E-BOOK ENDOCRINOLOGIA PARA O CICLO CLÍNICO Os principais temas da endocrinologia compilados em um só material. GABRIELLA RICCI EMERICH @GRE_ DOCS SUMÁRIO 1 2 3 4 5 6 7 O B E S I D A D E D I S L I P I D E M I A S D I A B E T E S M E L I T O H I P E R T I R E O I D I S M O D E 2 E D O E N Ç A G R A V E S H I P O T I R E O I D I S M O N Ó D U L O S T I R E O I D I A N O S I N C I D E N T A L O M A A D R E N A L S Í N D R O M E D E A D R E N A L C U S H I N G SUMÁRIO 8 9 10 11 12 13 14 15 I N S U F I C I Ê N C I A H I P E R P R O L A C T I N E M I A D E S N U T R I Ç Ã O N O I D O S O O S T E O P O R O S E C R E S C I M E N T O E B A I X A E S T A T U R A A C R O M E G A L I A E X A M E S D E I M A G E M N U T R I C I O N A I S E E M D E S O R D E N S M E T A B Ó L I C A S Obesidade EPIDEMIOLOGIA DA OBESIDADE Entre 2013-2019, a obesidade cresceu mais do que 100% na população adulta - entre 2003-2019, obesidade na população acima de 20 anos aumentou 12.2% para 26.8% - obesidade feminina subiu de 14.5% para 30.2% e obesidade masculina de 9.6% para 22.8% - o excesso de peso neste mesmo período e faixa etária subiu de 43.3% para 61.7% - MS: 12.9% das crianças entre 5 a 9 anos te m obesidade e 7% entre 12-17 anos tem obesidade - predispõe doenças crônicas (cardiovasculares e cerebrovasculares), doenças metabólicas, digestivos, respiratórios e gonadais - ↓ da expectativa de vida – 5-20 anos DEFINIÇÃO – OMS - obesidade é uma doença crônica, de etiologia multifatorial e complexa, resultando da interação de genes, ambiente, estilo de vida e fatores emocionais - Obesidade não é transtorno psiquiátrico - definida como o IMC ≥ 30 kg/m2 DIAGNÓSTICO - a avaliação dos pacientes com excesso ponderal deve incluir: analise antropométrica e avaliação clinica das complicações relacionadas ao excesso de peso - métodos antropométricos são usados para detectar obesidade, sendo o IMC a medida mais usada ANTROPOMETRIA 1. ÍNDICE DE MASSA CORPORAL – IMC 𝑘𝑔 𝑖𝑚𝑐 = 2 - não diferencia massa magra de massa 𝑚 gorda e não mostra a distribuição de gordura corporal - ate 30% das pessoas com IMC normal apresentam excesso de massa gorda, quando avaliadas por bioimpedância ou algum outro método - Indivíduos com o mesmo IMC podem ter diferentes níveis de massa gordurosa visceral • Idosos (>75 anos): imc varia de >22 a < 27 kg/m2 - sobrepeso: 27-29.9 • Em crianças, o IMC é calculado em uma tabela que considera idade e gênero a) obesidade: IMC ≥ percentil97 – Z score > +2 b) sobrepeso: IMC entre p85 e p97 – Z score entre +1 e +2 2. CIRCUNFERENCIA ABDOMINAL - sido usada como marcador de obesidade centrípeta - deve ser medida ao final da expiração profunda, na linha media horizontal entre a crista ilíaca e o último rebordo costal, com o paciente em pé e de braços estendidos ao lado do corpo ○ Sul africano, europeus, mediterrâneo ocidental e oriente médio: ≥ 94 cm (H) e ≥ 80 cm (M) ○ Sul-asiáticos e Chineses: ≥90 cm (H) e ≥80 cm (M); ○ Japoneses: ≥90 cm (H) e ≥85 cm (M) ○ Sul-americanos e América Central: ≥90 cm (H) e ≥80 cm (M); - NCPE ATP-III: ≥ 102 (H) e ≥ 88 (M) 3. RELAÇÃO CINTURA-QUADRIL (RCQ) - > 0.85 (M) e >0.9 (H) - medida do quadril: no maior diâmetro, com a fita métrica, passando sobre os trocanteres maiores - é um bom marcador da distribuição de gordura corporal, já que possibilita estimar tanto a gordura visceral (cintura) como a periférica (quadril). - Não é usada no acompanhamento do tratamento da obesidade, já que pacientes que perdem grande quantidade de peso mantêm a RCQ inalterada. 4. MEDIDAS DAS PREGAS CUTANEAS - refletem o deposito de gordura subcutânea e não visceral - tem baixa precisao por ser operador dependente, e precisar de adipômetro e treinamento do avaliador EXAMES COMPLEMENTARES 1. bioimpedância (BIA): avaliação da resistência que os segmentos corporais exercem à passagem de corrente elétrica de baixa intensidade 2. DEXA (densitometria óssea de dupla energia) 3. USG: diferenciar gordura visceral de subcutânea 4. TC: A partir da atenuação dos raios X nos diferentes tecidos, fornece imagem bidimensional em corte transversal do corpo 5. RM: realizada a medição do número de núcleos de hidrogênio do tecido; quantifica a massa gorda total e subcutânea 6. Peso hidrostático: submersão do individuo em uma grande piscina, assim calcula-se a densidade corporal a partir da relação peso no ar/peso na agua ETIOLOGIA - a obesidade é uma doença multifatorial e por isso não esta relacionada a uma única causa - fatores que ↑ risco de obesidade: ↑ ingesta calórica, ↑ nível de pobreza, ↑ baixa escolaridade, ↑ fast food, ↑ tamanho médio das porções, ↓ atividade física e ↓ refeições em casa - o aumento da ingesta calórica pode ser avaliado por: diários alimentares, checagem de alimentos, hábitos alimentares - a atividade física é o mais importante componente dentro do gasto energético total = 20-30% dele - 5 aspectos que se correlacionam com a obesidade: estilo de vida urbano, fase intrauterina (peso ao nascimento), menopausa, interrupção do tabagismo e interrupção de atividade física • Obesidade e genética - a genética influencia na ocorrência de obesidade. A obesidade dos pais influencia no risco de obesidade dos filhos. Se ambos os pais são obesos, a chance são de 80%, se só 1 deles for obeso a chance são de 50% e se nenhum for obeso a chance são de 9% - a obesidade está descrita em 24 doencas mendelianas e em 9 tipos de doenças monogênicas não mendelian, como por exemplo, a sd. prader willi – herança dominante, hipogonadotrofismo, retardo mental, falanges pequenas, nanismo, dificuldade à sucção, hiperfagia extrema, obesidade grave a partir dos 4a, ↑ grelina - obesidade comum – herança poligênica, ou seja, nem todos ganham a mesma quantidade de peso quando expostos à doenças hipercalóricas - fator ambiental: índios pima no EUA (80% tem obesidade), já os que vivem no norte do mexico tem baixas taxas de obesidade por não ter o “ambiente obesogênico” - O risco de desenvolvimento de obesidade é maior na presença de história familiar de obesidade mórbida, com IMC ≥ 40 kg/m2 , ou com níveis mais moderados de obesidade, IMC < 40 kg/m2 - predisposição genética para a obesidade -> mutações de um único gene são responsáveis por formas raras de obesidade monogênica (leptina, receptor de leptina, receptor da melanocortina 4 [MC4R] e próopiomelanocortina [POMC]). Mutação no MC4R constitui a causa mais frequente de obesidade monogenética • Medicamentos que ↑ apetite - antidepressivos: amitriptilina e mirtazapina - antipsicóticos atípicos: olanzapina, quetiapina e risperidona - anticonvulsivantes e estabilizador do humor: valproato, gabapentina, pregabalina, carbamazepina - drogas hipoglicemiantes: pioglitazona, glimepirida, gliclazida, glibenclamida, glipizida e nateglinida • sono - a ↓ do sono prejudica a produção de melatonina, a qual se relaciona com a sintese, secreção e acao da insulina, podendo ocasionar os seguintes efeitos: ○ resistência à insulina ○ intolerância à glicose ○ pertubacoes do sono ○ desorganização circadiana - a privação do sono pode também causar ↓ secreção de leptina e TSH, ↑ níveis de grelina e ↓tolerância à glicose - situações que alteram a produção de melatonina: envelhecimento, trabalho em plantões noturnos e turnos, trabalho em ambientes iluminados • disruptores endócrinos (DE) - são substancias lipofílicas, produzidas industrialmente que podem afetar a função endócrina. Elas podem se ligar diretamente a receptores nucleares, incluindo o receptor ativado por proliferados de peroxissomo gama (PPARg) e o receptor do acido retinóico X - DE organotin é agonista para esses receptores nucleares -> estimulam proliferação de adipócitos Ex: diclorodifenitricloroetano, bifenois policlorador, alquifenois • ambiente termoneutro – zona de termoneutralidade -> intervalo de temperatura ambiente em que o gasto de energia não é necessário para homeotermia. Pacientes expostos à diferentes temperaturas ↑ gasto de energia, levando a perda de gordura • microbiota intestinal pode alterar a sinalização da saciedade e produtos metabólicos que podem alterar a função cérebro, fígado, musculo e pâncreas • poluição - obesidade infantil com a exposição materna a hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAP) no ar ambiente durante a gravide • ↓ tabagismo pode ser uma etiologia para obesidade, pois, a nicotina tem efeitos termogênicos e redutores do apetite SINALIZACAO CENTRAL DO APETITE • nucleo arqueado do hipotálamo / neurônios de 1ª ordem -> via anorexigênica e via orexigênica → via anorexigênica - ↓ fome: nucleo arqueado (medial) estimulam os neurônios POMC, CART -> liberam CRH, β-endorfinas, α-MSH -> ativam neurônios de segunda ordem -> e no nucleo paraventricular -> se ligam aos receptores MC3R e MC4R -> liberam CRH, ocitocina e TRH →via orexigênica - ↑ fome: nucleo arqueado (lateral) estimulam os neurônios produtores de NPY/AgRP -> ativam neurônios de segunda ordem -> e no nucleo lateral -> se ligam aos receptores orexina A e B, MCH • Lesões do hipotálamo ventromedial => grande aumento na ingestão alimentar e causam obesidade • Lesões do hipotálamo lateral => hipofagia e perda de peso. ◎ Sinalizadores periféricos da regulação do apetite Tecido adiposo - é uma reserva energética e considerado um órgão endócrino por liberar subtancias: ✔Leptina: principal sinalizador periférico de adiposidade - ↑ tec. Adiposo -> ↑ leptina - Leptina -> ↑ expressão da via POMC (anorexígena) – saciedade + ↓expressão da via NPY/AgRP - Obesos: ↑leptina, mas isso porque acabam desenvolvendo resistência à ela, isso porque estimulam a sintese de proteínas que bloqueiam o receptor -> pancreáticos: amilina, enterostatina, polipeptideo pancreatico (sinalizam adiposidade – ↓ fome) -> gástrico: obestatina -> intestinais: peptídeo YY, colecistoquinina, oxintomodulina (saciedade) ✔Adiponectina - ↑ tecido adiposo - ↓ adiponectina - o tecido adiposo ↑ citocinas inflamatórias (TNF-α e IL-6), as quais inibem a produção de adiponectina - anorexígena Pâncreas ✔ Insulina (sinaliza adiposidade) - produzida em situação pós-prandial - ela ↑ expressao de POMC (anorexígena) e ↓expressao NPY – tem acao anorexígena na ausência de hipoglicemia - tem função de controle imediato da fome - nos obesos, tem ↑ insulina, no entanto ocorre deficiência na sensação de saciedade poque neles temos resistência insulínica Estomago ✔ Grelina - produzida no fundo gástrico - único hormônio periférico que ↑↑ apetite (↑ fome) - ativa AgRP e NPY (orexigeno) e inibe POMC (anorexígeno) - pode atuar diretamente via corrente sanguínea no hipotálamo ou indiretamente pelo nervo vago - pessoas magras tem níveis mais altos de grelina porem sua queda pós-prandial é mais eficiente do que em obesos, ou seja, sinaliza melhor que o paciente comeu e está saciado - ↑ no jejum Instestino ✔ Peptídeo semelhante ao glucagon 1 – GLP-1 (saciedade) - ativa via POMC (anorexígena) e inibe via NPY - atua fazendo a redução do esvaziamento gástrico (↑ saciedade), supressão do glucagon (↓hiperglicemia) e estimula a liberação de insulina se estiver em hiperglicemia - atua de forma parácrina, pelo nervo vago -> atinge o nucleo do trato solitário -> até chegar aos centros cerebrais superiores - é produzido pelas células L do íleo e colon Outros sinalizadores: -> tec. Adiposo: resistina, vistatina, IL-6 COMORBIDADES ASSOCIADAS À OBESIDADE - A obesidade é um dos principais fatores de risco para doenças não transmissíveis, como: distúrbios metabólicos, doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, distúrbios respiratórios, digestivos, reprodutivos e osteoarticulares; neoplasias malignas etc. 1. DM 2 - obesidade leva à resistência insulínica. Obesos estão em estado de inflamação sistêmica (↑ AGL, citocinas inflamatórias – TNFα e IL-6) -> leva a inadequada fosforilação do receptor de insulina -> sinalização de insulina deficiente - falência pancreática: citocinas inflamatórias e ILs aumentam a necrose e a apoptose das cels β pancreáticas - além disso, o deposito pancreatico amiloide prejudica a ação das cels da ilhotas 2. HAS - é o mais importante fator de risco para o desenvolvimento de DAC, AVE, doença renal crônica e mortalidade por todas as causas - em obesos, o risco de HAS é maior pelo ↑ leptina/ IL/ TNF-α e angiotensina II -> causando disfunção/dano endotelial, vasoconstrição, déficit de relaxamento e aterosclerose acelerada 3. DISLIPIDEMIA - dislipidemia associada à obesidade deve-se à resistência insulínica -> resulta em lipólise, ↑ dos AGL circulantes, ↑ síntese hepática da lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL) triglicerídeos e quilomícrons, ↓ da lipoproteína de alta densidade (HDL), bem como dos níveis normais ou próximos da normalidade da lipoproteína de baixa densidade (LDL). - o LDL na obesidade tende a expressar mais partículas do tipo pequena e densa => + aterogênica → dislipidemia da obesidade: ○ Hipertrigliceridemia ○ ↓ HDL-c ○ LDL pequena e densa (aterogênica) ○ hiperlipidemia pós-prandial 4. SINDROME METABOLICA - varias condições que ↑ risco cardiovascular - presenca de pelo menos 2 das comorbidades em pctes com CA aumentada 5. DOENCA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOOLICA (DHGNA) - obesos: ↑↑ tecido adiposo -> libera maior quantidade de AGL, os quais devem ser oxidados ou armazenados no fígado. Alterações como redução na oxidação dos AGL e na exportação da gordura e disfunção mitocondrial ocasionam deposição de gordura hepática - quando essa esteatose está associada a uma inflamação local, denominamos ESTEATO-HEPATITE não alcoolica = NASH - NASH se não tratado → evolui para fibrose → cirrose → carcinoma hepatocelular (HCC) - geralmente pouco sintomático - tto: perda de peso reverte (irreversível se já estiver com fibrose) + pioglitazona 6. SD. APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO (SAOS) - pode ter hipopneia (>50% obstrução do fluxo de ar) ou apneia (100% obstrução) - a obstrução do fluxo de ar ocorre pela ↑ camada adiposa + relaxamento musculatura orofaríngea + edema mucosa orofaríngea (deposição de gordura no pescoço – obesidade central) - a obesidade visceral -> efeito restritivo ao pulmão - DX: polissonografia ○ quando solicitar polissonografia? Fazer o cálculo do exame pré-teste: -> se HAS também: medida circunferência cervical (cm) + 4 -> se roncador: medida circunferência cervical + 3 === pontos > 43 = solicita polissonografia - SAOS aumenta o risco para: hip. Pulmonar, DAC, arritmias, dislipidemia, doença cerebrovasculares e morte súbita - comorbidades associadas: RI, DM, NASH, hipersonolencia, déficit de memoria, depressão - tto: perda de peso + CPAP 7. SD. HIPOVENTILACAO DA OBESIDADE – SD. DE PICKWICK - ↑ tec. Adiposo – compressão de órgãos - ↓ expansibilidade pulmonar - ocorre HIPOVENTILAÇÃO na vigília – tem hipercapnia (↑co2 por retenção), hipoxemia e retenção de bicarbonato - é um dx de exclusão. Antes devemos descartar pneumopatias, doenças neuromusculares, deformidades torácicas, doenças metabólicas - tto: CPAP, BIPAP 8. SD. OVÁRIOS POLICISTICOS - obesidade cursa com hiperinsulinemia -> ↑ sintese de LH -> ↑ produção de andorgenos pela teca ovariana - obesos: ↑ colesterol = colesterol é convertido em andrógenos nas cels da teca - dx – criterios rotterdam (2 dos 3) Hiperandrogenismo (qc) ou hiperandrogenemia Disfunção menstrual (oligo/amenorreia) Criterios USG (≥ 12 foliculos entre 2-9mm ou vol ovariano > 10 cm3) 9. NEOPLASIAS - obesidade: ↑ ca mama, endométrio, adenocarcinoma esôfago, colorretal, renal, vesícula e pâncreas TRATAMENTO - requer uma equipe multidisciplinar (psicoterapia, nutricionista, educador físico, endocrinologista) - tto difícil – a cada 1kg de peso emagrecido = o gasto metabólico diminui em 30 cal, enquanto a fome aumenta em 100 cal - todo paciente obeso deve receber inicialmente orientações para MEV, com estímulos para uma alimentação saudável e a prática regular de atividade física. - estabelecer em conjunto com o paciente: metas de perda de peso, objetivos de saúde, implementar intervenções ◎ TTO COMPORTAMENTAL - estratégias cognitivo-comportamental - registro da ingestão alimentar, dos episódios de consumo excessivo ou compulsão alimentar, com identificação de fatores desencadeantes e sensações - auxiliar o obeso a reconhecer e evitar distorções cognitivas, como ideias extremistas de tudo ou nada (“ou estou de dieta bastante restritiva ou posso comer à vontade tudo o que eu quiser”), suposições de superalimentos e alimentos proibidos, ou sensação de fracasso total - técnica de atenção plena – mindfulness -> se concentrar na tarefa do momento presente (comer), assim cria conscientização ao comer e evita gatilhos emocionais ◎ TTO DIETÉTICO - mudanças alimentares sejam sustentáveis a longo prazo. A adesão à dieta é o preditor mais importante da perda de peso do que a dieta em si - restrição gera compulsão - planejamento alimentar do paciente de acordo com seu gasto energético, calculado por fórmulas de predição da taxa metabólica basal (p. ex., Harris-Benedict) combinadas com o nível de atividade física (sedentário, pouco ativo, ativo, muito ativo) ->atividade física: ≥ 30 min, 5 a 7 dias por semana, para evitar ganho de peso e melhorar a saúde cardiovascular, e a combinação de exercícios aeróbicos e resistidos é melhor do que a realização de apenas uma modalidade. ◎ TTO MEDICAMENTOSO INDICAÇÕES (FDA) Pacientes com falha em perder peso com o tto não farmacológico com: 1) IMC ≥ 30 kg/m2; ou 2) IMC ≥ 25 ou 27 kg/m² + comorbidades (dependendo do medicamento); • IMC normal + ↑ CA = obeso visceral -> tto farmacológico na presenca de comorbidades ✅CRTIÉRIOS DE EFICÁCIA DO TTO • perda de 5-10% (principalmente 5% em 3 meses); ou • 0.5-1kg por semana Duracao do tto - tempo de uso em bula – avaliação a cada consulta - medicações para manutenção do peso ◎OPÇÕES: ✅medicamentos aprovados BR: sibutramina, orlistate, liraglutida medicamentos off label (indicações não presentes na bula): bup + naltrexone; topiramato + fentermina; dulaglutida ON LABEL 1. SIBUTRAMINA - mec acao: inibe recaptacao de NA e serotonina - anvisa aprova o uso por 2 anos - efeitos colaterais: (↑ nora e serotonina = sn simpático) boca seca, insônia, constipação intestinal, taquicardia, hipertensao (↑ 3-5 mmhhg) - dose: 1 cp de 10/15 mg pela manha - é recomendada para pacientes com IMC ≥ 30 kg/m² - CI: (crise serotoninérgica) ○ doença cardiovascular/cerebrovascular estabelecida ○ DM + fator de risco (has, dislipidemia, tabagismo, microalbuminuria etc.) ○ anorexia, bulimia ○ HAS mal controlada – depois de controlada pode usar ○ medicamentos de acao central (relativo) estudo SCOUT (Sibutramine Cardiovascular Outcomes Trial) - objetivo de avaliar os efeitos da sibutramina em longo prazo na incidência de eventos cardiovasculares e morte cardiovascular em indivíduos de muito alto risco. - resultado: aumento de 16% do risco de desfechos cardiovasculares NÃO fatais no grupo com sibutramina e doenças cardiovasculares junto. - o risco de morte por causa cardiovascular foi igual no grupo com sibutramina e no grupo placebo - somente o grupo com doença cardiovascular estabelecida que apresentou aumento de evento cardiovascular - assim, no Brasil, a ANVISA não proibiu a sibutramina, uma vez que ela é segura na população sem doença cardiovascular estabelecida 2. ORLISTATE - mec ação: inibe as lipases intestinal e pancreática -> como consequência, cerca de 30% dos triglicerídeos provenientes da dieta não são digeridos nem absorvidos pelo intestino delgado, atravessando o trato gastrintestinal e sendo eliminados nas fezes - não tem efeito sistêmico - efeitos colaterais: esteatorreia, diarreia, urgência fecal, flatos com descarga oleosa, disabsorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) (> 4 anos de uso) - dose: 1 cp 120 mg antes da refeição (total: 360mg/dia) - CI: doenças inflamatórias intestinais, coletasse e sd. má absorção. Em gestantes e lactantes - benefícios metabólicos: melhor para o perfil lipídico do que para perda de peso. Também melhora os níveis de PA e DM2 • ↓ Glicemia, HbA1c e insulinemia • ↓ Triglicerídeos, LDLc e lipoproteínas aterogênicas • ↓ TNF-α, IL-6, lipemia pós-prandial e lipoproteínas aterogênicas • ↑ HDLc e adiponectina associação sibutramina + orlistate: sibutramina leva à perda de peso e orlistate leva a ↓ RI -> melhora dos marcadores bioquímicos e usg em pacientes com NASH 3. LIRAGLUTIDA - mec de acao: agonista do GLP-1 -> atua em receptores GLP-1R, localizados no nucleo arqueado (hipotálamo) -> ativando vias anorexigenicas (↑ POMC/CART e ↓NPY), além disso, ↓ esvaziamento gástrico - efeitos colaterais: náuseas, vômitos, dispepsia, refluxo gastroesofágico e diarreia. Estudos: colelitíase em pctes que perderam mais peso - dose: inicia na dose de 0,6 mg/dia, por inj subcutânea (SC), 1 vez/dia. A dose diária pode ser aumentada em 0,6 mg por semana até um máximo de 3 mg/dia SC - CI: pacientes com DRGE muito intensa, hx pessoal ou familiar de carcinoma medular de tireoide, NEM-2 e na gestação. == Medicamentos on label retirados do mercado: → LORCASSERINA - mec de acao: agonista seletivo do receptor serotoninérgico 5HT2 c. Tem seletividade funcional de maior pelo receptor 5HT2c do que pelos receptores 5HT2a e 5HT2b. O receptor 5HT2 c, presente no hipotálamo, modula a ingestão alimentar pela ativação do POMC => hipofagia - Essa maior especificidade do 5HT2 c importante para ↓o risco de valvulopatia cardíaca, provavelmente associada ao estímulo do receptor 5HT2b e detectada com outros agentes serotoninérgicos antiobesidade mais antigos e menos seletivos (fenfluramina e dexfenfluramina), o que motivou sua retirada do mercado em 1997. - dose: cp 10 mg, 2x/dia - eventos colaterais: cefaleia, infecções do trato respiratório superior (nasofaringite e sinusite) e náuseas - em fevereiro de 2020, lorcasserina foi retirada do mercado, tanto no Brasil como nos EUA, devido a um desequilíbrio numérico na incidência de neoplasias →MEDICAMENTOS ANOREXIGENOS: Anfepramona, Femproporex e Mazindol (sibutramina também) *atuam modulando a neurotransmissão catecolaminérgica -> (adrenalina, noradrenalina e dopamina), ou por inibir a recaptação ou por estimular a liberação de um ou mais desses neurotransmissores. • ANFEPRAMONA - inibe a recaptacao de NA e ↑ liberação de NA -> reduz o apetite - inicialmente desenvolvida para tto de narcolepsia - derivado da anfetamina - efeito adrenérgico periférico: boca sexa, vomito, nervosismo, insônia, - cardiotoxicidade de anfetaminas/derivados pode se manifestar com cardiomiopatia, arritmia ou IAM em pacientes que fazem uso crônico desta droga • FEMPROPOREX - mec acao: liberação de dopamina e norepinefrina a partir da estimulação de receptores α e βadrenérgico - derivado da anfetamina - utilizado em pacientes que não respondem ao orlistat e/ou sibutramina, ou naqueles em que esses medicamentos são contraindicados - efeitos colaterais: taquicardias, arritmias, palpitações, aumento da pressão arterial, boca seca, vômitos, diarreia - CI: IC grave, insuf. Coronariana grave, HAS não controlada, transtornos psiquiátricos e glaucoma • MAZINDOL - a diminuição da ingestão alimentar por mecanismos noradrenérgico e dopaminérgico - atua no centro da fome: ↓consumo de alimentos, inibindo a secreção gástrica e a absorção de glicose e ↑ atividade locomotora - efeitos colaterais: insônia, cefaleia, boca seca, náuseas, irritabilidade, tontura, palpitações →efeitos colaterais importantes: ↑ risco cardiovascular e do sistema nervoso central, alto potencial para abuso e dependência, além de desencadear sintomas e síndromes psiquiátricas, como surtos psicóticos, síndromes depressivas ou de mania *** regulação 1999: europa cancelou o uso dos 3 medicamentos. E em 2010, cancelou o uso da sibutramina 2010: EUA cancelou seu uso Outubro de 2011: a ANVISA proibiu o uso no BR por potencial risco cardiovascular 23/06/2017 - Câmara dos Deputados aprovou a Lei número 13.454/17, que autoriza a produção, a comercialização e o consumo dos anorexígenos como sibutramina, anfepramona, femproporex e mazindol, desde que sob prescrição médica OFF LABEL 1- SERTRALINA / FLUOXETINA - mec de acao: Inibidores da receptação de serotonina - indicado: depressão associada, transtorno de compulsão alimentar periódica (TCAP), fissura por doces, ansiedade - efeito transitório em 6 meses, não usados para tto prolongado 2- TOPIRAMATO - bloqueio dos canais de Na+ e Ca2+, potencializa acao do GABA e inibe a anidrase carbônica - anticonvulsivante, usado também em enxaqueca - nos obesos, indicado naqueles que comem compulsivo e à noite - efeitos colaterais: parestesias de extremidades, sonolência, disfunção cognitiva, alteração de memoria, dificuldade de concentração, interferência com a farmacocinética de contraceptivos orais (devendo sempre ser usado com métodos anticoncepcionais de barreira seguros preferencialmente duplos) - CI: nefrolitiase, glaucoma de ângulo fechado, insuficiência hepática, mulheres em idade fértil • semaglutida: aprovada pelos EUA para tto da obesidade →TOPIRAMATO + FENTERMINA -> fentermina: molec. de ação central associada à liberação de norepinefrina com propriedades simpaticomiméticas, foi aprovada nos EUA para tto da obesidade em monoterapia (37,5 mg/dia) durante curto período (< 12 semanas) - a fentermina potencializa a acao do topiramato - efeitos colaterai: xerostomia, alteração do paladar, infecção do trato respiratório superior, insônia, parestesias e constipação intestinal CI da combinação: amamentação, glaucoma e hipertireoidismo ***Nos EUA, para iniciar o uso de topiramato + fentermina, as mulheres em idade fértil devem ter um teste de gravidez negativo e mulheres após a menopausa devem ter o climatério confirmado. →contra-indicação: • não tentativa de tto clinico prévio ou ma adesão ao tto clinico • doença psiquiátrica ativa • alcoolismo ou uso de susbtancias • incapacidade para autocuidado e ausência de estrutura familiar • sd. de Cushing ou outras causas secundarias tratáveis de obesidade • comorbidade grave ou descompensada (↑ risco cx) 3- NALTREXONA + BUPROPIONA (contrave® nos eua) - bupropiona: efeito adrenérgico e dopaminérgico no hipotálamo -> estimula POMC - naltrexona: antagonista receptor opioide -> autoinibicao da POMC - baixo uso isolado de ambos - efeitos colaterais: náuseas (30%), constipação, tontura, cefaleia - dose: 1 cp por dia até a dose de 2 cp de naltrexona/bupropiona 8/90 mg, 2 vezes/dia 4- DULAGLUTIDA (Trulicity®) - hipoglicemiante injetável sc - agonista do GLP-1 -tempo de meia vida de 4 a 7 dias -> permite uso semanal. - ação em neurônios anorexígenos no hipotálamo, no centro regulador do apetite -> benefícios na perda de peso - efeitos colaterais: náuseas, diarreias, vomito - CI: pctes com complicações cardiacas, hx individual ou familiar de pancreatite 5- OUTROS • Lisdexanfetamina – aprovado pelo FDA para tto de compulsão alimentar periódica ◎ TTO CIRÚRGICO CIRURGIA BARIÁTRICA → indicações: - idade de 18 a 65 anos, - IMC > 40 kg/m², sem sucesso no tto clinico por no mínimo 2 anos; ou - IMC > 35 kg/m² com comorbidades (↑ RCV, DM, HAS, SAOS, transtornos depressivos ligados à obesidade, asma grave, DRGE, esteatose hepática, SOP, estigmatizacao socal etc.) + sem sucesso no tto clinico por 2 anos Técnicas da cx bariátrica: a) gastrectomia vertical – sleeve - retira todo o fundo do estomago (produtor de grelina) e grande parte do corpo e antro gástrico - vol total estomago fica em: 250-300 ml (o normal pode chegar até 1.000 ml) -efeitos colaterais: def. vit b12 – retira o local de produção do fator intrínseco - complicações: fistulas, náuseas, vômitos, refluxo gastroesofagico - mantem absorção de nutrientes - perda de peso menor que em by-pass em Y de roux b) bypass em y de roux - técnica mais usada pelo beneficio metabólico - misto: restritivo e mal-absortiva - def. nutricional: Fe, Ca, B1, B12, ADEK - sd. dumping: ocorre por passagem muito rápida dos alimentos do estomago para intestino, principalmente após o consumo de muitos alimentos doces ou com alto teor de carboidratos simples -> hipotensão, taquicardia, sudorese, tontura - técnica: gastroplastia -> anastomose direta do estomago no jejuno -> anastomose entre o jejuno e alca que foi exclusa * alça exclusa (alça biliodigestiva) formada por: parte do estômato + piloro + duodeno + 50cm do jejuno c) Derivação biliopancreática (DBP/S) com gastrectomia horizontal – técnica de Scopinaro - gastrectomia horizontal – exclui antro e piloro - anastomose direta da boca gástrica nos últimos 200cm do ILEO - exclui duodeno, jejuno e grande parte do íleo (2.5m) - causa maior perda de peso e ↑incidencia de desnutrição proteico-energetica - perda de peso pós-operatória é secundária principalmente à má absorção lipídica e calórica - ↑ efeitos colaterais: diarreia, flatus fétidos - indicação com muita cautela por conta da desnutrição ◎ complicações cx - TEP, peritonites, hernias incisionais, colecistite, dumping, hipoglicemia reativa (ao comer, o corpo acaba liberando muita insulina por achar que é muita comida, quando na verdade, o espaço é menor = hipoglicemia) ◎Seguimento - avaliação nutricional - densidade óssea - acompanhamento contínuo REFERENCIAS: Lucio Vilar et al. Endocrinologia clínica. 7. ed. Rio de Janeiro :Guanabara Koogan, 2021. d) duodenal switch - derivação da scopinaro - gastrectomia vertical com preservação do piloro e parte do duodeno - anastomose entre duodeno e os 250 cm finais do íleo - efeitos colaterais: diarreia, flatus fétidos, desnutrição (pode ser grave) e def. de vitaminas lipossolúveis podem ocorrer. ABESO. Diretrizes Brasileiras de Obesidade. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica, v. 4, 2016. International Journal of Health Management Review, v. 6, n. 2, 2020. USO DE ANFEPRAMONA, FEMPROPOREX, MAZINDOL E SIBUTRAMINA NO TRATAMENTO DE PACIENTES COM SOBREPESO OU OBESIDADE: ANÁLISE FARMACOLÓGICA E CLÍNICA. Dislipidemias DEFINICAO DISLIPIDEMIAS - dislipidemias são um grupo de distúrbios metabólicos que se caracterizam pelas alterações dos níveis séricos das principais lipoproteínas presentes no plasma. - os distúrbios podem ocorrer de forma isolada ou envolvendo duas ou mais lipoproteínas. - principais consequências: aterosclerose pela ↑ [LDL] e a pancreatite aguda, secundária a ↑triglicerídeos (TG). METABOLISMO LIPÍDICO MOLÉCULAS LÍPIDICAS - principais lipídios do corpo humano são: TG, ácidos graxos, colesterol e fosfolipídios • fosfolípides: forma estrutura básica das membranas celulares • colesterol: precursor dos hormônios esteroides, dos ácidos biliares e da vitamina D. Faz parte dos constituintes da membrana plasmática, dando fluidez e ativando enzimas ali presentes. • TG: 3 ac. graxos + glicerol -> armazenamento energético mais importantes no organismo, sendo depositados nos tecidos adiposo e muscular. • ac. graxos: são classificados de acordo com o n° de ligações duplas em sua cadeia → saturados: sem duplas ligações entre seus átomos de carbono. Os mais presentes na nossa alimentação: láurico, mirístico, palmítico e esteárico (variam de 1218 carbonos) → monoinsaturados - ácido oleico (18 carbono) →poli-insaturados, podem ser classificados de acordo com presença da primeira dupla ligação entre os carbonos, a partir do grupo hidroxila 1.ômega 3 (Eicosapentaenoico – EPA, Docosahexaenoico − DHA e linolênico) 2.ômega 6 (linoleico) 2. ↑ ricas em colesterol: LDL e HDL 3. Lipoproteínas de Densidade Intermediária (IDL) e Liproteina (a) (formada por LDL + apo). A Lp (a) está associada à formação e à progressão da placa aterosclerótica METABOLISMO DAS LIPOPROTEINAS ❖ VIA INTESTINAL - TG representam a maior parte das gorduras ingeridas. - Após ingestão, os TG serão: * hidrolisados, pelas lipases pancreáticas, em ácidos graxos livres, monoglicerídeos e diglicerídeos * emulsificados pelos sais biliares -> formam micelas, facilitando a absorção do colesterol para dentro do enterócito, por meio do NPC-1 (proteína Niemann-Pick C1-like 1) - após serem absorvidas pelos enterócitos, os lipídios, principalmente os ác. Graxos, são usados na produção de quilomícrons, que também contêm ApoB48, o componente amino-terminal da ApoB100 →QUILOMÍCRONS - produzidos nos enterócitos - após serem formados nos enterócitos, são secretados para o sistema linfático, alcançando a circulação através do ducto torácico - na circulacao, os quilomícrons, são hidrolisados pela Lipase Lipoproteica (LPL) -> enzima localizada no endotélio de capilares do tecido adiposo e músculos - com a hidrolise, tem liberação de ácidos graxos e glicerol do core, e de colesterol não esterificado -> ácidos graxos são capturados por células musculares e adipócitos (importante reservatórios de Tg) - Remanescentes de quilomícrons e ácidos graxos também são capturados pelo fígado, onde são utilizados na formação de VLDL. →LIPOPROTEÍNAS (ESTRUTURA E FUNCAO ) - lípidios são hidrofóbicos no meio aquoso plasmático. As lipoproteínas permitem a solubilização e o transporte deles - lipoproteína (ldl, hdl, vldl): lipídios (tg/colest) + apolipoproteinas (apo) - FUNCAO DAS APO: • formação intracelular das partículas lipoproteicas apos B100 e B48 • atuação como ligantes a receptores de membrana – apos B100 e E • cofatores enzimáticos – apos CII, CIII e AI e apo E ❖ VIA HEPÁTICA - o transporte de lipídios de origem hepática ocorre por meio de VLDL, IDL e LDL - VLDL é lipoproteína de TG + apoB100. Montada no fígado e liberada na circulacao periférica. - formação do VLDL: remanescente quilomícron -> fígado -> proteína de transferência de TG microssomal (MTP) -> transfere TG para a ApoB -> forma VLDL - na circulacao: VLDL -> hidrolisado pela LPL -> libera ac. graxo -> distribui para tecidos – armazenado no tec. Adiposo ou usados prontamente nos musc. Esqueléticos - remanescente de VLDL -> formação de IDL - processo de catabolismo continua e a lipase hepática forma o LDL →tipos de lipoproteínas - 4 classes separadas em 2 grupos: 1. ricas em TG: são maiores e ↓ densas = quilomícrons (origem intestinal) e Lipoproteínas de Densidade Muito Baixa (VLDL) (origem hepática) LDL - composição: resíduo de (principalmente) + apoB100 TG + colesterol - capturados por cels hepáticas ou periféricas pelos receptores de LDL (LDLR) - LDL -> dentro da cel -> colesterol livre pode ser esterificado para depósito por ação da enzima Acil-CoA - Expressão dos LDLR nos hepatócitos é a principal responsável pelo nível de colesterol no sangue e depende da atividade da enzima Hidroximetilglutaril Coenzima A (HMGCoA) redutase -> enzima-chave para a síntese intracelular do colesterol hepático. - inibição da HMG-CoA redutase -> inibe síntese intracelular do colesterol -> ↓ colesterol intracel -> ↑ expressão de LDLR -> ↑ captura de LDL, IDL e VLDL circulante -> ↓ LDL, IDL e VLDL da circulacao (esse acaba sendo o mecanismo das estatinas) HDL - formado no fígado, no intestino e na circulação -hdl: colesterol + apo AI e apo AII - colesterol livre da HDL, recebido das membranas celulares, é esterificado por ação da LecitinaColesterol Aciltransferase (LCAT). A ApoA-I, principal proteína da HDL, é cofator desta enzima - a esterificação do colesterol, que ocorre principalmente nas HDL, é fundamental para sua estabilização e seu transporte no plasma, permitindo o retorno do colesterol ao fígado, sendo captado pelos receptores SR-B1 - colesterol estereificado = melhor qualidade, pois, é mais hidrofóbico e acaba retornando ao fígado, diminuindo na circulacao - transporte reverso do colesterol: transporte do colesterol dos tecidos periféricos para o fígado → ações do HDL que protegem contra a aterogenese: • remoção de lípides oxidados da LDL • inibição da fixação de moléculas de adesão e monócitos ao endotélio •estimula liberação de NO VLDL – TG + APOB100 QUILOMICRON – TG + APOC LDL – COL + APOB100 HDL – COL + APOA FISIOPATOLOGIA PRIMÁRIAS DAS DISLIPIDEMIAS - ↓ hidrolise dos TG pelas LPL + ↑ sintese de VLDL -> acumulo de quilomícrons e/ou VLDL no plasma -> leva a hipertrigliceridemia - variantes genéticas das enzimas ou da APO pode acarretar aumento da síntese ou diminuição da hidrolise - acumulo de LDL -> hipercolesterolemia – pode ocorrer por mutação genica no LDLR ou no gene apoB - mais comum: hipercolesterolemia por mutações em múltiplos genes envolvidos no metabolismo lipídico = hipercolesterolemias poligênicas. Nestes casos, a interação entre fatores genéticos e ambientais determina o fenótipo do perfil lipídico. → ATEROGENESE - aterosclerose: doença inflamatória crônica de origem multifatorial, que ocorre em resposta à agressão endotelial - acomete principalmente a camada íntima de artérias de médio e grande calibre - lesões iniciais: estrias gordurosas – formadas por acumulo de colesterol em macrófagos (geralmente se formam ainda na infância) -> com o tempo -> ↑ mecanismos protetores -> ↑ tecido matricial -> inflamação -> inibe sintese de colágeno -> ↓ tecido matricial - A formação da placa aterosclerótica: agressão ao endotélio vascular por diversos fatores de risco, como dislipidemia, hipertensão arterial ou tabagismo - disfunção endotelial -> ↑ permeabilidade da intima às LP -> ↑ retenção de lipoproteínas no subendotelio -> LDL retido sofre oxidação -> ↑ moléculas de adesão leucocitária -> atrai monócitos e linfócitos para a intima -> monócitos se diferenciam em macrófagos -> que captam o LDL -> cels espumosas (componente das estrias gordurosas) -> ativação dos macrófagos -> citocinas -> ↑ inflamação - A maior gravidade da aterosclerose está relacionada com fatores de risco clássicos, como dislipidemia, diabetes, tabagismo, hipertensão arterial, entre outros, - cristais de colesterol + isquemia + alterações na pressão de arrasto hemodinâmico -> ativação de complexo inflamatório, que se associa com ruptura da placa aterosclerótica ou erosão endotelial -> ocorre interação do fator tecidual da íntima vascular com fator VIIa circulante -> geração de trombina + ativação plaquetária = formação do trombo == IAM e AVC * Placas estáveis: colágeno, organizado em capa fibrosa espessa, escassas células inflamatórias, ↓ núcleo lipídico e necrótico * placas instáveis: ↑↑ ativ. Inflamatória, ↑ ativ. Proteolítica, nucleo lipídico e necrótico proeminente e capa fibrosa fina → aterotrombose: ruptura da capa