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Hermeneutica A Hermeneutical Approach

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DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8136.99967
HERMENÊUTICA
Michael Allan1, 2
Na conclusão de um de seus primeiros artigos sobre gênero e Islã no
Egito moderno, Saba Mahmood reflete sobre as implicações de sua abordagem hermenêutica. “Eu sou frequentemente perguntada”, ela afirma, “se
essa abordagem hermenêutica para as atividades de um movimento islâmico
não necessariamente implica na suspensão do julgamento político” (2001,
p. 223). Ela continua sublinhando seu compromisso com um tipo particular
de investigação:
[…] [A]o analisar o problema da política, devemos começar com questões
fundamentais sobre a relação conceitual entre corpo, Self e agência moral
enquanto constituídos por diferentes posições culturais e políticas, e não
apegar-se a nenhum modelo particular como axiomático, como tende a ser
o caso nas narrativas progressistas. (Mahmood, 2001, p. 223).
Muito poderia ser dito sobre a sobrevida desta passagem em sua crítica
subsequente ao feminismo politicamente prescritivo em Politics of Piety
(Mahmood, 2005, p. 10, 36, 39, 153, 195, 197), suas reflexões sobre as
polêmicas em torno dos cartuns dinamarqueses em “Religious Reason and
Secular Affect” (Mahmood, 2009, neste volume) ou sua leitura do romance
histórico Azazeel em Religious Difference in a Secular Age (2016). No entanto,
eu começo com essa passagem anterior para sublinhar as ressonâncias do que
Mahmood descrevia como sua “abordagem hermenêutica”. Dos vários eixos
críticos que compõem a sua obra — subjetividade, gênero, encorporação,
ou religião — hermenêutica tem uma aparição mais discreta, apesar de
1
2
É professor do Departamento de Literatura Comparativa da Universidade do Oregon,
EUA. E-mail: mallan@uoregon.edu.
Tradução por Bruno Reinhardt.
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persistente. Os compromissos duradouros de Mahmood enquanto acadêmica
são ancorados menos em uma visão prescritiva sobre como o mundo deve
ser (narrativas progressistas) do que em um engajamento analítico com o
problema de como as sensibilidades são formadas (hermenêutica).
Como, então, deveríamos ler, interpretar ou entender o uso que
Mahmood faz do termo hermenêutica? Um antropólogo toma esse termo
de modo diferente que um teólogo, um literário, um historiador? Essas
questões têm peso importante para mim. Enquanto professor de Literatura Comparativa, eu admito que a hermenêutica crítica de Mahmood
tem informado e inspirado a forma com que leio (Allan, 2013, 2016).
Seus seminários expandiam a hermenêutica para além da linhagem de
Schleiermacher, Gadamer e Ricoeur, de modo a englobar preocupações
com disciplinas corporais, sensibilidades e disposições. E dada a extensão
com que meu próprio campo se ancora em observações textuais, eu aprendi
ricamente com a ênfase de Mahmood na leitura como uma prática encorporada [embodied]: uma conexão íntima entre o cultivo de sensibilidades,
de um lado, e uma ideologia textual, por outro. De acordo com o uso de
Mahmood, a hermenêutica não é uma questão de leitura, no sentido estrito,
referindo-se mais às sensibilidades que inflectem a atitude crítica. De fato,
pode-se dizer que o sítio interpretativo primário na obra de Mahmood é
menos o texto (seja ele Azazeel ou os cartuns dinamarqueses, por exemplo)
do que as condições de sua recepção, os termos das respostas, os enquadramentos rivais de inteligibilidade que evocam. Pode-se ver que o engajamento
minucioso de Mahmood com o corpo (situações, sensibilidades e condições)
e a mente (interpretação, respostas, crítica) tem implicações especialmente
agudas para o modo com que concebemos o pensamento, a interpretação
e, em última instância, a própria hermenêutica.
