FUNDAÇÃO DE ENSINO E PESQUISA DE ITAJUBÁ PROGRAMA DE GRADUAÇÃO ENGENHARIA ELÉTRICA PI DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS: Instalação elétrica industrial Fábrica de usinagem Bruna de Cássia Galvão Rodrigues Ferreira Itajubá/MG 2022 1 INTRODUÇÃO O relatório apresenta o desenvolvido do projeto de instalação industrial para um ambiente de usinagem. O ambiente em questão é fictício e se trata de uma empresa do ramo de usinagem. Foi idealizado a presença de 12 motores de indução trifásicos de 10[cv] de potência mecânica. Os motores fazem parte dos instrumentos de torno, fresa, dobra e prensa. Ao total são aplicados na planta 4 tornos, 3 fresas, 3 dobradeiras e 2 prensas. A potência instalada é de 110[kW]. A planta é apresentada na Figura 1, o local apresenta área total de 390[m²]. Sendo 26[m] de comprimento por 15[m] de largura. Figura 1- Planta instalação industrial 2 DESCRIÇÃO DAS CARGAS As especificações dos motores são apresentadas na Tabela 1, onde é apresentado seu fator de potência, rendimento e maquinário ao qual é aplicado. Os motores possuem os mesmos parâmetros de fabricação. A carga de iluminação foi dimensionada pelo método de lumens. Tabela 1 – Descrição das cargas Carga Maquinário Potência Rend. F.P Quadro MIT-1 Torno 10[cv] 0.76 0.9 CCM1 MIT-2 Torno 10[cv] 0.76 0.9 CCM1 MIT-3 Torno 10[cv] 0.76 0.9 CCM1 MIT-4 Torno 10[cv] 0.76 0.9 CCM1 MIT-5 Fresa 10[cv] 0.76 0.9 CCM1 MIT-6 Fresa 10[cv] 0.76 0.9 CCM1 MIT-7 Fresa 10[cv] 0.76 0.9 CCM1 MIT-8 Prensa 10[cv] 0.76 0.9 CCM1 MIT-9 Prensa 10[cv] 0.76 0.9 CCM1 MIT-10 Dobradeira 10[cv] 0.76 0.9 CCM2 MIT-11 Dobradeira 10[cv] 0.76 0.9 CCM2 MIT-12 Dobradeira 10[cv] 0.76 0.9 CCM2 16[kVA] - Iluminação 0.4 QDL 3 CÁLCULO ILUMINAÇÃO MÉTODO LUMENS O fluxo luminoso total do ambiente de trabalho foi definido pelo método dos lumens. O nível de iluminância adotado para o ambiente industrial foi de 500[lx], conforme Tabela 2, por se tratar de do trabalho com usinagem de metais e necessidade de precisão média. Tabela 2 – Valores iluminância O barracão o qual hospeda a industrial possui pé direito de 4,6[m], os postos de trabalho possuem altura de 1[m]. O teto possui superfície branca, as paredes possuem superfície branca e o piso é de cor escura. O ambiente é considerado sujo e programa-se manutenção em um ciclo de 8000 horas. As luminárias serão do tipo industrial comportando 4 lâmpadas de 32[W] fluorescentes, sendo afixadas a 0.8[m] do teto. Totalizando 11800[lux] por luminária. O cálculo do número de luminárias baseou-se nas equações 1-3. (1) (2) (3) A Tabela 3 apresenta os parâmetros calculados e obtidos por tabelas de referências. O fator de utilização foi obtido pela metodologia da Figura 2 após cálculo do índice local (k). Figura 2-Obtenção de fatores por inspeção