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cultura do mosteiro

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Escola E.B. 2,3 da Bemposta – 2010/2011
Curso Profissional de Instrumentista de Cordas e Teclas
“História da Cultura e das Artes” – Área artística da Música
Ana Sofia Nunes Luís
Número 3, 10ºA
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Introdução
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Canto Gregoriano
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- A construção do repertório gregoriano do final do império romano do Ocidente a
Carlos Magno
A aplicação do rito gregoriano na Península Ibérica e os vestígios do rito visigótico
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O desenvolvimento da notação musical
Os tipos de liturgia e as rubricas litúrgicas
6
O Sistema Modal
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Tropos e Sequências
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Drama Litúrgico
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Polifonia Medieval
Conclusão
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Bibliografia
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Neste trabalho comecei por falar sobre o que era o cantochão e da importância de Carlos
Magno na construção do reportório gregoriano.
Também expliquei o que era o rito visigótico e como se foi desenvolvendo a notação
musical ao longo dos séculos.
Tentei falar um pouco dos tipos de liturgia, as rubricas litúrgicas daquela época e o
sistema modal.
Por fim, defini os conceitos de tropos, sequências e drama litúrgico e expliquei o que é a
polifonia medieval.
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A Construção do repertório gregoriano do final do império romano do
Ocidente a Carlos Magno (a herança judaica, o papel de S.Gregório, os
diferentes ritos na Europa, a tentativa de imposição de um rito único
no império Carolíngio)
O canto gregoriano, ou cantochão, é um género de música vocal monofónica, monódica,
sem
acompanhamento,
utilizado
na
liturgia
católica
romana.
As características foram herdadas dos salmos judaicos, assim como os modos gregos,
que mais tarde, no século VI, foram seleccionados e adaptados
por S.Gregóri o (daí o nome de canto gregoriano) para serem
utilizados nas celebrações religiosas da Igreja Católica.
Carlos Magno, 300 anos depois, foi quem difundiu e impôs o
estilo romano a todos os locais do Império Sacro Romano.
Apenas este tipo de música podia ser utilizada na liturgia ou nos
outros ofícios católicos. Só nos finais da Idade Média, na
Figura 1 - Carlos Magno
Europa, é que a polifonia começou a ser usada nos ofícios católicos, e a coexistir com a
prática do canto gregoriano.
No ano 800, depois de Carlos Magno, filho mais velho de Pepino (primeiro rei
carolíngio), ter sido coroado como chefe do Sacro Império Romano, ele e os seus
sucessores tentaram impor o repertório gregoriano e suprimir os diversos dialectos do
cantochão, como o céltico, o galicano, o moçárabe, o ambrosiano.
Ao longo dos séculos VI, VII e VIII missionários dos mosteiros irlandeses e escoceses
fundaram escolas e foram surgindo na Europa Ocidental e Central diversos centros
culturais.
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Um monge inglês, ajudou Carlos Magno no seu projecto de fazer reviver os centros de
ensino em todo o império franco. Um dos feitos deste renascimento carolíngio foi o
desenvolvimento de vários centros musicais, como o mosteiro de S.Galo, na Suiça.
Os monges da abadia beneditina de Solesmes, em França, organizaram edições facsimiladas e comentadas das fontes do canto gregoriano na série Paléografphie musicale,
e lançaram também edições modernas do cantochão em notação neumática.
Em 1903, o Papa Pio X conferiu a esta obra o estatuto de edição oficial do Vaticano II, e
estes livros passaram a ser muito pouco usados nos serviços religiosos modernos e
deixaram de ser reeditados.
A aplicação do rito gregoriano na Península Ibérica e os vestígios do
rito visigótico
Os rituais litúrgicos eram criados e praticados pelos primeiros cristãos hispânicos ou
ibéricos. O canto hispânico (também conhecido como canto visigótico ou moçárabe) era
baseado no mesmo sistema diatónico dos outros repertórios litúrgicos latinos.
Designa-se por rito moçárabe o ritual litúrgico originariamente criado e praticado pelos
primeiros cristãos ibéricos, ainda sob domínio Romano. Este rito sofreu importantes
alterações durante o período Visigótico. Mais tarde, os cristãos moçárabes continuaram
a praticar o rito mesmo sob o domínio árabe da Península Ibérica.
O desenvolvimento da notação musical
O sistema de notação sofreu muitas alterações significativas ao longo dos séculos. Uma
tarefa que ocupou os teóricos na Idade Média foi a de criarem uma notação musical
adoptada às suas necessidades. Enquanto os cânticos eram transmitidos oralmente,
sendo tolerada uma certa imagem de variação na aplicação dos textos às melodias
tradicionais, não era necessário mais do que um ou outro símbolo, para lembrar a
configuração genérica da melodia.
