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20, 21 e 22 de junho de 2013
ISSN 1984-9354
EMPREENDEDORISMO POR
OPORTUNIDADE OU POR
NECESSIDADE? UM ESTUDO
COMPARATIVO COM
EMPREENDEDORES DO SETOR DE
TRANSPORTES DO MUNICÍPIO DE
VESPASIANO - MG
Keila Apoliana Aparecida Vieira
(Faculdade Novos Horizontes)
Marco Aurélio Ramos
(Faculdade Novos Horizontes)
Resumo
Este artigo tem como objetivo identificar e analisar as origens, e os
principais desafios dos micros empreendimentos no setor de transporte
de passageiros do município de Vespasiano - Minas Gerais. Quanto à
metodologia, caracteriza-se como
uma pesquisa descritiva,
comparativa e de abordagem qualitativa. A mesma foi realizada em
três empresas do setor de transportes de passageiros que está há mais
de anos no mercado e atuam com prestação de serviços no segmento
transporte de passageiros. Quanto às origens, verifica-se que as
empresas são familiares e objetivam o próprio sustento da família, tem
baixa capacidade de empregabilidade e são caracterizadas como
micro
empresas.
Como
característica
fundamental
dos
empreendimentos destacou-se a motivação para a abertura do negócio
por parte do empreendedor. Observou-se que a oportunidade em criar
um empreendimento é um fator relevante. Quanto aos desafios,
percebeu-se a falta de mão de obra qualificada, carga tributária
elevada, concorrência acirrada no segmento em que atuam e a falta de
planejamento do negócio. O empreendedorismo no segmento de
transportes exige conhecimento do ramo, responsabilidade e bom
relacionamento com os clientes.
Palavras-chaves: Empreendedorismo, Necessidade, Oportunidade,
Setor de transportes.
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1 Introdução
O mundo tem passado por várias transformações em curtos períodos de tempo, principalmente
a partir do século XX, quando foi criada a maioria das invenções que revolucionaram o estilo
de vida das pessoas. Por trás dessas invenções, existem pessoas ou equipes que são visionárias
promovendo inovações e gerando o desenvolvimento. Surge a denominada era do
empreendedorismo. De acordo com Dornelas (2001) a palavra empreendedor vem do francês
entrepreneur, que significa aquele que assume riscos e começa algo novo. Grande parte das
inovações em produtos e serviços é criada por negócios novos e emergentes, que possuem
processos produtivos mais eficientes, gerando novos empregos e transformando a forma em
que vivemos.
Atualmente no Brasil, cujo ambiente de inserção ao mercado de trabalho apresenta
obstáculos como às dificuldades de se conseguir um emprego e se manter dentro de uma
empresa com estabilidade de carreira, os empreendedores buscam seu “lugar ao sol”, alguns
iniciam por necessidade e não por observarem uma oportunidade.
Segundo o Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2005, empreendedores por
oportunidade são motivados pela percepção de uma opção rentável de negócio e
empreendedores por necessidade são motivados pela falta de alternativa satisfatória de
trabalho e renda.
Muitos jovens e adultos se lançam no mercado informal em estilo de negócio
comercial ou projeto social de forma improvisada sem estruturação de modelo de negócio, de
empreendimento e de conquista de parceiros. De acordo com o GEM 2008, os grandes
entraves para o empreendedor iniciante é conseguir e manter capital de giro, enfrentar altos
tributos e falta de capacitação.
O Brasil ocupou a 13ª posição no ranking mundial de empreendedorismo realizado
pelo GEM 2008. A Taxa de Empreendedores em Estágio Inicial (TEA) brasileira foi de
12,02% o que significa que de cada 100 brasileiros 12 realizavam alguma atividade
empreendedora até o momento da pesquisa. Essa taxa está relativamente próxima da média
histórica brasileira, que é de 12,72%. Pela primeira vez desde que a pesquisa foi iniciada no
Brasil, o país ficou fora do grupo dos dez países com maiores taxas de empreendedorismo.
Contudo o Brasil atinge a razão de dois empreendedores por oportunidade para cada
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empreendedor por necessidade, fato a ser comemorado como o primeiro degrau de uma longa
escada de desenvolvimento.
Sendo assim a pergunta que norteia esta pesquisa é: quais são as características
fundamentais e os diferentes desafios dos empreendedores por necessidade e por oportunidade
do setor de transporte do município de Vespasiano MG?
Com a finalidade de responder esta pergunta, tem-se como objetivo principal
identificar e analisar as origens, e os principais desafios dos micros empreendimentos no setor
de transporte de passageiros do município de Vespasiano MG.
Para atingir este objetivo seguiram-se os seguintes passos: Identificar a motivação do
empreendedor; analisar a trajetória do empreendimento desde a sua origem até a data da
pesquisa e comparar os desafios enfrentados pelos empreendedores de necessidade e
oportunidade.
