20, 21 e 22 de junho de 2013 ISSN 1984-9354 EMPREENDEDORISMO POR OPORTUNIDADE OU POR NECESSIDADE? UM ESTUDO COMPARATIVO COM EMPREENDEDORES DO SETOR DE TRANSPORTES DO MUNICÍPIO DE VESPASIANO - MG Keila Apoliana Aparecida Vieira (Faculdade Novos Horizontes) Marco Aurélio Ramos (Faculdade Novos Horizontes) Resumo Este artigo tem como objetivo identificar e analisar as origens, e os principais desafios dos micros empreendimentos no setor de transporte de passageiros do município de Vespasiano - Minas Gerais. Quanto à metodologia, caracteriza-se como uma pesquisa descritiva, comparativa e de abordagem qualitativa. A mesma foi realizada em três empresas do setor de transportes de passageiros que está há mais de anos no mercado e atuam com prestação de serviços no segmento transporte de passageiros. Quanto às origens, verifica-se que as empresas são familiares e objetivam o próprio sustento da família, tem baixa capacidade de empregabilidade e são caracterizadas como micro empresas. Como característica fundamental dos empreendimentos destacou-se a motivação para a abertura do negócio por parte do empreendedor. Observou-se que a oportunidade em criar um empreendimento é um fator relevante. Quanto aos desafios, percebeu-se a falta de mão de obra qualificada, carga tributária elevada, concorrência acirrada no segmento em que atuam e a falta de planejamento do negócio. O empreendedorismo no segmento de transportes exige conhecimento do ramo, responsabilidade e bom relacionamento com os clientes. Palavras-chaves: Empreendedorismo, Necessidade, Oportunidade, Setor de transportes. IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 1 Introdução O mundo tem passado por várias transformações em curtos períodos de tempo, principalmente a partir do século XX, quando foi criada a maioria das invenções que revolucionaram o estilo de vida das pessoas. Por trás dessas invenções, existem pessoas ou equipes que são visionárias promovendo inovações e gerando o desenvolvimento. Surge a denominada era do empreendedorismo. De acordo com Dornelas (2001) a palavra empreendedor vem do francês entrepreneur, que significa aquele que assume riscos e começa algo novo. Grande parte das inovações em produtos e serviços é criada por negócios novos e emergentes, que possuem processos produtivos mais eficientes, gerando novos empregos e transformando a forma em que vivemos. Atualmente no Brasil, cujo ambiente de inserção ao mercado de trabalho apresenta obstáculos como às dificuldades de se conseguir um emprego e se manter dentro de uma empresa com estabilidade de carreira, os empreendedores buscam seu “lugar ao sol”, alguns iniciam por necessidade e não por observarem uma oportunidade. Segundo o Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2005, empreendedores por oportunidade são motivados pela percepção de uma opção rentável de negócio e empreendedores por necessidade são motivados pela falta de alternativa satisfatória de trabalho e renda. Muitos jovens e adultos se lançam no mercado informal em estilo de negócio comercial ou projeto social de forma improvisada sem estruturação de modelo de negócio, de empreendimento e de conquista de parceiros. De acordo com o GEM 2008, os grandes entraves para o empreendedor iniciante é conseguir e manter capital de giro, enfrentar altos tributos e falta de capacitação. O Brasil ocupou a 13ª posição no ranking mundial de empreendedorismo realizado pelo GEM 2008. A Taxa de Empreendedores em Estágio Inicial (TEA) brasileira foi de 12,02% o que significa que de cada 100 brasileiros 12 realizavam alguma atividade empreendedora até o momento da pesquisa. Essa taxa está relativamente próxima da média histórica brasileira, que é de 12,72%. Pela primeira vez desde que a pesquisa foi iniciada no Brasil, o país ficou fora do grupo dos dez países com maiores taxas de empreendedorismo. Contudo o Brasil atinge a razão de dois empreendedores por oportunidade para cada 2 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 empreendedor por necessidade, fato a ser comemorado como o primeiro degrau de uma longa escada de desenvolvimento. Sendo assim a pergunta que norteia esta pesquisa é: quais são as características fundamentais e os diferentes desafios dos empreendedores por necessidade e por oportunidade do setor de transporte do município de Vespasiano MG? Com a finalidade de responder esta pergunta, tem-se como objetivo principal identificar e analisar as origens, e os principais desafios dos micros empreendimentos no setor de transporte de passageiros do município de Vespasiano MG. Para atingir este objetivo seguiram-se os seguintes passos: Identificar a motivação do empreendedor; analisar a trajetória do empreendimento desde a sua origem até a data da pesquisa e comparar os desafios enfrentados pelos empreendedores de necessidade e oportunidade. 2 Empreendedorismo Drucker (2005) afirma que a nova tecnologia não é eletrônica, ou a genética ou novos materiais. A atual tecnologia é a administração empreendedora, o autor afirma que todos estudiosos e economistas sabem da importância do empreendedor e que este provoca grandes impactos. O autor acima ainda questiona a explicação de que de um momento para o outro, surja tanta gente disposta a trabalhar como doida durante anos, e a enfrentar sérios riscos em vez de ter a segurança das grandes organizações? Onde estão os hedonistas, os que buscam status, os “eu também”, os conformistas? Drucker (2005) afirma que o veiculo que causa estas mudanças em valores, atitudes e acima de tudo no comportamento é uma tecnologia chamada “administração”, e a evolução desta, explica o crescimento do empreendedorismo. A atividade empreendedora para Schumpeter (1934) é compreendida como a ação que cria um novo produto, ou serviço, ou um