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PA resumos completos

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FM
Perceção e Atenção
1º ano, 1º semestre
(1) INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA COGNITIVA
“... A psicologia cognitiva lida com a forma como as pessoas percebem, aprendem,
lembram e pensam sobre as informações.”
Þ
Þ
Þ
Þ
Estudo do raciocínio
Estudo dos processos mentais (1)
Estuda o modo de processamento de informação do cérebro.
Estuda processos racionais que envolvem adquirir e fazer uso do
conhecimento e da experiência que assimilamos através dos nossos
sentidos.
Þ Preocupa-se em compreender e explicar a cognição humana (2) através
da observação do comportamento dos indivíduos. Estes, por sua vez,
utilizam o conhecimento e a experiência para realizarem diversas
funções cognitivas (falar, raciocinar, resolver situações-problema,
memorizar).
(1)
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FM
(2) É a habilidade que temos para assimilar é processar os dados que nos chegam de
diversas vias.
Cúmulo de atividades e processos pelos quais um organismo adquire informação, graças
à aprendizagem ou experiência.
Principais ramos da psicologia
•
•
•
•
Psicologia Cognitiva Experimental (tenta compreender a cognição humana
através de evidências comportamentais),
Neurociências Cognitivas (usa evidências do comportamento e do cérebro),
Neuropsicologia Cognitiva (estuda pacientes com lesões cerebrais para
compreender tanto o comportamento normal/saudável como também as
alterações que ocorrem em diferentes condições clínicas),
Ciência Cognitiva Computacional (envolve o desenvolvimento de modelos
computacionais para simular a aprendizagem e as inferências humanas).
Processamento de informação: tipos de processamento
- Top Down: o processamento inicia-se no SNC e desloca-se para a periferia – processo
descendente), influenciado por espectativas, crenças, conhecimento do indivíduo.
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Ex.: tocar numa panela quente (estímulo) -> tirar a mão (reação)
- Bottom Up: o processamento inicia nos orgãos sensoriais, influenciado diretamente
pela natureza do estímulo a partir do ambiente que indica um determinado processo
cognitivo interno e que produz uma resposta – processo ascendente.
A psicologia cognitiva como ciência: passado, presente e futuro
o principais linhas teóricas:
Racionalismo
Antecedentes filosóficos: Platão, Descartes
Empirismo
Antecedentes filosóficos: Aristóteles, Locke
Racionalismo + Empirismo
Antecedentes filosóficos: Kant
Estruturalismo
1. Wundt (1879) – antecedente psiocológico
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Em 1879 fundou em Leipzig o primeiro Laboratório de Psicologia Experimental. Wundt
considerava que o objeto de estudo da Psicologia era a consciência, que poderia ser
decomposta nos seus elementos mais simples, as sensações, à semelhança das
moléculas decomponíveis em átomos.
Wundt preocupava-se em avaliar a velocidade do pensamento – demonstrou que um
humano demora 1/10 de segundo para mudar a atenção de um estímulo para o outro.
O método de investigação de Wundt consistia na instrospeção: Observadores altamente
treinados examinavam e relatavam o contéudo das suas próprias experiências
conscientes, sob condições cuidadosamente controladas.
Há relatos que quase 20% de todo o trabalho científico realizado no laboratório do
Wundt envolvia repetir ou expandir os estudos de Donders (o primeiro programa de
investigação explicitamente voltado para questões psicológicas).
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Donders desenvolveu 3 tipos de tarefas de tempo de reação:
Reação A (Tempo de Reação Simples)
Reação B (Tempo de Reação com Escolha)
Reação C (Tempo de Reação com Inibição)
Wundt acabou por abandonar a sua linha de estudo sobre “Tempos de Reação” porque
percebeu que havia imensas variações de:
- Estudo para estudo,
- Participante para participante,
- No mesmo sujeito quando avaliado em diferentes momentos,
- De acordo com a via sensorial estimulada, com a intensidade do estímulo, o número
de itens a ser discriminado, e o grau de diferença entre eles, etc.
Funcionalismo
William James juntamente com Jonh Dewey são considerados as principais figuras
associadas ao Pragmatismo.
1. William James (1850-1909) - “pai” da psicologia norte-americana, “líder” do
funcionalismo.
Como funcionalista acreditava no uso de qualquer método que melhor respondesse às
perguntas de um dado investigador.
Como pragmatista acreditava que o conhecimento é validado pela sua utilidade.
2. Jonh Dewey (1859-1952) – lembrado pelos tópicos pensamento e escola.
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Estão interessados não apenas em saber o que as pessoas fazem, como também querem
saber o que podemos fazer com o conhecimento sobre o que as pessoas fazem.
Acreditam na importância da psicologia da aprendizagem e da memória porque pode
ajudar a melhorar o desempenho das crianças na escola.
Associacionismo
1. Herman Ebbinghaus (1850-1909)
Realizou experiências básicas sobre a memória humana.
Inventou uma lista de 16 sílabas com 3 letras, sem sentido, de forma a minimizar o efeito
das associações e da aprendizagem anterior para testar-se a si mesmo. O seu objetivo
era avaliar a capacidade e o tempo de armazenamento assim como a facilidade de
recuperação do material armazenado.
A curva do esquecimento representa a diminuição da capacidade do cérebro de reter
uma informação ao longo do tempo.
depois de 20 minutos 42% da aprendizagem foi perdida
depois de 24 horas 67% da aprendizagem foi por dia
depois de 31 dias 79% de aprendizagem foi perdida
depois de 60 dias 90% da aprendizagem foi perdida
Concluiu que os fatores que afetam a taxa de esquecimento são: a importância que a
nova informação tem; a maneira como é apresentada a informação; fatores fisiológicos
e estado emocional.
Para além disso, chegou à conclusão que há uma exceção para a curva do esquecimento
- memórias autobiográficas apresentam um esquecimento mais lento.
A taxa de esquecimento não é a mesma entre todos uma vez que existem desempenhos
diferentes na memória dos indivíduos - que podem ser explicados pelas habilidades
individuais de representação mnemônica.
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Segundo Ebbinghaus, os indivíduos podem ser treinados para aumentar a sua
capacidade de memória, melhorando a representatividade mnemônica (associações,
visual) e recorrendo à repetição espaçada periódica.
2. Edward Lee Thorndike (1874-1949)
Sustentava que o papel da satisfação é a chave para a formação de associações.
Thorndike chamou a este princípio de lei do efeito (1905): um estímulo tenderá a
produzir uma determinada resposta se um organismo for recompensado por essa
resposta.
Associacionismo/ Behaviorismo (início)
1. Ivan Pavlov (1849-1936)
Behaviorismo
1. Jonh Watson (1878-1958) – “pai” do behaviorismo radical
Watson não via a utilidade em conteúdos ou mecanismos mentais internos e acreditava
que os psicólogos deveriam concentrar-se apenas no estudo do comportamento
observável.
O behaviorismo enfatizava a pesquisa experimental, de participantes humanos e
animais.
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O objetivo deste estudo era testar se as reações poderiam ser adquiridas pela
experiência, em especial o “medo”, por um paradigma de condicionamento pavloviano.
Estímulos neutro: Um estímulo que inicialmente não desencadeia uma resposta (o rato
branco).
Estímulo incondicionado: Um estímulo que provoca uma resposta reflexiva (o ruído
alto).
Resposta incondicionada: Uma reação natural a um determinado estímulo (medo).
Estímulo condicionado: Um estímulo que provoca uma resposta após ser
repetidamente emparelhado com um estímulo não condicionado.
Resposta condicionada: A resposta causada pelo estímulo condicionado (medo).
Falhas do estudo de Watson:
o Questões éticas
o Tentativas má sucedidas de replicar estas experiências
2. Burrhus Skinner (1904-1990) – behaviorista radical
Acreditava que quase todas as formas de comportamento humano, e não apenas a
aprendizagem, podiam ser explicadas por comportamento em relação ao ambiente.
Skinner desenvolveu pesquisas com animais não-humanos.
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Ele rejeitava os mecanismos mentais, acreditando que o condicionamento operante –
envolvendo fortalecimento ou enfraquecimento do comportamento, associado à
presença ou ausência de reforço (recompensadas) ou punição – podia explicar todas as
formas de comportamento humano.
o resumindo:
Estruturalismo
•
•
•
•
perceber a estrutura da mente (elementos)
primeira escola de psicologia
conhecimento organizado em estruturas – elementos cognitivos (atenção,
memória)
introspeção como método experimental
Funcionalismo
•
•
•
compreender o objetivo de certos comportamentos (William James)
foco nos processos subjacentes e não nos conteúdos
conhecimento é validado pela utilidade
Associacionismo
•
•
perceber como os elementos da mente se associam, resultando numa
aprendizagem
Ebbinghaus: primeiro a aplicar os princípios associacionistas
Behaviorismo
•
Perceber a relação entre comportamento observável e os eventos ou estímulos
ambientais.
o declínio do behaviorismo:
Skinner defendia que a linguagem era adquirida apenas através do reforço e da punição.
Chomsky acreditava que a linguagem não era um sistema de hábitos e repetições e nem
influenciada pelo ambiente.
As ideias de Chomsky levaram os psicólogos a reconsiderar a ideia de que
comportamentos complexos (linguagem, resolução de problemas e raciocínio)
pudessem ser explicados pelo condicionamento operante.
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Começaram a perceber que para compreender comportamento cognitivos complexos é
necessário não somente observar o comportamento, mas também considerar o papel
da mente.
Como alternativa ao Behaviorismo e Estruturalismo:
A linha teórica de Gestalt:
1. Max Wertheimer
2. Kurt Koffka
3. Wolfgang Kohler
Entendemos melhor fenómenos psicológicos quando os vemos todos organizados e
estruturados.
Segundo essa visão, não se pode entender o comportamento quando desmembramos
os fenómenos em partes.
