TÉCNICAS DE INTERVENÇÃO IV - ABORDAGENS SISTÊMICAS – PROVA I CONCEITOS BÁSICOS ● Partes e todo: o sistema é, ao mesmo tempo, mais e menos que a soma das partes o As pessoas têm questões individuais que não aparecem no sistema, assim como têm questões que não aparecem individualmente, somente nas relações do sistema o Princípio hologramático: o todo contém a parte e nela está contido ▪ Além disso, o princípio holográfico sugere que as mudanças em uma parte do sistema podem afetar outras partes do sistema, e que, para entender completamente um sistema, é necessário considerar todas as suas partes e suas interações o “O que o sintoma do indivíduo me fala sobre o sistema?”; “O que o sistema me fala sobre os indivíduos que o compõe?” o Ir do todo para as partes e das partes para o todo ● Comunicação complementar: intensifica a diferença – eu aumento a voz, o outro diminui ● Comunicação recíproca: diminui as diferenças – eu aumento a voz, o outro aumenta também ● Sistema: complexo de elementos colocados em interação mútua, criando algo que vai além desses elementos (se torna uma outra coisa) o “Conjunto de partes interdependentes que formam um todo, podendo essas partes serem pessoas, famílias, grupos, organizações ou até mesmo sociedades inteiras. O objetivo da psicologia sistêmica é entender como essas partes se relacionam e como o sistema como um todo pode ser afetado por mudanças em uma ou mais partes. O terapeuta sistêmico trabalha com o sistema como um todo, em vez de focar apenas em um indivíduo, para ajudar a melhorar os relacionamentos e a dinâmica geral do sistema.” o No sistema, um elemento responde ao outro de forma auto corretora (feedback) ● Cibernética: o 1ª ordem: funcionamento é independente de quem está observando, como no caso uma máquina ou um termostato o 2ª ordem: admite a ideia de ressonância ▪ A própria presença do observador (como um terapeuta ou um pesquisador) influencia no sistema ▪ Nela, o terapeuta é incluso no processo ● Equifinalidade: ideia de que há vários caminhos para chegar a um mesmo desfecho; o que funciona para uma família, pode não funcionar para outras DIAGNÓSTICO FAMILIAR Funcionais ● De forma geral, são mais flexíveis e aceitam mudanças e “flutuações” das coisas de forma mais fácil ● Percorrem o ciclo vital de forma mais livre ● Suas regras visam o crescimento do grupo e dos indivíduos ● Na comunicação, o conteúdo tende a ser mais explícito Famílias Disfuncionais ● Presas às estratégias do passado ● Incapazes de lidar com dificuldades ● Resoluções inexistentes ou inadequadas dos conflitos ● Manutenção da homeostase do sistema a qualquer custo ● Sistema mais fechado, com menos trocas e com fronteiras rígidas com o exterior ● Comunicação mais rígida, violenta, prevalecendo a forma ao conteúdo – mesmo que não falem abertamente, não existe “não se comunicar”, podendo ser uma comunicação com rigidez e silenciosa ● Para entendermos se uma família é funcional ou não, temos também que olhar para o contexto em que ela está inserida ● Uma forma de funcionar pode ser considerada funcional em um contexto, mas não em outro o O que funciona no Brasil, pode não funcionar em Londres; o que funciona no sul do Brasil, pode não funcionar no Norte ● Ser funcional ou disfuncional não é uma característica fixa; dependendo do ciclo em que a família se encontra, ela pode ser mais funcional do que em outro(s) Quais aspectos diagnosticar? ● Geralmente, aprendemos a fazer mais o diagnóstico de indivíduos ● O diagnóstico serve como nosso Norte, para sabermos como vamos agir ● Importante estarmos atento a como a aliança terapêutica é mais flutuante no atendimento de famílias -> podemos estar mais atrelados a um indivíduo em uma sessão, e a outro em outra ● Não cabe a nós revelarmos segredos ● Geralmente precisamos “ampliar o problema” trazido pela família, ter uma concepção mais abrangente dele o Geralmente, a família vai trazer alguém como o problema, e o terapeuta deve ouvir e entender isso, mas buscar compreender o que esse sintoma naquele sujeito denuncia do problema do sistema ● Importante ouvir o relato, mas também observar as interações ● Saber qual o contexto da família, para poder fazer um diagnóstico mais adequado ● É importante entender o passado e como as pessoas se comportam atualmente o Porém, é importante não entrar direto no passado, pois é muita coisa para se trabalhar ● Se anota coisas, como alguns relatos, hipóteses que vão surgindo... ● Importante buscar entender o sistema (família), e não ficar procurando culpados ● Entender o comportamento de cada indivíduo como resultante de um movimento circular dentro do sistema o Movimento de retroalimentação, em que há uma causa e um causador, e o causador vira um causador para outra coisa, e assim por diante ● Em geral, na primeira sessão se busca deixar que a família se sente como preferir e também que decidam quem fala primeiro ● Entende-se os sintomas como parte da interrelação entre os membros ● Cada integrante é importante e sua experiência importa -> experiência psicológica de cada integrante o Cada um deve ser ouvido ● Para Minuchin, há alguns aspectos importantes no diagnóstico, como a estrutura familiar (jeito de a família funcionar que se repete; uma espécie de “personalidade” da família) o Flexibilidade o Ressonância (uma espécie de contratransferência, mas com a família como um todo; como o terapeuta se sente atendendo a família? Prestar atenção que a presença do terapeuta em sessão afeta; é como se fossem várias transferências ocorrendo ao mesmo tempo) o Contexto o Fase de desenvolvimento dos membros da família e da família como um todo o Processo de manutenção do sintoma pelo sistema -> como as relações mantém o sintoma ● Análise da Estrutura Familiar (retomar na parte de Terapia Estrutural) o Se analisa a distribuição de poder entre os indivíduos (hierarquias) ▪ Entre irmãos, entre o casal, entre pais e filhos ▪ Também se analisa de uma forma “geral” o Coalizões parentais/filiais ▪ Subsistemas ▪ Alianças, triangulações o Intimidade (fronteiras) o Percepção do funcionamento ideal/real o Capacidade de negociar e resolver problemas o Clareza (ou não) na comunicação -> pensamentos e sentimentos, conteúdo e forma o Aceitação de opiniões diferentes o Responsabilidade dos papéis e atos o Qual o afeto predominante no sistema (carinho? Raiva? Irritação? Alegria?) o Circulação e fluidez dos conflitos (quais fronteiras se estabelecem) ● Stierlin salienta alguns objetivos da 1ª consulta: o Diagnóstico é para entender o funcionamento da família e criar uma hipótese relacional (ou várias) o Compreender situação motivacional para a consulta o Motivar a família como um todo para que iniciem a psicoterapia, por meio da: ▪ Redução de medos e vergonhas ▪ Possibilitação