negócio completo, parte da noção de alguém que desafia ou destrói com criatividade, serviços, produtos, e as existentes relações de mercado. Stevenson e Gumpert (1985) entendem empreendedorismo como parte de um contexto de variação de comportamento, mas há outros autores que dizem que o empreendedorismo é percebido por vários tipos de atitudes e comportamentos que não permitem defini-lo (LOW & MACMILLAN, 1988) definição que não é feita muitas vezes pelos próprios empreendedores, 3 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 Carland et al (1984), explica que isto deve-se ao fato se tratar de um tema emergente e altamente heterogêneo. Aldrich e Baker (1997), ainda acrescentam que este campo de pesquisa ainda não alcançou o status de ciência, No entanto Wiseman e Skilton (1999), afirmam que o empreendedorismo ainda se encontra no momento de construção teórica. Estudar sobre empreendedorismo inclui estudar também o comportamento individual de identificação e criação de oportunidades, o surgimento e o desenvolvimento da organização, a pró-atividade na formação de equipes e a transformação organizacional conforme cita (VICK, NAGANO & SEMENSATO 2009). Para Dolabela (1999) empreendedorismo surge de uma tradução espontânea da palavra entrepreneurship e denomina o conjunto de características relacionadas ao empreendedor, como por exemplo, seu perfil, suas origens e seus sistemas de atividades. Na opinião de Dolabela (2006) todas as pessoas nascem empreendedoras; este não é um tema novo, já existe desde a primeira pessoa inovadora, Aidar (2007) concorda, pois acredita que o empreendedorismo existe desde as primeiras negociações e invenções. Atualmente destaca-se o aumento do interesse pelo tema, o que tem levado a novos estudos, experiências e grandes descobertas. E define empreendedorismo como o procedimento de substituir produtos e serviços já conhecidos, por outros mais eficientes, ou apenas evoluir, melhorar o produto e serviço já existente, implantando assim inovações no mercado. Dolabela (1999) destaca que o empreendedorismo deve direcionar ao desenvolvimento econômico gerando benefícios para a sociedade. E ainda classifica o empreendedor como aquele que atua em geração de riquezas, seja na transformação de conhecimentos em produtos ou serviços, ou na inovação em áreas como marketing, produção, organização entre outras. Ângelo (2003) e Dolabela (2006) conceituam que as empresas empreendedoras são empenhadas em constituir novas atividades geradoras de riquezas, além disso, afirma que o empreendedorismo é um fenômeno global, foco do interesse de agências internacionais de desenvolvimento, grupos de investimento, governos centrais e regionais, universidades e instituições públicas e privadas. 2.1 Características do Empreendedor Desde Schumpeter (1947) defende-se a visão que empreendedores são identificados como pessoas que fazem descobertas, que são determinados, que possuem habilidades diferentes da maioria, e que levam a concretizar projetos em empresa. Dolabela (1999) 4 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 denomina o empreendedor como alguém que tem visão e sabe induzir sócios, investidores, colaboradores e terceiros a apostar na sua idéia. E atribui a ele a capacidade de identificar as oportunidades e buscar os recursos para transformá-las em negócios lucrativos. E ainda considera todo aquele que cria uma empresa, qualquer que seja ela; aquele que compra uma empresa e introduz inovação assumindo riscos e o empregado que produz inovações em uma organização, provocando o surgimento de valores adicionais, Kirzner (1983), Slevin e Covin (1990) ressaltam que assumir riscos, trabalhar em ambientes de incertezas e proatividade são características relevantes que definem este grupo, os empreendedores. Dolabela (2006) descreve o empreendedor como um trabalhador que não se cansa, gosta do que faz e o faz com prazer, seja para trabalhar à noite, em finais de semana, mas não perde o foco em qualidade para não priorizar apenas o trabalho, mas ter visão nos resultados. As características do empreendedor variam de acordo com as atividades e a época em que foi executada, a situação em que a empresa se encontra, relacionada ao seu desenvolvimento. (FILION, 1997). Para os autores não existe um perfil determinante para o empreendedor, mas a adequação de suas características a oportunidade encontrada. Ele acredita que o indivíduo com as condições para empreender é capaz de aprender o que é necessário para criar, desenvolver e realizar sua ideia e aprende com os erros que comete. Nayr e Pandey (2006) descrevem o empreendedor como individuo que demonstra o caráter com características como: decisor, líder industrial, pessoa que assume riscos em condições de incerteza, inovador, entre outros. Leimbenston (1968) diz que o empreendedor é um agente capaz de transpor vazios e aproveita as brechas de mercado para consequentemente, usufruir de vantagens e condições privilegiadas. A habilidade empreendedora inclui também, a capacidade de administrar acordos entre todas as partes interessadas no negócio, tais como parceiros, fornecedores, e manter boas relações com os trabalhadores e o público. (HIRSCHMAN, 1958). Para um empreendedor, o fracasso é considerado um resultado como qualquer outro. Dolabela (2006, p.59) afirma que “o fracasso (da empresa) acontece se o empreendedor: não muda suas idéias, gasta pouco tempo na comunicação com sócios, colaboradores, clientes, faz mais em vez de aprender mais”. Conforme Timmons (1994), são vários os fatores de sucesso para o empreendedor, são alguns deles: fazer o que motiva; dizer sempre palavras positivas “posso fazer” no lugar de “não posso fazer”; não se acomodar com a situação atual, procurar sempre melhorá-las cada vez mais; faz de forma inovadora, diferente e não assumir riscos desnecessários. 