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Eu tinha quatorze anos quando meu pai se casou com a mãe de Lane e nossas famílias se tornaram uma só, quando meus momentos favoritos eram aqueles em que passávamos a noite acordados, conversando ou assistindo Lane criar arte. Não existem muitas coisas mais inconvenientes do que amar seu meioirmão. Conheço os limites, e isso é forçá-los demais. Ao longo dos anos me afastei dele. Era mais fácil quando ele partiu para Nova York, mas agora está de volta, não apenas em Atlanta, mas em minha casa, tentando recuperar o que perdemos. Como posso dizer ao meu próprio meio-irmão que o quero em minha cama? Que quero chamá-lo de meu? Um beijo muda tudo. Nossa família unida não entenderá. Nossos amigos também não. Mas não importa o quanto eu não queira decepcioná-los, agora que estamos onde devemos estar, não vou embora. Mesmo que eu tenha que perder tudo para mantê-lo. Pushing the Limits é um romance de meio-irmão com um personagem principal arrogante, que mostra sua vulnerabilidade através do homem que ele não deveria querer, pintura sexy e um amor que desafia as probabilidades. Isaac Quatorze anos de idade Puxei a gravata idiota em volta do meu pescoço estúpido. Papai estava casado... casado. Não conseguia descobrir como me sentia sobre isso. Quer dizer, eu gostava de Helena, minha nova madrasta. Oh, droga. Eles esperavam que eu começasse a chamá-la de mãe agora que era oficial? Nada contra ela, mas não tinha certeza se poderia fazer isso. Helena era legal e engraçada. Sempre perguntava como foi meu dia na escola, ou se eu estava bem, porque ela é boa em emoções e em compartilhá-las. Nunca respondo honestamente – não sobre como estou me sentindo, pelo menos – mas é legal que ela pergunte. No início, papai foi consumido vivo pela sua própria dor, e eu não queria aumentar isso, então me esforcei para ficar bem. Acho que fiz o papel tão bem que quando ele melhorou, não perguntou... E eu estava bem, mas também não estava. Eu não sabia como isso fazia sentido, mas dentro de mim fazia. Tudo o que sabia era que Helena fez meu pai sorrir novamente quando nada era capaz de fazer isso há anos, nem mesmo eu. Muito menos eu. Uma pontada perfurou meu peito, fazendo meu coração parecer que se despedaçou. Talvez ele me culpasse pela mamãe. Às vezes eu me culpava. Levantei-me da cama, fui até a janela e olhei para o quintal. Havia cerca de cinquenta pessoas lá embaixo comemorando. A música estava tocando. Havia dança, comida e sorrisos. Quando meu olhar encontrou meu pai, ele estava rindo de alguma coisa. Risos enormes, sua cabeça jogada para trás enquanto Helena descansava a mão em seu peito, sorrindo como se meu pai fosse sua coisa favorita no mundo inteiro. Ele a olhava do mesmo jeito. Ele costumava olhar para mamãe dessa maneira também. Eu o observei olhá-la, e pude ver o quanto a amava. De muitas maneiras, ela o trouxe de volta dos mortos. Ele estava perdido quando mamãe morreu. Tão de coração partido que a casa não foi limpa, e a comida não foi cozida, e ele não foi trabalhar por semanas a fio até que chamei minha avó para vir e ajudar. Ela o havia arrumado um pouco, o enviado de volta ao trabalho e me ajudado a colocar a casa em ordem. Ele estava bem quando ela voltou para a Califórnia, mas não estava feliz. Mal olhava para mim e, quando olhava, eu via a dor em seus olhos. As coisas melhoraram, mas ele ainda não ria como ria hoje, do jeito que ele ria com mamãe, até que ele e Helena começaram a passar tempo juntos. O que significava que eu precisava parar de ser um pirralho mimado. Talvez a vovó pudesse me ajudar a me recompor, como ela fez com o papai. Mas então, acho que teriam que saber como eu me sentia para que isso acontecesse. Eu era melhor em esconder isso do que ele. Limpei a única lágrima que vazou do meu olho, fechei a porta na minha cabeça onde mantinha esses tipos de sentimentos escondidos e bloqueei as memórias dos meus pensamentos. Meu olhar percorreu o quintal, longe de Helena e papai, até que pousou em Lane. Iríamos para a mesma escola agora. Também tínhamos a mesma idade, mas era aí que nossas semelhanças paravam. Seu cabelo era muito longo, uma bagunça de cachos loiros que parecia que ele não penteava há semanas, mas eu sabia que ele havia penteado. Helena o tinha feito antes da cerimônia, mas nunca ficava domado. Usava um terno que combinava com o meu, só que o dele era mais largo nele. Ele era meio esquelético, todo comprido e magro – foi o que a vovó disse. Ele não praticava esportes como eu ou meus amigos. Não andava de bicicleta pelo bairro ou jogava jogos noturnos nas ruas até suas pernas doerem de tanto correr. Mesmo agora, no dia do casamento de nossos pais, ele estava sentado na grama no canto do gramado, rabiscando no caderno de desenho que sempre carregava consigo. Mas ei, pelo menos ao contrário de mim, ele não estava chorando em seu quarto - que agora estava no mesmo corredor que o meu porquê ele e Helena haviam se mudado. Isso era tão estranho. Lane era meio estranho também. Bonito, mas estranho. Com um suspiro, virei-me e fui para a porta, depois desci e voltei para fora. Quando cheguei lá, eu tinha colado o sorriso que todos estavam familiarizados. — Isaac! Aí está você! Estava me perguntando aonde tinha ido. — Os olhos do papai brilharam de alegria. Fui até ele, e passou um braço em volta de mim. — Estou tão feliz. Eu te amo, garoto. — Eu te amo, pai, e estou feliz também. Lane se aproximou e ficou por perto, observando papai e eu, um olhar curioso em seus olhos, e inclinou a cabeça ligeiramente. Seu olhar queimou através de mim, como se deslizasse dentro dos meus poros de alguma forma para que ele pudesse explorar partes de mim que eu mantinha escondida do mundo. Mexi-me desconfortavelmente, não gostando nada dessa sensação. Helena colocou uma mão no meu ombro, depois outra no de Lane também. — Somos uma família agora. Prometo te amar e te apoiar assim como eu faço com Lane. A família é o mais importante. Engoli em seco, gostando de suas palavras, gostando do pensamento de ter isso de novo. Quando meu olhar piscou para cima, encontrou os grandes olhos castanhos de Lane, firmemente em mim, questionando. Limpei a garganta e acenei para Helena. Um dos amigos de papai lhe entregou uma taça de champanhe e ele a ergueu. — Para minha família... minha linda nova esposa e nossos incríveis dois meninos. Mal posso esperar para passar o resto da minha vida com você. E enquanto todos aplaudiam ao nosso redor, Lane e eu apenas nos observávamos. — Como está Isaac? Aquele menino adorava a mãe dele. — vovó perguntou ao meu pai, e me doeu até os ossos só com a pergunta. — Ele está bem. Ele a amava tanto, nós dois amávamos, mas Isaac... eu não sei, ele é apenas melhor que a maioria das pessoas para lidar com a situação. É o garoto mais forte que já conheci. Talvez seja mais fácil para ele porque é jovem e não entende muito bem? — Eu sabia que não deveria ouvi-los falar, mas não consegui me afastar. — Eu o invejo. Ele é como um adulto no corpo de uma criança de dez anos. Até o jeito que ele ligou quando precisei de você. É um bom garoto, o melhor. Gostaria de ter sua resiliência, no entanto. Quão triste é invejar seu próprio filho? Papai estava... o quê, com inveja de mim? Pensou que eu era forte? Eu não me sentia assim. Eu simplesmente não tinha escolha a não ser fingir que era. Estou sofrendo também. Só não sei como admitir. Mas então, eu queria deixá-lo orgulhoso. Queria ser alguém em quem as pessoas pudessem confiar. Mamãe tinha sido assim. Talvez se eu fosse isso para papai, ele se sentiria melhor novamente. — Você só está sofrendo agora, Timothy. — Vovó disse. — Ainda não é uma desculpa. — Papai ficou quieto por um momento, então acrescentou: — Dói... olhar para ele às vezes. Ele se parece tanto, me lembra tanto dela. Ambos tão fortes, tão resistentes. Que tipo de pai eu sou? Que tipo de pai luta para olhar para o próprio filho? Suas palavras me cortaram, golpe após golpe no meu coração, e quando papai começou a chorar, eu também chorei. — Isaac, acorde. Você está tendo um pesadelo ou algo assim. Meus olhos se abriram ao som da voz de Lane. Ele estava sentado na beirada da minha cama, tinha acendido o abajur na minha mesa de cabeceira, e eu nem tinha percebido. — O que está fazendo aqui? — Puxei meu braço de debaixo de sua mão. — Fui ao banheiro. Sua porta não estava totalmente fechada. Ouvi você chorando em seu sono. Esfreguei meu rosto, e caramba, ele estava certo. Eu estava chorando. — Era sobre sua mãe? Eu ainda choro às vezes também quando penso no meu pai. Que diabos? Como ele acabou de dizer algo assim? Eu não entendia, não conseguia entender... ou porque eu queria responder. Por que eu iria querer dizer a ele como me sentia? Esse garoto que tinha acabado de se mudar para nossa casa porque nossos pais se casaram hoje. Mas por alguma razão, eu disse. — Estou bem. — Você quer conversar? — Não. — Ah... Posso ficar um pouco? É estranho saber que moro aqui agora. Não consigo dormir. Olhei para ele por um segundo, para aqueles olhos castanhos que pareciam quase grandes demais para seu rosto. Abri a boca para dizer não, mas não foi isso que saiu. — Certo. Nós não conversamos. Sentei-me e ele ficou onde estava, e nós apenas ficamos. Às vezes eu tenho pesadelos sobre quando minha mãe morreu, eu queria contar a ele, mas não contei. Papai achava que eu era forte, e eu ainda estava tentando provar que ele estava certo. Isaac — Passe longo! — DJ, um dos meus amigos, gritou. Corri pelo quintal enquanto ele puxava o braço para trás e jogava a bola na minha direção. Peguei, então lancei uma espiral perfeita de volta para ele. — Parceiro! Aquilo foi legal! — Obrigado! — Gritei de volta. Brincamos um pouco antes de Johnny, outro amigo, aparecer. Fazia apenas um mês que estávamos de volta à escola - papai e Helena estavam casados há alguns meses. Eles não estavam em casa, mas Lane estava lá dentro, fazendo o que quer que ele fizesse em seus cadernos. Quando cansamos de brincar, fomos para a varanda e nos sentamos. — O que você tem em matemática até agora? — Johnny me perguntou. — Um A. — Você tem tanta sorte que é bom nessa merda. — Acrescentou DJ, mas apenas dei de ombros. — Como é ter uma nova mãe e irmão? — Ela não é minha mãe. — rebati. Johnny franziu a testa. — Você não gosta dela? A culpa imediatamente tomou conta de mim. Helena era ótima. — Ela é legal. Ela é apenas... não sei, me ignore. É legal. Ela gosta de assar, e seus biscoitos são bombásticos. Eles riram, e então DJ disse: — Seu irmão é meio estranho, no entanto. Ele é um idiota total. Acho que o cabelo dele pesa mais do que o resto dele. Há uma razão para ele não ter amigos. — Eles se cumprimentaram, rindo. — Não fale merda sobre ele. Ele é legal. — Realmente não o conhecia muito bem ainda, mas ele era legal, e era meu irmão agora. Nós não tínhamos nos deitado juntos à noite novamente do jeito que fizemos no dia em que nossos pais se casaram, e ele não tocou no assunto. E DJ e Johnny estavam certos. Lane era diferente – e também bagunçado, o que era irritante – mas eu não gostava que as pessoas falassem sobre ele. Eles perceberam que eu estava falando sério e deixaram a conversa sobre Lane de lado, mas Johnny acrescentou: — Deve ser estranho, no entanto. Isso te deixa triste? Tê-los morando aqui? Te faz sentir mais falta da sua mãe? Ela era incrível. Suas palavras pareciam como se ele tivesse dado um soco no meu peito, então agarrou meu coração e o apertou em um punho. Eu conhecia Johnny a maior parte da minha vida. A mãe dele era amiga da minha. Abri a boca para dizer alguma coisa, mas a princípio nada saiu. Na segunda vez que tentei, consegui dizer: — Foi há quatro anos. Esperei, me perguntei se iriam cavar mais fundo, se pediriam mais, mas não perguntaram. — Eu deveria fazer minha lição de casa. — Finalmente disse, e DJ e Johnny foram embora. Papai e Helena trouxeram pizza para casa para o jantar, que todos nós comemos à mesa juntos, rindo e conversando sobre o nosso dia, mas Lane estava mais quieto do que de costume. Senti seus olhos em mim, mas toda vez que eu olhava para ele, ele se virava. E de vez em quando, quando eu olhava, ele estava se distanciando, olhando para seu prato. Depois, subi e fiz minha lição de casa, joguei um pouco de videogame e tomei um banho. Quando houve uma batida na minha porta, eu disse: — Entre — e fiquei surpreso ao ver Lane lá. Seu cabelo estava molhado como se ele tivesse acabado de sair do banho depois de mim. — Ah, hum... ei. — Joguei a bola de futebol que estava segurando no chão e me sentei na cama. — Ei. — Ele entrou e se sentou no colchão como tinha feito naquela primeira noite. Então me dou conta. — Você os ouviu, hein? — As janelas estavam abertas, e ele agiu de forma estranha depois que saíram. — É por isso que você disse a eles que sou legal e para não falar merda? Por que você sabia que eu estaria ouvindo? — Não. Você é meu irmão agora. Acho que deveríamos proteger um ao outro. Lane olhou para mim e me deu um sorriso cheio de dentes. — Sempre quis um irmão. Eu realmente não tinha pensado nisso, mas ainda assim eu disse: — Eu também. Ficamos quietos novamente, nós dois apenas sentados ali, sem saber o que dizer. Alguns minutos se passaram, e então Lane disse: — Está tudo bem, você sabe. — O que está bem? — Se você está triste. Parece que você está, mas nunca fala sobre isso. Sempre que alguém menciona sua mãe, você muda de assunto. — Minhas mãos começaram a tremer, mas ele continuou, sem perceber. — Você olha para baixo às vezes, quando acha que ninguém está olhando. Ouvi você de novo... tendo um pesadelo e... É estúpido, acho, mas queria ter certeza de que sabe que está tudo bem ficar triste, sentir falta dela, e ser estranho que mamãe e eu estejamos aqui. Não precisa ser forte o tempo todo, Isaac. Se quiser falar com alguém, estou aqui. Somos irmãos, afinal. Eu não conseguia fazer nenhuma palavra sair. Embora soubesse que era normal ficar triste, ninguém me disse que estava tudo bem, não na minha cara. Ninguém me pressionou quando eu disse que estava bem. Não me disseram que eu não precisava ser forte. Mas esse não foi o único pensamento na minha cabeça. Lane não era como ninguém que já conheci. Nenhum dos meus amigos falava como ele, não realmente. Eles não me fizeram sentir que talvez fosse realmente seguro falar com eles e não iriam rir ou me fazer sentir estúpido sobre isso. Lane me fez querer ser vulnerável por um tempo. — O que você faz nesse caderno? — Perguntei em vez de responder. — Desenho. Posso pintar também. — Oh sim. Helena havia falado sobre ele ser um artista, mas ele nunca mostrou a ninguém o que estava em seus cadernos. — Quer ver? Parte de mim sentiu que deveria dizer não, mas respondi com um — Sim. — A parte louca era que era a verdade. — Vamos. Vou te mostrar. — Lane entrou em seu quarto e eu o segui. Havia roupas por todo o chão. — Você é uma bagunça. — O que você quer dizer? — Ele perguntou, me fazendo rir. Lane me mostrou seus desenhos. Conversamos até tarde da noite, depois adormecemos juntos, bem ali na cama dele. Lane Dezesseis anos de idade No ano passado, Isaac, Timothy e eu terminamos de reformar o sótão, transformando-o em estúdio de arte. Eu não era tão bom nesse tipo de coisa como eles eram. Timothy fez muito com as mãos e ensinou Isaac a fazer o mesmo. Meu pai não era assim. Ele gostava mais de livros e literatura - todas as artes, na verdade. Herdei meus talentos dele, embora ele tenha me dito que eu era melhor do que ele. Eu não sabia se acreditava, mas costumava fazer eu me sentir bem. Ainda assim, estava disposto a tentar quase tudo, então eu estava ali com Isaac e Timothy, trabalhando. Afinal, o estúdio era para mim. Tinha que fazer muito mais perguntas do que Isaac fez, especialmente porque ele raramente tinha alguma, mas era sempre ele quem tentava respondê-las. Ou quem viria para ver como eu estava ou tiraria um tempo para me explicar alguma coisa. Não que Timothy não tentasse ou não quisesse. Ele era um cara legal. Gostava de nos ensinar coisas. Sempre nos pedia para assistir a esportes com ele ou jogar bola ou beisebol, mas isso era mais coisa de Isaac do que minha. Tive sorte de mamãe ter se apaixonado por um homem como ele. Pelo que li nos livros e vi na televisão, padrastos tendiam a ser idiotas, mas o meu não era. Meu irmão também não. Ele era realmente meio perfeito. Nós não tínhamos muito em comum, não realmente. Eu era mais quieto, enquanto ele era mais franco. Ele estava sempre namorando uma garota ou outra, e eu nunca tive uma namorada. Isaac tinha um grupo enorme de amigos, todos gostavam dele ou queriam ser como ele, enquanto eu estava contente com as duas pessoas com quem andava – qualidade era mais importante que quantidade. Isaac era o quarterback do nosso time de futebol do colégio, enquanto eu nem iria aos jogos se não fosse por ele jogando e mamãe me fazendo ir para o tempo da família. Embora eu faria isso para apoiá-lo. E em noites como esta, enquanto eu estava em casa, pintando à meia-noite de um sábado, Isaac provavelmente estava bebendo num barril de cabeça pra baixo em qualquer festa que seus amigos estivessem dando neste fim de semana. Apesar de tudo isso, nos últimos dois anos, ele de alguma forma se tornou não apenas meu irmão, mas meu melhor amigo - embora o último fosse principalmente em casa. Passamos muito tempo juntos, nos perdendo nisso ou naquilo. Isaac conversou comigo, compartilhou coisas comigo de uma forma que não fazia com mais ninguém. Começou não muito depois daquela noite quando eu mostrei a ele meus esboços, dos quais eu não era mais tão tímido. Ele até me contou sobre seus pesadelos, como às vezes sonhava com o dia em que encontrou sua mãe depois que o aneurisma a levou. Como estava com medo de perder seu pai também, que, de certa forma, ele o havia perdido para a depressão depois que sua mãe morreu, até que Timothy e mamãe se aproximassem. — Merda! — amaldiçoei quando ouvi a porta do sótão, então um som de tropeço nas escadas. Corri e vi Isaac chegando com um sorriso bobo no rosto, antes que ele quase se desequilibrasse novamente. — Shh. — Agarrei seu pulso e o puxei atrás de mim. — Mamãe e papai vão te ouvir. Isaac era... bem, ele era o garoto da porta ao lado. Embora eu tivesse crescido nos últimos dois anos e não fosse tão magricela como eu era, ele sempre foi assim. Ele era alto e musculoso por causa dos esportes. Manteve seu cabelo preto em um corte estiloso, e seus olhos azul-acinzentados... eles sempre tinham tanta coisa acontecendo neles - felicidade, tristeza, tudo estava lá, mas ninguém se deu ao trabalho de olhar. Eles agora encontraram os meus, e uma pequena carranca curvou seus lábios. — O quê? — Perguntei. — Nada. Você está sempre aqui em cima, e eu estava entediado. — Ele se joga no sofá. Além do sofá, havia um cavalete, uma escrivaninha e uma cadeira, e isso era tudo de mobília. Mamãe tinha me dado uma mini geladeira para bebidas porque eu poderia me perder na minha arte por muito tempo. — Você literalmente acabou de chegar em casa. Como pode ficar entediado? E se você acordar nossos pais vai ter problemas por estar bêbado. Ele luta para controlar suas feições, tentando pra caramba fazer uma cara séria, mas parecendo que estava mordendo as bochechas para não sorrir. — Não estou bêbado. Não estou. — Você está tão bêbado. — Pego uma garrafa de água para ele na geladeira. — Você se divertiu? — Sim, sim, eu me diverti. — Você tem um chupão no pescoço. — Sim. Sim, eu tenho. — Nós rimos. Eu ainda não conseguia acreditar, às vezes, o quão próximos éramos. Quando mamãe e Timothy começaram a namorar, embora Isaac sempre fosse legal comigo, eu não tinha previsto nos tornando amigos. Todas as garotas achavam que ele era gostoso, e ele tirava nota máxima e ainda festejava, praticava esportes e ajudava o pai nos fins de semana no quintal. Ele mantinha seu quarto sempre limpo e nunca deixava suas roupas no chão do banheiro. Às vezes era difícil acreditar que ele era real. Metade do tempo, eu me perdia em uma pintura e mamãe vinha três vezes para me dizer para fazer algo antes que eu me lembrasse de fazê-lo. E minha bagunça incomodava todo mundo. — De quem é? — Perguntei. — O quê? — O chupão. — Sentei-me na almofada ao lado dele. — Oh. Merda. Emma Larson. Eu a convidei para sair. Ela disse sim. — Balançou as sobrancelhas. — Cara, você acabou de terminar com Jessica na semana passada. — Mas Emma era muito bonita, e eu podia ver por que Isaac gostaria dela. Além disso, eu tinha inglês com ela e sabia que ela era mais legal que Jessica. — E daí? — Tanto faz. — Me levanto, e Isaac ri. Vou até a mesa e pego meu caderno de desenho. — Fique quieto e deixe-me te desenhar. — Odeio quando você quer me desenhar. Ele sempre dizia isso, mas sempre me deixava. Não achava que ele realmente não gostava. — Não sou tão bom com as pessoas, mas elas são minhas favoritas. Preciso praticar para a faculdade. — Eu ainda estava tentando descobrir quem eu era, qual era meu estilo e quem eu seria como artista. Isaac balançou a cabeça, tirou os sapatos e se deitou no sofá. Suas pernas penduradas sobre o braço disso porque ele era muito longo. — Você é o melhor artista que conheço. — Sou o único artista que você conhece. — Bem, você ainda é bom pra caralho. — Ele virou a cabeça para o lado para olhar para mim. — Bem desse jeito. Não se mova. — Peguei um lápis de carvão e puxei a cadeira na frente dele. — Mas faz sentido... porque você iria querer desenhar alguém tão gostoso quanto eu. — Isaac brincou. Ele não tinha falta de confiança, isso era certo, mas eu também sabia que parte disso era uma fachada. Assim como de alguma forma, sabia que ele estava triste esta noite. — Você sabe que não tem que fingir comigo. Você nunca tem. — eu disse, começando a desenhar. — Não estou fingindo. Sou gostoso. Todas as meninas dizem isso. Elas diziam, mas ele era meu irmão e um cara, então eu não o via assim. Eu o ignorei porque não queria discutir com ele. Além disso, eu conhecia Isaac. Ele se fechava quando não estava pronto. Então desenhei, e ele ficou ali me observando. Eventualmente, fechou os olhos, mas eu poderia dizer que ele não estava dormindo. Esfreguei meu dedo sobre a linha de carvão que acabei de desenhar, borrando um pouco o cabelo de Isaac. Ele abriu os olhos e olhou para mim. — O que há de errado? — Eu não podia mais segurar minha língua. — Como você sempre sabe quando algo está errado? Dou de ombros. — Apenas conheço você. — Ninguém mais conhece. Fiz uma careta, sem saber como responder a isso. — Vínculo de meioirmão, eu acho. Isaac revirou os olhos, então os virou de volta para mim. Ele não disse nada por um tempo, e eu também não. Continuei desenhando, esperando. Minha mão estava doendo porque eu tinha estado nisso o dia todo, mas ele queria falar, eu podia sentir isso, então eu ficaria acordado a noite toda se fosse preciso. — Posso te contar um segredo? — Ele finalmente perguntou. — Obviamente. — Isso é grande pra caralho, Lane. Estou falando sério. Você não pode… na verdade, não. Não consigo nem… Náusea revirou em meu estômago, fazendo-o parecer pesado. Eu coloquei o caderno e o lápis para baixo. Claramente, isso era importante. Ele nunca soou tão inseguro de si mesmo antes. — Pode me dizer qualquer coisa. Sempre. Isaac balançou a cabeça. Sentou-se. Esfregou as palmas das mãos contra os olhos. — Merda. Odeio quando fico bêbado e digo coisas que não quero dizer para você. — Você não disse nada ainda — respondi, e então. — Sou só eu. Sou seu irmão. Você pode me dizer qualquer coisa. Ele apoiou os cotovelos nos joelhos, enterrou o rosto nas mãos, a perna direita saltando para cima e para baixo. Ele deixou cair um braço. — Eu... eu não gosto de Emma. Porra, por que estou te dizendo isso? Huh? Era isso? — Então não saia com ela. Tudo bem não ter namorada, Isaac. Mesmo que tenha deixado ela te dar um chupão. — Não, quero dizer... oh meu Deus. Não posso acreditar que vou dizer isso... — Diga, diga, diga. — Eu também não gostava de Jessica. — OK… Seus olhos me encararam tão intensamente, implorando para que eu entendesse o que ele estava tentando me dizer, e... oh. Uau. Sem chance. — Você está dizendo que não gosta de garotas? — Ele já tinha feito sexo duas vezes, e eu nunca tinha beijado ninguém. Isaac hesitou... então assentiu. — Você é gay? Ele se sentou ereto, cabeça erguida, máscara firmemente no lugar, tentando fingir que não estava nervoso, que não estava com medo de como eu reagiria. — Sim. — Merda, cara. Não me importo com isso. Você achou que eu iria? — Fiquei chocado. Sim, se eu não estivesse sentado, alguém poderia ter me derrubado com o dedo mindinho, mas não me importei. Isaac deu um suspiro de alívio. — Não, na verdade não. É assustador pra caralho, então parte de mim se preocupou... mas não com você. Sei que você não é homofóbico. Eu só... Esta noite eu a estava beijando, e ela estava me beijando, e abri a porra da boca e a convidei para sair. Não sei por que fiz isso porque na minha cabeça, estava pensando, não gosto de você, não gosto de garotas, eu queria que você fosse um cara. E agora estou tão puto comigo mesmo. Não quero brincar com os sentimentos de alguém. Sou gay. E daí? Não sinto isso... esse sentimento de insegurança. Ele sentia, no entanto. Só não gostava que ninguém soubesse. Encontrei uma maneira de me levantar, caminhei até ele e sentei-me ao seu lado. — Estou feliz que se sinta confortável me dizendo. E o que você precisar, eu te protejo. Quando estiver pronto para assumir, estarei ao seu lado quando o fizer. Mamãe e papai, não vão se importar. — Nossos pais não eram assim. Eles não tinham um osso odioso em seus corpos. — Eu sei. E eu ainda não consigo descobrir como você faz isso, chamá-lo de pai. Dei de ombros. — Amo meu pai, e ele sempre será meu pai, mas ele se foi. Timothy é um cara legal. — Eu sabia que era mais difícil para Isaac. Que ele não podia chamar minha mãe por nada além de Helena. Isso não significava que ele não a amava, porque amava. Isaac foi construído de forma diferente de mim. — Ele é meu pai, e você é meu irmão. Somos uma família. Ele se encolheu e desviou o olhar. — O quê? — Perguntei. — Nada. Eu provavelmente o fiz se sentir mal com a coisa de mãe/pai. Isaac também não me chamava de irmão tanto quanto eu o chamava, mesmo sabendo o quanto ele se importava comigo. — Pensei que você também fosse... gay ou algo assim. Que você me diria quando eu lhe dissesse. — Oh. — Eu me sentia mal, como se o estivesse decepcionando, como se tivesse falhado em algum teste. — Sinto muito. Posso não ter beijado uma garota ainda, mas sei que quero. — Você poderia ser bi. Ou quando fizer isso com uma garota, pode não gostar — respondeu, fazendo meu coração quebrar por ele. Isaac não queria estar nisso sozinho. Nós nem sequer tínhamos pessoas gays em nossa escola, e até onde eu sabia, ele não conhecia nenhum gay. Eu também não, além dele. Desejei poder mentir para ele, desejei poder dizer a ele que sentia atração por caras também, mas simplesmente não sentia. — Acho que não, Isaac. Ele enxugou os olhos, mas não vi nenhuma lágrima lá. Isaac ficou de pé. — Sim, isso foi estúpido. Não sei por que pensei isso. Meios-irmãos gays ou qualquer outra coisa. Estamos aqui, somos queer, e outras coisas semelhantes. Eu estava esperando que tivesse algumas recomendações de pornografia cara com cara. Ele riu, mas eu não. Eu o machuquei, e odiava machucá-lo. Era como quebrar meu próprio coração quando o fazia. — Sinto muito. Ele se virou para a janela. — Que idiotice. Não precisa se desculpar por ser heterossexual. Estou apenas sendo um idiota bêbado esta noite. Vou fazer isso, no entanto. Eu vou assumir. Vou terminar com Emma primeiro. Deus, eu me sinto um merda sobre isso. E vou contar para Helena e papai, depois esperar algumas semanas antes de fazer isso na escola. Não estou me escondendo. Não sou fraco. Meu pulso estava indo muito rápido por algum motivo. Meu peito estava pesado. Tudo parecia que estava acontecendo muito rápido, como se de alguma forma me faria perder Isaac. — Não assumir não te faz fraco. Tenho certeza de que é assustador. Você não precisa se apressar. — Eu sei. Eu só… foda-se. Por que esconder? De qualquer forma, vou para a cama. Vou falar com você amanhã. — Isaac, espere. — Levantei-me, mas ele me ignorou, desceu correndo as escadas e saiu pela porta do sótão. Caí de volta no sofá, sabendo que o decepcionara. Ele estava assustado e magoado e triste. Gostaria de saber como consertar isso. Eu o apoiaria, continuaria sendo seu melhor amigo, seu irmão, e faria com que ele sempre soubesse que era amado. Peguei meu caderno e lápis novamente, desenhei Isaac de memória, pensei no que ele disse. Não dormi muito naquela noite. Ele terminou com Emma no dia seguinte. Disse aos nossos pais que era gay depois - sem mim presente. Foi bobagem, mas me senti magoado, como se ele não precisasse de mim. Eles sentaram comigo mais tarde naquele dia, Isaac tendo saído, e me contaram, sem perceber que eu sabia. — Achamos importante compartilhar isso com você — disse mamãe. — Isaac disse que podemos contar a você. Ele fingiu que não tinha me contado? Claramente, ele tinha, então eu também. — OK. Eu o apoio, não importa o que aconteça. — Esse é o meu menino. — Mamãe sorriu. — Nada mudou. Ele ainda é o nosso mesmo Isaac. Somos uma família, e isso é tudo que importa, assim como eu disse a ele. — Ela me abraçou, e concordei com a cabeça, me sentindo... estranho. Eu não poderia entender o porquê. Um mês depois, ele começou a contar para os amigos e, como se tratava de Isaac, o cara que todos amavam, o garoto mais popular da escola, ninguém se importou. Se fosse eu, as coisas teriam sido diferentes. Mas eu não estava mentindo. Eu não me sentia atraído por caras, então não podia ser gay. Isaac Dezoito anos de idade O que se fazia quando se era um esquisitão apaixonado pelo irmão? Eu vinha me fazendo essa pergunta há anos. Claro, Lane e eu não compartilhamos sangue, mas para todos os efeitos, nós éramos irmãos. Chamávamos um ao outro de irmão, nos apresentávamos às pessoas como irmãos. Nossos pais nos consideravam irmãos. Ele chamava meu pai de pai. Tivemos reuniões de família com nossos parentes e tiramos fotos de família. Sentamo-nos à mesa para jantar juntos todas as noites, conversando sobre nossos dias, planejando férias e... talvez eu estivesse um pouco obcecado por ele, o que era estranho, não era? Eu não sabia o que havia sobre Lane. Não foi muito depois que ele se mudou que eu sabia que ele era diferente, e não do jeito que eu pensava a princípio. Sim, ele era peculiar e artístico e não se importava com o que as pessoas pensavam. Essas não eram as coisas que eu estava falando. Era a maneira como ele me via, realmente me via, quando ninguém mais via. O jeito que me perguntava se eu estava bem, quando todo mundo achava que eu sempre estava. Como ele me disse que me negligenciei pela dor de meu pai e enterrei a minha. Quero dizer, quem diabos falava assim aos quatorze anos? Quinze? Mas Lane falou, e foi... bom. Nunca tive que ficar fisicamente sozinho se eu não quisesse. Eu estava sempre ocupado com amigos ou envolvido em atividades, mas me sentia emocionalmente sozinho todos os dias depois que mamãe morreu, e talvez até antes disso. A única vez que não sentia era... — Boo! Falando no diabo. Virei-me para a voz de Lane vindo da porta do meu quarto. Meu coração disparou. Deus, eu era tão louco por esse cara porque a única vez que eu não me sentia emocionalmente sozinho era quando eu estava com ele. Em um tom seco e monótono, eu disse: — Ah, não. Estou com tanto medo. O que vou fazer? — Idiota — ele brincou, empurrando seu cabelo para trás, apenas para cair para frente novamente. Ele ainda o usava mais comprido do que eu, essa pilha de cachos e ondas, um tom mais escuro do que um loiro mel, balançando ao redor de sua cabeça. — Este é o nosso último verão em casa antes da faculdade. Acredita nisso? Lane estava indo para Nova York para a escola de arte. Eu estava indo para a Califórnia, onde meu tio e minha avó moravam. Foi algo que fiz de propósito – tentei ficar o mais longe possível dele porque já tinha decidido que ia me forçar a superar essa paixão ridícula que eu tinha pelo meu meio-irmão. Eu estava saindo para a faculdade e planejava fazer sexo com todos os meninos, com segurança e com o consentimento deles, era claro, até que eu esquecesse meu pequeno... problema. Mal podia esperar para fazer sexo com um cara. Sair do armário quando eu tinha dezesseis anos realmente prejudicou minha experiência e liberação sexual. Eu tinha sido honesto sobre quem eu era para me sentir mais livre, mas me coloquei em uma caixa muito solitária de algumas maneiras porque não havia outros garotos assumidos na nossa escola. Lane me cutucou quando não respondi. — Vou sentir sua falta. É uma loucura porque logicamente, sei que só se passaram quatro anos, mas é como... — Ele deu de ombros. — Não sei. É como se eu não me lembrasse de como era minha vida sem você. Eu não sabia como ele fazia isso. A maneira como ele compartilhava como se sentia tão facilmente. Eu fazia quando ele me pegava de bom humor ou se eu estivesse bebendo, mas Lane podia fazer isso a qualquer momento. — Provavelmente muito mais chato — eu disse a ele. — Eu nem saio muito com você. Você não tornou minha vida mais divertida. — Okay, certo. Pare de mentir. — Deus, eu sentiria falta disso. Saudades de conversar com ele e passar tempo com ele. Saudades dele desenhando ou pintando, e de mim só observando. Era ridículo e um pouco nojento o jeito que eu faria qualquer coisa por ele. Tipo, quem diabos observava alguém pintar? E ele nem sabia o porquê e nunca saberia. Meu pai e Helena provavelmente pensariam que eu era nojento. O resto da nossa família provavelmente também. — Vai sair com seus amigos esta noite? — Lane perguntou. — Sim. Tenho que relaxar com eles enquanto posso. — Levantei-me e caminhei em direção à janela, me lembrei de quatro anos atrás quando eu estava no mesmo lugar, triste por papai ter se casado, e observei Lane sentado sozinho na grama no canto do nosso quintal. — Você tem estado estranho ultimamente. — disse Lane. — Você sempre foi estranho. — Rebati. Não tive que olhar para trás para saber que ele estava balançando a cabeça. — Quer ouvir algo louco? — Lane perguntou. Algo louco para ele geralmente era como... uma ideia realmente única para uma pintura. — Certo. — Dei de ombros. — Amanda quer fazer sexo comigo. — Eu me virei para encará-lo, e meu choque deve ter aparecido no meu rosto porque Lane começou a rir. — O quê? A ideia de eu fazer sexo é tão surpreendente assim? Amanda era sua amiga mais próxima. E enquanto Lane tinha amadurecido ao longo dos anos, ele ainda não teve uma namorada, nem beijou ninguém até onde eu saiba. Ele nunca realmente falava sobre sexo do jeito que outros caras que eu conhecia falavam, e estava muito mais interessado em sua arte e ir para a faculdade do que ficar ou encontrar uma namorada. — Por quê? — Perguntei, sem saber mais o que dizer. — Nossa, talvez ela pense que sou gostoso. Talvez ela goste de mim. Sei que é um choque, mas... — Não é um choque. — Eu gosto de você da maneira mais fodida. Estou apaixonado por você. — É só que vocês são amigos. Eu nunca soube que havia algo mais do que isso. — Não há. Nenhum de nós quer ir para a faculdade virgem, então ela perguntou sobre fazer isso comigo, e... bem, é meio perfeito, eu acho. Posso ver o motivo de todo o alarido e talvez descobrir um pouco o que estou fazendo antes de fazer isso com alguém que eu realmente gosto desse jeito. Meu pau me traiu ao começar a engrossar, mas isso não era nada comparado à dor no meu peito. Queria dizer a ele que não. Que não havia nada de errado em ser virgem, mas como isso soaria vindo de mim? Eu queria dizer a ele para fazer sexo comigo, mas não só eu era um homem, que ele não estava interessado, mas seu irmão. Então, empurrei meus sentimentos de lado e disse: — Só faça se tiver certeza. — Você tinha certeza da primeira vez? — Ele perguntou, sabendo a resposta para isso. — Você não é como eu. Você é... — Melhor? Deixa seu coração guiá-lo? Ambas eram boas respostas. — Tanto faz. Posso fazer sexo também, sabe? Eu entendo, posso não ser o Sr. Perfeito, mas é tão estranho que alguém queira me foder? Minhas mãos se fecharam. — Sobre o que é mesmo que está falando? Por que estamos brigando por isso? Não sou o Sr. Perfeito, e não me importo com quem você transa. — Tudo bem, então eu vou. — Ele se levantou. — Tudo bem então. Divirta-se. — Cruzei os braços. Ele se virou, pisou como um garoto de doze anos em direção à porta, então parou. — Não sei por que estou com raiva de você. — Eu também não sei por que você está — rebati. Talvez isso fosse uma coisa boa. Talvez eu pudesse cortar o cordão antes do planejado. Quanto mais cedo eu parasse de desejar que pudéssemos... desejar que pudesse haver algo entre nós, melhor. — Você deveria fazê-lo. Você está certo. Isso vai fazer você se sentir menos autoconsciente mais tarde. Você e Amanda se preocupam um com o outro e se sentem confortáveis um com o outro. Se vocês dois querem isso, devem fazê-lo. — Por favor, não faça isso. Por favor, não. — Você realmente acha isso? Não. — Claro. Se você quiser. Eu, por exemplo, planejo fazer todo o sexo que puder na faculdade, então se você for como eu, pelo menos saberá como lidar com uma mulher. — Tenho certeza de que posso descobrir o meu caminho em torno de uma mulher — disse ele, suas bochechas rosadas. E então. — Vou dizer a ela que sim. — Bom para você. Já é hora de você perder seu cartão V. — Você não perdeu, não de verdade. Não com um cara. — Dei de ombros, e ele continuou: — Quer sair hoje à noite? — Não. Eu tenho planos, lembra? — Náusea queimou meu estômago. — Ok... talvez eu ligue para Amanda, então. — Divirta-se — repeti, forçando um sorriso. Saí com meus amigos e ele ligou para ela. Eles fizeram sexo naquela noite, e ele me contou tudo no dia seguinte, enquanto eu me esforçava para não vomitar ou chorar. Eles continuaram namorando depois disso. Agora que Lane tinha feito isso, abriu um mundo totalmente novo para ele, e ele realmente gostou. Saí cedo para a Califórnia. Quando Lane foi para Nova York, havia mais garotas. Eu fiz o meu melhor para me afastar, para manter nossa distância, porque não importava o quanto eu tentasse, não importava quantos homens fodesse ou quantos anos se passassem eu nunca deixaria de amá-lo. Acho que nunca conseguiria. Lane — Bebê, você vai vir para a cama? — Meu namorado, Jayden, perguntou da porta do meu estúdio em casa. Esta era a segunda vez que ele vinha aqui esta noite. Por um lado, eu entendia o que ele queria dizer. Já passava das duas da manhã. Mas ele também sabia como eu trabalhava. Muitas vezes eu me levantava no meio da noite para pintar. Quando eu me perdia em uma peça, não conseguia parar por uma centena de razões diferentes, sendo uma delas minha musa – eu me enlouquecia, os dedos se contorcendo e a mente girando com a necessidade de criar. Mesmo se eu estivesse na cama, eu não conseguiria dormir de qualquer maneira. Outra era que eu tinha que encontrar o lugar certo para parar de pintar. Não era simplesmente uma questão de largar o pincel. — Ainda não posso — eu disse sem olhar para ele, o que poderia me tornar um idiota, mas eu estava trabalhando, e eu realmente precisava acertar o plano de fundo. Depois de um ano e meio juntos, você pensaria que ele já me conhecia bem o suficiente, mas a verdade era que minha arte ficava entre nós muitas vezes, embora Jayden fosse um agente de arte. Ele ficou estranhamente ciumento, como se passar o tempo pintando significasse que eu me importava menos com ele. Ele precisava de mais atenção do que eu poderia dar a ele às vezes, mas eu não tinha certeza se isso era culpa dele ou minha. Tinha a sensação de que era um namorado de merda quando me perdia na minha zona. Mas também não era como se Jayden fosse perfeito. Nós tivemos nossas brigas – uma delas era que a arte não era a única coisa de que Jayden tinha ciúmes, mas qualquer coisa ou qualquer pessoa com quem eu passasse tempo. Ele sempre pensou que eu estava fazendo algo que não deveria. Mas por mais que eu pudesse acidentalmente esquecer que deveríamos sair para jantar, ou não ir para a cama na hora certa porque eu estava pintando ou desenhando, eu não traía e não era um mentiroso. Ele queria minha atenção o tempo todo, e eu não era bom nisso. — Estarei lá em breve, ok? — Quando ele não respondeu, eu acrescentei: — Prometo — e olhei para ele e sorri. Jayden era realmente lindo – cabelo loiro e pele dourada e bronzeada. Sua rotina noturna era mais do que eu fazia em um mês, mas claramente funcionou. — Certo. Tanto faz. — Ele se virou. Ele estava nu, sua bunda firme e apertada quando voltou para o meu quarto, no caminho chutando um sapato que devo ter deixado no corredor. Jayden e eu não morávamos juntos. Ele queria, mas eu não estava pronto para dar esse passo. Não poderia dizer se estaria. Eu tinha passado de um relacionamento de longo prazo para um relacionamento de longo prazo desde a faculdade, mas nunca estive apaixonado. Nunca tinha encontrado aquela pessoa sem a qual eu não poderia viver. Era irritante pra caralho. Não entendia por que era tão difícil. Meu olhar encontrou a tela novamente. Absorvi as laranjas e os dourados que misturei, tentando encontrar a emoção nas silhuetas ali representadas. Merda, não estava certo. Eu não podia dizer o que era que eu tinha feito de errado, mas de repente levou tudo em mim para não jogar fora. Nossa conversa me puxou para fora disso, e agora tudo que eu podia fazer era focar nas imperfeições. Com um suspiro, continuei minha rotina de limpar meus suprimentos. Eu deveria ter ido para a cama com Jayden horas atrás, em vez de ficar obcecado. Eu era bom em obsessão. Eu estava... impaciente ultimamente. Não sabia mais como descrever. Nada parecia certo, e eu não entendia o porquê. Eu tinha trinta anos e tinha uma carreira com a qual só podia sonhar. Tive sorte na escola de arte de ter um dos meus instrutores tendo um gosto especial pelo meu trabalho, e ele me apresentou a Magdalena, que era um dos maiores nomes do trabalho figurativo e expressionista. Ela me colocou sob seu cuidado, me treinou e compartilhou meu trabalho com seus colegas, o que me deu a atenção e o amor que eu nunca teria encontrado, especialmente tão rapidamente, sozinho. Nos meus sonhos mais loucos, nunca poderia ter previsto o dia em que as pessoas conheceriam o nome Lane Ryan. Que gastariam o dinheiro que gastavam na minha arte. Enquanto eu estava honrado e adorado, eu... também não estava. Eu não era aquele cara que gostava de atenção, que precisava se destacar. Na maioria das vezes me sentia mais confortável sozinho, com apenas um pincel ou um bloco de desenho, mas hoje em dia esses momentos eram cada vez menos e mais espaçados. Quando pensei assim, novamente percebi que era um idiota. Tive a sorte de poder fazer o que eu amava, pagar meu apartamento em Manhattan e ir a galerias onde mostravam meu trabalho. Onde conheci homens lindos como Jayden ou mulheres como minha ex-namorada, Alana, com quem namorei antes dele. Mas às vezes tudo parecia... frio, e não como eu. Eu era muito mais discreto do que tudo isso. Então terminei de limpar minha bagunça e fui para o meu quarto – a única bagunça com a qual eu era bom em lidar. Tirei a cueca boxer com a qual estava pintando e subi na cama com Jayden. — Você está com raiva de mim? — Perguntei perto de seu ouvido. — Não mais — ele respondeu, mas pensei que talvez ele estivesse. Ele apenas gostou de ter conseguido o que queria. Ele rolou e tomou minha boca antes de beijar seu caminho pelo meu corpo. Quando ele chegou ao meu pau, ele beijou e lambeu e chupou por um momento. Não tinha que vê-lo para saber que ele franziu a testa porque eu não estava duro. Isso tinha sido um problema às vezes ultimamente, um que eu não conseguia explicar. Parecia acontecer quando brigávamos ou quando ele me persuadia a sair do meu estúdio. Pensei que talvez fosse também porque eu estava me sentindo tão estranho sobre tudo na minha vida por um tempo agora. E tudo isso foi me pegando. — O que está acontecendo com você, Lane? — Jayden perguntou com um suspiro. Eu podia entender sua decepção. Quem queria sentir que não excitava o namorado? E a coisa era, ele excitava. Embora tenha levado até depois da faculdade para perceber minha bissexualidade, eu era realmente bi... ou pansexual, provavelmente. Eu estive com homens, mulheres, homens trans, mulheres trans, e todos me excitaram. Embora eu ainda não tivesse contado para minha família... eu não sabia por quê. Eles não se importariam. Meu irmão era gay, e eles só aceitaram, mas não compartilhei minha sexualidade com eles. Agora eu definitivamente não estava ficando duro porque estava pensando em meus pais. Excelente. — Nada. Role. Eu vou te chupar — eu disse a ele, mas Jayden não se moveu. — Está me traindo? — Deus, não. Quantas vezes tenho que te dizer? Eu não... eu não vejo como você pode me conhecer e acreditar que eu faria algo assim. — Jayden era o parceiro mais desconfiado que já tive. Sempre me acusando de trair ou querer alguém além dele, e isso começou antes das questões sexuais. — O que devo pensar? Você passa metade da noite em seu estúdio e... — É o que sou. Isso sempre foi quem eu sou. Quando minha inspiração ataca, eu pinto. Não tem nada a ver com não querer estar perto de você. Ele ignorou isso. — Você realmente não inicia mais o sexo. Está cercado por pessoas bonitas, homens e mulheres que o bajulam o tempo todo. Não são apenas os homens com quem tenho que competir pela sua atenção. Revirei os olhos. — Não é comigo que eles se importam. É minha arte. Eles respeitam meu trabalho. Nem todo mundo está tentando entrar nas minhas calças. E você não precisa competir. Você é quem decidiu isso. Só porque sou pan não significa que você tem mais concorrência. Você está dizendo que porque me sinto atraído por mais do que apenas homens, você não acha que posso me comprometer? — A raiva queimou o meu interior. Ele estava com raiva de mim porque eu pintava e porque eu estava em algum tipo estranho de orgia? Eu não ficava com raiva quando ele saía, quando ele ia a bares e bebia ou ficava fora a maior parte da noite. Eu confiava nele. Por que ele não podia fazer o mesmo comigo? Pela segunda vez, Jayden optou por ignorar o que eu disse. — Você não vai me apresentar a sua família. Estamos namorando há quase dois anos, mas nunca me leva para casa com você. Eles nem sabem que você é gay quando tem um irmão gay, então não é como se eles se importassem. A culpa lançou uma âncora em minhas entranhas. Ele me pegou nisso. Eu não tinha desculpa para não ter contado para minha família... porque eu não tinha contado para Isaac. Eu mesmo não entendia. Especialmente quando se tratava do meu irmão. Com um suspiro, Jayden saiu da cama. — Acho que vou para casa. — Ele acendeu a lâmpada de cabeceira e foi buscar suas roupas. — E se nós viajarmos por um tempo? — Saiu da minha boca sem pensar muito. Jesus Cristo, o que eu estava pensando? Mas ele estava certo. Eu nunca levei uma namorada, ou obviamente um namorado, para casa antes. Mamãe perguntava sobre as pessoas que eu estava namorando o tempo todo, e dei a ela nomes femininos, mas nunca masculinos. Jayden parou, virou-se e olhou para mim. — Para conhecer sua família? — Uma de suas sobrancelhas se ergueu, como se ele estivesse me testando, esperando que eu dissesse não, e talvez eu devesse, talvez