da confiança e esperança o Ríos-Gonzales acrescente: ▪ Estabelecer um contrato terapêutico ▪ Preparar o início da psicoterapia Quando e onde diagnosticar? ● Para Ríos-Gonzales, a Primeira Entrevista Familiar (PEF) compreende os seguintes aspectos: o Método ▪ Pode ser mais de uma sessão (na verdade, geralmente dura entre três ou quatro sessões) ▪ Primeiro encontro é diferente da primeira sessão ● A psicoterapia pode iniciar já na ligação para marcar, por exemplo, pois isso por si só já movimenta o sistema ▪ Passos: passar de... ● Indivíduo ao sistema ● Conteúdos aos processos ● Interpretar a prescrever (por exemplo, tarefas) ● Buscar origens a compreender pautas interacionais ● Analisar sintomas a analisar mensagens implícitas nos sintomas ● Perguntar causas a reestruturar modelos de interação o Critérios práticos para o seu desenvolvimento e realização ▪ Ambiente adequado ▪ Observação da disposição dos membros no espaço da terapia – quem senta perto de quem – permitir que escolham o Técnicas o Esquemas de PEF o Momentos importantes: ▪ Quem inicia a exposição dos motivos da busca? ▪ O que cada um pensa a respeito dessa exposição? ▪ Reações dos membros quando outro está falando ▪ Nível de compreensão dos sujeitos sobre o que é dito ▪ Motivação de cada indivíduo ▪ Formulação dos motivos que contribuem para o sintoma existir ▪ Quais tentativas de soluções já foram feitas ▪ O que esperam obter da terapia família; o que é a mudança para os sujeitos o Comunicação: ▪ Reações sistêmicas centradas em: ● Quem interrompe quem? Quando? Em quais temas? ▪ Quem “domina” a situação ▪ Comportamentos sintomáticos presentes em sessão ▪ Relações significativas estabelecidas por conta do sintoma Como diagnosticar? ● Desde o contato telefônico até a(s) entrevistas(s) psicoterapêutica(s) ● Vai ocorrendo ao longo de todo o processo também ● Entrevistas com todos os membros familiares, e também entrevistas com somente algumas pessoas (que compõem subsistemas, por exemplo) o Construir o mapa emocional da família (como por exemplo, um genograma) o Conhecer a realidade da família, compreendendo como é o espaço onde vivem, regras e rotinas ▪ Entender o espaço físico pode auxiliar na compreensão de como a família funciona o Observar como se organizam na sessão Com o que diagnosticar? ● São alguns instrumentos diagnósticos: o Entrevista o Genograma o Perguntas formuladas previamente: lineares, circulares, reflexivas, estratégicas. o Recursos lúdicos o Instrumentos padronizados (como testes psicológicos) ▪ Entrevista Familiar Estruturada (EFE) ● De Terezinha Féres-Carneiro, 2006 ● Tarefas verbais e não verbais, sendo aplicadas na família para entender sua dinâmica ● Necessita de toda a família reunida ● Tempo de aplicação: de 30 a 90 minutos ● Avalia dimensões relativas a: comunicação, regras, papéis, liderança, conflitos, manifestação de agressividade, afeição física, interação conjugal, individualização, integração, autoestima, interação familiar como facilitadora de saúde emocional. ● Quem pode conduzir: profissional experiente, familiarizo com a Teoria Sistêmica o Avaliação dos resultados exige habilidades específicas, pois permite a fala aberta dos integrantes da família Qual a finalidade do diagnóstico? ● O diagnóstico familiar busca entender a estrutura, as regras e as características do sistema familiar naquele momento, analisando valores, ritos, mitos e interações, a fim de permitir a intervenção mais adequada ● Delimitar com precisão os termos do problema para definir exatamente o escopo da terapia a ser seguida, delimitando aspectos a serem reestruturados ● Formar uma ideia sobre as soluções tentadas e seus efeitos ● A finalidade não é rotular ou patologizar a família, mas sim ajudá-la a melhorar sua dinâmica e seus relacionamentos ● Com base no diagnóstico, são propostas intervenções específicas e personalizadas para lidar com problemas, conflitos e dificuldades ● A finalidade do diagnóstico é fornecer uma compreensão mais profunda da dinâmica familiar e ajudar a promover mudanças positivas no sistema familiar como um todo Qual o objetivo do diagnóstico familiar, conforme Ríos-González? O diagnóstico familiar, para Ríos-González, serve como norteador para as intervenções que serão feitas posteriormente com o sistema. Dado isso, o diagnóstico busca entender como a família se estrutura, compreendendo suas regras e características. A partir do problema trazido, o diagnóstico amplia a questão e delimita em o que é necessário intervir. Serve para conhecer melhor a família, e não patologizá-la, compreendendo o que já foi feito de tentativas e como os sintomas apresentados são mantidos pela relação. A partir disso, se pode pensar intervenções específicas e personalizadas para aquele sistema. De acordo com Ríos-González: Quais são os aspectos importantes a serem considerados no diagnóstico familiar? Como conduzimos as entrevistas diagnósticas? O diagnóstico familiar é um momento muito importante, pois é nele que se faz a compreensão da família em questão, buscando entender sua estrutura, seus ritos, como se dá sua comunicação e as relações que se estabelecem ali. É um processo contínuo, que se dá primeiramente ao início da terapia, mas também continua acontecendo ao longo de todo o processo, sendo reformulado de acordo com os novos dados que chegam nas sessões. São pontos importantes de observação as interações familiares, prestando atenção em pontos como coalizões e triângulos, além de como o sintoma, trazido como o problema principal, se estabelece nas relações, entendendo que ele surge e se mantém por meio das relações já estabelecidas, e traz algum tipo de benefício à família. Da mesma forma, é importante não se ater ao que é trazido como problemático pela família, buscando uma compreensão mais abrangente da queixa. Não se pode deixar de compreender o contexto que a família está inserida, além de sua estrutura, sua flexibilidade, o estabelecimento de suas hierarquias e como o atendimento faz o terapeuta se sentir. Além disso, é importante estar atento às fases de desenvolvimento dos sujeitos presentes e da família como um todo. Ainda, o terapeuta deve estar atento ao funcionamento do sistema como um todo, assim como dos subsistemas ali instaurados, e como os problemas são (ou não) resolvidos. O diagnóstico depende de saberes técnicos e teóricos do terapeuta, que deve se afastar de concepções patologizantes dos sujeitos e da busca pelas origens dos sintomas, passando para ideias mais interacionais e processuais, visando muito mais reestruturar as interações do que perguntar as causas ou apontar culpados. É importante que haja um ambiente adequado e que o terapeuta esteja com uma observação atenta a quem fala, quando fala, as interrupções, os assuntos trazidos, as