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Rodrigo Lima Dissertação FINAL

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E GESTÃO DA INOVAÇÃO
RODRIGO OLIVEIRA LIMA
METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS GERADOS EM
INOVAÇÕES
SANTO ANDRÉ - SP
2018
Rodrigo Oliveira Lima
Metodologia para avaliação dos impactos gerados em inovações.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Engenharia e Gestão da Inovação, Universidade Federal do
ABC, como requisito à obtenção do título de Mestre em
Engenharia e Gestão da Inovação.
Orientador: Prof. Dr. Romulo Gonçalves Lins
Coorientador: Prof. Dr. Alexandre Acácio de Andrade
Santo André - SP
2018
Este exemplar foi revisado e alterado em relação à versão original, de
acordo com as observações levantadas pela banca no dia da defesa, sob
responsabilidade única do autor e com a anuência de seu orientador.
Santo André, _____de____________________ de 20___
Assinatura do autor: ______________________________
Assinatura do orientador: __________________________
Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão da Inovação
Folha de Assinaturas
Assinatura dos membros da Banca Examinadora que avaliou e aprovou a Defesa de
Mestrado em Engenharia e Gestão da Inovação do candidato Rodrigo Oliveira Lima,
realizada em 13 de Dezembro de 2018
Prof. Dr. Romulo Gonçalves Lins
Prof. Dr. Alexandre Acácio de Andrade
Prof. Dr. Edison Russo
Prof. Dr. Ricardo Gaspar
Prof. Dr. Júlio Francisco Blumetti Facó
Prof. Dr. Sidnei Nicoli
Universidade Federal do ABC – Av. dos Estados, nº 5001 – CEP 09210-580 – Santo André – SP.
Tel.: 0 55 11 – 4996-0086 – website: www.ufabc.edu.br
AGRADECIMENTOS
Agradeço meu orientador, Professor Doutor Romulo Gonçalves Lins, por toda a
paciência, empenho e sentido prático com que sempre me orientou neste trabalho e meu
Coorientador Professor Doutor Alexandre Acácio de Andrade pelos conselhos e orientações
durante o desenvolvimento do trabalho e do curso de mestrado. Muito obrigado por me
corrigirem e me guiarem no caminho correto sem nunca me desmotivar.
Desejo igualmente agradecer a todos os meus colegas do Mestrado em Engenharia e
Gestão da Inovação, especialmente ao Renato Nabuco e a Bianca Martins, cujo apoio e amizade
estiveram presentes em todos os momentos além das aulas.
Aos amigos que ganhei em minha carreira profissional, agradeço todo apoio, incentivo
e amizade nos momentos complexos do meu dia a dia. Em especial, agradeço os amigos Renan
Peres e Leonardo Souza que sempre me desafiaram com seus argumentos em todos meus
questionamentos e decisões.
Aos meus amigos da vida, pelo convívio e amizade nestes anos. E em especial ao meu
mentor Luis Araújo, que sempre me motivou a dar o melhor e a não perder a resiliência diante
aos desafios da vida.
À UFABC, pelo auxílio e pelo ambiente acadêmico.
Por último e mais especial, agradeço à toda a minha família, aos meus pais Elizabete
Paulino de Oliveira e Wilson Roberto Fusetti Lima, pelo permanente incentivo e apoio em toda
a minha formação, tornando possível este mestrado.
“It’s not how great you start — it’s how great you end up.”
Guy Kawasaki
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo identificar e caracterizar os fatores envolvidos e os
impactos, sejam eles econômicos, sociais, culturais, tecnológicos ou ambientais, no processo
de transferência de tecnologia na indústria, por meio de um método estatístico que compara
esses impactos já mapeados, resultando então em suas consequências. Desta forma, trazendo
mais efetividade nas transferências e transparência para os envolvidos no processo. A
identificação, validação e atenção nesses impactos e em suas consequências são pontos críticos
para um processo eficiente de transferência tecnológica baseado no desenvolvimento do plano
de ação estratégico conceitual e prático de tecnologia percebida e impactada nos parâmetros
sociais, econômicos, culturais, ambientais e tecnológicos quando transferidas. A transferência
de tecnologia tem sido uma prática comum na maioria dos países em desenvolvimento e em
transição econômica por não possuírem centros de pesquisa e indústrias para desenvolvimento
da tecnologia necessária. Ao transferir uma tecnologia, há muitos fatores a serem considerados
e a maioria das falhas na transferência tecnológica ocorrem devido à não consideração desses
fatores. Os resultados deste estudo são as avaliações dos impactos entre as áreas sugeridas e a
criação de um modelo para tomadas de decisões que serve de guia no processo de
implementação da tecnologia. Em conclusão, as transferências tecnológicas com foco
econômico geram impactos sociais, culturais e ambientais após a aplicação do método.
Também, tecnologias transferidas com objetivos inovadores não necessariamente contribuem
para o crescimento econômico, pelo contrário, pode gerar impactos economicamente negativos.
Finalmente, os produtos com foco tecnológico sempre geram impactos ambientais após sua
transferência.
Palavras-chave: Transferência de tecnologia, impactos da inovação, nacionalização,
metodologia para avaliação de impactos.
ABSTRACT
The present work aims to identify and characterize the factors and the impacts involved in a
technology transfer regarding the economical, social, cultural, technological, and
environmental fields in the process of technology transfer in the industry, through a statistical
method that compares the consequences already mapped, resulting in its consequences. In this
way, bringing more effectiveness in the transfers and transparency to those involved in the
process. The identification, validation and attention to these impacts and their consequences are
critical points for an efficient process of technology transfer based on the development of the
conceptual and practical strategic action plan of technology perceived and impacted in the
social, economical, cultural, environmental and technological parameters when transferred.
Technology transfer has been a common practice in most developing countries because of their
lack of research centers and industries that focus on developing the necessary technology.
During a technology transfer, there are factors to consider and most of the failures in the
technology transfer process occur due to the lack of evaluation in considering them. The results
of this study are the evaluations of the impacts among the suggested areas and the creation of a
model that guides the process of technology implementation and serves as decision map. In
conclusion, technological transfers with economic focus generate social, cultural and
environmental impacts after the application of the method. In addition, technologies transferred
with innovative objectives do not necessarily contribute to economic growth; on the contrary,
they can generate economically negative impacts. Finally, products with a technological focus
generate environmental impacts after their transfer.
Keywords: Transfer of technology, impacts of innovation, nationalization, methodology for
impact assessment.
Lista de figuras
Figura 1 – Modelo proposto para transferência de tecnologia ................................................. 23
Figura 2 – Modelo hierárquico baseado em AHP para avaliar os impactos da transferência de
tecnologia. ................................................................................................................................ 32
Figura 3 - Modelo de Transferência de Tecnologia ................................................................. 47
Figura 4 - Comparação das distribuições normal e t. ............................................................... 55
Figura 5 – Metodologia para avaliação dos impactos gerados em inovações .......................... 64
Lista de tabelas
Tabela 1 - fatores para avaliação de uma tecnologia. ............................................................... 30
Tabela 2 – Resultados da pesquisa utilizando o método Delphi .............................................. 57
Tabela 3 – Resultados do Student t-test em todas as áreas avaliadas no estudo....................... 58
Lista de abreviaturas
AHP - Analytical hierarchy process
AT - Avaliação da tecnologia
HTML - Hypertext markup language
AN - Avaliação da necessidade
PI - Propriedade intelectual
TIT - Transferência internacional de tecnologia
TT – Transferência de tecnologia
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 14
2.
OBJETIVO ..................................................................................................................... 18
3.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................. 19
3.1 Transferência de Tecnologia ............................................................................................ 19
3.2 Avaliação dos Impactos da Transferência ........................................................................ 24
3.3 Modelos para Avaliação dos impactos na implementação da tecnologia ........................ 30
3.4 Questionário ..................................................................................................................... 39
3.5 Revisão da literatura ......................................................................................................... 40
3.6 Especificação dos objetivos da pesquisa .......................................................................... 40
3.7 Conceituação e operacionalização .................................................................................... 41
3.8 Conceitos de exploração: grupos focais e entrevistas aprofundadas ................................ 41
3.9 Definição de uma lista de variáveis .................................................................................. 42
3.10 Decisão sobre o modo de coleta de dados ........................................................................ 43
3.11 Escrevendo e sequenciando as perguntas ......................................................................... 44
3.12 Desenho do questionário eletrônico ................................................................................. 45
4.
MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................... 46
5.
METODOLOGIA E COLETA DE DADOS ............................................................... 51
5.1 A Consistência do Questionário ....................................................................................... 52
5.2 Método Student t-test ....................................................................................................... 53
5.3 Porque o método Student t-test é importante .................................................................... 54
5.4 Quais resultados estamos buscando com o Student t-test ................................................. 54
5.5 Quando utilizar o Student t-test ........................................................................................ 55
6.
ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................................ 56
6.1 Setor Eletroeletrônico ....................................................................................................... 56
6.2 Resultados......................................................................................................................... 57
6.3 Impactos ........................................................................................................................... 58
7.
CONCLUSÕES............................................................................................................... 63
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 65
APÊNDICE 1 – PASO A PASSO DO MODELO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTOS DE
INOVAÇÕES .......................................................................................................................... 73
APÊNDICE 2 – QUESTIONÁRIO ....................................................................................... 74
APÊNDICE 3 – GRÁFICOS E RESULTADOS ................................................................. 80
14
1.
INTRODUÇÃO
O avanço tecnológico das indústrias em seus centros de pesquisas e desenvolvimento
tem sido destaque para o desenvolvimento da indústria do futuro. Devido ao grande número de
tecnologias em criação faz-se necessário que empresas multinacionais desenvolvam processos
de transferência, produto, conhecimento, processos e tecnologia em busca transferência da
inovação e ganho no aumento da competitividade. Com isso, a transferência de tecnologia nas
indústrias em desenvolvimento se torna uma ferramenta eficaz para que empresas ou países
adquiram as tecnologias necessárias para o seu desenvolvimento (BRAGA JR, ANTUNES,
2009). Muitas vezes, afirma-se que a transferência de tecnologia, principalmente para países
em desenvolvimento, geralmente não tem êxito. Entretanto, a escassez de transferência de
tecnologia tem uma razão econômica clara, como por exemplo, no caso de falta de transferência
de medicamentos para HIV/AIDS para a África (ROTHENBERG, 2006). No entanto,
frequentemente ocorre uma falha após a transferência da tecnologia ter ocorrido como na
transferência de ferramentas de gerenciamento, como o Enterprise Resource Planning ou o
conceito Kaizen japonês (RECHT, WILDEROM, 1998).
Na transferência de tecnologia para países em desenvolvimento, o fracasso é muitas
vezes trágico, pois os recursos financeiros desses países são muito escassos e a deficiência da
localização tecnológica impede que as necessidades básicas sejam cumpridas. Além disso, as
falhas às vezes criam a ideia de um destino inevitável de que nada no local de destino funciona.
As principais razões para o fracasso da transferência de tecnologia são a falta de avaliação das
necessidades da tecnologia e de seus impactos.
Ao tomar a decisão de transferir uma tecnologia de um país desenvolvido para um país
em desenvolvimento, muito mais deve ser considerado que apenas os custos e benefícios que
surgem ao comprar e receber o produto. Além das características tecnológicas "difíceis", devem
ser considerados muitos fatores que incluem o sistema no qual a tecnologia se destina a
funcionar, habilidades para lidar com o equipamento, peças sobressalentes da tecnologia, além
do conhecimento de manutenção, organização, gestão e procedimentos (IETC, 2003). A
introdução, tradução, e a transferência do conhecimento técnico, utilizado no desenvolvimento
de novos produtos ou processos entre organizações, pode estar incorporado em equipamentos
de produção ou em produtos manufaturados (AUBURN ASSOCIATES, 1995).
A Transferência de Tecnologia (TT) vem emergindo recentemente como um tópico de
pesquisa recente e relevante entre as empresas, indústrias, empresas não-governamentais,
governos e os órgãos acadêmicos. O desenvolvimento, comércio e aplicação dessa tecnologia
15
localmente traz novas maneiras de exploração de ativos tecnológicos resultando em aumento
de lucratividade e crescimento global multidimensional devido a exploração dos ativos.
Considerado um processo clássico. Como exemplo, pode-se citar a classificação dos estágios
evolutivos da humanidade como reflexo da natureza da tecnologia. Os sítios arqueológicos
podem indicar a transferência da tecnologia nova ou já estabelecida (LOWE, 1995). Essa
transferência é o meio através do qual um conjunto de conhecimentos, habilidades e
procedimentos aplicáveis a problemas produtivos são transferidos economicamente ou não
entre organizações, ampliando assim as capacidades de inovação receptora (BARBOSA, 2009).
A TT tem sido reconhecida como uma abordagem de grande utilidade para obter
vantagem competitiva em relação a outras organizações em suas cadeias de abastecimento. A
mesma vem sendo uma área de pesquisa recente e relevante nos países em desenvolvimento.
No Brasil, a Lei de Inovação (Lei n° 10.973/2004) veio para incentivar e facilitar o processo de
inovação no qual diferentes estratégias de interação são utilizadas com o objetivo de dinamizar
arranjos produtivos, mercadológicos e institucionais, por meio do uso de soluções tecnológicas
efetivados através dos contratos de transferência de tecnologia. De acordo com Ramsey (1995),
a transferência de tecnologia é um processo formal e legal focado no usuário final com o
objetivo da comercialização tecnológica. O objetivo desta comercialização é gerar um impacto
econômico.
A transferência tecnológica pode ser utilizada como uma ferramenta, na tentativa de
duas organizações buscarem um objetivo comum, gerando como resultado a plena satisfação
das partes. Dentro da literatura atualmente estudada entende-se também que o principal
problema deste processo é a falta de infraestrutura física, humana e socioeconômica das
empresas que não garantem a exploração sustentável do processo. No entanto, também nesses
mesmos mercados competitivos e em constante evolução, a transferência é parte efetiva das
estratégias tecnológicas e corporativas das empresas.
Em outras palavras, a transferência de tecnologia ocorre através do compartilhamento
de uma invenção ou inovação. Partindo de uma agência governamental e uma organização
privada, entre organizações privadas ou entre organizações governamentais. As organizações
governamentais podem ser instituições de pesquisa e desenvolvimento, e universidades. Já nas
negociações entre organizações privadas, deve-se levar em consideração se estas são de países
industrializados ou em desenvolvimento. Existem divisões no processo. Pode-se basear-se no
desenvolvimento da tecnologia. Neste processo, os paradigmas tecnológicos são modificados
pelo processo de inovação de produtos e processos, ou na difusão tecnológica. Este tipo abrange
a adoção de tecnologias de produtos e processos disponíveis comercialmente e o uso de
16
informações técnicas, oriundas de fontes externas, para a solução de problemas, utilizando os
paradigmas tecnológicos existentes (AURBURN ASSOCIATES, 1995).
As responsabilidades de representação e desenvolvimento são divididas entre as
instituições fornecedoras de tecnologia (supply-side) e de análise de demanda tecnológica
(demand-side). Essas instituições buscam novos “consumidores” para a tecnologia
desenvolvida. Por exemplo, instituições de Pesquisa e Desenvolvimento, produtores de
equipamentos e firmas com patentes para licenciamento ou com licenças vencidas.
Também, as instituições de demanda tecnológica atuam em firmas com necessidades
tecnológicas, e procuram trazer para essas a tecnologia apropriada. Contudo, a literatura não
menciona concretamente a falta de infraestrutura de informação, e dificilmente reportam à
necessidade de serviços especializados de informação ou de profissionais de informação para
incrementar e facilitar o fluxo do conhecimento científico e tecnológico entre os setores de
pesquisa e econômico.
De acordo com Grant e Steele (1995), o campo da manufatura possui documentação,
softwares, e conhecimento codificado como elementos centrais da transferência,
transformando-a em uma área largamente negligenciada e inexplorada nos estudos sobre
transferência tecnológica (BARBOSA, 2009).
A avaliação das necessidades, com o objetivo de avaliar as reais necessidades dos
usuários de tecnologia, deve ser o primeiro passo no processo de transferência tecnológica. A
necessidade deve estar claramente identificada e o desempenho das características nitidamente
mapeados. Abordando principalmente a transferência de tecnologia, entre economias e dentro
dos países em desenvolvimento, focadas no nível da empresa e abrangendo a ampla gama de
tecnologias que apoiam a comunidade e as políticas regionais, nacionais e internacionais de
desenvolvimento.
Hoje, a capacidade de implementar e apropriar-se de novas tecnologias é um fatorchave de sucesso para que um setor permaneça competitivo. O estudo aborda os processos de
transferência tecnológica na indústria eletroeletrônica, apresenta modelos estruturados
existentes e sugere um processo para avaliação dos impactos causados pela tecnologia a ser
transferida. Em um contexto regional, a Transferência de Tecnologia é um processo de inovação
particular em que a dimensão tecnológica é predominante. Como consequência, a gestão
eficiente de projetos de TT tornou-se uma prioridade para as políticas de desenvolvimento. O
modelo proposto identifica e caracteriza os impactos causados, sejam eles econômicos, sociais,
culturais, tecnológicos ou ambientais, no processo de transferência tecnológica dentro das
industrias atuantes na geração, transmissão, distribuição e automação de energia. Um conjunto
17
de indicadores foi definido e medido para melhorar o monitoramento de projetos de TT após
reunir fatos observáveis.
18
2.
OBJETIVO
O objetivo desse estudo é identificar e caracterizar os fatores e impactos envolvidos
nas transferências tecnológicas dentro da indústria nos âmbitos econômicos, sociais, culturais,
tecnológicos e ambientais. As informações foram coletadas utilizando um método estruturado
e por meio de um modelo estatístico foram analisadas as informações coletadas que servem de
base na geração das respostas para identificação dos impactos resultantes da transferência
tecnológica em estudo, que abrange os setores de geração, transmissão e distribuição de energia
na indústria.
Os objetivos específicos são:
1. Definir a área de estudo e os segmentos;
2. Definir os impactos a serem avaliados;
3. Definir um modelo de avaliação dos impactos gerados em inovações que possua:
a. Um método de coleta de informações;
b. Um modelo matemático para análise dos resultados;
c. Um modelo estruturado para interpretação dos resultados e tomada de decisões;
19
3.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Este capítulo tem como objetivo o estudo das técnicas de transferência de tecnologia e
modelos para avaliação dos impactos causados na implementação de um produto. Esta seção
descreve o processo de transferência de tecnologia e contribuições importantes no campo de
TT e desenvolvimento de estrutura conceitual para entender o desempenho de TT. Os detalhes
encontram-se nas subseções.
Para uma transferência de tecnologia eficaz, um fornecedor de tecnologia deve primeiro
mudar a percepção e a disposição da tecnologia, para a aceitação da tecnologia através da
compreensão de seus valores culturais e sociais antes de transferir a tecnologia. Durante este
processo, a comunicação e os relacionamentos são muito importantes. A comunicação formal
deve preceder a comunicação informal para criar credibilidade ou obter confiança dos adotantes
da tecnologia.
A seguir, são apresentadas questões importantes que devem ser consideradas para uma
transferência tecnológica eficiente e efetiva: concepções de tecnologia, atividades, fatores que
afetam uma transferência e os modelos mais usados. Em particular, um modelo bem
desenvolvido de TT poderia ser usado como um quadro para facilitar todo processo, pois
existem muitos modelos populares. Por isso, tem-se uma forte necessidade de identificar e
avaliar os fatores críticos do processo efetivo das transferências tecnológicas
3.1
Transferência de Tecnologia
Em um processo de transferência tecnológica existem muitos fatores e impactos a serem
considerados e diferentes teorias e modelos abordam alguns desses fatores. A falha em levar
esses fatores em conta resulta em muitos resultados insatisfatórios e falhas na transferência de
tecnologia. Durante o desenvolvimento tecnológico propuseram-se diferentes aplicações dos
modelos de transferência de tecnologia, em diferentes momentos, e com diferentes abordagens:

O modelo geral de transferência internacional de tecnologia desenvolvido por Samli
(1985), que abrange cinco componentes; o remetente, a tecnologia, o receptor, as
consequências e a avaliação. O modelo centra-se em fatores relacionados à geografia,
cultura, economia, pessoas, negócios e governo (LUPER, 1991).

Em 1978, Fried e Molnar propuseram um modelo transdisciplinar que considera o
artefato do homem, a tarefa e a configuração de componentes da tecnologia, juntamente
com a comunicação, domínio e legitimidade da organização social.
20
Madu (1988) desenvolveu um modelo que ajuda a tomar a decisão de transferir tecnologia.
Ele incluiu a definição de necessidades e objetivos como um segundo passo no modelo
(MADU, 1988).

Linstone (1989) sugeriu uma abordagem de perspectiva múltipla que considera fatores
técnicos, organizacionais e pessoais (LUPER, 1991).

Em outro modelo proposto pela equipe Atlas Team, cada processo de transferência de
tecnologia engloba os quatro componentes tecnológicos - technoware, humanware,
inforware e orgaware (PUTRANTO, 2003; LUPER, 1991).

Métodos de análise - usados para analisar um aspecto específico relacionado a um
problema. Esses métodos incluem previsão, construção de cenários, análises de opções
tecnológicas, definição e análise de impactos (como análises do ciclo de vida), estudos de
mercado, estudos de políticas, etc. (PORTER, 1991). Tais métodos são utilizados nos
estudos acima mencionados, mas também podem suportar o processo de decisão em tipos
de avaliação de tecnologia mais orientados a processos.

Métodos de intervenção - servem de heurística para interferir no processo de decisão
sobre desenvolvimento de tecnologia (por exemplo, métodos para intervenções em redes de
inovação). Esses métodos são usados exclusivamente em tipos orientados a processos na
avaliação da tecnologia.

Métodos utilizados em "estudos reflexivos" - Tais estudos dizem respeito à organização
do próprio processo de decisão e desenvolvimento. Eles se concentram na ótima maneira
de integrar as influências societárias no processo de desenvolvimento e nas formas de
promover o desenvolvimento e a implementação de tecnologias que respondam melhor aos
desejos sociais do que as tecnologias existentes.

Método analítico-descritivo – este estudo tem como base os dados coletados para
descrição dos principais efeitos positivos e negativos, identificados na utilização da
tecnologia transferida para o segmento empresarial selecionado. Tendo como principais
características para análise a preparação teórica e prática, a implantação da transferência de
um produto e finalmente a consolidação do estudo.

Métodos de Diligência da Inovação - têm como objeto de análise o resultado da pesquisa
21
e consiste em quatro etapas: caracterização da tecnologia, prova de conceito na aplicação,
estudo de mercado e análise de viabilidade econômica na implantação da tecnologia, e
recuperação de valor investido.

Método Delphi - o método de Delphi foi desenvolvido no início da década de 1950 e é
baseado em um processo estruturado para coletar e destilar o conhecimento de especialistas
em várias rodadas combinadas com o retorno de opinião controlada (ROEST, 2002). Em
resumo, o Delphi é uma maneira de obter informações de um conjunto de especialistas com
o objetivo de alcançar o consenso.
Os canais de transferência de tecnologia podem transferir bens, serviços e fatores de
produção (força de trabalho, tecnologia, capital). Neste contexto, os investimentos relacionados
à transferência de tecnologia são analisados como investimentos diretamente relacionados à
produção (por exemplo, máquinas) e parcialmente relacionados à produção (por exemplo,
equipamentos de distribuição).
Através da análise dos métodos acima descritos identificaram-se os principais fatores
envolvidos no processo de avaliação tecnológica considerando o processo como uma sequência
de etapas. No modelo em estudo, a avaliação das necessidades é tomada como o primeiro passo.
Uma vez que a avaliação das necessidades esteja completa, pode-se tomar uma decisão sobre a
real necessidade de uma transferência de tecnologia. Logo, inicia-se a avaliação da tecnologia
para suprir a necessidade.
A avaliação da tecnologia é uma forma de pesquisa que oferece uma avaliação
equilibrada. Idealmente, é um sistema para fazer as perguntas certas e obter respostas corretas.
Identifica questões estratégicas, avalia os impactos e suas alternativas, cursos de ação e
apresenta conclusões. É um método de análise que avalia sistematicamente a natureza, o
significado, o status e o mérito de um programa tecnológico. Finalmente, inicia-se o
transferência tecnológica e implementação.
A transferência de tecnologia não é tão simples como a sua definição: tirar tecnologia
de uma área e implementá-la em outra. Os problemas são causados pela "carga cultural" das
tecnologias. Estudos do processo de mudança tecnológica se concentraram nas forças
propulsoras por trás dessas mudanças. Este corpo de conhecimento claramente aponta forças
internas para o mundo tecnológico, como a dinâmica dos sistemas tecnológicos ou paradigmas
tecnológicos, bem como para as forças sociais e econômicas relacionadas à criação de novas
tecnologias, como teorias evolutivas (DOSI, 1988), social-construtivismo (BIJKER, 1987),
22
mecanismos de retorno (ARTUR, 1990). Essas forças sociais e econômicas também podem ser
influenciadas para orientar a tecnologia, por exemplo, para contribuir com o desenvolvimento
sustentável (WEAVER, 2000, MULDER, 2006).
Para este trabalho, essas forças não precisam ser delineadas em detalhes. É claro que
várias forças que são de caráter "local" contribuem para o processo de modelagem de novas
tecnologias. As tecnologias não são, portanto, respostas universais às necessidades universais:
são moldadas por forças altamente localizadas. No entanto, uma vez que os investimentos no
desenvolvimento de novas tecnologias foram criados localmente, as tecnologias escapam do
seu caráter local e se espalham para lugares com diferentes condições sociais e econômicas.
A lógica por trás do desenvolvimento de uma nova tecnologia é que os custos de
produção da tecnologia moderna são geralmente baixos em comparação com o custo de seu
projeto; portanto, as tecnologias de replicação são muitas vezes mais atraentes do que o
desenvolvimento de tecnologias locais para atender às necessidades locais. Portanto, a produção
local e de pequena escala é muitas vezes concorrida pelas economias de escala de países globais
desenvolvidos que vendem suas tecnologias em todo o mundo. A consequência é que as culturas
locais ou regionais continuam a lidar com o influxo de novas tecnologias que são estranhas às
suas condições sociais, econômicas e culturais.
Uma transferência de tecnologias para outras culturas às vezes cria polêmica. Um
exemplo de uma resistência contra o McDonalds® como uma ameaça para as culturas
gastronômicas. No entanto, como condições sociais, e democracias parlamentares baseadas no
mercado, os problemas de transferência de tecnologia entre países industrializados e em
desenvolvimento tornam-se muito piores. Uma transferência de tecnologia para países em
desenvolvimento é em um processo complicado envolvendo áreas técnicas, econômicas,
sociais, políticas e legais (PUTRANTO, 2001).
Uma tecnologia que possui uma posição adequada e uma área específica ou em
condições culturais específicas pode não ser apropriada sob condições diferentes. O
desempenho de uma determinada tecnologia depende de vários fatores que determinam uma
natureza precisa das necessidades que desenvolvem o desempenho do seu serviço, e vários
fatores que emergem da cultura local, econômica e circunstâncias geográficas. Por conseguinte,
é necessário que um comprador, empresa ou outro interessado, escolha uma opção que cumpra
estes requisitos e necessidades específicas (IETC, 2003).
É necessário estudar as raízes culturais de uma tecnologia por exemplo, antes de
implementar uma "tecnologia ocidental" na cultura "oriental" (AWNY, 2005). As diferenças
entre as raízes culturais de uma tecnologia e o ambiente cultural de aplicação, muitas vezes não
23
são reconhecidas. As autoridades em países em desenvolvimento estão muitas vezes apontadas
para imitar os países industrializados e transferir uma tecnologia sem prestar a devida atenção
a essa lacuna. Isso leva a resultados inadequados e insatisfatórios de muitos projetos de
transferência de tecnologia (LUPER, 1991).
Pelo mesmo motivo, a transferência de tecnologia foi muitas vezes mais bem-sucedida
nos tempos coloniais do que é hoje: o processo foi coordenado pelas autoridades coloniais que
pediram tecnologias em seu país de origem. Por sua própria experiência de transferência entre
as culturas, eles foram mais capazes de julgar os fatores que determinaram o sucesso da
transferência de tecnologia.
A Transferência Internacional de Tecnologia (TIT) tem sido uma prática comum e
desempenhou um papel excelente na criação da fabricação mundial. A TIT inclui a transferência
de conhecimento sistemático para a fabricação de um produto, para a aplicação de um processo
ou para a prestação de um serviço. A maioria das TIT foi realizada por empresas multinacionais
por várias razões, como:
Assegurar o fornecimento de matérias-primas ou componentes importados para sua
produção no mercado interno (integração vertical);
Servir ao mercado anfitrião com produtos, especialmente se a importação desses produtos
fosse dispendiosa (integração horizontal);
Servir ao mercado mundial através do desenvolvimento de capacidades de fabricação em
um país estrangeiro que tenha as condições mais lucrativas em relação aos custos de mão-deobra, capital, matérias-primas e transporte (globalização) (LUPER, 1991) Com isso, o modelo
deste estudo sugere que ao tomar a decisão de transferir uma tecnologia, devem se seguir alguns
passos importantes como mostrado na Figura 1.
Figura 1 – Modelo proposto para transferência de tecnologia
Avaliação da
Necessidade
Avaliação
da
Tecnologia
Transferência
da
Tecnologia
Fonte: dos autores (Adaptado de KEBEDE, 2008).
Implementação
24
3.2
Avaliação dos Impactos da Transferência
Muitas vezes, os países em desenvolvimento transferem uma tecnologia que não é
adequada ao seu interesse nacional. O prestígio nacional pode desempenhar um papel
importante, como na criação de companhias aéreas ou na compra de equipamentos militares.
No entanto, muitas vezes as decisões não possuem uma avaliação da necessidade (AN)
adequada. Os tomadores de decisão observam o sucesso de uma tecnologia específica em seu
país de origem e decidem transferi-la sem uma avaliação adequada das necessidades domésticas
para isso. A questão de quais são as necessidades, que têm de ser satisfeitas e qual a sua
prioridade em relação a outras necessidades muitas vezes não é respondida. Esta questão é a
chave da avaliação das necessidades. A avaliação das necessidades é definida como análise dos
seguintes itens:

Das necessidades e suas dinâmicas;

Dos "proprietários" dessas necessidades;

Das políticas e planos estratégicos, para atender a essas necessidades;

De outras partes interessadas em relação a essas necessidades (WEAVER, 2000).
A AN é um passo crucial em uma decisão de transferência tecnológica. No início, as
necessidades do país, a sociedade em geral e as necessidades dos usuários pretendidos devem
ser identificadas. Essas necessidades levam a identificar opções tecnológicas para satisfazê-las.
Os analistas devem estar conscientes de que uma necessidade não é equivalente a uma demanda:
uma demanda é influenciada pela disponibilidade de opções tecnológicas e seus níveis de preço.
Isso inclui um efeito de recuperação, uma vez que a melhoria da tecnologia leva à expansão da
demanda por seu serviço (GREEN, 1992). Existe uma necessidade, além dos níveis de preços,
enquanto uma demanda inclui a elasticidade dos preços.
A AN deve incluir os objetivos políticos que são frequentemente integrados num plano
de desenvolvimento. As tecnologias que se encaixam em objetivos estratégicos específicos
podem prejudicar outros objetivos estratégicos. Uma tecnologia intensiva em capital pode não
ser aconselhável para transferir para um país com altas taxas de desemprego, uma vez que os
países precisam não apenas fornecer um bem ou serviço específico, mas também fornecer
empregos.
A avaliação é necessária para indicar e identificar as necessidades do comprador e do
usuário. E todas as partes interessadas, que podem ser descritas em planos estratégicos
nacionais, podem ajudar a determinar o que é necessário (AWNY, 2005).
25
Uma vez que o problema está claramente formulado e as necessidades a serem
cumpridas definidas, o próximo passo da AN visa identificar as opções para satisfazê-los. No
modelo de decisão de transferência de tecnologia, identificar as necessidades e os objetivos é
uma das etapas cruciais do processo. O modelo afirma que ao tomar a decisão de transferir uma
tecnologia, a identificação dos potenciais e impactos negativos das tecnologias existentes é
realizada para decidir se as necessidades declaradas podem ser satisfeitas pela tecnologia
existente. Uma vez que as limitações das tecnologias existentes são conhecidas, recomenda-se
avaliar e selecionar as opções de melhorias adequadas (MADU, 1998).
No mundo industrializado a avaliação da tecnologia (AT) formal e informal é realizada
de duas maneiras:

Avaliação informal - é o que muitas indústrias e agências governamentais fazem quando
adotam novas tecnologias. Elas analisam e discutem todos os custos e benefícios dessa
adoção.

Avaliação formal - ocorre principalmente quando as apostas e riscos são altos ou os
tomadores de decisão esperam vistas conflitantes.
Com isso, o principal objetivo da Avaliação da Tecnologia é informar aos tomadores de
decisão e fornecer um sinal de alerta preliminar para consequências e impactos não desejados.
Prepara as partes interessadas para possíveis mudanças tecnológicas e facilita a participação na
tomada de decisão. A participação das partes interessadas e os laços de retorno foram
enfatizados como importantes para o processo de construção tecnológica (VAN DEN ENDE,
1998).
A avaliação tecnológica formal e informal está quase ausente na maioria dos países em
desenvolvimento. O modo dominante de pensar na maioria dos países em desenvolvimento é
que se deve tentar obter as tecnologias sofisticadas dos países industrializados, porém muitas
vezes há uma falta de compreensão dos impactos e influências das condições prévias para que
essas tecnologias sejam aplicadas com sucesso. Então, em geral, nenhuma AT informal ocorre.
Entretanto, em uma AT, é crucial ter uma imagem integrada das consequências da
introdução da tecnologia para o desenvolvimento sustentável e estabilidade da tecnologia.
Como exemplo, a introdução da pesca do rio Nilo não-indígena no Lago Victoria criou um novo
setor de pesca, mas também devastou os estoques de peixes locais. Isso pode ser visto como um
exemplo horrível de falta de avaliação de tecnologia (MASCIARELLI, 2005).
26
Uma AT é definida bem-sucedida quando três principais pilares são avaliados e
cumpridos de acordo com o relatório do IETC (International Environmental Technology
Center):
Ambientalmente sadia,
Economicamente viável e,
Socialmente aceitável (IETC, 2003).
Assim, a avaliação da tecnologia (AT) é feita para garantir a validade técnica,
econômica, política e a aceitabilidade ambiental e social de uma TT.
Uma TT só pode ser realmente bem-sucedida a longo prazo se a tecnologia for
continuamente mantida e melhorada depois. Isso requer uma certa infraestrutura inovadora no
país: a tecnologia deve ser controlada e mantida por operadores adequadamente treinados.
Adicionalmente, devem existir especialistas capazes de adaptar a tecnologia as novas
demandas, ou a disponibilidade de novos componentes aprimorados. Este é um elemento
importante da AT. Se isso for feito corretamente, os custos a longo prazo da transferência de
tecnologia podem ser evitados através do desenvolvimento da capacidade de melhorar, adaptar,
replicar ou mesmo revender a tecnologia (International Environmental Technology Center,
IETC, 2003). Os principais fatores que devem ser discutidos e considerados na avaliação da
tecnologia dos países em desenvolvimento são:
Fatores técnicos
Em um país onde não há infraestrutura apropriada e tecnologias de apoio, é difícil
utilizar a capacidade completa das tecnologias (IETC, 2003). As baixas capacidades técnicas e
inovadoras estão entre as barreiras da transferência de tecnologia bem-sucedida que precisam
ser levadas em consideração (IEA, 2001). A subutilização e ineficiência de uma tecnologia são
experiências comuns de países em desenvolvimento (SHARIF, 2003). Não é apenas devido à
falta de conhecimento e habilidades, mas também à falta de capacidade inovadora para adaptar
as tecnologias à demanda.
Fatores econômicos
Os fatores econômicos incluem a disponibilidade de recursos humanos, capital, terra,
energia e outras matérias-primas. A disponibilidade desses fatores favorece a transferência de
formas específicas de tecnologia (MADU, 1988). No entanto, não implica que uma nação
27
baseada no trabalho, deve manter a tecnologia que aumenta o trabalho. Em vez disso, deve
considerar suas fraquezas e explorar as opções de melhoria.
Os recursos também incluem fatores como matérias-primas, câmbio, imóveis, e assim
por diante (LUPER, 1991). Os subsídios, as condições macroeconômicas e as condições do
mercado são fatores importantes que devem ser levados em consideração na avaliação da
tecnologia (IEA, 2001). Patentes e licenciamento de direitos de propriedade intelectual também
precisam de considerações na transferência.
Como uma transferência de tecnologia para países em desenvolvimento tem muitas
vezes o objetivo de replicar, e até revender tecnologia (IETC, 2003), essas questões precisam
de considerações e acordos antes da transferência.
Fatores institucionais
Os fatores institucionais neste estudo abrangem as características organizacionais,
sociais, culturais e os fatores políticos.
Organizacional
A implementação bem-sucedida de uma tecnologia muitas vezes requer que as várias
unidades da organização compradora tenham uma forte atitude interativa, pois seus papéis na
organização podem ser afetados. No entanto, na maioria dos países em desenvolvimento, a
forma hierárquica de organização é dominante e é difícil aplicar sistemas de gerenciamento de
rede que permitam maior independência e interação (TEN HEUVELHOF, 2006).
A forma como as organizações são criadas afeta a exploração das tecnologias. A
introdução de uma nova tecnologia requer a capacidade da organização de gerenciar as
mudanças associadas a esta introdução na organização (CUI, 2006). A introdução de uma nova
tecnologia exige principalmente flexibilidades organizacionais. Muitas vezes, falta
flexibilidade nas nações em desenvolvimento. As unidades semiautônomas, como as unidades
de negócios das empresas ocidentais, estão praticamente ausentes nas grandes organizações dos
países em desenvolvimento.
Social
Uma tecnologia deve ser socialmente aceitável, ou seja, deve contribuir para a
comunidade local. Muitas novas tecnologias oferecem empregos e rendimentos locais. No
entanto, em alguns casos, as novas tecnologias destroem empregos. Por exemplo, uma cidade
28
da Europa Ocidental oferecer ajuda a uma cidade no mundo em desenvolvimento. A cidade do
mundo em desenvolvimento receberia carros de varredura de rua como eram usados na Europa
Ocidental. Isso seria realmente socialmente aceitável se implicasse que dezenas de varredores
de rua locais se tornaram desempregados, com taxas de desemprego de mais de 50%?
Cultural
Uma tecnologia deve ser culturalmente aceitável. Os fatores culturais incluem a atitude,
o modo de vida, a religião. Os tabus, a linguagem, o conceito de tempo, o conceito de honra e
respeito e a ética do trabalho também estão incluídos nesta categoria (LUPER, 1991).
Culturalmente as preferências podem dificultar a transferência de tecnologia bem-sucedida
(IEA, 2001).
Muitas vezes, a cultura do país comprador de uma tecnologia precisa se adaptar para
uma transferência de tecnologia bem-sucedida. A resistência pode ser forte. O treinamento e a
educação para conscientização, por vezes, podem reduzir essa resistência (CUI, 2006).
Especialmente, a produção e o consumo de vários produtos alimentares podem ser inaceitáveis
(CHEN, 1979).
Político
O clima político de uma área é um fator que deve ser considerado antes de uma
transferência de tecnologia. A instabilidade política e a corrupção são mencionadas como
barreiras para a transferência de tecnologia (IEA, 2001).
A segurança e estabilidade de um país é um fator determinante para investidores e
relações externas. Por exemplo, o governo etíope comprou e transferiu modernas máquinas
têxteis para Adwa, perto da área portuária de Massawa. Ele está funcionando abaixo de sua
capacidade total e com um alto custo de produção.
A tecnologia têxtil precisava de um enorme investimento e acreditava-se que a fábrica
importasse matérias-primas e exportasse seus produtos através do porto de Massawa, que ficou
bloqueado por causa da guerra Etiópia-Eritreia (CANNON, 2009).
O estudo de viabilidade para a tomada de decisão sobre essa transferência de tecnologia não
considerou a estabilidade política. A fábrica têxtil tem enfrentado enormes custos adicionais
para obter matérias-primas e exportar seus produtos através dos portos.
29
Uma nova tecnologia também pode influenciar o equilíbrio do poder político. Em um
nível local, a introdução de novas tecnologias agrícolas e de comunicação em uma aldeia pode
fortalecer o poder dos agricultores em relação aos governantes (CANNON, 2009).
Fator Ambiental
Este fator inclui localização geográfica, clima e condições sanitárias. Muitas vezes,
afirma-se que o mundo rico se preocupa com a poluição dos sistemas de apoio à vida, enquanto
que o mundo pobre se preocupa com a poluição da natureza: pragas, epidemias e condições
insalubres. No entanto, a degradação da vida que suporta sistemas naturais está se tornando uma
experiência diária em países em desenvolvimento (IETC, 2003).
Muitas vezes, as populações desconhecem os efeitos nocivos da poluição, até ocorrer
um desastre. Por exemplo, o rompimento da barragem da mineradora Samarco no estado de
Minas Gerais, que lançou 34 milhões de metros cúbicos de lama de rejeitos no meio ambiente.
O aumento da turbidez da água provocou a morte de milhares de peixes e outros animais. O
fornecimento de água para os moradores das cidades abastecidas pelos rios da região, como
Governador Valadares, em Minas Gerais, teve de ser temporariamente interrompido (PORTAL
BRASIL, 2015). No entanto, muitas vezes os efeitos de poluentes químicos só são observados
após um longo período de tempo, o que muitas vezes está além do alcance dos tomadores de
decisão nos países em desenvolvimento.
Assim, uma tecnologia deve ser avaliada quanto aos seus efeitos ambientais. O
esgotamento de recursos é uma questão que um governo responsável deve tomar em
consideração. Muitas vezes, os governos favorecem uma estratégia de cobrar seus recursos em
curto prazo, o que pode arruinar o país a longo prazo.
A tabela 1 a seguir resume os fatores para avaliação de uma tecnologia no processo de
transferência.
30
Tabela 1 - fatores para avaliação de uma tecnologia.
Tecnológicos
Econômicos
 Facilidades
Sociais
 Recursos Humanos
Físicas
–
(habilidades
Infraestrutura
e
técnicas
tecnologia suporte
e
interpessoais)
Ambientais
 Fatores
 Condições
Organizacionais
geográficas
estrutura, flexibilidade
climáticas
para mudança, poder
 Sistemas
de decisão.
 Serviços
e
 Capital,
Sistemas
outras
(Operação,
primas
terras
ecológicos
e
matérias-
 Fatores
Sociais
(religião, língua, etnia)
manutenção,
atualização)
e
desbalanceados,
efeitos
contra
saúde humana
 Condições
 Fatores
econômicas Macros
 Direitos
Propriedades
e
de
Mercado (Patentes e
Culturais
(hábitos, sabores...)
 Destruição
ambiente
e
Políticos
escassez
de
(Instabilidade política
recursos
 Fatores
e corrupção)
Licenças)
Fonte: dos autores (Adaptado de KEBEDE, 2008).
3.3
Modelos para Avaliação dos impactos na implementação da tecnologia
A literatura sobre avaliação e transferência de tecnologia cobre um amplo aspecto do
procedimento de avaliação. Em geral, a avaliação pode ser definida como valorizando a
qualidade de uma metodologia explícita que pode ser examinada por sua validade ou
simplesmente a ciência da valorização (SCRIVEN, 1981). Em termos de avaliação de
tecnologia, a mesma tende a ser avaliada de acordo com sua simplicidade e funcionalidade. No
entanto, quando a tecnologia é transferida, um contexto mais amplo tem que ser avaliado. De
acordo com Jasinki (2006), a avaliação do processo de transferência inclui a avaliação da
viabilidade, ganhos, custos e riscos de uma tecnologia.
De acordo com as opiniões da OCDE (1987) e Luik (2005), as dimensões da avaliação
incluem o escopo, o objeto, o nível, o período, o objetivo, os critérios, a organização, os recursos
e as responsabilidades do projeto. Os critérios a serem identificados contemplam o valor
31
econômico, a viabilidade e a medição dos indicadores. Alguns dos métodos utilizados variam
desde o desenvolvimento de modelos e realização de levantamentos a até estudos de caso micro
e macroeconômicos com análises estatísticas e econométricas (LUIK, 2005).
As avaliações dos impactos são realizadas e necessita-se saber o que resulta em projetos
ou abordagens de intervenção específicas. Uma TT de qualidade pode permitir que uma
empresa melhore a produtividade, a eficiência e a adaptabilidade da aliança, a expansão
internacional e a vantagem competitiva sustentável.
A lista abaixo ilustra alguns métodos utilizados para a avaliação dos impactos:
AHP (Analytical Hierarchy Process)
O AHP é uma metodologia bem estabelecida que foi desenvolvida pela Saaty em 1977.
É cada vez mais utilizada para comparar soluções alternativas com referência a um critério. As
prioridades resultantes são utilizadas para comparar e classificar alternativas. As comparações
baseiam-se nas opiniões dos especialistas, portanto, podem ser relevantes para o cenário atual.
A metodologia verifica a consistência usando o índice de consistência. A técnica AHP
é simples, sistemática, científica, confiável e fácil de usar, ao mesmo tempo, devido à
disponibilidade de softwares adequados para calcular matrizes prioritárias a partir de matrizes
de comparação (KUMAR, 2015).
Uma vez construída a hierarquia com as características de um produto a ser avaliado, os
responsáveis pelas decisões os avaliam sistematicamente, comparando-os em pares. Com as
comparações, é possível usar os dados sobre os elementos ou podem usar seus julgamentos
sobre o significado relativo ou a importância dos elementos. Esta é a essência do AHP: os
julgamentos humanos, e não apenas as informações numéricas que impactam na avaliação e na
tomada de decisão.
O AHP converte os julgamentos em valores numéricos que podem ser processados e
comparados sobre toda a extensão do problema. Um peso numérico, ou prioridade, é derivado
para cada elemento da hierarquia, permitindo que elementos distintos e frequentemente
incomensuráveis sejam comparados entre si de maneira racional e consistente. Esta
potencialidade distingue o AHP de outros métodos de tomada de decisão. O quadro AHP de
avaliação dos impactos da TT é estruturado e inclui níveis de avaliação desses impactos
conforme mostrado na figura 2.
32
Figura 2 – Modelo hierárquico baseado em AHP para avaliar os impactos da transferência de
tecnologia.
Fonte: dos autores (Adaptado de KUMAR, 2015).
A técnica de AHP compara alternativas e critérios com referência ao critério
especificado. A matriz de comparação final resultante pode ser utilizada para avaliar a
classificação de alternativas para ajudar no processo de avaliação estruturada nas seguintes
etapas:

Estabelecer uma estrutura (de natureza hierárquica) com elementos de decisão e
identificar alternativas e atributos significativos;

Construir pares de matrizes de comparação e definir os responsáveis pelas decisões,
indicando a significância relativa entre os atributos;

Calcular a consistência usando-se uma equação. As comparações entre os atributos e as
alternativas devem ser registradas em matrizes na forma de frações.
Cada matriz é avaliada pelo seu autovalor para verificar a coerência dos julgamentos.
Este procedimento gera uma razão de coerência que será igual a 1 se todos os julgamentos
forem coerentes entre si.
Método Delphi
O método Delphi é uma abordagem muito estruturada usada para adquirir uma opinião
escrita ou para receber comentários sobre um problema em questionários detalhados enviados
a especialistas. Usado pela Rank Corporation durante a década de 1950, o uso dos questionários
impede a interação interpessoal que muitas vezes pode sufocar a contribuição individual sempre
que alguns participantes dominam a discussão. As respostas anônimas dos participantes são
compartilhadas e cada participante pode rever sua resposta com base em ler outras opiniões.
Depois de repetir este processo várias vezes, a convergência de opinião levará ao consenso da
equipe (BAKOUROS, 2000).
33
Aplicação típica:

Solicitar opiniões ou ideias de especialistas de forma anônima através de questionários
em um processo repetidamente aplicado para revisões e consolidação da previsão final,
escolha ou plano de ação;

Gerar ideias por um grupo de especialistas e revisar as próprias ideias depois de ter lido
todas as outras para finalmente ter uma declaração resumida que reflete o consenso
grupal;

Prever tendências nas forças econômicas e tecnológicas que possam afetar uma
organização.
Diagrama de Venn.
Um diagrama de Venn pode ser usado para identificar relacionamentos lógicos, e é
muito útil para exibir a união e interseção dos eventos, impactos ou conjuntos. Pode ser
ilustrado graficamente o conceito mutuamente exclusivo e outras regras de probabilidade ou o
resultado de uma experiência (BAKOUROS, 2000).
Aplicação típica:

Ilustrar o relacionamento de eventos, conjuntos ou comportamento;

Ajudar a entender as consequências quando dois eventos se cruzam ou são combinados;

Testar a validade de um impacto aplicando pensamento lógico.
Dendograma
O dendograma é exibido em um formato de classificação tipo árvore. É um diagrama
ou uma representação icônica que organiza determinados fatores e variáveis, grupos com a
mesma característica ou ideias a serem analisadas para potenciais avanços na concepção e
desenvolvimento de produtos. Resulta de uma análise estatística de determinados dados, em
que se emprega um método quantitativo que leva a agrupamentos e à sua ordenação hierárquica
ascendente. Isto também pode ser usado para detalhar possíveis soluções para problemas ou
examinar oportunidades de melhoria.
Aplicação típica

Procurar por potenciais inovações de produtos;

Dividir e classificar grandes conjuntos de dados;

Rever e questionar ideias para resolução de problemas ou melhoria de processos.
34
Matriz de Análise de Dados
A ferramenta de análise de dados da matriz é essencialmente uma exibição de
características de dados utilizadas pelo desenvolvimento integrado de produtos para realizar
pesquisas de mercado e descrever produtos e serviços. Os dados da matriz são organizados para
facilitar a visualização e as comparações. As relações entre as variáveis de dados mostradas em
ambos os eixos são identificadas usando símbolos de importância ou valores numéricos para
avaliações (BAKOUROS, 2000).
Aplicação típica:

Verificar a força das relações entre as variáveis;

Determinar as características representativas dos impactos dos clientes ou dos produtos;

Realizar pesquisas de mercado.
Análise de Fator (Factor Analysis)
Uma análise fatorial é uma técnica de avaliação que coloca os fatores de produto,
processo ou serviço que podem exigir atenção imediata ou análise posterior. Semelhante ao
benchmarking, ao produto e/ou ao fator de serviço, as classificações são comparadas às
melhores da classe ou à própria organização para determinar os pontos fortes e fracos
competitivos (BAKOUROS, 2000).
Aplicação típica:

Avaliar os melhores processos da classe;

Comparar classificações de produtos e serviços com as da competição;

Identificar áreas problemáticas para a atribuição de equipes de resolução de problemas.
Análise de oportunidade
A análise de oportunidade é uma ferramenta eficaz para uma equipe avaliar e selecionar
a oportunidade mais preferida entre muitos. Semelhante à filtragem de critérios, as
oportunidades de melhoria identificadas são avaliadas em critérios tais como a importância
organizacional, viabilidade de conclusão e potencial benefício em relação aos recursos
necessários para implementar a melhor escolha (BAKOUROS, 2000).
Aplicação típica

Identificar e planejar a implementação da oportunidade de melhoria mais preferida;
35

Fornecer uma abordagem estruturada para que as equipes selecionem mudanças de alto
potencial;