essa não fosse minha primeira escolha, mas a verdade era que eu sentia falta deles. Eu estava sentindo falta deles ultimamente, o que provavelmente explicava meu humor e inquietação. Eu adorava minha família, sempre adorei. Sentia falta de pintar no sótão que papai e Isaac reformaram comigo. Senti falta da simplicidade de poder criar arte só porque eu amava e não por dinheiro ou espetáculo. Estava cansado da velocidade constante da minha vida na cidade. — Isso foi o que pensei — Jayden retrucou, colocando sua calça. — Sim — respondi. Porque talvez fosse a hora, talvez eu só precisasse ir para casa e isso ajudaria o desconforto que tinha se instalado sob minha pele. Isaac iria... Cristo, Isaac ficaria magoado por eu não ter contado a ele. Eu fui a primeira pessoa para quem ele disse essas palavras aos dezesseis anos, mas nosso relacionamento era diferente agora. Éramos irmãos, família e nos amávamos, mas não falávamos como costumávamos. Nós não éramos mais próximos, embora eu não entendesse o porquê. — Você pode se afastar do trabalho? — Perguntei a Jayden, já que ele também se mantinha ocupado. Seu sonho era ter sua própria galeria um dia. Um sorriso se estendeu em seu rosto, e eu sabia que estava perdoado, embora ainda não soubesse o que tinha feito de errado. — Eu posso ir. — Ele deslizou sob os cobertores novamente. — Eu quero que isso dê certo. Quero superar os erros e seguir em frente com você, dar o próximo passo com você… Eu estava novamente perdido com os erros que aparentemente tinha cometido, e então meu cérebro começou a girar rápido demais enquanto eu tentava entender o que ele queria dizer com seguir em frente. Morar juntos? Ficar mais sério? Mas então ele me beijou antes que eu pudesse me concentrar muito nisso. Desta vez, eu fui para cima dele. Jayden gozou na minha boca, depois adormeceu, enquanto fiquei ali, dedos coçando para pintar, imaginando o que Isaac diria quando eu chegasse em casa. Isaac Tinha um homem nu de cada lado meu. A noite passada tinha sido uma grande noite. Consegui uma conta enorme na firma financeira em que trabalhava, e todos fomos a um dos bares que Walter Financial Enterprises frequentava. Eu permaneci sóbrio, sabendo que iria querer minha própria comemoração depois. Liguei para Greg, um dos meus encontros regulares, que quase sempre estava disponível para se divertir. Ele já tinha recebido outro homem, mas quando disseram que estavam em falta por um terceiro, bem, eu não estava disposto a deixar passar essa oferta. Então eu fui e gozei... três... talvez quatro vezes? Tive um ótimo tempo refratário. E agora eu estava acordado enquanto dormiam. Eu olhei para fora da janela. Era quase madrugada, Atlanta acordaria em breve, e era um sábado, então eu não precisava trabalhar. Conhecendo-me, eu poderia terminar lá de qualquer maneira - havia uma razão pela qual eu era tão bemsucedido - mas eu era bom em trabalhar e jogar duro, e gostava bastante de ambos. Me perguntei se Greg e... porra, nem sabia o nome do outro cara. Eles me contaram ou não nos incomodamos? Não conseguia me lembrar. Pergunteime se teriam outra rodada quando acordassem, mas então decidi que eu deveria dar um tempo ao meu pobre pau e bunda e ir para casa. Talvez meu amigo Hutch estivesse disposto a correr hoje ou algo assim. O mais silenciosamente que pude, saí da cama. Minhas roupas estavam espalhadas por toda a casa — quarto, corredor, sala. Uma vez que estava vestido, fui para o meu apartamento no centro da cidade. Estava quieto, solitário por dentro. Mantive um estilo moderno com muito preto e metais elegantes. Não havia fotos pessoais de família penduradas ou nas mesas. A única coisa que significava alguma coisa para mim era a pintura que Lane tinha feito para mim quando ele chegou a Nova York. Era de um de seus lugares favoritos no Central Park, com pessoas passando o dia ao sol. Eu não sabia onde era aquele lugar no parque porque nunca tinha ido vê-lo. Papai e Helena tinham ido algumas vezes, mas eu sempre tinha uma desculpa ou outra. A pintura era a única coisa nas paredes da minha sala, bem em cima do meu sofá. Helena se preocupava com minha casa toda vez que ela e papai vinham. Eles ainda moravam na casa onde cresci, primeiro com mamãe e papai, depois com papai, Lane e Helena. Ficava a cerca de quarenta e cinco minutos, sem trânsito, fora de Atlanta. Helena era uma mãe, me dizendo que eu precisava de mais fotos, ou que não tinha comida suficiente na geladeira. Ela sempre gostou de cozinhar e comer juntos como uma família, e apesar de saber que eu era um homem solteiro, ela não conseguia entender por que eu comia principalmente comida para viagem. Eu a amava. Ela era uma mãe para mim, mesmo que eu ainda não conseguisse chamá-la assim. Não era por causa da minha mãe também, embora eu ainda sentisse falta dela como um louco todos esses anos depois. Mas chamar Helena de mãe fazia o relacionamento parecer mais... real, o que fazia de Lane... meu irmão. O que ele era da maneira que importava, aos olhos de todos. Isso foi algo que tentei não pensar, no entanto. Tirei o sexo de cima de mim, então fiz café. Enviei uma mensagem de texto para Hutch para verificar. Respondeu que estava no trabalho - era médico de emergência - e que me ligaria mais tarde. Fui para o meu escritório em casa e fiz algum trabalho, parando quando meu celular tocou. Papai apareceu na tela, me fazendo sorrir. Amava meu pai, ele significava o mundo para mim, mesmo que não conversássemos sobre coisas importantes com frequência. Não as coisas reais, como emoções ou merdas assim. Ele fazia isso com Helena, mas nunca comigo. — Ei, velho — provoquei. — E aí? — Nada. Apenas te verificando. Você vai passar semanas sem ligar se sua mãe ou eu não ligarmos. — Minha mãe. Ele sempre a chamava assim, e novamente, em assuntos do coração, ela era. — Ela está me incomodando para te trazer aqui para uma refeição, mas agora que Lane está voltando para casa, achamos que você não pode estar muito ocupado para nós. Meu coração batia rápido contra meu peito. Lane estava voltando para casa? — Oh? Eu não sabia que ele estava planejando uma visita — eu respondi, me mexendo no meu lugar. Não deveria me incomodar que ele não tivesse me contado. Não era como se Lane tivesse que falar comigo quando queria ver nossos pais. E ele provavelmente imaginou que papai ou Helena garantiriam que eu estivesse lá. Eu poderia evitar ir a Nova York para vê-lo, mas não poderia evitar suas visitas ou férias em casa. A verdade era que eu não queria. Na verdade. Estar apaixonado por seu meio-irmão era inconveniente pra caralho. — Foi uma coisa de última hora. Ele ligou hoje. Ele estará aqui no próximo fim de semana e... bem, ele está trazendo alguém para casa. Meu pulso despencou, parecia que ia saltar de paraquedas sem paraquedas e a qualquer momento meu coração iria espirrar contra o pavimento. Claro que isso estava prestes a acontecer. Claro que Lane conheceria uma mulher e a levaria para casa para conhecer papai e Helena. Lane era do tipo que se acomodava. Eles se casariam, teriam dois filhos bem ajustados e... pintariam e desenhariam juntos como uma família ou algo assim, porque eu tinha certeza de que com quem ele acabasse adoraria arte como ele. Lane sempre foi o criativo, enquanto eu era mais prático. Ainda assim, parecia que tinha vindo do nada. Ele tinha que estar namorando com ela por um tempo se ele a trouxesse para conhecer papai e Helena. — Helena está em êxtase, como tenho certeza de que pode supor. Ele não disse que é alguém com quem ele está namorando, mas deve ser. Quem mais ele traria com ele? — Sim, eu, hum... não sei. Pode não ser, no entanto. Talvez ela não devesse ter esperanças. — As palavras estavam pegajosas na minha boca, como se elas quisessem ficar lá, como se eu não as tivesse libertado, não seriam reais. Talvez toda essa conversa não fosse, e fosse algum tipo de sonho fodido... o que era ridículo... assim como eu. Ele era meu irmão, meu maldito irmão. Eu precisava superar essa merda. — Você conhece Helena. Sem chance. Ela está esperando que seus dois filhos tragam um outro parceiro para casa. Ela quer planejar casamentos e ter netos. — Papai riu, mas eu não, não podia. — Se Lane trouxer uma mulher para casa, em breve toda a atenção estará em você para encontrar um bom homem para trazer para a família. Sim, de alguma forma eu não achava que isso ia acontecer. — De qualquer forma, Helena queria ver se você viria na sexta-feira e passaria o fim de semana com a gente. Ela sente falta de ter vocês em casa. Eu... não sabia se eu poderia fazer isso, mas a verdade era que eu precisava. Não havia como evitar. Lane estava falando sério sobre alguém, e isso nunca, nunca, seria eu. Já estava na hora de superar. Hora de expulsar esse sentimento fodido de mim para sempre. A única coisa que eu sempre quis foi ele, e ele era a única coisa que eu nunca teria. Lane Eu decidi que queria dirigir para casa. Sentia falta. Eu sempre adorei estar ao volante, mas na cidade, raramente estava. Pegava o metrô ou um serviço de carro em todos os lugares. Era uma viagem de cerca de treze horas, com a qual Jayden não estava feliz. Ele era um garoto da cidade por completo. Ele foi criado no Brooklyn. Toda a sua vida era Nova York. Chegar a lugares da maneira mais rápida possível sempre foi seu objetivo, então ele queria voar. Ainda assim, ele não discutiu, imaginei porque ele estava tão surpreso que nós estávamos no nosso caminho para passar quem diabos sabe quanto tempo com a minha família. Ficou claro por muito tempo que Jayden queria mais de mim. Ele estava me levando nessa direção, e quem poderia culpá-lo? Quem poderia culpar qualquer uma das pessoas com quem eu estive? Em algum momento, tinham que se cansar de namorar alguém que queria compromisso e longo prazo, mas sem eu te amo e reuniões de família e todas as outras coisas que eu não entendia sobre mim e os relacionamentos. Mais uma vez, não era que não quisesse me apaixonar. Eu queria. Simplesmente não tinha, e não importa o quanto eu gostasse de alguém, sabia que nenhuma das pessoas que eu tinha namorado era alguém por quem eu pudesse me apaixonar. Talvez isso não importasse. Talvez eu precisasse apenas fazer isso: escolher alguém e fazer isso ficar. Jayden trabalhava enquanto eu dirigia a maior parte do tempo. Ele estava com seu laptop, ligando para artistas e compradores e quem mais, exigindo o que ele queria. Ele era bom em fazer isso, e eu sempre o respeitei, mas a desvantagem era que ele não lidava bem quando não conseguia o que queria. Quanto mais perto chegávamos de casa, mais nervoso eu ficava. Provavelmente deveria ter dito a eles que Jayden era um homem, mas então, eu apenas disse que estava levando alguém. Eram cerca de seis horas quando paramos na rua que eu chamava de casa desde os quatorze anos. Os nervos subiram outro ponto, uma sensação de torção girando em meu estômago. — Você está nervoso? — Jayden perguntou, e eu sabia que ele queria dizer sobre sair do armário para eles. — Não. — Eu não estava, não sobre me assumir para mamãe e papai, mas para Isaac, sim. Eu estava com raiva de mim mesmo, pela minha traição de não contar a ele. Por que eu não disse a ele? — Ficará tudo bem. — Jayden estendeu a mão e apertou minha coxa. — Oh, meu Deus. Estamos aqui? Não posso acreditar que estamos aqui. Isso é tão fofo. A casa de infância de Lane Ryan. Você deveria tirar fotos do estúdio que você me falou. Você pode colocá-lo online de alguma forma. As pessoas adoram coisas assim, sabe? Ter uma visão interna de seus artistas favoritos dessa maneira. — Sim, mas você sabe que não é minha praia. Minha casa... este estúdio, especificamente, é meu. Especialmente as coisas da minha infância. — Você é tão doce. Você é honestamente como aquele clichê do artista carinhoso que usa seu coração na manga, enquanto ao mesmo tempo nunca deixa ninguém se aproximar. Entendo que seu trabalho é parte de quem você é, mas você tem que aprender o lado comercial disso melhor. De alguma forma, não vai manchar aquele espaço que você tanto ama deixar outros entrarem nele. Meu negócio estava indo muito bem por conta própria. Parei na frente da casa branca de dois andares que parecia mais um lar do que qualquer outro lugar para mim. Com certeza desejei que tivéssemos essa conversa antes de chegarmos aqui, porque havia muito que eu queria dizer. Mas se eu conhecesse minha mãe, ela estaria correndo até nós a qualquer momento. — Você acabou de me chamar de clichê? — Foi o que pousei. Jayden revirou os olhos. — Isso não foi o que eu quis dizer. Você sabe que não foi isso que eu quis dizer. — Não tenho certeza de que eu sei. — Só que você deixa seu coração te guiar em vez de seu cérebro. As pessoas querem mais de você. Todo mundo que eu conheço quer foder ou trabalhar com você. Eles querem saber mais sobre quem é Lane Ryan, e mostrá-los, provocá-los com esses pequenos pedaços de você, não vai de alguma forma arruinar sua arte. Isso só vai te fazer ganhar muito mais dinheiro. — Não preciso de mais dinheiro. — Eu já tinha mais do que eu sabia o que fazer. — Quero manter certas coisas para mim. — Oh, meu Deus. Você está chateado. Eu não estava tentando te deixar bravo. Só estava tentando ser útil. Jayden enfiou o laptop na bolsa assim que ouvi minha mãe chamando da varanda: — Lane está ali! Timothy! Isaac! Ele está ali! — Merda. Sinto-me como se estivesse em um filme da Hallmark. Isso é tão saudável. Não fique mais bravo comigo. Quero que sua família goste de mim. A questão era que eu sabia que Jayden não queria dizer nada com isso e que ele gostaria de causar uma boa impressão, mas às vezes ele dizia merda sem perceber como soava. Também via as coisas de maneira muito diferente de mim. Ele estava sempre falando comigo sobre o que eu deveria e não deveria fazer, quando eu só queria criar. — Vamos sair. — Abri a porta enquanto mamãe descia os degraus. Corri até ela e a envolvi em um abraço apertado assim que ouvi a porta do carro fechar. Ela se sentiu bem em meus braços, suave e reconfortante e familiar. Seu cabelo tinha algumas mechas grisalhas agora, e ela o usava em um rabo de cavalo, como sempre. Eu estava de frente para a casa e vi o sorriso largo de papai enquanto ele descia os degraus. Isaac não estava lá, no entanto... Mamãe estava olhando para o carro, e quando senti ela me soltar um pouco, imaginei que ela tinha visto Jayden. — Ah, Lane. Por que não me contou? — Ela perguntou suavemente. — Não sei. — Gostaria de ter uma resposta para isso eu mesmo. — Menino bobo. Vamos conhecê-lo. — Mamãe se afastou, e papai nos alcançou ao mesmo tempo. Eu me virei e chamei Jayden antes de puxar meu pai para um abraço. — Bom te ver, filho. — Você também. Senti o cheiro da colônia de Jayden, e então ele estava lá, com um sorriso largo e inocente. — Mãe, pai, este é Jayden. Jayden, estes são meus pais, Helena e Timothy. — É tão bom conhecê-lo! — Mamãe disse, puxando-o para um abraço. Mexi-me desconfortavelmente, sabendo o quão sortudo eu era por ter isso, mas também sem saber como me sentia ao apresentar alguém à minha família. — Sinto como se estivesse esperando para sempre — Jayden disse, e eu realmente desejei que ele não tivesse. E então me senti um idiota porque não deveria não querer que as pessoas mais importantes da minha vida conhecessem o homem com quem passei um ano e meio. — Bem, você está aqui agora — papai disse então. — e onde está seu irmão? Não posso acreditar que ele ainda não chegou aqui fora. — Sim, não o vejo desde o Natal, e ele nem pode vir até a porta ou o quê? — Provoquei. — Isaac! — Chamei, depois olhei para a casa e... lá estava ele, parado na porta, com os braços cruzados. Dei dois passos, parei, observei o aperto de sua mandíbula, o olhar distante em seus olhos. Aquele que dizia estar sentindo alguma coisa, sentindo demais, mas não queria demonstrar, não queria que ninguém soubesse. Mas eu sabia. Sempre soube. Ele estava com raiva de mim. Estava ferido. Eu não podia culpá-lo. Eu deveria ter dito a ele que eu era pansexual. Eu vi sua máscara se encaixar antes que qualquer um, exceto eu, pudesse notar sua dor. Ele era a imagem perfeita de frio, calmo e sereno. De eu não dou a mínima. Do Estou bem, e estou sempre bem. — Desculpe. Recebi um telefonema. — Isaac desceu os degraus de dois em dois. — E aí cara. Bom te ver. — Ele me deu um rápido abraço de um braço só. — Isaac. — eu disse suavemente, mas ele já estava se afastando. — Oi. Eu sou o irmão de Lane, Isaac. — Virei-me a tempo de vê-lo estender a mão para Jayden, que a apertou. — Eu sou Jayden. Já ouvi tanto sobre você. Eu gostaria que meu irmão e eu estivéssemos tão próximos quanto você e Lane. — Sim, éramos muito próximos quando estávamos crescendo. — Foi dito com indiferença. Ninguém mais teria pensado nisso, nem mesmo mamãe e papai, mas eu sabia o que ele queria dizer. Ele estava colocando em palavras que não éramos mais próximos, e ele fez isso porque estava chateado. — Isaac? — Perguntei, esperando que pudéssemos conversar sobre isso, mas eu também não queria chamar a atenção para o fato de que algo estava acontecendo. Mamãe e papai não entenderiam, e Jayden sim... inferno, eu nem sabia o que ele pensaria. — E aí, irmão? — Ele perguntou, colando um sorriso falso em seu rosto. Ele nunca me chamou de irmão. — Devemos descarregar suas coisas do carro. Precisa de ajuda? — Ele foi em direção ao meu BMW. — Sim, vamos fazer isso — mamãe disse. — Então podemos comer. Jantar está pronto. Isaac vai passar o fim de semana conosco. Estou tão feliz por ter meus dois meninos em casa, e agora Jayden também! — Mamãe apertou meu braço, tão feliz pra caralho, e sem noção sobre a tensão entre Isaac e eu. — Deixe os meninos pegarem as coisas, Jayden. Quero ouvir tudo sobre você. O que faz? — Sou um agente de arte. Estive envolvido na comunidade artística durante toda a minha vida adulta. Eu adoraria ter minha própria galeria — Jayden disse, passando o braço pelo de mamãe enquanto se dirigiam para a casa. Papai foi junto com eles, deixando Isaac e eu sozinhos. Isaac foi direto para o carro, tentou abrir a porta traseira, mas estava trancada. — Isaac… — Destranque a porra da porta, Lane. — Não. Escute-me. — Fui até ele, agarrei seu bíceps, mas ele se afastou de mim. Ele olhou para mim, algo em seus olhos que eu não conseguia decifrar, mas eu sabia que nunca, em toda a minha vida, tinha visto Isaac olhar para mim daquele jeito. Ele olhou para baixo, suspirou, deu um passo para trás. — Você não me contou, Lane. Não entendo como não pôde me dizer, a menos que… quer saber? Não importa. Você não me deve nada. E ei, ele é gostoso. Se você não estivesse transando com ele, eu iria querer. Ou talvez essa seja a sua torção. Dê-me o número dele quando terminar com ele. Ele pode pensar que é sexy foder um conjunto de irmãos. — Seu tom era frio como gelo, áspero e... magoado. Porra, eu realmente o machuquei, e eu odiei isso. Não havia nada que eu odiasse mais. — Eu estraguei tudo, Isaac. Sinto muito. Não é você. Não há ninguém no mundo que eu confie mais do que você. — Era verdade. Mesmo que não fôssemos tão próximos como costumávamos ser, não havia nada que ele não faria por mim, e eu era o mesmo por ele. Mas naquele momento, eu não acho que ele sabia disso. — Não posso falar com você sobre isso agora. Apenas destranque a porta para que possamos pegar essa merda e você possa voltar para o seu namorado. Não havia nenhuma maneira que eu iria conseguir qualquer outra coisa dele. Não quando ele estava com esse tipo de humor. Cliquei no botão do meu chaveiro. Sem outra palavra, ele abriu a porta, pegou as malas de Jayden e foi para a casa. Hesitei por um momento, peguei a minha e fiz o mesmo. Isaac Não conseguia diminuir minha frequência cardíaca. Fazia uma fodida hora desde que meu universo foi abalado, desde que saí e vi que Lane trouxe um homem para casa. Eu não conseguia impedir que as perguntas chovessem no meu cérebro já hiperativo. Há quanto tempo ele sabia? Por que diabos não me contou? E... havia alguma maneira de Lane perceber o que eu sentia por ele e ele não ter me dito que ele era gay porque sabia o que isso faria comigo? Saber que eu poderia tê-lo desse jeito se não fosse pelo pequeno fato de que oh, ele era a porra do meu irmão. Mas eu com certeza não iria deixar transparecer que eu estava magoado, não para papai e Helena, e realmente não para o fodido Jayden, que era loiro e brilhante, em ótima forma, e tinha lábios de morrer. Deus, eu odiava o idiota. Tudo nele parecia perfeito para Lane. Ele amava arte, porque era claro que ele amava. Ele falou sobre pinturas e estilos e os shows de Lane. Falou sobre sua coloração e emoção e peças diferentes de maneiras que eu nunca poderia discutir com ele. Eu só reclamava dele por sempre querer me desenhar ou pintar. Fazia de mim uma pessoa terrível que eu esperasse que Jayden se engasgasse com um osso de galinha enquanto comíamos? Porque eu estava sonhando com isso mesmo. Constantemente. — Então, Jason. Há quanto tempo você e nosso Lane estão juntos? Ele franziu a testa para mim. Helena estendeu a mão e tocou meu pulso. — É Jayden, querido. A culpa se contorceu dentro de mim. Não pelo idiota, mas por Helena. Ela realmente pensou que eu tinha esquecido o nome dele, e se eu continuasse com isso, traria um monte de perguntas que eu não poderia responder sem machucá-la, essa mulher que entrou na minha vida e me amou como se eu fosse o sangue dela. Que nunca me fez sentir diferente ou me tratou diferente de Lane. A mulher que ficaria devastada e confusa e provavelmente enojada pelo fato de eu estar apaixonado por seu filho. — Quase dois anos — Jayden respondeu... então sorriu. Espere... aquele idiota sabia? — Dois anos! — Exclamou Helena. — Bom Deus, Lane Michael Ryan. Não posso acreditar que escondeu isso de nós por dois anos! — Um ano e meio, e eu sei. Não sei por que eu fiz. Não consigo explicar. — O olhar de Lane virou para o meu e depois para longe. Ele era tão malditamente sexy. Seu cabelo estava quase em seus ombros agora, esta terra entre ondulado e encaracolado, bagunçado e não. Era um loiro mais escuro do que quando éramos crianças. Suas sobrancelhas eram do mesmo tom. Lane tinha um nariz reto, um pouco fino, e lábios perfeitos em forma de arco que pensei muito em beijar ao longo dos anos. — Está tudo bem, Lane. Você está dizendo a eles agora. — O maldito do Senhor Perfeito colocou a mão na bochecha de Lane, virou-o e deu um beijo suave em seus lábios. Eu realmente queria esfaqueá-lo com minha faca de manteiga. Lane se afastou, deu a Jayden um pequeno sorriso, então se virou para mim. — Como vai o trabalho, Isaac? — Excelente. Consegui um grande cliente na semana passada. Estou a caminho de me tornar sócio. Estou vivendo minha melhor vida. — Você está vendo alguém? — Perguntou Jayden. — Isaac não quer um relacionamento — Lane respondeu por mim. Eu queria, na verdade, mas eu queria com ele. — Meu irmão está certo. — Fiz questão de enfatizar a palavra irmão para solidificar o que todos pensavam que éramos, o que eu precisava me lembrar que deveríamos ser. — Ele me conhece melhor do que ninguém. Costumávamos contar tudo um ao outro, mas acho que essas coisas mudam quando você cresce. Mas sim, ele está certo. Sem relacionamentos para mim. Acho que não fui feito para isso, mas me divirto de outras maneiras. Tive um trio fantástico na outra noite. Helena ofegou. — Isaac! O que diabos deu em você? — As palavras de papai foram afiadas, sua decepção clara. As sobrancelhas de Jayden franziram. Lane apenas... olhou para mim, uma suavidade em seu olhar castanho que eu não gostaria que fosse dirigida a mim por ninguém além dele. Porque sempre me senti seguro com Lane de uma maneira que nunca me senti com mais ninguém. Depois de todos esses anos, eu teria pensado que acabaria. Que manter minha distância e não confiar nele com meus segredos acabaria com essa necessidade que eu tinha dele, mas isso não aconteceu. Isso ainda existia, tão poderoso como sempre foi, ao mesmo tempo me derrubando e me construindo. Cada conjunto de olhos na mesa estava voltado para mim, confusão, decepção e preocupação em seus olhares, exceto Jayden, que eu tinha certeza de que odiava minhas entranhas tanto quanto eu odiava as dele, e que estava gostando muito disso. Havia algo nele que eu não gostava, mas provavelmente era apenas o fato de que ele estava dormindo com Lane. — Merda. Sinto muito. — Esfreguei a mão no meu rosto, desejando que eu pudesse afundar no chão e que eu não tivesse apenas deixado o filho da puta bajulador sentado na minha frente vencer. Minhas entranhas doíam, a raiva e a mágoa se transformando no fogo das minhas palavras. Eu não teria dito essas coisas de outra forma, e meu orgulho ajudou a reprimir a vontade de fazer uma cena. — Tenho muita coisa acontecendo e deixo isso me afetar. — Inclinei-me e beijei a bochecha de Helena. — Peço desculpas. Você definitivamente não deveria ter que ouvir isso de seu filho favorito. — As palavras brincalhonas quase ficaram presas na minha boca, mas esses eram momentos em que eu brilhava, então tentei fazer isso - ser encantador e fingir que não estava desmoronando. Fingindo que estava bem quando não estava, do jeito que costumava fazer com papai. Ela riu. — Ah, pare com isso. Você vai jogar o jogo dos favoritos de novo? — Não é um jogo — disse a ela, mostrando a ela esse carisma as pessoas estavam acostumadas comigo. — Todos nós sabemos que eu sou seu favorito. Pobre Lane chegou a um acordo com isso anos atrás. Admita, irmão. Eu sou o melhor filho. Esperei que Lane respondesse, implorando silenciosamente a ele para fingir que não tinha feito papel de idiota. Lane era a única pessoa que nunca me deixou sair impune com a minha merda, que nunca me deixou mentir sobre como me sentia. Eu costumava amar isso nele, mas agora eu precisava do oposto. — Lembre-me novamente, quem ficou mais de castigo quando éramos crianças? — Lane perguntou. Papai e Helena riram. — Oh, estamos jogando dessa maneira? Quem ficou com lama no tapete branco do cômodo favorito da casa de Helena? — Quem quebrou a janela da cozinha com uma bola de beisebol e a da sala com uma pedra, no mesmo mês? — Lane contra-atacou. Suspirei. — Jogando sujo, não é? Quem me pediu para esconder meu boletim escolar para que pudesse fingir que ainda não tínhamos recebido, porquê reprovou em matemática? — Quem fez isso? Isso também te faz mal! — Lane se opôs. — Espere, quando fizeram isso? — Papai perguntou. — Duas vezes! — Adicionei. — Porque ele estava sempre sonhando acordado com a pintura. — Isaac costumava ficar bêbado em festas de campo quase todo fim de semana. — Lane fumava maconha no sótão porque isso o ajudava com sua criatividade. — Apenas algumas vezes! — Lane retrucou de volta. — Foi realmente Lane quem... — Você não faria — Lane me interrompeu. Eu levantei uma sobrancelha para ele. Ah, sim, eu realmente faria. — Isaac é totalmente o melhor filho! — Espera. O que ele fez? Isso soa como algo que preciso saber — Helena nos disse. Lane e eu trocamos olhares, um sorriso passando entre nós, essa leveza no ar que não estava ao nosso redor há muito tempo, e nós dois caímos na gargalhada ao mesmo tempo. Sempre foi assim com ele. Ele me fez pensar que eu me sentia bem mesmo quando não me sentia. Meu estômago começou a doer, mas eu não conseguia parar. Lane também não conseguia parar de rir, cobrindo a boca porque sempre foi inseguro sobre um pequeno lascado em um de seus dentes da frente. Eu amava. Eu disse a ele que isso lhe dava caráter, e ele sempre disse que consertaria, mas nunca o fez. Papai e Helena se juntaram, ninguém comendo, apenas felicidade e risadas ao nosso redor. Jayden nos observou por um momento, parecendo totalmente perdido, como se esse tipo de coisa fosse tão estranho para ele, mas então ele tentou se juntar, tentou fingir que estava neste momento conosco também. Quando finalmente nos acomodamos, Helena disse: — Eu realmente quero saber o que Lane fez. Fiz de brincadeira o gesto de meus lábios estão selados. — Deixe os meninos terem seus segredos, querida. — Papai disse a ela. Segredos. Essa palavra me deixou sério. Eu estava tão cheio deles, não estava? Desta vez, não deixei transparecer. Eu era novamente o Isaac que mantinha tudo dentro. Que sorria quando deveria e fazia o papel de alguém que tinha tudo resolvido. Pisquei para Lane. — Estou guardando isso para quando eu realmente precisar. É melhor você ser legal comigo, ou vou dedurá-lo. — Te odeio. — Você me ama. — Rebati. Do jeito que ele deveria amar, não do jeito que eu gostaria que ele amasse. Lane Era tarde, mas depois do jantar, Jayden tinha algumas ligações de trabalho para fazer. Ele foi para o quintal. Enquanto lavava a louça, eu o observava falando e andando de um lado para o outro debaixo de uma árvore com enormes galhos chorosos que sempre amei. Desenhei aquela árvore mais vezes do que eu poderia dizer. Eu desenhei Isaac naquela árvore também. Definitivamente havia algo acontecendo com ele. Eu não sabia se era mais do que apenas eu não contar a ele sobre minha sexualidade, mas eu tinha a sensação de que era. Trabalho? Homens? Era apenas um daqueles momentos na vida de Isaac em que ele estava um pouco mais triste do que o normal, mas tentou esconder isso? Jayden agora alternava entre falar animadamente e ouvir, e meu olhar se desviou dele, para o canto mais distante do quintal. Lembrei-me de estar sentado lá no dia em que nossos pais se casaram. Eu os estava desenhando, mas então olhei para cima e vi Isaac em sua janela, observando... sofrendo. Em vez disso, comecei a esboçá-lo, seus olhos, onde eu podia ver sua solidão mesmo à distância. Ele sempre foi um enigma para mim. Ele era a pessoa mais inteligente que eu conhecia. O mais engraçado também. Ele iluminava todos os cômodos em que entrava e transpirava confiança, mas também tinha uma dor profunda que eu não tinha visto até vê-lo através do vidro. E naquele momento, quando Isaac pensou que ninguém o via... eu vi. Completamente. O verdadeiro ele, não a fachada. Era bobo, e provavelmente não fazia nenhum sentido, mas esse foi o momento em que senti que realmente o conhecia... e queria conhecê-lo. Queria estar perto dele e descobrir seus segredos e como alguém como ele podia ser tantas coisas ao mesmo tempo. Fiquei fascinado com Isaac a partir de então, admirava-o, embora apenas dois meses nos separassem em idade. Nunca me senti tão perdido dele como agora, sem ideia de como recuperálo ou mesmo se eu deveria tentar. Provavelmente era o curso natural da vida. Tínhamos trinta anos. Não era como quando éramos crianças. — Ele é legal — mamãe disse atrás de mim. — Sim, ele é. — E ele era, na maioria das vezes. Jayden poderia ser um pouco mimado, mas isso não era tão ruim. — Ele é diferente do que eu esperava para você. — Por que ele é um homem e você não sabia? Arrisquei um olhar para ela, e ela balançou a cabeça. — Não. Estou magoada que você não sentiu que poderia me dizer, mas não é isso. Eu realmente não posso colocar em palavras. Ele gosta de arte como você, mas fala sobre isso de uma maneira diferente. Ele não parece tão... fácil quanto você? É difícil de explicar. Mas ele é legal, e se você está feliz, eu estou feliz. — Quando não respondi imediatamente, ela perguntou: — Você está? A verdade era que eu não tinha uma resposta para isso. — Bem... tenho uma carreira que eu só poderia ter sonhado, amigos, uma bela casa, família, mas eu estaria mentindo se não dissesse que ultimamente tenho sentido que algo está faltando. — É por isso que está aqui agora? Com ele? — Jesus, você é boa nisso. — Eu a cutuquei com meu braço. — Sim, acho que sim. Pensei que talvez trazê-lo aqui, apresentá-lo a vocês seria como se eu estivesse fazendo alguma coisa? Avançando de alguma forma? — Então não está funcionando? — Mamãe perguntou. — Ainda não, mas acabamos de chegar aqui há algumas horas. — Isaac está chateado — ela acrescentou suavemente. Ele estava. Porra, ele estava, e eu odiava isso. — Eu não disse a ele, e ele está ferido. Fui a primeira pessoa a quem ele contou, e guardei para mim. — Por quê? — Eu não sei — respondi honestamente. — Espera. Ele te contou primeiro? Pensei… Merda, eu tinha esquecido disso. — Eu também não entendo isso. É exatamente como Isaac queria. Pela janela, sob as luzes de movimento, vi Jayden encerrar a ligação e voltar para casa. Começamos um jogo familiar de Monopólio depois disso. Isaac estava ganhando, como sempre, o filho da puta, quando Jayden disse: — Estou muito cansado. — Nós podemos terminar isso amanhã — mamãe respondeu. — É tarde e esqueço que nem todo mundo está acostumado com nossas maratonas de jogos de tabuleiro. O monopólio é sempre o mais longo. — Ah, não — Jayden disse — Eu não quero estragar o jogo para todos, mas se não se importar... — O que significava que ele definitivamente tinha superado o jogo. Eu entendi. Esse não era o tipo de coisa que Jayden fazia quando sua família se reunia. — Sim, estou com sono também — menti. — Vocês estão todos chateados por eu estar ganhando de novo — disse Isaac. — Você não ganha todas as vezes — papai respondeu. — Oh, o quê? Aquela vez há oito anos? — Perguntou Isaac. — Isso não conta. Nós rimos novamente. Parecia tão bom. Eu não tinha percebido o quanto eu realmente precisava dessa visita em casa. Eu realmente não queria ir para a cama, mas Jayden ficaria acordado se eu não fosse, e eu sabia que ele preferia não. Eu não queria que ele se sentisse desconfortável quando estivesse na casa de outra pessoa pela primeira vez, então levantei e estendi minha mão para ele. Ele pegou, e eu o puxei para cima. — Você pode ver meu quarto de infância. — Está mais limpo do que era quando você morava nele — disse Isaac. — Você é uma bagunça... roupas em todos os lugares, respingos de tinta em camisas novas. Você estava sempre tão disperso, como se seu quarto fosse uma representação de seus pensamentos esgotados. — Ele ainda é do mesmo jeito! — Exclamou Jayden. — Juro que parece que um furacão passou pelo quarto dele. Isso me deixa louco. Isaac deu de ombros. — É apenas quem ele é. — Ele se levantou, mas não olhou para mim. — Acho que vou para a cama também. — Vocês, rapazes, subam. Vamos desligar tudo aqui embaixo — mamãe disse. Beijei sua bochecha. — Boa noite, mãe. Boa noite, pai. Jayden agradeceu a eles por deixá-lo ficar, Isaac disse aos nossos pais que os amava, e então nós três subimos juntos, Isaac quieto e ainda sem encontrar meu olhar. Nossos quartos ficavam um ao lado do outro. Ele foi para o dele, e Jayden e eu para o meu. — Boa noite. — Eu disse quando Isaac estava passando por sua porta. Ele não virou na minha direção. — Boa noite, irmão. — Ele deslizou para dentro, fechando a porta entre nós. Não me mexi por um segundo, mas então Jayden se jogou na cama e disse: — Seu irmão me odeia. — Então entrei e fechei a porta. — Ele não odeia você. Odeia não saber sobre você. Está magoado por eu não ter contado a ele. — Tem certeza de que é isso? — O que mais poderia ser? — Tiro minha camisa, deixo-a cair no chão, mas depois caminho até a poltrona no canto para colocá-la lá. Eu tiro minha calça em seguida. — Vocês alguma vez foderam quando eram jovens? Se masturbaram juntos ou algo assim? — Que porra é essa? Não. Ele é meu irmão! — Meu rosto estava inesperadamente corado. — Seria apenas uma brincadeira. Talvez para ele, mas... Cristo, eu não conseguia imaginar o que nossos pais pensariam se tivéssemos feito algo assim e fôssemos pegos. Mamãe ficaria horrorizada, e papai... eu nem sabia o que ele pensaria. Para eles, para todos nós, éramos irmãos. E mesmo se não, eu nunca poderia ser o tipo de Isaac. De onde diabos veio esse pensamento? — De qualquer forma — Jayden adicionou quando eu não respondi. — Ele não é o que eu esperava. Gostoso, mas não o que eu pensei que ele seria. Aborrecimento acendeu um fogo em meu estômago. — Não o chame de gostoso, e o que quer dizer? — Eu esperava que ele fosse mais parecido com você. — Então eu não sou gostoso? Jayden revirou os olhos. — Você é lindo pra caralho e sabe disso, mas não de um jeito... eu não sei... de capa de revista. Você é o artista excêntrico que todos adoram, mas tenho de lembrá-lo de pentear o cabelo quando saímos. — Talvez por que eu não deveria ter que pentear meu cabelo se eu não quiser? Além disso, iria estragar tudo quando passasse meus dedos por ele. Além disso, você está sendo um idiota. — Não estou tentando ser. Você não precisa ficar tão na defensiva. Sentei-me no colchão de cueca. Jayden se moveu para ficar atrás de mim, com as pernas e os braços em volta de mim, e perguntou: — Você vai se esgueirar para o sótão e me deixar sozinho esta noite? — Você estaria dormindo. — Lane! Oh, meu Deus. Seus pais vão pensar que estamos tendo problemas. Huh? — Por que pensariam isso? — Porque você está se esgueirando para fora da cama à noite. Às vezes parece que você não quer dormir comigo. Eu não queria fazê-lo se sentir assim e... bem, era meio frustrante que isso acontecesse. — É o que eu sou. Meus pais não saberiam, mas mesmo que soubessem, não pensariam que isso significava que estávamos tendo problemas. Eles pensariam que estou sendo eu. — Seu irmão pensaria que significa que algo está errado conosco. Me virei, olhei para ele. — Você está com ciúmes? — Ugh, não. Não tenho ciúmes de ninguém. Ele estava com ciúmes. Podia ver em seus olhos. — Ele é meu irmão, Jayden. — Eu não esperava que seus problemas de confiança fossem um problema com Isaac. Mas então, Isaac era tão elétrico, como alguém poderia não sentir seu apelo? Jayden beijou meu pescoço e se afastou. — Vou fazer um trabalho. — Achei que você estava cansado. — Mais ou menos. Eu só... não gosto muito de jogos de tabuleiro. — Jayden tirou suas roupas e subiu na cama com seu laptop. Me deitei ao lado dele, no meu telefone, dedos coçando para desenhar, pintar, pés implorando para sair da cama e subir as escadas para ver se Isaac estava lá. Para perguntar a ele se eu poderia desenhá-lo para que eu pudesse fazê-lo falar comigo e me deixar pedir desculpas a ele novamente. Ele saberia que eu gostaria de ir até lá, e ele provavelmente estaria lá esperando, reclamando que eu queria usá-lo como minha inspiração, enquanto me deixava explicar. Porque não importava o quão ferido ele estivesse, Isaac posaria para mim. Ele sempre faria isso. Jayden literalmente trabalhou por duas horas. Em seguida, fez sua rotina noturna de cuidados com a pele. Já passava das três quando ele adormeceu, mas eu ainda não podia ir. Ele ficaria irritado quando acordasse, mas eu ainda estava nervoso, pedaços do que aconteceu hoje inundando minha mente, tentando formar um mosaico na minha cabeça. A arte era a única maneira de ajudar. Finalmente, deixei-me escapar. Eu não deveria me sentir mal por trabalhar à noite. O quarto dos nossos pais ficava no andar de baixo, então não me preocupei com eles vendo de qualquer maneira. Isaac sempre ouvia quando eu passava pelo quarto dele para subir as escadas, que ficava logo acima de onde ele dormia. Subi as escadas do sótão, mas as luzes estavam apagadas. Isaac não apareceu. Fiquei até as seis, desejando poder desenhar meu irmão e dizer o quanto sentia sua falta, mas pela primeira vez ele não veio ao meu estúdio. Quando acordei de manhã e desci, papai me disse que Isaac teve alguma emergência no trabalho e tinha voltado para Atlanta. Isaac Eu era um covarde, e enquanto eu estava chateado com esse fato, estava muito mais seguro em casa em Atlanta, onde meu irmão não estava no quarto ao lado, dormindo com seu namorado babaca, que infelizmente não se engasgou com um osso de galinha. Eu não tinha pensado em uma defesa adequada para esfaqueá-lo. Então entrei em um aplicativo e recebi um boquete de um cara que amava nada mais do que ficar de joelhos por alguém... mas não ajudou, caramba. Desde quando sexo não curava meu humor? Toda vez que tinha a ver com Lane. O bastardo. Eu gostaria de odiá-lo. Ou que eu não estivesse inapropriadamente apaixonado por ele. Qualquer uma dessas opções funcionaria, mas a segunda seria muito mais propícia para a vida familiar feliz que nossos pais queriam para nós. Eu estava determinado a voltar à minha vida normal. Não tinha ideia de quanto tempo Lane e cara de merda ficariam na cidade, então voltei para minha rotina de trabalho e vida. Fui correr com meu amigo Hutch. Embora só tivesse encontrado Lane uma vez, Hutch sabia muito sobre ele. Contei a ele algumas de nossas histórias da infância, quando ele compartilhou algumas sobre sua irmã, Maddy, que lutou contra o câncer duas vezes. Ele sabia que Lane era um pintor e quão orgulhoso eu estava dele porque eu realmente era um irmão foda que fazia com que todos soubessem o quão incrível Lane era. Mas Hutch, tendo acesso apenas aos pedaços da minha vida que eu queria compartilhar, não sabia que eu tinha me afastado de Lane ao longo dos anos. Hutch era o mesmo a esse respeito - eu não entendia o quadro completo quando se tratava dele. Todos nós tínhamos nossos segredos. Hutch e eu começamos a nos alongar. Brinquei com a ideia de contar a ele um pouco sobre Lane, que ele estava lá com um homem e como me sentia sobre isso. Mas como eu poderia fazê-lo entender sem dizer a ele que eu queria transar com meu próprio irmão? Ele não é meu irmão de verdade, ele não é meu irmão de verdade, ele não é meu irmão de verdade. Eu não poderia dizer quantas vezes eu disse isso a mim mesmo ao longo dos anos. Então, em vez disso, perguntei: — O que você fez hoje? — Não muito — respondeu Hutch. — E você? — Mesma coisa, mesma coisa. — Mas meu irmão está aqui, e eu estou apaixonado por ele, e você conhece alguma maneira de matar um homem e se safar? Porque Jayden está na minha lista. As coisas eram realmente uma merda quando a única pessoa com quem você se sentia à vontade para conversar era aquela que te perturbava. Lane era a única pessoa com quem eu compartilhava. Lane nunca poderia saber disso. Então guardei para mim. — Sim, ouço você. O mesmo aqui. Como está seu irmão? Às vezes eu realmente acreditava que o universo me odiava. Porque era claro que Hutch perguntaria aleatoriamente sobre Lane quando eu estava pirando. — Meio-irmão — peguei-me respondendo, o que eu nunca tinha feito antes. Nunca fiz questão de chamar a atenção para o fato de que nós não éramos realmente parentes... o que poderia parecer estranho, então acrescentei — Lane está bem. — Antes de me levantar. — Nós vamos correr ou o quê, velho? — Não sou muito mais velho que você. — respondeu Hutch. Foi a mudança perfeita de assunto enquanto nos provocamos e saímos correndo. Quando terminamos, Hutch me convidou para jantar, mas eu recusei, balbuciando sobre sair e transar. E eu realmente precisava disso para começar a ajudar em todo o departamento de esquecimento sobre Lane. Eu me mantive ocupado pelo resto da semana, tentando não pensar em Lane e no cara de merda. Sexta à noite, recebi uma mensagem de um dos caras com quem fiquei, mas não estava com vontade, o que me irritou ainda mais. Agora que eu não estava fazendo sexo porque eu era um bastardo deprimido, acabei me masturbando, mas pelo menos estava fazendo sexo com alguém, mesmo que fosse eu mesmo. Meu telefone tocou no início da manhã de sábado. Eu estava acordado, mas ainda na cama, então rolei e o peguei da mesa de cabeceira para ver o nome de Lane e a foto de nós juntos na formatura do ensino médio. Estávamos nos braços um do outro, sorrisos largos em nossos rostos, mas ele estava olhando para mim, enquanto eu olhava para a câmera. Ele parecia... feliz, como se eu o fizesse feliz, o que era a coisa mais ridícula do mundo. Eu gostaria de branquear meu cérebro de todos esses pensamentos, mas não conseguia. Quando não atendi, ele imediatamente ligou novamente. Com um suspiro, atendi a ligação. — Eu estava dormindo. — Não, você não estava. Está chateado comigo e sendo um pirralho mimado sobre isso. Bem, merda. Às vezes era uma droga que ele me conhecesse melhor do que qualquer outra pessoa. — Sou borracha e você é cola. Tudo o que você diz salta de mim e gruda em você. — Isaac. — Lane. Ele ficou quieto por um momento, então me sentei e esperei que ele falasse novamente. — O que aconteceu conosco? Não entendo. Fechei os olhos, meu peito apertando, um punho apertando meu coração. Jesus, tudo estava tão fodido. Se eu pudesse encontrar uma maneira de superar essa merda que eu não deveria sentir em primeiro lugar... Era uma tortura. Eu não conseguia entender por que alguém iria querer se apaixonar, mas provavelmente não seria tão ruim se eu tivesse me apaixonado por outra pessoa. — Estamos bem — finalmente consegui dizer. — Nós crescemos, então nosso relacionamento mudou, só isso. Por que está ligando? Lane bufou. — Por que está ligando? Oh sim, estamos definitivamente bem. Jayden e eu estamos voltando para a cidade amanhã. Eu esperava que viesse esta noite e passasse algum tempo comigo, já que fugiu no fim de semana passado por qualquer motivo. Revirei os olhos, embora ninguém estivesse lá para ver. — Pare com isso. — disse Lane. — Parar o que? — Você está irritado e revirando os olhos para mim. Eu não podia nem ficar bravo, por que que porra era essa? Como ele sabia disso? — Sim, Lane, eu sei. Eu sou um idiota, e saí porque não consegui o que queria e... — O que queria? — Ele me interrompeu. Você. — Nada. Podemos parar de ser dramáticos agora? Sim, estarei aí hoje à noite para me despedir de você e seu namorado. Não perderia por nada. Ele não respondeu, o silêncio pairando no ar. Lane respirou, então eu também, então ele novamente, como uma dança onde ele liderava e eu seguia – e eu não seguia com muita frequência, o bastardo. Mas eu faria por ele. — Sinto falta de nós. — disse Lane suavemente. A dor começou no centro do meu peito e ecoou para fora. Também sinto falta de nós. Então, ao fundo, ouvi Jayden perguntar: — Por que você está se escondendo aqui? Com quem está falando? — E meus músculos ficaram tensos imediatamente. — Não estou me escondendo, estou falando com meu irmão. — Lane disse ao namorado. Terminei a ligação antes de dizer algo que não poderia retirar. — Jayden com certeza está muito no telefone dele. — Helena disse a Lane. Eu tinha notado a mesma coisa, mas não confiava em mim mesmo para dizer qualquer coisa sobre a pequena bola de gosma. Eu não gostava dele. Não confiava nele. Não só porque eu estava com ciúmes pra caralho também. Ele era estranhamente possessivo com Lane, pegajoso, e ficava tentando falar comigo quando eu poderia dizer que ele sabia que eu queria que ele se fodesse imediatamente. — Ele está ocupado com seu trabalho. Há sempre alguma coisa acontecendo, e ele não é muito bom em tirar uma folga. Ele realmente quer fazer um nome maior para si mesmo. — disse Lane pouco antes de Jayden voltar para dentro. — Desculpe por isso. — disse Jayden. — Nós nunca nos safamos trabalhando durante o tempo da família. — Eu disse, tentando ser um idiota. — Isaac. — Lane franziu a testa. — Você sempre diz meu nome como se fosse um aviso e eu estou prestes a ter problemas por alguma coisa. — Porque você geralmente está. — Sinto muito. Não percebi. — disse Jayden. — Tudo bem. Isaac gosta de ser um fofoqueiro. — Isaac apenas gosta de manter a real — rebati. — Vou verificar a comida. — Papai se levantou, e eu fiz o mesmo. — Irei com você. Fomos para o quintal, onde ele esteve assando costelas o dia todo. Ele olhou para isso, então fechou a tampa. — Você não gosta dele. — Não acho que ele seja bom o suficiente para Lane — respondi. — Há algo sobre ele que não confio. Papai me olhou por um momento como se estivesse tentando me