Os 16 tipos de personalidade e seus dons especí cos Isabel Briggs Myers & Peter B. Myers 1ª edição — setembro de 2023 — cedet Título original: Gis Differing: Understanding Personality Type. Copyright © 2023 Isabel Briggs Myers & Peter B. Myers Publicado pela Davies-Black Publishing, uma divisão da CPP, Inc., 1055 Joaquin Road, 2º andar, Mountain View, CA 94043; 800-624-1765. Direitos autorais de 1980 e 1995 pela Davies-Black Publishing, uma divisão da CPP, Inc. Todos os direitos reservados. Proibida toda e qualquer reprodução desta edição por qualquer meio ou forma, seja ela eletrônica ou mecânica, fotocópia, gravação ou qualquer outro meio de reprodução, sem permissão expressa do editor, exceto em caso de citações breves incorporadas em artigos críticos ou resenhas. Myers-Briggs Type Indicator, MBTI e Introduction to Type são marcas comerciais ou marcas registradas do Myers-Briggs Type Indicator Trust nos Estados Unidos e em outros países. Davies-Black e seu colofão são marcas registradas da CPP, Inc. Sob responsabilidade da editora, não foi adotado o Novo Acordo Ortográ co de 1990. Os direitos desta edição pertencem ao cedet — Centro de Desenvolvimento Pro ssional e Tecnológico Av. Comendador Aladino Selmi, 4630— Condomínio gr2, galpão 8 cep: 13069-096 — Vila San Martin, Campinas (sp) Telefones: (19) 3249–0580 / 3327–2257 E-mail: livros@cedet.com.br CEDET LLC is licensee for publishing and sale of the electronic edition of this book CEDET LLC 1808 REGAL RIVER CIR - OCOEE - FLORIDA - 34761 Phone Number: (407) 745-1558 e-mail: cedetusa@cedet.com.br Editor: omaz Perroni Assistente editorial: Gabriella Cordeiro de Moraes Tradução: Gabriel De Vitto Fernandes Revisão: Lucas Ferreira Lima Preparação de texto: Daniela Aparecida Mandú Neves Capa: Bruno Ortega Diagramação: atyane Furtado Revisão de provas: Juliana Coralli Juliana Gurgel Mariana Souto Figueiredo Conselho editorial: Adelice Godoy César Kyn d’Ávila Silvio Grimaldo de Camargo FICHA CATALOGRÁFICA Myers, Isabel Briggs & Myers, Peter B. Os 16 tipos de personalidade e seus dons especí cos / Isabel Briggs Myers & Peter B. Myers; tradução de Gabriel De Vitto Fernandes — Campinas, sp: Editora Auster, 2023. Título original: Gis Differing: Understanding Personality Type. isbn: 978-65-87408-95-8 1. Psicologia individual / Personalidade 2. Tipologia I. Autor II. Título cdd 155.2 / 155.2’64 ÍNDICES PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO 1. Psicologia individual / Personalidade – 155.2 2. Tipologia – 155.2’64 Reservados todos os direitos desta obra. Proibida toda e qualquer reprodução desta edição por qualquer meio ou forma, seja ela eletrônica ou mecânica, fotocópia, gravação ou qualquer outro meio de reprodução, sem permissão expressa do editor. A todos os que desejam fazer pleno uso de seus dons. Assim como num só corpo temos muitos membros, e nem todos os membros desempenham a mesma função, assim, ainda que muitos, somos um só corpo em Cristo, e todos, membros uns dos outros. Temos dons diferentes [...]. (Rm 12, 4−6) Sumário P P P N PARTE I: T Capítulo I: Uma explicação sistemática para as diferenças de personalidade Capítulo II: As dimensões da teoria de Jung PARTE II: E Capítulo III: Tabelas de tipos para comparação e descoberta Capítulo IV: Efeito da preferência ei Capítulo V: Efeito da preferência sn Capítulo VI: Efeito da preferência tf Capítulo VII: Efeito da preferência jp Capítulo VIII: Formas extrovertidas e introvertidas das funções comparadas Capítulo IX: Descrições dos 16 tipos PARTE III: I Capítulo X: Uso dos opostos Capítulo XI: Tipo e casamento Capítulo XII: Tipologia e aprendizagem infantil Capítulo XIII: Estilos de aprendizagem Capítulo XIV: Tipo e pro ssão PARTE IV: D Capítulo XV: O tipo e a tarefa de crescer Capítulo XVI: O bom desenvolvimento do tipo Capítulo XVII: Obstáculos ao desenvolvimento do tipo Capítulo XVIII: Motivação para o desenvolvimento do tipo em crianças Capítulo XIX: Seguir em frente de onde quer que você esteja B S I B M T T N R P é um livro feito para a família. Seja a sua família composta por parentes consangüíneos, E ste amigos íntimos ou colegas de trabalho, as idéias e conceitos aqui presentes podem ajudá-lo a compreender a si mesmo e suas reações no processo de viver todos os dias, além de poderem ajudá-lo a compreender e apreciar as reações daqueles ao seu redor que, com dons diferentes, parecem estar marchando no ritmo de outro tambor. Se você já se perguntou sobre as diversas, muitas vezes surpreendentes, formas pelas quais pessoas importantes para você, ou apenas pessoas ao seu redor, parecem olhar para o mundo ou reagir a situações, este livro será de seu interesse. Se você tiver problemas para entender ou se comunicar com alguém com quem se importa — um pai, um lho, um colega de trabalho ou um parceiro amoroso — as idéias presentes neste livro podem ser exatamente o que você procura. A autora, Isabel Briggs Myers, foi minha mãe. Após uma luta de vinte anos, ela acabou sucumbindo ao câncer, aos 82 anos, pouco antes da publicação da primeira edição. Seu objetivo era ajudar as pessoas a serem felizes e e cazes no que escolhessem fazer, e a força desse desejo lhe deu a energia necessária para continuar até que o livro estivesse pronto. É uma homenagem ao seu insight que, desde 1980, mais de 100 mil pessoas tenham lido Os 16 tipos de personalidade e seus dons especí cos, com mais cópias vendidas a cada ano que passa. Seu livro apresenta, em linguagem compreensível, as idéias sobre tipos de personalidade do famoso psicólogo suíço Carl Gustav Jung, aplicáveis a pessoas normais com problemas cotidianos. Seu livro ajudou milhares de pessoas a reconhecerem as diferentes formas pelas quais cada um de nós age e reage, assim como a compreender o mundo em nossos relacionamentos com os outros. O dom dela foi repudiar a antiga, mas muito comum, idéia de que cada um de nós é de alguma forma um desvio de algum “indivíduo normal” ideal. Ela a substituiu pelo reconhecimento de que cada um de nós nasce com dons diferentes, com marcas únicas relativas a como preferimos usar nossas mentes, valores e sentimentos no processo de viver todos os dias. Jung dividiu o processo de viver todos os dias em duas simples atividades mentais: absorver, ou tomar consciência de novas informações (que ele chamou de percepção); e decidir, ou chegar a algumas conclusões sobre essas informações (que ele não se deu ao trabalho de nomear). Jung escreveu sobre sua teoria dos tipos há mais de 70 anos, mas como psicólogo praticante, ele geralmente via pacientes com problemas psicológicos graves e estava principalmente preocupado com o desenvolvimento malsucedido ou desequilibrado de tipos que ele encontrava em pessoas que eram ine cazes, infelizes e buscavam ajuda pro ssional. Ele não estava particularmente interessado nos aspectos de tipos psicológicos apresentados por pessoas saudáveis e normais. Além disso, ele escreveu em alemão para um público altamente especializado de psicólogos. Mesmo a tradução para o inglês de sua obra Tipos psicológicos é uma leitura pesada. Não é surpreendente, portanto, que sua teoria dos tipos de personalidade tenha encontrado pouco entusiasmo entre pessoas comuns interessadas na personalidade humana. Isabel Myers, por outro lado, embora não tivesse formação em psicologia, dedicou toda a segunda metade de sua vida a interpretar e adaptar a teoria de Jung para ajudar pessoas normais e saudáveis a entender que é normal ser um indivíduo único, muitas vezes bastante diferente daqueles ao seu redor, e que muitas, se não a maior parte, das diferenças, dos problemas e mal-entendidos que eles possam ter experimentado com outros, podem ser explicados em termos das perfeitamente normais, mas diferentes, escolhas na forma como as pessoas recebem e processam informações. A premissa deste livro é que cada um de nós possui um conjunto de dons, um conjunto de ferramentas mentais que nos sentimos confortáveis em usar e, portanto, recorremos a elas no cotidiano. Embora todos tenhamos acesso às mesmas ferramentas básicas em nossa caixa de ferramentas psicológicas, cada um de nós prefere uma ferramenta (ou conjunto de ferramentas) em particular para uma tarefa especí ca. É nosso conjunto único de preferências que nos confere nossa personalidade distintiva, e nos faz parecer semelhantes ou diferentes dos outros. Um problema que comumente leva muitos de nós ao estresse é a aparente incapacidade, por vezes, de comunicar algo que nos parece muito claro e pessoalmente importante a alguém de que gostamos a ponto de tornar sua opinião importante, ou pelo menos entender a sua importância para nós. Podemos nos sentir magoados e rejeitados pela falta de reconhecimento da nossa preocupação, ou podemos car perplexos com o fracasso daquela pessoa em apreciar a lógica de nossa posição. Em Os 16 tipos de personalidade e seus dons especí cos, Isabel Myers nos oferece explicações reconhecíveis para esses e muitos outros usos normais, mas diferentes, das nossas ferramentas de personalidade, e aponta o caminho para os usos construtivos das diferenças humanas. Para ajudar a contextualizar este livro, talvez seja apropriado conhecer um pouco da história de como ele foi escrito. Isabel Myers e sua mãe, Katharine Cook Briggs, estavam interessadas na teoria de Jung havia aproximadamente 16 anos, quando a Segunda Guerra Mundial levou muitos homens da força de trabalho industrial para o serviço militar e muitas mulheres tiveram que sair de suas atividades normais para substituí-los. Como, para a maioria dessas mulheres, o pesado ambiente de trabalho industrial era um território novo e desconhecido, minha mãe e minha avó acharam que o conhecimento das preferências de personalidade das pessoas, nos termos da teoria junguiana dos tipos, poderia ser uma ajuda valiosa para identi car o tipo de tarefa para o trabalho de guerra em que alguém sem experiência prévia relevante poderia se sentir mais confortável e ser mais e caz. Elas procuraram em vão por um teste ou algum indicador das preferências junguianas de uma pessoa, até que nalmente decidiram criar o seu próprio. O resultado se tornou o inventário de personalidade MyersBriggs Type Indicator® (Indicator ou ®). Como nenhuma delas era psicóloga ou psicometrista, elas tiveram que começar do zero. Enquanto trabalhavam juntas para compreender e correlacionar suas observações, elas não tiveram problemas. Mas quando, em 1943, produziram o primeiro conjunto de questões destinadas a ser o , caram cara a cara com uma dupla oposição da comunidade acadêmica. Em primeiro lugar, nenhuma das duas era psicóloga, nem tinha diploma avançado ou, na verdade, qualquer treinamento formal em psicologia, estatística ou construção de testes. Em segundo lugar, a comunidade acadêmica (e até mesmo os estudiosos junguianos e analistas daquela época) tinha pouco interesse na teoria junguiana dos tipos psicológicos e, portanto, ainda menos interesse em um questionário de auto-relato que pretendia identi car o tipo junguiano criado por duas mulheres desconhecidas que eram, “por óbvio, totalmente desquali cadas”. No entanto, Isabel Myers não era tão desquali cada assim. É verdade que ela não tinha o treinamento acadêmico formal nas disciplinas necessárias, mas tinha uma mente de primeira ordem e, por mais de um ano, aprendeu com alguém que era um especialista quali cado nas técnicas e ferramentas de que precisava. Essa pessoa era Edward N. Hay, que, na época, era gerente de recursos humanos de um grande banco na Filadél a, e dele aprendeu o que precisava saber sobre construção de testes, pontuação, validação e estatística. Sem se abalar com a falta de interesse ou aceitação da comunidade de psicólogos, Isabel Myers concentrou-se no desenvolvimento do Indicador, na coleta de dados, no aprimoramento de perguntas e na aplicação de testes aceitos para validação, con abilidade, repetibilidade e signi cância estatística. No caminho, ela foi encorajada pelo entusiasmo e deleite da grande maioria das pessoas para as quais ela aplicava e explicava o Indicador; ela chamou isso de reação “aha”, uma expressão de deleite que muitas vezes vinha com o reconhecimento de algum aspecto da personalidade da pessoa, identi cado pelo Indicador. Uma de suas maiores alegrias em dar o resultado após pontuar o Indicador de uma pessoa era a ocasional resposta surpresa: Que alívio descobrir que está tudo bem ser eu! Cinqüenta anos depois, um número surpreendentemente grande de pessoas tinha experimentado, ou pelo menos ouvido falar, do (mais de 2,5 milhões de pessoas o zeram em 1994), e diversos conceitos junguianos entraram em nosso vocabulário popular. Por exemplo, extroversão é geralmente compreendida como derivar sua energia da atividade externa, e introversão como derivar sua energia da atividade interna. Uma ilustração poderia ser: depois do trabalho você prefere sair para socializar ou relaxar sozinho? Para muitos extrovertidos, “inferno em uma festa” é “não poder entrar”. Muitos introvertidos vêem isso como “estar lá”. Originalmente foi usado sobretudo no aconselhamento individual. Agora, o Indicador tem sido amplamente aplicado em construção de equipes, desenvolvimento de organizações, gerenciamento de negócios, educação, treinamento e aconselhamento de carreira. Foi traduzido com sucesso para o francês e o espanhol, e traduções para quase uma dúzia de outros idiomas estão em vários estágios de validação. Compreender o próprio tipo gerou uma mudança bem-vinda na vida das pessoas em uma ampla diversidade de situações. Ao longo dos anos, desde que Os 16 tipos de personalidade e seus dons especí cos foi publicado pela primeira vez, houve uma evidência esmagadora de sua utilidade para indivíduos em quase todos os aspectos de suas vidas pro ssionais e pessoais. E a utilidade foi bem documentada. Eu tenho uma convicção pessoal de que grande parte da dor e do estresse não-físicos em nosso mundo é resultado de mal-entendidos entre pessoas geralmente bem-intencionadas e não é causada por desacordos irreparáveis. Se isso for verdade, grandes ganhos na qualidade da vida cotidiana devem ser possíveis para cada um de nós por meio de uma melhor compreensão de nós mesmos e de como coletamos nossas informações, processamo-las, chegamos a conclusões ou decisões e comunicamos nossos pensamentos e desejos aos outros. Uma cooperação e harmonia maiores devem ser possíveis se pudermos compreender e apreciar as maneiras pelas quais os outros diferem de nós, bem como encontrar maneiras de nos comunicar com os outros de uma forma que eles possam entender e com a qual eles possam se sentir confortáveis. Carl Jung escreveu sobre arquétipos — aqueles símbolos, mitos e conceitos que parecem ser inatos e compartilhados pelos membros de uma civilização, transcendendo e não dependendo de palavras para comunicação e reconhecimento. Diferentes culturas podem ter diferentes formas para seus arquétipos, mas os conceitos são universais. Se o tipo de personalidade for um desses conceitos, e se for universal em todas as culturas, religiões e ambientes, que desa o temos diante de nós! Até poderia ser possível que a reação “aha”, experimentada ao reconhecer algo sobre si mesmo ou a razão de uma diferença em relação a alguém, se estenda a uma família internacional através de fronteiras políticas e econômicas, a m de trazer compreensão, respeito e aceitação das diferenças entre povos de nações, raças, culturas e convicções distintas. Isabel Myers, pouco antes de sua morte, expressou como seu maior desejo que, muito depois de partir, seu trabalho continuasse ajudando as pessoas a reconhecer e apreciar seus dons. Acredito que ela caria satisfeita com a crescente apreciação do seu trabalho quinze anos após sua morte. Peter Briggs Myers Washington, Washington, .. Março de 1995 P livro foi escrito a partir da crença de que muitos problemas podem ser resolvidos se E ste abordados à luz da teoria de tipos psicológicos de C. G. Jung. A primeira tradução para o inglês de seu livro Tipos Psicológicos foi publicada pela Harcourt Brace, em 1923. Minha mãe, Katharine C. Briggs, o introduziu em nossa família e o tornou parte de nossas vidas. Nós esperamos por muito tempo por alguém que pudesse desenvolver um instrumento que re etisse não apenas a preferência de uma pessoa pela extroversão ou introversão, mas também o seu tipo preferido de percepção e julgamento. No verão de 1942, decidimos fazê-lo nós mesmas. Desde então, o Myers-Briggs Type Indicator forneceu uma ampla gama de informações sobre os aspectos práticos do tipo. As implicações da teoria, no entanto, vão além das estatísticas e só podem ser expressas em termos humanos. Os 16 tipos de personalidade e seus dons especí cos apresenta um relato informal do tipo e suas consequências, conforme apareceram para nós ao longo dos anos. Neste material, espero que pais, professores, estudantes, conselheiros, clínicos, clérigos — e todos os outros que estão preocupados com a realização do potencial humano — possam encontrar uma justi cativa para muitas das diferenças de personalidade com que se deparam em seu trabalho ou com as quais precisam lidar em suas vidas particulares. Foram necessárias três gerações para fazer este livro: o profundo insight da intuição introvertida de minha mãe () sobre o signi cado do tipo; minha própria convicção introvertida-sentimental () sobre a importância das aplicações práticas do tipo; e a inestimável combinação de visão extrovertida, impulso intuitivo, dom da expressão e senso de prioridades do meu lho Peter () — sem a qual estas páginas talvez nunca tivessem sido concluídas. Isabel Briggs Myers Fevereiro de 1980 P 16 tipos de personalidade e seus dons especí cos é um livro sobre a personalidade O shumana — sua riqueza, sua diversidade, seu papel no desenvolvimento de nossa carreira, de nosso casamento, e do próprio sentido da vida. Foi escrito por uma mulher para quem a observação, o estudo, e a avaliação da personalidade foram paixões dominantes por mais de um século. A estrutura conceitual pela qual Isabel Myers organizou suas sensíveis e otimistas observações é a tipologia de Carl Jung, levemente modi cada e elaborada por Myers e sua mãe, Katharine C. Briggs. A teoria de Jung, uma vez assimilada, fornece uma bela estrutura para entender tanto as semelhanças quanto as diferenças entre os seres humanos. Pelo fato de um questionário psicométrico chamado Myers-Briggs Type Indicator ser provavelmente o método mais simples e con ável de determinar o tipo junguiano de uma pessoa, este livro também é sobre o . Muitos dos insights a respeito do papel da personalidade e sua in uência no comportamento humano foram desenvolvidos a partir de pesquisas com o Indicador de Tipo e são relatadas nestas páginas. A história por trás do desenvolvimento do Indicador de Tipo é certamente única na psicologia. Essa história é a biogra a de um ser humano notável, ou talvez a saga de toda uma família. É instrutiva porque revela com tanta clareza o impacto dos pais sobre os lhos, e é inspiradora porque mostra mais uma vez o quanto um único indivíduo pode alcançar diante de obstáculos formidáveis. Essa história começa com o casamento, em 1886, entre duas pessoas extraordinariamente talentosas: Katharine Cook e Lyman Briggs. Katharine, pensadora, leitora e observadora silenciosa, cou intrigada com as semelhanças e diferenças na personalidade humana durante a época da Primeira Guerra Mundial. Ela começou a desenvolver sua própria tipologia, principalmente por meio do estudo de biogra as, e então descobriu que Jung havia desenvolvido um sistema semelhante, que ela rapidamente aceitou e começou a explorar e elaborar. Lyman já era um cientista versátil quando a ciência americana estava apenas começando a engatinhar, e se tornou uma gura importante durante a primeira metade do século , ao estabelecer a ciência como uma força crucial nos salões do governo. Como diretor do National Bureau of Standards, ele desempenhou um papel importante no desenvolvimento da aviação moderna e da energia atômica, bem como na exploração da estratosfera e da Antártida. Embora homenageado com inúmeros prêmios e imortalizado pelo estabelecimento do Lyman Briggs College, na Michigan State University (sua alma mater), o Dr. Briggs era notável por sua modéstia, humildade e compaixão. Os Briggs tiveram uma lha, Isabel, a quem educaram em casa, exceto por um ou dois anos na escola pública. Isabel Briggs entrou no Swarthmore College aos 16 anos e se formou no primeiro lugar de sua turma em 1919. Em seu terceiro ano, ela se casou com Clarence Myers. Até o início da Segunda Guerra Mundial, ela atuou como mãe e dona de casa, embora tenha encontrado tempo para publicar dois exitosos romances de mistério, um dos quais chegou a ganhar um prêmio disputado contra uma história de Erle Stanley Gardner. O sofrimento e as tragédias da guerra despertaram o desejo de Myers de fazer algo que pudesse ajudar as pessoas a se entenderem e evitar con itos destrutivos. Tendo há muito absorvido a admiração de sua mãe pela tipologia junguiana, ela decidiu desenvolver um método que possibilitasse o uso prático dessa teoria. Assim nasceu a idéia de um “indicador de tipo”. Sem treinamento formal em psicologia ou estatística, sem patrocínio acadêmico ou bolsas de pesquisa, Myers começou a árdua tarefa de desenvolver um conjunto de itens que explorasse atitudes, sentimentos, percepções e comportamentos dos diferentes tipos psicológicos, como ela e sua mãe os haviam entendido. Seus lhos adolescentes e seus colegas de classe foram as primeiras cobaias, mas qualquer um cujo tipo Myers pudesse julgar poderia ser solicitado a contribuir com idéias ou responder aos itens. Leitora assídua, ela freqüentava bibliotecas para aprender sozinha o que precisava saber sobre estatística e psicometria. Ela se tornou aprendiz de Edward N. Hay, que, mais tarde, fundou uma das primeiras empresas de consultoria de pessoal a ser bem-sucedidas nos Estados Unidos. Ela persuadiu inúmeros diretores de escolas no oeste da Pensilvânia a permitir que testasse seus alunos, passando longas noites avaliando perguntas e tabulando dados. Durante a primeira década deste trabalho, Myers recebeu pouco apoio externo, à exceção de membros de sua família. Por meio de seu pai, ela conheceu um reitor de uma faculdade de medicina que permitiu que ela testasse seus alunos, uma oportunidade que ela expandiu ao longo dos anos até obter resultados de para mais de 5 mil estudantes de medicina e 10 mil enfermeiras. A resposta da psicologia institucionalizada aos esforços de Myers foi certamente fria, se não hostil. Em primeiro lugar, a avaliação da personalidade foi considerada um empreendimento duvidoso por muitos psicólogos. Além disso, entre os poucos interessados em teoria e avaliação da personalidade, as tipologias não gozavam de boa reputação. As escalas de traços e fatores eram o foco da pesquisa, e certamente a falta de credenciais institucionais de Myers não ajudou o a ganhar aceitação. Não há evidências de que Myers tenha se intimidado pelos céticos ou pelos críticos. Pelo contrário, ao longo das décadas de 1950 e 1960, ela continuou a encurralar diretores e reitores em seus escritórios e extrair acordos para gerir o . Não obstante, o trabalho de Myers atraiu a atenção de alguns especialistas em avaliação. Henry Chauncey, o atencioso chefe do Educational Testing Service, cou impressionado com o Type Indicator a ponto de abordar Myers com uma proposta para que o distribuísse o teste, para ns de pesquisa. Mas nem todos no compartilhavam do entusiasmo de Chauncey e, exceto pela publicação de um manual em 1962, o não experimentou um desenvolvimento substancial sob os auspícios do . Donald T. MacKinnon, o distinto diretor do Institute of Personality Assessment and Research da Universidade da Califórnia, acrescentou o Indicador aos testes usados na avaliação de pessoas criativas e publicou resultados corroborantes. O professor Harold Grant, das Universidades do Estado do Michigan e de Auburn, e a Dra. Mary McCaulley, da Universidade da Flórida, também realizaram pesquisas signi cativas com o instrumento. Em 1975, a publicação do foi transferida para a Consulting Psychologists Press, e o Center for Applications of Psychological Type foi organizado como um serviço e laboratório de pesquisa para o Indicador. Nos últimos anos, houve o estabelecimento de uma revista de pesquisa e a formação de uma associação de usuários do . Essa aceitação generalizada poderia ter persuadido a maioria dos pesquisadores com mais de 75 anos a aposentar suas calculadoras e lápis, mas não Isabel Myers. Aos 82 anos, ela estava trabalhando em um manual revisado para o e corrigiu as provas de impressão de Os 16 tipos de personalidade e seus dons especí cos, muito depois de já estar profundamente enfraquecida pela sua doença terminal. Embora durante os últimos anos de Myers já fosse evidente que o Indicador de Tipo provavelmente se tornaria o método de avaliação de personalidade mais amplamente utilizado por populações não-psiquiátricas, Myers nunca demonstrou o grau de vaidade ou presunção que tamanha realização poderia justi car: ela permaneceu satisfeita, grata e sempre entusiasmada com a utilidade do Indicador. Tampouco houve sequer uma gota de amargura por todos os anos de condescendência e rejeição. Essas atitudes características de Isabel Myers carão evidentes nas páginas a seguir. Seu foco ao longo deste livro está na beleza, na força, nas in nitas possibilidades da personalidade humana em todas as suas variedades fascinantes. Ela provavelmente não defenderia a perfectibilidade da espécie humana, mas mesmo após todos os acontecimentos dolorosos e desoladores das últimas quatro décadas, Myers manteve uma comovente fé nas pessoas e um revigorante otimismo na humanidade, os quais fazem de Os 16 tipos de personalidade e seus dons especí cos muito mais do que um importante tratado do Indicador de Tipo MyersBriggs. Estamos felizes em trazê-lo para você. John Black Julho de 1980 N de você ter feito ou não o teste de personalidade Myers-Briggs Type I ndependentemente Indicator, este livro irá ajudá-lo a entender a estrutura, a teoria e muitos usos do tipo de personalidade, com base no pensamento de Carl Jung e, posteriormente, ampliados pela equipe mãe-e- lha, de Katharine Briggs e Isabel Briggs Myers, desenvolvedoras do método. Além disso, se você for um dos 2,5 milhões de pessoas que a cada ano fazem o teste de personalidade , a obra Os 16 tipos de personalidade e seus dons especí cos o ajudará a alcançar uma compreensão mais profunda do seu próprio tipo e seu potencial de desenvolvimento. Se você não fez o teste e deseja fazê-lo, entre em contato com um consultor certi cado, consultor de carreira, psicólogo ou outro pro ssional quali cado em sua área. Se você não conseguir encontrar uma referência por meio de alguém que você conheça e em que con e, escreva para o National Board for Certi ed Counselors, em Greensboro, Carolina do Norte. PARTE I: T C I: U na moda dizer que o indivíduo é único. Cada um de nós é o produto de sua própria E stá hereditariedade e ambiente e, portanto, é diferente de todos os outros. De um ponto de vista prático, porém, a doutrina da individualidade não é útil sem um estudo de caso exaustivo de cada pessoa a ser educada, aconselhada ou compreendida. Até o momento, nós não podemos presumir, com segurança, que a mente de outras pessoas funciona de acordo com os mesmos princípios que a nossa. Com demasiada freqüência, outras pessoas com quem entramos em contato não raciocinam como raciocinamos, ou não valorizam as coisas que valorizamos, ou não estão interessadas no que nos interessa. O mérito da teoria apresentada aqui é que ela nos permite esperar diferenças especí cas de personalidade em determinadas pessoas, assim como lidar com as pessoas e as diferenças de maneira construtiva. Resumidamente, a teoria é que muitas variações aparentemente casuais no comportamento humano não se devem ao acaso; são, na verdade, o resultado lógico de algumas diferenças básicas e observáveis no funcionamento mental. Essas diferenças básicas dizem respeito à maneira como as pessoas preferem usar suas mentes, mais especi camente, a maneira como percebem e fazem julgamentos. Perceber é aqui entendido de modo a incluir os processos de tornar-se consciente de coisas, pessoas, ocorrências e idéias. Julgar inclui o processo de chegar a conclusões sobre o que foi percebido. Juntos, a percepção e o julgamento, que compõem uma grande parte da totalidade da atividade mental das pessoas, governam muito do seu comportamento externo, porque a percepção — por de nição — determina o que as pessoas vêem em uma situação, e seu julgamento determina o que elas decidem fazer a respeito. Assim, é razoável que diferenças básicas na percepção ou julgamento resultem em diferenças correspondentes no comportamento. Dois modos de percepção Como Jung aponta em Tipos psicológicos, a humanidade está equipada de duas maneiras distintas e nitidamente contrastantes de perceber. Um meio de percepção é o processo familiar de sentir, pelo qual nos tornamos conscientes das coisas diretamente, por meio de nossos cinco sentidos. O outro é o processo de intuição, que é a percepção indireta por meio do inconsciente, incorporando idéias ou associações que o inconsciente acrescenta a percepções vindas de fora. Essas contribuições inconscientes vão desde o mero “palpite” masculino ou a “intuição feminina”, até os exemplos culminantes de arte criativa ou descoberta cientí ca. A existência de modos distintos de percepção pareceria auto-evidente. As pessoas percebem por meio de seus sentidos e também percebem coisas que não estão nem nunca estiveram presentes aos seus sentidos. A teoria acrescenta a sugestão de que os dois tipos de percepção competem pela atenção de uma pessoa e que a maioria das pessoas, desde a infância, gosta mais de um do que do outro. Quando as pessoas preferem a sensação, elas estão tão interessadas na realidade ao seu redor que têm pouca atenção sobrando para idéias que surgem vagamente do nada. Já as pessoas que preferem a intuição estão tão absortas em perseguir as possibilidades que ela apresenta, que raramente olham com muita atenção para a realidade. Por exemplo, leitores que preferem a sensação tendem a limitar sua atenção ao que é dito aqui na página. Já os leitores que preferem a intuição tendem a ler nas entrelinhas e além delas, em direção às possibilidades que vêm à mente. Assim que as crianças exercem uma preferência entre as duas formas de perceber, tem início uma diferença básica no seu desenvolvimento. As crianças têm domínio su ciente de seus processos mentais para poder usar os processos favoritos com mais freqüência e negligenciar os processos de que menos gostam. Qualquer que seja o processo que pre ram, seja a sensação ou a intuição, elas o usarão mais, prestando mais atenção ao seu uxo de impressões e moldando sua idéia de mundo a partir do que o processo revela. O outro tipo de percepção cará de fundo, um pouco fora de foco. Com a vantagem da prática constante, o processo preferido torna-se mais controlado e con ável. As crianças tornam-se mais adultas no uso do seu processo preferido do que no uso menos freqüente do processo negligenciado. Seu prazer se estende do próprio processo às atividades que requerem o processo, e elas tendem a desenvolver os traços super ciais que resultam de olhar para a vida de uma maneira particular. Assim, por uma sequência natural de eventos, a criança que prefere a sensação e a criança que prefere a intuição se desenvolvem em linhas divergentes. Cada uma se torna relativamente adulta em uma área onde a outra permanece relativamente infantil. Ambas canalizam seus interesses e energias para atividades que lhes dão a chance de usar a mente da maneira que preferem. Ambas adquirem um conjunto de traços super ciais que surgem das preferências básicas abaixo. Esta é a preferência : para sensação e para intuição. Dois modos de julgamento Uma diferença básica no julgamento surge da existência de duas maneiras distintas e nitidamente contrastantes de chegar a conclusões. Uma forma é pelo uso do pensamento, ou seja, por um processo lógico, visando uma constatação impessoal. A outra é pelo sentimento, isto é, pela apreciação — igualmente razoável a seu modo —, conferindo às coisas um valor pessoal, subjetivo. Essas duas maneiras de julgar também parecem auto-evidentes. A maioria das pessoas concordaria que toma algumas decisões com o pensamento e outras com o sentimento, e que os dois métodos nem sempre alcançam o mesmo resultado a partir de um determinado conjunto de fatos. A teoria sugere que é quase certo que uma pessoa goste e con e em uma forma de julgar mais do que na outra. Ao julgar as idéias apresentadas aqui, o leitor que considera primeiro se elas são consistentes e lógicas está usando o julgamento do pensamento. Um leitor que considera primeiramente se as idéias são agradáveis ou desagradáveis, apoiando ou ameaçando idéias já valorizadas, está usando o julgamento de sentimento. Qualquer que seja o processo de julgamento que uma criança pre ra, ela o usará com mais freqüência, con ará mais nele implicitamente e estará muito mais pronta para o obedecer. O outro tipo de julgamento será uma espécie de opinião minoritária, ouvida parcialmente, sendo muitas vezes desconsiderada por completo. Assim, a criança que prefere julgar por meio do pensamento se desenvolve em linhas divergentes da criança que prefere julgar mediante o sentimento, mesmo quando ambas gostam do mesmo processo perceptivo e partem das mesmas percepções. Ambas são mais felizes e e cazes em atividades que exigem o tipo de julgamento para o qual estão mais bem preparadas. A criança que prefere o sentimento torna-se mais adulta no manejo das relações humanas. A criança que prefere o pensamento torna-se mais hábil na organização de fatos e idéias. Sua preferência básica pela abordagem pessoal ou impessoal da vida resulta em traços super ciais distintos. Esta é a preferência : para pensamento e para sentimento. Combinações entre percepção e julgamento A preferência (pensamento ou sentimento) é totalmente independente da preferência (sensação ou intuição). Qualquer tipo de julgamento pode se associar a qualquer tipo de percepção. Assim, ocorrem quatro combinações: : Sensação mais pensamento : Sensação mais sentimento : Intuição mais sentimento : Intuição mais pensamento Cada uma dessas combinações produz um tipo diferente de personalidade, caracterizada pelos interesses, valores, necessidades, hábitos mentais e traços super ciais que naturalmente resultam da combinação. Combinações com uma preferência comum irão compartilhar algumas qualidades, mas cada combinação tem qualidades próprias, decorrentes da interação da forma preferida de ver a vida com a forma preferida de julgar o que é visto. Qualquer que seja a combinação particular de preferências de uma pessoa, outras com a mesma combinação tendem a ser as mais fáceis de entender e gostar. Elas tenderão a ter interesses semelhantes, uma vez que compartilham o mesmo tipo de percepção, e a considerar as mesmas coisas como importantes, pois compartilham o mesmo tipo de julgamento. Por outro lado, as pessoas que diferem em ambas as preferências serão difíceis de entender e difíceis de prever — com a exceção de que, em todas as questões discutíveis, elas provavelmente assumirão posições opostas. Se essas pessoas opostas forem apenas conhecidas, o con ito de pontos de vista pode não importar, mas se forem colegas de trabalho, associados próximos ou membros da mesma família, a oposição constante pode ser uma tensão. Muitos con itos destrutivos surgem simplesmente porque duas pessoas estão usando tipos opostos de percepção e julgamento. Quando a origem de tal con ito é reconhecida, torna-se menos irritante e mais fácil de lidar. Um con ito ainda mais destrutivo pode existir entre as pessoas e seus empregos, quando o trabalho não faz uso da combinação natural de percepção e julgamento do trabalhador, mas exige constantemente a combinação oposta. Os parágrafos seguintes esboçam as personalidades contrastantes que são esperadas na teoria e encontradas na prática como resultado de cada uma das quatro combinações possíveis de percepção e julgamento. Sensação mais pensamento As pessoas (sensação mais pensamento) dependem principalmente da sensação para ns de percepção e do pensamento para ns de julgamento. Assim, seu principal interesse se concentra nos fatos, porque os fatos podem ser coletados e veri cados diretamente pelos sentidos — vendo, ouvindo, tocando, contando, pesando, medindo. As pessoas abordam suas decisões em relação a esses fatos por meio de uma análise impessoal, por causa de sua con ança no pensamento, com seu processo lógico, passo a passo, de raciocínio da causa ao efeito, da premissa à conclusão. Conseqüentemente, suas personalidades tendem a ser práticas e objetivas, e suas melhores chances de sucesso e satisfação residem em áreas que exigem análise impessoal de fatos concretos, como economia, direito, cirurgia, negócios, contabilidade, produção e manuseio de máquinas e materiais. Sensação mais sentimento As pessoas (sensação mais sentimento) também dependem principalmente da sensação para ns de percepção, mas preferem o sentimento para ns de julgamento. Elas abordam suas decisões com calor pessoal porque seus sentimentos pesam o quanto as coisas são importantes para si e para os outros. Elas estão mais interessadas em fatos a respeito de pessoas do que em fatos sobre coisas e, deste modo, tendem a ser sociáveis e amigáveis. Além disso, são mais propensas a ter sucesso e car satisfeitas em um trabalho onde seu calor pessoal pode ser aplicado de forma e caz à situação imediata, como em pediatria, enfermagem, ensino (especialmente infantil), trabalho social, venda de bens tangíveis e trabalhos de “serviços em que seja preciso sorrir”. Intuição mais sentimento As pessoas (intuição mais sentimento) possuem o mesmo calor pessoal que as pessoas , por causa de seu uso compartilhado do sentimento para ns de julgamento. Contudo, por preferirem a intuição à sensação, os s não centram sua atenção na situação concreta. Em vez disso, eles se concentram em possibilidades, como novos projetos (coisas que nunca aconteceram, mas podem acontecer) ou novas verdades (coisas que ainda não são conhecidas, mas podem ser descobertas). O novo projeto ou a nova verdade é imaginado pelos processos inconscientes e então percebido intuitivamente como uma idéia que parece uma inspiração. O calor humano e o comprometimento com que as pessoas buscam e acompanham uma possibilidade são impressionantes. Elas são, ao mesmo tempo, entusiastas e perspicazes. Freqüentemente, têm um dom marcante da linguagem e podem comunicar tanto a possibilidade que vêem quanto o valor que atribuem a ela. Essas pessoas são mais propensas a encontrar sucesso e satisfação no trabalho que exige criatividade para atender a uma necessidade humana. Elas podem se destacar no ensino (principalmente na universidade e no ensino médio), pregação, publicidade, venda de intangíveis, aconselhamento, psicologia clínica, psiquiatria, escrita, e na maioria dos campos de pesquisa. Intuição mais pensamento As pessoas (intuição mais pensamento) também usam a intuição, mas a combinam com o pensamento. Embora se concentrem em uma possibilidade, elas a abordam com uma análise impessoal. Muitas vezes escolhem uma possibilidade teórica ou prática e subordinam o elemento humano. s tendem a ser lógicos e engenhosos e são mais bem-sucedidos na resolução de problemas em um campo de interesse especial, seja pesquisa cientí ca, computação eletrônica, matemática, os aspectos mais complexos das nanças ou qualquer tipo de desenvolvimento ou pioneirismo em áreas técnicas. Todo mundo provavelmente já conheceu todos os quatro tipos de pessoas: pessoas , que são práticas e objetivas; as simpáticas e amigáveis ; as , que se caracterizam por seu entusiasmo e insight; e as , que são lógicas e engenhosas. O cético pode perguntar como quatro categorias aparentemente básicas de pessoas poderiam ter passado despercebidas no passado. A resposta é que as categorias foram notadas repetidamente e por diferentes investigadores ou teóricos. Vernon (1938) citou três sistemas de classi cação derivados de métodos diferentes, mas que são surpreendentemente paralelos. Cada um re ete as combinações de percepção e julgamento: urstone (1931), por meio da análise fatorial das pontuações de interesse vocacional, encontrou quatro fatores principais correspondentes ao interesse nos negócios, nas pessoas, na linguagem e na ciência; Gundlach e Gerum (1931), a partir da inspeção das intercorrelações de interesse, deduziram cinco “tipos de habilidades” principais, a saber: técnica, social, criativa e intelectual, com o acréscimo da habilidade física; Spranger (1928), a partir de considerações lógicas e intuitivas, derivou seis “tipos de homens”, a saber: econômico, social, religioso e teorético, com o acréscimo do estético e do político. A preferência extroversão-introversão Outra diferença básica no uso da percepção e do julgamento pelas pessoas surge do seu relativo interesse pelos seus mundos externo e interno. A introversão, no sentido que Jung lhe deu ao formular o termo e a idéia, é uma das duas orientações complementares em relação à vida; seu complemento é a extroversão. Os principais interesses do introvertido estão no mundo interior dos conceitos e idéias, enquanto o extrovertido está mais envolvido com o mundo exterior das pessoas e coisas. Portanto, quando as circunstâncias permitem, o introvertido concentra a percepção e o julgamento nas idéias, enquanto o extrovertido gosta de direcioná-los ao ambiente externo. Isto não quer dizer que alguém esteja limitado ao mundo interior ou exterior. Os introvertidos bem desenvolvidos podem lidar habilmente com o mundo ao seu redor quando necessário, mas fazem seu melhor trabalho dentro de suas cabeças, em re exão. Da mesma forma, os extrovertidos bem desenvolvidos podem lidar e cazmente com idéias, mas fazem seu melhor trabalho externamente, em ação. Para ambos os tipos, a preferência natural permanece, como a preferência pelo uso da mão direita ou esquerda. Por exemplo, alguns leitores, que gostariam de chegar às aplicações práticas dessa teoria, estão olhando para ela do ponto de vista extrovertido. Outros leitores, que se interessam mais pelo insight do que pelo que a teoria pode fornecer para a compreensão de si mesmos e da natureza humana em geral, estão encarando-a do ponto de vista introvertido. Uma vez que a preferência (extroversão ou introversão) é completamente independente das preferências e , os extrovertidos e introvertidos podem ter qualquer uma das quatro combinações de percepção e julgamento. Por exemplo, entre os , os introvertidos () organizam os fatos e os princípios relacionados com uma situação; esta abordagem é útil em economia ou direito. Os extrovertidos () organizam a situação em si, incluindo quaisquer circunstâncias adjacentes, e colocam as coisas para funcionar, o que é útil em negócios e na indústria. Os extrovertidos normalmente avançam mais depressa; para os introvertidos, as coisas avançam numa direção mais ponderada. Entre as pessoas , os introvertidos () elaboram seus insights lenta e cuidadosamente, buscando princípios eternos. Os extrovertidos () têm o desejo de se comunicar e colocar suas inspirações em prática. Se os resultados dos extrovertidos são mais abrangentes, os dos introvertidos podem ser mais profundos. A preferência julgamento-percepção Mais uma preferência entra na identi cação do tipo — a escolha entre a atitude perceptiva e a atitude julgadora como um modo de vida, um método de lidar com o mundo ao nosso redor. Embora as pessoas devam usar tanto a percepção quanto o julgamento, ambos não podem ser usados ao mesmo tempo. Portanto, as pessoas vivem alternando entre as atitudes perceptivas e julgadoras, às vezes de forma bastante abrupta, como quando um pai com uma alta tolerância ao barulho das crianças subitamente decide que já basta. Há momentos para perceber e momentos para julgar, e muitas vezes em que qualquer uma das atitudes pode ser apropriada. A maioria das pessoas acha uma atitude mais confortável do que a outra, sente-se mais à vontade com ela e a usa com a maior freqüência possível ao lidar com o mundo externo. Por exemplo, alguns leitores ainda estão acompanhando esta explicação com a mente aberta; eles estão, pelo menos por enquanto, usando a percepção. Outros leitores já decidiram se concordam ou discordam; eles estão usando o julgamento. Há uma oposição fundamental entre as duas atitudes. Para chegar a uma conclusão, as pessoas que usam a atitude julgadora precisam desligar a percepção. Todas as evidências já existem, e tudo o mais é irrelevante e imaterial. Está na hora de chegar a um veredito. Por outro lado, na atitude perceptiva, as pessoas desligam o julgamento. Nem todas as evidências foram apresentadas; novos desenvolvimentos ocorrerão. É muito cedo para fazer algo irrevogável. Essa preferência faz a diferença entre as pessoas julgadoras, que ordenam suas vidas, e as pessoas perceptivas, que simplesmente as vivem. Ambas as atitudes têm mérito. Qualquer uma delas pode ser um modo de vida satisfatório, se a pessoa puder mudar temporariamente para a atitude oposta quando for realmente necessário. Resumo das quatro preferências De acordo com a teoria aqui apresentada, a personalidade é estruturada por quatro preferências relativas ao uso da percepção e do julgamento. Cada uma dessas preferências é uma bifurcação no caminho do desenvolvimento humano e determina qual das duas formas contrastantes de excelência uma pessoa buscará. Quanta excelência as pessoas realmente alcançam depende em parte de sua energia e de suas aspirações, mas, de acordo com a teoria dos tipos, o tipo de excelência para o qual elas se dirigem é determinado pelas preferências inatas que as direcionam a cada encruzilhada da estrada. Preferê ncia por Afeta a escolha de uma pessoa Extrove rsão ou introver são Para focar o processo dominante (favorito) no mundo exterior ou no mundo das idéias Sensaçã o ou intuição Para usar um tipo de percepção em vez de outro quando qualquer um pode ser usado. Preferê ncia por Afeta a escolha de uma pessoa Pensam ento ou sentime nto Para usar um tipo de julgamento em vez de outro quando qualquer um pode ser usado. Julgame nto ou percepç ão Para usar a atitude julgadora ou perceptiva para lidar com o mundo exterior. Criação de “tipo” por exercício das preferências Segundo essa teoria, as pessoas criam seu “tipo” por meio do exercício de suas preferências individuais em relação à percepção e ao julgamento. Os interesses, valores, necessidades e hábitos mentais que resultam naturalmente de qualquer conjunto de preferências tendem a produzir um conjunto reconhecível de características e potencialidades. Os indivíduos podem, assim, ser descritos, em parte, declarando suas quatro preferências, como . Pode-se esperar que tal pessoa seja diferente das outras de maneiras características de seu tipo. Descrever pessoas como s não infringe seu direito à autodeterminação: elas já exerceram esse direito preferindo e e e . Identi car e lembrar os tipos de pessoas mostra respeito não apenas pelo seu direito abstrato de se desenvolver conforme as linhas de suas próprias escolhas, mas também pelas formas concretas como são e preferem se diferenciar dos outros. O papel do processo dominante É mais fácil reconhecer a maneira preferida de percepção e julgamento de uma pessoa do que dizer qual dos dois é o processo dominante. Não há dúvida de que um navio precisa de um capitão com autoridade incontestável para traçar seu rumo e levá-lo com segurança ao porto desejado. Nunca chegaria ao porto se cada pessoa no leme, por sua vez, apontasse para um destino diferente e alterasse o curso. Da mesma forma, as pessoas precisam de alguma força governante em sua composição. Elas precisam desenvolver seu melhor processo a ponto de dominar e uni car suas vidas. No curso natural dos acontecimentos, cada pessoa faz exatamente isso. Por exemplo, os s que acham a intuição mais interessante do que o pensamento naturalmente darão prioridade à intuição e subordinarão o pensamento a ela. Sua intuição adquire uma validade pessoal inquestionável que nenhum outro processo pode alcançar. Eles gostarão, usarão e con arão mais nela. Suas vidas serão moldadas de forma a dar o máximo de liberdade para a busca de objetivos intuitivos. Como a intuição é um processo perceptivo, os s lidarão com o mundo pela atitude perceptiva, o que os torna s. Eles consultarão seu julgamento, seu pensamento, apenas quando não entrarem em con ito com sua intuição. Mesmo assim, eles o usarão apenas até certo ponto, dependendo de quão bem desenvolvido ele está. Eles podem fazer bom uso do pensamento em busca de algo que desejam por causa de sua intuição, mas os s não permitirão que o pensamento rejeite o que estão buscando. Por outro lado, os s que consideram o pensamento mais atraente do que a intuição tenderão a deixar o pensamento tomar conta de suas vidas, deixando a intuição em segundo lugar. O pensamento ditará os objetivos, e a intuição só poderá sugerir meios adequados para alcançá-los. Como o processo que eles preferem é julgador, esses s lidarão com o mundo pela atitude julgadora; logo, eles são s. Da mesma forma, alguns s encontram mais satisfação no sentimento do que na sensação; eles deixam que seus sentimentos tomem conta de suas vidas, colocando a sensação em segundo lugar. O sentimento é então supremo e inquestionável. Em qualquer con ito com as outras funções, o sentimento domina. A vida desses s será moldada para servir a seus valores emocionais. Por causa da preferência pelo sentimento, um processo julgador, eles lidarão com o mundo pela atitude julgadora. Eles são . Os s prestarão atenção real à sua percepção, à sua sensação, apenas quando esta estiver de acordo com o seu sentimento. Mesmo assim, eles a respeitarão apenas até certo ponto, dependendo de quão bem a desenvolveram. Eles não reconhecerão dúvidas levantadas pelos sentidos sobre algo valorizado pelo seu sentimento. No entanto, outros s acham a sensação mais grati cante do que o sentimento e tenderão a colocar a sensação em primeiro lugar e o sentimento em segundo lugar. Suas vidas serão moldadas para servir a seus sentidos — para proporcionar um uxo de experiências que forneçam algo interessante para ver, ouvir, saborear ou manipular. O sentimento poderá contribuir, mas não interferir. Como a sensação, um processo perceptivo, é preferido, esses s lidarão com o mundo pela atitude perceptiva e, portanto, são s. Esse fenômeno, do processo dominante ofuscando os outros processos e moldando a personalidade, foi observado empiricamente por Jung no decorrer de seu trabalho e tornouse, junto com a preferência extroversão-introversão, a base de seus tipos psicológicos. Algumas pessoas não gostam da idéia de um processo dominante e preferem pensar em si mesmas usando todos os quatro processos igualmente. No entanto, Jung sustenta que tal imparcialidade, onde ela realmente existe, mantém todos os processos relativamente subdesenvolvidos e produz uma “mentalidade primitiva”, porque formas opostas de fazer a mesma coisa interferem umas nas outras se nenhuma tiver prioridade. Se um processo perceptivo deve atingir um alto grau de desenvolvimento, ele precisa de atenção total na maior parte do tempo, o que signi ca que o outro deve ser desligado com freqüência e será menos desenvolvido. Se um processo julgador deve se tornar altamente desenvolvido, ele deve ter o mesmo direito de passagem. Um processo perceptivo e um processo julgador podem se desenvolver lado a lado, desde que um seja usado a serviço do outro. Mas um processo — sensação, intuição, pensamento ou sentimento — deve ter clara soberania, com oportunidade de atingir seu pleno desenvolvimento, se uma pessoa quiser ser realmente e caz. O papel do processo auxiliar Um processo sozinho, no entanto, não é su ciente. Para que as pessoas sejam equilibradas, elas precisam de um desenvolvimento adequado (mas não igual) de um segundo processo, não como rival do processo dominante, mas como um auxiliar bem-vindo. Se o processo dominante for julgador, o processo auxiliar será perceptivo: tanto a sensação quanto a intuição podem fornecer material sólido para julgamentos. Se o processo dominante for perceptivo, o processo auxiliar será julgador: tanto o pensamento quanto o sentimento podem dar continuidade ao objetivo. Se uma pessoa não tem um desenvolvimento útil de um processo auxiliar, a ausência provavelmente será óbvia. Um perceptivo extremo sem julgamento é só vela e nenhum leme. Um tipo extremamente julgador sem percepção é todo forma e nenhum conteúdo. Além de complementar o processo dominante em seu ramo principal de atuação, o auxiliar tem outra responsabilidade. Ele carrega o fardo principal de fornecer equilíbrio adequado (mas não igualdade) entre extroversão e introversão, entre os mundos externo e interno. Para todos os tipos, o processo dominante torna-se profundamente absorvido no mundo que mais interessa, e tal absorção é adequada e apropriada. O mundo de sua escolha não é apenas mais interessante, é o mais importante para eles. É onde eles podem fazer seu melhor trabalho e funcionar em seu melhor nível, e reivindica a atenção quase total de seu melhor processo. Se o processo dominante se envolver profundamente em assuntos menos importantes, a principal tarefa da vida sofrerá. Em geral, portanto, os assuntos menos importantes são deixados para o processo auxiliar. Para os extrovertidos, o processo dominante está preocupado com o mundo exterior das pessoas e coisas, ao passo que o processo auxiliar tem que cuidar de suas vidas interiores, sem o que os extrovertidos seriam extremos na extroversão e, nas opiniões de seus companheiros mais equilibrados, super ciais. Os introvertidos têm menos opções de participação em ambos os mundos. A vida exterior lhes é imposta, quer queiram quer não. Seu processo dominante está absorto no mundo interior das idéias, e o processo auxiliar faz o que pode sobre suas vidas exteriores. Com efeito, o processo dominante diz ao auxiliar: “Vá lá e cuide das coisas que não podem ser evitadas e não me peça para trabalhar nelas, exceto quando for absolutamente necessário”. Os introvertidos relutam em usar o processo dominante no mundo exterior mais do que o necessário por causa dos resultados previsíveis. Se o processo dominante, que é o processo mais adulto