A teoria literária tem há muito tempo se inspirado na antropologia e
eu suponho que o mesmo possa ser dito ao contrário. A versão de Stephen
Greenblatt para o novo historicismo se baseia em Clifford Geertz, e o Writing
Culture, de James Clifford, visa absorver os debates da teoria literária correntes
em sua época. Como uma prática de leitura inspirada em Mahmood se
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pareceria? Quais implicações sua análise hermenêutica teria para os estudos
literários e culturais? Para começar, eu vejo o trabalho de Mahmood como
uma guinada crítica da análise textual representacional (do tipo avançada
por Edward Said e Timothy Mitchell) para uma consideração da análise ética
(que ecoa o trabalho de Talal Asad). Assim como Asad, Mahmood empurra
a hermenêutica para além da textualidade, interpretação, ou representação
de modo a considerar as práticas e disciplinas que fazem possível um certo
tipo de relação para com os textos e o significado. Podemos pensar na crítica
de Asad (1983) à antropologia da religião de Geertz — esse ensaio basilar
para os seminários de Mahmood. Enquanto Geertz endereça o papel dos
símbolos em contextos religiosos como um sistema cultural, Asad endereça
as práticas através das quais estes símbolos se tornam simbólicos. Com a sua
ênfase em “como disciplinas sociais produzem e autorizam conhecimentos”
(Asad, 1983, p. 252), Asad questiona a formação de categorias e as contingências do modelo semiótico de interpretação. Mesmo na introdução de
Formations of the Secular, em que engaja com termos-chave dos estudos
literários clássicos (símbolo, mito, alegoria), Asad o faz através de uma
abordagem antropológica crítica das disciplinas e práticas através das quais
certos pensamentos se fazem possíveis.
Já na passagem anteriormente citada de Mahmood, “hermenêutica”
aparece de maneira inseparável de “análise”, e seu engajamento analítico
já é ele mesmo compromissado com uma abordagem hermenêutica. Sua
dívida com a teoria da prática é clara. Seu ensaio Secularism, Hermeneutics
and Empire (Mahmood, 2006) e suas reflexões sobre Azazeel são dois exemplos bastante explícitos deste engajamento com a leitura, a interpretação e a
ideologia textual. De forma intrigante, no entanto, é seu artigo “Religious
Reason and Secular Affect” que me vem à mente pelos insights que oferece
ao emaranhamento entre leitura, interpretação e ética. Como em muitos
de seus artigos, este ensaio começa destacando a distinção entre “polêmica
estridente” e “vozes mais reflexivas” (Mahmood, 2009, p. 833) de modo
a reenquadrar os termos em que o escândalo dos cartuns dinamarqueses
deve ser entendido. O ensaio apresenta uma antropologia predicada não na
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distinção entre “aqui” e “alhures”, mas em distinções analíticas entre respostas
estridentes e reflexivas, leituras boas e descuidadas. O que eu admiro neste
ensaio é sua capacidade de isolar e descrever os limites de uma compreensão
mimética dos cartuns. Por um lado, Mahmood provincializa pressuposições
sobre a função mimética dos textos e, por outro, ela considera ideologias
textuais alternativas — neste caso ancoradas em uma atenção à schesis (que
ela lê contra a mimesis). Ao levar a sério o papel do profeta Muhammad
como um modelo encorporado de/para a virtude, ela expande a conversa
para muito além do problema da representação boa ou má, liberdade de
expressão ou blasfêmia. A análise de Mahmood e seu interesse duradouro
nos debates históricos em torno da schesis a levam a examinar as sensibilidades que informam a experiência do encontro estético. Definir o que é um
cartum, a arte, a religião ou a literatura assim se torna inseparável de debates
sobre como eles vêm a se realizar e relacionar. E esse processo é predicado
criticamente nas sensibilidades que subjazem ao tipo de leitura em jogo.
Parte da riqueza das discussões hermenêuticas (em oposição a formulações generalizadas sobre a leitura) é que a hermenêutica demanda um
engajamento com tradições interpretativas. Se a riqueza da abordagem de
Mahmood está em como ela situa práticas no tempo e no espaço, então
podemos especular sobre as implicações mais amplas de seu trabalho para
uma compreensão da leitura. É possível pensar comparativamente sobre
práticas hermenêuticas? Existiria algo como uma hermenêutica comparativa?
Ou seja, poderia o termo “hermenêutica” englobar tradições interpretativas
bíblicas, védicas, talmúdicas ou corânicas, por exemplo? Em caso positivo,
a partir de qual posição poder-se-ia comparar tradições interpretativas?
Há uma tendência dentre os acadêmicos de meu campo a conectar modos
literários de leitura à hermenêutica bíblica e o alto criticismo alemão. Eu
valorizo a riqueza desses argumentos sobre a inter-relação entre tradições
bíblicas e seculares, mas me pergunto sobre suas implicações sobre tradições
(sejam elas literárias ou religiosas) que fogem ao alcance do cristianismo.