entender, então assentiu. — Sim, ele realmente não parece o tipo de Lane. As coisas de arte, sim, mas ele é tão... — Como eu, na verdade. Quer dizer, eu não era uma bola de gosma com cara de merda e ele era, mas eu poderia dizer que nós dois pensamos nas coisas do ponto de vista de dinheiro e números de uma forma que Lane não pensava. Eu sempre o vi com alguém criativo, que poderia se perder por horas ou dias em sua arte, não alguém apenas tentando ganhar dinheiro com isso como Jayden. — Entendo. — Respondi, sem que papai tivesse que continuar. — Mas ele deve significar muito para Lane para ele tê-lo trazido para casa. Esta é a primeira vez, então precisamos respeitar isso. — Sim, senhor. Eu estava no meu melhor comportamento depois disso, o que significava principalmente ficar quieto. Lane continuou me observando, e Jayden continuou olhando para ele. Estávamos no meio da refeição quando Jayden estava contando uma história sobre os dois. Perdi a maioria dos detalhes, em vez disso imaginei todas as coisas horríveis que queria fazer com Jayden, mas então ouvi: — Não importa o que esteja acontecendo, ele pode se perder no meio de qualquer coisa. Não posso te dizer quantas vezes acordei e ele se foi, então eu tenho que ir e arrastá-lo para fora de seu estúdio e de volta para a cama. Não posso acreditar que o mantive fora do sótão a noite toda enquanto estivemos aqui. Meu olhar estalou para ele. — Por que importa se ele pinta à noite? Os olhos de Jayden se arregalaram, esse tipo de cruzamento de olhos de corça entre Oh merda, eu estraguei tudo e Você é um filho da puta de verdade, Isaac. Helena estendeu a mão e tocou minha mão. — Tenho certeza de que não foi isso que ele quis dizer. — Mas é o que ele disse. E é isso que Lane é. Isso é sempre quem Lane tem sido. — Eu não quis dizer isso dessa maneira. Claro que eu apoio Lane. Quero o que é melhor para ele e sua carreira. Eu o ignorei. — Você não esteve no sótão esta semana? — Esse espaço era Lane. Ele passou mais tempo lá do que em seu próprio quarto crescendo. Era onde ele trabalhava toda vez que voltava para casa. — Eu estive no sótão. Mas se eu não tivesse, não seria um grande negócio. Estou de férias e gostaria de ter uma boa noite de sono. Isso é tudo. — Você sempre se inspira à noite. — Rebati. — Então eu subiria se eu quisesse. Sou um menino grande, Isaac. Não preciso que você me defenda como se eu não pudesse fazer minhas próprias escolhas. — Isaac — papai avisou. Eu estava realmente ficando cansado de meu nome soar assim. — Sinto muito. — Olhei para Lane, não para Jayden. — Não é da minha conta o que você faz ou deixa de fazer. Eu deveria ter ficado de boca fechada. O clima para o resto da refeição foi moderado. Eu estava apostando que Lane desejava que ele não tivesse ligado e me pedido para vir. Eu sei que sim. Percebi que Jayden ficou fora do telefone a maior parte da noite. Depois do jantar, sentamo-nos no quintal por um tempo, conversando - Helena e papai contando histórias para Jayden de quando Lane e eu éramos jovens. — Vocês saíam muito juntos. — disse Jayden. Eu estava sentado nos degraus em vez de uma das cadeiras, não me deixando olhar para eles. — Sim e não. — Papai respondeu. — Isaac e Lane sempre foram muito diferentes. Na escola não participavam das mesmas atividades e não tinham os mesmos amigos, mas sempre foram próximos. Quando estavam em casa, eles eram inseparáveis, Isaac sempre no andar de cima com Lane enquanto ele pintava. Belisquei a pintura no parapeito, desejando que eu pudesse ignorá-los. — Eles eram como irmãos desde o início — acrescentou Helena. — Como sempre foi para ser. Eu esperava ter outro filho depois de Lane, mas meu corpo discordou, e então Timothy e Isaac entraram em nossas vidas e... foi como o destino. Não que eu esteja feliz por Isaac ter perdido sua mãe biológica ou Lane seu pai, mas... nós nos encaixamos desde o início. Isaac é meu filho de todas as maneiras possíveis, assim como Lane é para Timothy, e assim como são como irmãos. Minha coluna endureceu. Todo mundo ficou quieto por um momento, nenhum som além de grilos ao longe. A questão era que Helena estava certa. Nós éramos a família perfeita. Nós nos encaixamos juntos como era para ser. Era nisso que eu precisava focar. — Lane ganhou no departamento de irmãos. Isso é tudo que estou dizendo. — Forcei, e todos riram. — Acho que você confundiu. Você é o sortudo. — Rebateu Lane. Eu me fiz brincar com eles, ser o Isaac alegre e sarcástico que sempre fui. Eu até tentei ser mais legal com o bola de gosma com cara de merda porque eles eram minha família e eu os amava. Eu não ia nos separar. Lane Eu não conseguia dormir. A sensação de não estar confortável na minha pele piorou desde que eu estava em casa, quando eu esperava que melhorasse. Ainda assim, eu não queria voltar para a cidade, ainda não. Eu não estava pronto, e uma parte maior de mim estava começando a perceber que eu não queria voltar com Jayden. Não era só eu que estava desconectado, éramos nós. Voltar para casa deveria consertar isso, consertar o que estava acontecendo de errado dentro de mim, mas não consertou, e era hora de encarar isso. Eu poderia dizer pelo jeito que Jayden estava respirando que ele também não estava dormindo. Ele estava enrolado de lado, de costas para mim, quando normalmente ele estava em cima de mim quando dormia. — Quer levantar-se e pintar agora, não é? — Ele perguntou suavemente. — Sim. — Pensei que era eu... que por alguma razão, você estava tentando escapar de mim, mas isso é realmente quem você é, não é? E eu não sabia. — Sim, é quem eu sou, mas acho que há mais do que isso, e nós dois sabemos disso. Jayden suspirou, rolou. Estava escuro no quarto, a única luz vinha da lua brilhando através da janela e dos postes de luz abaixo. — Eu te amo... você sabe disso, não é? — Jayden perguntou, fazendo um peso se instalar no meu peito. — Eu sei. — Mas não somos certos um para o outro. Fiz uma pausa por um momento antes de concordar: — Não, acho que não somos. — Dormi com Salvador. Foi apenas uma vez, cerca de seis meses atrás. Eu queria que você saísse comigo, e você não quis. Estava me sentindo... negligenciado. Eu poderia dizer mesmo naquela época que você estava se afastando, e estava chateado e magoado com isso. Não estou tentando culpálo ou dizer que é sua culpa. Só estou dizendo o que fiz e como me senti. Arrependi-me desde então. Eu me odeio por afundar tanto, e as coisas estão ainda mais difíceis agora porque ele é um cliente e... deixou bem claro que quer fazer isso de novo. Estava tentando descobrir como contar a você. Esperei que o ciúme surgisse. Esperei me sentir magoado ou traído ou até mesmo com raiva, mas me sentia... solitário. Como se talvez eu nunca encontrasse aquela pessoa com quem combinasse, com quem tudo parecia certo. — Você me odeia? — Perguntou Jayden. — Não. — Eu realmente não, o que me disse que eu deveria ter terminado isso há muito tempo. — Eu queria que funcionasse. Tenho tentado tanto e pensei... pensei que talvez esta semana, viajar e conhecer sua família, nos aproximaria, mas só me mostrou o quão distantes realmente estamos. — Sinto muito. — Eu disse, embora não tivesse certeza do que estava me desculpando. Talvez porque não importa o que ele tivesse feito, Salvador ou não, não teríamos durado. — Pensei que seria eu a domar Lane Ryan. Você é toda a conversa, sabe? O belo e incrivelmente talentoso pintor que todos adoram, que passa de um relacionamento de longo prazo para um relacionamento de longo prazo, mas ninguém pode amarrá-lo para sempre. Ele estava certo, e esse pensamento fez uma profunda melancolia se instalar em meus ossos. Era muito exigente? Estive com algumas pessoas realmente ótimas, pessoas que eu gostava, então por que eu não poderia amá-las? Era como se eu não pudesse dar aquele passo final. Algo dentro de mim sempre me segurou. — Não é você, sou eu…? — Eu disse, e ele riu baixinho. — Bem, não, não sou eu. Eu sou fabuloso pra caralho. — E apesar de nossas diferenças e do fato de que ele me traiu, eu sabia que ele era um homem decente – falho, mas decente e não o certo para mim. — Você não é tão ruim. — Provoquei. — Quando você não está sendo um pirralho mimado. — Inclinei-me e beijei a testa de Jayden. Eu não concordava com o que ele tinha feito com Salvador, mas a verdade era que eu também nem sempre fui justo com Jayden. Eu sabia que não poderia dar a ele meu coração. — Acho que quero ir embora esta noite. Antes que sua família acorde. — Você não tem que fazer isso. Não temos que lhes dizer nada. Podemos fingir que está tudo bem, mas... — Mas você não vai voltar para a cidade ainda. — Não. — Respondi. Não ia. Eu queria estar com minha família. Queria consertar o que quer que tivesse acontecido entre Isaac e eu, porque nada parecia certo desde que começamos a nos separar. — Vou ver se consigo reservar um voo. — Jayden sentou-se na beirada da cama, olhando para o telefone. Havia um saindo de Atlanta no início da manhã, então me levantei com ele e o ajudei em silêncio a fazer as malas. Quando eu disse: — Devemos sair. — Não esperava sua resposta. — Chamei um carro. Deve estar aqui a qualquer minuto. Eu não... acho melhor nos despedirmos aqui. Balancei a cabeça. — Vou levá-lo para fora. — Ficamos quietos enquanto pegamos as coisas de Jayden, descemos e saímos. Assim que chegamos à rua, um carro virou na estrada. — Venha aqui. — Puxei-o para um abraço. Jayden me deu um pequeno sorriso, entrou no carro e saiu. Outro relacionamento acabou, e neste puxei minha família. Pelo menos com os outros eu não tive que me preocupar em decepcionar minha mãe. Fiquei do lado de fora muito depois de Jayden ter ido embora. Quando voltei, não entrei no meu quarto, em vez disso fui direto para o de Isaac. Fiquei surpreso por ele ter passado a noite, mas mamãe disse que ele poderia muito bem se despedir no dia seguinte. Ele estava morto para o mundo, o cobertor cobrindo apenas parcialmente seu peito, virilha e pernas, que se projetavam, nus. O rosto de Isaac estava em direção à porta, suavizado de uma forma que não era quando ele estava acordado. Ele sempre foi bom em enganar as pessoas, mas eu sabia que ele carregava mais peso do que mostrava. Fui até ele, o observei respirar como uma espécie de Stalker antes de estender a mão para tocar seu ombro. No segundo que eu fiz, seus olhos se abriram, segurando firme em mim. — O que? O que há de errado? — Quero te desenhar. — Fazia tanto tempo desde que tínhamos feito isso, eu só sabia que ele me diria não. Que ele diria que eu era louco e ele não sairia da cama, todas as maneiras de construir ainda mais alto aquele muro que ele ergueu entre nós. Mas Isaac me surpreendeu. — OK. Fiquei ali por um momento, esperando que ele se levantasse, mas ele me deu um sorriso malicioso, o arrogante Isaac fazendo uma aparição. — Você quer um concurso de medição de pau também? Porque eu tenho que te dizer, estou armado. Se não é isso que você está procurando, pode querer ir porque estou nu aqui embaixo. — Oh. — Merda. Eu não sabia por que eu não tinha pensado nisso. Meu rosto corou, o que era confuso pra caralho, então eu me virei antes que Isaac pudesse notar. — Vejo-o no sótão. — Estarei lá. Subi as escadas, andando de um lado para o outro, os nervos se espalhando por todo o meu corpo. Porque me sentia assim depois de falar com meu próprio irmão, eu não conseguia descobrir. Realmente foi apenas alguns minutos depois, quando ouvi a porta e, em seguida, os passos de Isaac quando ele veio. Virei-me para olhar para ele – seu cabelo curto bagunçado, barba por fazer ao longo de sua mandíbula, que estava salpicada de cinza apesar de ele ter apenas trinta anos. Os cantos de sua boca estavam virados para baixo, seus olhos desconfiados por trás de sua fachada. Ele estava vestindo um short de náilon que chegava até os joelhos, a faixa de sua cueca aparecendo por cima deles. Ele não estava de camisa, e seu peito e abdômen estavam mais definidos do que quando éramos mais jovens. — Estamos tendo um concurso de olhares que eu não sabia? — Ele perguntou, me puxando para fora... bem, do jeito que eu o estava encarando. Parecia muito diferente fazer isso como adultos. Uma sensação desconfortável começou no fundo do meu estômago, viajando até meu peito. Mas então, nosso relacionamento havia mudado tanto que fazia sentido. — Sente-se. — Apontei para o sofá. — Não sou seu cachorrinho, Lane. Revirei os olhos. — Sente-se, Isaac. Com um suspiro, ele se sentou, mas eu sabia que ele não tinha terminado de falar ainda. Isaac raramente calava a boca. — Tem certeza de que você tem permissão para estar aqui? Não quero que tenha problemas com seu namorado – oh, ei, lembra como você sempre me disse que era heterossexual? Vou precisar que você me explique como toda a coisa de namorar um cara acontece nessa situação. Procurei na gaveta da escrivaninha e peguei um velho caderno de desenho e um lápis. De costas para ele, eu disse: — Você pode ser um verdadeiro idiota, sabia disso? — Sempre foi verdade sobre ele. A diferença era que ele nunca costumava ser um para mim. — É um talento. — Você deveria trabalhar em um novo. — Por que eu faria isso quando sou tão bom nisso? Ignorei-o e puxei a cadeira para ficar na frente dele. Ficamos em silêncio quando abri em uma página em branco. Coloquei meus pés na pequena mesa de centro entre nós, caderno no meu colo, antes que a ponta do lápis fizesse seu primeiro risco no papel. Riscar, riscar, riscar. — Sempre amei esse som. Dormi com isso tantas vezes ao longo dos anos, quando eu vinha aqui enquanto você trabalhava. Faz algo comigo como... porra, não sei. Como se fosse uma maldita canção de ninar ou algo assim. Meu olhar se voltou para ele, mas Isaac não estava olhando para mim. Ele nunca em um milhão de anos teria dito isso para outra pessoa. Eu não sabia o que havia em mim que o fazia baixar a guarda, mas sempre baixou, e sempre me divertia com isso. A única vez que eu me sentia especial na minha vida era por causa da minha arte, e depois por quem eu era para Isaac. Quando alguém confiante e inteligente o suficiente para incendiar o mundo confia em você, isso faz algo para um cara. Eu não tinha certeza se merecia isso, mas eu não iria me afastar disso também. — Eu não tenho um. — Finalmente respondi, meu olhar encarando-o. Isaac estava franzindo a testa. — Tem o quê? — Namorado. — Merda. — Ele esfregou a mão no rosto. — Sei que deveria dizer que sinto muito, mas tenho certeza de que odeio aquele cara, então é difícil dizer as palavras. Eu ri. Era uma coisa tão Isaac de se dizer. Novamente, ele era um pouco idiota, mas sempre o amei por isso. — Ele não é um cara ruim. — Ele é basicamente o pior. — Revirei os olhos e Isaac, percebendo minha resposta silenciosa, disse: — Não estou sendo dramático. — Eu vou admitir que ele não era certo para mim e não se encaixava muito bem conosco, mas ele não é o pior. Isso é um pouco exagerado. — Ele estava com ciúmes do tempo que você passava criando arte, Lane. Ele tinha um ponto. — Jayden está acostumado a ser o centro das atenções. E ele foi ferido no passado. Tem uma autoestima muito baixa, embora você não perceberia isso de fora. A falta de atenção faz com que ele se sinta malamado. — O que eu sabia desde o início, mas eu não tinha percebido que iria me afetar tanto. E, em seguida, adicionando a traição… — Não. Não ajuda. Ainda o odeio — Isaac disse, me fazendo rir. Ele sempre foi tão bom em fazer isso. — Você é um idiota. — Diga-me algo que eu ainda não saiba — ele respondeu. Porque sarcasmo e ser um idiota sempre foram mais fáceis para ele do que emoções reais. Nós caímos em um silêncio confortável desta vez, nada além do som de nossa respiração e meu lápis arranhando o papel preenchendo o espaço ao nosso redor. Eu precisava explicar as coisas para ele, mas não conseguia descobrir por onde começar, como nos levar de volta para onde costumávamos estar. Só sabia que um dia estávamos bem, e depois não estávamos. O fato de eu não ter contado a ele sobre estar com homens só piorou as coisas. — Eu não sabia — eu disse sem olhar para ele. — Quando você me perguntou se eu gostava de homens, eu não percebi. E talvez isso não faça sentido para você, alguém que sempre foi tão seguro de quem é, mas é a verdade. — A sexualidade é uma coisa complexa. Posso entender isso, mas em algum momento ao longo dos anos você descobriu e escondeu isso de mim. Quando olhei para cima, Isaac estava massageando o peito, bem sobre o coração, como se estivesse com uma dor no músculo ali. — As coisas não são as mesmas entre nós há muito tempo. Não falamos como costumávamos. — Essa é uma desculpa de merda, e você sabe disso. Sim, claro, nós crescemos, a merda mudou, mas ainda não há razão para não sabermos isso sobre você, a menos que você especificamente tentasse esconder isso de nós. Presumo que Jayden não é seu primeiro, e você... o que, convenientemente, nunca mencionou ter um namorado? Por quê? — Eu não sei. — Respondi honestamente. Eu também não sabia como explicar. Como eu poderia, quando eu mesmo não entendia? — Novamente. Besteira. Foi eu, não foi? Você não queria que eu soubesse especificamente. Coloquei o lápis para baixo, passei a mão pelo meu cabelo, raspando meu couro cabeludo e bagunçando meus cachos já selvagens. Ele estava certo. Estava lá, bem dentro de mim, escondido, não querendo sair. Não queria que Isaac soubesse, mas não conseguia entender por que isso seria verdade. Isaac ficou de pé. — Sou eu, Lane. Você é a primeira pessoa para quem contei. Quase todos os malditos segredos que há para saber sobre mim, você os conhece. Olhei para ele, inclinei minha cabeça. — Quase? — Saiu da minha boca, o que, em retrospectiva, não era a melhor palavra para libertar. Fogo raivoso brilhou nos olhos de Isaac. — Jesus fodido Cristo. Estamos sentados aqui discutindo porque você escondeu sua sexualidade de mim todos esses anos e está realmente me questionando sobre o que talvez não saiba? Bem, quando ele disse dessa forma, pude ver por que soava tão ruim. Quando não respondi, Isaac disse: — Você é o único com quem sempre fui tão aberto. Você é quem falou tão facilmente sobre os sentimentos e que olhou além da minha fachada para ver a mim. Você encontrou palavras e emoções dentro de mim que eu não tinha percebido que tinha trancado, você arrancou cada uma delas de mim, e então se apega a isso? Você escondeu isso de mim? Por quê? Levantei-me e caminhei até a janela, olhei para a noite, e então Isaac estava lá, atrás de mim. Seu reflexo observando o meu. — Você não queria que eu soubesse — ele disse novamente. — Sim — respondi. Eu não queria. Virei-me para nos encararmos, apenas alguns centímetros nos separando. O peito de Isaac subia e descia profundamente, como se sua respiração estivesse tentando fugir dele. — Não faz sentido. Eu entendo isso, mas... eu te decepcionei naquele dia. Quando você perguntou se eu gostava de homens e eu disse que não, eu te decepcionei, e enquanto minha resposta parecia verdadeira na época, odeio te desapontar. Eu nunca quero te decepcionar, Isaac. Queria ser atraído por homens naquela época só porque você era, porque eu poderia dizer que você precisava que eu fosse. — E daí? Você foi para a faculdade e ficou gay para que seu irmão não se sentisse tão solitário? Não funciona assim. — Não. Fui para Nova York e descobri quem eu era. As coisas nunca foram tão fáceis para mim nisso como foram para você. Eu era o garoto estranho e quieto. Eu só queria me perder na minha arte. E enquanto eu tinha meus amigos, não nos conectamos nesse nível. Eu saí, e então eu estava perto de tantas pessoas que eram como eu. Não estava mais sozinho e... — Você estava sozinho? Aqui comigo? Jesus. Ele carregou o peso do mundo em seus ombros. Ele tinha feito isso quando sua mãe morreu, tentando carregar sua própria dor junto com a de seu pai, e agora ele iria assumir meus sentimentos também? — Não. Essa era a única vez que eu não me sentia assim. Era sempre diferente quando estávamos juntos. Quase como se sempre fosse para ser, como sempre deveríamos ser irmãos. Isaac fechou os olhos. Ele soltou um suspiro profundo, balançando a cabeça ligeiramente. Quando ele os abriu, a parede estava entre nós novamente. — Sim, acho que éramos, não éramos? Os irmãos perfeitos. Você nunca me disse... que se sentia sozinho. Você me pressionou para falar, mas não me disse. — Porque eu queria ser forte por você. Você merecia isso. Isaac se virou, foi embora, então parou e apoiou a mão no encosto do sofá, sem olhar na minha direção. — Então você foi para a faculdade e havia pessoas como você. — Acho que me tornei independente. Experimentei mais vida, grupos mais diversos de pessoas. Experimentei um monte de merda que eu não tinha feito aqui. Então, uma vez, estávamos em uma festa dada por um artista que eu admirava. Sua namorada estava flertando comigo. Me assustou pra caralho no começo porque ela era comprometida. Quando todos foram embora, eles me pediram para ficar, então eu fiquei, e aparentemente eles gostavam de brincar com outras pessoas, homens e mulheres, e eles me queriam. Inicialmente, ele ia apenas nos assistir juntos, mas depois perguntou se poderia participar e... — Já chega. — Isaac me interrompeu, ainda me dando as costas. — Você transou com um cara e percebeu que gosta de pau. Isso é tudo que preciso saber sobre isso. Você ainda não está explicando por que não me contou. — Porque não posso. Eu não tenho desculpa. Eu só... — Eu andei até Isaac, coloquei minha testa em seu ombro. — Sinto muito. — Eu sei. — Sinto sua falta. Sinto falta de nós. Tudo parece uma bagunça agora, mesmo que não devesse. Meus sonhos se tornaram realidade, mas me sinto... vazio? Essa é uma palavra muito grande, mas como se eu não estivesse resolvido, e acho que parte disso é por nossa causa. Isaac ficou tenso embaixo de mim, então se virou, me fazendo olhar para cima. Estávamos tão malditamente perto, eu podia sentir sua respiração, cheirar o sal e os restos do sol em sua pele. Isaac sempre cheirava a um dia de verão. — Quero ser o tipo de irmãos que costumávamos ser. — eu disse, precisando disso para ajudar, precisando encontrar nosso caminho de volta um para o outro. Foi por isso que eu vim aqui, e se eu fosse honesto, eu teria admitido isso para mim mesmo há muito tempo. — Ok. — Ele disse simplesmente. — OK? Tão facilmente? Isaac balançou a cabeça. — Pare de fingir que já lhe neguei qualquer coisa. Desde o primeiro momento em que você entrou nesta casa, eu te mimei. É lamentável para mim, mas acho que não há como mudar isso agora. Eu sorri, então Isaac também, só que o dele não alcançou seus olhos. Eu sempre fui capaz de entendê-lo, mas não conseguia mais, e isso me matou. Isaac se inclinou mais perto, palma contra minha nuca, e beijou minha têmpora. Então seus braços me envolveram, me segurando em um abraço apertado. Sua mão emaranhada no meu cabelo, sua bochecha contra o lado da minha cabeça, provavelmente com um rosto cheio de cachos. Ele ficou um momento, dois, depois três, quatro e cinco, antes de se afastar. — Boa noite, irmão. Isaac me deixou ali de pé enquanto descia as escadas. Por muito tempo, não me movi. Isaac Papai e helena ficaram confusos quando, no dia seguinte, Lane disse a eles que ele e Jayden haviam terminado. Não era sempre que uma pessoa ia para a cama com um casal compartilhando a casa com eles apenas para acordar com um deles desaparecido... espero que para sempre. Eu queria fazer uma maldita festa. Havia tantas razões pelas quais eu estava feliz que ele estava fora de nossas vidas, eu não poderia escolher apenas uma. Eles ficaram em êxtase quando Lane disse que não voltaria para Manhattan imediatamente. Helena queria que ele voltasse para casa por anos, e embora Lane tivesse certeza de que ela sabia que ele não tinha decidido quanto tempo ficaria, ela só queria seu filho em casa. Isso funcionou para mim porque eu o queria em casa também. Só que ele estava ainda mais perto do que pensei que estaria, considerando que ele perguntou se poderia ficar no meu apartamento em vez de com nossos pais. Eu disse que sim, porque era Lane e o pequeno bastardo me tinha enrolado em seu dedo, mas tê-lo lá, no meu espaço, não estava me ajudando a superálo. Já fazia algumas semanas que eu via Lane de manhã antes de ir trabalhar, que o ouvia andar pelo apartamento à noite, que ele ia até o terceiro quarto para pintar ou desenhar sempre que o clima dava. Do caos de Lane em todo o lugar porque porra, como ele ficou ainda mais confuso? Roupas sujas no chão do banheiro, pincéis por toda a cozinha, um cobertor no sofá de quando ele dormiu lá. Eu queria estrangulá-lo e dar uns amassos em seu rosto ao mesmo tempo, o que era meio foda. Acho que não mais do que o fato de que ele era meu irmão. Nós não conversamos mais sobre Jayden ou o passado ou por que me afastei dele. A pergunta estava sempre nos olhos de Lane, no entanto. Eu via isso quando ele olhava para mim, quando ele me estudava naquelas vezes que ele não sabia que eu estava prestando atenção, mas eu estava sempre prestando atenção quando se tratava dele. Eu também tive... muito sexo. Mais sexo do que o normal, tanto comigo quanto com outras pessoas. Eu queria provar que estava bem, queria que ele me visse vivendo minha vida normal, na esperança de que eu pudesse fazer essa merda ir embora. Sem sorte até agora, mas eu era um filho da puta determinado quando queria alguma coisa. Meu medo era que por dentro, eu realmente não queria que isso fosse embora. Eu queria que Lane me amasse também. Havia tantos homens bonitos por aí, mas eu estava preso a alguém que literalmente deixou uma meia suja no balcão da cozinha e não entendia por que eu estava tão assustado com isso. Estava chegando ao fim do trabalho em uma sexta-feira, quando Steven, um dos consultores financeiros, entrou em meu escritório. — Alguns de nós vão sair hoje à noite. Quer ir? — Sabe, provavelmente somos o único escritório no estado onde tantas pessoas são solteiras e saem juntas com tanta frequência. Somos pessoas de números. Devemos ser chatos. Achei que todos seriam, menos eu. Steven riu. — Todo mundo menos você, hein? E se as pessoas acharem que você é chato? — Impossível. — O engraçado sobre você é que você nem está brincando. Você é a pessoa mais arrogante que já conheci que não é um idiota, bem, pelo menos não na maioria das vezes. Foi a minha vez de rir. Sabia que deveria sair com eles. Sentar-me no apartamento com Lane não estava me fazendo bem, e trazer homens para casa também não estava mudando nada, mas ainda assim, minha resposta não seria sim. Teria sido se Lane não estivesse lá esperando por mim. — Acho que não. Meu irmão está na cidade e está comigo. — Então? Não é uma reunião de trabalho sem Isaac Pierce. Não, não era, era? Eu estava sempre saindo - amigos do trabalho, outros amigos, Hutch, homens que eu queria foder. Era basicamente como eu passava minha vida. — E você se pergunta por que sou tão arrogante? Como eu poderia não ser quando você diz coisas assim? — Você não precisa que eu diga coisas assim para ser arrogante. E tragao, seu irmão. Vai ser divertido. E como diabos eu não sabia que você tem um irmão? Ninguém no trabalho conheceu Lane, e eu não tinha o hábito de falar sobre ele lá. Dei de ombros. — Talvez na próxima vez. — Uau... quando você ficou chato? — Steven piscou, e eu dei o dedo a ele. Tudo um dia normal de trabalho para nós. Ele saiu do meu escritório, e terminei minhas responsabilidades do dia. Durante todo o caminho para casa eu me perguntei se deveria ter ido com Steven e os outros do trabalho, ou se deveria ter levado Lane comigo. Talvez dizer a mais e mais pessoas que eu tinha um irmão e que era Lane, ajudasse a abafar meus sentimentos por ele. Quanto mais pessoas o vissem como meu irmão, poderiam ajudar. Quando cheguei em casa e ouvi música pela porta, fiz uma careta. Eu morava sozinho desde os dezoito anos, então não estava acostumado a voltar para casa e ver alguém ali ou ouvindo... Era George Michael? Destranquei a porta e entrei. Lane tinha a música tocando alto em seu telefone. Ele estava na cozinha, de costas para mim, vestindo short e uma regata que eu sabia que estavam salpicados de tinta. Eles eram velhos e desbotados, um buraco no topo. Ele não trouxe muitas roupas com ele, mas ele fez algumas compras desde que chegou, então não era como se ele não tivesse opções. Éramos tão diferentes que, mesmo em casa, eu não usaria. As roupas teriam sido jogadas fora há muito tempo, mas Lane não era assim. Elas eram gastas e confortáveis e isso era tudo que importava para ele. As bancadas estavam cobertas de comida. Havia uma panela no fogão, com algo fervendo dentro. Ele estava com uma faixa na cabeça, mantendo o cabelo longe do rosto enquanto dançava e cantava, usando uma espátula como microfone e alternando entre isso e tamborilar nas minhas bancadas de mármore. Este era... definitivamente um novo Lane. Eu nunca tinha visto isso quando estávamos crescendo. Não pude deixar de ficar para trás e observálo, sorrindo enquanto ele cantava sobre ter fé. Ele era... Deus, ele era absolutamente ridículo da melhor maneira. Ele girou, então parou, as meias escorregando no chão quando me viu. — Você me assustou pra caralho! — Ele disse, então pegou seu telefone e desligou. — Não me deixe interromper. Eu estava gostando do show. Lane apontou a espátula para mim. — Você estava pensando em todas as maneiras que poderia tirar sarro de mim. Não minta. Eu te conheço melhor do que isso. — Talvez um pouco. — Admiti, mas eu estava me divertindo também. — Tentei respeitar seus limites, mas você não cozinha. Ou compra comida. Como você não compra comida, Isaac? Estou definhando, vivendo de comida para viagem e sem lanches. — Claramente isso muda hoje. — Fui mais longe na cozinha. — Sim. Juro que não sei como você tem um corpo tão bom com a forma como come. — Gostou do meu corpo, não é? — Eu disse, minha voz baixa e sedutora, o que, porra, não foi de propósito. Eu definitivamente não deveria estar flertando com meu irmão. Lane não pareceu notar. Ele revirou os olhos e disse: — Você é tão vaidoso. Fui às compras e estou cozinhando. Você guarda as compras. — Muito perto de limpar para você, não é? — Coloquei minha bolsa na mesa e afrouxei minha gravata. — Ei, você sabia como eu era antes de dizer que eu poderia ficar com você. Isso é sua culpa. Jayden estava sempre me criticando sobre minhas bagunças. Você vai começar agora também? Eu odiava esse nome. Eu poderia passar a vida perfeitamente feliz se nunca mais ouvir isso. — Vou te provocar sobre isso porque sempre fiz isso e não vejo isso parar tão cedo. Mas não vou tentar mudá-lo, e aprendi há muito tempo como viver com isso. Lane franziu a testa. — Isso te incomoda? Vou trabalhar mais em... — Está tudo bem, Lane. Desde que não haja mais meias no balcão da cozinha, estamos bem. — De acordo. — Ele sorriu. — Agora, se você guardar as coisas, eu vou terminar de fazer o jantar para nós. Teria sido mais fácil se ele tivesse feito isso antes de começar a cozinhar, mas deixei isso para lá. Tirei minha gravata e desabotoei os primeiros botões da minha camisa antes de arregaçar as mangas e começar a trabalhar. Ele comprou... merda, comprou muito. Eu não tinha certeza se meus armários ou geladeira já estiveram tão cheios. — Como foi seu dia? — Lane perguntou, indo mexer o que estava na panela. Havia algo assando no forno também. — Bom. Ganhei dinheiro para muita gente... ganhei dinheiro para mim. Chamo isso de vitória. — Você não tem que fingir comigo. Empurrei o leite na geladeira, me perguntando quanto tempo ele tinha comprado. Ainda estava frio, então era um bom sinal. — Fingir o quê? — Que dinheiro é com o que você se importa. Você é bom no que faz, o que eu acho, sim, isso resulta em dinheiro, mas você gosta de números porque é bom com eles. Porque são consistentes para você e pode controlálos – não quanto dinheiro você ganha, é claro, mas onde investir e quanto. Você pesquisa para saber essas coisas, e um mais um é sempre dois. Dei de ombros porque ele estava certo. — O que tem para o jantar? — Ah, a evasiva de Isaac. Encostado no balcão, cruzei os braços e olhei para ele. — Qual é a evasiva de Isaac? — Você e como você muda de assunto. Sempre fez isso. Nunca deixei você se safar disso – pelo menos não sem te chamar a atenção. Espero que as coisas não tenham mudado tanto entre nós que você espera que eu mude agora. Não, não, elas não tinham. Por mais inconveniente que tudo isso fosse, significava muito para mim ter alguém que me conhecia tão bem. — Não, mas é uma via de mão dupla. Espero que você também não espere que eu mude. Eu provavelmente sempre serei um especialista na evasiva de Isaac. Lane revirou os olhos, mas um pequeno sorriso surgiu em seus lábios. Tinha um pouco mais de barba no rosto do que o normal. — Eu sei. — Ele respondeu. — Frango assado, purê de batata e molho, com feijão verde salteado. Não cozinho assim há anos. É legal. — Sinta-se à vontade para fazê-lo quantas vezes quiser. — Eu pisquei. — Você pode ir se trocar se quiser. Vou terminar aqui. — OK. — Balancei a cabeça, gostando de ter Lane no meu espaço. Enquanto eu caminhava em direção ao corredor, a música tocou novamente. Deve ser uma playlist dos anos 80, porque agora ele estava ouvindo “Livin on a Prayer” do Bon Jovi. Ele costumava ouvir música assim quando estávamos no ensino médio também. Essa era parte da razão pela qual eu conhecia as músicas. Lembrei-me de quando recebi alguns amigos do time de futebol, e Lane estava ouvindo algumas de suas favoritas daquela década. Quando eu não estava na sala, os caras estavam rindo disso, de Lane. Eu os ouvi quando voltei. Eles calaram a boca bem rápido porque sabiam que eu não aceitava pessoas falando merda sobre ele. Menti e disse a eles que papai disse que era hora de todos irem para casa, e então me deitei na cama de Lane com ele, minha cabeça em seus travesseiros, ele virado para o outro lado enquanto tocava todas as suas músicas favoritas para mim e desenhava. — Você está tendo eles de novo, não é? Eu sabia do que ele estava falando, mas ainda assim eu disse: — Tendo o quê? — Foda-se Lane. Ele sempre fez essa merda. Ele sempre me fazia falar sobre as coisas e podia ler minha mente e meu humor melhor do que qualquer outra pessoa. — Os sonhos de encontrar sua mãe. — Ele disse sem olhar para mim. — Eu te ouvi. Entrei para ter certeza de que estava bem, mas você estava quieto novamente. Porque eu tinha acordado com ele lá e não queria parecer fraco. — Sim. — Respondi honestamente, porque este era ele. Porque ele foi o único que já perguntou. Lane virou na outra direção na cama, ao meu lado, a cabeça ao lado da minha. Nenhum dos meus outros amigos homens teria feito isso. Eles não teriam se deitado na cama comigo, tão perto, então tocado meu cabelo, tocado os fios como se fosse deles. Mesmo antes de saberem que eu era gay, eles não teriam feito isso, mas Lane fazia. — Não é sua culpa. Você não poderia tê-la salvo. — Se eu voltasse para casa em vez de parar para jogar, poderia ter ligado para o 911. — E ela ainda teria ido embora. Disseram que foi instantâneo. Me virei, minha visão embaçada, mas Lane chegou mais perto. Ele não me forçou a olhar para ele, mas também não me deixou escapar. Colocou a cabeça no meu peito e disse: — Fale-me sobre ela — e embora eu já tivesse feito isso uma centena de vezes antes, ele sempre agia como se fosse a primeira. Então eu contei. Falei sobre mamãe de uma maneira que papai nunca fez. Eu contei a ele histórias sobre ela, e antes que eu percebesse, eu estava sorrindo... rindo... e eram meus dedos no cabelo de Lane, brincando, massageando seu couro cabeludo, torcendo um cacho ao redor do meu dedo. Estava com medo do que papai e Helena pensariam se nos vissem, se soubessem como eu me sentia. Se me mandassem embora porque ele era meu irmão e eu não deveria pensar essas coisas sobre ele. Ainda assim, eu não me afastei... não pude. Afastei a memória. — Recomponha-se. — Eu disse a mim mesmo, então entrei no meu banheiro para tomar um banho e limpar minha cabeça. Lane Eu queria ter uma boa noite com Isaac. Nós não tivemos muito tempo de qualidade juntos desde que eu estava na casa dele. Ele trabalhava muito e, quando estava em casa, passava muito tempo em seu quarto – muitas vezes não sozinho. Nós éramos tão diferentes assim. Meus relacionamentos sempre duradouros, e ele mais interessado apenas em sexo. Tentei não deixar isso me incomodar, sabia que não tinha motivos para isso. Contanto que Isaac estivesse se divertindo, isso era tudo o que importava, mas até agora, eu ainda tinha que descobrir por que eu estava tão irritado com isso, nem conseguia evitar que isso me incomodasse. Além disso, o que quer que o tenha feito se afastar de mim ainda existia entre nós. Houve momentos como quando ele voltou para casa, onde deslizamos para o familiar, para ser apenas Isaac e Lane, mas eventualmente sempre se fechava novamente. Sentia falta de nossas conversas, os momentos em que ele não conseguia manter um segredo de mim, mesmo quando tentava, sentia falta do jeito que Isaac sempre me fez sentir importante, necessário, desejado. Continuei cozinhando enquanto ele estava no chuveiro, querendo fazer algo de bom para ele. Na verdade, tinha planejado guardar os mantimentos antes que ele chegasse em casa, mas isso não saiu como planejado. Ele saiu um pouco depois, seu cabelo curto e escuro molhado, mas ainda com estilo. Ele sempre foi tão arrumado, e eu não queria nada mais do que desarrumá-lo. — Do que você está sorrindo? — Ele perguntou. — Nada. — Ele estava vestindo uma camiseta apertada e short de dormir, e tudo que eu conseguia pensar era obrigado porra, ele estava claramente perfeito para a noite. Ele provavelmente não estava recebendo ninguém por causa de como ele estava vestido. Isaac não deixava qualquer um vê-lo sem estar vestido com jeans ou pelo menos roupas com as quais ele não iria para a cama. — Sente-se. Fale comigo enquanto termino nosso jantar. Ele arqueou uma sobrancelha. — Você é realmente mandão. Alguém já te disse isso? — Você, tenho certeza. — Não planeja mudar isso, eu vejo. — Se não está quebrado, não conserte. — Parece muito quebrado para mim. — Isaac brincou de volta. — Você acha que é cativante. Não finja o contrário. Ele franziu os lábios, mas então se sentou no balcão alto do bar que separava sua sala de estar e cozinha. — O que está pintando? — Nada que eu possa fazer muito agora. Estou apenas me deixando criar o que parece certo. — Que é… Trabalhei amassando as batatas. — A vista da janela do meu estúdio. — Não era meu estilo típico, fazer apenas cenário, mas isso não me impediu. — Na casa do papai e da Helena? — Não. Merda. Aqui. Acho que não é o meu estúdio. Você sabe o que eu quis dizer. — Ele assistiu, esperando que eu continuasse, então eu continuei. — Há uma árvore muito alta e cheia ao longe. Na outra manhã não consegui dormir e acordei de madrugada. O sol estava nascendo atrás dela, e só aquela árvore, com a cidade ao redor e todas as cores do céu, estava muito lindo, então resolvi pintá-la. Parece... reconfortante, familiar, e minha vida não parecia assim há muito tempo. — Talvez desde que as coisas começaram a mudar com Isaac. — Não sei como você faz isso, como vê tanta beleza ao seu redor. Eu vi aquela árvore, provavelmente ao amanhecer também. Não me pareceu nada de especial, mas garanto que parecerá quando eu ver sua pintura. Nunca soube como reagir quando Isaac dizia coisas assim para mim. Recebi elogios pelo meu trabalho o tempo todo, mas era diferente quando vinha dele. — Pare de me fazer corar. — Pisquei, fingindo como se suas palavras não tivessem o efeito que tiveram em mim. — Você adora. Não finja que não. Você gosta de ser elogiado por mim, Lane. — O quê? Não, eu não. — Sim, você gosta. — O que quer dizer? — Continuei com o nosso jantar. Isso era novidade para mim. Eu nunca tinha pensado em gostar de ser elogiado antes, e eu estava curioso porque Isaac diria que eu gostava. — Você sempre me perguntou sobre coisas, gostava quando eu me sentava com você enquanto criava, então se envaidecia quando eu lhe dizia o quão bom era. Revirei os olhos. — Duvido que eu envaidecia. — Negue quanto quiser, mas sei a verdade. Seus olhos meio que ficam vidrados e sua perna começa a tremer – você sabe, como um cachorro faz quando você coça o lugar certo. Isaac sorri e eu ri, desejando ter algo para jogar nele. — Ah, foda-se. Agora sou um cachorro. — Não, assim como quando eu te digo algo legal. — Te odeio. — Ele não respondeu a isso. Certifiquei-me de não olhar para ele quando acrescentei: — Eu não gosto, sabe? Com outras pessoas. — Como sabe, quando você nem percebeu que gostava de elogios meus? — Isso não. Quero dizer gostar, quando as pessoas me veem pintar. Eu geralmente quero fazer isso sozinho. Esse sempre foi o nosso tempo, no entanto. Conversávamos tanto quando eu estava pintando ou desenhando, e eu adorava. Sentia-me perto de você então, e nunca me sentia bem com mais ninguém. — Segundos se estenderam para um minuto, talvez mais, e quando olhei para ele, Isaac estava com as mãos entrelaçadas, os dedos entrelaçados. Seus braços repousaram sobre a mesa, e ele estava olhando para baixo. Meu peito ficou apertado ao vê-lo, e massageei os músculos do meu peitoral, tentando afrouxar a tensão. — Eu disse algo errado? — Não. — Ele olhou para mim. — Você está tão sentimental como sempre. — Isaac sorriu e balançou a cabeça exageradamente. — O jantar está pronto ou está tentando me deixar com fome a noite toda? Esse é o seu plano, não é? Livrar-se do meio-irmão malvado, hein? Eu ri. — Só que você não é apenas um meio-irmão para mim. — Eu disse, e eu poderia jurar que ele se encolheu. — Irmão, então. — Melhor amigo. — Só que isso também não se encaixava. Isaac era mais do que essas duas coisas para mim, e eu sentia falta dele de uma maneira que não conseguia colocar em palavras. — O jantar estará pronto em menos de cinco minutos. Lave as mãos. — Acabei de tomar banho. — Então? E se você mexeu no nariz e eu não vi? Ele revirou os olhos. — Sim, senhor. Isaac se aproximou e puxou a faixa da minha cabeça, fazendo meu cabelo cair para frente, em seguida, jogou-a no balcão e abriu a água. Ele sempre foi estranho sobre o meu cabelo. Onde o de Isaac sempre foi perfeito, o meu não era, e ele ficou estranhamente fascinado com isso. Jantamos juntos em sua pequena mesa. Não pude deixar de olhar ao redor de seu apartamento e perceber, não pela primeira vez, o quão escasso ele era. — Você precisa melhorar sua decoração. Ele apontou para a minha pintura. — Viu? Eu decorei. — Isso é apenas uma coisa. — É alguma coisa — respondeu, me fazendo rir. — Isso é realmente ótimo. Eu sempre esqueço o quão boa é uma refeição caseira até eu ir para casa e papai ou Helena fazerem alguma coisa. Na verdade, é por isso que pedi para você se mudar. — Mas você não pediu. Você só disse que eu podia. — Humm, sim, bem, sou tão bom que coloquei o pensamento em sua cabeça para me pedir. Nós vamos com isso. Eu ri, arqueando uma sobrancelha para ele. — Você é ridículo. — É uma habilidade adquirida. — Vai se sentar comigo esta noite? Enquanto eu pinto? — Eu queria conversar mais com ele, queria capturar aqueles momentos da minha infância onde estávamos tão próximos, onde eu me sentia mais conectado com Isaac do que com outra pessoa. — Eu estava, hum... pensando em convidar alguém. Um peso caiu no meu estômago, pesando todo o meu corpo para baixo. — Vai matá-lo mantê-lo em suas calças por uma noite? Você tem mais sexo sem sentido do que qualquer um que eu conheça. A raiva brilhou em seu olhar. — Você soa muito perto de me envergonhar por gostar de foder. E isso é pior do que passar um ano e meio com alguém que você sabe que é errado para você? O que, só para dizer que está em um relacionamento? — Ei, foda-se. — Mas ele estava certo. — Eu não quero brigar com você. Apenas pensei... inferno, quem sabe o que pensei. Estou tentando aqui, Isaac. Quero-nos de volta, e isso é difícil de fazer quando não entendo por que quebramos em primeiro lugar. Ele gemeu, recostando-se na cadeira e olhando para o teto. — Você está me deixando louco aqui, Lane. — Eu não estou tentando. — Eu sei. Isso é o que torna ainda pior. Sim, vou me sentar com você. — Você não precisa se não quiser. — A última coisa que eu queria era que ele se sentisse forçado a passar um tempo comigo, mas queria estar com ele, aproveitar cada momento juntos que pudéssemos. — Ou se você preferir assistir a um filme ou algo assim em vez de, bem, eu, então podemos fazer isso também. O que quiser. Só quero estar contigo. Seu olhar endureceu, sua mandíbula tensa. — Por quê? — O que quer dizer? — Por que quer ficar comigo? Por que quer passar tanto tempo comigo? Por que diabos ele estava me perguntando isso? — Por que você é meu irmão e eu te amo? — Você já se perguntou o que teria acontecido se tivéssemos nos conhecido, mas nossos pais não tivessem se casado? Eu não me perguntei, mas agora sim. — Nós provavelmente... inferno, Isaac, nós provavelmente nunca teríamos chegado perto. Somos muito diferentes. Como acabamos passando tempo juntos? Ele suspirou e empurrou alguns de seus feijões verdes em seu prato. — Acho que você está certo. Terminamos de comer quase em silêncio. Depois, Isaac foi comigo para o quarto que ele me deu para usar como estúdio. Era um grande espaço, todo o seu apartamento era. Havia uma cama em vez de um sofá como no meu estúdio no sótão na casa dos nossos pais. Ele ficou sentado ali, descalço sobre o colchão, encostado na cabeceira da cama, e me observou enquanto eu pintava. Conversamos por horas, do jeito que costumávamos quando éramos crianças. Sobre coisas estúpidas ou aleatórias como seu amigo Hutch, que tinha um gato com o nome de uma Tartaruga Ninja, e uma brincadeira que fizeram com ele no trabalho, e quando um cara aleatório vomitou nele enquanto andava no MARTA1, o transporte público local. E ele também me contou sobre quando ele teve um perseguidor. — Puta merda. Não acredito que mamãe não me contou. — Eu não deixei nenhum deles saber. Está brincando comigo? Sua mãe teria se preocupado até a morte. Era estranho para mim, como ele ainda a chamava de minha mãe. Ela era dele também. Ela o amava, e eu sabia que Isaac a amava também. — Está tudo bem, no entanto? — O pensamento de alguém o machucando, de qualquer coisa acontecendo com ele, me encheu de uma dor inimaginável. — Sim, foi há cinco anos. Seus olhos tremeram, e eu poderia dizer que ele estava ficando com sono, mas ainda assim ele ficou e eu trabalhei. Pouco depois, ele se deitou com a cabeça apoiada nos travesseiros e perguntei: — Você ainda tem? Os pesadelos? — Raramente. — Isaac respondeu calmamente. — Você me ajudou a lutar contra aqueles demônios. — Não fiz nada. — Nada mais do que amá-lo e estar presente para ele. — Isto é o que você pensa. Não demorou muito para que sua respiração se normalizasse e ele adormecesse. Limpei meu material de pintura e ele não acordou. Então peguei um caderno de desenho e um lápis, sentei-me na cama ao lado dele, observando-o, desenhando-o, tentando capturar quem era Isaac, embora nunca tivesse sido capaz de fazer isso de uma maneira que me deixasse satisfeito. Nunca era bom o suficiente, nunca certo, nunca ele. Era como tentar segurar o sol. Quando não consegui manter os olhos abertos, deixei o caderno de lado, apaguei as luzes e subi na cama com ele. Fazia anos que não dormíamos 1 No seu nome original Metropolitan Atlanta Rapid Transit Authority, é um sistema ferroviário e rodoviário, inaugurado em 