ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS PROF. ERIC AVERSARI MARTINS (ADAPTADO POR PEDRO SORIANO) SUMÁRIO 1. 1.1. 1.2. 1.3. 1.4. 1.5. 2. 2.1. 2.2. 2.3. 2.4. 3. 3.1. 3.2. 3.3. 3.4. 4. 4.1. 4.2. 4.3. 4.4. 4.5. 5. 5.1. 5.2. 5.3. 5.3.1. 5.3.2. ANTES DE COMEÇAR RELATÓRIO DOS AUDITORES MODELO CONTÁBIL PRIMEIRA LEITURA ANTES DE FAZER QUALQUER CONTA NOTAS EXPLICATIVAS NUNCA ESQUECER AH E AV CALCULAR ANÁLISE HORIZONTAL ANÁLISE VERTICAL CONCLUSÃO DA ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL LIQUIDEZ CALCULAR ANALISAR OS ÍNDICES ANALISAR AS VARIAÇÕES DAS CONTAS CIRCULANTES CONCLUIR SOBRE A SITUAÇÃO DE LIQUIDEZ PRAZOS E DFC 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4 CALCULAR OS PRAZOS 4 ANALISAR O COMPORTAMENTO DOS PRAZOS 4 ANALISAR A VARIAÇÃO DAS CONTAS QUE COMPÕEM OS PRAZOS 4 ANALISAR A VARIAÇÃO DOS PRAZOS EM RELAÇÃO À GERAÇÃO OU CONSUMO DE CAIXA 4 CONCLUIR SOBRE A GESTÃO DE PRAZOS E IMPACTO DE CAIXA 5 GERAÇÃO DE CAIXA CALCULAR IDENTIFICAR SE FOI GERADO OU CONSUMIDO CAIXA NO PERÍODO IDENTIFICAR O QUANTO CADA ATIVIDADE GERA/CONSOME DE CAIXA ATIVIDADE OPERACIONAL ATIVIDADE DE INVESTIMENTO 5 5 5 5 5 5 5.3.3. 5.3.4. 5.4. 6. 6.1. 6.2. 6.3. 6.4. 7. 7.1. 7.2. 7.2.1. 7.2.2. 7.2.3. 7.2.4. 7.3. 8. 8.1. 8.2. 8.2.1. 8.3. 8.3.1. 8.3.2. 8.3.3. 8.3.4. 8.3.5. 8.4. 9. 9.1. 9.2. ATIVIDADE DE FINANCIAMENTO IDENTIFICAR QUEM ESTÁ SUBSIDIANDO QUEM CONCLUIR SOBRE A GERAÇÃO DE CAIXA DA ENTIDADE ENDIVIDAMENTO IDENTIFICAR AS DÍVIDAS CALCULAR OS ÍNDICES ANALISAR OS ÍNDICES CONCLUIR SOBRE A SITUAÇÃO DO ENDIVIDAMENTO MARGENS CALCULAR AS MARGENS ANALISAR AS MARGENS MARGEM BRUTA MARGEM EBIT MARGEM EBITDA MARGEM LÍQUIDA CONCLUSÃO SOBRE AS MARGENS RENTABILIDADE CALCULAR PARA SUBSIDIAR O CÁLCULO DOS INDICADORES CALCULAR OS INDICADORES CUIDADO ESPECIAL ANATOMIA DA RENTABILIDADE ROE ROI KD E SPREAD PROPORÇÃO PF/PL EQUAÇÃO E GAF CONCLUIR SOBRE A RENTABILIDADE RELATÓRIO FINAL RESUMO DA ANÁLISE SUGESTÕES DE AÇÕES PARA MELHORIA 5 5 6 6 6 6 6 6 6 6 7 7 7 7 7 7 7 7 7 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 9 Prof. Eric Aversari Martins 1 1. Antes de Começar 1.1. Relatório dos Auditores Não adianta analisar uma DF sem verificar a opinião dos auditores. Caso haja alguma ênfase ou ressalva, esses devem ser os primeiros pontos a serem levados em consideração. Em caso de opinião adversa, mais cautela ainda deve ser considerada, sendo até mesmo o caso de invalidar as análises a serem feitas. Os Principais Pontos de Auditoria apresentam aspectos importantes e devem ser lidos com cuidado. 1.2. Modelo Contábil Para o adequado entendimento das DFs de qualquer empresa é sempre necessário que se conheça o modelo contábil aplicado ao seu setor de atuação. Empresas comerciais são as mais simples. As indústrias apresentam complexidade um pouco maior no que tange ao processo de produção e seus impactos nos estoques, mas também não possuem grandes complexidades. Já alguns outros setores possuem especificidades que levam à necessidade de conhecimento de regras contábeis específicas e seus efeitos. A seguir, apresenta-se uma lista não exaustiva de modelos específicos: setores que envolvam atividades agropecuárias tem formas específicas de avaliar os ativos biológicos e seus produtos; bancos e seguradoras possuem regras próprias que precisam ser profundamente conhecidas para que se possa entender suas DFs; setores de construção de ativos de longo prazo sofrem grandes efeitos no que diz respeito às regras de reconhecimento de receita; cooperativas possuem especificidades próprias sobre a forma de registrar seu patrimônio líquido e lucros; as atividades de locação de imóveis exigem que sejam conhecidas as regras sobre ativos disponibilizados para aluguel (propriedades para investimento) e sua métrica de avaliação; e setores que trabalham com concessões públicas possuem regras específicas para o reconhecimento de seus ativos e receitas. Sem o conhecimento das regras contábeis aplicadas às atividades realizadas pelas entidades não é possível realizar uma análise adequada das suas demonstrações financeiras. Portanto, ante de dar início à análise, deve-se considerar qual modelo contábil é aplicável para a entidade e entender quais são as regras gerais e específicas que estão sendo utilizadas para a elaboração das demonstrações a serem analisadas. 1.3. Primeira Leitura Antes de Fazer Qualquer Conta Antes de se iniciar qualquer tipo de conta, deve ser realizada uma leitura atenta das DFs, buscando encontrar os maiores números e as maiores variações sempre buscando entender as principais contas que compõem a estrutura de cada DF. Normalmente, as coisas mais relevantes são sempre obtidas de uma leitura atenta e não com base em cálculos de enormes tabelas de indicadores. 1.4. Notas Explicativas As notas explicativas nunca devem ser deixadas de lado. Elas trazem detalhamentos que podem ser bastante importantes no entendimento do que está, de fato, ocorrendo com a empresa analisada. Portanto, sempre devem ser consultadas para permitir um melhor entendimento de cada aspecto da análise de balanços. 1.5. Nunca esquecer As DFs são mais importantes do que os indicadores. Indicadores são relevantes pois apresentam uma visão resumida e esquematizada do que está ocorrendo. Mas eles apontam para onde se deve olhar nas DFs e nunca devem ser observados isoladamente. Sempre se deve buscar analisar as variações das contas, suas relações e o que elas representam. Somente olhar os indicadores pode levar à uma análise superficial e potencialmente incorreta. Uma boa forma de se olhas as DFs com base nos indicadores é observando as contas que são utilizadas para o cálculo do indicador que se está analisando. Por exemplo, se o indicador em análise é liquidez corrente, deve-se Prof. Eric Aversari Martins 2 observar todas as contas do ativo circulante e todas do passivo circulante, pois são as que compõem o numerador e o denominador do índice. Ao analisar indicadores é sempre relevante observar não somente o que eles apresentam em cada período, mas também a sua evolução ao longo do tempo, que pode indicar tendências relevantes. Lembre sempre: uma análise não é uma simples lista de indicadores, mas o entendimento da realidade econômica representada pelas DFs. Uma análise completa não deve considerar partes isoladas e sempre deve ser realizada com base em uma série histórica de dados, ou seja, sempre devem ser comparados os diferentes exercícios disponíveis. Não se desespere e nem desista: uma boa análise também depende de experiência do analista. Se não está vendo as coisas, tente mais, persevere, com o tempo a habilidade irá se desenvolver. 2. AH e AV 2.1. Calcular Montar a planilha com a análise horizontal e vertical. Lembrar sempre que não há uma regra necessariamente fixa para onde deve ser o 100% da planilha. Tudo vai depender do que se deseja observar. Cuidado quando surgir divisões por zero na planilha. 2.2. Análise Horizontal Essa análise irá demonstrar as contas que mais variaram ao longo do tempo. Isso não implica que as variações foram necessariamente relevantes. Lembre-se que de 1 para 2 a variação é de 100%, mas uma variação de 100.000.000 para 120.000.000, que dá 20%, é muito mais relevante. Não foque somente nos percentuais, mas eles são ótimos indicadores do que se observar. 2.3. Análise Vertical Essa análise irá demonstrar as contas que mais variaram em relação à estrutura da DF em análise. Da mesma forma, não foque somente nos percentuais, mas eles são ótimos indicadores do que se observar. 2.4. Conclusão da Análise Vertical e Horizontal Verificar quais são as principais contas e as principais variações identificadas. Lembrar que AH e AV também são muito úteis nas demais análises. 3. Liquidez 3.1. Calcular 3.2. Liquidez Corrente Liquidez Seca Liquidez Imediata CCL Analisar os índices Liquidez corrente inferior a 1,0 indica que a empresa não possui ativos circulantes o suficiente para, quando transformados em caixa, pagarem o passivo circulante existente. Índices muito elevados também podem demonstrar um excesso de caixa ou que há caixa acumulado para outras utilizações que não a quitação de passivos circulantes. Essa visão de caixa excessivo deve ser complementada pela liquidez imediata e também por análises de investimentos, dividendos, capitalizações, empréstimos recebidos etc. Prof. Eric Aversari Martins 3 Liquidez seca abaixo de 1,0 não necessariamente significa algo ruim, sendo até bastante comum. A diferença entre a liquidez corrente e a seca é um bom indicador da dependência dos estoques. Essa análise deve ser complementada pela análise dos prazos de renovação de estoque. O CCL negativo tem a mesma leitura do que a liquidez corrente. A análise do CCL é mais interessante com outras análises de capital de giro mais avançadas que não serão vistas nesse curso. Mas o conceito de CCL é importantíssimo de se ter em mente, pois indica o quanto de recursos a mais a empresa tem no seu ativo circulante líquidos do passivo circulante. 3.3. Analisar as variações das contas circulantes O foco da análise de liquidez deve ser a capacidade de pagamento das dívidas, especialmente as de curto prazo. Para uma análise mais completa da liquidez, também deve ser considerado o endividamento e a capacidade de geração de fluxos de caixa. A liquidez corrente irá demonstrar quais ativos devem virar caixa no prazo de um ano para se pagar as dívidas de curto prazo. Assim, a análise de todas as contas de ativo e passivos circulantes irá dar uma visão mais completa da liquidez, podendo indicar quais contas são mais relevantes, tanto no ativo quanto no passivo, indicando dependências (ativo) e riscos (passivo). A liquidez seca é similar à corrente, mas demonstra também o grau de dependência que a entidade possui da transformação de seus estoques em caixa. Por outro lado, indica quais contas precisam ser transformadas em caixa para que não haja a dependência dos estoques. A liquidez imediata demonstra o quanto do passivo pode ser pago com o caixa existente. Permite uma análise mais detalhada da dependência das demais contas que precisam ser convertidas em caixa. 3.4. Concluir sobre a situação de liquidez Após a análise dos índices e da variação das contas que os compõem é importante realizar uma conclusão sucinta com os principais achados sobre a situação da liquidez da empresa. 4. Prazos e DFC 4.1. Calcular os Prazos 4.2. Prazo de Renovação de Estoques Prazo de Recebimento de Vendas Prazo de Pagamento de Fornecedores Ciclo Operacional Ciclo de Caixa Analisar o comportamento dos prazos A análise do comportamento dos prazos é de extrema importância não somente pelos seus valores em cada período, mas também em relação à sua evolução. Pode ser verificado se os ciclos financeiro e/ou operacional estão sendo encurtados ou alongados e os possíveis reflexos na geração de caixa operacional e até mesmo na liquidez. Por essa razão a análise conjunta da liquidez como os prazos e geração de caixa é extremamente relevante. 