Mercados Financeiros: Comportamento Irracional dos Mercados Baseado em: Robert J. Shiller – Irrational Exuberance UC: Economia Comportamental Docente: Ana Cristina Costa Discentes: Afonso Cunha, Francisco Grego, Manuel Clemente, Pedro Dionísio e Rodrigo Mar 1. Os Mercados Financeiros 1. Os Mercados Financeiros O que são? Espaços físicos ou virtuais onde se negoceiam instrumentos financeiros, tais como ações, obrigações, moedas, derivados e outros ativos financeiros. Empresas Mercados Financeiros Investidores Governos 1. Os Mercados Financeiros Importância dos Mercados Financeiros Alocação Eficiente de Recursos Liquidez Diversificação de Riscos Inovação e Crescimento Estabilidade Económica Decisões Pessoais de Investimento 2. Comportamento Irracional dos Mercados Financeiros 1. Comportamento Irracional dos Mercados Financeiros Mercados Racionais Efficient Markets Hypothesis (EMH) – Eugene Fama, os mercados são eficientes e racionais devido a: Disseminação rápida das informações; - Informação instantânea Agentes racionais; - Coletividade de decisões racionais Arbitragem; - Preços alinhados com as informações disponíveis 2. Comportamento Irracional dos Mercados Financeiros Fatores que ancoram o Mercado I. O que determina o nível do Mercado num determinado dia? II. O que fundamenta o Mercado? III.O que limita a reação das variações de preços a outras variações que amplificam os movimentos especulativos? IV. Porque é que o Mercado se mantém dentro de determinados valores durante vários dias e depois quebra inesperadamente? 2. Comportamento Irracional dos Mercados Financeiros Psicologia dos Investidores A teoria económica presume que os investidores são racionais, mas a realidade é mais complexa. As tomadas de decisão no mercado financeiro não dependem inteiramente do Mercado ou do funcionamento da estratégia, a maioria dos investidores também é afetada por aspetos subjetivos. Há padrões de comportamento humano que sugerem âncoras no Mercado, que não seriam expectáveis se este funcionasse de uma forma inteiramente racional. 2.1. Âncoras Psicológicas 2.1. Âncoras Psicológicas Âncoras Quantitativas - Indicações numéricas sobre o nível apropriado do mercado, por onde os indivíduos acabam por se guiar para perceberem se os ativos estão sobre ou subvalorizados e consequentemente se é uma boa altura para os comprar. • Preço mais recente • Preços antigos • Milestone mais próxima de um index prominente ex. Dow • Valor redondo mais próximo Experiência “Roda da Sorte” de Amos Tversky e Daniel Kahneman 2.1. Âncoras Psicológicas Âncoras Quantitativas Exemplo Vamos ter em conta duas ações de empresas diferentes: - Ação da empresa X: o Preço de compra inicial: 100 € por ação o Preço atual: 150 € por ação - Ação da empresa Y: o Preço de compra inicial: 200 € por ação o Preço atual: 150 € por ação 100€ 200€ 2.1. Âncoras Psicológicas Âncoras Morais Robert J. Shiller aborda o conceito de âncoras morais, destacando-o como um elemento crucial na avaliação entre o impulso emocional ou intuitivo para manter ações e a urgência de gastar a riqueza simbolizada por esses investimentos. Exemplo extremo: se a psicologia do mercado elevasse o valor das ações ao ponto em que a maioria dos detentores se tornassem multimilionários (no papel), isso encorajaria à venda de ações para usufruir dessa riqueza, o que, por sua vez, reduziria os preços das ações devido à falta de compradores e à incompatibilidade com o rendimento nacional. O mercado pode atingir níveis elevados apenas quando as pessoas pensam que têm boas razões para não o testar ao tentarem desfrutar da sua nova riqueza. 2.1. Âncoras Psicológicas Âncoras Morais Subjacente a esta noção de âncora moral está o princípio psicológico de que grande parte do pensamento humano que resulta em ação não é quantitativo, mas assume antes a forma de storytelling e justificação. Os psicólogos Nancy Pennington e Reid Hastie mostraram a importância de histórias nas tomadas de decisão ao estudarem a forma como o júri chega a uma decisão difícil, preferindo narrativas coerentes a resumos quantitativos das evidências. Aqueles que vendem ações tendem a contar uma história, focando-se muitas vezes na história da empresa, na natureza do produto e a forma como o público usa o mesmo, em detrimento de dados quantitativos. 