1971, em Atlanta, nos Estados Unidos da América. juntos assim, e parecia que estávamos recebendo outra coisa, como dar mais um passo em direção a ele, quando ele parecia tão distante. Isaac Não trouxe ninguém para casa nas próximas semanas. Qual era o sentido de me forçar a conhecer caras e trazê-los para casa, tentando me fazer esquecer de Lane, quando nunca conseguiria? Especialmente porque agora ele estava lá, morando comigo, e tudo que eu queria era passar tempo com ele. Jantamos juntos quase todas as noites. Lane cozinhava a maior parte do tempo, embora também tivéssemos comida para viagem. Sentávamo-nos à mesa e conversávamos sobre nossos dias. Eu contava a ele sobre o trabalho, e ele falava sobre pintura. Um de seus amigos de Manhattan conhecia uma mulher em Atlanta, Kylie, que administrava uma galeria local, e os dois saíram algumas vezes. Lane ainda não havia dito nada sobre quanto tempo ele ficaria. Não era como se ele não pudesse pagar seu próprio lugar, mas ele continuou no meu apartamento, e eu continuei a deixá-lo. À noite, porém, depois do jantar, quando nossos escudos estavam abaixados, era quase como costumava ser. Nós assistíamos a filmes, que não eram realmente sua coisa. Nós conversamos e curtimos juntos, mas muitas vezes acabamos em seu estúdio improvisado, onde ele pintava e eu me sentava com ele. Às vezes, apenas gostávamos da companhia um do outro. Outras eu levei meu laptop comigo e cuidei de minhas próprias responsabilidades também. As noites de estúdio sempre terminavam da mesma forma, nós dois adormecendo juntos. Foi então que me permiti acreditar que Lane sentia por mim o mesmo que eu sentia por ele. Por que mais ele faria isso uma e outra vez? Provavelmente era uma ilusão. Eu queria que ele acordasse, para ver como poderíamos ser bons juntos, mas mesmo que ele acordasse, ainda havia um campo minado em nosso caminho. Lane estava aos olhos do público. Como isso afetaria sua carreira se as pessoas pensassem que ele estava apaixonado por seu irmão? Independentemente do sangue, era isso que éramos para as pessoas. Acordei cedo naquela manhã de sábado com o cheiro de bacon, que por acaso era o meu favorito – e provavelmente era para a maioria das pessoas, por que como não amar bacon? Escovei os dentes e saí de bermuda. O cabelo de Lane estava preso em um nó e bagunçado como sempre. Ele tinha tinta na bochecha e estava vestindo uma cueca e uma camiseta. Ele olhou para mim, os olhos arregalados e um sorriso quase pateta no rosto que não seria cativante para mais ninguém. — O quê? — Perguntei. — Nada. O café está pronto. — Obrigado. — Preparei uma caneca e peguei uma fatia de bacon. — O café da manhã cheira bem... ai. Merda. — Ele bateu na minha mão, me fazendo empurrá-la de volta. — Para o que foi aquilo? — Isso é almoço. — Hum... é bacon e são nove. — Eu não me importo. Pegue um bagel. Isso é o que normalmente come no café da manhã. Estou fazendo sanduíches recheados com bacon, alface e tomate e vamos fazer um piquenique. Encostei-me no balcão com os braços cruzados. — Ah, vamos? Você decidiu isso, não é? — Sim, na verdade. Decidi. — E se eu tiver planos? — Então ficarei muito desapontado... e eu poderia implorar para cancelálos. Não me faça implorar, Isaac. Não quero, mas eu vou se me forçar. Eu ri. Ele era... Deus, ele era ótimo. — Não tenho planos, então podemos ir, mas quero que você saiba, sinto que está me provocando. Você está me tentando e me negando e eu só... posso... estourar... — Em mais de uma maneira, mas ele não precisava saber disso. Lane franziu a testa, e peguei um pedaço de bacon rapidamente, saindo de seu alcance. Sorri e coloquei uma mordida em minha boca só para ver o olhar escandalizado em seu rosto. — Acho que não gosto mais de você... e acho que não quero dividir meu bacon com você. — Então eu ficaria muito desapontado... e poderia implorar por mais bacon. Não me faça implorar, Lane. Não quero fazer isso, mas eu vou se me forçar. — disse, repetindo o que ele tinha acabado de me dizer. Lane revirou os olhos, mas um pequeno sorriso curvou os cantos de seus lábios. — Você não é muito legal comigo. — Eu sou incrivelmente legal com você. — Não o vejo aqui cozinhando bacon e planejando um piquenique, é tudo o que estou dizendo. Uma risada saiu da minha boca como se eu não tivesse controle sobre ela. Simplesmente não havia possibilidade de que eu pudesse segurá-la. Este era nós. Lane e Isaac que costumávamos ser quando éramos apenas nós, o resto do mundo parecendo um milhão de milhas de distância. — Do que está sorrindo? — Ele perguntou, me fazendo perceber que eu estava. — Eu mesmo... e que boa ideia foi deixá-lo ficar comigo, o que permitiu que me fizesse bacon e planejasse um piquenique, então realmente, nós dois temos que agradecer por este dia. Coloquei tudo em movimento. Sou ainda melhor do que pensei que era. — Eu... nem sei o que dizer sobre isso, exceto que você é ainda mais ridículo do que eu pensava. — O que posso dizer? Eu me esforço para ser o melhor em tudo. — Coloquei outro pedaço de bacon na minha boca. Comi metade de um bagel enquanto Lane terminava de cozinhar e cortar tomates para o nosso almoço. Ele aparentemente acordou cedo e já tinha comido. Depois, ele me deu uma pista sobre outra parte do nosso dia, então tomei banho e me preparei para a caminhada que eu tinha acabado de saber. Enquanto colocava sua ridícula faixa para manter o cabelo longe do rosto, ele disse: — Gosto que você nunca me diga que devo domar meu cabelo. — Você é um adulto. Por que alguém deveria lhe dizer o que fazer com seu cabelo? — Maldito Jayden... e talvez outros ao longo dos anos. — Você é uma bagunça fofa. — Esse é exatamente o visual que estou procurando — ele brincou. Pegamos o carro dele porque ele sentia falta de dirigir, pois não fazia muito isso em Nova York. — Onde você ouviu falar desse lugar? — Perguntei. — Kylie me contou sobre isso. Mordi o lábio, tentando não ficar com ciúmes. — Vocês vieram aqui? — Não, ela apenas me disse, mas pareceu legal e achei que você iria gostar. — Ele olhou para mim e sorriu. — Só não se esqueça que só estamos aqui por minha causa. — Como eu poderia, quando você é tão útil em me lembrar? — Isso é muito legal da minha parte. Lane riu novamente. Era apenas cerca de vinte e cinco minutos de carro. Pista no estacionamento. Havia três trilhas para escolher: fácil, moderada e avançada. Escolhemos a do meio, já que estávamos em boa forma, mas não tínhamos experiência por qualquer extensão da imaginação. Lane deve ter planejado isso com antecedência, porque ele conseguiu uma mochila isolada para a comida e a água. — Quer que eu carregue? — Perguntei. — Eu carrego. Estava quente e úmido. Isso era definitivamente algo que deveríamos ter começado mais cedo, mas eu estava grato por estar lá com ele. O calor nunca me incomodou muito, e Lane parecia sentir o mesmo. — Lembra quando papai nos levou para acampar e eu era uma causa perdida completa? — Lane perguntou, folhas e galhos esmagando sob nossos pés enquanto caminhávamos pela trilha. — Oh meu Deus. Você estava pirando porque pensou que seríamos comidos por um urso. — Nós vimos um urso, Isaac. Na vida real. Na natureza. Isso nunca deveria ser uma coisa que aconteceu comigo. — Mas você sobreviveu. — Apenas quase. Ele queria me comer. Podia ver em seus olhos. Juro que foi minha primeira experiência de quase morte. Eu ri. — Primeira? Teve muitas, hein? E ele não queria te comer. Ele queria comer comida, não você. Ele só queria que nós fôssemos embora. — Sim, minha primeira. E você fala ursês agora? — Apenas para ursos gays. Ele olhou para você por três segundos antes de ir embora. — Nesse tempo, minha vida passou diante dos meus olhos. — Eu teria me jogado na sua frente se isso tivesse acontecido. — Alguém está tentando ganhar pontos com mamãe e papai. Eu estava preso entre rir e desejar que houvesse uma maneira de remover essas palavras de seu vocabulário. Pelo menos pai. Toda vez que ele dizia isso, o punho em volta do meu coração apertava mais forte. — Tivemos bons momentos, não foi? — Lane disse quando eu não respondi. — Nós tivemos. O resto da caminhada foi muito parecida com a primeira parte - momentos de silêncio, depois momentos em que conversávamos sobre tudo e qualquer coisa. Felizmente, a trilha média foi fácil, então nenhum de nós lutou. Estava bem quieto. De vez em quando, víamos alguém ou ouvíamos uma voz à distância. Nós apenas apreciamos a companhia um do outro até encontrarmos um lugar que parecia bom e Lane perguntou: — Devemos parar e comer? — Parece bom para mim. Estou com vontade de bacon. — Você vai deixar isso para lá? — Não. Desde quando é assim que eu faço? Ele riu, tirando a mochila. Saímos da trilha para uma área gramada entre as árvores. Ficou claro que outras pessoas paravam lá para comer, mas estava vazio no momento. Sentamos e Lane tirou a comida da mochila. Alguns de seus cachos estavam úmidos de suor, um grudado na testa, outro torcido em volta da orelha. Estávamos na metade da refeição quando ele disse: — Posso te perguntar uma coisa? — Eu preferiria que não perguntasse — provoquei, só que não tinha certeza do quanto eu estava realmente brincando. — Que pena. — Ele piscou, brincou com uma folha de grama e perguntou: — Você já teve um relacionamento sério? Parei de mastigar com uma grande mordida na boca. De onde diabos isso veio? Por que ele queria saber? Terminei, engoli, mas ainda havia um nó na minha garganta. — Não. Nunca. Não é para mim. — Por quê? — Não sei, Lane. Porque não é. Eu simplesmente não consigo me ver… — Confiando em alguém assim? Entregar-se a ele? — Havia um fazendeiro que tinha um cachorro — respondi. — B-I-N-G-O2. — Por quê? — Perguntei novamente. Porque tinha que haver uma razão pela qual ele gostaria de saber, uma razão pela qual aquela pergunta específica veio à sua cabeça. Lane deu de ombros. — Eu só tenho pensado nisso ultimamente. Talvez por causa de todos os caras. Revirei os olhos. Isso era sobre sexo? — Eu não quis insultar suas delicadas sensibilidades fodendo. — Rebati. Além disso, eu tinha parado com isso. — Por que você está chateado comigo de novo? Jesus, nós nunca brigamos tanto. Eu não quis dizer isso. Eu só... não quero que você fique sozinho, só isso. Eu não estaria se o tivesse. — Não estou sozinho. Tenho minha família, amigos, uma carreira que amo. E quando quero foder, eu fodo. É basicamente a vida perfeita. — E seria a existência perfeita se não fosse pelo que eu sentia por ele. — É outra maneira de sermos diferentes, eu acho. Quero isso... o que meu pai e minha mãe tiveram, o que nossos pais têm juntos. Não vou fingir que nunca saio só para sair porque eu faço, mas eu quero mais. Fiquei com Alana por dois anos. Com Megan por dez meses. Mario e eu namoramos por um ano, e foda-se, havia Jayden, é claro. Cada nome que ele disse, cada relacionamento que ele falou, era uma adaga para o meu coração já terno que só era suave quando se tratava dele. — Você estava apaixonado por eles? Ou pelo menos alguns deles? Lane hesitou por um momento, depois balançou a cabeça. — Não, eu não estava. Nenhum deles. Eles são todos ótimas pessoas... — Jayden não. É uma canção infantil de língua inglesa de origem obscura. Versos adicionais são cantados omitindo a primeira letra cantada no verso anterior e batendo palmas ou latindo várias vezes, em vez de realmente dizer cada letra. 2 Lane revirou os olhos. — Ele não é um cara ruim. Nenhum deles era. Eles eram engraçados e inteligentes e me tratavam bem - embora Jayden fosse menos do que o resto. Tínhamos coisas em comum, amávamos arte e conhecíamos muitas das mesmas pessoas, mas eu simplesmente... não me apaixonei por eles. E não entendo o porquê. Porque quero isso, ter uma pessoa, minha pessoa, e continuo pensando que estou quebrado ou algo assim. Como se houvesse algo errado comigo porque não consigo me apaixonar por nenhum deles. Eu não sabia o que deu em mim então. Foi a coisa mais estúpida que eu poderia ter feito, mas era como se eu tivesse perdido o controle sobre meu próprio corpo, como se meus membros e minha boca tivessem vontade própria. Um minuto eu estava sentado lá ouvindo ele, essa voz calma na minha cabeça dizendo, me ame, me escolha, e então eu estava me inclinando para frente, meu corpo desobedecendo meus comandos quando tentei parar, quando a voz mudou para, Não faça isso. Você vai estragar com tudo. Os olhos de Lane se arregalaram, e então meus lábios estavam nos dele. Ele respirou fundo, menos de um momento antes de me beijar de volta. A língua de Lane passou pelos meus lábios, e minhas mãos automaticamente foram para seu cabelo, emaranhando-se na bagunça. Eu adorava o jeito que me sentia entrelaçado em meus dedos, a suavidade, o suor úmido. Adorava o gosto dele, como se felicidade e conforto tivessem um sabor, seria Lane. Ele gemeu em minha boca, suas mãos em punhos em minha camisa, e cada terminação nervosa em meu corpo faiscou com a sensação de finalmente. Cada momento, cada conversa e briga e noite passada no sótão, vendo-o criar arte, tudo estava levando a este exato segundo. Mesmo tendo esses pensamentos, eu queria expulsá-los da minha cabeça porque eles eram muito... Tão real e assustador e honesto. Enfiei minha língua em sua boca, apertando seu cabelo, desejando que estivéssemos em casa e eu pudesse devorá-lo. Senti a ponta de seu dente lascado e gostei ainda mais. Eu queria lamber cada centímetro de seu corpo, despi-lo e saboreá-lo e fazê-lo ver o que ele sempre foi, o que eu sempre soube. Que ele era meu. — Acho que há um lugar bem à frente onde podemos parar e descansar! — Uma voz desconhecida quebrou a felicidade daquele momento. Lane ficou tenso contra mim um segundo antes de arrancar sua boca da minha e me empurrar para longe. — Que porra foi essa? — Eu... — Minha boca estava aberta, mas nada mais saiu. Os lábios de Lane estavam vermelhos dos meus beijos, mas seus olhos estavam arregalados, em pânico, e o olhar de horror em seu rosto era como uma faca no peito. — Por que você faria isso? Não podemos... não somos... mamãe e papai... somos irmãos. — Não, não somos — disparou da minha boca, afiado e com uma dor que até eu senti. Lane se encolheu como se eu tivesse batido nele. — Porra. Isso não foi o que eu quis dizer. É apenas… Mas ele estava olhando para mim como se não me conhecesse, como se não me entendesse, e eu não consegui continuar. Ele não queria isso. Isso faria com que ele me odiasse. Todo esse tempo eu segurei tudo, apenas para arruiná-lo agora... — Você acabou de me dizer que tudo que quer fazer é foder as pessoas, logo antes de eu dizer que quero algo sério, e então você me beija? O peso em meus ombros, aquele que morava em meu coração, era ainda mais pesado que o normal. O fardo da verdade, de como éramos uma família e o que isso faria conosco, de colocar tudo para fora, de dizer a ele como eu me sentia, e Lane indo embora. Porque ele não me queria. Não do jeito que eu o queria. — Teria sido apenas sexo, Lane. Não é como se fôssemos irmãos de verdade. — Se ele pensasse que tudo que eu queria era foder e que eu estava disposto a arriscar nosso relacionamento por isso, eu o faria acreditar que ele estava certo. Ele olhou para mim, olhou fixamente, o castanho mel de seus olhos ficando gelados. — Foda-se, Isaac. — Ah, olha, é bem ali. — O cara que tinha falado antes estava se aproximando. Lane ficou de pé e pegou a mochila. — Vamos lá. Com um suspiro, peguei o resto das coisas e o segui. Lane Meus pensamentos estavam girando fora de controle, e eu não conseguia detê-los, não conseguia nem mesmo desacelerá-los o suficiente para me concentrar em alguma coisa. Isaac tinha me beijado. Meu melhor amigo, meu irmão, a pessoa mais importante em toda a porra do meu mundo, me beijou, e Cristo, ele era, não era? Isaac era a pessoa mais importante da minha vida. Ele tinha sido desde que eu tinha quatorze anos, e ele confiou em mim com seus segredos. Ele me beijou, e eu o beijei de volta antes que ele me dissesse que não era meu irmão e que teria sido apenas sexo. Eu não deveria estar tão magoado quanto fiquei pelo comentário do irmão. Sabia que Isaac me amava, sabia que éramos uma família, e considerando que ele tinha sua língua na minha boca e a minha na dele, ser parente era a última coisa que eu deveria querer. Era tudo tão confuso, todos esses pensamentos chovendo sobre mim enquanto o gosto dele ainda estava na minha língua, o cheiro do sol dele ainda no meu nariz, a sensação dele e o jeito que ele soprou vida em mim, ou a maneira como seu corpo relaxou como se ele finalmente tivesse se livrado da tensão que sempre manteve dentro de si. Mas ele era meu irmão... só que ele não era... exceto que nas maneiras que importavam, ele era. E ele tinha acabado de me dizer que tudo o que ele queria fazer era foder seu caminho pela vida. Nós não falamos enquanto voltávamos para o meu carro. — Lane… Levantei minha mão, com medo do que ele diria, com medo do que ele não diria, confuso com a tempestade de pensamentos e emoções confusas na minha cabeça, a dor no meu coração. — Não posso agora. Eu também não conseguia olhar para ele. Estava com medo do que eu sentiria se o fizesse. Porque não importava o que Isaac tinha feito, eu o beijei de volta. E parecia... certo. Meu estômago torceu, nós emaranhados um em cima do outro. Tudo o que eu conseguia pensar era em mamãe... e papai. Nós éramos uma família, e Isaac tinha me beijado, e eu tinha gostado. Eu queria fazer isso de novo. A volta para casa foi tensa, o ar espesso ao nosso redor. Se eu pensei que estávamos perdidos um para o outro antes, não tinha nada neste momento. Nós encontramos nosso caminho de volta, tudo se encaixando, e então... Teria sido apenas sexo. Não é como se fôssemos irmãos de verdade. Minhas mãos em punhos no volante, meu coração acelerando como se eu estivesse com o pé no acelerador para isso em vez do carro. O silêncio parecia cada vez mais pesado, a viagem mais longa do que deveria. No segundo em que chegamos em casa, Isaac estava fora do carro. Saí também, assim que ele estava indo embora. — Isaac — chamei. — Você falaria comigo? — Tínhamos que descobrir isso. Eu o alcancei, estendi a mão para ele, mas ele não me deixou segurar. — Você é o único que disse que não pode fazer isso agora. Eu disse, e não estava pronto, mas também não queria que ele fosse embora. Porque este era Isaac, e ele estava ferido... ou zangado. E ele iria sair e ficar chateado consigo mesmo. Ele trancaria tudo dentro até explodir e se afastar ainda mais. — Porque não sei o que dizer, Isaac. Você não consegue entender o que estou sentindo? Nos chamamos de irmão nos últimos dezesseis anos, e então você me beija e me diz o quê? Que quer ficar? Apenas um pouco de sexo entre a família ou o quê? Jesus Cristo, você pode imaginar o que nossos pais diriam se descobrissem? Tudo por um orgasmo? — E eu gostei... Por que eu gostei? Seu corpo inteiro ficou tenso, mas seus olhos dispararam para longe de mim, sua piscada mais lenta do que deveria, antes de ele balançar a cabeça. — Preciso sair daqui, Lane. Apenas me deixe ir. Eu... não tive resposta para isso. Minha cabeça estava uma bagunça, e eu não sabia o que eu diria a ele, então dei um passo para trás. Isaac foi direto para seu veículo e, desta vez, não tentei impedi-lo. Eu apenas o assisti ir, me perguntando como diabos isso aconteceu, como nosso dia perfeito se transformou nisso. Eu não poderia dizer quanto tempo fiquei ali, no meio da garagem, observando o local onde o carro de Isaac tinha desaparecido, com o gosto dele ainda em meus lábios. Eventualmente, me dirigi para o elevador, digitei o código e fui para o apartamento. Naquele momento, parecia muito quieto sem ele, muito solitário. Por que ele fez isso? Por que ele tinha estragado as coisas tanto? Por que nos arriscou? Larguei a mochila bem perto da porta. Mesmo que ele não tivesse me pedido, prometi a ele que tentaria limpar melhor. Isaac era tão organizado, e eu... não era, e mesmo assim... ele não pediu, e ele não reclamou além de me provocar, ou daquela vez que eu deixei uma meia onde comemos - e isso, eu podia entender. Entrei na sala, parei na frente do sofá e olhei para minha pintura na parede... a única coisa nas paredes de Isaac. Nada mais, apenas uma obra de arte em que coloquei meu coração e dei a ele. Meus dedos foram aos meus lábios, os tocaram, os traçaram, como se eu pudesse senti-lo ali. Isaac tinha me beijado. E eu gostei. A raiva surgiu quente e grossa dentro de mim, me encheu e me tomou porque ele me beijou e eu gostei. Porque ele arruinou tudo. Porque eu não entendia por que ele tinha feito isso ou o que eu estava sentindo, e eu estava com medo, muito medo de perdê-lo, esse homem que basicamente era o centro do meu universo desde que eu tinha quatorze anos. Este homem que todos viam como meu irmão. O homem que eu nunca poderia perder. Aquele que significava mais para mim do que qualquer coisa, que esculpiu seu próprio lugar no meu coração que ninguém jamais poderia tocar... E eu... não sabia o que fazer com isso. Eu não sabia o que eu sentia além de medo misturado com raiva e desejo, tanto desejo que pensei que poderia quebrar e sair de mim. Eu queria tanto Isaac... mal conseguia respirar, doía tanto. Cenas passaram pelo meu cérebro – crescendo, o casamento, nossas noites no sótão, os anos sem estar perto dele. Isaac me dizendo que ele era gay e parecendo que precisava desesperadamente que eu também fosse. A sensação de decepcioná-lo quando eu não achava que fosse gay. A discussão quando eu disse a ele que ia perder minha virgindade com Amanda. O quanto senti falta dele quando parti para Nova York. As fotos de nós na minha mesa de cabeceira no meu apartamento. O ódio de Isaac por Jayden e como me senti traído quando ele não fez algo tão simples como aparecer no sótão na minha primeira noite em casa. A maneira como ele me fez rir e sorrir e como meu mundo não estava certo quando estávamos separados. Que meu lugar favorito para estar era na frente de um cavalete, com Isaac me observando, ou o desenhando. Como dormia bem na cama com ele. Nossa caminhada. Meus dedos se contraíram, tantos sentimentos dentro de mim, todos implorando para sair de mim, até que eu não consegui mais segurar. Precisava deixá-los sair. Precisava pintar. Isaac Eu estava uma bagunça do caralho. Minhas entranhas pareciam ter passado por um processador de alimentos. Não sabia o que fazer, o que pensar, como lidar com o fato de que eu provavelmente não só tinha perdido Lane, mas estragado as coisas na minha família também. Eu precisava encontrar uma maneira de fingir que esse dia nunca tinha acontecido. Precisava esquecer. Então peguei a bolsa de ginástica com as roupas que eu guardava no meu carro e arrumei um quarto de hotel. Não podia ir para casa, para onde Lane estava, porque o beijei, então disse a ele que queria transar com ele antes de fugir. Grande decisão. Andei de um lado para o outro, trêmulo e nervoso, incapaz de me acalmar. Eu não podia ficar sozinho, não sabia como estar, mas também não sabia como precisar de ninguém além dele, então liguei para meu amigo Hutch, fingi que estava tudo bem. — Estou dando a você cinco minutos — disse Hutch brincando. Ofereci a ele minha melhor risada falsa. — Vejo como você está. Ainda bem que não preciso de tanto tempo... não para a ligação, pelo menos. Você se tornou um recluso, e isso não é como você. Vista-se. Nós vamos sair. Mesmo o pensamento fez meu estômago revirar, mas não era como se eu pudesse dizer a ele que precisava conversar. Não poderia ser... Então, adivinhem? Beijei meu irmão e quero fodê-lo. Estou perdidamente apaixonado por ele. Como foi o seu dia? — Nós vamos, vamos? E quem disse que você pode fazer as regras? — Respondeu Hutch. — Eu disse. E você sabe como sou chorão e mimado, então não finja que não vai me agradar. Esse é o trabalho de um amigo. Quero bebidas, tempo com um amigo e transar, então, a menos que você esteja me convidando para uma vodca tônica e queira fazer sexo comigo, nós vamos sair. — Porque se Hutch dissesse sim, seria o prego no caixão, não seria? Eu poderia tentar – e provavelmente falhar – foder com Lane, e cortar o vínculo entre nós para sempre no processo. Então talvez eu não sentisse que estava morrendo sem ele, talvez não fosse tão consumido pelo desejo. Quando Hutch não respondeu, acrescentei: — Você me encontra, ou estarei aí em uma hora. — Tenho um amigo comigo. Hesitei. Isso foi diferente. Claramente, Hutch tinha amigos, mas ele nunca usou isso como desculpa para não sair comigo antes. — Traga-o. Ele é gostoso? — Ele está fora dos limites. Essa declaração fez outra onda de dor me inundar. Hutch estava com alguém. Ele tinha o que eu queria com Lane. Ainda assim, fiz piada disso, tentei encobrir minha dor. — Por que é isso? — Porque você não pode foder todo mundo. Fechei meus olhos. Esfreguei meu peito sobre meu coração. Abri-os e pisquei para conter as lágrimas. Eu não quero todos. Eu só quero Lane. — Você não é engraçado. Encontro-o às dez do lado de fora de Revelry. — Era um bar gay local. Gostaria que pudéssemos nos encontrar agora, mas eu estava muito cru, muito aberto. Além disso, ninguém sairia ainda, e seria mais difícil esconder meus sentimentos se eu não pudesse me perder em uma multidão de homens. — Até logo. — respondeu Hutch. Fiquei tanto tempo no chuveiro, a água esfriou, e depois fiquei ainda mais. O que Lane estava fazendo? Ele ainda estava em casa, ou tinha saído? Ele me odiava? Ele me beijou de volta... Cheguei a Revelry antes de Hutch e seu homem misterioso. Hutch era bi, então poderia ter sido um homem ou uma mulher, mas ele me avisou sobre ele estar fora dos limites. Vi Hutch primeiro, depois o homem ao lado dele. Ambos eram lindos – altos, com corpos firmes e musculosos. Hutch mantinha o cabelo curto, o do outro homem era mais comprido e mais escuro. Ele era um pouco mais volumoso que Hutch. Lutei para controlar minhas feições, para enterrar a dor que viveu dentro de mim por muitos anos, mas cresceu, mudou. — Ei — disse Hutch. — Oi. — Eu me virei para seu homem. — Maldito. Posso ver por que ele queria manter você só para ele. — Eu soava como eu, como o Isaac que todos sabiam que eu era, minha fachada firmemente no lugar. — Eu não disse isso. — respondeu Hutch. — Não precisava. — Eu podia ver na maneira como ele estava, na maneira como ele olhou para o homem, tinha ouvido em sua voz ao telefone. Quem quer que fosse, significava algo para Hutch. — Jesus, você é lindo. — Flertei porque era o que se esperava de mim, porque Hutch acharia qualquer outra coisa estranha, não porque eu quisesse esse homem. Mesmo que não houvesse Lane, eu nunca faria isso com meu amigo. — OK. É o bastante. — Hutch me deu um tapinha no ombro. — Isto é interessante. Nunca vi você com ciúmes antes. — Não estou. O homem deu de ombros. — Você pode estar porque eu com certeza estaria. Duas emoções lutaram pelo domínio dentro de mim então - felicidade por Hutch porque esse cara sentia o mesmo por ele, e Hutch merecia isso, e dor porque eu não teria Lane desse jeito. Me forcei a rir. — Apenas um amigo, hein? Se eu não soubesse melhor, eu diria que você está apaixonado. Estou arrasado, Hutch. Achei que seu coração me pertencesse. Ele revirou os olhos. — Você não está procurando o coração de ninguém, e você sabe disso. — Eu tentei esconder isso, mas não consegui segurar a vacilada, suas palavras me dando um soco no coração. — Ei, eu não quis dizer... — Você não estava mentindo — interrompi Hutch. — Agora, vou saber o nome desse homem sexy ou o quê? — Ryder. Prazer em conhecê-lo. — Apertamos as mãos. — Isso é apenas entre nós por enquanto — Hutch me disse. — É complicado — acrescentou Ryder. Não pude parar a risada amarga que saiu dos meus lábios. — Acredite em mim, não há nada que eu entenda mais do que complicado. — Ei, está tudo bem? — Perguntou Hutch. Não, não, não estava, e eu não poderia dizer se as coisas ficariam bem novamente. — Pare de ser dramático. Tudo está bem. Paguei o couvert e entramos. Tentei como o inferno agir do jeito que eu deveria, ser aquele Isaac divertido e amoroso que todos conheciam. Rir e brincar e flertar. Fomos para a mesa que eu tinha reservado e começamos as bebidas. O garçom era sexy e brincalhão, o tipo de homem que eu geralmente procurava porque não eram como Lane, mas eu não podia fingir estar interessado. Na verdade. Em vez disso, pedi a Hutch que me falasse sobre seu homem. Ryder brincou sobre ser bom, e fiz minha parte, brincando e flertando, sendo arrogante de volta, álcool fluindo, uma vodca tônica após a outra, esperando que eu pudesse desmaiar e esquecer que esse dia tinha acontecido. Ryder me contou sobre si mesmo, e tentei ouvir, mas meus pensamentos estavam cheios de Lane, e eu não conseguia parar de beber e checar meu telefone, esperando e desejando que ele ligasse ou mandasse uma mensagem e me dissesse que estava tudo bem. Não havia dúvida em minha mente de que Hutch sabia que algo estava acontecendo, e mesmo assim tentei fingir. Levantei-me para ir dançar, minhas pernas fracas e quase cedendo. Porra, eu já tinha bebido demais. Ainda assim, fui para a pista de dança. Hutch e Ryder saíram também, movendo-se juntos, tocando e olhando um para o outro, tão malditamente apaixonados que só fez a dor dentro de mim crescer. Tomei outra bebida, dancei com homens, tropecei de novo, quase caí. Minha cabeça estava girando, mas graças à vodca, a dor estava diminuindo. Eu sabia que estaria lá esperando por mim, mas naquele momento, tive um alívio. — Preciso de outra bebida! — Eu disse quando Hutch e Ryder vieram até mim. — Acho que já chega para você, amigo. — disse-me Hutch. Os dois envolveram um braço em volta de mim, e eu queria enterrar meu rosto no pescoço de Hutch e contar a ele sobre Lane e ouvi-lo me dizer que ficaria tudo bem. Mas como eu não podia fazer isso, brinquei sobre ter um trio com eles e Hutch estar apaixonado. Tudo me pegou então... Hutch estar apaixonado, Lane, o beijo, esta noite, as bebidas. O girar piorou, e meu estômago se apertou, a náusea percorrendo-me. Hutch e Ryder me levaram para fora bem a tempo e, vergonhosamente, vomitei. Este não era eu. Não perdia o controle assim, não estragava tudo assim, mas não conseguia me conter. Quando Hutch disse, com a voz baixa e preocupada: — Você vai para casa conosco. — Tudo o que pude fazer foi concordar com ele. Não posso ficar sozinho esta noite. Eles pediram um carro para nós e, na viagem, fiz o meu melhor para me controlar. Quando chegamos ao prédio de Hutch, Ryder disse: — Eu não sabia se deveria vir. — Referindo-se à casa de Hutch. — Vir3 é sempre o caminho a seguir — provoquei. — Vamos lá. Pelo menos um de nós deveria receber um pouco esta noite... ou espere... acho que somos dois, já que você não está sozinho. Parece que sou o único que não está recebendo nada. Fomos ao apartamento dele, e Hutch me ajudou a ir para o quarto de hóspedes, depois se curvou e começou a tirar meus sapatos. Jesus, eu tinha sorte. Hutch era um bom amigo. — Levante sua bunda, bêbado. Eu tentei, mas caí de volta na cama novamente. Hutch me puxou para cima e tirou minha camisa. — Minha boca tem gosto de merda. Preciso escovar os dentes. — Isso é porque você vomitou o bar inteiro esta noite. Isso não é como você. Desviei o olhar. Ele me ajudou a ir ao banheiro e me deu uma nova escova de dentes. Escovei meus dentes. Fingir estar bem só doía mais. Quando tive que mijar e disse a ele que eu poderia fazer isso sozinho, ele brincou sobre não saber 3 Referência a palavra “come”, que pode ser traduzida para “vir” ou “gozar”. onde meu pau esteve, e tudo que eu conseguia pensar era Lane ficando chateado quando eu tinha homens e ele pensando que tudo o que eu queria com ele era gozar. Minhas emoções devem ter aparecido porque Hutch me disse que era uma piada, e aceitei enquanto voltávamos para o quarto. Ryder havia deixado água e aspirina para mim. Eu lutei para ir para a cama, então puxei os cobertores para cima. — Seu namorado é legal. — Ele é o ex-marido de Maddy. — Maddy era irmã de Hutch. Ela estava doente com câncer quando criança e era incrivelmente mimada em sua família, a ponto de Hutch ter ficado em segundo plano a vida toda. Ficou claro quanta agonia Hutch sentia por sua verdade, quão terrível ele se sentia, mas não deveria. Hutch merecia ser feliz, e diabos, pelo menos ele não estava apaixonado por seu irmão. Coloquei a mão em sua coxa. — A palavra-chave sendo ex. — Isso significa que está tudo bem? — É o ideal? Não. Mas não é o fim do mundo. — Estou apaixonado por Lane. Ele não sente o mesmo. Ele só me vê como um irmão, e não consigo descobrir como viver com isso. Mesmo que ele sentisse o mesmo, nossa única opção seria partir o coração de nossos pais. Que foi o que Hutch disse que aconteceria com Maddy, que ele partiria o coração dela, e como seu pai nunca o perdoaria. — Sem ofensa, mas seu pai é um idiota e sua irmã é mimada. — Estremeci. — Desculpe. Eu não teria dito isso se não estivesse bêbado, mas é verdade. Maddy vai superar isso. Ela te ama e te quer feliz. Seu pai... bem, não sei, especialmente com as coisas de negócios. — Os pais de Hutch tinham negócios com os de Ryder, mas isso se dissolveu junto com sua amizade quando Ryder se assumiu gay e terminou seu casamento com Maddy. — Mas você merece ser feliz. O amor não acontece todos os dias, e nem todo mundo tem a sorte de ter esses sentimentos correspondidos. — Ei... o que está acontecendo com você? — Nada. Estou apenas bêbado e sendo estranho. — Isaac... — Meu nome foi dito quase como um aviso, do jeito que Lane faaz. — Deixe para lá, Hutch — eu disse. — Agora, você tem um homem lindo do outro lado deste apartamento que é louco por você. Eu posso ver. Vá devastá-lo enquanto estou deitado aqui deprimido porque os quartos não são mais próximos para que eu possa pelo menos ouvir e me masturbar. — Hutch riu, e acrescentei, meu coração e verdade em minhas palavras, — Sério, porém... não funciona para todos. Há coisas muito piores do que se apaixonar pelo ex da sua irmã. Se você e Ryder puderem encontrar uma maneira de fazê-lo funcionar, faça-o. Você merece amor. — Você também. — Não tenho tanta certeza disso. — Quando ele tentou responder, eu o interrompi. — Boa noite, Hutch. — Boa noite. — Ele respondeu, e se foi. Lane Não dormi a noite toda, ainda não tinha dormido esta manhã. Meus pensamentos não paravam, não paravam de ficar fora de controle, emaranhando passado e presente, e minha musa estava em hiperdrive4. Foi no meio da manhã quando percebi o que tinha feito, que deixei Isaac sozinho a noite toda, que não sabia onde ele estava, ou se estava bem... E o que iríamos fazer? Jesus Cristo, o que diabos nós íamos fazer? Como demorei tanto para ver? Admitir para mim mesmo o que eu provavelmente sabia há anos, mas não me permitia reconhecer. Pensar em Isaac e pintar clareou minha cabeça, abriu meus olhos, tinha... O som da porta se abrindo veio do outro cômodo, e então ela se fechou, ecoando pelo apartamento. — Isaac? — Corri pelo corredor. Eu estava uma bagunça, em nada além de minha cueca. Perdi o controle na noite passada. Estava frenético e não me permiti ver além de tirar a imagem do meu coração e colocá-la na tela. Eu tinha derramado tinta e tinha acertado minha barriga e meus dedos e quem sabe onde mais. Meu pulso estava acelerado, meu peito pronto para explodir, enquanto meus pés deslizavam no chão e eu virava a esquina. Ele estava lá, na cozinha, as mãos enfiadas nos bolsos da calça jeans. Eu podia ver a exaustão que se agarrava a ele, podia ver isso em seus olhos Hyperdrive – termo utilizado em ficção científica para se referir a um meio rápido de viagem espacial em até quatro dimensões. No texto tem o sentido de pensamento acelerado que entra em hiperespaço. 4 melancólicos, na curva dos ombros, e no jeito que olhava para mim, perdido e inseguro. Tão apaixonado. Como eu tinha sido tão cego? — Você não dormiu. — disse, sua voz áspera e quebrada. — Não. Você também não. — Não. — Ele respondeu. Eu não conseguia parar de olhar para ele, vendo tudo claramente de uma forma que nunca me permiti. Isaac olhou para baixo, sua insegurança ali, na forma como seu olhar encontrou o chão. Esse pedaço dele ele não deixaria ninguém ver além de mim. Quantos presentes como este momento ele tinha me dado, apenas a mim, ao longo dos anos? Observei-o, o bronzeado dourado de sua pele, e desejei poder ver o azul cinza de seus olhos. Ele estava cansado, mas parecia mais arrumado do que eu jamais senti que estaria, mesmo nos dias em que eu não passava uma noite acordado e pintando freneticamente. Seu cabelo arrumado como se ele tivesse feito isso, e sua barba por fazer era perfeita. E Jesus, por que nunca me deixei ver isso antes? Realmente ver? — Você é lindo pra caralho. — Eu disse, e o olhar de Isaac se ergueu, colidindo com o meu. Eu vi o lampejo de algo acender lá, mas como se ele estivesse tentando reprimi-lo. Quando Isaac não respondeu, eu disse: — Como eu poderia não saber? Este tempo todo. Como não percebi? — Lane? — Ele perguntou, meu nome uma pergunta. Ele deu um passo em minha direção, e depois outro. — Eu tinha que saber... em algum lugar, lá no fundo, sabe? Mas estava com medo de reconhecer que existia porque, irmãos à parte, como você pode me amar assim? Como alguém como você pode sentir o mesmo por mim? É por isso que eu não te disse que sou pan, eu acho... e porque eu não poderia me apaixonar por mais ninguém, porque não poderia amá-los. Meu coração já era seu, e eu estava com muito medo de admitir, até para mim mesmo. Isaac me deu um pequeno sorriso. — Meios-Irmãos. — Ele corrigiu, ainda se aproximando, mas lentamente. Ele não discutiu com o que eu disse. Ele não reconheceu que eu o amava, mas também não disse que não sentia o mesmo. E eu... o amava, estava apaixonado por ele. Tinha me atingido na noite passada, e agora que eu tinha visto, não podia ficar quieto sobre isso. Não com Isaac, o homem que eu tinha visto desde o início enquanto olhava pela janela. O que eu estava fascinado e queria conhecer. Aquele que me deu seus segredos em tudo, exceto isso. — É por isso que você se afastou, não é? — Perguntei a Isaac, que estava bem na minha frente. Ele claramente tomou banho em algum lugar, mas isso não escondia seu cansaço. — Sim. — Todo esse tempo... Tínhamos dezoito anos quando você partiu cedo para a Califórnia. — Eu já sabia antes disso. Realmente muito inconveniente passar sua vida apaixonado por alguém que não pode ter. Definitivamente ferrou com a imagem de mim mesmo que eu queria projetar para o mundo. Eu sorri. — Deus, você é tão malditamente ridículo. Isaac estendeu a mão e segurou meu rosto. Ele passou os dedos sobre minha bochecha. Meus olhos se fecharam quando me inclinei em seu toque. Ele se sentia quente e vivo e... certo. Isaac se sentia como se fosse meu, e sempre foi. — Você está uma bagunça. Você tem tinta em todos os lugares. Abri meus olhos. — Hum... pode estar por todo o quarto também. — Não me importo. Você pode cobrir a porra do apartamento inteiro. O que você está dizendo aqui, Lane? Realmente me ama? Tudo bem se você não fizer isso, se não tiver certeza. Eu só... Deus, isso está me matando, me corroendo há quatorze anos. Tentei escondê-lo, tentei fazê-lo ir embora, mas não consegui, por mais que soubesse que deveria. Você não percebe o quão irresistível você é. Quase fui preso por assassinato por causa disso. Fiz uma careta. — Eu queria esfaquear o bola de gosma com cara de merda com uma faca de manteiga no jantar. Eu ri, meu peito vibrando, de uma forma que só Isaac poderia me fazer. — Você sempre foi mais corajoso do que se deixa ver. — Por que eu queria matar alguém? — Não... porque você não passou a vida negando como se sente. Sua mão tremeu contra meu rosto. Agarrei seu pulso, beijei sua palma, então entrelacei meus dedos nos dele. Isaac foi facilmente quando fui para o quarto do estúdio. Eu o puxei para dentro. A tela em que eu estava trabalhando não estava de frente para nós, e Isaac não mencionou as empilhadas ou encostadas na parede, salpicadas de tinta e cores aleatórias, mas nada real, nada verdadeiro. Não estava concluído. Eu não tinha ideia do que ia pintar quando comecei, a evidência estava em todas as telas, mas eu queria que Isaac visse, queria que soubesse o que eu estava pensando sobre ele ontem à noite, que eu estava com ele, mesmo que não estivéssemos realmente juntos. Que eu estava com ele nisso, esses sentimentos que iriam nos colocar em tantos problemas. Levei-o para a frente do cavalete. Era diferente do meu estilo típico – um pouco mais escuro, mais ousado. Era um antebraço e uma mão, meu antebraço e minha mão, e dentro de minha palma havia um coração. Não um desenho animado, mas um coração realista e palpitante, ali para ele tomar. A mão de Isaac tremeu quando ele a estendeu, tocou áreas não marcadas da tela. Ele passou o dedo por ela, sem falar, enquanto eu prendia a respiração. — Chama-se Seu. — Eu disse, para quebrar o silêncio. Porque eu era apenas isso. Seu. Meu coração era dele. Guardei para mim quando sempre quis estar com Isaac, e agora eu estava entregando a ele. Ainda assim, ele não respondeu, apenas mergulhou os dedos no vermelho que eu estava usando, empunhando-os como um pincel e manchando a cor no meu peito, sobre o meu coração. Eu respirei trêmulo, observando-o, incapaz de me virar quando Isaac puxou sua camisa sobre a cabeça e a deixou cair no chão. Ele pegou meu pulso, mergulhou meus dedos na tinta, então pressionou minha mão em seu peitoral esquerdo. Ele não precisava de palavras para eu saber o que ele estava dizendo... que meu coração era dele, e o dele era meu, e Cristo, estávamos tão fodidos, mas eu não me importei. Não sobre nada naquele momento, exceto para nós. Agarrei-o, mãos nos quadris de Isaac enquanto o puxava para frente. Nossas bocas se chocaram, duras e famintas, as línguas mergulhando. Ele gemeu em mim, enroscou a mão no meu cabelo, apertando os fios até que houve uma leve queimadura no meu couro cabeludo. — Jesus, não posso acreditar que isso está acontecendo. Vou te devorar, Lane. — Seus beijos desceram pelo meu pescoço. Deixei cair a cabeça para trás, e Isaac aproveitou, empurrando o rosto no meu pescoço, mordendo e chupando, como se seu objetivo fosse me marcar. — Diga-me que me quer. Estive esperando quatorze anos para ter você. Culpa e arrependimento golpearam meu coração, como punhos batendo nele como se fosse um saco de pancadas. Nós perdemos tanto tempo. Ele me queria, sabia que me queria todo esse tempo, e não me permiti ver isso. Não me permiti desejar que fosse possível. E talvez ainda não fosse. Talvez estivéssemos nos enganando, e fazer isso destruiria nossa família, mas naquele momento, tudo em que eu conseguia me concentrar era em Isaac. — Quero você. Preciso de você, oh merda. — Uma dor aguda me perfurou, os dentes de Isaac mordendo meu ombro, antes que ele lambesse a dor. — Você gosta disso? — Sim, porra, sim. — Meu corpo estava em chamas, minhas bolas cheias e doloridas, meu pau duro e latejante. Por um breve momento perguntei-me se ele tinha estado com alguém na noite anterior, mas tão rápido quanto o pensamento veio, ele deixou minha mente. Eu sabia que ele não tinha. Não depois do nosso beijo ontem e como ele voltou para casa. Agarrei o rosto de Isaac, e nossas bocas se juntaram novamente, uma colisão de prazer e anos de desejo reprimido. Tinta vermelha manchada em seu rosto, e eu não tinha dúvidas de que estava em mim e no meu cabelo, mas não me importei. Realmente parecia que Isaac estava tentando me devorar, como se quisesse consumir cada parte de mim. Seus beijos eram duros, suas mãos também. Nós tropeçamos para trás, e bati na mesa, derrubando as tintas ali. — Merda, me desculpe. Eu geralmente tenho mais finesse do que isso. — Isso é o que todos eles dizem — provoquei. — Estou com medo de que você mude de ideia — Isaac admitiu suavemente, e com tanta vulnerabilidade, isso roubou minha respiração. Como ele poderia me amar tanto? Eu não entendia, não alguém tão brilhante como uma luz, alguém tão confiante e desejado como Isaac. — Não vou. — Passei meus dedos contra sua bochecha. Era a mão com tinta, deixando riscos para trás. — Bom... porque estou prestes a te dar o melhor boquete da sua vida. — disse ele, o arrogante Isaac de volta. — Você acha? — Oh, Lane, eu garanto. Arrepios atormentaram meu corpo, desejo subindo pela minha espinha e explodindo em fogos de artifício lá. Isaac caiu de joelhos, inclinou-se, aninhou o rosto na protuberância da minha cueca e inalou. — Porra, você cheira tão bem. Vou dormir bem aqui esta noite, com meu rosto entre suas pernas para que eu possa sentir o cheiro de sexo em você e lamber e chupar seu pau sempre que eu quiser. Meus joelhos quase cederam. Minha mão escorregou na mesa, atingindo a tinta amarela e fazendo com que ela derramasse. — Estamos fazendo uma bagunça, — eu disse, com as mãos em seu cabelo curto. — Não me importo. É gostoso. Quero te pintar do jeito que você sempre me desenhou. — Faça isso — eu disse. Isaac olhou para mim de joelhos, desejo em seus olhos e arrogância no sorriso em seus lábios. — Você vai me deixar fazer o que eu quiser, não vai? — Sim, e você me dará o mesmo. Ele encolheu os ombros. — Eu gosto de orgasmos, o que posso dizer? — Ei, eu não quis dizer isso quando disse isso. Eu só estava... — Está tudo bem, Lane. Tudo que quero agora é chupar seu pau. Como um cara poderia argumentar com isso? Isaac enganchou os dedos na faixa da minha cueca boxer e puxou para baixo. Minha ereção saltou contra meu estômago, ansiosa para ser livre. Isaac sibilou, ainda empurrando minha cueca para baixo enquanto se inclinava, enfiando o nariz na minha virilha novamente e inalando longas e profundas respirações. Sua bochecha descansou contra minha coxa, sua língua passando rapidamente sobre meu saco pesado. Prazer disparou através de mim novamente apenas com o simples movimento em minhas bolas. — Você tem um pau bonito, Lane. Eu costumava me perguntar sobre isso, desejava poder tropeçar no banheiro quando você tomava banho e vê-lo. Nós adormeceríamos juntos, ou você me desenharia, e meu pau doeria o tempo todo, porque era tão difícil estar perto de você. Difícil, mas ao mesmo tempo, era tudo que eu sempre quis. — Jesus, Isaac. — Minha voz estava entrecortada. Minha ereção estremeceu, pré-sêmen vazando da fenda com nada mais do que suas palavras para mim e sua respiração contra minhas bolas. Ele beijou minha bola esquerda, então a direita, toques suaves de seus lábios contra a pele sensível lá, antes de lamber e chupar. Meu corpo parecia eletrificado, como se minhas veias fossem feitas de relâmpagos, e cada vez que disparava, o prazer corria através de mim. Saí da minha cueca enquanto Isaac lambia meu eixo, fazendo os músculos das minhas coxas apertarem, e todo o meu universo se despedaçou de satisfação quando ele chupou minha glande em sua boca. Já seria o melhor boquete que eu já tive só porque era ele, mas Isaac também tinha uma boca incrível. Ele me levou para o fundo de sua garganta, me engoliu, os olhos inclinados para cima para me observar. Toquei seu cabelo, segurei seu rosto, com admiração por este homem de joelhos para mim. Este homem que eu não deveria querer, mas sabia que minha vida nunca estaria completa sem. Bombeei meus quadris ligeiramente, e ele continuou a me chupar, habilmente usando sua língua para lamber e deslizar para cima e para baixo no meu eixo. Uma de suas mãos foi para a mesa, e então, dedos cobertos de amarelo, ele os desceu do meu peitoral até o meu estômago. Ele