2 Empreendedorismo
Drucker (2005) afirma que a nova tecnologia não é eletrônica, ou a genética ou novos
materiais. A atual tecnologia é a administração empreendedora, o autor afirma que todos
estudiosos e economistas sabem da importância do empreendedor e que este provoca grandes
impactos.
O autor acima ainda questiona a explicação de que de um momento para o outro, surja
tanta gente disposta a trabalhar como doida durante anos, e a enfrentar sérios riscos em vez de
ter a segurança das grandes organizações? Onde estão os hedonistas, os que buscam status, os
“eu também”, os conformistas? Drucker (2005) afirma que o veiculo que causa estas
mudanças em valores, atitudes e acima de tudo no comportamento é uma tecnologia chamada
“administração”, e a evolução desta, explica o crescimento do empreendedorismo.
A atividade empreendedora para Schumpeter (1934) é compreendida como a ação que
cria um novo produto, ou serviço, ou um negócio completo, parte da noção de alguém que
desafia ou destrói com criatividade, serviços, produtos, e as existentes relações de mercado.
Stevenson e Gumpert (1985) entendem empreendedorismo como parte de um contexto de
variação de comportamento, mas há outros autores que dizem que o empreendedorismo é
percebido por vários tipos de atitudes e comportamentos que não permitem defini-lo (LOW &
MACMILLAN, 1988) definição que não é feita muitas vezes pelos próprios empreendedores,
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Carland et al (1984), explica que isto deve-se ao fato se tratar de um tema emergente e
altamente heterogêneo. Aldrich e Baker (1997), ainda acrescentam que este campo de
pesquisa ainda não alcançou o status de ciência, No entanto Wiseman e Skilton (1999),
afirmam que o empreendedorismo ainda se encontra no momento de construção teórica.
Estudar sobre empreendedorismo inclui estudar também o comportamento individual
de identificação e criação de oportunidades, o surgimento e o desenvolvimento da
organização, a pró-atividade na formação de equipes e a transformação organizacional
conforme cita (VICK, NAGANO & SEMENSATO 2009). Para Dolabela (1999)
empreendedorismo surge de uma tradução espontânea da palavra entrepreneurship e
denomina o conjunto de características relacionadas ao empreendedor, como por exemplo, seu
perfil, suas origens e seus sistemas de atividades. Na opinião de Dolabela (2006) todas as
pessoas nascem empreendedoras; este não é um tema novo, já existe desde a primeira pessoa
inovadora, Aidar (2007) concorda, pois acredita que o empreendedorismo existe desde as
primeiras negociações e invenções. Atualmente destaca-se o aumento do interesse pelo tema,
o que tem levado a novos estudos, experiências e grandes descobertas. E define
empreendedorismo como o procedimento de substituir produtos e serviços já conhecidos, por
outros mais eficientes, ou apenas evoluir, melhorar o produto e serviço já existente,
implantando assim inovações no mercado.
Dolabela (1999) destaca que o empreendedorismo deve direcionar ao desenvolvimento
econômico gerando benefícios para a sociedade. E ainda classifica o empreendedor como
aquele que atua em geração de riquezas, seja na transformação de conhecimentos em produtos
ou serviços, ou na inovação em áreas como marketing, produção, organização entre outras.
Ângelo (2003) e Dolabela (2006) conceituam que as empresas empreendedoras são
empenhadas em constituir novas atividades geradoras de riquezas, além disso, afirma que o
empreendedorismo é um fenômeno global, foco do interesse de agências internacionais de
desenvolvimento, grupos de investimento, governos centrais e regionais, universidades e
instituições públicas e privadas.
2.1 Características do Empreendedor
Desde Schumpeter (1947) defende-se a visão que empreendedores são identificados
como pessoas que fazem descobertas, que são determinados, que possuem habilidades
diferentes da maioria, e que levam a concretizar projetos em empresa. Dolabela (1999)
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denomina o empreendedor como alguém que tem visão e sabe induzir sócios, investidores,
colaboradores e terceiros a apostar na sua idéia. E atribui a ele a capacidade de identificar as
oportunidades e buscar os recursos para transformá-las em negócios lucrativos. E ainda
considera todo aquele que cria uma empresa, qualquer que seja ela; aquele que compra uma
empresa e introduz inovação assumindo riscos e o empregado que produz inovações em uma
organização, provocando o surgimento de valores adicionais, Kirzner (1983), Slevin e Covin
(1990) ressaltam que assumir riscos, trabalhar em ambientes de incertezas e proatividade são
características relevantes que definem este grupo, os empreendedores. Dolabela (2006)
descreve o empreendedor como um trabalhador que não se cansa, gosta do que faz e o faz
com prazer, seja para trabalhar à noite, em finais de semana, mas não perde o foco em
qualidade para não priorizar apenas o trabalho, mas ter visão nos resultados.
As características do empreendedor variam de acordo com as atividades e a época em
que foi executada, a situação em que a empresa se encontra, relacionada ao seu
desenvolvimento. (FILION, 1997). Para os autores não existe um perfil determinante para o
empreendedor, mas a adequação de suas características a oportunidade encontrada. Ele
acredita que o indivíduo com as condições para empreender é capaz de aprender o que é
necessário para criar, desenvolver e realizar sua ideia e aprende com os erros que comete.
