contém oxigênio. Inicialmente, o volume, a pressão e a temperatura são iguais a 0,1 m3, 100 kPa e 300 K. O oxigênio é, então, comprimido em um processo adiabático e reversível até que a temperatura atinja 700 K. Determine a pressão e o volume do oxigênio no estado final, utilizando os dados fornecidos na Tabela A.5. Repita o processo utilizando a Tabela A.8. 6.92 O conjunto cilindro-pistão mostrado na Figura P6.92 contém ar. Inicialmente, o volume da câmara é 10 cm3 e o ar apresenta temperatura e pressão iguais a 1380 K e 15 MPa. A área da seção transversal do pistão é 5 cm2. O pistão é, então, liberado e quando está na iminência de sair do cilindro, a pressão do ar na câmara é igual a 200 kPa. Admitindo que o conjunto esteja isolado, determine o comprimento do cilindro. Qual é o trabalho realizado pelo ar no processo? 6.88 Um tanque rígido de 0,75 m3 contém ar, inicialmente a 100 kPa e 300 K (estado 1), que é aquecido até 400 K (estado 2). Permite-se, então, que uma das tampas do tanque movimente-se, deixando o ar expandir-se lenta e isotermicamente até o volume de 1,5 m3 (estado 3). Determine a entropia do ar nos estado 1, 2 e 3. 6.93 A temperatura e a pressão no argônio presente no bulbo de uma lâmpada são iguais a 20 °C e 90 kPa quando a lâmpada está desligada. A lâmpada é, então, ligada e o gás é aquecido até 60 °C. Desprezando os efeitos da radiação emitida pela lâmpada e o aquecimento do bulbo, determine a geração global de entropia no processo por unidade de massa de argônio. 6.94 Deseja-se obter um suprimento de gás hélio frio pela seguinte técnica. O hélio contido em um cilindro na condição ambiente (100 kPa e 20 °C) é comprimido em um processo isotérmico reversível, até 600 kPa. Após essa operação o gás é expandido até 100 kPa, segundo um processo adiabático reversível. Pede-se: a. Mostre o processo em um diagrama T-s. b. Calcule a temperatura final e o trabalho líquido por quilograma de hélio processado. 6.89 Inicialmente, um conjunto cilindro-pistão isolado contém dióxido de carbono a 800 kPa e 300 K. O gás é, então, comprimido até 6 MPa em um processo adiabático reversível. Calcule a temperatura final e o trabalho envolvido, admitindo: a) calor específico variável (Tabela A.8); e b) calor específico constante (Tabela A.5). 6.90 Resolva novamente o Problema 6.89 usando a Tabela B.3. 6.91 Uma bomba manual para encher pneus de bicicletas apresenta volume máximo de câmara igual a 25 cm3. Se você tampar a saída de ar da bomba com o seu dedo e movimentar o pistão, a pressão interna atinge 300 kPa. Admitindo que a pressão e temperatura ambientes sejam respectivamente iguais a P0 e T0 e que o processo de compressão do ar possa ser realizado admitindo termodinamica 06.indd 278 FIGURA P6.92 15/10/14 14:59 Entropia 6.95 Um tanque rígido e isolado, com volume igual a 1 m3, contém inicialmente ar a 800 kPa e 25 °C. Uma válvula do tanque é, então, aberta e a pressão interna se reduz rapidamente até 150 kPa, quando a válvula é fechada. Admitindo que o ar que permanece no interior do tanque passa por uma expansão adiabática e reversível, calcule a massa retirada do tanque no processo. 6.96 Dois tanques rígidos, isolados termicamente são conectados por meio de um tubo dotado de uma válvula. Um dos tanques contém 0,5 kg de ar a 200 kPa, 300 K, e, o outro, 0,75 kg de ar a 100 kPa, 400 K. A válvula é aberta, há escoamento de ar de um tanque para o outro até que o conjunto atinge um estado de temperatura e pressão uniformes. Não há transferência de calor para o meio externo. Determine a temperatura final e a entropia gerada no processo. 6.97 A Figura P6.97 mostra dois tanques conectados termicamente por meio de uma bomba de calor. Cada tanque contém 10 kg de N2 e, inicialmente, a temperatura e a pressão são uniformes e iguais a 1 000 K e 500 kPa nos dois tanques. A bomba de calor, então, inicia a operação que só é interrompida quando a temperatura do N2 em um dos tanques atinge 1500 K. Admitindo que os tanques sejam adiabáticos e que o calor específico do N2 seja constante, determine as pressões e temperaturas finais nos tanques e o trabalho consumido na bomba de calor. A N2 QA BC QB B N2 W 279 temperatura de um motor térmico que rejeita calor para um reservatório de baixa temperatura a 20 °C, conforme mostrado na Figura P6.99. Com a transferência de calor para o motor térmico, o ar no interior do tanque é continuamente resfriado de forma reversível até atingir a temperatura final de 20 °C. Determine a pressão final no tanque e o trabalho produzido pelo motor térmico no processo. W Ar QH MT QL 20 °C FIGURA P6.99 Processos Politrópicos 6.100 O gás carbônico é submetido a uma expansão politrópica e reversível que apresenta expoente igual a 1,4. Se admitirmos que o calor específico seja constante, a transferência de calor no processo será positiva, negativa ou nula? 6.101 Repita o problema anterior, mas agora com o gás monóxido de carbono, CO. 6.102 O nitrogênio gasoso contido em um conjunto cilindro-pistão é submetido a um processo politrópico com n = 1,3. O processo inicia-se a 600 K, 600 kPa e termina a 800 K. A transferência de calor no processo será positiva, negativa ou nula? 6.103 Um conjunto cilindro-pistão contém 1 kg de metano a 100 kPa e 300 K. O gás, então, é comprimido reversivelmente até a pressão atingir 800 kPa. Calcule o trabalho necessário para realizar essa operação admitindo que o processo seja adiabático. 6.98 Um conjunto cilindro-pistão comprime, de forma lenta, reversível e isotermicamente, 0,1 m3 de hidrogênio a 280 K, 100 kPa, até o volume de 0,01 m3. Qual é a pressão final e o trabalho requerido no processo? FIGURA P6.97 6.104 Repita o problema anterior, agora admitindo processo isotérmico. 6.99 Um tanque rígido contém 4 kg de ar a 300 °C, 4 MPa e atua como reservatório de alta 6.105 Inicialmente, a temperatura e a pressão do ar contido em um conjunto cilindro-pistão são iguais a 300 K e 100 kPa. O ar é, então, comprimido, em um processo adiabático e reversível, até que o volume específico se torne igual a um sétimo do valor inicial. Considerando que os calores específicos do termodinamica 06.indd 279 15/10/14 14:59 280 Fundamentos da Termodinâmica ar são constantes, determine a temperatura e a pressão no estado final desse processo. Calcule também o trabalho específico detectado nesse processo. 6.106 Um conjunto cilindro-pistão contém oxigênio puro a 500 K, 600 kPa. O pistão é movido até um volume final em que a temperatura do oxigênio é de 700 K. Admita que o processo seja politrópico com n = 1,25 e que o gás seja ideal com capacidade térmica constante. Determine a pressão final, o trabalho específico e a transferência de calor. 6.107 Repita o Problema 6.103, agora admitindo um processo politrópico com n = 1,15. 6.108 Os gases de combustão a 2 000 K expandem em um processo politrópico com n = 1,3. Sabendo que o volume específico final dos gases é seis vezes maior que o inicial, determine o trabalho específico e a transferência de calor específica no processo de expansão usando a Tabela A.7. 6.109 O ar a 1 800 K e 7 MPa contido no interior de um conjunto cilindro-pistão é submetido a um processo politrópico com n = 1,5. O volume final é oito vezes o inicial. Determine o trabalho específico e a transferência de calor por unidade de massa no processo utilizando a Tabela A.7. Represente o processo no diagrama T-s. 6.110 Um conjunto cilindro-pistão contém hélio. Inicialmente, a pressão e a temperatura do hélio são iguais a 100 kPa e 20 °C. O gás é, então, levado até 400 K por meio de um processo reversível e politrópico que apresenta n = 1,25. Admita que o hélio se comporte como um gás ideal com calor específico constante. Determine a pressão final, o trabalho realizado e a transferência de calor por unidade de massa de hélio. 6.111 A expansão dos gases em um motor de combustão interna (curso motor) pode ser aproximada por uma expansão politrópica. Considere que ar, a 7 MPa e 1 800 K, esteja contido em uma câmara que apresenta volume igual a 0,2 L. Admita que o ar expanda, em uma relação de volumes de 10:1, segundo um processo politrópico re- termodinamica 06.indd 280 versível com expoente igual a 1,5. Mostre o processo nos diagramas P-v e T-s, calcule o trabalho realizado e o calor transferido nesse processo. FIGURA P6.111 6.112 Um conjunto cilindro-pistão apresenta, inicialmente, volume de câmara igual a 10 L e contém vapor saturado de R-410a, a 10 °C. O R-410a é, então, comprimido em um processo politrópico e internamente reversível até que a pressão atinja 2 MPa. Nessa condição, a temperatura do R-410a é 60 °C. Determine o expoente politrópico n, assim como o trabalho e o calor trocados entre o sistema e as vizinhanças. 6.113 O ar é submetido a um processo politrópico com n = 1,3 em um conjunto cilindro-pistão. O estado inicial é de 200 kPa, 300 K, e a pressão final é de 2 200 kPa. Determine a relação de expansão v2/v2, o trabalho específico e a transferência de calor por unidade de massa. 6.114 Um conjunto cilindro-pistão contém ar nas condições do ambiente (100 kPa e 20 °C) e apresenta volume da câmara igual a 0,3 m3. O ar, então, é comprimido até 800 kPa segundo um processo politrópico reversível com expoente igual a 1,20. Após esse processo, o ar é expandido até 100 kPa em um processo adiabático reversível. Represente esses processos nos diagramas P-v e T-s e determine a temperatura final e o trabalho líquido do processo. Geração de Entropia 6.115 Gases quentes a 1500 K transferem 100 kJ de calor para um reservatório de aço a 750 K. Este, por sua vez, transfere 100 kJ para certa massa de ar a 375 K. Determine a geração de entropia em cada um dos dois volumes de controle indicados na Figura P.115. 15/10/14 14:59 Entropia CV1 Gás quente Q CV2 Aço Q Ar FIGURA P6.115 6.116 Um tanque rígido contém 0,1 kg de vapor saturado de R-410a, a 0 °C, o qual é resfriado até –20 °C por meio de transferência de calor para um reservatório térmico (“sorvedouro” térmico) a –20 °C. Represente o processo no diagrama T-s. Determine a variação de entropia do R-410a, do reservatório térmico e a entropia total gerada no processo. 6.117 Um kg de água a 500 °C e 1 kg de vapor saturado de água, ambos a 200 kPa, são misturados a pressão constante em um processo adiabático. Determine a temperatura final e a entropia gerada no processo. 6.118 A potência média utilizada para movimentar um automóvel em uma pista de teste oval é 25 HP. Sabendo que o teste do automóvel durou uma hora e que a eficiência térmica do motor é 35%, determine a quantidade de energia, associada ao combustível, utilizada no teste. O que ocorreu com a energia do combustível? Admitindo que a temperatura do ambiente seja 20 °C, determine a variação global de entropia no teste (despreze a variação de entropia na energia química do combustível em energia térmica). 6.119 Um microprocessador opera durante certo tempo e dissipa 2 kJ durante esse período. A energia elétrica dissipada é transferida, como calor, para o ambiente que se encontra a 25 °C. Sabendo que a temperatura superficial do microprocessador é 50 °C, determine a entropia gerada nesse equipamento. Determine, também, o aumento de entropia no ambiente. 6.120 Um conjunto cilindro-pistão isolado contém, inicialmente, R-134a, a 1 MPa e 50 °C e, nessa condição, o volume da câmara é 100 L. O R-134a, então, expande, provo- termodinamica 06.indd 281 281 cando o movimento do pistão, até que a pressão no cilindro atinja 100 kPa. Alega-se que o R-134a realiza 190 kJ de trabalho nesse processo. Como você julga esta alegação? 6.121 Um tanque rígido contém 0,75 kg de vapor saturado de amônia a 70 °C. Ela é, então, resfriada até 20 °C por meio de transferência de calor para o ar ambiente externo a 20 °C. Determine a entropia gerada no processo. 6.122 O estado final da expansão não resistida descrita no Problema 3.101 é uma mistura bifásica. Determine a entropia gerada nesse processo de expansão. 6.123 O ar a 20 °C transfere calor para um bloco de 1,5 kg de gelo inicialmente a –10 °C. Com a transferência de calor, esse bloco se funde, e a água líquida formada é aquecida até 10 °C. Determine a entropia gerada no processo. 6.124 Um tanque rígido e selado contém amônia a 0 °C e título desconhecido. A amônia é aquecida até 100 °C em um banho de água fervente e a pressão atinge 1,2 MPa. Determine o título inicial da amônia, a transferência de calor e a entropia gerada nesse processo. 6.125 Um conjunto cilindro-pistão contém 0,5 kg de ar a 101 kPa, 25 °C. Inicialmente o pistão repousa sobre um esbarro; a pressão para movimentar o pistão é de 1 000 kPa. O calor é, então, transferido para a água a partir de um reservatório térmico a 200 °C. O pistão se movimenta durante o processo até que o volume final ocupado pela água é cinco vezes o volume inicial. Determine o calor transferido e a entropia gerada no processo. 6.126 Refaça o Problema 6.125 admitindo que o conjunto cilindro-pistão seja feito de 1,5 kg de aço, e que tenha a mesma temperatura da água em qualquer instante do processo. 6.127 Um conjunto cilindro-pistão móvel, inicialmente, contém 20 L de água a 3 MPa e x = 50%. A água, então, recebe 600 kJ de calor de um reservatório térmico que apresenta temperatura igual a 300 °C e expan- 15/10/14 14:59 282 Fundamentos da Termodinâmica de até a pressão de 1,2 MPa. Alega-se que a água realiza 124 kJ de trabalho durante esse processo. Essa alegação é verdadeira? 6.128 A Figura P6.128 mostra um conjunto cilindro-pistão com uma membrana que separa o volume interno em duas regiões. Uma das regiões contém 1 kg de água a 20 °C e 0,5 MPa e a outra contém 1 kg de água a 100 °C e 0,5 MPa. A membrana é rompida e a água atinge um estado uniforme em um processo isobárico e adiabático. Determine a temperatura final da água e a geração de entropia nesse processo. B A F = constante FIGURA P6.128 6.129 Reconsidere o Problema 3.109, em que dióxido de carbono é comprimido de –20 °C, x = 0,75 até a pressão de 3 MPa e 20 °C em um conjunto cilindro-pistão, por meio de um processo em que a pressão varia linearmente com o volume. Admita que a transferência de calor seja proveniente de um reservatório a 100 °C. Qual é a geração de entropia no processo por quilograma de CO2? 6.130 Um conjunto cilindro-pistão contém 1 kg de água a 150 kPa, 20 °C. Há uma mola atuan­ do sobre o pistão, de forma que a pressão da água varia linearmente com o volume. Um reservatório térmico a 600 °C transfere calor para a água até que atinja 1 MPa e 500 °C. Determine o calor transferido e a entropia gerada. 6.131 Um reservatório rígido é enchido com 1,5 kg de água a 100 kPa, 55 °C, 1 kg de aço inox a 20 °C e 0,5 kg de cloreto de polivinila a 20 °C, além de 0,1 kg de ar quente a 400 K, 100 kPa. Admita que não haja troca de calor com o ambiente e que não haja vaporização de água. Determine a temperatura final e a entropia gerada. 6.132 Um conjunto cilindro-pistão contém água a 200 kPa, 200 °C, com um volume de 20 L. O pistão é movido lentamente, comprimindo a água até 800 kPa. O carregamento do termodinamica 06.indd 282 pistão é feito de tal forma que a o produto PV da água durante o processo é constante. Admita que o ar externo esteja em uma temperatura de 20 °C. Demonstre que esse processo não viola a segunda lei. 6.133 Um tanque de aço rígido de 2,5 kg contém 0,5 kg de R-410a, a 0 °C e com volume específico de 0,01 m3/kg. O sistema é aquecido até a temperatura ambiente de 25 °C. Determine o calor transferido e a entropia gerada no processo. 6.134 A Figura P6.134 mostra um conjunto cilindro-pistão que contém amônia e está localizado em um ambiente que apresenta temperatura constante e igual a 20 °C. Inicialmente, o volume interno do conjunto, a pressão e a temperatura da amônia são iguais a 0,1 m3, 2,0 MPa e 80 °C. A amônia passa a transferir calor para o ambiente e atinge o equilíbrio térmico. Nesse estado, o título da amônia é igual a 0,15. Determine o trabalho realizado, a transferência de calor e a geração total de entropia nesse processo. 20 °C NH3 FIGURA P6.134 6.135 Um conjunto cilindro-pistão-mola (Figura P6.134) contém 1 kg de amônia no estado de líquido saturado a –20 °C. Transfere-se, então, calor para a amônia de um reservatório a 100 °C até que o refrigerante apresente pressão e temperatura iguais a 800 kPa e 70 °C. Admitindo que esse processo seja internamente reversível, determine o trabalho realizado, o calor transferido e a geração de entropia no processo. 6.136 Um radiador de alumínio, com massa de 5 kg, contém 2 kg de R-134a líquido a –10 °C. O conjunto é aquecido com 220 kJ a partir de um reservatório térmico a 100 °C. Admitindo que o R-134a permaneça no estado líquido, qual é a entropia gerada no processo? 15/10/14 14:59 Entropia 6.137 A Figura P6.137 mostra o esboço de um conjunto cilindro-pistão que contém 0,5 kg de amônia. O conjunto cilindro-pistão é fabricado com aço e apresenta massa igual a 1 kg. Inicialmente, o conjunto e a amônia apresentam temperatura uniforme e igual a 120 °C e a pressão na câmara é 1,6 MPa. O volume da câmara quando o pistão está encostado no esbarro é 0,02 m3. O conjunto e a amônia são então resfriados, utilizando-se um reservatório térmico a 20 °C, até que a temperatura atinja 30 °C. Considerando que a temperatura do conjunto é sempre uniforme e igual à temperatura da amônia ao longo do processo, determine o trabalho realizado, a transferência de calor e a geração global de entropia nesse processo. NH3 20 °C FIGURA P6.137 6.138 Um conjunto cilindro-pistão contém 0,1 kg de água a 500 °C e 1 000 kPa. Há um esbarro que limita o movimento do pistão a um volume mínimo de metade do inicial (de forma similar ao apresentado na Figura P6.137). A água é, então, resfriada até a temperatura do ambiente, que é de 25 °C. Determine a transferência de calor e a entropia gerada no processo. 6.139 Uma esfera oca de aço, que tem um diâmetro interno de 0,5 m e espessura da parede de 2 mm, contém água a 2 MPa e 250 °C. Esse sistema (aço mais água) é resfriado até a temperatura ambiente (30 °C). Calcule a variação líquida de entropia, do sistema mais a das vizinhanças, nesse processo. 6.140 Um conjunto cilindro-pistão contém 10 g de amônia a 20 °C ocupando um volume de 1 L. Existe um esbarro no conjunto que limita o volume da amônia a 1,4 L. A amônia é, então, aquecida até 200 °C pela transferência de calor de um reservatório térmico a 240 °C. O pistão e o cilindro são constituídos por 0,5 kg de alumínio, que está duran- termodinamica 06.indd 283 283 te todo o processo na mesma temperatura da amônia. Determine a transferência de calor e a entropia gerada no processo Po mp NH3 FIGURA P6.140 6.141 Um conjunto cilindro-pistão contém 0,1 kg de R-410a, com título de 0,2534 a –20 °C. Existe um esbarro no conjunto tal que Vesbarro = 3V1 (similar ao apresentado na Figura P6.140). O sistema é, então, aquecido até 20 °C pela transferência de calor de um reservatório térmico a 50 °C. Determine a geração de entropia no processo. 6.142 Um quilograma de ar a 300 K é misturado com 2 quilogramas de ar a 400 K em um processo adiabático e que se desenvolve a pressão constante e igual a 100 kPa. Determine a temperatura após o processo de mistura e o aumento de entropia associado ao processo. 6.143 Um tanque rígido contém ar a 900 K e 500 kPa. Por meio de transferência de calor para o ambiente, ele é resfriado até a temperatura ambiente de 300 K. Determine a geração de entropia no processo. 6.144 Dois tanques rígidos, adiabáticos, são conectados por intermédio de uma tubulação com válvula, inicialmente fechada. Um dos tanques contém 0,5 kg de ar a 200 kPa, 300 K e, o outro, 0,75 kg de ar a 100 kPa, 400 K. A válvula é, então, aberta, permitindo que o ar dos dois tanques seja misturado. Aguarda-se que até que uma temperatura de equilíbrio, uniforme, seja atingida no conjunto. Determine a pressão e a temperatura finais e a geração de entropia no processo. 6.145 Um quilograma de ar a 300 K e 0,1 MPa é misturado com 2 quilograma de ar a 300 K e 0,2 MPa em um processo adiabático e que ocorre em um vaso isolado. Determine T e P finais e o aumento de entropia associado ao processo. 15/10/14 14:59 284 Fundamentos da Termodinâmica 6.146 Um tanque rígido com volume interno igual a 1,5 m3 contém 1 kg de argônio a 30 °C. O calor é transferido para o argônio de um reservatório térmico a 1 300 °C, até que o aumento de entropia específica do argônio se torne igual a 0,343 kJ/kg K. Determine o calor transferido ao argônio e a entropia gerada nesse processo. 6.147 Uma lâmpada de bulbo contém em seu interior argônio a 110 kPa e 90 °C. Quando a lâmpada é apagada, o argônio é resfriado até a temperatura ambiente de 20 °C. Despreze a massa de vidro e quaisquer outras que não a do argônio e determine a geração de entropia por quilograma de argônio no processo. 6.148 Um tanque rígido apresenta uma resistência elétrica no seu interior e contém 2 kg de ar. Inicialmente, a pressão e temperatura no ar são iguais a 200 kPa e 20 °C. A temperatura do ambiente também é 20 °C. O circuito elétrico da resistência é fechado e esta passa a ser alimentada com uma corrente elétrica. Após certo intervalo de tempo, o trabalho elétrico que cruzou a fronteira definida pelas paredes do tanque é igual a 100 kJ e a temperatura do ar atinge 80 °C. Isto é possível? 6.149 Um conjunto cilindro-pistão contém 50 L de ar a 300 °C, 100 kPa. O pistão repousa inicialmente sobre um esbarro. A massa do pistão e a pressão atmosférica que atuam sobre o pistão são tais que, para movimentá-lo é necessário que o ar exerça uma pressão de 200 kPa. O cilindro é constituído de 2 kg de aço inicialmente a 1 300 °C. O conjunto é isolado termicamente, de forma que há somente transferência de calor internamente ao conjunto. Aguarda-se até que o equilíbrio do sistema seja atingido. Determine a geração de entropia no processo. 6.150 Um conjunto cilindro-pistão com mola contém 1,5 kg de ar. Inicialmente, a temperatura e a pressão no ar são iguais a 27 °C e 160 kPa. O ar é, então, aquecido em um processo em que a pressão varia linearmente com o volume (p = A + BV), até 900 K. Nesse estado, o volume ocupado pelo ar é igual ao dobro do inicial. Determine o tra- termodinamica 06.indd 284 balho realizado, a transferência de calor e a geração global de entropia admitindo que a transferência de calor ocorra com um reservatório térmico a 900 K. 6.151 Um recipiente rígido, com volume igual a 200 L, está dividido em duas regiões por uma parede (Figura P6.151). As regiões contêm nitrogênio, uma delas a 2 MPa e 200 °C e a outra a 200 kPa e 100 °C. A parede é rompida e o nitrogênio atinge o equilíbrio a 70 °C. Admitindo que a temperatura das vizinhanças seja 20 °C, determine o trabalho realizado e a variação líquida de entropia para o processo. A B N2 N2 20°C FIGURA P6.151 6.152 Um conjunto cilindro-pistão que opera a pressão constante contém 0,5 kg de ar a 300 K, 400 kPa. Admita que o conjunto cilindro-pistão seja fabricado com 1 kg de aço e que, no processo, sua temperatura se mantenha no mesmo valor da temperatura do ar. O sistema é, então, aquecido até 1 600 K pela transferência de calor de um reservatório térmico a 1 700 K. Determine a entropia gerada no processo admitindo que o ar tenha calor específico constante. 6.153 Refaça o Problema 6.152, utilizando agora a Tabela A.7. 6.154 Um conjunto cilindro-pistão contém nitrogênio. Inicialmente, o pistão está travado com um pino e o volume interno do conjunto é igual a 5 L. Nesse estado, a pressão e a temperatura do nitrogênio são iguais a 300 kPa e 200 °C. O pistão fica em uma posição de equilíbrio quando a pressão no interior da câmara é igual a 200 kPa. O pino é, então, removido e o pistão se desloca rapidamente para a posição de equilíbrio. Considerando que o processo é adiabático, determine a pressão, a temperatura e o volume no estado final do processo. Calcule, também, a geração de entropia nesse processo de expansão. 15/10/14 14:59 Entropia 6.155 O ar no tanque do Problema 6.88 recebe calor de um reservatório a 450 K. Determine a geração de entropia no processo 1-3. 6.156 Um quilograma de dióxido de carbono a 100 kPa, 500 K é misturado com 2 kg de dióxido de carbono a 200 kPa e 2 000 K em um tanque rígido, adiabático. Determine o estado final (P, T) e a geração de entropia no processo utilizando uma capacidade térmica constante (Tabela A.5). 6.157 Resolva o Problema 6.156 utilizando a Tabela A.8. 6.158 Um tanque termicamente isolado e com volume interno igual a 0,5 m3 contém nitrogênio a 600 kPa e 127 °C (Figura P6.158). Esse tanque está conectado a outro tanque, com volume interno de 0,25 m3, por meio de uma tubulação com válvula. Inicialmente, esse outro tanque está evacuado. A válvula é, então, aberta e o nitrogênio preenche os dois tanques. Determine a pressão e a temperatura no estado final do processo e a geração de entropia nesse processo. Por que esse processo é irreversível? A B FIGURA P6.158 6.159 Um conjunto cilindro-pistão contém CO2, inicialmente a 1 MPa e 300 °C e, nesta condição, o volume da câmara é igual a 200 L. A força total externa que atua sobre o pistão é proporcional a V 3. Esse sistema é, então, resfriado até que a temperatura do CO2 atinja a do meio (20 °C). Qual é a variação total de entropia nesse processo? 6.160 O ar no cilindro do motor térmico do Problema 3.156 rejeita calor para o fluido de resfriamento a 100 °C. Determine a geração de entropia do processo (externo ao ar) admitindo calor específico constante. 6.161 Um conjunto cilindro-pistão, que opera sem atrito, contém ar. Inicialmente, a pressão e a temperatura do ar são iguais a termodinamica 06.indd 285 285 110 kPa e 25 °C e a câmara apresenta volume de 100 L. O ar é, então, comprimido reversivelmente, segundo um processo politrópico, até 800 kPa e 500 K. Admitindo que a transferência de calor ocorra com o ambiente a 25 °C, determine: a) O expoente politrópico para esse processo; b) O volume final do ar; c) O trabalho realizado sobre o ar e o calor transferido no processo; d) A entropia gerada no processo. Taxas ou Fluxos de Entropia 6.162 Em uma região geográfica fria, um ambiente é mantido aquecido a 22 °C pelo uso de aquecedor elétrico de 1500 W. A temperatura externa é de 5 °C. Determine a taxa de · entropia, S = Q/T, adicionada ao ambiente aquecido e a taxa de entropia gerada. 6.163 Uma massa de 3 kg de nitrogênio gasoso a 2 000 K é resfriada a uma taxa de 500 W, a volume constante. Qual é o valor do termo dS/dt? 6.164 A bomba de calor do Problema 5.49 deve retirar uma taxa de calor de 5 MW de um ambiente a 85 °C e rejeitar calor para um ambiente a 150 °C. Admitindo processos reversíveis, determine os fluxos de entropia associados a tais transferências de calor. 6.165 Considere, no problema anterior, que a bomba de calor tem um coeficiente de desempenho de 2,5. Recalcule os fluxos de entropia e a taxa de geração de entropia no processo. 6.166 Uma aquecedor de radiação tem sua superfície de aquecimento em uma temperatura de 1 000 K emitindo 500 W de radiação térmica. A radiação é absorvida pelas superfícies do ambiente sob aquecimento, as quais se encontram a uma temperatura de 18 °C. Determine a entropia gerada e especifique como isso se dá. 6.167 Uma bomba de calor com coeficiente de desempenho igual a 4 consome 1 kW de energia elétrica para manter aquecido um ambiente a 25 °C. Esse equipamento recebe calor do meio externo a 15 oC. Ad- 15/10/14 14:59 286 Fundamentos da Termodinâmica mita que, no interior da bomba de calor, a transferência para o fluido refrigerante ocorra a 0 °C e dele para o ambiente aquecido, ocorra a 45 °C. Determine as taxas de entropia transferidas de e para a bomba de calor, do meio externo a 15 °C e para o meio aquecido a 25 °C. 6.168 A temperatura na superfície interna do vidro de uma janela é 20 °C e a temperatura da superfície externa do mesmo vidro é 2 °C. Sabendo que a taxa de transferência de calor no vidro é 200 W e que o ambiente externo se encontra a −5 °C, determine os fluxos de entropia nas superfícies do vidro e a taxa de geração de entropia no vidro. 6.169 Uma câmara de combustão, que apresenta temperatura constante e igual a 800 °C, transfere 1 000 kW de calor para uma mistura de líquido com vapor d’água a 400 °C. A água, por sua vez, transfere a mesma taxa de calor para um metal sólido a 200 °C, e este transfere 1000 kW de calor para o ar ambiente a 70 °C. Determine o fluxo de · s (Q/T) associado a cada uma das transferências de calor. 6.170 Um aquecedor elétrico de ambiente com potência de 2 000 W mantém o ar confinado em uma sala a 23 °C. A temperatura do elemento resistivo do aquecedor é igual a 700 K. O ar da sala transfere calor, em regime permanente, para o ambiente externo que se encontra a 7 °C. Determine as taxas de geração de entropia no aquecedor e em todos os processos de transferência de calor indicados. Parede 23 °C 700 K FIGURA P6.170 7 °C 6.171 O cilindro do bloco do motor de um automóvel recebe dos gases de combustão (a 1 500 K), a taxa de calor de 2 kW. Tal transferência de calor é recebida na superfície do cilindro, que se encontra a 450 K. termodinamica 06.indd 286 Nos canais que conduzem o fluido de resfriamento (a 370 K), aquela taxa de calor (2 kW) é rejeitada para a superfície dos canais a 400 K. Finalmente, no radiador, o fluido de resfriamento a 350 K rejeita a taxa de calor de 2 kW para o ar ambiente a 25 °C. Determine a taxa de geração de entropia no cilindro do motor, no fluido de resfriamento e no conjunto radiador-ar atmosférico. 6.172 Um fazendeiro utiliza uma bomba de calor para aquecer um galinheiro. A potência utilizada para acionar a bomba de calor é 2 kW e, nessa condição, a temperatura do galinheiro é mantida constante e igual a 30 °C. A transferência de calor do galinheiro para o ambiente externo, que se encontra a 10 °C, é 10 kW. Qual é a taxa de geração de entropia na bomba de calor? Qual é a taxa de geração de entropia no processo de transferência de calor do galinheiro para o ambiente externo? Determine também o COP, da bomba de calor. Problemas para Revisão 6.173 Um cilindro isolado, provido de pistão, apresenta­um volume inicial igual a 0,15 m3 e contém vapor d’água a 400 kPa e 200 °C. O vapor é expandido adiabaticamente e, durante esse processo, o trabalho realizado é cuidadosamente medido, obtendo-se o valor de 30 kJ. Alega-se que a água, no estado final, está na região bifásica (líquido mais vapor). Como você avalia essa afirmação? 6.174 Um conjunto cilindro-pistão tem dois compartimentos separados por uma membrana flexível, em um arranjo similar ao Figura P6.128. Um dos compartimentos tem VA = 0,2 m3 e o outro VB = 0,3 m3. O estado inicial em A é 1 000 kPa, título de 0,75 e, em B, 1 600 kPa e 250 °C. A membrana se rompe e a água atinge um estado uniforme a 200 °C. No processo há transferência de calor de um reservatório térmico a 250 °C. Determine a transferência de calor e a geração de entropia no processo. 6.175 A água nos dois tanques do Problema 3.214 recebem calor de um reservatório a 300 °C. 15/10/14 14:59 287 Entropia Determine a geração de entropia no processo. 6.176 Um conjunto cilindro-pistão manufaturado com 1kg de aço contém 2,5 de amônia a 50 kPa, –20 °C. A amônia é aquecida a pressão constante usando calor transferido de um reservatório térmico a 200 °C. Admita que o aço do conjunto esteja sempre na mesma temperatura da amônia. Determine a transferência de calor e a entropia gerada no processo. 6.177 A Figura P6.177 mostra um conjunto cilindro-pistão que, inicialmente, contém água a 1 MPa e 500 °C. O volume da câmara é 1 m3 quando o pistão repousa sobre o esbarro inferior, e é igual a 3 m3 quando o pistão está encostado no esbarro superior. A pressão atmosférica e a massa do pistão são tais que a pressão na câmara é igual a 500 kPa quando o pistão está localizado entre os esbarros. O conjunto é, então, resfriado, transferindo-se calor para as vizinhanças a 20 °C, até que a temperatura atinja 100 °C. Determine a entropia gerada nesse processo. Po g H 2O FIGURA P6.177 6.178 Inicialmente, um conjunto cilindro-pistão contém ar a 300 K e 100 kPa. Detecta-se um processo politrópico, com n = 1,3, que termina quando a temperatura se torna igual a 500 K. Toda a transferência de calor para o ar é proveniente de um reservatório térmico a 325 °C e toda transferência de calor do ar é transferida para o ambiente que se encontra a 300 K. Faça um esboço das curvas do processo nos diagramas T-s e P-v. Determine o trabalho específico e a transferência de calor específica no processo. Calcule também a geração de entropia específica associada às transferências de calor que ocorrem no processo. termodinamica 06.indd 287 6.179 Admita que o calor transferido no Problema 3.213 provenha de um reservatório a 200 °C. Qual é a geração total de entropia no processo? 6.180 Um tanque rígido com volume igual a 10 L contém 5 kg de água a 25 °C. Essa água é, então, aquecida até 150 °C utilizando-se uma bomba de calor que recebe calor do ambiente. Sabendo que a temperatura do ambiente é 25 °C e que o processo é reversível, determine a transferência de calor para a água e o trabalho consumido na bomba de calor. 6.181 O resistor de um aquecedor elétrico recebe 500 W de potência elétrica e aquece-se de 20 °C a 180 °C. Sabendo que a massa do resistor é de 0,5 kg e que o calor específico é de 0,8 kJ/kg K, determine o tempo total de aquecimento e a entropia gerada. Despreze a troca de calor com o ambiente. 