A máxima “o todo é diferente da soma das partes” resume bem esta perspetiva.
O todo é que dá a forma, ou significado, às partes.
O objetivo da Gestalt era entender como as pessoas interpretavam o mundo e como o
funcionalismo da perceção nos ajuda a dar ordem e sentido à confusão de estímulos que
temos disponíveis, através da capacidade de agruparmos informações similares.
Esta perspetiva rejeita o estruturalismo e o behaviorismo.
(2) INÍCIO DO ESTUDO DA PERCEÇÃO
Revolução Cognitivista:
•
•
•
Influência de Gestald;
Analogia dos Computadores;
Influência da teoria dos esquemas;
Abordagem do Processamento da
Informação
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Existem 2 tipos de processamento de informação:
Þ Top Down: o processamento inicia-se no SNC e desloca-se para a periferia,
influenciado por espectativas e crenças.
Þ Bottom Up: o processamento inicia nos órgãos sensoriais, influenciado
diretamente pela natureza do estímulo a partir do ambiente que indica um
determinado processo cognitivo interno e que produz uma resposta.
PSICOLOGIA COGNITIVA PRESENTE: associa a abordagem fisiológia e a abordagem
comportamental.
1.
2.
Fisiológica: medir a relação entre estímulo e
comportamento.
Comportamental: medir a relação entre a resposta
fisiológica e o comportamento.
Com base na teoria de Gestalt, os psicólogos a ela associada desenvolveram uma série
de princípios para explicar a organização percetiva.
Leis da organização percetiva - princípios de Gestalt
•
•
•
•
•
•
•
Pregnância
Unidade
Segregação
Proximidade
Semelhança
Continuidade
Fechamento
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(Pragnanz – termo alemão que significa “boa figura”), Lei da “boa figura”, Lei da
Simplicidade
Quando interpretamos uma informação, a nossa mente procura sempre a forma mais
simples para a perceber para que organize mais facilmente de forma coerente e estável
os diferentes elementos constituintes.
Alguns exemplos:
Esta imagem é considerada uma composição
de alta pregnância, uma vez que possui uma
legibilidade clara: primeiro o espectador
reapara nos blocos de legos e, depois,
consegue associá-los à forma dos
personagens d’ “Os Simpsons”. Aqui temos
um ponto que merece ser destacado: a
pregnância da forma também depende dos
conhecimentos e contextos prévios de cada
pessoa, ou seja, de sua bagagem cultural.
Nesse caso, por exemplo, uma pessoa que
não conheça os desenhos animados não conseguirá interpretar a imagem da forma
desejada pelos criadores do anúncio.
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Esta imagem é um exemplo de
composição de baixa pregnância,
uma vez que a quantidade de cores,
formas e elementos acaba tornando
a imagem cheia ao ponto do
espectador necessitar de um certo
tempo para conseguir identificar
que, por exemplo, as casas estão de
cabeça para baixo.
A lei da unidade está presente na organização e disposição de elementos, permitindo
composições originais e criativas a partir de unidades já existentes. Pode ser traduzida
por um elemento identificado de acordo com suas características como a parte
irredutível num conjunto (seja pela cor, forma ou dimensão). É muito comum que os
elementos únicos se combinem em função de uma unidade maior, tornando-se assim
subunidades.
Unidade: um elemento encerra-se nele mesmo; vários elementos podem ser percebidos
como um todo.
Essa lei se faz presente em diversas criações
publicitárias famosas. Uma delas é o
logo da Adidas. A disposição de faixas
retangulares cortadas do símbolo é um
exemplo fiel de como uma composição
original pode ser feita a partir de pequenas unidades já existentes.
O nosso cérebro tem a capacidade de diferenciar ou evidenciar objetos, ainda que
sobrepostos. Isso deve-se à variação de forma e estética que um elemento tem em
comparação com outro. Desse modo, os estímulos visuais de cada unidade também são
diferentes.
A
segregação
ocorre
de
várias
maneiras:
pontos, linhas, planos, volumes, sombras, brilhos, texturas, relevos, entre outras
formas.
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A segregação trabalha ainda com a questão da hierarquia dos objetos, importância e
ordem de leitura. É possível dar maior peso a uma parte da mensagem em relação à
outra.
Na construção de anúncios, pôsteres
e identidade visual de marcas é muito comum
o uso de contrastes para obtenção de uma
leitura visual impactante e melhor
entendimento pelo público. Também é
possível estabelecer “níveis” de segregação,
hierarquizando os objetos na imagem para
valorizar uma parte mais importante em
relação à outra.
De acordo com a Gestalt, elementos muito próximos uns dos outros, tendem a encaixarse harmoniosamente, são processados no nosso cérebro como elementos conjuntos, ou
unidades - é o princípio da proximidade. Além disso, se esses elementos são
semelhantes reforçam ainda mais nosso cérebro para a leitura de um só objeto.
Vários publicitários e arquitetos usam esta
estratégia para unificar formas. Os exemplos
então tanto em algumas logos famosas (como
IBM e Unilever) quanto em detalhes de
construções — como cúpulas de igrejas ou
grandes edifícios com janelas padronizadas e
paralelas.
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A lei da similaridade sugere que elementos semelhantes (cor, forma, tamanho,
orientação) tendem a aparecer agrupados. O agrupamento pode ocorrer tanto em
estímulos
visuais
quanto
auditivos.
Como se pode ver, a imagem é formada por círculos e quadrados da mesma cor.
De acordo com a lei da semelhança, o nosso
cérebro interpreta essa figura como sendo
formada por colunas de círculos e colunas de
quadrados dispostas paralelamente, e não
como linhas formadas por círculos e quadrados
intercalados. Ou seja, juntamos os elementos semelhantes em colunas antes de ver
linhas com elementos diferentes.
A lei da continuidade diz respeito à maneira como a perceção do fluxo e sequência dos
elementos funciona no nosso cérebro. Trata-se da tendência dos objetos em seguir uma
linha de fluidez visual gradativa. Isso é feito através de formas, linhas, cores,
profundidade, planos, etc.
Se observarmos elementos numa composição de
modo ininterrupto, essa peça tem uma boa
continuidade. A prioridade da continuidade é
estabelecer sempre a melhor forma possível aos
nossos olhos.
O conceito de boa continuidade está ligado ao
alinhamento, pois dois elementos alinhados passam a impressão de estarem
relacionados.
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Esta lei realça o poder do nosso cérebro em fechar ou concluir
formas que vemos inacabadas ou abertas. Isso deve-se a padrões
sensoriais e de ordem espacial que temos na nossa mente.
Ou seja, ao guiarmo-nos pela continuidade de uma forma,
prevemos toda a sua estrutura.
Considera que estímulos dentro do mesmo espaço será predominantemente percebidos
como estando agrupados.
Considera que quando vários estímulos estão a mover-se na mesma direção são
processados como sendo agrupados.
Considera que estímulos que estão ligados tendem a ser organizados como a única
unidade percetiva.
Considera que estímulos visuais que ocorrem ao mesmo tempo são percebidos como
uma única unidade percetiva.
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Efeito da Figura-Fundo
(influência da Gestalt)
Uma imagem é percebida como sendo duas imagens. Depois de
ser apresentada esta imagem a um dado número de
participantes, foi-lhes pedido que indicassem o fundo e o objeto.
Maior parte dos participantes, escolheram como fundo a cor verde e como objeto a cor
vermelha (como mostra o gráfico). A nossa mente habituou-se ao efeito da gravidade,
ou seja, tudo o que está numa posição mais inferior é mais depressa entendido como
objeto.
Como diferenciamos objetos do seu fundo?
Os cenários são grandes e complexo, mas nós temos a capacidade de identificar muitas
cenas após a sua apresentação durante apenas uma fração de segundo – ESSÊNCIA DE
UMA CENA. (experiência de Marry Potter).
•
As pessoas entendem mais facilmente estímulos que estão na horizontal ou na
vertical (EFEITO OBLÍQUO) do que em outras direções – o nosso sistema visual
tem um maior n´mero de neurónios que respondem a essa orientação.
•
Assumimos que a luz vem sempre de cima (EFEITO LIGHT-FROM-ABOVE) –
porque a maioria das fontes luminosas do nosso ambiente estão localizadas
acima da nossa cabeça, p ex. o sol, a luz artificial...
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Teoria dos Esquemas
(Frederic Bartlett)
•
•
•
•
Uma estrutura mental que representa algum aspeto do mundo
Usados para organizar o conhecimento
Difere de pessoa para pessoa (diferentes pessoas perceberão um estímulo de
formas diferentes)
Um esquema é uma estrutura cognitiva ou padrão de comportamentos ou
pensamento que não são fixos e mudam continuamente
Esquema (schema): representações mentais construídas a partir da nossa experiência,
que em alguns casos, enviesam a nossa perceção, predispondo-nos para perceber um
estímulo de uma determinada forma.
O processamento Top-down ilustra que as nossas experiências criam esquemas.
A teoria do esquema e da Gestalt teve uma grande influência no desenvolvimento da
psicologia cognitiva, ao enfatizar o papel desempenhado na cognição por processos
mentais internos e conhecimento armazenado, em vez de considerar apenas o estímulo.
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PERCEÇÃO
Quando nos deparamos com uma situação de luta e fuga, o que nos faz tomar uma
decisão? – pensamos qual será a probabilidade de sair daquela luta com vida.
Primeiro avaliamos o que temos á frente, cada um de nós tem visões diferentes em
relação à cor, textura e profundidade.
Perceção é o conjunto de processos pelos quais nós reconhecemos, organizamos e
damos sentido às sensações que recebemos dos estímulos ambientais.
O LOBO OCCIPITAL é responsável pela nossa perceção. Nós não vemos o mundo tal
como ele é, vêmo-lo como a nossa mente o interpreta, pois a perceção não é só o que é
projetado na nossa retina, há todo um processo interno.