Nayr e Pandey (2006) descrevem o empreendedor como individuo que demonstra o caráter
com características como: decisor, líder industrial, pessoa que assume riscos em condições de
incerteza, inovador, entre outros. Leimbenston (1968) diz que o empreendedor é um agente
capaz de transpor vazios e aproveita as brechas de mercado para consequentemente, usufruir
de vantagens e condições privilegiadas.
A habilidade empreendedora inclui também, a capacidade de administrar acordos entre
todas as partes interessadas no negócio, tais como parceiros, fornecedores, e manter boas
relações com os trabalhadores e o público. (HIRSCHMAN, 1958).
Para um empreendedor, o fracasso é considerado um resultado como qualquer outro.
Dolabela (2006, p.59) afirma que “o fracasso (da empresa) acontece se o empreendedor: não
muda suas idéias, gasta pouco tempo na comunicação com sócios, colaboradores, clientes, faz
mais em vez de aprender mais”. Conforme Timmons (1994), são vários os fatores de sucesso
para o empreendedor, são alguns deles: fazer o que motiva; dizer sempre palavras positivas
“posso fazer” no lugar de “não posso fazer”; não se acomodar com a situação atual, procurar
sempre melhorá-las cada vez mais; faz de forma inovadora, diferente e não assumir riscos
desnecessários.
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Ângelo (2003) atribui um perfil ao empreendedor quando o caracteriza como um ser
criativo, bem como inovador e diferencia estes dois atributos: o primeiro é comportamental,
ligado a criatividade, já o segundo precisa saber fazer, como o exemplo de um bom plano de
negócios para conseguir programar a sua invenção. E contrariamente a Dolabela (1999), o
autor acredita que o empreendedor é um ser bem sucedido nas suas atividades, logo, não
admitindo o fracasso.
Kuemmerle (2002) analisou 50 negócios de diferentes ramos de atividades, e
encontrou características em comum de empreendedores bem sucedidos, tais como:
flexibilidade em quebrar regras, preparação para enfrentar grandes concorrências, saber que
começar pequeno é o caminho para o sucesso, disposição para mudanças repentinas de
estratégias e eficiência em tomar decisões e fechar acordos.
Aidar (2007) acreditava que a pessoa empreendedora, já nascia com o perfil adequado,
as características necessárias, para abrir e alcançar o sucesso em um determinado negócio,
entretanto sua idéia tem evoluído, acreditando que tais habilidades podem também ser
adquiridas a partir de cursos, literaturas, desenvolvimento empreendedor promovido pelas
empresas, entre outros.
Segundo Ângelo (2003), o ambiente empresarial cada vez mais exige pessoas que
estão devidamente qualificadas, consideradas inovadoras e criativas. Este profissional com
perfil empreendedor é valorizado, decorrente disso possuem diferenciais competitivos muitas
vezes mais importantes que o capital financeiro e os ativos físicos.
2.2 Empreendedorismo e Criatividade
Longenecker, Moore e Petty (2007) dizem que o empreendedor deve escolher algo em
que ele acredita ser criativo e inovador e que o levará a melhores resultados. Siguaw,
Simpsmon e Enz (2006), sugerem que a criatividade cria uma inovação ou mudança no
resultado de algum produto ou serviço e isto precisa ser colocado como foco e se preciso for
aumentar o esforço para garantir a criatividade na atividade empreendedora para garantir bons
resultados.
De acordo com Timmons (1994), a ideia é um instrumento na mão de um
empreendedor, ou seja, ela depende de quem a possui e como é utilizada para conseguir
transformá-la em sucesso. O autor ressalta que as grandes ideias vem de tentativas e erros até
chegar à versão final. Para ele a criatividade pode ser algo suscetível ao aprimoramento e
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pode ser estimulada, pois quando criança o indivíduo a tem aguçada e na fase adulta muitas
vezes é esquecida. A criatividade empreendedora surge durante a solução de problemas que
por sua vez, depende do conhecimento permite a compreensão rápida e produtiva da situação.
(DOLABELA, 1999).
Oech (1988) descreve como bloqueios da criatividade pensamentos como: “isso não
tem lógica”, “siga as normas”, “é proibido errar”, “isso não é da minha área”, “seja prático,”
entre outros. E pontua como algumas fontes de ideias: freqüentar feiras, congressos e
exposições; manter contatos com profissionais de outras organizações; observar inovações da
área de atuação; utilizar experiências próprias como consumidor ou usuário de serviços etc.
Três características facilitam uma auto-análise da vocação empreendedora, enumera
Ângelo (2003):
A capacidade de escolha e facilidade para criar algo totalmente inédito e que possa
melhorar as condições de vida da família, da empresa, da comunidade local ou da raça
humana;
Habilidade para encontrar outras utilidades para velhas idéias;
Criatividade para aperfeiçoar a eficiência de um sistema, processo ou produto, o
transformando em mais econômico, palpável e com um nível superior.
