Uploaded by Jackcelyne Silva

Os 16 tipos de personalidade - Isabel e Peter Briggs Myers

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Os 16 tipos de personalidade e seus dons especí cos
Isabel Briggs Myers & Peter B. Myers
1ª edição — setembro de 2023 — cedet
Título original: Gis Differing: Understanding Personality Type.
Copyright © 2023 Isabel Briggs Myers & Peter B. Myers
Publicado pela Davies-Black Publishing, uma divisão da CPP, Inc., 1055 Joaquin Road, 2º
andar, Mountain
View, CA 94043; 800-624-1765.
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Editor:
omaz Perroni
Assistente editorial:
Gabriella Cordeiro de Moraes
Tradução:
Gabriel De Vitto Fernandes
Revisão:
Lucas Ferreira Lima
Preparação de texto:
Daniela Aparecida Mandú Neves
Capa:
Bruno Ortega
Diagramação:
atyane Furtado
Revisão de provas:
Juliana Coralli
Juliana Gurgel
Mariana Souto Figueiredo
Conselho editorial:
Adelice Godoy
César Kyn d’Ávila
Silvio Grimaldo de Camargo
FICHA CATALOGRÁFICA
Myers, Isabel Briggs & Myers, Peter B.
Os 16 tipos de personalidade e seus dons especí cos / Isabel Briggs Myers & Peter B. Myers;
tradução de Gabriel De Vitto Fernandes — Campinas, sp: Editora Auster, 2023.
Título original: Gis Differing: Understanding Personality Type.
isbn: 978-65-87408-95-8
1. Psicologia individual / Personalidade 2. Tipologia
I. Autor II. Título
cdd 155.2 / 155.2’64
ÍNDICES PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO
1. Psicologia individual / Personalidade – 155.2
2. Tipologia – 155.2’64
Reservados todos os direitos desta obra. Proibida toda e qualquer reprodução desta edição por
qualquer meio ou forma, seja ela eletrônica ou mecânica, fotocópia, gravação ou qualquer outro
meio de reprodução, sem permissão expressa do editor.
A todos os que desejam fazer pleno uso de seus
dons.
Assim como num só corpo temos muitos membros,
e nem todos os membros desempenham a mesma
função, assim, ainda que muitos, somos um só
corpo em Cristo, e todos, membros uns dos outros.
Temos dons diferentes [...]. (Rm 12, 4−6)
Sumário
P
P   
P  
N 
PARTE I: T
Capítulo I: Uma explicação sistemática para as diferenças de personalidade
Capítulo II: As dimensões da teoria de Jung
PARTE II: E    
Capítulo III: Tabelas de tipos para comparação e descoberta
Capítulo IV: Efeito da preferência ei
Capítulo V: Efeito da preferência sn
Capítulo VI: Efeito da preferência tf
Capítulo VII: Efeito da preferência jp
Capítulo VIII: Formas extrovertidas e introvertidas das funções comparadas
Capítulo IX: Descrições dos 16 tipos
PARTE III: I   
Capítulo X: Uso dos opostos
Capítulo XI: Tipo e casamento
Capítulo XII: Tipologia e aprendizagem infantil
Capítulo XIII: Estilos de aprendizagem
Capítulo XIV: Tipo e pro ssão
PARTE IV: D    
Capítulo XV: O tipo e a tarefa de crescer
Capítulo XVI: O bom desenvolvimento do tipo
Capítulo XVII: Obstáculos ao desenvolvimento do tipo
Capítulo XVIII: Motivação para o desenvolvimento do tipo em crianças
Capítulo XIX: Seguir em frente de onde quer que você esteja
B
S I B M
T  T 
N  R
P
é um livro feito para a família. Seja a sua família composta por parentes consangüíneos,
E ste
amigos íntimos ou colegas de trabalho, as idéias e conceitos aqui presentes podem ajudá-lo
a compreender a si mesmo e suas reações no processo de viver todos os dias, além de poderem
ajudá-lo a compreender e apreciar as reações daqueles ao seu redor que, com dons diferentes,
parecem estar marchando no ritmo de outro tambor. Se você já se perguntou sobre as diversas,
muitas vezes surpreendentes, formas pelas quais pessoas importantes para você, ou apenas
pessoas ao seu redor, parecem olhar para o mundo ou reagir a situações, este livro será de seu
interesse. Se você tiver problemas para entender ou se comunicar com alguém com quem se
importa — um pai, um lho, um colega de trabalho ou um parceiro amoroso — as idéias
presentes neste livro podem ser exatamente o que você procura.
A autora, Isabel Briggs Myers, foi minha mãe. Após uma luta de vinte anos, ela acabou
sucumbindo ao câncer, aos 82 anos, pouco antes da publicação da primeira edição. Seu
objetivo era ajudar as pessoas a serem felizes e e cazes no que escolhessem fazer, e a força
desse desejo lhe deu a energia necessária para continuar até que o livro estivesse pronto. É
uma homenagem ao seu insight que, desde 1980, mais de 100 mil pessoas tenham lido Os 16
tipos de personalidade e seus dons especí cos, com mais cópias vendidas a cada ano que
passa.
Seu livro apresenta, em linguagem compreensível, as idéias sobre tipos de personalidade do
famoso psicólogo suíço Carl Gustav Jung, aplicáveis a pessoas normais com problemas
cotidianos. Seu livro ajudou milhares de pessoas a reconhecerem as diferentes formas pelas
quais cada um de nós age e reage, assim como a compreender o mundo em nossos
relacionamentos com os outros. O dom dela foi repudiar a antiga, mas muito comum, idéia de
que cada um de nós é de alguma forma um desvio de algum “indivíduo normal” ideal. Ela a
substituiu pelo reconhecimento de que cada um de nós nasce com dons diferentes, com
marcas únicas relativas a como preferimos usar nossas mentes, valores e sentimentos no
processo de viver todos os dias. Jung dividiu o processo de viver todos os dias em duas simples
atividades mentais: absorver, ou tomar consciência de novas informações (que ele chamou de
percepção); e decidir, ou chegar a algumas conclusões sobre essas informações (que ele não se
deu ao trabalho de nomear).
Jung escreveu sobre sua teoria dos tipos há mais de 70 anos, mas como psicólogo praticante,
ele geralmente via pacientes com problemas psicológicos graves e estava principalmente
preocupado com o desenvolvimento malsucedido ou desequilibrado de tipos que ele
encontrava em pessoas que eram ine cazes, infelizes e buscavam ajuda pro ssional. Ele não
estava particularmente interessado nos aspectos de tipos psicológicos apresentados por
pessoas saudáveis e normais. Além disso, ele escreveu em alemão para um público altamente
especializado de psicólogos. Mesmo a tradução para o inglês de sua obra Tipos psicológicos é
uma leitura pesada. Não é surpreendente, portanto, que sua teoria dos tipos de personalidade
tenha encontrado pouco entusiasmo entre pessoas comuns interessadas na personalidade
humana.
Isabel Myers, por outro lado, embora não tivesse formação em psicologia, dedicou toda a
segunda metade de sua vida a interpretar e adaptar a teoria de Jung para ajudar pessoas
normais e saudáveis a entender que é normal ser um indivíduo único, muitas vezes bastante
diferente daqueles ao seu redor, e que muitas, se não a maior parte, das diferenças, dos
problemas e mal-entendidos que eles possam ter experimentado com outros, podem ser
explicados em termos das perfeitamente normais, mas diferentes, escolhas na forma como as
pessoas recebem e processam informações.
A premissa deste livro é que cada um de nós possui um conjunto de dons, um conjunto de
ferramentas mentais que nos sentimos confortáveis em usar e, portanto, recorremos a elas no
cotidiano. Embora todos tenhamos acesso às mesmas ferramentas básicas em nossa caixa de
ferramentas psicológicas, cada um de nós prefere uma ferramenta (ou conjunto de
ferramentas) em particular para uma tarefa especí ca. É nosso conjunto único de preferências
que nos confere nossa personalidade distintiva, e nos faz parecer semelhantes ou diferentes
dos outros.
Um problema que comumente leva muitos de nós ao estresse é a aparente incapacidade, por
vezes, de comunicar algo que nos parece muito claro e pessoalmente importante a alguém de
que gostamos a ponto de tornar sua opinião importante, ou pelo menos entender a sua
importância para nós. Podemos nos sentir magoados e rejeitados pela falta de reconhecimento
da nossa preocupação, ou podemos car perplexos com o fracasso daquela pessoa em apreciar
a lógica de nossa posição. Em Os 16 tipos de personalidade e seus dons especí cos, Isabel
Myers nos oferece explicações reconhecíveis para esses e muitos outros usos normais, mas
diferentes, das nossas ferramentas de personalidade, e aponta o caminho para os usos
construtivos das diferenças humanas.
Para ajudar a contextualizar este livro, talvez seja apropriado conhecer um pouco da história
de como ele foi escrito. Isabel Myers e sua mãe, Katharine Cook Briggs, estavam interessadas
na teoria de Jung havia aproximadamente 16 anos, quando a Segunda Guerra Mundial levou
muitos homens da força de trabalho industrial para o serviço militar e muitas mulheres
tiveram que sair de suas atividades normais para substituí-los. Como, para a maioria dessas
mulheres, o pesado ambiente de trabalho industrial era um território novo e desconhecido,
minha mãe e minha avó acharam que o conhecimento das preferências de personalidade das
pessoas, nos termos da teoria junguiana dos tipos, poderia ser uma ajuda valiosa para
identi car o tipo de tarefa para o trabalho de guerra em que alguém sem experiência prévia
relevante poderia se sentir mais confortável e ser mais e caz. Elas procuraram em vão por um
teste ou algum indicador das preferências junguianas de uma pessoa, até que nalmente
decidiram criar o seu próprio. O resultado se tornou o inventário de personalidade MyersBriggs Type Indicator® (Indicator ou ®). Como nenhuma delas era psicóloga ou
psicometrista, elas tiveram que começar do zero.
Enquanto trabalhavam juntas para compreender e correlacionar suas observações, elas não
tiveram problemas. Mas quando, em 1943, produziram o primeiro conjunto de questões
destinadas a ser o , caram cara a cara com uma dupla oposição da comunidade
acadêmica.
Em primeiro lugar, nenhuma das duas era psicóloga, nem tinha diploma avançado ou, na
verdade, qualquer treinamento formal em psicologia, estatística ou construção de testes. Em
segundo lugar, a comunidade acadêmica (e até mesmo os estudiosos junguianos e analistas
daquela época) tinha pouco interesse na teoria junguiana dos tipos psicológicos e, portanto,
ainda menos interesse em um questionário de auto-relato que pretendia identi car o tipo
junguiano criado por duas mulheres desconhecidas que eram, “por óbvio, totalmente
desquali cadas”. No entanto, Isabel Myers não era tão desquali cada assim. É verdade que ela
não tinha o treinamento acadêmico formal nas disciplinas necessárias, mas tinha uma mente
de primeira ordem e, por mais de um ano, aprendeu com alguém que era um especialista
quali cado nas técnicas e ferramentas de que precisava. Essa pessoa era Edward N. Hay, que,
na época, era gerente de recursos humanos de um grande banco na Filadél a, e dele aprendeu
o que precisava saber sobre construção de testes, pontuação, validação e estatística.
Sem se abalar com a falta de interesse ou aceitação da comunidade de psicólogos, Isabel
Myers concentrou-se no desenvolvimento do Indicador, na coleta de dados, no
aprimoramento de perguntas e na aplicação de testes aceitos para validação, con abilidade,
repetibilidade e signi cância estatística. No caminho, ela foi encorajada pelo entusiasmo e
deleite da grande maioria das pessoas para as quais ela aplicava e explicava o Indicador; ela
chamou isso de reação “aha”, uma expressão de deleite que muitas vezes vinha com o
reconhecimento de algum aspecto da personalidade da pessoa, identi cado pelo Indicador.
Uma de suas maiores alegrias em dar o resultado após pontuar o Indicador de uma pessoa era
a ocasional resposta surpresa: Que alívio descobrir que está tudo bem ser eu! Cinqüenta anos
depois, um número surpreendentemente grande de pessoas tinha experimentado, ou pelo
menos ouvido falar, do  (mais de 2,5 milhões de pessoas o zeram em 1994), e diversos
conceitos junguianos entraram em nosso vocabulário popular. Por exemplo, extroversão é
geralmente compreendida como derivar sua energia da atividade externa, e introversão como
derivar sua energia da atividade interna. Uma ilustração poderia ser: depois do trabalho você
prefere sair para socializar ou relaxar sozinho? Para muitos extrovertidos, “inferno em uma
festa” é “não poder entrar”. Muitos introvertidos vêem isso como “estar lá”.
Originalmente foi usado sobretudo no aconselhamento individual. Agora, o Indicador tem
sido amplamente aplicado em construção de equipes, desenvolvimento de organizações,
gerenciamento de negócios, educação, treinamento e aconselhamento de carreira. Foi
traduzido com sucesso para o francês e o espanhol, e traduções para quase uma dúzia de
outros idiomas estão em vários estágios de validação. Compreender o próprio tipo gerou uma
mudança bem-vinda na vida das pessoas em uma ampla diversidade de situações. Ao longo
dos anos, desde que Os 16 tipos de personalidade e seus dons especí cos foi publicado pela
primeira vez, houve uma evidência esmagadora de sua utilidade para indivíduos em quase
todos os aspectos de suas vidas pro ssionais e pessoais. E a utilidade foi bem documentada.
Eu tenho uma convicção pessoal de que grande parte da dor e do estresse não-físicos em
nosso mundo é resultado de mal-entendidos entre pessoas geralmente bem-intencionadas e
não é causada por desacordos irreparáveis. Se isso for verdade, grandes ganhos na qualidade
da vida cotidiana devem ser possíveis para cada um de nós por meio de uma melhor
compreensão de nós mesmos e de como coletamos nossas informações, processamo-las,
chegamos a conclusões ou decisões e comunicamos nossos pensamentos e desejos aos outros.
Uma cooperação e harmonia maiores devem ser possíveis se pudermos compreender e
apreciar as maneiras pelas quais os outros diferem de nós, bem como encontrar maneiras de
nos comunicar com os outros de uma forma que eles possam entender e com a qual eles
possam se sentir confortáveis.
Carl Jung escreveu sobre arquétipos — aqueles símbolos, mitos e conceitos que parecem ser
inatos e compartilhados pelos membros de uma civilização, transcendendo e não dependendo
de palavras para comunicação e reconhecimento. Diferentes culturas podem ter diferentes
formas para seus arquétipos, mas os conceitos são universais. Se o tipo de personalidade for
um desses conceitos, e se for universal em todas as culturas, religiões e ambientes, que desa o
temos diante de nós! Até poderia ser possível que a reação “aha”, experimentada ao reconhecer
algo sobre si mesmo ou a razão de uma diferença em relação a alguém, se estenda a uma
família internacional através de fronteiras políticas e econômicas, a m de trazer
compreensão, respeito e aceitação das diferenças entre povos de nações, raças, culturas e
convicções distintas. Isabel Myers, pouco antes de sua morte, expressou como seu maior
desejo que, muito depois de partir, seu trabalho continuasse ajudando as pessoas a reconhecer
e apreciar seus dons. Acredito que ela caria satisfeita com a crescente apreciação do seu
trabalho quinze anos após sua morte.
Peter Briggs Myers Washington,
Washington, ..
Março de 1995
P   
livro foi escrito a partir da crença de que muitos problemas podem ser resolvidos se
E ste
abordados à luz da teoria de tipos psicológicos de C. G. Jung. A primeira tradução para o
inglês de seu livro Tipos Psicológicos foi publicada pela Harcourt Brace, em 1923. Minha mãe,
Katharine C. Briggs, o introduziu em nossa família e o tornou parte de nossas vidas. Nós
esperamos por muito tempo por alguém que pudesse desenvolver um instrumento que
re etisse não apenas a preferência de uma pessoa pela extroversão ou introversão, mas
também o seu tipo preferido de percepção e julgamento. No verão de 1942, decidimos fazê-lo
nós mesmas. Desde então, o Myers-Briggs Type Indicator forneceu uma ampla gama de
informações sobre os aspectos práticos do tipo.
As implicações da teoria, no entanto, vão além das estatísticas e só podem ser expressas em
termos humanos. Os 16 tipos de personalidade e seus dons especí cos apresenta um relato
informal do tipo e suas consequências, conforme apareceram para nós ao longo dos anos.
Neste material, espero que pais, professores, estudantes, conselheiros, clínicos, clérigos — e
todos os outros que estão preocupados com a realização do potencial humano — possam
encontrar uma justi cativa para muitas das diferenças de personalidade com que se deparam
em seu trabalho ou com as quais precisam lidar em suas vidas particulares.
Foram necessárias três gerações para fazer este livro: o profundo insight da intuição
introvertida de minha mãe () sobre o signi cado do tipo; minha própria convicção
introvertida-sentimental () sobre a importância das aplicações práticas do tipo; e a
inestimável combinação de visão extrovertida, impulso intuitivo, dom da expressão e senso de
prioridades do meu lho Peter () — sem a qual estas páginas talvez nunca tivessem sido
concluídas.
Isabel Briggs Myers
Fevereiro de 1980
P  
16 tipos de personalidade e seus dons especí cos é um livro sobre a personalidade
O shumana
— sua riqueza, sua diversidade, seu papel no desenvolvimento de nossa carreira,
de nosso casamento, e do próprio sentido da vida. Foi escrito por uma mulher para quem a
observação, o estudo, e a avaliação da personalidade foram paixões dominantes por mais de
um século.
A estrutura conceitual pela qual Isabel Myers organizou suas sensíveis e otimistas
observações é a tipologia de Carl Jung, levemente modi cada e elaborada por Myers e sua
mãe, Katharine C. Briggs. A teoria de Jung, uma vez assimilada, fornece uma bela estrutura
para entender tanto as semelhanças quanto as diferenças entre os seres humanos.
Pelo fato de um questionário psicométrico chamado Myers-Briggs Type Indicator ser
provavelmente o método mais simples e con ável de determinar o tipo junguiano de uma
pessoa, este livro também é sobre o . Muitos dos insights a respeito do papel da
personalidade e sua in uência no comportamento humano foram desenvolvidos a partir de
pesquisas com o Indicador de Tipo e são relatadas nestas páginas.
A história por trás do desenvolvimento do Indicador de Tipo é certamente única na
psicologia. Essa história é a biogra a de um ser humano notável, ou talvez a saga de toda uma
família. É instrutiva porque revela com tanta clareza o impacto dos pais sobre os lhos, e é
inspiradora porque mostra mais uma vez o quanto um único indivíduo pode alcançar diante
de obstáculos formidáveis.
Essa história começa com o casamento, em 1886, entre duas pessoas extraordinariamente
talentosas: Katharine Cook e Lyman Briggs.
Katharine, pensadora, leitora e observadora silenciosa, cou intrigada com as semelhanças e
diferenças na personalidade humana durante a época da Primeira Guerra Mundial. Ela
começou a desenvolver sua própria tipologia, principalmente por meio do estudo de
biogra as, e então descobriu que Jung havia desenvolvido um sistema semelhante, que ela
rapidamente aceitou e começou a explorar e elaborar. Lyman já era um cientista versátil
quando a ciência americana estava apenas começando a engatinhar, e se tornou uma gura
importante durante a primeira metade do século , ao estabelecer a ciência como uma força
crucial nos salões do governo. Como diretor do National Bureau of Standards, ele
desempenhou um papel importante no desenvolvimento da aviação moderna e da energia
atômica, bem como na exploração da estratosfera e da Antártida. Embora homenageado com
inúmeros prêmios e imortalizado pelo estabelecimento do Lyman Briggs College, na Michigan
State University (sua alma mater), o Dr. Briggs era notável por sua modéstia, humildade e
compaixão.
Os Briggs tiveram uma lha, Isabel, a quem educaram em casa, exceto por um ou dois anos
na escola pública. Isabel Briggs entrou no Swarthmore College aos 16 anos e se formou no
primeiro lugar de sua turma em 1919. Em seu terceiro ano, ela se casou com Clarence Myers.
Até o início da Segunda Guerra Mundial, ela atuou como mãe e dona de casa, embora tenha
encontrado tempo para publicar dois exitosos romances de mistério, um dos quais chegou a
ganhar um prêmio disputado contra uma história de Erle Stanley Gardner.
O sofrimento e as tragédias da guerra despertaram o desejo de Myers de fazer algo que
pudesse ajudar as pessoas a se entenderem e evitar con itos destrutivos. Tendo há muito
absorvido a admiração de sua mãe pela tipologia junguiana, ela decidiu desenvolver um
método que possibilitasse o uso prático dessa teoria. Assim nasceu a idéia de um “indicador
de tipo”. Sem treinamento formal em psicologia ou estatística, sem patrocínio acadêmico ou
bolsas de pesquisa, Myers começou a árdua tarefa de desenvolver um conjunto de itens que
explorasse atitudes, sentimentos, percepções e comportamentos dos diferentes tipos
psicológicos, como ela e sua mãe os haviam entendido. Seus lhos adolescentes e seus colegas
de classe foram as primeiras cobaias, mas qualquer um cujo tipo Myers pudesse julgar poderia
ser solicitado a contribuir com idéias ou responder aos itens.
Leitora assídua, ela freqüentava bibliotecas para aprender sozinha o que precisava saber
sobre estatística e psicometria. Ela se tornou aprendiz de Edward N. Hay, que, mais tarde,
fundou uma das primeiras empresas de consultoria de pessoal a ser bem-sucedidas nos
Estados Unidos. Ela persuadiu inúmeros diretores de escolas no oeste da Pensilvânia a
permitir que testasse seus alunos, passando longas noites avaliando perguntas e tabulando
dados.
Durante a primeira década deste trabalho, Myers recebeu pouco apoio externo, à exceção de
membros de sua família. Por meio de seu pai, ela conheceu um reitor de uma faculdade de
medicina que permitiu que ela testasse seus alunos, uma oportunidade que ela expandiu ao
longo dos anos até obter resultados de  para mais de 5 mil estudantes de medicina e 10
mil enfermeiras.
A resposta da psicologia institucionalizada aos esforços de Myers foi certamente fria, se não
hostil. Em primeiro lugar, a avaliação da personalidade foi considerada um empreendimento
duvidoso por muitos psicólogos. Além disso, entre os poucos interessados em teoria e
avaliação da personalidade, as tipologias não gozavam de boa reputação. As escalas de traços e
fatores eram o foco da pesquisa, e certamente a falta de credenciais institucionais de Myers
não ajudou o  a ganhar aceitação. Não há evidências de que Myers tenha se intimidado
pelos céticos ou pelos críticos. Pelo contrário, ao longo das décadas de 1950 e 1960, ela
continuou a encurralar diretores e reitores em seus escritórios e extrair acordos para gerir o
.
Não obstante, o trabalho de Myers atraiu a atenção de alguns especialistas em avaliação.
Henry Chauncey, o atencioso chefe do Educational Testing Service, cou impressionado com
o Type Indicator a ponto de abordar Myers com uma proposta para que o  distribuísse o
teste, para ns de pesquisa. Mas nem todos no  compartilhavam do entusiasmo de
Chauncey e, exceto pela publicação de um manual em 1962, o  não experimentou um
desenvolvimento substancial sob os auspícios do . Donald T. MacKinnon, o distinto diretor
do Institute of Personality Assessment and Research da Universidade da Califórnia,
acrescentou o Indicador aos testes usados na avaliação de pessoas criativas e publicou
resultados corroborantes. O professor Harold Grant, das Universidades do Estado do
Michigan e de Auburn, e a Dra. Mary McCaulley, da Universidade da Flórida, também
realizaram pesquisas signi cativas com o instrumento. Em 1975, a publicação do  foi
transferida para a Consulting Psychologists Press, e o Center for Applications of Psychological
Type foi organizado como um serviço e laboratório de pesquisa para o Indicador. Nos últimos
anos, houve o estabelecimento de uma revista de pesquisa e a formação de uma associação de
usuários do . Essa aceitação generalizada poderia ter persuadido a maioria dos
pesquisadores com mais de 75 anos a aposentar suas calculadoras e lápis, mas não Isabel
Myers. Aos 82 anos, ela estava trabalhando em um manual revisado para o  e corrigiu as
provas de impressão de Os 16 tipos de personalidade e seus dons especí cos, muito depois de
já estar profundamente enfraquecida pela sua doença terminal.
Embora durante os últimos anos de Myers já fosse evidente que o Indicador de Tipo
provavelmente se tornaria o método de avaliação de personalidade mais amplamente utilizado
por populações não-psiquiátricas, Myers nunca demonstrou o grau de vaidade ou presunção
que tamanha realização poderia justi car: ela permaneceu satisfeita, grata e sempre
entusiasmada com a utilidade do Indicador. Tampouco houve sequer uma gota de amargura
por todos os anos de condescendência e rejeição.
Essas atitudes características de Isabel Myers carão evidentes nas páginas a seguir. Seu foco
ao longo deste livro está na beleza, na força, nas in nitas possibilidades da personalidade
humana em todas as suas variedades fascinantes. Ela provavelmente não defenderia a
perfectibilidade da espécie humana, mas mesmo após todos os acontecimentos dolorosos e
desoladores das últimas quatro décadas, Myers manteve uma comovente fé nas pessoas e um
revigorante otimismo na humanidade, os quais fazem de Os 16 tipos de personalidade e seus
dons especí cos muito mais do que um importante tratado do Indicador de Tipo MyersBriggs. Estamos felizes em trazê-lo para você.
John Black
Julho de 1980
N 
de você ter feito ou não o teste de personalidade Myers-Briggs Type
I ndependentemente
Indicator, este livro irá ajudá-lo a entender a estrutura, a teoria e muitos usos do tipo de
personalidade, com base no pensamento de Carl Jung e, posteriormente, ampliados pela
equipe mãe-e- lha, de Katharine Briggs e Isabel Briggs Myers, desenvolvedoras do método.
Além disso, se você for um dos 2,5 milhões de pessoas que a cada ano fazem o teste de
personalidade , a obra Os 16 tipos de personalidade e seus dons especí cos o ajudará a
alcançar uma compreensão mais profunda do seu próprio tipo e seu potencial de
desenvolvimento. Se você não fez o teste e deseja fazê-lo, entre em contato com um consultor
certi cado, consultor de carreira, psicólogo ou outro pro ssional quali cado em sua área. Se
você não conseguir encontrar uma referência por meio de alguém que você conheça e em que
con e, escreva para o National Board for Certi ed Counselors, em Greensboro, Carolina do
Norte.
PARTE I: T
C I: U 
    

na moda dizer que o indivíduo é único. Cada um de nós é o produto de sua própria
E stá
hereditariedade e ambiente e, portanto, é diferente de todos os outros. De um ponto de
vista prático, porém, a doutrina da individualidade não é útil sem um estudo de caso exaustivo
de cada pessoa a ser educada, aconselhada ou compreendida. Até o momento, nós não
podemos presumir, com segurança, que a mente de outras pessoas funciona de acordo com os
mesmos princípios que a nossa. Com demasiada freqüência, outras pessoas com quem
entramos em contato não raciocinam como raciocinamos, ou não valorizam as coisas que
valorizamos, ou não estão interessadas no que nos interessa.
O mérito da teoria apresentada aqui é que ela nos permite esperar diferenças especí cas de
personalidade em determinadas pessoas, assim como lidar com as pessoas e as diferenças de
maneira construtiva. Resumidamente, a teoria é que muitas variações aparentemente casuais
no comportamento humano não se devem ao acaso; são, na verdade, o resultado lógico de
algumas diferenças básicas e observáveis no funcionamento mental.
Essas diferenças básicas dizem respeito à maneira como as pessoas preferem usar suas
mentes, mais especi camente, a maneira como percebem e fazem julgamentos. Perceber é
aqui entendido de modo a incluir os processos de tornar-se consciente de coisas, pessoas,
ocorrências e idéias. Julgar inclui o processo de chegar a conclusões sobre o que foi percebido.
Juntos, a percepção e o julgamento, que compõem uma grande parte da totalidade da
atividade mental das pessoas, governam muito do seu comportamento externo, porque a
percepção — por de nição — determina o que as pessoas vêem em uma situação, e seu
julgamento determina o que elas decidem fazer a respeito. Assim, é razoável que diferenças
básicas na percepção ou julgamento resultem em diferenças correspondentes no
comportamento.
Dois modos de percepção
Como Jung aponta em Tipos psicológicos, a humanidade está equipada de duas maneiras
distintas e nitidamente contrastantes de perceber. Um meio de percepção é o processo familiar
de sentir, pelo qual nos tornamos conscientes das coisas diretamente, por meio de nossos
cinco sentidos. O outro é o processo de intuição, que é a percepção indireta por meio do
inconsciente, incorporando idéias ou associações que o inconsciente acrescenta a percepções
vindas de fora. Essas contribuições inconscientes vão desde o mero “palpite” masculino ou a
“intuição feminina”, até os exemplos culminantes de arte criativa ou descoberta cientí ca.
A existência de modos distintos de percepção pareceria auto-evidente. As pessoas percebem
por meio de seus sentidos e também percebem coisas que não estão nem nunca estiveram
presentes aos seus sentidos. A teoria acrescenta a sugestão de que os dois tipos de percepção
competem pela atenção de uma pessoa e que a maioria das pessoas, desde a infância, gosta
mais de um do que do outro. Quando as pessoas preferem a sensação, elas estão tão
interessadas na realidade ao seu redor que têm pouca atenção sobrando para idéias que
surgem vagamente do nada. Já as pessoas que preferem a intuição estão tão absortas em
perseguir as possibilidades que ela apresenta, que raramente olham com muita atenção para a
realidade. Por exemplo, leitores que preferem a sensação tendem a limitar sua atenção ao que é
dito aqui na página. Já os leitores que preferem a intuição tendem a ler nas entrelinhas e além
delas, em direção às possibilidades que vêm à mente.
Assim que as crianças exercem uma preferência entre as duas formas de perceber, tem início
uma diferença básica no seu desenvolvimento. As crianças têm domínio su ciente de seus
processos mentais para poder usar os processos favoritos com mais freqüência e negligenciar
os processos de que menos gostam. Qualquer que seja o processo que pre ram, seja a
sensação ou a intuição, elas o usarão mais, prestando mais atenção ao seu uxo de impressões
e moldando sua idéia de mundo a partir do que o processo revela. O outro tipo de percepção
cará de fundo, um pouco fora de foco.
Com a vantagem da prática constante, o processo preferido torna-se mais controlado e
con ável. As crianças tornam-se mais adultas no uso do seu processo preferido do que no uso
menos freqüente do processo negligenciado. Seu prazer se estende do próprio processo às
atividades que requerem o processo, e elas tendem a desenvolver os traços super ciais que
resultam de olhar para a vida de uma maneira particular.
Assim, por uma sequência natural de eventos, a criança que prefere a sensação e a criança
que prefere a intuição se desenvolvem em linhas divergentes. Cada uma se torna relativamente
adulta em uma área onde a outra permanece relativamente infantil. Ambas canalizam seus
interesses e energias para atividades que lhes dão a chance de usar a mente da maneira que
preferem. Ambas adquirem um conjunto de traços super ciais que surgem das preferências
básicas abaixo. Esta é a preferência  :  para sensação e  para intuição.
Dois modos de julgamento
Uma diferença básica no julgamento surge da existência de duas maneiras distintas e
nitidamente contrastantes de chegar a conclusões. Uma forma é pelo uso do pensamento, ou
seja, por um processo lógico, visando uma constatação impessoal. A outra é pelo sentimento,
isto é, pela apreciação — igualmente razoável a seu modo —, conferindo às coisas um valor
pessoal, subjetivo.
Essas duas maneiras de julgar também parecem auto-evidentes. A maioria das pessoas
concordaria que toma algumas decisões com o pensamento e outras com o sentimento, e que
os dois métodos nem sempre alcançam o mesmo resultado a partir de um determinado
conjunto de fatos. A teoria sugere que é quase certo que uma pessoa goste e con e em uma
forma de julgar mais do que na outra. Ao julgar as idéias apresentadas aqui, o leitor que
considera primeiro se elas são consistentes e lógicas está usando o julgamento do pensamento.
Um leitor que considera primeiramente se as idéias são agradáveis ou desagradáveis, apoiando
ou ameaçando idéias já valorizadas, está usando o julgamento de sentimento. Qualquer que
seja o processo de julgamento que uma criança pre ra, ela o usará com mais freqüência,
con ará mais nele implicitamente e estará muito mais pronta para o obedecer. O outro tipo de
julgamento será uma espécie de opinião minoritária, ouvida parcialmente, sendo muitas vezes
desconsiderada por completo.
Assim, a criança que prefere julgar por meio do pensamento se desenvolve em linhas
divergentes da criança que prefere julgar mediante o sentimento, mesmo quando ambas
gostam do mesmo processo perceptivo e partem das mesmas percepções. Ambas são mais
felizes e e cazes em atividades que exigem o tipo de julgamento para o qual estão mais bem
preparadas. A criança que prefere o sentimento torna-se mais adulta no manejo das relações
humanas. A criança que prefere o pensamento torna-se mais hábil na organização de fatos e
idéias. Sua preferência básica pela abordagem pessoal ou impessoal da vida resulta em traços
super ciais distintos. Esta é a preferência  :  para pensamento e  para sentimento.
Combinações entre percepção e julgamento
A preferência  (pensamento ou sentimento) é totalmente independente da preferência 
(sensação ou intuição). Qualquer tipo de julgamento pode se associar a qualquer tipo de
percepção. Assim, ocorrem quatro combinações:
: Sensação mais pensamento
: Sensação mais sentimento
: Intuição mais sentimento
: Intuição mais pensamento
Cada uma dessas combinações produz um tipo diferente de personalidade, caracterizada
pelos interesses, valores, necessidades, hábitos mentais e traços super ciais que naturalmente
resultam da combinação. Combinações com uma preferência comum irão compartilhar
algumas qualidades, mas cada combinação tem qualidades próprias, decorrentes da interação
da forma preferida de ver a vida com a forma preferida de julgar o que é visto.
Qualquer que seja a combinação particular de preferências de uma pessoa, outras com a
mesma combinação tendem a ser as mais fáceis de entender e gostar. Elas tenderão a ter
interesses semelhantes, uma vez que compartilham o mesmo tipo de percepção, e a considerar
as mesmas coisas como importantes, pois compartilham o mesmo tipo de julgamento.
Por outro lado, as pessoas que diferem em ambas as preferências serão difíceis de entender e
difíceis de prever — com a exceção de que, em todas as questões discutíveis, elas
provavelmente assumirão posições opostas. Se essas pessoas opostas forem apenas conhecidas,
o con ito de pontos de vista pode não importar, mas se forem colegas de trabalho, associados
próximos ou membros da mesma família, a oposição constante pode ser uma tensão.
Muitos con itos destrutivos surgem simplesmente porque duas pessoas estão usando tipos
opostos de percepção e julgamento. Quando a origem de tal con ito é reconhecida, torna-se
menos irritante e mais fácil de lidar. Um con ito ainda mais destrutivo pode existir entre as
pessoas e seus empregos, quando o trabalho não faz uso da combinação natural de percepção
e julgamento do trabalhador, mas exige constantemente a combinação oposta.
Os parágrafos seguintes esboçam as personalidades contrastantes que são esperadas na
teoria e encontradas na prática como resultado de cada uma das quatro combinações possíveis
de percepção e julgamento.
Sensação mais pensamento
As pessoas  (sensação mais pensamento) dependem principalmente da sensação para ns
de percepção e do pensamento para ns de julgamento. Assim, seu principal interesse se
concentra nos fatos, porque os fatos podem ser coletados e veri cados diretamente pelos
sentidos — vendo, ouvindo, tocando, contando, pesando, medindo. As pessoas  abordam
suas decisões em relação a esses fatos por meio de uma análise impessoal, por causa de sua
con ança no pensamento, com seu processo lógico, passo a passo, de raciocínio da causa ao
efeito, da premissa à conclusão.
Conseqüentemente, suas personalidades tendem a ser práticas e objetivas, e suas melhores
chances de sucesso e satisfação residem em áreas que exigem análise impessoal de fatos
concretos, como economia, direito, cirurgia, negócios, contabilidade, produção e manuseio de
máquinas e materiais.
Sensação mais sentimento
As pessoas  (sensação mais sentimento) também dependem principalmente da sensação
para ns de percepção, mas preferem o sentimento para ns de julgamento. Elas abordam suas
decisões com calor pessoal porque seus sentimentos pesam o quanto as coisas são importantes
para si e para os outros.
Elas estão mais interessadas em fatos a respeito de pessoas do que em fatos sobre coisas e,
deste modo, tendem a ser sociáveis e amigáveis. Além disso, são mais propensas a ter sucesso e
car satisfeitas em um trabalho onde seu calor pessoal pode ser aplicado de forma e caz à
situação imediata, como em pediatria, enfermagem, ensino (especialmente infantil), trabalho
social, venda de bens tangíveis e trabalhos de “serviços em que seja preciso sorrir”.
Intuição mais sentimento
As pessoas  (intuição mais sentimento) possuem o mesmo calor pessoal que as pessoas ,
por causa de seu uso compartilhado do sentimento para ns de julgamento. Contudo, por
preferirem a intuição à sensação, os s não centram sua atenção na situação concreta. Em vez
disso, eles se concentram em possibilidades, como novos projetos (coisas que nunca
aconteceram, mas podem acontecer) ou novas verdades (coisas que ainda não são conhecidas,
mas podem ser descobertas). O novo projeto ou a nova verdade é imaginado pelos processos
inconscientes e então percebido intuitivamente como uma idéia que parece uma inspiração.
O calor humano e o comprometimento com que as pessoas  buscam e acompanham uma
possibilidade são impressionantes. Elas são, ao mesmo tempo, entusiastas e perspicazes.
Freqüentemente, têm um dom marcante da linguagem e podem comunicar tanto a
possibilidade que vêem quanto o valor que atribuem a ela. Essas pessoas são mais propensas a
encontrar sucesso e satisfação no trabalho que exige criatividade para atender a uma
necessidade humana. Elas podem se destacar no ensino (principalmente na universidade e no
ensino médio), pregação, publicidade, venda de intangíveis, aconselhamento, psicologia
clínica, psiquiatria, escrita, e na maioria dos campos de pesquisa.
Intuição mais pensamento
As pessoas  (intuição mais pensamento) também usam a intuição, mas a combinam com o
pensamento. Embora se concentrem em uma possibilidade, elas a abordam com uma análise
impessoal. Muitas vezes escolhem uma possibilidade teórica ou prática e subordinam o
elemento humano.
s tendem a ser lógicos e engenhosos e são mais bem-sucedidos na resolução de problemas
em um campo de interesse especial, seja pesquisa cientí ca, computação eletrônica,
matemática, os aspectos mais complexos das nanças ou qualquer tipo de desenvolvimento ou
pioneirismo em áreas técnicas.
Todo mundo provavelmente já conheceu todos os quatro tipos de pessoas: pessoas , que
são práticas e objetivas; as simpáticas e amigáveis  ; as , que se caracterizam por seu
entusiasmo e insight; e as , que são lógicas e engenhosas.
O cético pode perguntar como quatro categorias aparentemente básicas de pessoas poderiam
ter passado despercebidas no passado. A resposta é que as categorias foram notadas
repetidamente e por diferentes investigadores ou teóricos.
Vernon (1938) citou três sistemas de classi cação derivados de métodos diferentes, mas que
são surpreendentemente paralelos. Cada um re ete as combinações de percepção e
julgamento: urstone (1931), por meio da análise fatorial das pontuações de interesse
vocacional, encontrou quatro fatores principais correspondentes ao interesse nos negócios, nas
pessoas, na linguagem e na ciência; Gundlach e Gerum (1931), a partir da inspeção das
intercorrelações de interesse, deduziram cinco “tipos de habilidades” principais, a saber:
técnica, social, criativa e intelectual, com o acréscimo da habilidade física; Spranger (1928), a
partir de considerações lógicas e intuitivas, derivou seis “tipos de homens”, a saber:
econômico, social, religioso e teorético, com o acréscimo do estético e do político.
A preferência extroversão-introversão
Outra diferença básica no uso da percepção e do julgamento pelas pessoas surge do seu
relativo interesse pelos seus mundos externo e interno. A introversão, no sentido que Jung lhe
deu ao formular o termo e a idéia, é uma das duas orientações complementares em relação à
vida; seu complemento é a extroversão. Os principais interesses do introvertido estão no
mundo interior dos conceitos e idéias, enquanto o extrovertido está mais envolvido com o
mundo exterior das pessoas e coisas. Portanto, quando as circunstâncias permitem, o
introvertido concentra a percepção e o julgamento nas idéias, enquanto o extrovertido gosta
de direcioná-los ao ambiente externo.
Isto não quer dizer que alguém esteja limitado ao mundo interior ou exterior. Os
introvertidos bem desenvolvidos podem lidar habilmente com o mundo ao seu redor quando
necessário, mas fazem seu melhor trabalho dentro de suas cabeças, em re exão. Da mesma
forma, os extrovertidos bem desenvolvidos podem lidar e cazmente com idéias, mas fazem
seu melhor trabalho externamente, em ação. Para ambos os tipos, a preferência natural
permanece, como a preferência pelo uso da mão direita ou esquerda.
Por exemplo, alguns leitores, que gostariam de chegar às aplicações práticas dessa teoria,
estão olhando para ela do ponto de vista extrovertido. Outros leitores, que se interessam mais
pelo insight do que pelo que a teoria pode fornecer para a compreensão de si mesmos e da
natureza humana em geral, estão encarando-a do ponto de vista introvertido.
Uma vez que a preferência  (extroversão ou introversão) é completamente independente
das preferências  e , os extrovertidos e introvertidos podem ter qualquer uma das quatro
combinações de percepção e julgamento. Por exemplo, entre os , os introvertidos ()
organizam os fatos e os princípios relacionados com uma situação; esta abordagem é útil em
economia ou direito. Os extrovertidos () organizam a situação em si, incluindo quaisquer
circunstâncias adjacentes, e colocam as coisas para funcionar, o que é útil em negócios e na
indústria. Os extrovertidos normalmente avançam mais depressa; para os introvertidos, as
coisas avançam numa direção mais ponderada.
Entre as pessoas , os introvertidos () elaboram seus insights lenta e cuidadosamente,
buscando princípios eternos. Os extrovertidos () têm o desejo de se comunicar e colocar
suas inspirações em prática. Se os resultados dos extrovertidos são mais abrangentes, os dos
introvertidos podem ser mais profundos.
A preferência julgamento-percepção
Mais uma preferência entra na identi cação do tipo — a escolha entre a atitude perceptiva e
a atitude julgadora como um modo de vida, um método de lidar com o mundo ao nosso
redor. Embora as pessoas devam usar tanto a percepção quanto o julgamento, ambos não
podem ser usados ao mesmo tempo. Portanto, as pessoas vivem alternando entre as atitudes
perceptivas e julgadoras, às vezes de forma bastante abrupta, como quando um pai com uma
alta tolerância ao barulho das crianças subitamente decide que já basta.
Há momentos para perceber e momentos para julgar, e muitas vezes em que qualquer uma
das atitudes pode ser apropriada. A maioria das pessoas acha uma atitude mais confortável do
que a outra, sente-se mais à vontade com ela e a usa com a maior freqüência possível ao lidar
com o mundo externo. Por exemplo, alguns leitores ainda estão acompanhando esta
explicação com a mente aberta; eles estão, pelo menos por enquanto, usando a percepção.
Outros leitores já decidiram se concordam ou discordam; eles estão usando o julgamento.
Há uma oposição fundamental entre as duas atitudes. Para chegar a uma conclusão, as
pessoas que usam a atitude julgadora precisam desligar a percepção. Todas as evidências já
existem, e tudo o mais é irrelevante e imaterial. Está na hora de chegar a um veredito. Por
outro lado, na atitude perceptiva, as pessoas desligam o julgamento. Nem todas as evidências
foram apresentadas; novos desenvolvimentos ocorrerão. É muito cedo para fazer algo
irrevogável.
Essa preferência faz a diferença entre as pessoas julgadoras, que ordenam suas vidas, e as
pessoas perceptivas, que simplesmente as vivem. Ambas as atitudes têm mérito. Qualquer uma
delas pode ser um modo de vida satisfatório, se a pessoa puder mudar temporariamente para a
atitude oposta quando for realmente necessário.
Resumo das quatro preferências
De acordo com a teoria aqui apresentada, a personalidade é estruturada por quatro
preferências relativas ao uso da percepção e do julgamento. Cada uma dessas preferências é
uma bifurcação no caminho do desenvolvimento humano e determina qual das duas formas
contrastantes de excelência uma pessoa buscará. Quanta excelência as pessoas realmente
alcançam depende em parte de sua energia e de suas aspirações, mas, de acordo com a teoria
dos tipos, o tipo de excelência para o qual elas se dirigem é determinado pelas preferências
inatas que as direcionam a cada encruzilhada da estrada.
Preferê
ncia
por
Afeta a escolha de uma pessoa
 Extrove
 rsão ou
introver
são
Para focar o processo dominante (favorito)
no mundo exterior ou no mundo das idéias
 Sensaçã
 o ou
intuição
Para usar um tipo de percepção em vez de
outro quando qualquer um pode ser usado.
Preferê
ncia
por
Afeta a escolha de uma pessoa
 Pensam
 ento ou
sentime
nto
Para usar um tipo de julgamento em vez de
outro quando qualquer um pode ser usado.
 Julgame
 nto ou
percepç
ão
Para usar a atitude julgadora ou perceptiva
para lidar com o mundo exterior.
Criação de “tipo” por exercício das preferências
Segundo essa teoria, as pessoas criam seu “tipo” por meio do exercício de suas preferências
individuais em relação à percepção e ao julgamento. Os interesses, valores, necessidades e
hábitos mentais que resultam naturalmente de qualquer conjunto de preferências tendem a
produzir um conjunto reconhecível de características e potencialidades.
Os indivíduos podem, assim, ser descritos, em parte, declarando suas quatro preferências,
como . Pode-se esperar que tal pessoa seja diferente das outras de maneiras
características de seu tipo. Descrever pessoas como s não infringe seu direito à
autodeterminação: elas já exerceram esse direito preferindo  e  e  e . Identi car e lembrar
os tipos de pessoas mostra respeito não apenas pelo seu direito abstrato de se desenvolver
conforme as linhas de suas próprias escolhas, mas também pelas formas concretas como são e
preferem se diferenciar dos outros.
O papel do processo dominante
É mais fácil reconhecer a maneira preferida de percepção e julgamento de uma pessoa do
que dizer qual dos dois é o processo dominante. Não há dúvida de que um navio precisa de
um capitão com autoridade incontestável para traçar seu rumo e levá-lo com segurança ao
porto desejado. Nunca chegaria ao porto se cada pessoa no leme, por sua vez, apontasse para
um destino diferente e alterasse o curso.
Da mesma forma, as pessoas precisam de alguma força governante em sua composição. Elas
precisam desenvolver seu melhor processo a ponto de dominar e uni car suas vidas. No curso
natural dos acontecimentos, cada pessoa faz exatamente isso.
Por exemplo, os s que acham a intuição mais interessante do que o pensamento
naturalmente darão prioridade à intuição e subordinarão o pensamento a ela. Sua intuição
adquire uma validade pessoal inquestionável que nenhum outro processo pode alcançar. Eles
gostarão, usarão e con arão mais nela. Suas vidas serão moldadas de forma a dar o máximo de
liberdade para a busca de objetivos intuitivos. Como a intuição é um processo perceptivo, os
s lidarão com o mundo pela atitude perceptiva, o que os torna  s.
Eles consultarão seu julgamento, seu pensamento, apenas quando não entrarem em con ito
com sua intuição. Mesmo assim, eles o usarão apenas até certo ponto, dependendo de quão
bem desenvolvido ele está. Eles podem fazer bom uso do pensamento em busca de algo que
desejam por causa de sua intuição, mas os s não permitirão que o pensamento rejeite o
que estão buscando.
Por outro lado, os s que consideram o pensamento mais atraente do que a intuição
tenderão a deixar o pensamento tomar conta de suas vidas, deixando a intuição em segundo
lugar. O pensamento ditará os objetivos, e a intuição só poderá sugerir meios adequados para
alcançá-los. Como o processo que eles preferem é julgador, esses s lidarão com o mundo
pela atitude julgadora; logo, eles são  s.
Da mesma forma, alguns s encontram mais satisfação no sentimento do que na sensação;
eles deixam que seus sentimentos tomem conta de suas vidas, colocando a sensação em
segundo lugar. O sentimento é então supremo e inquestionável. Em qualquer con ito com as
outras funções, o sentimento domina. A vida desses s será moldada para servir a seus
valores emocionais. Por causa da preferência pelo sentimento, um processo julgador, eles
lidarão com o mundo pela atitude julgadora. Eles são .
Os s prestarão atenção real à sua percepção, à sua sensação, apenas quando esta estiver
de acordo com o seu sentimento. Mesmo assim, eles a respeitarão apenas até certo ponto,
dependendo de quão bem a desenvolveram. Eles não reconhecerão dúvidas levantadas pelos
sentidos sobre algo valorizado pelo seu sentimento.
No entanto, outros s acham a sensação mais grati cante do que o sentimento e tenderão a
colocar a sensação em primeiro lugar e o sentimento em segundo lugar. Suas vidas serão
moldadas para servir a seus sentidos — para proporcionar um uxo de experiências que
forneçam algo interessante para ver, ouvir, saborear ou manipular. O sentimento poderá
contribuir, mas não interferir. Como a sensação, um processo perceptivo, é preferido, esses
s lidarão com o mundo pela atitude perceptiva e, portanto, são  s.
Esse fenômeno, do processo dominante ofuscando os outros processos e moldando a
personalidade, foi observado empiricamente por Jung no decorrer de seu trabalho e tornouse, junto com a preferência extroversão-introversão, a base de seus tipos psicológicos.
Algumas pessoas não gostam da idéia de um processo dominante e preferem pensar em si
mesmas usando todos os quatro processos igualmente. No entanto, Jung sustenta que tal
imparcialidade, onde ela realmente existe, mantém todos os processos relativamente
subdesenvolvidos e produz uma “mentalidade primitiva”, porque formas opostas de fazer a
mesma coisa interferem umas nas outras se nenhuma tiver prioridade. Se um processo
perceptivo deve atingir um alto grau de desenvolvimento, ele precisa de atenção total na maior
parte do tempo, o que signi ca que o outro deve ser desligado com freqüência e será menos
desenvolvido. Se um processo julgador deve se tornar altamente desenvolvido, ele deve ter o
mesmo direito de passagem. Um processo perceptivo e um processo julgador podem se
desenvolver lado a lado, desde que um seja usado a serviço do outro. Mas um processo —
sensação, intuição, pensamento ou sentimento — deve ter clara soberania, com oportunidade
de atingir seu pleno desenvolvimento, se uma pessoa quiser ser realmente e caz.
O papel do processo auxiliar
Um processo sozinho, no entanto, não é su ciente. Para que as pessoas sejam equilibradas,
elas precisam de um desenvolvimento adequado (mas não igual) de um segundo processo,
não como rival do processo dominante, mas como um auxiliar bem-vindo. Se o processo
dominante for julgador, o processo auxiliar será perceptivo: tanto a sensação quanto a intuição
podem fornecer material sólido para julgamentos. Se o processo dominante for perceptivo, o
processo auxiliar será julgador: tanto o pensamento quanto o sentimento podem dar
continuidade ao objetivo.
Se uma pessoa não tem um desenvolvimento útil de um processo auxiliar, a ausência
provavelmente será óbvia. Um perceptivo extremo sem julgamento é só vela e nenhum leme.
Um tipo extremamente julgador sem percepção é todo forma e nenhum conteúdo.
Além de complementar o processo dominante em seu ramo principal de atuação, o auxiliar
tem outra responsabilidade. Ele carrega o fardo principal de fornecer equilíbrio adequado
(mas não igualdade) entre extroversão e introversão, entre os mundos externo e interno. Para
todos os tipos, o processo dominante torna-se profundamente absorvido no mundo que mais
interessa, e tal absorção é adequada e apropriada. O mundo de sua escolha não é apenas mais
interessante, é o mais importante para eles. É onde eles podem fazer seu melhor trabalho e
funcionar em seu melhor nível, e reivindica a atenção quase total de seu melhor processo. Se o
processo dominante se envolver profundamente em assuntos menos importantes, a principal
tarefa da vida sofrerá. Em geral, portanto, os assuntos menos importantes são deixados para o
processo auxiliar.
Para os extrovertidos, o processo dominante está preocupado com o mundo exterior das
pessoas e coisas, ao passo que o processo auxiliar tem que cuidar de suas vidas interiores, sem
o que os extrovertidos seriam extremos na extroversão e, nas opiniões de seus companheiros
mais equilibrados, super ciais.
Os introvertidos têm menos opções de participação em ambos os mundos. A vida exterior
lhes é imposta, quer queiram quer não. Seu processo dominante está absorto no mundo
interior das idéias, e o processo auxiliar faz o que pode sobre suas vidas exteriores. Com efeito,
o processo dominante diz ao auxiliar: “Vá lá e cuide das coisas que não podem ser evitadas e
não me peça para trabalhar nelas, exceto quando for absolutamente necessário”.
Os introvertidos relutam em usar o processo dominante no mundo exterior mais do que o
necessário por causa dos resultados previsíveis. Se o processo dominante, que é o processo
mais adulto e consciencioso, for usado em coisas externas, envolverá os introvertidos em mais
extroversão do que eles podem suportar, e tal envolvimento lhes custará privacidade e paz.
O sucesso dos contatos dos introvertidos com o mundo exterior depende da e cácia de seu
processo auxiliar. Se ela não for desenvolvida adequadamente, suas vidas exteriores serão
muito incômodas, acidentais e desconfortáveis. Assim, há uma penalidade mais óbvia para os
introvertidos que falham em desenvolver um processo auxiliar útil do que para os
extrovertidos com de ciência semelhante.
Di culdade de identi car o processo dominante dos introvertidos
Nos extrovertidos, o processo dominante, sendo extrovertido, não é apenas visível, mas
conspícuo. Sua maneira mais con ável, mais habilidosa e mais adulta de usar suas mentes é
dedicada ao mundo exterior. Desta forma, é o lado comumente apresentado, o lado que os
outros vêem, mesmo em contatos casuais. O melhor processo dos extrovertidos tende a ser
imediatamente aparente.
Com os introvertidos, o inverso é verdadeiro. O processo dominante é habitual e
teimosamente introvertido; quando sua atenção deve se voltar para o mundo exterior, eles
tendem a usar o processo auxiliar. Com exceção daqueles que são muito próximos dos
introvertidos, ou muito interessados no trabalho que amam (o que provavelmente é a melhor
maneira de se aproximar deles), as pessoas provavelmente não serão admitidas no mundo
interior dos introvertidos. A maioria das pessoas vê apenas o lado introvertido presente no
mundo exterior, que é principalmente seu processo auxiliar, seu segundo melhor.
O resultado é um paradoxo. Os introvertidos cujo processo dominante é um processo
julgador, seja o pensamento ou o sentimento, não agem externamente como pessoas
julgadoras. O que aparece do lado de fora é a perceptividade de seu processo auxiliar, e eles
vivem suas vidas externas principalmente pela atitude perceptiva. O julgamento interno não é
aparente até que surja algo que seja importante para seus mundos internos. Nesses momentos,
eles podem assumir uma posição surpreendentemente positiva.
Da mesma forma, os introvertidos cujo processo dominante é perceptivo, seja a sensação ou
a intuição, não se comportam exteriormente como pessoas perceptivas. Eles mostram a
julgabilidade do processo auxiliar e vivem suas vidas exteriores principalmente na atitude
julgadora. Uma boa maneira de visualizar a diferença é pensar no processo dominante como o
general e no processo auxiliar como seu ajudante. No caso do extrovertido, o general está
sempre exposto. Outras pessoas o encontram imediatamente e fazem seus negócios
diretamente com ele. Eles podem obter o ponto de vista o cial sobre qualquer coisa a qualquer
momento. O ajudante ca respeitosamente ao fundo ou desaparece dentro da tenda. O general
do introvertido está dentro da tenda, trabalhando em assuntos de alta prioridade. O ajudante
está do lado de fora evitando as interrupções, ou, se está dentro ajudando o general, sai para
ver o que é pedido. É o ajudante que os outros conhecem e com quem fazem seus negócios. Só
quando o negócio é muito importante (ou a amizade é muito próxima) é que os outros entram
para ver o próprio general.
Se as pessoas não percebem que há um general na tenda que supera de longe o ajudante que
encontraram, elas podem facilmente presumir que o ajudante é o único responsável. Este é um
erro lamentável. Isso leva não apenas a uma subestimação das habilidades do introvertido,
mas também a uma compreensão incompleta de seus desejos, planos e pontos de vista. A
única fonte para tal informação privilegiada é o general.
Uma precaução fundamental ao lidar com introvertidos, portanto, é não presumir, apenas
pelo contato comum, que eles revelaram o que realmente importa para eles. Sempre que
houver uma decisão a ser tomada que envolva introvertidos, eles devem ser informados sobre
isso da maneira mais completa possível. Se o assunto for importante para eles, o general sairá
da tenda e revelará uma série de novidades, e a decisão nal terá mais chances de ser acertada.
Descobrindo qual processo é dominante
Existem três maneiras de deduzir o processo dominante das quatro letras do tipo de uma
pessoa. O processo dominante deve, é claro, ser ou o processo perceptivo preferido (como
mostrado pela segunda letra) ou o processo julgador preferido (como mostrado pela terceira).
A preferência  pode ser usada para determinar o processo dominante, mas deve ser usada
de forma diferente com extrovertidos e introvertidos. O  re ete apenas o processo usado
para lidar com o mundo exterior.
Conforme explicado anteriormente, o processo dominante do extrovertido prefere o mundo
exterior. Portanto, o processo dominante do extrovertido aparece na preferência do . Se o
tipo de um extrovertido termina em , o processo dominante é julgador, ou  ou . Se o tipo
termina em , o processo dominante é perceptivo, ou  ou .
Para os introvertidos, ocorre exatamente o oposto. O processo dominante do introvertido
não aparece na preferência do , porque os introvertidos preferem não usar o processo
dominante para lidar com o mundo exterior. O  ou  em seu tipo, portanto, re ete o processo
auxiliar ao invés do processo dominante. Se o tipo de um introvertido termina em , o
processo dominante é perceptivo, ou  ou . Se o tipo termina em , o processo dominante é
julgador, ou  ou .
Para referência imediata, as letras sublinhadas na Figura 1 indicam o processo dominante
para cada um dos 16 tipos.
Extrovertido
Introvertido
Extrovertido
Introvertido
A preferência  mostra
como a pessoa prefere lidar
com o mundo exterior.
A preferência  mostra
como a pessoa prefere lidar
com o mundo exterior.
O processo dominante
aparece na preferência .
O processo auxiliar aparece
na preferência .
O processo dominante é
usado no mundo exterior.
O processo dominante é
usado no mundo interior.
O processo auxiliar é
usado no mundo interior.
O processo auxiliar é usado
no mundo exterior.
Figura 1 O processo dominante de cada tipo
C II: A   
 J
 apresenta a teoria tipológica em uma forma mais simples do que a empregada
O Capítulo
por Jung em seu Tipos psicológicos e desenvolve sua teoria em termos próximos aos
aspectos cotidianamente observados em pessoas normais. Além do seu processo dominante,
essas pessoas possuem um processo auxiliar su cientemente desenvolvido para fornecer um
equilíbrio entre julgamento e percepção, assim como entre extroversão e introversão. Jung não
descreve em nenhum lugar de seu livro estes tipos normais e equilibrados como possuindo
um processo auxiliar à disposição. Ele retrata cada processo focando mais nitidamente e com
o máximo de contraste nas formas extrovertida e introvertida; conseqüentemente, ele descreve
os raros tipos teoricamente “puros”, que têm pouco ou nenhum desenvolvimento do auxiliar.
A abordagem de Jung tem vários efeitos indesejados. Ao ignorar o auxiliar, ele ignora as
combinações de percepção e julgamento e suas amplas áreas de interesse para os negócios, as
pessoas, a linguagem e a ciência. Os resultados dessas combinações — as formas cotidianas
nas quais os tipos são encontrados — são descartados em sete linhas da página 515 (ver
página 45 deste livro). Deste modo, outros pesquisadores, que reinventaram as categorias sob
diferentes nomes, desconheciam os paralelos entre suas descobertas e as teorias de Jung.
Outra conseqüência importante de ignorar o processo auxiliar se nota na distorção das
descrições feitas dos tipos individuais introvertidos. Estes tipos dependem do auxiliar para sua
extroversão, ou seja, para suas personalidades exteriores, sua comunicação com o mundo e
seus meios de ação. Retratá-los sem auxiliares é retratá-los sem extroversão — incapazes de se
comunicar, de usar seus insights ou de causar qualquer impacto no mundo exterior.
Em vista do profundo apreço de Jung pelo valor dos introvertidos, é irônico que ele deixe
que sua paixão pela abstração o traia e o leve a se concentrar em casos de introversão “pura”,
não apenas descrevendo pessoas sem extroversão alguma, mas, aparentemente, apresentandoas como formas típicas dos introvertidos em geral. Deixando de considerar que os
introvertidos com um bom auxiliar são efetivos e desempenham um papel indispensável no
mundo, Jung abre a porta para um mal-entendido generalizado de sua teoria. Muitas pessoas a
entenderam tão mal que consideraram a diferença básica entre extrovertidos e introvertidos
como uma diferença de ajuste em vez de uma escolha legítima de orientação.
Poucos dos leitores de Jung parecem ter percebido que suas concepções tipológicas tinham
relação com os problemas cotidianos familiares à tarefa de educar as pessoas, aconselhá-las,
empregá-las, comunicar-se com elas, assim como viver em uma mesma família. Por décadas,
portanto, a utilidade prática de sua teoria não foi explorada.
Implicações negligenciadas da teoria de Jung
Para ser útil, uma teoria da personalidade precisa retratar e explicar as pessoas como são.
Deste modo, a teoria de Jung deve ser ampliada para incluir os três elementos essenciais
expostos a seguir.
Presença constante das funções auxiliares
O primeiro requisito para o equilíbrio é o desenvolvimento do processo auxiliar em relação
ao processo dominante. Jung não menciona o processo auxiliar em Tipos psicológicos até a
página 513, depois de feitas todas as suas descrições dos tipos.
● Nas descrições anteriores, não pretendi dar aos meus leitores a impressão de que esses
tipos puros ocorrem freqüentemente na realidade.1
● Em conjunto com o processo mais diferenciado, outro processo de importância secundária
e, portanto, de diferenciação inferior na consciência, está constantemente presente e é um
fator relativamente determinante.2
● A experiência mostra que o processo secundário é sempre aquele cuja natureza é diferente,
embora não antagônica, do processo principal. Assim, por exemplo, o pensamento, como
processo primário, pode ser facilmente combinado com a intuição enquanto auxiliar, ou, de
fato, pode se combinar igualmente bem com a sensação, mas... nunca com o sentimento.3
Resultado das combinações entre percepção e julgamento
Talvez as características resultantes dessas combinações, como visto no Capítulo , sejam os
aspectos típicos mais fáceis de serem vistos. A seguir, tudo o que Jung escreve sobre elas:
Dessa mistura resultam guras bem conhecidas como, por exemplo, o intelecto prático que está unido à sensação, o
intelecto especulativo que é penetrado pela intuição, a intuição artística que escolhe e apresenta seus trabalhos por meio
de julgamentos do sentimento, a intuição losó ca que transpõe sua visão para a esfera do compreensível, graças a um
intelecto vigoroso, e assim por diante.4
O papel do auxiliar no equilíbrio entre extroversão e introversão
O princípio básico de que o auxiliar fornece a extroversão necessária para os introvertidos e
a introversão necessária para os extrovertidos é de vital importância. O auxiliar dos
extrovertidos lhes dá acesso à sua própria vida interior e ao mundo das idéias; o auxiliar dos
introvertidos lhes dá um meio para que se adaptem ao mundo da ação e lidem e cazmente
com ele. As únicas alusões de Jung a esse fato são enigmaticamente breves.
Conseqüentemente, quase nenhum dos seus seguidores, exceto Van der Hoop, parece
entender o princípio envolvido. Com efeito, eles supõem que as duas funções mais
desenvolvidas são usadas na esfera principal (tanto extrovertidos quanto introvertidos) e que a
outra esfera é deixada à mercê das duas funções inferiores. Jung escreve:
Para todos os tipos que aparecem na prática, o princípio é que, além do processo principal consciente, há também um
processo auxiliar relativamente inconsciente, que, em todos os seus aspectos, é diferente da natureza do processo
principal.5
A parte central do trecho acima é a a rmação “em todos os seus aspectos”. Se o processo
auxiliar for diferente do processo dominante em todos os aspectos, ele não poderá ser
introvertido quando o processo dominante for introvertido. Pelo contrário, ele deverá ser
extrovertido se o processo dominante for introvertido e introvertido se o processo dominante
for extrovertido.6 Esta interpretação é con rmada por Jung em dois outros trechos, o primeiro
sobre o pensador introvertido e o segundo sobre o extrovertido.
As funções relativamente inconscientes de sentimento, intuição e sensação, que equilibram o pensamento introvertido,
são qualitativamente inferiores, com um caráter primitivo e extrovertido.7
Quando o mecanismo da extroversão predomina […], o processo com maior diferenciação tem uma aplicação contínua
de extroversão, enquanto as funções inferiores são colocadas a serviço da introversão.8
A conclusão de que o processo auxiliar cuida da extroversão do introvertido e da introversão
do extrovertido é con rmada pela observação. Em todos os introvertidos bem equilibrados, o
observador pode ver que a extroversão é realizada pelo processo auxiliar. Por exemplo, as
pessoas  (tipos sensitivos introvertidos que preferem o pensamento ao sentimento como
auxiliar) normalmente conduzem a vida externa com seu segundo melhor processo, o
pensamento, de modo que ele é realizado com sistema e ordem impessoais. Elas não deixam
isso a cargo de seu terceiro melhor processo, o sentimento, como teriam de fazer se tanto a
sensação quanto o pensamento fossem introvertidos. Da mesma maneira, as pessoas 
(tipos sentimentais introvertidos que preferem a intuição à sensação como auxiliar)
normalmente conduzem a vida externa com seu segundo melhor processo, a intuição, de
modo que sua vida externa se caracteriza por impulsos, sonhos e entusiasmo. Elas não deixam
isso por conta de seu terceiro melhor processo, a sensação, como teriam de fazer se tanto o
sentimento quanto a intuição fossem introvertidos.
Encontra-se um grau mais sutil de evidência no “caráter extrovertido” do processo auxiliar
do introvertido. Por exemplo, em um  bem equilibrado, o processo auxiliar observável, o
pensamento, pode se assemelhar mais ao pensamento do pensador extrovertido do que ao do
pensador introvertido. Esse ponto pode ser testado com qualquer introvertido comparando o
processo auxiliar com o Capítulo , Figuras 28–31, onde são mostradas as diferenças entre o
pensamento extrovertido e introvertido, o sentimento extrovertido e introvertido etc.
Assim, o bom desenvolvimento de tipo exige que o auxiliar complemente o processo
dominante em dois aspectos: ele deve fornecer um grau útil de equilíbrio não apenas entre
percepção e julgamento, mas também entre extroversão e introversão. Se isso não for feito, o
indivíduo cará literalmente “desequilibrado”, recolhendo-se no mundo preferido e,
consciente ou inconscientemente, terá medo do outro mundo. Estes casos ocorrem e podem,
aparentemente, apoiar a suposição generalizada entre os analistas junguianos de que o
dominante e o auxiliar são naturalmente tanto extrovertidos quanto introvertidos; no entanto,
tais casos não são a norma: eles são exemplos de uso e desenvolvimento insu cientes do
auxiliar. Para que as pessoas vivam felizes e e cazmente em ambos os mundos, elas precisam
de um auxiliar equilibrado que possibilite a adaptação em ambas as direções — ao mundo ao
seu redor e ao seu eu interior.
Os 16 tipos resultantes
Quando o processo auxiliar é levado em consideração, os tipos de Jung se dividem em dois.
No lugar do simples pensador introvertido, há o pensador introvertido com sensação e o
pensador introvertido com intuição. Desta forma, há 16 tipos no lugar dos oito de Jung.
Dezesseis seria um número difícil de manter em mente se os tipos fossem categorias
arbitrárias e não-relacionadas, mas cada um é o resultado lógico de suas próprias preferências
e está intimamente relacionado aos outros tipos que compartilham algumas das mesmas
preferências. (As relações podem ser visualizadas de forma lógica e fácil com o conhecimento
da Tabela de Tipos no Capítulo , Figura 2).
Na tentativa de determinar o tipo de uma pessoa por meio da observação, não é necessário
considerar todas as 16 possibilidades ao mesmo tempo. Qualquer preferência que pareça ser
razoavelmente certa reduzirá as possibilidades pela metade. Por exemplo, qualquer
introvertido pertence a um dos oito tipos de introvertidos. Se for um introvertido intuitivo, ele
pertencerá a um dos quatro tipos . Se essa pessoa preferir o pensamento ao sentimento, o
tipo será ainda mais re nado para . Na etapa nal, a identi cação do processo dominante
dependerá da preferência .
O papel da preferência julgamento-percepção
A preferência  completa a estrutura do tipo. Conforme explicado no nal do Capítulo ,
essa preferência é indispensável para determinar qual é o processo dominante. Estudantes de
Jung não encontrarão, entretanto, qualquer referência à preferência  em Tipos psicológicos.
Embora ele ocasionalmente se re ra a tipos julgadores e perceptivos entre os extrovertidos,
Jung nunca menciona que a diferença  pode ser vista nos introvertidos e que re ete o caráter
de sua extroversão. Essa omissão é inevitável porque ele nunca discute a extroversão do
introvertido.
Em vez disso, Jung divide os tipos em racionais e irracionais; os tipos “racionais” são aqueles
cujo processo dominante é o pensamento ou o sentimento, e os “irracionais” são aqueles cujo
processo dominante é a sensação ou a intuição. Esta distinção é de pouca utilidade prática
para determinar o tipo de uma pessoa. A racionalidade do tipo sentimental introvertido, por
exemplo, é muito interior e sutil para o observador perceber com alguma certeza, ou mesmo
para o sujeito descrever. É mais seguro depender de reações relativamente simples e acessíveis.
A preferência  se mostra em reações simples e acessíveis. Ela serve admiravelmente como a
quarta dicotomia, se tivermos em mente um detalhe: trata-se apenas do comportamento
externo e, portanto, aponta apenas indiretamente para o processo dominante do introvertido.
A preferência tem três vantagens principais. É facilmente veri cável; é descritiva, abrangendo
uma série de qualidades notáveis e importantes; e expressa uma divisão básica em termos
positivos, sem ofender nenhum dos lados. Tanto as pessoas julgadoras quanto as pessoas
perceptivas podem ver mérito no que são, enquanto para a maioria das pessoas “irracional” é
uma palavra agressiva.9
A inclusão da preferência  na teoria surgiu como resultado de uma pesquisa de
personalidade não-publicada de Katharine C. Briggs, antes da publicação de Tipos
psicológicos de Jung. As categorias de tipos que ela havia concebido eram inteiramente
consistentes com as de Jung, mas menos detalhadas. Seu “tipo meditativo” incluía todos os
tipos introvertidos. Seu “tipo espontâneo” correspondia aos extrovertidos perceptivos, nos
quais o comportamento perceptivo é mais forte. Seu “tipo executivo” descrevia exatamente os
pensadores extrovertidos, e seu “tipo sociável”, os sentimentais extrovertidos.
Quando a teoria de Jung foi publicada em 1923, Katharine percebeu que ia muito além da
sua própria e a estudou intensivamente. Juntando os trechos citados anteriormente neste
capítulo, ela os interpretou como signi cando que o processo auxiliar dirige a vida exterior do
introvertido. Ela olhou para a vida exterior de seus amigos “meditativos” para ver se isso era
verdade e concluiu que sim.
Briggs também descobriu que, quando o auxiliar do introvertido era um processo
perceptivo, dava origem a uma atitude perceptiva e a uma personalidade externa que se
assemelhava, de maneira silenciosa, à personalidade “espontânea” do extrovertido perceptivo.
Quando o auxiliar era um processo julgador, produzia uma atitude de julgamento e uma
personalidade externa que era o oposto de “espontâneo”.
Sua própria compreensão dos tipos “espontâneos” a preparou para reconhecer a atitude
perceptiva e a atitude julgadora — e o fato de que elas formam um quarto par de opostos. A
inclusão da preferência  junto das outras preferências, ,  e , completou o sistema. As
análises que ela elaborou naquela época — resumindo os efeitos de cada uma dessas quatro
preferências — forneceram, muito tempo depois, a chave para a determinação prática do
tipo.10
A realidade dos opostos
Em todo o nosso trabalho subseqüente com tipos, Katharine Briggs e eu tomamos esses
quatro pares de opostos como básicos. Nós não os inventamos ou descobrimos. Eles são
inerentes à teoria dos tipos funcionais de Jung, baseada em muitos anos de observações que
lhe pareciam sintetizar o conhecimento já existente sobre a personalidade. Temos estado
menos interessados em de nir as funções do que em descrever as conseqüências de cada
preferência, tanto quanto podemos observá-las ou inferi-las, e em usar as conseqüências mais
acessíveis (não as mais importantes) para desenvolver um meio de identi car o tipo.
Uma vez que os aspectos mais super ciais do tipo costumam ser os mais fáceis de descrever,
muitas reações triviais são úteis para a identi cação, mas essas são apenas minúcias para
mostrar em que direção o vento sopra. Elas não são o vento. Seria um erro supor que a
essência de uma atitude ou de um processo perceptivo ou de julgamento é de nida por seus
efeitos super ciais triviais ou pelos itens de teste que a re etem ou pelas palavras usadas para
descrevê-la. A essência de cada uma das quatro preferências é uma realidade observável.
É fácil para as pessoas perceberem que há a escolha entre dois mundos nos quais podem
concentrar seu interesse. Um é um mundo externo onde as coisas acontecem fora dos
indivíduos ou “sem” eles, em ambos os sentidos da palavra, e o outro é um mundo interno
onde a atividade está dentro da mente do indivíduo, de modo que o indivíduo é uma parte
inseparável de tudo o que acontece.
Ficará evidente para as pessoas também, embora talvez mais claramente quando aplicado
aos outros do que a si mesmas, que elas podem escolher entre duas atitudes ao lidar com o
mundo exterior. Podem percebê-lo sem nenhuma inclinação para julgá-lo no momento, ou
podem julgá-lo sem fazer nenhum esforço adicional de percepção.
Quando as pessoas consideram seus próprios processos mentais, ca evidente que mais de
um tipo de percepção é possível. As pessoas certamente não estão limitadas ao relato direto de
seus sentidos. Através das mensagens sutis da intuição, as pessoas também podem se tornar
conscientes do que as coisas poderiam ser ou do que pode ser feito.
Finalmente, as pessoas podem ver, pelo menos nos outros, que existem dois tipos de
julgamento, um por meio do pensamento e outro por meio do sentimento. Todo mundo
conhece os dois diariamente, às vezes usados adequadamente e às vezes não.
A existência dos opostos não é, portanto, nada novo, como o próprio Jung aponta. Eles são
de conhecimento comum, uma vez que as pessoas param para pensar sobre eles. A
di culdade, observa Jung, é que eles parecem muito diferentes para diferentes tipos. Pessoas
de cada tipo experimentam os opostos à sua maneira. Mesmo com conhecimento “perfeito” de
todos os 16 pontos de vista, ainda seria impossível de nir os opostos em termos que
satis zessem a todos. No entanto, quando as pessoas renunciam a de nições formais e, em vez
disso, consultam a realidade de suas próprias experiências, podem concordar que em cada
uma das quatro áreas mencionadas há uma escolha de opostos que pode ser experimentada,
como quer que as dicotomias sejam de nidas.
O novo insight pelo qual Jung sintetizou esse conhecimento foi o reconhecimento de que
uma escolha inicial entre esses opostos básicos determina a linha de desenvolvimento da
percepção e do julgamento da pessoa e, portanto, tem profundas consequências no campo da
personalidade. Essa idéia magní ca torna possível uma explicação coerente para uma
variedade de diferenças humanas simples, para complexidades de personalidade e para
satisfações e motivações amplamente diferentes. Também sugere uma nova dimensão
importante na compreensão do desenvolvimento dos jovens.
Jung viu sua teoria como uma ajuda para a autocompreensão, mas a aplicação da teoria
(como a própria teoria em si mesma) se estende para além do ponto em que Jung se contentou
em parar. Os conceitos dos tipos lançam luz sobre a maneira como os indivíduos percebem e
julgam e sobre as coisas que mais valorizam; os conceitos dos tipos são, portanto, úteis sempre
que uma pessoa deve se comunicar ou viver com outra, ou tomar decisões que afetam outra
vida humana que não a sua.
PARTE II: E 
  
