ANÁLISE DE VIBRAÇÕES ALEATÓRIAS EM UMA ESTRUTURA DE NANOSSATÉLITE CUBESAT PETERSON DA SILVA OLIVEIRA Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadores: Prof. Thiago Gamboa Ritto, D.Sc. Eng. Jonas Mendonça Lima Degrave Rio de Janeiro Agosto de 2022 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Departamento de Engenharia Mecânica DEM/POLI/UFRJ ANÁLISE DE VIBRAÇÕES ALEATÓRIAS EM UMA ESTRUTURA DE NANOSSATÉLITE CUBESAT Peterson da Silva Oliveira PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO MECÂNICO. Aprovado por: _______________________________________________ Prof. Thiago Gamboa Ritto, D.Sc. _______________________________________________ Eng. Jonas Mendonça Lima Degrave _______________________________________________ Prof. Daniel Alves Castello, D.Sc. _______________________________________________ Prof. Marcelo Amorim Savi, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL AGOSTO DE 2022 Oliveira, Peterson da Silva Análise de Vibrações Aleatórias em uma estrutura de nanossatélite CubeSat / Peterson da Silva Oliveira – Rio de Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica, 2022. XX, 70 p.: il.; 29,7 cm. Orientadores: Thiago Gamboa Ritto, D.Sc. Eng. Jonas Mendonça Lima Degrave Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica / Curso de Engenharia Mecânica, 2022. Referências Bibliográficas: p. 51-53. 1. Nanossatélite. 2. CubeSat. 3. Plataforma Multi Missão. 4. Vibrações Aleatórias. 5. Vibrações Mecânicas. I. Ritto, Thiago Gamboa et al. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Engenharia Mecânica. III. Análise de Vibrações Aleatórias em uma estrutura de nanossatélite CubeSat. iii “Se eu vi mais longe, foi porque estava sobre ombros de gigantes”. Isaac Newton iv Agradecimentos Em primeiro lugar, a Deus, que me deu forças para vencer todos os obstáculos e chegar até aqui. Aos meus pais por sempre acreditarem em mim e, mesmo em meio a tantas dificuldades, sempre se esforçaram e fizeram o que podia para me ajudar a alcançar meus objetivos. À minha esposa Natália por todo suporte e ajuda nessa fase final, pela paciência e cuidado, me ajudando muito a me dedicar neste projeto e não desistir. Aos meus irmãos e meus amigos, por todas as palavras de incentivo, por me encorajarem sempre em busca do melhor, e não permitiram que eu desistisse. À Ester Maria (in memorian) que acreditava muito em mim e sempre me incentivou a buscar meus sonhos. Aos meus orientadores, Thiago Ritto e Jonas Degrave, que abraçaram a ideia deste projeto e sempre estiveram dispostos a ajudar e contribuir para meu aprendizado. À UFRJ, por ter me dada a oportunidade de aprender com os melhores professores, por me fornecer todas as ferramentas que me permitiram chegar ao final deste ciclo. v Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico. ANÁLISE DE VIBRAÇÕES ALEATÓRIAS EM UMA ESTRUTURA DE NANOSSATÉLITE CUBESAT Peterson da Silva Oliveira Agosto/2022 Orientadores: Thiago Gamboa Ritto, D.Sc. Jonas Mendonça Lima Degrave Departamento: Engenharia Mecânica Os CubeSats são nanossatélites padronizados, criados inicialmente em 1999 através do Projeto CubeSat. Esses nanossatélites possuem uma vantagem quanto ao seu rápido desenvolvimento e baixo custo, o que faz diversos setores desenvolverem pesquisas e aplicações associadas aos CubeSats. Durante seu lançamento, o satélite fica exposto a diferentes carregamentos que podem provocar deformações plásticas e falhas, comprometendo a sua integridade mecânica estrutural perante o ambiente de lançamento. O presente trabalho tem como objetivo realizar análises dinâmicas nas estruturas de uma plataforma multi-missão para nanossatélites (PMM-n), uma arquitetura modular integrando os diferentes subsistemas essenciais ao funcionamento de um nanossatélite, a partir das análises de vibrações aleatórias sofridas por essas estruturas durante o lançamento quando colocadas como carga útil secundária. A partir do modelo matemático da estrutura, com auxílio do software Ansys Workbench, foram feitas as análises modal, análises de vibração aleatória, análises de vida e dano por fadiga para todas as variações das estruturas. vi Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Engineer. ANALYSIS OF RANDOM VIBRATIONS IN A CUBESAT NANOSATELLITE STRUCTURE Peterson da Silva Oliveira August/2022 Advisors: Thiago Gamboa Ritto, D.Sc. Jonas Mendonça Lima Degrave Department: Mechanical Engineering CubeSats are standardized nanosatellites, initially created in 1999 through the CubeSat Project. These nanosatellites have an advantage in terms of their rapid development and low cost, which makes several sectors develop research and applications associated with CubeSats. During its launch, the satellite is exposed to different loads that can cause plastic deformations and failures, compromising its structural mechanical integrity in the launch environment. The present work aims to perform dynamic analyzes on the structures of a multi-mission platform for nanosatellites (PMM-n), a modular architecture integrating the different subsystems essential to the functioning of a nanosatellite, from the analysis of random vibrations suffered by these structures. during launch when placed as a secondary payload. From the mathematical model of the structure, with the help of the Ansys Workbench software, modal analysis, random vibration analysis, life analysis and fatigue damage were performed for all variations of the structures. vii Lista de Figuras Figura 1: A família de CubeSats 1U – 12U. Retirado de CDS (2022). Figura 2: Amostra de Vibração Aleatória. Retirado de Irvine (2009). Figura 3: Histograma/Função Densidade de Probabilidade de uma amostra de vibração aleatória. Adaptado de Irvine (2009). Figura 4: Sistema de um grau de liberdade com excitação de base. Figura 5: Diagrama de corpo livre. Figura 6: Comparação entre GEVS e ambiente de lançamento do Falcon 9 e Soyuz. Figura 7: Densidade Espectral de Potência de Aceleração GEVS/NASA. Figura 8: Densidade Espectral de Potência da Respostas para os três casos. Figura 9: Espectro de Resposta à Vibração completo. Figura 10: Blocos de carregamento e curva S-N. Figura 11: Intervalos de confiança por desvio padrão (sigma). Figura 12: Malha de elementos finitos (2D) Figura 13: PMM-n CubeSat 1U, 2U e 3U. Retirado de Degrave (2021). Figura 14: Estrutura dos PMM-n CubeSats 1U, 2U e 3U. Retirado de Degrave (2021). Figura 15: Modelo PMM-n CubeSat 1U. Figura 16: Modelo 1U final com simplificação de filetes, chanfros e furos. Figura 17: Parâmetro de refinamento de malha Method. Figura 18: Modelo após geração da malha hexaédrica. Figura 19: Gráfico Skewness de verificação de qualidade de malha. Figura 20: Gráfico Element Quality de verificação de qualidade de malha. Figura 21: Ponto de massa adicionado à estrutura. Figura 22 Poly Picosatellite Orbital Deployer (P-POD) e seção transversal (CALPOLY, 2014) viii Figura 23: Restrições na base da estrutura. Figura 24: Restrições no topo da estrutura. Figura 25: Detalhes de deslocamentos. Figura 26: Primeiro modo de vibração da estrutura 1U. Figura 27: Segundo modo de vibração da estrutura 1U. Figura 28: Terceiro modo de vibração da estrutura 1U. Figura 29: Análise de vibração aleatória da estrutura 1U. Figura 30: Deformações direcionais na estrutura 1U. Figura 31: Acelerações direcionais na estrutura 1U. Figura 32: Densidade Espectral de Potência da Resposta em Tensão do nó de máxima tensão da estrutura 1U. Figura 33: Vida útil mínima da estrutura 1U por análise de fadiga. Figura 34: Dano total sobre a estrutura 1U por análise de fadiga. Figura 35: Primeiros quatro modos de vibração da estrutura 2U. Figura 36: Análise de vibração aleatória da estrutura 2U. Figura 37: Densidade Espectral de Potência da Resposta em Tensão do nó de máxima tensão da estrutura 2U. Figura 38: Vida útil mínima da estrutura 2U por análise de fadiga. Figura 39: Dano total sobre a estrutura 2U por análise de fadiga. Figura 40: Primeiros quatro modos de vibração da estrutura 3U. Figura 41: Análise de vibração aleatória da estrutura 3U. Figura 42: Densidade Espectral de Potência da Resposta em Tensão do nó de máxima tensão da estrutura 3U. Figura 43: Vida útil mínima da estrutura 3U por análise de fadiga. Figura 44: Dano total sobre a estrutura 3U por análise de fadiga. ix Lista de Tabelas Tabela 1: Probabilidade de um sinal aleatório com distribuição gaussiana/normal. Tabela 2: Níveis de vibração aleatórias aplicadas ao nanossatélite CubeSat de acordo com cada fonte mencionada. Tabela 3: Nível de entrada PSD GEVS/NASA. Tabela 4: Resposta Média G_RMS para fn = 200 Hz. Tabela 5: Espectro de Resposta à Vibração para os três casos de frequência natural. Tabela 6: Espectro de Resposta à Vibração completo. Tabela 7: Massa das peças modeladas. Tabela 8: Análise manual de convergência. Tabela 9: Nível de entrada PSD GEVS/NASA. Tabela 10: Frequências naturais da estrutura 1U. Tabela 11: Máxima tensão equivalente e Fator de Segurança das estruturas. Tabela 12: Frequências naturais da estrutura 2U. Tabela 13: Frequências naturais da estrutura 3U. x Sumário Agradecimentos .............................................................................................................. 5 Lista de Figuras .............................................................................................................. 