--~~-- - ULTRASSONOGRAFIA Manual Prático de Ensino Princípios Básicos de Execução e Interpretação MATTHIAS HOFER 7}9 IlusTRAÇÕEs, SENdo 422 IMAGENS REVINTER Título original em inglês: Ultrasound Teaching Manual - The Basics of Performing and lnterpreting Ultrasound Scans, Second Edition Copyright © by Georg Thieme Verlag Atualizado conforme Sono Grundkurs- Ein Arbeitsbuch for den Einstieg, 6. Auflage 1995 , 2009 Ultrassonografia - Manual Prático de Ensino: Princípios Básicos de Execução e Interpretação, Sexta Edição Copyright © 2011 by Livraria e Editora Revinter Ltda. ISBN 978-85-372-0327-9 Todos os direitos reservados. É expressamente proibida a reprodução deste livro, no seu todo ou em parte, por quaisquer meios, sem o consentimento por escrito da Editora. Matthias Hofer, M.D .. MPH, MME Head, Medicai Education Group lnstitutes of Diagnostic Radiology & Anatomy 11 H. Heine-University P.O. Box 101007 40001 Duesseldorf, Germany Tradução: EDIANEZ CHIMELLO Tradutora, SP Revisão Técnica: CARLA MARTINS DE GROSSI Mestrado em Radiologia pela UFRJ Especialização em Utrassonografia Geral pelo Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) Especialização em Radiologia e Diagnóstico por Imagem pelo Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) Nota: A medicina é uma ciência em constante evolução. À medida que novas pesquisas e experiências ampliam os nossos conhecimentos, são necessárias mudanças no tratamento clínico e medicamentoso. Os autores e o editor fizeram verificações junto a fontes que se acredita sejam confiáveis, em seus esforços para proporcionar informações acuradas e, em geral, de acordo com os padrões aceitos no momento da publicação. No entanto, em vista da possibilidade de erro humano ou mudanças nas ciências médicas, nem os autores e o editor nem qualquer outra parte envolvida na preparação ou publicação deste livro garantem que as instruções aqui contidas são, em todos os aspectos, precisas ou completas, e rejeitam toda a responsabilidade por qualquer erro ou omissão ou pelos resultados obtidos com o uso das prescrições aqui expressas. Incentivamos os leitores a confirmar as nossas indicações com outras fontes. Por exemplo e em particular, recomendamos que verifiquem as bulas em cada medicamento que planejam administrar para terem a certeza de que as informações contidas nesta obra são precisas e de que não tenham sido feitas mudanças na dose recomendada ou nas contraindicações à administração. Esta recomendação é de particular importância em conjunto com medicações novas ou usadas com pouca frequência. Livraria e Editora REVINTER Ltda. Rua do Matoso, 170 - Tijuca 20270-130- Rio de janeiro, Rj Te I.: {21) 2563-9700 Fax: (21) 2563-9701 E-mail: livraria@revinter.com.br www.revinter.com.br Dicas para o Leitor 3 Como obter o aproveitamento máximo deste manual? • Para termos no índice- na página 120 (ou mesmo nas pp. 4 e 5). Trabalhand o em cada ca pítul o separadamente, você poderá beneficiar-se de vários aspectos didáticos e metodológicos. • Para valores normais e check-lists - fo rnecidos em cartões de bolso, lam inados e à prova d'água. Pesquisa rápida ... Por que este livro é chamado de "livro de exercícios"? • Por lição- na página 5 há um sumário para cada lição. • Para perguntas difice is e para maior profu nd idade- veja explicação na pági na 5. • Para figuras em refe rência cruzada - a numeração corresponde à página em que as figuras aparecem, por exemplo, a Figura 38.2 está na página 38. • Para figura explicativa ou diagra ma do texto- elas são destacadas em azul-claro no loca l apro priado do texto correspondente e estão quase sempre na mesma pági na, evitando navegação desnecessária. • Para um número anotado - marcado em negrito no texto correspondente ou encontrado ao desdobrar-se a capa posterior (o mesmo número para todas as páginas em todo o livro). Cada página pode ser usada como um jogo para testar seus conhecimentos. Uma vez que os diagramas contêm números comentados e não nomes, você poderá verificar cada diagrama para encontrar as estruturas mostradas por ultrasso nografia com as quais você está fa miliarizado e aquelas que você ainda não conhece. As perguntas e os exercícios desenhados têm a mesma fina lidade. Desta fo rma, você poderá fa mil iarizar-se com vários métodos eficientes de estudo que permita m que seu conhecimento rece nteme nte adqu irido torne-se , rapidamente , um conhecimento a longo prazo- mesmo que este processo exija sua pa rticipação ativa . Desejo-lh e muito sucesso e diversão! Matthi as Hofer Lista de Abreviações A. Aa. ACfH Al AIUM AM AMS AO AQ AS ASD BU c CA CB CC CCF CCN CF CGP CPER D dAO DBP DCC DFO DIPS Artéria Artérias Hormônio adrenocorticotrófico Abdome inferior American lnstitute of Ultrasound in Medicine Abdome médio Artéria mesentérica superior Aorta Articulação do quadril Abdome superior Angiografia com subtração digital Bexiga urinária Colecistectomia/curetagem Circunferência abdominal (feto) Carcinoma brônquico Circunferência da cabeça Circunferência da cabeça fetal Comprimento cabeça-nádega Comprimento do fêmur (feto) Compensação de ganho de profundidade Colangiopancreatografia endoscópica retrógrada Dilatação Diâmetro da aorta Di âmetro biparietal (feto) Diâmetro da cavidade coriônica Diâmetro fronto-occipital (feto) Desvio portossistêmico intra-hepático DIU DP DSA DSV dvc EB ETE FAST FIV GCH GE GS HNF IHC IHT IPP IR LCC LCR LEOC LES Lig. LIH LLC LMC LN LNH LSC Dispositivo intrauterino Desvio-padrão Defeito do septo atrial Defeito do septo ventricular Diâmetro da veia cava Enema de bário Ecocardiografia transesofágica Focused assessment with sonography for trauma (avaliação focalizada de trauma por ultrassonografia) Fertilização in vitro Gonadotropina coriônica humana Gestação ectópica Glândula suprarrenal Hiperplasia nodular focal Imagem harmônica utilizando contraste Imagens harmônicas dos tecidos Índice parênquima-pelve Índice de resistência Largura craniocortical Líquido cefalorraquidiano Litotripsia extracorpórea com ondas de choque Lúpus eritematoso sistêmico Ligamento Largura inter-hemisférica Leucemia linfoide crônica Linha medioclavicular Linfonodo Linfoma não Hodgkin Largura sinocortical LV LVL M. MHz Mm. mW NPO oc OP OPC p/b PF PJV RM RN RPT SCR sv TC TGI TGV TN TR UCM UP v. VCI Vol 8 u Vv. Largura do ventrículo Largura do ventrículo lateral Músculo Megahertz (unidade de frequência) Músculos Milliwatt Nada pela boca (jejum) (non per os) Onda contínua (Doppler) Onda pulsada (Doppler) Ovários policísticos Ultrassonografia em branco e preto (Modo B) Peso fetal Pielografia intravenosa Ressonância magnética Recém-nascido Recém-nascido pré-termo Sistema coletor renal Saco vitelino Tomografia computadorizada Trato gastrointestinal Transposição dos grandes vasos Translucência nuca! Transplante renal Uretrocistografia miccional Uteropélvica Veia Veia cava inferior Volume da bexiga urinária Veias Sumário 4 Cortes padronizados ......................... (orelha da capa frontal) Princípios Físicos{fécnicas Formação das Imagens ...................................... 6 Qual Componente das Ondas de Som é Refletido 7................. 6 De uma "Tempestade de Neve" para uma Imagem ................. 6 O que Significa o Termo "Ecogenicidade"? ....................... 7 Um Engano Comum ........................................ 7 Produção e Frequências de Ondas de Som ....................... 7 Operação do Equipamento de Ultrassonografia ................... 8 Especificação de um Aparelho de Ultrassonografia ................. 8 Seleção de Equipamento Ultrassonográfico ...................... 9 Tipos de Transdutores ...................................... 9 Novas Técnicas de Investigação por Imagens Investigação Panorâmica (SieScape®) .......................... 1O Exibição em 30 ........................................... 1O Esclarecendo a Tecnologia de Realce Vascular ................... 1O Imagem Harmônica ....................................... 11 Imagem Harmônica Secundária .............................. 11 Técnica de Inversão de Fase ................................. 11 Realce por Contraste ...................................... 12 Composição Espacial (Sono~) ... ." .......................... 13 Novas Técnicas Compressão Pulsada ....................................... 14 Aumento da Taxa de Amostragem de um Sinal de Precisão ......... 14 Cateteres para Diagnóstico Ultrassonográfico ................... 15 Artefatos Reverberação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 Artefatos de Espessura de Corte .............................. 16 Reforço Acústico (Distai) .................................... 16 Sombra Acústica .......................................... 17 Imagem em Espelho .................................. ..... 17 Artefatos{feste Artefato de Lobo Lateral, jogo para Autoavaliação ................ 18 Dicas e Truques Práticos para o Principiante I Orientação Espacial ....................................... 19 Quanto de Pressão Devo Aplicar no Transdutor? ................. 19 Dicas e Truques Práticos para o Principiante 11 Relevância das Instruções de Respiração Adequada ............... 20 Visualização da Porta Hepatis ................................ 20 &t!·nii Abdome Retroperitônio, Plano Sagital Retroperitônio Inferior, Achados Normais ...................... 21 Ectasia Aórtica e Aneurismas ................................ 23 Linfonodos Retroperitoneais ................... .......... .. . 24 Retroperitônio: Outros Casos Clínicos ......................... 25 jogo para Autoavaliação .................................... 26 M4·!.fj Abdome Abdome Superior, Corte Transverso, Pâncreas Cortes Transversos do Abdome Superior, Anatomia Básica .......... 27 Cortes Transversos do Abdome Superior, Achados Normais ......... 28 Cortes Transversos do Abdome Superior: Pancreatite ............. 29 Pâncreas, Outros Casos ..................................... 30 Cortes Transversos do Abdome Superior, Linfonodos .............. 31 Porta Hepatis: Achados Normais .............................. 32 Fígado: Hipertensão Porta, Linfonodos ......................... 33 jogo para Autoavaliação .................................... 34 Mf·! .ii Abdome Fígado Fígado: Tamanho do Órgão, Ângulo Lateral; Vesícula Biliar .......... 35 Fígado: Estrela Venosa Hepática, Insuficiência Cardíaca Direita ...... 36 Fígado: Variantes Normais, Fígado Gorduroso ................... 37 Fígado: Infiltração Gordurosa Focal ........................... 38 Fígado: Cistos, Parasitas e Hemangioma ........................ 39 Fígado: Outras Alterações Hepáticas Focais ..................... 40 Fígado: Cirrose e Carcinoma Hepatocelular ..................... 41 Fígado: Metástases Hepáticas, Questão do jogo .................. 42 Vesícula Biliar e Duetos Biliares Duetos Biliares: Colestase .................................. .43 Cálculos Biliares e Pólipos .................................. 44 Vesícula Biliar: Colecistite .................................. .45 Fígado e Vesícula: jogo para Autoavaliação ...................... 46 Wf·njl Abdome Rins Rins: Achados Normais .................................... .47 Rins: Variantes Normais e Cistos .............................. 48 Rins e Sistema Coletor em Pediatria: Achados Normais ............ 49 Alterações do Parênquima Renal em Pediatria ................... 50 Rins: Atrofia e Inflamação ................................... 51 Rins: Obstrução Urinária .................................... 52 Rins: Diagnóstico Diferencial de Obstrução Urinária .............. 53 Obstrução Urinária e Refluxo em Pediatria ...................... 54 Rins: Cálculos e Infarto ..................................... 56 Rins: Tumores dos Rins e das Glândulas Suprarrenais .............. 57 Tumores dos Rins e das Glândulas Suprarrenais em Pediatria ........ 58 Bexiga Urinária Bexiga Urinária: Achados Normais ............................ 59 Bexiga Urinária: Sonda de Demora e Cistite ..................... 60 Bexiga Urinária em Pediatria ................................. 61 Transplantes Renais Transplante Renal: Achados Normais .......................... 62 Transplantes Renais: Complicações ............................ 63 Rins: jogo para Autoavaliação ................................ 64 Wf·!.ii Abdome Trato Gastrointestinal (TGI) TGI Superior: Estômago, Hipertrofia do Piloro ................... 65 TGI Superior: Intestino Delgado .............................. 67 TGI em Crianças .......................................... 68 TGI Superior: Apendicite, Diarreia e Doença de Hirschsprung ....... 69 TGIInferior: Cólon ........................................ 70 Baço Baço: Achados Normais .................................... 71 Baço: Esplenomegalia Difusa ................................ 72 Baço: Lesões Focais ....................................... 73 Organometria,jogo para Autoavaliação ........................ 74 &f.J.Jj Órgãos Reprodutivos (M. Hofer, T. Reihs) Órgãos Reprodutivos Masculinos Próstata, Hipertrofia Prostática, Testículos e Escroto .............. 75 Testículo não Descido, Orquite/Epididimite, Hidrocele!Hémia lnguinal ... 76 Órgãos Reprodutivos Femininos Ultrassonografia Endovaginal, Orientação da Imagem ............. 77 Útero: Achados Normais, Dispositivos lntrauterinos (DIU) .......... 78 Tumores do Útero ......................................... 79 Ovários: Achados Normais, Volumetria, Fases do Ciclo ............. 80 Ovários: Cistos e Tumores, Terapia para lnfertilidade .............. 81 Teste de Gravidez ......................................... 82 Posição da Placenta e Determinação do Sexo .................... 83 5 Sumário Biometria no Primeiro Trimestre, DCC, DSV, CCN .... . ... . ........ 84 Biometria do Segundo e do Terceiro Trimestres, DBP, CF, CA ... . ... . 85 Malformações Cerebelo e Espaços do Líquido Cefalorraquidiano ................ 86 Malformações: Coluna Vertebral, Anatomia, Espinha Bífida .. . . . .. .. 87 Malformações: Face, Translucência da Nuca, Hidropsia Fetal .. . ..... 88 Malformações: Coração e Vasos ... . ..... . .... . .............. . 89 Malformações: Trato Gl e Rins ..... ... ... .. ... . .... . ...... . .. 90 Malformações: Extremidades- Esqueleto , Pé Torto ....... . .. . . . .. 91 Órgãos Reprodutivos: jogo para Autoavaliação ........... . ....... 92 Onde encontro cada lição? Princípios Físicos 6 I ll~fd•ll Retroperitônio 21 m«.J.H Cabeça e Pescoço Crânio Neonatal Crânio Neonatal: Achados Normais . .. . ....... . ................ 93 Espaços de LCR, Plano Sagital ....... .. ... .. . . ......... .. . . . . . 95 Cortes Sagitais, Cistos do Plexo Coro ide .. . ........... .. . . . .. . . 96 Crânio Neonatal: Variantes Normais, Recém-Nascidos Prematuros, Cavum do Septo Pelúcido, Agenesia do Corpo Caloso . .... . .. . . . . . 97 Crânio Neonatal: Hemorragias, Fisiopatologia, Achados Ultrassonográficos .. .. . ......... . .... . ............. 98 Crânio Neonatal: Hidrocefalia e Atrofia Cerebral ....... . .... . .... 99 Crânio Neonatal: Hidrocefalia e Canal Espinal ... . . . .. .... . .. . . . 100 11!1!•11 Glândula Tireoide Glândula Tireoide: Achados Normais, Anatomia, Volumetria .. . .... 101 Glândula Tireoide: Casos Patológicos, Sócio .. .. ......... . ... .. 102 Nódulos Focais Sólidos, Tireoidite, Volumetria .... . .... . ....... 103 Glândulas Suprarrenais, Rins, Bexiga Urinária, Transplantes Renais Pescoço Pescoço: Linfonodos (LN) . ........... . .... . .... .. . . . . .... . . 104 Cabeça e Pescoço: jogo para Autoavaliação ....... . ...... . ..... 1OS Pediatria: Articulações do Quadril Posicionamento Correto, Medições de Ângulos ... . .... . ........ 106 Classificação de Graf para Quadril Infantil, Sinovite Transitória do Quadril 107 FAST ... . .... . .... . .... . . . ... ..... . ........ . ... . ....... 108 Apêndice Respostas dos jogos para Autoavaliação .. . . .. . .... . .. . .... . ... 113 Modelo de Diagramas para Planos Padronizados ............ . ... 114 Iniciação em Ultrassonografia .. .. . .. . .... . .... . .... . .... . ... 116 Índice .... . .. . . ... . .. . .. . .. . ..... . .... . .... . .... . ...... 120 Modelo de Relatório de Ultrassom Normal . .. . . .. . . . . .... . ..... 123 Agradecimentos ..... . .. . . .. . . . . .. . .. . . .. . . . . . . .... . .. . .. 124 Tabela de Valores Normais para Cuidados Pré-Natais ...... . ...... 125 Cortes Transversos do Abdome Superior, Pâncreas 27 I 35 I 47 I lltfi!•ll Fígado, Vesícula Biliar, Duetos Biliares ll!d•ll ll~!d·li Trato Gastrointestinal, Baço 65 ll!i!·l~ Órgãos Reprodutivos, Malformações ll~!d·ll Cabeça e Pescoço 75 93 Respostas dos Jogos, Iniciação em Ultrassonografia 110 11 Você quer mais do que uma Simples leitura"? A experiência mostra que os leitores e os participantes de cursos obtêm o benefício máximo deste livro ao tentarem aprender sobre os cortes padronizados com a ambição de um desportista da memória e resolverem as perguntas dos jogos sozinhos. Você ficará surpreso sobre a rapidez com que as novas informações se transformam em seu conhecimento de longo prazo. Para localizar as páginas com facilidade, os títulos dos jogos são destacados em azul no sumário e as páginas mostram uma lingueta azul na lateral: Você está interessado em pediatria? Colocamos também linguetas para facilitar a procura por páginas com conteúdo pediátrico. Elas ficam logo acima do canto inferior da margem externa das páginas correspondentes e aparecem como mostradas aqui: Elas são encontradas nas páginas 49, 50,53-55,58,61, 64, 65, 68, 69, 74,93-100, 105-107 I 6 Princípios Físicos/Técnica Formação das Imagens Transmissão do Som em Tecido Humano As imagens ultrassonográficas são geradas por ondas de som não por raios X- que são enviadas por um transdutor para dentro do corpo humano e nele refletidas. Na ultrassonografia abdominal, as frequências usadas ficam geralmente entre 2,5 e 5,0 MHz (veja p. 9). A principal condição que permite a reflexão de uma onda sonora são os chamados "saltos de impedância", que ocorrem na interface entre dois tecidos com transmissões sonoras diferentes (interfaces na Fig. 6.2). É interessante notar que partes moles diferentes mostram diferenças bem menores na transmissão do som (Tab. 6.1 ). Somente o ar e os ossos são marcados por transmissão sonora significativamente diferente em comparação com as partes moles. Ar 331 m/s Fígado Baço Músculo 1.549 m/s 1 .566 m/s 1.568 m/s Osso 3.360 m/s média = 1.540 m/s Tab. 6.1 Trans- dutor Por essa razão, os aparelhos de ultrassom podem ser operados com uma frequência média pré-selecionada de 1.540 m/s para o cálculo da origem ("profundidade") do eco sem qualquer construção maior inadequada. O processador computa a profundidade da origem do eco a partir da diferença temporal registrada entre a emissão do impulso sonoro e o retorno do eco. Os ecos dos tecidos próximos ao transdutor (A) chegam mais cedo (tA) que aqueles dos tecidos mais profundos (ts, te na Fig. 6.2a). A frequência média é estritamente teórica, uma vez que o receptor não sabe qual tipo de tecido foi atravessado. Interface A Interface 8 Interface c Fig . 6.2a Fig . 6.2b Qual Componente das Ondas de Som é Refletido? A Fig. 6.2a mostra três blocos de tecido atravessados por ondas de som que diferem muito pouco em sua velocidade sonora (indicada por valores similares em cinza). Cada interface reflete apenas uma pequena porção das ondas de som originais (+ ) como eco ( ). O diagrama à direita mostra um salto de impedância maior na interface A entre os diferentes tecidos (Fig. 6.2b). Esse salto aumenta a proporção das ondas sonoras refletidas (t ) em comparação com os tecidos ilustrados à esquerda. Entretanto, o que acontecerá se as ondas sonoras colidirem com o ar no estômago ou com uma costela? O resultado será a chamada "reflexão total", como ilustrado na interface B (Fig. 6.2b). O transdutor não detecta nenhuma onda sonora para gerar a imagem; em vez disso, a reflexão total cria uma sombra acústica (45). Conclusão: O ar no intestino ou nos pulmões e o osso não são penetrados por ondas sonoras , impedindo qualquer investigação por imagens distais a essas estruturas. O desafio , portanto , é trabalhar ao redor dessas estruturas com o transdutor. Para tanto, a pressão aplicada ao transdutor (veja p. 19) e também o gel que determina o deslocamento de ar entre a superftcie do transdutor e a pele (veja p. 20) desempenham papel significativo. De uma "Tempestade de Neve" para uma Imagem ... Não desanime se, na primeira vez , você conseguir apenas uma "tempestade de neve" que cega sua visão na imagem ultrassonográfica. Você ficará surpreso com a rapidez com que logo reconhecerá a morfologia ultrassonográfica dos órgãos e vasos individuais. A Figura 6.3 mostra dois pólipos redondos (65) na vesícula biliar (14). A "tempestade de neve" cinzenta ao redor corresponde ao parênquima hepático (9), o qual é atravessado pelos vasos hepáticos (10, 11). Com que rapidez você conseguirá identificar quais as estruturas que aparecem brilhantes na imagem e quais as escuras? A chave está no conceito de ecogenicidade (veja p. 7). Fig . 6.3a Fig . 6.3b 7 Princípios Físicos/Técnica O que Significa o Termo "Ecogenicidade"? Os tecidos ou órgãos com mu itos saltos de impedância intrínsecos produzem muitos ecos e aparecem "ecogênicos" = bri lhantes. Ao contrário, os tecidos e órgãos com poucos saltos de impedância aparecem "hipoecoicos" = escuros. Consequentemente, fluidos homogêneos (sangue, urina, bile , LCR, fluidos pericárdico e pleural) sem saltos de impedância aparecem "anecoicos" = negros. O número de saltos de impedância não depende da densidade física ( = massa/volume}; um fígado gorduroso pode ser usado como ilustração satisfatória. Nesta TC sem realce (Fig. 7.1 a) o parênquima de um fígado gorduroso (9) aparece mais escuro (ou seja, menos denso) que os vasos hepáticos ou o fígado normal (Fig. 7.1 b). Esse é o resultado da densidade reduzida da gordura em comparação com o tecido do fígado normal. Favor usar os seguintes te rmos: Estes aparecem anecoicos (= negros): Hiperecoico (= brilhante) Sangue, urina, bile, LCR, fluido pericárdico ou pleural, ascite, cistos Hipoecoico ( = escuro) Anecoico (= negro) Fígado gorduroso Fígado normal 0 l- Em termos ultrassonográficos, os depósitos gordurosos aumentam os saltos de impedância (Fig. 7.1 c) em comparação com o tecido do fígado normal (Fig. 7.1 d). Consequentemente, a ultrassonografia mostra o fígado gorduroso mais ecogênico (mais brilhante) apesar de sua densidade física acentuadamente reduzida. Um Engano Comum O que os médicos querem dizer quando se referem a um ffgado denso? Isso reflete ou linguagem negligente ou ignorância. Ao contrário dos métodos radiológicos, que demonstram densidades fisicas, a ultrassonografia demonstra diferenças em velocidades do som (saltos de impedância), as quais não estão relacionadas com a densidade fisica. c d Fig. 7.1 Produção e Frequências de Ondas de Som A imagem ultrassonográfica começa com oscilações mecân icas de cristais que tenham sido excitados por pulsos elétricos, chamados de "efeito piezoelétrico". Essas oscilações são em itidas como ondas sonoras pelos cristais. O reverso acontece quando as ondas sonoras são recebidas. Vários cristais são reunidos para formar um transdutor, que emite ondas sonoras pulsadas de diferentes frequências, definidas em MHz. Um transdutor de "3,75 MHz" não emite exclusivamente ondas d e pressão(= ondas sonoras) com a frequência de 3,75 MHz; essa é apenas a frequência média declarada (= "frequê ncia de ce ntro"). Na verdade, esse transdutor pode emitir frequências de ondas sonoras entre 2 e 6 MHz. Os chamados "transdutores de m ul tifreq uência" têm a capacidade adicional de aumentar ou diminuir essa frequência de centro e a largura de variação. Em pacientes magros ou em crianças, por exemplo, a largura de variação pode ser aumentada para 4-8 MHz com frequência de centro de 6 MHz para obter melhor resolução espacial. Entretanto, essa frequência é atingida com prejuízo da penetração profunda das ondas de som. Em pacientes muito obesos, o uso de frequências mais baixas (p. ex., 1-5 MHz com frequência de centro de 2,5 MHz) pode ser apropriado para se atingir a penetração necessária, mas sacrificando-se a resolução (veja p. 9). Métodos mais recentes usam variações de frequência ou frequências harmônicas da frequência fundamental para a formação da imagem (veja p. 11 ). I 8 Princípios Físicos/Técnica Operação do Equipamento de Ultrassonografia Nos aparelhos de ultrassom os elementos de operação possuem funções e arranjos bem-parecidos, mesmo entre aparelhos de fornecedores diferentes. Portanto, a apresentação do painel de um aparelho em particular deverá ser suficiente, o qual servirá também para introduzir os termos técnicos relevantes. A maioria dos aparelhos possui o botão parar-iniciar (E) no canto inferior direito do painel (Fig. 8.1) para congelar as imagens dinâmicas. Recomenda-se deixar um dedo da mão esquerda sempre nesse botão para minimizar qualquer demora no congelamento da imagem desejada. Antes de começar, não se esqueça de inserir o nome do paciente (A, B) para a identificação adequada. Os botões para a mudança de programa (C) ou do transdutor (D) ficam, geralmente, na metade superior do painel de controle. Os programas com parâmetros otimizados para a faixa de frequência, transdutor, profundidade etc. podem ser armazenados antecipadamente, permitindo a troca simples e rápida entre os órgãos a serem examinados, por exemplo, da glândula tireoide para o abdome. A amplificação geral (ganho) dos ecos recebidos é controlada pelo botão de ganho (F), geralmente maior que os outros botões. A amplificação dos ecos recebidos das diferentes profundidades pode ser seletivamente ajustada com botões corrediços (slide-pots) (G) para compensar a perda de sinal associada à profundidade. Em muitos aparelhos, a ampliação ou a profundidade visualizada ( = faixa) pode ser ajustada às necessidades desejadas em pequenos incrementos (H). É necessária alguma prática para operar o trackbal/ (I) com a mão esquerda para colocar os marcadores (calipers) e as palavras na posição desejada. Em geral, essa tarefa deverá ser precedida pela ativação de um dos modos de medição U) ou do modo de anotação (K). Para facilitar a revisão dessas imagens por outras pessoas, o marcador corporal apropriado (L) pode ser selecionado para marcar a posição do transdutor na imagem antes da impressão (M). As funções remanescentes variam entre as máquinas de fornecedores diferentes, e o aprendizado será melhor mediante a operação dos aparelhos na prática clínica. Fig. 8.1 : Console/Teclado A B C O E F G H I Iniciar novo paciente Inserir nome (lO) Seleção do menu Troca de transdutor Congelar Ganho Compensação de ganho de profundidade (DGC) Profundidade da imagem/campo de visão Track ba/1 para posicionar os marcadores de ponto ou faixa J Medições K Anotações ("comentários") L Marcador corporal ("onde o transdutor foi posicionado?") M Registro/impressão da imagem B Especificação de um Aparelho de Ultrassonografia Além do preço e da qualidade da imagem, deve-se considerar a facilidade de manuseio ao se adquirir um aparelho de ultrassonografia. Se o equipamento possuir apenas uma tomada de entrada para um transdutor, como ocorre normalmente nos aparelhos de pequeno porte, poderá ser embaraçoso lidar com a frequente situação de uso de transdutores diferentes (veja p. 9). Em virtude da digitalização crescente nos hospitais e consultórios médicos, recomenda-se testar a nova unidade durante vários dias quanto à compatibilidade com o sistema de armazenamento de dados existente. Assim, os problemas inesperados que invariavelmente acontecem poderão ser tratados antes da compra pelo serviço ao consumidor do fornecedor, evitando-se, assim, o desapontamento subsequente ou a atualização demorada. Para criar um ambiente amistoso para o paciente, recomenda-se instalar um monitor adicional no campo de visão do pacien- te em repouso, por exemplo, num canto da sala de exame, para fornecer-lhe a oportunidade de receber explicações sobre os achados durante o estudo. Esse pequeno investimento pode melhorar a relação médico-paciente e a reputação do hospital ou do consultório. Não só os exames pediátricos (embora sejam os que ganham mais) se beneficiam com um aparelho de armazenamento digital (cine loop, ou um sistema de revisão de imagens) de capacidade adequada que permite jlashbacks por dois (ou mais) segundos após o congelamento. Com essa opção, as imagens podem ser registradas em pacientes agitados (ou após congelamento lento da imagem dinâmica), e imagens satisfatórias podem ser selecionadas ou medições obtidas sem repetir a aquisição da imagem. Essa opção já está disponível para aparelhos menores de aquisição em tempo real. 9 Princípios Físicos/Técnica Seleção de Equ ipa mento Ult rassonográfi co Além das grandes unidades com Doppler colorido, um aparelho de ultrassom equipado com conexões para vários transdutores de multifrequência já comprovou sua utilidade. Ele deve ser móvel para poder ser transportado facilmente da sala de ultrassonografia para outros locais no hospital (p. ex., para a unidade de terapia intensiva) (Fig. 9.1 ). Todos os cuidados necessários deverão ser tomados ao se transportar o aparelho de ultrassonografia. Os transdutores deverão estar firmemente fixos em seus suportes, de modo que os cabos pendurados do transdutor não se enrosquem em maçanetas de portas, macas etc. Deve-se evitar a queda dos transdutores ao chão, pois a reposição de um transdutor danificado pode ser significativamente dispendiosa. Pela mesma razão, o transdutor nunca deverá ser deixado sem assistência no abdome do paciente, quando a investigação for interrompida, por exemplo, por uma ligação telefônica. A colocação do transdutor no suporte com o cabo pendurado evita compressão ou dobramento desnecessários no local em que o cabo penetra no transdutor (com risco de fios quebrados no cabo). Tipos de Transd utores Entre os muitos tipos de transdutores, somente as aplicações dos três tipos mais importantes serão descritas aqui (transdutores endovaginais, veja p. 77). O transdutor em arranjo linear sequencial emite ondas de som paralelas e produz imagem retangular. A largura da imagem e o número de linhas de investigação (scan) são constantes em todos os níveis dos tecidos (Fig. 9.2a) . Esses transdutores têm a vantagem de uma resolução em área próxima satisfatória e são usados principalmente com altas frequências (5,0-1 0,0 MHz) para a avaliação de partes moles e da glândula tireoide. A desvantagem desses equipamentos é a superficie de contato extensa, que leva a artefatos em virtude dos espaços de ar entre a pele e o transdutor, quando aplicado a um contorno corporal curvo. Além disso, a sombra acústica (45), como aquela causada por costelas, pulmões ou ar intestinal, pode deteriorar a imagem. Linear Consequentemente, os transdutores lineares sequenciais raramente são usados para investigar os órgãos do tórax ou do abdome. O transdutor setorial produz imagem semelhante à de um leque: estreita na área próxima ao transdutor e que aumenta na largura à medida que aumenta a penetração (Fig. 9.2b). Esse tipo de transdutor tornou-se definido principalmente em cardiologia, com frequências de 2,0-3,0 MHz, que permite penetração mais profunda. Em virtude da propagação em leque das ondas sonoras, o coração pode ser bem visualizado a partir de uma pequena janela intercostal, sem interferência da sombra acústica das costelas. As desvantagens desse equipamento são a resolução em área próxima insatisfatória e a densidade decrescente da linha na resolução em área distante, com decréscimo correspondente da resolução. Além disso, é mais dificil encontrar o plano desejado da imagem, o que exige certa prática. O t ransd utor em arranjo seq uencial curvo ou convexo é uma combinação dos dois tipos anteriores (Fig. 9.2c) . A forma da imagem no monitor lembra um filtro de café e combina uma boa resolução em área próxima com uma resolução em área distante relativamente satisfatória. A principal vantagem da superficie de contato levemente curva é a habilidade de deslocar o ar intestinal que interfere na investigação para fora do plano da imagem (veja p. 19). Entretanto, para este tipo de transdutor, é preciso tolerar a resolução decrescente com aumento da profundidade e, dependendo do local de contato, da sombra acústica atrás das costelas. Esse tipo de equipamento é usado predominantemente na ultrassonografia abdominal, com frequências de 2,5 MHz (pacientes muito obesos) a 5,0 MHz (pacientes magros). A frequência média (centro) é de 3,5 a 3,75 MHz. Lembre-se de que frequências sonoras mais altas levam à melhor resolução, mas com penetração menos profunda. Recurso mnemônico: Se houver música em alto volume vinda da casa do seu vizinho, quais tons você ouve? Os baixos, pois estes penetram pelas paredes, comprovando a faixa mais ampla (melhor penetração) das frequências mais baixas. Veja a página 7. Setor (matriz de fase) Convexa (matriz curvada) 7,5 MHz Fig. 9.1 Fig. 9.2a Fig. 9 .2b Fig . 9 .2c I I 10 Novas Técnicas de Investigação por Imagens Investigação Panorâmica (SieScape®) Os novos processadores de imagem de alta petformance podem fundir a exibição de imagens ultrassonográficas capturadas por meio da movimentação lenta e contínua do transdutor sobre toda a extensão corporal de interesse. Com alguma prática, imagens esplêndidas e sem distorção e com precisão de medição para distância de 1 a 3% podem ser geradas a partir de uma superffcie corporal curva. Fig . 10.1 A Figura 10.1 mostra um corte ultrassonográfico sagital com efusão pleural significativa (69), atelectasia de compressão do pulmão (47) e ascite anecoica (68) sub-hepática (9) circundando as alças intestinais (46). A Figura 10.2 ilustra a posição da placenta (94) em relação ao feto. A resolução de alto contraste permite até a avaliação da interface entre o fígado (9) e o pulmão (47) do feto. Fig. 10.2 (Com permissão dos Drs. CF Dietrich and D Becker, pa ra " Farbd uplexsonography des abdomens" Schnetztor-Verlag, Konst anz) Exibição em 3D Especialmente em obstetrícia, a exibição tridimensional dos aspectos faciais do feto melhora o diagnóstico de malformações, como, por exemplo, de uma fenda labial ou palatina. Essa técnica já pode exibir a fisionomia do feto com precisão surpreendente (Fig. 10.3). Naturalmente, os cortes ultrassonográficos convencionais também podem detectar malformações esqueléticas e outras (veja p. 91 ), mas sua exibição é menos impressionante e convincente que aquela da exibição em 30. Fig . 10.3 (Wolfgang Krzos, Siemens Corporation) Esclarecendo a Tecnologia de Realce Vascular Essa técnica se baseia em um algoritmo que permite reduzir as imagens borradas em ModoS, causadas por efeitos de volume parcial ou artefatos de espessura de corte: aqui, são usadas as informações de fluxo fora do modo elétrico que contribuem para uma resolução espacial realçada da representação das paredes vasculares. Fig . 10.4a Imagem de artérias carótidas "normais" . Fig . 10.4b ... com reforço. Consequentemente, a visualização dos contornos das placas moles e duras nas artérias carótidas (Fig. 10.4b) é muito melhor, em comparação com as técnicas convencionais de investigação por imagens (Fig. 10.4a). Fica fácil quantificar uma rarefação na periferia do figado, e a diferenciação do lúmen vascular das veias hepáticas contra os ramos da veia porta é mais nítida (Fig. 10.5). Fig . 10.5 Veias hepáticas. 11 Novas Técnicas de Investigação por Imagens O material das seis páginas a seguir não é pré-requisito absoluto para as primeiras sessões de prática e pode ser omitido. O novato pode querer ir diretamente deste ponto para as Dicas e Truques Práticos para o Principiante (veja p. 19), mas deverá voltar a estas páginas mais tarde, para reforçar a compreensão fundamental da ultrassonografia. Imagem Harmônica Esta técnica não usa a frequência fundamental das ondas sonoras transmitidas, mas seus múltiplos inteiros, a chamada harmônica ou "frequências harmônicas" (p. ex., 7,0 MHz para um 3,5 MHz ftmdamental). Esses tons de harmônica exagerados tornam-se mais intensos à medida que aumenta a penetração, mas sua amplitude (intensidade) permanece acentuadamente menor que o sinal fundamental. Essas frequências harmônicas têm a vantagem de surgir apenas próximas ao transdutor, mas crescem com o aumento da penetração (Fig. 11.1 ). Consequentemente, elas não estão sujeitas às principais fontes de ruído disperso. Por que as frequências harmônicas aumentam com o aumento da penetração? As ondas de ultrassom se distorcem quando atravessam tecidos de propriedades acústicas diferentes. Suas ondas de pressão comprimem e relaxam o tecido durante sua propagação. Enquanto o tecido comprimido aumenta a velocidade do som, o tecido relaxado reduz a velocidade com progressão mais lenta da onda de pressão. O formato da onda (Fig. 11.2) torna-se distorcido e induz à formação de ondas harmônicas. Trata-se de um processo acumulativo que se expande à medida que a penetração aumenta. Consequentemente, as amplitudes das frequências harmônicas aumentam inicialmente com a penetração crescente até que a expansão seja compensada pela absorção geral (Fig. 11.1 ). Pressão do som · ~ /j ~ Profundidade Nível da pele Fig. 11.1 Campo próximo v •• / M#§MM@I§9'419§,jj. /] v /~ Profundidade ~ Campo distante Fig . 11 .2 Imagem Harmônica Secundária Essa técnica usa somente a frequência dobrada do sinal fundamental para a formação das imagens. Para evitar sobreposição da faixa da frequência harmônica com a faixa da frequência fundamental (Fig. 11.3a), deve-se usar um sinal de faixa estreita para distinguir os componentes fortes da frequência fundamental dos componentes mais fracos da frequência harmônica (Fig. 11.3b). A largura de faixa estreita do sinal leva a contraste e resolução espacial ligeiramente reduzidos. Apesar dessas falhas, essa técnica melhorou acentuadamente a detecção de detalhes (Fig. 11.4b), em comparação com a ultrassonografia convencional (Fig. 11.4a), especialmente em pacientes obesos (que apresentam dispersão excessiva na parede abdominal). 1 r~ . Frequência Frequência nativa Faixa de frequência harmônica ~ .. Frequência Fig . 11.3 Fig.11.4 Técnica de Inversão de Fase Trata-se de uma técnica de banda larga recentemente introduzida que permite a otimização dinâmica de múltiplos harmônicos da frequência, transmitida com uma largura de faixa mais larga (Ensemble®JHT) (Fig. 12.1c). Com essa técnica, a utilização da imagem não depende mais da largura de faixa estreita da frequência fundamental (Fig. 12.1a) para a separação limpa de seus múltiplos harmônicos (Fig. 12.1 b). Dois pulsos subsequentes são transmitidos de tal maneira que a fase (desvio da pressão para cima = positiva e, respectivamente, para baixo= negativa) do segundo pulso é invertida para a fase do primeiro pulso (Fig. 11.5). Pulso 1 Pulso 2 (invertido) Soma dos Pulsos 1 + 2 a) linear Fig . 11 .5 b) não linear I I 12 Novas Técnicas de Investigação por Imagens Se os ecos de ambos os sinais forem somados, a soma será igual a zero, desde que o sinal não tenha sofrido nenhuma alteração através do corpo. Como resultado, ambos os ecos da frequência fundamental serão suprimidos (Fig. 11.5a), e os componentes do segundo sinal harmônico serão intensificados {Fig. 11.5b). A Figura 12.2 exibe um caso mostrando a sombra acústica (t t t ) distai às calcificações intrarrenais (b), as quais não são detectáveis por investigação convencional por imagens (a). Além disso, o cisto renal ( ~ ) aparece mais bem demarcado e pode ser classificado como benigno com mais confiança. Frequência nativa Investigação por imagens harmônicas secundárias Investigação por imagens harmônicas com banda larga (MHz) a b c Fig.12 .1 Realce por Contraste A ecogenicidade do sangue e do tecido pode ser realçada com microbolhas minúsculas com diâmetro de 3 a 5 Jlm que passam pelos capilares e alteram a impedância na corrente sanguínea (Fig. 12.3). Até agora, três agentes de realce por contraste já foram introduzidos , e cerca de 50 outros agentes estão em desenvolvimento. Fig . 