5 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 Ângelo (2003) atribui um perfil ao empreendedor quando o caracteriza como um ser criativo, bem como inovador e diferencia estes dois atributos: o primeiro é comportamental, ligado a criatividade, já o segundo precisa saber fazer, como o exemplo de um bom plano de negócios para conseguir programar a sua invenção. E contrariamente a Dolabela (1999), o autor acredita que o empreendedor é um ser bem sucedido nas suas atividades, logo, não admitindo o fracasso. Kuemmerle (2002) analisou 50 negócios de diferentes ramos de atividades, e encontrou características em comum de empreendedores bem sucedidos, tais como: flexibilidade em quebrar regras, preparação para enfrentar grandes concorrências, saber que começar pequeno é o caminho para o sucesso, disposição para mudanças repentinas de estratégias e eficiência em tomar decisões e fechar acordos. Aidar (2007) acreditava que a pessoa empreendedora, já nascia com o perfil adequado, as características necessárias, para abrir e alcançar o sucesso em um determinado negócio, entretanto sua idéia tem evoluído, acreditando que tais habilidades podem também ser adquiridas a partir de cursos, literaturas, desenvolvimento empreendedor promovido pelas empresas, entre outros. Segundo Ângelo (2003), o ambiente empresarial cada vez mais exige pessoas que estão devidamente qualificadas, consideradas inovadoras e criativas. Este profissional com perfil empreendedor é valorizado, decorrente disso possuem diferenciais competitivos muitas vezes mais importantes que o capital financeiro e os ativos físicos. 2.2 Empreendedorismo e Criatividade Longenecker, Moore e Petty (2007) dizem que o empreendedor deve escolher algo em que ele acredita ser criativo e inovador e que o levará a melhores resultados. Siguaw, Simpsmon e Enz (2006), sugerem que a criatividade cria uma inovação ou mudança no resultado de algum produto ou serviço e isto precisa ser colocado como foco e se preciso for aumentar o esforço para garantir a criatividade na atividade empreendedora para garantir bons resultados. De acordo com Timmons (1994), a ideia é um instrumento na mão de um empreendedor, ou seja, ela depende de quem a possui e como é utilizada para conseguir transformá-la em sucesso. O autor ressalta que as grandes ideias vem de tentativas e erros até chegar à versão final. Para ele a criatividade pode ser algo suscetível ao aprimoramento e 6 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 pode ser estimulada, pois quando criança o indivíduo a tem aguçada e na fase adulta muitas vezes é esquecida. A criatividade empreendedora surge durante a solução de problemas que por sua vez, depende do conhecimento permite a compreensão rápida e produtiva da situação. (DOLABELA, 1999). Oech (1988) descreve como bloqueios da criatividade pensamentos como: “isso não tem lógica”, “siga as normas”, “é proibido errar”, “isso não é da minha área”, “seja prático,” entre outros. E pontua como algumas fontes de ideias: freqüentar feiras, congressos e exposições; manter contatos com profissionais de outras organizações; observar inovações da área de atuação; utilizar experiências próprias como consumidor ou usuário de serviços etc. Três características facilitam uma auto-análise da vocação empreendedora, enumera Ângelo (2003): A capacidade de escolha e facilidade para criar algo totalmente inédito e que possa melhorar as condições de vida da família, da empresa, da comunidade local ou da raça humana; Habilidade para encontrar outras utilidades para velhas idéias; Criatividade para aperfeiçoar a eficiência de um sistema, processo ou produto, o transformando em mais econômico, palpável e com um nível superior. Segundo Nadas (2001), a criação de uma empresa não é um fim em si mesmo, e sim é um instrumento na consecução de um objetivo maior, ele acredita que a empresa bem sucedida em nossos dias é aquela que procura aprimorar-se na acumulação de conhecimentos tecnológicos, de conhecimentos organizacionais e, só como conseqüência, obtém a acumulação de capitais. Este conceito implica numa série de compromissos que a empresa assume, tanto com a sociedade em que se insere quanto com as pessoas que a integram: a comunidade, os clientes e os fornecedores, os aportadores de recursos públicos ou privados, o governo; as condições de trabalho, a capacitação dos seres humanos a ela ligados, a utilização de métodos participativos, etc. Degen (2005), enfatiza que as empresas passam por uma sucessão de estágios no desenvolvimento de seus negócios, afirma que nem todas evoluem igualmente algumas saltam estágios, outros desenvolvem estágios paralelamente, outras ainda param de crescer e pouquíssimas chegam a percorrer todos os estágios. De acordo com Miller e Friesen (1984), o ciclo de vida das empresas passa por três estágios básicos: 7 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 O 1º estagio é o de nascimento caracterizado, dominadas pelo proprietário e apresentam estruturas simples e informais. O 2º estagio é o de formalização, que é o momento em que são elaboradas regras e procedimentos. A organização possui uma estrutura funcional, focada na eficiência e tem pouca capacidade de inovar. O 3º estagio conhecido como flexibilização, é o de maturidade organizacional, ocorre a diversificação da linha de produtos e se realizam investimentos nas áreas de pesquisa e desenvolvimento. Empresas que não inovam e não crescem não avançam em estagio de desenvolvimento. Para Aidar (2007), alcançar sucesso na atividade empreendedora não se limita em apenas abrir um negócio, vai mais além é preciso manter. O que geralmente acontece com empreendedores que não conhecem o negócio e não planejam. Em sua maioria os que abrem por necessidade, é que não resistem as dificuldades encontradas e mais cedo do que imaginam tendem a fechar as portas. Schmidt e Bohnenberger (2009), afirmam que o planejamento do negócio próprio pode ser considerado na maioria dos estudos como fator determinante para o sucesso do empreendimento, Dutra e Previdelli (2003), assim como Greatti (2004), sustentam esta afirmação de que um plano de negócios está totalmente associado ao sucesso ou fracasso da organização. 