Segundo Nadas (2001), a criação de uma empresa não é um fim em si mesmo, e sim é
um instrumento na consecução de um objetivo maior, ele acredita que a empresa bem
sucedida em nossos dias é aquela que procura aprimorar-se na acumulação de conhecimentos
tecnológicos, de conhecimentos organizacionais e, só como conseqüência, obtém a
acumulação de capitais.
Este conceito implica numa série de compromissos que a empresa assume, tanto com a
sociedade em que se insere quanto com as pessoas que a integram: a comunidade, os clientes
e os fornecedores, os aportadores de recursos públicos ou privados, o governo; as condições
de trabalho, a capacitação dos seres humanos a ela ligados, a utilização de métodos
participativos, etc.
Degen (2005), enfatiza que as empresas passam por uma sucessão de estágios no
desenvolvimento de seus negócios, afirma que nem todas evoluem igualmente algumas
saltam estágios, outros desenvolvem estágios paralelamente, outras ainda param de crescer e
pouquíssimas chegam a percorrer todos os estágios.
De acordo com Miller e Friesen (1984), o ciclo de vida das empresas passa por três
estágios básicos:
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O 1º estagio é o de nascimento caracterizado, dominadas pelo proprietário e
apresentam estruturas simples e informais.
O 2º estagio é o de formalização, que é o momento em que são elaboradas regras e
procedimentos. A organização possui uma estrutura funcional, focada na eficiência e tem
pouca capacidade de inovar.
O 3º estagio conhecido como flexibilização, é o de maturidade organizacional, ocorre
a diversificação da linha de produtos e se realizam investimentos nas áreas de pesquisa e
desenvolvimento. Empresas que não inovam e não crescem não avançam em estagio de
desenvolvimento.
Para Aidar (2007), alcançar sucesso na atividade empreendedora não se limita em
apenas abrir um negócio, vai mais além é preciso manter. O que geralmente acontece com
empreendedores que não conhecem o negócio e não planejam. Em sua maioria os que abrem
por necessidade, é que não resistem as dificuldades encontradas e mais cedo do que imaginam
tendem a fechar as portas.
Schmidt e Bohnenberger (2009), afirmam que o planejamento do negócio próprio
pode ser considerado na maioria dos estudos como fator determinante para o sucesso do
empreendimento, Dutra e Previdelli (2003), assim como Greatti (2004), sustentam esta
afirmação de que um plano de negócios está totalmente associado ao sucesso ou fracasso da
organização.
2.3 Empreendedorismo por necessidade e oportunidade
Ângelo (2003) dividiu os empreendedores de acordo com a motivação existente em
adquirir um negócio próprio, para assim determinar se a iniciativa é resultado da percepção da
oportunidade ou se há relação ao desemprego ou à falta de outras fontes de ganho, no caso
uma necessidade. Desta forma o autor afirma que as taxas de empreendedorismo estão
classificadas por necessidade e por oportunidade.
A maioria das empresas que nasce no Brasil concentra suas atividades nos serviços
prestados aos consumidores. Esse dado foi constatado pelo GEM 2010. Dentro dos serviços
prestados, a categoria de transportes ocupa 4% de todas as atividades empreendedoras do país,
sendo a proporção de 2% por necessidade e 4% por oportunidade, Destaca-se que o setor de
serviços para as pequenas empresas é o que possui melhores oportunidades, no comércio, por
exemplo, os pequenos negócios representam 98% dos estabelecimentos. (NAJBERG, PUGA,
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OLIVEIRA, 2000 & IBGE, 2003). Ainda segundo o GEM 2010, no Brasil para cada
empreendedor por necessidade havia outros 2,1 que empreenderam por oportunidade. Este
valor é semelhante à média dos países que participaram do estudo este ano, que foi de 2,2
empreendedores por oportunidade para cada um por necessidade.
A maioria dos negócios abertos por necessidade, de acordo com Aidar (2007), são por
falta de oportunidade no mercado. Em 2002, novas micro pequenas empresas representavam
99,2% das empresas formais no Brasil, empresas que surgem onde o ramo já está saturado,
por ser facilitada a entrada no mercado, por necessitar menor valor de capital entre outros.
Aidar (2007), afirma que isso afeta diretamente o equilíbrio do mercado, pois implicam em
menores rendimentos e maiores concorrências, o que aumenta consideravelmente o risco de
falência.
Muitas das micros e pequenas empresas são empresas familiares, aberta para o próprio
sustento, que muita das vezes tem baixa capacidade de empregar e não conseguem sobreviver
por mais de 5 anos, sendo esse um dos motivos que explicam o grande índice de mortalidade
infantil empresarial, diz Aidar (2007). Isso acontece porque o fundamento do negócio não foi
a partir de uma oportunidade, surgiu sem um estudo de mercado, sem diferencial e inovação.