empurrou para cima novamente, espalhando a cor enquanto passava, sobre o meu torso, ao redor dos meus lados, mamilos da cor do sol. E então ele puxou com um pop e disse: — Dê para mim. Não posso usar as duas mãos porque uma está coberta de tinta, então você pode se soltar em mim. Foda minha boca, Lane. Pegue o que é seu. — Jesus Cristo — sem fôlego saiu dos meus lábios. Eu adorava o jeito que ele falava comigo, adorava que Isaac quisesse se entregar a mim tão completamente. Fiquei mais reto, enfiei meus dedos pelos fios macios de seu cabelo. Isaac lambeu minha fenda, a pérola de pré-sêmen desaparecendo em sua língua antes que ele chupasse a cabeça em sua boca, engolindo-a. E porra, nunca quis ninguém mais do que eu o queria naquele momento, e sabia que nunca iria. Anos de desejo oculto, de desejo negado, soltos dentro de mim. Eu gradualmente bombeei meus quadris para frente, enfiei meu pau cada vez mais fundo na boca faminta de Isaac. Ele era tão gostoso, tão bom, quase gozei naquele momento. Meu coração batia forte enquanto eu lutava para me segurar, apenas continuei em frente até que seu nariz estava enterrado em meus púbis novamente, minha glande em sua garganta. Eu puxei, e Isaac disse: — De novo. Eu sempre soube que não havia muito, se alguma coisa, que Isaac iria me negar, e eu sentia o mesmo por ele. Desta vez, não fui tão sem pressa. Eu fodi sua boca do jeito que ele queria, gentilmente acariciando seu lindo rosto enquanto eu fazia. Ele agarrou meus quadris, segurou, pintou em mim também, enquanto meu pau deslizava para dentro e para fora de sua boca em movimentos rápidos e medidos. Isaac tomou tudo, a fome queimando em seu olhar. Como passamos tanto tempo sem isso? Como havíamos segurado nosso desejo um pelo outro? Continuei fodendo-o como se pudesse mostrar a Isaac o quanto eu precisava dele com cada impulso dos meus quadris. Quando minhas bolas apertaram, tão malditamente perto de se soltar, puxei. — Venha. — Eu disse, precisando senti-lo, tocá-lo também. Isaac ficou de pé, os dedos se entrelaçando enquanto ele rapidamente abria a calça. Ele deixou tinta lá também. Fui eu quem a empurrou para baixo, eu que quase derreteu em uma poça de lava quando seu pau saltou livre. Ele era grosso e cheio de veias, o ninho escuro de cabelo em sua virilha, aparado e arrumado. Ele vazava mais do que eu. Seu pau estremeceu enquanto eu o estudava. Ele saiu de suas roupas, e estendi a mão, e a envolvi em torno de seu eixo quente e duro, e acariciei. — Ah, porra... Lane... Eu não podia acreditar que ele estava lá, que eu pude vê-lo assim. Isaac estava de pé diante de mim, me desejando, e ele era de tirar o fôlego. — Não se mova — Isaac ordenou. — Não poderia me forçar. Ele sorriu. Era impressão minha ou foi quase timidamente? Isaac foi até a mesinha de cabeceira e pegou uma garrafa de lubrificante... porque era claro que ele teria algum escondido neste quarto também. Ele voltou para mim, abriu a garrafa e apertou, pingando o líquido claro em ambos os nossos eixos. — Só quero sentir você agora. Qualquer outra coisa, e vou gozar rápido demais, e... bem, há alguns lugares que nós não queremos pintar — Isaac disse. — Em retrospectiva, essa pode não ter sido a melhor ideia, mas eu te amo assim, com arte em seu corpo. Isaac se aproximou de mim, me empurrou para trás até que minha bunda bateu na borda da mesa. Ele pegou minha boca, empurrou sua língua para dentro. Meus braços foram ao redor dele, e ele enrolou a mão no meu cabelo enquanto nos lambíamos e nos beijávamos. Saboreando. Amando. Ele empurrou seu pau contra o meu, unindo nossas virilhas, fazendo outra tempestade elétrica surgir dentro de mim. Deslizei minhas mãos até sua bunda, nossos corpos alinhados e apertados um contra o outro enquanto nos beijávamos avidamente. Quase choraminguei quando ele se afastou o suficiente para deslizar uma mão entre nós e a envolveu em torno de nossos dois paus, acariciando enquanto fodemos seu punho juntos. — Finalmente vou conseguir te pintar com meu esperma. Eu vou fazer isso todos os dias, vê-lo secar em sua pele para que eu saiba que você sempre me terá em você. — Caralho... — Rapidamente, minhas pálpebras tremeram, minhas coxas tremeram. Empurrei minha língua em sua boca novamente e gozei, jorros quentes em sua mão e nossos estômagos. Gritei quando Isaac se afastou, mas ele não foi muito longe, apenas pegou seu próprio pau na mão, masturbando-o até que seus olhos reviraram, suas bolas apertaram e disparou jorro após jorro de esperma no meu estômago. No segundo que ele terminou, Isaac me puxou para perto e enterrou o rosto no meu pescoço. Me segurou em um abraço apertado, e não me soltou. Isaac Eu não queria solta-lo. Eu me preocupava que, se o fizesse, a realidade se instalaria e perceberíamos o que isso realmente implicava, nós dois juntos e todas as consequências. E se algo mudasse? E se Lane percebesse que ele realmente não me amava e nós rasgássemos nossa família em pedaços sem motivo, e então tivéssemos que descobrir como juntar os pedaços novamente. Como papai se sentiria sobre Lane se ele me machucasse, ou se eu estragasse tudo o que eu era bom. Helena ainda me amaria? Ela seria capaz de me olhar nos olhos? Eu a perderia e papai junto com Lane? Eu faria meu pai perder Helena, a pessoa que o trouxe de volta dos mortos? Esta era uma situação complexa em mais de uma maneira. Isso afetava mais do que apenas nós dois. Mas naquele momento, eu estava ali nu, com Lane em meus braços. Meu esperma em sua pele, e as marcas da minha boca em seu pescoço. Então tentei focar nisso. — Espero que você não pense que terminei com você ainda — eu disse, me afastando, mas não olhando no rosto dele. — Eu realmente não consegui devorar muito até agora. Quando nada além de silêncio me cumprimentou, arrisquei um olhar em sua direção, esperando não ver arrependimento ali, mas sabendo que não o culparia se visse. — Estamos com tantos problemas, não estamos? — Ele perguntou, sem surpresa. Eu esperava que ele percebesse, mesmo que o remorso não viesse. Também tinha percebido, mas eu era mais egoísta. Eu o queria por tanto tempo que fingiria alegremente que tudo estava bem se ele quisesse. Não havia razão para mentir para ele, no entanto. Ele perceberia que eu sabia porque nós dois sabíamos a verdade. — Sim. — Eles não vão entender. — Não — respondi. — Eles não vão. Talvez, eventualmente, possamos fazê-los entender, mas isso não é algo com que temos que nos preocupar hoje. Hoje, e enquanto você me deixar, eu só gostaria de mentir para mim mesmo, me fazer acreditar que posso ter você. E porra. Eu gostaria de fazer isso o mais rápido possível, por favor. — Pisquei. Lane me deu um pequeno sorriso, um que carregava um pouco de tristeza nele. — Isaac. — Ele segurou meu rosto novamente, passou o polegar sob meu olho, então me puxou e me deu um beijo suave. Pelo menos ele não estava mais dizendo meu nome como se fosse um aviso. — Você já me tem. Sim, mas por quanto tempo? Porque eu não sabia se Lane poderia fazer isso, se ele diria aos nossos pais que estávamos apaixonados um pelo outro, veria a decepção e a confusão apontadas para nós, e ainda decidiria que eu valia a pena. — Vamos tomar um banho. Alguém colocou tinta em cima de mim... e esta porra de quarto. Isso mesmo alguém tem muita limpeza para fazer. — Deixe-me adivinhar, esse alguém sou eu? Peguei sua mão e o puxei em direção à porta. — Faria mais sentido. A quem pertence a tinta? — Quem estava espalhando isso em todos os lugares? — Isso não vem ao caso. Lane riu e me seguiu para o meu quarto e para o banheiro. Abri as portas de vidro do chuveiro e liguei a água, encontrando a temperatura certa. Fiz sinal para Lane entrar primeiro, o que ele fez, e me juntei a ele. Vermelho e amarelo sangravam no chão, a água colorida fazendo breves padrões nos tons de cinza dos ladrilhos antes de escorrer pelo ralo e, com ela, a evidência do que tínhamos feito. Puxei Lane para perto, passei minhas mãos por seu corpo liso, sobre sua bunda firme e de volta para cima novamente, antes de enterrar minha mão no cabelo em sua nuca e puxar sua boca para a minha novamente. Eu não conseguia parar de beijá-lo, tocá-lo. Eu era carente pra caralho, e se ele fosse qualquer outra pessoa, eu odiaria que vissem esse lado meu. Mas então, se ele fosse outra pessoa, eu não me sentiria assim. Nós nos abraçamos com força, a água escorrendo pelos nossos corpos. Enquanto ele ganhou massa muscular ao longo dos anos e estava firme e esculpido em todos os lugares certos, Lane ainda era menor do que eu, seu corpo mais leve em meu abraço. Suas mãos foram para os meus lados, as pontas dos dedos pressionando o suficiente para deixar hematomas, como se talvez ele estivesse com tanto medo que eu mudasse de ideia quanto eu que ele mudaria. Ele me segurou como se temesse me perder. — Deus, sempre odiei beijar — admiti, minha boca descendo pelo seu pescoço. — Mmm, posso morder e te chupar de novo aqui? Dar-lhe um chupão roxo escuro para que eu possa – puta merda, essa pode ser minha forma de arte. Deixar evidências do meu desejo por você em todo o seu corpo. Será nosso segredo, um lembrete da minha posse sobre você. Vou olhar para ele quando estivermos em uma sala cheia de pessoas, e nenhum deles saberá que são minhas marcas em você. — Jesus. — Lane tremeu contra mim. — Sim, você pode. Isso foi gostoso pra caralho, se um pouco triste também, já que ninguém pode saber, e como sempre odiou beijar? Você faz muito sexo, Isaac. — E nem sempre beijo, mas quando beijo, não é minha coisa favorita. — Passei minha língua sobre a parte carnuda onde seu ombro encontrava seu pescoço, aquele que ele disse que eu poderia ter. — Bem, não era a minha favorita. — Cavei meus dentes no meu lugar, mais forte do que antes, mas com cuidado para não quebrar a pele, então chupei, sentindo o sangue escorrer para a superfície sob minha língua. — Ah, porra. Isso dói, mas também é tão bom. Mais. Nunca negando prazer a alguém, dei a ele, fazendo minha própria boca doer com a força da minha sucção nele. Lane estava tremendo em meus braços, montando minha coxa, sua ereção quente e grossa contra mim. Eu poderia realmente fazê-lo gozar desta forma? Eu o beijei lá antes de puxá-lo em minha boca novamente. Uma mão em sua bunda, a outra ainda em seu cabelo, puxei Lane contra mim, me movi enquanto ele gemia e empurrava minha perna, descaradamente tomando o que precisava de mim. Eu daria com prazer. Apenas um momento depois, seu corpo ficou rígido e ele gritou, a sensação quente de seu esperma jorrando no meu quadril. Puxei minha boca dele, envolvi uma mão ao redor do meu eixo, pronto para pintá-lo com meu esperma novamente, mas Lane caiu de joelhos e engoliu meu pau. Sua boca era tão malditamente quente, tão molhada, e este era Lane. Esse pensamento fez minhas bolas esvaziarem em sua garganta em menos de trinta segundos. Lane não se levantou imediatamente, não parou de me chupar. Seus braços rodearam minha cintura, sua bochecha contra meu estômago enquanto chupava meu pau amolecido, como se fosse sua maneira de se alimentar. Eu sabia o que ele estava pensando sem que precisasse dizer as palavras. Quando meu pau caiu de sua boca, passei meus dedos por seu cabelo. Eu adorava como estava comprido agora. — Nós vamos resolver isso. Puxei-o para ficar de pé, e nós finalmente usamos sabão e lavamos nossos corpos, então saímos e nos secamos. — Estou tão cansado. — disse Lane. Eu também estava. — Vamos dormir um pouco. Ele não discutiu, não parecia estar duvidando da decisão de subir nu na minha cama. Entrei ao lado dele, puxando o cobertor sobre nós. Lane me envolveu em um abraço, e moldei meu corpo ao dele, minha cabeça em seu ombro. — Gosto de ver minha marca em você. — Lambi a marca escura e quase preta que chupei em sua pele. — Gosto de saber que está aí. — As palavras eram suaves, e ele parecia exausto. Não tive que olhar para saber que Lane caiu direto no sono. Deixei-me fechar os olhos e fazer o mesmo. Acordei em uma cama vazia. Pela forma como a luz atingiu, eu tinha certeza de que era no final da tarde. Fiquei surpreso por ter dormido tanto, que não senti Lane escorregar da cama. Por um segundo, a preocupação tomou conta de mim, de que ele tivesse voltado a si e tudo mudou, mas este era Lane, e eu o conhecia. Conhecia seus padrões e suas necessidades, o que ele fazia quando estava muito feliz ou muito triste ou apenas sendo ele mesmo, então saí da cama, mijei rapidamente, lavei as mãos e coloquei uma cueca. A porta de seu estúdio estava aberta, e ainda estava... uma bagunça. Ele ainda estava nu, e estava em seu cavalete porque novamente, este era ele e era o que sempre fazia. — Desculpe. Eu estava inspirado. Cruzei os braços e me encostei no batente da porta com um sorriso no rosto. Eu adorava vê-lo assim. Ele não conseguia nem desviar o olhar do que estava fazendo para me encarar. — Você nunca tem que se desculpar por isso. Especialmente se pintar nu se tornar uma coisa normal agora. Amo pintura nu. Um leve sorriso curvou os cantos de seus lábios com isso, e seu olhar se voltou para mim. — Claro que você ama. — Você pode me culpar? — Perguntei, entrando no quarto. — Posso ver? — Sim. Eu dei a volta para que eu pudesse ficar ao lado dele, e... Jesus fodido Cristo, não podia acreditar em meus olhos. Não estava concluído. Ele esboçou o que seria e tinha acabado de começar a pintar. Meu coração disparou, meu olhar preso pela imagem na tela na minha frente. Dois homens nus, um de joelhos, braços em volta da cintura do outro, bochechas contra o estômago, do jeito que estávamos antes. Você não podia ver seus pênis, seus corpos estrategicamente colocados para escondê-los. — Somos nós, não é? — Sim. Posso ver isso perfeitamente na minha cabeça. Estaremos sem rosto, nossos corpos borrados e misturados em diferentes tons de azul e cinza. Abstrato, mas emotivo, no meu estilo figurativo-expressionista. Ninguém vai olhar para ele e nos ver. Apenas dois homens, perdidos em um momento íntimo. Só nós saberemos que é nosso. — Isso é incrível. — Você não viu o produto acabado. — Não preciso. Lane se virou e beijou meu ombro. — Nunca fiz esse tipo de arte antes – fora os da faculdade quando trabalhávamos em nudez. Nunca brinquei com arte erótica. Mas então acordei com o pensamento, e meus dedos se contraíram com a necessidade de pintar. Meus pensamentos estavam dispersos, e por mais que eu quisesse estar na cama com você, sabia que ficaria louco se não saísse e fizesse isso. — Eu amo isso. Como diabos você faz isso? Como desenha e planeja isso tão rapidamente? Dormi por uma semana? — Sabe como fico quando estou na zona. É como uma obsessão. E este definitivamente não é o meu melhor trabalho. É confuso e apressado, mas tive que colocá-lo na tela. Não havia uma parte disso que parecia bagunçada e apressada para mim. — É incrível. Sou a musa perfeita. Lane se inclinou e beijou meu ombro novamente. — Nunca vou te pintar de novo se isso vai te dar um ego enorme. — Não tenho certeza de que poderia evitar mesmo se tentasse. Eu sou claramente irresistível para você. Pode-se até dizer sua maior musa. Acho que esse será meu título daqui para frente... Isaac Pierce, a maior musa de Lane Ryan. Ele riu e me envolveu em um abraço. Lane era mais carinhoso do que eu pensava que seria, não que eu estivesse reclamando. — Quero te pintar o dia todo, todos os dias, só para ter provas de que isso é real. — Pensei que é para isso que servem as marcas no seu pescoço? — Nós podemos ter os dois — respondeu, logo antes de seu estômago dar um profundo, alto e estrondoso rosnado. — Até o magnífico Lane Ryan precisa comer. Continue trabalhando. Vou fazer o jantar. — Você não cozinha. — Vou pedir o jantar. Lane deu um beijo na minha bochecha, e então me afastei. Se eu não fosse agora, acabaria de joelhos por ele... talvez transando com ele na cama ou me curvando para ele. Não me importava muito com a maneira como faríamos. Eu só o queria. — Virei buscá-lo quando a comida estiver aqui. — OK. Quando cheguei à porta, parei para olhar para ele. Lane já estava perdido em sua arte novamente. Em vez de ficar ali olhando para ele, forcei-me a voltar para o meu quarto, coloquei um short e uma camiseta, então pedi comida tailandesa. Sentei-me no sofá da sala de estar, tentando não me estressar sobre como diabos iríamos fazer isso funcionar, como poderíamos mudar as percepções para que nossas famílias e o mundo não nos vissem como irmãos, mas como dois homens apaixonados. Isso significaria forçar os limites, forçar o que era aceitável, mas se o resultado me levasse a ele, era tudo o que me importava. Lane Eu não conseguia parar de pintar. Dias se passaram desde que percebi que Isaac estava apaixonado por mim, desde que me permiti reconhecer que sentia o mesmo. Que sempre senti o mesmo. Terminei Seu, dando ao fundo um estilo cinza e preto, ousado, de respingos de tinta. Meu cérebro estava explodindo com ideia após ideia, com a necessidade de criar, e tudo era sobre ele – apenas Isaac, ou nós dois juntos. Nunca o pintei. Desenhá-lo? Sim. Eu tinha centenas de cadernos cheios de esboços, mas nunca me permiti pintá-lo antes. Agora, não conseguia parar. Todos eles abstratos, sem rosto, corpos nus borrados e mãos errantes que pertenciam ao meu irmão. Cristo, eu realmente tinha que parar de pensar nele dessa maneira. Não somos relacionados por sangue, não somos relacionados por sangue, não somos relacionados por sangue. Isso se tornou meu mantra. Quando Isaac estava em casa depois do trabalho, eu tentava ir para a sala ou cozinha com ele, mas isso nem sempre durava muito. Eventualmente, acabaríamos no quarto que ele me deu para meu estúdio, onde ele me veria desaparecer em meu próprio mundo ou se encontrar no dele, mas ainda ficando perto. Sempre trabalhei muito, mas não tanto. Eu precisava tirar tudo antes que eu perdesse. Adormecemos todas as noites naquele quarto, que eu limpei, não permitindo que ele ajudasse, e não havia nada como estarmos envolvidos um no outro, corpos escorregadios e aquelas mesmas mãos errantes que invadiram meu cérebro. Nós nos masturbamos ou chupamos um ao outro diariamente, mas ainda não tínhamos fodido. Nenhum de nós tinha feito o movimento para fazê-lo, e eu não tinha certeza do porquê. Outra coisa que não tínhamos feito era falar sobre o que diabos estávamos fazendo. Era como se pensássemos que se não falássemos as palavras, não haveria consequências, que nossa realidade não era verdadeira, para que pudéssemos continuar fingindo nesse casulo que construímos juntos. Era a porra de um lugar legal para chamar de lar, mas não era real, e nós dois sabíamos disso. Eu estava na frente do meu cavalete quando meu celular tocou com o toque da mamãe. Os nervos imediatamente subiram pela minha espinha como se houvesse alguma maneira de ela ter descoberto, como se ela não me ligasse regularmente, então se ela estava agora, deve ter descoberto que Isaac e eu estávamos... juntos. Estávamos rotulando assim? Presumi que sim, já que estávamos apaixonados, mas estava tudo tão bagunçado que as regras normais não se aplicavam. Queria ignorar a ligação, mas meu estresse não me deixava. Ficaria louco pensando que ela tinha nos descoberto, então atendi. — Ei mãe. — Ei você. É bobo que sua voz soe mais feliz agora que está vindo de Atlanta em vez de Nova York? Porque sim. Eu ri. Ela era tão boa. Nunca soube como era ficar sem ou não me sentir amado. Ela sempre quis passar tempo comigo e se relacionar comigo, e quando Isaac entrou em nossas vidas, isso se estendeu a ele. A partir do momento em que ela e papai ficaram sérios, Isaac se tornou seu filho. E isso me fez sentir ainda mais culpado sobre o que estávamos fazendo, porque enquanto esse amor me dava esperança de que ela encontraria uma maneira de nos aceitar, também era o que dificultaria isso para ela. — Estou feliz — admiti. — Eu sinto... nem sei como colocar isso em palavras. Mais livre do que em muito tempo, como se eu fosse mais eu do que me permiti ser em anos, ou talvez mais do que já fui. — Porque como poderia ter sido autêntico quando não fui honesto em como me sentia sobre Isaac? — Isso me deixa muito feliz. E eu amo que meus dois meninos estão juntos novamente. As coisas ficaram tensas com vocês dois por um tempo, mas isso parece estar mudando. Isaac sempre te amou muito. — Congelei, o coração acelerado, sentindo que poderia estourar no meu peito a qualquer momento. Ela estava dizendo... Ela sabia? — Eu sei que já dissemos isso antes, e é tão difícil se sentir assim por causa do que isso significa quando se trata de seu pai e da mãe biológica de Isaac, mas sinto que fomos feitos para ser uma família, que você e Isaac foram feitos para serem irmãos. Ele precisa de você, e se algo acontecer entre vocês dois... bem, não tenho certeza de como ele lidaria com isso. O que era outro risco em um relacionamento. Era tudo um risco. Preocupava-me como Isaac reagiria se terminássemos. Não consegui acalmar esse pensamento, mas consegui encontrar uma maneira de admitir minha própria verdade também: — Também preciso dele. — Sim, eu sei. Eu só me preocupo mais com Isaac dessa maneira. Ele não deixa ninguém se aproximar além de você, e isso não é algo com o qual você luta. De qualquer forma, não sei como chegamos a esse assunto. Meus dois meninos estão felizes, e posso ser a mulher mais sortuda do mundo. Apenas liguei para entrar em contato com você e fazer você lembrar Isaac da reunião da família no próximo mês. Aproximei-me e sentei-me na cama. Porra, como eu tinha esquecido disso? Enquanto nossas avós de ambos os lados frequentemente saíam, e eu ia ver meus avós do lado de meu pai também, havia um grande encontro a cada dois anos de todos de ambos os lados - tias, tios, primos e parentes de mamãe e as mães do papai. Mamãe organizou, querendo ter certeza de que a família extensa de Isaac e a nossa estavam próximas. Era pouco mais de um fim de semana, e quase todos, exceto as vovós, seguiriam seu próprio caminho, mas era uma tradição, e não havia como escapar dela. Pelo menos não para mim ou Isaac. Aposto que ele tinha esquecido disso também. — Sim, nós estaremos presentes. Claro que estaremos presentes. — Seria estranho pra caramba, considerando o que Isaac e eu estávamos fazendo. Não podíamos contar a ninguém, e seria um lembrete constante, todos falando sobre nós como se fôssemos uma unidade, mas não do tipo que queríamos ser. Eles nos chamariam de família. — Quais as novidades? — Mamãe perguntou. — No que tem trabalhado? Tem alguma ideia de quanto tempo vai ficar? Todas as perguntas eu tive dificuldade em responder. Não era como se eu pudesse dizer a ela que eu estava pintando Isaac nu, ou nós dois juntos, ou todas as maneiras que eu queria adorar seu corpo e ter Isaac adorando o meu. Minha casa em Manhattan era outro obstáculo. Precisava ir embora, mas não tinha tomado uma decisão sobre ser permanente ou não. Tinha amigos lá, contatos. Fora da minha família, toda a minha vida estava em Nova York, e agora que Isaac e eu estávamos juntos, ele esperava que eu me mudasse? Eu queria? Tudo estava tão fodido, e havia um milhão de coisas a considerar. Mas a recompensa era Isaac. — Não tenho certeza, mãe. Agora estou apenas levando tudo um dia de cada vez. No que diz respeito ao trabalho, estou... seguindo meu coração. — Eu não sabia mais como explicar. — Você sempre faz, doce menino. Isso é o que mais amo em você – esse seu coração grande e pulsante. Vou deixá-lo voltar para isso. Diga ao seu irmão para ligar para o papai, ok? Meu peito se apertou com essas palavras. — Vou dizer a ele — respondi, então, — Ei, mãe? Amo você. — Também te amo, Lane. — Ela fez um barulho de beijo, e então a linha desligou. Tentei ignorar a culpa que engrossou como lodo em meu estômago. Quando voltei ao meu cavalete, não consegui me obrigar a pintar. Apenas fiquei ali, pincel na mão, olhando e desejando que meus dedos funcionassem. Quando isso não aconteceu, limpei meus suprimentos, tomei banho e me vesti. Meu cabelo estava ficando muito comprido, e eu ficava dizendo a mim mesmo que iria aparar, mas ainda não tinha conseguido. Para me manter ocupado, decidi fazer o jantar. Isaac tinha uma churrasqueira em sua varanda, então saí, comecei a fazer hambúrgueres caseiros de alho e cebola. Piquei os legumes para uma salada rápida, terminando assim que ele chegou em casa. — Você vai me estragar. — Isaac afrouxou a gravata, se aproximou e me pressionou contra o balcão. Ele me beijava e me tocava o tempo todo, como se ele não pudesse se satisfazer ou seu corpo fosse viciado no meu. Como se eu fosse um tesouro para ele, e dane-se se isso não me fizesse sentir bem. Ele se inclinou, tomando minha boca com a dele. Eu o deixei. Na maioria das vezes, Isaac liderava quando se tratava de sexo ou afeição entre nós, e eu me contentava em seguir. Sua língua passou pelos meus lábios, dedos cavando em meus quadris enquanto ele provava minha boca como se estivesse em um deserto e eu fosse a única água que ele tinha em dias. Como sempre, meu pau começou a endurecer enquanto ele lambia e chupava suavemente meu pescoço. Ele não tinha me marcado novamente desde aquele primeiro dia, mas eu sabia que não era por falta de desejo. — Você tem um gosto tão bom... cheira tão bem... é tão bom. Agora que posso tocar em você, não quero mais parar. Como diabos passei minha vida inteira sem ouvi-lo falar comigo daquele jeito? Agora que eu tinha ouvido, aquelas palavras eram combustível para minha alma. Não pude deixar de sorrir. Isaac nem precisou olhar para mim quando disse: — Viu? Você gosta de elogios e elogios meus. — Cale-se. — Era incrivelmente inconveniente que ele me conhecesse tão bem. — Vamos comer antes que esfrie. Ele lavou as mãos, e então fizemos nossos pratos e nos sentamos à mesa juntos. Era um hábito da infância. Mamãe sempre esperou que comêssemos à mesa em família e conversássemos sobre nossos dias. Era algo que eu tinha perdido em Manhattan. Mesmo quando eu estava em um relacionamento, não nos sentávamos para compartilhar nossas refeições dessa maneira, mas Isaac e eu fazíamos isso automaticamente. — Você fez alguma pintura hoje? — Ele perguntou. — O quê? Você está sorrindo. — Estava pensando em como eu não comia assim quando estava com mais ninguém - sentados juntos, perguntando sobre o trabalho... e então você perguntou. Ele encolheu os ombros. — Nem eu. — Mas então, Isaac não teve nenhum relacionamento. — Terminei um pouco no início do dia. Não tanto nos últimos tempos. Ele assentiu, e quando perguntei sobre o dia dele, entrou em contas e números e todos os tipos de coisas que ele amava e entendia de maneiras que meu cérebro mais criativo não entendia. Quando ele terminou, ele perguntou: — O que há de errado? — Mamãe ligou. — Dei uma mordida no meu hambúrguer. O olhar de Isaac se desviou. Podíamos fazer o que estávamos fazendo, fingir que nada mais importava, mas a culpa sempre existia. Esta foi a primeira vez que fomos lembrados disso de uma forma tão pessoal. — O que ela disse? — Ela quer que você ligue para papai... seu pai... Talvez eu não devesse mais chamá-lo de pai? — Por quê? Às vezes, as pessoas casadas chamam seus sogros de mamãe ou papai. — Sim, mas isso é diferente. Desde que eu tinha quatorze anos, fui literalmente criado por ele como se ele fosse meu pai de verdade. Estou em seu testamento como seu filho e... — Meu peito estava apertado, e minha respiração acelerou. Eu estava pirando. Por que diabos eu estava pirando de repente? Timothy era meu pai, assim como meu pai biológico tinha sido. — Por que você chama a mamãe de Helena, então? — Essa não é a única razão para mim... e não vou permitir que estar comigo tire seu pai. Vai partir o coração dele e o seu se de repente começar a chamá-lo pelo nome. Isaac estava certo. Partiria. — Sinto muito — disse Isaac. — Que isso é tão difícil. Se eu não tivesse te beijado... — Não. Foda-se não. Eu não desejo que isso nunca tivesse acontecido. Quero você, Isaac. Há muito para se acostumar e resolver, mas isso não muda o quanto quero você. Ele acenou com a cabeça, mas ele tinha aquele olhar em seu rosto que dizia que se sentia culpado, que não se sentia digno – aquele que ele nunca baixou a guarda o suficiente para mostrar a ninguém além de mim. — Eu te amo — eu disse a ele. — Eu também te amo. Mas ainda precisávamos conversar. Eu nem tinha mencionado a reunião da família. Terminamos de comer, mantendo os assuntos leves. Depois, Isaac lavou os pratos já que cozinhei. Ele ainda estava em sua camisa de botão e calça do trabalho quando se aproximou, pegou minhas mãos e deixou sua testa cair na minha. — O que mais não está me dizendo? Você deveria ser aquele que fala. — Esqueci que temos um encontro de família chegando no próximo mês. Isaac se afastou e franziu a testa, claramente tendo esquecido também. — O que nós vamos fazer? Sei que acabou de começar, mas não vai nos fazer nenhum bem fingir que nossa situação não é o que é. Vamos contar para mamãe e papai agora? Esperar que tudo ocorra bem e que as coisas não fiquem fodidas antes que todos estejam na cidade? Esperamos e contamos a eles depois? Dar-nos algum tempo para nos acostumarmos com isso nós mesmos? Como abordamos as coisas com outras pessoas? Todos que conheço lá nos consideram irmãos. Nós nos mudamos e começamos de novo em outro lugar? E se você perceber que não está apaixonado por mim e nós fizermos tudo isso, machucarmos todo mundo e... — Shh. — Isaac pressionou dois dedos em meus lábios. — Quem diria que você era tão preocupado? — Isso é sério, Isaac. Ele suspirou. — Eu sei. E tive muito mais tempo para me acostumar a me sentir assim por você do que você por mim. — Me puxou para o sofá. Sentamo-nos um ao lado do outro. — Helena nunca vai deixar de te amar. Tão facilmente, ele entendeu meus medos. Era um fato que meu cérebro continuava me dizendo. Eu conhecia minha mãe. Sabia como ela amava, mas meu coração estava cheio de medo e inseguranças. Nada no mundo era mais forte do que o coração e o que ele fazia você sentir, nem mesmo a lógica. Mas a verdade era que também não queria decepcioná-la. Não queria que ela me olhasse com decepção. — Eu sei. — Você quer continuar fazendo isso? — Sua mão estava no meu braço, seu dedo distraidamente roçando minha pele. Eu não tinha certeza se ele sequer percebeu que estava fazendo isso. — Sim, Deus sim. Isaac sorriu. — Fico feliz em ver que seu gosto por homens melhorou. Revirei os olhos. — Acho que devemos esperar — Isaac continuou. — Isso é muito, e aconteceu rapidamente... bem, uma vez que tudo estava aberto. Não acho que devemos nos apressar em deixar todo mundo saber. Precisamos nos firmar como um casal, resolver as coisas entre nós antes de compartilhar aos outros. Esta é uma grande mudança e afeta mais do que apenas nós dois. Balancei a cabeça, concordando com ele. Ele estava certo. Não era como se alguém se perguntasse sobre nós passarmos tempo juntos, então, para o mundo exterior, as coisas continuariam como sempre foram. — Ok, mas podemos voltar a todo aquele compartilhar aos outros? Porque agora que o tenho, com certeza não planejo te compartilhar — provoquei. — Você manteria uma experiência tão transformadora quanto estar comigo de outros homens? Que egoísta de sua parte — Isaac agiu junto. — Nunca vi esse seu lado antes. Simplesmente não consigo parar de me sentir culpado por todos os homens de Atlanta que nunca saberão como é me ter. — Eh, você vai sobreviver — respondi. — Idiota. — Isaac se inclinou, passou a língua pelos meus lábios, então deslizou para dentro. Foi um beijo rápido, mas às vezes esses eram os melhores – os rápidos antes do adeus ou depois do olá, que falavam de conforto e familiaridade. — Não quero mais ninguém além de você. Claro que somos exclusivos. Vou tomar banho. — Ele pressionou outro beijo em meus lábios e se levantou. Assisti enquanto ele caminhava pelo corredor em direção ao seu quarto, já sentindo falta dele. Isaac Fiquei no chuveiro por mais tempo do que eu precisava, aproveitando a sensação da água quente enquanto batia na minha pele. Eu gostava de saber que Lane estava no apartamento comigo. Gostava de voltar para casa e beijálo e jantar com ele à mesa. Essa era uma grande parte do motivo pelo qual eu não queria contar a ninguém ainda. Eu me preocupava que, uma vez que contássemos, as coisas mudariam e seriam mais difíceis. Era ingênuo fingir o contrário. Agora, só queria aproveitar pra caramba estar com Lane, e era exatamente o que eu planejava fazer. Nossos problemas não iam a lugar nenhum. Poderíamos lidar com eles mais tarde. Depois do banho, me sequei, enrolei uma toalha na cintura e escovei os dentes. Eu tinha acabado de pegar creme de barbear do balcão, quando Lane entrou. Ele não disse nada, apenas puxou a garrafa da minha mão. Eu levantei uma sobrancelha, e ele sorriu. — O que está fazendo? — Perguntei. — Cale-se. — Porra, você é mandão. — E você ainda está falando. — Lane soltou uma gota de creme de barbear em seu dedo. Ele tocou a ponta do meu nariz, deixando um ponto branco para trás, antes de colocar a garrafa no balcão. Ele pegou meu barbeador elétrico e perguntou: — Está na configuração certa para o seu comprimento? — Eu gostava de mantê-lo aparado bem curto, uma leve camada de barba. Quando não respondi, ele balançou a cabeça, seus olhos sabendo. — Bem, você não pode ter as duas coisas. Você não pode me dizer para calar a boca e depois me fazer perguntas. — Mas você me ama, então isso significa que posso me safar de qualquer coisa, certo? — Brincou. — Como desejar. Mas sim. — Nunca tive um amante me barbeando antes, mas eu deixaria Lane. A navalha zumbiu para a vida. Inclinei minha bunda contra o balcão, Lane na minha frente. Ele não estava em nada além de sua cueca. O homem viveria nelas ou nu se pudesse. Aparou o comprimento e, quando terminou, largou a navalha e pegou a garrafa novamente. Se aproximou de mim e abriu a torneira. Encheu a mão com creme de barbear, então esfregou ao longo do meu pescoço e rosto estrategicamente, para limpar minhas bordas. Eu não sabia por que, mas prendi a respiração com o primeiro golpe da navalha contra minha pele. Havia algo incrivelmente íntimo sobre este momento - nós dois perto, a protuberância em sua cueca boxer, o olhar de concentração em seu rosto enquanto ele me barbeava. Cada movimento de sua mão, a forma como seus olhos estudavam o que ele fazia, me fazia sentir como se eu fosse sua arte. Como se ele levasse me depilar tão a sério. Eu era sua tela, e Lane estava criando uma obra-prima. Era difícil me concentrar em outra coisa além de Lane e no que ele estava fazendo comigo, mas consegui dizer: — Você está sendo muito doce comigo. O que há com isso? — Sou sempre doce com você... e é isso que fazemos, não? Não cuidamos sempre um do outro? Agora estamos fazendo isso de maneiras diferentes. Jesus, esse maldito cara. Ele era tão malditamente incrível. Lane terminou de me barbear, então se aproximou, seu corpo contra o meu, carne com carne, enquanto lavava a navalha e a guardava. Pegou um pano, colocou-o debaixo da torneira, então deu um passo para trás para limpar meu rosto. — Tão gostoso como sempre. — Você deveria fazer isso com mais frequência. Dizer-me que sou gostoso. Lane riu, o som não se aquietou até que ele pressionou os lábios no meu pescoço. Gemi ao sentir sua boca contra a minha pele. Deixei minha cabeça cair para trás, segurei seus quadris enquanto ele beijava meu pescoço, beijando e lambendo, então descendo pelo meu corpo, através do meu peitoral. Rosnei quando ele se afastou, precisando de mais dele. Precisando de Lane. — Não estou indo a lugar nenhum. Amo o quanto você me quer. Faz-me sentir o homem mais sortudo do mundo. — Esse sou eu — respondi. — Se todo mundo soubesse o quão doce você é. — Que nojo — respondi. — Não sou. Ele me virou então, e eu deixei. Os lábios de Lane pressionaram minha nuca, então desceram, saboreando cada botão da minha coluna. Se sentia tão quente contra mim, tão quente e faminto, cada beijo fazendo minhas bolas apertarem mais e meu pau endurecer quase dolorosamente. Quando ele se ajoelhou atrás de mim, puxando a toalha, eu quase choraminguei. Um homem nunca me fez fazer isso antes, mas este era Lane. Meu Lane. — Posso? — Ele perguntou, esfregando o nariz ao longo de uma das minhas nádegas. Agarrei a borda do balcão com tanta força que meus dedos doeram. — Sim, Deus sim. — Não havia nada que eu não deixaria Lane fazer comigo, e o pensamento de tê-lo lá? De seu rosto na minha fenda e sua boca e língua no meu buraco? Quase me fez gozar só de imaginar. — Você gosta de ser fodido? — Lane perguntou. — Sim, mas eu amo foder também. — Eu também em ambas as pontas. — Ele não falou então, apenas pressionou uma mão em cada nádega e as abriu. Alarguei minhas pernas para ele, me inclinei, porque eu era uma puta sem vergonha e não me importava. Poderia viver de sexo com Lane e nada mais. — Jesus, você tem um buraco sexy. É tão pequeno e apertado. — Sua respiração estava quente contra o meu vinco. — Você vai trabalhar sua língua lá dentro? Quero te sentir, quero que me coma antes de me dar seu pau, mas sem gozar imediatamente. Nós vamos fazer isso quando você me der sua bunda, Lane. — Sim, inferno sim — disse ele, em seguida, enterrou o rosto entre as minhas pernas e lambeu do meu vinco até o topo da minha fenda. Ele foi direto para o meu buraco em seguida, pressionando, lambendo, chupando, beijando. Nunca pensei em mim mesmo como o tipo de homem que queria pertencer a alguém ou alguma coisa, mesmo quando se tratava de como eu me sentia sobre ele, mas naquele momento, enquanto ele massageava minhas nádegas enquanto me fodia com a língua, mais do que apenas minha bunda pertencia a ele. Eu diria com prazer que pertencia a Lane. Meu pau se contraiu, as bolas cheias e apertando mais enquanto eu me pressionava contra ele, tentando montar seu rosto o melhor que podia. A pele de Lane era lisa e macia contra aquela área delicada do meu corpo. Seu cabelo fez cócegas na minha carne. Ele mordiscou minha bunda, beijou meu buraco repetidamente como se estivesse me valorizando, me adorando. Assisti no espelho, vi meu rosto corar de prazer, vi seus braços em cada lado do meu corpo enquanto ele se pressionava em mim, se banqueteando comigo. Quando ele se afastou, rosnei. — Eu não disse que poderia ir a qualquer lugar. Não terminei com sua língua. — Eu só estou te dando um dedo também. — Ele espiou ao redor do meu corpo, os olhos encontrando os meus no espelho antes de pressionar sedutoramente seu dedo em sua boca. Quase derreti contra o balcão quando ele o pressionou contra mim e depois para dentro. — Olhe para você, seus olhos revirando. É tão sexy vê-lo assim. Como fiquei tanto tempo sem te ver assim? — Não sei — respondi sem fôlego. — Não faça isso de novo. Lane beijou minha bunda, então continuou seu ataque prazeroso, me fodendo com o dedo, alternando entre isso e sua língua, fazendo onda após onda das sensações mais incríveis passar por mim. Ele passou de um dedo para dois, mantendo-me bem e molhado com saliva e sua boca. Minhas mãos doíam de como apertei o balcão, e quando torceu o dedo, massageando minha próstata, meu mundo inteiro quase se despedaçou. Me afastei e puxei Lane para seus pés. — Cama. Agora. — Impaciente. — Estou esperando há quatorze anos, Lane. — Você é todo coração, e nem sabe disso. — Mentiras — provoquei, mas Lane apenas agarrou minha mão e me puxou com ele. Eu o deixei me empurrar para a cama, então me sentei, encostado na cabeceira da cama, acariciando meu eixo enquanto o observava puxar sua cueca para baixo. — Os preservativos e o lubrificante estão na gaveta. — Eu me dei outra masturbada preguiçosa enquanto ele os agarrava. — Gostaria que não precisássemos dos preservativos. Jesus, o pensamento de estar dentro dele nu... foi quase o suficiente para me fazer gozar naquele momento. — Estou negativo, mas vou fazer o teste para confirmar. — Eu também sou negativo. Fiz o teste depois de Jayden porque ele me disse que esteve com outra pessoa. A raiva incandescente esfaqueou meu peito. — Não mencione o nome dele em nossa cama novamente. — Quando Lane sorriu, disse: — Ah, então ele gosta quando fico com ciúmes. — Não posso evitar. — Lane jogou os suprimentos ao meu lado, então subiu no meu colo, montando em mim. Ele agarrou minha mão, então o lubrificante, e bombeou um pouco em meus dedos. — Se vai me foder também, você pode me preparar enquanto eu te beijo. — Se inclinou e pressionou um no canto da minha boca. — Eu também amo te beijar. Eu tremia porque ninguém poderia me afetar do jeito que ele poderia. E não importava onde sua boca estava, quando ele passou a língua contra meus lábios, abri para ele. Envolvi meus braços ao redor dele, deslizei minha mão para baixo e ele se inclinou para me dar um melhor acesso. Circulei seu aro apertado, saboreando os pequenos suspiros que ele fez. Quando empurrei um dedo molhado dentro dele, nós dois exalamos juntos, pouco antes do beijo ficar mais faminto e mais urgente. Ele era tão quente e apertado e meu. Nós demos uns amassos enquanto comecei com um dedo, depois dois, torcendo e fodendo, esticando o buraco que eu mal podia esperar para ver em volta do meu pau. Desejei já ter feito o teste para poder gozar dentro dele, então ficar ali e vê-lo escorrer, apenas para usar meus dedos para empurrálo de volta para dentro dele novamente. Lane gemeu quando adicionei um terceiro, montou minha mão como um maldito profissional, nossos beijos se tornando mais desleixados, nossos paus esfregando juntos enquanto empurrávamos. Meu pau e bolas latejavam. Sabia que não duraria muito mais, e precisava dele dentro de mim, precisava estar dentro dele também. — Foda-me, Lane. Deixe-me sentir isso me esticando. — Tirei meus dedos dele e acariciei seu pau. — Sim, Deus sim. Fique nas mãos e joelhos. Eu fiz como ele disse. Suas mãos tremiam quando ele abriu um preservativo, rolou para baixo, então lubrificou seu pênis. Pressionou dois dedos escorregadios dentro de mim, me abrindo mais com eles, meu corpo se sentindo febril e carente. Olhei por cima do ombro quando ele saiu, observando Lane enquanto olhava para minha bunda. Ele escovou os dedos sobre minhas bolas, esfregou o comprimento da minha ereção. — Não posso acreditar que posso te ver assim. Não posso acreditar que posso ter você. — Leve-me, então. Os olhos de Lane dispararam para os meus, cheios de fogo e necessidade. Ele empurrou em mim em um impulso duro e rápido, então parou, pau enterrado profundamente, virilha contra minha bunda. Era tão grande dentro de mim, me esticando. Deleitei-me com a sensação dele, na queimadura e plenitude que me deu. Ele se inclinou, os lábios passando por minhas costas, então puxou um pouco para trás e empurrou seus quadris novamente. Mais e mais e mais, Lane me fodeu. Meu pau estremeceu, prazer disparando um caleidoscópio de cores e sentindo dentro de mim, ao meu redor, tão brilhante que era quase cegante. Eu tinha fodido muito na minha vida, mas não havia nada no mundo como ser fodido por alguém que você amava. A proximidade, a sensação de que nos fundimos, não havia como descrever, então simplesmente aproveitei o passeio. Empurrei para trás para encontrá-lo, absorvendo cada pequeno som que ele fazia, desejando que seu aperto em meus quadris aumentasse para que deixasse marcas para trás. — Deus, Isaac. Você se sente tão bem pra caralho. Nunca vou ter o suficiente de você. Isso era bom porque me mataria se ele o fizesse. Um de seus braços em volta de mim, sua mão no meu pau, mas eu a afastei, ainda fodendo de volta para ele, encontrando-o impulso por impulso. — Você faz isso, e isso vai acabar antes que eu pegue um pedaço da sua bunda também. — Não pode acontecer isso — respondeu Lane, e se soltou. Eu gritei com a perda dele, com o vazio que senti, mas Deus, queimei para possuir sua bunda também. Sentei-me de joelhos, rasguei a outra camisinha enquanto ele mordia, lambia e chupava meu pescoço e ombros. Lane puxou sua camisinha, jogoua na lata de lixo, então deu em seu pau golpes preguiçosos. Coloquei a camisinha, ajeitei, então adicionei mais lubrificante à minha mão. Pressionei Lane na cama, de bruços, então inclinei uma perna para que ele a dobrasse para frente. Empurrei dois dedos dentro dele, vi que ele estava aberto o suficiente para mim e me ajoelhei atrás dele, montando sua outra perna. Ele estava me olhando por cima do ombro, seus olhos vidrados de uma forma que eu nunca tinha visto, como se ele estivesse em êxtase, mas faminto por mim também. — Foda-me, Isaac. Por favor. Deixe-me sentir como é ter seu pau enterrado tão fundo dentro de mim, você ser ainda mais parte de mim do que já é. Minha ereção estremeceu, suas palavras puxando mais sentimentos de mim do que qualquer outra pessoa jamais poderia. Porra, mas Lane queria tudo, cada pedacinho de mim, e eu daria a ele. Mais uma vez, queria ser propriedade dele. Segurei sua bunda, separei, revelando seu buraco sexy, então pressionei meu pau contra ele, observando, meu olhar incapaz de pousar em qualquer outro lugar que não fosse onde eu o estava violando, onde eu estava empurrando dentro dele, a luva quente de seu corpo me envolvendo. — Porra... Lane... você nem sabe. Cristo, você se sente tão bem. — Você também. Não posso acreditar que é você dentro de mim. Seu buraco se abriu para mim, abriu espaço para eu afundar até que minha virilha encontrasse sua bunda. Afastei-me lentamente, empurrei novamente da mesma maneira, pegando-o gentilmente, saboreando esse sentimento e o momento o máximo que pude. Lane empurrou para a cama, claramente tentando friccionar sua ereção. — Mais forte, Isaac. Eu quero forte, quero te sentir por dias. Meu. Maldito. Prazer. Empurrei meus quadris para frente do jeito que ele me pediu, longos, profundos e rápidos empurrões de meus quadris. A cama bateu na parede. O corpo de Lane vibrou. Nós fodemos tão brutalmente, eu pensei que o mundo inteiro poderia nos ouvir, e eu queria isso, queria reivindicá-lo para que todos soubessem que ele era meu. Ele colocou a mão em volta de si e começou a acariciar, o que foi muito bom porque, caso contrário, eu gozaria antes dele. Meu orgasmo estava próximo, implorando e suplicando por mim, mas continuei, alterei meu ângulo. Sua mão caiu e seu corpo começou a tremer. As pálpebras de Lane tremeram enquanto ele fodia contra a cama novamente. Seu buraco espasmou em torno de mim, seu sêmen jorrando de seu pau, por todo o colchão. Isso me enviou ao clímax, me lançou em minha própria liberação, arrepios disparando pela minha espinha enquanto meu esperma fazia o mesmo no preservativo... do jeito que logo faria no corpo de Lane. Caí ao lado dele, beijei seu ombro. — Melhor sexo de todos os tempos. — Sim... nós vamos fazer muito isso de agora em diante — Lane respondeu. Não pude segurar meu sorriso... e eu não queria. Lane Realmente precisava sair com Isaac. Passamos as últimas semanas fodendo, eu pintando, ele trabalhando, ou apenas passando o tempo juntos, e enquanto eu queria estar com ele, a única vez que saímos do apartamento juntos foi para fazer coisas como ir ao supermercado ou passear pelo Parque Piedmont. Enquanto minha pintura ainda estava fluindo como um louco, ainda circulando em torno de Isaac e eu, eu estava começando a ficar louco. Kylie me convidou para sair algumas vezes, mas sempre disse não porque queria estar com Isaac e porque sabia que ela estava interessada em mim. Honestamente, eu também estava um pouco interessado, mas isso foi antes de Isaac. Tinha certeza de que ele sentia falta de sair também. Ele sempre foi assíduo em bares e dança e estar perto de pessoas. Mas agora era como se tivéssemos medo de sair da nossa confortável bolha, como se achássemos que se deixássemos seu apartamento, tudo mudaria. Quando soube de uma nova exposição em Atlanta, fui em frente e comprei ingressos para nós, disposto a forçá-lo a sair de casa por uma noite, se fosse necessário, mas não achei que chegaria a isso. Perdi a noção do tempo como tantas vezes fazia, e ainda estava pintando quando Isaac enfiou a cabeça no estúdio. — Você é a pessoa mais nua que já conheci. — Não acredito que seja uma palavra. — Ah, bem, desculpe, professor. — Ele riu. — Não tinha ideia de que você era tão exigente com a gramática correta. — Faça certo da próxima vez, ou terá que ser punido... Na verdade, faça errado para que eu possa bater em você. — Você deseja. — Isaac respondeu, então deu de ombros. — Pode ser divertido. Talvez tentemos em algum momento. — Ele entrou e se sentou no colchão. — Gosto de me sentir livre quando estou criando. Não sou fã de roupas. Elas restringem, então se eu tiver uma escolha entre elas e ficar sem, escolho a última opção. Você está reclamando? Ele estendeu a mão, segurou minhas bolas, então traçou um dedo da base do meu pau macio até a ponta. — De jeito nenhum. — Infelizmente, nós dois vamos precisar de roupas porque vamos sair. — Isaac olhou para mim, suas sobrancelhas franzidas, então eu expliquei. — Há uma nova exposição de arte. Eu... eu gostaria de te levar para um encontro. — Um sorriso dividiu seu rosto. — O quê? — Isaac enfiou a mão no paletó, tirou o telefone e me mostrou algo na tela. Uma risada saiu da minha boca. Ele também conseguiu ingressos. — Grandes mentes. — Estou triste por não ficarmos nus, no entanto. — Bem, podemos tentar, mas aposto que se o fizermos, terminaremos a noite na cadeia. Nunca fui preso. Sou a favor de novas experiências. Com um sorriso, Isaac disse: — Sim, porque isso vai acabar bem. O pintor de belas artes Lane Ryan foi preso por indecência pública ao lado de seu irmão, com quem soubemos que ele está em um relacionamento sexual. — Ei, Debbie Downer5, pare de arruinar minha diversão — provoquei. — Ei, eu estava me divertindo também. Somos filhos da puta bizarros. — Isaac agarrou meu pulso e me puxou para ele. Fiquei entre suas pernas. Ele se inclinou para frente, deu um beijo na ponta do meu pau, então o chupou O nome Debbie Downer foi popularizado por um esquete de sucesso do Saturday Night Live estrelado por Rachel Dratch, que interpretou uma personagem chamada Debbie Downer . Esse personagem sempre arruína a diversão de um grupo ao compartilhar comentários tristes não solicitados. 