e consciencioso, for usado em coisas externas, envolverá os introvertidos em mais extroversão do que eles podem suportar, e tal envolvimento lhes custará privacidade e paz. O sucesso dos contatos dos introvertidos com o mundo exterior depende da e cácia de seu processo auxiliar. Se ela não for desenvolvida adequadamente, suas vidas exteriores serão muito incômodas, acidentais e desconfortáveis. Assim, há uma penalidade mais óbvia para os introvertidos que falham em desenvolver um processo auxiliar útil do que para os extrovertidos com de ciência semelhante. Di culdade de identi car o processo dominante dos introvertidos Nos extrovertidos, o processo dominante, sendo extrovertido, não é apenas visível, mas conspícuo. Sua maneira mais con ável, mais habilidosa e mais adulta de usar suas mentes é dedicada ao mundo exterior. Desta forma, é o lado comumente apresentado, o lado que os outros vêem, mesmo em contatos casuais. O melhor processo dos extrovertidos tende a ser imediatamente aparente. Com os introvertidos, o inverso é verdadeiro. O processo dominante é habitual e teimosamente introvertido; quando sua atenção deve se voltar para o mundo exterior, eles tendem a usar o processo auxiliar. Com exceção daqueles que são muito próximos dos introvertidos, ou muito interessados no trabalho que amam (o que provavelmente é a melhor maneira de se aproximar deles), as pessoas provavelmente não serão admitidas no mundo interior dos introvertidos. A maioria das pessoas vê apenas o lado introvertido presente no mundo exterior, que é principalmente seu processo auxiliar, seu segundo melhor. O resultado é um paradoxo. Os introvertidos cujo processo dominante é um processo julgador, seja o pensamento ou o sentimento, não agem externamente como pessoas julgadoras. O que aparece do lado de fora é a perceptividade de seu processo auxiliar, e eles vivem suas vidas externas principalmente pela atitude perceptiva. O julgamento interno não é aparente até que surja algo que seja importante para seus mundos internos. Nesses momentos, eles podem assumir uma posição surpreendentemente positiva. Da mesma forma, os introvertidos cujo processo dominante é perceptivo, seja a sensação ou a intuição, não se comportam exteriormente como pessoas perceptivas. Eles mostram a julgabilidade do processo auxiliar e vivem suas vidas exteriores principalmente na atitude julgadora. Uma boa maneira de visualizar a diferença é pensar no processo dominante como o general e no processo auxiliar como seu ajudante. No caso do extrovertido, o general está sempre exposto. Outras pessoas o encontram imediatamente e fazem seus negócios diretamente com ele. Eles podem obter o ponto de vista o cial sobre qualquer coisa a qualquer momento. O ajudante ca respeitosamente ao fundo ou desaparece dentro da tenda. O general do introvertido está dentro da tenda, trabalhando em assuntos de alta prioridade. O ajudante está do lado de fora evitando as interrupções, ou, se está dentro ajudando o general, sai para ver o que é pedido. É o ajudante que os outros conhecem e com quem fazem seus negócios. Só quando o negócio é muito importante (ou a amizade é muito próxima) é que os outros entram para ver o próprio general. Se as pessoas não percebem que há um general na tenda que supera de longe o ajudante que encontraram, elas podem facilmente presumir que o ajudante é o único responsável. Este é um erro lamentável. Isso leva não apenas a uma subestimação das habilidades do introvertido, mas também a uma compreensão incompleta de seus desejos, planos e pontos de vista. A única fonte para tal informação privilegiada é o general. Uma precaução fundamental ao lidar com introvertidos, portanto, é não presumir, apenas pelo contato comum, que eles revelaram o que realmente importa para eles. Sempre que houver uma decisão a ser tomada que envolva introvertidos, eles devem ser informados sobre isso da maneira mais completa possível. Se o assunto for importante para eles, o general sairá da tenda e revelará uma série de novidades, e a decisão nal terá mais chances de ser acertada. Descobrindo qual processo é dominante Existem três maneiras de deduzir o processo dominante das quatro letras do tipo de uma pessoa. O processo dominante deve, é claro, ser ou o processo perceptivo preferido (como mostrado pela segunda letra) ou o processo julgador preferido (como mostrado pela terceira). A preferência pode ser usada para determinar o processo dominante, mas deve ser usada de forma diferente com extrovertidos e introvertidos. O re ete apenas o processo usado para lidar com o mundo exterior. Conforme explicado anteriormente, o processo dominante do extrovertido prefere o mundo exterior. Portanto, o processo dominante do extrovertido aparece na preferência do . Se o tipo de um extrovertido termina em , o processo dominante é julgador, ou ou . Se o tipo termina em , o processo dominante é perceptivo, ou ou . Para os introvertidos, ocorre exatamente o oposto. O processo dominante do introvertido não aparece na preferência do , porque os introvertidos preferem não usar o processo dominante para lidar com o mundo exterior. O ou em seu tipo, portanto, re ete o processo auxiliar ao invés do processo dominante. Se o tipo de um introvertido termina em , o processo dominante é perceptivo, ou ou . Se o tipo termina em , o processo dominante é julgador, ou ou . Para referência imediata, as letras sublinhadas na Figura 1 indicam o processo dominante para cada um dos 16 tipos. Extrovertido Introvertido Extrovertido Introvertido A preferência mostra como a pessoa prefere lidar com o mundo exterior. A preferência mostra como a pessoa prefere lidar com o mundo exterior. O processo dominante aparece na preferência . O processo auxiliar aparece na preferência . O processo dominante é usado no mundo exterior. O processo dominante é usado no mundo interior. O processo auxiliar é usado no mundo interior. O processo auxiliar é usado no mundo exterior. Figura 1 O processo dominante de cada tipo C II: A J apresenta a teoria tipológica em uma forma mais simples do que a empregada O Capítulo por Jung em seu Tipos psicológicos e desenvolve sua teoria em termos próximos aos aspectos cotidianamente observados em pessoas normais. Além do seu processo dominante, essas pessoas possuem um processo auxiliar su cientemente desenvolvido para fornecer um equilíbrio entre julgamento e percepção, assim como entre extroversão e introversão. Jung não descreve em nenhum lugar de seu livro estes tipos normais e equilibrados como possuindo um processo auxiliar à disposição. Ele retrata cada processo focando mais nitidamente e com o máximo de contraste nas formas extrovertida e introvertida; conseqüentemente, ele descreve os raros tipos teoricamente “puros”, que têm pouco ou nenhum desenvolvimento do auxiliar. A abordagem de Jung tem vários efeitos indesejados. Ao ignorar o auxiliar, ele ignora as combinações de percepção e julgamento e suas amplas áreas de interesse para os negócios, as pessoas, a linguagem e a ciência. Os resultados dessas combinações — as formas cotidianas nas quais os tipos são encontrados — são descartados em sete linhas da página 515 (ver página 45 deste livro). Deste modo, outros pesquisadores, que reinventaram as categorias sob diferentes nomes, desconheciam os paralelos entre suas descobertas e as teorias de Jung. Outra conseqüência importante de ignorar o processo auxiliar se nota na distorção das descrições feitas dos tipos individuais introvertidos. Estes tipos dependem do auxiliar para sua extroversão, ou seja, para suas personalidades exteriores, sua comunicação com o mundo e seus meios de ação. Retratá-los sem auxiliares é retratá-los sem extroversão — incapazes de se comunicar, de usar seus insights ou de causar qualquer impacto no mundo exterior. Em vista do profundo apreço de Jung pelo valor dos introvertidos, é irônico que ele deixe que sua paixão pela abstração o traia e o leve a se concentrar em casos de introversão “pura”, não apenas descrevendo pessoas sem extroversão alguma, mas, aparentemente, apresentandoas como formas típicas dos introvertidos em geral. Deixando de considerar que os introvertidos com um bom auxiliar são efetivos e desempenham um papel indispensável no mundo, Jung abre a porta para um mal-entendido generalizado de sua teoria. Muitas pessoas a entenderam tão mal que consideraram a diferença básica entre extrovertidos e introvertidos como uma diferença de ajuste em vez de uma escolha legítima de orientação. Poucos dos leitores de Jung parecem ter percebido que suas concepções tipológicas tinham relação com os problemas cotidianos familiares à tarefa de educar as pessoas, aconselhá-las, empregá-las, comunicar-se com elas, assim como viver em uma mesma família. Por décadas, portanto, a utilidade prática de sua teoria não foi explorada. Implicações negligenciadas da teoria de Jung Para ser útil, uma teoria da personalidade precisa retratar e explicar as pessoas como são. Deste modo, a teoria de Jung deve ser ampliada para incluir os três elementos essenciais expostos a seguir. Presença constante das funções auxiliares O primeiro requisito para o equilíbrio é o desenvolvimento do processo auxiliar em relação ao processo dominante. Jung não menciona o processo auxiliar em Tipos psicológicos até a página 513, depois de feitas todas as suas descrições dos tipos. ● Nas descrições anteriores, não pretendi dar aos meus leitores a impressão de que esses tipos puros ocorrem freqüentemente na realidade.1 ● Em conjunto com o processo mais diferenciado, outro processo de importância secundária e, portanto, de diferenciação inferior na consciência, está constantemente presente e é um fator relativamente determinante.2 ● A experiência mostra que o processo secundário é sempre aquele cuja natureza é diferente, embora não antagônica, do processo principal. Assim, por exemplo, o pensamento, como processo primário, pode ser facilmente combinado com a intuição enquanto auxiliar, ou, de fato, pode se combinar igualmente bem com a sensação, mas... nunca com o sentimento.3 Resultado das combinações entre percepção e julgamento Talvez as características resultantes dessas combinações, como visto no Capítulo , sejam os aspectos típicos mais fáceis de serem vistos. A seguir, tudo o que Jung escreve sobre elas: Dessa mistura resultam guras bem conhecidas como, por exemplo, o intelecto prático que está unido à sensação, o intelecto especulativo que é penetrado pela intuição, a intuição artística que escolhe e apresenta seus trabalhos por meio de julgamentos do sentimento, a intuição losó ca que transpõe sua visão para a esfera do compreensível, graças a um intelecto vigoroso, e assim por diante.4 O papel do auxiliar no equilíbrio entre extroversão e introversão O princípio básico de que o auxiliar fornece a extroversão necessária para os introvertidos e a introversão necessária para os extrovertidos é de vital importância. O auxiliar dos extrovertidos lhes dá acesso à sua própria vida interior e ao mundo das idéias; o auxiliar dos introvertidos lhes dá um meio para que se adaptem ao mundo da ação e lidem e cazmente com ele. As únicas alusões de Jung a esse fato são enigmaticamente breves. Conseqüentemente, quase nenhum dos seus seguidores, exceto Van der Hoop, parece entender o princípio envolvido. Com efeito, eles supõem que as duas funções mais desenvolvidas são usadas na esfera principal (tanto extrovertidos quanto introvertidos) e que a outra esfera é deixada à mercê das duas funções inferiores. Jung escreve: Para todos os tipos que aparecem na prática, o princípio é que, além do processo principal consciente, há também um processo auxiliar relativamente inconsciente, que, em todos os seus aspectos, é diferente da natureza do processo principal.5 A parte central do trecho acima é a a rmação “em todos os seus aspectos”. Se o processo auxiliar for diferente do processo dominante em todos os aspectos, ele não poderá ser introvertido quando o processo dominante for introvertido. Pelo contrário, ele deverá ser extrovertido se o processo dominante for introvertido e introvertido se o processo dominante for extrovertido.6 Esta interpretação é con rmada por Jung em dois outros trechos, o primeiro sobre o pensador introvertido e o segundo sobre o extrovertido. As funções relativamente inconscientes de sentimento, intuição e sensação, que equilibram o pensamento introvertido, são qualitativamente inferiores, com um caráter primitivo e extrovertido.7 Quando o mecanismo da extroversão predomina […], o processo com maior diferenciação tem uma aplicação contínua de extroversão, enquanto as funções inferiores são colocadas a serviço da introversão.8 A conclusão de que o processo auxiliar cuida da extroversão do introvertido e da introversão do extrovertido é con rmada pela observação. Em todos os introvertidos bem equilibrados, o observador pode ver que a extroversão é realizada pelo processo auxiliar. Por exemplo, as pessoas (tipos sensitivos introvertidos que preferem o pensamento ao sentimento como auxiliar) normalmente conduzem a vida externa com seu segundo melhor processo, o pensamento, de modo que ele é realizado com sistema e ordem impessoais. Elas não deixam isso a cargo de seu terceiro melhor processo, o sentimento, como teriam de fazer se tanto a sensação quanto o pensamento fossem introvertidos. Da mesma maneira, as pessoas (tipos sentimentais introvertidos que preferem a intuição à sensação como auxiliar) normalmente conduzem a vida externa com seu segundo melhor processo, a intuição, de modo que sua vida externa se caracteriza por impulsos, sonhos e entusiasmo. Elas não deixam isso por conta de seu terceiro melhor processo, a sensação, como teriam de fazer se tanto o sentimento quanto a intuição fossem introvertidos. Encontra-se um grau mais sutil de evidência no “caráter extrovertido” do processo auxiliar do introvertido. Por exemplo, em um bem equilibrado, o processo auxiliar observável, o pensamento, pode se assemelhar mais ao pensamento do pensador extrovertido do que ao do pensador introvertido. Esse ponto pode ser testado com qualquer introvertido comparando o processo auxiliar com o Capítulo , Figuras 28–31, onde são mostradas as diferenças entre o pensamento extrovertido e introvertido, o sentimento extrovertido e introvertido etc. Assim, o bom desenvolvimento de tipo exige que o auxiliar complemente o processo dominante em dois aspectos: ele deve fornecer um grau útil de equilíbrio não apenas entre percepção e julgamento, mas também entre extroversão e introversão. Se isso não for feito, o indivíduo cará literalmente “desequilibrado”, recolhendo-se no mundo preferido e, consciente ou inconscientemente, terá medo do outro mundo. Estes casos ocorrem e podem, aparentemente, apoiar a suposição generalizada entre os analistas junguianos de que o dominante e o auxiliar são naturalmente tanto extrovertidos quanto introvertidos; no entanto, tais casos não são a norma: eles são exemplos de uso e desenvolvimento insu cientes do auxiliar. Para que as pessoas vivam felizes e e cazmente em ambos os mundos, elas precisam de um auxiliar equilibrado que possibilite a adaptação em ambas as direções — ao mundo ao seu redor e ao seu eu interior. Os 16 tipos resultantes Quando o processo auxiliar é levado em consideração, os tipos de Jung se dividem em dois. No lugar do simples pensador introvertido, há o pensador introvertido com sensação e o pensador introvertido com intuição. Desta forma, há 16 tipos no lugar dos oito de Jung. Dezesseis seria um número difícil de manter em mente se os tipos fossem categorias arbitrárias e não-relacionadas, mas cada um é o resultado lógico de suas próprias preferências e está intimamente relacionado aos outros tipos que compartilham algumas das mesmas preferências. (As relações podem ser visualizadas de forma lógica e fácil com o conhecimento da Tabela de Tipos no Capítulo , Figura 2). Na tentativa de determinar o tipo de uma pessoa por meio da observação, não é necessário considerar todas as 16 possibilidades ao mesmo tempo. Qualquer preferência que pareça ser razoavelmente certa reduzirá as possibilidades pela metade. Por exemplo, qualquer introvertido pertence a um dos oito tipos de introvertidos. Se for um introvertido intuitivo, ele pertencerá a um dos quatro tipos . Se essa pessoa preferir o pensamento ao sentimento, o tipo será ainda mais re nado para . Na etapa nal, a identi cação do processo dominante dependerá da preferência . O papel da preferência julgamento-percepção A preferência completa a estrutura do tipo. Conforme explicado no nal do Capítulo , essa preferência é indispensável para determinar qual é o processo dominante. Estudantes de Jung não encontrarão, entretanto, qualquer referência à preferência em Tipos psicológicos. Embora ele ocasionalmente se re ra a tipos julgadores e perceptivos entre os extrovertidos, Jung nunca menciona que a diferença pode ser vista nos introvertidos e que re ete o caráter de sua extroversão. Essa omissão é inevitável porque ele nunca discute a extroversão do introvertido. Em vez disso, Jung divide os tipos em racionais e irracionais; os tipos “racionais” são aqueles cujo processo dominante é o pensamento ou o sentimento, e os “irracionais” são aqueles cujo processo dominante é a sensação ou a intuição. Esta distinção é de pouca utilidade prática para determinar o tipo de uma pessoa. A racionalidade do tipo sentimental introvertido, por exemplo, é muito interior e sutil para o observador perceber com alguma certeza, ou mesmo para o sujeito descrever. É mais seguro depender de reações relativamente simples e acessíveis. A preferência se mostra em reações simples e acessíveis. Ela serve admiravelmente como a quarta dicotomia, se tivermos em mente um detalhe: trata-se apenas do comportamento externo e, portanto, aponta apenas indiretamente para o processo dominante do introvertido. A preferência tem três vantagens principais. É facilmente veri cável; é descritiva, abrangendo uma série de qualidades notáveis e importantes; e expressa uma divisão básica em termos positivos, sem ofender nenhum dos lados. Tanto as pessoas julgadoras quanto as pessoas perceptivas podem ver mérito no que são, enquanto para a maioria das pessoas “irracional” é uma palavra agressiva.9 A inclusão da preferência na teoria surgiu como resultado de uma pesquisa de personalidade não-publicada de Katharine C. Briggs, antes da publicação de Tipos psicológicos de Jung. As categorias de tipos que ela havia concebido eram inteiramente consistentes com as de Jung, mas menos detalhadas. Seu “tipo meditativo” incluía todos os tipos introvertidos. Seu “tipo espontâneo” correspondia aos extrovertidos perceptivos, nos quais o comportamento perceptivo é mais forte. Seu “tipo executivo” descrevia exatamente os pensadores extrovertidos, e seu “tipo sociável”, os sentimentais extrovertidos. Quando a teoria de Jung foi publicada em 1923, Katharine percebeu que ia muito além da sua própria e a estudou intensivamente. Juntando os trechos citados anteriormente neste capítulo, ela os interpretou como signi cando que o processo auxiliar dirige a vida exterior do introvertido. Ela olhou para a vida exterior de seus amigos “meditativos” para ver se isso era verdade e concluiu que sim. Briggs também descobriu que, quando o auxiliar do introvertido era um processo perceptivo, dava origem a uma atitude perceptiva e a uma personalidade externa que se assemelhava, de maneira silenciosa, à personalidade “espontânea” do extrovertido perceptivo. Quando o auxiliar era um processo julgador, produzia uma atitude de julgamento e uma personalidade externa que era o oposto de “espontâneo”. Sua própria compreensão dos tipos “espontâneos” a preparou para reconhecer a atitude perceptiva e a atitude julgadora — e o fato de que elas formam um quarto par de opostos. A inclusão da preferência junto das outras preferências, , e , completou o sistema. As análises que ela elaborou naquela época — resumindo os efeitos de cada uma dessas quatro preferências — forneceram, muito tempo depois, a chave para a determinação prática do tipo.10 A realidade dos opostos Em todo o nosso trabalho subseqüente com tipos, Katharine Briggs e eu tomamos esses quatro pares de opostos como básicos. Nós não os inventamos ou descobrimos. Eles são inerentes à teoria dos tipos funcionais de Jung, baseada em muitos anos de observações que lhe pareciam sintetizar o conhecimento já existente sobre a personalidade. Temos estado menos interessados em de nir as funções do que em descrever as conseqüências de cada preferência, tanto quanto podemos observá-las ou inferi-las, e em usar as conseqüências mais acessíveis (não as mais importantes) para desenvolver um meio de identi car o tipo. Uma vez que os aspectos mais super ciais do tipo costumam ser os mais fáceis de descrever, muitas reações triviais são úteis para a identi cação, mas essas são apenas minúcias para mostrar em que direção o vento sopra. Elas não são o vento. Seria um erro supor que a essência de uma atitude ou de um processo perceptivo ou de julgamento é de nida por seus efeitos super ciais triviais ou pelos itens de teste que a re etem ou pelas palavras usadas para descrevê-la. A essência de cada uma das quatro preferências é uma realidade observável. É fácil para as pessoas perceberem que há a escolha entre dois mundos nos quais podem concentrar seu interesse. Um é um mundo externo onde as coisas acontecem fora dos indivíduos ou “sem” eles, em ambos os sentidos da palavra, e o outro é um mundo interno onde a atividade está dentro da mente do indivíduo, de modo que o indivíduo é uma parte inseparável de tudo o que acontece. Ficará evidente para as pessoas também, embora talvez mais claramente quando aplicado aos outros do que a si mesmas, que elas podem escolher entre duas atitudes ao lidar com o mundo exterior. Podem percebê-lo sem nenhuma inclinação para julgá-lo no momento, ou podem julgá-lo sem fazer nenhum esforço adicional de percepção. Quando as pessoas consideram seus próprios processos mentais, ca evidente que mais de um tipo de percepção é possível. As pessoas certamente não estão limitadas ao relato direto de seus sentidos. Através das mensagens sutis da intuição, as pessoas também podem se tornar conscientes do que as coisas poderiam ser ou do que pode ser feito. Finalmente, as pessoas podem ver, pelo menos nos outros, que existem dois tipos de julgamento, um por meio do pensamento e outro por meio do sentimento. Todo mundo conhece os dois diariamente, às vezes usados adequadamente e às vezes não. A existência dos opostos não é, portanto, nada novo, como o próprio Jung aponta. Eles são de conhecimento comum, uma vez que as pessoas param para pensar sobre eles. A di culdade, observa Jung, é que eles parecem muito diferentes para diferentes tipos. Pessoas de cada tipo experimentam os opostos à sua maneira. Mesmo com conhecimento “perfeito” de todos os 16 pontos de vista, ainda seria impossível de nir os opostos em termos que satis zessem a todos. No entanto, quando as pessoas renunciam a de nições formais e, em vez disso, consultam a realidade de suas próprias experiências, podem concordar que em cada uma das quatro áreas mencionadas há uma escolha de opostos que pode ser experimentada, como quer que as dicotomias sejam de nidas. O novo insight pelo qual Jung sintetizou esse conhecimento foi o reconhecimento de que uma escolha inicial entre esses opostos básicos determina a linha de desenvolvimento da percepção e do julgamento da pessoa e, portanto, tem profundas consequências no campo da personalidade. Essa idéia magní ca torna possível uma explicação coerente para uma variedade de diferenças humanas simples, para complexidades de personalidade e para satisfações e motivações amplamente diferentes. Também sugere uma nova dimensão importante na compreensão do desenvolvimento dos jovens. Jung viu sua teoria como uma ajuda para a autocompreensão, mas a aplicação da teoria (como a própria teoria em si mesma) se estende para além do ponto em que Jung se contentou em parar. Os conceitos dos tipos lançam luz sobre a maneira como os indivíduos percebem e julgam e sobre as coisas que mais valorizam; os conceitos dos tipos são, portanto, úteis sempre que uma pessoa deve se comunicar ou viver com outra, ou tomar decisões que afetam outra vida humana que não a sua. PARTE II: E C III: T as pessoas de cada tipo devem experimentar os opostos à sua C omo própria maneira, os leitores naturalmente verão a teoria dos tipos e as consequências reais das preferências de seus próprios pontos de vista à luz das preferências às quais eles próprios se habituam. As discussões nos capítulos seguintes e as estatísticas que os leitores podem coletar signi carão muito mais para eles depois que eles tiverem visto os tipos por si mesmos. Assim sendo, as pessoas que trabalham com o Indicador de Tipo devem observar as preferências em ação e comparar as descrições com o comportamento cotidiano dos tipos. Os observadores podem perceber coisas novas e desejar corrigir as descrições para se adequarem às suas próprias opiniões. O importante é obter uma compreensão em primeira mão dos tipos. O obstáculo óbvio é que existem 16 tipos, que são muitos para serem lembrados pela memória bruta. Suas qualidades distintivas podem ser vistas melhor por comparação e contraste. A maneira mais fácil de lembrar o que é lido e observado sobre cada tipo é preencher uma “Tabela de Tipos” com familiares e amigos. A Tabela de Tipos é uma ferramenta para ver todos os tipos em relação uns com os outros. Ela organiza os tipos de modo que aqueles em áreas especí cas da Tabela tenham certas preferências em comum e, portanto, compartilhem quaisquer qualidades que surjam dessas preferências. Por isso, é valiosa tanto para análise de dados de pesquisa quanto para observação pessoal sistemática. Personalizada com os nomes de amigos e familiares, a Tabela de Tipos e as diferenças de tipos ganham vida. É uma grande conveniência usar a Tabela de Tipos para saber onde cada tipo está, sem procurá-lo. Os seguintes auxílios à memória serão úteis. Começando com a percepção, uma das primeiras e mais observáveis escolhas, a Tabela de Tipos primeiro se divide por . Todos os tipos sensitivos vão na metade esquerda; todos os tipos intuitivos na metade direita. É fácil lembrar qual metade é qual: na expressão “preferência ”, está à esquerda e à direita. Então o primeiro passo é: Em seguida vem o julgamento, possivelmente a próxima escolha mais discernível. Dividir cada metade por produz as quatro combinações de percepção e julgamento. As duas colunas com sentimento cam lado a lado no meio, e as duas colunas com pensamento cam nos lados externos. Esse arranjo re ete os relacionamentos mais próximos que os tipos sentimentais têm com outras pessoas, enquanto os tipos pensadores são mais distantes. Sendo assim, o segundo passo é: Lembre-se de que, ao passar de uma combinação para outra, apenas uma preferência muda por vez. Deste modo, cada combinação tem um processo em comum com as mais próximas. O próximo passo é dividir para . Os tipos introvertidos vão para a metade superior ou “norte” da Tabela de Tipos, onde, na melhor tradição da Nova Inglaterra, eles podem ser considerados silenciosos, reservados, lentos para ceder e inclinados a cuidar da própria vida e deixar os outros fazerem o mesmo. Os tipos extrovertidos, que podem ser considerados mais abertos, acessíveis, comunicativos e amigáveis, cam na metade inferior ou “sul” (nenhuma diferença geográ ca no tipo deve ser inferida a partir disso). Portanto, a terceira etapa é: A divisão nal, por , divide cada linha horizontal em duas, e o resultado é a Tabela de Tipos completa com quatro linhas e quatro colunas, como mostrado na Figura 2. Figura 2: A Tabela de Tipos O arranjo das leiras horizontais é projetado para colocar na parte inferior os —s, extrovertidos com a atitude de julgamento. Os —s, os extrovertidos perceptivos, vêm logo acima deles. Em seguida, mudando apenas uma preferência por vez, vêm os tipos —, os introvertidos perceptivos. A leira superior é ocupada pelos tipos —, os introvertidos julgadores, equilibrando os extrovertidos julgadores na parte inferior. Assim, os tipos mais resistentes, os pensadores à esquerda e à direita e os tipos julgadores em cima e embaixo, formam uma espécie de muro ao redor da Tabela de Tipos; os “mais suaves”, tipos , cam dentro. Os tipos com ambas as preferências resistentes, os cabeça-dura, executivos , ocupam os quatro cantos. Com essas ferramentas em mente — indo da esquerda para a direita, as colunas de sentimento se a liando umas às outras no centro, os introvertidos “do norte” e os extrovertidos “do sul” e os tipos julgadores sustentando o peso na parte superior e inferior —, a Tabela de Tipos pode ser lembrada e reproduzida de memória. Mais importante, a Tabela de Tipos cria uma estrutura lógica para o armazenamento das características dos tipos. Uma Tabela de Tipos completa está impressa no nal deste livro (consulte as páginas 269 e 270). Para cada um dos tipos, há espaço su ciente para os leitores listarem nomes e, se desejarem, pro ssões de amigos, familiares, colegas de trabalho e assim por diante, que se enquadram nos diferentes tipos. Uma vez que a tabela esteja bem preenchida, as diferenças entre extrovertidos e introvertidos podem ser esclarecidas comparando-se as pessoas da metade inferior com as da metade superior. A preferência será ilustrada pelo contraste entre as metades esquerda e direita, a preferência pelo contraste entre as duas colunas mais externas e as duas centrais, e a preferência pela maneira como as pessoas nas linhas superior e inferior diferem daquelas nas linhas do meio. Com os efeitos de cada uma das preferências assim estabelecidos, várias áreas da Tabela de Tipos assumem um caráter de nido pela interação dessas preferências. Parece natural que muitos psiquiatras se encontrem na coluna de intuição mais sentimento. Está claro por que os jovens aspirantes a executivos costumam ser . É razoável que os alunos da Wharton School of Finance and Commerce sejam mais freqüentemente e os da Cal Tech sejam mais freqüentemente . Por outro lado, quando uma amostra de nida por ocupação, diploma universitário, escolaridade, ou qualquer propensão é distribuída em uma Tabela de Tipos, uma concentração em uma área da tabela pode apontar novos fatos sobre os tipos naquela área. Para identi car tipos e grupos de tipos, as letras são mais precisas e convenientes do que as palavras. Um grupo de tipos com uma ou mais preferências em comum pode ser de nido precisamente pela(s) letra(s) comum(s), disposta(s) em ordem padrão, com travessões onde as letras não são adjacentes. Neste livro, uma designação de tipo deve ser tomada em seu sentido mais amplo. Os oito tipos na metade esquerda da Tabela de Tipos são, portanto, todos tipos sensitivos, e os oito tipos na metade direita são todos intuitivos. Por outro lado, o termo quali cado introvertido intuitivo sempre signi ca um introvertido em quem a intuição é dominante, um tipo – ; o termo extrovertido intuitivo sempre signi ca um extrovertido em quem a intuição domina, um –. Da mesma forma, o tipo introvertido sensitivo refere-se a um – e o tipo extrovertido sensitivo signi ca um –, e assim por diante. Esses são os nomes formais dos oito tipos originais de Jung. A preposição com, conforme usada ao longo deste livro, denota a combinação de duas preferências sem referência à dominância. Os quatro tipos no canto superior direito da Tabela de Tipos são “introvertidos com intuição”; os tipos na coluna são “intuitivos com sentimento”; e assim por diante. As Tabelas de Tipos nas Figuras 3–23 mostram os signi cados das combinações de letras e, mais importante, ilustram o uso de freqüências para fazer descobertas sobre os tipos individuais. Se um determinado tipo é muito mais (ou muito menos) freqüente em determinada amostra do que o esperado, as características do tipo podem ser responsáveis por essa distribuição. Ao explorar tais hipóteses, é necessário adotar uma estimativa razoável da freqüência esperada para esses tipos. A maioria das Tabelas de Tipos neste capítulo adota para esse propósito as freqüências realmente encontradas em uma amostra de 3.503 alunos do ensino médio se preparando para a faculdade, conforme mostrado na Tabela de Tipos da Figura 3. As amostras das Figuras 5 e 8 foram combinadas para fazer esse grupo, que também foi usado para as freqüências esperadas na página 45 do Manual Myers-Briggs Type Indicator® de 1962. Figura 3: Alunos do ensino médio, em preparação para a faculdade ( = 3.503 homens) As Tabelas de Tipos nas Figuras 3–23 mostram as freqüências mais intensas e as áreas com populações relativamente esparsas. Nestas guras, a porcentagem da amostra pertencente a cada tipo é escrita e mostrada gra camente com quadrados pretos, cada um representando cerca de 2%, ou com círculos pretos, cada um representando aproximadamente 2 pessoas. (Círculos são usados nas Figuras 16, 17, 18 e 20, nas quais as amostras são menores que 100). O número total de extrovertidos, introvertidos, e assim por diante, assim como a porcentagem que cada número representa, são fornecidos abaixo das tabelas. Figura 4: Alunos do ensino médio, exceto em preparação para a faculdade ( = 1.430 homens) As Tabelas de Tipos nas Figuras 4 e 5 mostram alunos do ensino médio do sexo masculino, principalmente alunos do primeiro e segundo anos, que zeram o Formulário D 2 do Indicador em 25 colégios nos condados suburbanos da Filadél a, na primavera de 1957, um período em que distinções rígidas eram mantidas entre os programas de ensino médio preparatório e não-preparatório para a faculdade.11 O maior contraste aqui é entre a baixa incidência de intuitivos entre os alunos que não estavam se preparando para a faculdade, em comparação com os substanciais 38% de intuitivos entre os alunos em preparação. Figura 5: Alunos do ensino médio, em preparação para a faculdade ( = 2.603 homens) Em outras preferências, além da , as diferenças de freqüência são mínimas. Em ambas as tabelas, o tipo mais freqüente é um tipo , , e o menos freqüente é um tipo , . De outro modo, essas amostras revelam distribuições bastante iguais, o que é bastante apropriado, uma vez que os alunos do ensino médio são um grupo heterogêneo de pessoas muito diferentes que acabarão se dispersando em todas as direções. As Tabelas Universitárias de Tipo (Figuras 12–19) mostram algumas dessas direções. Figura 6: Alunos do ensino médio, exceto em preparação para a faculdade ( = 1.884 mulheres) As respectivas Tabelas de Tipos para o sexo feminino, Figuras 6 e 7, con rmam a relação entre intuição e escolaridade; elas também demonstram a magnitude da diferença de sexo em . Em ambas as amostras femininas, 68% são sentimentais; entre os homens que não estão se preparando para a faculdade, 41% são sentimentais, e, entre os homens em preparação, 38%. Devido a essa diferença entre os sexos, os dados que envolvem freqüências de tipos para homens e mulheres devem ser apresentados separadamente; se eles forem agrupados, as freqüências representarão de forma inadequada ambos os sexos. Figura 7: Alunos do ensino médio, em preparação para a faculdade ( = 2.155 mulheres) Os tipos sensitivos nas Figuras 6 e 7 mostram uma forte preferência pela atitude de julgamento. A amostra dos que não estão em preparação, que tem pouquíssimos intuitivos, é de 65% . Os tipos sensitivos preferem, em geral, levar suas vidas exteriores de uma maneira crítica que se antecipa aos problemas. Os intuitivos gostam de administrá-los de uma maneira perceptiva que permita que sua intuição siga suas inspirações. Figura 8: Alunos do Central High School ( = 900 homens) A Tabela de Tipos na Figura 8 mostra alunos do ensino médio em preparação para a faculdade — mas esses alunos estavam se preparando na Central High School, exclusivamente masculina, na Filadél a, na qual nenhum aluno é admitido a menos que tenha um mínimo de 110 e não mais do que uma nota tão baixa quanto nos dois anos anteriores à matrícula. Pode-se pensar que o segundo requisito, que envolve não negligenciar nenhuma matéria, resultaria em um aumento substancial no número de alunos . O número de alunos de fato aumentou, mas apenas de 50,4% para 53,3%. Figura 9: Finalistas do National Merit ( = 671 homens) A freqüência de subiu de 38% para 54%, o que resultou em uma redução simétrica das freqüências dos quatro tipos de , que não têm nem nem . Para os nalistas do National Merit, Figura 9, a freqüência de aumentou de 54% para 82,7%. Dos 17,3% restantes que eram , o sobrevivente notável foi o , com 5% da amostra. Figura 10: Estudantes da Philadelphia Girls’ High School ( = 348 mulheres) O colégio correspondente para mulheres é a Philadelphia Girls’ High School, que tem os mesmos requisitos de admissão do Central. As distribuições de freqüência nas Tabelas de Tipos nas Figuras 10 e 11 são muito semelhantes àquelas para as amostras masculinas correspondentes, exceto que as amostras masculinas têm a sua maioria em , enquanto as femininas têm a sua maioria em , como já visto. Introvertidas na Girls’ High são 38,2%, subindo para 52,1% entre as nalistas do National Merit. Intuitivas na Girls’ High são 50%, subindo para 81,8% na amostra do National Merit. Figura 11: Finalistas do National Merit ( = 330 mulheres) Assim como o para os homens, o sobrevivente proeminente dos tipos entre as mulheres nalistas do National Merit foi o , com uma freqüência de 5%, igual à dos homens. Aqui começa a auto-seleção. Após o ensino médio, os alunos podem escolher qualquer linha de estudo que desejarem. O grau de autoseleção exercido por qualquer tipo em qualquer amostra pode ser indicado pela taxa de auto-seleção (Self-selection ratio, ou ), que é a freqüência percentual daquele tipo na amostra dividida por sua freqüência percentual na população base apropriada. Para as amostras deste capítulo, exceto para estudantes de artes e aconselhamento, a população base é de 3.503 homens do ensino médio (Figura 3). Figura 12: Estudantes de artes liberais ( = 3.676 homens) Nas Figuras 12–23, o é mostrado para cada um dos 16 tipos. Valores acima de 1,00 indicam auto-seleção positiva. Valores abaixo de 1,00 mostram algum grau de evitação. Onde os tipos com mais alto (geralmente 1,20 ou superior) são adjacentes, eles formam uma área de auto-seleção e são sombreados na Tabela de Tipos. Para os homens em artes liberais, mostrados na Figura 12, a área de auto-seleção consiste nos quatro tipos de , tipicamente interessados em literatura e humanidades, e nos dois tipos de , levemente interessados em artes liberais, mas mais interessados em outros campos. Figura 13: Estudantes de engenharia ( = 2.188) Para os estudantes de engenharia, mostrados na Figura 13, a área de auto-seleção consiste no quadrante , os dois tipos e o . A ênfase está em e , e o , quando combinado com , parece quase tão atraído pela engenharia quanto o . Observe que os tipos seriam adjacentes ao quadrante se a tabela tomasse a forma de um cilindro horizontal, e a mesma coisa aconteceria com o se a forma fosse um cilindro vertical. (Estas são as amostras de artes liberais e engenharia da página 45 do Manual ®, de 1962). Figura 14: Estudantes de nanças e comércio ( = 488) A Tabela de Tipos na Figura 14 mostra 488 alunos de graduação da Wharton School of Finance and Commerce da Universidade da Pensilvânia. A Tabela de Tipos oposta, na Figura 15, é realmente oposta, mostrando 705 estudantes de ciências na Cal Tech. A área de auto-seleção para os estudantes de nanças e comércio é composta pelo quadrante mais os dois tipos de , o que é totalmente adequado. A coluna é aquela em que os principais objetos de interesse são os fatos, abordados com análise impessoal, de forma objetiva e prática. O quadrante é o quadrante mais prático e realista e o menos dado a abstrações intelectuais. Figura 15: Estudantes de ciências ( = 705) A área de auto-seleção para os alunos de ciências da Cal Tech consiste no quadrante (no qual o ) mais alto é 3,88 e o mais baixo é 1,97) mais os dois tipos . As pessoas na coluna focam nas possibilidades e nos princípios envolvidos em sua solução. Os membros do quadrante são os mais intelectuais, com uma capacidade de ver mais longe através do desconhecido do que a maioria das pessoas pode penetrar. O grau de interesse que os estudantes de ciências têm pelo quadrante pode ser julgado pelas taxas de auto-seleção que eles atribuem a ele: 0,22, 0,17, 0,12 e 0,02. Figura 16: Alunos veteranos de artes plásticas ( = 33) Fonte: Stephens (1972). As Tabelas de Tipos nas Figuras 16–18, baseadas em Stephens (1972), apresentam três grupos contrastantes de estudantes de artes plásticas veteranos da Universidade da Flórida. A população base contra a qual sua auto-seleção é medida é uma turma de calouros na mesma universidade, aproximadamente no mesmo período. A amostra da Figura 16 consiste em formandos de artes plásticas que planejavam ser artistas, criar sem referência a outros. Os quatro tipos que mostram auto-seleção positiva são todos tipos — intuição para criatividade e introversão para independência do mundo exterior. Figura 17: Alunos veteranos de terapia ocupacional ( = 29) Fonte: Stephens (1972). Os veteranos da Figura 17 estudavam terapia ocupacional e planejavam usar a arte para restaurar a saúde das pessoas, seja dandolhes um novo interesse pela vida ou uma nova con ança em si mesmas, ou simplesmente uma atividade manual agradável. Todos os cinco tipos que mostram auto-seleção positiva são tipos extrovertidos, para quem a ação aberta é importante, e quatro desses cinco tipos são tipos , para quem é importante que a ação envolva outras pessoas de maneira bené ca. O tipo com a auto-seleção mais forte é o , onde o sentimento é extrovertido e a percepção é prática, de modo que ajudar os outros é um dever e um prazer. Figura 18: Alunos veteranos de educação artística ( = 31) Fonte: Stephens (1972). Ao examinar a Figura 18, que traz informações sobre alunos veteranos de educação artística, encontramos uma grande diversidade de tipos que escolheram esse campo, talvez porque o próprio campo seja diverso. Essa amostra possui seis tipos com auto-seleção positiva, três em comum com estudantes de artes plásticas, três em comum com estudantes de terapia ocupacional; três são , três são ; três são , dois são e um é o um tanto quanto destacado. Provavelmente, os estilos de ensino desenvolvidos por essas pessoas variam. Figura 19: Estudantes de orientação pro ssional ( = 118) Na Figura 19, educação em orientação pro ssional, a auto-seleção parece con nada aos tipos . Cada tipo tem uma taxa de autoseleção de 1,80 ou superior, e nenhum outro tipo tem uma taxa de auto-seleção maior que 0,62. A razão é facilmente compreendida: a combinação entre intuição e sentimento praticamente de ne a orientação. O domínio da intuição é ver as possibilidades, e o domínio do sentimento é uma preocupação pelas pessoas, o que torna o exercício da intuição duplamente grati cante, pois são as possibilidades das pessoas que são procuradas e encontradas. Os sujeitos desta amostra eram estudantes da Universidade da Flórida que se especializaram em orientação pro ssional. Também para seus s, a população base eram os calouros da Flórida. Figura 20: Alunos bene ciários da Bolsa Rhodes ( = 71 homens) A amostra de alunos bene ciários da Bolsa Rhodes, mostrada na Figura 20, é o resultado de uma competição rigorosa. Nela, há uma porcentagem ainda maior de intuitivos do que entre os nalistas do National Merit. A maioria é do tipo sentimental, provavelmente porque, ao de nir o per l de estudante desejado por Rhodes, sua vontade enfatizava a bondade e o interesse pelos outros. A Figura 21 é baseada em dados do estudo de acompanhamento de Miller (1967) de alunos de sete faculdades de direito, incluindo os que desistiram. O número de abandonos de cada tipo é mostrado, precedido por um sinal de menos, na mesma linha que a freqüência daquele tipo. O taxa de abandono (), que é o percentual de abandono do tipo dividido pelo percentual de abandono da amostra como um todo, é dado abaixo do . Figura 21: Estudantes de direito ( = 2,248–374 os quais desistiram) Fonte: Miller (1965, 1967). Os resultados são muito claros. O essencial para o direito é o , de preferência . Todos os quatro tipos de têm auto-seleção positiva e uma taxa de abandono abaixo da média. Três dos tipos têm autoseleção positiva, mas uma taxa de abandono acima da média. Nenhum dos tipos sentimentais tem acima de 0,67, e seis deles têm uma taxa de abandono acima da média. Aparentemente, a faculdade de direito é mais bem enfrentada pelos de “cabeça-dura”. Figura 22: Policiais urbanos ( = 280) A amostra de policiais urbanos, Figura 22, oferece uma comparação interessante com os estudantes de direito que acabamos de ver, porque ambos os grupos lidam com a lei. Os estudantes de direito lidam com as distinções sutis da lei, o que se pode e o que não se pode fazer. Eles também enfrentam a perspectiva in nita de lidar em palavras com adversários também armados de palavras. Estas são boas razões pelas quais 59% deles estão no lado intuitivo. A polícia é composta por 79% de . Eles lidam com uma situação concreta após a outra, onde as palavras não são tão importantes quanto as decisões e ações. Eles são mais do que os estudantes de direito, e muitos deles são tipos sentimentais. Pode muito bem haver mais compaixão nas ruas do que nos tribunais. Figura 23 Gestores escolares ( = 124) Fonte: Von Fange (1961). A Tabela de Tipos na Figura 23, que retrata os gestores escolares canadenses de Von Fange (1961), é única. Tudo é superior e inferior. A amostra parece não ter nenhuma preferência marcada entre e , e , ou e . No entanto, ao lidar com o mundo ao seu redor, eles são 86% . Provavelmente, a capacidade de tomar decisões in nitas, grandes e pequenas, e não se cansar, é uma necessidade de vida para os responsáveis por manter os sistemas educacionais em equilíbrio. C IV: E conduta dos extrovertidos baseia-se na situação externa. Se são pensadores, tendem a criticá-la, analisá-la ou organizá-la; os tipos sentimentais podem defendê-la, protestar contra ela ou tentar mitigá-la; os tipos sensitivos podem apreciá-la, usá-la ou positivamente suportá-la; e os intuitivos tendem a tentar mudá-la. Em todo caso, o extrovertido começa com a situação externa. A O introvertido, porém, começa mais atrás — com as idéias internas, os conceitos mentais derivados do que Jung chama de arquétipos. A teoria dos tipos sustenta que os arquétipos são inatos em todos nós. Eles não têm origem em nossa própria experiência, embora a experiência pessoal possa ativá-los. Eles são a essência abstrata da experiência e as aspirações da humanidade. Eles são os universais, as formas do pensamento, que trazem padrão e signi cado desde a esmagadora multiplicidade da vida. (Os extrovertidos acham a multiplicidade bastante alegre; mas esta pode ser uma distração intolerável para os introvertidos, a menos que eles possam ver um signi cado uni cador que a coloque sob controle). Quando uma situação externa encontrada pelos introvertidos corresponde a uma idéia ou conceito familiar, eles encaram a situação com uma sensação de reconhecimento, como se estivessem vendo uma boa ilustração de algo há muito conhecido. Em tais situações, os introvertidos têm uma compreensão profunda. Se, no entanto, a situação externa não corresponder a conceitos familiares, pode parecer acidental, irrelevante e sem importância, e é muito provável que os introvertidos a administrem mal. Um exemplo histórico é a cegueira de Woodrow Wilson em Versalhes, quando apostou pela paz na Liga das Nações, uma decisão que seu próprio país não estava disposto a aceitar. Ele estava muito envolvido com a idéia de organização mundial para dar o devido valor à idéia de processo democrático — então o senado parecia irrelevante para ele, o que o levou a falhar. Como as energias dos introvertidos são poderosamente dirigidas por suas idéias, é extremamente importante que eles tenham a “idéia certa” sobre as coisas. Sua pausa característica antes da ação, que os extrovertidos chamam descuidadamente de hesitação, serve a um propósito real. Ela fornece tempo para estudar e classi car uma nova situação para que a ação tomada faça sentido a longo prazo. Os problemas surgem para os introvertidos porque muitas vezes eles não olham perto o su ciente para a situação externa e, portanto, não a vêem realmente. Os extrovertidos freqüentemente não param o su ciente para observar a situação especí ca e perceber a idéia subjacente. As vantagens de começar com a situação externa são óbvias e muito apreciadas na atual civilização ocidental, dominada pelo ponto de vista extrovertido. Existem muitas razões para essa dominação: os extrovertidos são mais vocais do que os introvertidos; eles são mais numerosos, aparentemente na proporção de três para um;12 e são acessíveis e compreensíveis, ao passo que os introvertidos não são facilmente compreensíveis, mesmo entre si, e provavelmente serão completamente incompreensíveis para os extrovertidos. Conseqüentemente, as vantagens dos introvertidos precisam ser apontadas — não apenas para os extrovertidos, mas às vezes até para os próprios introvertidos — pois as pessoas mais bem ajustadas são os “psicologicamente patrióticos”, que são felizes por ser o que são. Os introvertidos mais hábeis alcançam uma excelente facilidade na extroversão, mas nunca tentam ser extrovertidos. Por meio do bom desenvolvimento de um processo auxiliar, eles aprenderam a lidar competentemente com o mundo exterior sem jurar lealdade a ele. Sua lealdade é direcionada ao seu próprio princípio interior, derivando dele uma orientação segura e inabalável para a vida. Uma vantagem dos introvertidos é sua continuidade inerente, uma independência da situação externa momentânea, que muitas vezes é tão acidental quanto parece para eles. As condições e estímulos externos variam continuamente, mas os estímulos internos são muito mais constantes. Crianças introvertidas, ignorando completamente muitos dos estímulos externos que as distraem, seguem sua própria tendência silenciosa, sendo comum que pais de pequenos extrovertidos inquietos se maravilhem com os “poderes de concentração” dos introvertidos. Esta faculdade de concentração provavelmente caracterizará as carreiras dos introvertidos. Enquanto os extrovertidos tendem a ampliar a esfera de seu trabalho, a apresentar seus produtos cedo (e freqüentemente) ao mundo, a se tornarem conhecidos por um amplo círculo e a multiplicar relacionamentos e atividades, o introvertido adota a abordagem oposta. Indo mais fundo em seu trabalho, os introvertidos relutam em considerá-lo concluído e publicá-lo e, quando o fazem, tendem a dar apenas suas conclusões, sem os detalhes do que zeram. Essa brevidade impessoal da comunicação restringe seu público e fama, mas os salva de demandas externas avassaladoras e permite que retornem a outro trecho ininterrupto de trabalho. Como Jung teria dito, a atividade dos introvertidos ganha assim profundidade e seu trabalho tem valor duradouro. Outro aspecto útil do distanciamento característico dos introvertidos é que eles são pouco afetados pela ausência de encorajamento. Se acreditarem no que estão fazendo, poderão trabalhar alegremente por um longo tempo sem segurança, como geralmente fazem os pioneiros. Tal comportamento não faz sentido para a maioria dos extrovertidos. Uma jovem brilhante e muito extrovertida (uma ) protestou: “Mas nunca tenho certeza se meu trabalho é bom ou não até saber o que as outras pessoas pensam dele!”