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Apontamentos cervicalgia cronica

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segunda-feira, 19 de dezembro de 2022
TESE
Documento para ética
A cervicalgia (dor no pescoço) é uma patologia multifactorial e um problema comum na
sociedade moderno. Os custos económicos associados a esta patologia são bastante
elevados, tanto nos gastos em serviços de saúde como na diminuição de produtividade no
trabalho. Em 2017, a prevalência global padronizada por idade e a taxa de incidência de
cervicalgia foram de 3.551,1 e 806,6 por 100.000, respectivamente. Em 2017, Portugal
situa-se nos países da Europa Ocidental com maior prevalência global padronizada de
cervicalgia por 100.000 habitantes.
Não existe um tratamento de nitivo para dor no pescoço, embora, diferentes tratamentos
farmacológicos e não farmacológicos tenham sido recomendados.
A cervicalgia constitui um problema bastante comum atualmente. Afeta cerca de 50% de
toda a população e é mais predominante no sexo feminino. Está classi cada como a
quarta condição mais debilitante e vivida com mais anos; logo, constitui um grande gasto
económico devido ao extenso período em que a doença é vivida e o uso excessivo dos
serviços de saúde.
A cervicalgia idiopática, mecânica ou inespecí ca requer um diagnóstico correto
para uma abordagem de tratamento e caz. A evidência demonstra que os sistemas
gastrointestinal, biliar ou hepático podem evocar uma dor referida no quadrante superior
do corpo, incluindo a cervical. A discriminação entre dor visceral e somática não é sempre
evidente, e se não diagnosticada, pode levar a procedimentos de diagnóstico extensivos e
tratamento ine caz.
A regra da nocicepção visceral é que a dor é referida nos tecidos somáticos, sendo
sentida num local diferente da víscera afetada. Dor referida visceral ocorre, como uma
hiperalgesia secundária, em áreas somáticas conectadas com os orgãos afectados. A
sobreposição de informação aferente somática e visceral num trajeto neural partilhado
pode ser mal interpretada, ou seja, como periférica, espinhal, ou níveis supraespinhais.
Desordens viscerais podem despoletar sensibilidade referida alterada, hiperalgesia ou
alodinia.
88% de pacientes que realizam colonoscopia e tem lesão do ângulo esplénico têm queixas
ao nível dos dermátomos de c3-c4 devido à irritação do diafragma e distensão da cápsula
esplénica. Isto também acontece quando os pacientes são sujeitos a uma intervenção
percutânea que inserem uma bainha na veia hepática direita ou média na biópsia hepática.
Também pode ser causada por condições como hérnias do hiato ou re uxo
gastroesofágico.
Uma desordem visceral primária pode ser acompanhada por hiperalgesia da área
afetada, e é, muitas vezes, associada a uma contração muscular mantida. Pode ser, ainda,
extensível aos tecidos subcutâneos quando uma desordem visceral é persistente. Ainda
mais, o aumento da tonicidade muscular pode explicar os sintomas mecânicos que levam,
a longo prazo, à presença de trigger points miofasciais e síndrome de dor miofascial.
Dor visceral pode evocar muitos sintomas diferentes cervicais, incluindo espasmos
musculares em adição à dor, e quando mantida, pode ajudar desenvolver uma sensitização
central e alterações corticais.
O nervo frénico tem origem nas raizes de c3, c4 e c5 e atravessa o pescoço e
mediastino até chegar ao diafragma. Contém bras motoras, sensitivas e simpáticas.
Fornece a inervação motora do diafragma e sensibilidade do tendão central do diafragma.
O nervo frénico também fornece sensibilidade nociceptiva da pleura mediastinal, pericárdio
e peritoneu. O nervo frénico recebe estímulos da cápsula de glisson, ligamentos hepáticos,
porção tendinosa do diafragma, cápsula esplénica e pericárdio.
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A cervicalgia é uma patologia multifactorial e um problema comum na sociedade
moderno. Os custos económicos associados a esta patologia são bastante elevados, tanto
nos gastos em serviços de saúde como na diminuição de produtividade no trabalho
(Kazeminasab, S. Et al, 2022).