6.182 Os dois tanques mostrados na Figura P6.182 contêm vapor d’água e estão conectados a um conjunto cilindro-pistão. A pressão atmosférica e a massa do pistão são tais que a pressão na câmara tem de ser igual a 1,4 MPa para que o pistão se mova. Inicialmente, o volume da câmara é nulo, o tanque A contém 4 kg de vapor a 7 MPa e 700 °C e o tanque B contém 2 kg de vapor a 3 MPa e 350 °C. As válvulas são, então, abertas e espera-se até que a água apresente um estado uniforme. Admitindo que a transferência de calor seja nula, determine a temperatura final e a entropia gerada nesse processo. g A B FIGURA P6.182 15/10/14 14:59 288 Fundamentos da Termodinâmica 6.183 Admita que o reservatório térmico do Problema 3.217 esteja a 300 °C e que a construção seja similar à da Figura P6.182. Determine a transferência de calor e a geração de entropia. 6.184 Um conjunto cilindro-pistão contém 0,5 kg de R-134a. Inicialmente, a temperatura e o título do refrigerante são iguais a 60 °C e 50%. O R-134a, então, expande em um processo politrópico e internamente reversível até que sua temperatura se torne igual à do ambiente (20 °C). Nesse estado final, o título do refrigerante é 100%. Toda a transferência de calor do processo ocorre com um reservatório térmico que apresenta temperatura igual a 60 °C. Determine o valor do expoente n e mostre que esse processo satisfaz a equação da entropia. 6.185 Inicialmente, um dispositivo contém 2 kg de amônia a 150 kPa e −20 °C. A temperatura e a pressão no estado final do processo que ocorre no dispositivo são iguais a 80 °C e 400 kPa. Determine o expoente politrópico, o trabalho realizado e a transferência de calor nesse processo. Qual é a variação total de entropia nesse processo, admitindo que o reservatório que transfere calor para a amônia esteja a 100 °C? 6.186 Um tanque rígido com 0,5 kg de amônia, inicialmente a 1 600 kPa e 160 °C, é resfriado reversivelmente pela transferência de calor para um motor térmico, o qual, por sua vez, rejeita o calor para um reservatório térmico a 20 °C, conforme mostrado na Figura 6.186. O processo se encerra quando a amônia atinge 20 °C. Determine o calor transferido pela amônia para o motor térmico e o trabalho produzido pelo motor térmico no processo. V.C. total W Ambiente Motor térmico NH3 QH QL FIGURA P6.186 400 kPa e x = 0,15. O conjunto conta com esbarros de modo que o volume interno máximo é igual a 11 L. Uma bomba de calor reversível, que extrai calor do ambiente (pressão e temperatura iguais a 100 kPa e 300 K), transfere calor para a água até que a temperatura atinja 300 °C. Determine o trabalho realizado pela água, a transferência de calor para a água e o trabalho necessário para acionar a bomba de calor nesse processo. 6.188 Um conjunto cilindro-pistão não isolado termicamente contém ar a 500 kPa e 200 °C. Inicialmente, o volume interno do conjunto é 10 L. A força externa que atua sobre o pistão é, então, variada de tal modo que o ar expande até 150 kPa. Nesse estado, o volume interno do conjunto é igual a 25 L. Alega-se que o trabalho produzido pelo ar neste processo é igual a 70% do trabalho que seria realizado em um processo adiabático e reversível do estado inicial fornecido para o ar até a pressão do estado final da expansão (150 kPa). Admita que a temperatura do ambiente em que está localizado o conjunto seja igual a 20 °C. a. Determine o trabalho realizado pelo ar no processo descrito. b. Essa alegação é possível? 6.189 Uma sala é iluminada com uma pequena lâmpada halógena. A potência da lâmpada é 50 W e a temperatura de seu filamento é igual a 1 000 K. O catálogo da lâmpada indica que 20% da potência utilizada para acionar a lâmpada é transformada em luz e o resto é transferido como calor ao gás, que se encontra a 500 K. O catálogo afirma que a temperatura de operação do vidro da lâmpada é igual a 400 K. As paredes da sala em que se encontra instalada a lâmpada apresentam temperaturas uniformes e iguais a 25 ° C. Sabendo que as paredes da sala absorvem a potência utilizada na operação da lâmpada, determine a taxa de geração de entropia no filamento, em toda lâmpada (incluindo o vidro) e em toda a sala (incluindo a lâmpada). 6.187 Um conjunto cilindro-pistão, que opera a pressão constante, contém 1 L de água a termodinamica 06.indd 288 15/10/14 14:59 Entropia 289 PROBLEMAS ABERTOS, PROJETOS E APLICAÇÃO DE COMPUTADORES 6.190 Escreva um programa de computador que resolva o Problema 6.63. Admita que os calores específicos da areia e da água sejam constantes. As variáveis de entrada do programa devem ser as quantidades e temperaturas da areia e da água. 6.191 Escreva um programa de computador que resolva o Problema 6.74 com o leito de rocha descrito no Problema 5.60. As variáveis de entrada do programa devem ser as quantidades de material e as temperaturas. Estude o comportamento do trabalho fornecido pela máquina térmica em função dos parâmetros do sistema. 6.192 Escreva um programa de computador para resolver o seguinte problema: Um dos gases relacionados na Tabela A.6 sofre um processo adiabático e reversível, em um conjunto cilindro-pistão, de P1 e T1 até P2. Determine a temperatura final e o trabalho associado ao processo, utilizando os três métodos: a. Integrando a equação do calor específico. b. Utilizando calor específico constante avaliado a T1. c. Admitindo calor específico constante avaliado na temperatura média (este método é iterativo). 6.193 Escreva um programa de computador para resolver o Problema 6.103. Utilize a equação do calor específico em função da temperatura apresentada na Tabela A.6. termodinamica 06.indd 289 6.194 Escreva um programa de computador para estudar o processo politrópico de um gás ideal que apresenta calores específicos constantes. Tome o Problema 6.110 como exemplo. 6.195 Escreva um programa de computador que resolva o caso geral associado ao Problema 6.111. As variáveis de entrada do programa devem ser o estado inicial e a relação de expansão. 6.196 Um conjunto cilindro-pistão contém 0,5 kg de água inicialmente a 100 kPa e à temperatura ambiente de 20 °C. Um aquecedor, com potência de 500 W, é, então, ligado e a água é aquecida até 500 °C a pressão constante. Admitindo que não haja perdas para o ambiente, faça um gráfico da temperatura e da entropia total gerada em função do tempo. Investigue a primeira parte do processo de aquecimento, ou seja, do estado inicial até a obtenção de uma mistura líquido-vapor. 6.197 Um conjunto cilindro-pistão, contendo ar, deve ser utilizado como mola e deve suportar uma carga média de 200 N. Admita que a carga varie em +/– 10% em um intervalo de tempo de 1 s e que o deslocamento admissível para o pistão seja igual a +/– 0,01 m. Projete um conjunto que satisfaça esses requisitos e compare o deslocamento do pistão com o de uma mola linear projetada para as mesmas condições. 15/10/14 14:59 290 termodinamica 06.indd 290 Fundamentos da Termodinâmica 15/10/14 14:59 Segunda Lei da Termodinâmica Aplicada a Volumes de Controle 291 7 Segunda Lei da Termodinâmica Aplicada a Volumes de Controle Apresentamos a segunda lei da termodinâmica e a propriedade termodinâmica entropia nos dois capítulos anteriores. Neste capítulo, desenvolveremos a forma da segunda lei da termodinâmica adequada para a análise de fenômenos com volumes de controle. Para isso, usaremos um procedimento similar àquele utilizado para obter a primeira lei adequada para a análise de processos em volumes de controle. Discutiremos, também, várias definições de rendimentos termodinâmicos de processos. 7.1 A SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA PARA UM VOLUME DE CONTROLE O passo inicial do desenvolvimento da equação da segunda lei da termodinâmica adequada para as análises de fenômenos com volumes de controle é a equação da taxa de variação de entropia para sistemas, Equação 6.41, dSsis dt =∑ Q T + S ger (7.1) Observe que agora é necessário levar em consideração as contribuições dos fluxos de massa que atravessam a fronteira do volume de controle. A Figura 7.1 mostra um exemplo muito simples desse tipo de situação. A única contribuição dos fluxos de massa que cruzam a fronteira do volume de controle para a taxa de variação da entropia do volume de controle é o transporte de certa quantidade de entropia por unidade de tempo. A taxa de geração de entropia nos escoamentos normalmente não é nula, mas ocorre fora do volume de controle, ou dentro dele. Levando em consideração esse fato, podemos estabelecer a equação do balanço de entropia em um volume de controle. Esse balanço estabelece que a taxa de variação total de entropia no volume de controle é igual à soma da taxa termodinamica 07.indd 291 15/10/14 15:09 292 Fundamentos da Termodinâmica líquida de transporte de entropia para o volume de controle, que ocorre através da superfície de controle, com a taxa de criação de entropia em razão da transferência de calor ao volume de controle e com a taxa de geração de entropia no volume de controle. Assim, · W m· e Pe Te veee se Taxa de variação = +(entradas) – (saídas) + + (geração) · Q ou seja, dSv.c. dt e se − ∑ m s ss +∑ =∑m Q v.c. T + S ger Sv.c. = ∫ ρ s dV = m v.c. s = m A s A + m B s B + mC sC + S ger = ∫ ρ s ger dV = S ger, A + S ger, B + S ger, C + (7.3) Se o volume de controle é composto por várias regiões de acúmulo, que apresentam propriedades diferentes ou processos diversos, é necessário levar em consideração o somatório das contribuições relativas a cada uma destas regiões. Se a transferência de calor para o volume de controle ocorrer através de várias regiões da superfície de controle, que apresentam temperaturas diferentes, a avaliação do termo referente à taxa de criação de entropia em virtude da transferência de calor pode ser feita utilizando-se a taxa de transferência de calor · por unidade de área, (Q/A)local, e a temperatura da região em que essa taxa é transferida para o volume de controle. Deste modo, ∑ Q v.c. T = ∫ dQ T = ∫ superfície (Q /A local) TdA dSv.c. dt · Sger m· s Ps Ts vs es ss (7.2) Observe que os escoamentos que cruzam a superfície de controle transportam certa quantidade de entropia (fluxo de entropia) e que a taxa de transferência de entropia associada à transferência de calor para o volume de controle é igual à somatória das transferências de calor divididas pelas temperaturas das regiões da superfície de controle em que ocorrem as transferências. Os termos de acúmulo e geração de entropia são relativos ao volume de controle como um todo, ou seja, são adequados para a análise concentrada (ou integral) dos fenômenos, de modo que: Superfície de controle Figura 7.1 Balanço de entropia e um volume de controle. normalmente, é trabalhosa e está fora do escopo deste livro. O termo associado à geração de entropia da Equação 7.2 é positivo ou nulo. Assim, podemos escrever dSv.c. dt e se − ∑ m s ss +∑ ≥∑m Q v.c. T (7.5) em que a igualdade é valida nos processos internamente reversíveis e a desigualdade nos processos internamente irreversíveis. As Equações 7.2 e 7.5 são expressões gerais da segunda lei da termodinâmica e, por isso, podemos utilizá-las para a análise de qualquer fenômeno. Normalmente, certas classes de fenômenos são analisadas com as formas restritas dessas equações. Apresentaremos várias aplicações dessas equações nas próximas seções deste capítulo. Note que se não houver escoamento para dentro, ou para fora, do volume de controle, a Equação 7.2 fica idêntica à Equação 6.42. Como essa forma da segunda lei foi estudada no Capítulo 6, agora consideraremos os casos analisados com a primeira lei no Capítulo 4. (7.4) A análise de fenômenos com volumes de controle compostos por várias regiões de acúmulo, termodinamica 07.indd 292 15/10/14 15:09 293 Segunda Lei da Termodinâmica Aplicada a Volumes de Controle 7.2 O PROCESSO EM REGIME PERMANENTE E O PROCESSO EM REGIME TRANSIENTE em que os vários fluxos de massa, a taxa de transferência de calor, a taxa de geração de entropia e os estados são todos constantes com o tempo. Consideremos um volume de controle referente a um processo em regime permanente. Se houver apenas uma área através da qual há entrada de massa, a uma taxa uniforme, e apenas uma área pela qual há saída de massa e que também apresenta taxa uniforme, podemos escrever Consideremos, agora, a aplicação da equação da segunda lei para volumes de controle, Equação 7.2 ou 7.5, aos dois modelos de processos desenvolvidos no Capítulo 4. Processo em Regime Permanente ( ss − se ) = ∑ m Para o processo em regime permanente, definido na Seção 4.3, concluímos que a entropia específica, em qualquer ponto do volume de controle, não varia com o tempo. Assim, o primeiro termo da Equação 7.2 é nulo, dSv.c. dt =0 v.c. ss − se + ∑ Q v.c. T v.c. + S ger + S ger (7.8) q T + sger (7.9) Para um processo adiabático, com essas hipóteses, temos que Desse modo, para o processo em regime permanente, s ss − ∑ m e se = ∑ 0 =∑m T Dividindo-se pela vazão mássica, resulta (7.6) Q v.c. ss = se + sger ≥ se (7.10) em que a igualdade é válida para um processo adiabático reversível. (7.7) EXEMPLO 7.1 O vapor d’água entra em uma turbina a 300 °C, pressão de 1 MPa e com velocidade de 50 m/s. O vapor sai da turbina à pressão de 150 kPa e com uma velocidade de 200 m/s. Determine o trabalho específico realizado pelo vapor que escoa na turbina, admitindo que o processo seja adiabático e reversível. e Pe = 1 MPa Te = 300 °C Ve = 50 m/s Volume de controle: Turbina. Esboço: Figura 7.2. Estado na entrada: Determinado (Figura 7.2). Estado na saída: Ps, Vs conhecidos. Processo: Regime permanente. Modelo: Tabelas de vapor d’água. T W s Ps = 150 kPa Vs = 200 m/s e s s FIGURA 7.2 Esboço para o Exemplo 7.1. termodinamica 07.indd 293 15/10/14 15:09 294 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 7.1 (continuação) Análise: Equação da continuidade: m· = m· = m· s e Primeira lei da termodinâmica: he + Ve2 2 = hs + Vs2 2 +w Segunda lei da termodinâmica: ss = se Solução: Das tabelas de vapor d’água he = 3 051,2 kJ/kg e se = 7,1228 kJ/kgK As duas propriedades conhecidas do estado final são a pressão e a entropia Ps = 0,15 MPa e ss = se = 7,1228 kJ/kgK Portanto, o título e a entalpia do vapor d’água que sai da turbina podem ser determinados. se = 7,1228 = sl + xsslv = 1,4335 + xs 5,7897 xs = 0,9827 hs = hl + xshlv = 467,1 + 0,9827(2 226,5) = = 2 655,0 kJ/kg Portanto, o trabalho específico realizado pelo vapor no processo isotrópico pode ser determinado utilizando-se a equação da primeira lei da termodinâmica. w = 3 051,2 + 50 × 50 2 × 1 000 − 2 655,0 − 200 × 200 2 × 1 000 = 377,5 kJ kg EXEMPLO 7.2 Considere o escoamento de vapor d’água em um bocal. O vapor entra no bocal a 1 MPa, 300 °C e com velocidade de 30 m/s. A pressão do vapor na saída do bocal é 0,3 MPa. Admitindo que o escoamento seja adiabático, reversível e em regime permanente, determine a velocidade do vapor na seção de saída do bocal. Volume de controle: Bocal. Esboço: Figura 7.3. Estado na entrada: Determinado (Figura 7.3). Estado na saída: Ps conhecida. Processo: Regime permanente, reversível de adiabático. Modelo: Tabelas de vapor d’água. he + Ve2 2 = hs + Vs2 2 Segunda lei da termodinâmica: se = ss Solução: Das tabelas de vapor d’água, temos he = 3 051,2 kJ/kg e se = 7,1228 kJ/kgK As duas propriedades conhecidas no estado final são ss = se = 7,1228 kJ/kgK e Ps = 0,3 MPa Portanto Análise: Ts = 159,1 °C e hs = 2 780,2 kj/kg Como esse processo ocorre em regime permanente, em que o trabalho, a transferência de calor e a variação de energia potencial são nulos, podemos escrever Equação da continuidade: m· = m· = m· s e Substituindo esses valores na equação da primeira lei da termodinâmica, temos Vs2 2 = he − hs + Ve2 2 = 271,5 kJ/kg = 3 051,2 − 2 780,2 + 30 × 30 2 × 1 000 Vs = 737 m/s Primeira lei da termodinâmica: termodinamica 07.indd 294 15/10/14 15:09 Segunda Lei da Termodinâmica Aplicada a Volumes de Controle 295 EXEMPLO 7.2 (continuação) e s e T Pe = 1 MPa Te = 300 °C Ve = 30 m/s Ps = 0,3 MPa ss = se s s FIGURA 7.3 Esboço para o Exemplo 7.2. EXEMPLO 7.3 Um inventor alega ter construído um compressor frigorífico adiabático que recebe vapor saturado de R-134a, a −20 °C e descarrega o vapor a 1 MPa e 40 °C. Esse processo viola a segunda lei da termodinâmica? Análise: Volume de controle: Compressor. Estado na entrada: Determinado (vapor saturado a Te). Estado na saída: Determinado (Ps, Ts conhecidas). Processo: Regime permanente e adiabático. Modelo: Tabelas de R-134a. Solução: O processo é adiabático e ocorre em regime permanente. A segunda lei da termodinâmica indica que ss = se + sger Das tabelas de R-134a ss = 1,7148 kJ/kgK e se = 1,7395 kJ/kgK Temos, então, que ss < se. A segunda lei da termodinâmica requer que ss ≥ se. Assim, o processo alegado viola a segunda lei da termodinâmica e, portanto, não é possível. EXEMPLO 7.4 O ar é comprimido, em um compressor centrífugo, da condição ambiente, 290 K e 100 kPa, até a pressão de 1,0 MPa. Admitindo que o processo seja adiabático, reversível e que as variações das energias cinética e potencial sejam desprezíveis, calcule o trabalho específico no processo de compressão e a temperatura do ar na seção de descarga do compressor. Volume de controle: Compressor. Estado na entrada: Pe, Te conhecidas; estado determinado. Estado na saída: Ps conhecida. Processo: Regime permanente. Modelo: Gás ideal com calores específicos constantes (Tabela A.5). termodinamica 07.indd 295 Análise: Como esse processo é adiabático, reversível e em regime permanente, podemos escrever Equação da continuidade: m· = m· = m· e s Primeira lei da termodinâmica: he = hs + w Segunda lei da termodinâmica: se = ss 15/10/14 15:09 296 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 7.4 (continuação) A Tabela A.5 indica que, para o ar CP0 = 1,004 kJ/kgK e P s k = 1,4. Ar e água Aplicando a Equação 6.22 ⎛ P ⎞ se = ss ⇒ Ts = Te ⎜⎜ s ⎟⎟ ⎝ Pe ⎠ e k−1 k v T ⎛ 1 000 ⎞0,2857 Ts = 290 ⎜ = 559,9 K ⎟ ⎝ 100 ⎠ s O trabalho específico no processo pode ser calculado com a primeira lei da termodinâmica, ou seja e s w = he – hs Cp0 (Te – Ts) = = 1,004(290 – 559,9) = – 271K FIGURA 7.4 Diagrama para o Exemplo 7.4. EXEMPLO 7.5 Os dessuperaquecedores são utilizados para produzir vapor saturado a partir da mistura de vapor superaquecido com água no estado líquido. A Figura 7.5 mostra o esboço de um equipamento desse tipo que é alimentado com 2 kg/s de vapor d’água a 200 °C e 300 kPa e com água líquida a 20 °C. Determine a vazão mássica de água líquida para que o dessuperaquecedor descarregue vapor saturado a 300 kPa. Calcule, também, a taxa de geração de entropia nesse processo de mistura. Volume de controle: Dessuperaquecedor. Esboço: Figura 7.5. Estados nas entradas: Conhecidos (Figura 7.5). Estado na saída: Ps conhecida. Processo: Regime permanente, adiabático, sem variação de pressão e sem realização de trabalho. Modelo: Tabelas de vapor d’água. Análise: Vamos admitir que a pressão na água seja uniforme e igual a 300 kPa. Como o processo ocorre em regime permanente, é adiabático e não apresenta a interação de trabalho, temos: termodinamica 07.indd 296 Equação da continuidade: m·1 + m·2 = m·3 Primeira lei da termodinâmica: m·1h1 + m·2h2 = m·3h3 = (m·1 + m·2)h3 Segunda lei da termodinâmica: · m·1s1 + m·2s2 + S ger = m·3s3 · · Processo: P = constante, W = 0 e Q = 0 Solução: A entalpia e a entropia do estado 2 serão consideradas iguais àquelas do líquido saturado a 20 °C. Utilizando as Tabelas B.1.3 e B.1.2, obtemos h1 = 2 865,54 kJ/kg e s1 = 7,3115 kJ/kgK h2 = 83,94 kJ/kg e s2 = 0,2966 kJ/kgK h3 = 2 725,3 kJ/kg e s3 = 6,9918 kJ/kgK A vazão mássica de líquido pode ser calculada com a primeira lei da termodinâmica, ou seja 2=m 1 m h1 − h3 h3 − h2 =2 2 865,54 − 2 725,3 2 725,3 − 83,94 = 0,1062 kg/s e m·1 + m·2 = m·3 = 2,1062 kg/s 15/10/14 15:09 297 Segunda Lei da Termodinâmica Aplicada a Volumes de Controle ( m2 s2 − m1 s1 ) v.c. = ∑ me se − ∑ ms ss + EXEMPLO 7.5 (continuação) A taxa de geração de entropia no processo pode ser calculada com a segunda lei da termodinâmica 3 s3 − m 1 s1 − m 2 s2 S ger = m = 2,106 × 6,9918 − 2 × 7,3115 − 0,1062 × 0,2966 = = 0,072 kW/K 2 +∫ t 1 v.c. Q v.c. T S.C. (7.12) dt + 1 S2ger Q v.c. T dt = ∫ t 0 1 t ∑ Q v.c. dt = ∫ 0 T S.C. Q v.c. T dt e, portanto, a equação da segunda lei da termodinâmica para o processo em regime transiente pode ser reescrita do seguinte modo: Dessuperaquecedor T 1 ∑ Entretanto, como nesse processo a temperatura é uniforme no volume de controle, em qualquer instante, a integral do segundo membro se reduz a ∫0 ∑ 3 t 0 ( m2 s2 − m1 s1 ) v.c. = ∑ me se − ∑ ms ss + 300 kPa +∫ 3 2 t Q v.c. 0 T (7.13) dt + 1 S2 ger s FIGURA 7.5 Esboço para o Exemplo 7.5. QUESTÕES CONCEITUAIS Processo em Regime Transiente Para o processo em regime transiente, descrito na Seção 4.6, a segunda lei da termodinâmica para um volume de controle, Equação 7.2, pode ser escrita do seguinte modo: d ( ms) v.c. dt e se − ∑ m s ss + ∑ =∑m Q v.c. T + S ger (7.11) Integrando a equação ao longo de um intervalo de tempo t, temos, t ∫0 d(ms)v.c. dt t dt = ( m2 s2 − m1s1 ) v.c. t ∫ 0 (∑ m! e se ) dt = ∑ me se , ∫ 0 (∑ m! s ss ) dt = ∑ ms ss , a. No escoamento adiabático reversível de água líquida por meio de uma bomba, a pressão aumenta. A temperatura aumenta ou diminui? b. No escoamento adiabático reversível de ar por meio de um compressor, a pressão aumenta. A temperatura aumenta ou diminui? c. Um compressor recebe R-134a, a –10 °C e 200 kPa e o descarrega a 1 200 kPa e 50 °C. O que você pode dizer do processo? d. Em um lava-rápido de automóveis, a água sai da mangueira por meio de um bocal. O jato de água sai a certa velocidade e depois cai no piso. O que acontece com o estado da água (variáveis velocidade, temperatura e entropia específica)? t ∫ 0 S! ger dt = 1 S2 ger Portanto, para um intervalo de tempo t, podemos escrever a segunda lei da termodinâmica para o processo em regime transiente como termodinamica 07.indd 297 15/10/14 15:09 298 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 7.6 Inicialmente, um tanque, com volume interno de 40 L, contém ar a 17 °C e 100 kPa. Um compressor de ar, adiabático e reversível, é acionado e passa a encher o tanque. O compressor é desligado no instante em que a pressão do ar no tanque atinge 1 000 kPa. Determine a temperatura do ar contido no tanque no estado final desse processo e o trabalho necessário para encher esse tanque. Solução: Considere um volume de controle que englobe o compressor e o tanque. Vamos admitir que o tanque não interaja com o ambiente (é adiabático e rígido) e que o processo de enchimento do tanque seja ideal (a geração de entropia no enchimento do tanque é nula). Assim, m1 = P1V1/RT1 = 100 × 0,04/(0,287 × 290) = 0,0481 kg m2 = P2V2/RT2 = 1 000 × 0,04/(0,287 × 555,7) = = 0,2508 kg me = m2 – m1 = 0,2027 kg O trabalho realizado no processo de enchimento é Equação da continuidade: m2 – m1 = me 1W 2 Primeira lei da termodinâmica: = m e h e + m 1u 1 – m 2u 2 = m(290,43) + m1(207,19) – m2(401,39) = m 2u 2 – m 1u 1 = – 1W 2 + m e h e = – 31,9 kJ Segunda lei da termodinâmica: A Figura 9.6 mostra os diagramas P-v e T-s do processo de enchimento analisado neste Exemplo. m 2s 2 – m 1s 1 = m e s e Lembrando que s1 = se Comentário: temos m2s2 – m1s1 = mes1 = s1(m1 + me) então s2 = s1 A aplicação da Equação 6.19 resulta em Constante s ⇒ s0T2 = s0T1 + R ln (P2/P1) = = 6,835 21 + 0,287 ln (10) = 7,4961 kJ/kgK Interpolando na Tabela A.7, obtemos T2 = 555,7 K e u2 = 401,49 kJ/kg. Assim, p A temperatura final do processo de enchimento é razoavelmente alta. Nesse caso, a hipótese de enchimento adiabático pode não ser adequada. A hipótese de enchimento adiabático é boa se a temperatura do estado final do processo for próxima à do ambiente ou se o processo de enchimento for rápido (de modo que não haja tempo para a ocorrência de uma transferência de calor significativa). É importante considerar esses aspectos na modelagem de processos de enchimento ou esvaziamento de tanques. T 2 T2 s=C 100 kPa 400 1, e 290 v 1, e s FIGURA 7.6 Esboço para o Exemplo 7.6. termodinamica 07.indd 298 15/10/14 15:09 299 Segunda Lei da Termodinâmica Aplicada a Volumes de Controle 7.3 O PROCESSO REVERSÍVEL EM REGIME PERMANENTE PARA ESCOAMENTO SIMPLES1 O termo de entalpia desaparece e o trabalho de eixo para escoamento simples para um processo real torna-se Podemos deduzir uma expressão para o trabalho em um processo adiabático, reversível e em regime permanente, que é de grande utilidade para a compreensão das variáveis significativas nesse processo. Já observamos que, quando um processo em regime permanente envolve uma única entrada e saída do volume de controle, a primeira lei da termodinâmica pode ser escrita na forma da Equação 4.13, ou seja w = − ∫ vdP + 1 1 q + he + Ve2 + gZe = hs + Vs2 = gZs + w 2 2 A segunda lei, Equação 7.9, lembrando ainda da Equação 7.4, é se + sger + ∫ δq T = ss que escreveremos no modo diferencial δ sger + δ q /T = ds δ q = T ds − T δ sger Para facilitar a integração e encontrar q, utilizaremos a relação de propriedades da Equação 6.8, obtendo δ q = T ds − T δ sger = dh − v dP − T δ sger Efetuando a integração q= s s s s ∫ e δ q = ∫ e dh − ∫ e v dP − ∫ e T = hs − he − s s ∫ e v dP − ∫ e T δ sger = δ sger Este resultado pode ser substituído na equação da energia. Resolvendo para o trabalho, resulta w = q + he − hs + = hs − he − + s 1 2 ( Ve2 − Vs2 ) + g ( Ze − Zs ) = s ∫ e v dP − ∫ e T δ sger + he − hs + 1 Ve2 − Vs2 ) + g ( Ze − Zs ) ( 2 1 Escoamento simples: sem derivação ou reunião de fluxos; volume de controle com um único fluxo de entrada e uma única saída. (N.T.) termodinamica 07.indd 299 s e 1 s ( Ve2 − Vs2 ) + g ( Ze − Zs ) − ∫ e T δ sger 2 (7.14) Vários comentários podem ser feitos em relação a essa equação, pela ordem: 1. O último termo é sempre a subtração de um valor positivo (T > 0 e δsger ≥ 0), e a maior produção de trabalho ocorre para o caso de processo reversível, quando esse termo é nulo. Essa conclusão é idêntica àquela obtida quando da apresentação da Equação 6.35, em que o trabalho de fronteira produzido é reduzido, em virtude da geração de entropia. Muito embora não seja usual calcular o último termo da Equação 7.14 (integral de Tδsger), ele foi apresentado apenas para ilustrar seu efeito sobre o trabalho. 2. Em um processo reversível, o trabalho de eixo é associado com variações de pressão, energia cinética ou energia potencial, de modo individual ou combinado. Quando a pressão aumenta (bomba ou compressor) o trabalho tende a ser negativo, ou seja, o trabalho entra no volume de controle, e quando a pressão diminui (turbina), o trabalho tende a ser positivo. O volume específico não afeta o sinal do trabalho, só sua magnitude. Valores elevados de volume específico produzem valores elevados de trabalho (caso de escoamento de um gás). Ao contrário, volumes específicos pequenos (caso de líquido) produzem valores de trabalho pequenos. Quando há diminuição de energia cinética no escoamento (turbina eólica) ou de energia potencial (água de um reservatório que passa por uma turbina hidráulica), podemos aproveitar a diferença como trabalho. 3. Se não há trabalho de eixo no volume de controle, então, o termo direito da Equação 7.14 deve ser nulo. Nesse caso, o aumento de valor de um dos termos deve ser compensado pela diminuição de outro, e devemos observar ainda que o último termo sempre subtrai. Como exemplo, tomemos o caso de um escoamento reversível sem variação de energia cinética ou potencial. Então, como o último termo é nulo, a pressão 15/10/14 15:09 300 Fundamentos da Termodinâmica é constante no escoamento. No caso real, o escoamento tem sempre algum atrito, sendo, portanto, irreversível, exigindo que o primeiro termo seja positivo (a pressão decresce). 4. Como já mencionado, a Equação 7.14 é útil para ilustrar o cálculo do trabalho de uma ampla gama de processos com escoamento de fluido, tais como em turbinas, compressores e bombas. Nesses casos, as variações de energia cinética e potencial são pequenas. Desse modo, a referência para esse tipo de problema é a de um escoamento reversível, sem variação de energia cinética ou potencial. Frequentemente, o processo é também adiabático (algo não obrigatório para uso da equação), e a Equação 7.14 fica reduzida a e A partir desse resultado, concluímos que o trabalho de eixo para esse tipo de processo equivale à área mostrada na Figura 7.7. É importante destacar que esse resultado se aplica somente à situação de um dispositivo com escoamento de um fluido, e que é uma grandeza diferente do trabalho de fronteira calculado para um conjunto cilindro-pistão. A figura também mostra que o trabalho de eixo associado a esse tipo de processo está intimamente relacionado ao volume específico do fluido durante o processo. Para esclarecer mais esse ponto, consideremos a instalação motora a vapor mostrada na Figura 7.8. Suponhamos que essa seja uma instalação ideal, sem queda de pressão nas tubulações, na caldeira ou no condensador. Desse modo, o aumento de pressão na bomba é igual ao decréscimo de pressão na turbina. Desprezando as variações de energias cinética e potencial, o trabalho realizado em cada um desses processos é dado pela Equação 7.15. Como a bomba trabalha com líquido, que apresenta um volume específico muito pequeno em comparação ao do vapor que escoa na turbina, a potência para acionar a bomba é muito menor que a potência fornecida pela turbina, e a diferença entre essas potências constitui a potência líquida da instalação. Essa mesma linha de raciocínio pode ser qualitativamente aplicada a dispositivos reais que envolvam processos em regime permanente, embora os processos não sejam exatamente adiabáticos ou reversíveis. termodinamica 07.indd 300 s weixo e v Figura 7.7 Trabalho de eixo da Equação 7.15. QH Gerador de vapor Wbomba (7.15) s w = − ∫ v dP P Bomba Wlíq Turbina Condensador QL Figura 7.8 Instalação motora a vapor simples. Uma versão simplificada da Equação 7.14 surge quando consideramos um escoamento reversível de um fluido incompressível (v = constante). A primeira integral pode ser facilmente calculada, resultando em w = − v ( Ps − Pe ) + 1 2 ( Ve2 − Vs2 ) + g ( Ze − Zs ) (7.16) A Equação 7.16 é conhecida como equação de Bernoulli estendida, em homenagem a Daniel Bernoulli, que formulou a Equação 7.17 para o caso em que não existe trabalho. 1 1 vPe + Ve2 + gZe = vPs + Vs2 + gZs (7.17) 2 2 Essa equação mostra que a soma do trabalho de fluxo (Pv), energia cinética e energia potencial é constante em uma linha de corrente2. Para 2 Em uma definição genérica, linha de corrente de um escoamento é o lugar geométrico dos pontos do escoamento, cujo vetor velocidade é tangente à linha em qualquer ponto. (N.T.) 15/10/14 15:09 Segunda Lei da Termodinâmica Aplicada a Volumes de Controle 301 EXEMPLO 7.7 Calcule o trabalho, por quilograma, para bombear água isotropicamente de 100 kPa e 30 °C até 5 MPa. Volume de controle: Bomba. Estado na entrada: Pe, Te conhecidas; estado determinado. Estado na saída: Ps conhecida. Processo: Regime permanente, isotrópico. Modelo: Tabelas de vapor d’água. Análise: Vamos admitir que o processo ocorra em regime permanente, seja reversível e adiabático; e que as variações de energias cinética e potencial sejam desprezíveis. Assim, temos Primeira lei da termodinâmica: he = hs + w Segunda lei da termodinâmica: ss – se = 0 Solução: Como Ps e ss são conhecidas, o estado s está determinado e, portanto, hs é conhecida. O trabalho específico, w, pode ser determinado com a primeira lei da termodinâmica. Entretanto, o processo é reversível, ocorre em regime permanente e as variações de energias cinética e potencial são desprezíveis. Assim, a aplicação da Equação 7.15 é válida. Adicionalmente, como um líquido está sendo bombeado, o volume específico variará muito pouco durante o processo. Das tabelas de vapor, ve = 0,001 004 m3/kg. Admitindo que o volume específico permaneça constante e usando a Equação 7.15, obtemos −w = s ∫ e vdP = v ( Ps − Pe ) = 0,001 004(5 000 − 100) = 4,92 kJ/kg EXEMPLO 7.8 Considere um bocal utilizado para nebulizar água líquida. Se a pressão da linha for de 300 kPa e a temperatura da água, de 20 °C, qual será a velocidade do escoamento na seção de saída, admitindo-se bocal ideal? e a energia cinética é, então Análise: Solução: Para esse escoamento em regime permanente, não há trabalho nem transferência de calor. Uma vez que é reversível e incompressível, a equação de Bernoulli nos dá Podemos agora determinar Ve usando v = 0,001 002 m3/kg para a água a 20 °C, resultando 1 1 vPe + Ve2 + gZe = vPe + 0 + 0 = vPs + Vs2 + gZs = 2 2 1 = vP0 + Vs2 + 0 2 exemplificar, se o escoamento for ascendente, deve haver uma redução da energia cinética, ou da pressão. termodinamica 07.indd 301 1 2 Vs2 = v ( Pe − P0 ) Vs = 2v ( Pe − P0 ) = = 2 × 0,001 002(300 − 100)1 000 = 20 m/s Observe o fator 1000 utilizado para converter de kPa para Pa, de modo a compatibilizar o sistema de unidades. Como uma aplicação final da Equação 7.14, analisemos, novamente, o processo politrópico reversível em um gás ideal (esse assunto foi dis- 15/10/14 15:09 302 Fundamentos da Termodinâmica cutido, para sistemas, na Seção 6.8). Para um processo em regime permanente em que as variações de energias cinética ou potencial são nulas, temos s w = − ∫ v dP e s s dP e e P1 n w = − ∫ v dP = −C ∫ =− Pvn = constante = C n e n n −1 ( Ps vs − Pe ve ) = − (7.18) nR n −1 (Ts − Te ) Se o processo for isotérmico, n = 1 e a integral se torna igual a s w = − ∫ v dP = −constante e s dP ∫e P = − Pe ve ln Ps Pe (7.19) Observe que os diagramas P-v e T-s da Figura 7.13 são aplicáveis também nesse caso para representar a inclinação do processo politrópico. Os cálculos da integral s e v dP também podem ser utilizados em conjunto com a Equação 7.14 nos casos em que as variações de energias cinética e potencial não são desprezíveis. QUESTÕES CONCEITUAIS e. Em um escoamento simples, em regime permanente, s é constante ou aumenta. Essa afirmação é verdadeira? 