. Finalmente, embora os extrovertidos certamente tenham mais sabedoria “mundana” e um melhor senso de conveniência, os introvertidos têm uma vantagem correspondente em sabedoria “nãomundana”. Eles estão mais próximos das verdades eternas. O contraste é especialmente aparente quando um extrovertido e um introvertido são criados lado a lado na mesma família. A criança introvertida muitas vezes é capaz de compreender e aceitar um princípio moral — “seu e meu”, por exemplo — em sua forma abstrata. A criança extrovertida geralmente não se impressiona com o princípio abstrato e, por isso, geralmente precisa experimentá-lo; então, tendo aprendido da maneira mais difícil o que os outros pensam, o extrovertido tem uma base para a conduta. Os traços contrastantes que resultam da preferência são resumidos, aqui, na Figura 24, em colunas paralelas. Em geral, essas diferenças distinguem as pessoas da metade inferior da Tabela de Tipos daquelas da metade superior. Tipos extrovertidos Tipos introvertidos Os que pensam depois. Não podem entender a vida até que a tenham vivido.Os que pensam depois. Não podem entender a vida até que a tenham vivido. Os que pensam antes. Não podem viver a vida até que a entendam. Atitude relaxada e con ante. Eles esperam que as águas se provem rasas e mergulham prontamente em experiências novas e nunca experimentadas. Atitude reservada e questionadora. Eles esperam que as águas sejam profundas e param para sondar o novo e o não-experimentado. Tipos extrovertidos Tipos introvertidos Mentes voltadas para fora, interesse e atenção seguindo acontecimentos objetivos, principalmente aqueles do ambiente imediato. Seu mundo real, portanto, é o mundo exterior das pessoas e coisas. Mentes dirigidas para dentro, freqüentemente inconscientes do ambiente objetivo, interesse e atenção sendo absortos por eventos internos. Seu mundo real, portanto, é o mundo interior de idéias e compreensão. O gênio civilizador, o povo de ação e de realizações práticas, que vai do fazer à re exão, voltando novamente ao fazer. O gênio cultural, o povo das idéias e da invenção abstrata, que vai da re exão ao fazer, voltando novamente à re exão. A conduta em assuntos essenciais é sempre regida por condições objetivas. A conduta em assuntos essenciais é sempre regida por valores subjetivos. Gastam-se prodigamente com exigências e condições externas que para eles constituem a vida. Defendem-se tanto quanto possível contra reivindicações e condições externas em favor da vida interior. Tipos extrovertidos Tipos introvertidos Compreensíveis e acessíveis, muitas vezes sociáveis, mais à vontade no mundo das pessoas e coisas do que no mundo das idéias. Sutis e impenetráveis, muitas vezes taciturnos e tímidos, mais à vontade no mundo das idéias do que no mundo das pessoas e coisas. Expansivos e menos apaixonados, eles descarregam suas emoções à medida que avançam. Intensos e apaixonados, eles reprimem suas emoções e as guardam cuidadosamente como explosivos. A fraqueza típica reside na tendência à super cialidade intelectual, muito evidente nos tipos extremos. A fraqueza típica reside na tendência à impraticabilidade, muito evidente nos tipos extremos. Saúde e integridade dependem de um desenvolvimento razoável da introversão, que permite o equilíbrio. A saúde e a integridade dependem de um desenvolvimento razoável da extroversão, que permite o equilíbrio. Tipos extrovertidos Tipos introvertidos Freud Darwin Roosevelt (ambos, eodore e Franklin Delano) Jung Einstein Lincoln Figura 24: Efeito da preferência Fonte das Figuras 24–31: as anotações de Katharine C. Briggs. C V: E Q ualquer um que pre ra a sensação à intuição está interessado principalmente em realidades; qualquer um que pre ra a intuição à sensação está interessado principalmente nas possibilidades. Esta preferência é totalmente independente da preferência . Intuitivos não precisam ser introvertidos. Suas possibilidades podem ser possibilidades externas, perseguidas no mundo exterior das pessoas e coisas. Os tipos sensitivos não precisam ser extrovertidos. Eles podem ser igualmente práticos no mundo das idéias. Os tipos sensitivos, por de nição, dependem de seus cinco sentidos para a percepção. Tudo o que vem diretamente dos sentidos faz parte da própria experiência dos tipos sensitivos e, portanto, é con ável. O que vem de outras pessoas indiretamente por meio da palavra falada ou escrita é menos con ável. As palavras são apenas símbolos que devem ser traduzidos em realidade antes de signi carem qualquer coisa e, portanto, carregam menos convicção do que experiência. Os intuitivos são comparativamente desinteressados em relatos sensoriais das coisas como elas são. Em vez disso, os intuitivos ouvem as intuições que surgem de seu inconsciente como visões atraentes de possibilidades. Como a rmado anteriormente, essas contribuições dos processos inconscientes variam desde o mero “palpite” masculino e “intuição feminina”, passando por toda a gama de idéias, projetos, empreendimentos e invenções originais, até os exemplos culminantes de arte criativa, inspiração religiosa e descoberta cientí ca. O fator comum em todas essas manifestações de intuição é uma espécie de salto de esqui — uma decolagem elevada do conhecido e estabelecido, terminando em uma chegada rápida a um ponto avançado, com os passos intermediários aparentemente deixados de fora. Essas etapas não são realmente deixadas de fora, é claro; elas são executadas no inconsciente e por meio dele, muitas vezes com velocidade extraordinária, sendo que o resultado dos processos inconscientes surge na mente consciente com um efeito de inspiração e certeza. Para os intuitivos, essas inspirações são o sopro da vida. Os únicos campos que interessam aos intuitivos são aqueles que dão lugar à inspiração. Eles abominam a rotina porque ela não deixa nada para a inspiração realizar. Assim, o inovador, o pioneiro em pensamento ou ação, tende a ser intuitivo. Nos primórdios da América Colonial, o apelo das possibilidades do Novo Mundo provavelmente era sentido com muito mais força pelos intuitivos do que pelos tipos sensitivos, o que introduziu um potente fator de seleção. Se as colônias americanas (e depois delas os domínios) retiraram uma parcela desproporcional dos intuitivos e deixaram uma maioria extraordinariamente grande de tipos sensitivos na Inglaterra, algumas das características nacionais comumente atribuídas podem ser explicadas. A solidez, o conservadorismo e a paciência obstinada dos ingleses, o amor pelos costumes e tradições, o hábito desapressado do chá da tarde e do m de semana prolongado pertencem aos tipos sensitivos, que sabem aceitar e valorizar seu mundo como ele é. Nosso “individualismo americano”, “engenhosidade ianque” e culto ao “maior e melhor” certamente pertencem aos intuitivos com seu entusiasmo pelo que está por vir. A direção que os intuitivos deram à nossa vida nacional não signi ca, entretanto, que eles sejam a maioria. Mesmo nos Estados Unidos, os intuitivos parecem constituir apenas cerca de um quarto ou menos da população geral. A proporção de intuitivos varia muito de um nível educacional para outro. É particularmente baixo entre os alunos dos cursos técnicos e do ensino médio em geral, e pelo menos duas vezes maior nas turmas de ensino médio acadêmico, e ainda mais alto na universidade, especialmente em universidades muito seletivas. Uma amostra de nalistas do National Merit foi composta por 83% de intuitivos. (Para comparar várias amostras, consulte o Capítulo , Figuras 3–23). A preferência pela intuição parece conduzir à busca de educação superior, mas a diferença pode ser tanto no interesse quanto na aptidão. Se um candidato é admitido em uma determinada universidade, pode parecer ter dependido inteiramente da avaliação do seu histórico escolar feita pelo comitê de admissão, incluindo notas e pontuações de aptidão. Na verdade, por doze anos, o aluno tem feito um voto silencioso e inconsciente de ir para aquela ou qualquer outra faculdade. Por exemplo, depois de estudar o máximo possível, mas sem interesse acadêmico, um aluno pode não querer mais quatro anos de escola. Esse sentimento se re etiria nas notas do aluno. Em média, as crianças sensitivas têm menos interesse escolar do que as intuitivas. (O que pode ser feito a respeito dessa tendência é discutido no Capítulo ). Crianças sensitivas também obtêm, em média, pontuações mais baixas do que crianças intuitivas em testes de inteligência e testes de aptidão escolar. Seria um erro grosseiro, mas fácil de ser cometido, concluir que os tipos sensitivos são menos “inteligentes”; tais testes não levam em conta a escolha legítima entre duas técnicas rivais para a aplicação da inteligência à vida. A linguagem nativa da criança sensitiva é a realidade falada pelos sentidos. A linguagem nativa do intuitivo é a palavra, a metáfora, o símbolo falado pelo inconsciente. A maioria dos testes mentais é necessariamente formulada na linguagem do intuitivo. A criança sensitiva precisa fazer mais traduções, e traduzir leva tempo. Embora os testes de inteligência sejam geralmente testes de velocidade por conveniência, é discutível se a velocidade tem algum lugar de direito no conceito básico de inteligência. Os intuitivos tendem a de nir a inteligência como “rapidez de compreensão” e, assim, prejulgar o caso a seu favor, pois a intuição é muito rápida. A técnica do intuitivo é um encaminhamento relâmpago do problema para o inconsciente, que funciona muito rapidamente, levando a um chute imediato da resposta. Os tipos sensitivos não estão em comunicação tão próxima com seu inconsciente. Eles não con am em uma resposta que aparece de repente. Eles não acham prudente chutar. Eles tendem a de nir a inteligência como “a solidez do entendimento”, um acordo seguro e sólido de conclusões com fatos; e como isso é possível até que os fatos tenham sido considerados? Portanto, ao chegar a uma conclusão, eles querem ter certeza de sua solidez, como um engenheiro examinando uma ponte antes de decidir quanto peso ela pode suportar com segurança. Eles não vão fazer uma leitura apenas folheando as páginas e odeiam que as pessoas conversem super cialmente. Acreditando que os assuntos inferidos não são tão con áveis quanto os explicitamente declarados, eles cam aborrecidos quando você deixa as coisas para a imaginação. (Os intuitivos geralmente cam aborrecidos — se não realmente entediados — quando você não o faz). Assim, uma criança sensitiva fazendo um teste de inteligência tende a ler cada pergunta lenta e cuidadosamente várias vezes e, é claro, responde a menos perguntas do que o intuitivo. As pessoas sensitivas con rmam isso. Uma , trabalhando em um escritório de pessoal que usava o Indicador de Tipo, foi questionada sobre sua própria técnica para fazer testes. Ela disse: “Oh, eu sempre leio uma pergunta três ou quatro vezes. Eu tenho que fazer isso!”. Ela não precisa fazer isso para entender, mas precisa fazer isso para car satisfeita com o seu entendimento. Então ela vai devagar, e sua lentidão é a desvantagem. Algumas pessoas sensitivas “funcionais” conseguem sacri car sua deliberação natural ao fazer testes, mas isso vai contra sua natureza. Um psicólogo , que teve uma série ininterrupta de pontuações surpreendentemente baixas até chegar aos exames de admissão para a pós-graduação, lembra que cou tão enojado com seu desempenho que decidiu que não poderia fazer pior se “corresse como um idiota”. Pela primeira vez em sua vida, ele teve uma pontuação alta. A escolha entre as duas técnicas rivais de percepção tem um efeito profundo sobre o trabalho escolar desde o início. As crianças sensitivas recém-saídas do jardim de infância, sem nenhum instinto para símbolos, provavelmente não adivinharão por si mesmas que uma letra signi ca algo além do que obviamente é — uma forma em uma página. Se ninguém lhes explicar o que isso signi ca, eles ainda poderão ver apenas formas em uma página muito depois de as crianças intuitivas estarem vendo sons, palavras e signi cados; e quando começarem a ler, raramente lerão por prazer até que encontrem um livro que contenha fatos que desejam saber. Freqüentemente, as crianças sensitivas são igualmente traídas no campo da aritmética. Antes de entrarem na escola, elas precisam adquirir uma noção quantitativa sólida de número, para que conheçam a trialidade como uma qualidade para a qual “três” é um símbolo útil; caso contrário, em muitas escolas, elas aprenderão que três é um rabisco no quadro-negro. Elas têm um bom olho e aprendem seus rabiscos completamente. Eventualmente, elas serão informadas de que, quando uma linha torcida chamada dois aparecer embaixo de outra forma chamada três, elas devem se lembrar de colocar na parte inferior uma gura mais complicada chamada cinco. Geralmente, têm uma boa memória e aprendem isso. Com cartões de estudo e muitos exercícios, elas aprendem de cor todos os “fatos de adição” e “fatos de subtração” dos rabiscos, mas não há nada inerente ao aprendizado que as faça suspeitar que as linhas torcidas signi cam alguma coisa. Para muitas dessas crianças, dois-mais-três é totalmente diferente de três-mais-dois e deve ser aprendido separadamente. As crianças sensitivas são, via de regra, mais precisas em cálculos simples, porque são mais cuidadosas do que as intuitivas; mas quando chegam à álgebra ou a problemas apresentados em palavras, muitas delas têm di culdade em ver o que calcular. Uma menina de 12 anos disse sobre um problema de porcentagem: “Aqui! Já z das três maneiras, mas não sei qual é a certa!”. A maioria das crianças intuitivas, que entendem os símbolos, reconhecem o signi cado das guras no início e estão prontas para resolver os problemas sem muita di culdade. O contraste pode fazer com que as crianças sensitivas se sintam estúpidas, o que é desanimador. Os tipos sensitivos, é claro, não são nada estúpidos — mas alguém deveria ter mostrado a eles o signi cado dos números antes dos seis anos de idade. Se lhes for dado o signi cado dos números de uma forma que compreendam desde o início, de modo que entendam o que estão fazendo, eles apreciarão o fato de que dois-mais-dois con adamente resultará em quatro. Eles podem até querer dedicar sua vida a trabalhar lidando com números. Os tipos sensitivos são sólidos e precisos e gostam de exatidão, então eles são bons contadores, administradores de folha de pagamento, navegadores e estatísticos. Para que a criança sensitiva exerça seu dom especial de realismo, ela deve ter acesso aos fatos e tempo para assimilá-los. Enquanto as crianças intuitivas gostam de aprender por insight, as crianças sensitivas preferem aprender por familiarização. Os tipos sensitivos têm maior probabilidade de brilhar em cursos que envolvem muitos fatos sólidos, como história, geogra a, educação cívica ou biologia. Eles estão em desvantagem correspondente em assuntos baseados em princípios gerais. Freqüentemente, o problema pode ser simplesmente que o professor foi muito breve e abstrato ao referir-se aos princípios e passou por eles tão rapidamente que os alunos sensitivos não tiveram tempo de relacioná-los aos fatos. A física, por exemplo, pode ser um pesadelo para os de mente concreta. Um caso em questão pode ser citado por sua ironia. Um aluno , sério e trabalhador, que queria ser médico e era um excelente tipo para isso, um , foi reprovado no curso prévio porque não conseguia acompanhar os engenheiros em física. Agora ele é médico e seus pacientes não se importam com a rapidez de seu diagnóstico, desde que seja correto. A própria con ança na sensação que tornou a física difícil agora é útil. Ele está lidando com realidades imediatas — o ritmo de um batimento cardíaco, o som da respiração, o tom de rubor ou palidez — a miríade de detalhes que um médico deve observar e avaliar. O toque, a visão e a audição devem ser seus guias de nitivos na aplicação de sua própria experiência ou da sabedoria de seus livros. A medicina de pesquisa, as faculdades de medicina e as especialidades complexas precisam dos intuitivos; mas, como médicos de família, os tipos sensitivos se destacam, e sua aptidão para a física tem pouco ou nada a ver com sua competência. A Universidade Johns Hopkins reconheceu há muito tempo essa discrepância e instituiu um curso especial de física voltado para esses estudantes. O curso regular vinha desquali cando alunos valorosos. Quando chegar o momento no qual os educadores levarão em conta a preferência e tentarão atender às diferentes necessidades dos alunos, começando pela educação infantil, haverá um aproveitamento muito mais feliz e e caz dos recursos humanos. Os jovens realistas não serão mais penalizados por con ar na observação direta e na experiência em primeira mão — como Charles Darwin foi em sua infância, quando seus professores clássicos o classi caram abaixo da média em poder mental. Um resumo dos traços contrastantes resultantes da preferência é dado aqui em colunas paralelas, na Figura 25. Esses traços são mais evidentes nos tipos , cujo processo perceptivo é, ao mesmo tempo, extrovertido e dominante, logo, conseqüentemente, mais visível e menos contido. Quando o processo perceptivo é meramente auxiliar, está subordinado ao julgamento do processo dominante, assim como suas manifestações tendem a ser mais moderadas. Tipos sensitivos Tipos intuitivos Enfrentam a vida com atenção, ansiando por diversão. Encaram a vida com expectativa, ansiando por inspiração. Admitem à consciência todas as impressões dos sentidos e estão intensamente atentos ao ambiente externo; são observadores, às custas da imaginação. Admitem plenamente à consciência apenas as impressões sensoriais relacionadas à inspiração atual; eles são imaginativos, em detrimento da observação. Tipos sensitivos Tipos intuitivos São por natureza amantes e consumidores de prazeres, amando a vida como ela é e tendo uma grande capacidade de fruição; eles estão geralmente contentes. São por natureza iniciadores, inventores e promotores; não tendo gosto pela vida como ela é e pouca capacidade de viver e aproveitar o presente, geralmente são inquietos. Desejando principalmente possuir e desfrutar, e sendo muito observadores, eles são imitativos, querendo ter o que outras pessoas têm e fazer o que outras pessoas fazem, e são muito dependentes de seu ambiente físico. Desejando principalmente oportunidades e possibilidades, e sendo muito imaginativos, eles são inventivos e originais, bastante indiferentes em relação ao que outras pessoas têm e fazem, e são muito independentes de seu ambiente físico. Tipos sensitivos Tipos intuitivos Detestam toda e qualquer ocupação que exija a supressão dos sentidos e são muito relutantes em sacri car o prazer presente para ganhos ou bens futuros. Detestam toda e qualquer ocupação que exija concentração sustentada na sensação e estão dispostos a sacri car o presente em grande parte, uma vez que não vivem nele nem o apreciam, particularmente. Preferem a arte de viver no presente às satisfações do empreendimento e das conquistas. Preferem a alegria do empreendimento e das conquistas e dão pouca ou nenhuma atenção à arte de viver no presente. Contribuem para o bem-estar público apoiando todas as formas de diversão e recreação e toda variedade de conforto, luxo e beleza. Contribuem para o bemestar público com sua inventividade, iniciativa, empreendedorismo e poderes de inspirada liderança em todas as direções do interesse humano. Tipos sensitivos Tipos intuitivos Sempre correm o risco de serem frívolos, a menos que o equilíbrio seja alcançado por meio do desenvolvimento de um processo de julgamento. Sempre correm o risco de serem inconstantes, mutáveis e sem persistência, a menos que o equilíbrio seja alcançado por meio do desenvolvimento de um processo de julgamento. Figura 25: Efeito da preferência C VI: E e sentimento são instrumentos rivais de decisão. Ambos P ensamento são razoáveis e internamente consistentes, mas cada um funciona de acordo com seus próprios padrões. Jolande Jacobi (1968) diz que o pensamento avalia do ponto de vista “verdadeiro-falso” e o sentimento do ponto de vista “agradável-desagradável”. Isto soa como a formulação de um pensador. “Agradável” é uma palavra muito pálida para o rico valor pessoal de uma avaliação sentimental. O ponto importante a reconhecer é que cada tipo de julgamento tem seu campo apropriado. Usar o sentimento onde o pensamento é necessário pode ser um erro tão grande quanto usar o pensamento onde o sentimento é necessário. Pensar é essencialmente uma atividade impessoal. Seu objeto é a verdade objetiva, independente da personalidade e dos desejos do pensador ou de qualquer outra pessoa. Um pensador introvertido de 17 anos de idade, especulando sobre o método e o propósito da Criação, resumiu: “Não me importa o que a verdade venha a ser, mas quero que ela se sustente”. Enquanto os problemas forem impessoais, como os envolvidos na construção de uma ponte ou na interpretação de uma lei, as soluções propostas podem e devem ser julgadas do ponto de vista “verdadeiro-falso”, e o pensamento é o melhor instrumento. Mas quando o assunto são pessoas em vez de coisas ou idéias — e alguma cooperação voluntária dessas pessoas é necessária —, a abordagem impessoal é menos exitosa. As pessoas (mesmo as pensadoras) não gostam de ser vistas de forma impessoal e relegadas à condição de “objetos”. Os motivos humanos são notavelmente pessoais. Portanto, no tratamento simpático de pessoas onde os valores pessoais são importantes, o sentimento é o instrumento mais e caz. Para os pensadores, a idéia de avaliar por meio do sentimento soa volúvel, pouco con ável e descontrolada, mas os pensadores não são juízes de sentimentos. Eles naturalmente julgam todos os sentimentos por conta própria, e o deles é relativamente subdesenvolvido e pouco con ável. Quando o sentimento é bem desenvolvido, é um instrumento estável para discriminar o sentido dos valores pessoais, selecionando como estrelas-guia aqueles valores de classi cação mais alta e subordinando o menor ao maior. Quando o sentimento é extrovertido e direcionado a outras pessoas, ele não apenas reconhece os valores pessoais dessas pessoas, mas consegue transmitir os seus próprios. Assim, no ensino, no teatro e nas outras artes, na oratória e naquele ramo mais humilde da persuasão chamado vendas, nas relações do clero com suas congregações, na vida familiar, nos contatos sociais e em qualquer tipo de aconselhamento, é o sentimento que serve de ponte entre um ser humano e outro. A preferência é a única que mostra uma diferença acentuada entre os sexos. A proporção de tipos sentimentais parece ser substancialmente maior entre as mulheres do que entre os homens. Essa diferença nas freqüências dos tipos para homens e mulheres levou a muitas generalizações sobre os sexos. Presume-se que as mulheres sejam menos lógicas, mais compassivas, diplomáticas, sociáveis, menos analíticas e mais inclinadas a levar as coisas para o lado pessoal. Todos estes são traços de sentimento. Os tipos sentimentais (de ambos os sexos) tendem a tê-los. Tipos pensadores (de ambos os sexos), não. A generalização tende a ignorar as mulheres com pensamento e os homens com sentimento, em parte porque tipos que não se encaixam nos estereótipos muitas vezes aprenderam a arte da camu agem protetiva. Os méritos da abordagem lógica do pensador em relação à vida são tão óbvios e tão bem conhecidos que não pareceu necessário discutilos aqui. (Eles são tratados com mais detalhes nas descrições individuais dos tipos pensadores no Capítulo ). Mas nunca se deve presumir que os pensadores detêm o monopólio de toda atividade mental que valha a pena. Eles nem mesmo têm o monopólio do pensamento. Assim como os pensadores podem atingir, ocasionalmente, um muito útil desenvolvimento suplementar do sentimento, que não interfere em seus julgamentos pensativos, também os tipos sentimentais podem, às vezes, mobilizar seu pensamento para encontrar as razões lógicas necessárias para obter, da parte de um pensador, a aceitação de uma conclusão que eles já alcançaram por meio do sentimento. Antes da publicação de um trabalho que seja objeto de dileção, feito intuitivamente e por motivos sentimentais, o pensamento pode ser usado para veri car possíveis falhas e falácias. Medidas convencionais de capacidade mental, como testes de inteligência e bolsa de estudos, mostram que alguns dos registros mais altos pertencem aos tipos e , que relegam o pensamento ao último lugar ou ao penúltimo. A preferência pelo pensamento parece ter muito menos efeito intelectual do que a preferência pela intuição, mesmo em alguns campos técnicos, como a pesquisa cientí ca, onde se esperava que sua in uência fosse mais determinante. Parece, portanto, que a marca de um pensador não é tanto a posse de maiores poderes mentais, mas tê-los executados por uma trilha diferente. Os pensadores se dão melhor com o impessoal e são os mais capazes de lidar com as coisas que precisam ser feitas impessoalmente. O juiz e o cirurgião, por exemplo, tendem a descartar todas as considerações pessoais. Um famoso cirurgião era tão impessoal que sua esposa não conseguia que ele concentrasse sua atenção em seus próprios lhos, a menos que ela os levasse ao consultório. Finalmente, o pensamento nem sempre é de primeira ordem. O seu produto não é melhor do que os fatos com os quais começou (e eles foram adquiridos por uma percepção de qualidade desconhecida) nem do que a lógica empregada. Quando uma pessoa supostamente descreveu a lógica como uma maneira organizada de errar com con ança, ela expressou a descon ança dos intuitivos absolutos e dos tipos sentimentais por um método de decisão tão árido. Quando os tipos sentimentais sabem que valorizam uma idéia, uma pessoa ou um curso de ação, o argumento de um pensador destinado a refutar esse valor os deixa indiferentes. O julgamento do pensador pode estar errado! Os pensadores muitas vezes se contradizem uns aos outros, cada um a rmando: “Isto é a verdade”. O tipo sentimental só precisa dizer: “Isso é valioso para mim”. O resumo presente na Figura 26 diferencia as pessoas nas colunas externas da Tabela de Tipos daquelas nas colunas do meio. As características mencionadas são mais evidentes nos tipos , cujo processo de julgamento é, ao mesmo tempo, extrovertido e dominante e, conseqüentemente, mais visível e enfático. Quando o processo de julgamento é meramente auxiliar, ele está subordinado às percepções do processo dominante e suas manifestações tendem a ser mais moderadas. Tipos pensadores Tipos sentimentais Valorizam a lógica acima do sentimento. Valorizam o sentimento acima da lógica. Costumam ser impessoais, interessando-se mais pelas coisas do que pelas relações humanas. Costumam ser pessoais, interessando-se mais pelas pessoas do que pelas coisas. Se forçados a escolher entre veracidade e diplomacia, geralmente serão verazes. Se forçados a escolher entre diplomacia e veracidade, geralmente serão diplomáticos. São mais fortes na capacidade executiva do que nas artes sociais. São mais fortes nas artes sociais do que na habilidade executiva. São propensos a questionar as conclusões de outras pessoas por princípio — acreditando que provavelmente estão erradas. É provável que concordem com as pessoas ao seu redor, pensando como as outras pessoas pensam, acreditando que elas provavelmente estão certas. Tipos pensadores Tipos sentimentais Naturalmente breves e pro ssionais, muitas vezes parecem carecer de amizade e sociabilidade sem saber ou intencionar. Naturalmente amigáveis, sendo sociáveis ou não, acham difícil serem breves e pro ssionais. Geralmente são capazes de organizar fatos e idéias em uma sequência lógica que enuncia o assunto, apresentam os pontos necessários, chegam a uma conclusão e param aí, sem repetição. Geralmente acham difícil saber por onde começar uma declaração ou em que ordem apresentar o que têm a dizer. Podem, portanto, divagar e repetir-se, com mais detalhes do que um pensador deseja ou julga necessário. Suprimem, subestimam e ignoram o sentimento que é incompatível com os julgamentos do pensamento. Suprimem, subestimam e ignoram o pensamento que é ofensivo aos julgamentos emocionais. Tipos pensadores Tipos sentimentais Contribuem para o bem-estar da sociedade pela crítica intelectual de seus hábitos, costumes e crenças, pela exposição de erros, solução de problemas e apoio à ciência e pesquisa para a ampliação do conhecimento e compreensão humanos. Contribuem para o bem-estar da sociedade por meio de seu apoio leal às boas obras e àqueles movimentos, geralmente considerados bons pela comunidade, sobre os quais eles se sentem corretos e, portanto, podem servir com e cácia. São encontrados com mais freqüência entre os homens do que entre as mulheres e, quando casados com um tipo sentimental, tornam-se naturalmente guardiões do pensamento negligenciado e não con ável do cônjuge. São encontrados com mais freqüência entre as mulheres do que entre os homens e, quando casados com um tipo pensador, tornam-se freqüentemente guardiões dos sentimentos negligenciados e oprimidos do cônjuge. Figura 26: Efeito da preferência C VII: E tipos julgadores acreditam que a vida deve ser desejada e O sdecidida, enquanto os tipos perceptivos consideram a vida como algo a ser experimentado e compreendido. Assim, os tipos julgadores gostam de resolver as coisas, ou pelo menos de ter as coisas resolvidas, enquanto os tipos perceptivos preferem manter seus planos e opiniões tão abertos quanto possível, para que nenhuma experiência ou esclarecimento valioso seja perdido. O contraste em suas vidas é bastante evidente. O julgador está eternamente chegando a conclusões — com a nalidade que a palavra implica. Ele realmente gosta de dispor das coisas, mesmo sem o estímulo da necessidade. Freqüentemente, os tipos julgadores decidem não apenas o que eles próprios devem fazer, mas também o que os outros devem fazer. Diante de uma pequena provocação, eles decidem o que os outros devem pensar. A pessoa que diz “O que você deve fazer…” dez minutos depois de conhecer alguém novo é um tipo marcante de julgador. Tipos julgadores menos marcantes pensam consigo mesmos o que outra pessoa deveria fazer, mas suprimem o impulso de falar. Tipos perceptivos nem mesmo pensam nisso. Eles preferem ouvir sobre o que uma pessoa está fazendo. Dois exemplos imortais de percepção são o Rikki-tikki-tavi, de Kipling, cujo lema era “corra e descubra”, e o insaciavelmente curioso Filhote de Elefante, que foi espancado por perguntar “por quê?”. Tal interesse inesgotável em “o quê?” e “por quê?” não conduz à nalidade. Os tipos perceptivos não chegam a conclusões até que precisem — e às vezes nem mesmo aí. Sendo cientes de quantos fatores estão envolvidos e do quanto ainda é desconhecido, eles cam horrorizados com a ânsia dos tipos julgadores para decidir um assunto. O ditado de que “uma má decisão é melhor do que nenhuma” faz sentido apenas para um tipo julgador. Os tipos perceptivos sempre esperam poder resolver o problema simplesmente compreendendo-o melhor, “vendo a fundo” se forem intuitivos ou “vendo-o de todos os lados” se forem tipos sensitivos. Muitas vezes eles podem. Em tais casos, eles di cilmente estão conscientes do julgamento; a solução cou latente ali na situação e eles acabaram por “enxergar” o que deveria ser feito. Claro, os tipos perceptivos ainda precisam de julgamento. Sua percepção deve ser apoiada por um processo de julgamento adequadamente desenvolvido. Caso contrário, eles irão utuar na direção do vento como um veleiro com sua bolina retrátil levantada. É preciso julgamento (seja o pensamento ou o sentimento) para dar continuidade ao propósito e fornecer um padrão pelo qual criticar e governar as próprias ações.13 No outro extremo, os tipos julgadores com percepção insu ciente não têm em si doação ou cooperação. Se carecerem de um processo perceptivo adequadamente desenvolvido, serão estreitos, rígidos e incapazes de ver qualquer ponto de vista exceto o seu próprio. Essa característica do indivíduo que julga incansavelmente é reconhecida na palavra preconceito — um pré-julgamento impermeável à percepção. Além disso, se os tipos pensadores ou sentimentais carecem de percepções próprias, eles serão obrigados a con ar nas formas de julgamento por falta de conteúdo. Eles aceitarão as formas correntes em seu ambiente: os pensadores dependerão das fórmulas e dos princípios aceitos; os tipos sentimentais adotarão atitudes de aprovação e desaprovação. Mas eles os aplicarão mecanicamente, sem um insight genuíno sobre a situação particular. É preciso percepção (seja a sensação ou a intuição) para fornecer compreensão, abertura de mente, ou seja, o conhecimento de vida em primeira mão, necessário para evitar que o próprio julgamento seja cego. Assim, indivíduos equilibrados devem sempre ter percepção para apoiar seu julgamento, e julgamento para apoiar sua percepção. Eles ainda manterão sua preferência básica e as qualidades que ela oferece. Os dons do julgamento incluem: • Método para fazer as coisas. É natural para um tipo julgador decidir qual é a melhor maneira de fazer uma coisa e então fazê-la consistentemente dessa maneira. O processo pensador tenta o método mais lógico; o processo sentimental, o método mais agradável, adequado ou apropriado. • Ordem nas posses. É um sentimento julgador que a ordem é a primeira lei do Céu. Os tipos pensadores acreditam na organização por razões utilitárias. Os tipos podem ter tudo dentro de suas gavetas cuidadosamente classi cado em caixas, mas não se preocupam com o estado do tampo da cômoda. Os tipos , mais inclinados à estética, quase certamente também terão o topo ajeitado. • A vida planejada. A ordem aplicada às atividades signi ca programas e horários. Os tipos julgadores decidem antecipadamente o que pretendem realizar e fazem planos cuidadosos, às vezes de longo prazo. Os s tendem a ter agendas mais cheias por causa de suas muitas atividades sociais. • Esforço sustentado. Tendo uma vez decidido fazer uma coisa, os tipos julgadores continuam a fazê-la. Essa aplicação da força de vontade resulta em realizações impressionantes. A tartaruga na corrida era certamente um tipo julgador. A lebre, porque gostava de operar em surtos tremendos, provavelmente era um intuitivo extrovertido, mas carecia de julgamento adequado. • Determinação. Nem todo mundo que vive na atitude de julgamento gosta de tomar decisões. Alguns simplesmente não gostam que as coisas permaneçam inde nidas. Estes são mais propensos a serem do tipo sentimental do que pensadores. • Exercício de autoridade. Os tipos julgadores querem ver as outras pessoas em conformidade com seus padrões e geralmente cam felizes em aconselhá-las. As pessoas geralmente têm melhores habilidades executivas e de organização, mas, onde as regras são rmemente estabelecidas, os s podem ser muito bons em sua gentil aplicação. Dos 124 administradores escolares citados por Von Fange (1961), 86% eram . • Opiniões estabelecidas. Os tipos julgadores geralmente sabem o que pensam sobre tudo o que consideram digno de consideração. • Aceitação da rotina. A aceitação da rotina é colocada em último lugar porque qualquer desenvolvimento marcante da intuição é capaz de anulá-la, mas os tipos julgadores com sensação parecem capazes de encarar a rotina de maneira mais losó ca do que qualquer um dos outros tipos. Entre os dons da percepção estão: • Espontaneidade. A espontaneidade é a capacidade de aceitar de todo o coração a experiência ou a iluminação do momento presente, mesmo que alguma coisa pretendida não seja realizada. Tipos perceptivos acreditam que pode ser mais importante ir e olhar para um ninho de pássaro que as crianças encontraram, tirar um tempo para ajudar a encontrar a resposta para uma pergunta, ou ouvir uma con dência de todo o coração, do que fazer uma refeição na hora. • Abertura de mente. A percepção envolve uma certa hospitalidade de espírito, uma vontade de admitir à consideração novos fatos, idéias e propostas, ainda que impliquem a reabertura de decisões ou opiniões. Os tipos perceptivos deixam muitas decisões e opiniões abertas na expectativa de novas informações. • Compreensão. A percepção é aplicada às pessoas para entender seu ponto de vista, em vez de julgar suas ações. Os pais que assumem uma atitude perceptiva com seus lhos sempre que possível receberão muito mais con dências do que os pais que têm uma opinião imediata (e geralmente crítica) sobre tudo o que lhes é dito. Os pronunciamentos comparativamente raros dos pais perceptivos receberão mais respeito, porque os pais terão escutado o su ciente para avaliar a situação. Uma atitude perceptiva, em geral, é perfeitamente consistente com a rme disciplina dos pais. A disciplina é necessária para impor os fundamentos, de preferência alguns fundamentos. Se as crianças os observarem elmente, serão membros aceitáveis da sociedade e, assim como os adultos, terão direito a ser poupadas de comentários contínuos sobre todos os seus atos. • Tolerância. A atitude “viva e deixe viver” surge em parte da relutância em resolver as coisas para outras pessoas e em parte do reconhecimento perceptivo de que pode haver uma variedade de padrões legítimos. A tolerância só se torna perigosa quando levada ao extremo de tolerar a falta real de padrões em algum campo essencial. • Curiosidade. Um dos dons mais vivos dos tipos perceptivos é a expectativa de que o que eles ainda não sabem seja interessante. A curiosidade os leva a muitos desvios de conhecimento e experiência, e a acumular estoques surpreendentes de informações. Também afasta o tédio, pois encontra algo interessante em quase todas as situações. • Gosto pela experiência. Outra expectativa dos perceptivos é que o que ainda não zeram vai ser interessante. Eles podem recusar uma nova experiência com base em gosto ou princípio, ou em favor de algo mais atraente, mas raramente porque “não vale a pena fazer”, como dizem os tipos julgadores. • Adaptabilidade. O perceptivo, ao lidar com uma di culdade, adapta os meios disponíveis para a consecução dos ns essenciais. Uma mulher muito perceptiva aprecia um elogio de seu marido julgador sobre a e cácia com que ela remonta os fragmentos de uma situação quando algo imprevisto perturba todos os arranjos existentes. Como ela nunca está presa ao plano antigo, ela é livre para improvisar um novo para atender às condições alteradas, e gosta de fazê-lo. Ao considerar as qualidades listadas acima, os leitores podem ter di culdade em avaliar suas próprias preferências devido a uma inconsistência entre o que acham que deveriam fazer, o que realmente fazem e o que naturalmente tendem a fazer. É a tendência natural que revela a preferência básica. A idéia de uma pessoa sobre o que é certo pode ser um ideal adquirido, emprestado de outro tipo, e o comportamento real da pessoa pode re etir um bom hábito um tanto desagradável aprendido com os pais ou aceito por causa dos esforços obstinados da própria pessoa. É importante, especialmente para os introvertidos, lembrar que a preferência se aplica à atitude habitual de uma pessoa em relação ao mundo exterior. O que aparece na maioria dos contatos casuais com outras pessoas (e governa o índice no Indicador de Tipo) é o processo extrovertido, aquele em que geralmente se con a para a conduta na vida exterior. Para os extrovertidos, é o mesmo que o processo dominante; para introvertidos, não. Assim, em um introvertido, a preferência pela atitude de julgar em assuntos externos pode ser bastante evidente, até óbvia, mas não é de nitiva. O processo de julgamento usado no mundo exterior é, na verdade, subordinado ao processo dominante introvertido (que é perceptivo) e opera sujeito às exigências desse processo perceptivo favorito. Por exemplo, se pensar é o processo extrovertido, ele conduzirá as coisas com lógica e determinação, mas a lógica não poderá atrapalhar a percepção interior. Da mesma forma, em um introvertido cuja preferência pela atitude perceptiva é normalmente óbvia, essa perceptividade está realmente subordinada a um processo de julgamento introvertido (pensamento ou sentimento) e deve servir aos valores e princípios últimos determinados pelo processo de julgamento. Uma aluna introvertida muito perceptiva cou surpresa ao ser eleita a “mais decidida” em sua turma do ensino médio. A votação foi feita logo após terem surgido várias questões que tocavam valores sentimentais que ela considerava fundamentais. Sua certeza interior prevaleceu sobre sua habitual percepção externa, e ela defendeu sua posição em todas as questões. Algumas diferenças resultantes da preferência são comparadas na Figura 27. Em geral, essas características diferenciam os extrovertidos na linha inferior da Tabela de Tipos daqueles na terceira linha. Eles também diferenciam os introvertidos da linha superior daqueles da segunda linha, com algumas exceções devido ao papel especial do processo dominante do introvertido. Tipos julgadores Tipos perceptivos São mais assertivos do que curiosos. São mais curiosos do que assertivos. Vivem de acordo com planos, padrões e costumes que não são fácil ou levianamente deixados de lado, aos quais a situação do momento deve, se possível, ser conformada. Vivem de acordo com a situação do momento e ajustam-se facilmente ao acidental e inesperado. Fazem uma escolha muito de nida entre as possibilidades da vida, mas podem não apreciar ou utilizar acontecimentos nãoplanejados, inesperados e incidentais. Freqüentemente são magistrais em lidar com o não-planejado, inesperado e incidental, mas podem não fazer uma escolha e caz entre as possibilidades da vida. Tipos julgadores Tipos perceptivos Sendo racionais, eles dependem de julgamentos fundamentados, próprios ou emprestados de outra pessoa, para protegêlos de experiências indesejáveis desnecessárias. Sendo empíricos, eles dependem de sua prontidão para tudo e qualquer coisa, para lhes trazer um uxo constante de novas experiências — muito mais do que eles podem digerir ou usar. Gostam que os assuntos sejam estabelecidos e resolvidos o mais rápido possível, para que saibam o que vai acontecer e possam se planejar e estar preparados para isso. Gostam de manter as decisões em aberto o maior tempo possível antes de fazer qualquer coisa irrevogável, porque ainda não sabem o su ciente sobre ela. Pensam ou sentem que sabem o que as outras pessoas devem fazer sobre quase tudo e não têm aversão a lhes dizer. Sabem o que as outras pessoas estão fazendo e estão interessados em ver como as coisas vão sair. Tipos julgadores Tipos perceptivos Têm verdadeiro prazer em terminar algo, tirálo do caminho e tirálo da cabeça. Têm grande prazer em começar algo novo, até que a novidade desapareça. São inclinados a considerar os tipos perceptivos como andarilhos sem rumo. Estão inclinados a considerar os tipos julgadores como apenas meio-vivos. Desejam estar certos. Desejam não perder nada. São autoregulamentados, propositais e exigentes. São exíveis, adaptáveis e tolerantes. Figura 27: Efeito da preferência C VIII: F efeito de cada uma das quatro preferências — entre introversão e extroversão, entre sensação e intuição, entre pensamento e sentimento, e entre julgamento e percepção — foi discutido nos capítulos anteriores. Combinadas, as quatro preferências determinam o tipo, mas os traços resultantes de cada preferência não se combinam para in uenciar a personalidade de um indivíduo pela simples adição de características; em vez disso, os traços resultam da interação das preferências. O efeito da interação das funções preferidas torna-se aparente quando a forma extrovertida de um processo particular — pensamento, sentimento, sensação ou intuição — é comparada com a forma introvertida do mesmo processo. As quatro guras que compõem o equilíbrio deste capítulo, Figuras 28–31, apresentam pares contrastantes de sentenças que descrevem as formas extrovertida e introvertida de pensamento, sentimento, sensação e intuição. As comparações apresentadas nas guras, desenhadas por Katharine C. Briggs durante seu estudo inicial dos tipos psicológicos, incluem os efeitos da extroversão e da introversão sobre os tipos de informação que um determinado processo usa ou suprime; os pontos fortes, os pontos fracos e os objetivos das quatro funções discutidas; como cada uma das funções se expressa etc. O Pensamento extrovertido Pensamento introvertido É alimentado por dados objetivos — fatos e idéias emprestadas. Alimenta-se de raízes subjetivas e inconscientes — arquétipos. Pensamento extrovertido Pensamento introvertido Depende dos fatos da experiência e considera a idéia abstrata como insubstancial e de importância insigni cante. Depende da idéia abstrata como fator decisivo e valoriza os fatos principalmente como provas ilustrativas da idéia. Baseia-se em fatos fora do pensamento, que são mais decisivos do que o próprio pensamento, para solidez e valor. Baseia-se nos poderes de observação e apreciação do pensador e no uso da riqueza interior da experiência herdada para solidez e valor. Tem como objetivo a solução de problemas práticos, descoberta e classi cação de fatos, crítica e modi cação de idéias geralmente aceitas, planejamento de programas e desenvolvimento de fórmulas. Tem como objetivo formular perguntas, criar teorias, abrir perspectivas, gerar insights e, nalmente, ver como os fatos externos se encaixam na estrutura da idéia ou teoria que criou. Pensamento extrovertido Pensamento introvertido Debruça-se sobre os detalhes do caso concreto, incluindo as irrelevâncias. Aproveita as semelhanças do caso concreto, incluindo as irrelevâncias. Aproveita as semelhanças do caso concreto, descartando as irrelevâncias. Tem tendência a multiplicar os fatos até que seu signi cado seja sufocado e o pensamento paralisado. Tende a negligenciar fatos ou coagi-los a concordar com a idéia, selecionando apenas aqueles que apóiam a idéia. Consiste em uma sucessão de representações concretas que são postas em movimento não tanto por uma atividade de pensamento interior quanto pelo uxo mutável de percepções sensoriais. Consiste em uma atividade de pensamento interior, frouxamente ligada ao uxo de impressões sensoriais, que são ofuscadas pela vivacidade do uxo de impressões internas. Figura 28: Comparação entre pensamento extrovertido e introvertido Sentimento extrovertido Sentimento introvertido É determinado principalmente pelo fator objetivo e serve para fazer o indivíduo se sentir corretamente, isto é, convencionalmente, em todas as circunstâncias. É determinado principalmente pelo fator subjetivo e serve de guia para a aceitação ou rejeição emocional de vários aspectos da vida. Adapta o indivíduo à situação objetiva. Adapta a situação objetiva ao indivíduo pelo simples processo de excluir ou ignorar o inaceitável. Depende totalmente dos ideais, convenções e costumes do ambiente e é mais extenso do que profundo. Depende de sentimentos abstratos — ideais como amor, patriotismo, religião e lealdade, e é profundo e apaixonado, em vez de extenso. Sentimento extrovertido Sentimento introvertido Encontra solidez e valor fora do indivíduo nos ideais coletivos da comunidade, que geralmente são aceitos sem questionamentos. Encontra solidez e valor dentro de si mesmo a partir de sua própria riqueza interior e poderes de apreciação e abstração. Tem como objetivo a formação e manutenção de relações afetivas fáceis e harmoniosas com outras pessoas. Tem como objetivo fomentar e proteger uma intensa vida emocional interior e, na medida do possível, a realização externa e a realização do ideal interior. Expressa-se facilmente e, assim, compartilha-se com os outros, criando e despertando sentimentos semelhantes e estabelecendo simpatia e compreensão calorosas. Pode ser muito avassalador para ser expresso, criando uma falsa aparência de frieza a ponto de indiferença, e pode ser completamente mal interpretado. Sentimento extrovertido Sentimento introvertido Tem a tendência de suprimir totalmente o ponto de vista pessoal e corre o risco de se tornar uma personalidade enfraquecida, dando o efeito de insinceridade e pose. Tem a tendência de não encontrar satisfação ou realização — ou vazão — para se expressar e corre o risco de viver de sentimentos, ilusões e autopiedade. Figura 29: Comparação entre sentimento extrovertido e introvertido Sensação extrovertida Sensação introvertida Suprime tanto quanto possível o elemento subjetivo da impressão sensorial. Suprime tanto quanto possível o elemento objetivo da impressão sensorial. Valoriza o objeto sentido em vez da impressão subjetiva, da qual o indivíduo di cilmente pode estar ciente. Valoriza a impressão subjetiva liberada pelo objeto em vez do próprio objeto, do qual o indivíduo di cilmente pode estar ciente. Sensação extrovertida Sensação introvertida Vê as coisas fotogra camente, sendo a impressão de uma realidade concreta e nada mais. A “prímula à beira de um rio” é simplesmente uma prímula. Vê as coisas altamente coloridas pelo fator subjetivo, sendo a impressão meramente sugerida pelo objeto e saindo do inconsciente na forma de algum signi cado ou signi cância. Leva ao gozo concreto, apreendendo muito plenamente a existência momentânea e manifesta das coisas, e apenas isso. Leva a idéias, através da ativação de arquétipos, apreendendo o pano de fundo do mundo físico em vez de sua superfície. Sensação extrovertida Sensação introvertida Desenvolve a atenção que é atraída pelo estímulo mais forte, que invariavelmente se torna o centro de interesse, de modo que a vida parece totalmente sob a in uência de acontecimentos externos acidentais. Desenvolve uma atenção muito seletiva, totalmente guiada pela constelação interna de interesses, de modo que é impossível prever qual estímulo externo atrairá e prenderá a atenção. Desenvolve um eu exterior amante do prazer, muito rico em experiências nãodigeridas e conhecimento nãoclassi cado de fatos não interpretados. Desenvolve um eu interior extremamente excêntrico e individual, que vê coisas que outras pessoas não vêem, e pode parecer muito irracional. Sensação extrovertida Sensação introvertida Deve ser equilibrado por um julgamento introvertido, ou forma uma personalidade super cial e totalmente empírica, com muitas superstições e nenhuma moralidade, exceto convenções coletivas e tabus. Deve ser contrabalançado por um julgamento extrovertido, ou forma uma personalidade silenciosa e inacessível, muito pouco comunicativa, sem nenhuma conversa, exceto banalidades convencionais sobre o clima e outros interesses coletivos. Figura 30: Comparação entre sensação extrovertida e introvertida Intuição extrovertida Intuição introvertida Usa a compreensão interior no interesse da situação objetiva. Usa a situação objetiva no interesse da compreensão interior. Intuição extrovertida Intuição introvertida Considera a situação imediata como uma prisão da qual a fuga é urgentemente necessária e visa escapar por meio de alguma mudança radical na situação objetiva. Considera a situação imediata como uma prisão da qual a fuga é urgentemente necessária e visa escapar por meio de alguma mudança radical na compreensão subjetiva da situação objetiva. Está totalmente direcionado para objetos externos, buscando possibilidades emergentes e sacri cará tudo o mais por tais possibilidades quando encontradas. Recebe seu ímpeto de objetos externos, mas nunca é detido por possibilidades externas, ocupando-se em buscar novos ângulos para ver e compreender a vida. Pode ser artístico, cientí co, mecânico, inventivo, industrial, comercial, social, político ou aventureiro. Pode ser criativo em qualquer campo: artístico, literário, cientí co, inventivo, losó co ou religioso. Intuição extrovertida Intuição introvertida Acha a autoexpressão natural e fácil. Acha difícil a autoexpressão. Encontra seu maior valor na promoção e iniciação de novos empreendimentos. Encontra o seu maior valor na interpretação da vida e na promoção da compreensão. Requer o desenvolvimento do julgamento equilibrado não apenas para a crítica e avaliação dos entusiasmos intuitivos, mas também para mantê-lo até a conclusão de suas várias atividades. Requer o desenvolvimento do julgamento equilibrado não apenas para a crítica e avaliação da compreensão intuitiva, mas também para capacitá-la a transmitir suas visões a outras pessoas e trazê-las para utilidade prática no mundo. Ambos são caracterizados pela expectativa habitual; ambos têm compreensão rápida. Figura 31: Comparação entre intuição extrovertida e introvertida C IX: D tipos especí cos que resultam das várias combinações entre D osas 16preferências, cada um é produto de seu processo dominante, extrovertido ou introvertido, conforme o caso, e modi cado pela natureza de seu auxiliar. (A modi cação é especialmente marcante nos tipos introvertidos, cujo auxiliar é o principal responsável por seu comportamento externo). Quando as a rmações feitas sobre um tipo são pensadas em termos de causa e efeito, as características de cada tipo são mais fáceis de lembrar e procurar. As descrições não incluem todas as características decorrentes de cada preferência, que foram discutidas nos Capítulos –. Esperase que todo tipo introvertido tenha as características introvertidas gerais. Repeti-las a cada vez só tenderia a obscurecer as características especiais da variedade particular de introvertido. Os críticos da teoria de Jung freqüentemente acusam a introversão de não ser um traço unitário: existem “muitos tipos de introvertidos”. A introversão não é um traço, mas uma disposição ou orientação básica. Em cada um dos oito tipos de introvertidos, essa orientação assume um aspecto diferente como resultado necessário das outras preferências envolvidas. Cada uma das descrições a seguir trata de dois tipos que diferem apenas na escolha do processo auxiliar. A primeira descrição considera os dois tipos de pensamento extrovertido, e , no que eles têm em comum e nas maneiras pelas quais se diferenciam. A próxima descrição lida com os dois tipos de pensamento introvertido, e , da mesma forma. Em seguida, são discutidos tipos de sentimento extrovertido e introvertido, tipos de sensação extrovertida e introvertida e intuitivos extrovertidos e introvertidos. Como esperado, a maior semelhança entre um tipo extrovertido e um tipo introvertido ocorre quando os dois tipos diferem apenas na preferência . Eles terão então a mesma combinação de percepção e julgamento, e suas vidas exteriores serão moldadas pelo mesmo processo extrovertido. As semelhanças tendem a ser mais marcantes na vida diária e menos marcantes quando algo muito importante está em questão e o processo dominante do introvertido assume o controle. O lado da sombra As descrições são projetadas para se aplicar a cada tipo no seu melhor, como exempli cado por pessoas normais, bem equilibradas, bem ajustadas, felizes e e cazes. Portanto, a descrição básica pressupõe um bom desenvolvimento das funções dominante e auxiliar. Na verdade, os tipos vêm em estados de desenvolvimento amplamente diferentes. Se o processo auxiliar não estiver desenvolvido, a pessoa não terá equilíbrio entre julgamento e percepção, e também entre extroversão e introversão. Se o processo dominante também estiver subdesenvolvido, não restará muito do tipo, exceto suas fraquezas. Bem desenvolvido ou não, todos nós temos um lado da sombra. Assim como a personalidade consciente é o produto das funções mais desenvolvidas, a sombra é o produto da parte menos desenvolvida, que a pessoa rejeita e repudia. A sombra usa tipos de julgamento e percepção relativamente infantis e primitivos, não intencionalmente a serviço de objetivos conscientes, mas por conta própria, em uma fuga da personalidade consciente e em desa o aos padrões conscientes. Os resultados costumam ser lamentáveis. Atos dos quais uma pessoa diz depois: “Não sei como cheguei a fazer isso. Eu não queria!”, geralmente são obra da sombra, assim como outras coisas lamentáveis que uma pessoa pode nem estar ciente de ter feito. O irascível professor Henry Higgins insistia que ele era “um homem muito quieto”. É bom entender a sombra, pois ela explica algumas curiosas contradições nas pessoas. Se as preferências aparentes de uma pessoa indicam um determinado tipo, mas ela se comportou de maneira totalmente estranha ao tipo em questão, considere a qualidade do ato. Se fosse inferior ao padrão usual da pessoa, pode ter havido uma sombra em ação. O tipo de uma pessoa é o produto de uma orientação consciente para a vida: modos habituais e propositais de usar a mente — habituais porque parecem bons, interessantes e con áveis. A sombra é algo que acontece quando a pessoa não está olhando. Alguns introvertidos prestam tão pouca atenção consciente à extroversão que alcançam pouco ou nenhum desenvolvimento de seu processo auxiliar extrovertido. Sua extroversão será em grande parte inconsciente e as funções de sua sombra podem ser mais aparentes do que suas personalidades conscientes. Uma mulher que completa o Indicador de Tipo para seu marido extremamente introvertido, como ela o vê, pode torná-lo um , perdendo o sentimento que ele não expressa e relatando, em vez disso, o pensamento inconsciente, inferior e crítico do lado da sua sombra. Tipos pensadores extrovertidos: e • São analíticos e impessoais. • Podem ser executivos, jurídicos, técnicos ou interessados em reformas. • Organizam os fatos — e tudo mais ao seu alcance. • São decisivos, lógicos, fortes no poder de raciocínio. • Buscam governar sua própria conduta e a de outras pessoas de acordo com conclusões ponderadas • Valorizam a verdade na forma de fato, fórmula e método. • Têm uma vida emocional