12 .2 O contraste Leovist® consiste em bolhas de ar minúsculas (* ) de aproximadamente 3 Jlm de diâmetro (95% < 1O Jlm) estabilizadas com um envelope fino de ácido palmítico (Fig. 12.4). Essas bolhas são ligadas a micropartículas de galactose, que se dissolvem no sangue e liberam as microbolhas. O pó seco pode ser misturado pelo examinador em concentrações diferentes, e a substância precisa ser injetada dentro de 8 minutos após o preparo. A suspensão passa pela circulação pulmonar. A hipergalactosemia é uma contraindicação. O contraste Optison® consiste em microbolhas de octafluorpropano com albumina sérica humana como adjunto e até agora tem sido aplicado principalmente em cardiologia. As microbolhas têm tamanho médio de 3,7 Jlm (mostrado na Fig. 12.5 em comparação com eritrócitos). O octafluorpropano é eliminado quase completamente pelos pulmões dentro de 1O minutos da administração. Qualquer possível contaminação vira! é inativada pelo fracionamento do plasma com álcool a 40% e por pasteurização a 60°C (140°F) durante 1O horas. O contraste Sonovue® consiste em uma solução aquosa de hexafluoreto de enxofre (SF6), a qual é estabilizada por uma camada de fosfolipídios (Fig. 12.6). As bolhas têm, em média, tamanhos de, aproximadamente, 2,5 Jlm (90% < 8 Jlm) com osmolaridade de 290 mOsmol/kg. Esse contraste tem a vantagem de manter sua suspensão estável por 6 horas e pode ser usado para várias aplicações. Os melhores resultados são obtidos em conjunto com as imagens harmônicas dos tecidos (IHT) , conhecidas como IHC "imagens harmônicas com contraste (IHC)". Uma pressão sonora específica estimula as bolhas a vibrarem e a emitirem um eco harmônico intensificado. Como resultado, a IHC (Fig. 12.7b) pode detectar metástases hepáticas múltiplas de modo acentuadamente melhor que as imagens convencionais sem realce (Fig. 12.7a). Fig . 12.3 Fig . 12.4 Fig. 12 .5 Fig. 12 .6 Fig . 12 .7 13 Novas Técnicas de Investigação por Imagens Composição Espacial (SonoCT®) Esta é outra técnica para eliminar artefatos. A "investigação por composição de imagens em tempo real" não investiga as linhas da grade individualmente (Fig. 13.1 a), mas em ângulos diferentes com computação da imagem em tempo real (Fig. 13.1 b). Ao somarmos os nove cortes, chegaremos a uma exibição precisa das informações do tecido, como ilustrado pela morfologia de uma placa arteriosclerótica (Fig. 13.2a) em comparação com a investigação convencional (Fig. 13.2b). Fig . 13 .2a (Convencional) (SonoCT) Fig . 13 .1 Vantagens definitivas também foram observadas em ultrassonografia da mama e do sistema musculosquelético; a Figura 13.3b mostra a imagem melhorada de uma agulha de biópsia ( ~)no parênquima da mama em comparação com a imagem convencional (Fig. 13.3a), permitindo a localização mais exata da lesão suspeita. Fig . 13.2b Fig . 13.3 Fig . 13.4 De maneira especial, a combinação da investigação utilizando SonoCT® com IHT (veja p. 11) demonstrou resultados promissores com exibição detalhada de lesões hepáticas (Fig. 13.5) e da morfologia fetal em avaliação pré-natal (Fig. 13.6). Os programas de computador hoje disponíveis são capazes de combinar os sis- Fig . 13.5 Fig . 13.6 temas SieCiear® ou SonoCT® com a visualização tridimensional (Fig. 13.7) e com a investigação por imagens panorâmicas (Fig. 13.4), por exemplo, com visualização do figado quase por inteiro ao nível do sistema venoso hepático (veja p. 36). Fig . 13 .7 I 14 Novas Técnicas Compressão Pulsada Esta modalidade se origina de técnicas de radar e é usada para melhorar a visualização de estruturas localizadas em níveis profundos dos tecidos. Não se recomenda aumentar a energia mecânica das ondas sonoras para obter penetração mais alta, por causa dos efeitos térmicos e mecânicos potencialmente perigosos. Entretanto, é possível aumentar a duração dos impulsos e modificar sua frequência (codificação de chip). Portanto, um único impulso terá energia mais alta- com a mesma amplitude (Fig. 14.1a). Os ecos refletidos são decodificados por um filtro especial de decodificação de chip e transformados novamente em sinais de extensão mais curta e amplitude mais alta (Fig. 14.1b). Frequência modulada pulsada Pulso de transmissão Frequência modulada pulsada Filtro de recepção 1~~~~~~~A-.~-~~ ~-~1~-v~:~ ---~~~~~~A-.~-~ ~ ~-~1~-v~:~ - a 1 v v Sinal de recepção decodificado \ Variação de frequência e amplitude b Fig . 14.1 Como resultado, pode-se obter penetração mais profunda do som com resolução espacial adequada, o que, caso contrário, só poderia ser produzido com frequências mais baixas (e, portanto, com resolução espacial pior): a Figura 14.2c mostra a visualização de uma massa hipoecoica (54) atrás da glândula tireoide (81), que teria passado despercebida sem a técnica de compressão pulsada (Fig. 14.2a). Fig. 14.2a Fig . 14.2b Fig . 14.2c Aumento da Taxa de Amostragem de um Sinal de Precisão No caso de transdutores de alta rrequência, nas técnicas convencionais, os ecos de ultrassom são filtrados apenas 2 a 5 vezes mais rápido que as partes de fTequência máxima do eco (grade ampla na Fig. 14.3a). Portanto, muitos desses ecos são registrados somente como poucos pontos característicos, de modo que a imagem projetada no monitor representa apenas uma estimativa grosseira das características do sinal "real" (Fig. 14.4a). Com o uso de algoritmos de reconstrução sofisticados, é possível processar o sinal de eco real com mais precisão em termos de resolução de tempo e características de curva (grade estreita na Fig. 14.3b). Por isso, as estruturas de um tendão radial (f' ), por exemplo, podem servisualizadas com muito mais precisão (Fig. 14.4b) em comparação com as técnicas convencionais de ultrassom (Fig. 14.4a). E • •• Q) Ol I ~ êi) o Q) 'O _g o. E <( • I E <( AV - 1-1--.. 1'-' ~ l~ J '/ I' Com precisão de aumento da amostragem do sinal Amostragem convencional Amostragem temporal Fig . 14.3a Fig . 14.3b Fig. 14.4a Fig . 14.4b 15 Novas Técnicas Cateteres para Diagnóstico Ultrassonográfico Outro novo desenvolvimento no campo do ultrassom diagnóstico é a introdução de transdutores miniaturizados, agora disponíveis em cateteres: esses cateteres descartáveis (uso único) têm apenas 3 mm de espessura e podem ser girados em todas as direções em 160 graus (Fig. 15.1 ). A Figura 15.2 mostra o tamanho minúsculo de um cateter "AcuNav"- cateter de ultrassom, em comparação com um equipamento de ecocardiografia transesofágica (ETE). O diâmetro muito pequeno desses novos cateteres permite posicioná-los no coração via sistema venoso. 4-Guia condutor 64-Transdutor Imagem longitudinal Modo B Frequências multiplas Doppler espectral Geração de imagem de tecido mediante o Doppler Fig . 15.1 Fig. 15.2 Por isso, um defeito septal atrial (+ )pode ser detectado com precisão diagnóstica muito maior em imagens no Modo B (Fig. 15.3a), assim como o fluxo de desvio resultante na Figura 15.3b. O procedimento de fechamento desse defeito( ~ ) pode ser controlado e verificado com mais facilidade (Fig. 15.3c) em comparação com as abordagens convencionais. Em comparação com as técnicas de ETE, as vantagens envolvem qualidade significativamente melhorada das imagens e o fato de que a sedação ou a anestesia não são mais necessárias, de modo que o paciente pode cooperar durante o procedimento (manter a respiração, pressionar por alguns segundos etc.). Fig . 15.3a Fig . 15.3b Fig . 15.3c Esse dispositivo AcuNav também pode ser movimentado pelo átrio direito dentro da veia cava inferior (VCI) e usado para orientar a colocação de um desvio portossistêmico intra-hepático (DIPS). A partir da visualização da veia cava inferior, podemos visualizar veias varicosas esofágicas ( ~ na Fig. 15.4) ou linfonodos retroperitoneais (55) com alta resolução espacial (Fig. 15.5). Um dos linfonodos dilatados mostra áreas necróticas (57). Note a visibilidade excelente das camadas da parede( + ) do duodeno (46). Fig . 15.4 Fig . 15.5 16 Artefatos Reverberação A imagem no monitor nem sempre reflete a ecogeniddade verdadeira. Existem fenômenos que não correspondem aos achados morfológicos e que são conhecidos como "artefatos". A geração de imagens Uustrada na página 6 assume que os ecos sempre voltam a partir do ponto de reflexão diretamente para o transdutor. A unidade de processamento compreende a mesma concepção ao computar a profundidade do sítio de reflexão. Na verdade, essa pode não ser uma premissa válida. Em seu caminho de volta para o transdutor, as ondas de som podem ser parcialmente refletidas em uma alteração de impedância encontrada e enviada de volta para a profundidade dos tecidos, onde elas são novamente refletidas para atingir por fim o transdutor, mas com certo atraso (Fig. 16.1). A chegada atrasada dos ecos de volta é computada incorretamente como aumento da profundidade, uma vez que os ecos são falsamente designados a um local mais distai. Em geral, esse fenômeno é perdido no ruído de fundo da imagem, mas pode se projetar em áreas anecoicas, como o lúmen da bexiga urinária (38) ou a vesícula, como linhas paralelas à parede abdominal (Sla na Fig. 16.2). Esses ecos de reverberação podem ocorrer repetidamente na parede abdominal, produzindo várias linhas paralelas umas às outras (51 a). 51 a Interface A Fig . 16-1 Fig. 16.2b Fig . 16.2a Artefatos de Espessura de Corte A parede da bexiga urinária pode mostrar-se indistinta longe do transdutor. Se essa parede (77), um cisto ou a vesícula não estiverem perpendiculares ao feixe de som, a parede será visualizada indistintamente e irá mostrar-se espessada (51 b na Fig. 16.2). Esse artefato de espessura de corte deve ser diferenciado do material em camadas (pequenas concreções, lama, coágulos de sangue) (52) (Fig. 16.3), o qual é demarcado mais claramente em relação ao lúmen remanescente e pode ser perturbado com o transdutor. 70 Fig. 16.3a Fig . 16.3b Fig . 16.4 Reforço Acústico (Distai) A intensificação relativa dos ecos (70) ocorre distai aos grandes vasos ou cavidades (64) cheias de fluido homogêneo (anecoico) (Fig. 16.4). Nas Figuras 16.2 e 16.3 isso faz o tecido distai à bexiga urinária (38) aparecer quase branco e se tornar inadequado para a interpretação. Como isso acontece? Onde quer que as ondas sonoras viagem por alguma distância através de fluido homogêneo, elas não encontram reflexões e tornam-se menos atenuadas. Isso forma uma faixa (70) ecogênica (= brilhante) atrás da vesícula, da bexiga urinária, de cistos ou dos vasos principais que não corresponde às características "verdadeiras" do tecido subjacente. O reforço acústico, entretanto, pode servir como critério de discriminação, por exemplo, para diferenciar um cisto anecoico (mostrando reforço acústico dista\, pois ele tem tamanho superior ao esperado) de uma lesão hepática hipoecoica (geralmente sem esse fenômeno). 17 Artefatos Sombra Acústica As faixas de ecogenicidade acentuadamente reduzida (hipoecoica ou anecoica = negra) são encontradas atrás de estruturas de reflexo intenso (costelas, cálculos contendo cálcio, alguns ligamentos, mas também posterior ao ar gástrico ou intestinal). Isso pode impedir a visualização de estruturas de partes moles por baixo de coscelas ou da sínfise púbica, assim como atrás de alças intestinais contendo ar ou do estômago. Esse efeito, entretanto, pode ser Fig . 17.1a Fig. 17.2a usado para revelar cálculos (49) na vesícula biliar (14) , como na Figura 17.1 , cálculos renais (49) como na Figura 56.2 e placas ateroscleróticas (49) como na Figura 25.1 . O ar intestinal pode produzir sombras acústicas hipoecoicas (=negras) ou, por meio de reverberações, artefatos dorsais hiperecoicos (=brilhantes, em "cauda de cometa"). Sombras de borda (45) podem ser criadas por cavidades redondas tocadas tangencialg mente por ondas de som (Fig. 17.2). Essas sombras são causadas por dispersão e refração (Fig. 16.4). O caso de uma vesícula (14) com sombra Fig. 17.1 b Fig. 17.2b de borda, como mostrado na Figura 17.2, exige análise cuidadosa para evitar que essa sombra seja falsamente confundida com (45) uma área focal poupada (62) em um fígado gorduroso (9). É comum confundir a sombra acústica do ar do duodeno (46) com cálculos na vesícula adjacente. Você se lembra do fenômeno que é responsável pela visualização falsamente ecogênica (70) do parênquima hepático distai à vesícula (14) na Figura 17.2? Imagem em Espelho Interfaces com atividade de reflexo significativo, como o diafragma (13), podem defletir ondas sonoras de maneira a imitar uma lesão no outro lado da superfície refletora, considerada aqui como artefato de espelho do diafragma (Fig. 17.3). As ondas de som são defletidas lateralmente pelo diafragma, atingem uma interface de reflexão (R), saltam de volta para o diafragma e daí voltam para o transdutor. Uma vez que a unidade de processamento computa somente a distância do objeto a partir do tempo Fig . 17.3 Fig. 17.4a passado entre a emissão e o registro do pulso sonoro, a superffcie de reflexão (R) é falsamente colocada muito profunda (R') ao longo do eixo do feixe sonoro incidente. A Figura 17.4 mostra a veia cava inferior (16) como uma imagem em espelho projetada acima do diafragma (16'). Além disso, a imagem em espelho do parênquima hepático (9) é vista no lado pulmonar do diafragma (9'). Outro exemplo de um artefato de espelho é encontrado na Figura 37 .2. Fig. 17 .4b 18 Artefatos/Teste Artefato de Lobo lateral Até agora, assumimos que as ondas de som se propagam exclusivamente ao longo do feixe de som primário, o qual é direcionado de cima para baixo na imagem ultrassonográfica (lobo em azul-escuro na Fig. 18.1 ). Na verdade, porém, o transdutor emite vários dos chamados "lobos late rais ou secundários" que podem induzir muitos efeitos de dispersão e de turvamento. Caso esse lobo lateral atinja uma superficie de reflexão considerável, as ondas de som defletidas obliquamente são deslocadas pela uni- Fig . 18.1 Fig . 18.2 dade de processamento para um local adjacente falso no monitor da imagem (Fig. 18.2). Quanto mais lateral for a deflexão das ondas sonoras, mais prolongado será o tempo de viagem dessas ondas, e os ecos serão projetados para mais longe ainda a partir de sua origem pela unidade de processamento. Isso geralmente leva a uma extensão em arco de uma interface de forte reflexão ( ~ na Fig. 18.3). Fig. 18.3 Teste para Fundamentos Técnicos/Técnica Antes de quaisquer exercícios práticos com o equipamento de ultrassom e/ou antes da Sessão 1. o convidamos para um teste a fim de avaliar se você realmente compreendeu e pode se lembrar de tudo o que se disse até aqui, e se você ainda tem falhas de conhecimento. Você poderá verificar suas respostas voltando para as páginas anteriores. A resposta à pergunta de imagem n° 4 está na página 11 O. correspondente. Quando você usa qual transdutor? Explique por quê. 11 Quais estruturas são (quase) sempre anecoicas (= negras) BJ Como a unidade de processamento computa a profundidade nas imagens ultrassonográficas? Nomeie quatro achados fisiológicos e quatro patológicos. Fisiológicos: do eco refletido? Você pode deduzir pelo menos três artefatos a partir desse princípio e explicá-los a terceiros? Patológicos: IJ Examine a Figura 18.4 e explique os nomes e a origem de fJ Quais as frequências que são usadas para qual questão clí- todos os artefatos que você puder encontrar. nica e por quê? Nomeie a largura de faixa respectiva em MHz e faça um esboço da tela do monitor do tipo de transdutor Fig . 18.4 Dicas e Truques Práticos para o Principiante I 19 Orientação Espacial Antes de iniciar sua orientação prática, e mesmo antes de quaisquer exercícios práticos em um aparelho de ultrassom, você deverá familiarizar-se com a orientação espacial no espaço em 3D do abdome. Para tornar fácil esse primeiro passo, somente dois planos, que são perpendiculares entre si, são inicialmente considerados: o plano de imagem vertical (= sagital) e o plano horizontal (= transverso). Sua participação ativa é necessária para ter esses planos mentalmente enraizados. Pegue um filtro de café (que é encontrado em qualquer hospital) ou desenhe a Passo 1: forma de um filtro de café em um pedaço de papel. Essa forma lembra uma imagem ultrassonográfica gerada por um transdutor convexo (veja p. 9). Visualize ao longo de qual borda da imagem você encontrará as estruturas anterior, posterior, esquerda, direita, superior e inferior do paciente, observando o plano da imagem de acordo com a convenção internacional, a partir do lado direito do paciente (Fig. 19.1 a) . Mantenha o filtro de café sobre seu abdome e imagine ondas de som que se propagam a partir da linha média de seu abdome em direção à coluna vertebral. Escreva quatro a seis direções oferecidas nas bordas do filtro ou do seu desenho. Duas estarão obviamente erradas- e você deverá descobrir quais são elas. (Vale a pena: você se lembrará disso para sempre se conseguir fazê-lo por si mesmo). Antes de buscar a solução, repita o mesmo exercício para o corte axial (= transPasso 2: verso). Para esse corte, porém, a convenção determina que o plano da imagem seja colocado no monitor, como visto de baixo (a partir dos pés do paciente) (Fig. 19.1b). Escreva quatro dos seis adjetivos no verso do filtro: dois estarão novamente errados, mas serão diferentes. OI<. Depois de ter revisado seus resultados, verifique a solução na página 11 O. O problema seguinte diz respeito ao ar intestinal superposto e sua sombra acústica correspondente. A solução em geral não é aumentar a quantidade de gel acústico (como muitos iniciantes pensam), mas sim graduar a compressão do transdutor. Fig. 19.1a Fig . 19.1b Quanto de Pressão Devo Aplicar no Transdutor? Geralmente, o iniciante está demasiadamente concentrado para não causar qualquer desconforto ao paciente e não pressiona o transdutor o suficiente na parede abdominal anterior. Essa relutância (t t t) deixa ar no estômago e nos intestinos (26), determinando sombra acústica posterior e (45) impedindo a visualização do pâncreas (33) e dos vasos adjacentes localizados posteriormente (Fig. 19.2a). Além disso, o dueto biliar comum extra-hepático (66) e a veia porta (11) são, frequentemente, obscurecidos acusticamente por ar gástrico ou do duodeno. Para um paciente adulto, isso pode ser resolvido por pressão graduada (• • •) sobre o transdutor, começando lentamente Fig . 19.2a Fig. 19.2b para não assustar o paciente ou causar qualquer dor (Fig. 19.3). O truque é manter a pressão uniforme: isso empurrará cada vez mais (e gentilmente) o ar intestinal para fora do campo de visão, fazendo desaparecer as sombras acústicas de interferência (45), de modo que o pâncreas (33) e os outros vasos se tornem claramente visíveis (Fig. 19.2b). Essa abordagem é especialmente útil para visualizar linfonodos e vasos retroperitoneais, mesmo no abdome médio e inferior. Nos lactentes, essas manobras geralmente são supérfluas ou até contraprodutivas (por causa do limiar mais baixo de dor e resistência de reação). Fig . 19.3 20 Dicas e Truques Práticos para o Principiante 11 Relevância das Instruções de Respiração Adequada I Naturalmente, o novato reluta em dar instruções diretamente ao paciente. Independente disso, quase todos os pacientes se mostram cooperadores quando lhes é explicado que para uma imagem de qualidade adequada do abdome superior (e para a validade dos achados) é crucial que o paciente respire fundo para mover o fígado em orientação caudal. Por quê? Na posição de respiração neutra (Fig. 20.1a) o fígado e o baço não são as únicas estruturas superpostas por sombras acústicas. O pâncreas (33) e seus arredores frequentemente não são visualizados por causa do ar gástrico (26). Entretanto, movendo-se o fígado (9) para baixo( .. ) com inspiração máxima (Fig. 20.1b), as alças intestinais e o estômago (26) contendo gás são deslocados para baixo, abrindo a visualização do pâncreas e de sítios nodais importantes. Aproveitar a vantagem do movimento induzido pela respiração também facilita a visualização dos rins e da porta hepatis (veja a seguir). Você deve usar instruções claras quanto à respiração, como "Respire fundo com a boca aberta (pausa) e segure o ar". Depois de um período adequado de retenção da inspiração (máximo de 20 segundos) ou imediatamente após a obtenção de uma imagem congelada, deverá ser dado o comando para continuar a respirar. Essa observação não é tão trivial quanto você possa pensar. Instruções adequadas de respiração não só são muito bem recebidas pelo paciente como evitam qualquer esforço indevido da condição respiratória do paciente e apressam o exame do abdome superior. Naturalmente, essas manobras são supérfluas quando se examina o abdome inferior. Fig. 20.1a Visualização da Porta Hepa tis Fig . 20.2 Fig . 20.1b Fig. 20.3 Se os truques anteriormente mencionados falharem na visualização da porta hepatis, tente visualizar essa estrutura na expiração, através de um espaço intercostal (Fig. 20.2) . Se essa manobra também não for bem-sucedida, vire o paciente em posição de decúbito lateral esquerdo (Fig. 20.3) . O próprio peso do fígado movimentará esse órgão para mais perto da parede do abdome anterior, com a esperança de deslocar as alças intestinais de interferência e abrindo uma visão da porta hepatis, incluindo suas estruturas importantes ao redor (compare p. 32). Verifique sua Habilidade de Combinação: Observe as Figuras 20.4 e 20.5 . Ambas as imagens são de má qualidade. Decida qual imagem foi obtida com pouco gel acústico e qual foi obtida com pouca pressão. A Figura 20.6 mostra uma imagem obtida sob condições satisfatórias, pressão suficiente e quantidade adequada de gel. Todas as três imagens são do mesmo paciente em sucessão rápida. (A solução está na página 11 0). Fig . 20.4 Fig . 20.5 Fig . 20.6 LIÇÃO 1 21 Retroperitônio Inferior, Achados Normais Antes de começar a trabalhar nesta página, faça o exercício da página 19 para se familiarizar com a orientação espacial a partir de planos sagitais. Prossiga somente depois de se sentir seguro com esse tipo de orientação e com seus princípios físicos {pp. 6-18), uma vez que consideramos aqui esse conhecimento básico essencial. O objetivo do estudo do retroperitônio não se limita a avaliar os vasos dessa região para excluir, por exemplo, um aneurisma aórtico abdominal ou uma trombose na veia cava inferior. Um objetivo complementar é tornar-se familiarizado com a orientação dos vasos, pois vasos cortados em sentido transverso ou oblíquo são facilmente confundidos com linfonodos ovoides (LN), os quais podem aparecer hipoecoicos. Além disso, a identificação correta dos vasos individuais facilita em muito a orientação espacial e a designação correta de outras estruturas. O transdutor deverá ser posicionado perpendicularmente na região epigástrica, junto com a linha alba, e o feixe sonoro deverá varrer o abdome superior em forma de leque (Ftg. 21.1). Por enquanto, isso deverá ser suficiente para memorizar a anatomia normal do corte. Com o transdutor inclinado para o lado direito do paciente (Fig. 21.2a), a aorta (15), o tronco celíaco (32) e a artéria mesentérica superior (AMS) (17) são encontrados à esquerda da coluna ver- tebral e posteriores ao fígado (9). Do lado esquerdo, a imagem mostra o diafragma curvilíneo delgado e hiperecoico {área nua) (13), que forma uma extensão muscular hipoecoica (13a) na margem ventral da abertura da aorta. Como o esôfago (34), essa extensão pode ser confundida com um linfonodo retroperitoneal. Mais para baixo, a veia renal esquerda (25) é cortada em orientação transversal ao cruzar entre a artéria mesentérica superior (17) e a aorta (15). Por causa de sua aparência hipoecoica e ovoide, ela pode ser facilmente confundida com um linfonodo por um examinador principiante. A comparação com o corte transverso no mesmo nível (Fig. 28.3) e o diagrama anatômico (Fig. 27.2) esclarece ainda mais esse achado. Mais anteriormente (próximo ao transdutor), a confluência (12) da veia porta é encontrada na borda posterior do pâncreas (33). A presença de ar no lúmen gástrico (26) pode moldar sombras acústicas de interferência na borda hepática inferior. Agora, incline o transdutor para o lado esquerdo do paciente (Fig. 21.3a) para visualizar a veia cava inferior {VCI) (16) no espaço paravertebral direito e em sua continuação para o interior do átrio direito (116). Os diâmetros da aorta e da VCI são determinados perpendicularmente a seus eixos longitudinais (veja pp. 23-25). As veias hepáticas (1 0), as ramificações do ramo esquerdo da veia porta (11) e (anteriores a ele) os ramos da artéria hepática (18) podem ser delineados dentro do figado (9). Um septo ecogênico fino separa o lobo caudado (9a) do parênquima hepático remanescente (9) nesse plano. O lobo caudado não deverá medir mais de 5,0 em em sentido craniocaudal e 2,5 em em sentido anteroposterior. Fig . 21 .1 Fig . 21 .2a Fig. 21.2b Fig . 21 .2c Fig. 21 .3a Fig. 21 .3b Fig . 21 .3c I 22 I LIÇÃO 1 Retroperitônio Inferior, Achados Normais Depois do exame do retroperitônio superior, mova o transdutor para baixo( + ) ao longo da aorta (AO) e da veia cava inferior (Fig. 22.1a). A avaliação não deverá se limitar aos lumens vasculares, mas deverá incluir os espaços ao longo dos vasos, inclinando-se o transdutor da esquerda para a direita em busca de linfonodos perivasculares aumentados (Fig. 21.1), que são vistos, caracteristicamente, como lesões ocupadoras de espaço hipoecoicas e ovo ides (veja pp. 24 e 31 ). Linfonodos patologicamente aumentados também podem ser encontrados anterior ou posteriormente aos grandes vasos, assim como no espaço aortocaval. Na falta de Fig . 22.1a Fig. 22.1 b (Fig. 22.2). A artéria ilíaca (21) fica anterior (ou seja, aspecto superior da imagem) à veia. O teste de compressão pode esclarecer achados não conclusivos. Por causa de sua pressão intraluminal baixa, é mais fácil comprimir as veias que as artérias. No corte transverso (Fig. 22.3), os vasos ilíacos podem ser facilmente diferenciados das alças intestinais hipoecoicas cheias qualquer processo retroaórtico ocupador de espaço, a distância entre a parede da aorta posterior e as bordas das vértebras anteriores não deverá ser superior a 5 mm. De preferência, essas medições deverão ser obtidas em dois planos (veja pp. 27 e 28). Em sítio distai à bifurcação da aorta, os vasos ilíacos em ramificação são delineados e avaliados da mesma maneira, passando-se o feixe de som paralela (Fig. 22.1 b) e perpendicularmente (Fig. 22.1 c) ao eixo vascular longitudinal. A confluência das veias ilíacas externa (22a) e interna (22b) é outro sítio preferencial para o aumento regional de linfonodos Fig . 22 .1c de fluido (46) por meio das atividades peristálticas do intestino. Se necessário, pode-se tentar desencadear ondas peristálticas por meio da alteração rápida da pressão aplicada sobre o transdutor. Fig . 22.2a Fig. 22.2b Fig . 22 .2c Fig . 22.3a Fig . 22.3b Fig . 22.3c LIÇÃO 1 23 Ectasia Aórtica e Aneurismas As dilatações localizadas dos lumens vascu lares são causadas, mais frequentemente, por lesões ateroscleróticas e enfraquecimento local da parede arterial. Raramente, a lesão é pós-traumática. Uma dilatação da aorta superior que exceda 25 mm a 30 mm é conhecida como ectasia , que pode ser encontrada em adição a um aneurisma (Fig. 23.1 ), o qual é definido no abdome como um diâmetro suprarrenal superior a 30 mm (o limite superior para o arco aórtico é de 40 mm). A dilatação pode ser fusiforme ou sacular e pode ser complicada por dissecção da parede arterial (aneurisma dissecante) ou por formação de coágulo intraluminal circunferencial (52) com possíveis êmbolos periféricos ou abdominais. Os fatores de risco para ruptura são o aumento do diâmetro do aneurisma, um diâmetro superior a 50 mm ou 60 mm ou um abaulamento da parede da aorta semelhante a um divertículo excêntrico. Para um aneurisma com trombose, um lúmen concêntrico pode ser protetor, enquanto um lúmen excêntrico aumenta o risco de ruptura. Como regra geral, o risco de ruptura aumenta com o tamanho do aneurisma, mas a indicação cirúrgica depende de muitos fatores individuais e não há limiar absoluto a ser definido. Se um aneurisma for detectado , o exame ultrassonográfico deverá informar sua extensão (Fig. 23.2) e diâmetro (Fig. 23.3) máximos, assim como qualquer dissecção ou trombo detectado e possível envolvimento de quaisquer ramos viscerais (tronco celíaco, AMS e artérias renais e ilíacas). O suprimento arterial principal da medula espinal (artéria radial anterior, ou artéria de Adamkiewicz) tem nível segmentar variável e geralmente desafia a visualização ultassonográfica, por causa de seu lúmen reduzido. Nesses casos, a TC espiral complementar ou a angiografia de subtração digital (ASD) serão necessárias para determinar o suprimento arterial da medula espinal. Check-List para Aneurisma Ao rta suprarrenal: < 25 mm (normal) Ectasia aó rtica: 25 a 30 mm Aneurisma: > 30 mm Sinais de risco aumentado de ruptu ra: • Dilatação progressiva • Diâmetro > 60 mm • Formato diverticular em vez de fusiforme • Evidência de dissecção • Lúmen excê ntrico Fig . 23 .1a Fig . 23 .1b Fig. 23 .2a Fig. 23 .2b Fig . 23 .2c Fig. 23.3a Fig. 23 .3b Fig. 23 .3c 24 LIÇÃO 1 Linfonodos Retroperitoneais Os linfonodos (LN) (55) geralmente são delineados como estruturas ovoides hipoecoicas. Acima de tudo, eles devem necessariamente ser diferenciados dos vasos sanguíneos cortados em sentido axial ou oblíquo, os quais podem preencher os mesmos critérios em imagens estáticas. Portanto, recomendamos inspecionar cada região dinamicamente em dois planos por meio da inclinação contínua do transdutor. Usando-se essa abordagem, os vasos ou se abrem (e se unem a outros vasos) ou afunilam, enquanto os linfonodos aparecem e desaparecem abruptamente. Uma abordagem não sistemática aos linfonodos deixa de aproveitar essa oportunidade de discriminação. No abdome inferior, alças intestinais seccionadas em orientação axial com conteúdo hipoecoico e sem peristalse podem lembrar linfonodos. Veias com trombose são outra possibilidade diagnóstica. Além do aumento dos linfonodos secundários a alterações inflamatórias reativas e a depósitos metastáticos, o aumento nodal é encontrado principalmente com linfoma maligno (doença de Hodgkin ou linfoma não Hodgkin). Designação Diagnóstica de Linfonodos Aumentados O tamanho normal de linfonodos abdominais é estabelecido como de 7 a 1O mm ao longo de seu eixo longo. Linfonodos maiores e ainda normais de até 20 mm em diâmetro longitudinal podem ser encontrados na região inguinal e ao longo da artéria ilíaca externa distai (Fig. 24.3). Linfonodos normais e inflamatórios reativos exibem, tipicamente, uma configuração ovoide, com o diâmetro longitudinal dividido pelo transverso (a proporção l.lf) superior a 2. Isso significa que a extensão de um linfonodo será mais de duas vezes a sua largura quando o transdutor for posicionado ao longo do eixo longitudinal. Outro sinal de doença benigna é o chamado "sinal hilar", que se refere a uma estrutura hilar hiperecoica no centro de um linfonodo aumentado e cercado por uma periferia hipoecoica. Linfonodos inflamatórios ao longo do ligamento hepatoduodenal (Fig. 33.3) geralmente acompanham quadros de hepatite vira!, colecistite/colangite ou pancreatite (Fig. 29.3) . Por outro lado, linfonodos redondos (proporção 1./f de aproximadamente 1 ,0) sem o sinal hilar sugerem alteração patológica, na qual e pela qual os linfonodos linfomatosos geralmente se mostram mais acentuadamente hipoecogênicos que os linfonodos inflamatórios ou metastáticos. O padrão de perfusão da ultassonografia duplex com codificação em cores no interior de um linfonodo fornece informações complementares (consulte o livreto "Manual de Ensino de Ultrassonografia Duplex Colorida" no final deste livro). Para todos os linfonodos aumentados são importantes os exames de acompanhamento para verificar a progressão, a liquefação central (centro anecoico em caso de formação de abscesso) ou regressão, por exemplo, após quimioterapia da doença subjacente. Além disso, qualquer possível hepatomegalia ou esplenomegalia deverá ser documentada e quantificada. O sítio do tumor primário pode ser inferido a partir das vias linfáticas conhecidas. Em homens jovens, por exemplo, a linfadenopatia para-aórtica ao nível dos rins sugere um tumor no testículo. Os linfomas malignos amolgam ou deslocam vasos adjacentes (Fig. 24.2) , mas respeitam as paredes vasculares e não invadem os órgãos adjacentes (veja também a p. 31 ). O envolvimento predominante dos linfonodos mesentéricos (55) (Figs. 24.1 e 24.2) indica um linfoma não Hodgkin e fala contra a doença de Hodgkin, que tem predileção por linfonodos torácicos e retroperitoneais. Fig . 24.1a Fig. 24.2a Fig . 24.3a Fig . 24.1b Fig. 24.2b Fig . 24.3b LIÇÃO 1 25 Retroperitônio: Outros Casos Clínicos A avaliação sistemática do retroperitônio deverá delinear e documentar todas as anormalidades dos vasos principais, assim como quaisquer alterações da aorta e dos linfonodos. A veia cava inferior pode ser diferenciada da aorta por sua localização anatômica (em sentido paravertebral à direita, em vez de à esquerda) e também pela pulsação precordial dupla típica (em vez do pulso único da aorta). Além disso, as placas ateroscleróticas (49) são frequentes em pacientes mais velhos, ao longo da parede da aorta ( 15). Quando calcificadas, elas se mostram hiperecoicas com sombra acústica posterior (45). Descompensação do Coração Direito A veia cava inferior (16) deverá ser avaliada quanto à dilatação se o diâmetro for superior a 20 mm (ou 25 mm em atletas jovens), o que poderá sugerir congestão venosa como manifestação de uma descompensação cardíaca direita (Fig. 25.2) . As medições são obtidas perpendicularmente ao eixo longitudinal do vaso(!) e não deverão abranger acidentalmente as veias hepáticas (10), as quais penetram na veia cava inferior por baixo do diafragma (Fig. 25.2) . Em casos questionáveis, deve-se realizar o "teste da VCI que colapsa durante a inspiração forçada". O diâmetro do lúmen da veia cava inferior é observado durante a inspiração máxima forçada, pedindo-se ao paciente que inspire profundamente com a boca fechada. A queda súbita transmitida na pressão intrapleural enfraquece a porção subdiafragmática da veia cava inferior, e seu lúmen é reduzido a um terço ou menos de seu valor inicial durante a respiração cal.ma. Para o examinador, manter o corte ultrassonográfico ao mesmo nível da veia cava inferior durante o movimento respiratório do tórax pode ser um desafio. Como alternativa, a manobra pode ser executada observando-se uma imagem transversal do abdome superior, ou o diâmetro luminal das veias hepáticas pode ser avaliado no corte oblíquo subcostal direito (veja p. 36). Você se lembra por que, na Figura 25.2, o parênquima hepático aparece mais hiperecoico dorsal à veia cava inferior distendida do que anterior a ela? Se não, volte à página 9 e nomeie esse fenômeno. Após uma punção vascular inguinal, os vasos ilíacos distais visualizados (Fig. 25.3) poden:1 ocasionalmente desenvolver um hematoma (50) adjacente à artéria (2 1) ou veia (22) ilíaca. Se o sangue fluir para esse espaço perivascular através de uma conexão persistente com o lúmen arterial, estará presente um falso aneurisma, que difere do verdadeiro porque as camadas arteriais não estão esticadas, mas laceradas, resultando no hematoma perivascular (Fig. 25.3) . Hematomas inguinais antigos devem ser diferenciados de abscessos do psoas e dos cistos sinoviais que surgem da articulação do quadril e, quando se estendem para a pelve inferior, das linfoceles, dos grandes cistos do ovário e dos linfonodos metastáticos com necrose central (57). Check-List para Descompensação do Coração Direito • VCI dilatada > 20 mm ou > 25 mm em atletas jovens • Veias hepáticas dilatadas > 6 mm (na pe rife ria) • VCI sem colapso durante inspiração forçada • Possível efusão pleural , inicialmente sempre unilateral à direita Fig.25 .1a Fig . 25 .2a Fig . 25.3a Fig . 25 .1b Fig. 25.2b Fig . 25.3b I 26 LIÇÃO 1 Jogo para Autoavaliação Antes de prosseguir para o material da Lição 2 você deverá responder às perguntas a seguir, para testar se conseguiu dominar o objetivo e o conteúdo desta primeira lição. Este jogo de autoavaliação - se usado com o espírito da automelhoria- pode ser bem eficiente para desencorajar a navegação superficial sobre este texto de trabalho e aumentar a retenção do material estudado, para o benefício do leitor a longo prazo. Divirta-se! a As respostas às perguntas 1 a 6 podem ser encontradas nas páginas anteriores. As respostas à pergunta da imagem 7 podem ser encontradas na página 111 , naturalmente só depois de terem sido tratadas as perguntas individuais no texto. Qual posição anatômica corresponde ao lado esquerdo dos cortes sagitais? Para praticar, marque mais uma vez no filtro de café em forma de cone mostrado aqui e reveja quais das seis identificações espaciais seguintes não podem ser encontradas ao longo das quatro bordas: anterior, posterior, esquerda, direita, superior, inferior. El Qual é o diâmetro luminal máximo da veia cava inferior e da aorta abdominal? Qual é a definição de ectasia aórtica e de aneurisma aórtico? Quais questões clínicas você trataria por ultrassonografia quando encontrasse um aneurisma da aorta? Quais são as limitações da ultrassonografia (exame complementar melhor com tomografia computadorizada/ASD)? IJ Quais são as três estruturas fisiológicas que podem imitar linfonodos hipoecoicos na visualização sagital da aorta no abdome superior? Nomeie todos os três e marque suas posições nos planos padronizados por memorização. 11 Quais dois exames podem ser acrescentados para excluir rapidamente uma descompensação cardíaca direita clinicamente suspeita em um caso de diâmetro luminallimítrofe da veia cava inferior (sem ECG)? liJ Qual diâmetro longitudinal máximo de linfonodos retroperitoneais pode ainda ser considerado normal? Nomeie os critérios específicos para doença e os achados normais de linfonodos. Qual é o valor dos exames de acompanhamento para a avaliação de linfonodos patologicamente aumentados? AO suprarrenal < mm AO infrarrenal < mm VCJ (atleta) < mm Ectasia da AO ~ mm Aneurisma da AO > mm a) b) c) a) b) ~~ Examine os três transdutores mostrados aqui (Fig. 26.1 ). fi Reveja a imagem deste teste passo a passo. Qual é o plano da Para cada um , escreva o nome acima e observe sua faixa de frequência típica e as aplicações a seguir. Você pode justificar sua decisão? imagem? Quais órgãos e vasos são mostrados? Nomeie, o máximo possível, as estruturas mostradas. Qual é a diferença entre esta imagem e um achado normal? Tente fornecer um diagnóstico diferencial. Fig . 26.1 Fig . 26.2 LIÇÃO 2 Cortes Transversos do Abdome Superior, Anatomia Básica Antes de trabalhar nas páginas seguintes, você deverá rever novamente os cortes ultrassonográficos obtidos no plano transverso. Onde está o fígado em um corte ultrassonográfico transverso corretamente orientado? À direita ou à esquerda? Se você não puder responder a essa pergunta com confiança, consulte a página 19 e reveja a localização anatômica relativa dos órgãos, como visualizados em imagens transversas por meio do cone de filtro de café (a solução está na página 11 0). Além do pâncreas, os linfonodos perivasculares também devem ser avaliados. O transdutor deve ser girado a 90° em sentido anti-horário e posicionado transversalmente no abdome superior. Com o paciente inspirando profundamente e mantendo o ar, o abdome superior é revisado sistematicamente em sentido craniocaudal, enquanto o transdutor é balançado lenta e uniformemente (Fig. 27.1). Dessa maneira, os vasos podem ser facilmente identificados acompanhando-se seu curso ininterrupto e mais bem diferenciados das lesões focais de massa. Nesses cortes transversos, o examinador é confrontado com uma multidão de artérias, veias, duetos biliares e linfonodos, todos confiFig. 