fibrosa, expondo o material lipídico altamente trombogênico -> formação de um trombo sobrejacente CLASSIFICACAO DISLIPIDEMIAS - podem ser classificadas em hiperlipidemias (níveis ↑ lipoproteínas) e hipolipidemias (níveis ↓ lipoproteínas) →CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA • Causas primárias: distúrbio lipídico de origem genética. • Causas secundárias: decorrente de estilo de vida inadequado, de certas condições mórbidas, ou de medicamentos ◎ causas secundarias: • ↑ COL: hipotireoidismo, hepatopatia crônica, colestase, Síndrome nefrótica, Disglobulinemias, Porfiria intermitente aguda, Anorexia nervosa •↑ TG: Obesidade/resistência insulínica, Dieta rica em carboidratos, DM, Etilismo, Lipodistrofias, sd. Cushing, acromegalia, estrogênio, Hipotireoidismo, gestação (3º trimestre) • ↓ HDL-c: Tabagismo, Hepatite C, HIV, Esteroides anabolizantes, DM, Obesidade, Sedentarismo Obs: DISLIPIDEMIA DO DIABETES: ↑ TG e ↓ HDL →CLASSIFICACAO LABORATORIAL - (valores mudados com a diretriz – de acordo com o risco cardiovasc. Individual e com o estado alimentar) • Hipercolesterolemia isolada: ↑ isolado do LDL-c (LDL-c ≥ 160 mg/dL). • Hipertrigliceridemia isolada: ↑ isolado de TG (TG ≥ 150 mg/dL ou ≥ 175 mg/dL, se a amostra for obtida sem jejum). • Hiperlipidemia mista: ↑ LDL-c (LDL-c ≥ 160 mg/dL) e dos TG (TG ≥ 150 mg/dL ou ≥ 175 mg/ dL, se a amostra for obtida sem jejum). → Se TG ≥ 400 mg/dL, o cálculo do LDL-c pela fórmula de Friedewald ((LDLc = CT – HDLc – TG/5) é inadequado, devendo-se considerar a hiperlipidemia mista quando o não HDL-c ≥ 190 mg/dL. • HDL-c baixo: ↓ HDL-c (homens < 40 mg/dL e mulheres < 50 mg/dL) isolada ou em associação ao aumento de LDL-c ou de TG. → CLASSIFICACAO FENOTÍPICA (FREDRICKSON) - baseada nos padrões de lipoproteínas associados a concentrações elevadas de colesterol e/ou TG, não sendo considerado o HDL-c. - tem por base a separação eletroforética e/ou por ultracentrifugação das frações lipoproteicas →DISLIPIDEMIA DE COMPONENTE GENÉTICO - Relacionadas com o LDLc: Hipercolesterolemia familiar -> Mutação do LDLR - Relacionadas com o HDLc: Hiperalfalipoproteinemia (déficit de CETP) - Relacionadas com os triglicerídeos: ○ Graves (TG > 1.000 mg/dℓ): Sd. da hiperquilomicronemia familiar /Sd. da hiperquilomicronemia multifatorial ○ Moderadas a graves (TG de 500 a 1.000 mg/dℓ): Hipertrigliceridemia familiar e Disbetalipoproteinemia DIAGNÓSTICO ANAMNESE - época de seu diagnóstico - hx familiar: familiares de 1º grau - outras doenças: diabetes melito (DM) e de DAC prematura - hábitos de vida, uso de medicamentos ou patologias que possam levar à dislipidemia secundária EXAME FISICO - Alterações no EF por distúrbios lipídicos são incomuns, mas, quando presentes, podem ser úteis na identificação do tipo de dislipidemia - xantomas: tumores benignos de lipídio DX LABORATORIAL →dosagem dos lipídios plasmáticos: colesterol total (CT), do HDLc, do LDLc e dos TG. - não é necessário jejum. Diretrizes recomendam o jejum apenas em algumas situações específicas: Quando os TG sem jejum são maiores que 440 mg/dℓ; No acompanhamento de hipertrigliceridemias; Indivíduos em uso de medicações que aumentem TG ou Após um episódio de pancreatite por hipertrigliceridemia ○ Em quem solicitar o perfil lipídico? - Todos com DAC ou outras manifestações de doença aterosclerótica (cerebrovascular, carotídea e da aorta abdominal e/ou dos seus ramos terminais), independentemente de idade ou sexo. * adultos: avaliação de risco cardiovascular + perfil lipídico em ≥ 20 anos; repetir a cada 5 anos se não tiverem FR * crianças e adolescentes (2-19a): parentes de 1º grau com hx de dislipidemias (CT > 240 mg/dℓ e/ou TG > 400 mg/dℓ) ou doenças ateroscleróticas (DAC, acidente AVC e/ou DAOP) < 55 anos p/ homens e < 65 anos p/ mulher. Fazer quando apresentam FR como DM2, HAS, obesidade, fazem uso de medicamentos VALORES DE REFERÊNCIA ≥ 20 anos: CT < 190 mg/dℓ HDLc > 40 mg/dℓ TG < 175 mg/dℓ sem jejum e TG < 150 mg/dℓ com jejum - Possui DM tipos 1 ou 2 + LDL-c entre 70 e 189 mg/dL e presença de Estratificadores de Risco (ER) ou Doença Aterosclerótica Subclínica (DASC). ••• ER no diabetes (fatores de risco): - ≥ 48 anos (H) e ≥ 54 anos (M); - tempo de diagnóstico do diabetes > 10 anos; - hx familiar de parente de 1º grau com DCV prematura (< 55 anos para homem e < 65 anos para mulher); - tabagismo - HAS - Síndrome metabólica - albuminúria > 30 mg/g de creatinina e/ou retinopatia; - TFG < 60 mL/min 3. RISCO INTERMEDIÁRIO - ERG entre 5 e 20% nos H e entre 5 e 10% nas M ou - diabéticos sem os critérios de DASC ou ER 4. BAIXO RISCO - ERG (mulher/homem) < 5% ERG nos pacientes com terapia hipolipemiante - cálculo do ERG: pacientes em uso de estatina, devese multiplicar o CT por 1,43 -> tomam por base uma redução média de 30% do CT com estatinas Metas terapêuticas conforme RCV ESTRATIFICAÇÃO RISCO CARDIOVASCULAR – ESCORE DE RISCO GLOBAL (ERG) - hipercolesterolemia contribui para origem da aterosclerose -> assim fazemos o escore para estimar o risco de doenças advindas da aterosclerose. Risco de IAM, AVC, ou IC, fatais ou não fatais, ou insuficiência vascular periférica em 10 anos - deve ser feito na avaliação inicial, ou mesmo em pacientes em uso de estatinas - estudos: quanto mais reduzimos LDL, mais reduzimos o RCV, por isso, a meta primaria é alcançar a meta do LDL e a meta secundaria seria a meta de HDL • LDL de acordo com o RCV: ○ RCV muito alto: LDL-c deve ser < 50 mg/dL / redução > 50% ○ alto risco: LDL < 70 mg/dl / redução > 50% ○ risco intermediário: LDL < 100 mg / redução de 3050% ○ baixo risco: < 130 mg / redução de > 30% 1. RISCO MUITO ALTO - pessoas com doença aterosclerótica significativa (coronária, cerebrovascular, vascular periférica) ou - obstrução ≥ 50% em qualquer território arterial 2. ALTO RISCO - Portadores de aterosclerose na forma subclínica (dx por USG de carótidas com presença de placa; ITB < 0,9; escore de Cálcio Arterial Coronariano (CAC) > 100 ou a presença de placas ateroscleróticas na angio-TC de coronárias. - Aneurisma de aorta abdominal. - Doença renal crônica = TFG < 60 mL/min, e em fase não dialítica. - LDL-c ≥ 190 mg/dL. - LDL-c entre 70 e 189 mg/dL, do sexo masculino com risco calculado pelo ERG > 20% e nas mulheres > 10% ** a meta para HDL deve ser 30mg acima da meta de LDL →medicamento de acordo com o RCV: • TTO PARA TG? -TGC > 500 mg/Dl = devem receber terapia apropriada para redução do risco de pancreatite - TGC entre 150 e 499 mg/dL = terapia, com base no risco cardiovascular e nas condições associadas (MEV) • MEV - ex. físico: 3-5x semana; aeróbio (30-40 min); musculação (15-20 min) - cessação do tabagismo - tempo de reavaliação após MEV: 3 a 6 meses TTO MEDICAMENTOSO TRATAMENTO TTO NÃO MEDICAMENTOSO →Medidas p/ hipercolesterolemia: * terapia nutricional: dieta isenta de ac. graxos trans, consumo < 10% do valor calórico total de ác. graxos saturados para indivíduos saudáveis e < 7% do valor calórico total para aqueles que apresentarem risco cardiovascular aumentado →medidas para hipertrigliceridemia *terapia nutricional: [ ] plasmática de TG é muito sensível a variação de peso - quantidades moderadas de gordura na dieta, eliminar ácidos graxos trans, controlar o consumo de saturados, priorizar poli-insaturados e monoinsaturados, reduzir açúcares e incluir carnes magras, frutas, grãos e hortaliças na dieta - combinação de um consumo excessivo de etanol e ácidos graxos saturados potencializa a elevação da trigliceridemia. ***Suplementação com EPA e DHA (2 a 4 g) deve ser recomendada para hipertrigliceridemia grave (≥ 500 mg/dL) na vigência do risco de pancreatite, refratária a medidas não farmacológicas e tratamento medicamentoso (epa: eicosapentaenoico; DHA: docosahexaenoico) • FITOESTERÓIS - consumo de fitosteróis reduz a absorção de colesterol, principalmente por comprometimento da solubilização intraluminal (micelas) - 2 g ao dia reduza em cerca de 10% o LDL-c - estatinas + fitosteróis reduzem em 10 a 15% o LDL-c - o uso deve ser parte das MEVs - indicados para: Indivíduos com colesterol elevado + rcv baixo ou intermediário, que não se qualifiquem para tratamento farmacológico - a decisão para terapia medicamentosa depende do RCV: • alto ou muito alto: mev + medicamentoso • moderado ou baixo: inicia com mev e depois medicamento apenas se não alcançou meta LDL →CLASSES: 1. medicamentos com acao na COLESTEROLEMIA 2. medicamentos com acao na TRIGLICIRIDEMIA 1. Medicamentos com ação na colesterolemia - estatinas, que podem ser administradas em associação à ezetimiba, à colestiramina e, eventualmente, aos fibratos ou ao ácido nicotínico A) ESTATINAS - mec acao: ↓ LDL-c por inibição da HMG-CoA redutase -> inibe síntese intracelular do colesterol -> ↓ colesterol intracel -> ↑ expressão de LDLR -> ↑ captura de LDL, IDL e VLDL circulante -> ↓ LDL, IDL e VLDL da circulacao - eficácia: a cada 40 mg reduzido de LDL -> ↓ 10% da mortalidade - a redução de LDL varia de acordo com a estatina - efeitos colaterais: (raro) -> mialgia, rabdomiólise (deve ser avaliado CK no inicio do tto) - antes do tto: dosar TGO/TGP; durante o tto avaliar a função hepática se sintomas ou sinais de hepatotoxicidade (fadiga ou fraqueza, perda de apetite, dor abdominal, urina escura ou aparecimento de icterícia) B) EZETIMIBA - mec acao: atua nos NPC1-L1 -> inibe a absorção de colesterol na borda em escova do intestino delgado -> inibindo o transporte intestinal de colesterol. - ↓ dos níveis de colesterol hepático e estímulo à síntese de LDLR - eficácia: ↓ LDL-c de 10 a 25% - em combinação com as estatinas: ↓ eventos cardiovasculares - ezetimiba isolada – alternativa em pctes intolerantes às estatinas - dose: 10mg/dia, qualquer hora do dia, com ou sem alimentação, não interferindo na absorção de gorduras e vitaminas lipossolúveis. C) RESINAS - tipos: a colestiramina (só essa no BR), o colestipol e o colesevelam - mec de acao: sequestradores dos ácidos biliares -> ↓ absorção enteral de ácidos biliares=> ocorre ↓ colesterol celular hepático, estimulando a síntese de LDLR e de colesterol endógeno (pode causar aumento de VLDL e TG) -recomendada quando a meta de LDL-c não é obtida apesar do uso de estatinas potentes em doses efetivas - Devem ser administradas longe de outros medicamentos, pois podem interferir na absorção de muitos deles - dose: inicial 4g/dia (dose máx 24 g/dia) - efeitos colaterais: (interferir na motilidade intestinal): obstipação (particularmente em idosos), plenitude gástrica, náuseas e meteorismo, além de exacerbação de hemorroidas preexistentes 2. Medicamentos com ação nos triglicérides - hipertrigliceridemia isolada -> indicados os fibratos (2º - ac. nicotínico ou associação dos dois). Pode usar ac. graxo ômega 3 - hiperlipidemia mista: se ≥ 500 mg/dL-> iniciar com um fibrato, adicionando-se, se necessário, ácido nicotínico e/ou ômega 3 (↓risco de pancreatite) - Caso as taxas de TG ≤ de 500 mg/dL -> iniciar o com uma estatina isolada, se necessário, associando-se a ezetimiba, priorizando-se a meta de LDL-c ou não HDL-c A) FIBRATOS - mec acao: derivados do ácido fíbrico -> agem estimulando os receptores Alfa Ativados da Proliferação dos Peroxissomas” (PPAR-α) -> leva ao aumento da produção e da ação da LPL, responsável pela hidrólise intravascular dos TG, e à redução da ApoC-III, responsável pela inibição da LPL - eficácia: ↓ TG de 30 a 60%. - indicação: * tto da hipertrigliceridemia com falha do tto NÃO medicamentoso * tg > 500 mg/dl * tto dislipidemia mista com predomínio de ↑TG - efeitos colaterais: distúrbios gastrintestinais, mialgia, astenia, litíase biliar (mais comum com clofibrato), diminuição de libido, erupção cutânea, prurido, cefaleia e perturbação do sono *** estatina + gemfibrozila – casos de rabdomiólise (evitar essa associação) B) ÁC. NICOTINICO – niacina - mec acao: ↓ação da lipase tecidual nos adipócitos -> leva à menor liberação de ácidos graxos livres para a corrente sanguínea ->reduz a síntese de TG pelos hepatócitos. - eficácia: ↓ LDL-c em 5 a 25%; ↑ HDL-c em 15 a 35%; ↓ TG em 20 a 50% - não há evidência de benefício com este fármaco em indivíduos com LDL-c controlado - pode, excepcionalmente, ser utilizado em pacientes com HDL-C baixo isolado - efeitos colaterais: rubor facial ou prurido (início do tto) - dose: inicial de 500 mg/ dia com aumento gradual (atingir 1 a 2 g diária) C) ÁC. GRAXO OMEGA 3 - são poli-insaturados derivados dos óleos de peixes e de certas plantas e nozes. Óleos de peixe (dha+epa) - altas doses (4 a 10g ao dia):↓ TG e ↑leve HDL mas pode ↑ LDL -------------- Novos fármacos • inibidores da proteína de transferência de ésteres de colesterol – CETP - ↑ colesterol HDL = torcetrapibe, anacetrapibe, dalcetrapibe e evacetrapibe • inibidores da PCSK-9: PCSK9 é uma enzima que modula a densidade de LDLR. A inibição da PCSK9 previne a ligação do LDLR à PCSK9 e a subsequente degradação do LDLR => ↑ a densidade de receptor-> ↑captacao de ldl - alirocumabe e o evolocumabe (injeção subcutânea) • Inibidor da proteína de transferência de triglicérides microssomal -> inibe a MTP -> ↓formação de quilomícrons no intestino e VLDL pelo fígado. ↓ VLDL (precursor da LDL) -> ↓ LDL. Indicado somente nos casos de HF Homozigótica (HoHF) - lomitapida • Inibidor da síntese de apolipoproteína B (antissenso anti-ApoB). É indicado em portadores de HoHF. Ainda não aprovado no Brasil. Impede formação de apoB -> ↓ formação de VLDL e os seus produtos (IDL, LDL e LP(a) • antissenso antiapolipoproteína C-III: ISIS 304801 (volanesorsen) -> inibe formação de ApoC-III -> ↓ TG de forma dose-dependente. pacientes com hipertrigliceridemia, em monoterapia ou em associação a fibratos, e na quilomicronemia familiar • Lipase ácida lisossômica recombinante humana -> Terapêutica de Reposição Enzimática (ERT) é usada em outras formas de doenças de depósito lisossomal-> perspectiva para os pacientes com Deficiência da Lipase Ácida Lisossomal (LAL-D) REFERENCIAS: Lucio Vilar et al. Endocrinologia clínica. 7. ed. Rio de Janeiro :Guanabara Koogan, 2021 • atualização da diretriz brasileira de dislipidemias e prevenção da aterosclerose – 2017. Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC-DA), Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). • Diabetes Melito 2 EPIDEMIOLOGIA O diabetes melito (DM) representa um grupo de doenças metabólicas com varias etiologias, caracterizado por hiperglicemia, que resulta de uma secreção deficiente de insulina pelas células β, resistência periférica à ação da insulina ou ambas. -duas principais etiologias: DM tipo 2 (DM2) (90 a 95%) e o DM tipo 1 (5 a 10%) - A hiperglicemia crônica está associada a dano, disfunção e insuficiência de vários órgãos, principalmente olhos, rins, coração e vasos sanguíneos - 20-79 anos - 1 a cada 11 adultos vive com diabetes - ↑ de DM2 devido a crescente urbanização e mudanças de hábitos de vida (↑ ingestão calórica, ↑ do consumo de alimentos processados, estilos de vida sedentários, níveis crescentes de obesidade). - BR: 5º país na lista de países com maior numero de diabéticos - 35-50% dos DM2 são assintomáticos ou oligossintomaticos -> atraso no dx em pelo menos 4-7 anos, chegando com complicações micro e macrovasculares na detecção inicial -DM 2 em relação à idade e etnia: A idade média dos jovens ao diagnóstico do DM2 é de aproximadamente 13 anos, coincidindo com o período de maior resistência à insulina. Há ↓ de cerca de 30% da ação da insulina na puberdade. - 65% sexo feminino - A maioria com baixo socioeconômico. Em adolescentes, há resistência à ação de insulina, com rápida deterioração da função das células β, superior à observada em adultos CLASSIFICACAO - classificação baseada na etiopatogenia do diabetes: *diabetes tipo 1 (DM1): mais comum em crianças e adolescentes. - deficiência grave de insulina devido a destruição das células ß, associada à autoimunidade. - qc abrupto *diabetes tipo 2 (DM2): o tipo mais comum. - frequentemente associado à obesidade e ao envelhecimento. - início insidioso e é caracterizado por resistência à insulina e deficiência parcial de secreção de insulina pelas células ß,pancreáticas, além de alterações na secreção de incretinas - Apresenta frequentemente características clínicas associadas à resistência à insulina, como acantose nigricans e hipertrigliceridemia *diabetes gestacional (DMG) *outros tipos de diabetes: -> MODY (Mature Onset Diabetes of the Young) ->Diabetes neonatal transitório ou permanente ->Diabetes mitocondrial -> LADA (diabetes autoimune latente do adulto): É RECOMENDADO que pessoas adultas com diabetes e anticorpos positivos, as quais não necessitam de insulina por pelo menos seis meses após o diagnóstico, sejam classificadas como LADA • DIFERENCIAR DM1 E DM2: - diagnóstico diferencial entre DM1 e DM2 DEVE SER CONSIDERADO apenas no quadro clinico. Exames complementares específicos só devem ser solicitados em casos de apresentações atípica - se suspeita de DM1 com apresentação clínica atípica, é RECOMENDADO a solicitação de autoanticorpos. O resultado positivo confirma o diagnóstico de DM1 (antiGAD, anti IA-2, anti-ZnT8 e anti-insulina) -> Diabetes secundário a outras doenças: - deve sempre considerar se tiver sinais e sintomas relacionados a doenças do pâncreas exócrino (alcoolismo, cirurgia), uso de medicações hiperglicemiantes, endocrinopatias (acromegalia, síndrome de Cushing), infecções (HIV, hepatite B e C), hemocromatose ou outras condições capazes de levar a hiperglicemia DM 2 Epidemiologia - habitualmente após 40 anos - 80% dos pacientes são obesos; 70-90% com sd. metabólica - ↑ frequencia em mais jovens e crianças obesos (10x) - sd. hiperosmolar hiperglicêmica (SHH) é a complicação aguda clássica do DM2 e implica elevada mortalidade. Mas CAD é tipicamente a manifestação inicial do DM2 com tendência à cetose Patogênese -> principais mecanismos fisiopatológicos que levam à hiperglicemia no DM2 são: Resistência periférica à ação insulínica nos adipócitos e, principalmente, no músculo esquelético Secreção deficiente de insulina pelo pâncreas ↑ da produção hepática de glicose, resultante da resistência insulínica no fígado. -> outros: - lipólise acelerada - resistência/def. incretinica no TGI - hiperglucagonemia pelas cels α pancreáticas - ↑ reabsorção de glicose pelos túbulos renais - resistência à insulina no cérebro - genética - obesidade Mecanismos de resistência à insulina relacionados coma obesidade - transporte de glicose para o interior da célula é realizado pelos transportadores de glicose (GLUT) - efeito da insulina: ↑ transp glicose, pelo GLUT4, em músculos e tec. Adiposo - A RI da obesidade e do DM2 é caracterizada por alterações em diversos pontos da via de transmissão do sinal da insulina - RI: ↓ [atividade quinase do receptor de insulina], ↓ da concentração e fosforilação do IRS-1 e IRS-2, ↓ translocação de GLUT - DM2 é poligênico e as alterações podem envolver vários genes das vias de sinalização →mecanismos regulatórios da obesidade que levam a RI: • inflamação crônica subclínica no tec. Adiposo - adipócito hipertrofiado do obeso produz e libera adipocitocinas (TNF-α, IL-6) + acumulo de macrófagos -> inflamação crônica - TNFα e IL6: inibe a ação da insulina em células alvo (hepatócitos, miócitos e adipócitos) => RI •Ativacao das vias inflamatórias - na obesidade e no DM2 há uma ativação de vias inflamatórias que atingem diversos tecidos e órgãos como: músculo, fígado, trato gastrintestinal e sistema nervoso central (SNC) - ativação das vias inflamatórias ocorre por estimulo dos TLR-4, citocinas, estresse oxidativo, estresse do RE e ativação por lipídios • acumulo de lipídios causando inflamação - excesso de lipídios (ác. graxos saturados na dieta) -> efeitos lipotóxicos, contribuindo para a RI - Os ácidos graxos livres ativam vias intracelulares nos tecidos, por meio do DAG, ativando PKC-> que fosforila o IRS1 -> inibindo o sinal de insulina = RI • Microbiota e RI - na obesidade e DM2 – mudança microbiota -> ↑ absorção de LPS (lipídio presente na membrana das bact. Gram negativas) -> ↑ LPS -> ↑ ativação TLR-4 -> inflamação -> RI Falencia cel β - A disfunção secretória bem caracterizada é uma redução relativa da fase rápida de secreção de insulina - DM2: ↓massa de cels β por maior grau de apoptose em decorrência da hiperglicemia, lipotoxicidade, estresse oxidativo, estresse do RE e ação de algumas citocinas - IRS-2 para sobrevida da cel β – induz replicação e neogênese - hiperglicemia crônica -> geração de espécies reativas de oxigênio (ROS) + expressão de IL1 dentro das ilhotas + ↑ TNFα e IL6 + ↑ ac -> fatores ativadores de serinaquinases, como a PKC que podem induzir a fosforilação do IRS-2 em serina. Quando o IRS2 é fosforilado em serina, ele é mais facilmente degradado, deixando desprotegida a célula β - ↓ secreção de incretinas - as incretinas, representadas pelo polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose (GIP) e o peptídeo semelhante ao glucagon 1 (GLP1), induzem secreção de insulina mediada por glicose, além de estimular a proliferação de células β e inibir a apoptose das mesmas. As incretinas são responsáveis por cerca de 50% da secreção de insulina após uma refeição. Fatores de risco - obesidade (↑ CA e ↑ IMC = ↑ risco DM2) - História familiar de diabetes (pais ou irmãos com diabetes) - Raça/etnia (negros, hispânicos, índios Pima, indivíduos oriundos de ilhas do Pacífico etc.) - Idade ≥ 45 anos - Diagnóstico prévio de intolerância à glicose - Hipertensão arterial - Dislipidemia (HDLcolesterol < 35 mg/dℓ e/ou triglicerídeos > 250 mg/dℓ) - História de DM gestacional ou macrossomia fetal - Tabagismo DM 2 com tendencia à cetose: DM2TC - Em alguns países, sobretudo nos EUA, tem sido descrito, com frequência crescente, um subgrupo de pacientes, na maioria negros ou hispânicos e obesos, que apresentam CAD como manifestação inicial do DM, sem aparente fator precipitante -> VARIANTE DA DM – já foi chamada de diabetes atípico, diabetes tipo 1,5, diabetes Flatbush e, mais recentemente, diabetes tipo 2 com tendência à cetose (DM2TC). - classificados pelo sistema Aβ: A - presença ou não de autoanticorpos -> antiGAD65 e antiIA2 = presente (A+); ausente (A -) Β - reserva funcional das células β pancreáticas -> avaliada pela dosagem de peptídeo C em jejum e após estímulo com 1 mg de glucagon (β+ ou β–). Tal avaliação deve ser feita idealmente após 1 a 3 semanas da resolução da CAD • DM2TC são A–β+ = ausência de autoanticorpos + presença de função das células beta pep C em jejum ≥ 1 ng/mℓ ou pico após estímulo com glucagon ≥ 1,5 ng/mℓ). - Os pacientes com DM2TC geralmente são obesos, com idade média de 40 anos, sendo a maioria negros ou hispânicos, mas sua incidência tem crescido em todas as etnias. Fisiopato não esclarecida DIAGNÓSTICO * DX CLÍNICO - sintomas clássicos: poliúria, polidipsia e polifagia e perda ponderal - bem mais característicos do DM1 - DM2, 40-50% não sabem do dx por serem assintomáticos ou oligossintomaticos -> possuindo sintomas inespecíficos: como tonturas, dificuldade visual, astenia e/ou cãibras - 80% tem excesso de peso *DX LABORATORIAL - requer dois resultados anormais de GJ, HbA1c ou glicemia de 2 horas no TOTG da mesma coleta ou em duas coletas de exames separadas - se tiver dois exames diferentes com resultados discordantes (GJ dif de Hba1c) -> repete o exame com valor maior - O diagnóstico de DM deve ser estabelecido pela identificação de hiperglicemia -> para isso, podem ser usados: • glicemia plasmática de jejum •teste de tolerância oral à glicose (TOTG) •hemoglobina glicada (HbA1c). -> CRITÉRIO DX DM - dois exames alterados / se só um alterado, repetir • glicemia de jejum ≥ 126 mg/dl OU • glicemia de 2h durante TOTG 75g ≥ 200 mg/dl OU • HbA1c ≥ 6,5%. OU ••• paciente com sintomas clássicos de hiperglicemia + glicemia ao acaso > 200 mg/dl (não é necessário repetição de teste ) ○ Observações: -> HbA1c - No sangue, a glicose liga-se de maneira irreversível à fracao A1c da hemoglobina = glicação não-enzimática. - Os valores da HbA1c refletem a média das glicemias durante os últimos 2 a 3 meses, que é o tempo de sobrevida das hemácias - HbA1c é considerada o padrão-ouro na avaliação do controle glicêmico, devendo ser realizada a cada 3 a 4 meses, recomendação geral < 7% (media de 154 mg/dl) - falsa ↑ de HbA1c: Insuficiência renal crônica, Hipertrigliceridemia, Álcool, Esplenectomia, Deficiência de ferro, Toxicidade por chumbo, Toxicidade por opiáceos - falsa ↓ de HbA1c: Qualquer condição que diminua a meia-vida das hemácias (anemia hemolítica, esferocitose, eliptocitose, lise desencadeada por deficiência de G6PD), Perda de sangue (aguda ou crônica), Transfusão de sangue recente, Gravidez ou parto recente, Altas doses de vitamina C ou E (1 g/dia), Hemoglobinopatias (não com HPLC), Hemoglobina F (com imunodetecção), Dapsona ***** outros exames: 1. Frutosamina: proteína glicada, constituída principalmente de albumina, que reflete o controle glicêmico nos últimos 7 a 14 dias, visto que a meia-vida da albumina é de 14 a 20 dias. Pode ser alternativa para avaliar o controle glicêmico dos pctes que tenham condições que alterem os valores da HbA1c 2. Glicosúria: ↓ sensibilidade dx, já que aparece só se glicemia > 180 mg/dl. Além disso, outras condições podem levar a esse quadro (gravidez, IRC) 3. Pesquisa de corpos cetonicos: em DM + hiperglicemia, se achar cetonemia = CAD (Cetoacidose diabética) = grave e requer tto imediato - maioria dos testes dosa acetoacetato e acetona no sangue e urina, mas o ideal é βhidroxibutirato (βOHB) ○ βOHB < 0,6 mmol/ℓ = normais ○ > 1 mmol/ℓ = hipercetonemia ○ > 3 mmol/ℓ = CAD - lembrar que corpos cetonicos na urina durante o jejum é comum 4. Dosagem peptídeo C: analisa a capacidade secretória do pâncreas. O Pep C é secretado na circulação porta em concentrações equimolares com a insulina, sendo ambos originados da clivagem da proinsulina - método: dosa peptídeo C basal + dosa 6 minutos após a inj IV de 1 mg de glucagon. ○DM1 têm peptídeo C: basal < 0.9 e após estimulo < 1.8 (cels destruídas) ○No DM2: peptídeo C > 0,9 ng/mℓ no basal e > 1,8 ng/mℓ após glucagon indicam uma reserva de insulina compatível com DM2. TRATAMENTO METAS GLICEMIAS NO TTO ◎ RASTREAMENTO PARA DM - todos com ≥ 45 anos, mesmo sem fatores de risco - para indivíduos com sobrepeso/obesidade que tenham pelo menos um fator de risco adicional para DM2 - A repetição para DM e pré-dm – em intervalos de, no mínimo, 3 anos. Intervalos mais curtos se tiverem ganho de peso acelerado ou mudança nos fatores de risco - adultos com exames normais + mais de um fator de risco para DM2 -> repetir o rastreamento em intervalo entre 12 meses. - É RECOMENDADO que pacientes que irão iniciar medicações com potencial efeito hiperglicemiante, como glicocorticoides ou antipsicóticos, sejam rastreados para diabetes antes e após o início do tratamento - triagem para DM2 em crianças e adolescentes com ≥ 10 anos ou após início da puberdade que têm sobrepeso ou obesidade, e com, pelo menos, um fator de risco para detecção de DM2. →p/ todos - HbA1c < 7% para todos aquele com DM, para prevenção de complicações microvasculares (desde que esse valor não gere hipoglicemia grave e frequente) → idosos saudáveis ou comorbidade não limitante – HbA1c de 7-7.5% →idosos com DM com objetivo de evitar hipoglicemia - HbA1c < 8,5% →criancas e adolescentes DM1 – HbA1c <7,5% * glicemia de jejum: 80-130 mg/dl * TOTG 75g-2h: < 180 mg/dl OPCOES DE TTO 1. modificações no estilo de vida (MEV) (dieta, atividade física, perda de peso, cessação do tabagismo etc.) 2. medicamentos 3. insulinas -> primeira escolha: MEV + metformina – se HbA1c >7% após 3 meses – adicionar 2º fármaco → escolha do medicamento pelas prioridades: - ↓ peso: IsGLT2 ou os GLP1RA - minimizar a ocorrência de hipoglicemia: evitar as sulfonilureias e a insulina, escolhendo medicações raramente associadas a essa complicação (p. ex., inibidores da DPP4 ou do SGLT2, pioglitazona e GLP1RA) Força Classes de medicamentos 1. BIGUANIDAS • metformina (comp: 500mg, 850mg e 1mg) – glifage • dose max: 2.550 mg/dia • mec de ação: acao direta nas cels β – melhora a sensibilidade periférica à insulina (↑ glut4) e inibe gliconeogênese (↓ acao glucaco • indicações: dm2 iniciada juntamente com mev, predm, diabetes gestacional e na SOP • efeitos colaterais: sintomas GI, acidose lática (a mais temida, principalmente de TFG < 300, reduz absorção de vit b12 • CI: condições que impliquem acidose lática -> disfunção renal grave, TGF < 30 ml/min, cirrose hepática, IC - dose max de 1g se TGF < 45 - CI se TGF < 30 - met deve ser suspensa 1-2 dias antes de exames com contrastes 2. SULFONILUREIA • tipos: 1- Gliclazida MR (diamicron): 30-120 mg/dia – 1 a 2x/dia 2- Glibenclamida (daonil): 2.5-20 mg/dia – 1 a 2x/dia 3- Gilmepirida (amaryl, betes): 1-4 mg/dia – 1x/dia • mec de acao: estimulam a secreção (não a sintese) pancreática de insulina, pela ação no receptor SUR1, presente nas células β – requerem cels β funcionantes • eficácia: ↓ 60 a 70 mg/dℓ na GJ e de 1 a 2% na HbA1 • efeitos colaterais: hipoglicemia; ↑ de peso pela insulinemia • CI: evitadas em pacientes com insuficiência renal ou hepática graves. Elas também costumam ser contraindicadas na gravidez (exceto glibenclamida) e durante a amamentação (exceto glibenclamida e glipizida) 3. GLITAZONAS • tipos: Pioglitazona (piotaz): 15, 30, 45 mg 1x/dia • mec de acao: agonistas dos receptores ativados por proliferadores de peroxissomo gama (PPARγ) -> ↑ lipogênese + ↓ AGL circulante + ↓ il-6 e tnf-α •indicacao/eficácia: efeito em 12 semanas, ↓TG •efeitos colaterais: ganho de peso, edema periférico, anemia dilucional discreta • CI: doenças hepáticas graves, alcoolistas, indivíduos com reconhecida alergia a esse fármaco, pacientes com DM tipo 1 e gestantes - evitar em IC, dispneicos, obesos graves (>40) • interação medicamentosa: anticoncepcionais orais, digoxina, ranitidina, nifedipino etc. Ele leva à ↓30% dos níveis de etinilestradiol e noretindrona, portanto, deve ↑ dose do anticoncepcional oral em pacientes diabéticas medicadas com pioglitazona 4. GLIPTINAS - INIBIDORES DA DIPEPTIDIL PEPTIDASE-4 • tipos: - Sitagliptina (Januvia) 50-100 mg – 1 a 2x/dia - Vidagliptina (Galvus) 50 mg – 2x/dia - linaglitipna (trayenta) 5mg – 1x/dia - alogliptina (nesina) 6.5 mg-12.5mg – max 25mg – 1x/dia - saxagliptina (onglyza 2.5-5mg – 1x/dia •mec de acao: inibem DDP-4 (enzima que degrada glp1 e gip) -> ↑ GLP-1 e GIP -> ↑ insulina glicosedependente •eficacia: Maior eficácia na ↓HbA1c quando as gliptinas são associadas à metformina ou a iSGLT2 •efeitos colaterais: raramente causam hipoglicemia, efeito neutro sobre o peso, urticaria, angioedema, pancreatite aguda, ↑ internações por IC (saxagliptina) • CI: DM 1, gestantes e lactantes; hipersensibilidade aos componentes do medicamento 5. GLINIDAS - SECRETAGOGO • tipos: repaglinida e nateglinida • mec acao: ↑ SECRECAO de insulina pelas cels β --- deixaram de ser recomendados para tto de DM2 por ↓ eficácia que os secretagogo 6. INIBIDORES DA Α-GLICOSIDASE • tipo: acarbose (aglucose, glucobay) 50-300mg – junto com as refeições •mec de acao: atua no intestino delgado -> inibe αglicosidade -> retarda a digestão e a absorção dos carboidratos complexos •eficacia: modesto efeito •efeitos colaterais: dor abdominal, diarreia e flatulência •CI: doença inflamatória intestinal, doença intestinal associada à má absorção, DRC grave 7. INIBIDORES DO SGLT2 (COTRANSPORTADOR 2 DE SÓDIO E GLICOSE ) - GLIFOZINAS •tipos: - Canagliflozina (Invokana ®) 100-300 mg 1x/dia -Dapagliflozina (Forxiga ®) – 5-10 mg 1x/dia -Empagliflozina (Jardiance ®) – 10-25 mg 1x/dia •mec de acao: inibe SGLT2 -> bloqueio da reabsorção renal de glicose no túbulo proximal -> ↑excreção urinária da glicose - 90% da glicose filtrada pelos glomérulos é reabsorvida no túbulo contorcido proximal pelo cotransportador de sódio e glicose2 (SGLT2) e os 10% restantes pelo SGLT1. Em diabéticos, ocorre ↑SGLT-2, já que os glomérulos são expostos a mais glicose, e precisam reabsorver mais no tcp. - acabam levando ↓ peso, efeito diurético e ↓ PA •eficácia: ↓ 0,7 a 1%, HbA1c, ↓ 2 a 4 kg no peso corporal e ↓ 2 a 5 mmHg na PAS -> empagliflozina: único capaz de ↓RCV •efeitos colaterais: infecção fúngica sist. Genital, ↑ glicosuria, ↑ risco de hipotensão, ↑ reabsorção óssea • limitação ao uso: - dapaglifozina e canaglifozina tgf <45/min/1.73m2 -empaglifozina tgf < 15/min/1.73m2 8. AGONISTA DO RECEPTOR GLP-1 (GLP-1RA) •indicacao: particularmente indicados para pacientes com excesso ponderal ou aqueles com DCV estabelecida ou com risco muito alto para DCV •eficacia: ↓ peso corporal (mais eficaz: semaglutida); ↓ 0,5 a 1,5% na HbA1c - podem ser associados a qualquer antidiabético, exceto aos iDPP-4 (mec acao superponivel) -> Liraglutida: aprovado para tto de obesidade •efeitos colaterais: rara hipoglicemia (somente quando associado a secretagogos), ↑ discreto FC, pancreatite (raro com injetáveis) •CI: hipersensibilidade, carcinoma medular da tireoide, pancreatite, uso simultâneo de DPP-IV, TGF < 15ml/min/1.73m2 Insulinoterapia - insulina é o agente mais potente para reduzir a glicemia •INDICACAO: → HbA1c não foi alcançada com a combinação de 2 ou 3 antidiabéticos. → insulinoterapia temporariamente durante a gravidez e em doenças agudas (sepse, IAM, AVC ou complicações agudas hiperglicêmicas (estado hiperosmolar hiperglicêmico e CAD). →deve ser considerada de início para pacientes intensamente sintomáticos e com considerável descontrole glicêmico (glicemia ≥ 300 mg/dℓ ou HbA1c≥ 10%) •Tipos de insulina: - insulina NPH – acao intermediaria - insulina regular (INS-R): necessita aplicação 30 min antes - análogos da insulina: *de ação ultrarrápida (AAUR): Asparte, Lispro e Glulisina - melhor controle da glicemia pós-prandial e menor risco de hipoglicemia. 10-15 min antes da refeição *de ação prolongada: Glargina, Detemir e Degludeca ESQUEMAS DE INSULINIZAÇÃO 1. esquema basal: insulina basal (NPH ao deitar ou análogos) em dose única diária, com manutenção dos antidiabéticos orais. -> Indicação: • controle glicêmico inadequado com a combinação de medicamentos orais e agonistas do GLP1RA inj • terapia inicial de DM2 muito sintomáticos, sobretudo na presença de hiperglicemia intensa (GJ ≥ 300 mg/dℓ e/ou HbA1C ≥ 10) 2. Esquema basal “plus”: mantem esquema anterior + insulina Regular (INSR) ou, de preferência, um análogo de ação ultrarrápida (Asparte, Lispro ou Glulisina) antes da principal refeição do dia. -> Indicação: hiperglicemia pós-prandial, a despeito do esquema basal. 3. Esquema basal-bolus: Insulinoterapia intensiva: a) Adm insulina basal (NPH ou Detemir 2 vezes/dia ou análogos de longa ação 1 vez/dia) + injeções préprandiais de INSR ou, de preferência, de análogos de ação ultrarrápida. -> possibilita um controle glicêmico melhor -> principal inconveniente: múltiplas injeções diárias e um ↑ risco para hipoglicemias. b) Outro esquema: bomba de infusão contínua SC -> custo muito elevado ALGORITMO COMPLICACOES DA DM 1. AGUDAS -> cetoacidose diabética – principalmente em dm1. •Quadro inicial: polidipsia, poliúria, enurese, visão turva, fadiga, náuseas. • Sinais de gravidade: desidratação, perda acentuada de peso, hiperventilação, vômitos, dor abdominal, alteração do estado mental. -> sd. hiperosmolar não cetonica: hiperglicemia grave (> 600 a 800 mg/ dL), desidratação e alteração do estado mental – na ausência de cetose. - Ocorre apenas no DM 2, porque um mínimo de ação insulínica preservada nesse tipo de diabetes pode prevenir a cetogênese. A mortalidade é muito elevada devido à idade e à gravidade dos fatores precipitantes - maior risco são os idosos (> 60 anos), cronicamente doentes, debilitados ou institucionalizados, com mecanismos de sede ou acesso à água prejudicados - precipitantes: doenças agudas (AVC, IAM, infecções, particularmente pneumonia), uso de glicocorticóides ou diuréticos, cirurgia, ou elevadas doses de glicose (nutrição enteral ou parenteral ou, ainda, diálise peritoneal) -> hipoglicemia: ↓ níveis glicêmicos – com ou sem sintomas – para valores abaixo de 60 a 70 mg/dL. – - sintomas neuroglicopênicos: fome, tontura, fraqueza, dor de cabeça, confusão, coma, convulsão -manifestações de liberação do sistema simpático (sudorese, taquicardia, apreensão, tremor) - pode ocorrer em pctes que usam sulfonilureia, glinida ou insulina 2. CRONICAS -> Crônica microvascular: Retinopatia diabética, Nefropatia diabética, Neuropatia diabética periférica, a mais comum é a polineuropatia simétrica generalizada, que é a sensoriomotora crônica, seguindo-se a polineuropatia autonômicas (bexiga neurogênica, disfunção erétil, cardiovasculopatia). -> Crônica macrovascular: Doença arterial coronariana, doença vascular periférica, ave. -> Outras complicações oculares em diabéticos: Catarata, glaucoma. -> Complicação mista (neuropático, isquêmico): Pé diabético • MICROVASCULAR - incidência tem relação direta com os níveis glicêmicos (principalmente se HbA1c > 7%). - mecanismos patogênicos não são bem conhecidos, mas existem hipóteses: -> Ocorre glicosilação não enzimática irreversível de fatores proteicos plasmáticos e teciduais, que podem se ligar ao colágeno dos vasos, contribuindo para a lesão endotelial da microvasculatura, levando à fragilidade capilar e à obstrução microvascular, pela formação de microtrombos. -> A hiperglicemia de longa data pode causar são o espessamento da membrana basal capilar e proliferação endotelial. A) RETINOPATIA DIABETICA - principais causas de cegueira em indivíduos entre 2074 anos nos países desenvolvidos. - Ocorre em quase 100% dos DM1 após 20 anos, tratados com a terapia convencional, e em 60% dos DM2. Patogenese: hiperglicemia->formação de microaneurismas -> desenvolvimento de edema. - Fatores de risco que interferem na origem e evolução: mau controle glicêmico, HAS concomitante, insulinoterapia, tempo de evolução do DM, presença de nefropatia diabética, puberdade, gravidez e dislipidemia. - Um exame fundoscópico deve ser obtido em todo DM1 após 5 anos de doença e ao diagnóstico no DM tipo 2. » A partir do primeiro exame, a triagem deve ser repetida anualmente para aqueles sem retinopatia e semestralmente, no mínimo, para aqueles com retinopatia. B) NEFROPATIA DIABETICA - incidência: 20-40% - qc: proteinúria manifesta no exame de urina convencional ou mais de 300 mg na urina de 24h. - Costumam ser assintomáticos do ponto de vista renal, porém, já possuem uma glomerulopatia avançada que leva ao estado de rins terminais em menos de 7 anos. • Fatores de risco para aparecimento e progressão: duração da doença, microalbuminúria, mau controle glicêmico, fatores genéticos, HAS, tabagismo, hipercolesterolemia, obstrução urinária, ITU de repetição, uso de drogas nefrotóxicas. • Triagem anual para a presença de microalbuminúria em todo DM1 após pelo menos 5 anos de instalação da doença, e em todo o DM2, desde o diagnóstico. C) NEUROPATIA DIABETICA comprometimento do sistema nervoso periférico é uma complicação crônica frequente, afetando até 50% dos pacientes DM2 e no DM1 em menor proporção - Propensos a ter úlceras plantares indolores, que podem infectar, acarretando gangrena úmida (pé diabético). » Se não for feita uma adequada inspeção, uma pequena fissura causada pelo sapato ou uma calosidade passarão despercebidos, evoluindo para úlcera e infecção. D) PÉ DIABÉTICO →Teste do monofilamento - monofilamento de 10 g avalia a sensibilidade protetora plantar, conduzida pelas fibras grossas mielinizadas. - A recomendação da ADA e SBD é realizar o teste em quatro áreas plantares de cada pé – hálux (região plantar da falange distal) e 1ª, 3ª e 5ª cabeças de metatarso REFERENCIAS Lucio Vilar et al. Endocrinologia clínica. 