que é acidental. • Têm uma vida social que é incidental. Os pensadores extrovertidos usam seu pensamento para comandar toda parte do mundo que estiver em suas mãos. Eles estão em seu elemento sempre que a situação externa precisa ser organizada, criticada ou regulada. Normalmente, eles gostam de decidir o que deve ser feito e de dar as ordens apropriadas para garantir que seja feito. Eles abominam confusão, ine ciência, meias medidas, qualquer coisa sem objetivo e que seja ine caz. Freqüentemente, eles são disciplinadores rígidos, que sabem como ser duros quando a situação exige dureza. Isto pode ser chamado de tipo do executivo padrão. Existem outros tipos de executivos, alguns deles brilhantemente bem-sucedidos. Mas é duvidoso que qualquer outro tipo goste tanto de ser um executivo, ou trabalhe tanto para chegar a ser um. Às vezes, em tenra idade, uma criança desse tipo, com propósito sistemático e interesse natural em administrar as coisas, torna-se, independentemente da popularidade, o líder da turma escolar. Grande parte da e cácia dos pensadores extrovertidos decorre de sua disposição de emitir ordens tão estritas para si mesmos quanto para qualquer outra pessoa. Eles traçam seus objetivos com bastante antecedência e fazem um grande esforço sistemático para alcançá-los no prazo. Na melhor das hipóteses, eles olham impiedosamente para sua própria conduta e revisam tudo o que não está de acordo com o padrão. Os pensadores extrovertidos preferem naturalmente a atitude de julgar e agem vigorosamente com base em seus julgamentos, sejam eles bem fundamentados ou não. Um deles me escreveu: “Diga algo sobre o desejo quase irresistível de tomar decisões, apenas por si mesmas. Sob esse impulso, não apenas tomarei decisões rápidas e precisas em meu próprio campo, mas tenderei a tomar decisões igualmente rápidas, mas erradas, em um campo estranho, apenas porque estou decidido a tomar decisões e não dedico tempo para perceber os fatos completamente”. Os pensadores extrovertidos devem desenvolver um bom auxiliar perceptivo para dar-lhes base para julgamentos e devem aprender a suspender o julgamento por tempo su ciente para dar uma chance à percepção. Isso pode ser difícil, mas as recompensas são substanciais. Uma percepção melhor não apenas tornará seus julgamentos mais sólidos, mas se eles a usarem para ver outros pontos de vista, isso os ajudará nas relações humanas, onde eles podem precisar de ajuda. Os pensadores extrovertidos constroem um código de regras incorporando seus julgamentos básicos sobre o mundo. Eles pretendem viver de acordo com essas regras e consideram que os outros também deveriam fazê-lo. Qualquer mudança em seus modos requer uma mudança consciente nas regras. Se sua percepção não for boa o su ciente para mostrar-lhes, de tempos em tempos, como suas regras devem ser ampliadas, o código será tão estreito e rígido que se tornará uma tirania não apenas para os pensadores, mas também para aqueles que os cercam, especialmente suas famílias. Tudo o que estiver de acordo com as regras estará certo; tudo o que as violar estará errado; e tudo o que não for coberto por elas será sem importância. Eles se tornarão, como Jung coloca, “uma lei do mundo cuja realização deve ser alcançada em todos os momentos e estações... [Qualquer um] que se recuse a obedecer está errado — ele está resistindo à lei do mundo e é, portanto, irracional, imoral e sem consciência”.14 O erro básico, aqui, é impor o próprio julgamento a outras pessoas. Os tipos julgadores devem usar seu julgamento sobre si mesmos, não sobre os outros. Os julgamentos do pensamento são geralmente mais difíceis para a pessoa julgada do que os julgamentos do sentimento, porque o pensamento é naturalmente crítico. Ele analisa, decide que as coisas seriam melhores se fossem diferentes, e geralmente diz isso, enquanto os julgamentos sentimentais tendem a ser, em parte do tempo, complementares. O sentimento gosta de apreciar as coisas. Isto pode ser esperar demais de pensadores em quem o sentimento é o processo menos desenvolvido, mas os pensadores podem colocar em suas regras que, de tempos em tempos, usarão a percepção para ver o que há para apreciar em uma pessoa — e mencioná-lo. Nesse contexto, qualquer sugestão pode ser feita com mais graça do que seria o caso. Todos gostam de ser tratados com delicadeza, mas isso é especialmente importante com subordinados, que não podem lutar por seus próprios pontos de vista, e com lhos, maridos e esposas, que só podem fazê-lo à custa da paz familiar. Há outra razão pela qual os pensadores deveriam, para seu próprio bem, praticar a atitude perceptiva. Se eles deixarem que o julgamento racional domine todos os seus momentos de vigília, seus sentimentos serão reprimidos demais para serem úteis. Podem até mesmo embaraçá-los intensamente, às vezes por inesperadas explosões de temperamento que conscientemente eles nunca “pensariam” em cometer. No entanto, se cultivam a percepção, desligando de vez em quando seu julgamento pensador, eles dão ao sentimento uma vazão construtiva antes que atinja o ponto de ebulição. Os pensadores extrovertidos são convencidos pelo raciocínio e, quando são convencidos, isso é uma grande conquista, porque quando eles decidem fazer algo, fazem com que seja feito. Pensamento extrovertido apoiado pela sensação s olham para o mundo com sensação ao invés de intuição; portanto, eles estão mais interessados nas realidades percebidas por seus cinco sentidos, por isso tendem a ser concretos e práticos, receptivos e retentores de detalhes factuais, tolerantes com a rotina, hábeis em coisas mecânicas, realistas e preocupados com o aqui e agora. Seu processo pensador parece deliberado, porque geralmente é um pensamento real, e não o atalho freqüentemente fornecido pela intuição. A curiosidade de um é estimulada principalmente por coisas novas que atraem diretamente os sentidos — novos objetos, aparelhos ou dispositivos, novas atividades físicas, novas pessoas, novas casas, nova comida e novos cenários. Coisas novas que não podem ser apreendidas pelos sentidos — idéias e teorias abstratas — parecem menos reais e muito menos aceitáveis. Qualquer coisa intangível é bastante desagradável, pois mina a segurança de um mundo factual no qual as pessoas podem ter certeza de seus julgamentos. Os s resolvem problemas aplicando e adaptando habilmente experiências passadas. Eles gostam de trabalhar onde possam alcançar resultados imediatos, visíveis e tangíveis. Eles têm uma inclinação natural para negócios e indústria, produção e construção. Eles gostam de administração e de organizar e fazer as coisas. Executivos desse tipo preferem basear planos e decisões em fatos e procedimentos estabelecidos; eles não ouvem muito sua própria intuição e podem precisar de um intuitivo por perto para apontar o valor de novas idéias. Este é talvez o tipo mais tradicionalmente “masculino” e inclui mais homens do que qualquer outro. Pensamento extrovertido apoiado pela intuição Os s olham para o mundo com intuição ao invés da sensação, então eles estão interessados principalmente nas possibilidades além do presente, do óbvio ou conhecido. A intuição aumenta seu interesse intelectual, curiosidade sobre novas idéias (imediatamente úteis ou não), tolerância pela teoria, gosto por problemas complexos, insight, visão e preocupação com possibilidades e consequências de longo prazo. Os s raramente se contentam com um trabalho que não exige intuição. Eles precisam de problemas para resolver e provavelmente são especialistas em encontrar novas soluções. No entanto, seu interesse está no quadro geral, não em procedimentos ou fatos detalhados. Executivos deste tipo tendem a se cercar de outros intuitivos, porque gostam de pessoas que são rápidas na compreensão, com mentes que funcionam da mesma maneira que as suas, mas fazem bem em ter pelo menos um tipo de sensitivo em suas equipes para evitar que eles ignorem fatos relevantes e detalhes importantes. Tipos pensadores introvertidos: e • São analíticos e impessoais. • Estão interessados primariamente nos princípios subjacentes. • São organizados em relação a conceitos e idéias (se ) ou fatos (se ) — mas não pessoas ou situações, a menos que seja necessário. • São perceptivos, não dominadores, pelo fato de a determinação do pensamento geralmente aparecer apenas em questões intelectuais. • São exteriormente quietos, reservados, desapegados, talvez até distantes, exceto com pessoas íntimas. • São absorvidos internamente na análise ou problema atual. • São inclinados à timidez, especialmente quando jovens, pois os principais interesses do pensamento introvertido são de pouca ajuda em conversas cotidianas ou contatos sociais. Pensadores introvertidos usam seu pensamento para analisar o mundo, não para administrá-lo. Con ar no pensamento os torna lógicos, impessoais, objetivamente críticos, di cilmente convencidos por qualquer coisa, exceto pelo raciocínio. Como introvertidos, eles concentram seu pensamento nos princípios subjacentes às coisas, e não nas próprias coisas. Como é difícil mudar seu pensamento de idéias para detalhes da vida diária, eles conduzem suas vidas exteriores principalmente com seu processo perceptivo preferido, o que os torna curiosos e bastante adaptáveis — até que um de seus princípios regentes seja violado, ponto em que eles param de se adaptar. Eles tendem a ser perseverantes e independentes das circunstâncias externas em um grau acentuado, com uma unicidade de propósito que subordina os aspectos sociais e emocionais da vida a alguma conquista mental de longo prazo. Eles podem ter di culdade em transmitir suas conclusões ao resto do mundo e fazer com que sejam aceitas ou mesmo compreendidas. Jung diz que o pensador introvertido “di cilmente sairá de seu caminho para ganhar a apreciação de suas idéias... Ele meramente as expõe, e com freqüência ca extremamente incomodado quando elas falham em prosperar por conta própria”.15 O pensamento introvertido aplicado à matemática pode ser visto em Einstein; aplicado à loso a, em Kant; aplicado às relações internacionais, em Woodrow Wilson; e aplicado à psicologia, em Jung. No campo industrial, o trabalho do pensador introvertido deveria ser a elaboração dos princípios necessários subjacentes a um problema ou operação. Então outros tipos podem seguir em frente e executar a operação. Uma ampla aplicação dos princípios subjacentes à produção em massa pode ser vista nas realizações de Henry Ford. (Ford sempre se esforçou muito para preservar sua independência de ação e pouparse da necessidade de converter os outros aos seus planos). Para serem e cazes, os pensadores introvertidos precisam ter um bom processo auxiliar para fornecer a percepção em apoio ao seu pensamento. Se nem sua sensação nem sua intuição forem desenvolvidas de forma útil, eles sofrerão um dé cit geral de percepção, de modo que seu pensamento não terá o su ciente para pensar e, conseqüentemente, será estéril e improdutivo. A falta de um processo auxiliar adequado também os deixará sem extroversão. Eles terão um relacionamento inadequado com o mundo exterior, mesmo para os padrões introvertidos. O processo menos desenvolvido dos pensadores introvertidos inevitavelmente é o sentimento extrovertido. Eles não estão aptos a saber, a menos que sejam informados, o que importa emocionalmente para outra pessoa, mas podem e devem agir com base no princípio de que as pessoas se preocupam em ter seus méritos apreciados e seu ponto de vista considerado respeitosamente. Tanto a vida pro ssional quanto a vida pessoal dos pensadores introvertidos correrão melhor se eles se derem ao trabalho de fazer duas coisas simples: dizer uma palavra de apreço quando o elogio é honestamente devido e mencionar os pontos em que concordam com outra pessoa antes de trazerem os pontos em que discordam. Com pensadores introvertidos, como com todos os introvertidos, a escolha do processo auxiliar faz uma grande diferença e colore a personalidade exterior. Na combinação , a sensação empresta realismo, concretude, às vezes um dom inesperado de diversão por si mesma, geralmente um interesse por esportes e recreação ao ar livre. Na combinação , a intuição empresta sutileza, imaginação e gosto por projetos e ocupações que exigem engenhosidade. A escolha do processo auxiliar também afeta o uso que será feito do processo dominante, porque o tipo de percepção empregada determina em grande parte quais elementos do mundo exterior serão trazidos à atenção do pensamento dominante. Se a sensação zer a seleção, o material apresentado será mais tangível e concreto, muitas vezes envolvendo mecânica ou estatística, mas em qualquer caso será algo factual. Se a escolha for feita pela intuição, o material será mais teórico e abstrato, dando margem ao exercício de insight e originalidade. Pensamento introvertido apoiado pela sensação Os s têm um interesse direcionado para a ciência prática e aplicada, especialmente no campo da mecânica. De todas as funções, a sensação proporciona a maior compreensão das propriedades visíveis e tangíveis da matéria, como ela se comporta, o que você pode ou não fazer com ela. Pessoas desse tipo tendem a ser boas com as mãos, o que é uma vantagem genuína na aplicação prática dos princípios cientí cos. Com interesses não técnicos, os s podem usar princípios gerais para trazer ordem a dados confusos e signi cado a fatos desorganizados. A capacidade de percepção para absorver fatos e detalhes pode ser muito útil para s que trabalham no campo da economia, como analistas de títulos ou como analistas de mercado e vendas nas áreas de negócios e indústrias — em resumo, que lidam com estatísticas em qualquer campo. Alguns s, especialmente os jovens, são grandes crentes na lei do mínimo esforço. Essa crença pode contribuir para sua e ciência se julgarem com precisão quanto esforço é necessário e agirem prontamente para exercer esse esforço. No entanto, se eles subestimarem ou apresentarem desempenho inferior, a lei do mínimo esforço pode chegar perigosamente perto da preguiça, com pouco sendo feito. Pensamento introvertido apoiado pela intuição s são estudiosos, teóricos e pensadores abstratos em campos como ciência, matemática, economia e loso a. s são talvez os mais intelectualmente profundos de todos os tipos. A intuição traz um insight mais profundo do que apenas o concedido pelo pensamento. Dá a seus possuidores curiosidade intelectual, rapidez de entendimento, engenhosidade e fertilidade de idéias para lidar com problemas e um vislumbre extra de possibilidades que a lógica ainda não teve tempo de alcançar. Por outro lado, a intuição torna a rotina mais difícil, embora um intuitivo possa, ao longo da vida, conseguir uma adaptação su ciente a ela. As pessoas do tipo , portanto, são particularmente adaptadas à pesquisa e à obtenção de novos esclarecimentos. Elas provavelmente estarão mais interessadas em analisar um problema e descobrir onde está a solução, do que em realizar suas idéias. Elas formulam princípios e criam teorias; valorizam os fatos apenas como evidência ou como exemplos para uma teoria, nunca por si mesmos. Um professor de psicologia desse tipo explicou a uma aluna extrovertida: “Este artigo está perfeitamente correto, mas você enfatizou tanto mais os fatos do que o princípio, que é óbvio que você considera os fatos a parte mais importante. Portanto, sua nota é um ‘’ ”. A aluna cou muito mais indignada com o motivo do que com a nota. “Mas é claro que os fatos são a parte mais importante”, disse ela. Muitos estudiosos desse tipo são professores, especialmente no nível universitário, porque a universidade valoriza suas realizações e eles próprios valorizam a oportunidade de estudo e pesquisa; mas é característico de seu ensino que eles se preocupem mais com o assunto do que com os alunos. O grande matemático Gauss achava o ensino tão doloroso, que tentava desencorajar todos os futuros alunos, dizendo-lhes que o curso sobre o qual estavam perguntando provavelmente não seria ministrado. O problema da comunicação também di culta o seu ensino. Quando confrontados por uma pergunta simples que precisa de uma resposta simples, os pensadores introvertidos se sentem obrigados a a rmar a verdade exata, com todas as quali cações ditadas por suas consciências acadêmicas; a resposta é tão exata e tão complicada que poucos conseguem entendê-la. Se os professores reduzissem sua explicação até que parecesse, em sua própria opinião, muito simples e óbvia para valer a pena ser dita, eles a teriam mais adequada ao consumo geral. Os executivos do tipo são provavelmente raros fora dos círculos cientí cos ou acadêmicos. Os bons executivos serão aqueles que adquiriram uma facilidade muito de nida de extroversão, su ciente para mantê-los em contato com as situações com as quais devem lidar. Exercendo sua autoridade de maneira perceptiva, tais s usarão engenhosidade e compreensão para encontrar maneiras de alcançar os ns desejados. Mas eles testarão cada medida proposta pelo padrão exato de seus princípios, de modo que tudo o que eles direcionarem incorporará sua própria integridade. A tentação dos s (assim como dos extrovertidos com intuição) é assumir que uma possibilidade atraente sugerida pela sua intuição é tão possível quanto parece. Eles precisam confrontar até mesmo seus projetos intuitivos mais atraentes com os fatos relevantes e as limitações que esses fatos impõem. Caso contrário, eles podem descobrir tarde demais que desperdiçaram suas energias em busca de uma impossibilidade. Tipos sentimentais extrovertidos: e • Valorizam, acima de tudo, contatos humanos harmoniosos. • São melhores em trabalhos que lidam com pessoas e em situações em que a cooperação necessária pode ser conquistada pela boa vontade. • São amigáveis, diplomáticos, simpáticos, capazes quase sempre de expressar os sentimentos apropriados ao momento. • São sensíveis a elogios e críticas e ansiosos para se adequar a todas as expectativas legítimas. • Possuem o julgamento direcionado para fora, que gosta de ter as coisas decididas e resolvidas. • São perseverantes, conscienciosos, ordeiros mesmo em pequenas questões e inclinados a insistir que os outros sejam iguais. • São idealistas e leais, capazes de grande devoção a uma pessoa amada, instituição ou causa. • Podem usar o julgamento do pensamento ocasionalmente para ajudar a apreciar e adaptar-se aos pontos apresentados por um pensador, mas nunca é permitido que o pensamento se oponha aos anseios do sentimento. Os tipos sentimentais extrovertidos irradiam cordialidade e companheirismo, e têm uma necessidade vital de encontrar sentimentos correspondentes nos outros e respostas calorosas. Eles são particularmente aquecidos pela aprovação e sensíveis à indiferença. Muito de seu prazer e satisfação vem não apenas dos sentimentos calorosos dos outros, mas também dos seus próprios; eles gostam de admirar as pessoas e, portanto, tendem a se concentrar em suas qualidades mais admiráveis. Eles são notavelmente capazes de ver valor nas opiniões de outras pessoas e, mesmo quando as opiniões são con itantes, acreditam que a harmonia pode ser alcançada de alguma forma, e muitas vezes conseguem alcançá-la. Sua intensa concentração nos pontos de vista de outras pessoas às vezes os faz perder de vista o valor dos seus próprios. Eles pensam melhor quando falam com as pessoas, e gostam de conversar. Todos os seus processos mentais parecem funcionar melhor por contato. Van der Hoop diz: “Seus pensamentos tomam forma enquanto são expressos”.16 No entanto, os pensamentos que surgem através e durante o processo de expressão muitas vezes parecem longos e desajeitados para um rápido pensador abstrato. Provavelmente há uma vantagem para palestrantes e oradores nessa mistura de pensamento com fala, mas impede que os tipos de sentimento extrovertido sejam breves e pro ssionais, e muitas vezes isso os atrasa no trabalho. Eles tendem a passar muito tempo em conferências e reuniões de comitês. Seu conhecido idealismo funciona de duas maneiras. Eles se esforçam para alcançar seus ideais e idealizam as pessoas e instituições que prezam. Em ambos os casos, os tipos sentimentais extrovertidos estão fadados a reprimir e repudiar tudo neles mesmos, e nos outros, que entre em con ito com o sentimento; este procedimento dá origem a uma falta de realismo onde quer que o sentimento esteja envolvido. (Os tipos sensitivos extrovertidos se assemelham aos tipos sentimentais extrovertidos em sua facilidade e sociabilidade; mas quando confrontados com o mesmo fato frio e desarmonioso, o sentimental extrovertido nega sua existência e o sentimental introvertido condena sua existência, enquanto o sensitivo extrovertido aceita sua existência e a deixa de lado). Como o processo dominante, osentimento, é um processo de julgamento, esses tipos sentimentais extrovertidos naturalmente preferem a atitude de julgamento. Não é tanto que gostem conscientemente de resolver as coisas, como costumam fazer os pensadores extrovertidos, mas que gostam muito de que as coisas sejam resolvidas, ou pelo menos de sentir que elas estão resolvidas. Eles tendem a ver o mundo como um lugar onde a maioria das decisões já foi tomada. A desejabilidade ou indesejabilidade da maioria das variedades de conduta, fala, opinião e crença parece clara para eles, a priori. Eles consideram essas verdades auto-evidentes. Assim, é provável que tenham uma avaliação imediata de tudo e um impulso para expressá-la. Para ter alguma validade, esses julgamentos precisam ser baseados em um processo perceptivo bem desenvolvido. Se a intuição estiver bem desenvolvida como processo auxiliar, ela fornecerá insight e compreensão. Se a sensação estiver bem desenvolvida como auxiliar, fornecerá um conhecimento realista da vida, dado em primeira mão. Ambos podem fornecer fundamentos genuínos para julgamentos sentimentais, mas se nenhum deles for cultivado não haverá fundamentos individuais sobre os quais falar. Tipos sentimentais extrovertidos sem um auxiliar de equilíbrio têm, no entanto, uma necessidade urgente de basear seus julgamentos sentimentais em algo. Eles não têm outro recurso senão adotar as formas de julgamento sentimentais que a comunidade sanciona como adequadas. Assim, eles se adaptam à comunidade coletiva, mas seu dé cit de percepção os impede de se adaptar a outros indivíduos. Uma sentimental extrovertida e pouco perceptiva, que estava tendo muitos problemas com seus lhos adolescentes, foi convencida a tentar suspender o julgamento e usar consistentemente a atitude perceptiva e imparcial com eles. Ela relatou: “Funciona como um encanto, mas é a coisa mais difícil que já z”. Na ausência de percepção adequada, os tipos sentimentais extrovertidos tendem a tirar conclusões precipitadas e a agir com base em suposições que se revelam erradas. Eles são especialmente propensos a não enxergar os fatos quando há uma situação desagradável ou um criticismo doloroso. É mais difícil para eles do que para outros tipos olhar diretamente para as coisas que gostariam que não fossem verdadeiras; na verdade, é até difícil para eles ver essas coisas. Se não enfrentarem fatos desagradáveis, ignorarão seus problemas em vez de encontrar boas soluções. Sentimento extrovertido apoiado pela sensação s tendem a ser concretos e práticos, convencionais, conversadores abundantes e factuais, e interessados em posses, belas casas e todos os adornos tangíveis da vida. Os s se preocupam principalmente com os detalhes da experiência direta — a deles próprios, a de seus amigos e conhecidos, até mesmo a experiência de estranhos cujas vidas tocam a deles. Em um estudo de 1965, de Harold Grant (ver p. 208), os s foram o único tipo que escolheu “uma oportunidade de servir aos outros” como a característica mais importante do trabalho ideal. Eles são mais atraídos pela pediatria do que por qualquer outra especialidade médica, bem como são mais fortemente atraídos por ela do que qualquer outro tipo. Sua compaixão e preocupação com as condições físicas muitas vezes os levam a pro ssões de saúde, particularmente enfermagem, onde fornecem calor e conforto, bem como dedicado cuidado. (Juntamente com sua contraparte, , eles tiveram a menor taxa de abandono em meu estudo de 1964 sobre estudantes de enfermagem; ver McCaulley, 1978). Mesmo em empregos de escritório, seu sentimento desempenha um papel proeminente e eles conseguem injetar um elemento de sociabilidade em qualquer trabalho que lhes seja atribuído. De todos os tipos, eles são o que se adapta melhor à rotina. Eles podem não se importar muito com o tipo de trabalho que fazem, mas querem poder conversar enquanto o fazem e querem trabalhar em um ambiente amigável. Uma funcionária de uma operadora de telefonia se opôs à transferência para outra unidade, até ter certeza de que teria uma festa de despedida dos antigos colegas e uma festa de boas-vindas dos novos. Elevada ao nível de um evento social, a mudança tornou-se aceitável aos seus sentimentos. Sentimento extrovertido apoiado pela intuição Os s tendem a ter curiosidade por novas idéias, gosto por livros e interesses acadêmicos em geral, tolerância pela teoria, visão e insight, e imaginação por novas possibilidades além do que está presente, é óbvio ou conhecido. É provável que os s tenham um dom de expressão, mas podem usá-lo para falar ao público em vez de escrever. A combinação de calor e insight atinge seu aspecto mais caloroso e gracioso neste tipo. Os s se saem bem em muitos campos; por exemplo, como professores, clérigos, conselheiros pessoais e de carreira e psiquiatras. Aparentemente, o desejo de fazer harmonizações se estende até mesmo às opiniões intelectuais. Uma muito charmosa que se interessa por tipogra a desde os tempos de colégio me disse com sinceridade: “Fulana me perguntou o que eu pensava sobre tipogra a e eu não sabia o que dizer a ela, porque não sabia como ela se sentia em relação ao assunto”. Tipos sentimentais introvertidos: e • Valorizam, acima de tudo, a harmonia na vida interior do sentimento. • São melhores em trabalhos individuais envolvendo valores pessoais — em arte, literatura, ciência, psicologia ou percepção de necessidades. • Têm sentimentos profundos, mas raramente expressos, porque a ternura interior e a convicção apaixonada são mascaradas pela reserva e pelo repouso. • Mantêm a independência do julgamento dos outros, sendo regidos pela lei moral interna. • Direcionam o julgamento interiormente para manter todos os valores menores subordinados ao maior. • Têm um forte senso de dever e delidade às obrigações, mas nenhum desejo de impressionar ou in uenciar os outros. • São idealistas e leais, capazes de grande devoção a uma pessoa amada, propósito ou causa. • Podem usar o julgamento pensador ocasionalmente para ajudar a ganhar o apoio de um pensador para objetivos emocionais, mas nunca é permitido opor-se a esses objetivos. Os tipos sentimentais introvertidos são ricos em calor e entusiasmo, mas podem não demonstrar isso até que conheçam bem alguém. Eles usam seu lado quente por dentro, como um casaco forrado de pele. A con ança no sentimento os leva a julgar tudo por valores pessoais; eles sabem o que é mais importante para eles e o protegem a todo custo. Como seu sentimento é introvertido, eles conduzem suas vidas exteriores principalmente com seu processo perceptivo preferido, seja sensação ou intuição. Isto os torna receptivos, exíveis e adaptáveis — até que uma das coisas que eles mais valorizam pareça estar em perigo: então eles param de se adaptar. Eles trabalham duas vezes melhor em empregos em que acreditam; seus sentimentos adicionam energia aos seus esforços. Eles querem que seu trabalho contribua para algo que é importante para eles — compreensão humana, felicidade, saúde ou talvez a perfeição de um projeto ou empreendimento. Eles querem ter um propósito por trás de seu contra-cheque, não importa o tamanho do cheque. Eles são perfeccionistas sempre que seus sentimentos estão envolvidos e geralmente cam mais felizes no trabalho individual. A e cácia dos tipos sentimentais introvertidos depende de encontrarem um canal através do qual exprimam suas certezas e seus ideais interiores. Quando isso é possível, as certezas interiores dão direção, poder e propósito aos tipos sentimentais introvertidos. Na falta dessa vazão, as certezas tornam essas pessoas mais sensíveis e vulneráveis quando os relacionamentos cam aquém de seus ideais. O resultado pode ser uma sensação de impotência e inferioridade, com perda de con ança e descrédito na vida. O contraste entre o real e o ideal pesa mais sobre os s, que estão mais conscientes do estado atual das coisas, do que sobre os s, cuja intuição sugere caminhos esperançosos de melhoria. Os s também são mais propensos a sofrer uma conseqüente falta de autocon ança. Para ambos, o contraste oferece um problema mais agudo do que para os outros tipos. A solução vem com o uso sincero da percepção e compreensão como um modo de vida. Como este é o modo de adaptação ao mundo destinado a eles, devem ter nele uma fé adequada, trabalhar nisso e ser capazes de usá-la tanto nas di culdades externas quanto nas internas. Con ando na percepção, eles nem mesmo tentam abrir caminho através de um obstáculo; eles “vêem” seu caminho através dele. Se eles encontrarem descon ança, indiferença ou antagonismo, o que pode bloquear seus esforços externos ou ameaçar sua paz interior, freqüentemente realizarão, por meio da compreensão, o que nunca poderia ser alcançado por um ataque frontal decisivo. Esopo contou sobre um viajante que tirou sua capa sob os raios do sol, depois que os mais ferozes esforços do vento não conseguiram arrancá-la dele. A maioria das pessoas descongela no calor da compreensão genuína e acrítica. A con ança dos tipos sentimentais introvertidos em seu modo de vida não deve ser diminuída, porque não parece tão magistral quanto a dos tipos opostos, aqueles que dependem da extroversão em vez da introversão, ou do pensamento em vez do sentimento, ou do julgamento ao invés da percepção, ou mesmo aqueles que combinam todos os três, como os pensadores extrovertidos que externamente parecem ser os mais autocon antes de todos os tipos. Os tipos sentimentais introvertidos têm seus próprios domínios. Eles podem realizar certas coisas que outros não podem, e o valor de suas contribuições é incomparável. A percepção das diversas excelências dos vários tipos, em que a diferença entre um tipo e outro é vista como uma virtude e não como um defeito, deve fortalecer sua con ança em seus próprios dons. Também deve aliviar parcialmente o con ito que eles provavelmente sentirão quando não puderem concordar com aqueles a quem amam ou admiram. Sentimento introvertido apoiado pela sensação Os s vêem as realidades — as necessidades do momento — e tentam atendê-las. é um dos dois únicos tipos, de todos os dezesseis, que preferem fortemente a prática médica geral, que os envolve com a mais ampla variedade de doenças humanas. Eles também podem encontrar uma saída satisfatória em áreas que valorizam o gosto, o discernimento e o senso de beleza e proporção. Destacam-se, também, no artesanato. Eles parecem ter um amor especial pela natureza e simpatia pelos animais. Eles são muito menos articulados que os s, e o trabalho de suas mãos geralmente é mais eloqüente do que qualquer coisa que eles digam. Podem ser particularmente aptos para trabalhos que exigem dedicação e grande adaptabilidade, como é o caso das enfermeiras visitantes, que nunca podem contar com condições padronizadas, mas devem entender cada nova situação e revisar suas instruções para se adequar às circunstâncias atuais. Eles consistentemente tendem a subestimar e minimizar a si mesmos. Provavelmente é o tipo mais modesto. Qualquer coisa que os s façam bem, eles não consideram uma grande conquista. Eles não precisam da liminar de São Paulo “para não pensarem de si mesmos além do que deveriam”. Na maioria dos casos, eles deveriam pensar mais alto do que pensam. Sentimento introvertido apoiado pela intuição Os s se destacam em campos que lidam com possibilidades para as pessoas, como aconselhamento, ensino, literatura, arte, ciência, pesquisa e psicologia. A inclusão da ciência pode ser uma surpresa. Foi para mim. Meu pai, Lyman J. Briggs, era diretor do National Bureau of Standards, e esperávamos que os cientistas de pesquisa fossem principalmente , como ele, e certamente não , como minha mãe e eu. Como se viu, entre os principais pesquisadores do Bureau, os s eram de fato menos numerosos do que os s, mas não menos distintos. Talvez o entusiasmo gerado pelo sentimento de um estimule a intuição para chegar a uma verdade que a análise pelo pensamento con rmará oportunamente. Os s geralmentetêmumdomparaalinguagem. Aturmadoúltimoano do ensino médio que foi analisada durante a validação inicial do Indicador de Tipo incluía quatro mulheres . Uma delas era a editora da revista da escola e foi eleita pela turma como a aluna com “maior probabilidade de sucesso”. Uma delas era editora do anuário, editora literária da revista e oradora da turma. A terceira ganhou uma bolsa aberta de quatro anos e tornou-se editora do jornal da faculdade. A quarta, que tinha a mesma combinação de imaginação e linguagem, mas menos habilidade para usá-la no mundo exterior, escreveu uma poesia assombrosa na qual falava pelos “sonhadores” que “vagam pelos horizontes dos vivos”. A tendência literária evidente neste tipo deriva da combinação de intuição e sentimento. A intuição fornece imaginação e insight, o sentimento fornece o desejo de comunicar e compartilhar, e o domínio da linguagem é aparentemente um produto conjunto da facilidade da intuição com símbolos, discriminação artística e gosto do sentimento. Assim, todos os quatro tipos de devem ter a aptidão. No entanto, os tipos extrovertidos, e , e até mesmo os introvertidos intuitivos que extrovertem com sentimento, , provavelmente tomarão um atalho e se comunicarão pela palavra falada, como professores, clérigos, psicólogos e assim por diante. O sentimento introvertido em s é tão reservado que muitas vezes eles preferem a palavra escrita como forma de comunicar o que sentem sem fazer contato pessoal. Tipos sensitivos extrovertidos: e • São realistas. • São concretos e práticos. • São adaptáveis, geralmente descontraídos, muito à vontade no mundo, tolerantes com os outros e consigo mesmos. • São dotados de uma grande capacidade de aproveitar a vida e um gosto pela experiência de todas as formas. • Gostam de fatos concretos e são bons em detalhes. • Estão aptos a aprender mais e melhor com a experiência, tendo um desempenho melhor na vida do que na escola. • Geralmente são conservadores, valorizam costumes e convenções e gostam das coisas como elas são. • São capazes de absorver um número imenso de fatos, gostar deles, lembrá-los e lucrar com eles. A maior força dos tipos sensitivos extrovertidos é seu realismo. Eles con am principalmente no testemunho de seus próprios sentidos — o que eles vêem, ouvem e sabem em primeira mão — e, portanto, estão sempre cientes da situação real ao seu redor. Tipos com sentimento dominante costumam ver as coisas como deveriam ser; tipos com pensamento dominante, como elas logicamente devem ser; tipos com intuição dominante, como elas podem ser; mas os tipos sensitivos extrovertidos, até onde a vista alcança, vêem as coisas como elas são. A lei do mínimo esforço caracteriza sua abordagem a situações. Eles nunca lutam contra os fatos; em vez disso, os aceitam e usam. Eles não resistem inutilmente aos limites de uma situação. Se o que eles começaram a fazer é bloqueado, eles o fazem de outra maneira. Eles não seguirão nenhum plano que tenha deixado de se adequar às circunstâncias. Freqüentemente, eles se saem muito bem sem um plano. Gostando de lidar com uma situação à medida que ela surge, eles estão con antes de que uma solução sempre será revelada por uma compreensão completa dos fatos. Livres do “poderia” ou do “deveria”, vão atrás dos fatos e chegam a uma solução eminentemente prática. Como resultado, pessoas desse tipo podem se mostrar notavelmente boas em reunir grupos con itantes e fazer as coisas funcionarem sem problemas. Sua capacidade de harmonização deve muito à consciência de todos os elementos factuais e pessoais nas situações que os confrontam. Aliás, podem aceitar e lidar com as pessoas como elas são, e não se deixar enganar por suas qualidades. Seu prazer e absorção dos fatos é uma função essencial, parte de sua curiosidade vigorosa. Um tipo sensitivo extrovertido escreveu para mim: “É verdade que tenho na minha cabeça um volume tremendo de fatos sobre assuntos sem nenhuma relação uns com os outros e estou sempre interessado em saber mais”. Como outros tipos , os s e s são curiosos sobre qualquer coisa nova que é apresentada diretamente aos seus sentidos — novos alimentos, paisagens, pessoas, atividades, objetos, dispositivos ou artifícios. No entanto, coisas novas que não podem ser apreendidas pelos sentidos — idéias abstratas, teorias etc. — parecem menos reais e muito menos aceitáveis: qualquer coisa misteriosa é bastante desagradável, pois mina a segurança de um mundo factual. Uma nova idéia nunca é totalmente apreciada ou con ável até que haja tempo para dominá-la e xá-la rmemente em uma estrutura de fatos sólidos. Portanto, os tipos sensitivos extrovertidos são melhores em lidar com variações do conhecido e familiar, ao invés de lidar com o que é inteiramente novo. Seu ponto forte é o manejo impecável das coisas e situações, de preferência temperadas com alguma variedade. Freqüentemente, eles têm uma a nidade instintiva com a maquinaria e um senso seguro do que ela pode ou não fazer. Entre os primeiros vinte homens que identi camos como tipos sensitivos extrovertidos, encontramos um engenheiro mecânico de primeira linha, um maquinista de precisão, um professor de o cina de engenharia muito bem-sucedido, um “o cial de emergência” naval e um especialista do governo cujo estudo detalhado dos destroços emaranhados de aviões acidentados levou à detecção de falhas obscuras, mas fatais, no design de aviões. No lado pessoal, esses tipos são fortes na arte de viver. Eles valorizam os bens materiais e dedicam tempo para adquiri-los, cuidar deles e desfrutá-los. Eles valorizam muito o prazer concreto, desde boa comida e boas roupas até música, arte, as belezas da natureza e todos os produtos da indústria do entretenimento. Mesmo sem essas ajudas, eles se divertem muito com a vida, o que os torna uma companhia divertida. Eles gostam de exercícios físicos e esportes, sendo, geralmente, bons nisto; se não, eles são bons torcedores para aqueles que o são. Na escola, eles não têm grande consideração pelos livros como uma preparação para a vida ou como um substituto para a experiência em primeira mão. A maior parte de seus estudos é trabalho de memória; embora essa técnica seja su ciente em alguns cursos, não é su ciente em física e matemática, nas quais os princípios devem ser compreendidos. Há uma história sobre um general, notável ao longo de sua carreira por seu manejo habilidoso das tropas no campo, que, no entanto, quase foi reprovado em West Point quando tentou passar em um curso de tática, lembrando-se das aulas palavra por palavra. Van der Hoop diz sobre essas pessoas: Elas cam muito impressionadas com os fatos, e sua originalidade encontra expressão em uma visão mais verdadeira e menos preconceituosa do que a de outros [...]. No entanto, sua luta é um tanto tímida em relação aos ideais. Eles se apegam à experiência, são empiristas por excelência e, em geral, são conservadores em sua vida prática, se não vêem perspectiva de vantagem na mudança. Eles são pessoas agradáveis, bons camaradas e companheiros alegres [...], freqüentemente bons contadores de histórias [...]. Eles freqüentemente são bons observadores e fazem bom uso prático de suas observações [...]. Há uma grande capacidade de percepção de detalhes, assim como para avaliações práticas com base neles. Além disso, há o poder de fazer estimativas sólidas no que diz respeito a utilidade e serventia.17 Esses tipos naturalmente preferem a atitude perspicaz, de modo que suas virtudes tendem a ser a mente aberta, a tolerância e a adaptabilidade, em vez de esforço sustentado, metodologia e determinação. As últimas qualidades aparecem apenas com um desenvolvimento superior do julgamento para equilibrar a sensação. É extremamente importante para essas pessoas cultivar um julgamento pensador ou sentimental su ciente para dar-lhes continuidade, propósito e caráter. Caso contrário, haverá perigo de preguiça, instabilidade e uma personalidade geralmente super cial. Sensação extrovertida apoiada pelo pensamento Os s tomam decisões com pensamento em vez de sentimento e, portanto, estão mais conscientes das consequências lógicas de um ato ou decisão. O pensamento dá aos s uma melhor compreensão dos princípios subjacentes, ajuda com a matemática e a teoria. Ao mesmo tempo, torna mais fácil para eles uma atitude dura, quando a situação exige dureza. Ao lidar com problemas mecânicos e outros problemas concretos, eles são sólidos e práticos, evitando a complexidade. Em questões diretas, seu julgamento é preciso e con ável. Eles tendem a preferir a ação à conversa. Quanto mais diretamente um assunto pode ser traduzido em ação, mais claros e e cazes eles se tornam. Quando eles se sentam, é em uma atitude de prontidão amigável para fazer quase qualquer coisa prazerosa. Sensação extrovertida apoiada pelo sentimento s tomam decisões com sentimento ao invés de pensamento. O sentimento tende a centrar o interesse e a observação nas pessoas, o que dá origem a uma notável amabilidade, tato e facilidade em lidar com os contatos humanos, bem como a uma avaliação prática e sólida das pessoas. Entre os s estão os alunos cuja turma do ensino médio os elegeu como “o mais amigável” ou “o melhor esportista”. O sentimento também contribui para o gosto artístico e para o julgamento, mas não ajuda na análise. Isso pode tornar esse tipo muito leniente enquanto disciplinador. Tipos sensitivos introvertidos: e • São sistemáticos, meticulosos e minuciosos. • Assumem a responsabilidade especialmente bem, mas o geralmente gosta mais disso do que o . • São muito trabalhadores; eles são os mais práticos dos tipos introvertidos. • São externamente práticos, internamente entretidos por reações extremamente individuais às suas impressões sensoriais. • São notáveis pela aplicação paciente e disposta a detalhes. • Fazem uma excelente adaptação à rotina. • Absorvem e divertem-se usando um imenso número de fatos. Os tipos sensitivos introvertidos tornam-se notavelmente con áveis por sua combinação de preferências. Eles usam seu processo favorito, a sensação, em sua vida interior, baseando suas idéias em um acúmulo profundo e sólido de impressões armazenadas, o que lhes dá idéias quase inabaláveis. Então, eles usam seu tipo preferido de julgamento, pensamento ou sentimento, para dirigir sua vida exterior. Assim, eles têm um respeito completo, realista e prático tanto pelos fatos quanto por quaisquer responsabilidades que esses fatos criem. A percepção fornece os fatos e, após a pausa característica dos introvertidos para re exão, seu julgamento aceita as responsabilidades. Eles olham para as tempestades e nunca são abalados. A interação de introversão, percepção e atitude de julgamento lhes dá extrema estabilidade. Eles não entram nas coisas impulsivamente, mas, uma vez nelas, é muito difícil distraí-los, desencorajá-los ou impedi-los (a menos que os eventos os convençam de que estão errados). Eles dão estabilidade a tudo com que estão conectados. O uso de sua experiência contribui para sua estabilidade. Costumam comparar situações presentes e passadas. Usada em capacidade executiva, essa qualidade contribui para uma política consistente e para o cuidado na introdução de mudanças. Usada na avaliação de pessoas ou métodos, pode organizar vários incidentes para apoiar uma conclusão. Eles gostam de que tudo seja mantido em âmbito factual e declarado de forma clara e simples. Nas palavras de Van der Hoop, eles “não podem levar a intuição a sério e consideram sua ação sobre os outros com receio”.18 Possuem “grande capacidade de percepção de detalhes e de avaliações práticas a partir deles... Em sua própria área, essas pessoas costumam se sentir muito à vontade, tendo um bom domínio do lado técnico de sua vocação, mas sem considerá-lo como qualquer mérito especial. Elas aceitam tanto o que podem quanto o que não podem fazer como simples fatos, mas tendem em geral a se subestimar”.19 Seu sucesso geralmente vem por meio de outras pessoas que reconhecem e valorizam mais suas boas qualidades e fornecem um ambiente no qual podem ser mais produtivas. Junto com suas virtudes sólidas e evidentes, elas têm uma qualidade estranha e encantadora que pode não ser aparente até que sejam muito bem conhecidas. Suas impressões sensoriais causam uma vívida reação privada à essência da coisa sentida. A reação é própria e imprevisível. É impossível saber que associações engraçadas e inesperadas de idéias ocorrem por trás de sua calma externa. Somente quando estão “de folga” — relaxando da extroversão, da responsabilidade e da atitude de julgamento — eles dão expressão espontânea a essa percepção interior. Neste momento, podem dizer o que lhes vem à mente e dar aos outros um vislumbre de suas percepções e associações, que podem ser absurdas, irreverentes, comoventes ou hilárias, mas nunca previsíveis, porque sua maneira de sentir a vida é intensamente individual.20 Quando estão “de plantão” e lidando com o mundo, a personalidade que exibem re ete os processos de julgamento que habitualmente utilizam externamente, ou seja, seus auxiliares, sejam eles pensamento ou sentimento. Sensação introvertida apoiada pelo pensamento Os s enfatizam lógica, análise e determinação. Com extroversão su ciente, os s se tornam executivos capazes. Eles também são advogados exaustivamente minuciosos que não dão nada como certo e, assim, pegam muitos deslizes e descuidos cometidos por outros. Todos os contratos devem ser liberados pelos s; eles não vão ignorar nada que está contido neles nem assumir nada que não esteja lá. Este é um bom tipo para contadores. Também parece ser ideal para datilógrafos. O chefe de um departamento central de datilogra a selecionou três operadores como tendo o temperamento perfeito para o trabalho; eles foram escolhidos por sua precisão, continuidade, concentração e capacidade de se contentar sem socializar no trabalho. Todas as três eram mulheres bem marcadas, embora aparentemente apenas cerca de uma mulher em vinte e três pertença a esse tipo.21 Os s darão o quanto for preciso de ajuda se puderem ver que é necessária, mas sua lógica se rebela contra os requisitos ou a expectativa de fazer qualquer coisa que não faça sentido para eles. Geralmente, têm di culdade em entender as necessidades que diferem muito das suas. Mas, uma vez convencidos de que algo é muito importante para determinada pessoa, a necessidade torna-se um fato digno de respeito; eles podem fazer de tudo para ajudar a satisfazê-la, embora ainda a rmem que não faz sentido. Na verdade, eles podem criticar severamente o descuido ou a falta de previsão com que algum desafortunado se mete em problemas, e, mesmo assim, gastar muito tempo e energia para ajudar. Às vezes, os s levam seu desenvolvimento tipológico além de suas funções dominantes e auxiliares e alcançam um desenvolvimento suplementar bastante marcado de seu terceiro melhor processo, o sentimento, para uso em relacionamentos humanos, especialmente para apreciar seus amigos mais próximos. Sensação introvertida apoiada pelo sentimento Os s enfatizam a lealdade, a consideração e o bem-estar comum. Este é um bom tipo para um médico de família. O uso do sentimento nos contatos com os pacientes fornece o calor e a segurança que eles desejam; ao mesmo tempo, a percepção altamente cultivada não negligencia nenhum sintoma e é capaz de recorrer a uma memória precisa e enciclopédica. Este também é um bom tipo para as enfermeiras. Em uma amostra de alunos que reuni em escolas de enfermagem de costa a costa, o mostrou a maior auto-seleção na pro ssão e a menor taxa de abandono durante o treinamento. A baixa taxa de desistência atesta sua motivação e continuidade. Um membro notável deste tipo é um general de duas estrelas. Seu tipo equilibrado confere-lhe três qualidades ditas recomendadas por diversas autoridades militares: a robustez mental capaz de absorver choques, que é o primeiro requisito para um general segundo o general Sir Archibald Wavell; a meticulosa atenção à administração e abastecimento, que Sócrates coloca em primeiro lugar em sua lista; e o estrito realismo da sensação, que Napoleão preferiu ao seu oposto intuitivo em seu ditado: “Há homens que, por sua... constituição, criam para si mesmos uma imagem completa construída sobre um único detalhe. Quaisquer que sejam… as outras boas qualidades que possam ter, a natureza não os marcou para o comando de exércitos”. Todas as três qualidades são consistentes com pensamento ou sentimento como auxiliares. O processo de julgamento do general de duas estrelas, assim como o sentimento fortemente desenvolvido, é mascarado na prática por uma profunda reserva. O sentimento se expressa como lealdade ao dever e preocupação escrupulosa com os interesses de seus subordinados, o que evoca, em troca, afeto e lealdade. Os méritos notáveis do tipo também são encontrados em ocupações diferentes. O trabalhador mais cuidadoso que já encontrei, um construtor de pisos que trabalhava de forma autônoma, mostrava as qualidades típicas. Ele foi auxiliado por seu lho, um jovem extrovertido e descontraído, que testemunhou com admiração triste que “o velho é infernalmente meticuloso”. Tanto o quanto o , é claro, precisam ser equilibrados por um desenvolvimento substancial de pensamento ou sentimento. O julgamento os ajuda a lidar com o mundo; equilibra a percepção introvertida, que por si só não se interessa pelo mundo exterior. Se o julgamento não for desenvolvido, eles ignoram amplamente o mundo exterior e tornam-se pouco comunicativos e incompreensíveis, absortos em reações subjetivas às impressões sensoriais e sem vazão para suas qualidades. Tipos bem equilibrados têm julgamento e percepção bem desenvolvidos. O problema deles é usar o certo na hora certa. Como todos os outros tipos julgadores, e são mais propensos a usar a atitude de julgamento quando a percepção seria mais apropriada do que cometer o erro oposto. Portanto, a pergunta é: quando um tipo julgador não deve usar julgamento? E a resposta é: ao lidar com outras pessoas. Independentemente do tipo, o uso adequado do julgamento deve ser sobre as próprias ações e problemas. Para uso em outras pessoas, a percepção é mais justa, gentil e produtiva. Tipos intuitivos extrovertidos: e • São atentos a todas as possibilidades. • São originais, individuais, independentes, mas extremamente receptivos em relação às opiniões dos outros. também • São fortes em iniciativa e impulso criativo, mas não tão fortes em concluir projetos. • Têm vidas que provavelmente serão uma sucessão de projetos. • São estimulados por di culdades e mais engenhosos em resolvê-las. • Operam por energia impulsiva em vez de força de vontade concentrada. • São incansáveis no que lhes interessa, mas acham difícil fazer outras coisas. • Odeiam rotina. • Valorizam a inspiração acima de tudo e seguem-na com con ança em todos os tipos de oportunidades, empreendimentos, aventuras, explorações, pesquisas, invenções mecânicas, promoções e projetos. • São versáteis, muitas vezes surpreendentemente inteligentes, entusiasmados, fáceis de lidar com pessoas e cheios de idéias a respeito de tudo debaixo do sol. • Na melhor das hipóteses, são dotados de insight equivalente à sabedoria e têm o poder de inspirar. Os intuitivos extrovertidos são difíceis de descrever por causa de sua variedade in nita. Seu interesse, entusiasmo e energia uem repentinamente em canais imprevisíveis como uma enxurrada, varrendo tudo, superando todos os obstáculos, abrindo um caminho que outros seguirão muito tempo depois da força que o fez uir para outras coisas. A força que anima os intuitivos extrovertidos não é a força de vontade consciente ou mesmo um propósito planejado, como no caso dos tipos julgadores. É uma energia perceptiva — uma visão intuitiva de alguma possibilidade no mundo externo, que eles sentem ser peculiarmente deles porque a “viram primeiro” de uma maneira muito original e pessoal. Além de qualquer consideração prática, eles se sentem encarregados da missão de concretizar essa possibilidade. A possibilidade tem uma atração irresistível, uma reivindicação inegável sobre eles. Ela se torna seu mestre e, a seu serviço, eles podem esquecer de comer ou dormir, de modo que não descansam até tirar o gênio da garrafa. Como diz Jung, “possibilidades emergentes são motivos convincentes dos quais a intuição não pode escapar e aos quais tudo o mais deve ser sacri cado”.22 No entanto, uma vez que eles tiram o gênio para fora ou chegam ao ponto em que todos reconhecem que ele pode ser retirado, perdem o interesse. O gênio não é mais uma possibilidade, torna-se um mero fato. Outra pessoa pode assumir a partir daí. Chamar essa perda de interesse de inconstância, como os tipos julgadores tendem a fazer, é errar o ponto. Os intuitivos têm um dever essencial a cumprir no mundo: eles devem cuidar para que as inspirações humanas não sejam desperdiçadas. Eles não podem dizer com antecedência se uma inspiração vai funcionar. Pelo contrário, têm que se jogar nisso, de corpo e alma — e ver. Depois de terem visto, têm de partir para novas possibilidades, armados com tudo o que aprenderam com as antigas. Os intuitivos são teimosamente leais ao seu princípio orientador, a possibilidade inspiradora, como os tipos sensitivos são aos fatos, ou os tipos sentimentais à sua hierarquia de valores, ou os pensadores às suas conclusões pensadas. Assim, a vida dos intuitivos tende a ser uma série de projetos. Se tiverem a sorte de encontrar sua vocação em uma linha de trabalho que permita tal uxo de projetos, os sucessivos entusiasmos se constroem em uma carreira coerente. Para os escritores, pode ser uma sequência de livros, cada um apresentando um problema diferente a ser resolvido, escrito e colocado na estante. Para uma pessoa nos negócios, podem ser expansões sucessivas do negócio em novos campos; para um vendedor, a conquista de novos clientes em potencial; para um político, uma progressão de campanhas para cargos cada vez mais altos; para um