27.1 Fig. 27.2 nados a um espaço pequeno e a serem diferenciados uns dos outros (todos os vasos são hipoecoicos, mas os linfonodos também). Você se lembra onde a veia renal esquerda cruza o lado direito contralateral, ou se a artéria renal direita atravessa anterior ou posteriormente ao rim direito? Refresque seu conhecimento de anatomia básica escrevendo os nomes de todas as estruturas numeradas na Figura 27.2 e em uma folha de papel em separado acrescente os códigos numéricos a seguir, inicialmente sem a ajuda da legenda ou de um livro de anatomia. Embora essa abordagem possa parecer no início um pouco embaraçosa, ela assegura uma taxa de retenção consideravelmente mais alta que a simples recapitulação de um desenho já anotado. A seguir, você pode desdobrar a contracapa posterior para comparar sua lista com a legenda e fazer a correção, se necessári.o. Ainda com o espírito de autoaperfeiçoamento, você deverá repetir esse exercício em folhas separadas até que possa designar corretamente todas as estruturas nas Figuras 27.2 e 27.3 . Só então você deverá prosseguir para as páginas seguintes, pois tanto o conceito deste livro-texto quanto os exercícios práticos adaptados para este curso de ultrassonografia exigem, definitivamente, a familiaridade com esse conhecimento básico. A Figura 27.3 ilustra principalmente, uma vez mais, a relação topográfica do pâncreas, do duodeno e do baço com os vasos mais relevantes no abdome superior. Para absorver esse material, os três cortes transversos mais importantes no abdome superior são descritos e ilustrados na página seguinte. Fig . 27.3 Solicitamos completar esta lista com a ajuda das duas figuras. Que número corresponde a qual estrutura anatômica? 16 = 17 = 18 = 10 = 11= 12 = 14 = 15 = 19 = 20 = 23 = 24a = 24b = 27 25a = 25b = 32 = 33 = 37 = 46 = 66 = 169 = I 28 I LIÇÃO 2 ICortes Transversos do Abdome Superior, Achados Normais Em primeiro lugar, como regra, o paciente precisa inspirar profundamente e reter o ar, de modo que o figado se movimente para baixo e se possa criar uma janela acústica melhor para o pâncreas, o saco peritoneal menor e a origem dos principais vasos (veja p. 20). A pele hiperecoica (1 ), o tecido adiposo hipoecoico subcutâneo (2) e os dois músculos retos (3) ficam diretamente abaixo do transdutor. Um corte transverso mais cranial (Fig. 28.1) visualiza o tronco celíaco (32) junto com as artérias hepática (18) e esplênica (19), e seu formato sempre lembra a cauda de uma baleia. Mais para baixo (Figs. 28.2 e 28.3) o aspecto romboide do ligamento redondo (7) com sua veia umbilical obliterada é delineado atrás da linha alba (6). O saco peritoneal menor é visto como uma pequena fenda atrás do figado (9) e, mais posterior a ele, o pâncreas (33). A cauda do pâncreas é frequentemente obscurecida pela sombra acústica posterior do ar (45) que surge do estô- mago (26). A veia esplênica (20) corre sempre diretamente ao longo da borda posterior do pâncreas. A veia renal esquerda (25) fica mais posterior ainda, entre a artéria mesentérica superior (17) e a aorta (15), mas corre mais abaixo (Fig. 28.3). Entre os dois níveis. a artéria mesentérica superior (17) surge da aorta. Às vezes, pode-se encontrar aqui um sítio de origem atípica da artéria hepática. Normalmente, a origem da artéria mesentérica superior fica imediatamente embaixo da origem elo eixo celíaco, como ilustrado nitidamente nas imagens sagitais (Fig. 21.2). Deve-se mencionar que a tela inverte a posição dos órgãos. A veia cava inferior (16), vista como uma estrutura ovoide, fica do lado esquerdo da imagem, e a aorta (15), vista como uma estrutura arredondada, fica do lado direito, na frente da coluna vertebral (35). A cabeça do pâncreas envolve, caracteristicamente, a confluência (12) da veia porta (11), a qual, na região do omento menor, mostra-se frequentemente obscurecida pelo ar do duodeno (46). Fig . 28.1a Fig. 28.1b Fig . 28.1c Fig . 28.2a Fig . 28.2b Fig . 28.2c Fig . 28.3a Fig. 28.3b Fig . 28.3c LIÇÃO 2 I Cortes Transversos do Abdome Superior: Pancreatite 29 Ecogenicidade Associada à Idade Pancreatite Crônica A ecogenicidade do pâncreas se altera com o avanço da idade. Em pacientes jovens e esbeltos, o parênquima é hipoecoico, semelhante ao parênquima hepático. Em pacientes mais velhos ou obesos (Fig. 30.1 a) os saltos de impedância aumentam em um parênquima pancreático progressivamente mais heterogêneo, levando à aparência hiperecoica (mais brilhante) do órgão. Os diâmetros anteroposteriores normais do pâncreas variam um pouco e deverão ter menos de 3 em para a cabeça, menos de 2 em para o corpo e menos de 2,5 em para a cauda. As causas fre~ quentes da pancreatite incluem a obstrução biliar (colestasia) secundária a um cálculo alojado no dueto biliar comum distai (pancreatite biliar), o aumento da viscosidade da bile após a nutrição parenteral e, acima de tudo, o alcoolismo (pancreatite induzida pelo álcool), a qual se relaciona , entre outros mecanismos, com tampões de proteína que obstruem os pequenos duetos do pâncreas. A pancreatite crônica se caracteriza por fibrose heterogênea (Fig. 29.1 ), depósitos calcificados (53) e um pâncreas de delineamento irregular, ondulado (Figs. 29.1 e 29.2). Além disso, pode ocorrer (Fig. 29.2) uma dilatação irregular ou com aparência de um colar Pancreatite Aguda A pancreatite aguda de primeiro grau pode, de início, não apresentar qualquer alteração ultrassonográfica. O edema encontrado em estágios mais avançados causa hipoecogenicidade acentuada, possivelmente com um delineamento indistinto do pâncreas (33). A contribuição real da ultrassonografia não é o diagnóstico precoce de pancreatite aguda, que pode ser mais bem obtido por testes de laboratório ou tomografia computadorizada, em especial, em vista da dor e da quantidade acentuadamente aumentada de gás intestinal encontrada com um pâncreas em inflamação aguda, o qual frequentemente interfere com a investigação por imagens ultrassonográficas. de contas do dueto pancreático (75). O dueto pancreático normal tem delineamento suave e mede de 1 até 2 mm de diâmetro. Lint:onodos inflamatórios (55) nas vizinhanças do pâncreas, por exemplo, anteriores a veia porta (11 ) podem acompanhar um quadro de pancreatite (Fig. 29.3). O papel da ultrassonografia é a exclusão de outras possibilidades diagnósticas, como colecistite, coledocolitíase e aneurisma aórtico, e o acompanhamento do curso da doença. Além disso, a ultrassonografia pode ser usada para detectar complicações secundárias, como tromboflebite da veia esplênica adjacente (20), possivelmente precisando de uma ultrassonografia adicional duplex com Doppler colorido. A ultrassonografia também pode visualizar a infiltração inflamatória da parede duodenal ou gástrica vizinha (46, 26) e pseudocistos. Além disso, o caminho das secreções no retroperitônio (pancreatite aguda em grau 11) deverá ser descoberto precocemente, para se proceder à intervenção cirúrgica ou aspiração mediante orientação ultrassonográfica ou de TC, se indicado. Nem sempre a inflamação envolve todo o pâncreas. A pancreatite segmentar ou focal confinada a certos segmentos do órgão também pode ocorrer. Essas manifestações nem sempre podem ser confiavelmente diferenciadas de outros processos localizados ocupadores de espaço, como um carcinoma. Fig . 29 .1a Fig . 29.2a Fig . 29.3a Fig . 29 .1b Fig . 29 .2b Fig . 29 .3b 30 LIÇÃO 2 IPâncreas, Outros Casos A observação da ecogenicidade normal do pâncreas (33) nas Figuras 21.2 ou 28.3 não revela diferença apreciável em comparação com a ecogenicidade do fígado. O avanço da idade ou da obesidade aumenta uniformemente a ecogenicidade por causa da lipomatose pancreática (Fig. 30.1), acentuando, assim, o contraste com a veia esplênica anecoica (20) e a confluência portoesplênica (12). Os tumores do pâncreas (54) geralmente são mais hipoecoicos que o pâncreas remanescente e, às vezes, mal discernidos das alças intestinais adjacentes (peristalse?) ou dos linfonodos peripancreáticos. Os carcinomas pancreáticos têm prognóstico ruim e, dependendo de sua localização, permanecem clinicamente silenciosos por um longo período, sendo, com frequência, detectados muito tarde. O diagnóstico é feito, geralmente, após compressão do dueto biliar comum com a colestase resultante ou após perda de peso não explicada de outra maneira. A extensão retroperitoneal precoce, metástases nodais ou hepáticas e/ou carcinomatose peritoneal são responsáveis pela sobrevida insatisfatória de 5 anos, o que é inferior a 10%. Os tumores pancreáticos endócrinos geralmente são pequenos à época do diagnóstico, por causa de seus efeitos hormonais sistêmicos e, como ocorre com todos os tumores pancreáticos, eles são mais bem visualizados por endossonografia (Fig. 30.3). Um transdutor anular na ponta de um endoscópio é posicionado no estômago ou através do piloro para o interior do duodeno, cercado por um balão cheio de água para acoplamento acústico com a parede gástrica ou duodenal. Por causa da penetração curta necessária para atingir a estrutura-alvo, pode-se escolher um transdutor de alta frequência (5,0 ou 10,0 MHz), com a resolução mais alta. Deve-se ter em mente que a cauda do pâncreas é mais bem delineada, girando-se levemente o transdutor em sentido anti-horário do corte transverso (Fig. 30.4) . Fig . 30 .1a Fig. 30.2a Fig . 30.3a Fig . 30.1b Fig . 30.2b Fig. 30.3b Fíg . 30.4a Fig. 30.4b Fig . 30.4c LIÇÃO 2 I Cortes Transversos do Abdome Superior, Linfonodos 31 Você se lembra dos critérios para distinguir linfonodos inflamatórios aumentados por reação de linfonodos linfomatosos e metástases nodais de outros tumores primários? Se a resposta for não, volte à página 24 e reveja as possibilidades de diagnóstico diferencial discutidas nessa página. Às vezes, grandes agregados nodais podem ser vistos ao redor e envolvendo os vasos retroperitoneais ou mesentéricos. Nesses casos, linfonodos representativos são identificados e medidos para tratar a questão do crescimento de intervalo nos estudos subsequentes. Especialmente sob condições não satisfatórias para a aplicação da ultrassonografia (como é o caso em pacientes muito obesos), os vasos fisiológicos do abdome superior (15, 16) deverão ser definitivamente distinguidos dos linfonodos patológicos (55) em cortes transversos ou oblíquos (Figs. 31.1 e 31.2). A familiaridade com a anatomia vascular normal, portanto, é fundamental. Linfonodos nitidamente hipoecoicos sem hilo mais ecogênico e que deslocam, sem invadir, veias adjacentes são sugestivos de um linfoma, como também de leucemia linfocítica crônica (Fig. 31.2) (se esta repetição o incomoda, um dos objetivos do aprendizado já foi atingido ... ). É uma boa política medir o tamanho do figado e do baço, sempre que se encontram linfonodos intra-abdominais ou retroperitoneais. Além disso, os dois órgãos devem ser cuidadosamente pesquisados quanto a infiltrações heterogêneas. As imagens com técnicas harmônicas de investigação em conjunto com agentes de contraste (p. 12) podem ser úteis nesses casos (Fig. 12.8). O linfonodo (LN) patológico mostrado na Figura 31.2 está situado diretamente na frente e à direita da bifurcação do tronco celíaco (32) e para dentro da artéria hepática comum (18) e da artéria esplênica (19). O efeito resultante de ocupação de espaço oblitera a configuração característica semelhante a uma cauda de baleia do tronco celíaco. O aglomerado de linfonodos aumentados (55), visto na Figura 31.1 , eleva a artéria hepática (18) de tal maneira em sentido anterior que ela acompanha um curso atípico alongado e reto ao surgir do tronco celíaco. Sem esses métodos, o envolvimento linfomatoso difuso do parênquima esplênico nem sempre se traduz em alterações ultrassonográficas. O baço infiltrado pode ter aparência normal ou mostrar apenas um aumento difuso (Fig. 72.1 ). Linfadenopatia adicional deve ser pesquisada nas regiões inguina!, axilar e cervical. Alças intestinais paralisadas e cheias de fluido raramente são confundidas com linfonodos. Um divertículo intestinal (54) pode imitar um tumor ou um linfonodo aumentado (Fig. 31.3) . Às vezes, a atividade peristáltica originada de uma alça intestinal paralisada por compressão graduada do transdutor pode esclarecer instantaneamente o diagnóstico diferencial. Fig . 31 .1a Fig . 31.2a Fig . 31.3a Fig. 31 .1b Fig . 31 .2b Fig . 31 .3b I 32 LIÇÃO 2 I Porta Hepatis: Achados Normais Para se obter um plano padrão para porta hepatis, deixamos o plano transverso girando o transdutor vários graus em sentido horário a partir da orientação transversa até que o feixe de som esteja paralelo à veia porta e paralelo ao arco costal esquerdo (Fig. 32.1 a). Às vezes , o transdutor precisa ser angulado para cima (Fig. 32.1 b) para acompanhar o curso da veia porta ( 11 ), desde a porta hepatis até a confluência das veias esplênica e mesentérica superior (12) (Fig. 32.2b). A visualização da porta hepatis é mais bem-sucedida pedindo-se ao paciente para inspirar profundamente (não se esqueça dos comandos da respiração!) para que o ffgado e a porta hepatis se movimentem para baixo, afastando-se da sombra acústica das costelas e do pulmão. Três estruturas hipoecoicas podem ser delineadas na porta hepatis. A veia porta (11) fica normalmente posicionada imediatamente à frente da veia cava inferior (16) em corte oblíquo da veia cava inferior (supostamente ovoide). O dueto biliar comum (66) e a artéria hepática própria (18) estão situados mais na frente e vistos logo acima da veia porta. A artéria hepática e seus ramos são visualizados por segmentos, por causa de seu curso ondulante, e os segmentos visualizados aparecem como estruturas redondas ou ovoides (Fig. 32 .2b) que não deverão ser confundidas com linfonodos periportais. O dueto biliar comum pode ser tão estreito que dificultará a visualização ao longo da arté ria adjacente. Seu diâmetro normal deverá ter menos do que 6 mm. Após a colecistectomia, ele assu- me uma função parecida com a de um reservatório e pode se dilatar até 9 mm sem qualquer significado patológico. Um dueto biliar comum fronteiriço, dilatado, ou seja, obstruído por um cálculo, não poderá mais ser erroneamente diferenciado dos vasos adjacentes. Nessa situação, toda a extensão das três estruturas tubulares deve ser sistematicamente visualizada para encontrar sua origem e, com ela, a sua identidade. A artéria hepática deve ser acompanhada até o tronco celíaco, a veia porta até a confluência portoesplênica ou a veia esplênica e o dueto biliar comum até a cabeça pancreática. Ao se visualizar o dueto biliar comum, os cálculos intraductais podem ser identificados ou excluídos (veja p. 44). Como alternativa ou complemento, a ultrassonografia duplex com Doppler colorido, se disponível, poderá ser usada para diferenciar essas estruturas tubulares. A largura normal do lúmen da veia porta (11 ) é menor que 13 mm quando se mede o ramo principal perpendicular ao seu eixo longitudinal. A dilatação só deverá ser suspeita com medições superiores a 15 mm. As medições intermediárias caem na chamada "zona cinza" ou de variações fisiológicas. Uma veia porta dilatada por si só não é um critério confiável para o diagnóstico de hipertensão porta. A demonstração positiva de circulação colateral portocava é mais precisa. A porta hepatis precisa ser sistematicamente inspecionada para detectar convoluções vasculares periportais atípicas (veja p. 33). Valores Normais: Veia porta: <13mm (máximo 15 mm ) Dueto biliar comum < 6mm ( < 9 mm colecistectomia 5/P) Fig . 32.1a Fig . 32 .1b Fig . 32 .2a Fig. 32 .2b Fig . 32.2c LIÇÃO 2 I Fígado: Hipertensão Porta, Linfonodos A causa mais comum de pressão aumentada na veia porta é a drenagem prejudicada secundária à cirrose. A compressão direta da veia porta por um tumor adjacente é encontrada com menos frequência. Um tumor pancreático pode envolver a veia esplênica ou a veia mesentérica superior, sem afetar a veia porta. Uma veia porta dilatada (11 ) deverá ser considerada suspeita para hipertensão porta (Fig. 33.1) somente se exceder 15 mm de diâmetro. Mede-se a veia porta perpendicularmente ao eixo longitudinal do vaso, que tem orientação geralmente oblíqua na imagem ultrassonográfica. A medição deverá excluir a parede vascular. Deve-se ter em mente que um quadro de esplenomegalia de outra etiologia pode dilatar a veia esplênica para mais de 12 mm ou a veia porta para mais de 15 mm sem hipertensão porta. Uma veia porta com diâmetro superior a 13 mm não representa, por si só, um critério confiável para hipertensão porta. Os critérios complementares são: esplenomegalia (Fig. 72.2) , ascite (veja pp. 41, 60 e 69) e, acima de tudo, colaterais portocavais na porta hepatis. Esses vasos drenam, normalmente, o sangue congestionado do sistema portal via uma veia coronária dilatada do estômago e um complexo venoso esofágico dilatado para a veia (hemi) ázigo e daí para a veia cava superior. Isso pode levar à complicação clínica de varizes esofágicas com sangramento. Às vezes, pequenas conexões venosas abertas entre o hilo esplênico e a veia renal esquerda resultam em drenagem portossistêmica diretamente na veia cava inferior (shunt esplenorrenal espontâneo). Menos frequentemente, a veia umbilical, que passa através do ligamento falciforme e do ligamento redondo a partir da porta hepatis para a veia umbilical, forma uma recanalização (síndrome 33 de Cruveilhier-Baumgarten). Em estágio avançado, essa circulação colateral (Fig. 33.2) pode produzir veias periumbilicais subcutâneas dilatadas e acentuadamente tortuosas, conhecidas como "cabeça de medusa". Em casos questionáveis, pode-se aplicar a sonografia duplex colorida para detectar fluxo de sangue portal reduzido ou reverso (hepatofulgal). A avaliação da porta hepatis deverá não só determinar o diâmetro do lúmen da veia porta, mas também excluir linfonodos periportais dilatados (55) (Fig. 33.3) por meio de inspeção sistemática da região periportal. A dilatação nodal inflamatória acompanha, com frequência, a hepatite vira!, a colecistite ou a pancreatite e, quando presente, deverá levar à avaliação de outras áreas nodais e do tamanho do baço que deverá ser usado como linha de base para os exames de acompanhamento, para determinar a progressão ou regressão do processo da doença. Check-List para Hipertensão Porta • Detecção de colaterais portocavais na porta hepatis • Veia porta com diâmetro ~ 15 mm • Veia esplênica com dilatação > 12 mm • Esplenomegalia • Detecção de ascite • Veia umbilical recanalizada (síndrome de Cruveilhier-Baumgarten) • Varizes esofágicas (sangramento) Fig. 33.1 a Fig . 33.2a Fig . 33 .3a Fig . 33 .1b Fig. 33.2b Fig . 33 .3b 11 34 LIÇÃO 2 IJogo para Autoavaliação Depois desta sessão, os cortes sagitais e transversos facilmente compreensíveis serão complementados por cortes oblíquos, fornecendo a orientação espacial de estruturas individuais, que é muito mais exigente. Temos o maior interesse em não iniciar a Lição 3 até que você tenha dominado as respostas às perguntas a seguir- mesmo que precise se esforçar para isso. a Fornecemos aqui uma dica para a gestão do tempo. Não gaste mais de dois minutos para cada exercício (de qualquer maneira, você não conseguirá reter mais nada depois desse período). Faça um intervalo de pelo menos duas horas entre os exercícios e faça outras coisas nesse intervalo (método do intervalo). Corrija suas respostas de maneira crítica e não desista cedo demais. Pegue uma folha de papel e, de memória (sem consultar este texto ou qualquer outro material), desenhe o curso aproximado dos vasos relevantes do abdome superior em relação uns aos outros e ao pâncreas. Identifique cada estrutura com as abreviações de costume. Compare seu desenho com as Figuras 27.2 e 27.3 . Resolva qualquer dúvida ou deficiência comparando seu trabalho com as legendas encontradas no verso do encarte da capa. Repita esse exercício com o espírito do autodesenvolvimento até que você seja bem-sucedido sem cometer erros. 11 Intensifique e ancore seu conhecimento da anatomia de cor- Nível do eixo celíaco te desenhando (de memória, é claro) os cortes transversos padrões através do tronco celíaco e das veias renais que cruzam o campo. Compare seus desenhos com aqueles mostrados na página 114. A longo prazo, você só se lembrará das estruturas que puder desenhar corretamente em posição e tamanho. 11 Como a ecogenicidade do parênquima pancreático aumenta com a idade e a obesidade? Que truque você conhece para melhorar o delineamento da cauda do pâncreas? Quais outras modalidades de investigação por imagens existem para investigar o pâncreas? 11 Na imagem mostrada na Figura 34.1 nomeie todos os vasos e todas as outras estruturas. Qual vaso aparece dilatado ou congestionado? Qual pode ser a causa? Esse achado é patológico? Fig . 34.1 Nível da veia renal que cruza o campo LIÇÃO 3 A Lição 3 trata do fígado e da vesícula biliar. Esses dois órgãos deverão ser completamente (!) investigados em dois planos, sob inspiração profunda. Recomendamos que o técnico obedeça sempre a um padrão, começando com um corte sagital que usa a veia cava inferior (VCI) como linha de demarcação, como mostrado na Figura 21.3 . Desse ponto em diante, o lobo esquerdo do fígado é examinado lateralmente, para frente e para trás. Após a expiração e outra inspiração profunda, o lobo hepático direito é examinado da mesma forma, com inclinação lenta e contínua da sonda (Fig. 35.1 a) . A visualização dos cortes cranial e subdiafragmático do fígado é o desafio maior, que pode ser superado pedindo-se ao paciente para fazer uma inspiração realmente profunda e inclinando-se adequadamente a sonda (Fig. 35.1 b) . Em geral, por causa do tamanho considerável do lobo direito, essa manobra deve ser usada uma vez para os cortes craniais e- depois de o paciente manter a inspiração- novamente para os cortes inferi o- Fig. 35.1a 35 Fígado: Tamanho do Órgão, Ângulo Lateral; Vesícula Biliar res. Não se esqueça de reduzir a ampliação para incluir os cortes hepáticos posteriores na imagem. Tenha em mente que os ramos portais ( 11) no parênquima hepático (9) são sempre cercados por uma borda hiperecoica relacionada com os duetos biliares, as artérias e o tecido conjuntivo periportal acompanhantes. Ao contrário, as veias hepáticas (1 O) são, geralmente, visualizadas sem a borda hiperecoica. Mais recentemente, a determinação do tamanho do fígado tornou-se menos importante por causa de sua confiabilidade insatisfatória. Tipicamente, os diâmetros craniocaudal e anteroposterior são medidos no plano sagital, ao longo da linha medioclavicular (LMC) (Fig. 35.2) . O diâmetro craniocaudal normal mede entre 11 e 15 em nos adultos, mas varia si.gnificativamente com a profundidade da inspiração, em virtude da adaptação elástica do parênquima hepático à cavidade torácica (9). Mais confiável é a avaliação do ângulo marginal inferior do lobo hepático direito, o qual deverá ter menos de 45 graus. A margem hepática inferior irá mostrar-se redonda se o figado estiver congestionado ou aumentado por qualquer outro motivo. O ângulo marginal lateral do lobo esquerdo deverá ter menos de 30 graus e, normalmente, é mais agudo que a margem hepática caudal. A vesícula biliar (14) pode ser avaliada junto com a margem hepática inferior. A avaliação da vesícula deverá ser feita antes da refeição (Fig. 35.3) para permitir melhor avaliação da espessura de sua parede (80), que não deverá ter mais de 4 mm. Após a refeição, a vesícula contraída impede a exclusão de um espessamento edematoso da parede, de cálculos, pólipos ou tumores (veja pp. 45, 46). Fig. 35 .1b Fig . 35 .2a Fig . 35.2b Fig . 35 .2c Fig . 35.3a Fig . 35 .3b Fig. 35.3c I 36 LIÇÃO 3 I Fígado: Estrela Venosa Hepática, Insuficiência Cardíaca Direita Após a investigação sagital do fígado, o lobo hepático esquerdo é sistematicamente investigado em orientação craniocaudal no plano transverso . É mais prático examinar o lobo hepático direito em cortes oblíquos subcostais paralelos ao arco costal direito (Fig. 36.1 ). Qual é o erro mais comum aqui ao se segurar a sonda? A resposta está no canto inferior esquerdo desta página. I Fig. 36.1 Estrela Venosa Hepática O plano do corte oblíquo subcostal direito (Fig. 36.2a) é especial- mente adequado para a visualização em toda a extensão das veias hepáticas (1O) até sua confluência com a veia cava inferior cortada obliquamente e, portanto, em forma oval (16). Esse curso reto e alongado das veias hepáticas é típico e só se altera por lesões intra-hepáticas focais ou por insuficiência cardíaca direita. Fig. 36.2a Insuficiência Card íaca Direita Na presença de um diâmetro limítrofe da veia cava inferior e da verificação inconclusiva quanto ao colapso cavai mediante inspiração forçada, o diâmetro das veias hepáticas periféricas pode ser usado como critério adicional para o quadro de insuficiência cardíaca direita. O diâmetro máximo de uma veia hepática periférica (vista na região superior esquerda da imagem) não deverá exceder 6 mm. Medir as veias hepáticas na confluência com a veia cava (16) tem a desvantagem de variações anatômicas amplas. Um diâmetro de até 1O a 12 mm ainda pode ser completamente normal. A Figura 36.3 mostra a manifestação típica de uma insuficiência cardíaca direita evidente, com veias hepáticas congestionadas e dilatadas, além da dilatação da veia cava inferior (16). Pedimos para notar que a veia hepática direita corre perpendicular à direção das ondas sonoras nesse plano e pode mostrar uma parede fina hiperecoica que, caso contrário, só é visualizada em ramos da veia porta (11 ) (Fig. 36.2b). Além disso, esse plano é muito bem adequado para avaliar as veias hepáticas quanto à suspeita clínica de trombose com ultrassonografia com Doppler em cores. Em qualquer caso, verifique os cortes hepáticos periféricos quanto à possível vascularização rarefeita como sinal indireto de uma transformação cirrótica do parênquima hepático. Esse plano de imagem também pode confirmar um quadro de efusão pleural direita atrás (na imagem a seguir) do diafragma hiperecoico (13), onde normalmente se identificam somente sombras acústicas (45) atrás do ar do pulmão (47) ou uma imagem em espelho do parênquima hepático (9). Fig. 36.2b Fig. 36.2c Fig. 36.3a Fig . 36.3b Valores Normais: Veias he pática : < 6 mm (periferia) Resposta à Fig. 36.1: '(EU;) Il b;)d E.l;)S e ef;)A) JE.lSOJ OJ.Ie Oe OW!X9Jd S!EW ;) (E!PdW oppuds W;) OP!AOLU Jds dAd p d(3 '.IOJ.IdjU!O.Id.lEf oppudS OU ';).lU E.lS!P O.l!llW opeUO!J!SOd ~ .10'.l11pSUEJ.l 0 liÇÃO 3 I 37 Fígado: Variantes Normais, Fígado Gorduroso A inspeção sistêmica do figado pode revelar variantes normais que imitam lesões focais. Em pacientes fisicamente bem treinados, por exemplo, as estruturas hiperecoicas (t ) que parecem surgir da superficie diafragmática côncava (13) podem entalhar o contorno hepático (9) (Fig. 37.1 ). Essas pseudolesões representam faixas musculares espessadas que produzem impressões semelhantes a cordões no figado, ao mesmo tempo em que se estendem do tendão central até a inserção costal e lombar do diafragma. Fig . 37.1a Fig. 37 .2a Elas não têm significância clínica e não deverão ser confundidas com processos patológicos. Uma faixa muscular diafragmática (13) também pode ser singular (Fig. 37.2) e se projetar como uma imagem em espelho (51) ao longo do lado pulmonar (47) do diafragma (veja p. 17). 47 Fig . 37.1 b Fig . 37.2b Fig. 37 .3a Fig . 37.4a Fig . 37.3b Fig . 37.4b Fígado Gorduroso O figado gorduroso, ou esteatose hepática, produz ecogenicidade difusamente aumentada do fígado (Fig. 37.3). Esse aumento da ecogenicidade é mais bem apreciado quando comparado com a ecogenicidade do rim adjacente (29). Em pacientes normais, figado e rim exibem praticamente a mesma ecogenicidade (Fig. 473). Na infiltração gordurosa hepática intensa, a reflexão sonora do parênquima pode ser tão pronunciada (9) que o figado mal pode ser avaliado, aumentando-se a distância do transdutor. Embora a intensificação do som (70) seja evidente atrás da vesícula biliar (14) (Fig. 37.4), as regiões hepáticas posteriores ao longo da borda inferior da imagem não são mais discerníveis, apesar da compensação de ganho da profundidade. Você se lembra do motivo básico para o fenômeno de realce do som posterior? Se a resposta for não, volte para a página 16. 38 LIÇÃO 3 IFígado: Infiltração Gordurosa Focal Aumento Focal de D eposição de Gordu ra I A infiltração de gordura não ocorre necessariamente em todo o figado; ela pode ficar limitada a áreas selecionadas do órgão. Os sítios predispostos às alterações adiposas focais (63) ficam em torno da fossa da vesícula biliar ou à frente da veia porta (11 ). As áreas de teor aumentado de gordura são nitidamente demarcadas e mais ecogênicas que o parênquima hepático ao redor (9) e podem assumir configurações geográficas bizarras (Fig. 38.1), mas sem efeito de ocupação de espaço. As veias hepáticas adjacentes (1 O) ou os ramos das veias do sistema porta (11) não se deslocam. Essas áreas de infiltração gordurosa focal devem ser distinguidas do ligamento falciforme (8). O tecido conectivo e a gordura ao redor podem produzir uma estrutura hiperecoica similar que interrompe nitidamente o parênquima hepático normal adjacente (Fig. 38.2). Fig . 38.1a Fig. 38.2a Fig. 38 .1 b Fig. 38.2b Redução Focal de D eposição de Gordura A infiltração gordurosa também pode poupar certas áreas hepáticas, criando áreas focais de depósitos gordurosos reduzidos (62). Essas regiões de teor de gordura reduzido são encontradas principalmente nas vizinhanças imediatas da veia porta ou da vesícula (14) (Fig. 38.4). É importante ter em mente que esse achado também não apresenta componente de ocupação de espaço. As veias hepáticas adjacentes (1 O) não ficam deslocadas (Fig. 38.3) e permanecem em seu curso. Áreas periféricas poupadas da infiltração gordurosa não abaulam a borda hepática e não se projetam para a vesícula, como se observa frequentemente com tumores ou metástases. Os ramos da veia porta (11) podem ser diferenciados das veias hepáticas por seu delineamento hiperecoico. Esse quadro denominado de "barragem fluvial reforçada" é causado por saltos de impedância entre as paredes dos ramos da veia porta e os Fig . 38.3a duetos biliares e artérias hepáticas acompanhantes. A hiperecogenicidade da parede da veia porta (5) nas vizinhanças da porta hepatis (Fig. 38.2) não deverá ser confundida com infiltração gordurosa focal. Uma vez que as veias hepáticas (10) atravessam o parênquima sem vasos concomitantes, elas não apresentam esse salto de impedância. Somente as veias hepáticas maiores perpendiculares ao feixe de som podem ser acompanhadas por uma parede hiperecoica (veja p. 36). Fig . 38.3b Fig . 38.4a Fig . 38.4b LIÇÃO 3 I 39 Fígado: Cistos, Parasitas e Hemangioma As lesões focais mais frequentes do fígado são cistos benignos (64), que podem ser congênitos (disontogenéticos) ou adquiridos. Ao contrário da dilatação biliar congênita (síndrome de Caroli), os cistos congênitos não contêm bile, mas sim fluido seroso (Fig. 39.1 ), e uma vez que são preenchidos com fluido homogêneo, eles são anecoicos, a menos que tenham sangrado. Em termos clínicos, esses cistos, geralmente, são irrelevantes. Crité rios para Cistos Os critérios de diferenciação dos cistos benignos em relação a outras lesões hipoecoicas incluem conteúdo anecoico, forma esférica, demarcação nítida, contorno regular e, nos cistos maiores, realce acústico distai (veja p. 16), assim como um possível efeito de borda (veja p. 17) e ecos acentuados de entrada e saída (em que as ondas sonoras colidem com os cistos em um ângulo de 90 graus). As dificuldades de diagnóstico podem surgir quando ecos internos são encontrados após uma hemorragia no interior do cisto. Além disso, esses cistos hemorrágicos podem exibir entalhes ou septos de licados. Portanto, os cistos hepáticos parasitários devem ser excluídos (Fig. 39.4). O envolvimento parasitário mais frequente do fígado é a doença hepática (Echinococcus cysticus), que produz, caracteristicamente, vários cistos filhos dentro de um cisto maior. Esses cistos hidáticos não devem ser aspirados para evitar possível ruptura e sedimentação posterior das larvas. A identificação da equinococose alveolar menos frequente (Echinococcus alveolaris) é mais difícil ao ultrassom. Tipicamente, identifica-se uma lesão ocupadora de espaço mista, sólida e cística (54) (Fig. 39.4a). A diferenciação entre essa lesão e um carcinoma hepatocelular primário, uma metástase (Fig. 42.3) , abscesso ou hematoma antigo é virtualmente impossível. Os hemangiomas hepáticos (61) apresentam hiperecogenicidade homogênea (brilhante) em comparação com o tecido hepático adjacente (9), contorno regular e falta de borda hipoecoica (Fig. 39.2). Uma veia hepática de scoamento não dilatada (1O) pode ser encontrada caracteristicamente nas vizinhanças imediatas (Fig. 39.3). A maioria dos hemangiomas hepáticos é pequena (Fig. 39.2), mas pode ser multifocal e de tamanho considerável. Os hemangiomas maiores geralmente se tornam heterogêneos, dificultando sua diferenciação de outros tumores e exigindo a investigação por TC para avaliação complementar. Fig. 39.1a Fig . 39.1b Check-List de Critérios para Cistos • Formato esférico • Conteúdo anecoico • Demarcação nítida • Realce acústico post erior • Efeito de borda • Eco acentuado de entrada/saída Fig . 39 .2a Fig . 39 .3a Fig . 39.4a Fig. 39 .2b Fig . 39 .3b Fig . 39.4b 40 LIÇÃO 3 I Fígado: Outras Alterações Hepáticas Focais Os processos inflamatórios do figado incluem: colangite, doença fúngica em pacientes imunodeprimidos ou por disseminação hematogênea. Os achados ultrassonográficos exibem morfologia significativamente variável. I Dependendo do estágio e do estado imunológico, os abscessos hepáticos (58) podem ter um centro anecoico, em virtude da liquefação (Fig. 40.2) ou áreas heterogêneas cercadas por uma borda hipoecoica, ou apresentando-se até como lesões hiperecoicas (Fig. 40.1). A aparência variável de abscessos dificulta sua diferenciação da hiperplasia nodular focal (HNF) (Fig. 40.3) ou de tumores malignos. A HNF é um tumor hepático primário benigno que prefere as mulheres que usam contraceptivos orais. As técnicas especiais de exame com meios de contraste podem revelar uma figura típica estrelada no centro durante a fase angiográfica precoce (Fig. 40.4) . A tomografia computadorizada espiral pode diferenciar os casos inconclusivos dos hemangiomas heterogêneos maiores: após a injeção em bolo de meio de contraste, os hemangiomas mostram o chamado "fenômeno de abertura da íris". O realce do contraste continua em orientação centrípeta, de fora para dentro, produzindo um padrão semelhante a um alvo (sinal do alvo) (Fig. 40.5) . (colestase), a bile poderá ser temporariamente drenada por stents para o duodeno ou por cateteres trans-hepáticos percutâneos para uma bolsa coletora. A eficácia dos cateteres de drenagem inseridos (59) pode ser facilmente monitorizada por exames de ultrassom de acompanhamento (Fig. 40.1). Pneu mobilia Às vezes, bolhas de ar (60) podem ser observadas nos duetos biliares (66), causadas por infecções ou CPER anterior, assim como por papilotomia prévia ou anastomose bilioentérica (Fig. 40.2) . A sigla CPER significa "colangiopancreatografia e ndoscópica retrógrada". Por meio de um endoscópio inserido no duodeno até a papila maior (papila de Vater) um segundo "endoscópio filho" é inserido no dueto biliar comum distai. A papilotomia é uma incisão através de uma papila cicatrizada. Os tumores hepáticos podem ter efeito de ocupação de espaço intra-hepático e comprimir o tecido hepático adjacente. Se a compressão dos duetos biliares adjacentes levar a obstrução Fig . 40.4 (Dietrich, M .D., Frankf urt) Fig. 40.5 Fig . 40.1a Fig. 40.2a Fig . 40.3a Fig . 40 .1b Fig . 40.2b Fig . 40.3b LIÇÃO 3 I Fígado: Cirrose e Carcinoma Hepatocelular Além do alcoolismo crônico, as causas possíveis da cirrose incluem: hepatite viraL distúrbios metabólicos e exposição a substâncias tóxicas no meio ambiente. A cirrose latente sem a descompensação hepática pode não mostrar alterações detectáveis no ultrassom e, consequentemente, a cirrose não pode ser excluída somente pelo exame ultrassonográfico. Entretanto, há vários critérios para estágios mais avançados de cirrose. Critérios de Cirrose Enquanto o ffgado normal (9) exibe uma cápsula ecogênica fina ao longo de sua borda (Fig. 35.3), o ffgado com cirrose apresenta superfície irregular com pequenas ondulações ou boceladuras, provocando maior dispersão do feixe sonoro, e apenas algumas ondas sonoras refletidas da cápsula voltam ao transdutor. Isso resulta em visualização manchada ou ausente da cápsula. A ausência de uma linha capsular é mais bem apreciada com ascite (68) ao redor do figa do (Fig. 41.1 ). Além disso, a cirrose causa rarefação da vascularização periférica (Fig. 41.1 ), e os vasos remanescentes visualizados mostram diâmetros variáveis e ângulos de confluência mais amplos ( > 45 graus). As veias hepáticas normais (10) seguem curso reto, juntam-se umas às outras em ângulos agudos e podem ser traçadas até a periferia do figado (Fig. 36.2). Na cirrose, os ramos da veia porta próximos à porta hepatis mostram, com frequência, paredes hiperecoicas mais proeminentes, ou seja, um aspecto de "barragem reforçada" e alterações súbitas de calibre conhecidas como "árvore portal podada". Nódulos de regeneração exibem ecogenicidade norma l e só podem ser reconhecidos indiretamente por vasos adjacentes deslocados. Outros achados sugestivos de cirrose são a configuração hepática deformada e biconvexa, maleabilidade reduzida medi- 41 ante pressão do transdutor sobre o ffgado e um lobo caudado ou esquerdo dilatado e arredondado. Complicações da Cirrose As sequelas possíveis da cirrose incluem: hipertensão porta (veja p. 33), ascite (68) e carcinomas hepatocelulares (54), tendo como base um quadro de cirrose existente há muito tempo (Fig. 41.2). Portanto, um ffgado cirrótico deve ser cuidadosa e completamente(!) inspecionado quanto a lesões focais ocupadoras de espaço. O fígado encolhido só aparece no estágio cirrótico avançado (Fig. 41.2). Os carcinomas hepatocelulares (54) podem ser isoecoicos ao parênquima hepático remanescente (9) e podem ser indiretamente detectáveis apenas pelo deslocamento convexo secundário das veias hepáticas vizinhas (10) (Fig. 41.3). Check-List de Critérios para Cirrose • Ausência da linha capsular fina e ecogênica • Rarefação vascular periférica • Ângulo ampliado das veias hepáticas superior a 45 graus • Alterações súbitas de calibre da veia porta • "Barragem reforçada" da veia porta possivelmente mais conspícua • Nódulos de regeneração com vasos deslocados Achados Complementares no Estágio Avançado: • Órgão em formato arredondado (ângulos marginais obtusos) • Fígado encolhido • Sinais de hiperte nsão porta Fig . 41 .1a Fig . 41.2a Fig. 41.3a Fig . 41 .1b Fig. 41.2b Fig . 