7. ed. Rio de Janeiro :Guanabara Koogan, 2021. DIRETRIZ SOCIEDADE DIABETES – 2021 BRASILEIRA DE Hipertireoidismo & Doença de Graves HISTO/ANATO/FISIO DA TIREOIDE →ANATOMIA - Glândula bilobada separada por um istmo - istmo: presente acima do 3º arco da traqueia - Adjacente a traqueia - Pode ter um lobo piramidal -> resquício do ducto tireoglosso – presente em 40% da população - 15 g - Vascularização: ramos da carótida -> artérias e veias tireóideas superiores e inferiores. A drenagem ocorre até ramos da jugular *paratireoides: presente na parte ventral da tireoide e produzem o PTH. →HISTOLOGIA * Estrutura da tireoide após a sua formação - Tireoide estará envolvida por uma fina cápsula de tecido conjuntivo, o qual se invagina para dentro da glândula, enviando septos para seu interior e dividindo-a em lobos e lóbulos incompletos - No septo, passarão fibras nervosas, vasos linfáticos e os capilares fenestrados - Esses vasos linfáticos além da drenagem, também funcionam como uma segunda forma de transporte dos hormônios tireoidianos - Como cada invaginação dá origem a um folículo, eles são independentes, assim podemos ter folículos produtores e não produtores de hormônios →FOLICULOS: são formados por vários tirócitos (cels epiteliais – foliculares). Dentro deles, tem-se uma solução rica em proteína (tireoglobulina) e/ou iodo = coloide - coloide: pré-hormonio →Os capilares fenestrados: trazem nutrientes para a glândula e levam os hormônios produzidos. Trazem o TSH e IODO – fundamentais para a produção de hormônio. Além disso, por meio deles se transporta o hormônio tireoidiano - Hemácias: estão dentro dos capilares fenestrados - fluxo sanguíneo tireoidiano: é o maior do nosso organismo = 4-6 ml/min -> depende muito da demanda de T3/T4 → Epitélio folicular: cels foliculares + cels parafoliculares 1. CÉLS. FOLICULARES - são as células produtoras dos hormônios tireoidianos triiodotironina (T3) e tiroxina (T4 ) - apical: microvilosidades -> em contato com o coloide - domínio basal: capilares fenestrados - nucleo central, grande e bastante eucromatina (atividade constante) - muitos lisossomos, RER e REL -> demonstra atividade/produção de proteínas constantemente - formato da célula varia conforme seu estado de atividade: a) está cilíndrico/colunar baixo = esse formato permite que o citoplasma seja maior -> comportar a ↑ síntese de compostos b) está cuboide = sem síntese de hormônios -> fica pequena porque perde organelas, núcleo compactado e citoplasma menor - OU SEJA-> produzido: formato cilíndrico // não produzindo: formato cuboide - microvilosidades + vesículas endocíticas em contato com o coloide = céls foliculares tambem fazem reabsorção - as células foliculares fazem tanto a reabsorção das proteínas do coloide, como a secreção delas para os capilares (manda o hormônio para fora) - são células de baixo turn-over (se renovam/regeneram pouco) – 5x na vida * COLOIDE: principal composto é a tireoglobulina – glicoproteína iodada com 120 resíduos de tirosina -> é uma proteína que guarda a forma inativa dos hormônios tireoidianos →FISIOLOGIA • FASE EXÓCRINA: PRODUÇÃO PARA LANÇAR NO COLOIDE - capilares fenestrados: TSH (vem da hipófise) e o iodeto (vem da alimentação) - Iodo da alimentação -> bactérias -> iodeto -> capilares -> entram na cel. folicular pela proteína transportadora de iodeto ou por uma proteína trocadora de sódio/iodeto -> se difunde para parte apical -> iodeto transportado para o coloide por uma proteína canal - hipófise -> tsh chega pelo capilar -> atinge e ativa um receptor de prot G -> AMPc -> ativa a produção (traduzidas) de tireoglobulina e tireoperoxidase dentro do reticulo -> as pré-proteinas são glicosiladas dentro do complexo de golgi > são exocitadas da cel -> chegam na parte apical da célula. * A TPO (tireoperoxidase) se liga na membrana apical da célula folicular e será responsável por converter o iodeto a iodo, e ligar o iodo a resíduos de tirosina da tireoglobulina = formando a tireoglubilina iodada *A tireoglubulina + iodo (vindo da TPO) formará o préhormonio T3/T4 e ficarão estocados no coloide →reação de acoplamento – feito pela TPO: ligação de 3 ou 4 iodo aos resíduos de tirosina dependendo da quantidade de resíduos de tirosina iodados: MIT: 1 resíduo de tirosina iodado -> monoiodotirosina DIT: 2 resíduos de tirosina iodados -> diidotirosina MIT + DIT: T3 -> TRIIODOTIROSINA DIT + DIT: T4 -> TIROXINA MIT + MIT: T2 - podemos ainda ter somente MIT ou DIT, formando o T1 e o T2 – esses não possuem função, e ficam no aguardo de mais pré-hormonio 2. CELULA PARFOLICULAR OU CÉLULA C - produz e secreta calcitonina - estão entre as células foliculares – é envolve pela lamina basal dos folículos, mas não produz T3/T4 - calcitonina: função de parar a ação do osteoclasto -> se liga no osteoclasto quando a concentração de cálcio estiver adequada, ou seja, não é necessário ele esteja ativo para fazer reabsorção óssea (seria necessário estar ativo em baixa de Ca2+) - origem embriológica de arco faríngeo diferente da tireoide FASE ENDÓCRINA: PRODUÇÃO PARA O SANGUE * o TSH também estimula a endocitose da tireoglobulina iodada - a endocitose pode ser pela via endocitica (envolve lisossomos) ou pela via com megalina (desvia dos lisossomos) a) via com a proteína megalina: o complexo da tireoglobulina + iodo desvia dos lisossomos, e ele não é digerido. A tireoglobulina iodada é liberada de forma total = praticamente sem função no nosso organismo - Via menos comum b) via endocitica: lisossomos digerem precursor de T3 e T4, liberando a tireoglobulina e restando o hormônio em si formado por tirosina+iodo. T3 e T4 formados saem da célula por exocitose - > 99% T3/T4 se ligam a proteínas produzidas pelo fígado, principalmente TGB. So tem acao biológica quando livres - ↑ tireoglobulina total = pode estar com HIPERtireoidismo, já que esta tendo as duas vias ativas *Hormônios na circulação - T4: maior produção (90%), mas sem acao fisiológica – meia vida mais longa que T3 - T3: meia vida curta mas é o mais potente – ativa melhor os receptores. É o que tem acao fisiológica - geralmente ocorre conversão de T4 em T3 no órgão alvo, uma vez que a meia vida do T3 é mais curta. - A conversão é feita pelas DEIODASES: D1 converte T4 em T3 para o plasma– presente na maioria dos tecidos (tireoide, rins e fígado) D2: converte T4 em T3 dentro das cels. Hipófise, cérebro, placenta, tireoide, m. cardíaco D3: converte T4 -> T3 reversa e T3 -> T2. Presente na placenta, útero, tecidos fetais, pele, cérebro, hipófise -T3 reversa: hormônio T3 sem função, mas que ainda pode ser convertida. Produzida principalmente no SNC, onde o excesso de T3 é prejudicial - T3 -> T2: também em casos de excesso de T3 DOENCA DE GRAVES →EPIDEMIOLOGIA - causa mais comum de hipertireoidismo - 3% das mulheres e 0.5% dos homens - 30-60 anos - raça branca - pode ser associada a outros distúrbios autoimunes endócrinos (DM1, doença addison, def acth) e não endócrinos (miastenia gravis, LES, AR, sjogren, anemia perniciosa, hepatite crônica ativa, vitiligo) - 10/20% remissão espontânea - 50% hipotireoidismo a longo prazo, provavelmente, em virtude da contínua destruição da tireoide pelo processo autoimune - se não tratada -> potencialmente fatal pelas complicações CV (taquiarritmias, IC, fenômenos tromboembólicos - doença tireoidiana autoimune (DTA): DG + TH (tireoidite de Hashimoto) →PATOGÊNSE DO HIPERTIREOIDISMO NA DG: - DG: principal sitio antigênico é o receptor de TSH (tshr) - o hipertireoidismo se origina da produção pelos linfócitos B de anticorpos contra o TSHR (TRAb) -> anticorpos se ligam no TSHR -> ativam sinalização das proteínas Gsα e Gq => resulta em ↑ volume, vascularização e produção dos hormônios tireoidianos - Ao se ligarem ao receptor do hormônio tireoestimulante (TSH), os TRAb vão estimular a síntese e a liberação dos hormônios tireoidianos (triiodotironina [T3] e tiroxina [T4]), que, por sua vez, exercem retroalimentação negativa sobre a hipófise, mas não sobre os TRAb. Como consequência, surgirá elevação de T3 e T4 , associada à supressão do TSH - existem os TRAB bloqueadores e estimuladores - em pacientes com DTA, pode ter modificação (temporária ou permanente) do tipo predominante de TRAb, o que pode levá-los evoluir do hipo para o hipertireoidismo e viceversa. - se equilibrados os trab bloqueadores e estimuladores = podemos ter um hipertireoidismo ausente na DG → FATORES PREDISPONENTES DA DG - poligênica e multifatorial - interação entre suscetibilidade gentica + fatores ambientais ou endógenos -> perda da intolerância imunológica e antígenos da tireoide 1. fatores genéticos (98%) - predisposição familiar materna - polimorfismos em genes imunomoduladores (região do HLA), CTLA 4, CD25, CD40, PTPN22, FCRL3 e CD226) e genes específicos da tireoide (gene do TSHR e gene da tireoglobulina) 2. fatores ambientais e endógenos * danos à tireoide por radiação ou por injeção de etanol, com a liberação de antígenos tireoidianos na circulação * tto com iodo radioativo (RAI) * indução de autoimunidade tireoidiana por uso terapêutico de IL-1, IL-α, IL-2, INF-α e INF-β *terapia antirretroviral *tto com carbonato de lítio, amiodarona e alentuzumabe *situações de estresse psicológico intenso (privação, aflição, separação) como fator iniciante da doença por meio das vias neuroendócrinas *tabagismo (↑2x risco e + relacionado com orbitopatia) *infecções (Coxsackie, Yersinia enterocolitica, Borrelia burgdorferi, Helicobacter pylori e retrovírus (HTLV1, HFV, HIV e SV40) →DIAGNÓSTICO CLÍNICO - três principais manifestações: hiper + 2 ou 3 1. hipertireoidismo com bócio difuso + 2. oftalmopatia (orbitopatia) ou 3. dermopatia (mixedema prétibial) -> sintomas (dos + para os – frequentes): nervosismo, sudorese excessiva, intolerância ao calor, palpitação, fadiga, perda de peso, dispneia, fraqueza, ↑ apetite, queixas oculares, edema de mmii, hiperdefecação, diarreia, distúrbios menstruais (20%), anorexia, constipação, ganho ponderal -> sinais: taquicardia (100%), bócio, tremor nas mãos, pele quente e úmida, sopro sobre a tireoide, alterações oculares, fibrilação atrial (10%), esplenomegalia, ginecomastia, eritema palmar →efeitos no sist. Cardio: - cansaco/dispneia/intolerância ao exercício - taquicardia e aumento da contratilidade do coração - redução da resistência vascular periférica - hipertensao SISTOLICA - maior risco de complicações: arritmias (FA), IC, angina, IAM, AVC Descrevendo as manifestações 1. HIPERTIREOIDISMO - qc do hipertireoidismo decorrente do efeito estimulatório dos hormônios tireoidianos - QC: nervosismo, insônia, emagrecimento (apesar da polifagia), taquicardia, palpitações, intolerância ao calor, sudorese excessiva com pele quente e úmida, tremores, fraqueza muscular e hiperdefecação - obs: hipertireoidismo apático – em pacientes idosos, em que não há os sintomas da hiperatividade adrenérgica (agitação, nervosismo etc.), mas astenia intensa, fraqueza muscular e prostração ou depressão grave. Podem predominar manifestações CV (fibrilação atrial fibrilação atrial e/ou insuficiência cardíaca refratárias ao tratamento usual). -quanto mais idoso o paciente, mais atípicas são as manifestações da DG 2. BÓCIO - na dg, o bócio é difuso (tende a ser pequeno nos idosos) - observado em 97% dos casos - pode ser assimétrico ou lobular, com volume variável - em alguns pacientes, há frêmito e sopro sobre a glândula, produzidos por um notável aumento do fluxo sanguíneo, sendo esse achado exclusivo da doença (BÓCIO DIFUSO + HIPERTI = DG) 3. OFTALMOPATIA - tem a mesma etiopatogênese autoimune do hipertireoidismo da DG -> os anticorpos reagem provocando autoagressão intraorbitária, assim como no tecido tireoidiano - edema periorbital + exoftalmia = praticamente confirma DG - a oftalmopatia pode preceder hipertireoidismo (20% das vezes), sucedê-lo (40%) ou surgir junto (40%) - oftalmopatia + SEM hipertireoidismo = doença de graves eutireóideia - pode ser clinicamente evidente (20-30%) devido ao espessamento dos mm extraoculares e ↑ gordura retrobulbar => ↑ TSH -> nos receptores dos adipócitos e fibroblastos -> levando ao ↑ pressão intraorbitaria => protusao do globo ocular (proptose ou exoftalmia) + ↓ drenagem venosa, resultando em edema da conjuntiva (Quemose) e hiperemia conjuntival *manifestações oculares no hipertireoidismo: → oftalmopatia de graves: - achados clássicos: ∘ Aumento de volume dos músculos extraoculares ∘ exoftalmia unilateral ou, em geral, bilateral. Quando uni, precisa ser diferenciada de um tumor retrobulbar ou malformação arteriovenosa por meio de tomografia computadorizada (TC) ∘ Edema periorbital ∘ Quemose e hiperemia conjuntival ∘ Fotofobia →classificacao da oftalmopatia de graves: • Achados ocasionais ∘ Diplopia ∘ Oftalmoplegia ∘ Ptose palpebral • Achados nos casos mais graves: (tabagista / homem idoso) ∘ Disfunção do nervo óptico ∘ Defeitos nos campos visuais óptico (por compressão ou isquemia) ∘ Perda da visão Decorrentes da hiperatividade adrenérgica • Retração palpebral • Olhar assustado • Sinal de lidlag presente (retardo na descida da pálpebra superior quando o globo ocular é movido para baixo). Obs: mas ocorrem em qualquer forma de tireotoxicose, por serem consequentes à hiperatividade adrenérgica 4. DERMOPATIA / MIXEDEMA PRÉ-TIBIAL - acomete apenas 5-10% - maioria das vezes, associada à oftalmopatia (geralmente grave) e a títulos elevados de TRAb - o que é? espessamento da pele, particularmente na área prétibial, devido ao acúmulo de glicosaminoglicanos. - As lesões são apresentadas em placas e, nelas, a pele está bem espessada, com aspecto de casca de laranja e coloração violácea - local: toda a parte inferior da perna e pode se estender até os pé *onicólise (unhas de plummer) – separação da unha do seu leito ungueal →DIAGNÓSTICO LABORATORIAL * Exames bioquímicos e hormonais 1. FUNCAO TIREOIDIANA a) hipertireoidismo franco: - TSH: baixo ou indetectável - ↑ T4 / T3 (tanto livre, quanto total que é quando o hormônio esta ligado à globulina de ligação da tiroxina) b) t3-toxicose - T3-toxicose: quando somente o T3 esta elevado + ↓ TSH = situação comum na fase inicial da doença ou em casos de recidiva c) hipertireoidismo subclínico: apenas baixos níveis de TSH e T3/T4 normais 2. TRAB - dosagem de TRAB na avaliação diagnóstica inicial do hipertireoidismo é recomendada mas não seria obrigatória nos pacientes com bócio difuso e manifestações clássicas da DG (p. ex., orbitopatia ou dermopatia) - antes pedia somente: : (1) no diagnóstico da DG eutireóidea; (2) no dx do hipertireoidismo apático; (3) na distinção entre DG e tireoidite pós-parto ou tireoidite subaguda linfocítica; (4) na avaliação do risco de recidiva do hipertireoidismo após a suspensão do tratamento com as tionamidas e (5) em gestantes com DG - dosagem pode ser útil na escolha do tto inicial da DG TRAb ≥ 12 U/ ℓ , a chance de remissão definitiva com os antitireoidianos de síntese seria muito baixa - TRAb incluem anticorpos estimuladores (tsi) e bloqueadores, sendo que na DG predominam os estimuladores (os bloq predominam na tireoidite de Hashimoto) - método de dosagem: ensaio de competição que mede a inibição da ligação um anticorpo monoclonal marcado para o TSHR ou TSH marcado a um TSHR recombinante. Tal ensaio não diferencia os TSI dos TRAb bloqueadores 3. OUTROS ANTICORPOS ANTIREOIDIANOS - 50% apresentam anticorpos antitireoglobulina (antiTg) e até 90%, anticorpos antitireoperoxidase (antiTPO) 4. PARAMETROS HEMATOLOGICOS - DG não tratada: leucopenia (comum), hipercalciúria e hipercalcemia (ocasionais), ↑TGO/TGP (em até 1/3 dos casos) e hiperbilirrubinemia (nos casos mais graves). Além disso, pode ser encontrada ↓CT e do LDL-c *Exames de imagem 1. CAPTACAO IODO RADIOATIVO NAS 24H (RAIU/24) - raiu/24h elevada em praticamente 100% dos casos de DG, diferente dos casos de tireotoxicose secundária à tireoidite subaguda linfocítica e tireoidite pós-parto, situações em que a RAIU/24 h está muito baixa ou ausente - solicitar somente se dúvida diagnóstica entre a DG e as mencionadas patologias (alternativa: trab) 2. USG - mesma sensibilidade da RAIU/24. - vantagens da US: se, exposição à radiação ionizante, maior precisão na detecção de eventuais nódulos tireoidianos e custo mais baixo - USG com doppler – diferenciar DG (glândula hipoecogênica difusamente aumentada) da tireotoxicose induzida pela destruição folicular (volume glandular e fluxo sanguíneo diminuídos) 3. CINTILOGRAFIA TIREOIDIANA - Cintilografia com iodo radioativo ( 123 I ou 131 I) ou tecnécio deve ser realizada em pacientes hipertireóideos com nódulos identificados à US, a fim de avaliar se tais nódulos são “quentes” ou “frios” 4. PAAF – punção aspirativa por agulha fina - indicada se encontrados nódulos tireoidianos normo ou hipocaptantes à cintilografia (tais nódulos teriam maior risco para malignidade em pacientes com DG) →DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS *devemos pensar em causas secundarias de ↑Hormonios tireoidianos quando ausentes orbitopatia e/ou dermopatia. (pensaremos principalmente em TSL – tireoidite subaguda linfocitica e bócio nodular toxico) -> possibilidade de TSL - maior chance em pacientes com bócios pequenos, tireotoxicose pouco intensa e de curta duração (< 3 meses) e relação T3/T4 < 20) - não há síntese excessiva de T3 e T4, mas liberação exagerada dos mesmos, resultante da destruição dos folículos tireoidianos pelo processo autoimune -> por isso o tto reside em beta-bloq DIFERENCIAR HIPERTIREOIDISMO DE TIREOTOXICOSE *TIREOTOXICOSE: definido pelo estado do excesso dos hormônios tireoideanos (T3/T4) - os pacientes com tireotoxicose nem sempre apresentam hipertireoidismo (hiperatividade da glândula). Por exemplo, em portadores de tireotoxicose causada por superdosagem de HT, a tireóide está suprimida. - pacientes com tireotoxicose causada por hipertireoidismo requerem alguma forma de tto antireóideo *HIPERTIREOIDISMO: é um estado de tireotoxicose. implica a hiperfunção da tireoide como a fonte do excesso hormonal - todo hipertireoidismo causa uma tireotoxicose, mas nem toda tireotoxicose ocorre por hipertireoidismo → causas de hipertireoidismo *** dependente do ↑producao de hormônio T3/T4 • Estimulação anormal da tireoide por anticorpos TRAb -> Doença de Graves • Estimulação anormal da tireoide por gonadotrofina coriônica humana (hCG) • Mola hidatiforme • Coriocarcinoma • Produção excessiva de TSH -> Tumor hipofisário secretor de TSH (tirotropinoma) -> Resistência hipofisária ao T3 e T4 • Produção autônoma excessiva de T3 e T4 (independente do TSH) -> Adenoma tóxico (mutação no receptor do TSH) -> Bócio multinodular tóxico ->Carcinoma folicular -> Efeito JodBasedow (hipertireoidismo induzido por excesso de iodo ou amiodarona) Obs: efeito Wolff-Chaikoff: supressão em um curto período dos hormônios da tireoide tanto em pessoas normais e com doenças da tireoide. Normalização em 2-4 sem - efeito de Jod-Basedow: acomete pessoas com alguma doença na tireoide a longo prazo. **independente do ↑da produção de T3/T4 – tireotoxicose • Liberação aumentada de T3 e T4 -> Tireoidite subaguda granulomatosa (dolorosa) -> Tireoidite subaguda linfocítica (indolor) • Fonte extratireoidiana de T3 e T4 ->Tireotoxicose factícia (ingestão excessiva de T3 ou T4) ->Tireotoxicose por hambúrguer • Produção ectópica de T3 e T4 -> Teratoma ovariano (struma ovarii) -> Metástase funcionante de carcinoma folicular → A tireotoxicose induzida pela amiodarona (AIT) é mais prevalente em áreas deficientes em iodo, afeta cerca de 3 a 4% dos indivíduos tratados - pode surgir 4 meses a 3 anos após o início da terapia ou após sua interrupção - classificada em tipo 1 ou tipo 2: *AIT tipo 1 (AIT 1) é uma forma de hipertireoidismo induzido pelo iodo (efeito JodBasedow), desenvolve-se em indivíduos com doença tireoidiana subjacente ou antiTPO + e resulta do aumento da síntese e liberação de hormônios tireoidianos. *AIT tipo 2 (AIT 2): tireoidite destrutiva, e a tireotoxicose resulta da liberação excessiva de T3 e T4 na circulação →FORMAS ATIPICAS DA DG - idosos: hipertireoidismo apático, em que as manifestações clássicas da DG habitualmente estão ausentes, com predomínio da sintomatologia cardíaca - dg deve ser considerada em qualquer paciente com fibrilação atrial ou insuficiência cardíaca sem causa aparente e/ou refratárias ao tratamento usual - casos de amenorreia ou infertilidade - outras manifestações atípicas da DG: ginecomastia, anemia, pancitopenia, vômitos, icterícia colestática, hipertensão pulmonar e insuficiência cardíaca direita - Após o início do tratamento, os pacientes devem ser avaliados a cada 4 a 6 semanas. - alcançado o eutireoidismo, a dose da tionamida deve ser reduzida gradualmente até que se obtenha a menor dose que mantenha os pacientes eutireóideos. - dose usual de manutenção é de 5 a 10 mg/dia para o MMI e de 50 a 100 mg 2 vezes/dia para o PTU -> duração do tto - adultos: ideal uma duração de 12 a 18 meses - caso os títulos de TRAb estejam elevados ao resolver interromper o tto, recomenda-se manter o MMI por mais 12 meses ou submeter o paciente a um tratamento definitivo (cirurgia ou radioiodo). - criancas e adolescentes: pelo menos 24 meses - ↑ risco de recidivas →TRATAMENTO = abordagens: (1) uso de drogas antitireoidianas (DAT)/tionamidas, para normalizar a produção de T3 e T4 (2) destruição da tireoide, usando o RAI (3) remoção cirúrgica da tireoide - escolha de uma modalidade em detrimento de outras deve ser feita com base em características clínicas, socioeconômicas e preferências do médico assistente e do paciente (1) TTO MEDICAMENTOSO -> ANTIREOIDIANOS DE SÍNTESE | TIONAMIDAS a) 1ª opção - MMI (METIMAZOL): longa duração permite dose única diária B) PTU (PROPILTIOURACIL): adm 2/3x/dia - MMI permite eutireoidismo de modo mais frequente e mais rápido, além de ser mais bem tolerado e causar menos hepatotoxicidade -> mecanismo de acao - inibição da síntese de T4 / T3 dentro das células foliculares, por interferirem na organificação (formação de MIT e DIT) e no acoplamento (junção de MIT e DIT para formar T3 e T4) das iodotirosinas, pelo bloqueio da peroxidase tireoidiana, enzima responsável pela iodinação dos resíduos tirosínicos na tireoglobulina - tionamidas não inibem a captação do iodo pela tireoide nem afetam a liberação dos hormônios já sintetizados e estocados dentro da glândula, por isso efeito é melhor visto após 10-15 dias - Além disso, PTU, mas não MMI, inibe a conversão periférica de T4 em T3 por ação na deiodinase tipo1 => ↓ T3 e ↑ T3 reverso, quando usado em doses elevadas (p. ex., > 600 mg/dia) - efeitos imunossupressores: ↓ níveis séricos de TRAB -> posologia MMI - dose inicial deve ser de 10 a 30 mg/dia PTU – dose inicial de 100 mg/dia 3x/dia *dose inicial baseada no grau de elevação de T4 livre (FT4): - 5 a 10 mg/dia, se FT4 estiver 1 a 1,5 vez o limite superior da normalidade (lsn) - 10 a 20 mg/dia se FT4 entre 1,5 e 2 × LSN - 30 a 40 mg/dia, se FT4 2 a 3 × LSN ->acompanhamento -> eficácia do tto - maioria alcança a normalização hormonal, mas as recidivas são frequentes - remissão: níveis normais de TSH e hormônios tireoidianos 12 meses após a suspensão da DAT - recidivas são mais comuns no primeiro ano póssuspensão do tratamento * pacientes com maior chance de recidiva: ->fatores que influenciam a resposta a longo prazo *duração do tto com as tionamidas: pctes tratados por 6 meses têm resposta menos favorável em comparação aos medicados por 12 a 24 meses *dose da tionamida: taxa de remissão definitiva parece similar se usada dose alta ou baixa, o que muda é a velocidade de para alcançar o eutireoidismo *idade/sexo: a remissão menor em homens, e em pctes com menos de 40 anos *tamanho do bócio: grandes bócios (≥ 80 g) = pior prognostico *função tireoidiana: níveis iniciais de T3 > 500 ng/dℓ estão associados a maior chance de recidiva *trab: níveis elevados de TRAb ao final do tto estão associados a maior taxa de recidiva do hipertireoidismo. As maiores taxas de recidiva são nos pacientes com TRAb > 12 U/ ℓ ao diagnóstico, > 7,5 U/ℓ após 12 meses de DAT ou > 3,85 U/ℓ após 18 meses ou ao término do tratamento. TRAb > 12 U/ℓ ao diagnóstico deveriam ser preferencialmente tratados com radioiodo *outros fatores: período pós-parto em mulheres que se encontravam em remissão durante a gestação. Maior tendencia de recidiva naqueles que tiveram oftalmopatia. Tabagistas apresentam maior risco de recorrência -> tto prolongado - alguns pacientes, tanto jovens quanto idosos – não optam por uma terapia definitiva com cirurgia ou radioiodo, diante da recidiva. Nesses casos, considerar duas possibilidades: (1) manutenção de terapia a longo prazo, com baixas doses de tionamidas (p. ex., 5 a 10 mg de MMI, diariamente ou em dias alternados), ou (2) cursos intermitentes de tionamidas sempre que a condição ressurgir *se CI (asma brônquica, DPOC ou bloq cardíaco) antagonistas do cálcio diltiazem ou verapamil -> efeitos colaterais - mais comuns nos primeiros 3 a 6 meses de tto - dose-dependente com o MMI – menos comum se dose < 10/20 mg/dia - sem relação de dose com o ptu - reações mais comuns são alérgicas - prurido, erupção cutânea, febre e artralgias. Nesses casos, pode-se trocar por outra tionamida ou adicionar um anti-histaminico - Ocasionalmente, também se observam epigastralgia, cãibras, dores musculares, edema, fadiga geral, queda ou pigmentação anormal dos cabelos e alteração do paladar (mais comum com o MMI) - efeitos colaterais graves das DAT: alterações hematológicas – agranulocitose - e a hepatotoxicidade (↑ transaminases – por isso importante dosar antes do inicio do tto. Interromper se > 3x LSN) (2) IODO RADIOATIVO radioiodo (131 I) – controla o hipertireoidismo, tornando o paciente hipotireóideo - adm facilmente VO, em solução ou cápsulas (↓R$) - Pode ser empregado como terapia inicial ou como terapia definitiva de segunda linha, nos casos de recidiva após o uso das DAT *dose: 160 a 200 μCi/g (5,9 a 7,4 MBq/g) - ou microcuries (μCi) ou megabecquerels (MBq) por grama (g) de tecido tireoidiano, com base no tamanho da tireoide e na captação de 131 I de 24 horas *eficácia: a resposta depende da dose. ↑ dose levam a maior sucesso. A maioria tem melhora dos sintomas dentro de 4/8 semanas *fatores que influenciam a resposta: ↓bócio tem reposta melhor. Características mais comuns de falha: sexo masculino, tabagismo, bócio grande (> 50 g); RAIU/24 h muito elevada (> 90%) e ↑ T3 (> 500 ng/mℓ) **agranulocitose – supostamente de etiologia autoimune - principal e mais temida reação adversa das tionamidas, mais comum em pctes > 40 anos após o uso descontínuo do PTU ou com doses de MMI a partir de 20 mg/dia e, sobretudo, 30 mg/dia. - dx: granulócitos < 500/mm3 - sintomas da agranulocitose estão relacionados com infecções da orofaringe (dor de garganta e/ou febre); mas, sepse, infecções de pele e outras infecções sistêmicas, como diarreia e mialgias, são possíveis formas adicionais de apresentação - leucopenia é um achado frequente na DG, por isso é importante fazer um leucograma antes do início da terapia com as DAT - Conduta frente à agranulocitose: pacientes em uso de tionamidas devem ser alertados a descontinuar a medicação e realizar leucograma, se febre, dor de garganta, úlceras de boca ou outros sintomas de infecção - interrupção do tratamento se a contagem de granulócitos cair para menos de 1.500 mm - tto: descontinuação da tionamida + hopspitalizacao para monitoramento + terapia com antibióticos de amplo espectro -> Qual tionamida escolher? - MMI deve ser a opção de escolha para praticamente todos os pacientes, exceto durante o 1º trimestre da gravidez, quando o PTU é preferível. A partir do segundo semestre, o PTU deve ser trocado por MMI Obs: MMI no 1º trimestre - Aplasia congênita da cútis nos bebes – ausência circunscrita da pele no couro cabeludo - MMI e PTU aparecem no leite materno em pequenas e similares concentrações - mulheres que estejam amamentando: dose do MMI não ultrapasse 20 mg/dia e a do PTU, 450 mg/dia, a fim de não comprometer o funcionamento da tireoide da criança -> BETABLOQUEADORES Indicação: idosos com tireotoxicose sintomática e outros pacientes tireotóxicos com FC de repouso > 90 bpm ou doença cardiovascular coexistente - uteis no inicio do tto com tionamidas, já que tem rápido efeito nos sintomas do sist. Nervoso simpático (nervosismo, insônia, taquicardia, palpitações, sudorese, etc.) - geralmente suspensos após 3 / 4 semanas * Propranolol - 40 a 120 mg/dia, em duas a três doses - Alternativa: β1 seletivos - atenolol, 50 a 100 mg/dia *complicações: - O hipotireoidismo pós 131I pode ser transitório (25%) hipotireóideos nos primeiros 6 meses pós dose. Se o paciente for muito sintomático, deve-se iniciar LT4 e suspender o tratamento após 6 meses, a fim de verificar se houve reversão do quadro. Quando o hipotireoidismo se desenvolve ou persiste após 1 ano, quase sempre ele é permanente - tireoidite e actínica ou por radiação: é transitória e ocorre em até 3%. Pode causar dor na região cervical anterior (com duração de 3 a 4 semanas) e, às vezes, piora do hipertireoidismo pela liberação de T3 e T4 no sangue - doença ocular tireodiana: o radioiodo pode piorar a doença ocular, sendo o tabagismo o principal FR. Isso pode ser prevenido com uso de glicocorticoides. Considerar se: (1) indivíduos fumantes, (2) presença de oftalmopatia ativa (mesmo se leve a moderada) e (3) hipertireoidismo grave; (4) TRAb > 8,8 U/ℓ *0.4/0.5 mg prednisona - 1 a 3 dias após a adm de radioiodo e mantido por 30 dias – desmamar gradual em 2m -> a adm de radioioido sem uso prévio de dat deve ser evitado em idosos e naqueles com comorbidades (cardiopatas, DM descompensada) ou hipertireoidismo grave (t4 L > 2/3x acima do LSN) ***CI - gravidas ou em amamentação - recomendação que não seja adm em homens e mulheres que planejam filhos nos 4 a 6 meses seguintes OBS: nódulos tireoidianos – não se sabe se nódulos têm maior risco de malignidade em DG. Por isso, tem sido sugerido que pacientes com nódulos não funcionantes ≥ 1 cm (hipoecoicos) ou ≥ 1,5 cm (iso ou hiperecoicos) façam PAAF antes do radioiodo -> monitoramento após radioiodo - função tireoidiana checada após 15 dias e, depois, mensalmente ou a cada 2 meses - iniciar reposição de LT4 de imediato se evidências laboratoriais de hipotireoidismo - nova dose de 131I deve ser considerada nas seguintes situações: (1) persistência do hipertireoidismo após 6 meses e (2) resposta mínima ao tratamento após 3 meses (3) TIREOIDECTOMIA - vantagens: rápida normalização de T3 e T4 e maior efetividade nos casos com sintomas compressivos. - desvantagens:o custo, a necessidade de hospitalização, o risco anestésico e as complicações inerentes à cirurgia (hipoparatireoidismo, lesões do nervo recorrente laríngeo, sangramento, infecção e hipotireoidismo) - procedimento de escolha é a tireoidectomia total (TT) -> pré-operatorio - Antes da cirurgia, sempre que possível: deve ser tratado com uma tionamida (MMI, de preferência, pelo efeito mais rápido) até a obtenção do eutireoidismo (cerca de 4 a 8 semanas) - se urgência ou intolerância à tionamidas: dexametasona (2 mg de 6/6 h, VO/EV) + solução saturada de iodeto de potássio (2 gotas VO, 3 X/dia) + propranolol (40 mg de 8/8 h) + colestiramina (4 g 4 X/dia) durante 5 dias - Nos 10 dias que antecedem a cirurgia, deve-se adm também iodeto de potássio na forma de solução saturada (50 mg de iodeto/gota; 1 a 2 gotas) ou solução de lugol (8 mg de iodeto/gota; 5 a 7 gotas) 3 vezes/dia, misturado em água ou suco. Esse tratamento é benéfico porque diminui o fluxo sanguíneo para a tireoide, torna a glândula menos vascularizada e reduz a perda de sangue durante a cirurgia -> EMBOLIZACO DAS ARTERIAS TIREOIDEAS - novo tto – provoca inflamação e morte celular -> TTO DA DG NA INFANCIA - raro na infância (1-5%), mas é a causa mais frequente de hipertireoidismo na faixa etária pediátrica. - predomínio no sexo feminino, ↑ com a idade, e alcança o pico na adolescência - sinais e sintomas clássicos do hipertireoidismo *tto de escolha: DAT ou tionamidas - difícil adesão * tionamidas: MMI 0,5 a 1 mg/kg/dia, com uma dose máxima de 30 mg/dia, 1 vez/dia. PTU CI pela hepatotoxicidade – remissão 12/24 meses * tto adicional com betabloqueadores (atenolol, 1 a 2 mg/kg, 1 vez/dia, ou propranolol, 1 a 2 mg/kg, em 2 a 3 doses/dia), durante as primeiras 2 a 4 semanas de tratamento, pode ser recomendado até ser alcançada a normalização dos hormônios tireoidianos *cx: escolha principal nos mais jovens (< 5 anos), em bócios mais volumosos (80 g) e no raro adenoma tóxico.131I pode ser utilizada a partir dos 5 anos de idade, porém costuma-se reservá-la para após a puberdade (200 a 300 μCi/g, com dose máxima de 10 mCi em crianças com idade < 10 anos). O RAI deve ser evitado em crianças muito jovens (< 5 anos de idade), pelo risco potencial de neoplasias REFERÊNCIA: Lucio Vilar et al. Endocrinologia clínica. 7. ed. ¬ Rio de Janeiro :Guanabara Koogan, 2021 Hipotireoidismo DEFINICAO - síndrome clínica resultante da deficiente produção ou ação dos hormônios tireoidianos (HT), com consequente alentecimento generalizado dos processos metabólicos. →CLASSIFICACAO HIPOTIREOIDISMO • Primário (95%) mau funcionamento da própria tireoide. ↑ com a idade • Secundário: de causa hipofisária, por deficiência de TSH = tireotrofina • Terciário: por deficiência hipotalâmica do TRH ->hipotireoidismo central é preferível porque nem sempre é possível distinguir entre causas hipofisárias e hipotalâmicas. ->hipotireoidismo periférico ou extratireoidiano: decorrente de resistência à ação periférica dos HT ou de sua metabolização aumentada FATORES DE RISCO DO HIPOTIREOIDISMO PRIMARIO • idade > 60 anos • sexo feminino • puerpério – na gravidez tem ↓ imunidade para manter a gestação • bócio •doença tireoidiana ou extratireoidiana autoimune •história familiar de doença tireoidiana •doenças genéticas -> síndromes de Down e de Turner • Hx de radioterapia para cabeça e pescoço (radiação externa e iodo radioativo) • Fármacos (amiodarona, lítio, tionamidas, interferonα etc.) •dieta pobre em iodo (leite, ovos, sal iodado, peixes marinho, frutos do mar) - tireoidite de riedel – substituição do tecido tireoidiano por tecido fibroso - doenças infiltrativas, como hemocromatose, sarcoidose, esclerose sistêmica progressiva, amiloidose ou cistinose (até 86% em adultos) - Fármacos (amiodarona, lítio, tionamidas, inbidores de tirosinoquinase, inibidores do checkpoint imune etc.) - Iatrogênica: radioidioterapia, tireoidectomia etc. - Disgenesias tireoidianas, distúrbios genéticos - O câncer da tireoide tipicamente não causa hipotireoidismo * tto do hipertireodisimo: geralmente primeiro ano após tto →etiologia em crianças de hipotireoidismo *hipotireoidismo adquirido: bócio atóxico em criancas e adolescentes. É raro antes dos 4 anos. Baixa ingestão de iodo – causa mais comum em crianças *hipotireoidismo congênito: desde o período neonatal. Pode ser permanente ou transitório. Principais causas de hipotireoidismo congênito transitório são: ingestão excessiva (ou deficiente) de iodo pela mãe; ingestão de tionamidas (metimazol ou propiltiouracil) por mães c/ hipertireoidismo; passagem placentária de anticorpos maternos bloqueadores do receptor de TSH. Habitualmente, ele reverte até a idade de 3 anos hipotireoidismo congênito permanente é o distúrbio endócrino congênito mais frequente. Uma das principais causas de retardo mental preveníveis. Causa: disgenesias tireoidianas (defeito na formação glandular. 