C III: T  
   
as pessoas de cada tipo devem experimentar os opostos à sua
C omo
própria maneira, os leitores naturalmente verão a teoria dos tipos e
as consequências reais das preferências de seus próprios pontos de
vista à luz das preferências às quais eles próprios se habituam. As
discussões nos capítulos seguintes e as estatísticas que os leitores
podem coletar signi carão muito mais para eles depois que eles
tiverem visto os tipos por si mesmos.
Assim sendo, as pessoas que trabalham com o Indicador de Tipo
devem observar as preferências em ação e comparar as descrições com
o comportamento cotidiano dos tipos. Os observadores podem
perceber coisas novas e desejar corrigir as descrições para se
adequarem às suas próprias opiniões. O importante é obter uma
compreensão em primeira mão dos tipos.
O obstáculo óbvio é que existem 16 tipos, que são muitos para serem
lembrados pela memória bruta. Suas qualidades distintivas podem ser
vistas melhor por comparação e contraste. A maneira mais fácil de
lembrar o que é lido e observado sobre cada tipo é preencher uma
“Tabela de Tipos” com familiares e amigos.
A Tabela de Tipos é uma ferramenta para ver todos os tipos em
relação uns com os outros. Ela organiza os tipos de modo que aqueles
em áreas especí cas da Tabela tenham certas preferências em comum
e, portanto, compartilhem quaisquer qualidades que surjam dessas
preferências. Por isso, é valiosa tanto para análise de dados de pesquisa
quanto para observação pessoal sistemática. Personalizada com os
nomes de amigos e familiares, a Tabela de Tipos e as diferenças de
tipos ganham vida.
É uma grande conveniência usar a Tabela de Tipos para saber onde
cada tipo está, sem procurá-lo. Os seguintes auxílios à memória serão
úteis.
Começando com a percepção, uma das primeiras e mais observáveis
escolhas, a Tabela de Tipos primeiro se divide por . Todos os tipos
sensitivos vão na metade esquerda; todos os tipos intuitivos na metade
direita. É fácil lembrar qual metade é qual: na expressão “preferência
 ”,  está à esquerda e  à direita. Então o primeiro passo é:
Em seguida vem o julgamento, possivelmente a próxima escolha mais
discernível. Dividir cada metade por  produz as quatro combinações
de percepção e julgamento. As duas colunas com sentimento cam
lado a lado no meio, e as duas colunas com pensamento cam nos
lados externos. Esse arranjo re ete os relacionamentos mais próximos
que os tipos sentimentais têm com outras pessoas, enquanto os tipos
pensadores são mais distantes. Sendo assim, o segundo passo é:
Lembre-se de que, ao passar de uma combinação para outra, apenas
uma preferência muda por vez. Deste modo, cada combinação tem um
processo em comum com as mais próximas.
O próximo passo é dividir para . Os tipos introvertidos vão para a
metade superior ou “norte” da Tabela de Tipos, onde, na melhor
tradição da Nova Inglaterra, eles podem ser considerados silenciosos,
reservados, lentos para ceder e inclinados a cuidar da própria vida e
deixar os outros fazerem o mesmo. Os tipos extrovertidos, que podem
ser considerados mais abertos, acessíveis, comunicativos e amigáveis,
cam na metade inferior ou “sul” (nenhuma diferença geográ ca no
tipo deve ser inferida a partir disso). Portanto, a terceira etapa é:
A divisão nal, por , divide cada linha horizontal em duas, e o
resultado é a Tabela de Tipos completa com quatro linhas e quatro
colunas, como mostrado na Figura 2.
Figura 2: A Tabela de Tipos
O arranjo das leiras horizontais é projetado para colocar na parte
inferior os —s, extrovertidos com a atitude de julgamento. Os —s,
os extrovertidos perceptivos, vêm logo acima deles. Em seguida,
mudando apenas uma preferência por vez, vêm os tipos —, os
introvertidos perceptivos. A leira superior é ocupada pelos tipos —,
os introvertidos julgadores, equilibrando os extrovertidos julgadores
na parte inferior. Assim, os tipos mais resistentes, os pensadores à
esquerda e à direita e os tipos julgadores em cima e embaixo, formam
uma espécie de muro ao redor da Tabela de Tipos; os “mais suaves”,
tipos , cam dentro. Os tipos com ambas as preferências resistentes,
os cabeça-dura, executivos , ocupam os quatro cantos.
Com essas ferramentas em mente —  indo da esquerda para a
direita, as colunas de sentimento se a liando umas às outras no centro,
os introvertidos “do norte” e os extrovertidos “do sul” e os tipos
julgadores sustentando o peso na parte superior e inferior —, a Tabela
de Tipos pode ser lembrada e reproduzida de memória. Mais
importante, a Tabela de Tipos cria uma estrutura lógica para o
armazenamento das características dos tipos.
Uma Tabela de Tipos completa está impressa no nal deste livro
(consulte as páginas 269 e 270). Para cada um dos tipos, há espaço
su ciente para os leitores listarem nomes e, se desejarem, pro ssões de
amigos, familiares, colegas de trabalho e assim por diante, que se
enquadram nos diferentes tipos. Uma vez que a tabela esteja bem
preenchida, as diferenças entre extrovertidos e introvertidos podem
ser esclarecidas comparando-se as pessoas da metade inferior com as
da metade superior. A preferência  será ilustrada pelo contraste
entre as metades esquerda e direita, a preferência  pelo contraste
entre as duas colunas mais externas e as duas centrais, e a preferência
 pela maneira como as pessoas nas linhas superior e inferior diferem
daquelas nas linhas do meio.
Com os efeitos de cada uma das preferências assim estabelecidos,
várias áreas da Tabela de Tipos assumem um caráter de nido pela
interação dessas preferências. Parece natural que muitos psiquiatras se
encontrem na coluna de intuição mais sentimento. Está claro por que
os jovens aspirantes a executivos costumam ser . É razoável que os
alunos da Wharton School of Finance and Commerce sejam mais
freqüentemente  e os da Cal Tech sejam mais freqüentemente .
Por outro lado, quando uma amostra de nida por ocupação, diploma
universitário, escolaridade, ou qualquer propensão é distribuída em
uma Tabela de Tipos, uma concentração em uma área da tabela pode
apontar novos fatos sobre os tipos naquela área.
Para identi car tipos e grupos de tipos, as letras são mais precisas e
convenientes do que as palavras. Um grupo de tipos com uma ou mais
preferências em comum pode ser de nido precisamente pela(s)
letra(s) comum(s), disposta(s) em ordem padrão, com travessões onde
as letras não são adjacentes.
Neste livro, uma designação de tipo deve ser tomada em seu sentido
mais amplo. Os oito tipos na metade esquerda da Tabela de Tipos são,
portanto, todos tipos sensitivos, e os oito tipos na metade direita são
todos intuitivos.
Por outro lado, o termo quali cado introvertido intuitivo sempre
signi ca um introvertido em quem a intuição é dominante, um tipo
– ; o termo extrovertido intuitivo sempre signi ca um extrovertido
em quem a intuição domina, um –. Da mesma forma, o tipo
introvertido sensitivo refere-se a um – e o tipo extrovertido
sensitivo signi ca um –, e assim por diante. Esses são os nomes
formais dos oito tipos originais de Jung.
A preposição com, conforme usada ao longo deste livro, denota a
combinação de duas preferências sem referência à dominância. Os
quatro tipos  no canto superior direito da Tabela de Tipos são
“introvertidos com intuição”; os tipos na coluna  são “intuitivos com
sentimento”; e assim por diante.
As Tabelas de Tipos nas Figuras 3–23 mostram os signi cados das
combinações de letras e, mais importante, ilustram o uso de
freqüências para fazer descobertas sobre os tipos individuais. Se um
determinado tipo é muito mais (ou muito menos) freqüente em
determinada amostra do que o esperado, as características do tipo
podem ser responsáveis por essa distribuição.
Ao explorar tais hipóteses, é necessário adotar uma estimativa
razoável da freqüência esperada para esses tipos. A maioria das
Tabelas de Tipos neste capítulo adota para esse propósito as
freqüências realmente encontradas em uma amostra de 3.503 alunos
do ensino médio se preparando para a faculdade, conforme mostrado
na Tabela de Tipos da Figura 3. As amostras das Figuras 5 e 8 foram
combinadas para fazer esse grupo, que também foi usado para as
freqüências esperadas na página 45 do Manual Myers-Briggs Type
Indicator® de 1962.
Figura 3: Alunos do ensino médio, em preparação para a faculdade
( = 3.503 homens)
As Tabelas de Tipos nas Figuras 3–23 mostram as freqüências mais
intensas e as áreas com populações relativamente esparsas. Nestas
guras, a porcentagem da amostra pertencente a cada tipo é escrita e
mostrada gra camente com quadrados pretos, cada um representando
cerca de 2%, ou com círculos pretos, cada um representando
aproximadamente 2 pessoas. (Círculos são usados nas Figuras 16, 17,
18 e 20, nas quais as amostras são menores que 100).
O número total de extrovertidos, introvertidos, e assim por diante,
assim como a porcentagem que cada número representa, são
fornecidos abaixo das tabelas.
Figura 4: Alunos do ensino médio, exceto em preparação para a
faculdade ( = 1.430 homens)
As Tabelas de Tipos nas Figuras 4 e 5 mostram alunos do ensino
médio do sexo masculino, principalmente alunos do primeiro e
segundo anos, que zeram o Formulário D 2 do Indicador em 25
colégios nos condados suburbanos da Filadél a, na primavera de 1957,
um período em que distinções rígidas eram mantidas entre os
programas de ensino médio preparatório e não-preparatório para a
faculdade.11 O maior contraste aqui é entre a baixa incidência de
intuitivos entre os alunos que não estavam se preparando para a
faculdade, em comparação com os substanciais 38% de intuitivos entre
os alunos em preparação.
Figura 5: Alunos do ensino médio, em preparação para a faculdade
( = 2.603 homens)
Em outras preferências, além da , as diferenças de freqüência são
mínimas. Em ambas as tabelas, o tipo mais freqüente é um tipo , ,
e o menos freqüente é um tipo , . De outro modo, essas amostras
revelam distribuições bastante iguais, o que é bastante apropriado,
uma vez que os alunos do ensino médio são um grupo heterogêneo de
pessoas muito diferentes que acabarão se dispersando em todas as
direções. As Tabelas Universitárias de Tipo (Figuras 12–19) mostram
algumas dessas direções.
Figura 6: Alunos do ensino médio, exceto em preparação para a
faculdade ( = 1.884 mulheres)
As respectivas Tabelas de Tipos para o sexo feminino, Figuras 6 e 7,
con rmam a relação entre intuição e escolaridade; elas também
demonstram a magnitude da diferença de sexo em . Em ambas as
amostras femininas, 68% são sentimentais; entre os homens que não
estão se preparando para a faculdade, 41% são sentimentais, e, entre os
homens em preparação, 38%. Devido a essa diferença entre os sexos,
os dados que envolvem freqüências de tipos para homens e mulheres
devem ser apresentados separadamente; se eles forem agrupados, as
freqüências representarão de forma inadequada ambos os sexos.
Figura 7: Alunos do ensino médio, em preparação para a faculdade
( = 2.155 mulheres)
Os tipos sensitivos nas Figuras 6 e 7 mostram uma forte preferência
pela atitude de julgamento. A amostra dos que não estão em
preparação, que tem pouquíssimos intuitivos, é de 65% . Os tipos
sensitivos preferem, em geral, levar suas vidas exteriores de uma
maneira crítica que se antecipa aos problemas. Os intuitivos gostam de
administrá-los de uma maneira perceptiva que permita que sua
intuição siga suas inspirações.
Figura 8: Alunos do Central High School ( = 900 homens)
A Tabela de Tipos na Figura 8 mostra alunos do ensino médio em
preparação para a faculdade — mas esses alunos estavam se
preparando na Central High School, exclusivamente masculina, na
Filadél a, na qual nenhum aluno é admitido a menos que tenha um 
mínimo de 110 e não mais do que uma nota tão baixa quanto  nos
dois anos anteriores à matrícula.
Pode-se pensar que o segundo requisito, que envolve não
negligenciar nenhuma matéria, resultaria em um aumento substancial
no número de alunos . O número de alunos  de fato aumentou, mas
apenas de 50,4% para 53,3%.
Figura 9: Finalistas do National Merit ( = 671 homens)
A freqüência de  subiu de 38% para 54%, o que resultou em uma
redução simétrica das freqüências dos quatro tipos de , que não têm
nem  nem .
Para os nalistas do National Merit, Figura 9, a freqüência de 
aumentou de 54% para 82,7%. Dos 17,3% restantes que eram , o
sobrevivente notável foi o , com 5% da amostra.
Figura 10: Estudantes da Philadelphia Girls’ High School ( = 348
mulheres)
O colégio correspondente para mulheres é a Philadelphia Girls’ High
School, que tem os mesmos requisitos de admissão do Central. As
distribuições de freqüência nas Tabelas de Tipos nas Figuras 10 e 11
são muito semelhantes àquelas para as amostras masculinas
correspondentes, exceto que as amostras masculinas têm a sua maioria
em , enquanto as femininas têm a sua maioria em , como já visto.
Introvertidas na Girls’ High são 38,2%, subindo para 52,1% entre as
nalistas do National Merit.
Intuitivas na Girls’ High são 50%, subindo para 81,8% na amostra do
National Merit.
Figura 11: Finalistas do National Merit ( = 330 mulheres)
Assim como o  para os homens, o sobrevivente proeminente dos
tipos  entre as mulheres nalistas do National Merit foi o , com
uma freqüência de 5%, igual à dos homens.
Aqui começa a auto-seleção. Após o ensino médio, os alunos podem
escolher qualquer linha de estudo que desejarem. O grau de autoseleção exercido por qualquer tipo em qualquer amostra pode ser
indicado pela taxa de auto-seleção (Self-selection ratio, ou ), que é
a freqüência percentual daquele tipo na amostra dividida por sua
freqüência percentual na população base apropriada. Para as amostras
deste capítulo, exceto para estudantes de artes e aconselhamento, a
população base é de 3.503 homens do ensino médio (Figura 3).
Figura 12: Estudantes de artes liberais ( = 3.676 homens)
Nas Figuras 12–23, o  é mostrado para cada um dos 16 tipos.
Valores acima de 1,00 indicam auto-seleção positiva. Valores abaixo de
1,00 mostram algum grau de evitação. Onde os tipos com  mais
alto (geralmente 1,20 ou superior) são adjacentes, eles formam uma
área de auto-seleção e são sombreados na Tabela de Tipos.
Para os homens em artes liberais, mostrados na Figura 12, a área de
auto-seleção consiste nos quatro tipos de , tipicamente interessados
em literatura e humanidades, e nos dois tipos de , levemente
interessados em artes liberais, mas mais interessados em outros
campos.
Figura 13: Estudantes de engenharia ( = 2.188)
Para os estudantes de engenharia, mostrados na Figura 13, a área de
auto-seleção consiste no quadrante , os dois tipos  e o . A
ênfase está em  e , e o , quando combinado com , parece quase
tão atraído pela engenharia quanto o . Observe que os tipos 
seriam adjacentes ao quadrante  se a tabela tomasse a forma de um
cilindro horizontal, e a mesma coisa aconteceria com o  se a forma
fosse um cilindro vertical.
(Estas são as amostras de artes liberais e engenharia da página 45 do
Manual  ®, de 1962).
Figura 14: Estudantes de nanças e comércio ( = 488)
A Tabela de Tipos na Figura 14 mostra 488 alunos de graduação da
Wharton School of Finance and Commerce da Universidade da
Pensilvânia. A Tabela de Tipos oposta, na Figura 15, é realmente
oposta, mostrando 705 estudantes de ciências na Cal Tech.
A área de auto-seleção para os estudantes de nanças e comércio é
composta pelo quadrante  mais os dois tipos de , o que é
totalmente adequado. A coluna  é aquela em que os principais
objetos de interesse são os fatos, abordados com análise impessoal, de
forma objetiva e prática. O quadrante  é o quadrante mais prático e
realista e o menos dado a abstrações intelectuais.
Figura 15: Estudantes de ciências ( = 705)
A área de auto-seleção para os alunos de ciências da Cal Tech
consiste no quadrante  (no qual o ) mais alto é 3,88 e o mais
baixo é 1,97) mais os dois tipos . As pessoas na coluna  focam
nas possibilidades e nos princípios envolvidos em sua solução. Os
membros do quadrante  são os mais intelectuais, com uma
capacidade de ver mais longe através do desconhecido do que a
maioria das pessoas pode penetrar. O grau de interesse que os
estudantes de ciências têm pelo quadrante  pode ser julgado pelas
taxas de auto-seleção que eles atribuem a ele: 0,22, 0,17, 0,12 e 0,02.
Figura 16: Alunos veteranos de artes plásticas ( = 33)
Fonte: Stephens (1972).
As Tabelas de Tipos nas Figuras 16–18, baseadas em Stephens (1972),
apresentam três grupos contrastantes de estudantes de artes plásticas
veteranos da Universidade da Flórida. A população base contra a qual
sua auto-seleção é medida é uma turma de calouros na mesma
universidade, aproximadamente no mesmo período.
A amostra da Figura 16 consiste em formandos de artes plásticas que
planejavam ser artistas, criar sem referência a outros. Os quatro tipos
que mostram auto-seleção positiva são todos tipos  — intuição para
criatividade e introversão para independência do mundo exterior.
Figura 17: Alunos veteranos de terapia ocupacional ( = 29)
Fonte: Stephens (1972).
Os veteranos da Figura 17 estudavam terapia ocupacional e
planejavam usar a arte para restaurar a saúde das pessoas, seja dandolhes um novo interesse pela vida ou uma nova con ança em si
mesmas, ou simplesmente uma atividade manual agradável. Todos os
cinco tipos que mostram auto-seleção positiva são tipos extrovertidos,
para quem a ação aberta é importante, e quatro desses cinco tipos são
tipos , para quem é importante que a ação envolva outras pessoas de
maneira bené ca. O tipo com a auto-seleção mais forte é o , onde
o sentimento é extrovertido e a percepção é prática, de modo que
ajudar os outros é um dever e um prazer.
Figura 18: Alunos veteranos de educação artística ( = 31)
Fonte: Stephens (1972).
Ao examinar a Figura 18, que traz informações sobre alunos
veteranos de educação artística, encontramos uma grande diversidade
de tipos que escolheram esse campo, talvez porque o próprio campo
seja diverso. Essa amostra possui seis tipos com auto-seleção positiva,
três em comum com estudantes de artes plásticas, três em comum com
estudantes de terapia ocupacional; três são , três são  ; três são ,
dois são  e um é o  um tanto quanto destacado. Provavelmente, os
estilos de ensino desenvolvidos por essas pessoas variam.
Figura 19: Estudantes de orientação pro ssional ( = 118)
Na Figura 19, educação em orientação pro ssional, a auto-seleção
parece con nada aos tipos . Cada tipo  tem uma taxa de autoseleção de 1,80 ou superior, e nenhum outro tipo tem uma taxa de
auto-seleção maior que 0,62. A razão é facilmente compreendida: a
combinação entre intuição e sentimento praticamente de ne a
orientação. O domínio da intuição é ver as possibilidades, e o domínio
do sentimento é uma preocupação pelas pessoas, o que torna o
exercício da intuição duplamente grati cante, pois são as
possibilidades das pessoas que são procuradas e encontradas.
Os sujeitos desta amostra eram estudantes da Universidade da
Flórida que se especializaram em orientação pro ssional. Também
para seus  s, a população base eram os calouros da Flórida.
Figura 20: Alunos bene ciários da Bolsa Rhodes ( = 71 homens)
A amostra de alunos bene ciários da Bolsa Rhodes, mostrada na
Figura 20, é o resultado de uma competição rigorosa. Nela, há uma
porcentagem ainda maior de intuitivos do que entre os nalistas do
National Merit. A maioria é do tipo sentimental, provavelmente
porque, ao de nir o per l de estudante desejado por Rhodes, sua
vontade enfatizava a bondade e o interesse pelos outros.
A Figura 21 é baseada em dados do estudo de acompanhamento de
Miller (1967) de alunos de sete faculdades de direito, incluindo os que
desistiram. O número de abandonos de cada tipo é mostrado,
precedido por um sinal de menos, na mesma linha que a freqüência
daquele tipo. O taxa de abandono (), que é o percentual de
abandono do tipo dividido pelo percentual de abandono da amostra
como um todo, é dado abaixo do .
Figura 21: Estudantes de direito ( = 2,248–374 os quais desistiram)
Fonte: Miller (1965, 1967).
Os resultados são muito claros. O essencial para o direito é o , de
preferência . Todos os quatro tipos de  têm auto-seleção positiva e
uma taxa de abandono abaixo da média. Três dos tipos  têm autoseleção positiva, mas uma taxa de abandono acima da média. Nenhum
dos tipos sentimentais tem  acima de 0,67, e seis deles têm uma
taxa de abandono acima da média. Aparentemente, a faculdade de
direito é mais bem enfrentada pelos de “cabeça-dura”.
Figura 22: Policiais urbanos ( = 280)
A amostra de policiais urbanos, Figura 22, oferece uma comparação
interessante com os estudantes de direito que acabamos de ver, porque
ambos os grupos lidam com a lei. Os estudantes de direito lidam com
as distinções sutis da lei, o que se pode e o que não se pode fazer. Eles
também enfrentam a perspectiva in nita de lidar em palavras com
adversários também armados de palavras. Estas são boas razões pelas
quais 59% deles estão no lado intuitivo.
A polícia é composta por 79% de . Eles lidam com uma situação
concreta após a outra, onde as palavras não são tão importantes
quanto as decisões e ações. Eles são mais  do que os estudantes de
direito, e muitos deles são tipos sentimentais. Pode muito bem haver
mais compaixão nas ruas do que nos tribunais.
Figura 23 Gestores escolares ( = 124)
Fonte: Von Fange (1961).
A Tabela de Tipos na Figura 23, que retrata os gestores escolares
canadenses de Von Fange (1961), é única. Tudo é superior e inferior. A
amostra parece não ter nenhuma preferência marcada entre  e ,  e ,
ou  e . No entanto, ao lidar com o mundo ao seu redor, eles são 86%
. Provavelmente, a capacidade de tomar decisões in nitas, grandes e
pequenas, e não se cansar, é uma necessidade de vida para os
responsáveis por manter os sistemas educacionais em equilíbrio.
C IV: E 
 
conduta dos extrovertidos baseia-se na situação externa. Se são
pensadores, tendem a criticá-la, analisá-la ou organizá-la; os tipos
sentimentais podem defendê-la, protestar contra ela ou tentar
mitigá-la; os tipos sensitivos podem apreciá-la, usá-la ou
positivamente suportá-la; e os intuitivos tendem a tentar mudá-la. Em
todo caso, o extrovertido começa com a situação externa.
A
O introvertido, porém, começa mais atrás — com as idéias internas,
os conceitos mentais derivados do que Jung chama de arquétipos. A
teoria dos tipos sustenta que os arquétipos são inatos em todos nós.
Eles não têm origem em nossa própria experiência, embora a
experiência pessoal possa ativá-los. Eles são a essência abstrata da
experiência e as aspirações da humanidade. Eles são os universais, as
formas do pensamento, que trazem padrão e signi cado desde a
esmagadora multiplicidade da vida. (Os extrovertidos acham a
multiplicidade bastante alegre; mas esta pode ser uma distração
intolerável para os introvertidos, a menos que eles possam ver um
signi cado uni cador que a coloque sob controle).
Quando uma situação externa encontrada pelos introvertidos
corresponde a uma idéia ou conceito familiar, eles encaram a situação
com uma sensação de reconhecimento, como se estivessem vendo uma
boa ilustração de algo há muito conhecido. Em tais situações, os
introvertidos têm uma compreensão profunda. Se, no entanto, a
situação externa não corresponder a conceitos familiares, pode parecer
acidental, irrelevante e sem importância, e é muito provável que os
introvertidos a administrem mal. Um exemplo histórico é a cegueira
de Woodrow Wilson em Versalhes, quando apostou pela paz na Liga
das Nações, uma decisão que seu próprio país não estava disposto a
aceitar. Ele estava muito envolvido com a idéia de organização
mundial para dar o devido valor à idéia de processo democrático —
então o senado parecia irrelevante para ele, o que o levou a falhar.
Como as energias dos introvertidos são poderosamente dirigidas por
suas idéias, é extremamente importante que eles tenham a “idéia certa”
sobre as coisas. Sua pausa característica antes da ação, que os
extrovertidos chamam descuidadamente de hesitação, serve a um
propósito real. Ela fornece tempo para estudar e classi car uma nova
situação para que a ação tomada faça sentido a longo prazo. Os
problemas surgem para os introvertidos porque muitas vezes eles não
olham perto o su ciente para a situação externa e, portanto, não a
vêem realmente. Os extrovertidos freqüentemente não param o
su ciente para observar a situação especí ca e perceber a idéia
subjacente.
As vantagens de começar com a situação externa são óbvias e muito
apreciadas na atual civilização ocidental, dominada pelo ponto de vista
extrovertido. Existem muitas razões para essa dominação: os
extrovertidos são mais vocais do que os introvertidos; eles são mais
numerosos, aparentemente na proporção de três para um;12 e são
acessíveis e compreensíveis, ao passo que os introvertidos não são
facilmente compreensíveis, mesmo entre si, e provavelmente serão
completamente incompreensíveis para os extrovertidos.
Conseqüentemente, as vantagens dos introvertidos precisam ser
apontadas — não apenas para os extrovertidos, mas às vezes até para
os próprios introvertidos — pois as pessoas mais bem ajustadas são os
“psicologicamente patrióticos”, que são felizes por ser o que são. Os
introvertidos mais hábeis alcançam uma excelente facilidade na
extroversão, mas nunca tentam ser extrovertidos. Por meio do bom
desenvolvimento de um processo auxiliar, eles aprenderam a lidar
competentemente com o mundo exterior sem jurar lealdade a ele. Sua
lealdade é direcionada ao seu próprio princípio interior, derivando
dele uma orientação segura e inabalável para a vida.
Uma vantagem dos introvertidos é sua continuidade inerente, uma
independência da situação externa momentânea, que muitas vezes é
tão acidental quanto parece para eles. As condições e estímulos
externos variam continuamente, mas os estímulos internos são muito
mais constantes. Crianças introvertidas, ignorando completamente
muitos dos estímulos externos que as distraem, seguem sua própria
tendência silenciosa, sendo comum que pais de pequenos
extrovertidos inquietos se maravilhem com os “poderes de
concentração” dos introvertidos.
Esta faculdade de concentração provavelmente caracterizará as
carreiras dos introvertidos. Enquanto os extrovertidos tendem a
ampliar a esfera de seu trabalho, a apresentar seus produtos cedo (e
freqüentemente) ao mundo, a se tornarem conhecidos por um amplo
círculo e a multiplicar relacionamentos e atividades, o introvertido
adota a abordagem oposta. Indo mais fundo em seu trabalho, os
introvertidos relutam em considerá-lo concluído e publicá-lo e,
quando o fazem, tendem a dar apenas suas conclusões, sem os
detalhes do que zeram. Essa brevidade impessoal da comunicação
restringe seu público e fama, mas os salva de demandas externas
avassaladoras e permite que retornem a outro trecho ininterrupto de
trabalho. Como Jung teria dito, a atividade dos introvertidos ganha
assim profundidade e seu trabalho tem valor duradouro.
Outro aspecto útil do distanciamento característico dos introvertidos
é que eles são pouco afetados pela ausência de encorajamento. Se
acreditarem no que estão fazendo, poderão trabalhar alegremente por
um longo tempo sem segurança, como geralmente fazem os pioneiros.
Tal comportamento não faz sentido para a maioria dos extrovertidos.
Uma jovem brilhante e muito extrovertida (uma ) protestou:
“Mas nunca tenho certeza se meu trabalho é bom ou não até saber o
que as outras pessoas pensam dele!”.
Finalmente, embora os extrovertidos certamente tenham mais
sabedoria “mundana” e um melhor senso de conveniência, os
introvertidos têm uma vantagem correspondente em sabedoria “nãomundana”. Eles estão mais próximos das verdades eternas. O contraste
é especialmente aparente quando um extrovertido e um introvertido
são criados lado a lado na mesma família. A criança introvertida
muitas vezes é capaz de compreender e aceitar um princípio moral —
“seu e meu”, por exemplo — em sua forma abstrata. A criança
extrovertida geralmente não se impressiona com o princípio abstrato
e, por isso, geralmente precisa experimentá-lo; então, tendo aprendido
da maneira mais difícil o que os outros pensam, o extrovertido tem
uma base para a conduta.
Os traços contrastantes que resultam da preferência  são resumidos,
aqui, na Figura 24, em colunas paralelas. Em geral, essas diferenças
distinguem as pessoas da metade inferior da Tabela de Tipos daquelas
da metade superior.
Tipos extrovertidos
Tipos introvertidos
Os que pensam depois.
Não podem entender a
vida até que a tenham
vivido.Os que pensam
depois. Não podem
entender a vida até que
a tenham vivido.
Os que pensam antes.
Não podem viver a vida
até que a entendam.
Atitude relaxada e
con ante. Eles
esperam que as águas
se provem rasas e
mergulham
prontamente em
experiências novas e
nunca
experimentadas.
Atitude reservada e
questionadora. Eles
esperam que as águas
sejam profundas e param
para sondar o novo e o
não-experimentado.
Tipos extrovertidos
Tipos introvertidos
Mentes voltadas para
fora, interesse e
atenção seguindo
acontecimentos
objetivos,
principalmente
aqueles do ambiente
imediato. Seu mundo
real, portanto, é o
mundo exterior das
pessoas e coisas.
Mentes dirigidas para
dentro, freqüentemente
inconscientes do
ambiente objetivo,
interesse e atenção sendo
absortos por eventos
internos. Seu mundo
real, portanto, é o mundo
interior de idéias e
compreensão.
O gênio civilizador, o
povo de ação e de
realizações práticas,
que vai do fazer à
re exão, voltando
novamente ao fazer.
O gênio cultural, o povo
das idéias e da invenção
abstrata, que vai da
re exão ao fazer,
voltando novamente à
re exão.
A conduta em
assuntos essenciais é
sempre regida por
condições objetivas.
A conduta em assuntos
essenciais é sempre
regida por valores
subjetivos.
Gastam-se
prodigamente com
exigências e condições
externas que para eles
constituem a vida.
Defendem-se tanto
quanto possível contra
reivindicações e
condições externas em
favor da vida interior.
Tipos extrovertidos
Tipos introvertidos
Compreensíveis e
acessíveis, muitas
vezes sociáveis, mais à
vontade no mundo das
pessoas e coisas do que
no mundo das idéias.
Sutis e impenetráveis,
muitas vezes taciturnos e
tímidos, mais à vontade
no mundo das idéias do
que no mundo das
pessoas e coisas.
Expansivos e menos
apaixonados, eles
descarregam suas
emoções à medida que
avançam.
Intensos e apaixonados,
eles reprimem suas
emoções e as guardam
cuidadosamente como
explosivos.
A fraqueza típica
reside na tendência à
super cialidade
intelectual, muito
evidente nos tipos
extremos.
A fraqueza típica reside
na tendência à
impraticabilidade, muito
evidente nos tipos
extremos.
Saúde e integridade
dependem de um
desenvolvimento
razoável da
introversão, que
permite o equilíbrio.
A saúde e a integridade
dependem de um
desenvolvimento
razoável da extroversão,
que permite o equilíbrio.
Tipos extrovertidos
Tipos introvertidos
Freud
Darwin
Roosevelt (ambos,
eodore e Franklin
Delano)
Jung
Einstein
Lincoln
Figura 24: Efeito da preferência 
Fonte das Figuras 24–31: as anotações de Katharine C. Briggs.
C V: E 
 