7.4 PRINCÍPIO DO AUMENTO DA ENTROPIA PARA UM VOLUME DE CONTROLE O princípio do aumento da entropia para um sistema foi discutido na Seção 6.11. A mesma conclusão geral é alcançada no caso da análise de um volume de controle. Para demonstrar isso, considere que o universo é dividido em duas regiões: o volume de controle A e sua vizinhança (volume de controle B), como mostrado na Figura 7.9. Admita que um processo se desenvolva no volume de controle A, o qual troca massa, energia e entropia com as vizinhanças. No ponto em que há transferência de calor para A, a temperatura é TA, que não é necessariamente a temperatura do ambiente, em um ponto afastado da fronteira que separa A de B. Consideremos, primeiro, a equação do balanço de entropia para os dois volumes de controle: dSv.c. A dt dSv.c. B e se − m s ss + =m Q TA e se + m s ss − = −m dt + S ger A (7.20) Q + S ger B (7.21) TA e observamos que os termos de transferência estão avaliados na fronteira dos volumes de controle. Adicionando as duas equações anteriores, podemos determinar a taxa de variação de entropia de todo o universo: dSlíq dt = dSv.c. A dt + dSv.c. B dt f. Se o escoamento por meio de um dispositivo não tem variação de pressão, pode haver alguma realização de trabalho? e se − m s ss + =m g. Qual tipo de dispositivo pode ter um es­ coamento cujo processo politrópico tem n = 0? e se + m s ss − −m Q TA Q TA = S ger A + S ger B ≥ 0 + S ger A − (7.22) + S ger B = Podemos agora observar que os termos de transferência foram todos cancelados, sobrando apenas os termos de geração dos volumes de controle nos quais o universo foi dividido. Na ausência de processos, não há geração de entropia. Observamos também que, para que a transferência de termodinamica 07.indd 302 15/10/14 15:09 Segunda Lei da Termodinâmica Aplicada a Volumes de Controle V.C.B. me • • W TA • Q V.C.A. ms • Figura 7.9 Variação de entropia de um volume de controle e suas vizinhanças. calor ocorra no sentido indicado, é obrigatório que TB ≥ TA, ou seja, a transferência de calor acontece quando há uma diferença finita de temperatura, indicando que a geração de entropia associada ao processo ocorre na vizinhança. Nesse caso, a geração de entropia é externa ao volume de controle A, ou há uma irreversibilidade externa ao volume de controle A. Há casos em que a geração de entropia ocorre no interior do volume de controle A, caso em que a terminologia irreversibilidade interna é utilizada. Para esse volume de controle genérico, a conclusão é a mesma daquela obtida para um sistema – a entropia do universo deve aumentar ou permanecer constante, dSlíq/dt ≥ 0, da Equação 7.22. Somente os processos que satisfaçam esse princípio podem acontecer. Processos em que haja redução da entropia do universo são impossíveis e não ocorrem. Devem ser feitos aqui alguns comentários adicionais sobre o aumento da entropia. Se analisarmos os vários processos que acontecem no planeta, e avaliarmos as alterações de estado que ocorrem no interior dos sistemas (ou volume de controle), a variação de entropia pode ser determinada pelo termo da esquerda da Equação 7.22, e poderemos comprovar que é positiva. Usando esse procedimento, nossa atenção é focalizada nos sistemas (ou volumes de controle) e nas vizinhanças próximas afetadas pelos processos. Deve ser observado que o termo da esquerda da Equação 7.22 é a soma das taxas de acúmulo de entropia dos vários sistemas considerados. Para determinar a fonte de geração de entropia, tanto os termos de acúmulo como os de transferência devem termodinamica 07.indd 303 303 ser calculados, para todos os sistemas ou volumes de controle. Depois, a taxa de geração de entropia resulta da diferença entre esses termos e, para cada sistema considerado, a taxa de geração de entropia deve ser positiva, ou, na melhor das hipóteses, nula. A individualização da análise pode ser feita para sistemas tão pequenos quanto se queira (até mesmo para volumes infinitesimais, dV) e, mesmo para esse caso, somente podem acontecer processos com geração de entropia (ou, com geração nula). Processos que localmente destroem entropia são impossíveis. É preciso lembrar que isso não significa que a entropia de certa quantidade de massa não possa decrescer. Isso pode ocorrer em virtude de uma rejeição de calor ou saída de massa. De qualquer maneira, o acúmulo negativo se explica por uma transferência líquida negativa. Para ilustrar o princípio do aumento da entropia consideremos o caso do processo em regime permanente com múltiplos fluxos, que foi mostrado na Seção 4.5, e o dessuperaquecedor mostrado no Exemplo 7.5. Na Figura 7.5, daquele exemplo, há dois fluxos de entrada e uma única saída do dessuperaquecedor. Desprezando as variações de energias cinética e potencial e considerando a não realização de trabalho, as equações da primeira lei da termodinâmica e balanço de entropia para volume de controle admitem as seguintes formas Primeira Lei da Termodinâmica, Equação 4.10: · 0 = m·1h1 + m·2h2 – m·3h3 + Q (7.23) Balanço de Entropia, Equação 7.2: · · 0 = m·1s1 + m·2s2 – m·3s3 + Q/T + S ger Como realizado em análises prévias, podemos normalizar as equações em função de m·3 criando, assim, a fração mássica y = m·1/m·3. Deste modo, 1 – y = m·2/m·3. Assim, à saída do dessuperaquecedor, as propriedades podem ser escritas como h3 = yh1 + (1 – y)h2 + q~ (7.24) s3 = ys1 + (1 – y)s2 + q~/T + ~ s ger (7.25) · ~ q~ = Q/m·3; ~ s ger = S ger/m·3(7.26) Se não houver transferência de calor, a entalpia na saída passa a ser dada pela média ponderada das duas entalpias de entrada, sendo os pesos as frações mássicas. Porém, a entropia na saída é resultado da média ponderada das entropias da 15/10/14 15:09 304 Fundamentos da Termodinâmica entrada mais a quantidade de entropia gerada. Como a geração de entropia é positiva (com mínimo igual a zero) a entropia na saída é, então, maior, resultando em um acréscimo líquido de entropia, que é armazenada na vizinhança. ferentes da ambiente, ocorrem transferências de calor irreversíveis em virtude das diferenças finitas de temperatura. Ambos os casos, portanto, contribuem para o aumento da entropia do universo. Em indústrias de processo, por exemplo, são provocadas grandes irreversibilidades quando fluxos atravessam válvulas e onde há isolamentos térmicos precários. No caso das válvulas, elas introduzem irreversibilidades em razão dos estrangulamentos que provocam às correntes de fluidos. Em isolamentos precários, ou na sua ausência, em linhas que transportam fluidos à temperaturas di- 7.5 APLICAÇÕES NA ENGENHARIA – EFICIÊNCIA Observamos, no Capítulo 5, que a segunda lei da termodinâmica conduz ao conceito de eficiência térmica de um motor cíclico térmico, ou seja, ηtérmico = Wlíq QH EXEMPLO 7.9 O vapor saturado de R-410a a 5 °C entra em um compressor não isolado de uma central de ar-condicionado doméstica. A vazão de fluido refrigerante é 0,08 kg/s e a potência fornecida ao compressor é de 3 kW. O estado de saída do fluido do compressor é 65 °C e 3 000 kPa. A transferência de calor ocorre para o ambiente a 30 °C. Determine a taxa de geração de entropia no processo. Volume de controle: Compressor. Estado na entrada: Te, xe conhecidos; estado determinado. Estado na saída: Ps, Ts conhecidos, estado determinado. Processo: Regime permanente. Modelo: Tabelas do R-410a, B.4. De R-410a Tabelas B-4, começamos he = 280,6 kJ/kg, se = 1,0272 kJ/kgK hs = 307,8 kJ/kg, ss = 1,0140 kJ/kgK Da equação da primeira lei da termodinâmica, temos · QV.C. = 0,08(307,8 – 280,6) – 3 = 2,176 – – 3 = – 0,824 kW Da equação da segunda lei da termodinâmica ⎛ −0,824 ⎞ S! ger = 0,08 ×(1,0140 −1,0272)− ⎜ ⎟ = ⎝ 303,2 ⎠ = −0,001 06 + 0,002 72 = 0,001 66 Observe que a geração de entropia se iguala ao acúmulo de entropia na vizinhança. Análise: Processo em regime permanente, escoamento simples. Admita variações de energia cinética e potencial desprezíveis. Equação da continuidade: m· = m· = m· e s Primeira lei da termodinâmica: · · 0 = Q + m·h - m·h – W V.C. e s Segunda lei da termodinâmica: ( se − ss ) + 0=m termodinamica 07.indd 304 Solução: Q V.C. T0 + S ger V.C. Comentário: Existem, nesse processo, duas fontes de geração de entropia: irreversibilidades internas associadas ao processo sofrido pelo R-410a no compressor e irreversibilidades externas associadas à transferência de calor com diferença finita de temperatura. Uma vez que desconhecemos a temperatura do R-410a no ponto em que ele transfere calor, a contribuição de cada um desses fatores não pode ser individualizada. 15/10/14 15:09 305 Segunda Lei da Termodinâmica Aplicada a Volumes de Controle em que Wlíq é o trabalho líquido do ciclo e QH é o calor transferido do corpo a alta temperatura para o ciclo. Neste capítulo, derivamos a segunda lei para processos que se desenvolvem em volumes de controle e, na Seção 7.2, foram considerados vários tipos de dispositivos ou máquinas – turbina, compressor, bocal – todos operando de forma ideal (processos reversíveis). Na vida real, tais dispositivos ou máquinas não são, de fato, reversíveis. Não obstante, na prática da engenharia, tomar modelos reversíveis como referência facilita a abordagem das máquinas e dispositivos reais, ou seja, irreversíveis. A prática, nesse caso, é considerar um parâmetro de eficiência para os dispositivos, máquinas ou processos reais. Por exemplo, podemos estar interessados na eficiência da turbina de uma usina de potência a vapor ou do compressor de um ciclo de turbina a gás. Em geral, podemos dizer que a eficiência de uma máquina em que ocorre um processo envolve uma comparação entre o desempenho real da máquina, sob dadas condições, e o desempenho que ela teria em um processo ideal. A segunda lei é muito importante na definição desse processo ideal. Por exemplo, pretende-se que uma turbina a vapor seja uma máquina adiabática. A única transferência de calor é aquela inevitável, que ocorre entre a turbina e o ambiente. Verificamos, também, que para uma determinada turbina a vapor, que opera em regime permanente, o estado do vapor d’água que entra na turbina e a pressão de saída apresentam valores fixos. Portanto, o processo ideal é um processo adiabático e reversível, ou seja, um processo isotrópico entre o estado na entrada e a pressão de saída da turbina. Em outras palavras, Pe, Te e Ps são variáveis de projeto, porque tanto a pressão quanto a temperatura de alimentação do vapor são determinadas pelos equipamentos localizados à montante da turbina e o valor da pressão na descarga da turbina é fixado pelo ambiente em que a descarga de vapor é realizada. Assim, o processo ideal na turbina ocorre do estado e até o estado ss (veja Figura 7.10). Entretanto, o processo real na turbina é irreversível e, assim, a entropia do vapor na seção de descarga da turbina (estado s) é maior que aquela referente ao estado ss. A Figura 7.10 mostra os estados típicos do vapor que escoa em uma turbina. Observe que o estado ss se encontra na região bifásica e que o termodinamica 07.indd 305 estado s pode estar localizado na região bifásica ou na região de vapor superaquecido (a posição desse estado depende das irreversibilidades presentes no processo real). Se indicarmos por w o trabalho real realizado por unidade de massa de vapor que escoa na turbina e por ws o trabalho que seria realizado em um processo adiabático e reversível entre o estado na entrada e a pressão de saída da turbina, a eficiência isotrópica da turbina pode ser definida por ηturbina = w h − hs = e ws he − hss (7.27) A mesma relação é válida para uma turbina a gás. As turbinas apresentam eficiências isotrópicas entre 0,70 e 0,88 e as turbinas de grande porte, normalmente, apresentam eficiências maiores que aquelas das turbinas pequenas. T e ss Pe s Ps s P se Pe e Te Ps ss s v Figura 7.10 Diagramas dos processos que ocorrem em uma turbina adiabática e reversível e em uma turbina real. 15/10/14 15:09 306 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 7.10 Uma turbina é alimentada com vapor d’água à pressão de 1 MPa e 300 °C. O vapor sai da turbina à pressão de 15 kPa. O trabalho produzido pela turbina foi determinado, obtendo-se o valor de 600 kJ/kg de vapor que escoa na turbina. Determine a eficiência isotrópica da turbina. Volume de controle: Turbina. Estado na entrada: Pe, Te conhecidas; estado determinado. Estado na saída: Ps conhecido. Processo: Regime permanente. Modelo: Tabelas de vapor d’água. Solução: Das tabelas de vapor d’água, temos he = 3 051,2 kJ/kg e se = 7,1228 kJ/kgK Portanto, a Ps = 15 kPa, sss = se = 7,1228 = 0,7548 + xss7,2536 xss = 0,8779 hss = 225,9 + 0,8779(2373,1) = 2 309,3 kJ/kg Utilizando a primeira lei para o processo isotrópico ws = he – hss = 3 051,2 – 2 309,3 = 741,9 kJ/kg Como, Análise: A eficiência isotrópica da turbina é dada pela Equação 7.27, ηturbina w = ws Assim, a determinação da eficiência da turbina envolve o cálculo do trabalho que seria realizado no processo isotrópico entre os estado de entrada dado e a pressão final fornecida. Para esse processo isotrópico Equação da continuidade: m·e = m·s = m· Primeira lei da termodinâmica: h e = h ss + w s Segunda lei da termodinâmica: s e = s ss É importante observar que a eficiência das turbinas é definida em função do processo ideal (isotrópico) entre o estado na seção de alimen- w = 600 kJ/kg obtemos ηturbina = w 600 = = 0,809 = 80,9% ws 741,9 Em relação a esse exemplo, devemos observar que, para determinar o estado real s do vapor que sai da turbina, é necessário analisar o que ocorre no processo real. Para o processo real m· = m· = m· e s he = hs + w se > se Portanto, utilizando a primeira lei no processo real, temos hs = 3 051,2 – 600 = 2 451,2 kJ/kg 2 451,2 = 225,9 + xs2373,1 xs = 0,9377 tação da turbina e o estado definido pela pressão na seção de descarga e pela entropia da seção de entrada. EXEMPLO 7.11 Uma turbina a gás é alimentada com ar a 1600 K e a pressão e a temperatura na seção de descarga da turbina são iguais 100 kPa e 830 K. Sabendo que a eficiência isotrópica da turbina é igual a 0,85, determine a pressão na seção de alimentação da turbina. termodinamica 07.indd 306 Volume de controle: Turbina. Estado na entrada: Te conhecida. Estado na saída: Ts e Ps conhecidas; estado determinado. Processo: Regime permanente. Modelo: Tabelas do ar, Tabela A.7. 15/10/14 15:09 Segunda Lei da Termodinâmica Aplicada a Volumes de Controle 307 EXEMPLO 7.11 (continuação) Análise: A eficiência isotrópica da turbina é dada pela Equação 7.27 w ηturbina = ws A primeira lei para o processo real (irreversível) é he = hs + w A primeira lei para o processo isotrópico entre o estado na seção de alimentação da turbina e a pressão na seção de descarga da turbina é h e = h ss + w s e a Equação 6.18, que é uma consequência da segunda lei, fornece 0 0 sss − se = 0 = sTs − sTe − R ln s Ps Da Tabela A.7, para a temperatura de 1600 K s0Te = 8,6905 kJ/kgK Nos compressores de ar ou de outros gases, há dois processos ideais aos quais o processo real pode ser comparado. Se não for feito nenhum esforço para refrigerar o gás durante a compressão (ou seja, quando o processo é adiabático), o processo ideal é um processo adiabático reversível, ou isotrópico, entre o estado de entrada e a pressão de saída (veja Figura 7.11). Se representarmos por ws o trabalho por unidade de massa de gás que escoa no compressor para esse processo isotrópico e por w o trabalho real (o consumo real de trabalho será maior que o consumo de trabalho em um processo isotrópico equivalente), a eficiência isotrópica pode ser definida pela relação termodinamica 07.indd 307 Portanto, a primeira lei para o processo real que ocorre na turbina fornece w = 1 757,3 – 855,3 = 902,0 kJ/kg Utilizando a definição da eficiência isotrópica da turbina ws = 902,0/0,85 = 1 061,2 kJ/kg Utilizando a primeira lei para o processo isotrópico hss = 1 757,3 – 1 061,2 = 696,1 kJ/kg Tss = 683,7 K, s0Tss = 7,7148 kJ/kgK e a pressão na seção de alimentação da turbina é 0 = 7,7148 − 8,6905 − 0,287 ln Solução: ηcompressor adiabático = hs = 855,3 kJ/kg A Tabela A.7 indica que, para essa entalpia específica Pe Observe que essa equação é válida apenas para os processos isotrópicos (ideais) e não é aplicável aos processos reais em que ss – se > 0. he = 1 757,3 kJ/kg, A Tabela A.7 indica que a entalpia específica do ar a 830 K (temperatura real na seção de descarga da turbina) é ws he − hss = w he − hs 100 Pe portanto Pe = 2 995 kPa Os compressores adiabáticos apresentam eficiências isotrópicas entre 0,70 e 0,88 e os compressores de grande porte, normalmente, apresentam eficiências isotrópicas maiores que aquelas dos compressores pequenos. Se for feito um esforço para resfriar o gás durante a compressão, por meio de aletas ou de uma camisa de refrigeração a água, o processo ideal é considerado como um processo isotérmico reversível. Se wT é o trabalho no processo isotérmico reversível, entre a condição de entrada e a pressão de saída dadas, e w é o trabalho real, a eficiência isotérmica é definida pela relação ηcompressor resfriado = wT w (7.29) (7.28) 15/10/14 15:09 308 Fundamentos da Termodinâmica T P Ps ss s Ps ss s Pe e Pe e se s Te v Figura 7.11 Diagramas dos processos que ocorrem em um compressor adiabático e reversível e em um compressor real. EXEMPLO 7.12 Um turbocompressor automotivo é alimentado com ar a 100 kPa e 300 K. A pressão na seção de descarga do equipamento é 150 kPa. Sabendo que a eficiência isotrópica deste compressor é 70%, determine o trabalho necessário para comprimir um quilograma de ar nesse equipamento. Qual é a temperatura na seção de descarga do turbocompressor? Volume de controle: Turbocompressor (compressor). Estado na entrada: Pe, Te conhecidas; estado determinado. Estado na saída: Ps conhecida. Processo: Regime permanente. Modelo: Gás ideal com o calor específico igual ao fornecido na Tabela A.5. Análise: A eficiência isotrópica do compressor adiabático é dada pela Equação 7.28 w ηcompressor adiabático = s w A primeira lei para o processo real (irreversível) é he = hs + w ou w = Cp0(Te – Ts) A primeira lei para o processo isotrópico entre o estado na seção de alimentação do termodinamica 07.indd 308 compressor e a pressão na seção de descarga do compressor é he = hss + ws ou ws = Cp0(Te – Tss) e a Equação 6.22, que é uma consequência da segunda lei, fornece ⎛ P ⎞(k−1) /k = ⎜⎜ s ⎟⎟ Te ⎝ Pe ⎠ Tss Solução: Aplicando os valores de CP0 e k indicados na Tabela A.5 na Equação 6.22, temos ⎛ 150 ⎞0,286 Tss = 300 ⎜ = 336,9 K ⎟ ⎝ 100 ⎠ A primeira lei para o processo isotrópico fornece ws = 1,004(300 – 336,9) = –37,1 kJ/kg Utilizando a expressão da eficiência isotrópica do compressor w = –37,1/0,70 = –53,0 kJ/kg A temperatura na seção de descarga do turbocompressor pode ser calculada com a primeira lei para o processo real. Assim −53,0 Ts = 300 − = 352,8 K 1,004 15/10/14 15:09 309 Segunda Lei da Termodinâmica Aplicada a Volumes de Controle O último equipamento a ser discutido nesta seção é o bocal. Mostramos na Seção 4.4 que o bocal é utilizado para a produção de escoamentos com velocidades altas a partir de uma queda de pressão no escoamento. As variáveis de projeto dos bocais são a pressão e a temperatura na seção de alimentação do bocal e a pressão na seção de descarga do bocal. Desse modo, o objetivo é obter a máxima energia cinética na seção de descarga do bocal para determinadas condições de entrada e de pressão na seção de descarga do bocal. Esse equipamento também é um dispositivo adiabático e, portanto, o processo ideal é adiabático e reversível, ou seja, isotrópico (veja Figura 7.12). A eficiência isotrópica de um bocal é a relação entre a energia cinética real do fluido na saída do bocal, V 2s /2, e a energia cinética produzida em um escoamento isotrópico entre as mesmas condições de entrada e a pressão de saída, Vs2s /2. η bocal = Vs2 /2 Vs2s /2 T Pe e Ps s ss s P se Pe e Te Ps ss (7.30) s v Os bocais são equipamentos simples e que não apresentam partes móveis. As eficiências isotrópicas dos bocais, normalmente, são muito altas (variam de 0,90 a 0,97). Figura 7.12 Observe que a eficiência de um dispositivo que envolve um processo (em lugar de um ciclo) requer a comparação entre o desempenho real e o que seria obtido em um processo ideal relacionado e bem definido. mais complexos, ou mesmo àqueles com os quais se tenha pouca familiaridade. Diagramas dos processos ideal e real que ocorrem em um bocal adiabático. Etapas de Formulação do Problema Passo 1 7.6 RESUMO DA ANÁLISE DE VOLUME DE CONTROLE Na termodinâmica, um dos assuntos mais importantes no aprendizado é a formulação, para um volume de controle, das equações fundamentais (conservação da massa, da quantidade de movimento e da energia, assim como a equação da entropia) e outras leis específicas. No presente Capítulo 4, tais equações foram apresentadas na forma integral. Visando evitar que a solução dos problemas termodinâmicos seja simplesmente a busca e aplicação de fórmulas, os passos a seguir apresentam uma metodologia geral para formulação racional do problema geral termodinâmico, aplicável tanto aos casos mais comuns como aos termodinamica 07.indd 309 Faça o modelo físico do sistema, esquematizando-o com todos seus componentes. Indique todos os fluxos de massa, as transferências de calor e os trabalhos pertinentes ao processo. Indique também as forças externas que atuam sobre o sistema, tais como pressões e a gravidade. Passo 2 Escolha o sistema ou volume de controle de estudo por meio da definição de uma superfície de controle apropriada, que contenha a substância que se queira analisar. Essa etapa é muito importante, pois a formulação do problema depende da escolha particular feita. Certifique-se de que apenas os fluxos de mas- 15/10/14 15:09 310 Fundamentos da Termodinâmica sa, de calor e os trabalhos que cruzam a fronteira foram considerados, eliminando termos que são internos ao volume de controle (e que, portanto, não serão considerados na formulação do problema). Numere os fluxos de massa que entram e saem do volume de controle. Identifique as partes do sistema que têm acúmulo (de massa, de energia). Passo 3 Escreva as leis gerais para cada parte do volume de controle escolhido. Para volumes de controle adjacentes, certifique-se de que os fluxos (massa, calor e trabalho) que cruzam a fronteira (ou superfície de controle) de um deles, cruzam também a fronteira do volume adjacente, mas com sinal trocado. As equações devem ser, em princípio, escritas em sua forma mais geral, e depois devem ser simplificadas pela exclusão dos termos inexistentes. Apenas duas formas de equações gerais devem ser utilizadas: (1) a forma original em termos de taxas instantâneas (Equação 7.2 para S); e (2) a forma integrada no tempo (Equação 7.12 para S), em que agora os termos inexistentes são cancelados. É muito importante distinguir os termos de acúmulo (membro da esquerda) dos termos de fluxo (membro da direita). Passo 4 Escreva as equações auxiliares ou leis específicas para tudo o que se encontra dentro dos volumes de controle. Para as propriedades das substâncias devem ser escritas equações constitutivas, ou referenciadas a tabelas que permitam seu cálculo. Para definir o processo que se desenvolve, normalmente são necessárias equações bem simples, as quais refletem uma aproximação da realidade. Ou seja, constrói-se um modelo matemático que é a descrição simplificada do comportamento do mundo real. Passo 5 Conclua a formulação combinando todas as equações, sem, contudo atribuir valores às variáveis conhecidas. Distinga as variáveis conhecidas (variáveis independentes) das desconhecidas (ou seja, aquelas que se quer calcular, normalmente designadas como variáveis dependentes). Aqui é importante determinar todos os estados das substâncias e determinar termodinamica 07.indd 310 o par de propriedades que define um estado. Isso é facilitado pela representação gráfica do processo nos diagramas P-v, T-v, T-s, ou diagramas similares. Tais diagramas ajudam a identificar quais tabelas devem ser usadas e quais propriedades devem ser procuradas. Passo 6 As equações podem, então, ser resolvidas para as variáveis desconhecidas (que podem ser colocadas no membro da esquerda das equações). Nem sempre é possível isolar cada uma das variáveis, pode acontecer de que duas ou mais variáveis de uma equação sejam desconhecidas. Nesse caso, deve-se resolver um sistema de duas ou mais equações. Encontrados os valores numéricos, verifique se fazem sentido e se encontram dentro de uma faixa razoável de valores. RESUMO Neste Capítulo, desenvolvemos uma forma da segunda lei da termodinâmica adequada para a análise de processos que ocorrem em um volume de controle geral. As operações em regime permanente e no regime transiente foram analisadas separadamente. A maioria das máquinas e sistemas térmicos opera em um regime muito próximo ao permanente. Algumas máquinas, como o motor de combustão interna e as turbinas a gás, podem apresentar flutuações de baixa frequência (lentas) durante sua operação. Mesmo assim, essas máquinas operam em regime permanente durante boa parte do tempo. A segunda lei da termodinâmica foi adaptada para descrever os processos que ocorrem, em regime permanente, em máquinas simples (como turbinas, bocais, compressores e bombas). Desenvolvemos, a partir da segunda lei e da relação entre as propriedades termodinâmicas de Gibbs, uma expressão geral para o trabalho de eixo reversível relativo a um processo simples. Essa equação evidencia a importância do volume específico no trabalho de eixo necessário para realizar o processo. A análise do escoamento reversível de um fluido incompressível, sem trabalho de eixo, nos levou à equação de Bernoulli (equação da energia para o escoamento de um fluido incompressível). Essa equação é adequada para descrever o comportamento dos escoamentos de líquidos e de gases a 15/10/14 15:09 Segunda Lei da Termodinâmica Aplicada a Volumes de Controle baixa velocidade (a velocidade do escoamento é baixa quando é menor que um terço da velocidade do som). Todos os dispositivos e máquinas reais operam de modo irreversível. Assim, sempre encontramos geração de entropia na operação desses equipamentos e a entropia total está sempre aumentando. A avaliação do comportamento das máquinas e dispositivos reais pode ser feita por meio da comparação entre a operação da máquina ou dispositivo real e o correspondente ideal. Definimos vários tipos de eficiência para avaliar o afastamento do processo real do ideal. As eficiências são sempre definidas como uma razão entre trabalhos ou energias cinéticas. Após estudar o material deste capítulo, você deve ser capaz de: • • Aplicar a segunda lei em volumes de controle gerais. Analisar a operação, reversível ou irreversível, de turbinas, bombas, compressores e bocais que operam em regime permanente. 311 • Analisar um processo em regime transiente em um volume de controle. • Analisar a operação de um sistema térmico como um todo e, depois, particularizar a análise. • Analisar a operação das câmaras de mistura, trocadores de calor e turbinas que apresentam múltiplas seções de alimentação e descarga. • Identificar se um escoamento pode ser modelado como incompressível. • Saber aplicar corretamente a equação de Bernoulli. • Saber avaliar o trabalho de eixo nos processos politrópicos. • Identificar a máquina ideal, ou dispositivo ideal, de modo que a comparação entre as operações real e ideal faça sentido. • Identificar a diferença entre eficiência do ciclo e eficiência do dispositivo. • Ter o senso de que a entropia é uma medida da desordem e do caos. CONCEITOS E EQUAÇÕES PRINCIPAIS Equação da taxa de variação de entropia:taxa de variação = o que entra – o que sai + taxa de geração Q e se − ∑ m s ss +∑ v.c. + S ger S v.c. = ∑ m T Escoamento simples s δq ss = se + ∫ + sger e regime permanente: e T s 1 1 Trabalho de eixo w = − ∫ vdP + Ve2 − Vs2 + gZe − gZs e reversível: 2 2 Transferência de calor reversível: q= Equação de Bernoulli: 1 1 v ( Pe − Ps ) + Ve2 − Vs2 + gZe − gZs = 0 (v = constante) 2 2 Trabalho no processo politrópico: w=− s s ∫ e Tds = hs − he − ∫ e vdP n n −1 ( Ps vs − Pe ve ) = − w = − Pe ve ln Ps Pe = − RTe ln Ps Pe (da relação de Gibbs) nR n −1 (Ts − Te ) = RTe ln vs ve n ≠1 n =1 s O trabalho de eixo é dado por w = − ∫ e vdP termodinamica 07.indd 311 15/10/14 15:09 312 Fundamentos da Termodinâmica Eficiências isotrópicas:3 Turbina: hturbina = w/ws Compressor: hcompressor = ws/w Bomba: hbomba = ws/w Vs2 /2 Bocal: η bocal = 2 Vss /2 PROBLEMAS CONCEITUAIS 7.1 Se seguirmos um elemento de massa de um escoamento que descreve um processo adiabático reversível, o que pode ser dito sobre sua mudança de estado? 7.2 Considere a questão conceitual e do texto. Que tipo de processo torna aquela afirmação verdadeira? 7.3 Um processo reversível em regime permanente, em que as variações de energia cinética e potencial são desprezíveis é mostrado na Figura P7.3. Determine os sinais de hs – he, w e q. P T s 7.4 7.6 Um compressor de ar transfere uma taxa considerável de calor para o ambiente (reveja o Exemplo 7.4 para ver quão elevado T fica se não houver rejeição de calor para o ambiente). Isso é bom ou ele deveria ser isolado? 7.7 Considere o escoamento de um fluido em um duto. O atrito no escoamento faz com que a pressão diminua e a temperatura aumente ao longo do escoamento. O que acontece com a entropia do fluido ao longo do escoamento? 7.8 Como se deve variar o estado de entrada do fluido que passa por uma turbina, fixada a pressão de entrada e a de saída? 7.9 Uma bomba adiabática reversível comprime água líquida. A pressão de saída é superior à de entrada. A temperatura de saí­da do fluido é maior ou menor que a de entrada? 7.10 As pressões nas seções de alimentação de uma bomba e de um compressor de ar são iguais a P1 e as pressões nas seções de descarga das máquinas são iguais a P2. Nessas condições operacionais, o trabalho específico de eixo necessário para aumentar a pressão do líquido em uma bomba é pequeno, quando comparado ao trabalho específico necessário para comprimir o ar. Por que isso ocorre? 7.11 A água líquida é injetada nos gases de combustão que alimentam a turbina de uma central de potência baseada na turbina a gás. O argumento utilizado para realizar tal operação é: o aumento da vazão mássica de gases na turbina provocará um acréscimo na potência no eixo da turbina. Você concorda com essa argumentação? e e s v FIGURA P7.3 Qual é o trabalho recebido/fornecido pelo escoamento? s O ar escoa em regime permanente e descreve um processo reversível (Figura P7.4). As variações de energia cinética e potencial são desprezíveis. Determine o sinal de hs – he, w e q. P T e e s s 7.5 FIGURA P7.4 v s Um escoamento reversível, em regime permanente, isobárico, recebe 1 kW de taxa de calor e não há variações apreciáveis de energia cinética e potencial. _ 3 No cálculo das eficiências, os termos de trabalho e as velocidades devem ser utilizadas em valor absoluto, isto é, sem o sinal da convenção definida no texto. termodinamica 07.indd 312 15/10/14 15:09 Segunda Lei da Termodinâmica Aplicada a Volumes de Controle 7.12 Um tanque contém inicialmente ar a 400 kPa e 300 K. Uma válvula do tanque é aberta e deixa o ar escapar para o am- 313 biente, que se encontra a 100 kPa e 300 K. Como varia o estado do ar que escapa para o ambiente? PROBLEMAS PARA ESTUDO Escoamento Simples e Reversível 7.13 7.14 7.15 7.16 Uma turbina recebe vapor d’água a 6 MPa e 600 °C. A pressão na sua saída vale 600 kPa. Admitindo que a turbina seja adiabática e que a variação de energia cinética seja desprezível, encontre a temperatura na saída da turbina e o trabalho específico produzido. R-410a a –20 °C e com título de 80% entra em um evaporador, recebe calor e sai dele no estado de vapor saturado a –20 °C. Admita que o aquecimento seja reversível. Utilizando a equação da entropia, determine a transferência de calor específica recebida pelo fluido. O vapor d’água entra em uma turbina a 3,0 MPa e 450 °C e é expandido, segundo um processo adiabático e reversível, até a pressão de 50 kPa. As variações de energia cinética e potencial, entre as condições de entrada e saída da turbina, são pequenas e a potência desenvolvida no equipamento é 800 kW. Nessas condições, qual é a vazão mássica de vapor d’água na turbina? O bocal de descarga de um motor a jato é alimentado com ar a 1 200 K e 150 kPa. A pressão na seção de descarga do bocal é 80 kPa e o escoamento no bocal pode ser modelado como adiabático e reversível. Desprezando a energia cinética do fluido na seção de alimentação do bocal, determine a velocidade do escoamento na seção de descarga do bocal. Considere que o calor específico do ar é constante e igual àquele referente a 300 K. 7.17 Resolva o Problema 7.16 utilizando a Tabela A.7. 