10-15% é consequência de defeito nas etapas da síntese dos HT = disormonogênese, e a presença de bócio é obrigatória sd. de Pendred: surdez neurossensorial bilateral e bócio, com ou sem hipotireoidismo. Mutações no gene SLC26A4 →ETIOLOGIA HIPOTIREOIDISMO ETIOLOGIA DO HIPO PRIMÁRIO TIREOIDITE DE HASHIMOTO - é variável e depende de fatores dietéticos e geográficos – como quantidade de iodo alimentar, ingestão de bocígenos alimentares, características genéticas da população etc. – e, sobretudo, da faixa etária dos pacientes (se adultos ou crianças) = tireoidite crônica autoimune = tireoidite linfocitica crônica - causa mais comum de hipotireoidismo em regiões sem deficiência de iodo (> 90%) - mais comum em mulheres (3:1) - etiologia é desconhecida, mas envolve fatores genéticos (HLA-DR3, HLA-DR5, HLA-B8), e fatores adquiridos como infecções virais e consumo de iodo - ocorre por uma reação imunológica à antígenos tireoideanos, formando imunocomplexos nas cels foliculares e fazendo uma infiltração linfocitária e hiperplasia folicular - anticorpo mais comum (95-100%) – anti-TPO (antitireoperoxidase), mas vale lembrar que pacientes jovens podem apresentar níveis baixos ou ausentes de anti-TPO →etiologia em adultos de hipotireoidismo * doenças tireoidianas - tireoidite de Hashimoto: causa mais comum de hipotireoidismo. Doença autoimune por anticorpos antitireoperoxidase (antiTPO). - doença de graves: devido à agressão glandular, no estagio final da doença podemos ter hipotireoidismo - tireoidites subagudas (granulomatosa, linfocítica e pósparto) - transitório na grande maioria das vezes. - outros anticorpos: antitireoglobulina, antirreceptor de TSH, antitransportador de iodo → fase inicial: ↑ dos hormônios tireoidianos (hashitoxicose), geralmente assintomática – hipertireoidismo em 5% → 2ª fase: hipotireoidismo subclínico (↑ TSH + T4/3 nl), efeito wolff-chaikoff – bloqueio da função tireoidiana quando tem iodeto em excesso. Já o efeito jod-basedow, é a hiperativação da glândula quando em excesso de iodo, tipicamente em pacientes com doenças de tireoide subjacente → 3ª fase: hipotireoidismo clinico; 5% ao ano - 75% dos pacientes – BÓCIO (qualquer alteração da estrutura da tireoide, geralmente por ↑ do seu volume). Na maioria das vezes, ainda estarão numa fase inicial do hipotireoidismo, já que a glândula ainda esta aumentada. O bócio é difuso, porem, algumas vezes, pode ter um espectro multinodular (comum hipotireoidismo cursar com pseudonódulos). 20-25% são sem bócios ou possuem forma atrófica *associação com outras doenças autoimunes: vitiligo, anemia perniciosa, doença de addison, DM1, doença celíaca. Outras doenças: sd. de down e sd de turner *risco de linfoma de tireoide: suspeitar se aumento súbito ou localizado do bócio e/ou sintomas compressivos ETIOLOGIA CENTRAL HIPOTIREOIDISMO 1. ADQUIRIDO → perda de tecido funcionante - tumores – adenoma hipofisário, craniofaringioma (criancas*), meningioma, glioma, disgerminoma, glioma, metástases) - traumatismo; tto cirúrgico e/ou radioterápico (+ comum em adultos) - Comprometimento vascular (sd de Sheehan (necrose hipofisária pos parto), apoplexia hipofisária, secção da haste, aneurisma da carótida interna, anemia falciforme, AVC isquêmico) Infecções (abscesso, tuberculose, sífilis, toxoplasmose) - Dças infiltrativas (sarcoidose, histiocitose, hemocromatose) - Hipofisites - Lesões congênitas (hipoplasia hipofisária, displasia septoóptica, encefalocele basal) →defeitos na biossíntese e na liberação do TSH - Fármacos: dopamina, dobutamina, glicocorticoides, bexaroteno; interrupção da terapia com levotiroxina 1. Hipotireoidismo consuntivo - Tumores produzem muita enzima D3 (inativador fisiológico de T3(conversão em T2) e T4 (conversão em T3 reverso) 2. Resistencia aos hormônios tireoidianos (muito rara) – RHT - mutações nos genes dos receptores β ou α dos HT – RHTβ – mais comum que α → SINAIS E SINTOMAS depende do espectro de gravidade (duração/intensidade) - queda geral do metabolismo + acumulo de glicosaminoglicanos no interstício de órgãos e tecidos (efeito trófico do TSH) - a expressão do hipot -> mixedema • ALTERACOES GERAIS: - fadiga - voz rouca e fala lentificada - lentificacao dos movimentos - intolerância ao frio - ganho de peso discreto – decorrente da retenção hídrica - ↑ glicosaminoglicanos => edema duro - macroglossia (↑ glicosamino) • ALTERACOES CUTANEAS - pele fria, pálida, seca - hipoidrose - cabelos e unhas secos e quebradiços - madarose • ALTERACOES HEMATOLÓGICAS (reverte c/ tto) - anemia normo-normo - anemia megaloblástica (↓ absorção b12 – será necessário reposição parenteral de b12) - anemia ferropriva (alteração da absorção / ciclo menst) (hipo/micro) • ALTERAÇÕES CARDIOVASCULARES - ↓ debito cardíaco por conta da anemia - bradicardia - hipocontratilidade - HAS - ↑ PAD – faz vasoconstrição periférica - hipercolesterolemia (LDL precisa da tiroxina para mobilização da lipase lipoproteica) - cardiomegalia por ICC (pode reverter com tto) - ↑ dac – aterosclerose 2. CONGENITO - mutações nos genes do receptor do TSH e TRH, ou nos genes do TSHβ, POU1F1, PROP1 e HESX1 • ALTERAÇÕES METABÓLICAS - ↑ LDL-colesterol - gene do receptor hepático de LDL são T3-dependentes (hipot - ↓ t3) - ↑ TGC - ↓ atividade lipase lipoproteica - ↑ LDL - ↑ oxidação = ↑ risco aterosclerose - doença hepática gordurosa não alcoolica ETIOLOGIA PERIFÉRICO • ALTERAÇÕES RESPIRATÓRIAS - dispneia aos esforços - apneia do sono HIPOTIREOIDISMO - derrame pleural • ALTERAÇÕES RENAIS - ↓ da TGF e ↓ fluxo sanguíneo renal por ↓DC, com isso ↑ Cr, ↑ ác. Úrico e ↑ mg2+ • ALTERAÇÕES TGI - anorexia - constipação (retardo do esvaziamento - redução do paladar - distensão gasosa • ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS - ↓ memoria e concentração - cefaleia - tontura - zumbido - astenia - fala lenta ou arrastada - hiporreflexia profunda - depressão - lentificação dos reflexos tendíneos profundos - ataxia cerebelar - sd. túnel do carpo (↑ glicosaminoglicanos) • ALTERAÇÕES MUSCULOESQUELÉTICAS - artralgia, rigidez articular - mialgia - caibra - fraqueza - ↓ crescimento linear de epífises (infância) • ALTERAÇOES ENDÓCRINAS - hiperprolactinemia (↑ TRH) - hiporresponsividade do GH sinais hipotireoidismo na infância - RN: persistência da icterícia fisiológica, choro rouco, constipação intestinal, sonolência, problemas com a alimentação, hérnia umbilical, atraso da maturação óssea, e se não tratado certo e rápido, tem grave e irreversível retardo mental. - a maioria dos casos de hipotireoidismo congênito não tem, ao nascimento, sinais ou sintomas da doença - por isso, deve-se rastrear hipot. Congênito pelo “teste do pezinho” - hipot > 2 anos: não tem retardo metal. Sd se manifesta por baixa estatura, atraso no desenvolvimento puberal - cretinismo: hipotireoidismo congênito + retardo mental + baixa estatura + inchação da face e das mãos. Com frequência, acompanhasse de surdo-mudez e sinais neurológicos de anormalidades dos tratos piramidal e extrapiramidais → DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO LABORATORIAL • Hipotireoidismo PRIMÁRIO (alteração tireoide) - ↑ TSH e ↑ T4 livre (t3 se eleva depois somente) - hipotireoidismo subclínico: ↑ TSH e T4/T3 normais - T3-tireotoxicose: ↑ T3 preferencial OBS: pequenas alterações no T4 causam grandes variações no TSH. Por isso, dosar T3 não é necessário, ainda mais porque se altera mais tardiamente valores de referência o TSH normal: 0.5 a 5 mU/L o TSH IDOSOS: até 9 mU/L o TSH gestantes: 0.45 – 2.5 mu/L no 1º trimestre e até 3 mui/l no 2º e 3º trimestre (beta-HCG também estimula a formação dos HT, isso porque a subunidade beta é semelhante a molécula do TSH. Isso é um mecanismo de defesa, haja visto que a formação bem-sucedida do SN depende da tiroxina - dosar anticorpos: anti-TPO (menos comum: antireoglobulina) – se presentes: tireoidite hashimoto • Hipotireoidismo central - TSH baixo / ou muito alto / ou normal + T4 sempre baixo ((ou seja: por conta de algum problema hipofisário/hipotalâmico, eu não tenho estimulo para produção de T4)) - solicitar RM hipófise * Outros exames lab inespecíficos: → anemia: ○ normo/normo – hipoproliferativa ○ macro – anemia perniciosa ○ micro/hipo – menorragia → ↑ LDL e TGC → ↑ enzimas musculares séricas – CPK, aldolase, LDH, TGO) → ↑ Prolactina, LH e FSH → TRATAMENTO • Levotiroxina (L-T4) em dose única diária * orientações: pela manhã e com estomago vazio (30-60 min antes do café, caso não seja possível, tomar antes de dormir em jejum) - Não usar T3 – triiodotironina * posologia: L-T4 tem meia via de 7 dias, por isso dose única - dose varia com idade, peso e presença de comorbidades - geralmente: 75-100 mcg/d 100-150 mcg/d • SITUAÇÕES ESPECIAIS: > 65 anos de idade, coronariopatas ou com hipotireoidismo grave de longa duração: iniciar a com 12,5 a 25 μg/dia - ajuste de 12.5-25 mcg, dosar intervalos de 15 a 30 dias (VILAR, 2021) > 60 anos: iniciar com 50 mcg/dia e o cardiopata grave iniciar com 12.5-25 mcg/dia (PROFESSORA) - ajuste de 12.5-25 mcg, dosar após 6 sem • TTO HIPOTIREOIDISMO CENTRAL - ajuste de dose de acordo com T4 – visar t4 no terço superior da normalidade (normal 0.7-1.8 ng/dl – 1.8/3=0.6-> obj: 1.8+0.6= 2.4) - exames devem ser feitos a cada 8-6 sem até se atingir a dose de manutenção →MONITORAMENTO DO TTO - resposta ao tto - avaliada pela dosagem do TSH após 6 semanas, tempo mínimo ideal para observar resposta do TSH - reajuste com 12.5-25.5 mcg/dia se tsh ainda alto - meta TSH: dentro do valor de ref (0.5-5) - se ↓ tsh = necessidade de ↓ da dose →EFEITOS ADVERSOS - doses excessivas: podem causar hipertireoidismo – taquicardia, palpitações, arritmias, elevação da PA, osteoporose →RESPOSTA AO TTO - investigar ma adesão e fatores que reduzem a absorção e a metabolização da LT4 → DURAÇÃO DO TTO - depende da etiologia *tireoidite de Hashimoto – para toda a vida *tireoidite pos parto, tireoidites granulomatosas, ablacao actinica, pos-cx: transitório *disgenesia; ad eternum – para toda a vida →MANEJO DO HIPOTIREOIDISMO EM SITUACOES ESPECIFICAS 1. HIPOTIREOIDISMO SUBCLINICO (↑TSH/T4 NL) - 5% vao progredir para hipotireoidismo manifesto - esse ↑ tsh pode ser apenas um estado transitório por convalescença de doenças não tireoidianas, insuficiência adrenal, uso de medicações como metoclopramida ou domperidona - SEMPRE repetir a dosagem de TSH após 1-3 meses para confirmar dx - considerar tto com reposição de LT4 se: ○ TSH persistentemente ≥ 10 mU/ℓ (≥ 7 mU/ℓ +risco cardiovascular aumentado) ○ antiTPO positivo ○ alterações USG compatíveis com Hashimoto. ○ gravidez ou planejamento de gravidez ○ distúrbios psiquiátricos ○ bócio volumoso →COMPLICACAO DO HIPOTIREOIDISMO • COMA MIXEDEMATOSO - complicação mais grave do hipotireoidismo - TSH extremamente elevado ( >1.000) - ↑mortalidade muito elevada (pode chegar a 60%) - Ocorre no hipotireoidismo grave de longa duração não diagnosticado ou naqueles tratados de maneira inadequada - SN + descompensacao cardiovasc e respiratória - sinais: ↓ nível de consciência, hipoventilação, hipotermia, bradicardia, hiponatremia, hipoglicemia, infecção associada, ↑ lactato TTO coma mixedematoso - levotiroxina em alta dose: bolus EV 500 a 800 mcg -> 100 mcg/dia IV - pode associar tiiodotironina (T3), na dose de 25 mcg a cada 12h - hidrocortisona venosa: evita o surgimento de crise adrenal em paciente com insuficiência adrenal subclínica *50 mg EV 6/6h - Outros: suporte respiratório, rastreamento de infecções precipitantes, tto de hipoglicemia e hiponatremia, aquecimento (cobertor) INVESTIGACAO HIPOTIREOIDISMO • Idade > 60 anos (sobretudo em mulheres). • Presença de bócio (difuso ou nodular) • História de radioterapia em cabeça e pescoço • História de tireoidectomia ou terapia com radioiodo • Doença autoimune tireoidiana e extratireoidiana • Gestação • Síndrome de Down • Síndrome de Turner • Hipercolesterolemia • Uso de fármacos (lítio, amiodarona, interferonα, inibidores do checkpoint imune etc.) REFERÊNCIA: Lucio Vilar et al. Endocrinologia clínica. 7. ed. Rio de Janeiro :Guanabara Koogan, 2021. *aula de hipotireoidismo ministrada pela endocrinologista Dra. Vanessa Vasconcellos Nódulos tireoidianos DEFINIÇÃO DE NÓDULOS TIREOIDIANOS (NT) - é uma lesao discreta na glândula tireoidiana que é causada por um crescimento focal anormal de células tireoidianas ≠ Bócio -> qualquer alteração da estrutura da tireoide • EPIDEMIOLOGIA - Prevalência: 3-7% da pop. Geral - pela usg de tireoide -> prevalencia estimada entre 2076% - mais comuns em idosas, mulheres, indivíduos com deficiência de iodo e naqueles com história de exposição à radiação - nódulo é mais comum em mulher, mas o carcinoma é mais comum em homem - causas mais frequentes: cistos coloides e tireoidianos (80%) e neoplasias foliculares benignas (10-15%) •ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA - TSH é o principal fator que determina crescimento tireoidiano, no entanto a maioria dos pacientes com nódulos terão a TSH normal - é sabido que ocorre o crescimento como resposta adaptativa das células foliculares a qualquer fator que comprometa a produção hormonal da tireoide - outros fatores que atuam diretamente – ambiente e herança genética • AVALIACAO DIAGNÓSTICA ◎ apresentação clinica -> evolução insidiosa e assintomática -> descobertos ao exame clinico de rotina -> acidentalmente em exames de imagem na região cervical – incidentalomas ◎ Hx clinica • achados que favorecem a doença benigna: -> hx familiar de tireoidite de Hashimoto -> hx familiar de nódulo de tireoide ou de bócio -> sintomas de hipotireoidismo ou hipertireoidismo -> aumento súbito no tamanho do nódulo com dor ou desconforto local ao toque, o que sugere ser hemorragia dentro de um cisto ou tireoidite subaguda localizada • achados que favorecerem a doença maligna: -> jovens (< 20 anos) -> idosos (> 60 anos) -> homem (2-3x maior que em mulher) -> hx de irradiação externa do pescoço na infância ou adolescência -> crescimento rápido -> alteração de voz (nervo laríngeo recorrente), respiração ou deglutição -> hx familiar de câncer de tireoide -> hx familiar de NEM tipo 2 ◎ EF - principais características a serem investigadas: -> tamanho, consistencia, mobilidade e sensibilidade -> adenopatia cervical ❌achados sugestivos de câncer: *nódulo muito firme ou endurecido *fixação do nódulo a estruturas adjacentes *paralisia das cordas vocais *linfadenopatia satélite *metástase a distancia ◎AVALIAÇÃO LABORATORIAL • TSH e T4 livre – maioria dos pacientes com câncer se apresentam eutireoideos. Hipertireoidismo + bócio nodular – forte indicativo para neoplasia maligna • ANTI-TPO – se elevados: dx de tireoidite de Hashimoto, mas não descarta neoplasia • CALCITONINA (CTs) – secretada pelas cels. C, e tem relação com o carcinoma medular da tireoide (CMT). Não é feita de rotina. É obrigatória nos pacientes com suspeita clínica de CMT familiar ou MEN2 OBS: alguns outros fatores podem ↑ CTs: tumores endócrinos de pâncreas e pulmão, insuficiência renal, doença autoimune tireoidiana ou hipergastrinemia, álcool, tabagismo, sepse, anticorpos heterofílicos anticalcitonina ◎ AVALIAÇÃO POR IMAGEM • cintilografia com radioiodo ou tecnécio • TC e RNM – uteis na avaliação de bócios mergulhantes •• USG da tireoide – é o principal, pois: visualiza nódulos não palpáveis, avalia as características do nódulo, diferencia cistos simples de nódulos sólidos ou misto, serve de guia para paaf e tto, além de servir como exame de monitoramento do crescimento • CINTILOGRAFIA - pouco valor para diferenciar lesao maligna e benigna - indicada: nodular + hipertireoidismo -> para preciso diagnóstico do adenoma tóxico ou do bócio multinodular tóxico * ↑ tsh -> (cinti= normo/hipocaptante = frios) -> seguir com PAAF (↑ malignidade) *↓ tsh -> nódulo hipercaptante = quentes -> provável hipertireoidismo, bócio nodular toxico Fatores no USG que sugerem ↑risco de MALIGNIDADE ➢ Hipoecogenecidade (+ escuro relação a tireo) ➢ Microcalcificações ➢ Margens irregulares ➢ Vascularização central (sangue – anecoico: preto ➢ Diâmetro ântero-posterior > diam transverso ➢ Adenomegalia suspeita → USG TIREOIDE NORMAL (sem nódulos) →USG COM NÓDULOS 1. imagem susgestiva de nódulo carcinoide *diam ap > diam transverso * hipoecoico (+ escuro que a tireoide) *bordas irregulares *microcalcificações A. múltiplos cistos coloides típicos: áreas anecoicas com focos hiperecogênicas – bócio multinodular B. nódulo espongiforme: estrutura mista, não expandida, não encapsulada com uma aparência de "grade" dada por áreas sólidas isoecogênicas e focos hiperecoicas. A glândula não está aumentada. C. nódulo misto, não encapsulado, isoecogênico com focos hiperecóicas e septos espessos. D. Tireoidite de Hashimoto com pseudo-nódulos: glândula heterogênea de tamanho normal, com bordas lobuladas e pseudo-nódulo hiperecoico, parcialmente rodeado por um halo hipoecoico. E. nódulo neoplásico (4A): hiperecoico sólido, sem calcificações, com fino halo hipoecoico. F. Área hipoecoica com bordas mal definidas, sem calcificações. Esse padrão pode ser encontrado tanto na tireoidite (tende a ser mais periférica e local) como nos carcinomas. G. padrão neoplásico suspeito: nódulo heterogêneo, encapsulado, com calcificações grosseiras, com halo hipoecoico espesso. H. padrão maligno: nódulos sólidos hipoecóicos e irregulares com margens mal definidas, com calcificações ou sem calcificações I. padrão maligno: nódulo sólido, não encapsulado, isoecogênico e mal definido com aspecto de "sal e pimenta", devido a microcalcificações periféricas. J. padrão maligno: um nódulo misto, predominantemente isoecoico, vascularizado, não encapsulado com calcificações e sem focos hiperecoicas. ◎ PAAF – PUNÇÃO ASPIRATIVA POR AGULHA FINA - melhor método para diferenciar lesões benignas e lesões malignas (papilares) - limitado para neoplasias foliculares e lesões de células de hurtle (variação do carcinoma papilar) - quando as lesões são papilares, conseguimos diferenciar se é um adenoma (benigno) ou um câncer papilar, coisa que não é possível se a lesao for folicular →INDICACAO PAAF - levar em conta o tamanho do nódulo e o aspecto usg quanto ao tamanho: • no geral: > 1 cm e hipoecoico = indica PAAF V – Conduta sempre cirúrgica VI – tireoidectomia total ALGORITMO quanto aos aspectos usg – RM (risco de malignidade) OBS: o sistema TI-RADS não é tao usado na pratica, mas basicamente são atribuídas pontuações a 5 características ultrassonográficas: composição, ecogenicidade, forma, margens e presença de focos ecogênicos, Resultados da paaf são classificados pelo SISTEMA DE BETHESDA I – insatisfatório II – seguimento poderá ser feito com USG, inicialmente a cada ano e depois em intervalos maiores III (AUS/FLUS) – repetir PAAF (se características malignas -> indica cx) IV (FN/SFN) – lobectomia REFERENCIAS Lucio Vilar et al. Endocrinologia clínica. 7. ed. Rio de Janeiro :Guanabara Koogan, 2021. ⇾ Neoplasia maligna endócrina mais comum. ⇾ Represente menos de 1-3% de todos os canceres, acometendo cerca de 40 pessoas para cada um milhão de indivíduos por ano. ⇾ Mais frequente nas mulheres (2:1), entre 20 e 55 anos. ⇾ Pode surgir mais raramente outros tumores, como sarcomas, linfomas, carcinoma epidermoide e teratomas. » Além de ser local de metástases de outros tumores malignos, como aqueles originados nos pulmões, mamas e rins. ⇾ Os nódulos tireoidianos são a principal forma de manifestação clínica do câncer de tireoide. » Fatores de risco para malignidade dos nódulos: idade inferior a 20 anos ou superior a 60 anos, câncer de tireoide prévio, história familiar de câncer de tireoide, exposição a radiação ionizante, nódulos maiores que 4cm, lesão endurecida à palpação. Tumores bem diferenciados ⇾ Citoarquitetura é parecida com a do tecido normal, representam 90-95% dos casos. ⇾ Todos com origem na célula folicular. ➤ Carcinoma papilífero ⇾ Principais fatores de risco: exposição à radiação ionizante e história familiar. ⇾ Representa 75 a 80% dos casos de tumor maligno de tireoide. ⇾ Maior prevalência no sexo feminino de idade entre 20 a 40 anos. ⇾ Geralmente é uma lesão sólida de crescimento lento, contornos irregulares, não encapsulada e com infiltração do parênquima glandular adjacente. » Pode apresentar alteração cística e calcificações distróficas. » Patologia: arranjo de células foliculares em papilas, núcleos clivados com aparência de olhos da órfã Annie. » Consegue ser diagnosticado através da PAAF ⇾ Quando avançada tem preferência por disseminação linfática, sendo comum a presença de linfonodos acometidos já no diagnostico. » Apesar disso, dentre todos os tumores, apresenta um ótimo prognóstico, sendo infrequente a mortalidade associada. ⇾ O tratamento se baseia na cirurgia (tireoidectomia total na maioria dos casos), seguida de radioablação e terapia supressiva com levotiroxina). ➤ Carcinoma folicular ⇾ 10-15% dos cânceres de tireoide, predominando no sexo feminino, especialmente em áreas deficientes de iodo. ⇾ Os pacientes costumam ser um pouco mais velhos com idade entre 40-60 anos. ⇾ Tumor sólido, arredondado ou ovoide e encapsulado. » Caracteriza-se por frequentemente se apresentar com invasão da capsula tireoidiana pelo tumor, e via de disseminação mais comum a hematogênica, com metástases preferencialmente para o pulmão e ossos. » Não pode ter diagnostico confirmado através da PAAF pois suas alterações citológicas são virtualmente idênticas às do adenoma folicular (benigno). ▪︎Por tal motivo, o laudo da PAAF se refere apenas a um “tumor folicular” (inconclusivo). ▪︎ Apenas a análise da peça cirúrgica (histopatologia) é capaz de definir se existem ou não indícios de malignidade. ⇾ Tem bom prognostico, porém, existe um subtipo desse tumor, chamado de Tumor de Células de Hurthle, formado por células oxínticas, que acomete pessoas mais idosas, entre 60 a 75 anos e possui um pior prognóstico. » Ocorre rápida invasão de estruturas vizinhas e pouco tempo de sobrevida após o diagnóstico. Tumores pouco diferenciados ➤ Carcinoma medular (6%) ⇾ Origina-se das células C parafoliculares da tireoide (50% mutação somática no gene RET) e representa 5 a 10% dos tumores malignos da tireoide. » Tumor neuroendócrino, secretando substancias bioativas (calcitonina, VIP, CEA, serotonina). ▪︎ A calcitonina diminui a reabsorção tubular de cálcio e inibe a reabsorção óssea pelos osteoclastos. ▪︎ Pode ocorrer elevação nos níveis de calcitonina no sangue. ▪︎ Exame imuno-histoquímico positivo para calcitonina confirma o diagnóstico histopatológico desse tumor. ⇾ Podem ocorres sintomas clínicos causados pela hipersecreção hormonal » Hipercalcitonemia: aumenta secreções digestivas e motilidade grastointestinal provocando diarreia. » Síndrome de Cushing ectópica: células neoplásicas sintetizam ACTH e CRH estimulando a adrenal a produzir cortisol. ⇾ Tireoidectomia total é sempre indicada devido à multicentricidade do tumor. » Não é responsivo à radioterapia, ablação com radioiodo, ou terapia supressiva com hormônio tireoidiano. ➤ Carcinoma anaplásico (1%) ⇾ Geralmente ocorre em pacientes mais idosos e em mulheres, sendo quase sempre fatal independente da terapia. » Anteriormente carcinomas bem diferenciados que sofrearem mutação no gene p53. ⇾ Muito agressivos, de crescimento rápido, que invadem precocemente as estruturas adjacentes, como traqueia, esôfago, vasos e músculos do pescoço. » Ao diagnóstico 80% ja possui acometimento linfonodal e 50% ja tem metástase a distância (pulmão, osso, SNC e fígado). ⇾ No exame histopatológico: células com mitoses aberrantes e atípicas, multiformes de contornos irregulares. ⇾ Tratamento paliativo. Incidentaloma adrenal DEFINIÇÃO -> incidentalomas adrenais (IA) são massas adrenais de 1 cm ou mais de diâmetro descobertas ao acaso durante exames de imagem para investigação de distúrbios não relacionados com doenças adrenais para investigação de distúrbios não relacionados com doenças adrenais EPIDEMIOLOGIA - prevalência: ↑ com a idade sendo 0,2% em indivíduos jovens, 3% nos de meia-idade e 7 a 10% no grupo etário acima de 70 anos - sem diferença significativa entre os gêneros - maioria das vezes são lesões benignas e não funcionantes ETIOLOGIA - categorias principais:adenomas corticais não funcionantes (70-80%), feocromocitomas (FEO) (1,1 a 11%), hipercortisolismo subclínico (HCSC; 5 a 20%), aldosteronismo primário (1-2%), carcinomas adrenocorticais (CAC; < 5%) e metástases (0 a 18%). - podem ser unilaterais ou, menos comum, bilaterais. Entre as unilaterais, a principal etiologia são os adenomas adrenais (80%), a maioria deles não funcionantes. Metástases, doenças infiltrativas e hiperplasia adrenal respondem pela maioria dos casos de massas bilaterais. adenomas (41%), metástases 19%, carcinomas 10%, mielolipomas (MLP) em 9% e FEO em 8%. adenomas não funcionantes são os mais frequentes (50%), enquanto 30.5% são lesões funcionantes (HCSC, FEO de aldosteronomas) ADENOMAS - geralmente são pequenos, com diâmetro médio de 2 a 3 cm, mas respondem por 15% das lesões > 6 cm - maioria não funcionante - 5 a 24% secretam cortisol, 1,6 a 3,3%, aldosterona. Adenomas secretores de androgênios ou estrogênios são extremamente raros CARCINOMAS - carcinoma adrenocortical (CAC) é raro- apenas 0,05 a 0,2% de todos os cânceres - distribuicao: < 5 anos e >40/50 anos - 40 e 60% dos CAC são funcionantes - cerca de 45% secretam cortisol, 25% produzem cortisol e andrógenos, e 10% apenas secretam androgênios - Secreção de dois tipos distintos de esteroides pelo tumor é altamente sugestiva de CAC, já que não ocorre com os adenomas - dx: são mais volumosos, com areas de necrose e calcificacoes METASTASES - Devido a ↑ vascularização das adrenais, metástases são as lesões malignas mais frequentes dessas glândulas, podendo ser uni ou, mais frequentemente, bilaterais - 90% das metastases originqadas de carcinomas, e o restante de umores hematológicos, sarcomas ou melanomas - sitios de carcinomas: pulmao (35%), gastrointestinal, renal e mamario - se muito extenso – manifestacoes de insuficiencia adrenal FEOCROMOCITOMA - são tumores secretores de catecolaminas (A/NA) -> causam ↑ mortalidade/morbidade - encontrados em 1:500 a 1.000 hipertensos - triade: sudorese + cefaleia + palpitacoes - sintomas comuns: relacionados com a secreção excessiva de catecolaminas (cefaleia, diaforese, palpitações e nervosismo). Hipertensao em 90% dos pacientes - tamanho variou de 2.5-6 cm - 73% medindo > 4 cm. - como FEO pode existir em pctes normotensos, se dx de IA => PESQUISAR FEO MIELOLIPOMA - MLP adrenais são tumores benignos compostos de gordura e tecido hematopoético, em proporções variada - maioria é não funcionante e detectada casualmente. Em geral, são assintomáticos; mas, lesões maiores podem causar dor ou se manifestar com hemorragia retroperitoneal. - têm crescimento lento e comumente não passam de 5 cm; OUTRAS DOENÇAS - outras possiveis causas: cistos, ganglioneuromas, infecções (tuberculose/histoplasmose*), hiperplasias adrenais, hematomas e doenças raras, como linfoma, angiomiolipoma, schwannoma, carcinoma epitelial maligno, angiossarcoma epitelioide, coriocarcinoma, oncocitoma e neurinoma, entre outras. - 2/3 – insuficiencia adrenal MASSAS ADRENAIS BILATERAIS - três principais causas de IA bilaterais: metástases, hiperplasia adrenal macronodular bilateral primária e adenoma bilateral cortical. - se neoplasia primária extraadrenal comprovada -> Lesões metastáticas - 1ª hipotese (67% dos IA bilaterais) - infeccoes fungicas ou tuberculose – podem levar à insuficiência adrenal e precisam ser diagnosticadas o mais precocemente possível. - Outra causa frequente é a hemorragia adrenal bilateral que deve ser sempre lembrada em pctes com coagulopatias ou em terapia anticoagulante, especialmente em periodos de estresse, como IAM -> se apresentam dor no flanco, náuseas, vômitos, febre e hipotensão - entre as lesoes funcionantes: •hiperplasia adrenal congênita por deficiência da 21hidroxilase •hiperplasia adrenal macronodular primária •hiperaldosteronismo primário (forma hiperplásica) •FEO (cerca de 10% são bilaterais) -> rastreamento de neoplasias extra-adrenais: exame cuidadoso das mamas (em mulheres), radiografia do tórax, toque retal e pesquisa de sangue oculto nas fezes -> Para saber se a lesão é funcionante ou não, faz-se a avaliação endócrina dos pacientes DISTINÇAO ENTRE LESÕES BENIGNAS E MALIGNAS 1. Tamanho dos incidentalomas - lesoes benignas (Adenomas) - < 4/3 cm - lesoes malignas (carcinomsa) - > 4 cm 2. Achados nos exames de imagem -> TC Exame mais usado para ver as adrenais, por sua ↑ acurácia na avaliação de localização, tamanho, forma e densidade da massa. Mas, é limitada para dar info sobre a etiologia do IA. Considerase que o MLP seja a única lesão que apresenta uma imagem patognomônica (gordura em seu interior) a) quanto ao tamanho: adenomas < 3 cm e carcinomas/FEO e metastases > 3 cm b) atenuacao / densidade: quanto ↑ lipidos - ↓densidade (+ preto) * < -20 HU: mielolipoma * ≤ 10 HU: adenoma * > 10 HU: carcinoma / feo / metastase c) forma: * redondo/ oval + bem delimitado: adenoma ou FEO * irregular + contorno mal definido: carcinoma * oval ou irregular + contorno mal definido: metastase PSEUDOINCIDENTALOMAS ADRENAIS - alguns achados podem simular massas adrenais *tumores extra-adrenais: angiomiolipoma do rim, linfoma periadrenal, paraganglioma, teratomas retroperitoneais, tumor miofibroblastico inflamatorio * outras condicoes: fundo gastrico, diverticulo gastrico, nodulo hepatico regenerativo, cisto broncogenico subdiafragmatico, esplenose INVESTIGACAO Pontos a serem observados: • benigna ou maligna ? • lesao funcionante ou não? - Diante de um IA, a preocupação é se a lesão será um tumor maligno ou uma neoplasia adrenal funcionante, situações em que a intervenção cirúrgica são necessária. -> p/ distinção entre lesões benignas e malignas, aspectos a serem considerados: 1. tamanho da lesão 2. achados dos exames de imagem, TC e RM -> definir se o tumor adrenal é primário ou metastático LESOES E SUAS EXAMES → ADENOMAS RESCPECTIVAS CARACT NOS - pequenas (geralmente < 3 cm), ovais ou arredondadas - contornos bem delimitados - geral, unilaterais - densidade homogênea que não se altera – ou muda pouco após a injeção do contraste - por terem muitos lipidos no intracelular -> apresentam baixo valor de atenuação na TC sem contraste < 10 HU (+ preto) - clareamento (washout) do contraste na TC é mais rápido do que o observado com outras lesões adrenais * clareamento absoluto (CAbs) do contraste > 60% dentro de 10 a 15 min, e o clareamento relativo é ≥ 40%. O clareamento do contraste é mais lento em metástases, FEO e carcinoma. → CARCINOMAS - lesão ≥ 4/6 cm – grandes - geralmente, unilaterais - contornos irregulares - densidade não homogênea, que tende a se intensificar na imagem pós-contraste - são comuns calcificações e áreas de necrose - atenuacao (densidade) TC > 10 HU – em geral > 25 HU - lento washout – < 60% clareamento absoluto / < 40% clareamento relativo → METASTASES - bilaterais - tc c/ forma arredondada ou oval - margens mal definidas - tamanho bastante variável, geralmente entre 4 e 6 cm - atenuacao > 10 HU (geral, > 25 HU) - clareamento absoluto < 60%, relativo < 40% → FEOCROMOCITOMA - costumam ser chamados de tumores-camaleão devido à heterogeneidade e à variabilidade de sua aparência à TC e à RM, podendo inclusive mimetizar adenomas. - grande - > 4 cm - forma redonda ou oval - contornos bem definidos - densidade heterogenea, com areas cisticas – por necrose ou hemorragia - geral, unilaterais - wahsout tc após 10/15min - Absoluto < 60%, Relativo < 40% - necrose e/ou calcificacoes são comuns →MIELOLIPOMA - obtido pela demonstração de gordura dentro de massa adrenal e pode ser facilmente dx com TC ou RM - atenuacao < -20 HU (geral, -30 a -120 HU – muito preto) → RM - acrescenta as informacoes fornecidas pela TC - melhor para diferenciar lesoes benignas ou malignas – tecnica do deslocamento ou desvio químico (chemical shift) -> princípio das diferentes taxas de frequência de ressonância dos prótons na gordura e na água. Assim, adenomas ricos em lipídios têm queda do sinal nas imagens fora de fase (pretos quando fora de fase) em comparação ao fígado ou, de preferência, ao baço (para evitar confundimento com esteatose hepática), o que comumente não ocorre com outros tumores - massas adrenais aparecem diferentes na imagens em T1 e T2 à RM. Em T2, adenomas permanecem isointensos em relação ao fígado, enquanto carcinomas, metástases e, principalmente, FEO se revelam hiperintensos -> ASPECTOS CARACTERISTICOS À RM * adenoma: Isointenso em relação ao fígado na imagem em T2 + perda de sinal na imagem fora de fase * carcinoma: Hiperintenso em relação ao fígado na imagem em T2 + sem perda de sinal na imagem fora de fase * feocromacitoma: Intensamente hiperintenso em relação ao fígado na imagem em T2 + sem perda de sinal na imagem fora de fase – classico aspecto “lampada brilhante” * metastases: Hiperintenso em relação ao fígado na imagem em T2; sem perda de sinal na imagem fora de fase • Historia natural - 0.5-1% dos pacientes com SAC evoluem para sd. cushing ->CINTILOGRAFIA - distinção de lesões adrenais benignas ou malignas e para avaliar a autonomia funcional das massas adrenais - cintilografia com os radiofármacos 131 Imetiliodobenzilguanidina (MIBG) e 123 IMIBG é utilizada na investigação do FEO •Manifestacoes clinicas - não têm estigmas clássicos do hipercortisolismo, mas apresentam, em comparação à população geral: *maior prevalência de complicações metabólicas (principalmente DM tipo 2, HAS , obesidade central e dislipidemia) *anormalidades da coagulacao *doencas cardiovasculares *osteoporose *fraturas vertebrais -> TOMOGRAFIA POR EMISSAO DE PÓSITRONS - PET com 18 Ffluordesoxiglicose (18FFDG) acoplada à TC ( 18FFDG PET/CT) está prioritariamente indicado nos casos em que a distinção entre IA benignos e malignos não for possível com TC e RM - tumor maligno metabolicamente ativo -> retem FFDG dentro das celulas - não avido à FDG na PET – adenoma - avido: carcinoma e metastase - avido ocasionalmente: feocromacitoma ->ACHADOS BIÓPSIA PERCUTANEA – BAAF - biopsia de aspiração percutânea com agulha fina (BAAF), guiada por US ou TC, é raramente indicada - indicação maior: casos com aspectos indicativos de infecção ou metástase. - principal limitação: não consegue diferenciar um adenoma de um carcinoma adrenal primário - antes da BAAF, excluir a chance de FEO, caso contrario, pode-se induzir uma crise hipertensiva potencialmente letal, em função da liberação de catecolaminas pelo tumor - complicacoes (raras): dor abdominal, pneumotórax (+ comum), hemotórax, hematoma adrenal, duodenal, hepático ou renal, hematúria, formação de abscesso adrenal, peritonite, pancreatite e disseminação tumoral ao longo do percurso da agulha 3. AVALIACAO ENDÓCRINA - funcionante ou não funcionante? - 4 tipos de massas adrenais funcionantes: 1. adenomas e carcinomas adrenais secretores de cortisol 3.FEO 4. aldosteronomas 5.lesoes secretoras de androgenios 1. TUMORES SECRETORES DE CORTISOL - secretam pequenas quantidades de cortisol, as quais muitas vezes não são suficientes para ↑ a excreção do cortisol livre urinário (UFC), mas são capazes de causar alguma supressão do eixo hipotalâmico-hipofisário - não há manifestações cushingoides (maçãs do rosto vermelhas, fascies de lua, giba, deposito de gordura, estrias voleaceas, perda muscular, ganho de peso, dificil cicatrizacao) por isso, essa condição tem sido denominada hipercortisolismo subclínico (HCSC) ou, secreção autônoma de cortisol (SAC). •Diagnóstico - rastreamento: teste de supressão noturna com 1 mg de dexametasona (1 mg-DST) -> adm 1 mg de dexametasona às 23 h e se dosa o cortisol sérico (CS) na manhã seguinte às 8h suspeita de falso-positivo (obesidade, hiperestrogenismo, pseudoCushing etc.), solicitar outros exames: *dosagens de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) plasmático (entre 8 e 9 h) *UFC em amostra de 24 horas *cortisol salivar no final da noite (CSFN), entre 23h e meia noite. - ideal: pelo menos dois testes alterados para se confirmar o diagnóstico critério diagnóstico adicional do HCSC (pelo menos dois dos seguintes) • CS > 3 μg/dℓ no 1 mgDST •ACTH < 10 pg/mℓ • UFC elevado (cortisol urinario) 2. FEOCROMACITOMA - investigação para FEO em todo paciente com IA, uma vez que pode ser desencadeada crise hipertensiva potencialmente letal pela indução anestésica e/ou pela manipulação tumoral durante a cirurgia • Rastreamento: teste inicial de rastreamento para FEO: dosagem das metanefrinas plasmáticas ou urinárias (em amostra de 24 horas) obs: metanefrina e a normetanefrina são metabólitos da adrenalina e da noradrenalina -> metanedrinas normais + assintomatico = outro exame desnecessario -> como feo, pode ser bioquimicamente silencioso, resultados equivocados/não conclusivos →cintilografia com 123I-MIBG, e dosagem de catecolaminas urinarias ou cromogranina A 3. ADENOMAS PRODUTORES DE ALDOSTERONA – ALDOSTERONOMAS •manifestação: HAS+hipocalemia. - hiperaldosteronismo primário (HAP) normocalêmico é comum (20-50%) - diante de massa adrenal, APA devem ser pesquisados apenas se houver HAS e/ou hipocalemia. •investigação inicial: dosar a aldosterona plasmática (AP) e a atividade plasmática de renina (APR) ou a renina plasmática. - relação AP (em ng/dℓ)/APR (em ng/mℓ/h) (RAR) < 27 →possibilidade de um APA praticamente fica excluída. - RAR > 50 é quase patognomônico do HAP. 4. LESOES SECRETORAS DE ANDROGENIOS E HIPERPLASIA ADRENAL CONGENITA - hiperplasia adrenal congênita por deficiência da 21hidroxilase: comum o achado de massas adrenais, uni ou bilaterais, por excessiva estimulação crônica das adrenais pelo ACTH. Os nodulos da hiperplasia adrenal congenita é < 1 cm, mas pode exceder 5 cm - forma não clássica da deficiência da 21hidroxilase pode ser diagnosticada pela detecção de valores plasmáticos da 17-hidroxiprogesterona exageradamente elevados (> 1.000 ng/dℓ) 60 minutos após a administração intravenosa de 0,25 mg de ACTH sintético - Adenomas adrenais secretores de hormônios sexuais são bastante raros, mas, os pacientes geralmente têm manifestações de virilização, o que torna improvável que esses tumores se apresentem como IA. Assim, a dosagem de rotina de testosterona e estradiol não está recomendada nos pacientes com IA INDICAÇÃO DE CIRURGIA osteoporose) de início recente, ou que se mostrem resistentes ao tto medicamentoso ou que evoluam com rápido agravamento. - pctes > 70 anos: conduta conservadora. - faixa etária intermediária: avaliacao caso a caso, indicando cx se comorbidades graves refratárias ao tto clínico ◎ pode ter crise addisoniana após a cx em pctes com SAC ou possível SAC, devido à supressão da glândula contralateral -> recomendado adm de glicocortides no pos-op * conduta IA não funcionante: cirurgia em tumores > 4 cm, mesmo se benigno na TC ou RM * lesões menores que cresçam mais de 1 cm durante o seguimento clínico ou naquelas com sinais indicativos de malignidade à TC (densidade sem contraste à TC > 10 HU e clareamento absoluto < 60% 10 a 15 minutos após a adm) -> considerar cirurgia * tumor > 4 cm, benigno à tc: repetir a imagem após 6 a 12 meses, indicando-se adrenalectomia diante de aumento > 20% com aumento absoluto de pelo menos 5 mm no maior diâmetro tumoral. Cx nas lesões > 4 cm. *MLP ou cistos > 4 cm – cx só será indicada se sintomas compressivos. Indica-se cirurgia se MLP > 7 cm, pelo maior risco de hemorragia tumoral. *adrenelectomia em suspeita de metastase quando: - controle da doença extraadrenal puder-ser alcançado - metástase estiver confinada à glândula adrenal -condições clínicas do paciente justificarem uma abordagem agressiva → CRITERIOS INDICACAO CIRURGICA * conduta em FEO e aldosteronoma - indicada sempre para pctes com FEO e aldosteronoma - via laparoscópica é a preferencia em tumores com até 6 cm de diam. e sem evidência de invasão local. - via aberta nas outras situacoes é a via preferida *conduta HCSC (SAC) - sem consenso de conduta - não em todos - melhora das comorbidades metabólicas (obesidade, hipertensão, diabetes melito e dislipidemia) e aumento da densidade mineral óssea -> cirurgia é indicada nos pctes com “SAC” (cortisol póssupressão [CPS] > 5 μg/d ℓ) que apresentem pelo menos duas comorbidades relacionadas ao hipercortisolismo e supressão do ACTH matinal. -> não há indicação de adrenalectomia em pacientes com “possível SAC” (CPS entre 1,9 e 5 μg/dℓ) sem comorbidades -> casos confirmados de SAC - priorizar a cirurgia para os pctes mais jovens (com idade < 50 anos) que têm doenças potencialmente atribuíveis ao excesso de cortisol (hipertensão, DM, obesidade abdominal e HISTÓRIA NATURAL - taxa de crescimento: *feo benigno: 0,5 a 1 cm por ano, enquanto carcinomas adrenocorticais comumente crescem acima de 2 cm por ano *HCSC: normalização espontânea da função adrenal pode acontecer. Progressão para a sd. de Cushing é rara. Maior risco de eventos cv (Hipertensão, obesidade, dislipidemia e DM 2) foram altamente prevalentes SEGUIMENTOS DOS PCTES NÃO OPERADOS - repetir TC após 6 meses, 2 anos e 5 anos, com rastreio de HCSC e de FEO após 6 meses - sugerem reavaliação por imagem após 3 a 6 meses e depois anualmente por 1 a 2 anos. - A avaliação hormonal deve ser feita ao diagnóstico e anualmente por 3 a 5 anos, sobretudo nos tumores > 2,5 a 3 cm. - Reavaliação hormonal (dosagem do CS no 1 mgDST) apenas seria indicada em caso de desenvolvimento de sinais clínicos de excesso hormonal ou piora do estado metabólico e do perfil de risco cardiovascular, apesar do tto medicamentoso adequado. ---- servico de endocrino do pernambuco: * repetir a TC ou, de preferência, a RM (devido à ausência da radiação ionizante) após 6 e 24 meses em casos de tumores > 2 cm -> adrenalectomia caso haja crescimento tumoral > 1 cm * pacientes com adenoma não funcionante ≤ 2 cm e densidade sem contraste ≤ 10 HU, repete-se TC ou RM uma única vez, após 12 mese -> adrenalectomia caso haja crescimento tumoral > 1 cm * avaliação hormonal de rotina é reservada para tumores não funcionantes > 2 cm: dosagem anual do CS no 1 mgDST durante 3 anos, visto que o risco do surgimento de hipersecreção hormonal é maior nos primeiros 2 anos. * lesões menores - 1 mgDST indicado diante de sinais de hipercortisolismo ou deterioração do perfil metabólico e/ou cardiovascular *pesquisa para FEO, pela dosagem das metanefrinas livres plasmáticas, é realizada uma única vez, após 12 meses, bem como diante do surgimento de sintomas sugestivos da doença REFERÊNCIA: Lucio Vilar et al. Endocrinologia clínica. 