Q
ualquer um que pre ra a sensação à intuição está interessado
principalmente em realidades; qualquer um que pre ra a
intuição à sensação está interessado principalmente nas
possibilidades.
Esta preferência é totalmente independente da preferência .
Intuitivos não precisam ser introvertidos. Suas possibilidades podem
ser possibilidades externas, perseguidas no mundo exterior das
pessoas e coisas. Os tipos sensitivos não precisam ser extrovertidos.
Eles podem ser igualmente práticos no mundo das idéias.
Os tipos sensitivos, por de nição, dependem de seus cinco sentidos
para a percepção. Tudo o que vem diretamente dos sentidos faz parte
da própria experiência dos tipos sensitivos e, portanto, é con ável. O
que vem de outras pessoas indiretamente por meio da palavra falada
ou escrita é menos con ável. As palavras são apenas símbolos que
devem ser traduzidos em realidade antes de signi carem qualquer
coisa e, portanto, carregam menos convicção do que experiência.
Os intuitivos são comparativamente desinteressados em relatos
sensoriais das coisas como elas são. Em vez disso, os intuitivos ouvem
as intuições que surgem de seu inconsciente como visões atraentes de
possibilidades. Como a rmado anteriormente, essas contribuições dos
processos inconscientes variam desde o mero “palpite” masculino e
“intuição feminina”, passando por toda a gama de idéias, projetos,
empreendimentos e invenções originais, até os exemplos culminantes
de arte criativa, inspiração religiosa e descoberta cientí ca.
O fator comum em todas essas manifestações de intuição é uma
espécie de salto de esqui — uma decolagem elevada do conhecido e
estabelecido, terminando em uma chegada rápida a um ponto
avançado, com os passos intermediários aparentemente deixados de
fora. Essas etapas não são realmente deixadas de fora, é claro; elas são
executadas no inconsciente e por meio dele, muitas vezes com
velocidade extraordinária, sendo que o resultado dos processos
inconscientes surge na mente consciente com um efeito de inspiração
e certeza. Para os intuitivos, essas inspirações são o sopro da vida. Os
únicos campos que interessam aos intuitivos são aqueles que dão lugar
à inspiração. Eles abominam a rotina porque ela não deixa nada para a
inspiração realizar.
Assim, o inovador, o pioneiro em pensamento ou ação, tende a ser
intuitivo. Nos primórdios da América Colonial, o apelo das
possibilidades do Novo Mundo provavelmente era sentido com muito
mais força pelos intuitivos do que pelos tipos sensitivos, o que
introduziu um potente fator de seleção. Se as colônias americanas (e
depois delas os domínios) retiraram uma parcela desproporcional dos
intuitivos e deixaram uma maioria extraordinariamente grande de
tipos sensitivos na Inglaterra, algumas das características nacionais
comumente atribuídas podem ser explicadas. A solidez, o
conservadorismo e a paciência obstinada dos ingleses, o amor pelos
costumes e tradições, o hábito desapressado do chá da tarde e do m
de semana prolongado pertencem aos tipos sensitivos, que sabem
aceitar e valorizar seu mundo como ele é. Nosso “individualismo
americano”, “engenhosidade ianque” e culto ao “maior e melhor”
certamente pertencem aos intuitivos com seu entusiasmo pelo que está
por vir. A direção que os intuitivos deram à nossa vida nacional não
signi ca, entretanto, que eles sejam a maioria. Mesmo nos Estados
Unidos, os intuitivos parecem constituir apenas cerca de um quarto ou
menos da população geral.
A proporção de intuitivos varia muito de um nível educacional para
outro. É particularmente baixo entre os alunos dos cursos técnicos e
do ensino médio em geral, e pelo menos duas vezes maior nas turmas
de ensino médio acadêmico, e ainda mais alto na universidade,
especialmente em universidades muito seletivas. Uma amostra de
nalistas do National Merit foi composta por 83% de intuitivos. (Para
comparar várias amostras, consulte o Capítulo , Figuras 3–23). A
preferência pela intuição parece conduzir à busca de educação
superior, mas a diferença pode ser tanto no interesse quanto na
aptidão.
Se um candidato é admitido em uma determinada universidade,
pode parecer ter dependido inteiramente da avaliação do seu histórico
escolar feita pelo comitê de admissão, incluindo notas e pontuações de
aptidão. Na verdade, por doze anos, o aluno tem feito um voto
silencioso e inconsciente de ir para aquela ou qualquer outra
faculdade. Por exemplo, depois de estudar o máximo possível, mas
sem interesse acadêmico, um aluno pode não querer mais quatro anos
de escola. Esse sentimento se re etiria nas notas do aluno. Em média,
as crianças sensitivas têm menos interesse escolar do que as intuitivas.
(O que pode ser feito a respeito dessa tendência é discutido no
Capítulo ).
Crianças sensitivas também obtêm, em média, pontuações mais
baixas do que crianças intuitivas em testes de inteligência e testes de
aptidão escolar. Seria um erro grosseiro, mas fácil de ser cometido,
concluir que os tipos sensitivos são menos “inteligentes”; tais testes
não levam em conta a escolha legítima entre duas técnicas rivais para a
aplicação da inteligência à vida.
A linguagem nativa da criança sensitiva é a realidade falada pelos
sentidos. A linguagem nativa do intuitivo é a palavra, a metáfora, o
símbolo falado pelo inconsciente. A maioria dos testes mentais é
necessariamente formulada na linguagem do intuitivo. A criança
sensitiva precisa fazer mais traduções, e traduzir leva tempo.
Embora os testes de inteligência sejam geralmente testes de
velocidade por conveniência, é discutível se a velocidade tem algum
lugar de direito no conceito básico de inteligência. Os intuitivos
tendem a de nir a inteligência como “rapidez de compreensão” e,
assim, prejulgar o caso a seu favor, pois a intuição é muito rápida. A
técnica do intuitivo é um encaminhamento relâmpago do problema
para o inconsciente, que funciona muito rapidamente, levando a um
chute imediato da resposta.
Os tipos sensitivos não estão em comunicação tão próxima com seu
inconsciente. Eles não con am em uma resposta que aparece de
repente. Eles não acham prudente chutar. Eles tendem a de nir a
inteligência como “a solidez do entendimento”, um acordo seguro e
sólido de conclusões com fatos; e como isso é possível até que os fatos
tenham sido considerados? Portanto, ao chegar a uma conclusão, eles
querem ter certeza de sua solidez, como um engenheiro examinando
uma ponte antes de decidir quanto peso ela pode suportar com
segurança. Eles não vão fazer uma leitura apenas folheando as páginas
e odeiam que as pessoas conversem super cialmente. Acreditando que
os assuntos inferidos não são tão con áveis quanto os explicitamente
declarados, eles cam aborrecidos quando você deixa as coisas para a
imaginação. (Os intuitivos geralmente cam aborrecidos — se não
realmente entediados — quando você não o faz).
Assim, uma criança sensitiva fazendo um teste de inteligência tende a
ler cada pergunta lenta e cuidadosamente várias vezes e, é claro,
responde a menos perguntas do que o intuitivo. As pessoas sensitivas
con rmam isso. Uma , trabalhando em um escritório de pessoal
que usava o Indicador de Tipo, foi questionada sobre sua própria
técnica para fazer testes. Ela disse: “Oh, eu sempre leio uma pergunta
três ou quatro vezes. Eu tenho que fazer isso!”. Ela não precisa fazer
isso para entender, mas precisa fazer isso para car satisfeita com o seu
entendimento. Então ela vai devagar, e sua lentidão é a desvantagem.
Algumas pessoas sensitivas “funcionais” conseguem sacri car sua
deliberação natural ao fazer testes, mas isso vai contra sua natureza.
Um psicólogo , que teve uma série ininterrupta de pontuações
surpreendentemente baixas até chegar aos exames de admissão para a
pós-graduação, lembra que cou tão enojado com seu desempenho
que decidiu que não poderia fazer pior se “corresse como um idiota”.
Pela primeira vez em sua vida, ele teve uma pontuação alta.
A escolha entre as duas técnicas rivais de percepção tem um efeito
profundo sobre o trabalho escolar desde o início. As crianças
sensitivas recém-saídas do jardim de infância, sem nenhum instinto
para símbolos, provavelmente não adivinharão por si mesmas que
uma letra signi ca algo além do que obviamente é — uma forma em
uma página. Se ninguém lhes explicar o que isso signi ca, eles ainda
poderão ver apenas formas em uma página muito depois de as
crianças intuitivas estarem vendo sons, palavras e signi cados; e
quando começarem a ler, raramente lerão por prazer até que
encontrem um livro que contenha fatos que desejam saber.
Freqüentemente, as crianças sensitivas são igualmente traídas no
campo da aritmética. Antes de entrarem na escola, elas precisam
adquirir uma noção quantitativa sólida de número, para que
conheçam a trialidade como uma qualidade para a qual “três” é um
símbolo útil; caso contrário, em muitas escolas, elas aprenderão que
três é um rabisco no quadro-negro. Elas têm um bom olho e
aprendem seus rabiscos completamente.
Eventualmente, elas serão informadas de que, quando uma linha
torcida chamada dois aparecer embaixo de outra forma chamada três,
elas devem se lembrar de colocar na parte inferior uma gura mais
complicada chamada cinco. Geralmente, têm uma boa memória e
aprendem isso. Com cartões de estudo e muitos exercícios, elas
aprendem de cor todos os “fatos de adição” e “fatos de subtração” dos
rabiscos, mas não há nada inerente ao aprendizado que as faça
suspeitar que as linhas torcidas signi cam alguma coisa. Para muitas
dessas crianças, dois-mais-três é totalmente diferente de três-mais-dois
e deve ser aprendido separadamente.
As crianças sensitivas são, via de regra, mais precisas em cálculos
simples, porque são mais cuidadosas do que as intuitivas; mas quando
chegam à álgebra ou a problemas apresentados em palavras, muitas
delas têm di culdade em ver o que calcular. Uma menina de 12 anos
disse sobre um problema de porcentagem: “Aqui! Já z das três
maneiras, mas não sei qual é a certa!”. A maioria das crianças
intuitivas, que entendem os símbolos, reconhecem o signi cado das
guras no início e estão prontas para resolver os problemas sem muita
di culdade. O contraste pode fazer com que as crianças sensitivas se
sintam estúpidas, o que é desanimador.
Os tipos sensitivos, é claro, não são nada estúpidos — mas alguém
deveria ter mostrado a eles o signi cado dos números antes dos seis
anos de idade. Se lhes for dado o signi cado dos números de uma
forma que compreendam desde o início, de modo que entendam o que
estão fazendo, eles apreciarão o fato de que dois-mais-dois
con adamente resultará em quatro.
Eles podem até querer dedicar sua vida a trabalhar lidando com
números. Os tipos sensitivos são sólidos e precisos e gostam de
exatidão, então eles são bons contadores, administradores de folha de
pagamento, navegadores e estatísticos.
Para que a criança sensitiva exerça seu dom especial de realismo, ela
deve ter acesso aos fatos e tempo para assimilá-los. Enquanto as
crianças intuitivas gostam de aprender por insight, as crianças
sensitivas preferem aprender por familiarização. Os tipos sensitivos
têm maior probabilidade de brilhar em cursos que envolvem muitos
fatos sólidos, como história, geogra a, educação cívica ou biologia.
Eles estão em desvantagem correspondente em assuntos baseados em
princípios gerais. Freqüentemente, o problema pode ser simplesmente
que o professor foi muito breve e abstrato ao referir-se aos princípios e
passou por eles tão rapidamente que os alunos sensitivos não tiveram
tempo de relacioná-los aos fatos. A física, por exemplo, pode ser um
pesadelo para os de mente concreta.
Um caso em questão pode ser citado por sua ironia. Um aluno ,
sério e trabalhador, que queria ser médico e era um excelente tipo para
isso, um , foi reprovado no curso prévio porque não conseguia
acompanhar os engenheiros em física. Agora ele é médico e seus
pacientes não se importam com a rapidez de seu diagnóstico, desde
que seja correto. A própria con ança na sensação que tornou a física
difícil agora é útil. Ele está lidando com realidades imediatas — o
ritmo de um batimento cardíaco, o som da respiração, o tom de rubor
ou palidez — a miríade de detalhes que um médico deve observar e
avaliar. O toque, a visão e a audição devem ser seus guias de nitivos
na aplicação de sua própria experiência ou da sabedoria de seus livros.
A medicina de pesquisa, as faculdades de medicina e as especialidades
complexas precisam dos intuitivos; mas, como médicos de família, os
tipos sensitivos se destacam, e sua aptidão para a física tem pouco ou
nada a ver com sua competência. A Universidade Johns Hopkins
reconheceu há muito tempo essa discrepância e instituiu um curso
especial de física voltado para esses estudantes. O curso regular vinha
desquali cando alunos valorosos.
Quando chegar o momento no qual os educadores levarão em conta
a preferência  e tentarão atender às diferentes necessidades dos
alunos, começando pela educação infantil, haverá um aproveitamento
muito mais feliz e e caz dos recursos humanos. Os jovens realistas não
serão mais penalizados por con ar na observação direta e na
experiência em primeira mão — como Charles Darwin foi em sua
infância, quando seus professores clássicos o classi caram abaixo da
média em poder mental.
Um resumo dos traços contrastantes resultantes da preferência  é
dado aqui em colunas paralelas, na Figura 25. Esses traços são mais
evidentes nos tipos , cujo processo perceptivo é, ao mesmo tempo,
extrovertido e dominante, logo, conseqüentemente, mais visível e
menos contido. Quando o processo perceptivo é meramente auxiliar,
está subordinado ao julgamento do processo dominante, assim como
suas manifestações tendem a ser mais moderadas.
Tipos sensitivos
Tipos intuitivos
Enfrentam a vida com
atenção, ansiando por
diversão.
Encaram a vida com
expectativa, ansiando por
inspiração.
Admitem à
consciência todas as
impressões dos
sentidos e estão
intensamente atentos
ao ambiente externo;
são observadores, às
custas da imaginação.
Admitem plenamente à
consciência apenas as
impressões sensoriais
relacionadas à inspiração
atual; eles são
imaginativos, em
detrimento da
observação.
Tipos sensitivos
Tipos intuitivos
São por natureza
amantes e
consumidores de
prazeres, amando a
vida como ela é e
tendo uma grande
capacidade de fruição;
eles estão geralmente
contentes.
São por natureza
iniciadores, inventores e
promotores; não tendo
gosto pela vida como ela
é e pouca capacidade de
viver e aproveitar o
presente, geralmente são
inquietos.
Desejando
principalmente
possuir e desfrutar, e
sendo muito
observadores, eles são
imitativos, querendo
ter o que outras
pessoas têm e fazer o
que outras pessoas
fazem, e são muito
dependentes de seu
ambiente físico.
Desejando
principalmente
oportunidades e
possibilidades, e sendo
muito imaginativos, eles
são inventivos e originais,
bastante indiferentes em
relação ao que outras
pessoas têm e fazem, e
são muito independentes
de seu ambiente físico.
Tipos sensitivos
Tipos intuitivos
Detestam toda e
qualquer ocupação
que exija a supressão
dos sentidos e são
muito relutantes em
sacri car o prazer
presente para ganhos
ou bens futuros.
Detestam toda e qualquer
ocupação que exija
concentração sustentada
na sensação e estão
dispostos a sacri car o
presente em grande
parte, uma vez que não
vivem nele nem o
apreciam,
particularmente.
Preferem a arte de
viver no presente às
satisfações do
empreendimento e das
conquistas.
Preferem a alegria do
empreendimento e das
conquistas e dão pouca
ou nenhuma atenção à
arte de viver no presente.
Contribuem para o
bem-estar público
apoiando todas as
formas de diversão e
recreação e toda
variedade de conforto,
luxo e beleza.
Contribuem para o bemestar público com sua
inventividade, iniciativa,
empreendedorismo e
poderes de inspirada
liderança em todas as
direções do interesse
humano.
Tipos sensitivos
Tipos intuitivos
Sempre correm o risco
de serem frívolos, a
menos que o
equilíbrio seja
alcançado por meio do
desenvolvimento de
um processo de
julgamento.
Sempre correm o risco de
serem inconstantes,
mutáveis e sem
persistência, a menos que
o equilíbrio seja
alcançado por meio do
desenvolvimento de um
processo de julgamento.
Figura 25: Efeito da preferência 
C VI: E 
 
e sentimento são instrumentos rivais de decisão. Ambos
P ensamento
são razoáveis e internamente consistentes, mas cada um funciona
de acordo com seus próprios padrões. Jolande Jacobi (1968) diz que o
pensamento avalia do ponto de vista “verdadeiro-falso” e o sentimento
do ponto de vista “agradável-desagradável”. Isto soa como a
formulação de um pensador. “Agradável” é uma palavra muito pálida
para o rico valor pessoal de uma avaliação sentimental.
O ponto importante a reconhecer é que cada tipo de julgamento tem
seu campo apropriado. Usar o sentimento onde o pensamento é
necessário pode ser um erro tão grande quanto usar o pensamento
onde o sentimento é necessário.
Pensar é essencialmente uma atividade impessoal. Seu objeto é a
verdade objetiva, independente da personalidade e dos desejos do
pensador ou de qualquer outra pessoa. Um pensador introvertido de
17 anos de idade, especulando sobre o método e o propósito da
Criação, resumiu: “Não me importa o que a verdade venha a ser, mas
quero que ela se sustente”. Enquanto os problemas forem impessoais,
como os envolvidos na construção de uma ponte ou na interpretação
de uma lei, as soluções propostas podem e devem ser julgadas do
ponto de vista “verdadeiro-falso”, e o pensamento é o melhor
instrumento.
Mas quando o assunto são pessoas em vez de coisas ou idéias — e
alguma cooperação voluntária dessas pessoas é necessária —, a
abordagem impessoal é menos exitosa. As pessoas (mesmo as
pensadoras) não gostam de ser vistas de forma impessoal e relegadas à
condição de “objetos”. Os motivos humanos são notavelmente
pessoais. Portanto, no tratamento simpático de pessoas onde os valores
pessoais são importantes, o sentimento é o instrumento mais e caz.
Para os pensadores, a idéia de avaliar por meio do sentimento soa
volúvel, pouco con ável e descontrolada, mas os pensadores não são
juízes de sentimentos. Eles naturalmente julgam todos os sentimentos
por conta própria, e o deles é relativamente subdesenvolvido e pouco
con ável. Quando o sentimento é bem desenvolvido, é um
instrumento estável para discriminar o sentido dos valores pessoais,
selecionando como estrelas-guia aqueles valores de classi cação mais
alta e subordinando o menor ao maior. Quando o sentimento é
extrovertido e direcionado a outras pessoas, ele não apenas reconhece
os valores pessoais dessas pessoas, mas consegue transmitir os seus
próprios.
Assim, no ensino, no teatro e nas outras artes, na oratória e naquele
ramo mais humilde da persuasão chamado vendas, nas relações do
clero com suas congregações, na vida familiar, nos contatos sociais e
em qualquer tipo de aconselhamento, é o sentimento que serve de
ponte entre um ser humano e outro.
A preferência  é a única que mostra uma diferença acentuada entre
os sexos. A proporção de tipos sentimentais parece ser
substancialmente maior entre as mulheres do que entre os homens.
Essa diferença nas freqüências dos tipos para homens e mulheres
levou a muitas generalizações sobre os sexos. Presume-se que as
mulheres sejam menos lógicas, mais compassivas, diplomáticas,
sociáveis, menos analíticas e mais inclinadas a levar as coisas para o
lado pessoal. Todos estes são traços de sentimento. Os tipos
sentimentais (de ambos os sexos) tendem a tê-los. Tipos pensadores
(de ambos os sexos), não. A generalização tende a ignorar as mulheres
com pensamento e os homens com sentimento, em parte porque tipos
que não se encaixam nos estereótipos muitas vezes aprenderam a arte
da camu agem protetiva.
Os méritos da abordagem lógica do pensador em relação à vida são
tão óbvios e tão bem conhecidos que não pareceu necessário discutilos aqui. (Eles são tratados com mais detalhes nas descrições
individuais dos tipos pensadores no Capítulo ). Mas nunca se deve
presumir que os pensadores detêm o monopólio de toda atividade
mental que valha a pena. Eles nem mesmo têm o monopólio do
pensamento. Assim como os pensadores podem atingir,
ocasionalmente, um muito útil desenvolvimento suplementar do
sentimento, que não interfere em seus julgamentos pensativos,
também os tipos sentimentais podem, às vezes, mobilizar seu
pensamento para encontrar as razões lógicas necessárias para obter, da
parte de um pensador, a aceitação de uma conclusão que eles já
alcançaram por meio do sentimento. Antes da publicação de um
trabalho que seja objeto de dileção, feito intuitivamente e por motivos
sentimentais, o pensamento pode ser usado para veri car possíveis
falhas e falácias.
Medidas convencionais de capacidade mental, como testes de
inteligência e bolsa de estudos, mostram que alguns dos registros mais
altos pertencem aos tipos  e , que relegam o pensamento ao
último lugar ou ao penúltimo. A preferência pelo pensamento parece
ter muito menos efeito intelectual do que a preferência pela intuição,
mesmo em alguns campos técnicos, como a pesquisa cientí ca, onde
se esperava que sua in uência fosse mais determinante.
Parece, portanto, que a marca de um pensador não é tanto a posse de
maiores poderes mentais, mas tê-los executados por uma trilha
diferente. Os pensadores se dão melhor com o impessoal e são os mais
capazes de lidar com as coisas que precisam ser feitas impessoalmente.
O juiz e o cirurgião, por exemplo, tendem a descartar todas as
considerações pessoais. Um famoso cirurgião era tão impessoal que
sua esposa não conseguia que ele concentrasse sua atenção em seus
próprios lhos, a menos que ela os levasse ao consultório.
Finalmente, o pensamento nem sempre é de primeira ordem. O seu
produto não é melhor do que os fatos com os quais começou (e eles
foram adquiridos por uma percepção de qualidade desconhecida) nem
do que a lógica empregada. Quando uma pessoa supostamente
descreveu a lógica como uma maneira organizada de errar com
con ança, ela expressou a descon ança dos intuitivos absolutos e dos
tipos sentimentais por um método de decisão tão árido. Quando os
tipos sentimentais sabem que valorizam uma idéia, uma pessoa ou um
curso de ação, o argumento de um pensador destinado a refutar esse
valor os deixa indiferentes. O julgamento do pensador pode estar
errado! Os pensadores muitas vezes se contradizem uns aos outros,
cada um a rmando: “Isto é a verdade”. O tipo sentimental só precisa
dizer: “Isso é valioso para mim”.
O resumo presente na Figura 26 diferencia as pessoas nas colunas
externas da Tabela de Tipos daquelas nas colunas do meio. As
características mencionadas são mais evidentes nos tipos , cujo
processo de julgamento é, ao mesmo tempo, extrovertido e dominante
e, conseqüentemente, mais visível e enfático. Quando o processo de
julgamento é meramente auxiliar, ele está subordinado às percepções
do processo dominante e suas manifestações tendem a ser mais
moderadas.
Tipos pensadores
Tipos sentimentais
Valorizam a lógica
acima do sentimento.
Valorizam o sentimento
acima da lógica.
Costumam ser
impessoais,
interessando-se mais
pelas coisas do que pelas
relações humanas.
Costumam ser pessoais,
interessando-se mais
pelas pessoas do que
pelas coisas.
Se forçados a escolher
entre veracidade e
diplomacia, geralmente
serão verazes.
Se forçados a escolher
entre diplomacia e
veracidade, geralmente
serão diplomáticos.
São mais fortes na
capacidade executiva do
que nas artes sociais.
São mais fortes nas
artes sociais do que na
habilidade executiva.
São propensos a
questionar as
conclusões de outras
pessoas por princípio —
acreditando que
provavelmente estão
erradas.
É provável que
concordem com as
pessoas ao seu redor,
pensando como as
outras pessoas pensam,
acreditando que elas
provavelmente estão
certas.
Tipos pensadores
Tipos sentimentais
Naturalmente breves e
pro ssionais, muitas
vezes parecem carecer
de amizade e
sociabilidade sem saber
ou intencionar.
Naturalmente
amigáveis, sendo
sociáveis ou não, acham
difícil serem breves e
pro ssionais.
Geralmente são capazes
de organizar fatos e
idéias em uma
sequência lógica que
enuncia o assunto,
apresentam os pontos
necessários, chegam a
uma conclusão e param
aí, sem repetição.
Geralmente acham
difícil saber por onde
começar uma
declaração ou em que
ordem apresentar o que
têm a dizer. Podem,
portanto, divagar e
repetir-se, com mais
detalhes do que um
pensador deseja ou
julga necessário.
Suprimem, subestimam
e ignoram o sentimento
que é incompatível com
os julgamentos do
pensamento.
Suprimem, subestimam
e ignoram o
pensamento que é
ofensivo aos
julgamentos
emocionais.
Tipos pensadores
Tipos sentimentais
Contribuem para o
bem-estar da sociedade
pela crítica intelectual
de seus hábitos,
costumes e crenças, pela
exposição de erros,
solução de problemas e
apoio à ciência e
pesquisa para a
ampliação do
conhecimento e
compreensão humanos.
Contribuem para o
bem-estar da sociedade
por meio de seu apoio
leal às boas obras e
àqueles movimentos,
geralmente
considerados bons pela
comunidade, sobre os
quais eles se sentem
corretos e, portanto,
podem servir com
e cácia.
São encontrados com
mais freqüência entre os
homens do que entre as
mulheres e, quando
casados com um tipo
sentimental, tornam-se
naturalmente guardiões
do pensamento
negligenciado e não
con ável do cônjuge.
São encontrados com
mais freqüência entre
as mulheres do que
entre os homens e,
quando casados com
um tipo pensador,
tornam-se
freqüentemente
guardiões dos
sentimentos
negligenciados e
oprimidos do cônjuge.
Figura 26: Efeito da preferência 
C VII: E 
 
tipos julgadores acreditam que a vida deve ser desejada e
O sdecidida,
enquanto os tipos perceptivos consideram a vida como
algo a ser experimentado e compreendido. Assim, os tipos julgadores
gostam de resolver as coisas, ou pelo menos de ter as coisas resolvidas,
enquanto os tipos perceptivos preferem manter seus planos e opiniões
tão abertos quanto possível, para que nenhuma experiência ou
esclarecimento valioso seja perdido. O contraste em suas vidas é
bastante evidente.
O julgador está eternamente chegando a conclusões — com a
nalidade que a palavra implica. Ele realmente gosta de dispor das
coisas, mesmo sem o estímulo da necessidade. Freqüentemente, os
tipos julgadores decidem não apenas o que eles próprios devem fazer,
mas também o que os outros devem fazer. Diante de uma pequena
provocação, eles decidem o que os outros devem pensar. A pessoa que
diz “O que você deve fazer…” dez minutos depois de conhecer alguém
novo é um tipo marcante de julgador. Tipos julgadores menos
marcantes pensam consigo mesmos o que outra pessoa deveria fazer,
mas suprimem o impulso de falar. Tipos perceptivos nem mesmo
pensam nisso. Eles preferem ouvir sobre o que uma pessoa está
fazendo. Dois exemplos imortais de percepção são o Rikki-tikki-tavi,
de Kipling, cujo lema era “corra e descubra”, e o insaciavelmente
curioso Filhote de Elefante, que foi espancado por perguntar “por
quê?”.
Tal interesse inesgotável em “o quê?” e “por quê?” não conduz à
nalidade. Os tipos perceptivos não chegam a conclusões até que
precisem — e às vezes nem mesmo aí. Sendo cientes de quantos fatores
estão envolvidos e do quanto ainda é desconhecido, eles cam
horrorizados com a ânsia dos tipos julgadores para decidir um
assunto. O ditado de que “uma má decisão é melhor do que nenhuma”
faz sentido apenas para um tipo julgador. Os tipos perceptivos sempre
esperam poder resolver o problema simplesmente compreendendo-o
melhor, “vendo a fundo” se forem intuitivos ou “vendo-o de todos os
lados” se forem tipos sensitivos. Muitas vezes eles podem. Em tais
casos, eles di cilmente estão conscientes do julgamento; a solução
cou latente ali na situação e eles acabaram por “enxergar” o que
deveria ser feito.
Claro, os tipos perceptivos ainda precisam de julgamento. Sua
percepção deve ser apoiada por um processo de julgamento
adequadamente desenvolvido. Caso contrário, eles irão utuar na
direção do vento como um veleiro com sua bolina retrátil levantada. É
preciso julgamento (seja o pensamento ou o sentimento) para dar
continuidade ao propósito e fornecer um padrão pelo qual criticar e
governar as próprias ações.13
No outro extremo, os tipos julgadores com percepção insu ciente
não têm em si doação ou cooperação. Se carecerem de um processo
perceptivo adequadamente desenvolvido, serão estreitos, rígidos e
incapazes de ver qualquer ponto de vista exceto o seu próprio. Essa
característica do indivíduo que julga incansavelmente é reconhecida
na palavra preconceito — um pré-julgamento impermeável à
percepção.
Além disso, se os tipos pensadores ou sentimentais carecem de
percepções próprias, eles serão obrigados a con ar nas formas de
julgamento por falta de conteúdo. Eles aceitarão as formas correntes
em seu ambiente: os pensadores dependerão das fórmulas e dos
princípios aceitos; os tipos sentimentais adotarão atitudes de
aprovação e desaprovação. Mas eles os aplicarão mecanicamente, sem
um insight genuíno sobre a situação particular. É preciso percepção
(seja a sensação ou a intuição) para fornecer compreensão, abertura de
mente, ou seja, o conhecimento de vida em primeira mão, necessário
para evitar que o próprio julgamento seja cego.
Assim, indivíduos equilibrados devem sempre ter percepção para
apoiar seu julgamento, e julgamento para apoiar sua percepção. Eles
ainda manterão sua preferência básica e as qualidades que ela oferece.
Os dons do julgamento incluem:
• Método para fazer as coisas. É natural para um tipo julgador decidir
qual é a melhor maneira de fazer uma coisa e então fazê-la
consistentemente dessa maneira. O processo pensador tenta o método
mais lógico; o processo sentimental, o método mais agradável,
adequado ou apropriado.
• Ordem nas posses. É um sentimento julgador que a ordem é a
primeira lei do Céu. Os tipos pensadores acreditam na organização
por razões utilitárias. Os tipos  podem ter tudo dentro de suas
gavetas cuidadosamente classi cado em caixas, mas não se preocupam
com o estado do tampo da cômoda. Os tipos , mais inclinados à
estética, quase certamente também terão o topo ajeitado.
• A vida planejada. A ordem aplicada às atividades signi ca
programas e horários. Os tipos julgadores decidem antecipadamente o
que pretendem realizar e fazem planos cuidadosos, às vezes de longo
prazo. Os s tendem a ter agendas mais cheias por causa de suas
muitas atividades sociais.
• Esforço sustentado. Tendo uma vez decidido fazer uma coisa, os
tipos julgadores continuam a fazê-la. Essa aplicação da força de
vontade resulta em realizações impressionantes. A tartaruga na corrida
era certamente um tipo julgador. A lebre, porque gostava de operar em
surtos tremendos, provavelmente era um intuitivo extrovertido, mas
carecia de julgamento adequado.
• Determinação. Nem todo mundo que vive na atitude de julgamento
gosta de tomar decisões. Alguns simplesmente não gostam que as
coisas permaneçam inde nidas. Estes são mais propensos a serem do
tipo sentimental do que pensadores.
• Exercício de autoridade. Os tipos julgadores querem ver as outras
pessoas em conformidade com seus padrões e geralmente cam felizes
em aconselhá-las. As pessoas  geralmente têm melhores habilidades
executivas e de organização, mas, onde as regras são rmemente
estabelecidas, os s podem ser muito bons em sua gentil aplicação.
Dos 124 administradores escolares citados por Von Fange (1961), 86%
eram .
• Opiniões estabelecidas. Os tipos julgadores geralmente sabem o que
pensam sobre tudo o que consideram digno de consideração.
• Aceitação da rotina. A aceitação da rotina é colocada em último
lugar porque qualquer desenvolvimento marcante da intuição é capaz
de anulá-la, mas os tipos julgadores com sensação parecem capazes de
encarar a rotina de maneira mais losó ca do que qualquer um dos
outros tipos.
Entre os dons da percepção estão:
• Espontaneidade. A espontaneidade é a capacidade de aceitar de
todo o coração a experiência ou a iluminação do momento presente,
mesmo que alguma coisa pretendida não seja realizada. Tipos
perceptivos acreditam que pode ser mais importante ir e olhar para
um ninho de pássaro que as crianças encontraram, tirar um tempo
para ajudar a encontrar a resposta para uma pergunta, ou ouvir uma
con dência de todo o coração, do que fazer uma refeição na hora.
• Abertura de mente. A percepção envolve uma certa hospitalidade
de espírito, uma vontade de admitir à consideração novos fatos, idéias
e propostas, ainda que impliquem a reabertura de decisões ou
opiniões. Os tipos perceptivos deixam muitas decisões e opiniões
abertas na expectativa de novas informações.
• Compreensão. A percepção é aplicada às pessoas para entender seu
ponto de vista, em vez de julgar suas ações. Os pais que assumem uma
atitude perceptiva com seus lhos sempre que possível receberão
muito mais con dências do que os pais que têm uma opinião imediata
(e geralmente crítica) sobre tudo o que lhes é dito. Os
pronunciamentos comparativamente raros dos pais perceptivos
receberão mais respeito, porque os pais terão escutado o su ciente
para avaliar a situação. Uma atitude perceptiva, em geral, é
perfeitamente consistente com a rme disciplina dos pais. A disciplina
é necessária para impor os fundamentos, de preferência alguns
fundamentos. Se as crianças os observarem elmente, serão membros
aceitáveis da sociedade e, assim como os adultos, terão direito a ser
poupadas de comentários contínuos sobre todos os seus atos.
• Tolerância. A atitude “viva e deixe viver” surge em parte da
relutância em resolver as coisas para outras pessoas e em parte do
reconhecimento perceptivo de que pode haver uma variedade de
padrões legítimos. A tolerância só se torna perigosa quando levada ao
extremo de tolerar a falta real de padrões em algum campo essencial.
• Curiosidade. Um dos dons mais vivos dos tipos perceptivos é a
expectativa de que o que eles ainda não sabem seja interessante. A
curiosidade os leva a muitos desvios de conhecimento e experiência, e
a acumular estoques surpreendentes de informações. Também afasta o
tédio, pois encontra algo interessante em quase todas as situações.
• Gosto pela experiência. Outra expectativa dos perceptivos é que o
que ainda não zeram vai ser interessante. Eles podem recusar uma
nova experiência com base em gosto ou princípio, ou em favor de algo
mais atraente, mas raramente porque “não vale a pena fazer”, como
dizem os tipos julgadores.
• Adaptabilidade. O perceptivo, ao lidar com uma di culdade, adapta
os meios disponíveis para a consecução dos ns essenciais. Uma
mulher muito perceptiva aprecia um elogio de seu marido julgador
sobre a e cácia com que ela remonta os fragmentos de uma situação
quando algo imprevisto perturba todos os arranjos existentes. Como
ela nunca está presa ao plano antigo, ela é livre para improvisar um
novo para atender às condições alteradas, e gosta de fazê-lo.
Ao considerar as qualidades listadas acima, os leitores podem ter
di culdade em avaliar suas próprias preferências  devido a uma
inconsistência entre o que acham que deveriam fazer, o que realmente
fazem e o que naturalmente tendem a fazer. É a tendência natural que
revela a preferência básica. A idéia de uma pessoa sobre o que é certo
pode ser um ideal adquirido, emprestado de outro tipo, e o
comportamento real da pessoa pode re etir um bom hábito um tanto
desagradável aprendido com os pais ou aceito por causa dos esforços
obstinados da própria pessoa. É importante, especialmente para os
introvertidos, lembrar que a preferência  se aplica à atitude habitual
de uma pessoa em relação ao mundo exterior. O que aparece na
maioria dos contatos casuais com outras pessoas (e governa o índice 
no Indicador de Tipo) é o processo extrovertido, aquele em que
geralmente se con a para a conduta na vida exterior. Para os
extrovertidos, é o mesmo que o processo dominante; para
introvertidos, não.
Assim, em um introvertido, a preferência pela atitude de julgar em
assuntos externos pode ser bastante evidente, até óbvia, mas não é
de nitiva. O processo de julgamento usado no mundo exterior é, na
verdade, subordinado ao processo dominante introvertido (que é
perceptivo) e opera sujeito às exigências desse processo perceptivo
favorito. Por exemplo, se pensar é o processo extrovertido, ele
conduzirá as coisas com lógica e determinação, mas a lógica não
poderá atrapalhar a percepção interior.
Da mesma forma, em um introvertido cuja preferência pela atitude
perceptiva é normalmente óbvia, essa perceptividade está realmente
subordinada a um processo de julgamento introvertido (pensamento
ou sentimento) e deve servir aos valores e princípios últimos
determinados pelo processo de julgamento. Uma aluna introvertida
muito perceptiva cou surpresa ao ser eleita a “mais decidida” em sua
turma do ensino médio. A votação foi feita logo após terem surgido
várias questões que tocavam valores sentimentais que ela considerava
fundamentais. Sua certeza interior prevaleceu sobre sua habitual
percepção externa, e ela defendeu sua posição em todas as questões.
Algumas diferenças resultantes da preferência  são comparadas na
Figura 27. Em geral, essas características diferenciam os extrovertidos
na linha inferior da Tabela de Tipos daqueles na terceira linha. Eles
também diferenciam os introvertidos da linha superior daqueles da
segunda linha, com algumas exceções devido ao papel especial do
processo dominante do introvertido.
Tipos julgadores
Tipos perceptivos
São mais assertivos do
que curiosos.
São mais curiosos do que
assertivos.
Vivem de acordo com
planos, padrões e
costumes que não são
fácil ou levianamente
deixados de lado, aos
quais a situação do
momento deve, se
possível, ser
conformada.
Vivem de acordo com a
situação do momento e
ajustam-se facilmente ao
acidental e inesperado.
Fazem uma escolha
muito de nida entre
as possibilidades da
vida, mas podem não
apreciar ou utilizar
acontecimentos nãoplanejados,
inesperados e
incidentais.
Freqüentemente são
magistrais em lidar com
o não-planejado,
inesperado e incidental,
mas podem não fazer
uma escolha e caz entre
as possibilidades da vida.
Tipos julgadores
Tipos perceptivos
Sendo racionais, eles
dependem de
julgamentos
fundamentados,
próprios ou
emprestados de outra
pessoa, para protegêlos de experiências
indesejáveis
desnecessárias.
Sendo empíricos, eles
dependem de sua
prontidão para tudo e
qualquer coisa, para lhes
trazer um uxo constante
de novas experiências —
muito mais do que eles
podem digerir ou usar.
Gostam que os
assuntos sejam
estabelecidos e
resolvidos o mais
rápido possível, para
que saibam o que vai
acontecer e possam se
planejar e estar
preparados para isso.
Gostam de manter as
decisões em aberto o
maior tempo possível
antes de fazer qualquer
coisa irrevogável, porque
ainda não sabem o
su ciente sobre ela.
Pensam ou sentem
que sabem o que as
outras pessoas devem
fazer sobre quase tudo
e não têm aversão a
lhes dizer.
Sabem o que as outras
pessoas estão fazendo e
estão interessados em ver
como as coisas vão sair.
Tipos julgadores
Tipos perceptivos
Têm verdadeiro prazer
em terminar algo, tirálo do caminho e tirálo da cabeça.
Têm grande prazer em
começar algo novo, até
que a novidade
desapareça.
São inclinados a
considerar os tipos
perceptivos como
andarilhos sem rumo.
Estão inclinados a
considerar os tipos
julgadores como apenas
meio-vivos.
Desejam estar certos.
Desejam não perder
nada.
São autoregulamentados,
propositais e
exigentes.
São exíveis, adaptáveis e
tolerantes.
Figura 27: Efeito da preferência 
C VIII: F
  
  
efeito de cada uma das quatro preferências — entre introversão e
extroversão, entre sensação e intuição, entre pensamento e
sentimento, e entre julgamento e percepção — foi discutido nos
capítulos anteriores. Combinadas, as quatro preferências determinam
o tipo, mas os traços resultantes de cada preferência não se combinam
para in uenciar a personalidade de um indivíduo pela simples adição
de características; em vez disso, os traços resultam da interação das
preferências. O efeito da interação das funções preferidas torna-se
aparente quando a forma extrovertida de um processo particular —
pensamento, sentimento, sensação ou intuição — é comparada com a
forma introvertida do mesmo processo. As quatro guras que
compõem o equilíbrio deste capítulo, Figuras 28–31, apresentam pares
contrastantes de sentenças que descrevem as formas extrovertida e
introvertida de pensamento, sentimento, sensação e intuição. As
comparações apresentadas nas guras, desenhadas por Katharine C.
Briggs durante seu estudo inicial dos tipos psicológicos, incluem os
efeitos da extroversão e da introversão sobre os tipos de informação
que um determinado processo usa ou suprime; os pontos fortes, os
pontos fracos e os objetivos das quatro funções discutidas; como cada
uma das funções se expressa etc.
O
Pensamento extrovertido
Pensamento
introvertido
É alimentado por dados
objetivos — fatos e idéias
emprestadas.
Alimenta-se de raízes
subjetivas e
inconscientes —
arquétipos.
Pensamento extrovertido
Pensamento
introvertido
Depende dos fatos da
experiência e considera a
idéia abstrata como
insubstancial e de
importância
insigni cante.
Depende da idéia
abstrata como fator
decisivo e valoriza os
fatos principalmente
como provas
ilustrativas da idéia.
Baseia-se em fatos fora
do pensamento, que são
mais decisivos do que o
próprio pensamento,
para solidez e valor.
Baseia-se nos poderes
de observação e
apreciação do
pensador e no uso da
riqueza interior da
experiência herdada
para solidez e valor.
Tem como objetivo a
solução de problemas
práticos, descoberta e
classi cação de fatos,
crítica e modi cação de
idéias geralmente aceitas,
planejamento de
programas e
desenvolvimento de
fórmulas.
Tem como objetivo
formular perguntas,
criar teorias, abrir
perspectivas, gerar
insights e, nalmente,
ver como os fatos
externos se encaixam
na estrutura da idéia
ou teoria que criou.
Pensamento extrovertido
Pensamento
introvertido
Debruça-se sobre os
detalhes do caso
concreto, incluindo as
irrelevâncias.
Aproveita as
semelhanças do caso
concreto, incluindo as
irrelevâncias.
Aproveita as
semelhanças do caso
concreto, descartando
as irrelevâncias.
Tem tendência a
multiplicar os fatos até
que seu signi cado seja
sufocado e o pensamento
paralisado.
Tende a negligenciar
fatos ou coagi-los a
concordar com a idéia,
selecionando apenas
aqueles que apóiam a
idéia.
Consiste em uma
sucessão de
representações concretas
que são postas em
movimento não tanto
por uma atividade de
pensamento interior
quanto pelo uxo
mutável de percepções
sensoriais.
Consiste em uma
atividade de
pensamento interior,
frouxamente ligada ao
uxo de impressões
sensoriais, que são
ofuscadas pela
vivacidade do uxo de
impressões internas.
Figura 28: Comparação entre pensamento extrovertido e introvertido
Sentimento extrovertido
Sentimento
introvertido
É determinado
principalmente pelo fator
objetivo e serve para
fazer o indivíduo se
sentir corretamente, isto
é, convencionalmente,
em todas as
circunstâncias.
É determinado
principalmente pelo
fator subjetivo e serve
de guia para a
aceitação ou rejeição
emocional de vários
aspectos da vida.
Adapta o indivíduo à
situação objetiva.
Adapta a situação
objetiva ao indivíduo
pelo simples processo
de excluir ou ignorar o
inaceitável.
Depende totalmente dos
ideais, convenções e
costumes do ambiente e
é mais extenso do que
profundo.
Depende de
sentimentos abstratos
— ideais como amor,
patriotismo, religião e
lealdade, e é profundo
e apaixonado, em vez
de extenso.
Sentimento extrovertido
Sentimento
introvertido
Encontra solidez e valor
fora do indivíduo nos
ideais coletivos da
comunidade, que
geralmente são aceitos
sem questionamentos.
Encontra solidez e
valor dentro de si
mesmo a partir de sua
própria riqueza
interior e poderes de
apreciação e abstração.
Tem como objetivo a
formação e manutenção
de relações afetivas fáceis
e harmoniosas com
outras pessoas.
Tem como objetivo
fomentar e proteger
uma intensa vida
emocional interior e,
na medida do possível,
a realização externa e a
realização do ideal
interior.
Expressa-se facilmente e,
assim, compartilha-se
com os outros, criando e
despertando sentimentos
semelhantes e
estabelecendo simpatia e
compreensão calorosas.
Pode ser muito
avassalador para ser
expresso, criando uma
falsa aparência de
frieza a ponto de
indiferença, e pode ser
completamente mal
interpretado.
Sentimento extrovertido
Sentimento
introvertido
Tem a tendência de
suprimir totalmente o
ponto de vista pessoal e
corre o risco de se tornar
uma personalidade
enfraquecida, dando o
efeito de insinceridade e
pose.
Tem a tendência de
não encontrar
satisfação ou
realização — ou vazão
— para se expressar e
corre o risco de viver
de sentimentos, ilusões
e autopiedade.
Figura 29: Comparação entre sentimento extrovertido e introvertido
Sensação
extrovertida
Sensação introvertida
Suprime tanto
quanto possível o
elemento subjetivo
da impressão
sensorial.
Suprime tanto quanto
possível o elemento
objetivo da impressão
sensorial.
Valoriza o objeto
sentido em vez da
impressão subjetiva,
da qual o indivíduo
di cilmente pode
estar ciente.
Valoriza a impressão
subjetiva liberada pelo
objeto em vez do próprio
objeto, do qual o
indivíduo di cilmente
pode estar ciente.
Sensação
extrovertida
Sensação introvertida
Vê as coisas
fotogra camente,
sendo a impressão de
uma realidade
concreta e nada mais.
A “prímula à beira de
um rio” é
simplesmente uma
prímula.
Vê as coisas altamente
coloridas pelo fator
subjetivo, sendo a
impressão meramente
sugerida pelo objeto e
saindo do inconsciente na
forma de algum
signi cado ou
signi cância.
Leva ao gozo
concreto,
apreendendo muito
plenamente a
existência
momentânea e
manifesta das coisas,
e apenas isso.
Leva a idéias, através da
ativação de arquétipos,
apreendendo o pano de
fundo do mundo físico em
vez de sua superfície.
Sensação
extrovertida
Sensação introvertida
Desenvolve a atenção
que é atraída pelo
estímulo mais forte,
que invariavelmente
se torna o centro de
interesse, de modo
que a vida parece
totalmente sob a
in uência de
acontecimentos
externos acidentais.
Desenvolve uma atenção
muito seletiva, totalmente
guiada pela constelação
interna de interesses, de
modo que é impossível
prever qual estímulo
externo atrairá e prenderá
a atenção.
Desenvolve um eu
exterior amante do
prazer, muito rico em
experiências nãodigeridas e
conhecimento nãoclassi cado de fatos
não interpretados.
Desenvolve um eu interior
extremamente excêntrico e
individual, que vê coisas
que outras pessoas não
vêem, e pode parecer
muito irracional.
Sensação
extrovertida
Sensação introvertida
Deve ser equilibrado
por um julgamento
introvertido, ou
forma uma
personalidade
super cial e
totalmente empírica,
com muitas
superstições e
nenhuma
moralidade, exceto
convenções coletivas
e tabus.
Deve ser contrabalançado
por um julgamento
extrovertido, ou forma
uma personalidade
silenciosa e inacessível,
muito pouco
comunicativa, sem
nenhuma conversa, exceto
banalidades convencionais
sobre o clima e outros
interesses coletivos.
Figura 30: Comparação entre sensação extrovertida e introvertida
Intuição
extrovertida
Intuição introvertida
Usa a compreensão
interior no interesse
da situação objetiva.
Usa a situação objetiva no
interesse da compreensão
interior.
Intuição
extrovertida
Intuição introvertida
Considera a situação
imediata como uma
prisão da qual a fuga
é urgentemente
necessária e visa
escapar por meio de
alguma mudança
radical na situação
objetiva.
Considera a situação
imediata como uma prisão
da qual a fuga é
urgentemente necessária e
visa escapar por meio de
alguma mudança radical na
compreensão subjetiva da
situação objetiva.
Está totalmente
direcionado para
objetos externos,
buscando
possibilidades
emergentes e
sacri cará tudo o
mais por tais
possibilidades
quando
encontradas.
Recebe seu ímpeto de
objetos externos, mas
nunca é detido por
possibilidades externas,
ocupando-se em buscar
novos ângulos para ver e
compreender a vida.
Pode ser artístico,
cientí co, mecânico,
inventivo, industrial,
comercial, social,
político ou
aventureiro.
Pode ser criativo em
qualquer campo: artístico,
literário, cientí co,
inventivo, losó co ou
religioso.
Intuição
extrovertida
Intuição introvertida
Acha a
autoexpressão
natural e fácil.
Acha difícil a
autoexpressão.
Encontra seu maior
valor na promoção e
iniciação de novos
empreendimentos.
Encontra o seu maior valor
na interpretação da vida e
na promoção da
compreensão.
Requer o
desenvolvimento do
julgamento
equilibrado não
apenas para a crítica
e avaliação dos
entusiasmos
intuitivos, mas
também para
mantê-lo até a
conclusão de suas
várias atividades.
Requer o desenvolvimento
do julgamento equilibrado
não apenas para a crítica e
avaliação da compreensão
intuitiva, mas também para
capacitá-la a transmitir
suas visões a outras pessoas
e trazê-las para utilidade
prática no mundo.
Ambos são caracterizados pela expectativa habitual; ambos têm compreensão rápida.
Figura 31: Comparação entre intuição extrovertida e introvertida
C IX: D  

tipos especí cos que resultam das várias combinações entre
D osas 16preferências,
cada um é produto de seu processo dominante,
extrovertido ou introvertido, conforme o caso, e modi cado pela
natureza de seu auxiliar. (A modi cação é especialmente marcante nos
tipos introvertidos, cujo auxiliar é o principal responsável por seu
comportamento externo). Quando as a rmações feitas sobre um tipo
são pensadas em termos de causa e efeito, as características de cada
tipo são mais fáceis de lembrar e procurar.
As descrições não incluem todas as características decorrentes de
cada preferência, que foram discutidas nos Capítulos –. Esperase que todo tipo introvertido tenha as características introvertidas
gerais. Repeti-las a cada vez só tenderia a obscurecer as características
especiais da variedade particular de introvertido.
Os críticos da teoria de Jung freqüentemente acusam a introversão de
não ser um traço unitário: existem “muitos tipos de introvertidos”. A
introversão não é um traço, mas uma disposição ou orientação básica.
Em cada um dos oito tipos de introvertidos, essa orientação assume
um aspecto diferente como resultado necessário das outras
preferências envolvidas.
Cada uma das descrições a seguir trata de dois tipos que diferem
apenas na escolha do processo auxiliar. A primeira descrição considera
os dois tipos de pensamento extrovertido,  e , no que eles têm
em comum e nas maneiras pelas quais se diferenciam. A próxima
descrição lida com os dois tipos de pensamento introvertido,  e
, da mesma forma. Em seguida, são discutidos tipos de
sentimento extrovertido e introvertido, tipos de sensação extrovertida
e introvertida e intuitivos extrovertidos e introvertidos.
Como esperado, a maior semelhança entre um tipo extrovertido e um
tipo introvertido ocorre quando os dois tipos diferem apenas na
preferência . Eles terão então a mesma combinação de percepção e
julgamento, e suas vidas exteriores serão moldadas pelo mesmo
processo extrovertido. As semelhanças tendem a ser mais marcantes
na vida diária e menos marcantes quando algo muito importante está
em questão e o processo dominante do introvertido assume o controle.
O lado da sombra
As descrições são projetadas para se aplicar a cada tipo no seu
melhor, como exempli cado por pessoas normais, bem equilibradas,
bem ajustadas, felizes e e cazes. Portanto, a descrição básica pressupõe
um bom desenvolvimento das funções dominante e auxiliar. Na
verdade, os tipos vêm em estados de desenvolvimento amplamente
diferentes. Se o processo auxiliar não estiver desenvolvido, a pessoa
não terá equilíbrio entre julgamento e percepção, e também entre
extroversão e introversão. Se o processo dominante também estiver
subdesenvolvido, não restará muito do tipo, exceto suas fraquezas.
Bem desenvolvido ou não, todos nós temos um lado da sombra.
Assim como a personalidade consciente é o produto das funções mais
desenvolvidas, a sombra é o produto da parte menos desenvolvida, que
a pessoa rejeita e repudia. A sombra usa tipos de julgamento e
percepção relativamente infantis e primitivos, não intencionalmente a
serviço de objetivos conscientes, mas por conta própria, em uma fuga
da personalidade consciente e em desa o aos padrões conscientes.
Os resultados costumam ser lamentáveis. Atos dos quais uma pessoa
diz depois: “Não sei como cheguei a fazer isso. Eu não queria!”,
geralmente são obra da sombra, assim como outras coisas lamentáveis
que uma pessoa pode nem estar ciente de ter feito. O irascível
professor Henry Higgins insistia que ele era “um homem muito
quieto”.
É bom entender a sombra, pois ela explica algumas curiosas
contradições nas pessoas. Se as preferências aparentes de uma pessoa
indicam um determinado tipo, mas ela se comportou de maneira
totalmente estranha ao tipo em questão, considere a qualidade do ato.
Se fosse inferior ao padrão usual da pessoa, pode ter havido uma
sombra em ação.
O tipo de uma pessoa é o produto de uma orientação consciente para
a vida: modos habituais e propositais de usar a mente — habituais
porque parecem bons, interessantes e con áveis. A sombra é algo que
acontece quando a pessoa não está olhando.
Alguns introvertidos prestam tão pouca atenção consciente à
extroversão que alcançam pouco ou nenhum desenvolvimento de seu
processo auxiliar extrovertido. Sua extroversão será em grande parte
inconsciente e as funções de sua sombra podem ser mais aparentes do
que suas personalidades conscientes. Uma mulher que completa o
Indicador de Tipo para seu marido  extremamente introvertido,
como ela o vê, pode torná-lo um , perdendo o sentimento que ele
não expressa e relatando, em vez disso, o pensamento inconsciente,
inferior e crítico do lado da sua sombra.
Tipos pensadores extrovertidos:  e