Determinar e usar critérios para alocação de recursos lucrativos.
Método de Análise
Os métodos de análise são utilizados para um aspecto específico relacionado a um
problema de avaliação tecnológica. Esses métodos incluem previsão, construção de cenários,
análises de opções tecnológicas, definição e análise de impactos (como análises do ciclo de
vida), estudos de mercado e estudos de política. Algumas delas são métodos de livros didáticos.
Esse método pode apoiar o processo de avaliação de impactos em tipos de avaliação de
tecnologia mais orientados para o processo (BAKOUROS, 2000).
Método de Intervenção
Os métodos de intervenção servem como heurísticas para interferir no processo de
decisão sobre desenvolvimento de tecnologia (por exemplo, métodos para intervenções em
redes de inovação). Esses métodos são usados exclusivamente em tipos de avaliação de
tecnologia orientados a processos (BAKOUROS, 2000).
Método de Estudo Reflexivo
Estudos reflexivos dizem respeito à organização do próprio processo de decisão e
desenvolvimento. Eles se concentram na ótima maneira de integrar as influências societárias no
processo de desenvolvimento e nas formas de promover o desenvolvimento e a implementação
de tecnologias que respondam melhor aos desejos sociais do que as tecnologias existentes. Estes
estudos são de tipo socioeconômico geral e não possuem um repertório particular de métodos
(BAKOUROS, 2000).
36
Método Out-the-Door
O método Out-the-Door é o mais utilizado pelos estudiosos e praticantes e, em muitos
casos, o único utilizado. A premissa primária do critério Out-the-Door para a eficácia da
transferência de tecnologia é que o agente de transferência de tecnologia (por exemplo, um
laboratório) conseguiu desenvolver parte da tecnologia e adquiriu o restante via mecanismos de
transferência.
A organização que adquire a tecnologia pode, ou não, colocá-la em uso. Assim, a
organização que recebe a propriedade intelectual (PI) pode fazê-lo de forma reflexiva ou porque
há uma diretiva para fazê-lo, com a intenção de usar o PI ou não, ou mesmo com a intenção de
anular a tecnologia para que não esteja disponível para rivais. Nem o motivo nem os usos do PI
são considerados no critério Out-the-Door.
Dentro deste conceito geral do modelo Out-the-Door, podem-se distinguir três
conjuntos de resultados significativamente diferentes revelados por três conjuntos diferentes de
indicadores. Em primeiro lugar, tem-se o caso do Pure Out-the-Door em que não há indicação
de que algo tenha ocorrido com pesquisas de PI, exceto pela transferência. Em segundo lugar,
o Out-the-Door com impactos do agente de transferência". Em alguns casos, é claro que a
organização de transferência se beneficie da atividade, mesmo que ninguém mais faça.
Assim, se um laboratório obtém receitas de licenciamento, isso é uma espécie de
impacto. Esse tipo de impacto pode não estar relacionado aos objetivos principais da Lei de
Transferência de Tecnologia, mas é um impacto que oferece benefícios. Em terceiro lugar, há
Out-the-Door com impactos de parceiros de transferência. Na maioria dos casos, a política
pública não se concentra em enriquecer os parceiros de transferência de tecnologia, mas sim
em impactos sociais e econômicos mais amplos. No entanto, se os parceiros se beneficiam,
certamente isso se qualifica como um benefício externo, embora geralmente um indicador
relativamente estreito (BOZEMAN, 2013).
Impacto do mercado e critério de desenvolvimento econômico para a eficácia da transferência
de tecnologia
O critério "Impacto do Mercado e Desenvolvimento Econômico" enfoca o sucesso
comercial da tecnologia transferida, incluindo impactos no crescimento econômico regional ou
nacional (ADAMS, 2003). Geralmente, o impacto do mercado pertence aos resultados
comerciais obtidos por uma única empresa ou por algumas empresas. No entanto, muitas das
atividades de transferência de tecnologia realizadas por agências governamentais, bem como
37
por universidades, são racionalizadas por multiplicadores econômicos mais amplos assumidos
como decorrentes da transferência de tecnologia.
Essas metas, métricas e métodos de avaliação podem variar de acordo com a agência,
conforme apropriado para a missão e os tipos de atividades de pesquisa dessa agência, e podem
incluir o número e a qualidade de, entre outras coisas, divulgações de invenção, licenças
emitidas em patentes existentes, pesquisa cooperativa e desenvolvimento de acordos
(CRADAs), parcerias industriais, novos produtos e empresas de spin-off autossustentadas
criadas para esses produtos (Escritório do Secretário de Imprensa, 2011-2).
Critério político de recompensa para a eficácia da transferência de tecnologia
O critério de recompensa política recebe relativamente pouca atenção neste trabalho,
mas vale a pena mencionar. O memorando de transferência de tecnologia do presidente não
requer nenhum cálculo de benefício político e, claro, nenhuma agência federal se propõe a
medir sua recompensa política, pelo menos não diretamente e explicitamente. No entanto, o
critério pelo menos menciona em nome da realidade (Escritório do Secretário de Imprensa,
2011).
As partes na transferência de tecnologia pensam em termos de possíveis recompensas
políticas decorrentes do cumprimento ou de atividades de "bom cidadão". As atividades de
transferência de tecnologia são muitas vezes vistas como uma maneira de ser a favor ou
melhorar o apoio político, em vez de como um meio que proporciona um benefício econômico
e social significativo. Nesse sentido, é um meio e não um fim (ROGERS, 2007).
Critério de custo de oportunidade para a eficácia da transferência de tecnologia
Ao considerar as atividades de transferência de tecnologia de laboratórios, vale a pena
reconhecer que a transferência de tecnologia é uma das muitas missões e geralmente não é a
mais importante, pelo menos não na visão dos cientistas e do pessoal técnico dos laboratórios.
Em centenas de entrevistas com cientistas, encontraram-se uma ampla gama de perspectivas
sobre a transferência de tecnologia, que vão desde o entusiasmo e a participação ávida até a
hostilidade e cinismo. Mesmo que a atividade de transferência de tecnologia seja aprimorada e
nutrida, é importante entender que a transferência de tecnologia ocupa seu lugar, e muitas vezes
um lugar secundário, para missões de como avançar o avanço da pesquisa básica e da teoria
científica, fornecendo equipamentos e infraestrutura para o crescimento científico
e
38
conhecimento e formação de cientistas e engenheiros para garantir que a nação possa realizar
suas missões de defesa, segurança nacional, saúde pública e energia.
Embora seja simples entender o fato dos custos de oportunidade na transferência de
tecnologia, não é tão fácil extrair lições práticas sobre medidas e métricas de transferência de
tecnologia. Assim, talvez não seja surpreendente que nenhuma das respostas da agência ao
memorando do presidente sobre transferência de tecnologia reflita o pensamento implícito no
modelo de oportunidade.
A literatura sobre transferência de tecnologia da universidade dá maior atenção a este
critério, especialmente os possíveis impactos nas agendas de pesquisa dos pesquisadores
individuais (FELDMAN, 2008) e nas responsabilidades de ensino (MENDOZA, 2007) e, mais
geralmente, impactos da cultura organizacional (RHOADES, 2004).
Sistema de Avaliação de Impactos de Inovações Tecnológicas: INOVA-tec – Embrapa
O bom desempenho das inovações é diretamente proporcional à fase em que as
ferramentas de gestão e prospecção tecnológica são empregadas. Alguns tipos de avaliações
representam componentes essenciais para elaboração de cenários prospectivos e fatores
orientadores para a empresa geradora da inovação, para as agências de fomento ou para os
investidores decidirem sobre o destino do aporte financeiro entre os diversos projetos.
A avaliação dos impactos de tecnologias, de maneira geral, pode ser uma aliada do
processo de decisão. Mecanismos de busca de informações, ferramentas de compilação de
dados de maneira sistematizada e que permitam a geração de conclusões rastreáveis compõem
os elementos-chave para garantir que os processos decisórios culminarão na gestão adequada
da inovação, com a otimização de recursos e resultados (JESUS, 2011).
O Sistema INOVA-tec possibilita que o avaliador indique os parâmetros específicos
para a avaliação mais criteriosa da sua inovação possibilitando a análise caso-a-caso e com isto
o emprego da inovação de maneira responsável e criteriosa. Estas informações estão
organizadas em três ferramentas:

Planilhas para análise do cenário ou significância da inovação;

Planilhas para avaliação dos indicadores e;

Matriz de impacto que é gerada a partir do valor de impacto geral.
Com a finalidade de realizar a avaliação da tecnologia, o INOVA-tec é um método
39
criado para a avaliação de impactos diretos e indiretos de inovações tecnológicas, nas diversas
dimensões que estas podem atingir: social, ambiental, econômica, de desenvolvimento
institucional, capacitação, introdução da tecnologia e ocorrências inesperadas. O sistema
permite avaliar a abrangência da inovação e o seu desempenho, através dos índices de
significância e magnitude. A natureza inclusiva do método permite empregá-lo, com
adequações, para a avaliação das biotecnologias agrícolas. Primeiramente, recomenda-se
realizar a caracterização da inovação com vistas a garantir o relato adequado da avaliação e
com isto o acompanhamento e monitoramento do desempenho da sua aplicação.
O método apresenta indicadores gerais organizados em critérios dentro de cada
dimensão avaliada. Estes parâmetros foram levantados e consolidados a partir da consulta aos
especialistas das diversas áreas por meio de entrevista presencial. Para uma avaliação mais
criteriosa, é possível a inserção de indicadores específicos, possibilitando uma análise caso-acaso da biotecnologia agrícola. Nessa análise caso a caso os fatores de moderação e os índices
são parametrizados para garantir uma avaliação embasada (JESUS, 2011).
O sistema confere mais objetividade nas avaliações, norteando os indicadores a serem
utilizados e os componentes importantes para a redução de impactos negativos e otimização
dos recursos utilizados para a aplicação da tecnologia, a fim de prevenir e mitigar os danos
ambientais. As planilhas e critérios utilizados no sistema INOVA-tec são:

Planilha para análise prospectiva – cenário: índice de significância;

Planilha de indicadores para compilar o desempenho do impacto: índice magnitude;

Campos para descrição do indicador, peso do indicador, fatores de moderação e critérios
de avaliação;

Campo: informações para avaliação;

