Diretor: Hugo Belchior · Número 4 · Setembro 2018 · Trimestral · Gratuita ISSN: 2184-125X Entrevista Academy ____ com Glenn Withers Dieta cetogênica; Tratamento e prevenção da pubalgia; Fidelização em ginásios Líderes do Fitness com Manuel Rodrigues Periodização do treino de força ____ Histórias de Sucesso Por João Brito e Rafael Oliveira com Hugo Loureiro Saúde. Fisioterapia. Movimento. ____ 10 Anos bwizer Por Pedro Maciel À conversa com Prof. Dr. José Pinto da Costa ____ “ O lidar com a morte cria mecanismos de rejeição que estimulam o prazer de viver. ” Índice p.18 Ficha Técnica ....................................................................................02 Editorial .............................................................................................03 Academy Periodização do Treino de Força .......................................................... 04 Por João Brito e Rafael Oliveira Saúde. Fisioterapia. Movimento............................................................ 08 Por Pedro Maciel São ilegais os “Contratos de Fidelização” em ginásios?................... 10 Por Alexandre Miguel Mestre p.04 Dieta Cetogênica – estará o segredo na gordura?.............................. 12 Por César Leão Tratamento e Prevenção de Pubalgia Crónica..................................... 15 Por Pedro Alves À conversa com................................................................................. 18 Professor Doutor José Pinto da Costa Referências Bibliográficas .............................................................. 20 Entrevista........................................................................................... 22 Glenn Withers Ideias Empreendedoras Intervenção pedagógica dos profissionais de fitness........................ 27 Por Susana Franco Líderes do Fitness............................................................................. 28 Manuel Rodrigues Histórias de Sucesso ....................................................................... 30 Hugo Loureiro Open Science .................................................................................... 32 Bwizerianos ....................................................................................... 33 Curtas Bwizer .................................................................................... 34 Formações em Destaque ................................................................. 36 Ficha Técnica Proprietário e Editor: Bwizer Lda. Morada: Sede Bwizer - Estrada da Circunvalação, 10381, 2.º direito, 4250-151 Porto (Portugal) NIPC: 508671418 Nº de Registo na ERC: 127039 Depósito Legal: 433547/17 ISSN: 2184-125X Periodicidade da publicação:Trimestral Diretor: Hugo Duarte Nunes Belchior Diretor Adjunto: Mónica Marina da Silva Rocha Sede de redação: Estrada da Circunvalação, 10381, 2.º direito, 4250-151 Porto (Portugal) Tiragem: 500 exemplares Tipografia: Susana Monteiro (www.frenteverso.pt) Morada da tipografia: Rua Abade Correia da Serra, 32, 4460– 208 Senhora da Hora Estatuto editorial: A revista Bwizer Magazine é uma publicação trimestral, nacional e de distribuição ou acesso gratuito, na área do Conhecimento Avançado para Profissionais de Saúde e Exercício. A Bwizer Magazine tem como objetivo a divulgação de trabalhos, notícias, artigos, textos de opinião, entrevistas, novidades em formação e produtos, entre muitos outros conteúdos exclusivos, tendo em vista contribuir para a evolução dos Profissionais de Saúde e Exercício. Pretende também contribuir para o crescimento do “saber” e produção científica nas áreas da saúde e exercício. A Revista Bwizer Magazine tem o compromisso de assegurar o respeito pelos princípios deontológicos e pela ética profissional dos jornalistas, assim como pela boa fé dos leitores. A Revista Bwizer Magazine é publicada online, em www. bwizer.com A Bwizer Magazine é inovação e desafio. A Bwizer Magazine é profissionalismo e rigor. A Bwizer Magazine é integridade e transparência. A Bwizer Magazine é evolução. Não podem ser reproduzidos ou difundidos, total ou parcialmente, por qualquer processo eletrónico, mecânico ou fotográfico quaisquer textos, ilustrações e fotografias desta revista, sem a autorização prévia e expressa do editor. A reprodução de conteúdos por qualquer meio e para quaisquer fins, sem prévia autorização escrita, é ilícita e passível de procedimento judicial contra o infrator. Excetua-se a transcrição de curtas passagens, desde que mencionando o título da Revista, nomes do autor e editor. Os textos publicados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. A Bwizer Magazine não se responsabiliza pelas opiniões expressas pelos autores” Editorial. Muros ou pontes? ____ Ao ler Yuval Noah Harari e o seu “Sapiens”, seguido de “Homo Deus”, despertei para um conceito sobre o qual nunca tinha refletido muito: o poder das ficções, histórias partilhadas por milhões de pessoas. O dinheiro é uma extraordinária ficção porquanto algo, sem valor intrínseco, ganha efetivo valor quando toda a gente lhe atribui valor. São as ficções que nos fazem defender uma religião, quantas vezes ao ponto de empunhar uma arma para matar o “infiel”, alguém que não segue a mesma “história” que eu sigo. As ficções valem enquanto as pessoas acreditam nelas e é por isso que, em cada contexto, quem mais dele beneficia, mais protege a ficção que lhe dá suporte. Imagine-se que, de um instante para o outro, toda a gente deixava de ter confiança num Rei/Governo, numa moeda ou nas Sagradas Escrituras? As ficções favorecem a cooperação entre as pessoas. Se a ficção do dinheiro, das nações, das religiões, não existisse, se não houvesse esse elo de ligação, a coexistência seria muito mais difícil. Porém, tudo isto vem com um preço a pagar: as ficções determinam, elas próprias, os objetivos da nossa cooperação. Posso cooperar facilmente com alguém com quem partilho determinada ficção; pode é dar-se o caso que essa cooperação vise um fim que, olhando para a realidade através de outra perspetiva, deixe de ser positivo. Se sigo uma religião e isso me leva a cooperar com outros fiéis no sentido de matar os fiéis de outra religião, isso pode ser positivo sob a minha perspetiva, mas, está claro, será muito negativo se adotar a perspetiva do outro. Esta reflexão surge-me ao pensar sobre as tensões corporativas que observo, nomeadamente na área da saúde. Essas tensões, que tantas vezes desembocam em guerras, assentam em ficções, ficções partilhadas pelos elementos da respetiva corporação. Parte dessa ficção, invariavelmente, assenta no dogma do “direito” a uma determinada área/prática/mercado da minha corporação, direito que não cabe à corporação do lado. O argumento do “direito” terá razões históricas, científicas, legais, e por aí adiante. O problema é que, tipicamente, diferentes corporações utilizam os mesmos argumentos e a mesma lógica, na disputa de determinado pedaço do mercado. Em que ficamos?! Admito que estes comportamentos tenham muito de territorialidade mamífera (afinal, é o que somos), aquela força animal que nos impele a defender o nosso território com o mais básico instinto de sobrevivência. Estando a falar da relação entre profissões e não da luta na savana, perdoem-me, mas tenho mais alguma dificuldade em compreender o nível de mera defesa territorial que, tantas vezes, se observa. Claro que consigo compreender que cada um queira maximizar os seus ganhos, reduzindo a concorrência e protegendo o mercado de acordo com os seus interesses, mas será que isso é o melhor caminho? Que coisas boas, para a comunidade como um todo para os utentes/clientes, trazem essas guerras? Dividir é fácil. Criar muros sempre esteve na moda e dá expressão aos nossos instintos mais básicos. Construir pontes dá trabalho, muito trabalho. Mantê-las em pé, cuidando dos seus alicerces, ainda mais. Não será esse, ainda assim, o caminho a trilhar? Ao ler alguns dos artigos deste número da Bwizer Magazine, vejo vários que tocam em temas que, facilmente, poderiam ser abordados por diferentes categorias profissionais. O que fazer, então? Definir uma lista detalhada do que é “meu” e do que é “do outro”? Com que critérios? Com que objetividade? Não quero dizer que não há espaços naturais para cada profissão e que não há diferenças entre elas. Claro que há! O Pedro Maciel, no seu extraordinário artigo - que assume a perspetiva da fisioterapia - traça um caminho claro. Um caminho de criação de um espaço próprio assente no valor, na literacia e na comunicação, não fugindo à evidência de que há zonas cinzentas e zonas de partilha. É um caminho em que me revejo, por ser um caminho de inclusão e não de exclusão. É um caminho difícil e de negociação permanente e, por isso, um caminho que não pode ser gerido seguindo os instintos mais básicos da defesa do território, por mais nobre que pareça ser a história que sempre nos contaram sobre a primazia que me era devida. Creio que chegou a hora de todos arregaçarmos as mangas e construirmos pontes. Pontes sólidas, duradouras e alicerçadas na boa velha honestidade intelectual e que rejeite o egoísmo primário. Um abraço, Hugo Belchior CEO Bwizer 3. Academy. bwizer ACADEMY Periodização do Treino de Força ____ João Brito e Rafael Oliveira João Brito –––– Doutorado em Ciências do Desporto pela Universidade de Lleida, Espanha. Mestre em Exercício e Saúde pela FMH-UTL e Licenciado em Educação Física pela ISEFUTL. Atualmente, é docente na Escola Superior de Desporto de Rio Maior – IPSantarém. Já exerceu funções como diretor de formação do ACSM em Portugal, foi formador de marcas de equipamento como Nautilus e StarTrak e diretor técnico de ginásios e health clubs. É ainda autor e co-autor de publicações (artigos, livros, congressos) no âmbito do exercício físico, saúde e em particular no âmbito do treino da força. Durante os últimos anos a necessidade de desenvolver variações no treino de força começou a tornar-se óbvia, sendo diversos os estudos que reportam que a variação do número de séries, repetições, da velocidade de execução e da intensidade da carga pode produzir maiores ganhos. O termo mais popular para designar estas variações é o de periodização, ou seja, a variação planeada e controlada das variáveis de um programa de treino. ––––– Periodização A periodização foi primeiramente desenvolvida pelos países do leste europeu e direcionada para o treino desportivo, apresentando como estrutura de base um período de preparatório/aquisição, um de competição/manutenção e um de transição. No início do planeamento de treino, o volume era alto e a intensidade baixa. Conforme o calendário se ia desenvolvendo variava a dinâmica da carga (intensidade da carga-% em relação ao máximo, nº de repetições, nº de séries, duração do intervalo). A periodização está baseada no princípio da adaptação e de supercompensação 4. biológica, sendo fundamental no treino da força (TF) como forma de evitar situações de estagnação (plateau) ou de sobre treino (overtraining), assim como de permitir repouso suficiente de forma a manter efetivo o ciclo de estímulo-adaptação. O ponto de referência mais importante para o planeamento do treino é o conhecimento do tempo de treino necessário para dar um incremento qualitativo em qualquer das manifestações da força e dos processos hipertróficos, tendo também em consideração o momento em que um determinado tipo de carga/estímulo perde o seu potencial de adaptação e alcança um plateau ou mesmo um retrocesso nos resultados. O modelo clássico de periodização organiza o planeamento de treino em blocos de acordo com períodos de tempo específicos. Assim, o período mais longo é designado de macrociclo e tem a duração de cerca de 12 meses. O macrociclo é dividido em blocos de mesociclos (com a duração de 1 a 2 meses). Por sua vez, o mesociclo é dividido em microciclos (com a duração média de 4 a 11 dias). Cada fase do planeamento de treino tem um objetivo específico e faz parte do planeamento anual. Academy. bwizer ACADEMY ––––– Modelos de periodização Modelo de periodização linear O modelo de periodização mais utilizado no treino da força aplicado à melhoria do estado de saúde, perda de peso corporal e aumento de massa muscular encontra-se organizado em blocos de 4 a 5 mesociclos. Este modelo, também designado como modelo linear, é caracterizado por apresentar no início um volume mais elevado (i.e., número elevado de repetições) e baixa intensidade (i.e., carga baixa). Durante o decorrer dos mesociclos seguintes a intensidade aumenta. Neste modelo, o primeiro mesociclo é designado de fase de adaptação anatómica (duração entre 3 a 8 semanas). Os objetivos principais deste mesociclo são criar adaptações de base ao nível muscular, articular, tendinoso e cartilagíneo. O mesociclo seguinte tem como objetivo explorar as adaptações nervosas (métodos da taxa de produção de força) através do método baseado no aumento da velocidade de execução na ação muscular concêntrica (potência muscular), tendo uma duração entre 3 a 8 semanas, podendo ser integrado juntamente no primeiro mesociclo. Neste mesociclo pode ser introduzida alguma variação nos exercícios com recurso à utilização de pesos livres e promoção de situações de instabilidade executadas logo após os exercícios tradicionais. O terceiro mesociclo pretende criar adaptações hipertróficas através do incremento da massa muscular, ten- Quadro 1. Periodização dos mesociclos Mesociclo Adaptação anatómica Hipertrofia Potência/ taxa de produção de força Força máxima Resistência da força Treino misto* Após este mesociclo inicia-se um novo bloco de periodização (mesociclos de hipertrofia, potência/taxa de produção de força, força máxima, força resistente com utilização de métodos submáximo quasi-máximos, técnicas avançadas de treino, treino misto, métodos reativos, treino complexo). O quadro 1 apresenta um exemplo de periodização dos mesociclos e suas características genéricas. Modelo de periodização não-linear Séries 1-2 3-5 3-5 3-5 1-3 3-5 Reps. 12-15 8-12 6-8 2-6 12-20 2-15 Intensidade baixa exaustão alta máxima exaustão variada * Utilização do modelo de periodização não-linear. do uma duração entre 3 a 12 semanas. Segue-se um quarto mesociclo de curta duração (1 a 3 semanas) designado de força máxima, com o objetivo de estimulação dos fatores nervosos (frequência e taxa de ativação, sincronização, coordenação intra e intermuscular). Finalmente, o quinto mesociclo dedica-se à força resistente, de forma a criar adaptações de cariz oxidativo (estimulação da atividade mitocondrial para tolerância à fadiga) com duração entre 3 a 12 semanas. Alguns estudos têm demonstrado que o modelo de periodização não-linear pode ser efetivo quando utilizado em ciclos de treino mais curtos. Esta periodização 5. Academy. bwizer ACADEMY Rafael Oliveira –––– Doutorando em Ciências do Desporto (UBI), é Mestre em Desporto, especialidade em Condição Física e Saúde pela ESDRM-IPS e Licenciado em Desporto, Condição Física e Saúde pela mesma escola; Atualmente, é Diretor Técnico do Ginásio BestLife Fitness e coordenador de programas de exercício para populações com condições clínicas ou em fases especiais de vida. Autor e Co-autor de publicações (artigos, livros, congressos) no âmbito do exercício físico e saúde. 