A possibilidade de que alterações na mobilidade ou funcionamento das vísceras
encontradas na cavidade abdominal possam exercer in uência por vias mecânicas e
neurais na região cervical, ainda está pouco estudada na literatura atual. Uma das
explicações para essa relação é a sensibilização medular, no nível cervical de C3-C4-C5,
pela modulação da informação nocicpetiva recebida pelas bras aferentes do nervo
frénico. O nervo frénico é responsável pela inervação sensitiva do peritoneu
subdiafragmático, dos ligamentos hepáticos e cápsula de glisson, porção tendinosa do
diafragma, cápsula esplénica e pericárdio. Assim, a restrição da mobilidade desses tecidos
pode gerar informação aferente nocicpetiva que pode levar à sensibilização medular ao
nível de C3-C4-C5, o que justi caria a dor cervical causada pela alteração da mobilidade
visceral. Esta desordem visceral pode estar associada a uma contracção muscular mantida
que pode explicar os sintomas mecânicos que levam, a longo prazo, à presença de trigger
points miofasciais e síndrome de dor miofascial ( Silva, A. Et al, 2019; Oliva-Pascual-Vaca,
Á, 2019).
Outra possível in uência visceral na região cervical pode ser a relação anatómica entre o
nervo acessório, que inerva os músculos esternocleidomastoideu e trapézio superior, e o
nervo vago, responsável pelo controle parassimpático da maioria das vísceras abdominais
(Silva, A. Et al, 2019).
As técnicas osteopáticas para o diafragma, fígado e estômago visam promover a
circulação sanguínea e linfática, normalizar as tensões ligamentares e a função muscular
do diafragma, diminuindo o estímulo nociceptivo do nervo frénico e diminuir a
sintomatologia de cervicalgia (Eguaras, N. Et Al, 2019).
QUESTIONÀRIOS
d.
Questionário de caracterização sociodemográ co o objetivo de caraterizar do ponto
de vista sociodemográ co e clínico os participantes na amostra em estudo. Inclui sete
questões relativas às caraterísticas sociodemográ cas da amostra, nomeadamente, idade,
género, situação pro ssional e habilitações literárias, e seis questões relacionadas com a
condição clínica, nomeadamente, duração temporal da dor cervical, presença ou ausência
de dor irradiada para o membro superior, presença ou ausência de dores de cabeça/
tonturas, e presença de dor em outro local da coluna vertebral (Marta, 2012)..
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O nervo frénico tem uma importância clínica porque a dor provinda do diafragma,
muitas vezes, é referida no ombro e cervical. Por exemplo, o re exo de soluço é devido à
irritação do nervo frénico e resulta de espasmos do diafragma que podem alterar a
siologia do esfíncter esofágico inferior.
Os neurónios sensitivos aferentes representam 30% a 45% das bras do nervo
frénico. Essas bras constituem bras mielinizadas de grande diâmetro, bras mielinizadas
de pequeno diâmetro e bras não mielinizadas. Os receptores mais abundantes no
diafragma são as terminações nervosas livres mielinizadas de pequeno diâmetro e as bras
tipo-C não mielinizadas.
As técnicas osteopáticas para o diafragma, fígado e estômago visam promover a
circulação sanguínea e linfática, normalizar as tensões ligamentares e a função muscular
do diafragma, diminuindo o input nociceptivo das bras do nervo frénico.
Veri camos que não há diferenças estatisticamente signi cativas entre os grupos
relativamente às variáveis em estudo (NDI, END e EPGM) no momento pós-intervenção.
Através dos valores de signi cância, no GC observou-se uma tendência para um
agravamento estatisticamente signi cativo da variável NDI, pela aproximação ao valor do
nível de con ança 0,05. O mesmo não se veri ca no GEA e GEB. Para a variável END, pelo
valor p, observou-se uma tendência do GEB para uma diferença estatisticamente
signi cativa, pela aproximação ao nível de con ança de 0,05.
Observou-se que não existiu diferenças estatisticamente signi cativas entre os grupos
relativamente às variáveis em estudo (NDI, END e EPGM) no momento pós-intervenção. Na
análise intragrupo, observou-se no GC uma tendência para um agravamento
estatisticamente signi cativo da variável NDI, pela aproximação ao valor do nível de
con ança 0,05. Para a variável END, pelo valor-p, observou-se uma tendência do GEB para
um agravamento estatisticamente signi cativo (valor-p ≈ 0,05)
Os resultados deste estudo piloto revelaram-se inconclusivos, pois foram limitados devido
à variabilidade individual de cada participante na resposta ao tratamento e ao tamanho da
amostra. Futuras pesquisas devem continuar a explorar os mecanismos subjacentes à dor
cervical crónica não especí ca. Os resultados obtidos neste estudo não comprovam a
e cácia da MV na sintomatologia da cervicalgia crónica.
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