Matriz de impacto: índice de impacto geral.
3.4
Questionário
Os questionários constituem a base de todas as medições estatísticas baseadas em
pesquisas. Eles são de longe os instrumentos de medição mais importantes que os estatísticos
usam para compreender os fenômenos a serem medidos. Erros devidos a um questionário
insuficiente dificilmente pode ser compensado em fases posteriores do processo de coleta de
dados. Portanto, ter um questionário sistemático é vital para a qualidade dos dados,
particularmente para uma minimização do erro de medição (LEVINSOHNN, RODRIGUEZ,
2001).
40
Por ser um instrumento de medida, o principal objetivo do questionário é estruturar a
demanda das informações dos usuários em um formato que permita uma medição estatística.
Os conceitos devem ser organizados de forma a permitir que os especialistas do assunto
executem as análises necessárias durante a pesquisa e que os entrevistados possam entender e
responder adequadamente as perguntas. Por isso, o desenho dos questionários deve
principalmente levar em conta os requisitos estatísticos dos utilizadores dos dados. A fim de
fornecer uma medição válida e confiável (MARTIN, 2006).
A estrutura e o layout devem considerar a natureza e as características do entrevistado
e da população. Além disso, o questionário deve impor a menor resposta possível. O
questionário deve fazer perguntas relevantes e permitir que os dados sejam coletados de forma
eficiente, gerando um erro mínimo, facilitando a codificação e captura de dados e minimizando
a quantidade de edição e imputação necessária (SNIJKERS, 2002).
Outra consideração no campo do teste de questionários é a natureza específica das
pesquisas de negócios com seus conceitos e definições técnicas e intrínsecas; portanto, a
compreensão depende consideravelmente das instruções. Em vez da prática usual de contando
com atividades de pós-coleta para corrigir erros, um novo paradigma é proposto, encorajando
pesquisa na melhoria do design do questionário que leva à “prevenção de erros em vez de
correção de erros” (WILLIMACK, 2004).
As recomendações a seguir apoiam uma implementação eficiente do processo de
estruturação do questionário.
3.5
Revisão da literatura
O projeto do questionário começa com uma revisão da literatura existente no campo de
transferência de tecnologia e os impactos recebidos, bem como de outras fontes de dados
(incluindo registros disponíveis e estatísticas não oficiais) ou pesquisas com tópicos similares.
3.6
Especificação dos objetivos da pesquisa
Antes de começar a redigir o questionário, os objetivos da pesquisa são definidos. Ao
mesmo tempo, as decisões são tomadas levando em consideração alguns conceitos básicos,
como o público-alvo: especialistas da indústria eletroeletrônica, o desenho amostral:
engenheiros e os recursos disponíveis e o modo de coleta adequado: digital ou entrevista.
41
3.7
Conceituação e operacionalização
Uma vez que os conceitos da pesquisa tenham sido estabelecidos, eles precisam ser
traduzidos em variáveis observáveis para interpretação do questionário. A complexidade dos
conceitos teóricos - mesmo em casos aparentemente simples requerem uma seleção empírica
das características (muitas vezes referidas como indicadores) que podem ser observadas em
uma pesquisa. Estes indicadores nos questionários são considerados uma representação
adequada (embora nunca direta ou perfeita) do conceito. Por exemplo, se o conceito em
consideração é a pobreza, uma possível operacionalização é a renda, novamente subdividida
em várias sub dimensões. A amostragem e o mapeamento conceitual podem facilitar essa etapa
crucial. Na literatura da metodologia de pesquisa, o teste de um questionário é considerado
indispensável (STERN, 2006). Neste estudo, as variáveis macros são os impactos econômico,
social, cultura, tecnológico a ambiental nas inovações via transferência tecnológica.
3.8
Conceitos de exploração: grupos focais e entrevistas aprofundadas
Especialmente em novas pesquisas, deve-se explorar se os conceitos e indicadores que
os usuários estão buscando são compatíveis com aqueles que os respondentes têm em mente.
Vários métodos qualitativos estão disponíveis para ter uma ideia de como os respondentes
pensam sobre o que os designers de pesquisa conceberam. Tais métodos incluem por exemplo,
grupos focais e entrevistas aprofundadas. Os grupos focos são compostos por um pequeno
número de membros da população alvo, guiados por um moderador. O objetivo é aprender
como os potenciais entrevistados usam os termos relacionados ao tópico, como eles entendem
os conceitos gerais ou terminologia específica, e como eles percebem as questões em termos de
sensibilidade ou dificuldade.
Entrevistas aprofundadas ou qualitativas, de maneira semelhante, focalizam a
compreensão dos conceitos pelos entrevistados, como os respondentes interpretam certas
questões e como chegam às suas respostas. Em contraste com grupos focais, as entrevistas em
profundidade não são baseadas em discussões em grupo. Ao especificar os conceitos e variáveis
da pesquisa, as definições padrão de conceitos, variáveis, classificações, unidades estatísticas e
populações devem ser usadas (MAINZ, 2004).
Na pesquisa em questão, o grupo focal foram os especialistas de Engenharia, Pesquisa
e Desenvolvimento e Inovação dentro das indústrias eletroeletrônicas que atuam nas áreas de
geração, transmissão e distribuição de energia e automação industrial.
42
3.9
Definição de uma lista de variáveis
Uma variável é um termo usado em pesquisas e projetos. É pertinente definir e
identificar as variáveis ao projetar pesquisas quantitativas em projetos. Uma variável para
desenvolvimento em uma pesquisa é tão importante quanto trabalhar com constantes, pois são
as variáveis que vão gerar os dados necessários para uma argumentação sólida e eficiente
durante a tabulação dos resultados. Uma variável, como o nome indica, "algo que varia". Pode
ser demográfico, físico ou social e incluem religião, renda, ocupação, temperatura, umidade,
língua, etc. Algumas variáveis podem ser bastante concretas e claras, como sexo, ordem de
nascimento, tipos de grupo sanguíneo, etc. Enquanto outras podem ser consideravelmente mais
abstratas e vagas.
Uma vez definidos os objetivos e conceitos, deve-se estabelecer um plano de tabulação
concreto e uma lista de variáveis especificando os possíveis resultados da pesquisa. As variáveis
são propriedade que assumem diferentes valores e serve como um agrupamento lógico de
atributos. Esses atributos possuem características ou qualidades que descrevem um objeto. Por
exemplo, se o gênero é variável então masculino e feminino são os atributos.
As variáveis e a lista de valores devem ser vistas como uma lista de nomes e valores das
variáveis, bem como das definições correspondentes. Com relação à lista de variáveis,
recomenda-se fazer uma distinção entre variáveis de fundo (por exemplo, variáveis
demográficas), variáveis usadas para medir os conceitos de pesquisa e as variáveis técnicas (por
exemplo, necessárias para ponderação).
Para a especificação da lista de variáveis, pode ser útil usar esquemas de questionário
para ilustrar o conteúdo e o escopo do questionário de maneira sistemática. Uma abordagem
adequada é “Esquemas entidade / relacionamento” (ou “esquemas conceituais”). Estes
esquemas fornecem uma visão geral sobre unidades, itens e relacionamentos cobertos pela
pesquisa (BEUKENHORST, 2004).
Nesta pesquisa as variáveis medem o grau dos impactos econômicos, sociais, culturais,
tecnológicos e ambientais relacionados a transferência de tecnologia na indústria
eletroeletrônica. Essas variáveis geram dados implícitos se analisadas independentemente e por
esse motivo vamos utilizar um método estatístico para determinar a relevância e relacionamento
dos dados obtidos e propor informações importante para a tomada de decisão durante os
processos de transferências tecnológicas.
43
3.10
Decisão sobre o modo de coleta de dados
A última década sofreu um tremendo aumento no uso da Internet e na comunicação
mediada por computador (ERBRING, 2002). Como uma quantidade crescente de atividade
comunicativa ocorre através deste novo meio, houve também um aumento significativo na
pesquisa primária em comunidades virtuais, relacionamentos online e uma variedade de outros
aspectos da comunicação mediada por computador (WRIGHT, 2004). Estudos de populações
online levaram a um aumento no uso de pesquisas online, apresentando aos estudiosos novos
desafios em termos de aplicação de métodos tradicionais de pesquisa com o uso da Internet
(PREECE, 2003).
A tecnologia para pesquisas online é nova e está evoluindo. Até recentemente, a criação
e a realização de uma pesquisa online eram uma tarefa demorada que exigia familiaridade com
programas de criação da web, código HTML e programas de script. Hoje, os pacotes de
software de criação de pesquisas e os serviços de pesquisa online tornam a pesquisa muito mais
fácil e rápida. No entanto, muitos pesquisadores em diferentes disciplinas podem não conhecer
as vantagens associadas à realização de pesquisas online. As vantagens incluem o acesso a
indivíduos em locais distantes, a capacidade de alcançar participantes difíceis de contatar e a
conveniência de ter a coleta automatizada dos dados, o que reduz o tempo e o esforço do
pesquisador.
Uma segunda vantagem é que a pesquisa baseada na Internet otimiza o tempo para os
pesquisadores. Como já observado, pesquisas online permitem que um pesquisador alcance
milhares de pessoas com características comuns em um curto espaço de tempo, apesar de
possivelmente estar separado por grandes distâncias geográficas (GARTON, 2003). Um
pesquisador interessado em pesquisar populações difíceis de alcançar pode rapidamente obter
acesso a um grande número desses indivíduos, publicando convites para participar de grupos
de notícias, salas de bate-papo e comunidades de fóruns de discussão. No ambiente de pesquisa
face a face, levaria muito mais tempo — se fosse possível — para encontrar um número
equivalente de pessoas com atributos, interesses e atitudes específicas em um único local.
Pesquisas eletrônicas podem ser parte de um processo de pesquisa qualitativa, mas os
resultados podem ser analisados quantitativamente. Além de coletar dados, a Internet também
pode ser usada durante o desenvolvimento de questionários, pois permite a criação de protótipos
rápidos e o teste piloto de instrumentos. Vários estudos verificaram a validade de pesquisas
baseadas na web, comparando os resultados de estudos realizados na web com estudos idênticos
44
no mundo real. Estes parecem sugerir que a validade e confiabilidade dos dados obtidos em
linha são comparáveis aos obtidos pelos métodos clássicos.
A seleção de um modo apropriado de coleta de dados deve levar em conta o número, o
conteúdo e o escopo das variáveis da pesquisa. Além disso, possíveis preferências da população
alvo devem ser levados em consideração. É importante notar que o questionário não deve ser
projetado sem uma decisão anterior sobre o modo de coleta de dados. Aspectos como a
sensibilidade das questões deve ser considerada (ESPOSITO, 2002).
Neste estudo, utilizou-se a pesquisa presencial e remota com estrutura de questionário
web para coleta das informações devido a facilidade da organização dos dados, eficiência na
coleta e envio dos questionários, maior abrangência de aplicação do questionário no público
alvo e devido a agilidade do questionário web foi possível gerar um número maior de variáveis
para o tratamento estatístico, estudo e conclusões.
3.11
Escrevendo e sequenciando as perguntas
Os questionários devem traduzir as variáveis a serem medidas em uma linguagem que
os entrevistados entendam. Para isso é essencial que as palavras usadas nos questionários
tenham o mesmo significado para todos os respondentes e, ao mesmo tempo correspondam aos
conceitos a serem medidos. Além disso, deve-se apenas fazer perguntas sobre quais os
entrevistados podem realmente fornecer as informações necessárias. Perguntas longas ou
complexas, bem como questões hipotéticas, perguntas carregadas e questões com negações
duplas devem ser evitadas.
O projetista de um questionário deve ser particularmente cuidadoso ao escolher os
estímulos das perguntas. Os estímulos devem medir as variáveis de interesse apropriadamente.
Nunca mais de um estímulo deve ser usado em uma pergunta. Cada questão deve ser explícita
sobre o período de referência, que é melhor colocado antes do estímulo da questão como tal.
No caso de pesquisas de tecnologia, devem ser escolhidas questões que são compatíveis com
os períodos de referência e as categorias de resposta das tecnologias. Além disso, a estrutura do
questionário deve incentivar os entrevistados a responder às perguntas com a maior precisão
possível (HAFT, 2005).
Por fim, o questionário deve centrar-se sobre o tema da pesquisa, ser o mais breve
possível, ter um fluxo suave entre as perguntas, facilitar o retorno dos entrevistados e direcionálos para a fonte de informação. Os entrevistados devem ter a sensação de que o preenchimento
do questionário é interessante. Na introdução do questionário, o título ou assunto da pesquisa
deve ser fornecido e o objetivo da pesquisa deve ser explicado ao respondente. A sequência das
45
perguntas deve ser auto evidente para os respondentes, para que o questionário siga um fluxo
lógico. As perguntas devem ser organizadas em grupos lógicos. Perguntas sobre o mesmo
assunto devem ser agrupados na mesma seção (SCHWARZ, 2005).
3.12
Desenho do questionário eletrônico
Diversas considerações especiais aplicam-se ao projeto de questionários eletrônicos. O
questionário eletrônico deve ser projetado de modo a resolver o maior número de
inconsistências, prestando atenção à fluência do entrevistador e não deve frustrar o entrevistado.
Um questionário eletrônico deve permitir a possibilidade de modificar respostas previamente
dadas, sem falta de qualquer informação relevante.
Do ponto de vista técnico, um questionário eletrônico deve medir o que se pretende
medir de forma eficaz, ser fácil de modificar quando ocorrem mudanças e fácil de corrigir em
caso de erros, ou seja ser flexível e estruturado em módulos que podem ser usados para outros
estudos ou ondas de pesquisa (CHRISTIAN, 2006).
Dois métodos de teste são particularmente úteis quando o modo de coleta de dados é
assistido por computador, implicando a implementação de um software para o gerenciamento
de entrevistas. São eles a funcionalidade e a usabilidade dos testes. O primeiro consiste na
avaliação de que o questionário eletrônico funciona de acordo com o dado especificado e é
robusto em relação a eventos inesperados. Já na usabilidade, o interesse muda para os usuários,
testando assim se usam o sistema de maneira correta e eficiente (LEHTINEN, 2002).
46
4.
MATERIAIS E MÉTODOS
Para cumprir os objetivos de pesquisa, este trabalho seguirá as seguintes etapas:
1. Por meio das informações dos artigos, teses, relatórios de pesquisa, publicações setoriais
e artigos de jornais e revistas, foram referenciadas as teorias e aplicações dos processos
inovadores e usuais de transferência de tecnologia.
2. A revisão de literatura sobre os impactos causados com a transferência tecnológica no
Brasil e no exterior de modo a identificar os principais impactos positivos e negativos.
Este trabalho busca, portanto, adequar as diferentes correntes teóricas e identificar e
comprovar sua veracidade frente a realidades distintas.
3. Por fim, utilizou-se o método Delphi com questionários e entrevistas para a coleta das
informações e um estudo de caso baseado nos dados obtidos. Em seguida, realizou-se
uma análise utilizando o modelo matemático Student t-test, que resultou na
quantificação detalhada dos impactos entre as comparações dos fatores econômicos,
culturais, tecnológicos, sociais e ambientais de uma transferência de tecnologia focada
na indústria eletroeletrônica.
A capacidade de qualquer organização de adotar tecnologia avançada para perceber
benefícios esperados do processo de adoção de tecnologia pode depender das capacidades
técnicas e organizacionais existentes de influências e impactos sociais, locais e ambientais. A
abordagem de gestão e a atitude em relação às mudanças podem influenciar significativamente
o desempenho de TT (MOHAMED, 2012).
A indústria de eletrônicos brasileira integra o grande complexo industrial instalado no
país. Trata-se de um aglomerado de atividades econômicas envolvidas com a fabricação de
produtos tão diversos como televisores, celulares, eletrodomésticos, computadores,
equipamentos médicos e maquinário para geração, transmissão e distribuição de energia. De
modo geral, as empresas atuam tanto de modo especializado em alguns desses segmentos ou