4ª Feira 8-10 3-5 12-15 Séries 3-4 4-5 3-4 Tempo de intervalo 2 min 3-4 min 1 min O cliente/atleta deve ser testado/avaliado no final de cada ciclo para se obterem informações para o planeamento do próximo ciclo. Planos de Periodização O planeamento seguidamente apresentado foi elaborado com base nas condições sazonais do nosso país, a que correspondem determinadas expectativas e pretensões dos clientes. A periodização está baseada no princípio da adaptação e de supercompensação biológica sendo fundamental no treino da força (TF) como forma de evitar as situações de estagnação (plateau) ou de sobre treino (overtraining) e permitir repouso suficiente de forma a manter efetivo o ciclo de estímulo-adaptação. 6ª Feira Intensidade (RM) O ponto de referência mais importante para o planeamento do treino é o conhecimento do tempo de treino necessário para dar um incremento qualitativo em qualquer das manifestações da força e dos processos hipertróficos. É também importante ter em consideração o momento em que um determinado tipo de carga/estímulo perde o seu potencial de adaptação e alcança um plateau ou mesmo um retrocesso nos resultados. Com o modelo não-linear as variações da intensidade e do volume de treino são mais bruscas de sessão para sessão. A periodização não-linear consiste em variar a intensidade do treino entre leve, moderada e alta durante o período de uma ou duas semanas. Este tipo de periodização visa fundamentalmente a utilização de exercícios estruturais. Quadro 2. Periodização dos mesociclos 2ª Feira ––––– Planeamento é designada de não-linear devido às alterações bruscas da carga utilizada. Por exemplo, um praticante treina com uma carga de 8 a 10 RM (repetições máximas) na 2ª feira, com uma carga de 3 a 5 RM na 4ª feira e com uma carga de 12 a 15 RM na 6ª feira, durante 12 semanas. As 12 semanas são seguidas de uma fase de repouso ativo (1 a 2 semanas), após a qual será repetido o ciclo de treino. Este tipo de periodização pode ser utilizada em modalidades coletivas ou individuais nas quais existem várias competições importantes durante a época, semanalmente ou bi-semanalmente. Ainda pode ser utilizado em praticantes como estratégia de variação da rotina de treino, ou como método de manutenção das diferentes formas de manifestação da força. Quadro 3. Plano de periodização para hipertrofia e desenvolvimento da força básica Semana 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Mesociclos adaptação força hipertrofia hipertrofia hipertrofia força hipertrofia hipertrofia força hipertrofia hipertrofia força Objetivos anatómica explosiva I II III máxima I TTA* resistente I II explosiva 3-5 s Meses Dez. Séries. 2-3 s 3-5 s 2-5 s 3-5 s 3-5 s 3-5 s 3-5 s 3-5 s 1-3 s 2-5 s 2-5 s Reps. 12-15 6-8 10-12 8-10 6-8 2-6 10-12 8-15 12-15 10-12 8-10 6-8 Intensidade baixa vel max moder./alta moder./alta alta alta moderada moderada baix/moder. moderada moder./alta vel max alto moderado moder/alto moder/alto moder/alto moderado moderado moderado/alto alto moder./alto moder./alto moderado Volume * TTA - Técnicas avançadas de treino de força (promoção de vascularização). Quadro 4. Plano de periodização para melhoria da resistência da força, perda de peso e tonificação muscular Semana Meses Mesociclos Objetivos Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. resistência resistência resistência hipertrofia resistência resistência resistência resistência resistência resistência resistência hipertrofia força I II III força I II III III I II III Séries 1-2 s 1-2 s 2-3 s 2-3 s 1-2 s 1-2 s 2-3 s 2-3 s 1-2 s 1-2 s 2-3 s 2-3 s Reps 15-20 reps. 12-15 reps. 12-15 reps. 8-10 reps. 15-20 reps. 12-15 reps. 12-15 reps. 12-15 reps. 15-20 reps. 12-15 reps. 12-15 reps. 8-10 reps. baixa moder./alta alta moder./alta baixa moder./alta alta alta baixa moder./alta alta moder./alta alto moderado moder./baixo moder./baixo alto alto alto moderado Intensidade Volume 6. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 moder./baixo moder./baixo moder./baixo moder./baixo Academy. bwizer ACADEMY Saúde. Fisioterapia. Movimento. ____ Pedro Maciel Barbosa ––––– Saúde é o constructo mais forte que a vida nos oferece. Provérbios e outros lugares comuns da língua portuguesa como “a saúde não tem preço” ou “o saber é para a alma o que a saúde é para o corpo” são bons exemplos da conceptualização e interpretação tão lata que a Saúde pode assumir. A sua multidimensão toca em campos tão vastos como a economia e produção de riqueza, quer na perspetiva mais comercial, quer na perspetiva de condição potenciadora individual de trabalho humano. Toca a cultura e a sociedade, assumindo uma valorização e interpretação tão idiossincrásicas de país para país, de pessoa para pessoa, o que a torna muitas vezes incomparável e transcendente. Toca o contexto geográfico e temporal, deixando um rasto tão inquestionável como variável na história. Toca o indivíduo no seu lado mais egoísta e no mais altruísta. Toca a tecnologia e o desenvolvimento, provando intrinsecamente que o seu valor constituiu o motor mais potente da evolução humana. ––––– A Saúde é o constructo mais complexo que a vida nos oferece. Quando se fala em Saúde Pública abraça-se esta visão ampla, global, macro, de uma solução que pelo seu impacto obriga a uma análise de cabeça levantada procurando sempre ver mais 8. além, ver o todo que o uno não permite. Esta perspetiva que deve estar presente no planeamento das políticas e dos recursos em saúde, deve estar igualmente presente no momento único que constitui a relação entre os profissionais de saúde e os doentes, transpondo para o nosso processo de raciocínio e prática clínica as multidimensões que a Saúde daquele doente, naquele momento e naquele contexto implicam. A Fisioterapia, enquanto profissão de saúde, tem ao longo dos anos trilhado um caminho interessante de crescimento e valorização social, na saúde internacional e em Portugal. A sua maturidade encontra-se no seu posicionamento equilibrado entre a evidência científica, consumindo-a e produzindo-a, e a subjetividade inerente às ferramentas de trabalho que possui – raciocínio, movimento e manualidade. A Fisioterapia constituiu uma das profissões que, pelas suas características próprias, mais tempo dispõe com as pessoas, que mais impacto direto tem ou pode ter sobre a sua saúde, que mais oportunidades em saúde proporciona de um modo efetivo e eficiente, ao utilizar o “movimento” para potenciar a vida de cada um. A Fisioterapia é uma das disciplinas da Saúde que mais completa consegue ser na abordagem à saúde e à doença, alcançando respostas potenciadoras do estado de saúde em áreas tão diferentes como a Promoção de Saúde ou os problemas de saúde das áreas Cardio-Respiratória, Neurologia, Músculo-Esquelética, Oncologia ou Dermato-Funcional. Independentemente da partilha de espaço com outras profis- Academy. bwizer ACADEMY sões de saúde, como as Ciências do Desporto, a Medicina ou mesmo a Enfermagem ou, até, algumas áreas das Terapias Alternativas, pela sua especialização em Reabilitação e pelo seu domínio de saberes e competências específicas, à Fisioterapia foi e será sempre atribuído um papel central na Saúde e em todos os países. Esta divisão, esta partilha de espaços, por vezes cinzenta, entre áreas de atuação dos diferentes saberes e diferentes profissões é geradora de muita discussão e reivindicações, pelo que constitui, como tal, um domínio da Saúde atrativo e cientificamente interessante. Contudo, será fundamental perceber que este domínio de saberes não é exclusivo da Fisioterapia, quer do ponto de vista da honestidade intelectual quanto à produção original do mesmo, quer do ponto de vista cego e abstrato da lei. Mas, o papel e o contributo da Fisioterapia para a Saúde de uma população existe e deve ser fundamentalmente argumentado e defendido através da demonstração de conhecimento, formação e da evidência dos resultados em saúde, na economia e na sustentabilidade do SNS que, no seu contexto, proporcionam. Se há argumento imbatível nesta discussão é o conhecimento científico, a reiterada evidência nos ganhos em saúde e nos ganhos económicos que tornam o seu custo de oportunidade uma vantagem relativamente à concorrência das demais intervenções em saúde. Muitas vezes, associada à “Ciência” da Reabilitação, gostava que evoluísse o seu posicionamento para junto da “Ciência do Movimento”, uma “ciência” que não está assim definida mas que a Fisioterapia pode e deve desenvolver. A sua relevância e espaço futuros dependerão da forma como a profissão e os seus profissionais se colocarem nesta área do conhecimento, quer através da sua formação e obtenção de competências, quer da sua prática e contributo para o desenvolvimento científico, como também do seu papel social. Esta reflexão leva-nos de volta à Saúde Pública e à necessidade de darmos um passo atrás para podermos olhar mais além. Enquanto a Fisioterapia não conseguir incorporar uma noção global de si própria e identificar as variáveis que lhe estão intrinsecamente associadas, terá dificuldade em se valorizar e refletir enquanto produto, no mencionado mundo cinzento em que outros poderes corporativos e grandes interesses se mobilizam para evitar, esconder, até tentar esquecer ou mesmo apagar o contributo da Fisioterapia, seja pela sua capacidade de fazer lobby, seja pelo viés na demonstração empolada do seu papel que o seu estatuto social facilita. O que não se reflete, não se mede, o que não se mede não se avalia, o que não se avalia não se quantifica e o que não se quantifica não existe nem justifica que nele se invista. Este desafio abraça um fundamento que nos deve ser caro: a literacia. Do latim litteratu (culto, sábio), define-se no dicionário como a capacidade de adquirir conhecimentos, desenvolver as próprias potencialidades e participar ativamente na sociedade. A Fisioterapia constituiu uma das profissões que [...] mais tempo dispõe com as pessoas, que mais impacto direto tem ou pode ter sobre a saúde das pessoas, que mais oportunidades em saúde proporciona de um modo efetivo e eficiente, ao utilizar o “movimento” para potenciar a vida de cada um. A Fisioterapia deve encarar de vez a necessidade de promover a literacia junto dos seus profissionais. Literacia profissional que lhe permita ler o seu valor clínico, literacia científica que lhe permita crescer no seu valor científico e em saber medir resultados e impacto da sua intervenção, literacia digital que lhe permita registar com facilidade e rigor os valores e os resultados dos seus desempenhos, literacia económica que lhe permita medir e vender o seu produto, e literacia cultural que lhe permita ser elevada e educada no ambiente de competitividade feroz que o século XXI representa, com uma perigosa deturpação de valores e vontades, com uma defesa cada vez mais cega dos interesses individuais e corporativos das profissões, com um olhar cada vez mais curto, parcial e imediatista sobre os problemas, num mundo cada vez mais instável e desconfiado. Este desafio é especial para as Instituições de Ensino Superior da Fisioterapia que têm de arriscar mais. Têm de sair do seu espaço de conforto, do seu ambiente fechado e assumirem um papel de clara produção e de divulgação abrangente e gratuita de conhecimento científico. Têm de discutir e refletir em conjunto conteúdos e domínios de formação que constituirão no curto e médio prazo as efetivas e eficientes respostas às necessidades em saúde das pessoas, e de se posicionarem como verdadeiros agentes potenciadores da intervenção da e na comunidade e da articulação e complementaridade entre setores. Porque esse é o seu papel fundamental. Formar e Educar, Educar para o futuro. Este desafio é igualmente especial para os profissionais. Culturalmente o português é bom a fazer mas tem pouca apetência para planear. Culturalmente o português é bom a reclamar e reivindicar, mas tem reduzida capacidade de se mobilizar de forma construtiva e cívica sobre os desafios. Cabe aos Fisioterapeutas ir mais além, evoluir para a noção que o valor social e oportunidades que tanto reclamam depende do conjunto, e que essa unidade, mesmo que variável no modelo de prestação de cuidados e na área específica de intervenção, merecerá sempre uma reflexão global que potencie o Movimento no futuro de melhoria da Saúde e do bem-estar das pessoas. Pedro Maciel Barbosa –––– Fisioterapeuta e doutorando em Saúde Pública pelo Instituto de Saúde Pública da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Atualmente exerce funções na Unidade Local de Saúde de Matosinhos, desenvolve prática privada e colabora com a Escola Superior de Saúde do Porto Instituto Politécnico do Porto. 