4.3. Analisar a variação das contas que compõem os prazos A análise do impacto no caixa das políticas de gestão de prazos deve ser realizada em conjunto com as variações das contas operacionais pertinentes contidas na DFC – Caixa das Atividades Operacionais. A análise das variações das contas operacionais da DFC permite, conjuntamente com a análise das variações dos prazos 4.4. Analisar a variação dos prazos em relação à geração ou consumo de caixa Confirmar na DFC se o impacto foi grande o suficiente ou se a variação do volume compensou a variação dos prazos Prof. Eric Aversari Martins 4 Atenção ao fato de que nem sempre as variações de ativos operacionais implicam em variações de prazo. Muitas vezes os prazos se mantêm os mesmos em situações de crescimento do volume de operações. 4.5. Concluir sobre a gestão de prazos e impacto de caixa Essa conclusão pode ser melhor obtida quando realizada juntamente com a análise de geração de caixa da entidade, conforme abaixo. 5. Geração de Caixa 5.1. Calcular 5.2. EBITDA Identificar se foi gerado ou consumido caixa no período Observar na DFC se o resultado apresentado de geração de caixa foi positivo (caixa gerado) ou negativo (consumido). 5.3. Identificar o quanto cada atividade gera/consome de caixa Verificar qual atividade está gerando/consumindo caixa. Com isso é possível perceber como foi a geração de caixa da entidade. 5.3.1. Atividade Operacional Usualmente positivo pois a operação deve sempre tentar gerar caixa positivo. Caso a geração de caixa operacional não esteja positiva, é importante tentar analisar qual a razão de não se estar gerando caixa com base na análise linha a linha da DFC na parte operacional. Com isso se poderá identificar quais operações geram caixa e quais estão consumindo caixa, o que é extremamente relevante especialmente quando há consumo de caixa operacional. A análise da geração de caixa operacional deve SEMPRE ser realizada conjuntamente com a análise da política de gestão de prazos da entidade. Aqui também pode ser realizada uma comparação da efetiva geração de caixa operacional com o potencial de geração de caixa operacional indicado pelo EBITDA. Com isso é possível entender alguns efeitos da utilização do regime de competência. 5.3.2. Atividade de Investimento Essa atividade normalmente apresenta consumo de caixa, pois representa os investimentos a longo prazo realizados pela entidade. Entretanto, venda de ativos de longo prazo irão aparecer como gerando caixa. Importante verificar se há muita geração de caixa nessa atividade, pois pode estar representando desinvestimento da empresa. 5.3.3. Atividade de Financiamento A geração ou consumo de caixa nessa atividade depende muito da situação da empresa. Caso ela esteja captando recursos, será positiva. Caso esteja tendo um saldo maior de pagamento de empréstimos e dividendos do que captando recursos será negativo. 5.3.4. Identificar quem está subsidiando quem Qual operações estão gerando caixa? Quais estão consumindo? O caixa operacional é suficiente para pagar os investimentos ou está sendo também obtido recursos de financiamento? Esses financiamentos são de terceiros ou próprios? Prof. Eric Aversari Martins 5 Essas questões precisam ser analisadas conjuntamente para que se possa entender a relação entre as atividades e verificar quais estão subsidiando quais. 5.4. Concluir sobre a geração de caixa da entidade A análise conjunta da geração de caixa com a de gestão de prazos permite perceber se já algum impacto da gestão dos prazos na geração de caixa operacional. Ainda, deve ser observada a relação entre as atividades para identificar como está, de uma maneira geral, a geração e consumo de caixa da entidade. Uma análise da evolução do EBITDA e a comparação desse indicador com os da concorrência pode também indicar como está o potencial de geração de caixa operacional da entidade. 6. Endividamento 6.1. Identificar as dívidas 6.2. Calcular os índices 6.3. Total Financeira Operacional Endividamento Alavancagem Financeira Perfil do Endividamento Dívida Líquida / EBITDA Cobertura de Juros Cobertura da Dívida Custo da dívida Analisar os índices Para a análise do endividamento é necessário identificar variações dos indicadores e quais as contas que levaram à tais variações. Com isso é possível analisar tanto o endividamento total quanto o endividamento financeiro. A relação entre as dívidas e o EBITDA, a relação entre os juros e o EBITDA indicam a capacidade de pagamento da entidade de suas dívidas e respectivos juros. O perfil do endividamento indica se houve diminuição ou aumento do prazo de endividamento. A evolução do endividamento permite perceber se a empresa aumentou ou reduziu suas dívidas, o que também deve ser realizado não somente para as dívidas totais, mas também individualmente para as dívidas operacionais e financeiras. Na análise do endividamento também deve ser analisado do custo da dívida financeira já líquida do imposto de renda e contribuição social. Essa análise também é importante na observação do desempenho da empresa. 6.4. Concluir sobre a situação do endividamento Na conclusão sobre o endividamento devem ser analisadas não somente o total da dívida, mas também o que ocorreu com a dívida financeira e dívida operacional. Um aspecto relevante das análises de dívidas é a verificação da evolução do custo da dívida. 7. Margens 7.1. Calcular as Margens Margem Bruta Margem EBIT Margem EBITDA Margem Líquida Prof. Eric Aversari Martins 6 7.2. Analisar as Margens Todas as margens devem ser analisadas não somente com base nas suas variações. Uma análise completa das margens exige uma análise conjunta das variações das contas que as compõem. Sendo assim, a análise das margens depende conjuntamente das análises horizontal e vertical sobre os comportamentos das variáveis tanto no denominador quanto no numerador das fórmulas. 7.2.1. Margem Bruta Analisar não somente a margem bruta, mas sim a variação da receita líquida em relação à variação do CMV para se entender qual a razão do comportamento da margem bruta. 7.2.2. Margem EBIT Analisar não somente a margem EBIT, mas sim a variação da receita líquida em relação às variações, principalmente, das despesas operacionais. A análise da margem EBIT depende de uma boa análise da margem bruta, pois a variação da margem bruta impacta na variação da margem EBIT. 7.2.3. Margem EBITDA Mesmas considerações sobre a margem EBIT, mas incluindo-se uma análise mais detalhada das depreciações e amortizações. 7.2.4. Margem Líquida Mesmas considerações, mas incluindo-se uma análise mais detalhada do impacto do resultado financeiro e do imposto de renda no resultado final. Um aspecto relevante a ser analisado é se as margens EBIT e Líquida possuem o mesmo sinal, ou seja, se o resultado financeiro e o imposto de renda não estão “consumindo” todo o EBIT gerado. 7.3. Conclusão Sobre as Margens Após a análise conjunta desses indicadores e as respectivas contas, apresentar uma conclusão sobre os principais achados. Importante considerar nessa conclusão não somente as variações dos indicadores, mas, principalmente, as causas dessas variações que podem ser obtidas da análise das variações das contas envolvidas. 8. Rentabilidade 8.1. Calcular para subsidiar o cálculo dos indicadores 8.2. Ativo Líquido (Investimento) Lucro do Ativo Passivo Financeiro Despesa Financeira Líquida Calcular os Indicadores ROA ROE ROI Kd Spread Proporção PF/PL Contribuição da Alavancagem GAF Prof. Eric Aversari Martins 7 8.2.1. Cuidado Especial Na apuração dos indicadores de rentabilidade, sempre utilizar a mesma base. Ou seja, todos eles devem ser apurados sobre os saldos iniciais, médios ou finais igualmente. Por exemplo, se o ROE é sobre o PL Inicial, ROA, ROI e Kd devem ser também sobre os saldos iniciais. Se for pelo PL Médio, todos os demais também devem ser realizados com base no PL Médio. Se isso não for realizado, a anatomia da rentabilidade não dará certo. 8.3. Anatomia da Rentabilidade 8.3.1. ROE Ao analisar o ROE, muito cuidado com o PL negativo. Ele pode dar uma falsa impressão de bom retorno quando pode estar simplesmente piorando a situação da empresa. Ainda, buscar verificar juntamente com a análise das margens e a análise da variação do PL o que mais afetou o ROE. Ainda, o ROE somente pode ser considerado como sendo o retorno sobre o capital aplicado na empresa, que está registrado a custo histórico pelo valor que foi de fato aportado e/ou retido. Não pode ser comparado o lucro líquido com o valor da empresa no mercado para fins de ROE, deve ser sempre o PL contábil. 8.3.2. ROI Analisar o ROI comparando-o com o ROE. Idealmente, o ROI deve ser inferior ao ROE. Isso será também importante quando da análise da anatomia da rentabilidade. 8.3.3. Kd e Spread O custo da dívida deve ser analisado conjuntamente também com o ROI. A comparação dos dois indica o Spread. Quando o Spread é positivo, a empresa está ganhando dinheiro com recursos de terceiros. Quando o Spread é negativo, os ativos líquidos (investimento) estão gerando resultado inferior ao custo da dívida, o que implica que parte do retorno dos ativos que iria para os acionistas estão sendo utilizados para pagar terceiros. 8.3.4. Proporção PF/PL Note que essa proporção deve considerar o passivo financeiro sobre o patrimônio líquido, e não o passivo total. Assim, será evidenciada a proporção de capital de terceiros (financeiro) sobre o capital próprio, demonstrando uma visão distinta daquela da Alavancagem Financeira mostrada na análise da dívida. Aqui se deve buscar entender a alavancagem somente pelo ponto de vista do passivo financeiro. Empresas muito alavancadas irão ter efeitos maiores do Spread. Ou seja, quando maior a alavancagem, mais dinheiro proporcionalmente ganharão sobre o capital de terceiros (financeiro) se o Spread for positivo. Já se o Spread for negativo, quanto maior essa proporção, mais a dívida está consumindo retorno dos acionistas. 8.3.5. Equação e GAF Unir todos os componentes obtendo a equação: ROE = ROI + (ROI – Kd) X (PF/PL). Com isso é possível verificar o quanto a relação entre o retorno dos investimentos e o custo da dívida está alavancando o retorno dos acionistas. 8.4. Concluir sobre a Rentabilidade A conclusão sobre a rentabilidade deve considerar a relação entre o retorno do investimento, custo da dívida, alavancagem e retorno sobre o patrimônio líquido. Nesse sentido, as análises devem buscar compreender como está sendo gerado retorno pelo ativo, o quando está sendo consumido pelo custo da dívida e o quanto sobra para o acionista, observando se a empresa está “ganhando ou perdendo dinheiro com dinheiro dos outros”. 