UM ESTUDODA PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO POR EDSON ARTÊMIO DOS SANTOS INTRODUÇÃO A conhecida parábola de Jesus Cristo, registrada no Evangelho de Lucas 15:11-32, faz parte de um bloco composto de três parábolas todas tratando do retorno do que estava aparentemente perdido. Cada uma apresenta uma determinada situação de perda, busca e retorno, mudando em cada caso os elementos, motivos da perda e forma de retorno. Na parábola, que foi nomidada pela tradição cristã, de “O Filho Pródigo”, que por sinal é a mais longa e elaborada das três contidas no mesmo bloco, descurtina-se a possibilidade ampla de aplicação pessoal, doutrinal e didática. Por meio da análise pode-se desprender diversos aspectos doutrinais contidos nesta parábola, como por exemplo: o cárater paternal de Deus, o processo pessoal do arrependimento, o poder e alcance da misericórdia, o Plano de Salvação sinalizando elementos como pré-existência, arbítrio, queda, pecado, morte espiritual, expiação, redenção, o papel do povo israelita e dos gentios e sua unificação final, para listar alguns. Fora isso seguindo o propósito e a utilidade da parábola como instrumento didático cada um pode encontrar-se em um dos personagens da parábola e obter princípios que ajudarão no desenvolvimento espiritual particular. Considero para este estudo parábola como exemplos, comparações ou alegorias em que, partindo de uma realidade sensível, se comunica uma mensagem ao ouvinte ou leitor e o convida a uma decisão pessoal. Usaremos para este estudo recursos oriundos das palavras dos profetas modernos, comparações entre as obras padrão, estudos oriundos de acadêmicos S.U.D.’s e de outras denominações, além de obras dos denominados primeiros Pais da Igreja Cristã no período imediato ao evento denominado “A Grande Apostasia” que abateu-se sobre a Igreja Primitiva. CONTEXTO QUE ORIGINOU A PARÁBOLA Afim de ajudar na compreensão da parábola consideraremos para este estudo a orientação do Profeta Joseph Smith na interpretação das escrituras, qual seja, antes de qualquer tentativa intrepetativa alegórica observar as motivações observadas no contexto descrito pelo autor e priorizar a comprensão a partir dele. É interesante que o Profeta Joseph Smith dá esta instrução interpretativa justamente comentando esta parábola: ―Com referência ao filho pródigo, disse que era um tema que nunca havia tratado; que muitos o consideram como um dos mais complicados das Escrituras; e até os élderes desta Igreja o tem usado bastante em suas pregações, sem ter uma regra fixa quanto à maneira de interpretar essa parábola. Que base ou regra fixa quanto à maneira de interpretar essa parábola. Que base ou regra há para sua interpretação? Não há interpretação alguma. Antes, deve-se entender precisamente como se lê. Tenho uma chave para entender as Escrituras. Pergunto: Qual foi o problema que ocasionou a resposta, ou o que levou a Jesus relatar a parábola? Ela não tem aplicação nacional, ou geral; não fala de Abraão, de Israel ou dos gentios, como alguns supõem. Para obter seu significado, devemos chegar até a raiz e descobrir o que foi que ocasionou esse ensinamento de Jesus.‖ 1 [Destaque do autor] Ensinamentos do Profeta Joseph Smith. Compilado por Joseph Fielding Smith, p. 270. Conforme consta no Documentary History of the Church, volume 5, páginas 260-262 na data de 29 de janeiro de 1843. 1 Joseph Smith claramente baliza como a primeira fonte de entendimento desta parábola o contexto indicado por Lucas e experimentado por Jesus Cristo, qual seja: ―E chegavam-se a ele todos os publicanos e pecadores para ouvir. E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: Ele recebe pecadores e come com eles.‖ (Lucas 15: 1-2) Percebe-se que a origem das parábolas contadas neste capítulo, vem responder de forma direta a uma constante crítica oriunda de dois grupos influentes e poderosos na sociedade judaica daquela época, os fariseus, pretenciosos e dogmáticos seguidores da Lei e do Talmud e os escribas “designados como guadiães e intérpretes da lei”2, estes não aceitavam que o “Rabi” Jesus, não só permitisse que os chamados publicanos e pecadores participassem como ouvintes durante seus ensinamentos, mas que ainda, aceitasse um convívio amistosos, configurado pela participação Dele nas suas casas e mesas, além de ter escolhido um deles para discípulo, no caso o publicano Mateus3. Diante desta continua e preconceituosa murmuração devemos buscar o ensinamento que Jesus quis transmitir aos fariseus e escribas naquele momento. O Profeta Joseph ainda comentando a referida parábola salienta que a aplicação: ―Era para os homens em um sentido individual; e toda a conjectura sobre este ponto é tolice.