2.3 Empreendedorismo por necessidade e oportunidade Ângelo (2003) dividiu os empreendedores de acordo com a motivação existente em adquirir um negócio próprio, para assim determinar se a iniciativa é resultado da percepção da oportunidade ou se há relação ao desemprego ou à falta de outras fontes de ganho, no caso uma necessidade. Desta forma o autor afirma que as taxas de empreendedorismo estão classificadas por necessidade e por oportunidade. A maioria das empresas que nasce no Brasil concentra suas atividades nos serviços prestados aos consumidores. Esse dado foi constatado pelo GEM 2010. Dentro dos serviços prestados, a categoria de transportes ocupa 4% de todas as atividades empreendedoras do país, sendo a proporção de 2% por necessidade e 4% por oportunidade, Destaca-se que o setor de serviços para as pequenas empresas é o que possui melhores oportunidades, no comércio, por exemplo, os pequenos negócios representam 98% dos estabelecimentos. (NAJBERG, PUGA, 8 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 OLIVEIRA, 2000 & IBGE, 2003). Ainda segundo o GEM 2010, no Brasil para cada empreendedor por necessidade havia outros 2,1 que empreenderam por oportunidade. Este valor é semelhante à média dos países que participaram do estudo este ano, que foi de 2,2 empreendedores por oportunidade para cada um por necessidade. A maioria dos negócios abertos por necessidade, de acordo com Aidar (2007), são por falta de oportunidade no mercado. Em 2002, novas micro pequenas empresas representavam 99,2% das empresas formais no Brasil, empresas que surgem onde o ramo já está saturado, por ser facilitada a entrada no mercado, por necessitar menor valor de capital entre outros. Aidar (2007), afirma que isso afeta diretamente o equilíbrio do mercado, pois implicam em menores rendimentos e maiores concorrências, o que aumenta consideravelmente o risco de falência. Muitas das micros e pequenas empresas são empresas familiares, aberta para o próprio sustento, que muita das vezes tem baixa capacidade de empregar e não conseguem sobreviver por mais de 5 anos, sendo esse um dos motivos que explicam o grande índice de mortalidade infantil empresarial, diz Aidar (2007). Isso acontece porque o fundamento do negócio não foi a partir de uma oportunidade, surgiu sem um estudo de mercado, sem diferencial e inovação. Empreendedorismo por oportunidade caracteriza-se para Shane e Venkataraman, (2000) em empresas que identificam e exploram oportunidades de mercado, Covin e Miles (1999) concordam e acrescentam que estes negócios renovam e rejuvenescem oportunidades. Dolabela (2006) afirma que há diferenças entre ideias e oportunidades. Ideia é o que propicia boa rentabilidade e é necessário que seja possível sua realização. Várias idéias vão surgindo e o que é difícil é identificar a oportunidade e habilidade, características que o empreendedor deve ter. A oportunidade é uma ideia que está vinculada a um produto ou serviço que agrega valor ao seu consumidor, seja através de inovação ou diferenciação e cabe ao empreendedor aproveitá-la. Aidar (2007), afirma que nem sempre as inovações vêm das idéias, mas das oportunidades. Oportunidade pode ser comparada a atividades que exigem investimentos de recursos escassos acreditando no retorno futuro. Aidar (2007) afirma que as oportunidades de negócios surgem de situações relacionadas a, novos conhecimentos, transformações tecnológicas, mudanças de preferências dos clientes, inconsistências deixadas pelo mercado. Para iniciar um negócio por oportunidade é imprescindível, que o empreendedor tenha conhecimento dos desafios a serem enfrentados, que trabalhe suas ideias antes de as transformarem em oportunidade de negócios, além de refletir sobre onde quer chegar, sobre seus conhecimentos e competências. 9 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 Conforme Timmons (2004), produtos e serviços com diferencial, na forma de agir ou na maneira em que são prestados, que tenha uma real importância para o cliente, resolvendo problemas de forma nova, e mais eficaz, e que sejam proporcionais às capacidades, habilidades, experiências e conhecimentos dos empreendedores, são sólidos surgimentos de oportunidades. Para Aidar (2007), o desenvolvimento econômico é mantido por negócios inovadores, em produto e procedimento, com capacidade de crescimento e continuidade. Dolabela (1999) está de acordo com o pensamento de Aidar (2007) quando afirma que a oportunidade tem algo de novo e atende a uma demanda dos clientes, representando um nicho de mercado, ou seja, aproveitando uma demanda de um segmento, produto ou serviço inexistente. Ele ainda destaca que a oportunidade é atrativa, logo, tem potencial para gerar lucros, lucros suficientes para compensar os riscos e recompensando as expectativas, além de que as oportunidades devem ser ajustadas às capacidades, experiências e habilidades dos empreendedores, e surge em um momento adequado em relação a quem irá aproveitá-la, o que a torna pessoal; e é durável. 