9. Relatório Final 9.1. Resumo da Análise Pegar todas as conclusões parciais e resumir Prof. Eric Aversari Martins 8 9.2. Buscar relações entre cada uma as análises parciais Liquidez X Prazos Margens X Rentabilidade ROE X Endividamento Etc. Sugestões de ações para melhoria Com base no resumo da análise, verificar onde estão os principais problemas e/ou vantagens. Considerando os principais problemas identificados, buscar apresentar soluções que possam eliminar ou minimizar os problemas focando na melhoria do desempenho e da situação financeira e patrimonial da empresa analisada. Prof. Eric Aversari Martins 9 RESUMO DOS INDICADORES MAIS RELEVANTES Liquidez Liquidez Corrente Ativo Circulante Passivo Circulante Liquidez Seca Ativo Circulante - Estoques Passivo Circulante Liquidez Imediata Disponibilidades Passivo Circulante CCL Ativo Circulante – Passivo Circulante Prazos PMPF Fornecedores Inicial + Fornecedores Final ( ) 2 ×360 Compras Compras Compras = SF Forn – SI Forn + CMV PMRE Estoques Inicial + Estoques Final ( ) 2 ×360 |CMV| PMRV ( Contas a Recever Inicial + Contas a Receber Final ) 2 ×360 Receita de Vendas Ciclo Operacional PMRE + PMRV Ciclo Financeiro Ciclo Operacional - PMPF Prof. Eric Aversari Martins 10 Margens Margem Bruta Lucro Bruto Receita Líquida Margem EBIT EBIT Receita Líquida Margem Líquida Lucro Líquido Receita Líquida Margem EBITDA EBITDA Receita Líquida Análise da Dívida Alavancagem Financeira Ativo Total Passivo Total Endividamento Passivo Total Patrimônio Líquido Perfil da Dívida Passivo Circulante Passivo Total Passivo Financeiro Emp. e Fin. CP + Emp. e Fin. LP Passivo Operacional Passivo Total – Passivo Financeiro Desp. Fin. Líquida Desp. Financeira X (1 - Alíquota IR/CS) Custo da Dívida (Kd) Desp. Fin. Líquida Passivo Financeiro Dívida Líquida Passivo Financeiro – Caixa e Equivalentes de Caixa Cobertura de Juros Desp. Financeira EBITDA Cobertura da Dívida Passivo Financeiro EBITDA Prof. Eric Aversari Martins 11 Análise da Rentabilidade ROE (s/ PL Inicial) Lucro Líquido PL Inicial ROE (s/ PL Final) Lucro Líquido PL Final ROE (s/ PL Médio) Lucro Líquido PL Inicial+PL Final ( ) 2 ROA Lucro Líquido Ativo Total Investimentos Ativo Total – Passivo Operacional Lucro dos Investimentos Lucro Líquido - |Desp. Fin. Líquida| ROIC (s/ Inv. Final) Lucro dos Investimentos Investimentos Spread ROI - Kd Proporção Capital de Terceiros versus Capital Próprio PF/PL Contribuição da Alavancagem Spread X P/PL ROE s/ PL Final = ROI + Contribuição da Alavancagem Anatomia da Rentabilidade (ROE s/ PL Final) Grau de Alavancagem Financeira (GAF) ROE = ROI + [ (ROI – Kd) X (P/PL)] ROE ROI Prof. Eric Aversari Martins 12 1 - Índices de liquidez Segundo Martins, Miranda e Diniz (2014), os índices de liquidez apresentam a situação financeira de uma empresa frente aos compromissos financeiros assumidos, ou seja, demonstram sua capacidade de arcar com as dívidas assumidas, o que, em última instância, sinaliza a condição de sua própria continuidade. Basicamente, temos 4 índices, conforme demonstrado abaixo: Índice Fórmula Ativo Circulante Liquidez Corrente Passivo Circulante Caixa e equivalentes de caixa Liquidez Imediata Passivo Circulante Ativo Circulante (-) Estoques Liquidez Seca Passivo Circulante Função Mostra o quanto a empresa possui de recursos de curto prazo (Ativo Circulante) para cada real de dívidas de curto prazo (Passivo Circulante). Liquidez corrente inferior a 1,0 indica que a empresa não possui ativos circulantes o suficiente para, quando transformados em caixa, pagarem o passivo circulante existente. Mostra a parcela das dívidas de curto prazo (Passivo Circulante) que poderiam ser pagas imediatamente por meio dos valores relativos a caixa e equivalente de caixa (disponível). Geralmente, a liquidez imediata é inferior a 1, pois é mais comum a empresa deixar recursos aplicados do que disponível em caixa. Mostra a parcela das dívidas de curto prazo (Passivo Circulante) que poderiam ser pagas pela utilização de itens de maior liquidez no ativo circulante, basicamente, disponível e contas a receber. Liquidez seca abaixo de 1,0 não necessariamente significa algo ruim, sendo até bastante comum. A diferença entre a liquidez corrente e a seca é um bom indicador da dependência dos estoques. Essa análise deve ser complementada pela análise dos prazos de renovação de estoque. O foco da análise de liquidez deve ser a capacidade de pagamento das dívidas, especialmente as de curto prazo. Para uma análise mais completa da liquidez, também deve ser considerado o endividamento e a capacidade de geração de fluxos de caixa. 2 – Ebit e Ebitda Ebit é a sigla em inglês para “Earnings Before Interest and Taxes”. Em português, significa “lucro antes dos juros e tributos”, que acabou gerando a sigla: LAJIR. É o lucro operacional da empresa. Ebitda também é uma sigla em inglês, dessa vez para “Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization” que, em português, significa LAJIDA: lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização. Índice Ebit Fórmula Lucro Antes Resultado Financeiro Lucro Antes Resultado Financeiro + Depreciação + Amortização Ebitda Função Demonstra o lucro operacional da empresa, sem incluir despesas ou receitas financeiras. Indica o potencial geração de caixa que a empresa tem, considerando itens que não afetam caixa, como depreciação e amortização. 3 – Índices de estrutura de capital e endividamento Para Borinelli e Pimentel (2022) índices de estrutura de capital e endividamento mostram como está composto o patrimônio da organização, pois seu principal objetivo é demonstrar os grandes caminhos das decisões financeiras em termos de obtenção e aplicação de recursos. Via de regra, do ponto de vista da análise de crédito, quanto menores os indicadores de endividamento, melhor. Índice Composição do capital próprio Composição do capital de terceiros Composição do Endividamento (Perfil da Dívida) Composição do Endividamento (Perfil da Dívida Operacional) Fórmula Patrimônio Líquido Passivo Circulante + Passivo não Circulante + Patrimônio Líquido Passivo Circulante + Passivo não Circulante Função Revela qual o percentual de participação do capital próprio em relação ao capital total. Revela qual o percentual de participação do capital de terceiros em relação ao capital total. Passivo Circulante + Passivo não Circulante + Patrimônio Líquido Passivo Circulante Indica quanto a empresa possui de dívidas de curto prazo em relação ao total de dívidas. Passivo Circulante + Passivo não Circulante Passivo Circulante Operacional Passivo Circulante Operacional + Passivo não Circulante Operacional Passivo Circulante Financeiro Indica quanto a empresa possui de dívidas operacionais de curto prazo em relação ao total de dívidas operacionais. Indica quanto a empresa possui de dívidas financeiras de curto Composição do Endividamento (Perfil da Dívida Financeira) Imobilização do Patrimônio Líquido Passivo Circulante Financeiro + Passivo não Circulante Financeiro Ativo não Circulante (-) Realizável a Longo Prazo prazo em relação ao total de dívidas financeiras. Mostra qual a porcentagem dos recursos próprios que está imobilizada ou que não está em giro. Patrimônio líquido Apenas para conhecimento. Esse indicador não será apresentado durante a disciplina. Imobilização dos Recursos não Correntes Passivo Financeiro Passivo Operacional Dívida Líquida (At. Financeiro) Dívida líquida sobre Ebitda KD (Custo da Dívida) Ativo não Circulante (-) Realizável a Longo Prazo Patrimônio líquido + Passivo não Circulante Empréstimos e Financiamentos de Curto Prazo e Longo Prazo Passivo Total (–) Passivo Financeiro Empréstimos e Financiamentos de Curto e Longo Prazo (–) Caixa e Equivalentes de Caixa Dívida Líquida Ebitda Despesa Financeira Líquida Financiamento Passivo Financeiro Médio 1 Cobertura de Juros ICJ 1 Indica o percentual de recursos de longo prazo alocados em imobilizados, intangíveis e investimentos. Ebit Despesa Financeira Indica o valor que a empresa possui de dívidas financeiras. Indica o valor que a empresa possui de dívidas operacionais. Indica o quanto a empresa tem de recursos financeiros (disponibilidades) para quitar suas dívidas financeiras de curto e longo prazos. Revela a quantidade de período (anos) que a empresa levaria para pagar sua dívida líquida, considerando o cenário de Ebitda inalterado. Mostra o quanto (em percentual) o banco cobra de juros de empréstimo por ano. Veja item 8.3 - Esclarecimentos adicionais. Indica a capacidade que a empresa tem de honrar o pagamento dos juros de empréstimos tomados Na fórmula, também é possível usar o Ebitda como numerador, ficando Ebitda / Despesa financeira. 4 – Índices de Lucratividade e Rentabilidade Segundo Borinelli e Pimentel (2022) os índices de lucratividade e rentabilidade evidenciam qual foi a rentabilidade dos capitais investidos na empresa, bem como qual foi a lucratividade (resultado) das operações realizadas no período. Índice Fórmula Receita Líquida Função Mostra quanto a entidade vendeu em relação ao seu investimento total. Giro do Ativo Ativo Total Médio Receita Líquida Mostra quanto a entidade vendeu em relação ao seu investimento líquido. Giro do Ativo Líquido Ativo Líquido Médio Capital investido Ativo Total (-) Passivo Operacional São os ativos próprios da companhia à vista, ou seja, os ativos depois de se pagar as dívidas operacionais. Veja item 8.3 - Esclarecimentos adicionais. Margem Bruta Lucro Bruto Revela o quanto a empresa teve de lucro bruto, em relação às vendas. Receita Líquida Ebitda Margem Ebitda Receita Líquida Ebit Margem Ebit Receita Líquida Lucro Líquido Margem Líquida Receita Líquida Lucro do Ativo Mostra o quanto a empresa ganha com toda a sua atividade operacional antes dos juros, impostos, depreciação e amortização, em relação a sua receita líquida. Revela o quanto a empresa ganha com toda a sua atividade operacional (considerando não só a atividade principal, mas também as despesas administrativas, com vendas, etc.) com relação à receita líquida. Revela o quanto a empresa ganha com toda a sua atividade, envolvendo as despesas financeiras e o pagamento de impostos, com relação à receita líquida. Revela o quanto a empresa ganha com toda a sua atividade, considerando o lucro do ativo, ajustado pela despesa financeira Margem Líquida Ajustada Lucro do capital investido (ou Lucro dos ativos) Receita Líquida líquida, com relação à receita líquida. Indica o lucro oriundo dos ativos da empresa, sem levar em conta a despesa financeira. Lucro Líquido (-) Desp. Finan. Líquida Lucro Líquido ROA2 – Rentabilidade do Ativo ROE3 – Retorno do Patrimônio Líquido ROIC4 – Retorno sobre Capital Investido Obs.: Despesa financeira líquida é obtida com a fórmula despesa de juros x (1-0,34), onde o valor de 34% é a alíquota de imposto de renda e contribuição social vigente para a maioria das empresas no Lucro Real no Brasil. Demonstra o quanto a empresa lucrou em relação ao seu investimento total. Ativo Total Médio Lucro Líquido Patrimônio líquido Médio Indica o retorno sobre o capital próprio dos investidores/acionistas. Lucro do Ativo (Lucro do Capital Investido) Demonstra o quanto a empresa conseguiu gerar de retorno sobre todo o capital investido. Capital investido Médio 5 – Índices de Gestão e Prazos Médios Segundo Martins, Miranda e Diniz (2014), esses índices permitem que seja analisado o desempenho operacional da empresa e suas necessidades de investimento de giro. Índice PMRE – Prazo Médio de Renovação de Estoques Fórmula Função 5 Estoques Médio x 365 CMV PMRV6 – Prazo Médio de Recebimento de Vendas Contas a Receber Médio x 365 Receita Líquida PMPF7 - Prazo Médio de Pagamento de Fornecedores 2 Fornecedores Médio x 365 Representa o tempo médio consumido entre a compra de estoques e sua venda. Quanto menor o tempo for, melhor. Representa o tempo médio entre a venda a prazo e recebimento do pagamento dos clientes. Quanto menor o tempo for, melhor. Representa o tempo médio do pagamento das compras a prazo realizadas pela empresa. Return On Asset Return On Equity 4 Return On Invested Capital 5 Índice também chamado de PME – Prazo Médio de Estocagem 6 Índice também conhecido como PMR – Prazo Médio de Recebimento 7 Índice também apresentado como PMP – Prazo Médio de Pagamento ou Prazo Médio de Pagamento Compras 3 Compras Compras (–) Estoques Iniciais + CMV em módulo + Estoques Finais Ciclo Operacional Ciclo Financeiro Quanto maior o tempo for, melhor. PMRE + PMRV Ciclo Operacional (–) PMPF Mostra o valor das compras do período. Mostra quantidade de tempo entre a aquisição do estoque e o recebimento da venda Mostra quantidade de tempo entre o momento do pagamento dos estoques e do recebimento das vendas. 