Tabela 3 – Parâmetros calculados Iluminância 500 Comprimento 26 Largura 15 Hm 2,8 k 5,15 Fator de utilização(u) 0,66 Fator de manutenção 0,5 Fluxo 590909,09 n° luminárias 50,07 O número mínimo de luminárias para obtenção do fluxo luminoso calculado é de 50. E pelo método dos lumens foi feita a disposição de 5 fileiras com 10 luminárias. Conforme Figura 3. Figura 3-Arranjo de disposição das luminárias 3m 2,6m A potência total de iluminação foi estimada em 16[kVA], obtida pelo cálculo abaixo. 𝑆𝑖𝑙𝑢𝑚𝑖𝑛𝑎çã𝑜 = 50 × 32 × 4 = 16[𝑘𝑉𝐴] 0,4 Onde: F.P reator 0,4 Número de luminárias 50 Potência lâmpada 32[W] Número de lâmpadas 4/luminária 4 CONSUMO DE CARGAS DIÁRIO Foi feito o levantamento do consumo diário marcado a cada 1 hora durante o ciclo de 24 horas. A Tabela 4 e Figura 4 apresenta este acompanhamento, onde é apresentado o consumo de iluminação e do maquinário durante os horários dentro e fora de jornada de trabalho. Figura 4 – Curva de carga É possível extrair da curva a demanda de pico(86kVA), a demanda média (23.75kVA) e demanda mínima(16kVA). O ponto de consumo 0[kVA] corresponde ao horário de almoço onde é desligado o quadro geral do galpão. Tabela 4 – Acompanhamento consumo diário (continua) HORÁRIO MOTORES ILUMINAÇÃO POTÊNCIA 08:00:00 - TOTAL 16000 09:00:00 M1-M4 TOTAL 56000 10:00:00 M1-M4 TOTAL 56000 11:00:00 M1-M4 TOTAL 56000 12:00:00 - - 0 13:00:00 M1-M4 TOTAL 56000 14:00:00 M1-M4 TOTAL 56000 15:00:00 M1-M4 TOTAL 56000 16:00:00 M1-M4,M10-M12 TOTAL 86000 17:00:00 M1-M4,M10-M13 TOTAL 86000 18:00:00 M7-M9 TOTAL 46000 19:00:00 - - 0 20:00:00 - - 0 Tabela 4 – Acompanhamento consumo diário (conclusão) HORÁRIO MOTORES ILUMINAÇÃO POTÊNCIA 21:00:00 - - 0 22:00:00 - - 0 23:00:00 - - 0 00:00:00 - - 0 01:00:00 - - 0 02:00:00 - - 0 03:00:00 - - 0 04:00:00 - - 0 05:00:00 - - 0 06:00:00 - - 0 07:00:00 - - 0 5 DIMENSIONAMENTO DO TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA O dimensionamento do transformador de potência é obtido com o cálculo da demanda total do galpão. O que leva em consideração as cargas dos quadros CCM1, CCM2 e QDL. A demanda para o quadro de distribuição de luz foi obtida pelo método dos lumens e é aplicado fator de utilização de 1 para até os primeiros 20[kVA], vide Tabela 5. Os cálculos dos quadros CCM1 e CCM2 foram feitos utilizando tabelas e métodos aplicados conforme [1]. A Tabela 6 apresenta os dados adotados para especificação dos motores utilizados. As Tabelas 7-8 apresentam os fatores utilizados para simultaneidade e utilização. O fator de utilização é indicado por [1] para aproximar da potência média consumida pelos tipos de carga durante seu uso. Já o fator de simultaneidade estima a coincidência de uso de equipamentos simultaneamente dado a natureza de seu tipo. Tabela 5 – Fator de demanda instalação industrial Tabela 6 – Motores trifásicos A demanda para os quadros de motores foi feita obtendo a demanda de um único motor de 10[cv] consultando a Tabela 6 e realizando o somatório da potência dos motores de cada quadro. 