• São analíticos e impessoais.
• Podem ser executivos, jurídicos, técnicos ou interessados em
reformas.
• Organizam os fatos — e tudo mais ao seu alcance.
• São decisivos, lógicos, fortes no poder de raciocínio.
• Buscam governar sua própria conduta e a de outras pessoas de
acordo com conclusões ponderadas
• Valorizam a verdade na forma de fato, fórmula e método.
• Têm uma vida emocional que é acidental.
• Têm uma vida social que é incidental.
Os pensadores extrovertidos usam seu pensamento para comandar
toda parte do mundo que estiver em suas mãos. Eles estão em seu
elemento sempre que a situação externa precisa ser organizada,
criticada ou regulada. Normalmente, eles gostam de decidir o que deve
ser feito e de dar as ordens apropriadas para garantir que seja feito.
Eles abominam confusão, ine ciência, meias medidas, qualquer coisa
sem objetivo e que seja ine caz. Freqüentemente, eles são
disciplinadores rígidos, que sabem como ser duros quando a situação
exige dureza.
Isto pode ser chamado de tipo do executivo padrão. Existem outros
tipos de executivos, alguns deles brilhantemente bem-sucedidos. Mas é
duvidoso que qualquer outro tipo goste tanto de ser um executivo, ou
trabalhe tanto para chegar a ser um. Às vezes, em tenra idade, uma
criança desse tipo, com propósito sistemático e interesse natural em
administrar as coisas, torna-se, independentemente da popularidade, o
líder da turma escolar.
Grande parte da e cácia dos pensadores extrovertidos decorre de sua
disposição de emitir ordens tão estritas para si mesmos quanto para
qualquer outra pessoa. Eles traçam seus objetivos com bastante
antecedência e fazem um grande esforço sistemático para alcançá-los
no prazo. Na melhor das hipóteses, eles olham impiedosamente para
sua própria conduta e revisam tudo o que não está de acordo com o
padrão.
Os pensadores extrovertidos preferem naturalmente a atitude de
julgar e agem vigorosamente com base em seus julgamentos, sejam
eles bem fundamentados ou não. Um deles me escreveu: “Diga algo
sobre o desejo quase irresistível de tomar decisões, apenas por si
mesmas. Sob esse impulso, não apenas tomarei decisões rápidas e
precisas em meu próprio campo, mas tenderei a tomar decisões
igualmente rápidas, mas erradas, em um campo estranho, apenas
porque estou decidido a tomar decisões e não dedico tempo para
perceber os fatos completamente”.
Os pensadores extrovertidos devem desenvolver um bom auxiliar
perceptivo para dar-lhes base para julgamentos e devem aprender a
suspender o julgamento por tempo su ciente para dar uma chance à
percepção. Isso pode ser difícil, mas as recompensas são substanciais.
Uma percepção melhor não apenas tornará seus julgamentos mais
sólidos, mas se eles a usarem para ver outros pontos de vista, isso os
ajudará nas relações humanas, onde eles podem precisar de ajuda.
Os pensadores extrovertidos constroem um código de regras
incorporando seus julgamentos básicos sobre o mundo. Eles
pretendem viver de acordo com essas regras e consideram que os
outros também deveriam fazê-lo. Qualquer mudança em seus modos
requer uma mudança consciente nas regras. Se sua percepção não for
boa o su ciente para mostrar-lhes, de tempos em tempos, como suas
regras devem ser ampliadas, o código será tão estreito e rígido que se
tornará uma tirania não apenas para os pensadores, mas também para
aqueles que os cercam, especialmente suas famílias. Tudo o que estiver
de acordo com as regras estará certo; tudo o que as violar estará
errado; e tudo o que não for coberto por elas será sem importância.
Eles se tornarão, como Jung coloca, “uma lei do mundo cuja realização
deve ser alcançada em todos os momentos e estações... [Qualquer um]
que se recuse a obedecer está errado — ele está resistindo à lei do
mundo e é, portanto, irracional, imoral e sem consciência”.14
O erro básico, aqui, é impor o próprio julgamento a outras pessoas.
Os tipos julgadores devem usar seu julgamento sobre si mesmos, não
sobre os outros. Os julgamentos do pensamento são geralmente mais
difíceis para a pessoa julgada do que os julgamentos do sentimento,
porque o pensamento é naturalmente crítico. Ele analisa, decide que as
coisas seriam melhores se fossem diferentes, e geralmente diz isso,
enquanto os julgamentos sentimentais tendem a ser, em parte do
tempo, complementares. O sentimento gosta de apreciar as coisas. Isto
pode ser esperar demais de pensadores em quem o sentimento é o
processo menos desenvolvido, mas os pensadores podem colocar em
suas regras que, de tempos em tempos, usarão a percepção para ver o
que há para apreciar em uma pessoa — e mencioná-lo.
Nesse contexto, qualquer sugestão pode ser feita com mais graça do
que seria o caso. Todos gostam de ser tratados com delicadeza, mas
isso é especialmente importante com subordinados, que não podem
lutar por seus próprios pontos de vista, e com lhos, maridos e
esposas, que só podem fazê-lo à custa da paz familiar.
Há outra razão pela qual os pensadores deveriam, para seu próprio
bem, praticar a atitude perceptiva. Se eles deixarem que o julgamento
racional domine todos os seus momentos de vigília, seus sentimentos
serão reprimidos demais para serem úteis. Podem até mesmo
embaraçá-los intensamente, às vezes por inesperadas explosões de
temperamento que conscientemente eles nunca “pensariam” em
cometer. No entanto, se cultivam a percepção, desligando de vez em
quando seu julgamento pensador, eles dão ao sentimento uma vazão
construtiva antes que atinja o ponto de ebulição.
Os pensadores extrovertidos são convencidos pelo raciocínio e,
quando são convencidos, isso é uma grande conquista, porque quando
eles decidem fazer algo, fazem com que seja feito.
Pensamento extrovertido apoiado pela sensação
s olham para o mundo com sensação ao invés de intuição;
portanto, eles estão mais interessados nas realidades percebidas por
seus cinco sentidos, por isso tendem a ser concretos e práticos,
receptivos e retentores de detalhes factuais, tolerantes com a rotina,
hábeis em coisas mecânicas, realistas e preocupados com o aqui e
agora. Seu processo pensador parece deliberado, porque geralmente é
um pensamento real, e não o atalho freqüentemente fornecido pela
intuição.
A curiosidade de um  é estimulada principalmente por coisas
novas que atraem diretamente os sentidos — novos objetos, aparelhos
ou dispositivos, novas atividades físicas, novas pessoas, novas casas,
nova comida e novos cenários. Coisas novas que não podem ser
apreendidas pelos sentidos — idéias e teorias abstratas — parecem
menos reais e muito menos aceitáveis. Qualquer coisa intangível é
bastante desagradável, pois mina a segurança de um mundo factual no
qual as pessoas podem ter certeza de seus julgamentos.
Os s resolvem problemas aplicando e adaptando habilmente
experiências passadas. Eles gostam de trabalhar onde possam alcançar
resultados imediatos, visíveis e tangíveis. Eles têm uma inclinação
natural para negócios e indústria, produção e construção. Eles gostam
de administração e de organizar e fazer as coisas. Executivos desse tipo
preferem basear planos e decisões em fatos e procedimentos
estabelecidos; eles não ouvem muito sua própria intuição e podem
precisar de um intuitivo por perto para apontar o valor de novas
idéias.
Este é talvez o tipo mais tradicionalmente “masculino” e inclui mais
homens do que qualquer outro.
Pensamento extrovertido apoiado pela intuição
Os s olham para o mundo com intuição ao invés da sensação,
então eles estão interessados principalmente nas possibilidades além
do presente, do óbvio ou conhecido. A intuição aumenta seu interesse
intelectual, curiosidade sobre novas idéias (imediatamente úteis ou
não), tolerância pela teoria, gosto por problemas complexos, insight,
visão e preocupação com possibilidades e consequências de longo
prazo.
Os s raramente se contentam com um trabalho que não exige
intuição. Eles precisam de problemas para resolver e provavelmente
são especialistas em encontrar novas soluções. No entanto, seu
interesse está no quadro geral, não em procedimentos ou fatos
detalhados.
Executivos deste tipo tendem a se cercar de outros intuitivos, porque
gostam de pessoas que são rápidas na compreensão, com mentes que
funcionam da mesma maneira que as suas, mas fazem bem em ter pelo
menos um tipo de sensitivo em suas equipes para evitar que eles
ignorem fatos relevantes e detalhes importantes.
Tipos pensadores introvertidos:  e

• São analíticos e impessoais.
• Estão interessados primariamente nos princípios subjacentes.
• São organizados em relação a conceitos e idéias (se ) ou fatos
(se ) — mas não pessoas ou situações, a menos que seja
necessário.
• São perceptivos, não dominadores, pelo fato de a determinação do
pensamento geralmente aparecer apenas em questões intelectuais.
• São exteriormente quietos, reservados, desapegados, talvez até
distantes, exceto com pessoas íntimas.
• São absorvidos internamente na análise ou problema atual.
• São inclinados à timidez, especialmente quando jovens, pois os
principais interesses do pensamento introvertido são de pouca ajuda
em conversas cotidianas ou contatos sociais.
Pensadores introvertidos usam seu pensamento para analisar o
mundo, não para administrá-lo. Con ar no pensamento os torna
lógicos, impessoais, objetivamente críticos, di cilmente convencidos
por qualquer coisa, exceto pelo raciocínio. Como introvertidos, eles
concentram seu pensamento nos princípios subjacentes às coisas, e
não nas próprias coisas. Como é difícil mudar seu pensamento de
idéias para detalhes da vida diária, eles conduzem suas vidas exteriores
principalmente com seu processo perceptivo preferido, o que os torna
curiosos e bastante adaptáveis — até que um de seus princípios
regentes seja violado, ponto em que eles param de se adaptar.
Eles tendem a ser perseverantes e independentes das circunstâncias
externas em um grau acentuado, com uma unicidade de propósito que
subordina os aspectos sociais e emocionais da vida a alguma conquista
mental de longo prazo. Eles podem ter di culdade em transmitir suas
conclusões ao resto do mundo e fazer com que sejam aceitas ou
mesmo compreendidas. Jung diz que o pensador introvertido
“di cilmente sairá de seu caminho para ganhar a apreciação de suas
idéias... Ele meramente as expõe, e com freqüência ca extremamente
incomodado quando elas falham em prosperar por conta própria”.15
O pensamento introvertido aplicado à matemática pode ser visto em
Einstein; aplicado à loso a, em Kant; aplicado às relações
internacionais, em Woodrow Wilson; e aplicado à psicologia, em Jung.
No campo industrial, o trabalho do pensador introvertido deveria ser
a elaboração dos princípios necessários subjacentes a um problema ou
operação. Então outros tipos podem seguir em frente e executar a
operação. Uma ampla aplicação dos princípios subjacentes à produção
em massa pode ser vista nas realizações de Henry Ford. (Ford sempre
se esforçou muito para preservar sua independência de ação e pouparse da necessidade de converter os outros aos seus planos).
Para serem e cazes, os pensadores introvertidos precisam ter um
bom processo auxiliar para fornecer a percepção em apoio ao seu
pensamento. Se nem sua sensação nem sua intuição forem
desenvolvidas de forma útil, eles sofrerão um dé cit geral de
percepção, de modo que seu pensamento não terá o su ciente para
pensar e, conseqüentemente, será estéril e improdutivo. A falta de um
processo auxiliar adequado também os deixará sem extroversão. Eles
terão um relacionamento inadequado com o mundo exterior, mesmo
para os padrões introvertidos.
O processo menos desenvolvido dos pensadores introvertidos
inevitavelmente é o sentimento extrovertido. Eles não estão aptos a
saber, a menos que sejam informados, o que importa emocionalmente
para outra pessoa, mas podem e devem agir com base no princípio de
que as pessoas se preocupam em ter seus méritos apreciados e seu
ponto de vista considerado respeitosamente. Tanto a vida pro ssional
quanto a vida pessoal dos pensadores introvertidos correrão melhor se
eles se derem ao trabalho de fazer duas coisas simples: dizer uma
palavra de apreço quando o elogio é honestamente devido e
mencionar os pontos em que concordam com outra pessoa antes de
trazerem os pontos em que discordam.
Com pensadores introvertidos, como com todos os introvertidos, a
escolha do processo auxiliar faz uma grande diferença e colore a
personalidade exterior. Na combinação , a sensação empresta
realismo, concretude, às vezes um dom inesperado de diversão por si
mesma, geralmente um interesse por esportes e recreação ao ar livre.
Na combinação , a intuição empresta sutileza, imaginação e gosto
por projetos e ocupações que exigem engenhosidade.
A escolha do processo auxiliar também afeta o uso que será feito do
processo dominante, porque o tipo de percepção empregada
determina em grande parte quais elementos do mundo exterior serão
trazidos à atenção do pensamento dominante. Se a sensação zer a
seleção, o material apresentado será mais tangível e concreto, muitas
vezes envolvendo mecânica ou estatística, mas em qualquer caso será
algo factual. Se a escolha for feita pela intuição, o material será mais
teórico e abstrato, dando margem ao exercício de insight e
originalidade.
Pensamento introvertido apoiado pela sensação
Os s têm um interesse direcionado para a ciência prática e
aplicada, especialmente no campo da mecânica. De todas as funções, a
sensação proporciona a maior compreensão das propriedades visíveis
e tangíveis da matéria, como ela se comporta, o que você pode ou não
fazer com ela. Pessoas desse tipo tendem a ser boas com as mãos, o
que é uma vantagem genuína na aplicação prática dos princípios
cientí cos.
Com interesses não técnicos, os s podem usar princípios gerais
para trazer ordem a dados confusos e signi cado a fatos
desorganizados. A capacidade de percepção para absorver fatos e
detalhes pode ser muito útil para s que trabalham no campo da
economia, como analistas de títulos ou como analistas de mercado e
vendas nas áreas de negócios e indústrias — em resumo, que lidam
com estatísticas em qualquer campo.
Alguns  s, especialmente os jovens, são grandes crentes na lei do
mínimo esforço. Essa crença pode contribuir para sua e ciência se
julgarem com precisão quanto esforço é necessário e agirem
prontamente para exercer esse esforço. No entanto, se eles
subestimarem ou apresentarem desempenho inferior, a lei do mínimo
esforço pode chegar perigosamente perto da preguiça, com pouco
sendo feito.
Pensamento introvertido apoiado pela intuição
s são estudiosos, teóricos e pensadores abstratos em campos
como ciência, matemática, economia e loso a. s são talvez os
mais intelectualmente profundos de todos os tipos. A intuição traz um
insight mais profundo do que apenas o concedido pelo pensamento.
Dá a seus possuidores curiosidade intelectual, rapidez de
entendimento, engenhosidade e fertilidade de idéias para lidar com
problemas e um vislumbre extra de possibilidades que a lógica ainda
não teve tempo de alcançar. Por outro lado, a intuição torna a rotina
mais difícil, embora um intuitivo possa, ao longo da vida, conseguir
uma adaptação su ciente a ela. As pessoas do tipo , portanto, são
particularmente adaptadas à pesquisa e à obtenção de novos
esclarecimentos. Elas provavelmente estarão mais interessadas em
analisar um problema e descobrir onde está a solução, do que em
realizar suas idéias. Elas formulam princípios e criam teorias;
valorizam os fatos apenas como evidência ou como exemplos para
uma teoria, nunca por si mesmos.
Um professor de psicologia desse tipo explicou a uma aluna
extrovertida: “Este artigo está perfeitamente correto, mas você
enfatizou tanto mais os fatos do que o princípio, que é óbvio que você
considera os fatos a parte mais importante. Portanto, sua nota é um ‘’
”. A aluna cou muito mais indignada com o motivo do que com a
nota. “Mas é claro que os fatos são a parte mais importante”, disse ela.
Muitos estudiosos desse tipo são professores, especialmente no nível
universitário, porque a universidade valoriza suas realizações e eles
próprios valorizam a oportunidade de estudo e pesquisa; mas é
característico de seu ensino que eles se preocupem mais com o assunto
do que com os alunos. O grande matemático Gauss achava o ensino
tão doloroso, que tentava desencorajar todos os futuros alunos,
dizendo-lhes que o curso sobre o qual estavam perguntando
provavelmente não seria ministrado.
O problema da comunicação também di culta o seu ensino. Quando
confrontados por uma pergunta simples que precisa de uma resposta
simples, os pensadores introvertidos se sentem obrigados a a rmar a
verdade exata, com todas as quali cações ditadas por suas
consciências acadêmicas; a resposta é tão exata e tão complicada que
poucos conseguem entendê-la. Se os professores reduzissem sua
explicação até que parecesse, em sua própria opinião, muito simples e
óbvia para valer a pena ser dita, eles a teriam mais adequada ao
consumo geral.
Os executivos do tipo  são provavelmente raros fora dos círculos
cientí cos ou acadêmicos. Os bons executivos serão aqueles que
adquiriram uma facilidade muito de nida de extroversão, su ciente
para mantê-los em contato com as situações com as quais devem lidar.
Exercendo sua autoridade de maneira perceptiva, tais s usarão
engenhosidade e compreensão para encontrar maneiras de alcançar os
ns desejados. Mas eles testarão cada medida proposta pelo padrão
exato de seus princípios, de modo que tudo o que eles direcionarem
incorporará sua própria integridade.
A tentação dos s (assim como dos extrovertidos com intuição) é
assumir que uma possibilidade atraente sugerida pela sua intuição é
tão possível quanto parece. Eles precisam confrontar até mesmo seus
projetos intuitivos mais atraentes com os fatos relevantes e as
limitações que esses fatos impõem. Caso contrário, eles podem
descobrir tarde demais que desperdiçaram suas energias em busca de
uma impossibilidade.
Tipos sentimentais extrovertidos:  e

• Valorizam, acima de tudo, contatos humanos harmoniosos.
• São melhores em trabalhos que lidam com pessoas e em situações
em que a cooperação necessária pode ser conquistada pela boa
vontade.
• São amigáveis, diplomáticos, simpáticos, capazes quase sempre de
expressar os sentimentos apropriados ao momento.
• São sensíveis a elogios e críticas e ansiosos para se adequar a todas
as expectativas legítimas.
• Possuem o julgamento direcionado para fora, que gosta de ter as
coisas decididas e resolvidas.
• São perseverantes, conscienciosos, ordeiros mesmo em pequenas
questões e inclinados a insistir que os outros sejam iguais.
• São idealistas e leais, capazes de grande devoção a uma pessoa
amada, instituição ou causa.
• Podem usar o julgamento do pensamento ocasionalmente para
ajudar a apreciar e adaptar-se aos pontos apresentados por um
pensador, mas nunca é permitido que o pensamento se oponha aos
anseios do sentimento.
Os tipos sentimentais extrovertidos irradiam cordialidade e
companheirismo, e têm uma necessidade vital de encontrar
sentimentos correspondentes nos outros e respostas calorosas. Eles são
particularmente aquecidos pela aprovação e sensíveis à indiferença.
Muito de seu prazer e satisfação vem não apenas dos sentimentos
calorosos dos outros, mas também dos seus próprios; eles gostam de
admirar as pessoas e, portanto, tendem a se concentrar em suas
qualidades mais admiráveis.
Eles são notavelmente capazes de ver valor nas opiniões de outras
pessoas e, mesmo quando as opiniões são con itantes, acreditam que a
harmonia pode ser alcançada de alguma forma, e muitas vezes
conseguem alcançá-la. Sua intensa concentração nos pontos de vista
de outras pessoas às vezes os faz perder de vista o valor dos seus
próprios. Eles pensam melhor quando falam com as pessoas, e gostam
de conversar.
Todos os seus processos mentais parecem funcionar melhor por
contato. Van der Hoop diz: “Seus pensamentos tomam forma
enquanto são expressos”.16 No entanto, os pensamentos que surgem
através e durante o processo de expressão muitas vezes parecem longos
e desajeitados para um rápido pensador abstrato. Provavelmente há
uma vantagem para palestrantes e oradores nessa mistura de
pensamento com fala, mas impede que os tipos de sentimento
extrovertido sejam breves e pro ssionais, e muitas vezes isso os atrasa
no trabalho. Eles tendem a passar muito tempo em conferências e
reuniões de comitês.
Seu conhecido idealismo funciona de duas maneiras. Eles se
esforçam para alcançar seus ideais e idealizam as pessoas e instituições
que prezam. Em ambos os casos, os tipos sentimentais extrovertidos
estão fadados a reprimir e repudiar tudo neles mesmos, e nos outros,
que entre em con ito com o sentimento; este procedimento dá origem
a uma falta de realismo onde quer que o sentimento esteja envolvido.
(Os tipos sensitivos extrovertidos se assemelham aos tipos
sentimentais extrovertidos em sua facilidade e sociabilidade; mas
quando confrontados com o mesmo fato frio e desarmonioso, o
sentimental extrovertido nega sua existência e o sentimental
introvertido condena sua existência, enquanto o sensitivo extrovertido
aceita sua existência e a deixa de lado).
Como o processo dominante, osentimento, é um processo de
julgamento, esses tipos sentimentais extrovertidos naturalmente
preferem a atitude de julgamento. Não é tanto que gostem
conscientemente de resolver as coisas, como costumam fazer os
pensadores extrovertidos, mas que gostam muito de que as coisas
sejam resolvidas, ou pelo menos de sentir que elas estão resolvidas.
Eles tendem a ver o mundo como um lugar onde a maioria das
decisões já foi tomada. A desejabilidade ou indesejabilidade da
maioria das variedades de conduta, fala, opinião e crença parece clara
para eles, a priori. Eles consideram essas verdades auto-evidentes.
Assim, é provável que tenham uma avaliação imediata de tudo e um
impulso para expressá-la.
Para ter alguma validade, esses julgamentos precisam ser baseados
em um processo perceptivo bem desenvolvido. Se a intuição estiver
bem desenvolvida como processo auxiliar, ela fornecerá insight e
compreensão. Se a sensação estiver bem desenvolvida como auxiliar,
fornecerá um conhecimento realista da vida, dado em primeira mão.
Ambos podem fornecer fundamentos genuínos para julgamentos
sentimentais, mas se nenhum deles for cultivado não haverá
fundamentos individuais sobre os quais falar.
Tipos sentimentais extrovertidos sem um auxiliar de equilíbrio têm,
no entanto, uma necessidade urgente de basear seus julgamentos
sentimentais em algo. Eles não têm outro recurso senão adotar as
formas de julgamento sentimentais que a comunidade sanciona como
adequadas. Assim, eles se adaptam à comunidade coletiva, mas seu
dé cit de percepção os impede de se adaptar a outros indivíduos.
Uma sentimental extrovertida e pouco perceptiva, que estava tendo
muitos problemas com seus lhos adolescentes, foi convencida a tentar
suspender o julgamento e usar consistentemente a atitude perceptiva e
imparcial com eles. Ela relatou: “Funciona como um encanto, mas é a
coisa mais difícil que já z”.
Na ausência de percepção adequada, os tipos sentimentais
extrovertidos tendem a tirar conclusões precipitadas e a agir com base
em suposições que se revelam erradas. Eles são especialmente
propensos a não enxergar os fatos quando há uma situação
desagradável ou um criticismo doloroso. É mais difícil para eles do que
para outros tipos olhar diretamente para as coisas que gostariam que
não fossem verdadeiras; na verdade, é até difícil para eles ver essas
coisas. Se não enfrentarem fatos desagradáveis, ignorarão seus
problemas em vez de encontrar boas soluções.
Sentimento extrovertido apoiado pela sensação
s tendem a ser concretos e práticos, convencionais, conversadores
abundantes e factuais, e interessados em posses, belas casas e todos os
adornos tangíveis da vida. Os s se preocupam principalmente com
os detalhes da experiência direta — a deles próprios, a de seus amigos
e conhecidos, até mesmo a experiência de estranhos cujas vidas tocam
a deles.
Em um estudo de 1965, de Harold Grant (ver p. 208), os s foram
o único tipo que escolheu “uma oportunidade de servir aos outros”
como a característica mais importante do trabalho ideal. Eles são mais
atraídos pela pediatria do que por qualquer outra especialidade
médica, bem como são mais fortemente atraídos por ela do que
qualquer outro tipo. Sua compaixão e preocupação com as condições
físicas muitas vezes os levam a pro ssões de saúde, particularmente
enfermagem, onde fornecem calor e conforto, bem como dedicado
cuidado. (Juntamente com sua contraparte, , eles tiveram a menor
taxa de abandono em meu estudo de 1964 sobre estudantes de
enfermagem; ver McCaulley, 1978).
Mesmo em empregos de escritório, seu sentimento desempenha um
papel proeminente e eles conseguem injetar um elemento de
sociabilidade em qualquer trabalho que lhes seja atribuído. De todos
os tipos, eles são o que se adapta melhor à rotina. Eles podem não se
importar muito com o tipo de trabalho que fazem, mas querem poder
conversar enquanto o fazem e querem trabalhar em um ambiente
amigável. Uma funcionária de uma operadora de telefonia se opôs à
transferência para outra unidade, até ter certeza de que teria uma festa
de despedida dos antigos colegas e uma festa de boas-vindas dos
novos. Elevada ao nível de um evento social, a mudança tornou-se
aceitável aos seus sentimentos.
Sentimento extrovertido apoiado pela intuição
Os s tendem a ter curiosidade por novas idéias, gosto por livros e
interesses acadêmicos em geral, tolerância pela teoria, visão e insight, e
imaginação por novas possibilidades além do que está presente, é
óbvio ou conhecido. É provável que os s tenham um dom de
expressão, mas podem usá-lo para falar ao público em vez de escrever.
A combinação  de calor e insight atinge seu aspecto mais caloroso
e gracioso neste tipo. Os s se saem bem em muitos campos; por
exemplo, como professores, clérigos, conselheiros pessoais e de
carreira e psiquiatras. Aparentemente, o desejo de fazer
harmonizações se estende até mesmo às opiniões intelectuais. Uma
 muito charmosa que se interessa por tipogra a desde os tempos
de colégio me disse com sinceridade: “Fulana me perguntou o que eu
pensava sobre tipogra a e eu não sabia o que dizer a ela, porque não
sabia como ela se sentia em relação ao assunto”.
Tipos sentimentais introvertidos:  e

• Valorizam, acima de tudo, a harmonia na vida interior do
sentimento.
• São melhores em trabalhos individuais envolvendo valores pessoais
— em arte, literatura, ciência, psicologia ou percepção de
necessidades.
• Têm sentimentos profundos, mas raramente expressos, porque a
ternura interior e a convicção apaixonada são mascaradas pela reserva
e pelo repouso.
• Mantêm a independência do julgamento dos outros, sendo regidos
pela lei moral interna.
• Direcionam o julgamento interiormente para manter todos os
valores menores subordinados ao maior.
• Têm um forte senso de dever e delidade às obrigações, mas
nenhum desejo de impressionar ou in uenciar os outros.
• São idealistas e leais, capazes de grande devoção a uma pessoa
amada, propósito ou causa.
• Podem usar o julgamento pensador ocasionalmente para ajudar a
ganhar o apoio de um pensador para objetivos emocionais, mas nunca
é permitido opor-se a esses objetivos.
Os tipos sentimentais introvertidos são ricos em calor e entusiasmo,
mas podem não demonstrar isso até que conheçam bem alguém. Eles
usam seu lado quente por dentro, como um casaco forrado de pele. A
con ança no sentimento os leva a julgar tudo por valores pessoais; eles
sabem o que é mais importante para eles e o protegem a todo custo.
Como seu sentimento é introvertido, eles conduzem suas vidas
exteriores principalmente com seu processo perceptivo preferido, seja
sensação ou intuição. Isto os torna receptivos, exíveis e adaptáveis —
até que uma das coisas que eles mais valorizam pareça estar em perigo:
então eles param de se adaptar.
Eles trabalham duas vezes melhor em empregos em que acreditam;
seus sentimentos adicionam energia aos seus esforços. Eles querem
que seu trabalho contribua para algo que é importante para eles —
compreensão humana, felicidade, saúde ou talvez a perfeição de um
projeto ou empreendimento. Eles querem ter um propósito por trás de
seu contra-cheque, não importa o tamanho do cheque. Eles são
perfeccionistas sempre que seus sentimentos estão envolvidos e
geralmente cam mais felizes no trabalho individual.
A e cácia dos tipos sentimentais introvertidos depende de
encontrarem um canal através do qual exprimam suas certezas e seus
ideais interiores. Quando isso é possível, as certezas interiores dão
direção, poder e propósito aos tipos sentimentais introvertidos. Na
falta dessa vazão, as certezas tornam essas pessoas mais sensíveis e
vulneráveis quando os relacionamentos cam aquém de seus ideais. O
resultado pode ser uma sensação de impotência e inferioridade, com
perda de con ança e descrédito na vida.
O contraste entre o real e o ideal pesa mais sobre os  s, que estão
mais conscientes do estado atual das coisas, do que sobre os  s,
cuja intuição sugere caminhos esperançosos de melhoria. Os s
também são mais propensos a sofrer uma conseqüente falta de autocon ança. Para ambos, o contraste oferece um problema mais agudo
do que para os outros tipos. A solução vem com o uso sincero da
percepção e compreensão como um modo de vida. Como este é o
modo de adaptação ao mundo destinado a eles, devem ter nele uma fé
adequada, trabalhar nisso e ser capazes de usá-la tanto nas
di culdades externas quanto nas internas. Con ando na percepção,
eles nem mesmo tentam abrir caminho através de um obstáculo; eles
“vêem” seu caminho através dele. Se eles encontrarem descon ança,
indiferença ou antagonismo, o que pode bloquear seus esforços
externos ou ameaçar sua paz interior, freqüentemente realizarão, por
meio da compreensão, o que nunca poderia ser alcançado por um
ataque frontal decisivo. Esopo contou sobre um viajante que tirou sua
capa sob os raios do sol, depois que os mais ferozes esforços do vento
não conseguiram arrancá-la dele. A maioria das pessoas descongela no
calor da compreensão genuína e acrítica.
A con ança dos tipos sentimentais introvertidos em seu modo de
vida não deve ser diminuída, porque não parece tão magistral quanto
a dos tipos opostos, aqueles que dependem da extroversão em vez da
introversão, ou do pensamento em vez do sentimento, ou do
julgamento ao invés da percepção, ou mesmo aqueles que combinam
todos os três, como os pensadores extrovertidos que externamente
parecem ser os mais autocon antes de todos os tipos.
Os tipos sentimentais introvertidos têm seus próprios domínios. Eles
podem realizar certas coisas que outros não podem, e o valor de suas
contribuições é incomparável. A percepção das diversas excelências
dos vários tipos, em que a diferença entre um tipo e outro é vista como
uma virtude e não como um defeito, deve fortalecer sua con ança em
seus próprios dons. Também deve aliviar parcialmente o con ito que
eles provavelmente sentirão quando não puderem concordar com
aqueles a quem amam ou admiram.
Sentimento introvertido apoiado pela sensação
Os s vêem as realidades — as necessidades do momento — e
tentam atendê-las.  é um dos dois únicos tipos, de todos os
dezesseis, que preferem fortemente a prática médica geral, que os
envolve com a mais ampla variedade de doenças humanas. Eles
também podem encontrar uma saída satisfatória em áreas que
valorizam o gosto, o discernimento e o senso de beleza e proporção.
Destacam-se, também, no artesanato. Eles parecem ter um amor
especial pela natureza e simpatia pelos animais. Eles são muito menos
articulados que os  s, e o trabalho de suas mãos geralmente é mais
eloqüente do que qualquer coisa que eles digam.
Podem ser particularmente aptos para trabalhos que exigem
dedicação e grande adaptabilidade, como é o caso das enfermeiras
visitantes, que nunca podem contar com condições padronizadas, mas
devem entender cada nova situação e revisar suas instruções para se
adequar às circunstâncias atuais.
Eles consistentemente tendem a subestimar e minimizar a si mesmos.
Provavelmente  é o tipo mais modesto. Qualquer coisa que os
s façam bem, eles não consideram uma grande conquista. Eles não
precisam da liminar de São Paulo “para não pensarem de si mesmos
além do que deveriam”. Na maioria dos casos, eles deveriam pensar
mais alto do que pensam.
Sentimento introvertido apoiado pela intuição
Os s se destacam em campos que lidam com possibilidades para
as pessoas, como aconselhamento, ensino, literatura, arte, ciência,
pesquisa e psicologia. A inclusão da ciência pode ser uma surpresa. Foi
para mim. Meu pai, Lyman J. Briggs, era diretor do National Bureau of
Standards, e esperávamos que os cientistas de pesquisa fossem
principalmente , como ele, e certamente não , como minha mãe
e eu. Como se viu, entre os principais pesquisadores do Bureau, os
s eram de fato menos numerosos do que os  s, mas não menos
distintos. Talvez o entusiasmo gerado pelo sentimento de um 
estimule a intuição para chegar a uma verdade que a análise pelo
pensamento con rmará oportunamente.
Os
s
geralmentetêmumdomparaalinguagem.
Aturmadoúltimoano do ensino médio que foi analisada durante a
validação inicial do Indicador de Tipo incluía quatro mulheres .
Uma delas era a editora da revista da escola e foi eleita pela turma
como a aluna com “maior probabilidade de sucesso”. Uma delas era
editora do anuário, editora literária da revista e oradora da turma. A
terceira ganhou uma bolsa aberta de quatro anos e tornou-se editora
do jornal da faculdade. A quarta, que tinha a mesma combinação de
imaginação e linguagem, mas menos habilidade para usá-la no mundo
exterior, escreveu uma poesia assombrosa na qual falava pelos
“sonhadores” que “vagam pelos horizontes dos vivos”.
A tendência literária evidente neste tipo deriva da combinação de
intuição e sentimento. A intuição fornece imaginação e insight, o
sentimento fornece o desejo de comunicar e compartilhar, e o domínio
da linguagem é aparentemente um produto conjunto da facilidade da
intuição com símbolos, discriminação artística e gosto do sentimento.
Assim, todos os quatro tipos de  devem ter a aptidão. No entanto, os
tipos extrovertidos,  e , e até mesmo os introvertidos
intuitivos que extrovertem com sentimento, , provavelmente
tomarão um atalho e se comunicarão pela palavra falada, como
professores, clérigos, psicólogos e assim por diante. O sentimento
introvertido em s é tão reservado que muitas vezes eles preferem a
palavra escrita como forma de comunicar o que sentem sem fazer
contato pessoal.
Tipos sensitivos extrovertidos:  e

• São realistas.
• São concretos e práticos.
• São adaptáveis, geralmente descontraídos, muito à vontade no
mundo, tolerantes com os outros e consigo mesmos.
• São dotados de uma grande capacidade de aproveitar a vida e um
gosto pela experiência de todas as formas.
• Gostam de fatos concretos e são bons em detalhes.
• Estão aptos a aprender mais e melhor com a experiência, tendo um
desempenho melhor na vida do que na escola.
• Geralmente são conservadores, valorizam costumes e convenções e
gostam das coisas como elas são.
• São capazes de absorver um número imenso de fatos, gostar deles,
lembrá-los e lucrar com eles.
A maior força dos tipos sensitivos extrovertidos é seu realismo. Eles
con am principalmente no testemunho de seus próprios sentidos — o
que eles vêem, ouvem e sabem em primeira mão — e, portanto, estão
sempre cientes da situação real ao seu redor. Tipos com sentimento
dominante costumam ver as coisas como deveriam ser; tipos com
pensamento dominante, como elas logicamente devem ser; tipos com
intuição dominante, como elas podem ser; mas os tipos sensitivos
extrovertidos, até onde a vista alcança, vêem as coisas como elas são. A
lei do mínimo esforço caracteriza sua abordagem a situações. Eles
nunca lutam contra os fatos; em vez disso, os aceitam e usam. Eles não
resistem inutilmente aos limites de uma situação. Se o que eles
começaram a fazer é bloqueado, eles o fazem de outra maneira. Eles
não seguirão nenhum plano que tenha deixado de se adequar às
circunstâncias.
Freqüentemente, eles se saem muito bem sem um plano. Gostando de
lidar com uma situação à medida que ela surge, eles estão con antes
de que uma solução sempre será revelada por uma compreensão
completa dos fatos. Livres do “poderia” ou do “deveria”, vão atrás dos
fatos e chegam a uma solução eminentemente prática.
Como resultado, pessoas desse tipo podem se mostrar notavelmente
boas em reunir grupos con itantes e fazer as coisas funcionarem sem
problemas. Sua capacidade de harmonização deve muito à consciência
de todos os elementos factuais e pessoais nas situações que os
confrontam. Aliás, podem aceitar e lidar com as pessoas como elas
são, e não se deixar enganar por suas qualidades.
Seu prazer e absorção dos fatos é uma função essencial, parte de sua
curiosidade vigorosa. Um tipo sensitivo extrovertido escreveu para
mim: “É verdade que tenho na minha cabeça um volume tremendo de
fatos sobre assuntos sem nenhuma relação uns com os outros e estou
sempre interessado em saber mais”. Como outros tipos , os s e
s são curiosos sobre qualquer coisa nova que é apresentada
diretamente aos seus sentidos — novos alimentos, paisagens, pessoas,
atividades, objetos, dispositivos ou artifícios. No entanto, coisas novas
que não podem ser apreendidas pelos sentidos — idéias abstratas,
teorias etc. — parecem menos reais e muito menos aceitáveis: qualquer
coisa misteriosa é bastante desagradável, pois mina a segurança de um
mundo factual. Uma nova idéia nunca é totalmente apreciada ou
con ável até que haja tempo para dominá-la e xá-la rmemente em
uma estrutura de fatos sólidos.
Portanto, os tipos sensitivos extrovertidos são melhores em lidar com
variações do conhecido e familiar, ao invés de lidar com o que é
inteiramente novo. Seu ponto forte é o manejo impecável das coisas e
situações, de preferência temperadas com alguma variedade.
Freqüentemente, eles têm uma a nidade instintiva com a maquinaria
e um senso seguro do que ela pode ou não fazer. Entre os primeiros
vinte homens que identi camos como tipos sensitivos extrovertidos,
encontramos um engenheiro mecânico de primeira linha, um
maquinista de precisão, um professor de o cina de engenharia muito
bem-sucedido, um “o cial de emergência” naval e um especialista do
governo cujo estudo detalhado dos destroços emaranhados de aviões
acidentados levou à detecção de falhas obscuras, mas fatais, no design
de aviões.
No lado pessoal, esses tipos são fortes na arte de viver. Eles valorizam
os bens materiais e dedicam tempo para adquiri-los, cuidar deles e
desfrutá-los. Eles valorizam muito o prazer concreto, desde boa
comida e boas roupas até música, arte, as belezas da natureza e todos
os produtos da indústria do entretenimento. Mesmo sem essas ajudas,
eles se divertem muito com a vida, o que os torna uma companhia
divertida. Eles gostam de exercícios físicos e esportes, sendo,
geralmente, bons nisto; se não, eles são bons torcedores para aqueles
que o são.
Na escola, eles não têm grande consideração pelos livros como uma
preparação para a vida ou como um substituto para a experiência em
primeira mão. A maior parte de seus estudos é trabalho de memória;
embora essa técnica seja su ciente em alguns cursos, não é su ciente
em física e matemática, nas quais os princípios devem ser
compreendidos.
Há uma história sobre um general, notável ao longo de sua carreira
por seu manejo habilidoso das tropas no campo, que, no entanto,
quase foi reprovado em West Point quando tentou passar em um curso
de tática, lembrando-se das aulas palavra por palavra.
Van der Hoop diz sobre essas pessoas:
Elas cam muito impressionadas com os fatos, e sua originalidade
encontra expressão em uma visão mais verdadeira e menos
preconceituosa do que a de outros [...]. No entanto, sua luta é um
tanto tímida em relação aos ideais. Eles se apegam à experiência, são
empiristas por excelência e, em geral, são conservadores em sua vida
prática, se não vêem perspectiva de vantagem na mudança. Eles são
pessoas agradáveis, bons camaradas e companheiros alegres [...],
freqüentemente bons contadores de histórias [...]. Eles
freqüentemente são bons observadores e fazem bom uso prático de
suas observações [...]. Há uma grande capacidade de percepção de
detalhes, assim como para avaliações práticas com base neles. Além
disso, há o poder de fazer estimativas sólidas no que diz respeito a
utilidade e serventia.17
Esses tipos naturalmente preferem a atitude perspicaz, de modo que
suas virtudes tendem a ser a mente aberta, a tolerância e a
adaptabilidade, em vez de esforço sustentado, metodologia e
determinação. As últimas qualidades aparecem apenas com um
desenvolvimento superior do julgamento para equilibrar a sensação. É
extremamente importante para essas pessoas cultivar um julgamento
pensador ou sentimental su ciente para dar-lhes continuidade,
propósito e caráter. Caso contrário, haverá perigo de preguiça,
instabilidade e uma personalidade geralmente super cial.
Sensação extrovertida apoiada pelo pensamento
Os s tomam decisões com pensamento em vez de sentimento e,
portanto, estão mais conscientes das consequências lógicas de um ato
ou decisão. O pensamento dá aos s uma melhor compreensão dos
princípios subjacentes, ajuda com a matemática e a teoria. Ao mesmo
tempo, torna mais fácil para eles uma atitude dura, quando a situação
exige dureza.
Ao lidar com problemas mecânicos e outros problemas concretos,
eles são sólidos e práticos, evitando a complexidade. Em questões
diretas, seu julgamento é preciso e con ável.
Eles tendem a preferir a ação à conversa. Quanto mais diretamente
um assunto pode ser traduzido em ação, mais claros e e cazes eles se
tornam. Quando eles se sentam, é em uma atitude de prontidão
amigável para fazer quase qualquer coisa prazerosa.
Sensação extrovertida apoiada pelo sentimento
s tomam decisões com sentimento ao invés de pensamento. O
sentimento tende a centrar o interesse e a observação nas pessoas, o
que dá origem a uma notável amabilidade, tato e facilidade em lidar
com os contatos humanos, bem como a uma avaliação prática e sólida
das pessoas. Entre os s estão os alunos cuja turma do ensino
médio os elegeu como “o mais amigável” ou “o melhor esportista”. O
sentimento também contribui para o gosto artístico e para o
julgamento, mas não ajuda na análise. Isso pode tornar esse tipo muito
leniente enquanto disciplinador.
Tipos sensitivos introvertidos:  e 
• São sistemáticos, meticulosos e minuciosos.
• Assumem a responsabilidade especialmente bem, mas o 
geralmente gosta mais disso do que o .
• São muito trabalhadores; eles são os mais práticos dos tipos
introvertidos.
• São externamente práticos, internamente entretidos por reações
extremamente individuais às suas impressões sensoriais.
• São notáveis pela aplicação paciente e disposta a detalhes.
• Fazem uma excelente adaptação à rotina.
• Absorvem e divertem-se usando um imenso número de fatos.
Os tipos sensitivos introvertidos tornam-se notavelmente con áveis
por sua combinação de preferências. Eles usam seu processo favorito, a
sensação, em sua vida interior, baseando suas idéias em um acúmulo
profundo e sólido de impressões armazenadas, o que lhes dá idéias
quase inabaláveis. Então, eles usam seu tipo preferido de julgamento,
pensamento ou sentimento, para dirigir sua vida exterior. Assim, eles
têm um respeito completo, realista e prático tanto pelos fatos quanto
por quaisquer responsabilidades que esses fatos criem. A percepção
fornece os fatos e, após a pausa característica dos introvertidos para
re exão, seu julgamento aceita as responsabilidades.
Eles olham para as tempestades e nunca são abalados. A interação de
introversão, percepção e atitude de julgamento lhes dá extrema
estabilidade. Eles não entram nas coisas impulsivamente, mas, uma
vez nelas, é muito difícil distraí-los, desencorajá-los ou impedi-los (a
menos que os eventos os convençam de que estão errados). Eles dão
estabilidade a tudo com que estão conectados.
O uso de sua experiência contribui para sua estabilidade. Costumam
comparar situações presentes e passadas. Usada em capacidade
executiva, essa qualidade contribui para uma política consistente e
para o cuidado na introdução de mudanças. Usada na avaliação de
pessoas ou métodos, pode organizar vários incidentes para apoiar uma
conclusão.
Eles gostam de que tudo seja mantido em âmbito factual e declarado
de forma clara e simples. Nas palavras de Van der Hoop, eles “não
podem levar a intuição a sério e consideram sua ação sobre os outros
com receio”.18 Possuem “grande capacidade de percepção de detalhes e
de avaliações práticas a partir deles... Em sua própria área, essas
pessoas costumam se sentir muito à vontade, tendo um bom domínio
do lado técnico de sua vocação, mas sem considerá-lo como qualquer
mérito especial. Elas aceitam tanto o que podem quanto o que não
podem fazer como simples fatos, mas tendem em geral a se
subestimar”.19 Seu sucesso geralmente vem por meio de outras pessoas
que reconhecem e valorizam mais suas boas qualidades e fornecem
um ambiente no qual podem ser mais produtivas.
Junto com suas virtudes sólidas e evidentes, elas têm uma qualidade
estranha e encantadora que pode não ser aparente até que sejam muito
bem conhecidas. Suas impressões sensoriais causam uma vívida reação
privada à essência da coisa sentida. A reação é própria e imprevisível.
É impossível saber que associações engraçadas e inesperadas de idéias
ocorrem por trás de sua calma externa. Somente quando estão “de
folga” — relaxando da extroversão, da responsabilidade e da atitude de
julgamento — eles dão expressão espontânea a essa percepção interior.
Neste momento, podem dizer o que lhes vem à mente e dar aos outros
um vislumbre de suas percepções e associações, que podem ser
absurdas, irreverentes, comoventes ou hilárias, mas nunca previsíveis,
porque sua maneira de sentir a vida é intensamente individual.20
Quando estão “de plantão” e lidando com o mundo, a personalidade
que exibem re ete os processos de julgamento que habitualmente
utilizam externamente, ou seja, seus auxiliares, sejam eles pensamento
ou sentimento.
Sensação introvertida apoiada pelo pensamento
Os s enfatizam lógica, análise e determinação. Com extroversão
su ciente, os s se tornam executivos capazes. Eles também são
advogados exaustivamente minuciosos que não dão nada como certo
e, assim, pegam muitos deslizes e descuidos cometidos por outros.
Todos os contratos devem ser liberados pelos  s; eles não vão
ignorar nada que está contido neles nem assumir nada que não esteja
lá.
Este é um bom tipo para contadores. Também parece ser ideal para
datilógrafos. O chefe de um departamento central de datilogra a
selecionou três operadores como tendo o temperamento perfeito para
o trabalho; eles foram escolhidos por sua precisão, continuidade,
concentração e capacidade de se contentar sem socializar no trabalho.
Todas as três eram mulheres  bem marcadas, embora
aparentemente apenas cerca de uma mulher em vinte e três pertença a
esse tipo.21
Os s darão o quanto for preciso de ajuda se puderem ver que é
necessária, mas sua lógica se rebela contra os requisitos ou a
expectativa de fazer qualquer coisa que não faça sentido para eles.
Geralmente, têm di culdade em entender as necessidades que diferem
muito das suas. Mas, uma vez convencidos de que algo é muito
importante para determinada pessoa, a necessidade torna-se um fato
digno de respeito; eles podem fazer de tudo para ajudar a satisfazê-la,
embora ainda a rmem que não faz sentido. Na verdade, eles podem
criticar severamente o descuido ou a falta de previsão com que algum
desafortunado se mete em problemas, e, mesmo assim, gastar muito
tempo e energia para ajudar.
Às vezes, os s levam seu desenvolvimento tipológico além de suas
funções dominantes e auxiliares e alcançam um desenvolvimento
suplementar bastante marcado de seu terceiro melhor processo, o
sentimento, para uso em relacionamentos humanos, especialmente
para apreciar seus amigos mais próximos.
Sensação introvertida apoiada pelo sentimento
Os s enfatizam a lealdade, a consideração e o bem-estar comum.
Este é um bom tipo para um médico de família. O uso do sentimento
nos contatos com os pacientes fornece o calor e a segurança que eles
desejam; ao mesmo tempo, a percepção altamente cultivada não
negligencia nenhum sintoma e é capaz de recorrer a uma memória
precisa e enciclopédica.
Este também é um bom tipo para as enfermeiras. Em uma amostra
de alunos que reuni em escolas de enfermagem de costa a costa, o 
mostrou a maior auto-seleção na pro ssão e a menor taxa de
abandono durante o treinamento. A baixa taxa de desistência atesta
sua motivação e continuidade.
Um membro notável deste tipo é um general de duas estrelas. Seu
tipo equilibrado confere-lhe três qualidades ditas recomendadas por
diversas autoridades militares: a robustez mental capaz de absorver
choques, que é o primeiro requisito para um general segundo o
general Sir Archibald Wavell; a meticulosa atenção à administração e
abastecimento, que Sócrates coloca em primeiro lugar em sua lista; e o
estrito realismo da sensação, que Napoleão preferiu ao seu oposto
intuitivo em seu ditado: “Há homens que, por sua... constituição,
criam para si mesmos uma imagem completa construída sobre um
único detalhe. Quaisquer que sejam… as outras boas qualidades que
possam ter, a natureza não os marcou para o comando de exércitos”.
Todas as três qualidades são consistentes com pensamento ou
sentimento como auxiliares. O processo de julgamento do general de
duas estrelas, assim como o sentimento fortemente desenvolvido, é
mascarado na prática por uma profunda reserva. O sentimento se
expressa como lealdade ao dever e preocupação escrupulosa com os
interesses de seus subordinados, o que evoca, em troca, afeto e
lealdade.
Os méritos notáveis do tipo também são encontrados em ocupações
diferentes. O trabalhador mais cuidadoso que já encontrei, um
construtor de pisos que trabalhava de forma autônoma, mostrava as
qualidades típicas. Ele foi auxiliado por seu lho, um jovem
extrovertido e descontraído, que testemunhou com admiração triste
que “o velho é infernalmente meticuloso”.
Tanto o  quanto o , é claro, precisam ser equilibrados por um
desenvolvimento substancial de pensamento ou sentimento. O
julgamento os ajuda a lidar com o mundo; equilibra a percepção
introvertida, que por si só não se interessa pelo mundo exterior. Se o
julgamento não for desenvolvido, eles ignoram amplamente o mundo
exterior e tornam-se pouco comunicativos e incompreensíveis,
absortos em reações subjetivas às impressões sensoriais e sem vazão
para suas qualidades.
Tipos bem equilibrados têm julgamento e percepção bem
desenvolvidos. O problema deles é usar o certo na hora certa. Como
todos os outros tipos julgadores,  e  são mais propensos a usar a
atitude de julgamento quando a percepção seria mais apropriada do
que cometer o erro oposto. Portanto, a pergunta é: quando um tipo
julgador não deve usar julgamento? E a resposta é: ao lidar com outras
pessoas.
Independentemente do tipo, o uso adequado do julgamento deve ser
sobre as próprias ações e problemas. Para uso em outras pessoas, a
percepção é mais justa, gentil e produtiva.
Tipos intuitivos extrovertidos:  e

