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Proposta para preparação física especifica para lutas de jiu

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Proposta para preparação física especifica para lutas de jiu-jitsu
Introdução
O condicionamento físico ideal de um atleta depende do desenvolvimento de suas capacidades
motoras (força, flexibilidade, velocidade, coordenação e resistência) que estão diretamente
relacionadas com a performance dentro de sua modalidade.
Quase todas as atividades físicas incorporam estes elementos, dessa forma, cabe aos
treinadores analisar e identificar os melhores métodos de treinamento para aprimorar estas
capacidades, tendo em vista a modalidade esportiva praticada, visando assim o sucesso de seu
atleta durante as competições.
Platonov, Bulatova (2003) esclarecem que a preparação física é um dos aspectos primordiais
no desenvolvimento das qualidades motoras.
Em atletas de alto nível o desenvolvimento adequado das qualidades físicas é fundamental,
para isso é constante a busca cientifica e prática, exigindo grande dedicação de atletas,
treinadores e pesquisadores. No treinamento moderno as metodologias visando o melhor
aprimoramento das habilidades e capacidades motoras são temas de um grande número de
pesquisas.
A preparação física é um processo complexo, onde o treinador tem que conhecer muito bem
a modalidade para poder montar um esquema de treinamento adequado, sempre objetivando
melhorar a performance dos desportistas .
As dificuldades encontradas pelos treinadores durante a análise da melhor forma de conduzir
o treinamento, estão além do desenvolvimento das qualidades motoras também é preciso
organizar o treino a fim de aperfeiçoar a técnica e tática, isto pode ser alcançado através de uma
boa periodização de treinamento.
Em esportes competitivos de alto rendimento, técnicos e treinadores sempre almejam que
seus atletas atinjam o maior índice de desenvolvimento possível de suas qualidades motoras,
para isso buscam embasamento em teorias e práticas desenvolvidas pela ciência esportiva e
pesquisadores da área.
Para Gomes (2002) o termo treinamento desportivo corresponde à adaptação psicomorfofuncional que é alterada durante o período de treinamento, onde a organização, a
estruturação e o controle do treinamento auxiliam de forma decisiva o ganho da performance e
alto rendimento.
Matveev (1997) esclarece que o treinamento desportivo é definido como um processo
pedagógico pertencente à educação física que visa diretamente o alcance de resultados
desportivos superiores.
Outro conceito sobre treinamento desportivo é proposto por Barbanti (1979, p.01) “O
treinamento esportivo é um processo organizado de aperfeiçoamento, que é conduzido com base
em princípios científicos, estimulando modificações funcionais e morfológicas no organismo,
influindo significantemente na capacidade de rendimento do esportista”.
Segundo Barbanti (2004) a palavra ‘periodização’ é relativamente recente dentro da esfera dos
desportos, pois a sua concepção dentro do treinamento esportivo foi inicialmente descrita pelo
prof. Matveev por volta de 1965.
Gomes (2005) cita que Matveev foi o primeiro pesquisador das ciências do esporte a
sistematizar e organizar o treinamento desportivo a qual ele chamou de periodização do
treinamento.
De acordo com Gil’ Ad. (1998), o sistema de periodização pode ser definido como uma técnica
desenvolvida com o objetivo de planejar os processos de treinamento visando às competições,
dividindo o plano anual de treinamento em uma sucessão de períodos, já Gomes (2002, p. 85)
“A periodização do treinamento desportivo consiste, antes de tudo, em criar um sistema de planos
para distintos períodos que perseguem um conjunto de objetivos mutuamente vinculados.”
Uma boa periodização de treinamento deve seguir uma lógica buscando o aperfeiçoamento a
curto, médio ou longo prazo de acordo com as necessidades e calendários de competição dos
atletas, onde a organização bem estruturada e controlada do treinamento de acordo com a
modalidade especifica, norteiam o caminho a seguir pelo técnico objetivando a eficácia de seu
trabalho e o sucesso de seu atleta.
Barbanti (2002) aponta alguns dos principais objetivos da periodização do treinamento, que
são:: preparar o atleta para conseguir melhores resultados; preparar para as principais
competições do ano e preparar para que o mesmo atinja a melhor forma em sua competição
mais importante.
Gomes (2002) ressalta que a origem do trabalho orientado no sentido de aumentar as
capacidades de rendimento na atividade física é tão antiga como o próprio desporto. Existem
poucos estudos relacionados com a organização de treinamentos focados especificamente para
o Jiu-Jitsu, percebendo esta carência o presente trabalho foi direcionado a área de preparação
desportiva de alto nível, de acordo com Callister et al. (1990) o judô e o jiu-jitsu são artes marciais
praticadas em quase todos os continentes. Entretanto, apesar de serem bastante difundidas e
também ser um esporte olímpico, no caso do judô, o número de artigos científico abordando
essas modalidades esportivas são muitos reduzidos.