𝐷𝑚𝑖𝑡10𝐶𝑉 = 6.46[𝑘𝑉𝐴] Com a demanda de um único motor é possível determinar a demanda dos quadros baseandose no tipo de motor e a quantidade existente de motores de mesmo tipo. A demanda foi calculada para todos os motores e engloba ambos os quadros CCM1 e CCM2. Sendo obtido pela equação abaixo o valor de 72.2[kVA]. A demanda de iluminação aplica o fator de demanda 1, conforme Tabela 5. 𝐷(𝐶𝐶𝑀1) = 9 × 6.46𝑘𝑉𝐴 = 58.14[𝑘𝑉𝐴] 𝐷(𝐶𝐶𝑀2) = 3 × 6.46𝑘𝑉𝐴 = 19.38[𝑘𝑉𝐴] 𝐷(𝐶𝐶𝑀1+𝐶𝐶𝑀2) = 58.14𝑘𝑉𝐴 + 19.38𝑘𝑉𝐴 = 77.52[𝑘𝑉𝐴] 𝐷(𝑄𝐷𝐿) = 1 × 16𝑘𝑉𝐴 = 16[𝑘𝑉𝐴] A demanda total foi obtida pela equação 4, e compreende a soma das demandas dos quadros CCM1. CCM2 e QDL. E compreende o valor de 88.2[kVA]. 𝐷𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝐷𝐶𝐶𝑀1 + 𝐷𝐶𝐶𝑀2 + 𝐷𝑄𝐷𝐿 = 93.52[𝑘𝑉𝐴] (4) Com a demanda total calculada e possível dimensionar a potência nominal do transformador de potência necessário na subestação. O transformador aplicado será de 100[kVA], é observado pela curva de carga que em horários de pico o trafo operara com folga. 6 DIMENSIONAMENTO DOS CONDUTORES O dimensionamento da seção dos condutores foi feito se baseando no método de queda de tensão e por ampacidade. A instalação utilizou condutores unipolares isolados em XLPE, dispostos em bandeja não perfurada (Método de Instalação C), conforme Tabela 9, e tensão de linha de 220[Vac]. O diagrama representativo dos cabos e apresentado nas Figuras 5-6. O comprimento de cabo e a corrente por motor é apresentado na Tabela 9. A corrente foi obtida por inspeção a Tabela 6. A corrente drenada de cada quadro é dada pela soma do consumo de seus respectivos motores. Tabela 9 – Tipos de linhas elétricas Figura 5 – Diagrama cabeamento CCM1 220 220 Figura 6 – Diagrama cabeamento CCM2 220 220 A metodologia pra seleção da seção dos condutores que compõe a instalação elétrica se baseou em dois métodos. Sendo: método da capacidade de corrente e método do limite da queda de tensão. 6.1 MÉTODO DA AMPACIDADE Para o CCM1 (M1-M9) a corrente total foi de 26[A], por trecho, que pelo método da ampacidade e consultando a Tabela 10 indica um condutor de secção de 2.5[mm²]. Para o CCM2(M10-M12) a corrente total foi de 26[A], por trecho, e é indicado também pelo método da ampacidade secção de 2.5[mm²]. A norma recomenda a utilização de no mínimo 2.5[mm²] de bitola de condutor para circuitos de força. Para o trecho até o secundário do transformador foi adotado a seção de 70[mm²] para CCM1 e 16[mm²] para CCM2. De acordo com o valor de corrente exigida por quadro e consulta a Tabela 10. 