7.18 Um compressor, que opera de modo adiabático e reversível, é alimentado com 0,05 kg/s de vapor saturado de R-410a a 400 kPa. O compressor descarrega o fluido a 1 800 kPa. termodinamica 07.indd 313 Desprezando a variação de energia cinética no escoamento, determine a temperatura do fluido refrigerante na seção de descarga do equipamento e a potência mínima necessária para operar o compressor. 7.19 Uma bomba de calor utiliza R-134a como fluido de trabalho. O R-134a entra no compressor a 150 kPa, −10 °C e sai a 1 MPa. A potência consumida pelo compressor é de 4 kW. Calcule a vazão mássica admitindo que o processo seja adiabático e reversível. 7.20 O gás nitrogênio, que escoa por uma tubulação a 500 kPa, 200 °C e 10 m/s, sofre um processo de expansão em um bocal e sai a 300 m/s. Determine a pressão e a área da seção transversal na saída do bocal se a vazão mássica de nitrogênio é 0,15 kg/s e o processo de expansão é reversível e adiabático. 7.21 O gás dióxido de carbono entra em um expansor isotérmico (uma turbina dotada de transferência de calor controlada para manter a temperatura do processo de expansão constante) a 3 MPa e 80 °C e a deixa a 1 MPa. Determine a transferência de calor específica, a partir da equação de balanço de entropia, e o trabalho específico, a partir da primeira lei da termodinâmica, admitindo o comportamento de gás ideal para o dióxido de carbono. 7.22 Resolva o Problema 7.21 utilizando a Tabela B.3. 7.23 O compressor de um refrigerador comercial recebe R-410a, a −25 °C com título desconhecido. As condições na saída são de 2 000 kPa e 60 °C. Admitindo que o processo seja reversível e adiabático e desprezando a variação de energia cinética, calcule o título na entrada do compressor e o trabalho específico consumido. 7.24 Em uma caldeira 3 kg/s de água, no estado de líquido saturado, entram a 2 000 kPa e 15/10/14 15:09 314 Fundamentos da Termodinâmica saem no estado de vapor saturado. O processo pode ser considerado reversível e isobárico. Admita que não se saiba que nestas condições não existe produção de trabalho. Prove, então, que não há produção de trabalho, utilizando para tanto a primeira e a segunda leis da termodinâmica. 7.25 7.26 Um compressor eleva a pressão de gás hidrogênio de 100 kPa a 1 000 kPa em um processo reversível. A temperatura de entrada do gás hidrogênio é de 280 K. Qual é a temperatura de saída do gás e qual é o trabalho específico requerido? O ar atmosférico a −45 °C e 60 kPa entra no difusor de um motor a jato, como mostrado na Figura P7.26, com velocidade de 900 km/h. A área frontal do difusor vale 1 m². O processo no difusor é adiabático e o ar o deixa a 20 m/s. Encontre a temperatura do ar na saída do difusor e a máxima pressão de saída possível. R-410a • QH • Wbomba • QL Tambiente Um escoamento de 2 kg/s de ar quente a 150 °C e 125 kPa supre calor a uma máquina térmica em um arranjo similar ao no problema anterior (7.28), onde calor é rejeitado ao ambiente que se encontra a 290 K e o ar deixa o trocador de calor a 50 °C. Determine a potência máxima que pode ser produzida pela máquina térmica. 7.30 Um difusor é um dispositivo que, em regime permanente, desacelera o escoamento de um fluido para promover o aumento da pressão desse escoamento à sua saída. O ar, a 120 kPa e 30 °C, entra em um difusor deste tipo a 200 m/s e sai a 20 m/s. Admitindo processo reversível e adiabático, quais serão os valores da pressão e temperatura do ar à saída do difusor? 7.31 O ar entra em uma turbina a 800 kPa e 1 200 K e sofre expansão em um processo reversível e adiabático até a pressão de 100 kPa. Calcule a temperatura do ar à saída da turbina e o trabalho específico produzido, utilizando para tanto a Tabela A.7. Repita o problema, usando dados de calor específico constante, fornecidos pela Tabela A.5. 7.32 Um expansor recebe 0,5 kg/s de ar 2 000 kPa e 300 K. À saída a pressão e temperatura do ar são de 400 kPa e 300 K, respectivamente. Admita que o processo ocorra de maneira reversível e isotérmica. Determine a taxa de transferência de calor e a potência realizada no processo. Despreze as variações de energias cinética e potencial. 7.33 Um compressor resfriado comprime hidrogênio gasoso desde 300 K e 100 kPa até uma pressão de 800 kPa em um processo isotérmico e reversível. Calcule o trabalho específico requerido pelo compressor. Ventilador FIGURA P7.26 7.27 7.28 Um compressor de R-134a é resfriado com o mesmo refrigerante a baixa temperatura de modo que o processo de compressão pode ser considerado isotérmico. A pressão e a temperatura na seção de alimentação do compressor são iguais a 100 kPa e 0 °C e o fluido é descarregado do equipamento como vapor saturado. Determine o trabalho e a transferência de calor no processo de compressão por quilograma de refrigerante que escoa no equipamento. Um escoamento a 2 kg/s de vapor saturado de R-410a, a 500 kPa, é aquecido a pressão constante até 60 °C. O calor é fornecido por uma bomba de calor que recebe trabalho e calor do ambiente a 300 K, como mostra a Figura P7.28. Admitindo todos os processos como reversíveis, encontre a potência utilizada para acionar a bomba de calor. termodinamica 07.indd 314 FIGURA P7.28 7.29 15/10/14 15:09 Segunda Lei da Termodinâmica Aplicada a Volumes de Controle 7.34 Um compressor recebe ar a 290 K e 95 kPa. O trabalho requerido pelo compressor é de 5,5 kW, fornecido por um motor a gasolina. O compressor deve fornecer ar à taxa de 0,01 kg/s a uma tubulação. Encontre a pressão máxima na seção de descarga do compressor. 7.35 Um dispositivo que opera em regime permanente é alimentado com 1 kg/s de ar, a 400 K e 450 kPa, e descarrega o ar a 600 K e 100 kPa. A taxa de transferência de calor para o dispositivo, de um reservatório térmico que apresenta temperatura igual a 1000 K, é 900 kW. O dispositivo também rejeita 50 kW a 350 K e troca calor em uma região em que a temperatura é 500 K. Determine a taxa de transferência de calor que ocorre a 500 K e a potência produzida pelo dispositivo. 7.38 Uma turbina com potência de 1,5 MW opera de modo adiabático e reversível. A turbina é alimentada com vapor d’água a 700 °C e 2 MPa e a exaustão da turbina é encaminhada para um trocador de calor que opera a 10 kPa. A água sai desse equipamento como líquido saturado. Determine o trabalho específico na turbina e o calor transferido no trocador de calor. 7.39 A Figura P7.39 exemplifica uma técnica utilizada na operação, em cargas parciais, de turbinas a vapor. Ela consiste em estrangular o vapor d’água de alimentação até uma pressão inferior à da linha. Admita que o vapor d’água na linha (Seção 1) apresente pressão e temperatura iguais a 2 MPa e 400 °C e que a pressão na seção de descarga da turbina seja 10 kPa. Considerando, ainda, que a expansão do fluido na turbina seja adiabática e reversível, determine o trabalho específico da turbina para uma condição sem a válvula de estrangulamento e para a condição com a válvula de estrangulamento sendo, nesse segundo caso, que a pressão após a válvula seja de 500 kPa (Seção 2). Mostre ambos os processos em um diagrama T–s. 1000 K • Q1 1 2 Ar Ar • W • 500 K Q3 • Q2 350 K Linha de vapor FIGURA P7.35 1 7.37 A turbina a vapor de uma central termoelétrica recebe 5 kg/s de vapor a 3 000 kPa e 500 °C. Vinte por cento do vapor é extraído a 1 000 kPa para aquecimento da água de alimentação da caldeira, e o restante é expandido até 200 kPa e depois extraído da turbina. Determine a temperatura do vapor nos dois pontos de extração e a potência produzida pela turbina. Um compressor adiabático reversível comprime ar a 20 °C, 100 kPa até 200 kPa. Saindo do compressor, o ar é expandido em um bocal ideal (processo reversível) até 100 kPa. Que tipo de processo o ar descreve no compressor? E no bocal? Qual é a temperatura e a velocidade de saída do ar do bocal? termodinamica 07.indd 315 2 Válvula de estrangulamento Turbina Processos Reversíveis – Dispositivos e Ciclos Múltiplos 7.36 315 3 Saída para o condensador FIGURA P7.39 7.40 Uma turbina adiabática a ar recebe 1 kg/s de ar a 1 500 K, 1,6 MPa e 2 kg/s de ar a 400 kPa, à temperatura T2, em uma montagem semelhante à da Figura P4.87. O ar deixa a turbina a 100 kPa. Qual deve ser a temperatura T2 para que o processo possa ser classificado como reversível? 7.41 Um turbocompressor deve ser utilizado para aumentar a pressão do ar na admissão de um motor automotivo. Esse dispositivo consiste em uma turbina, movida pelo gás de exaustão, diretamente acoplada a um compressor de ar (veja Figura P7.41). Admita que as vazões mássicas na turbina e no compressor sejam iguais e que tanto a 15/10/14 15:09 316 Fundamentos da Termodinâmica turbina como o compressor sejam adiabáticos e reversíveis. Para as condições mostradas na figura, calcule: na turbina é consumida no compressor e o ar comprimido é obtido na exaustão da turbina. Se desejarmos ar comprimido na pressão de 200 kPa, qual deve ser o valor da temperatura na seção de descarga do aquecedor? a. A temperatura na seção de saída e a potência produzida na turbina. b. A pressão e a temperatura na seção de saída do compressor. Potência do motor Motor 2 3 · Q Entrada de ar Suprimento de ar Aquecedor 1 4 2 P3 = 170 kPa T3 = 650 °C 3 Compressor Compressor Entrada de ar 7.42 7.43 7.44 Turbina Turbina 1 P1 = 100 kPa T1 = 30 °C m· = 0,1 kg / s FIGURA P7.44 4 Exaustão P4 = 100 kPa 7.45 FIGURA P7.41 Considere dois escoamentos de ar a 200 kPa. O primeiro escoamento apresenta vazão mássica e temperatura inicial iguais a 3 kg/s e 400 K. O segundo apresenta vazão mássica e temperatura inicial iguais a 2 kg/s e 290 K. Os dois escoamentos trocam calor por meio de um conjunto de motores térmicos que utilizam o primeiro escoamento como fonte quente e o segundo como fonte fria. Considerando que todo o arranjo opera de modo reversível e que as temperaturas nas seções de descarga dos escoamentos são iguais, determine a temperatura de descarga do ar e a potência produzida pelo conjunto de motores térmicos. Deseja-se produzir 5 kg/s de vapor a 1 000 kPa e 350 °C a partir de água a 100 kPa e 20 °C. Para tanto, dispõe-se de uma fonte térmica a 500 °C. Se o processo for reversível, que taxa de calor deve ser transferida para a água? A Figura P7.44 mostra o esquema de um compressor de ar portátil que opera a partir da taxa de transferência de calor no aquecedor. O dispositivo é constituído por um compressor adiabático, um aquecedor isobárico e uma turbina adiabática. O ar entra no compressor nas condições do ambiente (100 kPa e 300 K) e deixa o compressor a 600 kPa. Toda a potência gerada termodinamica 07.indd 316 A Figura P7.45 mostra o esquema de um compressor de ar com dois estágios e resfriamento intermediário. No compressor 1, a condição de entrada é 300 K e 100 kPa e a pressão na seção de saída é 2 MPa. A temperatura de saída do resfriador é 340 K e a pressão de saída do compressor 2 é 15 MPa. Sabendo que os compressores são adiabáticos e reversíveis, determine a transferência de calor específica no resfriador e o trabalho específico demandado. Compare com o trabalho específico no caso em que não haja resfriamento intermediário. Compressor 1 Compressor 2 · –WC 4 1 2 Resfriador intermediário 3 · –Q T0 7.46 FIGURA P7.45 São necessários dois suprimentos em certo processo industrial: um de vapor d’água saturado a 200 kPa e apresentando vazão de 0,5 kg/s e outro, com vazão igual a 0,1 kg/s, de ar comprimido a 500 kPa. Esses suprimentos devem ser fornecidos pelo arranjo mostrado na Figura P7.46. O vapor é expandido na turbina até a pressão necessária e a potência gerada nessa expansão é utilizada para acionar o compressor que 15/10/14 15:09 317 Segunda Lei da Termodinâmica Aplicada a Volumes de Controle aspira ar da atmosfera (100 kPa e 20 °C). Admitindo que todos os processos sejam adiabáticos e reversíveis, determine os valores da pressão e temperatura de admissão do vapor d’água para que o arranjo opere convenientemente. 1 Turbina a vapor 1 QH Turbina 2 4 Compressor de ar · · WT = –WC Bomba –WP 4 Saída de vapor para o processo Certo processo industrial requer 0,75 kg/s de ar comprimido a 500 kPa. A temperatura máxima aceitável para o ar comprimido é 30 °C e propõe-se utilizar o arranjo mostrado na Figura P7.47 para a produção desse insumo. A pressão e a temperatura do ambiente em que será instalado o arranjo são iguais a 100 kPa e 20 °C. Admitindo que o compressor opere de modo reversível, determine a potência necessária para acionar o compressor e a taxa de transferência de calor no resfriador. Entrada de ar 1 2 Resfriador Ar comprimido para o processo T1 = 700 °C T3 = 40 °C –QL 7.49 Um tanque de água de 10 m de altura, com área da seção transversal de 2 m², encontra-se a 5 m de altura (altura do chão ao fundo do tanque). A parte superior do tanque encontra-se aberta à atmosfera. O tanque está inicialmente vazio e, então, é preenchido, por meio de uma bomba, com água ambiente que se encontra a 17 °C e 100 kPa. Admitindo que o processo seja reversível, calcule o trabalho da bomba para o enchimento do tanque. 7.50 Inicialmente, um tanque rígido, com volume interno igual a 2 m³, contém ar a 300 kPa e 400 K. Uma válvula conectada ao tanque é aberta e só é fechada quando a pressão interna atinge 200 kPa. Admitindo que o ar que está contido no tanque percorra um processo adiabático e reversível, determine a massa e a temperatura do ar contido no tanque no estado final desse processo. 7.51 Um tanque rígido de 0,5 m³ contém dióxido de carbono a 300 K e 150 kPa. O tanque se encontra conectado à uma linha que contém o mesmo gás nas mesmas condições de temperatura e pressão. Um compressor ligado à linha comprime o gás até que a pressão no tanque atinja 450 kPa. Admitindo que o processo seja adiabático e reversível, determine a massa final e a temperatura do dióxido de carbono no tanque e o trabalho requerido pelo compressor. 3 FIGURA P7.47 termodinamica 07.indd 317 Condensador Processos Reversíveis em Regime Transiente · – Qresfriamento A Figura P7.48 mostra o esquema de um ciclo motor a vapor d’água que opera a pressão supercrítica. Em primeira aproximação, pode-se admitir que os processos que ocorrem na turbina e na bomba sejam adiabáticos e reversíveis. Desprezando as variações de energia cinética e potencial, calcule: a. O trabalho específico realizado na turbina e o estado do vapor na seção de saída da turbina. b. O trabalho específico utilizado para acionar a bomba e a entalpia do líquido na seção de saída da bomba. 3 FIGURA P7.48 Compressor 7.48 P4 = P1 = 20 MPa P2 = P3 = 20 kPa Saída de ar comprimido FIGURA P7.46 · –WC WT Gerador de vapor 3 2 7.47 c. O rendimento térmico do ciclo. 15/10/14 15:09 318 7.52 7.53 7.54 7.55 Fundamentos da Termodinâmica Um tanque contém 1 kg de dióxido de carbono inicialmente a 6 MPa e 60 °C. Uma válvula conectada ao tanque é aberta e o dióxido de carbono é dirigido para uma turbina adiabática reversível, deixando esta a 1 000 kPa. Admita que o processo prossiga até que o dióxido de carbono atinja no tanque o estado de vapor saturado. Qual é a massa final de dióxido de carbono no tanque e qual é o trabalho realizado pela turbina? Inicialmente, um tanque rígido, com volume interno igual a 2 m³, contém ar a 300 kPa e 400 K. Uma válvula conectada ao tanque é aberta e só é fechada quando a pressão interna atinge 200 kPa. O tanque é aquecido durante a operação de esvaziamento e é possível admitir que a temperatura do ar contido no tanque seja sempre uniforme e igual a 400 K. Admitindo que o ar que está contido no tanque percorra um processo reversível, determine a entropia média do ar descarregado do tanque. Utilize as propriedades indicadas na Tabela A.7 para resolver o problema. Um tanque com volume interno igual a 2 m³ e que não está isolado termicamente deve ser carregado com R-134a proveniente de uma linha em que o refrigerante escoa a 3 MPa. Inicialmente, o tanque está evacuado e a válvula do tanque é fechada quando a pressão no tanque atinge 2 MPa. A linha de refrigerante está conectada a um compressor adiabático de R-134a que é alimentado com o refrigerante a 5 °C e título igual a 96,5%. A pressão na seção de descarga do compressor é igual a 3 MPa. Admitindo que o processo de compressão seja reversível, determine o trabalho consumido no compressor em uma operação de enchimento do tanque. Uma jazida subterrânea de sal, com 100 000 m³ de espaço vazio, é utilizada para armazenar energia. Inicialmente a jazida contém ar a 290 K e 100 kPa. Uma central de potência fornece energia a um compressor que comprime continuamente ar a 290 K e 100 kPa até uma pressão de descarga correspondente à pressão do ar na jazida. A pressão do ar na jazida se eleva termodinamica 07.indd 318 à medida que ar é armazenado e o processo é finalizado quando a pressão na jazida atinge 2,1 MPa. Admita que o compressor seja adiabático e reversível. Determine a massa e a temperatura final do ar na jazida e o trabalho total requerido. 7.56 Um tanque adiabático contém 1 kg de R-410a inicialmente a 4 MPa e 120 °C. Uma válvula conectada ao tanque é aberta e o R-410a é dirigido para uma turbina adiabática reversível, e deixa esta a 800 kPa (esta é a assim denominada contrapressão da turbina). Admita que o processo prossiga até que o R-410a atinja no tanque a pressão de 800 kPa. Qual é a massa final de R-410a no tanque e qual é o trabalho realizado pela turbina? Trabalho de Eixo Reversível e Equação de Bernoulli 7.57 Um rio escoa a 0,5 m/s e seu leito mede 1 m de altura por 10 m de largura. Este rio desemboca em uma represa que possui 2 m de elevação. Quanta energia poderia uma turbina produzir por dia nestas condições se 80% da energia potencial disponível pode ser extraída como trabalho? 7.58 Qual a vazão mássica de água que pode ser bombeada de 100 kPa para 300 kPa utilizando uma bomba de 3 kW de potência, sabendo que esta se encontra a 15 °C? 7.59 Um tanque contém nitrogênio líquido saturado a 100 kPa. Este deve ser bombeado até a pressão de 500 kPa em um processo em regime permanente. Determine a potência necessária para operar a bomba se a vazão de nitrogênio for igual a 0,5 kg/s. Admita que o processo de bombeamento seja reversível. 7.60 A água, a 300 kPa e 15 °C, escoa em uma mangueira de jardim. Qual é a máxima velocidade do jato que pode ser produzido em um pequeno bocal instalado na mangueira? Se o jato é descarregado na vertical, e para cima, determine o alcance da água descarregada do bocal? 7.61 Uma praia recebe ondas que se aproximam com velocidade de 2 m/s na direção hori- 15/10/14 15:09 Segunda Lei da Termodinâmica Aplicada a Volumes de Controle zontal. Despreze o atrito fluido e determine a altura da onda ao atingir a praia. 7.62 Uma bomba hidráulica é alimentada com 100 kg/min de água a 20 °C e 100 kPa. Sabendo que a bomba descarrega a água a 2,5 MPa, determine a potência necessária para operar a bomba. 7.63 Uma bomba de irrigação capta água líquida a 10 °C e 100 kPa de um rio e a bombeia até um canal que se encontra em uma cota (elevação) 50 m acima da do rio. Tanto a tubulação de sucção como a de descarga da bomba têm diâmetro de 0,1 m e a potência consumida pela bomba é de 5 HP. Despreze a variação de energia cinética no escoamento, assim como o atrito fluido, e determine a máxima vazão mássica de água que pode ser bombeada. 7.64 Um bombeiro localizado em um pavimento a 25 m do nível do chão deve ser capaz de esguichar água, utilizando uma mangueira que apresenta um bocal de saída com diâmetro igual a 2,5 cm, noutro pavimento a 10 m do nível do chão. Determine a potência necessária para operar a bomba d’água, sabendo que a bomba está montada sobre o chão e que o processo que ocorre no conjunto bomba, mangueira e bocal é reversível. 7.65 O refrigerante R-410a saturado a −10 °C é bombeado (comprimido) até uma pressão de 2 MPa. O processo é adiabático e reversível e a vazão mássica é de 0,5 kg/s. Cal­cule a potência requerida para esse processo de bombeamento para as duas condições de entrada a seguir: a. Título de 100%. b. Título de 0%. 7.66 A vazão mássica em uma bomba d’água é igual a 0,5 kg/s e é alimentada com líquido na condição ambiente (100 kPa e 25 °C). Admitindo que o processo de bombeamento seja adiabático e reversível e que a potência utilizada para acionar a bomba seja 3 kW, determine a pressão e a temperatura da água na seção de descarga da bomba. 7.67 Uma embarcação marítima possui, em seu nariz, um bulbo submerso, posicionado 2 m abaixo da superfície livre. A embarcação se termodinamica 07.indd 319 319 move com velocidade de 10 m/s. Qual é a pressão no ponto de estagnação do bulbo? 7.68 Uma bomba d’água pequena é alimentada com água proveniente de um poço. A distância entre a superfície livre da água no poço e a bomba é H. A pressão e a temperatura da água do poço são iguais a 100 kPa e 15 °C. A pressão na seção de descarga da bomba é 400 kPa. A pressão absoluta na água deve ser, no mínimo, o dobro da pressão de saturação para que não ocorra cavitação no escoamento. Qual é o valor máximo de H para que não ocorra cavitação nessa instalação? 7.69 Uma bomba-compressor é utilizada para comprimir uma substância que está a 100 kPa e 10 °C até a pressão de 1 MPa. O processo de compressão ocorre em regime permanente e pode ser modelado como adiabático e reversível. A tubulação de exaustão do equipamento apresenta uma pequena fissura e esta permite o vazamento de substância para a atmosfera que está a 100 kPa. Nessas condições e para as substâncias (a) água; e (b) R-134a, determine a temperatura na seção de saída do equipamento e a temperatura do vazamento (imediatamente após ter sido lançado na atmosfera). 7.70 O ar atmosférico a 100 kPa e 17 °C se move em direção a um edifício com uma velocidade de 60 km/h. Admita que o escoamento seja incompressível e determine a pressão e a temperatura do ar no ponto de estagnação do escoamento junto ao edifício (onde a velocidade é zero). 7.71 Uma bomba de pequeno porte é acionada por um motor que apresenta potência igual a 2 kW. A bomba é alimentada com água a 150 kPa e 10 °C. Determine a máxima vazão na bomba, sabendo que a pressão na seção de descarga é igual a 1 MPa. Despreze as energias cinéticas dos escoamentos nas seções de alimentação e descarga da bomba. Uma mangueira com bocal de descarga está conectada à bomba. Sabendo que a mangueira descarrega a água na atmosfera (Patm = 100 kPa) e que o diâmetro da seção de saída do bocal é pequeno, determine a velocidade do jato na seção de saída do bocal. 15/10/14 15:09 320 Fundamentos da Termodinâmica 7.75 Bocal 7.72 7.73 7.74 FIGURA P7.71 Uma lancha possui um pequeno orifício à frente do seu motor (propulsor) que se encontra a 0,4 m de profundidade (abaixo da superfície da água). Admitindo que esse orifício seja o ponto de estagnação do escoamento ao redor do motor, qual é o valor da pressão de estagnação nesse ponto, se a lancha se desloca a 40 km/h? Suponha que você está dirigindo um automóvel a 120 km/h em um dia em que a pressão e a temperatura atmosféricas são iguais a 100 kPa e 17 °C. Em certo instante, você coloca a mão para fora do carro e passa a sentir a força do vento. Admitindo que o ar escoe de modo incompressível, determine a pressão e a temperatura do ar que sobre a sua mão. Uma pequena barragem descarrega 2 000 kg/s de água a 150 kPa e 20 °C por uma tubulação horizontal que apresenta diâmetro igual a 0,5 m. Essa tubulação está conectada à linha vertical de alimentação de uma turbina hidráulica. Essa linha apresenta diâmetro igual a 0,35 m. A turbina está posicionada a 15 m abaixo da tubulação que apresenta diâmetro igual a 0,5 m. Admitindo que os escoamentos de água sejam adiabáticos e reversíveis, determine a pressão na seção de alimentação da turbina. Considerando que a pressão na seção de descarga na turbina seja igual a 100 kPa, determine a potência da turbina. Dica: obtenha T a partir da equação da energia. Velocidade nula O ar a 100 kPa e 300 K entra em um dispositivo, deixando-o a 800 K. Admita escoamento politrópico reversível com n = 1,3. Determine a pressão de saída do dispositivo, o trabalho específico e o calor trocado por unidade de massa de fluido. Admita calor específico constante. 7.77 Repita o Problema 7.76, agora utilizando a Tabela de ar A.7. 7.78 O hélio a 800 kPa e 300 °C entra em um expansor, deixando-o a 120 kPa. Admita escoamento politrópico reversível com n = 1,3. Determine a vazão mássica para uma potência produzida de 150 kW. 7.79 Um dispositivo que opera em regime permanente é alimentado com 4 kg/s de amônia a 150 kPa e –20 °C. A temperatura e a pressão do fluido na seção de descarga do dispositivo são iguais a 60 °C e 400 kPa. Sabendo que o processo que ocorre no dispositivo pode ser modelado como politrópico, determine o expoente politrópico (n), o trabalho específico realizado e a transferência de calor específica no dispositivo. 7.80 Calcule a temperatura e a pressão de estagnação do escoamento de ar sobre a su- 2 FIGURA P7.74 termodinamica 07.indd 320 FIGURA P7.75 7.76 1 h1 = 15 m h2 h3 = 0 m O ar escoa a 100 m/s em direção a uma parede (veja Figura P7.75). Observe que o escoamento apresenta uma região de estagnação localizada junto à parede. A pressão e a temperatura do escoamento ao longe são iguais a 100 kPa e 290 K. Determine a pressão de estagnação admitindo que: a. o escoamento seja adiabático e incompressível; e b. o escoamento possa ser modelado com uma compressão adiabática. 3 15/10/14 15:09 Segunda Lei da Termodinâmica Aplicada a Volumes de Controle perfície de um meteorito que está entrando na atmosfera com uma velocidade de 2000 m/s. Admita que a temperatura e a pressão ao longe do ar sejam iguais a −50 °C e 50 kPa. Considere, na solução do problema, que o escoamento de ar: temperatura valem 1 000 kPa e 40 °C, respectivamente. Tal processo de compressão é possível? 7.87 R-134a, a 30 °C e 800 kPa, é expandido, em um escoamento em regime permanente, até uma pressão mais baixa, ponto em que a temperatura é de –10 °C. Qual a geração de entropia por quilograma de fluido escoando? 7.88 Analise a turbina descrita no Problema 4.84. O processo descrito é possível? 7.89 Um misturador adiabático que opera em regime permanente é alimentado com dois escoamentos de água. Um deles é de vapor saturado a 0,6 MPa e o outro apresenta pressão e temperatura iguais a 0,6 MPa e 600 °C. O escoamento na seção de saída do equipamento apresenta pressão igual àquela das seções de entrada e temperatura de 400 °C. Determine a geração de entropia nesse processo. a. é incompressível; e b. pode ser modelado como uma compressão adiabática. 7.81 A expansão em uma turbina a gás pode ser modelada como um processo politrópico com n = 1,25. O ar entra na turbina a 1 200 K e 800 kPa. A pressão na seção de descarga do equipamento é 125 kPa. Sabendo que a vazão mássica na turbina é 0,75 kg/s, determine a taxa de transferência de calor e a potência no eixo da turbina. Escoamento Irreversível em Regime Permanente 7.82 Considere uma turbina em que o vapor entra a 2 MPa e 350 °C e sai como vapor saturado a 100 kPa. Esta turbina apresenta uma perda de calor de 6 kJ/kg para o ambiente. Tal processo é possível? 7.83 O condensador de uma grande central de potência rejeita para o ambiente uma taxa de calor de 15 MW. Nesse processo, consegue-se condensar totalmente certa vazão de vapor a 45 °C (a partir de vapor saturado produz-se líquido saturado a 45 °C). Determine a vazão de água de resfriamento necessária e a taxa de geração de entropia, admitindo que o ambiente encontre-se a 25 °C. 7.90 Um evaporador instantâneo isolado (flash) é alimentado com 1,5 kg/s de água, a 500 kPa e 150 °C, proveniente de um reservatório geotérmico de água quente. Uma corrente de líquido saturado a 200 kPa é drenada pelo fundo do evaporador instantâneo e uma corrente de vapor saturado a 200 kPa é retirada do topo do evaporador e encaminhada a uma turbina. Determine a taxa de geração de entropia no processo que ocorre no evaporador instantâneo. 1 7.84 R-410a, a −5 °C e 700 kPa, é estrangulado até uma temperatura de −40 °C. Quais são os valores da pressão na saída e da geração de entropia específica? 3 7.85 A amônia é estrangulada a partir de 1,5 MPa e 35 °C até uma pressão de 291 kPa em um sistema de refrigeração. Encontre a temperatura de saída e a geração de entropia específica no processo. 2 7.86 Um compressor de um sistema de refrigeração comercial recebe vapor saturado de R-410a, a −25 °C. Na saída, a pressão e a termodinamica 07.indd 321 321 7.91 FIGURA P7.90 O compressor de um refrigerador comercial recebe R-410a, a –25 °C e x = 1. O fluido deixa o compressor a 2 000 kPa e 80 °C. Despreze a energia cinética e determine a geração de entropia por quilograma de fluido que escoa pelo compressor. 15/10/14 15:09 322 Fundamentos da Termodinâmica 7.92 O vapor entra em uma turbina a uma velocidade de 15 m/s e no estado de 1 000 kPa e 400 °C. O vapor sai dela a 100 kPa e 150 °C, com velocidade desprezível. Se a vazão de vapor é de 2 kg/s, qual é a potência produzida e qual é a taxa de entropia gerada? 7.93 Um fábrica produz ar comprimido a 1 000 kPa e 600 K a partir de uma condição ambiente de 100 kPa e 17 °C. Na sequência o ar comprimido tem sua temperatura diminuída para 300 K em um resfriador que opera à pressão constante. Determine a geração de entropia específica no compressor e no resfriador. 7.94 A Figura P7.94 mostra uma câmara de mistura que é alimentada com 5 kg/min de líquido saturado de amônia a −20 °C e com amônia a 40 °C e 250 kPa. A taxa de transferência de calor do ambiente, que apresenta temperatura igual a 40 °C, para a câmara é 325 kJ/min. Sabendo que a amônia é descarregada da câmara como vapor saturado a −20 °C, determine a outra vazão de alimentação e a taxa de geração de entropia no processo. 1 40 °C • Q1 2 FIGURA P7.94 7.95 7.96 7.97 0,1 kg/s de ar a 1 000 kPa e 500 K. Este escoamento deixa o trocador de calor a 320 K. O resfriamento desse escoamento é promovido por outro escoamento de ar que entra no trocador de calor a 300 K. Determine a taxa total de geração de entropia no trocador de calor. 7.98 A água entra em um trocador de calor a 40 °C e 150 kPa e o deixa a 10 °C e 150 kPa. O outro fluido que escoa pelo trocador de calor é glicol que entra a −10 °C e 160 kPa e sai a 10 °C e 160 kPa. Sabendo que a vazão mássica de água é de 5 kg/s, encontre a vazão mássica de glicol e a taxa de geração de entropia nesse processo. 7.99 Considere dois escoamentos de ar a 200 kPa. O primeiro escoamento apresenta vazão mássica e temperatura inicial iguais a 2 kg/s e 400 K. O segundo apresenta vazão mássica e temperatura inicial iguais a 1 kg/s e 290 K. Os dois escoamentos são misturados em uma câmara isolada e o escoamento resultante sai a 200 kPa. Determine a temperatura na seção de descarga da câmara e a taxa de geração de entropia no processo. 7.100 O condensador de uma central termoelétrica é alimentado com 5 kg/s de água a 15 kPa e título igual a 0,9%. O vapor transfere calor para a água de refrigeração e é descarregado do equipamento como líquido saturado a 15 kPa. Vapor d’água O gás dióxido de carbono a 300 K e 200 kPa entra em um dispositivo que opera em regime permanente. O dispositivo encontra-se a 700 K e opera a pressão constante. Para uma temperatura de saída do dióxido de carbono de 600 K, encontre o trabalho específico, a transferência de calor específica e a geração de entropia específica. O metano a 1 MPa e 300 K é expandido em uma válvula até 100 kPa. Despreze a energia cinética e determine a geração de entropia por quilograma de fluido que escoa pela válvula. Uma das seções de alimentação de um trocador de calor ar-ar é alimentada com termodinamica 07.indd 322 Água de resfriamento FIGURA P7.100 A temperatura média da água de refrigeração no condensador é 17 °C. Determine, 15/10/14 15:09 Segunda Lei da Termodinâmica Aplicada a Volumes de Controle nessas condições, a taxa de transferência de calor do fluido de trabalho para a água de refrigeração e a taxa total de geração de entropia no condensador. 7.101 R-410a a 1 000 kPa e 60 °C escoa por uma linha de suprimento de grandes dimensões. Três dispositivos recebem o R-410a dessa linha: uma válvula de estrangulamento, um bocal ideal e uma turbina ideal. Na saída de todos os dispositivos a pressão é de 300 kPa. Determine a temperatura e a velocidade na saída de cada um dos dispositivos e também a geração de entropia por unidade de massa de fluido que escoa. 7.105 O trocador de calor contracorrente mostrado na Figura P7.105 é utilizado para resfriar 2 kg/s de ar, de 1 000 K a 400 K. A pressão do ar na seção de entrada é 125 kPa e, na seção de saída, 100 kPa. O fluido frio que provoca o resfriamento é água líquida. A vazão de água é 0,5 kg/s e esta entra no trocador a 20 °C e 200 kPa e sai a 200 kPa. Nestas condições, determine a temperatura de saída da água e a taxa de geração de entropia no processo. Ar 1 2 R-410a Válvula Água Bocal 4 Turbina · WT FIGURA P7.101 7.102 Um compressor de dois estágios admite gás nitrogênio a 20 °C e 150 kPa. O nitrogênio sai do primeiro estágio a 600 kPa e 450 K. Após o primeiro estágio, o gás passa pelo resfriador intermediário (intercooler) e sai a 320 K em um processo isobárico. A temperatura e a pressão do nitrogênio à saí­da do segundo estágio são 530 K e 3 000 kPa. Determine a geração de entropia específica em cada um dos dois estágios. 