• São atentos a todas as possibilidades.
• São originais, individuais, independentes, mas
extremamente receptivos em relação às opiniões dos outros.
também
• São fortes em iniciativa e impulso criativo, mas não tão fortes em
concluir projetos.
• Têm vidas que provavelmente serão uma sucessão de projetos.
• São estimulados por di culdades e mais engenhosos em resolvê-las.
• Operam por energia impulsiva em vez de força de vontade
concentrada.
• São incansáveis no que lhes interessa, mas acham difícil fazer outras
coisas.
• Odeiam rotina.
• Valorizam a inspiração acima de tudo e seguem-na com con ança
em todos os tipos de oportunidades, empreendimentos, aventuras,
explorações, pesquisas, invenções mecânicas, promoções e projetos.
• São versáteis, muitas vezes surpreendentemente inteligentes,
entusiasmados, fáceis de lidar com pessoas e cheios de idéias a respeito
de tudo debaixo do sol.
• Na melhor das hipóteses, são dotados de insight equivalente à
sabedoria e têm o poder de inspirar.
Os intuitivos extrovertidos são difíceis de descrever por causa de sua
variedade in nita. Seu interesse, entusiasmo e energia uem
repentinamente em canais imprevisíveis como uma enxurrada,
varrendo tudo, superando todos os obstáculos, abrindo um caminho
que outros seguirão muito tempo depois da força que o fez uir para
outras coisas.
A força que anima os intuitivos extrovertidos não é a força de
vontade consciente ou mesmo um propósito planejado, como no caso
dos tipos julgadores. É uma energia perceptiva — uma visão intuitiva
de alguma possibilidade no mundo externo, que eles sentem ser
peculiarmente deles porque a “viram primeiro” de uma maneira muito
original e pessoal. Além de qualquer consideração prática, eles se
sentem encarregados da missão de concretizar essa possibilidade. A
possibilidade tem uma atração irresistível, uma reivindicação inegável
sobre eles. Ela se torna seu mestre e, a seu serviço, eles podem
esquecer de comer ou dormir, de modo que não descansam até tirar o
gênio da garrafa. Como diz Jung, “possibilidades emergentes são
motivos convincentes dos quais a intuição não pode escapar e aos
quais tudo o mais deve ser sacri cado”.22 No entanto, uma vez que eles
tiram o gênio para fora ou chegam ao ponto em que todos
reconhecem que ele pode ser retirado, perdem o interesse. O gênio
não é mais uma possibilidade, torna-se um mero fato. Outra pessoa
pode assumir a partir daí.
Chamar essa perda de interesse de inconstância, como os tipos
julgadores tendem a fazer, é errar o ponto. Os intuitivos têm um dever
essencial a cumprir no mundo: eles devem cuidar para que as
inspirações humanas não sejam desperdiçadas. Eles não podem dizer
com antecedência se uma inspiração vai funcionar. Pelo contrário, têm
que se jogar nisso, de corpo e alma — e ver. Depois de terem visto, têm
de partir para novas possibilidades, armados com tudo o que
aprenderam com as antigas. Os intuitivos são teimosamente leais ao
seu princípio orientador, a possibilidade inspiradora, como os tipos
sensitivos são aos fatos, ou os tipos sentimentais à sua hierarquia de
valores, ou os pensadores às suas conclusões pensadas.
Assim, a vida dos intuitivos tende a ser uma série de projetos. Se
tiverem a sorte de encontrar sua vocação em uma linha de trabalho
que permita tal uxo de projetos, os sucessivos entusiasmos se
constroem em uma carreira coerente. Para os escritores, pode ser uma
sequência de livros, cada um apresentando um problema diferente a
ser resolvido, escrito e colocado na estante. Para uma pessoa nos
negócios, podem ser expansões sucessivas do negócio em novos
campos; para um vendedor, a conquista de novos clientes em
potencial; para um político, uma progressão de campanhas para cargos
cada vez mais altos; para um professor universitário, o desa o
renovado de uma turma ingressante; e para um psiquiatra, o
intrincado mistério da mente de cada novo paciente.
Se a busca dos intuitivos por inspirações autênticas for
completamente bloqueada, eles se sentirão aprisionados, entediados e
desesperadamente descontentes. Essas são di culdades externas às
quais eles provavelmente não se submeterão por muito tempo. A
intuição quase sempre encontrará uma saída.
Existem, no entanto, dois perigos internos que são mais graves.
Primeiro, os intuitivos não devem desperdiçar suas energias. Em um
mundo cheio de projetos possíveis, eles devem escolher aqueles que
têm valor potencial, intrínseco ou para o seu próprio desenvolvimento.
Então, tendo começado, não devem desistir. Eles devem perseverar até
que tenham estabelecido algo — que a idéia funciona ou não, que eles
devem ou não continuar. Não é desistir se uma mulher intuitiva
escreve um bom mistério e para porque escrever mistérios não é o que
ela quer fazer pelo resto de sua vida, mas é desistir se ela parar no
meio ou terminar mal o que poderia terminar bem. Em ambos os
aspectos, a escolha e a perseverança, os intuitivos precisam da
in uência estabilizadora do pensamento ou sentimento bem
desenvolvido. Ambos podem dar-lhes um padrão para avaliar suas
inspirações e fornecer-lhes a força de caráter e a autodisciplina para
perseverar nos trechos mais monótonos do trabalho.
Intuitivos sem julgamento não terminam as coisas(isso é
particularmente notável porque eles começam muitas), não são
estimulados por obstáculos como os intuitivos bem equilibrados são,
e, portanto, são instáveis, pouco con áveis, facilmente desencorajados
e, como muitos deles livremente admitem, não fazem nada que eles
não queiram fazer.
Os intuitivos extrovertidos devem, portanto, começar a desenvolver
seu julgamento o mais cedo possível. O tipo geralmente pode ser
reconhecido em uma idade muito precoce. Van der Hoop observa que:
[...] crianças desse tipo são contentes e cheias de alegria pela vida;
mas muitas vezes extremamente cansativas. Elas estão sempre
pensando em algo novo, e sua imaginação continuamente sugere
novas possibilidades. Elas têm um dedo em cada torta, querem saber
tudo... e desde cedo querem ser especiais.23
Por exemplo, elas se interessam muito menos em atender aos
requisitos básicos da escola do que em fazer algo extra ou fora do
comum. Para seu próprio bem, o espetacular e o inesperado não
devem ser aceitos em detrimento do fundamental.
Discipliná-los não é fácil, pois eles gozam desde o berço de uma
notável capacidade de conseguir o que querem das pessoas. Este
presente é uma combinação de engenhosidade, charme e compreensão
do outro. Isso permite que eles prossigam com grande con ança. Certa
vez, sugeri a um menino de três anos que sua mãe provavelmente lhe
daria uma surra pelo que ele estava fazendo. “Não”, ele disse
serenamente, “minha mãe não sabe as coisas certas”.
Mais tarde na vida, essa estranha faculdade de avaliação produz os
professores que podem adivinhar os potenciais inimagináveis de um
aluno, os psicólogos que podem estimar com precisão um  com base
em uma breve entrevista e os executivos cuja genialidade reside na
seleção e aproveitamento de subordinados.
Combinado com um entusiasmo convincente por seus objetivos, esta
compreensão das pessoas pode tornar os intuitivos extrovertidos
líderes muito e cazes, capazes de persuadir os outros sobre o valor de
sua própria visão e reunir seu apoio e cooperação.
Intuição extrovertida apoiada pelo pensamento
Os s são um pouco mais propensos do que os s a assumir
uma direção executiva. Os s tendem a ser independentes,
analíticos e impessoais em suas relações com as pessoas, e estão mais
aptos a considerar como os outros podem afetar seus projetos do que
como seus projetos podem afetar os outros. Eles podem ser inventores,
cientistas, solucionadores de problemas, promotores ou quase
qualquer coisa que lhes interesse ser.
Intuição extrovertida apoiada pelo sentimento
Os s são mais entusiasmados que os s e mais preocupados
com as pessoas e hábeis em lidar com elas. Os s são atraídos pelo
aconselhamento, onde cada nova pessoa apresenta um novo problema
a ser resolvido e novas possibilidades a serem comunicadas. Eles
podem ser professores inspiradores, cientistas, artistas, publicitários
ou vendedores, ou quase qualquer coisa que desejem ser.
Tipos intuitivos introvertidos:  e 
• São movidos por sua visão interior das possibilidades.
• São determinados ao ponto da teimosia.
• São intensamente individualistas, embora isso apareça menos em
 s, que se esforçam mais para harmonizar seu individualismo com
o ambiente.
• São estimulados por di culdades e mais engenhosos em resolvê-las.
• Estão dispostos a admitir que o impossível demora um pouco mais
— mas não muito.
• Estão mais interessados em desbravar uma nova estrada do que em
qualquer coisa a ser encontrada ao longo do caminho batido.
• São motivados pela inspiração, que valorizam acima de tudo e usam
com con ança para suas melhores realizações em qualquer campo que
escolherem — ciência, engenharia, invenção, construção de império
político ou industrial, reforma social, ensino, escrita, psicologia,
loso a ou religião.
• Ficam profundamente descontentes em um trabalho rotineiro que
não oferece espaço para inspiração.
• São dotados, em sua melhor forma, de um bom insight dos
signi cados mais profundos das coisas e de uma grande dose de
motivação.
Como acontece com todos os introvertidos, a personalidade externa
dos intuitivos introvertidos é fortemente in uenciada por seu processo
auxiliar. Por exemplo, dois dos mais destacados candidatos a o cial em
uma unidade de treinamento naval eram ambos intuitivos
introvertidos. Aquele cujo processo auxiliar era o pensamento ()
foi nomeado comandante de batalhão por três mandatos sucessivos e
tornou-se um executivo ágil e e ciente. Aquele cujo processo auxiliar
era o sentimento () foi eleito para os três cargos mais altos que o
corpo estudantil poderia conferir: presidente do grêmio estudantil,
presidente do comitê executivo e presidente de sua turma. Uma
mulher que os conhecia bem resumiu o contraste dizendo que se
ambos estivessem a bordo de um navio torpedeado, o  estaria
interessado principalmente em controlar os danos, mas a principal
preocupação do  seria o bem-estar da tripulação. Eles
concordaram que ela estava certa.
Entre cientistas de pesquisa e engenheiros de design, os intuitivos
introvertidos estão no topo. Os s são um pouco mais propensos do
que os s a se interessarem por assuntos cientí cos e técnicos, mas
quando os s estão interessados, eles parecem ser igualmente bons.
Em um ambiente acadêmico, os s podem ser ainda melhores,
provavelmente porque o sentimento é mais ansioso para atender às
demandas de um professor, enquanto o pensamento provavelmente
critica a maneira como um curso é conduzido e se recusa a se
preocupar com itens que considera irrelevantes. O julgamento
pensador ou sentimental é vitalmente necessário, e os intuitivos
introvertidos devem desenvolvê-lo por si mesmos, porque sua
convicção absoluta da validade de sua intuição os torna imunes à
in uência do julgamento externo. A importância para os intuitivos
introvertidos de cultivar um processo de julgamento para equilibrar e
apoiar sua intuição não pode ser subestimada.
Seus maiores dons vêm diretamente de sua intuição — os lampejos
de inspiração, o insight nas relações entre idéias e o signi cado dos
símbolos, a imaginação, a originalidade, o acesso aos recursos do
inconsciente, a engenhosidade e as visões do que poderia ser. Todos
esses são dons internos do lado perceptivo. Sem um processo de
julgamento auxiliar desenvolvido, eles terão pouco ou nenhum
desenvolvimento de uma personalidade externa e uso igualmente
limitado dos dons. No entanto, um bom processo de julgamento, em
apoio, transformará as percepções intuitivas em conclusões ou ações
que terão um impacto sólido no mundo exterior.
Van der Hoop reconheceu este problema:
Há uma di culdade peculiar, no que diz respeito a esse conhecimento
interior, em encontrar até mesmo uma expressão aproximada para o
que é percebido. Assim, é extremamente importante que pessoas
desse tipo adquiram, por meio de sua educação, uma técnica de
expressão [...].
O desenvolvimento desse tipo é mais lento e árduo do que o da
maioria das outras pessoas [...]. Essas crianças não são muito
receptivas à in uência de seu ambiente. Elas podem ter períodos de
incerteza e reserva, após os quais repentinamente se tornam muito
determinadas e, se então sofrem oposição, podem manifestar uma
surpreendente vontade própria e obstinação. Como resultado da
intensa atividade espontânea interior, elas são freqüentemente mal-
humoradas, ocasionalmente brilhantes e originais, e então novamente
reservadas, teimosas e arrogantes.
Na vida adulta, também é uma característica persistente de pessoas
desse tipo que, apesar de, por um lado, possuírem grande
determinação, por outro achem muito difícil expressar o que querem.
Embora possam ter apenas um vago sentimento sobre o caminho que
querem seguir e sobre o sentido de sua vida, tendem a rejeitar com
grande teimosia qualquer coisa que não se encaixe nisso. Temem que
in uências ou circunstâncias externas as levem na direção errada e
resistem por princípio.24
Segue-se que essas pessoas não podem ser coagidas com sucesso. Elas
nem chegarão a ouvir nada sem sua própria permissão, mas aceitarão
uma oferta de fatos, opiniões ou teorias para livre consideração. Neste
sentido, o reconhecimento do que é verdadeiro deve ser con ado à
excelência de sua compreensão.
Intuição introvertida apoiada pelo pensamento
Os s são os mais independentes de todos os 16 tipos e têm
orgulho mais ou menos consciente dessa independência. Seja qual for
o seu campo, eles provavelmente serão inovadores. Nos negócios, eles
nascem reorganizadores. A intuição lhes dá uma imaginação
iconoclasta e uma visão desimpedida das possibilidades; o pensamento
extrovertido fornece uma faculdade organizadora agudamente crítica.
“O que quer que seja, sem dúvida poderia ser melhorado!”. É provável,
no entanto, que se organizem a partir de um emprego. Eles não podem
reorganizar continuamente a mesma coisa, e um produto acabado não
é mais interessante. Assim, eles precisam de novas atribuições
sucessivas, com problemas maiores e melhores, para ampliar seus
poderes.
Com interesses técnicos, eles tendem a ser cientistas pesquisadores,
inventores e engenheiros projetistas. Eles são propensos a serem muito
bons em matemática, especialmente em problemas, mas não tão
adeptos da teoria matemática pura quanto os  s. Os s são bons
em pensar nas coisas e de nitivamente melhores em resolvê-las do que
os  s. Eles podem fazer as coisas, mas só se interessarão quando os
problemas envolvidos forem complicados o su ciente para serem
desa adores. A produção rotineira desperdiçaria a intuição, e um
trabalho de pesquisa puramente teórica desperdiçaria o pensamento
extrovertido, que anseia por aplicações práticas de idéias.
Mesmo quando equilibrados, eles tendem a ignorar as opiniões e
sentimentos de outras pessoas. O uso da atitude crítica nas relações
pessoais é um luxo destrutivo que pode ter um efeito desintegrador em
suas vidas privadas. Eles fariam bem em fazer um esforço para usar
sua faculdade crítica em seus problemas impessoais e em si mesmos e
trabalhar para algum desenvolvimento de apreciação (eles não
precisam chamar isso de sentimento) para usar nos outros.
Intuição introvertida apoiada pelo sentimento
Os s naturalmente se preocupam com as pessoas, às vezes tanto
que parecem extrovertidos. Na verdade, é o processo de sentimento,
não o indivíduo, que é extrovertido, embora o companheirismo e a
harmonia muito evidentes possam parecer a base de suas
personalidades.
O individualismo dos s costuma ser menos evidente, não porque
sua visão interior seja menos clara e convincente, mas porque eles se
preocupam o su ciente com a harmonia para tentar ganhar (em vez de
exigir) a aceitação de seus propósitos. No momento em que induzem
os outros a compreender, aprovar e cooperar em direção a um
objetivo, eles adaptam tanto o objetivo quanto a si mesmos de forma
bastante natural ao padrão da comunidade.
Eles também podem parecer, especialmente para si mesmos, menos
originais que os  s. Quando a intuição se concentra nas pessoas e
em seus problemas, ela não tem tanta oportunidade de se debruçar
sobre o imprevisto quanto a intuição cientí ca. Uma obra-prima do
insight sobre as relações humanas pode não parecer nada original. É
tão precisa que parece óbvia.
As visões dos s tendem a se preocupar com o bem-estar humano,
e suas contribuições provavelmente serão feitas independentemente de
um movimento de massa. Ocasionalmente, tal contribuição individual
inicia um movimento de massa, uma religião ou uma cruzada.
PARTE III: I 
 
C X: U  
em leitores incrivelmente objetivos, as descrições de tipos
E xceto
anteriores despertaram mais simpatia e aprovação para alguns
tipos do que para outros. Pode-se esperar que cada tipo de leitor e
aqueles próximos a ele pareçam desejáveis e confortáveis porque eles
olham ou valorizam as coisas de maneiras que parecem naturais. Tipos
bastante diferentes, re etindo diferentes forças e valores, podem não
parecer tão desejáveis.
Quando a boa vontade é escassa, o con ito dos opostos pode ser
sério. A teoria dos tipos é informalmente con rmada pela di culdade
que os tipos opostos têm em se dar bem uns com os outros e pela
economia de atrito que muitas vezes resulta quando eles entendem a
base de sua oposição.
A discordância de repente se torna menos irritante quando Smith
reconhece que di cilmente seria normal para Jones concordar com ele.
Jones parte de um ponto de vista diferente e segue em uma direção
diferente. Então, quando Jones chega a uma conclusão muito distante
de Smith, não é por ser intencionalmente contrário, mas simplesmente
por ser de um tipo diferente.
Ao fazer tais concessões, Smith precisa ter em mente um fato
concreto. Jones não é apenas fraco onde Smith é forte: Jones também é
forte onde Smith é fraco. Os pensadores, por exemplo, percebem a
falta de lógica em um tipo sentimental e tendem a subestimar o
julgamento do outro porque não é lógico. Eles têm motivos para
descon ar do sentimento. Sabendo que seu próprio sentimento é
errático e não muito útil, os pensadores tentam mantê-lo fora de suas
decisões e assumem que o sentimento de outras pessoas não é mais
con ável do que o seu próprio. Na verdade, o sentimento dos tipos
sentimentais é um tipo de juiz mais hábil até do que o pensamento do
pensador, por exemplo, ao julgar quais coisas as pessoas mais
valorizam.
Da mesma forma, os intuitivos percebem que uma pessoa sensitiva
não lida com idéias intuitivamente e, portanto, tendem a subestimar a
percepção do outro. Eles não percebem que a consciência da pessoa
que sente as realidades é muito mais aguçada do que a deles. Pessoas
sensitivas cometem um erro análogo; con ando em sua compreensão
superior das realidades, eles tendem a descon ar de todas as
inspirações intuitivas, porque sua própria intuição subdesenvolvida
não lhes traz muito valor.
Idealmente, esses opostos deveriam se complementar em qualquer
empreendimento conjunto, seja nos negócios ou no casamento. É
muito provável que uma abordagem oposta a um problema exponha o
que foi negligenciado. Muita oposição, no entanto, pode di cultar o
trabalho conjunto, mesmo quando as pessoas entendem sua diferença
de tipo. Os melhores colegas de trabalho provavelmente são pessoas
que diferem na percepção ou julgamento (mas não em ambos) e são
semelhantes em pelo menos uma outra preferência. Essa diferença é
útil, e as duas ou três preferências que eles têm em comum os ajudam a
se entender e se comunicar.
Quando duas pessoas chegam a um impasse sobre como lidar com
uma determinada situação, o problema pode ser resultado de sua
diferença de tipo, que interferiu em sua comunicação. Quando duas
pessoas não conhecem os mesmos fatos, ou não consideram as
mesmas possibilidades, ou não prevêem as mesmas consequências,
cada uma delas tem apenas um conhecimento incompleto do
problema. Elas devem juntar tudo. Cada uma precisa usar todas as
quatro funções, bem ou mal desenvolvidas: sensação para reunir os
fatos relevantes, intuição para ver todas as medidas que podem ser
tomadas de maneira útil, pensamento para determinar as
consequências e sentimento para considerar o impacto dessas
consequências sobre as pessoas envolvidas. O agrupamento de suas
respectivas percepções e julgamentos oferece a melhor chance de
encontrar uma solução válida para ambos.
As di culdades para qualquer tipo provavelmente estão nos campos
pertencentes aos seus processos menos quali cados. Por exemplo, os
tipos diferem em sua capacidade de análise necessária para formular
uma política de longo prazo em um assunto complicado. Analisar
exige o reconhecimento dos princípios básicos envolvidos, para que se
possa prever todas as consequências de uma ação proposta, inclusive
aquelas não pretendidas ou desejadas. Assim, a análise chega mais
facilmente a um tipo pensador do que a um tipo sentimental, e mais
facilmente quando o pensamento é o processo dominante e mais
desenvolvido. O pensamento disseca uma proposta com ênfase na
causa e efeito, incluindo todos os efeitos previsíveis, sejam eles
agradáveis ou desagradáveis. O sentimento tende a se concentrar no
valor de um efeito e a resistir em considerar as desvantagens.
A análise também é mais fácil para os introvertidos do que para os
extrovertidos. Os introvertidos podem lidar melhor com uma situação
considerando-a um exemplo de um princípio geral con ável; eles são
hábeis em reconhecer os princípios subjacentes. Os extrovertidos
lidam com mais situações, mais rápido e um pouco mais casualmente,
e com menos tempo para re exão. Eles são mais rápidos, em parte
porque já conhecem mais as circunstâncias. A informação tem uma
maneira agradável e útil de passar por eles enquanto eles realizam seus
negócios diários. Os introvertidos podem ampliar a base de sua análise
descobrindo o que os extrovertidos podem dizer sobre qualquer
situação.
Para as pessoas que não são nem pensadoras nem introvertidas, a
segunda melhor ferramenta de análise é a intuição, um instrumento
poderoso para descobrir possibilidades e relacionamentos. É rápido e
pode produzir resultados brilhantes. No entanto, tipos fortes de 
tendem a ter pouco realismo; eles devem veri car seus projetos com
um bom  para descobrir quais fatos e consequências eles
negligenciaram.
Extrovertidos sem pensamento nem intuição, os tipos ,
provavelmente acharão a análise difícil. Eles lidam muito melhor com
problemas concretos e familiares, que podem ser resolvidos cara a cara
e com base no conhecimento de primeira mão e na experiência
pessoal. Eles devem reconhecer sua tendência a decidir os assuntos de
olho na situação imediata e nos desejos de outras pessoas. Ao
apresentar uma nova proposta a um pensador, eles podem descobrir o
que há de errado com ela a longo prazo — quais princípios ou políticas
ela viola; que precedentes estabelece; que consequências inesperadas
podem ocorrer; em suma, qual será o custo de escolher a direção que
parece mais agradável no momento. Eles provavelmente não vão
gostar do que o pensador tem a lhes dizer, mas devem levá-lo a sério.
Decidir sobre a política, no entanto, é apenas parte da tarefa. Muitas
vezes, as pessoas precisam vender suas idéias para superiores,
associados e subordinados. A persuasão, uma parte da comunicação, é
mais fácil para os extrovertidos e para os tipos sentimentais. Os
extrovertidos tendem a se expressar livremente, então seus associados
serão informados apenas ouvindo. Os associados dos introvertidos,
que estão muito mais no escuro sobre esses pontos do que os
introvertidos imaginam, não podem ser persuadidos até que as idéias
sejam comunicadas.
Os tipos sentimentais tendem a se expressar com tato. Porque eles
querem harmonia, eles consideram antecipadamente qual será o
impacto sobre a outra pessoa e projetam sua apresentação para o
ouvinte especí co. Assim, suas propostas tendem a obter uma
audiência mais favorável do que as dos pensadores. A menos que os
pensadores levem seu respeito pela causa e efeito para o campo das
relações humanas, eles podem não ter muita consciência das pessoas.
Ao apresentarem seus próprios pontos de vista, calma e
desapaixonadamente, mas sem se referirem a ninguém, muitas vezes
encontram uma oposição surpreendente.
Ninguém, é claro, pode apreciar o ponto de vista de outra pessoa a
menos que seja compreendido. Os tipos perceptivos são mais
propensos a entendê-lo do que os tipos julgadores, porque estão mais
inclinados a parar e ouvir.
Nenhum tipo tem tudo. Os introvertidos e os pensadores, embora
provavelmente cheguem às decisões mais profundas, podem ter mais
di culdade em fazer com que suas conclusões sejam aceitas. Os tipos
opostos são melhores em comunicação, mas não são tão hábeis em
determinar as verdades a serem comunicadas.
Para obter e cácia máxima, todos os tipos devem acrescentar ao seu
dom natural o uso apropriado dos opostos, seja usando-os em outras
pessoas ou desenvolvendo um uso controlado deles dentro de si.
Exemplos do primeiro são destacados na Figura 32. O último é o
estágio culminante no desenvolvimento do tipo. No momento em que
os indivíduos têm controle total de seus processos dominantes e
auxiliares, eles conhecem seus pontos fortes e os usam habilmente. Se
eles puderem aprender a usar um oposto quando for mais apropriado
do que os processos mais bem desenvolvidos, eles podem se tornar
adequadamente hábeis em seu uso e, quando necessário, podem
passar do natural para o apropriado. O cruzamento é difícil, mas mais
facilmente alcançado com a compreensão de por quê a resposta
natural e automática não é necessariamente a melhor. Por exemplo, o
processo natural do pensador é inapropriado quando usado em
relações pessoais com tipos sentimentais, porque inclui uma prontidão
para criticar. A crítica é de grande valor quando os pensadores a
aplicam à sua própria conduta ou conclusões, mas tem um efeito
destrutivo sobre os tipos sentimentais, que precisam de um clima
harmonioso.
Os tipos sentimentais têm grande necessidade de simpatia e apreço.
Eles querem que os outros percebam como eles se sentem e
compartilhem o sentimento ou pelo menos reconheçam seu valor. Eles
querem que os outros os aprovem, assim como aquilo que valorizam.
Eles extraem calor e vida da amizade e sentem um calafrio doloroso e
muitas vezes incapacitante no antagonismo. Eles odeiam se sentir
separados, mesmo temporariamente, das pessoas que valorizam.
A crítica desinibida torna a vida estressante para os tipos
sentimentais. Ironicamente, cada defesa contra isso torna tudo pior.
Justi cação, argumento e contra-ataque só levam a mais antagonismo.
Como a paz e a amizade são seus objetivos, os tipos sentimentais
perderam desde o início. Alguns são defensivos apenas
ocasionalmente e geralmente toleram críticas em silêncio. Outros
tentam se defender ou argumentar contra o pensador. De qualquer
maneira, o estrago está feito.
Figura 32: Utilidade mútua de tipos opostos
As pessoas que estão conscientes de tais danos e desejam evitá-los
podem melhorar a situação. Os tipos sentimentais podem tentar evitar
levar as críticas para o lado pessoal; muitas vezes estas não pretendem
ser um ataque, mas são apenas uma forma de autoexpressão.
Aos pensadores há três coisas para limitar os danos que suas críticas
podem causar. Primeiro, eles podem abster-se de comentários críticos
quando sabem que não ajudarão em nada. Em segundo lugar, eles
podem tomar cuidado para não exagerar nas falhas que desejam
modi car. Isso é mais importante do que pode parecer. Os pensadores
extrovertidos tendem a exagerar para dar ênfase, e a vítima cará
muito indignada com o exagero injusto para prestar atenção à parte
que é verdadeira. Em terceiro lugar, eles podem se lembrar de como os
tipos sentimentais respondem à simpatia e à apreciação; um pouco de
qualquer um deles atenuará bastante uma crítica necessária, mas o
pensador deve expressar primeiro simpatia ou apreciação.
A terceira técnica é e caz tanto em casa quanto no trabalho. Há uma
diferença crucial entre “Acho que você está totalmente errado sobre
Jones” e “Entendo por que você se sente assim, mas acho que você
provavelmente está errado sobre Jones”; ou entre “Claro que Bates
perdeu a posição. Ele nunca deveria ter…” e “É duro para Bates perder
a posição. Ele nunca deveria ter…”.
Normalmente, um pensador entende, até certo ponto, os sentimentos
de outra pessoa e pensa que é difícil para Bates perder a posição,
embora Bates tenha causado isso para si mesmo. Essas circunstâncias
atenuantes também poderiam ser mencionadas se o pensador pensasse
que valeria a pena. Do ponto de vista das relações humanas, vale
muito mais do que o trabalho que dá. A pequena simpatia, ou o
apreço, vindo primeiro, coloca os pensadores no mesmo campo dos
tipos sentimentais, e o desejo dos tipos sentimentais de permanecer no
mesmo campo os manterá concordando com os pensadores tanto
quanto possível.
Esta técnica melhora com a prática. Com o tempo isso se torna
automático. Os pensadores precisam apenas fazer um esforço para
mencionar os pontos em que honestamente concordam ou aprovam
antes de passar aos pontos de divergência. Eles carão surpresos com a
pouca freqüência com que as pessoas brigarão com eles nos pontos de
divergência, e seu próprio lado sentimental negligenciado também
cará satisfeito.
Uma transição apropriada e breve do pensador para o uso do
processo oposto, o sentimento, pode ser tolerada pelo pensamento
porque o processo do sentimento está sendo usado a serviço do
pensamento; o sentimento ajuda a ganhar a aceitação das idéias e
propósitos do pensador. Não há abdicação de autoridade, apenas uma
leve delegação.
A realização correspondente para um tipo sentimental é um breve
cruzamento para o uso do pensamento a serviço do sentimento, por
exemplo, para delinear de forma lógica as idéias e propósitos
determinados pelo julgamento sentimental, para fortalecê-los por
argumentos lógicos para a aprovação de um pensador, ou prever
críticas que seriam feitas a alguma obra querida e corrigir suas falhas.
Quando a crítica é incorrida, apesar dos esforços para desarmá-la, o
tipo sentimental pode até usar o pensamento para analisar e aprender
com a crítica.
Por mais lógicos que tentem ser, os tipos sentimentais nunca são
lógicos o su ciente para estimar o custo total de algo que os atrai. Eles
se bene ciarão ao consultar um pensador genuíno e ouvir o pior. O
pensador deve considerar genuinamente os méritos da proposta, e
ambos podem proceder com proveito mútuo.
O tipo sentimental deve ser breve, no entanto. A característica que
provavelmente mais incomoda os pensadores é a tendência dos tipos
sentimentais de falar demais, com muitas irrelevâncias e com muitos
detalhes e repetições. Quando há algo a ser dito, os pensadores querem
que seja dito de forma concisa. Os tipos sentimentais extrovertidos,
como disse o pai de um deles, tendem a não ter “facilidades terminais”.
Tipos sensitivos e intuitivos são outro exemplo de opostos
mutuamente úteis. A pessoa sensitiva tem fé no real, a intuitiva no
possível. Como cada um se concentra desse modo, eles raramente
olham para qualquer coisa do mesmo ângulo. A diferença de ponto de
vista torna-se aguda, muitas vezes exasperante, quando a pessoa
sensitiva tem autoridade sobre a intuitiva e a intuitiva surge com uma
idéia brilhante. O intuitivo tende a apresentar a idéia de forma
grosseira — adequada para outro intuitivo — e espera que o ouvinte
sensitivo se concentre no ponto principal e ignore os detalhes
super ciais. A reação natural da pessoa sensitiva é se concentrar no
que está faltando, decidir que a idéia não pode funcionar (e é claro que
não pode nessa forma) e rejeitá-la categoricamente. Uma idéia é
desperdiçada, um intuitivo é frustrado e um executivo sensitivo tem
de lidar com um subordinado ressentido.
A colisão poderia ser evitada se qualquer um mostrasse respeito pelo
processo oposto. O intuitivo deve ser realista o su ciente para saber
qual será a reação do executivo e se preparar para ela, elaborar os
detalhes da proposta e organizar os fatos necessários de forma
irrefutável. Então, reconhecendo a apreciação dos tipos sensitivos pela
ordem lógica, o intuitivo deve começar enfatizando quais problemas a
nova idéia resolverá. (Ao lidar com um executivo intuitivo, o
trabalhador deve evitar encorajar o executivo a pensar sobre o
problema para que a solução proposta não seja impedida por novas
sugestões improvisadas).
O tipo sensitivo deve dar uma chance à idéia do intuitivo, embora
não necessariamente concorde que possa funcionar. O executivo
sensitivo pode dizer: “Talvez funcione se...” e depois apresentar todas
as objeções sugeridas pela experiência e perguntar: “O que você faria a
respeito disso?”. O intuitivo, concentrando-se alegremente nos
obstáculos (em vez de, infeliz, se concentrar no executivo), muitas
vezes cria uma solução valiosa, embora ao fazê-lo o intuitivo possa
reformular a idéia original, tornando-a irreconhecível.
Não apenas o choque de personalidades pode ser evitado, mas um
ganho positivo resulta de exigir que o projeto do intuitivo seja avaliado
pelo realismo do tipo sensitivo. Se os intuitivos aprenderem a adquirir
um pouco desse realismo para si mesmos, poderão usar seus próprios
sentidos para examinar os fatos e aumentar sua própria e cácia. Os
intuitivos podem tolerar cruzamentos que servem aos seus próprios
projetos.
A conquista correspondente para os tipos sensitivos é um
cruzamento com o uso da intuição para a antevisão de objetivos e
possibilidades futuras. Eles podem justi car esse devaneio atípico
alegando que algum dia um intuitivo de olhos arregalados tentará
mudar tudo, e eles, como pessoas práticas, devem estar preparados
para conduzir os eventos em uma direção sensata.
Embora os cruzamentos sejam muito úteis, a visão mais clara do
futuro vem apenas de um intuitivo, a praticidade mais realista, apenas
de um tipo sensitivo, a análise mais incisiva, apenas de um pensador, e
o manejo mais hábil das pessoas, apenas de um tipo sentimental.
C XI: T  
de tipo entre marido e mulher podem dar origem a
D iferenças
atritos, mas isso pode ser diminuído ou eliminado quando sua
origem é compreendida. Nada neste capítulo tem a intenção de
desencorajar alguém de se casar com uma pessoa de tipo amplamente
oposto, mas tal casamento deve ser realizado com pleno
reconhecimento de que a outra pessoa é diferente e tem o direito de
permanecer diferente, e com total disposição de se concentrar nas
virtudes do tipo do outro ao invés dos defeitos. O papel do tipo no
namoro e na escolha conjugal está sujeito a algum debate.
Proverbialmente, pássaros da mesma plumagem voam juntos. Parece
razoável que a maior compreensão mútua entre casais com mais
semelhanças do que diferenças leve, em geral, a uma maior atração e
estima mútuas. Entre 375 casais casados cujos indicadores foram
obtidos na década de 1940, a situação mais freqüente era o casal ser
parecido em três de suas quatro preferências, em vez de apenas duas,
como seria de esperar por acaso.25
Por outro lado, Jung disse sobre extrovertidos e introvertidos: “Por
mais triste que seja, os dois tipos tendem a falar muito mal um do
outro... muitas vezes entram em con ito. Isso não impede, entretanto,
que a maioria dos homens se case com mulheres do tipo oposto”.26
Plattner (1950), um conselheiro matrimonial suíço, escreveu que na
maioria dos casamentos os extrovertidos se casam com os
introvertidos, e dois analistas junguianos, Gray e Wheelwright (1944),
apresentaram uma teoria de “união complementar”. O aparente
con ito de evidências aqui é, em si mesmo, informativo.
Os observadores que acabamos de citar estavam testemunhando
sobre os casamentos que viram em suas próprias práticas. Seus clientes
estavam com di culdades conjugais ou psicológicas, ou ambas. Diz-se
que Jung comentou: “Claro, nós analistas temos que lidar muito com
casamentos, especialmente aqueles que dão errado, porque os tipos às
vezes são muito diferentes e eles não se entendem”. Se os casamentos
vistos pelos analistas deram errado porque os tipos são muito
diferentes, então os analistas e conselheiros matrimoniais deveriam
encontrar mais oposição do que ocorre em casamentos bemsucedidos, o que pode con rmar a tese de que ter duas ou três
preferências em comum contribui para o sucesso de um casamento e
diminui a necessidade de aconselhamento.
Entre nossos 375 casais, houve signi cativamente mais semelhança
do que diferença entre marido e mulher em cada uma das quatro
preferências. A semelhança mais freqüente foi em , o que sugere que
ver as coisas da mesma maneira, seja por sensação ou por intuição, faz
mais para tornar um homem e uma mulher compreensíveis um ao
outro do que uma preferência compartilhada por ,  ou .
A distribuição percentual dos casais foi a seguinte:
Igual em todas as preferências: 9
Igual em três: 35
Igual em duas: 33
Igual em uma 19
Igual em nenhuma: 4
Casais que eram quase iguais superavam numericamente, em uma
proporção de dois para um, aqueles que em sua maioria eram opostos.
Entre os casais que eram semelhantes em todas as preferências, a
maioria era do tipo sentimental e pode ter tido a harmonia como um
objetivo consciente na escolha de um cônjuge. Entre os casais que
eram diferentes em todas as preferências, quase todos os maridos eram
pensadores.
A quantidade de semelhança que duas pessoas realmente encontram
em um casamento pode car muito aquém do que esperavam. A esse
respeito, o homem extrovertido antes do casamento tem uma
vantagem decisiva sobre seu irmão introvertido. Ele sabe mais como as
pessoas são, circula mais, conhece mais as mulheres. Ele tem um
círculo mais amplo para escolher e pode ter uma idéia um pouco mais
clara do que está escolhendo. Essa escolha mais ampla e informada
pode explicar por que 53% dos maridos extrovertidos (mas apenas
39% dos introvertidos) tinham pelo menos três preferências em
comum com suas esposas.
O efeito de uma preferência na escolha conjugal parece variar de tipo
para tipo. Os homens que aparentemente se importavam mais com a
semelhança no  eram os tipos  com sentimento extrovertido. Os
tipos  devem ser os mais simpáticos e os mais preocupados com a
harmonia. O pretendente  pode, portanto, ser mais sensível se um
parceiro compartilha as mesmas preferências por diversão, uso de
tempo de lazer e quantidade de sociabilidade. Tal pessoa pode
conscientemente pretender se casar com alguém com interesses quase
idênticos. No estudo conduzido na década de 1940, onde o marido era
, ele e sua esposa eram semelhantes em  em 65% dos casos, em
comparação com 51% para todos os outros tipos combinados.
Os homens mais inclinados a se casar com seus opostos em  eram
os introvertidos pensadores. Eles provavelmente o zeram mais por
timidez do que por qualquer outro motivo. Talvez para cada homem
introvertido pensador que conscientemente seleciona uma mulher
quieta e introvertida, haja outro que, sem saber, é selecionado por uma
mulher desinibida e extrovertida. A sociabilidade dela supera o
constrangimento que geralmente atormenta o tipo dele no início de
uma nova amizade.
Independentemente de quem é o extrovertido e quem é o
introvertido em um casamento, as diferenças na sociabilidade podem
causar problemas. O desejo do extrovertido por uma sociabilidade
ativa vai contra o desejo do introvertido por privacidade,
especialmente quando o trabalho do introvertido é socialmente
exigente. O trabalho do dia pode esgotar toda a extroversão
disponível; o lar representa uma chance de paz e sossego necessários
para recuperar o equilíbrio. Se o cônjuge extrovertido quiser sair,
receber pessoas ou pelo menos passar o tempo em casa conversando,
pode haver frustração. Para o introvertido, o silêncio, alguma chance
de pensar tranqüilamente, é essencial e requer a cooperação do
parceiro. Essa necessidade é difícil de explicar, e impossível para o
extrovertido entender, a menos que seja muito bem explicada. Depois
que os parceiros entendem as necessidades de silêncio ou sociabilidade
um do outro, eles geralmente podem fazer ajustes construtivos.
A semelhança  deve ser mais difícil de alcançar porque há mais
mulheressentimentaisdoquemulherespensadorasemnossacultura,
emais homens pensadores do que homens sentimentais, embora essas
diferenças possam estar diminuindo. Nesta amostra da década de
1940, não havia homens sentimentais o su ciente para todas as
mulheres sentimentais, nem mulheres pensadoras su cientes para
todos os homens pensadores. No máximo, apenas 78% dos casais
poderiam ser correspondidos em .
No entanto, quando o homem era extrovertido, 62% dos casais eram
parecidos em  ; onde ele era introvertido, 49% eram iguais. Onde
marido e mulher eram ambos extrovertidos, a similaridade em 
subiu para 66%, o que é alto considerando que o máximo possível era
de apenas 78%.
Pode ser que os extrovertidos descubram mais cedo do que os
introvertidos sobre os efeitos da diferença . Os extrovertidos são
notavelmente francos: se as críticas francas de um pensador ferem os
sentimentos de um tipo sentimental, e a exposição franca desses
sentimentos feridos pelo tipo sentimental irrita o pensador, eles
podem terminar e tentar relacionamentos alternativos.
A semelhança em  parece importar principalmente para três tipos
extrovertidos: 65% dos maridos  e  (que vivem pela
espontaneidade) casaram-se com esposas perceptivas; 93% dos
maridos  (que vivem pelo sistema, organização e determinação)
casaram-se com esposas julgadoras. Do resto dos casais, apenas 52%
eram parecidos em . Há vantagens práticas em ter ambos,
julgamento e percepção, representados em um casamento. Muitas
decisões podem ser confortavelmente deixadas para o parceiro que
gosta de tomá-las.
A semelhança em  é importante para todos os tipos. A maior taxa
de semelhança, 71%, ocorreu em casais em que a esposa preferia o
pensamento ao sentimento. Evidentemente, uma pessoa que con a na
lógica prefere um cônjuge com uma orientação semelhante.
Em geral, os homens extrovertidos com seus conhecidos alcançam
mais similaridade em seus casamentos do que os introvertidos. Sua
porcentagem de semelhança varia de 58% a 66% nas quatro
preferências. Com exceção de 62% em , a porcentagem de
semelhança para homens introvertidos varia apenas de 49% a 52%.
As conclusões que podem ser tiradas do estudo desses 375 casais são,
necessariamente, provisórias. Os sujeitos eram principalmente pessoas
com graduação universitária ou pais de estudantes universitários. Eles
eram voluntários, com idades variando de 17 a 85 anos. A maioria dos
casamentos ocorreu entre 1910 e 1950, e todos os participantes, exceto
alguns dos mais jovens, zeram o Indicador de Tipo após o casamento.
Do estudo desta amostra resultam várias conclusões. Nesses
casamentos, que não apresentavam di culdades aparentes, há
signi cativamente mais semelhanças do que diferenças entre marido e
mulher em cada uma das quatro preferências. Essa descoberta
contrasta fortemente com as observações de psiquiatras e conselheiros
matrimoniais de que os casamentos que eles vêem exibem mais
diferenças de tipo do que semelhanças. A semelhança parece
contribuir para o sucesso de um casamento.
As preferências mantidas em comum simpli cam as relações
humanas. Elas fornecem um atalho para entender as pessoas, porque é
mais fácil entender a semelhança do que entender a diferença. Quando
as pessoas compreendem e admiram alguém cujo tipo é próximo ao
delas, elas estão, de certa forma, apreciando as melhores qualidades
delas mesmas, o que é agradável e produtivo, embora talvez não seja
tão educativo quanto apreciar alguém mais diferente.
Mesmo com apenas uma única preferência em comum, um
casamento pode ser maravilhosamente bom (como posso
testemunhar) se o homem e a mulher zerem o esforço necessário
para compreender, apreciar e respeitar um ao outro. Eles não
considerarão as diferenças entre eles como sinais de inferioridade, mas
como variações interessantes da natureza humana, que enriquecem
suas vidas. Como um jovem marido  disse sobre sua esposa  :
“Se ela fosse como eu, o casamento não seria divertido!”.
Compreensão, apreciação e respeito tornam possível, e bom, um
casamento duradouro. A similaridade de tipo não é importante, exceto
quando leva a esses três. Sem eles, as pessoas se apaixonam e se
desapaixonam novamente; com eles, um homem e uma mulher se
tornarão cada vez mais valiosos um para o outro e saberão que estão
contribuindo para a vida um do outro. Eles conscientemente se
valorizam mais e sabem que são valorizados em troca. Cada um anda
mais alto no mundo do que seria imaginável sozinho.
Claro que existem problemas no meio do caminho, por exemplo, as
falhas do parceiro. Essas falhas são provavelmente apenas o reverso
das características mais admiráveis do parceiro. Um homem
sentimental pode valorizar muito a força de sua esposa pensadora, a
presença de espírito na crise, a rmeza diante de um possível desastre.
O pensador não vai levar muito a sério as pequenas coisas, exceto para
anotar o que deve ser feito ou deveria ter sido feito. Um pensador pode
se apaixonar pela resposta calorosa e rápida de um tipo sentimental,
que nutre o próprio sentimento meio faminto do pensador. O parceiro
sentimental não vai parar para considerar a lógica de cada observação
e ação. Mesmo as melhores qualidades tendem a ter efeitos colaterais
inconvenientes, que podem incomodar aqueles que não vêem a razão
para elas, mas os efeitos colaterais são triviais em comparação com as
boas qualidades das quais surgem. Quando eu era criança, tínhamos
uma vizinha que reclamava muito dos defeitos do marido. Um dia
minha mãe perguntou a ela o que ela realmente gostaria que fosse
mudado nele. Ela levou algum tempo para encontrar uma resposta.
Por m, disse: “Sabe, tem aquela cicatriz profunda na bochecha dele.
Não me incomoda, mas incomoda a ele”.
É a apreciação do que há de bom no outro que importa, e a
comunicação dessa apreciação, não necessariamente em palavras
sentimentais. Algumas pessoas assumem confortavelmente que sua
apreciação pelo parceiro é compreendida; eles devem ocasionalmente
torná-la explícita. Se for muito difícil ser articulado sobre as grandes
coisas, eles podem falar sobre as pequenas. “Eu gosto do jeito que você
ri”. “Olhei para o outro lado da sala esta noite e quei muito orgulhoso
de você”. “Essa foi a melhor sugestão que alguém fez na reunião”. “Você
pensa nas coisas mais legais para fazer pelas pessoas”. O que alguém
disser será lembrado.
Às vezes, a hostilidade pode surgir repentinamente entre duas
pessoas que se amam e nenhuma das duas sabe por quê. Esses
confrontos machucam menos se ambos entenderem o lado da sombra,
que é visível para o parceiro, mas não para o possuidor (ver pp. 118–
119).
Jung diz que os atos da sombra de uma pessoa não devem ser
tomados como atos da pessoa. Obviamente, esta é uma injunção difícil
de obedecer, mas é importante em um casamento. Se o
comportamento da sombra de uma pessoa for levado em conta, o
parceiro pode não apenas se sentir ferido e ressentido, mas o
ressentimento pode ativar a própria sombra do parceiro; em sério
detrimento do relacionamento, pode ocorrer uma amarga
recriminação — não entre os parceiros, mas entre suas sombras.
Tal escalada é provavelmente mais séria em um casamento entre dois
tipos sentimentais, onde a erupção da sombra é uma atípica violação
de sua harmonia. O dano pode ser minimizado, no entanto, se eles
entenderem o que está acontecendo. Quando a sombra de uma pessoa
irrompe, o parceiro pode reconhecê-la como algo não intencional e
seguir o conselho de Jung. As erupções inconscientes da sombra não
podem ser evitadas porque a pessoa não sabe quando elas vão
acontecer; mas se uma pessoa puder captar um eco do que a sombra
disse, ou ver o re exo dela no rosto do parceiro, a pessoa pode fazer
reparações. “Isso foi a minha sombra. Desculpe”.
Existem várias armadilhas a serem evitadas por um tipo sentimental
e um pensador casados um com o outro. Os tipos sentimentais devem
evitar ser muito falantes; pode-se facilmente falar demais com um
pensador. Os pensadores não devem ser muito impessoais. Eles
tendem a achar óbvio que, ao se casar com uma pessoa, demonstraram
sua estima de uma vez por todas e que seus atos cotidianos úteis
demonstram sua preocupação com o bem-estar dessa pessoa
(provavelmente seria um pouco sentimental referir-se a isso como
felicidade); portanto, parece-lhes supér uo mencionar qualquer um
dos fatos.
Por exemplo, uma  muito ocupada tem o cuidado de ligar para
casa todas as noites quando está fora da cidade a negócios. Ela
pergunta exaustivamente como vão as coisas, porque pode ter surgido
algum problema que ela pode resolver. Eventualmente, seu marido
 muda de assunto. “Você não vai dizer que nos ama?”. Ela ca
intrigada ao saber que ele precisa saber que ela os ama. Ela não estaria
preocupada com essas coisas se não as amasse! Isso, é claro, é uma
inferência lógica que o marido poderia fazer, mas ele não quer uma
inferência. Ele quer ouvir isso dito.
Os tipos sentimentais querem alimento para seus sentimentos. Os
pensadores estão menos preocupados com sentimentos do que com
causa e efeito. A m de evitar erros, eles antecipam desde uma ação
proposta até seu efeito provável; essa é uma precaução lucrativa. Eles
também olham para trás, desde um estado de coisas insatisfatório até
sua causa provável, para que possam descobrir qual erro foi cometido
e tentar garantir que não seja cometido novamente. Quando o erro é
deles, eles se bene ciam porque podem mudar seu próprio
comportamento como bem entenderem. Se, no entanto, eles tentarem
mudar o comportamento de seu parceiro sentimental por meio de
críticas, é provável que não haja benefício, mas sim um alto custo. O
parceiro sentimental pode reagir defensivamente, muitas vezes por
mais tempo do que o pensador pode tolerar com equanimidade, e
nada é realizado, exceto frustração para o pensador e mágoa para o
tipo sentimental.
Se o parceiro pensador, em um casamento pensador-sentimental,
deseja profundamente alguma mudança no comportamento do
parceiro sentimental (algo que realmente fará diferença para o
pensador), a melhor abordagem do pensador é evitar completamente a
crítica e simplesmente expressar, da melhor maneira possível, a
necessidade e a admiração por tudo o que o pensador deseja. O
parceiro sentimental então tem um incentivo válido para se esforçar e
fazê-lo com gosto. No pensamento há muito alimento para o
sentimento, para além de coisas como “minha esposa gosta que eu faça
isso!”, mas nenhum como “ela não gosta se eu não gostar”. O primeiro
é um elogio à excelência, o segundo uma reprovação por infringir uma
norma. Essa abordagem provavelmente funcionará melhor do que a
crítica, em qualquer casamento. Não faz nenhuma exigência;
simplesmente apela para algo — muito desejado — que o parceiro tem
o poder de dar.
Muitas das críticas dos pensadores não são feitas com a expectativa
de produzir mudanças. Elas são apenas jogadas fora ao passar de um
pensamento para outro. Mesmo que os pensadores tenham
consciência de sua tendência crítica e a refrêem discretamente em seus
horários de trabalho e contatos sociais, eles (especialmente os )
sentirão que em casa têm direito a desabafar, com força, de maneira
pitoresca e com o exagero característico dos  para o bem da ênfase.
Entre os alvos de suas críticas casuais podem estar os amigos, parentes,
a religião, a política, as opiniões sobre qualquer assunto do tipo
sentimental, ou apenas algo contado com a intenção de divertir o
pensador; e, dessa forma exagerada, as críticas não serão verdadeiras.
O parceiro sentimental freqüentemente se sentirá tentado a defender
algo ou alguém contra essa severidade indevida. A tentação deve ser
fortemente resistida.
Para a paz familiar, é importante que o parceiro sentimental aprenda
a arte de lidar com essa “crítica conversacional”, que não aponta algo
que realmente deva ser corrigido, mas apenas expressa as opiniões
negativas do pensador (“não vejo como você pode suportar um
cérebro de pena como Jones!”). O parceiro sentimental precisa
conceder ao pensador o luxo de expressar opiniões negativas sem
represálias.
O parceiro sentimental não deve argumentar em defesa de Jones, mas
não desejará parecer concordar. Uma risada relaxada do comentário
do pensador reconhece o direito do pensamento de ter qualquer
opinião que lhe agrade; um comentário alegremente casual como
“Jones também tem pontos positivos” reserva o mesmo direito ao
sentimento do próprio parceiro sentimental, e o tom de voz descarta o
assunto.
Um dia, o parceiro pensador poderá fazer críticas de forma tão direta
que parecerá tirar o chão de sob os pés do parceiro sentimental.
Existem pelo menos duas possibilidades em adição à de que o mundo
acabou para o parceiro sentimental. Uma é que tal observação é uma
falha na comunicação; o parceiro pensador não quis dizer isso da
maneira que soou e não sente o que o parceiro sentimental teria que
sentir para dizer uma coisa dessas. A outra — e mais provável —
possibilidade é que não foi o pensador quem disse isso. Era apenas a
sombra do pensador.
Em qualquer casamento, uma diferença de tipo pode às vezes
produzir um con ito direto entre pontos de vista opostos. Quando
isso acontece, os parceiros têm uma escolha. Um ou ambos podem
presumir que é errado da parte do outro ser diferente — e car
justamente indignados, o que diminui o parceiro. Eles podem
presumir que é errado serem diferentes — e car deprimidos, o que é
autodepreciativo. Ou eles podem reconhecer que cada um é justi cada
e curiosamente diferente do outro — e se divertir. Sua diversão pode
ser calorosa ou imparcial, irônica ou terna, de acordo com seus tipos,
mas ajudará a resolver a situação e a manter intacta a dignidade de
cada parceiro e o precioso tecido de seu casamento.
C XII: T 
 