41 .3b I 42 LIÇÃO 3 IFígado: Metástases Hepáticas As lesões neoplásicas secundárias (metástases) no figado não surgem somente dos tumores primários do trato gastrointestinal, mas também dos tumores primários da mama e do pulmão. Os achados ultrassonográficos são polimórficos. As metástases hepáticas (56) de carcinomas colorretais são frequentemente hiperecoicas (Fig. 42.2) , presumivelmente relacionadas com a neovascularidade secundária a seu crescimento relativamente lento. As metástases de crescimento mais rápido de carcinomas broncogênicos ou mamários consistem quase exclusivamente em células de tumor com tendência a serem mais hipoecoicas. Em vista de sua apresentação variada , as metástases não podem ser confiavelmente designadas a qualquer tumor primário em particular, embora a investigação por imagens de ultrassonografia duplex em cores com visualização da arquitetura vascular e elasticidade tenha demonstrado, recentemente, uma abordagem promissora à avaliação diagnóstica diferencial. As metástases (56) exibem, caracteristicamente, um halo ou borda hipoecoica, como visto nas Figuras 42.1 e 42.2 . Esse halo hipoecoico poderia representar ou uma zona de tumor em proliferação ativa ou um edema perifocal. A necrose central (57) pode ser vista como áreas císticas causadas por liquefação, por causa do crescimento rápido do tumor ou da quimioterapia (Fig. 42.3). Grandes metástases geralmente são marcadas por seu efeito de ocupação de espaço, com deslocamento dos vasos adjacentes e duetos biliares comprimidos, que podem levar à colestase intra-hepática regional (Fig. 43.2). Metástases de localização periférica podem expandir o contorno hepático focalmente, visto facilmente com a laparoscopia. A quimioterapia pode induzir sinais variáveis de regressão de tumor, dependendo do efeito terapêutico. Esses sinais incluem cicatrizes heterogêneas, calcificações ou liquefação cística parcial. Essas metástases regressivamente alteradas ou pequenos nódulos metastáticos não podem ser facilmente separados de áreas de transformação cirrótica. É essencial que esses achados sejam acompanhados por ultrassonografia, para avaliar seu potencial de crescimento. Como alternativa, a biópsia percutânea por agulha pode ser feita mediante orientação de ultrassom ou de TC. Metástases múltiplas de tamanho e ecogenicidade diferentes sugerem disseminação hematogênica em momentos diferentes. Jogo- Faça o Teste: Use as imagens desta página para testar seu conhecimento básico. Você se lembra por que as faixas hipoecoicas (escuras) (45) atravessam o fígado na Figura 42.1 e por que a região entre as duas faixas (70) é um pouco mais hiperecoica (mais brilhante) que o parênquima hepático remanescente (9)? Apenas tenha em mente que a vesícula biliar ( 14) está localizada entre ambos os artefatos e o transdutor, e que o feixe sonoro colide com a parede da vesícula (80) em sentido tangencial. Se você ainda não conseguir apresentar uma explanação satisfatória, volte às páginas 16 e 17 e estude mais uma vez o material apresentado nessas páginas. Quanto às imagens: na Figura 39.3a, três páginas atrás, você notou áreas anecoicas (negras) que desafiam uma explicação fisiológica? A menos que você já tenha elaborado uma explicação, olhe a imagem novamente. A solução para este jogo pode ser encontrada na página 113. Fig.42 .1a Fig . 42 .2a Fig . 42.3a Fig . 42.1 b Fig . 42 .2b Fig. 42 .3b LIÇÃO 3 IDuetos Biliares: Colestase 43 Ao nível do omento menor, o dueto biliar comum (66) mede, normalmente, até 6 mm, mas diâmetros luminais entre 7 e 9 mm ainda estão dentro da faixa de normalidade (Fig. 43.1 ), particularmente após uma colecistectomia. Um dueto dilatado (superior a 9 mm de diâmetro) torna-se invariavelmente visível em sentido anterolateral à veia porta (11) (na imagem anterior) (veja p. 32). Mesmo quando o segmento distai do dueto biliar comum está obscurecido por ar duodenal (Fig. 27.3). uma obstrução proximal (p. ex., metástases hepáticas com obstrução do dueto biliar intra-hepático) pode ser distinguida da obstrução distai (p. ex., um cálculo biliar alojado na ampola hepatopancreática ou um carcinoma da cabeça do pâncreas). A obstrução proximal não distende nem a vesícula biliar ( 14) nem o dueto biliar comum. Fig. 43.1 a Colestase Obstrutiva Os pequenos duetos biliares intra-hepáticos correm paralelos aos ramos da veia porta ( 11) e mostram-se normalmente finos ou mesmo invisíveis. A dilatação ductal causada por obstrução posiciona esses pequenos duetos ao longo das veias do sistema porta, criando o "sinal do duplo cano" (Figs. 43.2 e 44.3). Em até 90% desses casos, a ultrassonografia é bem-sucedida na distinção entre colestases obstrutiva (dilatação ductal) e hepatocelular (sem dilatação ductal). I A obstrução mecânica biliar grave (Fig. 43.2) produz, caracteristicamente, uma dilatação tortuosa dos duetos biliares intra-hepáticos (66) que lembra um "chifre de veado". A viscosidade aumentada induzida pela colestase pode levar à precipitação cristalina da bile (Fig. 43.3). Essa chamada "lama" (67) também pode ser vista após jejum prolongado sem obstrução biliar. Fig . 43 .1b Antes de fazer o diagnóstico de lama, um artefato de espessura (veja p. 16) deverá ser excluído, obtendo-se cortes adicionais, movimentando-se e girando-se o paciente. Para achados inconclusivos persistentes, deve-se tentar dispersar a lama presumida com o transdutor. Uma obstrução biliar pode ser drenada , inserindo-se um stent (59) como parte de uma CPER (colangiopancreatografia e ndoscópica retrógrada). Como alternativa, a drenagem biliar pode ser obtida, inserindo-se um cateter trans-hepático percutâneo. Fig. 43 .2a Fig . 43.3a Fig . 43.4a Fig. 43 .2b Fig . 43 .3b Fig . 43.4b 44 LIÇÃO 3 I Cálculos Biliares e Pólipos Na vesícula biliar, os cálculos biliares se formam por causa de uma mudança na composição da bile excretada. Dependendo de seus componentes, os cálculos biliares (49) podem ter transmissão sonora quase completa e ser visíveis (Fig. 44.3), flutuar na vesícula (cálculos de colesterol) ou ter reflexão sonora forte induzida pelo cálcio de tal intensidade que somente a superficie próxima ao transdutor pode ser visualizada (Fig. 44.1 ). Um cálculo é facilmente diagnosticado e claramente diferenciado de um pólipo (65) desde que possa ser desalojado da parede da vesícula (80) pela movimentação e giro do paciente (Fig. 44.2). Alguns cálculos , porém, podem permanecer fixados na parede da vesícula em virtude de processos inflamatórios prévios ou tornarem-se alojados no infundíbulo, dificultando a diferenciação entre cálculos e pólipos. A sombra acústica (45) distai à tal lesão (Figs. 44.1 e 44.3 ) também favorece um cálculo. Um efeito de borda da parede da vesícula (45 na Fig. 44.2) deve ser cuidadosamente diferenciado de uma sombra acústica induzida pelo cálculo (veja página 17) para evitar qualqu e r interpretação errada. A Figura 44.2 mostra pólipos murais sem sombra acústica, mas com efeitos de borda adjacentes. Tais pólipos deverão ser acompanhados quanto ao crescimento , para detectar qualquer processo maligno precoce ou removê-los antecipadamente antes da transformação maligna. A colestase intra-hepática (Fig. 43.2) não é, necessariamente , manifestação de malignidade . Ela pode ser causada também por cálculos biliares obstrutivos (49) nos duetos intra-hepáticos (66) (Fig. 44.3). A prevalência de colelitíase é de, aproximadamente, 15°o, e as mulheres mais idosas são afetadas com mais frequência. Uma vez que 80%dos pacientes com cálculos na vesícula são assintomáticos, somente as complicações dos cálculos detectados são consequentemente visíveis (colecistite, colangite, cólicas, obstrução biliar). Os cálculos podem ser removidos por colecistectomia percutânea ou aberta ou, como alternativa, por litotripsia extracorpórea com ondas de choque (LEOC), ou por CPER (veja p. 40). Além disso, a composição da bile pode ser alterada com medicamentos, e alguns cálculos chegam a regredir após alterações na dieta. Observe a parede fina, de camada única e ecogênica (80) das duas vesículas biliares ( 14) mostradas nas Figuras 44.1 e 44.2 . Não há espessamento inflamatório dessas paredes. Para tornar o espessamento e os processos intraluminais detectáveis, o exame ultrassonográfico da vesícula deverá ser feito com o paciente em jejum (NPO, nada pela boca). A contração pós-prandial da vesícula impede a avaliação adequada do lúmen. As imagens de casos típicos de uma vesícula inflamada (colecistite) são mostradas na página seguinte. Fig . 44.1a Fig. 44.2a Fig. 44.3a Fig . 44.1b Fig . 44.2b Fig . 44.3b LIÇÃO 3 I 45 Vesícula Biliar: Colecistite A vesícula normal (14) tem uma parede fina e camada única (80) , medindo menos de 4 mm pré-prandialmente (Fig. 45.3). A colecistite é causada, invariavelmente, por cálculos (49) na vesícula. Uma vesícula sensível pode ser o único achado na doença precoce, mas logo teremos um edema mural inflamatório com o espessamento e a aparência de multicamadas da parede do órgão (80) (Fig. 45.1 ). O espessamento da parede da vesícula biliar pode ser visto na ascite (68) sem ser espessamento inflamatório. Isso também pode ser causado por insuficiência cardíaca direita ou hipoalbuminemia (Fig. 45.2). Um achado adicional indicativo de inflamação aguda é o acúmulo pericolecístico de fluido (68). Em alguns casos, o fluido acumulado pode estar confinado ao recesso hepatorrenal (espaço de Morison) entre a borda hepática inferior e o rim direito. Por fim, o delineamento da vesícula pode se tornar indistinto ao longo do parênquima hepático (9). Um diâmetro transverso da vesícula de mais de 4 em indica quadro de hidropisia, mas mais característica ainda é a alteração de um formato típico de pera para o formato de uma maçã, por causa da expansão biconvexa e esférica da vesícula. O reconhecimento da presença de ar dentro do lúmen da vesícula ou da parede do órgão (enfisema mural) é crucial, uma vez que uma infecção com organismos formadores de gás implica em prognóstico ruim e está associada a alto risco de perfuração. Fig . 45 .1a Fig. 4 5.2a Fig . 45 .1b Fig . 45 .2b A colecistite crônica pode levar à contração da vesícula ou à vesícula em porcelana. Com frequência, é diftcil diferenciar esses dois quadros por ultrassonografia. Uma vesícula com a parede completamente calcificada pode refletir ondas sonoras como o ar na flexura hepática do có lon, explicando por que uma vesícula em porcelana é facilmente perdida no exame ultrassonográfico. NesS·es casos, os achados clínicos ou a TC complementar geralmente fornecem melhor orientação. Depois de a vesícula biliar ter-se contraído e esvaziado no período pós-prandial, ela frequentemente apresenta a formação de uma "dobra", que pode fazê-la se assemelhar a uma "boina" (Fig. 45.3) ( ~ ).Tal constrição pode ser perceptível no lado côncavo e a mesma não deve ser confundida com uma formação de septo. Check-List de Colecistite Aguda • Espessamento das paredes em multicamadas • Acúmulo pericolecístico • Contornos imprecisos da vesícula ao longo do ftgado • Espessura 2 4 mm (pré-prandial) 2 7 mm (pós-prandial) • Medição ao longo da linha hemiclavicular (MCL) • Aumento do fluxo observado através do CCDS Fig. 45.3a Fig . 45.3b 46 LIÇÃO 3 IFígado e Vesícula: Jogo para Autoavaliação Use este jogo para testar sua familiaridade com o material apresentado na Lição 3. Você encontrará as respostas às perguntas nas páginas precedentes e as respostas para o jogo das imagens na página 111. Olhe as respostas somente após ter trabalhado em todas as perguntas - obter as respostas muito cedo elimina o suspense e frustra o objetivo do jogo. a IIPJ Qual é o nome do corte ultrassonográfico que visualiza a Repita o desenho do plano de imagem padrão da porta hepatis. Onde se localizam a artéria hepática e o dueto biliar em relação à veia porta e à veia cava inferior? Compare seu desenho com a Figura 32.2c. estrela venosa hepática? Como você deve posicionar o transdutor para obter esse plano? Desenhe os marcadores corporais correspondentes e a aparência da estrela venosa hepática . O que pode ser medido e em que nível? Por quê? 111 Escreva os seis achados característicos da hipertensão porta 11 Você se lembra dos sítios preferidos para a redução e para o e os oito achados característicos da cirrose. Compare suas respostas com os check-lísts nas páginas 33 e 41 e repita esse exercício durante vários dias até que você não perca nenhum achado (descanse um pouco nos intervalos!). aumento focalizados de gordura? Como eles podem ser diferenciados de processos hepáticos malignos? 11 Reveja as quatro imagens ultrassonográficas a seguir. Escreva 11 Qual é o diâmetro máximo do dueto biliar comum? Qual diâos planos das imagens , os órgãos e vasos visualizados e seu diagnóstico diferencial. Inclua todas as anormalidades, já que algumas imagens exibem vários processos patológicos. Fig . 46.1 metro em milímetros é suspeito de obstrução biliar? Fig . 46.3 Fig . 46.2 ~~ Escreva vários diagnósticos diferenciais para a Figura 46.4 . A 11 solução está na página 111. Fig . 46.4 LIÇÃO 4 47 Rins: Achados Normais O rim direito com frequência, pode ser bem visualizado em sentido longitudinal através do fígado, a partir da linha axilar anterior, com o paciente em supino e inspirando profundamente (Fig. 47.2a) . Como alternativa, o transdutor pode ser colocado paralelo aos espaços intercostais com o paciente em decúbito lateral esquerdo (Fig. 47.1 a) . Cada rim deverá ser investigado sistematicamente em dois planos. O rim esquerdo pode ser visualizado em cortes transversos e longitudinais com o paciente em supino ou em decúbito lateral direito. Mediante inspiração profunda do paciente, o rim se move em sentido craniocaudal ao longo do músculo psoas (44) por cerca de 3 a 7 em. Esse deslocamento pode ser usado para posicionar os rins em uma janela acústica melhor, evitando a interferência das costelas e do ar do intestino. Normalmente, o parênquima do rim direito é isoecoico com o parênquima hepático (Fig. 47.3) e deverá medir pelo menos 1,3 em de largura. O corte longitudinal típico (Fig. 47.2) exibe as pirâmides medulares hipoecoicas (30) como um colar de pérolas entre o córtex parenquimatoso (29) e o sistema coletor central hiperecoico. Essas estruturas não deverão ser confundidas com cistos ou cálices anecoicos. A ecogenicidade dos componentes renais centrais é causada por saltos de impedância entre paredes vasculares, revestimentos do sistema coletor, tecidos adiposo e conectivo. O corte transverso (Fig. 47.3) delineia o h ilo renal direito junto com a veia renal (25) em sua extensão a caminho da veia cava inferior (16). A gordura suprarrenal hiperecoica ao redor do polo renal superior (2 7) deve ser inspecionada quanto à presença de lesão hipoecoica ocupadora de espaço, a qual poderia representar um tumor suprarrenal. Uma medida importante para doenças renais crônicas é a proporção entre a largura do parênquima hipoecoico periférico e a largura do complexo pélvico central hiperecoico. Esse índice parênquima-pelve (IPP) aumenta com a idade (veja Tabela): Check-List de Valores Renais Normais Comprimento do rim: 10- 12 em Largura do rim: Mobilidade respiratória: Largura do parênquima: 4-6 em 3- 7 em 1,3- 2,5 em Índice PP < 30 anos Índice PP 30-60 anos Índice PP >60 anos > 1,6:1 1,2- 1,6:1 Fig. 47 .1a Fig . 47.1 b Fig. 47 .2a Fig . 47 .2b Fig . 47 .2c Fig . 47 .3a Fig . 47.3b Fig . 47.3c 1'1: 1 I 48 LIÇÃO 41 Rins: Variantes Normais e Cistos Variantes Normais Cistos Renais A configuração normal do rim (Fig. 47.2) pode mostrar várias alterações relacionadas com o desenvolvimento embriológico do órgão. As colunas renais (colunas de Bertini) hiperplásicas, que não diferem do parênquima renal remanescente em termos de ecogenicidade , podem projetar-se do parênquima (29) para a pelve renal (31 ). Uma ponte parenquimatosa isoecoica pode dividir completamente o sistema coletor. Um intervalo parenquimatoso parcial ou completo no mesmo local indica duplicação renal (Fig. 48.1) com ureteres separados e suprimento sanguíneo para cada metade. A ponte parenquimatosa pré-vertebral de rins em ferradura poderia, num primeiro momento, ser confundida com um quadro de linfadenopatia pré-aórtica ou com um aneurisma aórtico com trombose. Um contorno renallobulado pode ser visto em crianças e em adultos jovens como manifestação de lobulação fetal persistente, caracterizado por uma superfície renal lisa e entalhada entre pirâmides medulares individuais. Essas alterações devem ser diferenciadas das cicatrizes mais triangulares que aparecem depois de infartos renais (Fig. 56.3), os quais podem ser encontrados principalmente em pacientes mais idosos com estenose aterosclerótica da artéria renal ou com aneurisma aórtico suprarrenal. Cerca de 10% dos pacientes mostram um espessamento parenquimatoso, localizado ao longo da borda lateral do rim esquerdo, geralmente logo abaixo do polo inferior do baço. Trata-se de uma variante anatômica, geralmente referida como "corcunda de dromedário" . Às vezes, pode ser difícil diferenciar esse quadro de um tumor renal verdadeiro. Da mesma forma que os cistos hepáticos (veja p. 39), os cistos renais disontogênicos (64) são geralmente anecoicos e, quando excedem certo tamanho , produzem realce acústico distai (70) , como mostrado na Figura 48.2. Você se lembra de outros critérios para cisto que permitem a diferenciação entre um cisto e um tumor renal hipoecoico em pacientes obesos? Se não, você sabe onde encontrar a resposta. Os cistos podem ser diferenciados em periféricos, que se projetam da superfície renal, parenquimatosos (Fig. 48.2) e peripélvicos, estes últimos não podendo ser confundidos com uma pelve renal obstruída e dilatada (31) (veja pp. 52-63). O examinador deverá medir o diâmetro do cisto e estabelecer sua localização (polo superior/inferior ou, respectivamente, terço superior, médio ou inferior do rim) e buscar, cuidadosamente, por lesões tumorais na vizinhança imediata. Alguns tumores renais malignos podem conter componentes císticos que podem se mostrar mais conspícuos que o componente sólido real do tumor. A descoberta de alguns cistos renais pode não ter consequências em termos clínicos , embora recomende-se uma reavaliação em intervalos regulares. Esses cistos renais simples deverão ser diferenciados dos inúmeros cistos (64) da forma adulta da doença renal policística familiar (Fig. 48.3). Eles mostram crescimento progressivo e podem atingir tamanho considerável. Ao se deslocar e afinar o parênquima renal, a doença renal policística leva à insuficiência renal no adulto jovem e, por fim , à diálise ou ao transplante renal. Fig . 48.1a Fig . 48.2a Fig . 48.3a Fig . 48.1b Fig . 48.2b Fig . 48.3b LIÇÃO 41 49 Rins e Sistema Coletor em Pediatria: Achados Normais As duas páginas seguintes apresentam as alterações ultrassonográficas características que exercem papel especial em recém-nascidos e em crianças e que são diferentes dos achados em adultos. Os Rins nos Recém-Nascidos Antes de se examinar os rins de um recém-nascido em posição prona (Fig. 49.1a), a bexiga urinária deverá ser examinada com o bebê em supino, uma vez que esse órgão só pode ser avaliado quando estiver cheio, e os recém-nascidos geralmente urinam durante o exame. Daí em diante, vira-se o bebê para a posição prona, e os dois rins são investigados a partir das costas, com um transdutor linear de 5,0-7,5 MHz, em orientação longitudinal (Fig. 49.1) e transversa (Fig. 49.2). A abordagem trans-hepática a partir da frente (veja p. 47) ou a abordagem lateroposterior na posição em decúbito lateral é a mais adequada somente para crianças mais velhas. Com essas crianças mais velhas, as frequências de centro mais baixas de 3,5-3,75 MHz são as preferidas. As medidas normais na infância são estabelecidas em porcentagens do tamanho do corpo. Há um sumário na página 53. Fig . 49.1a Fig . 49.1b Fig . 49.1c Fig . 49.2a Fig . 49.2b Fig . 49.2c Variantes Típicas em Recém-Nascidos Em comparação com os rins dos adultos, nos recém-nascidos, esses órgãos exibem ecogenicidade difusa mais alta do parênquima (29), resultando em demarcação pronunciada das pirâmides medulares hipoecoicas (30). Por isso, a forma triangular das pirâmides medulares é mais bem delineada que a dos adultos, cujas pirâmides aparecem em formato mais esférico. Além disso, em muitos neonatos, os rins mostram lobulação fetal sutil, que só se resolve na infància, quando o órgão assume delineamento ovoide e suave. O complexo central hiperecoico da região pélvica (31) aparece linear e fino nos recém-nascidos e aumenta gradualmente na largura durante a infância, crescimento esse atribuído à deposição crescente de gordura entre os vasos sanguíneos e o sistema coletor. Consequentemente, a pelve anecoica é mais conspícua no recém-nascido. Ela pode medir até 5 mm sem sugerir obstrução (veja p. 54). A chamada "corcunda de dromedário", que se refere a um córtex renal lateral esquerdo espessado em oposição à borda esplênica, é uma configuração renal típica encontrada em crianças menores e que geralmente desaparece com o crescimento contínuo do órgão. As colunas renais (colunas de Bertini) hiperplásicas podem atravessar a região pélvica hiperecoica, como pontes hiperecoicas parenquimatosas, sugerindo uma duplicação renal (comparar com a Fig. 48.1 ). Nenhum dos achados tem efeito de ocupação de espaço e não deverá ser confundido com um tumor renal. 50 LIÇÃO 4 I Alterações do Parênquima Renal em Pediatria Aumento Difuso da Ecogenicidade Embora o aumento difuso da ecogenicidade do parênquima renal seja normal em recém-nascidos (veja a página anterior), esse aumento torna-se um sinal de prejuízo parenquimatoso nas crianças (Fig. 50.1 ). A ecogenicidade igual ou aumentada do parênquima renal (29) aparece prontamente em comparação com o figado (9) e, especialmente, com as pirâmides medu lares (30). Além da glomerulonefrite e da infiltração leucêmica difusa, as causas possíveis incluem os danos induzidos por drogas, como a poliquimioterapia, por exemplo (Fig. 50.2), mostrada aqui junto com a obstrução precoce do trato urinário (3 1). A ecogenicidade difusamente aumentada do rim deverá alertar o examinador para buscar pela presença de efusão pleural (Fig. 39.3) ou por ascite na pelve inferior (Fig. 50.3). junto com a proteinúria e a hipoproteinemia, isso sugere uma síndrome nefrótica. O exemplo mostrado na Figura 50.3 foi intencionalmente selecionado para enfatizar o risco de interpretação errônea, quando o exame for conduzido após a micção. A bexiga urinária (38) está praticamente vazia, de modo que a ascite (68) próxima a um útero pequeno (39) poderia ser incorretamente interpretada como a bexiga. I Fig . 50.1 a Fig. 50 .2a Fig . 50.3a Fig . 50 .1b Fig . 50 .2b Fig. 50.3b Nefrocalcinose Em um quadro de nefrocalcinose, os cristais depositados causam, inicialmente, uma borda hiperecoica sulcada ao redor das pirâm ides medulares, com extensão hiperecoica posterior para os ápices dos cálices ou através das pirâmides. Por isso, o contraste é invertido, com pirâmides medulares hiperecoicas e uma borda parenqu imatosa menos ecoica. Inicialmente, as calcificações não mostram nenhum sombreamento acústico. As causas possíveis incluem acidose tubular, nefropatia de urato com destruição maciça das células como parte da quimioterapia, toxicidade por vitamina D e terapia com ACTH (hormônio adrenocorticotrófico) ou furosemida. Pirâmide medular com hiperecogenicidade difusa lembra a imagem encontrada em um recém-nascido desidratado com proteínas precipitadas. Após a reidratação do bebê, essas precipitações das chamadas proteínas de Tamm-Horsfall são reversíveis dentro de poucos dias. LIÇÃO 4 I Rins: Atrofia e Inflamação Nefrite Os rins reagem a várias condições inflamatórias com alterações ultrassonográficas muito semelhantes. Na pielonefrite precoce ou na glomerulonefríte, o rim pode aparecer totalmente normal, mas depois o edema posterior aumenta sua espessura, e a infiltração intersticial realça a ecogenicidade parenquimatosa com demarcação acentuada do parênquima (29) em relação às pirâmides medulares hipoecoicas (30) (Fig. 51.3) . Esse quadro é conhecido como "pirâmides medulares com centro escavado". Em comparação com o parênquima adjacente esplênico ou hepático (9), o parênquima do rim infiltrado aparece mais hiperecoico (Fig. 51.3) que aquele do rim normal (Fig. 48.3) . A ecogenicidade aumentada do parênquima renal não permite nenhuma conclusão quanto à natureza da inflamação e pode ser encontrada nos quadros de nefrite intersticial, glomerulonefrite crônica, nefropatia diabética, amiloidose, doença autoimune e nefropatia por urato. Esse último quadro é causado por hiperuricemia como manifestação de gota ou de tu mover aumentado de ácido nucleico. A ultrassonografta não contribui positivamente para o diagnóstico diferencial entre várias causas inflamatórias, mas desempenha papel importante no monitoramento da inflamação renal durante a terapia e na exclusão de quaisquer complicações. O índice de resistência (medida de perfusão renal) determinado pela ultrassonografta com Doppler pode fornecer informações valiosas sobre o curso de uma infiltração ou, por exemplo, um quadro de rejeição precoce de um rim transplantado. Os casos inconclusivos podem beneficiar-se da biópsia percutânea com agulha e orientação da ultrassonografia para se obter a confirmação histológica. 51 Na nefrite aguda, o parênquima pode ser difusamente hiperecoico e alargado, e a junção entre córtex e medula pode aparecer indistinta e apagada. Os rins normais apresentam junção corticomedular nitidame nte demarcada. Atrofia Renal Com o aumento da idade, a redução lenta e progressiva na largura da espessura parenquimatosa é fisiológica (veja p. 47). Uma atrofia mais pronunciada do parênquima (Fig. 51.1) ocorre após vários episódios inflamatórios ou após estenose grave da artéria renal. A perfusão reduzida afeta ou todo o rim ou se localiza em áreas de infarto, frequentemente de natureza embólica (Fig. 56.3). Na nefrite crônica terminal, o parênquima acentuadamente aftlado (29) pode ser muito mal detectado pela ultrassonografia (Fig. 51.2). Esse exemplo ilustrado de um rim atrófico mostra um achado frequentemente acompanhante que são calcificações degenerativas (53) ou concreções (49), que se mostram indiretamente evidentes por suas sombras acústicas correspondentes (45). Os rins atróftcos podem ser tão pequenos que escapam da detecção ultrassonográfica. A perda de função excretora em um rim pode ser compensada pela hipertrofia do rim contralateral. Em um rim pequeno unilateral, o índice parênquima-pelve (IPP) (veja p. 47) deverá ser determinado primeiro. Um índice normal sugere um rim com desenvolvimento hipop lásico. Em geral, o diagnóstico pode ser estabelecido, incluindo-se o rim contralateral no exame e avaliando-se a perfusão renal por meio da ultrassonografia com Doppler em cores. Fig . 51 .1a Fig.51.2a Fig . 51.3a Fig . 51 .1b Fig . 51 .2b Fig . 51.3b 52 I LIÇÃO 4 IRins: Obstrução Urinária Normalmente, o sistema coletor é visto como um complexo central muito hiperecoico. que é atravessado somente por estruturas vasculares finas e pequenas. Com o aumento da diurese após a ingestão de grande volume de fluidos, a pelve renal pode se distender e ser vista como uma estrutura anecoica (87) dentro do complexo do eco pélvico (31) (Fig. 52.1 ). O mesmo achado pode representar a variante de desenvolvimento de uma pelve extrarrenal. Nenhum desses quadros dilata os cálices e os infundíbulos. Nos adultos, há três graus de obstrução urinária. O primeiro grau de dilatação obstrutiva distende a pelve renal (87), mas não mostra extensão infundibular ou afilamento parenquimatoso detectável (Fig. 52.2). O segundo grau de dilatação obstrutiva causa plenitude adicional dos infundíbulos e dos cálices (Fig. 52.3) . Além disso, um afilamento parenquimatoso inicial pode ser detectável. O terceiro grau de dilatação obstrutiva caracteriza-se por atrofia por pressão extensa do parênquima. A ultrassonografia não pode determinar as causas possíveis de uma uropatia em todos os casos. Geralmente, um cálculo ureteral só pode ser visualizado se estiver alojado proximal à junção ureteropélvica (UP) ou distai no ureter pré-vesical. Na maior parte das vezes, o ureter médio está obscurecido por uma camada de ar intestinal. A Figura 52.4 é uma exceção, que mostra um cálculo (49) no ureter (150). Casos menos frequentes de obstrução ureteral são os tumores da bexiga ou do útero e a fibrose retroperitoneal após radiação ou idiopática, Fig . 52.4a como manifestação da doença de Ormond. Além disso, linfonodos agregados podem levar à compressão ureteral. Uma obstrução latente pode ser causada por um ureter atônico na gestação, infecções e pelo esvaziamento incompleto da bexiga (neurogênico ou secundário à hipertrofia da próstata, veja p. 75). Nesses casos, a avaliação ultrassonográfica deve incluir a medição do volume residual após a micção (veja p. 59). Fig . 52.4b Fig . 52.1a Fig. 52.2a Fig. 52 .3a Fig . 52 .1b Fig . 52.2b Fig . 52.3b LIÇÃO 41 53 Rins: Diagnóstico Diferencial de Obstrução Urinária Nem toda di latação hipoecoica da pelve renal (3 1) indica uma obstrução urinária. A variante de desenvo lvimento de uma pelve extrarrenal já foi mencionada na página anterior. Além disso, o h ilo renal pode mostrar vasos proeminentes (25) (Fig. 53.1) que podem ser acompanhados até as pirâmides medulares hipoecoicas (30) e interpretados erroneamente como estruturas do sistema coletor. Esses vasos aparecem geralmente mais delicados e sem a plenitude característica de um sistema coletor obstruído e dilatado (Fig. 52.2). O diagnóstico diferencial pode ser facilmente esclarecido com a determinação do fluxo com ultrassonografia com Doppler em cores. Com o ambiente adequado, o fluxo sanguíneo é exibido em cores, enquanto a urina estática ou de fluxo Fig . 53 .1a muito lento permanece negra ( = anecoica). A diferenciação entre um sistema coletor dilatado (87) e cistos para pélvicos (64) é mais difícil (Fig. 53.2), especialmente se as duas condições estiverem presentes. A obstrução urinária em crianças é tratada a partir da página 54. Métodos Alternativos Se a natureza de uma obstrução urinária não puder ser esclarecida por ultrassonografia, a tomografia computadorizada (TC, Fig. 53.3) ou a pielografia intravenosa (PI\1, Fig. 53.4) poderão ser acionadas como outros métodos não invasivos. Qualquer um dos métodos pode quantificar a dilatação do sistema coletor intrarre- Fig . 53 .2a Fig . 53 .3 Fig . 53 .1b Fig. 53 .2b Va lores Normais dos Rins em Pediatria (De uma população da Alemanha, conforme Dinkel E et a/: Kidney Size in Childhood. Pediatr Radio/!15]:38-43). Tamanho do Corpo (em) Recém-nascidos < 55 55 - 70 7 1 - 85 86 - 100 101 - 110 111 - 120 12 1 - 130 13 1 - 140 14 1 - 150 > 150 m-250 m m + 250 3,40 3,00 3 ,60 4 ,50 5,30 5,85 6 ,35 6,90 7,40 7,90 8,60 4 ,16 4 ,35 5,00 5,90 6 ,60 7,10 7,65 7,20 8,70 9 ,25 9 ,95 4,92 5,83 6,40 7,30 7,90 8,35 8,95 9,50 10,00 10,60 11 ,30 Fig . 53.4 nal ( ~ )e do ureter (Ae ). As Figuras 53.3 e 53.4 são do mesmo paciente, que sofre de baqueteamento dos cálices mais intenso à esquerda que à direita e dilatação ureteral obstrutiva. 54 LIÇÃO 41 Obstrução Urinária e Refluxo em Pediatria A primeira triagem ultrassonográfica de um recém-nascido deverá detectar um quadro de estenose da junção ureteropélvica ou do oriftcio da bexiga, bem como de refluxo vesicoureteral com obstrução resultante , para evitar qualquer dano subsequente aos rins. Deve-se ter em mente que a pelve renal anecoica (3 1) pode medir até 5 mm de largura (Fig. 54.1) em recém-nascidos sem evidência de obstrução urinária. Uma pelve renal medindo entre 5 e 1O mm de largura (Fig. 54.2) deverá ser regularmente acompanhada para esclarecer se ela representa uma pelve renal ampular congênita ou uma dilatação patológica progressiva do sistema coletor. Somente os quadros de pelve renal superior a 1O mm de largura (Fig. 54.3), cálices baqueteados (149) e ureter dilatado (150) são indicações para um exame diagnóstico minucioso imediato (Fig. 54.3). Nesses casos normalmente realiza-se uma uretrocistografia miccional (veja a página seguinte). Fig. 54.1 a Fig. 54 .2a Fig . 54.3a Fig . 54 .1b Fig . 54 .2b Fig. 54.3b Se a di latação do ureter (150) for contínua à da pelve rena l (31 ), como visto na Figura 54.3, pode-se excluir o quadro de estenose ureteropé lvica como causa da obstrução urinária. Uma dilatação isolada da pelve renal com ou sem baqueteamento dos cálices deverá ser avaliada mais completamente com uma uretrocistografia miccional ou pielografia intravenosa (PIV) para excluir o refl uxo vesicouretera l ou uma estenose da junção ureteropélvica. O exemplo mostrado na Figura 54.3 exibe um córtex parenquimatoso afilado por causa da obstrução urinária, que indica exame diagnóstico minucioso imediato e possível descompressão. Largura da Pelve Renal em Recém-Nascidos: Normal: < 5mm Exigindo acompanhamento: 5- 10 mm Suspeita de dilatação patológica: > 10mm LIÇÃO 41 Obstrução Urinária e Refluxo em Pediatria 55 Possíveis Sequelas de Obstrução Urinária Quando a obstrução urinária não for detectada precocemente, ela poderá levar ao afilamento do córtex parenquimatoso (29 na Fig. 55.1 ) e progredir gradualmente para a atrofia renal (Fig. 51.2) com a perda correspondente da função renal. Além disso, as infecções crônicas do trato urinário ou distúrbios metabólicos podem induzir precipitações de cristais( ~ ) nos cálices dilatados do sistema coletor (Fig. 55.2). Fig. 55.1 a Fig. 55.1 b Uretrocistografia Miccional Uma uretrocistografia miccional exclui ou detecta o refluxo vesicoureteral e deverá ser realizada em pacientes com infecções recorrentes do trato urinário ou com sistema coletor dilatado no período sem infecção após terapia antibiótica. Normalmente (Fig. 55.3) a bexiga urinária completamente cheia não mostra refluxo ureteral retrógrado (E-+ ) mesmo durante a micção, documentada por meio de contraste na uretra( ~ ). As imagens são obtidas com o paciente ligeiramente oblíquo para evitar confundir o córtex Fig. 55 .4 Fig . 55.3 Graus de Refluxo em Crianças Grau I Refluxo para dentro do ureter distai Grau 11 Refluxo para dentro do sistema coletor Grau 111 Dilatação ureteral inicial e baqueteamento dos cálices Grau IV Dilatação ureteral mais pronunciada e baqueteamento dos cálices Grau V Baqueteamento acentuado dos cálices e perda parenquimatosa inicial Fig . 55 .2 adjacente do ílio como um refluxo grau I (refluxo para dentro do ureter distai). O refluxo para o sistema coletor (E-) é chamado de refluxo grau 11 (Fig. 55.4). A dilatação adicional do ureter e o baqueteamento inicial dos cálices indica um refluxo em grau 111. O refluxo grau IV mostra o baqueteamento mais pronunciado dos cálices e a dilatação ureteral, e no refluxo em grau V há afilamento adicional do parênquima (veja a Tabela). O estágio final crônico se caracteriza por tortuosidade de todo o ureter dilatado, como se vê na Figura 55.5. Fig . 55.5 56 LIÇÃO 41 Rins: Cálculos e Infarto A detecção de concreções no rim (nefrolitíase) é mais difícil que a detecção de cálculos na vesícula biliar (veja p. 44). Os cálculos renais hiperecoicos (49) ficam, geralmente , no interior do sistema coletor igualmente hiperecoico (31) (Fig. 56.1) e, consequentemente, não são discerníveis das estruturas ao redor. Concreções em um sistema coletor dilatado são uma exceção notável, já que sua ecogenicidade contrasta com a urina anecoica ao redor. O examinador deve buscar cuidadosamente pelo sistema coletor hiperecoico por sombra acústica (45) determinada por concreções ou calcificações renais. A Figura 56.2 mostra um exemplo de calcificações renais extensas (49) em um paciente com nível acentuadamente elevado de cálcio no soro como manifestação de hiperparatireoidismo. I Dependendo de sua composição, um cálculo renal (49) pode transmitir o som (Fig. 56.1) ou ser tão reflexivo que só sua superficie proximal é vista como uma capa hiperecoica (Fig. 56.2) . O diagnóstico diferencial inclui artérias arqueadas ao longo da junção corticomedular (ecos brilhantes sem sombra acústica), calcificações vasculares em pacientes diabéticos e resíduos fibróticos calcificados após quadro de tuberculose renal. As calcificações papilares que se seguem ao abuso de fenacetina são uma causa diagnóstica diferencial rara. Os grandes cálculos coraliformes serão difíceis de se diagnosticar se a sombra acústica distai for fraca e sua hiperecogenicidade for confundida com o complexo hiperecoico central. Fig . 56 .1a Fig . 56.2a As concreções renais podem se d eslocar e migrar do sistema coletor intrarrenal para o ureter (Fig. 52.4) . Dependendo do tamanho, elas podem passar para a bexiga de modo assintomático ou com sintomas semelhantes a cólicas. Alé m disso , elas se alojam no ureter e causam obstrução ureteral. Além de detectar uropatia obstrutiva, a ultrassonografia pode excluir outras causas de dor abdominal, como a pancreatite, a colite e a presença de fluido livre no fundo de saco (veja p. 60). Infartos Renais Os êmbolos renais que surgem de um aneurisma aórtico (veja p. 23) ou a estenose da artéria renal podem causar infartos renais. Conforme sua distribuição vascular, esses episódios são de base ampla na superfície renal e afunilados em direção ao hilo renal. Mais tarde , esses defeitos parenquimatosos triangulares (71) (Fig. 56.3) transformam-se em cicatrizes hiperecoicas. Considerando-se sua localização e configuração típicas , essas cicatrizes hiperecoicas não deverão ser confundidas com concreções renais ou tumores . Além da angiografia com subtração digital (ASD), a ultrassonografia duplex não invasiva em cores é adequada para detectar a estenose da artéria renal. Tanto a visualização como a avaliação das artérias renais acessórias menores são especialmente difíceis. Esses vasos podem surgir:, como as chamadas artérias polares superior e inferior, a partir da aorta nas vizinhanças imediatas ou a certa distância da artéria renal principal ou, em raras ocasiões, a partir da artéria ilíaca comum. Fig . 56 .3a 47 Fig . 56.1b Fig. 56 .2b Fig. 56 .3b 47 LIÇÃO 41 Rins: Tumores dos Rins e das Glândulas Suprarrenais 57 Os tumores renais sólidos diferem-se dos cistos cheios de fluido pelos ecos internos e pela ausência, ou um mínimo de intensificação acústica distai. malignos podem conter áreas císticas, e cistos renais de aparência benigna sempre deverão ser avaliados quanto à presença de lesões ocupadoras de espaço nas imediações. Tumores Renais Benignos Tumores da Glândula Suprarrenal Os tumores renais benignos sólidos (fibromas, adenomas e hemangiomas) são raros e mostram morfologia ultrassonográfica variada. Somente o angiomiolipoma, um tumor misto benigno envolvendo vasos , tecido muscular e gordura, tem, no estágio inicial, uma apresentação ultrassonográfica característica que o diferencia de um processo maligno. Um angiomiolipoma pequeno (72) é tão hiperecoico quanto o complexo de eco central (31) e nitidamente demarcado (Fig. 57.1 ). Em termos ultrassonográficos, ele é semelhante ao hemangioma hepático (Figs. 39.2 e 39.3). Ao aumentar de tamanho, porém, o angiomiolipoma torna-se heterogêneo, dificultando sua diferenciação com tumores malignos. A glândula suprarrenal esquerda fica em sítio anteromedial (não superior) ao polo renal superior. A glândula direita fica, normalmente, um pouco mais acima do polo superior do rim direito e posterior à veia cava inferior. Em adultos, as duas glândulas não são visíveis, ou apenas mal visualizadas na gordura perirrenal, mas essa condição de invisibilidade não se aplica às glândulas suprarrenais de recém-nascidos (veja p. 58). Os tumores suprarrenais produtores de hormônio, como os adenomas na síndrome de Conn ou a hiperplasia na síndrome de Cushing, são geralmente muito pequenos para serem detectados por via ultrassonográfica. Somente os feocromocitomas clinicamente manifestos já atingiram vários centímetros em tamanho e 90% desses podem ser detectados pela ultrassonografia. Casos inconclusivos deverão ser avaliados mais cuidadosamente por TC. A ultrassonografia tem papel mais importante ainda na detecção de metástases suprarrenais (54), as quais são geralmente visualizadas como lesões hipoecoicas (Fig. 57.3) entre o polo renal superior e o baço (37) ou a superfície hepática inferior, respectivamente. Essas lesões devem ser obrigatoriamente diferenciadas dos cistos renais superficiais. A vascularidade peculiar das glândulas suprarrenais explica a disseminação hematogênea de metástases de carcinomas do pulmão, da mama e do rim. A ecogenicidade de uma lesão suprarrenal não permite uma conclusão confiável de sua natureza histológica ou uma diferenciação com neurinoma surgindo a partir da cadeia simpática. Tumores Renais Malignos Os carcinomas menores de células renais (54) são frequentemente isoecoicos com o parênquima renal remanescente (29). Somente com o crescimento posterior eles tornam-se mais heterogêneos e ocupadores de espaço, com abaulamento do contorno renal (Fig. 57.2). Se um carcinoma for detectado, ambas as veias renais e a veia cava inferior precisam ser cuidadosamente inspecionadas, por causa da tendência conhecida de extensão tumoral intravenosa. Os carcinomas de células renais podem ser bilaterais em cerca de 5% dos casos. Se o tumor se estender além da cápsula renal e infiltrar-se no tecido ao redor, o rim perderá sua mobilidade respiratória fisiológica (veja p. 47). Por fim , porções de tumores renais Fig. 57 .1a Fig. 57 .2a Fig. 57.3a Fig . 57 .2b Fig . 57 .3b 45 \ Fig . 