professor universitário, o desa o renovado de uma turma ingressante; e para um psiquiatra, o intrincado mistério da mente de cada novo paciente. Se a busca dos intuitivos por inspirações autênticas for completamente bloqueada, eles se sentirão aprisionados, entediados e desesperadamente descontentes. Essas são di culdades externas às quais eles provavelmente não se submeterão por muito tempo. A intuição quase sempre encontrará uma saída. Existem, no entanto, dois perigos internos que são mais graves. Primeiro, os intuitivos não devem desperdiçar suas energias. Em um mundo cheio de projetos possíveis, eles devem escolher aqueles que têm valor potencial, intrínseco ou para o seu próprio desenvolvimento. Então, tendo começado, não devem desistir. Eles devem perseverar até que tenham estabelecido algo — que a idéia funciona ou não, que eles devem ou não continuar. Não é desistir se uma mulher intuitiva escreve um bom mistério e para porque escrever mistérios não é o que ela quer fazer pelo resto de sua vida, mas é desistir se ela parar no meio ou terminar mal o que poderia terminar bem. Em ambos os aspectos, a escolha e a perseverança, os intuitivos precisam da in uência estabilizadora do pensamento ou sentimento bem desenvolvido. Ambos podem dar-lhes um padrão para avaliar suas inspirações e fornecer-lhes a força de caráter e a autodisciplina para perseverar nos trechos mais monótonos do trabalho. Intuitivos sem julgamento não terminam as coisas(isso é particularmente notável porque eles começam muitas), não são estimulados por obstáculos como os intuitivos bem equilibrados são, e, portanto, são instáveis, pouco con áveis, facilmente desencorajados e, como muitos deles livremente admitem, não fazem nada que eles não queiram fazer. Os intuitivos extrovertidos devem, portanto, começar a desenvolver seu julgamento o mais cedo possível. O tipo geralmente pode ser reconhecido em uma idade muito precoce. Van der Hoop observa que: [...] crianças desse tipo são contentes e cheias de alegria pela vida; mas muitas vezes extremamente cansativas. Elas estão sempre pensando em algo novo, e sua imaginação continuamente sugere novas possibilidades. Elas têm um dedo em cada torta, querem saber tudo... e desde cedo querem ser especiais.23 Por exemplo, elas se interessam muito menos em atender aos requisitos básicos da escola do que em fazer algo extra ou fora do comum. Para seu próprio bem, o espetacular e o inesperado não devem ser aceitos em detrimento do fundamental. Discipliná-los não é fácil, pois eles gozam desde o berço de uma notável capacidade de conseguir o que querem das pessoas. Este presente é uma combinação de engenhosidade, charme e compreensão do outro. Isso permite que eles prossigam com grande con ança. Certa vez, sugeri a um menino de três anos que sua mãe provavelmente lhe daria uma surra pelo que ele estava fazendo. “Não”, ele disse serenamente, “minha mãe não sabe as coisas certas”. Mais tarde na vida, essa estranha faculdade de avaliação produz os professores que podem adivinhar os potenciais inimagináveis de um aluno, os psicólogos que podem estimar com precisão um com base em uma breve entrevista e os executivos cuja genialidade reside na seleção e aproveitamento de subordinados. Combinado com um entusiasmo convincente por seus objetivos, esta compreensão das pessoas pode tornar os intuitivos extrovertidos líderes muito e cazes, capazes de persuadir os outros sobre o valor de sua própria visão e reunir seu apoio e cooperação. Intuição extrovertida apoiada pelo pensamento Os s são um pouco mais propensos do que os s a assumir uma direção executiva. Os s tendem a ser independentes, analíticos e impessoais em suas relações com as pessoas, e estão mais aptos a considerar como os outros podem afetar seus projetos do que como seus projetos podem afetar os outros. Eles podem ser inventores, cientistas, solucionadores de problemas, promotores ou quase qualquer coisa que lhes interesse ser. Intuição extrovertida apoiada pelo sentimento Os s são mais entusiasmados que os s e mais preocupados com as pessoas e hábeis em lidar com elas. Os s são atraídos pelo aconselhamento, onde cada nova pessoa apresenta um novo problema a ser resolvido e novas possibilidades a serem comunicadas. Eles podem ser professores inspiradores, cientistas, artistas, publicitários ou vendedores, ou quase qualquer coisa que desejem ser. Tipos intuitivos introvertidos: e • São movidos por sua visão interior das possibilidades. • São determinados ao ponto da teimosia. • São intensamente individualistas, embora isso apareça menos em s, que se esforçam mais para harmonizar seu individualismo com o ambiente. • São estimulados por di culdades e mais engenhosos em resolvê-las. • Estão dispostos a admitir que o impossível demora um pouco mais — mas não muito. • Estão mais interessados em desbravar uma nova estrada do que em qualquer coisa a ser encontrada ao longo do caminho batido. • São motivados pela inspiração, que valorizam acima de tudo e usam com con ança para suas melhores realizações em qualquer campo que escolherem — ciência, engenharia, invenção, construção de império político ou industrial, reforma social, ensino, escrita, psicologia, loso a ou religião. • Ficam profundamente descontentes em um trabalho rotineiro que não oferece espaço para inspiração. • São dotados, em sua melhor forma, de um bom insight dos signi cados mais profundos das coisas e de uma grande dose de motivação. Como acontece com todos os introvertidos, a personalidade externa dos intuitivos introvertidos é fortemente in uenciada por seu processo auxiliar. Por exemplo, dois dos mais destacados candidatos a o cial em uma unidade de treinamento naval eram ambos intuitivos introvertidos. Aquele cujo processo auxiliar era o pensamento () foi nomeado comandante de batalhão por três mandatos sucessivos e tornou-se um executivo ágil e e ciente. Aquele cujo processo auxiliar era o sentimento () foi eleito para os três cargos mais altos que o corpo estudantil poderia conferir: presidente do grêmio estudantil, presidente do comitê executivo e presidente de sua turma. Uma mulher que os conhecia bem resumiu o contraste dizendo que se ambos estivessem a bordo de um navio torpedeado, o estaria interessado principalmente em controlar os danos, mas a principal preocupação do seria o bem-estar da tripulação. Eles concordaram que ela estava certa. Entre cientistas de pesquisa e engenheiros de design, os intuitivos introvertidos estão no topo. Os s são um pouco mais propensos do que os s a se interessarem por assuntos cientí cos e técnicos, mas quando os s estão interessados, eles parecem ser igualmente bons. Em um ambiente acadêmico, os s podem ser ainda melhores, provavelmente porque o sentimento é mais ansioso para atender às demandas de um professor, enquanto o pensamento provavelmente critica a maneira como um curso é conduzido e se recusa a se preocupar com itens que considera irrelevantes. O julgamento pensador ou sentimental é vitalmente necessário, e os intuitivos introvertidos devem desenvolvê-lo por si mesmos, porque sua convicção absoluta da validade de sua intuição os torna imunes à in uência do julgamento externo. A importância para os intuitivos introvertidos de cultivar um processo de julgamento para equilibrar e apoiar sua intuição não pode ser subestimada. Seus maiores dons vêm diretamente de sua intuição — os lampejos de inspiração, o insight nas relações entre idéias e o signi cado dos símbolos, a imaginação, a originalidade, o acesso aos recursos do inconsciente, a engenhosidade e as visões do que poderia ser. Todos esses são dons internos do lado perceptivo. Sem um processo de julgamento auxiliar desenvolvido, eles terão pouco ou nenhum desenvolvimento de uma personalidade externa e uso igualmente limitado dos dons. No entanto, um bom processo de julgamento, em apoio, transformará as percepções intuitivas em conclusões ou ações que terão um impacto sólido no mundo exterior. Van der Hoop reconheceu este problema: Há uma di culdade peculiar, no que diz respeito a esse conhecimento interior, em encontrar até mesmo uma expressão aproximada para o que é percebido. Assim, é extremamente importante que pessoas desse tipo adquiram, por meio de sua educação, uma técnica de expressão [...]. O desenvolvimento desse tipo é mais lento e árduo do que o da maioria das outras pessoas [...]. Essas crianças não são muito receptivas à in uência de seu ambiente. Elas podem ter períodos de incerteza e reserva, após os quais repentinamente se tornam muito determinadas e, se então sofrem oposição, podem manifestar uma surpreendente vontade própria e obstinação. Como resultado da intensa atividade espontânea interior, elas são freqüentemente mal- humoradas, ocasionalmente brilhantes e originais, e então novamente reservadas, teimosas e arrogantes. Na vida adulta, também é uma característica persistente de pessoas desse tipo que, apesar de, por um lado, possuírem grande determinação, por outro achem muito difícil expressar o que querem. Embora possam ter apenas um vago sentimento sobre o caminho que querem seguir e sobre o sentido de sua vida, tendem a rejeitar com grande teimosia qualquer coisa que não se encaixe nisso. Temem que in uências ou circunstâncias externas as levem na direção errada e resistem por princípio.24 Segue-se que essas pessoas não podem ser coagidas com sucesso. Elas nem chegarão a ouvir nada sem sua própria permissão, mas aceitarão uma oferta de fatos, opiniões ou teorias para livre consideração. Neste sentido, o reconhecimento do que é verdadeiro deve ser con ado à excelência de sua compreensão. Intuição introvertida apoiada pelo pensamento Os s são os mais independentes de todos os 16 tipos e têm orgulho mais ou menos consciente dessa independência. Seja qual for o seu campo, eles provavelmente serão inovadores. Nos negócios, eles nascem reorganizadores. A intuição lhes dá uma imaginação iconoclasta e uma visão desimpedida das possibilidades; o pensamento extrovertido fornece uma faculdade organizadora agudamente crítica. “O que quer que seja, sem dúvida poderia ser melhorado!”. É provável, no entanto, que se organizem a partir de um emprego. Eles não podem reorganizar continuamente a mesma coisa, e um produto acabado não é mais interessante. Assim, eles precisam de novas atribuições sucessivas, com problemas maiores e melhores, para ampliar seus poderes. Com interesses técnicos, eles tendem a ser cientistas pesquisadores, inventores e engenheiros projetistas. Eles são propensos a serem muito bons em matemática, especialmente em problemas, mas não tão adeptos da teoria matemática pura quanto os s. Os s são bons em pensar nas coisas e de nitivamente melhores em resolvê-las do que os s. Eles podem fazer as coisas, mas só se interessarão quando os problemas envolvidos forem complicados o su ciente para serem desa adores. A produção rotineira desperdiçaria a intuição, e um trabalho de pesquisa puramente teórica desperdiçaria o pensamento extrovertido, que anseia por aplicações práticas de idéias. Mesmo quando equilibrados, eles tendem a ignorar as opiniões e sentimentos de outras pessoas. O uso da atitude crítica nas relações pessoais é um luxo destrutivo que pode ter um efeito desintegrador em suas vidas privadas. Eles fariam bem em fazer um esforço para usar sua faculdade crítica em seus problemas impessoais e em si mesmos e trabalhar para algum desenvolvimento de apreciação (eles não precisam chamar isso de sentimento) para usar nos outros. Intuição introvertida apoiada pelo sentimento Os s naturalmente se preocupam com as pessoas, às vezes tanto que parecem extrovertidos. Na verdade, é o processo de sentimento, não o indivíduo, que é extrovertido, embora o companheirismo e a harmonia muito evidentes possam parecer a base de suas personalidades. O individualismo dos s costuma ser menos evidente, não porque sua visão interior seja menos clara e convincente, mas porque eles se preocupam o su ciente com a harmonia para tentar ganhar (em vez de exigir) a aceitação de seus propósitos. No momento em que induzem os outros a compreender, aprovar e cooperar em direção a um objetivo, eles adaptam tanto o objetivo quanto a si mesmos de forma bastante natural ao padrão da comunidade. Eles também podem parecer, especialmente para si mesmos, menos originais que os s. Quando a intuição se concentra nas pessoas e em seus problemas, ela não tem tanta oportunidade de se debruçar sobre o imprevisto quanto a intuição cientí ca. Uma obra-prima do insight sobre as relações humanas pode não parecer nada original. É tão precisa que parece óbvia. As visões dos s tendem a se preocupar com o bem-estar humano, e suas contribuições provavelmente serão feitas independentemente de um movimento de massa. Ocasionalmente, tal contribuição individual inicia um movimento de massa, uma religião ou uma cruzada. PARTE III: I C X: U em leitores incrivelmente objetivos, as descrições de tipos E xceto anteriores despertaram mais simpatia e aprovação para alguns tipos do que para outros. Pode-se esperar que cada tipo de leitor e aqueles próximos a ele pareçam desejáveis e confortáveis porque eles olham ou valorizam as coisas de maneiras que parecem naturais. Tipos bastante diferentes, re etindo diferentes forças e valores, podem não parecer tão desejáveis. Quando a boa vontade é escassa, o con ito dos opostos pode ser sério. A teoria dos tipos é informalmente con rmada pela di culdade que os tipos opostos têm em se dar bem uns com os outros e pela economia de atrito que muitas vezes resulta quando eles entendem a base de sua oposição. A discordância de repente se torna menos irritante quando Smith reconhece que di cilmente seria normal para Jones concordar com ele. Jones parte de um ponto de vista diferente e segue em uma direção diferente. Então, quando Jones chega a uma conclusão muito distante de Smith, não é por ser intencionalmente contrário, mas simplesmente por ser de um tipo diferente. Ao fazer tais concessões, Smith precisa ter em mente um fato concreto. Jones não é apenas fraco onde Smith é forte: Jones também é forte onde Smith é fraco. Os pensadores, por exemplo, percebem a falta de lógica em um tipo sentimental e tendem a subestimar o julgamento do outro porque não é lógico. Eles têm motivos para descon ar do sentimento. Sabendo que seu próprio sentimento é errático e não muito útil, os pensadores tentam mantê-lo fora de suas decisões e assumem que o sentimento de outras pessoas não é mais con ável do que o seu próprio. Na verdade, o sentimento dos tipos sentimentais é um tipo de juiz mais hábil até do que o pensamento do pensador, por exemplo, ao julgar quais coisas as pessoas mais valorizam. Da mesma forma, os intuitivos percebem que uma pessoa sensitiva não lida com idéias intuitivamente e, portanto, tendem a subestimar a percepção do outro. Eles não percebem que a consciência da pessoa que sente as realidades é muito mais aguçada do que a deles. Pessoas sensitivas cometem um erro análogo; con ando em sua compreensão superior das realidades, eles tendem a descon ar de todas as inspirações intuitivas, porque sua própria intuição subdesenvolvida não lhes traz muito valor. Idealmente, esses opostos deveriam se complementar em qualquer empreendimento conjunto, seja nos negócios ou no casamento. É muito provável que uma abordagem oposta a um problema exponha o que foi negligenciado. Muita oposição, no entanto, pode di cultar o trabalho conjunto, mesmo quando as pessoas entendem sua diferença de tipo. Os melhores colegas de trabalho provavelmente são pessoas que diferem na percepção ou julgamento (mas não em ambos) e são semelhantes em pelo menos uma outra preferência. Essa diferença é útil, e as duas ou três preferências que eles têm em comum os ajudam a se entender e se comunicar. Quando duas pessoas chegam a um impasse sobre como lidar com uma determinada situação, o problema pode ser resultado de sua diferença de tipo, que interferiu em sua comunicação. Quando duas pessoas não conhecem os mesmos fatos, ou não consideram as mesmas possibilidades, ou não prevêem as mesmas consequências, cada uma delas tem apenas um conhecimento incompleto do problema. Elas devem juntar tudo. Cada uma precisa usar todas as quatro funções, bem ou mal desenvolvidas: sensação para reunir os fatos relevantes, intuição para ver todas as medidas que podem ser tomadas de maneira útil, pensamento para determinar as consequências e sentimento para considerar o impacto dessas consequências sobre as pessoas envolvidas. O agrupamento de suas respectivas percepções e julgamentos oferece a melhor chance de encontrar uma solução válida para ambos. As di culdades para qualquer tipo provavelmente estão nos campos pertencentes aos seus processos menos quali cados. Por exemplo, os tipos diferem em sua capacidade de análise necessária para formular uma política de longo prazo em um assunto complicado. Analisar exige o reconhecimento dos princípios básicos envolvidos, para que se possa prever todas as consequências de uma ação proposta, inclusive aquelas não pretendidas ou desejadas. Assim, a análise chega mais facilmente a um tipo pensador do que a um tipo sentimental, e mais facilmente quando o pensamento é o processo dominante e mais desenvolvido. O pensamento disseca uma proposta com ênfase na causa e efeito, incluindo todos os efeitos previsíveis, sejam eles agradáveis ou desagradáveis. O sentimento tende a se concentrar no valor de um efeito e a resistir em considerar as desvantagens. A análise também é mais fácil para os introvertidos do que para os extrovertidos. Os introvertidos podem lidar melhor com uma situação considerando-a um exemplo de um princípio geral con ável; eles são hábeis em reconhecer os princípios subjacentes. Os extrovertidos lidam com mais situações, mais rápido e um pouco mais casualmente, e com menos tempo para re exão. Eles são mais rápidos, em parte porque já conhecem mais as circunstâncias. A informação tem uma maneira agradável e útil de passar por eles enquanto eles realizam seus negócios diários. Os introvertidos podem ampliar a base de sua análise descobrindo o que os extrovertidos podem dizer sobre qualquer situação. Para as pessoas que não são nem pensadoras nem introvertidas, a segunda melhor ferramenta de análise é a intuição, um instrumento poderoso para descobrir possibilidades e relacionamentos. É rápido e pode produzir resultados brilhantes. No entanto, tipos fortes de tendem a ter pouco realismo; eles devem veri car seus projetos com um bom para descobrir quais fatos e consequências eles negligenciaram. Extrovertidos sem pensamento nem intuição, os tipos , provavelmente acharão a análise difícil. Eles lidam muito melhor com problemas concretos e familiares, que podem ser resolvidos cara a cara e com base no conhecimento de primeira mão e na experiência pessoal. Eles devem reconhecer sua tendência a decidir os assuntos de olho na situação imediata e nos desejos de outras pessoas. Ao apresentar uma nova proposta a um pensador, eles podem descobrir o que há de errado com ela a longo prazo — quais princípios ou políticas ela viola; que precedentes estabelece; que consequências inesperadas podem ocorrer; em suma, qual será o custo de escolher a direção que parece mais agradável no momento. Eles provavelmente não vão gostar do que o pensador tem a lhes dizer, mas devem levá-lo a sério. Decidir sobre a política, no entanto, é apenas parte da tarefa. Muitas vezes, as pessoas precisam vender suas idéias para superiores, associados e subordinados. A persuasão, uma parte da comunicação, é mais fácil para os extrovertidos e para os tipos sentimentais. Os extrovertidos tendem a se expressar livremente, então seus associados serão informados apenas ouvindo. Os associados dos introvertidos, que estão muito mais no escuro sobre esses pontos do que os introvertidos imaginam, não podem ser persuadidos até que as idéias sejam comunicadas. Os tipos sentimentais tendem a se expressar com tato. Porque eles querem harmonia, eles consideram antecipadamente qual será o impacto sobre a outra pessoa e projetam sua apresentação para o ouvinte especí co. Assim, suas propostas tendem a obter uma audiência mais favorável do que as dos pensadores. A menos que os pensadores levem seu respeito pela causa e efeito para o campo das relações humanas, eles podem não ter muita consciência das pessoas. Ao apresentarem seus próprios pontos de vista, calma e desapaixonadamente, mas sem se referirem a ninguém, muitas vezes encontram uma oposição surpreendente. Ninguém, é claro, pode apreciar o ponto de vista de outra pessoa a menos que seja compreendido. Os tipos perceptivos são mais propensos a entendê-lo do que os tipos julgadores, porque estão mais inclinados a parar e ouvir. Nenhum tipo tem tudo. Os introvertidos e os pensadores, embora provavelmente cheguem às decisões mais profundas, podem ter mais di culdade em fazer com que suas conclusões sejam aceitas. Os tipos opostos são melhores em comunicação, mas não são tão hábeis em determinar as verdades a serem comunicadas. Para obter e cácia máxima, todos os tipos devem acrescentar ao seu dom natural o uso apropriado dos opostos, seja usando-os em outras pessoas ou desenvolvendo um uso controlado deles dentro de si. Exemplos do primeiro são destacados na Figura 32. O último é o estágio culminante no desenvolvimento do tipo. No momento em que os indivíduos têm controle total de seus processos dominantes e auxiliares, eles conhecem seus pontos fortes e os usam habilmente. Se eles puderem aprender a usar um oposto quando for mais apropriado do que os processos mais bem desenvolvidos, eles podem se tornar adequadamente hábeis em seu uso e, quando necessário, podem passar do natural para o apropriado. O cruzamento é difícil, mas mais facilmente alcançado com a compreensão de por quê a resposta natural e automática não é necessariamente a melhor. Por exemplo, o processo natural do pensador é inapropriado quando usado em relações pessoais com tipos sentimentais, porque inclui uma prontidão para criticar. A crítica é de grande valor quando os pensadores a aplicam à sua própria conduta ou conclusões, mas tem um efeito destrutivo sobre os tipos sentimentais, que precisam de um clima harmonioso. Os tipos sentimentais têm grande necessidade de simpatia e apreço. Eles querem que os outros percebam como eles se sentem e compartilhem o sentimento ou pelo menos reconheçam seu valor. Eles querem que os outros os aprovem, assim como aquilo que valorizam. Eles extraem calor e vida da amizade e sentem um calafrio doloroso e muitas vezes incapacitante no antagonismo. Eles odeiam se sentir separados, mesmo temporariamente, das pessoas que valorizam. A crítica desinibida torna a vida estressante para os tipos sentimentais. Ironicamente, cada defesa contra isso torna tudo pior. Justi cação, argumento e contra-ataque só levam a mais antagonismo. Como a paz e a amizade são seus objetivos, os tipos sentimentais perderam desde o início. Alguns são defensivos apenas ocasionalmente e geralmente toleram críticas em silêncio. Outros tentam se defender ou argumentar contra o pensador. De qualquer maneira, o estrago está feito. Figura 32: Utilidade mútua de tipos opostos As pessoas que estão conscientes de tais danos e desejam evitá-los podem melhorar a situação. Os tipos sentimentais podem tentar evitar levar as críticas para o lado pessoal; muitas vezes estas não pretendem ser um ataque, mas são apenas uma forma de autoexpressão. Aos pensadores há três coisas para limitar os danos que suas críticas podem causar. Primeiro, eles podem abster-se de comentários críticos quando sabem que não ajudarão em nada. Em segundo lugar, eles podem tomar cuidado para não exagerar nas falhas que desejam modi car. Isso é mais importante do que pode parecer. Os pensadores extrovertidos tendem a exagerar para dar ênfase, e a vítima cará muito indignada com o exagero injusto para prestar atenção à parte que é verdadeira. Em terceiro lugar, eles podem se lembrar de como os tipos sentimentais respondem à simpatia e à apreciação; um pouco de qualquer um deles atenuará bastante uma crítica necessária, mas o pensador deve expressar primeiro simpatia ou apreciação. A terceira técnica é e caz tanto em casa quanto no trabalho. Há uma diferença crucial entre “Acho que você está totalmente errado sobre Jones” e “Entendo por que você se sente assim, mas acho que você provavelmente está errado sobre Jones”; ou entre “Claro que Bates perdeu a posição. Ele nunca deveria ter…” e “É duro para Bates perder a posição. Ele nunca deveria ter…”. Normalmente, um pensador entende, até certo ponto, os sentimentos de outra pessoa e pensa que é difícil para Bates perder a posição, embora Bates tenha causado isso para si mesmo. Essas circunstâncias atenuantes também poderiam ser mencionadas se o pensador pensasse que valeria a pena. Do ponto de vista das relações humanas, vale muito mais do que o trabalho que dá. A pequena simpatia, ou o apreço, vindo primeiro, coloca os pensadores no mesmo campo dos tipos sentimentais, e o desejo dos tipos sentimentais de permanecer no mesmo campo os manterá concordando com os pensadores tanto quanto possível. Esta técnica melhora com a prática. Com o tempo isso se torna automático. Os pensadores precisam apenas fazer um esforço para mencionar os pontos em que honestamente concordam ou aprovam antes de passar aos pontos de divergência. Eles carão surpresos com a pouca freqüência com que as pessoas brigarão com eles nos pontos de divergência, e seu próprio lado sentimental negligenciado também cará satisfeito. Uma transição apropriada e breve do pensador para o uso do processo oposto, o sentimento, pode ser tolerada pelo pensamento porque o processo do sentimento está sendo usado a serviço do pensamento; o sentimento ajuda a ganhar a aceitação das idéias e propósitos do pensador. Não há abdicação de autoridade, apenas uma leve delegação. A realização correspondente para um tipo sentimental é um breve cruzamento para o uso do pensamento a serviço do sentimento, por exemplo, para delinear de forma lógica as idéias e propósitos determinados pelo julgamento sentimental, para fortalecê-los por argumentos lógicos para a aprovação de um pensador, ou prever críticas que seriam feitas a alguma obra querida e corrigir suas falhas. Quando a crítica é incorrida, apesar dos esforços para desarmá-la, o tipo sentimental pode até usar o pensamento para analisar e aprender com a crítica. Por mais lógicos que tentem ser, os tipos sentimentais nunca são lógicos o su ciente para estimar o custo total de algo que os atrai. Eles se bene ciarão ao consultar um pensador genuíno e ouvir o pior. O pensador deve considerar genuinamente os méritos da proposta, e ambos podem proceder com proveito mútuo. O tipo sentimental deve ser breve, no entanto. A característica que provavelmente mais incomoda os pensadores é a tendência dos tipos sentimentais de falar demais, com muitas irrelevâncias e com muitos detalhes e repetições. Quando há algo a ser dito, os pensadores querem que seja dito de forma concisa. Os tipos sentimentais extrovertidos, como disse o pai de um deles, tendem a não ter “facilidades terminais”. Tipos sensitivos e intuitivos são outro exemplo de opostos mutuamente úteis. A pessoa sensitiva tem fé no real, a intuitiva no possível. Como cada um se concentra desse modo, eles raramente olham para qualquer coisa do mesmo ângulo. A diferença de ponto de vista torna-se aguda, muitas vezes exasperante, quando a pessoa sensitiva tem autoridade sobre a intuitiva e a intuitiva surge com uma idéia brilhante. O intuitivo tende a apresentar a idéia de forma grosseira — adequada para outro intuitivo — e espera que o ouvinte sensitivo se concentre no ponto principal e ignore os detalhes super ciais. A reação natural da pessoa sensitiva é se concentrar no que está faltando, decidir que a idéia não pode funcionar (e é claro que não pode nessa forma) e rejeitá-la categoricamente. Uma idéia é desperdiçada, um intuitivo é frustrado e um executivo sensitivo tem de lidar com um subordinado ressentido. A colisão poderia ser evitada se qualquer um mostrasse respeito pelo processo oposto. O intuitivo deve ser realista o su ciente para saber qual será a reação do executivo e se preparar para ela, elaborar os detalhes da proposta e organizar os fatos necessários de forma irrefutável. Então, reconhecendo a apreciação dos tipos sensitivos pela ordem lógica, o intuitivo deve começar enfatizando quais problemas a nova idéia resolverá. (Ao lidar com um executivo intuitivo, o trabalhador deve evitar encorajar o executivo a pensar sobre o problema para que a solução proposta não seja impedida por novas sugestões improvisadas). O tipo sensitivo deve dar uma chance à idéia do intuitivo, embora não necessariamente concorde que possa funcionar. O executivo sensitivo pode dizer: “Talvez funcione se...” e depois apresentar todas as objeções sugeridas pela experiência e perguntar: “O que você faria a respeito disso?”. O intuitivo, concentrando-se alegremente nos obstáculos (em vez de, infeliz, se concentrar no executivo), muitas vezes cria uma solução valiosa, embora ao fazê-lo o intuitivo possa reformular a idéia original, tornando-a irreconhecível. Não apenas o choque de personalidades pode ser evitado, mas um ganho positivo resulta de exigir que o projeto do intuitivo seja avaliado pelo realismo do tipo sensitivo. Se os intuitivos aprenderem a adquirir um pouco desse realismo para si mesmos, poderão usar seus próprios sentidos para examinar os fatos e aumentar sua própria e cácia. Os intuitivos podem tolerar cruzamentos que servem aos seus próprios projetos. A conquista correspondente para os tipos sensitivos é um cruzamento com o uso da intuição para a antevisão de objetivos e possibilidades futuras. Eles podem justi car esse devaneio atípico alegando que algum dia um intuitivo de olhos arregalados tentará mudar tudo, e eles, como pessoas práticas, devem estar preparados para conduzir os eventos em uma direção sensata. Embora os cruzamentos sejam muito úteis, a visão mais clara do futuro vem apenas de um intuitivo, a praticidade mais realista, apenas de um tipo sensitivo, a análise mais incisiva, apenas de um pensador, e o manejo mais hábil das pessoas, apenas de um tipo sentimental. C XI: T de tipo entre marido e mulher podem dar origem a D iferenças atritos, mas isso pode ser diminuído ou eliminado quando sua origem é compreendida. Nada neste capítulo tem a intenção de desencorajar alguém de se casar com uma pessoa de tipo amplamente oposto, mas tal casamento deve ser realizado com pleno reconhecimento de que a outra pessoa é diferente e tem o direito de permanecer diferente, e com total disposição de se concentrar nas virtudes do tipo do outro ao invés dos defeitos. O papel do tipo no namoro e na escolha conjugal está sujeito a algum debate. Proverbialmente, pássaros da mesma plumagem voam juntos. Parece razoável que a maior compreensão mútua entre casais com mais semelhanças do que diferenças leve, em geral, a uma maior atração e estima mútuas. Entre 375 casais casados cujos indicadores foram obtidos na década de 1940, a situação mais freqüente era o casal ser parecido em três de suas quatro preferências, em vez de apenas duas, como seria de esperar por acaso.25 Por outro lado, Jung disse sobre extrovertidos e introvertidos: “Por mais triste que seja, os dois tipos tendem a falar muito mal um do outro... muitas vezes entram em con ito. Isso não impede, entretanto, que a maioria dos homens se case com mulheres do tipo oposto”.26 Plattner (1950), um conselheiro matrimonial suíço, escreveu que na maioria dos casamentos os extrovertidos se casam com os introvertidos, e dois analistas junguianos, Gray e Wheelwright (1944), apresentaram uma teoria de “união complementar”. O aparente con ito de evidências aqui é, em si mesmo, informativo. Os observadores que acabamos de citar estavam testemunhando sobre os casamentos que viram em suas próprias práticas. Seus clientes estavam com di culdades conjugais ou psicológicas, ou ambas. Diz-se que Jung comentou: “Claro, nós analistas temos que lidar muito com casamentos, especialmente aqueles que dão errado, porque os tipos às vezes são muito diferentes e eles não se entendem”. Se os casamentos vistos pelos analistas deram errado porque os tipos são muito diferentes, então os analistas e conselheiros matrimoniais deveriam encontrar mais oposição do que ocorre em casamentos bemsucedidos, o que pode con rmar a tese de que ter duas ou três preferências em comum contribui para o sucesso de um casamento e diminui a necessidade de aconselhamento. Entre nossos 375 casais, houve signi cativamente mais semelhança do que diferença entre marido e mulher em cada uma das quatro preferências. A semelhança mais freqüente foi em , o que sugere que ver as coisas da mesma maneira, seja por sensação ou por intuição, faz mais para tornar um homem e uma mulher compreensíveis um ao outro do que uma preferência compartilhada por , ou . A distribuição percentual dos casais foi a seguinte: Igual em todas as preferências: 9 Igual em três: 35 Igual em duas: 33 Igual em uma 19 Igual em nenhuma: 4 Casais que eram quase iguais superavam numericamente, em uma proporção de dois para um, aqueles que em sua maioria eram opostos. Entre os casais que eram semelhantes em todas as preferências, a maioria era do tipo sentimental e pode ter tido a harmonia como um objetivo consciente na escolha de um cônjuge. Entre os casais que eram diferentes em todas as preferências, quase todos os maridos eram pensadores. A quantidade de semelhança que duas pessoas realmente encontram em um casamento pode car muito aquém do que esperavam. A esse respeito, o homem extrovertido antes do casamento tem uma vantagem decisiva sobre seu irmão introvertido. Ele sabe mais como as pessoas são, circula mais, conhece mais as mulheres. Ele tem um círculo mais amplo para escolher e pode ter uma idéia um pouco mais clara do que está escolhendo. Essa escolha mais ampla e informada pode explicar por que 53% dos maridos extrovertidos (mas apenas 39% dos introvertidos) tinham pelo menos três preferências em comum com suas esposas. O efeito de uma preferência na escolha conjugal parece variar de tipo para tipo. Os homens que aparentemente se importavam mais com a semelhança no eram os tipos com sentimento extrovertido. Os tipos devem ser os mais simpáticos e os mais preocupados com a harmonia. O pretendente pode, portanto, ser mais sensível se um parceiro compartilha as mesmas preferências por diversão, uso de tempo de lazer e quantidade de sociabilidade. Tal pessoa pode conscientemente pretender se casar com alguém com interesses quase idênticos. No estudo conduzido na década de 1940, onde o marido era , ele e sua esposa eram semelhantes em em 65% dos casos, em comparação com 51% para todos os outros tipos combinados. Os homens mais inclinados a se casar com seus opostos em eram os introvertidos pensadores. Eles provavelmente o zeram mais por timidez do que por qualquer outro motivo. Talvez para cada homem introvertido pensador que conscientemente seleciona uma mulher quieta e introvertida, haja outro que, sem saber, é selecionado por uma mulher desinibida e extrovertida. A sociabilidade dela supera o constrangimento que geralmente atormenta o tipo dele no início de uma nova amizade. Independentemente de quem é o extrovertido e quem é o introvertido em um casamento, as diferenças na sociabilidade podem causar problemas. O desejo do extrovertido por uma sociabilidade ativa vai contra o desejo do introvertido por privacidade, especialmente quando o trabalho do introvertido é socialmente exigente. O trabalho do dia pode esgotar toda a extroversão disponível; o lar representa uma chance de paz e sossego necessários para recuperar o equilíbrio. Se o cônjuge extrovertido quiser sair, receber pessoas ou pelo menos passar o tempo em casa conversando, pode haver frustração. Para o introvertido, o silêncio, alguma chance de pensar tranqüilamente, é essencial e requer a cooperação do parceiro. Essa necessidade é difícil de explicar, e impossível para o extrovertido entender, a menos que seja muito bem explicada. Depois que os parceiros entendem as necessidades de silêncio ou sociabilidade um do outro, eles geralmente podem fazer ajustes construtivos. A semelhança deve ser mais difícil de alcançar porque há mais mulheressentimentaisdoquemulherespensadorasemnossacultura, emais homens pensadores do que homens sentimentais, embora essas diferenças possam estar diminuindo. Nesta amostra da década de 1940, não havia homens sentimentais o su ciente para todas as mulheres sentimentais, nem mulheres pensadoras su cientes para todos os homens pensadores. No máximo, apenas 78% dos casais poderiam ser correspondidos em . No entanto, quando o homem era extrovertido, 62% dos casais eram parecidos em ; onde ele era introvertido, 49% eram iguais. Onde marido e mulher eram ambos extrovertidos, a similaridade em subiu para 66%, o que é alto considerando que o máximo possível era de apenas 78%. Pode ser que os extrovertidos descubram mais cedo do que os introvertidos sobre os efeitos da diferença . Os extrovertidos são notavelmente francos: se as críticas francas de um pensador ferem os sentimentos de um tipo sentimental, e a exposição franca desses sentimentos feridos pelo tipo sentimental irrita o pensador, eles podem terminar e tentar relacionamentos alternativos. A semelhança em parece importar principalmente para três tipos extrovertidos: 65% dos maridos e (que vivem pela espontaneidade) casaram-se com esposas perceptivas; 93% dos maridos (que vivem pelo sistema, organização e determinação) casaram-se com esposas julgadoras. Do resto dos casais, apenas 52% eram parecidos em . Há vantagens práticas em ter ambos, julgamento e percepção, representados em um casamento. Muitas decisões podem ser confortavelmente deixadas para o parceiro que gosta de tomá-las. A semelhança em é importante para todos os tipos. A maior taxa de semelhança, 71%, ocorreu em casais em que a esposa preferia o pensamento ao sentimento. Evidentemente, uma pessoa que con a na lógica prefere um cônjuge com uma orientação semelhante. Em geral, os homens extrovertidos com seus conhecidos alcançam mais similaridade em seus casamentos do que os introvertidos. Sua porcentagem de semelhança varia de 58% a 66% nas quatro preferências. Com exceção de 62% em , a porcentagem de semelhança para homens introvertidos varia apenas de 49% a 52%. As conclusões que podem ser tiradas do estudo desses 375 casais são, necessariamente, provisórias. Os sujeitos eram principalmente pessoas com graduação universitária ou pais de estudantes universitários. Eles eram voluntários, com idades variando de 17 a 85 anos. A maioria dos casamentos ocorreu entre 1910 e 1950, e todos os participantes, exceto alguns dos mais jovens, zeram o Indicador de Tipo após o casamento. Do estudo desta amostra resultam várias conclusões. Nesses casamentos, que não apresentavam di culdades aparentes, há signi cativamente mais semelhanças do que diferenças entre marido e mulher em cada uma das quatro preferências. Essa descoberta contrasta fortemente com as observações de psiquiatras e conselheiros matrimoniais de que os casamentos que eles vêem exibem mais diferenças de tipo do que semelhanças. A semelhança parece contribuir para o sucesso de um casamento. As preferências mantidas em comum simpli cam as relações humanas. Elas fornecem um atalho para entender as pessoas, porque é mais fácil entender a semelhança do que entender a diferença. Quando as pessoas compreendem e admiram alguém cujo tipo é próximo ao delas, elas estão, de certa forma, apreciando as melhores qualidades delas mesmas, o que é agradável e produtivo, embora talvez não seja tão educativo quanto apreciar alguém mais diferente. Mesmo com apenas uma única preferência em comum, um casamento pode ser maravilhosamente bom (como posso testemunhar) se o homem e a mulher zerem o esforço necessário para compreender, apreciar e respeitar um ao outro. Eles não considerarão as diferenças entre eles como sinais de inferioridade, mas como variações interessantes da natureza humana, que enriquecem suas vidas. Como um jovem marido disse sobre sua esposa : “Se ela fosse como eu, o casamento não seria divertido!”. Compreensão, apreciação e respeito tornam possível, e bom, um casamento duradouro. A similaridade de tipo não é importante, exceto quando leva a esses três. Sem eles, as pessoas se apaixonam e se desapaixonam novamente; com eles, um homem e uma mulher se tornarão cada vez mais valiosos um para o outro e saberão que estão contribuindo para a vida um do outro. Eles conscientemente se valorizam mais e sabem que são valorizados em troca. Cada um anda mais alto no mundo do que seria imaginável sozinho. Claro que existem problemas no meio do caminho, por exemplo, as falhas do parceiro. Essas falhas são provavelmente apenas o reverso das características mais admiráveis do parceiro. Um homem sentimental pode valorizar muito a força de sua esposa pensadora, a presença de espírito na crise, a rmeza diante de um possível desastre. O pensador não vai levar muito a sério as pequenas coisas, exceto para anotar o que deve ser feito ou deveria ter sido feito. Um pensador pode se apaixonar pela resposta calorosa e rápida de um tipo sentimental, que nutre o próprio sentimento meio faminto do pensador. O parceiro sentimental não vai parar para considerar a lógica de cada observação e ação. Mesmo as melhores qualidades tendem a ter efeitos colaterais inconvenientes, que podem incomodar aqueles que não vêem a razão para elas, mas os efeitos colaterais são triviais em comparação com as boas qualidades das quais surgem. Quando eu era criança, tínhamos uma vizinha que reclamava muito dos defeitos do marido. Um dia minha mãe perguntou a ela o que ela realmente gostaria que fosse mudado nele. Ela levou algum tempo para encontrar uma resposta. Por m, disse: “Sabe, tem aquela cicatriz profunda na bochecha dele. Não me incomoda, mas incomoda a ele”. É a apreciação do que há de bom no outro que importa, e a comunicação dessa apreciação, não necessariamente em palavras sentimentais. Algumas pessoas assumem confortavelmente que sua apreciação pelo parceiro é compreendida; eles devem ocasionalmente torná-la explícita. Se for muito difícil ser articulado sobre as grandes coisas, eles podem falar sobre as pequenas. “Eu gosto do jeito que você ri”. “Olhei para o outro lado da sala esta noite e quei muito orgulhoso de você”. “Essa foi a melhor sugestão que alguém fez na reunião”. “Você pensa nas coisas mais legais para fazer pelas pessoas”. O que alguém disser será lembrado. Às vezes, a hostilidade pode surgir repentinamente entre duas pessoas que se amam e nenhuma das duas sabe por quê. Esses confrontos machucam menos se ambos entenderem o lado da sombra, que é visível para o parceiro, mas não para o possuidor (ver pp. 118– 119). Jung diz que os atos da sombra de uma pessoa não devem ser tomados como atos da pessoa. Obviamente, esta é uma injunção difícil de obedecer, mas é importante em um casamento. Se o comportamento da sombra de uma pessoa for levado em conta, o parceiro pode não apenas se sentir ferido e ressentido, mas o ressentimento pode ativar a própria sombra do parceiro; em sério detrimento do relacionamento, pode ocorrer uma amarga recriminação — não entre os parceiros, mas entre suas sombras. Tal escalada é provavelmente mais séria em um casamento entre dois tipos sentimentais, onde a erupção da sombra é uma atípica violação de sua harmonia. O dano pode ser minimizado, no entanto, se eles entenderem o que está acontecendo. Quando a sombra de uma pessoa irrompe, o parceiro pode reconhecê-la como algo não intencional e seguir o conselho de Jung. As erupções inconscientes da sombra não podem ser evitadas porque a pessoa não sabe quando elas vão acontecer; mas se uma pessoa puder captar um eco do que a sombra disse, ou ver o re exo dela no rosto do parceiro, a pessoa pode fazer reparações. “Isso foi a minha sombra. Desculpe”. Existem várias armadilhas a serem evitadas por um tipo sentimental e um pensador casados um com o outro. Os tipos sentimentais devem evitar ser muito falantes; pode-se facilmente falar demais com um pensador. Os pensadores não devem ser muito impessoais. Eles tendem a achar óbvio que, ao se casar com uma pessoa, demonstraram sua estima de uma vez por todas e que seus atos cotidianos úteis demonstram sua preocupação com o bem-estar dessa pessoa (provavelmente seria um pouco sentimental referir-se a isso como felicidade); portanto, parece-lhes supér uo mencionar qualquer um dos fatos. Por exemplo, uma muito ocupada tem o cuidado de ligar para casa todas as noites quando está fora da cidade a negócios. Ela pergunta exaustivamente como vão as coisas, porque pode ter surgido algum problema que ela pode resolver. Eventualmente, seu marido muda de assunto. “Você não vai dizer que nos ama?”. Ela ca intrigada ao saber que ele precisa saber que ela os ama. Ela não estaria preocupada com essas coisas se não as amasse! Isso, é claro, é uma inferência lógica que o marido poderia fazer, mas ele não quer uma inferência. Ele quer ouvir isso dito. Os tipos sentimentais querem alimento para seus sentimentos. Os pensadores estão menos preocupados com sentimentos do que com causa e efeito. A m de evitar erros, eles antecipam desde uma ação proposta até seu efeito provável; essa é uma precaução lucrativa. Eles também olham para trás, desde um estado de coisas insatisfatório até sua causa provável, para que possam descobrir qual erro foi cometido e tentar garantir que não seja cometido novamente. Quando o erro é deles, eles se bene ciam porque podem mudar seu próprio comportamento como bem entenderem. Se, no entanto, eles tentarem mudar o comportamento de seu parceiro sentimental por meio de críticas, é provável que não haja benefício, mas sim um alto custo. O parceiro sentimental pode reagir defensivamente, muitas vezes por mais tempo do que o pensador pode tolerar com equanimidade, e nada é realizado, exceto frustração para o pensador e mágoa para o tipo sentimental. Se o parceiro pensador, em um casamento pensador-sentimental, deseja profundamente alguma mudança no comportamento do parceiro sentimental (algo que realmente fará diferença para o pensador), a melhor abordagem do pensador é evitar completamente a crítica e simplesmente expressar, da melhor maneira possível, a necessidade e a admiração por tudo o que o pensador deseja. O parceiro sentimental então tem um incentivo válido para se esforçar e fazê-lo com gosto. No pensamento há muito alimento para o sentimento, para além de coisas como “minha esposa gosta que eu faça isso!”, mas nenhum como “ela não gosta se eu não gostar”. O primeiro é um elogio à excelência, o segundo uma reprovação por infringir uma norma. Essa abordagem provavelmente funcionará melhor do que a crítica, em qualquer casamento. Não faz nenhuma exigência; simplesmente apela para algo — muito desejado — que o parceiro tem o poder de dar. Muitas das críticas dos pensadores não são feitas com a expectativa de produzir mudanças. Elas são apenas jogadas fora ao passar de um pensamento para outro. Mesmo que os pensadores tenham consciência de sua tendência crítica e a refrêem discretamente em seus horários de trabalho e contatos sociais, eles (especialmente os ) sentirão que em casa têm direito a desabafar, com força, de maneira pitoresca e com o exagero característico dos para o bem da ênfase. Entre os alvos de suas críticas casuais podem estar os amigos, parentes, a religião, a política, as opiniões sobre qualquer assunto do tipo sentimental, ou apenas algo contado com a intenção de divertir o pensador; e, dessa forma exagerada, as críticas não serão verdadeiras. O parceiro sentimental freqüentemente se sentirá tentado a defender algo ou alguém contra essa severidade indevida. A tentação deve ser fortemente resistida. Para a paz familiar, é importante que o parceiro sentimental aprenda a arte de lidar com essa “crítica conversacional”, que não aponta algo que realmente deva ser corrigido, mas apenas expressa as opiniões negativas do pensador (“não vejo como você pode suportar um cérebro de pena como Jones!”). O parceiro sentimental precisa conceder ao pensador o luxo de expressar opiniões negativas sem represálias. O parceiro sentimental não deve argumentar em defesa de Jones, mas não desejará parecer concordar. Uma risada relaxada do comentário do pensador reconhece o direito do pensamento de ter qualquer opinião que lhe agrade; um comentário alegremente casual como “Jones também tem pontos positivos” reserva o mesmo direito ao sentimento do próprio parceiro sentimental, e o tom de voz descarta o assunto. Um dia, o parceiro pensador poderá fazer críticas de forma tão direta que parecerá tirar o chão de sob os pés do parceiro sentimental. Existem pelo menos duas possibilidades em adição à de que o mundo acabou para o parceiro sentimental. Uma é que tal observação é uma falha na comunicação; o parceiro pensador não quis dizer isso da maneira que soou e não sente o que o parceiro sentimental teria que sentir para dizer uma coisa dessas. A outra — e mais provável — possibilidade é que não foi o pensador quem disse isso. Era apenas a sombra do pensador. Em qualquer casamento, uma diferença de tipo pode às vezes produzir um con ito direto entre pontos de vista opostos. Quando isso acontece, os parceiros têm uma escolha. Um ou ambos podem presumir que é errado da parte do outro ser diferente — e car justamente indignados, o que diminui o parceiro. Eles podem presumir que é errado serem diferentes — e car deprimidos, o que é autodepreciativo. Ou eles podem reconhecer que cada um é justi cada e curiosamente diferente do outro — e se divertir. Sua diversão pode ser calorosa ou imparcial, irônica ou terna, de acordo com seus tipos, mas ajudará a resolver a situação e a manter intacta a dignidade de cada parceiro e o precioso tecido de seu casamento. C XII: T mais evidente entre tipo e educação reside na aparente A relação vantagem desfrutada pelos intuitivos na maioria dos campos acadêmicos. Eles gravitam para o ensino superior, como mostram as freqüências das Tabelas de Tipos no Capítulo . Tanto a alta aptidão quanto o interesse escolar são encontrados com mais freqüência entre os intuitivos. Isso é mais que um fato. É uma pista promissora para a mecânica da aprendizagem. O que as crianças intuitivas fazem que torna o aprendizado mais fácil e interessante? Como mais crianças poderiam ser ajudadas a fazer isso? Traduzido literalmente da raiz latina, a intuição é uma observação dirigida para dentro. Na terminologia do tipo, a intuição é a percepção do resultado dos próprios processos inconscientes. Assim como o domínio especial da sensação é o ambiente físico, o domínio especial da intuição é o inconsciente, de onde vêm os insights. Todas as crianças têm a capacidade de realizar operações especí cas muito rapidamente no nível inconsciente. Elas rotineiramente usam o inconsciente para traduzir símbolos em signi cado ou signi cado em símbolos enquanto falam, ouvem, lêem e escrevem. Outro uso rotineiro do inconsciente é a recuperação de informações da memória; todo mundo já experimentou um vazio mental quando a comunicação entre o consciente e o inconsciente falha repentinamente e um nome desejado ca completamente inacessível até que, com igual rapidez, a comunicação com a memória seja restaurada. Muitos usos de habilidades inconscientes são criativos e não rotineiros. Quando as crianças se perguntam “Por quê?” ou “Como?” elas estão pedindo algo previamente desconhecido para sua mente consciente — um insight que deve ser construído inconscientemente por meio de uma nova combinação de informações armazenadas. A solicitação é feita pela intuição, ora em sua própria busca de relações, interpretações e possibilidades, ora meramente a serviço da percepção, do sentimento ou do pensamento. Seja qual for o pedido, a intuição interpreta o produto do inconsciente. A con abilidade dos símbolos, da memória e dos insights depende da adequação do que está armazenado no inconsciente. O inconsciente de uma criança recebe três tipos de novos materiais: novas informações a serem classi cadas, armazenadas e relacionadas a informações armazenadas anteriormente; novos insights a serem transformados em princípios, que permitem à criança classi car e relacionar novas informações e armazená-las em um contexto signi cativo; e perguntas especí cas que exigem respostas com base em todas as informações e insights relevantes. Todas as novas informações que capturam (ou caem forçosamente sobre) a atenção consciente da criança são usadas pelo inconsciente, mas não permanecem necessariamente disponíveis. Para aprender um novo fato ou idéia, ou seja, torná-lo permanentemente acessível à recordação voluntária, a criança deve dar-lhe atenção su ciente para xá-lo em sua mente. A quantidade necessária de atenção às vezes é concedida de uma só vez, como no aprendizado por experiência que as abelhas picam, mas mais freqüentemente por meio de reforço gradual, como no aprendizado de fatos de adição por rotina ou o signi cado de novas palavras a partir do contexto em que ocorrem. Quanta atenção o processo de aprendizagem requer em cada caso depende dos insights inconscientes da criança. Se a criança ainda não tiver o insight especí co necessário para dar sentido à nova informação e ligá-la ao que já é conhecido, não há contexto para armazenar a nova informação. Ela cai em um limbo de fatos desconexos e arbitrários, difíceis de entender e de lembrar, desprovidos de qualquer interesse e que exigem uma quantidade descomunal de atenção para ser aprendida. Se a criança tiver o insight necessário para vincular a nova informação às coisas já conhecidas, ela pode ser aprendida permanentemente prestando apenas uma modesta quantidade de atenção e, talvez, se for intrinsecamente interessante, surpreendente ou engraçada, sem nenhum esforço. Insights sobre princípios gerais podem vir de fontes externas ou do próprio inconsciente da criança. As crianças pequenas carecem das informações armazenadas necessárias para gerar muitos dos princípios que o inconsciente aplica. Para aprender da melhor maneira, toda criança precisa de ajuda para adquirir os princípios. Quanto mais cedo as crianças forem ajudadas, melhor. Embora nasça com habilidades limitadas para processar informações, nos primeiros dois ou três anos a criança adquire mais habilidades essenciais para o desenvolvimento intelectual. Aos três anos de idade, uma criança pode ter estabelecido um padrão de enfrentar o desconhecido com compreensão ansiosa; outra pode ter aceitado a incompreensão habitual como um modo de vida e nem mesmo se importar com a compreensão. Em primeiro lugar, os psicólogos cognitivos concordam com a importância da informação que uma criança absorve durante esse período inicial. Estudandoa siologiadocérebro, Hebb(1949) distinguenitidamente entre a aprendizagem primária, pela qual o bebê inicialmente estabelece os processos centrais autônomos que supostamente fundamentam o pensamento e explicam a inteligência, e a aprendizagem posterior tornada possível por esses processos centrais uma vez estabelecidos. Piaget (1936), observando em detalhes o desenvolvimento da inteligência das crianças, descobre que o interesse de um bebê se espalha como ondulações em um lago; quanto mais coisas novas forem vistas e ouvidas, mais coisas novas a criança estará interessada em ver e ouvir. Bruner (1960), envolvido em quase todos os aspectos da educação, inclui em sua pesquisa um estudo de como os bebês recém-nascidos aprendem a correlacionar percepções. Hunt (1961) a rma que aprender pode ser um esporte envolvente; ele descreve os primeiros dois anos como os mais importantes, “portanto, a idéia é fazer isso desde o nascimento — administrar a vida da criança de uma forma que a mantenha interessada à medida que cresce”.27 Considere o que acontece desde o nascimento. Nos primeiros dias, uma criança encontra informações como impressões sensoriais separadas e não-correlacionadas, e o primeiro pedido ao inconsciente é provavelmente uma pista, qualquer pista, para o signi cado de toda aquela confusão orescente e zumbida. Se o inconsciente pode relatar que “parece haver coisas que continuam aparecendo”, esse insight torna-se imediatamente útil tanto no nível consciente quanto no inconsciente. Incorporada como uma habilidade inconsciente, fornece os primeiros rudimentos de uma forma de organizar a informação. Novas impressões sensoriais começam a ser agrupadas em torno de algumas das coisas mais distintas que “continuam aparecendo”. A aparência de algo (de vários ângulos) liga-se à sensação, ao sabor e ao som; essas informações são armazenadas juntas como material para insights futuros. Do ponto de vista consciente do bebê, o insight sobre a existência de “coisas” ajuda a quebrar a confusão circundante em porções especí cas o su ciente para serem consideradas. “O que é tudo isso?” torna-se “O que é isso?” que é um problema mais interessante e digno de mais detida atenção. Aqui está o começo do reconhecimento do bebê sobre coisas e pessoas. Essa habilidade vem mais cedo para o bebê que tem coisas facilmente reconhecíveis para olhar e manusear, coisas que são grandes o su ciente para serem notadas. Uma cor sólida é preferível a manchas de cores, que tendem a camu ar a forma; cor sólida se destaca contra o fundo. O movimento também distingue o objeto do fundo e acrescenta interesse, até mesmo drama; os bebês adoram ver uma coisa desaparecer e voltar. Ver as pessoas corretamente é mais difícil para um bebê do que os pais imaginam. Ao contrário dos bebês indianos nas costas de suas mães, que vêem as pessoas de cabeça para cima desde o início, os bebês em berços vêem as pessoas como objetos horizontais. Bebês deitados de costas vêem mães na horizontal, inclinadas sobre eles. De lado, eles vêem pessoas na horizontal subindo e descendo um piso vertical. (Os leitores podem simular essa experiência inclinando a cabeça em 90 graus). Só quando os bebês conseguem sentar-se sozinhos é que eles geralmente têm uma boa oportunidade de ver o mundo como o verão pelo resto de suas vidas. As imagens da família e do ambiente que construíram durante seis ou sete meses revelam-se todas erradas. Com um pouco de cuidado, os pais podem fazer com que as primeiras percepções do bebê correspondam à realidade. Quando os bebês são virados de modo que seus pés quem voltados para os pais ao serem trocados, banhados ou vestidos, os bebês vêem os pais com o lado direito para cima. Os bebês que se olham no espelho quando estão arrotando se vêem com o lado direito para cima no ombro dos pais. Quando os bebês tiverem idade su ciente para manter a cabeça erguida, os pais podem deitá-los de bruços e virá-los para que tenham o que ver; nesta posição, eles podem ver outras pessoas andando eretas. Nas cadeirinhas de bebê, eles também podem ver o que está acontecendo e desenvolver um conjunto de imagens permanentemente válido. Outro insight importante que o inconsciente usa para organizar novas informações é que “acontecimentos particulares seguem outros acontecimentos”. Um bebê de nossa família aprendeu antes de completar duas semanas que, quando estivesse confortavelmente enrolado em um cobertor, logo seria amamentado. No minuto em que o cobertor começasse a envolvê-lo, ele pararia de gritar pelo jantar e abriria a boca para isso. Uma vez que o bebê subconscientemente compreende uma sequência de eventos, as sequências dignas de nota são arquivadas porque podem se repetir. Aquelas que se repetem consistentemente dão origem a novos insights sobre o comportamento de coisas animadas e inanimadas. No nível consciente, os bebês experimentam a idéia de sequência em todos os eventos que podem causar. “O que vai acontecer se eu…?”