8 Lista de Tabelas............................................................................................................. 10 Sumário ........................................................................................................................... 1 Introdução ....................................................................................................................... 1 1.1 Contextualização .................................................................................................... 1 1.2 Motivação e Delimitação ........................................................................................ 2 1.3 Objetivo .................................................................................................................. 3 1.4 Metodologia ............................................................................................................ 3 1.5 Estrutura do Trabalho ............................................................................................. 4 Fundamentação Teórica ................................................................................................. 6 2.1 Conceito de Vibrações Aleatórias ........................................................................... 6 2.2 Estatística de Processos Aleatórios ......................................................................... 7 2.3 Resposta em vibração de um sistema de um grau de liberdade para excitação de base aleatória ................................................................................................................ 9 2.3.1 Função Densidade Espectral de Potência ...................................................... 13 2.4 Ambiente de Lançamento ..................................................................................... 15 2.5 Espectro de Resposta – Análise no Domínio da Frequência ................................ 17 2.6 Análise de Falha por Fadiga ................................................................................. 22 2.6.1 Regra de Miner .............................................................................................. 23 2.6.2 Formulação de Steinberg – Método das 3 bandas ......................................... 24 2.7 Método dos Elementos Finitos ............................................................................. 25 Modelagem Computacional ......................................................................................... 28 3.1 A estrutura ............................................................................................................. 28 xi 3.2 Malha .................................................................................................................... 31 3.3 Componentes não estruturais ................................................................................ 34 3.4 Condições de Contorno ........................................................................................ 35 3.5 Carregamento........................................................................................................ 37 3.6 Fator de Segurança Mínimo ................................................................................. 38 Simulações ..................................................................................................................... 40 4.1 Análise Modal ....................................................................................................... 40 4.2 Análise Aleatória .................................................................................................. 42 4.3 Análise de Fadiga ................................................................................................. 46 Conclusões e Recomendações ...................................................................................... 49 5.1 Conclusões ............................................................................................................ 49 5.2 Recomendações .................................................................................................... 50 Referências Bibliográficas ........................................................................................... 51 Apêndice A .................................................................................................................... 54 Apêndice B .................................................................................................................... 60 Apêndice C .................................................................................................................... 66 xii Capítulo 1 Introdução No Capítulo 1, serão apresentados a contextualização, motivação e delimitação, objetivos, metodologia e estrutura do presente trabalho. 1.1 Contextualização Os CubeSats são nanossatélites padronizados, criados inicialmente em 1999 através do Projeto CubeSat, um esforço colaborativo entre a Universidade de Stanford e a Universidade Politécnica da Califórnia. Um projeto puramente educacional objetivando a expansão das atividades práticas de exploração científica espacial. O modelo básico é conhecido como 1U, formato de um cubo de 100 mm de aresta e massa de até 2 kg (PUIG-SUARI; TWIGGS, 2020). A partir desse padrão os CubeSats podem ser expandidos variando sua estrutura em designs de 1U a 12U conforme representado na Figura 1. Figura 1: A família de CubeSats 1U – 12U. Retirado de CDS (2022). Esses nanossatélites possuem uma vantagem quanto ao seu rápido desenvolvimento e baixo custo, o que faz diversos setores, além do educacional, desenvolverem pesquisas e aplicações associadas aos CubeSats. 1 Em 2014 foi criada a CubeSat Initiative, com propósito de desenvolver uma documentação específica regulamentada para essa classe de satélites. Essa documentação fornece todas as informações necessárias de projeto e seus requisitos de operação de modo a viabilizar as missões propostas a esse tipo de satélite (PUIGSUARI; TWIGGS, 2022). Assim como os satélites artificiais maiores os CubeSats também são enviados ao espaço através de foguetes, conhecidos como veículos lançadores. Comparados aos satélites de maior porte, os nanossatélites possuem volume e massa bem inferior o que os tornam uma carga secundária, isto é, são lançados ao espaço junto com um ou mais satélites maiores que constituem a carga útil primária, reduzindo os custos de lançamento. Ainda assim, há um alto custo para serem levados ao espaço. Portanto, é essencial a realização de análises estruturais para conferir a integridade mecânica da estrutura do CubeSat em sua viagem ao espaço. As ferramentas de simulação são de extrema vantagem, pois nos permitem simular o comportamento real de um sistema de alta complexidade. Desse modo, é possível prever e corrigir possíveis falhas de projeto ainda na fase inicial, produzindo protótipos virtuais em vez de físicos, reduzindo custos e tempo. Assim, o trabalho visa analisar uma estrutura de nanossatélite (CubeSat) devido aos esforços sofridos em sua estrutura, provenientes de vibrações aleatórias, durante seu lançamento ao espaço. Para isso, será realizado uma análise das vibrações aleatórias com software de simulação computacional Ansys. 1.2 Motivação e Delimitação Durante seu lançamento o satélite fica exposta a diferentes carregamentos que podem provocar deformações plásticas e falhas, comprometendo a sua integridade mecânica estrutural perante o ambiente de lançamento. Este estudo tem como objetivo dar ênfase aos esforços sofridos pela estrutura devido as vibrações aleatórias, principal fonte de vibração para essa categoria (WIJKER, 2009), são geradas pelas vibrações e ruídos do motor durante sua decolagem e voo e devido as turbulências da camada limite transferidas para a espaçonave. 2 Toda análise foi realizada no domínio da frequência, uma vez que processos estacionários de vibrações aleatórias são mais comumente estudados no domínio da frequência do que no domínio do tempo (WIRSCHING; PAEZ; ORTIZ, 2006). Não serão abordadas nesse trabalho a análise estática e de choque, as análises nos componentes internos do nanossatélites, nem dos possíveis efeitos térmicos devido ao ambiente no qual a estrutura estará submetida. 1.3 Objetivo O objetivo geral é analisar a estrutura mecânica de um CubeSat desenvolvido por Degrave (2021) a partir das análises de vibrações aleatórias sofridas por esse durante um possível lançamento quando colocado como carga útil secundária. Desta forma, tem-se como objetivos específicos: (1) analisar o comportamento da estrutura devido as vibrações aleatórias sofridas durante o voo e verificar a compatibilidade dos dados obtidos com o padrão geral de verificação ambiental da NASA; (2) recomendar possíveis melhorias no projeto. 1.4 Metodologia O presente trabalho se desenvolve por intermédio da realização de pesquisa, análise, modelagem, simulação e verificação de uma estrutura de nanossatélite CubeSat quando sujeita à excitação por cargas de vibração aleatória. A primeira etapa do trabalho será a identificação e estimativa das cargas que atuarão na estrutura. Um nanossatélite CubeSat está sujeito a cargas estáticas e dinâmicas no qual sua estrutura precisa sustentar quando estas atuam de forma independente e/ou simultaneamente. As cargas estáticas provém das tensões devido à montagem dos componentes da estrutura. Já as cargas dinâmicas são geradas pelas vibrações e ruídos provenientes do motor do veículo lançador durante o voo. Essas cargas não podem ser previstas com certeza e, portanto, podem ser tratadas como cargas aleatórias (AZEVEDO, 1996, CASTELLO; RITTO, 2016). 