57 .1b I 58 LIÇÃO 41 Tumores dos Rins e das Glândulas Suprarrenais em Pediatria Tumores Renais Benignos Com exceção dos fibromas como manifestação da neurofibromatose (doença de Recklinghausen), as lesões benignas ocupadoras de espaço no rim pediátrico incluem os angiomiolipomas, que ocorrem junto com a doença de Bourneville-Pringle (esclerose tuberosa) e lembram os angiomiolipomas encontrados nos adultos (Fig. 57.1). mor, também conhecido como tumor de Wilms, leva à destruição completa da anatomia renal normal e mostra, com frequência, uma estrutura interna hiperecoica e heterogênea , com drenagem urinária prejudicada do parênquima remanescente (29), como mostrado na Figura 58.3 . É importante examinar o rim contralateral para excluir o envolvimento renal bilateral, que tem sido observado em até 10%dos casos. Nefroblastoma O nefroblastoma (54) é a lesão maligna ocupadora de espaço mais frequente no grupo etário pediátrico (Figs. 58.1 e 58.2). Esse tu- Fig. 58.1 a Fig. 58 .2a Fig . 58.3a Fig . 58.1b Fig . 58.2b Fig . 58.3b Infiltração Linfomatosa e Metástases Menos comuns são as infiltrações linfomatosas ou metastáticas dos rins. Uma vez que a diferença em ecogenicidade entre as áreas envolvidas e o parênquima renal normal (29) pode não ser muito conspícua (Fig. 58.3) , essas lesões tornam-se, com frequência, visíveis apenas por necroses centrais (57) ou obstrução urinária associada de grupos adjacentes de cálices (149). Glândulas Suprarrenais Nos r cém-nascidos, o córtex hipoecoico da glândula suprarrenal pode, invariavelmente, ser diferenciado da medula hiperecoica (155) (Fig. 58.4) . Vista de trás, a glândula suprarrenal normalmente exibe formato típico em "Y" em sentido superolateral em dire- Fig. 58.4a Fig. 58.4b ção ao polo renal. Essa diferença em ecogenicidade desaparece durante a infância, e as glândulas suprarrenais dos adultos são muito mal separáveis da gordura perirrenal (Fig. 51.1) . Nos recém-nascidos, o sangramento nas glândulas suprarrenais geralmente se apresenta como uma área hipoecoica ( ~ ) no polo renal superior (Fig. 58.5) . Se esse achado for realmente um hematoma, ele deverá diminuir de tamanho dentro de 1 mês. Caso contrário, deve-se excluir a possibilidade de um neuroblastoma cístico por meio de parâmetros laboratoriais ou RM. Os adenomas da glândula suprarrenal são menos comuns e, por causa de seu tamanho reduzido, podem, com frequência, ser detectados somente por TC de alta resolução com medições de densidade das imagens sem realce. Fig. 58.5 LIÇÃO 4 I 59 Bexiga Urinária: Achados Normais Protocolo de Exame A bexiga urinária é sistematicamente investigada em cortes suprapúbicos transversos (Fig. 59. la) e longitudinais (Fig. 59.1 b}. O examinador só poderá detectar espessamento suspeito da parede ou lesões intraluminais ao movimentar lentamente o transdutor. já comprovou-se que a inclusão de tecido perivesical lateral adjacente ajuda. Se possível, a bexiga deverá ser preenchiFig . 59 .1a da ao máximo após ingestão de grande volume de líquidos e antes de urinar ou, respectivamente, após clampeamento de uma sonda de demora, para se conseguir o delineamento adequado da parede da bexiga para avaliação. O exame da bexiga vazia após a micção não tem valor diagnóstico. O corte transverso típico (Fig. 59.2} mostra a bexiga urinária normal (38) adjacente aos músculos retais (3) e acima e adjacente ao reto (43). Quando preenchida em toda sua capacidade, a bexiga exibe a configuração de um retângulo com cantos arredondados. No corte longitudinal sagital (Fig. 59.3), a bexiga urinária aparece mais triangular. Embaixo da bexiga urinária, pode-se visualizar a glândula próstata (42) ou a vagina (Figs. 75.2 e 77.1 ). Medição do Resíduo Pós-Miccional Se houver disfunção neurogênica ou obstrução por causa da hipertrofia da próstata (veja p. 75), o volume da bexiga deverá ser calculado para determinar o resíduo pós-miccional. O maior diâmetro transverso (Fig. 59.2b) é obtido no corte transverso, e o Fig . 59 .1b maior diâmetro superoinferior, no corte sagital (a linha horizontal pontilhada na Fig. 59.3b). Para obter um corte sagital adequado, geralmente é necessário movimentar o transdutor em sentido caudal como mostrado na Figura 59.3a para trabalhar ao redor de qualquer sombra acústica de interferência (45) do osso púbico (48). O maior diâmetro anteroposterior (linha pontilhada vertical nas duas imagens ultrassonográficas mostradas) pode ser obtido de qualquer plano da imagem. O resíduo pós-miccional pode ser calculado em ml, usando-se a fórmula simplificada de volume do produto de três diâmetros multiplicado por 0,5. Apesar de um resíduo pós-miccional de até 100 ml já ter sido referido na literatura ainda como fisiológico, uma obstrução de descarga da bexiga deverá ser considerada, se esse resíduo for calculado em um número superior a 50 ml. Determinação do Volume da Bexiga Urinária Volume = A x B x C x 0 ,5 Fig . 59.2a Fig . 59 .2b Fig . 59 .2c Fig . 59.3a Fig . 59 .3b Fig . 59.3c I 60 LIÇÃO 4 IBexiga Urinária: Sonda de Demora e Cistite A bexiga urinária (38) com uma sonda de demora (76) mostra-se em colapso e, consequentemente, não pode ser adequadamente avaliada. É, portanto, necessário clampear a sonda um pouco antes do exame (pense nisso!) para preencher a bexiga urinária. Somente um edema bem avançado da parede da bexiga urinária (77) pode ser considerado diagnóstico de cistite (Fig. 60.2) mesmo com a bexiga vazia. A espessura da parede de uma bexiga urinária distendida (preenchida) não deverá ser superior a 4 mm. Após a micção, mesmo a parede normal da bexiga urinária é irregular e chega a até 8 mm de espessura, potencialmente mascarando pólipos aderidos nessa parede ou tumores localizados. Espessamento da Parede I O espessamento difuso da parede envolvendo toda a circunferência é na maioria das vezes edematoso como manifestação de cistite. O espessamento localizado da parede é mais suspeito de tumor parietal. O diagnóstico diferencial deve cons iderar trabeculações que compensem uma obstrução de descarga da bexiga em virtude de hipertrofia da próstata. Em casos inconclus ivos, a endossonografia transretal com altas frequências ou TC podem esclarecer o quadro. diferenciados das verdadeiras sedimentações de cristais, de pequenos coágulos sanguíneos (52) ou de concreções (49) ao longo do soalho da bexiga urinária (Fig. 60.3). Alterando-se rapidamente a pressão aplicada ao transdutor (cuidado com uma bexiga excessivamente distendida ... ), a matéria intraluminal pode ser agitada e flutuar dentro do lúmen. Naturalmente, um tumor parietal não responderá a essa manobra. Peristalse do Ureter A evidência incidental de peristalse propulsiva do ureter pode ser observada com frequência como um jato de urina propelido do óstio ureteral para o interior da bexiga. Além disso, em lactentes é preciso excluir quadros de ureteroceles (Fig. 61.4). Fluido Livre Em qualquer trauma abdominal, é essencial detectar ou exduir o fluido livre no abdome (68). AFigura &>.4 mostra o fluido livre em sua localização típica no fundo de saco atrás do útero (39), como encontrado, por exemplo, em sangramentos intra-abdominais agudos. Ecos Internos e Sedimentações Até mesmo uma bexiga sadia nunca é inteiramente anecoica (= escura). A bexiga (38) mostra, geralmente, artefatos de reverberação (5 1a) induzidos pela parede abdominal anterior (Fig. 60.3) em seu lúmen próximo ao transdutor. No lúmen posterior da bexiga, longe do transdutor, artefatos de espessura de corte (51 b) são sempre observados, causados pelo curso oblíquo da parede da bexiga em relação ao feixe de som. Eles podem também simular a matéria intraluminal (veja p. 16). Esses artefatos precisa m ser Fig. 60.4 Fig . 60.1a Fig. 60.2a Fig. 60.3a Fig . 60.1b Fig . 60.2b Fig . 60.3b LIÇÃO 4 I Bexiga Urinária em Pediatria 61 Du eto Uracal No recém-nascido, a bexiga é mais bem examinada com cortes suprapúbicos longitudinais e transversos (Fig. 61.1 a) , desde que a bexiga esteja cheia (isso significa no começo do exame!). Deve-se dedicar atenção especial ao teto da bexiga (Fig. 61 . tb) para verificar a presença do canal uracal persistente, que aparece como uma estrutura tubular hipoecoica ( ~ )ao longo da parede abdominal anterior, entre o umbigo (t ) e o teto do órgão (Fig. 61.2) . Fig . 61 .1a Fig . 61 .1b I Fig. 61.2a Fig . 61.2b Fig . 61.3a Fig. 61.4a Fig . 61 .3b Fig. 61 .4b Hematoma e Cistite Ureterocele Nas crianças, as lesões ocupadoras de espaço mais comuns na bexiga urinária (38) são os coágulos sanguíneos (52), geralmente resultantes de um quadro de cistite hemorrágica (Fig. 61.3) . Essa criança recebeu quimioterapia como preparação para um transplante de medula óssea. Como nos adultos (Fig. 60.2) , a manifestação da cistite ocorre mediante espessamento da parede da bexiga (77). Em lactentes que se apresentam com obstrução urinária, o quadro de ureterocele (151) deverá ser excluído, além de uma obstrução ureteral na junção ureteropélvica (UP) ou óstio. A ureterocele pode se projetar para o interior do lúmen da bexiga como uma estrutura membranosa fina (Fig. 61.4) , que pode mudar de tamanho e forma, dependendo do grau de preenchimento. O caso ilustrado aqui também mostra o ureter distai dilatado (150). 62 LIÇÃO 41 Transplante Renal: Achados Normais Os transplantes renais podem ser realizados em qualquer fossa ilíaca e estão conectados aos vasos ilíacos. Da mesma forma que os rins oitotópicos, eles são examinados por ultrassonografia em dois planos (Fig. 62.1 ), mas o transdutor está posicionado sobre o aspecto lateral do abdome inferior, com o paciente supino. Não existe ar de interferência dos intestinos, por causa da posição superficial do rim transplantado logo abaixo da parede abdominal anterior. Essa localização facilita o acompanhamento por ultrassonografia. Fig. 62.1 a Fig. 62 .1b Aparência Normal dos Transplantes Renais Detecção Precoce de Rejeição O transplante renal normal mostra frequentemente aumento permanente do tamanho de até 20°o. Em comparação com os rins nativos, o córtex (29) do transplante aparece mais amplo (Fig. 62.2), e a ecogenicidade do parênquima pode estar intensificada, com pirâmides medulares (30) conspícuas. De início, estudos ultrassonográficos em série deverão ser obtidos em intervalos curtos para excluir uma infiltração inflamatória em evolução. Pode-se observar uma pelve renal proeminente ou distensão urinária de baixo grau (Figs. 52.1 e 52.2), sem prejuízo funcional do transplante renal ou necessidade de intervenção. A distensão urinária deverá ser documentada e medida no seu corte transversal (Fig. 62.3) para evitar a perda de qualquer progressão, precisando de intervenção terapêutica ou investigações complementares. O transplante renal deverá ser avaliado também quanto ao contorno distinto dos tecidos ao redor e a uma interface nítida entre parênquima (29) e sistema coletor (31 ). Uma interface turva ou um volume ligeiramente aumentado podem representar sinais de alerta de uma rejeição inicial. Para a comparação válida com os estudos subsequentes, os diâmetros longitudinal e transverso possíveis de serem reproduzidos deverão ser medidos e documentados (veja p. 63). Além disso, o índice de resistência dos vasos renais determinado pela ultrassonografia com Doppler deverá fornecer um marcador valioso de rejeição precoce. Com o passar do tempo após o transplante, os medicamentos imunossupressores poderão ser reduzidos e aumentados os intervalos entre as investigações ultrassonográficas em série. Fig . 62 .2a Fig . 62.2b Fig . 62.2c Fig. 62 .3a Fig . 62 .3b Fig . 62 .3c LIÇÃO 1 4 I Transplantes Renais: Complicações Para a avaliação precisa de seu tamanho, o transplante renal precisa ser investigado em sentido longitudinal (Fig. 63.1 b) até que toda a sua extensão esteja visível. O diagrama (Fig. 63.1a) ilustra uma linha desenhada muito distante na lateral (linha pontilhada) que mediria uma distância falsamente curta. O transdutor precisa ser movimentado acompanhando as setas retas para medir a dimensão longitudinal real (dL) . Daí em diante, gira-se levemente o transdutor (Fig. 63.1 c) para assegurar que o transplante renal não foi cortado obliquamente, como indicado pela segunda linha escura e pontilhada na Figura 63.1 a. A angulação precisa ser eliminada girando-se o transdutor ao longo da seta curva. Essa abordagem em dois passos para guiar o transdutor deverá assegurar que a extensão documentada não seja muito cu11a, o que poderia levar a um diagnóstico errado de rejeição por causa de um volume falsamente aumentado nos exames de acompanhamento. 63 Linfocele A linfocele (73) pode desenvolver-se como uma complicação após a cirurgia de transplante renal (Fig. 63.2) e é encontrada geralmente entre o polo inferior do transplante renal (29) e a bexiga urinária (38), mas pode ocorrer em qualquer sítio adjacente ao transplante renal. Nem todo quadro de linfocele exige uma intervenção. As linfoceles menores geralmente têm resolução espontânea. À primeira vista, as grandes linfoceles podem, às vezes, ser confundidas com a bexiga urinária. Obstru ção Urinária A obstrução urinária (87) é uma complicação igualmente frequente causada pela reimplantação do ureter. Dependendo da intensidade, essa obstrução pode exigir drenagem temporária com stent (59) (Figs. 63.3 e 63.4) para evitar prejuízo ao parênquima renal (29). Fig . 63 .1a Fig. 63.1 b Fig . 63.1 c Fig. 63.2a Fig . 63 .3a Fig . 63.4a Fig . 63 .2b Fig . 63.3b Fig . 63 .4b 64 LIÇÃO 4 I Rins: Jogo para Autoavaliação A finalidade deste jogo é a de apenas testar seu conhecimento, esclarecer sua compreensão ou preencher os espaços antes que você passe para o próximo sistema orgânico. Aplique-o com o espírito de autoaperfeiçoamento e você vai se divertir. As respostas podem ser encontradas nas páginas precedentes (perguntas 1 a 5 e 8) ou na página 112 (perguntas sobre imagens 6 , 7, 9). a Perguntas com ênfase em pediatria: De memória, desenhe um corte transverso típico do rim direito e preste atenção às pirâmides medulares em relação à junção entre o parênquima e o sistema coletor (no máximo em 2 minutos). Repita essa tarefa para um corte transverso do rim direito ao nível do hilo, e considere essa posição em relação ao fígado e à veia cava inferior. Repita os dois exercícios (importante: com intervalos superiores a 2 horas) até que você consiga executá-los sem erro. IJ A Figura 64.3 é uma uretrocistografia miccional (projeção radiográfica convencional) da pelve de uma criança ao urinar. Olhe cuidadosamente e faça seu diagnóstico. 11 Tente rascunhar as formas diferentes do rim normal em comparação com as imagens correspondentes para uma obstrução urinária , graus I a 111. Discuta os critérios de diferenciação com um colega. Valide seus rascunhos comparando-os com as imagens nas páginas 51, 52. I i Fig. 64.3 11 Como você reconhece um quadro de nefrolitíase? Quais são 11 Qual é a largura de um sistema coletor normal em um as possíveis condições subjacentes? Com a ajuda de material obtido na literatura, forneça um diagnóstico diferencial de hematúria (sangue na urina). recém-nascido a termo? Qual é a largura pélvica em mm que o levaria a pedir uma investigação de acompanhamento ou a tomar medidas para excluir uma obstrução urinária? 11 Relacione os crité rios ultrassonográficos de um angiomio1ipoma renal. Que tipo de tumor é esse? Por que é difícil diferenciá-lo dos outros tipos de tumor? 11 Você se lembra dos valores normais para o tamanho do rim, para o índice parênquima-pelve (IPP) e para os graus de obstrução urinária e m crianças e adultos? Escreva seus valores e compare com aqueles listados nas páginas 47 e 53, 55. 11 Examine cuidadosamente as imagens ultrassonográficas nas IJ A imagem (Fig. 64.4) mostra um corte transverso do abdome Figuras 64.1 e 64.2 e escreva os planos dessas imagens, to- dos os órgãos, vasos e músculos visualizados - e, naturalmente, seu diagnóstico de trabalho e seu raciocínio de suporte a esse diagnóstico. Fig. 64.1 Fig. 64.2 superior ao nível dos vasos renais. Descreva os órgãos e vasos que você reconhece. Qual vaso é atípico em seu curso e a que conclusão você chegará a partir desse dado? Fig . 64.4 LIÇÃO 5 TGI Superior: Estômago, Hipertrofia do Piloro a b c d e Fig . 65.1: Camadas murais do estômago (74) a Mucosa: Epitélio + túnica própria b Muscularis mucosae c Submucosa d Camada muscular (músculos longitudinais e circulares) e Serosa 65 As camadas murais normais do trato gastrointestinal (TGI) consiste em cinco estruturas que se apresentam alternadamente hiper e hipoecoicas (Fig. 65.1 ). As duas camadas hipoecoicas correspondem à muscularis mucosae (74b) e à túnica muscular relativamente mais espessa (74d). Se as condições sonoras forem satisfatórias ou se o estômago estiver cheio de água ou em colapso (26) , todas as camadas murais (74a-e) poderão ser identificadas (Fig. 65.2) . A superficie serosa externa (74e) se funde anteriormente com a cápsula também hiperecoica do figado (9) e, dependendo da ecogenicidade do pâncreas adjacente (33), nem sempre é discernível posteriormente. Dependendo do seu estado de contração, a largura da parede gástrica em adultos varia entre 5 e 7 mm. A túnica muscular hipoecoica , por si só, não deverá medir mais de 5 mm , a menos que seja atravessada por uma onda peristáltica (Fig. 65.3) . Às vezes , a sombra acústica (45) de ar gástrico (47) pode impedir a visualização da parede gástrica posterior. Em pediatria, a túnica muscular de um recém-nascido a termo não deverá exceder 4 mm até o fim do segundo mês de vida. O diâmetro total do piloro deverá ter menos de 15 mm . A estenose hipertrófica do piloro está presente sempre que o diâmetro transversal (Fig. 65.4) exceder esses valores ou o piloro medir mais de 16 mm de extensão (neste caso, cerca de 22 mm) no corte longitudinal (Fig. 65.5) . Fig . 65 .2a Fig . 65 .2b Fig . 65.2c Fig . 65.3a Fig . 65.4a Fig . 65 .5a Fig . 65.3b Fig . 65.4b Fig. 65 .5b LIÇÃO 5 ITGJ Superior: Estômago, Hipertrofia do Piloro Refluxo Castroesofágico Para confirmar a presença de um esfincter esofágico inferior insuficiente com refluxo esofágico em crianças, o paciente deverá ser examinado com o estômago cheio após ingestão de pequeno volume de fluido ou, em caso de um recém-nascido, após a mamada . Nos dois casos, o fluido ingerido invariavelmente contém bolhas de ar (47) e poderá ser visualizado como movimento hiperecoico no estômago (26), frequentemente com sombras acústicas ou em formato de cauda de cometa (45) (Fig. 66.1). Após posicionar o hiato do esôfago no diafragma dentro do plano longitudinal sagital direito (Fig. 212) o esôfago será observado durante algum tempo, possivelmente com o paciente na posição de cabeça para baixo, para ver se o conteúdo gástrico flui de volta pelo esfincter distai para o interior do esôfago. Nos adultos, é preferível realizar a fluoroscopia pulsada após a ingestão de um meio de contraste por via oral. Tumores Gástricos Dependendo da histologia, os tumores focais podem invadir as camadas murais normais (veja a página anterior). Um lúmen dilatado (26) pode ser encontrado como sinal indireto de uma demora no esvaziamento gástrico, induzida pelo tumor (Fig. 66.2) . Neste caso, esse esvaziamento retardado foi causado por um grande tumor com base na parede (54) e que invadiu as camadas murais normais, bloqueando o lúmen quase completamente. Fig . 66.1a Fig . 66.2a Fig . 66.3 Fig . 66 .1b Fig . 66.2b Fig . 66.4 Modalidades Alternativas de Investigação por Imagens Uma vez que o ar intragástrico geralmente leva à visualização ultrassonográfica incompleta do estômago, outras moda lidades diagnósticas são aplicadas com frequência. Tomografia Computadorizada (TC) A vantagem da TC é a sua superioridade em identificar qualquer espessamento das camadas murais do estômago (74). como ocorre na infi ltração linfomatosa difusa do estômago, mostrada na Figura 66.3. Além disso, a TC pode melhor definir qualquer infiltração de linfonodos regionais e de outros órgãos vizin hos, independente da quantidade de ar existente no trato gastrointestinal. Entretanto, a endoscopia digestiva ainda é necessária para determinar a histologia do tumor. Investigações do TCI Supe rior Uma visualização em série do TGI superior com contraste duplo do estômago é realizada com o paciente em jejum (NPO) para obter revestimento satisfatório da mucosa com o meio de contraste (sulfato de bário ou Gastrografin® solúvel em água). Junto com o meio de contraste, o paciente ingere um pó efervescente que libera C02 quando entra em contato com a água. A seguir, o paciente é movimentado uma ou duas vezes na mesa de exame. o co2 distende o estômago, e o padrão da mucosa gástrica pode ser pesquisado fluoroscopicamente quanto à presença de lesões, segmentos murais rígidos ou crateras de úlceras (Fig. 66.4). Você sabe qual a posição desse paciente com um achado normal? Decúbito lateral direito ou esquerdo, posição supina ou de Trende lenburg? A posição do paciente é revelada pela distribuição do meio de contraste. A resposta está na página 113. LIÇÃO 5 I 67 TGI Superior: Intestino Delgado As alças do intestino delgado raramente são visualizadas, por causa das paredes intestinais normalmente finas e só são notadas pela sombra acústica do ar intestinal. Em condições inflamatórias, porém, as paredes ficam espessadas à custa do lúmen intestinal, tornando a parede consideravelmente mais visível. A ultrassonografia oferece a vantagem da observação em tempo real da dinâmica da peristalse intestinal. O observador paciente deverá ser capaz de identificar segmentos atônicos (sem peristalse) ou hiperperistalse pré-estenótica. As cite As raízes mesentéricas de alças individuais do intestino delgado normalmente não são identificáveis, mas podem ser delineadas na presença de linfadenopatia extensa ou de ascite maciça (Fig. 67.3). A alça do intestino delgado exibida aqui em corte transverso (46) flutua no fluido ascítico (68), que é desprovido de ecos internos (hemorragia?), exceto pelos artefatos de reverberação (51) da parede abdominal anterior (2, 3). Hérnias Doença de Crohn Com frequência, a doença afeta o íleo terminal (ileíte terminal). O segmento intestinal envolvido mostra espessamento edematoso da parede (74) e se separa facilmente das alças adjacentes não envolvidas (46) (Fig. 67.1). Nos estágios avançados da doença, a parede intestinal pode se espessar de tal maneira (Fig. 672) que o corte ultrassonográfico transverso é facilmente mal interpretado como uma lesão tumoral ocupadora de espaço ou confundido com uma invaginação intestinal (veja p. 68). Foram aplicados a esse achado os termos "fenômeno da roseta" ou "sinal do alvo", que se referem a formação concêntrica das lâminas das paredes edematosa e espessada. Os arredores e o fimdo de saco (Fig. 60.4) deverão sempre ser pesquisados quanto à presença de fluido intra-abdominal como evidência de perfuração. Segmentos longos do espessamento mural podem ser induzidos não só por uma inflamação, mas também podem representar infiltração linfomatosa difusa do intestino, que é encontrada principalmente em pacientes com imunidade comproFíg . 67.4a metida. A protrusão de uma alça intestinal (46) através da fáscia abdominal anterior (6) é observada com frequência ao redor do umbigo (Fig. 67.4) e ao longo da linha alba. O tamanho do defeito( ~ ) determinará o risco de encarceramento. Um defeito grande tem menos probabilidade de exercer pressão sobre os vasos que alimentam a alça intestinal herniada (120). O espessamento isquêmico dessa alça (74) (não mostrado aqui) deverá ser pesquisado como sinal indireto de hipoperfusão. I Fig . 67.4b Fíg . 67 .1a Fíg . 67 .2a - Fíg . 67 .1b Fíg . 67 .2b Fíg . 67 .3b Fíg . 67 .3a - 68 LIÇÃO 5 I TGI em Crianças I ntussuscepção O período preferido para um quadro de intussuscepção no recém-nascido é a idade entre 6 e 9 meses, e os meninos são mais frequentemente afetados que as m ninas. Como regra geral, a intussuscepção é uma raridade, ou seja, muito improvável, antes do 3° mês e depois dos 3 anos. A criança demonstra episódios típicos de início súbito com pouca ou nenhuma dor entre os episódios. Geralmente, o íleo terminal se projeta pela válvula ileocecal para dentro do cólon, forçando a parede intestinal circular a ficar dentro do lúmen do cólon (Figs. 68.1 e 68.2). lntussuscepções envolvendo o jejuno são raras. I Fig . 68.1a A intussuscepção produz uma camada muscular hipoecoica externa (74d) separada da túnica muscular invaginada interna pela mucosa hiperecoica (74b). O corte transverso mostra anéis concêntricos, conhecidos como sinal do alvo ou sinal do olho de boi. Às vezes, mesmo duas camadas mucosas ecogênicas (74b) dos dois segmentos intestinais são discerníveis (Fig. 68.2) . A Figura 68.3 mostra uma TC com os achados de uma intussuscepção (74), mostrada aqui próximo a segmentos colônicos contendo ar (43). Fig . 68.2a Fig . 68-3a 74 Fig. 68.1b Fig . 68.2b Fig. 68.3b Enema de Contraste Sempre que se confirmar um quadro de intussuscepção por qualquer dos métodos existentes, a redução do segmento intestinal envolvido( ~ ) deverá ser tentada imediatamente por meio de um enema de contraste (Fig. 68.4) . Isso é necessário para evitar ou resolver um caso de compressão vascular da raiz mesentérica envolvida. Nesse caso, o segmento intestinal com intussuscepção já atingiu o cólon transverso médio. De modo ideal, a pressão hidrostática do meio de contraste retrógrado instilado empurra completamente de volta o segmento intestinal envolvido, evitando assim a intervenção cirúrgica. A confirmação ultrassonográfica da resolução é importante. A formação em anel concêntrico não deverá estar visível. As vezes, a intussuscepção recorre após resolução bem-sucedida, que deverá ser tratada por enema de contraste de repetição ou por cirurgia. Fig . 68.4 LIÇÃO I 5 TGI Superior: Apendicite, Diarreia e Doença de Hirschsprung 69 Apendi cite O apêndice normal tem uma camada hiperecoica cercada por outra camada hipoecoica (Fig. 69.1). O diâmetro máximo de um apêndice normal não deverá medir mais de 6 mm, e a camada mural não mais de 2 mm. Medições ele 7 ou de 3 mm ou mais, respectivamente, serão patológicas. Além disso, um quadro de apendicite aguda causa, tipicamente, espessamento mural edematoso, que aparece como um anel hipoecoico com centro hiperecoico (mucosa e lúmen estrei- Fig . 69.1 tados) no corte transverso (Fig. 69.2a). No corte longitudinal (Fig. 69.2b) o apêndice não pode ser confundido com outra estrutura intestinal por falta de peristalse e de sua ponta cega. Além disso, a sensibilidade local pode ser testada, aplicando-se pressão suave com o transdutor. As alças intestinais periféricas podem mostrar peristalse com reação reduzida. Um abscesso apresenta-se como um conglomerado heterogêneo e hiperecoico que, em seu estágio tardio, é dificil de ser identificado como um apêndice. Fig. 69.2a Fig . 69 .2b Apêndice: Valores Normais Normal Inflamatório Espessamento da parede 5 2mm ;?. 3mm Diâmetro externo máximo ~ 6mm ;?. 7mm Diarreia Na diarreia aquosa, encontra-se grande volume de fluido anecoico (46) nas alças intestinais (Fig. 69.3) . Esses acúmulos de fluido intraluminal não deverão ser confundidos com ascite extralumina l (Fig. 67.3). O conteúdo intestinal é mais ecogênico na coprostase (Fig. 70.1) ou na doença de Hirschsprung. Doença de Hirschsprung O megacólon da doença de Hirschsprung é caracterizado por um segmento agangliônico e lúmen e estreitado com dilatação maciça do segmento proximal do cólon (43), que apresenta largura luminal nitidamente diferente das alças intestinais adjacentes (46) (Fig. 69.4). Essa doença envolve meninos em 80% dos casos. Encontra-se uma transição em forma de funil típica, a partir do segmento estreitado até o megacólon. Com frequência, o lúmen dilatado só contém pouco ar intestinal (47) com sombra acústica posterior (45), permitindo transmissão sonora satisfatória através do material fecal retido. Fig . 69.3a Fig. 69 .3b Fig . 69.4a Fig . 69 .4b 70 LIÇÃO 5 TGIInferior: Cólon J Coprostase Normalmente, apenas a parede do cólon próxima ao transdutor pode ser avaliada, porque o cólon contém tanto ar que geralmente impede qualquer visualização do lúmen ou da parede oposta. Especialmente em pacientes mais idosos, porém, a retenção fecal pode ocorrer (coprostase, Fig. 70.1), mostrada aqui no cólon transverso (43) sem gás, permitindo boa avaliação das duas paredes do órgão. Fig. 70.1a Fig . 70.1 b Fig . 70.2a Fig . 70 .2b Colite No espessamento inflamatório da parede do cólon (74) como manifestação de colite, as indentações haustrais podem se tornar muito mais proeminentes que o normal, como visto aqui no cólon sigmoide (Fig. 70.2). Como alternativa , o espessamento mural do cólon pode ser isquêmico, como visto no infarto do mesentério ou na trombose venosa. I Diverticulite A diverticulite localizada é uma das possíveis complicações de divertículos do cólon. A Figura 70.3 delineia o colo diverticular ( * )entre o lúmen normal (43) e o divertículo hipoecoico (54). Veja a parede espessada do cólon (74), vista também na TC realizada nesse paciente (Fig. 70.4). A junção retossigmoide (43) ainda está bem demarcada do tecido adiposo hipodenso , enquanto o tecido adiposo imediatamente próximo do divertículo (54) tem demarcação mal definida e mostra espessamento edematoso (seta branca). A Figura 70.5 mostra ar (47) em um divertículo pequeno com espessamento da parede intestinal adjacente (74) como estágio precoce de uma diverticulite. Fig . 70.3a Fig. 70.4a Fig . 70.5a Fig. 70.3b Fig . 70.4b Fig . 70.5b LIÇÃO 5 J Baço: Achados Normais 71 Técni ca de Exame Fig . 71.1 O baço é vis ualizado primariamente com o paciente em supino. É melhor pedir ao paciente para deslizar para a esquerda, para facilitar a colocação do transdutor em posição posterolateral, paralelo ao espaço intercostal (Fig. 71.1 ). O examinador deverá ficar em pé ou sentado ao lado direito da mesa de exame para obter o acesso adequado. O exame é feito mediante expiração para excluir a base do pulmão esquerdo (47) e eliminar qualquer sombra acústica (45) que possa esconder o baço (37) (Fig. 71.2). Mesmo assim, os cortes do baço logo abaixo do diafragma (13) são frequentemente difíceis de se visualizar. Como alternativa, o paciente pode ser examinado na posição de decúbito lateral direito (Fig. 71.2a), mas a posição em supino geralmente é a preferida. O polo inferior do baço pode, ocasionalmente, ser obscurecido por alças intestinais adjacentes (43). Tamanho do Baço O baço normal no adulto mede 4 em x 7 em x 11 em (regra "4711 "),pela qual o diâmetro longitudinal (L) pode atingir 13 em (em vez de 11 em) sem qualquer implicação patológica, por exemplo, após quadro de mononucleose infecciosa . O diâmetro máximo (D, medido do hilo até a cápsula diafragmática do baço) tem mais relevância: se medir 6 em (em vez de 4 em), deve-se excluir a presença de doença linfática com testes complementares, a menos que haja presença de congestão venosa causada por um quadro de hipertensão porta. I Fig. 71.2a Fig. 71 .2b Fig. 71.2c Truque da Cortina Fig . 71.3a Fig. 71.4a Fig. 71 .3b Fig. 71 .4b Em alguns pacientes, a porção superior do baço (37) fica escondida por sombras acústicas (45), ou espontaneamente ou após inspiração profunda , com o pulmão (47) estendendo-se exageradamente para dentro do recesso costodiafragmático (Fig. 71.3). Nessa situação , pode-se tirar vantagem da retração ascendente mais lenta do baço em relação à do pulmão durante a expiração lenta mais ainda rápida que se segue à inspiração máxima. Esse movimento relativo provoca a regressão da sombra acústica como se fosse uma "cortina". O examinador deve ficar atento ao momento certo e então pedir ao paciente para parar de expirar. Essa manobra geralmente é bem-sucedida para visualizar as regiões do baço imediatamente abaixo do diarragma (ao longo da borda esquerda da imagem, na Figura 71.4). 72 LIÇÃO si Baço: Esplenomegalia Difusa Muitos quadros são acompanhados por um aumento difuso e homogêneo do baço. O diagnóstico diferencial inclui. a hipertensão porta (Fig. 72.2) que mostra a veia esplênica (20) dilatada e seus ramos proeminentes no hilo esplênico. Com frequência, uma infecção vira) ou uma possível infecção remota com o vírus de Epstein-Barr é responsável por um quadro de esplenomegalia. Em alguns casos, um quadro de mononucleose infecciosa cicatrizada pode deixar um rastro de esplenomegalia leve a moderada vitalícia sem qualquer significado clínico. pode sofrer hipertrofia, quando estimulado. Consequentemente, baços acessórios visíveis (86) no hilo (Fig. 72.1) ou em um polo esplênico inferior podem, com frequência , acompanhar um quadro de esplenomegalia difusa. Eles têm a ecogenicidade semelhante à do parênquima esplênico remanescente (37) e são nitidamente demarcados. Sua diferenciação dos linfonodos dilatados (55) pode, porém, representar um problema, como ilustrado na Figura 72.3. Sugestão Condições Hematológicas Sistêmicas Tipicamente, a esplenomegalia acompanha doenças hematológicas sistêmicas como a leucemia linfoide aguda ou crônica (LLC). A Figura 72.1 mostra um baço com um baço acessório adjacente (86) e a cauda do pâncreas (33) vizinha ao hilo esplênico em um paciente com leucemia. Em princípio, todas as condições envolvendo aumento no turnover de eritrócitos, como nas anemias hemolíticas ou na policitemia, devem ser consideradas. Esses casos podem apresentar um baço consideravelmente aumentado que pode se estender para a pelve (Fig. 72.3) e exibir infartos localizados (Fig. 73.1 ). Pode-se observar o chamado fenômeno "do beijo" que se refere a uma esplenomegalia maciça em que o baço desloca o estômago e toca o lobo hepático esquerdo. I Ao avaliar o baço, é importante buscar evidência de qualquer arredondamento. A configuração em crescente original com os polos agudos é perdida. e os polos tornam-se arredondados ou obtusos (Fig. 72.1 ). O tecido esplênico ectópico, que às vezes ocorre como resíduo embriológico no leito esplênico, também Fig. 72 .1a A natureza da doença subjacente não é revelada nem pela ecogenicidade nem pelo tamanho do baço aumentado. Se o exame ultrassonográfico do abdome detectar, inesperadamente, um quadro de esplenomegalia, todas as áreas com linfonodos acessíveis no abdome (para-aórtico, porta hepatis, parailíaca e cervical) deverão ser inspecionadas quanto à linfadenopatia como evidência presumível de um quadro hematológico sistêmico. Além disso, a hipertensão porta deverá ser excluída medindo-se o diâmetro lu minai da veia esplênica (valor normal inferior a 1O mm), da veia porta (valor normal inferior a 15 mm) e da veia mesentérica superior e buscando presença de colaterais portocavais na porta hepatis. A documentação do tamanho do baço deverá ser a mais precisa possível para exames de acompanhamento, visando a determinar se o baço regrediu ou progrediu, por exemplo, após uma infecção vira! resolvida ou um curso de quimioterapia com intervalo, dependendo da doença subjacente. Mantenha isso em mente ao executar o exame inicial. Fig . 72.2a Fig . 72.3a Fig. 72.2b Fig . 72 .3b 45 \ Fig. 72 .1b LIÇÃO si Baço: Lesões Focais 73 Infartos Esplênicos Um quadro de esplenomegalia de progressão rápida está particularmente apto a sofrer infartos focais (71), os quais, em seu estágio inicial, aparecem como áreas hipoecoicas dentro de áreas hiperecoicas ainda perfundidos (Fig. 73.1). A ultrassonografia duplex em cores complementar pode estabelecer a situação da perfusão esplênica de maneira rápida e não invasiva. Infiltração Linfomatosa O linfoma não Hodgkin pode apresentar-se como lesões esplênicas únicas ou múltiplas, hipoecoicas e de distribuição difusa. O baço aumentado que ainda aparece homogêneo na ultrassonografia estritamente convencional pode, apesar disso, abrigar focos linfomatosos. A taxa de detecção aumentou acentuadamente com a introdução dos meios de contraste intensificadores de ecos em combinação com as investigações por imagens harmônicas (veja p. 12). Hematomas Esplênicos A exclusão definitiva dos hematomas esplênicos é de importância crucial em pacientes pós-trauma, uma vez que uma hemorragia aguda pode, inicialmente, ficar confinada ao parênquima ou ao espaço subescapular. Somente após algum tempo (em 50°o dos casos dentro da primeira semana) a cápsula esplênica pode se romper, trazendo um quadro de hemorragia potencialmente fatal para a cavidade abdominal (ruptura esplênica retardada). Assim, o parênquima esplênico deve ser cuidadosamente inspecionado quanto a áreas hipoecoicas, assim como a cápsula esplênica quanto a contornos duplos hipoecoicos para excluir esse processo. Alguns hematomas esplênicos (50) são heterogêneos (Fig. 73.2) ou isoecoicos com o parênquima esplênico ao redor (37). Na Figura 73.2 a seta (4-) aponta para o sítio onde você deve pesquisar fluido intra-abdominallivre (anecoico) (como evidência de hemorragia) no paciente em supino. Ele localiza-se ao longo do aspecto abdominal do diafragma (13), posterior ao polo superior do baço. Lesões Hiperecoicas As lesões hiperecoicas esféricas e homogêneas nitidamente demarcadas a partir do parênquima esplênico representam, geralmente, hemangiomas esplênicos benignos, cujas características são idênticas àquelas dos hematomas hepáticos (Fig. 39.2). As considerações alternativas são as lesões calcificadas hiperecoicas posteriores a uma infecção por tuberculose ou histoplasmose, ou ainda simultaneamente a um quadro de cirrose. Múltiplos focos ecogênicos (53) criam a aparência de "céu estrelado" (Fig. 73.3) do baço, que também apresenta cicatrizes pós-infecções. Abscessos esplênicos e a ocorrência rara de metástases esplênicas podem ter morfologia ultrassonográfica bem variada, dependendo da duração e do estado do sistema imune. Não existem critérios de diagnósticos diferenciais simples e confiáveis. Cistos Espl ênicos Os cistos esplênicos congênitos são anecoicos e menos comuns que os cistos hepáticos. Em termos ultrassonográficos, eles não diferem dos cistos hepáticos (veja p. 39). Os cistos esplênicos adquiridos se desenvolvem após trauma ou infartos, ou como parte de uma infestação de parasitas. A Figura 73.4 mostra uma TC com cistos, contendo septações nitidamente radiais( ~) como manifestação de equinococose envolvendo figado Fig . 73.4 e baço. Fig . 73 .1a Fig . 73 .2a Fig . 73.3a Fig . 73 .1b Fig. 73 .2b Fig. 73 .3b I 74 LIÇÃO 5 IOrganometria, Jogo para Autoavaliação Tamanho do Baço em Pediatria Embora a regra "4711" se aplique, com as restrições já mencionadas, aos adultos, o tamanho do baço nas crianças é medido em sentido craniocaudal, ao longo da linha axilar mediana (não paralela ao espa,ço intercostal), e determinado em relação ao comprimento do corpo (de acordo com Weitzel 0.: Sonographic Organometrics in Childhood, Mainz). Comprimento do Corpo Jcm) Comprimento do Baço [em) M-2 DP Recém-Nascidos <55 55-70 71-85 86-100 101-110 111-120 121-130 131-140 141-150 > 150 2,90 2,13 2,44 2,23 2,61 3,02 3,38 3,37 4,10 4,61 4,36 - m M-2 DP 4,07 2,91 3,46 3,71 4,69 4,88 5,26 5,31 5,96 5,81 6,18 5,24 3,69 4,48 5, 19 6,77 6,74 7,14 6,87 7,82 7,01 8,00 Baço: Jogo para Autoavaliação Em nossos seminários para estudantes e médicos, a avaliação ultrassonográfica do baço vem apresentando, cada vez mais, um desafio único. É interessante notar que mais de 90%de todos os participantes posicionam o transdutor ao longo da linha axilar anterior (em vez da posterior) e entram em dificuldades com a sombra acústica do cólon ou do intestino delgado. Portanto, pra- tique a visualização correta com seu colega e tenha em mente a necessidade de ficar em pé para ampliar seu alcance. Aqui temos os outros objetivos do aprendizado. As respostas às perguntas 1 a 4 são encontradas nas páginas anteriores, e a resposta ao jogo da imagem está no final do livro, na página 112. a tosEscreva as medições normais de tamanho do baço em adule coloque uma esplenomegalia em perspectiva. 111 Que truque você conhece para visualizar o aspecto subdiafragmático do baço quando encontrar ar pulmonar superposto? Como ele funciona? IJ !magine que você tem um paciente com lesões múltiplas, que tem ou pode ter tido um trauma abdominal fechado. O que você vai procurar via ultrassonografia e onde você posicionará o transdutor para essa finalidade? 11 Você descobre um quadro de esplenomegalia não esperado. Como procede? 