5 em sua boca antes de se afastar. — Você tem sorte que eu te amo. Estou disposto a sacrificar uma noite passada com seu pau entre meus lábios. Aposto que poderia fazer isso, te chupar a noite toda, mas não, temos que sair e ser sociais como pessoas normais. Eu ri, esfreguei a mão sobre sua cabeça e a inclinei para que ele olhasse para mim. — Eu também te amo. E vai ser bom para nós. Então, depois, podemos ver quanto tempo você pode durar sendo meu pequeno aquecedor de pau. — Talvez eu tenha mudado de ideia até lá e queira que as posições sejam invertidas. — Então serei eu babando em suas bolas a noite inteira. Eu provavelmente poderia durar mais de qualquer maneira. Isaac soltou uma gargalhada alta. — Como desejar! Na verdade, talvez eu também. É realmente uma disputa acirrada. — Vamos. Vamos tomar banho para que possamos nos preparar para o nosso encontro. — Puxei Isaac para levantar-se, e ele veio facilmente. Eu sabia que as coisas não seriam sempre assim, tão simples, mas enquanto fôssemos apenas nós dois, poderíamos fingir. O jantar foi ótimo. Fomos a uma churrascaria sofisticada. Fiquei grato por termos conseguido uma mesa em tão pouco tempo. O lugar estava cheio do que parecia ser principalmente casais, pessoas em encontros, ou o tipo de pessoa que trabalhava na firma de Isaac, lá para reuniões de negócios. Nós não éramos irmãos dentro daquelas paredes, não para ninguém lá. Éramos apenas dois homens em um encontro juntos. — Gostaria de ver nossa lista de vinhos? — O garçom perguntou. Ele parecia ter vinte e poucos anos, com cabelos ruivos, sardas esparsas e um maxilar matador. Seu olhar disparou para frente e para trás entre Isaac e eu, talvez com interesse? Como se ele estivesse admirando a vista, mas não pudesse dizer se estávamos juntos ou apenas saindo. — Gostaria de uma cerveja — disse Isaac, olhando para o menu. Escolheu uma que eu nunca tinha ouvido falar, algo sem dúvida de alta qualidade. — Lane? — Seu olhar cintilou em minha direção. — Quero o mesmo — respondi assim que Isaac olhou para o garçom, que... Estava corando? Só porque Isaac olhou para ele? Não que eu estivesse surpreso. Ele tinha esse efeito nas pessoas. — Claro. Vou pegar logo. Gostaria de ouvir as nossas promoções? Isaac assentiu, e o garçom divagou, tropeçando em algumas palavras e claramente esquecendo que eu estava lá. Quando ele disse que nos daria um momento e voltaria com nossas bebidas, eu disse a Isaac: — Nosso garçom tem uma queda por você. — A maioria das pessoas tem uma queda por mim — ele respondeu. — Você pode culpá-lo? Aquele era cem por cento o Isaac que eu conhecia e amava. — Tão humilde. — Tão honesto. — Piscou, e nós rimos. Isaac pediu bife enquanto pedi um prato de frango. Bebemos nossa cerveja e conversamos. Era uma pequena mesa com um pano branco, cada um de nós com um braço sobre ela, nossos dedos se enrolando e provocando um ao outro de uma maneira que nunca tínhamos feito em público antes. Seria estranho se alguém que conhecêssemos entrasse, mas naquele momento, não me importei. Só queria estar com ele, queria apreciá-lo e reivindicá-lo e recuperar um pouco do tempo que perdemos. — Você sabe muito sobre a exposição? — Isaac perguntou alguns minutos depois que nossa comida chegou. — Não tinha certeza se é um estilo que você gosta, mas achei que é arte e você iria gostar de qualquer maneira. — Não, é perfeito. Axel Trudeau tem peças lá. Esqueci que ele mora em Atlanta. O encontrei algumas vezes na cidade. Seu trabalho é incrível. Ninguém usa a cor do jeito que ele faz. Enquanto eu falava sobre estilo e artistas e o que estava mais animado para ver, Isaac ouvia, seu simples toque na minha mão, dedos tocando o tempo todo. Ele só se afastava quando precisava comer. Ele sorria e fazia perguntas, nunca ficava constrangido quando eu tinha que explicar algo para ele. Adorava isso nele - sua sede de conhecimento e sua confiança. Isaac sabia muito sobre muitas coisas, mas se não sabia, não fingia que sabia. Ele era muito autoconfiante para isso. Eu queria que pudesse ser sempre tão fácil. Quando o garçom voltou para perguntar se queríamos sobremesa, Isaac olhou para mim e balancei a cabeça. — Nenhuma para mim também — respondeu. O jovem hesitou por um momento, então disse: — Vocês dois formam um casal muito bom. Eu provavelmente não deveria admitir isso, mas às vezes alguns de nós jogamos um joguinho chamado 'como eles estão apaixonados'... e vocês dois... bem, apenas como vocês olham um para o outro faz todo mundo desmaiar. Faz-me sentir esperançoso de poder ter isso um dia. — Ele nos deu um sorriso rápido, então se afastou. Meu olhar encontrou o de Isaac, que já estava em mim, e naquele momento, nenhuma das outras coisas importava. Tudo era perfeito. Usamos um serviço de carro para o local. Eram quase nove horas e, embora tivesse começado a esfriar, a umidade ainda pairava no ar. Quando paramos no meio-fio, olhei para o prédio branco com pilares grossos e decorativos. Era em estilo colonial, com dois níveis de escada que levavam à entrada. Abri a porta do carro e saí, antes de estender a mão para Isaac. Ele se aproximou, já que sua porta estava perto da rua movimentada, e me deixou ajudá-lo a sair do carro. Eu queria continuar segurando sua mão, queria entrelaçar nossos dedos para que todos soubessem que pertencíamos um ao outro, mas Isaac soltou primeiro. Provavelmente foi o melhor. O tempo estava errado, e nós realmente não tínhamos discutido como fazer isso, apenas que precisávamos contar à nossa família primeiro e ainda não estávamos prontos. Ainda assim, senti falta do calor de sua mão instantaneamente. Mostramos nossos ingressos e fomos admitidos. A entrada era vasta, com um grande lustre de cristal pendurado no meio. Dava para um amplo espaço decorado de maneira semelhante, como se você estivesse entrando em uma revista de belas artes, com pinturas ao longo das paredes e outras peças pelo meio. Cada uma delas tinha uma corda em volta delas para que não fossem tocadas ou derrubadas. O lugar já estava lotado, e as pessoas andavam por ali, olhando, discutindo, dissecando. Outros estavam em pequenos grupos, conversando. — Este é o seu show. — disse Isaac. — Mostre o caminho, e eu o seguirei. Mais uma vez, desejei poder alcançá-lo, mas não o fiz. Em vez disso, deilhe um sorriso, esperando que dissesse as coisas que eu queria que ele soubesse. Que eu apreciei esta noite que nós dois decidimos, sem que o outro soubesse. Que eu o amava e estava emocionado por passar um tempo com ele dessa maneira, sabendo o segredo que guardamos entre nós. — Por ali. — disse a ele, movendo-me para a direita. Fomos a uma exposição de três pinturas de uma série - a mesma casa, na floresta, uma claramente quando era nova, outra anos depois, e a terceira quando estava caindo e negligenciada. A primeira era a mais brilhante, a mais feliz, a último, triste e solitária. — É muito bonito, não é? O que você pode dizer com imagens? As coisas que pode te fazer sentir? Tipo... meu coração se parte por esta casa e pelas pessoas que moravam lá, a alegria que ela trazia, e depois vê-la abandonada... Quase dói. — Esfreguei a mão no meu peito. — Eu acho... — Isaac respondeu: — Acho que você é bom nisso, em ver profundamente e sentir a solidão em alguém ou alguma coisa. Posso ver o que você quer dizer, mas não sinto. Você parece mais profundo do que a maioria. Fez comigo, e faz com essas pinturas também. — Você me mostrou quem você é. Dê a si mesmo algum crédito. Por alguma razão, você nunca se escondeu comigo. Isaac suspirou. — Não, acho que não. Passamos para a próxima e para a próxima, examinando e discutindo cada peça que encontramos. Estávamos na quarta quando ouvi: — Lane! Não sabia que você viria! — quando Kylie se aproximou com outras três pessoas. Os nervos automaticamente se torceram e apertaram em meu estômago. Eu não queria que nada atrapalhasse esta noite. — Oi, Kylie. É tão bom te ver! Ela beijou minha bochecha e me deu um breve abraço, então olhou para as pessoas com ela. — Este é Lane Ryan. Ele está na cidade com a família por um tempo. — Ah, uau. Lane, adoro seu trabalho. Você veio do nada e conquistou o mundo. Deve ter sido incrível trabalhar com Magdalena. Realmente amei sua série Cenas a partir do Sótão. Sou Christopher. É uma honra conhecê-lo. Senti Isaac ficar um pouco tenso ao meu lado. Enquanto minha família acompanhava minha carreira, não era como se eles soubessem todas as peças que pintei, mostrei ou vendi, e eu sabia que se Isaac soubesse sobre Cenas a partir do Sótão, teria mencionado. — Obrigado. Obrigado. É ótimo conhecê-lo também. Kylie me apresentou à outra mulher e homem com ela antes de olhar para Isaac. — Eu acredito que este seja Isaac, o irmão sempre indescritível? — Ela perguntou, fazendo aquela sensação de torção explodir minhas entranhas, cada pedaço da carnificina um peso pesado dentro de mim. — Meio-irmão, sim. — Respondeu Isaac. — Nossos pais se casaram quando éramos adolescentes. Isaac Pierce. — Não havia indício de seu desconforto no som de sua voz. Era legal, calmo e controlado, do jeito que Isaac sempre soava, mas eu sabia que não. Ele estava curioso sobre a série, mas também queria muito me reivindicar, dizer a eles quem eu era para ele e apagar a palavra irmão do vocabulário deles quando se referia a nós. Kylie franziu um pouco a testa, claramente sem saber como reagir a isso. Falei sobre estar perto dele e o chamei de meu irmão, então para ela, deve ter soado como animosidade entre nós. — Meio-irmão. Sinto muito. — disse ela. — Obrigado. — Isaac respondeu, sem dizer a ela que estava tudo bem. — O que você acha até agora? — Kylie perguntou. O nosso grupo discutiu nossos pensamentos sobre algumas das artes em exibição, eu não tendo visto tanto quanto eles. Isaac ficou quieto, mas ficou perto de mim. Kylie tocava meu braço com frequência quando conversávamos - sendo amigável, sim, mas considerando que eu sabia que ela estava interessada em mim, tentei manter distância sem ser rude. Sabia que não iria gostar se a situação fosse invertida, e Isaac provavelmente sentiu de alguma forma. Mais algumas pessoas se aproximaram de nós enquanto conversávamos, a maioria conhecendo Kylie, outras perguntando se eu era Lane Ryan, tendo me reconhecido de um evento ou outro. Estava prestes a tentar fugir quando dois homens se aproximaram. Ambos tinham cabelos escuros cortados curtos, e um deles era mais alto. Eles estavam de mãos dadas. Kylie os notou imediatamente. — Krishna, Aanan, é bom ver vocês. — Oi, pessoal. — Christopher disse, aparentemente os conhecendo. — Este é Lane Ryan e seu meio-irmão, Isaac Pierce. — Kylie nos apresentou, mas eu poderia dizer pelo brilho nos olhos de Aanan e pela maneira como ele olhou para Isaac com familiaridade confortável que já se conheciam. — Oi, é bom ver vocês dois. — disse Isaac, olhando em minha direção antes de olhar eles novamente. — Você também. Já faz muito tempo. — respondeu Krishna, sua voz levemente paqueradora. A conversa voltou para a arte, e eventualmente Aanan e Krishna se desculparam. Ficamos mais alguns minutos, mas assim que pude, eu disse: — Se nos der licença, vamos terminar de olhar ao redor antes de irmos para casa. Foi maravilhoso vê-la novamente. — Você também. — respondeu Kylie. — Ligue-me. Eu adoraria sair algum dia. — Isso seria adorável. Eu sempre poderia ter mais amigos em Atlanta. — Esperava que ela entendesse a mensagem de que só poderíamos ser amigos sem que eu tivesse que soletrar. Eu não queria machucar Kylie, e eu gostava dela. — Eu a odeio. — Isaac disse suavemente quando nos afastamos. Revirei os olhos. — Você não a conhece. Ela é muito boa. — Ela quer foder com você, Lane. Não há uma pessoa no mundo que não a considere uma combinação melhor para você do que eu, incluindo nossos pais. Ela disse a todos que sou seu irmão, o que significa que mais pessoas sabem a verdade, mais pessoas verão o que estamos fazendo de errado. Tenho permissão para sentir algo por ela, mesmo que nada disso seja culpa dela. Suspirei. Esta deveria ser uma boa noite, e o jantar tinha sido perfeito. Agora as coisas estavam começando a se desenrolar. — Mas ela não consegue me foder. E independentemente do que todos vão pensar ou ver quando olharem para nós, não vou me afastar de você. É isso que importa. E esses homens? Quem são eles? Querem um pedaço seu. — Seu olhar disparou para baixo e o ciúmes se espalhou como um vírus pelo meu peito. — Você esteve com eles. — Sussurrei, para que outros não ouvissem. — Não foi nada. Foi apenas sexo. Eles são casados. De vez em quando eles querem um terceiro, e tenho sido isso para eles. — Então você está com ciúmes de alguém que pode querer namorar comigo quando há homens aqui que tiveram seus paus dentro de você? Ou o seu neles? — Merda. — disse ele, esfregando a mão no rosto. — Não sei como fazer isso, Lane. Desculpe se estou estragando tudo, mas estou tentando aqui. Tudo o que eu queria era que esta fosse uma boa noite para nós. Paramos de andar, ao lado de uma escultura, que felizmente ninguém mais estava. — Só quero uma boa noite para nós também. Os casais discutem e se frustram às vezes. Nós apenas temos muito em nossas mentes. Isaac assentiu, e desejei poder estender a mão e segurar seu rosto e beijar seus lábios. — Eu sei. — disse ele. — Vamos. Vamos continuar. Continuamos percorrendo as telas. Estávamos perto do fim quando nos aproximamos de uma exposição com dois outros homens olhando para ela. Assim que chegamos perto, percebi que eram Krishna e Aanan. — Ei. — disse Krishna. — Gostaria de te ver novamente. — Seus olhos percorreram o comprimento de Isaac, fazendo a possessividade criar raízes em todo o meu corpo. — Krishna. — Isaac respondeu. O olhar de Krishna disparou de Isaac para mim, depois voltou. — Você tem planos para mais tarde? Ou nesta próxima semana? Aanan e eu estávamos apenas dizendo que não saímos há algum tempo. — O que ele disse era inocente o suficiente. Ele não saberia que Isaac tinha me dito que ele tinha fodido os dois. E no que dizia respeito a Krishna, Isaac e eu não éramos nada além de meios-irmãos. Tudo borbulhou então, muito quente e fora de controle para eu fazer qualquer coisa sobre isso. Não tinha passado muito tempo, mas eu já estava tão cansado disso, com raiva que a primeira vez que saímos juntos foi arruinada pela realidade da nossa situação. Eu não conhecia Krishna e seu marido, e não conseguia me importar com o que eles pensavam. Antes que Isaac pudesse responder, minha boca estava se abrindo, as palavras estavam saindo que eu provavelmente deveria ter discutido com ele antes de dizê-las, mas novamente, me sentia impotente para impedir. — Isaac não está mais disponível. — Meu braço se levantou, minha mão parando na parte inferior de suas costas. Os olhares dos dois homens dispararam entre nós. Eu não podia arriscar virar, não podia arriscar olhar para Isaac caso ele estivesse chateado, por que o que diabos eu estava fazendo? Eu não tinha o direito de nos revelar sem perguntar a ele. — Sinto muito. — disse Krishna. — Nós não sabíamos. — É complicado. — respondeu Isaac. — Posso imaginar que sim. — disse Aanan. — Eu apreciaria sua discrição. — Isaac disse a eles, fazendo a culpa crescer dentro de mim. — Claro. — respondeu Krishna. — Nosso relacionamento também não é normal para os padrões da sociedade. Nós fodemos homens juntos. Nossos pais não… vamos apenas dizer, não iria bem em nossas famílias, mas é quem somos, e os outros não decidem quem amamos ou como fazemos isso. Cada pessoa consegue fazer isso por si mesma. O mundo está cheio de pessoas julgadoras que querem que todos vivam do jeito que vivem, que pensam que sua definição de amor ou vida é a única correta, quando na realidade não há regras, exceto aquelas que fazemos para nós mesmos. Tanto Krishna quanto Aanan nos deram sorrisos tristes, e então Aanan disse: — Quem teria pensado que Isaac Pierce seria domado e monogâmico? Isaac riu. — Por causa dele. Saímos depois disso. Não conversamos muito durante a viagem de carro para casa - não com alguém que não conhecíamos nos levando. Eu devia um pedido de desculpas a Isaac, no entanto. Eu não tinha o direito de agir do jeito que agi, de expor nossa verdade do jeito que fiz. Esperava que ele não estivesse chateado, mas era difícil me arrepender. Eles queriam o que era meu, e eu não queria compartilhá-lo. No segundo em que estávamos no apartamento e fechei a porta atrás de nós, eu disse: — Desculpe, eu... A boca de Isaac interrompeu o resto do meu pedido de desculpas. Minhas costas bateram contra a parede, meu corpo pressionado entre ela e Isaac. Ele empurrou seu pau contra mim, devorou minha boca enquanto mãos urgentes foram para minhas roupas, rasgando, puxando, tirando-as. — Nunca se desculpe por querer que alguém saiba que sou seu. Nós tropeçamos para o quarto, onde transamos e entramos nos corpos um do outro, fazendo nossa reivindicação. Isaac — Sem ofensa, Hutch, mas você parece uma merda. — Provoquei meu amigo quando ele se juntou a mim em um restaurante local. — Tento fazer isso quando estamos juntos. Eu sei o quão difícil deve ser para você... estar perto de alguém tão atraente quanto eu. Isso te machuca muito? Eu ri. — Você é um idiota. — É preciso ser um para reconhecer outro. Quando nossa garçonete chegou com nossa água, Hutch agradeceu. Dissemos a ela que precisávamos de um momento para decidir, e ela nos deixou. — Sério, porém, com aquele namorado sexy que você tem em casa, por que não está sorrindo? Por que parece que alguém chutou seu cachorrinho? — Perguntei a ele, mesmo que dada a minha própria situação, eu poderia entender as questões mais do que estava deixando transparecer. — Eu odeio esse ditado. — Isso porque é eficaz. Todo mundo adora cachorros. — Mas a verdade era que eu tinha a sensação de que sabia o que tinha acontecido. Eu poderia dizer que isso era mais do que apenas a confusão que eu tinha visto nele quando fomos para o Revelry. — Madison descobriu? — Sim. Naquela manhã logo depois que você saiu, na verdade. Ela pegou nós juntos. — Meu Deus, Hutch. E você não disse nada? Ele arqueou uma sobrancelha. — Você está surpreso? Eu não estava porque também não tinha contado a Hutch sobre Lane e eu. Eu queria, queria poder compartilhar isso com alguém, e parte de mim sabia que podia. Lane deixou isso óbvio para Krishna e Aanan, mas era diferente com Hutch. Eu me importava com ele de uma maneira mais profunda. E se ele me olhasse com nojo? E se pensasse que o que Lane e eu estávamos fazendo era errado? Eu faria isso de qualquer maneira porque amava Lane, mas não queria perder Hutch. Doeria, e eu estava cansado de ser machucado. — Não, não, não estou. Claramente, não ficou bem. — Vamos pedir primeiro. Então podemos conversar. Quando a garçonete voltou, nós dois pedimos salmão grelhado e arroz. Nós brincamos por um minuto antes de ele começar. — Eu não sei totalmente o que dizer. Estou apaixonado pelo ex-marido da minha irmã. Ela está magoada e com raiva. Pediu um tempo. Ela levou cinco anos para superar a última vez que Ryder a machucou. Meu pai me odeia e minha mãe está tentando fingir que ela é a parte neutra, o que realmente significa que está apoiando meu pai. Foi a resposta mais ridícula, mas sorri. — O que acabei de dizer lhe dá a necessidade de sorrir? — Você disse que está apaixonado por ele tão facilmente. — Eu me perguntei o quão libertador era. Foi quando contei a Lane, e presumi que anunciá-lo ao mundo também faria, mesmo com a dor que o acompanhava. Ele desviou o olhar. — Cale-se. — Realmente maduro. — Nunca afirmei ser. — Desculpe, Hutch. Já disse isso antes, e repito: você também merece ser feliz. Nem todo mundo tem a chance de felicidade. Você não pode ir embora quando tem uma chance da sua. — Eu não ia, agora que sabia que Lane sentia o mesmo. — Mesmo que machuque os outros? — Sim. Talvez eu seja apenas um filho da puta egoísta, mas sim. O que Ryder tem a dizer sobre tudo isso? Ele me disse o quanto Ryder era solidário, mas que às vezes sentia raiva dele, inveja porque os pais de Ryder tinham sido mais receptivos. Tentei não pensar na minha própria situação, que se eles pudessem se sentir tão magoados por um ex-cônjuge, o que amar um homem que sua família considerava seu irmão causaria? Mas isso não era sobre mim. Isso era sobre Hutch. Só tivemos mais alguns minutos de conversa antes que ele dissesse: — Chega de falar de mim. Vamos falar sobre você. O que está acontecendo com você? Desviei o olhar e balancei a cabeça. Com um suspiro, voltei-me para Hutch. — Não posso. — Porque não importa o quê, eu não estava pronto para a resposta. Não estava pronto para os olhares e as perguntas. Porque parte de mim se preocupava que quanto mais pessoas soubessem, mais difícil seria, e mais chance havia de eu perder Lane. — Não posso te dizer isso, Hutch. Não agora. Se fosse apenas sobre mim, eu falaria, mas não posso... não quando sei que afeta outra pessoa. — Mentiroso... covarde. Eu estava colocando a culpa em Lane quando deveria estar em mim. A preocupação de Hutch era clara. Ele me ofereceu seu apoio, antes de dizer que tudo o que eu lhe dissesse ficaria entre nós. Nossa comida chegou na hora perfeita, dando-nos uma desculpa para mudar de assunto. — Nós não vamos conseguir dormir juntos. — Lane disse enquanto entrávamos em seu carro para irmos para a casa de nossos pais. — Podemos entrar nos quartos um do outro. Foder no banheiro... dizer que precisamos ir à loja comprar alguma coisa e encontrar algum lugar ao longo do caminho para obter um pouco de ação. Isso seria divertido. Sexo com um pouco de perigo é gostoso. — E se não for apenas o sexo que sentirei falta, mas estar perto de você? Ou estar abraçado com você? Você finge que não é, mas é um grande ursinho de pelúcia, Isaac. Ele dizia as coisas mais doces. Eu adorava, mas ao mesmo tempo também queria dizer, Ewww, sentimentos. — Não sou. Retire o que disse. Lane saiu da garagem. — Sim, você é. — Não, não sou. Abraçar é nojento. — Você gosta de me abraçar. Eu gostava de ficar abraçado com ele. — Mentiroso. — Respondi, estendendo a mão e a colocando em sua coxa. Lane suspirou. — A verdadeira questão é que não podemos ser nada além de irmãos neste fim de semana. Ele estava certo. Seríamos lembrados por todos, em todas as situações, que irmãos eram exatamente quem éramos para eles. Seria como aqueles momentos com Kylie durante nosso encontro, só que com esteroides, e as pessoas que estavam fazendo isso seriam pessoas que amávamos. — Passei anos sendo assim. Posso sobreviver a um fim de semana de três dias. — A diferença agora era que eu sabia como era tê-lo. Isso me mostraria como seria se isso não funcionasse e eu o perdesse... só que de novo, intensificado. Lane disse: — Talvez algo aconteça e vamos perceber que podemos contar a eles, pelo menos mamãe e papai, e que vai ficar tudo bem. — Pode ser. — Não se transforme em um Isaac rude e rabugento — ele brincou, e isso aliviou um pouco o aperto no meu peito. — Primeiro sou um ursinho de pelúcia, e depois sou rude e rabugento? Se decida. Não estou gostando dessa descrição de imagem. — Gostou da imagem que pintei de você de joelhos com meu pau na boca. Sim, sim, eu gostei. Gostei muito disso. — Excelente. Agora estou pensando em chupar seu pau — respondi, ganhando uma risada dele. Desejei que nossos rostos não estivessem borrados naquelas pinturas. Que não precisavam ser essas versões distorcidas de nós, para sempre escondidas. — Talvez eu encontre uma maneira de deixar mais tarde — Lane respondeu. — Isso é muito legal de sua parte. Olhe para os sacrifícios que está disposto a fazer. Vai me deixar te chupar? Melhor. Namorado. De. Sempre. Depois de mais uma rodada de risadinhas, depois um momento de silêncio, Lane disse: — Eu gosto disso. — Humm? Do quê? — Quando você me chama de seu namorado. Maldito seja se eu não sorri o sorriso mais estúpido e sentimental no meu rosto. — Gosto disso também. Lane Minha tia Ophelia era irmã gêmea de mamãe. Elas sempre foram incrivelmente próximas. Se o marido não estivesse no exército, duvido que ela tivesse se afastado de mamãe. Ficou conosco por três meses depois que meu pai morreu de ataque cardíaco, ajudando-nos a ficar de pé e aprender a viver sem ele. Foi Ophelia quem pesquisou grupos de luto e encontrou aquele que mamãe finalmente se juntou e que trouxe Timothy e Isaac para nossas vidas. Ela nos provocava o tempo todo sobre como ela era uma casamenteira para minha mãe e como ela me deu um ótimo irmão no negócio também. Eu amava minha tia. Ela e eu tínhamos um vínculo forte. Mesmo morando na Flórida, meu tio tentou ser um pai para mim até que Timothy entrou em nossas vidas. Eles tentaram nos mudar para lá com eles e vovó, mas mamãe disse que a Georgia era sua casa, e graças a Deus por isso. Se não, eu não teria Isaac. Minha tia abriu a porta no segundo em que meu pé bateu no primeiro degrau da varanda. Não esperava que já estivessem lá. — Se não são meus dois sobrinhos favoritos! — Foram as primeiras palavras que saíram de sua boca enquanto ela corria em minha direção para um grande abraço. O que você pensaria se soubesse que dormi com ele todas as noites? Que eu o amo e quero estar com ele? — Ei, tia O. É bom te ver. — Dei-lhe um aperto forte. Ela se virou para Isaac em seguida. — Eu sei que você é Senhor Calmo, Tranquilo e Controlado, mas faz muito tempo desde que eu o vi, então vai dar um abraço na sua pobre tia também? Senti tanto a falta de vocês, meninos. Estou sempre me gabando para todos que conheço sobre como tenho os dois melhores sobrinhos de todos os tempos. — Era um pouco exagerado, mas era Ophelia. Ela era amigável e era basicamente como a luz do sol em forma humana. — Sempre tenho um abraço para você, Ophelia. — Isaac disse a ela, um leve tom em sua voz que ninguém ouviria exceto eu. Não porque ele não a amasse ou não se sentisse próximo a ela. Presumi que era porque ela estava nos matando com a coisa da família e do sobrinho, e ainda nem tínhamos entrado em casa. Ophelia sorriu para nós, então bagunçou meu cabelo. — Vocês dois estão próximos como sempre, eu vejo. — Ele é meu melhor amigo. — Respondi. Achei que era assim que eu iria nos abordar neste fim de semana. Eu não planejava chamar Isaac de meu irmão. Um passo de cada vez. — Ele está bem. — brincou Isaac. — Você é um pirralho. — Ophelia o provocou. — Pare de monopolizar meus filhos. — Mamãe disse atrás dela. — Os dois podem estar em Atlanta agora, mas ainda não os vejo o suficiente. Olhei a tempo de ver Isaac se encolher. — Ei, mãe. — Eu disse, abraçando-a. — Estou tão feliz por poder vê-lo novamente. — Ela me beijou na bochecha antes de ir para Isaac. Ela colocou a mão na dele. — Você parece cansado. Por que parece tão cansado? Lane, você está se certificando de que seu irmão durma o suficiente? Entre rodadas de foder seus miolos, sim. — É ele que fica acordado a noite toda pintando. — disse Isaac. — Bem, estou acostumada com isso dele, não de você. Algo está errado. Você está bem? — Porque é claro que Helena Ryan-Pierce perceberia imediatamente que algo estava acontecendo. Era assim que ela era. — Ele está bem, mãe. — Respondi, assim que Isaac disse: — Estou bem, Helena. Obrigado. Ele piscou para mim. — Pare de me copiar. Finalmente, elas nos deixaram entrar na casa. Tio Edgar e papai - Timothy - estavam na cozinha, conversando sobre cerveja, um dos assuntos favoritos de Edgar desde que ele fazia a sua. Dissemos olá para os dois antes de eu perguntar: — Onde está a Nana? — Estou bem aqui! — Ela chamou da direção das escadas. — Eu estava cansada e ia tirar uma soneca, mas depois ouvi que meus meninos estão aqui. — Ophelia e Edgar tinham três meninas, então eram sempre as meninas quando falavam sobre elas e os meninos quando se tratava de Isaac e eu. — Oi, Nana. Houve mais olás, mais meninos e irmãos. Por mais que eu adorasse passar tempo com a família, eu estava pronto para voltar para o apartamento de Isaac e nos manter trancados longe do mundo novamente. Era muito mais fácil lá. A avó de Isaac, Marcie, chegou em seguida, com seu tio Pete. Os dois moravam na Califórnia, que era de onde Timothy realmente era. Ele conheceu a mãe de Isaac na faculdade, se apaixonou e, quando se formaram, ele se mudou para a Georgia para ficar com ela. Todas as minhas primas apareceram em momentos diferentes, com seus maridos e filhos. Acabamos todos espalhados pelos Estados Unidos, Ellie em Ohio, Wendy em Michigan e Taylor na Filadélfia. Ela era a única das minhas primas que não era casada e com filhos. A casa estava barulhenta do jeito que sempre ficava quando todos nos reuníamos. Passamos um tempo no quintal, Isaac e Timothy na churrasqueira. Era difícil me acostumar, mas decidi que ia trabalhar para usar o nome de Timothy. Não sabia se isso importava, mas colocaria alguma distância entre nós. Apesar de Isaac dizer que não queria que eu perdesse chamando-o de pai, sabia que tinha que tentar mudar um pouco a dinâmica familiar, esperando que isso ajudasse a longo prazo. — Mamãe disse que você trouxe um cara para casa? — Perguntou Taylor. Meu olhar piscou para Isaac, que estava perto. — Sim, mas nós terminamos. — Eu nunca tinha ouvido falar que você gostava de homens antes disso. — Quando eu apenas dei de ombros, ela disse: — Achei que você ia deixar a terra dos solteiros e se juntar às minhas irmãs. Mamãe está sempre me incomodando por não me acomodar. Pelo menos ainda tenho você e Isaac do meu lado. Sim, não realmente, mas eu não poderia dizer isso a ela. — Sem perspectivas? — Não. Não é fácil encontrar a garota certa. Taylor se assumiu alguns anos depois de Isaac. Foi mais difícil para Ophelia e Edgar aceitar do que para mamãe e Timothy. Não que eles viraram as costas para ela, mas estavam desconfortáveis com isso, desejavam que as coisas fossem diferentes. Mamãe havia dito a eles que se eles se sentiam assim por Taylor, eles deveriam se sentir assim também por Isaac, e que ela não deixaria ninguém tratar seu filho daquela forma. Isso os acordou, os fez ver que precisavam amar e aceitar Taylor do jeito que mamãe fez com Isaac. — Eu sou mais como seu irmão. — Taylor estava dizendo. — Não sei se quero. Aborrecimento se instalou em meu estômago, o que era ridículo. Não era como se Taylor soubesse que Isaac e eu estávamos juntos. Ele sempre disse que não estava procurando um relacionamento, então eu não podia ficar chateado com ela por acreditar em Isaac, mas a parte possessiva de mim queria dizer a todos que ele era meu, que alguém tão grande quanto Isaac me queria. — Ele não é meu irmão — respondi sem pensar muito. — Na verdade. Taylor franziu a testa como se estivesse confusa, mas ela não insistiu no assunto e, exceto por Isaac, ninguém estava perto o suficiente para me ouvir. — A comida está pronta! — Timothy chamou. Tomei isso como um meio de escapar da conversa antes que Taylor fizesse qualquer pergunta. Tínhamos duas mesas compridas que havíamos tirado da garagem mais cedo. Elas estavam lado a lado na grama. Todos nós fizemos nossos pratos – frango, hambúrgueres, saladas de batata e macarrão – e fui até o Isaac para que pudéssemos nos sentar juntos. Foi difícil não estender a mão e tocá-lo. Agora que eu estava tão acostumado com isso, queria fazer isso o tempo todo. Gostaria que pudéssemos arranjar uma desculpa para voltar para o apartamento dele ou pegar um hotel só para podermos descomprimir. Tínhamos acabado de nos sentar quando Timothy ficou na cabeceira da mesa, segurando sua garrafa de cerveja. Todos nós olhamos para ele. — Vou manter isso curto e doce... Vocês todos sabem que não sou bom nessa coisa de falar, mas eu queria ter um momento para agradecer a todos por terem vindo. Já faz um tempo desde que toda a família se reuniu assim, e ter nossos dois meninos perto de nós novamente... tem sido muito bom. Quando perdi minha Leslie, achei que nunca mais amaria. Helena mudou isso. Estendi a mão e coloquei minha mão na coxa de Isaac. Estava apertado, o músculo flexionado. Naquele momento eu não me importava se alguém nos visse. Eu só sabia o quão difícil era para ele ouvir sobre sua mãe. — Serei eternamente grato por Helena ter entrado na minha vida. Ela não só me ensinou a viver de novo, ela me deu outro filho que eu amo com todo o meu coração, e para Isaac, o irmão que eu sei que significa o mundo para ele, e para todos vocês também. Estou feliz que todos possamos nos unir dessa maneira, porque a família é tudo o que importa. — Timothy gemeu, esfregando a mão no rosto. — Eu não sou bom em todas essas palavras bonitas. Obrigado, é tudo. — Acho que você é melhor nisso do que imagina. — Mamãe disse a ele, enxugando as lágrimas antes de se levantar para abraçá-lo. — À família! Todos ergueram seus copos. Usei minha mão livre para fazer o mesmo. — À família! — todos nós repetimos, as palavras ecoando na minha cabeça. Isaac Eu não poderia ter ficado mais surpreso com o que meu pai disse hoje. Ele não era do tipo que se levantava e fazia discursos ou declarações públicas do jeito que fez. Eu não tinha certeza de onde tinha vindo, mas ele fez meus pensamentos girarem o resto do dia. Enquanto os primos de Lane, primos em segundo grau e meu tio ficariam todos hospedados em um hotel no fim de semana, Ophelia, Edgar e as avós ficariam na casa. Helena e Ophelia aproveitaram cada momento que podiam para estar perto. Era por volta das sete horas quando a maioria saiu. Eu não estava me sentindo bem, ainda tentando entender o dia, tentando me lembrar de quantas vezes fomos chamados de irmãos, imaginando qual seria a reação deles à verdade, quando papai disse: — Compramos um sofá novo com uma cama extra para o sótão. Gostaríamos de saber se vocês querem dormir lá em cima. Assim, a vovó pode ficar com o seu quarto, Isaac, a Nana pode ficar com o de Lane, e Ophelia e Edgar dormirão no quarto de hóspedes. — Não sei. Ele meio que fede. — Eu disse, tentando fingir que meu pau não ficou muito animado com o fato de que Lane e eu estaríamos dividindo um quarto neste fim de semana. — Eu sou borracha e você é cola. — Lane respondeu com uma piscadela. Eu realmente gostaria de poder dizer a ele que não haveria nada e que eu estava aderindo a ele, mas tínhamos que ser um segredo e tudo mais. Todos estavam cansados do dia e das viagens, então decidiram que queriam ir para seus quartos mais cedo para relaxar. Lane e eu fomos para o carro pegar nossas malas, então seguimos para o segundo andar. — Vou tomar um banho rápido. — Lane me disse. A porta da minha avó estava aberta, a luz acesa, então eu disse: — Vou visitar a vovó, depois tomo um. Lane assentiu e seguimos nossos caminhos separados. Enfiei a cabeça pela porta e disse: — Toc, Toc. — Entre. — Vovó estava sentada na cama, com as costas encostadas na cabeceira e um livro no colo. Eu adorava que ela ainda lesse livros de bolso e não e-books. Era uma discussão que tivemos mais de uma vez. Ela deu um tapinha no colchão, e me sentei ao lado dela. — Como está meu doce menino? — Bem. O trabalho está ótimo. — E Lane está de volta. Tenho certeza de que isso ajuda. Vocês dois sempre foram próximos. Mudei de posição. — Sim, nós fomos. Estou feliz por ele estar aqui. — Eu realmente precisava que ela não entrasse na conversa de família e sobre como éramos bons irmãos ou algo assim. Não tinha certeza se poderia lidar com mais disso. — Seu pai me surpreendeu esta noite com aquele discurso. Eu sinto falta dela, sua mãe. Era uma boa mulher. Você é igual a ela – engraçado, confiante, sabe iluminar cada cômodo que entra. As pessoas gravitam em torno de você do jeito que fizeram com ela. Seu pai se apaixonou desde o primeiro momento em que a conheceu. Olhei para baixo, tracei meu dedo sobre o padrão no edredom. — Sim, eu sei. Ela era a melhor. — Fomos abençoados com duas mulheres maravilhosas... sua mãe e Helena. Não respondi porque não sabia como. Todos os caminhos levavam de volta a Lane e eu sendo uma família. — Você é muito parecido com seu pai também, do jeito que você guarda tanto dentro de si. Há muito mais acontecendo do que você mostra ao mundo, mas você é diferente na forma como lida com isso. Seu pai, que Deus o abençoe, lutou para seguir em frente, enquanto você luta por outras pessoas. Eu acho que você faz isso mais do que você imagina – se segurando, não colocando seus próprios desejos ou necessidades em primeiro lugar porque você está sempre preocupado com as pessoas que você ama. Se isso fosse verdade, eu provavelmente não estaria fodendo meu irmão. Também não estaria disposto a ter um relacionamento com ele, secreto ou não, independente do resultado, o que eu estava. Isso me fez egoísta, mas eu o queria, e enquanto ele me quisesse, eu o teria. — Eu não sei sobre isso, vovó. — Bem, eu sei. Você é um bom homem, e nós te amamos. Sempre te amaremos. Eu sempre vou te amar, não importa o que aconteça. Eu me levantei, me inclinei e beijei sua bochecha. — Eu também te amo. Acho que ouvi o chuveiro parar. Estou tomando banho depois de Lane e depois dormirei. — Você é teimoso também. Não tenho certeza de onde você tirou isso. Só sei que não fui eu. Eu ri, caminhei até a porta e peguei minha bolsa, que deixei lá. — Boa noite. Ela perguntou se eu podia fechar a porta, e fechei. Fiquei no corredor, esperando Lane terminar. Ele saiu em um short manchado de tinta, e pelo que parece, sem cueca porque ele queria me matar. E porque ele adorava ficar nu. — Saia do caminho, bunda lenta. — Eu disse brincando. Ele se inclinou, sua boca perto do meu ouvido enquanto sua voz diminuiu para um sussurro. — Você gosta da minha bunda. — Eu amo sua bunda. — Sussurrei de volta, passando meus dedos sobre os globos grossos muito mais rápido do que eu queria. — Você é atrevido. Meu pau se contraiu. — Vá para o sótão, Lane. — Porque se ele não fosse, eu o puxaria para o banheiro comigo, e estava determinado a ser bom enquanto estivéssemos em casa. Ele franziu a testa. — O que há de errado? — Nada. — Respondi, mas isso não era verdade. Eu o queria, e estava pensando no papai, no que a vovó tinha dito, e agora na minha mãe. O que ela pensaria se soubesse sobre mim e Lane? De alguma forma, sabia que ela seria solidária. Que não seria errado para ela. Saberia que eu estava feliz, e isso seria o fim da discussão. — Vou subir em alguns minutos. Lane assentiu e foi. Meu banho foi rápido, focado em me limpar e não deixar meus pensamentos vagarem. Coloquei uma cueca boxer e short, depois fui para o sótão, parando apenas para trancar a fechadura. Se de alguma forma acabássemos nos braços um do outro, não queria ser pego. Nossos pais devem ter levado a roupa de cama mais cedo. Lane já estava sentado, travesseiros apoiando-o contra o encosto do sofá. Havia um lugar aberto ao lado dele, mas... — Existe uma razão para não haver travesseiros lá? — Sim, eu os peguei. Joguei minha bolsa ao lado do sofá e ri. — Você é um pirralho. — Sei que você é, mas o que eu sou? — Nós voltamos no tempo esta noite? Primeiro o comentário sou borracha e você cola, e agora isso? — Parece um pouco, não é? — Os cantos de seus lábios viraram para baixo. Sim, sim, parecia. O sofá estava encostado na parede, embaixo da janela. Havia uma mesinha de cabeceira ao lado de Lane, com uma lâmpada sobre ela, as pequenas diferenças em nosso espaço me incomodando, embora eu não tivesse o direito de sentir isso. Acendi a luz principal, mas a lâmpada de Lane ainda estava acesa. A lua estava alta no céu, brilhando pela janela e pelas cortinas parcialmente abertas. — O que é Cenas a partir do Sótão? — Perguntei. Eu não tinha perguntado desde que eu tinha ouvido falar sobre isso. — É uma série emocional. Silhuetas de pessoas ao longe, mas todas através de uma janela de quatro vidraças. Depende da cor para o humor – o céu, nuvens, chuva, sol ou não, tudo esperançosamente trazendo a emoção dessas silhuetas ao fundo. Vendeu por... muito dinheiro. Posso mostrar para você online. — Parece lindo. — Eu acho que era para você... ou porque meu tempo aqui com você foi tão importante para mim, mesmo que eu não percebesse que era isso que eu estava fazendo. Apenas pensei que amava o sótão, não que eu adorasse o sótão porque você passou um tempo comigo aqui. — Quem é o ursinho de pelúcia agora? — Perguntei, tentando não o deixar ver o quanto isso significava para mim. — Você. — respondeu Lane. — Mentiroso, mentiroso, seu nariz está crescendo. — Sorri. — Eu sei que é cedo, mas vou dormir. — Eu quero desenhar por um tempo. A luz vai mantê-lo acordado? — Não. — O som de seu lápis arranhando o papel era sempre relaxante, e dormi muitas vezes neste espaço com as luzes acesas e Lane me desenhando. Ajoelhei-me no colchão, inclinando-me para dar um beijo em sua boca enquanto puxava dois travesseiros atrás de suas costas. — Peguei você! — Pisquei. — Você é um trapaceiro. — Eles são meus travesseiros! Você já tem dois. — Primeiro a chegar, primeiro a ser servido. — Ele brincou de volta. Enrolei-me de lado, de frente para ele. Lane pegou um caderno de desenho e um lápis de sua bolsa. Observei sua mão gentil e habilidosa, focado no som que acompanhava Lane e sua arte. Não demorei muito para cair na escuridão. — Quer jogar um pouco mais? — Meu amigo Darnell me perguntou. Era hora de ir para casa, mas sabia que não teria muitos problemas se estivesse apenas alguns minutos atrasado. Estávamos nos divertindo muito brincando no parque. — Só uns dez minutos, e então preciso ir. — OK! Acabou sendo vinte antes de finalmente me afastar do jogo. Ugh. Eu odiava ter que estar em casa em um determinado horário. Que mamãe queria que eu aprendesse a ter responsabilidade e coisas assim. Por que eu não podia simplesmente me divertir? Mas então, eu sabia que tinha sorte também. Minha mãe era minha pessoa favorita em todo o mundo, e me dizia todos os dias que eu era a dela. Todos os meus amigos sempre diziam o quão incrível ela era. Ela sempre assava biscoitos e brincava conosco. Quando tínhamos festas do pijama, era sempre na minha casa. Corri todo o caminho para casa. A TV estava funcionando suavemente quando irrompi pela porta da frente. Esperei ouvir minha mãe gritar, como sempre fazia: — Esse é o meu Isaac? — E eu me aproximava dela e tentava assustá-la. Mas não veio. — Mamãe! Desculpe estou atrasado. — Olhei para a sala de estar, e ela não estava lá. — Mamãe! — Chamei novamente, comecei a correr em direção à cozinha, mas parei para tirar os sapatos porque ela não gostava deles em casa. Devíamos fazer um bolo para o papai antes do jantar. Eu tinha esquecido disso, e esperava que ela não tivesse começado sem mim. Virei-me para a cozinha, minhas meias me fazendo deslizar pelo chão. Tentei me segurar, mas não consegui, meu coração se apertou por um segundo quando desabei, olhei para ela e a vi deitada no chão da cozinha. Lane — Não! — disse Isaac, sua voz abafada, mas em pânico ao meu lado. — Sinto muito. Mamãe, acorde. Sinto muito. Meu coração estremeceu com as palavras familiares, mas que eu não tinha ouvido dele desde que éramos adolescentes. Toquei as costas da minha mão contra sua bochecha, então balancei seu ombro. — Isaac, acorde. Você está tendo um pesadelo. Eu o acordei assim muitas vezes antes, e assim como nas outras vezes, seus olhos imediatamente se abriram, seu olhar aguado pousando em mim. Eu poderia dizer que ele estava chateado hoje, mas foi pior depois do discurso de seu pai, e ainda mais depois de seu banho. Eu silenciosamente me amaldiçoei por não insistir mais, por não conseguir que ele falasse comigo sobre isso, porque se eu tivesse pressionado o assunto, ele teria. Em vez disso, tentei provocá-lo e ser brincalhão com ele, mas suas memórias e culpa extraviada o encontraram de qualquer maneira. — Porra. — Ele grunhiu, tentando se afastar de mim. — Ei, aonde está indo? Sou eu. Você nunca teve que se esconder de mim. — Caí de lado, me inclinei e beijei a única lágrima em sua bochecha direita, então passei minha língua pela esquerda antes de beijar lá também. — Sinto muito. Não quis interromper seu desenho. Não sei por que tive um pesadelo esta noite. Eu fiz uma careta. — Você nunca tem que se desculpar por isso. Não há lugar que eu prefira estar além daqui para você quando precisar de mim. Ele me deu um sorriso triste, tentou fingir que não estava tão chateado quanto estava. — Você está um pouco obcecado por mim. — Você está fazendo isso de novo. Está tentando fingir comigo quando sabe que nunca precisa. Não conosco. — Nunca quis que ele tivesse que fazer isso comigo. Quando me inclinei novamente, meu cabelo caiu para frente e roçou sua testa. — Sempre te vejo, Isaac. — Beijei o canto de sua boca. — Eu sei. — Você quer me dizer o que está errado em vez de não dizer nada desta vez? Ele balançou a cabeça, mas o faria de qualquer maneira. Eu sabia que ele iria. Ele não queria gostar de compartilhar comigo, mas ele gostava. — Eu acho que é tudo... família estar ali, nosso segredo, o que meu pai disse antes do jantar, e então vovó mencionou mamãe também, e... foda-se. — Ele tentou se virar novamente, mas eu segurei