6 – Indicadores de Contribuição do Passivo Financeiro Índice Fórmula Passivo Financeiro Médio Alavancagem com dívida Patrimônio Líquido Médio GAF (Grau de Alavancagem) ROE ROIC Função Também chamado de alavancagem dos passivos financeiros. Revela o quanto o sócio ganha por ter passivo financeiro. Mostra se a empresa está sendo beneficiada em relação aos empréstimos tomados (>1) ou se os juros pagos estão consumindo o capital (<1). Mostra a diferença entre retorno do capital investido e o custo da dívida. Spread ROIC (-) KD Quando o Spread é positivo, a empresa está ganhando dinheiro com recursos de terceiros. Quando o Spread é negativo, o capital investido está gerando resultado inferior ao custo da dívida. 7 – Fórmula DuPont Martins, Miranda e Diniz (2014), apresentam a fórmula Dupont, a qual objetiva demonstrar a rentabilidade do investimento desmembrada em Giro do Ativo e Margem, sob uma ótica de vários componentes. A seguir, duas visões do modelo: tradicional e ajustada. Fórmula DuPont Tradicional Índice Fórmula Lucro Líquido Margem Líquida Função É a fórmula tradicional da margem líquida. Revela o quanto a empresa ganha com toda a sua atividade, envolvendo as despesas financeiras e o Receita Líquida Giro do Ativo Receita Líquida Média Ativo Total ROA “Errado” Margem Líquida x Giro Média Ativo Total “Alavancagem” Média Patrimônio Líquido ROA “Errado” x “Alavancagem” ROE pagamento de impostos, com relação à receita líquida. Demonstra a geração de receita com base nos ativos totais, ou seja, mostra o quanto a empresa vendeu para cada real que está investido. Demonstra o quanto a empresa lucrou em relação ao seu investimento total, dessa vez, sendo gerado pelo produto da margem e do giro. Revela o quanto a empresa tem no ativo, para cada real investido no Patrimônio Líquido. Indica o retorno sobre o capital próprio dos investidores/acionistas, dessa vez, sendo o produto do ROA “Errado” x “Alavancagem”. Fórmula DuPont Ajustada Índice Giro do Ativo Fórmula Receita Líquida Média Ativo Líquido ROIC – Retorno sobre Capital Investido Contribuição da Alavancagem ROE – Retorno do Patrimônio Líquido Margem Líquida Ajustada x Giro Spread x Alavancagem ROIC + Contribuição da Alavancagem Função Demonstra a geração de receita com base nos ativos líquidos, ou seja, mostra o quanto a empresa vendeu para cada real (líquido do passivo operacional) que está investido. Demonstra o quanto a empresa conseguiu gerar de retorno sobre todo o capital investido, dessa vez, considerando a margem líquida ajustada. Demonstra quanto o sócio ganha por ter passivo financeiro. Indica o retorno sobre o capital próprio dos investidores/acionistas, dessa vez, sendo o produto ROIC x Contribuição da Alavancagem 8 – Informações Complementares 8.1 - Nomenclaturas Algumas nomenclaturas podem modificar entre autores. Por essa razão, apresentamos alguns sinônimos e/ou esclarecimentos, para facilitar o entendimento dos termos: Fornecedores estão sempre associados ao evento compras de estoques. Ativo circulante + Ativo não circulante = Ativo total. Passivo circulante + Passivo não circulante = Passivo total. Clientes = Contas a Receber. Média de estoque = (Exemplo: Saldo inicial + Período 1) / 2, ou outro período. Média de fornecedores = (Exemplo: Período 1 + Período 2) / 2, ou outro período. Média de clientes = (Exemplo: Saldo inicial + Período 1) / 2, ou outro período. 8.2 – Outras maneiras de calcular o ROE Há ainda mais 2 formas de calcular o ROE: Margem líquida x giro do ativo total x alavancagem financeira Margem líquida ajustada x giro do ativo líquido + contribuição da alavancagem 8.3 – Esclarecimentos adicionais. Capital investido Também pode ser chamado de investimento, ou seja, aquele aportado pelos sócios. Outra expressão utilizada é ativo líquido. KD (Custo da Dívida) Geralmente, nas despesas financeiras também incluem estratégias não relacionadas a empréstimos e financiamentos, como venda de ativos (cessão de crédito sem direito de regresso), variação cambial, tarifas e derivativos, então, nem sempre o resultado do indicador resultará no custo da dívida. Por essa razão, se faz necessário observar sua composição e excluir aquilo que não está associado diretamente com a dívida. Disciplina: CONTABILIDADE FINANCEIRA Professora: Camila Pereira Boscov APOSTILA DE DEMONSTRAÇÃO DE FLUXO DE CAIXA SUMÁRIO .................................................................................................................................................. 1. Apresentação da Demonstração dos Fluxos de Caixa ....................................................................................... 3 2. Segregação da DFC ........................................................................................................................................ 3 2.1 Fluxo de Caixa Líquido Gerado (Consumido) pelas Atividades Operacionais ............................................ 4 2.2 Fluxo de Caixa Líquido Gerado (Consumido) pelas Atividades de Investimento ........................................ 4 2.3 Fluxo de Caixa Líquido Gerado (Consumido) pelas Atividades de Financiamento ..................................... 5 3. DFC pelo Método Direto e pelo Método Indireto ............................................................................................ 5 4. Diferentes formas de classificação .................................................................................................................10 5. Fluxo de Caixa de Finanças............................................................................................................................10 5.1 Fluxo de Caixa dos Ativos .......................................................................................................................12 5.1.1 Fluxo de Caixa Operacional ...............................................................................................................12 5.1.2 Gastos de Capital...............................................................................................................................12 5.1.3 Variação do Capital Circulante Líquido .............................................................................................12 5.2 Fluxo de Caixa aos Credores ....................................................................................................................13 5.3 Fluxo de Caixa aos Acionistas ..................................................................................................................13 6. Exercícios ......................................................................................................................................................13 Rua Quatá, 300 | 04546-042 | Vila Olímpia | São Paulo | SP | Brasil T + 55 11 4504-2400 | www.insper.edu.br 1 LISTA DE SIGLAS ................................................................................................................................................... BP Balanço Patrimonial CCL Capital Circulante Líquido CMV Custos das Mercadorias Vendidas CPC Comitê de Pronunciamentos Contábeis DRE Demonstração do Resultado do Exercício DFC Demonstração dos Fluxos de Caixa EBITDA Earnings Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization FCF Fluxo de Caixa de Financiamento FCI Fluxo de Caixa de Investimento FCO Fluxo de Caixa Operacional LL Lucro Líquido LLA Lucro Líquido Ajustado PL Patrimônio Líquido PMP Prazo Médio de Pagamento PMR Prazo Médio de Recebimento REP Resultado de Equivalência Patrimonial Rua Quatá, 300 | 04546-042 | Vila Olímpia | São Paulo | SP | Brasil T + 55 11 4504-2400 | www.insper.edu.br 2 1. Apresentação da Demonstração dos Fluxos de Caixa A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) possui a função de descrever e explicar a variação do saldo de caixa e equivalentes de caixa em um determinado período. Para isto, apresenta informações relativas as entradas (recebimentos) e saídas (pagamentos) da entidade. Segundo a norma contábil, CPC03(R2), as informações sobre os fluxos de caixa de uma entidade são úteis para proporcionar aos usuários das demonstrações contábeis uma base para avaliar a capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa e as necessidades da entidade para utilizar esses recursos. Exceto para as sociedades anônimas de capital fechado com patrimônio líquido inferior a R$2 milhões, a divulgação da DFC pelas entidades é obrigatória. Caixa compreende numerário em espécie e depósitos bancários disponíveis. Equivalentes de caixa são aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, prontamente conversíveis em montante conhecido de caixa e sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor. Os equivalentes de caixa são mantidos com a finalidade de atender a compromissos de caixa de caixa de curto prazo e não para investimentos ou outros fins. Essas informações, quando combinadas com aquelas apresentadas em outras demonstrações contábeis, auxiliam o usuário a avaliar não só a capacidade dos gestores de gerar lucro, mas também de materializálo em caixa. Ressalta-se que, uma entidade pode ser lucrativa ao mesmo tempo que pode estar quebrada devido à insuficiência de caixa. Por outro lado, uma entidade pode ter prejuízo, mas gerar caixa suficiente para manter o giro da operação. 