9. Academy. bwizer ACADEMY São ilegais os “Contratos de Fidelização” em ginásios? ____ Alexandre Miguel Mestre No final do mês de Agosto diversos media, com bastante ‘estrondo’, deram conta de que durante o primeiro semestre de 2018 a DECO recebera 215 reclamações, a maioria das quais conexas com os ditos “contratos de fidelização”. Em diferentes notícias leu-se mesmo que “a fidelização em ginásios é proibida por lei.”. Prontamente a AGAP reagiu, em comunicado, invocando a legalidade desses contratos. Segundo a AGAP, “[o]s contratos de fidelização são legais e enquadrados no Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa 3095/08.5YXLSB.L1-7 de 05.06.2012, desde que seja garantida uma vantagem comercial para o aderente (“1- As cláusulas de fidelização que garantem a estabilidade económica do predisponente têm de conferir, em contrapartida, também vantagens de ordem comercial ao aderente, …)”. Permita-se-nos, a este propósito, tentar aclarar, do ponto de vista jurídico, o que está em causa quando no contrato de adesão a um ginásio consta uma ‘cláusula de fidelização’, começando por definir o conceito de fidelização (que alguns ginásios, como que temendo a sua ilegalidade, substituem por “compromisso”, “obrigação de permanência” ou “período de permanência inicial”). Sendo a ‘Lei dos Ginásios omissa quanto à figura da fidelização – desmentindo as referidas notícias que afirmam existir uma proibição – encontramos uma definição de fidelização na legislação referente às comunicações eletrónicas : “o período durante o qual o consumidor se compromete a não cancelar um contrato ou a alterar as condições acordadas”. Esta lei prevê que não pode haver períodos de fidelização superiores a 24 (1) (2) 10. meses e que a regra deve ser no máximo de um ano. E é precisamente no domínio das telecomunicações que encontramos pistas para responder à questão de saber se é ou não ilegal prever-se num contrato celebrado entre um ginásio e um utente para fidelização deste por um período mínimo. Refiro-me em concreto a um Parecer emitido a 11 de Janeiro de 2016, pelo Observatório do Direito de Consumo (ODC) sobre “Fidelização em Telecomunicações” . (3) Esse Parecer ajuda a explicar duas decisões antagónicas, do mesmo tribunal, no espaço de um ano, em torno do mesmo facto – referimo-nos a dois acórdãos do Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) que decidiram, ambos, sobre a validade de uma cláusula de fidelização vigente pelo período de um ano. Em Junho de 2011, o TRL considerou que semelhante cláusula revelava “um manifesto desequilíbrio contratual de interesses”, uma vez que o ginásio se limitava “a acautelar os seus interesses negociais ao inserir cláusulas padronizadas insuscetíveis de negociação, conduzindo a uma fidelização forçada dos clientes ao longo dos anos sob pena de se verem obrigados ao pagamento de uma pesada penalização em caso de resolução negocial.” No fundo, para o TRL, estando em causa uma cláusula inserida num contrato de adesão, existiria “uma coação à longa duração contratual, levando os clientes a uma fidelização forçada ao longo de anos com receio ou incapacidade financeira para prover a tão pesada penalização em caso de quebra contratual”. A razão foi, então, dada ao utente. Por sua vez, o mesmo TRL, em Junho de 2012, no aresto a que a AGAP fez referência no mencionado comunicado, “fazendo Academy. bwizer ACADEMY Alexandre Miguel Mestre –––– Advogado, Doutor em Direito Europeu do Desporto (Edge Hill University) e Professor Convidado no domínio do Direito do Desporto na Universidade Autónoma de Lisboa, na Universidade Europeia, na Escola Superior de Desporto de Rio Maior (todas em Portugal) na Football Business Academy (Suíça), no ISDE – Barcelona e no INEFC (ambas em Espanha). Formador nas áreas de Ética, Deontologia e Legislação do Fitness e autor do livro “Direito do Fitness” (Vida Económica, 2017). [...] a fidelização em si mesma não é ilegal, podendo até ser simultaneamente favorável ao ginásio e ao utente – sendo que, enquanto não houver uma alteração à ‘Lei dos Ginásios’ que expressamente delimite a questão da fidelização, a validade desta terá de ser aferida caso a caso [...]. pesar no prato da balança os interesses em jogo” não vislumbrou “qualquer indesejável desequilíbrio contratual [porque] a fidelização de um ano vai permitir ao cliente uma série de serviços, incluindo diversificação do seu exercício, que outro tipo de adesão não lhe permitia.” Mais acrescentou que este tipo de prestação “(…) envolve uma série de custos e esforços financeiros e humanos que os clientes têm que compensar, por via da fidelização de um ano. Não existe, pois, qualquer desequilíbrio entre as prestações contratuais, pois ambas se ajustam na ótica de prestador de serviços e do cliente dos mesmos: a título de exemplo, qualquer cliente não pode querer comprar um Ferrari pelo preço de um Fiat.” Com esta forte metáfora, foi, desta feita, dada razão ao ginásio. Perante este “empate” e aguardando-se nova jurisprudência, o parecer do ODC mantém, mais de dois anos depois, projeção e utilidade para a realidade dos ginásios, ao transmitir, no essencial, o seguinte: (i) “o consumidor não pode ficar obrigado a contratar por períodos anormalmente elevados”; mas (ii) “se há um benefício extraordinário concedido ao consumidor, há uma justificação para que se estabeleça um período de duração efectiva do contrato e o montante da penalização em que incorre o consumidor pelo incumprimento desse período”. Isto porque (iii) “é normal que essa operadora [de telefone ou de internet] queira rentabilizar o seu ‘investimento’ e, por isso, proponha um período de fidelização”. Mutatis mutandis, diria, um ginásio pode invocar que a fidelização é necessária para ver compensado o seu investimento, designadamente em recursos humanos, como os Técnicos de Exercício Físico, ou em recursos materiais, como máquinas e demais equipamento, ou ainda no aumento e diversificação de serviços prestados – sendo que para poder garantir esse ressarcimento, o ginásio tem de poder gerir no médio prazo, e isso implica garantir a retenção dos seus clientes. Para que este argumento colha, o ginásio terá de dar uma contrapartida económica ao utente. E aí, o preço é o mais óbvio: o cliente fica “fidelizado”, mediante a contrapartida de beneficiar de um desconto no pagamento das prestações. Tudo visto e ponderado, a fidelização em si mesma não é ilegal, podendo até ser simultaneamente favorável ao ginásio e ao utente – sendo que, enquanto não houver uma alteração à ‘Lei dos Ginásios’ que expressamente delimite a questão da fidelização, a validade desta terá de ser aferida caso a caso, contrato a contrato, ginásio a ginásio, não devendo haver lugar a generalizações nem a conclusões categóricas e dogmáticas. Referências .................. p.20 11. Academy. bwizer ACADEMY Dieta Cetogênica – estará o segredo na gordura? ____ César Leão […] uma dieta com um consumo de 20 a 50 gramas/ dia de hidratos de carbono, sendo que em termos de distribuição percentual pelos macronutrientes encontramos uma composição de 15-20 % do Valor Calórico Total (VCT) em proteína, de 5-10% do VCT em hidratos de carbono e o restante em gordura. hidratos de carbono é induzir um estado de cetose nutricional, onde como consequência da degradação dos ácidos gordos para obtenção de energia, há um aumento benigno das cetonas circulantes na corrente sanguínea. O excesso de peso e a obesidade têm vindo a atingir níveis históricos e alarmantes. No mesmo sentido, encontramos também um aumento da prevalência de doenças crónicas como a diabetes e o cancro, que têm na obesidade um dos principais fatores de risco . Devido a essa associação, cada vez mais a prevenção e o tratamento incluem a mudança de hábitos alimentares . Por essa razão, a procura de uma panaceia universal que resolva todos esses problemas, tem sido utilizado como instrumento de marketing de muitas dietas. (5) Apesar da atenção que tem tido nos últimos anos, a dieta cetogênica não é propriamente uma novidade. Desde que em 1906 Stefasson observou os hábitos alimentares dos Inuit , os possíveis efeitos positivos de uma dieta mais rica em gordura têm sido propalados. Além da sua utilização clinica no tratamento da epilepsia infantil , existe atualmente muito interesse sobre a possível utilização desta dieta para o tratamento de várias doenças, como o cancro e a diabetes, assim como método de perda de peso . Neste artigo iremos sobretudo tentar desmistificar algumas ideias relacionadas com a sua utilização para a perda de peso, bem como a sua utilização para melhorar o rendimento desportivo. (1) (2) (3) Não existe um acordo sobre exatamente o que deve ser considerado uma dieta cetogênica, sendo que a definição que mais consenso reúne refere que é uma dieta com um consumo de 20 a 50 gramas/dia de hidratos de carbono, sendo que em termos de distribuição percentual pelos macronutrientes encontramos uma composição de 15-20 % do Valor Calórico Total (VCT) em proteína, de 5-10% do VCT em hidratos de carbono e o restante em gordura . O que se pretende com esta restrição em (4) 12. (6) Apesar de haver uma série de mecanismos que podem conduzir ao aumento de peso, é bem aceite pela comunidade científica que a principal razão para que a acumulação de tecido adiposo aconteça se prende com um desequilíbrio calórico, ou seja, com uma ingestão de calorias maior do que as que são despendidas pelo organismo . Esta teoria foi nomeada de CiCo – calories in calories out. No entanto, nos últimos tempos, tem-se assistido ao regresso de uma “nova” hipótese, a teoria insulínica. Esta defende que a acumulação de gordura acontece devido ao aumento de produção de insulina, associado a um excesso de consumo de hidratos de carbono. Nesse modelo postula-se que, diminuindo o consumo de hidratos de carbono, se assiste a uma diminuição da produção de insulina, pelo que para a mesma ingestão calórica haverá uma maior perda de peso . (7) (8) Talvez o maior proponente desta teoria, ou pelo menos o que mais atenção pública teve, foi o Dr. Atkins. Foi ele que nos anos 70 editou um livro para perda de peso denominado “Dr. Atkins Academy. bwizer ACADEMY Diet Revolution” que popularizou as dietas extremamente baixas em hidratos de carbono. Nos últimos tempos, sobretudo pelo trabalho de alguns investigadores como Noakes e Volek, têm surgido uma série de trabalhos que tentam mostrar a superioridade destas dietas relativamente a outras . Algumas das razões propostas para esta vantagem prendem-se com uma suposta vantagem metabólica e por permitir um maior controlo da ingestão calórica devido à supressão do apetite. (9) Relativamente à vantagem metabólica das dietas cetogênicas, ou seja, um maior gasto energético associado apenas à distribuição dos macronutrientes, foi recentemente demonstrado que, se existir, essa vantagem não é significativa . Aliás, se considerarmos o fator térmico dos alimentos, que corresponde à energia despendida pelo organismo no processo de utilização do alimento, como uma das razões para um possível aumento desse gasto calórico, também não encontramos razão para que essa vantagem metabólica exista. Dos 3 macronutrientes, a gordura é o que menos energia necessita para a conclusão do seu processo de digestão, enquanto que a proteína, com gastos que podem ir até 30% do valor total ingerido é o que gera maior dispêndio. (10) (11) Outra razão para que se observem resultados interessantes no que diz respeito à perda de peso tem a ver com a diminuição do apetite associada a estas dietas . O aumento da circulação de cetonas na corrente sanguínea poderá ser o responsável por esse maior controlo do apetite . Por outro lado , sabendo nós que a proteína é o nutriente mais saciante , esse efeito pode estar relacionado com o aumento da ingestão acima do pretendido nessas dietas. (12) (13) (14) Quando analisamos atentamente os estudos já realizados percebemos que, desde que o valor calórico total e a quantidade de proteína ingerida seja idêntica, não existe vantagem a longo prazo de uma dieta rica em gorduras relativamente a uma dieta rica em hidratos de carbono . Eventualmente, dietas ricas em proteína poderão ser interessantes na perda de peso, independentemente da distribuição dos outros macronutrientes . (15) (16-18) Concluindo, o principal fator para o sucesso de qualquer perda de peso continua a ser o fator adesão, que varia consoante a pessoa em questão . (19) Além da utilização para a perda de peso, tem-se observado uma cada vez maior utilização deste tipo de alimentação como ferramenta para aumento do rendimento desportivo. E, mais uma vez, não sendo uma temática recente , têm ressurgido nos últimos tempos, também fruto de uma exposição mediática que leva a que se tirem conclusões diferentes das expressas na literatura científica. (20) Mesmo assim, e apesar da explosão de trabalhos nesta área, apenas se encontraram evidências sugestivas da sua utilização em modalidades de fisioculturismo e de endurance . (21) Aquilo que temos hoje são apenas algumas vantagens associadas à utilização de dietas cetogênicas em determinados eventos desportivos , como sejam os eventos de ultra-endurance (>42 km) por etapas em autossuficiência. E mesmo considerando que as eventuais vantagens estariam associadas a eventos de maior duração, ainda assim não parece que existam vantagens evidentes em eventos também considerados de endurance . (22) (23) Apesar de se observarem adaptações fisiológicas interessantes do ponto de vista atlético, como um aumento da oxidação da 13. Academy. bwizer ACADEMY gordura no músculo , essas mesmas adaptações não permitem inferir que haverá uma melhoria do rendimento desportivo. Sabendo que até uma maratona se desenrola a uma intensidade de 80 a 90% do VO2 máx. e que o quociente respiratório varia entre 0,95 e 0,97, podemos concluir que o sucesso competitivo depende sobretudo da capacidade de oxidar glicose. Esta associação torna-se ainda mais explícita quando sabemos que há um maior consumo de O2 na oxidação de ácidos gordos livres relativamente à oxidação da glicose, conduzindo a piores resultados no que diz respeito à economia de esforço , um aspeto fundamental no sucesso de um atleta . (24) (23) César Leão –––– Licenciado em