𝑖=9 𝐼𝐶𝐶𝑀1 = ∑ 𝐼𝑀𝑖 = 234[𝐴] 𝑖=1 𝑖=12 𝐼𝐶𝐶𝑀2 = ∑ 𝐼𝑀𝑖 = 78[𝐴] 𝑖=10 Tabela 10 – Capacidade de corrente para condutor de isolação EPR ou XLPE Tabela 10 – Corrente consumida por motor Trecho[m] Motor Ic[A] 13,24 m1 26 10,036 m2 26 6,916 m3 26 10,85 m4 26 7,65 m5 26 4,12 m6 26 13,24 m7 26 10,036 m8 26 6,916 m9 26 3,8 m10 26 2 m11 26 4,11 m12 26 Itotal CCM1 234 Itotal CCM2 78 6.2 MÉTODO LIMITE DA QUEDA DE TENSÃO Aplicando o método da queda de tensão conforme equação 5, utilizado para tensão de linha de 220[V]. Foi especificado a queda por trecho de no máximo 7% da tensão, sendo adotado 4% para o trecho das cargas até os quadros (CCM1 e CCM2) e 3% para o trecho dos quadros (CCM1 e CCM2) até o quadro QGF. (5) Onde, 𝑆𝑐 é a secção do condutor 𝜌 é a resistividade do material do condutor 𝐿𝑐 é o comprimento do condutor 𝐼𝑐 é a corrente que circula pelo condutor 𝛥𝑉𝑐 é a porcentagem de queda de tensão 𝑉𝑓𝑓 é a tensão de linha da instalação Para o quadro CCM1 até as cargas, tem-se: 1 ) (13.24𝑥26) 56 𝑆𝑐𝑀1 = = 1.2[𝑚𝑚2 ] 4 × 220 1 100√3 ( ) (10.036𝑥26) 56 𝑆𝑐𝑀2 = = 1[𝑚𝑚2 ] 4 × 220 1 100√3 ( ) (6.916𝑥26) 56 𝑆𝑐𝑀3 = = 0.64[𝑚𝑚2 ] 4 × 220 1 100√3 ( ) (10.85𝑥26) 56 𝑆𝑐𝑀4 = = 1[𝑚𝑚2 ] 4 × 220 1 100√3 ( ) (7.65𝑥26) 56 𝑆𝑐𝑀5 = = 0.71[𝑚𝑚2 ] 4 × 220 1 100√3 ( ) (4.12𝑥26) 56 𝑆𝑐𝑀6 = = 0.4[𝑚𝑚2 ] 4 × 220 1 100√3 ( ) (13.24𝑥26) 56 𝑆𝑐𝑀7 = = 1.2[𝑚𝑚2 ] 4 × 220 1 100√3 ( ) (10.036𝑥26) 56 𝑆𝑐𝑀8 = = 1[𝑚𝑚2 ] 4 × 220 100√3 ( 𝑆𝑐𝑀9 1 100√3 ( ) (6.916𝑥26) 56 = = 0.65[𝑚𝑚2 ] 4 × 220 Para o quadro CCM1 até o QGF, tem-se: 𝑆𝑐𝑐𝑀1 = 100√3 ( 1 ) (10.44𝑥234) 56 = 12[𝑚𝑚2 ] 3 × 220 Para o quadro CCM2 até as cargas, tem-se: 1 ) (3.8𝑥26) 56 𝑆𝑐𝑀10 = = 0.35[𝑚𝑚2 ] 4 × 220 1 100√3 ( ) (2𝑥26) 56 𝑆𝑐𝑀11 = = 0.2[𝑚𝑚2 ] 4 × 220 1 100√3 ( ) (4.11𝑥26) 56 𝑆𝑐𝑀12 = = 0.4[𝑚𝑚2 ] 4 × 220 100√3 ( Para o quadro CCM2 até o QGF, tem-se: 𝑆𝑐𝑐𝑀2 = 1 ) (38.6𝑥78) 56 = 8.3[𝑚𝑚2 ] 3 × 220 100√3 ( 6.3 DEFINIÇÃO DOS CONDUTORES As bitolas utilizadas para a instalação elétrica foram definidas considerando a maior secção indicada entre os métodos aplicados. A Tabela 11 apresenta as bitolas adotadas por trecho. O método de referência utilizado foi o método C, disposição dos condutores em bandeja não perfurada.Vide Tabela 9. Tabela 11 – Especificação bitola condutores Trecho Secção[mm²] Ampacidade Secção[mm²] Lim. De Queda Tensão Secção[mm²] adotada M1 – CCM1 2.5 1.2 2.5 M2 – CCM1 2.5 1 2.5 M3 – CCM1 2.5 0.64 2.5 M4 – CCM1 2.5 1 2.5 M5 – CCM1 2.5 0.71 2.5 M6 – CCM1 2.5 0.4 2.5 M7 – CCM1 2.5 1.2 2.5 M8 – CCM1 2.5 1 2.5 M9 – CCM1 2.5 0.65 2.5 M10 – CCM2 2.5 0.35 2.5 M11 – CCM2 2.5 0.2 2.5 M12 – CCM2 2.5 0.4 2.5 CCM1-QGF 70 12 70 CCM2-QGF 16 8.3 16 REFERÊNCIAS [1] FILHO, João Mamede. Instalações Elétricas Industriais. 9. ed. LTC, 2017. GEBRAN, Amaury Pessoa; RIZZATO, Flávio Adalberto Poloni. Instalações Elétricas. ANEXO 1 – LAYOUT PLANTA INDUSTRIAL