7.103 O resfriador intermediário do problema anterior utiliza água fria para resfriar o nitrogênio que escoa com vazão mássica de 0,1 kg/s. A água, que escoa em direção oposta ao nitrogênio no resfriador, entra a 20 °C e sai a 35 °C. Determine a vazão de água e a geração de entropia no resfriador. 7.104 A vazão de ar (T = 327 °C e P = 400 kPa) na seção de alimentação de uma turbina adiabática é 1 m³/s. A pressão na seção de descarga da turbina é 100 kPa. Desprezando as energias cinéticas do escoamento e admitindo que os calores específicos do ar sejam constantes, calcule as temperaturas máxima e mínima na seção de descarga da turbina. Determine, para cada um desses casos, a potência da turbina e a taxa de geração de entropia no processo. termodinamica 07.indd 323 323 3 FIGURA P7.105 7.106 O ar a 200 kPa e 500 K escoa por uma linha de suprimento de grandes dimensões. Três dispositivos recebem o ar dessa linha (veja Figura P7.101): uma válvula de estrangulamento, um bocal ideal e uma turbina ideal. Na saída de todos os dispositivos a pressão é 100 kPa. Determine a temperatura e a velocidade na saída de cada um dos dispositivos e, também, a geração de entropia por unidade de massa de fluido que escoa. 7.107 Uma turbina que opera com amônia é utilizada em um ciclo térmico de refrigeração. A pressão e a temperatura na seção de alimentação da turbina são iguais a 2,0 MPa e 70 °C. Essa turbina aciona um compressor que é alimentado com vapor saturado de amônia a −20 °C. 3 1 T C 2 4 5 FIGURA P7.107 As pressões de exaustão nos dois equipamentos são iguais a 1,2 MPa e as duas exaustões são misturadas. Alega-se que a razão entre a vazão mássica que escoa na 15/10/14 15:09 324 Fundamentos da Termodinâmica turbina e a vazão mássica total (soma das vazões mássicas no compressor e na turbina) é igual a 0,62. Como você julga essa alegação? É possível realizar tal processo? 7.108 Repita o Problema 7.106 para a válvula e para o bocal, admitindo agora que a temperatura de entrada do ar seja 2 000 K. Utilize as tabelas de ar para resolver o problema. 7.109 O dióxido de carbono é usado como fluido refrigerante natural em uma aplicação e escoa por um resfriador à pressão de 10 MPa. O dióxido de carbono é supercrítico nessa condição e, dessa forma, não há condensação nesse processo de resfriamento. A temperatura de entrada do dióxido de carbono no resfriador é de 200 °C e a de saída, 40 °C. Admita que a transferência de calor no processo se realize para o ar ambiente a 20 °C. Determine a geração de entropia por quilograma de dióxido de carbono resfriado. 7.110 O nitrogênio a 600 kPa, no estado de líquido saturado, entra em uma caldeira com uma vazão mássica de 0,005 kg/s, e sai desse equipamento no estado de vapor saturado. Em seguida o nitrogênio passa por um superaquecedor, à pressão constante de 600 kPa, deixando este a 280 K. Admita que a transferência de calor para o nitrogênio seja proveniente de um reservatório térmico a 300 K. Determine a taxa de geração de entropia na caldeira e no superaquecedor. 7.111 A turbina a vapor de uma central de potência recebe vapor a 3 000 kPa e 500 °C. A turbina tem duas correntes de saída: uma (20% da vazão mássica) a 1 000 kPa e 350 °C, para aquecimento da água de alimentação do gerador de vapor, e a outra, a 200 kPa e 200 °C. Determine o trabalho e a geração de entropia por quilograma de vapor que entra na turbina. 7.112 A Figura P7.112 mostra o fluxograma de um aquecedor para a água de alimentação de um ciclo. Esse equipamento é utilizado para preaquecer, em regime permanente, a água antes que entre no gerador de vapor e opera misturando a água com vapor d’água termodinamica 07.indd 324 extraído de uma turbina. Para os estados mostrados na Figura P7.112 e admitindo que o equipamento seja adiabático, determine a taxa de aumento líquido de entropia nesse processo. P2 = 1 MPa T2 = 200 °C 2 1 P1 = 1 MPa T1 = 40 °C Aquecedor de água de alimentação 3 P3 = 1 MPa T3 = 160 °C • m3 = 4 kg/s FIGURA P7.112 7.113 Um trocador de calor duplo tubo é alimentado com 0,5 kg/s de oxigênio a 17 °C e 200 kPa e com 0,6 kg/s de nitrogênio a 150 kPa e 500 K. O trocador de calor é de correntes paralelas e muito longo, e os dois fluidos deixam o trocador à mesma temperatura. Determine a temperatura de descarga dos fluidos e a taxa de geração de entropia nesse processo. Admita que os calores específicos dos fluidos sejam constantes. 4 2 1 3 FIGURA P7.113 7.114 Um processo industrial requer uma vazão mássica de 5 kg/s de amônia a 500 kPa e 20 °C. A amônia está disponível em dois reservatórios. A pressão e a temperatura da amônia em um desses reservatórios são iguais a 500 kPa e 140 °C e a amônia se encontra como líquido saturado a 20 °C no outro reservatório. Propõe-se a utilização de uma câmara de mistura adiabática para a produção do insumo requerido. Admitindo que o regime de operação do equipamento seja o permanente, determine as vazões mássicas nas seções de alimentação da câmara e a taxa total de geração de entropia nesse processo de mistura. 15/10/14 15:09 Segunda Lei da Termodinâmica Aplicada a Volumes de Controle Processos Irreversíveis em Regime Transiente 7.115 Reconsidere o processo descrito no Exemplo 4.10. Calcule a entropia gerada, por quilograma de fluido armazenado, nesse processo de enchimento. 7.116 A Figura P7.116 mostra um tanque rígido, com volume interno de 1 m³, que contém 100 kg de R-410a, a temperatura ambiente (15 °C). Uma válvula situada no topo do tanque é, então, aberta e vapor saturado é estrangulado até 100 kPa e descarregado em um coletor. Durante esse processo, a temperatura interna do tanque permanece constante e igual a 15 °C por intermédio de transferência de calor a partir da vizinhança que se encontra a 20 °C. A válvula é fechada quando não existe mais líquido no tanque. Nessas condições, determine o calor transferido ao tanque e a variação líquida de entropia no processo. 325 7.119 Um recipiente rígido de 1 L, fechado, contém inicialmente R-134a à temperatura ambiente de 20 °C e com um título de 50%. Há uma válvula na parte do superior do recipiente que apresenta um pequeno vazamento de fluido. Em virtude do vazamento, além da diminuição de massa no recipiente, há transferência de calor do ambiente para o fluido em seu interior. Depois de algum tempo, a temperatura no interior do recipiente é 5 °C e o título, 100%. Determine a massa de R-134a que vazou, o calor trocado e a entropia gerada no processo (exclua a geração de entropia no escoamento através da válvula). 7.120 Inicialmente, um tanque, com volume interno igual a 0,002 m3, está evacuado. O tanque é, então, carregado com fluido refrigerante R-134a que escoa em uma linha como líquido saturado a 0 °C. A operação de enchimento é muito rápida e pode ser modelada como adiabática. Porém, após passado algum tempo em armazenamento, o refrigerante atinge a temperatura do ambiente que se encontra a 20 °C. Determine a massa de fluido contido no tanque no final da operação de enchimento e a entropia total gerada nesse processo. 7.117 Um recipiente com volume interno de 0,2 m³ inicialmente está vazio. O recipiente é, então, carregado com água proveniente de uma linha em que o fluido escoa a 500 kPa e 200 °C. O processo de carga termina quando a pressão no recipiente atinge 500 kPa e é adiabático. Determine a temperatura e a massa de água contida no tanque no final da operação de carga do tanque. Calcule, também, a entropia total gerada nesse processo de carga. 7.121 Um cozinheiro coloca 3 kg de água líquida a 20 °C em uma panela de pressão e a fecha. Após essas operações ele passa a aquecer o conjunto água-panela em um fogão. A válvula de controle de pressão da panela atua quando a pressão interna atinge 200 kPa e sempre mantém a pressão interna nesse valor. A água é descarregada da válvula de controle de pressão a 100 kPa. Sabendo que metade da água presente no estado inicial escapou da panela, determine a entropia gerada no processo de estrangulamento na válvula. 7.118 Um tanque rígido, com volume de 0,1 m³, inicialmente está vazio e deve ser carregado com R-410a que escoa em uma tubulação como líquido saturado a −5 °C. Admitindo que esse processo ocorra rapidamente, para que possa ser modelado como adiabático, determine, no estado final, a massa e os volumes de líquido e de vapor no tanque. Esse processo é reversível? 7.122 Um tubo de 10 m de comprimento e com diâmetro de 0,1 m é colocado na posição vertical e enchido com água líquida a 20 °C. A parte superior do tubo é aberta para a atmosfera a 100 kPa. Na parte inferior há um bocal através do qual a água líquida escoa para o ambiente. O processo termina quando toda a água vaza pelo fundo do tubo pelo bocal. Determine a velocidade de FIGURA P7.116 termodinamica 07.indd 325 15/10/14 15:09 326 Fundamentos da Termodinâmica saída inicial da água, a energia cinética média na seção de saída nesse momento, e a geração total de entropia no processo. 7.123 Um tanque rígido e isolado de 200 L contém gás nitrogênio a 200 kPa e 300 K. O tanque está ligado a uma linha de nitrogênio a 500 kPa e 500 K. Através da válvula que une o tanque à linha, são adicionados 40% a mais de massa ao tanque. Utilizando calores específicos constantes, determine a temperatura final do nitrogênio no tanque e a geração de entropia do processo. 7.124 Um tanque rígido e isolado de 200 L contém gás nitrogênio a 200 kPa e 300 K. O tanque está ligado a uma linha de nitrogênio a 1 000 kPa e 1 500 K. Através da válvula que une o tanque à linha, são adicionados 40% a mais de massa ao tanque. Utilizando a Tabela A.8, determine a temperatura final do nitrogênio no tanque e a geração de entropia do processo. 7.125 O ar está disponível em uma tubulação a 12 MPa e 15 °C. A tubulação está conectada a um tanque rígido, com volume de 500 L, por meio de uma tubulação secundária que contém uma válvula. Inicialmente, o tanque contém ar na condição ambiente (100 kPa e 15 °C). A válvula é, então, aberta e o ar da tubulação escoa para o tanque. O processo ocorre rapidamente e é essencialmente adiabático. A válvula é fechada quando a pressão interna atinge certo valor P2. Após o fechamento da válvula, o ar no tanque esfria até atingir a temperatura ambiente. Nesse estado, a pressão interna é 5 MPa. Qual é o valor da pressão P2? Qual é a variação líquida de entropia para o processo global? 7.126 Um sistema cilindro-pistão isolado contém 1 m³ de ar, a 250 kPa e 300 K. O pistão é livre de atrito para se mover e manter a pressão interna no cilindro constante. Uma linha de ar a 300 kPa e 400 K está conectada ao cilindro por meio de uma válvula. A válvula é aberta, o ar escoa da linha para o cilindro e o volume de ar no cilindro é acrescido em 60%. Utilizando calores específicos constantes, determine a temperatura final do ar no cilindro e a geração de entropia do processo. termodinamica 07.indd 326 7.127 Uma bexiga é enchida com ar proveniente de uma linha a 200 kPa, 300 K. Ao final do enchimento, a massa de ar na bexiga é de 0,1 kg e o estado final é de 110 kPa e 300 K. Admita que a pressão no interior da bexiga seja proporcional ao volume, segundo a expressão: P = 100 kPa + CV. Determine a troca de calor com o ambiente a 300 K e a geração total de entropia no processo. Eficiência de Dispositivos 7.128 Uma turbina é alimentada com vapor d’água a 1 200 kPa e 400 °C e a pressão na seção de descarga do equipamento é 200 kPa. Qual é a mínima temperatura na seção de descarga dessa turbina? Qual é o rendimento da turbina quando a temperatura da água na seção de descarga da turbina é mínima? 7.129 Uma turbina é alimentada com vapor d’água a 1 200 kPa e 400 °C e a pressão na seção descarga do equipamento é 200 kPa. Qual é a máxima temperatura na seção de descarga dessa turbina? Qual é o rendimento da turbina quando a temperatura da água na seção de descarga da turbina é máxima? 7.130 Uma turbina é alimentada com vapor d’água a 1 200 kPa e 500 °C. A pressão e a temperatura na seção descarga do equipamento são iguais a 200 kPa e 200 °C. Qual é a eficiência isotrópica dessa turbina? 7.131 O compressor de um refrigerador comercial recebe R-410a a –25 °C e x = 1. O fluido deixa o compressor a 2 000 kPa e 80 °C. Despreze a energia cinética e determine a eficiência isotrópica do compressor. 7.132 Uma turbina recebe 2 kg/s de água a 1 000 kPa, 400 °C e 15 m/s. Na saída a pressão e temperatura são de 100 kPa e 150 °C, respectivamente, e a velocidade desprezível. Determine a potência produzida pela turbina e a taxa de geração de entropia. Encontre, também, a eficiência isotrópica da turbina. 7.133 A velocidade do escoamento na seção de descarga de um bocal é 500 m/s. Conside- 15/10/14 15:09 Segunda Lei da Termodinâmica Aplicada a Volumes de Controle rando que o rendimento do bocal é igual a 0,88, determine a velocidade de descarga do bocal na condição ideal de operação. 7.134 Um bomba hidráulica é alimentada com 0,1 m³/s de água a 15 °C e descarrega o fluido a 20 m/s em um plano localizado 10 m acima daquele em que a bomba está instalada. Admitindo que a eficiência isotrópica do conjunto formado pela bomba, tubulação e bocal de descarga seja igual a 60%, determine a potência utilizada para acionar a bomba. Bocal 20 m/s 10 m Bomba de drenagem Tubulação FIGURA P7.134 7.135 Determine a eficiência isotrópica do compressor de R-134a do Exemplo 4.8. 7.136 Uma turbina a gás opera com ar e, na seção de entrada, o estado do ar é de 1 200 kPa e 1 200 K. Na seção de saída, a pressão é 200 kPa. Se a eficiência isotrópica da turbina é de 87%, determine a temperatura de saída do ar. 7.137 Uma turbina a gás opera com ar e na seção de entrada o estado do ar é de 1 200 kPa e 1 200 K. Na seção de saída, a pressão é de 200 kPa. Determine a mínima temperatura que o ar pode atingir na saída da turbina. Nessas condições, qual é a eficiência isotrópica da turbina? 7.138 Repita o Problema 7.46 admitindo que tanto a turbina como o compressor possuam eficiência isotrópica de 80%. 327 e determine o trabalho específico de compressão, a geração de entropia por quilograma de amônia comprimida e a eficiência isotrópica. 7.141 Encontre a eficiência isotrópica do bocal do Exemplo 4.4. 7.142 Um compressor centrífugo, que apresenta eficiência isotrópica igual a 80%, aspira ar ambiente (100 kPa e 17 °C) e o descarrega a 450 kPa. Estime a temperatura do ar na seção de saída do compressor. 7.143 Um refrigerador utiliza dióxido de carbono como fluido de trabalho. No compressor, 0,02 kg/s de fluido são levados de 1 MPa e –20 °C até 6 MPa, e a potência consumida é de 2 kW. Determine a temperatura de saí­da do fluido e a eficiência isotrópica do compressor. 7.144 A turbina do Problema 7.33 era ideal. Assuma que, agora, ela possui uma eficiência isotrópica de 88%. Nessa nova condição, determine o trabalho específico e a geração de entropia específica na turbina. 7.145 Refaça o Problema 7.41, desta vez impondo eficiência isotrópica de 85%, tanto para a turbina como para o compressor do turbocompressor. 7.146 Uma bomba hidráulica, com eficiência isotrópica igual a 75%, é alimentada com 1,2 kg/s de água a 100 kPa e 15 °C. Sabendo que a potência de acionamento da bomba é 1,5 kW e que a velocidade na seção de descarga da bomba é 30 m/s, determine a pressão na seção de descarga da bomba. 7.139 A agua líquida entra em uma bomba a 15 °C e 100 kPa e sai à pressão de 5 MPa. Se a eficiência isotrópica da bomba é igual a 75%, determine a entalpia da água na seção de descarga da bomba (utilize o referencial das tabelas de vapor d’água). 7.147 Uma turbina é alimentada com uma corrente de ar a 1 500 K e 1 MPa. A pressão na seção de descarga do equipamento é 100 kPa e a eficiência isotrópica da turbina igual a 0,85. Determine a temperatura na seção de descarga da turbina e o aumento na entropia específica no escoamento através da turbina. 7.140 O vapor saturado de amônia a 300 kPa é comprimido em um compressor adiabático até a pressão de 1 400 kPa e temperatura de 140 °C. Admita regime permanente 7.148 Uma turbina adiabática, que apresenta eficiência isotrópica igual a 70%, é alimentada com ar a 50 °C. A temperatura e a pressão na seção de descarga da turbina são iguais termodinamica 07.indd 327 15/10/14 15:09 328 Fundamentos da Termodinâmica a −30 °C e 100 kPa. Sabendo que a vazão de ar na seção de alimentação da turbina é 20 L/s, determine a pressão na seção de alimentação e a potência dessa turbina. 7.149 Um compressor adiabático é alimentado com CO2 a 100 kPa e 300 K e descarrega a substância a 1 000 kPa e 520 K. Determine a eficiência isotrópica do compressor e a entropia gerada no processo. 7.150 Uma turbina a ar, de pequena e de alta velocidade, apresenta eficiência isotrópica igual a 80% e deve ser utilizada para produzir um trabalho específico de 270 kJ/kg. A temperatura do ar na seção de entrada da turbina é 1 000 K e a descarga da turbina é realizada no ambiente. Determine a pressão necessária na seção de alimentação da turbina e a temperatura de saída do ar. 7.151 Em uma unidade industrial de condicionamento de ar, 0,5 kg/s de amônia são comprimidos a partir do estado de vapor saturado a 200 kPa, até uma pressão de saída de 800 kPa. A temperatura de saída da amônia do compressor é de 100 °C. Qual é a capacidade em kW do motor elétrico que aciona o compressor e qual é a eficiência isotrópica desse último? 7.152 Refaça o Problema 7.48 considerando que a turbina e a bomba apresentem eficiências isotrópicas iguais a 85%. 7.153 Considere que o compressor do Problema 7.27 possua eficiência isotrópica de 80%. Determine o trabalho específico e a temperatura de saída para esta nova condição se a pressão de descarga do compressor e a transferência de calor específicas também forem as mesmas do Problema 7.27. 7.154 Um bocal é alimentado com água a 350 kPa e 20 °C e descarrega o fluido a 100 kPa. A área de escoamento na seção de descarga do bocal é igual a 0,5 cm² e a eficiência isotrópica do bocal é 85%. Desprezando a energia cinética do escoamento na seção de alimentação do bocal, determine a velocidade de descarga no bocal ideal e a vazão mássica no bocal real. 7.155 A velocidade do escoamento de ar na seção de alimentação de um bocal isolado é termodinamica 07.indd 328 15 m/s. A vazão mássica de ar no bocal é 2 kg/s e a pressão e a temperatura do ar na seção de alimentação do bocal são iguais a 1 MPa e 1 200 K. Já a pressão e a temperatura na seção de descarga do bocal são iguais a 650 kPa e 1 100 K. Determine a velocidade do escoamento na seção de descarga e a efi­ciên­cia desse bocal. 7.156 Um bocal deve ser utilizado para fornecer uma corrente de ar a 20 °C e 100 kPa e que apresenta velocidade igual a 200 m/s. Admitindo que a eficiência isotrópica do bocal seja igual a 92%, determine os valores necessários para a pressão e a temperatura na seção de alimentação do bocal. 7.157 Um compressor refrigerado a água é alimentado com ar a 20 °C e 90 kPa e a pressão na seção de descarga do equipamento é igual a 500 kPa. A eficiência isotérmica desse compressor é 88% e a transferência de calor no compressor real é igual àquela no compressor ideal. Determine o trabalho específico de compressão e a temperatura do ar na seção de descarga do compressor. Problemas para Revisão 7.158 R-410a escoa por um evaporador. Na entrada o estado é de líquido saturado a 200 kPa e, na saída, 200 kPa e 20 °C. Admita que o processo seja reversível e determine o calor e o trabalho recebidos/fornecidos pelo fluido por quilograma de fluido processado. 7.159 Um escoamento de R-410a a 2 000 kPa e 40 °C é levado até 1 000 kPa por intermédio de um expansor isotérmico. Determine a transferência de calor e o trabalho por quilograma de fluido que circula pelo dispositivo. 7.160 Um trocador de calor com correntes paralelas é alimentado com 2 kg/s de vapor de água saturado a 100 kPa e com 1 kg/s de ar a 200 kPa e 1 200 K. O trocador de calor é muito longo e os dois fluidos deixam o trocador à mesma temperatura. Determine a temperatura de descarga dos fluidos utilizando um método iterativo e calcule a taxa de geração de entropia nesse processo. 15/10/14 15:09 Segunda Lei da Termodinâmica Aplicada a Volumes de Controle 7.161 Ar a 100 kPa e 17 °C é comprimido até a pressão de 400 kPa e depois é expandido, em um bocal, até a pressão atmosférica. Compressor e bocal possuem eficiência isotrópica de 90% e são adiabáticos. A variação de energia cinética que ocorre no compressor é desprezível. Nessas condições, determine o trabalho necessário para operar o compressor, a temperatura do ar na descarga do compressor e a velocidade do ar na sua seção de saída. 7.162 Um tubo de Hilch é alimentado com uma corrente de ar que apresenta temperatura e pressão iguais a 20 °C e 200 kPa. O tubo de Hilch descarrega duas correntes separadamente. As pressões dessas correntes são iguais a 100 kPa, mas as temperaturas são diferentes. A temperatura de uma das correntes é igual a 0 °C e a da outra é 40 °C. A transferência de calor do tubo para o ambiente e as energias cinéticas de todas as correntes são desprezíveis. Admitindo que a operação do tubo de Hilch ocorra em regime permanente, determine a relação entre a vazão mássica da corrente que apresenta temperatura igual a 0 °C e a vazão mássica da corrente na seção de alimentação do tubo de Hilch. É possível operar esse dispositivo nas condições indicadas? 2 Saída de fluido quente 7.165 A Figura P7.165 mostra o esquema de um sistema de refrigeração, essencialmente térmico, em que parte do fluido de trabalho é expandido por meio de uma turbina para acionar o compressor do ciclo de refrigeração. A turbina produz a potência necessária para acionar o compressor e as correntes de saída se misturam. Especificando claramente as hipóteses utilizadas, determine a relação entre as vazões mássicas nas Seções 3 e 1 e T5 (x5, se estiver na região bifásica) se a turbina e o compressor são reversíveis e adiabáticos. R-410a do evaporador T1 = –20 °C Vapor saturado R-410a da caldeira Vapor saturado 3 T3 = 100 °C 4 MPa 1 Turbina Compressor Turbine 2 Entrada 5 Saída de fluido frio 3 FIGURA P7.162 7.163 Uma turbina adiabática, que apresenta eficiência isotrópica igual a 70%, é alimentada com ar a 50 °C. A temperatura e a pressão na seção de descarga da turbina são iguais a −30 °C e 100 kPa. Sabendo que a vazão de ar na seção de alimentação da turbina é 20 L/s, determine a pressão na seção de alimentação e a potência dessa turbina. 7.164 Um dispositivo, que opera em regime permanente, apresenta uma tubulação de alimentação e duas de descarga. O dispositivo é alimentado com 1 kg/s de amônia a 100 kPa e 50 °C. As vazões mássicas nas descargas termodinamica 07.indd 329 são iguais, uma delas está a 200 kPa e 50 °C e a outra é constituída por líquido saturado a 10 °C. Alega-se que esse dispositivo opera em um ambiente a 25 °C e com um consumo de 250 kW. Isso é possível? 4 1 329 P2 = P4 = P5 = 2,0 MPa Para o condensador FIGURA P7.165 7.166 Certo processo industrial requer 0,5 kg/s de ar comprimido a 500 kPa. A temperatura máxima aceitável para o ar comprimido é 30 °C e propõe-se utilizar o arranjo mostrado na Figura P7.47 para a produção desse insumo. A pressão e a temperatura do ambiente em que será instalado o arranjo são iguais a 100 kPa e 20 °C. Admitindo que a eficiência isotrópica do compressor seja igual a 80%, determine a potência necessária para acionar o compressor e a taxa de transferência de calor no resfriador. 7.167 Um dispositivo, que opera em regime permanente, é alimentado com CO2 a 300 K e 200 kPa. Um reservatório térmico, que 15/10/14 15:09 330 Fundamentos da Termodinâmica apresenta temperatura igual a 600 K, transfere calor para o dispositivo e este descarrega o fluido a 500 K. Sabendo que o processo que ocorre no dispositivo pode ser modelado como politrópico (n = 3,8), determine o trabalho, a transferência de calor e a geração de entropia por quilograma de fluido que escoa no dispositivo. 7.168 O gás nitrogênio, proveniente do primeiro estágio de um compressor, entra em um resfriador intermediário a 500 kPa e 500 K, com uma vazão de 0,1 kg/s. À saída do resfriador a temperatura do nitrogênio é de 310 K. O resfriador intermediário é um trocador de calor de correntes cruzadas (veja Figura P7.168), onde o outro fluido utilizado para a troca de calor com o nitrogênio é a água que entra a 125 kPa e 15 °C e deixa o resfriador a 22 °C. Considerando que não ocorram mudanças significativas nas pressões de ambos os escoamentos de fluido que atravessam o resfriador, encontre a vazão mássica de água e a taxa de geração de entropia total. 3 2 1 to, o trabalho realizado no processo 1-2, o trabalho consumido no compressor e a pressão final P3. 7.170 A Figura P7.170 mostra o esquema de uma instalação utilizada para a produção de água doce a partir de água salgada. As condições de operação da instalação também estão mostradas na figura. Admitindo que as propriedades da água salgada sejam as mesmas da água pura e que a bomba seja adiabática e reversível, a. Determine a relação, ou seja, a fração de água salgada purificada no processo. b. Determine wB e qH. c. Faça uma análise, utilizando a segunda lei da termodinâmica, da instalação. 4 Fonte de calor TH = 200 °C 6 qH Aquecedor FIGURA P7.168 7.169 Um conjunto formado por cilindro, pistão e mola está conectado a um compressor d’água por meio de uma tubulação com válvula de controle. Inicialmente, o volume da câmara é nulo e a pressão interna necessária para movimentar o pistão é 100 kPa. O conjunto, então, é alimentado com água até que a pressão na câmara atinja 1,4 MPa. Nessa condição, a válvula é fechada e o volume da câmara é 0,6 m³ (estado 2). A água na seção de entrada do compressor está no estado de vapor saturado a 100 kPa e o processo de compressão pode ser modelado como adiabático e reversível. Depois da carga do conjunto, espera-se até que a temperatura da água atinja a do ambiente, que é igual a 20 °C (estado 3). Calcule a massa final de água no conjun- termodinamica 07.indd 330 P6 = 100 kPa Água pura vapor saturado 3 Trocador de calor (isolado) P2 = 700 kPa 4 T4 = 150 °C Evaporador 5 2 7 Bomba 1 Entrada de água do mar T1 = 15 °C P1 = 100 kPa –wB P5 = 100 kPa Líquido saturado Água salgada (concentrada) T7 = 35 °C Saída de líquido Água pura FIGURA P7.170 7.171 Um tanque rígido e com volume interno igual a 1,0 m³ contém água. Inicialmente, a água está a 120 °C e 50% do volume do tanque está ocupado por líquido saturado. O tanque conta com uma válvula de alívio posicionada na sua parte superior e, assim, a pressão no tanque não pode exceder 1,0 MPa. Calor é, então, transferido ao tanque de um reservatório térmico a 200 °C, até que o tanque contenha vapor saturado a 1,0 MPa. Calcule a transferência de calor ao tanque e mostre que esse processo de aquecimento não viola a segunda lei da termodinâmica. 15/10/14 15:09 Segunda Lei da Termodinâmica Aplicada a Volumes de Controle 7.172 A Figura P7.172 mostra o esquema de um ejetor que é um dispositivo no qual um fluido a baixa pressão (fluido secundário) é arrastado por uma corrente fluida a alta velocidade (fluido primário) e, então, a mistura é comprimida em um difusor. Com o objetivo de analisar um ejetor ideal, podemos considerar o ejetor equivalente à unidade turbina-compressor ideal (reversível e adiabática) mostrada na Figura P7.165. Note que os estados 1, 3 e 5 são equivalentes nas Figuras P7.165 e P7.172. Considere um ejetor de vapor d’água em que o estado 1 é vapor saturado a 35 kPa, o estado 3 é 300 kPa e 150 °C e a pressão na seção de descarga, P5, é 100 kPa. a. Calcule a relação ideal entre as vazões mássicas. b. Determine a eficiência do ejetor, definida por h = (m1/m3)atual/(m1/m3)ideal para as mesmas condições de entrada e de pressão de descarga. Determine, também, a temperatura de descarga se a eficiência do ejetor for igual a 10%. Fluido primário a alta pressão P3, T3 Descarga a baixa velocidade Bocal P5 Seção de mistura Difusor Fluido secundário P1, T1 FIGURA P7.172 7.173 A Figura P7.173 mostra um conjunto cilindro-pistão que não apresenta atrito e que está montado na horizontal. O conjunto está isolado termicamente e, inicialmente, o módulo da força que atua no pistão é 500 kN e o pistão está encostado nos esbarros. A área da seção transversal do pistão é 0,5 m² e o volume inicial da câmara é 0,25 m³. O conjunto contém argônio e, inicialmente, a pressão e a temperatura são iguais a 200 kPa e 100 °C. A válvula é aberta e passa a conectar o conjunto com a linha por onde o argônio escoa a 1,2 MPa e 200 °C. A válvula é fechada quando a pressão no conjunto atinge o valor necessário para que exista o termodinamica 07.indd 331 331 equilíbrio de forças no pistão. Admita que os calores específicos do argônio sejam constantes. Verifique se a temperatura no estado final desse processo é 645 K e determine a geração total de entropia nesse processo. Linha de argônio Argônio Fext FIGURA P7.173 7.174 Os turbocompressores para motores de combustão interna são utilizados para elevar a massa específica do ar que é utilizado pelos motores. Assim, é possível aumentar o fluxo de combustível a ser queimado, o que provoca um aumento da potência do motor. Considere que 250 L/s de ar ambiente (100 kPa e 27 °C) sejam aspirados por um compressor que apresenta eficiência isotrópica de 75%, e que este consuma 20 kW. Admitindo que os compressores ideal e real apresentem a mesma pressão de saída, determine o trabalho específico ideal e verifique se a pressão do ar na saída do compressor é 175 kPa. Determine também o aumento percentual da massa específica do ar que entra no motor e a geração de entropia no processo. 7.175 Um cilindro rígido com V = 0,25 m³ contém, inicialmente, ar a 100 kPa e 300 K. O tanque está conectado a uma tubulação principal, por onde ar escoa a 260 K e 6 MPa, por meio de uma ramificação com válvula. A válvula é, então, aberta e o ar escoa para o tanque até que a pressão no cilindro atinja 5 MPa (estado 2). Nessa condição, a válvula é fechada. Esse processo de enchimento é rápido e pode ser modelado como adiabático. O cilindro é, então, colocado em um armazém e o conjunto é resfriado até a temperatura ambiente (estado 3). Admitindo que a temperatura ambiente seja 300 K, determine a massa de ar contida no cilindro, a temperatura T2, a pressão P3, o calor transferido 1Q3 e a entropia gerada no processo global. 15/10/14 15:09 332 Fundamentos da Termodinâmica 7.176 Certo processo industrial requer 0,5 kg/s de ar a 150 kPa e 300 K. Além disso, a velocidade desse escoamento deve ser igual a 200 m/s. Propõe-se utilizar a turbina especial mostrada na Figura P7.176, que é alimentada com um escoamento de ar que apresenta pressão igual a 400 kPa, para fornecer esse insumo. O processo de expansão na turbina pode ser considerado reversível e politrópico (com expoente politrópico igual a 1,20). a. Qual é a temperatura do ar na seção de alimentação da turbina? b. Determine a potência produzida pela turbina e a taxa de transferência de calor no processo. c. Determine a taxa líquida de aumento de entropia, se a transferência de calor for realizada de uma fonte que apresenta temperatura 100 °C mais alta que aquela do ar na seção de alimentação da turbina. P1 1 · WT · Q Tfonte 2 Para o processo · P ,T ,V m, 2 2 2 FIGURA P7.176 PROBLEMAS ABERTOS, PROJETOS E APLICAÇÃO DE COMPUTADORES 7.177 Calcule a eficiência isotrópica da bomba do ciclo térmico descrita no Problema 4.118, utilizando os programas de computador disponíveis no site da editora. 7.181 Escreva um programa de computador que resolva o Problema 7.175. A variável de entrada do programa deve ser a pressão final no recipiente. 7.178 Escreva um programa de computador que resolva o caso geral do Problema 7.26. As variáveis de entrada do programa devem ser o estado do ar, as velocidades e a área da seção de alimentação do difusor. Admita que os calores específicos sejam constantes e determine a área da seção transversal de descarga do difusor e, também, a temperatura e a pressão nessa seção. 7.182 Procure informações sobre instalações de ar comprimido utilizadas em indústrias e oficinas mecânicas. Note que, na maioria delas, o compressor de ar trabalha em conjunto com um reservatório de ar comprimido. Faça uma análise da inter-relação existente entre o volume do reservatório, a vazão e pressão de descarga do compressor e a potência necessária para acionar o equipamento. Determine, para uma instalação típica, o tempo máximo necessário para encher o reservatório e qual é a capacidade do sistema (compressor e reservatório) em regime permanente. 7.179 Escreva um programa de computador que resolva o Problema 7.162. As variáveis de entrada do programa devem ser os estados nas seções de alimentação e descarga do tubo de Hilch. Admita que os calores específicos do ar sejam constantes e determine as relações entre as vazões mássicas que saem do tubo e aquela que entra no tubo. Calcule, também, a entropia total gerada no processo. 7.180 Escreva um programa de computador que simule o processo descrito no Problema 7.62. Admita que o estado inicial, a vazão e a pressão final sejam as variáveis de entrada do programa. Determine a potência para operar a bomba, considerando que o volume específico do fluido é constante. termodinamica 07.indd 332 7.183 Um compressor com dois estágios adiabáticos e reversíveis, intercalados por um resfriador intermediário que opera a pressão constante, é alimentado com ar na condição atmosférica (20 °C e 100 kPa). A pressão de saída do segundo estágio é 1,2 MPa. Admitindo que a temperatura de saída do ar do resfriador seja sempre igual a 50 °C, analise o trabalho necessário para operar o equipamento em função da pressão intermediária. 