Dessa forma, isso acaba dificultando o planejamento mais detalhado e científico dessas lutas,
fazendo com que muitos técnicos ainda ministrem o treinamento da mesma forma que
aprenderam com seus mestres. (FREITAS, 1989). As lutas corpo a corpo sempre fizeram parte
da história da humanidade, seja como esporte, defesa ou ataque despertando o interesse da
sociedade, pôr isso todas as pesquisas relacionadas com este tema poderão contribuir para a
melhora da performance física dos atletas e facilitando o trabalho dos profissionais envolvidos.
O jiu-jítsu é uma luta de origem japonesa que tem como objetivo arremessar o adversário ao
solo e dominá-lo através de técnicas de imobilização, estrangulamento ou chave articular. As
técnicas de estrangulamento e de chave articular têm como finalidade fazer com que o adversário
desista da luta. Nessa modalidade os atletas são subdivididos de acordo com a graduação e a
massa corporal. Um dos princípios do jiu-jítsu é utilizar golpes que constituem alavancas
mecânicas e nesse sentido possibilitam que um indivíduo com menor força muscular consiga
vencer um adversário mais forte, porém com menor habilidade nas execuções das
técnicas.(FRANCHINI E., TAKITO M.Y., PEREIRA J. N. C., 2003)
O jiu-jítsu desportivo é a parte competitiva, onde os atletas exibirão suas habilidades técnicas,
físicas e psicológicas com o objetivo de alcançar a vitória superando seus adversários. Os
brasileiros desenvolveram e aprimoraram as técnicas de chão e de submissão levando o Brasil a
se tornar o centro mundial desta preciosa arte. As competições são o marco do esporte, é o
momento mais importante para os atletas, técnicos, professores e para todos aqueles que estão
envolvidos direta ou indiretamente. (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE JIU-JITSU, 2009).
Os primeiros passos para um trabalho eficiente de preparação física passam pela identificação
das particularidades do esporte. “Ao organizar o processo de preparação física especifica, é
indispensável não perder de vista as exigências específicas da modalidade esportiva em questão.”
(PLATONOV, 2003, p.09).
O objetivo principal deste trabalho é a partir da revisão literária especifica apresentar uma
proposta do sistema de treinamento de cargas concentradas ou sistema em blocos voltado para
lutas de jiu-jítsu desenvolvido de acordo com o calendário de competições da CBJJ (Confederação
Brasileira de Jiu-Jitsu).
Princípios de treinamento
Para Gomes (2002) o termo treinamento desportivo corresponde à adaptação psicomorfofuncional que é alterada durante o período de treinamento, onde a organização, a
estruturação e o controle do treinamento auxiliam de forma decisiva o ganho da performance e
alto rendimento.
Já para Matveev (1997) o treinamento desportivo é definido como um processo pedagógico
pertencente à educação física que visa diretamente o alcance de resultados desportivos
superiores.
Outro conceito sobre treinamento desportivo é proposto por Barbanti (1979, p.01) “O
treinamento esportivo é um processo organizado de aperfeiçoamento, que é conduzido com base
em princípios científicos, estimulando modificações funcionais e morfológicas no organismo,
influindo significantemente na capacidade de rendimento do esportista”.
De acordo com Oliveira (2008) ao se aplicar o sistema de treinamento em blocos com relação
à aplicação de cargas deve-se sempre observar os princípios do treinamento desportivo, sendo
essencial para o sucesso no desenvolvimento das capacidades fisiológicas dos atletas treinados.
Tubino (1979) dividiu o treinamento desportivo em 05 fases interrelacionadas entre si que
são:
•
Individualidade Biológica, cada ser humano possui características próprias físicas,
psicológicas, os treinadores devem utilizar de testes para verificar o potencial de cada
indivíduo, seus pontos fortes e fracos e propor um treinamento de acordo com suas
necessidades, visando à melhora de suas qualidades físicas
•
Principio da adaptação, é compreendido como a assimilação do organismo ao
treinamento, onde para cada ação externa há uma reação do organismo, dividida em 03
fases: De alarde, caracterizada pelo desconforto, devido à aplicação de sobrecargas. Da
resistência, caracterizada pela dor, onde o organismo se adapta a carga imposta, sendo
a fase que interessa ao treinamento. Da exaustão, que é o excesso de treinamento, onde
o estímulo é alem da capacidade de recuperação, tem como característica o colapso,
podendo chegar à morte.
