UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA Conversores Estáticos para Sistemas de Energia Elétrica Demercil de Souza Oliveira Júnior, Dr. TRABALHO FINAL Sistema eólico com gerador de indução trifásico controlado pela resistência rotórica Rômulo Fernandes Silva Galdino José Walder Pedrosa Costa Fortaleza 5 de Dezembro de 2011 1. INTRODUÇÃO O consumo global de energia elétrica continua crescendo, significando a firme demanda pelo aumento de capacidade de geração e energia. Com isso, produção, distribuição e uso de energia devem apresentar tecnologias mais eficientes possíveis e deve-se haver maior incentivo à conservação de energia nos consumidores finais. Diante deste quadro, uma tendência é a maior utilização de novas fontes de geração de energia elétrica para suprir essa demanda crescente. Espera-se o aumento do número de fontes alternativas de energia em redes de distribuição em vários locais. As principais vantagens do uso de energia alternativa são a eliminação de emissão de gases poluentes, a sua inesgotável fonte primária e a diversificação da matriz energética. Com o desenvolvimento de novas tecnologias e redução de custos de geração, fontes alternativas estão se tornando cada vez mais competitivas no mercado, especialmente a energia eólica. O aproveitamento da energia eólica ocorre por meio da conversão da energia cinética de translação do vento em energia cinética de rotação, com o emprego de turbinas eólicas, também denominadas aerogeradores, para a geração de eletricidade, ou cataventos (e moinhos), para trabalhos mecânicos como bombeamento de água. A abordagem dos diferentes tipos de turbinas eólicas pode ser dividida basicamente em dois grupos: aerogeradores com sistema de velocidade fixa e aerogeradores com sistema de velocidade variável. Um sistema com velocidade variável faz o uso da eletrônica de potência para controlar a velocidade do gerador, enquanto que, em um sistema com velocidade fixa, não existe esse tipo de controle. Tanto geradores de indução quanto síncronos podem ser utilizados em turbinas eólicas. Geradores de indução podem ser aplicados em sistemas de velocidade fixa ou variável, enquanto que geradores síncronos são normalmente utilizados em sistemas de velocidade variável. Três tipos de geradores de indução são utilizados na geração de energia elétrica em aerogeradores: gaiola de esquilo, rotor bobinado com controle de escorregamento pela variação de resistência do rotor, e com dupla alimentação. O trabalho aqui exposto visa demonstrar uma das tecnologias de conexão à rede elétrica: Aerogerador com gerador de indução trifásico com controle de escorregamento pela variação da resistência rotórica. Será realizada explanação teórica e simulação do sistema no software PSCAD. 2. AEROGERADORES COM CONVERSOR PROJETADO PARA POTÊNCIA PARCIAL Alguma turbinas eólicas utilizam conversores com potência parcial dos geradores. Ao utilizar estas turbinas eólicas, um melhor desempenho de controle pode ser obtido, comparando-as com aerogeradores com velocidade fixa. A figura 1 mostra dois sistemas que utilizam este princípio. Figura 1 – Topologias de turbinas eólicas com conversores com potência parcial e com faixa de velocidade limitada: (a) com conversor para controle de resistência do rotor) e (b) com gerador de indução com dupla alimentação. 3. GERADOR DE INDUÇÃO COM ROTOR BOBINADO E CONTROLE DINÂMICO DE ESCORREGAMENTO Na figura 2 uma resistência extra é adicionada no rotor, a qual pode ser controlada utilizando eletrônica de potência. Este princípio faz o uso do controle dinâmico de escorregamento, o que torna possível uma variação de velocidade do rotor. O seu princípio de funcionamento é o seguinte: em velocidades supersíncronas, o excesso de potência gerada flui pelo conversor eletrônico e é dissipado pela resistência controlável, reduzindo seu aproveitamento de energia. Para reduzir (ou quase eliminar) a demanda de energia reativa da rede para o gerador, o uso de um compensador de energia reativa se torna necessário. Bancos de capacitores chaveados podem ser utilizados, sendo estes projetados para variar sua produção de energia reativa (podendo apresentar de 5 a 25 estágios). Figura 2 – Gerador de indução com rotor bobinado e controle dinâmico de escorregamento. A conexão direta na rede de energia gera transientes de curta duração, com correntes de surto (inrush currents) muito elevadas causando tanto distúrbios na rede quanto aumentos bruscos de torque na caixa multiplicadora e no eixo de acoplamento (que compõem o drive train) dos aerogeradores. Se nenhuma precaução for tomada, as correntes do surto podem ser da ordem de 5 a 7 vezes a corrente do gerador. No entanto, depois de um período muito curto (menos de 10 ms), o pico de corrente pode ser consideravelmente maior, da ordem de 18 vezes a corrente nominal. O sistema descrito na figura 2 utiliza soft-starters com o objetivo de reduzir as correntes de surto. Os soft-starters, baseados na tecnologia de tiristores, limitam a corrente de surto para um nível em cerca de 1,5 vezes a corrente nominal do gerador . O soft-starter apresenta uma capacidade térmica limitada e por isso é curto-circuitado por uma chave by-pass, o qual transmite toda corrente quando a conexão com a rede estiver estável. Além de reduzir o impacto sobre a rede, o soft-starter também amortece efetivamente os picos de torque associados com as correntes de surto e conseqüentemente, reduz a carga na caixa de engrenagem. 