seu rosto, mantive seus olhos em mim. — Não quero que tornemos as coisas mais difíceis para você. O que precisa que eu faça? — Diga-me que vai ficar tudo bem. — Nós vamos ficar bem. — Respondi porque ficaríamos. Não importava o que acontecesse. — Eu não... não quero perder outra mãe. — Ele admitiu, e meu coração se partiu por ele, quebrado em um milhão de pedaços, espalhados dentro do meu peito. — Você não vai, está me ouvindo? Não importa o quê, você não vai. Eu nunca permitiria que isso acontecesse. Mesmo que demore um pouco para recuperar, vou garantir que eles vejam como somos certos um para o outro. Isaac assentiu lentamente, e eu não queria nada além de que ele acreditasse em mim, mas eu sabia que palavras não seriam suficientes. Só precisávamos ser nós mesmos, para encontrar aquela coisa entre nós que tinha sido inexplicavelmente forte desde o início. Aquela coisa para a qual sempre podíamos voltar porque era tão certo, nada parecia sem esperança quando a tínhamos. — Deixe-me te desenhar aqui, Isaac. Tire suas roupas e deixe-me desenhálo neste lugar que sempre foi nosso. Ele empurrou o cobertor, em seguida, levantou os quadris, puxando o short e a cueca para baixo e deixando-os cair no chão. — Como você me quer? — Parcialmente de lado e de costas, de frente para mim. Um braço dobrado sob sua cabeça... Sim, simples assim — eu disse quando ele se moveu para a posição. — Estique a perna de cima e dobre a de baixo na minha direção. Ele estava mole, seu pênis deitado nos fios de cabelo grosso em sua virilha. Estendi a mão para ele, coloquei seu pau de modo que ficasse contra a coxa de sua perna dobrada. — Gostei disso. Porra, isso é perfeito. Você é tão lindo pra caralho, Isaac. — Então é você. Vou tentar manter essa posição, mas posso te prometer que meu pau não vai ficar mole, principalmente porque se estou nu, você também tem que ficar. Eu sorri. Sua resposta foi tão Isaac e tão malditamente perfeita. Tirei meu short, então me sentei de pernas cruzadas na cama, de frente para ele. Virei para uma página limpa, mesmo que eu já estivesse desenhando Isaac em seu sono. Minha ereção já estava começando a crescer, o sangue percorrendo para o meu pau enquanto eu o tomava, enquanto eu passava a ponta do lápis no papel. — Você deveria ter me desenhado assim quando éramos adolescentes. Você ficaria duro tão rápido então? — Ele estendeu um braço, passou a mão em volta de mim, e deu um afago no meu pau. — Se eu visse você nu, eu teria. Além disso, sei como é o seu buraco ao redor do meu pau, é claro que vou ficar excitado enquanto te olho deitado para mim. Agora pare de se mover para que eu possa desenhar. Isaac riu e fez isso. Não foi o melhor que já fiz. Minha mão tremia um pouco, e eu queria chupá-lo e fodê-lo e ser tomado por ele enquanto eu também precisava enraizar este momento em minha mente e memorizá-lo no papel. Havia muitas coisas ao mesmo tempo, e todas vinham de Isaac, do jeito que tudo sempre girava em torno dele, do jeito que eu queria que fosse. Trabalhei rápido, o riscar, riscar, riscar do meu lápis no papel um conforto constante. Não importava o quanto eu tentasse, eu sabia que nunca iria acertar, nunca poderia capturar Isaac perfeitamente porque ele era incrível demais para replicar. Ele ficou o mais quieto que pôde por um longo tempo. Não percebi quando ele se aproximou, até que sua cabeça estava no meu colo, e ele passou a língua sobre a ponta da minha ereção, chupou em sua boca, então a beijou. — Desculpe. Pré-sêmen. Preciso de você na minha língua. — Essa foi talvez a coisa mais sexy que já aconteceu comigo. — Eu disse, e ele sorriu meu sorriso favorito. — Preciso melhorar meu jogo, então. — Não sei se vou sobreviver. Agora volte para a posição. — Ele não tinha que ficar parado, não realmente. Eu conhecia cada contorno do corpo de Isaac, cada curva e sulco de músculo, cada vale e osso. — Da próxima vez vou desenhar você se masturbando, desenhá-lo logo antes de você gozar, quando suas costas estiverem arqueadas e sua boca aberta em êxtase. Quando seus olhos rolarem para trás e aquele primeiro jorro de esperma sair de você e pintar seu peito. — Meu Deus, Lane. — Sua mão abaixou, e ele deu a seu pau alguns puxões. Seus olhos estavam vidrados de luxúria enquanto ele me observava eternizá-lo. Eu não conseguia superar isso, que Isaac me olhava daquele jeito, que me queria tanto, que me amasse. Era ridículo o quanto eu tinha prazer em vê-lo aqui, em puxar seu pau e o cabelo entre suas pernas. De como os músculos flexionaram em suas coxas e a tristeza misturada com adoração e luxúria em seu olhar. Este momento, desenhando-o e estando com ele, de alguma forma ajudou a melancolia, e eu estava feliz por termos encontrado uma maneira de diminuir isso na companhia um do outro. De vez em quando ele sorria para mim, acariciava seu pau ou o meu. Nós dois amoleceríamos, mas então ele faria um som ou brincaria consigo mesmo, ou comigo, e ficaríamos duros novamente. — Riscar, riscar, riscar. Eu amo esse som — ele disse enquanto meu lápis se movia pelo papel. — Soa como casa. Foi a minha vez de dizer: — Jesus, Isaac. — Porque caramba, esse homem me possuía. Eu passaria o resto da minha vida ganhando seu amor. Olhei para o esboço, desejei que fosse melhor, desejei poder fazer justiça a Isaac, sabia que poderia ter levado a noite toda e não teria, mas ainda assim, ele era tão lindo. Por tantos anos ele foi minha musa, minha inspiração, dando isso e ele mesmo para mim. — Deixe-me ver. — disse Isaac, trazendo-me de volta ao momento com ele. Quando Isaac o alcançou, deixei que ele pegasse o caderno da minha mão. Observei-o enquanto ele olhava para o meu desenho. Prendi a respiração, esperando por sua resposta. — É apressado. Eu não queria demorar muito. Eu... — Você é incrível — ele me interrompeu. Isaac tocou as pontas dos dedos ao longo da página, do jeito que ele fez com a pintura também. — Ser sua musa é ótimo para meu ego já inflado. — Tem certeza de que pode ficar maior? — Provoquei. — Ah, o que é isso? Está duvidando de mim, Lane? Isso é muito travesso de sua parte... mas então, você também está me desenhando nu na casa dos nossos pais, então acho que isso é normal? — Você desperta isso em mim. — Puxei o caderno de sua mão e o coloquei na mesa ao nosso lado. — Eu gosto de ser ruim com você. — Montei nele, Isaac rolando de costas. — O que mais você gosta de fazer comigo? Eu sorri. — Te irritar. Para que servem os irmãos? — Apesar de nossa situação e nossas preocupações, fogo brilhou em seus olhos quando eu disse isso. Era... sexy de certa forma, um jeito sexy de jogar, mas então enterrei minhas mãos em suas axilas e comecei a fazer cócegas nele. Era o segredo de Isaac, como ele sentia cócegas, e ele começou a rir e me empurrar para longe dele, mas me mantive firme. Ele mexeu e arqueou até que minhas mãos caíram. Eu não podia controlálo e fazer cócegas nele ao mesmo tempo. Isaac me virou, deitou-se em cima de mim. — Você vai nos entregar — eu disse. — Eu? Quem estava me torturando? — Quem estava rindo? Eu gosto de fazê-lo fazer isso. Eu gosto de poder fazer isso melhor do que qualquer outra pessoa. Ele ainda estava em cima de mim, mas fui para suas axilas novamente. Isaac lutou comigo, nós dois lutando no sofá-cama barulhento. Era perigoso, e nós realmente deveríamos ter parado, mas eu adorava me divertir com ele. Adorava atrair esse tipo de reação dele. Queria trazer esse Isaac ao invés daquele que estava tão ferido de seu pesadelo ou nossa situação. Eu estava ficando mais duro a cada segundo. O pau de Isaac pingava présêmen na minha barriga. O olhar em seus olhos mudou então, primitivo e faminto, pronto para tomar o que ele queria, e maldito se eu não quisesse tirar dele também. — Devo te calar? — Ele disse, empurrando mais para cima de joelhos, inclinando-se sobre mim, segurando seu pau enquanto traçava meus lábios. — Nós vamos ter que ficar quietos. Se eu tiver que usar meu pau para fazer isso, que seja. Quero muito você para não o ter aqui. Aqui, no nosso espaço. Abri minha boca para responder, mas não consegui porque Isaac enfiou seu pau entre meus lábios. Levantei minha cabeça para torná-lo mais fácil para ele foder minha boca. Suas estocadas eram profundas e lentas. Tentei controlar o ritmo, me aproximar e acelerá-lo, mas Isaac não me deixou. — Você estava morrendo por isso esta noite, não estava? Eu também. Estendi a mão, agarrei sua bunda, senti suas nádegas flexionarem sob minhas mãos enquanto Isaac acelerava o ritmo por conta própria, me fodendo, suas bolas batendo no meu queixo. A saliva escorria dos lados da minha boca, sons molhados e encharcados enquanto ele pegava o que precisava de mim e dei a ele. Ele se afastou, amaldiçoado. — Porra, quase gozei em sua garganta já. Diga-me que é errado fazer isso aqui. Que devemos parar. Mas eu não. Agarrei-o, empurrei-o de cima de mim, ajoelhando-me ao lado de sua cabeça. As pupilas de Isaac se arregalaram um segundo antes de eu enfiar meu pau em sua boca do jeito que ele fez comigo. Ele pegou, o olhar em seu rosto implorando silenciosamente por mais, o que dei. Cada vez que eu bombeava meus quadris para frente, eu sentia o arranhão de sua barba contra mim. Isaac engoliu em torno de mim, a sucção quente e úmida de sua boca fazendo meus olhos rolarem para trás. Ele estava molhado, e minhas coxas tremiam porque ele se sentia tão bem, tão perfeito, todo enrolado em volta do meu pau. Quando ele se afastou, eu disse baixinho: — Mas eu ainda não terminei com a sua língua. — Nós realmente estávamos tentando ficar quietos. Tínhamos que ser, mas isso não diminuiu o quanto queríamos um ao outro. — Eu sei. Eu ainda estou dando a você. Isaac caiu de joelhos, me empurrou para frente até que eu me inclinei, bunda em seu rosto. — Deus sim. Amo ter minha bunda comida. — Shh. Ninguém esteve aqui além de mim — ele brincou, então bateu na minha bunda. — Não posso acreditar que você me deu esse buraco. — Ele circulou com o dedo, fazendo faíscas subirem pela minha espinha antes de explodir por todo o meu corpo. — É o seu buraco. Você pode tê-lo quando quiser. — Porra, Lane. — Sua língua pressionou contra meu buraco, então fez uma viagem até o topo da minha fenda e voltou para baixo novamente, aterrissando na minha borda. Ele desenhou círculos ao redor com a ponta, chicoteando sua língua e depois pressionando em um movimento circular novamente. — Mmm. Olhe para você, tentando montar meu rosto. Tão gostoso pra caralho. — Isaac disse antes de mergulhar novamente. Empurrei para trás, sua língua quente contra mim, molhada, e então. — Foda... — quando Isaac me violou com um dedo. Ele lambeu ao redor dele, ainda me saboreando enquanto pressionava o dedo profundamente, puxando-o para fora novamente antes de ser substituído por sua língua. — Tão bom... Por favor, Isaac... foda-me. Por favor. Preciso de você. — Minhas bolas estavam tão cheias e apertadas contra meu corpo, meu pau pingando e balançando com cada movimento. Eu só... o queria, precisava estar conectado a ele. — Você trouxe algum lubrificante? Podemos fazer funcionar sem, mas... — Tenho algum na minha bolsa. Eu o senti sorrir, virei e vi. — Eu acho que você realmente é o atrevido entre nós. — Com você. — Fique aí. — disse Isaac, e escutei enquanto ele foi até minha bolsa, vasculhou o lubrificante e voltou de joelhos atrás de mim. Eu não tirei meus olhos dele enquanto ele alisava seu pau, quase esvaziei minhas bolas quando ele empurrou dois dedos lubrificados no meu buraco, torceu-os e puxou-os novamente. Isaac pressionou sua coroa contra mim, me rompendo lentamente, o alongamento familiar e a pressão me enchendo. Eu amei essa parte disso, amei a sensação inicial de seu pau encontrando um lar dentro do meu corpo. — Sim... — Apertei o encosto do sofá, respirei fundo até que sua virilha encontrou minha bunda. Isaac se inclinou e beijou minha espinha. — Segure firme. — disse ele, puxando para trás, e empurrou com força. Eu gritei. — Shh. Vou ter que parar se não puder ficar quieto. Ele jogou um travesseiro em mim. Eu não tinha vergonha de morder forte ele, pra não fazer muito barulho. Os dedos de Isaac pressionaram meus quadris do jeito que sempre faziam, sua ereção deslizando para dentro e para fora, punindo, mas de uma forma bem-vinda que me fez sentir ansiado, desejado e possuído... da mesma forma que eu estava com ele. A cama rangeu com cada impulso, e então ele estava saindo de mim, me fazendo gemer. — Nós não podemos fazer isso na cama. Vamos acordar toda a maldita casa. Isaac me moveu para uma parede livre, levando o lubrificante conosco, para que pudéssemos trocar mais tarde. Já que nós dois éramos versáteis, na maioria das vezes que transávamos quando estávamos juntos, cada um dando e recebendo. Ele pressionou meu peito contra a parede, e no segundo em que abri minhas pernas, ele bombeou em mim novamente. — Isaac... você nem sabe... — Mas eu sei — disse ele perto do meu ouvido. — Sinto isso toda vez que você está dentro de mim... quando estou em você... porra, toda vez que olho para você. Ele diminuiu o ritmo, cada vez que ele pressionava e puxava me esfregando na medida certa. Seus braços rodearam minha cintura, nos segurando perto, nossos corpos agora suando e grudados. Ele passou a mão em volta de mim, me empurrou enquanto mordiscava minha orelha e fazia amor comigo. — Eu arriscaria tudo por você... cada coisa. Não sei se isso faz de mim um bom homem ou não. Me quebraria perdê-los, mas não vou te perder. Maldito seja se meus olhos não arderam com essas palavras. — Você é o melhor homem. Não vai perdê-los, e com certeza não vai me perder. Você me prometeu, lembra? Que não os perderíamos. E estou lhe prometendo o mesmo. — Porra. — Isaac empurrou profundamente. Seus dentes se cravaram em meu ombro, seu pau se contraindo, enchendo-me com jorro após jorro de seu esperma. Seu corpo tremeu, e sua respiração estava afiada e rápida enquanto ele se entregava a mim, outra onda quente do esperma de Isaac exatamente onde pertencia – na minha bunda. Minhas bolas estavam prontas para esvaziar, meu orgasmo já queimando através de mim. No segundo que ele puxou eu estava em cima dele, empurrando-o contra a parede, lubrificando meu pau e trabalhando os dedos escorregadios dentro dele. Ele era tão quente e... — Quero seu pau. Me dê seu pau, Lane. — Maldição. — Tirei meus dedos, substituindo-os por minha ereção em um movimento suave e profundo. Ele olhou por cima do ombro, e esmaguei nossas bocas, tentando nos manter quietos. Meu corpo já estava se estilhaçando, apenas três movimentos de meus quadris antes que minhas bolas apertassem, cedendo à sucção quente de sua bunda. Meu esperma jorrou rápido - uma, duas, três vezes, depois outra, até que meu sêmen escorreu de mim. — Deus, eu precisava disso. — Disse Isaac calmamente. — E você sempre terá isso. — Prometi. Isaac — Isso foi... muito estúpido. — Não deveríamos ter feito isso ali. Lane suspirou. — Não, não deveríamos, mas fizemos, e eu não mudaria isso. Não, eu também não. Nós precisávamos um do outro, e estávamos perto um para o outro. Eu não desejaria isso. — A casa é feita de boas estruturas — Lane continuou. — Duvido que alguém nos tenha ouvido. Além disso, mamãe e papai...Timothy estão no térreo. Eu fiz uma careta. — Eu te disse, você pode chamá-lo de pai. Você sempre chamou. Não deveria perder isso por estar comigo. Lane ignorou minha preocupação. — Está tudo bem. Vou colocar algumas roupas para ir me limpar. Enquanto ele fazia isso, peguei seu caderno. Havia inúmeros esboços meus, todos em várias posições de sono. Eu adorava ser sua musa, adorava prender a atenção de Lane dessa maneira. Fechei o caderno e fiz questão de colocá-lo em sua bolsa. Quando ele voltou, desci para fazer o mesmo. A casa estava silenciosa, todas as luzes apagadas. Eu realmente não acreditava que alguém nos ouviu, mas ainda parecia errado ter fodido lá. O resto do fim de semana foi semelhante ao primeiro dia. Passamos tempo juntos, fomos ao parque, jogamos, comemos boa comida, uma grande família feliz, ninguém sabendo o segredo que Lane e eu estávamos guardando – um que não poderíamos guardar para sempre. Mais cedo ou mais tarde, teríamos que contar aos nossos pais quem éramos um para o outro. Quando voltamos ao meu apartamento, voltamos à nossa rotina, onde nenhuma outra merda importava. Nós rimos e conversamos e fodemos. O provoquei por ser bagunçado, e ele andou pela casa como o nudista que aparentemente era, pintando arte de homens sem rosto, pintando-nos. Era uma manhã de sábado, algumas semanas depois da reunião da família. Lane estava pintando nu, como sempre, e eu estava limpando a cozinha, quando meu celular tocou. Olhei para baixo para ver o nome de Hutch na tela. Fazia tempo que não nos encontrávamos, e imediatamente me senti culpado. Eu estava tão envolvido em minha própria vida, eu tinha esquecido que ele estava passando por uma grande merda também. A última vez que nos falamos, sua família basicamente não estava falando com ele. — E aí cara. Como está indo? — Perguntei a ele. — Melhor, na verdade. Levantei uma sobrancelha, mesmo que ele não pudesse me ver, e me encostei no balcão. — Deve ser se você está ligando para falar comigo como um ser humano normal... e não guardando seus sentimentos. O que é essa magia? Quem é você e o que aconteceu com o Hutch que conheço? Ele riu. — Eeeeeeee, foda-se. Você não é muito melhor. — Oh, discordo. Sou muito, muito melhor do que você, do que a maioria das pessoas realmente — provoquei, desfrutando de uma risada com ele. — Sério, no entanto. Como estão as coisas? — Boas. Maddy nos perdoou. Tive conversas muito atrasadas com meus pais. Estou... porra, estou feliz, Isaac. Estou feliz e apaixonado, e não posso me deixar sentir culpado por isso. Uma onda de orgulho encheu meu peito, misturado com um pouco de inveja. — Bom para você, cara. Estou feliz por você. Deus, eu queria o que Hutch tinha, mas a única maneira de fazer isso era realmente seguir em frente. Esfreguei a mão no rosto, frustrado comigo mesmo por minhas inseguranças. Eu estava cansado, tão malditamente cansado de manter como eu me sentia sobre Lane. — Estou apaixonado por Lane. — Admiti, e maldito seja se isso não era quase tão libertador quanto tinha sido quando eu disse a ele. A linha ficou quieta por um momento. Esperei que Hutch entendesse isso. Esperando que ele não sentisse o desgosto que imaginei que muitas pessoas sentiriam quando descobrissem. Eu lidaria com isso, mas não queria isso para Lane. — Ele sente o mesmo? — Sim. — Quem diria que ele tinha um gosto tão ruim? — Disse Hutch. — Vou ter que falar com ele sobre isso. O calor me encheu, chegou perto de me superaquecer, e eu gostava da queimadura. Foi... porra, foi a resposta perfeita. — Eu sou um bom partido do caralho — eu disse a ele. — E um pouco delirante. — Ele é meu irmão — respondi, ficando sério. — Ele é seu meio-irmão, como você fez questão de me dizer antes. Não importa se outras pessoas veem de forma diferente. Essa não é a realidade da situação. Tudo o que importa é que você o ama, Isaac. E você ama há muito tempo, não é? — Eu o amei quase desde o início. Mesmo quando eu não percebia, eu o amava. Nunca quis um relacionamento porque nunca pensei que poderia têlo, e... caramba, Hutch, ele é tudo para mim. Ele sempre será para mim. — Prendi a respiração, incapaz de acreditar no que acabei de admitir para ele, o quanto disse a ele sobre como me sentia. — Vocês dois deveriam vir jantar hoje à noite. Eu deveria ter certeza de que ele percebe o quão terrível é seu gosto. — Não tão ruim quanto o de Ryder. — Rebati. Eu queria fazer o que ele pediu, no entanto. Eu queria passar um tempo com Lane e meu amigo. — Vou falar com Lane sobre o jantar. Eu provavelmente não deveria ter contado a você, mas... — Sim — Lane me interrompeu. Virei-me para vê-lo parado no corredor, me observando. — Eu nem sei quem é, mas se ele nos convidou para jantar, sim. E você sempre será para mim também. — Não é legal espionar. — Respondi, com o coração na garganta. — Cale a boca e diga que sim, Isaac. — É Hutch, — eu disse a Lane, então para meu amigo. — Você o ouviu? Aparentemente, sou forçado a estar em sua companhia esta noite. — Não tente esconder. Você mal pode esperar. — A que horas devemos comparecer? — Seis. — respondeu Hutch. — Estou feliz por você, Isaac. — Estou feliz por mim também. — Encerrei a ligação, arqueei uma sobrancelha para Lane. — Você sabe que isso significa que você tem que se vestir, certo? — Droga! Ele não pode vir aqui em vez disso? Eu ri, fui até ele, empurrei seu cabelo da testa. — Você está uma bagunça. — Eu não sabia como ele sempre acabava com tinta em todo o corpo. Provavelmente porque ele não se importava. — Você gosta de mim assim. Ele estava certo. Eu gostava. — Ugh. É você. — Disse Hutch no segundo em que abriu a porta de seu apartamento. — Você terá que desculpar meu amigo. Ele sofre de uma insegurança incapacitante toda vez que está perto de mim, o que resulta em piadas terríveis e tenta me superar, mas falhando a cada passo. Sobre o que conversamos, Hutch? Tudo bem não ser tão bom quanto eu. Está tudo bem ter inveja. Você deveria estar feliz com quem você é. Hutch revirou os olhos. — Por que é que toda vez que te vejo, eu te odeio mais? — Ele disse brincando antes de olhar para Lane. — E aí cara. É bom te ver novamente. Já faz alguns anos. — Ele estava se referindo à única vez que se conheceram. — Você também. — Lane estendeu a mão e eles apertaram. — Pare de enrolar e me ajude a cozinhar! — A voz profunda de Ryder veio de dentro. — Estou indo, estou indo. — respondeu Hutch. — Tem certeza de que quer que fiquemos por aqui? — Provoquei, fazendo meu amigo balançar a cabeça. Fiz sinal para Lane ir à minha frente, então coloquei minha mão na parte inferior de suas costas quando entramos. — Está quase pronto. Esse cara só precisa terminar o macarrão. — Ryder apontou para Hutch. Ele lavou as mãos, secou-as, então estendeu uma para Lane. — Oi, sou Ryder. — Lane. Prazer em conhecê-lo. — E aí? É bom vê-lo de novo. — Ryder me disse. — Vou tentar não vomitar em você desta vez. Ryder riu, e senti o olhar curioso de Lane em mim. — A noite em que o conheci foi a noite depois da nossa caminhada. Fiquei um pouco bêbado. Não foi bonito. Eu culpo você. — Pisquei para que ele soubesse que eu estava apenas brincando. A melhor maneira de lidar com isso era fazer uma piada, se me perguntasse, e eu também não queria que Ryder pensasse que isso era típico para mim. — Humm, talvez eu tenha que colocar uma placa em seu pescoço dizendo: Se perder, devolva para Lane Ryan, para que não tenhamos que nos preocupar com isso acontecer novamente. — Você colocará uma também? — Segurei sua cintura, puxei-o para perto e deixei minha testa cair na dele. — Obviamente. — Ele respondeu, e percebi que o apartamento estava quieto. Me virei para Ryder e Hutch, que estavam olhando para nós. Não conhecia Ryder muito bem, mas ficou claro que até ele ficou surpreso com nossa exibição. Segurei o olhar de Hutch. — Cale-se. — Puta merda. Não acho que posso. Esta é a melhor coisa que já vi. Você vai começar a transar com a perna dele, porque se for assim, pode ir para o quarto de hóspedes. Se não, vou te provocar sobre os corações que saíram de seus olhos porque nunca te vi assim antes. — Sim, bem, também não te vi assim antes de Ryder. — E você me provoca também. É muito mais divertido deste lado. — Espere, você está dizendo que não é divertido estar apaixonado por mim? — Perguntou Ryder. — Como você tirou isso do que eu disse? — Respondeu Hutch. — Dá-me uma grande alegria encontrar uma maneira de mudar as coisas para você quando preciso. — respondeu Ryder. — Talvez eu precise aprender esse truque. — Lane me deu um sorriso de boca larga que era fofo pra caramba. Ele gostava deles. Eu poderia dizer. Ele nunca teve nada em comum com meus amigos enquanto crescia, mas eu podia ver nós quatro passando tempo juntos, e eu queria isso. — Então, Lane não pode sair com Ryder. Entendi. — Tenho a sensação de que Lane tem você enrolado no dedo dele e pode fazer o que ele quiser. — Hutch balançou as sobrancelhas. — Sei como manter meu homem feliz. Precisa que eu te ensine? — Eu rebati, e a sala explodiu em gargalhadas. Isso era exatamente o que precisávamos, e desejei ter ousado contar a Hutch e Ryder mais cedo. Poderia ser tudo tão fácil? As pessoas simplesmente encontrariam uma maneira de nos aceitar? — Posso ajudar em alguma coisa? — Lane perguntou. — Nós damos conta. Hutch me disse que você é um artista? — Ryder perguntou enquanto Hutch servia vinho. — Sim, sou um pintor. — Seu trabalho é incrível. — disse Hutch. — Você viu? — Perguntei a ele. — Obviamente, eu tive que pesquisar seu namorado no Google. — Hutch piscou, e eu queria beijá-lo por tratar isso com tanta naturalidade quanto estava. Por nem mesmo piscar ou torná-lo estranho. Significava mais para mim do que eu jamais saberia dizer. — Eu também sei agora de onde veio aquela pintura que está em cima do seu sofá. É a única coisa em qualquer uma de suas paredes, se bem me lembro. — Sim, eu estava ridiculamente apaixonado por ele por um longo tempo. Entendemos. — Cutuquei Lane, que me beijou. Ele e eu nos sentamos no balcão do café da manhã, bebendo vinho e conversando com eles enquanto terminavam o jantar. Lane compartilhou mais sobre sua arte e Ryder sobre sua loja. Ele era mecânico. Jantamos na varanda deles, compartilhando mais risadas e sorrisos. Não pude deixar de observar Lane com eles, saborear a sensação de sua mão na minha coxa e sua felicidade em meu ouvido quando ele conheceu meus amigos e fez isso como meu parceiro. Queria que todos os dias fossem assim. — Você tem alguma exposição programada? Eu adoraria ir. — disse Ryder. — Não aqui, infelizmente. Uma grande amiga minha, Genevieve, me pediu para substituir no último minuto uma de suas exposições em Nova York. Isaac e eu iremos para lá em algumas semanas. Ele tinha recebido a ligação alguns dias antes. Ele contou a Genevieve sobre a série que havia começado — a Seu — e ela se interessou. Ela confiava em Lane e nem precisava vê-las antes de concordar. Eu não tinha certeza de quão normal isso era. Ele não estava levando todas elas. Algumas eram muito pessoais, e queríamos mantê-las para nós, mas outras ele estava disposto a mostrar – não vender. Ryder e Hutch fizeram contato visual, falando silenciosamente um com o outro antes de Ryder dizer: — Não podemos ir, mas mantenha-nos informados sobre as outras. Agora eu quero procurar seu site, no entanto. Depois do jantar, Ryder pegou seu laptop e Lane mostrou a ele alguns de seus trabalhos. — Droga, você é muito bom. — disse Ryder, e ridiculamente, o orgulho inchou no meu peito como se fosse de mim que ele estivesse falando. — Obrigado. — Onde você disse que estudou? — Ryder perguntou, os dois entrando na conversa. Hutch sentou-se ao meu lado. — Nunca te vi tão feliz. — Nunca estive tão feliz. Ainda temos que descobrir como contar aos nossos pais – e espero que isso não cause problemas na família – mas eu o tenho, e nunca pensei que o teria. Já ganhei. Hutch colocou a mão no meu ombro. — Ele também, meu amigo. Ele também. — Eh, acho que você está muito bem também. — Eu sou a pessoa mais legal que você já conheceu. Não minta. — Hutch e eu brincamos do jeito que sempre fazíamos. Nós aproveitamos o resto do nosso tempo com eles, fazendo planos para fazê-lo novamente no mês seguinte. Hutch e Ryder viriam para nossa casa. Mais tarde naquela noite, estávamos juntos na cama, nus e escorregadios de suor, quando Lane disse: — Quero mais dias como hoje. — Eu também. — Eu acho... acho que devemos contar a eles — Lane disse, e eu devo ter ficado tenso porque ele acrescentou: — Nós não podemos manter isso em segredo para sempre. Quanto mais cedo contarmos a eles, mais rápido se acostumarão. E não importa o que aconteça, não vai mudar nada para mim. Ele estava certo, e dane-se se eu não quisesse a mesma coisa, mesmo que fosse assustador. — Não vai mudar nada para mim também. Estou pronto quando você estiver. Nós poderíamos fazer isso. Nós poderíamos dizer a eles. Eles eram nossos pais. Eles nos amavam. De alguma forma, isso tinha que ficar bem. Lane Fui eu quem ligou para mamãe e disse a ela que Isaac e eu iríamos vê-los no fim de semana seguinte. Isaac ficou subjugado durante toda a semana. Não precisei perguntar por que - estava preocupado com a reação de nossos pais, sim, mas também estava com medo do que isso faria comigo. Minha mãe e eu éramos próximos. Nós não brigamos, mesmo enquanto eu crescia. Ela me apoiou em tudo que eu queria, e o único segredo que eu sempre escondi dela era minha sexualidade. E enquanto isso era obviamente grande, isso era diferente. Acho que Isaac pensou que eu decidiria que ele não valia a pena, mas não havia como voltar atrás. Agora não. Isaac dirigia, provavelmente porque precisava se sentir no controle. Quando entramos na rodovia, ele olhou para mim. — Tem certeza de que está pronto para fazer isso? — Tem certeza de que você está? Eu não quero te pressionar. — Você não está. — Ele ficou quieto por um momento. — Acho que nunca pensei que tudo isso aconteceria. Ainda estou tentando entender o fato de que isso está acontecendo, enquanto estou preocupado que vou perdê-lo. — Isaac… — Ela é sua mãe, Lane. Vai te quebrar se ela não puder aceitar isso, e não quero ser a razão pela qual algo te machuca. Meu pulso acelerou, e meu peito inchou com suas palavras. — Jesus. — Está tudo bem, Isaac. — Ele olhou na minha direção e piscou. — Seu coração é tão grande que às vezes me pergunto como ele se encaixa dentro de você. — Meus dedos de repente se contraíram para pintá-lo dessa maneira – Isaac com um corpo transparente e um coração explodindo pelas costuras dele. Eu poderia pintar nada além dele pelo resto da minha vida e nunca ficar sem ideias. — Não, não é — disse Isaac. — Sou duro. Sou um filho da puta durão e mal-humorado que é endurecido pelo mundo e não dá a mínima. Uma risada saiu dos meus lábios. — Um homem tão assustador, cínico e duro. É uma maravilha como alguém pode ficar perto de você. — O cínico não está incorreto. — Eh, talvez, mas principalmente você é o cara que faria qualquer coisa por um amigo ou alguém que você ama. O cara que é engraçado e gosta de fazer as pessoas rirem. É um pouco arrogante, mas de um jeito cativante, não um idiota. Mas você também sabe ser vulnerável, mesmo que goste de fingir que não, e se preocupa com os outros antes de si mesmo. Você me faz mais feliz do que jamais pensei que poderia ser... o que é estranho, considerando que eu sempre me considerei feliz antes. Engraçado como isso pode mudar quando você vê o quanto as coisas podem melhorar. Ele me encarou, então desviou o olhar, um pequeno sorriso curvando os cantos de seus lábios. — Porra, eu meio que sinto que deveria encostar e te chupar por isso. Foi um bom discurso. — Foi, não foi? Um dos meus melhores. Deve ser o assunto. — Quem é aquele com o coração saindo do peito agora? — Perguntou Isaac. — Ainda você. — Você está arruinando minha reputação, Lane. — Você está arruinando minha reputação, Lane — zombei, e nós dois rimos, o que diminuiu um pouco o peso dentro de nós. Mantivemos a conversa durante o resto da viagem até a casa dos nossos pais. Eu não podia fingir que não estava nervoso também, meu estômago pesava como se alguém o tivesse enchido de pedras. Mas eu só... não queria mais nos esconder. A situação não importava. O que Isaac e eu tínhamos era lindo e não deveria ser escondido. — Namorei muitas pessoas ao longo dos anos. — Eu disse quando Isaac parou na garagem. — Odeio todos eles. — Ele brincou. — Sim querido. Nós sabemos que é possessivo — provoquei de volta. — O que quero dizer é que tive tantas chances de trazer alguém para casa, mas nunca consegui. Eu não conto Jayden porque eu não queria com ele. Fiz isso porque eu queria estar em casa, e essa era a minha maneira de fazer isso. Mas essas pessoas, não as compartilhei porque não importava o quanto eu gostasse delas, no fundo eu sabia que não era real. Você é real, Isaac. Somos reais juntos. E eu não quero manter isso escondido como se houvesse algo errado com isso. Ele estendeu a mão, passou a mão pelo meu cabelo, deixando-o descansar na minha nuca. — Amo você. Estou tão loucamente apaixonado por você, Lane Ryan. — Eu também te amo. Agora vamos fazer isso. Ficará tudo bem. Tenho que acreditar nisso. — Eu não tinha certeza se estava mentindo para mim mesmo sobre isso ou não. Eu podia ouvir a TV quando chegamos lá. Bati e abri a porta. Timothy estava sentado no sofá, assistindo a um faroeste que eu não reconheci. Ele sempre os amou, mas nunca foram minha praia. Quando éramos crianças, Isaac costumava vê-los com ele. Eu perguntei a ele uma vez o que ele gostava sobre eles, e ele disse que passava um tempo com seu pai. Isaac admirava seu pai mais do que ele jamais verbalizou. Timothy era o tipo de pai que nos levava para acampar ou jogar futebol no quintal com Isaac quando éramos crianças - ele era melhor nessas coisas do que palavras - e eu sempre soube que, mais do que tudo, Isaac queria fazer seu pai orgulhoso. Para fazê-lo feliz e ser como ele. Havia muito risco para nós dois em estarmos juntos. Poderia mudar muita coisa. — É Willie Nelson? — Perguntei. — Sim. É Red Headed Stranger — Isaac respondeu. — Você lembra disso? — Perguntou Timothy. — Sim. Como vai, pai? — Isaac se inclinou sobre o sofá e lhe deu um abraço de um braço só. A casa cheirava a maçãs, então eu sabia que mamãe estava fazendo torrada ou uma torta. Ela amava os dois. — Estou bem. — disse Timothy. — Está tudo bem com você? Sua mãe está preocupada. — Seu olhar disparou em minha direção, depois de volta para Isaac. — Estamos bem. — respondeu Isaac. — Ei, Timothy. Bom fim de semana? — Bati minha mão em seu ombro. Ele franziu a testa ligeiramente, e percebi que era porque eu o estava chamando pelo nome recentemente. Isso tinha que fazê-lo pensar. — Sim. Bom estar fora do trabalho. — Os meninos estão aqui? — Mamãe veio ao virar da esquina. — Ah, oi, vocês estão. Dei um abraço nela e beijei sua testa. — Cheira bem, Helena. — Isaac disse a ela. — Torrada ou torta? — Perguntei. — Torta. — Mamãe respondeu. — Você sabe que cozinho quando estou nervosa... bem, eu também cozinho por diversão, mas você entende a essência. O que está acontecendo? Parecia que algo estava errado quando você ligou. Deixe para a mamãe ir direto ao assunto. — Não há nada de errado, mamãe. — Meu olhar pegou o de Isaac. — Pelo menos esperamos que não seja assim para você. Mas por que não termina de assar primeiro? Vamos apenas passar algum tempo juntos. — Peguei a torta antes de entrar na sala, e podemos passar um tempo juntos depois. Você me conhece. Vou me enlouquecer até saber. — Ela já estava torcendo as mãos. Observei papai - Timothy - se levantar. Ele olhou para frente e para trás entre Isaac e eu. — Helena, por que não deixamos os meninos falarem conosco quando estiverem prontos? Então me ocorreu que Timothy sabia. Puta merda, ele sabia. Por quanto tempo, eu não tinha ideia, mas não havia dúvida em minha mente de que ele sabia. — Lane? — Mamãe perguntou, mais preocupada agora. Timothy foi em direção a ela. Abri a boca para dizer que não era grande coisa. Estávamos fazendo isso para ser um tipo de conversa de vida ou morte... — Estou apaixonado por Lane. — Isaac disse simplesmente. — Eu, hum... eu o amei desde que ele se mudou para esta casa e era todo cabelo e membros desengonçados, sempre desenhando, observando o mundo, me observando e vendo mais do que eu pensava que estava mostrando. Ele estava do outro lado da sala, eu ao lado de mamãe e Timothy, que a alcançou até então, mas eu não conseguia tirar meu olhar de Isaac. Ele era tão corajoso pra caralho. Tão honesto. Eu o amei ainda mais naquele momento. — Eu também estou apaixonado por Isaac. — Mas... mas vocês são irmãos. — Mamãe disse, a confusão suavizando sua voz. — Por que nós quatro não nos sentamos? — Disse Timothy. — Não para nós. — Eu disse a ela. — Quero dizer, nós somos, mas não somos. — Bem, vocês são irmãos para nós. Nós criamos vocês assim. — A voz de mamãe estava um pouco mais forte agora, um pouco mais firme em sua direção. Eu esperava, nós dois esperávamos, mas ainda era como uma facada no coração. — Há quanto tempo isso vem acontecendo? Oh Deus, desde que eram adolescentes? Em nossa casa? — Não. — Balancei minha cabeça. Isso já estava se desenrolando. — Mas Isaac disse que te ama desde que nos mudamos. O que vocês estavam fazendo? Você fez…? — Seu olhar estalou para Isaac. — Ele fez o quê? — Timothy perguntou, suspeita em sua voz, e claramente ofendido. — Você está acusando Isaac de fazer algo inapropriado com Lane? Meu estômago afundou mais, mais pedras foram empurradas pela minha garganta. Foi ainda pior do que eu pensava. Assumi que eles ficariam confusos, mas mais como uma frente unida. A última coisa que eu queria era ficar entre mamãe e Timothy. — Não, eu não estava, mas... ele sempre foi mais experiente e mundano do que Lane. E ele disse... — Os olhos da mãe dispararam para Isaac, lacrimejantes, lágrimas já derramando. — Oh Deus. Desculpe, Isaac. Eu só… estou tentando entender isso. Do que estava acontecendo debaixo de nossos narizes e não sabíamos. Vocês são irmãos. — Não, mãe, não somos. Fomos criados como família, como irmãos, sim, mas só desde os quatorze anos, e não somos parentes. Estamos apaixonados, e por mais que eu ame você, se acusar Isaac de alguma coisa, se empurrar isso para ele como se ele fosse culpado, eu vou sair por aquela porta com ele e não vou voltar. — Lane. — Isaac disse, alerta em sua voz, mas eu o ignorei, nem olhei para ele, em vez disso, vi a dor que brilhou nos olhos de mamãe. — Eu não quis dizer isso — disse ela. — Você sabe que eu te amo, Isaac. Você é meu filho. Assim como eu era seu filho, e era aí que surgia o problema. Ela não deu à luz Isaac, mas o criou e o amou, ela cuidou dele como uma mãe cuida de seu filho, e agora estávamos dizendo a ela que estávamos apaixonados um pelo outro. — Acho que precisamos nos sentar agora — disse Timothy, indo para a mesa da sala de jantar sem minha mãe. Ele ficou magoado com a acusação dela e, embora eu pudesse entender, ele tinha que saber que mamãe não quis dizer isso. Ela se virou e o seguiu. Esperei por Isaac, cujo rosto parecia pedra. — Ela não quis dizer isso, Isaac. Ela ama você. — Eu sei. Mas ele sabia? Ele disse que não podia perder outra mãe, e então ela fez esse tipo de acusação. — Vamos fazê-los entender. Isaac assentiu, tentou sorrir, e nos juntamos a eles — Timothy e mamãe de um lado, Isaac e eu do outro. — Acho que isso explica a resposta de Isaac a Jayden, — Timothy disse sem humor. Isaac disse: — Nada aconteceu enquanto estávamos crescendo. Eu sabia que o amava, mas não disse a ele. Não até Jayden sair e Lane ficar comigo. Eu tentei, Helena. Tentei parar. Tentei fazer isso sumir. Tentei ignorar isso. Eu não quero te machucar, mas não posso... não posso ficar sem ele se ele me aceitar. — Isaac baixou a cabeça. — Não somos apenas nós, filho. O resto da nossa família, amigos, todo mundo que nos conhece vê vocês dois como irmãos. O que diremos a eles? Não sei se algum de vocês, garotos, realmente considerou o que as pessoas vão ver, o que vão pensar. — É isso que você vê e pensa? — Perguntou Isaac. — Que isso é pervertido? Que há algo errado conosco? Demorou um momento para que Timothy respondesse. Cada segundo que passava parecia durar mais, como um eco que continuava a durar. — Acho que durante dezesseis anos tive dois filhos. Vocês dois são irmãos. Eu amei vocês dois da mesma forma e os tratei como irmãos. Todos que conhecemos fizeram o mesmo. Vovó conta às pessoas sobre seus netos e suas tias e tios de seus sobrinhos. E agora vocês estão nos dizendo isso, que são um casal, mas eu não posso magicamente apagar os últimos dezesseis anos e vê-los de forma diferente. Mesmo se eu pudesse, e os outros? — Não me importo com o que as pessoas pensam — Isaac disse asperamente. Ele se importava. Eu sabia que ele se importava. Partia seu coração machucar nossa família, que estávamos machucando nossa família, mas isso não mudava o quanto ele me amava. Mas Isaac mudaria se ele perdesse mamãe ou Timothy ou alguém que ele amasse. — Não entendo como isso aconteceu — mamãe disse. — Você está dizendo que quer ser um casal? Para contar a todos sobre vocês? Então o que acontecerá se não der certo? O que acontecerá se mudarem de ideia? Se ficar demais? Se um de vocês perceber que não é o que quer? Isso não afeta apenas vocês dois. Não, isso não aconteceria. Tínhamos visto isso com a acusação de mamãe contra Isaac. Se as coisas dessem errado entre nós, se um de nós machucasse o outro, como isso se espalharia para aqueles que amávamos? O que isso faria com mamãe e Timothy? À nossa família estendida? Nós quatro ficamos sentados quietos, nada além de nossa respiração e nossos batimentos cardíacos entre nós. — Então é melhor desistir agora por causa de e se? — Perguntei. — Não quero machucar nenhum de vocês, e não quero causar problemas em nossa família, mas... eu preciso dele — admiti. — Passei minha vida procurando algo em um parceiro, e nunca encontrei, nunca fiquei satisfeito, porque eles não eram ele. Eu não via que o que eu precisava estava aqui esperando por mim o tempo todo. Relacionamentos nunca são uma garantia. E sei que o nosso é diferente da maioria, mas... não posso me afastar dele, mãe. Eu também não quero. Seria como deixar meu coração para trás. Timothy praguejou. Mamãe chorou. Entendia que era difícil para eles. Eu sabia que era difícil ouvir que estávamos juntos quando nos viam como irmãos. E entendia que havia preocupações quando se tratava de nossa família. Mas Isaac era meu. Ele disse que era egoísta, mas se isso era verdade, eu também era. Mamãe disse: — Amo vocês dois, mas não consigo entender isso. Como faço para apagar os últimos dezesseis anos para que vocês dois se tornem outra coisa? Estou com medo pelo que isso faz com a nossa família. Timothy não respondeu. Ele desviou o olhar, e isso era tudo que eu precisava ver para saber que ele sentia o mesmo. — O que isso significa? — Perguntei, sentindo como se eu tivesse decepcionado Isaac. Prometi que ele não perderia outra mãe. — Eu não sei — mamãe respondeu. — Vocês ainda são nossos filhos — acrescentou Timothy. Mas é aí que reside o problema. Eles não nos deserdariam. Eles nunca fariam isso, mas não podiam nos ver como um casal. Eles não podiam nos ver como outra coisa além de irmãos. — Vocês estão esperando que nós escondamos quem somos de vocês? — Perguntou Isaac. — Da família? — Eu não... Isso é muito. Eu só... — Mamãe não terminou. Ela saiu da sala chorando. — Eu deveria ir atrás dela. — Timothy disse. Quando Isaac assentiu, Timothy fez uma pausa, abriu a boca como se fosse falar, mas então suspirou e foi atrás de mamãe. Isaac Dirigimos para Manhattan para que pudéssemos expor a obra de arte de Lane. Ele trouxe duas peças de Seu. Elas eram de nós, era claro, mas você não podia dizer isso pelas pinturas, só sabia que eram dois corpos masculinos, entrelaçados de uma maneira que em alguns lugares era difícil dizer onde um começava e o outro terminava. Eles eram lindos. Nós éramos lindos. — Será difícil mostrá-las? É tão pessoal, e considerando nossas… circunstâncias atenuantes… Era a vez de Lane dirigir, e ele olhou para mim do banco do motorista. — Você se incomoda que eu mostre a eles? Eu deveria ter perguntado. Nem pensei nisso. — Não. Não me incomoda. Você está de brincadeira? Eu quero gritar essa merda dos telhados. Certificar-me de que todos saibam que sou eu que sou tão inspirador. Lane riu. — Ok, bem, e se eu te dissesse que não estava compartilhando pinturas nossas? Eu fiz uma careta. — O que quer dizer? — É você e eu nas pinturas, não me entenda mal, mas para outra pessoa, são eles. Isso é parte da beleza neles, e parte da razão pela qual não há rostos. Eles representam o amor como um todo. Para você e para mim, somos nós. Para outro casal, são eles. — Porra, é sexy quando você fala sobre arte assim. — Isso é bom, então, porque é cem por cento o que eu queria. — Ele sorriu. Coloquei minha mão em sua nuca, enrolei seu cabelo em meus dedos e massageei seu couro cabeludo. — Você é incrível. Amo o jeito que sua mente funciona. — Mesmo quando estou bagunçado, deixo uma meia no balcão e uso sua escova de dentes sem pedir? — Sim, mesmo assim. Sério, essa é uma bela maneira de olhar para isso. — Jesus, eu estava orgulhoso dele. — Obrigado. Eu gostaria de expandi-lo. Eu adoraria criar casais femininos, casais heterossexuais, alguns onde você não pode dizer seus gêneros. — Eu acho que você deveria. — Eu planejo isso. — Seu idiota. Não falamos sobre Helena e papai. Parecia que nós dois estávamos tentando não focar nisso porque doía muito. Já se passaram dez dias, e estávamos tentando continuar, focar um no outro. Era fim de tarde quando Lane estacionou na garagem em Manhattan onde guardava seu carro. Entendia por que ele dirigia o mínimo possível até lá. Eu não gostava de lidar com o trânsito em Atlanta, mas a cidade de Nova York era uma fera por si só. Pegamos nossas malas e descemos a rua em direção ao prédio dele. Como sempre na cidade, havia pessoas em todos os lugares, carros entupindo as ruas, buzinando e construção em um prédio próximo. O saguão era elegante, decorado em preto, prata e cinza. Eu nunca tinha ido ao apartamento dele. Quão triste era que ele fosse a pessoa mais importante do meu mundo desde que eu tinha quatorze anos, e eu nunca estive em sua casa? Lane destrancou a porta. Era início da noite, e o sol brilhava através de uma das grandes janelas de sua sala de estar. Ao contrário do meu apartamento, o de Lane era mais confortável e habitado. Havia obras de arte em todas as paredes, diferentes estilos e cores que se juntavam de uma maneira que eu não saberia fazer. Seu sofá era grosso e macio, de um azul claro. Roupas penduradas nas costas, um cobertor enrolado no canto. Um sapato embaixo da mesa de centro, o outro do outro lado da sala ao lado de uma cadeira que combinava com o sofá. Pilhas de cadernos de desenho também cobriam o espaço. Algumas peças de roupa no chão faziam um rastro pelo corredor. No canto da sala de jantar, tinha pilhas de telas e suprimentos por toda a mesa. Tinha um cavalete lá também, embora eu soubesse que ele tinha um estúdio. — Acho que nunca vi um lugar que é mais você. Lane sorriu. — Amo isso aqui. Passei meus braços ao redor dele por trás e acariciei seu pescoço. — Vou me mudar para cá se você quiser. Não terei problemas para encontrar trabalho. Além disso, meu namorado é um pintor famoso. Ele pode me sustentar. Sua risada vibrou através de seu corpo e no meu. — Eu também amo Atlanta. Aprecio que não tenho que socializar muito lá. Que não tenho que estar perto de pessoas do jeito que tenho na cidade. Sentia falta de estar em casa. Sentia sua falta, mamãe e Timothy... — Suas palavras pairaram no ar, a verdade que tentamos enterrar. Que nossos pais estavam feridos agora. Que não queriam que ficássemos juntos. — Estarei aqui com você, entretanto. Quero dizer, você consegue pensar em algo melhor? — Não — respondeu Lane. — Nós vamos resolver isso. Venha comigo. Eu quero te mostrar algo. Eu o deixo ir, deixo que ele me leve para longe. Quando passamos pelo estúdio dele, eu disse: — Quero dar uma espiada. — Era claramente muito melhor do que ele tinha no meu apartamento. Foi montado para ser mais funcional, com prateleiras e armários para seus suprimentos. Uma tela em branco estava