15/10/14 15:09 Segunda Lei da Termodinâmica Aplicada a Volumes de Controle 7.184 Um compressor com dois estágios adiabáticos e reversíveis é alimentado com ar, a T1 e P1, e apresenta um resfriador intermediá­ rio que opera a pressão constante. A temperatura na seção de saída do resfriador é T1 e a descarga do segundo estágio ocorre a P3. Mostre que o trabalho necessário para operar o compressor é mínimo quando P2 for igual a (P1P3)1/2. 7.185 Reexamine o problema anterior, mas considere que a temperatura na seção de saída do resfriador intermediário é T2. Essa temperatura é maior que T1 e a diferença entre elas existe porque a taxa de transferência de calor no trocador de calor é finita. Qual é a influência das irreversibilidades existentes nos processos que ocorrem nos compressores sobre o trabalho necessário para operar o equipamento e sobre a escolha de P2? 7.186 Considere um reservatório geotérmico de água quente. A água se encontra no reservatório como líquido saturado a 1,5 MPa (P1). Esse líquido pode alimentar um eva- termodinamica 07.indd 333 333 porador rápido (flash) e, assim, é possível obter líquido e vapor saturados em equilíbrio a uma pressão mais baixa (P2). O vapor obtido no evaporador rápido pode ser encaminhado a uma turbina a vapor d’água que apresenta pressão de descarga igual a 10 kPa (P3). Admita que a operação da turbina seja adiabática e reversível. Como varia o trabalho produzido pela turbina, por quilograma de massa de água introduzido no evaporador, em função do valor da pressão P2? 7.187 Procure informações sobre os tipos de turbocompressores disponíveis para motores automotivos. Verifique quais são as pressões na descarga dos compressores, as características operacionais dos que operam com resfriadores intermediários e analise os valores fornecidos para a potência consumida no compressor e a vazão de ar fornecida ao motor. Estime, também, a eficiência isotrópica dos componentes do equipamento. 15/10/14 15:09 334 termodinamica 07.indd 334 Fundamentos da Termodinâmica 15/10/14 15:09 Exergia Exergia 335 8 Os capítulos anteriores apresentaram o conjunto básico de leis gerais para um volume de controle e o aplicou a problemas das ciências térmicas envolvendo processos de acúmulo de energia e transferência de energia por escoamento de massa (fluido) ou na forma de transferência de trabalho e calor. Agora nos dedicaremos à primeira extensão desses princípios, adicionando considerações sobre processos e características dos sistemas baseadas no uso avançado das equações da energia e da entropia. O que desejamos saber são os limites gerais para operação de sistemas e dispositivos, de forma que possamos projetá-los com uma ótima eficiência com uso mínimo de recursos para realizar uma determinada tarefa. 8.1 EXERGIA, TRABALHO REVERSÍVEL E IRREVERSIBILIDADE Apresentamos o trabalho de fronteira reversível para um sistema no Capítulo 6 e o trabalho de eixo reversível de escoamento simples no Capítulo 7. Um tipo de comparação diferente com relação a um dispositivo reversível foi realizado com a eficiência apresentada para dispositivos simples, como uma turbina, compressor ou bocal. Essa eficiência comparava o resultado desejado de um dispositivo real com o de um dispositivo similar reversível, e o resultado era medido em termos da propriedade energia. Agora, desenvolveremos um conceito geral para usar na avaliação de sistemas e dispositivos reais. Antes de entrarmos na análise específica, definiremos o conceito em palavras e estudaremos situações simples nas quais poderemos avaliá-lo. O conceito de exergia é definido como o trabalho que pode ser extraído de um dado arranjo físico, quando é permitido interagir com a vizinhança circundante e as propriedades do estado final do processo sejam P0, T0. F = Wextraído, dado P0 e T0 ambientes O conceito é bem próximo do trabalho reversível, conforme ilustraremos com alguns exemplos. Mais adiante, neste mesmo capítulo, apresentaremos uma definição mais precisa da propriedade exergia. termodinamica 08.indd 335 15/10/14 15:12 336 Fundamentos da Termodinâmica Iniciaremos com a situação simples mostrada na Figura 8.1a, na qual há uma fonte de energia Q na forma de transferência de calor, a partir de um reservatório muito grande e, por isso, de temperatura constante. Quanto trabalho é possível extrair desse sistema? Da descrição no Capítulo 5 e discussão no Capítulo 6, sabemos que o máximo trabalho extraído é obtido com um motor térmico reversível. Como a ele é permitido interagir com a vizinhança, vamos considerar a vizinhança como sendo o outro reservatório térmico, à temperatura constante T0. Como ambos os reservatórios estão a temperaturas constantes, a máquina térmica deve operar necessariamente em um ciclo de Carnot e, portanto, podemos obter o calor da seguinte forma Energia: Wrev Entropia: 0= Q T M.T. − = Q − Q0 Q0 T0 de forma que ⎛ T ⎞ ΦQT = Wrev M.T. = Q ⎜1− 0 ⎟ ⎝ T ⎠ (8.1) Apenas uma fração do calor transferido pode ser disponibilizada como trabalho e essa fração é o valor exergético de Q, que é igual à eficiência da máquina térmica de Carnot multiplicada por Q. A divisão da energia total é ilustrada no diagrama T-S da Figura 8.2 com a área total hachurada representando Q. A parte de Q que está abaixo de T0 não pode ser convertida em trabalho pela máquina térmica e deve ser descartada como a parte não disponível de Q. Reservatório a T Q Reservatório a T S = Figura 8.1 Ambiente a T0 (b) Fonte de energia à temperatura constante. termodinamica 08.indd 336 δ Qrev T = Q0 T0 (8.2) Substituindo na primeira lei, temos: FQT = Wrev/M.T. = Q – T0 DS (8.3) Note na expressão anterior que a quantidade ∆S não inclui a convenção padrão de sinal. Ela corresponde à quantidade de variação de entropia mostrada na Figura 8.3b. A Equação 8.2 especifica a porção disponível da quantidade Q. A porção não disponível para a produção de trabalho nessa circunstância é aquela abaixo de T0 na Figura 8.3b. Nos parágrafos anteriores, examinamos uma máquina térmica cíclica reversível recebendo energia de diferentes fontes. Agora analisaremos processos reais irreversíveis ocorrendo em um volume de controle genérico. Considere o volume de controle real mostrado na Figura 8.4 com transferências de massa e energia, incluindo efeitos de acúmulo. Para esse volume de controle, a equação da continuidade é a Equação 4.1 e as equações da energia e entropia são obtidas das Equações 4.7 e 7.2, respectivamente: T Wrev M.T. Energia disponível T0 Energia indisponível Q0 (a) ∫ T Q Máquina térmica cíclica Consideremos a mesma situação, exceto que a transferência de calor Q ocorre de uma fonte com pressão constante, por exemplo, um trocador de calor simples como aquele mostrado na Figura 8.3a. O ciclo de Carnot agora precisa ser substituído por uma sequência de máquinas equivalentes, resultando na nova distribuição de energia ilustrada na Figura 8.3b. A única diferença entre o primeiro e o segundo exemplos é que o segundo inclui uma integral, que corresponde a ∆S. S Figura 8.2 Diagrama T-S para uma fonte de energia à temperatura constante. 15/10/14 15:12 Exergia zado por comparação com um volume de controle similar, mas que inclua apenas processos reversíveis, que seria o equivalente ideal do volume de controle real. O volume de controle ideal é idêntico ao volume de controle real em tantos aspectos quanto os possíveis. Ele tem o mesmo efeito de acúmulo ao longo do tempo (lado esquerdo das · equações), as mesmas transferências de calor Qj à Tj nos mesmos estados, de forma que os quatro primeiros termos nas Equações 8.5 e 8.6 são os mesmos. O que é diferente? Como ele deve ser reversível (ideal), o termo de geração de entropia deve ser zero, enquanto que o mesmo termo de geração na Equação 8.6 para o caso real é positivo. (a) Entrada Trocador de calor de fluido Saída de fluido Q W Q0 (b) T0 T o ssã Pre e nt sta n co Energia disponível T0 Energia indisponível S Figura 8.3 Fonte de energia com temperatura variável. dm v.c. dt dE v.c. e −∑ m s = ∑m (8.4) e htot e − ∑ m s htot s − W v.c. real = ∑ Q j + ∑ m dt (8.5) dS v.c. dt =∑ Q j Tj e se − ∑ m s ss − sger real (8.6) +∑ m Desejamos estabelecer uma medida quantitativa, em termos de energia, da extensão ou grau de irreversibilidade do processo real. Isto é realim· e m· s V. C. dm v.c. ; dt Tj · Real dEv.c. dS v.c. ; dt dt · Sger real Ambiente T0 · Wreal Qj Figura 8.4 Um volume de controle real, incluindo processos ir­rever­síveis. termodinamica 08.indd 337 337 O último termo na Equação 8.6 é substituído por um fluxo positivo reversível de S e, como o único processo reversível que pode aumentar a entropia é o recebimento de calor pelo volume de controle, permitiremos que isso ocorra na forma · de transferência de calor Q0rev à temperatura T0. Essa transferência de calor deve estar presente também na equação da energia para o volume de controle ideal, juntamente com um termo de trabalho reversível, ambos substituindo o termo de trabalho real. Comparando somente os últimos termos das Equações 8.5 e 8.6, para o volume de controle real, com a parte análoga das equações para o volume de controle ideal, resulta: Termos para o V.C. real Termos para o V.C. ideal Q rev S ger real = 0 T0 (8.7) −W v.c. real = Q 0rev − W rev (8.8) Da igualdade da geração de entropia com o fluxo de entropia na Equação 8.7, obtemos: Q 0rev = T0 S ger real (8.9) E o trabalho reversível da Equação 8.8, torna-se: W rev = W v.c. real + Q 0rev (8.10) Observe que o volume de controle ideal tem transferência de calor do ambiente mesmo que o volume de controle real seja adiabático, e somente se o processo do volume de controle real for reversível essa transferência de calor será nula e os dois volumes de controle idênticos. 15/10/14 15:12 338 Fundamentos da Termodinâmica Para visualizar o trabalho reversível como resultado de todas as vazões e fluxos no volume de controle real, isolamos a taxa de geração de entropia na Equação 8.6, a substituímos na Equação 8.9 e inserimos o resultado na Equação 8.10. O trabalho real é encontrado a partir da equação da energia, Equação 8.5, e substituído na Equação 8.10, proporcionando o resultado final para o trabalho reversível. Seguindo essa sequência, temos: W! rev = W! v.c. real + Q! 0rev dE ! e htot e − ∑ m ! s htot s − v.c. = ∑ Q! j + ∑ m dt ⎤ ⎡ dS Q! ! e se + ∑ m ! s ss ⎥ + T0 ⎢ v.c. − ∑ j −∑ m ⎥⎦ ⎢⎣ dt Tj Combinando termos similares e rearranjando: ⎛ T ⎞ W! rev = ∑⎜⎜1− 0 ⎟⎟ Q! j ⎝ Tj ⎠ ! e ( htot e − T0 se ) − ∑ m ! s ( htot s − T0 ss ) + ∑m ⎡ dE dS ⎤ − ⎢ v.c. − T0 v.c. ⎥ ⎣ dt dt ⎦ (8.11) As contribuições das transferências de calor parecem ser independentes, cada uma produzindo trabalho como se a transferência de calor fluísse para uma máquina de Carnot com temperatura de fonte fria T0. Cada vazão faz uma contribuição singular e o efeito de acúmulo está descrito no último parêntesis. Esse resultado representa o limite superior teórico da taxa de trabalho que pode ser produzida por um volume de controle genérico, e pode ser comparado ao trabalho real e, assim, proporcionar uma medida a partir da qual os sistemas com volumes de controle reais podem ser avaliados. A diferença entre esse trabalho reversível e o · trabalho real é chamada irreversibilidade I , conforme expresso na Equação 8.12 I = W rev − W v.c. real I = W rev − W v.c. real = Q 0rev = T0 S ger real (8.13) Da expressão nota-se que a irreversibilidade é diretamente proporcional à geração de entropia, mas é expressa em unidades de energia e isso exige uma temperatura fixa e conhecida de referência T0 para que possa ser útil em qualquer situação. Note que o trabalho reversível é maior que o trabalho real, a diferença sendo a irreversibilidade (positiva). Se o dispositivo for semelhante a uma turbina ou se o trabalho de expansão ocorrer no cilindro de um motor, o trabalho real cedido às vizinhanças seria positivo e o trabalho reversível maior nessas condições, de forma que mais trabalho poderia ser produzido em um processo reversível. Por outro lado, se o dispositivo absorver trabalho de entrada, como no caso de uma bomba ou compressor, o trabalho real é negativo, permitindo ao trabalho reversível assumir valor mais próximo de zero, portanto, o dispositivo reversível requer menos entrada de trabalho. Essas condições estão ilustradas na Figura 8.5, com o trabalho real positivo representado no caso 1 e trabalho real negativo no caso 2. Os exemplos subsequentes ilustrarão os conceitos de trabalho reversível e irreversibilidade para os casos simplificados de processos em regime permanente, processos de sistema e processos transientes. · W + · rev · W1 I1 · Wreal,1 0 (8.12) e, como isso, representa a diferença entre aquilo que é teoricamente possível e o que é realmente produzido, é também denominado trabalho perdido. Observe, no entanto, que a energia não é perdida. A energia é conservada; o que é perdida é a oportunidade de converter alguma outra forma termodinamica 08.indd 338 de energia em trabalho. Podemos também expressar a irreversibilidade de outra forma, usando as Equações 8.9 e 8.10: · I2 · rev W2 · Wreal, 2 − Figura 8.5 Taxas de trabalho real e reversível. 15/10/14 15:12 Exergia Processos em Regime Permanente Considere agora um dispositivo permanente com escoamento simples típico, envolvendo transferência de calor e trabalho real. Para um escoamento simples, a equação da continuidade simplifica-se para representar a igualdade entre as vazões mássicas entrando e saindo do volume de controle (lembre-se da Equação 4.11). Para o caso em análise o trabalho reversível na Equação 8.11 é dividido pela vazão e massa, resultando em trabalho específico reversível: ⎛ ⎞ ! rev = ⎜1− T0 ⎟ q + wrev = w ! ∑⎜ ⎟ j m ⎝ Tj ⎠ 339 e, para regime permanente, o último termo da Equação 8.11 se anula. Para esses casos a irreversibilidade, nas Equações 8.12 e 8.13, é expressa como uma irreversibilidade específica: ! rev rev i= I m ! = w − wvc real = q0 = T0 sger real ⎡ (8.15) q ⎤ = T0 ⎢ss − se − ∑ j ⎥ ⎢⎣ Tj ⎥⎦ Os exemplos a seguir ilustrarão o trabalho reversível e a irreversibilidade para um trocador de calor e um compressor envolvendo perda de calor. (8.14) + ( htot e − T0 se ) − ( htot s − T0 ss ) EXEMPLO 8.1 Um aquecedor de alimentação recebe uma vazão de água de 5 kg/s, a 5 MPa e 40 °C, que é aquecida a partir de duas fontes, conforme mostra a Figura 8.6. Uma das fontes adiciona 900 kW a partir de um reservatório a 100 °C e a outra fonte transfere calor a partir de um reservatório a 200 °C, de forma que a água de saída tem propriedades 5 MPa e 180 °C. Determine os valores do trabalho reversível e da irreversibilidade. Volume de controle: Aquecedor de alimentação estendendo-se aos dois reservatórios. Estado de entrada: Pe e Te conhecidas; estado determinado. Estado de saída: Ps e Ts conhecidas; estado determinado. Processo: Adição de calor a pressão constante, sem mudança na energia cinética ou potencial. Modelo: Tabelas de vapor. O trabalho reversível para a mudança de estado descrita é dado pela Equação 8.14, com as transferências de calor q1 a partir do reservatório T1 e q2 a partir do reservatório T2 ⎛ T ⎞ ⎛ T ⎞ wrev = T0 ( ss − se ) − ( hs − he ) + q1 ⎜⎜1− 0 ⎟⎟ + q2 ⎜⎜1− 0 ⎟⎟ ⎝ T1 ⎠ ⎝ T2 ⎠ A partir da Equação 8.15, como o trabalho real é nulo, temos i = wrev – w = wrev Solução: Obtemos as propriedades dos estados de entrada e saídas a partir das tabelas de vapor he = 171,95 kJ/kg se = 0,5705 kJ/kgK hs = 765,24 kJ/kg ss = 2,1341 kJ/kgK Análise: O volume de controle descrito possui uma única entrada e saída, com duas transferências de calor provenientes de reservatórios em condições distintas da vizinhança circundante. Não há troca de calor ou trabalho real com a vizinhança, que está a 25 °C. Para o aquecedor de alimentação real, a equação da energia se torna T1 e T2 · Q1 · Q2 s T0 FIGURA 8.6 O aquecedor de alimentação do Problema 8.1. he + q1 + q2 = hs termodinamica 08.indd 339 15/10/14 15:12 340 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 8.1 (continuação) A segunda transferência de calor pode ser quantificada a partir da equação da energia q2 = hs – he – q1 = 765,24 – 171,95 – 900/5 = = 413,29 kJ/kg ⎛ T ⎞ ⎛ T ⎞ wrev = T0 ( ss − se ) − ( hs − he ) + q1 ⎜⎜1− 0 ⎟⎟ + q2 ⎜⎜1− 0 ⎟⎟ ⎝ T1 ⎠ ⎝ T2 ⎠ = 298,2 ( 2,1341− 0,5705) − (765,24 −171,95) ⎛ 298,2 ⎞ ⎛ 298,2 ⎞ + 180 ⎜1− ⎟+ 413,29 ⎜1− ⎟ ⎝ 373,2 ⎠ ⎝ 473,2 ⎠ = 466,27 − 593,29 + 36,17 +152,84 = 62,0 kJ/kg O trabalho reversível é ⎛ T ⎞ ⎛ T ⎞ wrev = T0 ( ss − se ) − ( hs − he ) + q1 ⎜⎜1− 0 ⎟⎟ + q2 ⎜⎜1− 0 ⎟⎟ ⎝ T1 ⎠ ⎝ T2 ⎠ A irreversibilidade é i = wrev = 62,0 kJ/kg = 298,2 ( 2,1341− 0,5705) − (765,24 −171,95) ⎛ 298,2 ⎞ ⎛ 298,2 ⎞ + 180 ⎜1− ⎟+ 413,29 ⎜1− ⎟ ⎝ 373,2 ⎝ 473,2 ⎠ EXEMPLO 8.2 ⎠ = 466,27um − 593,29 + 36,17de +152,84 62,0 kJ/kg Considere compressor ar que=recebe ar ambiente a 100 kPa e 25 °C. Ele comprime o ar a uma pressão de 1 MPa e o libera à temperatura de 540 K. Como o ar liberado e a carcaça do compressor ficam mais quentes que a vizinhança circundante, o equipamento perde 50 kJ por quilograma de ar que é processado nele. Determine o trabalho reversível e a irreversibilidade no processo. Volume de controle: Compressor de ar. Esquema: Figura 8.7. Estado de entrada: Pe e Te conhecidas; estado determinado. Estado de saída: Ps e Ts conhecidas; estado determinado. Processo: compressão não adiabática, sem mudança na energia cinética ou potencial. Modelo: Gás ideal. Análise: Esse processo, em regime permanente, tem apenas uma entrada e uma saída de vazão, portanto, todas as quantidades são determinadas com base na massa, como quantidades específicas. Das tabelas de gás ideal para o ar obtemos he = 298,6 kJ/kg s0Te = 6,8631 kJ/kgK hs = 544,7 kJ/kg s0Te = 7,4664 kJ/kgK A equação da energia para o compressor real permite avaliar o trabalho como q = – 50 kJ/kg w = he – hs + q = 298,6 – 544,7 – 50 = = – 296,1 kJ/kg O trabalho reversível para a mudança de estado descrita é dado pela Equação 8.14, com Tj = T0 ⎛ T ⎞ wrev = T0 ( ss − se ) − ( hs − he ) + q ⎜⎜1− 0 ⎟⎟ ⎝ TH ⎠ = 298,2 (7,4664 − 6,8631− 0,287 ln 10) − − (544,7 − 298,6) + 0 = −17,2 − 246,1 = −263,3 kJ/kg Da Equação 8.15, obtemos i = wrev – wreal = = – 263,3 – (– 296,1) = = 32,8 kJ/kg · –Qv.c. · –Wv.c. s e FIGURA 8.7 Ilustração para o Exemplo 8.2. termodinamica 08.indd 340 15/10/14 15:12 341 Exergia A expressão para o trabalho reversível inclui as energias cinética e potencial na entalpia total, para os termos de vazão. Em muitos dispositivos esses termos são desprezíveis, de forma que a entalpia total se reduz à propriedade termodinâmica entalpia. No entanto, há dispositivos como bocais e difusores para os quais o termo cinético é importante e, ainda, dispositivos com tubos longos e escoamentos em canais, que passam por diferentes cotas e para os quais a energia potencial se torna importante e deve ser incluída na formulação. Há também processos em regime permanente que envolvem a entrada ou saída de mais de uma vazão de fluido. Em tais casos é necessário usar a expressão original para a taxa de trabalho, Equação 8.11, desprezando-se apenas o último termo. que mostra os efeitos de trocas de calor e mudanças de acúmulo. Na maioria das aplicações, analisamos processos que levam o sistema de um estado inicial 1 para um estado final 2, de forma que a Equação 8.16 é integrada e resulta em: ⎛ T ⎞ rev W = ∑⎜⎜1− T0 ⎟⎟1Q2 j − ⎡⎣ E2 − E1 − T0 ( S2 − S1 )⎤⎦ 1 2 j ⎠ ⎝ (8.17) De forma análoga, a irreversibilidade na forma da Equação 8.13, integrada ao longo do tempo, se torna: 1 I2 = 1W2 rev −1 W2 real = T0 1 S2 ger real = T0 ( S2 − S1 ) − ∑ O Processo para Sistema Na abordagem de sistema não há escoamento de massa para dentro ou para fora, de forma que o trabalho reversível é simplificado para a expressão a seguir W! rev ⎛ T ⎞ ⎡ dE dS ⎤ = ∑⎜⎜1− 0 ⎟⎟ Q! j − ⎢ v.c. − T0 v.c. ⎥ ⎣ dt dt ⎦ ⎝ Tj ⎠ (8.16) T0 Tj (8.18) 1 Q2 j onde a última igualdade substituiu o termo de geração de entropia pela forma como aparece na equação da entropia, Equação 8.6, integrada no tempo. Para muitos processos, conforme foi mencionado, a variação das energias E2 – E1, na Equação 8.17, pode ser resumida apenas à variação da energia interna U2 – U1, nesses casos. EXEMPLO 8.3 Um tanque rígido isolado é dividido em duas partes A e B, por um diafragma. Cada parte tem um volume de 1 m3. No instante inicial, a parte A contém água a temperatura ambiente, 20 °C, com um título de 50%, e a parte B está evacuada. A seguir, o diafragma se rompe e a água preenche o volume total. Determine o trabalho reversível para essa mudança de estado e a irreversibilidade do processo. Sistema: Água. Estado inicial: T1 e x1 conhecidos; estado determinado. Estado final: V2 conhecido. Processo: Adiabático, sem mudança de energia cinética ou potencial. Modelo: Tabelas de vapor. termodinamica 08.indd 341 Análise: Há um movimento de fronteira para a água, mas como ele ocorre sem resistência, nenhum trabalho é realizado. Portanto, a primeira lei se reduz a m(u2 – u1) = 0 Da Equação 8.17, sem mudança na energia interna e sem transferência de calor rev 1W 2 = T0(S2 – S1) = Tm0 (s2 – s1) Da Equação 8.18 1I 2 = 1W2rev – 1W2 = 1W2rev 15/10/14 15:12 342 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 8.3 (continuação) Solução: A partir das tabelas de vapor para o estado 1 u1 = 1 243,45 kJ/kg v1 = 28,895 m3/kg s1 = 4,4819 kJ/kgK Portanto v2 = V2/m = 2 × v1 = 57,79 m3/kg u2 = u1 = 1243,5 kJ/kg v2 e u2, determinam o estado 2. A temperatura final T2 deve ser encontrada por tentativa e erro nas tabelas de vapor. Para T2 = 5 °C e v2 ⇒ x = 0,3928, u = 948,5 kJ/kg O Processo Transiente O processo transiente apresenta uma mudança no volume de controle entre os estados 1 e 2, da mesma forma que para um sistema, mas com possível vazão mássica na entrada, no estado de entrada e/ou vazão mássica na saída, no estado de saída. As equações de taxas instantâneas de trabalho (Equação 8.11) e de irreversibilidade (Equação 8.13) são integradas no tempo para proporcionar A interpolação final para u resulta em uma temperatura de 9 °C. Se o aplicativo computacional disponível no site da editora for usado, o estado final será determinado por T2 = 9,1 °C x2 = 0,513 s2 = 4,644 kJ/kgK Como o trabalho real é zero, temos 1I 2 = 1W2rev = T0(V1/v1)(s2 – s1) = 293,2(1/28,895)(4,644 – 4,4819) = 1,645 k QUESTÕES CONCEITUAIS a. A transferência de energia na forma de transferência de calor pode estar 100% disponível? b. O trabalho elétrico é 100% disponível? c. Um bocal não envolve nenhum tipo de trabalho real; nesse caso, como deve ser interpretado o trabalho reversível? d. Se um processo real, em um volume de controle, é reversível, o que você pode dizer sobre o termo do trabalho? ⎛ T ⎞ rev W = ∑⎜⎜1− T0 ⎟⎟ 1 Q2 j + 1 2 j ⎠ ⎝ + ∑ me ( htot e − T0 se ) − ∑ ms ( htot s − T0 ss ) − ⎡⎣ m2e 2 −m1e 1 −T0 ( m2 s 2 −m1s 1 )⎤⎦ (8.19) 1 I2 Para T2 = 10 °C e v2 ⇒ x = 0,5433, u = 1 317 kJ/kg e. A entropia pode mudar durante um processo reversível realizado por um volume de controle? = 1W2rev − 1W2 real = T0 1 S2 ger real ⎡ = T0 ⎢( m2 s 2 −m1s 1 ) + ∑ ms s s − (8.20) ⎢⎣ − ∑ me s e −∑ 1 Tj ⎤ 1 Q2 j ⎥ ⎦ onde a última expressão substitui o termo de geração de entropia (integrado no tempo) pela forma como aparece na equação da entropia, Equação 8.6. termodinamica 08.indd 342 15/10/14 15:12 343 Exergia EXEMPLO 8.4 Um tanque rígido de 1 m3, ilustrado na Figura 8.8, contém amônia a 200 kPa, à temperatura ambiente de 20 °C. O tanque está conectado a uma linha por meio de uma válvula, por onde flui amônia líquida saturada a –10 °C. A válvula é aberta e o tanque é carregado rapidamente até que o escoamento pare de fluir e então a válvula seja fechada. Como o processo ocorre muito rapidamente, não há transferência de calor. Determine a massa final no tanque e a irreversibilidade no processo. Portanto, a massa inicial é Volume de controle: Tanque e válvula. Estado inicial: T1 e P1 conhecidos; estado determinado. Estado de entrada: T1 e x1 conhecidos; estado determinado. Estado final: P2 = Plinha, conhecida. Processo: Adiabático, sem mudança de energia cinética ou potencial. Modelo: Tabelas de amônia. u2 > he e o estado, portanto, é bifásico ou de vapor superaquecido. Vamos adotar inicialmente o estado como bifásico, resultando em m1 = V/v1 = 1/0,6995 = 1,4296 kg O enunciado especifica apenas a pressão final, então necessitamos de mais uma propriedade. As incógnitas na equação da energia são a massa final e a energia interna. Como necessitamos especificar apenas mais uma propriedade para definir o estado de saída, as duas quantidades não são independentes. Da equação da energia, temos: m2 (u2 – he) = m1 (u1 – he) m2 = V/v2 = 1/(0,001 534 + x2 × 0,416 84) = 133,964 + x2 × 1 175,257 de forma que a equação da energia fica 133,964 + x2 × 1175,257 − 134,41 0,001 534 + x2 × 0,041 684 Análise: Como a pressão da linha é maior que a pressão inicial dentro do tanque, a vazão ocorrerá no sentido do tanque e cessará somente quando a pressão interna aumentar até o nível da pressão da linha. As equações de continuidade, energia e entropia, são m2 – m1 = me m2u2 – m1u1 = mehe = (m2 – m1)he m2s2 – m1s1 = mese + 1S2, ger onde as energias cinética e potencial são zero, para os estados inicial e final, e foram desprezadas na vazão de entrada. = = 1,4296 (1369,5 − 134,41) = 1765,67 kJ Esta equação é resolvida para o título (segunda propriedade) e a partir da fixação do estado se obtêm as demais propriedades x2 = 0,007 182 x2 = 0,004 5276 m3/kg x2 = 0,5762 kJ/kgK Agora, poderemos encontrar a massa final e a irreversibilidade m2 = V/v2 = 1/0,004 5276 = 220,87 kg 1S2, ger = m2s2 – m1s1 – mese = = 127,265 – 8,473 – 118,673 = 0,119 kJ/k IV.C. = T0 1S2 ger = 293,15 × 0,119 = 34,885 kJ Solução: A partir das tabelas de amônia, as propriedades para o estado inicial e linha de amônia, são v1 = 0,6995 m3/kg u1 = 1 369,5 kJ/kg s1 =5,927 kJ/kgK he = 134,41 kJ/kg se = 0,5408 kJ/kgK termodinamica 08.indd 343 Tanque Linha de suprimento de amônia FIGURA 8.8 Tanque e linha de amônia para o Exemplo 8.4. 15/10/14 15:12 344 Fundamentos da Termodinâmica 8.2 EXERGIA E EFICIÊNCIA BASEADA NA SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA Qual é o máximo trabalho reversível que pode ser realizado por uma determinada massa em um dado estado? Na seção anterior, desenvolvemos expressões para o trabalho reversível que pode ser realizado por uma massa ou volume de controle, quando mudam de estado e estão sujeitos a tipos específicos de processos. Para um caso qualquer dado, que estado final retornará o máximo trabalho reversível? A resposta a esta pergunta é que, para qualquer tipo de processo, quando a massa converge ao equilíbrio com o ambiente, nenhuma mudança de estado adicional espontânea ocorrerá e a massa será incapaz de realizar qualquer trabalho. Portanto, se uma massa em um dado estado for submetida a um processo completamente reversível até que atinja o estado no qual estará em equilíbrio com o ambiente, ela terá realizado o máximo trabalho reversível. Nesse caso, nos referimos à exergia no estado original, em termos do potencial que a massa tem para realizar o máximo trabalho possível. Se um sistema estiver em equilíbrio com seu entorno, certamente terá de estar em equilíbrio térmico e de pressão com esse entorno, ou seja, deve estar à temperatura T0 e pressão P0. Ele também deve estar em equilíbrio químico com o entorno, o que implica que não ocorrerão mais reações químicas. O equilíbrio com o entorno também demanda que o sistema tenha velocidade relativa nula e energia potencial mínima. Requisitos similares podem ser estabelecidos acerca de efeitos elétricos e de superfície, se eles forem relevantes para o problema em estudo. As mesmas observações gerais podem ser feitas sobre uma quantidade de massa que realiza um processo em regime permanente. Com um dado estado para a massa que adentra o volume de controle, o trabalho reversível será máximo quando a massa deixar o volume de controle em equilíbrio com o ambiente circundante. Isso significa que, à medida que a massa deixa o volume de controle, ela precisa estar na temperatura e pressão do entorno, em equilíbrio químico, e ter energia potencial mínima, além de velocidade relativa nula (a massa deixando o volume de controle deve ter termodinamica 08.indd 344 necessariamente alguma velocidade relativa, mas pode-se fazer com que a diferença tenda a zero). Vamos considerar a exergia a partir de diferentes tipos de processos e situações que podem ocorrer, e vamos iniciar a análise com a expressão para o trabalho reversível da Equação 8.11. Naquela expressão distinguimos contribuições separadas para os trabalhos reversíveis, provenientes da transferência de calor, vazões de massa e do efeito de acúmulo que refletem as mudanças do estado da substância dentro do volume de controle. Agora, mediremos a exergia como o máximo trabalho que podemos obter com relação ao entorno circundante. Iniciando pela transferência de calor, vemos que as contribuições para o trabalho reversível desses termos com relação à vizinhança, a T0, são: ⎛ T ⎞ φ!q = ∑⎜⎜1− 0 ⎟⎟ Q! j ⎝ Tj ⎠ (8.21) que é o resultado encontrado na Equação 8.1. Essa · grandeza agora será denominada taxa de fq, e representa o trabalho reversível que pode ser extraído de trocas térmicas e, como tal, esse é o valor de trocas térmicas expressado em trabalho. Observamos que se as trocas térmicas ocorrerem a uma temperatura mais alta Tj, o seu valor (exergia) aumenta e poderíamos extrair uma fração mais alta das trocas térmicas na forma de trabalho. Isto é, algumas vezes denominado troca térmica de melhor qualidade. Um limite ocorre a uma Tj → ∞, quando a transferência de calor é 100% exergia, enquanto outro limite ocorre Tj = T0, para o qual a transferência de calor possui exergia nula. Mudando o foco de atenção para as vazões de massa e a exergia associada a esses termos, seria desejável expressar a exergia para cada vazão separadamente e usar a vizinhança externa como referência para a energia térmica, cinética e potencial. Ter uma vazão, em algum estado, que realize um processo reversível, resultará na extração do máximo trabalho possível quando o fluido sair em equilíbrio com a vizinhança externa. O fluido estará em equilíbrio com a vizinhança quando ele se aproximar do estado morto, T = T0 e P = P0, velocidade relativa nula e cota de referência Z0 (normalmente, zero ao nível padrão do mar). Supondo que esse seja o caso, um escoamento sim- 15/10/14 15:12 345 Exergia ples, para dentro de um volume de controle sem transferência de calor e com um estado de saída que coincida com o estado morto, resulta em um trabalho reversível e específico dado pela Equação 8.14, com símbolo y representando a exergia do escoamento da seguinte forma (8.22) onde desmembramos a entalpia total para mostrar os termos de energia cinética e potencial explicitamente. Uma vazão no estado morto ambiente, portanto, possui exergia nula, enquanto a maioria das vazões possuem estados diferentes ao entrar e sair. Uma vazão simples (única) e permanente possui os seguintes termos de exergia ψe − ψs = ⎡⎣( htot e − T0 se ) − ( h0 − T0 s0 + gZ0 )⎤⎦ − ⎡⎣( htot s − T0 ss ) − ( h0 − T0 s0 + gZ0 )⎤⎦ = = ( htot e − T0 se ) − ( htot s − T0 ss ) (8.23) de forma que o deslocamento da constante desaparece quando examinamos diferenças em exergias. A última expressão, para a variação de exergia, é idêntica aos dois termos na Equação 8.14 para o trabalho reversível, e nos permite ver que o trabalho reversível de um escoamento simples em regime permanente é igual à redução de exergia do escoamento. O trabalho reversível do efeito de acúmulo em razão da mudança de estado no volume de controle, também pode ser usado para se obter uma exergia. Nesse caso, o volume pode mudar, trocando algum trabalho com o ambiente, que não se torna disponível na forma de trabalho útil. Come· çando da forma de taxa, em que temos a taxa V, o trabalho realizado sobre o meio é: W viz = P0V (8.24) de forma que a máxima taxa de trabalho disponível dos termos de acúmulo na Equação 8.11 se torna max rev = W! acúmulo − W! meio W! disp ⎡ dE dS ⎤ = −⎢ vc − T0 vc ⎥ − P0V! (8.25) ⎣ dt dt ⎦ termodinamica 08.indd 345 Φ = −⎡⎣ E0 − E − T0 ( S0 − S) + P0 (V0 − V )⎤⎦ = = ( E − T0 S) − ( E0 − T0 S0 ) + P0 (V − V0 ) ψ = ( htot − T0 s) − ( htot 0 − T0 s0 ) = ⎛ ⎞ 1 = ⎜ h − T0 s + V 2 + gZ ⎟ − ( h0 − T0 s0 + gZ0 ) ⎝ ⎠ 2 Integrando essa expressão de um determinado estado inicial até o estado final (coincidente com o estado morto do ambiente circundante), obtém-se a exergia na seguinte forma, Φv.c. = dEv.c. dt − T0 dSv.c. dt + P0V! (8.26) que permite concluir que a máxima taxa de trabalho disponível, Equação 8.25, é o negativo da taxa de mudança da exergia armazenada, Equação 8.26. Para um sistema a energia específica torna-se, após dividir pela massa m, f = (e – T0s + P0v) – (e0 – T0s0 + P0v0)(8.27) De forma análoga ao que fizemos para os termos de vazão, é comum olharmos para as diferenças entre dois estados, f2 – f1 = (e2 – T0s2 + P0v2) – (e1 – T0s1 + P0v1) (8.28) o que cancela o desvio da constante (o último parêntesis da Equação 8.27 é somado com seu negativo, resultando em zero). Agora que desenvolvemos expressões para a exergia associada com os diferentes termos de energia, podemos escrever a expressão final para a relação entre a taxa real de trabalho, a taxa de trabalho reversível e as várias exergias. O trabalho reversível da Equação 8.11, com os termos da direita expressos pelas suas exergias, torna-se +∑m + P V (8.29) eψ e − ∑ m sψ s − Φ W rev = Φ q v.c. 0 e, então, o trabalho real das Equações 8.9 e 8.10, torna-se W v.c. real = W rev − Q 0 rev = W rev − I (8.30) Desta última expressão notamos que a irreversibilidade destrói parte do trabalho potencial dos diversos tipos de exergia expressos na Equação 8.29. Essas duas equações podem, então, ser escritas para todos os casos especiais que consideramos antes, como o processo do sistema, o escoamento simples permanente e o processo transiente. 