. Na décima vez que eles jogam o chocalho para fora do berço, os bebês podem estar observando para ver se alguém vai pegá-lo desta vez, ou podem car encantados por terem pensado que ele cairia no chão novamente e ter de fato caído! Aqui está o começo da expectativa racional e do comportamento intencional. A taxa na qual os bebês desenvolvem expectativa e intenção depende em grande parte da variedade e atratividade dos eventos que eles próprios podem realizar, que por sua vez dependem da variedade e atratividade dos materiais aos quais eles têm acesso. Qualquer objeto é interessante se reagir a algo que os bebês podem fazer — se, por exemplo, chocalha quando sacudido ou guincha quando apertado, ou faz barulho quando batido ou pendurado em um elástico, estala quando solto ou, o melhor de tudo, faz luz ou escuridão quando puxado até ouvir um clique. Cada um desses encontros não apenas aumenta o conhecimento dos bebês sobre como as coisas se comportam, mas também ajuda a estabelecer uma crença vitalícia de que a descoberta é divertida. Antes do surgimento da linguagem, os estímulos para descobrir devem ser físicos ou, como Piaget chama, sensório-motores. Como a comunicação direta ainda não é possível, todas as novas idéias ou insights, que devem ser produzidas pelo inconsciente do bebê, são limitadas ao que pode ser pensado em imagens ou como outras impressões sensoriais. Dá-se um largo passo adiante quando surge o importante insight de que “as palavras têm signi cado” abre caminho para a fala. A fala externa permite a comunicação; perguntas das crianças e respostas, histórias e explicações dos pais estendem as experiências das crianças além do ambiente imediato. A fala interna permite que as crianças falem consigo mesmas; eles podem expressar pensamentos e perguntas ao seu inconsciente com uma precisão que não conseguiriam se ainda tivessem que pensar apenas em imagens. Maya Pines cita experimentos em que “crianças de um a dois anos e meio que ouviram o nome da cor vermelha aprenderam a encontrar doces sob um boné vermelho com muito mais facilidade do que aquelas que não tinham nome para isso; na verdade, elas precisaram de apenas um terço das tentativas”.28 Ter uma palavra para isso os ajudou a se concentrar no detalhe relevante. Em outro experimento, as crianças foram incapazes de identi car um par de borboletas com asas com padrões semelhantes até receberem rótulos verbais para os diferentes padrões: manchas, listras e assim por diante. Desse modo, cada palavra que os bebês adquirem coloca uma área adicional de consciência em foco e aumenta seu poder de pensar sobre as coisas — observar, comparar, categorizar e lembrar. Uma nova palavra também aumenta sua taxa de aprendizado, mesmo em tarefas que não envolvam o uso externo da fala. Aqui começa a habilidade verbal, e muito depende disso. O funcionamento do inconsciente é mais interessante para bebês intuitivos do que para bebês sensitivos desde o nascimento. Os intuitivos, portanto, têm mais interesse no signi cado das palavras e prestam mais atenção às palavras que ouvem. Como todas as crianças aprendem o signi cado e o uso das palavras em uma razão proporcional à atenção que dedicam às palavras, os bebês sensitivos devem dar às palavras a mesma quantidade de atenção para desenvolver a habilidade verbal na mesma proporção que os intuitivos. Para isso, as palavras devem ser su cientemente interessantes ao se relacionarem explícita e ativamente com objetos, experiências ou atividades que interessem aos sentidos dos bebês. Os bebês entendem o tom de voz antes de entender as palavras faladas. Quando uma voz não parece interessada, por que se preocupar em ouvi-la? Mas quando o orador soa como se as palavras tivessem uma relação importante com o objeto apresentado, então é melhor que o bebê entenda direito. Com certeza, as palavras acabam sendo importantes. Palavras para objetos, palavras para ações, palavras para atributos, palavras para relacionamentos — cada palavra que os bebês podem pensar consigo mesmos cristaliza a realidade que representa e torna essa realidade útil em operações mentais. Assim que a comunicação é estabelecida, as crianças não precisam mais tatear em busca de todos os insights, mas podem ouvir e ser apresentadas à estrutura básica da vida e da experiência. Por exemplo: • As pessoas têm desejos e necessidades. Elas merecem respeito. As pessoas não devem interferir nos planos ou posses umas das outras. Aqui começa o conceito dos direitos dos outros. • As coisas têm utilidades. Fogões para cozinhar, camas para dormir, livros para ler, ores para olhar, tudo atende aos desejos ou necessidades das pessoas de maneiras diferentes. Aqui está o conceito de valor baseado na utilidade. • As coisas têm que ser feitas. Ou elas têm que ser cultivadas, criadas ou pescadas no mar ou desenterradas da terra. Aqui está o conceito de esforço humano como a mola-mestra da civilização. • As coisas têm de ser pagas. Quando as pessoas querem algo que não podem fazer ou não querem fazer por si mesmas, elas devem obtê-lo de outra pessoa e pagar por isso. Para ganhar o dinheiro para pagar por isso, devem fazer algo útil que outras pessoas queiram e estejam dispostas a pagar. Aqui está o conceito de comércio e o conceito de dinheiro como meio de troca. • As pessoas trabalham de centenas de maneiras. Elas trabalham para obter matérias-primas e fazer coisas com esses materiais. Há uma história de trabalho por trás de cada objeto familiar no uso diário. As crianças podem entender essas idéias muito simples bem antes de poderem deduzi-las de forma independente. Uma vez compreendidas, as idéias produzem uma imagem de um mundo de atividades, onde as pessoas constantemente fazem coisas úteis. Para completar o quadro, as crianças precisam entender os princípios por trás das coisas. Uma abordagem consiste em pegar os materiais básicos dos quais as coisas foram feitas ao longo de milhares de anos — pedra, argila, madeira, metal, vidro, lã, algodão e couro — e mostrar à criança não apenas para que são usados na vida cotidiana, mas também por quê. A dureza da pedra, a facilidade com que a argila e a madeira podem ser trabalhadas, a resistência do metal e sua capacidade de manter uma aresta, a transparência do vidro, a tenacidade da lã e das bras de algodão quando adas, a dureza e exibilidade do couro — todos são fatos interessantes em si mesmos. Juntos, esses fatos criam um conceito das propriedades amplamente diferentes da matéria e fornecem à criança novas categorias para classi cação e descrição. Das propriedades óbvias dos materiais, é apenas um passo para as maneiras pelas quais esses mesmos materiais podem ser alterados. Por exemplo, o calor elevado tem efeitos dramaticamente diferentes em diferentes substâncias. A argila endurece e então resiste ao fogo e à água. Os metais cam vermelhos, depois brancos, e então derretem; quando esfriam, solidi cam, tomando a forma do molde em que foram despejados. Materiais vegetais e animais orgânicos queimam e não podem ser recuperados. (Piaget diz que as crianças demoram a compreender o conceito de um processo irreversível. É importante que os jovens aprendam que a destruição é irreversível). O próximo interesse depois das matérias-primas são as etapas básicas pelas quais elas são transformadas em coisas utilizáveis. Essas etapas se destacam mais claramente no método original e primitivo de fazer algo. Quando as crianças se imaginam aquecendo um pedaço de ferro em uma forja, primeiro trabalhando o fole para forçar o ar no fogo, depois tirando o ferro em brasa com uma pinça e martelando-o em uma faca de caça, elas se lembrarão da experiência e dos princípios. Um bom começo nos princípios mecânicos pode ser feito por meio das antigas “máquinas simples”. Cada uma, à sua maneira, permite que as pessoas façam um trabalho que está realmente além de suas forças, e o faz pelo dispositivo de estender o esforço por um tempo ou espaço prolongado. Os princípios subjacentes de alavanca, roda e eixo, polia, parafuso, cunha e plano inclinado podem ser apontados em coisas familiares. Por exemplo, o princípio da alavanca é demonstrado quando a criança desliza até a ponta de uma gangorra para equilibrar um companheiro mais pesado, ou quando uma criança abre uma tesoura mais do que o normal para cortar algo grosso. A roda e o eixo eram amplamente usados para transportar baldes de água para fora dos poços; os raios da roda serviam como alavancas para facilitar o giro do eixo. Os princípios da roda e eixo e da polia são as bases do guindaste. As crianças vêem a roda e o eixo funcionando no volante de um carro e os usam toda vez que giram uma maçaneta ou a manivela de um apontador de mesa. O plano inclinado foi usado para construir as pirâmides; hoje as crianças o usam para andar de bicicleta em uma rampa do nível da rua até a calçada. Um plano inclinado enrolado em um cilindro forma um parafuso espiral. Quando é girado, qualquer coisa mantida entre os os deve girar com ele ou se mover ao longo da espiral. Arquimedes usou esse princípio para tirar água do Rio Nilo. Hoje é usado para erguer casas de seus alicerces, para ajustar a altura de um banquinho de piano e para segurar a tampa de um pote de manteiga de amendoim. Esses princípios têm uma importância de longo alcance. Compreender um princípio em um novo campo dá às crianças um ponto de apoio nesse campo. Na próxima vez que encontrarem um fato ou idéia relacionados, eles podem classi cá-los mentalmente e relacioná-los com o que já sabem. Se eles entenderem um princípio em tantos campos quanto possível, seu conhecimento, compreensão e interesse podem se expandir em todas as direções. Um princípio da geogra a é que o clima depende de quanto o sol aquece uma área. As temperaturas ao redor do equador são muito altas porque o brilho do sol por lá incide na maior parte do ano. A luz solar atinge as regiões polares em uma longa inclinação e perde muito de sua força; lá as temperaturas são muito baixas. Os climas intermediários são mais moderados e mais agradáveis. A diferença de temperatura in uencia quais culturas as pessoas podem cultivar e a maneira como constroem suas casas. Os contrastes entre o sol brilhante do meio-dia e o opaco pôr-do-sol vermelho, e entre o verão e o inverno, podem dar às crianças uma idéia das diferenças entre os climas. Os princípios biológicos, que incluem as necessidades de comida, água, ar e calor moderado, levantam uma série de questões interessantes, como por que um joelho arranhado sangra, por que a fome aumenta depois de brincar muito, por que a sede aumenta no verão e por que os corredores cam sem fôlego depois de uma corrida. E assim por diante, por todos os campos do conhecimento. C XIII: E das grandes frustrações do ensino”, comentou um professor "U ma em uma discussão sobre tipos, “é que você está sempre roubando Pedro para pagar Paulo. Você projeta algo para atingir um grupo de alunos, sabendo que, ao fazê-lo, vai desligar outro grupo. É um tanto reconfortante descobrir que existe uma explicação perfeitamente compreensível”. Milhares de professores conhecem esse problema por experiência própria. Este capítulo oferece uma interpretação lógica do problema e pode sugerir uma solução. O tipo faz uma diferença natural e previsível nos estilos de aprendizagem e na resposta do aluno aos métodos de ensino. Um entendimento do tipo pode ajudar a explicar por que alguns alunos compreendem uma maneira de ensinar e gostam dela, enquanto outros não compreendem e não gostam dela. Dois problemas distintos estão envolvidos aqui. Compreender é uma questão de comunicação. Gostar é uma questão de interesse. A comunicação do professor para o aluno começa com a palavra falada na sala de aula, onde o aluno deve ser capaz de ouvir de forma e caz, e posteriormente inclui a palavra escrita nos livros didáticos, que o aluno deve ser capaz de ler. Como as palavras, o meio necessário de educação, têm de ser traduzidas dos símbolos ao signi cado pela intuição do ouvinte, a tradução é naturalmente mais fácil para os intuitivos do que para os tipos sensitivos. Os intuitivos usam seu tipo de percepção favorito, mas os tipos sensitivos precisam usar seu tipo de percepção menos apreciado e menos desenvolvido, o que exige mais tempo e esforço, especialmente quando as palavras são abstratas. Os primeiros dias de aula são cruciais para a educação de crianças sensitivas. Até agora, eles concentraram sua atenção nas realidades concretas ao seu redor, nas coisas que podem ver, tocar e manusear. De repente, eles estão em um ambiente onde não podem operar como de costume. Tudo parece ser palavras, algumas das quais podem não ser familiares o su ciente para serem signi cativas. E as palavras passam muito rápido. As crianças são muitas vezes apanhadas na mesma situação que os adultos que tentam conversar com um estrangeiro na língua do estrangeiro. Palavras desconhecidas levam mais tempo para serem traduzidas e, quando as palavras passam muito rápido, a tradução se torna impossível. É uma sorte que o professor tenha controle sobre a velocidade com que as palavras passam. Reconhecendo o quanto as crianças sensitivas precisam de tempo para absorver e compreender as palavras, o professor pode falar mais devagar e fazer uma pausa após cada frase. Crianças intuitivas usarão a pausa para adicionar pensamentos ao que foi dito. As crianças sensitivas irão usá-la para se certi car de que entenderam as palavras do professor. Cada frase será então um sucesso de comunicação para todas as crianças. A capacidade das crianças de lidar com isso está em jogo aqui. No mundo desconhecido da escola, eles precisam profundamente se sentir adequados, e a melhor maneira de se sentir adequado é ser adequado. Se eles genuinamente se saírem bem em suas tarefas usando sua percepção (para entender a tarefa) e julgamento (para fazer direito), eles fortalecerão ambos para uso futuro. A satisfação de saber algo novo ou ser capaz de fazer algo novo fornecerá motivação interior para mais esforço e desenvolvimento. No entanto, se as crianças falham consistentemente (ou sentem que estão falhando), o desânimo resultante pode inibir o esforço futuro e bloquear não apenas o aprendizado necessário, mas ainda mais importante, o desenvolvimento da percepção e do julgamento. O hábito do fracasso é extremamente custoso para a criança, para o sistema educacional e para a sociedade como um todo. Todas as precauções razoáveis devem ser tomadas contra falhas. As tarefas exigidas devem ser simples e explícitas, e devem fazer uma contribuição de nitiva para o conhecimento ou habilidade da criança. Desde o primeiro dia de aula, o professor precisa deixar claro que há muitas coisas valiosas e interessantes a serem aprendidas e que existem maneiras con áveis de aprendê-las. Essencial para qualquer método de leitura é a garantia de que as letras representam sons e, portanto, uma palavra impressa mostra ao leitor como soaria se fosse falada. Os leitores iniciantes devem sempre estar cientes da relação entre sons e símbolos. Claro, é muito fácil para algumas crianças, e elas podem usá-la antes de começar a freqüentar a escola. Se as crianças conhecerem as letras e descobrirem que as letras representam sons, elas poderão ler assim que descobrirem o código. As crianças podem combinar as letras e os sons estudando a ortogra a de uma história ou rima conhecida de cor. Eles podem apontar para uma palavra impressa em um livro, jornal ou caixa de cereal e perguntar: “O que isso diz?”. Se suas famílias não respondem, eles perguntam a um vizinho ou ao carteiro. Cada vez que as crianças descobrem um novo som equivalente a uma letra, elas o armazenam mentalmente. Com todos os sons e letras em mente, as crianças podem ler a maioria das palavras que estão em seus vocabulários de fala e muitas que não estão. Encontrando palavras que conhecem, mas não viram impressas, elas traduzem letras em sons, pronunciam a palavra e a reconhecem. Depois de algumas repetições, elas não precisam se preocupar com sons separados, mas podem traduzir a palavra escrita em palavra falada e, en m, traduzir a palavra escrita diretamente em seu signi cado. Para a maioria das palavras desconhecidas, o inconsciente oferece aos novos leitores uma sugestão de como a palavra deve soar e um signi cado provisório com base no contexto. Quando um dicionário ou outra experiência com a palavra estabelece seu signi cado, as crianças podem lê-la corretamente pelo resto de suas vidas sem jamais ouvi-la ser falada. As crianças que parecem aprender sozinhas são aquelas que têm um desejo intenso de ler. A maioria das crianças precisa de ajuda para aprender o signi cado (ou seja, o som) dos símbolos, e algumas crianças precisam de muita ajuda. Um número crescente de escolas está ensinando as relações som-símbolo explicitamente, letra por letra, desde o início da primeira série, para que crianças de todos os tipos possam aprender a lidar com con ança com a palavra escrita. Algumas crianças, que não têm a sorte de freqüentar tais escolas, não descobrem os princípios da leitura sozinhas ou com a ajuda dos pais. Espera-se que adquiram um vocabulário de “palavras visuais” antes de aprender a pronunciar palavras. Essas crianças confundem suas mentes com falsas suposições: que não há uma boa explicação de como ler, ou certamente o professor a teria dado; que um leitor deve encontrar uma maneira de lembrar cada palavra separada — uma tarefa que ca mais difícil quanto mais se lê; e que não há como ter certeza do que é uma palavra até que o professor a diga. Eles aprendem pelo método word-attack, ou seja, identi cam uma palavra por sua forma geral ou por seu lugar em uma página familiar ou lembrando o que vem a seguir na história ou olhando a gura mais próxima. Nenhuma dessas técnicas improvisadas é con ável na leitura real de material novo. Elas apenas obscurecem o problema real e sua solução. O verdadeiro problema é que a criança que não aprende a traduzir as letras em sons só consegue “ler” de memória e não tem como lidar com novas palavras. A tradução de símbolos sonoros é mais fácil para os introvertidos com intuição. Na primeira série, é provável que os alunos sejam os mais rápidos a compreender os símbolos e muitas vezes quem encantados com eles. Mas as crianças extrovertidas sensitivas, os alunos , que fazem apenas um uso mínimo da intuição ou da introversão, podem achar os símbolos tão confusos que cam desanimados com todo o negócio de ir à escola. Eles podem até decidir, desesperada ou desa adoramente, que a escola não é para eles. A confusão sobre símbolos é um assunto muito sério. Crianças de qualquer tipo estão condenadas a tropeçar na escola se não aprenderem o signi cado dos símbolos pelos quais a linguagem é escrita e deve ser lida. Elas serão más leitoras ou não-leitoras, dependendo da profundidade de sua confusão. Elas se sairão mal em testes de desempenho e testes de inteligência. Elas provavelmente carão entediadas com o que não entendem e podem muito bem ser humilhadas por não entenderem. Elas tendem a abandonar a escola o mais rápido possível. Suas falhas podem ser atribuídas ao baixo ou talvez à di culdade emocional, enquanto na verdade as falhas, o baixo e a di culdade emocional podem resultar de uma omissão. Ninguém as ajudou, no início, a aprender o signi cado explícito dos símbolos sonoros. Nas escolas onde a introdução da fonética é adiada, os sons das letras são nalmente discutidos, mas apenas de forma intermitente e apenas como um método word-attack de palavras, entre muitos outros. A essa altura, o estrago já foi feito e alguns alunos podem estar irremediavelmente atrasados. Eles não podem esquecer os velhos métodos que usaram; eles podem apenas aprender o novo e armazenálo lado a lado com o antigo. Claro, os novos métodos ajudam, e quanto mais cedo forem aprendidos, mais eles ajudam. Mas essas crianças provavelmente não se tornarão tão habilidosas nos novos métodos quanto seriam se zessem uso do método certo desde o início. Para algumas crianças, o método certo é muito pouco e vem demasiado tarde, de forma que nunca funciona realmente. A comunicação do aluno com o professor, um aspecto relativamente não-reconhecido da educação, tem consequências de longo alcance. É necessário, sempre, que um professor tente descobrir, oralmente ou por um teste, o quanto os alunos aprenderam ou o que eles são capazes de fazer. Quando a comunicação aluno-professor é interrompida por qualquer motivo, isso pode deixar o professor com uma estimativa indevidamente baixa do conhecimento real dos alunos. A velocidade com que os intuitivos traduzem palavras em signi cados lhes dá uma vantagem óbvia em qualquer teste cronometrado de habilidade verbal ou de em que a habilidade verbal esteja presente. A extensão de sua vantagem é evidente quando as pontuações desses testes são analisadas por tipo. O Educational Testing Service fez tal análise em larga escala no nal dos anos 1950 antes de decidir publicar o Type Indicator (, 1962). Entre alunos do primeiro e segundo anos do ensino médio, voltados à formação acadêmica, em 30 colégios da Pensilvânia, o médio dos intuitivos superou o dos tipos sensitivos em 7,8 pontos para homens e 6,7 pontos para mulheres. Entre os calouros do sexo masculino de cinco faculdades, a pontuação média de habilidade verbal no foi 47 pontos maior para os intuitivos do que para os alunos sensitivos. É fácil presumir que uma diferença substancial na inteligência nativa é indicada por tais diferenças — cerca de meio desvio-padrão, para dizer estatisticamente. Isso está longe de ser verdade, no entanto. Grande parte da desvantagem dos alunos sensitivos nos testes se deve simplesmente à sua técnica de fazer o teste. Por exemplo, a mulher que achava que tinha que ler todas as perguntas do teste três ou quatro vezes (ver p. 92) foi desa ada por colegas de trabalho a fazer uma forma paralela do teste que ela havia feito ao se candidatar ao emprego, mas dessa vez ela deveria ler cada pergunta apenas uma vez. Embora ela tenha concordado com relutância, sua segunda pontuação de foi 10 pontos mais alta do que a primeira. A maioria dos alunos sensitivos que relêem as perguntas do teste à custa de um tempo precioso podem aumentar suas pontuações lendo cada pergunta apenas uma vez, mas é provável que não estejam dispostos a tentar algo tão precipitado. Com efeito, eles não con am em sua intuição para obter o verdadeiro signi cado à primeira vista e, até certo ponto, eles estão certos. Sua con ança na solidez do entendimento em vez da rapidez do entendimento é uma parte básica de sua força e algo a ser respeitado em vez de desencorajado. Uma solução mais justa permitiria que os alunos sensitivos demonstrassem sua habilidade sem ter que violar seu princípio de ter certeza. Ao retirar o limite de tempo dos testes, os professores poderiam transformá-los em testes de potência em vez de testes de velocidade. Esta solução não perde nem distorce diferenças reais de inteligência. Usando o Wechsler como uma medida padrão de inteligência, Joseph Kanner (1975) explorou os resultados de aplicar o Otis como um teste de potência a duas amostras de mais de 400 alunos cada. Como normalmente é dado, esperava-se que o Otis correlacionasse cerca de 0,49 com o Wechsler. Como teste de potência, o r foi de 0,70 em uma amostra e 0,92 na outra. Os resultados são difíceis de explicar por qualquer outro motivo, a não ser o de que a demanda por velocidade obscurece o verdadeiro nível de inteligência registrado pelo Wechsler. Claro, a velocidade é um ativo inegável dentro e fora da escola. Tanto os alunos sensitivos quanto os intuitivos podem se bene ciar de exercícios expressamente planejados para desenvolver a velocidade de resposta, mas a velocidade não deve ser confundida com a substância do aprendizado. Os métodos de ensino não devem tornar a velocidade um pré-requisito ou um substituto para o aprendizado em geral, e ela não deve ser usada para medir a extensão do conhecimento dos alunos ou a solidez de seu raciocínio. Atualmente, os professores de leitura parecem estar menos preocupados com a mecânica da leitura do que com a compreensão do material, ou seja, o uso de níveis mais elevados de cognição, incluindo lógica e inferência. O notável trabalho da Dra. Mary Budd Rowe (1974a, 1974b), do Departamento de Educação Infantil da Universidade da Flórida, indica que também nesses níveis mais altos uma diminuição na demanda por velocidade pode produzir uma melhoria importante nos resultados. O estudo da Dra. Rowe envolveu uma análise detalhada de mais de 300 gravações em sala de aula de crianças nas séries iniciais respondendo a programasdeciênciasqueforamprojetadosparaprovocarquestionamento s sobre a natureza. Duas tendências emergiram consistentemente: as contribuições das crianças foram muito escassas, oito palavras em média; e o ritmo da instrução era extremamente rápido. Os professores faziam perguntas em rápida sucessão e esperavam em média apenas um segundo pela resposta da criança antes de repetir ou reformular a pergunta, fazer outra pergunta ou fazer a mesma pergunta a outra criança. Quando as crianças respondiam, mas paravam para formular suas próximas frases, os professores esperavam um pouco menos de um segundo, em média, antes de interromper com um comentário ou outra pergunta. Nas poucas tas em que a duração e a qualidade das respostas das crianças eram do tipo que os programas deveriam encorajar, o professor esperou em média cerca de três segundos. As descobertas do primeiro estudo levaram a estudos em maior escala sobre as consequências de persuadir ou treinar os professores a esperar três ou mais segundos. Os resultados foram impressionantes: • O número médio de palavras na resposta de um aluno foi aproximadamente quadruplicado. • A freqüência de declarações relevantes oferecidas foi mais do que triplicada. • A freqüência de respostas mostrando inferência a partir de evidências mais do que dobrou. • A freqüência de respostas especulativas foi mais do que triplicada. • As falhas de resposta foram reduzidas de uma vez a cada dois minutos para uma vez a cada 15 minutos. • Um efeito colateral, que os professores tiveram poucas ocasiões para disciplinar, sugere que mesmo as crianças menos eruditas acharam os novos procedimentos mais dignos de sua atenção. Um resultado que os professores não previram foi que tiveram uma avaliação mais favorável de alguns dos alunos menos promissores. Depois que os professores identi caram os cinco melhores e os cinco piores alunos da classe, as tas originais foram examinadas, revelando que os professores deram aos cinco melhores alunos o dobro do tempo para responder do que aos cinco piores. Os professores provavelmente esperavam pouco ou nada dos alunos com notas mais baixas, mas com três segundos para responder, o grupo inferior começou a responder de maneiras novas e surpreendentes, que eram grati cantes, mas inexplicáveis com base em seu desempenho anterior. Do ponto de vista do tipo, essas mudanças são totalmente explicáveis. Os cinco alunos com notas mais baixas seriam crianças sensitivas, que precisam de mais tempo para assimilar a substância do que ouviram. Mesmo três segundos podem fazer uma grande diferença. É emocionante especular o quanto o desempenho dos alunos na metade inferior de uma classe poderia melhorar se eles tivessem regularmente pelo menos mais três segundos para ordenar seus pensamentos para expressão. A vantagem que eles obteriam poderia se estender muito além da sala de aula em todos os anos de suas vidas. No ensino, o outro grande problema relacionado ao tipo é o interesse dos alunos. Os tipos intuitivos e sensitivos diferem muito no que acham interessante em qualquer assunto, mesmo que gostem, ou seja, estejam interessados nos mesmos assuntos. Os intuitivos gostam do princípio, da teoria, do porquê. Tipos sensitivos gostam da aplicação prática, o quê e o como. A maioria das disciplinas tem aspectos teóricos e práticos e pode ser ensinada com ênfase em qualquer um deles. Independentemente de como um assunto é ensinado, os alunos tendem a se lembrar apenas das partes que capturam sua atenção e interesse. Apresentações teóricas e tarefas provavelmente aborrecerão os alunos sensitivos. O lado prático sem a teoria tende a entediar os intuitivos. Pode-se esperar que uma mistura de cinqüenta por cinqüenta aborreça todo mundo na metade do tempo. Se os alunos puderem dedicar a maior parte de seu tempo aos aspectos de que irão conseguir lembrar e acham úteis em suas vidas, haverá muito mais entusiasmo pela educação entre seus bene ciários pretendidos e muito mais aprendizado daí resultará. Nos livros didáticos do futuro, uma introdução a cada capítulo poderia apresentar o essencial que todos os alunos devem saber para compreender os aspectos que tenderão a achar mais interessantes. A introdução pode ser seguida por uma seção projetada para tipos sensitivos e outra para intuitivos. Os alunos poderiam escolher qual estudar, e qualquer um seria su ciente para o crédito. Os exames cobririam todas as três seções. Os alunos responderiam a perguntas sobre a introdução e a seção de sua escolha. Se alguns alunos estudassem as três seções, eles poderiam responder a perguntas adicionais com a possibilidade de melhorar suas notas. Mesmo sem esses livros didáticos, os professores podem dar aos alunos opções de tarefas, projetos e até exames nais. Uma professora fornece regularmente um grupo de perguntas para os intuitivos e outros para os alunos sensitivos e permite que os alunos escolham o que preferem responder, desde que respondam a um número necessário. Às vezes, ela permite que os alunos façam uma pergunta que lhes interesse e a substituam por uma dela. Muitos alunos, diz ela, não aproveitam a permissão. Talvez eles de repente descubram que é mais difícil escrever uma boa pergunta do exame do que eles pensavam. Os professores interessados em tipos têm à sua disposição um laboratório para a observação das reações dos alunos às alternativas de sala de aula e para a formação de hipóteses a partir dessas reações. A aprendizagem programada, por exemplo, pode parecer tranqüila para os alunos sensitivos porque não os apressa, e entediante para os intuitivos porque eles não podem apressá-la. Um intuitivo disse que tudo bem se houvesse um botão “aha!” que ele pudesse apertar assim que entendesse. Em idades muito tenras, a preferência pode se manifestar de maneiras que sugerem alternativas úteis. Um aluno da segunda série que, segundo sua mãe, era o único membro sensitivo em sua família de tamanho considerável, era indiferente à leitura e à leitura em voz alta. Quando ela começou a ler para ele a história de eventos reais de uma criança, sua indiferença foi curada. “Isso realmente aconteceu? As pessoas realmente faziam isso?”. Seu interesse entusiasmado por eventos reais con rmou que ele tinha necessidade de uma realidade indiscutível. Claro, este é apenas um exemplo impressionante, mas sugere que as crianças sensitivas que estão começando a ler podem ser muito mais interessadas se lhes forem oferecidos fatos nítidos, com uma imagem para acompanhar cada um, em vez de cção juvenil ou contos de fadas. Uma palavra nal de advertência pode ser conveniente. O que se pede aqui é o uso do interesse como auxílio para aprender coisas úteis, mas nunca a aceitação da falta de interesse como desculpa para não aprender coisas que precisam ser aprendidas. As habilidades básicas devem ser aprendidas; os fundamentos para a competência em uma ocupação devem ser aprendidos. Quando os alunos não estão interessados em algo que devem aprender, eles têm duas opções. Uma é o simples empenho, que não é tão prestigioso quanto a aptidão ou tão estimulante quanto o interesse, mas cumpre seu papel. O empenho é usado com mais freqüência pelos tipos , que conduzem suas vidas exteriores com seu julgamento, e não com sua percepção. Seja por acaso ou escolha, a maioria dos alunos sensitivos são . Se eles têm as qualidades do tipo crítico, eles cumprem seus prazos e concluem seus empreendimentos, o que não é uma conquista fácil. A outra opção me foi indicada aos quatro anos, em uma conversa que recordo palavra por palavra: “Mãe, o que posso fazer?” “Seu armário precisa ser arrumado.” “Mas não estou interessada no meu armário.” “Bem, que interessada!” Isso, em poucas palavras, é a solução para os alunos que acham que o empenho é um problema. Existem várias maneiras de se interessar por uma tarefa, desde que o aluno dê uma boa olhada nela. A tarefa pode ser um exercício para melhorar alguma habilidade. Se sim, qual é a habilidade? O aluno está abordando-a da maneira mais e ciente? O aluno pode fazer isso um pouco melhor do que da última vez? A atribuição pode ser uma explicação de algo. Se assim for, qual é o ponto? É uma explicação completa, ou estão sendo oferecidos ao aluno diferentes pontos de vista e o deixam escolher o mais razoável? A tarefa pode ser um relato de algo que o aluno talvez precise usar algum dia. Em caso a rmativo, como e quando poderia ser usado? O que teria que ser feito para que funcionasse? Ou a tarefa pode ser algum nome isolado ou data ou regra que se espera que o aluno lembre. Em caso a rmativo, uma estrofe rimada tornaria mais fácil de lembrar? Em mil quatrocentos e noventa e dois Colombo navegou pelo oceano azul. antes do Exceto depois do Ou quando soa como aye Como em neighbor ou weigh. Por m, se ensinar esse assunto, e fazer essa tarefa, o que o aluno poderia fazer para torná-lo mais interessante? C XIV: T aspecto da vida que é notavelmente in uenciado pelo tipo é a U mescolha da pro ssão. Um questionário dado pelo Dr. W. Harold Grant (1965) para calouros na Auburn University contém esta pergunta altamente perspicaz: O que você considera a característica mais importante do emprego ideal? a) Oferece uma oportunidade de usar as habilidades especiais de alguém. b) Permite que alguém seja criativo e original. c) Permite à pessoa esperar por uma vida estável e segura no futuro. d) Fornece uma chance de ganhar uma boa quantidade de dinheiro. e) Dá uma oportunidade de servir aos outros. Os cinco tipos que favoreciam o futuro estável e seguro eram todos tipos sensitivos. O mais caloroso dos tipos sensitivos, , caracteristicamente favoreceu o serviço aos outros. Sete dos oito tipos intuitivos favorecem a oportunidade de usar suas habilidades especiais ou a chance de ser criativo e original. Os tipos sensitivos preocupavam-se, portanto, menos com a natureza do trabalho do que com sua estabilidade, pois esperavam encontrar ou desenvolver suas próprias fontes de satisfação. Os intuitivos queriam encontrar satisfação no próprio trabalho, de preferência fazendo algo criativo. O Dr. D. W. MacKinnon (1961), do Institute for Personality Assessment and Research, descobriu que grupos especialmente criativos, sejam arquitetos, escritores, cientistas pesquisadores ou matemáticos, são quase inteiramente compostos de intuitivos. A preferência que parece ter maior in uência na escolha pro ssional, a preferência , determina em grande parte o que interessará às pessoas. Os tipos sensitivos são atraídos por ocupações que lhes permitem lidar com um uxo constante de fatos, enquanto os intuitivos gostam de situações nas quais eles analisam as possibilidades. A segunda preferência mais importante é , que determina o tipo de julgamento mais fácil e agradável de usar. Pessoas que preferem o pensamento são mais hábeis em lidar com assuntos que lidam com objetos inanimados, maquinaria, princípios ou teorias — nenhum dos quais tem sentimentos inconsistentes e imprevisíveis e todos podem ser tratados logicamente. Os tipos sentimentais são mais habilidosos em assuntos que envolvem pessoas, o que valorizam e como podem ser persuadidas ou ajudadas. Quando as pessoas escolhem provisoriamente uma pro ssão, devem considerar de maneira cuidadosa quanto o trabalho exigiria de seu tipo preferido de percepção e julgamento; os futuros trabalhadores de qualquer campo devem descobrir tudo o que puderem sobre o que farão e quanto tempo será gasto em cada tipo de trabalho. Embora nenhum trabalho seja perfeito, é mais fácil aceitar as imperfeições com alegria se o trabalho der aos trabalhadores a oportunidade de usar suas funções preferidas. As pessoas que têm a mente totalmente aberta em relação às ocupações podem se bene ciar ao observar os tipos de trabalho que mais atraem pessoas com o mesmo processo mais apreciado de percepção e de julgamento. Cada uma das quatro combinações possíveis de percepção e julgamento tende a produzir interesses, valores, necessidades e habilidades distintas. A Figura 33 mostra a faixa de freqüências de 0% a 81% para quinze grupos. As pessoas com concentram sua atenção nos fatos e lidam com eles com uma análise impessoal. Eles tendem a ser práticos e concretos, e usam com sucesso suas competências em habilidades técnicas para lidar com fatos, objetos e dinheiro. Na amostra de contadores, 64% eram , e entre os estudantes de nanças e comércio e bancários, representavam 51% e 47%, respectivamente. s também se saem bem em produção, construção, ciência aplicada e direito, mas entre as amostras de estudantes de teologia e aconselhamento, apenas 6% e 3% eram . Figura 33: Distribuição dos tipos dentro do grupo pro ssional e acadêmico Fonte: MacKinnon (1962) e Laney (1949). s também concentram sua atenção nos fatos, mas lidam com eles com cordialidade pessoal. Eles tendem a ser simpáticos e amigáveis, e gostam de ocupações que fornecem ajuda prática e serviço para as pessoas. Na amostra de vendas e relacionamento com o cliente, 81% eram , e entre os estudantes de enfermagem e educação, os representavam 44% e 42%, respectivamente. s se saem bem em especialidades médicas envolvendo atenção primária, pro ssões relacionadas à saúde, serviços comunitários, educação (especialmente elementar) e educação física. Mas entre os estudantes de direito, aconselhamento e ciências, os s representavam apenas 10%, 9% e 5%. A freqüência muito alta de s em vendas e relacionamento com clientes ilustra o poderoso efeito que esse tipo pode ter sobre a rotatividade. Ao estudar os tipos de funcionários da Washington Gas Light, Laney (1949) originalmente analisou as preferências separadamente, não em combinação. Nove anos depois, ao preparar a tabela da Figura 33, pedimos os tipos completos e descobrimos que a empresa havia descartado os registros dos que não estavam mais empregados. Quase quatro quintos dos tipos sentimentais ainda estavam lá, mas quase quatro quintos dos pensadores haviam desistido (, 1962). s preferem possibilidades a fatos, e lidam com eles com cordialidade pessoal. Freqüentemente, seu entusiasmo e insight lhes trazem sucesso na compreensão e na comunicação com as pessoas. Nas amostras de estudantes de aconselhamento e escritores criativos, 76% e 65% eram ; entre estudantes de teologia, pro ssões relacionadas à saúde e jornalismo, as porcentagens de foram 57%, 44% e 42%. s também se saem bem em ensino, pesquisa, literatura e arte; mas entre os estudantes de nanças e comércio, pessoal de vendas e relacionamento com clientes e contadores, os s representavam apenas 10%, 8% e 4%. As pessoas também concentram sua atenção nas possibilidades, mas lidam com elas com uma análise impessoal. Eles tendem a ser lógicos e engenhosos e costumam usar suas habilidades no desenvolvimento teórico e técnico. Entre os cientistas pesquisados, 77% eram ; e entre os estudantes de ciência e direito, 57% e 42% eram . s também se saem bem como inventores, gerentes, meteorologistas e analistas de valores mobiliários. Em quatro das áreas estudadas, os s representavam apenas uma pequena porcentagem: eles representavam 9% dos contadores e dos estudantes de aconselhamento, 7% dos estudantes de enfermagem e pro ssões relacionadas à saúde, 6% dos estudantes de educação e nenhum do pessoal de vendas e relacionamento com o cliente. As pessoas não devem ser desencorajadas a seguir uma pro ssão porque “não são do tipo certo”. Quando uma pro ssão raramente é escolhida por pessoas de seu próprio tipo, os futuros trabalhadores devem investigar o trabalho minuciosamente. Se eles ainda quiserem investir nele e estiverem dispostos a fazer o esforço necessário para serem compreendidos por seus colegas, podem ser valiosos como colaboradores com habilidades que são raras naquele ambiente. Por exemplo, entre os agentes penitenciários de uma prisão da Flórida (, 1975), havia pouquíssimos intuitivos, não mais que 12%, mas quando um curso de treinamento em relações humanas foi instituído para auxiliar os o ciais na reabilitação de prisioneiros, os raros intuitivos desenvolveram um nível mais alto de habilidade do que os tipos sensitivos. Outro exemplo é um clérigo , um tipo tão raro entre o clero que perguntamos como ele atuava. A resposta foi: “Ele paga as hipotecas. Assim que a hipoteca é quitada, ele se muda para outra paróquia com outra hipoteca”. Quando as pessoas encontram um campo de interesse que usa suas melhores habilidades, geralmente há uma variedade considerável de trabalho nesse campo. Aqui a preferência pode ser importante. Embora todos vivam em parte no mundo extrovertido das pessoas e coisas e em parte no mundo introvertido dos conceitos e idéias, a maioria das pessoas sente-se conscientemente mais à vontade em um desses mundos e faz seu melhor trabalho no mundo preferido. Entre os , por exemplo, os introvertidos () gostam de organizar fatos e princípios relacionados a uma situação; esta é uma parte importante do trabalho envolvido em economia e direito. Os extrovertidos () gostam de organizar a própria situação e colocá-la em movimento, o que é particularmente útil nos negócios e na indústria. Os extrovertidos tendem a ser mais interessados e e cazes quando as coisas estão acontecendo ao seu redor e estão trabalhando ativamente com objetos ou pessoas. Os introvertidos tendem a ser mais interessados e e cazes quando seu trabalho envolve idéias e requer que boa parte de sua atividade ocorra silenciosamente dentro de suas cabeças. Parte da consideração de um trabalho especí co, portanto, é entender quanta extroversão o trabalho exige (de um introvertido) ou permite (de um extrovertido). Algumas pessoas vão e voltam facilmente entre a extroversão e a introversão; elas podem encontrar maior satisfação em trabalhos que envolvam quantidades consideráveis de ambos, mas a maioria das pessoas é mais feliz quando seu trabalho está principalmente no mundo que eles conhecem melhor. A preferência também pode ter um efeito poderoso na rotatividade. O estudo de Laney (, ; , 1962) mostrou que entre os homens com acima de 100, a rotatividade de extrovertidos trabalhando em empregos silenciosos e administrativos era quase o dobro da rotatividade de extrovertidos trabalhando em empregos ativos como mecânicos ou leitores de medidores; e os introvertidos que trabalhavam em empregos ativos eram quase duas vezes mais propensos a pedir demissão do que os introvertidos que trabalhavam em empregos silenciosos e administrativos. A preferência pode afetar a satisfação. As pessoas fazem sua extroversão, seu manejo de pessoas ou situações, principalmente, com seu melhor processo de julgamento, pensamento ou sentimento, conforme o caso. As pessoas fazem sua extroversão principalmente com seu melhor processo perceptivo, sensação ou intuição. Conseqüentemente, os tipos e os tipos abordam as situações de maneira bem diferente. Tipos julgadores, especialmente aqueles que preferem a sensação (os tipos ), gostam que seu trabalho seja organizado, sistemático e previsível — muitas vezes a ponto de saber o que farão na próxima quinta-feira às três horas. Os tipos perceptivos, especialmente aqueles que preferem a intuição (os tipos ), querem que seu trabalho seja uma resposta às necessidades do momento. Os empregos diferem muito nesses aspectos. Os trabalhos também variam muito no número de decisões exigidas ao longo de um dia. Tipos julgadores, especialmente aqueles que preferem o pensamento, tendem a ver o poder de decidir como uma característica agradável de um trabalho. Tipos perceptivos, especialmente aqueles que preferem o sentimento, muitas vezes acham que as decisões de rotina são um fardo e preferem ver o caminho para uma solução do que fazer uma escolha nítida entre as alternativas. Não é surpreendente, portanto, que em uma amostra de administradores escolares 86% fossem ( , 1961), e em uma amostra de alunos em aconselhamento educacional 64% fossem (ver Capítulo , Figuras 23 e 19). As Figuras 34 e 35 listam alguns dos muitos aspectos em que as pessoas que são opostas em uma determinada preferência tendem a diferir em suas reações a várias situações de trabalho. Como as reações são gerais, elas não podem descrever todos os indivíduos em todas as situações, mas podem ser esperadas e compreendidas à luz da teoria dos tipos. Tipos extrovertidos Tipos introvertidos Gosta de variedade e ação. Gostam de silêncio para concentração. Tendem a ser mais rápidos, não gostam de procedimentos complicados. Tendem a ser cuidadosos com os detalhes, não gostam de declarações radicais. Costumam ser bons em cumprimentar as pessoas. Têm di culdade em lembrar nomes e rostos. Muitas vezes são impacientes com trabalhos longos e lentos. Tendem a não se importar em trabalhar em um projeto por muito tempo ininterruptamente. Tipos extrovertidos Tipos introvertidos Estão interessados nos resultados de seu trabalho, em fazê-lo e em como outras pessoas o fazem. Estão interessados na idéia por trás de seu trabalho. Freqüentemente, não se importam com a interrupção de atender o telefone. Não gostam de invasões e interrupções telefônicas. Com freqüência, agem rapidamente, às vezes sem pensar. Gostam de pensar muito antes de agir, às vezes sem agir. Gostam de ter pessoas por perto. Trabalham contentes sozinhos. Normalmente, comunicam-se com liberdade. Têm alguns problemas de comunicação. Tipos sensitivos Tipos intuitivos Tipos sensitivos Tipos intuitivos Não gostam de novos problemas, a menos que haja maneiras padronizadas de resolvê-los. Gostam de resolver novos problemas. Gostam de um modo pré-estabelecido de fazer as coisas. Não gostam de fazer a mesma coisa repetidamente. Apreciam usar habilidades já aprendidas mais do que aprender novas. Desfrutam de aprender uma nova habilidade mais do que em usá-la. Trabalham com mais rmeza, com uma idéia realista de quanto tempo levarão. Trabalham em rompantes de energia movidos pelo entusiasmo, com períodos de folga no meio. Geralmente, chegam a uma conclusão passo a passo. Chegam a uma conclusão rapidamente. São pacientes com detalhes de rotina. São impacientes com detalhes de rotina. Tipos sensitivos Tipos intuitivos São impacientes quando os detalhes se complicam. São pacientes com situações complicadas. Com freqüência, não são inspirados e raramente con am na inspiração quando o são. Seguem suas inspirações, boas ou más. Raramente cometem erros relacionados aos fatos. Freqüentemente cometem erros relacionados aos fatos. Tendem a ser bons em trabalhos precisos. Não gostam de dedicar tempo à precisão. Figura 34 Efeitos das preferências e em situações de trabalho Tipos pensadores Tipos sentimentais Tipos pensadores Tipos sentimentais Não demonstram emoções prontamente e muitas vezes se sentem desconfortáveis em lidar com os sentimentos das pessoas. Tendem a ser muito conscientes das outras pessoas e de seus sentimentos. Podem ferir os sentimentos das pessoas sem saber. Gostam de agradar as pessoas, mesmo em coisas sem importância. Gostam de analisar e colocar as coisas em ordem lógica. Podem conviver sem harmonia. Assim como a harmonia, a e ciência pode ser gravemente perturbada por brigas de escritório. Tendem a decidir de forma impessoal, às vezes não prestando atenção su ciente aos desejos das pessoas. Freqüentemente, permitem que as decisões sejam in uenciadas por seus próprios gostos e desejos pessoais ou de outras pessoas. Têm necessidade de ser tratados com justiça. Têm necessidade de elogios ocasionais. Tipos pensadores Tipos sentimentais São capazes de repreender pessoas ou demiti-las quando necessário. Não gostam de dizer coisas desagradáveis às pessoas São mais orientados analiticamente — respondem mais facilmente aos pensamentos das pessoas. São mais orientados para as pessoas — respondem mais facilmente aos valores das pessoas. Tendem a ter uma mente rme. Tendem a ser simpáticos. Tipos julgadores Tipos perceptivos Trabalham melhor quando podem planejar seu trabalho e seguir o plano. Adaptam-se bem a situações de mudança. Gostam de resolver e terminar as coisas. Não se importam em deixar as coisas abertas para alterações. Tipos julgadores Tipos perceptivos Podem decidir as coisas muito rapidamente. Podem ter problemas para tomar decisões. Podem não gostar de interromper o projeto em que estão para focar em um mais urgente. Podem iniciar muitos projetos e ter di culdade em nalizá-los. Podem não perceber coisas novas que precisam ser feitas. Podem adiar trabalhos desagradáveis. Querem apenas o necessário para começarem seu trabalho. Querem saber tudo sobre um novo emprego. Tendem a car satisfeitos quando chegam a um julgamento sobre uma coisa, situação ou pessoa. Tendem a ser curiosos e aceitar novas luzes sobre uma coisa, situação ou pessoa. Figura 35 Efeitos das preferências e em situações