Ciências da Nutrição pela Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP). Mestrado em Treino Desportivo pelo Escola Superior de Desporto e Lazer – Instituto Politécnico de Viana do Castelo Nutricionista do Futebol Clube de Paços de Ferreira e da Federação Portuguesa de Voleibol. Nutricionista Clínico e assistente convidado do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (25) Nesse sentido, parece haver interesse em manipular (periodizar) o consumo de hidratos de carbono de acordo com a altura da época, de forma a maximizar as adaptações pretendidas, sem colocar em causa o rendimento do atleta nas fases fulcrais da época desportiva . (26) Um dos maiores problemas desta dieta é a sua taxa de retenção. Nos estudos em que a retenção foi avaliada, a mesma não ultrapassava os 45%, muito devido à sua limitação de escolhas e à sua baixa palatabilidade . Aliás, a nossa aceitabilidade desta dieta pode estar muito associada a ideias preconcebidas sobre o que devemos comer e que tipo de alimentos são menos indicados para nós, levando a que haja uma rejeição da mesma . Podemos ficar com uma ideia do que será um dia típico de alguém que segue um plano destes com o exemplo abaixo. (27) (28) Plano alimentar para 2500 kcal, com uma distribuição de 19,7% Proteína / 4 % HC / 75% gordura Refeição Descrição Composição Nutricional Pequeno-almoço 100 g abacate 100 g bacon grelhado 1 ovos mexidos 10 g azeite 75 g framboesa Calorias – 700,7 kcal Proteína – 31,8 g H.C. – 7,5 g Gordura – 58,6 g Almoço 200 g brócolos 120 g vaca grelhada 100 g abacate 20 g azeite Calorias – 602,2 kcal Proteína – 39,6 g H.C. – 4,9 g Gordura – 41,3 g Lanche 20 g nozes 75 g framboesas 100 g queijo flamengo normal 1 ovo cozido Calorias – 608,4 kcal Proteína – 37,1 g H.C. – 7,6 g Gordura – 45,8 g Jantar 200 g couve lombarda cozida 100 g salmão 100 g abacate 20 g azeite Calorias – 610,23kcal Proteína – 27,8 g H.C. – 5,1 g Gordura – 53,3 g Fonte: Tabela de Composição dos Alimentos - INSA Concluindo, a dieta cetogênica não parece ser a resposta final para o problema do excesso de peso. Apresenta-se como uma alternativa que, quando ajustada às preferências da pessoa, poderá ser utilizada para controlar a ingestão calórica e nesse sentido conseguir os resultados pretendidos. Já no que diz respeito ao rendimento desportivo para o atleta competitivo, não chega sequer a ser uma alternativa para o dia a dia. Ao longo da época desportiva pode ser utilizada pontualmente, especialmente nos períodos não competitivos, podendo contribuir para algumas adaptações fisiológicas que podem ser interessantes no futuro. Ainda sim, parecem existir melhores opções para obter esses mesmos resultados, sendo que também aqui a escolha deverá ser sempre uma prerrogativa do atleta. Referências .................. p.20 14. Academy. bwizer ACADEMY Tratamento e Prevenção de Pubalgia Crónica ____ Pedro Alves Nós, fisioterapeutas, apresentamo-nos como peças fundamentais para recuperação das alterações na pubalgia, sendo que 95% dos casos são de sucesso, sem necessidade de intervenção cirúrgica. A dor na região da virilha e da púbis é bastante comum em atletas de alta competição e representa uma das principais causas para a interrupção prolongada de atividade física. É comum nas modalidades que exijam mudanças bruscas de direção, movimento de pontapear, acelerações e desacelerações repentinas. É recorrente nos desportos como o atletismo, mas está sobretudo presente no mundo do futebol. Os sintomas são de difícil avaliação e, em muitas situações, associados a outras patologias como lesão osteoarticular coxofemoral, conflito femoroacetabular, hérnia inguinal e lesões musculo-tendinosas na região adutora. Sendo uma patologia de carácter crónico, a pubalgia é assim definida como uma dor na região inguino-púbica, normalmente unilateral, com possível irradiação para a parte medial da coxa até ao joelho e também para a região púbica. ––––– Entender as possíveis causas para Pubalgia A pubalgia é interpretada tanto pelo atleta como pelo fisioterapeuta como uma lesão “monstra” pelo seu difícil diagnóstico, tal como pelo tempo necessário para o tratamento conservador (média de 9 meses). Não existe um consenso concreto na literatura sobre como a pubalgia realmente se inicia e quais são os fatores principais que predispõem a lesão, no entanto, dentro dos fatores intrínsecos destacam-se: alterações biomecânicas da pélvis; alterações na musculatura adutora; alterações na musculatura isquiotibial e alterações coxofemorais. De um forma isolada ou combinada todos estes fatores desencadeiam desequilíbrios musculares importantes que a longo prazo provocam processos inflamatórios músculo-tendinosos e alterações biomecânicas articulares, muito observadas em atletas, tais como alteração no posicionamento articular da púbis (osteíte púbica), alteração do complexo lombo-pélvico (ex. horizontalização do sacro), encurtamento da cadeia posterior (musculatura isquiotibial), lesões músculo-tendinosas na musculatura adutora (ex. tendinopatias), estrutura muscular estabilizadora enfraquecida (musculatura abdominal) e alterações na articulação coxofemoral (conflito femoroacetabular do tipo viking com compressão e encurtamento das cadeias musculares antero-internas da anca). ––––– Tratamento conservador para Pubalgia Nós, fisioterapeutas, apresentamo-nos como peças fundamentais para recuperação das alterações na pubalgia, sendo que 95% dos casos são de sucesso, sem necessidade de intervenção cirúrgica. De um modo comum e transversal, os atletas sobretudo os futebolistas apresentam na sua sintomatologia encurtamentos musculares importantes (cadeia posterior e 15. Academy. bwizer ACADEMY Figura 1 musculatura adutora), desequilíbrios de força (musculatura abdominal vs. musculatura adutora) e alterações posturais (instabilidade no complexo lombo-pélvico). Assim, o processo de reabilitação conservadora centra-se em 4 objetivos fulcrais. 1º objetivo: “estabilidade muscular” - procurar no atleta a maior ponte de equilíbrio entre a musculatura encurtada (melhorar a amplitude elástica através de flexibilidade) com reforço muscular das estruturas musculares estabilizadoras (estrutura abdominal). Figura 2 permite assegurar a estabilidade muscular necessária para garantir potência e capacidade na corrida (acelerações vs. desacelerações). Importante também para o sucesso da recuperação o trabalho de reeducação de gestos específicos que o atleta executa dentro de campo como correr, mas sobretudo melhorar e ajustar a técnica de remate (no caso dos futebolistas). ––––– 2º objetivo: “melhorar a flexibilidade” de toda a musculatura Prevenção para a Pubalgia com relação direta com a púbis ex. cadeia antero-interna da anca (ver figura 1). 3º objetivo: “fortalecimento muscular” das estruturas que permitem estabilização central (core) como as estruturas abdominais, musculatura extensora da anca, musculatura profunda e musculatura estabilizadora paravertebral. 4º objetivo: “trabalho funcional global” com exercícios pliométricos ajustados à prática desportiva e específicos às funções que desempenha dentro de campo, com objetivo diminuir os desequilíbrios musculares. Dentro dos 4 objetivos fulcrais o raciocínio centra-se em reeducar as estruturas musculares em desequilíbrio, sendo que trabalho de reeducação postural global é essencial para dinamizar o maior número de estruturas afetadas. O trabalho postural da cadeia póstero-interna (ver figura 2), permite melhorar o controlo neuromotor dos adutores que pode ser complementado com trabalho de reforço específico abdominal. O trabalho postural da cadeia posterior é essencial (ver figura 3) para melhorar o encurtamento comum da cadeia posterior (que segundo Busquet é a principal causa para a pubalgia). O trabalho postural associado a fortalecimento das estruturas extensoras da anca É comum nas modalidades que exijam mudanças bruscas de direção, movimento de pontapear, acelerações e desacelerações repentinas, recorrente nos desportos como o atletismo, mas sobretudo presente no mundo do futebol. 16. Apresentando-se esta patologia com um processo de recuperação lento e variadas estruturas afetadas, torna-se essencial desenvolver com os atletas um trabalho individual e coletivo com foco na prevenção de lesão e ajustado às tarefas especificas que executa. Como diz o provérbio “mais vale prevenir que remediar” e no mundo desportivo a profilaxia deve ser o foco fundamental para qualquer fisioterapeuta. No que respeita à prevenção de pubalgia relacionada com o futebol existem 6 objetivos fundamentais a serem aplicados aos atletas longitudinalmente dentro do macrociclo da época desportiva. 1º objetivo: treino de flexibilidade. Desenvolver e aplicar um trabalho constante de flexibilidade aos grupos musculares envolvidos diretamente e indiretamente com a púbis. 2º objetivo: Reeducação constante das cadeias musculares. Promover e manter um trabalho de reforço muscular específico das estruturas hipo-ativas para sustentação dos fenómenos de instabilidade articular. 3º objetivo: Mobilidade articular geral. Promover exercícios de mobilidade articular com diversos estímulos para ganho de amplitude de movimento, sobretudo para os membros inferiores. 4º objetivo: Treino de coordenação e lateralidade. Promover exercícios bilaterais que possibilitem diminuir os constantes apoios unipodais e solicitação homolateral. Exercícios de coordenação com estímulos proprioceptivos lombo-pélvicos de forma a melhorar a estabilidade pélvica. 5º objetivo: Proporcionar condições extrínsecas adequadas ao exercício físico. Procurar o melhor calçado e campo de Academy. bwizer ACADEMY Figura 3 treino adequado para os atletas. Discutir e planear com a equipa técnica volumes, intensidades e ritmos de treino ajustados aos atletas e às fases competitivas. Pedro Alves –––– Licenciado em Fisioterapia pela Universidade Fernando Pessoa. Pós-Graduado em Fisioterapia Desportiva pela Faculdade de Motricidade Humana. A sua área de formação e intervenção está direcionada para a reabilitação musculoesquelética desportiva com foco na Terapia Manual. Entre vários projetos e clubes que abraçou, atualmente é co-responsável pelas modalidades do clube dos Galitos de Aveiro (Natação, Basquetebol, Remo, Duatlo, Triatlo). Co-Fundador da “Fisiomanual – clínica de terapias manuais”, onde trabalha na recuperação de atletas de todas as modalidades. É também Professor Universitário da ESSUA – Universidade de Aveiro. 6º objetivo: alertar para o cuidado do estado geral de saúde (ex. infeções bucais, alterações nutricionais). Como fisioterapeutas, a nossa missão no desporto não deve ser condicionada apenas e só a tratar e reabilitar, mas ser focada em desenvolver em equipa planos de ação com tarefas e exercícios (mobilidade, flexibilidade, fortalecimento, coordenação, proprioceptividade, pliometria, etc.) que permitam prevenir a patologia e potenciar a performance geral do atleta. Referências .................. p.20 17. Academy. À conversa com... À conversa com Prof. Doutor José Pinto da Costa ____ 18. À conversa com... as causas. A melhor maneira de aprender, é ensinar, é transmitir o conhecimento que a experiência nos vai permitindo acumular ao longo do tempo. Quando lhe pedem para se apresentar, o que diz? Como sintetiza mais de 80 anos de vida como médico? Em regra, as pessoas dizem que eu não preciso de apresentação. Mas para quem quiser a minha apresentação digo que sou médico. Ser médico era uma vocação clara ou foi algo que, apenas, aconteceu? Ser médico foi a única opção que escolhi como própria, desde que me lembro, talvez com quatro ou cinco anos. Provavelmente, influenciado pelo respeito e atitudes elogiosas a um meu parente notável, um médico e professor da Faculdade de Medicina do Porto. Todos temos as nossas referências e não raras vezes são cultivadas pela família. E a saúde, que parece estar envolta em muitas dificuldades, como a vê? O grande problema da saúde é o da saúde mental, cuja deficiência se confronta com inúmeras situações negativas da sociedade como a violência doméstica nos seus mais diversos comportamentos, culminando no homicídio e no suicídio. Um dos traços que lhe são atribuídos é o humor e a capacidade de entusiasmar audiências. É algo que sempre teve ou veio com a experiência? Sem humor a pessoa é um cadáver adiado, a quem pouco tempo falta para finar. O humor é o lubrificante da comunicação entre as pessoas, prolongando-lhes o bem-estar e a probabilidade de vida. Sou estruturalmente otimista e alegre e sempre me foi atribuído um certo humor, cujo carácter familiar prova a influência genética. A experiência de vida não aumenta o humor, mas facilita o seu apreço pelos outros e a tolerância para certas afirmações ou respostas. A brincar vão-se dizendo as verdades. Como entra a Medicina Legal na sua vida? A Medicina legal, como aplicação de conhecimentos biopsicológicos ao direito, na interpretação do comportamento humano perante as leis, preencheu a minha particular atenção para a justeza da pessoa humana como ser social. Inicialmente a medicina legal entrou na minha vida de manhã pela realização de autópsias e na parte da tarde pelo exame de pessoas vivas para realização do dano sofrido nas mais diversas situações. O aprofundamento das múltiplas questões envolvidas foi surgindo e, progressivamente, a necessidade de melhorar o que traz mais entusiasmo e gratificação. E, tendo lidado tanto com a morte, o que este contexto lhe ensinou sobre a vida? O lidar com a morte cria mecanismos de rejeição que estimulam o prazer de viver, aproveitando o momento que passa e que não volta. Uma dimensão crítica da sua vida tem sido o ensino. Porquê esta ligação tão profunda? A melhor maneira de aprender, é ensinar, é transmitir o conhecimento que a experiência nos vai permitindo acumular ao longo do tempo. Os alunos foram sempre uma motivação forte de reflexão e de aprendizagem. Encontra diferenças entre os estudantes de hoje e do início da sua carreira? Olha para trás com saudosismo ou pensa que as gerações atuais não comparam mal com as anteriores? Não são melhores nem piores, são estruturalmente diferentes, com múltipla informação disponível, nem sempre facilmente assimilável em confronto com a idade. O futuro está a ser construído pelos jovens, na sua dimensão sociocultural. Como vê o ensino da medicina hoje, em Portugal? Sem humor a pessoa é um cadáver adiado, a quem pouco tempo falta para finar. É uma figura muito conhecida. Já teve algum episódio caricato na rua? Não tive nenhum episódio caricato na rua, no sentido do cómico ou grutesco, ridículo, burlesco ou irrisório. Com o correr do tempo, situações outrora caricatas atualmente são vulgares. O critério da normalidade é definido pelas maiorias e nesse sentido continuo a ser apelidado de Pai Natal pelas crianças, nos locais públicos. Projetos para o futuro. Continuar a viver, a aprender e a ensinar num ciclo vicioso que desejo que seja mais do que simplesmente o dia seguinte, e que isto seja por muitos anos, pois gosto muito de viver. Muito mais técnico que humanista. O futuro será o de uma medicina integrativa que não trate só os sintomas, mas sobretudo 19. Referências Bibliográficas. 