15/10/14 15:12 346 Fundamentos da Termodinâmica Quanto menor a irreversibilidade associada a uma dada mudança de estado, maior será a quantidade de trabalho realizada (ou menor a quantidade de trabalho que será requerida). Esta relação é relevante por pelo menos dois motivos. O primeiro é que exergia é um dos nossos recursos naturais. Essa exergia é encontrada na forma de reservas de petróleo, carvão e urânio. Suponha que desejamos cumprir um dado objetivo, que demande certa quantidade de trabalho. Se esse trabalho for produzido reversivelmente a partir de uma das nossas reservas de exergia, a redução na exergia será exatamente igual ao trabalho reversível. No entanto, como há irreversibilidades ao produzir de fato essa quantidade de trabalho requerida, o trabalho real será inferior ao trabalho reversível, e a redução na exergia será maior (da mesma medida da irreversibilidade) do que se o trabalho tivesse sido produzido reversivelmente. Assim, quanto mais irreversibilidades houver nos nossos processos, maior será o decréscimo nas nossas reservas de exergia1. A conservação e uso efetivo dessa exergia é uma importante responsabilidade de todos nós. A segunda razão pela qual é desejável cumprir um dado objetivo com a menor irreversibilidade possível é de cunho econômico. Trabalho custa dinheiro e, em muitos casos, um dado objetivo pode ser cumprido a um menor custo quando a irreversibilidade é menor. Deve-se notar, no entanto, que muitos fatores concorrem na formação do custo total de realização de determinado objetivo e, frequentemente, se recorre a um processo de otimização que considera vários fatores para se encontrar o projeto mais econômico. Por exemplo, em um processo de transferência de calor, quanto menor a diferença de temperatura por meio da qual se dá a transferência, menor será a irreversibilidade. No entanto, para uma dada taxa de transferência de calor, uma pequena diferença de temperatura irá requerer um trocador de calor maior (e, portanto, mais caro). Todos esses fatores precisam ser considerados ao se desenvolver um projeto ótimo e mais econômico. Em muitas decisões de engenharia, outros fatores, como o impacto no meio ambiente (por e T PeTe s Pe e Wreal Turbina Ps es Ps Te e S Figura 8.9 Turbina irreversível. exemplo, poluição do ar e da água) e o impacto na sociedade precisam ser considerados ao se desenvolver o projeto ótimo. Com o aumento do uso da análise da exergia nos últimos anos, um termo denominado eficiência baseada na segunda lei tornou-se de uso comum. Esse termo refere-se à comparação do resultado desejado de um processo com o custo dos seus insumos, em termos de exergia. Para diferenciação bem clara, a eficiência isotrópica de uma turbina, definida na Equação 7.27 como o trabalho real resultante dividido pelo trabalho obtido para uma expansão isotrópica hipotética, do mesmo estado de entrada para a mesma pressão de saída, poderia perfeitamente ser chamada eficiência via primeira lei, na medida em que estabelece a comparação entre duas quantidades de energia. A eficiência via segunda lei, na forma que acabamos de descrever, seria o resultado real de trabalho da turbina dividido pelo decréscimo em exergia do mesmo estado de entrada para o mesmo estado de saída. Para a turbina mostrada na Figura 8.9, a eficiência baseada na segunda lei é ηseg. lei = wreal ψ e −ψ s (8.31) Sob esse prisma, o conceito nos proporciona uma avaliação ou medição do processo real em termos da mudança real do estado, constituindo-se mais uma forma conveniente de utilizar o conceito da exergia. De forma análoga, a eficiência baseada na segunda lei para uma bomba ou compressor é a razão entre o aumento de exergia e o trabalho recebido pelo dispositivo. 1 Em geral, sempre são feitas referências às nossas reservas energéticas. De um ponto de vista termodinâmico, reservas de disponibilidade seria um termo muito mais aceitável. Há muita energia na atmosfera e no oceano, mas relativamente pouca disponibilidade. termodinamica 08.indd 346 15/10/14 15:12 347 Exergia EXEMPLO 8.5 Uma turbina a vapor isolada (Figura 8.10) recebe 30 kg de vapor por segundo a 3 MPa, 350 °C. No ponto da turbina em que a pressão é 0,5 MPa, o vapor é sangrado para outro equipamento de processamento, a uma taxa de 5 kg/s. A temperatura do vapor é 200 °C. O restante do vapor deixa a turbina a 15 kPa e título de 90%. Determine a exergia por quilograma de vapor entrando e, nos dois pontos em que o vapor deixa a turbina, a eficiência isotrópica e a eficiência baseada na segunda lei para esse processo. Volume de controle: Turbina. Estado inicial: T1 e P1 conhecidos; estado determinado. Estado final: T2 e P2 conhecidos; P3 e x3 conhecidos, ambos os estados determinados. Processo: Regime permanente. Modelo: Tabelas de vapor. 30 kg/s 3 MPa, 350 °C 1 Superfície de controle Turbina Wv.c. 5 kg/s 0,5 MPa, 200 °C · 3 25 kg/s 15 kPa, título 90% 2 FIGURA 8.10 Esboço para o Exemplo 8.5. Análise: A exergia, em qualquer ponto para o vapor entrando ou saindo da turbina, é dada pela Equação 8.22 ψ = ( h − h0 ) − T0 ( s − s0 ) + V2 2 ( + g Z − Z0 ) Como não há mudanças na energia potencial e cinética, neste problema, essa equação se reduz a y = (h – h0) – T0(s – s0) Para a turbina ideal isotrópica 1h1 − m 2 h2 − m 3 h3 W s = m onde o subscrito s indica processo isotrópico na mudança de estado. Para a turbina real 1h1 − m 2 h2 − m 3 h3 W = m Solução: À pressão e temperatura da vizinhança circundante – 0,1 MPa e 25 °C – a água é um líquido ligeiramente comprimido e suas propriedades são essencialmente iguais àquelas da água saturada a 25 °C. h0 = 104,9 kJ/kg S0 = 0,3674 kJ/kgK Da equação 8.22 y 1 = (3 115,3 – 104,9) – 298,15(6,7428 – 0,3674) = 1 109,6 kJ/kg y 2 = (2 855,4 – 104,9) – 298,15(7,0592 – 0,3674) = 755,3 kJ/kg y 3 = (2 361,8 – 104,9) – 298,15(7,2831 – 0,3674) = 195,0 kJ/kg · m1y 1 = m·2y2 = m·3y 3 = 30(1 109,6) – 5(755,3) – 25(195,0) = 24 637 kW Para turbina ideal isotrópica s2s = 6,7428 = 1,8606 + x2s × 4,9606 x2s = 0,9842 kJ/kgK h2s = 640,2 + 0,9842 × 2108,5 = 2 715,4 kJ/kgK s3s = 6,7428 = 0,7549 + x3s × 7,2536 x3s = 0,8255 kJ/kgK h3s = 225,9 + 0,8255 – 2 373,1 = 2 184,9 kJ/kgK · W s = 30(3 115,3) – 5(2 715,4) – 25(2 184,9) = 25 260 kW termodinamica 08.indd 347 15/10/14 15:12 348 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 8.5 (continuação) Para a turbina real · W = 30(3 115,3) – 5(2 855,4) – 25(2 361,8) = 20 137 kW A eficiência isotrópica é ηs = 20 137 25 260 E a eficiência baseada na segunda lei é = 0,797 ηseg. lei = Para um dispositivo que não envolve a produção ou absorção de trabalho, a definição da eficiência baseada na segunda lei diz respeito à execução do objetivo do processo com relação aos insumos do processo, em termos de mudança de exergia ou transferências. Exemplificando, em um trocador de calor, a energia é transferida de uma corrente de fluido em alta temperatura para uma corrente de fluido em baixa temperatura, conforme mostrado na Figura 8.11, caso em que a eficiência baseada na segunda lei é definida como: ηseg. lei = 1 (ψ 2 − ψ 1 ) m 3 (ψ 3 − ψ 4 ) m (8.32) As expressões anteriores para a eficiência baseada na segunda lei podem ser representadas por uma expressão única. Em princípio, note que o trabalho real da Equação 8.30 é W v.c. = Φ fonte − I v.c. = Φ fonte − TSger v.c. (8.33) 20 137 24 637 = 0,817 · Ffonte é a taxa total de exergia fornecida por todas · as fontes: vazões, transferências de calor e WV.C., é igual à exergia que entra menos a irreversibilidade. Então, para um caso genérico podemos escrever: ηseg. lei = Φ Φ − I desejado = fonte v.c. Φ Φ fonte fonte (8.34) e a quantidade desejada é, então, expressa como exergia, seja na realidade um termo de trabalho ou uma troca de calor. Podemos verificar que isso cobre os casos da turbina, Equação 8.31, da bomba ou compressor, situação em que a fonte é a entrada de trabalho, e da eficiência do trocador de calor na Equação 8.32. 4 Entrada de fluido a baixa temperatura 3 1 2 Entrada de fluido a alta temperatura Figura 8.11 Um trocador de calor de dois fluidos em contracorrente. EXEMPLO 8.6 Em uma caldeira, o calor é transferido dos produtos de combustão para o vapor. A temperatura dos produtos da combustão diminui de 1100 °C para 550 °C, enquanto a pressão se mantém constante em 0,1 MPa. O calor específico médio, à pressão constante, dos produtos da combustão é 1,09 kJ/kgK. A água entra a 0,8 MPa, 150 °C, e deixa o processo a 0,8 MPa, 250 °C. Determine a eficiência baseada na segunda lei para esse processo e a irreversibilidade por quilograma de água evaporada. termodinamica 08.indd 348 Volume de controle: Toda a caldeira. Esquema: Figura 8.12. Estado inicial: Conhecidos para as duas correntes, dados na Figura 8.12. Estado final: Conhecidos para as duas correntes, dados na Figura 8.12. Processo: No geral, adiabático. Diagrama: Figura 8.13. Modelo: Produtos da combustão: gás ideal, ca­lor específico constante. Água: tabelas de vapor. 15/10/14 15:12 349 Exergia EXEMPLO 8.6 (continuação) ( m s ss ) H O + ( m s ss ) prod = ( m e sse ) H O + Análise: 2 Para os produtos, a variação de entropia para esse processo a pressão constante, é e se ) +(m + S ger prod ⎛ T ⎞ s ⎟⎟ T ⎝ e ⎠ ( ss − se )prod = C p0 ln ⎜⎜ Solução: Das equações a, b e c, podemos calcular a razão entre a vazão mássica dos produtos de combustão e a vazão mássica da água. Para o volume de controle podemos escrever as seguintes equações governantes: Equação da continuidade: e )H O = ( m s )H O (m 2 2 (a) e )prod = ( m s )prod (m (b) prod ( he − hs ) H O ( hs − he ) m =m 2 prod HO 2 prod m HO m 2 4 550 °C Transferência de calor H2O 0,8 MPa 150 °C 1 2 0,8 MPa 250 °C FIGURA 8.12 Esboço para o Exemplo 8.6. T 3 f d g T0 h s Equação da energia (processo em regime permanente): ( m e he ) H O + ( m e he ) prod = ( m s hs ) H O + ( m s hs ) prod (c) 2 Equação da entropia (o processo é adiabático para o volume de controle mostrado) termodinamica 08.indd 349 1,09 (1100 − 550 ) = 3,866 Portanto, a eficiência via segunda lei, a partir da Equação 8.32, é FIGURA 8.13 Digrama T-S para o Exemplo 8.6. 2 2950 − 632,2 O decréscimo em exergia dos produtos, por kg de água, é ! prod ! m m (ψ3 − ψ4 ) = prod ⎡⎣( h3 − h4 ) − T0 ( s3 − s4 )⎤⎦ = !HO !HO m m 2 2 ηseg. lei = c = y2 – y1 = (h2 – h1) – T0(s2 – s1) = = (2 950 – 632,2) – 298,15(7,0384 – 1,8418) = = 768,4 kJ/kg H2O b e 2 =1674,7 kJ/kg H2O 2 a ( hs − he )H O ( he − hs )prod ⎡ ⎛ 1373,15⎞⎤ = 3,866 ⎢1,09 (1100 − 550) − 298,15 ⎜1,09 ln ⎟⎥ = ⎢⎣ 823,15 ⎠⎥⎦ ⎝ 4 1 = O aumento de exergia da água é (por kg de água) Superfície de controle 3 Produtos 1100 °C 2 768, 4 1674, 7 = 0, 459 · · Da Equação 8.30, I = W rev e, também, da Equação 8.29, a irreversibilidade do processo por quilograma de água é I HO m 2 =∑ e e s m m ψe −∑ ψs = HO HO m s m 2 = (ψ 1 − ψ 2 ) + 2 prod m HO m 2 (ψ 3 − ψ 4 ) = = ( −768,4 + 1674,7 ) = 906,3 kJ/kg H2O 15/10/14 15:12 350 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 8.6 (continuação) É também relevante determinar a variação de entropia. A variação na água é: (s2 – s1)H2O = 7,0384 – 1,8418 = = 5,1966 kJ/kg H2O K A variação de entropia nos produtos da combustão é: ⎛ ! prod m 1373,15⎞ ⎟ = ( s4 − s3 )prod = − 3,866 ⎜1,09 ln !HO 823,15 ⎠ m ⎝ 2 =− 2,1564 kJ/kg H2O K Portanto, há um aumento líquido de entropia durante o processo. A irreversibilidade também poderia ter sido calculada pelas Equações 8.6 e 8.13: sT0 ss − ∑ m eT0 se = T0 S ger I = ∑ m I HO m 2 = T0 ( s2 − s1 ) H O + T0 2 prod m HO m 2 Esses dois processos estão mostrados no diagrama T-s da Figura 8.13. A linha 3-4 representa o processo para os 3,866 kg de produtos da combustão. A área 3-4-c-d-3 representa o calor transferido dos 3,866 kg de produtos da combustão e a área 3-4-e-f-3 representa o decréscimo em exergia desses produtos. A área 1-a-b-2-h-c-1 representa o calor transferido para a água, que é igual à área 3-4-c-d-3, que representa o calor transferido dos produtos da combustão. A área 1-a-b-2-g-e-1 representa o aumento de exergia da água. A diferença entre as áreas 3-4-e-f-3 e a área 1-a-b-2-g-e-1 representa a redução líquida de exergia. Pode ser prontamente demonstrado que essa mudança líquida é f-g-h-d-f ou T0(Ds)lig. Como o trabalho real é nulo, essa área também representa a irreversibilidade, que está de acordo com os cálculos realizados. ( s4 − s3 )prod = 298,15 ( 5,1966 ) + 298,15 ( −2,1564 ) = 906,3 kJ/kg H2O 8.3 EQUAÇÃO DO BALANÇO DE EXERGIA O tratamento mostrado na seção anterior para a exergia, em diferentes situações, foi feito separadamente para escoamento permanente, sistema e processos transientes. Em cada um dos casos um processo real foi comparado com seu equivalente ideal, o que levava ao trabalho reversível e à irreversibilidade. Quando a referência foi fixada como o estado do ambiente circundante, pudemos calcular a exergia decorrente do f na Equação 8.27. Desejamos mostrar que essas formas de exergia são consistentes entre si. O conceito todo é unificado com a formulação da exergia para um volume de controle genérico, a partir do qual reconheceremos todas as formas de exergia anteriores como casos especiais da forma mais geral. Nesta análise iniciaremos com a definição de exergia, F = mf, como o máximo trabalho disponível a um dado estado de uma massa, calculado a partir da Equação 8.27, como termodinamica 08.indd 350 F = mf = m(e – e0) + P0 m (v – v0) – T0 m(s – s0) (8.35) Aqui, o subscrito “0” refere-se ao estado da vizinhança circundante, com energia cinética nula, o estado morto, a partir do qual tomamos a referência. Como as propriedades no estado de referências são constantes, a taxa de variação de F, torna-se dΦ dt = dme − e0 dm + P0 dV − P0 v0 dm dt dt dt dt dms dm − T0 + T0 s0 = dt dt dV dms dm dme = + P0 − T0 − ( h0 − T0 s0 ) dt dt dt dt (8.36) e usamos, h0 = e0 + P0v0, para reduzir a expressão. Agora, vamos inserir a taxa de variação de massa, usando a equação da continuidade, Equação 4.1, 15/10/14 15:12 Exergia dm dt eψ e − ∑ m sψ s Transferência pelo escoa+∑ m e −∑m s = ∑m mento a taxa de variação de energia total, usando a equação da energia, Equação 4.8, dE = dt dme dt e htot e − ∑ m s htot s = ∑ Q v.c. − W v.c. + ∑ m e a taxa de variação de entropia, usando a equação da entropia, Equação 7.2, dS dt = dms dt e se − ∑ m s ss + ∑ = ∑m Q v.c. T + S ger na equação de taxa de exergia, Equação 8.36. Quando isso for feito, obteremos dΦ = ∑ Q! v.c. − W! v.c. + ∑ m! e htot e − ∑ m! s htot s + P0 dt − T0 ∑ m! e se +T0 ∑ m! s ss − ∑T0 − ( h0 −T0 s0 ) ⎡⎣∑ m! e −∑ m! s ⎤⎦ Q! v.c. T 351 dV dt − −T0 S! ger (8.37) Agora, agrupemos todos os termos que se referem à troca de calor e depois aqueles relativos ao escoamento, organizando-os da seguinte forma dΦ ⎛ T ⎞ = ∑⎜1− 0 ⎟ Q! v.c. Transferência de calor na ⎝ T ⎠ temperatura T dt dV Transferência de trabalho de −W v.c. + P0 dt eixo e de fronteira · de destruição de exer–T0Sger Taxa gia (8.38) A forma final da equação de balanço de exergia é idêntica à equação para o trabalho reversível, Equação 8.29, em que o trabalho reversível é substituído pelo trabalho real e pela irreversibilidade da Equação 8.30, e são rearranjados para isolar o termo FV.C.. A equação de taxa para a exergia pode ser descrita verbalmente como todas as outras equações de balanço: A taxa de acúmulo de exergia = Transferência de exergia por calor + Transferência de exergia via eixo e trabalho de fronteira + Transferência de exergia pelo escoamento – Destruição de exergia. Notemos que as transferências (três primeiros termos da direita) sempre envolvem trocas com a vizinhança circundante, o que permite concluir que não resultam em nenhuma mudança líquida total quando consideramos todo o mundo. O nível de exergia geral, portanto, só pode ser reduzido pela destruição de exergia, em decorrência do aumento da entropia, e podemos identificar as regiões no espaço em que isso ocorre como os locais que possuem geração de entropia. A destruição de exergia é idêntica ao termo de irreversibilidade, previamente definido. EXEMPLO 8.7 Vejamos as vazões e os fluxos de exergia para o aquecedor de água de alimentação do Exemplo 8.1. O aquecedor tem um escoamento simples, duas transferências de calor e nenhum trabalho envolvido. Quando fazemos o balanço para os termos da Equação 8.38 e avaliamos as exergias da vazão, a partir da Equação 8.22, necessitamos das propriedades de referência (tomemos o líquido saturado, em vez de 100 kPa a 25 °C): Tabela B.1.1: h0 = 104,87 kJ/kg, s0 = 0,3673 kJ/kgK termodinamica 08.indd 351 As exergias da vazão tornam-se ψ e = htot e − h0 − T0 ( se − s0 ) = 171,97 − 104,87 − 298,2 × (0,5705 − 0,3687) = = 6,92 kJ/kg ψ s = htot s − h0 − T0 ( ss − s0 ) = 765,25 − 104,87 − 298,2 × (2,1341 − 0,3687) = = 133,94 kJ/kg 15/10/14 15:12 352 Fundamentos da Termodinâmica EXEMPLO 8.7 (continuação) E o fluxo de exergia de cada uma das transferências de calor é ⎛ T ⎞ ⎛ 298,2 ⎞ ⎜⎜1− 0 ⎟⎟ q1 = ⎜1− ⎟180 = 36,17 kJ/kg ⎝ 373,2 ⎠ ⎝ T1 ⎠ ⎛ T ⎞ ⎛ 298,2 ⎞ ⎜⎜1− 0 ⎟⎟ q2 = ⎜1− ⎟413,28 = 152,84 kJ/kg ⎝ 473,2 ⎠ ⎝ T2 ⎠ Os fluxos de exergia são mostrados na Figura 8.14, e a eficiência baseada na segunda lei mostra que há potencial para melhoria. Deveríamos reduzir a diferença de temperatura entre a fonte e o escoamento de água, pela adição de mais energia proveniente da fonte de baixa temperatura, reduzindo, desta forma, a irreversibilidade. q1 A destruição de exergia é, então, o remanes· cente da Equação 8.38 (para WV.C. = 0) q2 ⎛ T ⎞ T0 sger = ∑⎜1− 0 ⎟ qv.c. + ψe − ψs = ⎝ T ⎠ s e = 36,17 +152,84 + 6,92 −133,94 = 62,0 kJ/kg Agora, podemos expressar a eficiência do aquecedor, via segunda lei, da seguinte forma 36,17 + 152,84 − 62,0 Φ − I ηseg. lei = fonte v.c. = = 0,67 Φfonte 36,17 + 152,84 T0 sger FIGURA 8.14 Fluxos, vazões e destruição de exergia no aquecedor de água. EXEMPLO 8.8 Considere um elemento aquecedor de 500 W de um forno, com temperatura superficial do elemento a 1 000 K. Sobre o elemento, fica um tampo cerâmico (ambos ilustrados na Figura 8.15), com temperatura de 500 K na superfície superior. Vamos desconsiderar qualquer troca de calor para baixo e seguir o fluxo de exergia, identificando a sua destruição no processo. Solução: Tome somente o elemento aquecedor como um volume de controle (V.C. 1), em regime permanente, com trabalho elétrico entrando e transferência de calor saindo. Equação de energia: 0 = W − Q elétrica Equação de entropia: 0 = − Q saída Tsup termodinamica 08.indd 352 500 W S! ger = Q! saída Tsup = = 0,5 W/K 1000 K ! = T S! = 298,15 K × 0,5 W/K = 149,0 W Φ destr 0 ger ⎛ 298,15 ⎞ ⎛ T0 ⎞ ! ! Φ ⎟ Qsaída = ⎜1− ⎟ 500 = 351 W trans fora = ⎜1− ⎝ T ⎠ ⎝ 1000 ⎠ Então, o elemento aquecedor recebe 500 W de fluxo de exergia, destrói 149 W e entrega a diferença de 351 W para a transferência de calor a 1 000 K. • Qtrans 500 K saída 1000 K + S ger Equação de exergia: ⎛ T ⎞ 0 = − ⎜1− 0 ⎟ Q! saída − −W! elétrica − T0 S! ger ⎝ T ⎠ ( Das equações de balanço, obtemos ! Qsaída = W! elétrica = 500 W ) V.C.2 V.C.1 • Wel FIGURA 8.15 Elemento aquecedor e cobertura cerâmica de um forno. 15/10/14 15:12 Exergia 353 EXEMPLO 8.8 (continuação) Tome agora um segundo volume de controle, indo do elemento aquecedor ao tampo superior do forno. Nesse caso, o fluxo de calor entra a 1 000 K e sai a 500 K, sem trabalho envolvido. Os termos na equação da exergia tornam-se ⎛ 298,15 ⎞ ⎛ 298,15 ⎞ 0 = ⎜1− ⎟ 500 W − ⎜1− ⎟ 500 W ⎝ ⎝ 500 ⎠ 1 000 ⎠ − 298,15 K × 0,5 W/K Equação de energia: 0 = Q entra − Q saída Equação de entropia: Q Q saída + S ger 0 = entra − Tsup Tsup superior Equação de exergia: ⎛ ⎛ T ⎞ T ⎞ 0 = ⎜⎜1− 0 ⎟⎟ Q! entra − ⎜⎜1− 0 ⎟⎟ Q! saída − T0 S! ger ⎝ Tsup ⎠ ⎝ Tsup ⎠ Da equação da energia notamos que as duas transferências de calor são iguais, e a geração de entropia torna-se Q! Q! S! ger = saída − entra = Tsup Tsup ⎛ 1 1 ⎞ = 500 ⎜ − ⎟ W/K = 0,5 W/K ⎝ 500 1 000 ⎠ QUESTÕES CONCEITUAIS f. A energia pode ser armazenada como energia interna, potencial ou cinética. Essas formas de energia são 100% disponíveis? g. Não podemos criar ou destruir energia. Podemos criar ou destruir exergia? h. Qual é a fonte de exergia em uma turbina? i. Qual é a fonte de exergia em uma bomba? j. Onde é o ganho de exergia no processo realizado em uma bomba? termodinamica 08.indd 353 ou 0 = 351 W – 202 W – 149 W Isso significa que o tampo cerâmico recebe 351 W de exergia do elemento aquecedor elétrico e rejeita 202 W pela superfície superior, destruindo 149 W de exergia no processo. O fluxo de energia e sua destruição estão ilustrados na Figura 8.16. • • fluxo sup. • Wel = fonte • • destr. cerâmica destr. elemento FIGURA 8.16 Os termos de fluxo e destruição de exergia. 8.4 APLICAÇÕES NA ENGENHARIA A aplicação mais importante do conceito de exergia é analisar dispositivos isolados ou sistemas inteiros com relação às transferências de energia, assim como as transferências e destruição de exergia. A análise dos termos de energia leva à eficiência via primeira lei, que é a eficiência de conversão para motores térmicos ou a eficiência de um dispositivo, quando se compara o desempenho do dispositivo real com o do dispositivo reversível correspondente. Quando o foco é alterado para a exergia, em vez de para a energia, obtemos a eficiência baseada na segunda lei para dispositivos, conforme mostrado nas Equações 8.31 a 8.34. Essas eficiências via segunda lei são, geralmente, maiores que as eficiências via primeira lei, pois expressam a operação do dispositivo real com relação ao resultado que é teoricamente possível, mantidas as mesmas condições de entrada e saída do dispositivo real. Isso difere da eficiência via primeira lei, quando o dispositivo idealizado, usado 15/10/14 15:12 354 Fundamentos da Termodinâmica na comparação, não possui os mesmos estados de entrada e saída que o dispositivo real. Essas eficiências são usadas como valores de orientação para a avaliação de dispositivos e sistemas reais, tais como bombas, compressores, turbinas e bocais, para mencionar apenas os dispositivos mais comuns. Essas comparações baseiam-se na experiência do avaliador para julgamento do resultado, ou seja, seria uma eficiência de 85% avaliada por meio da segunda lei boa o suficiente? Poderia ser excelente para um compressor gerando uma pressão muito elevada, mas poderia ser insuficiente para outro que cria pressão moderadamente elevada e é, certamente, muito baixa para um bocal ser considerado bom. Além de usar a eficiência baseada na segunda lei para dispositivos, conforme previamente mostrado, podemos usá-la também em sistemas desempenhando um ciclo completo, tais como motores térmicos ou bombas de calor. Tome como exemplo um motor térmico simples que propicie trabalho real a partir de uma troca de calor em alta temperatura e cuja eficiência via primeira lei seja a sua eficiência de conversão de energia sos dispositivos, como a do Problema 4.118, por exemplo. Se fizermos a análise de todos os componentes e encontrarmos a destruição de exergia em todas as partes do sistema, poderemos usar os valores encontrados para nos orientar ao decidir onde deveríamos empregar os esforços de engenharia na melhoria do sistema. Deveremos olhar primeiro as partes do sistema que apresentam a maior destruição de exergia e tentar minimizá-la por meio da alteração do projeto ou das condições de operação. No caso da turbina a vapor, por exemplo, deveremos tentar reduzir as diferenças de temperatura nos trocadores de calor (lembre-se dos Exemplos 8.1 e 8.7), reduzir a pressão e a perda de calor na tubulação e assegurar que a turbina esteja operando na sua faixa ideal, apenas para mencionar alguns dos pontos importantes em que existe destruição de exergia. No condensador de vapor uma grande quantidade de energia é rejeitada para o ambiente circundante, mas muito pouca exergia é destruída ou perdida, de forma que analisar apenas pelo critério da energia pode ser enganoso; as vazões e fluxos de exergia proporcionam uma ideia bem melhor da importância do desempenho global. WMT = hMT IQalta Qual seria a sua eficiência por meio da segunda lei? Basicamente, formamos a mesma relação, mas a expressamos em termos de exergia, em vez de energia, lembrando que trabalho é 100% exergia: ⎛ T ⎞ WMT = ηMT IIΦalta = ηMT II ⎜⎜1− 0 ⎟⎟ Qalta (8.39) ⎝ Talta ⎠ A eficiência baseada na segunda lei para uma bomba de calor seria a relação entre a exergia ganha Falta (ou Falta – Fbaixa, se Fbaixa for importante) e a exergia da fonte, que é o trabalho recebido, ηMT II = Φalta WMT ⎛ T ⎞ = ⎜⎜1− 0 ⎟⎟ Qalta /WMT (8.40) ⎝ Talta ⎠ Uma forma semelhante de medir o desempenho, mas ligeiramente diferente, é olhar o(s) termo(s) de destruição de exergia de forma absoluta ou com relação à entrada de exergia da fonte. Considere um sistema mais complexo, como uma instalação completa de turbina a vapor, com diver- termodinamica 08.indd 354 QUESTÕES CONCEITUAIS k. Qual é a fonte de exergia em um motor térmico? l. Qual é a fonte de exergia em uma bomba de calor? m. Na Equação 8.39 para motor térmico, a fonte de exergia foi expressa como sendo uma transferência de calor. Como a expressão se transformaria se a fonte fosse um escoamento de gás quente sendo resfriado, enquanto fornece energia para o motor térmico? RESUMO O trabalho resultante de um motor térmico que opera em ciclo de Carnot é a energia disponível na transferência de calor a partir da fonte quente; a transferência de calor para o ar ambiente está 15/10/14 15:12 Exergia indisponível. Da comparação entre o dispositivo real e um dispositivo ideal com as mesmas vazões e estados de entrada e saída, nascem os conceitos de trabalho reversível e exergia. O trabalho reversível é o máximo trabalho que podemos extrair de um dado conjunto de vazões e transferências de calor ou, alternativamente, o mínimo trabalho que temos de ceder ao dispositivo. A comparação entre o trabalho real e o trabalho máximo teórico proporciona a eficiência via a segunda lei. Quando a exergia é usada, a eficiência baseada na segunda lei pode, também, ser usada para dispositivos que não envolvem trabalho de eixo, como trocadores de calor, por exemplo. Nesse caso, comparamos a exergia cedida por uma corrente de fluído com a obtida pela outra corrente, resultando em uma razão de exergias, em vez das energias usadas no cálculo da eficiência via primeira lei. Qualquer irreversibilidade (geração de entropia), em um processo, destrói exergia, sendo indesejável. O conceito de trabalho disponível pode ser usado para se obter uma definição geral de exergia como sendo o trabalho reversível menos a parcela de trabalho que precisa ir para o ar ambiente. A partir dessa definição, podemos construir a equação de balanço de exergia e aplicá-la a diferentes volumes de controle. De uma perspectiva de projeto, podemos, então, focar nas vazões e fluxos de energia e melhorar os processos que destroem exergia. 355 Após estudar o material deste capítulo, você deve ser capaz de: • Compreender o conceito de energia disponível. • Compreender que energia e exergia são conceitos diferentes. • Ser capaz de conceber o equivalente ideal de um sistema real e encontrar o trabalho reversível, bem como a transferência de calor, no sistema ideal. • Compreender a diferença entre as eficiências via primeira e segunda leis. • Relacionar a eficiência baseada na segunda lei à transferência e destruição de disponi­ bilidade. • Ser capaz de examinar os escoamentos (vazões) de exergia. • Determinar irreversibilidades como as fontes de destruição de exergia. • Saber que a destruição de exergia decorre da geração de entropia. • Saber que transferências de exergia não mudam a energia total ou líquida no mundo. • Saber que a equação da exergia é baseada nas equações da energia e da entropia e, portanto, não adiciona uma nova lei. CONCEITOS E EQUAÇÕES PRINCIPAIS Trabalho disponível do calor: ⎛ T ⎞ W = Q ⎜⎜1− 0 ⎟⎟ ⎝ Talta ⎠ Trabalho disponível do escoamento com q0rev adicional do ambiente à temperatura T0 e q entrando à temperatura Talta: ⎛ T ⎞ q0rev = T0 ( ss − se ) − ⎜ q 0 ⎟ ⎝ Talta ⎠ ⎛ T0 ⎞ wrev = he − hs − T0(se − ss )+ q ⎜1− ⎟ ⎝ Talta ⎠ Irreversibilidade do escoamento: = T0 sger i = wrev − w = q0rev = T0 S ger /m Trabalho reversível da M.C.: rev 1W2 Irreversibilidade da M.C.: 1 I2 termodinamica 08.indd 355 ⎛ T ⎞ = T0 ( S2 − S1 ) − (U2 − U1 ) + 1 Q2 ⎜⎜1− 0 ⎟⎟ ⎝ Talta ⎠ = T0 ( S2 − S1 ) − 1 Q2 T0 Talta = T0 1 S2 ger 15/10/14 15:12 356 Fundamentos da Termodinâmica Φ Φ −Φ desejada V.C. = fonte Φfonte Φfonte Eficiência via segunda lei: ηseg.lei = Exergia, escoamento: ⎡ ⎤ 1 ψ = ⎢h − T0 s + V 2 + gZ ⎥ − [ h0 − T0 s0 + gZ0 ] ⎣ ⎦ 2 Exergia, armazenada: φ = ( e − e0 ) + P0 ( v − v0 ) − T0 ( s − s0 ) ; Transferência de exergia por calor: ⎛ T ⎞ φtransf = q ⎜⎜1− 0 ⎟⎟ ⎝ Talta ⎠ Φ = mφ Transferência de exergia por escoamento: φ transf = htot e − htot s − T0 ( se − ss ) Equação de taxa de exergia: dΦ ⎛ T ⎞ dV = ∑⎜1− 0 ⎟ Q! v.c. − W! v.c. + P0 + ⎝ T ⎠ dt dt ! ψ − T S! ! ψ −∑m + ∑m e e Equação da exergia para M.C. (F = mf): s s 0 ger ⎛ T ⎞ Φ2 − Φ1 = ⎜⎜1− 0 ⎟⎟ 1 Q2 − 1W2 + P0 (V2 − V1 ) − 1 I2 ⎝ Talta ⎠ PROBLEMAS CONCEITUAIS 8.1 Por que o V.C. reversível correspondente ao V.C. real tem os mesmos termos de acúmulo e vazão? 8.2 Uma das transferências de calor previstas nas Equações 8.5 e 8.6 poderia ser trocada com o ar ambiente? 8.10 Verifique que a Equação 8.29 se reduz à Equação 8.14 para um processo em regime permanente. 8.3 Toda a energia presente nos oceanos está disponível? 8.11 Qual é a eficiência baseada na segunda lei para um motor térmico de Carnot? 8.4 Um processo reversível muda a disponibilidade se não houver trabalho envolvido? 8.12 Qual é a eficiência baseada na segunda lei para um motor térmico reversível? 8.5 O trabalho reversível entre dois estados é o mesmo que o trabalho ideal do dispositivo? 8.13 Para um bocal, quais são as fontes de entrada e saída, expressas em exergias? 8.6 Quando o trabalho reversível se iguala ao trabalho isotrópico? 8.14 A equação da exergia é independente das equações da energia e entropia? 8.7 Se eu aquecer um líquido frio até a temperatura T0, aumento sua exergia? 8.15 8.8 Os conceitos de trabalho reversível e disponibilidade (exergia) estão ligados? 8.9 Considere a disponibilidade (exergia) associada a um escoamento. A exergia total Use a equação de balanço de exergia para encontrar a eficiências de um motor térmico de Carnot, em regime permanente, operando entre dois reservatórios térmicos de temperatura constante. termodinamica 08.indd 356 é baseada no estado termodinâmico e nas energias cinética e potencial. Todos esses termos podem ser negativos? 15/10/14 15:12 Exergia 357 PROBLEMAS PARA ESTUDO Exergia, Trabalho Reversível 8.16 De certa quantidade de potência cedida a um motor (1), a fração de 2 kW é transformada em troca de calor a 500 K (2), e depois dissipada à temperatura ambiente de 300 K (3). Apresente as taxas de exergia ao longo do processo 1-2-3. 8.18 Um refrigerador deve remover 1,5 kW do espaço frio, a –10 °C, e rejeitar o calor para a cozinha, a 25 °C. Determine o trabalho reversível. 8.19 Um motor térmico recebe 5 kW a 800 K e 10 kW a 1 000 K, rejeitando energia por transferência de calor a 600 K. Considere que o processo seja irreversível e encontre a potência de saída. Quanta potência poderia ser produzida se ocorresse a T0 = 298 K? 8.20 Um compressor de ar recebe ar no estado do ambiente circundante, 100 kPa, 300 K. O ar sai a 400 kPa, 200 °C, utilizando 100 kW de potência. Determine o mínimo trabalho de entrada do compressor. 8.22 O compressor em um refrigerador recebe fluido refrigerante R-134a, a 100 kPa, –20 °C e o comprime a 1 MPa, 60 °C. Com temperatura ambiente de 20 °C, determine o mínimo trabalho do compressor. 8.23 Calcule o trabalho reversível resultante da turbina de dois estágios mostrada no Problema 4.86, para temperatura ambiente de 25 °C. Compare-o com o trabalho real, que foi avaliado em 18,08 MW. 8.24 Encontre o trabalho reversível específico de uma turbina a vapor com entrada a 4 MPa, 500 °C e um estado de saída real de 100 kPa, x = 1,0 e temperatura ambiente de 25 °C. 8.25 Uma turbina recebe vapor a 6 MPa, 800 °C. Ela tem uma perda de calor de 49,7 kJ/kg e uma eficiência isotrópica de 90%. Para uma pressão de saída de 15 kPa e temperatura entorno de 20 °C, encontre o trabalho real e o trabalho reversível entre a entrada e a saída. 8.26 O compressor em um refrigerador recebe R-410a, a 150 kPa, –14 °C, usando um trabalho específico real de 58,65 kJ/kg na compressão adiabática. Determine o trabalho reversível específico. 8.27 O ar flui pelo dispositivo aquecedor de pressão constante, mostrado na Figura P8.27. Ele é aquecido em um processo reversível com entrada de calor de 200 kJ/kg de ar que escoa. O dispositivo troca calor com o ambiente a 300 K. O ar entra a 300 K, 400 kPa. Admitindo calor específico constante, desenvolva uma expressão para a temperatura de saída e obtenha seu valor por meio de iterações. Um sistema rejeita 10 kJ de energia na forma de: a. Trabalho elétrico de uma bateria b. Trabalho mecânico de uma mola c. Transferência de calor a 500 °C Encontre a variação de exergia do sistema para cada um dos casos anteriores. 