de trabalho Por exemplo, os introvertidos derivam sua faculdade de concentração, pelo menos em parte, de sua tendência de prestar mais atenção ao que está acontecendo dentro de suas cabeças do que ao que está acontecendo ao seu redor. Isso é uma grande ajuda quando a produtividade dos trabalhadores depende de sua capacidade de não se distrair com as pessoas ao seu redor. No First Pennsylvania Bank, na Filadél a, pediu-se à supervisora extrovertida do departamento central de transcrição que avaliasse seus datilógrafos quanto à quantidade e à qualidade de seu trabalho; ela deu notas mais altas aos oito introvertidos do que a qualquer um dos oito extrovertidos (, 1946–1950). O mesmo departamento teve problemas para encontrar mensageiros satisfatórios. Suas responsabilidades incluíam trazer cilindros de todo o banco e levar o trabalho nalizado de volta ao ponto de origem. Nos intervalos entre as corridas, os mensageiros mantinham o estoque de suprimentos para os digitadores. Depois que duas mensageiras altamente insatisfatórias trabalharam no departamento, os outros membros do departamento queriam que o departamento de pessoal explicasse por que eles estavam tendo tanta di culdade em encontrar um bom mensageiro. O pessoal perguntou quais características eram necessárias para o trabalho e descobriu que não havia idéias anteriores sobre o assunto. O pessoal então pediu os nomes das duas mensageiras insatisfatórias, juntamente com uma descrição detalhada de suas de ciências, e os nomes de duas mensageiras cujo trabalho havia sido satisfatório. Indicadores de tipo dos arquivos sugeriram uma tentativa de explicação. A principal queixa contra a mensageira com mais reclamações era que ela tornava cada recado uma ocasião social: ela falava demais e por muito tempo e com muitas pessoas, inclusive as datilógrafas. O tipo dela era — e a tentação padrão para s é falar demais. A principal falha da outra foi que ela cou tão determinada a fazer o que havia planejado, que não se preocupou em fazer as tarefas. O tipo dela era — e os s são muito difíceis de desviar do trabalho em questão, uma característica que é uma virtude na maioria das circunstâncias. Das mensageiras satisfatórias, uma era uma que progrediu para datilógrafa e depois para secretária, e a outra uma que deixou os negócios para entrar em um convento. Com base nessa pouca evidência, a central de transcrição decidiu tentar uma com para atenção ao detalhe, para desejo de cumprir a expectativa e, acima de tudo, para adaptabilidade às necessidades do instante. O pessoal enviou para a central a próxima candidata que apareceu, e a central cou encantada. Eles relataram que a nova mensageira sempre acompanhava o que era mais necessário no momento e podia lembrar aos datilógrafos que “essa é a coisa pela qual o Sr. está com tanta pressa” de uma maneira tão simpática que o trabalho do Sr. Ratchett voltava para ele em tempo recorde. Desta forma, um caso, pequeno demais para ser uma estatística, pode agregar conhecimento tanto de um trabalho quanto de um tipo, e pode se tornar uma estatística se con rmado por observação subseqüente. Em outro departamento, de investigação de crédito, a supervisora criticava constantemente os trabalhadores que faziam consultas por telefone. Ela reclamou que depois de ligarem para a mesma fonte algumas vezes, eles começaram a se familiarizar com a voz do outro lado; ela queria que o departamento de pessoal lhe enviasse alguém que não se desviasse dos negócios. O Indicador mostrava que a supervisora era e os trabalhadores eram , de modo que suas idéias de negócios nunca coincidiriam com as dela. O pessoal procurou um trabalhador e enviou um , que poderia ser mais inadequado para o trabalho administrativo de rotina. A supervisora declarou que o novo funcionário era o melhor investigador de crédito que o departamento já tivera. Informações sobre o tipo também podem ser obtidas de casos em que uma pessoa é insatisfatória em um trabalho e obtém sucesso quando é transferida para outro. Um que o banco adquiriu por meio de uma fusão parecia ser um desajustado em todos os departamentos em que foi avaliado. Nenhum supervisor queria mantê-lo. Por m, havia uma vaga na análise de títulos, que o departamento de pessoal estava esperando. O foi transferido para lá e teve as melhores avaliações desde então. Dos vinte e dois contadores de uma empresa de serviços públicos com nível de supervisão ou superior, apenas três eram intuitivos, e nenhum dos três estava satisfeito ou sendo satisfatório onde se encontrava (, 1946– 1950). Em um esforço para melhorar a situação, o intuitivo do tipo executivo () foi nomeado controlador-assistente; neste trabalho, sua capacidade de organização e suas idéias para melhorar os procedimentos importavam mais do que sua precisão pessoal com detalhes administrativos. Em dois anos, foilhe oferecido o cargo de controlador em outra empresa — um resultado feliz para ele, e também para a empresa originária. O intuitivo de tipo analítico () foi nomeado tesoureiro-assistente; em seu novo cargo trabalhou em projetos complexos como planos de previdência e concluiu o trabalho com grande satisfação para a empresa e para si mesmo. Depois que o terceiro () destruiu o moral de seus subordinados ao exigir veri cações desnecessárias (vistas por eles como superperfeccionismo), ele foi convidado a se retirar. O departamento de pessoal concluiu que “a intuição e o sentimento são demais na contabilidade”. O testemunho de um trabalhador adequado à sua ocupação vem de um que é gerente-assistente de transporte de uma grande empresa de petróleo. Questionado sobre seu trabalho, ele o descreveu como um trabalho de quebra-cabeça envolvendo “adaptação constante às mudanças nas variáveis”, ou seja, a seleção de qualquer combinação de métodos de transporte que fosse mais econômica para cada remessa. Ele acrescentou, com uma liberdade de expressão incomum para seu tipo: “Não conheço nada mais divertido”. O Nippon Recruit Center em Tóquio (1977) tem usado há muitos anos uma tradução japonesa do Indicador de Tipo para melhorar a colocação de trabalhadores nos negócios e na indústria; sua experiência sugere que as relações básicas entre tipo e ocupação transcendem as fronteiras da língua e da cultura. As freqüências das preferências em quatro ocupações contrastantes eram éis à teoria dos tipos. Por exemplo, metade dos supervisores de escritório em um banco da cidade eram . Depois de mencionar a rmeza e o realismo dos tipos , o comentarista japonês acrescentou: “Eles também podem suportar deveres positivos e xos”. Entre os operários fabris que executavam trabalhos repetitivos habilidosos, 85% eram , o que o comentarista considerou uma evidência de que “esse tipo de trabalho não tem relação com abstrações”. A amostra de redatores foi predominantemente ; entre os técnicos de telecomunicações que fazem planejamento de pesquisa, os tipos e foram maioria e os tipos foram cinco vezes mais freqüentes que nos outros grupos. Muitos dos dados ocupacionais foram coletados de estudantes que se preparam para carreiras. Em seu estudo sobre estudantes de arte (Capítulo , Figuras 16–18), Stephens (1972) encontrou diferenças marcantes de tipo entre aqueles que pretendiam ser artistas, aqueles que queriam ensinar arte e aqueles que planejavam usar a arte na terapia. Os artistas eram predominantemente do tipo , capazes de seguir seu impulso criativo interior sem muita referência ao mundo exterior. A maioria dos terapeutas eram do tipo , empenhados em usar a arte para ajudar pessoas com problemas. Há pouca sobreposição entre esses dois grupos, um voltado para a criatividade e outro voltado para as pessoas; mas o grupo intermediário, aqueles que querem ensinar arte e comunicar aos outros seu conhecimento e compreensão da beleza, são predominantemente s que compartilham da atração dos artistas pela criatividade e da atração dos terapeutas por pessoas. Na faculdade de direito (Capítulo , Figura 21), o tipo afeta não apenas quem entra, mas também quem desiste. Miller (1965), em um estudo com estudantes de direito de escolas proeminentes, descobriu que a evasão não tinha relação signi cativa com os preditores-padrão de sucesso (notas da faculdade e notas de testes de admissão), mas estava relacionada ao tipo. Os tipos se saíram melhor tanto na chegada quanto na sobrevivência, enquanto os tipos tenderam a se sair mal em ambos. Os tipos intermediários, e , caíram a uma taxa moderadamente pior do que a média, mas havia o dobro de s do que s. A medicina é a ocupação para a qual a relação entre tipo e escolha de carreira tem sido mais intensamente estudada. Mais de 4 mil estudantes de medicina que zeram o Indicador de Tipo no início dos anos 1950 foram acompanhados, primeiro no início dos anos 1960 a partir de dados sobre suas especialidades no diretório de 1963 da American Medical Association (; , 1965), e novamente nos anos 1970 em um estudo muito mais inclusivo para o Department of Health, Education, and Welfare, por um psicólogo clínico da University of Florida e diretor do Center for Applications of Psychological Type (, 1977).29 Antes de qualquer acompanhamento, as operações de auto-seleção eram aparentes. Introvertidos, intuitivos, tipos sentimentais e (em menor grau) tipos perceptivos foram encontrados entre os estudantes de medicina mais do que se poderia esperar em um grupo geral de estudantes universitários na década de 1950. As diferentes freqüências poderiam ser previstas a partir do duplo apelo da medicina. Um médico pode ser um cientista, um humanitário ou ambos. O lado humanitário da medicina dá pleno uso ao calor do sentimento. O lado cientí co é adequado ao gosto do intuitivo pela solução de problemas, ao dom da concentração do introvertido e à inclinação do tipo perceptivo de descobrir tudo sobre o que está errado antes de aplicar o tratamento. O resultado líquido dessa auto-seleção é que os graduados do ensino médio com todas as quatro preferências predisponentes, s, têm pelo menos quatro vezes mais chances de entrar na faculdade de medicina do que colegas com as quatro preferências opostas, s. A combinação de intuição e sentimento aparentemente fornece a motivação mais forte, talvez porque a medicina apresente problemas para resolver em benefício das pessoas. De longe, o tipo menos atraído foi , o tipo de homem e mulher de negócios, em que todas as quatro preferências se correlacionam com interesses comerciais no Forte e valores econômicos no Study of Values. Aparentemente, as altas recompensas nanceiras em medicina, que deveriam ter interesse especial para um , não compensavam o interesse relativamente baixo desse tipo nos aspectos cientí cos e humanitários do trabalho em si. O tipo parece afetar a taxa de evasão, a porcentagem de alunos que abandonam permanentemente ou reprovam na faculdade de medicina.30 Nesta amostra, foi encontrada uma relação entre evasão e a natureza do processo dominante — julgamento (s e s) e percepção (s e s). Embora as pontuações médias do teste de admissão da faculdade de medicina para os alunos perceptivos e os alunos julgadores fossem idênticas, os tipos perceptivos tiveram uma taxa de abandono de 3,1%, enquanto os tipos julgadores tiveram uma taxa de abandono de 5,0%. Talvez os alunos perceptivos tenham percepções mais precisas de si mesmos e de suas carreiras e, portanto, façam escolhas mais adequadas, com menor probabilidade de resultar em fracasso ou desistência. A maior taxa de abandono para qualquer tipo neste estudo foi de 7,0% para , o tipo que foi menos atraído pela medicina desde o início. O também tinha uma proporção maior de seus membros na clínica geral do que qualquer outro tipo, embora não seja um tipo que se espera que o papel do dedicado médico de família atraia. Antes do primeiro estudo de acompanhamento, a clínica geral foi sugerida no Manual do Indicador de 1962 como adequada para os tipos de coração caloroso com sensação e sentimento; psiquiatria e ensino para os tipos perspicazes com intuição e sentimento; e cirurgia para os tipos objetivos com sensação e pensamento. Os próprios tipos con rmaram as hipóteses ao escolher esses campos com signi cativa freqüência. A prevalência dos s “de coração duro” na clínica geral parece, portanto, vir menos do entusiasmo por esse campo do que da impaciência para começar a ganhar dinheiro — sem o atraso de até cinco anos de residência. No primeiro estudo de acompanhamento da especialidade, a maior diferença foi no tipo de percepção preferida. Enquanto a amostra como um todo foi 53% intuitiva, a psiquiatria foi 82% intuitiva, a pesquisa 78%, a neurologia 76%, a faculdade de medicina 69% e a patologia 68%. Em todos esses campos, a introversão também foi preferida, mas em menor grau. Esses campos complexos apelam para a abordagem intelectual do introvertido e para a capacidade de resolução de problemas e tolerância ao complexo, que caracteriza o intuitivo. Os tipos opostos, os extrovertidos com sensação, preferiam a cirurgia e a obstetrícia. Essas especialidades exigem a máxima consciência sensorial das condições físicas de momento a momento. Ambos exigem habilidade na ação, que é o forte do extrovertido. Os extrovertidos com sensação escolheram a obstetrícia duas vezes mais do que os introvertidos com intuição, e a cirurgia com metade da freqüência. A Tabela de Tipos de especialidades na Figura 36 mostra a atração signi cativa dos 16 tipos para especialidades, pesquisa e cargos em faculdades de medicina. Por exemplo, a pediatria atraiu muito os , em quem o sentimento é o processo extrovertido e, portanto, mais aparente. Os intuitivos correspondentes, s, foram os tipos mais atraídos pelo ensino em tempo integral na faculdade de medicina. Eles também cuidam dos jovens, mas atendem às necessidades intelectuais dos jovens adultos, e não às necessidades físicas das crianças. A anestesiologia fez seu apelo mais forte aos e ; sua aguda vigilância é reforçada pela capacidade do introvertido de se concentrar por um longo tempo. A anestesiologia não atrai os outros tipos de , e , talvez porque sua extroversão tende a encurtar seu tempo de atenção. Figura 36 Atração de especialidades para cada tipo (Razão entre a freqüência real e a esperada de especialidades dentro de cada tipo)31 Patologia e pesquisa foram ambas notavelmente populares entre s e s, que têm em comum as três preferências mais propícias à intelectualidade desapegada. Patologistas e médicos pesquisadores podem lidar com problemas de vida ou morte sem ver um paciente cara a cara. O primeiro estudo de acompanhamento nada pôde mostrar sobre a satisfação proporcionada pela escolha das especialidades. O segundo acompanhamento, que examinou as mudanças de especialidade, mostrou com que freqüência os médicos de cada tipo mudavam para uma especialidade mais típica (para uma mais geralmente escolhida por seu tipo) e com que freqüência para uma menos típica. Os resultados con rmaram surpreendentemente a conclusão sugerida pelas respostas dos calouros da Auburn University, de que os tipos sensitivos sabem muito menos ou se importam muito menos do que os intuitivos com a adequação de qualquer trabalho para seu tipo (ver p. 197). Entre aqueles que mudaram de especialidade, os tipos sensitivos mudaram para uma especialidade mais típica apenas 54% das vezes, o que é pouco melhor do que o acaso, enquanto os intuitivos mudaram para uma especialidade mais típica 71% das vezes. Como de costume, e apresentaram um contraste extremo. Os s mudaram para uma especialidade menos típica 68% das vezes, o que sugere que a mudança pode ter sido ditada por circunstâncias externas e não pelo gosto pelo trabalho em si. Os s mudaram para uma especialidade mais típica 83% das vezes; de todos os tipos, eles pareciam se importar mais com a chance de usar seus dons. Especialmente agradável foi uma observação feita por uma pessoa inesquecível. Ela era a diretora de uma escola de enfermagem, serenamente adorável no hábito branco de sua ordem. Com os olhos na Tabela de Tipos, ela ouviu atentamente uma explicação de dois minutos sobre os tipos. Em seguida, colocando o dedo em no canto inferior esquerdo, ela disse: “Estes são os administradores”. Ela estava certa, mas como poderia saber? Ela deve ter olhado para as quatro letras daquele tipo, selecionado, da breve explicação, as características marcantes associadas a cada letra, e as reunido em um retrato reconhecível: atenção voltada para o mundo exterior; respeito pelos fatos e capacidade de detalhamento; julgamentos baseados em causa e efeito; e decisão imediata — administradores. Idealmente, os colegas de trabalho constituem uma equipe com um propósito comum e devem trabalhar para o mesmo objetivo geral. Suas diferenças de tipo podem ser um trunfo porque ajudam as pessoas a fazer e desfrutar formas de trabalho muito diferentes. Um trabalho pode ser chato ou confuso para um tipo e, portanto, mal feito, mas pode ser interessante e recompensador para outro tipo e, assim, bem executado. Uma pessoa pode ser um fracasso no trabalho errado e excelente no certo. Por exemplo, os introvertidos com intuição pensam primeiro em novas possibilidades simplesmente como idéias. Extrovertidos com intuição traduzem idéias em ação, mas não têm muito interesse em levar a ação além do ponto onde tudo está resolvido. Os tipos sensitivos, no entanto, têm grande satisfação em produzir resultados tangíveis protegendo-os contra circunstâncias que possam interferir na produção. Os tipos pensadores tendem a ser particularmente e cazes em trabalhos que lidam com objetos inanimados (que podem ser modi cados à força), e os tipos sentimentais tendem a ser bons em lidar com pessoas (cuja cooperação não pode ser forçada, mas deve ser conquistada). Tipos sensitivos com atitude de julgamento funcionam bem e de modo satisfatório em trabalhos estruturados com procedimentos nitidamente de nidos que devam ser seguidos, mas intuitivos com atitude perceptiva se irritam em tais trabalhos, onde não podem tomar a iniciativa de perseguir as possibilidades que percebem. Qualquer equipe, portanto, deve incluir uma variedade su ciente de tipos para realizar os trabalhos necessários com e cácia e satisfação. A cooperação, no entanto, pode enfrentar di culdades porque pessoas de tipos opostos geralmente discordam sobre o que deve ser feito, ou como, ou se algo precisa ser feito. Tais discordâncias são naturais: tipos opostos de percepção fazem as pessoas verem diferentes aspectos de uma situação, e tipos opostos de julgamento direcionam ações para ns diferentes. Se os desentendimentos não forem resolvidos, eles podem prejudicar a moral e a e cácia da equipe e diminuir a satisfação no trabalho, independentemente de quão adequados sejam os trabalhos. A moral e a e cácia restarão intactas se os membros da equipe reconhecerem que ambos os tipos de percepção e ambos os tipos de julgamento são essenciais para que haja uma sólida solução para um problema. A receita para resolver individualmente um problema é exercitar todos os quatro processos em sucessão: sensação para estabelecer todos os fatos, intuição para sugerir todas as soluções possíveis, pensamento para determinar as prováveis consequências de cada curso de ação, sentimento para pesar a conveniência de cada resultado em termos humanos. Um indivíduo é prejudicado ao fazer isso porque a percepção e o julgamento menos apreciados são relativamente imaturos e, portanto, não são tão úteis quanto poderiam ser, mas uma equipe bem equilibrada de indivíduos deve incluir pelo menos um representante quali cado de cada processo. Ao considerar as contribuições de cada membro, a equipe ou seu chefe executivo pode tomar uma decisão mais informada do que seria possível de outra forma. Como uma ajuda adicional à cooperação, essas contribuições demonstram que cada membro é fraco onde o outro é forte, mas também é forte onde o outro é fraco. O respeito sadio pelo oposto contribui para uma convivência pací ca e e caz. Também ajuda a reconhecer e cultivar os próprios processos menos desenvolvidos. A comunicação entre diferentes tipos é um problema maior do que geralmente se reconhece. Uma declaração que é clara e razoável para um tipo pode soar sem sentido ou absurda para outro. Um casal, tendo aprendido como seus tipos diferem, orgulhosamente relatou seu insight. “Se discutirmos por quinze minutos sem chegar a lugar nenhum, voltamos e de nimos nossos termos. Nós não estamos falando sobre a mesma coisa!”. Para ser útil, uma comunicação precisa ser ouvida, compreendida e considerada sem hostilidade. É natural que as pessoas não escutem com atenção quando esperam que a comunicação seja irrelevante ou sem importância. Portanto, deve começar com um tópico que prometa algo que valha a pena ouvir. É claro que o que é considerado interessante varia de tipo para tipo, mas a apresentação de uma boa idéia geralmente pode ser planejada para atender aos interesses do ouvinte. Os tipos sensitivos, que levam os fatos mais a sério do que as possibilidades, querem uma declaração explícita do problema antes de considerar as possíveis soluções. Os intuitivos querem a perspectiva de uma possibilidade interessante antes de olhar para os fatos. Os pensadores exigem que uma declaração tenha um começo, uma sequência de pontos logicamente arranjada e concisa, e um m — especialmente um m. E os tipos sentimentais estão interessados principalmente em assuntos que afetam diretamente as pessoas. Uma comunicação pode ser ouvida e compreendida, mas ainda assim falhar em seu propósito, se despertar antagonismo. Os pensadores são as pessoas com maior probabilidade de cair nessa armadilha porque tendem a ser críticos sem rodeios, mas os tipos sentimentais também se consideram justi cados em atacar algo que parece errado. Qualquer ataque provavelmente provocará uma defesa espirituosa e levará a uma luta divisiva entre os colegas, em vez de um enfrentamento em conjunto do problema. Se o dissidente se abstiver de condenar a solução incompleta e simplesmente enfatizar a parte não resolvida do problema, os outros podem considerar os comentários do dissidente sem perda de prestígio e podem, conseqüentemente, expandir ou mudar sua solução. Essa técnica funciona, quer os membros do grupo conheçam ou não os tipos uns dos outros. PARTE IV: D C XV: O do desenvolvimento do tipo é o desenvolvimento da A essência percepção e do julgamento e das formas adequadas de usá-los. Crescer é muito mais fácil com percepção e julgamento adequados. Por de nição, pessoas com percepção adequada enxergam os aspectos relevantes de qualquer situação; se também tiverem julgamento adequado, tomam boas decisões e as executam. Quaisquer que sejam os problemas que os jovens possam enfrentar, percepção e julgamento adequados tornam possível enfrentá-los de maneira madura e digna de crédito. Vale a pena, então, considerar como a teoria de tipos e a pesquisa de tipos podem contribuir para o desenvolvimento dessas faculdades. Os tipos diferem fundamentalmente nas formas de percepção e de julgamento que podem desenvolver melhor. Essas preferências são inatas e nenhuma tentativa deve ser feita para revertê-las; caso contrário, o desenvolvimento pode ser bloqueado. O conhecimento do tipo deve ser usado para encorajar e aumentar as oportunidades para os membros de cada tipo, para que possam se desenvolver em suas próprias direções até o pico de seus próprios poderes. A pesquisa de tipo mostrou que os tipos diferem em seus interesses, valores e necessidades. Eles aprendem de maneiras diferentes, alimentam ambições diferentes e respondem a recompensas diferentes. O atual sistema de educação pública é bem-sucedido com determinados tipos, mas falha em levar muitos alunos a um estado satisfatório de maturidade. Os possíveis efeitos da pesquisa e da teoria dos tipos na promoção da maturidade podem ser considerados a partir de duas linhas de abordagem. Uma delas é pesquisar o que motiva os diferentes tipos em situações práticas. Quanto mais se souber sobre o que é importante para cada tipo, mais fácil será prever quais objetivos atrairão mais plenamente suas energias nos anos de crescimento. A segunda é estudar o curso normal do desenvolvimento do tipo desde a infância até a idade adulta, a m de descobrir quais circunstâncias aumentam o desenvolvimento da percepção e do julgamento. A discussão de Van der Hoop sobre os estágios de desenvolvimento do tipo não inclui as idades em que se espera que eles ocorram. Em cada tipo há uma forma simples, na qual a diferenciação da função predominante apenas começou, e seus modos de adaptação ainda estão sendo experimentados, embora já se possa observar uma clara preferência por formas típicas de adaptação. Num estágio posterior, a função dominante encontrou suas formas, controlando-as com grande segurança. Qualquer coisa que não esteja em consonância é, nesta fase, suprimida. Em algumas pessoas, segue-se um estágio ainda além, no qual as outras funções recebem mais desenvolvimento, para compensar qualquer unilateralidade, e a imagem típica pronunciada é novamente modi cada em certa medida pelo desdobramento de uma expressão mais completa e rica de natureza humana.32 O último estágio ocorre apenas para pessoas que vivem plenamente seu tipo, mas continuam crescendo. Através da plenitude do desenvolvimento de seu tipo, eles se deparam com os inevitáveis dé cits de seu tipo particular. Sem abandonar os valores de seus processos mais bem desenvolvidos, eles podem usar sua autocompreensão para reconhecer e cultivar os valores do terceiro e quarto processos anteriormente negligenciados. Assim, eles nalmente transcendem seu tipo. Isso é admirável, mas se for tentado antes que a pessoa tenha alcançado o pleno desenvolvimento dos dois melhores processos, pode simplesmente desviar a pessoa desse desenvolvimento e ter um efeito negativo. O desenvolvimento do tipo começa em uma idade muito precoce. A hipótese é que o tipo é inato, uma predisposição inata como ser destro ou canhoto, mas o desenvolvimento bem-sucedido do tipo pode ser muito ajudado ou prejudicado pelo ambiente desde o início. É provável que a preferência mais profundamente enraizada, e a que apareça mais cedo, seja a extroversão ou introversão. Mesmo um bebê pode mostrar uma inclinação decidida em favor da vida sociável ou contemplativa. Em irmãs gêmeas de 3 anos cujo ambiente sempre foi idêntico, embora as gêmeas não o sejam, a diferença entre a extrovertida e a introvertida pode ser óbvia para o observador mais casual. Suas necessidades também serão diferentes. A extrovertida precisa de muita ação, pessoas, variedade, conversa e oportunidade de fazer uma quantidade satisfatória de barulho. Ela faz parte de tudo o que conheceu, e sua compreensão do mundo depende de quanto dele conheceu. A introvertida pode usar as mesmas coisas, mas não em tanta quantidade. Muita proximidade a deixa esgotada. Ela precisa de um lugar onde possa car sozinha e se concentrar silenciosamente no que lhe interessa. Para sua sensação de segurança, ela precisa ser informada sobre os princípios subjacentes que mantêm o mundo unido, mesmo quando seus pais pensam que ela é muito jovem para entender. Ela se sentirá muito mais em casa num mundo que parece ser mantido unido, em vez de um mundo que parece fragmento em pedaços sem relação uns com os outros. A preferência e os con itos familiares resultantes também podem aparecer em uma idade muito precoce. Uma criança do tipo sentimental de seis anos disse, consternada após a visita de um pensador de cinco anos de idade: “Ele não se preocupa em agradar, não é?”. Basicamente, ele não. Ele tem que ter motivos. O jovem pensador, mesmo com dois anos de idade, fará as coisas por motivos, mas não vê sentido em fazê-las por amor. O jovem de tipo sentimental fará as coisas para agradar, mas não se deixará levar pela lógica. Para serem in uenciados, os tipos pensadores e os tipos sentimentais devem ser motivados por algo signi cativo para seu próprio tipo. Se ninguém mostra apreço pelos jovens de tipos sentimentais extrovertidos, eles podem se comportar de maneira desagradável apenas para obter uma reação e poderem entrar em contato com outras pessoas. Se ninguém der aos jovens pensadores razões para considerar, seu pensamento se gastará, em grande parte, em dissensão, e será rotulado de negativismo. A preferência também pode aparecer cedo. A criança sensitiva ca encantada com o que é; a intuitiva com o que não é, ou pelo menos ainda não. “Menino Avoado” é uma concepção estritamente intuitiva. Brincadeiras imaginativas, contos de fadas, cção de todos os tipos, novas palavras fascinantes guardadas com signi cados mais ou menos adivinhados para deleite futuro — tudo isso nutre o entusiasmo e a admiração da criança intuitiva. Mas a criança intuitiva nascida em uma família muito prática, que não tem tempo para livros e não fala sobre nada exceto realidades óbvias, cará apenas parcialmente saciado. As crianças sensitivas preferem amplamente a realidade. Elas obtêm satisfação em “realmente” cozinhar ou consertar objetos como seus pais e estão incansavelmente interessadas em coisas que podem ser tocadas e manuseadas, desmontadas e remontadas, mas não em coisas que parecem não ter existência, exceto em palavras ou outros símbolos. As crianças sensitivas tendem a considerar a canção boba quando descobrem que a borboletinha não fez, de fato, chocolate para sua madrinha. Quando as crianças atingem o sétimo ano, seus tipos podem ser identi cados com um grau útil de precisão pelo Indicador de Tipo. A partir de então, o grau de desenvolvimento do tipo predominante em um grupo pode ser avaliado de maneira aproximada usando-se a con abilidade dividida pela metade das pontuações do Indicador de Tipo. Cada escala é dividida em metades equivalentes e os resultados das duas metades são comparados. Quanto mais consistentemente as respostas forem governadas por tipo, maior será a concordância entre as metades e maior será a con abilidade. Embora nenhum critério direto de maturidade esteja disponível, as con abilidades divididas pela metade, consideradas como re exo do nível geral de desenvolvimento de tipo de uma amostra, podem ser usadas para comparar a relação entre o desenvolvimento de tipo e um indicador indireto particular de maturidade. Essa abordagem foi usada no estudo dos registros de três amostras de alunos do ensino fundamental, que diferiam amplamente em desempenho. Como a maturidade é um fator importante no desempenho, as três amostras provavelmente representavam três níveis de maturidade. Os grupos eram semelhantes por ter um acima da média, e em e , eles mostraram con abilidades médias iguais às dos alunos do ensino médio, o que sugere que os alunos do ensino fundamental tinham preferências e tão bem estabelecidas quanto alunos mais velhos capazes de fazer o trabalho de preparação para a faculdade. Em e , no entanto, as con abilidades para os três grupos variaram de maneira interessante. O primeiro grupo, de alunos da sétima série com acima de 107, potencialmente indo para a faculdade, tinha con abilidade marcadamente mais baixa em e do que o grupo de alunos do segundo ano do ensino médio. Isso sugere que o processo perceptivo e o processo de julgamento normalmente não são tão bem desenvolvidos nos alunos do sétimo ano quanto serão cinco anos depois. O segundo e o terceiro grupos tinham s mais altos. O segundo grupo consistia de alunos superdotados ( de 120 e acima) do sétimo ao nono ano, com desempenho muito alto. Suas con abilidades em e eram tão altas quanto as do grupo de alunos do segundo ano do ensino médio. Isso sugere que eles atingiram um desenvolvimento inicial tanto da percepção quanto do julgamento. Uma explicação alternativa é que o segundo grupo pode ter as con abilidades em e mais altas simplesmente por causa de seu mais alto, mas essa explicação é negada pela evidência do terceiro grupo. O terceiro grupo era composto de meninos do oitavo ano com baixo desempenho e acima de 120. Eles produziram uma con abilidade muito baixa em — muito menor do que a do primeiro grupo, os alunos do sétimo ano potencialmente destinados à faculdade. A con abilidade muito baixa em sugere uma imaturidade acentuada do processo de julgamento, ou seja, um dé cit de julgamento. É razoável que a percepção e o julgamento sejam mais difíceis de desenvolver do que meras atitudes e que o julgamento muitas vezes pareça ser a parte mais difícil do amadurecimento. No primeiro grupo, os alunos regulares do sétimo ano, presumivelmente atingiram um nível de percepção e julgamento normal para sua idade e inteligência. Os alunos superdotados que compunham o segundo grupo deram provas de mais do que a maturidade rotineira de percepção e julgamento quando todos os membros do grupo pontuaram alto em todos os testes de desempenho padrão que zeram; tais resultados não decorrem automaticamente de um alto, mas exigem um desempenho superior em uma série de requisitos. O terceiro grupo, os meninos do oitavo ano com baixo desempenho, falhou em cumprir até mesmo os requisitos que estavam dentro de suas habilidades e, assim, deu evidências de maturidade abaixo do normal. Essa evidência sugere que as con abilidades divididas pela metade do Indicador de Tipo em e , quando tomadas como uma medida da maturidade média de percepção e julgamento em um grupo, podem ser usadas para determinar quais currículos e métodos de ensino contribuem mais para o crescimento. As evidências também indicam que existem grandes diferenças no desenvolvimento de tipo entre grupos de pessoas e cazes e grupos de pessoas ine cazes e que essas diferenças podem ser detectadas já no sétimo ano. Algumas das razões para tais diferenças são examinadas nos capítulos seguintes. C XVI: O tipo tem seus bons e maus exemplos, suas pessoas felizes e C ada infelizes, seus sucessos e fracassos, santos e pecadores, heróis e criminosos. Diferentes tipos podem dar errado de diferentes maneiras. Quando um introvertido quebra um princípio moral, pode muito bem ser intencionalmente e com amargura. Os extrovertidos intuitivos, nas garras de um projeto, e os extrovertidos julgadores, com seus propósitos de nidos, podem considerar que os ns justi cam os meios. (O m às vezes pode ser altruísta, como no caso da mulher — sem dúvida um tipo sentimental — que roubou de seu patrão para dar prodigamente aos necessitados). Os tipos mais propensos à transgressão, desde uma submissão impensada às circunstâncias ou más companhias, são os tipos extrovertidos sensitivos. Em casos extremos, eles podem não ter introversão ou insight intuitivo su ciente para alertá-los sobre o princípio subjacente envolvido, nem o julgamento com o qual criticar seus impulsos. Conforme descrito no Capítulo , padrões gerais de comportamento podem ser atribuídos a cada um dos 16 tipos, mas os pontos fortes de cada tipo se materializam apenas quando o desenvolvimento do tipo é adequado. Caso contrário, é provável que as pessoas tenham as fraquezas características de seu tipo, mas não muito mais. Fundamentos do bom desenvolvimento de tipos No desenvolvimento de tipo “normal”, uma criança usa regularmente o processo preferido em detrimento do seu oposto e torna-se cada vez mais hábil em seu uso. Cada vez mais capaz de controlar o processo, a criança adquire os traços que lhe pertencem. Assim, o tipo de criança é determinado pelo processo que é mais usado, con ável e desenvolvido. Embora o processo favorito possa ser útil por si só, sozinho não será saudável, seguro para a sociedade ou, em última análise, satisfatório para o indivíduo, porque carece de equilíbrio. O processo dominante precisa ser suplementado por um segundo processo, o auxiliar, que pode lidar de forma proveitosa com as áreas que o processo dominante necessariamente negligencia. O processo auxiliar deve fornecer a percepção necessária se o processo dominante for de julgamento, e vice-versa, e deve contribuir com a extroversão necessária se o processo dominante for principalmente introvertido, e vice-versa. O bom desenvolvimento do tipo, portanto, exige duas condições: primeiro, desenvolvimento adequado, mas de forma alguma igual, de um processo de julgamento e de um processo perceptivo, um dos quais predomina; e, segundo, facilidade, mas não em igual medida, na adoção de ambas as atitudes, extrovertida e introvertida, com predominância de uma. Quando ambas as condições são atendidas, o desenvolvimento do tipo da pessoa é bem equilibrado. Na teoria dos tipos, o equilíbrio não se refere à igualdade de duas funções ou de duas atitudes; em vez disso, signi ca habilidade superior em uma, complementada por uma habilidade útil, mas não competitiva, na outra. A necessidade de tal suplementação é óbvia. Percepção sem julgamento é covarde; julgamento sem percepção é cego. A introversão sem qualquer extroversão é impraticável; extroversão sem introversão é super cial. Menos óbvio é o princípio de que para cada pessoa uma habilidade deve estar subordinada a outra e que uma habilidade signi cativa em qualquer direção não será desenvolvida até que seja feita uma escolha entre os opostos. A necessidade de escolher entre opostos A percepção e o julgamento do especialista resultam da especialização, do uso de um par de opostos em vez do outro. Um dos opostos deve ser “desligado” para ter a chance de se desenvolver qualquer um deles. Tentar desenvolver a habilidade de sensação e intuição ao mesmo tempo é como ouvir duas estações de rádio no mesmo comprimento de onda. As pessoas não podem ouvir uma intuição se seus sentidos estão em seus ouvidos, e ao ouvir uma intuição, as pessoas não podem obter informações de seus sentidos. Nenhum tipo de percepção é claro o su ciente para ser interessante ou digno de atenção contínua. Da mesma forma, se as pessoas não puderem se concentrar nem no pensamento nem no sentimento, suas decisões serão tomadas e desfeitas por uma disputa instável entre dois tipos de julgamento, nenhum dos quais é especializado o su ciente para resolver as questões permanentemente. As quatro funções são usadas quase ao acaso por crianças muito pequenas, até que comecem a se diferenciar. Algumas crianças começam a se diferenciar muito mais tarde do que outras e, nos adultos menos desenvolvidos, as funções permanecem infantis, de modo que nada pode ser percebido ou julgado com maturidade. Mesmo em adultos e cazes, as duas funções menos usadas permanecem relativamente infantis, e a e cácia reside principalmente nas duas funções que se tornaram hábeis por serem preferidas e exercitadas. Diferença na classi cação das duas funções hábeis As duas funções hábeis podem se desenvolver lado a lado porque não são antagônicas. Uma é sempre um processo perceptivo e a outra um processo julgador, de modo que não se contradizem. Embora uma possa ajudar a outra, não deve haver dúvida sobre o que vem primeiro. A supremacia de um processo, incontestado pelos outros, é essencial para a estabilidade do indivíduo. Cada processo tem seu próprio conjunto de objetivos e, para uma adaptação bem-sucedida, como Jung apontou, os objetivos devem ser “constantemente claros e inequívocos”.33 Um processo precisa governar para que lado uma pessoa se move; deve ser sempre o mesmo processo, para que o movimento de hoje não seja lamentado e revertido amanhã. Portanto, das duas funções hábeis, uma deve ser o “general” e a outra deve ser o “ajudante”, atendendo a assuntos menores, mas necessários, que o general deixa de fazer (ver pp. 38–40). Se o general tem uma natureza julgadora, o ajudante deve fornecer a percepção como base para o julgamento, mas o ajudante de um general perceptivo precisa fornecer decisões para implementar a visão do general. O ajudante de um extrovertido deve fazer a maior parte da re exão, enquanto o ajudante de um introvertido terá que agir. No extrovertido, outras pessoas se encontram e fazem negócios com o general. Ficando em segundo plano, o ajudante mostra pouco em que os outros possam avaliar sua competência. No introvertido, o general trabalha dentro da tenda, enquanto o ajudante cuida dos negócios com os outros.34 Se o ajudante for habilidoso e competente, o general não precisa ser chamado. Se o ajudante estiver desajeitado, pode ser necessária a ajuda do general. Resultados da inadequação do processo auxiliar Além de uma escolha clara de quais funções serão desenvolvidas e qual das duas dominará, um bom desenvolvimento de tipos requer o uso adequado das funções escolhidas. O auxiliar naturalmente tende a ser negligenciado. Os extrovertidos, ao usar seu processo dominante no mundo exterior, podem não saber que precisam do auxiliar. Em julgadores extrovertidos Julgadores extrovertidos com percepção insu ciente podem nunca descobrir sua de ciência. Tomando decisões sem informações adequadas, eles cometerão erros, mas não conseguirão “perceber” sua própria responsabilidade pelo seu infortúnio. Como esses -s não conseguem distinguir entre boas e más decisões, eles podem se sentir tão competentes para decidir os assuntos de outras pessoas quanto os seus próprios e, assim, cometer muitos de seus erros às custas de outras pessoas. Eles são incapazes de ver a individualidade das pessoas e situações; eles recorrem a suposições — preconceitos, convenções, atitudes estereotipadas e equívocos comuns. Vivendo em um mundo de clichês, eles obtêm uma sensação de segurança usando um clichê ou outro para se livrar de praticamente qualquer coisa. Dentro desses limites, seu exercício de julgamento pode ser rápido, consistente e resoluto, mas não será melhor do que suas assunções. Qualquer coisa que refute suas assunções e exija um esforço incomum de percepção abalará sua segurança. Em perceptivos extrovertidos Os perceptivos extrovertidos que não desenvolvem seu julgamento têm os dé cits opostos, que muitas vezes os colocam em di culdades extraordinárias. Eles não sabem o que é melhor fazer, então não agem. Ou sabem o que devem fazer, mas não conseguem se obrigar a fazê-lo e, portanto, não o fazem. Ou eles querem fazer algo e sabem que não devem, mas não podem se conter. Freqüentemente, eles nem se preocupam em se perguntar se devem ou não seguir um determinado curso de ação. Freqüentemente são pessoas simpáticas e encantadoras, mas por não terem julgamento, não lidam com rmeza com suas di culdades e fogem delas. Eles tendem a considerar o trabalho uma di culdade. Em introvertidos Como o processo auxiliar é o que os introvertidos usam para lidar com o mundo, é mais provável que eles desenvolvam um auxiliar mais adequado do que os extrovertidos. Se não o zerem, os resultados serão dolorosamente evidentes e vergonhosos; todos os seus contatos com o ambiente serão desajeitados e ine cazes. Se conseguirem apenas um desenvolvimento inadequado, ainda assim estarão em desvantagem ao lidar com o extrovertido médio no mundo da ação — embora tenham uma vantagem compensadora no mundo das idéias. Alguns introvertidos desenvolvem um processo auxiliar sem aprender a extrovertê-lo. Dessa forma, eles conseguem equilíbrio em suas vidas interiores, mas nenhuma extroversão satisfatória. Recompensas do bom desenvolvimento de tipo Quando os fundamentos de um bom desenvolvimento de tipo são alcançados, a vantagem é grande. A observação convenceu os autores de que o desenvolvimento do tipo é uma variável com amplo alcance e profunda in uência em e cácia, sucesso, felicidade e saúde mental. O modo por que o tipo é desenvolvido afeta não apenas o valor do tipo inato, mas também o valor da inteligência inata. Dentro dos limites, o desenvolvimento do tipo pode substituir a inteligência, porque a inteligência mediana, totalmente utilizada por meio do desenvolvimento re nado do tipo, dará resultados muito acima das expectativas. No entanto, um sério dé cit de desenvolvimento do tipo, especialmente um dé cit de julgamento, constitui uma de ciência que nenhuma quantidade de inteligência pode compensar. Na ausência de julgamento, não há garantia de que a inteligência será aplicada nas coisas necessárias nos momentos necessários. Especialmente para os introvertidos, uma modesta melhora no equilíbrio, provocada por levar mais a sério as contribuições do processo auxiliar, pode render grandes dividendos em termos de satisfação. Busca prática do bom desenvolvimento de tipo O desenvolvimento do tipo é auxiliado pela escolha clara entre os opostos e pelo uso intencional das funções escolhidas. O primeiro passo para as pessoas examinarem suas escolhas e o uso das funções escolhidas é ver por si mesmas a diferença entre cada par de opostos e descobrir quais funções e atitudes atendem às suas necessidades e interesses mais profundos e, portanto, são fundamentalmente corretas para eles. O próximo passo é ver a diferença entre o uso adequado e inadequado de cada processo. Um uso apropriado da sensação é para ver e enfrentar os fatos, e a intuição é apropriadamente usada para ver uma possibilidade e fazê-la acontecer. O pensamento é o processo mais adequado para analisar as prováveis consequências de uma ação proposta e decidir razoavelmente, e o sentimento é o melhor para considerar o que mais importa para si e para os outros. Cada processo também pode ser usado de forma inadequada. Exemplos de uso inapropriado incluem ceder à sensação ao fugir de um problema para uma diversão trivial, ceder à intuição ao sonhar com impossibilidades que forneceriam uma solução sem esforço, ceder ao julgamento sentimental ao ensaiar como alguém estava certo e inocente o tempo todo, e ceder ao julgamento pensador ao criticar qualquer um que tenha uma visão oposta no que diz respeito a um problema. Tal comportamento colocaria as quatro funções em ação, mas sem nenhum resultado. Ao praticar o uso de todas as quatro funções, as pessoas freqüentemente descobrem que apenas uma das quatro é fácil de exercitar. Por exemplo, algumas pessoas se sentem confortáveis apenas com a sensação, ou apenas com a intuição, e desconfortáveis com ambos os tipos de julgamento. É mais provável que isso aconteça no caso de um extrovertido perceptivo extremo, e sugeriria muito pouco desenvolvimento de julgamento. O primeiro passo para um desenvolvimento de tipo mais satisfatório para extrovertidos perceptivos extremos é perceber que eles estão acostumados a operar quase exclusivamente na atitude perceptiva, praticamente sem o uso de um processo de julgamento. Por conseguinte, eles são extremamente receptivos às circunstâncias externas, que podem ser uma nova situação, pessoa ou idéia. Assim in uenciados de fora, em vez de governados por um padrão ou propósito de nitivo de dentro, os extrovertidos perceptivos extremos carecem de continuidade e direção. Eles são soprados como um veleiro cujo mestre se esqueceu de controlar a quilha. A quilha é o julgamento, ou seja, um poder de escolha disciplinado de acordo com padrões permanentes. Se o pensamento é o processo de julgamento, os padrões serão princípios impessoais. Se os julgamentos forem baseados no sentimento, os padrões serão valores muito pessoais. De qualquer forma, padrões bem desenvolvidos permitem que seus possuidores ajam de acordo com um padrão consistente com desejos de longo prazo. Portanto, se você é um extremo, precisa reconhecer e estabelecer seus padrões, aplicá-los às suas escolhas antes de agir, e agir nesse sentido. A forma como seus padrões são estabelecidos depende de sua preferência . Se você prefere o pensamento, geralmente conhece a lei de causa e efeito, embora não tenha aplicado esse princípio aos seus próprios assuntos. Com esforço, você provavelmente pode adivinhar por que certas coisas em sua vida não correram tão bem quanto você queria, e provavelmente pode ver o que deveria ter feito diferente. Você pode até prever em um grau útil as consequências de suas ações. Se você prefere o sentimento, precisa fazer um exame consciente de seus valores emocionais. Os padrões de julgamento sentimental são valores pessoais, que são organizados na ordem de sua importância. Ao considerar uma ação, pondere os valores que serão atendidos em relação aos valores que serão prejudicados. Ao seguir o curso que atende aos valores que mais importam para você a longo prazo, você garantirá que a decisão continue a satisfazê-lo. Claro, ninguém pode prescrever a hierarquia de valores de outra pessoa. Ao escolher um trabalho, é mais importante para você conforto ou liberdade? Você prefere ter segurança ou uma possibilidade de desdobramento sem nenhuma garantia anexada? Parece-lhe mais importante que as pessoas sejam bem alimentadas, bem vestidas, bem educadas, curadas, entretidas ou estimuladas? E em qual dessas tarefas você prefere colocar suas energias? Se for uma questão de como você lida com as pessoas, você prefere ser apreciado por seu charme ou ser considerado con ável por sua sinceridade? Se é uma questão de usar os próximos dez minutos, é mais grati cante começar algo novo ou terminar algo antigo? Todo problema levanta suas próprias questões, e as questões mais relevantes para seus problemas podem ser respondidas apenas por você. C XVII: O diferenças básicas de tipo aparecem como diferenças de interesse, A smas a divisão é muito profunda e repousa sobre uma tendência natural de se desenvolver em uma direção especí ca e um desejo natural de objetivos especí cos. O desenvolvimento bem-sucedido na direção natural produz não apenas e cácia, mas também satisfação emocional e estabilidade, ao passo que a frustração do desenvolvimento natural atinge tanto a habilidade quanto a felicidade. Se a direção do desenvolvimento dependesse inteiramente do ambiente, não haveria nada a ser frustrado, mas, de fato, um perigo principal para um bom desenvolvimento de tipo é a pressão oposta do ambiente. Pressões do ambiente Os melhores exemplos de desenvolvimento de tipo resultam quando o ambiente imediato das crianças encoraja suas capacidades inatas. No entanto, quando um ambiente totalmente con itante com suas capacidades força as crianças a depender de funções ou atitudes nãonaturais, o resultado é uma falsi cação de tipo, que rouba suas vítimas de seus verdadeiros eus e as transforma em cópias inferiores e frustradas de outras pessoas. Quanto maiores as possibilidades originais, maior a frustração e a tensão da insatisfação. Jung diz que “como regra, sempre que tal falsi cação tipológica ocorre como resultado de in uência externa, o indivíduo torna-se neurótico mais tarde... muitas vezes provocando um estado agudo de exaustão”.35 Se, de fato, algumas pessoas nascem sem qualquer disposição interna para ser um tipo ou outro, então as circunstâncias externas, pode-se conjecturar, teriam carta branca para determinar quais (se houver) atitudes e funções seriam desenvolvidas. A civilização ocidental inclinou os homens para o pensamento, as mulheres para o sentimento e ambos os sexos para a extroversão e a atitude de julgamento. A pressão da própria circunstância externa parece ser em direção à sensação. Assim, qualquer um que viesse ao mundo como uma lousa limpa sem demora provavelmente seria marcado como ou pelo lápis de ardósia coletivo, o que pode explicar por que existem tantos s e s na população em geral.36 Contra essa visão, a teoria dos tipos argumentaria que a prontidão para aceitar e impor a conformidade é parte essencial da disposição interna dos s e s. Assim, a prevalência desses tipos pode ser uma causa, não um resultado, de algumas das pressões sociais mais materialistas de nossos tempos. Falta de fé no próprio tipo Os tipos menos freqüentes consideram sua raridade um obstáculo ao seu desenvolvimento. Na população em geral, pode haver três extrovertidos para cada introvertido e três tipos sensitivos para cada intuitivo. Embora a porcentagem de introvertidos e intuitivos seja muito maior em grupos com formação universitária, fora desses grupos, o introvertido com intuição é cerca de um em dezesseis durante os anos formativos do ensino fundamental e médio (ver Capítulo , Figuras 4 e 6). A menos que os introvertidos com intuição sejam fortemente céticos em relação à suposição em massa de que uma diferença é uma inferioridade, sua fé em seu tipo diminuirá. Eles não con arão nem exercerão suas preferências, que, portanto, não serão desenvolvidas o su ciente para serem bené cas. Essas pessoas são, portanto, enganadas nos empreendimentos bem-sucedidos que lhes dariam fé em seu tipo. Os introvertidos com sensação, embora em menor número, estão sujeitos à mesma di culdade. Falta de aceitação em casa Se os pais entenderem e aceitarem o tipo de seus lhos, os lhos terão um ponto de apoio e um lugar para serem eles mesmos. Mas se os lhos suspeitarem que seus pais querem que eles sejam diferentes — que sejam contra seu próprio tipo —, eles perdem a esperança. Quando os pais têm um pouco de conhecimento explícito do tipo, eles podem dar aos lhos introvertidos um novo sopro de vida. As crianças não acharão uma tarefa assustadora aprender a ser extrovertido quando necessário, se souberem que estão sempre livres para serem introvertidas. Embora as crianças sejam muito mais vulneráveis, mesmo os adultos podem ter sua fé em seu próprio tipo abalada pela pessoa amada que não os compreende ou aceita. Falta de oportunidade Um obstáculo mais óbvio ao desenvolvimento é a simples falta de oportunidade de exercer as funções ou atitudes mais favoráveis. Sem saber, os pais freqüentemente recusam aos lhos as condições necessárias para um bom desenvolvimento do tipo: os jovens introvertidos que não têm paz ou privacidade, os extrovertidos desligados das pessoas e da atividade, os intuitivos amarrados a questões rotineiras factuais, as crianças sensitivas das quais se exige que aprendam tudo por meio de palavras sem nada para ver ou manusear, os jovens pensadores que nunca recebem uma razão ou oportunidade para discussão, os tipos sentimentais em uma família onde ninguém se importa com a harmonia, os tipos julgadores para quem todas as decisões são proferidas por um pai excessivamente decisivo, e os jovens perceptivos que nunca têm permissão para correr e descobrir. Falta de incentivo A falta de incentivo muitas vezes restringe o desenvolvimento do tipo. O crescimento é um processo de expansão, e as crianças não expandem sua percepção ou seu julgamento até que tentem fazer algo bem. No momento em que as crianças começam a levar a sério a qualidade de seu desempenho, elas tentam ver a situação ou o problema o mais completamente possível. Ao fazer isso, as crianças ampliam seu melhor processo perceptivo. Se esse processo for a sensação, elas se concentram nos fatos e, se for intuição, elas se concentram em sondar as possibilidades; de qualquer maneira, elas desenvolvem sua percepção. Então, tendo visto