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Apresentação-I-Mod-III

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FATO MUSICAL,
RAP,
E “ANÁLISE
SIMBÓLICA”.
Michel Brasil
Seminários em Música e Cultura
Prof. Ângelo Nonato
PPGMus UFMG | 2022/02
O FACTO MUSICAL
Jean Molino
THE MUSICAL ANALYSIS OF HIP-HOP
Kyle Adams
O FACTO MUSICAL
» Discussão sobre significado musical.
» Música como um fato social total.
» Abordagem da música como processo simbólico.
Como buscar significados na “música rap”?
Como analisar o conjunto de fenômenos que
constituem o processo simbólico engendrado pelo
rap?
The Musical Analysis of Hip-Hop
Adams, Kyle. “The Musical Analysis of hip-hop”. In: Williams, Justin (ed).
Cambridge Companion to Hip Hop. 2015.
» Não é possível “analisar” raps utilizando os métodos
de análise da música ocidental.
» Alguns/mas pesquisadores/as tentaram criar métodos
de análise de raps.
» O autor fornece uma possibilidade de modelo
analítico.
» Não é possível “analisar” raps com os outros
métodos existentes.
“ As técnicas desenvolvidas para a análise da música erudita ocidental, mesmo
quando podem fornecer descrições precisas de alguns fenômenos superficiais do
hip-hop, muitas vezes deixam o analista sem uma noção mais profunda de como o
hip-hop opera e por que o gênero se comunica tão efetivamente com um público tão
amplo”. (p. 117)
“ […] não há dúvida de que o hip-hop opera de acordo com algum conjunto de
princípios musicais: claramente, o hip-hop não é uma mistura de sons aleatórios, mas
uma coleção de sons e palavras organizadas de forma deliberada. O princípio
organizacional deve ser conhecível, assim como acontece com os repertórios
ocidentais mais tradicionais, mas nenhuma das ferramentas analíticas atuais parece
estar à altura da tarefa.”. (p. 117)
“ As razões para isso estão diretamente relacionadas à diferença primária entre as
naturezas da música de arte ocidental e o hip-hop. A música dos séculos XVIII e XIX (e
parte do século XX) é primariamente linear: segue uma trajetória tonal e emocional
que se constrói ao longo da obra, culminando em um único momento climático ou em
uma série deles.”. (p. 117)
“ […] Consequentemente, a maioria das técnicas desenvolvidas para analisar a
música ocidental foram projetadas para rastrear esses tipos de trajetórias expressivas
e mostrar as maneiras pelas quais os elementos musicais individuais trabalham
juntos para formar um todo coerente. ”. (p. 117)
“A música do hip-hop, por outro lado, é cíclica. […] Assim, enquanto muitas canções
de rap contêm harmonias familiares como parte de seus beats, essas harmonias
raramente participam de “progressões” harmônicas. Se tais progressões são
encontradas no beat, elas provavelmente repetirão a cada um, dois ou quatro
compassos, o que as torna incapazes de criar as teleologias de longo alcance que os
analistas musicais normalmente procuram”. (p. 117)
“ Mas os problemas com a aplicação da análise tradicional ao hip-hop são ainda mais
profundos. Desde o início dos anos 1980 até a “golden era” do hip-hop (que terminou
por volta de 1993), as batidas do hip-hop foram criadas a partir de samples de
gravações pré-existentes. O fato de que a maioria dos parâmetros da batida foram
gravados por outros artistas para outros fins expressivos torna difícil argumentar
sobre a significância analítica em quaisquer correspondências afetivas entre
elementos da batida, ou entre batida e letra ”. (p. 118)
“O fato de que um som sampleado pode assumir estados expressivos diferentes
dependendo de seu contexto, mina a ideia de que estados musicais expressivos são
de alguma forma inerentes às próprias figuras musicais”. (p. 118)
“[…] a ideia de uma faixa de hip-hop como uma obra de arte, em que o beat e a letra
trabalham em direção a um propósito expressivo singular, é “prejudicada” pela
produção musical baseada em colagens, em que uma batida composta de retalhos
sonoros apoia letras que podem ou não ter sido compostas para esse beat”. (p. 118)
“a maioria das análises musicais ocidentais depende em grande parte da notação
musical. Para o hip-hop, ainda não existe uma forma de transcrição que capture tanto
a natureza linear das letras quanto a natureza cíclica do beat”. (p. 119)
“ Letras de hip-hop também são muito mais difíceis de transcrever do que podem
parecer: à primeira vista, parece fácil transcrevê-las como qualquer outro tipo de
canto rítmico, talvez usando uma única pauta de percussão ou uma pauta normal de
cinco linhas com x em vez de cabeças nas notas. Mas quem transcreve é confrontado
com a surpreendente quantidade da sutileza no fluxo rítmico (flow) da maioria dos
rappers. Um flow que a princípio parece ser um fluxo constante de colcheias e
semicolcheias, quando ouvido atentamente, revela-se um conjunto complexo de
síncopes, notas suíngadas e assim por diante. Além disso, embora as letras de rap
sejam faladas, os/as rappers também manipulam o tom para fins expressivos, às
vezes em uma única palavra”. (p. 118)
» Experiências de “análise” musical de raps
» Krims, A. “Rap Music and the Poetics os Identity”. 2000.
» Adams, K. “On the Metrical Techniques of Flow in Rap Music”. 2009.
» Walser, R. “Rhythm, Ryme and Rhetoric in the Music of Public Enemy”.
1995.
» Sewell, A. “A Tipology of Sampling in Hip Hop”. 2013.
» Um modelo de análise
» Fornece um modelo analítico retirado de um fenômeno musical inerente ao
rap, ao invés de importar um modelo advindo de um outro repertório.
» Leva em consideração a entrega vocal e a articulação da voz, com
bastante atenção às articulações das consoantes nas performances dos/as
rappers. Analisa articulação e afeto em raps.
» Utiliza conceitos musicais (stacatto, legatto) e conceitos de técnica vocal.
» O autor cria um quadro que sintetiza seu modelo de análise, inspirado em
um quadro semelhante de George List (1963).
» Um modelo de análise
Outras “chaves” para entender os “significados” de um rap
» Signifyin(g) – processo linguístico das comunidades afro-americanas,
capacidade de “codificar” novos significados em palavras e expressões.
Gates Jr. (19XX), Rose (1994), Schloss (2004)
» Apropriação recorrente de materiais (sonoros ou não).
“O elemento fundamental da estética e cultura hip-hop é o uso evidente de
material pré-existente para novos fins” (Williams, J. 2013).
Outras “chaves” para entender os “significados” de um rap
» Avaliação dos padrões de flow de diferentes rappers em diferentes faixas.
(Adams, K. 2008)
» Avaliação das ferramentas e métodos de produção dos beats.
( Schloss, J. 2004)
» Observação dos contextos de produção, consumo e circulação das músicas.
Uma música que sempre nos envia “para fora” da obra.
Obrigado ;)
» O rap é cíclico.
» O rap privilegia a apropriação.
» Forte presença da linguagem oral.
» O rap é intertextual, hipertextual, etc.
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