3 Os valores das cargas dinâmica serão contabilizados através de um função densidade espectral de potência (PSD), uma medida estatística das excitações na qual a estrutura estará submetida à condição de carregamento aleatório (THOMSON, 2018). Essa função é fornecida pela documentação técnica do veículo lançador ou de padrões preestabelecidos, como o GEVS (NASA, 2019). Na etapa seguinte será feita uma estimativa do comportamento da estrutura através de uma modelagem matemática prevendo seu comportamento usando como entrada a PSD. A fim de analisar a estrutura para uma condição extrema será utilizado como entrada a PSD fornecida pelo GEVS, uma vez que esta possui níveis superiores aos PSDs dos demais possíveis veículos lançadores proposto nesse projeto: Soyuz (ARIANESPACE, 2018) e Falcon 9 (SPACEX, 2020). Desse modo, será obtido a resposta da estrutura diante das piores condições previstas. Após as estimativas serão realizados as simulações computacionais utilizando o software Ansys Workbench no qual será feito a análise espectral. Também será feita uma análise modal prévia a fim de calcular as frequências naturais da estrutura. Esse resultado será usado com o espectro de entrada fornecido pela NASA em uma longa faixa de 20 a 2000 Hz analisando, estatisticamente, a resposta da estrutura a esse ambiente de vibração aleatório. Essa análise permitirá conhecer a resposta geral da estrutura bem como identificar as frequências nas quais haverá um alto ganho em resposta aleatória para cada frequência natural. Por fim, para saber se a estrutura será compatível com o ambiente de voo, será utilizado o princípio da teoria da energia de distorção para materiais dúcteis. A simulação computacional fornecerá a tensão equivalente de Von Mises, um valor teórico que permitirá comparar a tensão real com o limite de escoamento da tensão uniaxial. Assim, se a tensão de Von Mises for maior que a tensão de escoamento do material, ocorrerá a falha (BUDYNAS; NISBETH, 2016). 1.5 Estrutura do Trabalho O presente trabalho foi dividido em cinco capítulos. O Cápitulo 1 refere-se a introdução e todo o desenho do estudo. O Capítulo 2 abordará a Fundamentação Teórica, em que serão discutidos conceitos de Vibrações Aleatórias, Probabilidade e Estatística aplicadas aos Sinais Aleatórios, o Ambiente de Qualificação da NASA e o Método dos 4 Elementos Finitos, todos relacionados com o desenvolvimento do trabalho. O Capítulo 3 apresenta toda modelagem da estrutura e o ambiente no qual ela estará submetida. O Capítulo 4 apresenta as simulações feitas e os resultados obtidos através dessas simulações. O Capítulo 5 conclui o presente trabalho e discute possíveis perspectivas. 5 Capítulo 2 Fundamentação Teórica O Capítulo 2 abordará a Fundamentação Teórica, em que serão discutidos conceitos de Vibrações Aleatórias, Probabilidade e Estatística aplicadas aos Sinais Aleatórios, a dedução da resposta de um sistema de um grau de liberdade com excitação de base aleatória, o Ambiente de Lançamento e o Método dos Elementos Finitos, todos relacionados com o desenvolvimento do trabalho. 2.1 Conceito de Vibrações Aleatórias Um processo determinístico é aquele no qual temos todos os dados necessários para prever o resultado com 100% de certeza, ou seja, é possível deduzir uma expressão matemática que traduza, incontestavelmente, a resposta de uma determinada excitação. Quando não é possível deduzir uma expressão matemática de modo a prever os efeitos causados pela excitação, dizemos que o processo é não determinístico e que tem natureza aleatória (AZEVEDO, 1996, CASTELLO; RITTO, 2016). Nesse caso, a resposta fica caracterizada por grandezas estatísticas obtidas a partir de dados amostrais da excitação. Durante decolagem e voo, o funcionamento do motor do foguete produz vibrações e ruídos de natureza aleatória em todas as direções. A Figura 2 representa um exemplo de uma amostra de vibração aleatória no qual uma determinada estrutura ficou exposta durante um intervalo de tempo. Podemos notar dessa amostra que nem a frequência, nem a amplitude desse tipo de vibração são constantes, podendo atuar diversas frequências nessa estrutura ao mesmo tempo. Como as magnitudes instantâneas não são determinadas para um dado instante de tempo, é necessário para esse tipo de problema uma abordagem estatística de modo a prever tanto a entrada do sistema quanto a resposta da estrutura. 6 Figura 2: Amostra de Vibração Aleatória. Retirado de Irvine (2009). 2.2 Estatística de Processos Aleatórios Seja um processo aleatório x(t). Para esse projeto teremos as seguintes considerações: • O sistema é linear; • O processo é estacionário, suas propriedades estatísticas não variam com o tempo. • O processo é ergódico, as médias temporais são iguais às médias amostrais. Valor Médio O valor médio do processo aleatório x(t) é definido por: 1 π µπ₯ = πΈ[π₯] = lim π ∫0 π₯(π‘)ππ‘ π→∞ Variância A variância, o quadrado do desvio padrão, é definido por: ππ₯ 2 = πΈ[(π₯ − µπ₯ )2 ] = πΈ[π₯ 2 ] − µπ₯ 2 7 Função Autocorrelação A função de autocorrelação, uma representação do “grau de similaridade ao longo do tempo”, é definida por: 1 π π π₯ (π) = πΈ[π₯(π‘)π₯(π‘ + π)] = lim π ∫0 π₯(π‘)π₯(π‘ + π)ππ‘ π→∞ A autocorrelação é uma função que compara o sinal a sí mesmo após um intervalo de tempo decorrido τ. Para τ = 0 temos que: 2 π π₯ (0) = π₯πππ Distribuição Normal/Gaussiana Uma distribuição normal, também conhecida como distribuição Gaussiana, é uma das principais funções de densidade de probabilidade e é amplamente usada na teoria da vibração aleatória para aproximar as características da excitação aleatória (NEWLAND, 2012). Ela é dada pela seguinte equação: 1 π(π₯) = π√2π π −(π₯−µ)2 2π2 A Figura 3 representa o histograma da amostra de vibração aleatória da Figura 2. É possível observar que o histograma da amostra de vibração aleatória tem uma curva em forma de sino, característica da distribuição normal. A partir das propriedades estatístcas da amostra pode-se converter esses dados em uma função densidade de probabilidade com característica da distribuição normal. A Tabela 1 apresenta as probabilidades da ocorrência do valor da amplitude dentro de certos limites em função da média e desvio padrão da amostra. Por exemplo, considerando a média zero, uma análise 3σ significa que o módulo da amplitude da vibração será menor que 3 vezes o desvio padrão da amostra em 99,73% das vezes. Esse fator de escala será usado em todas as análises feitas nesse trabalho. 8 Figura 3: Histograma/Função Densidade de Probabilidade de uma amostra de vibração aleatória. Adaptado de Irvine (2009). Valor Probabilidade Percentual µ–σ<x<µ+σ 68,27% µ – 2σ < x < µ + 2σ 95,45% µ – 3σ < x < µ + 3σ 99,73% Tabela 1: Probabilidade de um sinal aleatório com distribuição gaussiana/normal. 2.3 Resposta em vibração de um sistema de um grau de liberdade para excitação de base aleatória Considere o sistema de um grau de liberdade sujeito à excitação de base mostrado na Figura 4. Figura 4: Sistema de um grau de liberdade com excitação de base. 9 Podemos construir o diagrama de corpo livre desse sistema conforme a Figura 5: Figura 5: Diagrama de corpo livre. Aplicando a 2ª Lei de Newton para esse sistema, temos que a soma das forças na vertical é dada por: ∑πΉ = ππ₯Μ (2.3.1) ππ₯Μ = π(π¦Μ − π₯Μ ) + π(π¦ − π₯) (2.3.2) Vamos definir uma variável z como sendo o deslocamento relativo. Assim, temos queπ§ = π₯ − π¦. Substituindo o deslocamento relativo na equação (2.3.2) obtemos: π(π§Μ + π¦Μ ) = −ππ§Μ − ππ§ (2.3.3) ππ§Μ + ππ§Μ + ππ§ = −ππ¦Μ (2.3.4) Dividindo toda equação (2.3.4) pela massa: π π π§Μ + (π) π§Μ + (π) π§ = −π¦Μ (2.3.5) Por convenção, adotamos: π (π) = 2ξωπ (2.3.6) π (π) = ωπ 2 (2.3.7) Onde ωπ é a frequência natural, em radianos/segundos, e ξ é o fator de amortecimento. Substituindo esses termos na equação (2.3.5) chegamos na equação do movimento abaixo: 10 π§Μ + 2ξωπ π§Μ + ωπ 2 π§ = −π¦Μ (2.3.8) Agora, a fim de obter a aceleração de resposta do sistema, aplicaremos a transformada de Fourier de cada lado da equação (2.3.8): +∞ +∞ ∫−∞ (π§Μ + 2ξωπ π§Μ + ωπ 2 π§) e−πωπ‘ ππ‘ = ∫−∞ (−π¦Μ ) e−πωπ‘ ππ‘ (2.3.9) Seja, +∞ π(ω) = ∫−∞ [π¦(π‘)] e−πωπ‘ ππ‘ (2.3.10) +∞ π(ω) = ∫−∞ [π§(π‘)] e−πωπ‘ ππ‘ (2.3.11) Agora aplicaremos a transformada de Fourier no termo da velocidade: +∞ +∞ ππ§(π‘) ∫−∞ [π§Μ (π‘)] e−πωπ‘ ππ‘ = ∫−∞ [ ππ‘ ] e−πωπ‘ ππ‘ (2.3.12) Integrando por partes, ∫ π’′. π£ = ∫ (π’. π£)′ − ∫ π’. π£′ π’′ = ππ§(π‘) ππ‘ (2.3.13) ⇒ π’ = π§(π‘) (2.3.14) π£ = e−πωπ‘ ⇒ π£′ = −πωe−πωπ‘ (2.3.15) Substituindo (2.3.14) e (2.3.15) em (2.3.13), obtemos: +∞ +∞ +∞ ∫−∞ [π§Μ (π‘)] e−πωπ‘ ππ‘ = ∫−∞ π[π§(π‘)e−πωπ‘ ] − ∫−∞ [π§(π‘)] (−πω)e−πωπ‘ ππ‘ +∞ +∞ −πωπ‘ ππ‘ ∫−∞ [π§Μ (π‘)] e−πωπ‘ ππ‘ = [π§(π‘)e−πωπ‘ ]+∞ −∞ + (πω) ∫−∞ [π§(π‘)] e (2.3.16) (2.3.17) Podemos notar que [π§(π‘)e−πωπ‘ ]+∞ −∞ = 0 conforme t se aproxima dos limites de ±∞. Assim, a expressão (2.3.17) se reduz à: +∞ +∞ ∫−∞ [π§Μ (π‘)] e−πωπ‘ ππ‘ = (πω) ∫−∞ [π§(π‘)] e−πωπ‘ ππ‘ 11 (2.3.18) Substituindo (2.3.11) em (2.3.18), esta pode ser