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Por volta do século IX, começaram a ser colocados sinais (neumas) acima das palavras,
indicando uma linha melódica ascendente (/), uma linha melódica descendente (\) ou
uma combinação das duas (/\).
Com o passar do tempo, no século X, os escribas começaram a colocar neumas elevados
ou diastemáticos a uma altura variável acima do texto para indicarem mais claramente a
configuração da melodia.
A invenção da pauta tornou possível registar com precisão a altura relativa das notas de
uma melodia. A notação numa pauta com neumas, ainda era bastante imperfeita, havia
sinais respeitantes ao ritmo em muitos manuscritos medievais, mas os estudiosos
modernos não conseguiram ainda descobrir o seu significado.
Na prática moderna as notas do cantochão são tratadas com o mesmo valor. As notas
são agrupadas ritmicamente em grupos de duas ou três, sendo estes grupos combinados
de forma flexível em unidades rítmicas mais amplas.
Foi nesta altura em que foi dado o nome às notas, através do hino “Ut queant laxis”.
Cada uma das seis frases do hino começa com uma das notas da sequência, por ordem
regularmente ascendente.
Os tipos de liturgia e as rubricas litúrgicas
As duas categorias principais de serviços religiosos são o ofício e a missa.
Os ofícios ou horas canónicas, celebram-se todos os dias, a horas determinadas, sempre
pela mesma ordem. Normalmente, a sua recitação pública só é observada em certos
mosteiros, igrejas e catedrais. O ofício é celebrado pelo clero secular e pelos membros
das ordens religiosas, compõe-se através de orações, salmos, cânticos, antífonas,
responsos, hinos e leituras. A música para os ofícios está num livro litúrgico chamado
Antifonário. Os ofícios mais importantes são as matinas, as laudas e as vésperas.
A missa é o serviço religioso mais importante da igreja católica. Na igreja católica, a
missa tem o nome de missa solene, e inclui um bom número de peças cantadas por um
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celebrante, um diácono e um subdiácono, além do cantochão ou canto polifónico.
Na missa rezada, as palavras são ditas em vez de cantadas.
Uns anos mais tarde, a missa começou a ser celebrada a partir do final da Idade Média.
A liturgia da missa começa com o intróito, durante a entrada do padre. A seguir ao
intróito, o coro canta o Kyrie e depois o Gloria. Depois, vêm as orações (colecta) e a
leitura da epístola do dia, seguida do gradual e do aleluia.
Nas épocas festivas, como na Páscoa, o aleluia é seguido de uma sequência.
Nas épocas penitencias o aleluia é substituído pelo tracto. Após a leitura do evangelho
vem o Credo juntamente com o sermão. Durante a preparação do pão e do vinho cantase o ofertório e, de seguida, várias orações e o prefácio, que conduz ao Sanctus e ao
cânon, seguido do Pater Joster e do Agnus Dei.
Por fim, após consumidos o pão e o vinho, o coro canta o Communio, depois o padre diz
as orações do Post-Communio, e a missa acaba com a seguinte despedida “Ite, missa
est” ou “Benedicamus Domino”.
As partes variáveis chamam-se próprio: colecta, espístola, evangelho, prefácio, as
orações do pós-comúnio e outras orações. Os principais momentos musicais do próprio
são o intróito, o gradual, o aleluia, o trato, o ofertório e o comúnio.
As partes invariáveis chamam-se ordinário: Kyrie, Gloria, Credo, Sanctus, Benedictus
e o Agnus Dei. Estas partes são cantadas pelo coro, embora nos primeiros tempos do
cristianismo já terem sido cantadas também pela congregação.
O Sistema Modal:
O sistema modal é composto por oito modos, diferenciados segundo a posição dos tons
inteiros ou meio-tons numa oitava diatónica construída a partir da finalis (última nota da
melodia).
Os modos eram um meio de classificar os cânticos e de os ordenar nos livros litúrgicos.
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Estes estão divididos em dois tipos:
Autênticos: Dórico, Frígio, Lídio e Mixolídio
Plagais: Hipodórico, Hipofrígio, Hipolídio e Hipomixolídio.
As finais dos pares dos modos, um plagal e um autêntico, são as mesmas, mas os
tenores são diferentes.
Nos modos autênticos o tenor situa-se uma quinta acima da final, e nos modos plagais o
tenor fica uma terceira abaixo do tenor do modo autêntico correspondente.
Sempre que um tenor calhe na nota Si, sobe para Dó.
Cada modo plagal difere do modo autêntico devido ao facto de nos modos autênticos o
âmbito se situa acima da final, enquanto nos modos plagais a final é a quarta nota a
contar do início da oitava.
Tropos: um tropo era um acrescento composto de novo, normalmente em estilo
neumático e com um texto poético, para um dos cânticos antifonais do próprio da missa.