11 Avalie sistematicamente a imagem adjacente. Faça a abordagem sequencial, como recomendado na cartilha sobre ultrassonografia na página 116, para canalizar seus pensamentos em uma direção com significado. Fig . 74.1 LIÇÃO 6 Órgãos Reprodutivos Masculinos Próstata A ultrassonografia transabdominal dos órgãos reprodutivos exige uma bexiga distendida (38) para evitar a interferência de sombras acústicas (45) provocadas pelo deslocamento superior e lateral das alças intestinais (46) cheias de ar. A próstata (42), situada no soalho da bexiga e anterior ao reto (43), é vista nos cortes suprapúbicos transverso e sagital (Fig. 75.1 ). Hipertrofia Prostática A próstata normal não deverá medir mais de 5 em x 3 em x 3 em e seu volume calculado não deverá ser superior a 25 mL (A x B x C x 75 0,5). Uma grande parcela da população masculina mais idosa apresenta hipertrofia (Fig. 75.2), que pode causar dificuldade de urinar e levar ao aumento na trabeculação da bexiga (Fig. 60.2). A próstata aumentada (42) eleva e entalha o soalho da bexiga (38), bem como a parede (77) geralmente delineada como uma linha suave e hiperecoica (Fig. 75.2). O câncer de próstata (54) surge geralmente na zona periférica da glândula. A doença pode invadir a parede da bexiga e, por fim, projetar-se para o lúmen da bexiga (Fig. 75.3). O aumento da compressão uretral pode levar à hipertrofia da musculatura da parede da bexiga (77), que se torna espessada na ultrassonografia (Fig. 75.3). Fig . 75 .1a Fig. 75.2a Fig . 75.3a Fig. 75.1 b Fig . 75 .2b Fig . 75.3b Testículos e Escroto Normalmente, o testículo do adulto (98) é homogêneo, hipoecoico e nitidamente demarcado em relação às camadas escrotais (100). Ele mede cerca de 3 x 4 em no corte longitudinal (Fig. 75.4). O polo superior do testículo é coberto pelo epidídimo (99). que se estende por toda a superftcie testicular. Nas crianças, deverá ser excluído o quadro de um testículo não descido na imagem com corte transverso (veja p. 76), que deverá mostrar os dois testículos um ao lado do outro no escroto. 45 Fig . 75.4a Fig . 75 .4b 45 76 LIÇÃO 61 Órgãos Reprodutivos Masculinos Testículo não Descido Se, aos 3 meses de idade, ambos os testículos não estiverem no escroto, a localização ele um testículo não descido ou ectópico deverá ser investigada. Com frequência, o testículo (98) é encontrado no canal inguinal, próximo à parede abdominal (2/5), como mostrado na Fig ura 76.1. Caso a ultrassonografia não consiga Fig . 76.1 a Fig. 76.1b Orquite/Epididim ite I O diagnóstico diferencial de dor súbita e intensa no escroto que se irradia para a região inguinal deve considerar um quadro de infecção testicular ou do epidídimo, além de hérnia encarcerada. O tecido testicular pode tolerar uma isquemia por apenas cerca de 6 horas antes do estabelecimento da necrose irreversível. Em caso de infecção, a ultrassonografia com Doppler mostra perfusão com pulsos arteriais no perfil de fluxo( ~ na Fig. 76.2), com o lado afetado mostrando até a hiperperfusão. A torção leva à perfusão consideravelmente reduzida ou até ausente em comparação com o testículo contralateral. A orquite ou epididimite mostra, tipicamente, uma dilatação edematosa do testículo (98) ou epidídimo (99), assim como o espessamento das camadas escrotais (1 00), como mostrado na localizar o testículo não descido, deve-se realizar a RM para avaliação complementar. Em virtude do risco de degeneração maligna, é muito importante que se localize ou testículo não descido ou ectópico. Fig. 76.2 Figura 76.3 . Achados duvidosos podem ser resolvidos comparando-se as imagens com o órgão contralateral. Hidrocele/Hé rnia lnguinal O acúmulo homogêneo de fluido anecoico (Fig. 76.4) pode ser um quadro ou de hidrocele (64) ou de varicocele. Este último aumenta com a manobra de Valsalva e mostra fluxo na ultrassonografia duplex em cores. Às vezes , o intestino herniado (46) é visto no canal inguinal ou no escroto junto com um caso de hidrocele (64) próximo ao testículo normal (98, Fig. 76.5). Os tumores malignos do testículo se apresentam, geralmente, como alterações heterogêneas no parênquima testicular. Os seminomas malignos, embora ainda bem diferenciados, podem ser homogêneos, com morfologia ultrassonográfica pouco relevante na maioria das vezes. Fig . 76.3a Fig. 76.4a Fig . 76.5a Fig. 76.3b Fig . 76.4b Fig . 76.5b LIÇÃO 6 I 77 Órgãos Reprodutivos Femininos A visualização transabdominal (Fig. 77.1) do útero (39) incluindo ovários (91 ), vagina (41) e reto (43) exige a bexiga urinária distendida como janela acústica. Por causa da necessidade de penetra- Fig . 77 .1a ção, são usadas baixas frequências, ao redor de 3,5 MHz, com a resolução limitada correspondente. A endossonografia oferece uma alternativa com melhor resolução espacial (veja a seguir). Fig. 77.1b Fig . 77 .1c Ultrassonografia Endovagi na I Por causa da proximidade com os órgãos-alvo, os transdutores transvaginais (Fig. 77.2) podem ser operados em frequência mais alta (5 a 1O MHz) com resolução espacial correspondente mais alta (veja p. 9). A endossonografia tem a vantagem adicional de não precisar da bexiga urinária cheia. Há grande variedade de transdutores eletrônicos e mecânicos com cortes de imagem variáveis (70 a 180 graus). Transdutores com feixe sonoro excêntrico deverão ser girados a 180 graus para visualizar o ovário contralateral. Em comparação com a investigação transabdominal, a visualização a partir de baixo mostra as imagens "de cabeça para baixo". As ondas sonoras se propagam do fundo para o topo da imagem (Fig. 77.3) . Essa orientação mostra as alças intestinais com sombras acústicas (45) na metade superior Se o paciente for examinado a partir da esquerda, o plano sagital deverá ser o preferido. A bexiga urinária (38) e outras estruturas corporais anteriores ficam do lado esquerdo da imagem (Fig. 75.3), e o colo do útero (40) e outras estruturas posteriores ficam do lado direito. Fig . 77 .3a Fig. 77.3b Fig . 77 .3c Vista Sagital Fig . 77 .2a da imagem e o útero (39) e a região cervical (40) na metade inferior, próxima ao transdutor. Orientação da Imagem Fig . 77.2b 78 LIÇÃO 6 Iútero: Achados Normais A largura do endomé trio (78) varia com o ciclo menstrual. Imediatamente após a menstruação, observa-se apenas uma linha central fina e hiperecoica (Fig. 78.1 ). Por volta do momento da ovulação, o endométrio (78) se mostra demarcado( ~ ) pelo miométrio (39) por uma borda fina e hiperecoica (Fig. 78.2) . Após a ovulação, o endométrio secretor vai perdendo seu eco central (-+ na Fig. 78.3) até se tornar completamente hiperecoico. O miométrio, normalmente homogênico e hiperecoico, pode ser atravessado por vasos que aparecem como áreas anecoicas. Fig . 78.1a Fig. 78.2a Fig. 78 .3a Fig. 78.1b Fig. 78.2b Fig. 78.3b O corpo (39) e o colo (40) do útero não diferem em termos de ecogenicidade. O endométrio pré-menopausa (78) deverá medir menos de 15 mm (Fig. 78.3) de largura (H) , e aquele após a menopausa deverá medir menos de 6 mm , a menos que a paciente esteja recebendo reposição hormonal. Para evitar valores falsamente elevados causados pelos cortes oblíquos, as medições deverão ser obtidas exclusivamente nos cortes uterinos longitudinais. Fig. 78.4a Fig. 78.4b Fig . 78.5a Dispositivos lntrauterinos (DIU) Fig . 78.5b Um DIU (92) pode ser facilmente reconhecido por sua alta ecogenicidade com sombra acústica (45) e deverá estar localizado no fundo da cavidade uterina. A distância entre o DIU (d) e a extensão do fundo do endométrio deverá ser inferior a 5 mm , e essa distância da superfície externa do fundo (O) deverá ser inferior a 20 mm (Fig. 78.4) . Distâncias maiores (Fig. 78.5) sugerem deslocamento do DIU para próximo do colo do útero (40) com efeito contraceptivo menos confiável. LIÇÃO 6 I Tumores do útero 79 O útero normal fica coberto por uma serosa hiperecoica e mostra miométrio hipoecoico homogêneo (39). Os miomas (fibroides) (54) são os tumores uterinos benignos mais comuns. Eles surgem da musculatura lisa e geralmente aparecem no corpo uterino. Para fins de planejamento cirúrgico de uma miomectomia, os miomas são categorizados como: intra/transmural (Fig. 79.1 ), submucoso (Fig. 79.2) e subseroso projetando-se da superficie externa do útero (Fig. 79.3). Um mioma submucoso pode ser facilmente confundido com um pólipo endometrial (65) (Fig. 79.2). Os miomas possuem um padrão de eco homogêneo ou concentricamente laminado com demarcação nítida e superfície lisa. Eles podem conter calcificações com sombra acústica ou necroses centrais. Seu tamanho deverá ser precisamente medido e documentado para excluir a progressão rápida em exames seriados como evidência de degeneração sarcomatosa rara. No início da gravidez, uma dilatação súbita de um mioma pode ter natureza benigna. Fig . 79 .1a Fig. 79 .2a Fig . 79.3a Fig . 79 .1b Fig . 79 .2b Fig . 79.3b A administração de estrogênios após a menopausa pode induzir a hiperplasia endometrial (Fig. 79.4) em virtude de tumores ovarianos com secreção de estrogênio ou de folículos persistentes, com níveis altos e persistentes de estrogênio que criam risco de degeneração da hiperplasia endometrial em adenocarcinoma (54) (Fig. 79.6). Os critérios malignos são um endométrio medindo mais Fig . 79.4 de 6 mm após e 15 mm antes da menopausa, que exibe padrão de eco heterogêneo e que se mostra com demarcação irregular, como visto na Figura 79.6. Uma coleção hipoecoica de sangue (jt ) na cavidade uterina (hematometra) pode ser causada por aderências pós-inflamatórias no canal cervical após conização ou por um tumor do colo do útero (Fig. 79.5). Fig . 79 .5 Fig . 79.6a Fig . 79 .6b 80 LIÇÃO 6 IOvários: Achados Normais Volumetria Os ovários (91) são visualizados em corte sagital orientado para cima (Fig. 80.1) e estão geralmente localizados nas vizinhanças imediatas dos vasos ilíacos (23). Para a medição do volume ovariano, somam-se os diâmetros transversos. O produto dos diâmetros dos três eixos multiplicado por 0,5 é a estimativa adequada desse volume. Nas mulheres, os valores variam de 5,5 a 1O cm3, com a média de 8 cm3. O volume ovariano não é afetado por gestações precedentes, mas vai diminuindo continuamente após a menopausa, de, aproximadamente, 3,5 a 2,5 cm3, dependendo do número de anos desde a menopausa. Fig . 80.1a Fig. 80.2a Fig. 80.3a Fig . 80.1b Fig . 80.2b Fig . 80.3b Fases do Ciclo Nos primeiros di.as de um novo ciclo, vários folículos (93) são normalmente visíveis e aparecem como cistos anecoicos pequenos, de 4 a 6 mm, dentro do ovário. A partir do 10° dia do ciclo (Fig. 80.2) um folículo dominante aparece medindo cerca de 1Omm de diâmetro (folículo ovárico vesiculoso ou de Graaf). Esse folículo mostra crescimento linear de, aproximadamente, 2 mm por dia para atingir o diâmetro pré-ovulatório de 1,8 a 2,5 mm. Enquanto isso os folículos remanescentes encolhem. Para o tratamento da infertilidade e para a fertilização in vitro (FIV) o monitoramento criterioso por ultrassonografia pode traçar a maturação do folículo e até determinar, às vezes, o momento da ovulação por meio da ultrassonografia. Os sinais da ovula- ção iminente são o tamanho do folículo superior a 2 em, um pequeno cumulus oophoron na parede e uma parede folicular crenulada. Após a ovulação, o folículo de Graaf desaparece ou, pelo menos, diminui nitidamente de tamanho. Ao mesmo tempo, pode-se detectar a presença de fluido livre no fundo de saco. Os vasos invasores transformam o folículo rompido no corpus luteum produtor de progesterona, o qual permanece visível por apenas alguns dias como uma área hiperecoica no sítio do folículo antigo. Se houver concepção, o corpus Juteum persistirá e poderá permanecer visível como um cisto de corpo lúteo (64) até a 14a semana de gestação (Fig. 80.3) . A foliculogênese anormal inclui luteinização folicular prematura com ovulação perdida e formação de um cisto folicular (64 na Fig. 80.4). Deve-se sempre ter em mente que um cisto folicular maior que 3 em por mais de um ciclo menstrual pode representar um folículo persistente (veja página a seguir). Fig . 80.4a Fig. 80.4b LIÇÃO 6 I Ovários: Cistos e Tumores Um cisto ovariano medindo mais de 5 em de diâmetro (veja p. 80) é suspeito de tumor. Em especial, a malignidade deverá ser consi- derada para um cisto com septos e/ou com ecos internos só lidos ( ~ ) ou com espessura aumentada da parede (Fig. 81.1 ). Características semelhantes são encontradas em cistos dermoides (Fig. 81 .2) , que abrangem 15°o dos tumores ovarianos unilaterais. Os ecos internos dessas lesões( ~ ) correspondem a gordura, cabelos e outros tecidos. Na maioria dos casos trata-se de lesões benignas e raramente tornam-se malignas. Fig. 81 .1 Fig. 81.2 81 Esses achados precisam ser separados dos cistos hemorrágicos ou endometrióticos, que ou contêm fluido intraluminal em nível ( ~ ) (Fig. 81.3) ou mostram-se completamente cheios de produtos sanguíneos homogênicos (50) (Fig. 81.4) . Você sabe por que o nível de fluido na Figura 81.3 tem orientação quase vertical? A resposta está na página 113. Fig. 81 .3 Terapia para lnfertilidade A medição dos níveis de hormônio de um ciclo estimulado externamente não permite a exclusão definitiva de ovários hiperestimulados (Fig. 81.5) ou uma declaração confiável sobre o número de folículos estimulados (93). O acompanhamento ultrassonográfico do número de folículos de Graaf em crescimento pode determinar se a estimulação é apropriada. Fig . 81.4a Fig . 81.4b Fig.81 .5a Fig . 81.5b Cerca de 5°o das mu lheres possuem ovários policísticos (O PC) associados à anovulação, frequentemente induzida por hiperandrogenismo das glândulas suprarrenais. Os aspectos típicos da síndrome de OPC são os múltiplos cistos pequenos (64) que ficam primariamente dispostos na periferia, ao redor de um estroma central (91) de ecogenicidade aumentada (Fig. 81.6) . Essas causas de infertilidade podem ser tratadas com a estimulação hormonal. Fig. 81 .6a Fig. 81 .6b 82 LIÇÃO 61 Teste de Gravidez A verificação de gravidez não se limita à medição do nível de beta-hCG no sangue ou na urina da mãe. Os exames complementares por ultrassonografia podem não só confirmar a gestação, mas também excluir um quadro de gestação ectópica (GE). Além disso, a ultrassonografia pode detectar gestações multi fetais (Figs. 83.3/4) . O limiar endossonográfico para detecção da cavidade coriônica de uma gestação intrauterina precoce (aqui está uma foto da minha primeira filha, Fig . 82.1) começa com cerca de 2 mm a 3 mm. Esse tamanho é atingido geralmente 14 dias após a concepção, correspondendo à idade gestacio nal (menstrual) de 4 semanas e 3 dias. A pequena cavidade coriônica embutida no endométrio hiperecoico (78) da cavidade uterina (39) aumenta a taxa de, aproximadamente, 1,1 mm por dia, para se transformar no saco gestadona! (101 ), em que o disco embrionário (95) é mais tarde identificado (Fig. 82.2) . As atividades cardíacas do embrião começam por volta de 6 semanas de idade gestacional com frequência cardíaca de 80 a 90 batidas por minuto. A ultrassonografia com Doppler não deverá ser realizada rotineiramente para determinação desta frequência cardíaca , desde que o desenvolvimento embrionário esteja progredindo normalmente (veja a seguir). Fig. 82.1a Fig. 82 .2a Fig . 82.3a Fig. 82 .1b Fig . 82 .2b Fig. 82.3b Se um embrião não for identificado na cavida de coriô ni ca, como esperado, deve-se verificar primeiro a idade gestacional. Se o exa me de acompanhamento mostrar retardo de crescime nto de uma cavidade coriônica ainda vazia (veja p. 84), estará presente um ovo cego ou gestação anembrionária, que ocorre em cerca de 5% de todas as gestações. Gestação Ectópica (GE) Na gestação ectópica (Fig. 82.3) o saco gestacional (95) fica fora do útero (39). Por causa das sérias consequências implícitas, esse quadro não pode ser perdido. Segurança do Ultrassom Diagnóstico em Triagem Fetal De acordo com as diretrizes do American lnstitute ofUitrasound in Medicine (AJUM), energias sonoras inferiores a 100 mWfcm2 ou 50 j/cm são seguras. Uma vez que as energias enviadas com a imagem Modo B (branco/preto) são bem inferiores, não se espera a ocorrência de aquecimento de nenhum tecido ou de efeitos mutagênicos, de acordo com o conhecimento atual. Isso implica também na repetição de exames ultrassonográficos durante a gestação. Nesse contexto, deve-se ter em mente que os pulsos sonoros só são emitidos durante uma pequena fração do tempo de exame, e a maior parte do tempo é dedicada ao recebimento dos ecos refletidos. A situação é diferente para os exames com Doppler em cores e pulsado. Para exames prolongados, pode-se enviar energia sonora superior aos valores seguros aceitos. Embora até o momento não haja evidência de efeitos danosos das ondas sonoras, a realização desnecessária da ultrassonografia com Doppler (em cores) deve ser evitada durante a fase sensível da organogênese no 1° trimestre. As referências para essas declarações estão disponíveis com o autor. LIÇÃO 6 j Posição da Placenta e Determinação do Sexo Fig . 83.1 a Fig. 83.2a Fig . 83 .1 b Fig. 83.2b 83 Normalmente, a placenta se localiza próximo ao fundo, ao longo da parede uterina anterior ou posterior. Em cerca de 20%dos casos, a placenta (94) tem um ou mais cistos uni ou multiloculares ou lacunas (64), os quais não têm significância funcional (Fig. 83.1 ). Entretanto, já se sugeriu uma associação com o diabetes materno ou um quadro de incompatibilidade do fator Rhesus. A localização definitiva da placenta não pode ser determinada com confiança antes do final do 2° trimestre, uma vez que a placenta prévia de uma gestação precoce pode evoluir para uma placenta normal ou baixa (distância inferior a 5 em do orifício interno) por meio de estiramento crescente do segmento uterino inferior. Há três tipos de placenta prévia: a placenta prévia completa, que cobre totalmente o orifício interno (40); a placenta prévia parcial , que cobre parcialmente o orifício interno (Fig. 83.2) ; e a placenta prévia marginal, que se estende até a borda do orifício interno. A avaliação estrutural da placenta se tornou menos importante, desde que a perfusão placentária e fetal pode ser verificada com a ultrassonografia com Doppler. I Gestações Multifetais Nas gestações multifetais, é preciso determinar se os sacos gestacionais (95) compartilham uma placenta ou são nutridos por placentas separadas( + na Fig. 83.4). Os futuros pais (e o obstetra) gostam de saber se esperam gêmeos (Fig. 83.3) ou até trigêmeos (Fig. 83.4) . Além disso, alguns pais querem saber se deverão preparar-se para uma menina (Fig. 83.5) ou um menino (Fig. 83.6) . Determinação do Sexo Fig. 83.3 Fig. 83.4 Lembre-se de revelar aos pais o sexo do feto somente quando solicitado ou se houver pedido anterior. Acima de tudo, essa determinação deverá ser precisa. No início da gravidez, erros de diagnóstico(?) podem ocorrer pela confusão entre o cordão umbilical( ~ ) e o clitóris ou ( ~ )o pênis e pela aparência frequentemente indistinguível dos lábios femininos e do escroto masculino( + ) (Figs. 83.5 e 83.6). Fig. 83 .5 Fig . 83 .6 84 LIÇÃO 6 IBiometria no Primeiro Trimestre Com a ajuda de parâmetros biométricos, a ultrassonografia pode revelar distúrbios precoces do crescimento gestacional. Além disso , a ultrassonografia também pode detectar malformações fetais. Os valores normais das medições subsequentes podem ser encontrados em tabelas com valores médios e de percentis (para a população alemã) na página 123. Diâmetro da Cavidade Coriônica (DCC) A cavidade coriônica inicialmente anecoica (1 01) é cercada por uma borda hiperecoica de endométrio reativo (78) (Fig. 84.1) e torna-se visível a partir do 14° dia da concepção. Essa cavidade deverá ser detectável com níveis de beta-hCG séricos acima de 750 a 1.000 U/L- caso contrário é preciso excluir um quadro de gravidez ectópica (veja p. 82). [ mm ) Q) 70 õ DCC 50 I ãi 40 30 a: 20 Fig . 84.1 b Diâmetro do Saco Vitelino (DSV) O saco vitelino é uma estrutura anelar hiperecoica com centro anecoico que aumenta até 5 mm na 1oasemana de gestação. Um diâmetro de saco vitelino inferior a 3 mm ou superior a 7 mm implica em risco aumentado de anomalias de desenvolvimento. Se o saco =2.262 n 10 Fig. 84.1a ~ Ol N 60 o > +1 DP [semanas] m 2 3 4 5 7 6 8 9 10 11 12 Fig . 84.1c vitelino for identificado dentro da cavidade uterina, estará estabelecida uma gravidez intrauterina, uma vez que esse saco é uma estrutura embrionária. A Figura 84.2 mostra um saco vitelino (102) próximo à coluna vertebral (35), pertencendo a um embrião já mais velho, com idade gestacional de 7 semanas e 6 dias. [ mm ] 7 I +1DP m 6 Q) > 5 ~ Ol N 4 õ I 3 ãi 2 a: DSV [semanas] o+-------~-------------2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Fig . 84.2a Fig . 84.2b Comprimento Cabeça-Nádega (CCN) A partir da idad gestacional de 6 semanas e 3 dias, um embrião normal torna-se visív I e tem um comprimento cabeça-nádega de 5 mm. Nesse momento , o saco gestacional mede 15 a 18 mm. O Fig. 84.2c diâmetro cabeça-nádega de um embrião visível (95) substitui o diâmetro da cavidade coriônica, uma vez que ele permite uma determinação mais confiável da idade gestacional (dentro de alguns dias) até a 12a semana de gestação (Fig. 84.3). Daí em diante, o diâmetro biparietal é mais preciso (veja p. 85). 80 [ mm ] 70 60 50 CCN 40 30 20 10 6 Fig . 84.3a Fig . 84.3b Fig . 84.3c 8 10 12 14 LIÇÃO 6 I 85 Biometria do Segundo e do Terceiro Trimestres Diâmetro Biparietal (DBP) A partir da 12a semana de gestação, o diâmetro biparietal é uma medição mais prática e precisa que o comprimento cabeça-nádega. O plexo coroide (104) aparece como uma estrutura hiperecoica bilateral. Para obter valores exatos e reprodutíveis o diâmetro parietal deverá ser medido na exibição ininterrupta da calota craniana (105) no mesmo nível de referência (Fig. 85.1) em orienta- ção perpendicular aos ecos da linha média da foice (1 06), a qual mostra um intervalo em seu terço frontal, causado pela cavidade do septo pelúcido. O plano de formação de imagens não deverá incluir o cerebelo ou as órbitas, uma vez que as medições nesse nível são exageradamente caudais. O diâmetro biparietal, a circunferência da cabeça (HC) e o diâmetro fronto-occipital (DFO) podem ser medidos no mesmo nível de referência. Os valores normais são encontrados na página 123 e nos encartes de bolso. m 100 [mm] 80 .::.:. u 60 o DBP 40 [semana] 12 Fig. 85 .1b I 1i5 a: 20 Fig. 85 .1a =o<ll 15 20 24 28 30 36 40 44 Fig . 85 .1c Comprimento do Fêmur (CF) 85.2). As medições dos outros ossos tubulares são obtidas A medição da diáfise femoral ossificada (107) é relativamente fácil. O eixo longo da coxa superior (1 08) deverá estar na posição transversa, paralela ao eixo de superfície do transdutor (Fig. somente para esclarecimento, quando o comprimento do fêmur fica fora da faixa normal ou as medições em série transpõem os percentis, para se excluir qualquer retardo de crescimento ou quaisquer malformações. m 80 70 60 50 40 30 20 10 12 Fig . 85 .2a Fig. 85 .2b Circunferência Abdominal (CA) A circunferência abdominal (Fig. 85.3) é medida ao nível do fígado (9), se possível com a visualização do terço posterior das veias Fig . 85.3b 20 24 28 30 36 40 44 Fig . 85.2c umbilical e porta (11 ). As costelas seccionadas deverão aparecer simétricas, para assegurar que o abdome não foi seccionado obliquamente. 12 Fig . 85 .3a 15 Fig . 85 .3c 15 20 24 28 30 36 40 44 86 LIÇÃO 6 Malformações: Cerebelo e Espaços do Líquido Cefalorraquidiano J Cerebelo O cerebelo (110) é visualizado em corte transverso através da fossa craniana posterior (Fig. 86.1 ). Busca-se pela indentação posterior fis iológica (+ ), cuja ausência (= "sinal da banana") indica deslocamento para baixo do cerebelo em direção ao canal da coluna vertebral (Fig. 86.2), como no quadro de espinha bífida. Pela mesma razão , o calvário (105) perde sua forma oval típica em cortes cerebrais transversos e lembra um limão cortado (= "sinal do limão") com indentação bilateral para dentro ( ~ ) dos ossos frontais (Fig. 86.3). O plexo coroide ecogênico (104) também é visualizado. Fig. 86.1 a Fig . 86.2a Fig. 86.3a Fig. 86 .1b Fig. 86 .2b Fig. 86.3b I Espaços do Líquido Cefalorraquidiano (LCR) O plexo coroide pode conter pequenos cistos unilaterais( ~) (Fig. 86.4) que, em geral, não têm significado clínico, mas que já foram associados à trissomia 18 e, raramente, com malformações renais e cardíacas. A hidrocefalia (Fig. 86.5), como aquela observada com a estenose do aqueduto ou espinha bífida, está associada a outras malformações intra e extracelulares em 70 a 90°o dos casos. O valor de referência para um caso de hidrocefalia é a proporção ventrículo: hemisfério superior a 0,5 após a 20a semana de gestação. É feita uma distinção entre a proporção do diâmetro do corno frontal em relação ao diâmetro hemisférico e do diâmetro do corno occipital em relação ao diâmetro hemisférico, o qual é ligeiramente mais alto (Fig. 86.6b). A obtenção dessa medida pode ser dificil porque a parede ventricular lateral geralmente não está nitidamente demarcada em relação ao parênquima cerebral (Fig. 86.6a). Fig. 86 .6a Proporção entre o d1ãmetro do corno frontal e o diâmetro do hemtsfério Proporção entre o diâmetro do corno posterior e o diâmetro do hemisfério "Õl "ãi ::8~ :2 ~~:::::: :::: '""'"... ~ 0,4 0, 2 -2 DP - •····· · -··•=:::::::::: o~~-r~--~~-r~--~-~ 15 16 17 18 19 20 21 Semanas de gestação (semanas) Fig. 86.4 Fig. 86.5 Fig. 86.6b 22 LIÇÃO 6 I Malformações: Coluna Vertebral 87 Anatomia da Coluna Vertebral A coluna vertebral (35) é investigada em sentido sagital (Fig. 87.1), visualizada em sentido coronal (Fig. 87.2) e examinada posteriormente por imagens em sentido craniocaudal para verificar qualquer interrupção da cadeia formada pelos elementos verte- Fig . 87.1a Fig. 87.2a brais, por exemplo, processos espinhosos. É importante que esses cortes transversos (Fig. 87.3) mostrem um triângulo apertado dos três centros de ossificação (35) para cada segmento. A aorta fetal (15) é vista anterior à coluna. Fig . 87.3a I Fig . 87 .1b Fig . 87 .2b Fig . 87.3b Espinha Bífida Trata-se de uma malformação causada pela fusão incompleta do tubo neural combinada com um defeito variável dos arcos vertebrais. A espinha bífida (Fig. 87.4) amplia a distância entre os centros de ossificação posteriores( ~ ~ ).A medição dos níveis séricos maternos da alfafetoproteína só permite o diagnóstico de Fig . 87.4a Fig . 87 .4b uma espinha bífida aberta (spina bifida aperta). Esse valor não identifica o quadro de espinha bífida fechada (spina bifida occulta). Os achados do crânio fetal como sinais cerebrais indiretos de uma espinha bífida, os chamados "sinal da banana" e "sinal do limão", são mostrados na página 86. 88 LIÇÃO 6 IMalformações: Face, Translucência da Nuca, Hidropisia Fetal Ossos da Face Os cortes transverso e coro na I da face geralmente são verificados quanto à presença de distância interocular reduzida (hipotelorismo) ou aumentada (hipertelorismo) e os cortes sagitais quanto a um perfil incomum. Fendas do lábio superior e do palato anterior localizam-se geralmente na lateral e são mais bem reconhecidas no plano coro na I, como um lábio superior hiperecoico interrompido, o qual normalmente (+, ~) é visualizado como uma estrutura contínua (Fig. 88.1 ). Translucência da Nuca O edema da camada subcutânea cervical (translucência da nuca) superior a 3 mm de largura sugere drenagem linfática prejudicada se encontrado entre a 1oa e a 14a semanas de gestação Fig . 88.1 (correspondendo ao comprimento cabeça-nádega entre 38 e 84 mm). Um terço desses casos está associado a anormalidades cromossômicas, como a monossomia X (síndrome de Turner), a trissomia 21 (síndrome de Down) e a trissomia 18. Para distinguir a pele da nuca do âmnio ao longo da pele do feto é importante esperar pela atividade espontânea do feto. Além disso, a pele da nuca em corte tangencial pode imitar um contorno duplo (-a- ) (Fig. 88.2), o qual mede, invariavelmente , menos de 3 mm. O risco de anormalidade cromossômica aumenta com a largura da translucência nuca! e a idade materna (Fig. 88.2c) . 100 [% l Risco de trissomias fetais (Ref.: Pandya et ai.) 10 O,1+---r----r--r----r----...----..--.......---r---"T-1 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 Idade materna (anos) Fig. 88.2a Fig . 88.2c Hidropisia Fetal Fig. 88.3a Fig. 88.3b O acúmulo aumentado de fluido em cavidades serosas e na placenta pode ter várias causas, incluindo: insuficiência cardíaca congestiva, anemia causada por infecção, anemia fetal congênita, incompatibilidade Rhesus, anormalidades cromossômicas e distúrbios metabólicos. Em gêmeos monocoriônicos, a hidropisia fetal de um gêmeo é causada pela transfusão gêmeo a gêmeo através dos desvios arteriovenosos. Além da ascite (68 na Fig. 88.3) e das efusões pleural e pericárdica (79 na Fig. 88.4) , a ultrassonografia pode mostrar edema generalizado de partes moles. Check-List para Hidropisia Fetal • Ascite • Efusões pleurais • Efusões pericárdicas • Edema generalizado de partes moles Fig . 88.4a Fig . 88.4b LIÇÃO 6 I 89 Malformações: Coração e Vasos O sistema cardiovascular é o primeiro sistema em funcionamento do embrião. A partir da 6a semana de gestação, as contrações cardíacas são visíveis. A falta dessas contrações e do crescimento estacionado do saco gestacional, o qual, nesse momento, já tornou-se indistintamente demarcado, é sugestiva de um quadro de aborto retido, exigindo frequentemente di latação (D) e curetagem (C). A ultrassonografia com Doppler e com Doppler em cores deverá ser evitada por causa das altas intens idades sonoras (veja p. 82). Esses recursos só deverão ser aplicados em caso de suspeita de retardo de crescimento ou de malformação cardíaca. Anatomia Cardíaca Primeiro, é preciso localizar o coração. Ao nível de projeção das quatro câmaras, um terço do coração fica à direita de uma linha imaginária que vai da coluna vertebral até a parede torácica anterior, e os dois terços restantes ficam à esquerda dessa linha. O corte sagital (Fig. 89.1) deverá ser orientado para analisar o arco aórtico (15) e as origens dos ramos supra-aórticos, que incluem a artéria braquiocefálica (1 17), a artéria carótida comum esquerda (82) e a artéria subclávia esquerda ( 123). Além de visualizar as válvulas, a projeção das quatro câmaras (Fig. 89.2) também precisa exibir os átrios ( 116) e os (11 5) ventrículos e deverá excluir defeitos ventriculares e atriais. Inclinando-se levemente o transdutor, a região de entrada de fluxo da válvula atrioventricular esquerda (mitral) (118) e a região de saída de fluxo do ventrículo esquerdo para a válvula aórtica (1 19) aparecem na chamada "projeção das cinco câmaras" (Fig. 89.3). Diagnóstico de Desvios Cardíacos Congênitos Um defeito septa l ventricular membranoso é mais bem visualizado na projeção das cinco câmaras. Entretanto, a exclusão definitiva de defeitos atrioventriculares pequenos ou de shunts cardiovasculares exige a ecocardiografia em cores complementar, executada por um examinador experiente. Até a transposição dos grandes vasos (TGV) pode passardespercebida na projeção das quatro câmaras. É, portanto, essencial verificar não só o cruzamento das regiões de saída de fluxo, mas também as válvulas aórtica e pulmonar na projeção do eixo curto. I Fig . 89 . 1a Fig . 89 . 1b Fig . 89 .2a Fig. 89.2b Fig . 89 .3a Fig . 89.3b 90 LIÇÃO 6 I Malformações: Trato Gl e Rins TCI O examinador deve procurar, entre outros , pelo sinal da "dupla bolha", o qual sugere atresia ou estenose duod e nal. quando avaliar o trato Gl. Duas bolhas adjacentes, as quais estão preenchidas com fluido e que, consequentemente, são anecoicas, podem representar o estômago e o segmento duodenal proximal à obstrução. O achado deverá ser identificado em dois planos para evitar o diagnóstico falso positivo determinado por um estômago visualizado tangencialmente e que é seccionado duas vezes pelo feixe sonoro. Hérnia Umbilical e Onfalocele Deve-se ter em mente que a herniação do intestino fetal (120) na parede abdominal anterior (Fig. 90.1) próximo aos vasos umbilicais (96) é fisiológica até a 11 a semana de gestação. Esse achado não deverá ser confundido com um quadro real de onfalocele (extrusão patológica do conteúdo abdominal). Fig. 90.1 a Fig. 90.1b Rins A partir da 15a semana de gestação, as malformações renais são , com frequência, indiretamente reconhecidas como oligoidrâmnios, ausência de fluido amniótico ou bexiga vazia. Nesse estágio do desenvolvimento fetal. o fluido amniótico representa a excreção urinária renal. No corte longitudinal (Fig. 90.2) do parênquima renal normal (29) podem-se identificar as pirâmides medulares menos ecogênicas (30) e a pelve anecoica (31 ). A visão geral do crescimento intrauterino dos rins é mostrada na Figura 90.2c. Fig . 90.2a A obstrução urinária do feto causada, por exemplo, por estenose da junção ureteropélvica, pode ser mais bem detectada em um corte cruzado dos rins (Fig . 90.3) comparando-se os dois lados. As doenças renais císticas se apresentam ou na vida adulta (Potter 111) ou já muito cedo, como rins multicísticos (Potter 11) ou como rins ecogênicos microcísticos (Potter I). A anomalia do tipo Potter 111 pode até ser descoberta no pré-natal como aumento difuso da ecogenicidade renal na presença de um volume normal de fluido amniótico e de uma bexiga urinária cheia . Fig. 90.2b Fig. 90.2c Fig. 90.3a Fig . 90.3b LIÇÃO 6 I 91 Malformações: Extremidades- Esqueleto Mãos Nos 2° e 3° trimestres ,, as mãos (Fig. 91.1) são verificadas quanto à conclusão dos centros de ossificação falângica ( 121) e metacárpica (122). Essa investigação pode não só excluir um quadro de sindactilia como parte das síndromes de malformação associadas às extremidades, como também pode detectar polidactilias com falanges supranumerárias (veja a seguir). Fig.91 .1b Fig. 91 .1a Pés Pé Torto Dependendo da mobilidade intrauterina do feto e da experiência do examinador, os pés também podem ser tão nitidamente observados (Fig. 91.2) que permitem que os metatarsos (122) e os dedos (121) possam ser contados. A Figura 91.3 mostra um quadro de hexadactilia (6 dedos). Às vezes, as polidactilias estão associadas a quadros de costelas encurtadas, tórax em forma de sino e hipoplasia pulmonar. Não se esqueça de descartar um quadro de pé torto (Fig. 91.4), que contempla não só a deformidade em si, mas também anomalias de posicionamento e ossos tubulares deformados e encurtados. Com frequência, a displasia da ossificação encondral, como parte da acondroplasia, só é observada no 3° trimestre, mostrando ossos tubulares encurtados em comparação com a cabeça elesproporcionalmente grande. Fig . 91 .2a Fig . 91 .3a Fig . 91.4a Fig . 91 .2b Fig. 91 .3b Fig . 91.4b I 11 92 LIÇÃO 6 I Órgãos Reprodutivos: Jogo para Autoavaliação Ao encerrar este capítulo você poderá, novamente, testar quais detalhes você se lembra e em quais áreas você ainda precisa preencher falhas de conhecimento. As respostas às perguntas 1 a a 6 podem ser encontradas nas páginas anteriores, enquanto aresposta à pergunta sobre a imagem (n° 7) está na página 112, no final do livro. Na página 81 perguntou-se por que o nível líquido é orientado verticalmente na imagem ultrassonográfica de um cisto endometrial hemorrágico. Você compreende a resposta? Se não, reveja a descrição do plano da imagem sagital obtida via endovaginal na página 77. IJ Um paciente de 18 anos apresenta-se com dor intensa no escroto esquerdo, que começou há 3 horas e que se irradia para a virilha esquerda. Qual é o principal diagnóstico diferencial? Quanto tempo você tem para estabelecer o diagnóstico? Quais métodos ultrassonográficos você planeja aplicar? 11 Como você reconhece, por ultrassonografia, uma ovulação iminente? O que deve mudar daí em diante (após a ovulação)? Quantos dias após a última menstruação ou ovulação a concepção pode ser documentada por via ultrassonográfica (endovaginal)? 11 Relacione os seis parâmetros biométricos (medições de tamanho de órgãos fetais nos cuidados pré-natais) em seguida a este texto. Ao lado de cada um, escreva as semanas de gestação para as quais as medições respectivas têm algum significado. Quando um parâmetro deve ser substituído por outro? 11 Quais são os critérios ultrassonográficos diretos e indiretos da espinha bífida? A verificação do soro da mãe é adequada? Por que ou por que não? ri Quais são as malformações renais detectáveis no feto? Relacione pelo menos três critérios ultrassonográficos dessas malformações. lfl Uma paciente de 58 anos é enviada ao ginecologista para um exame ultrassonográfico de rotina da pelve. Ela teve a menopausa aos 52 anos e não recebeu nenhuma reposição hormonal nos últimos 5 anos. A ultrassonografia endovaginal revela o achado visto na Figura 92.1. O endométrio mede 18 mm na largura em corte transverso. Qual é o seu diagnóstico e como você deverá proceder? Fig. 92.1 LIÇÃO 7 93 Crânio Neonatal: Achados Normais Para o exame de recém-nascidos e de lactentes, as melhores condições não são somente um ambiente tranquilo e livre de atividade que possa causar interferência, gel pré-aquecido e luz infravermelha sobre a mesa de exame, mas também a presença de uma pessoa íntima da criança. O exame é feito através da fontanela anterior (135) (Fig. 97.1) até seu fechamento, por volta da idade de 1 ano e meio. À medida que os anos passam, a janela acústica vai ficando cada vez menor, dificultando mais ainda a visão das estruturas cerebrais laterais e periféricas, mesmo com a inclinação máxima do transdutor. Os transdutores de utilidade comprovada são aqueles setoriais de multifrequência (Fig. 93.1 c) com área de acoplamento de contato pequena e uma frequência de centro de, aproximadamente, 3,0 MHz (para lactentes), 5,0 MHz (do 6° ao 18° mês de vida) ou 7,5 MHz (para recém-nascidos pré-termo e a termo). Transdutores introduzidos mais recentemente combinam a boa resolução de campo próximo dos transdutores lineares com um feixe de divergência profunda dependente para visualizar segmentos cerebrais mais amplos (Fig. 93.1c). Linear Fig . 93 .1a Fig. 93 .1b A cabeça é investigada no plano coronal e sagital (veja p. 86) com varredura lenta e contínua do transdutor (Fig. 93.1a, b), com passagem através desses planos e documentação de cinco planos coronais padronizados. O plano mais anterior (Fig. 93.2) mostra a Setorial Combinado Fig . 93.1 c substância branca periventricular (131) que é mais hiperecoica que o córtex de cobertura (132). O transdutor apoia-se no seio sagital superior (136). • Fig . 93 .2a Fig . 93 .2b O plano imediatamente posterior (Fig. 93.3) corta os cornos frontais dos dois ventrículos laterais (103), os quais não deverão conter nenhum plexo coroide hiperecoico nesse nível. Uma assi- Fig . 93.3a Fig . 93.3b Fig . 93 .2c metria ventricular leve pode ser fisiológica ou indicativa de corte oblíquo. A forma hiperecoica da fissura de Sylvius (134) lembra um Y girado em 90 graus (compare com a Fig. 94.1c). Fig . 93.3c 94 LIÇÃO 7 I Crânio Neonatal: Achados Normais O plano posterior a seguir mostra a conexão entre os ventrículos laterais (1 03) e o terceiro ventrículo (124) pelo fora me interventricular do cérebro (fora me de Monro) (144) (Fig. 94.1 ). Além do LCR anecoico, o plexo coroide hiperecoico (104) é visto no lúmen Fig . 94.1a Fig . 94.1b Inclinando-se o transdutor mais anteriormente (Fig. 94.2a), o feixe sonoro estende-se mais em orientação occipital e visualiza os corpos curvados dos dois ventrículos laterais, incluindo a transição para os cornos temporais (Fig. 94.2b) . A largura dos ventrí- da transição ventricular. O plexo coroide hiperecoico não deverá ser confundido com um quadro igualmente hiperecoico de hemorragia intraventricular. Fig . 94.1c culos laterais (103) e a espessura do plexo coroide (104) podem ser facilmente determinadas aqui. O plexo coroide tem, normalmente, um delineamento regular. O tálamo, a cápsula interna e o putâmen estão em localização mediai. • Fig . 94.2a Fig. 94.2b A angulação extrema do transdutor (Fig. 94.3a) mostra a imagem da substância branca occipital indistintamente delineada e hiperecoica (131) (Fig. 94.3a) cercando o ventrículo em padrão de borboleta. Observe a multidão de sulcos ( 133) que cruza o cór- Fig . 94.3a Fig . 94.3b Fig . 