2. Segregação da DFC A DFC deve apresentar os fluxos de caixa durante o período classificados por atividades operacionais, de investimento e de financiamento, conforme apresentado abaixo. A última linha da DFC é o saldo atual do caixa (mesmo valor do Balanço Patrimonial) da entidade, ou seja, a variação do caixa somada ao saldo inicial de caixa. Rua Quatá, 300 | 04546-042 | Vila Olímpia | São Paulo | SP | Brasil T + 55 11 4504-2400 | www.insper.edu.br 3 [1] Fluxo de Caixa Líquido Gerado (Consumido) pelas Atividades Operacionais [2] Caixa Líquido Gerado (Consumido) pelas Atividades de Investimento [3] Caixa Líquido Gerado (Consumido) pelas Atividades de Financiamento Aumento (Redução) de caixa e equivalentes de caixa = [1] + [2] + [3] = [4] - [5] [4] Saldo Inicial: caixa e equivalentes de caixa [5] Saldo Final: caixa e equivalentes de caixa 2.1 Fluxo de Caixa Líquido Gerado (Consumido) pelas Atividades Operacionais O Fluxo de Caixa Operacional (FCO) explicita de que forma a operação da entidade gera (ou não) caixa, em outras palavras, o FCO é uma métrica de geração efetiva de caixa da operação. É imprescindível que o caixa gerado pela entidade seja originado de sua operação, pois é este que será utilizado em novos investimentos ou para remunerar sócios e credores. Se assim não for, a entidade quebra; é apenas uma questão de tempo. Outra métrica, o Earnings Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization (EBITDA), também, poderia ser um indicador de potencial de caixa da operação. A limitação desta é o regime de competência adotado para a contabilização das receitas, dos custos e das despesas. Para que tal pudesse ser um real indicador de caixa da operação, os saldos contábeis deveriam ser ajustados ao regime de caixa. A soma da variação dos Ativos e dos Passivos Operacionais transforma as receitas, os custos e as despesas da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), do regime de competência para o regime de caixa. Os Ativos e Passivos Operacionais são aqueles demandados pela operação, necessário para seu giro, e.g. contas a receber, estoques, fornecedores, salários a pagar e impostos a recolher. 2.2 Fluxo de Caixa Líquido Gerado (Consumido) pelas Atividades de Investimento O Fluxo de Caixa de Investimento (FCI) representa a geração ou o consumo de caixa efetivo das atividades de investimento. Nesta seção são apresentadas as atividades relacionadas a compras e vendas, geralmente, de imobilizado e intangível. Outros exemplos podem ser compra ou venda de participações societárias ou aplicação ou resgate de aplicações financeiras de longo prazo. Segundo o CPC03(R2), a divulgação em separado dos fluxos de caixa decorrentes das atividades de investimento é importante porque representam a extensão em que dispêndios de recursos são feitos pela Rua Quatá, 300 | 04546-042 | Vila Olímpia | São Paulo | SP | Brasil T + 55 11 4504-2400 | www.insper.edu.br 4 entidade com a finalidade de gerar lucros e fluxos de caixa no futuro. A análise conjunta do FCI com as notas explicativas permite inferir sobre a qualidade dos investimentos do período, sobre a relação desses investimentos com os FCO futuros e sobre as perspectivas de crescimento da entidade. 2.3 Fluxo de Caixa Líquido Gerado (Consumido) pelas Atividades de Financiamento O Fluxo de Caixa de Financiamento (FCF) indica a captação ou o pagamento de recursos tomados junto a credores e sócios. Conforme o CPC03(R2), a divulgação separada dos fluxos de caixa decorrentes das atividades de financiamento é relevante por ser útil para predição de fluxos futuros de caixa por parte de fornecedores de capital à entidade. Pagamentos de empréstimos e dividendos, captações de empréstimos e aportes de capital social são exemplos de atividades de financiamento. 3. DFC pelo Método Direto e pelo Método Indireto A DFC da atividade operacional pode ser apresentada pelo método direto ou pelo método indireto. A entidade deve divulgar os fluxos de caixa das atividades operacionais, usando: (a) o método direto, segundo o qual as principais classes de recebimentos brutos e desembolsos brutos são apresentadas; ou (b) o método indireto, segundo o qual o lucro líquido ou prejuízo é ajustado pelos efeitos de: (i) mudanças ocorridas no período nos estoques e nas contas operacionais a receber e a pagar; (ii) itens que não afetam o caixa; e (iii) todos os outros itens cujos efeitos sobre o caixa sejam fluxos de caixa decorrentes das atividades de investimento ou de financiamento. Rua Quatá, 300 | 04546-042 | Vila Olímpia | São Paulo | SP | Brasil T + 55 11 4504-2400 | www.insper.edu.br 5 O método direto registra os recebimentos e os pagamentos das atividades operacionais com as respectivas entradas e saídas de caixa, como se fosse um “extrato bancário”. Para ilustrar, imaginemos que a empresa ABC Ltda. recebeu $200 de seu cliente originado de uma venda de mercadoria. Ainda, comprou $170 em estoque, $500 em imobilizado, tomou emprestado bancário de $120 e recebeu $500 em aporte de capital. A apresentação da DFC ficaria da seguinte forma: (+) Caixa Líquido Gerado pelas Atividades Operacionais Recebimento de Clientes $30 $200 Pagamento de Fornecedores $(170) (+) Caixa Líquido Consumido pelas Atividades de Investimento $(500) Compra de Imobilizado $(500) (+) Caixa Líquido Gerado pelas Atividades de Financiamento $620 Captação de Empréstimo Bancário $120 Aporte de Capital Social $500 (=) Aumento de caixa e equivalentes de caixa $150 Saldo Inicial: caixa e equivalentes de caixa Saldo Final: caixa e equivalentes de caixa $150 O método indireto, diferente do anterior, possui a finalidade de compreender os prazos médios da entidade, sendo possível elaborar a DFC utilizando apenas os valores do Balanço Patrimonial (BP) e da DRE. Permite-se, através deste método, que os usuários das demonstrações financeiras avaliem o quanto do resultado está se convertendo em caixa. Por este método, a atividade operacional não é apresentada na forma de “extrato bancário”, mas na forma de geração (ou consumo) de caixa pelo lucro líquido e somado com a variação de ativos e de passivos operacionais. De outra forma, este método concilia o resultado do período, apurado na DRE, e o caixa gerado pelas operações. Para elaborá-la (lembrando que vale apenas para a atividade operacional da DFC), utiliza-se o resultado da entidade como ponto de partida seguido dos próximos três passos: Rua Quatá, 300 | 04546-042 | Vila Olímpia | São Paulo | SP | Brasil T + 55 11 4504-2400 | www.insper.edu.br 6 1. Ajustamento do resultado ao desconsiderar as despesas e as receitas que não impactaram o caixa, como despesas com depreciações e amortizações, resultado com equivalência patrimonial (dado que o caixa é impactado pelo recebimento de dividendos), resultados com atualizações financeiras, impairment, entre outros. Os ajustes são necessários devido ao resultado ter sido apurado de acordo com o regime de competência. 2. Adição das variações incorridas nos saldos dos ativos operacionais (como contas a receber e estoque), invertendo seu sinal. De outra forma, considera-se negativo o aumento no saldo de conta ativa, pois tal representa um impacto negativo no caixa. Para ilustrar, analisemos alguns exemplos. Um aumento do estoque, mantendo a operação da entidade constante, significa que esta pagou para comprar mais estoque. Um aumento na conta ativa contas a receber, mantendo a operação constante, significa que a entidade está vendendo mais a prazo, deixando de receber à vista, a entidade está perdendo caixa. 3. Adição das variações incorridas nos saldos dos passivos operacionais (como fornecedores e aluguel a pagar), mantendo seu sinal igual. O aumento de um passivo significa que a entidade deixou de pagar os referidos valores, mantendo a operação constante. A diminuição de um passivo, mantendo a operação constante, significa que a entidade está liquidando as suas dívidas, impactando o caixa negativamente. Por este motivo o sinal das variações é mantido. Desta forma é possível analisar de que maneira a entidade está gerando caixa com seus prazos médios. É possível verificar se o prazo médio de recebimento vem crescendo ou não, se o prazo médio de pagamento aos fornecedores está em queda ou em alta, assim como diversos outros prazos. Com isso, a compreensão da operação da entidade se torna mais clara. Utilizando os dados das demonstrações contábeis abaixo, elaboremos a DFC das atividades operacionais pelo método indireto. O exemplo não considera as despesas com imposto de renda e contribuição social. Rua Quatá, 300 | 04546-042 | Vila Olímpia | São Paulo | SP | Brasil T + 55 11 4504-2400 | www.insper.edu.br 7 Balanço Patrimonial X0 X1 Ativos Caixa e equivalentes de caixa X0 X1 X1 Passivos - 210 Empréstimos bancários Contas a receber de clientes 30 90 Fornecedores Estoques 70 20 Salários a pagar Imobilizado 100 150 (-) Depreciação acumulada - (20) Total dos ativos DRE 200 - 100 15 12 (-) CMV 5 18 (-) Despesas com salários Patrimônio Líquido Capital social 180 200 Reserva de lucros - 120 200 450 450 Receita de vendas 270 (100) (30) (-) Despesas com depreciação (20) (=) Lucro Líquido 120 Por esta metodologia, basta recorrer ao Lucro Líquido (LL) da DRE e ajustá-lo, desconsiderando as despesas que não impactaram o caixa, neste exemplo, desconsideramos as despesas com depreciação de $20, apresentada na DRE. Com isso, obtivemos o Lucro Líquido Ajustado (LLA), restando calcular as variações dos ativos e passivos operacionais. As linhas “estoque” e “contas a receber de clientes” são ativos operacionais, portanto é necessário calcular as suas variações e inverter o sinal. Feito o cálculo, podemos compreender, de uma maneira simplificada, Rua Quatá, 300 | 04546-042 | Vila Olímpia | São Paulo | SP | Brasil T + 55 11 4504-2400 | www.insper.edu.br 8 como a entidade está gerando seu caixa, com seus respectivos prazos médios. Verificamos que as contas a receber de clientes aumentaram. Se mantiver tudo o mais constante, podemos inferir que a entidade está vendendo mais a prazo, ou seja, seu prazo médio de recebimento (PMR) aumentou, gerando uma perda de caixa, dado que a entidade recebe menos à vista. Por outro lado, o saldo de estoques reduziu. Se mantiver tudo o mais constante, significa que houve venda de estoques e redução do prazo médio de estocagem. Isso afeta o caixa de forma positiva. Por fim, temos que calcular as variações dos passivos operacionais da entidade, no caso utilizaremos as linhas “fornecedores” e “salários a pagar”, mantendo o sinal das variações positivo. A primeira linha variou negativamente, deixando claro que neste exercício ela diminuiu o prazo de pagamento dos seus fornecedores. O prazo médio de pagamento (PMP) de fornecedores quando diminuiu, quer dizer que a entidade paga mais rápido seus fornecedores, reduzindo, portanto, o fluxo de caixa da atividade operacional. A segunda linha, em movimento oposto, aumentou em $13, demonstrando que a entidade ganhou $13 por não realizar o pagamento de salários, assim, o PMP de salários aumentou, logo a entidade, agora, demora mais tempo para pagar seus funcionários. Para as atividades de investimento e de financiamento, basta apresentar estas da mesma maneira que é feita na DFC pelo método direto. O CPC03(R2) recomenda que a DFC seja apresentada pelo método direto, por ser mais simples a sua compreensão. As entidades, porém, preferem apresentá-la pelo método indireto. Isso ocorre por dois motivos, em particular. O primeiro se dá pela dificuldade de os contadores terem acesso às informações de outras áreas da entidade para elaborarem a DFC pelo método direto. O segundo se dá por uma das normas contábeis, que diz ser obrigatório a apresentação da DFC pelo método indireto nas notas explicativas, caso a entidade opte por apresentar a DFC pelo método direto. Entretanto, se a entidade elaborar a DFC pelo método indireto, não é necessário que apresente uma nota explicativa com o método direto. A figura abaixo apresenta a integração dos três grupos de fluxos de caixa com o BP: Rua Quatá, 300 | 04546-042 | Vila Olímpia | São Paulo | SP | Brasil T + 55 11 4504-2400 | www.insper.edu.br 9 Alguns exemplos de transações que não afetam o caixa são: vendas a prazo, despesas com depreciação e amortização, perda para créditos de liquidação duvidosa, provisão para contingências, conversão de dívida em aumento do social, bens recebidos em doação e entre outras. 