Se adotamos a linguagem da hermenêutica, não arriscamos a nos encasular
em um mundo em que toda prática de leitura seria um desenvolvimento
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inerente da exegese bíblica? Colocando de forma simples: será que toda
leitura literária seria necessariamente protestante? Será que haveria um fora
para a ideologia textual da leitura literária?
Quando coloco essas questões, já antecipo as várias maneiras que o
trabalho de Mahmood já nos provê com algumas respostas. Formalmente,
poderíamos encontrar ecos de uma resposta nos modos com que ela endereça
o secularismo como um desenvolvimento do cristianismo. Mas eu sou atraído
a considerar traços do trabalho de Mahmood pertinentes para entender a
declaração de Asad de que o secular constituiria uma forma de mediação
transcendente (Asad, 2003, p. 5). Se até aqui eu sublinhei a hermenêutica
no nível da interpretação prática conectada historicamente à análise textual,
então sou igualmente atraído pelo modo com que o trabalho de Mahmood
também se esforça para pensar para além de modelos linguística ou textualmente determinados, ou seja, o que seu trabalho oferece para expandir o
conceito de mediação. Haveria uma hermenêutica para as mídia? De que
maneira as práticas não textuais complicam as tradições interpretativas?
Em um momento em que minha pesquisa se expande da literatura para
explorar a fase inicial da história do cinema no Oriente Médio e no Norte
da África, eu continuo a aprender ricamente com as reflexões de Mahmood.
Sua atenção para as sensibilidades que informam a inteligibilidade social
dos textos no tempo no espaço é essencial, permitindo uma virada crítica
da reverência às fontes textuais para os termos em que elas são constituídas.
Sou imensamente grato por essa lição sobre como ler e sou igualmente grato
por reencontrar recursos para se pensar os limites da textualidade mais uma
vez em seu trabalho. Essa, poder-se-ia dizer, é outra implicação ressonante
de sua abordagem hermenêutica e a disciplina generativa que ela oferece.
REFERÊNCIAS
ALLAN, Michael. In the Shadow of World Literature. Princeton: Princeton
University Press, 2016.
Debates do NER, Porto Alegre, ano 19, n. 36, p. 211-216, ago./dez. 2019
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Michael Allan
ALLAN, Michael. Reading Secularism: Religion, Literature, Aesthetics.
Comparative Literature, Durham, v. 65, n. 3, p. 257-264, Summer 2013.
ASAD, Talal. Anthropological Conceptions of Religion: Reflections on
Geertz. Man, London, v. 18, n. 2, p. 237-259, 1983.
ASAD, Talal. Formations of the Secular: Christianity, Islam, Modernity.
Stanford: Stanford University Press, 2003.
MAHMOOD, Saba. Feminist Theory, Embodiment, and the Docile Agent:
Some Reflections on the Egyptian Islamic Revival. Cultural Anthropology,
Arlington, v. 16, n. 2, p. 202-236, 2001.
MAHMOOD, Saba. Politics of Piety: the Reform of the Feminist Subject.
Princeton: Princeton University Press, 2005.
MAHMOOD, Saba. Religious Difference in a Secular Age: a Minority Report.
Princeton: Princeton University Press, 2016.
MAHMOOD, Saba. Religious Reason and Secular Affect: an Incommensurable Divide? Critical Inquiry, Chicago, v. 35, n. 4, p. 836-862, 2009.
MAHMOOD, Saba. Secularism, Hermeneutics, and Empire: the Politics of
Islamic Reformation. Public Culture, Durham, v. 18, n. 2, p. 323-347, 2006.
Recebido em: 28/10/2019
Aprovado em: 28/10/2019
Debates do NER, Porto Alegre, ano 19, n. 36, p. 211-216, ago./dez. 2019
A Hermeneutical Approach
At the conclusion of one of her first articles on gender and Islam in modern Egypt, Saba
Mahmood reflects on the implications of her hermeneutical approach. “I am often asked,”
she recounts, “if such a hermeneutical approach to analyzing the activities of the Islamist
movement does not necessarily entail a suspension of political judgment (223).” She
continues by underscoring her commitment to a particular sort of inquiry:
…in analyzing the question of politics we must begin with a set of fundamental
questions about the conceptual relationship between the body, self, and moral
agency as constituted in different cultural and political locations, and not hold one
particular model to be axiomatic as is often the case of progressivist narratives (223).