atendem a vários deles, fabricando de aparelhos celulares a refrigeradores.
O modelo proposto considera os passos e fatores importantes na transferência de
tecnologia e seus impactos. Ele é discutido e um exemplo simples é incluído no projeto para
esboçar os processos do modelo. Na figura 3, está o exemplo de um modelo de transferência de
tecnologia de acordo com uma necessidade de um meio de transporte e que pode ser satisfeita
com tipos de transporte alternativos onde a tecnologia não pode ser produzida localmente e é
transferida de um fornecedor externo por meio do processo de TT.
47
Figura 3 - Modelo de Transferência de Tecnologia
Fonte: dos autores (Adaptado de MOHAMED, 2012).
O modelo consiste nas seguintes etapas:
i.
Avaliação das necessidades (identificação de problema): Este é o primeiro passo no
processo de transferência de tecnologia. As necessidades precisam ser identificadas e as
características básicas das necessidades em termos de quantidade, níveis de preços e
48
pré-condições culturais devem ser avaliadas. Isso envolve a identificação das
necessidades da sociedade receptora. Basicamente, a sociedade é o centro da análise, e
não as tecnologias disponíveis.
ii.
Analisar como satisfazer as necessidades (identificação das opções): as necessidades
identificadas requerem opções para atendê-las. Essas opções de como satisfazer as
necessidades podem não ser necessariamente relacionadas à tecnologia.
iii.
Analisar a estratégia e os planos de políticas para atender as necessidades e as opções
para satisfazer essas necessidades: Em geral, as nações em desenvolvimento
estabeleceram suas prioridades por planos estratégicos ou planos de desenvolvimento.
Esses planos podem determinar os recursos que os governos estão dispostos a
comprometer com as opções.
iv.
Fazer ou Transferir a Decisão: mesmo que a maioria das tecnologias dos países em
desenvolvimento sejam transferidas do exterior, existem tecnologias que podem ser
desenvolvidas e usadas localmente. A opção "fazer" é atraente se os recursos e as
habilidades necessárias para a sua produção estão disponíveis localmente e a tecnologia
é de grande interesse econômico ou estratégico para o país, mas o investimento na
"opção de compra" apenas por razões de interesse estratégico pode levar ao desastre.
v.
Avaliar a tecnologia considerando os fatores sociais, culturais, econômicos,
tecnológicos e ambientais: os fatores são discutidos na seção de avaliação tecnológica
deste estudo.
vi.
Decidir sobre uma tecnologia: depois de avaliar as possíveis tecnologias alternativas, a
tecnologia mais apropriada é selecionada. Se não houver uma tecnologia satisfatória, os
planos e políticas estratégicas devem ser reconsiderados.
vii.
Processo de transferência física: trata-se do processo de transferência real e material da
tecnologia selecionada. Inclui todos os processos de aquisição e transporte da
tecnologia. Mas é preciso lembrar que a transferência de tecnologia não significa
necessariamente transferência de tecnologia física, pois os serviços também podem ser
incluídos.
viii.
Implementação: o processo final da transferência de tecnologia é implementar a
tecnologia. Recomenda-se mencionar aqui recomendações adicionais para os países em
desenvolvimento, conforme estabelecido por Awny (2005); ou seja, a absorção e a
posterior modificação da tecnologia devem ser levadas em consideração. Deve ser dada
uma devida consideração ao treinamento e manutenção do pessoal.
49
ix.
Medindo o sucesso: uma vez que todo o processo de transferência é feito, medir o
sucesso ou falha do processo de transferência ajuda a aprender com os erros e leva a
melhorar as próximas transferências de tecnologia.
As empresas são normalmente controladas por grandes corporações globais, mas a
fabricação dos produtos depende muitas vezes de componentes, em geral menos tecnológicos,
fornecidos por empresas nacionais, as quais também podem ser encarregadas das etapas da
produção.
A avaliação dos impactos da transferência de tecnologia desse foi feita utilizando o
método Delphi inicialmente para a coleta das informações, que é baseado no princípio de
previsões por um grupo estruturado de especialistas e são mais precisas se comparadas às
provenientes de grupos não estruturados ou individuais. Este tipo de método tem pelo menos
duas vantagens.
A primeira é que a informação disponível está sempre mais contrastada que aquela da
qual dispõe o participante melhor preparado, ou seja, do que a informação do especialista mais
versado no tema. Esta afirmação baseia-se no fato que, "várias cabeças pensam melhor que uma
única".
A segunda refere-se ao número de fatores considerado por um grupo ser maior do que
o considerado por uma só pessoa. Cada especialista pode levar à discussão geral a ideia que tem
sobre o tema debatido, a partir de sua área de conhecimento. Estas duas vantagens são essenciais
para o enriquecimento da discussão sobre o tema, uma vez que a informação e o conhecimento
vertem por diferentes canais que, por sua vez, são redistribuídos a estes mesmos canais,
permitindo o repensar e o reopinar sobre o tema. Aplicando esta técnica, é possível envolver os
participantes de forma mais intensa e interativa, oferecendo não apenas o retorno estabelecido
pela oportunidade de rever suas ideias e posições, mas também a oportunidade do crescimento
intelectual.
A coleta dos dados em campo é estruturada em questionários e entrevistas com a
aplicação do modelo Delphi focado nos especialistas da área. A pesquisa estuda os impactos
das inovações tecnológicas na indústria eletroeletrônica nos âmbitos econômicos, sociais,
culturais, tecnológicos e ambientais para avaliar se os impactos atuais refletem a análise do
método aplicado.
O estudo é baseado nas tecnologias inovadoras de geração, transmissão, distribuição e
automação de energia na indústria eletroeletrônica, pois possuem muitos projetos de localização
e transferência tecnológica em que é necessário a avaliação dos impactos para as tomadas de
decisões. A análise das informações coletadas é feita utilizando o modelo matemático de análise
50
estatística Student t-test para determinar se as hipóteses sobre a média das amostras extraídas
tem relação ou não, de acordo com as informações da população da qual os grupos foram
amostrados.
51
5.
METODOLOGIA E COLETA DE DADOS
Primeiro, é estruturado um questionário modelo para coleta das informações de acordo
com as características das inovações a serem avaliadas e os setores a serem aplicados. A
pesquisa aborda os produtos da indústria eletroeletrônica. Com isso, o questionário é
estruturado nas áreas econômica, social, cultural, tecnológica e ambiental, e dentro de cada área
são avaliados os possíveis impactos de acordo com as características do produto em
transferência.
Em seguida, aplica-se o questionário a um grupo pré-determinado utilizando o método
Delphi. Esta técnica constitui em estruturar o processo de comunicação de um grupo específico,
permitindo descobrir as opiniões do grupo de especialistas, como um todo, para lidar com
problemas complexos. Este método distingue-se essencialmente por três características básicas:
o anonimato, a interação com retorno controlado e a geração de respostas estatísticas.
Em seguida, utiliza-se um método estatístico Student t-test para tratar os dados
coletados, que resultará na quantificação detalhada dos impactos e exibirá os resultados. O teste
t é um método para testar hipóteses sobre a média de uma pequena amostra extraída de uma
população normalmente distribuída quando o desvio padrão populacional é desconhecido. Com
isso, é possível avaliar os impactos da transferência por meio de uma comparação entre os
impactos.
A metodologia do estudo consiste nas seguintes etapas:
1) Definir a área de estudo e os segmentos: Indústria eletroeletrônica de geração,
transmissão e distribuição de energia;
2) Definir os impactos a serem avaliados: econômicos, sociais, culturais, tecnológicos e
ambientais;
3) Definir o método de coleta de informações: Delphi;
4) Propor um modelo de análise dos impactos: Questionário e entrevista;
5) Definir o modelo matemático para análise dos resultados: Student t-test;
6) Aplicar e coletar as informações;
7) Avaliar as informações coletadas;
52
8) Definir os questionamentos a serem analisados e relacionar os impactos: Econômicos x
outros fatores, inovação x crescimento econômico e tecnologia x impactos ambientais;
9) Mensurar e justificar os resultados;
10) Concluir e definir os próximos desenvolvimentos;
O modelo em estudo permite ser replicado em outras áreas e projetos conforme
necessidade do usuário em avaliar impactos de uma situação específica. O usuário deve
primeiro elencar as áreas de impacto a serem estudadas de acordo com a aplicação, conforme
modelo sugerido. Em seguida, define-se os questionamentos que tenham correlação com os
impactos do projeto e as informações que buscam respostas. Com isso, definem-se os
especialistas que vão contribuir com o projeto (método Delphi) e iniciam-se a coleta dos dados.
Finalmente, aplica-se o modelo estatístico Student t-test para tratamento e interpretação das
informações e respostas dos impactos a serem mitigados. É possível utilizar o modelo para
novos negócios, projetos interdisciplinares, tomada de decisões e qualquer aplicação que seja
possível medir o nível dos impactos por meio de especialistas.
5.1
A Consistência do Questionário
Ao desenvolver o questionário eletrônico é importante levar em consideração alguns fatores
para alcançar os objetivos da pesquisa. Em primeiro lugar, o questionário deve ser projetado
para coletar todas as informações necessárias, portanto, todos os possíveis caminhos de
ramificação devem ser considerados no projeto.
Neste trabalho fez-se necessário a aplicação de um questionário para avaliar como as
empresas eletroeletrônicas estão tratando a transferência de tecnologia e qual importância estão
dando para os impactos sociais, culturais, econômicos e tecnológicos. Por isso, a confiabilidade
do questionário é parte essencial o deste estudo.
É com suporte da Matemática e da Estatística que se estrutura as questões das avaliações
em questionários e testes psicológicos, embora a psicometria tenha prioridade no estudo deste
tema, sua grande marca é a transdisciplinaridade da sua aplicação, devido as propriedades
métricas estudadas nas Ciências Psicossociais consegue-se garantir a confiabilidade e a
validade dos testes. O estudo caracteriza-se pela utilização de método de procedimento
estatístico, sendo parte integrante das pesquisas de abordagem quantitativa ou integrada do
problema de pesquisa.
53
Os questionários são aplicados por meio de instrumentos de pesquisa com o objetivo
de extrair de uma determinada população seu posicionamento, em diversos níveis
comportamentais (TEIXEIRA, 2016).
As pesquisas são caracterizadas pelos questionamentos dos entrevistados cujo ponto
de vista, opinião e atitude diante de em tópico, neste caso a transferência de tecnologia na
indústria eletroeletrônica e seus impactos, deseja-se conhecer. Neste questionário, solicita-se
aos participantes que emitam informações acerca de dado problema ou objeto em evidência.
Dando assim um tratamento quantitativos dos dados para que a partir das informações geradas
se estabeleçam conjectura e conclusões (GIL, 2008).
A decisão acerca dos métodos foi pautada nas necessidades e características do objeto
da pesquisa. Considerando o tema técnico crítico e inovador ao qual a pesquisa se vincula, de
modo que o método indutivo de abordagem e o estatístico de procedimento configuraram-se
como os mais adequados para o desenvolvimento da pesquisa que foi classificada como sendo
de natureza aplicada, quantitativa quanto à abordagem do problema, analítica em relação aos
objetivos e bibliográfica, documental e de levantamento no que diz respeito aos procedimentos.
A hipótese que norteia esta pesquisa é de consistência e será satisfatória (BECKMAN, 2006).
Existem duas características de medicado que devem ser consideradas no
desenvolvimento de questionários: a validade e a confiabilidade. De acordo com Hayes (1995),
“a validade refere-se ao grau com que a escala utilizada no questionário realmente mede o
objeto para o qual ela foi criada para medir, e a confiabilidade é definida como o grau com que
as medições estão isentas de erros aleatórios”.
Segundo Trochim (2003), a consistência interna refere-se ao grau com que os itens do
questionário estão correlacionados entre si e com o resultado geral da pesquisa, o que representa
uma mensuração da confiabilidade do mesmo. Particularmente, este artigo concentra-se na
investigação da confiabilidade de questionários através do emprego de um dos procedimentos
estatísticos mais utilizados para mensuração da consistência interna – o coeficiente alfa de
Cronbach.
5.2
Método Student t-test
O teste Student t-test, em estatística, é um método para testar hipóteses sobre a média
de uma pequena amostra extraída de uma população normalmente distribuída quando o desvio
padrão populacional é desconhecido. Em 1908, William Sealy Gosset, um inglês que publicou
sob o pseudônimo Student, desenvolveu o teste t e a distribuição t. A distribuição t é uma família
54
de curvas na qual o número de graus de liberdade (o número de observações independentes na
amostra menos um) especifica uma curva específica.
A significância estatística de um teste t indica se a diferença entre as médias dos dois
grupos reflete uma diferença “real” na população da qual os grupos foram amostrados.
À medida que o tamanho da amostra (e, portanto, os graus dessa amostragem) aumenta,
a distribuição t aproxima-se da forma da distribuição normal padrão. Na prática, para testes
envolvendo a média de uma amostra de tamanho maior que 30, a distribuição normal é
geralmente aplicada.
É comum primeiro formular uma hipótese nula, que afirma que não há diferença efetiva
entre a média da amostra observada e a média populacional hipotética ou declarada, ou seja,
que qualquer diferença medida é devida apenas ao acaso. Em um estudo agrícola, por exemplo,
a hipótese nula poderia ser que uma aplicação de fertilizante que não teve efeito sobre o
rendimento da colheita e um experimento seria realizado para testar se aumentou a colheita.
Em geral, um teste t pode ser bilateral (também denominado bicaudal), afirmando
simplesmente que os meios não são equivalentes, ou unilaterais, especificando se a média
observada é maior ou menor que a média hipotética. A estatística do teste t é então calculada.
Se a estatística t observada for mais extrema do que o valor crítico determinado pela distribuição
de referência apropriada, a hipótese nula é rejeitada. A distribuição de referência apropriada
para a estatística t é a distribuição t. O valor crítico depende do nível de significância do teste
(a probabilidade de rejeitar erroneamente a hipótese nula).
5.3
Porque o método Student t-test é importante
A importância histórica e didática do teste t, usado na comparação de médias é maior
que sua aplicabilidade prática. Entretanto, os conhecimentos que se adquire ao estudar o método
são bastante interessantes O teste t de Student tem diversas variações de aplicação, mas sempre
há́ a limitação do mesmo ser usado na comparação de duas (e somente duas) médias e as
variações dizem respeito às hipóteses que são testadas.
É um teste de hipótese que usa
conceitos estatísticos para rejeitar ou não uma hipótese nula quando a estatística de teste (t)
segue uma distribuição t de Student.
5.4
Quais resultados estamos buscando com o Student t-test
O teste t de Student é um teste robusto e bem documentado que compara as médias de
dois conjuntos de dados. O resultado final do teste é um valor único de 't', que é uma medida da
55
extensão em que os dois conjuntos de dados se sobrepõem. Nesta pesquisa, utilizou-se a
comparação entre duas hipóteses na transferência tecnológica. Seja ela entre os impactos
econômicos, culturais, ambientais, sociais ou tecnológicos. O teste foi responsável em validar
as informações coletadas na pesquisa de campo.
Por meio do teste t, testa-se a hipótese de que uma média é igual a um valor fixo
previamente estabelecido, no caso da hipótese enunciada, o valor 0, mas que pode ser alterado
de acordo com os objetivos da pesquisa. O teste t deriva da distribuição normal, assim como a
distribuição t deriva da distribuição normal, conforme ilustrado na figura 4.
Figura 4 - Comparação das distribuições normal e t.
Fonte: dos autores (Adaptado de TEIXEIRA, 2016).
Este trabalho tem como objetivo explicar e exemplificar a comparação de duas
amostras independentes de impactos relacionados a transferência tecnológica.
O Teste t pode ser conduzido para:
5.5