4. Diferentes formas de classificação Evento Classificações possíveis Recomendação CPC Juros pagos Operacional ou de Financiamento Juros recebidos Operacional ou de Financiamento Operacional Dividendos pagos Operacional ou de Financiamento Financiamento Operacional ou de Investimento Operacional Dividendos recebidos Operacional 5. Fluxo de Caixa de Finanças Considere os dados do BP e da DRE dos anos de 2019 e 2018 da companhia Brasil S.A. para elaborar a DFC pelo método indireto: Rua Quatá, 300 | 04546-042 | Vila Olímpia | São Paulo | SP | Brasil T + 55 11 4504-2400 | www.insper.edu.br 10 A DFC pelo Método Indireto elaborada pela companhia seria: DFC: Método Indireto 2019 (=) Lucro Líquido 412 Ajustes por: Despesas com depreciação 65 Despesas com juros 70 (=) Lucro Líquido Ajustado ................................................................ 547 Redução das contas a receber (233) Redução dos estoques (2) Aumento das contas a pagar 34 Redução de títulos a pagar (73) Caixa Líquido Gerado pelas Atividades Operacionais 273 Aquisição de imobilizado: instalações (130) Caixa Líquido Consumido pelas Atividades de Investimento (130) Aporte de capital social Pagamento de dividendos 40 (103) Pagamento de empréstimos (24) Caixa Líquido Gerado pelas Atividades de Financiamento (87) Aumento de caixa e equivalentes de caixa 56 Saldo Inicial: caixa e equivalentes de caixa 104 Saldo Final: caixa e equivalentes de caixa 160 Como já vimos, a DFC visa demonstrar as causas da variação do caixa do período. Os estudos em Finanças calculam o fluxo de caixa do ativo, credores e acionistas. Rua Quatá, 300 | 04546-042 | Vila Olímpia | São Paulo | SP | Brasil T + 55 11 4504-2400 | www.insper.edu.br 11 Dessa mesma forma que o valor do ativo da entidade representa a soma do seu valor de passivo e seu valor do patrimônio líquido (PL), o fluxo de caixa dos ativos da entidade é a soma dos fluxos de caixa aos credores e dos fluxos de caixa aos acionistas. De outro modo, o fluxo de caixa dos ativos da entidade é igual aos fluxos de caixa pagos aos fornecedores de capital (acionistas e credores). 5.1 Fluxo de Caixa dos Ativos O fluxo de caixa dos ativos envolve três componentes: fluxo de caixa operacional, gastos de capital e variação do capital circulante líquido (CCL), referindo-se ao fluxo de caixa resultante das atividades diárias de produção e vendas. As despesas associadas ao financiamento de ativos da entidade não são incluídas, pois não são despesas operacionais. Fluxo de Caixa dos Ativos = Fluxo de Caixa Operacional − Gastos de capital − Variação do CCL Fluxo de Caixa dos Ativos = $547 − $130 − $330 Fluxo de Caixa dos Ativos = $87 5.1.1 Fluxo de Caixa Operacional Fluxo de Caixa Operacional = EBIT + Despesas com depreciação − Despesas com impostos Fluxo de Caixa Operacional = $694 + $65 − $212 Fluxo de Caixa Operacional = $547 5.1.2 Gastos de Capital Gastos de Capital = Gastos com ativos imobilizados − Valor recebido por vendas de ativos imobilizados Gastos de Capital = Imobilizado Final ($1.709) − Imobilizado Inicial ($1.644) + Desp. com depreciação ($65) Gastos de Capital = $130 5.1.3 Variação do Capital Circulante Líquido A variação do CCL é medida como a variação líquida do ativo circulante em relação ao passivo circulante no período examinado. Variação do CCL 2019 (+) Ativo circulante (-) Passivo circulante (=) Capital Circulante Líquido Variação do CCL 2018 1.403 1.112 389 428 1.014 684 330 Rua Quatá, 300 | 04546-042 | Vila Olímpia | São Paulo | SP | Brasil T + 55 11 4504-2400 | www.insper.edu.br 12 5.2 Fluxo de Caixa aos Credores Fluxo de Caixa aos Credores = Juros pagos − Captação de novos empréstimos Fluxo de Caixa aos Credores = $70 − $46 Fluxo de Caixa aos Credores = $24 5.3 Fluxo de Caixa aos Acionistas Fluxo de Caixa aos Acionistas = Dividendos pagos − Aportes de capital Fluxo de Caixa aos Acionistas = $103 − $40 Fluxo de Caixa aos Acionistas = $63 6. Exercícios Questão 1. ................................................................................................................................................................. Considere a DFC pelo método direto e indireto, em 31/12/X1 e 31/12/X2, para responder às questões 14, conforme aplicável a cada questão. 1. Se o saldo das contas a receber em X0 era $100, qual o saldo das contas a receber em X2? Para responder à questão, faremos a movimentação de saldos seguindo as variações de saldos apresentadas na DFC pelo método indireto: Saldo Contas a Receber em X0 100 (-) redução do saldo em X1 (20) (+) aumento do saldo em X2 30 Saldo em X2 (=) 110 Dessa forma, o saldo das contas a receber em X2 é de $110. 2. Qual pode ter sido a estratégia de recebimentos da entidade no ano de X1? A entidade pode ter reduzido o PMR ao promover descontos para pagamentos à vista. 3. Qual o valor da Receita da DRE de X2? Basear-se na resposta da questão #1. O primeiro passo para responder à questão é identificar o saldo das contas a receber em X1. Para isto, nos basearemos na resposta da questão #1 e na variação de saldo apresentada na DFC pelo método indireto. Rua Quatá, 300 | 04546-042 | Vila Olímpia | São Paulo | SP | Brasil T + 55 11 4504-2400 | www.insper.edu.br 13 (+) Saldo Contas a Receber em X2 110 - conforme resposta da questão #1 (-) Aumento do saldo em X2 (30) - conforme DFC pelo Método Indireto. (=) Saldo Contas a Receber em X1 80 O segundo passo é calcular a receita utilizando a fórmula: 𝐶𝑜𝑛𝑡𝑎𝑠 𝑎 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑏𝑒𝑟 𝑒𝑚 𝑿𝟐 = 𝐶𝑜𝑛𝑡𝑎𝑠 𝑎 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑏𝑒𝑟 𝑒𝑚 𝑿𝟏 + 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑿𝟐 − 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑏𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑿𝟐. Isolando a variável de interesse, temos: 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑿𝟐 = 𝐶𝑜𝑛𝑡𝑎𝑠 𝑎 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑏𝑒𝑟 𝑒𝑚 𝑿𝟐 − 𝐶𝑜𝑛𝑡𝑎𝑠 𝑎 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑏𝑒𝑟 𝑒𝑚 𝑿𝟏 + 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑏𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑿𝟐. Ao substituirmos os valores conhecidos, identificamos que a o valor das receitas da DRE de X2 é R$ 300. (+) Saldo contas a receber em X2 110 (-) Saldo contas a receber em X1 (80) (+) Recebimentos em X2 270 - conforme DFC pelo Método Direto. (=) Receitas DRE de X2 ....................... 300 4. Qual é o PMR de X2? Basear-se na resposta da questão 3 e utilizar saldos médios. A fórmula de cálculo do PMR é: Contas a Receber Final + Contas a Receber Inicial )∗360 2 ( Receitas . Substituindo os valores, identificamos que o PMR é de 114 dias. Questão 2. ................................................................................................................................................................. Suponha que a ABC S.A. seja detentora de 30% das ações da coligada “X”. A participação acionária da companhia na coligada “X” e o resultado de equivalência patrimonial (REP) são os apresentados no quadro abaixo. A coligada “X” declarou o pagamento de 60% dos dividendos em X3. Considerando que no final de X3 a ABC S.A. aumentou sua participação acionária na coligada “X”, pergunta-se, qual o valor desta compra? Para responder à questão, considere a fórmula: 𝑆𝑎𝑙𝑑𝑜 𝑒𝑚 𝑿𝟑 = 𝑆𝑎𝑙𝑑𝑜 𝑒𝑚 𝑿𝟐 + 𝑅𝐸𝑃 𝑑𝑒 𝑿𝟑 − 𝐷𝑖𝑣𝑖𝑑𝑒𝑛𝑑𝑜𝑠 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑏𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑒𝑚 𝑿𝟑 + 𝐴𝑞𝑢𝑖𝑠𝑖çõ𝑒𝑠 𝑒𝑚 𝑿𝟑. O valor dos dividendos recebidos em X3 é $5 ($15 de REP * 30%). Isolando a variável de interesse (aquisições em X3) e substituindo os valores conhecidos, identificamos que o valor da compra foi de $90. Questão 3. ................................................................................................................................................................. 1. Considerando as informações do quadro abaixo, responda qual o valor dos custos das mercadorias vendidas (CMV) de X1? Rua Quatá, 300 | 04546-042 | Vila Olímpia | São Paulo | SP | Brasil T + 55 11 4504-2400 | www.insper.edu.br 14 O primeiro passo para responder à questão é identificar o saldo das compras de estoques em X1. Para isto, utilizamos a fórmula: 𝑆𝑎𝑙𝑑𝑜 𝐹𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 = 𝑆𝑎𝑙𝑑𝑜 𝐼𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 + 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎𝑠 − 𝑃𝑎𝑔𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠. Isolando a variável de interesse (compras), temos: 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎𝑠 = 𝑆𝑎𝑙𝑑𝑜 𝐹𝑖𝑛𝑎𝑙 − 𝑆𝑎𝑙𝑑𝑜 𝐼𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + 𝑃𝑎𝑔𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠. Logo, o valor total das compras em X1 foi de $20. Com a total das compras calculado, seguimos para o próximo passo, o cálculo do CMV. A fórmula que nos assiste é: 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠 𝐹𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠 𝐼𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎𝑠 − 𝐶𝑀𝑉. Ao isolarmos a variável de interesse (CMV), temos: 𝐶𝑀𝑉 = 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠 𝐹𝑖𝑛𝑎𝑙 − 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠 𝐼𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎𝑠. Assim, podemos responder que em X1 o valor do CMV é $70. 