reescrita como: +∞ ∫−∞ [π§Μ (π‘)] e−πωπ‘ ππ‘ = (πω)π(ω) (2.3.19) Além disso, podemos aplicar a transformada de Fourier no termo da aceleração: +∞ π2 π§(π‘) +∞ ∫−∞ [π§Μ (π‘)] e−πωπ‘ ππ‘ = ∫−∞ [ ππ‘ 2 ] e−πωπ‘ ππ‘ (2.3.20) Utilizando o mesmo raciocínio para integração em partes conforme foi feito para o termo da velocidade anteriormente, obtemos: +∞ +∞ ππ§(π‘) −πωπ‘ e ] ππ‘ ∫−∞ [π§Μ (π‘)] e−πωπ‘ ππ‘ = ∫−∞ π[ +∞ ∫−∞ [π§Μ (π‘)] e−πωπ‘ ππ‘ = [ Podemos notar que [ ππ§(π‘) −πωπ‘ +∞ e ]−∞ ππ‘ ππ§(π‘) −πωπ‘ +∞ e ]−∞ ππ‘ +∞ ππ§(π‘) − ∫−∞ [ ππ‘ ] (−πω)e−πωπ‘ ππ‘ +∞ ππ§(π‘) + (πω) ∫−∞ [ ππ‘ ] e−πωπ‘ ππ‘ (2.3.21) (2.3.22) = 0 conforme t se aproxima dos limites de ±∞. Assim, a expressão (2.3.22) se reduz à: +∞ +∞ ππ§(π‘) ∫−∞ [π§Μ (π‘)] e−πωπ‘ ππ‘ = (πω) ∫−∞ [ ππ‘ ] e−πωπ‘ ππ‘ (2.3.23) Substituindo (2.3.11) em (2.3.23), esta pode ser reescrita como: +∞ ∫−∞ [π§Μ (π‘)] e−πωπ‘ ππ‘ = (πω)(πω)π(ω) (2.3.24) +∞ ∫−∞ [π§Μ (π‘)] e−πωπ‘ ππ‘ = −ω2 π(ω) (2.3.25) Agora, podemos substituir as expressões (2.3.19) e (2.3.25) em (2.3.9), de modo a solucionar a aplicação da transformada de Fourier na equação do movimento, obtendo: −ω2 π(ω) + πω(2ξωπ )π(ω) + ωπ 2 π(ω) = −ω2 π(ω) [−ω2 + πω(2ξωπ ) + ωπ 2 ]π(ω) = −ω2 π(ω) [(ωπ 2 − ω2 ) + π2ξωωπ ]π(ω) = −ω2 π(ω) (2.3.26) Tendo o índice A denotando aceleração, podemos escrever: ππ΄ (ω) = −ω2 π(ω) (2.3.27) 12 ππ΄ (ω) = −ω2 π(ω) (2.3.28) Desse modo, podemos reescrever (2.3.26) da seguinte maneira: [(ωπ 2 − ω2 ) + π2ξωωπ ]ππ΄ ππ΄ (ω) = (ω (ω) ω2 = ππ΄ (ω) ω2 ππ΄ (ω) π (2.3.29) 2 −ω2 )+π2ξωω π A equação da aceleração relativa pode ser expressa em termos da transformada de Fourier como: ππ΄ (ω) = ππ΄ (ω) − ππ΄ (ω) (2.3.30) ππ΄ (ω) = ππ΄ (ω) + ππ΄ (ω) (2.3.31) Substituindo (2.3.29) em (2.3.31), obtemos: ππ΄ (ω) = (ω ππ΄ (ω) = ππ΄ (ω) = π ω2 ππ΄ (ω) 2 −ω2 )+π2ξωω π + ππ΄ (ω) ω2 +(ωπ 2 −ω2 )+π2ξωωπ (ωπ 2 −ω2 )+π2ξωωπ ππ΄ (ω) ωπ 2 +π2ξωωπ π (ω) (ωπ 2 −ω2 )+π2ξωωπ π΄ (32.3.2) A fim de eliminar o número complexo j, multiplicaremos cada lado da equação pelo seu conjugado complexo: Μ Μ Μ ππ΄ (ω)π π΄ (ω) = [(ω |ππ΄ (ω)|2 = [(ω (ωπ 2 +π2ξωωπ )(ωπ 2 −π2ξωωπ ) 2 −ω2 )+π2ξωω ][(ω 2 −ω2 )−π2ξωω ] π π π π [ωπ 4 +(2ξωωπ )2 ] π 2 −ω2 )2 +(2ξωω 2 π) ] ωπ 2 [ωπ 2 +(2ξω)2 ] |ππ΄ (ω)|2 = [(ω π 2 −ω2 )2 +(2ξωω 2 π) ] ππ΄ (ω)πΜ π΄ (ω) |ππ΄ (ω)|2 |ππ΄ (ω)|2 (2.3.33) 2.3.1 Função Densidade Espectral de Potência Uma forma de representar a vibração aleatória no domínio da frequência é através da função PSD (Power Spectral Density). Como o sinal é uma variável aleatória, não podemos medir a contribuição de uma única faixa de frequência (IRVINE, 2009). A função PSD indica a quantidade para a qual uma faixa de frequência contribui no valor RMS (Room-Mean-Square) do sinal. 13 De acordo com Irvine (2009), a densidade espectral de potência da entrada e da saída do sistema são dadas por: 1 ππ΄ πππ· = lim π |ππ΄ (ω)|2 (2.3.34) π→∞ 1 ππ΄ πππ· = lim π |ππ΄ (ω)|2 (2.3.35) π→∞ Aplicando os limites em ambos os lados da equação (2.3.33), obtemos: ωπ 2 [ωπ 2 +(2ξω)2 ] ππ΄ πππ· (ω) = [(ω π 2 −ω2 )2 +(2ξωω 2 π) ] ππ΄ πππ· (ω) (2.3.36) A função da densidade espectral de potência é dada geralmente em função da ω frequência π = 2π dada em Hz (THOMSON, 2018), em consequência, a equação (2.3.36) torna-se: 2 2 2 π [π +(2ξπ) ] πΜπ΄ πππ· (π) = [(π π2 −ππ2)2 +(2ξππ )2 ] πΜπ΄ πππ· (π) π (2.3.37) π Dividindo o numerador e o denominador do lado direito da igualdade da equação (2.3.37) por ππ 4 obtemos: πΜπ΄ πππ· (π) = π 2 ) ] ππ [1+(2ξ [(1−( π 2 2 π ) ) +(2ξ( ))2 ] ππ ππ πΜπ΄ πππ· (π) (2.3.38) π De modo a simplificar a equação, adotaremos ρ = π . Desse modo, a equação π (2.3.38) torna-se: 2 [1+(2ξρ) ] πΜπ΄ πππ· (π) = [(1−ρ2)2 +(2ξρ)2] πΜπ΄ πππ· (π) (2.3.39) A resposta média em GRMS pode ser obtida integrando πΜπ΄ πππ· através do espectro de frequência e extraindo a raiz quadrada desse resultado. 2 ∞ [1+(2ξρ) ] π₯Μ πΊ π ππ (ππ , ξ) = √∫0 [[(1−ρ2)2+(2ξρ)2 ]] πΜπ΄ πππ· (π)ππ 14 (2.3.40) Para aplicações numéricas, geralmente a integral dentro da raiz é substituída por um somatório. Dessa forma, a função da resposta à excitação fica da seguinte maneira: [1+(2ξρ )2 ] π Μ π₯Μ πΊ π ππ (ππ , ξ) = √∑π π=1[[(1−ρ 2 )2 +(2ξρ )2 ]] ππ΄ πππ· (ππ )π₯ππ π π (2.3.41) π Onde ρπ = π π e o termo π₯ππ é, geralmente, constante. π 2.4 Ambiente de Lançamento Para realizar as análises e qualificar a estrutura ao teste de vibração aleatória, é necessário ter conhecimento do ambiente de lançamento, o qual é definido a partir do manual do veículo lançador. O manual fornece os níveis de teste de vibração aleatória em densidade espectral de potência, uma medida da densidade de energia associada a cada faixa de frequência (PSD – G²/Hz). Para esse projeto o veículo lançador não foi definido. Logo, serão considerados os seguintes níveis de qualificação: • GEVS, padrão geral de verificação ambiental da NASA; • Falcon 9, veículo lançador da fabricante estadunidense SpaceX; • SOYUZ, veículo lançador russo – Roscosmos. Com base no GEVS e nos manuais dos veículos lançadores citados acima será definido o ambiente de lançamento para a realização da análise de vibração aleatória. A Tabela 2 apresenta os níveis de vibrações aleatórias para cada fonte citada acima. 15 Tabela 2: Níveis de vibração aleatórias aplicadas ao nanossatélite CubeSat de acordo com cada fonte mencionada. Baseado nos dados da Tabela 2 foi gerado o gráfico da Figura 6 que representa as curvas da função densidade espectral de potência (PSD) para cada fonte acima. O gráfico representa o nível de aceleração em função da frequência tanto para o manual da NASA (GEVS) quanto para os veículos lançadores Falcon 9 e Soyuz. É possível observar que a amplitude desse gráfico tem unidade G²/Hz, em que G é na verdade o valor eficaz do sinal (GRMS), a notação RMS geralmente fica otimido por questões de brevidade. O valor de Hz na dimensão da amplitude (G²/Hz) representa a largura de banda e não a frequência ao longo do eixo x. Desse gráfico pode-se notar que os níveis de vibrações aleatórias do GEVS são superiores aos demais. 16 Espectro de Vibração Aleatória 1 PSD (G²/Hz) 0,1 NASA FALCON 9 0,01 SOYUZ 0,001 1 10 100 1000 10000 Frequência (Hz) Figura 6: Comparação entre GEVS e ambiente de lançamento do Falcon 9 e Soyuz. De modo conservador e com a oportunidade de abranger os requisitos dos veículos lançadores Falcon 9 e Soyuz, será selecionado o padrão de qualificação da NASA (GEVS) como espectro de vibração aleatória para realização das simulações computacionais. 2.5 Espectro de Resposta – Análise no Domínio da Frequência Vamos considerar um nanossatélite CubeSat modelo 1U que será testado no nível PSD fornecido pela GEVS da NASA. Para essa análise, vamos desconsiderar todos os componentes internos, levando em consideração apenas sua estrutura metálica. Suponha ainda que essa estrutura possa ser modelada como um sistema de um grau de liberdade com fator de amortecimento constante ξ = 0,05. Como a estrutura desse CubeSat responderá ao nível de entrada? Esse problema pode ser modelado conforme a Figura 3, onde a equação do movimento em função do deslocamento relativo “z” é dado pela equação (2.3.8): π§Μ + 2ξωπ π§Μ + ωπ 2 π§ = −π¦Μ 17 A densidade espectral de potência de entrada (GEVS – NASA) é representada na Tabela 3 e Figura 7 abaixo: Tabela 3: Nível de entrada PSD GEVS/NASA. DENSIDADE ESPECTRAL DE POTÊNCIA DE ACELERAÇÃO Aceleração (G²/Hz) 1 0,1 0,01 10 100 1000 Frequência (Hz) Figura 7: Densidade Espectral de Potência de Aceleração GEVS/NASA. A amplitude da resposta para esse tipo de problema é caracterizado por uma função PSD e que foi deduzida no subcapítulo anterior, em que é dada pela equação (2.3.39): 2 [1+(2ξρ) ] πΜπ΄ πππ· (π) = [(1−ρ2)2 +(2ξρ)2] πΜπ΄ πππ· (π) 18 Observe que πΜπ΄ πππ· (π) representa a função PSD de entrada, que nesse caso é caracterizada pelos níveis de vibração apresentados na Tabela 3 fornecido pelo GEVS/NASA que gerou o gráfico da Figura 7. E a resposta média em GRMS é dada pela equação (2.3.41) também deduzida no subcapítulo anterior: 2 [1+(2ξρπ ) ] Μ π₯Μ πΊ π ππ (ππ , ξ) = √∑π π=1[[(1−ρ 2 )2 +(2ξρ )2 ]] ππ΄ πππ· (ππ )π₯ππ π π π Onde ρπ = π π e o termo π₯ππ é, geralmente, constante. π Para uma amostra de resposta com média zero o valor eficaz (GRMS) representa o desvio padrão dessa amostra. Como pode ser visto na equação (2.3.39), a amplitude da resposta depende da frequência natural. Portanto, para resolver esse problema faremos duas abordagens: (1) frequência natural conhecida; (2) frequência natural desconhecida. (1) Frequência natural conhecida Nesta situação consideraremos uma frequência natural de 200 Hz a fim de calcular a amplitude da resposta média em GRMS do sistema. O domínio será discretizado em intervalos fixos, uma largura de banda π₯ππ = 10π»π§ . Nesse caso, deveremos fazer uma interpolação da Tabela 3 a fim de obter os níveis de entrada para as frequências não tabeladas. Foram feitas interpolações por regressão logarítmica através de um algoritmo próprio desenvolvido em Python, que pode ser visto no Apêndice C. A Tabela 4 mostra alguns valores da interpolação. Tabela 4: Resposta Média GRMS para fn = 200 Hz. Obtemos o resultado de πΜ = 22,5πΊπ ππ . Observe que esse valor é para 1σ considerando a média (µ) zero. Onde σ é o desvio padrão. 