reações dos indivíduos, entre outros. As entrevistas podem ser feitas com todo o sistema ou somente com algumas pessoas (geralmente algum subsistema mais específico). Para facilitar a compreensão, muitas vezes se faz um mapa emocional da família, como um genograma, e se busca conhecer a realidade da família, buscando ouvir cada um dos sujeitos de forma individual, considerando suas experiências psicológicas como importante. Além disso, a escuta ativa e a observação de aspectos relacionais durante a sessão são pontos imprescindíveis para um bom diagnóstico. TERAPIA FAMILIAR SISTÊMICA DE BOWEN A Terapia Familiar de Bowen é uma abordagem terapêutica que se concentra na análise do sistema familiar e nas relações entre seus membros. O objetivo principal da Terapia Familiar de Bowen é ajudar as famílias a melhorar sua capacidade de adaptação e resolução de conflitos, identificando e modificando padrões disfuncionais de relacionamento que contribuem para o problema em questão. A Terapia Familiar de Bowen é baseada em alguns pressupostos teóricos, incluindo: ● A família é vista como um sistema emocional interdependente, no qual cada membro afeta e é afetado pelos demais membros. ● Os problemas emocionais e psicológicos dos indivíduos são influenciados pelas dinâmicas familiares e pela história familiar. ● A diferenciação do self, que é a capacidade de manter a identidade emocional e permanecer conectado com os outros, é essencial para o funcionamento saudável do sistema familiar. Murray Bowen é o principal expoente da Terapia Familiar de Bowen. Além dele, outros expoentes importantes incluem Michael Kerr e Philip Guerin. Algumas técnicas utilizadas na Terapia Familiar de Bowen incluem: ● O genograma: uma ferramenta que ajuda a mapear as relações familiares ao longo de gerações, ajudando a identificar padrões e dinâmicas familiares. ● A diferenciação do self: um conceito central da teoria de Bowen que se refere à capacidade de uma pessoa manter a sua identidade emocional enquanto permanece conectada com os outros. ● O questionamento reflexivo: uma técnica utilizada para ajudar as pessoas a refletirem sobre suas próprias emoções e pensamentos, para entender melhor suas reações e comportamentos em relação a outras pessoas. A Terapia Familiar de Bowen é uma abordagem amplamente utilizada na prática clínica e de pesquisa da terapia familiar, e tem contribuído para o desenvolvimento da área como um todo. Aulas: ● Bowen era um psicanalista e psiquiatra estadunidense, do início dos anos 50 ● Trabalhou com famílias de pessoas com esquizofrenia em 1954 e se tornou professor da Georgetown University em 1929 ● Seus conceitos passavam principalmente pelas ideias de individualidade e proximidade o Todos os seus conceitos derivam das ideias de pertencimento e separação da família de origem o Todas as famílias variam ao longo de um continuum que vai da fusão emocional à diferenciação ▪ Quanto mais misturados os integrantes, menor é a diferenciação do sujeito o Na família, as crianças são capazes de experimentar a dualidade do pertencimento e diferenciação (separação) ▪ Pertencer: participar, saber-se membro desta família, partilhar as duas crenças, valores, regras (às quais o sujeito é incluído desde muito cedo), mitos e segredos ▪ Diferenciar: afirmação de singularidade, individuação e direito de pensar e expressar-se independentemente dos valores familiares ▪ Pertencer e diferenciar-se não são opostos ● Preciso ser visto como um sujeito para me sentir pertencente ● Níveis de diferenciação (sistematização, mas não é algo estável e objetivo): ▪ *“Posição eu” = lugar da diferenciação do self ● Conceitos teóricos: o Diferenciação do self (ou individuação) ▪ Seria como uma “maturidade”, mas Bowen não gosta de chamar assim ▪ Capacidade de pensar e refletir, de não responder automaticamente a pressões emocionais, internas ou externas ▪ Fala e representa o nível de funcionamento adaptativo ▪ A falta dela causa submissão ou desafio aos outros; falta de autonomia o Triângulos emocionais ▪ É quando o relacionamento está sendo influenciado por um terceiro ▪ São coisas normais da vida, mas podem representar um empecilho em alguns relacionamentos se duram muito tempo ou se se tornam uma “diversão” corriqueira ▪ Geralmente atrelado à ansiedade da díade ▪ Em um triângulo, a interação de cada dupla se relaciona ao comportamento da terceira pessoa, e cada pessoa é movida por formas reativas de comportamento ▪ A triangulação, por sua vez, é um triângulo disfuncional ● Ocorre quando a díade (qualquer que seja ela) não aguenta a pressão do conflito e passa responsabilidades (“passa a batata”) para outros ● Ela deixa sair o vapor do conflito, libera a reatividade, mas o conflito não se resolve (se congela), apenas se recorre a um terceiro ● Padrão de interação em que um dos membros da família envolve um terceiro em um conflito para se proteger ou para satisfazer suas necessidades emocionais ● Mecanismo de defesa adaptativo em algumas circunstâncias, mas pode se tornar disfuncional quando se torna a forma principal de lidar com os conflitos ▪ A maioria dos problemas familiares é triangular o Processo emocional da família nuclear ▪ Há coisas que vão se transferindo de geração em geração ▪ É um excesso de reatividade emocional/fusão na família ▪ A falta de diferenciação na família de origem pode levar ao rompimento emocional para com os pais ● Isso causa grande risco de fusão no casamento (sujeito se afasta dos pais e se funde ao parceiro), mas é uma fusão instável (é algo diferente da intimidade, com fraca diferenciação, e que não considera o outro em sua individualidade, mas sim há uma “massa unificada”) o Surge distância emocional reativa entre parceiros ▪ Pois a fusão é cíclica, de aproximação-separação o Conflito conjugal o Disfunção física ou emocional em um dos parceiros o Projeção dos problemas em um ou mais filhos ● De forma geral, é a compreensão de que as emoções dos membros da família são altamente interconectadas e influenciam uns aos outros, pois a família age como um todo coeso o Processo de projeção familiar ▪ Processo pelo qual os pais transmitem sua falta de diferenciação aos filhos ▪ O filho alvo do processo de projeção torna-se o mais vulnerável a problemas ● Casal indiferenciado sofre de fusão, mas não tem consistência e energia para perceber o conflito ● O casal triangula com o filho para atender às suas necessidades, e não às necessidades do filho o Se projeta no filho uma necessidade que não é dele ● Filho acaba se fusionando, sem conseguir se diferenciar o Processo de transmissão multigeracional ▪ Passagem do processo emocional da família através de várias gerações ● Transmissão da ansiedade de geração para geração ▪ Filho mais envolvido na fusão familiar