Empreendedorismo por oportunidade caracteriza-se para Shane e Venkataraman,
(2000) em empresas que identificam e exploram oportunidades de mercado, Covin e Miles
(1999) concordam e acrescentam que estes negócios renovam e rejuvenescem oportunidades.
Dolabela (2006) afirma que há diferenças entre ideias e oportunidades. Ideia é o que propicia
boa rentabilidade e é necessário que seja possível sua realização. Várias idéias vão surgindo e
o que é difícil é identificar a oportunidade e habilidade, características que o empreendedor
deve ter. A oportunidade é uma ideia que está vinculada a um produto ou serviço que agrega
valor ao seu consumidor, seja através de inovação ou diferenciação e cabe ao empreendedor
aproveitá-la. Aidar (2007), afirma que nem sempre as inovações vêm das idéias, mas das
oportunidades. Oportunidade pode ser comparada a atividades que exigem investimentos de
recursos escassos acreditando no retorno futuro.
Aidar (2007) afirma que as oportunidades de negócios surgem de situações
relacionadas a, novos conhecimentos, transformações tecnológicas, mudanças de preferências
dos clientes, inconsistências deixadas pelo mercado. Para iniciar um negócio por oportunidade
é imprescindível, que o empreendedor tenha conhecimento dos desafios a serem enfrentados,
que trabalhe suas ideias antes de as transformarem em oportunidade de negócios, além de
refletir sobre onde quer chegar, sobre seus conhecimentos e competências.
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Conforme Timmons (2004), produtos e serviços com diferencial, na forma de agir ou
na maneira em que são prestados, que tenha uma real importância para o cliente, resolvendo
problemas de forma nova, e mais eficaz, e que sejam proporcionais às capacidades,
habilidades, experiências e conhecimentos dos empreendedores, são sólidos surgimentos de
oportunidades. Para Aidar (2007), o desenvolvimento econômico é mantido por negócios
inovadores, em produto e procedimento, com capacidade de crescimento e continuidade.
Dolabela (1999) está de acordo com o pensamento de Aidar (2007) quando afirma que
a oportunidade tem algo de novo e atende a uma demanda dos clientes, representando um
nicho de mercado, ou seja, aproveitando uma demanda de um segmento, produto ou serviço
inexistente. Ele ainda destaca que a oportunidade é atrativa, logo, tem potencial para gerar
lucros, lucros suficientes para compensar os riscos e recompensando as expectativas, além de
que as oportunidades devem ser ajustadas às capacidades, experiências e habilidades dos
empreendedores, e surge em um momento adequado em relação a quem irá aproveitá-la, o
que a torna pessoal; e é durável.
3 Metodologia
Esta pesquisa caracteriza-se como descritiva, comparativa e de abordagem qualitativa.
Neste caso, foi identificado, descrito, analisado e comparado às origens e as características
fundamentais dos micros empreendimentos no setor de transportes de passageiros, em
Vespasiano - MG.
Fundamentou-se na discussão da ligação e correlação de dados
interpessoais, na co-participação das situações dos informantes, analisados a partir da
significação que estes dão aos seus atos (MICHEL, 2005).
As empresas abordadas não terão os nomes divulgados a pedido dos proprietários,
identificando os sujeitos de pesquisa como Empreendedor 1 (E1), que possui três funcionários
e está a 5 anos no mercado, Empreendedor 2 (E2), que possui dois funcionários está a 6 anos
no mercado e o Empreendedor 3 (E3), que possui 10 funcionários e está a 20 anos no
mercado. Atuam com prestação de serviços no segmento de transportes de passageiros, como
por exemplo, transportes escolares e universitários.
Assim, a pesquisa de campo se deu neste contexto e pode ser conceituada com a
investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou que dispõe
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de elementos para explicá-lo, podendo incluir entrevistas, aplicação de questionários, testes de
observações participantes ou não. (VERGARA, 2007).
Nesta pesquisa, optou-se por realizar levantamento bibliográfico e entrevista, Quanto
ao levantamento bibliográfico é uma fase da pesquisa cujo objetivo é auxiliar na definição de
objetivos e levantar informações sobre o assunto objeto estudadas.
No caso da entrevista realizada nesta pesquisa foi semi-estruturada que segue um
roteiro previamente estabelecido, permitindo a comparação das respostas. Foram
entrevistados três proprietários de três empresas distintas. Após as transcrições das entrevistas
foi realizado um estudo comparativo das informações levantadas.
4 Apresentação e Análise dos Dados
Foram entrevistados três empreendedores do sexo masculino, com faixa etária entre
quarenta e um a cinquenta anos, dois casados e um divorciado, nível de escolaridade ensino
médio completo.
Quanto ao tempo de vida da empresa uma tem vinte anos de mercado, e as outras de
cinco a seis anos.