3 Metodologia Esta pesquisa caracteriza-se como descritiva, comparativa e de abordagem qualitativa. Neste caso, foi identificado, descrito, analisado e comparado às origens e as características fundamentais dos micros empreendimentos no setor de transportes de passageiros, em Vespasiano - MG. Fundamentou-se na discussão da ligação e correlação de dados interpessoais, na co-participação das situações dos informantes, analisados a partir da significação que estes dão aos seus atos (MICHEL, 2005). As empresas abordadas não terão os nomes divulgados a pedido dos proprietários, identificando os sujeitos de pesquisa como Empreendedor 1 (E1), que possui três funcionários e está a 5 anos no mercado, Empreendedor 2 (E2), que possui dois funcionários está a 6 anos no mercado e o Empreendedor 3 (E3), que possui 10 funcionários e está a 20 anos no mercado. Atuam com prestação de serviços no segmento de transportes de passageiros, como por exemplo, transportes escolares e universitários. Assim, a pesquisa de campo se deu neste contexto e pode ser conceituada com a investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou que dispõe 10 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 de elementos para explicá-lo, podendo incluir entrevistas, aplicação de questionários, testes de observações participantes ou não. (VERGARA, 2007). Nesta pesquisa, optou-se por realizar levantamento bibliográfico e entrevista, Quanto ao levantamento bibliográfico é uma fase da pesquisa cujo objetivo é auxiliar na definição de objetivos e levantar informações sobre o assunto objeto estudadas. No caso da entrevista realizada nesta pesquisa foi semi-estruturada que segue um roteiro previamente estabelecido, permitindo a comparação das respostas. Foram entrevistados três proprietários de três empresas distintas. Após as transcrições das entrevistas foi realizado um estudo comparativo das informações levantadas. 4 Apresentação e Análise dos Dados Foram entrevistados três empreendedores do sexo masculino, com faixa etária entre quarenta e um a cinquenta anos, dois casados e um divorciado, nível de escolaridade ensino médio completo. Quanto ao tempo de vida da empresa uma tem vinte anos de mercado, e as outras de cinco a seis anos. Segundo Aidar (2007), as empresas que surgem onde o ramo já esta saturado, por ser facilitada a entrada no mercado e por necessitar menor valor de capital de giro são na maioria das vezes empreendimentos por necessidade, umas destas características são exemplificadas na fala de um dos entrevistados: Eu sou uma pessoa que nasceu e foi criada do interior, e surgiu uma oportunidade de vir para cidade com 16 anos, com isso completei meus 18 anos e tive uma oportunidade de trabalhar numa empresa, e nela trabalhei durante 23 anos e depois fui mandado embora com isso fiquei desempregado. Eu precisava continuar trabalhando, sempre fui um bom motorista, assim eu montei meu próprio negócio no setor de transportes. (E2) Os questionamentos de Drucker (2005) a respeito de que de um momento para o outro, surja tanta gente disposta a trabalhar muito, durante anos, e a enfrentar sérios riscos em vez de ter a segurança das grandes organizações. Pode ser entendida pelas diferenças motivacionais e benefícios percebidos pelos empreendedores que decidem “arriscar” em novos negócios. 11 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 Na empresa privada eu era muito restringido e precisava de produzir coletivamente, trabalhar em equipe. Trabalhando sozinho é diferente: eu preciso me esforçar mais, mas o retorno é maior, e é bom não está subordinado a alguém além da flexibilidade de horário.(E1) Hoje você trabalha na verdade dobrado, mas você também tem sua recompensa, agora trabalhar para os outros você tem um horario ali marcado, cumpriu o horario ali não tem mais responsabilidade nenhuma. Sendo dono do negócio é você que comanda, te entusiasma, além do incentivo que você tem de sempre querer crescer. (E2) Eu vou te falar a verdade eu não me vejo como funcionário mais. Não trabalhar sobre pressão de superiores faz muita diferença, o rendimento é muito maior porque você trabalhar para você e com certeza ganha mais do que como empregado. (E3) Aidar (2007) ainda acrescenta que muitas dos micros empreendimentos muitas vezes são empresas familiares, aberta para o próprio sustento, geralmente tem baixa capacidade de empregar. A pesquisa constatou esta afirmação, sendo que em duas das empresas pesquisadas os funcionários são familiares próximos, além de que o número de funcionários é baixo sendo umas das empresas com 2 e a outra com 3 apenas. Tive incentivo da minha família sempre e também sempre fui otimista nunca pensando em desistir apesar das dificuldades. (E1) No que diz respeito às características fundamentais dos empreendedores no setor de transportes, Para Filion (1997), não existe um perfil determinante para o empreendedor, mas a adequação de suas características a oportunidade encontrada. Ele acredita que o indivíduo com as condições para empreender é capaz de aprender o que é necessário para criar, desenvolver e realizar sua ideia e aprender com os erros que comete. Para começar hoje eu faria um planejamento, eu não faria uma coisa no escuro, seria uma coisa mais planejada, contrataria uma pessoa pra fazer esse planejamento. Pela experiência que eu tenho hoje compensaria. (E2) Com relação as características do empreendedor de sucesso, Timmons (1994), descreve vários fatores de sucesso para o empreendedor, são alguns deles: fazer o que motiva; dizer sempre palavras positivas “posso fazer” no lugar de “não posso fazer”; não se acomodar com a situação atual, procurar sempre melhorá-las cada vez mais; faz de forma inovadora, diferente e não assumir riscos desnecessários. Observou-se que os entrevistados acreditam que para obter sucesso não podem se acomodar e nem olhar só para as dificuldades: 12 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 A gente nunca pode pensar negativo, tem sempre que pensar positivo, sempre pensar que está no caminho