2.1. Âncoras Psicológicas Âncoras Morais Motivos éticos e sociais também afetam a tomada de decisão, e a decisão entre a venda e não venda de uma ação ou de um investimento, pode ser baseada no nosso senso de responsabilidade financeira, e até mesmo de superioridade moral. Esta mensagem é bem representada na obra "The Millionaire Next Door", onde é sublinhado a superioridade moral vista em acumular riqueza por meio de poupança e investimento, em oposição ao consumo ostentoso. O livro foca-se em investidores milionários que não testaram o mercado ao tentarem vender os ativos financeiros para usufruir da riqueza associada aos mesmos, este tipo de âncora moral é necessária para manter o "bull market ". 3. Excesso de Confiança e Julgamento Intuitivo 3. Excesso de Confiança e Julgamento Intuitivo Tendência humana para o excesso de confiança As pessoas pensam que sabem mais do que realmente sabem. - Os psicólogos Baruch Fischhof, Paul Slovic e Sarah Lichtenstein, demonstraram que as demonstraram que as pessoas quando questionadas sobre perguntas factuais, sobrestimam factuais, sobrestimam o seu conhecimento. Na prática, quando afirmaram que tinham a afirmaram que tinham a certeza da resposta só estavam certas 80% das vezes. vezes. - Algumas teorias sugerem que as pessoas avaliam a probabilidade de estarem certas em estarem certas em função do último passo do seu raciocínio, ignorando elementos anteriores ignorando elementos anteriores que poderão estar errados. 3. Excesso de Confiança e Julgamento Intuitivo Viés de Retrospetiva, Heurística da Representatividade e Pensamento Mágico Viés de Retrospetiva: tendência dos investidores e analistas de acreditarem, após um evento ocorrer, que eles poderiam ter previsto ou antecipado esse evento com precisão antes de ele acontecer. Este viés pode levar a uma perceção distorcida da previsibilidade e da capacidade de controlo sobre os mercados financeiros. Heurística da Representatividade: é um atalho cognitivo em investidores e analistas avaliam a probabilidade de ocorrência de um evento ou a validade de uma hipótese pela sua conformidade ou semelhança com um padrão ou modelo já conhecido. Pensamento Mágico: refere-se à crença de que certos rituais, símbolos, ou ações específicas, que não têm uma base lógica ou científica, podem influenciar os resultados dos investimentos ou prever as direções do mercado. 3. Excesso de Confiança e Julgamento Intuitivo Influência nos Mercados Especulativos O excesso de confiança quando combinado com o pensamento mágico e outros vieses cognitivos. Levam os investidores a participarem em negociações especulativas com maior frequência do que seria justificável pela realidade objetiva, contribuindo para o aumento do volume de comércio e para a volatilidade do mercado. A dinâmica especulativa é reforçada pelo “rebanho” de investidores que seguem a multidão. Tornam os mercados suscetíveis a correções abruptas quando a economia subjacente eventualmente se impõe. O ciclo gerado de euforia e pânico é um catalisador de bolhas especulativas e os seus subsequentes estouros. 3. Excesso de Confiança e Julgamento Intuitivo Desafios na Previsibilidade do Mercado A crença na previsibilidade do mercado, apesar de amplas evidências em contrário, é outro aspeto notável da psicologia do mercado afetado pelo excesso de confiança. Um otimismo infundado é particularmente evidente em momentos de extrema volatilidade, como foi observado após o crash do mercado em 19 de outubro de 1987, quando uma proporção significativa de investidores acreditava saber quando ocorreria uma recuperação do mercado, baseandose mais em "intuição" e "sentimento" do que em análises rigorosas. Entender que o excesso de confiança e o pensamento mágico podem distorcer a perceção da realidade do mercado pode ajudar a mitigar alguns dos riscos associados à especulação financeira e a tomar decisões de investimento mais fundamentadas e estratégicas. 