o máximo possível, elas tentam escolher a maneira mais sensata de agir, e esse esforço aperfeiçoa seu melhor processo julgador. Se esse processo é o pensamento, elas trabalham para prever os resultados lógicos de tudo o que podem fazer. Se for o sentimento, elas pesam os valores pessoais envolvidos — os seus próprios e os de outras pessoas. Em ambos os casos, elas desenvolvem seu julgamento. Nada disso acontece, porém, a menos que as crianças tenham boas razões para querer fazer algo bem-feito, o que leva ao problema básico da motivação. C XVIII: M diferença, facilmente observável, entre as pessoas H áqueumasãoimensa felizes e e cientes e as que não são nenhuma das duas coisas. Grande parte dessa diferença pode ser atribuída à qualidade de seu julgamento. Se o bom julgamento é a capacidade de escolher a melhor alternativa e agir de acordo com ela, então o julgamento de pessoas felizes e e cazes deve, em geral, ser razoavelmente bom e o julgamento de pessoas ine cazes deve ser bastante ruim. O bom julgamento é alcançado por um esforço ao longo da vida para encontrar e fazer a coisa certa em qualquer situação que surja. Assim, o fato de as crianças desenvolverem ou não o julgamento depende do que elas fazem com seus problemas e insatisfações. Para as crianças que se eximem de toda responsabilidade e não fazem nenhum esforço, o desenvolvimento do tipo ca parado; mas para crianças que lidam com problemas, o desenvolvimento do tipo progride. As crianças que tentam superá-los tornam-se cada vez mais capazes de enfrentar e resolver problemas e são conduzidas por essa habilidade à maturidade competente. As crianças que rejeitam o desa o de mudar estados insatisfatórios se encontrarão em situações cada vez piores à medida que a vida se tornar mais complicada; as demandas e responsabilidades aumentam, mas sua capacidade de lidar com problemas não. Ao contrário da espiral ascendente para a maturidade, que requer um esforço direcionado para além do impulso do momento, é fácil entrar na espiral descendente, porque envolve fazer apenas o que agrada ao indivíduo. Pessoas subdesenvolvidas preferem fazer o que bem entendem em vez de fazer tal esforço, e todas as crianças são subdesenvolvidas no início. Para que as crianças comecem a espiral ascendente, elas devem ser motivadas a se esforçar. O que as crianças precisam é da convicção de que a satisfação pode e deve ser conquistada. Os pais que valorizam essa convicção podem transmiti-la aos lhos, mas devem começar cedo e lembrar tanto o “pode” quanto o “deve”. Crianças mimadas não aprendem o deve. Elas conseguem o que querem, independentemente do que merecem. Se os pais cedem aos acessos de raiva, os lhos conseguem o que querem por não merecerem. Elas não têm nenhuma experiência direta de causa e efeito no mundo adulto, nem qualquer prática em julgar o valor de sua conduta como o mundo a julgará. Elas nem são avisadas de que o mundo as julgará. Portanto, crianças mimadas são condicionadas a culpar uma causa externa por todos os seus problemas. Se elas não são apreciadas ou não se con a nelas, ou se tiram notas baixas, não lhes ocorre trabalhar para serem mais agradáveis, con áveis ou estudiosas. Nada do que acontece de ruim com elas é culpa delas. Não vendo razão para se esforçar a m de se desenvolver, elas não se esforçam e não se desenvolvem. No outro extremo estão as crianças que são pouco toleradas, pouco amadas, reprimidas e desencorajadas; elas podem não aprender que a satisfação pode ser conquistada. Se nada do que fazem é certo, obtém êxitos ou aplausos, elas podem se esquivar de fazer o que quer que vá além do mínimo possível. Porque tanto as crianças mimadas quanto as crianças desanimadas não têm o incentivo necessário para o desenvolvimento, sua percepção e principalmente seu julgamento permanecem infantis. Anos depois, chega a maturidade física sem maturidade psicológica. O que parecia ser apenas a recusa de uma criança em tentar atender às exigências relativamente simples do lar e da escola pode se tornar uma incapacidade devastadoramente completa de atender às demandas e responsabilidades da vida adulta. É essencial para uma infância feliz, portanto, uma relação justa e facilmente compreendida entre a conduta das crianças e o que acontece com elas. Quando os jovens seguem regras simples (com uma tolerância grande e misericordiosa para com acidentes, malentendidos e uma quantidade razoável de esquecimento), as consequências devem ser a aprovação, a con ança e a atitude perceptiva dos adultos. Como um bônus merecido, as crianças devem ter a maior medida possível de liberdade para tomar suas próprias decisões. Quando as crianças conscientemente fazem a coisa errada, as consequências devem ser consistentemente desagradáveis. Sob tais condições, elas aprendem a obedecer à palavra falada e à regra conhecida com o mesmo espírito que obedecem à lei da gravidade, sob uma penalidade igualmente branda, mas inevitável, e na mesma idade, quinze meses ou menos. Reconhecendo como um fato da vida que é mais lucrativo encontrar e fazer a coisa certa do que a errada, as crianças são incentivadas a discriminar entre a coisa certa e a errada em sua própria conduta e a fazer a coisa certa, mesmo que seja menos agradável, menos atraente ou menos interessante no momento. Este é o começo do julgamento. Uma vez que as crianças iniciam a espiral ascendente de desenvolvimento e crescimento, os efeitos são cumulativos. Quando se comportam melhor, as crianças são cada vez mais aceitas por outras pessoas, especialmente por suas próprias famílias, e podem receber muito mais privilégios e oportunidades de desenvolvimento. Em geral, tudo o que zerem prosperará. Quando não prospera, elas estudam o que zeram de errado, porque a experiência ensinou que fazer algo certo trará sucesso. Se depois de um exame honesto elas não conseguem encontrar nada, elas são capazes de parar de se preocupar porque sabem por experiência que tudo o que precisam fazer é o seu melhor. Uma satisfação que os jovens podem obter é uma emancipação mais rápida e fácil da autoridade dos pais. Se os lhos assumem continuamente responsabilidades, seus pais não têm medo de lhes dar mais. Essas crianças estão prontas para crescer. Os jovens na espiral descendente, no entanto, não assumem nenhuma responsabilidade, e a perspectiva de ter que crescer é, pelo menos inconscientemente, aterrorizante. Muitas neuroses adultas podem dever-se mais a uma infância mimada do que a traumas. Um sentimento de culpa ou incompetência é uma consequência lógica do fracasso em se desenvolver. Em pessoas subdesenvolvidas que poderiam e deveriam ter se desenvolvido, a falta de desenvolvimento não pode ser explicada como algo devido a uma experiência passada que “não é culpa delas”. Essas pessoas precisam fazer o processo de desenvolvimento en m funcionar por conta própria. A culpa pode ser uma parte útil desse mecanismo de poder se o sentimento os convencer de que deveriam estar fazendo algo melhor. Ele as obriga a fazer um esforço para descobrir o que devem fazer e as ajuda a fazê-lo. Infelizmente, a resistência interna contra fazer esse esforço parece ser proporcional à quantidade de esforço necessária. Tipos bem desenvolvidos acham relativamente fácil atender ao sinal de alerta de culpa ou apreensão e alterar seu comportamento porque sua percepção e julgamento são treinados para esse propósito. As pessoas com um grave dé cit de tipo, especialmente um dé cit de julgamento, parecem construir uma imensa resistência não apenas contra fazer o esforço, mas até mesmo contra admitir que o esforço deve ser feito. Frases populares de autodefesa incluem o seguinte: “Não adianta tentar, porque não posso fazer a coisa necessária”, que vai desde meros sentimentos de inferioridade até sintomas físicos incapacitantes, como cegueira histérica e paralisia reais. “Não vale a pena fazer a coisa necessária”. Nessa situação, a educação pode ser rotulada como besteira, as boas maneiras criticadas como afetação e qualquer trabalhador desprezado como otário. “Fiz o que era necessário, mas fui enganado quanto ao que mereço”. Aqui, a pessoa defensiva pode alegar que o professor é parcial, as crianças correm em panelinhas, o técnico não dá chance a ninguém, o chefe escolhe os favoritos, ou o sistema é injusto. As defesas podem bloquear o tratamento e caz de um problema porque impedem o primeiro passo necessário, reconhecer que provavelmente se está fazendo algo de errado. Se as defesas se tornaram habituais, a pessoa desistiu de tentar e está comprometida com a espiral descendente. No entanto, as crianças podem ser convencidas desde o início de que a satisfação pode e deve ser conquistada. Tanto o lar como a escola devem proporcionar-lhes a experiência de fazer bem certas coisas, para que, assim, obtenham a satisfação que desejam. Como os vários tipos têm dons e necessidades diferentes, as coisas especí cas que fazem bem e as satisfações que desejam não podem ser as mesmas para todas as crianças. As escolas que aboliram os boletins para evitar ferir os sentimentos dos alunos com notas baixas estão no caminho errado. Para promover o desenvolvimento, as escolas não devem desconsiderar a excelência, mas sim diversi car seu reconhecimento, premiando também as excelências não-acadêmicas, preferencialmente aquelas que não dependem da intuição. A mãe de uma criança de seis anos chegou a uma conclusão semelhante e agiu com um toque genial. Ela viu de forma realista que, para que seu lho se sobressaísse em relação aos demais, ele precisaria ter seu desenvolvimento começado do zero. Ela escolheu a persistência. O lho não tinha interesse em persistir, mas gostava muito de marshmallow. Para um “dia de nalizações boas”, sua recompensa era de dois marshmallows; para um “dia de nalizações muito boas”, ele ganhava três; e para conquistas especiais, quatro. A princípio, é claro, sua mãe tinha que ser o seu julgamento, mas o incentivo foi su ciente para focar sua atenção na diferença entre uma boa nalização e uma nalização ruim. Por m, seu próprio julgamento assumiu as rédeas da situação; tornou-se parte de tudo o que ele fazia e lhe rendeu uma distinta reputação de con abilidade. O desenvolvimento do tipo é promovido pela excelência em quase tudo que as crianças podem, com esforço, fazer bem. Como Jung disse uma vez, se elas plantaram um repolho corretamente, de algum modo salvaram o mundo. A excelência não precisa ser competitiva, exceto quando as crianças tentam superar seu próprio desempenho passado, e a virtude não precisa ser sua própria recompensa. A satisfação conquistada pelo esforço pode ser qualquer coisa que forneça o incentivo mais forte para a criança, como, por exemplo, prazeres ou posses adicionais para uma criança sensitiva, liberdades especiais ou oportunidades para um intuitivo, nova dignidade ou autoridade para um pensador e mais elogios ou companheirismo para um tipo sentimental. Cada vez que as crianças obtêm satisfação, elas avançam na espiral ascendente do desenvolvimento. O esforço envolvido em fazer bem alguma coisa exercita a percepção e o julgamento, e deixa as crianças melhor equipadas para o próximo problema; cada satisfação conquistada fortalece sua fé de que o esforço vale a pena. À medida que as crianças crescem no mundo adulto não-indulgente, onde tudo o que realmente satisfaz deve ser conquistado, elas estão preparadas para merecer suas próprias satisfações. C XIX: S este último capítulo muito depois de o restante deste livro ter E screvi sido escrito e deixado de lado. Esse intervalo me mostrou, cada vez mais vividamente, a importância da contribuição que a compreensão do tipo pode trazer para a vida das pessoas. Quer as pessoas ouçam pela primeira vez sobre os dois tipos de percepção e os dois tipos de julgamento quando crianças, alunos do ensino médio, ou já sendo pais ou avós, um desenvolvimento mais acentuado de seu próprio tipo pode ser uma aventura grati cante para o resto de suas vidas. Dez anos atrás, eu estava menos con ante. Se este livro tivesse sido publicado naquela época, teria terminado com o capítulo anterior e poderia ter dado a impressão de que o desenvolvimento do tipo segue um cronograma e deve ser alcançado em uma determinada idade ou não. Não creio agora que isso seja verdade. O desenvolvimento de um bom tipo pode ser alcançado em qualquer idade por qualquer pessoa que se preocupe em entender seus próprios dons e o uso apropriado desses dons. Qualquer que seja o estágio que as pessoas tenham alcançado, uma compreensão clara dos fundamentos do desenvolvimento de tipos as ajudará a prosseguir a partir daí. Como foi dito ao longo deste livro, quase tudo que as pessoas fazem com suas mentes é um ato de percepção ou um ato de julgamento. Ter sucesso em qualquer coisa requer percepção e julgamento, nessa ordem. Antes que as pessoas possam decidir corretamente como lidar com uma situação, elas devem descobrir qual é o problema e quais são as alternativas. Descobrir é um exercício de percepção e decidir é um exercício de julgamento. Para ter certeza de usar a percepção antes do julgamento, as pessoas devem entender a diferença entre os dois e ser capazes de dizer qual deles estão usando em um determinado momento. A última habilidade pode ser adquirida pela prática em pequenas questões. Por exemplo, quando as pessoas acordam à noite com o barulho da chuva e pensam: “Ora, está chovendo muito”, isso é percepção. Se elas pensarem: “É melhor veri car se está chovendo!”, isso é julgamento. Dos dois diferentes tipos de percepção, a sensação é a percepção direta das realidades por meio de visão, audição, tato, paladar e olfato. A sensação é necessária para perscrutar ou mesmo observar, ainda que casualmente, fatos concretos; é igualmente essencial aproveitar o momento do nascer do sol, o barulho do surf na praia, a alegria da velocidade e o bom funcionamento do corpo. A intuição é a percepção indireta de coisas além do alcance dos sentidos, como signi cados, relacionamentos e possibilidades. Ela traduz palavras em signi cado e signi cado em palavras sempre que as pessoas lêem, escrevem, falam ou ouvem; as pessoas usam a intuição quando convidam o desconhecido para suas mentes conscientes ou esperam ansiosamente por uma possibilidade, uma solução ou inspiração. A intuição funciona melhor para ver como as situações podem ser resolvidas. Um pensamento que começa com “Eu me pergunto se” é, provavelmente, intuição. A declaração “Entendo!” é um lampejo de intuição, e o pensamento “Aha!” indica que a intuição trouxe à mente algo esclarecedor e delicioso. Se as pessoas preferem a sensação, elas a usam mais e se tornam especialistas em perceber e lembrar de todos os fatos observáveis. Por causa de seu crescente fundo de experiência e conhecimento da realidade, os tipos sensitivos tendem a se tornar realistas, práticos, observadores, divertidos e bons em trabalhar com um grande número de fatos. As pessoas que preferem a intuição tendem a se tornar hábeis em ver possibilidades. Elas aprendem que uma possibilidade surgirá se a buscarem com con ança. Valorizando a imaginação e as inspirações, os tipos intuitivos tornam-se bons em novas idéias, projetos e solução de problemas. Um tipo de julgamento, o pensamento, é lógico e intencionalmente impessoal; não inclui toda atividade mental engenhosa, muito da qual, de fato, é produto da intuição. O pensamento analisa em termos de causa e efeito e distingue entre o verdadeiro e o falso. O outro tipo de julgamento, o sentimento, é intencionalmente pessoal e baseado em valores pessoais. Ele distingue entre valorizado e não-valorizado e entre mais valorizado e menos valorizado, e resguarda tudo o que o tipo sentimental mais valoriza. Embora o julgamento sentimental seja pessoal, não é necessariamente egocêntrico e, na melhor das hipóteses, leva em consideração os sentimentos dos outros, tanto quanto eles são conhecidos ou podem ser inferidos. O sentimento não deve ser confundido com emoções; na verdade, Jung o chama de função racional. Tipos pensadores tornam-se mais habilidosos em lidar com aquilo que se comporta logicamente (como máquinas) sem reações humanas imprevisíveis. Os próprios pensadores tendem a se tornar lógicos, objetivos e consistentes; tendem a tomar decisões analisando e ponderando os fatos, inclusive os desagradáveis. Os tipos sentimentais, que desenvolvem habilidade para lidar com as pessoas, tendem a ser simpáticos, apreciativos e diplomáticos; ao tomar decisões, eles tendem a dar grande peso aos valores pessoais relevantes, incluindo os de outras pessoas. As quatro funções — sensação, intuição, pensamento e sentimento — são dons com os quais todas as pessoas nascem. As funções estão à disposição de todos, para serem desenvolvidas e usadas para lidar com o presente e moldar o futuro. O caminho individual para a excelência Cabe a cada pessoa reconhecer suas verdadeiras preferências — entre sensação e intuição, entre pensamento e sentimento, e assim por diante. De acordo com a teoria dos tipos, as preferências são inatas, mas, assim como os pais freqüentemente tentam transformar uma criança canhota em destra, eles podem tentar transformar uma criança sensitiva em intuitiva, ou uma criança pensadora em sentimental, para se conformar à sua preferência inata. A menos que fortemente resistida, tal pressão pode ser um sério obstáculo ao desenvolvimento dos dons legítimos de uma pessoa. Os tipos de percepção e de julgamento que as pessoas naturalmente preferem determinam a direção na qual elas podem se desenvolver de forma mais completa e e caz e com maior satisfação pessoal. Quando as pessoas usam suas duas funções preferidas em um esforço proposital para fazer algo bemfeito, sua habilidade com essas funções aumenta. As pessoas podem ser tentadas a fazer tudo apenas com essas duas, independentemente de sua adequação ao propósito. O reconhecimento de que um processo é mais apropriado do que outro em uma determinada situação é um marco importante no desenvolvimento do tipo. Sem esse reconhecimento, as pessoas não têm razão consciente para se importar, ou mesmo perceber, qual processo estão usando. Quando as pessoas percebem que a sensação funciona melhor do que a intuição para coletar fatos, mas a intuição é melhor para ver possibilidades, ou que o pensamento é mais adequado para organizar o trabalho, mas o sentimento é melhor nas relações humanas, elas têm a chave para um uso mais e caz de todos os seus dons, cada um em seu próprio campo. O desenvolvimento completo do tipo envolve tornar-se habilidoso com o processo dominante, que na verdade comanda as outras três funções e estabelece os principais objetivos da vida. O desenvolvimento do tipo também depende do uso habilidoso do processo auxiliar, que é vital para o equilíbrio, pois fornece julgamento se o dominante for perceptivo, ou percepção se o dominante for julgador. Finalmente, o completo desenvolvimento de tipos requer aprender a usar apropriadamente as duas funções menos favorecidas e menos desenvolvidas. As funções menos desenvolvidas são sempre um problema. Ao manejá-las, é útil pensar em sensação, intuição, pensamento e sentimento como quatro pessoas vivendo sob o mesmo teto. O processo dominante é o chefe da família e o auxiliar é o segundo no comando. Esses dois complementam um ao outro e nenhum invade o domínio do outro; mas na maioria das situações, as duas funções menos desenvolvidas têm uma visão diferente, baseada no tipo oposto de percepção, e um plano de ação diferente, vindo do tipo oposto de julgamento. Lidar com os dissidentes negando-lhes qualquer voz não elimina o problema, mas apenas aprisiona as funções da mente, como escravas em uma masmorra; se forem reprimidas a esse ponto, cedo ou tarde irromperão e voltarão à consciência em violenta revolta. Por terem sido necessariamente negligenciadas enquanto as funções preferidas eram desenvolvidas, elas são imaturas e não se pode esperar que ofereçam uma sabedoria profunda. Uma pessoa pode, no entanto, aceitá-las proveitosamente como membros mais jovens da família, que têm o direito de falar nos conselhos de família antes que as decisões sejam tomadas. Se receberem designações que usem seus respectivos dons e se sua ajuda for apreciada e suas contribuições forem seriamente consideradas, eles, como crianças, carão cada vez mais sábios e a qualidade de suas contribuições melhorará continuamente. Uso da percepção A precisão de uma decisão — um julgamento — não pode ser melhor do que a precisão da informação em que ela se baseia. Há um tempo para perceber e um tempo para julgar, e eles ocorrem nessa ordem. Na verdade, as decisões mais sensatas são baseadas tanto na sensação quanto na intuição. Cada tipo de percepção tem seus usos apropriados e indispensáveis. A maior utilidade da sensação em questões práticas reside em sua consciência da situação real existente e em sua compreensão dos fatos relevantes. O respeito pelos fatos é o aspecto da sensação mais importante para ser cultivado pelos intuitivos e pelos tipos sensitivos. Embora tendam naturalmente a se interessar mais pelas possibilidades do que pelas realidades, os intuitivos podem cometer um erro grave ao levar sua tendência ao ponto de negligenciar os fatos e as limitações que eles impõem. A falha em aceitar e lidar com as realidades de uma situação pode tornar as possibilidades intuitivas impossíveis. Qualquer uma das funções perceptivas pode ser autodestrutiva se se tornar absoluta, cortando toda a ajuda de que precisa do seu oposto. Os intuitivos podem impedir a ajuda da sensação assumindo que não há fatos a serem conhecidos sobre o ponto em questão, ou que já conhecem todos os fatos, ou que os fatos que não conhecem não são importantes. Da mesma forma, se os tipos sensitivos assumem que o que já viram é tudo o que há para ver, eles fecham completamente sua intuição de forma que ela não pode contribuir com seus pensamentos conscientes. As pessoas que habitualmente fazem essa suposição não gostam do súbito e inesperado porque sua segurança reside em saber por experiência o que fazer. Quando algo fora de sua experiência ameaça acontecer, elas podem apenas desistir e deixar acontecer ou então lutar cegamente. Nenhuma das formas de enfrentar a ameaça é produtiva e ambas são estressantes. É muito melhor convidar a intuição para ajudar a resolver o problema. Uso do julgamento Uma habilidade essencial a adquirir é a capacidade de direcionar o julgamento onde for necessário. Algumas pessoas não gostam da própria idéia de “julgar”, porque acham que isso é autoritário, restritivo e arbitrário. Este conceito de julgamento — uma coisa que as pessoas usam umas sobre as outras — perde o cerne da questão. O julgamento deve ser usado sobre as próprias preocupações, para uma melhor gestão de seus dons, responsabilidades e vida. Alguns usos do julgamento envolvem apenas o indivíduo, como a formação de padrões pessoais de conduta ou a escolha de objetivos. Este último abrange uma ampla gama, porque as grandes satisfações variam muito de tipo para tipo. Um escreveu certa vez: “Para o meu tipo, a busca pela verdade é a coisa mais importante. Até me surpreendi com quão disposto estou a sacri car o conforto e a felicidade pessoal para chegar ao entendimento”. Para os s, a maior satisfação pode ser a con ança e o respeito de sua comunidade por seus longos registros de serviço público e integridade infalíveis. Para s, atentos às possibilidades para as pessoas, a maior satisfação pode estar em comunicar um entendimento que possa ajudá-las. Para os tipos , provavelmente a maior satisfação está no companheirismo e nas relações pessoais. A maioria das decisões, no entanto, envolve uma situação presente que requer lógica (pensamento) ou tato (sentimento). As pessoas naturalmente tendem a basear as decisões no tipo de julgamento preferido, sem considerar sua adequação. Isto é um erro. Se os méritos de cada tipo de julgamento forem compreendidos, os pensadores podem usar o sentimento para obter cooperação, e os tipos sentimentais podem usar o pensamento para examinar cuidadosamente as consequências. Se o pensamento for o mais con ável, ele resistirá a ser desligado, mesmo temporariamente, para dar prioridade ao sentimento. A resistência pode ser superada se car claro que o sentimento está contribuindo apenas a serviço do pensamento. A lógica do pensador é baseada em fatos, e os sentimentos são fatos. Como os sentimentos de outras pessoas causam complicações inesperadas, os pensadores precisam contar seus próprios sentimentos entre as causas importantes e os sentimentos de outras pessoas entre os efeitos importantes. Sempre que outras pessoas estiverem envolvidas, a lógica de um pensador será mais precisa e bem-sucedida se receber ajuda do sentimento. Da mesma forma, se o sentimento é o tipo de julgamento mais con ável, ele resistirá a desa os aos seus valores vindos do pensamento, mas um desligamento temporário pode ser tolerado com base no entendimento de que o pensamento está sendo consultado apenas a serviço do sentimento. Valores sentimentais acalentados podem ser melhor atendidos se for dada ao pensamento uma chance de antecipar possíveis consequências infelizes de um ato pretendido. Solucionando problemas em um grupo Em uma atividade grupal que inclui vários tipos, é fácil ver qual a contribuição de cada processo para o empreendimento conjunto. Por exemplo, os tipos sensitivos provavelmente têm informações precisas sobre a situação e se lembram de fatos que outros podem ter esquecido ou negligenciado, enquanto os intuitivos têm várias maneiras de contornar quaisquer di culdades e freqüentemente propõem novos procedimentos. Tipos pensadores tendem a ser céticos por princípio e rápidos em desa ar suposições infundadas, prever o que pode dar errado, apontar falhas e inconsistências no plano e trazer as pessoas de volta ao ponto em que se desviaram. Os tipos sentimentais preocupam-se com a harmonia; quando surgem diferenças agudas de opinião, eles buscam um compromisso que preserve para cada tipo (incluindo o seu próprio) as características de maior valor para aquele tipo. Se o grupo for composto por tipos muito diferentes, será mais difícil chegar a um acordo do que se o grupo fosse homogêneo, mas a decisão terá uma base muito mais ampla e cuidadosamente considerada e, portanto, correrá menos risco de dar errado por algum motivo imprevisto. Usando problemas para desenvolver habilidades A habilidade de usar percepção e julgamento apropriadamente é uma habilidade que pode ser adquirida pela prática, e a vida fornece muito para praticar. Diante de um problema a resolver, de uma decisão a tomar ou de uma situação a enfrentar, procure exercer uma função de cada vez, de forma consciente e proposital, cada uma em seu campo, sem interferência de outras funções, e na seguinte ordem: • Sensação para enfrentar os fatos, ser realista, descobrir exatamente qual é a situação e o que está sendo feito a respeito. A sensação pode ajudá-lo a evitar desejos ou sentimentos que obscureçam as realidades. Para ativar seu processo de detecção, considere como a situação pareceria para um observador sábio e imparcial. • Intuição para descobrir todas as possibilidades — todas as maneiras pelas quais você pode mudar a situação, sua abordagem ou as atitudes de outras pessoas. Tente deixar de lado a suposição natural de que você está fazendo o que é obviamente certo. • Pensamento para analisar de forma impessoal causa e efeito, incluindo todas as conseqüências das soluções alternativas, agradáveis e desagradáveis, as que pesam a favor e as que pesam contra a sua solução preferida. Considere os custos totais envolvidos e examine as dúvidas que você pode ter reprimido por causa da lealdade a alguém, por gostar de algo ou por relutância em mudar sua posição. • Sentimento para pesar o quanto você se preocupa com as coisas que serão ganhas ou perdidas por cada uma das alternativas. Ao fazer uma nova avaliação, tente não deixar que o temporário supere o permanente, por mais agradável ou desagradável que seja a perspectiva imediata. Considere também os sentimentos de outras pessoas, razoáveis e irracionais, sobre os vários resultados, e inclua seus sentimentos e os deles entre os fatos a serem considerados ao decidir qual solução funcionará melhor. A decisão nal terá fundamento mais sólido do que o habitual, por causa de sua consideração de fatos, possibilidades, conseqüências e valores humanos. Algumas etapas deste exercício são mais fáceis do que outras. Aquelas que usam suas melhores funções são divertidas. As outras podem ser difíceis no início, porque exigem pontos fortes de tipos muito diferentes do seu, e esses são pontos fortes nos quais você tem relativamente pouca prática. Quando o problema é importante, você pode querer consultar alguém para quem esses pontos fortes vêm naturalmente, porque ele ou ela pode ter uma visão totalmente diferente da situação e pode ajudá-lo a entender e usar o seu lado oposto negligenciado. Aprender a usar suas funções menos apreciadas quando elas são necessárias vale todo o esforço necessário. Elas não apenas contribuem para uma melhor solução do problema atual, mas também preparam você para lidar com problemas subseqüentes com mais habilidade. Usando tipo na escolha de carreira Saber que tipos de percepção e julgamento as pessoas preferem pode ajudá-las a escolher uma carreira. Claro, as pessoas querem um trabalho interessante e agradável, então elas querem uma carreira que exija seus melhores tipos de percepção e julgamento, mas pouco uso das funções opostas. Uma boa maneira de começar a busca por uma carreira é olhar para as ocupações que mais atraem as pessoas cuja percepção e julgamento mais apreciados são os mesmos que os seus (ver o Capítulo ). Não descarte outros campos; se você se sentir atraído por um campo impopular para o seu tipo, poderá se mostrar valioso como fornecedor de habilidades complementares e defensor das mudanças que precisam ser feitas. Tenha em mente, no entanto, que se a maioria das pessoas nessa ocupação for oposta a você tanto no processo de percepção quanto no de julgamento, é improvável que elas lhe dêem muito apoio; você precisará entender seus tipos e se comunicar cuidadosamente quando precisar de sua cooperação. Mundos exteriores e interiores Tendo encontrado um campo de interesse onde você pode usar suas melhores habilidades, considere se prefere trabalhar no mundo exterior de pessoas e coisas ou no mundo interior de conceitos e idéias. Embora você viva em ambos os mundos, certamente você se sentirá mais em casa em um dos mundos e, lá, poderá fazer o seu melhor trabalho. Se você é extrovertido, descubra se o trabalho que está considerando tem ação ou interação su ciente com as pessoas para mantê-lo interessado. Se você é introvertido, considere se o trabalho lhe dará chance su ciente de se concentrar no que está fazendo. Funções de julgamento e percepção no mundo exterior Sua preferência entre julgamento e percepção determina a última letra do seu tipo. As pessoas con am principalmente no julgamento para lidar com pessoas e situações. Querendo regular e controlar a vida, elas vivem de forma planejada e ordenada. Pessoas , tendendo a con ar em um processo perceptivo, vivem de forma exível e espontânea, e querem entender a vida e se adaptar a ela. Se você é do tipo julgador, descubra se o trabalho que está considerando é razoavelmente previsível e organizado ou se precisa ser levado no improviso de tempos em tempos. Se você for do tipo perceptivo, descubra aproximadamente quantas decisões se espera que você tome em um dia. Usando tipo em relações humanas Duas pessoas que preferem os mesmos tipos de percepção e julgamento têm mais chances de se entenderem e se sentirem compreendidas. Eles olham para as coisas da mesma maneira e chegam a conclusões semelhantes. Eles acham as mesmas coisas interessantes e consideram as mesmas coisas importantes. Duas pessoas, iguais em seu tipo de percepção ou em seu tipo de julgamento, mas não em ambos, têm os ingredientes para um bom relacionamento de trabalho. Sua preferência compartilhada dá a elas um terreno comum e sua preferência diferente dá a elas, como equipe, uma gama mais ampla de conhecimentos do que qualquer uma delas sozinha. Quando os colegas de trabalho divergem tanto na percepção quanto no julgamento, eles têm um problema. Trabalhar juntos ensinará a eles algo valioso se eles se respeitarem, mas pode ser desastroso se não o zerem. Como equipe, eles têm à sua disposição habilidades em ambos os tipos de percepção e em ambos os tipos de julgamento. Eles precisam se entender bem o su ciente para ver o mérito das habilidades do outro e usá-los. Se marido e mulher diferem dessa maneira, eles podem ter um casamento excelente, mas apenas se cada um apreciar e se deleitar com os pontos fortes do outro. Como o casamento é provavelmente o mais humano de todos os relacionamentos humanos, ele tem todo um capítulo próprio (veja o Capítulo ). Qualquer relacionamento sofrerá se a oposição em uma preferência for tratada como uma inferioridade. A relação pais- lhos sofre severamente se os pais tentarem transformar seus lhos em cópias de si mesmos. As crianças têm di culdade em lidar com o desejo dos pais de serem algo que de nitivamente não são. Crianças que são tipos sentimentais podem tentar falsi car seu tipo e jovens pensadores podem resistir com hostilidade, mas nenhuma reação pode reparar o dano à sua fé em si mesmos. Depois de fazer o Indicador de Tipo, muitos adultos com infâncias assim acabaram dizendo: “Que alívio saber que está tudo bem em ser o tipo de pessoa que sou!”. Usando o tipo na comunicação Pessoas com preferências opostas crescem lado a lado praticamente sem nenhuma idéia de como se comunicar efetivamente umas com as outras. Os pensadores se comunicam de maneira pensante e os tipos sentimentais de maneira sentimental; isso funciona quando eles se comunicam com seu próprio tipo. No entanto, quando precisam de acordo ou cooperação de seus opostos, não funciona bem. Os pensadores são, por natureza, impessoais e críticos a tudo o que consideram errado. Eles chegam pela lógica a opiniões de nidas sobre o que deve ser feito de maneira diferente e não prestam muita atenção aos sentimentos, próprios ou de outras pessoas. Quando discordam dos tipos sentimentais, os pensadores podem expressar sua discordância de forma tão contundente e direta que os tipos sentimentais se sentem atacados; isso torna impossível o acordo ou a cooperação. A comunicação com os tipos sentimentais deve fazer uso de seus sentimentos. Eles valorizam a harmonia e, se tiverem uma chance, preferem concordar a discordar. Quando os pensadores precisam criticar uma proposta ou discordar do que foi feito, devem começar mencionando os pontos em que concordam. Quando assegurados de que os pensadores estão no mesmo campo que eles, os tipos sentimentais estão prontos para fazer concessões para preservar a harmonia e permanecer no mesmo campo. Então, os pontos de desacordo podem ser discutidos, em vez de disputados, e a lógica dos pensadores e a compreensão dos tipos sentimentais sobre as pessoas podem ser usadas para lidar com o problema. A comunicação com um pensador deve ser tão lógica e ordenada quanto possível para o tipo sentimental. Os tipos sentimentais devem ter cuidado para não ignorar fatos e razões que os pensadores já deram. Embora os tipos sentimentais falem a partir de uma forte crença no valor do que defendem, eles devem respeitar a estimativa dos pensadores sobre os custos das conseqüências. Se você é do tipo sentimental, lembre-se de que os pensadores dependem da razão entre causa e efeito, mas geralmente não sabem como as outras pessoas se sentem a respeito das coisas até que elas lhes digam. Portanto, deixe-os saber, breve e alegremente, como você se sente sobre as coisas, para que possam incluir seus sentimentos entre as causas das quais podem esperar efeitos. A comunicação entre os tipos sensitivos e intuitivos geralmente é interrompida antes de começar. Se você é intuitivo, precisa observar as seguintes regras: primeiro, diga explicitamente, no início, sobre o que você está falando. (Caso contrário, você está exigindo que seus ouvintes sensitivos mantenham o que você diz em mente até que possam descobrir a que você está se referindo, o que eles raramente acham que vale a pena fazer). Em segundo lugar, termine suas frases; você sabe qual é o resto da frase, mas seus ouvintes não. Em terceiro lugar, avise ao mudar de assunto. E, por último, não alterne entre os assuntos. Seus ouvintes não podem ver os parênteses. Termine um ponto e mova-se explicitamente para o próximo. Se você é do tipo sensitivo, as palavras do intuitivo podem parecer ignorar ou mesmo contradizer fatos que você sabe serem verdadeiros, mas não ignore o que foi dito nem o descarte como bobagem. Elas podem conter uma idéia que pode ser útil e seus fatos devem ser úteis para o autor da idéia. O curso construtivo é expor seus fatos como uma contribuição para o assunto, não como uma refutação da idéia. O progresso em quase qualquer direção precisa de contribuições de ambos os lados, fatos do tipo sensitivo e idéias desconhecidas do intuitivo. Os compromissos mais exitosos preservam as vantagens que cada tipo considera mais importantes. Muitas vezes, as pessoas se esforçam ao máximo por um esquema como um todo, quando o que realmente importa é um mérito particular que poderia ser incorporado a outro plano. Os tipos sensitivos querem que a solução seja viável, os pensadores querem que seja sistemática, os sentimentais querem que seja humanamente agradável, e os intuitivos querem uma porta aberta para o crescimento e a melhoria. Todos esses são desejos razoáveis. Com compreensão e boa vontade, eles devem ser alcançáveis. Quando as pessoas diferem, o conhecimento do tipo diminui o atrito e alivia a tensão. Além disso, revela o valor das diferenças. Ninguém precisa ser bom em tudo. Ao desenvolver as forças individuais, protegendo-se das fraquezas conhecidas e valorizando as forças dos outros tipos, a vida se torna mais divertida, mais interessante e mais uma aventura diária do que poderia ser se todos fossem iguais. Olhando para o futuro Há mais de cinqüenta anos vejo o mundo do ponto de vista do tipo e considero a experiência sempre grati cante. Uma compreensão do tipo pode ser grati cante também para a sociedade. Não é demais esperar que uma compreensão mais ampla e profunda dos dons da diversidade possa em algum momento reduzir o mau uso e o não-uso desses dons. Poderia diminuir o desperdício de potencial, a perda de oportunidade e o número de desistentes e delinqüentes. Inclusive, pode ajudar na prevenção de doenças mentais. Quaisquer que sejam as circunstâncias de sua vida, quaisquer que sejam seus laços pessoais, trabalho e responsabilidades, a compreensão do tipo pode tornar suas percepções mais claras, seus julgamentos mais sólidos e sua vida mais próxima do que deseja o seu coração. Assim como num só corpo temos muitos membros, e nem todos os membros desempenham a mesma função, assim, ainda que muitos, somos um só corpo em Cristo, e todos, membros uns dos outros. Temos dons diferentes, segundo a graça que nos foi dada; quem tem o dom da profecia, use-o segundo a regra da fé; quem tem o ministério, exerça o ministério; quem tem o dom de ensinar, ensine; quem tem o de exortar, exorte [...]. (Rm 12, 4−8) B , . . Myers-Briggs Type Indicator preferences as a differentiating factor in skill acquisition during short-term counseling training. 1975. [Livro não publicado]. , . . Pesquisa não publicada. , . . e process of education. Cambridge, : Harvard University Press, 1960. , . . 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Sua mãe, Katharine Cook Briggs, era uma mulher que, em muitos aspectos, estava à frente de seu tempo: ela se formou com honras na Michigan State University; educou a lha, Isabel, em casa; e trabalhou arduamente como escritora, publicando contos, editoriais e artigos sobre educação. Uma de suas histórias, intitulada Father’s Library, antecipou em quase duas décadas o ensaio feminista de Virginia Woolf, A Room of One’s Own. Incentivada por seu interesse em aprender a construir os personagens da cção que queria escrever, Katharine Briggs embarcou em um projeto de leitura de autobiogra as e desenvolveu sua própria tipologia com base nos padrões que encontrou. Ela acabou identi cando vários tipos, que ela rotulou de “meditativo”, “espontâneo”, “executivo” e “sociável” — mais tarde identi cado no Myers-Briggs Type Indicator (o ou o Indicador) como os s, os s, os s e os s. Em 1923, Tipos psicológicos de Carl Gustav Jung apareceu traduzido para o inglês. Ao descobri-lo, Katharine Briggs teria dito a Isabel: “É isso!”, abandonando sua própria tipologia pela de Jung. A partir de então, mãe e lha tornaram-se ávidas observadoras dos tipos. Nas duas décadas seguintes, Briggs uma vez encontrou e ocasionalmente se correspondeu com Jung, que a encorajou em seu trabalho. Isabel leu muito durante toda a sua vida. Ela adorava escrever e começou sua própria carreira como escritora aos 14 anos, com “A Little Girl’s Letter”, publicada no Ladies Home Journal. Ela publicou várias histórias e poemas na década seguinte. Isabel entrou no Swarthmore College em 1915 e formou-se com as mais altas honras quatro anos depois. Foi aqui que ela conheceu e se casou com Clarence G. Myers (conhecido como Chief). Em agosto de 1928, Isabel Myers leu um anúncio na revista New McClure de que eles e a Frederick A. Stokes Company estavam patrocinando em conjunto um concurso para o melhor romance policial de mistério. Sem se deixar abater por ter que cuidar de duas crianças pequenas e contar com um prazo aparentemente impossível, de 31 de dezembro, ela decidiu entrar no concurso — e venceu! A publicidade nacional que se seguiu ao lançamento de Murder Yet to Come identi cou Isabel Briggs Myers como uma jovem escritora promissora. Antes do nal do ano, o livro era um best-seller e estava em sua sétima edição. Depois de um segundo romance de mistério e uma breve excursão ao teatro, ela deixou de escrever para dedicar os oito anos seguintes à criação de seus lhos. O início da Segunda Guerra Mundial deixou claro para Isabel Myers, de forma dramática, até que ponto as diferenças humanas podem causar mal-entendidos — até mesmo a ponto de ameaçar toda uma civilização. Ela queria encontrar uma maneira de as pessoas se entenderem, em vez de se destruírem. Ela também cou particularmente interessada em encontrar uma maneira de ajudar as pessoas, especialmente as mulheres, a se encaixar nos novos empregos criados pelo esforço de guerra e naqueles deixados por homens que se encontravam a serviço das forças armadas. Em 1942, Myers leu sobre um novo “instrumento de classi cação de pessoas”, a Escala HummWadsworth, que foi desenvolvida para ajudar na adaptação dos trabalhadores aos seus empregos. Por experiência própria, acreditava que a compreensão e a valorização das diferenças individuais que decorrem naturalmente da teoria de Jung seriam uma ajuda valiosa para a autocompreensão e, também, para a compreensão dos outros. Mais uma vez, ela decidiu fazer o impossível — desenvolver seu próprio instrumento. Com o pai, Isabel Myers aprendera que uma das coisas mais emocionantes da vida é descobrir algo que ainda não se sabe ou fazer algo que ainda não foi feito. E com a educação não-convencional que recebeu de sua mãe, ela aprendeu que não é preciso treinamento formal para atingir uma meta — quando necessário, sempre há livros e recursos à mão. Assim, ela começou a trabalhar seriamente para expandir as idéias junguianas de tipo que sua mãe discretamente vinha estudando havia duas décadas. Pelo resto de sua vida, Myers trabalhou no desenvolvimento de várias formas de seu inventário de personalidade. A Forma do MyersBriggs Type Indicator apareceu em 1943, e a Forma apareceu em 1944. Introvertida, Myers trabalhou em grande parte sozinha, pegando cada uma das proposições de Jung e encontrando maneiras em sua própria experiência para usá-las e ampliá-las. Ela não trabalhou inteiramente sozinha, no entanto. Ela se tornou aprendiz de Edward N. Hay, diretor de pessoal de um grande banco da Filadél a, que lhe ensinou o que ela precisava saber sobre construção e validação de testes. Ela então começou a coletar dados para seus próprios estudos de validação, persuadindo diretores de escolas no leste da Pensilvânia a permitir que ela aplicasse seus testes a milhares de alunos. Um marco importante no desenvolvimento do inventário de personalidade ocorreu quando ela convenceu (com a ajuda de seu pai) o reitor da George Washington School of Medicine a permitir que ela testasse os calouros de sua escola. Este foi o início de uma amostra que acabou por incluir 5.355 estudantes de medicina, um dos maiores estudos longitudinais em medicina. Ela também coletou, por conta própria, uma amostra de 10 mil estudantes de enfermagem de 71 escolas diferentes nas quais seu teste foi aplicado. Em 1956, Henry Chauncey, presidente do Educational Testing Service (), soube do trabalho de Myers por meio de Harold C. Wiggers, reitor de uma das escolas de medicina que participou de seus estudos. Chauncey pediu a David Saunders, um psicólogo de sua equipe, que buscasse mais informações sobre o instrumento. Saunders convidou Myers para apresentar um seminário para a divisão de pesquisa da . Depois de ouvir sua discussão sobre o desenvolvimento e aplicação do Indicador até aquele ponto (Formulário ), Saunders cou profundamente impressionado: Claramente, aqui estava o auto-relatório mais cuidadosamente elaborado da história da psicologia, e ainda mais notável por ter sido elaborado por pessoas sem treinamento formal em psicologia. Todo esse episódio certamente cará marcado como uma das experiências mais emocionantes da minha vida pro ssional. Seu entusiasmo nunca diminuiu. Re etindo sobre os anos que passou trabalhando com Myers, Saunders comentou: “Isabel Myers tinha uma excelente percepção intuitiva do que precisava ser feito estatisticamente... Ela estava fazendo coisas muito além do estado da arte. De fato, algumas dessas coisas ainda estão além do estado da arte”. Na primavera de 1957, a concordou em publicar o Myers-Briggs Type Indicator. No outono, Myers havia desenvolvido o Formulário , que continha 300 itens sobre os quais ela queria dados, e o começou a testar o formulário em escolas na região da Filadél a. Um ano depois, foi desenvolvido o Formulário , que continha 166 dos melhores itens e seria o padrão pelos próximos 20 anos. Ele continua em voga. Em 1975, a , Inc. tornou-se a editora do inventário de personalidade e, pela primeira vez, ele tornou-se amplamente disponível para as comunidades de aconselhamento e psicologia clínica. É agora o instrumento de personalidade mais amplamente utilizado na história. Foi aqui que John D. Black, o fundador da empresa, encorajou Myers a escrever Os 16 tipos de personalidade e seus dons especí cos, que explica a teoria por trás do inventário de personalidade e se tornaria o resumo e o comentário nal sobre o trabalho de sua vida. Seu prefácio original para o livro, reimpresso aqui em sua totalidade, expressa seu sonho lindamente simples para a humanidade — ajudar as pessoas a fazer o melhor uso de seus diferentes dons. Este livro foi escrito a partir da crença de que muitos problemas podem ser mais e cazmente resolvidos se abordados à luz da teoria dos tipos psicológicos de C. G. Jung. A primeira tradução para o inglês de seu livro Tipos psicológicos foi publicada pela Harcourt Brace, em 1923. Minha mãe, Katharine C. Briggs, o introduziu em nossa família e o tornou parte de nossas vidas. Nós esperamos por muito tempo por alguém que pudesse desenvolver um instrumento que re etisse não apenas a preferência de uma pessoa por extroversão ou introversão, mas também o seu tipo preferido de percepção e julgamento. No verão de 1942, decidimos fazê-lo nós mesmas. Desde então, o Myers-Briggs Type Indicator forneceu uma ampla gama de informações sobre os aspectos práticos do tipo. As implicações da teoria, no entanto, vão além das estatísticas e só podem ser expressas em termos humanos. Os 16 tipos de personalidade e seus dons especí cos apresenta um relato informal do tipo e suas conseqüências, conforme apareceram para nós ao longo dos anos. Neste material, espero que pais, professores, estudantes, conselheiros, clínicos, clérigos — e todos os outros que estão preocupados com a realização do potencial humano — possam encontrar uma justi cativa para muitas das diferenças de personalidade com as quais se deparam em seu trabalho ou com que precisam lidar em suas vidas particulares. Foram necessárias três gerações para fazer este livro: o profundo insight da intuição introvertida de minha mãe () sobre o signi cado do tipo; minha própria convicção introvertidasentimental () sobre a importância das aplicações práticas do tipo; e a inestimável combinação de visão extrovertida, impulso intuitivo, dom de expressão e senso de prioridades do meu lho Peter () — sem a qual essas páginas poderiam nunca ter sido concluídas. Apesar de uma longa e árdua batalha contra o câncer, Isabel Myers conseguiu concluir seu livro pouco antes de morrer. Os 16 tipos de personalidade e seus dons especí cos foi publicado postumamente, apenas alguns meses após sua morte. Continua sendo um tributo à sua vida dedicada a apreciar a beleza, a força e as in nitas possibilidades da personalidade humana em todas as suas fascinantes variedades. , Frances W. Katharine and Isabel: mother’s light, daughter’s journey. Mountain View, : , Inc., 1991. “An Appreciation of Isabel Briggs Myers”. News, v. 2, n. 4, p. 1– 7, jul. 1980. T T N R 1 Carl Gustav Jung, 1923, p. 513. 2 Carl Gustav Jung, 1923, p. 513. 3 Carl Gustav Jung, 1923, p. 515. 4 Carl Gustav Jung, 1923, p. 515. 5 Carl Gustav Jung, 1923, p. 515. 6 Van der Hoop (que inclui os efeitos do auxiliar em suas descrições dos tipos) levanta este ponto explicitamente: “O processo subsidiário freqüentemente tende a controlar a adaptação na direção para a qual o processo dominante não está orientado. Por exemplo, um introvertido do tipo pensador empregará seu instinto [sensação] ou sua intuição particularmente para ns de ajuste externo. Ou um intuitivo extrovertido buscará contato com o mundo interior por meio do pensamento ou do sentimento” (hoop, 1939, p. 93). 7 Carl Gustav Jung, 1923, p. 489. 8 Carl Gustav Jung, 1923, p. 426. As traduções revisadas dessas passagens citadas podem ser encontradas na Bolligen Series xx, v. 6 (jung, 1971, pp. 405, 406, 387 e 340). 9 “Sensorial” também tem conotações distrativas que foram evitadas pelo uso da forma mais curta “sensação”, e “processo” foi usado em vez de “função”, de modo que os processos mentais de percepção e julgamento podem ser discutidos em qualquer nível sem a distração de um termo menos familiar. 10 Consultar os Capítulos iv–vii, Figuras 24–27. 11 O Formulário D2 foi suplantado pelos Formulários g e f; ver Myers (1962). 12 Em um estudo inicial e inédito de Isabel Briggs Myers, o Indicador de Tipo foi dado a alunos do sexo masculino do décimo primeiro e do décimo segundo anos de um colégio que atende toda a cidade de Stamford, Connecticut. Os introvertidos representavam 28,1% dos 217 alunos do décimo primeiro ano e 25,8% dos 182 do décimo segundo ano. 13 Daí a importância de uma disciplina rme e justa na construção do caráter de uma pessoa desde a infância. No início, os pais são o julgamento dos lhos. Se os pais vacilam, os lhos não têm nada pelo que julgar, mas se os pais estabelecem um padrão consistente através do qual os lhos devem medir sua conduta e governar a si mesmos, os pais oferecem o hábito inestimável de julgar as próprias ações, anos antes de os lhos terem idade su ciente para estabelecer seus próprios padrões efetivos. O autojulgamento é o começo do caráter. Crianças indisciplinadas o adquirem muito mais tarde, de forma mais dolorosa e menos completa, se é que o adquirem. 14 Carl Gustav Jung, 1923, p. 435. 15 Carl Gustav Jung, 1923, p. 486. 16 Van der Hoop, 1939, p. 84. 17 Van der Hoop, 1939, p. 927. 18 Van der Hoop, 1939, p. 33. 19 Van der Hoop, 1939, p. 32. 20 Um tipo sensitivo introvertido disse sobre um admirador extrovertido: “Ele reclama que quando estamos juntos é ele quem fala. Realmente, é uma conversa de mão dupla — o que ele diz para mim e o que eu digo para mim. Só que o que eu digo não é em voz alta”. 21 Este incidente é da pesquisa pessoal não publicada da autora no First Pennsylvania Bank (Filadél a). A razão de freqüência é do Capítulo 3, Figuras 6 e 7, mostrando os dados coletados pelo autor e processados pelo Educational Testing Service. 22 Carl Gustav Jung, 1923, p. 464. 23 Van der Hoop, 1939, p. 43. 24 Van der Hoop, 1939, p. 48. 25 Pesquisa não-publicada do autor. 26 Carl Gustav Jung, 1971, p. 517. 27 Maya Pines, 1966, p. 48. 28 Maya Pines, 1966, p. 187. 29 A monogra a intitulada Myers Longitudinal Medical Study, que descreve ambos os estudos de acompanhamento, pode ser obtida no Center for Applications of Psychological Type, 1441 Northwest 6th Street, Suite B400, Gainesville, Florida 32601. 30 A taxa total de abandono da faculdade de medicina é um pouco mais alta do que essas porcentagens indicam. As desistências permanentes conhecidas desta amostra não incluíram nem os alunos que desistiram antes de sua turma fazer o Indicador de Tipo, nem os que desistiram temporariamente e depois foram admitidos e se formaram em outra escola. 31 *signi cativo no nível .01; **signi cativo no nível .001; outros signi cativos no nível .05 32 Van der Hoop, 1939, p. 92. 33 Carl Gustav Jung, 1923, p. 514. 34 A última letra da fórmula do tipo, j ou p, mostra se o mundo exterior é tratado pela atitude julgadora ou perceptiva. Nos extrovertidos, a última letra descreve o general; nos introvertidos, descreve o ajudante. A primeira letra, e ou i, sempre descreve o general. 35 Carl Gustav Jung, 1923, p. 415. 36 Um estudo inicial e inédito de Isabel Briggs Myers é a base das a rmações deste capítulo sobre as freqüências dos tipos na população em geral. O Indicador de Tipo foi dado a alunos do sexo masculino do primeiro e segundo anos do ensino médio de um colégio que atende toda a cidade de Stamford, Connecticut. Entre os 217 alunos do primeiro ano, 28,1% eram introvertidos e 26,7% eram intuitivos; entre os 182 alunos do segundo ano, 25,8% eram introvertidos e 33,0% eram intuitivos. A porcentagem de intuitivos pode ter aumentado porque os tipos sensitivos deixaram a escola depois que sua freqüência não era mais obrigatória.