mais evidente entre tipo e educação reside na aparente
A relação
vantagem desfrutada pelos intuitivos na maioria dos campos
acadêmicos. Eles gravitam para o ensino superior, como mostram as
freqüências das Tabelas de Tipos no Capítulo .
Tanto a alta aptidão quanto o interesse escolar são encontrados com
mais freqüência entre os intuitivos. Isso é mais que um fato. É uma
pista promissora para a mecânica da aprendizagem. O que as crianças
intuitivas fazem que torna o aprendizado mais fácil e interessante?
Como mais crianças poderiam ser ajudadas a fazer isso? Traduzido
literalmente da raiz latina, a intuição é uma observação dirigida para
dentro. Na terminologia do tipo, a intuição é a percepção do resultado
dos próprios processos inconscientes. Assim como o domínio especial
da sensação é o ambiente físico, o domínio especial da intuição é o
inconsciente, de onde vêm os insights.
Todas as crianças têm a capacidade de realizar operações especí cas
muito rapidamente no nível inconsciente. Elas rotineiramente usam o
inconsciente para traduzir símbolos em signi cado ou signi cado em
símbolos enquanto falam, ouvem, lêem e escrevem. Outro uso
rotineiro do inconsciente é a recuperação de informações da memória;
todo mundo já experimentou um vazio mental quando a comunicação
entre o consciente e o inconsciente falha repentinamente e um nome
desejado ca completamente inacessível até que, com igual rapidez, a
comunicação com a memória seja restaurada.
Muitos usos de habilidades inconscientes são criativos e não
rotineiros.
Quando as crianças se perguntam “Por quê?” ou “Como?” elas estão
pedindo algo previamente desconhecido para sua mente consciente —
um insight que deve ser construído inconscientemente por meio de
uma nova combinação de informações armazenadas. A solicitação é
feita pela intuição, ora em sua própria busca de relações,
interpretações e possibilidades, ora meramente a serviço da percepção,
do sentimento ou do pensamento. Seja qual for o pedido, a intuição
interpreta o produto do inconsciente.
A con abilidade dos símbolos, da memória e dos insights depende da
adequação do que está armazenado no inconsciente. O inconsciente
de uma criança recebe três tipos de novos materiais: novas
informações a serem classi cadas, armazenadas e relacionadas a
informações armazenadas anteriormente; novos insights a serem
transformados em princípios, que permitem à criança classi car e
relacionar novas informações e armazená-las em um contexto
signi cativo; e perguntas especí cas que exigem respostas com base
em todas as informações e insights relevantes.
Todas as novas informações que capturam (ou caem forçosamente
sobre) a atenção consciente da criança são usadas pelo inconsciente,
mas não permanecem necessariamente disponíveis. Para aprender um
novo fato ou idéia, ou seja, torná-lo permanentemente acessível à
recordação voluntária, a criança deve dar-lhe atenção su ciente para
xá-lo em sua mente. A quantidade necessária de atenção às vezes é
concedida de uma só vez, como no aprendizado por experiência que
as abelhas picam, mas mais freqüentemente por meio de reforço
gradual, como no aprendizado de fatos de adição por rotina ou o
signi cado de novas palavras a partir do contexto em que ocorrem.
Quanta atenção o processo de aprendizagem requer em cada caso
depende dos insights inconscientes da criança. Se a criança ainda não
tiver o insight especí co necessário para dar sentido à nova
informação e ligá-la ao que já é conhecido, não há contexto para
armazenar a nova informação. Ela cai em um limbo de fatos
desconexos e arbitrários, difíceis de entender e de lembrar,
desprovidos de qualquer interesse e que exigem uma quantidade
descomunal de atenção para ser aprendida. Se a criança tiver o insight
necessário para vincular a nova informação às coisas já conhecidas, ela
pode ser aprendida permanentemente prestando apenas uma modesta
quantidade de atenção e, talvez, se for intrinsecamente interessante,
surpreendente ou engraçada, sem nenhum esforço.
Insights sobre princípios gerais podem vir de fontes externas ou do
próprio inconsciente da criança. As crianças pequenas carecem das
informações armazenadas necessárias para gerar muitos dos princípios
que o inconsciente aplica. Para aprender da melhor maneira, toda
criança precisa de ajuda para adquirir os princípios.
Quanto mais cedo as crianças forem ajudadas, melhor. Embora nasça
com habilidades limitadas para processar informações, nos primeiros
dois ou três anos a criança adquire mais habilidades essenciais para o
desenvolvimento intelectual. Aos três anos de idade, uma criança pode
ter estabelecido um padrão de enfrentar o desconhecido com
compreensão ansiosa; outra pode ter aceitado a incompreensão
habitual como um modo de vida e nem mesmo se importar com a
compreensão.
Em primeiro lugar, os psicólogos cognitivos concordam com a
importância da informação que uma criança absorve durante esse
período
inicial.
Estudandoa siologiadocérebro,
Hebb(1949)
distinguenitidamente entre a aprendizagem primária, pela qual o bebê
inicialmente estabelece os processos centrais autônomos que
supostamente fundamentam o pensamento e explicam a inteligência, e
a aprendizagem posterior tornada possível por esses processos centrais
uma vez estabelecidos. Piaget (1936), observando em detalhes o
desenvolvimento da inteligência das crianças, descobre que o interesse
de um bebê se espalha como ondulações em um lago; quanto mais
coisas novas forem vistas e ouvidas, mais coisas novas a criança estará
interessada em ver e ouvir. Bruner (1960), envolvido em quase todos
os aspectos da educação, inclui em sua pesquisa um estudo de como os
bebês recém-nascidos aprendem a correlacionar percepções. Hunt
(1961) a rma que aprender pode ser um esporte envolvente; ele
descreve os primeiros dois anos como os mais importantes, “portanto,
a idéia é fazer isso desde o nascimento — administrar a vida da
criança de uma forma que a mantenha interessada à medida que
cresce”.27
Considere o que acontece desde o nascimento. Nos primeiros dias,
uma criança encontra informações como impressões sensoriais
separadas e não-correlacionadas, e o primeiro pedido ao inconsciente
é provavelmente uma pista, qualquer pista, para o signi cado de toda
aquela confusão orescente e zumbida. Se o inconsciente pode relatar
que “parece haver coisas que continuam aparecendo”, esse insight
torna-se imediatamente útil tanto no nível consciente quanto no
inconsciente. Incorporada como uma habilidade inconsciente, fornece
os primeiros rudimentos de uma forma de organizar a informação.
Novas impressões sensoriais começam a ser agrupadas em torno de
algumas das coisas mais distintas que “continuam aparecendo”. A
aparência de algo (de vários ângulos) liga-se à sensação, ao sabor e ao
som; essas informações são armazenadas juntas como material para
insights futuros. Do ponto de vista consciente do bebê, o insight sobre
a existência de “coisas” ajuda a quebrar a confusão circundante em
porções especí cas o su ciente para serem consideradas. “O que é
tudo isso?” torna-se “O que é isso?” que é um problema mais
interessante e digno de mais detida atenção.
Aqui está o começo do reconhecimento do bebê sobre coisas e
pessoas. Essa habilidade vem mais cedo para o bebê que tem coisas
facilmente reconhecíveis para olhar e manusear, coisas que são
grandes o su ciente para serem notadas. Uma cor sólida é preferível a
manchas de cores, que tendem a camu ar a forma; cor sólida se
destaca contra o fundo. O movimento também distingue o objeto do
fundo e acrescenta interesse, até mesmo drama; os bebês adoram ver
uma coisa desaparecer e voltar.
Ver as pessoas corretamente é mais difícil para um bebê do que os
pais imaginam. Ao contrário dos bebês indianos nas costas de suas
mães, que vêem as pessoas de cabeça para cima desde o início, os
bebês em berços vêem as pessoas como objetos horizontais. Bebês
deitados de costas vêem mães na horizontal, inclinadas sobre eles. De
lado, eles vêem pessoas na horizontal subindo e descendo um piso
vertical. (Os leitores podem simular essa experiência inclinando a
cabeça em 90 graus). Só quando os bebês conseguem sentar-se
sozinhos é que eles geralmente têm uma boa oportunidade de ver o
mundo como o verão pelo resto de suas vidas. As imagens da família e
do ambiente que construíram durante seis ou sete meses revelam-se
todas erradas.
Com um pouco de cuidado, os pais podem fazer com que as
primeiras percepções do bebê correspondam à realidade. Quando os
bebês são virados de modo que seus pés quem voltados para os pais
ao serem trocados, banhados ou vestidos, os bebês vêem os pais com o
lado direito para cima. Os bebês que se olham no espelho quando
estão arrotando se vêem com o lado direito para cima no ombro dos
pais. Quando os bebês tiverem idade su ciente para manter a cabeça
erguida, os pais podem deitá-los de bruços e virá-los para que tenham
o que ver; nesta posição, eles podem ver outras pessoas andando
eretas. Nas cadeirinhas de bebê, eles também podem ver o que está
acontecendo e desenvolver um conjunto de imagens
permanentemente válido.
Outro insight importante que o inconsciente usa para organizar
novas informações é que “acontecimentos particulares seguem outros
acontecimentos”. Um bebê de nossa família aprendeu antes de
completar duas semanas que, quando estivesse confortavelmente
enrolado em um cobertor, logo seria amamentado. No minuto em que
o cobertor começasse a envolvê-lo, ele pararia de gritar pelo jantar e
abriria a boca para isso. Uma vez que o bebê subconscientemente
compreende uma sequência de eventos, as sequências dignas de nota
são arquivadas porque podem se repetir. Aquelas que se repetem
consistentemente dão origem a novos insights sobre o comportamento
de coisas animadas e inanimadas. No nível consciente, os bebês
experimentam a idéia de sequência em todos os eventos que podem
causar. “O que vai acontecer se eu…?”. Na décima vez que eles jogam o
chocalho para fora do berço, os bebês podem estar observando para
ver se alguém vai pegá-lo desta vez, ou podem car encantados por
terem pensado que ele cairia no chão novamente e ter de fato caído!
Aqui está o começo da expectativa racional e do comportamento
intencional. A taxa na qual os bebês desenvolvem expectativa e
intenção depende em grande parte da variedade e atratividade dos
eventos que eles próprios podem realizar, que por sua vez dependem
da variedade e atratividade dos materiais aos quais eles têm acesso.
Qualquer objeto é interessante se reagir a algo que os bebês podem
fazer — se, por exemplo, chocalha quando sacudido ou guincha
quando apertado, ou faz barulho quando batido ou pendurado em um
elástico, estala quando solto ou, o melhor de tudo, faz luz ou escuridão
quando puxado até ouvir um clique.
Cada um desses encontros não apenas aumenta o conhecimento dos
bebês sobre como as coisas se comportam, mas também ajuda a
estabelecer uma crença vitalícia de que a descoberta é divertida.
Antes do surgimento da linguagem, os estímulos para descobrir
devem ser físicos ou, como Piaget chama, sensório-motores. Como a
comunicação direta ainda não é possível, todas as novas idéias ou
insights, que devem ser produzidas pelo inconsciente do bebê, são
limitadas ao que pode ser pensado em imagens ou como outras
impressões sensoriais.
Dá-se um largo passo adiante quando surge o importante insight de
que “as palavras têm signi cado” abre caminho para a fala. A fala
externa permite a comunicação; perguntas das crianças e respostas,
histórias e explicações dos pais estendem as experiências das crianças
além do ambiente imediato. A fala interna permite que as crianças
falem consigo mesmas; eles podem expressar pensamentos e perguntas
ao seu inconsciente com uma precisão que não conseguiriam se ainda
tivessem que pensar apenas em imagens.
Maya Pines cita experimentos em que “crianças de um a dois anos e
meio que ouviram o nome da cor vermelha aprenderam a encontrar
doces sob um boné vermelho com muito mais facilidade do que
aquelas que não tinham nome para isso; na verdade, elas precisaram
de apenas um terço das tentativas”.28 Ter uma palavra para isso os
ajudou a se concentrar no detalhe relevante. Em outro experimento, as
crianças foram incapazes de identi car um par de borboletas com asas
com padrões semelhantes até receberem rótulos verbais para os
diferentes padrões: manchas, listras e assim por diante. Desse modo,
cada palavra que os bebês adquirem coloca uma área adicional de
consciência em foco e aumenta seu poder de pensar sobre as coisas —
observar, comparar, categorizar e lembrar. Uma nova palavra também
aumenta sua taxa de aprendizado, mesmo em tarefas que não
envolvam o uso externo da fala. Aqui começa a habilidade verbal, e
muito depende disso.
O funcionamento do inconsciente é mais interessante para bebês
intuitivos do que para bebês sensitivos desde o nascimento. Os
intuitivos, portanto, têm mais interesse no signi cado das palavras e
prestam mais atenção às palavras que ouvem. Como todas as crianças
aprendem o signi cado e o uso das palavras em uma razão
proporcional à atenção que dedicam às palavras, os bebês sensitivos
devem dar às palavras a mesma quantidade de atenção para
desenvolver a habilidade verbal na mesma proporção que os intuitivos.
Para isso, as palavras devem ser su cientemente interessantes ao se
relacionarem explícita e ativamente com objetos, experiências ou
atividades que interessem aos sentidos dos bebês.
Os bebês entendem o tom de voz antes de entender as palavras
faladas. Quando uma voz não parece interessada, por que se
preocupar em ouvi-la? Mas quando o orador soa como se as palavras
tivessem uma relação importante com o objeto apresentado, então é
melhor que o bebê entenda direito. Com certeza, as palavras acabam
sendo importantes. Palavras para objetos, palavras para ações, palavras
para atributos, palavras para relacionamentos — cada palavra que os
bebês podem pensar consigo mesmos cristaliza a realidade que
representa e torna essa realidade útil em operações mentais.
Assim que a comunicação é estabelecida, as crianças não precisam
mais tatear em busca de todos os insights, mas podem ouvir e ser
apresentadas à estrutura básica da vida e da experiência. Por exemplo:
• As pessoas têm desejos e necessidades. Elas merecem respeito. As
pessoas não devem interferir nos planos ou posses umas das outras.
Aqui começa o conceito dos direitos dos outros.
• As coisas têm utilidades. Fogões para cozinhar, camas para dormir,
livros para ler, ores para olhar, tudo atende aos desejos ou
necessidades das pessoas de maneiras diferentes. Aqui está o conceito
de valor baseado na utilidade.
• As coisas têm que ser feitas. Ou elas têm que ser cultivadas, criadas
ou pescadas no mar ou desenterradas da terra. Aqui está o conceito de
esforço humano como a mola-mestra da civilização.
• As coisas têm de ser pagas. Quando as pessoas querem algo que não
podem fazer ou não querem fazer por si mesmas, elas devem obtê-lo
de outra pessoa e pagar por isso. Para ganhar o dinheiro para pagar
por isso, devem fazer algo útil que outras pessoas queiram e estejam
dispostas a pagar. Aqui está o conceito de comércio e o conceito de
dinheiro como meio de troca.
• As pessoas trabalham de centenas de maneiras. Elas trabalham para
obter matérias-primas e fazer coisas com esses materiais. Há uma
história de trabalho por trás de cada objeto familiar no uso diário.
As crianças podem entender essas idéias muito simples bem antes de
poderem deduzi-las de forma independente. Uma vez compreendidas,
as idéias produzem uma imagem de um mundo de atividades, onde as
pessoas constantemente fazem coisas úteis. Para completar o quadro,
as crianças precisam entender os princípios por trás das coisas.
Uma abordagem consiste em pegar os materiais básicos dos quais as
coisas foram feitas ao longo de milhares de anos — pedra, argila,
madeira, metal, vidro, lã, algodão e couro — e mostrar à criança não
apenas para que são usados na vida cotidiana, mas também por quê. A
dureza da pedra, a facilidade com que a argila e a madeira podem ser
trabalhadas, a resistência do metal e sua capacidade de manter uma
aresta, a transparência do vidro, a tenacidade da lã e das bras de
algodão quando adas, a dureza e exibilidade do couro — todos são
fatos interessantes em si mesmos. Juntos, esses fatos criam um
conceito das propriedades amplamente diferentes da matéria e
fornecem à criança novas categorias para classi cação e descrição.
Das propriedades óbvias dos materiais, é apenas um passo para as
maneiras pelas quais esses mesmos materiais podem ser alterados. Por
exemplo, o calor elevado tem efeitos dramaticamente diferentes em
diferentes substâncias. A argila endurece e então resiste ao fogo e à
água. Os metais cam vermelhos, depois brancos, e então derretem;
quando esfriam, solidi cam, tomando a forma do molde em que
foram despejados. Materiais vegetais e animais orgânicos queimam e
não podem ser recuperados. (Piaget diz que as crianças demoram a
compreender o conceito de um processo irreversível. É importante que
os jovens aprendam que a destruição é irreversível).
O próximo interesse depois das matérias-primas são as etapas básicas
pelas quais elas são transformadas em coisas utilizáveis. Essas etapas se
destacam mais claramente no método original e primitivo de fazer
algo. Quando as crianças se imaginam aquecendo um pedaço de ferro
em uma forja, primeiro trabalhando o fole para forçar o ar no fogo,
depois tirando o ferro em brasa com uma pinça e martelando-o em
uma faca de caça, elas se lembrarão da experiência e dos princípios.
Um bom começo nos princípios mecânicos pode ser feito por meio
das antigas “máquinas simples”. Cada uma, à sua maneira, permite que
as pessoas façam um trabalho que está realmente além de suas forças,
e o faz pelo dispositivo de estender o esforço por um tempo ou espaço
prolongado. Os princípios subjacentes de alavanca, roda e eixo, polia,
parafuso, cunha e plano inclinado podem ser apontados em coisas
familiares. Por exemplo, o princípio da alavanca é demonstrado
quando a criança desliza até a ponta de uma gangorra para equilibrar
um companheiro mais pesado, ou quando uma criança abre uma
tesoura mais do que o normal para cortar algo grosso.
A roda e o eixo eram amplamente usados para transportar baldes de
água para fora dos poços; os raios da roda serviam como alavancas
para facilitar o giro do eixo. Os princípios da roda e eixo e da polia são
as bases do guindaste. As crianças vêem a roda e o eixo funcionando
no volante de um carro e os usam toda vez que giram uma maçaneta
ou a manivela de um apontador de mesa.
O plano inclinado foi usado para construir as pirâmides; hoje as
crianças o usam para andar de bicicleta em uma rampa do nível da rua
até a calçada. Um plano inclinado enrolado em um cilindro forma um
parafuso espiral. Quando é girado, qualquer coisa mantida entre os
os deve girar com ele ou se mover ao longo da espiral. Arquimedes
usou esse princípio para tirar água do Rio Nilo. Hoje é usado para
erguer casas de seus alicerces, para ajustar a altura de um banquinho
de piano e para segurar a tampa de um pote de manteiga de
amendoim.
Esses princípios têm uma importância de longo alcance.
Compreender um princípio em um novo campo dá às crianças um
ponto de apoio nesse campo. Na próxima vez que encontrarem um
fato ou idéia relacionados, eles podem classi cá-los mentalmente e
relacioná-los com o que já sabem. Se eles entenderem um princípio em
tantos campos quanto possível, seu conhecimento, compreensão e
interesse podem se expandir em todas as direções.
Um princípio da geogra a é que o clima depende de quanto o sol
aquece uma área. As temperaturas ao redor do equador são muito altas
porque o brilho do sol por lá incide na maior parte do ano. A luz solar
atinge as regiões polares em uma longa inclinação e perde muito de
sua força; lá as temperaturas são muito baixas. Os climas
intermediários são mais moderados e mais agradáveis. A diferença de
temperatura in uencia quais culturas as pessoas podem cultivar e a
maneira como constroem suas casas. Os contrastes entre o sol
brilhante do meio-dia e o opaco pôr-do-sol vermelho, e entre o verão e
o inverno, podem dar às crianças uma idéia das diferenças entre os
climas.
Os princípios biológicos, que incluem as necessidades de comida,
água, ar e calor moderado, levantam uma série de questões
interessantes, como por que um joelho arranhado sangra, por que a
fome aumenta depois de brincar muito, por que a sede aumenta no
verão e por que os corredores cam sem fôlego depois de uma corrida.
E assim por diante, por todos os campos do conhecimento.
C XIII: E 

das grandes frustrações do ensino”, comentou um professor
"U ma
em uma discussão sobre tipos, “é que você está sempre roubando
Pedro para pagar Paulo. Você projeta algo para atingir um grupo de
alunos, sabendo que, ao fazê-lo, vai desligar outro grupo. É um tanto
reconfortante descobrir que existe uma explicação perfeitamente
compreensível”. Milhares de professores conhecem esse problema por
experiência própria. Este capítulo oferece uma interpretação lógica do
problema e pode sugerir uma solução.
O tipo faz uma diferença natural e previsível nos estilos de
aprendizagem e na resposta do aluno aos métodos de ensino. Um
entendimento do tipo pode ajudar a explicar por que alguns alunos
compreendem uma maneira de ensinar e gostam dela, enquanto
outros não compreendem e não gostam dela. Dois problemas distintos
estão envolvidos aqui. Compreender é uma questão de comunicação.
Gostar é uma questão de interesse.
A comunicação do professor para o aluno começa com a palavra
falada na sala de aula, onde o aluno deve ser capaz de ouvir de forma
e caz, e posteriormente inclui a palavra escrita nos livros didáticos,
que o aluno deve ser capaz de ler. Como as palavras, o meio necessário
de educação, têm de ser traduzidas dos símbolos ao signi cado pela
intuição do ouvinte, a tradução é naturalmente mais fácil para os
intuitivos do que para os tipos sensitivos. Os intuitivos usam seu tipo
de percepção favorito, mas os tipos sensitivos precisam usar seu tipo
de percepção menos apreciado e menos desenvolvido, o que exige
mais tempo e esforço, especialmente quando as palavras são abstratas.
Os primeiros dias de aula são cruciais para a educação de crianças
sensitivas. Até agora, eles concentraram sua atenção nas realidades
concretas ao seu redor, nas coisas que podem ver, tocar e manusear.
De repente, eles estão em um ambiente onde não podem operar como
de costume. Tudo parece ser palavras, algumas das quais podem não
ser familiares o su ciente para serem signi cativas. E as palavras
passam muito rápido. As crianças são muitas vezes apanhadas na
mesma situação que os adultos que tentam conversar com um
estrangeiro na língua do estrangeiro. Palavras desconhecidas levam
mais tempo para serem traduzidas e, quando as palavras passam muito
rápido, a tradução se torna impossível.
É uma sorte que o professor tenha controle sobre a velocidade com
que as palavras passam. Reconhecendo o quanto as crianças sensitivas
precisam de tempo para absorver e compreender as palavras, o
professor pode falar mais devagar e fazer uma pausa após cada frase.
Crianças intuitivas usarão a pausa para adicionar pensamentos ao que
foi dito. As crianças sensitivas irão usá-la para se certi car de que
entenderam as palavras do professor. Cada frase será então um sucesso
de comunicação para todas as crianças. A capacidade das crianças de
lidar com isso está em jogo aqui. No mundo desconhecido da escola,
eles precisam profundamente se sentir adequados, e a melhor maneira
de se sentir adequado é ser adequado. Se eles genuinamente se saírem
bem em suas tarefas usando sua percepção (para entender a tarefa) e
julgamento (para fazer direito), eles fortalecerão ambos para uso
futuro. A satisfação de saber algo novo ou ser capaz de fazer algo novo
fornecerá motivação interior para mais esforço e desenvolvimento.
No entanto, se as crianças falham consistentemente (ou sentem que
estão falhando), o desânimo resultante pode inibir o esforço futuro e
bloquear não apenas o aprendizado necessário, mas ainda mais
importante, o desenvolvimento da percepção e do julgamento.
O hábito do fracasso é extremamente custoso para a criança, para o
sistema educacional e para a sociedade como um todo. Todas as
precauções razoáveis devem ser tomadas contra falhas. As tarefas
exigidas devem ser simples e explícitas, e devem fazer uma
contribuição de nitiva para o conhecimento ou habilidade da criança.
Desde o primeiro dia de aula, o professor precisa deixar claro que há
muitas coisas valiosas e interessantes a serem aprendidas e que existem
maneiras con áveis de aprendê-las. Essencial para qualquer método
de leitura é a garantia de que as letras representam sons e, portanto,
uma palavra impressa mostra ao leitor como soaria se fosse falada.
Os leitores iniciantes devem sempre estar cientes da relação entre
sons e símbolos. Claro, é muito fácil para algumas crianças, e elas
podem usá-la antes de começar a freqüentar a escola. Se as crianças
conhecerem as letras e descobrirem que as letras representam sons,
elas poderão ler assim que descobrirem o código. As crianças podem
combinar as letras e os sons estudando a ortogra a de uma história ou
rima conhecida de cor. Eles podem apontar para uma palavra impressa
em um livro, jornal ou caixa de cereal e perguntar: “O que isso diz?”.
Se suas famílias não respondem, eles perguntam a um vizinho ou ao
carteiro. Cada vez que as crianças descobrem um novo som
equivalente a uma letra, elas o armazenam mentalmente.
Com todos os sons e letras em mente, as crianças podem ler a
maioria das palavras que estão em seus vocabulários de fala e muitas
que não estão. Encontrando palavras que conhecem, mas não viram
impressas, elas traduzem letras em sons, pronunciam a palavra e a
reconhecem. Depois de algumas repetições, elas não precisam se
preocupar com sons separados, mas podem traduzir a palavra escrita
em palavra falada e, en m, traduzir a palavra escrita diretamente em
seu signi cado. Para a maioria das palavras desconhecidas, o
inconsciente oferece aos novos leitores uma sugestão de como a
palavra deve soar e um signi cado provisório com base no contexto.
Quando um dicionário ou outra experiência com a palavra estabelece
seu signi cado, as crianças podem lê-la corretamente pelo resto de
suas vidas sem jamais ouvi-la ser falada.
As crianças que parecem aprender sozinhas são aquelas que têm um
desejo intenso de ler. A maioria das crianças precisa de ajuda para
aprender o signi cado (ou seja, o som) dos símbolos, e algumas
crianças precisam de muita ajuda. Um número crescente de escolas
está ensinando as relações som-símbolo explicitamente, letra por letra,
desde o início da primeira série, para que crianças de todos os tipos
possam aprender a lidar com con ança com a palavra escrita.
Algumas crianças, que não têm a sorte de freqüentar tais escolas, não
descobrem os princípios da leitura sozinhas ou com a ajuda dos pais.
Espera-se que adquiram um vocabulário de “palavras visuais” antes de
aprender a pronunciar palavras. Essas crianças confundem suas
mentes com falsas suposições: que não há uma boa explicação de
como ler, ou certamente o professor a teria dado; que um leitor deve
encontrar uma maneira de lembrar cada palavra separada — uma
tarefa que ca mais difícil quanto mais se lê; e que não há como ter
certeza do que é uma palavra até que o professor a diga. Eles aprendem
pelo método word-attack, ou seja, identi cam uma palavra por sua
forma geral ou por seu lugar em uma página familiar ou lembrando o
que vem a seguir na história ou olhando a gura mais próxima.
Nenhuma dessas técnicas improvisadas é con ável na leitura real de
material novo. Elas apenas obscurecem o problema real e sua solução.
O verdadeiro problema é que a criança que não aprende a traduzir as
letras em sons só consegue “ler” de memória e não tem como lidar
com novas palavras.
A tradução de símbolos sonoros é mais fácil para os introvertidos
com intuição. Na primeira série, é provável que os alunos  sejam os
mais rápidos a compreender os símbolos e muitas vezes quem
encantados com eles. Mas as crianças extrovertidas sensitivas, os
alunos , que fazem apenas um uso mínimo da intuição ou da
introversão, podem achar os símbolos tão confusos que cam
desanimados com todo o negócio de ir à escola. Eles podem até
decidir, desesperada ou desa adoramente, que a escola não é para eles.
A confusão sobre símbolos é um assunto muito sério. Crianças de
qualquer tipo estão condenadas a tropeçar na escola se não
aprenderem o signi cado dos símbolos pelos quais a linguagem é
escrita e deve ser lida. Elas serão más leitoras ou não-leitoras,
dependendo da profundidade de sua confusão. Elas se sairão mal em
testes de desempenho e testes de inteligência. Elas provavelmente
carão entediadas com o que não entendem e podem muito bem ser
humilhadas por não entenderem. Elas tendem a abandonar a escola o
mais rápido possível. Suas falhas podem ser atribuídas ao baixo  ou
talvez à di culdade emocional, enquanto na verdade as falhas, o baixo
 e a di culdade emocional podem resultar de uma omissão.
Ninguém as ajudou, no início, a aprender o signi cado explícito dos
símbolos sonoros.
Nas escolas onde a introdução da fonética é adiada, os sons das letras
são nalmente discutidos, mas apenas de forma intermitente e apenas
como um método word-attack de palavras, entre muitos outros. A essa
altura, o estrago já foi feito e alguns alunos podem estar
irremediavelmente atrasados. Eles não podem esquecer os velhos
métodos que usaram; eles podem apenas aprender o novo e armazenálo lado a lado com o antigo. Claro, os novos métodos ajudam, e quanto
mais cedo forem aprendidos, mais eles ajudam. Mas essas crianças
provavelmente não se tornarão tão habilidosas nos novos métodos
quanto seriam se zessem uso do método certo desde o início. Para
algumas crianças, o método certo é muito pouco e vem demasiado
tarde, de forma que nunca funciona realmente.
A comunicação do aluno com o professor, um aspecto relativamente
não-reconhecido da educação, tem consequências de longo alcance. É
necessário, sempre, que um professor tente descobrir, oralmente ou
por um teste, o quanto os alunos aprenderam ou o que eles são capazes
de fazer. Quando a comunicação aluno-professor é interrompida por
qualquer motivo, isso pode deixar o professor com uma estimativa
indevidamente baixa do conhecimento real dos alunos.
A velocidade com que os intuitivos traduzem palavras em
signi cados lhes dá uma vantagem óbvia em qualquer teste
cronometrado de habilidade verbal ou de  em que a habilidade
verbal esteja presente. A extensão de sua vantagem é evidente quando
as pontuações desses testes são analisadas por tipo. O Educational
Testing Service fez tal análise em larga escala no nal dos anos 1950
antes de decidir publicar o Type Indicator (, 1962). Entre alunos
do primeiro e segundo anos do ensino médio, voltados à formação
acadêmica, em 30 colégios da Pensilvânia, o  médio dos intuitivos
superou o dos tipos sensitivos em 7,8 pontos para homens e 6,7 pontos
para mulheres. Entre os calouros do sexo masculino de cinco
faculdades, a pontuação média de habilidade verbal no  foi 47
pontos maior para os intuitivos do que para os alunos sensitivos.
É fácil presumir que uma diferença substancial na inteligência nativa
é indicada por tais diferenças — cerca de meio desvio-padrão, para
dizer estatisticamente. Isso está longe de ser verdade, no entanto.
Grande parte da desvantagem dos alunos sensitivos nos testes se deve
simplesmente à sua técnica de fazer o teste.
Por exemplo, a mulher  que achava que tinha que ler todas as
perguntas do teste três ou quatro vezes (ver p. 92) foi desa ada por
colegas de trabalho a fazer uma forma paralela do teste que ela havia
feito ao se candidatar ao emprego, mas dessa vez ela deveria ler cada
pergunta apenas uma vez. Embora ela tenha concordado com
relutância, sua segunda pontuação de  foi 10 pontos mais alta do que
a primeira.
A maioria dos alunos sensitivos que relêem as perguntas do teste à
custa de um tempo precioso podem aumentar suas pontuações lendo
cada pergunta apenas uma vez, mas é provável que não estejam
dispostos a tentar algo tão precipitado. Com efeito, eles não con am
em sua intuição para obter o verdadeiro signi cado à primeira vista e,
até certo ponto, eles estão certos. Sua con ança na solidez do
entendimento em vez da rapidez do entendimento é uma parte básica
de sua força e algo a ser respeitado em vez de desencorajado.
Uma solução mais justa permitiria que os alunos sensitivos
demonstrassem sua habilidade sem ter que violar seu princípio de ter
certeza. Ao retirar o limite de tempo dos testes, os professores
poderiam transformá-los em testes de potência em vez de testes de
velocidade. Esta solução não perde nem distorce diferenças reais de
inteligência. Usando o Wechsler como uma medida padrão de
inteligência, Joseph Kanner (1975) explorou os resultados de aplicar o
Otis como um teste de potência a duas amostras de mais de 400 alunos
cada. Como normalmente é dado, esperava-se que o Otis
correlacionasse cerca de 0,49 com o Wechsler. Como teste de potência,
o r foi de 0,70 em uma amostra e 0,92 na outra. Os resultados são
difíceis de explicar por qualquer outro motivo, a não ser o de que a
demanda por velocidade obscurece o verdadeiro nível de inteligência
registrado pelo Wechsler.
Claro, a velocidade é um ativo inegável dentro e fora da escola. Tanto
os alunos sensitivos quanto os intuitivos podem se bene ciar de
exercícios expressamente planejados para desenvolver a velocidade de
resposta, mas a velocidade não deve ser confundida com a substância
do aprendizado. Os métodos de ensino não devem tornar a velocidade
um pré-requisito ou um substituto para o aprendizado em geral, e ela
não deve ser usada para medir a extensão do conhecimento dos alunos
ou a solidez de seu raciocínio.
Atualmente, os professores de leitura parecem estar menos
preocupados com a mecânica da leitura do que com a compreensão do
material, ou seja, o uso de níveis mais elevados de cognição, incluindo
lógica e inferência. O notável trabalho da Dra. Mary Budd Rowe
(1974a, 1974b), do Departamento de Educação Infantil da
Universidade da Flórida, indica que também nesses níveis mais altos
uma diminuição na demanda por velocidade pode produzir uma
melhoria importante nos resultados.
O estudo da Dra. Rowe envolveu uma análise detalhada de mais de
300 gravações em sala de aula de crianças nas séries iniciais
respondendo
a
programasdeciênciasqueforamprojetadosparaprovocarquestionamento
s sobre a natureza. Duas tendências emergiram consistentemente: as
contribuições das crianças foram muito escassas, oito palavras em
média; e o ritmo da instrução era extremamente rápido. Os
professores faziam perguntas em rápida sucessão e esperavam em
média apenas um segundo pela resposta da criança antes de repetir ou
reformular a pergunta, fazer outra pergunta ou fazer a mesma
pergunta a outra criança.
Quando as crianças respondiam, mas paravam para formular suas
próximas frases, os professores esperavam um pouco menos de um
segundo, em média, antes de interromper com um comentário ou
outra pergunta. Nas poucas tas em que a duração e a qualidade das
respostas das crianças eram do tipo que os programas deveriam
encorajar, o professor esperou em média cerca de três segundos.
As descobertas do primeiro estudo levaram a estudos em maior
escala sobre as consequências de persuadir ou treinar os professores a
esperar três ou mais segundos. Os resultados foram impressionantes:
• O número médio de palavras na resposta de um aluno foi
aproximadamente quadruplicado.
• A freqüência de declarações relevantes oferecidas foi mais do que
triplicada.
• A freqüência de respostas mostrando inferência a partir de
evidências mais do que dobrou.
• A freqüência de respostas especulativas foi mais do que triplicada.
• As falhas de resposta foram reduzidas de uma vez a cada dois
minutos para uma vez a cada 15 minutos.
• Um efeito colateral, que os professores tiveram poucas ocasiões para
disciplinar, sugere que mesmo as crianças menos eruditas acharam os
novos procedimentos mais dignos de sua atenção.
Um resultado que os professores não previram foi que tiveram uma
avaliação mais favorável de alguns dos alunos menos promissores.
Depois que os professores identi caram os cinco melhores e os cinco
piores alunos da classe, as tas originais foram examinadas, revelando
que os professores deram aos cinco melhores alunos o dobro do tempo
para responder do que aos cinco piores. Os professores provavelmente
esperavam pouco ou nada dos alunos com notas mais baixas, mas com
três segundos para responder, o grupo inferior começou a responder
de maneiras novas e surpreendentes, que eram grati cantes, mas
inexplicáveis com base em seu desempenho anterior.
Do ponto de vista do tipo, essas mudanças são totalmente explicáveis.
Os cinco alunos com notas mais baixas seriam crianças sensitivas, que
precisam de mais tempo para assimilar a substância do que ouviram.
Mesmo três segundos podem fazer uma grande diferença. É
emocionante especular o quanto o desempenho dos alunos na metade
inferior de uma classe poderia melhorar se eles tivessem regularmente
pelo menos mais três segundos para ordenar seus pensamentos para
expressão. A vantagem que eles obteriam poderia se estender muito
além da sala de aula em todos os anos de suas vidas.
No ensino, o outro grande problema relacionado ao tipo é o interesse
dos alunos. Os tipos intuitivos e sensitivos diferem muito no que
acham interessante em qualquer assunto, mesmo que gostem, ou seja,
estejam interessados nos mesmos assuntos. Os intuitivos gostam do
princípio, da teoria, do porquê. Tipos sensitivos gostam da aplicação
prática, o quê e o como. A maioria das disciplinas tem aspectos
teóricos e práticos e pode ser ensinada com ênfase em qualquer um
deles.
Independentemente de como um assunto é ensinado, os alunos
tendem a se lembrar apenas das partes que capturam sua atenção e
interesse. Apresentações teóricas e tarefas provavelmente aborrecerão
os alunos sensitivos. O lado prático sem a teoria tende a entediar os
intuitivos. Pode-se esperar que uma mistura de cinqüenta por
cinqüenta aborreça todo mundo na metade do tempo. Se os alunos
puderem dedicar a maior parte de seu tempo aos aspectos de que irão
conseguir lembrar e acham úteis em suas vidas, haverá muito mais
entusiasmo pela educação entre seus bene ciários pretendidos e muito
mais aprendizado daí resultará.
Nos livros didáticos do futuro, uma introdução a cada capítulo
poderia apresentar o essencial que todos os alunos devem saber para
compreender os aspectos que tenderão a achar mais interessantes. A
introdução pode ser seguida por uma seção projetada para tipos
sensitivos e outra para intuitivos. Os alunos poderiam escolher qual
estudar, e qualquer um seria su ciente para o crédito. Os exames
cobririam todas as três seções.
Os alunos responderiam a perguntas sobre a introdução e a seção de
sua escolha. Se alguns alunos estudassem as três seções, eles poderiam
responder a perguntas adicionais com a possibilidade de melhorar
suas notas.
Mesmo sem esses livros didáticos, os professores podem dar aos
alunos opções de tarefas, projetos e até exames nais. Uma professora
fornece regularmente um grupo de perguntas para os intuitivos e
outros para os alunos sensitivos e permite que os alunos escolham o
que preferem responder, desde que respondam a um número
necessário. Às vezes, ela permite que os alunos façam uma pergunta
que lhes interesse e a substituam por uma dela. Muitos alunos, diz ela,
não aproveitam a permissão. Talvez eles de repente descubram que é
mais difícil escrever uma boa pergunta do exame do que eles
pensavam.
Os professores interessados em tipos têm à sua disposição um
laboratório para a observação das reações dos alunos às alternativas de
sala de aula e para a formação de hipóteses a partir dessas reações. A
aprendizagem programada, por exemplo, pode parecer tranqüila para
os alunos sensitivos porque não os apressa, e entediante para os
intuitivos porque eles não podem apressá-la. Um intuitivo disse que
tudo bem se houvesse um botão “aha!” que ele pudesse apertar assim
que entendesse.
Em idades muito tenras, a preferência  pode se manifestar de
maneiras que sugerem alternativas úteis. Um aluno da segunda série
que, segundo sua mãe, era o único membro sensitivo em sua família
de tamanho considerável, era indiferente à leitura e à leitura em voz
alta. Quando ela começou a ler para ele a história de eventos reais de
uma criança, sua indiferença foi curada. “Isso realmente aconteceu? As
pessoas realmente faziam isso?”. Seu interesse entusiasmado por
eventos reais con rmou que ele tinha necessidade de uma realidade
indiscutível. Claro, este é apenas um exemplo impressionante, mas
sugere que as crianças sensitivas que estão começando a ler podem ser
muito mais interessadas se lhes forem oferecidos fatos nítidos, com
uma imagem para acompanhar cada um, em vez de cção juvenil ou
contos de fadas.
Uma palavra nal de advertência pode ser conveniente. O que se
pede aqui é o uso do interesse como auxílio para aprender coisas úteis,
mas nunca a aceitação da falta de interesse como desculpa para não
aprender coisas que precisam ser aprendidas. As habilidades básicas
devem ser aprendidas; os fundamentos para a competência em uma
ocupação devem ser aprendidos.
Quando os alunos não estão interessados em algo que devem
aprender, eles têm duas opções. Uma é o simples empenho, que não é
tão prestigioso quanto a aptidão ou tão estimulante quanto o interesse,
mas cumpre seu papel. O empenho é usado com mais freqüência pelos
tipos , que conduzem suas vidas exteriores com seu julgamento, e não
com sua percepção. Seja por acaso ou escolha, a maioria dos alunos
sensitivos são . Se eles têm as qualidades do tipo crítico, eles cumprem
seus prazos e concluem seus empreendimentos, o que não é uma
conquista fácil.
A outra opção me foi indicada aos quatro anos, em uma conversa que
recordo palavra por palavra:
“Mãe, o que posso fazer?”
“Seu armário precisa ser arrumado.”
“Mas não estou interessada no meu armário.”
“Bem, que interessada!”
Isso, em poucas palavras, é a solução para os alunos que acham que o
empenho é um problema. Existem várias maneiras de se interessar por
uma tarefa, desde que o aluno dê uma boa olhada nela.
A tarefa pode ser um exercício para melhorar alguma habilidade. Se
sim, qual é a habilidade? O aluno está abordando-a da maneira mais
e ciente? O aluno pode fazer isso um pouco melhor do que da última
vez? A atribuição pode ser uma explicação de algo. Se assim for, qual é
o ponto? É uma explicação completa, ou estão sendo oferecidos ao
aluno diferentes pontos de vista e o deixam escolher o mais razoável?
A tarefa pode ser um relato de algo que o aluno talvez precise usar
algum dia. Em caso a rmativo, como e quando poderia ser usado? O
que teria que ser feito para que funcionasse? Ou a tarefa pode ser
algum nome isolado ou data ou regra que se espera que o aluno
lembre. Em caso a rmativo, uma estrofe rimada tornaria mais fácil de
lembrar?
Em mil quatrocentos e noventa e dois
Colombo navegou pelo oceano azul.
 antes do 
Exceto depois do 
Ou quando soa como aye
Como em neighbor ou weigh.
Por m, se ensinar esse assunto, e fazer essa tarefa, o que o aluno
poderia fazer para torná-lo mais interessante?
C XIV: T  
aspecto da vida que é notavelmente in uenciado pelo tipo é a
U mescolha
da pro ssão. Um questionário dado pelo Dr. W. Harold
Grant (1965) para calouros na Auburn University contém esta
pergunta altamente perspicaz: O que você considera a característica
mais importante do emprego ideal?
a) Oferece uma oportunidade de usar as habilidades especiais de
alguém.
b) Permite que alguém seja criativo e original.
c) Permite à pessoa esperar por uma vida estável e segura no futuro.
d) Fornece uma chance de ganhar uma boa quantidade de dinheiro.
e) Dá uma oportunidade de servir aos outros.
Os cinco tipos que favoreciam o futuro estável e seguro eram todos
tipos sensitivos. O mais caloroso dos tipos sensitivos, ,
caracteristicamente favoreceu o serviço aos outros. Sete dos oito tipos
intuitivos favorecem a oportunidade de usar suas habilidades especiais
ou a chance de ser criativo e original. Os tipos sensitivos
preocupavam-se, portanto, menos com a natureza do trabalho do que
com sua estabilidade, pois esperavam encontrar ou desenvolver suas
próprias fontes de satisfação. Os intuitivos queriam encontrar
satisfação no próprio trabalho, de preferência fazendo algo criativo. O
Dr. D. W. MacKinnon (1961), do Institute for Personality Assessment
and Research, descobriu que grupos especialmente criativos, sejam
arquitetos, escritores, cientistas pesquisadores ou matemáticos, são
quase inteiramente compostos de intuitivos.
A preferência que parece ter maior in uência na escolha pro ssional,
a preferência , determina em grande parte o que interessará às
pessoas. Os tipos sensitivos são atraídos por ocupações que lhes
permitem lidar com um uxo constante de fatos, enquanto os
intuitivos gostam de situações nas quais eles analisam as
possibilidades.
A segunda preferência mais importante é , que determina o tipo de
julgamento mais fácil e agradável de usar. Pessoas que preferem o
pensamento são mais hábeis em lidar com assuntos que lidam com
objetos inanimados, maquinaria, princípios ou teorias — nenhum dos
quais tem sentimentos inconsistentes e imprevisíveis e todos podem
ser tratados logicamente. Os tipos sentimentais são mais habilidosos
em assuntos que envolvem pessoas, o que valorizam e como podem
ser persuadidas ou ajudadas.
Quando as pessoas escolhem provisoriamente uma pro ssão, devem
considerar de maneira cuidadosa quanto o trabalho exigiria de seu
tipo preferido de percepção e julgamento; os futuros trabalhadores de
qualquer campo devem descobrir tudo o que puderem sobre o que
farão e quanto tempo será gasto em cada tipo de trabalho. Embora
nenhum trabalho seja perfeito, é mais fácil aceitar as imperfeições com
alegria se o trabalho der aos trabalhadores a oportunidade de usar suas
funções preferidas.
As pessoas que têm a mente totalmente aberta em relação às
ocupações podem se bene ciar ao observar os tipos de trabalho que
mais atraem pessoas com o mesmo processo mais apreciado de
percepção e de julgamento. Cada uma das quatro combinações
possíveis de percepção e julgamento tende a produzir interesses,
valores, necessidades e habilidades distintas. A Figura 33 mostra a
faixa de freqüências de 0% a 81% para quinze grupos.
As pessoas com  concentram sua atenção nos fatos e lidam com
eles com uma análise impessoal. Eles tendem a ser práticos e
concretos, e usam com sucesso suas competências em habilidades
técnicas para lidar com fatos, objetos e dinheiro. Na amostra de
contadores, 64% eram , e entre os estudantes de nanças e comércio
e bancários,  representavam 51% e 47%, respectivamente. s
também se saem bem em produção, construção, ciência aplicada e
direito, mas entre as amostras de estudantes de teologia e
aconselhamento, apenas 6% e 3% eram .
Figura 33: Distribuição dos tipos dentro do grupo pro ssional e
acadêmico
Fonte: MacKinnon (1962) e Laney (1949).
s também concentram sua atenção nos fatos, mas lidam com eles
com cordialidade pessoal. Eles tendem a ser simpáticos e amigáveis, e
gostam de ocupações que fornecem ajuda prática e serviço para as
pessoas. Na amostra de vendas e relacionamento com o cliente, 81%
eram , e entre os estudantes de enfermagem e educação, os 
representavam 44% e 42%, respectivamente. s se saem bem em
especialidades médicas envolvendo atenção primária, pro ssões
relacionadas à saúde, serviços comunitários, educação (especialmente
elementar) e educação física. Mas entre os estudantes de direito,
aconselhamento e ciências, os s representavam apenas 10%, 9% e
5%.
A freqüência muito alta de s em vendas e relacionamento com
clientes ilustra o poderoso efeito que esse tipo pode ter sobre a
rotatividade. Ao estudar os tipos de funcionários da Washington Gas
Light, Laney (1949) originalmente analisou as preferências
separadamente, não em combinação. Nove anos depois, ao preparar a
tabela da Figura 33, pedimos os tipos completos e descobrimos que a
empresa havia descartado os registros dos que não estavam mais
empregados. Quase quatro quintos dos tipos sentimentais ainda
estavam lá, mas quase quatro quintos dos pensadores haviam desistido
(, 1962).
s preferem possibilidades a fatos, e lidam com eles com
cordialidade pessoal. Freqüentemente, seu entusiasmo e insight lhes
trazem sucesso na compreensão e na comunicação com as pessoas.
Nas amostras de estudantes de aconselhamento e escritores criativos,
76% e 65% eram  ; entre estudantes de teologia, pro ssões
relacionadas à saúde e jornalismo, as porcentagens de  foram 57%,
44% e 42%. s também se saem bem em ensino, pesquisa, literatura e
arte; mas entre os estudantes de nanças e comércio, pessoal de vendas
e relacionamento com clientes e contadores, os s representavam
apenas 10%, 8% e 4%.
As pessoas  também concentram sua atenção nas possibilidades,
mas lidam com elas com uma análise impessoal. Eles tendem a ser
lógicos e engenhosos e costumam usar suas habilidades no
desenvolvimento teórico e técnico. Entre os cientistas pesquisados,
77% eram  ; e entre os estudantes de ciência e direito, 57% e 42%
eram . s também se saem bem como inventores, gerentes,
meteorologistas e analistas de valores mobiliários. Em quatro das áreas
estudadas, os s representavam apenas uma pequena porcentagem:
eles representavam 9% dos contadores e dos estudantes de
aconselhamento, 7% dos estudantes de enfermagem e pro ssões
relacionadas à saúde, 6% dos estudantes de educação e nenhum do
pessoal de vendas e relacionamento com o cliente.
As pessoas não devem ser desencorajadas a seguir uma pro ssão
porque “não são do tipo certo”. Quando uma pro ssão raramente é
escolhida por pessoas de seu próprio tipo, os futuros trabalhadores
devem investigar o trabalho minuciosamente. Se eles ainda quiserem
investir nele e estiverem dispostos a fazer o esforço necessário para
serem compreendidos por seus colegas, podem ser valiosos como
colaboradores com habilidades que são raras naquele ambiente. Por
exemplo, entre os agentes penitenciários de uma prisão da Flórida
(, 1975), havia pouquíssimos intuitivos, não mais que 12%,
mas quando um curso de treinamento em relações humanas foi
instituído para auxiliar os o ciais na reabilitação de prisioneiros, os
raros intuitivos desenvolveram um nível mais alto de habilidade do
que os tipos sensitivos. Outro exemplo é um clérigo , um tipo tão
raro entre o clero que perguntamos como ele atuava. A resposta foi:
“Ele paga as hipotecas. Assim que a hipoteca é quitada, ele se muda
para outra paróquia com outra hipoteca”.
Quando as pessoas encontram um campo de interesse que usa suas
melhores habilidades, geralmente há uma variedade considerável de
trabalho nesse campo. Aqui a preferência  pode ser importante.
Embora todos vivam em parte no mundo extrovertido das pessoas e
coisas e em parte no mundo introvertido dos conceitos e idéias, a
maioria das pessoas sente-se conscientemente mais à vontade em um
desses mundos e faz seu melhor trabalho no mundo preferido. Entre
os , por exemplo, os introvertidos () gostam de organizar fatos e
princípios relacionados a uma situação; esta é uma parte importante
do trabalho envolvido em economia e direito. Os extrovertidos ()
gostam de organizar a própria situação e colocá-la em movimento, o
que é particularmente útil nos negócios e na indústria.
Os extrovertidos tendem a ser mais interessados e e cazes quando as
coisas estão acontecendo ao seu redor e estão trabalhando ativamente
com objetos ou pessoas. Os introvertidos tendem a ser mais
interessados e e cazes quando seu trabalho envolve idéias e requer que
boa parte de sua atividade ocorra silenciosamente dentro de suas
cabeças.
Parte da consideração de um trabalho especí co, portanto, é entender
quanta extroversão o trabalho exige (de um introvertido) ou permite
(de um extrovertido). Algumas pessoas vão e voltam facilmente entre
a extroversão e a introversão; elas podem encontrar maior satisfação
em trabalhos que envolvam quantidades consideráveis de ambos, mas
a maioria das pessoas é mais feliz quando seu trabalho está
principalmente no mundo que eles conhecem melhor.
A preferência  também pode ter um efeito poderoso na
rotatividade.
O estudo de Laney (, ; , 1962) mostrou que entre os
homens com  acima de 100, a rotatividade de extrovertidos
trabalhando em empregos silenciosos e administrativos era quase o
dobro da rotatividade de extrovertidos trabalhando em empregos
ativos como mecânicos ou leitores de medidores; e os introvertidos
que trabalhavam em empregos ativos eram quase duas vezes mais
propensos a pedir demissão do que os introvertidos que trabalhavam
em empregos silenciosos e administrativos. A preferência  pode
afetar a satisfação. As pessoas  fazem sua extroversão, seu manejo de
pessoas ou situações, principalmente, com seu melhor processo de
julgamento, pensamento ou sentimento, conforme o caso. As pessoas 
fazem sua extroversão principalmente com seu melhor processo
perceptivo, sensação ou intuição. Conseqüentemente, os tipos  e os
tipos  abordam as situações de maneira bem diferente.
Tipos julgadores, especialmente aqueles que preferem a sensação (os
tipos ), gostam que seu trabalho seja organizado, sistemático e
previsível — muitas vezes a ponto de saber o que farão na próxima
quinta-feira às três horas. Os tipos perceptivos, especialmente aqueles
que preferem a intuição (os tipos ), querem que seu trabalho seja
uma resposta às necessidades do momento. Os empregos diferem
muito nesses aspectos.
Os trabalhos também variam muito no número de decisões exigidas
ao longo de um dia. Tipos julgadores, especialmente aqueles que
preferem o pensamento, tendem a ver o poder de decidir como uma
característica agradável de um trabalho. Tipos perceptivos,
especialmente aqueles que preferem o sentimento, muitas vezes acham
que as decisões de rotina são um fardo e preferem ver o caminho para
uma solução do que fazer uma escolha nítida entre as alternativas. Não
é surpreendente, portanto, que em uma amostra de administradores
escolares 86% fossem  ( , 1961), e em uma amostra de
alunos em aconselhamento educacional 64% fossem  (ver Capítulo
, Figuras 23 e 19).
As Figuras 34 e 35 listam alguns dos muitos aspectos em que as
pessoas que são opostas em uma determinada preferência tendem a
diferir em suas reações a várias situações de trabalho. Como as reações
são gerais, elas não podem descrever todos os indivíduos em todas as
situações, mas podem ser esperadas e compreendidas à luz da teoria
dos tipos.
Tipos extrovertidos
Tipos introvertidos
Gosta de variedade e
ação.
Gostam de silêncio
para concentração.
Tendem a ser mais
rápidos, não gostam de
procedimentos
complicados.
Tendem a ser
cuidadosos com os
detalhes, não gostam
de declarações radicais.
Costumam ser bons em
cumprimentar as
pessoas.
Têm di culdade em
lembrar nomes e
rostos.
Muitas vezes são
impacientes com
trabalhos longos e
lentos.
Tendem a não se
importar em trabalhar
em um projeto por
muito tempo
ininterruptamente.
Tipos extrovertidos
Tipos introvertidos
Estão interessados nos
resultados de seu
trabalho, em fazê-lo e
em como outras pessoas
o fazem.
Estão interessados na
idéia por trás de seu
trabalho.
Freqüentemente, não se
importam com a
interrupção de atender o
telefone.
Não gostam de
invasões e interrupções
telefônicas.
Com freqüência, agem
rapidamente, às vezes
sem pensar.
Gostam de pensar
muito antes de agir, às
vezes sem agir.
Gostam de ter pessoas
por perto.
Trabalham contentes
sozinhos.
Normalmente,
comunicam-se com
liberdade.
Têm alguns problemas
de comunicação.
Tipos sensitivos
Tipos intuitivos
Tipos sensitivos
Tipos intuitivos
Não gostam de novos
problemas, a menos
que haja maneiras
padronizadas de
resolvê-los.
Gostam de resolver
novos problemas.
Gostam de um modo
pré-estabelecido de
fazer as coisas.
Não gostam de fazer a
mesma coisa
repetidamente.
Apreciam usar
habilidades já
aprendidas mais do
que aprender novas.
Desfrutam de aprender
uma nova habilidade
mais do que em usá-la.
Trabalham com mais
rmeza, com uma
idéia realista de quanto
tempo levarão.
Trabalham em
rompantes de energia
movidos pelo
entusiasmo, com
períodos de folga no
meio.
Geralmente, chegam a
uma conclusão passo a
passo.
Chegam a uma
conclusão rapidamente.
São pacientes com
detalhes de rotina.
São impacientes com
detalhes de rotina.
Tipos sensitivos
Tipos intuitivos
São impacientes
quando os detalhes se
complicam.
São pacientes com
situações complicadas.
Com freqüência, não
são inspirados e
raramente con am na
inspiração quando o
são.
Seguem suas inspirações,
boas ou más.
Raramente cometem
erros relacionados aos
fatos.
Freqüentemente
cometem erros
relacionados aos fatos.
Tendem a ser bons em
trabalhos precisos.
Não gostam de dedicar
tempo à precisão.
Figura 34 Efeitos das preferências  e  em situações de trabalho
Tipos pensadores
Tipos sentimentais
Tipos pensadores
Tipos sentimentais
Não demonstram
emoções prontamente
e muitas vezes se
sentem desconfortáveis
em lidar com os
sentimentos das
pessoas.
Tendem a ser muito
conscientes das outras
pessoas e de seus
sentimentos.
Podem ferir os
sentimentos das
pessoas sem saber.
Gostam de agradar as
pessoas, mesmo em
coisas sem importância.
Gostam de analisar e
colocar as coisas em
ordem lógica. Podem
conviver sem
harmonia.
Assim como a
harmonia, a e ciência
pode ser gravemente
perturbada por brigas de
escritório.
Tendem a decidir de
forma impessoal, às
vezes não prestando
atenção su ciente aos
desejos das pessoas.
Freqüentemente,
permitem que as
decisões sejam
in uenciadas por seus
próprios gostos e desejos
pessoais ou de outras
pessoas.
Têm necessidade de ser
tratados com justiça.
Têm necessidade de
elogios ocasionais.
Tipos pensadores
Tipos sentimentais
São capazes de
repreender pessoas ou
demiti-las quando
necessário.
Não gostam de dizer
coisas desagradáveis às
pessoas
São mais orientados
analiticamente —
respondem mais
facilmente aos
pensamentos das
pessoas.
São mais orientados
para as pessoas —
respondem mais
facilmente aos valores
das pessoas.
Tendem a ter uma
mente rme.
Tendem a ser
simpáticos.
Tipos julgadores
Tipos perceptivos
Trabalham melhor quando
podem planejar seu
trabalho e seguir o plano.
Adaptam-se bem a
situações de
mudança.
Gostam de resolver e
terminar as coisas.
Não se importam em
deixar as coisas
abertas para
alterações.
Tipos julgadores
Tipos perceptivos
Podem decidir as coisas
muito rapidamente.
Podem ter problemas
para tomar decisões.
Podem não gostar de
interromper o projeto em
que estão para focar em
um mais urgente.
Podem iniciar muitos
projetos e ter
di culdade em
nalizá-los.
Podem não perceber
coisas novas que precisam
ser feitas.
Podem adiar
trabalhos
desagradáveis.
Querem apenas o
necessário para
começarem seu trabalho.
Querem saber tudo
sobre um novo
emprego.
Tendem a car satisfeitos
quando chegam a um
julgamento sobre uma
coisa, situação ou pessoa.
Tendem a ser
curiosos e aceitar
novas luzes sobre
uma coisa, situação
ou pessoa.
Figura 35 Efeitos das preferências  e  em situações de trabalho
Por exemplo, os introvertidos derivam sua faculdade de
concentração, pelo menos em parte, de sua tendência de prestar mais
atenção ao que está acontecendo dentro de suas cabeças do que ao que
está acontecendo ao seu redor. Isso é uma grande ajuda quando a
produtividade dos trabalhadores depende de sua capacidade de não se
distrair com as pessoas ao seu redor. No First Pennsylvania Bank, na
Filadél a, pediu-se à supervisora extrovertida do departamento
central de transcrição que avaliasse seus datilógrafos quanto à
quantidade e à qualidade de seu trabalho; ela deu notas mais altas aos
oito introvertidos do que a qualquer um dos oito extrovertidos
(, 1946–1950).
O mesmo departamento teve problemas para encontrar mensageiros
satisfatórios. Suas responsabilidades incluíam trazer cilindros de todo
o banco e levar o trabalho nalizado de volta ao ponto de origem. Nos
intervalos entre as corridas, os mensageiros mantinham o estoque de
suprimentos para os digitadores. Depois que duas mensageiras
altamente insatisfatórias trabalharam no departamento, os outros
membros do departamento queriam que o departamento de pessoal
explicasse por que eles estavam tendo tanta di culdade em encontrar
um bom mensageiro. O pessoal perguntou quais características eram
necessárias para o trabalho e descobriu que não havia idéias anteriores
sobre o assunto.
O pessoal então pediu os nomes das duas mensageiras insatisfatórias,
juntamente com uma descrição detalhada de suas de ciências, e os
nomes de duas mensageiras cujo trabalho havia sido satisfatório.
Indicadores de tipo dos arquivos sugeriram uma tentativa de
explicação. A principal queixa contra a mensageira com mais
reclamações era que ela tornava cada recado uma ocasião social: ela
falava demais e por muito tempo e com muitas pessoas, inclusive as
datilógrafas. O tipo dela era  — e a tentação padrão para s é
falar demais. A principal falha da outra foi que ela cou tão
determinada a fazer o que havia planejado, que não se preocupou em
fazer as tarefas. O tipo dela era  — e os s são muito difíceis de
desviar do trabalho em questão, uma característica que é uma virtude
na maioria das circunstâncias. Das mensageiras satisfatórias, uma era
uma  que progrediu para datilógrafa e depois para secretária, e a
outra uma  que deixou os negócios para entrar em um convento.
Com base nessa pouca evidência, a central de transcrição decidiu
tentar uma  com  para atenção ao detalhe,  para desejo de
cumprir a expectativa e, acima de tudo,  para adaptabilidade às
necessidades do instante. O pessoal enviou para a central a próxima
candidata  que apareceu, e a central cou encantada. Eles relataram
que a nova mensageira sempre acompanhava o que era mais
necessário no momento e podia lembrar aos datilógrafos que “essa é a
coisa pela qual o Sr. está com tanta pressa” de uma maneira tão
simpática que o trabalho do Sr. Ratchett voltava para ele em tempo
recorde. Desta forma, um caso, pequeno demais para ser uma
estatística, pode agregar conhecimento tanto de um trabalho quanto
de um tipo, e pode se tornar uma estatística se con rmado por
observação subseqüente.
Em outro departamento, de investigação de crédito, a supervisora
criticava constantemente os trabalhadores que faziam consultas por
telefone. Ela reclamou que depois de ligarem para a mesma fonte
algumas vezes, eles começaram a se familiarizar com a voz do outro
lado; ela queria que o departamento de pessoal lhe enviasse alguém
que não se desviasse dos negócios. O Indicador mostrava que a
supervisora era  e os trabalhadores eram , de modo que suas idéias
de negócios nunca coincidiriam com as dela. O pessoal procurou um
trabalhador  e enviou um , que poderia ser mais inadequado
para o trabalho administrativo de rotina. A supervisora declarou que o
novo funcionário era o melhor investigador de crédito que o
departamento já tivera.
Informações sobre o tipo também podem ser obtidas de casos em
que uma pessoa é insatisfatória em um trabalho e obtém sucesso
quando é transferida para outro. Um  que o banco adquiriu por
meio de uma fusão parecia ser um desajustado em todos os
departamentos em que foi avaliado. Nenhum supervisor queria
mantê-lo. Por m, havia uma vaga na análise de títulos, que o
departamento de pessoal estava esperando. O  foi transferido para
lá e teve as melhores avaliações desde então.
Dos vinte e dois contadores de uma empresa de serviços públicos
com nível de supervisão ou superior, apenas três eram intuitivos, e
nenhum dos três estava satisfeito ou sendo satisfatório onde se
encontrava (, 1946– 1950). Em um esforço para melhorar a
situação, o intuitivo do tipo executivo () foi nomeado
controlador-assistente; neste trabalho, sua capacidade de organização e
suas idéias para melhorar os procedimentos importavam mais do que
sua precisão pessoal com detalhes administrativos. Em dois anos, foilhe oferecido o cargo de controlador em outra empresa — um
resultado feliz para ele, e também para a empresa originária.
O intuitivo de tipo analítico () foi nomeado tesoureiro-assistente;
em seu novo cargo trabalhou em projetos complexos como planos de
previdência e concluiu o trabalho com grande satisfação para a
empresa e para si mesmo. Depois que o terceiro () destruiu o
moral de seus subordinados ao exigir veri cações desnecessárias
(vistas por eles como superperfeccionismo), ele foi convidado a se
retirar. O departamento de pessoal concluiu que “a intuição e o
sentimento são demais na contabilidade”.
O testemunho de um trabalhador adequado à sua ocupação vem de
um  que é gerente-assistente de transporte de uma grande
empresa de petróleo. Questionado sobre seu trabalho, ele o descreveu
como um trabalho de quebra-cabeça envolvendo “adaptação constante
às mudanças nas variáveis”, ou seja, a seleção de qualquer combinação
de métodos de transporte que fosse mais econômica para cada
remessa. Ele acrescentou, com uma liberdade de expressão incomum
para seu tipo: “Não conheço nada mais divertido”.
O Nippon Recruit Center em Tóquio (1977) tem usado há muitos
anos uma tradução japonesa do Indicador de Tipo para melhorar a
colocação de trabalhadores nos negócios e na indústria; sua
experiência sugere que as relações básicas entre tipo e ocupação
transcendem as fronteiras da língua e da cultura. As freqüências das
preferências em quatro ocupações contrastantes eram éis à teoria dos
tipos. Por exemplo, metade dos supervisores de escritório em um
banco da cidade eram . Depois de mencionar a rmeza e o realismo
dos tipos , o comentarista japonês acrescentou: “Eles também podem
suportar deveres positivos e xos”. Entre os operários fabris que
executavam trabalhos repetitivos habilidosos, 85% eram , o que o
comentarista considerou uma evidência de que “esse tipo de trabalho
não tem relação com abstrações”. A amostra de redatores foi
predominantemente  ; entre os técnicos de telecomunicações que
fazem planejamento de pesquisa, os tipos  e  foram maioria e os
tipos  foram cinco vezes mais freqüentes que nos outros grupos.
Muitos dos dados ocupacionais foram coletados de estudantes que se
preparam para carreiras. Em seu estudo sobre estudantes de arte
(Capítulo , Figuras 16–18), Stephens (1972) encontrou diferenças
marcantes de tipo entre aqueles que pretendiam ser artistas, aqueles
que queriam ensinar arte e aqueles que planejavam usar a arte na
terapia. Os artistas eram predominantemente do tipo , capazes de
seguir seu impulso criativo interior sem muita referência ao mundo
exterior. A maioria dos terapeutas eram do tipo , empenhados em
usar a arte para ajudar pessoas com problemas. Há pouca sobreposição
entre esses dois grupos, um voltado para a criatividade e outro voltado
para as pessoas; mas o grupo intermediário, aqueles que querem
ensinar arte e comunicar aos outros seu conhecimento e compreensão
da beleza, são predominantemente s que compartilham da atração
dos artistas pela criatividade e da atração dos terapeutas por pessoas.
Na faculdade de direito (Capítulo , Figura 21), o tipo afeta não
apenas quem entra, mas também quem desiste. Miller (1965), em um
estudo com estudantes de direito de escolas proeminentes, descobriu
que a evasão não tinha relação signi cativa com os preditores-padrão
de sucesso (notas da faculdade e notas de testes de admissão), mas
estava relacionada ao tipo. Os tipos  se saíram melhor tanto na
chegada quanto na sobrevivência, enquanto os tipos  tenderam a se
sair mal em ambos. Os tipos intermediários,  e , caíram a uma
taxa moderadamente pior do que a média, mas havia o dobro de s
do que  s.
A medicina é a ocupação para a qual a relação entre tipo e escolha de
carreira tem sido mais intensamente estudada. Mais de 4 mil
estudantes de medicina que zeram o Indicador de Tipo no início dos
anos 1950 foram acompanhados, primeiro no início dos anos 1960 a
partir de dados sobre suas especialidades no diretório de 1963 da
American Medical Association (; , 1965), e novamente nos
anos 1970 em um estudo muito mais inclusivo para o Department of
Health, Education, and Welfare, por um psicólogo clínico da
University of Florida e diretor do Center for Applications of
Psychological Type (, 1977).29
Antes de qualquer acompanhamento, as operações de auto-seleção
eram aparentes. Introvertidos, intuitivos, tipos sentimentais e (em
menor grau) tipos perceptivos foram encontrados entre os estudantes
de medicina mais do que se poderia esperar em um grupo geral de
estudantes universitários na década de 1950. As diferentes freqüências
poderiam ser previstas a partir do duplo apelo da medicina. Um
médico pode ser um cientista, um humanitário ou ambos. O lado
humanitário da medicina dá pleno uso ao calor do sentimento. O lado
cientí co é adequado ao gosto do intuitivo pela solução de problemas,
ao dom da concentração do introvertido e à inclinação do tipo
perceptivo de descobrir tudo sobre o que está errado antes de aplicar o
tratamento.
O resultado líquido dessa auto-seleção é que os graduados do ensino
médio com todas as quatro preferências predisponentes,  s, têm
pelo menos quatro vezes mais chances de entrar na faculdade de
medicina do que colegas com as quatro preferências opostas,  s. A
combinação de intuição e sentimento aparentemente fornece a
motivação mais forte, talvez porque a medicina apresente problemas
para resolver em benefício das pessoas.
De longe, o tipo menos atraído foi , o tipo de homem e mulher
de negócios, em que todas as quatro preferências se correlacionam
com interesses comerciais no Forte e valores econômicos no  Study
of Values. Aparentemente, as altas recompensas nanceiras em
medicina, que deveriam ter interesse especial para um , não
compensavam o interesse relativamente baixo desse tipo nos aspectos
cientí cos e humanitários do trabalho em si.
O tipo parece afetar a taxa de evasão, a porcentagem de alunos que
abandonam permanentemente ou reprovam na faculdade de
medicina.30 Nesta amostra, foi encontrada uma relação entre evasão e
a natureza do processo dominante — julgamento (s e  s) e
percepção (s e  s). Embora as pontuações médias do teste de
admissão da faculdade de medicina para os alunos perceptivos e os
alunos julgadores fossem idênticas, os tipos perceptivos tiveram uma
taxa de abandono de 3,1%, enquanto os tipos julgadores tiveram uma
taxa de abandono de 5,0%. Talvez os alunos perceptivos tenham
percepções mais precisas de si mesmos e de suas carreiras e, portanto,
façam escolhas mais adequadas, com menor probabilidade de resultar
em fracasso ou desistência. A maior taxa de abandono para qualquer
tipo neste estudo foi de 7,0% para , o tipo que foi menos atraído
pela medicina desde o início.
O  também tinha uma proporção maior de seus membros na
clínica geral do que qualquer outro tipo, embora não seja um tipo que
se espera que o papel do dedicado médico de família atraia. Antes do
primeiro estudo de acompanhamento, a clínica geral foi sugerida no
Manual do Indicador de 1962 como adequada para os tipos de coração
caloroso com sensação e sentimento; psiquiatria e ensino para os tipos
perspicazes com intuição e sentimento; e cirurgia para os tipos
objetivos com sensação e pensamento. Os próprios tipos con rmaram
as hipóteses ao escolher esses campos com signi cativa freqüência. A
prevalência dos s “de coração duro” na clínica geral parece,
portanto, vir menos do entusiasmo por esse campo do que da
impaciência para começar a ganhar dinheiro — sem o atraso de até
cinco anos de residência.
No primeiro estudo de acompanhamento da especialidade, a maior
diferença foi no tipo de percepção preferida. Enquanto a amostra
como um todo foi 53% intuitiva, a psiquiatria foi 82% intuitiva, a
pesquisa 78%, a neurologia 76%, a faculdade de medicina 69% e a
patologia 68%. Em todos esses campos, a introversão também foi
preferida, mas em menor grau. Esses campos complexos apelam para a
abordagem intelectual do introvertido e para a capacidade de
resolução de problemas e tolerância ao complexo, que caracteriza o
intuitivo.
Os tipos opostos, os extrovertidos com sensação, preferiam a cirurgia
e a obstetrícia. Essas especialidades exigem a máxima consciência
sensorial das condições físicas de momento a momento. Ambos
exigem habilidade na ação, que é o forte do extrovertido. Os
extrovertidos com sensação escolheram a obstetrícia duas vezes mais
do que os introvertidos com intuição, e a cirurgia com metade da
freqüência.
A Tabela de Tipos de especialidades na Figura 36 mostra a atração
signi cativa dos 16 tipos para especialidades, pesquisa e cargos em
faculdades de medicina. Por exemplo, a pediatria atraiu muito os ,
em quem o sentimento  é o processo extrovertido e, portanto, mais
aparente. Os intuitivos correspondentes,  s, foram os tipos mais
atraídos pelo ensino em tempo integral na faculdade de medicina. Eles
também cuidam dos jovens, mas atendem às necessidades intelectuais
dos jovens adultos, e não às necessidades físicas das crianças.
A anestesiologia fez seu apelo mais forte aos  e  ; sua aguda
vigilância  é reforçada pela capacidade do introvertido de se
concentrar por um longo tempo. A anestesiologia não atrai os outros
tipos de ,  e , talvez porque sua extroversão tende a
encurtar seu tempo de atenção.
Figura 36 Atração de especialidades para cada tipo
(Razão entre a freqüência real e a esperada de especialidades dentro
de cada tipo)31
Patologia e pesquisa foram ambas notavelmente populares entre s
e  s, que têm em comum as três preferências mais propícias à
intelectualidade desapegada. Patologistas e médicos pesquisadores
podem lidar com problemas de vida ou morte sem ver um paciente
cara a cara.
O primeiro estudo de acompanhamento nada pôde mostrar sobre a
satisfação proporcionada pela escolha das especialidades. O segundo
acompanhamento, que examinou as mudanças de especialidade,
mostrou com que freqüência os médicos de cada tipo mudavam para
uma especialidade mais típica (para uma mais geralmente escolhida
por seu tipo) e com que freqüência para uma menos típica. Os
resultados con rmaram surpreendentemente a conclusão sugerida
pelas respostas dos calouros da Auburn University, de que os tipos
sensitivos sabem muito menos ou se importam muito menos do que
os intuitivos com a adequação de qualquer trabalho para seu tipo (ver
p. 197).
Entre aqueles que mudaram de especialidade, os tipos sensitivos
mudaram para uma especialidade mais típica apenas 54% das vezes, o
que é pouco melhor do que o acaso, enquanto os intuitivos mudaram
para uma especialidade mais típica 71% das vezes. Como de costume,
 e  apresentaram um contraste extremo. Os s mudaram
para uma especialidade menos típica 68% das vezes, o que sugere que
a mudança pode ter sido ditada por circunstâncias externas e não pelo
gosto pelo trabalho em si. Os s mudaram para uma especialidade
mais típica 83% das vezes; de todos os tipos, eles pareciam se importar
mais com a chance de usar seus dons.
Especialmente agradável foi uma observação feita por uma pessoa
inesquecível. Ela era a diretora de uma escola de enfermagem,
serenamente adorável no hábito branco de sua ordem. Com os olhos
na Tabela de Tipos, ela ouviu atentamente uma explicação de dois
minutos sobre os tipos. Em seguida, colocando o dedo em  no
canto inferior esquerdo, ela disse: “Estes são os administradores”.
Ela estava certa, mas como poderia saber? Ela deve ter olhado para as
quatro letras daquele tipo, selecionado, da breve explicação, as
características marcantes associadas a cada letra, e as reunido em um
retrato reconhecível: atenção voltada para o mundo exterior; respeito
pelos fatos e capacidade de detalhamento; julgamentos baseados em
causa e efeito; e decisão imediata — administradores.
Idealmente, os colegas de trabalho constituem uma equipe com um
propósito comum e devem trabalhar para o mesmo objetivo geral.
Suas diferenças de tipo podem ser um trunfo porque ajudam as
pessoas a fazer e desfrutar formas de trabalho muito diferentes. Um
trabalho pode ser chato ou confuso para um tipo e, portanto, mal feito,
mas pode ser interessante e recompensador para outro tipo e, assim,
bem executado. Uma pessoa pode ser um fracasso no trabalho errado
e excelente no certo. Por exemplo, os introvertidos com intuição
pensam primeiro em novas possibilidades simplesmente como idéias.
Extrovertidos com intuição traduzem idéias em ação, mas não têm
muito interesse em levar a ação além do ponto onde tudo está
resolvido. Os tipos sensitivos, no entanto, têm grande satisfação em
produzir resultados tangíveis protegendo-os contra circunstâncias que
possam interferir na produção.
Os tipos pensadores tendem a ser particularmente e cazes em
trabalhos que lidam com objetos inanimados (que podem ser
modi cados à força), e os tipos sentimentais tendem a ser bons em
lidar com pessoas (cuja cooperação não pode ser forçada, mas deve ser
conquistada). Tipos sensitivos com atitude de julgamento funcionam
bem e de modo satisfatório em trabalhos estruturados com
procedimentos nitidamente de nidos que devam ser seguidos, mas
intuitivos com atitude perceptiva se irritam em tais trabalhos, onde
não podem tomar a iniciativa de perseguir as possibilidades que
percebem.
Qualquer equipe, portanto, deve incluir uma variedade su ciente de
tipos para realizar os trabalhos necessários com e cácia e satisfação. A
cooperação, no entanto, pode enfrentar di culdades porque pessoas de
tipos opostos geralmente discordam sobre o que deve ser feito, ou
como, ou se algo precisa ser feito. Tais discordâncias são naturais: tipos
opostos de percepção fazem as pessoas verem diferentes aspectos de
uma situação, e tipos opostos de julgamento direcionam ações para
ns diferentes. Se os desentendimentos não forem resolvidos, eles
podem prejudicar a moral e a e cácia da equipe e diminuir a satisfação
no trabalho, independentemente de quão adequados sejam os
trabalhos.
A moral e a e cácia restarão intactas se os membros da equipe
reconhecerem que ambos os tipos de percepção e ambos os tipos de
julgamento são essenciais para que haja uma sólida solução para um
problema. A receita para resolver individualmente um problema é
exercitar todos os quatro processos em sucessão: sensação para
estabelecer todos os fatos, intuição para sugerir todas as soluções
possíveis, pensamento para determinar as prováveis consequências de
cada curso de ação, sentimento para pesar a conveniência de cada
resultado em termos humanos. Um indivíduo é prejudicado ao fazer
isso porque a percepção e o julgamento menos apreciados são
relativamente imaturos e, portanto, não são tão úteis quanto poderiam
ser, mas uma equipe bem equilibrada de indivíduos deve incluir pelo
menos um representante quali cado de cada processo.
Ao considerar as contribuições de cada membro, a equipe ou seu
chefe executivo pode tomar uma decisão mais informada do que seria
possível de outra forma. Como uma ajuda adicional à cooperação,
essas contribuições demonstram que cada membro é fraco onde o
outro é forte, mas também é forte onde o outro é fraco. O respeito
sadio pelo oposto contribui para uma convivência pací ca e e caz.
Também ajuda a reconhecer e cultivar os próprios processos menos
desenvolvidos.
A comunicação entre diferentes tipos é um problema maior do que
geralmente se reconhece. Uma declaração que é clara e razoável para
um tipo pode soar sem sentido ou absurda para outro. Um casal,
tendo aprendido como seus tipos diferem, orgulhosamente relatou seu
insight. “Se discutirmos por quinze minutos sem chegar a lugar
nenhum, voltamos e de nimos nossos termos. Nós não estamos
falando sobre a mesma coisa!”. Para ser útil, uma comunicação precisa
ser ouvida, compreendida e considerada sem hostilidade. É natural
que as pessoas não escutem com atenção quando esperam que a
comunicação seja irrelevante ou sem importância. Portanto, deve
começar com um tópico que prometa algo que valha a pena ouvir. É
claro que o que é considerado interessante varia de tipo para tipo, mas
a apresentação de uma boa idéia geralmente pode ser planejada para
atender aos interesses do ouvinte. Os tipos sensitivos, que levam os
fatos mais a sério do que as possibilidades, querem uma declaração
explícita do problema antes de considerar as possíveis soluções. Os
intuitivos querem a perspectiva de uma possibilidade interessante
antes de olhar para os fatos. Os pensadores exigem que uma
declaração tenha um começo, uma sequência de pontos logicamente
arranjada e concisa, e um m — especialmente um m. E os tipos
sentimentais estão interessados principalmente em assuntos que
afetam diretamente as pessoas.
Uma comunicação pode ser ouvida e compreendida, mas ainda assim
falhar em seu propósito, se despertar antagonismo. Os pensadores são
as pessoas com maior probabilidade de cair nessa armadilha porque
tendem a ser críticos sem rodeios, mas os tipos sentimentais também
se consideram justi cados em atacar algo que parece errado. Qualquer
ataque provavelmente provocará uma defesa espirituosa e levará a uma
luta divisiva entre os colegas, em vez de um enfrentamento em
conjunto do problema. Se o dissidente se abstiver de condenar a
solução incompleta e simplesmente enfatizar a parte não resolvida do
problema, os outros podem considerar os comentários do dissidente
sem perda de prestígio e podem, conseqüentemente, expandir ou
mudar sua solução. Essa técnica funciona, quer os membros do grupo
conheçam ou não os tipos uns dos outros.
PARTE IV: D 
  