é o menor diferenciado ▪ Geralmente, se escolhe um parceiro com nível semelhante de diferenciação, e isso define o nível emocional da família, considerando já os filhos ▪ Para lidar com a ansiedade que vai aumentando, vai se usando mecanismos cada vez mais ativos do que na geração anterior, já que a ansiedade é maior ▪ Quanto mais os mecanismos se debruçam sobre um filho, mais indiferenciado é o Posição de nascimento dos irmãos ▪ Conflito entre irmãos como estratégia para resolução de problemas ou triangulações ▪ Ordem de nascimentos: importante entender como estava o casal quando cada filho nasceu ▪ Momento da família e relações já estabelecidas quando nasceu: quais os momentos de lazer? De convivência? ▪ Características de cada posição de nascimento ● 1º filho é, geralmente, muito depositório de expectativas ● 2º filho é mais solto ● 3º filho é o mais difícil de sair de casa o Rompimento emocional ▪ Diferente de distanciamento, que muitas vezes é algo necessário ▪ Rompimento emocional descreve como as pessoas manejam a indiferenciação (e a ansiedade associada a ela) entre as relações ▪ Quanto maior a fusão, maior a probabilidade e o risco de rompimento o Processo emocional social ▪ Influência social sobre o funcionamento familiar: questões culturais, étnicas, de gênero, preconceitos, marginalizações ▪ Teóricos mais recentes ▪ Famílias com maiores níveis de diferenciação são mais capazes de resistir às influências sociais destrutivas Resumo do capítulo: ● A terapia de Bowen é uma abordagem sistêmica da terapia familiar que enfatiza a importância de entender a dinâmica do sistema familiar como um todo, em vez de se concentrar apenas nos indivíduos. ● O objetivo da terapia de Bowen é ajudar as famílias a desenvolver mais autonomia emocional e a se relacionar de forma mais saudável. ● Os principais conceitos da terapia de Bowen são a diferenciação e a triangulação. ● A diferenciação refere-se à capacidade de um indivíduo de se separar emocionalmente do sistema familiar e se tornar mais autônomo. ● A triangulação é a tendência de um membro da família envolver um terceiro em um conflito, criando um triângulo emocional. ● A técnica mais utilizada na terapia de Bowen é o genograma, que é uma ferramenta visual que ajuda a entender a história familiar e as relações entre os membros da família. ● Preocupação sempre com o sistema familiar multigeracional - triângulos conectam uma geração com a seguinte - cura é voltar para trás, visitar nossos pais, avós, tios e tias, e aprender a nos relacionarmos com eles ● Maior problema nas famílias: fusão emocional ● Principal objetivo: diferenciação ● Triângulo é a unidade universal de análise ● Relações iniciais são muito importantes ● Equilíbrio entre proximidade e independência ● A técnica é importante, mas é vista como uma ferramenta para ajudar as famílias a alcançar seus objetivos terapêuticos, e não como um fim em si mesma. ● Técnicas: o Genograma o Triângulo terapêutico: família tenta triangular com terapeuta, mas esse não deve permitir o Experiências de relacionamento: alterações estruturais nos triângulos-chaves, para ajudar membros a entender melhor processos e seus papéis neles o Treinamento: fazer perguntas reflexivas o Posição-eu: dizer o que sente, e não o que os outros estão fazendo; terapeuta também a assume o Terapia familiar múltipla: com casais, focar em um e depois em outro, minimizando a interação o Histórias de deslocamento: filmes e histórias de outras famílias para diminuir defensividade TERAPIA FAMILIAR ESTRATÉGICA A Terapia Familiar Estratégica é uma abordagem terapêutica que se concentra em encontrar soluções práticas e criativas para os problemas da família. O objetivo principal da Terapia Familiar Estratégica é ajudar a família a mudar seus comportamentos e dinâmicas disfuncionais para alcançar seus objetivos e melhorar sua qualidade de vida. A Terapia Familiar Estratégica é baseada em alguns pressupostos teóricos, incluindo: ● O problema do cliente é visto como parte de um padrão maior de interações disfuncionais dentro do sistema familiar. ● O terapeuta trabalha em conjunto com a família para identificar soluções práticas e criativas para os problemas em questão. ● A mudança é vista como um processo contínuo e a família é incentivada a experimentar novos comportamentos para encontrar soluções para seus problemas. Expoentes importantes da Terapia Familiar Estratégica incluem Jay Haley, Cloé Madanes e Richard Fisch. Algumas técnicas utilizadas na Terapia Familiar Estratégica incluem: ● Prescrição de tarefas: O terapeuta prescreve tarefas ou atividades específicas para a família realizar entre as sessões de terapia, com o objetivo de promover a mudança de comportamento e de dinâmica na família. ● Reenquadramento: O terapeuta ajuda a família a reenquadrar um problema, olhando-o de uma nova perspectiva, a fim de encontrar uma solução criativa e prática. ● Mudança paradoxal: O terapeuta incentiva a família a tentar resolver um problema exagerando o comportamento ou a dinâmica disfuncional. Isso leva a uma mudança de perspectiva e, por vezes, a uma mudança de comportamento, pois a família percebe a ineficácia de seus comportamentos anteriores. A Terapia Familiar Estratégica é uma abordagem terapêutica bem estabelecida e eficaz, frequentemente utilizada na prática clínica e de pesquisa da terapia familiar. Seu foco em soluções práticas e criativas a torna uma escolha popular para muitos clientes e terapeutas. Aulas: ● Principais: Jay Haley e Chloe Madanes ● Surge por uma ideia de passar do comportamentalismo individual para a família -> estrutura, objetivos o Surge da teoria das comunicações de Bateson sobre esquizofrenia o Influência da abordagem de Milton Erickson (hipnose) o Terapia mais breve, pragmática o Estratégico: terapia em que o terapeuta realiza ativamente intervenções para resolver problemas ● Três modelos distintos: o Modelo de Terapia Breve de MRI o Terapia Estratégica de Haley e Madanes o Modelo Sistêmico de Milão ● MRI: local onde muitas pessoas pioneiras da estratégica estavam o Gera, como forma de ir contra esse modelo, o modelo estratégico de Milão o Ideia da impossibilidade de não se comunicar – “é impossível não se comunicar” ● Axiomas (formulações teóricas): o “As pessoas estão sempre se comunicando” – comunicação pode ser falada ou comportamental (impossível não se comportar, portanto impossível não se comunicar) o “Todas as mensagens têm função de relato e de comando” – o relato é a informação contida, enquanto o comando é a expectativa de uma ação que siga o relato o Regras familiares: padrão de interação regulares em um sistema; preservam equilíbrio (homeostase) e não são estabelecidas claramente por algum membro específico, que geralmente nem estão atentos