8.17 8.21 Um refrigerador doméstico possui um congelador a TF e um espaço refrigerado a TC. O equipamento opera em um ambiente a TA e de acordo com o mostrado na Figura P8.27. Admitindo que as taxas de transferência de calor no espaço refrigerado e no congelador sejam iguais, determine a mínima potência necessária para operar o refrigerador. Avalie essa potência quando TA = · 20 C, TC = 5 °C, TF = –10 °C e QF = 3 kW. TA · QA · · W QC TC · QF TF termodinamica 08.indd 357 FIGURA P8.20 15/10/14 15:12 358 Fundamentos da Termodinâmica 1 2 8.32 Um conjunto cilindro-pistão a pressão constante tem 1 kg de água líquida saturada a 100 kPa. Um tanque rígido contém ar a 1 200 K, 1000 kPa. Em seguida, são termicamente conectados por um motor térmico reversível que resfria o tanque de ar e vaporiza a água até formar vapor saturado. Determine a quantidade necessária de ar e o trabalho realizado pelo motor térmico. 8.33 Um conjunto cilindro-pistão possui forças atuando no pistão de forma a manter a pressão constante. Ele contém 2 kg de amônia a 1 MPa, 40 °C e, em seguida é aquecido a 100 °C por um motor térmico reversível que recebe calor de uma fonte a 200 °C. Determine o trabalho produzido pelo motor térmico. 8.34 Um porão está inundado com 16 m3 de água a 15 °C. A água é bombeada para fora por uma pequena bomba atuada por um pequeno motor elétrico de 0,75 kW. A mangueira pode alcançar 8 m verticalmente acima da bomba, e para garantir que a água possa verter sobre a borda de um dique, ela deveria ter uma velocidade de 20 m/s na extremidade, proporcionada por um bocal (veja Figura P8.34). Encontre a máxima vazão que pode ser obtida para a água, e quão rápido o porão poderá ser esvaziado. T0, P1 _wrev q0rev T0 8.28 8.29 FIGURA P8.27 Um compressor de ar adiabático e reversível recebe ar a 100 kPa e 310 K. O ar sai a 600 kPa, a uma taxa de 0,4 kg/s. Determine o mínimo trabalho de compressão consumido e refaça a avaliação para uma entrada alternativa a 295 K. Uma vazão de ar de 5 kg/min a 1 500 K, 125 kPa passa através de um trocador de calor à pressão constante, cedendo energia para o motor térmico mostrado na Figura P8.29. O ar sai a 500 K e o ambiente está a 298 K, 100 kPa. Encontre a taxa de transferência de calor entregue ao motor e a potência que o motor pode produzir. Ar e s • Q • W MT • QL Amb. 8.30 8.31 Vex FIGURA P8.29 A água a 800 °C, 15 MPa está escoando através de um trocador de calor e cedendo calor para sair na forma de água líquida saturada a 15 MPa, em um processo permanente. Determine a transferência de calor específica e o fluxo específico de exergia entregues pela água. Um leito rochoso consiste de 6 000 kg de granito a 70 °C. Uma pequena casa com uma massa agregada de 12 000 kg de madeira e 1 000 kg de ferro, está a 15 °C. Em seguida, são levados a uma temperatura final homogênea pela interconexão da casa e do leito rochoso por meio de alguns motores térmicos. Para um processo reversível, encontre a temperatura final e o trabalho realizado durante o processo. termodinamica 08.indd 358 Porão 8m Dique FIGURA P8.34 Irreversibilidade 8.35 Uma sala a 20 °C é aquecida por um aquecedor elétrico de 2000 W. Qual é a taxa de irreversibilidade? 8.36 Um refrigerador remove 1,5 kW de um espaço frio a –10 °C, usando uma entrada de potência de 750 W e rejeita calor para a cozinha a 25 °C. Determine a taxa de irreversibilidade. 15/10/14 15:12 359 Exergia 8.37 Calcule a irreversibilidade para o condensador do Problema 7.100, considerando uma temperatura ambiente de 17 °C. 8.38 O processo de expansão através de um orifício (throttle process) é um processo irreversível. Considere que um escoamento de ar a 1 000 kPa, 400 K, passa através de uma válvula para o ambiente, a 100 kPa. Encontre o trabalho reversível e irreversibilidade, considerando uma temperatura ambiente de 25 °C. 8.39 O compressor em um refrigerador recebe R-410a, a 150 kPa e –40 °C, e o comprime a 600 kPa e 40 °C, em um processo adiabático. Determine o trabalho específico, o trabalho reversível, a geração de entropia e a irreversibilidade. 8.40 Um conjunto cilindro-pistão a pressão constante contém 2 kg de água a 5 MPa e 100 °C. O calor é adicionado de um reservatório a 600 °C, até que a água alcance 600 °C. Encontre a irreversibilidade total no pro­cesso. 8.41 8.42 8.43 8.44 8.45 A água fresca pode ser produzida a partir da água salgada por evaporação seguida de condensação. Um exemplo é mostrado na Figura P8.45, onde 150 kg/s de água salgada, estado 1, vêm do condensador de uma grande planta. A água é expandida até a pressão de saturação no evaporador parcial, estado 2, e depois condensada por resfriamento com água do mar. Como a evaporação ocorre sob pressão inferior à atmosférica, bombas precisam ser usadas para trazer a água líquida de volta à pressão P0. Considere que a água salgada tenha as mesmas propriedades da água pura, o ambiente esteja a 20 °C e que não haja transferências externas de calor. Com os estados especificados na tabela a seguir, encontre a irreversibilidade na válvula de expansão e no condensador. Estado 1 T [°C] h[kJ/kg] s[kJ/kg K] 2 5 P0 8 2 Vapor saturado P = Psat Calcule o trabalho reversível e a irreversibilidade para o processo descrito no Problema 3.146, considerando que a transferência de calor ocorre com o ambiente circundante a 20 °C. Um compressor de ar recebe ar atmosférico a T0 = 17 °C, 100 kPa, e o comprime a 1 400 kPa. O compressor tem uma eficiência isotrópica de 88% e perde energia por transferência de calor para a atmosfera na proporção de 10% do trabalho isotrópico. Encontre a temperatura real de saída e o trabalho reversível. Duas correntes de ar, ambas a 200 kPa, misturam-se em uma câmara misturadora isolada. Uma das correntes tem vazão de 1 kg/s, a 1500 K e a outra 2 kg/s a 300 K. Encontre a irreversibilidade no processo por quilograma de ar saindo. termodinamica 08.indd 359 8 30 25 23 17 20 125,77 2547,2 96,5 71,37 83,96 0,4369 8,558 0,3392 0,2535 0,2966 1 Um “fluxo” constante de partes de aço a 2 kg/s e 20 °C entra em uma fornalha, em que as partes são tratadas termicamente até 900 °C por uma fonte com temperatura média de 1 250 K. Determine o trabalho reversível e a irreversibilidade neste processo. 7 7 Líquido saturado Água salgada 8.46 Água de resfriamento, P0 3 4 P0 5 · Wb1 · Wb 2 Líquido saturado 6 P0 Água potável FIGURA P8.45 Um leito rochoso consiste de 6000 kg de granito a 70 °C. Uma pequena casa com uma massa agregada de 12000 kg de madeira e 1 000 kg de ferro, está a 15 °C. Em seguida, são levados a uma temperatura final homogênea pela circulação de água entre o leito rochoso e a casa. Encontre a temperatura final e a irreversibilidade do processo, adotando temperatura ambiente de 15 °C. 15/10/14 15:12 360 Fundamentos da Termodinâmica 8.47 Um chip de computador consiste de 50 g de silício, 20 g de cobre e 50 g de plástico PVC. Quando o computador é ligado, ele é aquecido da temperatura ambiente de 25 °C até 70 °C, em um processo adiabático. Determine a quantidade de irreversibilidade. 8.48 Um sistema de ar condicionado para carro tem um cilindro de acumulação de alumínio, de 0,5 kg, que é selado com uma válvula. Ele contém 2 L de refrigerante R-134a, a 500 kPa, e ambos estão à temperatura ambiente, 20 °C. Em seguida, ele é instalado em um carro que sai da oficina e é estacionado na rua, em pleno inverno, a uma temperatura ambiente de –10 °C. Todo o sistema resfria para essa temperatura final. Qual a irreversibilidade desse processo? 8.49 8.50 8.51 R-134a é inserido em um reservatório isolado de 0,2 m3, que estava inicialmente vazio. O gás provém de uma linha de vapor saturado a 500 kPa, até que o enchimento termine por si só. Determine a massa e temperatura finais no reservatório e a irreversibilidade total no processo. O resfriador de água do Problema 5.24 opera em regime permanente. Determine a taxa de destruição de exergia (irreversibilidade). O ar entra no compressor de sobrealimentação de um motor automotivo (veja Figura P8.51) a 100 kPa, 30 °C e sai a 200 kPa. O ar resfriado em 50 °C em um resfriador intermediário (intercooler) antes de entrar no motor. A eficiência isotrópica do compressor é de 75%. Determine a temperatura do ar que entra no motor e a irreversibilidade do processo de compressão-resfriamento. · –QC 1 Compressor FIGURA P8.51 termodinamica 08.indd 360 8.53 A transmissão automática de um carro recebe 25 kW de potência de eixo do motor e entrega 23 kW de potência ao eixo da transmissão. O restante é dissipado no fluído hidráulico e carcaça de metal, que alcançam ambos 45 °C e depois é transmitido para a atmosfera externa, a 20 °C. Encontre todas as taxas de transferência de exergia. 8.54 Um motor térmico recebe transferência de calor de 1 kW a 1 000 K e cede 400 W na forma de trabalho, transferindo o restante ao ambiente na forma de calor, a 25 °C. Quais são os fluxos de exergia para dentro e para fora do motor? 8.55 Em um refrigerador, 1 kW é removido do espaço frio, a –10 °C e 1,3 kW é movido em direção ao espaço aquecido a 30 °C. Encontre os fluxos de exergia, incluindo os sentidos (das direções) associadas com as duas trocas de calor. 8.56 Uma corrente contínua de R-410a, a temperatura ambiente de 20 °C e 800 kPa, entra em um coletor solar e saem a 80 °C, 600 kPa. Calcule a variação de exergia do R-410a. 8.57 Uma bomba de calor tem um coeficiente de desempenho de 2 usando uma entrada de po­tência de 3 kW. Sua temperatura baixa é T0, a mesma temperatura do ambiente, e sua temperatura alta é 80 °C. Encontre os fluxos de exergia associados com os fluxos de energia de entrada e saída. 8.58 Um escoamento de ar a 1 000 kPa, 300 K passa por uma válvula de expansão até al- 3 Motor Um conjunto cilindro-pistão a pressão constante tem 1 kg de água líquida saturada a 100 kPa. Um tanque rígido contém ar a 1 000 K, 1000 kPa. Em seguida, são termicamente conectados por condução através das paredes, resfriando o tanque de ar e levando a água ao estado de vapor saturado. Determine a quantidade necessária de ar e a irreversibilidade do processo, adotando que não haja transferências de calor externas. Exergia Resfriador 2 · –WC 8.52 Exaustão 15/10/14 15:12 Exergia cançar 500 kPa. Qual é a irreversibilidade? Qual a queda na exergia do escoamento? 8.59 8.60 Uma usina de potência tem uma eficiência térmica geral de 40%, recebendo 100 MW de transferência de calor de gases quentes a uma temperatura média de 1300 K, e rejeitando uma transferência de calor a 50 °C do seu condensador para um rio próximo, a uma temperatura ambiente de 20 °C. Encontre as taxas de energia e exergia (a) dos gases quentes; e (b) do condensador. Calcule a variação de exergia (kW) dos dois escoamentos do Problema 7.105. 8.62 Um dispositivo em regime permanente recebe R-410a, a 40 °C, 800 kPa, que sai a 40 °C, 100 kPa. Adote um processo isotérmico reversível. Determine a variação da exergia específica. 8.63 Considere o derretimento da neve nas montanhas, durante a primavera, que alimenta a corrente de um rio a 2 °C, enquanto a temperatura ambiente é de 20 °C. Qual é a exergia da água com relação à temperatura ambiente? 8.64 O nitrogênio escoa em uma tubulação com velocidade de 300 m/s a 500 kPa, 300 °C. Qual é a sua exergia em relação ao ambiente que está a 100 kPa e 20 °C ? 8.65 O ar comprimido para máquinas e ferramentas de uma fábrica é gerado em um compressor central que recebe ar a 100 kPa, 300 K, 1 kg/s e o entrega a 600 kPa para um tanque de acumulação com uma linha de distribuição. Após escoar através do tanque e da linha até os pontos de uso, o ar fica à temperatura ambiente de 300 K. Adote que o compressor é adiabático reversível e determine a temperatura de saída do compressor e o aumento na exergia do ar através do compressor. 8.66 8.67 Calcule a exergia da água nos estados inicial e final do Problema 6.130 e a irreversibilidade do processo. 8.68 Uma fonte geotérmica fornece 10 kg/s de água quente a 500 kPa, 145 °C. A água escoa através de um evaporador parcial que separa vapor e líquido a 200 kPa. Determine os três fluxos de exergia (entrada e duas saídas) e a taxa de irreversibilidade. 1 Encontre a mudança de exergia entre a entrada e a saída do condensador do Problema 7.48. 8.61 Para o sistema de ar comprimido do problema anterior, determine o aumento de exergia do ar do ponto de entrada até o ponto de uso. Quanta exergia foi perdida no es­ coamento, após a saída do compressor? termodinamica 08.indd 361 361 2 3 Vapor Líquido FIGURA P8.68 8.69 Um compressor de ar é usado para carregar um tanque de 200 L que estava inicialmente vazio, até 5 MPa. A entrada de ar do compressor está a 100 kPa e 17 °C e a sua eficiência isotrópica é de 80%. Determine o trabalho total do compressor e a variação de exergia do ar. 8.70 Encontre a exergia dos quatro estados da usina de potência do Problema 7.48, com o ambiente a 298 K. 8.71 Um fogão elétrico tem um elemento aquecedor a 300 °C produzindo 750 W de potência elétrica. Ele transfere 90% da potência para 1 kg de água em uma chaleira que estava inicialmente a 20 °C, 100 kPa; os outros 10% escapam para o ar do ambiente. A água, à temperatura uniforme T, é levada ao ponto de fervura. No começo do processo, qual é a taxa de transferência de exergia decorrente da (a) potência elétrica de entrada; (b) do elemento aquecedor; e (c) absorvida pela água à temperatura Tágua? 8.72 O ar flui a 1 500 K, 100 kPa, através de um trocador de calor de pressão constante que cede calor a um motor térmico e que finalmente sai a 500 K. Qual é a temperatura constante na qual a mesma transferência de calor deveria ser feita para propiciar a mesa exergia? 8.73 Um balde de madeira (2 kg) com 10 kg de água quente líquida, ambos a 85 °C, é abaixado por 400 m para dentro do poço 15/10/14 15:12 362 Fundamentos da Termodinâmica de uma mina. Qual é a exergia do conjunto balde e água com relação à superfície ambiente, a 20 °C ? 8.74 8.75 8.76 8.77 8.78 8.79 lor reversível que extrai calor da circunvizinhança a 17 °C. A vazão de água é de 2kg/min e todo o processo é reversível, ou seja, não há variação líquida global de entropia. Se a bomba de calor recebe 40 kW de taxa de trabalho (potência), encontre o estado de saída da água e o aumento de exergia específica da água. Um escoamento de 0,1 kg/s de água quente a 70 °C é misturado com um escoamento de 0,2 kg/s de água fria a 20 °C, dentro do misturador de um chuveiro. Qual é a taxa de destruição de exergia (irreversibilidade) no processo? 1 Um bloco de cobre de 1 kg a 350 °C é resfriado rapidamente em um banho de 10 kg de óleo, inicialmente à temperatura ambiente de 20 °C. Calcule a temperatura final uniforme (sem troca de calor para ou do ambiente) e a variação de exergia do sistema (óleo e cobre). Uma chaleira de água tem 1 kg de água líquida saturada à P0. Ela está sobre um fogão elétrico que a aquece a partir de uma superfície quente a 500 K. O vapor d’água escapa da chaleira e quando a última gota de líquido desaparece, o fogão é desligado. Determine a destruição de exergia em dois locais: (a) entre a superfície quente e a água; e (b) entre a tomada elétrica e a superfície quente. Um tanque isolado de 200 L contém gás nitrogênio a 200 kPa, 300 K. Uma linha com nitrogênio a 500 K, 500 kPa, adiciona mais 40% de massa ao tanque, através de uma linha com válvula. Empregue calores específicos constantes para encontrar a temperatura final e a destruição de exergia. Um disco de freio de automóvel, feito de ferro e com massa de 10 kg está inicialmente a 10 °C. Repentinamente as pastilhas de freio são aplicadas, aumentando a temperatura por atrito até 110 °C, enquanto o carro mantém velocidade constante. Encontre a variação de exergia do disco e o gasto de energia do tanque de gasolina do carro devido apenas a este processo. Adote que o motor tem uma eficiência térmica de 35%. A água na forma de líquido saturado a 200 kPa passa através de um trocador de calor (aquecedor) a pressão constante, conforme mostrado na Figura P8.79. A entrada de calor é fornecida por uma bomba de ca- termodinamica 08.indd 362 Entrada de água Aquecedor 2 · Q1 · WB.C. · Q0 Tambiente FIGURA P8.79 8.80 Dois kg de amônia a 400 kPa e 40 °C são carregados em um cilindro juntamente com uma massa desconhecida de amônia líquida saturada a 400 kPa. O pistão móvel é colocado no cilindro, de forma que a pressão é mantida constante e as duas massas podem misturar-se livremente, sem trocas externas de calor, até alcançarem um estado final uniforme de vapor saturado. Encontre a destruição total de exergia (irreversibilidade) no processo. Equação de Balanço de Exergia 8.81 Aplique a equação da exergia para resolver o Problema 8.18. 8.82 Aplique a equação da exergia para resolver o Problema 8.35, com T0 = 20 °C. 8.83 Estime temperaturas razoáveis para usar e encontre todos os fluxos de exergia no refrigerador do Exemplo 5.2. 8.84 Encontre a exergia específica do escoamento entrando e saindo da turbina a vapor do Exemplo 7.1, adotando temperatura ambiente de 293 K. Use a equação de balanço de exergia para encontrar o trabalho reversível específico. Esse cálculo do trabalho específico depende de T0? 15/10/14 15:12 Exergia 8.85 Aplique a equação da exergia para resolver o Problema 8.36. 8.86 Avalie os fluxos de exergia em regime permanente decorrentes de uma transferência de calor de 50 W, através de uma parede com 600 K de um lado e 400 K do outro. Qual é a destruição de exergia na parede? é entregue a 1 500 K constantes. Dos 70% da energia que é perdida, 40% vão pelo coletor de escape a 900 K e os restantes 30% saem via troca de calor pelas paredes do bloco, a 450 K, indo para o fluido de arrefecimento, a 370 K e finalmente para o ar atmosférico, a 20 °C. Encontre todos os fluxos de energia e exergia para esse motor térmico. Determine também a destruição de exergia e onde ela ocorre. Parede • Q 600 K 400 K 8.93 Um conjunto cilindro-pistão tem forças atuan­do no pistão de forma a manter a pressão constante. Ele contém 2 kg de amônia a 1 MPa, 40 °C que é, em seguida, aquecida a 100 °C por um motor térmico reversível que recebe calor de uma fonte a 200 °C. Encontre o trabalho cedido pelo motor térmico, usando a equação de balanço de exergia. 8.94 Um aparelho de ar-condicionado, em um dia quente de verão, remove 8 kW de energia de uma casa a 21 °C e rejeita a energia para fora, a 31 °C. A casa tem uma massa de 15000 kg e um calor específico médio de 0,95 kJ/kgK. Para fazer isso, o lado frio do ar-condicionado se encontra a 5 °C e o lado quente a 40 °C. O condicionador de ar (refrigerador) possui um CDD que é 60% aquele de um refrigerador de Carnot correspondente. Encontre o CDD real do condicionador de ar, a potência requerida para acioná-lo, a taxa de destruição de exergia dentro do condicionador e a taxa total de destruição de exergia devida ao condicionador de ar e à casa. 8.95 Se o condicionador de ar do problema anterior for desligado, quão rápido a casa se aquecerá, em K/s? 8.96 Um conjunto de freio com disco de aço de 2 kg e pastilhas de 1 kg está a 20 °C. Em seguida, o freio é acionado para parar o carro, de forma que dissipa energia por atrito e aquece até T2 = 200 °C. Adote que as pastilhas de freio possuem calor especifico de 0,6 kJ/kgK. Após esse processo, o disco e as pastilhas lentamente se resfriam até a temperatura ambiente T3 = 20 °C. Determine a destruição de exergia no processo de frenagem (1 → 2), e no processo de resfriamento (2 → 3). FIGURA P8.79 8.87 Um trocador de calor de fluxo em contracorrente esfria ar a 600 K, 400 kPa, para 320 K, usando um suprimento de água a 20 °C, 200 kPa. A vazão de água é de 0,1 kg/s e a vazão de ar é de 1 kg/s. Considere que isso possa ser feito por um processo reversível através do uso de motores térmicos distribuídos entre as linhas, e despreze as variações de energia cinética. Encontre a temperatura de saída da água e a potência cedida pelos motores térmicos. 8.88 Considere o condensador do Problema 7.48. Encontre a energia e exergia específicas cedidas, adotando temperatura ambiente de 20 °C. Encontre também a destruição de exergia específica do processo. 8.89 Aplique a equação da exergia para determi­ nar a destruição de exergia no Problema 8.54. 8.90 Uma vazão de 1 kg/s de ar a 300 K é misturada com uma vazão de 2 kg/s de ar a 1 500 K, na junção isolada de dois tubos, a uma pressão de 100 kPa. Determine a temperatura de saída e a destruição de exergia. 8.91 O condensador de uma usina de potência esfria 10 kg/s de água a 10 kPa, com título inicial de 90%, de forma que a água deixa o equipamento como líquido saturado a 10 kPa. O resfriamento é feito com água do mar, que chega à temperatura ambiente de 15 °C e retornada ao oceano a 20 °C. Encontre as transferências de energia e exergia saindo da água de processo entrando na água do mar (quatro termos). 8.92 Considere o motor automotivo do Exemplo 5.1 e adote que a energia do combustível termodinamica 08.indd 363 363 15/10/14 15:12 364 8.97 8.98 Fundamentos da Termodinâmica Uma pequena casa mantida a 20 °C internamente perde 12 kW para o ambiente externo, a 0 °C. Uma bomba de calor é usada para ajudar a aquecer a casa, juntamente com um possível aquecedor elétrico. A bomba de calor é acionada por um motor elétrico de 2,5 kW, e tem um CDD que é um quarto de uma bomba de calor de Carnot. Encontre o CDD da bomba real e a destruição de exergia no processo todo. Um fazendeiro aciona uma bomba de calor usando 2 kW de potência de entrada. Ele mantém uma incubadora a 30 °C, que perde 10 kW para o ambiente externo frio, a 10 °C. Determine o CDD da bomba de calor, a taxa de destruição de exergia na bomba de calor e seus trocadores de calor, além da taxa de destruição de exergia no processo de perda de calor. Eficiência via Segunda Lei 8.99 Um motor térmico recebe uma transferência de calor de 1 kW a 1 000 K e cede 400 W na forma de trabalho, com o restante transferido termicamente ao ambiente. Encontre as eficiências via primeira e segunda leis. 8.100 Um trocador de calor aumenta a exergia de uma corrente de água de 3 kg/s, em 1 650 kJ/kg, usando uma corrente de ar quente de 10 kg/s, que chega a 1 400 K e sai com 600 kJ/kg a menos de exergia do que tinha na entrada. Qual é a irreversibilidade e a eficiência via segunda lei? 8.101 Encontra e eficiência baseada na segunda lei para a bomba de calor do Problema 8.57. 8.102 A entrada de uma turbina a vapor está a 1 200 kPa, 500 °C. A saída real encontra-se a 300 kPa, realizando trabalho real de 407 kJ/kg. Qual a eficiência via segunda lei? Determine suas eficiências via primeira lei (isotrópica) e segunda lei. 8.106 Determine a eficiência baseada na segunda lei para o ar comprimido do Problema 8.65. Considere o sistema completo, da entrada até o ponto final de uso. 8.107 Uma turbina recebe vapor a 3000 kPa, 500 °C e tem dois escoamentos de saída, um a 1 000 kPa, 350 °C, com 20% da vazão e o remanescente a 200 kPa, 200 °C. Encontre as eficiências isotrópica e via segunda lei. 8.108 O vapor entra em uma turbina a 25 MPa, 550 °C e sai a 5 MPa, 325 °C, a uma vazão de 70 kg/s. Determine a potência total de saída da turbina, sua eficiência isotrópica e sua eficiência via segunda lei. 8.109 Um motor térmico opera em um ambiente a 298 K e produz 5 kW de potência, com uma eficiência via primeira lei de 50%. Ele possui eficiência baseada na segunda lei de 80% e TFria = 310 K. Encontre todas as transferências de energia e exergia para dentro e para fora. 8.110 Um escoamento de nitrogênio de 0,1 kg/s sai de um estágio de compressor a 500 kPa, 500 K e, em seguida, é resfriado a 310 K em um trocador intermediário de contracorrente, por água líquida a 125 kPa, que entra a 15 °C e sai a 22 °C. Determine a vazão de água e a eficiência baseada na segunda lei para o trocador de calor. 8.111 O ar flui para dentro de um motor térmico nas condições ambientes de 100 kPa, 300 K, conforme mostrado na Figura P8.111. w 1 8.103 Encontra e eficiência baseada na segunda lei para o compressor do Problema 8.21. 8.104 Encontre a eficiência isotrópica e a efi­ ciência baseada na segunda lei para o compressor do Problema 8.26. 8.105 Uma turbina a vapor tem a entrada a 4 MPa, 500 °C e uma saída real a 100 kPa, x = 1,0. termodinamica 08.indd 364 2 Motor térmico P0, T0 qH TH P0, T2 –qperda TM FIGURA P8.111 A energia é adicionada à taxa de 1200 kJ por kg de ar, de uma fonte a 1 500 K e, em alguma parte do processo, uma perda por 15/10/14 15:12 Exergia transferência de calor de 300 kJ/kg de ar ocorre a 750 K. O ar deixa o motor a 100 kPa e 800 K. Encontre as eficiências via primeira e segunda leis. 8.112 O ar entra em um compressor com condições ambientais de 100 kPa, 300 K e sai a 800 kPa. Se a eficiência isotrópica do compressor é de 85%, qual é a eficiência baseada na segunda lei do processo de compressão? 8.113 Considere que o ar do problema anterior, após deixa o compressor, escoa em uma linha de ar comprimido até uma ferramenta pneumática e que, naquele ponto, a pressão seja de 750 kPa e a temperatura tenha caído para a temperatura ambiente de 300 K. Qual a eficiência baseada na segunda lei para todo o sistema? 8.114 Um compressor é usado para levar vapor d’água saturado de 1 MPa a até 15 MPa, onde sua temperatura real de descarga é de 650 °C. Encontre a irreversibilidade e a eficiência via segunda lei. 8.115 Use a equação da exergia para analisar o compressor do Exemplo 4.8 e determinar sua eficiência via segunda lei, adotando que o ambiente esteja a 20 °C. 8.116 Calcule a eficiência baseada na segunda lei para o trocador de calor de fluxo concorrente do Problema 7.113, com um ambiente a 17 °C. 8.117 Um compressor recebe ar a 290 K, 100 kPa e aumenta sua pressão em um processo adiabático. O trabalho específico real é de 210 kJ/kg e a eficiência isotrópica é de 82%. Encontre a pressão de saída e a eficiên­cia via segunda lei. 8.118 Uma corrente de água de 2 kg/s a 1 000 KPa, 80 °C, entra em uma caldeira que opera à pressão constante, em que a água é aquecida a 400 °C. Adote que o gás que aquece a água é ar quente chegando a 1 200 K e saindo a 900 K, como em um trocador em contracorrente. Encontre a taxa total de irreversibilidade no processo e a efi­ciência baseada na segunda lei do arranjo da caldeira. termodinamica 08.indd 365 365 8.119 Um trocador de calor aquece 10 kg/s de água, inicialmente a 100 °C, a até 500 °C e pressão de saída de 2 000 kPa. O trocador usa ar que chega a 1 400 K e sai a 460 K. Qual a eficiência via segunda lei? 8.120 Calcule a eficiência baseada na segunda lei para o trocador de calor de fluxo contracorrente do Problema 7.105, com um ambiente a 20 °C. 8.121 Uma turbina a vapor recebe 5 kg/s de vapor a 400 °C, 10 MPa. Uma vazão de 0,8 kg/s é extraída a 3 MPa, na forma de vapor saturado e o restante sai a 1 500 kPa, com título de 0,975. Encontre a eficiência baseada na segunda lei da turbina. Problemas adicionais com aplicações de exergia relacionada a ciclos podem ser encontrados nos Capítulos 9 e 10. Problemas para Revisão 8.122 Calcule a irreversibilidade para o processo descrito no Problema 4.154, adotando que a transferência de calor ocorre com o ambiente circundante, a 17 °C. 8.123 A fonte de temperatura alta para um motor térmico cíclico é um trocador de calor que opera em regime permanente onde R-134a entra a 80 °C, na forma de vapor saturado, e sai a 80 °C, na forma de líquido saturado e a uma vazão de 5 kg/s. 80 °C Vapor saturado Condensador de R-134a · QH 80 °C Líquido saturado · Wlíq. · QL 150 kPa 125 kPa 20 °C 70 °C Trocador de calor Ar FIGURA P8.123 O calor é rejeitado do motor térmico para outro trocador de calor em regime perma- 15/10/14 15:12 366 Fundamentos da Termodinâmica nente, em que o ar entra a 150 kPa e temperatura ambiente de 20 °C e sai a 125 kPa, 70 °C. A taxa de irreversibilidade para o processo geral é 175 kW. Calcule a vazão mássica de ar e a eficiência térmica do motor térmico. 8.124 Um cilindro com um pistão regulado por mola contém 50 L de gás dióxido de carbono a 2 MPa. O dispositivo é feito de alumínio e tem uma massa de 4 kg. Tudo (alumínio e gás) está inicialmente a 200 °C. Por meio de troca de calor todo o sistema é resfriado até a temperatura ambiente de 25 °C, ponto em que a pressão do gás é 1,5 MPa. Encontre a exergia nos estados inicial e final, além da destruição de exergia no processo. 8.125 Um compressor de dois estágios recebe nitrogênio a 20 °C, 150 kPa, e o comprime inicialmente a 600 kPa, 450 K. Em seguida, o gás passa por um resfriador intermediário, onde resfria até 320 K, retornando ao segundo estágio onde é comprimido até 3 000 kPa, 530 K. Encontre o aumento de exergia específica e a destruição de exergia específica em cada um dos dois estágios. 8.126 O resfriador intermediário do problema anterior usa água líquida fria para resfriar o nitrogênio. A vazão de nitrogênio é de 0,1 kg/s; a temperatura da água líquida na entrada é de 20 °C, sendo disposta em contracorrente com o nitrogênio de forma que deixa o trocador a 35 °C. Encontre a vazão mássica de água e a destruição de exergia no resfriador intermediário. 8.127 Determine a irreversibilidade no processo de resfriamento de folhas de vidro do Problema 4.144. 8.128 O ar em um conjunto cilindro/pistão está a 110 kPa, 25 °C, com volume de 50 L. Através de um processo reversível politrópico ele vai a um estado final de 700 kPa, 500 K e troca calor com o ambiente a 25 °C, por meio de um dispositivo reversível. Encontre o trabalho total (incluindo o do dispositivo externo) e a transferência de calor recebida do ambiente. 8.129 Um container rígido, com volume de 200 L é dividido em dois volumes iguais por uma termodinamica 08.indd 366 partição. Ambos os lados contém nitrogênio; um lado está a 2 MPa, 300 °C e o outro está a 1 MPa, 50 °C. A partição rompe-se e o nitrogênio chega a um estado uniforme, a 100 °C. Admitindo que o ambiente em torno esteja a 25 °C, encontre a taxa de transferência de calor real e a irreversibilidade no processo. 8.130 Considere o processo irreversível do Problema 6.182. Adote que o processo poderia ser feito reversivelmente pela adição de motores térmicos/bombas entre os tanques A e B e o cilindro. O sistema total é isolado de forma que não há troca de calor para ou a partir do ambiente. Encontre o estado final, o trabalho cedido ao pistão e o trabalho total para ou a partir dos motores térmicos/ bombas. 8.131 Considere o motor térmico do Problema 8.111. A temperatura de saída era de 800 K, mas quais são os limites teóricos para essa temperatura? Encontre a temperatura mais alta e a mais baixa, adotando que as transferências de calor sejam como descritas no enunciado. Para cada caso, forneça as eficiências via primeira e segunda leis. 8.132 Uma pequena arma de pressão tem 1 cm3 de ar a 250 kPa, 27 °C. O pistão é uma bala de massa 20 g. Qual é a maior velocidade potencial com a qual a bala pode sair? 8.133 Considere o bocal do Problema 7.154. Qual a eficiência baseada na segunda lei para o bocal? 8.134 Considere a lâmpada do Problema 6.189. Quais são os fluxos de exergia nos vários locais mencionados? Qual é a destruição de exergia no filamento; no bulbo inteiro, incluindo o vidro; e na sala inteira incluindo o bulbo? A luz não afeta o gás ou o vidro do bulbo, mas é absorvida pelas paredes da sala. 8.135 O ar no conjunto cilindro-pistão mostrado na Figura P8.135, está a 200 kPa e 300 K, com um volume de 0,5 m3. Se o pistão estiver nos batentes, o volume é de 1 m3 e a pressão necessária para que isso ocorra é de 400 kPa. O ar é, a seguir, aquecido do estado inicial até 1 500 K por meio de um 15/10/14 15:12 Exergia reservatório a 1 700 K. Encontre a irreversibilidade total no processo, adotando que o ambiente circundante esteja a 20 °C. Ar 1Q 2 Tres requerido pelo refrigerador devido a esse processo e a irreversibilidade total, incluindo aquela do refrigerador. 8.138 Um conjunto cilindro-pistão possui uma carga no pistão de forma a manter a pressão constante. Ele contém 1 kg de vapor a 500 kPa, título de 50%. O calor de um reservatório a 700 °C aquece o vapor até 600 °C. Encontre a eficiência baseada na segunda lei para esse processo. Observe que nenhuma fórmula foi fornecida para esse caso particular, então, determine uma expressão razoável para ele. P0 km 367 FIGURA P8.135 8.136 O ar entra em uma turbina que opera em regime permanente a 1 600 K e sai para atmosfera a 1 000 K. A eficiência baseada na segunda lei é de 85%. Qual pressão de entrada da turbina? 8.137 Um tanque rígido de aço de 1 kg contém 1,2 kg de R-134a, a 20 °C e 500 kPa. O conjunto é colocado em um freezer que reduz sua temperatura até –20 °C. O freezer opera em uma cozinha a 20 °C e tem um CDD que é metade daquele de um refrigerador de Carnot. Encontre a transferência de calor cedida pelo R-134a, o trabalho extra 8.139 Um jato de ar de 200 m/s a 25 °C, 100 kPa, flui em direção a uma parede em que se cria uma região de estagnação da qual o ar sai a baixa velocidade. Considere o processo como adiabático e reversível. Use a equação da exergia e a segunda lei para encontrar a temperatura e a pressão de estagnação. 1 2 FIGURA P8.139 PROBLEMAS ABERTOS, PROJETOS