Comparar uma amostra com uma população;

Comparar duas amostras pareadas;

Comparar duas amostras independentes.
Quando utilizar o Student t-test
Quando o objetivo é comparar duas populações quanto a uma variável quantitativa, é
muito comum que os pesquisadores não conheçam os parâmetros de nenhuma delas, isto é,
sejam desconhecidas as médias (μ) e também os desvios padrões (σ) populacionais. Dessa
forma, muitos estudos são realizados com duas amostras independentes de indivíduos,
denominadas grupo experimental e grupo controle, respectivamente.
56
6.
ANÁLISE DOS DADOS
6.1
Setor Eletroeletrônico
A indústria de eletroeletrônica e de energia contempla toda geração, transmissão,
distribuição e venda de energia elétrica para o público em geral e para a indústria. A distribuição
comercial de energia elétrica começou em 1882, quando a eletricidade foi produzida para
iluminação elétrica. A indústria eletrônica brasileira faz parte do grande complexo
eletroeletrônico instalado no país. É um conjunto de atividades econômicas envolvidas na
fabricação de produtos tão diversos quanto televisores, telefones celulares, eletrodomésticos,
computadores, equipamentos médicos e máquinas para geração, transmissão e distribuição de
energia. Nas décadas de 1880 e 1890, as crescentes preocupações econômicas e de segurança
levaram à regulamentação do setor. Esta novidade cara e limitada às áreas mais densamente
povoadas, a eletricidade confiável e econômica tornou-se um aspecto essencial para o
funcionamento normal de todos os elementos das economias desenvolvidas.
No século XX, a eletricidade era vista como um "monopólio natural", que só seria
eficiente se um número restrito de organizações participasse do mercado; em algumas áreas, as
empresas verticalmente integradas fornecem todas as etapas, desde a geração até o varejo, e
somente a supervisão governamental regulou a taxa de retorno e a estrutura de custos.
Desde a década de 1990, muitas regiões abriram a geração e distribuição de energia
elétrica para fornecer um mercado de eletricidade mais competitivo. Embora esses mercados
possam ser abusivamente manipulados com consequente impacto adverso nos preços e na
confiabilidade para os consumidores, geralmente a produção competitiva de energia elétrica
leva a melhorias valiosas em eficiência. No entanto, transmissão e distribuição são problemas
mais difíceis, pois, os retornos sobre o investimento não são tão fáceis de encontrar.
A rede elétrica em si está mudando, tornando-se "mais inteligente" em virtude de uma
sobreposição de comunicação, com milhões de sensores que tornarão a rede melhor controlável
e potencialmente autossustentável por meio de tecnologia locais e tecnologia transferidas de
outros países para o Brasil. A indústria de energia elétrica está investindo mais de US$ 20
bilhões por ano na rede de distribuição, que permitirá a conexão de recursos energéticos, bem
como dispositivos em nossas casas e empresas. Muitos desses recursos e dispositivos interagem
entre os dispositivos da rede, resultando em operações mais eficientes. O circuito digital está
recebendo inovações com impactos e evoluindo para uma linha de multicanal com poder e
informação dos fluxos que serão usados para análise e interpretação dos dados.
57
6.2
Resultados
A coleta das informações elencou, dividiu e quantificou as empresas participantes, a
formação dos entrevistados, as áreas tecnológicas de atuação, os tipos de inovação de cada área
e onde ocorre o desenvolvimento das tecnologias. Os resultados obtidos encontram-se na tabela
2. O motivo da Siemens ter uma participação superior no estudo é devido à rede de amigos
desenvolvidos em meus anos de atuação na empresa. Consequentemente, a formação dos
entrevistados é maior na área de elétrica.
Tabela 2 – Resultados da pesquisa utilizando o método Delphi
a. Empresas participantes
Siemens
GE
ABB
Schneider Electric
WEG
Outros
b. Formação dos Entrevistados
Engenharia Elétrica
Engenharia Mecânica
Engenharia de Produção
Engenharia Mecatrônica
Engenharia de Controle e Automação
Outros
c. Áreas tecnológicas avaliadas
Geração de Energia
65%
13%
8%
3%
2%
8%
70%
14%
6%
3%
2%
5%
21%
Transmissão de Energia
19%
Distribuição de Energia
Automação Industrial
31%
30%
d. Tipos de Inovações
Inovações Radicais
Tecnologias Incrementais
e. Local de desenvolvimento das inovações
Nacional
Internacional
Fonte: dos autores
44%
56%
15%
85%
58
No quadro resumo aplicou-se o teste em todas as áreas com foco nos produtos da
indústria eletroeletrônica e como resultado do Student t-test é possível avaliar áreas que sofrem
impactos e quais não há necessidade de avaliação.
Tabela 3 – Resultados do Student t-test em todas as áreas avaliadas no estudo.
ÁREA
IMPACTO
T-TEST
(P(T<=t) )
>95%
RESULTADO
Econômica
Social
Alto impacto social em transferência com foco econômico
Econômica
Cultural
>95%
Alto impacto cultural em transferência com foco econômico
Econômica
Tecnológico
<5%
Baixo impacto tecnológico em transferência com foco econômico
Econômica
Ambiental
>95%
Alto impacto ambiental em transferência com foco econômico
Tecnológica Econômico
<5%
Baixo impacto econômico em transferência com foco tecnológico
Tecnológica Ambiental
>95%
Alto impacto ambiental em transferência com foco tecnológico
Tecnológica Social
>95%
Alto impacto social em transferência com foco tecnológico
Tecnológica Cultural
>95%
Alto impacto cultural em transferência com foco tecnológico
Ambiental
Social
>95%
Alto impacto social em transferência com foco ambiental
Ambiental
Cultural
>95%
Alto impacto cultural em transferência com foco ambiental
Ambiental
Tecnológico
>95%
Alto impacto tecnológico em transferência com foco ambiental
Ambiental
Econômico
>95%
Alto impacto econômico em transferência com foco ambiental
Social
Cultural
<5%
Baixo impacto cultural em transferência com foco social
Social
Ambiental
>95%
Alto impacto ambiental em transferência com foco social
Social
Tecnológico
>95%
Alto impacto tecnológico em transferência com foco social
Social
Econômico
>95%
Alto impacto econômico em transferência com foco social
Fonte: dos autores
O resultado do estudo são as avaliações dos impactos entre as áreas sugeridas. As
transferências tecnológicas com foco econômico geram impactos sociais, culturais e ambientais
após aplicação do método.
Logo, uma tecnologia transferida com objetivos inovadores não necessariamente
contribui para o crescimento econômico, pelo contrário, pode gerar impactos economicamente
negativos.
E, finalmente, os produtos com foco tecnológico sempre geram impactos ambientais
após sua nacionalização.
6.3
Impactos
1) Quais áreas sofrem impactos quando uma tecnologia é transferida levando-se em
consideração apenas os fatores Econômicos?
59
i. Econômico x Social
Teste-t: duas amostras presumindo variâncias equivalentes
ECONÔMICO SOCIAL
Média
Variância
Observações
Variância agrupada
Hipótese da diferença de média
gl
Stat t
P(T<=t) uni-caudal
t crítico uni-caudal
P(T<=t) bi-caudal
t crítico bi-caudal
2,872881356
0,1460959
118
0,325691728
0
234
14,48586239
1,12E-34
1,651391475
2,23999E-34
1,970153643
1,796610169
0,505287556
118
De acordo com o teste t e o valor de P (T<=t) bi-caudal por ser menor que 0,05 pode-se
concluir que há relação significativa entre as amostras. Ou seja, em mais de 95% dos casos em
que uma transferência tecnológica é realizada com foco econômico, tem-se impactos sociais na
geração de emprego, infraestrutura local e qualidade de vida. Em resumo, transferências
economicamente viáveis trazem impactos sociais.
ii. Econômico x Cultural
Teste-t: duas amostras presumindo variâncias equivalentes
ECONÔMICO CULTURAL
Média
Variância
Observações
Variância agrupada
Hipótese da diferença de média
gl
Stat t
P(T<=t) uni-caudal
t crítico uni-caudal
P(T<=t) bi-caudal
t crítico bi-caudal
2,872881356
0,1460959
118
0,354121396
0
234
14,87670745
5,57392E-36
1,651391475
1,11478E-35
1,970153643
1,720338983
0,562146893
118
Fonte: dos autores
De acordo com o teste t e o valor de P (T<=t) bi-caudal por ser menor que 0,05 pode-se
concluir que há relação significativa entre as amostras. Ou seja, em mais de 95% dos casos em
que uma transferência tecnológica é realizada com foco econômico, tem-se impactos culturais
na educação, agricultura e acessibilidade que devem ser avaliados. Em resumo, transferências
economicamente viáveis trazem impactos culturais.
60
iii. Econômico x Tecnológico
Teste-t: duas amostras presumindo variâncias equivalentes
Média
Variância
Observações
Variância agrupada
Hipótese da diferença de média
gl
Stat t
P(T<=t) uni-caudal
t crítico uni-caudal
P(T<=t) bi-caudal
t crítico bi-caudal
ECONÔMICO
TECNOLÓGICO
2,872881356
0,1460959
118
0,139576996
0
234
-0,348471345
0,363899772
1,651391475
0,727799544
1,970153643
2,889830508
0,133058091
118
De acordo com o teste t e o valor de P (T<=t) bi-caudal por ser maior que 0,05 pode-se
concluir que não há relação significativa entre as amostras. Ou seja, em apenas 5% dos casos
em que uma transferência tecnológica é realizada com foco econômico, tem-se impactos
tecnológicos nas infraestruturas, nos serviços e sistemas e nos processos industriais. Em
resumo, foco econômico não está relacionado com o nível tecnológico.
iv. Econômico x Ambiental
Teste-t: duas amostras presumindo variâncias equivalentes
ECONÔMICO AMBIENTAL
Média
Variância
Observações
Variância agrupada
Hipótese da diferença de média
gl
Stat t
P(T<=t) uni-caudal
t crítico uni-caudal
P(T<=t) bi-caudal
t crítico bi-caudal
2,872881356
0,1460959
118
0,340359264
0
234
9,595633717
6,69558E-19
1,651391475
1,33912E-18
1,970153643
2,144067797
0,534622628
118
De acordo com o teste t e o valor de P (T<=t) bi-caudal por ser menor que 0,05 pode-se
concluir que há relação significativa entre as amostras. Ou seja, em mais de 95% dos casos em
que uma transferência tecnológica é realizada com foco econômico, tem-se impactos ambientais
como interferência na biodiversidade, nas energias renováveis, na utilização dos recursos
naturais, na poluição e em possíveis danos à saúde que devem ser avaliados. Em resumo, sempre
há impactos ambientais com uma transferência com foco econômico.
61
2) A transferência focada na inovação tecnológica contribui para o crescimento econômico?
Teste-t: duas amostras presumindo variâncias diferentes
TECNOLÓGICO ECONÔMICO
Média
Variância
Observações
Hipótese da diferença de média
gl
Stat t
P(T<=t) uni-caudal
t crítico uni-caudal
P(T<=t) bi-caudal
t crítico bi-caudal
2,889830508
0,133058091
118
0
233
0,348471345
0,363900444
1,651419647
0,727800888
1,970197599
2,872881356
0,1460959
118
A transferência focada em inovação não contribui para o desenvolvimento econômico.
De acordo com o teste t e o valor de P (T<=t) bi-caudal por ser maior que 0,05 pode-se concluir
que não há relação significativa entre as amostras. Ou seja, em apenas 5% dos casos em que
uma transferência tecnológica é realizada com foco tecnológico, tem-se impactos econômicos
como a contribuição para o crescimento econômico local em que a tecnologia será aplicada e
retornos financeiros para a empresa que está realizando a transferência. Em resumo, não há
relação entre a alta tecnologia e o retorno econômico.
3) Transferência com foco tecnológico sempre geram impactos ambientais?
Teste-t: duas amostras presumindo variâncias
diferentes
TECNOLÓGICO AMBIENTAL
Média
Variância
Observações
Hipótese da diferença de média
gl
Stat t
P(T<=t) uni-caudal
t crítico uni-caudal
P(T<=t) bi-caudal
t crítico bi-caudal
2,889830508
0,133058091
118
0
172
9,914190307
6,54358E-19
1,653760949
1,30872E-18
1,973852169
2,144067797
0,534622628
118
De acordo com o teste t e o valor de P (T<=t) bi-caudal por ser menor que 0,05 pode-se
concluir que há relação significativa entre as amostras. Ou seja, em mais de 95% dos casos em
que uma transferência é realizada com foco tecnológico, tem-se impactos ambientais como
interferência na biodiversidade, nas energias renováveis, na utilização dos recursos naturais, na
62
poluição e em possíveis danos à saúde que devem ser avaliados. Em resumo, sempre há
impactos ambientais com uma transferência com alto nível tecnológico.
63
7.
CONCLUSÕES
Em conclusão, este estudo constitui um primeiro passo no desenvolvimento de uma
metodologia para avaliação de impactos em projetos de transferência tecnológica. Tal
metodologia já existe para formas tradicionais e o objetivo é incluir abordagens modernas e
integrá-las a métodos tradicionais. Mais estudos são necessários para atingir este objetivo. A
aplicação de diferentes métodos modernos deve ser avaliada mais sistematicamente para
determinar em quais situações a aplicação dos métodos tem sido bem-sucedida e em quais não.
Apesar dessas e de outras dificuldades, esta pesquisa certamente contribuiria muito para o
crescimento até a maturidade da TT como estudo.
A transferência de tecnologia tem sido frequentemente considerada como um processo
bastante simples. Muitas vezes, acaba sendo executado sem muitas considerações. Isso gera
grandes fracassos, pois há uma necessidade urgente de trabalhar no desenvolvimento de nações
subdesenvolvidas.
Muitos fatores no processo de transferência de tecnologia geralmente não são
reconhecidos, e a falha ocorre com bastante frequência. Neste trabalho, foi desenvolvido um
modelo geral que fornece uma diretriz que identifica fatores para consideração em processos
de transferência de tecnologia.
O foco foi especialmente nos impactos de um processo de transferência de tecnologia.
O modelo proposto pode servir como uma lista de verificação dos fatores que devem ser levados
em consideração em um processo. Acredita-se que, se todos os fatores relacionados à
transferência de tecnologia, incluindo o provável e os possíveis impactos da tecnologia, quando
implementados, forem considerados durante as fases de avaliação, o sucesso da transferência
de tecnologia será bastante elevado.
Com isso, os envolvidos nos processos de transferência serão capazes de: mapear as
consequências dos impactos gerados por uma inovação a ser transferida nos âmbitos
econômicos, sociais, culturais, tecnológicos e ambientais, comparar os impactos para obtenção
de resultados importantes nas decisões de seguir ou não (go ou no go) com a transferência, gerar
ações de mitigação, elencar os maiores impactos, hierarquizar as opções de tecnologias para
decisão de transferência diante dos resultados da análise e seus impactos e servir de guia no
processo de implementação e retorno pós transferência.
As dificuldades diante deste estudo foram definir os melhores modelos e teorias para
análise e interpretação dos impactos. Existem muitas teorias e aplicações distintas, porém a
integração de técnicas desse nível trouxe uma maior confiabilidade ao estudo. O desafio
64
adicional é definir quem são os especialistas do projeto ou produto em estudo, pois essa etapa
gera uma grande influência no resultado final. Uma recomendação é delimitar as pessoas por
formação e experiência. Finalmente, a definição do método estatístico foi importante para que
o estudo pudesse ser interdisciplinar de modo a permitir uma avalição embasada para qualquer
aplicação.
Para trabalhos futuros, é interessante que possam ser realizados mais estudos para
validar a relevância e a reprodutibilidade dos indicadores propostos, e a consistência dos
métodos integrados em outras áreas. Um exemplo, seria aplicar o processo para um plano de
negócio de uma startup para avaliação dos impactos positivos e negativos da empresa, que
servirá para a tomada de decisão dos investidores. Essa característica híbrida do sistema se deve
principalmente a possibilidade de avaliação dos impactos em diversos níveis, não limitando o
modelo em apenas uma área.
Figura 5 – Metodologia para avaliação dos impactos gerados em inovações
Inovação
• Estruturar
Análise
Delphi
• Coletar Informações
Especializadas
t-test
Fonte: dos autores
• Resultados
65
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73
APÊNDICE 1 – PASO A PASSO DO MODELO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTOS DE
INOVAÇÕES
1. Definir a inovação;
2. Elencar as áreas que os impactos serão avaliados;
3. Estruturar o questionário;
4. Definir os especialistas para suportar a base de dados de acordo com o método Delphi;
5. Coletar as informações;
6. Aplicar o método Student t-test para interpretação e tratamento das informações;
7. Interpretar os resultados;
8. Elencar os impactos;
9. Tomar as decisões;
74
APÊNDICE 2 – QUESTIONÁRIO
75
76
77
78
79
Link
para
o
questionário
-
https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSe5_9Jghg-
wBDUBQt9I8OvKPNmDRI61Y8zvQvG7hg3WDctLjQ/viewform?usp=sf_link
80
APÊNDICE 3 – GRÁFICOS E RESULTADOS
80
EMPRESAS AVALIADAS
77
60
40
20
15
10
1
3
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
0
FORMAÇÃO DOS ESPECIALISTAS
100
83
80
60
40
20
17
6
0
3
3
1
2
1
1
81
SETORES AVALIADOS
35%
Distribuição de
Energia; 30,80%
30%
Automação
Industrial; 29,90%
25%
Geração de Energia;
20,50%
Transmissão de
Energia; 18,80%
Geração de Energia
Transmissão de Energia
20%
15%
10%
5%
0%
Distribuição de Energia
Automação Industrial
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