Instituto Politécnico do Porto Instituto Superior de Engenharia do Porto Departamento de Engenharia Eletrotécnica Licenciatura em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores Unidade Curricular de Eletromagnetismo Curva de Histerese de Materiais Ferromagnéticos Correntes de Foucault Trabalho nº5 Susana Amado / André Fidalgo / Paulo Coelho de Oliveira (Adaptado por Isabel Jesus em 2022) Eletromagnetismo ÍNDICE 1. A HISTERESE – INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3 1.1 Curva de Magnetização........................................................................................ 3 1.2 Histerese ............................................................................................................... 4 1.3 Curva de Histerese ............................................................................................... 5 2. CORRENTES DE FOUCAULT ............................................................................................ 7 3. OBJETIVOS ................................................................................................................... 9 4. DESCRIÇÃO DO TRABALHO ............................................................................................. 9 4.1. Visualização Experimental das Curvas de Histerese .......................................... 9 4.1.2. Material / Equipamento.................................................................................. 10 4.1.3. Pontos de execução ........................................................................................ 10 4.2. Verificação experimental das Correntes de Foucault ....................................... 11 5. PARA SABER MAIS ....................................................................................................... 12 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 12 ISEP / DEE 2/12 Eletromagnetismo 1. A HISTERESE – INTRODUÇÃO 1.1 CURVA DE MAGNETIZAÇÃO A curva de magnetização permite relacionar a indução magnética B com a intensidade do campo magnético ou excitação magnética H (pode também relacionar o fluxo magnético Φ com a corrente de excitação I). Considerando uma bobina com núcleo de ar, o aumento da corrente elétrica na bobina (e, consequentemente, a excitação magnética H) provoca um aumento do fluxo magnético Φ (e, consequentemente, a indução magnética B). A relação entre Φ e I é linear, ou seja, o aumento de Φ é diretamente proporcional ao aumento de I. Figura 1: Curvas de magnetização Introduzindo um núcleo de material ferromagnético no interior da bobina, o fluxo magnético toma valores muito maiores que com núcleo de ar, para os mesmos valores da corrente I, devido à contribuição dada pelos átomos que são, na realidade, pequenos ímanes. Estes átomos, inicialmente desordenados, giram e alinham-se segundo as linhas de força do campo magnético produzido pela corrente. Ao alinharem-se, o fluxo que geraram soma-se ao fluxo inicial. Quanto maior for o valor da corrente, maior é o número de átomos que se alinham e maior o valor do fluxo total. À medida que a corrente aumenta, o número de átomos que resta por alinhar é cada vez menor e, por isso, o fluxo não aumenta proporcionalmente à corrente. Após o aumento inicial linear do fluxo, entra-se numa zona de saturação. Quando todos os átomos estiverem alinhados, o aumento do fluxo com a corrente volta a ser linear e pequeno, dependendo apenas do valor da corrente. A linha do gráfico é, então, paralela à linha correspondente à bobina com núcleo de ar (ver figura 1). ISEP / DEE 3/12 Eletromagnetismo 1.2 HISTERESE A palavra “histerese” deriva da palavra grega “hysteresos” e significa “atraso”; usada em diversas situações, uma delas é no magnetismo, vejamos porquê. Como já foi referido no ponto anterior, quando um fluxo magnético atravessa um material ferromagnético (por exemplo, ferro), os átomos desse material, que tendo propriedades magnéticas, comportam-se como pequenos ímanes, que vão girar e alinhar-se com as linhas de força do campo magnético (figura 2). Figura 2: Representação das linhas de força do campo magnético Assim, o fluxo magnético, inicialmente fraco, vai ser reforçado pelo conjunto dos átomos. Supondo que o fluxo magnético foi originado por uma corrente elétrica atravessando uma bobina, se interrompermos a corrente elétrica, verificamos que o magnetismo se mantém, embora mais fraco. Isto deve-se ao facto de que, ao desaparecer o fluxo magnético que originou a magnetização do material, alguns átomos, agora já não sujeitos à força magnética derivada do fluxo, giram e orientam-se segundo outra qualquer direção diferente da inicial diminuindo, desta forma, o