•
Principio da sobrecarga, também chamado de principio da progressão gradual, é
fundamental para a evolução desportiva, o organismo após uma sessão de exercícios
restitui as energias perdidas e prepara-se para uma carga de trabalho maior, onde são
criadas maiores reservas de energia, dotando o organismo de uma maior fonte de energia
para os novos estímulos.
•
Principio da continuidade, é a sistematização do trabalho sem a quebra da
continuidade, o processo de treinamento devera ser continuo, sem paralisações, o
treinamento deve ser executado com uma freqüência para que as modificações
fisiológicas e a performance adquirida se estabilize e otimize.
•
Principio da interdependência volume – intensidade, de um modo geral os
melhores resultados no treinamento físico podem ser obtidos através de maiores
quantidades de trabalho com o aumento da intensidade, sempre adequando as fases do
treinamento, porem a combinação de quantidade e intensidade, aumentando uma e
diminuindo a outra ou vice versa de acordo com o tipo e fase do treinamento adotado.
•
O principio do heterocronismo, proposto por Hernandes Jr. (2000), onde o treinador
após aplicar uma carga de trabalho ao atleta deve respeitar o tempo de descanso
adequado para a recuperação do organismo antes de realizar uma nova seção, se for
aplicado cedo demais o organismo do atleta entrara em um ciclo de desgaste das reservas
energéticas, se o tempo para uma nova seção for muito longo acontecera uma perda dos
benefícios da super compensação.
Segundo Barbanti (1997), Supercompensação é o termo utilizado na Teoria do Treinamento
para designar as adaptações estruturais, funcionais, ou ambas, que ocorrem em virtude de
submeter o corpo a um estimulo de treinamento. Todo gasto energético para a realização de um
movimento traz em si um estimulo para a reconstituição de energia, que se faz acima da condição
anterior. A quantidade ou condição reconstituída acima da condição anterior é a super
compensação, caracterizando as substancias vivas de um notável poder de adaptação a esforços
físicos
Respeitando o tempo de descanso muscular correto o organismo do atleta terá recuperado a
energia e a sua performance do atleta será maximizada (HERNANDES JR., 2000).
•
Principio da utilidade, o treinamento deverá ser montado de acordo com as
necessidades do praticante, respeitando os períodos de descanso, cargas e intensidade
aplicadas sem subestimar ou superestimar a capacidade do atleta.
•
Principio da sistematização, a montagem da estrutura do treinamento com seus
conteúdos deverão ter uma seqüência pedagógica de acordo com as teorias do
treinamento, a cada sistema de treino adotado deve-se ter uma justificativa para os
procedimentos,
iniciando
com
conteúdos
de
menor
complexidade,
evoluindo
progressivamente com as cargas e intensidade.
•
Principio da conscientização, o atleta na medida do possível deverá compreender o
objetivo dos movimentos realizados, para que possa executa-los sabendo da importância
daquele exercício para a melhora em sua performance dentro do esporte.
•
O principio da especificidade do treinamento proposto por Foss; Keteyian (2000)
onde o programa elaborado visa o desenvolvimento dos músculos e órgãos diretamente
relacionados com a atividade desportiva praticada pelo atleta.
Modelo de periodização em blocos
Surgiram nos últimos anos várias teorias relacionadas ao treinamento desportivo, entre elas
esta a do professor Yuri Vitale Verkhoshansky que desenvolveu sua própria metodologia, não se
utilizando dos termos planejamento e planificação, defendendo a idéia que o processo de
treinamento deve ser dividido em; conceito de programação, conceito de organização e conceito
de controle. (GOMES, 2002).
Segundo Gomes (2002) no conceito de programação é a determinado a estratégia, o conteúdo,
e a forma de estruturação do treinamento, o conceito da organização se dá através da realização
do programa, verificando as condições, possibilidades reais e concretas do atleta, e no ultimo
conceito de controle são executados testes que foram estabelecidos previamente e durante a
execução do treinamento proposto, estes testes com o objetivo principal de informar o nível de
desenvolvimento atual do atleta e verificar o resultado do treinamento.
Este sistema de treinamento proposto é denominado Sistema de Treinamento em Blocos, sua
principal característica são as cargas concentradas que são distribuídas ao longo do ciclo anual
na periodização simples, ao longo do semestre na dupla e quadrimestral na tripla
(VERKHOSHANSKI, 2001).
De acordo com Oliveira, Silva (2001) possível destacar duas características no sistema
contemporâneo, a individualização das cargas de treinamento, ou seja as cargas de trabalho se
baseiam nos princípios individuais de adaptação e as concentrações de cargas de uma mesma
orientação utilizadas em períodos curtos de tempo.