Segundo Aidar (2007), as empresas que surgem onde o ramo já esta saturado, por ser
facilitada a entrada no mercado e por necessitar menor valor de capital de giro são na maioria
das vezes empreendimentos por necessidade, umas destas características são exemplificadas
na fala de um dos entrevistados:
Eu sou uma pessoa que nasceu e foi criada do interior, e surgiu uma oportunidade de
vir para cidade com 16 anos, com isso completei meus 18 anos e tive uma
oportunidade de trabalhar numa empresa, e nela trabalhei durante 23 anos e depois
fui mandado embora com isso fiquei desempregado. Eu precisava continuar
trabalhando, sempre fui um bom motorista, assim eu montei meu próprio negócio no
setor de transportes. (E2)
Os questionamentos de Drucker (2005) a respeito de que de um momento para o outro,
surja tanta gente disposta a trabalhar muito, durante anos, e a enfrentar sérios riscos em vez de
ter a segurança das grandes organizações. Pode ser entendida pelas diferenças motivacionais e
benefícios percebidos pelos empreendedores que decidem “arriscar” em novos negócios.
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Na empresa privada eu era muito restringido e precisava de produzir coletivamente,
trabalhar em equipe. Trabalhando sozinho é diferente: eu preciso me esforçar mais,
mas o retorno é maior, e é bom não está subordinado a alguém além da flexibilidade
de horário.(E1)
Hoje você trabalha na verdade dobrado, mas você também tem sua recompensa, agora
trabalhar para os outros você tem um horario ali marcado, cumpriu o horario ali não
tem mais responsabilidade nenhuma. Sendo dono do negócio é você que comanda, te
entusiasma, além do incentivo que você tem de sempre querer crescer. (E2)
Eu vou te falar a verdade eu não me vejo como funcionário mais. Não trabalhar sobre
pressão de superiores faz muita diferença, o rendimento é muito maior porque você
trabalhar para você e com certeza ganha mais do que como empregado. (E3)
Aidar (2007) ainda acrescenta que muitas dos micros empreendimentos muitas vezes
são empresas familiares, aberta para o próprio sustento, geralmente tem baixa capacidade de
empregar. A pesquisa constatou esta afirmação, sendo que em duas das empresas pesquisadas
os funcionários são familiares próximos, além de que o número de funcionários é baixo sendo
umas das empresas com 2 e a outra com 3 apenas.
Tive incentivo da minha família sempre e também sempre fui otimista nunca
pensando em desistir apesar das dificuldades. (E1)
No que diz respeito às características fundamentais dos empreendedores no setor de
transportes, Para Filion (1997), não existe um perfil determinante para o empreendedor, mas a
adequação de suas características a oportunidade encontrada. Ele acredita que o indivíduo
com as condições para empreender é capaz de aprender o que é necessário para criar,
desenvolver e realizar sua ideia e aprender com os erros que comete.
Para começar hoje eu faria um planejamento, eu não faria uma coisa no escuro, seria
uma coisa mais planejada, contrataria uma pessoa pra fazer esse planejamento. Pela
experiência que eu tenho hoje compensaria. (E2)
Com relação as características do empreendedor de sucesso, Timmons (1994),
descreve vários fatores de sucesso para o empreendedor, são alguns deles: fazer o que motiva;
dizer sempre palavras positivas “posso fazer” no lugar de “não posso fazer”; não se acomodar
com a situação atual, procurar sempre melhorá-las cada vez mais; faz de forma inovadora,
diferente e não assumir riscos desnecessários. Observou-se que os entrevistados acreditam
que para obter sucesso não podem se acomodar e nem olhar só para as dificuldades:
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A gente nunca pode pensar negativo, tem sempre que pensar positivo, sempre pensar
que está no caminho certo, os obstáculos você tem que passar por cima. (E2)
Se você não tiver pulso firme, coragem pra enfrentar as dificuldades, não aguenta
não, se a pessoa tiver medo e não tiver coragem não entra não, porque vai ser difícil.