94.2c tex, como linhas hiperecoicas por causa de sua vascularização e tecido conjuntivo abundantes. As larguras normais dos espaços de LCR estão demonstradas na página a seguir. Fig. 94.3c LIÇÃO 7 I Crânio Neonatal: Achados Normais Espaços de LCR As imagens complementares dos espaços subaracnóideos de LCR e de outras estruturas superficiais são obtidas com um transdutor linear de 5,0 a 7,5 MHz, para se obter a resolução adequada (Fig. 95.1 ). No neonato, a largura normal dos cornos frontais (103) medida na linha média do nível da foice (106) até a parede ventricular lateral não deverá exceder 13 mm. As medições são feitas ao nível do forame de Monro (144) ou 3° ventrícu lo (124). A largura do 3° ventrículo não deverá ser superior a 1O mm. O espaço subaracnóideo com LCR é medido em três níveis. A fissura inter-hemisférica (146), medida ao nível de dois sulcos opostos, tem largura máxima de 6 mm no neonato. As larguras sinocortical (147, < 3 mm) e craniocortical (148, < 4 mm) são 95 determinadas para exclu ir a atrofia cerebral (espaço subaracnóideo com LCR dilatado) ou um quadro de hidrocefalia interna (espaço subaracnóideo com LCR estreitado). Espaços de LCR em Recém-Nascidos LSC Largura sinocortical Largura craniocortical LCC LIH Largura inter-hemisférica LVL Largura dos ventrículos lateral, corno frontal < 3mm < 4mm < 6mm < 13 mm 3° LV < IOmm Largura do 3° ventrículo 5 Fig. 95.1 a Fig. 95.1 b Fig . 95.1 c Plano Sagital Após concluir a investigação no plano coronal, o transdutor é girado em 90 graus para se obter o plano sagital e é então inclinado da direita para a esquerda na fontanela anterior (Fig. 95.2a). Sugere-se que cada examinador estabeleça uma sequência padrão de obtenção das imagens para evitar qualquer identificação errônea da lateralidade. Por exemplo, a busca de alterações patológicas procedendo-se à investigação a partir do hemisfério esquerdo pela li nha média para o hemisfério direito pode se tornar um hábito. Começando pelo corte da linha média, como visto na Figura 95.2c, realize mais uma revisão da anatomia topográfica normal. É impo1tante confirmar a aparência regular do corpo caloso (126) e do giro do cíngulo (130). O cerebelo (11 O) aparece como uma estrutura hiperecoica atrás da ponte (145) na fossa cerebral posterior (veja Fig. 96.2). 134 Fig. 95 .2a Fig. 95.2b Fig . 95 .2c 96 LIÇÃO 7 I Crânio Neonatal: Achados Normais Cortes Sagitais O tálamo (129) fica no centro dos cortes oblíquos, lateralmente inclinados (Figs. 96.1 e 96.3). O LCR anecoico no ventrículo lateral (103) está localizado acima , contendo o plexo coroide hiperecoico (104), que deverá ter contorno suave sem protuberância local (DD:hemorragia do plexo coroide, veja p. 98). Se o corpo caloso (126) mostrar desenvolvimento normal, os sulcos cerebrais (133) dos lobos parietal e occipital não vão estender-se para os ventrículos laterais e terminarão, em vez disso , junto do giro do cíngulo (130). A Figura 96.1 mostra um corte sagital angulado oblíquo através do ventrículo lateral esquerdo. A Figura 96.2 mostra um corte da linha média incluindo a ponte (145) , o cerebelo hiperecoico (110) e o 4° ventrículo (125). Fig . 96.1a Fig. 96.1 b Fig . 96.1c Fig. 96.2a Fig . 96.2b Fig. 96.2c Cistos do Plexo Coroide Os pequenos cistos unilaterais do plexo coroide (64) podem representar variantes normais (Fig. 96.3). A causa presumida é atribuída, principalmente, às pequenas hemorragias pré-natais, mas as infecções virais pré-natais também são discutidas. Se o cisto for pequeno e não impedir a circulação do LCR, geralmente Fig . 96 .3a Fig . 96.3b não haverá consequências. Somente defeitos maiores cheios de LCR no parênquima cerebral (porencefalia) sugerem áreas de reabsorção após hemorragias maiores ou anomalias de malformação. Fig . 96.3c LIÇÃO 7 I 97 Crânio Neonatal: Variantes Normais Recém-Nascidos Prematuros Cavum do Septo Pelúcido Os sulcos cerebrais normais podem estar totalmente ausentes em recém-nascidos de parto pré-termo por vo lta da 28a semana gestacional. Em geral, a sulcação cerebral evidenciada na ultrassonografia é menor em recém-nascidos pré-termo que nos bebês a termo, sem indicar qualquer distúrbio de maturação subjacente. Consequentemente, os espaços de LCR neonatais são mais espaçosos e parcialmente assimétricos (Fig. 97.2). Além disso, recém-nascidos pré-termo também apresentam corpo caloso não completamente desenvolvido, observado como uma linha fina hipoecoica logo acima do cavum do septo pelúcido no corte coronal. Somente os exames de acompanhamento podem distinguir a imaturidade fisiológica com prejuízo ao fluxo de LCR prejudicado ou um corpo caloso hipo ou aplásico genuíno (Fig. 97.3). A fusão incompleta das duas lâminas do septo pelúcido entre os cornos frontais leva ao cavum do septo pelúcido (128), o qual geralmente é eliminado nos primeiros meses de vida mas que persiste na vida adu lta em 20% dos casos (Fig. 97.1). Um espaço em forma de fenda contendo LCR e localizado mais em sentido occipital é conhecido como cavum vergae. A leve assimetria dos ventrículos laterais (1 03) é outra variante normal sem obstrução subjacente ao fluxo do LCR. A Figura 97.2 mostra um espaço amplo e anecoico de LCR lateral ao plexo coroide (104), mas somente à esquerda e ausente a direita (as imagens coronais são vistas de frente , com a resultante inversão dos hemisférios). Fig . 97 .1a Fig. 97.2a Fig . 97.3a Fig . 97 .1b Fig . 97 .2b Fig . 97 .3b Agenesia do Corpo Caloso O corpo caloso está envolvido em muitas alterações de desenvo lvimento, em síndromes e em erros metabólicos inatos, mas também pode ser afetado por hipóxia ou infecções. O espectro de anormalidades calosas varia de ausência parcial a completa (agenesia) do corpo caloso. No corte coronal (Fig. 97.3a) a agenesia do corpo caloso leva à aparência de "chifre de novilho" elos dois cornos frontais (" ~ ). que se mostram amplamente espaçados um elo outro e em localizaç.ão mais lateral que o normal. O corte sagital (Fig. 97.3b) não mostra o giro do cíngulo (Fig. 96.1) e rad iação resultante dos sulcos cerebrais para os ventrículos laterais (lle lle ), facilitando o reconhecimento de uma agenesia parcial do corpo caloso. O caso mostrado na Figura 97.3 não tem só ventrícu los laterais proeminentes, mas também um espaço subaracnoide de LCR (+ ) como parte de uma atrofia cerebral difusa (Fig. 95.1). 98 LIÇÃO 7 I Crânio Neonatal: Hemorragias Fisiopatologia Os ventrículos estão revestidos pelo chamado epêndima. A matriz de germinação ependimal, que prolifera entre a 24a e 32a semanas de gestação, com vascularização acentuada, está localizada por baixo do revestimento ependimal. Durante o período de crescimento rápido, essa matriz germinativa é muito sensível às flut uações da pressão arterial, uma vez que o mecanismo para regul ar o fluxo sanguíneo intracerebral ainda não está totalmente desenvolvido. Essa anatomia fetal transitória tem sido implicada na patogênese da hemorragia cerebral neonatal na região subependimária e ao redor do plexo coroide. Conforme a intensidade, a hemorragia é classificada em quatro graus, de acordo com a tabela a seguir. Hemorragia Cerebral do Recém-Nascido - Classificação Grau 1 Hemorragia subependimária isolada Grau 2 Hemorragia subependimária com extensão ventricular (envolvendo menos de 50°o do lúmen ventricular) sem dilatação ventricular Grau 3 Hemorragia intraventricular envolvendo mais de 50°o do lúmen ventricular e dilatação ventricular Grau 4 Extensão adicional para o parê nquima cerebral Fig. 98.1a Fig. 98.2a Fig . 98.3a Fig. 98.1 b Fig. 98.2b Fig. 98.3b • Achados U ltrassonográficos A hemorragia aguda (50) é hiperecoica em comparação com o parênquima cerebral (132) e geralmente localizada nas vizinhanças elos ventrículos (Fig. 98.1) pelas razões fisiopatológicas delineadas anteriormente. Um plexo coroide abaulado e com formato irregular (104) sugere hemorragia (50) no plexo (Fig. 98.2). Após a hemorragia que ocorre na fase intrauterina, o sangue reabsorvido deixa atrás de si defeitos parenquimatosos cheios de LCR (71 ), que podem ser confundidos com dilatação ventricular (103) (Fig. 98.3). Portanto, o diagnóstico diferencial entre defeito periventricular parenquimatoso e hiclrocefalia real será discutido na página a seguir. LIÇÃO 7 I Crânio Neonatal: Hidrocefalia e Atrofia Cerebral 99 Hidrocefalia A hidrocefalia obstrutiva (interna) (Fig. 99.1) é causada. geralmente, por aderências subaracnoides induzidas pelo sangue que bloqueiam o fluxo normal de saída do LCR. Causas menos frequentes incluem compressão das vias do LCR por um aneurisma da veia de Galena, por um cisto biconvexo (!) do septo pelúcido (compare com o cavLm1 do septo pelúcido, Fig. 97.1 ) bloqueando o fora me de Monro, ou por uma estenose do aqueduto. O bloqueio do forame ele Luschka e de Magenclie, além de um quadro ele estenose do aqueduto, pode causar dilatação isolada elo 4° ventrículo. A pressão intraventricular aumentada resultante vai primeiro dilatar e expandir os cornos temporais, uma vez que eles entram Fig. 99.1 em contato com a menor resistência elo parênquina cerebral ao redor. Só mais tarde (Fig. 99.1) todos os ventrículos laterais dilatam-se e expandem-se com o estreitamento correspondente dos espaços de LCR subaracnoide. A pressão aumentada precisa ser aliviada por meio de um shunt (1ft na Fig. 99.2). Um quadro de hidrocefalia de longa data deverá ser aliviado lentamente, uma vez que a queda rápida na pressão coloca tensão sobre os vasos cerebrais externos à tensão (risco de hemorragia). Após a colocação do slwnt, são recomendados exames de acompanhamento para verificar a posição do slwnt e excluir o mau funcionamento ela válvula elo slwnt. Fig. 99 .3a Fig . 99 .4a I Fig . 99.2 Fig . 99.3b Fig . 99 .4b Atrofia Cerebral A largura dos espaços de LCR subaracnoide permite a diferenciação entre hidrocefalia obstrutiva (interna) e um sistema ventricular dilatado por causa da atrofia cerebral. A investigação por imagens deverá ser feita com um transdutor linear por causa da melhor resolução em campo próximo. A Figura 99.3 mostra o alargamento definitivo elo espaço ele LCR na atrofia cerebral difusa envolvendo os dois hemisférios (Fig. 95.1). Pedimos para observar a boa visualização do seio sagital superior ( 136). Os defeitos unilaterais do parênquima (71) ampliam os espaços de LCR subaracnoide laterais (148) em comparação com o outro lado (Fig. 99.4) . Além disso, os sulcos cerebrais aparecem mais proeminentes na atrofia cerebral e são mais apagados na hidrocefalia. 100 LIÇÃO 7 I Crânio Neonatal: Hidrocefalia e Canal Espinal Verificação do Sistema de Shunt com Válvula na Hidrocefalia Quando há suspeita ultrassonográfica de mau funcionamento do shunt de LCR, por exemplo, pela progressão contínua da dilatação ventricular, o examinador deverá verificar não só a posição intraventricular correta da ponta do shunt (Fig. 99.2), mas também a continuidade do cateter remanescente do shunt. As radiografias adjacentes em série de um shunt mostram uma válvula desconectada (.e ) (Fig. 100.1 a) que foi posteriormente reconectada após a revisão do procedimento (Fig. 100.1 b). Com o crescimento da criança, pode ser necessário substituir ou revisar esses shunts. Fig . 100.1a Fig. 100.1b Canal Espinal No recém-nascido, o cone medular (142) da medula espinal (141) é visualizado a partir das costas com um transdutor de 5,0 a 7,5 MHz no paciente em posição pro na (Fig. 1002). A medula espinal é demarcada a partir do espaço espinal anecoico do LCR (140) por uma linha hiperecoica delicada que representa a pia-máter. A linha dupla hiperecoica no centro da medula não corresponde ao canal central, mas à interface entre a comissura branca e a fissura mediana anterior. As raízes da cauda equina (143) estendem-se em sentido caudal, respondendo à estrutura hiperecoica ao redor do cone, a qual, no recém-nascido, não deverá se estender para baixo do espaço discai de L 2/3. Para a localização do sacro, vale lembrar que S 1 projeta-se posteriormente a partir da linha vertebral reta posterior (em direção ao transdutor). I Fig . 100.2a Fig . 100.2b Quando a ossificação crescente dos arcos vertebrais limita o delineamento do canal espinal, a avaliação deverá ser feita por meio da ressonância magnética (RM). O Modo M poderá documentar a observação importante de oscilação livre da medula em sincronia com a respiração e a frequência cardíaca. Fig. 100.2c A falta de pulsação, a distorção ou a posição inferior do cone e a fixação da medula ao canal espinal indicam um quadro de síndrome da medula ancorada, a qual é causada principalmente por umlipoma intraespinal ou cisto epidermoide. O quadro de medula ancorada também pode ser adquirido como fixação cicatricial pós-cirúrgica de estruturas neurais. LIÇÃO 7 I Glândula Tireoide: Achados Normais 101 Anatomia A glândula tireoide é examinada com transdutor linear de 7,5 MHz. Com a cabeça do paciente em extensão leve, cortes transversos da glândula são sistematicamente obtidos na direção craniocaudal (Fig. 101 .1a). Daí em diante, cortes sagitais são obtidos através de cada lobo da glândula (Fig. 101 .1b). A orientação geral para os cortes transversos é fornecida pela sombra acústica da linha média da traqueia (84) e, mais lateralmente, pelos cortes anecoicos das artérias carótidas (82) e das veias jugulares (83). O parênquima da tireoide (81) está situado entre os vasos e a traqueia. Uma fina faixa parenquimatosa (istmo) liga os dois lobos da tireoide (Fig. 101.2) anteriores à traqueia. A artéria carótida (82) geralmente está localizada em orientação posteromedial e aparece redonda e incompressível no plano transverso. A veia jugular (83) fica em posição mais anterolateral, tem pulso venoso bifásico típico e é passível de compressão com pressão graduada (!) aplicada ao transdutor. Para qualquer incerteza quanto à designação das estruturas vasculares, pode-se pedir ao paciente para realizar a manobra de Valsalva (fazer força para baixo com as cordas vocais fechadas). O bloqueio venoso induzido distende as veias jugulares, permitin- do a orientação anatômica com facilidade. O parênquima da tireoide normal (81) é levemente mais ecogênico (mais brilhante} que os músculos esterno-hióideo (89) e o esternotireóideo (90) localizados anteriormente e o músculo esternocleidomastóideo localizado mais lateralmente (85) (Fig. 101.2) . Volumetria Para determinar o volume da glândula tireoide, os diâmetros máximos transverso e sagital (anteroposterior) de cada lobo são medidos em cortes transversos. Esses valores são multiplicados pelo comprimento máximo medido nos cortes sagitais, e o produto é multiplicado por 0,5. Dentro de uma margem de erro, aproximadamente, de 10%, o resultado corresponde ao volume (em mL) de cada lobo. O volume da glândula não deverá exceder 25 mL nos homens e 18 mL nas mulheres (veja Tabela na p. 103). Cistos pequenos (64) na glândula tireoide (81} podem não causar qualquer reforço acústico distai (Fig. 101.3b) e devem ser diferenciados de nódulos hipoecoicos e de vasos em corte transverso. Fig. 101 .1a Fig . 101.1b Fig. 101 .1c Fig . 101 .2a Fig . 101 .2b Fig . 101 .2c I 1/2 b 81 ~ - 35'""' I 45 I Fig. 101.3a Fig . 101.3b Fig . 101.3c - -35' ~ I 45 45 I __,... 85 I I _ . - 64 - ~ I 45 I 102 LIÇÃO 7 IGlândula Tireoide: Casos Patológicos Bócio c Em áreas geográficas com deficiência de iodo, o quadro mais comum é o bócio por deficiência de iodo, com dilatação difusa da glândula tireoide. Em comparação com a aparência normal (Fig. 101.2) os dois lobos mostram-se aumentados (Fig. 1 02.2) , frequentemente com istmo espessado. A deficiência de iodo induz, com frequência, a nódulos isoecoicos (te) no bócio, o qual, se localizado na periferia, produz uma superfície com protuberâncias nodulares (Fig. 1 02.3). Com o tempo, calcificações ou cistos regressivos (64 na Fig. 102.4) desenvolvem-se com frequência nesses nódulos (54). Com a degeneração contínua, os cistos anecoicos podem atingir tamanho considerável (Fig. 102.5) e mostrar focos hemorrágicos hiperecoicos centralizados ( ~ na Fig. 102.6). A degeneração maligna de nódulos hiperecoicos e isoecoicos é muito rara (na faixa de um por mil). Os nódulos hipoecoicos da tireoide são diferentes (veja a próxima página). 89 90 d 85 e Fig . 102 .1 Anatomia da região da tireoide (a) (b) (c) (d) (e) (1) nervo vago cápsula fibrosa da tireoide istmo platisma músculo omo-hióideo pele (2) tecido adiposo subcutâneo (34) esôfago (35) coluna vertebral (81) lobos late rais da tireoide (82) artéria carótida comum (83) ve ia jugular interna (84) traqueia (85) músculo esternocleidomastóideo (88) músculo escaleno anterior e músculo escal e no mediai (89) músculo este rno -hióideo (90) músculo esternotireóideo Fig . 102.2 Fig . 102.4a Fig . 102 .5 Fig . 102. 3 Fig. 102 .4b Fig . 102 .6 LIÇÃO 71 103 Glândula Tireoide: Casos Patológicos Nódulos Focais Sólidos O diagnóstico diferencial de lesões hipoecoicas da tireoide inclui a degeneração cística e os adenomas benignos, mas também os carcinomas da tireoide. Os nódulos funcionantes na cintilografia ("quentes") são adenomas produtores de hormônios (72) e na ultrassonografia aparecem, com frequência, com borda hipoecoica no meio do parênquima tireóideo normal (81) (Fig. 103.1 ). Na tireoide, uma borda hipoecoica não indica malignidade, que é contrária à morfologia ultrassonográfica típica de metástases hepáticas (veja p. 42). Os nódulos não funcionantes na cintilografia ("frios") ou ultrassonograficamente hipoecoicos (54) precisam de avaliação complementar, por exemplo, punção aspirativa com agulha para citologia ou biópsia, para excluir malignidade (Fig. 103.2). Fig. 103.1a Fig . 103 .2a Fig. 103 .3 Fig . 103.1b Fig . 103 .2b Fig . 103.4 Tireoidite Na tireoidite autoimune (de Hashimoto) há redução difusa da ecogenicidade em relação ao parênquima tireóideo normalmente mais hiperecoico. Essa hipoecogenicidade é causada por infiltração linfocítica crônica e, ao contrário da doença de Graves, persiste por toda a vida. Além disso, a textura do eco aparece grosseira e heterogênea, contendo aumento nos vasos com hiperperfusão (Fig. 103.3). O Modo M (exibição do tempo de fluxo sanguíneo) da ultrassonografia complementar com Doppler em cores (Fig. 103.4) mostra hiperperfusão com aumento no nível de fluxo durante a diástole (ile). A tireoidite subaguda (de Quervain) caracteriza-se pelo aumento da tireoide com áreas hipoecoicas com delineamento indistinto dentro de zonas de ecogenicidade normal. Glândula Tireoide - Volumetria A ingestão nutricional de iodo deve ser considerada quando se estabelecem valores normais para o volume tireóideo medido por ultrassom. Em países com deficiência de iodo, por exemplo, a Alemanha, os "valores normais" são mais altos que os dados normativos fisiológicos esperados. Idade Mulheres Homens < 2,3 (1 ,5) < 4,7 (3,0) < 6,5 (5,0) < 14,6 (14,1) < 18,0 < 3,5 (2,0) < 3,8 (2,9) < 6,0 (5,4) < 13,9 (13,2) < 25,0 Valores Normais do Volume da Tireoide Recém-nascidos 1-4 anos 5-1 O anos 11-12 anos Adultos Meninas com menos de 15 anos apresentam volume tireóideo ligeiramente superior ao dos meninos. Considerando-se a dependência da nutrição com iodo sobre o tamanho da glândula, os limites superiores são apresentados separadamente para deficiência de iodo (números negros) e para a ingestão adequada de iodo (números azuis). Os números em azul entre parênteses representam os valores normais para crianças que vivem em países sem deficiência de iodo. Os volumes tireóideos mais altos aceitos como normais estão apresentados aqui para os dois lobos juntos, calculados de acordo com a fórmula de volume 0,5 x A x B x C. Os volumes médios são consideravelmente mais baixos. 104 LIÇÃO 7 IPescoço: Linfonodos (LN) Os linfonodos aum e ntados (55) mostram-se como lesões ocupadoras de espaço hipoecoicas e ovais e localizam-se, com frequência, nas vizinhanças do fe ixe neurovascular cervical (Fig. 104.1 ), ao longo da veia jugular (83) e da artéria carótida (82) , são também encontrados sob o mento. Linfonodos que se mostram reativa mente aumentados como parte de uma infecção vira) ou bacte- Fig . 104.1a Fig . 104.2a Fig . 104.1b Fig . 104.2b Ao contrário, linfonodos esféricos e roliços com proporção LJT ao redor de 1,O e sem sinal hilar são suspeitos de aumento nodal patológico (linfoma/metástase). Se a natureza do aumento nodal permanecer em dúvida após aplicação dos crité rios mencionados anteriormente, recomenda-se a ultrassonografia duplex em cores (Fig. 104.4b) antes da excisão para biópsia. Com frequ ência, os linfomas exibem padrão de perfusão difusa com perfusão ramificada em direção à periferia, em vez da perfusão normal em direção ao hilo. Especialmente em crianças , deve-se buscar por um possível abscesso com liquefação anecoica ( ~ ) (Fig. 104.4a), uma ve z que o abscesso nodal é uma indicação para intervenção cirúrgica. O centro da liquefação não possui vasos perfundidos na ultrassonografia duplex em cores. riana são geralmente alongados, com a proporção do diâmetro longitudinal dividido pelo di âme tro transve rso (a proporção Llf) superior a 2,0 e podem aparecer e m grupos (Fig. 104.2). Um outro sinal indicativo de aumento nodal fisiológico é o hilo hiperecoico de localização central (Fig. 104.3) com padrão vascular hilar proeminente( = sinal do hilo). Fig . 104.4b Fig . 104.4a Linfonodos Benignos vs. Malignos Critérios Maligno Benigno Proporção comprimento/largura Sinal do hilo > 2,0 - 1,0 Positivo Negativo Vascularização Ce ntrada no hilo Difusa ou ramificada LIÇÃO 7 I Cabeça e Pescoço: Jogo para Autoavaliação 105 Seguem algumas perguntas para a região da cabeça e dopescoço. As respostas estão nas páginas precedentes. A resposta à pergunta sobre a imagem está na página 113. 11 Hidrocefalia: Relacione aqui todos os cinco valores normais para os espaços de LCR interno e subaracnóideo no recém-nascido a termo. O que significam os acrônimos para as medições respectivas (termos compostos)? Acrônimo Termo composto LSC LCC LIH LVL 3° LV Valor normal superior para recém-nascidos a termo < < < < < mm mm mm mm mm fJ Faça um desenho o mais fiel possível da Figura 105.1 adjacente e anote cada detalhe anatômico que você reconhecer na imagem. Daí em diante, acrescente ao desenho onde e em que ângulo você mediria os espaços de LCR subaracnóideos e os ventrículos (veja a pergunta n° 1). Por fim, considere qual variante normal está presente nesta imagem de amostra. I Fig . 105.1a Fig . 105.1b IJ Quais critérios você conhece para a distinção entre dilatação benigna e maligna de linfonodos? Relacione pelo menos três critérios para a dilatação nodal fisiológica e maligna. 11 Qual é a aparência típica (não necessariamente) dos adenomas benignos da tireoide? Quais critérios considerados em conjunto são suspeitos de malignidade da tireoide? Critérios Benignos Critérios Malignos 106 LIÇÃO 7 I Pediatria: Articulações do Quadril Posicionamento Correto Para se excluir uma displasia de desenvolvimento do quadril, o bebê deve ficar a exatamente 90 graus de lado, colocado em um dispositivo para quadril desenhado por Graf (Fig. 106.1 a) . O examinador mantém a perna de cima em flexão leve com uma das mãos. A extensão do quadril não oferece qualquer vantagem para encontrar o plano correto da imagem e geralmente irrita a criança. O bebê mostrado aqui tem o quadril em flexão excessiva. O joelho não deveria ficar no topo da mesa apropriada. Encontrar o Pla no Correto da Imagem O transdutor deve ser posicionado em alinhamento estrito com o plano lateromedial, com o ílio (112) exatamente horizontal e nitidamente delineado no plano da imagem (Fig. 106.1b). A partir do Fig . 106.1 a Fig . 106.1b promontório acetabular anecoico {159), o teto mediai ósseo do acetábulo (160) estende-se como uma linha hiperecoica para longe do transdutor (Fig. 106.1). A porção lateral cartilaginosa do teto acetabular estende-se em direção ao transdutor e termina no lábio acetabular (158). Quando o tamanho máximo da cabeça do fêmur (153) estiver centrado e os centros de ossificação do colo do fêmur (162) aparecerem nitidamente demarcados, você terá encontrado o plano correto para a investigação por imagens. A cartilagem Y do acetábulo (164) é vista como uma interrupção anecoica do ílio (161) na borda inferior da imagem. A maioria dos examinadores prefere a orientação da imagem mostrada aqui (borda esquerda da imagem = cranial). A exibição girada ou reversa em 90 graus era comum no passado, mas não corresponde mais às diretrizes gerais e é selecionada com muito menos frequência. Fig. 106.1c Medições de Ângulos Primeiro, o eixo longitudinal(----) é marcado ao longo do ílio (112) (Figs. 106.2/3). A seguir, acrescenta-se a tangente para o promontório ao longo do teto acetabular ósseo. O ângulo alfa (a.) é medido entre as duas linhas. Ele excede os 60 graus em quadris maduros. Os ângulos menores deverão ser confirmados repetindo-se as medições várias vezes; se forem reprodutíveis, isso sugere displasia. Fig. 106.2 Fig . 106.3 A medição subsequente do ângulo beta (p) é passível de erro maior, uma vez que o posicionamento exato pela borda acetabular (158) geralmente mostra-se difícil. O ângulo beta deverá medir, normalmente, menos de 55 graus (veja a próxima página). A ampliação prescrita é de 1 ,7, mas tornou-se costume tomar as medidas nas imagens ampliadas por um fator de 2,0 ou 2,5 (Fig. 106.4). Fig. 106.4 LIÇÃO 7 I Pediatria: Articulações do Quadril Classificação de Graf para Quadril Infantil Na displasia de desenvolvimento do quadril, a cabeça do fêmur migra ( ) cada vez mais em sentido superolateral. Na radiografia (Fig. 107.2) o teto acetabular ósseo não mais se fecha na linha horizontal( + ) e, em vez disso, inclina-se mais para cima( ~ ) na direção lateral. A RM (Fig. 107.3) ilustra um caso extremo de cabeça do fêmur ( · ) completamente deslocada e um acetábulo vazio ( ~ ) óbvio em comparação com o lado contralateral. O ângulo alfa determinado diminui com o aumento da seriedade da displasia. Como regra geral, o ângulo alfa deverá ser maior que 60 graus após o primeiro ano de vida, no mínimo. Entretanto, somente um ângulo alfa superior a 63 graus pode excluir a displasia com certeza. Se o quadril permanecer como tipo li na ultrassonografia além do segundo mês de vida, deve-se considerar a presença de um distúrbio de crescimento, recomendando-se o uso de fraldas maio- Fig . 107.1 Fig. 107 .2 Sinovite Transitória do Quadril A sinóvia espessada e a efusão articular são achados típicos de doenças adquiridas do quadril. A criança em posição supina é examinada com um transdutor linear de alta frequência em posição anterior (Fig. 107.4a) . O espaço articular normal (168) aparece como um espaço anecoico fino entre a cápsula articular hipe- Fig. 107.4a Fig . 107.4b A efusão articular transitória desenvolve-se, com frequência, como parte de uma infecção vira! e é vista como um alargamento anecoico (+ + )do espaço articular (Fig. 107.5). A efusão articular que persiste por mais de duas semanas ou um espessamento anecoico e edematoso da cápsula articular sugere a doença de Legg-Calvé-Perthes ou artrite séptica e deverá ser avaliada mais completamente por RM. 107 Beta Cabeça do Fêmur Classificação de Graf para Quadril Infantil Alfa I {normal) > 60° < 55° Centrada lia+ 56-59° 55-70° Centrada 11 a- so-sso 55-70° Centrada llg 44-49° 55-77° Centrada lld 44--49° > 77° Centrada 111 (excêntrico) < 44° > 77° Excêntrica IV (deslocado) < 44° Indeterminado Deslocada res. A persistência dessas alterações nas próximas 4 a 8 semanas ou um ângulo alfa inferior a 50 graus é indicação de terapia com dispositivos de moldes. Fig . 107.3 recoica ( 163) e o contorno anterior da epífise da cabeça do fêmur (166) e a metáfise (167) (Fig. 107.4b). A indentação da placa epifisária do fêmur ( 107) é facilmente reconhecida. A medição da altura da epífise (+ + )em exames de acompanhamento em série pode estabelecer facilmente a perda da altura, por exemplo, como a que ocorre na necrose da cabeça do fêmur. Fig. 107.4c Fig . 107 .5 108 LIÇÃO 7 IFAST FAST O algoritmo FAST (Focused Assessment with Sonography for Trauma, ou Avaliação Focalizada de Trauma por Ultrassonografia) é uma abordagem para detectar/excluir sangramentos potencialmente fatais no pericárdio, tórax ou abdome da maneira mais rápida e confiável possível. Ao mesmo tempo, com essa abordagem, podemos detectar ou excluir lacerações parenquimatosas do baço ou do figado. Pacientes com trauma são geralmente transportados na posição supina ou chegam ao Pronto-Socorro nessa posição. Portan- Fig . 108.1 to, o examinador deverá pesquisar por sangramentos relevantes de acordo com a lei da gravidade. Se olharmos para o corpo de um paciente deitado de lado (Fig. 108.1), ficará evidente que o sangue irá acumular-se no saco de Douglas (llle ) e na extremidade cranial da cavidade abdominal (+ ). Esse padrão de distribuição é causado pela lordose da coluna lombar (t ). Na posição supina, a presença de fluido livre no espaço interpleural (hemotórax) acumula-se em sentido dorsal no ângulo costodiafragmático ( ~ ). caso não haja aderências pleurais posteriores a uma doença anterior inflamatória da pleura. Fig . 108.2 Fig . 108.3 No abdome, o hematoma concentra-se nas posições laterais da cavidade abdominal nos dois lados: esse fenômeno é causado pela extensão anterior do retroperitônio/coluna lombar (Fig. 108.2). Por isso, com frequência não encontramos coleção de fluido relevante próximo à linha média do abdome, pois o sangue intra-abdominal pode movimentar-se em sentido dorsolateral ( ~) conforme a força da gravidade. Portanto, a posição do transdutor mostrada na Figura 108.3 foi definida para fins de abordagem mais rápida, para descartar a presença de hematoma intra-abdominal. Primeiramente, o transdutor é posicionado no epigástrio e inclinado em sentido caudal, de modo que as ondas sonoras sejam enviadas em direção ao coração e ao pericárdio (Fig. 108.4a). Na presença de um hemopericárdio (Fig. 108.4b), pode observar-se uma área anecoica (escura) (79) ao redor das câmaras cardíacas (115, 116). Fig. 108.5a Fig. 108.4b Fig . 108.4c Fig . 108.5b Fig . 108.5c LIÇÃO 7 I FAST 109 A segunda posição para o transdutor localiza-se na linha axilar anterior, logo abaixo do arco costal (Fig. 108.5a). Aqui podemos descartar a presença de hemotórax (69 na Fig. 108.5b) anecoico (escuro) do lado direito, simultaneamente a um hematoma em potencial (68) no chamado recesso hepatorrenal ou "Espaço de Morrison", entre o figado (9) e o rim direito (29) (Fig. 108.5c) . A terceira posição para o transdutor localiza-se na linha axilar posterior, paralela ao espaço intercostal (Fig. 109.2a). Aqui podemos descartar qualquer laceração (50 na Fig. 109.2b) ou ruptura esplênica e hemotórax do lado esquerdo. Nesse mesmo plano de imagem (Fig. 109.2c), pode-se detectar uma coleção de fluido (68) na espaço de Koller, entre o baço (37) e o rim esquerdo (29). Para se conseguir esse nível de imagem, o transdutor deverá ser inclinado para frente, de modo que as ondas de ultrassom sejam enviadas para a parte dorsal do ângulo/recesso costodiafragmático e área periesplênica (Fig. 109.1). Fig .109 .2a Fig .109.2b Fig . 109 .1 Fig .109.2c A quarta posição (Fig. 109.3a) permite o exame da bexiga urinária (38), logo após as alças do intestino delgado (46), assim como o reto (43), para detectar fluidos livres em potencial no saco de Douglas (68). Para esse corte sagital suprapúbico, o transdutor deverá ser posicionado em sentido mediai na orientação sagital e angulado de modo que as ondas sonoras sejam enviadas em sentido caudal (Fig. 109.3b). No caso de um hematoma maior, o sangue poderá ser localizado também no topo do teto da bexiga urinária ou anterior a ela. Todo o procedimento FAST, quando executado por um examinador experiente, levará de 20 a 30 segundos. Fig . 109.3a Fig . 109 .3b Fig . 109.3c 111 Ligawi SS, Buckley AR. Focused abdominal US in patients with trauma. Radiology 2000 Nov; 217(2):426-429. 121 Rose JS. Ultrasound in abdominal trauma. Emerg Med Clin North Am 2004 Aug; 22(3):518-599. [31 Brooks A, Davies, B, Smethhurst M, Connolly j. Prospective evaluation o f non-radiologist emergency abdominal ultrasound for haemoperitoneum. Emerg Med j 2004 Sept.; 21 (3):e5. I 11 o Respostas dos Jogos para Autoavaliação Resposta à Fig. 18.4: A imagem mostra um corte longitudinal da aorta ( 15). A parede do vaso contém calcificações = placas ateroscleróticas (49) com sombras acústicas (45) posteriores. Sem a sombra acústica, as placas maiores poderiam ter passado facilmente despercebidas, uma vez que estão localizadas próximo ao ar intestinal (46) hiperecoico ( = brilhante), o que também induz às sombras acústicas. Além disso, a imagem mostra-se abaixo ( = posterior a) da aorta (15), onde há o fenômeno de intensificação sonora posterior (70). Resposta à Fig. 19.1: Ao se preparar para as sessões práticas, o estudante deverá estar familiarizado com a orientação espacial em um espaço tridimensional. Para facilitar o primeiro passo, devem-se considerar somente dois planos perpendiculares um ao outro: o plano vertical (sagital) (Fig. 110.2) e o horizontal (transverso) (Fig. 110.3). Como sugerido na página 19, um filtro de café pode ajudar a mostrar como as ondas sonoras propagam-se através do corpo nesses dois planos, a partir do transdutor posicionado anteriormente. Ambos os planos exibem a parede abdominal anterior na borda superior da imagem (aspecto superior da imaCortes sagitais : gem = anterior). Uma vez que, por convenção, todos os cortes sagitais são projetados Anterior como vistos a partir do lado direito do paciente (Fig. 110.2a), as estruturas do paciente localizadas na parte superior da imagem são exibidas na borda esquerda da imagem (lado esquerdo da imagem = superior) e as estruturas localizadas na parte inferior na borda direita da imagem. O plano transverso é mostrado após Posterior girar o transdutor a 90 graus. Uma vez que esse plano é visualizado de baixo para cima, Fig . 11 0.2a Fig. 11 0.2b a exibição das estruturas visualizadas é invertida (esquerda = direita ) (Fig. 110.3b). Cortes transversos: Essa orientação está conforme a exibição costumeira da TC e da RM. Se o examinador Anterior estiver em pé na frente do paciente, o figado também será visualizado à esquerda. Portanto, essa imagem faz sentido. A única exceção é aquela em que os neurocirurgiões visualizam o crânio de cima para baixo, urna vez que isso COITesponde à abordagem intraoperatória neurocirúrgica. t I I + t 1°1 Posterior Fig. 11 0.3a Fig . 110.3b Respostas às Figs. 20.4-20.6: As três imagens têm em comum o fato de que as estruturas bem à esquerda são menos bem delineadas que o normal- a imagem na Figura 20.4 aparece indistinta e difusamente superposta com ondas sonoras espalhadas. Isso é causado pela pressão inadequada aplicada ao transdutor, que é um engano típico cometido por um novato e não pela falta de gel. Se a quantidade ele gel for realmente inadequada, ou se o examinador perder a acoplagem com a pele por inclinar o transclutor, a imagem produzida será aquela da Figura 20.5 . Observa-se uma faixa negra ao longo da margem da acoplagern cutânea perdida (aqui no lado direito da imagem). Ela começa imediatamente na interface transdutor-pele e não a urna certa profundidade, o que distingue a acoplagern cutânea perdida de sombras acústicas atrás das costelas, ar intestinal, cálculos na vesícula e nos rins. A imagem mostrada na Figura 20.6 foi obtida no mesmo paciente alguns segundos após a melhora da acoplagern cutânea e a pressão apropriada aplicada ao transdutor - todas as estruturas são muito mais bem visualizadas. 111 Respostas dos Jogos para Autoavaliação Resposta à Fig. 26.2 (Pergunta 7): Resposta à Fig. 34.1 (Pergunta 4): Resposta à Fig. 46.1 (Pergunta 5): Corte ultrassonográfico: Corte ultrassonográfico: Corte ultrassonográfico: Corte sagital do abdome superior, paramediano acima da veia cava inferior (16). Corte sagital do abdome superior ao nível do cruzamento com a veia renal. Órgãos: Órgãos: Órgãos: Fígado (9), coração e pâncreas (33). Diafragma ( 13), veia hepática (10), ramo portal (11), lobo caudado (9a). Fígado (9), estômago (26). pâncreas (33). Vasos: aorta (15). IVC (16). artéria renal (24), veia renal (25), artéria mesentérica superior ( 17), confluência ( 12). Achado significativo: Estruturas: Espaço anecoico (79) entre miocárdio/epicárdio e diafragma . Ligamentos (7, 8), músculo reto (3), vértebra lombar (35). Diagnóstico: Achado significativo: Efusão pericárdica (79). Lúmen proeminente da veia renal (25). Estruturas: Corte subcostal oblíquo direito. Fígado 1(9), estômago (26), intestino delgado (46). Achados significativos: Área homogênea, hiperecoica e nitidamente demarcada (63); múltiplas lesões intra-hepáticas redondas a ovais com borda hipoecoica. Diagnóstico: Diagnóstico diferencial: Diagnóstico: Gordura epicárdica. Ainda fisiológico, sem dilatação patológica da veia renal esquerda (por causa do efeito "quebra-nozes" entre 15 e 17). Infiltração adiposa focal (63) e múltiplas metástases hepáticas (56)- pelo menos dois episódios ele disseminação metastática, uma vez que focos metastáticos novos e mais antigos são visíveis e próximos entre si. Resposta à Fig. 46.2 (Pergunta 5): Resposta à Fig. 46.3 (Pergunta 5): Resposta à Fig. 46.4 (Pergunta 7): I Corte ultrassonográfico: Corte ultrassonográfico: Corte ultrassonográfico: Corte sagital ao longo da linha medioclavicular direita. Corte subcostal oblíquo do quadrante superior direito do abdome. Órgãos: Corte sagital do quadrante superior direito elo abdome, ao longo elo plano paramediano. Fígado (9), rim (29), pulmão (47). Órgãos: Fígado (9), vesícula biliar (80). rim (29). Diagnóstico: Fígado (9), pulmão (47), diafragma (13). Achado significativo: Metástase hepática subcliafragrnática (56) com borda hipoecoica e efu ão pleural (69) . Achado significativo: Anormalidade heterogênea mal demarcada na borda hepática inferior. Diagnóstico diferencial: Diagnóstico: Hemangioma por causa da hiperecogenicidade, mas o halo demonstra o contrário. Hemangioma ~(61) com veia em drenagem (1 0). Colecistite com espessamento parietal acentuado (80). Diagnóstico diferencial: Diagnóstico diferencial: Metástase hi.perecoica, tumores hepáticos de outra origem. Envolvimento parasitário do figado ou da vesícula biliar, lama e conteúdo intestinal. Lesão intra-hepática ocupadora ele espaço, hiperecoica e parcialmente heterogênea. Órgãos: Diagnóstico: 112 Respostas dos Jogos para Autoavaliação Resposta à Fiig. 64.1 (Pergunta 6): Resposta à Fig. 64.2 (Pergunta 6): Resposta à Fig. 64.3 (Pergunta 7): Corte ultrassonográfico: Corte ultrassonográfico: Plano intercostal do flanco direito. Plano intercostal do flanco direito em posição de decúbito lateral esquerdo. Esta imagem radiográfica de uma uretrocistografia miccional foi obtida durante a micção (uretra = 152), com o paciente em posição levemente oblíqua para melhor visualização do ureter pré-vesical em caso de refluxo uretra!. A linha escura que se estende para cima a partir da bexiga urinária (38) representa o córtex do ílio obliquamente visualizado (112), projetado na cabeça femoral (153). Essa parte visualizada de um ílio normal não deverá ser confundida com um ureter cheio, retrógrado, como manifestação de refluxo. Órgãos: Fígado (9), rim (29), pulmão (47), intestino (46). Órgãos: Estruturas: Fígado (9), intestino (46) com sombra acústica posterior (45), rim (29). Diafragma (13), pelve renal (31). Estruturas: Achado significativo: Músculos abdominais oblíquos (4), polo renal superior (27), polo renal inferior (28). Lesão anecoica, esférica e nitidamente demarcada (64) no polo superior do rim direito, com intensificação sonora posterior (70). Achado significativo: Diagnóstico: Tumor hipoecoico (54) no parênquima renal (29) com efeito de ocupação de espaço e demarcação nítida. Cisto renal (64). Diagnóstico: Diagnóstico diferencial: Carcinoma de células renais. Tumor de glândula suprarrenal com componente cístico. Diagnóstico diferencial: Resposta à Fig. 64.4 (Pergunta 9): Resposta à Fig. 74.1 (Pergunta 5): Resposta à Fig. 92.1 (Pergunta 7): Corte ultrassonográfico: Corte ultrassonográfico: Corte alto do flanco esquerdo na posição de decúbito lateral direito. Órgãos: Linfoma renal, metástase, coluna hiperplásica de Bertini, cisto renal hemorrágico. I Corte ultrassonográfico: Corte transverso do quadrante superior direito do abdome em um lactente. Órgãos: Fígado (9), pâncreas (33). Achado significativo: Órgãos mal demarcados; grande tumor heterogêneo (54), em localização paravertebral à direita, com deslocamento anterior da artéria renal direita (24); suspeita de metástase nodal (55) entre a aorta (15) e a vértebra lombar (35). Diagnóstico: Nefroblastoma metastático (54). Diagnóstico diferencial: Neuroblastoma da cadeia simpática direita. Órgãos: Baço (37), pulmão (47), cólon (43), diafragma (13). Achado significativo: Várias lesões homogeneamente hiperecoicas (54) no parênquima esplênico, sem borda hiperecoica. Diagnóstico (achado raro): Múltiplos hemangiomas esplênicos. Diagnóstico diferencial: Metástases hiperecoicas, vasculite como parte de um quadro de lúpus eritematoso sistêmico, histiocitose X. Visão endovaginal do útero. Útero (39). Achado significativo: Endométrio (78) hiperecoico e heterogêneo com cerca de 18 mm de espessura em paciente na menopausa sem terapia hormonal (veja a pergunta). Diagnóstico: Suspeita de carcinoma endometrial; exame minucioso; D e C fracionadas e confirmação histológica. Respostas dos Jogos para Autoavaliação 113 Resposta à Pergunta da Página 42 Trata-se de artefatos de "intensificação sonora posterior" (70) e de "efeito de borda" (45) atrás da vesícula biliar (14). A Figura 39.3a mostra dois fluidos patológicos: 68 = ascite abaixo do diafragma. 