Este tipo de periodização segundo Verkhoshanski (2001) é composto por blocos de
treinamento onde o período completo é dividido em 03 partes denominadas como A, B, e C, onde
no bloco C estão concentradas as competições principais, as competições secundárias estão
distribuídas nos blocos A e B, o tempo de duração dos blocos são diminuídos de acordo com o
sistema adotado durante o ano ou pelo numero de competições importantes, podendo ser
composto de 02 ou 03 ciclos divididos durante o ano.
No bloco de treinamento A, também chamado de etapa de base é concentrado o maior volume
de toda a temporada, deve ser suficiente para desestabilizar os níveis de performance adaptados
da temporada anterior e criar novas bases para a nova temporada (Verkhoshanski,1999, 2001).
Oliveira, Silva (2001) escreve que a etapa A ou etapa de base é caracterizada pelo treinamento
voltado para a força, com a utilização de cargas concentradas.
O Bloco A é dedicado a ativação e preparação morfofuncional do organismo com o objetivo
principal de aumentar o potencial motor do atleta, executando exercícios que se relacionem com
a especificidade do desporto escolhido (JABUR, 2001).
Verkhoshanski (2001) confirma os principais objetivos do bloco A, que são:
•
Ativação dos mecanismos do processo de adaptação
•
Especialização morfo-funcional do organismo direcionado ao regime motor específico.
•
Aumento do potencial motor do atleta, considerando sua utilização nas competições.
De acordo com Verkhoshanski (2001) o emprego de cargas concentradas de força no Bloco A
levam a diminuição dos parâmetros funcionais relacionados com a capacidade específica do
atleta, sendo que neste período não se consegue uma melhora da técnica desportiva e ocorre
uma redução na velocidade do Atleta.
Porem o autor salienta que esta fase é temporária e que após este período de cargas
concentradas, é observado nas fases seguintes de treinamento um aumento notável e estável
dos parâmetros funcionais, ultrapassando os níveis iniciais.
Verkhoshansky (2001) afirma que por este motivo a melhora da técnica e da velocidade de
execução das habilidades de competição devem ser treinadas nas etapas posteriores a etapa
inicial, a etapa A precede o trabalho de polimento das habilidades específicas e velocidade de
execução.
O bloco de treinamento A é subdividido em três partes distintas denominadas microblocos A1,
A2 e A3, o microbloco A1 é objetivado a preparação do aparelho locomotor sendo composto de
exercícios multissaltos, de musculação etc., no A2 o objetivo é o aumento de impulso nervoso
com exercícios de força rápida e cargas mistas na musculação, já no A3 são aumentadas a
influencia das cargas no organismo, com a continuação do alto volume de cargas
(VERKHOSHANSKI, 2001).
Verkhoshansky (2001) esclarece que no bloco B são trabalhados o desenvolvimento da
potência de trabalho motor do organismo em condições que correspondem às utilizadas nas
competições, com o objetivo principal de aumentar o potencial motor específico de competição
numa escala crescente, devendo o atleta nesta fase participar de competições.
No bloco B, também denominado de etapa especial a estrutura é montada de forma que o
volume é diminuído, permitindo o aperfeiçoamento das capacidades competitivas do atleta,
preparando-o para a programação do próximo bloco C, chamado de etapa das competições
importantes, que é o bloco onde estão concentradas as principais competições da temporada
(GOMES, 2002).
De acordo com Verkhoshansky (2000) no modelo de treinamento em blocos na etapa A são
aplicadas cargas concentradas de força, acompanhada de estimulações específicas, na etapa B
próxima a competição é criado uma base de aprimoramento das capacidades específicas, onde
na etapa B ou especial ocorre um fenômeno denominado Efeito Posterior Duradouro de
Treinamento, (E.P.D.T.), que favorece o desenvolvimento eficaz da técnica específica e da
velocidade motora, da força e deslocamento, este efeito não é possível no método tradicional.
Jabur (2001) escreve que durante o bloco B o principio do treinamento é voltado para o
trabalho de potência com movimentos específicos correspondentes a competição, o atleta deverá
assimilar a capacidade de executar habilmente os movimentos específicos requeridos pela
modalidade escolhida.
Segundo Oliveira, Silva (2001) na etapa B o objetivo principal é o aprimoramento das ações
técnicas e diversidade de esquemas táticos, a adaptação do metabolismo especifico de
competição também é aperfeiçoada nesta etapa, no ultimo bloco, denominado C, visa-se a
manutenção das diferentes capacidades biomotoras adquiridas e o aperfeiçoamento das técnicas
e das táticas que serão utilizadas e requeridas durante as competições.