1⁄2 destas fases depende da nossa
sensação (estímulo ambiental e
transdução)
3⁄4 destas fases dependem do nosso
conhecimento (processamento e
reconhecimento)
A transdução depende das nossas
células
neuronais
e
o
reconhecimento depende da nossa
memória.
Isto desmistifica o facto de a perceção ser considerada igual á sensação, pois elas são
diferentes.
Tipos de Perceção:
Þ Perceção Visual - Habilidade de detetar luz e interpretar (“ver”)
Þ Perceção Auditiva - Habilidade de perceber e compreender sons
Þ Perceção Olfativa - Quando os recetores do nariz são estimulados por
substâncias químicas na forma gasosa
Þ Perceção Tátil - A sensação de toque/pressão/temperatura na pele
Þ Perceção Gustativa - Quando as papilas gustativas transmitem a perceção sobre
a composição química de um estímulo solúvel
Þ Interoceção - Qualquer recetor sensorial que recebe informação/estímulo de
dentro do corpo (dor, fome...)
Þ Proprioceção - Perceção inconsciente do movimento e da orientação espacial
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Mecanismos da Perceção Humana:
1.
2.
3.
Teoria construtivista – a visão do mundo é construída de forma ativa por
informações obtidas do ambiente somadas ao conhecimento previamente
armazenado. Nas teorias construtivistas a informação que captamos é
construída, envolve processos cognitivos.
Leis de Gestalt
Teoria Ecologista (James Gibson) - a vida diária depende de perceção direta,
perceção que é independente das representações internas.
Define Perceção, como sendo um processo que envolve a deteção de
informação do ambiente e não requer processos de construção ou elaboração.
James Gibson definiu um modelo teórico coerente e testável empiricamente.
Perceção para James Gibson (1966): ocorre quando um meio transporta
informações sobre um objeto distal (estimulação distal) até aos recetores
(estimulação proximal) do indivíduo que irá processar o estímulo
Nós não experienciamos (através da audição, paladar, visão, olfato ou tato)
exatamente o mesmo conjunto de propriedades dos estímulos que já nos foram
apresentados anteriormente.
Estabilidade da Perceção!
As células recetoras adaptam-se à constante estimulação, cessando o “disparo”
até ocorrer uma mudança na estimulação. Através da adaptação sensorial,
podemos deixar de detetar a presença de um estímulo.
Representa uma diminuição na sensibilidade, durante a qual os nossos recetores
sensitivos se adaptam diante de uma estimulação contínua (deixam de “disparar” até
que ocorra uma alteração na estimulação).
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Perceção Visual
Formas, Faces e Emoções, Profundidade, Cores, Intensidade Luminosa
Consiste na habilidade de detetar a luz e interpretar (ver) as consequências do estímulo
luminoso, do ponto de vista estético e lógico
Para que exista a visão é necessária a existência de luz – radiação eletromagnética que
pode ser descrita em termos de comprimento de onda.
Os humanos só poem perceber um pequeno intervalo dos espectros eletromagnéticos
e os comprimentos de onda visíveis aos humanos são entre 380 e 750 nm.
Como ocorre a visão?
A Natureza da Luz, viaja rapidamente (deteção rápida), viaja em linha reta (sem
distorção na geometria do que vemos) e interage com a superfície dos objetos (refletida
ou absorvida).
CAMPO VISUAL COM HUBEL E WIESEL
Registaram o padrão de atividade das células isoladas presentes no córtex visual de
gatos e macacos e concluíram que havia uma célula neuronal típica que responde
apenas a uma pequena área do campo visual total, ou seja, algumas células respondem
apenas a linhas em certos ângulos movendo-se numa determinada direção, com um
determinado comprimento:
Descobriram, também, que as nossas células do córtex visual ativam-se somente
quando elas detetam a sensação de segmentos de linhas numa orientação especifica.Há
mais ativação quando a linha esta na diagonal e a ativação máxima quando a linha é
vertical.
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Células da Retina Humana - A retina é constituída por uma camada neural e uma
camada pigmentada (epitélio pigmentado).
A retina é constituída por vários tipos de células:
o Fotorecetores:
§ Cones (responsáveis pela nossa visão diurna) – 8 milhões por olho
§ Bastonetes (responsáveis pela nossa visão noturna) – 120 milhões
por olho
Þ Os Segmentos externos dos bastonetes e cones estão embutidos
na camada pigmentada da retina.
o Células interneutonais:
§
§
§
Células horizintais
Células bipolares
Células amácrinas
o Células ganglionares
Estrutura anatómica do Sistema Visual Humano
Córnea- estrutura transparente e avascular que permite que a luz entre no olho e desvie ou
refrate. Protege a parte anterior do olho.
Íris- confere cor aos olhos (imediatamente atrás da córnea)
Pupila- o centro da Íris que contrai ou dilata para regular a quantidade de luz que entra no
olho (determina a quantidade de luz que entra no olho)
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Corpo Ciliar- parte do olho que inclui os músculos ciliares, os quais controlam a forma da
lente.
Ligamentos (Zónulas)- diretamente atrás da córnea. Estrutura elástica em forma de disco
que foca a luz.
Retina- camada sensível à luz que traduz luz em impulsos nervosos.
Nervo óptico- conduz os impulsos nervosos ao cérebro.
Teorias da Perceção Visual
1. Hermann von Helmholtz - frequentemente citado como o fundador do
estudo científico da perceção visual. Para Helmholtz a visão era uma forma
de inferência inconsciente, surge da interpretação provável a partir de dados
incompletos.
Nós humanos utilizamos o nosso conhecimento:
§
da regularidade física (princípios implícitos que governam o
comportamento dos objetos no ambiente – percebemos rapidamente
que a luz vem de cima porque as fontes de luz se encontram acima da
nossa cabeça)
23
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§
da regularidade semântica (as características associadas com as
funções desempenhadas em cada cenário – se alguém estiver a lavar a
loiça possivelmente esta na cozinha).
para inferir o que está a ser apresentado numa determinada cena.
A ideia de que a perceção envolve inferência foi proposta por Helmholtz (18661911). Esta teoria da inferência inconsciente defende que muitas das nossas
perceções são o resultado de suposições inconscientes que fazemos sobre o
ambiente.
A inferência tem um papel relevante na perceção, pois ela expressa uma
consequência denominada de PRINCÍPIO DA PROBABILIDADE: afirma que
percebemos os estímulos da forma que é mais provável ter causado um
determinado padrão de estimulação que recebemos.
2. Teoria da Gestalt - As leis de organização da Gestalt têm guiado os estudos
sobre como as pessoas percebem componentes visuais como padrões
organizados ou conjuntos, ao invés das suas partes componentes.
3. Teoria Tricomática de Young-Helmholtz
Inicialmente a teoria tricomática de cores de Young identificou o vermelho, amarelo e
azul como sendo as três cores necessárias no processo visual (posteriormente o amarelo
foi trocado pelo verde).
Mais tarde, o cientista alemão Hermann von Helmholtz prosseguiu com os estudos de
Young e propôs que o olho continha apenas três tipos de recetores de cor, que
respondiam
mais
fortemente
aos
comprimentos
de onda vermelho (R), verde (G) e azul-violeta (B).
Segundo a teoria Tricomática (de Young- Helmholtz), os
cones, são responsáveis pela captação da informação
luminosa vinda da luz do dia, das cores e do contraste.
Existem três tipos de cones: Vermelhos, Verdes e Azuis.
A cor percecionada é determinada pelos níveis relativos de estimulação de cada tipo de
cone, com a ativação intensa de todas as cores levando a perceção de branco.
As outras cores resultam da ativação simultânea de dois ou dos três tipos de cones.
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4.
Teoria dos processos oponentes (Ewald Hering)
Ewald Hering estudou a impressão subjetiva da cor. Ele rejeitou o modelo
tricromático em favor de um sistema de quatro sensações cromáticas: amarelo,
vermelho, azul e verde, mais preto e branco, que geram cores por um processo de
oposição.
Teoria do processo oponente ajuda a explicar como esses cones se conectam às células
nervosas que determinam como realmente percebemos uma cor no nosso cérebro.
A teoria tricromática explica como a visão de cores acontece nos recetores, enquanto
a teoria do processo oponente interpreta como a visão de cores ocorre em um nível
neural.
Até meados do século XX, considerava-se que a teoria tricromática e a teoria das cores
oponentes eram incompatíveis. No entanto, hoje sabemos que ambas são corretas nos
seus aspetos mais fundamentais:
o Descobriu-se que algumas células (neurónios) respondem a certos comprimentos
de onda do espectro excitando-se, e respondem a outros comprimentos de onda
inibindo- se — cores oponentes;
o Outras células respondem com excitação a estímulos ao longo de todo o espectro
— cores não oponentes
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Como ocorre a Visão
Visão Estereocópica / Binocular: o cérebro só é capaz de formar uma imagem, embora
observemos com os 2 olhos.
Cada olho tem o seu próprio nervo ótico, e
os dois nervos óticos encontram-se no
quiasma ótico. O nervo deixa cada um dos
olhos e sai da órbita através do forame ótico
para entrar na cavidade do crânio. Assim
que entram na cavidade do crânio e
anteriormente à hipófise, os nervos óticos
são conectados um ao outro no quiasma
ótico. Nesse ponto, os axónios das metades
externas de cada retina prosseguem até o
hemisfério do mesmo lado, enquanto os
axónios das
metades internas atravessam e vão para o outro
hemisfério.
Os sinais então prosseguem ao longo de dois tratos
óticos dentro do cérebro. Um trato contém sinais da
metade esquerda de cada olho, e o outro, sinais da
metade direita. Assim, o lado direito do cérebro recebe
informação dos dois nervos óticos para o
campo esquerdo da visão, e o lado esquerdo do cérebro
recebe informação dos dois nervos óticos para o campo
direito da visão.