69 = efusão pleural acima do diafragma. Fig.113 .1b Fig. 113 .1a Resposta à Pergunta sobre trato Gl Superior na Página 66 O meio de contraste (branco) está no fundo localizado posteriormente e no piloro/duodeno- resultado da gravidade. O corpo do estômago localizado anteriormente é avaliado facilmente com a ajuda da visualização de contraste duplo. Essa distribuição de meio de contraste indica que o paciente está em supino. Se o examinador quiser avaliar o fundo gástrico, o paciente deverá ser colocado em pé ou virado para o lado direito - de modo que o meio de contraste possa deixar o fundo. Para visualizar o bulbo duodenal, o paciente precisa ser girado sobre o lado esquerdo. Lembre-se de que o paciente precisa estar em jejum (NPO) para investigações de GI superior e que pode ser necessário paralisar a peristalse gástrica por meios farmacológicos (efeitos colaterais da metilescopolamina por via intravenosa) para que se obtenha um resultado confiável. Recomenda-se informar antecipadamente o paciente para tentar não arrotar e liberar o ar produzido pelo pó efervescente- como ele saberá se não for informado? Resposta à Pergunta da Página 81 A Figura 77.2b ilustra a orientação anatômica de imagens endovaginais. A borda direita da imagem é posterior. Portanto, o coágulo de sangue em gravitação posterior está na borda direita da imagem na Figura 81.3 . Resposta à Figura 105.1 (Pergunta 2): Corte Ultrassonográfico: Corte coronal intracerebral ao nível do forame interventricular do cérebro (forame de Monro) (144) Estruturas: Ventrículo lateral (103), 3° ventrículo (124), tálamo (129), sulcos cerebrais (133), plexo coroide (104), substância cinzenta (132), substância branca periventricular (131), corpo caloso (126), cabeça do núcleo caudado (138) Espaços de LCR: Espaço inter-hemisférico (146) < 6mm Largura sinocortical (147) < 3mm Largura craniocortical (148) < 4mm Largura do 3° ventrículo (124) <10mm <13mm Largura do ventrículo lateral (corno frontal) Fig. 113 .2 Variante normal: Cavum do septo pelúcido (128) 114 Modelo de Diagramas para Planos Padronizados Nas páginas com perguntas de autoavaliação lhe ofereci uma abordagem para memorizar a anatomia de cortes por meio de exercícios com desenhos. Como isso funciona? O esforço é surpreendentemente pequeno: baseia-se na ideia de desenhar e anotar planos padronizados específicos na memória (p. ex., na lanchonete, em um guardanapo durante o café da manhã , ou à noite , em qualquer pedaço de papel) com intervalos longos entre esses episódios. Não gaste mais de dois minutos nesse exercício! Corte sagital do AS paramediano esquerdo (AO) r.~'J 1. A seguir, preencha os espaços com a ajuda dos modelos de diagramas copiados desta página . Você só precisa carregar as cópias com você (no bolso do seu jaleco?). Só depois que esse exercício sair de sua memória recente( > 2 a 4 horas) você deverá fazer nova tentativa. Você ficará surpreso com o pequeno esforço necessário para dominar a anatomia dos cortes - desde que aborde essas tarefas com espírito de autoaperfeiçoamento. Boa sorte ... Corte sagital do AS paramediano direito (IVC) 2. ~~or~.'j Corte oblíquo parailíaco do AI Corte transverso do AS (tronco celíaco) Corte transverso do AS (cruzamento da veia renal) Corte oblíquo direito do AS (porta hepatis) I Por favor, marque os vasos e os órgãos (possivelmente com a ajuda das páginas anteriores) de um modo que você memorize mais facilmente . Modelo de Diagramas para Planos Padronizados 115 Naturalmente, esses diagramas representam situações idealizadas mostrando estruturas normalmente não encontradas nomesmo plano em um paciente real. Isso, porém, não importa. O que importa é a sua habilidade de encontrar, por exemplo, o pâncreas ou as origens da artéria renal em pacientes obesos com visibilidade ultrassonográfica limitada. A maioria dos pacientes é de aprendizes visuais- e muito provavelmente você também o será. Com o tempo, você irá adquirir um "modelo visual" dos achados esperados ( = achados normais) de cada plano padronizado e observará imediatamente qualquer desvio ("tem alguma coisa errada aqui"). Esse é o objetivo. Você ainda poderá adiantar-se adicionando os valores normais onde encontrar setas apontando em direções opostas (++ ) - dessa forma você memorizará também os valores normais. Nesta página acrescentamos um pequeno erro para o leitor avançado. Você pode identificá-lo? Corte oblíquo subcostal direito (veias hepáticas) 7. Corte longitudinal trans-hepático (rim direito) k·i S. ~wr ~~~ ---~\ Corte transverso do rim direito/IVC Corte alto do flanco esquerdo (baço) 10. Corte sagital mediano suprapúbico (bexiga urinária/útero) 11. Corte transverso suprapúbico (bexiga urinária/próstata) 12. 116 Iniciação em Ultrassonografia Ao se comunicar com colegas mais experientes, o "novato,. às vezes confunde-se ao decidir qual terminologia usar para descrever achados de maneira exata e eficiente. A revisão resumida a J\. seguir deverá ser útil até que você se torne mais familiarizado com os termos comuns. Descrição geral da morfologia ultrassonográfica de uma anormalidade: Plano de corte? Nomeie o plano de corte (veja o encarte frontal) A visualização da lesão está no plano longitudinal ou transverso? Tamanho? Mostrado em mm ou em. É importante para exames em série: Determinação de progressão ou de regressão, por exemplo, durante a terapia. Onde? Localização, lateralidade, posição em relação a outros órgãos e vasos, por exemplo, central, hilar ++ periférico, subcapsular, base parietal Número? Lesões possíveis: padrão isolado, múltiplo ou difuso Ecogenicidade? Anecoica (=fluido homogêneo), hipoecoica ou hiperecoica (possivelmente relativa às vizinhanças) Forma? Por exemplo, redonda, oval, esférica ++ estrelada, em cunha, geográfica, irregular, tortuosa Demarcação? Nítida (mais provavelmente benigna) ++ indistinta ( = evidência de infiltração, por exemplo, em inflamação ou malignidade) Textura do eco? Homogêneo ++ heterogêneo: granular fino ++ grosseiro; septado Se recente, também: deformidade elástica (em especial técnica da interrogação) Fenômeno acústico? Sombra acústica, efeito de borda, reflexão total, reforço acústico, artefatos de corte-espessura/espelho/lobo lateral, artefatos de reverberação Expansão? Deslocamento/infiltração de estruturas/vasos adjacentes? Cuidado: efeitos de ocupação de espaço também são possíveis com cistos benignos, portanto, não necessariamente equalizados à malignidade (=>aplicação, significado possível) Termos úteis, em ordem alfabética I Afilamento do córtex parenquimatoso (c> típico para parênquima renal danificado) Ampular (pelve extrarrenal) Variante de desenvolvimento da pelve renal (=> pode imitar obstrução) Anecoico Negro(=> fluidos homogêneos: sangue, urina, bile, conteúdo de cistos e efusão pericárdica/pleural) Arredondamento Compensação profunda Ajuste de ganho pela profundidade Concêntrico Organizado na área pericentral de um vaso (c> trombose, calcificação) Densidade Termo usado, às vezes, incorretamente: a ecogenicidade de um tecido vista na imagem ultrassonográfica tem pouco em comum com a densidade fisica Configuração alterada de um órgão (c> borda arredondada do figado na cirrose) Difuso Padrão de distribuição, por exemplo, de ecogenicidade aumentada Artefato Imagem não indicativa de estrutura real Dilatação Expansão convexa lisa/deslocamento de estruturas adjacentes (=> tumores) Artefato de espessura de corte Delineamento indistinto de uma parede de intestino vazia e côncava atingida obliquamente pelo feixe de ultrassom Dissecção Complicação de (c> aneurisma da aorta) Distinto Demarcação (c> critério benigno) Artefato de lobo lateral c> Ocorre em estruturas anecoicas, próximo a refletores potentes Ecogenicidade Padrão de ecogenicidade (c> FNH do figado) (c> septação em cistos equinocócicos) Brilho dos pixels (aumenta com o número de saltos de impedância) Ectasia Aspecto raiado Dilatação do lúmen da aorta abdominal ~ 2,5 a 3,0 em Cauda de cometa Artefato induzido atrás do ar pulmonar/intestinal Efeito de borda Fenômeno atrás da borda da vesícula biliar e cistos Céu estrelado Múltiplas lesões esplênicas hiperecoicas (p. ex., envolvimento do baço pela tuberculose) Em forma de cunha Ecogenicidade aumentada do parênquima (c> configuração típica de um infarto) Colar de pérolas c> Disposição das pirâmides medulares ao longo da junção córtex - cálice c> Dilatação do dueto pancreático na pancreatite Espessura da parede Achado ultrassonográfico (c> intestino ou vasos) Estenose Estreitamento de um vaso ou do intestino Iniciação em Ultrassonografia Excêntrico Base parietal assimétrica (c:> p. ex., localização intravascular de um trombo) Fenômeno da podação Alteração súbita no calibre das ramificações da veia porta (c:> cirrose) Fenômeno de abertura da íris Realce típico por contraste de hemangiomas hepáticos em TC dinâmica espiral Fenômeno do duplo cano Vizinhança imediata de duas estruturas ductais anecoicas no parênquima hepático (c:> dilatação de duetos biliares intra-hepáticos paralela aos ramos da veia porta) Fenômeno do jato Propulsão uretérica da urina na bexiga; em ultrassonografia com Doppler em cores: c:> aceleração do fluxo intra e pós-estenótico FNH Hiperplasia nodular focal do figado Focal Lesão focalmente confinada Ganho Amplificação de sinal recebido, usada para exibição de imagens Halo Borda hipoecoica de uma lesão (c:> típico de, p. ex., metástases hepáticas) Haustração Abaulamento localizado (delineamento típico do cólon) Heterogêneo Distribuição irregular ou textura do eco 117 Perifocal Borda ao redor de uma lesão Peristalse não propulsora Alternando peristalse para frente e para trás, por exemplo, do conteúdo do intestino Placa Zona calcificada hiperecoica ao longo das paredes vasculares Pneu mobilia Ar nos duetos biliares (c:> S/P papilotomia/abscesso) Predileção Local preferido de uma lesão/anormalidade Pseudocistos (c:> complicação da pancreatite) Quebra-nozes Fenômeno de compressão arterial da veia renal esquerda pela aorta e pela artéria mesentérica superior Rarefação Menos concentração regional de vasos (c:> cirrose) Razão L(f Diâmetro longitudinal dividido pelo diâmetro transverso (c:::>determinando aumento benigno ou maligno de linfonodo) Recortado Série de segmentos circulares semelhantes à couve-flor (c:> p. ex., configuração de tumor exofitico no estômago e na bexiga urinária) Reflexão total Sombra acústica escura atrás dos ossos e ar Hiperecoico Brilhante (p. ex., infiltração gordurosa do parênquima dos órgãos) Hipoecoico Escuro, poucos ecos (c:> músculos, gordura subcutânea, parênquima) Índice PP Índice parênquima-pelve (c:> avaliação dos rins) Indistinção Demarcação indistinta (c:> critério de infiltração em malignidade/inflamação) Infiltração Disseminação em estruturas vizinhas (c:> sinal de malignidade/inflamação) Inspiração forçada Manobra respiratória (c:> teste de colapso da veia cava) Kinking Torcido ou enrolado sobre si mesmo (c:> aneurisma da aorta) Lama Matéria ecogênica sedimentada na vesícula biliar Linha capsular Delineamento fino, hiperecoico do órgão (=> ausente na cirrose) Liquefação Geralmente anecoica (c:> p. ex., no centro de abscessos, metástases) LN Linfonodos Lobo de feixe sonoro Espessura limitada do feixe de som Multifocal Respeito A deferência aos vasos contradiz o crescimento infiltrativo (c:> critério benigno) Reverberação Ecos repetitivos (artefato) Roseta Fenômeno do alvo (c:> invaginação intestinal; DD: espessamento mural inflamatório do intestino) Salto de impedância lnterfase de indução de eco entre camadas de tecido de diferentes velocidades sonoras Semelhante à cauda de baleia Configuração típica do tronco celíaco em corte transverso Septado Espaços anecoicos ocos atravessados por linhas ecogênicas (c:> cistos, p. ex., tumores císticos do ovário; dissecção da aorta) Sinal de gordura do hilo Sinal de aumento nodal benigno Sinal do alvo Arranjo concêntrico com ecogenicidade alternada (c> p. ex., intussuscepção do intestino delgado) Stent Tubo implantado para aliviar uma estenose Vários focos em um órgão Teste de colapso da veia cava Manobra usando inspiração forçada (c:> em descompensação suspeita do coração direito) Necrose Hipoecoica, geralmente liquefação central (c:> abscesso, metástase) Trackball Dispositivo de controle do cursor na tela Nodular Padrão de distribuição na forma de nódulos Triangular Configuração típica de três cantos sugerindo infarto em órgãos Onda de pulso Unifásica (c:> artérias, p. ex., aorta) Truque da cortina Bifásica (c:> veias, p. ex., veia cava inferior) Instrução de respiração (c> para melhorar a visualização do baço) Zona focal Volume existente dentro da resolução vertical mais alta possível c:> artefato de espessura do corte Padrão emplumado Tiras paralelas (c:> características de músculos, p. ex., o músculo psoas) 118 Iniciação em Ultrassonografia A lista a seguir contém termos que são aplicáveis a certos sistemas orgânicos. Primeiro, é fornecida uma localização do sítio, seguida de alterações ultrassonográficas típicas com possível inferência quanto à anormalidade subjacente. Por fim, são apresentadas questões específicas relacionadas com o órgão. Esta seção tem a finalidade de servir como uma revisão curta e econômica. Fígado Termos Espaciais • Subdiafragmático, subcapsular ++ peri-hiIar, central; nomeia localização segmentar (não só lo bar), periportal, para-hepática, focal ++ difusa Morfologia Típica c? Diagnóstico Possível • Aumento difuso da ecogenicidade ~ Fígado gorduroso • Perda difusa de penetração do som com a profundidade ~ Fígado gorduroso • Diferenças de ecogenicidade com aspecto geográfico e nitidamente delineadas ao redor da fossa da vesícula biliar ou próximo à veia porta ~ Infiltração gordurosa focalmente aumentada ou reduzida • Lesões esféricas anecoicas e nitidamente delineadas com efeito de borda e reforço acústico posterior ~ Cistos benignos • Cisto com septação ~ Cisto equinocócico (envolvimento esplênico) • Lesões únicas ou múltiplas com borda hipoecoica (= halo) ~ Metástases • Lesão esférica hiperecoica e nitidamente delineada sem halo ~ Hemangioma • Fenômeno de duplo cano ao longo das veias do sistema porta ~ Duetos biliares intra-hepáticos dilatados • Lesões intraductais hiperecoicas e ovais com sombra acústica posterior ~ Cálculos biliares ou pneumobilia • Linha capsular ausente, vasos periféricos rarefeitos, bordas redondas do órgão e alteração súbita do calibre dos ramos portais ~ Cirrose (figado encolhido aparece mais tarde na doença) Questões Específicas • Esclarecimento de DO com investigação por imagens com harmônica e contraste e métodos elastográficos • TC espiral: estudo dinâmico com padrão de realce típico por contraste, diagnóstico de hemangioma: "fenômeno da íris". Vesícula Biliar Termos Espaciais • Endoluminal, base parietal, infundibular, fundo Morfologia Típica q Diagnóstico Possível • Espessamento hipoecoico, em multicamadas e edematoso da parede, possivelmente com "ascite" perifocal. ~ Colecistite aguda • Fenômeno de sedimentação intraluminal hiperecoica ~ Lama (DO: espessura do corte, reverberação e artefatos de lobo lateral) • Lesão hiperecoica, esférica a ovalada com sombra acústica posterior ~ Colecistolitíase • Espessamento focal da parede ou lesão hiperecoica aderente à parede sem sombra acústica posterior ~Pólipo Baço Termos Espaciais • Subdiafragmático; subcapsular ++ central, peri-hilar, periesplênico, paraesplênico Morfologia Típica ~ Diagnóstico Possível • Forma arredondada do órgão ~ Esplenomegalia com infecção vira!, linfoma ou hipertensão porta • Área triangular/em forma de cunha de ecogenicidade reduzida ~ Suspeita de infarto = > ultrassonografia com Doppler colorido • Heterogêneo Parênquima manchado ~ Suspeita de infiltração linfomatosa • Lesão paraesplênica arredondada e ocupadora de espaço com ecogenicidade idêntica à do baço ~ Baço acessório, LN • Descontinuidade hipoecoica do parênquima, semelhante a uma faixa, possivelmente com fluido hipoecoico subcapsular ~ Suspeita de ruptura esplênica (fluido abdominal livre?) Pâncreas Termos Espaciais • Cabeça, processo uncinado, corpo, cauda, disseminado, peripancreático, saco peritoneal menor. Morfologia Típica q Diagnóstico Possível • Aumento difuso em ecogenicidade ~ Lipomatose • Aumento edematoso hipoecoico com dor mediante pressão graduada do transdutor, possível detecção de fluido peripancreático anecoico ~ Pancreatite aguda • Atrofia do órgão com calcificações focais hiperecoicas com sombra acústica posterior, possível dilatação irregular do dueto pancreático ~ Pancreatite crônica • Espaços anecoicos, císticos na região pancreática ~ Pseudocisto (DO alça intestinal cheia de fluido) Questões Específicas • Possibilidade de visualização endossonográfica a partir do estômago Glândulas Suprarrenais Morfologia Típica ~ Diagnóstico Possível • Aumento hipoecoico, uni ou bilateral ~ Adenoma DO metástase Questões Específicas • Esclarecimento de DO por meio de TC espiral dinâmica (curva de wash-out de realce por contraste) Rins Termos Espaciais • (Para)pélvico, peri-hilar ++ subcapsular, parenquimatoso, cortical, pericapsular, polar, perirrenal, na junção PP, uni/bilateral; não esquecer lateralidade (marcador corpora\) Morfologia Típica q Diagnóstico Possível • Lesão homogênea, anecoica, redonda a oval e nitidamente demarcada com reforço sonoro posterior ~Cisto • Lesão homogênea, hiperecoica, nitidamente demarcada e esférica ~ Angiolipoma • Lesões em arranjo semelhante a colar de pérolas na junção PP, hipoecoicas e esféricas sem reforço acústico posterior ~ Pirâmides medulares fisiológicas • Baqueteamento hipoecoico/pelve proeminente ~ Obstrução urinária (DO cisto pélvico, pelve extrarrenal) • Córtex afinado com IPP< normal e tamanho renal < 1O em ~ Atrofia renal • Lesão heterogênea ocupadora de espaço com expansão ~ Suspeita de malignidade 119 Iniciação em Ultrassonografia • Área hiperecoica em forma de cunha no córtex ~ Suspeita de infarto Questões Específicas • Esclarecimento do DO com medição de densidade por TC espiral e padrão de perfusão à ultrassonografia com Doppler em cores • Rim ectópico, rim em ferradura • Artérias renais acessórias na impulsionada a partir do óstio ureteral por peristalse do ureter Questões Específicas • Clampeamento de qualquer cateter de demora para enchimento do lúmen, para avaliação adequada da parede da bexiga Vasos e Retroperitônio • Aumento da tireoide com áreas hipoecoicas indistintamente demarcadas dentro de ecogenicidade caso contrário normal ~ Tireoidite subaguda de Quervain Questões Específicas • Interpretação frequentemente junto com cintilografia e ultrassonografia com Doppler em cores Termos Espaciais Trato Gl Superior Termos Espaciais • lntraluminal, base parietal, para intestino declarar também o estado do quadrante abdominal Morfologia Típica ~ Diagnóstico Possível • Sinal do alvo (formação concêntrica com ecogenicidade alternada) ~ lnvaginação intestinal • Espessamento hipoecoico focal da parede com descontinuidade das camadas murais ~ Suspeita de malignidade DO linfoma: de preferência disseminado em vez de focal Questões Específicas • Visualização opcional da parede gástrica hipotônica com água como meio intraluminal anecoico • Possível endossonografia (parede gástrica e reta!) • Desencadeamento de peristalse por pressão alternante rápida no transdutor Bexiga Urinária Termos Espaciais • lntraluminal, base parietal, intra, extra e paravesical, soalho da bexiga, teto da bexiga Morfologia Típica q Diagnóstico Possível • Matéria gravitacional hiperecoica ~ Debris, hematoma • Espessamento difuso e hipoecoico da parede c:> Cistite • Espessamento focal da parede, possivelmente crescendo como projeção polipoide para o interior do lúmen ~ Suspeita de malignidade • Formação paravesical, esférica, anecoica e nitidamente marginada c:> Divertículo da bexiga • Linha esférica, intraluminal e hiperecoica c:> Balão do cateter de Foley (DO raro: ureterocele em crianças) • Heterogeneidade intraluminal linear de aparecimento súbito ~ Fenômeno do jato representando a uri- • Para-, retro, pré-aórtico ou cavai, interaortocaval, pré-vertebral, retrocrural, mesentérico, parailíaco, inguinal, cervical Morfologia Típica ~ Diagnóstico Possível • Matéria endoluminal de ecogenicidade variada ~ Trombo • Veia com trombose e diâmetro mais que o dobro daquele da artéria acompanhante ~ Indicativo de trombose aguda ( < 1O dias) • Lúmen dilatado da aorta contendo membrana hiperecoica ~ Aneurisma da aorta com dissecção • Estrutura ovoide hipoecoica próxima a um vaso ~Típica de linfonodo (LN) • LN ovoide (razão UT > 2) com sinal de gordura hilar ~ Critério benigno de LN • LN esférico (razão UT -1) com hipoecogenicidade homogênea sem sinal de gordura h i lar c:> Típico de linfoma (padrão de perfusão a ser determinado por ultrassonografia com Doppler em cores) c Check-List A terceira parte desta revisão compreende os check-lists, que não são repetidos aqui por economia de espaço. Essas listas estão relacionadas nos cartões de bolso ou nas seguintes páginas: Tópico Página Aneurisma 23 Descompensação do coração direito 25 Valores normais da porta hepatis 32 Hipertensão porta 33 Critério para cistos 39 Glândula Tireoide Critérios para cirrose 41 Termos Espaciais Valores renais normais, índice PP 47 Largura da pelve renal em recém-nascidos 54 Graus de refluxo em crianças 55 Valores normais para apêndice 69 Hidropisia fetal 88 Espaços de LCR em recém-nascidos 95 Hemorragia cerebral 98 Critérios para linfonodos benignos vs. malignos 104 Classificação de quadril de acordo com Graf 107 Questões Específicas • Com frequência, teremos informações complementares com ultrassonografia com Doppler em cores • Istmo, lobos (estado de lateralidade), subcapsular, polo superior ou inferior Morfologia Típica ~ Diagnóstico Possível • Lesões nodulares isoecoicas com borda hipoecoica c:> Típico de adenoma • Lesão anecoica cística, frequentemente multi focal ~ Transformação nodular induzida por deficiência de iodo • Lesões nodulares hipoecoicas ~ Suspeita de malignidade se não funcionantes na cintilografia ("fria") • Hipoecogenicidade difusa no parênquima normalmente mais hiperecoico c:> Tireoidite de Hashimoto I I 120 Índice 3D exibição em, 10 A Abdome superior, 27-29, 31 cortes transversos do , 27-29, 31 achados normais, 28 anatomia básica, 27 LNs,31 pancreatite , 29 Agenesia do corpo caloso, 97 Alteração(ões) hepáticas focais, 40 outras, 40 Anatomia cardíaca , 89 Aneurisma(s), 23 check-list para, 23 Ângulo lateral, 35 do tigado, 35 Aparelho de ultrassonografia, 8 especificação do, 8 Apêndice valores normais, 69 Apendicite, 67 Artefato(s), 16-18 de espessura de corte, 16 de lobo lateral, 18 imagem em espelho, 17 reforço acústico, 16 reverberação, 16 sombra acústica, 17 Articulação(ões) do quadril, 106, 109 FAST, 108, 109 medições de ângulo, 106 plano correto da imagem, 106 encontrar o, 106 posicionamento correto, 106 Ascite, 67 Atrofia cerebral, 99 renal, 51 8 Baço achados normais, 71 esplenomegalia difusa, 72 lesões focais, 73 tamanho do, 71 , 74 em pediatria, 74 técnica de exame, 71 truque da cortina, 71 Bexiga urinária, 59-61 achados normais, 59 cistite, 60 em pediatria, 61 sonda de demora, 60 volume da, 59 determinação do, 59 Biometria do segundo trimestre, 85 do terceiro trimestre, 85 no primeiro trimestre, 84 Sócio, 102 c CA (Circunferência Abdominal) , 85 Cabeça , 105 Cálculo(s) biliares, 44 Canal espinal , 100 Cateter(es) para diagnóstico, 15 ultrassonográfico, 15 Cavum do septo pelúcido, 97 CCN (Comprimento Cabeça-Nádega), 84 Cerebelo, 86 CF (Comprimento do Fêmur), 85 Cirrose complicações da, 41 critérios de, 41 check-list para, 41 Cistite, 60 em pediatria, 61 Cisto(s) do plexo coroide, 96 esplênicos, 73 no tigado, 39 critérios para, 39 check-Iist para, 39 no ovário, 81 renais, 48 Colecistite, 45 Colestase obstrutiva, 43 Colite, 70 Cólon, 70 Coluna vertebral, 87 anatomia da, 87 Composição espacial, 13 Compressão pulsada, 14 Condição(ões) hematológicas, 72 sistêmicas, 72 Cono~. 13 Contraste enema de, 68 realce por, 12 Coprostase, 70 Coração direito, 25 descompensação do, 25 check-Iist para, 25 Corpo caloso agenesia do, 97 Crânio neonatal, 93, I 00 achados normais, 93-96 atrofia cerebral, 99 canal espinal, 100 hemorragias, 98 hidrocefalia, 99, 100 variantes normais, 97 Crohn doença de, 67 o DBP (Diâmetro Biparietal), 85 DCC (Diâmetro da Cavidade Coriônica), 84 Descompensação do coração direito, 25 check-list para, 25 Desvio(s) cardíacos, 89 congênitos, 89 diagnóstico de, 89 Determinação do sexo, 83 Diarreia, 67 DIU (Dispositivo lntrauterino), 78 Diverticulite, 70 Doença de Crohn, 67 de Hirschsprung, 67 DSV (Diâmetro do Saco Vitelino). 84 Ducto(s) biliares, 43 colestase, 43 uracal, 61 E Eco(s) internos, 60 na bexiga urinária, 60 Ecogenicidade do pâncreas, 29 associada à idade, 29 do parênquima , 50 aumento difuso da, 50 em pediatria , 50 Ectasia aórtica , 23 Enema de contraste, 68 Epididimite, 76 Equipamento de ultrassonografia , 8, 9 operação do , 8 seleção de, 9 Escroto, 75 Espessamento da parede , 60 da bexiga urinária, 60 Espessura de corte , 16 artefatos de , 16 Espinha bífida, 87 Esplenomegalia difusa, 72 Estômago, 65 Estrela venosa , 36 hepática , 36 Extremidade(s) esqueleto, 91 malformações, 91 mãos, 91 pés,91 F Face técnica de inversão de, 11 Face, 88 FAST (Avaliação Focalizada de Trauma por Ultrassonografia) , 108, 109 Fígado , 46 alterações focais, 40 outras, 40 ângulo lateral, 35 carcinoma hepatocelular, 41 cirrose, 41 cistos, 39 estrela venosa hepática, 36 gorduroso, 37 hemangioma, 39 hipertensão porta , 33 infiltração gordurosa , 38 focal, 38 insuficiência cardíaca direita, 36 LNs,33 metástases , 42 parasitas, 39 tamanho do órgão , 35 variantes normais , 37 Fluido livre , 60 no abdome , 60 121 Índice Formação das imagens, 6 Frequência(s) de ondas de som, 7 Fundamento(s) técnicos, 18 teste para, 18 G GE (Gestação Ectópica), 82 Gestação(ões} múltipla(s}, 83 Glândula suprarrenal, 57 tumores da, 57 em pediatria , 58 tireoide, 101-103 achados normais, I OI anatomia, 101 volumetria. 1O1, 103 casos patológicos, 102, 103 Gordura deposição de, 38 aumento focal de, 38 redução focal de, 38 Gravidez teste de, 82 H Hemangioma(s) hepáticos, 39 Hematoma(s) esplênicos, 73 na bexiga urinária, 61 em pediatria, 61 Hemorragia(s} cerebral, 98 do neonato, 98 achados ultrassonográficos , 98 classificação , 98 fisiopatologia, 98 Hérnia(s) inguinal , 76 no intestino delgado, 67 umbilical, 90 Hidrocefalia, 99 válvula na, 100 sistema de shunt com, I 00 verificação do, 100 Hidrocele, 76 Hidropisia fetal, 88 check-Jist para , 88 Hipertensão porta, 33 check-Jist para, 33 Hipertrofia do piloro , 65 prostática, 75 Hirschsprung doença de, 67 lmagem(ns) em espelho, 17 formação das, 6 harmônica, li secundária, 12 investigação por, 10-13 , 66 do TGI superior, 66 modalidades alternativas de, 66 novas técnicas de, 10-13 orientação da, 77 na ultrassonografia endovaginal, 77 lnfarto(s) esplênicos, 73 renais, 56 lnfertilidade terapia para , 81 Infiltração gordurosa focal, 38 no figado, 38 linfomatosa, 58, 73 do baço, 73 dos rins , 58 Inflamação dos rins , 51 Insuficiência cardíaca, 36 direita, 36 Intestino delgado, 67 lntussuscepção, 68 Investigação do TGI superior, 66 por imagens , 66 modalidades alternativas de, 66 panorâmica , 1O jogo(s} para autoavaliação, 26, 34, 46, 64, 74, 92, 105 respostas, 110-113 L LCR (Líquido Cefalorraquidiano) espaços do, 86, 96 no recém-nascido, 96 Lesão(ões} focais, 73 baço, 73 hiperecoicas, 73 Linfocele, 63 LN (Linfonodo} no abdome superior, 31 no fígado, 35 retroperitoneais, 24 aumentados, 24 designação diagnóstica de, 24 Lobo lateral, 18 artefato de, 18 M Malformação(ões) cerebelo, 86 coluna vertebral, 87 coração, 89 espaços do LCR, 86 extremidades, 91 esqueleto, 91 mãos, 91 pés, 91 face, 88 hidropisia fetal, 88 rins, 90 TGI, 90 translucência da nuca, 88 vasos, 89 Mão(s) malformações das, 91 Metástase(s) dos rins, 58 hepáticas, 42 N Nefrite, 51 Nefroblastoma, 58 Nefrocalcinose, 50 Nódulo(s} focais, 103 sólidos, 103 Nuca translucência da, 88 o Obstrução urinária, 52-55, 63 diagnóstico diferencial , 53 e refluxo , 54, 55 em pediatria, 54, 55 possíveis sequelas de, 55 Onda(s) de som frequências, 7 produção, 7 Onfalocele, 90 Organometria, 74 Órgão(s) reprodutivos, 75-77, 92 femininos, 77 masculinos , 75, 76 Orientação espacial, 19 Orquite, 76 Ovário(s} achados normais, 80 fases do ciclo , 80 volumetria , 80 cistos, 81 tumores, 81 p Pâncreas ecogenicidade do, 29 associada à idade, 29 outros casos, 30 Pancreatite aguda,29 crônica, 29 Parasita(s) no figado, 39 Parede da bexiga urinária, 60 espessamento da , 60 Pé(s) malformações dos, 91 torto , 91 Pediatria articulações do quadril, 106-109 bexiga urinária em, 61 obstrução urinária em, 54, 55 e refluxo, 54, 55 parênquima renal em, 50 alterações do, 50 rins em, 49 sistema coletor em, 49 tamanho do baço em, 74 tumores em, 58 da glândula suprarrenal, 58 dos rins, 58 benignos. 58 Pelve renal, 54 largura da, 54 em recém-nascidos, 54 Pescoço, 1OS LN, 104 benignos , 104 versus malignos, 104 Piloro hipertrofia do, 65 Placenta posição da, 83 Plano(s) padronizado(s) modelo de diagramas para, 114, 115 Plexo coroide, 96 cistos do, 96 Pneumobilia , 40 Pólipo(s) na veíscula biliar, 44 122 Índice Porta hepatís, 20 achados normais, 32 visualização da, 20 Principiante dicas para, 19, 20 truques práticos para, 19, 20 Princípio(s) fisicos. 6-9 técnicas , 6-9 Produção de ondas de som, 7 Próstata, 75 Q Quadril articulações do, 106-109 FAST, 108, 109 medições de ângulo, 106 plano correto da imagem , 106 encontrar o, 106 posicionamento correto, 106 infantil, 107 classificação de Graf, 107 sinovite transitória do, 107 R Realce por contraste, 12 tecnologia de. 1O vascular, 1O Recém-nascido(s) espaços de LCR no. 96 pelve renal em, 54 largura da. 54 prematuros, 97 rins nos, 49 variantes típicas, 49 Refluxo em crianças, 55 graus de, 55 gastroesofágico, 66 obstrução urinária e, 54, 55 em pediatria, 54, 55 Reforço acústico, 16 Resíduo pós-miccional, 59 medição do , 59 Respiração adequada,20 instruções de, 20 relevância das , 20 Retroperitônio inferior, 21,22 achados normais. 21. 22 outros casos clínicos, 25 Reverberação , 16 Rim(ns), 64 achados normais , 47 atrofia, 51 cálculos, 56 cistos, 48 em pediatria, 49, 53 achados normais, 49 valores normais dos, 53 infarto, 56 inflamação, 51 malformações, 90 obstrução urinária, 52, 53 diagnóstico diferencial, 53 tumores, 57, 58 em pediatria, 58 variantes normais, 48 s Sedimentação(ões) na bexiga urinária, 60 Sexo determinação do, 83 SíeScape®, I O Sinal de precisão, 14 taxa de amostragem do, 14 aumento da, 14 Sinovite do quadril, 107 transitória, 107 Sistema coletor, 49 em pediatria, 49 achados normais, 49 de shunt, 100 com válvula na hidrocefalia , 100 verificação do, 100 Sombra acústica, 17 Sonda de demora, 60 T Taxa de amostragem do sinal de precisão, 14 aumento da, 14 TC (Tomografia Computadorizada) , 66 Teste de gravidez, 82 para fundamentos técnicos, 18 Testículo(s), 75 não descido, 76 TGI (Trato Gastrointestinal) em crianças, 68 inferior, 70 cólon, 70 malformações, 90 superior, 65-67, 69 apendicite, 67 diarreia, 67 doença de Hirschsprung, 67 estômago, 65, 66 hipertrofia do piloro, 65, 66 intestino delgado, 67 investigação do, 66 por imagens, 66 Tireoide volume da, I 03 valores normais do, 103 Tireoidite, 103 Transdutor(es) tipos de , 9 Translucência da nuca, 88 Transplante renal, 62 achados normais, 62 aparência normal dos. 62 complicações, 63 rejeição, 62 detecção precoce de, 62 Triagem fetal ultrassom diagnóstico em, 82 segurança do, 82 Tumor(es) da glândula suprarrenal, 57, 58 em pediatria , 58 do ovário , 81 dos rins, 57, 58 benignos, 57, 58 em pediatria, 58 malignos, 57 do útero , 79 gástricos, 66 u Ultrassom diagnóstico , 82 em triagem fetal, 82 segurança do, 82 Ultrassonografia aparelho de , 8 especificação do, 8 endovaginal , 77 orientação da imagem, 77 equipamento de, 8 operação do, 8 indicação em , 116-119 Ureterocele em pediatria, 61 Uretrocistografia miccional , 55 Útero achados normais, 78 tumores do, 79 v Valor(es) normal(is) para cuidados pré-natais., 123 tabela de, 123 Vesícula , 46 biliar, 35, 44 colecistite , 45 pólipos, 44 Visualização da porta hepatís, 20 Índice Modelo de Relatório de Ultrassom Normal 123 O texto a seguir deverá servir como orientação para um relatório de ultrassonografia normal: Modelo de relatório normal para o paciente - - - - - - - - - - Data de nascimento _ _ _ _ _ _ __ O exame foi realizado com/sem realce por contraste com um transdutor de _ _ MHz/com as seguintes técnicas complementares: THI/CHI/Sono(T® - - Retroperitônio: Retroperitônio foi bem visualizado, sem evidência de linfadenopatia ou de outras lesões patológicas expansivas. Aorta e a veia cava inferior dentro da normalidade. Pâncreas: Pâncreas com parênquima homogêneo, sem evidência de lesões focais ou de inflamação. O tamanho do órgão está dentro da faixa normal/aumentado, com a cabeça medindo _ _ em, corpo _ _ em e cauda _ _ em. Dueto pancreático normal medindo _ _ mm de diâmetro/não visualizado/ (Eliminar as afirmações não aplicáveis). Fígado: Fígado de tamanho e configuração normais exibindo superffcie lisa. Parênquima com ecogenicidade homogênea normal sem evidência de lesões expansivas. Duetos biliares e vasos intra-hepáticos com aparência normal. Vesícula Biliar/Duetos Biliares: Vesícula biliar de tamanho e configuração normais sem evidência de espessamento parietal inflamatório, cálculos ou lama. Os duetos biliares não mostram dilatação. O dueto biliar distai comum é bem/parcialmente visualizado para - - - - - Glândulas Suprarrenais: Ambas as glândulas suprarrenais dentro da normalidade, sem evidência de massa. Rins: Ambos os rins com boa visualização, mostrando mobilidade respiratória e tamanho normais; o rim direito mede _ _ em, e o esquerdo _ _ em de extensão. Parênquima homogêneo e com largura bilateral dentro da normalidade, com índice PP de à direita e ___ à esquerda. Não há evidência de calcificações, hidronefrose ou lesões ocupadoras de espaço. Baço: Baço de tamanho normal para a idade do paciente, medindo _ _ em de extensão e _ _ em de largura, exibindo parênquima homogêneo. Ausência de evidência ultrassonográfica de lesões focais. A aplicação de revela - - Cavidade Peritoneal: I Sem evidência de fluido livre. Trato Gastrointestinal: Espessura da parede gástrica dentro da normalidade, medindo go , intestino delgado ou cólon. Foi observada peristalse normal. mm. Sem evidência de espessamento parietal focal do estôma- Bexiga Urinária: Parede suavemente delineada e de largura normal medindo evidência de cálculos, divertículos ou ureterocele. mm. Volume normal de resíduo pós-miccional de _ _ mL. Sem Órgãos Reprodutivos: O útero normal para a idade da paciente, medindo _ _ x _ _ em. Endométrio medindo _ _ mm de largura quando se medem as duas camadas juntas. Não há evidência de retenção de secreção ou de lesões focais. Não há evidência de fluido livre no fundo de saco. Ovários são bem visualizados/não visualizados à (direita/esquerda) e com tamanho dentro da normalidade, com o ovário direito medindo _ _ x _ _ em e o esquerdo _ _ x _ _ em. A próstata é homogênea e de tamanho normal, medindo _ _ x _ _ x _ _ em. Não há evidência de lesões focais ou calcificações. Vesículas seminais dentro da normalidade. Conclusão: Exame normal do abdome e do retroperitônio. (Não se esqueça de tratar da questão clínica; elimine as afirmações não aplicáveis). Observações: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ 124 Agradecimentos A realização desta sexta edição atualizada e ampliada não teria sido possível sem o apoio dos vários colaboradores. Mais de 10.000 estudantes, vários leitores e 100 professores têm contribuído, desde 1991, por meio de avaliações sistemáticas com as suas opiniões e sugestões construtivas para melhorar e aperfeiçoar continuamente este livro. A todos faço os meus sinceros agradecimentos. Em particular, gostaria de destacar as seguintes pessoas e instituições: Sou muito agradecido a Sra. lnger Wollziefer pela excelente execução gráfica dos novos desenhos, pelo /ayout do livro e pelo acompanhamento da produção. Sou grato ao Ministério da Ciência, na Renânia do Norte-Vestfália, sobretudo pelo Programa de "Qualitat der Lehre" e "Studienreform 2000 Plus" e pelo meu projeto-piloto "Medizindidaktisches", primeiramente chamado de "Leuchtturmprojek", pelos vários anos de apoio, que, mais tarde, me possibilitou uma formação didática, nas Universidades de Maastricht, Stanford, Harvard etc. A Sra. Wollziefer, o Dr. Neuberger e a Sra. Tochtermann da Editora Georg Thieme e da Gráfica Steinmeier contribuíram decisivamente para este projeto, pois a produção do livro transcorreu de forma harmoniosa e eficiente. Registro o meu muito obrigado por alguns exemplos de imagens que ilustram a importância de novas técnicas ou o apoio nas questões técnicas básicas: Aloka Deutschland GmbH, Siemens Health Care, Dr. Simm, W. Krzos e os colegas Dr. C.E Dietrich e Dr. D. Becker. A Dr. Tatjana Reihs contribuiu com a maioria dos exemplos de imagens de ginecologia e obstetrícia. I Agradeço pelo apoio do Professor Dr. Modder e do Professor Hartwig, sem os quais não teria sido possível a realização da obra, além da rotina diária de trabalho. O Professor Kemperdick aconselhou-me de forma competente nas questões relacionadas com a radiologia infantil. Homenageio a minha esposa Stefanie, Anna Falkowski e o Dr. Hoffmann por sua revisão crítica, além de ideias criativas. Agradeço a nossas duas filhas , Joana e Leah , pela imensa alegria que elas trazem para nossa vida cotidiana e, com isso, a energia para empreendimentos como este. As duas são apresentadas neste livro (a única pergunta é: onde?). Finalmente, gostaria de agradecer a todos(as) os (as) médicos(as) ultrassonografistas da nossa especialidade, por sua disponibilidade para treinamento intensivo e por sua contribuição indispensável para o sucesso do projeto inteiro. Neste momento, estas pessoas incluem: Dr. Nadine Abanador, jonathan Brück, Anna Falkowski, Dr. Lars Galonska, Dr. Arndt Giese, Ira Gabo r, Dr. RolfHanrath, Dr. Lars Kamper, Drs. Alexander e Sebastian Pohle, jennifer Reipen, Dr. Alexander Rosen, Dr. Ralf Rulands, Dr. Stefan Schmidt, Mirja Seisser, Miriam Steiner, Christiane von Saas, Maren Totzauer, Richard Truse, Kathrin Warmus e Esther Zipperer. Matthias Hofer, M.D., MPH Diagnostic Radiologist Director Medicai Education Pilot Project Institutes o f Diagnostic Radiology and Anatomy 11 Heinrich-Heine University Duesseldorf, Germany