Much could be said about the afterlife of this passage in her subsequent critique of politically
prescriptive feminism in Politics of Piety (10, 36, 39, 153, 195, 197), her reflections on the
Danish cartoons in “Religious Reason, Secular Affect,” as well as her reading of the
Egyptian novel Azazeel in Religious Difference in a Secular Age. And yet, I begin with this early
passage to highlight the resonance of what Mahmood describes as her “hermeneutical
approach.” Of the numerous critical axes in her work—subjectivity, gender, embodiment, or
religion—hermeneutics has a more muted and yet persistent recurrence. Mahmood’s abiding
commitment as a scholar is anchored less in a prescriptive vision of how the world should be
(progressivist narratives) than in an analytical engagement with how sensibilities are formed
(hermeneutics).
How then might we read, interpret, or understand Mahmood’s use of the term
hermeneutics? Does an anthropologist read this term differently than a theologian, than a
literary scholar, than an historian? These questions carry a certain weight for me. As a
professor of Comparative Literature, I admit that Mahmood’s critical hermeneutics have
informed and inspired how I read. Her seminars expanded hermeneutics beyond the usual
scholarly trajectory of Schleiermacher, Gadamer, and Ricoeur, to encompass concerns for
bodily disciplines, sensibilities, and dispositions. And given the extent to which my own field
anchors claims in textual observations, I have learned richly from Mahmood’s emphasis on
reading as an embodied practice: an intimate connection between the cultivation of
sensibilities, on the one hand, and a particular textual ideology, on the other. In Mahmood’s
use of the term, hermeneutics is not a matter of reading in a strictly textual sense, but has
more to do with the sensibilities that inflect a critical attitude. In fact, one could say that the
interpretative site in Mahmood’s work is less in the text (whether Azazeel or the Danish
cartoons, for example) than the conditions of its reception, the terms of response, and
competing frames of intelligibility. And one can see how Mahmood’s delicate engagement
with body (situations, sensibilities, and conditions) and mind (interpretation, response, and
critique) has especially critical implications for the place of thinking, interpretation, and
ultimately, hermeneutics.
Literary theory has long drawn inspiration from anthropology, and I suppose the
same can be said in reverse. Stephen Greenblatt’s version of new historicism draws from the
work of Clifford Geertz, and James Clifford’s Writing Culture connects explicitly to debates in
literary and cultural theory from the period. What might a Mahmood-inspired reading
practice look like? What implications does her hermeneutic analysis offer for literary and
cultural study? For one, I see in Mahmood’s work a critical shift from textual or
representational analysis (of the sort pursued in the early work of Edward Said and Timothy
Mitchell) to a consideration of ethical analysis (echoed in the work of Talal Asad). Like Asad,
Mahmood pushes hermeneutics beyond a matter of textuality, interpretation, or
representation in order to consider the practices and disciplines that make possible a certain
relationship to texts and meaning. We might think here of Asad’s critique of Geertz on the
anthropology of religion—an essay often taught in the first weeks of Mahmood’s seminars.
Where Geertz addresses the role of symbols in the context of religion as a cultural system,
Asad addresses embodied practices by which symbols become symbolic. With an implicit
emphasis on “how social disciplines produce and authorise knowledges,” Asad questions the
formation of categories and the contingency of semiotic models of interpretation (252).
Even in the introduction to Formations of the Secular where he engages key terms of classical
literary study (symbol, myth, allegory), he does so with a critical anthropological approach to
the disciplines and practices through which certain thoughts are rendered possible.