Verificamos em Jabur (2001) que o Bloco C é a conclusão do ciclo de treinamento e a
transformação do organismo ao nível máximo de potência de trabalho específico, com o objetivo
principal da realização em máxima capacidade e eficácia os movimentos utilizados em condições
competitivas.
Verkhoshansky (1999, 2001) afirma que na etapa C se concentram as principais competições,
onde é prevista a conclusão do ciclo de adaptação, o organismo deverá atingir o máximo nível
de potência, sendo o objetivo principal desta fase a assimilação da capacidade de realizar com
máxima eficácia os movimentos motores nas condições de competições.
Arruda, et al (1999) evidenciam que na etapa C o organismo do atleta tem uma reação eficaz
as cargas de intensas, porem as cargas volumosas são contra indicadas, devem ser aplicados
exercícios de força rápida e máxima com alta intensidade e curta duração, mantendo o tônus
muscular.
Verkhoshansky (2001) faz uma síntese do conjunto deste modelo de periodização onde afirma
que no bloco A, são iniciados a utilização dos meios de força, sucessivamente continuada no
bloco B através dos meios de preparação técnica e da velocidade, onde também são
desenvolvidas no organismo do atleta a capacidade de potência específica do desporto no ultimo
bloco C é composto pelas atividades de competição concluindo a preparação da base energética
para máxima intensidade requerida nas competições.
Segundo verkhoshansky (2001) existem 03 níveis de intensidade de trabalho que devem ser
regulados e dosados de modo a não provocar o excesso de treinamento do organismo do atleta
que são:
•
A intensidade ótima, aplicada na etapa base onde é desenvolvido o volume principal da
carga de treinamento.
•
A intensidade máxima, que pode ser alcançada pelo atleta na etapa especial, respeitando
os tempos de descanso evitando a fadiga excessiva do organismo.
•
A intensidade limite, que é o objetivo principal do treinamento, alcançada na etapa das
principais competições
No esquema abaixo verkhoshansky (2001) exemplifica o modelo geral do sistema de
treinamento em blocos denominado Grande Ciclo de Adaptação (CGA).
Bloco A. Cargas de preparação física especial Bloco B: Trabalho
de velocidade e trabalho técnico Bloco C: Cargas de competição
•
A linha tracejada azul indica o nível máximo dos parâmetros funcionais mais importantes
alcançados na preparação anterior
•
A linha continua que representa os indicadores funcionais indica a queda de rendimento
na etapa A de base, após na etapa B acontece o Efeito Posterior Duradouro de
Treinamento (E.P.D.T.), onde pode-se verificar um grande aumento dos parâmetros
funcionais que no final etapa C de competição supera os níveis anteriores.
•
A linha tracejada indica o volume das cargas aplicada em cada bloco.
Oliveira, Silva (2001) esclarecem que são realizados uma bateria de testes de controle,
efetuados com a finalidade de saber a situação inicial do atleta e para acompanhar a dinâmica
da alteração das diferentes capacidades biomotoras ocorridas durante o macro ciclo, estes testes
são aplicados ao final de cada micro etapa A1, A2, A3 e das etapas B e C.
Proposta de utilização do sistema de treinamento em blocos para lutas de Jiu-Jitsu
Devido ao calendário de competições do jiu-jítsu conter três ou mais competições importantes
durante o ano o atleta lutador de alto nível tem que ter mais de um pico de performance, não
podendo focar apenas uma ou duas competições anuais.
Em modalidades para atletas profissionais onde o calendário de competição tiver uma divisão
visando duas competições importantes durante o ano pode ser empregado a periodização dupla,
uma vez que a periodização tripla ou de ciclos acoplados segundo Barbanti (1997) não tem uma
estrutura rígida.
Como o objetivo deste trabalho é a periodização e treinamento voltado para o atletas de
competição em alto nível, propomos o sistema de cargas concentradas baseados nos estudos do
Prof. verkhoshansky (1990, 2000, 2001) para desportos que exigem velocidade e força. O modelo
abaixo foi hipotetizado a partir das competições oficiais baseado no calendário oficial da
Confederação Brasileira de Jiu-Jítsu (2009), são elas:
Campeonato Brasileiro em maio, Campeonato Paulista em junho, Campeonato Mundial em
julho
Figura 1. Modelo de Periodização em blocos e divisão das etapas de treinamentos A, B, C, em um macrociclo
apresentado, montada de acordo com o calendário oficial da confederação Brasileira de jiu-jitsu para o ano de 2009.
Quadro 01. Divisão das etapas de treinamento, objetivos, duração e métodos utilizados para a preparação
Etapas Objetivos
A1
Inicio do treinamento do
metabolismo anaeróbio.