Depois do quiasma ótico, o trato ótico prossegue até ao núcleo geniculado lateral (LGN),
que faz parte do tálamo. Seguidamente, os impulsos nervosos atingem o córtex visual
primário.
Um objeto é visto a partir de ângulos ligeiramente diferentes por cada olho, de modo
que as informações que o cérebro recebe de cada olho são diferentes, embora se
sobreponham. O cérebro integra as informações para produzir uma imagem completa.
Esse processo é a base da visão estereoscópica ou da perceção de profundidade.
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Estas 2 vias são apenas relativamente independentes. Existem numerosas
interconexões entre elas, e cada vez mais se torna evidente que o sistema visual
é extremamente complexo.
Vias Visuais
As áreas visuais dividem sem pelo menos 2 vias de processamento cortical que partem
damas do córtex visual primário: via ventral e via dorsal.
Via Ascendente/Dorsal ou Occipito-Parietal:
§ Dirige-se para córtex parietal superior
§ É importante para a perceção espacial (onde se encontra o estímulo?)
§ Inferir o movimento
Via Descendente/Ventral ou Occipito-Temporal:
§ Dirige-se para o córtex temporal inferior
§ É importante para o reconhecimento visual dos objetos (o que é o estímulo?)
§ Processa informações como cor, forma e identidade visual
§ Para recuperar a memória de um estímulo
27
FM
Lesões do Sistema Visual
1. Ungerleider e Mishkin (1982) demonstraram que:
• Lesões do córtex temporal inferior perturbam ou impedem o
desempenho de tarefas que requerem a discriminação visual dos objetos
(formas ou padrões), mas não prejudica as tarefas que requerem
avaliação visuo-espacial.
• Lesões do córtex parietal posterior não impedem discriminação visual
mas acarretam acentuados défices visuo-espaciais.
A alteração visual pode ser classificada como oftalmológica ou
neurológica. Esta última classificação pode denominar tanto a lesão das
vias óticas quanto de motricidade muscular (lesão do nervo ou músculo).
Daltonismo (Discromatopsia) - incapacidade total
ou
parcial
de
ver
cores.
Resulta da disfunção dos fotopigmentos
envolvidos na visão em cores (presentes nos
cones).
Na maioria dos casos, o daltonismo trata-se de
uma
condição genética hereditária. A deficiência visual advém de um erro no cromossoma X,
responsável pelos genes que produzem os fotopigmentos.
28
FM
•
•
•
Protanopia: daltónico com dificuldade em distinguir todos os tons de
vermelho.
Deuteranopia: daltónico com dificuldade em distinguir todos os tons de verde.
Tritanopia: daltónico com dificuldade em distinguir todos os tons de amarelo.
Acromatopsia
Doença congénita em que o indivíduo apenas consegue
perceber as cores em branco, preto e tonalidades de
cinzento. Geralmente é hereditária, mas também pode ser
causada por danos no córtex cerebral.
Pode ser decorrente de uma disfunção dos cones.
É uma patologia muito rara (1 em 40 000 pessoas).
Outras patologias
29
FM
Perceção de Objetos
Através do processamento de informação e dos princípios de Gestalt.
Teorias da Perceção de objetos:
o Viewpoint invariant (perspetiva invariável) - Teoria de Biederman
Teoria da Inferência Inconsciente
muitas das nossas perceções são o resultado de suposições inconscientes que
fazemos sobre o ambiente.
o Viewpoint-dependent (dependentes da perspetiva)
Þ Teorias dependentes de perspetiva assumem que as mudanças na
perspetivareduzem a velocidade e/ou precisão no
reconhecimento de objetos.
Quando a tarefa de reconhecimento de objetos é fácil, o desempenho suporta
as teorias de perspetiva invariável.
Contudo, quando a tarefa é mais difícil o desempenho é explicado por teorias
dependente da perspetiva.
30
FM
A Fisiologia da Perceção de objetos e cenas:
Dimensões envolvidas na resposta neuronal:
Þ Seletividade - Neurónios que respondem fortemente a um objeto visual, mas
não responde (ou menos intensamente) a outro, possuem grande seletividade.
Þ Tolerância- Neurónios que respondem com a mesma intensidade a um dado
objeto independentemente da sua orientação, tamanho(...) possuem elevada
tolerância.
Áreas Cerebrais envolvidas na perceção:
Algumas áreas do cérebro especializaram-se para processar um tipo específico de
informação/estímulos.
Há regiões do córtex temporal inferior especializadas para diferentes categorias de
objetos.
•
Reconhecimento Visual:
Fisiologia de Perceção de Faces - FUSIFORM FACE AREA (FFA): for faces (“debaixo” do
cortex temporal inferior);
Fisiologia da Perceção de Partes do Corpo - EXTRASTRIATE BODY AREA (EBA): for
bodies;
31
FM
Fisiologia da Perceção de Contextos - PARAHIPPOCAMPAL PLACE AREA (PPA): for
buildings and places. (esta região activa-se sempre que imagens de cenas de interiores
ou de exteriores são apresentadas).
Comparando um registo obtido através de
ressonância magnética funcional (fMRI) é
possível observar o comportamento da
perceção de contextos (PPA) e da
perceção de faces (FFA).
Perceção de Faces
A perceção de faces é extremamente importante no nosso
quotidiano. Somos seres sociais, estamos integrados numa
sociedade e precisamos distinguir as pessoas.
Todas as faces compreendem essencialmente as mesmas
características básicas. Porém, apesar da aparente uniformidade das
faces somos capazes de fazer distinções facilmente.
As faces também cumprem um importante papel social. As faces são usadas no
contexto social como o principal meio de identificação, mas também como meio de
comunicação (informação afetiva).
O reconhecimento de faces envolve um processamento holístico ou (processamento
configuracional) → capacita-nos a perceber uma face como um todo.
Todas as faces compreendem essencialmente as mesmas características básicas (dois
olhos acima do nariz e da boca que estão centralizados).
Para processar uma face precisamos extrair uma correlação correta entre os seus
diferentes componentes ou partes das faces (processamento holístico) que depende da
informação de cada uma das suas partes para originar uma ideia do todo.
Temos mais dificuldades em identificar faces invertidas (20-25%).
O reconhecimento de faces é provavelmente uma das tarefas mais exigentes para o
sistema visual. Contudo, determinadas lesões cerebrais podem resultar em défices no
processamento de faces.
32
FM
Ligeiras alterações no arranjo das características de uma face
promovem prejuízo no reconhecimento. Observadores
saudáveis mostram dificuldades no reconhecimento facial
Há pelo menos dois principais tipos de informação a usar no reconhecimento das faces:
1. Características individuais (nariz, formato da boca, cabelo...)
2. A configuração dessas características (perceção dos detalhes)
Ligeiras alterações das características de uma fase, provocam dificuldade no
reconhecimento.
Adultos com deficiência visual que conseguem recuperar a visão conseguem reconhecer
as características visuais mas não a face como um todo.
Modelos de Perceção de Faces:
o
Existe um modelo de reconhecimento de faces, apresentado por Bruce e Young,
mas que não explica todos os aspetos do reconhecimento de faces.
33
FM
o Existe um segundo modelo
alternativo de reconhecimento
de faces, desta vez apresentado
por Burton e Bruce (1992) –
difere do primeiro na medida
em que são 3 unidades ligadas
bidireccionalmente
(reconhecimento em qualquer
uma das 3 unidades pode
desencadear informação nas
outras) ao invés de 8
componentes separados
o O modelo de perceção de faces:
Farah defendeu que o reconhecimento de faces se sustenta na análise holística (Farah
et al.,1990,1994,1998). Ela analisou vários tipos de agnosias visuais.
PROSOPAGNOSIA: não distinguem nem reconhecem faces, ao se depararem com uma
face, sabem que se trata de uma face, identificam todos os seus elementos, mas entre
duas faces diferentes não distinguem quem é quem, só sabem que se trata de uma
face; reconhecem objetos e palavras, lesão no giro fusiforme direito.
AGNOSIA PARA OBJETOS: dificuldade em reconhecer objetos, mas geralmente
reconhecem faces.
ALEXIA: dificuldade em reconhecer palavras escritas, mas compreendem o discurso
(linguagem falada) e geralmente reconhecem faces e objetos.
Surgeriram 2 sistemas independentes, envolvidos nessas agnosias:
Análise Holística ou Sistema
Configuracional
Análise da estrutura geral (passam por
pouca ou nenhuma decomposição).
Análise de Partes ou Sistema de Análise
de Características
Processamento das partes e das relações
entre elas.
São reconhecidos pelo seu todo e não
pelas suas partes.
Farah e muitos outros autores defendem que o reconhecimento de faces sustenta-se
na análise holística.
34
FM
A Fisiologia da Perceção de Faces:
Algumas áreas do cérebro
especializaram-se
no
processamento de um tipo
específico de informação
sobre tipos específicos de
estímulos.
o Módulo Cerebral para Reconhecimento da Face:
Giro Fusiforme Lateral (lobo temporal):
§
§
§
Responde intensamente quando observamos faces, mas não quando
observamos outro objeto.
Alguns investigadores defendem que o fusiforme é ativado quando
observamos um item para o qual temos experiência visual (humanos são
especialistas em faces).
Prosopagnosia tem sido mais associada a lesão no giro fusiforme direito.
Sobre a Prosopagnosia:
É uma perturbação causada por uma lesão cerebral que resulta na incapacidade de
reconhecer faces de pessoas conhecidas.
O conhecimento semântico sobre as pessoas conhecidas também está preservado. O
que eles perdem é a conexão entre uma face e uma identidade.