à existência das regras ▪ Regras impedem mudança na família – o que, por vezes, é importante e necessário; a mudança nem sempre é positiva ▪ Feedbacks negativos e positivos o Famílias, por vezes, tentam soluções sensatas, mas que reforçam o problema ▪ Muitas vezes, técnicas prejudiciais tendem a ser repetidas mais intensamente o Mudança de primeira ordem: comportamental o Mudança de segunda ordem: mudança na regra familiar (mais profunda) – não é importante se a família sabe da mudança da regra ● Princípios o Visão sistêmica da manutenção dos problemas e orientação estratégica para a mudança o Mudar comportamento visível (manifesto) do cliente o Evitam-se os porquês e o intrapsíquico individual de cada membro, trabalham-se as interações (pragmatismo) o Mais técnica do que teoria – gerar mudança no comportamento mais do que no conhecimento o Novas estratégias de resolução de problemas o Terapia Breve: acreditava que as pessoas tinham recursos para mudar de forma rápida uma vez que o terapeuta conseguisse que o processo se iniciasse ▪ Terapeuta assume responsabilidade pela mudança do paciente – importante trabalhar cooperação ▪ Responsabilidade pela derrota é do terapeuta o Centrado em modificar ação e contexto, evitando interpretação o Melhorar hierarquia da família e fronteiras (estrategicamente) o Meta: substituir sequências mal adaptadas de comportamentos por sequências mais saudáveis ▪ Novas sequências devem levar à eliminação do problema presente e uma hierarquia mais saudável, sendo apropriado ao ciclo vital familiar o Terapia “em degraus” – difícil família sair do disfuncional direto ao funcional o Utilização do vocabulário e da visão da família, assim como do humor e brincadeiras na terapia o Habilidade fundamental: estabelecer relação cooperativa com os pacientes e usar bom senso para lidar com os problemas ● A família normal: o Reenquadramento: mudança na interpretação das questões, geralmente numa perspectiva ou mais gentil das situações vivenciadas – apresentar a problemática e como ela é útil à família o Estrutura hierárquica: define os “poderes” dos membros do sistema ▪ Hayley: rigidez dessa estrutura estaria ligada a maior parte dos problemas familiares ▪ Informa sobre quem faz as coisas, quem decide... o Teoria geral dos sistemas: dependência de feedbacks positivos e negativos para o funcionamento normal ▪ Negativo: mantém integridade do sistema frente aos desafios ● Família sintomática é aquela presa em loops negativos, homeostáticos, disfuncionais; gera sensação de impotência perante o problema, culpabilização do outro e comunicação paradoxal ▪ Positivo: possibilita inserção de novos modelos de comportamento mais adaptativos – mudança, adaptação ● Problemas de comunicação ▪ Duplo vínculo: comunicação cujos níveis digital (conteúdo da frase) e analógico (modo de falar) são incongruentes, causando confusão ● Postura do terapeuta o Não deve ser rígida o Diretivos: dizem mais claramente quais comportamentos podem surtir mudanças no sistema ▪ É diferente de ser autoritário o Humildes: oferecer contenção aos clientes ▪ Busca diminuir ansiedade natural relativa ao processo ▪ Pedir para ir mais devagar, por exemplo ● Mudando comportamentos (sintomas) o MRI: crença de que mudanças no comportamento alteram percepções ▪ Quando ajo, começo a perceber coisas mudando o Grupo de Milão: ▪ Fazer famílias perceberem coisas diferentes, é mais cognitivo o Neutralidade -> cuidado do terapeuta em investir focos em todos os membros do sistema de maneira similar o Verificar qual o problema, quem e como tentou resolvê-lo ▪ Essas definições ajudam a entender a função homeostática ou possível ganho interpessoal ocasionado pelo sintoma/problema ● Nas técnicas, primeiramente é importante identificar circuitos de feedbacks positivos e negativos que mantêm os problemas – determinar regras que sustentam interações e mudar regras ● Prescrição de sintomas: sugestão de que um ou mais membros da família continuem a apresentar o sintoma que estão tentando resolver, enquanto o restante da família é incentivado a mudar seus comportamentos – usada para desafiar a dinâmica disfuncional da família, levando-a a buscar novas maneiras de interagir ● Técnicas MRI o Prescrição de tarefas: diretiva clara (mas não necessariamente com objetivo óbvio) ▪ Se der certo, resolve o problema, se não, é possível investigar por que não deu certo o Negociação: conversa clara onde uma parte faz um pedido e a outra diz um preço o Provações: pedido que o cliente exagere o sintoma, a fim de torna-lo pior do que não ter o comportamento problemático (tem que ter um objetivo; é arriscado) ▪ Podem ser pequenos desafios ou tarefas que o terapeuta sugere para que a família experimente uma nova forma de interação o Humanismo estratégico: relacionado ao porquê. É mais sobre uso das técnicas para aumentar capacidades da família do que cumprir objetivos específicos ● Técnicas do Modelo de Milão o Conotação positiva: semelhante ao reenquadramento, explicitar características dos sintomas como tendo funções protetoras o Rituais: conjuntos de comportamentos que visam exagerar regras ou mitos familiares muito rígidos ▪ O exagero seria pior do que o comportamento em si ▪ Melhor se envolver várias pessoas o Questionamento circular: perguntas que objetivam ajudar os membros da família a pensarem de um ponto de vista relacional ao invés de centrados em si ▪ Ponto de vista diferente do seu próprio ▪ Muda como as pessoas percebem os problemas ● Primeira Entrevista: o Microcosmo do processo terapêutico como um todo o Estágios: ▪ Social, interacional ▪ Exploração e resolução de problemas (o que já tentaram de resoluções) ▪ Estabelecimento de metas e atribuição de tarefas ▪ Finalização Resumo do capítulo: ● A Terapia Familiar Estratégica é uma abordagem breve e focalizada que se concentra em solucionar problemas específicos da família. ● O objetivo da terapia estratégica é ajudar a família a mudar sua interação problemática, romper padrões rígidos e estabelecer novos padrões mais saudáveis. ● A terapia estratégica utiliza técnicas como a prescrição de tarefas, o paradoxo e a intervenção estratégica. ● A prescrição de tarefas é uma técnica utilizada para mudar a interação entre os membros da família, por meio da atribuição de tarefas específicas. ● O paradoxo é uma técnica que envolve a prescrição de um comportamento aparentemente paradoxal, com o objetivo de provocar mudanças no sistema familiar. ● A intervenção estratégica é uma técnica que envolve a mudança do contexto em que o problema ocorre, a fim de desestabilizar padrões problemáticos e estabelecer novas possibilidades. ● A terapia estratégica também se concentra na comunicação não verbal e no uso de metáforas para ajudar a família a entender padrões