7. ed. ¬ Rio de Janeiro :Guanabara Koogan, 2021 Insuficiência adrenocortical DEFINIÇÃO - Insuficiência adrenal ou adrenocortical (IA) é definida como a incapacidade do córtex adrenal em produzir quantidades suficientes de glicocorticoides ou glicocorticoides e mineralocorticoides, importantes homeostase energética e hidroeletrolítica →EPIDEMIOLOGIA: - incomum - sintomas inespecíficos e frequentemente encontrados em infecções virais, fadiga crônica e depressão →CLASSIFICACAO: • IA PRIMÁRIA: distúrbio intrínseco adrenocortical • IA SECUNDÁRIA: doença hipofisária • IA TERCIÁRIA (secundária*): distúrbio hipotalâmico DOENÇA DE ADDISON - descrita por Thomas Addison em 1855 - IA primária rara, com prevalência de 100 a 140 casos/milhão de habitantes. Predomina no sexo feminino - 3ª e 5ª década de vida →FISIOLOGIA ADRENAL • dois componentes diferentes: → córtex: local de produção de esteroides glicocorticoides, mineralocorticoides e os androgênios - possui 3 zonas: 1. zona glomerulosa: produz mineralocorticoide aldosterona 2. zona fasciculada: produz os glicocorticoides (cortisol e corticosterona) e os androgênios (DHEA e androstenediona - 80% do córtex da adrenal - possuem receptor para o ACTH (hipófise) -> colesterol se transforma em cortisol 3. zona reticular: se desenvolve a partir dos 2 anos de idade e produz glicocorticoides e androgênios • EIXO HIPOTALAMICO-HIPOFISÁRIOADRENAL - Hipotálamo -> CRH (hormônio liberador de corticotrofina) -> hipófise -> ACTH (adrenocorticotrófico) -> adrenal -> estimula produção de glicocorticoide e androgênio adrenal - ↑ cortisol = ↓ CRH e ACTH - ACTH pode inibir os sinais do hipotálamo, permitindo diminuir a produção quando ↑ acth ou cortisol - secreção de catecolaminas – estimulada pelo cortisol • CRH e hiperpigmentação - CRH aumenta a transcrição do gene POMC (próopiomelanocortina, um pró-hormônio sintetizado pelos corticotrófos da adenohipófise, - clivagem de POMC origina ACTH, β-endorfina, e os hormônios estimulantes dos melanócitos α, β e γ (MSH: melanocytestimulating hormones) - os efeitos dos peptídeos derivados da POMC ocorrem por intermédio dos receptores de melanocortina (MCR). - Há 5 tipos de MCRs: MC1R – nos melanócitos, queratinócitos, e cels epiteliais -> efeito imunomodulatório e antiinflamatório MC2R – quase exclusivo do córtex da adrenal, e interage apenas com o ACTH -> estereidogenese, predominante na zona fasciculada (estimular produção de cortisol) MC3R – no SNC -> homeostasia energética, antiinflamatório, cardiovascular MC4R – SNC -> regulação no comportamento alimentar e apetite MC5R – pele, glds. Exócrinas, adrenal, etc -> termorregulação, imunorreguladora, lipólise →medula (origem crista neural): secretora de catecolaminas - crista neural: da origem ao gânglios periféricos no SNP, assim a medula também é um gânglio periférico → Síntese de aldosterona - produção na zona glomerulosa e regulada pelo sist. Renina-angiotensina-aldosterona e pelos níveis séricos de K+, com efeito mínimo do ACTH. Por isso, na deficiência de ACTH (IA secundária), a secreção de aldosterona está normal - aldosterona: reabsorve Na+ para o sangue, reabsorve H+ também e ↑ excreção de K+ (hipernatremia + hipocalemia) - ↓ PA e ↓ vol sangue e ↑ K+ = ↑ secreção aldosterona → ETIOLOGIA • INSUF. ADRENAL PRIMÁRIA = DOENÇA DE ADDISON - processos autoimunes (68-94%) - doenças infecciosas granulomatosas e infiltrativas – tuberculose, sarcoidose, hanseníase - Micoses: paracoccidioidomicose, histoplasmose etc. - hemorragia e trombose adrenal: traumatismo, cx, uso de anticoagulante, saf, sd. WaterhouseFriderichsen (choque séptico causado por meningococo) fármacos: cetoconazol, mitotano, etomidato, rifampicina etc. - adrenalectomia bilateral - Doenças neoplásicas: metástases (pulmão, mama, rim, melanoma), linfomas - Doenças metabólicas: hemocromatose, amiloidose - Doenças virais: AIDS, citomegalovirose ◎ DADOS – etiologia - antes, principal causa era IA por TB (70%) – sem tto eficaz - hoje: autoimune (39%), paracoccidioidomicose (28%), TB (11%) e e adrenoleucodistrofia ligada ao X (7%) DOENÇA AUTOIMUNE DE ADDISON •Epidemiologia - 60-70% com DA terão outras doenças autoimunes, endócrinas e não endócrinas => síndromes poliglandulares autoimunes (SPA). - Existem 4 tipos de SPAs, e com exceção da SPA tipo 3, todas as outras podem estar associadas à DA, sendo obrigatória para confirmar SPA tipo 2 - DA é vista em 60-70% dos pctes SPA tipo 1 DOENÇA INFECCIOSA DE ADDISON - Tuberculose – 2ª causa mais comum de DA - outras infecções micóticas sistêmicas; - BR: vem crescendo paracoccidioidomicose (PCM) (brasil: S, SE e CO), tendo acometimento adrenal em 50-80% dos casos. PCM ocorre mais em homens, > 30 anos, habitantes de áreas rurais - EUA: micose mais comum com DA é a Histoplasmose - na AIDS, as adrenais sao as glândulas endócrinas mais afetadas. Pode ser secundário à infecções oportunistas, fármacos e lesões metastáticas. A falência adrenal ocorre como manifestação tardia em pacientes com contagens muito baixas do CD4 →causas genéticas da IA primaria: • Hiperplasia adrenal congênita: hipofunção do córtex adrenal por deficiência de enzimas da biossíntese do cortisol (da 21 hidroxilase ou CYP21A2). Causa + usual de IA no período neonatal • Adrenoleucodistrofias: (doença recessiva ligada ao x, causada por mutação no gene ABCD1 -> produção de uma proteína transportadora anormal dentro dos peroxissomos que impede a oxidação dos ácidos graxos de cadeia muito longa (AGCML) -> acumulo no cérebro, córtex adrenal, testículos, fígado e plasma => surgem desmielinização do sistema nervoso central e IA primária • Hipoplasia adrenal congênita (mutações no DAX1; mutações no SF1): hipodesenvolvimento do córtex adrenal. Pode ser esporádica, autossômica recessiva ou ligada ao cromossomo X. • Sds. De resistência ao ACTH: a) Deficiência familiar de glicocorticoide (DFG): falta de resposta do córtex adrenal ao ACTH + ↓ cortisol + ↑↑ ACTH - causa principal: mutação MC2R (receptor ACTH) -> hipoglicemia recorrente, desenvolvimento deficiente, hiperpigmentação antes da idade de 5 anos e ausência de adrenarca b) sd. de allgrova ou sd. do triplo A: tríade de resistência ao ACTH, acalasia e alacrimia. QC: disfunção neurológica progressiva, polineuropatia, surdez, retardo mental e hiperqueratose da palma das mãos e da sola dos pé. Mutação no gene AAAS ou ALADIN • Síndrome de KearnsSayre • Síndrome de SmithLemliOpitz e outras na síntese dos esteróis • INSUF. ADRENAL SECUNDÁRIA →CAUSAS ADQUIRIDAS - causa mais comum: uso de dose alta de corticoide, que inibem diretamente tanto a secreção de ACTH como a de CRH -deficiência isolada de ACTH (DIA) idiopática – complicação de uma hipofisite linfocítica ou induzida por medicamentos. Com frequência, pacientes com DIA têm uma doença tireoidiana autoimune junto, seja tireoidite de Hashimoto (+ comum) ou doença de Graves - terapia com GH recombinante – Na deficiência de GH, ocorre maior conversão da cortisona (inativa) em cortisol, por aumento da enzima 11-β-hidroxiesteroide desidrogenase tipo 1 - Neoplasias: adenomas hipofisários, metástases para hipófise ou hipotálamo, craniofaringioma, tumores do terceiro ventrículo etc. - Traumatismo craniano - Síndrome da sela vazia - Vascular/isquêmica: trombose vascular, síndrome de Sheehan (necrose pósparto), apoplexia hipofisária, anticoagulação - Pós-cirúrgica: hipofisectomia, correção de aneurisma, lesão da haste hipofisária - Radioterapia para tumores selares e parasselares - Doenças infiltrativas: sarcoidose, hemocromatose, histiocitose X - Doenças infecciosas: meningite, encefalite, TB - Doenças autoimunes: hipofisite linfocítica - Anorexia nervosa - Porfiria intermitente aguda →CAUSAS CONGENITAS - Deficiência congênita isolada de ACTH (mutações no gene do TPIT) – fator de transcrição para expressão da pró-opiomelanocortina (POMC) e para a diferenciação terminal da linhagem corticotrófica -> besidade grave de início precoce, cabelos avermelhados e IA - Pan-hipopituitarismo congênito (mutações nos fatores de transcrição RIEG, HESX1, LHX4, LHX3, PROP1 ou POU1F1/Pit1) – fatores de transcrição envolvidos nos estágios iniciais do desenvolvimento hipofisário - Associada à síndrome de PraderWilli (60%) (obesidade, hipotonia, retardo mental e hipogonadismo) →QUADRO CLÍNICO - manifestações clínicas da IA crônica decorrem: A) deficiência de glicocorticoides: astenia, malestar, anorexia, perda de peso, náuseas, vômitos, hipotensão etc. B) def. de mineralocorticoides: avidez por sal, hipovolemia, hipotensão e hipotensão ortostática C) def. de androgênios adrenais: ↓ da pilificação axilar e pubiana, em mulheres -- Na IA secundária, habitualmente não há deficiência de mineralocorticoide, visto que o sistema reninaangiotensina está intacto e mantendo a secreção de aldosterona 1. INSUF. ADRENAL CRONICA PRIMARIA - Para que a DA se manifeste clinicamente, é necessário pelo menos 90% de comprometimento do tecido adrenocortical - nas formas autoimunes e infiltrativas, a destruição habitualmente é gradual e progressiva. Já nas hemorragias e sepses, a destruição é mais rápida e a sintomatologia se apresenta de modo agudo, caracterizando a crise adrenal • principais manifestações: a) def. de glicocorticoides ○ hiperpigmentação – mais característico de DA ○ astenia ○ fraqueza ○ anorexia e perda de peso (podendo chegar a 15 kg) ○ distúrbios gastrintestinais e hipotensão ○ Sintomas psiquiátricos: sd. cerebral orgânica, depressão ou psicose -> na maioria dos pctes com IA primária grave ou de longa duração ○ vitiligo – 10-20% dos pctes com DA autoimune ○ hipoglicemia – pior em crianças, ocorre por disfunção da medula adrenal (↓ síntese de epinefrina secundária ao hipocortisolismo), levando à ↓ da gliconeogênese hepática. Em adultos, pode ser provocada por jejum prolongado, febre, infecção ou náuseas e vômitos. Hipoglicemias recorrentes ou prolongada em DM1 – pode ser a manifestação inicial da DA b) def. mineralocorticoide – aldosterona (↓ comum) ○ avidez por sal e amenorreia = resulta em perda de peso e da doença crônica, bem como de falência ovariana primária (ooforite autoimune) ○ hipovolemia ○ Hipotensão ○ Hiponatremia ○ Hipercalemia ○ Acidose metabólica leve c) def. androgênios adrenais - ↓ libido e da pilificacao axilar e pubiana (só mulher) → HIPERPIGMENTAÇÃO (92-94%) - ocorre pelo ↑ de melanina na pele - Decorre do estímulo do receptor cutâneo de melanocortina (MC1R) pelos ↑ ACTH e αMSH (componentes da macromolécula POMC). - local da hiperpigmentação: *tende a ser generalizada * é mais percebida em áreas expostas ao sol -> como face, pescoço e dorso das mãos *em locais mais propensos a traumatismo, fricção ou pressão leve e crônica -> dedos dos pés, cotovelos, joelhos, cintura, ombros etc. * É proeminente nas linhas ou dobras das palmas da mão, aréola e mamilo, axila, períneo e cicatriz umbilical * cavidade oral, de modo não uniforme, e na superfície interna dos lábios, mucosa bucal (ao longo da linha de oclusão dentária), língua, bordo gengival e palato * escurecimento de unhas e cabelos * surgimento de sardas * cicatrizes formadas após DA ficam mais escuras 2. INSUF. ADRENAL SECUNDARIA - diferem da IA primaria: 1. não tem hiperpigmentação cutaneomucosa (uma vez que os níveis de ACTH e outros peptídeos da POMC estão baixos ou normais) 2. como tem secreção normal de mineralocorticoide, geralmente ausentes a depleção de volume e a desidratação, assim como a hipercalemia - Sintomas gastrintestinais e crise adrenal são menos comuns - pode ter sintomas relacionados a def. de outros hormônios hipofisários - sintomas compressivos – cefaleia, distúrbios visuais 3. INSUFICIENCIA ADRENAL AGUDA – CRISE ADRENAL OU CRISE ADDISONIANA -25% dos pacientes com DA chegam na ocasião do diagnóstico, com uma crise adrenal iminente ou já acontecendo - CA é bem menos comum na IA secundaria - FATORES QUE PRECIPITAM: * IA crônica expostos ao estresse de infecções, cirurgia ou desidratação (por privação de sal, diarreia ou vômitos)-> isso porque nao tinha dx prévio da doença, ou não se fez o ajuste adequado da dose do glicocorticoide, necessário para essas situações. *precipitada também pela reposição isolada de hormônios tireoidianos em indivíduos com hipotireoidismo e hipocortisolismo *uso de inibidores da esteroidogênese adrenal (cetoconazol, mitotano, metirapona, aminoglutetimida etc.), quando usados em doses altas ou adm a pctes com ↓ reserva funcional das adrenais - CA de pior prognostico: resultante de hemorragia adrenal bilateral (fatal – maioria das vezes) = resultante de meningococcemia (sd. de WaterhouseFriderichsen), septicemia (Pseudomonas aeruginosa), anticoagulantes, traumatismo ou cx abdominal ou como complicação ou sequela de coagulopatias, leucemia, metástase, venografia bilateral, sd antifosfolipídica primária etc • MANIFESTACOES DA CRISE ADRENAL: a) Sinais ○ Hipotensão e choque (> 90%) ○ Desidratação ○ Cianose ou palidez ○ Febre (66%) ○ Confusão mental, torpor ○ Coma ○ Petéquias e equimoses -> aponta para sd. de WaterhouseFriderichsen b) sintomas ○ Dor abdominal, de flanco ou torácica (86%) ○ Náuseas, vômitos, anorexia (47%) ○ Dor abdominal, simulando abdome agudo (22%) ○ Fraqueza ○ Apatia ○ Confusão e desorientação (42%) c) alterações laboratoriais ○ Hiponatremia ○ Hipercalemia ○ Hipoglicemia (rara em adultos, comum em crianças) ○ Uremia ○ Linfocitose, eosinofilia → DIAGNÓSTICO 1. INSUF. ADRENAL CRONICA - excluir o dx de DA em todo paciente agudamente doente com sinais ou sintomas sugestivos (↓ de volume, hipotensão, hiponatremia, hipercalemia, febre, dor abdominal, hiperpigmentação e, especialmente em crianças, hipoglicemia. - pctes com dças autoimunes, devem ser investigados tireoidite de Hashimoto e DM1) e infecciosas (TB, AIDS, CMV, PCM e histoplasmose) →EXAMES LABORATORIAIS - dosagem a) cortisol (sérico ou plasmático) b) ACTH plasmático basais c) testes de estímulo para avaliação de reserva funcional adrenocortical: Teste da estimulação rápida com ACTH (teste da Cortrosina ® ); Teste de tolerância à insulina (ITT); Teste de metirapona; Teste de glucagon a) Dosagem de cortisol sérico basal - coletado entre 8 e 9 h; o coletado 16h, tem metade do valor do CS matinal (pouco valor no dx) - deve ser o 1º exame a ser solicitado - valor normal (VN): 5 a 25 μg/dℓ - pessoas normais: geralmente está entre 10-15 - pacientes com def. parcial de ACTH ou com atividade residual do córtex adrenal, podem ter valores do CS matinal normais, por isso a confirmação dos casos suspeitos com CS matinal > 5 e < 18 μg/dℓ vai requerer a dosagem desse hormônio durante o teste de estimulação rápida com o ACTH sintético ou outros testes dinâmicos →VALORES: (ref: 5-25) ○ CS < 3 μg/dℓ + sintomas sugestivos -> confirmam IA ○ CS < 5 μg/dℓ - indicativos de IA ○ CS ≥ 18 μg/dℓ - excluem IA ○ CS matinal > 5 e < 18 μg/dℓ - requer a dosagem do CS durante o teste de estimulação rápida com ACTH ○ pacientes críticos/doenças agudas: CS < 10 μg/dℓ (indica hipOcortisolismo) e > 34 μg/dℓ (exclui hipocort) b) Dosagem ACTH plasmático - VN: < 46 pg/ml - DA: ACTH plasmático quase sempre excedem 100 pg/mℓ e podem alcançar 4.000 pg/mℓ ou mais - ACTH > 300 pg/mℓ = estímulo máx. para a secreção do cortisol - ↑ ACTH + CS normal = pode ser sinal da fase precoce de IA primária - IA secundária: ACTH baixo (geralmente < 10 pg/mℓ ou no limite inferior da normalidade [entre 10 e 20 pg/mℓ] ○ CS < 5 μg/dℓ + ACTH plasmático > 2x LSN (> 92) (limite superior da normalidade) -> altamente indicativo de DA c) Teste de estimulação rápida com ACTH → técnica: 1º - coleta CS 2º - adm IV 250 mcg (0.25mg) cosintropina // 125 mcg se < 2 anos = peptídeo sintético correspondente aos primeiros 24 aa do ACTH endógeno – tetracosactida ou cosintropina (Cortrosina ®, Synachten ® etc.) 3º - dosa novamente o CS após 30 e 60 minutos →interpretacao: ○ resposta normal à Cortrosina ® - pico de cortisol > 18 μg/dℓ = exclui IA primária e franca e IA secundária com atrofia adrenal. Mas, não descarta a deficiência leve ou recente (até 4 semanas) de ACTH ○ pico de cortisol < 18 μg/dℓ = confirma de IA ---porem, não diferencia se o problema é na adrenal ou no hipotálamo-hipofise, isso pode ser facilmente resolvido pela dosagem de ACTH plasmático OBS; se sintomas muito graves e precisa de tto imediato -> dexametasona (0,5 mg VO, 1 a 2 vezes/dia) (não interfere nas dosagens laboratoriais). Depois de estabilizado, faz-se o teste com a Cortrosina ® ou o ITT → IA secundaria leve ou recente - teste da hipoglicemia induzida por insulina ou teste de tolerância à insulina (ITT). Se o ITT estiver contraindicado, pode- se administrar metirapona (não tem Brasil) ou glucagon d) Teste de hipoglicemia induzida por insulina ou teste da tolerância à insulina →Indicação: pctes com suspeita de IA secundária franca ou parcial (baixa reserva hipofisária) quando o teste da Cortrosina ® não der uma definição diagnóstica →técnica: 1º - dosar o CS basal 30 e 60 minutos após a adm IV de insulina regular (0,05 U/kg). -> teste baseia-se na capacidade de a hipoglicemia induzir uma resposta de estresse SNC e aumentar a liberação do CRH e, consequentemente, a secreção de ACTH e cortisol. →interpretacao ○ normal: pico de CS > 18 μg/dℓ = descarta IA e baixa reserva hipofisária; **** é necessário que a glicemia < 40 mg/d ℓ para que o teste possa ser interpretado corretamente →complicações: - desencadeamento de uma hipoglicemia grave. Se sinais neurológicos graves (convulsões*): 2-3 amp de glicose a 50% devem ser adm IV de imediato. - Mesmo assim, coletar cortisol pós-estímulo, uma vez que a hipoglicemia já se manifestou (teste sob estrita supervisão médica) →contraindicações: - idosos - doença cardiovascular ou cerebrovascular -doenças que cursem com convulsões contraindicações ao ITT são - Para esses pacientes, optar pelo teste de estímulo com metirapona (não comercializada no Brasil) ou glucagon e) Teste do glucagon → Indicação: - um teste seguro, se ITT contraindicado. Náuseas são um efeito colateral comum do glucagon. → Técnica - Adm 1 mg de glucagon (1,5 mg no obeso) SC e o cortisol é dosado com 0, 90, 120, 150, 180 e 240 minutos. →Interpretação ○ os mesmos esperados com o ITT, mas o estímulo é menos potente e com mais resultados equivocados f) Dosagem de atividade plasmática de renina e aldostenona →indicação: para ver a def. de mineralocorticoide (pode vir antes nas fases iniciais de IA primária) ○ IA primária não tratada (defeito adrenal): APR elevada + aldosterona baixa ou normal ○ IA secundária: SRAAA íntegro • OUTRAS ALTERACOES BIOQUIMICAS - Hiponatremia e hipercalemia – def. mineralocorticoide - uremia – por ↓ volumétrica e à desidratação - hipoglicemia de jejum, hipoglicemia pósprandial (raramente) - hipercalcemia leve a moderada (por ↓ TFG e ↑ reabsorção tubular de Ca2+) – não tem na IA secundaria, por integridade do SRAAA - ↑ transaminases - raramente hipomagnesemia →Anormalidades hematológicas ○ anemia (normocítica e normocrômica) ○eosinofilia ○ Neutropenia e linfocitose relativa ○ ↑ TSH sérico e hiperprolactinemia - reversíveis com corticoterapia ○ sulfato de DHEA pode ser baixo na IA, mas tem baixa especificidade, visto que diminui com o envelhecimento → INVESTIGACAO DA ETIOLOGIA DA IA - a etiologia da IA primária deve ser determinada em todos os pacientes com doença confirmada do ponto de vista hormonal -> por conta do tto 1. ADULTOS -> DA AUOTIMUNE -> ANTICORPOS • IA nos adultos -> pensar em destruição autoimune ○ dosagem dos anticorpos anti21hidroxilase (Ac21OH) – são os mais comuns. Obs: se não tiver dosagem de Ac21OH – solicitar TC – na DA autoimune, as adrenais vao ter volume normal ou atrofiada ○ CRIANÇA -> HAC: dosar anticorpo 17 hidroxiprogesterona (17OHP) basal - indicado em cça na investigação de HAC por deficiência de 21hidroxilase. > 1.000 ng/dℓ confirmam o dx • Cças, adolescentes e adultos jovens do sexo masculino com Ac21OH negativos -> dosagem serica ácidos raxos de cadeia muito longa = para adrenoleucodistrofia (ALD) 3. •• Dxs excluídos -> solicitar TC adrenal (ver se tem lesões, hemorragia, metástases ou neoplasia) -> questionar hx familiar, hx traumas, hx cxs →achados na DA • Adrenais pequenas e atrofiadas (adrenalite autoimune) • Aumento de volume das adrenais (TB, paracoccidioidomicose, outras doenças granulomatosas; infiltração neoplásica ou hemorragia) • Calcificações adrenais (TB, outras doenças invasivas, hemorragia) • Diminuição da área cardíaca (microcardia) Rx tórax • Aumento de volume da sela túrcica e da hipófise – tc/rnm hipófise/crânio – pode se dar por hiperplasia dos corticotrofos, reversível à corticoterapia →achados na IA 2aria (RNM melhor) - Lesões primárias ou metastáticas em hipófise, hipotálamo ou eminência média → DX DIFERENCIAL DE IA - diferenciar de tudo que cause hiperpigmentação cutânea, distúrbios gastrintestinais e fadiga crônica. • hiperpigmentação da hemocromatose não envolve as membranas mucosas e se caracteriza por hemossiderina nas glândulas sudoríparas. • porfiria cutânea tardia (def. enzimas da hemoglobina) é facilmente reconhecida pela ↑qtde de uroporfirina na urina, nas fezes e no plasma •Metais pesados, como Zn e Hg, podem pigmentar a margem gengival, mas não causam pigmentação bucal. •Anorexia e perda de peso-> simulam quadros de anorexia nervosa →TRATAMENTO crise adrenal • MEDIDAS GERAIS: • Coletar sangue para hmg, dosagens bioquímicas e hormonais (cortisol e ACTH) • reverter a hipotensão e corrigir a desidratação, a hipoglicemia e os distúrbios eletrolíticos ○ SF 0.9% + SG 10% - rapidamente **** evitar sol hipotônica, pois, pode piorar hiponatremia • Tratar a infecção ou outros fatores precipitantes → OUTROS EXAMES 1. ECG - hipercalemia -> ondas T em tenda, ondas P baixas, complexos QRS largos, assistolia atrial, bloqueio intraventricular e, por fim, assistolia ventricular (Casos extremos) - hipercortisolismo -> T achatadas ou invertidas, baixa voltagem do QRS e intervalo QTc prolongado (revertida com corticoterapia) 2. ACHADOS RADIOGRÁFICOS * TC e RMN – uteis para dx diferencial da IA 1aria * Biopsia adrenal guiada por TC pode ser feita se adrenais com ↑ volume, e o anatomopatológica do material obtido pode ser útil na identificação do agente etiológico de IA, em caso de doenças granulomatosas (TB, PCM, histoplasmose e criptococose) • REPOSICAO DE CORTICOIDE - hiperpigmentação tende a melhorar • Adm hidrocortisona, 100 mg (50 mg/m2 para cças) IV inicialmente + 200 mg (50 a 100 mg/m2para crianças) em infusão contínua IV ou 50 mg de 6/6 h IV durante 24 h. Se possível, ↓dose em 50% no 2º dia de tto • Quando o paciente estiver tolerando alimentos VO, passar a administrar o glicocorticoide VO e, se necessário, adicionar fludrocortisona (0,1 mg VO) • não precisa de mineralocorticoide tto na IA crônica • Prednisona ou prednisolona 3 a 5 mg/dia VO (dividida em 1 a 2 doses): 3/4 cedo (7h ou 8h) e 1/4 tarde (14h); ou • Hidrocortisona 10 a 20 mg às 7h ou 8h, 5 mg às 12h ou 13h, e 2,5 a 5 mg às 17h ou 18h VO, ou 5,5 mg/m2 de superfície corporal – melhor acao mineralocorticoide - horários para mimetizar o ritmo circadiano e evitar altos níveis noturnos de glicocorticoides, os quais podem comprometer o sono e a sensibilidade à insulina • Glicocorticoides de ação prolongada – dexametasona, devem ser evitados - ↑ risco de sd de Cushing exógena Obs: usar doses maiores em pctes que usam medicamentos que ↑ metabolização hepática (fenitoina, barbitúricos, rifampicina etc.) ***HC de liberação modificada (Plenadren ® - ainda não tem no BR), com camada externa de liberação rápida da substância e camada interna de liberação tardia, pode ser adm uma ÚNICA vez ao dia pela manha -> causa melhor reprodução do ritmo circadiano fisiológico do cortisol e leva à ↓ do peso e da PA e à melhora do metabolismo da glicose (bom para os DM). →qual a diferença entre os corticoides? - HC e prednisolona são glicocorticoides ativos, enquanto o acetato de cortisona e a prednisona requerem ativação hepática mediada por 11βhidroxiesteroide desidrogenase do tipo 1 antes de exercer sua atividade biológica. →MONITORAMENTO *se DA – NÃO adianta dosar ACTH como guia de ajuste de dose de corticoide, já que com o tto os pacientes acabam elevando seu ACTH • dose do glicocorticoide deve ser DUPLICADA durante períodos de estresse (p. ex., infecções virais ou bacterianas, cirurgias, extração dentaria etc.) • procedimentos cirúrgicos menores (hernioplastia, colecistectomia por via laparoscópica, cirurgia de joelho) -> adm 25 a 50 mg IV de HC por 1 dia • cirurgias de porte maior: adm 100 mg IV de HC na noite anterior à cirurgia e, no dia seguinte, 50 a 100 mg IV a cada 6 a 8 horas, até a estabilização do quadro • cirurgias de emergência, sepse, infarto agudo do miocárdio (IAM) etc. -> tto como na crise adrenal - considerar em mulheres com IA antes da menopausa, ↓ libido, depressão, ansiedade e ↓ energia (mesmo em uso de glico/mineralo) - se não melhorar em 6 meses – parar tto →PROGNÓSTICO E SEGUIMENTO - O prognóstico da DA é bom, dependendo da doença de base que deverá ser tratada junto • Seguimento clínico: manter o paciente assintomático, com peso, pressão arterial e eletrólitos normais • Uso pelo paciente de cartão ou bracelete de identificação • Duplicação da dose do glicocorticoide durante períodos de estresse (p. ex., infecções virais ou bacterianas, cirurgias etc.) • Resposta clínica – melhor parâmetro para avaliação da eficácia do tratamento • adultos com IA deverão ser reavaliados anualmente com relação à dose de reposição, para descartar dose excessiva ou insuficiente. • Pacientes com DA autoimune deverão ser investigados uma 1x/ano a presença de outras doenças autoimunes (DM tipo 1, doença tireoidiana autoimune, falência ovariana precoce, doença celíaca e gastrite autoimune com def. B12. →REPOSICAO DE MINERALOCORTICOIDE • Fludrocortisona* 0,05 a 0,2 mg às 8h VO -> indicada para pacientes com DA (nunca/raro é necessária na IA secundária) → orientação: não restringir a ingestão de sal * monitoramento: -> Hipotensão, hipotensão ortostática, hiponatremia, hipercalemia persistente e aumento da atividade plasmática da renina = necessidade de aumento da dose -> hipertensão, hipocalemia, edema e ↓ APR = ↓ dose -> se ↑PA permanece em pacientes euvolêmicos= inicia tto antihipertensivo – IECA ou BRAs e mantem fludrocortisona → REPOSIÇÃO DE DEIDROEPIANDROSTERONA • Deidroepiandrosterona (DHEA) 25 a 50 mg/dia VO (apenas para mulheres) - melhora a sensação de bemestar e, em mulheres, a sexualidade (↑ da libido) REFERÊNCIA: Lucio Vilar et a. Endocrinologia clínica. 7. ed. Rio de Janeiro :Guanabara Koogan, 2021 Síndrome de Cushing EIXO HIPOTALAMICO-HIPOFISÁRIO-ADRENAL - Hipotálamo -> CRH (hormônio liberador de corticotrofina/cortrosina) -> hipófise -> ACTH (adrenocorticotrófico) -> adrenal -> estimula produção de glicocorticoide e androgênio adrenal - ↑ cortisol = ↓ CRH e ACTH - ACTH pode inibir os sinais do hipotálamo, permitindo diminuir a produção quando ↑ acth ou cortisol - secreção de catecolaminas – estimulada pelo cortisol - o ACTH pouco influencia na liberação de aldosterona, a qual acaba sendo mais regulada pelo SRAAA e pelas concentrações plasmáticas de K+ - A secreção do cortisol é caracterizada por uma ritmicidade circadiana. Em indivíduos saudáveis com estáveis ciclos sono–vigília convencionais, os níveis plasmáticos de ACTH começam a subir entre 3 e 4 h da manhã, alcançando pico entre 7 e 9 h, quando, a partir daí, caem ao longo do resto do dia. Os valores do CS e salivar espelham tal fato, sendo os níveis mais altos das 8 às 9 h da manhã, e seu nadir em torno da meia-noite, na ausência de estresse. →HISTOLOGIA ADRENAL • dois componentes diferentes: → córtex: local de produção de esteroides glicocorticoides, mineralocorticoides e os androgênios - possui 3 zonas: 1. zona glomerulosa: produz mineralocorticoide aldosterona 2. zona fasciculada: produz os glicocorticoides (cortisol e corticosterona) e os androgênios (DHEA e androstenediona - 80% do córtex da adrenal - possuem receptor para o ACTH (hipófise) -> colesterol se transforma em cortisol 3. zona reticular: se desenvolve a partir dos 2 anos de idade e produz glicocorticoides e androgênios →medula (origem crista neural): secretora de catecolaminas - crista neural: da origem ao gânglios periféricos no SNP, assim a medula também é um gânglio periférico DEFINIÇÃO DE SD. CUSHING (SC) - é a condição resultante da exposição prolongada a quantidades excessivas de glicocorticoides (GC). • Tipos de SC: a) SC EXÓGENA/IATROGÊNICA: adm prolongada de doses suprafisiológicas b) SC ENDÓGENA: hiperprodução crônica de cortisol (bem mais rara), o mais comum é o adenoma hipofisário secretor de ACTH ✓ EPIDEMIOLOGIA - pode ocorrer em qualquer faixa etária, mas é mais comum em adultos, com idade mediana de 41,4 - ↑ sexo feminino - ↑morb – DM2, hipertensa, incidentalomas adrenais e osteoporose de inicio precoce ✓ ETIOLOGIA - as causas da SC dividem-se em duas categorias, de acordo com os níveis de ACTH: • SC ENDÓGENA: 1. ACTH dependentes (71 a 80% dos casos) 2. ACTH independentes (20 a 29% dos casos) • SC EXÓGENA; 2. Síndrome de Cushing ACTH-independente *hipercortisolismo + SEM ↑ ACTH a) Distúrbios adrenais -20-30% dos casos de SC - distúrbios causados por um adenoma (80%) ou carcinoma (raro) produtor de cortisol - geralmente são lesões unilaterais e facilmente visualizados na Tc (adenomas) 1. Síndrome de Cushing ACTH-dependente *hipercortisolismo + ↑ACTH - quando o hipercortisolismo se origina da secreção excessiva de ACTH - 80-90%: doença de cushing - adenoma hipofisário secretor de ACTH (também denominado corticotropinoma ou adenoma corticotrófico). O restante é por secreção ectópica de ACTH ou CRH (mais raro) a) Doença de Cushing - causa mais comum de SC endógena, seguida pelas patologias adrenais e sd. de ACTH ectópico - resulta, na maioria dos casos, de um microadenoma (diâmetro < 1cm) hipofisário secretor de ACTH, somente 10-20% são um macroadenoma e os carcinomas são extremamente raros - predomínio sexo feminino, 20-40 anos - progressão lenta - geralmente, resulta em hiperplasia adrenal bilateral (principalmente camada reticulada e fasciculada), mas também causa hiperplasia macronodular - DC surge como parte da MEN tipos 1 ou 4, ou por mutações germinativas do gene da proteína de interação do receptor arilhidrocarboneto (AIP) b) Sd. do ACTH ectópico (SAE) - presenca de tumor, que não na hipófise, produzindo ACTH - 10-15% dos casos de SC - mais comum em Homens e > 40 anos - causa mais comum de SAE: carcinoma pulmonar de células pequenas - predomínio de sintomatologia da malignidade em si (tosse, perda de peso e anemia), eventualmente associada a hiperglicemia, hipertensão e/ou hipocalemia. - outras causas: tumores carcinoides, feocromocitomas, carcinoma medular da tireoide e tumores ovarianos - muito rara em criancas e adolescentes c) Sd. do CRH ectópico - bastante rara - maioria é secundaria a carcinoides brônquicos, carcinoma medular da tireoide e carcinoma prostático - a secreção combinada de ACTH e CRH é muito mais comum do que a secreção isolada de CRH • Adenomas Vs. Carcinoma →adenomas (benignos) – 80% dos casos de SC acrth independente - lesões pequenas (< 3 cm – maioria) - unilaterais - hipercortisolismo mais gradual e menos intenso - predominância da produção de uma classe de esteroides - > 35 anos - ↑frequencia - mais comum em mulheres →carcinomas (malignos) – 20% - grandes (>6 cm) - 10% bilaterais hipercortisolismo associado a marcante hiperandrogenismo - mais comum em mulheres - distribuição etária bimodal, com picos na infância e na adolescência, bem como ao final da vida → Hiperplasia adrenal macronodular primaria (HAMP) - macronodulos adrenais (causa rara) b) Disturbios extra-adrenais - transformação adenomatosa ou maligna de restos embrionários ectópicos das adrenais. - esses tecidos podem ter localização variada (eixo celíaco, testículos, cordões espermáticos, espaço retrohepático ou retrocaval, ligamento largo etc.), mas a maioria é não funcionante • Outras considerações clínicas a) estados de pseudo-cushing (EPC) - condições que se manifestam com: fenótipo clínico e/ou laboratorial similar ao da SC + hipercortisolismo leve ou moderado (cortisol livre urinário, no máximo, 3 a 4x LSN) - principais condições: depressão, alcoolismo crônico, obesidade, sd. abstinência alcoólica, anorexia e demais doenças psiquiátricas, SOP, insuficiência renal crônica - o hipercortisolismo não tem uma causa bem definida nessas situações, mas acredita-se que decorra, do ↑ de secreção de CRH, em função da hiperativação do eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenal (HHA). - para diferencia SC e EPC: é necessário tratar ou eliminar o fator indutor do hipercortisolismo • SC EXÓGENA OU IATROGÊNICA: - uso crônico de GC é causa mais comum de sd. de Cushing - a SC surge com doses diárias > 7.5 mg prednisona, 0,75 mg de dexametasona (dms) ou 30 mg de hidrocortisona - pode ser desencadeado pelo uso prolongado de preparações nasais de GC (tto de rinite alérgica), cremes, colírios com GC. Pode também ser causado por interação medicamentosa (ex: itraconazol, inibidores de proteases, fluoxetina, sertralina etc.) que acabam inibindo a metabolização hepática dos GC -> ↑ circulacao de GC -> ↑risco de SCE durante o uso de GC pelas vias oral ou inalatória - uso do glicocorticoides -> supressão do eixo HHA -> ↓produção de cortisol e acth === exceto nos pacientes que usam a hidrocortisona, isso porque ela pode alterar o ensaio do cortisol, fazendo com que este se revele falsamente elevado - nos casos de hidrocortisona – podemos ter ↑cortisol e ↓acth – acaba confundindo com tumor adrenal →sintomas no hipercortisolismo leve: manifestações clinicas mínimas ou ausentes • SC SUBCLÍNICA - hipercortisolismo laboratorial/bioquímico + ausência de sinais e sintomas clássicos do hipercortisolismo - descrito em 5-30% de incidentalomas adrenais - prevalência nos adultos: 0.2-2% - embora não apresentem os sintomas clássicos de hipercortisolismo, possuem alta prevalencia de obesidade, HAS, e DM2, ↓ DMO - evolução do HCSC para a SC clássica ocorre na minoria dos casos ✓ DIAGNÓSTICO - Diante da suspeita de SC -> descartar a SC exógena (uso de glicocorticoides por qualquer via de adm) pacientes -> a investigação da SC endógena envolve: confirmação do hipercortisolismo -> e definição da etiologia - A confirmação do estado de hipercortisolismo precisa ser estabelecida antes de qualquer tentativa de diagnóstico diferencial - os exames de imagem somente devem ser realizados após a adequada avaliação hormonal ✓ QUADRO CLÍNICO →sintomas gerais: (pouco uteis para diferenciar SC e obesidade) • ganho de peso (79-97%) • letargia, fraqueza (56-90%) • irregularidades menstruais, perda da libido • hirsutismo (64-84%), acne, calvície feminina • hiperpigmentação (↑ MSH) • sintomas psiquiátricos (psicose, depressão) - >70% • sintomas metabólicos – HAS (principalmente nos pctes com acth ectópico, no qual, os GC em dosagens mais altas tem acao de mineralocorticoide, ↑ reabsorção de Na+/h2o e ↑ excreção de K+), DM (neoglicogenese) • giba de búfalo – 34-76% (↑ gordura retrocervical) • face arredondada – facie em lua cheia • pletora facial (rosto mais avermelhado) →sintomas que ajudam a diferenciar mais SC de uma obesidade: • equimoses surgidas espontaneamente ou aos mínimos traumatismos (consequentes ao adelgaçamento da pele e ao aumento da fragilidade capilar) • miopatia proximal (afetando, sobretudo, os membros inferiores) • estrias violáceas ou purpúricas >1 cm tornam • osteopenia / osteoporose • hipercoagubilidade e risco aumento de complicações tromboembólicas - ↑ fator de von Willebrand e do fator VIII induzido pelo cortisol →sintomas em criancas: - obesidade tende a ser generalizada - diminui bastante a velocidade de crescimento (hipercortisolismo antagoniza a ação do IGF-1 na placa de crescimento - 40% dos casos -> virilização: clitoromegalia, aumento peniano e incremento da pilificação corporal, resultante da produção excessiva de andrógenos adrenais →sintomas do ACTH ectópico (por carcinoma pulmonar de pequenas cels): - geralmente aspectos cushinoides ausentes - predominam sintomas e sinais de malignidade associados a hipertensao, hipocalemia, fraqueza muscular intensa e hiperpigmentação CONFIRFMACAO DO HIPERCORTISOLISMO • Testes de primeira linha - usar pelo menos 2 desses testes 1. teste de supressão noturna com 1 mg de DMS (1 mgDST) 2. dosagem do cortisol salivar ao final da noite 3.medida do cortisol livre urinário (em amostra de 24 h) - se resultados inconclusivos: • testes de 2ª linha: 1. dosagem do cortisol sérico à meia noite 2. teste de dexametasona-CRH ○ TESTES DE 1ª LINHA →Testes de supressão com doses baixas de dexametasona a) Teste da supressão noturna com 1 mg DST – teste de 1 mg overnight - normalmente o cortisol esta alto pela manha e mais baixo pela noite - técnica: Adm 1 mg de DMS às 23 h por via oral (VO), com dosagem do CS na manhã seguinte às 8 h - espera-se que a dexa (corticoide) faca um feedback negativo no acth, e suprima a secreção de cortisol coletado na manha. Nos pacientes com sd de Cushing, esse cortisol pela manha permanece elevado por perda da inibição por retroalimentação (feedback) negativa do cortisol normal no eixo HHA - frequentemente usado como rastreamento - CS ≤ 1,8 μg/dℓ (50 nmol/ℓ): descarta o hipercortisolismo - CS > 5 μg/dℓ (138 nmol/ℓ) é altamente sugestivo - condições que levam a resultados falso-positivos (↑ cs mas é falso) (estados pseudo-cushing): obesidade, sds. Psiquiátricas, alcoolismo b) Teste de supressão com 2 mg de dexametasona - algumas vezes, os pacientes que possuem o hipercortisolismo leve (estados de pseudo-cushing), 1 mg acaba sendo muito pouco e incapaz para suprimir o eixo HHA, assim tentamos a supressão com dose mais elevada (2 mg) - técnica: Adm 0,5 mg de DMS a cada 6 horas (às 9h, 15h, 21h e 3h) durante 48 horas. O sangue é coletado para dosagem do CS antes e depois de 24 e 48 horas - interpretação: indivíduos saudáveis, o CS deve se reduzir para < 1,8 μg/dℓ (50 nmol/ℓ) após 24 e/ou 48 horas -cs > 1,8 μg/dℓ são indicativos de hipercortisolismo - melhor teste para distinção entre obesidade comum (acaba suprimindo CS com 2 mg) e sd. de Cushing (não suprime) →dosagem de cortisol livre urinário (ufc) em amostra de 24h: - não é afetado por fatores que influenciam a concentração da globulina de ligação do cortisol - 10-15% dos pacientes com SC: UFC dentro da variação normal -> analise de até 2 amostras urinarias adicionais - se 3 coletas normais: dx de sc é altamente improvável - níveis leve/moderadamente elevados podem ocorrer nas condições de pseudo-cushing: depressão, ansiedade crônica, sop, alcoolatras, obesidade - valores > 4x LSN = sd. Cushing →dosagem do cortisol salivar no final da noite - esperamos que a noite, o cortisol esteja baixo - elevação do cortisol ao final da noite é considerada como o mais precoce e mais sensível marcador da SC *CSaFN > 350 ng/dl -> dx de SC bastante provável *CSaFN < 150 ng/dl -> dx improvável *CSaFN entre 150-350 -> repetir dosagem do CSaFN e outros testes de rastreamento - falso-positivos: estresse antes da coleta, depressão, pessoas que trabalham em esquema de turnos, pacientes criticamente enfermos - um valor anormal não deve ser considerado isoladamente para estabelecer dx ○ TESTES DE 2ª LINHA a) dosagem do cortisol sérico à meia noite - avaliar a perda do ritmo circadiano do cortisol, uma das anormalidades mais precoces da SC - principal inconveniente da dosagem do MNC: internação do paciente por, no mínimo, 24 horas para evitar o estresse induzido por ela. - Resultados falso-positivos: estresse, infecções graves, estados de pseudo-Cushing e insuficiência cardíaca. b) Teste da dexametasona-CRH - teoria de que poucos pacientes com doença de Cushing, bem como indivíduos normais, irão mostrar supressão de dexametasona, mas apenas aqueles com doença de Cushing devem responder ao CRH com um aumento no ACTH e no cortisol - técnica: Adm 0,5 mg de dexametasona a cada 6 h por VO, em um total de 8 doses, seguidas pela IV de CRH (1 μg/kg) 2 h após a última dose. Coleta-se amostra para o cortisol 15 minutos após o CRH - reservado para as situações em que os testes clássicos de rastreamento foram inconclusivos QUAL TESTE DE RASTREAMENTO ESCOLHER? - combinação de 2 ou mais exames: • teste de supressão overnight com 1 mg de dexametasona + cortisol salivar ao final da noite • alternativa: cortisol livre urinário • 2 mg-LDDST: casos em que outros exames não possibilitam a definição diagnostica; melhor ferramente para a distinção entre obesidade e sc DEFINICAO DA ETIOLOGIA DO HIPERCORTISOLISMO 1. ACTH plasmático - pelo menos 2 dosagens do acth - das 8-9h da manha -> será suprimido nos tumores adrenais (produz muito cortisol, o que ↓ acth) -> sera elevado nas sds. de ACTH ectópico -> normal (50%) dos casos ou inapropriadamente elevado na doenca de Cushing –como na doenca de Cushing temos ↑cortisol, era para o ACTH estar diminuído, por isso dizemos, normal ou inapropriadamente elevado 2. potássio plasmático - hipocalemia é bem mais frequente na sd. de ACTH ectópico do que na doenca de Cushing – isso porque na SAE temos níveis de cortisol muito elevados. Esses níveis altos saturam a enzima 11βHSD2, tornando possível que o cortisol aja como um mineralocorticoide no rim (↑ aldosterona: ↑ reabsorção de Na+ e ↑ excreção de K+) 3. dosagens de outros peptídeos – somatostatina, calcitonina – suspeita de tumores ectópicos, os quais podem secretar outros hormônios 4. testes de supressão com dose ALTA de DST: - na doenca de Cushing (adenoma hipofisário secretor de acth), os adenomas ainda possuem alguma resposta aos efeitos supressivos dos glicocorticoides, já os tumores ECTOPICOS de ACTH, funcionam independente do eixo, e assim não respondem aos efeitos supressivos dos glicocorticoides - técnica: adm 8 mg de dst às 23h, e coletado CS às 89h da manha seguinte - supressão do CS > 50% → indica DC - supressão < 50% → SAE ou tumor adrenal 5. Teste do CRH: - a maioria dos corticotropinomas (tumor hipofisário) responde à adm do CRH → tendo ↑ ACTH e do cortisol plasmático - Tal resposta é rara com os tumores ectópicos produtores de ACTH - não possibilita diferenciar a doenca Cushing dos indivíduos normais - tumor secretor de cortisol -> ocorre supressão do acth plasmático -> atrofia do restante da glândula ipsilateral e da adrenal contralateral – hiperplasia unilateral - na SC dependente de ACTH -> temos hiperplasia adrenal bilateral (diferente se fosse tumor adrenal) *IMAGEM NA SECRECAO ECTOPICA DE ACTH - TC e/ou RNM de pescoço, tórax e abdome - câncer de pulmão de cels pequenas e os tumores carcinoides brônquicos – mais comuns 6. teste de desmopressina - desmopressina ou DDAVP é um análogo sintético da vasopressina (AVP) -> estimula a secreção do ACTH, tanto por estímulo direto, como potencializando a ação do CRH - baixa afinidade pelos receptores V3 nos corticotrofos não tumorais -> explica a infrequente resposta do cortisol e do ACTH à desmopressina em indivíduos saudáveis, ou com obesidade ou depressão. - DC (adenomas corticotróficos) -> hiperexpressao dos receptores V3 -> ↑↑ expressivo do ACTH/cortisol após a adm da desmopressina - adm IV 10 μg (2,5 ampolas) da desmopressina. O CS e o ACTH plasmático são dosados antes (–30 e –15 minutos) e depois da desmopressina (0, 15, 30, 45 e 60 minutos) * ≥ 20% no CS + ≥ de 50% no ACTH => indica DC * respostas menores => sd. acth ectópico 7. cateterismo bilateral dos seios inferiores - Cateterismo bilateral dos seios petrosos inferiores (BIPSS) -> teste mais confiável na diferenciação entre fontes hipofisárias e não hipofisárias de acth - O efluente hipofisário drena para o interior dos seios petrosos via seios cavernosos e, portanto, um gradiente entre o valor do ACTH plasmático obtido nesse local e o de uma amostra plasmática periférica simultânea indica uma fonte central de ACTH. - é uma técnica altamente invasiva e especializada que envolve a colocação de finos cateteres em ambos os seios petrosos, a partir da veia femoral * gradiente entre o ACTH basal central e o ACTH basal periférico > 2:1 ou um gradiente estimulado > 3:1 = indicativo de DC * Gradientes menores => SAE e raramente são observados na DC. - Como o BIPSS não diferencia, de modo confiável, indivíduos saudáveis daqueles com EPC de pacientes com DC, é imprescindível confirmar a existência de hipercortisolismo antes da realização do exame 8. EXAMES DE IMAGEM * HIPÓFISE - RNM em todo paciente com SC ACTH-dependente *ADRENAL - TC: adenomas < 3 cm; carcinomas > 6 cm ✓ TRATAMENTO *TUMOR ADRENAL -> cirurgia curativa com resseccao do tumor *SECRECAO ECTOPICA DE ACTH: - maioria: remocao cirúrgica completa do tumor neuroendócrino produtor de acth - diante de falha cirúrgica ou malignidade tumoral -> terapias adicionais *DOENCA DE CUSHING -1ª linha: cirurgia transesfenoidal (a longo prazo: 60% dos pacientes estarão curados) - 2ª linha: segunda cirurgia, radioterapia, adrenalectomia bilateral e terapia medicamentosa (cetoconazol/metirapona – ↓ producao de cortisol, cabergonia – agonista dopaminérgico e o pasireotide – agonista da somatostatina) REFERÊNCIA: Lucio Vilar et al. Endocrinologia clínica. 7. ed. Rio de Janeiro :Guanabara Koogan, 2021. Hiperprolactinemia e NEM 1 DEFINIÇÃO HIPERPROLACTINEMIA - aumento do nível sérico de prolactina (PRL) acima do limite superior da normalidade - causa frequente do hipogonadismo hipogonadotrofico adquirido EPIDEMIOLOGIA →funcao PRL: - propicia a lactação após o parto, além de participar, durante a gravidez, junto com estrógenos, do desenvolvimento mamário necessário - Nas adrenais, PRL estimula a secreção de andrógenos, cortisol e aldosterona. - na ativação do eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenal induzida pelo estresse - mulheres entre 25-34 - 10 a 25% das mulh eres com amenorreia secundária ou oligomenorreia - 30% das pacientes com galactorreia ou infertilidade - 75% daquelas com amenorreia e galactorreia - causas mais frequentes: prolactinomas (31,4%), medicamentos (20,2%) e macroprolactinemia (15,7%) FISIOLOGIA DA PROLACTINA - PRL é produzida e secretada pelas células lactotróficas da hipófise anterior. - locais extra-hipofisarios de produção de prl: ovários, glândulas mamárias e endométrio, próstata, linfócitos e células hematopoéticas, pele, tecido adiposo, timo, sistema linfático, endotélio e cérebro - secreção de prl pela hipófise tem ritmo circadiano, sendo ↑ durante o sono e ↓ durante a vigília - hipotálamo: função inibitória sobre a secreção de prolactina por meio de fatores inibitórios da PRL, o principal deles é a dopamina. Outros fatores: gaba e somatostatina * dopamina: tem ligação aos receptores D2 (D2R) nas células lactotróficas hipofisárias, resultando em regulação negativa da expressão do gene da PRL, secreção reduzida da PRL e ↓ da proliferação dessas células - vários hormônios e neuropeptídeos capazes de promover a liberação de PRL: hormônio liberador de tireotropina (TRH), opioides endógenos, ocitocina, serotonina, vasopressina, polipeptídeo intestinal vasoativo (VIP), neurotensina, galanina e salsolino - mulher e estrogênio: estrogênio estimula a transcrição do gene da PRL e a secreção de PRL, por isso os níveis de PRL são mais altos no sexo feminino, bem como em mulheres em idade fértil em comparação às que estão na menopausa *via kisspeptina: neurônios dopaminérgicos tuberoinfundibulares são bloqueados pela kisspeptina > ↑ secreção de PRL –> PRL inibe a secreção de kisspeptina no nucleo arqueado -> ↓ GnRh (horm. liberador de gonadotrofinas) e gonadotrofinas (lh/fsh) = justifica o hipogonadismo na hiperprolactinemia. CARACTERISTICAS PROLACTINA DA - formas de prolactina: 1. mPRL - prolactina monomérica ou de baixo peso molecular (23dka): resulta de uma molécula de préprolactina clivada, sendo a principal isoforma circulante (80 a 95%) do total dos indivíduos saudáveis ou daqueles com prolactinoma 2. dPRL - prolactina dimérica ou big prolactina (45 a 60 kDa) 3. pPRL -prolactima polimérica ou macroprolactina ou big big prolactina (> 150 kDa): composta pelo complexo de IgG + PRL monomérica - a dimerica e macro são < 10% do total. - Em casos de hiperprolactinemia, quando mais de 60% da PRL circulante é a macroprolactina = denominamos macroprolactinemia - A caracterização das formas de PRL é realizada por meio de estudos de cromatografia em colunas de gelfiltração, em que a eluição ocorre em função do peso molécula\ ETIOLOGIA HIPERPROLACTINEMIA - hiperprolactinemia não é uma doença, e sim uma anormalidade laboratorial que pode resultar de causas fisiológicas, farmacológicas e patológicas 1. fisiológica 2.farmacologica 3.patologica 4. Idiopática 5. neurogênica 6. Macroprolactinemia →CAUSAS FISIOLOGICAS - Gravidez - ↑ prl pelo hiprerestrogenismo gestacional, aumenta progressivamente ao longo da gestação. tingindo valores > 450 ng/mℓ no último trimestre lactação - estresse – psicológico, induzido por exercícios, dor ou doença aguda - exercício físico - ↑ tempo/intensidade de exercício - ↑ prl (pico ocorre após 30 min exercícios – por isso, evitar atividade intensa antes da coleta de prl) - estímulo mamilar - coito - sono →CAUSAS FARMACOLÓGICAS - hiperprolactinemia por medicamentos é a causa mais comum dentre as não fisiológicas - mecanismos envolvidos: ↓ atividade dopaminérgica, (metildopa), bloqueio dos receptores D2 (antipsicóticos, antieméticos), ↑ 5HT (bloqueadores da recaptacao de serotonina), estimulo direto da sintese de prl (estrógenos) - medicamentos mais comuns: antipsicóticos e antieméticos. O uso crônico deles mantem os níveis de PRL elevados em 40 a 90% dos pacientes. * Antipsicóticos de 1ª geração/típicos: associados a hiperprolactinemia mais intensa (> 2 a 3x LSN). Já os atípicos ou de 2ª geração têm menor afinidade pelo D2R e estimulam menos o receptor serotoninérgico 5HT2A, levando a um aumento mais leve da PRL - os níveis de PRL tendem a cair para o normal 48 a 96 horas após a interrupção da adm oral do antipsicótico. * Antidepressivos: induzem hiperprolactinemia por estimulo das vias serotoninérgicas * Antieméticos bloq do D2R (domperidona, metoclopramida, bromoprida etc.) - uso corriqueiro para DRGE e dispepsia funcional, estando, entre as medicações mais comuns de hiperprl. * estrógenos: altos níveis de estrógeno durante a gravidez levam a hiperplasia lactotrófica e hiperprolactinemia. Ainda é controverso se o uso de anticoncepcionais orais e TRH levam a hiprprolactinemai. Estudos mostram aumento mínimo ou inexistente da prl quando doses de etinilestradiol de até 35 μg/dia *outras drogas: bloq de H2(ranitidina e cimetidina), medicamentos serotoninérgicos (fenfluramina, sibutramina etc.), ansiolíticos (alprazolam e buspirona), opioides, maconha, cocaína etc. === a avaliação da hiperprolactinemia farmacológica pode ser um desafio, já que o uso abusivo de opioides, álcool e drogas ilícitas também pode aumentar os níveis de PRL, e tal informação pode ser omitida pelo paciente na anamnese. === deve-se sempre considerar a possibilidade de uma causa patológica junto na hiperprolactinemia moderada a grave (> 100 ng/mℓ ), com repercussões clínicas e/ou hiperprolactinemia prolongada -> nesses casos, repetir dosagem de PRL após a interrupção do medicamento por 3 a 4 dias. Se a retirada da medicação não for possível, deve-se realizar RM para descartar massa selar. →CAUSAS PATOLÓGICAS 1. doenças hipotalâmico-hipofisárias a) tumores: *principal: prolactinomas (adenoma hipofisário + comum) *tumor de ↑ produção de PRL - adenomas hipofisários mistos produtores de GH + PRL, TSH + PRL, ACTH + PRL *tumor de compressão da haste hipofisária: adenomas clinicamente não funcionantes e craniofaringiomas – considerados pseudoprolactinomas, já que não secretam PRL, mas interferem no aporte de dopamina do hipotálamo para a hipófise b) lesões infiltrativas (sarcoidose, tb), hipofisite, aneurismas, sela vazia e radioterapia - produção hipotalâmica inadequada de dopamina ou à compressão da haste hipofisária 2. doenças sistêmicas – endócrinas e não endócrinas - Hiperprolactinemia em até 40% dos pacientes com hipotireoidismo primário e em até 22% daqueles com hipotireoidismo subclíno -> ↑leve dos níveis de PRL que normalizam com a reposição de levotiroxina. Se persistir elevada depois do uso de L-tiroxina, pensar em prolactinoma também - insuficiência adrenal primaria – reversível depois da introdução de glicocorticoides, os quais ↓ genes da prl e sua liberação e então revertem a hiperprolactinemia - insuficiência renal - cirrose alcoolica / não alcoolica – ocorre pela ↓ da inibição de prl pela dopamina →HIPEPROLACTINEMIA IDIOPÁTICA - pacientes sem uma causa óbvia para a alteração horm. - microprolactionas, alteração da regulação hipotalâmica →HIPERPROLACTINEMIA NEUROGÊNICA - estimulação à amamentação levam à ↑ PRL pela ativação de vias aferentes neurais que passam pela medula espinal e interferem na transmissão da dopamina. Isso vale para traumas de parede torácica, lesões irritativas (herpes zóster, queimaduras, piercing) e por doenças do cordão medular (ependimoma cervical, siringomielia, tabes dorsalis e tumores extrínseco →MACROPROLACTINEMIA •DEFINICAO: > 60% da PRL circulante é composta por macroprolactina - macroprolactina tem baixa ativ. Biológica -> maioria dos pacientes são assintomáticos •Causas de hiperprolactinemia por macroprolactina: ↓depuracao renal, meia-vida mais longa e menor capacidade de ativar as vias dopaminérgicas hipotalâmicas (↑ dopa ↓ secreção hipofisária de PRL) - 3ª causa mais comum de HiperPRL (1ºprolactinomas, 2º medicamentos) e geralmente não requer tto - deve ser suspeitada principalmente quando pacientes hiperprolactinêmicos não têm os sintomas típicos e/ou a evidência de um tumor hipofisário à RM. Mas muitos pctes com macroprolactinomas podem ter galactorreias ou sintomas de hipogonadismo devido a presenca de outra doenças • a hiperprolactinemia monomérica e macroprolactinemia não podem ser diferenciadas com base apenas em qc, achados de RM ou níveis de PRL • macroprolactinemia também pode atrasar ou dificultar o dx de disfunção erétil psicogênica = sempre considerar essa possibilidade nos pacientes com disfunção erétil + hiperprolactinemia com níveis normais de testosterona. 4,7Assim, a macroprolactinemia pode representar uma causa relevante de diagnóstico incorreto, investigação desnecessária e tratamento inapropriado. rastreamento macroprolactina: • pacientes assintomáticos com ↑ prl, mas a PRL nunca deve ser dosada em pacientes assintomáticos, a fim de evitar a desnecessária detecção da macroprolactinemia • hiperprolactinemia idiopática • QCs atípicos • resultados de PRL conflitantes em diferentes ensaios •declínio tardio dos níveis de PRL durante o uso de doses habituais dos agonistas dopaminérgicos. →TUMORES EXTRA-HIPOFISÁRIOS SECRETORES DE PRL - produção ectópica de PRL – tumores ovarianos e uterinos, adenocarcinoma colorretal e tumor de celula epitelioide perivascular. - Pela sua raridade, a secreção ectópica não deve ser pesquisada rotineiramente, a menos que haja um tumor extra-hipofisário clinicamente diagnosticado →CRISE CONVULSIVA - hiperprolactinemia em 12-75% dos que apresentavam convulsão do lobo frontal e do lobo temporal, isso pelo desequilíbrio dos neurotransmissores da região hipotalâmico-hipofisária. →OUTRAS CAUSAS - mecanismos patogênicos das malignidades e doenças autoimunes – linfoma, carcinomas de mama e cólon, LES, artrite reumatoide e mieloma múltiplo avançado. QUADRO CLÍNICO CRONICA DA HPRL ○ galactorreia: pelo estímulo direto da lactação ○ sintomas de hipogonadismo – pela inibição da secreção pulsátil de GnRH ○ acne e hirsutismo (raramente) em mulheres, sobretudo por aumento da produção de andrógenos adrenais ○ Ganho de peso (mecanismo não bem estabelecido) Galactorreia - manifestação mais característica - 30 a 80% das mulheres / 14 a 33% dos homens com prolactinomas. 1/3 das mulheres com galactorreia não tem ↑PRL – galactorreia idiopática - Pode ser espontânea, intermitente ou detectável apenas à compressão mamilar - ↑ mais grave o hipogonadismo (níveis de estrogênio mais baixos e de longa evolução) = ↓ a incidência de galactorreia (o estrogênio é necessário para a produção do leite). Por essa razão, galactorreia é incomum na pósmenopausa - Em homens, o achado de galactorreia é quase patognomônico dos prolactinomas Hipogonadismo hiperprolactinemia causa hipogonadismo hipogonadotrófico via inibição da kisspeptina, um potente secretagogo do GnRH => Como consequência, ocorre ↓ pulsatilidade do LH e FSH, o que leva à menor produção de esteroides sexuais (estrogênio nas mulheres e testosterona nos homens) - ↑ prl também inibem funções ovariana e testicular • mulheres: podem ter fase lútea curta, anovulação, infertilidade, oligomenorreia ou amenorreia e diminuição da lubrificação vaginal com dispareunia. Ocasionalmente, existe infertilidade associada a ciclos menstruais regular • homens: ↓ da libido, disfunção erétil, oligospermia, infertilidade e, menos frequente, ginecomastia. ↑ PRL elevada pode inibir a 5αredutase (testosterona -> dihidrotestosterona) e ter ação direta inibitória sobre as células de Leydig. Assim, homens com hipogonadismo secundário à hiperprolactinemia nem sempre recuperam a potência sexual apenas com testosterona, ou seja, é necessária a correção da hiperprolactinemia. • ambos os sexos: diminuição da densidade mineral óssea (osteopenia e osteoporose) Acne e hirsutismo em mulheres (raro) - mecanismos: (1) elevação da testosterona livre, por diminuição da globulina ligadora dos hormônios sexuais (SHBG), resultante da deficiência estrogênica; (2) aumento da produção adrenal de sulfato de deidroepiandrosterona (DHEAS), por inibição da atividade da 3βhidroxiesteroide desidrogenase Obesidade – mecanismos não elucidados SINAIS E SINTOMAS DE MACROPROLACTINEMIA - macroprolactina: baixa atividade biológica e, devido a seu alto peso molecular, ela não consegue atravessar o capilar para estimular seu receptor nas células-alvo = pacientes tipicamente assintomáticos - sintomas relacionados com hiperprolactinemia (galactorreia, alterações menstruais, infertilidade e disfunção sexual) foram relatados em até 45% dos pacientes. Tal achado provavelmente se deve à concomitância de outras doenças, como SOP, disfunção erétil psicogênica, galactorreia idiopática, tumores hipofisários não funcionantes ou hiperprolactinemia monomérica. Quando esses sintomas são presentes, o dx aponta para hiperprolactinemia monomérica DIAGNÓSTICO - suspeita de hiperprolactinemia -> dosar PRL serica - dosagens de TSH, T4 livre e creatinina - descartar causas secundárias de hiperprolactinemia - fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1 (IGF1) - indicada em todos com adenoma hipofisário, mesmo sem manifestações típicas da acromegalia - dosagem de β hCG é obrigatória em qualquer mulher em idade fértil com amenorreia, ainda que que ela negue categoricamente a possibilidade de gravidez. ◎ VALORES DE REFERÊNCIA PRL - homens: até 20 ng/ml - mulheres: até 30 ng/ml Obs: OMS - 1 ng/ml = 21,2 mIU/ ℓ •Elevação discreta: 30/20 ng/ml até no máx. 100 ng/ml – ocorre devido ao estresse da punção venosa ou atividade física intensa • orientações: evitar a estimulação mamária horas antes da dosagem de PRL • lembrar: a PRL é secretada episodicamente, e seus níveis durante o dia podem mudar e até ficar acima do normal, por isso não se deve ter como base um único exame para se estabelecer o diagnóstico de hiperprolactinemia, a menos que a PRL esteja definitivamente elevada (> 100 ng/mℓ) parâmetros para dx de hiperprolactinemia - anamnese (sintomas, uso de substâncias que podem aumentar os níveis de PRL, estimulação excessiva das mamas); -exame físico (galactorreia, ginecomastia, bócio, aranhas vasculares, ascite, edema facial, lesões na parede torácica, piercing nos mamilos) - características clínicas + laboratoriais + exames de imagem da sela túrcica hipotireoidismo primário (problema hipofisário) – muitos são assintomáticos, mas não deve excluir a chance de hiperprolactinemia, nem de avaliar função tireoidiana rastreio macroprolactina – deve-se considerar nos pacientes assintomáticos ou sem causa obvia para ↑ prl - padrão ouro para dx: cromatografia em gel de filtração (↑R$, demorada) - triagem: precipitação com polietilenoglicol (PEG) -> PEG consegue precipitar moléculas pesadas, como a macroprolactina, deixando no sobrenadante a PRL monomérica. ○ Recuperações < 40% = indicativas de predominância de macroprolactina ○ Recuperações > 60% = dx de hiperprolactinemia monomérica - suspeitar de macroprolactinemia + hiperprolactinemia monomérica quando: PRL continua alta com recuperação de PRL < 40% com PEG EXAMES DE IMAGEM Após a exclusão das diferentes causas de hiperprolactinemia como medicamentos/drogas e doenças sistêmicas (endócrinas e não endócrinas), indica-se fazer a RM da sela túrcica. - no hipotireoidismo primário, devido à hiperplasia hipofisária difusa, pode ter um aumento da glândula e o dx incorreto de um prolactinoma ou ACNF. Esse aumento é reversível com reposição de levotiroxina e normalização de TSH e T4 livre NÍVEIS DE PROLACTINA E ETIOLOGIA - dependendo do valor, é possível presumir a causa ** PRL > 500 ng/mℓ quase sempre indicam prolactinoma. > 250 possivel prolactinoma ** PRL < 100 ng/mℓ: por massa selares/ACNF, compressão da haste hipofisária, hiperprolactinemia por fármacos ou doenças sistêmicas • Prolactinomas - ↑ tamanho tumor = ↑ níveis de PRL - microprolactinomas (diâmetro < 10 mm) - PRL entre 100 e 200 ng/mℓ - macroprolactinomas (diâmetro ≥ 10 mm) - PRL > 250 ng/mℓ, podendo alcançar 20.000 ng/mℓ - prolactinomas gigantes (diâmetro máximo > 4 cm) PRL > 1.000 ng/mℓ - macroadenomas volumosos podem ter PRL < 200 a 250 ng/mℓ ou, até mesmo, valores normais, por conta do chamado efeito gancho: valores de prl baixos quando se empregam imunoensaios contendo dois sítios, sejam eles imunorradiométricos (IRMA), por quimioluminescência ou enzimaimunoensaios – nesses ensaios, usam-se dois anticorpos que se ligam a PRL (antígeno) e formam um “sanduiche” - dois anticorpos – um da fase solida (captura) e o outro da fase líquida (sinalizador) - Quando há níveis muito elevados de PRL, após a ligação da PRL ao anticorpo de captura, o excesso de PRL impede a ligação do segundo anticorpo (sinalizador), não havendo a formação dos “complexos sanduíches” - o efeito ganho pode ser “desmascarado” por uma nova dosagem de prl após diluição do soro a 1:100. Com os ensaios mais modernos, o efeito gancho ocorre só se PRL muito elevada (p. ex., > 10.000 ng/mℓ), observado em casos de tumores volumosos. - quando pensar na ocorrência do efeito gancho? tumores grandes (p. ex., ≥ 3 cm) e níveis de PRL ≤ 250 ng/mℓ - ○ tumores com grandes áreas císticas podem também ter hiperprolactinemia leve a moderada, isso porque apesar do grande volume do adenoma, há reduzido número de células lactotróficas produtoras de PRL. Assim, depois de excluir a chance de efeito ganho e tumores císticos, se PRL < 100 ng/ml em paciente com macroadenoma -> altamente sugestivo de ACNF (Adenoma clinicamente não funcionante) • ACNF – adenoma clinicamente não funcionante - acnf e outras massas selares (secretores de GH, ACTH ou TSH, craniofaringiomas, etc) são associados a elevação LEVE/MODERADA da PRL (<100) - PRL > 250 ng/mℓ são altamente sugestivos de prolactinomas e possivelmente excluem ACNF/outras massas selares como causa da hiperprolactinemia, em pacientes sem macroprolactinemia •Doenças sistêmicas - doenças sistêmicas, endócrinas ou não endócrinas, os níveis de PRL são geralmente < 100 ng/mℓ . •HiperPRL por medicamento - aumentos leves – PRL: 25 a 100 ng/mℓ - PRL ≥ 250 ng/mℓ - mais relatados com antipsicóticos clássicos e risperidona •Macroprolactinemia - PRL são < 100 ng/mℓ •secrecao ectópica - PRL < 250 ng/mℓ. ALGORITMO PARA AVALIACAO - Antes de solicitar pesquisa de macroprolactina e RM da hipófise, devemse excluir causas fisiológicas, lesões traumáticas da parede torácica, hiperprolactinemia farmacológica e doenças sistêmicas - níveis de PRL são muito úteis na diferenciação entre macroprolactinomas não císticos e ACNF - Descartar o efeito gancho é mandatório em todos os pacientes com grandes tumores hipofisários (≥ 3 cm) + PRL normal ou levemente elevados (≤ 250 ng/mℓ) - pacientes com um macroadenoma hipofisário + macroprolactina negativa + PRL > 250 ng/mℓ praticamente confirmam o dx de macroprolactinoma PROLACTINOMAS - são tumores das células lactotróficas - tumores hipofisários mais comuns(40% dos casos) - dx: achados em ex de imagem – RM e níveis de PRL - tto: principalmente agonistas dopaminérgicos (AD), enquanto a cirurgia transesfenoidal, isolada ou associada à radioterapia, é limitada a pacientes pouco responsivos ou intolerantes aos AD - microprolactinomas são mais frequentes que os macroprolactinomas e ocorrem com mais no sexo feminino - Nos homens, os sintomas mais importantes são diminuição da libido e/ou disfunção erétil *EPIDEMIO - mais em homens (10:1) entre 20-50 anos - prolactinomas correspondem a 73.3% de todos os adenomas da hipófise - prolactinomas são o tipo de tumor de hipófise mais frequente em pacientes com neoplasia múltipla tipo 1 (MEN1) e demonstraram ser mais agressivos que os prolactinomas esporádico *QC - manifestações relacionadas ao ↑ prolactina hipogonadismo hipogonadotrofico e galactorreia efeitos de massa determinados pelos macroprolactinomas (sobretudo, cefaleia e distúrbios visual *DIAGNÓSTICO mandatório (TC) ou, de preferência, RM +PRL 1. (80%) microadenomas (diâmetro < 1 cm) - PRL em geral entre 100 e 250 μg/ℓ 2. macroadenomas (diâmetro ≥ 1 cm), predominam nos homens – PRL excede 250 μg/ ℓ e frequentemente superam 1.000 μg/ ℓ, pode chegar ate 100.000 - prolactinomas gigantes - diâmetro máximo é > 4 cm (1 a 5%) - a PRL inicial e a PRL após diluições do soro (efeito gncho) foram, respectivamente, 31 e 280.000 μg/ ℓ DX DIFERENCIAL principal diagnóstico diferencial dos macroprolactinomas são os adenomas clinicamente não funcionantes (ACNF), principais representantes dos pseudoprolactinomas, indicado, é cirúrgico. cujo tratamento, quando TRATAMENTO Diferentemente dos macroprolactinomas, microprolactinomas não tratados não tendem a crescer. Assim, pacientes assintomáticos não têm indicação absoluta de tratamento. - tto deve ser considerado na presença de uma das seguintes queixas: amenorreia, disfunção sexual, galactorreia incômoda, infertilidade, disfunção erétil e osteoporose prematura. a. CIRURGIA - indicada para os casos de resistência ou intolerância aos DA, bem como em complicações tumorais (↑ tumoe, apoplexia ou rinoliquorreia). - MIC e a grande maioria dos MAC: cirurgia transesfenoidal (CTE) é a técnica de escolha. - Craniotomia deve ser reservada para os tumores inacessíveis pela via transesfenoidal, e atualmente só é indicada em casos extremamente raros. - pacientes com prolactinomas gigantes e invasivos, dificilmente a cirurgia pode ser curativa, independentemente da técnica cirúrgica empregada ou da experiência do neurocirurgião. - chance de cura na cirurgia diminuiu em pacientes com PRL basal > 200 mg/ℓ b. RADIOTERAPIA - essencialmente indicada para os pacientes com tumores resistentes a DA e cirurgia, com uma tendência comprovada para crescimento. - uso de radiação é limitado ou frequentemente atrasado devido a preocupações com possíveis complicações tardias envolvendo a hipófise, o aparelho óptico ou o parênquima cerebral. - hipopituitarismo induzido por radiação (RIH) é a complicação crônica mais frequente da RxT. O RIH pode resultar em um comprometimento progressivo da função hipofisária; portanto, adequado monitoramento ao longo da vida e apropriado tratamento de reposição são fortemente recomendados a fim de se adiar e/ ou evitar as complicações sistêmicas graves, bem como melhorara qualidade de vida dos pacientes. Além disso, embora o RIH tenda a surgir nos primeiros cinco anos após o tratamento radioterápico, novas deficiências podem se apresentar até 20 anos depois. - Complicações adicionais da RxT: AVC, tumores cerebrais secundários e lesão do nervo óptico c. MEDICAMENTOS – 1ª linha – agonistas dopaminérgicos - tanto para micro quanto para macroprolactinomas - DA atuam nos receptores dopaminérgicos D2, na membrana dos lactotrofos normais e tumorais, inibindo a adenilatociclase, com consequente ↓ da síntese e da secreção de PRL. Adicionalmente, os DA induzem apoptose dos lactotrofos tumorais, o que justifica a redução do tamanho do tumor durante o tratamento - A responsividade à CAB é maior que a BCR, tanto nos macroprolactinomas quanto nos microprolactinomas, bem como na hiperprolactinemia não tumor - Bromocriptina, pergolida e cabergolina são derivados daergotamina. O único derivado não ergot utilizado na prática clínica é quinagolida →Bromocriptina: microprolactinomas - normaliza os níveis de PRL, restaura a função gonádica e reduz a massa tumoral. Essa redução ocorre dentro de 2 meses 3 anos ou mais. Pode ser observada mesmo em tumores com grande extensão suprasselar e compressão quiasmática. Em geral, a cefaleia e os defeitos no campo visual melhoram drasticamente dentro de poucos dias após a primeira administração de BCR. melhora da qualidade do sêmen. →Cabergolina: tem melhor tolerabilidade e maior eficácia em normalizar a PRL comparada com bcr. →Pergolida: agonistas D1 e D2 prolongadas, é 100x mais potente de que a BCR, induzindo um controle efetivo da hiperprolactinemia comum a única administração diária. →Quinagolida:(QG) é um DA não ergot oral com atividade específica para D2. →efeitos colaterais dos DA: agrupados em: gastrintestinais, cardiovasculares e neurológicos. Os mais comuns são náuseas e vômitos (cerca de 30%), cefaleia (cerca de 30%) e tonturas (cerca de 25%). →Retirada: conceito de retirada periódica da CAB, especialmente nos pctes com RM normal. Nessa situação, considerar a suspensão periódica do tratamento com os DA para avaliar se a hiperprolactinemia persistirá ou não. No caso de grandes adenomas, a suspensão deve ser gradual, e interrompê-la se tiver aumento nos níveis da PRL ou nas dimensões tumorais. MEN-1 - neoplasias endócrinas múltiplas tipos 1 e 2 (MEN1 e MEN2) são síndromes hereditárias raras, com transmissão autossômica dominante e com alta penetrância, caracterizadas pelo desenvolvimento de tumores neuroendócrinos nas glândulas paratireoides, tireoide, adrenais, pâncreas e hipófise MEN-1 – - Descrita por Wermer em 1954 - é um distúrbio genético autossômico dominante, de etiologia familiar ou eventualmente esporádico, caracterizado pela predisposição ao surgimento combinado de mais de 20 diferentes tumores endócrinos e não endócrinos - definida por neoplasias envolvendo pelo menos dois de três sítios: glândulas paratireoides, hipófise anterior e pâncreas -> “síndrome dos 3 P” (pituitária, paratireoides e pâncreas) EPIDEMIO - rara, sem predileção por sexo - manifestações a partir 30-50 anos - considerada familiar, quando há um indivíduo com MEN1 e, em pelo menos um parente de 1º grau - hiperparatireoidismo primário (HPTP) é a manifestação clínica mais prevalente - 3% dos casos, os adenomas hipofisários associam-se à neoplasia endócrina múltipla tipo 1 (MEN-1) GENÉTICA - mutações germinativas no gene MEN1, localizado no braço longo do cromossomo 11 (11q13) - O gene MEN1 contém 10 éxons e codifica uma proteína menin = considerada um gene supressor tumoral-> ação nas vias de sinalização envolvidas no controle do crescimento e da proliferação celular durante a embriogênese e na vida pós-natal - menin se liga ao fator de transcrição junD, inibindo a proliferação celular →DX DE MEN-1: • Pelo menos duas das três neoplasias mais frequentes: hipófise, paratireoides e neuroendócrinos enteropancreáticos (TNEP) •Pelo menos um dos tumores em familiar de 1º grau de paciente com MEN1 • Mutação germinativa do gene MEN1, independentemente de sintomas ou evidência bioquímica ou radiológica de doença *MANIFESTACOES CLINICAS -> hiperparatireoidismo primário – endocrinopatia mais frequente. Dx por ↑ PTH, ↑ Ca2+ e ↓fosforo. Tto é cirúrgico -> tumor hipofisário – 10-60%, sendo 60% desses tumores secretam prolactina (PRL) – prolactinomas, 25% liberam hormônio do crescimento (GH), 5% secretam hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) – sd. Cushing e corticotropinoma – e os demais são primária e clinicamente NFT. ->tumores neuroendócrinos enteropancreático: origem nas células das ilhotas pancreáticas ou duodeno. Podem ser TNF ou funcionantes (↓frequente) a) tnf: não secretam hormônios ou só secretam polipeptideos que não causam síndrome b) funcionantes: secreção de hormônios ativos gastrina (gastrinomas), insulina (insulinomas), polipeptídeo intestinal vasoativo (VIP) [VIPomas], glucagon (glucagonomas) e somatostatina (somatostatinomas), resultando, assim, em síndromes clínicas específicas -> outros tumores: tumores carcinoides (tímicos e brônquicos), tu adrenocorticais, tu cutâneos, meningiomas e ependimomas, tu do músculo liso e FEO (muito raro) RASTREAMENTO - Uma vez identificada a mutação no paciente, devemse avaliar os familiares de 1º grau. Aqueles com mutação no MEN1 devem iniciar o protocolo de rastreamento para dx e ttoo precoce dos sintomas/sinais REFERÊNCIA: Lucio Vilar et al. Endocrinologia clínica. 