35
FM
Alguns pacientes não reconhecem nem a sua própria cara no espelho. Esta doença não
está ligada à memoria, já que os pacientes conseguem reconhecer com facilidade as
mesmas pessoas através de pistas(cabelo,roupa,voz,etc.), e tende a afetar cada paciente
de forma ligeiramente diferente.
•
Limitações do estudo das faces:
• Reconhecimento de faces em fotos: pode não ocorrer da mesma forma quando
observamos faces reais (problema da validade ecológica de determinados estudos)
§
§
imagens são 2D e faces reais são 3D (mais informação);
imagens são inanimadas e faces reais são animadas (movem-se, mudam as
expressões, etc.);
• Estudos têm demonstrado que pequenas alterações na posição de alguns elementos
da face (olhos, boca, etc.) podem produzir a impressão de uma face completamente
diferente.
36
FM
Perceção de Profundidade
Profundidade
•
•
Distância a uma determinada superfície.
O uso desta informação é essencial no nosso quotidiano.
Pistas de Profundidade
Pistas Monoculares
Podem ser representadas em 2
dimensões e observadas apenas
com um dos olhos.
“...uma informação sensorial que dá
origem a uma estimitiva sensorial...”
(Eysenck, 2017)
Pistas binoculares
Baseadas na receção de
informação sensorial de ambos os
olhos
Pistas Monoculares:
São representadas pelos artistas para criar a ilusão de profundidade numa superfície
bidimensional
o Perspetiva Linear - convergência das linhas paralelas cria uma forte impressão
de profundidade num desenho bidimensional
o Textura - gradiente de textura confere impressão de profundidade
o Sombra - a presença de sombra (tonalidade de claro/escuro) indica a presença
de um objeto tridimensional
o Tamanho Relativo - objetos maiores são percebidos como mais próximos
o Interposição - uso da sobreposição no qual os objetos mais próximos cobrem
parcialmente os objetos mais distantes.
37
FM
Pistas Binoculares:
o Disparidade binocular - os olhos enviam imagens gradualmente diferentes à
medida que os objetos se aproximam (cada olho vê um objeto de um ângulo
diferente). O cérebro usa essa informação para criar uma imagem 3D.
o Convergência Binocular - os olhos “giram” para dentro à medida que os objetos
aproximam de nós. O cérebro interpreta esses movimentos musculares dos
olhos para estimar a distância do objeto de si mesmo.
Perceção de Movimento:
A nossa capacidade de perceber o movimento humano ou biológico com informações
visuais muito limitadas é impressionante.
A perceção do movimento humano envolve processos bottom-up e top-down.
As áreas cerebrais envolvidas na perceção do movimento humano diferem um pouco
das envolvidas na perceção do movimento em geral.
A perceção do movimento humano é especial, porque podemos produzir, bem como
perceber, as ações humanas e porque dedicamos tempo considerável a lhes atribuir
um sentido.
Pensa-se existir um sistema de nerónios-espelho que nos permitem imitar e
compreender os movimentos das outras pessoas.
•
Movimento atrai a Atenção
Quer quando estamos conscientemente a observar algo, mas também através
da nossa visão periférica.
•
Movimento fornece informação sobre os objetos
Observadores percebem formas mais rápido e com maior precisão quando o
objeto está em movimento.
Movimentos:
Movimento Real
Quando algo está a mover-se através do nosso campo de visão (um carro, uma
criança a correr, uma bola que foi arremessada, etc.).
38
FM
Movimento Ilusório
•
Há inúmeras situações nas quais a percepção de movimento não está
relacionada com um movimento real no nosso mundo físico.
•
Quando o movimento não existe no nosso mundo real mas
conseguimos produzi-lo através dos processos envolvidos com a
percepção.
Aparente (Phi): quando dois estímulos em localizações ligeiramente diferentes
são alternados dentro de um determinado intervalo de tempo.
Induzido: quando o movimento de um objeto (grande) provoca a sensação que
um objeto estacionário (pequeno) está também a mover-se.
Efeito secundário: após a observação de um estímulo a mover-se (30-60s olhar
para um estímulo imóvel)
Movimento Implícito
•
•
•
Quando uma imagem estática apresenta uma imagem que envolve
movimento.
Movimento implícito faz com que um objeto continue a mover-se na
nossa mente, e reflete-se na atividade cerebral.
Áreas cerebrais que são ativadas pelo movimento real, também são
ativadas por imagens que apresentem movimento implícito (ex.: área
temporal medial e área temporal superior medial) (Kourtzi & Kanwisher,
2000)
Notas:
o Há evidências que a detecção do movimento depende de áreas cerebrais
especializadas na detecção e percepção do movimento.
o Lesões pontuais na área temporal média reduzem a capacidade de detecção da
direção do movimento de alguns pontos.
o A percepção do movimento biológico envolve áreas do cérebro diferentes
daquelas envolvidas na percepção do movimento em geral.
o Somos mais sensíveis à observação de movimentos que se assemelham ao
nosso repertório de ações.
39
FM
Movimento Biológico
Gunnar Johansson (1973,1975) criou uma técnica chamada animação por pontos de
luz no escuro (point-light walker), que preserva as propriedades cinéticas do
movimento.
As imagens resultantes contêm padrões de movimento dos pontos de luz executados
por uma pessoa a mover-se.
O padrão de atividade no sulco temporal superior e na área fusiforme para a face foi
maior para movimento biológico do que para outros movimentos.
•
Variação no padrão de movimento dos membros superiores.
•
Velocidade da marcha (marchas mais rápidas associadas às mulheres).
•
Mais luzes na parte superior do corpo aumenta o nº de acertos em comparação
com mais luzes na parte inferior do corpo.
•
Identificação foi possível mesmo com um mínimo de pontos de luz (apenas no
tornozelo).
•
Identificação não é possível com os pontos estáticos (retirados da sequência
dinâmica).
Fisiologia:
Via dorsal
§
§
§
Dirige-se para córtex parietal
superior
É importante para a perceção
espacial (onde se encontra o
estímulo?)
Inferir o movimento
§
Preparação para ação sobre um
objeto percebido visualmente.
§
Informa sobre a localização do objeto de um momento para o outro, e está
principalmente envolvido com o controlo visual do movimento dirigido ao
objeto.
40
FM
Algumas áreas do cérebro especializaram-se para processar um tipo específico de
informação sobre tipos específicos de estímulos.
Sulco Temporal Superior:
Ativado com exibição de pontos de luz de movimentos biológicos, mas não com
outros padrões de movimentos (Grossman e col., 2000)
Estudos têm mostrado que este sulco está mais relacionado com a detecção do
movimento biológico, mas não com movimento não biológico.
O estudo de pacientes com lesão cerebral apresenta evidências de que os
processos envolvidos na percepção do movimento biológico diferem dos
processos na percepção do movimento de objetos.
Também é ativado para movimentos da cabeça, faces e mãos (Allison, Puce &
McCarthy, 2000).
Sulco Temporal Inferior:
Está envolvido no processamento da descoberta dos objetivos das ações
observadas.
Lesões:
Agnosia do Movimento (Aquinetopsia)
Uma perda seletiva da percepção do movimento sem perder qualquer outra capacidade
percetual. Neste transtorno, o indivíduo não consegue perceber o movimento.
Uma pessoa com esta agnosia não é capaz de perceber, por exemplo, o aumento do
nível de água ao encher um copo.
41
FM
Perceção Auditiva
Pode definir-se como a capacidade para receber e interpretar a informação que chega
aos nossos ouvidos através das ondas da frequência audível transmitida pelo ar ou outro
meio.
Som
Þ Definição Física: uma mudança de pressão no ar/outros meios
Þ Definição Percetual: é uma experiência que temos quando ouvimos
Propriedade e características do Som
•
•
•
•
Intensidade: refere-se a se volume é alto ou baixo.
Tom: refere-se a se o som é mais agudo ou mais grave.
Tímbre: permite-nos distinguir e reconhecer vozes, instrumentos ou sons.
Identifica-se normalmente como a “cor” do som.
Duração: é o tempo que se mantém a vibração de um som.
Onda Acústica:
§
Frequência: é uma grandeza física
ondulatória que indica o número de ciclos
(oscilações) durante um período de tempo.
Estrutura da auricula da orelha direita:
O ouvido humano pode ser
separado em três grandes partes,
de acordo com a função
desempenhada e a localização. São
elas: o ouvido externo, o ouvido
médio e o ouvido interno.
Ouvido Externo: funções de
recolher e encaminhar as ondas
sonoras até ao tímpano.
Ouvido Médio: é uma cavidade de
ar por detrás do tímpano através da
qual a energia das ondas sonoras sã
42
FM
transmitidas do ouvido externo até a janela oval na cóclea através de ossos minúsculos
(martelo, bigorna e estribo) que vibram de acordo com o tímpano.
Ouvido Interno: onde está a parte mais importante da nossa audição, é a cóclea (em
forma de caracol) e responsável em grande parte pela nossa capacidade em diferenciar
e interpretar sons. Onde ocorre a conversão do sinal porque a partir dela os sons
continuam até o nosso cérebro em impulsos elétricos pelo nervo auditivo.
Sistema Auditivo:
Receção -> Transdução -> Perceção
O ouvido humano analisa a onda acústica de acordo com as informações de frequência
e intensidade
Receção da informação: Quando
um objeto vibra (ex. voz humanas),
as ondas produzidas transmitem-se
através do ar (ou outros meios) e
quando chegam ao interior dos
nossos ouvidos,
ativam-se as células pilosas (ou
ciliadas).
Transmissão da informação: Os
sinais produzidos pelas células
pilosas
transmitem-se
até
chegarem ao núcleo geniculado
medial do tálamo.
Elaboração da informação: Finalmente, a informação auditiva captada pelos nossos
ouvidos é enviada às capas auditivas dos lóbulos temporais, onde a informação é
elaborada e enviada ao resto do cérebro para nos permitir interatuar com ela.