19 A resposta de pico é considerada para uma análise 2σ conforme declaração de qualificação (NASA, 2019) para payload de até 22,7 kg: πΜ = 45,0πΊ (2σ) (2) Frequência natural desconhecida Agora, caso a frequência natural fosse desconhecida, poderíamos escolher um conjunto de frequências e calcular a amplitude da resposta média GRMS para cada uma dessas frequências e construir um gráfico, o Espectro de Resposta à Frequência. Arbitrariamente, escolheu-se três possíveis frequências naturais: f1 = 100 Hz, f2 = 200 Hz e f3 = 300 Hz. A densidade espectral de potência da resposta foi construída para os três casos de frequência natural conforme a Figura 8. CURVAS DE DENSIDADE ESPECTRAL DE POTÊNCIA DA RESPOSTA 0.100 Entrada Fn = 100 Hz Aceleração PSD (G²/Hz) 0.010 Fn = 200 Hz 0.001 0.000 0.000 0.000 10 100 1000 Frequência (Hz) Figura 8: Densidade Espectral de Potência da Respostas para os três casos. 20 Cada uma das curvas foi obtida a partir da função PSD de resposta (2.3.39) deduzida no subcapítulo anterior. Em seguida será calculada a área abaixo de cada curva. A raiz quadrada de cada área representa a resposta média GRMS para a dada frequência natural. Vale ressaltar que a equação (2.3.41) já efetua esse cálculo direto do nível de resposta média em GRMS. Os valores das respostas médias GRMS para cada curva é representado na Tabela 5. Tabela 5: Espectro de Resposta à Vibração para os três casos de frequência natural. Os cálculos acima foram refeitos para um conjunto de possíveis frequências naturais como pode ser visto na Tabela 6, a fim de gerar o espectro de resposta à vibração. O espectro de resposta à vibração é dado pelo nível de resposta em função da frequência natural como mostra a Figura 9. Tabela 6: Espectro de Resposta à Vibração completo. 21 Espectro de Resposta à Vibração SISTEMA SDOF, ξ = 0,05 BASE DE ENTRADA = GEVS - NASA Aceleração (G_RMS) 50 5 10 100 1000 Frequência Natural (Hz) Figura 9: Espectro de Resposta à Vibração completo. O espectro de resposta à vibração é muito útil para fins de projeto. Através do espectro mostrado na Figura 9, podemos verificar que a redução da frequência natural reduz o nível de resposta. Além disso, podemos observar que a pior condição seria uma frequência natural de 1000 Hz, em que temos uma resposta de máxima 45,20 GRMS. Assim, um objetivo preliminar de projeto poderia ser evitar essa frequência natural. 2.6 Análise de Falha por Fadiga A análise de falha por fadiga em componentes que estão submetidos a ambientes sob cargas aleatórias é estimada no domínio da frequência em função das propriedades estatísticas de resposta de tensão equivalente. 22 2.6.1 Regra de Miner Um dos objetivos da análise de vibração aleatória em uma estrutura é prever sua vida de fadiga. A teoria aqui aplicada se baseia na curva S-N do material. A curva S-N de um material define os valores de tensão alternada em relação ao número de ciclos necessários para causar falha. Por exemplo, S1 representa a tensão alternada e N1 o número de ciclos necessários para lhe causar falha por fadiga sob essa tensão. Considere um conjunto de blocos de carregamentos conforme a Figura 10, para simular um processo aleatório. Figura 10: Blocos de carregamento e curva S-N (WIRSCHING; PAEZ; ORTIZ, 2006). Considere o primeiro bloco tendo um nível de tensão S1. Da curva S-N, podemos observar que o número de ciclos necessários para ocorrer a falha é N1. Contudo, no primeiro bloco apenas n1 ciclos são aplicados. Considerando que não ocorreu a falha então n1 < N1. A Regra de Miner ou Regra do Dano Linear diz que a cada ciclo uma 23 fração de dano 1/N1 consome a vida útil da estrutura, ou seja, se temos um total de n1 ciclos no primeiro bloco então podemos definir a razão D1 = n1/N1 como o fator de dano (WIRSCHING; PAEZ; ORTIZ, 2006). Claramente, se n1 ≥ N1 então ocorrerá a falha. Portanto, a falha ocorre para um fator de dano maior ou igual a 1, D1 ≥ 1. No conjunto de blocos da Figura 10 podemos notar que existem k blocos cada um sujeito a um nível de tensão S diferente. Isso sugere que podemos definir um fator de dano para cada bloco associado a cada nível de tensão S, Di = ni/Ni. Desse modo, podemos definir o dano total como a soma de cada fator de dano dos k blocos, D = D1 + D2 + … + Di + … + Dk, e o evento de falha ocorre quando o dano total exceder a unidade (WIRSCHING; PAEZ; ORTIZ, 2006). π • Fator de Dano π·1 = π1 • Fator de Dano Total π· = ∑π·π = ∑ ππ • Falha ⇒ π· ≥ 1 1 π π Exemplo: Um fator de dano total de 0,47 significa que 47% da vida útil da estrutura foi consumida. 2.6.2 Formulação de Steinberg – Método das 3 bandas A formulação de Steinberg se baseia na função densidade de probabilidade da resposta de tensão aleatória. Ela utiliza todas as três ocorrências (1σ, 2σ e 3σ) e suas taxas de ocorrência combinado a Regra de Miner para calcular o dano total por fadiga do sistema (ZHENG; SHEN; LUO, 2014). Isso porque considerando que a resposta de tensão aleatória segue uma função densidade de probabilidade com distribuição Gaussiana, as amplitudes de respostas de tensão estarão restringidas por níveis de probabilidade. 24 Figura 11: Intervalos de confiança por desvio padrão (sigma). Retirado de Wikipédia (2022). • Tensão equivalente a 1 sigma (1σ) – 68,2% dos ciclos; • Tensão equivalente a 2 sigma (2σ) – 27,2% dos ciclos; • Tensão equivalente a 3 sigma (3σ) – 4,2% dos ciclos. O dano por fadiga esperado é obtido por: π π π π· = π1π + π2π + π3π 1π 2π 3π Onde, • n1σ: número real de ciclos igual ou menor que nível de 1σ; • n2σ: número real de ciclos igual ou menor que nível de 2σ; • n3σ: número real de ciclos igual ou menor que nível de 3σ. 2.7 Método dos Elementos Finitos Desenvolvido na década de 1950, o método dos elementos finitos (MEF) é uma ferramenta numérica utilizada para calcular soluções aproximadas para modelos matemáticos complexos, caracterizados por equações diferenciais, comuns em engenharia. As equações diferenciais raramente possuem soluções expressas por fórmulas fechadas, contendo muitas equações matemáticas difíceis de serem resolvidas analiticamente, sendo necessário aproximar suas soluções utilizando métodos numéricos. A ideia geral do MEF é reduzir um problema complexo em diversos outros problemas mais simples. Para isso, discretiza a geometria dividindo-a em um número finito de elementos de geometria simples, como por exemplo: elemento de barra, triangular, tetraédrico, hexaédrico e etc. A seguir, reestabelece a conexão de cada 25 elemento conectando-os em pontos nodais conhecidos como nós, pelos vértices de cada elemento dessas geometrias mencionadas. O desenvolvimento da solução de um problema utilizando o MEF segue, de maneira resumida, os 6 passos abaixo (RAO, 2011): 1. Dividir o domínio em um número finito de elementos; 2. Atribuir uma solução aproximada para cada elemento; 3. Elaborar as matrizes características dos elementos; 4. Agregar as equações dos elementos: Sistema Global; 5. Resolver as equações em função dos pontos nodais desconhecidos; 6. Processar as resultantes dos elementos. Figura 12: Malha de elementos finitos (2D). Retirado de Souza (2003) Depois de discretizar a estrutura criando a malha de elementos finitos são geradas diversas equações algébricas simultâneas (ALVES FILHO, 2013). De modo geral, a equação global do movimento utilizando o MEF, considerando todos os elementos que compõe a malha da estrutura, é expressa da seguinte forma: [π] · π’Μ + [πΆ] · π’Μ + [πΎ] · π’ = [πΉ(π‘)] 26 (2.7.1) É possível notar que a equação é muito semelhante à equação (2.3.4) que trata do caso simples de 1 grau de liberdade. Onde [M] representa a matriz de massa global, [C] a matriz de amortecimento global, [K] a matriz de rigidez global, [F(t)] o vetor de carregamentos nodais e (π’Μ ; π’Μ ; π’) representam acelerações, velocidades e os deslocamentos nodais, respectivamente. A precisão da solução depende do número de nós da malha que varia com a quantidade de recursos computacionais disponíveis. A medida que aumentamos o número de elementos, aumentamos o número de nós. Procura-se aumentar a precisão com o reduzido uso de recurso computacional (TAVARES, 1998). Com isso, um dos problemas da aplicação do MEF é projetar uma malha capaz de produzir resultados precisos sem a necessidade de excessivo recurso computacional. Desse modo, o MEF vem sendo muito utilizado em problemas de engenharia, pois ele consegue solucionar um problema muito complexo dividindo-o em diversos problemas de menor complexidade. 27 Capítulo 3 Modelagem Computacional O Capítulo 3 apresenta toda modelagem do problema. Serão abordados a estrutura na qual estão sendo feitas as análises, a malha, as condições de contorno e o cálculo do fator de segurança mínimo de acordo com padrão da ECSS (European Cooperation for Space Standardization). 3.1 A estrutura O presente trabalho visa realizar análise de vibrações aleatórias em uma estrutura de nanossatélite CubeSat. Tal estrutura decorre de um projeto de graduação desenvolvido por Degrave (2021). O projeto refere-se a uma PMM-n (Plataforma MultiMissão para nanossatélites), trata-se de uma arquitetura modular integrando os diferentes subsistemas essenciais ao funcionamento de um nanossatélite (DEGRAVE, 2021), classificação dada para satélites com massa de até 10 kg (NASA, 2021). A Figura 13 apresenta os três modelos de CubeSat da PMM-n. Figura 13: PMM-n CubeSat 1U, 2U e 3U. Retirado de Degrave (2021). 