Duração
Meios de preparação
Exercícios em circuitos de fortalecimento geral.
28 dias
Exercícios em máquinas de força
Exercícios trabalhando o sistema energético anaeróbio
Adaptação
Exercícios de força geral com cargas crescentes
cardiorrespiratória
Corridas na esteira, com piques acima do limiar
Adaptação anatômica
Adaptação muscular geral
Exercícios em máquinas de força geral
Treinamento
de
Exercícios em máquina de força especial visando às
força
movimentações requeridas nas competições
máxima
Inicio de exercícios de preparação especial com volume
Desenvolvimento da força
crescente
máxima e resistência de
A2
força
28 dias
Metabolismo
anaeróbio
de
preparatórios
em
circuitos de
força
de
resistência
Exercícios Isométricos especiais
lático alático e Aeróbio
Treinamento
Exercícios
Exercícios visando o metabolismo anaeróbio alático, lático
força
e aeróbio
isométrica
Lutas intervaladas contra oponentes de peso igual ou
acima
Treinamento
A3
resistência,
explosão
Exercícios de explosão muscular específicos
da
velocidade,
muscular,
Treinos específicos com movimentações
27 dias
Treino anaeróbio na esteira
reativação muscular
Aumento das cargas através de exercícios especializados
Aperfeiçoamento técnico e
Melhora das fontes metabólicas láticas e aláticas
tático
B1
Ganho
B2
Treinos em máquinas de força
Ganho de velocidade
Etapa
Etapa
Várias lutas sem descanso
de
explosão
24 dias
Aperfeiçoamento técnico e tático
Exercícios de força rápida e especifica
muscular força rápida
Treinos táticos e técnicos
Pliometria
Treinos contra vários oponentes
Manutenção da força
Treino em máquinas de força
Melhora nas capacidades
Treino de força Isométrica
anaeróbias
Treino em esteira, acima do limear anaeróbio
Melhora
na
capacidade 24 DIAS
Corridas em baixa velocidade
Treino em circuitos
aeróbia
Treino de resistência
Etapa
B2
Pliometria
Etapa
Manutenção
C
rápida e máxima,
Treino com entradas de golpes em velocidade crescente
das
forças
28 dias
Treino especifico contra oponentes de pesos variados
Aperfeiçoamento técnico e tático
Maior numero de treinos específicos e lutas
Manutenção
das
capacidades
várias
Treino e lutas no tatame em volume crescente
exigidas
Treino de movimentações específicas no tatame
durante as competições
Treino específicos no tatame focando as entradas de
golpes mais utilizadas de acordo com o estilo de lutas
escolhido pelo atleta
Treino em máquinas de força
Ativação dos mecanismos
Etapa
B
Aperfeiçoamento do gesto tático
de força pura específica
Pliometria
13 dias
Aumento da velocidade,
Entradas de golpes com explosão muscular
das
forças
Circuitos treinando o metabolismo anaeróbio lático e
máxima e rápida
alático
Manutenção
Etapa
da
Treinamento do metabolismo aeróbio
velocidade, coordenação e
Exercícios em máquinas de força
flexibilidade
Exercícios específicos para os membros superiores
Aperfeiçoamento técnico e
Treinos táticos e técnicos com posições
tático
Enfoque nas capacidades
C
inferiores
Treino e lutas no tatame em volume crescente
coordenação
Manutenção
Treinos de explosão muscular membros superiores e
e
gestos
requeridos
motores
durante
as
competições
Treinos contra vários oponentes sem descanso por um
tempo maior
Treinos com oponentes de vários pesos
Treinos de velocidade relacionados com os gestos
utilizados nas competições
Desenvolvimento
velocidade
42 Dias
da
relacionada
com os gestos técnicos.
Manutenção do tônus muscular
Treinos com entradas de golpes mais utilizadas de acordo
com o estilo de luta do atleta
Verkhoshanski (2001) afirma que o bloco A tem como objetivo a ativação e preparação
morfofuncional do organismo aumentando o potencial motor do atleta, os exercícios aplicados
devem ser relacionados com a especificidade do desporto, no bloco A são aplicadas cargas
máximas e quase máximas para o aperfeiçoamento da coordenação intramuscular e propagação
do impulso nervoso quebrando a homeostase.