Eletrococleografia (Ecog):
43
FM
Avaliação objetiva da função auditiva.
Amplificador
Agnosias
Perturbações neuropsicológicas caracterizadas por défices na capacidade de
perceber informações sensoriais. São diversas e nem todas são visuais.
Agnosias
Alterações
Visuopercetivas
Alterações
Visuo-espaciais
Agnosias
Auditivas
Somatognosias
As agnosias geralmente ocorrem em consequência:
•
•
De lesões cerebrais;
De falta de oxigénio em certas áreas do cérebro (com frequência
decorrente de traumatismo cerebral).
Alterações Visuopercetivas:
o Cegueira cortical: cegueira funcional (V1)
o Acromatopsia: cegueira para cores (V4)
o Aquinetopsia: cegueira para o movimento (V5)
o Agnosias Visuais: não reconhecimento de objetos *
44
FM
o Prosopagnosia: não reconhecimento de faces
o Alexia: não reconhecimento de palavras - alterações da leitura que aparecem
como consequência de uma lesão cerebral em sujeitos que adquiriram a leitura
o Dislexia: alterações no processo de aquisição da leitura e que impedem
que se alcance o nível do leitor normal.
*Agnosias Visuais:
o Apercetivas:
É a capacidade de reconhecer objetos e está associada à falha no
processamento percetual.
o Associativas:
É a capacidade de representar objetos visualmente, mas não ser capaz de usar
essa informação para o reconhecimento.
Alterações Visuo-espaciais:
o Agnosia Espacial: o indivíduo tem grande dificuldade em se orientar no
ambiente quotidiano.
o Agnosia Topográfica: incapacidade para identificar lugares e edifícios concretos
ainda que se reconheça efetivamente que o que se está a ver são edifícios, igrejas
e etc.
o Negligência unilateral: tendem a vestir apensas uma metade do corpo e a comer
metade da comida no prato.
o Simultagnosia: incapacidade de ver cenas complexas ou mais do que um objeto
em simultâneo.
o Apraxia oculomotora: incapacidade para mudar o olhar quando se apresenta um
estímulo em que se deve fixar.
o Ataxia ótica: dificuldade em alcançar os estímulos apresentados visualmente,
ainda que localizem estímulos não visuais corretamente (ruídos, palavras,
música)
45
FM
Somatognosia:
o Agnosia Tátil: incapacidade para reconhecer um objeto pelo tato - não é igual à
afasia tátil, neste caso o paciente reconhece o objeto, mas não o consegue
nomear.
o Assomatognosia: distúrbio na percepção do próprio corpo (ex: ignorar ou
negligenciar um lado do corpo, não reconhecer ou dificuldade em reconhecer
uma parte do corpo)
Agnosia Auditivas:
É a incapacidade de reconhecer determinados sons.
o Agnosia para sons: afetação no reconhecimento de ruídos
o Agnosia verbal pura: afetação no reconhecimento da linguagem oral
o Amusia: afetação no reconhecimento de estímulos musicais
Não é igual à surdez cortical- perda de audição por lesão cerebral nas áreas auditivas
primárias (AB 41 e 42), afetação demonstrada por audiometria padronizada.
ATENÇÃO
refere-se à seletividade do processamento
[Atenção] é a tomada de posse pela mente, de modo claro e vivido, de um entre o que
parecem ser vários objetos ou linhas de pensamentos simultaneamente possíveis. (...) Implica
em se afastar de algumas coisas para lidar efetivamente com outras. - William James
Atenção Focalizada (ou seletiva):
Apresentação aos indivíduos dois ou mais estímulos ao mesmo tempo e instruindo-os a
responder a apenas a um deles.
Atenção Dividida:
apresentação de pelo menos dois estímulos ao mesmo tempo, mas os indivíduos são
instruídos a prestar atenção (e a responder) a todos os estímulos
46
FM
Existe uma outra distinção entre atenção externa e interna que se relacionou com
estudos sobre memória de trabalho. A memória de trabalho está envolvida no controle
da atenção e desempenha um papel importante na atenção interna e na atenção
externa.
§
§
Atenção externa – refere-se à “seleção e modulação da informação sensorial”,
Atenção interna – refere-se à “seleção, modulação e manutenção da informação
gerada internamente, como as regras das tarefas, respostas, memória de longo
prazo ou memória de trabalho”
Estudos experimentais sobre a atenção começaram apenas por volta da década de 50
(Revolução Cognitivista).
A atenção tem um papel fundamental na nossa percepção (direciona os nossos
recursos percetuais).
Benefícios da Atenção:
Especialmente visíveis, quando se referem aos processos conscientes da atenção:
•
Ajudam a monitorizar as interações do indivíduo com o ambiente.
•
Ajudam as pessoas a estabelecerem uma relação com o passado (lembranças)
e com o presente (sensações) para dar um sentido de continuidade da
experiência.
•
Ajudam no controlo e no planeamento das ações futuras, que se faz com base
nas informações do monitoramento e das ligações entre as lembranças do
passado e as sensações do presente.
47
FM
Processos Automáticos vs Processos Controlados:
AUTOMÁTICOS (como escrever o próprio nome)
•
Tarefas familiares ou quando temos muita experiência, com características
muitos estáveis.
•
Geralmente tarefas fáceis, mas mesmo as tarefas relativamente complexas
podem ser automatizadas se houver prática suficiente.
•
Baixo nível de processamento cognitivo (mínima análise e síntese).
•
Não envolvem controlo consciente (Palmeri, 2003).
•
Geralmente ocorre fora da consciência, embora alguns processos automáticos
possam estar disponíveis para a consciência.
•
Vários processos automáticos podem ocorrer em simultâneo e rapidamente,
sem nenhuma sequência estabelecida - processos paralelos.
•
Exigem pouco ou nenhum esforço ou mesmo intenção - o esforço intencional
pode ser preciso para evitar comportamentos automáticos.
•
São involuntários (não intencionais) (Posner & Snyder, 1975).
•
Relativamente Rápidos.
•
Consome poucos recursos atencionais (Posner & Snyder, 1975).
Controlados (como realizar cálculos matemáticos)
•
Tarefas novas ou quando somos inexperientes, ou tarefas com muitas
características variáveis.
•
Geralmente tarefas difíceis.
•
Alto nível de processamento cognitivo (requer análise e síntese).
•
São acessíveis à consciência.
•
Requerem o controlo consciente.
•
Tais processos são realizados de forma serial (sequencialmente), ou seja, uma
etapa de cada vez.
•
Requerem esforço intencional.
48
FM
•
Relativamente exigentes em termos de tempo. Demoram mais tempo a realizar
me comparação com os automáticos.
•
Consome muitos recursos atencionais.
Notas:
Ao contrário da dicotomia processos controlados vs. automáticos, alguns autores
defendem a existência de um continuum entre processos automáticos e controlados.
Muitas tarefas que começam como processos controlados, podem tornar-se processos
automáticos, como resultado de prática (ex. leitura, condução...) - Processo designado
de automatização.
Processo designado de automatização
Ocorre mediante determinadas condições estáveis.
Contudo, quando as condições mudam, a mesma atividade pode implicar novamente
controlo consciente.
Para nos ajudar a navegar no nosso mundo caótico temos que automatizar uma série
de processamentos ou comportamentos. Contudo, quando as condições mudam, a
mesma atividade pode implicar novamente controlo consciente.
Como ocorre:
•
•
Durante a prática de uma tarefa, a implementação od vários passos ou etapas
torna-se mais eficiente.
Gradualmente, o indivíduo combina os passos individuais realizados com
esforço, em componentes integrados até todo o processo ser uma operação
única.
Primeiro estudo sobre a automatização:
•
•
•
O estudo investigou como é que os operadores de telégrafo automatizaram
gradualmente a tarefaa de envio e receção de mensagens.
Inicialmente os operadores automatizaram a transmissão de letras individuais
Depois da transmissão de letras se tornar automática, automatizaram a
transmissão de palavras, frases e outros conjuntos de palavras.
49
FM
Teroria da instância: Logan 1988
A automatização ocorre porque gradualmente acumulamos conhecimento acerca de
respostas específicas a estímulos específicos.
§
§
§
Por exemplo quando uma criança aprende a somar ou subtrair, aplica um
procedimento genérico (contar) para lidar com os pares de números.
Gradualmente, com a prática, a criança armazena conhecimento acerca de pares
de números particulares.
Eventualmente, a criança consegue evocar de memória respostas específicas a
combinações específicas de números.
Efeito da prática:
§
§
Proporciona uma melhoria no desempenho.
Os efeitos de prática mais tardios têm menos impacto no grau de automatização.
Ocorre uma estabilização do desempenho.
Efeito de Stroop:
O processo de atenção/automatização também foi estudado por Stroop, em 1935
tendo desenvolvido testes baseados no “efeito Stroop”.
Artigo original: “Studies of Interference in Serial Verbal Reactions”
Os estímulos são nomes de cores impresso sem cor incongruentes, com duas
tarefas: leitura e nomeações de cores
Segundo o Efeito Stroop, há duas teorias principais que explicam o fenómeno:
o Teoria da velocidade de processamento (lemos as palavras mais rápido em
comparação a nomearmos as cores);
o Teoria da atenção seletiva (nomear cores requer mais atenção do que ler
palavras).
§
§
Quando há incongruência entre o nome de uma cor e a cor na qual ela é
apresentada, o indivíduo leva mais tempo para realizar a tarefa e está mais
propenso a erros.
Os testes inspirados no Efeito Stroop são muito utilizados na
neuropsicologia para avaliar o controlo executivo e concentração.
50
FM
Efeito de Stroop:
Um dos exemplos de automatização ocorre na leitura
Þ
Þ
Þ
Þ
Inicialmente a prendemos ao ler letra a letra.