28 Os componentes internos do CubeSat não são de interesse primário, portanto não serão modelados nesse trabalho. Todas as análises feitas visa apenas a integridade física da estrutura do CubeSat. A Figura 14 apresenta as estrutruras que serão submetidas as análises realizadas nesse trabalho. Figura 14: Estrutura dos PMM-n CubeSats 1U, 2U e 3U. Retirado de Degrave (2021). As análises foram realizadas para os três modelos proposto por Degrave (2021). Os resultados obtidos para as estruturas 2U e 3U são apresentadas nos apêndices A e B, respectivamente. A Figura 15 apresenta o modelo básico da PMM-n, um CubeSat 1U. Em sua montagem são utilizados 4 trilhos laterais, um quadro superior e um quadro inferior. Todas estas peças usinadas no material Alumínio 7075-T6. A fixação das peças é feita por parafusos hexalobulares escareados M2,5 de Aço Inox 304. Já a fixação dos componentes internos, as placas eletrônicas, foram utilizados espaçadores sextavados M3 de Latão e parafusos hexalobulares escareados M3 de Aço Inox 304. 29 Figura 15: Modelo PMM-n CubeSat 1U. A Tabela 7 apresenta as dimensões e massa de cada componente que integra a estrutura 1U. Tabela 7: Massa das peças modeladas. Adaptado de Degrave (2021). A fim de reduzir o tempo de execução da análise, os elementos que não fazem parte da estrutura e os detalhes de cada peça foram simplificados. Recursos como pequenas extrusões, filetes sem contato com a estrutura e furos foram omitidos para reduzir a carga computacional da simulação. A modelagem das conexões aparafusadas entre trilhos e quadros foram feitas por conexões coladas em todas as partes que estão em contato entre si, obtendo o modelo apresentado na Figura 16. 30 Figura 16: Modelo 1U final com simplificação de filetes, chanfros e furos. 3.2 Malha Inicialmente foi gerada uma malha padrão com elementos de dimensão de 1 mm. A fim de refinar nossa malha e aumentar a precisão dos resultados da simulação, foi ajustado o refino pelo parâmetro Method conforme apresentado na Figura 17. 31 Figura 17: Parâmetro de refinamento de malha Method. Neste ponto foi selecionado todo o modelo e aplicado o método MultiZone. Esse método fornece decomposição automática da geometria em regiões mapeadas e regiões livres, gerando automaticamente uma malha hexaédrica pura sempre que possível e, em seguida, preenche as regiões mais difíceis de capturar com malha não estruturada (ANSYS, 2010). Após ajustes, chegou-se num modelo discretizado com elementos de um único tipo hexaédrico conforme Figura 18, totalizando 21.855 elementos de tamanho 1,2 mm e 127.333 nós, dentro dos limites estabelecidos pela versão do software. Figura 18: Modelo após geração da malha hexaédrica. 32 Para avaliar a qualidade da malha foi utilizado dois parâmetros, Skewness e Element Quality. O Skewness é uma das principais medidas de qualidade para uma malha (ANSYS, 2010), é definido como a diferença entre a forma do elemento e a forma de um elemento equilátero de volume equivalente, ou seja, ele faz uma medida de deformação, assimetria de cada elemento. Elementos muitos distorcidos podem reduzir a precisão da simulação. O gráfico da Figura 19 exibe o número de elementos e sua assimetria, o valor 0 corresponde a um tipo de elemento perfeito enquanto o valor 1 corresponde a um elemento deformado. Figura 19: Gráfico Skewness de verificação de qualidade de malha. A partir do gráfico Skewness apresentado na Figura 19, pode-se ver que todos os elementos são do tipo Hex20 e de baixa assimetria, garantindo uma maior precisão nas simulações. O Element Quality é uma métrica que se baseia na razão entre volume e raiz quadrada do cubo da soma dos quadrados dos comprimentos das arestas para elementos 3D (ANSYS, 2010): ππ’ππππ‘π¦ = C β volume √[∑(πΈππππππππ‘β2 )]3 Essa métrica de qualidade varia entre 0 e 1. O valor de 1 indica um cubo perfeito, um bom elemento, e o valor de 0 indica que tem um volume zero ou negativo, um elemento ruim. 33 Figura 20: Gráfico Element Quality de verificação de qualidade de malha. A partir do gráfico Element Quality apresentado na Figura 20, pode-se notar que a maioria dos elementos possuem valores acima de 0,90, indicando uma ótima qualidade para a malha. Por fim, de modo a conferir a convergência dos resultados foi feita uma análisa manual, variando o tamanho do elemento (elemet size) o qual varia o número de elementos e foi calculado a diferença percentual dos resultados obtidos anteriores, conforme mostra a Tabela 8. Element Size (mm) Elements Nodes Stress (MPa) Δ% 1,5 9742 65629 27,5 - 1,4 16003 97295 30,0 8,33% 1,3 17498 106074 32,4 7,41% 1,2 21855 127333 33,0 Tabela 8: Análise manual de convergência. 1,82% Pode-se observar que para um tamanho de elemento 1,2 mm, no qual é o mínimo tamanho dentro dos limites da licença estudantil, possui uma variação percentual de Stress de apenas 1,82% em relação ao valor anterior. Portanto, concluímos que o valor é aceitável e converge para o resultado. 3.3 Componentes não estruturais Como pode ser visto no subcapítulo anterior, os componentes não estruturais não foram modelados, pois não é objeto de estudo deste trabalho. Contudo, sabemos que a 34 massa desses componentes que são vinculados à estrutura afetam diretamente a matriz global de massa, portanto devem ser contabilizados no modelo final. Deste modo, foi considerado a massa desses componentes como um ponto de massa adicionado à estrutura geral. O ponto de massa foi vinculado à estrutura pela equação de restrição, destacada em vermelho na Figura 21. Figura 21: Ponto de massa adicionado à estrutura. O ponto de massa é vinculado à estrutura por links rígidos, que podem restringir demais o modelo. Entretanto, os componentes internos não foram testados anteriormente, a rigidez real desses componentes são desconhecidas e esse abordagem foi escolhida. A massa, a coordenada e o momento de inércia foram considerados a partir de Degrave (2021). 3.4 Condições de Contorno Para este projeto, foi assumido que o CubeSat-1U foi colado dentro de um PolyPicoSatellite Orbital Deployer (P-POD). O P-POD é um sistema implantação padrão que garante que todos os desenvolvedores do CubeSat estejam em conformidade com os requisitos físicos comuns (CALPOLY, 2014). Basicamente, é uma caixa retangular com uma mola mecânica e uma trava magnética na porta. E no seu interior, o CubeSat fica alinhado com o eixo de aceleração do veículo lançador, eixo z. A Figura 22 apresenta o modelo do P-POD e uma visão da seção transversal com visão da parte interna. 35 Figura 22: Poly Picosatellite Orbital Deployer (P-POD) e seção transversal (CALPOLY, 2014). A base do CubeSat, parte inferior em contato com a placa impulsora, deve ser restringido em todas as direções, de modo a simular o piso do P-POD durante o lançamento. A Figura 23 apresenta a condição de contorno aplicada no modelo para simular essa restrição do sistema. Figura 23: Restrições na base da estrutura. O design com mola do P-POD permite movimentos muito pequenos na direção vertical durante o lançamento, enquanto os trilhos laterais mantêm o CubeSat rigidamente fixo em duas direções, eixos x e y. Por isso, o lado do CubeSat voltado para o céu deve ser restringido em todas as direções, exceto na direção vertical, eixo z como pode ser visto na Figura 24. 36 Figura 24: Restrições no topo da estrutura. A Figura 25 apresenta os detalhes dos deslocamentos da parte superior do modelo, simulando essa restrição do sistema. Figura 25: Detalhes de deslocamentos. Isso permitirá que a estrutura se deforme levemente durante a decolagem e simulará os lados rígidos do P-POD. 3.5 Carregamento A estrutura do modelo PMM-n CubeSat 1U será excitada por um nível de entrada PSD simultaneamente nas três direções, eixos (x, y e z). O espectro de vibração aleatória utilizado será o fornecido pelo GEVS/NASA conforme a Tabela 9, pois se trata de espectro de vibração de qualificação quando não é conhecido o veículo lançador. 37 Além disso, dentre os espectros discutidos nesse trabalho, é o que possui os maiores níveis de intensidade, portanto, será avaliado o pior caso possível, no qual a estrutura sofrerá a maior carga. Tabela 9: Nível de entrada PSD GEVS/NASA. 3.6 Fator de Segurança Mínimo O fator de segurança é um coeficiente que é multiplicado pelas cargas de projeto a fim de contabilizar as incertezas que possam existir no projeto: simplificação do modelo computacional, distribuição estatística das cargas, análise estrutural, fabricação, propriedades do material e critérios de falha (AZEVEDO, 2017). Em geral, todas as estruturas são projetadas com uma robustez acima do necessário. Isso aumenta a confiabilidade do projeto, pois uma vez que este sofre uma sobrecarga é capaz de manter a integridade estrutural. Para se estabelecer um fator de segurança adequado é necessário forte experiência em engenharia. Contudo, existem regulamentos criados como pela ECSS que asseguram alguns fatores que devem ser considerados (FAGERUDD, 2015). Para esse trabalho os seguintes fatores foram considerados: • Fator de Modelagem (KM): aplicado para contabilizar incertezas em modelos matemáticos ao prever resposta dinâmica, cargas e avaliar caminhos de carga. • Fator de Material (KMT): aplicado para contabilizar as discrepâncias nos valores os parâmetros dos materiais. • Fator de Carga (KL): aplicado para contabilizar imprecisão na determinação da carga. 