certo, os obstáculos você tem que passar por cima. (E2) Se você não tiver pulso firme, coragem pra enfrentar as dificuldades, não aguenta não, se a pessoa tiver medo e não tiver coragem não entra não, porque vai ser difícil. (E3) Ângelo (2003) dividiu os empreendedores de acordo com a motivação existente em adquirir um negócio próprio, para assim determinar se a iniciativa é resultado da percepção da oportunidade ou se há relação ao desemprego ou á falta de outras fontes de ganho, no caso uma necessidade. Os entrevistados relatam como foi o início do seu empreendimento, um dos empreendedores relata que sua motivação em adquirir sua empresa foi por aproveitar uma oportunidade: Primeiro fui Office boy, depois auxiliar de escritório, auxiliar de contabilidade e ai depois perdi o emprego, e comecei a trabalhar de moto boy, ai de moto boy eu fui ser segurança de uma faculdade e eu sempre vi van pra lá van pra cá eu fiz amizades com donos de vans e tal e resolvi comprar uma van pra mim, peguei meu carro minha moto dei de entrada lá e to ai ate hoje, foi assim que começou. Teve uma pessoa especifica que falou Geraldo vai que eu te ajudo, tive um incentivo de um amigo e de um irmão que me deu força e me indicou para uma oportunidade em Vespasiano muito boa. É eu tive oportunidade de abrir uma empresa que presta serviços com um diferencial, tive uns contatos então foi em vista de uma oportunidade. (E3) Já os outros entrevistados descrevem a motivação e relatam ser por necessidade: Meu negócio foi aberto em vista de uma necessidade. Comecei trabalhando na Belgo durante muito tempo, após minha aposentadoria eu necessitava de continuar trabalhando e pensei em investir na área de transporte. Foi quando peguei meu acerto e comprei uma van à vista e comecei meu negócio onde estou até hoje. (E1) Meu negócio começou por necessidade, foi por causa do desemprego. (E2) Para Aidar (2007), alcançar sucesso na atividade empreendedora não se limita em apenas abrir um negócio, vai mais além é preciso manter. O que geralmente acontece com empreendedores que não conhecem o negócio e não planejam. Em sua maioria os que abrem 13 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 por necessidade não realizam previamente pesquisas e estudos do mercado em que atuam. Foi o que os empreendedores por necessidades relataram: Abri minha empresa com a cara e a coragem, eu não fiz planejamento de mercado e surgiu essa oportunidade de comprar o carro, depois surgiu o serviço, e assim foi indo usando a minha experência mesmo. (E2) Não fiz nenhum tipo de planejamento no início, e isso fez e faz falta. (E1) Quando questionados ao que fariam de diferente ou o que faltou em suas empresas responderam: Organização e planejamento, quando planeja seu negócio com certeza ele fica mais estruturado. Faltou planejamento no meu caso. (E1) O Empreendedor que abriu seu negócio em vista de uma oportunidade declara: Quando eu abri já sabia quanto ia ganhar e quanto ia gastar já tinha arrumado um contador, fiz uma planilha de despesas e ganhos, e já sabia quais serviços ia prestar. É muito importante controlar se vai ter lucro ou despesa, tem que fazer um planejamento, um acompanhamento de tudo que sai que entra, dos investimentos, pra ver se tudo que você vai ganhar vai dar pra cobrir todos os compromissos. (E3) Schmidt e Bohnenberger (2009), afirmam que o planejamento do negócio próprio pode ser considerado na maioria dos estudos como fator determinante para o do sucesso do empreendimento, Dutra e Previdelli (2003), assim como Greatti (2004), sustentam esta afirmação de que um plano de negócios está totalmente associado ao sucesso ou fracasso da organização. Percebe-se a afirmação dos autores quando os empreendedores declaram suas perspectivas futuras para os empreendimentos: Minha perspectiva é crescer mais, contando com a sorte mesmo, quem sabe aparece uma proposta melhor, a gente nunca pode pensar negativo, tem sempre que pensar positivo, mas poderia estar melhor com certeza.(E2) Não possuo muitas perspectivas positivas para a minha empresa. Pretendo não dever ninguém e estar em acordo com todas as exigências do governo.(E1) Tenho varias expectativas de expansão, mas isso é para daqui algum tempo, tenho que planejar melhor, com certeza posso dizer que com todos as desafios estou no caminho certo.(E3) 14 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 No que diz respeito aos desafios enfrentados pelos empreendedores no segmento de transportes, destaca a falta de bons profissionais, mercado saturado, burocracia excessiva para se manter legalizado, falta de capital de giro. De acordo com esta afirmação as entrevistadas descrevem seus desafios: Conquistar o mercado era a minha maior dificuldade no começo, ter clientes que suprissem as despesas e os altos custos. E a mais desafiadora é o alto custo para manter o negócio. Muitas vezes penso que é melhor trabalhar para os outros porque não tenho tanta despesa... Com certeza a concorrência é também uma grande dificuldade enfrentada hoje e também no começo... A mão-de-obra também é uma grande dificuldade, muitos motoristas irresponsáveis e que não passam segurança para a empresa, estragam os carros, não cumprem horário. (E1) Trabalhar lidando com pessoas é difícil, se você não tiver um jogo de cintura você não consegue... Os impostos são altíssimos além das estradas que não ajudam muito que faz você ter que dar mais manutenção nos carros, mas o maior obstáculo que existe hoje pra mim é a concorrência que é muito grande e os “grandões” levam vantagem. (E2) Olha primeiro deles é trabalhar com pessoas, é trabalhoso demais tudo está ruim,os funcionários sempre estão insatisfeitos com alguma questão se você paga x está ruim, o trabalho está ruim o horário ta ruim, você tem que usar toda sua psicologia para lhe dar com isso, mas o maior desafio mesmo que eu acho é você prestar um bom serviço pra você continuar no mercado...A concorrência desleal também desanima, a gente da um preço por exemplo 120,00 ai entra um cara novo no mercado e pra tomar seu passageiro ele faz a 90,00, porque o cara ta entrando no mercado hoje ele quer subir de qualquer jeito, se colocar o preço lá em baixo não ganha o suficiente para dar manutenção no veiculo, vira uma bola de neve não aguenta.