Com o treino, ao longo dos anos, lemos rapidamente e sem grande esforço.
No entanto, no caso da dislexia a automatização na leitura está afetada.
Por vezes, a automatização na leitura pode ser um problema -> demonstração
no efeito de stroop.
Em determinadas situações a automatização pode salvar vidas: importância de
automatizar procedimentos de segurança, como por exemplo, pilotos, bombeiros,
mergulhadores e cidadãos em geral.
A prática é importante de forma a que as pessoas/ técnicos/ profissionais possam
confiar nos processos automáticos, para fazer face ao pânico que determinadas
situações de emergência podem gerar.
Por outro lado, a automatização pode resultar em situações de tal distração da tarefa
criando situações de risco ou emergência
exemplo: em 1982, durante a verificação de rotina de descolagem, o copiloto
não reparou que o botão anto-gelo estava desligado. O avião despenhou-se e
morreram 74 passageiros.
Falhas de atenção: quando atenção nos falha
Change blindness e Inattention Blindness:
o Do ponto de vista evolutivo a nossa capacidade para detectar predadores e
comida conferiu grande vantagem à espécie.
o O comportamento adaptativo do ser humano quero que estejamos atentos a
mudanças no ambiente (mudanças podem ser pistas de oportunidades aos
perigos).
Change blindness (cegueira para a mudança) - Falha em detetar mudanças no
ambiente.
Rensink e col. (1997) demonstraram que alterações relacionadas com uma informação
central
será detetado mais rapidamente do que alterações de aspetos marginais.
51
FM
Conclusão: Mesmo que não sejamos capazes de processar todos os estímulos
disponíveis, conseguimos rapidamente selecionar os mais importantes.
o Para demonstrar o efeito de change blindness desenvolveu-se o flicker
paradigma (Rensink et al., 1997), no qual uma imagem original e outra
modificada alternavam continuamente, uma após a outra, com um pequeno
fundo branco muito breve entre as duas.
o Geralmente as mudanças são movimentos e a tela branca perturba o
processamento básico visual (bottom-up), o que causa surpresa é um visual
sincronizada com omovimento sacádico.
o Precisamos de usar o processamento top-down.
A razão pela qual é tão difícil para
nós identificarmos as diferenças, é
devido ao facto das imagens não
aparecem uma imediatamente
após a outra, ou seja, pelo facto de
haver um intervalo em branco (um
fundo) entre as duas imagens. O
nosso sistema atencional tem uma
espécie de descontinuidade e isso
dificulta o detetar da mudança.
Inattention Blindness (cegueira por desatenção): Falha em detectar/prestar atenção
assistimos que estão presentes.
Escolhemos ainda tentaram estímulo visual hinos prazo quando estamos concentrados
numa determinada tarefa
Change blindness e Inattention Blindness:
Estes dois fenómenos são de extrema importância em determinar situações e podem
ter consequências fatais:
o falha em detetar mudanças no trânsito (objetos em movimento)
o falha em detetar uma matéria estranha num exame
Spatial neglect ou hemi-negligência:
Condição caracterizada por não “prestar atenção” ao que ocorre. Disfunção
atencional nas quais os pacientes “ignoram” metade do seu campo visual
contralateral ao hemisfério lesionado. (Habitualmente associada a lesões unilaterais
nos lobos parietais e frontais do hemisfério direito.)
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Exemplos de falhas atencionais:
Testemunhas oculares: podem não quer processá-la algumas características
importantes dos suspeitos de um crime (preconceito, confusão, falsas memórias)
Idosos no trânsito: são mais lentos detectar alterações e mais lentos a reagir (até que
idade podem conduzir e em quais vias podem conduzir)
Controlador de tráfego aéreo: tem que controlar os movimentos e necessidade de
várias aeronaves em simultâneo
§ resolução de conflitos
§ tomada de decisão
§ necessidade de responder rapidamente
§ decréscimo de atenção
§ ansiedade por parte dos pilotos
Telemóvel +condução: maior probabilidade de não detectar estímulos no ambiente
identificação da reação
Foram encontrados resultados similares com uso de telemóvel com mãos livres
(Strayer, Drews, & Crouch, 2006)
Strayer e Drews (2007) Estudaram se falar ao telemóvel comprometia a
condução principalmente se criava cegueira por inatenção.
No entanto, ouvir rádio outro material verbal não comprometia a qualidade da
condução, ou seja, não é suficiente para produzir interferências de tarefa dupla.
Falhas de atenção: Explicação Alternativa
Atenção associada ao processamento Top-Down
Influenciada por conhecimentos prévios, crenças, objetivos e expectativas que alteram
a velocidade e precisão do processamento atencional a cada momento.
Se estamos com fome vamos facilmente detectar um estímulo relacionado com comida.
No entanto, se acabamos de comer, ou se temos outro tipo de interesse no momento,
podemos explorar outras partes do estímulo.
Conclusão:
De uma perspectiva cognitiva, o mais interessante destas experiências, é que esse
fenômeno não ocorre aleatoriamente.
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FM
Elas confirmam que nós selecionamos uma parte da informação disponível para
processar e representar conscientemente, e o resto é ignorado.
54
FM
Deteção e Vigilância
•
Deteção de um estímulo particular entre a diversidade de estímulos na praia (a
curto prazo) - deteção de sinal
Teoria de deteção de sinal (signal-detection theory, STD)
Abordagem que explica como as pessoas selecionam uma pequena porção de
estímulos importantes que estão inseridos no meio de uma variedade de
estímulos distratores e irrelevantes.
A Teoria de deteção de sinal é muitas vezes usada para medir a sensibilidade à
presença de um estímulo-alvo.
•
Manter a atenção por um longo período de tempo (a longo prazo) - vigilância.
A vigilância é necessária em contextos onde um dado estímulo ocorre
raramente, mas requer atenção imediata assim que ocorra.
Vigilância e neurociências:
§
§
§
o aumento da vigilância é encontrado sempre que estímulos emocionais
são utilizados,
a amígdala, é uma estrutura cerebral importante no reconhecimento de
estímulos emocionais,
a amígdala e o tálamo, são estruturas cerebrais importantes na regulação da
vigilância
Pesquisa/Busca
•Refere-se especificamente à exploração (scanning) do ambiente para encontrar
determinadas características.
•É influenciada por distratores, estímulos não-alvo que desviam a atenção do
estímulo- alvo.
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1.
Teoria
da
Integração
das
Características
(Treisman,
1986)
Explica a facilidade em realizar pesquisas por características, e a dificuldade em realizar
pesquisa por conjunção. Esta teoria explica como conduzimos pesquisas visuais.
• pesquisa por características, possuímos mapas mentais de representação das
possíveis características físicas dos estímulos (ex. cor, tamanho, forma), que são
ativados imediatamente (sem desperdício de tempo)
• pesquisa por conjunções, um estágio adicional do processamento é necessário
uma vez que conjugamos cada estímulo em separado.
Características simples vs conjunção de características
Encontrar um estímulo que se diferencia distratores apenas por uma característica (ex:
busca por característica simples) é rápido preciso e quase independente de quantos
distratores existem.
Mas encontrar estímulo que se diferencia dos distratores por uma conjunção de 2 ou
mais características e que partilha uma ou mais características, é, geralmente, lento,
propenso erros e o nível de dificuldade depende do número de distratores.
Esta teoria explica como conduzimos pesquisas visuais.
David Hubel e Torsten Wiesel (1979) identificaram detetores de características
específicas.
Neurônios que eu respondia de forma diferente a estímulos visuais apresentados
em determinadas orientações (horizontal, vertical, diagonal).
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2.
Teoria
de
Similaridade
(Duncan
&
Humphreys,
1992)
Segundo esta teoria a dificuldade em detetar estímulos alvo aumenta com a semelhança
entre os estímulos alvo e os distratores.
•
•
Estímulos alvo muito semelhantes com os distratores são relativamente mais
difíceis de detetar.
Estímulos alvo que são claramente distintos dos distratores são relativamente
fáceis de detetar.
3. Teoria da busca/pesquisa guiada (Cave & Wolfe, 1990; Wolfe, 2007)
Este modelo sugere que todas as pesquisas (por características ou conjuntas) envolvem
duas etapas consecutivas:
•
•
Etapa paralela: o indivíduo ativa simultaneamente a representação mental de
todos os potenciais alvos.
Numa etapa subsequente, Etapa serial, o indivíduo, avalia sequencialmente cada
um dos elementos ativados de acordo com o grau de ativação.
Depois o indivíduo seleciona os alvos verdadeiros a partir dos elementos ativados.
Atenção Seletiva
•
Capacidade de processar um determinado estímulo de interesse enquanto
ignora vários outros estímulos disponíveis.
O efeito “Cocktail party” (Cherry, 1950) descreve a capacidade de focar a atenção do
ouvinte num único locutor entre uma mistura de conversas e ruídos de fundo, ignorando
outras conversas.
Efeito “Cocktail party”, estudado através:
§
§
Tarefa
de
audição
dicótica
Tarefa
de
Sombreamento
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1. Teoria sobre Atenção Seletiva Modelo de Broadbent (1958)
•
•
•
•
Uma das primeiras teorias acerca da atenção,
Teoriadofiltroatencional-filtramosinformaçãologoapósserdetetadaaonível
sensorial.
Teoria suportada pelos conhecimentos de Colin Cherry, mais tarde este modelo
foi desafiado por Moray.
Moray sugeriu que na presença de uma mensagem com importância para uma
pessoa, o filtro da atenção seletiva pode quebrar-se. (No entanto o mesmo não
acontece para outra mensagem)
Broadbent → o filtro seletivo bloqueia a maior parte da informação ao nível
sensitivo. Mas algumas mensagens, de importância pessoal, são tão ”salientes”
que ultrapassam o mecanismo de filtro (de acordo com Moray)
•
Um dos estímulos é filtrado com base nas suas características físicas (o outro
permanece para ser processado posteriormente).