De acordo com Verkhoshanski (1998) apud Platonov, Bulatova (2003) para o desenvolvimento
da força máxima, sem aumentar significamente a massa muscular podemos aplicar os seguintes
modelos seções de treinamento:
•
02 ou 03 movimentos específicos com pesos,cargas de 90% a 95% do máximo, dois
regimes de trabalho: 1º sem relaxamento da musculatura entre cada execução, 2º
relaxando a musculatura em cada execução. 05 séries com grupos musculares
•
•
•
específicos, 03 repetições com 90% do máximo, 01 repetição com 95% do máximo, 01
repetição com 97% do máximo, 01 repetição com 100%, 01 repetição com 100% mais
01 ou 02 kg, entre as séries intervalos de 03 a 04 minutos, com exercícios para
relaxamento da musculatura, se o atleta não conseguir executar a ultima série, deverá
descansar de 06 a 08 minutos e repetir as primeiras séries.
Executar, 04 a 05 séries especificas com carga de 100%, O intervalo entre as séries, fica
a critério do atleta.
Trabalho excêntrico específico com carga de 120% a 130%, três séries de 04 a 05
repetições, Intervalos de 03 a 04 minutos entre as séries, a carga volta a posição inicial
com ajuda de companheiros.
Trabalho específico excêntrico e concêntrico, no concêntrico, cargas de 70% a 90%, no
excêntrico, cargas de 120% a 130%, 02 séries de 02 a 03 repetições, Intervalos de 03 a
05 minutos entre as repetições, Intervalos de 06 a 08 minutos entre as séries.
Segundo Verkhoshansky (2001) no bloco B são trabalhados o desenvolvimento da potência de
trabalho motor do organismo em condições que correspondem as utilizadas nas competições, o
objetivo principal é de aumentar o potencial motor específico em uma escala crescente, o atleta
deverá assimilar a capacidade de executar habilmente os movimentos específicos requeridos pela
modalidade escolhida.
Os treinamentos no bloco B devem ser estruturados dando-se ênfase ao aspecto qualitativo
(Intensidade), devido as altas cargas empregadas no bloco A. OLIVEIRA (2008).
De acordo com verkhoshansky (1998) apud Platonov, Bulatova (2003), para a eficácia no
desenvolvimento da força – velocidade podem ser aplicados os seguintes sistemas de
treinamento:
•
•
•
Cargas de 90% e 30%, duas séries de 02 ou 03 repetições, realizadas de forma lenta,
com 90%, três séries de 06 a 08 repetições, com esforço máximo, com 30%, relaxando
os músculos após cada movimento, Intervalo entre as séries de mesma carga de 03 a 04
minutos, entre as séries de troca de carga, intervalo de 04 a 06 minutos, entre cada série
completa de 08 a 10 minutos.
Combinação de regimes isométricos para o mesmo grupo muscular: Cargas de 100%, 02
ou 03 tensões isométricas de 06 segundos, com intervalos de 02 a 03 minutos entre as
séries. Após um intervalo de 03 a 04 minutos, realizando relaxamento muscular. Realizar
mais 05 ou 06 repetições do mesmo exercício, porem com uma rápida movimentação
excêntrica e concêntrica, com carga de 80%. Entre as séries realizar um descanso ativo
de 08 a 10 minutos.
Combinação de regimes isométricos e dinâmicos com trabalho muscular global: Utilizando
movimentos específicos de competição, realiza-se de 02 a 03 repetições com uma tensão
isométrica máxima (100%) por 06 segundos, realizando um relaxamento muscular de 02
minutos entre cada repetição. Imediatamente executar duas séries de 04 a 06 repetições,
executando a movimentação com cargas de 40% a 60% da máxima, realizando um
descanso de 04 a 06 minutos entre as séries. Deve-se realizar 02 séries completas, com
intervalo de 04 a 06 minutos.
•
•
•
•
Saltos a partir da posição agachada, Saltos com esforço submáximo. Exemplo: 02 séries,
de 05 a 06 execuções de 08 saltos, alternando os pés,Repetir a combinação por 02 ou
03 vezes, com intervalo de 04 a 06 minutos entre as combinações.
05 a 06 séries de 02 repetições do exercício de agachamento, cargas de 70% a 80% do
máximo, intervalo de 04 a 06 minutos, 02 séries de 06 a 08 repetições de saltos no
mesmo lugar, Intervalos de 06 a 08 minutos
02 séries com 02 a 03 repetições de agachamento, cargas de 80% a 85% da máxima,
intervalo de 03 a 04 minutos, 02 a 03 séries de 04 a 06 repetições de saltos com peso,
realizar combinação completa por 02 ou 03 vezes, intervalo entre as combinações de 06
a 08 minutos.
02 séries com 02 repetições de agachamento, cargas de 90% a 95% do máximo,
intervalo entre as séries de 02 a 04 minutos, 02 séries de salto em profundidade, intervalo
de 04 a 06 minutos, após 06 a 08 saltos de impulsões verticais.