4. SIMULAÇÃO DE UM SISTEMA EÓLICO COMPOSTO DE GIT CONTROLADO PELA RESISTÊNCIA ROTÓRICA O sistema eólico proposto neste trabalho foi simulado utilizando o software PSCAD. A seguir seguem os resultados e conclusões da simulação. Foi utilizado um modelo para a máquina primária, um gerador de indução trifásico com o controle da resistência realizado de forma manual na simulação, um banco de capacitores para suprir a demanda de reativos na rede, além de um softstarter que é curto-circuitado após 0.1 segundos. + Main ... R_var R_var + R_var + BRK_SS R_var Circuito de Potência 50 A B C R_var T1 0 T 0.1 Ir T Muda de controle de velocidade para controle de torque. Vr T3 Rede - 20 kV. R=0 0.01 [ohm] 1e-4 [H] Irede IN #2 t2 W A B #1 1.0541 S2TMODE S Vs_mi T5 Cp TL C Ps BRK_CAP Qs Tm P T A T4 Power Q B T C IM Is B Vs T Vg T A 3 [MVA] 0.69 [kV] / 13.8 [kV] Vw N Wind Park Wm W 0.28 10.33 B C A Esta turbina está produzindo 1 MW. 1800 [uF] 1800 [uF] 1800 [uF] T6 Figura 3 – Simulação do sistema proposto no PSCAD Medidas e ajustes dos interruptores Vs 1 2 Vsa Is 1 Vsb 2 Isa Vr 3 1 Vsc Ir 3 Isb 2 Vs_mi 3 Vra Vrb Vrc 1 2 3 Isc Ira Irb 1 2 3 Vsa_miVsb_miVsc_mi Ps Irc Qs Te Vg 1 Vga BRK_SS 2 3 Vgb Vgc Timed Breaker Logic Open@t0 BRK_CAP Timed Breaker Logic Open@t0 IN Timed Breaker Logic Open@t0 Figura 4 – Pontos de medição e lógica para abertura/fechamento dos disjuntores ´ No gráfico da figura 5 temos a potência reativa e o momento da entrada do banco de capacitores de 1800uF que foi ajustado para 1 segundo. TIME Main : Graphs Ps 0.450 Qs 0.400 0.350 0.300 y 0.250 0.200 0.150 0.100 0.050 0.000 -0.050 Isa 2.00 1.50 1.00 0.50 y 0.00 -0.50 -1.00 -1.50 -2.00 -2.50 0.80 0.90 1.00 1.10 1.20 1.30 1.40 ... ... ... Figura 5 – Potência reativa no momento da entrada do banco de capacitores (1 segundo) e corrente da fase a do gerador. Para demonstrar a utilização do soft-starter foram realizadas duas simulações: sistema eólico sem utilização do soft-starter e sistema eólico utilizando soft-starter, respectivamente nas figuras 6 e 7. É demonstrada a eficiência da utilização deste sistema para a atenuação das correntes in-rush. Main : Graphs 0.20 Te 0.00 -0.20 -0.40 -0.60 y -0.80 -1.00 -1.20 -1.40 -1.60 -1.80 0.00 0.10 0.20 0.30 0.40 0.50 Figura 6 – Sincronismo com a rede sem utilização de Soft-starter 0.60 0.70 ... ... ... Main : Graphs Te 0.0010 0.0000 -0.0010 -0.0020 y -0.0030 -0.0040 -0.0050 -0.0060 -0.0070 0.00 0.10 0.20 0.30 0.40 0.50 ... ... ... 0.60 Figura 7 – Sincronismo utilizando Soft-starter A figura 6 mostra os resultados da simulação para a partida com conexão direta, onde se pode observar que um alto torque de partida é solicitado para esta situação. Muitas oscilações na velocidade do eixo também podem ser observadas. Utilizando um soft-starter, as correntes de surto e, portanto, o alto torque de partida são limitados e a velocidade do eixo é suavizada, como mostra a figura 7. Na figura 8 é demonstrada a variação da potência ativa variando-se a resistência rotórica para os valores de 5, 2.5 e 1.25 ohms. Main : Graphs 0.50 Ps Qs 0.00 y -0.50 -1.00 -1.50 -2.00 -2.50 3.0 Isa 2.0 y 1.0 0.0 -1.0 -2.0 -3.0 0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 Figura 8 – Potência ativa gerada para os valores de 5, 2.5 e 1.25ohms na resistência rotórica. 6.0 ... ... ... Main : Graphs Ps Qs -0.480 -0.490 -0.500 -0.510 y -0.520 -0.530 -0.540 -0.550 -0.560 -0.570 3.0 Isa 2.0 y 1.0 0.0 -1.0 -2.0 -3.0 1.990 2.000 2.010 2.020 2.030 Figura 9 – Potência ativa gerada para uma resistência rotórica.de 5ohms. 2.040 2.050 ... ... ... Main : Graphs Ps Qs -0.600 -0.650 -0.700 y -0.750 -0.800 -0.850 -0.900 -0.950 -1.000 3.0 Isa 2.0 y 1.0 0.0 -1.0 -2.0 -3.0 3.8200 3.8250 3.8300 3.8350 3.8400 3.8450 3.8500 3.8550 Figura 10 – Potência ativa gerada para uma resistência rotórica.de 2.5 ohms. 3.8600 3.8650 ... ... ... Main : Graphs Ps Qs -0.840 -0.850 y -0.860 -0.870 -0.880 -0.890 -0.900 3.0 Isa 2.0 y 1.0 0.0 -1.0 -2.0 -3.0 5.160 5.170 5.180 5.190 5.200 5.210 5.220 5.230 Figura 11 – Potência ativa gerada para uma resistência rotórica.de 1.25 ohms. De acordo com as simulações, temos que diminuindo-se a resistência rotórica obtemos maiores valores para a potência ativa gerada. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Apresentação “Aspectos Elétricos”, professor Demercil. [2] Wind Power in Power Systems, Thomas Ackerman. [3] PSCAD Based Simulation of the Connection of a Wind Generator to the Network ... ... ...