(E3) A questão a respeito das políticas de governo se é considerada como obstáculos para os novos empreendedores, foram relatadas abaixo: Claro. São obstáculos sim. O mercado de transporte hoje está saturado, mesmo que você tenta crescer o governo não dá oportunidade para pequenas empresas avançarem. (E1) 15 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 Além disso, Nonaka (1997) afirma que a alta carga tributária e trabalhista é um dos principais problemas, o que derruba os empresários são os juros do mercado financeiro e o custo de gestão por causa dos encargos municipais, estaduais e federais. 5 Considerações Finais O objetivo da presente pesquisa foi identificar e analisar as origens, e os principais desafios dos micros empreendimentos no setor de transporte de passageiros do município de Vespasiano MG. Na entrevista, buscou-se descrever a trajetória dos empreendimentos desde a sua origem até a data da pesquisa. Os dados coletados foram tabulados qualitativamente, Após as transcrições das entrevistas foi realizado um estudo comparativo das informações levantadas. Constatou-se que os três entrevistados são do sexo masculino, com faixa etária entre quarenta e um a cinquenta anos, estado civil casados, sendo um dos entrevistados divorciado, nível de escolaridade ensino médio completo, quanto ao tempo de vida do negócio dois dos entrevistados estão a cinco e seis anos no mercado quanto o outro tem vinte anos de mercado. O primeiro passo foi: “Identificar a motivação do empreendedor.” Por meio da entrevista sobre as motivações em investir em um empreendimento no setor de transportes. Notou-se que um dos entrevistados acredita que sua motivação em adquirir sua empresa foi por aproveitar uma oportunidade, já os outros dois explicita que a motivação foi por necessidade. O segundo passo foi: “Analisar a trajetória do empreendimento desde a sua origem até a data da pesquisa.” Verificou-se que as empresas são familiares, aberta para o próprio sustento, tem baixa capacidade de empregar, pois uma das empresas possui dez funcionários a outra três, e por ultimo possui apenas dois; sendo assim micro empresas. O terceiro passo foi: “Comparar os desafios enfrentados pelos empreendedores de necessidade e oportunidade”. De acordo com a visão dos empreendedores entrevistados, os principais desafios enfrentados neste setor, para os empreendedores por necessidade, são: a falta de mão-de-obra qualificada, carga tributária elevada, concorrência acirrada no segmento em que atuam, a infra-estrutura e a falta de planejamento do negócio. 16 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 Para o empreendedor que atua em vista de uma oportunidade os desafios são: motivação dos funcionários, conquistar maior fatia de mercado, concorrência desleal e acirrada. Observou-se que o planejamento do negócio é indispensável para o sucesso da organização, pois o empreendedor que atua em vista de uma oportunidade tem o seu negócio no rumo certo e a probabilidade de continuar prestando serviços neste segmento lhe é muito favorável considerando que o mesmo já opera a vinte anos neste segmento. Em contra partida os empreendedores que atuam por necessidade se vêem em uma encruzilhada, onde o futuro do empreendimento está totalmente comprometido por não conseguirem com eficácia driblar os grandes desafios que o mercado os impõe diariamente. É relevante ressaltar que um dos entrevistados por necessidade declarou não ter perspectivas positivas para sua empresa, ou seja, pode-se concluir que a mortalidade empresarial está prestes a se concretizar. Estes dados reforçam as teorias de Degen (2005) além de mostrar a grandiosa importância de um plano de negócios. Entende-se que as características fundamentais do empreendedorismo no segmento de transportes, exigem mudanças constantes, flexibilidade para adaptações aos grandes desafios e as novidades, e as ofertas no mercado são maiores que a demanda, possui facilidade em entrar no mercado e por necessitar menor valor de capital de giro e são empreendimentos por necessidade, Por isso, é preciso analisar a concorrência e tentar diferenciar-se, como fez o empreendedor por oportunidade. Quanto a limitações na pesquisa, observou-se uma grande dificuldade de acesso aos empreendedores deste setor devido às várias atividades que são desempenhadas por eles e a dificuldade de agendar horário ou mesmo deles se disporem a responder a entrevista. E ainda o receio de estarem sendo investigados por concorrentes. Sugere-se a realização de outras pesquisas quantitativas com os empreendedores no segmento de transportes, de maneira a se compreender de forma mais profunda as disparidades em termos das características e desafios encontrados na pesquisa apresentada, principalmente quanto ao que é relacionado às dificuldades de abrir, manter e gerir uma empresa neste setor. Acredita-se que pesquisas sobre ciclo de vida das empresas, planejamento estratégico, comprometimento e valores (organizacionais e do trabalho) também sejam produtivas, no sentido de se aprofundar sobre a realidade desses empreendedores. 17 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 Referências Bibliográficas AIDAR, M. M. Empreendedorismo: Coleção Debates em Administração. São Paulo: Thompson, 2007. 