fluxo magnético resultante. No entanto, há átomos que mantêm a direção e sentido adquiridos durante a magnetização. Este “atraso” na desmagnetização do material é devido a um efeito de inércia dos átomos, pois necessitam de energia para adquirir nova direção de orientação. Se se pretender inverter o sentido inicial do fluxo magnético, é preciso inverter o sentido da corrente elétrica na bobina, transmitindo aos átomos do material a energia necessária para que rodem e mudem de sentido. ISEP / DEE 4/12 Eletromagnetismo 1.3 CURVA DE HISTERESE Num material ferromagnético a magnetização não varia linearmente com o campo magnético não sendo sequer homogénea a relação entre ambos. A magnetização que resulta da aplicação de um determinado campo magnético depende da magnetização remanescente anterior à aplicação desse campo. Se desligarmos o campo exterior a magnetização não regressa normalmente ao seu valor inicial. A representação gráfica da indução magnética B em função da intensidade do campo magnético aplicado origina a conhecida curva de histerese do material em causa. A área dessa curva dá-nos a energia que é dissipada como calor em cada ciclo de variação do campo aplicado. Figura 3: Curvas de Histerese O formato da curva de histerese depende da composição do material ferromagnético e têm influência na aplicação: Uma curva estreita como a (a) da figura 3 é apropriada para, por exemplo, núcleos de transformadores, onde se pretende a menor perda possível de energia devido à histerese do material (naturalmente, um núcleo ideal para um transformador teria histerese nula e a curva BH seria uma simples recta). Uma curva mais larga como a (b) da mesma figura é apropriada para ímanes permanentes devido à elevada magnetização residual e ao também elevado campo coercivo, significando que ele não pode ser facilmente desmagnetizado. A curva de histerese é, portanto, um gráfico que relaciona a indução magnética B com a intensidade do campo magnético ou excitação magnética H (pode também relacionar o fluxo magnético Φ com a corrente de excitação I, numa bobina com núcleo de material ferromagnético). Introduzindo um núcleo de material ferromagnético desmagnetizado na bobina e aumentando a intensidade de corrente, obtém-se uma curva de magnetização (a tracejado na figura 4). ISEP / DEE 5/12 Eletromagnetismo Indução Remanescente Campo Coercivo Figura 4: Curva de Histerese Atingida a saturação e diminuindo a corrente até se anular, verifica-se que a curva descrita não coincide com a inicial, sendo os valores do fluxo sempre maiores que os iniciais, para os mesmos valores da corrente. Ao anular-se a corrente, existem ainda átomos alinhados com as linhas de força de forma que o fluxo não é nulo, a este ponto chama-se indução remanescente Br. Invertendo o sentido da corrente, o aumento da sua intensidade origina uma curva semelhante à anterior. O valor da intensidade do campo magnético Hc para o qual a indução se anula chamase campo coercivo, e corresponde à força magnetizadora que deve ser aplicada no sentido inverso para reduzir a indução magnética a zero (B = 0). Ao atingir a saturação, diminuindo o valor da corrente e operando analogamente ao que se fez anteriormente, obtém-se outra curva semelhante à primeira. As duas constituem o ciclo de histerese. ISEP / DEE 6/12 Eletromagnetismo 2. CORRENTES DE FOUCAULT As experiências de Faraday e Henry mostraram que quando um íman é movimentado nas imediações de uma espira condutora é induzida uma força eletromotriz (f.e.m.) nessa espira. Assim, a lei de Faraday pode ser enunciada da seguinte forma: “A força eletromotriz induzida é consequência da taxa de variação do fluxo magnético gerado por um íman quando este se aproxima ou se afasta de uma espira”. Esta lei pode ser expressa ainda da seguinte forma: ε = − ∆ϕ ∆t , onde é a força eletromotriz induzida, ∆ϕ é a variação de fluxo magnético e ∆t é o intervalo de tempo em que ocorre essa variação. O sinal negativo da lei de Faraday está relacionado com a direção da força eletromotriz induzida. A direção da f.e.m. pode ser determinada atreves da Lei de Lenz que pode ser enunciada da seguinte forma: “ A força eletromotriz induzida tem a direção contrária à variação do fluxo magnético”. Desta forma, quando um íman se aproxima de uma espira induz-lhe uma f.e.m. que, por sua vez, cria uma corrente induzida. Figura 5 Esta corrente cria um campo magnético que se opõe ao movimento de aproximação do íman. A figura 5 ilustra este fenómeno. Notar que, o íman no interior da espira, não sendo real, pretende representar a direção do campo criado por ela. Este fenómeno de indução também pode ser verificado