1. Cf. Lei n.º 39/2012, de 28 de Agosto - Aprova o regime da responsabilidade técnica pela direção e orientação das atividades desportivas desenvolvidas nas instalações desportivas que prestam serviços desportivos na área da manutenção da condição física (fitness), designadamente aos ginásios, academias ou clubes de saúde (healthclubs), e revoga o Decreto-Lei n.º 271/2009, de 1 de outubro. 2. Cf. Lei n.º 15/2016, de 17 de Junho – “Reforça a proteção dos consumidores nos contratos de prestação de serviços de comunicações eletrónicas com período de fidelização (décima segunda alteração à Lei n.º 5/2004, de 10 de Fevereiro - Lei das Comunicações Eletrónicas).” 3. Cf. Parecer 04.2016/MA, disponível no site da Ordem dos Advogados: https:// www.oa.pt/upl/%7B2b13e2a2-9a91-4410-b71c-769f3b630f50%7D.pdf diet impairs exercise economy and negates the performance benefit from intensified training in elite race walkers. J Physiol. 2016:1-61. doi:10.1113/JP273230 24. 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O Cliente usufrui de um parceiro de qualidade, especializado nas diferentes áreas médicas, repartidas da seguinte forma pelas marcas do Grupo: Vitalino - fisioterapia, ortopedia, consultório, emergência Vitalmédica - assistência técnica Vitagnosis - medicina desportiva, medicina no trabalho, diagnóstico Vitalcare - dentária, podologia, estética Vitalsenior - cuidados seniores, creches, desinfecção. Rua das Tulipas, 160 - 170 4510-679 Fânzeres (GDM) tel 22 466 48 80 fax 22 483 22 02 web www.grupovitalino.pt email vitalino@vitalino.pt Entrevista. Entrevista Glenn Withers ____ Glenn Withers é fisioterapeuta, diretor e fundador da Australian Physiotherapy and Pilates Institute (APPI), co-criador do famoso APPI Method e diretor dos centros clínicos do grupo APPI. Estivemos à conversa com ele para o conhecermos melhor. Ficamos a saber como tudo surgiu, o que está hoje a acontecer e como será o futuro. Acompanhe-nos durante as próximas páginas - vão valer a pena. Como é que um fisioterapeuta australiano acaba por fazer uma carreira em Inglaterra? Uma questão interessante. Eu e a Elisa viemos para Inglaterra com uma bolsa de estudos da Australian Physiotherapy Association, para investigar se o Pilates seria adequado para a reabilitação. E, com efeito, após um ano de um programa de treino em Pilates, tivemos a oportunidade de apresentar uma primeira versão do projeto no hospital local em que estávamos a trabalhar. A partir daí, percebemos a enorme necessidade que existia por um programa de reabilitação específico e começamos a criar o Método APPI. O Pilates entrou na sua vida antes da criação da APPI. Como e quando aconteceu? O Pilates entrou na minha vida através da 22. co-fundadora da APPI, a Elisa Withers. A Elisa já incorporava o Pilates nas suas aulas de ballet clássico há muitos anos. Ora, quando sofri uma lesão nas costas a praticar desporto, a Elisa convenceu-me a tentar o pilates. Na altura, ainda frequentava a escola de fisioterapia e, para ser honesto, não tinha certeza que o pilates me ajudaria, mas como os métodos mais “tradicionais” não estavam a dar resposta ao meu problema, comecei a experimentar o Pilates e a verdade é que o resultado foi excelente. O que viu no Pilates que captou a sua atenção? Eu vi um ótimo método de movimento, que permitia às pessoas alcançarem uma liberdade de movimentos que não era possível com os exercícios “tradicionais”. O uso de imagens visuais, do movimento como a principal ferramenta e da forma como o fluxo do movimento permite que a pessoa se sinta energizada, pareceu-me fantástico. O método APPI é agora usado em tantas, variadas e excitantes áreas que precisávamos criar uma formação estruturada nessas áreas. Quando desenvolvemos um programa, passamos anos a refiná-lo nos nossos centros de tratamento, de forma a garantir que o mesmo tem resultados na população em questão. carecia de clareza e não respondia às mudanças no movimento em indivíduos após um episódio de dor. Portanto, revisitamos toda a evidência disponível sobre dor e movimento. O Glenn e a Elisa transformaram o Pilates clássico em algo diferente. Que trabalho desenvolveram e o que resultou disso? De facto, compreendemos que os desequilíbrios neuromusculares e a mecânica da lesão eram factores vitais. Vimos que no treino clássico muitos dos movimentos tinham alavancas demasiado longas e uma carga muito alta no disco vertebral, especialmente da parte inferior da coluna. Como resultado, não era indicado usá-los para muitos dos nossos pacientes em fisioterapia. Então, decidimos rever todos os movimentos com base em 3 aspectos: Apesar de reconhecermos, desde o início, que o pilates na reabilitação seria muito interessante, percebemos que este 1) Dor – qual o papel da inibição da dor e da inibição dos reflexos, assim como quais os músculos que estão realmente a Entrevista. trabalhar em cada movimento/ exercício. 2) Patologia – avaliar sempre o impacto do exercício de pilates na patologia/ disfunção que o indivíduo apresenta. Como resultado criamos as indicações, precauções e contraindicações do método APPI. 3) Função - decidimos que queríamos que o método APPI visasse primariamente a reabilitação dos pacientes para que estes atingissem a sua plena função. Não queríamos um método de treino que apenas garantisse um corpo tonificado. Portanto, analisamos cada exercício e tentamos vinculá-lo a um padrão de movimento funcional específico que ajudaria as pessoas a moverem-se melhor. Desta forma, cada exercício deve ser escolhido com um objetivo claro que é direcionado para as necessidades do cliente. Posto isto, nasceu a APPI. Em Portugal, é sobretudo conhecida pelo seu lado educacional, mas é muito mais do que isso. Pode apresentar-nos a instituição? A APPI Healthgroup expressa-se em 3 dimensões: Educação, Clínicas e Produtos. Educação – somos hoje uma das maiores instituições de formação em pilates no mundo. Anualmente, temos mais de 5000 pessoas nos nossos cursos e operamos em 22 países. Estamos a alcançar novos países a cada um ou dois meses. Também estamos a aumentar os nossos conteúdos online e a criar uma plataforma de aprendizagem brilhante, para que pessoas em todos os lugares do mundo possam aceder à grande variedade de cursos, aulas e DVD’s que temos disponíveis para download. Atualmente, oferecemos cerca de 30 módulos/ cursos diferentes e, nos próximos anos, queremos disponibiliza-los na totalidade para todos os que a eles queiram aceder. Clínicas - operamos das maiores clínicas em toda a Inglaterra: estão localizadas em Londres, Hampstead e Wimbledon. Cada local tem salas de tratamento privativas; um estúdio de Matwork, yoga e barre; um estúdio de reabilitação one to one; e um estúdio dedicado a aulas de pilates reformer. Alguns concorrentes têm instalações em mais locais, mas muito menores e com uma menor oferta de serviços. Cada local nosso oferece fisioterapia, pilates, massagem e aulas de mo- vimento. Temos quase 40 médicos nos nossos centros, oferecemos mais de 100 aulas por semana, 17.000 aulas por ano, pelo que temos mais de 25.000 clientes por ano. Além disso, oferecemos serviços de fisioterapia e de pilates para o English National Ballet, já proporcionamos reabilitação de Pilates para o Tottenham Hotspur FC e Brentford FC, fisioterapia para a British Bobsleigh team, programas de pilates para o English Institute of Sport e programas de pilates à medida para o Manchester United, Manchester City e Arsenal FC. Produtos – A nossa divisão de produtos é uma empresa especialista em produtos baseados em pilates que utiliza todo o nosso conhecimento clínico e de educação para fornecer uma variedade de pequenos produtos escolhidos a dedo, como livros, DVD’s e acessórios para o instrutor de classes ou aluno. Com efeito, na criação e gestão dos nossos centros, sentíamos que os pequenos equipamentos, como bolas, bandas elásticas, círculos, tapetes, tubos, meias e roupas eram superfaturados e que não tinham muita qualidade. Por isso, decidimos encontrar os melhores produtos, comercializa-los e cobrar um preço mais acessível. Todos os nossos produtos foram testados nos nossos estúdios durante meses, antes de os colocarmos no mercado, de forma a garantirmos qualidade e robustez no seu uso. Consultamos os nossos clínicos para feedback e aconselhamento, para garantir que não vendemos nenhum produto que não esteja a ser usado nos nossos centros. Todos os produtos estão disponíveis online, através do nosso site ou dos nossos parceiros internacionais. É verdade que quando abriu a sua primeira clínica, dormia lá? Como descreve esses primeiros momentos? Ah, sim isso é verdade. Nós morávamos em Cambridge, uma cidade a uma hora de Londres. Quando decidimos abrir a clínica em Hampstead (as nossas primeiras instalações físicas), precisávamos de encontrar um lugar para ficar. Um amigo ofereceu-nos alojamento num apartamento num subúrbio próximo. Aceitámos logo a oferta porém, na primeira noite apercebemo-nos logo que não seria solução para nós. O nosso carro estava avariado, havia um mau cheiro nas es- cadas e ouvimos tiros durante a noite. Então, eu e a Elisa arrumamos as nossas coisas e dirigimo-nos para o estúdio em Hampstead. Éramos novos em Londres, investimos todo o nosso dinheiro no estúdio para o tornar rentável e, por isso, não conseguíamos alugar nenhum apartamento para viver. Assim, optamos por viver no estudio durante a sua renovação e o seu primeiro mês de abertura. Tomávamos banho no ginásio, comíamos comida de um furgão local (pelo que ficamos gravemente doentes depois de algumas semanas com a mesma comida!), E lá sobrevivemos até que pudéssemos pagar um apartamento para morar. Quando começou, qual era o seu sonho para a APPI? Uma boa pergunta. Honestamente, não planeamos muito. Eu e a Elisa apenas sabíamos que os fisioterapeutas deveriam ter uma versão do pilates mais detalhada e focada na componente clínica, com foco na anatomia e fisiologia. Queríamos criar algo único, algo focado na pesquisa e adaptado à indústria em que trabalhamos. Mas mais do que isto não planeamos. Apenas evoluiu. Éramos jovens, estávamos abertos a qualquer oportunidade, trabalhávamos duro, 7 dias por semana, cerca de 15-18 horas por dia e simplesmente continuávamos [penso eu!] Montar uma clínica pode ser um passo lógico para um fisioterapeuta com um lado empreendedor, mas como é que a parte educacional da APPI ganhou vida? Como mencionei anteriormente, o lado educacional evoluiu da nossa bolsa de estudos. Nós fizemos o “treino clássico” que, honestamente, adoramos. No entanto, vimos que muito do conteúdo teórico não estava ao nível do conhecimento de um fisioterapeuta. A anatomia era muito básica, havia muito pouca pesquisa sobre os movimentos, muito pouca ligação à dor e à patologia e pouquíssimo transfer para a prática clínica. Mas claro que tudo isto é verdade, pois o objetivo do programa em questão não era a reabilitação, mas sim o uso na indústria do fitness com pessoas relativamente saudáveis. Ora, eu e a Elisa sentimos que tínhamos ali uma grande oportunidade para criar uma versão à medida da fisiotera- 23. Entrevista. pia, pelo que começamos a trabalhar até hoje, sendo que atualmente temos um método maduro e que pode ser utilizado em diferentes contextos - desde a reabilitação até as abordagens de fitness e bem-estar. Como foi passar de organizar os primeiros cursos em Londres para os muitos espalhados pelo mundo? Tudo aconteceu organicamente. Com toda a honestidade, foi mesmo assim que aconteceu. O nosso primeiro programa internacional foi, na realidade, na Alemanha. Um fisioterapeuta inglês veio a um curso aqui em Londres, adorou e perguntou-nos se podíamos replicá-lo na Alemanha, onde ele vivia. Nós concordamos e logo este fisioterapeuta começou a organizar tudo. Assim, fui até à Alemanha para ministrar este 1º curso fora do Reino Unido. Mais tarde, eu e a Elisa estávamos a ir para a Austrália para visitar a família e decidimos iniciar o Instituto também na Austrália. A minha cunhada tornou-se a nossa primeira funcionária na Austrália e tudo começou a partir desse momento. Então, lentamente, país por país, as pessoas começaram a conhecer o nosso trabalho e a pedir-nos para levar o método ao seu país. Viajamos por todo o mundo a ministrar os nossos cursos e assim fomos crescendo. Agora, temos uma abordagem mais direcionada para o nosso desenvolvimento internacional e temos mesmo um membro na equipa dedicado exclusivamente a parceiros internacionais e ao seu desenvolvimento. Apesar de ser um país pequeno, Portugal é um dos maiores mercados da APPI. A que se deve este sucesso? Sim, Portugal é uma das regiões mais importantes da APPI e a parceria com a Bwizer é altamente valorizada por nós. O sucesso em Portugal resume-se a alguns ingredientes simples, na minha opinião. O nosso programa é muito sólido – nós acreditamos fortemente que é o melhor do mundo. De facto, quando se