Uploaded by Karen Darcadia

Karl Popper 1 (1)

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FILOSOFIA
- O estatuto do conhecimento científico KARL POPPER
Objetivos:
- O problema da demarcação do conhecimento científico;
- Distinção entre as teorias científicas e não científicas;
- O problema da verificação das hipóteses científicas.
- O papel da indução no método científico.
- O papel da observação e da experimentação; verificação e verificabilidade; a confirmação de
teorias.
- Popper e o problema da justificação da indução. O falsificacionismo e o método de conjeturas
e refutações.
- Posição perante o problema da indução; falsificação e falsificabilidade; conjeturas e
refutações; a corroboração de teorias.
•
Popper é um filósofo que se vai dedicar a uma área da filosofia, a Episteologia, ou a
filosofia da ciência, uma investigação racional do conhecimento científico.
Na Áustria da década de 1920, há um grupo de estudos filosóficos ( Círculo de Viena) de
grande importância: o positivismo lógico, que Popper virá a criticar.
O positivismo lógico defende como ideais principais, o empirismo(que defendeu a
construção de conhecimento com base na experiência), o conhecimento científico como único
válido e legítimo, negação da metafísica (realidade não física) como um conjunto de
proposições que nem são verdadeiras nem falsas, pura e simplesmente não têm sentido e o
princípio da verificabilidade das proposições científicas.
•
A epistemologia de Popper é essencialmente uma reflexão sobre o método científico,
nomeadamente nas ciências da natureza.
A sua grande contribuição para a epistemologia são os conceitos de falsificabilidade e
racionalismo crítico.
Segundo Popper, não devemos tentar verificar (provar) uma teoria científica (que é
sempre uma generalização universal), mas sim fazer todos os esforços para a falsificar (deitar a
baixo): NUNCA PODEMOS DIZER QUE UMA TEORIA É VERDADEIRA, APENAS QUE SE VAI
AGUENTANDO.
Segundo Popper, o cientista honesto será aquele que faz o possível para se autocriticar,
ou seja, falsificar as suas hipóteses. Só assim, a ciência poderá progredir, eliminando erros. A
ciência é sempre conhecimento universale não do particular (ex. de lei científica universal: Toda
água ferve a 100.Cº). Por isso, as afirmações universais universais nunca podem se provar
definitivamente, elas podem ser desmentidas no futuro (ex. Não fervemos a água toda do
universo, nem até agora nem no futuro). Todo o cienstista deve ter em atenção que QUALQUER
TEORIA CIENTÍFICA, NO FUTURO, PODE SER FALSA. Para comprovar, socorre-se da história, da
lógica e da ética, sua primeira constatação (histórica) pode ser retirada pela física de Newton:
entendida como verdadeira durante mais de dois séculos, com vasta provas dadas, no entanto,
foi falsificada (refutada) pela teoria da relatividade de Einstein. Socorre-se, ainda, da lógica
proposicional, em especial, do raciocínio condicional do modus tolens, para demonstrar a sua
teoria.
Ex.:
A - Todas as aves voam (proposição universal)
> Para toda a entitade X; Se X é uma ave, então X voa. (proposição condicional quantitativa
universal). - LEI CIENTÍFICA UNIVERSAL.
> X = quantificador universal
Agora, procedemos à instanciação ( ou eliminação do quantificador universal); a partir de uma
lei geral, tentamos inserir uma proposição particular ( vamos substituir o X por um exemplo
particular (avestruz/galinha)):
Para toda a entidade X, se X é uma ave, então X voa;
Se a avestruz/galinha (X) é uma ave, então X voa; - APLICAÇÃO DE UM CASO EM
PARTICULAR NA LEI GERAL/LEI CIENTÍFICA UNIVERSAL.
Feita a instanciação, vamos aplicar primeiro o modus ponens ao primeiro exemplo:
> Se a avestruz é uma ave, então o avestruz voa.