2. Considerando que a margem bruta era de 65%, qual é o valor da receita de vendas de X1? Ao dividir o valor do CMV (R$ 70) pela Margem Bruta (65%), identificamos que a Receita de Vendas é R$ 108. Questão 4. ................................................................................................................................................................. Em quais “Fluxos” da DFC são apresentados: a) Dividendos pagos: DFC pelo método direto e indireto, dado que não há diferenças na apresentação das atividades de investimento entre os dois métodos. b) Dividendos recebidos: DFC pelo método direto e indireto, dado que não há diferenças na apresentação das atividades de investimento entre os dois métodos. Questão 5. ................................................................................................................................................................. Considere as seguintes informações, extraídas da DRE e da DFC pelo método indireto: DFC Método Indireto Variação no saldo dos estoques X3 X2 X1 (6) (7) (5) DRE X3 Receita 100 X2 100 X1 100 O que pode estar acontecendo nesta entidade? Para a primeira proposição, se considerarmos que a estabilidade da receita nos três anos reflete um mesmo volume de venda e mesmo preço de venda, as oscilações nos estoques pode refletir oscilações no preço de aquisição dos Rua Quatá, 300 | 04546-042 | Vila Olímpia | São Paulo | SP | Brasil T + 55 11 4504-2400 | www.insper.edu.br 15 estoques ou redução do volume mantido nos estoques. Para a segunda proposição, se considerarmos alterações nos preços de vendas e no volume vendas, mas que coincidentemente resultou no mesmo valor de receitas para os três anos, as oscilações podem estar atreladas a alteração do prazo de rotatividade dos estoques ou alterações nos preços de aquisição. Questão 6. ................................................................................................................................................................. Tomando por base o BP em 31/12/X2 e 31/12/X1, parcialmente preenchidos, e a DFC pelo método direto e indireto, em 31/12/X2, da Comércio S.A., pede-se: a) Complete as informações faltantes do BP nos dois períodos. b) Elabore a DRE do período X2. Balanço Patrimonial Ativo X2 X1 Caixa e equivalentes de caixa Contas a receber de clientes Dividendos 8 DFC Método Indireto Passivo X2 X2 Fornecedores 80 Lucro Líquido 100 Salários a pagar 60 Ajustes por: - IR a recolher 10 (+) Despesas de depreciação Empréstimos a pagar 90 (+) Despesas de impairment marca Juros a pagar 10 (+) Despesas financeiras Instalações 100 (-) Juros a apropriar (-) Depreciação acumulada (20) Marca 8 (25) 230 (70) Fluxo de Caixa Gerado pelas Atividades Operacionais 160 3 5 (-) Ganho de equivalência patrimonial (10) (=) Lucro Líquido Ajustado 125 Compra de instalações (60) Compra de participação societária (50) Fluxo de Caixa Consumido pelas Atividades de Investimentos (110) Patrimônio Líquido Redução das contas a receber Capital social Aumento dos estoques (10) Pagamento de empréstimos Redução dos fornecedores (10) Pagamento de juros (7) Aumento do capital social 10 Pagamento de dividendos (50) Reservas 40 30 Aumento dos salários a pagar Total do Ativo Recebimento de clientes Pagamento de fornecedores 10 100 80 X2 117 Participação societária Estoques DFC Método Direto X1 Total do Passivo + PL 20 Aumento do IR a recolher 5 Fluxo de Caixa Gerado pelas Atividades Operacionais (40) 160 Fluxo de Caixa Consumido pelas Atividades de Financiamentos (87) Compra de instalações (60) Variação de caixa (37) Compra de participação societária (50) Fluxo de Caixa Consumido pelas Atividades de Investimentos (110) Saldo Inicial: caixa e equivalentes de caixa 87 Saldo Final: caixa e equivalentes de caixa Pagamento de empréstimos (40) Pagamento de juros (7) Aumento do capital social 10 Pagamento de dividendos (50) Fluxo de Caixa Consumido pelas Atividades de Financiamentos (87) Variação de caixa (37) Saldo Inicial: caixa e equivalentes de caixa 87 Saldo Final: caixa e equivalentes de caixa Com base nas informações apresentadas nas DFCs, o BP e a DRE completas são: Balanço Patrimonial Ativo X2 Caixa e equivalentes de caixa Contas a receber de clientes Dividendos a receber Estoques Passivo X2 X1 50 87 Fornecedores 70 80 Receita de Vendas 70 100 Salários a pagar 80 60 (-) CMV (50) - IR a recolher 15 10 (=) Lucro Bruto 150 Empréstimos a pagar 50 90 (-) Despesas de depreciação 3 10 (-) Despesas de impairment marca (3) (20) (25) (+) Ganho de equivalência patrimonial 10 8 90 80 Participação societária 152 100 Juros a pagar Instalações 160 100 (-) Juros a apropriar (-) Depreciação acumulada (30) (20) 5 8 Marca Total do Ativo DRE X1 505 455 X2 200 (10) (-) Despesas Financeiras Patrimônio Líquido (5) (=) Resultado antes do IR e da CS 142 Capital social 200 190 (-) Despesas com impostos (25) Reservas 107 40 (=) Lucro Líquido do Exercício 117 Total do Passivo + PL 505 455 Compras de Estoques Rua Quatá, 300 | 04546-042 | Vila Olímpia | São Paulo | SP | Brasil T + 55 11 4504-2400 | www.insper.edu.br 60 16 Se a Comércio S.A. dobrasse a sua receita (mantendo os mesmos valores em contas a receber), o que aconteceria com o prazo médio de recebimento? Se o total de receitas de X2 dobrasse, o PMR reduziria, conforme apresentado: Atual Proj. Receita de vendas 200 400 Contas a receber 70 70 126 63 (=) Prazo Médio de Recebimento (dias) Questão 7. Se a Companhia tivesse, em X1, o mesmo nível de vendas de X2, qual poderia ser a sua estratégia de recebimento? Se a empresa registrasse $200 de receitas de vendas em X1 (similar a venda de X2), o PMR para este período seria de 180 dias, como demonstrado abaixo. Desde modo, poderíamos inferir que a empresa prolongou a data de seus recebíveis ou algum cliente não está honrando com as suas obrigações. Não somente, poderíamos concluir que as vendas ficaram concentradas mais para perto do final do ano. Pela forma como o PMR foi calculado, considera-se que as receitas foram lineares ao longo do período. Questão 8. ................................................................................................................................................................. Leia a reportagem publicada pelo Valor Econômico em 26/04/17 e responda as questões: A Duratex reduziu seu prejuízo líquido no primeiro trimestre de 2017, na comparação anual. A receita líquida avançou 5,6% no intervalo, para R$ 952 milhões. O custo dos produtos vendidos cresceu 1,3% na mesma base comparativa, para R$ 629,38 milhões. As despesas gerais e administrativas caíram 10,1%. As exportações continuam relevantes para a Duratex, embora a participação do mercado externo na receita consolidada tenha passado de 20%, no primeiro trimestre de 2016, para 16% em igual período deste ano. No trimestre, a Companhia vendeu fazendas da controlada Duratex Florestal e ainda realizou a renegociação de prazos com fornecedores, que contribuiu para a melhora do fluxo de caixa. A alavancagem medida por dívida líquida sobre EBITDA dos últimos 12 meses foi reduzida de 2,99 vezes, no encerramento de 2016, para 2,81 vezes ao fim de março. A Duratex tem como meta de alavancagem patamar mais próximo de 2 vezes no fim de 2017.” Rua Quatá, 300 | 04546-042 | Vila Olímpia | São Paulo | SP | Brasil T + 55 11 4504-2400 | www.insper.edu.br 17 a) Um valor da atividade operacional da DFC do primeiro trimestre de 2017 da Companhia foi, propositadamente, invertido o sinal. Baseando-se na reportagem, qual é este valor? Variação de Fornecedores. b) Explique o raciocínio utilizado para responder à questão anterior, tomando por base os conceitos da “Demonstração dos Fluxos de Caixa” e a reportagem publicada. Dado que a Companhia renegociou os prazos com seus fornecedores, o saldo aumentou. Dessa forma, a variação demonstrada na DFC deveria ser positiva. Questão 9. ................................................................................................................................................................. Baseado em duas demonstrações contábeis, DRE e DFC, de 1994 e 1995 da Loja Mappin, explique como o prejuízo de R$19.469 em 1995 se relaciona com o fluxo de caixa operacional positivo de R$38.657 do mesmo período. Os valores estão demonstrados em milhares de Reais. Quando analisamos a movimentação na linha “Custo das Mercadorias e dos Serviços Vendidos” da DRE e comparamos com a variação da linha “Pagamento a Fornecedores” da DFC, nota-se aumento em ambas as linhas, Rua Quatá, 300 | 04546-042 | Vila Olímpia | São Paulo | SP | Brasil T + 55 11 4504-2400 | www.insper.edu.br 18 todavia, o aumento não foi proporcional. Enquanto a primeira aumentou em 19%, o crescimento da segunda foi de 12%. Questão 10. Lojas Renner S.A. ................................................................................................................................ Baseando-se na DFC de 2019 consolidada das Lojas Renner S.A., responda: a) Avalie a geração de caixa da Companhia; b) Analise o prazo médio de pagamentos a fornecedores da Companhia. O saldo de caixa e equivalentes de caixa da Companhia aumentou em 21% (R$ 203.382 mil), porém este aumento não foi observado no lucro líquido. O Fluxo de Caixa Operacional gerado em 2019 foi superior ao do ano anterior, em R$ 751.469 mil. A este aumento atribuímos ao comportamento inverso da Companhia quando comparado os dois períodos atinentes às aplicações financeiras. Em 2018, 30% do fluxo de caixa gerado foram aplicados, enquanto 16% foram resgatados. Apenas nesta linha, percebe-se uma variação de R$ 572.777 mil. Rua Quatá, 300 | 04546-042 | Vila Olímpia | São Paulo | SP | Brasil T + 55 11 4504-2400 | www.insper.edu.br 19 Deste aumento, parte foi consumido com o aumento nas compras de imobilizado e intangível e, também, pelos pagamentos a título de contraprestações de arrendamentos. Questão 11. Karsten S.A. ......................................................................................................................................... Baseando-se na DFC de 2018 consolidada da Karsten S.A., responda: a) O que deve estar ocorrendo com a gestão de estoques e vendas a prazo? b) Em quais condições financeiras a Companhia se encontra? Gestão dos estoques: podemos inferior com base nas informações apresentadas nesta DFC que os estoques adquiridos em 2017 não foram vendidos durante o ano de 2018, refletindo possíveis falhas no gerenciamento dos Rua Quatá, 300 | 04546-042 | Vila Olímpia | São Paulo | SP | Brasil T + 55 11 4504-2400 | www.insper.edu.br 20 estoques. Citamos como exemplos, projeção incorreta do volume de vendas ou entrada de concorrentes que ofereçam produtos mais baratos. Gestão de vendas a prazo: o aumento das contas a receber pode refletir aumento no PMR ou aumento de receita. A Companhia está apresentando recorrentes prejuízos. Pelo fluxo de caixa operacional podemos visualizar a materialização de perda no imobilizado. A redução do saldo de fornecedores e o aumento das contas a receber, ambas movimentações em 2018, retrata um provável PMR maior do que PMP. Esse descasamento é maléfico para a Companhia. No mais, uma baixa rotatividade nos estoques desfavorece sua gestão de caixa, pois além de não ser imediatamente liquidado, os custos pela estocagem dos produtos podem aumentar os prejuízos da Companhia. Questão 12. ............................................................................................................................................................... Considere