C XV: O     

do desenvolvimento do tipo é o desenvolvimento da
A essência
percepção e do julgamento e das formas adequadas de usá-los.
Crescer é muito mais fácil com percepção e julgamento adequados.
Por de nição, pessoas com percepção adequada enxergam os
aspectos relevantes de qualquer situação; se também tiverem
julgamento adequado, tomam boas decisões e as executam. Quaisquer
que sejam os problemas que os jovens possam enfrentar, percepção e
julgamento adequados tornam possível enfrentá-los de maneira
madura e digna de crédito. Vale a pena, então, considerar como a
teoria de tipos e a pesquisa de tipos podem contribuir para o
desenvolvimento dessas faculdades.
Os tipos diferem fundamentalmente nas formas de percepção e de
julgamento que podem desenvolver melhor. Essas preferências são
inatas e nenhuma tentativa deve ser feita para revertê-las; caso
contrário, o desenvolvimento pode ser bloqueado. O conhecimento do
tipo deve ser usado para encorajar e aumentar as oportunidades para
os membros de cada tipo, para que possam se desenvolver em suas
próprias direções até o pico de seus próprios poderes.
A pesquisa de tipo mostrou que os tipos diferem em seus interesses,
valores e necessidades. Eles aprendem de maneiras diferentes,
alimentam ambições diferentes e respondem a recompensas diferentes.
O atual sistema de educação pública é bem-sucedido com
determinados tipos, mas falha em levar muitos alunos a um estado
satisfatório de maturidade.
Os possíveis efeitos da pesquisa e da teoria dos tipos na promoção da
maturidade podem ser considerados a partir de duas linhas de
abordagem. Uma delas é pesquisar o que motiva os diferentes tipos em
situações práticas. Quanto mais se souber sobre o que é importante
para cada tipo, mais fácil será prever quais objetivos atrairão mais
plenamente suas energias nos anos de crescimento. A segunda é
estudar o curso normal do desenvolvimento do tipo desde a infância
até a idade adulta, a m de descobrir quais circunstâncias aumentam o
desenvolvimento da percepção e do julgamento.
A discussão de Van der Hoop sobre os estágios de desenvolvimento
do tipo não inclui as idades em que se espera que eles ocorram.
Em cada tipo há uma forma simples, na qual a diferenciação da
função predominante apenas começou, e seus modos de adaptação
ainda estão sendo experimentados, embora já se possa observar uma
clara preferência por formas típicas de adaptação. Num estágio
posterior, a função dominante encontrou suas formas, controlando-as
com grande segurança. Qualquer coisa que não esteja em
consonância é, nesta fase, suprimida. Em algumas pessoas, segue-se
um estágio ainda além, no qual as outras funções recebem mais
desenvolvimento, para compensar qualquer unilateralidade, e a
imagem típica pronunciada é novamente modi cada em certa
medida pelo desdobramento de uma expressão mais completa e rica
de natureza humana.32
O último estágio ocorre apenas para pessoas que vivem plenamente
seu tipo, mas continuam crescendo. Através da plenitude do
desenvolvimento de seu tipo, eles se deparam com os inevitáveis
dé cits de seu tipo particular. Sem abandonar os valores de seus
processos mais bem desenvolvidos, eles podem usar sua
autocompreensão para reconhecer e cultivar os valores do terceiro e
quarto processos anteriormente negligenciados. Assim, eles nalmente
transcendem seu tipo. Isso é admirável, mas se for tentado antes que a
pessoa tenha alcançado o pleno desenvolvimento dos dois melhores
processos, pode simplesmente desviar a pessoa desse desenvolvimento
e ter um efeito negativo.
O desenvolvimento do tipo começa em uma idade muito precoce. A
hipótese é que o tipo é inato, uma predisposição inata como ser destro
ou canhoto, mas o desenvolvimento bem-sucedido do tipo pode ser
muito ajudado ou prejudicado pelo ambiente desde o início.
É provável que a preferência mais profundamente enraizada, e a que
apareça mais cedo, seja a extroversão ou introversão. Mesmo um bebê
pode mostrar uma inclinação decidida em favor da vida sociável ou
contemplativa.
Em irmãs gêmeas de 3 anos cujo ambiente sempre foi idêntico,
embora as gêmeas não o sejam, a diferença entre a extrovertida e a
introvertida pode ser óbvia para o observador mais casual. Suas
necessidades também serão diferentes. A extrovertida precisa de muita
ação, pessoas, variedade, conversa e oportunidade de fazer uma
quantidade satisfatória de barulho. Ela faz parte de tudo o que
conheceu, e sua compreensão do mundo depende de quanto dele
conheceu. A introvertida pode usar as mesmas coisas, mas não em
tanta quantidade. Muita proximidade a deixa esgotada. Ela precisa de
um lugar onde possa car sozinha e se concentrar silenciosamente no
que lhe interessa. Para sua sensação de segurança, ela precisa ser
informada sobre os princípios subjacentes que mantêm o mundo
unido, mesmo quando seus pais pensam que ela é muito jovem para
entender. Ela se sentirá muito mais em casa num mundo que parece
ser mantido unido, em vez de um mundo que parece fragmento em
pedaços sem relação uns com os outros.
A preferência  e os con itos familiares resultantes também podem
aparecer em uma idade muito precoce. Uma criança do tipo
sentimental de seis anos disse, consternada após a visita de um
pensador de cinco anos de idade: “Ele não se preocupa em agradar,
não é?”. Basicamente, ele não. Ele tem que ter motivos. O jovem
pensador, mesmo com dois anos de idade, fará as coisas por motivos,
mas não vê sentido em fazê-las por amor. O jovem de tipo sentimental
fará as coisas para agradar, mas não se deixará levar pela lógica. Para
serem in uenciados, os tipos pensadores e os tipos sentimentais
devem ser motivados por algo signi cativo para seu próprio tipo. Se
ninguém mostra apreço pelos jovens de tipos sentimentais
extrovertidos, eles podem se comportar de maneira desagradável
apenas para obter uma reação e poderem entrar em contato com
outras pessoas. Se ninguém der aos jovens pensadores razões para
considerar, seu pensamento se gastará, em grande parte, em dissensão,
e será rotulado de negativismo.
A preferência  também pode aparecer cedo. A criança sensitiva ca
encantada com o que é; a intuitiva com o que não é, ou pelo menos
ainda não. “Menino Avoado” é uma concepção estritamente intuitiva.
Brincadeiras imaginativas, contos de fadas, cção de todos os tipos,
novas palavras fascinantes guardadas com signi cados mais ou menos
adivinhados para deleite futuro — tudo isso nutre o entusiasmo e a
admiração da criança intuitiva. Mas a criança intuitiva nascida em
uma família muito prática, que não tem tempo para livros e não fala
sobre nada exceto realidades óbvias, cará apenas parcialmente
saciado.
As crianças sensitivas preferem amplamente a realidade. Elas obtêm
satisfação em “realmente” cozinhar ou consertar objetos como seus
pais e estão incansavelmente interessadas em coisas que podem ser
tocadas e manuseadas, desmontadas e remontadas, mas não em coisas
que parecem não ter existência, exceto em palavras ou outros
símbolos. As crianças sensitivas tendem a considerar a canção boba
quando descobrem que a borboletinha não fez, de fato, chocolate para
sua madrinha.
Quando as crianças atingem o sétimo ano, seus tipos podem ser
identi cados com um grau útil de precisão pelo Indicador de Tipo. A
partir de então, o grau de desenvolvimento do tipo predominante em
um grupo pode ser avaliado de maneira aproximada usando-se a
con abilidade dividida pela metade das pontuações do Indicador de
Tipo. Cada escala é dividida em metades equivalentes e os resultados
das duas metades são comparados. Quanto mais consistentemente as
respostas forem governadas por tipo, maior será a concordância entre
as metades e maior será a con abilidade.
Embora nenhum critério direto de maturidade esteja disponível, as
con abilidades divididas pela metade, consideradas como re exo do
nível geral de desenvolvimento de tipo de uma amostra, podem ser
usadas para comparar a relação entre o desenvolvimento de tipo e um
indicador indireto particular de maturidade. Essa abordagem foi usada
no estudo dos registros de três amostras de alunos do ensino
fundamental, que diferiam amplamente em desempenho. Como a
maturidade é um fator importante no desempenho, as três amostras
provavelmente representavam três níveis de maturidade. Os grupos
eram semelhantes por ter um  acima da média, e em  e , eles
mostraram con abilidades médias iguais às dos alunos do ensino
médio, o que sugere que os alunos do ensino fundamental tinham
preferências  e  tão bem estabelecidas quanto alunos mais velhos
capazes de fazer o trabalho de preparação para a faculdade.
Em  e , no entanto, as con abilidades para os três grupos
variaram de maneira interessante. O primeiro grupo, de alunos da
sétima série com  acima de 107, potencialmente indo para a
faculdade, tinha con abilidade marcadamente mais baixa em  e 
do que o grupo de alunos do segundo ano do ensino médio. Isso
sugere que o processo perceptivo e o processo de julgamento
normalmente não são tão bem desenvolvidos nos alunos do sétimo
ano quanto serão cinco anos depois.
O segundo e o terceiro grupos tinham s mais altos. O segundo
grupo consistia de alunos superdotados ( de 120 e acima) do sétimo
ao nono ano, com desempenho muito alto. Suas con abilidades em 
e  eram tão altas quanto as do grupo de alunos do segundo ano do
ensino médio. Isso sugere que eles atingiram um desenvolvimento
inicial tanto da percepção quanto do julgamento.
Uma explicação alternativa é que o segundo grupo pode ter as
con abilidades em  e  mais altas simplesmente por causa de seu
 mais alto, mas essa explicação é negada pela evidência do terceiro
grupo. O terceiro grupo era composto de meninos do oitavo ano com
baixo desempenho e  acima de 120. Eles produziram uma
con abilidade muito baixa em  — muito menor do que a do
primeiro grupo, os alunos do sétimo ano potencialmente destinados à
faculdade. A con abilidade muito baixa em  sugere uma
imaturidade acentuada do processo de julgamento, ou seja, um dé cit
de julgamento.
É razoável que a percepção e o julgamento sejam mais difíceis de
desenvolver do que meras atitudes e que o julgamento muitas vezes
pareça ser a parte mais difícil do amadurecimento. No primeiro grupo,
os alunos regulares do sétimo ano, presumivelmente atingiram um
nível de percepção e julgamento normal para sua idade e inteligência.
Os alunos superdotados que compunham o segundo grupo deram
provas de mais do que a maturidade rotineira de percepção e
julgamento quando todos os membros do grupo pontuaram alto em
todos os testes de desempenho padrão que zeram; tais resultados não
decorrem automaticamente de um  alto, mas exigem um
desempenho superior em uma série de requisitos. O terceiro grupo, os
meninos do oitavo ano com baixo desempenho, falhou em cumprir até
mesmo os requisitos que estavam dentro de suas habilidades e, assim,
deu evidências de maturidade abaixo do normal.
Essa evidência sugere que as con abilidades divididas pela metade do
Indicador de Tipo em  e , quando tomadas como uma medida da
maturidade média de percepção e julgamento em um grupo, podem
ser usadas para determinar quais currículos e métodos de ensino
contribuem mais para o crescimento.
As evidências também indicam que existem grandes diferenças no
desenvolvimento de tipo entre grupos de pessoas e cazes e grupos de
pessoas ine cazes e que essas diferenças podem ser detectadas já no
sétimo ano.
Algumas das razões para tais diferenças são examinadas nos capítulos
seguintes.
C XVI: O 
  
tipo tem seus bons e maus exemplos, suas pessoas felizes e
C ada
infelizes, seus sucessos e fracassos, santos e pecadores, heróis e
criminosos. Diferentes tipos podem dar errado de diferentes maneiras.
Quando um introvertido quebra um princípio moral, pode muito bem
ser intencionalmente e com amargura. Os extrovertidos intuitivos, nas
garras de um projeto, e os extrovertidos julgadores, com seus
propósitos de nidos, podem considerar que os ns justi cam os
meios. (O m às vezes pode ser altruísta, como no caso da mulher —
sem dúvida um tipo sentimental — que roubou de seu patrão para dar
prodigamente aos necessitados). Os tipos mais propensos à
transgressão, desde uma submissão impensada às circunstâncias ou
más companhias, são os tipos extrovertidos sensitivos. Em casos
extremos, eles podem não ter introversão ou insight intuitivo
su ciente para alertá-los sobre o princípio subjacente envolvido, nem
o julgamento com o qual criticar seus impulsos.
Conforme descrito no Capítulo , padrões gerais de comportamento
podem ser atribuídos a cada um dos 16 tipos, mas os pontos fortes de
cada tipo se materializam apenas quando o desenvolvimento do tipo é
adequado. Caso contrário, é provável que as pessoas tenham as
fraquezas características de seu tipo, mas não muito mais.
Fundamentos do bom desenvolvimento
de tipos
No desenvolvimento de tipo “normal”, uma criança usa regularmente
o processo preferido em detrimento do seu oposto e torna-se cada vez
mais hábil em seu uso. Cada vez mais capaz de controlar o processo, a
criança adquire os traços que lhe pertencem. Assim, o tipo de criança
é determinado pelo processo que é mais usado, con ável e
desenvolvido.
Embora o processo favorito possa ser útil por si só, sozinho não será
saudável, seguro para a sociedade ou, em última análise, satisfatório
para o indivíduo, porque carece de equilíbrio.
O processo dominante precisa ser suplementado por um segundo
processo, o auxiliar, que pode lidar de forma proveitosa com as áreas
que o processo dominante necessariamente negligencia. O processo
auxiliar deve fornecer a percepção necessária se o processo dominante
for de julgamento, e vice-versa, e deve contribuir com a extroversão
necessária se o processo dominante for principalmente introvertido, e
vice-versa.
O bom desenvolvimento do tipo, portanto, exige duas condições:
primeiro, desenvolvimento adequado, mas de forma alguma igual, de
um processo de julgamento e de um processo perceptivo, um dos
quais predomina; e, segundo, facilidade, mas não em igual medida, na
adoção de ambas as atitudes, extrovertida e introvertida, com
predominância de uma.
Quando ambas as condições são atendidas, o desenvolvimento do
tipo da pessoa é bem equilibrado. Na teoria dos tipos, o equilíbrio não
se refere à igualdade de duas funções ou de duas atitudes; em vez
disso, signi ca habilidade superior em uma, complementada por uma
habilidade útil, mas não competitiva, na outra.
A necessidade de tal suplementação é óbvia. Percepção sem
julgamento é covarde; julgamento sem percepção é cego. A introversão
sem qualquer extroversão é impraticável; extroversão sem introversão
é super cial.
Menos óbvio é o princípio de que para cada pessoa uma habilidade
deve estar subordinada a outra e que uma habilidade signi cativa em
qualquer direção não será desenvolvida até que seja feita uma escolha
entre os opostos.
A necessidade de escolher entre opostos
A percepção e o julgamento do especialista resultam da
especialização, do uso de um par de opostos em vez do outro. Um dos
opostos deve ser “desligado” para ter a chance de se desenvolver
qualquer um deles.
Tentar desenvolver a habilidade de sensação e intuição ao mesmo
tempo é como ouvir duas estações de rádio no mesmo comprimento
de onda.
As pessoas não podem ouvir uma intuição se seus sentidos estão em
seus ouvidos, e ao ouvir uma intuição, as pessoas não podem obter
informações de seus sentidos. Nenhum tipo de percepção é claro o
su ciente para ser interessante ou digno de atenção contínua.
Da mesma forma, se as pessoas não puderem se concentrar nem no
pensamento nem no sentimento, suas decisões serão tomadas e
desfeitas por uma disputa instável entre dois tipos de julgamento,
nenhum dos quais é especializado o su ciente para resolver as
questões permanentemente.
As quatro funções são usadas quase ao acaso por crianças muito
pequenas, até que comecem a se diferenciar. Algumas crianças
começam a se diferenciar muito mais tarde do que outras e, nos
adultos menos desenvolvidos, as funções permanecem infantis, de
modo que nada pode ser percebido ou julgado com maturidade.
Mesmo em adultos e cazes, as duas funções menos usadas
permanecem relativamente infantis, e a e cácia reside principalmente
nas duas funções que se tornaram hábeis por serem preferidas e
exercitadas.
Diferença na classi cação das duas
funções hábeis
As duas funções hábeis podem se desenvolver lado a lado porque não
são antagônicas. Uma é sempre um processo perceptivo e a outra um
processo julgador, de modo que não se contradizem. Embora uma
possa ajudar a outra, não deve haver dúvida sobre o que vem primeiro.
A supremacia de um processo, incontestado pelos outros, é essencial
para a estabilidade do indivíduo. Cada processo tem seu próprio
conjunto de objetivos e, para uma adaptação bem-sucedida, como
Jung apontou, os objetivos devem ser “constantemente claros e
inequívocos”.33 Um processo precisa governar para que lado uma
pessoa se move; deve ser sempre o mesmo processo, para que o
movimento de hoje não seja lamentado e revertido amanhã.
Portanto, das duas funções hábeis, uma deve ser o “general” e a outra
deve ser o “ajudante”, atendendo a assuntos menores, mas necessários,
que o general deixa de fazer (ver pp. 38–40). Se o general tem uma
natureza julgadora, o ajudante deve fornecer a percepção como base
para o julgamento, mas o ajudante de um general perceptivo precisa
fornecer decisões para implementar a visão do general. O ajudante de
um extrovertido deve fazer a maior parte da re exão, enquanto o
ajudante de um introvertido terá que agir.
No extrovertido, outras pessoas se encontram e fazem negócios com
o general. Ficando em segundo plano, o ajudante mostra pouco em
que os outros possam avaliar sua competência. No introvertido, o
general trabalha dentro da tenda, enquanto o ajudante cuida dos
negócios com os outros.34 Se o ajudante for habilidoso e competente, o
general não precisa ser chamado. Se o ajudante estiver desajeitado,
pode ser necessária a ajuda do general.
Resultados da inadequação do processo
auxiliar
Além de uma escolha clara de quais funções serão desenvolvidas e
qual das duas dominará, um bom desenvolvimento de tipos requer o
uso adequado das funções escolhidas. O auxiliar naturalmente tende a
ser negligenciado. Os extrovertidos, ao usar seu processo dominante
no mundo exterior, podem não saber que precisam do auxiliar.
Em julgadores extrovertidos
Julgadores extrovertidos com percepção insu ciente podem nunca
descobrir sua de ciência. Tomando decisões sem informações
adequadas, eles cometerão erros, mas não conseguirão “perceber” sua
própria responsabilidade pelo seu infortúnio. Como esses -s não
conseguem distinguir entre boas e más decisões, eles podem se sentir
tão competentes para decidir os assuntos de outras pessoas quanto os
seus próprios e, assim, cometer muitos de seus erros às custas de
outras pessoas.
Eles são incapazes de ver a individualidade das pessoas e situações;
eles recorrem a suposições — preconceitos, convenções, atitudes
estereotipadas e equívocos comuns. Vivendo em um mundo de
clichês, eles obtêm uma sensação de segurança usando um clichê ou
outro para se livrar de praticamente qualquer coisa. Dentro desses
limites, seu exercício de julgamento pode ser rápido, consistente e
resoluto, mas não será melhor do que suas assunções. Qualquer coisa
que refute suas assunções e exija um esforço incomum de percepção
abalará sua segurança.
Em perceptivos extrovertidos
Os perceptivos extrovertidos que não desenvolvem seu julgamento
têm os dé cits opostos, que muitas vezes os colocam em di culdades
extraordinárias. Eles não sabem o que é melhor fazer, então não agem.
Ou sabem o que devem fazer, mas não conseguem se obrigar a fazê-lo
e, portanto, não o fazem. Ou eles querem fazer algo e sabem que não
devem, mas não podem se conter. Freqüentemente, eles nem se
preocupam em se perguntar se devem ou não seguir um determinado
curso de ação. Freqüentemente são pessoas simpáticas e encantadoras,
mas por não terem julgamento, não lidam com rmeza com suas
di culdades e fogem delas. Eles tendem a considerar o trabalho uma
di culdade.
Em introvertidos
Como o processo auxiliar é o que os introvertidos usam para lidar
com o mundo, é mais provável que eles desenvolvam um auxiliar mais
adequado do que os extrovertidos. Se não o zerem, os resultados
serão dolorosamente evidentes e vergonhosos; todos os seus contatos
com o ambiente serão desajeitados e ine cazes. Se conseguirem apenas
um desenvolvimento inadequado, ainda assim estarão em
desvantagem ao lidar com o extrovertido médio no mundo da ação —
embora tenham uma vantagem compensadora no mundo das idéias.
Alguns introvertidos desenvolvem um processo auxiliar sem aprender
a extrovertê-lo. Dessa forma, eles conseguem equilíbrio em suas vidas
interiores, mas nenhuma extroversão satisfatória.
Recompensas do bom desenvolvimento
de tipo
Quando os fundamentos de um bom desenvolvimento de tipo são
alcançados, a vantagem é grande. A observação convenceu os autores
de que o desenvolvimento do tipo é uma variável com amplo alcance e
profunda in uência em e cácia, sucesso, felicidade e saúde mental.
O modo por que o tipo é desenvolvido afeta não apenas o valor do
tipo inato, mas também o valor da inteligência inata. Dentro dos
limites, o desenvolvimento do tipo pode substituir a inteligência,
porque a inteligência mediana, totalmente utilizada por meio do
desenvolvimento re nado do tipo, dará resultados muito acima das
expectativas. No entanto, um sério dé cit de desenvolvimento do tipo,
especialmente um dé cit de julgamento, constitui uma de ciência que
nenhuma quantidade de inteligência pode compensar. Na ausência de
julgamento, não há garantia de que a inteligência será aplicada nas
coisas necessárias nos momentos necessários.
Especialmente para os introvertidos, uma modesta melhora no
equilíbrio, provocada por levar mais a sério as contribuições do
processo auxiliar, pode render grandes dividendos em termos de
satisfação.
Busca prática do bom desenvolvimento
de tipo
O desenvolvimento do tipo é auxiliado pela escolha clara entre os
opostos e pelo uso intencional das funções escolhidas. O primeiro
passo para as pessoas examinarem suas escolhas e o uso das funções
escolhidas é ver por si mesmas a diferença entre cada par de opostos e
descobrir quais funções e atitudes atendem às suas necessidades e
interesses mais profundos e, portanto, são fundamentalmente corretas
para eles.
O próximo passo é ver a diferença entre o uso adequado e
inadequado de cada processo. Um uso apropriado da sensação é para
ver e enfrentar os fatos, e a intuição é apropriadamente usada para ver
uma possibilidade e fazê-la acontecer. O pensamento é o processo
mais adequado para analisar as prováveis consequências de uma ação
proposta e decidir razoavelmente, e o sentimento é o melhor para
considerar o que mais importa para si e para os outros.
Cada processo também pode ser usado de forma inadequada.
Exemplos de uso inapropriado incluem ceder à sensação ao fugir de
um problema para uma diversão trivial, ceder à intuição ao sonhar
com impossibilidades que forneceriam uma solução sem esforço,
ceder ao julgamento sentimental ao ensaiar como alguém estava certo
e inocente o tempo todo, e ceder ao julgamento pensador ao criticar
qualquer um que tenha uma visão oposta no que diz respeito a um
problema. Tal comportamento colocaria as quatro funções em ação,
mas sem nenhum resultado.
Ao praticar o uso de todas as quatro funções, as pessoas
freqüentemente descobrem que apenas uma das quatro é fácil de
exercitar. Por exemplo, algumas pessoas se sentem confortáveis apenas
com a sensação, ou apenas com a intuição, e desconfortáveis com
ambos os tipos de julgamento. É mais provável que isso aconteça no
caso de um extrovertido perceptivo extremo, e sugeriria muito pouco
desenvolvimento de julgamento.
O primeiro passo para um desenvolvimento de tipo mais satisfatório
para extrovertidos perceptivos extremos é perceber que eles estão
acostumados a operar quase exclusivamente na atitude perceptiva,
praticamente sem o uso de um processo de julgamento. Por
conseguinte, eles são extremamente receptivos às circunstâncias
externas, que podem ser uma nova situação, pessoa ou idéia. Assim
in uenciados de fora, em vez de governados por um padrão ou
propósito de nitivo de dentro, os extrovertidos perceptivos extremos
carecem de continuidade e direção. Eles são soprados como um veleiro
cujo mestre se esqueceu de controlar a quilha.
A quilha é o julgamento, ou seja, um poder de escolha disciplinado
de acordo com padrões permanentes. Se o pensamento é o processo de
julgamento, os padrões serão princípios impessoais. Se os julgamentos
forem baseados no sentimento, os padrões serão valores muito
pessoais. De qualquer forma, padrões bem desenvolvidos permitem
que seus possuidores ajam de acordo com um padrão consistente com
desejos de longo prazo.
Portanto, se você é um  extremo, precisa reconhecer e estabelecer
seus padrões, aplicá-los às suas escolhas antes de agir, e agir nesse
sentido.
A forma como seus padrões são estabelecidos depende de sua
preferência . Se você prefere o pensamento, geralmente conhece a lei
de causa e efeito, embora não tenha aplicado esse princípio aos seus
próprios assuntos. Com esforço, você provavelmente pode adivinhar
por que certas coisas em sua vida não correram tão bem quanto você
queria, e provavelmente pode ver o que deveria ter feito diferente.
Você pode até prever em um grau útil as consequências de suas ações.
Se você prefere o sentimento, precisa fazer um exame consciente de
seus valores emocionais. Os padrões de julgamento sentimental são
valores pessoais, que são organizados na ordem de sua importância.
Ao considerar uma ação, pondere os valores que serão atendidos em
relação aos valores que serão prejudicados. Ao seguir o curso que
atende aos valores que mais importam para você a longo prazo, você
garantirá que a decisão continue a satisfazê-lo.
Claro, ninguém pode prescrever a hierarquia de valores de outra
pessoa. Ao escolher um trabalho, é mais importante para você
conforto ou liberdade? Você prefere ter segurança ou uma
possibilidade de desdobramento sem nenhuma garantia anexada?
Parece-lhe mais importante que as pessoas sejam bem alimentadas,
bem vestidas, bem educadas, curadas, entretidas ou estimuladas? E em
qual dessas tarefas você prefere colocar suas energias? Se for uma
questão de como você lida com as pessoas, você prefere ser apreciado
por seu charme ou ser considerado con ável por sua sinceridade? Se é
uma questão de usar os próximos dez minutos, é mais grati cante
começar algo novo ou terminar algo antigo? Todo problema levanta
suas próprias questões, e as questões mais relevantes para seus
problemas podem ser respondidas apenas por você.
C XVII: O 
  
diferenças básicas de tipo aparecem como diferenças de interesse,
A smas
a divisão é muito profunda e repousa sobre uma tendência
natural de se desenvolver em uma direção especí ca e um desejo
natural de objetivos especí cos. O desenvolvimento bem-sucedido na
direção natural produz não apenas e cácia, mas também satisfação
emocional e estabilidade, ao passo que a frustração do
desenvolvimento natural atinge tanto a habilidade quanto a felicidade.
Se a direção do desenvolvimento dependesse inteiramente do
ambiente, não haveria nada a ser frustrado, mas, de fato, um perigo
principal para um bom desenvolvimento de tipo é a pressão oposta do
ambiente.
Pressões do ambiente
Os melhores exemplos de desenvolvimento de tipo resultam quando
o ambiente imediato das crianças encoraja suas capacidades inatas. No
entanto, quando um ambiente totalmente con itante com suas
capacidades força as crianças a depender de funções ou atitudes nãonaturais, o resultado é uma falsi cação de tipo, que rouba suas vítimas
de seus verdadeiros eus e as transforma em cópias inferiores e
frustradas de outras pessoas. Quanto maiores as possibilidades
originais, maior a frustração e a tensão da insatisfação. Jung diz que
“como regra, sempre que tal falsi cação tipológica ocorre como
resultado de in uência externa, o indivíduo torna-se neurótico mais
tarde... muitas vezes provocando um estado agudo de exaustão”.35
Se, de fato, algumas pessoas nascem sem qualquer disposição interna
para ser um tipo ou outro, então as circunstâncias externas, pode-se
conjecturar, teriam carta branca para determinar quais (se houver)
atitudes e funções seriam desenvolvidas. A civilização ocidental
inclinou os homens para o pensamento, as mulheres para o
sentimento e ambos os sexos para a extroversão e a atitude de
julgamento. A pressão da própria circunstância externa parece ser em
direção à sensação. Assim, qualquer um que viesse ao mundo como
uma lousa limpa sem demora provavelmente seria marcado como 
ou  pelo lápis de ardósia coletivo, o que pode explicar por que
existem tantos s e s na população em geral.36
Contra essa visão, a teoria dos tipos argumentaria que a prontidão
para aceitar e impor a conformidade é parte essencial da disposição
interna dos s e  s. Assim, a prevalência desses tipos pode ser
uma causa, não um resultado, de algumas das pressões sociais mais
materialistas de nossos tempos.
Falta de fé no próprio tipo
Os tipos menos freqüentes consideram sua raridade um obstáculo ao
seu desenvolvimento. Na população em geral, pode haver três
extrovertidos para cada introvertido e três tipos sensitivos para cada
intuitivo. Embora a porcentagem de introvertidos e intuitivos seja
muito maior em grupos com formação universitária, fora desses
grupos, o introvertido com intuição é cerca de um em dezesseis
durante os anos formativos do ensino fundamental e médio (ver
Capítulo , Figuras 4 e 6). A menos que os introvertidos com intuição
sejam fortemente céticos em relação à suposição em massa de que uma
diferença é uma inferioridade, sua fé em seu tipo diminuirá. Eles não
con arão nem exercerão suas preferências, que, portanto, não serão
desenvolvidas o su ciente para serem bené cas. Essas pessoas são,
portanto, enganadas nos empreendimentos bem-sucedidos que lhes
dariam fé em seu tipo. Os introvertidos com sensação, embora em
menor número, estão sujeitos à mesma di culdade.
Falta de aceitação em casa
Se os pais entenderem e aceitarem o tipo de seus lhos, os lhos terão
um ponto de apoio e um lugar para serem eles mesmos. Mas se os
lhos suspeitarem que seus pais querem que eles sejam diferentes —
que sejam contra seu próprio tipo —, eles perdem a esperança.
Quando os pais têm um pouco de conhecimento explícito do tipo,
eles podem dar aos lhos introvertidos um novo sopro de vida. As
crianças não acharão uma tarefa assustadora aprender a ser
extrovertido quando necessário, se souberem que estão sempre livres
para serem introvertidas. Embora as crianças sejam muito mais
vulneráveis, mesmo os adultos podem ter sua fé em seu próprio tipo
abalada pela pessoa amada que não os compreende ou aceita.
Falta de oportunidade
Um obstáculo mais óbvio ao desenvolvimento é a simples falta de
oportunidade de exercer as funções ou atitudes mais favoráveis. Sem
saber, os pais freqüentemente recusam aos lhos as condições
necessárias para um bom desenvolvimento do tipo: os jovens
introvertidos que não têm paz ou privacidade, os extrovertidos
desligados das pessoas e da atividade, os intuitivos amarrados a
questões rotineiras factuais, as crianças sensitivas das quais se exige
que aprendam tudo por meio de palavras sem nada para ver ou
manusear, os jovens pensadores que nunca recebem uma razão ou
oportunidade para discussão, os tipos sentimentais em uma família
onde ninguém se importa com a harmonia, os tipos julgadores para
quem todas as decisões são proferidas por um pai excessivamente
decisivo, e os jovens perceptivos que nunca têm permissão para correr
e descobrir.
Falta de incentivo
A falta de incentivo muitas vezes restringe o desenvolvimento do
tipo. O crescimento é um processo de expansão, e as crianças não
expandem sua percepção ou seu julgamento até que tentem fazer algo
bem.
No momento em que as crianças começam a levar a sério a qualidade
de seu desempenho, elas tentam ver a situação ou o problema o mais
completamente possível. Ao fazer isso, as crianças ampliam seu melhor
processo perceptivo. Se esse processo for a sensação, elas se
concentram nos fatos e, se for intuição, elas se concentram em sondar
as possibilidades; de qualquer maneira, elas desenvolvem sua
percepção. Então, tendo visto o máximo possível, elas tentam escolher
a maneira mais sensata de agir, e esse esforço aperfeiçoa seu melhor
processo julgador. Se esse processo é o pensamento, elas trabalham
para prever os resultados lógicos de tudo o que podem fazer. Se for o
sentimento, elas pesam os valores pessoais envolvidos — os seus
próprios e os de outras pessoas. Em ambos os casos, elas desenvolvem
seu julgamento.
Nada disso acontece, porém, a menos que as crianças tenham boas
razões para querer fazer algo bem-feito, o que leva ao problema básico
da motivação.
C XVIII: M 
    