168p. ALDRICH, H.; BAKER, T. Blinded by the cities? Has there been progress in Entrepreneurship research? In: SEXTON, L.; MARTINEZ,M. Entrepreneurship 2000. Chicago: Upstart, 1997. p.377- 400. ÂNGELO, E. B. Empreendedor Coorporativo: a nova postura de quem faz a diferença. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. 250p. CARLAND, J.W.; CARLAND, J.C.; HOY, F.S. Na entrepreneurship índex: na empirical validation. Frontiers of Entrepreneurship Reserach, v.25, n.3 p. 244-265. 1992 COVIN, J.; MILES, M. Corporate entrepreneurship and the pursuit of competittive advantage. Entrepreneurship Theory and Practice, v.23, n.3, p. 47-64,1999. DEGEN, J. R. O Empreendedor: Fundamentos da iniciativa Empresarial. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2005. DOLABELA, F. Oficina do Empreendedor. São Paulo: Cultura, 1999. 280p. ____________. O Segredo de Luísa. São Paulo: Cultura, 2006. 304p. DORNELAS, J. C.A. Empreendedorismo: transformando idéias em negócios. Rio de Janeiro: Elsevier, 2001. 299p. DRUCKER, P.F. Inovação e Espírito Empreendedor: prática e princípios. São Paulo: Pioneira Thomson, 2005. DUTRA, I.; PREVIDELLI, J. Perfil do empreendedor versus mortalidade de empresas: estudo de caso do perfil do micro e pequeno empreendedor. Anais do Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração, Atibaia: São Paulo, 2003,27p. FILION, L. J. From entrepreneurship to entreprenology. In: USASBE/ICSB WORLD CONFERENCE, 1997, San Francisco. Proceedings... Boca Raton: USABE, 1997. GRECO,S.M.S.S.et al Global Entrepreneurship Monitor (GEM): empreendedorismo no. Brasil 2005. Curitiba: IBQP, 2005. ____________. Global Entrepreneurship Monitor (GEM): empreendedorismo no Brasil 2008. Curitiba: IBQP, 2009. ____________. Global Entrepreneurship Monitor (GEM): empreendedorismo no Brasil 2010. Disponível em: <http://www.sebraemg>. Acesso em: 21 mar. 2012. GREATTI, L. O uso do plano de negócios como instrumento de análise comparativa das trajetórias de sucesso e de fracasso empresarial. Anais do Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração. Curitiba. 2004, 28p. HIRSCMAN, A.O. The strategy of economic development. Connecticut: Yale University Press. 1958 IBGE. As micro e pequenas empresas comerciais e de serviços no Brasil. IBGE/Coordenação de Serviços e Comércio. Rio de Janeiro: 2003. KIRNER , I. M. Entrepreneurs and the entrepreneurial function: a commentary. In: Ronen, Joshua (ed). Entrepreneurship. Boston: LexingtonBooks, 1983. KUEMMERLE, W. Home base and knowledge management in international ventures. Journal of Business Venturing. v. 17, n. 2, p. 99-122, 2002. LEIBENSTEIN, H. Entrepreneur and development. The American Economic Review, v.58, n.2,p. 72-84,1968. 18 IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013 LONGENECKER, J.G. et al. Administração de pequenas empresas. São Paulo: Thomson Learning,2007. LOW, M.; MACMILLAN, I.C. Entrepreneurshio: Past Rearch and Future Challenges. Journal of Management, v.14,n.2,p.139-162, 1988. MACHADO, H.P.V.; BARROS, G. V. e PALHANO, D. Y. M. Conhecendo a empreendedora norte paranaense: perfil, porte das empresas e dificuldades de gerenciamento. In: III EGEPE – ENCONTRO DE ESTUDOS SOBRE EMPREENDEDORISMO E GESTÃO DE PEQUENAS EMPRESAS. Brasília: UEM/UEL/UnB, 2003, 171-197p. MICHEL, M. H. Metodologia e pesquisa científica sociais. São Paulo: Atlas, 2005, 138p. MILLER, D.; FRIESEN, P. H. Organizations: A Quantum Review. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall, 1984. NADAS, P. Ética na Administração e Responsabilidade Social do Administrador. Disponível em <http://www.fides.org.br/artigo03.pdf>. Acesso em: 20 de março de. 2012. NAIR, K.R.G.; PANDEY, A. Characteristics of entrepreneurs: an empirical analysis. Journal of Entrepreneurship, v.15, n.1, p. 47-61,2006. NAJBERG, S; PUGA, F.P.;OLIVEIRA, P.A.S. Criação e fechamento de firmas no Brasil: dez. 1995/dez. 1997. Rio de Janeiro: BNDES, 2000. NONAKA, I. Criação de conhecimento na empresa : como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. Rio de Janeiro: Campus, 1997. OECH, R.V.. Um "toc" na Cuca. In J.N. Vicente (S/D) Razão e Diálogo - Introdução à Filosofia. (S/L) Porto Editora, 1988. SCHMIDT.S; BOHNENBERGER, M. Emprededorismo. Perfil Empreendedor e desempenho organizacional. Revista de Administração Contemporânea. Vol. 13 n. 03, 2009. SCHUMPETER, J. A. The theory of Economic Development. Cambride: Havard University Press, 1934. SCHUMPETER, J. A. The creative response in economic history. The Journal of Economic History. v.7, n.2, p 149-59, 1947. SCHANE, S.; VENKATARAMAN, S. The Promise of Entrepreneurship as a Fiel of Research. The Academy of Management Review. v.25, n.1, p.217-227, 2000. SIGUAW, J.A.; SIMPSON, P.M; ENZ, C.A. Conceptualizing innovation rientation: a framework for study and integration of innovation research. Entrepreneurship Theory and Practice, v.23, n.6, p 556-574, 2006. SLEVIN, D.; COVIN. L . Juggling entrepreneurial style and organizational structure: how to get your act together. Sloan Management Review. v, 31 n. 2. p 45-53. 1990 STEVENSON. H.H ; GUMPERT, D.E. The heart of entrepreneurship. Havard Business Reviw. v. 63.n.2. p. 85-94.1985 TIMMONS, Jeffry A. New venture creation: entrepreneurship for the 21st century. Boston:Irwin, 1994. VICK;T.E; NAGANO. M.S; SEMENSATO. B.I. A Essência do processo empreendedor e a complexidade do indivíduo: percepções sob a ótica das tipologias de conhecimento. Disponível em <http://www.simpoi.fgvsp.> Acesso em 20 de março de 2012. VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2007. WISEMAN, R.; SKILTON, P.F. Divisions and differences: Exploring publication preferences and productivity across management subfields. Journal of Management Inquiry, v.8, n.3, p. 299-321, 1999. 19