em um cavalete, e eu não pude deixar de me perguntar o que ele planejava pintar antes de partir. Acabamos no quarto de Lane. A cama não estava arrumada, e uma apresentação de slides dele e Jayden juntos passou pela minha cabeça. — Você transou com ele naqueles lençóis? — Não logo antes de sairmos. E eles foram lavados. — Sim, mas foram queimados? Lane revirou os olhos. — Tão ciumento. — Você também ficaria. — Verdade. Caminhei até a mesinha de cabeceira de madeira envelhecida, onde havia uma colagem nossa - no ensino médio, na formatura e naquelas ocasiões em que estivemos juntos com a família ao longo dos anos, quando tentei manter distância, mas não consegui. Estava lá, onde ele dormia todas as noites, cuidando dele, e de repente eu não estava mais com ciúmes. Lane me escolheu muito antes de admitirmos isso um para o outro. — Venha aqui. — disse ele, e o segui até seu closet. Ele abriu a porta, e ao lado havia recipientes cheios de cadernos de desenho. Ele puxou duas caixas, e nós as arrastamos para a cama, onde nos sentamos para abri-las. Peguei um caderno de desenho e folheei. Página após página após página de mim, de nossas noites juntos no sótão, ou no quintal, ou sentado em sua cama. O dia em que nossos pais se casaram, um rápido esboço meu de pé na janela. Caderno após caderno. Todas as vezes que ele me desenhou estavam lá. Havia outros desenhos, era claro, mas a maioria era de mim. — Puta merda. Você guardou todos eles? — Sim. Continue olhando. Peguei outro, e era eu em um parque em Atlanta, de pé em uma sacola em uma corrida de saco que fizemos em uma reunião de família. E lá estávamos eu e ele em uma mesa de piquenique, e eu dormindo no sofá como um adulto. Havia desenhos meus em lugares onde não estivemos juntos, como no Parque Washington. — Entendo se você gostaria de fazer uma ordem de restrição agora — disse Lane, mas eu não conseguia tirar meu olhar dos desenhos. — Você sempre foi minha musa favorita, mesmo quando os meses passavam e não nos víamos. Mesmo quando estávamos a mil milhas de distância. Alguém poderia pensar que eu deveria ter aceitado o que isso significava antes do dia em que você me beijou. Minha mão tremeu. Eu nunca teria o suficiente dele. Não conseguia encontrar palavras, então, em vez disso, coloquei os cadernos nos recipientes no chão, estendi a mão, segurei seu rosto e o puxei para frente até que nossas bocas se encontrassem. Os lábios de Lane se moveram contra os meus, nossas línguas mergulhando, provando um ao outro. Lane se inclinou para trás, e eu o segui, até que ele estava deitado comigo em cima dele, nós dois no cio juntos enquanto nos beijávamos, chupávamos e saboreávamos. Sentei-me e montei nele, Lane levantando seu torso apenas o suficiente para que eu pudesse puxar sua camisa. Removi a minha em seguida, antes de tomar sua boca novamente, abrindo seu jeans enquanto o fazia. No segundo em que deslizei minha mão por baixo de sua cueca e a envolvi em torno de seu pênis, Lane se arqueou para frente, gemendo em minha boca. Ele estava quente contra minha palma, uma haste de aço coberta de pele macia. Eu o levantei enquanto o beijava, e então ele estava enfiando as mãos entre nós para abrir minha calça também. Ajoelhei-me, puxei suas roupas restantes para baixo com mãos ansiosas. Lane riu, mas trabalhou com a mesma velocidade desajeitada para tentar me deixar nu. Quando nós dois estávamos sem roupas, nos deitamos de lado, um de frente para o outro. Lane enganchou sua perna de cima sobre meu quadril, seu corpo febril de desejo. Estávamos perto, sua respiração contra meu rosto, antes de beijá-lo, nós dois nos movendo um contra o outro. — Então, nenhuma ordem de restrição? — Provoquei enquanto minha boca viajou pelo seu pescoço. — O que você quer? — Lane perguntou. — Você. — Já me tem. — Então quero te foder. Quero pintar o interior do seu corpo com meu esperma, antes de você se masturbar em mim e pintar minha pele com o seu. — Jesus, Isaac. Sim. Foda sim. — Lane rolou. Abriu a gaveta do criadomudo e tirou uma garrafa de lubrificante. Ele era tão lindo pra caralho, todo olhos arregalados e cabelo loiro escuro ondulado. Enrolei uma mecha atrás de sua orelha. Adorei por muito tempo, e ele estava deixando crescer, às vezes amarrando-o em um nó na parte de trás de sua cabeça. Quase atingiu seus ombros agora. — Quer que eu monte seu pau? Meus olhos rolaram para trás, tremores em cascata através de mim com o pensamento. — Nunca haverá um momento em que direi não a essa pergunta. Lane me deu a garrafa, e alisei meus dedos. Ele enganchou sua perna sobre mim novamente, tomando posse da minha boca enquanto eu envolvia meu braço ao redor dele e provoquei seu buraco. Seu corpo vibrou com energia carente enquanto circulei sua borda, então empurrei um dedo para dentro. Como sempre, seu corpo me abraçou direitinho, chupou meu dedo enquanto eu o usava para fodê-lo, antes de seguir em frente e fazer o mesmo com dois. — Deus, amo te sentir dentro de mim, contra mim. Não importa como você está me tocando ou com o que está me tocando, desde que eu possa te sentir. — Lane fez um sulco contra meu quadril, fazendo meu pau vazar e minhas bolas pulsarem com a necessidade. — Aposto que não pode esperar até que seja meu pau esticando você. — Não tenho certeza se é tão grande. — Lane piscou antes de passar a língua sobre meu mamilo duro. — Ah, foda-se. — Ele fez isso de novo antes de morder suavemente, depois me chupar. Ele derretia em meus braços cada vez que meus dedos fodiam nele. Eu estava tão duro, tão pronto para gozar, estava com medo de perdê-lo antes de estar dentro dele. — Monte-me, Lane. Sente-se no meu pau na sua cama. Quero que este quarto cheire apenas a nós todos os dias a partir de agora. Quero meu esperma e suor nos lençóis e apagar a memória de qualquer outra pessoa com você aqui. — Ninguém me teve aqui, Isaac, porque ninguém me teve em lugar nenhum. Me fodeu, sim, mas não me teve, porque sempre pertenci a você. Meu pau espasmou, minhas bolas apertando. — Sim, você me pertence. — Deslizei meus dedos livres, peguei o lubrificante e esfreguei um pouco sobre o meu eixo. Lane montou em mim, minha mão na base do meu pau, nós dois trabalhando juntos até que eu estava empurrando para dentro de todo aquele calor apertado. — Sim. Porra, Lane. Você se sente tão malditamente bem. Respiramos juntos enquanto ele se abaixava, me levando para dentro de si. Puxei-o para me beijar, escorregando um pouco antes de empurrar meus quadris para frente novamente. Fodi nele assim, língua entre seus lábios e pau enchendo sua bunda. Lane fez ruídos choramingando em minha boca, movendo-se contra mim, unhas cravadas em meu peito. Já estávamos suados, e eu adorei. Não havia nada como um homem suado de sexo contra mim, um Lane suado de sexo contra mim. Quando ele puxou um pouco, eu o soltei, e então ele estava controlando o show, subindo e descendo no meu eixo, montando em mim do jeito que prometeu. Ele revirou os quadris, meu pau empurrando para dentro dele, fazendo um lar exatamente onde pertencia. — Droga, você se sente tão bem, Lane. — Meu corpo inteiro estava em chamas por ele, cada centímetro de mim em sobrecarga de sensações, seus olhos nos meus, seu cabelo caindo enquanto ele se entregava a mim. Segurei seus quadris, ajudando a guiá-lo, pressionando com firmeza para deixar marcas. Meu pau estava pulsando com necessidade, bolas latejando, aquele formigamento familiar na base da minha espinha. Lane alcançou seu pênis, acariciando-o enquanto ele se levantava e abaixava. E quando seus olhos rolaram para trás, quando seu buraco se apertou ao redor do meu pau, eu era um caso perdido. A sala ficou embaçada, e minhas coxas ficaram tensas enquanto minhas bolas apertavam. Gozei dentro dele, impulso após impulso da minha liberação pintando seu interior do jeito que eu queria. Lane se fodeu em mim com mais força, levantou-se mais rápido também, antes de ficar tenso, sua bunda me apertando novamente, sua liberação jorrando no meu peito. Quando ele mergulhou os dedos nele e o pegou, eu abri minha boca, querendo, não precisando que ele me dissesse para onde estava indo. — Agora estou cobrindo sua pele e dentro de você também — Lane disse enquanto engolia seu esperma. Depois que comi tudo, puxei-o para baixo para pegar sua boca e, assim como suas pinturas, estávamos lindos. Lane Gostava de ter Isaac no meu apartamento. Não era melhor do que estar na casa dele, apenas diferente. Era bom vê-lo entre minhas coisas. Vê-lo balançar a cabeça, murmurando para si mesmo sobre como eu era bagunçado enquanto pintava e ele limpava. Quando eu disse a ele que ele não tinha que fazer isso, ele apenas veio me beijar antes de fazer isso de qualquer maneira. Por alguns dias aproveitamos a cidade juntos, noites no meu espaço, na minha cama. Ainda assim, o peso pairava ao nosso redor, o peso da verdade de que nossos pais estavam lutando para nos aceitar juntos. No dia em que eu ia encontrar Genevieve para mostrar a ela minhas pinturas pessoalmente, Isaac decidiu ficar e tentar fazer alguns trabalhos remotamente. Eu estava animado para ver minha velha amiga. Passamos muito tempo juntos e participamos de muitos dos mesmos eventos ao longo dos anos. Chamei um serviço de carro para me levar à galeria de Genevieve em Chelsea, onde nos encontraríamos. Se eu não tivesse minhas obras de arte comigo, teria ido de metrô. Genevieve, na verdade, morava no Upper East Side, onde seria a festa na noite seguinte. Ela costumava dar festas luxuosas para exibir peças nunca antes vistas de seus amigos para as pessoas enlouquecerem. As ruas e calçadas estavam movimentadas, todos com pressa para estar em algum lugar, e embora eu sentisse falta disso, não sabia se queria ou precisava disso na minha vida todos os dias. Eu gostava de estar em casa. Gostava de estar perto da minha família. Mas então, se mamãe e Timothy nunca apoiassem, talvez fosse melhor se Isaac e eu saíssemos. Poderíamos ter um novo começo. O motorista e eu conversamos casualmente no caminho para lá, e ele me deixou na frente da galeria, um prédio de tijolos vermelhos que não parecia muito do lado de fora, mas era absolutamente lindo quando você entrava. O lugar era todo branco, a cor vinha das vitrines ao redor do grande espaço, que ela dividiu em três cômodos. Gen estava lá esperando por mim. Ela era linda – alta e com pernas longas, com a pele mais suave da cor castanha, seu cabelo natural e penteado em um moicano no topo e trancinhas nas laterais. — Lane Ryan — ela disse com um grande sorriso. — Genevieve Barrows. Dei-lhe um abraço o melhor que pude com os dois pacotes em minhas mãos. — Venha para trás comigo. Você parece bem. Esse ar da Geórgia lhe fez bem. Está revigorado. — Obrigado. Tem sido incrível. Ela me levou ao seu escritório. Tinha dois sofás brancos dentro, uma mesa e alguns cavaletes de exibição. — Mal posso esperar para ver isso pessoalmente. — Ela pegou um de mim e começou a desembalar enquanto eu fazia o outro. Uma vez que os montamos, esperei enquanto Gen os estudava, os nervos cavando mais fundo em minha carne a cada segundo que passava. Gen era exigente, mas boa. As pessoas respeitavam a opinião dela. Quando ela falava, eles escutavam, e embora ela sempre tenha sido fã do meu trabalho, e tenha achado essas duas peças bonitas nas fotos que enviei, vê-las pessoalmente era diferente. Ela não era de bajular ninguém, e se as odiasse, se mudasse de ideia, ela me diria. — Estas são ainda mais emotivas do que o seu trabalho habitual. Seu talento brilha e os detalhes são impressionantes, Lane, mas não é isso que as torna tão especiais. Posso sentir a emoção nestas. Ela flui da tela direto para o meu peito. Olhe para a mão dele ali. — Ela apontou. — A maneira como está agarrando o outro homem. Está com medo de soltá-lo, com medo de perder o que ele quer tanto, mas se eu me afastar e olhar de um ângulo diferente, é quase como se sua mão não fosse sua, mas parte do outro homem. — Eu... — …não sabia o que dizer. Isso era um grande elogio vindo de qualquer um, mas ainda mais de Genevieve. Ela se virou, estendeu a mão e tocou meu peito, sua mão bem sobre meu coração. — Essas pinturas vêm daqui. Todo o seu trabalho vem, mas estas, são uma parte de você, Lane. Elas são vulneráveis, e você normalmente não pinta com esse nível de vulnerabilidade. Não, não, eu não pintava. — Elas são diferentes, sim. — Tem certeza de que está tudo bem em exibi-las amanhã? — Sim. Não quero mantê-las trancadas. O amor não deve ser escondido e, embora sejam pessoais para mim, minha esperança é que, quando outra pessoa as vir, também sejam pessoais para elas. Ela assentiu e deixou cair a mão. — Alguém domou Lane Ryan, não é? Você procurou bastante antes. Eu ri. — Era assim tão óbvio? — O quê? Que você estava procurando por um amor que não encontrava, ou que agora o tem? A resposta é sim para ambos. Ri novamente. Eu adorava Genevieve. — O nome dele é Isaac. Ele está na cidade comigo. Vou trazê-lo como meu acompanhante amanhã à noite. — Pensei que você estava com a família na Georgia? — Eu estava. — Respondi, e deixei assim. Se ela de alguma forma descobrisse que Isaac era meu meio-irmão, então ela descobriu. Eu lidaria com isso não importa o que acontecesse, porque assim como aquelas pinturas, eu me recusava a esconder meu amor por Isaac. — Mal posso esperar para conhecê-lo, meu amigo. Estou feliz por você. O amor fica bem em você. Sorri. — O amor é bom para mim também. Isaac Usávamos smokings pretos combinando com gravatas-borboleta. Genevieve, que eu ainda não conhecia, aparentemente amava Lane e mandou um carro nos buscar em seu apartamento. Seu cabelo estava solto, em cachos que se assentavam em seus ombros. Como sempre, alguns deles tinham vontade própria, mas ele colocou algum tipo de produto nele para que não fosse tão selvagem como às vezes era. Ele ficou em êxtase quando voltou para casa de sua galeria no dia anterior. Senti a energia saindo dele, aproveitei a plenitude da felicidade de Lane em meu peito, enquanto ele falava sem parar sobre o que Genevieve havia dito sobre suas pinturas. Ela queria planejar uma exposição quando a série estivesse completa. Ela achava que era seu melhor trabalho. Embora eu o tenha provocado por levar crédito parcial por isso, já que eu era sua musa, eu sabia que era tudo Lane. O prédio de Genevieve era lindo - tijolos pintados de branco com grandes pilares ao redor das escadas que levavam à entrada. O porteiro verificou nossos nomes em sua lista e subimos de elevador. Estávamos no corredor, indo para a porta dela, quando Lane estendeu a mão e entrelaçou seus dedos com os meus. — Você tem uma queda por mim, não é, Lane? — Apenas cansado de esperar que o mundo saiba que você é meu. Afinal, já se passaram quatorze anos. A faísca que ele acendeu em meu peito segurando minha mão acendeu um incêndio. — Sim. Tocamos a campainha e um homem abriu a porta para nós. Ele perguntou nossos nomes, e quando Lane disse a ele, nos deixou entrar. Genevieve claramente se saiu bem. O interior de seu lugar era ainda mais luxuoso que o exterior, com tetos abertos e vigas expostas, e sua decoração era toda em cores claras. Um homem se aproximou de nós. — Ei, Lane. Como você está? — Demetrius, oi. Estou bem. Este é meu parceiro, Isaac Pierce. — Ele se virou para mim. — Uma das minhas primeiras exposições em grande escala foi com Demetrius. Apertamos as mãos. — É ótimo conhecê-lo. — eu disse a ele. — Você também. — Ele voltou sua atenção para Lane. — Gen está delirando com suas novas peças. Foi a primeira coisa que ela me mostrou. Seu esquema de cores é lindo. Você vai expandi-lo? Os dois conversaram por alguns minutos, e então seguimos em frente. Mal demos alguns passos antes que ele fosse parado novamente. Cada vez, ele me apresentou como seu parceiro. Ninguém olhou duas vezes para nós. Ninguém questionou nada. Todos elogiaram o trabalho de Lane, as duas pinturas lá, bem como as coisas que ele havia feito no passado. Afastei-me e o observei brilhar. Eu sempre soube que Lane tinha feito um nome para si mesmo, era claro, mas era diferente vê-lo pessoalmente, sendo o homem em seu braço enquanto ele estava cercado por pessoas descaradamente admiradas por ele. Quando finalmente tivemos um momento para nós mesmos, eu me inclinei, os lábios perto da orelha de Lane. — Você sempre disse que as pessoas gravitam em torno de mim, mas do jeito que eu vejo, é você. Ele realmente corou. — Só aqui, nessas situações. No entanto, isso exige muito de mim. — Ainda aquele garoto que prefere ficar sozinho no sótão. — Não sozinho. Segurei seu rosto, sorri e o beijei. — Sinto muito interromper. — Ouvi assim que eu estava me afastando. Não havia dúvida de que era Genevieve. Ela era a mulher mais bonita que eu já tinha visto, com maçãs do rosto salientes, cílios escuros e um sorriso gentil. — Não, você não sente. — Lane brincou com ela. — Este deve ser Isaac. — Ela estendeu a mão para mim, e eu a peguei. — O que quer que você esteja fazendo com ele, continue assim. Se ele continuar criando trabalhos como esse, não há como pará-lo. — Não sou eu. É tudo ele. — Respondi. Um cavalheiro passou com uma bandeja, e peguei taças para nós três, dando a Genevieve a dela primeiro, depois Lane, e guardando uma para mim. — Pelo que Lane diz, ele tinha uma grande musa. Minhas sobrancelhas franziram, surpreso que ele falou isso a ela, mas depois disse: — Bem, não posso discutir com você. Nós três rimos. Fomos com ela para onde ela exibiu as pinturas de Lane. Havia um grupo de pessoas ao redor delas, todos conversando e dissecando seu trabalho. Quando perceberam que estava lá, voltaram sua atenção para ele. Lane claramente conhecia alguns deles, e outros não. Era um fluxo constante de pessoas, todas competindo por um pedaço dele. À medida que a noite avançava, pude ver que ele estava tendo mais dificuldade em lidar com isso. Lane estava sobrecarregado com as pessoas. — Quando estiver pronto, diga a palavra. — Empurrei seu cabelo atrás de sua orelha. — Em breve. — Ele respondeu antes de ser puxado para a conversa novamente. Genevieve ainda estava lá conversando. Demetrius se juntou a nós também, junto com alguns outros. Quando dois homens se aproximaram, pude sentir a mudança em Lane, ver a animação saltando dentro dele. — Você é Ezra. — Lane disse. — Lane é um fã. — Genevieve sorriu. Agora que ela disse isso, reconheci o nome como um dos pintores favoritos de Lane. O homem com ele era seu parceiro, ao que parecia. Ele tinha seu braço enganchado no de Ezra, mas estava olhando para a arte de Lane. — E você é Lane Ryan. É, hum... bom conhecê-lo. — Ezra parecia um pouco tímido e contido, mas então apontou para a tela de Lane. — Isto é incrível. Ezra e Lane, junto com o resto do grupo, voltaram a discutir as duas pinturas e conversar. Aparentemente, Ezra e seu parceiro, Dae, estavam fora da Califórnia para uma exposição, e Genevieve os convidou para a festa. Todo o comportamento de Lane havia mudado. Ele não estava mais pronto para ir para casa. Era óbvio o quanto ele respeitava Ezra e gostava de conversar sobre sua própria arte com ele. Durante uma pausa na conversa, olhei para cima para ver mais duas pessoas se aproximando. Os cabelos da minha nuca se eriçaram, porque era claro que a bola de gosma com cara de merda tinha que estar lá. — Lane... ei. — Jayden disse, e o olhar de Lane estalou para ele. O homem com ele tinha olhos escuros e seu cabelo estava preso para trás. — Olá, Jayden. Salvador. — Lane disse, sua voz não contendo a raiva que eu sentia percorrendo em minhas veias. Esse era o cara que Jayden tinha fodido quando estava com Lane? — Bom te ver de novo. — Salvador disse, então se virou para mim. — E você é o irmão de Lane, Isaac, certo? Meu corpo ficou rígido, uma raiva incandescente disparando através de mim. Pude ver o brilho no olhar de Salvador. Ele sabia exatamente o que estava fazendo. Todos ao nosso redor ficaram quietos, parecendo confusos. Lane tinha me chamado de seu parceiro, e agora Salvador estava me chamando de irmão de Lane. — Meio-irmão. — Jayden disse em uníssono com Lane. — Ele é meu parceiro. Isso é tudo que importa. Ninguém falou por um momento. Você podia sentir o desconforto de alguns, a confusão de outros. Foi Dae quem quebrou o silêncio tenso. — Vocês formam um belo casal. — Eles formam — concordou Genevieve. — Eu estava dizendo a Lane ontem como estou emocionada por ele. Ele está feliz e está criando algumas das melhores artes de sua carreira. Coloquei meu braço em volta da cintura de Lane, apertei-o em apoio. — Estou incrivelmente orgulhoso dele e de seu trabalho, e tenho muita sorte de tê-lo. Jayden desviou o olhar, sua mandíbula apertada. Algumas pessoas pediram licença, provavelmente sem saber o que pensavam da bomba que Salvador havia lançado, ou tentado. Mas não senti nenhuma vergonha de estar com Lane. Atingiu-me então, que eu tinha antes. Que, independentemente do quanto eu o amasse e quisesse estar com ele, a vergonha - não apenas a culpa - tinha sido parte do que sempre me impedia. E naquele segundo, apesar de todo o resto, simplesmente desapareceu. Não tínhamos espaço para isso em nossas vidas. — Você parece bem — Jayden disse a Lane. — As pinturas são incríveis. Estou feliz por você. Se me der licença. — Com raiva em seus olhos, ele deu um olhar de despedida para Salvador, então se afastou. — Já volto. — disse Lane. — Eu irei, se estiver tudo bem. — Porque por mais que eu não gostasse de Jayden, o olhar em seu rosto e seu olhar de despedida para Salvador sugeriam que ele não pretendia que isso acontecesse. Lane assentiu e fui atrás de Jayden. Eu não o alcancei até que ele estava no corredor, indo em direção ao elevador. Ele deve ter ouvido meus passos porque ele parou e disse: — Sinto muito, Lane. — Antes de se virar. — Oh. Totalmente não é quem eu esperava. — Sou cheio de surpresas. O que posso dizer? — Eu sabia que você o queria desde o primeiro momento em que te vi. — Eu o amei desde o início. — Ugh. Eu te odiei desde o início, mas é difícil quando você diz coisas assim. — Jayden suspirou. — Está claro o que ele significa para você, e uma vez que vi Lane com você, era óbvio que ele sentia isso também. Eu não queria que isso acontecesse... com Salvador. Eu já havia contado a Sal sobre o irmão idiota de Lane, Isaac. Quando te vi esta noite, ficou claro que estão juntos. Indiquei você, mas não esperava que Salvador fosse falar disso na frente de todas aquelas pessoas. Ou inferno, talvez eu sabia e estou mentindo para mim mesmo. De qualquer forma, uma vez que aconteceu, percebi o quão errado parecia. Jayden era... talvez não tão ruim quanto eu pensava. Ele nunca seria minha pessoa favorita, mas enquanto estávamos lá, pensei que talvez o entendesse um pouco mais do que antes. — O ciúme e o coração partido fazem essas coisas com as pessoas. Eu também não fui justo com você. — Você não foi tão ruim assim. — Sonhei em te esfaquear com uma faca de manteiga. — Ai. — O elevador apitou e duas pessoas saíram. Esperamos até que andassem pelo corredor e entrassem no lugar de Genevieve, e então Jayden disse: — Eu o amo... Lane, não Salvador. Mas... não somos certos um para o outro. Mesmo sem você não seríamos, mas eu o amo. Você provavelmente não acredita em mim por causa de como me comportei e por causa de Salvador. Não é desculpa, mas eu sabia que Lane não me amava... e foi por isso que quando Salvador estava lá... Dei de ombros. — Não importa o que acredito, mas sei que estar apaixonado não é fácil. As pessoas são falhas. Nem sempre fazem a coisa certa. Você pode ser um pouco pior do que a maioria, mas ainda é humano. É impossível fazer a coisa certa o tempo todo. Jayden riu. — Sabe, se não estivesse com Lane, talvez não fosse tão ruim assim. — Se você não estivesse com ele, talvez também não fosse. Ficamos quietos então, nenhum de nós sabendo o que dizer. — Diga a Lane que sinto muito e que estou realmente feliz por ele. — disse Jayden, e assenti. Ele foi para o elevador. Assisti quando ele desapareceu atrás das portas, e então voltei para o meu homem. Lane A notícia se espalhou naquela noite. Houve alguns sussurros baixos e olhares questionadores, mas não deixamos isso nos incomodar. Algumas pessoas sempre encontravam algo para julgar, ou achavam que qualquer experiência diferente da deles estava errada. Não havia nada que pudéssemos fazer sobre isso, então não nos permitimos tentar. Mantivemos nossas cabeças erguidas e gostávamos de estar juntos. Porque enquanto havia pessoas que assistiam, mas rapidamente se afastavam quando olhamos para elas, havia outras que não davam a mínima, que apoiavam. Sim, talvez nossa história não fosse normal, mas o que diabos era normal de qualquer maneira? Era apenas essa coisa em constante mudança, sem definição verdadeira, pela qual as pessoas se esforçavam. Não muito tempo depois que Jayden saiu, Salvador também, não tendo obtido a resposta que ele tentou. Ele nunca gostou de mim de verdade - ele fodeu Jayden sabendo que estávamos juntos - então talvez esse fosse o motivo, ou talvez não fosse. Eu não sabia e não me importava. — Eu disse a você que Jayden não era tão ruim quanto você pensava — disse a Isaac de volta ao meu apartamento depois que ele me contou o que Jayden havia dito. — Acho que você está certo de vez em quando — ele brincou. — Quero ir para casa... de volta para Atlanta. Acho que não quero ficar na cidade permanentemente. Pelo menos não agora. — Porque enquanto eu não me importava com o que as pessoas pensavam, eu me importava com nossos pais, e eu não estava pronto para desistir deles. Eles nos amavam. Eles aceitariam Isaac e eu como um casal. Eu tinha que acreditar nisso. — O que quiser, mas se mudar de ideia, diga a palavra. Não estou preso a um lugar, Lane. Apenas uma pessoa. Aninhei-me mais perto dele. — Quem? Não, espere, eu acho… — Você é um idiota. — Eu sei que você é, mas o que sou? — Eu disse brincando. Partimos para Atlanta dois dias depois. Semanas se passaram e me perdi na minha pintura. Eu tinha duas peças acontecendo, uma que Isaac viu e outra que ele não viu. Não tinha certeza exatamente por que eu estava pintando, ou por que eu não estava pronto para mostrar a ele. Simplesmente não parecia certo, ainda não, apesar de ter tomado conta dos meus pensamentos quase todos os segundos do dia. Ele trabalhou e reclamou do apartamento bagunçado, e eu trabalhei mais para melhorar. Aparentemente, meu hábito de estar nu o ajudou a ignorar minhas qualidades nada estelares, ele brincou. Falei com mamãe ao telefone algumas vezes. Não era como se nenhum deles fosse o tipo de pai que nunca mais falasse conosco, mas pela primeira vez na minha vida, ela não sabia como falar comigo sobre algo... e ela não queria. Era muito difícil para ela entender, então evitamos o assunto e só tivemos conversas rápidas e desconfortáveis. Como Timothy nunca tinha sido o melhor com palavras e falando sobre como se sentia, ele geralmente mandava seu amor através de mamãe ou mensagens de texto com Isaac. Fazia quase três semanas que estávamos em casa. Fiquei na frente da minha pintura acabada, o orgulho me enchendo até transbordar. Era tudo o que eu esperava que fosse, talvez um dos meus melhores trabalhos. Eu não sabia o que eu achava que iria conseguir, se alguma coisa, mas eu tinha feito isso, deixando meu coração em cada pincelada, e sabia exatamente o que fazer com isso. Isaac — O que você está fazendo neste fim de semana? — Steven perguntou. Era um sábado, e eu estava trabalhando metade do dia para cuidar de algumas coisas. Exceto por nós dois, o escritório estava vazio. — Não sei. Preciso falar com Lane. Ele mencionou uma caminhada. — Seu irmão? Eu estava esperando por um momento como este, e eu planejava ser sincero. Depois do que pareceu uma vida inteira de negação, algo tinha acabado de se resolver em mim quando contamos aos nossos pais. — Na verdade, ele é meu meio-irmão, mas agora ele é meu parceiro. — Eu não podia fingir que meu pulso não tentou fugir de mim. Mas enquanto eu ainda estava nervoso sobre como as pessoas reagiriam a Lane e eu estarmos juntos, isso não me seguraria nunca mais. — Uau. Isso é... meio sexy. — Steven respondeu, me fazendo revirar os olhos. — Oh meu Deus. — Bem, é. Não me diga que nunca assistiu pornografia de meio-irmão. — Não, realmente não. Isso era muito perto do que parecia um sonho impossível na maior parte da minha vida. — Só você poderia fazer minhas fantasias pornográficas se tornarem realidade. Nós rimos. — Talvez nós três possamos sair para jantar algum dia. — Gostaria disso. Estou feliz por você, Isaac. — Obrigado. — Fiquei feliz por mim também. Eu tinha acabado de arrumar minhas coisas para ir para casa, quando meu celular tocou. Olhei para onde estava na minha mesa para ver papai na tela. Meu estômago se contorceu em nós, a preocupação caindo no meu peito. Eu nunca estive tão preocupado em minha vida, mas muitas coisas pareciam ter mudado em mim ultimamente. — Oi, pai. Está tudo bem? — Sim, eu, hum... queria saber se você poderia me encontrar... estou com a mamãe... O pavor em mim cresceu. Tentei engolir o nó crescente na minha garganta, mas não consegui. A maneira como ele disse mamãe, eu sabia que ele não queria dizer Helena. — Agora mesmo? — Se estiver tudo bem. Se não, eu gostaria de ir vê-lo. Eu só... Nós não a visitamos há muito tempo. Não, não, não tínhamos visitado. Nos primeiros dias após seu enterro, papai passou o dia todo no cemitério, mas depois disso, a única vez que ele ia era no aniversário de sua morte. Isso parou alguns anos atrás, no entanto. — Sim, claro. Levarei cerca de uma hora, mas estarei aí. — Obrigado. Agradeço. Não liguei para Lane. Não queria preocupá-lo até saber o que papai queria. Ele estava com Kylie hoje. Ele contou a ela sobre nós, e os dois continuaram amigos. Uma âncora segurou meu estômago durante toda a viagem. Apesar de não ter ido há anos, sabia de cor o caminho pelo cemitério. Eu vi meu pai à frente, sentado no chão em frente à lápide da minha mãe. Estava de costas para mim, mas eu poderia dizer que ele estava falando com ela. Tropecei um pouco, mas me forcei a continuar. Papai se virou e olhou para mim. O sol brilhou em seus cabelos grisalhos. — Ainda sinto falta dela — papai disse, olhando para a lápide. Suspirei e me sentei ao lado dele. — Ainda sinto falta dela também. — Às vezes é difícil aceitar isso. Amo Helena com todo meu coração, mas sempre amarei Leslie também. Eu... eu tenho pensado muito sobre isso ultimamente, quanta capacidade nós temos para o amor. Quanto nossos corações podem segurar, tantas pessoas que podemos amar de tantas maneiras diferentes. Como posso estar apaixonado por Helena, mas uma parte do meu coração sempre pertencerá a Leslie. O jeito que nunca pensei que seria capaz de me sentir assim de novo por alguém até conhecê-la. Como o amor pode crescer e mudar. É realmente incrível, não é? — Ele ainda estava olhando para a lápide da minha mãe e não para mim. — Sim, pai, é. Ele ficou quieto por um momento, então perguntou: — Eu não estava sempre presente para você, estava? Meu peito apertou. — O quê? Não. Você é um ótimo pai. Eu sempre soube que você me ama. — Talvez você saiba, mas eu não estava sempre presente para você. Tudo bem. Pode me dizer. Quando sua mãe faleceu, eu me perdi. E enquanto isso é bom em alguns aspectos, não é em outros, porque eu era o adulto. Eu era seu pai e fiquei tão enterrado em minha própria dor que deixei você se afogar na sua, não foi? — Ele olhou para mim então, lágrimas transbordando em seus olhos, que imploravam pela verdade. — Sim. Mas entendia. — Você era uma criança. Não deveria ter feito isso. — Você a amava. — Eu também te amava, e eu deveria ter sido melhor em demonstrar isso. Não deveria ter deixado você se sentir sozinho... e deixei, não é? Até Lane. Foi a minha vez de olhar para baixo. Torci minhas mãos juntas no meu colo. — Sim. — Você sempre foi diferente com ele. — Eu estava sempre em casa com ele — respondi honestamente. — Ele sabe quando me pressionar e quando não – e ele faz isso. Ele não me deixa escapar de nada. Não espera que eu sempre tenha controle, que seja perfeito. Ele costumava me perguntar sobre ela... falar comigo sobre ela quando eu sentia tanta falta dela que mal conseguia respirar. — E eu não fiz isso. Sinto muito por isso, filho. — Eu sei. — E eu sabia. A vida não era fácil, não para nenhum de nós. Todos nós erramos, todos machucamos as pessoas que amávamos e todos éramos um pouco egoístas às vezes. Afinal, éramos apenas humanos. — É engraçado… ultimamente tenho pensado muito sobre o amor e o coração, e então recebi uma entrega, e era a pintura de Lane. Meu olhar estalou para ele. — A pintura de Lane? — Ele não mostrou a você? Meu coração batia acelerado contra meu peito. — Não. Papai pegou seu telefone, encontrou o que estava procurando e o entregou. Era uma foto que ele havia tirado da pintura de Lane. Tive que dar zoom para ver os detalhes. Ficou claro que era de mim. Ele me pintou para que pudesse me ver costurado em minhas junções. Podia ver dentro de mim, e tudo o que havia era um grande coração, grande demais para o meu corpo. Estava tentando sair do meu peito, esticando a costura que me mantinha unido. Havia diferentes versões de mim na mesma tela, progredindo para que em cada uma eu fosse um pouco mais preenchido, mas meu coração ainda estava lá, ainda grande demais para caber dentro de mim, tentando me abrir. Um após o outro após o outro... até o último, onde eu estava inteiro. Carne e sangue e osso. Meu coração foi cortado ao meio, meu fio apertado em vez de esticado, e lá estava Lane, com a mão estendida para mim, a outra metade do meu coração em seu peito. Meus olhos embaçaram até que eu não consegui ver nada além da água nadando em meu olhar. Era a coisa mais linda que eu já tinha visto. Maldito Lane. Como eu tive tanta sorte de merecê-lo? — Não há nada mais forte do que um coração. Tem o poder de nos quebrar, mas também de nos edificar. Lane está certo, sabe? Você sempre teve um coração muito grande, Isaac. Maior do que você precisava, grande o suficiente para ser compartilhado com outras pessoas. Como eu disse, eu estava pensando sobre nossa capacidade de amar e como nunca pensei que amaria de novo, ou que eu nunca amaria ninguém além de Leslie, até que Helena mudou isso, e eu acho... acho que Lane fez isso por você. Acho que você sempre soube melhor do que eu, mas ele tornou possível para você compartilhar seu coração porque você sabia que podia confiar nele. E podemos amar as pessoas de muitas maneiras. Enquanto ele sempre foi uma coisa para mim, ele sempre foi algo diferente para você. O mesmo vale para você e Helena... e você era algo diferente para Lane. — Depois que peguei essa pintura, liguei para sua avó primeiro. Ela me disse que eu era um tolo, e que estava claro como o dia que você estava apaixonado por Lane há anos. Ela está certa em ambas as coisas. Eu sorri. Porra, ela era ótima. — Então conversei com Helena antes de vir aqui para falar com sua mãe, que eu também sei que pensaria que estou sendo um tolo. Eu amo Lane. Ele é meu filho... e a melhor pessoa do mundo em quem posso confiar para amar e cuidar da pessoa mais importante da minha vida do jeito que você merece. Não sei por que não pudemos ver isso desde o início. Nós os criamos para serem bons homens, para cuidarem um do outro. Não podemos ficar bravos com vocês por se transformarem exatamente em quem queríamos que vocês fossem. Puxei meu pai para um abraço. Nós nos seguramos firmes, choramos juntos, então nos sentamos lá e conversamos com mamãe e compartilhamos algumas risadas juntos. Um pouco depois, papai se levantou e disse: — Por que não vem até em casa? — Lane… — Venha para casa, filho. Balancei a cabeça, levantei-me. Lane estava lá com Helena quando entramos. Eu poderia dizer que choraram e falaram sozinhos. Foi Helena quem me procurou primeiro. — Eu sempre disse que tudo que eu queria era que vocês dois fossem felizes. Posso ter esquecido isso por um tempo, e pode levar algum tempo para me acostumar, tentando mudar minha maneira de pensar, mas... você e Lane... vocês fazem sentido. Ninguém jamais fez Lane mais feliz do que você, e ninguém nunca o amou como você também. Isso é tudo que uma mãe pode pedir. Eu te amo filho. Puxei Helena para um abraço. — Também te amo, mãe. Ela explodiu em lágrimas com isso. Olhei por cima de sua cabeça para seu filho, o homem que amei a maior parte da minha vida, e sorri. Ficamos para jantar, depois decidimos passar a noite. Nós quatro jogamos jogos de tabuleiro juntos até mamãe e papai irem para a cama. Lane e eu subimos para o sótão, nem discutindo para onde estávamos indo. Seria sempre o nosso lugar. — Deixe-me desenhá-lo. — Lane perguntou. — Sempre. Lane Dois anos depois — Quem roubou um dos meus biscoitos? — Mamãe perguntou, braços cruzados, olhando para todos na sala. Toda a nossa família estava na cidade. A última vez que estivemos juntos assim foi no verão que Isaac e eu admitimos que estávamos apaixonados um pelo outro. Tinha sido um interessante dois anos desde então. Vovó Marcie já sabia. Inferno, ela sabia antes de Isaac e eu contarmos a alguém. E ela foi nossa maior apoiadora desde o início. Ela também gostava de nos provocar por causa das camas barulhentas. Claramente, não tínhamos sido tão sorrateiros quanto pensávamos naquela noite, dois anos atrás. Nossas primas não se importavam. Elas ficaram surpresas, mas não tinha sido grande coisa com elas, nem com seus filhos. As tias, tios e Nana tinham sido mais difíceis de entender. Foi mais difícil para eles conseguirem fazer a transição de Isaac e eu como irmãos, para Isaac e eu como parceiros. Mas tinham porque éramos uma família e eles nos amavam. A família deveria aceitá-lo por quem você era e, em última análise, foi isso que a nossa fez. Não era perfeito, era claro. Houve momentos no início em que as pessoas esqueceriam. Ouvíamos coisas como: Como está seu irmão? Ou, você pode pegar seu irmão para mim? Era estranho, mas compreensível. Essas situações não aconteciam mais. Não com as pessoas mais próximas a nós. Certa vez, quando estávamos visitando nossos pais, encontramos Johnny, um dos amigos de Isaac do ensino médio. Ele ficou escandalizado por estarmos juntos. Ele tentou escondê-lo, mas não foi capaz de fazê-lo tão bem, então inventamos nossas desculpas para interromper a reunião. Um de seus outros amigos ligou algumas semanas depois para dizer que estava feliz por Isaac. Ele descobriu porque Johnny estava tagarelando para qualquer um que quisesse ouvir sobre a aberração que Isaac tinha se tornado. Eu me sentia mal por Isaac, mas ele não se importou. Não precisávamos dessas pessoas em nossas vidas. — Não fui eu — Isaac disse ao meu lado, me puxando de volta para a discussão atual sobre os biscoitos de chocolate da mamãe. — Mas também não estou dizendo que o culpado não está sentado ao meu lado. Virei minha cabeça em direção a ele. — Seu traidor! Eu não posso acreditar que acabou de fazer isso. Não foi só eu. Taylor pegou um também! — Delatei minha prima, que se engasgou. — Por que você está me arrastando para baixo com você? Não quero me envolver em suas estranhas manias e de Isaac. — Taylor! — Tia Ophelia gritou. — Estou brincando, mãe. Isaac abriu a boca. Não havia um osso no meu corpo que não soubesse que ele teria algum tipo de comentário inapropriado que me envergonharia. Levantei uma sobrancelha, dando-lhe um olhar de nem-pense-sobre-isso, o que o fez rir, antes de me inclinar para me beijar. — Você não é divertido — ele disse suavemente. — Eu sou toda a diversão — respondi. Virei-me para mamãe. — Além disso, Isaac derramou vinho no tapete no andar de cima. — Seu traidor! — Ele rosnou brincalhão. — Isaac! — Mamãe exclamou. — Eu tirei a maior parte! E não dê ouvidos a ele. Na verdade, foi tudo culpa dele. Nós... — Ele deixou as palavras sumirem. Sim, ele pode estar disposto a fazer uma piada boba que me envergonharia, mas ele não seria sincero sobre o que estávamos fazendo para fazer o vinho derramar. — Quando éramos adolescentes — Isaac começou. — Pare aí mesmo. — Ele não iria. Como se estivesse lendo minha mente, Isaac cruzou os braços, me dando um meio sorriso desafiador. — Oh, isso eu tenho que ouvir — vovó disse. — Não pode ser tão ruim se foi meu Lane. — Acrescentou Nana. Eu sabia exatamente o que Isaac estava insinuando. Era a história que ele brincou sobre contar naquela noite quando Jayden esteve aqui anos atrás. E por falar em Jayden, ele e eu estávamos nos dado bem, conversando de vez em quando. Ele estava namorando um novo homem, e pareciam estar indo bem. Ele não teve nada a ver com Salvador depois daquela noite na festa. — Você sabe que tenho minhas maneiras de me vingar de você. — Avisei meu parceiro. Sem sexo por um mês, tentei dizer a ele com meus olhos, o que obviamente era uma mentira. Eu queria Isaac o tempo todo, mas estava disposto a fingir a ameaça. — O que quer que você esteja planejando, não acho que poderia lidar com isso. — respondeu Isaac, porque era claro que ele leu nas entrelinhas e sabia que era mentira. — O que aconteceu todos esses anos atrás? Sinto que isso é algo que preciso saber. — Minha mãe disse. Não, realmente não era. Eu não estava prestes a dizer a ela, e eu não acho que Isaac também. Então papai disse – e era bom chamá-lo assim de novo porque ele era meu pai tanto quanto Isaac era o homem que eu amava. — Se este é o momento em que Lane decidiu que ele faria algo selvagem pela primeira vez na vida dele, pegou o carro antes de tirar a carteira de motorista, e ficou com aquele amassado no para-choque, você também está se dedurando, Isaac. Acredito que foi você quem tentou esconder de nós, pagou pelo outro carro e levou nosso veículo para consertá-lo, enquanto pensava que eu não tinha ideia do que estava acontecendo. Ambas as nossas bocas caíram abertas. Essa era exatamente a história. Isaac tinha conseguido sua licença antes de mim. Eu não estava tão interessado, mas então ele estava fora o tempo todo com seus amigos, e eu estava me sentindo rebelde e ansioso sem ele. Eu tinha dado a volta no quarteirão antes de ficar com medo, encostado, então continuei e bati em outro carro. Foi para Isaac que liguei. O vizinho concordou em nos deixar compensar os danos naquele verão sem contar aos nossos pais. Isaac pediu o carro emprestado no dia seguinte e ficou parado na oficina, esperando que fosse consertado, usando o dinheiro que ganhara em seu emprego de meio período. Mas esse tinha sido o nosso segredo. Papai sabia, e ele não disse nada? — Como…? — Perguntou Isaac. — Em algumas coisas, vocês meninos não são tão sorrateiros quanto pensam que são. — Papai respondeu. — Não posso acreditar que não me contou, Timothy! — Mamãe o golpeou de brincadeira. Ops. Parecia que ele havia denunciado a si mesmo também. Todos na casa riram. — Eu simplesmente não sei mais em quem posso confiar — ela brincou. — Eu te amo mãe. — Isaac apertou a mão dela. — Eu queria te contar desde o começo. — Ele sempre a chamava de mãe agora também, e isso significava muito para os dois. Ficava claro cada vez que Isaac dizia isso. — Puxa-saco — eu disse a ele. Jantamos, e então mamãe distribuiu os biscoitos. Houve risos e jogos, conversas e mais provocações mútuas. Foi perfeito. Eu amava tanto a nossa família. Eu não conseguia imaginar nossas vidas sem isso – as pessoas que significavam tanto para nós, aqueles ali na sala conosco, e nossos amigos, como Hutch e Ryder. Hoje era o último dia de reunião da família, e amanhã nossos parentes estariam indo para casa, então, pouco antes de todos estarem prestes a se acomodar para a noite, eu disse: — Tenho uma pintura que quero mostrar a vocês. Isaac franziu a testa, mas esperou com todos os outros enquanto eu ia pegá-la de onde eu a havia escondido no armário. Carreguei a tela para baixo, o pano branco por cima para que ninguém visse. — Você pode pegar aquele cavalete perto da porta para mim? — Perguntei ao Isaac, que foi buscá-lo. Ele o colocou ao meu lado, e coloquei a pintura sobre ele. Balancei a cabeça em direção a ele, e ele ficou com um olhar curioso em seu rosto, mas tirou o pano. Mamãe começou a chorar no segundo em que me viu na tela, de joelhos, Isaac parado na minha frente. Abaixei-me no chão, na mesma posição que eu tinha pintado. — Lane? — Isaac se virou para mim, surpresa evidente em seus olhos quando ele não me viu até que baixou o olhar. Estendi o anel para ele, minha mão ridiculamente trêmula, mesmo sabendo qual seria sua resposta. — Sempre foi você para mim, Isaac. Tenho orgulho de ser seu melhor amigo, seu parceiro de vida, e nada me deixaria mais feliz do que chamá-lo de meu marido. Quer se casar comigo? Isaac agarrou meu pulso e me puxou para levantar-se. — Sim, seu idiota. Claro que quero. Todos aplaudiram e felicitaram, mamãe e nossas avós choraram, e eu soube disso desde aquele momento, anos atrás, quando olhei para ele pela janela, depois que nossos pais fizeram seus votos, que cada segundo, cada passo que demos em nossas vidas, foi projetado para nos levar exatamente onde estávamos. Juntos. Escrever um livro é muito solitário, mas também é preciso uma aldeia para ajudar a preparar uma história para o lançamento. Em primeiro lugar, tenho de agradecer à minha família. Embora eu tenha sorte de trabalhar em casa, isso também significa que meu computador está sempre ali. Meus livros são importantes para mim. Cada palavra vem do meu coração e minha necessidade de contar uma variedade de histórias diferentes sobre diferentes tipos de personagens e de muitas maneiras diferentes. Na maioria das vezes, eu trabalho o dia todo. Tenho sorte de ter uma família tão solidária ao meu lado, que não só se preocupa muito comigo, mas também me avisa quando é hora de fazer uma pausa. Gostaria de agradecer aos meus leitores beta neste romance: Mia, Jenn e Saxon. Obrigado por ler meu primeiro rascunho confuso e não me julgar por isso. LOL. Minha editora, Keren... Me desculpe, eu sou um desastre! Obrigada por me ajudar a fazer meus livros brilharem. Charity, Judy e Dianne - obrigada por suas fantásticas habilidades de prova. Um segundo obrigada a Charity por ser uma Assistente Pessoal incrível. Aos meus leitores. Obrigada. Eu sei que escrevo muita coisa. Eu sei que posso ir de uma história leve para uma comovente, mas acredito muito em sempre seguir sua musa. Se você leu um dos meus livros ou todos eles, obrigada pelo apoio e por me dar uma chance. Riley Riley Hart sempre foi conhecida como a garota que usa seu coração na manga. Ganhou seu primeiro concurso de escrita na escola primária e, embora se concentre principalmente no romance M/M, sob seus vários pseudônimos, ela escreveu um pouco de tudo. Independentemente do subgênero, sempre há um tema em comum e esse é... o romance! Nenhuma surpresa, visto que ela mesma é uma romântica incorrigível. Riley é uma amante de enredos baseados em personagens falhos e sempre tenta escrever histórias e personagens com os quais as pessoas possam se relacionar. Acredita que todos merecem se ver nos livros que leem. Quando não está escrevendo, você a encontrará lendo ou aproveitando o tempo com sua família incrível em sua casa na Carolina do Norte. Riley Hart é representada por Jane Dystel na Dystel, Goderich & Bourret Literary Management. Ela é finalista do Lambda Literary Award de 2019 por Of Sunlight e Stardust. Sob seu pseudônimo, seu romance para jovens adultos, The History of Us é uma leitura recomendada da ALA Rainbow Booklist e Turn the World Upside Down é um vencedor do Prêmio de Livros do Presidente dos Autores e Editores da Flórida.