Os tropos serviam de introdução a um cântico regular ou constituíam interpolações no
seu texto e música. Um dos centros mais importantes da composição de tropos, foi o
mosteiro de S. Galo. Nos séculos X e XI, os tropos apareceram especialmente nas
igrejas monásticas, mas no século XII começaram a desaparecer.
Sequências: Nos primeiros manuscritos do cantochão, encontram-se de vez em
quando certas passagens melódicas muito longas que se repetem, quase sempre sem
modificações, umas vezes como parte de um canto litúrgico regular, outras incluídas
numa colectânea diferente, ora com letras ora sem letras. A sequência respeita o facto de
que cada estrofe é imediatamente seguida por outra estrofe com o mesmo número de
sílabas e a mesma acentuação. Assim, estas duas estrofes são cantadas com o mesmo
segmento melódico, mas no primeiro e último versos há uma excepção, porque não têm
paralelos.
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Drama Litúrgico: Um dos mais antigos dramas litúrgicos baseia-se num diálogo ou
tropo do século X que antecedia o intróito da missa da Páscoa. Em certos manuscritos
surge com um dos elementos da Collecta (cerimónia prévia à missa), que incluía
procissões. Noutros manuscritos é um tropo que antecede o intróito Resurrexi do
domingo de Páscoa ou o intróito da terceira missa do dia de Natal.
Os mistérios do Natal e da Páscoa eram os mais comuns, e representavam-se em toda a
Europa. Algumas peças teatrais do século XII são muito complexas e representam um
interesse especial para quem procura interpretações modernas, como “ Mistério de
Daniel”, “Mistério de Herodes”.
As rubricas de algumas peças mostram que eram, utilizados por vezes, um palco,
cenários, trajos próprios e clérigos actores, mas a música era o principal embelezamento
e recurso expressivo dos textos litúrgicos.
Polifonia Medieval (do Organum ao Discante Melismático)
A polifonia começou a substituir a monofonia. No entanto, a monofonia continuou nas
antífonas, hinos e sequências.
Nos primeiros mil anos da era cristã a igreja do ocidente absorvera e adaptara tudo o
que pudera ir buscar à antiguidade do Oriente. Ao longo destes anos, o material que
conseguiram foi sistematizado, codificado e disseminado por toda a Europa Ocidental.
Até ao final do século XVI, as composições sacras polifónicas incorporaram o
cantochão. Entretanto, a polifonia começou a desenvolver-se independentemente da
Igreja. Mais tarde, os compositores descobriram novos domínios de expressão e novas
técnicas para os dominar.
A música polifónica, no século XI, não se aplicava a todas as partes da liturgia, sendo
usada principalmente nas partes tropadas do ordinário (Kyrie, Gloria, ou Benedicamus
Domino), em certas partes do próprio (graduais, aleluias, tractos e sequências) e nos
responsórios do ofício.
No final do século XI, a polifonia tinha-se desenvolvido de tal maneira que os
compositores já conseguiam combinar duas linhas melodicamente independentes,
recorrendo aos movimentos oblíquo e contrário. Os intervalos simultâneos tinham sido
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estabilizados graças à invenção de uma notação precisa, registando a altura das notas
numa pauta. Apesar de tudo, faltavam ainda dois pontos essenciais, como a capacidade
de combinar duas ou mais melodias ritmicamente independentes e um método preciso
de notação de ritmo.
Organum Primitivo: No organum primitivo, a melodia do cantochão é interpretada por
uma voz, a vox principalis, é duplicada à quinta ou à quarta inferior por uma segunda
voz, a vox organalis, qualquer das vozes, ou das duas, podem ser duplicadas à oitava.
Organum Melismático: Este organum surgiu no século XII. A melodia do cantochão
original, corresponde sempre à voz mais grave, mas cada nota é prolongada de modo a
permitir que a voz mais aguda (o solo) cante contra ela frases de comprimento variável.
Assim, a voz mais grave começou a ser chamada de tenor, porque era a melodia
principal.
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Com este trabalho concluí que Carlos Magno foi muito importante para a evolução do
canto gregoriano.
Também concluí que houve uma grande evolução na notação musical, começaram a ser
colocados sinais (neumas) acima das palavras, e na polifonia medieval.
Para além disso, fiquei a conhecer um pouco os tipos de liturgia e as rubricas litúrgicas
e o sistema modal.
Por fim, fiquei a conhecer alguns conceitos, como tropos e sequências.
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Fontes:
Grout, Donald e Palisca, Claude: História da Música Ocidental, Lisboa, Gradiva, 2007
http://polifoniamedieval.blogspot.com/
http://www.scribd.com/doc/6740313/Canto-Gregoriano
http://paideiamusical.blogspot.com/2008_09_01_archive.html
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