(E3)
Ângelo (2003) dividiu os empreendedores de acordo com a motivação existente em
adquirir um negócio próprio, para assim determinar se a iniciativa é resultado da percepção da
oportunidade ou se há relação ao desemprego ou á falta de outras fontes de ganho, no caso
uma necessidade. Os entrevistados relatam como foi o início do seu empreendimento, um dos
empreendedores relata que sua motivação em adquirir sua empresa foi por aproveitar uma
oportunidade:
Primeiro fui Office boy, depois auxiliar de escritório, auxiliar de contabilidade e ai
depois perdi o emprego, e comecei a trabalhar de moto boy, ai de moto boy eu fui
ser segurança de uma faculdade e eu sempre vi van pra lá van pra cá eu fiz amizades
com donos de vans e tal e resolvi comprar uma van pra mim, peguei meu carro
minha moto dei de entrada lá e to ai ate hoje, foi assim que começou. Teve uma
pessoa especifica que falou Geraldo vai que eu te ajudo, tive um incentivo de um
amigo e de um irmão que me deu força e me indicou para uma oportunidade em
Vespasiano muito boa. É eu tive oportunidade de abrir uma empresa que presta
serviços com um diferencial, tive uns contatos então foi em vista de uma
oportunidade. (E3)
Já os outros entrevistados descrevem a motivação e relatam ser por necessidade:
Meu negócio foi aberto em vista de uma necessidade. Comecei trabalhando na
Belgo durante muito tempo, após minha aposentadoria eu necessitava de continuar
trabalhando e pensei em investir na área de transporte. Foi quando peguei meu
acerto e comprei uma van à vista e comecei meu negócio onde estou até hoje. (E1)
Meu negócio começou por necessidade, foi por causa do desemprego. (E2)
Para Aidar (2007), alcançar sucesso na atividade empreendedora não se limita em
apenas abrir um negócio, vai mais além é preciso manter. O que geralmente acontece com
empreendedores que não conhecem o negócio e não planejam. Em sua maioria os que abrem
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por necessidade não realizam previamente pesquisas e estudos do mercado em que atuam. Foi
o que os empreendedores por necessidades relataram:
Abri minha empresa com a cara e a coragem, eu não fiz planejamento de mercado e
surgiu essa oportunidade de comprar o carro, depois surgiu o serviço, e assim foi
indo usando a minha experência mesmo. (E2)
Não fiz nenhum tipo de planejamento no início, e isso fez e faz falta. (E1)
Quando questionados ao que fariam de diferente ou o que faltou em suas empresas
responderam:
Organização e planejamento, quando planeja seu negócio com certeza ele fica mais
estruturado. Faltou planejamento no meu caso. (E1)
O Empreendedor que abriu seu negócio em vista de uma oportunidade declara:
Quando eu abri já sabia quanto ia ganhar e quanto ia gastar já tinha arrumado um
contador, fiz uma planilha de despesas e ganhos, e já sabia quais serviços ia prestar.
É muito importante controlar se vai ter lucro ou despesa, tem que fazer um
planejamento, um acompanhamento de tudo que sai que entra, dos investimentos,
pra ver se tudo que você vai ganhar vai dar pra cobrir todos os compromissos. (E3)
Schmidt e Bohnenberger (2009), afirmam que o planejamento do negócio próprio
pode ser considerado na maioria dos estudos como fator determinante para o do sucesso do
empreendimento, Dutra e Previdelli (2003), assim como Greatti (2004), sustentam esta
afirmação de que um plano de negócios está totalmente associado ao sucesso ou fracasso da
organização. Percebe-se a afirmação dos autores quando os empreendedores declaram suas
perspectivas futuras para os empreendimentos:
Minha perspectiva é crescer mais, contando com a sorte mesmo, quem sabe aparece
uma proposta melhor, a gente nunca pode pensar negativo, tem sempre que pensar
positivo, mas poderia estar melhor com certeza.(E2)
Não possuo muitas perspectivas positivas para a minha empresa. Pretendo não dever
ninguém e estar em acordo com todas as exigências do governo.(E1)
Tenho varias expectativas de expansão, mas isso é para daqui algum tempo, tenho
que planejar melhor, com certeza posso dizer que com todos as desafios estou no
caminho certo.(E3)
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No que diz respeito aos desafios enfrentados pelos empreendedores no segmento de
transportes, destaca a falta de bons profissionais, mercado saturado, burocracia excessiva para
se manter legalizado, falta de capital de giro. De acordo com esta afirmação as entrevistadas
descrevem seus desafios:
Conquistar o mercado era a minha maior dificuldade no começo, ter clientes que
suprissem as despesas e os altos custos. E a mais desafiadora é o alto custo para
manter o negócio. Muitas vezes penso que é melhor trabalhar para os outros porque
não tenho tanta despesa... Com certeza a concorrência é também uma grande
dificuldade enfrentada hoje e também no começo... A mão-de-obra também é uma
grande dificuldade, muitos motoristas irresponsáveis e que não passam segurança
para a empresa, estragam os carros, não cumprem horário. (E1)
Trabalhar lidando com pessoas é difícil, se você não tiver um jogo de cintura você
não consegue... Os impostos são altíssimos além das estradas que não ajudam muito
que faz você ter que dar mais manutenção nos carros, mas o maior obstáculo que
existe hoje pra mim é a concorrência que é muito grande e os “grandões” levam
vantagem. (E2)
Olha primeiro deles é trabalhar com pessoas, é trabalhoso demais tudo está ruim,os
funcionários sempre estão insatisfeitos com alguma questão se você paga x está
ruim, o trabalho está ruim o horário ta ruim, você tem que usar toda sua psicologia
para lhe dar com isso, mas o maior desafio mesmo que eu acho é você prestar um
bom serviço pra você continuar no mercado...A concorrência desleal também
desanima, a gente da um preço por exemplo 120,00 ai entra um cara novo no
mercado e pra tomar seu passageiro ele faz a 90,00, porque o cara ta entrando no
mercado hoje ele quer subir de qualquer jeito, se colocar o preço lá em baixo não
ganha o suficiente para dar manutenção no veiculo, vira uma bola de neve não
aguenta.(E3)
A questão a respeito das políticas de governo se é considerada como obstáculos para
os novos empreendedores, foram relatadas abaixo:
Claro. São obstáculos sim. O mercado de transporte hoje está saturado, mesmo que
você tenta crescer o governo não dá oportunidade para pequenas empresas
avançarem. (E1)
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Além disso, Nonaka (1997) afirma que a alta carga tributária e trabalhista é um dos
principais problemas, o que derruba os empresários são os juros do mercado financeiro e o
custo de gestão por causa dos encargos municipais, estaduais e federais.