P ➡ Q = Se a avestruz é uma ave, então a avestruz voa;
P = ( Ora é verdade que) a avestruz é uma ave.
∴ Q ( logo) a avestruz voa;
Vamos aplicar agora o modus tollens (negação) a uma lei científica:
>* Para toda a entidade X, se X é uma ave, então X voa.
P→Q = Se a avestruz (X) é uma ave, então a avestruz (X) voa.
P = ( Ora, é verdade que) a avestruz (X) é uma ave.
¬ Q = ( Ora, não é verdade que avestruz voa).
Logo, ou a lei científica ( "Para toda entitade X, se X é uma ave, então X voa") é falsa e não é
verdade que todas as aves voem, ou a proposição ("Ora é verdade que avestruz é uma ave.") é
falsa e não é verdade que a avestruz seja uma ave.
Para Popper, o cientista honesto é o que põe em causa a lei científica*,, porque é
falsificada pelo exemplo.
A utilização do modus tollens permite que um único caso possa deitar abaixo uma lei científica
universal. Por exemplo,acreditava-se que todos os cisnes eram brancos, antes de se
descobrirem cisnes negros na Austrália. A existência de um único cisne não branco, torna falsa
uma lei geral.
Popper adverte contra o que chama de estratagema convencionalista, que é um truque usado
pelos cientistas para salvarem as leis em perigo de serem falsificadas: defendem-se
determinadas definições e não se aceita nada que as possa contrariar. Isto vai contra o espírito
verdadeiramente científico. Não é ilógico, mas é eticamente reprovável.
•
Uma teoria nunca pode ser verificada ou confirmada, apenas falsificada. Quando
muito, uma teoria apenas pode ser corroborada, isto é, pode aguentar-se (até agora),
contra todas as tentativas de a falsificar. Ou seja, nenhuma teoria científica pode
afirmar-se como verdadeira a 100%. Mas, se for falsificada, nem que seja por um
único caso, será considerada falsa. Uma lei científica será sempre uma proposição
UNIVERSAL.
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Influenciado por HUME, Popper também critica o método indutivo, defendido por
muitos cientistas, pois entende que não tem legitimidade lógita: de alguns casos
semelhantes, não temos legitimidade para tirar conclusões universais. Não podemos
passar, sem risco de errar, de "alguns" para "todos".
As leis científicas não nascem por indução, mas pelo método hipotético-dedutivo. As
menos gerais tiram-se a partir das mais gerais e as primeiras de todas (conjeturas, hipóteses)
aparecem por intuição e imaginação do cienstistas, que depois irá tentar falsificá-las.
•
Para suavizar o efeito radical da sua filosofia falsificacionista, Popper vai introduzir o
conceito de corroboração e de verosimilhança. Uma teoria diz-se corroborada quando já
foi sujeita a muitas tentativas genuínas de falsificação e se aguentou. Além disso, apesar
de, teoricamente, todas as leis científicas poderem vir a considerar-se falsas no futuro,
no entanto poder-se-á considerar que algumas delas terão mais verossimilhança do que
outras, pela sua aproximação à verdade. Quanto mais conteúdo de verdade tiver, uma
teoria será considerada mais verossímil do que outra que tenha mais pontos fracos.
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Finalmente, Popper critica o critério de demarcação entre as proposições científicas e
as não científicas, nomeadamente as metafísicas, que era utilizado pelo empirismo
lógico: a verificabilidade. Para os empiristas lógicos uma proposição era científica
quando era verificada (provada) pela experiência. Para Popper, uma proposição
científica, nunca pode ser provada como verdadeira, apenas falsificada e declarada
falsa. O critério de demarcação entre ciências e pseudo-ciências é o da falsificabilidade:
só teorias que se apresentem de tal modo que possam permitir experiências que,
eventualmente, as possam deitar abaixo, são científicas. Daí a sua crítica à psicanálise e
ao marxismo, que não se deixavam criticar.
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