7. ed. ¬ Rio de Janeiro :Guanabara Koogan, 2021 Desnutrição no idoso AVALIACAO NUTRICIONAL NOS IDOSOS - prevalência de 20% de desnutrição na população idosa brasileira - desnutrição entre idosos hospitalizados – 60% - dados refletem a importância de se evitarem ou retardarem perdas de peso indesejáveis, por meio do monitoramento do estado nutricional e da utilização de técnicas dietéticas, que permitam melhorar o valor calórico e, consequentemente, a adequação da qtde e da combinação de nutrientes essenciais para o organismo - padrão alimentar: ↑calorias de acucares livres e gorduras saturadas, ↑pao francês, biscoitos, álcool. ↓ arroz, feijão e leite →para a avaliação do estado nutricional, devemos considerar os fatores fisiológicos que afetam diretamente o consumo alimentar de idosos: •↓ olfato e do paladar • alterações na digestão e na absorção de nutrientes •↓ da sensibilidade à sede • polifarmácia (uso ≥ 5 medicamentos) - ↑ efeitos colaterais, interfere na absorção dos nutrientes • Perda do cônjuge • depressão* • isolamento social* • pobreza* • capacidade funcional e nível cognitivo* ◎ DESENVOLVIMENTO - a avaliação do estado nutricional é parte da avaliação geriátrica ampla (AGA) *PESO CORPORAL *MASSA DE GORDURA *MASSA LIVRE DE GORDURA *ÁGUA *ALBUMINA *TRANSFERRINA *FERRO -> medidas antropométricas para avaliação do estado nutricional no idoso: • peso – prediz massa muscular e tec. Adiposo • estatura • circunferência da cintura - prediz massa muscular e tec. Adiposo • circunferência da panturrilha – massa muscular • circunferência do braço - prediz massa muscular e tec. Adiposo • forca de preensão manual – bom preditor de forca total do corpo ESTATURA - difícil em idoso por conta das alterações associadas à idade, principalmente na parte superior do tronco (cifose, escoliose, ↓ discos e cartilagens, mudança postural) - usar o antropômetro fixado em balança do tipo plataforma. - técnica: os indivíduos devem ficar sem sapatos, de costas para o marcador, com os pés unidos e em posição ereta, e a leitura deve ser feita quando a haste horizontal da escala se encostar à cabeça, com o indivíduo no máximo de sua inspiração. • Avaliação nutricional - é difícil e complexa no idoso, por conta das alterações fisiológicas, inerentes ao envelhecimento, presença de doenças, polifarmácia, fatores socioeconômicos e familiar - A avaliação nutricional permite a determinação do estado nutricional, o qual reflete o grau em que as necessidades fisiológicas de nutrientes estão sendo alcançadas, a fim de que mantenham a composição corporal e a função adequada do organismo -> usam-se: (1) indicadores antropométricos, (2) dietéticos, (3) bioquímicos e (4) físicos CIRCUNFERENCIA DA PANTURRILHA - Fornece uma medida sensível da massa muscular em idosos, pois, tem boa correlação com os níveis de albumina sérica. - indica alterações na massa magra que ocorrem com a idade e com o decréscimo na atividade física. - recomendado para avaliação dos pacientes acamados ou que não se pode medir a estatura - técnica: é realizada na parte mais protuberante da perna esquerda com uma fita métrica inelástica, - NORMAL: ≥ 31 cm (homens e mulheres) 1. ANTROPOMETRIA - medida das variações das dimensões físicas e da composição total do corpo nas diferentes idades e em diferentes níveis de nutrição -> mede, pois, as variações de tecido adiposo e muscular do indivíduo, determinando a sua composição corporal PESO - deve ser feito em todas as consultas, com os pctes sem sapatos e com a menor qtde de roupa possível, braços ao longo do corpo • Técnica - simples: medidas de peso e estatura // sofisticada: RM -> medidas mais usadas: • Velocidade de perda de peso (VPP) - vpp significativa está associada à ↓ preponderante de massa muscular – importante marcador de desnutrição e em sds. Comsuptivas CIRCUNFERENCIA DA CINTURA - sem parâmetros específicos para os idosos - deve ser feita principalmente nos idosos com maiores depósitos de gordura corporal na região abdominal. - técnica: no ponto médio entre a crista ilíaca e a última costela. - risco aumentado de problemas cardíacos são ≥ 80 cm para as mulheres e ≥ 90 cm para os homens CIRCUNFERENCIA DO BRACO - deve ser feita no braço esquerdo, no ponto médio entre o acrômio da escápula e o olécrano da ulna (entre o ombro e o cotovelo). O ponto médio é obtido com o braço flexionado a 90° - circunferência do braço (CB) é obtido com o braço relaxado - cb oferece um índice aproximado da reserva calórica e proteica. - valores normais: > 22 cm FORÇA DE PREENSAO MANUAL - é um indicador de funcionalidade - teste funcional sensível de depleção proteica e, consequentemente, um indicador de desnutrição. - técnica: usa-se um dinamômetro. O indivíduo deve ficar com o ombro aduzido em posição neutra e o cotovelo fletido a 90°. Devem ser feitas 3 medidas em cada braço e considerado o maior valor MINIAVALIAÇÃO NUTRICIONAL (MAN) questionário dividido em 4 domínios: 1. avaliação antropométrica (IMC, CB, CP e perda de peso); 2. avaliação global (modo de vida, medicação, mobilidade e problemas psicológicos); 3. avaliação dietética (número de refeições, ingestão de alimentos e líquidos e autonomia na alimentação); 4. autoavaliação (a autopercepção da saúde e da condição nutricional) ○ Resultados: ■ Desnutridos: MAN < 17 ■ Risco de desnutrição: MAN entre 17 e 23,5 ■ Adequado estado nutricional: MAN ≥ 24 - sensível (96%) e especifico (98%) para desnutrição 2. INQUÉRITO DIETÉTICO E EXAMES BIOQUIMICOS - inquérito dietético: avaliação de dados sobre a alimentação observando a ingestão de alimentos e nutrientes específicos - métodos: Recordatório Alimentar de 24 h, os questionários sobre a frequência de ingestão de alimentos e a coleta da história dietética. - devem ser usados na determinação do habito/padrão alimentar, assim como na identificação de def. da ingestão de nutrientes -> Bioquimicos: resultados mais confiáveis da def. nutricional, sugere a dosagem de: ALBUMINA, COLEST TOTAL E TRANSFERRINA DESNUTRICAO - A partir da terceira década de vida, iniciam-se alterações na composição corporal, com perda de massa magra e aumento no tecido adiposo. (explica o ↑ de peso nos adultos jovens e as perdas involuntárias a partir dos 60 anos) - se grave ou se >5% em 30 dias -> implicam perda de massa magra, piorando a fragilidade do idoso e interferindo negativamente em processos de reabilitação → INDICADORES DE DESNUTRICAO • Perda de peso involuntária de aproximadamente 5% em um mês, 7,5% em três meses e 10% em 6 meses; • Peso baixo para a altura, inferior a mais de 20% do peso corporal ideal; • IMC < 22 kg/m2 ; • Albumina sérica abaixo de 3,5 mg/dL; • Nível de colesterol sérico total inferior a 160 mg/dL; • Mudança do estado funcional: de independente para dependente; • Ingestão alimentar inadequada; • Circunferência muscular do braço inferior ao percentil 10; • Prega cutânea tricipital menor que o percentil 10 ou maior que o percentil 95 → CAUSAS: • anorexia causada por depressão, medicação, deficiência vitamínica, falta de minerais, como o zinco; • má absorção intestinal, causada por isquemias; • dificuldade de deglutição (doenças neurológicas, estados confusionais e candidíases decorrentes de baixa imunidade) • problemas metabólicos (hipertireoidismo) •fatores sociais (isolamento e a pobreza) - . Outras condições responsáveis pela desnutrição em idosos, e que podem ser modificadas, são a condição dentária, a forma de preparo das refeições e o grau de acesso aos alimentos (óleos vegetais), carboidratos simples (açúcar, mel), leite em pó integral, entre outro - se diabetes e/ou hipertrigliceridemia: restringir açúcares simples (açúcar refinado, mel) e usar carboidratos complexos (maisena, aveia, pão), gorduras mono e poli-insaturadas e leite em pó desnatado - se dislipidemia mista: preferíveis as gorduras monoinsaturadas e leite em pó desnatado - suplementos nutricionais orais em idosos desnutridos e em risco nutricional, pois geram aumento de ingestão calórica, proteica e micronutrientes, com melhora do estado nutricional e sobrevida - Se a ingestão oral for insuficiente para atender requisitos, mesmo com a adoção de medidas citadas, a terapia nutricional enteral deverá ser instituída para substituir ou associar-se com a ingestão pela via oral. - a via de adm da dieta pode mudar para aumentar a velocidade de ganho de peso. Paciente sem impedimentos digestivos pode associar dieta por via oral com a nasoentérica por pequenos períodos, o que facilita a adm de maior valor calórico e promove a adaptação em tempo menor. → ALEM DO MAN, TEMOS O SCALES (p/ avaliação de desnutrição) PRINCIPAIS CAUSAS DE PERDA DE PESO NÃO INTENCIONAL EM IDOSOS →META DE INTERVENCAO NUTRICIONAL - atingir balanço calórico positivo, ou seja, ingestão superior ao gasto calórico. Para alcançar esse objetivo, devem ser levados em conta todos os fatores que interferem na alimentação de idoso - deverá oferecer maior aporte energético e proteico pelo aumento da densidade calórica, volume dos alimentos quando possível e fracionamento da dieta. - atenção especial deve ser dada a idosos com dificuldade de deglutição -> deve-se avaliar a necessidade de adaptação da dieta para uma consistência mais segura - no inicio do tto da anorexia: volumes pequenos a cada 2h, com alternância de sabores doces e salgados. ↑ volume gradativamente ○ densidade calórica: aumentar o valor calórico da preparação sem, contudo, alterar seu volume. Os alimentos utilizados para isso são as gorduras monoinsaturadas (azeite de oliva) ou poli-insaturadas - Mnemônico (Robbins) “9 D’s da perda de peso”: Dentição/Alteração na cavidade oral; Disfagia; Disgeusia (distúrbio no paladar); Diarréia; Depressão; Doença Crônica (DPOC, ICC); Demência; Disfunção (física, cognitiva ou psicossocial); Drogas. - Mnemônico “MEALS ON WHEELS”: • M: Efeitos de medicamentos (Medication effects) • E: Problemas emocionais (Emotional problems) (especialmente depressão) • A: Anorexia nervosa, alcoolismo • L: Paranoia da idade avançada (Late life paranoia) • S: Distúrbios da deglutição (Swallowing disorders) • O: Fatores orais (Oral factors), como dentaduras e cáries • N: Falta de dinheiro (No money) • W: Perambulação e outros comportamentos relacionados à demência • (Wandering and other dementia related behaviours) • H: Hipertireoidismo, hipotireoidismo, hiperparatireoidismo, hipoadrenalismo • E: Problemas entéricos (Enteric problems) • • • E: Problemas alimentares (Eating problems), como incapacidade de se alimentar sozinho L: Dieta de baixo teor de colesterol e baixo teor de sal (Low salt, low cholesterol diet) S: Obstáculos, problemas sociais (Stones, social problems), como isolamento, incapacidade de obter os alimentos preferidos CÁLCULO DAS NECESSIDADES CALÓRICAS E PROTEICAS IDEAIS DE CADA PACIENTE - A necessidade energética diminui com a idade. - A redução da taxa metabólica basal nos idosos está associada a uma grande perda de massa muscular, resultando em menor metabolismo ativo. - O melhor parâmetro do gasto energético em idosos é o consumo de oxigênio máximo (Vo2 máx.). - A avaliação do gasto energético objetiva a individualização do suporte nutricional, evitando a administração insuficiente ou excessiva de calorias. • O gasto energético total é a soma da termogênese induzida pelo frio e pela dieta, energia consumida pela atividade física e gasto energético em repouso. A equação de Harris-Benedict fornece uma estimativa do gasto energético basal: ♂: (655 + (9,6 x (peso [kg]) + (1,8 x (h [cm]) – (4,7 x (idade em anos) ♀: (66,47 + (13,7 x (peso [kg]) + (5 x (h [cm]) – (6,8 x (idade em anos) *Proteína – 10-35% do total calórico (0,8-1g/kg/dia) e 1,22g/kg/dia para pacientes catabólicos *Carboidratos – 45-65% do total calórico (máximo de 7g/kg/dia) *Lipídio – 25-35% do total calórico (máximo de 2,5g/kg/dia) →As necessidades energéticas no idoso muito idoso podem ser estimadas da seguinte forma: Estresse leve: 20 kcal/kg/dia. Estresse moderado: 25-30 kcal/kg/dia. Estresse grave: 35 kcal/kg/dia. OPÇÕES DE TERAPIA NUTRICIONAL (ORAL, ENTERAL, PARENTERAL), RISCOS E BENEFÍCIOS • TERAPIA NUTRICIONAL ORAL (TNO) - alimentação por via oral deve ser sempre estimulada, seja alterando-se a textura, a temperatura, a oferta e a palatabilidade do alimento, seja intercalando pequenas quantidades em intervalo de tempo menor ou associando espessante artificial. - complemento nutricional pode e deve ser indicado quando a ingesta não atingir volume energético total (VET) adequado. ○ Critérios para reintrodução da alimentação via oral *deglutição efetiva e segura *quando o paciente atingir ingestão alimentar de aproximadamente 50 a 75% das necessidades nutricionais, pode-se iniciar o desmame da TNE. - Com a progressão da aceitação alimentar oral (> 75%das necessidades nutricionais), é preciso acompanhar por 3 dias consecutivos, suspender a TNE e indicar a TNO. • TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL (TNE) - indicada para indivíduos cujo trato gastrintestinal é funcionante, mas cuja digestão oral é inadequada ou insuficiente para atender as necessidades nutricionais. - patologias que acarretam dificuldade na deglutição ou impossibilidade de alimentação por via oral têm indicação de suporte nutricional enteral. * classificação em 5 subgrupos para os pacientes que têm indicação para o início de suporte nutricional: 1. Aqueles que não querem comer (depressão, demência) 2. Não podem comer (disfagia, neoplasia de esôfago) 3. Não devem comer 4. Comem, mas não absorvem (enterite actínica, síndrome do intestino curto, pancreatite) 5. Não comem o suficiente (DPOC – alta demanda metabólica; Parkinson; DRC; Cirrose hepática) - A única contraindicação absoluta para a nutrição enteral é a obstrução mecânica do intestino. - Diarreia, vômitos, fístulas, diminuição da motilidade, broncoaspiração e instabilidade hemodinâmica são problemas que dificultam a nutrição enteral, mas não a contraindicam. → Complicações: aumento do resíduo gástrico, diarreia, refluxo, pneumonia por aspiração, cólica, distensão abdominal, obstrução mecânica da sonda, sinusite, ulceração esofágica e laríngea, retardo do esvaziamento gástrico. ***Está contraindicado o uso de sonda nasojejunal (SNJ) no paciente com comprovada história de sinusite bilateral, deformidades de septo nasal, trauma de face e sangramentos por trauma de aspiração. ■ Gastrostomia: quando indicar? - Para os pacientes com expectativa de nutrição enteral por mais de 4 semanas, a gastrostomia (GTT) está indicada como via de suporte nutricional. - A gastrostomia endoscópica percutânea (PEG) é um procedimento cirúrgico que pode ser realizado em sala de pequena cirurgia, na unidade de terapia intensiva ou no centro cirúrgico. - É realizada a punção da parede gástrica através da parede abdominal, sob controle endoscópico, e introduzida a sonda, cujos tamanhos variam de 18F a 28F. -> complicações da GTT: Infecção de óstio de GTT, vazamento da dieta pelo óstio da GTT, obstrução da sonda também é um problema comum a longo prazo, aspiração é uma das complicações mais frequentes levando a pneumonia por broncoaspiração, peritonite por deslocamento da sonda, vazamento intracavitário de dieta ou por perfuração de outro órgão. Probióticos: microrganismos vivos modulando a flora do hospedeiro ou de seu sistema imune, exercendo efeitos benéficos como restauração da permeabilidade intestinal, alívio da diarreia e de sintomas de intolerância a lactose e da síndrome do cólon irritável. A diarreia como complicação causada por antibiótico ocorre em 20% dos pacientes, como resultado do desequilíbrio da flora intestinal, com a proliferação de germes enteropatogênicos (Clostridium difficile e (Klebsiella oxytoca) • NUTRIÇÃO PARENTERAL (veia) - indicada quando houver impossibilidade de utilização da via digestiva, seja oral ou enteral, por um período maior que 5 a 7 dias, ou quando a via enteral não pode atender as demandas metabólicas. - Dentre as indicações estão as grandes ressecções intestinais, a síndrome do intestino curto, obstrução intestinal, isquemia mesentérica, peritonite, doenças inflamatórias intestinais e síndromes disabsortivas graves, diarreia grave, fístulas digestivas de alto débito, pancreatite grave. *contraindicada em pacientes hemodinamicamente instáveis. - a nutrição parenteral é adm em cateter venoso central com 2 ou 3 lumens, para vários usos, aumentando o risco de contaminação. A via de acesso para NP deve ser exclusiva, e o cateter não deve ultrapassar 4 semanas. -> aparecimento de febre, descompensação glicêmica e acidose metabólica são sinais de alarme para rastreamento de infecções. - Ao interromper a NP, uma solução de glicose a 10% deve ser instalada na mesma velocidade de infusão que estava sendo administrada a nutrição parenteral. - A sepse relacionada com o cateter pode ser manifestada pela presença de hiperemia ou secreção purulenta do óstio, dor local e sinais clínicos de bacteremia, como hipertermia, taquipneia, hipotensão, hiperglicemia, calafrio e tremor. - Hiperglicemia pode ocorrer nas primeiras 72 h devido à adaptação à oferta calórica. O controle glicêmico a cada 4 h deve ser realizado na fase inicial. - ↑ enzimas hepáticas e a esteatose hepática podem ser observadas nos pacientes em uso prolongado de NP e ocorre devido à oferta contínua de carboidratos e à hiperinsulinemia persistente. - nutrição intravenosa é uma alternativa que deve ser considerada, seja para uso em conjunto com a alimentação enteral ou como suporte nutricional único.. - A nutrição parenteral por acesso venoso periférico (NPP) pode ser uma opção alternativa quando a necessidade de seu uso for por um tempo curto (menor que 15 dias), em pacientes em pré- ou pós-operatório ou cuja necessidade nutricional não seja alcançada com a nutrição enteral. SARCOPENIA - é a perda de massa muscular (MM) e força - é um processo progressivo e lento, caracterizado por redução da massa muscular de 3 a 8% por década após os 30 anos. - prevalência: 30% nos idosos com 60 anos ou mais e 50% nos com 80 anos, mas também observada em indivíduos mais jovens com doenças crônicas. - relacionada com diminuição da capacidade funcional e da qualidade de vida - piora da morbimortalidade em varias doenças - sarcopenia + obesidade, caracterizada pelo excesso de gordura corporal (subcutânea ou visceral) = obesidade sarcopênica -> uma das piores condições clínicas - considerar também a atrofia seletiva de fibras musculares do tipo II, que tem impacto na perda de qualidade da massa muscular e da força. ○ Patogenese principais mecanismos patogênicos, tanto no envelhecimento quanto nas causas secundárias, são: falta de atividade física, anorexia relacionada à idade, perda de inervação de neurônios motores, desproporção entre síntese de proteínas e degradação, com resistência pós-prandial ao anabolismo; desequilíbrio de hormônios e citocinas (hormônios sexuais, vit D, GH e cortisol; presença de miostatina e citocinas próinflamatórias (TNF e IL-6); estresse oxidativo e disfunção mitocondrial, com acúmulo de espécies reativas de oxigênio ○ DIAGNÓSTICO -> criterios: (+ antigo) 1. ↓ de força muscular (diagnóstico provável), 2. baixa quantidade ou qualidade muscular 3. baixa performance física. - 1 + 2 = confirma dx - 1+2+3 = sarcopenia grave - estudos atuais: recomenda rastreio de sarcopenia por meio do questionário SARC-F -> questionário perguntas sobre a vida cotidiana – se ≥ 4 é preditiva de sarcopenia ○ Tipos: -> sarcopenia primaria: nenhuma outra causa está presente -> sarcopenia secundária: uma causa específica é diagnosticada. ○ Fatores relacionados à sarcopenia: - idade - alteração na secreção de tecidos e/ou capacidade de resposta aos fatores hormonais, - alteração no padrão de ingestão alimentar - alteração no metabolismo das proteínas - atrofia por desuso →Devemos avaliar: força muscular, massa muscular e desempenho físico ○ Para avaliação de forca muscular -> preensão manual com dinamômetro - força diminuída: < 30 kg (H) e < 20 Kg (M) ○ Para avaliação massa muscular -> bioimpedância (BIA) e a densitometria de corpo total (DEXA) - padrão ouro: RM e TC - fornecem o índice de massa muscular esquelética (IMME) e, assim, definem a qtde de músculo por m 2 de superfície corporal = pela bia: formula de jansen -> calcula a massa muscular esquelética (MME) e depois o índice de massa muscular esquelética (IMME) pela qtde de músculo por m2 de superfície corporal = pela DEXA: somar a massa muscular em gramas dos braços e das pernas e dividir pela estatura (em metros) ao quadrado *método de referencia - pode ser afetado pelo estado de hidratação e pela retenção de agua do paciente ○ para desempenho físico -> medida da velocidade de marcha (VPP), outros: short physical performance battery (SPPB); teste cronometrado de levantar e caminhar (TUG); e teste de caminhada de 400 metros. - VPP < 0.8 m/seg (4-6 metros)= ↓ desempenho físico - TUG: o paciente se levanta de uma cadeira comum, caminha até um marcador a 3 metros de distância, vira, volta a caminhar e senta- se novamente →SARCOPENIA EM DOENCAS NÃO ENDOCRINAS - sarcopenia leva ao ↑ da morbimortalidade em algumas doenças crônicas, como câncer, DPOC, doença renal crônica (DRC), ICC e doenças inflamatórias - perda progressiva de peso, massa magra e gordurosa na DPOC é resultado do aumento da demanda catabólica dos músculos respiratórios, níveis elevados de citocinas próinflamatórias, estresse oxidativo, hipoxemia e tabagismo - pacientes com DRC, a perda de MM é mais precoce e mais acentuada. Essa perda pode ser atribuída a um equilíbrio negativo da homeostase proteica, com aumento do catabolismo, regeneração muscular prejudicada e miostatina elevada - estágios avançados da ICC, a perda de MM é comumente observada. A hipótese muscular sustenta que tem muitos fatores envolvidos no desenvolvimento de redução do pico de captação de oxigênio (pico de VO2) na ICC. Além da inatividade física, o próprio músculo é afetado por anormalidades ultraestruturais, alterações na estrutura e função mitocondrial, mudança na distribuição das fibras, citocinas próinflamatórias, desequilíbrio anabólicocatabólico, imobilidade e inatividade, peptídeos natriuréticos, resistência à insulina e disfunção do ventrículo direito - doenças autoimunes inflamatórias e sistêmicas são fatores etiológicos associados à sarcopenia - doenças reumatológicas predispõem à sarcopenia (até 20%) pelo estado próinflamatório, diminuição do uso muscular, inatividade e dor, apresentam perda de MM e funcionalidade 3x maior - No câncer, a etiologia da sarcopenia é multifatorial - sarcopenias agudas secundárias a hospitalização ou exacerbações de doenças crônicas podem ser parcialmente recuperáveis ou podem levar a risco aumentado de desenvolvimento de sarcopenia em uma idade mais precoce. →sarcopenia em doenças endócrinas * DM - dm -> dano aos músculos esqueléticos - 50 e 60 anos em DM tipo 2 (DM2) - ↑ fragilidade, mortalidade, hospitalização, incapacidade e eventos cardiovasculares - DM 2: ↑ risco sarcopenia // idosos com sarcopenia: ↑risco de DM2. - ↓ capacidade oxidativa do envelhecimento muscular, a disfunção mitocondrial e a inflamação crônica de baixo grau => à resistência à insulina. - perda de MM -> perda de receptores de insulina = controle inadequado do DM. - Quanto maior a hemoglobina glicada ([HbA1c] > 8,5%), pior a apresentação da sarcopenia • OBESIDADE SARCOPÊNICA - sarcopenia + obesidade (IMC ≥ 30) -> deficiência de tecido muscular esquelético em relação ao tecido adiposo - prevalência: 4-12% em idosos > 60anos - tto: ↓tec adiposo (principalmente visceral e intramuscular) + ajuste necessidade proteica - A intervenção dietética deve seguir as seguintes etapas: (1) determinação do valor calórico total, (2) diminuição de calorias para perda de peso, (3) utilização do efeito térmico dos alimentos ○ patogênese da OS - interação dos mecanismos comuns da sarcopenia relacionada à idade + resposta inflamatória crônica, desencadeada pela infiltração de tecido adiposo pelas células imunológicas -> o que aumenta adipocinas e citocinas, criando uma condição inflamatória = ↓ atividade física e piora da resistência insulínica. 1. determinação do valor calórico total - pode ser realizada pelo cálculo do requerimento basal e pela taxa de atividade física ou pelas calorias por quilogramas de peso, entre outras formas - a determinação do VCT é a multiplicação do requerimento energético basal pelo fator de atividade física (VCT = REB × FAT). 2. diminuição de calorias para perda de peso - para perda de peso: reduzir 500-600 kcal diariamente do valor calórico total - ou utilizar 20 a 25 kcal por quilo de peso que se espera para o indivíduo, ou seja, o peso-alvo do tratamento - desafio: perda de gordura corporal sem alteração significativa da quantidade de massa muscular 3. efeito térmico dos alimentos - para maior eficiência na perda de gordura corporal do idoso é elaborar a dieta segundo o efeito térmico dos alimentos -> a energia correspondente ao gasto provocado pela digestão, absorção, transporte, transformação, assimilação e/ou armazenamento dos nutrientes, que varia de acordo com o substrato consumido - carboidratos aumenta o gasto energético de 5 a 10%, a ingestão de lipídios aumenta de 3 a 5%, e a de proteínas aumenta aproximadamente 20% - A forma mais adequada para se alcançar o equilíbrio no balanço energético e a melhora da sarcopenia é a partir do estímulo da atividade física constante. * SD. CUSHING - fraqueza muscular é uma das características clínicas da síndrome de Cushing (SC), ocorrendo em 40 a 70% - glicocorticoides alteram a composição e a força das fibras musculares: perda de fibras do tipo II, mesmo se curto período de exposição. - ↑ excesso de cortisol -> enzima 11βhidroxiesteroide desidrogenase tipo 1 (11βHSD1) -> reduz a síntese de proteínas musculares e ativa a proteólise muscular = prejudica a função mitocondrial e ↓excitabilidade sarcolêmica. - O cortisol, direta e indiretamente, leva a catabolismo muscular, resistência à insulina e DM. - inatividade prolongada parece sensibilizar o músculo esquelético aos efeitos catabólicos do cortisol * outras: osteossarcopenia, def. GH, ○ TTO sarcopenia • EX. FISICO – treinamento resistido – melhora em 82% forca muscular e desempenho em 92.8% • A intervenção nutricional para minimizar a perda e aumentar a síntese muscular e deve ser iniciada logo após o diagnóstico. - suplementação proteica → recomendação de proteínas (adultos/idosos): *1 a 1,2 g/kg/dia para idosos saudáveis *1,2 a 1,5 g/kg/dia p/ idosos com dças agudas e crônicas * > 2 g/kg/dia - doentes muito graves - Sob condições patológicas, as proteínas da dieta não produzem adequadamente síntese proteica muscular pósprandial (SMP), assim aminoácidos essenciais são necessários (principalmente leucina, mas também glutamina e arginina), para induzir um impacto na SMP. Se ingerida após uma sessão de treinamento de resistência, a proteína aumenta a entrega de aminoácidos ao músculo, por meio do fluxo sanguíneo e da ativação da via mTO - 25 a 30 g de proteínas de alto valor biológico (~ 10 g de aminoácidos essenciais) em três refeições ao longo do dia = 75 a 90 g de proteína por dia → A suplementação de vitamina D (terapia complementar) - pelo menos 1.000 UI a 4.000 UI para todos os idosos, a fim de reduzir o risco de quedas, almejando um valor de 25OHD > 30 ng/mℓ. *Baixos níveis de vitamina D estão associados a baixa força muscular, quedas e mortalidade → SARM - modulador seletivo não esteroide de receptores de andrógenos: se ligam ao receptor de andrógeno e agem como agonistas androgênicos potentes em tecidos alvo seletivos, como músculo e osso (sem vantagens nos estudos) →terapia antimiostatina - miostatina, um membro da superfamília do TGF-β -> se liga ao receptor IIb8 da ativina e inibe a síntese de proteínas musculares pela via do AKTmTOR; é altamente expressa nas células musculares esqueléticas. - estratégias para diminuir seus efeitos incluem tratamento com receptores de miostatina defeituosos, anticorpos antimiostatina e anticorpos para o receptor de miostatina, ActRIIB. →em desenvolvimento: agentes anabolizantes, anticitocinas e medicamentos p/ promover o apetite e o peso corporal, como a anamorrelina, um análogo da grelina, indicado quando anorexia-caquexia é responsável pela sarcopenia OSTEOPOROSE DEFINIÇÃO - Doença esquelética sistêmica caracterizada por uma redução da resistência óssea que predispõe a um risco aumentado de fratura por baixo impacto - As fraturas ocasionam dor, incapacidade física, deformidades e redução da qualidade e expectativa de vida →EPIDEMIOLOGIA - doença assintomática e comum - só da sintoma quando o paciente fraturar - prevalência no br: 20-33% (> 40 anos) - risco de fraturas osteoporóticas em pessoas acimas de 50 anos - mulheres na pósmenopausa sejam o grupo mais afetado, 39% das fraturas osteoporóticas anuais ocorrem em homens → FATORES DE RISCO * não modificáveis - genética (70%) - status hormonal - ingesta baixa de cálcio / vitamina D - ↑ idade - sexo feminino (pós menopausa -↓ estrogênio) - baixo peso/perda de peso – pacientes com maior massa acabam apresentando proteção óssea * modificáveis - álcool - cafeína - tabagismo - sedentarismo - medicamentos (glicocorticoides > 5mg/3meses [corticoides reduzem a maturação e diferenciação do osteoblastos, além de ↓ reabsorção ca2+ renal]) - doenças • OP INDUZIDA POR GLICOCORTICOIDES – OPIG - OP por corticoide é a causa mais comum de OP secundaria - suprime diretamente a osteoblastogenese, ↑ apoptose dos osteoblastos/osteócitos e prolonga a vida dos osteoclastos - mecanismos envolvidos: diferenciação das células estromais da medula óssea em direção a adipócitos ao em vez de osteoblastos, ↑ da expressão de RANK-L (diferenciação em osteoclastos), supressão da osteoprotegerina, aumento de apoptose de osteoblastos maduros e osteócitos e produção de inibidores da via wnt (Dkk-1), inibição da absorção intestinal e renal de cálcio (hiperparatireoidismo secundário) → TIPOS DE OSTEOPOROSE *Primária: associada à menopausa ou ao envelhecimento *Secundária: existe um fator causal bem estabelecido, como medicações (glicocorticoides) ou doenças →CAUSAS SECUNDARIAS DA OP → MEDICAMENTOS E RISCO PARA OP : *risco definido: glicorticoide, anticonvulsivantes, agentes imunossupressores (ciclosporina, tacrolimo, micofenolato), anticoagulantes, agentes hormonais e anti-hormonais (medroxiprogesterona, tamoxifeno, inibidores da aromatase, agonistas do gnrh), dose supressiva de hormônio tireoidiano, pioglitazona e rosiglitazona *possível risco: lítio, antipsicóticos, inibidores seletivos da recaptacao de serotonina, topiramato e IBPs → ESTRUTURA DO OSSO NORMAL • parte proteica (mais maleável) -> osteoide: colágeno tipo 1 (94%) + outras proteínas • hidroxiapatita (parte rígida) -> complexo de cálcio e fosforo * osso calcificado: -> 70% mineral inorgânico (cálcio + fosforo) -> 25% matriz orgânica (proteínas + 2-5% células) -> 5% agua →TIPOS DE OSSOS 1. osso cortical: denso e compacto, constituindo cerca de 80% do esqueleto e sua principal função é fornecer força mecânica e proteção. Predomina nos ossos longos, colo femoral e rádio distal 2. osso trabecular: presente principalmente nas vértebras, crânio, pélvis e porção ultradistal do rádio. Apresenta maior metabolismo, sendo, portanto, mais suscetível às alterações da massa óssea (+ fácil quebrar) →METABOLISMO ÓSSEO - osteoblasto produz RANKL que se liga no receptor RANK, presente no pré-osteclasto -> isso ativa o osteoclasto -> reabsorção óssea - o osteoblasto regula a reabsorção por meio da produção da osteoprotegerina (OPG) -> se liga no RANK e impede a ligação do RANK-L ->bloqueio da ativação do osteoclasto - hormônios que ↑ reabsorção = ↑ RANK-L: vit D [1,25(OH)2D], PTH, peptídeo relacionado ao PTH (PTHrp) e IL-1, 6 e 11 - aumento de rank-l e rank - ↑ diferenciação em osteoclastos - ↓ osteoprotegerina - OPG inibe a reabsorção óssea que é ativada por meio da ligação de rank e rank-l - alteração da via wnt é outro fator envolvido na patogênese da osteoporose. Essa via tem papel em estimular a atividade osteoblastica. No estado “ligado”, a Wnt se liga à proteína relacionada ao receptor de lipoproteína 5/6 (LRP5/6) e à proteína Frizzled (FZD), ambos na superfície do osteoblasto, formando um complexo que permite à translocação do chamado complexo de destruição para a membrana. Desta forma, a β-catenina não sofre fosforilação e fica livre para seguir até o núcleo e se ligar aos fatores de transcrição TCF/LEF, dando início à transcrição dos genes responsáveis pela formação óssea. - A esclerostina (Scl) se liga a LRP4 e LRP5/6, impedindo a formação do complexo com a Wnt. Dessa forma, o complexo de destruição fica livre para causar fosforilação (P) e ubiquitinação (Ub) da β-catenina, que é, assim, degradada por proteossomos. No núcleo, o repressor transcricional groucho toma o lugar da βcatenina, inibindo a formação óssea • Pico de massa óssea - Independentemente de ser osteoporose primária ou secundária, a quantidade de massa óssea ganha na maturidade esquelética (pico de massa óssea), ao redor da 3ª década de vida - ↑ pico de massa óssea - ↓ chance de osteoporose - massa óssea é influenciada pela hereditariedade, fatores ambientais (nutrição, exercícios, tabagismo, consumo de álcool e outras drogas ilícitas) e hormonais - homens: tendem a maior pico de massa óssea e têm ossos maiores que as mulheres, pela ação da testosterona (e conversão a estradiol) e IGF1, também têm uma ↑ resistência óssea, ↓ taxa de reabsorção, ↑qualidade e mineralização do colágeno, melhor macroestrutura (ossos grandes e com maior diâmetro) e melhor microestrutura (maiores trabéculas ósseas), perda óssea mais lenta • Estrogênio e perda óssea - estrogênio (↓menopausa): ○ inibe a esclerostina + suprime o RANKL + regula a produção de citocinas inflamatórias -> estímulo osteoblástico + ↑ produção de IGF1 e TGFβ + síntese do prócolágeno (ações formadoras de matriz óssea) →FISIOPATOLOGIA - desbalanço entre osteoclasto e osteoblasto, alteração o equilíbrio entre a síntese e a reabsorção óssea • Envelhecimento - ↓ produção cutânea de vit D + déficit alimentar e de absorção do ca2+ => para compensar, ↑ PTH -> ativação das unidades de remodelação - ↑ produção de corticoide → QUADRO CLÍNICO - assintomática até que ocorra a primeira fratura por fragilidade, e ainda depende do local da fratura * fratura por fragilidade: fratura que ocorre sem ou com mínimo trauma ou após queda da própria altura ou de uma altura menor, desde que um trauma de alto impacto (como acidente automobilístico) não esteja envolvido. - as fraturas por fragilidade são as principais manifestações da osteoporose -> principalmente, em vértebras, quadril e rádio distal (fratura de Colles). - fraturas de quadril: ↑ morbimortalidade => ↑ grau de limitação física. - fraturas vertebrais podem causar dor e limitação (fratura vertebral clínica), mas em 2/3 dos casos são assintomáticas, sendo encontradas muitas vezes de forma incidental ou mediante a busca ativa com radiografia simples (fraturas morfométricas). Cifose ou perda de altura podem ser consequencias de fx vertebras - todo paciente com dx de osteoporose, deve-se procurar por manifestações clínicas de causas secundárias para a perda de massa óssea (hipercortisolismo, hiperparatireoidismo, hipertireoidismo, mieloma múltiplo e doença celíaca) →fratura de vertebras no rx pode aparecer em: - em cunha: perda da altura anterior - bicôncava: perda da altura média -> aspecto codfish; -compressiva: perda das três alturas -perda isolada da altura posterior - incomum e deve levantar a suspeita de alguma outra causa, como malignidade densitometria óssea - mede o conteúdo mineral ósseo (em gramas) e a área óssea (em cm2), fornecendo, assim, uma densidade areal. -> isso faz com que subestime os valores de dmo de pessoas baixas (<1.50) e superestime nos altos (>1.90) ◎ fornece importantes medidas: * escore T: reflete o DP de DMO em relação à média de indivíduos jovens (durante o pico de massa óssea – entre 20 e 30a) e é utilizado para o dx de osteoporose e osteopenia em mulheres na pós-menopausa e homens > 50a * Até −1,0: normal * < −1 e > −2,5: osteopenia * ≤ –2,5: osteoporose *≤ –2,5 + uma ou mais fraturas de fragilidade: osteoporose grave ou estabelecida * escore Z: reflete a comparação da DMO com a média da população da mesma faixa etária. Deve ser utilizado para o dx de baixa massa óssea em mulheres na prémenopausa e nos homens < 50a, quando ≤ – 2,0. - A OP só é dx quando a presença de fratura por fragilidade →DIAGNÓSTICO - DMO ≤ -2.5 DP - fratura por fragilidade - alto risco – individualizado - hx familiar positiva - exames laboratoriais: HMG, Ca2+ sérico, Ca2+ urina 24h, FA, fosforo, TSH, PTH, vit D, função renal, função hepática, ctx (marcador de destruição óssea) e P1NP (marcador de formação óssea) - frax (risco de fratura nos próximos 10 anos) - região de interesse para interpretação dos valores: • vertebras de L1-L4 -> escolher sempre a media da densidade, ou seja, de L1 a L4 (temos 4 vertebras) e nunca pegar só a densidade de L2 por exemplo • fêmur total e colo do fêmur: escolher sempre o pior valor (menor) • rádio 33% (do antebraço não dominante) (33% porque é a metade do osso) paradoxalmente aumentada nessa condição. Já o TBS fica menor em pacientes com DM2 - DMO mede a quantidade óssea, enquanto o TBS mede a qualidade óssea Outros exames → QUANDO SOLICITAR DMO PARA DX DE OP? * mulheres ≥ 65 a e homens ≥ 70, independente de FR * mulheres pós-menopausa e homens < 70 com FR para fx (Baixo peso, fx de fragilidade prévia, uso medicamentos ↑ risco para perda de massa óssea, Dça que ↓massa óssea ) * mulheres na transição menopausal com FR *adultos de qualquer idade/sexo com: -> doença que ↓ massa óssea -> medicamentos que ↓massa óssea (como AR, GC com dose diária de 5mg – prednisona ou equivalente por ≥ 3m) * adultos que tiveram fx (peq impacto) após 50a *mulheres que descontinuam a terapia estrogênica * pessoas em tto para op – fazer monitoramento da resposta → contraindicações para a DXA: gestação, realização de exame contrastado nos últimos 7 dias (por