38 O fator de segurança mínimo para a estrutura é determinado pela multiplicação dos fatores mencionados acima (SECRETARIAT, 2019): ηπíπ. = πΎπ · πΎππ · πΎπΏ (3.4.1) Conforme o padrão disponibilizado pela ECSS o valor de KM = 1,2 é usado para satélites no início de desenvolvimento. O valor de KMT é selecionado de acordo com o material da estrutura. Para estrutura metálica temos KMT = 1,25. Conforme descrito no subcapítulo 2.4, o espectro de vibração da NASA foi utilizado como fonte de vibração, de modo a ser o mais conservador possível, visto que seus valores GRMS são muito superiores comparados aos espectros do SOYUZ e do FALCON 9 mencionados nesse trabalho. Desse modo, foi selecionado um fator de carga KL = 1. Para fins de projeto, foi calculado o fator de segurança mínimo como sendo: ηπíπ. = 1,2 · 1,25 · 1 = 1,5 Portanto, para qualificarmos a estrutura de acordo com o padrão de segurança da ECSS, após realizadas as simulações, o valor da tensão equivalente de Von Mises deve estar abaixo da tensão de escoamento do material, com certa margem. Sendo assim, podemos calcular o máximo valor da tensão equivalente de Von Mises permitido para esse projeto: ηπíπ. = σ σπ¦ ππππππ ππ σπ¦ ⇒ σππππππ ππ ,πáπ₯. = 1,5 Dado que, para o Alumínio 7075-T6, a tensão de escoamento é de 510 MPa temos que: σππππππ ππ ,πáπ₯. = 510 1,5 πππ = 340πππ 39 Capítulo 4 Simulações O Capítulo 4 apresenta as simulações feitas para a estrutura 1U e os resultados obtidos para todas as três estruturas. As simulações das estruturas 2U e 3U são apresentadas nos apêndices A e B 4.1 Análise Modal A análise modal foi realizada a fim de determinar os modos de vibração mais predominantes na estrutura. A frequência natural é a frequência na qual a estrutura pode vibrar naturalmente. Essa análise é importante pois uma vez determinada a frequência natural, deve-se trabalhar de modo a evitar que a frequência de excitação se aproxime desta. Uma vez aproximada, ocorre o fenômeno chamado ressonância, a amplitude da resposta aumenta assintoticamente até o infinito, podendo causar ruptura da estrutura. A Tabela 10 apresenta as frequências correspondentes a cada modo de vibração. Tabela 10: Frequências naturais da estrutura 1U. 40 A Figura 26, Figura 27 e Figura 28 apresentam os três primeiros modos de vibração em deformação para a nálise modal da estrutura 1U. Figura 26: Primeiro modo de vibração da estrutura 1U. Figura 27: Segundo modo de vibração da estrutura 1U. 41 Figura 28: Terceiro modo de vibração da estrutura 1U. A maioria das grandes amplitudes de forças dos veículos lançadores ocorre abaixo dos 100 Hz. Por isso, como requisito de especificação CubeSat, a primeira frequência natural deve estar acima dos 100 Hz, de modo a evitar alguma frequência ressonante na fase de lançamento. Como pode ser visto na Tabela 9, a primeira frequência da estrutura está acima de 100 Hz qualificando-a para tal requisito. Além disso, a fonte de excitação PSD está na faixa de 20 Hz a 20000 Hz. Analisando a Tabela 9 podemos notar que apenas os três primeiros modos estão dentro dessa faixa. Quanto menos modos de vibração dentro da faixa de excitação, menor a probabilidade de termos o fenômeno de ressonância, o que é positivo para a estrutura. 4.2 Análise Aleatória A análise de vibração aleatória é de natureza estatística. É mostrada na Figura 29 o resultado dessa análise com um fator de escala 3σ do valor da tensão de Von Mises, indicando que a resposta será menor que esse valor em 99,73% das vezes. É possível notar que as regiões de contato entre os trilhos e os frames são as áreas mais sensíveis da estrutura, com valores de tensões mais altos. O valor máximo da tensão equivalente de Von Mises calculado é de aproximadamente 33 MPa. 42 Figura 29: Análise de vibração aleatória da estrutura 1U. O valor da máxima tensão equivalente para uma análise de 3σ e as coordenadas do nó de máxima tensão, para os três modelos de estrutura, são extraídos a fim de calcular o fator de segurança da estrutura, conforme Tabela 11. As análises das estruturas 2U e 3U são apresentadas nos apêndices A e B, respectivamente. Tabela 11: Máxima tensão equivalente e Fator de Segurança das estruturas. A Figura 30 mostra os resultados das deformações direcionais devido à excitação aleatória. É possível notar que os esforços sofridos nas direções laterais, X e Y, afetam diretamente as regiões mais próximas ao centro dos trilhos, os quais sofrem maior deformação. Pode-se dizer que essas regiões são as mais sensíveis quando a estrutura é solicitada nessas direções. As máximas deformações calculadas foram de aproximadamente 0,04 mm e 0,04 mm nas direções X e Y respectivamente. Valores menores que a folga de 0,5 mm permitida entre os trilhos do P-POD e o trilho do CubeSat. Já na direção de aceleração do veículo lançado, eixo Z, é possível notar que as regiões sensíveis estão localizadas no frame superior, próximas aos cantos em contato 43 com os trilhos. A máxima deformação calculada foi de aproximadamente 0,02 mm. Todos esses valores estão com fator de escala de 3σ, indicando que a resposta será menor que esse valor em 99,73% das vezes. Observe que não há forma de deformação, pois esses resultados são de natureza estatística. Figura 30: Deformações direcionais na estrutura 1U. A Figura 31 mostra dos resultados das acelerações direcionais devido à excitação aleatória. As regiões mais sensíveis são idênticas às regiões encontradas pela análise das deformações vista acima, o que era esperado. É possível notar que os esforços sofridos nas direções laterais, X e Y, afetam diretamente as regiões mais próximas ao centro dos trilhos, os quais sofrem maior aceleração. As máximas acelerações calculadas foram de aproximadamente 304G em ambas as direções. Já na direção de aceleração do veículo 44 lançado, eixo Z, a máxima aceleração calculada foi de aproximadamente 185G. Todos esses valores estão com fator de escala de 3σ, indicando que a resposta será menor que esse valor em 99,73% das vezes. Figura 31: Acelerações direcionais na estrutura 1U. A Figura 32 mostra três gráficos de densidade espectral de potência da resposta, um para cada eixo, do nó onde ocorre a máxima tensão equivalente de Von Mises da estrutura devido a excitação aleatória da GEVS/NASA. A resposta PSD fornece informações sobre onde a potência média é distribuída em função da frequência. Notase em todos os gráficos que a resposta PSD de tensão atinge o pico no primeiro modo de vibração da estrutura, frequência natural de 1473 Hz, como era esperado, vide Figura 8 no capítulo 2. Portanto, de modo bem conservador, será calculado o número de ciclos de 45 carga para essa frequência, assumindo o tempo total da etapa de lançamento de acordo com GEVS/NASA, duração de 1000 segundos. Figura 32: Densidade Espectral de Potência da Resposta em Tensão do nó de máxima tensão da estrutura 1U. 4.3 Análise de Fadiga Embora as tensões geradas pelas vibrações aleatórias sejam baixas, por atuarem continuamente sobre a estrutura elas podem causar fadiga. Sendo assim, é fundamental realizar essa análise para avaliar os danos causados pelas vibrações e estimar a vida útil 46 da estrutura. O método de contagem de ciclos de Steinberg, combinado à Regra de Miner, é usado para calcular o dano total por fadiga e a vida útil do sistema. Figura 33: Vida útil mínima da estrutura 1U por análise de fadiga. Figura 34: Dano total sobre a estrutura 1U por análise de fadiga. A Figura 33 e Figura 34 mostram, respectivamente, a vida útil da estrutura e o dano total causado por fadiga devido ao ambiente de vibração aleatória para uma duração de 1000 segundos. Podemos notar que a expectativa de vida mínima da estrutura obtida é de aproximadamente 2,7.109 segundos sob o carregamento definido 47 pela PSD e esta falhará próximo a área de contato entre o trilho e o frame superior, onde ocorre a máxima tensão equivalente, conforme mostrado na Figura 33. Na Figura 34 podemos ver que o dano total acumulado para uma duração de 1000 segundos é de aproximadamente 3,7.10-7, ou seja, apenas 0,000037% da vida útil da estrutura foi consumida. Observe também que a região de máximo dano é a mesma onde obtemos a vida útil mínima da estrutura, já que a vida é inversamente proporcional ao dano. 48 Capítulo 5 Conclusões e Recomendações Neste capítulo são apresentadas as conclusões e recomendações para continuidade dos trabalhos neste projeto. 