2. Modelo de Treisman (1960, 1964)
•
•
•
Propôs uma teoria de atenção seletiva que envolve um mecanismo de filtro
atenuado (“filtro tardio”). Em vez de bloquear estímulos, o filtro limita-se a
atenuar (enfraquecer) a força dos estímulos que não o estímulo-alvo.
Quando detetamos o estímulo, analisamo-lo a um nível inferior em termos de
Propriedades:
o Se o estímulo possui determinadas propriedades-alvo, o sinal passa à
etapa seguinte,
o Se não possui, passa uma versão enfraquecida do estímulo,
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•
Na etapa seguinte, analisamos percetualmente o significado do estímulo e a sua
relevância para nós.
3. Modelo de Deutsch & Deutsch (1963)
•
•
Deutsch e Deutsch desenvolveram um modelo no qual a localização do filtro é
ainda mais tardia! → Modelo do filtro tardio
Os estímulos são filtrados unicamente após terem sido analisados em termos das
suas características físicas e respetivo significado.
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Evidências neurofisiológicas que dão suporte ao modelo multimodal da atenção.
técnica dos potenciais evocados (ERPs) - regista a atividade elétrica cerebral que
ocorre em resposta a um determinado estímulo.
seleção atencional é flexível (pode ocorrer mais precocemente ou mais tardiamente):
o Uma seleção mais precoce está associada a uma seleção com base nas
características percetuais ou físicas.
o Uma seleção mais tardia está associada a uma seleção com base na relevância
do estímulo ou nas características semânticas.
Neurociências e a atenção seletiva
Com o desenvolvimento de novas técnicas e métodos os investigadores utilizaram a
neuroimagem
ao
serviço
do
estudo
da
atenção.
As neurociências têm contribuído no sentido de sintetizar diversos estudos que
investigam os processos de atenção no cérebro, destaca-se:
Posner
O sistema de atenção "não é propriedade de uma única área do cérebro nem do cérebro
todo"
(Posner,
Dehaene,
1994,
p.
75).
Posner e Rothbart (2007) revisaram estudos de neuroimagem na área da atenção e
60
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definiram três subfunções da atenção: estado de alerta, orientação e atenção
executiva.
A maior parte dos investigadores têm estudado a atenção visual, em comparação à atenção
auditiva.
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Corbetta e Shulman
Seguiram-se outros estudos...
Hahn, Ross, & Stein (2006)
o Não havia sobreposição entre as áreas cerebrais associadas ao processamento
top-down e do processamento bottom-up.
o Reforço do argumento de que os dois sistemas são separados.
Outros estudos (demonstraram que a rede ventral (em particular a junção temporoparietal) era ativada por distratores relevantes para a tarefa mas não por estímulos
salientes.
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FM
Analogias com a atenção seletiva/focada:
o METÁFORA
“SPOTLIGHT”
=
HOLOFOTE
(Posner)
Desviar a atenção equivale a mover o holofote para outra fonte de informação.
o METÁFORA “ZOOM LENS” = LENTE DE AUMENTO (Eriksen e James)
A área do foco atencional poderia ser redimensionada (aumentada ou
diminuída) de acordo com a exigência da tarefa que esteja a ser realizada. Existe
uma relação inversa entre a taxa de processamento e o tamanho do foco.
o TEORIA DOS HOLOFOTES MÚLTIPLOS (multiple spotlights) (Awh e Pashler)
Demonstrou que o foco atencional pode estar direcionado para duas áreas
separadas e não adjacentes.
§
§
Se o foco atencional só puder ser direcionado para uma área
simples do espaço, o desempenho seria melhor quando o
estímulo aparecer no meio.
Se a atenção puder ser dividida para duas áreas diferentes, o
desempenho seria pior porque apenas as localizações que
receberam pista receberiam maior atenção. Deste modo, a
atenção visual é ainda mais flexível do que o modelo da lente
zoom previa.
63
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Neisser & Becklen (1975)
Acreditavam que:
§
§
A melhoria no desempenho ocorreria eventualmente como resultado da prática,
O desempenho em múltiplas tarefas era o resultado da prática e não tinha por
base mecanismos cognitivos especiais.
Spelke, Hirst & Neisser (1976)
Utilizaram o paradigma de dupla tarefa (dual-task paradigm) para estudar a atenção
dividida durante o desempenho de duas tarefas em simultâneo.
Compararam o tempo de resposta e precisão no desempenho e concluíram que tempos
de resposta mais elevados correspondiam a respostas mais lentas. Contudo, verificaram
que com a prática o desempenho dos participantes melhorou em ambas as tarefas.
§
Spelke e colaboradores concluíram que tarefas controladas podem ser
automatizadas de forma a consumir menos recursos atencionais.
Existem duas teorias principais sobre a atenção:
FILTRO: Teorias que assumem que a atenção opera como um filtro que bloqueia o
processamento de alguns estímulos e permite a passagem de outros.
CAPACIDADE: Teorias que assumem que o indivíduo ativamente escolhe os estímulos
que serão processados posteriormente por meio da alocação de uma parte de um
recurso que possui capacidade limitada.
Atenção Dividida
Modelo da Capacidade da Atenção (Daniel Kahneman (1973))
Nos modelos de capacidade da atenção fala-se mais sobre divisão (a distribuição da
atenção para as diferentes fontes) do que em seleção (como nos modelos anteriores).
Quando uma determinada tarefa é muito exigente, necessita de muitos recursos
atencionais.
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Os modelos de capacidade atencional ajudam a explicar como realizamos mais do que
uma tarefa ao mesmo tempo.
Estes modelos assumem que as pessoas têm uma capacidade limitada de atenção (as
pessoas podem escolher como alocar a atenção, de acordo com as exigências da
tarefa).
Existem 2 modelos:
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Atenção dividida - na vida real:
A atenção dividida é muito importante na nossa vida diária!
Ex. Cozinhar enquanto ouvimos o noticiário, ouvir música enquanto conduzimos, ...
§
A atenção dividida ocorre também durante a condução... e tem um papel
pertinente:
o Na condução, é essencial estarmos atentos aos vários estímulos (perigos)
que ameaçam a nossa segurança.
o A maior parte dos acidentes de viação são causados por falhas na
capacidade de atenção dividida.
Estudo de Strayer & Johnston (2001)
O estudo apresentava duas condições:
A) realizar a tarefa de simulação de condução
B) realizar a tarefa de simulação de condução + outra tarefa (ouvir rádio ou falar ao
telefone)
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Após a realização do estudo, verificou-se:
§
§
A probabilidade de não cumprir com a realização da tarefa (puxar o travão)
aquando do aparecimento do sinal vermelho, aumentava substancialmente
durante a tarefa dupla em que envolvia falar ao telefone.
O tempo de reação era também mais longo nesta condição.
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Wickens (1984)
Propôs uma estrutura tridimensional
dos recursos de processamento
humano.
Este modelo considerou a existência
de quatro dimensões:
1. Estádios de processamento (há
vários estádios sucessivos de
perceção, cognição e resposta).
2. Codificação (de processamento) –
percepção, cognição e resposta podem
usar códigos espaciais e/ou verbais.
3. Modalidade (a perceção pode envolver recursos visuais e/ou auditivos).
4. Tipo de resposta (pode ser manual ou vocal).
Este modelo explica que quando duas tarefas são realizadas em simultâneo, o
nível de influência entre elas dependerá dos tipos de recursos solicitados.
Wickens considera que possuímos diferentes tipos de recursos:
§
§
§
§
Visuais vs. Auditivos
Percetuais vs. Cognitivos
Com resposta vs. Sem resposta motora/verbal
Verbal vs. Espacial
Existe muito suporte para este Modelo de Recursos Múltiplos:
§
§
Estudos com imagiologia demonstram que tarefas muito diferentes
envolvem ativação em áreas dispersas/separadas no cérebro.
Há mais interferência quando duas tarefas partilham a mesma
modalidade ou o mesmo tipo de resposta.
No entanto, este modelo também apresenta algumas limitações, por exemplo
ao nível da disrupção no desempenho em tarefas com diferentes modalidades.
Neurociências e a atenção dividida
Abordagem para compreender o desempenho no paradigma de tarefa-dupla:
§
Diversos estudos de neuroimagem encontraram evidências de que a ativação
cerebral em condições de tarefa dupla era menor do que a soma das ativações
nas duas tarefas isoladas. – subaditividade.
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Just e colaboradores (2001)
§
Avaliaram a ativação cerebral de tarefa em separado ((linguagem e rotação
mental) e quando realizadas em simultâneo.
§
Verificaram que a ativação cerebral em regiões associadas ao processamento
da linguagem diminuiu em 53% na condição de tarefa dupla, quando
comparada às condições de tarefas isoladas. O mesmo ocorreu relativamente à
condição de rotação mental, verificando-se uma redução da ativação cerebral
nas regiões associadas à rotação mental nas condições de tarefa dupla (29%).
Concluíram que:
§
§
§
§
o desempenho na realização das tarefas em simultâneo (condições de tarefa
dupla) foi prejudicado quando comparado com as condições de tarefas
isoladas.
a necessidade de distribuir uma capacidade central limitada (atenção) entre 2
tarefas significava que a quantidade que cada uma recebia era reduzida,
comparada com a condução de tarefa única.
fortes efeitos de subaditividade são impressionantes em relação a diferentes
condutas de processamento das duas tarefas.
para que duas tarefas ocorram em simultâneo é necessária a existências de
recursos gerais disponíveis (embora que limitados).
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Principais Funções da Atenção
Atenção Dividida - Permite-nos alocar os nossos recursos atencionais disponíveis para
coordenar a realização de mais do que uma tarefa em simultâneo.
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