tem um programa com tanta força e profundidade, se o parceiro também acreditar no mesmo, ele funcionará. O Hugo Belchior, o fundador da Bwizer, acreditava em nós. Acreditou no programa e comprometeu-se a ajudar-nos a crescer em Portugal. Claro que isso foi difícil. Algumas pes- 24. soas tentaram copiar o que fizemos e isso foi um desafio. No entanto, eu e o Hugo mantivemo-nos fiéis aos nossos princípios e acreditamos que a qualidade e originalidade do método seriam bem-sucedidas. Assim, a APPI e a Bwizer trabalharam muito sem perder o foco e eu sabia que teríamos sucesso! O Hugo e a equipa Bwizer vêm a Londres regularmente para aprimoramos o projecto. Houve confiança mútua, muita crença no projeto e tentamos sempre manter a qualidade e assegurar que proporcionamos experiências educacionais world class education, em todos os momentos. De facto, assim que tivemos a base estabelecida, procuramos professores em Portugal, e agora temos uma brilhante equipa de trabalho , liderada pela sempre incrível Francisca Gomes – sem a qual não estaríamos onde estamos hoje. O Pilates foi amado, odiado, elogiado e criticado ao longo do tempo. Em cada um desses momentos, a ciência foi usada como argumento. O que diz a evidência científica hoje? Hoje, a evidência para o uso do Pilates é mais forte do que nunca. Há sempre discussão sobre alguns tópicos, no entanto, o uso do movimento como ferramenta de tratamento está a tornar-se cada vez mais claro na literatura. A ciência da dor, sugere cada vez mais que a chave para gerir e/ou diminuir a dor é o movimento normalizado. A pesquisa específica sobre o Pilates está ao nível mais alto de todos os tempos e há cada vez mais estudos a defender o seu uso. Um estudo recente da APPI sobre o Pilates na Corrida, realizado por Anna Law, mostrou grande eficácia do uso do Programa APPI na corrida. Estudos adicionais sobre lombalgia, cervicalgia, gravidez e hipermobilidade mostraram que o Pilates reduz a dor e aumenta a função, reduz ainda a incapacidade e melhora a auto-estima. Estou francamente empolgado com o crescimento da evidência no uso do pilates e fico feliz em ver o seu crescimento na literatura. Os cursos das APPI não são exclusivos a fisioterapeutas, como alguns defendem. Porquê? O programa de reabilitação da APPI começou por ser exclusivo para profissionais com formação na saúde de duração igual ou superior a 3 anos. No entanto, ao longo dos anos, tivemos tantos pedidos de pessoas no mundo do exercício e do movimento pilates para integrar o nosso programa, que vimos a necessidade de evoluir. Para além disso, vimos que muitos dos nossos membros que trabalham no mundo da reabilitação apenas conseguiam oferecer um serviço e por pouco tempo nos hospitais ou centros de fisioterapia em que trabalhavam, pelo que, muitas vezes, tinham de referenciar os seus pacientes para outras clínicas, estúdios Acredito que o exercício é a chave para ser uma pessoa de sucesso. Seja nos negócios, na vida, na escola ou qualquer outra coisa. Especificamente, o Pilates é um programa de movimento e sim, eu acredito que as pessoas envolvidas no ensino de Pilates também devem garantir que estes pratiquem Pilates. ou ginásios onde, na maioria das vezes, os profissionais que ali trabalhavam não eram fisioterapeutas e, por isso, não seguiam a escola APPI – ora, isto causava muita preocupação nos nossos membros, pois temiam que os seus pacientes não tivessem o acompanhamento mais adequado. Como tal, investi cerca de dois anos a desenvolver o nosso “comprehensive matwork program”. Este programa é para todos aqueles que não têm uma formação superior nas áreas da saúde e exercício; ora, acreditamos que este programa de fomação em particular, ajudar-nos-á a contribuir para uma melhor oferta de programas de exercício e rede de saúde, pois estamos a proporcionar formação em Pilates com foco na reabilitação a mais profissionais que assim ficarão aptos a atender às necessidades dos alunos/ clientes. Além disso, quando entrámos pela primeira vez no mundo do pilates, sentimos que muitas das escolas de ensino foram bastante “fechadas” sobre os destinatários do curso... Acreditamos, fortemente, na força do nosso programa e, como tal, decidimos permitir que qualquer pessoa com uma qualifica- Entrevista. ção existente em Pilates participasse dos nossos cursos. Cremos na partilha de conhecimento, cremos que quanto mais e melhor formação possuímos enquanto indivíduos, melhores os resultados para os nossos clientes. Então, hoje, temos o nosso programa de reabilitação/matwork para os fisioterapeutas e outros profissionais de saúde e exercício com formação superior e o nosso “comprehensive matwork program” para aqueles que não são deste contexto. Qual é a relevância em fazer o exame de certificação da APPI? O exame de certificação é uma parte vital do programa para realmente ganhar reconhecimento como um instrutor de pilates. Desde 1992, a palavra “Pilates” ou “Pilates Instructor” não é protegida. Ao fazer o exame de certificação, uma pessoa pode intitular-se “Instrutor certificado de Pilates da APPI”. Ora, isso dar-lhe-á um status ótimo na sua área, pois confirma que o indivíduo concluiu um programa de formação reconhecido. Além disso, quando se é certificado, podemos tornar-nos membros Star Pro da APPI e começar a usar o logotipo da APPI para aumentar ainda mais sua confiança na sua abordagem. Esta é uma ótima ferramenta de marketing e uma maneira realmente forte para aumentar a credibilidade do estúdio ou empresa. A APPI tem outros cursos, alguns ainda menos conhecidos em Portugal, como o Pilates em neurologia ou o pilates para crianças, por exemplo. Qual é o processo de construção desses cursos e quais são as vantagens para os alunos? O método APPI é agora usado em tantas, variadas e excitantes áreas que precisávamos criar uma formação estruturada para as mesmas. De facto, quando desenvolvemos um programa, passamos anos a refiná-lo nos nossos centros de tratamento, de forma a garantir que o mesmo tem resultados na população em questão. Aperfeiçoamos sempre o programa a partir dessa experiência clínica. Podemos também contar com a colaboração de um membro da equipa com experiência nessa determinada área (como a Laura Harris, uma fisioterapeuta pediátrica altamente qualificada com anos de experiência, que se juntou a nós para a criação do Pilates para Crianças). Tem feito este percurso com a Elisa Withers, sua esposa e também fisioterapeuta e parceira de negócios. Como é trabalhar com alguém que está tão próxima de si na vida privada? Honestamente, incrível. A Elisa é uma pessoa muito especial. De forma totalmente verdadeira, a APPI existe hoje por causa da Elisa. Foi ela quem se apaixonou em primeiro lugar pelo Pilates e me apresentou este fantástico método. De facto, a Elisa escreveu todas as primeiras versões dos programas e ainda hoje cria uma enorme quantidade de conteúdo. Claro que às vezes era difícil porque nunca saímos do trabalho. No entanto, também nos apoiamos mutuamente, pressionamo-nos e queríamos orgulhar-nos daquilo que juntos poderíamos fazer. Criámos este projeto, no qual estávamos completamente envolvidos um com o outro, mas em que desempenhámos papéis diferentes nesta “máquina” e isto simplesmente funcionou. Acreditámos sempre que o outro era a melhor pessoa com quem poderíamos trabalhar e nunca duvidamos disso. Encontrámos um equilíbrio que nos permite apoiarmo-nos em todos os aspectos da vida e dos negócios. E hoje, com os nossos 5 lindos filhos, raramente conseguimos conversar sobre o trabalho em casa, o que é ótimo! Como devem imaginar, eles mantêm-nos muito focados neles e mal conseguimos conversar sobre temas relacionados com trabalho com todas essas “vozes” à nossa volta! De todos os papéis que desempenha, professor, fisioterapeuta e empreendedor, tem algum favorito? O meu papel favorito é o de marido e pai. É realmente. Sinto-me muito abençoado por ter a minha linda família e isso mantém-me ainda mais motivado e focado! Em relação ao meu mundo do trabalho, não tenho um papel preferido; eu amo a diversidade que a minha atividade profissional envolve. Claro que às vezes me pergunto se não seria mais fácil se me acomodasse e me dedicasse apenas a um deles [no entanto, quem disse que a vida foi feita para ser fácil!]. A verdade, é que se queremos conseguir alguma coisa, temos de trabalhar de forma árdua. E é isso mesmo que tentamos ensinar aos nossos filhos – trabalha duro e isso trará recompensas, mas se te sentares e esperares, as recompensas vão simplesmente “passar por ti”. Assim, amo a forma como 25. Entrevista. sou desafiado de maneiras diferentes e todos eles me levam a ser mais valioso no meu papel como líder desta organização. Viaja muito, gere uma grande empresa em expansão, trata pacientes e, em casa, tem a sua esposa e 5 crianças! Como consegue equilibrar a sua vida pessoal com a profissional? Não tenho a certeza que equilibre todas as variáveis da melhor forma, em todos os momentos. Mas acho que o segredo é priorizar muito. Se eu viajar para longe da minha família, tenho de garantir que vale realmente a pena e que levará ao crescimento do negócio, o que irá certamente beneficiar a minha família a longo prazo. Envolvemos também os nossos filhos no negócio sempre que podemos e isso permite que eles entendam melhor o que fazemos. Por exemplo, os nossos dois filhos mais velhos, Jasmine e Xavier, são os modelos do manual do curso Pilates para Crianças. Além disso, confio na minha ótima equipa e sou um abençoado por todas as pessoas que trabalham comigo terem uma enorme paixão e preocupação com o negócio, o que permite que eu e a Elisa possamos passar mais tempo com os nossos filhos e não estarmos presos ao escritório tanto quanto no passado. Além de tudo isso, ainda consegue ser muito ativo e até já participou no Ironman. É crucial que alguém que trabalha com o Pilates esteja em forma? Acredito que o exercício é a chave para se ser uma pessoa de sucesso. Seja nos negócios, na vida, na escola ou em qualquer outra coisa. Especificamente, o Pilates é um programa de movimento e sim, eu acredito que as pessoas envolvidas no ensino de pilates devem também praticar pilates. Acima de tudo, acredito que o exercício é bom em todas as suas formas e todos devemos praticar exercício e fazer desta prática parte da nossa vida diária. Considero também crucial que os pais estabeleçam bons hábitos de exercício para os seus filhos, pelo que quando participo no Ironman e em outras provas de triatlo, procuro inspirar os meus filhos. O que podemos esperar de si e da APPI, no futuro? Muito! Temos algumas coisas realmente interessantes a acontecer agora no nosso negócio. Estamos a expandir o nosso espaço em Wimbledon para criar um estúdio absolutamente lindo. Estamos a lançar o nosso novo programa, o Barrecontrol, um programa que desenvolvemos em conjunto com o nosso Master Trainer dos Estados Unidos e a Dra. Kirsten Roberts, da San Diego Ballet Professonal; temos também novos produtos em lançamento, os novos DVD’s, classes online e muito mais para 2019! Em Novembro, terá lugar em Londres, um evento da APPI muito importante. Gostaria de convidar os nossos leitores contando-lhes como será? A cada dois anos, realizamos a nossa grande conferência de Pilates em Londres, no Reino Unido. Este é um evento muito especial no calendário de pilates, é um momento de partilha de conhecimento por excelência. Designamos esse evento por “One Goal”. Trata-se de uma conferência de toda comunidade Pilates, e não apenas da nossa comunidade APPI, pois acredito que precisamos de mais momentos de partilha de conhecimento dentro da indústria do Pilates e Movimento. Será um momento onde não 26. existem as barreiras tradicionalmente impostas pela escola de Pilates onde cada uma fez a sua formação! Portanto, neste evento, convidamos treinadores e mestres de todas as outras grandes escolas como Balanced Body, do Stott, do Peak, do MK Pilates, do Alan Herdman Pilates, co-fundador do Bodycontrol Pilates Gordan Thompson e muitos outros excelentes professores, incluindo os nossos próprios instrutores APPI. O evento de 3 dias começa com um workshop pré-conferência conduzido por mim e pela co-fundadora da APPI, Elisa Withers. Os 2 dias seguintes envolvem uma enorme variedade de emocionantes sessões: temos sempre 4 sessões a acontecer em simultâneo e cada participante pode escolher. Com efeito, apresentamos sessões baseadas na patologia, equipamentos, movimentos e sessões mais focadas na componente clínica. É realmente um evento que qualquer envolvido em pilates ou movimento deve participar. Nos últimos anos, organizamos uma versão menor deste evento chamada “APPI on Tour” e é este evento que esperamos trazer para Portugal num futuro muito próximo. Deixe uma mensagem à família portuguesa da APPI. Obrigado por tornar a APPI o programa número 1 de formação em pilates clínico, em Portugal. Estou ansioso por aumentar o número de programas/ cursos que oferecemos em Portugal e ver a APPI crescer. Espero poder lançar em breve o nosso “comprehensive program” e todos os nossos outros módulos. Obrigado à Bwizer pelo apoio e por ser um grande parceiro. Finalmente, para todos vocês que iniciaram a vossa jornada em pilates connosco, estou ansioso por encontra-los em eventos futuros. Recomendo vivamente que concluam o programa até à certificação e usem o nome da APPI para melhorarem a vossa reputação e posição dentro da comunidade. Posso garantir que nunca pararemos de trabalhar para melhorar o nosso programa e esperamos que vocês aproveitem todas as experiência que tenham connosco. Ideias Empreendedoras. Intervenção pedagógica dos profissionais de fitness ____ Uma das preocupações dos gestores de ginásios é apresentar um serviço de qualidade, que, segundo vários autores, pode proporcionar a satisfação dos clientes e, consequentemente, a sua retenção . (1-6) Diversos autores referem a importância dos recursos humanos, particularmente dos profissionais de fitness, num serviço de qualidade em ginásios e na satisfação e retenção dos praticantes . (6-11) A adesão à prática de atividade física com programas não supervisionados é muito baixa , o que reforça a importância da intervenção de profissionais de fitness. Estes podem ser um dos motivos de desistência dos praticantes em ginásio , ou ser um dos motivos para se escolher um ginásio . (12) (13) (14) Considerando alguns estudos realizados no âmbito da intervenção pedagógica dos profissionais de fitness, para a retenção e satisfação dos praticantes, os profissionais de fitness devem focar sua intervenção pedagógica, especialmente em : (15, 16, 17) • Encorajamento para a prática; • Situações de instrução: demonstrando e explicando verbalmente e não-verbalmente os exercícios; questionando os praticantes sobre o seu estado físico e compreensão dos exercícios; corrigindo o desempenho dos praticantes; elogiando-os; • Atenção aos praticantes, observando e ouvindo-os. Os profissionais de fitness devem adaptar a sua intervenção às características dos praticantes (ex.: idade, sexo, experiência como praticante, personalidade…) e às características situacionais (ex.: dimensão da classe, atividade, objetivos, tarefas…). Para a qualidade dos profissionais de fitness deve existir um desenvolvimento profissional contínuo, devendo estes fazer: • Formação contínua(18); • Auto-análise sistemática(19, 20); • Ser supervisionados por outros profissionais ou coordenadores(19, 20). Com efeito, existem sistemas de observação específicos para o contexto do Fitness que podem ser usados para a auto-análise sistemática e supervisão . (15, 21-26) Podem ser aplicados questionários para conhecer a opinião dos praticantes , de modo a poder-se adaptar a intervenção às preferências da classe em geral e a cada praticante em particular, o que pode contribuir para a satisfação e retenção dos praticantes. (15, 27-29) A triangulação das diferentes perspetivas (comportamento observado, perceção e preferências dos praticantes, auto-percepção dos profissionais) pode ser usada para uma melhor compreensão e melhoria da intervenção dos profissionais de fitness . (15, 30, 31) Referências .................. p.20 e 21 Susana Franco –––– Professora Coordenadora na Escola Superior de Desporto de Rio Maior. Doutorada em Fundamentos Metodológicos de Investigação em Atividade Física e Desporto. Mestre em Exercício e Saúde e Licenciada em Ciências do Desporto. 27. Líderes do Fitness. Líderes do Fitness Manuel Rodrigues ____ “Líderes do Fitness” é um novo projeto que almeja escutar a voz das primeiras linhas de decisão das empresas do setor do fitness. Queremos dar a conhecer o que de bom se faz em Portugal num setor de atividade de relevância crescente. Queremos partilhar as suas histórias e reflexões. Hoje trazemos-lhe Manuel Rodrigues, um profissional do exercício, Personal Trainer, que se tornou empresário. Hoje, a sua empresa Plenaphorma, ajuda centenas de profissionais a criarem a sua carreira junto da cadeia de Health Clubs Solinca. Aqui ficam alguns highlights, toda a entrevista está disponível em bwizer.com/ lideresdofitness Quem é o Manuel Rodrigues? Comecei como Personal Trainer como centenas e centenas de outros profissionais da área do exercício. Quando iniciei no Holmes Place do Aarrábida, e já lá vão 13 anos, o meu grande objetivo era ajudar as pessoas. Eu adorava o “treino” e tudo começou de forma muito simples, sem grande objetivos empresariais - não tinha, de todo, o objetivo de criar uma empresa. Tudo mudou quando cheguei 28. ao Solinca, há 6 anos, e me convidaram a criar uma empresa. O que faz a Plenaphorma? Somos uma empresa de desporto, saúde e bem-estar. Estamos essencialmente no ramo do fitness, mas recentemente apostamos na área de spa. De uma forma geral, o que fazemos é o recrutamento, formação e colocação de instrutores de aulas de grupo e personal trainers nos health clubs Solinca, a nível nacional. Os PT´s estão preparados para trabalhar com populações especiais? Há PT’s que sim, há PT’s que não. Quando fiz a minha licenciatura escolhi, no último ano, a área do “trabalho em academias”, mas assisti a vários colegas que preferiram áreas que nada têm a ver com ginásio. Na altura, perguntei-lhes “como vão trabalhar em ginásio, se nunca entraram num na vossa vida?”. Isto aconteceu no passado e ainda acontece hoje: por vezes, quando faço entrevistas a profissionais, a licenciados em educação física, percebo que nunca entraram numa sala de musculação, e isto é grave. Daí a minha resposta: alguns PT’s estão aptos para tal, mas outros têm pouca for- Acho que o cliente que mais faz PT já não é o que tem muito dinheiro, é aquele que valoriza o que é o serviço de PT. Sempre digo que o caro e o barato é subjetivo, 40 euros pode ser caro, 200 mil euros pode ser barato, depende do que estamos a falar. mação específica na área. E é aqui que a Bwizer tem um papel importante. Quem é o cliente de PT de hoje? Acredito que o serviço de PT surge como uma necessidade que emerge depois do cliente já estar no ginásio. Costumo dizer, fazer a inscrição é fácil, a partir daí é que começa a complicar [risos]. Acredito que a maioria dos clientes de ginásio, gosta de experimentar sozinho. Até para sentir que é capaz de executar aquela tarefa sem ajuda e com sucesso. O problema é que a partir do 2º ou 3º mês começa a sentir que os resultados não estão a corresponder às expectativas, pelo que a sua motivação diminui e, em Líderes do Fitness. consequência, começa a faltar! É muitas vezes neste contexto que o PT aborda o cliente, no sentido de mostrar os benefícios do seu serviço – é muito comum que aquela pessoa esteja a pagar o ginásio há 1 ano e nunca vá treinar. Assim, o que os profissionais tentam mostrar é que se o cliente optar por um acompanhamento personalizado, durante 3 ou 6 meses, poderá atingir resultados que sozinho poderia demorar 2 ou 3 anos a conseguir. Líderes do fitness Estes são os 7 entrevistados até ao momento. PEDRO SIMÃO Só as pessoas com muito capital conseguem pagar um PT? Acho que o cliente que mais faz PT já não é o que tem muito dinheiro, é aquele que valoriza o que é o serviço de PT. Sempre digo que o caro e o barato são subjetivos, 40 euros pode ser caro, 200 mil euros pode ser barato, depende do que estamos a falar. Quem fala com um PT e valoriza os resultados que pode atingir não acha o serviço caro. Como pode um PT reter os seus clientes? Por norma, o cliente de PT não faz menos de 6 meses de treino personalizado. Todos os PT’s explicam as adaptações que vão acontecer a cada mês, o progresso e que o ideal são, no mínimo, 6 meses. Mas não menos importante, mostram que o que conta, não é só o que vai acontecer durante o treino de PT, mas também o que o cliente vai fazer após. E vocês, enquanto empresa de recrutamento, como retêm os vossos “clientes”? Recebemos, diariamente, dezenas e dezenas de currículos. Fazemos, semanalmente, centenas de entrevistas. Não temos dificuldade em ter acesso a vários profissionais. Depois e mediante as condições é que poderemos ter mais ou menos dificuldade na angariação desses colaboradores; hoje em dia temos colaboradores que preferem ganhar 2 euros certos à hora do que ter a possibilidade ganhar 18, 19 ou 22 euros à hora, ou seja, prefere um valor certo. Com efeito, praticamos percentagens variáveis, mas também contratos de trabalho, nós adaptamo-nos muito ao colaborador. Para alguém um contrato de trabalho pode ser melhor, para outros pode ser trabalhar a recibos verdes! AMÂNCIO SANTOS JOÃO REGO HÉLDER FERREIRA SANDRO FREITAS PEDRO FONTES MANUEL RODRIGUES bwizer.com/lideresdofitness 29. Histórias de Sucesso. Histórias de Sucesso Hugo Loureiro ____ Estivemos à conversa com Hugo Loureiro, formador Low Pressure Fitness: Hipopressivos, para conhecer as suas motivações, filosofia de trabalho e projetos futuros. Fale-nos um pouco sobre si. Sou o Hugo Loureiro, natural e residente em Lisboa. [...] Sou empresário, profissional do exercício e bem-estar (personal trainer), formador internacional e com negócios de Alojamento Local. O que mais gosto no Exercício é poder melhorar o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas. Uma curiosidade sobre si que nada tenha a ver com a sua atividade do dia a dia? Fui atleta de judo, tendo sido campeão nacional e ibérico, na minha adolescência. No final dos anos 90 e início dos 2000, escrevi crítica musical e reportagens de concertos, na Rádio Pirata e na revista Raio X. Em 2014, viajei à Ásia Central e passei o Afeganistão, de táxi, vindo do Irão e indo para o Turquemenistão. O que gosta mesmo de fazer? Exercício físico, ouvir música (banda 30. preferida: Black Sabbath), viajar (Médio Oriente é a paixão) e apreciar gastronomia (indiana e paquistanesa). Como concilia a vida pessoal com a profissional? Seja qual for a altura do mês ou da semana, rentabilizo ao máximo a vida profissional, para desfrutar da vida pessoal, com a consciência tranquila e com prazer. Sendo dono de mim mesmo, evito a auto-escravidão que às vezes nos atinge, quando entregues a nós próprios. Agendo escrupulosamente os afazeres e escrevo nas notas, os pendentes para resolver. Procuro não ceder à tentação de estender tarefas. Por inerência, desfruto da vida e dos que me são queridos. Porque razão escolheu ser Profissional de Exercício? Aos 12 anos, 3 anos depois de ter entrado para o judo, senti que era o que queria fazer: exercitar-me e fazer os outros exercitarem-se. Como surgiu o Low Pressure Fitness? Em 2014, o Piti Pinsach e a Tamara Rial, fundadores da Low Pressure Fitness, Trato os meus alunos tão bem como gostaria que me tratassem a mim. Faço de um dia de trabalho um motivo de realização pessoal, cumprindo com amor e dedicação cada uma das suas alíneas, que são as sessões e as formações que dou. convidaram-me a juntar-me à sua equipa de formadores e fiquei extremamente entusiasmado. O meu background era o Método Hipopressivo Marcel Caufriez, mas a visão da Low Pressure Fitness é claramente mais fisiológica, na execução dos exercícios. Em 2015, recebi um email da Bwizer com o desafio de pertencer à sua equipa e logo aceitei. Os cursos começaram e, a partir daí, tudo evoluiu e, inclusivé, o “quartel-general” da Low Pressure Fitness tem-me requisitado para formações em Espanha, tendo também já ministrado cursos em Londres e em Bruxelas. Quando lhe perguntam o que faz, e responde que é Profissional de Exercício, o que sente? Histórias de Sucesso. Uma completa identificação entre o que faço e a paixão, felicidade, realização pessoal e apego que sinto, em ser isso. O que mais gosta na sua profissão? Melhorar o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas. Fale-nos um pouco do conceito do seu estúdio. Chama-se Hugo Loureiro Tailor Made Training. É um conceito de estúdio de treino personalizado, baseado numa ideia de “treino de alfaiate”, de gestão das tensões musculares e emocionais, adaptado à medida das circunstâncias de vida do cliente, com charme, requinte, exclusivo, glamorouso; uma boutique com uma ambiência clássica, numa sala de um prédio antigo, reabilitada, respeitando a estética original. De forma assumidamente pomposa, é um “ginásio gourmet”. Abordo diversas metodologias: Pilates, Low Pressure Fitness, Treino de Integração Neuromuscular, Stretching Global Ativo, Mobilidade Articular, Libertação Miofascial e, mais recentemente, o Método Garuda. Quais os desafios e medos que enfrentou? Foi tudo fácil? Durante a minha vida, tive situações mais ou menos adversas, que contribuíram para as minhas evoluções pessoal e profissional. Dei aulas na escola, durante 18 anos e, com um medo persistente e virulento, teimava em não abdicar disso. Enquanto já dava treinos como louco, no Holmes Place da Avenida da Liberdade, durante a década passada, continuava a dar aulas de Educação Física na zona Oeste. Um dos momentos mais marcantes foi, em 2011, quando comprei o meu primeiro reformer com torre, para pilates personalizado, que me custou mais de 3000 euros. Nessa noite nem dormi, pois tinha poucos clientes e sabia lá no que me estava a meter. Era o Hugo “límbico” a dizer ao Hugo “cerebral” que tudo isso tinha sentido. No seu percurso profissional, quais foram as experiências que mais o marcaram? Não se choquem, nem tenham pena de mim. No momento em que tive um esgotamento tremendo, fui o mais honesto comigo e mandei “à outra parte” o Hugo comodista e receoso, bem como as energias adversas que se insurgiam de forma invejosa e mesquinha contra a minha ascensão. É tramado. Quando se tem notoriedade, não temos hipótese. Ainda me lembro quando me olhavam com um ar destrutivo, no dia a seguir à notícia dos exercícios hipopressivos, que apareceu no Observador. O vídeo teve mais de 800 partilhas! Foi aí que o Hugo Loureiro mostrou a sua verdadeira careca. Percebi que não tinha sentido temer o trabalho autónomo e empreendedor. Além da vida de professor ser cada vez mais absorvente e desgastante, estava a atrapalhar a minha progressão no treino personalizado. Um processo traumático convida a uma reflexão sobre a vida, disse o professor João Lobo Antunes, no seu último livro, “Ouvir com Outros Olhos”. Não desejo isto a ninguém, nem a quem achou “piada” ao que aconteceu. O meu bruxismo e o meu masseter falam por si: têm muitas histórias interessantes para contar [risos]. Neste momento, dei a volta e exponenciei toda a prosperidade que estava bloqueada. Acreditem que é possível. Agarrem-se ao que mais gostam de fazer e aos que mais amam, afastem do que não interessa e o mundo é vosso. Tão simples quanto isto: entendi de uma vez por todas que a responsabilidade é inimiga da ansiedade e do medo, essa “doença” pandémica... Decidiu apostar mais esforços em alguma área em particular? E se sim, porquê? Como gémeos, além de novidades, adoro fazer coisas diferentes entre si. Aquilo que sempre gostei na vida é o exercício físico e a interculturalidade. Por isso, concretizei o meu projeto com duas dimensões: exercício e bem-estar e alojamento local. Em ambos os casos sinto-me realizado e de consciência tranquila. Num âmbito, é fantástico ver as pessoas mais saudáveis e