de interação. ● As críticas à Terapia Familiar Estratégica incluem a falta de ênfase nas emoções e a tendência de se concentrar em sintomas específicos em detrimento dos problemas mais amplos da família. ● No entanto, a terapia estratégica continua sendo uma abordagem importante e eficaz na terapia familiar, especialmente em situações em que as famílias estão enfrentando problemas específicos e precisam de soluções rápidas. ● Terapia familiar das comunicações foi uma das primeiras e mais influentes formas de tratamento familiar ● Baseada na teoria geral dos sistemas - comunicação era input e output detectáveis ● Famílias: sistemas governados por regras, mantidos por mecanismos de feedback homeostáticos (negativo estabiliza e inflexiona e positivo gera mudanças) ● Todas as estratégias terapêuticas buscam alterar padrões destrutivos de comunicação, perseguindo esse objetivo de forma direta (Satir, explicitando regras e ensinando a comunicar; provocar percepção) e indireta (provocar mudança); indiretas geravam mais resistência ● Resistência e sintomas eram tratados com diretivas paradoxais (duplos vínculos terapêuticos); Erickson prescrevia a resistência ("não revele tudo na primeira sessão) e também havia quem prescrevesse sintomas (explicitava a voluntariedade do comportamento) ● Terapia estratégica derivava da hipnoterapia ericksoniana e da cibernética - foco pragmático, visando o problema e as sequências comportamentais envolvidas ● Insight e entendimento são deixados de lado, para focar na interação entre membros ● Modelo do MRI: interacional, observando e intervindo nas sequências de interação que cercam um problema, em vez de especular sobre as intenções das pessoas que interagem ● Haley e Madanes: interessados nos motivos, com interesse na mudança mais estrutural e melhora na hierarquia familiar ● Associados de Milão: compreender jogos multigeracionais envolvidos nos sintomas - planejavam intervenções poderosas (conotação positiva e rituais) para expor o jogo e mudar o significado dos problemas o Se dividiu em Selvini Palazzoli (segredos familiares) e Cecchin e Boscolo (abandonaram intervenções formulistas e focaram no processo de questionamento) TERAPIA FAMILIAR ESTRUTURAL A Terapia Familiar Estrutural é uma abordagem terapêutica que se concentra na estrutura interna da família e na forma como os membros interagem entre si. O objetivo principal da Terapia Familiar Estrutural é ajudar a família a reorganizar sua estrutura e dinâmica para alcançar um funcionamento mais saudável e eficaz. A Terapia Familiar Estrutural é baseada em alguns pressupostos teóricos, incluindo: ● A família é vista como um sistema que é organizado em torno de um conjunto de regras, papéis e padrões de interação. ● O terapeuta trabalha para reorganizar a estrutura e dinâmica da família para melhorar o seu funcionamento e promover a mudança comportamental. ● A mudança é vista como um processo contínuo e a família é incentivada a experimentar novos comportamentos e dinâmicas para encontrar soluções para seus problemas. Expoentes importantes da Terapia Familiar Estrutural incluem Salvador Minuchin, Braulio Montalvo e Charles Fishman. Algumas técnicas utilizadas na Terapia Familiar Estrutural incluem: ● Mapeamento estrutural: O terapeuta observa e avalia a dinâmica familiar para identificar as regras, papéis e padrões de interação que regem a estrutura da família. Isso ajuda o terapeuta a entender a dinâmica da família e a identificar áreas problemáticas que precisam de mudança. ● Enactment (encenação): O terapeuta encoraja a família a recriar as interações disfuncionais para entender como elas funcionam e encontrar novas formas de interagir. Isso é feito através de uma dramatização da interação, na qual os membros da família atuam como se estivessem em uma situação real. ● Reenquadramento: O terapeuta ajuda a família a ver seus problemas sob uma nova perspectiva, para que possam encontrar novas soluções para seus problemas. A Terapia Familiar Estrutural é uma abordagem bem estabelecida e eficaz na prática clínica e de pesquisa da terapia familiar. Seu foco na estrutura e dinâmica da família a torna uma escolha popular para muitos clientes e terapeutas. Aulas: ● O principal expoente é Salvador Minuchin (1921-2017) o Nasceu na Argentina, neto de imigrantes judeus russos o Cresceu cercado por parentes e conviveu muito com sua família o Cursou faculdade de Medicina e residência em Pediatria – médico no exército israelense o Preso por 3 meses por ser antiperonista o Formação em Psicanálise o Trabalho com crianças e adolescentes refugiados e suas famílias ● Terapeutas iniciantes - atolados no “caos” da família, nos seus problemas, pois não tem uma teoria que os ajudem a enxergar a dinâmica familiar o Enxergar a dinâmica familiar é o ponto principal; o sintoma é somente a “ponta do iceberg” ● A terapia familiar estrutural é um plano para analisar os processos de interação dentro da família – ferramentas para analisar a estrutura da família – complementa a lógica do diagnóstico o Diagnóstico compreensivo-relacional o Enfatiza a qualidade das fronteiras - delimitam a família e seu subsistema (grupos que existem dentro do sistema familiar, como o conjugal, o fraternal… alguns assuntos e informações concernem somente a alguns grupos e não a outros) o Enfatiza a noção de hierarquia o Abordagem ativa, visando resolver problemas de famílias disfuncionais - avaliação e fronteiras, hierarquias e estrutura familiar o Visa descongelar modos rígidos de a família agir ● Elementos básicos o Estrutura familiar o Subsistemas e coalizões (alianças entre subsistemas) o Hierarquias: observando questões de poder, ciclo vital, pensando que, assim como um sujeito, as famílias se desenvolvem em ciclos ▪ Necessária uma hierarquia funcional e flexibilidade, para que as passagens pelas mudanças decorrentes dos diferentes ciclos vitais ocorram de maneira mais tranquila o Fronteiras - podem ser flexíveis, difusas ou rígidas o Regras: relacionadas com formas de comunicação ▪ Podem ser explícitas ou implícitas o Sequências: mostram o processo de comportamento da família ● Estrutura o “Personalidade” da família – descreve sequências duradouras, repetições, papéis o Padrão de comportamento familiar que tende a se manter ao longo do tempo; organizado e consistente ▪ Gera sequências comportamentais - um faz coisa X e o outro, em resposta, faz Y, ao que o outro responde falando W o Reforçada por expectativas que estabelecem regras na família ▪ Cada um possui seu papel estabelecido o Organização total que sustenta e mantém interações dentro do sistema familiar, sendo um padrão, que é difícil de quebrar – conjunto de regras o Membros da família com funções recíprocas e complementares – retroalimentação