4. A Fragilidade das Âncoras 4. Fragilidade das Âncoras Dificuldade em pensar no futuro As âncoras psicológicas estabilizam o mercado diariamente, mas podem ocasionalmente falhar, levando a mudanças, por vezes drásticas. - Raciocínio não Consequencialista: Descrito por Shafir e Tversky, é a incapacidade de prever e pensar adiante sobre decisões futuras e suas consequências hipotéticas. Esse tipo de raciocínio impede as pessoas de tomar decisões antes que os eventos ocorram. - Exemplo da decisão de férias dos estudantes. - Os efeitos das notícias nos mercado financeiros têm, por vezes, mais a ver com a descoberta de como nos sentimos em relação às notícias do que com qualquer reação As lógica às descobrem mesmas. aspetos sobre elas mesmas, sobre pessoas Imprevisibili dade as suas emoções e inclinações, apenas depois das alterações de preço ocorrerem. 5. Aplicação dos insights 5. Aplicação dos insights Crise Económica de 2009 A crise de 2009, conhecida como Grande Recessão, foi desencadeada pelo colapso do mercado imobiliário dos EUA e pela crise dos empréstimos hipotecários subprime em 2007-2008. Levou à falência de instituições financeiras significativas, resultando em uma profunda recessão global. Âncoras Quantitativas Âncoras Morais Excesso de Confiança •Basearam-se em preços históricos de ativos e índices de avaliação para justificar o aumento contínuo dos preços dos imóveis e outros ativos •As pessoas usaram âncoras numéricas para fazer julgamentos e previsões, assumindo implicitamente que os padrões passados continuariam no futuro. •Práticas de empréstimo e investimento justificadas por promoverem o acesso à propriedade e cresc. Económico •Desconexão entre essas justificações morais e as consequências reais •Durante o boom imobiliário os investidores exibiram um excesso de confiança em gerir riscos. •A superestimação levou a um acumular insustentável de dívida e a investimentos em instrumentos financeiros complexo, sem uma compreensão adequada dos mesmos 5. Aplicação dos insights Dot.com Bubble A dot.com bubble foi uma elevada atividade especulativa a partir de 1995 até início de março de 2000, caracterizada pelo rápido crescimento das empresas com base na Internet. O investimento nestas empresas sem a preocupação com métodos de avaliação como a receita ou os lucros, fizeram com que os preços das ações aumentassem rapidamente para níveis insustentáveis. Quando muitas destas empresas não cumpriram as suas promessas, a bolha rebentou provocando a quebra do mercado e perdas generalizadas para os investidores. Âncoras Quantitativas Âncoras Morais Aversão ao risco •Basearam-se no rácio P/E e taxas de crescimento que foram vistas anteriormente no mercado, isto porque através dos métodos tradicionais de avaliação tiveram um valor elevado •Os investidores então utilizaram apenas esta avaliação e o rácio para prever que no futuro só ia melhorar •os investidores acreditaram que pelo surgimento da "nova economia" a avaliação do valor das ações iria ser diferentes e assim estavam à espera de grandes lucros, basearam a decisão na esperança de um outcome positivo •Expectativa de grande crescimento do mercado •Devido ao ser humano dar mais significância ás perdas, os investidores tinham receio de perder lucros com ações ligadas à internet, assim tinham receio de vende-las •Por causa desta aversão ao risco os investidores prolongaram e pioraram a sua situação 5. Aplicação dos insights NFT´s Os Tokens Não-Fungíveis (NFTs) são ativos digitais únicos representados e armazenados numa blockchain. Ao contrário das criptomoedas como o Bitcoin ou Ethereum, que são fungíveis e intercambiáveis, cada NFT é distinto e não pode ser replicado ou substituído. Os NFTs podem representar vários tipos de conteúdo digital, incluindo arte, música, vídeos, colecionáveis, imóveis virtuais e itens de jogos. Âncoras Quantitativas •Preços de venda anteriores de NFTs similares ou notáveis. •Ajustamento de expetativas e preços sem considerar adequadamente a singularidade ou o valor intrínseco do ativo digital em questão. Âncoras Morais •Forma de apoiar artistas e criadores diretamente, sem intermediários, o que alinha com uma visão moral de justiça e equidade no ecossistema da arte e da criação digital. •Compras a preços elevados pelo desejo de participar de um sistema que entendem como mais justo ou revolucionário. Excesso de Confiança •Crença em venda futura por valores mais elevados e procura crescente contínua. •Ignoram riscos associados a um ativo volátil. •Muitos investidores entraram sem entender a complexidade e as motivações por trás da dinâmica do mercado 5. Aplicação dos insights NFT´s 6. Conclusão