felizes e, no outro, é dormir descansado, por não estar a tirar casa a ninguém e a dar abrigo a quem gosta de viver pelo mundo fora, nem que seja por 3 dias. Ainda por cima faço o mesmo, logo falo sobre o que ando: walk the talk [risos]. Hoje sente-se recompensado? Faria algo de forma diferente? Não me sinto recompensado. Sinto que me estou a recompensar, embora, evidentemente, agradecido, por tudo o que se proporcionou. Investi e tenho investido imenso em fazer cursos, conselho que, aliás, dou seriamente a todos os que duvidam desta estratégia de crescimento, independentemente dos gastos associados. Acreditem que recuperei tudo e tenho tido o respetivo retorno. Se pudesse voltar atrás no tempo, teria deixado a escola em 2012 e já estaria autónomo desde aí. Como é que todos os dias procura elevar a sua profissão e a si mesmo? Trato os meus alunos tão bem como gostaria que me tratassem a mim. Faço de um dia de trabalho um motivo de realização pessoal, cumprindo com amor e dedicação cada uma das suas alíneas, que são as sessões e as formações que dou. Como é que os seus pacientes/ clientes o elevam? Quando me dizem que já não dói aqui e ali, quando já se lembram que estão disfuncionalmente posicionados, quando conseguem tocar no botão de parar, no autocarro, sem se levantarem, mas mais simples ainda, quando a largura dos seus sorrisos é maior, no fim do treino. De que forma eleva os seus pacientes/clientes? Segurando-os, não como se fosse a sua muleta, mas garantindo-lhes todo o meu compromisso em fazer-lhes bem. Quais os seus projetos para o futuro? Gostava de proporcionar formações no meu estúdio, de dar formações pelo mundo fora e, mais remotamente, de ter uma residência para profissionais, de todo o mundo, que viessem trabalhar para Lisboa. Uma residência que lhes proporcionasse uma experiência inesquecível, com serviços de bem-estar e cultura. Uma dica ou frase de inspiração para aqueles que gostariam de seguir os seus passos? Deixo-vos com uma frase do Shams de Tabriz, douto sufi, que dizia: “o verdadeiro poder reside na submissão a um poder que vem de dentro.” Se preferirem uma frase mais contemporânea e simples, que seja a mítica do Obi-Wan Kenobi, do Star Wars: “Usem a Força!” 31. Open Science. Qual é a evidência da TENS? ––––– Uma das correntes mais utilizadas em fisioterapia e que está fortemente associada ao alívio da dor é a TENS. Mas existe evidência para a utilização desta corrente? E se existe, estamos a aplicá-la bem? A TENS, trata-se de uma corrente de baixa frequência, apolar (não tem pólo positivo nem negativo), com reduzidos efeitos colaterais (2-3% mencionam irritação cutânea por causa dos elétrodos) cujo mecanismo de ação inicial é baseado na Teoria do Gate Control proposta por Melzack e Wall. Quando fazemos uma retrospetiva do que já foi escrito sobre a TENS, concluímos que a literatura, não é conclusiva mas parece haver uma tendência para afirmar que a sua eficácia é muito reduzida. Kathleen, Sluka e colaboradores, em 2013, apontam algumas razões para o facto das investigações até então efetuadas apresentarem resultados pouco favoráveis à utilização do TENS: intensidades escolhidas, interações negativas com a utilização de analgésicos durante longos períodos, tolerância à sua utilização e a população selecionada; escalas pouco adequadas para medir os resultados; grupos de comparação pouco apropriados. Com efeito, quando queremos obter resultados positivos com a TENS, temos de considerar aspetos como: 1. Dosagem 1.1. Intensidade da estimulação 1.2. Uso repetido da TENS 1.3. Frequência utilizada 1.4. Tolerância da corrente 2. Interação com agentes farmacológicos 3. Patologias em que existe evidência/ indicação para a aplicação desta corrente Neurodesenvolvimento: fases do desenvolvimento psicomotor e perturbações mais comuns ––––– Segundo a Sociedade de Pediatria do Neurodesenvolvimento (SPND), o “neurodesenvolvimento da criança define-se como o conjunto de competências por meio das quais a criança interage com o meio que a rodeia, numa perspetiva dinâmica, de acordo com a sua idade, o seu grau de maturação, os seus fatores biológicos intrínsecos e os estímulos provenientes do ambiente.” Fazem parte dessas competências a motricidade global, a manipulação, as competências sensoriais, como a visão e a audição, a comunicação e a linguagem, os comportamentos, as competências cognitivas não verbais e verbais, os afetos e as emoções. Para um profissional de saúde, esta é uma área altamente desafiante e que exige um grande raciocínio clínico e criação de estratégias, assim como o conhecimento sobre as diferentes fases do desenvolvimento psicomotor e dos sinais de alarme. Mas, a que perturbações do desenvolvimento nos referimos? • Deficiências motoras, como a paralisia cerebral; • Défices cognitivos; • Perturbações sensoriais, como a surdez ou a cegueira; • Perturbações da comunicação, como a perturbação específica da linguagem; • Perturbações comportamentais, como a perturbação de hiperatividade com défice de atenção; • Perturbações do espectro do autismo; • Perturbações da aprendizagem escolar, como a dislexia. 32. Fonte: www.bwizer.com/academy bwizer ACADEMY Bwizerianos. Passaram 10 anos desde que esta viagem iniciou ____ 10 anos. Passaram 10 desde que uma viagem chamada Bwizer iniciou. Faço parte desta aventura há 7 anos e quando me dedico a pensar sobre o caminho que trilhamos até agora, chego à conclusão que nada é impossível. É um facto que temos ainda muito a fazer, que 10 anos é ainda uma pequena aventura, e que não espero outra coisa que não seja continuarmos por mais 10, 20, 30 anos a impactar a vida de muitas pessoas, mas também é uma verdade irrefutável que nestes 10 anos de existência evoluímos muito. As palavras your evolution que surgem na nossa marca, não são só aplicáveis aquilo que pretendemos fazer na sua vida, mas também são, sem margem de dúvida, aplicáveis à nossa evolução interna. É muito curioso retroceder no tempo e perceber que hoje em dia seria impossível trabalharmos sem esta evolução: há 7 anos as nossas inscrições eram processadas por carta, pagas em cheque e registadas numa longa base de dados que cabia num pequeno ficheiro excel. Há 7 anos éramos uma equipa (muito) curta a tentar crescer e fazer a diferença no seio de um mercado que estava ainda a florescer. Contudo, estamos perfeitamente conscientes de que esta evolução só foi possível com o contributo de todos os profissionais que passam pelos eventos Bwizer, desde formadores e formandos a fornecedores, pois são estes que todos os dias exigem de nós que sejamos melhores do que ontem, e é esse grau de exigência que nos faz sempre querer fazer mais e melhor. A diferenciação é, hoje em dia, uma palavra muito presente na vida de todos nós como resposta às necessidades do mercado e à quantidade de profissionais existentes em cada área de atuação profissional. Só quem procura saber, conhecer e aprender mais é que fará realmente a diferença num mercado de trabalho cada vez mais competitivo. E é nesse processo que a Bwizer se propõe a fazer mais e melhor: continuar a contribuir, diariamente, para aumentar a diferenciação profissional e pessoal de cada um porque, e citando Miguel Esteves Cardoso, “aprender é a coisa mais inteligente que se pode fazer”. Ana Correia Operations Manager 33. Curtas. Fisio Bootcamp Já pensou no número de novos profissionais que, cada ano, entram no mercado de trabalho? Será que vai haver emprego para todos? E os salários, já pensou na miséria que muitos auferem? Será possível ter uma vida digna e autónoma com o tipo de rendimentos que há por aí? Ainda por cima, o Estado não está a contratar, as empresas privadas só pensam no lucro e, ainda que pense em ter um negócio próprio, não tem dinheiro para começar e, começar, exige logo muito dinheiro. A vida dos mais novos não está nada fácil mas, pior ainda, talvez seja a dos mais velhos, já que parece que ninguém contrata pessoas acima dos 30! Se olharmos para a realidade assim, é desesperante! É difícil ver a luz ao fundo do túnel. Apetece deitar a toalha ao chão antes de sequer começar. Este desespero e angústia estão na base de muita da irritabilidade e clima de conflito que todos testemunhamos, com particular incidência nas redes sociais. É verdade que há coisas más, situações difíceis e ameaças no horizonte. Tudo isso existe e deve ser tido em consideração. 1 DReTzO. PO Porém, não haverá outra forma de olhar para a mesma realidade? Será que a tecnologia não vai abrir oportunidades nunca pensadas? Será que não há hoje soluções para potenciar a marca pessoal e o valor pessoal como nunca? Não há nada que possa fazer para me tornar num recurso mais apetecível para o mercado de trabalho? E será que é mesmo preciso ter muito dinheiro para começar um negócio próprio? Achamos que é possível olhar para a realidade pela dimensão da oportunidade. Estamos certos que é possível focarmo-nos na construção de um caminho de diferenciação positiva de cada um. Não temos dúvidas que é possível dar ferramentas que cada um pode aplicar nas suas vidas, rumo a uma existência mais realizada e feliz. É isto que procuraremos fazer no dia 1 de dezembro, na primeira edição do Fisio Bootcamp, um evento composto por um conjunto de palestras de 15 minutos à volta de três grandes temas, as principais tendências e as oportunidades que criam, o emprego e o empreendedorismo. Os palestrantes são pessoas com muito para partilhar, fruto das suas experiências pessoais e das suas reflexões. Porém, mais importante que os participantes é a energia que cada um trará para aquele auditório. Queremos um evento cheio de energia transformadora e cheio de pessoas unidas pelo mesmo desejo de fazer mais e fazer melhor. E, como vamos ser muitos, o potencial de networking vai ser enorme. Marque já presença no Fisio Bootcamp. Não deixe a sua vida para mais tarde! Detalhes em: bwizer.com/fisiobootcamp Eu Vou. E tu? #bwizerbootcamp #fisiobootcamp #yourevolution #yourevolution 34. Curtas. Marcos Bwizer ____ Celebramos 10 anos de existência. 10 anos a crescer consigo e a contribuir para a sua evolução e para uma sociedade mais informada, saudável e feliz. 10 anos de confiança e disrupção, sempre com o propósito de o elevar a si à sua profissão. Preparamos uma curta viagem por estes 3650 dias, mas antes disso dizemos-lhe que queremos continuar a inovar nesta que é a nossa missão de ontem, hoje e sempre. Queremos que continue a ter acesso aos conteúdos que farão de si um melhor profissional. Mas iremos mais longe, contribuindo também para o seu desenvolvimento pessoal. 1º curso Bwizer (25 Set. 2008) Mudança de instalações Parcerias internacionais como KTAI, APPI e ATMS. Certificação da Francisca Lourenço como 1ª instrutora portuguesa de Pilates da APPI e do Sérgio Frade como 1º formador português da KTAI (CKTI) Certificação DGERT Estrutura societária revista 1ª formação em Espanha e primeiros passos da internacionalização Lançamento do novo site PME Líder e Excelência Pós-graduações em parceria com o ensino superiror Lançamento de projetos inovadores: • Cursos e Congressos Online • Bwizer Magazine • Bwizer Podcast Ouvir podcasts tem-se tornando um hábito de muitas pessoas: ou quando vão ao ginásio, ou quando vão correr, ou quando estão nas filas de trânsito, parece ser algo que torna o dia mais produtivo e até algumas tarefas mais prazerosas. Uns optam por ouvir programas de humor, outros preferem programas sobre economia, outros ainda gostam de ouvir algo relacionado com a saúde, etc.. Os podcasts são, sem dúvida, uma forma de acesso a informação que não exige muito esforço e pode, de facto, contribuir para uma evolução pessoal e profissional. Sendo o mantra da Bwizer your evolution, achamos que temos o dever de continuar a contribuir para a sua evolução, elevando ainda mais o seu conhecimento e, por essa razão, criámos o Bwizer Podcast. Este projeto, desenvolvido com todo o carinho, tem a ambição de levar até si conteúdo que possa acrescentar-lhe valor e que, no fim de cada episódio, o faça sentir que valeu a pena ouvir. Alguns dos temas que fomos já trabalhando são bastante genéricos e poderão ser úteis a todos os profissionais. A título de exemplo, posso dizer-lhe que logo no 1º episódio conversamos sobre o stress e como o podemos ultrapassar com o Professor José Soares, tendo como ponto de partida o seu livro “Reload: menos stress, melhor performance”. Iremos também abordar os mitos da Nutrição com o nutricionista Pedro Carvalho, tendo por base o livro por ele escrito “Os Mitos que Comemos”. Outros temas poderão ser um pouco mais específicos como por exemplo a importância de bem usar a eletroterapia para a fisioterapia e o que sabemos sobre feridas no contexto da enfermagem. Este é um projeto aberto pelo que qualquer sugestão de melhoria ou mesmo de convidados ou temas, serão sempre muito bem-vindos através de podcast@ bwizer.com. Para ter acesso a todo este conteúdo, bastará procurar Bwizer Podcast no nosso site - bwizer.com/podcast, itunes, rss feed ou stitcher! 35. Wishlist Adicione a formação à wishlist e receba um email sempre que existam novidades! Sabia que 91% dos alunos bwizer atingiram ou superaram as expectativas? Novas edições em 1ª mão Escolha a melhor data e local Campanhas promocionais # Partilhe Low Pressure Fitness: Hipopressivos Especialização em Strength and Conditioning Specialist Avaliação e Tratamento Biomecânico da Corrida Cadeias Musculares e Miofasciais Pós-Graduação em Urgência e Emergência Michael Shacklock: Neurodynamic Solutions Partilhe todos os seus momentos com os hashtag’s #bwizer e #yourevolution no seu e Clique no ícone no nosso facebook e veja primeiro as nossas publicações! Divulgue o seu saber e ganhe uma legião de fãs! Escreva um texto de opinião, um artigo ou grave um vídeo e publique-o na Bwizer Academy. Torne-se reconhecido pelo seu conhecimento, ao mesmo tempo que contribui para a evolução científica da sua profissão e pares. bwizer.com /academy Já conhece a nossa loja online? 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