o O que originou a estrutura é esquecido e ela passa a ser vista como obrigatória, não opcional o Para observar a estrutura, precisamos ver interações concretas entre os membros do sistema o O terapeuta que percebe estruturas consegue: ▪ Intervir de maneira sistemática, estruturada, organizada ▪ Olhar além dos elementos específicos dos problemas (vai além do conteúdo) ▪ Enxergar o problema estrutural, e não o sintoma em si ▪ Perceber as sequências do padrão a serem quebradas ● Fronteiras o São barreiras invisíveis que regulam o contato com os outros, cria barreira entre o externo e o interno e também entre os subsistemas o Idealmente, elas são nítidas o É importante que localizemos as fronteiras que existem entre os subsistemas o Como e quem participa do sistema é definido por elas o Protegem a diferenciação do sistema ▪ São importantes, têm razão de existir o Dentro de um mesmo sistema, existem grupos com diferentes tipos de fronteiras o Famílias desligadas possuem fronteiras rígidas e pouco contato ▪ São excessivamente restritivas e permitem pouco contato com subsistemas externos ▪ Há alta independência dos sujeitos, mas os indivíduos são isolados ▪ Alta autonomia, baixo apoio mútuo o Famílias emaranhas possuem fronteiras difusas e muito contato ▪ Famílias são “em bloco” e todo mundo participa de tudo com todo mundo ▪ Os subsistemas são emaranhados ▪ Alto apoio mútuo, baixa autonomia e independência Rígidas __________________________ ▪ Nítidas ----------------------- . . Difusas . . . . . Nas famílias sadias, as fronteiras são suficientemente claras (nítidas) para proteger a independência e a autonomia, e suficientemente permeáveis para permitir apoio mútuo e afeição ● Subsistemas o Subgrupos dentro do grande sistema o Baseados em geração, gênero e interesses comuns o Cada membro do sistema desempenha diversos papéis em vários subgrupos o Conjugal ▪ Adultos com propósito de formarem uma família ▪ Devem ter apoio mútuo de forma complementar (complementaridade), serem capazes de criar fronteiras e acomodarem-se o Parental (que nem sempre são os pais, mas quem exerce função de cuidado) ▪ Surge com a chegada dos filhos – deve ser capaz de acomodar essa chegada ▪ Proteger, nutrir, guiar, controlar, educar o Fraternal: entre irmãos; compõe uma espécie de “laboratório social”, onde as crianças têm suas primeiras relações sociais ▪ Crianças de diferentes habilidades cognitivas ▪ Importante olhar com cuidado ▪ Surge com o nascimento de um segundo filho ● Coalizões o Ligações emocionais dentro de um subsistema ou entre subsistemas ▪ Mãe e criança contra o pai, por exemplo ● o Aliança de dois contra um terceiro ● Ciclo vital o Importante observar a família à luz do ciclo/momento em que estão o Por vezes, o congelamento não se dá no indivíduo, mas no ciclo vital da família o Família pode ser mais funcional em um ciclo e menos em outro ● Gráficos ▪ *Desvio: desvia a energia para outra coisa ▪ *Conflito nem sempre envolve discussão ou briga ● ● Desenvolvimento da família “normal” o o O que distingue não é a ausência de problemas, mas uma estrutura funcional para lidar com eles o Modificam sua estrutura para acomodar mudanças, enquanto famílias disfuncionais aumentar a rigidez de estruturas disfuncionais o Acomodação ▪ Se adaptar aos desafios da vida cotidiana ▪ Família mais flexível ao recebimento de novas informações ▪ Concordar em questões importantes (onde morar, ter filhos ou não...) ▪ Coordenar rituais diários (quando olhar TV, horário de dormir...) o Criação de fronteiras ▪ Entre o casal e entre as famílias de origem e grupos sociais ▪ Subsistemas conjugal e parental devem avaliar fronteiras com a chegada de filhos – espaços para ser pai/mãe e marido/mulher o Reorganização de papéis ao nascerem filhos ▪ Avaliação de fronteiras ▪ Organização dos subsistemas parentais e conjugais o Divórcio e recasamento “normais” ▪ o Os transtornos de comportamento surgem da dificuldade de acomodação (adaptação) e da inflexibilidade ▪ Problemas surgem quando estruturas são inflexíveis e não se ajustam de forma adequada aos desafios maturacionais ou situacionais ▪ Sintoma como resultado de uma desorganização do sistema, que tenta se manter em homeostase ▪ Patologia pode surgir no paciente (doenças), no contexto ou no feedback entre eles ● Psicoterapia o Terapeuta se insere no sistema familiar e passa a fazer parte dele – adapta-se às regras do sistema e conecta-se com o estilo da família (reúne-se e acomoda-se) ▪ Assume posição ativa e de liderança ▪ Realiza o mapeamento estrutural (suposições/hipóteses) ▪ Intervém para transformar estrutura ▪ Coparticipa da família em diferentes posições ● Proximidade: alia-se a alguns membros da família de forma temporária, podendo mesmo criar coalizões (de forma consciente) ● Mediana: posição neutra de ouvinte ▪ Não resolve problemas, pois esta tarefa é da família – ele ajuda a modificar o funcionamento familiar para que os membros possam resolver seus problemas (autonomia) ● Não fazem suposições de como as famílias deveriam ser organizadas, mas sim pensa nisso junto à família o Objetivos: ▪ Mudar estrutura familiar para que família possa resolver seus problemas ▪ Revelar o que é saudável e está sem utilização – mostrar recursos que não são, por vezes, reconhecidos o Como mudar? ▪ Criando padrões alternativos de interação familiar ▪ Ativando estruturas saudáveis adormecidas ▪ Alterar fronteiras (flexibilidade) e realinhar sistemas ▪ Readequar hierarquias ▪ Família precisa aceitar o terapeuta e suportar o estresse e o desequilíbrio advindo da mudança da estrutura ▪ Em famílias emaranhas: diferenciar indivíduos e subsistemas, reforçando fronteiras ▪ Em famílias desligadas: aumentar a interação, tornando fronteiras mais permeáveis o Processos: ▪ 1. Ampliar queixa apresentada ● Perguntas sobre o problema e explorá-lo até que percebam que o problema vai além do sujeito sintomático, e que inclui a família toda ● Escutar a todos, entender que vai além ▪ 2. Destacar o problema – interações mantenedoras ● Entender o que mantém o problema, o que os membros podem estar fazendo para isso ▪ 3. Investigar o passado com foco na estrutura ● Genograma, por exemplo ● Focar em como os adultos da família chegaram às perspectivas que agora influenciam suas interações problemáticas ▪ 4. Descobrir formas alternativas de relação ● Explorar opções que membros da família possam colocar em prática para interagir de formas mais produtivas, que criem mudança na estrutura ● Por isso é importante investigar o que já foi feito de tentativas o Técnicas e intervenções: ▪ Questionar o sintoma – reenquadrar, dramatizar, focalizar e dar intensidade ▪ Questionar estrutura – fixar fronteiras, desequilibrar e ensinar complementaridade ▪ Questionar realidade familiar – reorganizar dados trazidos pela família, por meio do uso de paradoxos e de potencialidades familiares ▪ União e acomodação ● Confrontação respeitosa da homeostase ● Aliança com cada membro da família ● Respeito à hierarquia – para mantê-los engajados ● Perguntar, ouvir e reconhecer a opinião de cada um sobre o problema ▪ Dramatização/encenação ● Entender o funcionamento familiar pela observação ● Modo de conhecer a estrutura familiar ● Terapeuta cria oportunidade de os membros falarem e agirem conforme usual no dia a dia, reencenar cenas do cotidiano ▪ Focalização e modificação das interações por meio de: ● Intensidade o Regulação seletiva do afeto, repetição da mensagem o Tim, volume, ritmo e escolha de palavras ● Empatia ● Valorização das competências da família o Reforçar coisas positivas ▪ Desequilíbrio ● Objetiva mudar o vínculo hierárquico dentro de um subsistema ● Desequilibra para reestruturar e reequilibrar ● Terapeuta se reúne a um indivíduo ou subsistema e o apoia para promover desequilíbrio e, então, para realinhar o sistema Resumo do capítulo: ● As famílias são organismos sociais estruturadas em subsistemas separados por fronteiras; os subsistemas definem as funções de seus membros; os membros da família organizam-se em alianças e coalizações; as famílias se desenvolvem e passam por períodos de transição à medida que mudam, se não conseguem se ajustar de forma adequada aos desafios propostos surge o sintoma, que tem função de manter a homeostase familiar ● A Terapia Familiar Estrutural é uma abordagem que se concentra na estrutura e organização da família, incluindo as hierarquias e fronteiras. ● O objetivo da terapia estrutural é ajudar a família a modificar sua estrutura e organização para lidar com problemas e estressores. ● A terapia estrutural usa técnicas como a encenação, a reorganização e a clarificação de fronteiras. ● A encenação é uma técnica em que a terapeuta instrui a família a criar uma cena que representa seus problemas, permitindo que a terapeuta veja a estrutura e as interações da família em ação; é uma técnica muito utilizada na terapia estrutural para ajudar a terapeuta a entender a dinâmica familiar e encontrar soluções para os problemas apresentados pela família. ● A reorganização envolve mudar a estrutura da família para ajudar a resolver problemas, como mudar o papel de um membro da família ou redimensionar a hierarquia. ● A clarificação de fronteiras é uma técnica usada para ajudar a família a entender e definir suas fronteiras, permitindo que eles identifiquem e lidem com conflitos em torno delas. ● A terapia estrutural também enfatiza a importância da aliança terapêutica, em que a terapeuta se alia aos membros da família contra o problema em vez de tomar partido. ● Um dos modelos conceituais mais utilizados no campo - Simples, inclusiva e prática ● Conceitos básicos: fronteiras, subsistemas, alinhamentos e complementaridade ● Complementaridade: ideia de que os membros da família têm papéis e comportamentos que se complementam e se ajustam dentro da estrutura familiar. Essa complementaridade pode ser funcional ou disfuncional ● Leva em conta contexto individual, familiar e social e fornece estrutura organizadora muito clara para compreender e tratar famílias ● Toda família tem uma estrutura, que só se revela quando a mesma está em ação - têm-se que atuar na estrutura, reorganizando-a, e não em subsistemas, pois se não, não haverá mudanças duradouras ● Subsistema: unidade da família baseado em função; são circunscritos e regulados por fronteiras ● Fronteiras: suficientemente claras nas famílias sadias (permitem independência e autonomia) e permeáveis (permitem mútuo apoio e afeição) ● Famílias emaranhadas têm fronteiras difusas e famílias desligadas têm fronteiras rígidas ● Avaliação requer que toda a família esteja presente ● Famílias com dores de crescimento não devem ser consideradas patológicas ● Começam acomodando-se ao jeito habitual do funcionamento da família (evita resistência e ganha confiança), mas devem evitar serem alistados como membro familiar ● Após isso, avaliam e observam a família, depois, passa a ativar estruturas dormentes ● Modelo estrutural orienta o terapeuta a olhar além do conteúdo dos problemas e até além da dinâmica da interação, para a organização familiar subjacente Crie uma demanda para terapia familiar. Explique como é a família e o motivo da busca psicoterapêutica. Descreva brevemente como poderia ser o início do processo psicoterapêutico na Terapia Familiar de Bowen, na Terapia Familiar Estrutural e na Terapia Familiar Estratégica Família: Um casal, João e Maria, com dois filhos adolescentes, Pedro e Ana. Pedro tem 16 anos e está enfrentando problemas na escola e comportamentais em casa. Ana, de 14 anos, é muito reservada e introvertida. João e Maria têm uma relação difícil, frequentemente discutem e parecem incapazes de resolver seus problemas sozinhos. Motivo da busca: A família percebeu que Pedro está tendo problemas na escola e em casa, e que esses problemas podem estar afetando a família como um todo. Eles também querem melhorar a relação entre João e Maria. Terapia Familiar de Bowen: No início do processo terapêutico, o terapeuta de Bowen pode pedir que cada membro da família faça um genograma, que é uma espécie de árvore genealógica da família, com o objetivo de entender melhor a dinâmica familiar e identificar padrões que possam estar contribuindo para os problemas de Pedro, além de compreender como eram as famílias de origem de João e Maria. O terapeuta também pode pedir que a família participe de sessões de treinamento em diferenciação do eu, com perguntas reflexivas. Terapia Familiar Estratégica: O terapeuta estratégico pode começar a terapia pedindo que a família descreva seus problemas e as soluções que já tentaram. O terapeuta pode então sugerir soluções alternativas e mudanças de comportamento para a família experimentar. O terapeuta pode usar técnicas como a prescrição de tarefas para ajudar a família a implementar essas mudanças. O terapeuta pode trabalhar com a família para mudar padrões de interação e comunicação e ajudar a resolver os problemas de Pedro. Terapia Familiar Estrutural: O terapeuta estrutural pode iniciar o processo terapêutico usando a técnica das perguntas a fim de ampliar a compreensão da família e do próprio terapeuta acerca do problema, tirando o foco do sintoma e passando para algo maior, que é a estrutura. Inicialmente, o terapeuta deve se acomodar à família e respeitar suas hierarquias e sua percepção sobre o problema, para depois ir podendo desafiar os comportamentos instaurados. Uma boa opção para compreender melhor como se dão as relações é a interpretação de uma cena corriqueira de interação entre membros da família.