diferença, facilmente observável, entre as pessoas
H áqueumasãoimensa
felizes e e cientes e as que não são nenhuma das duas
coisas.
Grande parte dessa diferença pode ser atribuída à qualidade de seu
julgamento. Se o bom julgamento é a capacidade de escolher a melhor
alternativa e agir de acordo com ela, então o julgamento de pessoas
felizes e e cazes deve, em geral, ser razoavelmente bom e o julgamento
de pessoas ine cazes deve ser bastante ruim.
O bom julgamento é alcançado por um esforço ao longo da vida para
encontrar e fazer a coisa certa em qualquer situação que surja. Assim,
o fato de as crianças desenvolverem ou não o julgamento depende do
que elas fazem com seus problemas e insatisfações. Para as crianças
que se eximem de toda responsabilidade e não fazem nenhum esforço,
o desenvolvimento do tipo ca parado; mas para crianças que lidam
com problemas, o desenvolvimento do tipo progride.
As crianças que tentam superá-los tornam-se cada vez mais capazes
de enfrentar e resolver problemas e são conduzidas por essa habilidade
à maturidade competente. As crianças que rejeitam o desa o de mudar
estados insatisfatórios se encontrarão em situações cada vez piores à
medida que a vida se tornar mais complicada; as demandas e
responsabilidades aumentam, mas sua capacidade de lidar com
problemas não. Ao contrário da espiral ascendente para a maturidade,
que requer um esforço direcionado para além do impulso do
momento, é fácil entrar na espiral descendente, porque envolve fazer
apenas o que agrada ao indivíduo. Pessoas subdesenvolvidas preferem
fazer o que bem entendem em vez de fazer tal esforço, e todas as
crianças são subdesenvolvidas no início. Para que as crianças
comecem a espiral ascendente, elas devem ser motivadas a se esforçar.
O que as crianças precisam é da convicção de que a satisfação pode e
deve ser conquistada. Os pais que valorizam essa convicção podem
transmiti-la aos lhos, mas devem começar cedo e lembrar tanto o
“pode” quanto o “deve”.
Crianças mimadas não aprendem o deve. Elas conseguem o que
querem, independentemente do que merecem. Se os pais cedem aos
acessos de raiva, os lhos conseguem o que querem por não
merecerem. Elas não têm nenhuma experiência direta de causa e efeito
no mundo adulto, nem qualquer prática em julgar o valor de sua
conduta como o mundo a julgará. Elas nem são avisadas de que o
mundo as julgará.
Portanto, crianças mimadas são condicionadas a culpar uma causa
externa por todos os seus problemas. Se elas não são apreciadas ou não
se con a nelas, ou se tiram notas baixas, não lhes ocorre trabalhar para
serem mais agradáveis, con áveis ou estudiosas. Nada do que acontece
de ruim com elas é culpa delas. Não vendo razão para se esforçar a m
de se desenvolver, elas não se esforçam e não se desenvolvem.
No outro extremo estão as crianças que são pouco toleradas, pouco
amadas, reprimidas e desencorajadas; elas podem não aprender que a
satisfação pode ser conquistada. Se nada do que fazem é certo, obtém
êxitos ou aplausos, elas podem se esquivar de fazer o que quer que vá
além do mínimo possível.
Porque tanto as crianças mimadas quanto as crianças desanimadas
não têm o incentivo necessário para o desenvolvimento, sua percepção
e principalmente seu julgamento permanecem infantis. Anos depois,
chega a maturidade física sem maturidade psicológica. O que parecia
ser apenas a recusa de uma criança em tentar atender às exigências
relativamente simples do lar e da escola pode se tornar uma
incapacidade devastadoramente completa de atender às demandas e
responsabilidades da vida adulta.
É essencial para uma infância feliz, portanto, uma relação justa e
facilmente compreendida entre a conduta das crianças e o que
acontece com elas. Quando os jovens seguem regras simples (com uma
tolerância grande e misericordiosa para com acidentes, malentendidos e uma quantidade razoável de esquecimento), as
consequências devem ser a aprovação, a con ança e a atitude
perceptiva dos adultos. Como um bônus merecido, as crianças devem
ter a maior medida possível de liberdade para tomar suas próprias
decisões. Quando as crianças conscientemente fazem a coisa errada, as
consequências devem ser consistentemente desagradáveis. Sob tais
condições, elas aprendem a obedecer à palavra falada e à regra
conhecida com o mesmo espírito que obedecem à lei da gravidade, sob
uma penalidade igualmente branda, mas inevitável, e na mesma idade,
quinze meses ou menos.
Reconhecendo como um fato da vida que é mais lucrativo encontrar
e fazer a coisa certa do que a errada, as crianças são incentivadas a
discriminar entre a coisa certa e a errada em sua própria conduta e a
fazer a coisa certa, mesmo que seja menos agradável, menos atraente
ou menos interessante no momento. Este é o começo do julgamento.
Uma vez que as crianças iniciam a espiral ascendente de
desenvolvimento e crescimento, os efeitos são cumulativos. Quando se
comportam melhor, as crianças são cada vez mais aceitas por outras
pessoas, especialmente por suas próprias famílias, e podem receber
muito mais privilégios e oportunidades de desenvolvimento. Em geral,
tudo o que zerem prosperará. Quando não prospera, elas estudam o
que zeram de errado, porque a experiência ensinou que fazer algo
certo trará sucesso. Se depois de um exame honesto elas não
conseguem encontrar nada, elas são capazes de parar de se preocupar
porque sabem por experiência que tudo o que precisam fazer é o seu
melhor.
Uma satisfação que os jovens podem obter é uma emancipação mais
rápida e fácil da autoridade dos pais. Se os lhos assumem
continuamente responsabilidades, seus pais não têm medo de lhes dar
mais. Essas crianças estão prontas para crescer.
Os jovens na espiral descendente, no entanto, não assumem
nenhuma responsabilidade, e a perspectiva de ter que crescer é, pelo
menos inconscientemente, aterrorizante. Muitas neuroses adultas
podem dever-se mais a uma infância mimada do que a traumas. Um
sentimento de culpa ou incompetência é uma consequência lógica do
fracasso em se desenvolver. Em pessoas subdesenvolvidas que
poderiam e deveriam ter se desenvolvido, a falta de desenvolvimento
não pode ser explicada como algo devido a uma experiência passada
que “não é culpa delas”. Essas pessoas precisam fazer o processo de
desenvolvimento en m funcionar por conta própria. A culpa pode ser
uma parte útil desse mecanismo de poder se o sentimento os
convencer de que deveriam estar fazendo algo melhor. Ele as obriga a
fazer um esforço para descobrir o que devem fazer e as ajuda a fazê-lo.
Infelizmente, a resistência interna contra fazer esse esforço parece ser
proporcional à quantidade de esforço necessária. Tipos bem
desenvolvidos acham relativamente fácil atender ao sinal de alerta de
culpa ou apreensão e alterar seu comportamento porque sua
percepção e julgamento são treinados para esse propósito. As pessoas
com um grave dé cit de tipo, especialmente um dé cit de julgamento,
parecem construir uma imensa resistência não apenas contra fazer o
esforço, mas até mesmo contra admitir que o esforço deve ser feito.
Frases populares de autodefesa incluem o seguinte: “Não adianta
tentar, porque não posso fazer a coisa necessária”, que vai desde meros
sentimentos de inferioridade até sintomas físicos incapacitantes, como
cegueira histérica e paralisia reais. “Não vale a pena fazer a coisa
necessária”. Nessa situação, a educação pode ser rotulada como
besteira, as boas maneiras criticadas como afetação e qualquer
trabalhador desprezado como otário. “Fiz o que era necessário, mas fui
enganado quanto ao que mereço”. Aqui, a pessoa defensiva pode alegar
que o professor é parcial, as crianças correm em panelinhas, o técnico
não dá chance a ninguém, o chefe escolhe os favoritos, ou o sistema é
injusto.
As defesas podem bloquear o tratamento e caz de um problema
porque impedem o primeiro passo necessário, reconhecer que
provavelmente se está fazendo algo de errado. Se as defesas se
tornaram habituais, a pessoa desistiu de tentar e está comprometida
com a espiral descendente.
No entanto, as crianças podem ser convencidas desde o início de que
a satisfação pode e deve ser conquistada. Tanto o lar como a escola
devem proporcionar-lhes a experiência de fazer bem certas coisas,
para que, assim, obtenham a satisfação que desejam. Como os vários
tipos têm dons e necessidades diferentes, as coisas especí cas que
fazem bem e as satisfações que desejam não podem ser as mesmas
para todas as crianças. As escolas que aboliram os boletins para evitar
ferir os sentimentos dos alunos com notas baixas estão no caminho
errado. Para promover o desenvolvimento, as escolas não devem
desconsiderar a excelência, mas sim diversi car seu reconhecimento,
premiando também as excelências não-acadêmicas, preferencialmente
aquelas que não dependem da intuição.
A mãe de uma criança de seis anos chegou a uma conclusão
semelhante e agiu com um toque genial. Ela viu de forma realista que,
para que seu lho se sobressaísse em relação aos demais, ele precisaria
ter seu desenvolvimento começado do zero. Ela escolheu a
persistência. O lho não tinha interesse em persistir, mas gostava
muito de marshmallow. Para um “dia de nalizações boas”, sua
recompensa era de dois marshmallows; para um “dia de nalizações
muito boas”, ele ganhava três; e para conquistas especiais, quatro. A
princípio, é claro, sua mãe tinha que ser o seu julgamento, mas o
incentivo foi su ciente para focar sua atenção na diferença entre uma
boa nalização e uma nalização ruim. Por m, seu próprio
julgamento assumiu as rédeas da situação; tornou-se parte de tudo o
que ele fazia e lhe rendeu uma distinta reputação de con abilidade.
O desenvolvimento do tipo é promovido pela excelência em quase
tudo que as crianças podem, com esforço, fazer bem. Como Jung disse
uma vez, se elas plantaram um repolho corretamente, de algum modo
salvaram o mundo. A excelência não precisa ser competitiva, exceto
quando as crianças tentam superar seu próprio desempenho passado,
e a virtude não precisa ser sua própria recompensa. A satisfação
conquistada pelo esforço pode ser qualquer coisa que forneça o
incentivo mais forte para a criança, como, por exemplo, prazeres ou
posses adicionais para uma criança sensitiva, liberdades especiais ou
oportunidades para um intuitivo, nova dignidade ou autoridade para
um pensador e mais elogios ou companheirismo para um tipo
sentimental.
Cada vez que as crianças obtêm satisfação, elas avançam na espiral
ascendente do desenvolvimento. O esforço envolvido em fazer bem
alguma coisa exercita a percepção e o julgamento, e deixa as crianças
melhor equipadas para o próximo problema; cada satisfação
conquistada fortalece sua fé de que o esforço vale a pena. À medida
que as crianças crescem no mundo adulto não-indulgente, onde tudo
o que realmente satisfaz deve ser conquistado, elas estão preparadas
para merecer suas próprias satisfações.
C XIX: S  
     
este último capítulo muito depois de o restante deste livro ter
E screvi
sido escrito e deixado de lado. Esse intervalo me mostrou, cada vez
mais vividamente, a importância da contribuição que a compreensão
do tipo pode trazer para a vida das pessoas. Quer as pessoas ouçam
pela primeira vez sobre os dois tipos de percepção e os dois tipos de
julgamento quando crianças, alunos do ensino médio, ou já sendo pais
ou avós, um desenvolvimento mais acentuado de seu próprio tipo
pode ser uma aventura grati cante para o resto de suas vidas.
Dez anos atrás, eu estava menos con ante. Se este livro tivesse sido
publicado naquela época, teria terminado com o capítulo anterior e
poderia ter dado a impressão de que o desenvolvimento do tipo segue
um cronograma e deve ser alcançado em uma determinada idade ou
não. Não creio agora que isso seja verdade. O desenvolvimento de um
bom tipo pode ser alcançado em qualquer idade por qualquer pessoa
que se preocupe em entender seus próprios dons e o uso apropriado
desses dons.
Qualquer que seja o estágio que as pessoas tenham alcançado, uma
compreensão clara dos fundamentos do desenvolvimento de tipos as
ajudará a prosseguir a partir daí. Como foi dito ao longo deste livro,
quase tudo que as pessoas fazem com suas mentes é um ato de
percepção ou um ato de julgamento. Ter sucesso em qualquer coisa
requer percepção e julgamento, nessa ordem. Antes que as pessoas
possam decidir corretamente como lidar com uma situação, elas
devem descobrir qual é o problema e quais são as alternativas.
Descobrir é um exercício de percepção e decidir é um exercício de
julgamento. Para ter certeza de usar a percepção antes do julgamento,
as pessoas devem entender a diferença entre os dois e ser capazes de
dizer qual deles estão usando em um determinado momento. A última
habilidade pode ser adquirida pela prática em pequenas questões. Por
exemplo, quando as pessoas acordam à noite com o barulho da chuva
e pensam: “Ora, está chovendo muito”, isso é percepção. Se elas
pensarem: “É melhor veri car se está chovendo!”, isso é julgamento.
Dos dois diferentes tipos de percepção, a sensação é a percepção
direta das realidades por meio de visão, audição, tato, paladar e olfato.
A sensação é necessária para perscrutar ou mesmo observar, ainda que
casualmente, fatos concretos; é igualmente essencial aproveitar o
momento do nascer do sol, o barulho do surf na praia, a alegria da
velocidade e o bom funcionamento do corpo. A intuição é a percepção
indireta de coisas além do alcance dos sentidos, como signi cados,
relacionamentos e possibilidades. Ela traduz palavras em signi cado e
signi cado em palavras sempre que as pessoas lêem, escrevem, falam
ou ouvem; as pessoas usam a intuição quando convidam o
desconhecido para suas mentes conscientes ou esperam ansiosamente
por uma possibilidade, uma solução ou inspiração. A intuição
funciona melhor para ver como as situações podem ser resolvidas. Um
pensamento que começa com “Eu me pergunto se” é, provavelmente,
intuição. A declaração “Entendo!” é um lampejo de intuição, e o
pensamento “Aha!” indica que a intuição trouxe à mente algo
esclarecedor e delicioso.
Se as pessoas preferem a sensação, elas a usam mais e se tornam
especialistas em perceber e lembrar de todos os fatos observáveis. Por
causa de seu crescente fundo de experiência e conhecimento da
realidade, os tipos sensitivos tendem a se tornar realistas, práticos,
observadores, divertidos e bons em trabalhar com um grande número
de fatos.
As pessoas que preferem a intuição tendem a se tornar hábeis em ver
possibilidades. Elas aprendem que uma possibilidade surgirá se a
buscarem com con ança. Valorizando a imaginação e as inspirações,
os tipos intuitivos tornam-se bons em novas idéias, projetos e solução
de problemas.
Um tipo de julgamento, o pensamento, é lógico e intencionalmente
impessoal; não inclui toda atividade mental engenhosa, muito da qual,
de fato, é produto da intuição. O pensamento analisa em termos de
causa e efeito e distingue entre o verdadeiro e o falso. O outro tipo de
julgamento, o sentimento, é intencionalmente pessoal e baseado em
valores pessoais. Ele distingue entre valorizado e não-valorizado e
entre mais valorizado e menos valorizado, e resguarda tudo o que o
tipo sentimental mais valoriza. Embora o julgamento sentimental seja
pessoal, não é necessariamente egocêntrico e, na melhor das hipóteses,
leva em consideração os sentimentos dos outros, tanto quanto eles são
conhecidos ou podem ser inferidos. O sentimento não deve ser
confundido com emoções; na verdade, Jung o chama de função
racional.
Tipos pensadores tornam-se mais habilidosos em lidar com aquilo
que se comporta logicamente (como máquinas) sem reações humanas
imprevisíveis. Os próprios pensadores tendem a se tornar lógicos,
objetivos e consistentes; tendem a tomar decisões analisando e
ponderando os fatos, inclusive os desagradáveis.
Os tipos sentimentais, que desenvolvem habilidade para lidar com as
pessoas, tendem a ser simpáticos, apreciativos e diplomáticos; ao
tomar decisões, eles tendem a dar grande peso aos valores pessoais
relevantes, incluindo os de outras pessoas.
As quatro funções — sensação, intuição, pensamento e sentimento —
são dons com os quais todas as pessoas nascem. As funções estão à
disposição de todos, para serem desenvolvidas e usadas para lidar com
o presente e moldar o futuro.
O caminho individual para a excelência
Cabe a cada pessoa reconhecer suas verdadeiras preferências — entre
sensação e intuição, entre pensamento e sentimento, e assim por
diante. De acordo com a teoria dos tipos, as preferências são inatas,
mas, assim como os pais freqüentemente tentam transformar uma
criança canhota em destra, eles podem tentar transformar uma criança
sensitiva em intuitiva, ou uma criança pensadora em sentimental, para
se conformar à sua preferência inata. A menos que fortemente
resistida, tal pressão pode ser um sério obstáculo ao desenvolvimento
dos dons legítimos de uma pessoa. Os tipos de percepção e de
julgamento que as pessoas naturalmente preferem determinam a
direção na qual elas podem se desenvolver de forma mais completa e
e caz e com maior satisfação pessoal. Quando as pessoas usam suas
duas funções preferidas em um esforço proposital para fazer algo bemfeito, sua habilidade com essas funções aumenta. As pessoas podem
ser tentadas a fazer tudo apenas com essas duas, independentemente
de sua adequação ao propósito.
O reconhecimento de que um processo é mais apropriado do que
outro em uma determinada situação é um marco importante no
desenvolvimento do tipo. Sem esse reconhecimento, as pessoas não
têm razão consciente para se importar, ou mesmo perceber, qual
processo estão usando. Quando as pessoas percebem que a sensação
funciona melhor do que a intuição para coletar fatos, mas a intuição é
melhor para ver possibilidades, ou que o pensamento é mais adequado
para organizar o trabalho, mas o sentimento é melhor nas relações
humanas, elas têm a chave para um uso mais e caz de todos os seus
dons, cada um em seu próprio campo.
O desenvolvimento completo do tipo envolve tornar-se habilidoso
com o processo dominante, que na verdade comanda as outras três
funções e estabelece os principais objetivos da vida. O
desenvolvimento do tipo também depende do uso habilidoso do
processo auxiliar, que é vital para o equilíbrio, pois fornece julgamento
se o dominante for perceptivo, ou percepção se o dominante for
julgador. Finalmente, o completo desenvolvimento de tipos requer
aprender a usar apropriadamente as duas funções menos favorecidas e
menos desenvolvidas.
As funções menos desenvolvidas são sempre um problema. Ao
manejá-las, é útil pensar em sensação, intuição, pensamento e
sentimento como quatro pessoas vivendo sob o mesmo teto. O
processo dominante é o chefe da família e o auxiliar é o segundo no
comando. Esses dois complementam um ao outro e nenhum invade o
domínio do outro; mas na maioria das situações, as duas funções
menos desenvolvidas têm uma visão diferente, baseada no tipo oposto
de percepção, e um plano de ação diferente, vindo do tipo oposto de
julgamento.
Lidar com os dissidentes negando-lhes qualquer voz não elimina o
problema, mas apenas aprisiona as funções da mente, como escravas
em uma masmorra; se forem reprimidas a esse ponto, cedo ou tarde
irromperão e voltarão à consciência em violenta revolta. Por terem
sido necessariamente negligenciadas enquanto as funções preferidas
eram desenvolvidas, elas são imaturas e não se pode esperar que
ofereçam uma sabedoria profunda.
Uma pessoa pode, no entanto, aceitá-las proveitosamente como
membros mais jovens da família, que têm o direito de falar nos
conselhos de família antes que as decisões sejam tomadas. Se
receberem designações que usem seus respectivos dons e se sua ajuda
for apreciada e suas contribuições forem seriamente consideradas, eles,
como crianças, carão cada vez mais sábios e a qualidade de suas
contribuições melhorará continuamente.
Uso da percepção
A precisão de uma decisão — um julgamento — não pode ser melhor
do que a precisão da informação em que ela se baseia. Há um tempo
para perceber e um tempo para julgar, e eles ocorrem nessa ordem. Na
verdade, as decisões mais sensatas são baseadas tanto na sensação
quanto na intuição.
Cada tipo de percepção tem seus usos apropriados e indispensáveis.
A maior utilidade da sensação em questões práticas reside em sua
consciência da situação real existente e em sua compreensão dos fatos
relevantes. O respeito pelos fatos é o aspecto da sensação mais
importante para ser cultivado pelos intuitivos e pelos tipos sensitivos.
Embora tendam naturalmente a se interessar mais pelas possibilidades
do que pelas realidades, os intuitivos podem cometer um erro grave ao
levar sua tendência ao ponto de negligenciar os fatos e as limitações
que eles impõem. A falha em aceitar e lidar com as realidades de uma
situação pode tornar as possibilidades intuitivas impossíveis.
Qualquer uma das funções perceptivas pode ser autodestrutiva se se
tornar absoluta, cortando toda a ajuda de que precisa do seu oposto.
Os intuitivos podem impedir a ajuda da sensação assumindo que não
há fatos a serem conhecidos sobre o ponto em questão, ou que já
conhecem todos os fatos, ou que os fatos que não conhecem não são
importantes.
Da mesma forma, se os tipos sensitivos assumem que o que já viram
é tudo o que há para ver, eles fecham completamente sua intuição de
forma que ela não pode contribuir com seus pensamentos conscientes.
As pessoas que habitualmente fazem essa suposição não gostam do
súbito e inesperado porque sua segurança reside em saber por
experiência o que fazer. Quando algo fora de sua experiência ameaça
acontecer, elas podem apenas desistir e deixar acontecer ou então lutar
cegamente. Nenhuma das formas de enfrentar a ameaça é produtiva e
ambas são estressantes. É muito melhor convidar a intuição para
ajudar a resolver o problema.
Uso do julgamento
Uma habilidade essencial a adquirir é a capacidade de direcionar o
julgamento onde for necessário. Algumas pessoas não gostam da
própria idéia de “julgar”, porque acham que isso é autoritário,
restritivo e arbitrário. Este conceito de julgamento — uma coisa que as
pessoas usam umas sobre as outras — perde o cerne da questão. O
julgamento deve ser usado sobre as próprias preocupações, para uma
melhor gestão de seus dons, responsabilidades e vida.
Alguns usos do julgamento envolvem apenas o indivíduo, como a
formação de padrões pessoais de conduta ou a escolha de objetivos.
Este último abrange uma ampla gama, porque as grandes satisfações
variam muito de tipo para tipo. Um  escreveu certa vez: “Para o
meu tipo, a busca pela verdade é a coisa mais importante. Até me
surpreendi com quão disposto estou a sacri car o conforto e a
felicidade pessoal para chegar ao entendimento”. Para os  s, a maior
satisfação pode ser a con ança e o respeito de sua comunidade por
seus longos registros de serviço público e integridade infalíveis. Para
 s, atentos às possibilidades para as pessoas, a maior satisfação
pode estar em comunicar um entendimento que possa ajudá-las. Para
os tipos , provavelmente a maior satisfação está no
companheirismo e nas relações pessoais.
A maioria das decisões, no entanto, envolve uma situação presente
que requer lógica (pensamento) ou tato (sentimento). As pessoas
naturalmente tendem a basear as decisões no tipo de julgamento
preferido, sem considerar sua adequação. Isto é um erro. Se os méritos
de cada tipo de julgamento forem compreendidos, os pensadores
podem usar o sentimento para obter cooperação, e os tipos
sentimentais podem usar o pensamento para examinar
cuidadosamente as consequências.
Se o pensamento for o mais con ável, ele resistirá a ser desligado,
mesmo temporariamente, para dar prioridade ao sentimento. A
resistência pode ser superada se car claro que o sentimento está
contribuindo apenas a serviço do pensamento. A lógica do pensador é
baseada em fatos, e os sentimentos são fatos. Como os sentimentos de
outras pessoas causam complicações inesperadas, os pensadores
precisam contar seus próprios sentimentos entre as causas importantes
e os sentimentos de outras pessoas entre os efeitos importantes.
Sempre que outras pessoas estiverem envolvidas, a lógica de um
pensador será mais precisa e bem-sucedida se receber ajuda do
sentimento.
Da mesma forma, se o sentimento é o tipo de julgamento mais
con ável, ele resistirá a desa os aos seus valores vindos do
pensamento, mas um desligamento temporário pode ser tolerado com
base no entendimento de que o pensamento está sendo consultado
apenas a serviço do sentimento. Valores sentimentais acalentados
podem ser melhor atendidos se for dada ao pensamento uma chance
de antecipar possíveis consequências infelizes de um ato pretendido.
Solucionando problemas em um grupo
Em uma atividade grupal que inclui vários tipos, é fácil ver qual a
contribuição de cada processo para o empreendimento conjunto. Por
exemplo, os tipos sensitivos provavelmente têm informações precisas
sobre a situação e se lembram de fatos que outros podem ter esquecido
ou negligenciado, enquanto os intuitivos têm várias maneiras de
contornar quaisquer di culdades e freqüentemente propõem novos
procedimentos. Tipos pensadores tendem a ser céticos por princípio e
rápidos em desa ar suposições infundadas, prever o que pode dar
errado, apontar falhas e inconsistências no plano e trazer as pessoas de
volta ao ponto em que se desviaram. Os tipos sentimentais
preocupam-se com a harmonia; quando surgem diferenças agudas de
opinião, eles buscam um compromisso que preserve para cada tipo
(incluindo o seu próprio) as características de maior valor para aquele
tipo.
Se o grupo for composto por tipos muito diferentes, será mais difícil
chegar a um acordo do que se o grupo fosse homogêneo, mas a
decisão terá uma base muito mais ampla e cuidadosamente
considerada e, portanto, correrá menos risco de dar errado por algum
motivo imprevisto.
Usando problemas para desenvolver
habilidades
A habilidade de usar percepção e julgamento apropriadamente é uma
habilidade que pode ser adquirida pela prática, e a vida fornece muito
para praticar. Diante de um problema a resolver, de uma decisão a
tomar ou de uma situação a enfrentar, procure exercer uma função de
cada vez, de forma consciente e proposital, cada uma em seu campo,
sem interferência de outras funções, e na seguinte ordem:
• Sensação para enfrentar os fatos, ser realista, descobrir exatamente
qual é a situação e o que está sendo feito a respeito. A sensação pode
ajudá-lo a evitar desejos ou sentimentos que obscureçam as realidades.
Para ativar seu processo de detecção, considere como a situação
pareceria para um observador sábio e imparcial.
• Intuição para descobrir todas as possibilidades — todas as maneiras
pelas quais você pode mudar a situação, sua abordagem ou as atitudes
de outras pessoas. Tente deixar de lado a suposição natural de que
você está fazendo o que é obviamente certo.
• Pensamento para analisar de forma impessoal causa e efeito,
incluindo todas as conseqüências das soluções alternativas, agradáveis
e desagradáveis, as que pesam a favor e as que pesam contra a sua
solução preferida. Considere os custos totais envolvidos e examine as
dúvidas que você pode ter reprimido por causa da lealdade a alguém,
por gostar de algo ou por relutância em mudar sua posição.
• Sentimento para pesar o quanto você se preocupa com as coisas que
serão ganhas ou perdidas por cada uma das alternativas. Ao fazer uma
nova avaliação, tente não deixar que o temporário supere o
permanente, por mais agradável ou desagradável que seja a perspectiva
imediata. Considere também os sentimentos de outras pessoas,
razoáveis e irracionais, sobre os vários resultados, e inclua seus
sentimentos e os deles entre os fatos a serem considerados ao decidir
qual solução funcionará melhor.
A decisão nal terá fundamento mais sólido do que o habitual, por
causa de sua consideração de fatos, possibilidades, conseqüências e
valores humanos.
Algumas etapas deste exercício são mais fáceis do que outras. Aquelas
que usam suas melhores funções são divertidas. As outras podem ser
difíceis no início, porque exigem pontos fortes de tipos muito
diferentes do seu, e esses são pontos fortes nos quais você tem
relativamente pouca prática. Quando o problema é importante, você
pode querer consultar alguém para quem esses pontos fortes vêm
naturalmente, porque ele ou ela pode ter uma visão totalmente
diferente da situação e pode ajudá-lo a entender e usar o seu lado
oposto negligenciado.
Aprender a usar suas funções menos apreciadas quando elas são
necessárias vale todo o esforço necessário. Elas não apenas contribuem
para uma melhor solução do problema atual, mas também preparam
você para lidar com problemas subseqüentes com mais habilidade.
Usando tipo na escolha de carreira
Saber que tipos de percepção e julgamento as pessoas preferem pode
ajudá-las a escolher uma carreira. Claro, as pessoas querem um
trabalho interessante e agradável, então elas querem uma carreira que
exija seus melhores tipos de percepção e julgamento, mas pouco uso
das funções opostas.
Uma boa maneira de começar a busca por uma carreira é olhar para
as ocupações que mais atraem as pessoas cuja percepção e julgamento
mais apreciados são os mesmos que os seus (ver o Capítulo ). Não
descarte outros campos; se você se sentir atraído por um campo
impopular para o seu tipo, poderá se mostrar valioso como fornecedor
de habilidades complementares e defensor das mudanças que precisam
ser feitas. Tenha em mente, no entanto, que se a maioria das pessoas
nessa ocupação for oposta a você tanto no processo de percepção
quanto no de julgamento, é improvável que elas lhe dêem muito apoio;
você precisará entender seus tipos e se comunicar cuidadosamente
quando precisar de sua cooperação.
Mundos exteriores e interiores
Tendo encontrado um campo de interesse onde você pode usar suas
melhores habilidades, considere se prefere trabalhar no mundo
exterior de pessoas e coisas ou no mundo interior de conceitos e
idéias. Embora você viva em ambos os mundos, certamente você se
sentirá mais em casa em um dos mundos e, lá, poderá fazer o seu
melhor trabalho.
Se você é extrovertido, descubra se o trabalho que está considerando
tem ação ou interação su ciente com as pessoas para mantê-lo
interessado. Se você é introvertido, considere se o trabalho lhe dará
chance su ciente de se concentrar no que está fazendo.
Funções de julgamento e percepção no mundo exterior
Sua preferência entre julgamento e percepção determina a última
letra do seu tipo. As pessoas  con am principalmente no julgamento
para lidar com pessoas e situações. Querendo regular e controlar a
vida, elas vivem de forma planejada e ordenada. Pessoas , tendendo a
con ar em um processo perceptivo, vivem de forma exível e
espontânea, e querem entender a vida e se adaptar a ela.
Se você é do tipo julgador, descubra se o trabalho que está
considerando é razoavelmente previsível e organizado ou se precisa ser
levado no improviso de tempos em tempos. Se você for do tipo
perceptivo, descubra aproximadamente quantas decisões se espera que
você tome em um dia.
Usando tipo em relações humanas
Duas pessoas que preferem os mesmos tipos de percepção e
julgamento têm mais chances de se entenderem e se sentirem
compreendidas. Eles olham para as coisas da mesma maneira e
chegam a conclusões semelhantes. Eles acham as mesmas coisas
interessantes e consideram as mesmas coisas importantes. Duas
pessoas, iguais em seu tipo de percepção ou em seu tipo de
julgamento, mas não em ambos, têm os ingredientes para um bom
relacionamento de trabalho. Sua preferência compartilhada dá a elas
um terreno comum e sua preferência diferente dá a elas, como equipe,
uma gama mais ampla de conhecimentos do que qualquer uma delas
sozinha.
Quando os colegas de trabalho divergem tanto na percepção quanto
no julgamento, eles têm um problema. Trabalhar juntos ensinará a eles
algo valioso se eles se respeitarem, mas pode ser desastroso se não o
zerem. Como equipe, eles têm à sua disposição habilidades em
ambos os tipos de percepção e em ambos os tipos de julgamento. Eles
precisam se entender bem o su ciente para ver o mérito das
habilidades do outro e usá-los.
Se marido e mulher diferem dessa maneira, eles podem ter um
casamento excelente, mas apenas se cada um apreciar e se deleitar com
os pontos fortes do outro. Como o casamento é provavelmente o mais
humano de todos os relacionamentos humanos, ele tem todo um
capítulo próprio (veja o Capítulo ).
Qualquer relacionamento sofrerá se a oposição em uma preferência
for tratada como uma inferioridade. A relação pais- lhos sofre
severamente se os pais tentarem transformar seus lhos em cópias de
si mesmos. As crianças têm di culdade em lidar com o desejo dos pais
de serem algo que de nitivamente não são. Crianças que são tipos
sentimentais podem tentar falsi car seu tipo e jovens pensadores
podem resistir com hostilidade, mas nenhuma reação pode reparar o
dano à sua fé em si mesmos. Depois de fazer o Indicador de Tipo,
muitos adultos com infâncias assim acabaram dizendo: “Que alívio
saber que está tudo bem em ser o tipo de pessoa que sou!”.
Usando o tipo na comunicação
Pessoas com preferências opostas crescem lado a lado praticamente
sem nenhuma idéia de como se comunicar efetivamente umas com as
outras. Os pensadores se comunicam de maneira pensante e os tipos
sentimentais de maneira sentimental; isso funciona quando eles se
comunicam com seu próprio tipo. No entanto, quando precisam de
acordo ou cooperação de seus opostos, não funciona bem.
Os pensadores são, por natureza, impessoais e críticos a tudo o que
consideram errado. Eles chegam pela lógica a opiniões de nidas sobre
o que deve ser feito de maneira diferente e não prestam muita atenção
aos sentimentos, próprios ou de outras pessoas. Quando discordam
dos tipos sentimentais, os pensadores podem expressar sua
discordância de forma tão contundente e direta que os tipos
sentimentais se sentem atacados; isso torna impossível o acordo ou a
cooperação.
A comunicação com os tipos sentimentais deve fazer uso de seus
sentimentos. Eles valorizam a harmonia e, se tiverem uma chance,
preferem concordar a discordar. Quando os pensadores precisam
criticar uma proposta ou discordar do que foi feito, devem começar
mencionando os pontos em que concordam. Quando assegurados de
que os pensadores estão no mesmo campo que eles, os tipos
sentimentais estão prontos para fazer concessões para preservar a
harmonia e permanecer no mesmo campo. Então, os pontos de
desacordo podem ser discutidos, em vez de disputados, e a lógica dos
pensadores e a compreensão dos tipos sentimentais sobre as pessoas
podem ser usadas para lidar com o problema.
A comunicação com um pensador deve ser tão lógica e ordenada
quanto possível para o tipo sentimental. Os tipos sentimentais devem
ter cuidado para não ignorar fatos e razões que os pensadores já
deram.
Embora os tipos sentimentais falem a partir de uma forte crença no
valor do que defendem, eles devem respeitar a estimativa dos
pensadores sobre os custos das conseqüências.
Se você é do tipo sentimental, lembre-se de que os pensadores
dependem da razão entre causa e efeito, mas geralmente não sabem
como as outras pessoas se sentem a respeito das coisas até que elas lhes
digam. Portanto, deixe-os saber, breve e alegremente, como você se
sente sobre as coisas, para que possam incluir seus sentimentos entre
as causas das quais podem esperar efeitos.
A comunicação entre os tipos sensitivos e intuitivos geralmente é
interrompida antes de começar. Se você é intuitivo, precisa observar as
seguintes regras: primeiro, diga explicitamente, no início, sobre o que
você está falando. (Caso contrário, você está exigindo que seus
ouvintes sensitivos mantenham o que você diz em mente até que
possam descobrir a que você está se referindo, o que eles raramente
acham que vale a pena fazer). Em segundo lugar, termine suas frases;
você sabe qual é o resto da frase, mas seus ouvintes não. Em terceiro
lugar, avise ao mudar de assunto. E, por último, não alterne entre os
assuntos. Seus ouvintes não podem ver os parênteses. Termine um
ponto e mova-se explicitamente para o próximo.
Se você é do tipo sensitivo, as palavras do intuitivo podem parecer
ignorar ou mesmo contradizer fatos que você sabe serem verdadeiros,
mas não ignore o que foi dito nem o descarte como bobagem. Elas
podem conter uma idéia que pode ser útil e seus fatos devem ser úteis
para o autor da idéia. O curso construtivo é expor seus fatos como
uma contribuição para o assunto, não como uma refutação da idéia. O
progresso em quase qualquer direção precisa de contribuições de
ambos os lados, fatos do tipo sensitivo e idéias desconhecidas do
intuitivo.
Os compromissos mais exitosos preservam as vantagens que cada
tipo considera mais importantes. Muitas vezes, as pessoas se esforçam
ao máximo por um esquema como um todo, quando o que realmente
importa é um mérito particular que poderia ser incorporado a outro
plano. Os tipos sensitivos querem que a solução seja viável, os
pensadores querem que seja sistemática, os sentimentais querem que
seja humanamente agradável, e os intuitivos querem uma porta aberta
para o crescimento e a melhoria. Todos esses são desejos razoáveis.
Com compreensão e boa vontade, eles devem ser alcançáveis.
Quando as pessoas diferem, o conhecimento do tipo diminui o atrito
e alivia a tensão. Além disso, revela o valor das diferenças. Ninguém
precisa ser bom em tudo. Ao desenvolver as forças individuais,
protegendo-se das fraquezas conhecidas e valorizando as forças dos
outros tipos, a vida se torna mais divertida, mais interessante e mais
uma aventura diária do que poderia ser se todos fossem iguais.
Olhando para o futuro
Há mais de cinqüenta anos vejo o mundo do ponto de vista do tipo e
considero a experiência sempre grati cante. Uma compreensão do
tipo pode ser grati cante também para a sociedade. Não é demais
esperar que uma compreensão mais ampla e profunda dos dons da
diversidade possa em algum momento reduzir o mau uso e o não-uso
desses dons. Poderia diminuir o desperdício de potencial, a perda de
oportunidade e o número de desistentes e delinqüentes. Inclusive,
pode ajudar na prevenção de doenças mentais.
Quaisquer que sejam as circunstâncias de sua vida, quaisquer que
sejam seus laços pessoais, trabalho e responsabilidades, a compreensão
do tipo pode tornar suas percepções mais claras, seus julgamentos
mais sólidos e sua vida mais próxima do que deseja o seu coração.
Assim como num só corpo temos muitos membros, e nem todos os
membros desempenham a mesma função, assim, ainda que muitos,
somos um só corpo em Cristo, e todos, membros uns dos outros.
Temos dons diferentes, segundo a graça que nos foi dada; quem tem
o dom da profecia, use-o segundo a regra da fé; quem tem o
ministério, exerça o ministério; quem tem o dom de ensinar, ensine;
quem tem o de exortar, exorte [...]. (Rm 12, 4−8)
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McKelvey Briggs nasceu em 18 de outubro de 1897, em
I sabel
Washington, . Seu pai era Lyman J. Briggs, um renomado físico
que, durante doze anos, dirigiu o National Bureau of Standards. Sua
mãe, Katharine Cook Briggs, era uma mulher que, em muitos
aspectos, estava à frente de seu tempo: ela se formou com honras na
Michigan State University; educou a lha, Isabel, em casa; e trabalhou
arduamente como escritora, publicando contos, editoriais e artigos
sobre educação. Uma de suas histórias, intitulada Father’s Library,
antecipou em quase duas décadas o ensaio feminista de Virginia
Woolf, A Room of One’s Own.
Incentivada por seu interesse em aprender a construir os personagens
da cção que queria escrever, Katharine Briggs embarcou em um
projeto de leitura de autobiogra as e desenvolveu sua própria tipologia
com base nos padrões que encontrou. Ela acabou identi cando vários
tipos, que ela rotulou de “meditativo”, “espontâneo”, “executivo” e
“sociável” — mais tarde identi cado no Myers-Briggs Type Indicator
(o  ou o Indicador) como os  s, os  s, os s e os  s. Em
1923, Tipos psicológicos de Carl Gustav Jung apareceu traduzido para
o inglês. Ao descobri-lo, Katharine Briggs teria dito a Isabel: “É isso!”,
abandonando sua própria tipologia pela de Jung. A partir de então,
mãe e lha tornaram-se ávidas observadoras dos tipos.
Nas duas décadas seguintes, Briggs uma vez encontrou e
ocasionalmente se correspondeu com Jung, que a encorajou em seu
trabalho.
Isabel leu muito durante toda a sua vida. Ela adorava escrever e
começou sua própria carreira como escritora aos 14 anos, com “A
Little Girl’s Letter”, publicada no Ladies Home Journal. Ela publicou
várias histórias e poemas na década seguinte. Isabel entrou no
Swarthmore College em 1915 e formou-se com as mais altas honras
quatro anos depois. Foi aqui que ela conheceu e se casou com Clarence
G. Myers (conhecido como Chief).
Em agosto de 1928, Isabel Myers leu um anúncio na revista New
McClure de que eles e a Frederick A. Stokes Company estavam
patrocinando em conjunto um concurso para o melhor romance
policial de mistério. Sem se deixar abater por ter que cuidar de duas
crianças pequenas e contar com um prazo aparentemente impossível,
de 31 de dezembro, ela decidiu entrar no concurso — e venceu! A
publicidade nacional que se seguiu ao lançamento de Murder Yet to
Come identi cou Isabel Briggs Myers como uma jovem escritora
promissora. Antes do nal do ano, o livro era um best-seller e estava
em sua sétima edição. Depois de um segundo romance de mistério e
uma breve excursão ao teatro, ela deixou de escrever para dedicar os
oito anos seguintes à criação de seus lhos.
O início da Segunda Guerra Mundial deixou claro para Isabel Myers,
de forma dramática, até que ponto as diferenças humanas podem
causar mal-entendidos — até mesmo a ponto de ameaçar toda uma
civilização. Ela queria encontrar uma maneira de as pessoas se
entenderem, em vez de se destruírem. Ela também cou
particularmente interessada em encontrar uma maneira de ajudar as
pessoas, especialmente as mulheres, a se encaixar nos novos empregos
criados pelo esforço de guerra e naqueles deixados por homens que se
encontravam a serviço das forças armadas. Em 1942, Myers leu sobre
um novo “instrumento de classi cação de pessoas”, a Escala HummWadsworth, que foi desenvolvida para ajudar na adaptação dos
trabalhadores aos seus empregos. Por experiência própria, acreditava
que a compreensão e a valorização das diferenças individuais que
decorrem naturalmente da teoria de Jung seriam uma ajuda valiosa
para a autocompreensão e, também, para a compreensão dos outros.
Mais uma vez, ela decidiu fazer o impossível — desenvolver seu
próprio instrumento.
Com o pai, Isabel Myers aprendera que uma das coisas mais
emocionantes da vida é descobrir algo que ainda não se sabe ou fazer
algo que ainda não foi feito. E com a educação não-convencional que
recebeu de sua mãe, ela aprendeu que não é preciso treinamento
formal para atingir uma meta — quando necessário, sempre há livros e
recursos à mão. Assim, ela começou a trabalhar seriamente para
expandir as idéias junguianas de tipo que sua mãe discretamente vinha
estudando havia duas décadas.
Pelo resto de sua vida, Myers trabalhou no desenvolvimento de várias
formas de seu inventário de personalidade. A Forma  do MyersBriggs Type Indicator apareceu em 1943, e a Forma  apareceu em
1944. Introvertida, Myers trabalhou em grande parte sozinha, pegando
cada uma das proposições de Jung e encontrando maneiras em sua
própria experiência para usá-las e ampliá-las. Ela não trabalhou
inteiramente sozinha, no entanto. Ela se tornou aprendiz de Edward
N. Hay, diretor de pessoal de um grande banco da Filadél a, que lhe
ensinou o que ela precisava saber sobre construção e validação de
testes. Ela então começou a coletar dados para seus próprios estudos
de validação, persuadindo diretores de escolas no leste da Pensilvânia
a permitir que ela aplicasse seus testes a milhares de alunos.
Um marco importante no desenvolvimento do inventário de
personalidade  ocorreu quando ela convenceu (com a ajuda de
seu pai) o reitor da George Washington School of Medicine a permitir
que ela testasse os calouros de sua escola. Este foi o início de uma
amostra que acabou por incluir 5.355 estudantes de medicina, um dos
maiores estudos longitudinais em medicina. Ela também coletou, por
conta própria, uma amostra de 10 mil estudantes de enfermagem de
71 escolas diferentes nas quais seu teste foi aplicado.
Em 1956, Henry Chauncey, presidente do Educational Testing
Service (), soube do trabalho de Myers por meio de Harold C.
Wiggers, reitor de uma das escolas de medicina que participou de seus
estudos. Chauncey pediu a David Saunders, um psicólogo de sua
equipe, que buscasse mais informações sobre o instrumento. Saunders
convidou Myers para apresentar um seminário para a divisão de
pesquisa da . Depois de ouvir sua discussão sobre o
desenvolvimento e aplicação do Indicador até aquele ponto
(Formulário ), Saunders cou profundamente impressionado:
Claramente, aqui estava o auto-relatório mais cuidadosamente
elaborado da história da psicologia, e ainda mais notável por ter sido
elaborado por pessoas sem treinamento formal em psicologia. Todo
esse episódio certamente cará marcado como uma das experiências
mais emocionantes da minha vida pro ssional.
Seu entusiasmo nunca diminuiu. Re etindo sobre os anos que passou
trabalhando com Myers, Saunders comentou: “Isabel Myers tinha uma
excelente percepção intuitiva do que precisava ser feito
estatisticamente... Ela estava fazendo coisas muito além do estado da
arte. De fato, algumas dessas coisas ainda estão além do estado da
arte”.
Na primavera de 1957, a  concordou em publicar o Myers-Briggs
Type Indicator. No outono, Myers havia desenvolvido o Formulário ,
que continha 300 itens sobre os quais ela queria dados, e o 
começou a testar o formulário em escolas na região da Filadél a. Um
ano depois, foi desenvolvido o Formulário , que continha 166 dos
melhores itens e seria o padrão pelos próximos 20 anos. Ele continua
em voga.
Em 1975, a , Inc. tornou-se a editora do inventário de
personalidade  e, pela primeira vez, ele tornou-se amplamente
disponível para as comunidades de aconselhamento e psicologia
clínica. É agora o instrumento de personalidade mais amplamente
utilizado na história. Foi aqui que John D. Black, o fundador da
empresa, encorajou Myers a escrever Os 16 tipos de personalidade e
seus dons especí cos, que explica a teoria por trás do inventário de
personalidade  e se tornaria o resumo e o comentário nal sobre
o trabalho de sua vida. Seu prefácio original para o livro, reimpresso
aqui em sua totalidade, expressa seu sonho lindamente simples para a
humanidade — ajudar as pessoas a fazer o melhor uso de seus
diferentes dons.
Este livro foi escrito a partir da crença de que muitos problemas
podem ser mais e cazmente resolvidos se abordados à luz da teoria
dos tipos psicológicos de C. G. Jung. A primeira tradução para o
inglês de seu livro Tipos psicológicos foi publicada pela Harcourt
Brace, em 1923. Minha mãe, Katharine C. Briggs, o introduziu em
nossa família e o tornou parte de nossas vidas. Nós esperamos por
muito tempo por alguém que pudesse desenvolver um instrumento
que re etisse não apenas a preferência de uma pessoa por extroversão
ou introversão, mas também o seu tipo preferido de percepção e
julgamento. No verão de 1942, decidimos fazê-lo nós mesmas. Desde
então, o Myers-Briggs Type Indicator forneceu uma ampla gama de
informações sobre os aspectos práticos do tipo.
As implicações da teoria, no entanto, vão além das estatísticas e só
podem ser expressas em termos humanos. Os 16 tipos de
personalidade e seus dons especí cos apresenta um relato informal
do tipo e suas conseqüências, conforme apareceram para nós ao
longo dos anos. Neste material, espero que pais, professores,
estudantes, conselheiros, clínicos, clérigos — e todos os outros que
estão preocupados com a realização do potencial humano — possam
encontrar uma justi cativa para muitas das diferenças de
personalidade com as quais se deparam em seu trabalho ou com que
precisam lidar em suas vidas particulares.
Foram necessárias três gerações para fazer este livro: o profundo
insight da intuição introvertida de minha mãe () sobre o
signi cado do tipo; minha própria convicção introvertidasentimental () sobre a importância das aplicações práticas do
tipo; e a inestimável combinação de visão extrovertida, impulso
intuitivo, dom de expressão e senso de prioridades do meu lho Peter
() — sem a qual essas páginas poderiam nunca ter sido
concluídas.
Apesar de uma longa e árdua batalha contra o câncer, Isabel Myers
conseguiu concluir seu livro pouco antes de morrer. Os 16 tipos de
personalidade e seus dons especí cos foi publicado postumamente,
apenas alguns meses após sua morte. Continua sendo um tributo à sua
vida dedicada a apreciar a beleza, a força e as in nitas possibilidades
da personalidade humana em todas as suas fascinantes variedades.
, Frances W. Katharine and Isabel: mother’s light,
daughter’s journey. Mountain View,  : , Inc., 1991.
“An Appreciation of Isabel Briggs Myers”.  News, v. 2, n. 4, p. 1–
7, jul. 1980.
T  T 
N  R
1 Carl Gustav Jung, 1923, p. 513.
2 Carl Gustav Jung, 1923, p. 513.
3 Carl Gustav Jung, 1923, p. 515.
4 Carl Gustav Jung, 1923, p. 515.
5 Carl Gustav Jung, 1923, p. 515.
6 Van der Hoop (que inclui os efeitos do auxiliar em suas descrições dos tipos) levanta este
ponto explicitamente: “O processo subsidiário freqüentemente tende a controlar a adaptação na
direção para a qual o processo dominante não está orientado. Por exemplo, um introvertido do
tipo pensador empregará seu instinto [sensação] ou sua intuição particularmente para ns de
ajuste externo. Ou um intuitivo extrovertido buscará contato com o mundo interior por meio
do pensamento ou do sentimento” (hoop, 1939, p. 93).
7 Carl Gustav Jung, 1923, p. 489.
8 Carl Gustav Jung, 1923, p. 426. As traduções revisadas dessas passagens citadas podem ser
encontradas na Bolligen Series xx, v. 6 (jung, 1971, pp. 405, 406, 387 e 340).
9 “Sensorial” também tem conotações distrativas que foram evitadas pelo uso da forma mais
curta “sensação”, e “processo” foi usado em vez de “função”, de modo que os processos mentais
de percepção e julgamento podem ser discutidos em qualquer nível sem a distração de um
termo menos familiar.
10 Consultar os Capítulos iv–vii, Figuras 24–27.
11 O Formulário D2 foi suplantado pelos Formulários g e f; ver Myers (1962).
12 Em um estudo inicial e inédito de Isabel Briggs Myers, o Indicador de Tipo foi dado a
alunos do sexo masculino do décimo primeiro e do décimo segundo anos de um colégio que
atende toda a cidade de Stamford, Connecticut. Os introvertidos representavam 28,1% dos 217
alunos do décimo primeiro ano e 25,8% dos 182 do décimo segundo ano.
13 Daí a importância de uma disciplina rme e justa na construção do caráter de uma
pessoa desde a infância. No início, os pais são o julgamento dos lhos. Se os pais vacilam, os
lhos não têm nada pelo que julgar, mas se os pais estabelecem um padrão consistente através
do qual os lhos devem medir sua conduta e governar a si mesmos, os pais oferecem o hábito
inestimável de julgar as próprias ações, anos antes de os lhos terem idade su ciente para
estabelecer seus próprios padrões efetivos. O autojulgamento é o começo do caráter. Crianças
indisciplinadas o adquirem muito mais tarde, de forma mais dolorosa e menos completa, se é
que o adquirem.
14 Carl Gustav Jung, 1923, p. 435.
15 Carl Gustav Jung, 1923, p. 486.
16 Van der Hoop, 1939, p. 84.
17 Van der Hoop, 1939, p. 927.
18 Van der Hoop, 1939, p. 33.
19 Van der Hoop, 1939, p. 32.
20 Um tipo sensitivo introvertido disse sobre um admirador extrovertido: “Ele reclama que
quando estamos juntos é ele quem fala. Realmente, é uma conversa de mão dupla — o que ele
diz para mim e o que eu digo para mim. Só que o que eu digo não é em voz alta”.
21 Este incidente é da pesquisa pessoal não publicada da autora no First Pennsylvania Bank
(Filadél a). A razão de freqüência é do Capítulo 3, Figuras 6 e 7, mostrando os dados coletados
pelo autor e processados pelo Educational Testing Service.
22 Carl Gustav Jung, 1923, p. 464.
23 Van der Hoop, 1939, p. 43.
24 Van der Hoop, 1939, p. 48.
25 Pesquisa não-publicada do autor.
26 Carl Gustav Jung, 1971, p. 517.
27 Maya Pines, 1966, p. 48.
28 Maya Pines, 1966, p. 187.
29 A monogra a intitulada Myers Longitudinal Medical Study, que descreve ambos os
estudos de acompanhamento, pode ser obtida no Center for Applications of Psychological
Type, 1441 Northwest 6th Street, Suite B400, Gainesville, Florida 32601.
30 A taxa total de abandono da faculdade de medicina é um pouco mais alta do que essas
porcentagens indicam. As desistências permanentes conhecidas desta amostra não incluíram
nem os alunos que desistiram antes de sua turma fazer o Indicador de Tipo, nem os que
desistiram temporariamente e depois foram admitidos e se formaram em outra escola.
31 *signi cativo no nível .01; **signi cativo no nível .001; outros signi cativos no nível .05
32 Van der Hoop, 1939, p. 92.
33 Carl Gustav Jung, 1923, p. 514.
34 A última letra da fórmula do tipo, j ou p, mostra se o mundo exterior é tratado pela
atitude julgadora ou perceptiva. Nos extrovertidos, a última letra descreve o general; nos
introvertidos, descreve o ajudante. A primeira letra, e ou i, sempre descreve o general.
35 Carl Gustav Jung, 1923, p. 415.
36 Um estudo inicial e inédito de Isabel Briggs Myers é a base das a rmações deste capítulo
sobre as freqüências dos tipos na população em geral. O Indicador de Tipo foi dado a alunos do
sexo masculino do primeiro e segundo anos do ensino médio de um colégio que atende toda a
cidade de Stamford, Connecticut. Entre os 217 alunos do primeiro ano, 28,1% eram
introvertidos e 26,7% eram intuitivos; entre os 182 alunos do segundo ano, 25,8% eram
introvertidos e 33,0% eram intuitivos. A porcentagem de intuitivos pode ter aumentado porque
os tipos sensitivos deixaram a escola depois que sua freqüência não era mais obrigatória.
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