quando se deixa cair um íman num interior de um tubo condutor de material não ferromagnético, tal como na figura 6. Quando o íman se desloca ao longo do tubo, o fluxo Figura 6 magnético através deste varia e como consequência há o ISEP / DEE 7/12 Eletromagnetismo aparecimento de correntes induzidas (na figura 2 são representadas duas delas). Estas correntes são também conhecidas por Correntes de Foucault. As correntes de Foucault criam campos magnéticos que oferecem resistência à queda do íman. Á medida que a velocidade de queda do íman aumenta a força magnética que se opõe ao movimento do íman, fazendo com que este atinja uma velocidade terminal constante (a força magnética atinge a mesma intensidade da força gravítica). ISEP / DEE 8/12 Eletromagnetismo 3. OBJETIVOS Visualizar a curva de histerese de um material ferromagnético Comprovar a existência e os efeitos das correntes de Foucault. Relacionar os fenómenos observados experimentalmente com os princípios teóricos. 4. DESCRIÇÃO DO TRABALHO 4.1. VISUALIZAÇÃO EXPERIMENTAL DAS CURVAS DE HISTERESE 4.1.1 Esquema a usar Figura 7: Circuito de ligação do transformador I Legenda: GS: Gerador de Sinal T1:Transformador 9V/220 V C: Condensador 1 µ F R1 e R2: resistência 10 Ω e de 100 kΩ, respetivamente Ch1: Canal 1 do osciloscópio Ch2: Canal 2 do osciloscópio ISEP / DEE 9/12 Eletromagnetismo 4.1.2. MATERIAL / EQUIPAMENTO O seguinte equipamento e materiais são necessários para a realização do trabalho: • Resistência de 10 Ω e de 100 kΩ • Condensador de 1 µ F • Osciloscópio • Gerador de Sinal • Transformador 9 V/220 V • Fios elétricos de ligação 4.1.3. PONTOS DE EXECUÇÃO Experiência 1 a) No gerador de sinal selecione a forma de onda sinusoidal e ligue-o com o nível de sinal de saída no máximo (amplitude no máximo). b) Faça a montagem do circuito da figura 7, tendo em atenção a ligação do transformador (9 V- primário e 220 V- secundário). c) Ligue o canal 1 e o canal 2 do osciloscópio como mostra a figura 7. d) Coloque o osciloscópio em modo XY, usando os seguintes comandos: DISPLAY →FORMATO → XY e) Ajuste a frequência do gerador de sinais, até visualizar uma curva de histerese típica, em que a zona de saturação seja evidente. Meça com o osciloscópio o valor dessa frequência. Registe esse valor. f) Registe a forma de onda visualizada no osciloscópio (anote as escalas usadas), se necessário ajuste a PERSISTÊNCIA no menu DISPLAY. g) Identifique na figura da alínea anterior, os pontos mais importantes da curva de histerese: indução máxima, indução remanescente e campo coercivo (anote os respetivos valores) ISEP / DEE 10/12 Eletromagnetismo 4.2. VERIFICAÇÃO EXPERIMENTAL DAS CORRENTES DE FOUCAULT 4.2.1. Material Necessário: • Um tubo longo de cobre • Um íman cilíndrico • Um cilindro maciço de alumínio • Um tubo de acrílico de 60 cm de comprimento preenchido parcialmente por ímanes • Um tubo curto de alumínio • Um tubo curto de plástico 4.2.2. Pontos de Execução Experiência 2.1 Coloque o tubo de cobre na vertical. Introduza o íman cilíndrico e deixe-o cair (com o cuidado de o apanhar na extremidade oposta). De seguida, coloque também o cilindro de alumínio no tubo de cobre e deixe-o cair. Registe as diferenças encontradas nestes dois procedimentos. Experiência 2.2 Coloque o bastão de acrílico na vertical, de forma que os ímanes, que estão no seu interior, fiquem na parte inferior. Faça percorrer o íman cilíndrico pelos ímanes que estão no interior do tubo de acrílico. Registe o que observou. Experiência 2.3 Com o tubo de acrílico ainda na vertical, deixe cair o tubo de alumínio ao longo do bastão. Repita o procedimento para o tubo de plástico. Registe o que observou. Experiência 2.4 Coloque o tubo de plástico como mostra a figura ao lado e faça oscilar o íman cilíndrico sobre ele, o mais perto possível, tendo no entanto cuidado de não lhe tocar. Registe o que observou. Repita com o tubo de alumínio. ISEP / DEE 11/12 Eletromagnetismo 5. PARA SABER MAIS Apresentam-se os seguintes sites onde poderá visualizar mais algumas experiências sobre este fenómeno: • http://www.youtube.com/watch?v=7i0bhgo2X8g&feature=related • http://www.youtube.com/watch?v=kU6NSh7hr7Q&NR=1 • http://www.youtube.com/watch?v=MGWI5E_RQqU&feature=related • http://www.youtube.com/watch?v=OJvEOXsSuaQ&feature=related REFERÊNCIAS • M. Isabel Abreu, “Noções de electromagnetismo”, Janeiro 2007 • William Hayt, Jack Kemmerly, “Análise de Circuitos em Engenharia” • Susana Amado, “A curva de histerese de materiais ferromagnéticos”, Maio de 2009 • Halliday, Resnick, Walker, “Fundamentals of Physics”, Sixth Edition • Paul Tipler, “Física”, Volume 3, Terceira Edição ISEP / DEE 12/12