Verkhoshansky (1998) apud Platonov, Bulatova (2003), Oliveira (2008), no bloco C a
preparação deve ser voltada para os aspectos técnicos e táticos da luta, nesta etapa deve ser
executada as correções, elaboradas as táticas de combate, os exercícios de força na musculação
devem ser com características de manutenção, com volumes reduzidos, porem a intensidade
deve ser alta, para força máxima e explosiva.
Podem ser aplicados nesta fase exercícios na seguinte seqüência:
•
•
•
Força máxima: exercícios com alta intensidade e escasso volume, 03 séries de 02
repetições com cargas entre 98% a 100%, com intervalos entre 1 e 2 minutos, exercícios
multiarticulares e básicos, supino, agachamento, arremesso em dois tempos, pulley de
frente.
Força explosiva: exercícios com alta intensidade, executados na maior velocidade
possível, 04 séries de 04 repetições, com cargas de 90%, intervalos entre as séries de
02 minutos, mesmo exercícios utilizados para força máxima.
Resistencia de força: montar um circuito contendo os seguintes exercícios, agachamento,
supino reto,extensora, pulley frente, flexora, rosca direta, tríceps pulley, arremesso, com
velocidade 1/1, tempo de estimulo de 01 minuto com 20 segundos de descanso entre
exercícios e 01 minuto entre séries, realizar 03 séries completas.
Considerações finais
Nos últimos tempos o treinamento desportivo passou por significantes mudanças, que
contribuíram para a melhora nos resultados em competições de atletas, com a ampla base de
conhecimentos atuais os treinamentos devem seguir modelos com estruturação voltada para os
calendários de competições atuais, vimos no sistema de treinamento em blocos proposto pelo
professor verkhoshansky uma alternativa aos modelos de periodizações aplicados atualmente que
visam uma ou duas competições importantes anuais.
Neste modelo as cargas de treinamento e competição aplicadas aos atletas são de extrema
magnitude de volume, de intensidade, de densidade e de duração, visam explorar com totalidade
a Reserva Atual de Adaptação (RAA) dos atletas, levando-os a adaptações máximas de
desempenho.
O professor verkhoshansky coordenou o maior centro de pesquisa do desporto da antiga URSS,
sendo assim este modelo de treinamento foi aplicado em atletas russos da elite mundial e
olímpica.
Verkhoshansky (1990) enfatiza que a periodização em blocos produz uma adaptação
compensatória, e que neste modelo são aplicados um grande volume de preparação física
especial, que devem reproduzir os movimentos requeridos pelo atleta nas competições, o
treinamento inicial deve proporcionar uma quebra da homeostase do corpo, por isso no inicio
deve ocorrer uma queda nos marcadores funcionais de performance, com a redução dos volumes
e condições ótimas de recuperação nas próximas fases deve ocorrer o fenômeno (EPDT) Efeito
Posterior Duradouro de Treinamento, que elevara os marcadores funcionais de performance a
níveis posteriores aos iniciais.
Este modelo segundo Oliveira (1998), devido as altas cargas aplicadas deve ser muito bem
controlado para se evitar o Over training, a aplicação deve estar voltada para atletas de
competição, sendo evitado na preparação de jovens esportistas.
Em Verkhoshansky (1990), verificamos as condições fundamentais para que a ocorrência do
EPDT se manifeste plenamente que são:
•
•
•
•
•
•
Aplicação de cargas de força com altos volumes concentrados em limitados tempos, que
garantam a quebra da homeostase no atleta
Quanto maior for a queda nos parâmetros funcionais de força rápida nas primeiras etapas
do treinamento maior será a adaptação posterior.
O emprego das cargas de forças devem seguir os princípios do treinamento.
A manifestação do EPDT ocorre através de um trabalho de desenvolvimento geral,
combinado com trabalho de caráter especifico de movimentações requerida nas
competições, aplicados de forma gradual e crescente.
A duração do EPDT e determinada pelo volume e pela duração da carga concentrada de
força, a principio é igual a duração da etapa de treinamento concentrado de força.
O EPDT tem característica individual e depende da capacidade do atleta de suportar
cargas com um certo volume e da capacidade de recuperação após a aplicação das
cargas.
Este modelo de treinamento já foi aplicado no Brasil por vários pesquisadores em esportes
coletivos e individuais como por exemplo no Basquetebol, no futebol, no futsal e voleibol, nas
lutas somente foi aplicado e desenvolvido no Judô, sendo que para o jiu-jítsu não existe nenhum
modelo especifico proposto, esperamos com este trabalho auxiliar técnicos e treinadores na
preparação física de atletas competidores na modalidade de jiu-jítsu.
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