as seguintes informações financeiras de uma entidade e o não pagamento de dividendos. Pede-se: a) Calcule o fluxo de caixa dos ativos. Fluxo de Caixa dos Ativos = Fluxo de caixa operacional − Gastos de capital − Variação do CCL Fluxo de Caixa dos Ativos = $4.856 − $430 + $45 Fluxo de Caixa dos Ativos = $4.471 Passo 1. Cálculo do Fluxo de Caixa Operacional: Fluxo de Caixa Operacional = EBIT + Despesas com depreciação − Despesas com impostos Fluxo de Caixa Operacional = $5.454 + $1.150 − $1.748 Fluxo de Caixa Operacional = $4.856 Passo 2. Cálculo dos Gastos de Capital: Gastos de Capital = Gastos com ativos imobilizados − Valor recebido por vendas de ativos imobilizados Gastos de Capital = Imobilizado Final − Imobilizado Inicial + Desp. com depreciação Gastos de Capital = $430 Rua Quatá, 300 | 04546-042 | Vila Olímpia | São Paulo | SP | Brasil T + 55 11 4504-2400 | www.insper.edu.br 21 Passo 3. Cálculo da Variação do CCL Variação do Capital Cirulante Líquido = (AC − PC do período corrente) − (AC − PC do período anterior) Variação do Capital Circulante Líquido = ($936 − $382) − ($1.015 − $416) Variação do Capital Circulante Líquido = ($45) b) Calcule o fluxo de caixa aos credores. Fluxo de Caixa aos Credores = Juros pagos + Pagamentos de empréstimos Fluxo de Caixa aos Credores = $314 + $317 Fluxo de Caixa aos Credores = $631 c) Calcule o fluxo de caixa aos acionistas. Houve emissão ou recompra de ações? Fluxo de Caixa aos Acionistas = Dividendos pagos + Redução de capital Fluxo de Caixa aos Acionistas = $0 + $448 + LL de 2019 Fluxo de Caixa aos Acionistas = $3.840 Questão 13. ............................................................................................................................................................... (FGV AFTE) A companhia Atacado Luzia S.A. efetuou as seguintes transações, em 2019: (i) Integralização de capital social, por meio de um imóvel no valor de R$ 200.000; (ii) Compra de computadores, para pagamento em agosto de 2020, por R$ 10.000; (iii) Pagamento de empréstimo bancário, contraído em 2016 no valor de R$ 30.000; (iv) Pagamento de despesas diversas, no valor de R$ 50.000; (v) Resgate de debêntures emitidas, no valor de R$ 18.000; (vi) Pagamento de dividendos, que haviam sido reconhecidos no ano anterior no valor de R$ 15.000; (vii) Venda de mercadorias à vista, por R$ 300.000; (viii) Reconhecimento dos custos das mercadorias vendidas, no valor de R$ 200.000; (ix) Compra de participação em empresa coligada, no valor de R$ 40.000. Com base nas informações acima, assinale a afirmativa correta. a) A atividade operacional gerou R$ 50.000. b) A atividade de investimento consumiu R$ 70.000. c) A atividade de investimento consumiu R$ 88.000. d) A atividade de financiamento consumiu R$ 63.000. e) A atividade de financiamento gerou R$ 185.000. A alternativa (d) está correta, conforme DFC pelo Método Direto apresentada abaixo: Rua Quatá, 300 | 04546-042 | Vila Olímpia | São Paulo | SP | Brasil T + 55 11 4504-2400 | www.insper.edu.br 22 DFC Método Direto 2019 Recebimento de clientes por vendas à vista 300.000 Pagamento de despesas diversas (50.000) Fluxo de Caixa Gerado pelas Atividades Operacionais 250.000 Investimentos em empresa coligada (40.000) Fluxo de Caixa Consumido pelas Atividades de Investimentos (40.000) Resgate de debêntures emitidas (18.000) Pagamento de empréstimo bancário (30.000) Pagamento de dividendos (15.000) Fluxo de Caixa Consumido pelas Atividades de Financiamentos (63.000) Vejamos o motivo das outras transações não terem sido apresentadas na DFC: (i) Como o aporte de capital foi por meio de ativo imobilizado, a transação não afetou caixa. (ii) A compra de computadores foi feita em 2019, porém seu pagamento será no ano seguinte. Logo, a compra não impactou o saldo do caixa e equivalentes de caixa. (viii) A informação refere-se ao valor do CMV de 2019, o qual foi adquirido e pago em períodos anteriores. Assim, a descrição da transação está a relaciona a movimentação dos estoques decorrente das vendas de mercadorias. Questão 14. ............................................................................................................................................................... Dos eventos contábeis a seguir, quais se refletiram na DFC e em qual tipo de atividade (operacional, de investimento e de financiamento): a. Compra de imobilizado através de uma operação de financiamento. Sem impacto na DFC. b. Compra de imobilizado utilizando recurso disponível em caixa. Redução na atividade de investimento. c. Aumento do prazo de pagamento concedido pelos fornecedores. Sem impacto na DFC. d. Investimento em títulos da dívida do governo federal. Redução na atividade de investimento. e. Pagamento de uma dívida de curto prazo. Redução na atividade de financiamento. f. Aumento de 30% das receitas do período. Sem impacto na DFC. g. Pagamento de juros de um empréstimo financeiro. Redução na atividade de financiamento ou na atividade operacional, este último recomendado pelo CPC 03 (R2). Questão 15. ............................................................................................................................................................... Os eventos contábeis ocorridos em 2019 da empresa Pegue, Pague e Leve Ltda. foram: 01. Compra a prazo de mercadorias ............................................................................................... R$ 1.200 02. Venda a prazo de mercadorias .................................................................................................. R$ 3.000 03. Custo das mercadorias vendidas .............................................................................................. R$ 1.500 04. Recebimento de clientes ........................................................................................................... R$ 2.700 Rua Quatá, 300 | 04546-042 | Vila Olímpia | São Paulo | SP | Brasil T + 55 11 4504-2400 | www.insper.edu.br 23 05. Pagamento de fornecedores ..................................................................................................... R$ 1.600 06. Aporte de capital ......................................................................................................................... R$ 500 07. Compra de imobilizado com 20% pagos à vista e o restante financiado ................................... R$ 1.500 08. Compra de investimentos em outras entidades com pagamento à vista ...................................... R$ 300 09. Despesas operacionais, sendo que 10% será pago em 2020 ........................................................ R$ 400 10. Despesas com depreciação .......................................................................................................... R$ 140 11. Ganho de equivalência patrimonial ............................................................................................. R$ 100 12. Captação de empréstimos bancários ........................................................................................... R$ 250 13. Despesa com impostos, sendo pagos em 2020 ............................................................................ R$ 220 14. Distribuição de 100% dos dividendos ..................................................................................................... Pede-se: a. Elaborar a DFC pelo método direto e indireto. b. Responda: i. Qual o valor do Fluxo de Caixa dos Ativos? R$ 90. ii. Qual o valor do Fluxo de Caixa aos Credores? (R$ 250). iii. Qual o valor do Fluxo de Caixa aos Acionistas? R$ 340. Balanço Patrimonial 2019 Caixa e equivalentes de caixa Contas a receber Estoques Investimentos Imobilizado Total do Ativo 1.550 300 1.400 400 2.360 6.010 2018 1.500 2019 Fornecedores - Empréstimos bancários 1.700 Outras contas a pagar 1.000 4.200 DRE Impostos a recolher Capital social Total do Passivo + PL 2018 600 1.000 2019 Receita de vendas 3.000 250 - (-) CMV 1.240 - (=) Lucro Bruto 220 - (-) Despesas operacionais (400) (-) Despesas com depreciação (140) 3.700 6.010 3.200 4.200 1.500 (+) REP 100 (=) LAIR 1.060 (-) Despesas com impostos (=) Lucro Líquido Rua Quatá, 300 | 04546-042 | Vila Olímpia | São Paulo | SP | Brasil T + 55 11 4504-2400 | www.insper.edu.br (1.500) (220) 840 24 DFC Método Direto DFC Método Indireto 2019 Recebimento de clientes 2.700 Pagamento de fornecedores (1.600) Pagamento de despesas operacionais (360) Fluxo de Caixa Gerado pelas Atividades Operacionais 740 2019 Lucro antes dos Impostos 1.060 Ajustes por: Despesas com depreciação 140 Despesas operacionais 40 REP Lucros antes dos importos ajustado (100) 1.140 Aumento das contas a receber (300) Redução dos estoques 300 Redução de fornecedores (400) Fluxo de Caixa Gerado pelas Atividades Operacionais 740 Compra de ativo imobilizado (300) Compra de ativo imobilizado (300) Compra de investimentos (300) Compra de investimentos (300) Fluxo de Caixa Consumido pelas Atividades de Investimentos Aporte de capital (600) 500 Captação de empréstimos bancários Fluxo de Caixa Consumido pelas Atividades de Investimentos (600) Aporte de capital 500 250 Distribuição de dividendos (840) Fluxo de Caixa Consumido pelas Atividades de Financiamentos Aumento (redução) do caxia e equivalentes de caixa (90) 50 250 Distribuição de dividendos (840) Fluxo de Caixa Consumido pelas Atividades de Financiamentos (90) Aumento (redução) do caxia e equivalentes de caixa 50 Saldo Inicial: caixa e equivalentes de caixa 1.500 Saldo Inicial: caixa e equivalentes de caixa 1.500 Saldo Final: caixa e equivalentes de caixa 1.550 Saldo Final: caixa e equivalentes de caixa 1.550 i. Fluxo de Caixa dos Ativos: Fluxo de Caixa dos Ativos = Fluxo de Caixa Operacional − Gastos de Capital − Variação do CCL Fluxo de Caixa dos Ativos = R$ 880 − R$ 1.800 + 1.010 Fluxo de Caixa dos Ativos = R$ 90 Fluxo de Caixa Operacional Fluxo de Caixa Operacional = EBIT + Desp. com depreciação − REP − Desp. com impostos Fluxo de Caixa Operacional = R$ 1.060 + R$ 140 − R$100 − R$ 220 Fluxo de Caixa Operacional = R$ 880 Gastos com Capital Gastos de Capital = Gastos com imobilizado − Recebimento por venda de imobilizado + Investimento em outras entidades Gastos de Capital = Imob. Final (R$ 2.360) − Imob. Inicial (R$ 1.000) − Desp. depr. (R$ 140) + Compra Part. Soc. (R$300) Gastos de Capital = R$ 1.800 ii. Fluxo de Caixa aos Credores: Fluxo de Caixa aos Credores = Juros pagos − Captação de novos empréstimos Fluxo de Caixa aos Credores = R$ 0 − R$ 250 Fluxo de Caixa aos Credores = (R$ 250) Rua Quatá, 300 | 04546-042 | Vila Olímpia | São Paulo | SP | Brasil T + 55 11 4504-2400 | www.insper.edu.br 25 iii. Fluxo de Caixa aos Acionistas: Fluxo de Caixa aos Acionistas = Dividendos pagos − Aportes de capital Fluxo aos Acionistas = R$ 840 − R$ 500 Fluxo de Caixa aos Credores = R$ 340 Rua Quatá, 300 | 04546-042 | Vila Olímpia | São Paulo | SP | Brasil T + 55 11 4504-2400 | www.insper.edu.br 26