Already in the passage from Mahmood’s early article, “hermeneutics” is inseparable
as a term from “analysis,” and her analytical engagement is itself a commitment to a
hermeneutical approach. Her indebtedness to a theory of practice is clear, and her essay
“Secularism, Hermeneutics and Empire” and her reflections on Azazeel are two quite explicit
examples of her engagement with reading, interpretation, and textual ideology. Intriguingly,
though, it is her article “Religious Reason, Secular Affect” that comes to mind for the
insights it offers on the entanglement of reading, interpretation, and ethics. As with many of
her articles, this essay begins by drawing a distinction between “shrill polemics” and “more
reflective voices (833)” to reframe the terms in which the Danish cartoon scandal has been
understood. We encounter in Mahmood’s essay an anthropology predicated not on cultural
distinctions between “here” and “there,” but analytic distinctions between shrill and
reflective response, good and bad readings. What I so admire is this essay’s capacity to
isolate and describe the limits of a mimetic understanding of cartoons. On the one hand,
Mahmood provincializes presumptions about the mimetic function of texts, and on the
other, she considers alternate textual ideologies—in this case, anchored in her attention to
schesis (which she read against mimesis). By taking seriously the role of the prophet
Muhammad as an embodied model of virtue, she expands well beyond a conversation about
good or bad representations, free speech or blasphemy. Mahmood’s analysis and her abiding
interest in the historical debates surrounding schesis lead her to examine the sensibilities that
inform the experience of an aesthetic encounter. Defining what the cartoon, art, religion, or
literature is thus becomes inseparable from how it comes to matter. And how it comes to
matter turns critically on the sensibilities that undergird how it is read.
Part of the richness of discussions of hermeneutics (as opposed to the generalized
formulation of reading) is that hermeneutics allows for an engagement with interpretative
traditions. If the richness of Mahmood’s approach is how it situates practices in time and
place, then we might in turn wonder about the broader stakes her work has for reading. Is
there a way to think comparatively about hermeneutic practices? Is there such a thing as
comparative hermeneutics—that is, can the same term “hermeneutics” describe Biblical,
Vedic, Talmudic and Qur’anic interpretative traditions, for example? And if so, from what
position might one compare traditions of interpretation? There is an alluring tendency
among scholars in my field to connect literary reading to Biblical hermeneutics and German
Higher Criticism. I value the richness of claims about the interrelation of scriptural and
interpretative traditions, but I wonder about the implications of this argument for traditions
(be they literary or religious) that fall outside the scope of Christianity. If we espouse the
language of hermeneutics, do we entrap ourselves in a world where all literary reading is
inherently an outgrowth of Biblical exegesis? Put simply: is all literary reading necessarily
Protestant? Is there an outside to the textual ideology of literary reading?
As I pose these questions, I anticipate the manifold ways that Mahmood’s work
already provides us some answers. Formally speaking, we could find echoes of a response in
her ways of addressing whether secularism is inherently an outgrowth of Christianity. But I
am drawn to consider registers in Mahmood’s work pertinent to Asad’s proclamation that
secularism constitutes a sort of transcendent mediation (Formations, 5). If thus far I have
highlighted hermeneutics on the level of an interpretative practice connected historically to
textual analysis, then I am equally drawn to what Mahmood’s work offers for thinking
beyond linguistically or textually determined models of analysis—that is, what her work
offers to reflections on mediation in the various senses of this term. Is there a hermeneutics
for media? To what extent do non-textual practices complicate interpretative traditions? As I
turn my attention in my current research to early cinema in the Middle East and North
Africa, I find that I continue to learn richly from Mahmood’s reflections. Her attention to
sensibilities that inform the social intelligibility of texts in time and place is key, allowing for
a critical shift from the reverence of the textual source toward the terms in which it is
understood. I have been grateful for this lesson in how to read, and I have been equally
grateful to see the limits of textuality anew in her work. This, we could say, is yet another
resonant implication of her hermeneutical approach and the generative discipline it offers.
Works Cited:
Talal Asad
Formations of the Secular (Palo Alto: Stanford University Press, 2003)
“Anthropological Conceptions of Religion: Reflections on Geertz,” Man, Vol. 18, No. 2,
1983, pp237-259.
Saba Mahmood,
“Azazeel and the Politics of Historical Fiction in Egypt,” Comparative Literature, 65:3, 2013,
pp265-284.
“Secularism, Hermeneutics, and Empire: The Politics of Islamic Reformation,” Public Culture,
18:2, 2006, pp323-347.
“Feminist Theory, Embodiment, and the Docile Agent: Some Reflections on the Egyptian
Islamic Revival,” Cultural Anthropology 16(2), 2001, pp202-236.
Politics of Piety (Princeton: Princeton University Press, 2004)
Religious Difference in a Secular Age: A Minority Report (Princeton: Princeton University Press,
2015)
Michael Allan
In the Shadow of World Literature (Princeton: Princeton University Press, 2016)
“Reading Secularism: Religion, Literature, Aesthetics,” Special Issue Comparative Literature,
Vol. 65, No. 3, 2013.
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