interferir na medida da DMO) e peso acima do limite permitido para cada aparelho. ○ DMO PARA SEGUIMENTO - melhores sítios para comparação da DMO entre dois exames: coluna lombar, seguida do fêmur total - radio 33% é o menos recomendado - usar os valores absolutos da dmo e nunca os escores Avaliação fratura vertebral (VFA) - pesquisa a presença de fraturas vertebrais morfométricas durante a medição da DMO - medidas as três alturas de cada vértebra → indicações: • Mulheres ≥ 70 anos e homens ≥ 80 anos • História de perda de altura > 4 cm • Fratura vertebral referida, mas não documentada • Terapia com glicocorticoide = prednisona ≥ 5 μg/dia por, no mínimo, 3 meses Escore do osso trabecular - TBS é preditor independente do risco de fratura vertebral, de quadril ou de fraturas maiores em mulheres na pós-menopausa e do risco de fraturas de quadril ou maiores em homens ≥ 50 anos - ↓ TBS - ↑ risco de fratura - útil principalmente para avaliação de risco de fraturas em pacientes com DM2, isso porque a DMO está • Tomografia computadorizada quantitativa (TCQ): mede a densidade volumétrica em coluna e quadril, além de analisar separadamente ossos cortical e trabecular e servir para acompanhamento da resposta terapêutica • Ultrassonografia quantitativa do calcâneo (UQc): não há uma boa correlação dos seus achados com a DXA. Não serve para acompanhamento do tratamento • Biópsia óssea: padrão-ouro para o diagnóstico de osteoporose, trata-se de uma técnica complexa e invasiva, o que limita seu uso FRAX - estima o risco de fratura em 10 anos e guia o tto dos pacientes. É feito com base na epidemiologia da população e na avaliação de fatores de risco integrados ou não à DMO de fêmur. - pode ser usado em locais sem dmo, ou como triagem para indicar a realização de DMO -fatores de risco independentes utilizados pelo FRAX®: idade, sexo, peso, altura, hx pessoal de fratura, hx familiar (parente de 1ºgrau) de fx de fêmur, artrite reumatoide, uso de glicocorticoide, tabagismo ativo, consumo de álcool (> 3 unidades ou drinques/dia), além de outras causas secundárias. Pode ser adicionado a medida da dmo do colo de fêmur - não presta para o seguimento do tto, devendo ser utilizado em pacientes sem tto prévio para osteoporose - Classificação: *indicativo para tratamento (vermelho) *sem indicação de tratamento no momento (verde), quando utilizada a medida da DMO *Se o paciente não tiver realizado a DMO intermediário (amarelo), indicando, assim, a medida adicional da DMO para refinar o diagnóstico e definir o tratamento →EXAMES LABORATORIAIS - HMG, Ca2+ sérico, Ca2+ urina 24h, FA, fosforo, TSH, PTH, vit D, função renal, função hepática, CTx (marcador de destruição óssea) e P1NP (marcador de formação óssea) - 40 a 50% de osteoporose em homens não tenham causa aparente - osteoporose idiopática, as principais etiologias nessa população são ingestão excessiva de álcool, hipogonadismo e terapia glicocorticoide. Sempre investigar causas secundárias, em homens, especialmente naqueles mais jovens (< 70 anos) -> dosar testosterona TRATAMENTO → prevenção: - medidas para garantir pico de massa óssea na juventude, reduzir as perdas ao longo da vida e prevenir quedas = pratica regular de exercícios, parar de fumar, evitar consumo excessivo de cafeína e de álcool - prevenir quedas e melhorar segurança no ambiente que vive (calcados, corrimão, antiderrapantes, iluminação) - suplementação com cálcio (1000-1.200 mg/dia) e vitamina D (400-800 ui/dia). - indicado manter vit D > 30 ng/mℓ para populações mais vulneráveis à deficiência de vitamina D = idosos (> 60 anos) e pacientes com osteoporose →INDICAÇÃO DO TTO MEDICAMENTOSO: - mulheres menopausadas e homens com ≥ 50a com os seguintes critérios: *fratura por fragilidade, independentemente do escore T Escore e da dmo já indica tto *T < –2,5 em coluna, fêmur total ou colo de fêmur *Escore T entre –1,0 e –2,5 + FRAX ® > 3% no quadril ou > 20% em qualquer sítio *Alendronato – 70 mg/semama VO – eficaz para fx de vertebra, não vertebra e quadril *Risedronato – 5mg/d ou 35mg/sem VO -> efeitos colaterais: relacionados ao TGI – náuseas, pirose, disfagia - maiores doses e uso prolongado de BF-> fraturas atípicas de fêmur por espessamento da cortical - osteonecrose de mandíbula - Toxicidade renal pode ocorrer em adm iv rápida, e o uso de BF não é recomendado para indivíduos com clearance de creatinina < 30 a 35 mℓ/min. -> duração do tto: tempo de ½ vida longo (10 anos), assim deve-se considerar uma interrupção temporária do medicamento (drug holiday) em pctes sem alto risco para fx em uso de BF oral por > 5 anos ou de BF intravenoso por > 3 anos - tempo de duração da pausa não está definido – em geral varia entre 1 e 5 anos. - uso prolongado está associado a efeitos colaterais graves, como fraturas atípicas de fêmur e ONM. 2. Terapia hormonal da menopausa e tibolona – usar em pacientes com sintomas climatéricos, < 60 anos e com menos de 10 anos de menopausa - CI: dx ou suspeita de ca de mama ou neoplasia estrógeno-dependente 3. Moduladores seletivos do receptor de estrógeno (SERM) - Raloxifeno -> efeito agonista sobre o tec. ósseo, ↓ risco de fraturas vertebrais, sem efeito em fx não vertebral e de quadril 4. calcitonina - horm produzido pelas cels C da tireoide - pode ser utilizada no tto da osteoporose e existe nas formas injetável (sc ou im) e de aspersão nasal - efeito analgésico, o que alivia a dor relacionada com fraturas, mas é preferível tratar a osteoporose com agentes mais potentes e lidar com a dor separadamente • Inibidores da reabsorção óssea 1. BIFOSFONADOS - 1ª linha p/ tto OP em pós-menopausa e em homens > 50 anos de idade - pela sua baixa taxa de absorção intestinal, devem ser ingeridos com um copo de água pela manhã, em jejum, e refeição após pelo menos 30 minutos. Fundamental que o paciente fique de pé nesse período para evitar lesões esofágicas * mec de acao: análogos do pirofosfato -> se ligam à superfície das unidades ósseas de remodelação e são incorporados pelos. Dentro dessas células, alteram a via metabólica de ATP (BF não aminados), além de inibirem a enzima farnesil-pirofosfato-sintase da via do ácido mevalônico (BF aminados) => inibição da função e recrutamento e alterações no citoesqueleto dos osteoclastos=>apoptose 5. Denosumabe (prolia) - mec acao: anticorpo monoclonal humano contra o RANKL, com efeito antirreabsortivo. Impede a ligação do RANKL no RANK - posologia: 60 mg por SC, a cada 6 meses - indicação: pcte de alto risco (dificuldade de deglutição ou intolerantes ou não responsivos a outros medicamentos (especialmente BF) ou que tenham declínio importante da função renal (taxa de filtração glomerular < 30 mℓ/min - duração: a interrupção do tratamento leva a ↑ reabsorção. na interrupção a longo prazo, pode ter efeito rebote com surgimento de múltiplas fraturas vertebrais. - ao contrário dos BF, esse medicamento pode ser utilizado em pacientes com função renal comprometida, pois não é eliminado pelos rins • Estimuladores da formação óssea 1.TERIPARATIDA - paratormônio (PTH) em níveis persistentemente elevados promove a reabsorção óssea, enquanto a adm intermitente de baixas doses do hormônio estimula a proliferação e a atividade dos osteoblastos com efeitos anabólicos sobre o esqueleto. - teriparatida possui os 34 aminoácidos iniciais da molécula de PTH, essenciais para as ações ósseas do hormônio. Portanto, a aplicação diária gera picos e vales da medicação no organismo, levando ao aumento da formação óssea - dose: 20 μg/dia, SC, durante um período máximo de 2 anos (risco de osteossarcoma) - indicação: • mulheres na pós-menopausa e homens com osteoporose mais grave (escore T ≤ –3,5) sem fratura • ou osteoporose (escore T ≤ –2,5) e pelo menos uma fratura de fragilidade, •pacientes que não toleram ou que tenham CI aos BF ou em casos de falência terapêutica -> duração do tto: após a interrupção, a DMO cai rapidamente, por isso é recomendado que, logo após a suspensão da teriparatida, seja introduzido um medicamento antirreabsortivo * CI: risco aumentado para osteossarcoma, como doença de Paget, história de irradiação envolvendo o esqueleto 2. ROMOSOZUMABE - anticorpo monoclonal que bloqueia os efeitos da esclerostina (a qual inibe a formação óssea – ou seja, se inibida, a formação óssea é liberada) - mec: ↑ formação óssea, além de inibir a reabsorção óssea. - indicação: osteoporose grave, caracterizada por múltiplas fraturas de fragilidade ou com risco iminente de fraturas - duração: (210 mg) consiste em 2x inj de 105 mg (uma seguida da outra) / mês. Uso limitado a 12 meses *efeitos colaterais: dores articulares, cefaleia e reação no local da aplicação. REFERÊNCIA: Lucio Vilar et al. Endocrinologia clínica. 7. ed. Rio de Janeiro :Guanabara Koogan, 2021. Crescimento e Baixa estatura DEFINICAO EIXO GH-IGF-1 - o crescimento é um processo dinâmico e contínuo, que começa com a multiplicação e aumento de uma celula - Sofre influência de diversos fatores: genéticos, metabólicos, alimentares e psicológicos - hipotálamo -> GHRH (hormônio liberador do horm. Do crescimento) -> estimula a hipófise -> produz GH > circulacao sistêmica -> chega ao fígado -> produção das somatomedinas -> IGF-1, IGFBP-3 -> ossos, músculos e tecido adiposo * ação do GH nossos ossos: GH tem ação direta na diferenciação dos pré-condrócitos em condrócitos precoces que secretam IGF1 => este estimula a expansão clonal e a maturação dos condrócitos, como também o crescimento. • FATORES DURANTE CRESC. INTRAUTERO - Fatores que influenciam negativamente durante o crescimento intrauterino: ○ desnutrição materna ○ álcool/drogas/tabagismo ○ medicamentos (anticonvulsivantes – hidantal, ac. valproico, warfarin, metrotrexate, isotretinoína, ác. Retinóico) ○ hipertermia (>38.9°C por mais de 1 dia no 1º trim.) – pode causar anormalidades no SNC, local da hipófise cuja função também é produzir GH (horm. Cresc.) ○ irradiação (rx) ○ TORCHS (acrônimo para um grupo de doenças doenças infecciosas capazes de causar doença em gestantes e malformações congênitas no feto = Toxoplasmose, Rubéola, Citomegalovírus, Herpes simples e Sífilis) • FATORES DURANTE CRESC. EXTRAUTERINO a) FATORES EXTRÍNSECOS ◎ ambiente - Crianças que recebem muitos estímulos (alimentação com ↑ nutriente), tem maior chance da alta estatura, mas também de obesidade e puberdade precoce - a baixa estatura (BE) pode ocorrer em crianças vítimas de abuso infantil ◎Nutrição - Dieta balanceada ◎atividade física -> fundamental para estimular o eixo GH-IGF1 - Qualquer atividade física pode estimular o eixo, exceto as modalidades que causam impacto vertical, como as ginasticas olímpicas, as quais causam o “achatamento” das cartilagens e epífises de crescimento b) FATORES INTRINSECOS ◎ genéticos - Importante calcular o alvo genético de altura - inicio da puberdade (estradiol e testosterona fecham as cartilagens de crescimento) - anormalidades cromossômicas (p. ex. Sd. down) ◎ neuroendócrinos - anormalidades hipofisárias - alterações do eixo GH-IGF - alterações nos hormônios da tireoide/adrenal/pâncreas AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO • gráficos: peso, estatura, PC, IMC e velocidade de crescimento • estatura alvo – altura esperada levando em conta a altura do pai e da mãe (deve somar E subtrair 10 ou 9 para ver a variabilidade das alturas) - canal de crescimento: * se menino: basta colocar a altura do pai como é (são homens) e na altura da mae somaríamos 13 para colocar no gráfico * se menina: basta colocar a altura da mae como é (mulheres) e na altura do pai subtrairíamos 13 para colocar no gráfico CRESCIMENTO NORMAL - Dividido em 4 estágios com características e velocidades diferentes: o intrauterino, a lactância, a infância e a adolescência - Crescimento intrauterino é o período de maior velocidade de crescimento. Após o nascimento, começa a fase de desaceleração, seguida por uma fase de crescimento prolongado e constante durante a infância, depois ocorre uma curta desaceleração fisiológica antes do estirão puberal. Após o término do estirão puberal há um crescimento residual final. 1. Lactente (0-2 anos) - cresce rápido e para de crescer rápido - bebes PIG (peq. Para ig) tendem a recuperar o alvo familiar (tanto peso quanto altura) até 3-4 anos. Passado disso, se continuar, provável distúrbio do crescimento 2. Pré-puberal (3-10 anos) - crescimento lento, estável e constante - nessa fase é importante que se lembre que as crianças apresentam ritmo de crescimento diferentes – podendo interferir nas atividades, escola (bullying) → essa diferença no ritmo de crescimento é agrupada em: a) maturadores rápidos b) maturadores médios c) maturadores lentos - essa diferença de maturadores reflete-se no pico de estirão (os rápidos terão maior pico) • a velocidade de crescimento varia conforme idade e sexo: -> lactente: 20-25 cm/ano -> pré-pubere: 5-7 cm/ano -> puberal: Menino: 10-12 cm/ ano Menina: 8-10 cm/ano 3. FASE PUBERAL – ESTIRAO - estirão do crescimento - Meninas = 10-15 anos (hormônios da puberdade – 8a) - Meninos = 12-17 anos (hormônios da puberdade – 9a) Ex: na consulta, com 1 ano – 75 cm e com 1ano e 6m- 80 cm → AFERIÇÃO ADEQUADA DA ESTATURA - técnica correta - fazer pelo menos 3x →< 2 anos - Fazer a medida deitado -> comprimento - pedir ajuda da mae para segurar a cabeça, esticar as duas pernas e deixar os pes em 90° - usar o antropômetro → > 2 anos - em pé -> altura - usar o estadiômetro – alinhar, pés juntos, olhar para o horizonte • para o alvo genético, medir a altura dos pais Em 6 meses ela cresceu 5 cm, calculamos quanto ela deve crescer em 12 meses (1ano) obs: a marcação no gráfico será feito por meio de um RISCO, já que corresponde a um período. Ex: nesse gráfico, a criança cresceu 4 cm/ano durante 6 meses (1 ano – 1 ano e 6meses) • Prematuros: - Usar curvas especificas ou idade corrigida até 2 anos - Idade corrigida: abaixo de 37 semanas -> prematura (pré-termo). Se nasce abaixo de 37s, deveremos corrigir a idade, subtraindo dela o tempo que ficaria para completar as 40s Ex: prematuro de 36s com 2meses de vida - faltou 4 semanas para dar 40s – assim tiramos 4 semanas da idade atual dele -> se ele tem 2 meses (-4 sem = 1mes), menos 4 semanas = ele na verdade deveria ter 1 mês de idade -> por isso consideramos 1 mês para olhar o gráfico BAIXA ESTATURA - crescimento abaixo do p3 ou - ter uma estatura com – 2 DP da média da estatura para criancas do mesmo sexo e idade ou - crescer < 8 cm do alvo genético SINAIS DE ALERTA - durante o crescimento, tem queda do percentil - retificação da curva (linha de cresc. Reta) - crescimento fora do alvo genético - crescimento entre o p3-10 →MEDIDA DA VELOCIDADE DE CRESCIMENTO - Melhor parâmetro para avaliar o crescimento - Demonstra quanto a criança cresceu em um período de um ano - o calculo é feito com variação de estatura durante no mínimo 4 meses ANAMNESE – COMO ABORDAR A BE: • quando notaram anormalidade do crescimento • velocidade de perda de numeração de roupas/calcados • comparação com a estatura dos colegas de classe • BE incomoda a criança/familia? • hábitos alimentares • sono (durante o sono, ocorre a secreção do GH) • atividade física • uso de medicamentos (corticoide) • Hx familiar de baixa estatura → homem < 1.60 cm → mulher < 1.50 cm • hx de inicio puberal atrasado – RCCP (retardo constitucional do crescimento e puberdade) • estatura dos pais e irmãos • HF de endocrinopatias • consanguinidade • antecedentes gineco-obstetricos • dados do nascimento – PIG, hipoxia, hipoglicemia, teste do pezinho (hipotireoidismo congênito, hiperplasia adrenal congênita) •dados antropométricos anteriores • doenças crônicas EXAME FÍSICO: - ef completo -> atenção aos estigmas genéticos (sd. de turner: mulher/BE) - estádio puberais de tanner •• anormalidades esqueléticas: -> calculo da relação de segmentos (SS/SI) -> medida do perímetro cefálico, da envergadura, dos segmentos inferior (SI) e superior (SS) e da altura sentada -> valor: nascimento 1.7 3-8 anos 1.3 > 8 anos 1 EXAMES LABORATORIAIS -> excluir doenças que ↓ crescimento, como, doença renal, má absorção, infecção ou hipotireoidismo •Hemograma completo •Velocidade de hemossedimentação (VHS) •Perfil bioquímico sérico (cálcio, fósforo, fosfatase alcalina, creatinina, ionograma, albumina) •TSH e T4 livre •Avaliação radiológica da idade óssea -> calculo da PEF (previsão estatura final); chance de RCCP • descartar as principais doenças pediátricas • causas endócrinas são minoria (<1%) • todas as meninas com ↓ crescimento – sempre fazer cariótipo →Alguns exames específicos podem estar indicados para determinação da causa da baixa estatura, tais como: • Cariótipo (meninas com baixa estatura, sem causa aparente) • IGF1, IGFBP3 (na suspeita de deficiência de GH [DGH]) • Anticorpos antitransglutaminase IgA e antiendomísio (na suspeita de doença celíaca) • Calprotectina fecal (na suspeita de doença inflamatória intestinal ou alergias alimentares) • Em crianças ≤ 3 anos de idade, gasometria venosa (na suspeita de acidose tubular renal) • Testes de estímulo para o GH (na suspeita de DGH) • Radiografia de esqueleto (na suspeita de displasias ósseas) • Ressonância magnética (RM) de crânio e sela túrcica VARIANTES DA NORMALIDADE • BAIXA ESTATURA FAMILIAR “é baixinho, mas não patologia associada, a família é baixa mesmo” - estatura abaixo do terceiro percentil dentro do alvo familiar, desenvolvimento puberal adequado para a idade e maturação óssea também compatível com a idade cronológica. - crescimento constante e vel de crescimento adequada - crescimento esta dentro do alvo familiar, apesar de ser baixo = se incomoda, pode usar GH para melhorar a estatura final se PEF < aceitável • RETARDO CONSTITUCIONAL CRESCIMENTO E PUBERDADE - idade óssea atrasada - PEF dentro do alvo familiar DO • SDS. GENETICAS ASSOCIADAS A BE * sd. turner * sd. down * sd.noohan – sd. turner masculina * sd. russel silver * displasias osseas REFERENCIAS Lucio Vilar et al. Endocrinologia clínica. 7. ed. Rio de Janeiro :Guanabara Koogan, 2021. Acromegalia EIXO HIPOTALAMO-HIPÓFISE-ÓRGAO ALVO - local: sela túrcica - conectada ao hipotálamo pela haste hipofisária, por onde passam os hormônios hipotalâmicos para inibição ou estimulação da hipófise - dividida em: a) hipófise anterior – adenohipofise: secreta FSH, LH, PRL, TSH, ACTH, GH b) hipófise posterior – neurohipofise: secreta ocitocina e ADH - entre 30-50 anos de idade - Sem predileção por gênero - Sinais e sintomas vão aparecendo de forma insidiosa: atraso no diagnostico - atraso no dx + efeitos do excesso de GH e IGF1 -> ↑morbi/mortalidade - taxa de mortalidade 1.7x maior o que na pop. geral - a mortalidade tem relação com a duração dos sintomas antes do dx, tempo de doença, idade avançada ao dx, presença de doença cardiovascular, dm e has DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO CLÍNICO - curso clinico insidioso - Manifestações clínicos pelo excesso de gh e/ou do IGF-1 e efeito de massa do adenoma (macroadenoma >1cm) → PRODUCAO GH - 30-40% das hipófise é produtora de GH - Gh é estimulado pelo GhRh (hipotálamo) e é inibido pela somatostatina - gh na circulacao -> atua principalmente no fígado -> estimulo da produção de proteínas, chamadas de somatomedina -> IGF-1 (somatomedina C) -> principal responsável pelo crescimento ósseo e crescimento muscular - secreção pulsátil, tendo picos mais frequentes durante a noite - GH varia conforme idade, gênero, estresse, estado de nutrição, exercício físico - IGF-1 – hormônio com secreção contínua, sem variação circadiana DEFINICAO -doenca sistêmica crônica, decorrente da produção excessiva do GH e do IGF-1 (fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1) EPIDEMIOLOGIA - 2-11 novos casos/1.000.000 hab/ano - 28-133 casos/1.000.000 hab - br: 423-2.331 novos casos/ano INTRODUCAO - doença sistêmica com manifestação em diversos órgãos - 98% dos casos: adenoma hipofisário secretor de GH - 2% dos casos: hipersecreção eutópica (tumor hipotalâmico) ou ectópica do ghrh - raramente decorrente da secreção ectópica de Gh -> FÁSCIE ACROMEGÁLICA - protusao da fronte - acentuação dos malares - aumento do nariz e lábios - acentuação dos sulcos nasolabiais - prognatismo - aumento das extremidades (dedos em salsicha, aumento dos calçados depois de adulto) - hiperidrose - artralgia - sd. túnel do carpo - apneia do sono - macroglossia - DM (GH – contrarregulador da insulina – efeito hiperglicemiante) - Alterações cardiovasculares – hipertrofia de ventriculos, had, arritmia, miocardiopatia - viscerosmegalias – bócio - papilomas cutâneos - pólipos cutâneos - osteopenia/osteoporose – adenoma fazendo compressão das cels hipofisárias normais -> hiogonadismo -> interferência na saúde óssea -> 25% dos casos, pode ter adenoma cosecretor de GH e prolactina, apresentando então sintomas de hiperprolactinemia -> pacientes com doenca leve e/ou e curta duração: sintomas mais difícil e por isso atraso no dx – podem ter has refrataria, dm de difícil controle -> 80% dos casos: decorrente de macroadenoma (> 1 cm), no qual o efeito de compressão do tumor sobre estruturas adjacentes pode levar a: • cefaleia – por estiramento da dura-mater ou compressão do nervo trigêmeo • déficit visual – crescimento suprasselar que comprime quiasma ótico: hemianopsia bitemporal). Rastreio por campimetria em pacientes com adenomas de expansão suprasselar • Comprometimento dos pares cranianos - nervos oculomotor, troclear, trigêmeo e abducente) • hipopituitarismo –tumor grande comprimindo cels hipofisárias adjacentes ou compressão da haste hipofisária, assim os hormônios hipotalâmicos acabam não estimulando a adeno-hipofise, levando a uma def. de outros hormônios hipofisários • hiperprolactinemia – compressão da haste hipofisária • hidrocefalia (raro) – compressão do III ventrículo - nos pacientes em que o dx não pode ser afastado com as dosagens, indica-se o teste oral de tolerância à glicose (TOTG 75g), dosando o GH a cada 30 min durantes 2h *o porque do TOTG? gh é contrarregulador da insulina (↑gh -> ↓ insulina = ↑ glicose no sangue), assim, quando adm glicose == totg ↑ glicose - ↑ insulina – como aumenta insulina, esse gh deve diminuir porque é contra-regulado, se tiver acromegalia, ele estará sempre aumentado - não deve fazer TOTG em pacientes com DM - se pacientes com valores de GH e IGF-1 indubitavelmente elevados -> não precisa TOTG, já tem o dx ○ Tipos de expansão tumoral 1. suprasselar – atinge cisterna suprasselar, quiasma óptico, hipotálamo e III ventrículo – campimetria visual é obrigatória nos pacientes com macroadenoma suprasselar 2. infrasselar – atinge seio esfenoidal 3. parasselar – atinge seio cavernoso e pares cranianos DX LABORATORIAL - suspeita clinica deve ser confirmada com ↑sérico de GH e IGF-1 ○ GH - secreção pulsátil e variação circadiana (melhor a noite = “dormir bem para crescer”) - Pessoa com acromegalia pode ter pulsos que se sobrepõem durante o dia e que aparecem como normais ○ IGF1 – reflete a secreção integrada do GH - não tem variação circadiana nem secreção pulsátil - situações que podem dar falso positivo de IGF-1 (fala que está ↑, mas não tem nada): puberdade, gravidez e hipertireoidismo - Falso-negativo: desnutrição, anorexia nervosa, hipotireoidismo, DM descompensada, doença hepática e renal e estrogenioterapia oral ALGORITMO DE INVESTIGAÇÃO • Valores: - GH < 0.4 ng/ml + IGF-1 com valor normal p/ a idade – exclui dx acromegalia ○ DOSAGEM DE GHRH – não disponível no br - indicado quando suspeita de produção ectópica de gh –> sintomas da acromegalia + 2º tumor + sintomas relacionados à secreção de outros hormônios (catecolaminas, gastrina, serotonina e insulina) DX POR IMAGEM - rnm (preferencialmente) ou TC – - caracterizar melhor o tumor e guiar o tto - caracterizar: ○ tamanho - micro ou macroadenoma ○ aspecto – solido, cístico ou heterogêneo ○ se tem expansão/invasão extrasselar e relação com as estruturas adjacentes à sela túrcica (quiasma e seios cavernosos -> predizem a chance de cura ao tto cirúrgico e podem orientar o melhor tto - acromegalia secundaria à secreção de GHRH: RM da sela túrcica pode ter hipófise normal ou difusamente aumentada, podendo ser erroneamente dx como macroadenoma *CIRURGIA DE DEBULKING: remoção da maior quantidade possível de tecido tumoral -> pode aumentar a chance de controle dos níveis hormonais com o tto medicamentoso adjuvante (casos de macroadenoma com expansão extrasselar) → Indicacoes de CX: - micro e macroadenoma INTRAsselar - ↑ chance de cura (75%), exceto em pacientes com risco cirúrgico proibitivo ou que não queiram cirurgia TRATAMENTO -> efetivo quando atinge critérios de cura / controle de cura • GH < 1 ng/ml ou nadir de GH < 0.4 ng/ml durante TOTG + normalização do IGF-1 para idade • Pacientes que ainda têm valores diferentes de GH e IGF-1, podemos usar o perfil de GH de cinco pontos, o qual obtém-se calculando a média aritmética dos cinco valores de GH coletados a cada 30 min (0-30-60-90120) – se < 1 ng/mg: tto efetivo → outros objetivos: * ressecção ou controle da massa tumoral com preservação do restante da função adenohipofisaria * prevenção de recidivas * controle das complicações (cardiovasculares, respiratórias e metabólicas) → ABORDAGEM ACROMEGALIA - CIRURGIA - MEDICAMENTOS - RADIOTERAPIA CIRURGIA - cx transesfenoidal – 1ª linha de tto - o resultado cirúrgico depende da experiencia do cirurgião, do nível pre-operatorio do gh (↑gh = mais difícil a cura), do tamanho e do grau de expansão extrasselar tumoral (se acomete regiões adjacentes importantes) - altos níveis de GH e tumores com invasão parasselar possuem baixa chance de cura - melhores resultados foram alcançados com microadenomas e macroadenomas intrasselares - vantagens cx: cura imediata e, na maioria das vezes, definitiva - mas 60-70% tem macroadenoma expansão extrasselar ao diagnostico, diminuindo as taxas de cx - mortalidade: <1% - complicações: * graves: raras – alterações visuais e meningite * fistula liquórica, diabetes insipido central permanente e sinusite – 5% dos casos * hipopituitarismo e diabetes insipido central transitório: minoria dos casos → Avaliacao da eficácia da cirurgia: - dosagem sérica de GH durante TOTG e IGF-1 + função adenohipofisária um mês após a cx ○ cura: Gh durante TOTG < 0.4 ng/ml e IGF-1 normal para a idade - pacientes com nadir do GH < 0.4 ng/ml e IGF-1 ainda elevado -> repetir dosagem 3 meses após a cirurgia - RM preferencialmente ou TC: 3-6 meses após cx ○ pctes com critérios de cura: GH basal e IGF-1 6/6 meses • avaliação da função adenoipofisária (antes e depois da cx): cortisol, t4 livre, prolactina, LH, FSH, e em homens, testosterona. Em mulheres, a determinação dos ciclos menstruais é suficiente para analise da função gonadal TTO MEDICAMENTOSO: - AGONISTAS DOPAMINÉRGICOS - atuam nos receptores dopaminérgicos tipo 2, expressos nos somatotrófos normais e em cels tumorais -> bromocriptina sem resposta; não recomendada -> cabergolina (comp vo): maior afinidade de ligação aos D2 e meia-vida mais prolongada -> maior eficácia terapêutica e menos efeitos colaterais • INDICADO: - terapia adjuvante com níveis pouco elevados de gh e IGF-1 e/ou imunoistoquímica do adenoma mostrando cossecreção GH/PRL - associado aos análogos da somatostatina em pacientes não controlados os AS em dose máxima isolados •POSOLOGIA - iniciar com 0.5 mg/semana, elevando por semana, até chegar em 1.5 mg/semana - a dose deve ser escalonada de acordo com os níveis de GH e IGF-1 - dose max: 3.5 mg/semana ----- recomenda-se ecocardiograma transtorácico antes do inicio da CAB e depois a cada 12 meses durante a terapia (lesao valvar) - ANÁLOGOS SOMATOSTATINA (AS) - sc mensal - disponíveis: octreotide (OCT) e lanreotide (LAN) - ação: interação com os receptores da somatostatina (SSTR) subtipo 2 (principalmente) e 5, expressos nos somatotropinomas - Droga de escolha para tto da acromegalia, podendo ser usada como terapia primaria ou adjuvante à cirurgia - a terapia primária é recomendada: • pacientes com baixa chance de cura cirúrgica • pacientes com alto risco cirúrgico • pacientes que recusam a cirurgia • adjuvante à cirurgia de debulking - a associação de cabergolina com os AS está indicada em pacientes não controlados com os AS em dose máxima, especialmente naqueles com níveis de IGF-1 leve a moderadamente elevados - monitorizar com usg de abdome superior e controle da glicose por meio da glicemia de jejum e HbA1C antes e durante o tratamento ANTAGONISTA RECEPTOR GH - pegvisomanto – sc - não interfere na produção do gh – apenas inibe que ele se ligue no receptor, e assim não haverá produção da somatomedina (igf-1). Por isso, para monitorização, usaremos o IGF-1 e não o GH →indicacao: • pacientes em que não foi possível o controle bioquímico da doença com AS em dose max isoladamente ou em combinação com CAB • pacientes intolerantes aos AS - pode ser prescrito como monoterapia ou em combinação com o AS. A manutenção ou a suspensão do AS deve ser avaliada em cada caso, levando em consideração a resposta bioquímica e o efeito sobre o volume tumoral com o AS e o seu impacto sobre o metabolismo da glicose - estudos indicam que o uso de peg pode aumentar o tamanho tumoral, pois, tem acao direta da droga no tumor, ou por efeito rebote da diminuição do análogo da somatostatina, ou como só tem diminuição do IGF-1 isso estimularia o hipotálamo a produzir mais hormônio e consequentemente aumentaria mais o estimulo e tamanho da hipófise ou ainda casos de tumores mais agressivos - o nível de GH não deve ser usado como marcados bioquímico de resposta terapêutica, mas sim a normalização dos níveis de IGF-1 ajustados p/ idade - RM de sela túrcica e testes de função hepática antes e durante o tto - o principal efeito colateral do PEG é a elevação das transaminases (dose-dependente) RADIOTERAPIA - indicada quando as outras modalidades de tto não funcionaram e para tumores com comportamento mais agressivo - problema: demora para mostrar resultado (2-8 anos) - vários efeitos colaterais: hipopituitarismo, dano cerebral (atrofia cerebral, gliose hipotalâmica, alterações de lobo temporal radionecrose e AVC) e perda visual - a eficácia da radiocirurgia é a mesma da radioterapia convencional REFERÊNCIA: VIEIRA NETO, Leonardo et al. Recommendations of Neuroendocrinology Department from Brazilian Society of Endocrinology and Metabolism for diagnosis and treatment of acromegaly in Brazil. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia, 2011. Ex. Imagem em desordens nutricionais/metabólicas USG • Vantagens: acessível, relativo baixo custo, portátil, rápido, sem radiação ionizante • Desvantagens: operador-dependente, baixo contraste entre as estruturas em algumas regiões (quando comparado com a TC e RM), artefatos (gás, osso) Terminologia: anecóide Hipoecogênico Isoecogênico Hiperecogênico Sombra acústica posterior Líquido aparece anecóide no ultrassom. Ex: bexiga, vesícula biliar, vasos e cistos Estruturas calcificadas aparecem hiperecogênicas e com sombra acústica posterior. Se pequenas, pode não haver sombra! Ex: osso, cálculos RM •Vantagens: sem radiação ionizante, excelente contraste tecidual, capacidade multiplanar, estudo multifásico, estudo angiográfico com 3D •Desvantagens: duração do exame, alto custo, não há portabilidade, risco para materiais metálicos, risco do contraste Quais as vantagens da RM no abdome? • TC • Vantagens: alto contraste entre as estruturas, alta resolução espacial, estudo multifásico, estudo angiográfico com 3D • Desvantagens: radiação ionizante, risco do contraste, relativo alto custo, não há portabilidade Fases: pré-contraste Arterial (+- 25 – 30 s) – contraste na cortical do rim Portal (+- 60 – 70 s) – atinge medula renal Equilíbrio (3 a 10 minutos) – o contraste já começa a sair • • • Grande evolução tecnológica aumentou a qualidade dos exames de RM o Redução do tempo de aquisição, reduzindo artefatos de movimento o Sequência de “difusão” permite detectar grau de celularidade das lesões o Novos tipos de contraste permitem maior diferenciação das lesões Grande número de sequências permite avaliar características teciduais Não há radiação Menor taxa de reação alérgica ao meio de contraste (quando comparado com a TC) →descrição das sequências utilizadas na RM de abdome • • • • • T1 pré-contraste: sangramento T2: sensível à líquido T1 “em fase” e “fora de fase”: gordura intracelular Difusão: celularidade Pós-contraste: padrão de vascularização das lesões ESTEATOSE - A esteatose hepática faz parte de um complexo conhecido como “Doença hepática gordurosa nãoalcoolica” (inglês: NAFLD). - Intimamente relacionada a obesidade, resistência à insulina, HAS, dislipidemias, etc. - O conhecimento de sua evolução natural é fundamental para compreender os riscos. = FASES: Fígado normal -> Fígado com gordura -> Esteato-hepatite - > Cirrose E lembrar que cirrose -> CHC, hipertensão portal, varizes de esôfago DIAGNÓSTICO: BIÓPSIA •Vantagens: permite diferenciar esteatose de NASH, permite graduar a fibrose em pacientes com NASH •Desvantagens: procedimento invasivo, amostragem pequena - Frente à tais desvantagens, considera-se o uso de procedimentos não-invasivos ULTRASSOM - Aumento da ecogenicidade do parênquima hepático - Graduação: normal, leve, moderada e acentuada - Sensibilidade: 53 – 66% / Especificidade: 77 – 93% - Variação intraobservador: 54 – 67% / Variação interobservador: 47 – 63% →O que esperar do resultado? Se há sinais de esteatose Graduação da esteatose Já existem sinais de cirrose? – fígado de contornos irregulares, textura heterogênea, proeminência dos lobos caudado e esquerdo →Limitações: subjetividade na classificação, alto grau de variabilidade. Por ser subjetivo e não quantitativo, existem limitações para seguimento TC - Redução da densidade do fígado - Graduação: diversos critérios (dentre eles comparação com o baço) - Limitação para casos leves - Excelente método para avaliação de concomitância de cirrose, nódulos hepáticos e hipertensão portal. →O que esperar do resultado? Se há sinais de esteatose Graduação da esteatose (limitação!) Já existem sinais de cirrose? →Limitações: limitação da classificação, outros métodos são melhores para seguimento (TC emite radiação) RM - Utiliza uma sequência específica para avaliação de gordura intracelular (gradient-echo “em fase” e “fora de fase”) - Permite graduação quantitativa (em %) - Excelente método para avaliação de concomitância de cirrose, nódulos hepáticos e hipertensão portal - Sensibilidade: 76 – 90% / Especificidade: 87 – 91% →O que esperar do resultado? Se há sinais de esteatose Graduação de esteatose: existe um método específico (Fat Fraction ou “Fração de gordura”), que permite o cálculo em % Já existem sinais de cirrose? Possibilidade de seguimento →Limitações: pacientes com concomitância de sobrecarga férrica hepática pode limitar o resultado, além de ser mais cara ••••Futuro - trabalhar com aquilo que ainda tem limitação para avaliação da esteatose - Nenhum método avalia: se existe inflamação do fígado (diferença entre esteatose e NASH) e qual o grau de fibrose →Elastografia: é um método que avalia o grau de elasticidade dos tecidos e fornece informações quantitativas. Pode ser feito por US e RM TIREOIDE ULTRASSOM - é o melhor método radiológico para avaliação da tireóide. - Permite a avaliação concomitante de linfonodos cervicais. - O Doppler permite a avaliação do padrão de vascularização do nódulo. →Que características o US avalia? Sólido / cístico / misto Ecogenicidade (hipoecogênico / iso / hiper) Contornos (bem definidos / mal-definidos) Calcificações (sem / grosseiras / puntiformes / periféricas) CARACTERÍSTICAS ALTAMENTE SUSPEITAS DE MALIGNIDADE: •Microcalcificações •Contornos irregulares •Altura > comprimento •Extensão extratireoidiana •Linfonodos cervicais com aspecto suspeito •Washout absoluto = 100 x [(Dens1min – Dens15min) / (Dens1min - Denspré)] *se >60%: benigno SUSPEITA INTERMEDIÁRIA: •Nódulo sólido, hipoecogênico e de contornos regulares Denspré: densidade do nódulo na fase pré-contraste Dens1min:densidade do nódulo na fase com 1 minuto Dens15min: densidade do nódulo na fase com 15 min BAIXA SUSPEITA: •Nódulo sólido, hiperecogênico ou isoecogênico e de contornos regulares •Nódulo misto RM I) Adenomas - Ricos em gordura apresentam redução do seu sinal nas sequências “fora de fase”, refletindo sua gordura intracelular. S: 81 – 100%, E: 94 – 100% - Se for igual nas 2 sequências, indeterminado NÓDULOS NA ADRENAL - Nódulos incidentais na adrenal são encontrados em até 5% dos casos em pacientes submetidos à TC, em pacientes sem histórico de malignidade ou de endocrinopatia - Em pacientes com histórico de malignidade, sobe para 9 – 13%. Mas destes, apenas 26 – 36% são malignos. --- Se o nódulo for >4 cm ou apresentar crescimento significativo em 1 ano, o percentil de malignidade é de 71%. Diagnóstico diferencial: *adenomas (ricos em gordura 70%, pobres em gordura 30%) *Feocromocitoma *Carcinoma de adrenal *Metástases *Mielolipoma MÉTODOS DIAGNÓSTICOS: TC I) Avaliação da densidade do nódulo na fase sem contraste - 70% dos adenomas são ricos em gordura (gordura é mais hipoatenuante na TC – “mais escura”). Sendo assim: * Densidade < 10 UH: sugestivo de adenoma * Densidade > 10 UH: indeterminado (pode ser adenoma pobre em gordura ou outros) II) Washout do nódulo - Adenomas tendem a realçar rapidamente e “lavar” o contraste rapidamente. Nódulos malignos tendem a realçar rapidamente, mas demoram para “lavar” o contraste (vasos irregulares levam a maior extravasamento de contraste nos capilares, sendo assim o contraste fica retido no interstício do nódulo). Desta maneira, existem cálculos para avaliação das características acima: Protocolo: Pré-contraste Pós-contraste (1 minuto) Pós-contraste (10 – 15 minutos) • Washout relativo = 100 x [(Dens1min – Dens15min) / (Dens1min)] * se >40%: benigno II) Feocromocitomas - RM:não há redução do sinal nas sequências “fora de fase” - Alto sinal em T2 - Realce pelo meio de contraste - 70% dos feocromocitomas apresentam alto sinal em T2 (achado característico) Minha missão na vida não é meramente sobreviver, mas prosperar; e fazer isto com um pouco de paixão, compaixão, humor e estilo. MAYA ANGELOU Obrigada! GABRIELLA RICCI EMERICH