5 Considerações Finais
O objetivo da presente pesquisa foi identificar e analisar as origens, e os principais
desafios dos micros empreendimentos no setor de transporte de passageiros do município de
Vespasiano MG.
Na entrevista, buscou-se descrever a trajetória dos empreendimentos desde a sua
origem até a data da pesquisa. Os dados coletados foram tabulados qualitativamente, Após as
transcrições das entrevistas foi realizado um estudo comparativo das informações levantadas.
Constatou-se que os três entrevistados são do sexo masculino, com faixa etária entre
quarenta e um a cinquenta anos, estado civil casados, sendo um dos entrevistados divorciado,
nível de escolaridade ensino médio completo, quanto ao tempo de vida do negócio dois dos
entrevistados estão a cinco e seis anos no mercado quanto o outro tem vinte anos de mercado.
O primeiro passo foi: “Identificar a motivação do empreendedor.” Por meio da
entrevista sobre as motivações em investir em um empreendimento no setor de transportes.
Notou-se que um dos entrevistados acredita que sua motivação em adquirir sua empresa foi
por aproveitar uma oportunidade, já os outros dois explicita que a motivação foi por
necessidade.
O segundo passo foi: “Analisar a trajetória do empreendimento desde a sua origem até
a data da pesquisa.” Verificou-se que as empresas são familiares, aberta para o próprio
sustento, tem baixa capacidade de empregar, pois uma das empresas possui dez funcionários a
outra três, e por ultimo possui apenas dois; sendo assim micro empresas.
O terceiro passo foi: “Comparar os desafios enfrentados pelos empreendedores de
necessidade e oportunidade”. De acordo com a visão dos empreendedores entrevistados, os
principais desafios enfrentados neste setor, para os empreendedores por necessidade, são: a
falta de mão-de-obra qualificada, carga tributária elevada, concorrência acirrada no segmento
em que atuam, a infra-estrutura e a falta de planejamento do negócio.
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Para o empreendedor que atua em vista de uma oportunidade os desafios são:
motivação dos funcionários, conquistar maior fatia de mercado, concorrência desleal e
acirrada.
Observou-se que o planejamento do negócio é indispensável para o sucesso da
organização, pois o empreendedor que atua em vista de uma oportunidade tem o seu negócio
no rumo certo e a probabilidade de continuar prestando serviços neste segmento lhe é muito
favorável considerando que o mesmo já opera a vinte anos neste segmento.
Em contra partida os empreendedores que atuam por necessidade se vêem em uma
encruzilhada, onde o futuro do empreendimento está totalmente comprometido por não
conseguirem com eficácia driblar os grandes desafios que o mercado os impõe diariamente.
É relevante ressaltar que um dos entrevistados por necessidade declarou não ter
perspectivas positivas para sua empresa, ou seja, pode-se concluir que a mortalidade
empresarial está prestes a se concretizar.
Estes dados reforçam as teorias de Degen (2005) além de mostrar a grandiosa
importância de um plano de negócios.
Entende-se que as características fundamentais do empreendedorismo no segmento de
transportes, exigem mudanças constantes, flexibilidade para adaptações aos grandes desafios
e as novidades, e as ofertas no mercado são maiores que a demanda, possui facilidade em
entrar no mercado e por necessitar menor valor de capital de giro e são empreendimentos por
necessidade, Por isso, é preciso analisar a concorrência e tentar diferenciar-se, como fez o
empreendedor por oportunidade.
Quanto a limitações na pesquisa, observou-se uma grande dificuldade de acesso aos
empreendedores deste setor devido às várias atividades que são desempenhadas por eles e a
dificuldade de agendar horário ou mesmo deles se disporem a responder a entrevista. E ainda
o receio de estarem sendo investigados por concorrentes.
Sugere-se a realização de outras pesquisas quantitativas com os empreendedores no
segmento de transportes, de maneira a se compreender de forma mais profunda as
disparidades em termos das características e desafios encontrados na pesquisa apresentada,
principalmente quanto ao que é relacionado às dificuldades de abrir, manter e gerir uma
empresa neste setor. Acredita-se que pesquisas sobre ciclo de vida das empresas,
planejamento estratégico, comprometimento e valores (organizacionais e do trabalho) também
sejam produtivas, no sentido de se aprofundar sobre a realidade desses empreendedores.
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