5.1 Conclusões Os resultados da Tabela 11 indicam que todas as estruturas suportarão a condição de carga solicitada. Os valores da máxima de tensão equivalente para uma análise de 3σ é de aproximadamente 33 MPa, 75 MPa e 254 MPa, para as estruturas 1U, 2U e 3U, respectivamente. Nota-se que todos os valores estão abaixo de 340 MPa, máximo valor calculado para tensão equivalente na equação X para qualificar as estruturas diante dos padrões da ECSS. A carga utilizada é a de máximo nível possível, de modo a submeter a estrutura às piores condições de ambiente de vibração aleatória. Foram considerados as massas dos componentes não estruturais de modo a deixar o modelo o mais próximo da realidade dentro das limitações computacionais. Por fim, foi calculado o fator de segurança considerando a máxima tensão de Von Mises para uma análise 3σ, obtendo um fator de segurança de 15,5 para estrutura 1U, 6,8 para a estrutura 2U e 2,0 para a estrutura 3U, todas acima do valor mínimo obtido pelo padrão da ECSS. Com isso, chegou-se a conclusão que as estruturas estão bem dimensionadas e suportarão a carga de vibração aleatória na qual estarão submetidas. Além disso, como as estruturas ficam submetidas à variações de tensões aleatórias, foi realizado uma análise de falha por fadiga, a fim de analisar o dano total acumulado e a vida útil das estruturas durante seus lançamentos. Para isso, foi considerado que as estruturas ficam expostas a essas variações de tensões aleatórias durante 1000 segundos. Com isso, chegou-se a resultados de vida útil mínima muito acima do tempo de exposição das estruturas, no pior dos casos, que seria o da estrutura 3U, a vida útil mínima seria de aproximadamente 7,7 horas. Os dados acumulados em cada uma delas estão abaixo de 3,6%, ou seja, no pior dos casos, que seria para a 49 estrutura 3U, apenas 3,6% da vida útil da estrutura seria consumida, indicando que a estrutura irá se manter íntegra durante todo o lançamento. Portanto, chegou-se à conclusão que as estruturas não falharão por fadiga. 5.2 Recomendações Diante do presente estudo, sugere-se novos trabalhos a serem desenvolvidos para dar continuidade à linha de pesquisa e aprimorar a arquitetura base proposta por Degrave (2021). Abaixo são listados alguns pontos importantes: 1. Utilizar uma licença profissional que permita refinar a malha e obter melhores resultados; 2. Aplicar o método MPF (Modal Participation Factor), de modo a verificar as frequências que mais contribuem para a instabilidade da estrutura; 3. Fabricar a estrutura em AL7075-T6 e realizar testes experimentais para validar os resultados. 50 Referências Bibliográficas ANSYS. Meshing User's Guide. Rev 13.0, 2010. ALVES FILHO, A. Elementos Finitos: a base da tecnologia CAE. 6. ed. São Paulo: EΜrica, 2013. ARIANESPACE. Soyuz User's Manual, Issue 2 Revision 1, Arianespace, May 2018. AZEVEDO, J. J. R. T. Vibrações Aleatórias Dinâmica Estocástica. ST-UTL, Lisboa, 1996. AZEVEDO, A. R. M. Design of MECSE Nanosatellite Mechanical Subsystem. Tese de Doutorado, Universidade da Beira Interior. Portugal, 2017. BUDYNAS, R. G; NISBETH, J. K. Elementos de Máquinas de Shigley-10ª Edição. McGraw Hill Brasil, 2016. CALPOLY. CubeSat Design Specification Rev.13: Cal Poly SLO, 2014. CASTELLO, D. A., RITTO T. G. 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Como pode ser visto, o primeiro modo de vibração da estrutura está acima dos 100 Hz. De acordo com as especificações do CubeSat, deve-se evitar frequências naturais abaixo de 100 Hz prevenindo-se de possíveis frequências ressonantes da fase de lançamento. 55 Análise Aleatória Figura 36: Análise de vibração aleatória da estrutura 2U. A Figura 36 apresenta o resultado da análise aleatória para estrutura 2U, obtendo a tensão equivalente de Von mises. O valor máximo da tensão equivalente de Von Mises calculada é de aproximadamente 75 MPa. Dado que a tensão de escoamento do AL 7075-T6 é 510 MPa, temos um fator de segurança global de 6,8. 56 Figura 37: Densidade Espectral de Potência da Resposta em Tensão do nó de máxima tensão da estrutura 2U. A Figura 37 apresenta os gráficos da densidade espectral de potência da resposta para cada eixo, calculada no nó onde ocorre a máxima tensão equivalente de Von Mises. Esses gráficos indicam a potência média distribuida em função da frequência. Pode-se notar que o pico ocorre em torno de 430 Hz, que corresponde ao primeiro modo de vibração da estrutura. . 57 Análise de Fadiga Figura 38: Vida útil mínima da estrutura 2U por análise de fadiga. Figura 39: Dano total sobre a estrutura 2U por análise de fadiga. A Figura 38 e Figura 39 apresentam as análises de vida útil e dano total causado por fadiga, considerando um tempo total de exposição de 1000 segundos, sendo o mais conservador possível. Pode-se notar que a expectativa de vida útil da estrutura 2U é de 58 aproximadamente 4,3.107 segundos. Já o dano total acumulado é de aproximadamente 2,4.10-5, indicando que 0,0024% da vida útil da estrutura foi consumida. 59 Apêndice B Neste apêndice são apresentados os resultados da análise na estrutura 3U. Análise Modal Na análise modal são obtidas as frequências natural da estrutura conforme a Tabela 13. Tabela 13: Frequências naturais da estrutura 3U. 60 Figura 40: Primeiros quatro modos de vibração da estrutura 3U. A Figura 40 apresenta os primeiro modos de vibração da análise modal para a estrutura 3U. Como pode ser visto, o primeiro modo de vibração da estrutura está acima dos 100 Hz. De acordo com as especificações do CubeSat, deve-se evitar frequências naturais abaixo de 100 Hz prevenindo-se de possíveis frequências ressonantes da fase de lançamento. 61 Análise Aleatória Figura 41: Análise de vibração aleatória da estrutura 3U. A Figura 41 apresenta o resultado da análise aleatória para estrutura 3U, obtendo a tensão equivalente de Von mises.O valor máximo da tensão equivalente de Von Mises calculada é de aproximadamente 254 MPa. Dado que a tensão de escoamento do AL 7075-T6 é 510 MPa, temos um fator de segurança global de 2,0. 62 Figura 42: Densidade Espectral de Potência da Resposta em Tensão do nó de máxima tensão da estrutura 3U. A Figura 42 apresenta os gráficos da densidade espectral de potência da resposta para cada eixo, calculada no nó onde ocorre a máxima tensão equivalente de Von Mises. Esses gráficos indicam a potência média distribuida em função da frequência. Pode-se notar que o pico ocorre em torno de 250 Hz, que corresponde ao primeiro modo de vibração da estrutura. 63 Análise de Fadiga Figura 43: Vida útil mínima da estrutura 3U por análise de fadiga. Figura 44: Dano total sobre a estrutura 3U por análise de fadiga. A Figura 43 e Figura 44 apresentam as análises de vida útil e dano total causado por fadiga, considerando um tempo total de exposição de 1000 segundos, sendo o mais conservador possível. Pode-se notar que a expectativa de vida útil mínima da estrutura 64 3U é de 27.820 segundos, aproximadamente 7,7 horas. Já o dano total acumulado é de 0,035946, indicando que aproximadamente 3,6% da vida útil da estrutura foi consumida. 65 Apêndice C Neste apêndice é apresentado o código Python escrito para calcular as PSDs das respostas e os valores das acelerações médias em GRMS através da equação de resposta obtida no capítulo 2, gerando os gráficos correspondentes. Código Python # -*- coding: utf-8 -*""" Created on Wed Jun 29 20:25:27 2022 @author: Peterson Oliveira """ import math import numpy as np import matplotlib.pyplot as plt # Equação de Regressão Logarítmica para interpolar os valores da PSD de entrada def Y_psd_input(x): if x<50: y=0.146241794*math.log(x)-0.412101261 if 50<=x<800: y=0.16 if x>=800: y=-0.146241794*math.log(x)+1.137569608 return y # Resposta PSD para excitação 66 def X_fi(fn, fi, e): Yi=Y_psd_input(fi) ρ=((fi)/fn) X_fi=((1+(2*e*ρ)**2)/((1-ρ**2)**2+(2*e*ρ)**2))*(Yi) return X_fi # Criando tabela com valores de entrada e saída PSD f = np.ones(199) X_100_fi = np.ones(199) X_200_fi = np.ones(199) X_300_fi = np.ones(199) x_gevs = np.array([20, 50, 800, 2000]) y_gevs = np.array([0.026, 0.16,0.16,0.026]) # Construindo dados para fn = 100 hz for i in range(199): f[i] = (i+2)*10 X_100_fi[i] = X_fi(100, f[i], 0.05) # Construindo dados para fn = 200 hz for i in range(199): f[i] = (i+2)*10 X_200_fi[i] = X_fi(200, f[i], 0.05) # Construindo dados para fn = 300 hz for i in range(199): f[i] = (i+2)*10 X_300_fi[i] = X_fi(300, f[i], 0.05) # Gerando os gráficos das respostas PSD 67 plot1 = plt.figure(1) plt.plot(f, X_100_fi, color='red', label='fn = 100 Hz') plt.plot(f, X_200_fi, color='#17a589', label='fn = 200 Hz') plt.plot(f, X_300_fi, color='#f4d03f', label='fn = 300 Hz') plt.plot(x_gevs, y_gevs, label='Entrada') plt.suptitle('CURVAS DE DENSIDADE ESPECTRAL DE POTÊNCIA DA RESPOSTA', fontsize=12) plt.title('SISTEMA SDOF, ξ = 0,05 BASE DE ENTRADA = GEVS - NASA', fontsize=7) plt.ylabel("Aceleração PSD (g²/Hz)") plt.xlabel('Frequência (Hz)') plt.yscale('log') plt.xscale('log') plt.xlim(20,2000) plt.ylim(0.001,100) plt.grid() plt.legend() # Resposta X_GRMS da axcitação, para as frequências naturais(100 Hz, 200 Hz e 300 Hz) def X_grms(fn): if fn == 100: df = 10 Y_100 = sum(X_100_fi) Y_100_df = (Y_100)*df X_grms = math.sqrt(Y_100_df) print("O valor G_RMS é:") return X_grms 68 if fn == 200: df = 10 Y_200 = sum(X_200_fi) Y_200_df = (Y_200)*df X_grms = math.sqrt(Y_200_df) print("O valor G_RMS é:") return X_grms if fn == 300: df = 10 Y_300 = sum(X_300_fi) Y_300_df = (Y_300)*df X_grms = math.sqrt(Y_300_df) print("O valor G_RMS é:") return X_grms # Espectro de Resposta à Vibração fn = np.array([20, 50, 100, 200, 300, 400, 600, 800, 1000, 1200, 1600, 2000]) fi_vrs = np.ones(199) X_vrs = np.ones(199) R_vrs = np.ones(12) for i in range(12): df = 10 a = fn[i] for j in range(199): fi_vrs[j] = (j+2)*10 X_vrs[j] = X_fi(a, fi_vrs[j], 0.05) 69 Y_a = sum(X_vrs) Y_a_df = (Y_a)*df Xa_grms = math.sqrt(Y_a_df) R_vrs[i] = Xa_grms plot2 = plt.figure(2) plt.plot(fn, R_vrs) plt.title('Espectro de Resposta à Vibração') plt.ylabel("Aceleração Média (g_RMS)") plt.xlabel('Frequência Natural (Hz)') plt.yscale('log') plt.xscale('log') plt.xlim(10, 2000) plt.ylim(5, 50) plt.grid() plt.show() 70