‖4 O Profeta Joseph Smith compreendia a aplicação da parábola unicamente para aquele grupo de homens composto de fariseus e escribas. Ele não via uma segunda interpretação mais ampla, que considera a relação futura, nem sempre convergente ou amistosa, entre os Casa de Israel e Cristãos Gentios que vai surgir no período da liderança apostólica da Igreja Primitiva, como ensinada por Agostinho em seu sermão 112ª, que considera uma interpretação alegórica. INTERPRETAÇÃO CONTEXTUAL DA PARÁBOLA A luz desta linha indicada por Joseph Smith para a interpretação, devemos então estruturar os elementos da parábola em um contexto unicamente judeu e relativo àquele problema manifestado. Contexto este que Jesus já havia indicado que era a prioridade de seu ministério pessoal5. Porém, isso não significa que não podemo buscar uma aplicação pessoal à luz da revelação moderna. Sendo assim temos o seguinte quadro: Representação Aplicação E disse: Um certo homem tinha dois filhos; Lucas 15:11 Texto Pai e os dois filhos Pai: Jesus Cristo Filho mais velho: Fariseus e escribas Filho mais novo: Publicanos e pecadores E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence. Bens, fazenda. Repartir Bens, fazenda: arbítrio, responsabilidade individual no uso da vontade. Jesus Cristo considera pai de ambos os grupos portanto, como qualquer pai cuida com a mesma bondade ambos. O alcance da Expiação de Jesus é total e universal somente limitado pela vontade individual de cada ser humano. As diferenças humanas são claras e no que diz respeito a conversão mais ainda, na mesma congregação podemos ter pessoas mais adinate no caminho e outras mas atrazadas, porém o importante é estar no caminho. Cristo salienta que os dois grupos receberam o dom do arbítrio e com ele a 2 3 Elemento(s) James E. Talmage. Jesus, O Cristo, p.61. Mateus 9:9-13. Ensinamentos do Profeta Joseph Smith. Compilado por Joseph Fielding Smith, p. 270. Conforme consta no Documentary History of the Church, volume 5, páginas 260-262 na data de 29 de janeiro de 1843. 5 Mateus 10:5-7 e 15:24. 4 E ele repartiu por eles a fazenda. Lucas 15:12 E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente. Lucas 15:13 Terra longínqua. Disperdício dos bens. E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades. Lucas 15:14 Grande fome. Necessidade. Repartir: Ação de justiça divina reconhecendo como iguais ambos os filhos, pois afirna que ele repartiu em vida entre os dois. Ambos serão responsáveis por suas escolhas ou pelo usos dos bens. Separação e distanciamento de Deus por vontade própria dos publicanos e pecadores. No momento em que não vivem mais a Lei ou oprimem seus compatriotas por meio do serviço prestado aos romanos eles rompem com o Pai e seus irmãos8. Uso continuo do árbítrio para escolhas que gradativamente os levam a limitar sua autonomia e controle das consequências. A palavra dissoluta denota além do cárater pecaminoso das ações, uma certa despreocupação com as consequências. Grande fome: o resultado da vida dos publicanos e pecadores, em seu íntimo não os agradava, haja visto sua contínua busca pela mensagem de Cristo que trazia aceitação e alento pois acreditava que eles podiam ser resgatados. Necessidade: Os publicanos e pecadores sentiam uma necessidade extrema por aceitação e pertencimento. Suas escolhas os levaram a uma dependência do pecado e a uma apatia moral que os tonava as pessoas mais miseráveis daquela sociedade. E foi, e chegou-se a um dos Cidadão daquela terra. A cidade é o lugar ou condição responsabilidade decorrendo do seu uso6. O arbítrio como um dom, privilégio ou herança é ensinado pelos profetas antigos e modernos7. A escolha por uma vida separada de Deus ou distante da religiosidade era uma variável antevista por Deus na vida de seus filhos. Alguns errariam ou desejariam vivenciar intensamente as sensações possíveis por meio do corpo físico que os faria afastarem-se e trilharem o caminho que os levaria a cidade do pecado ou a Babilônia espiritual. Lá envolvidos pelas tentações disperdiçariam seu poder de escolha de forma dissoluta ou literalmente separando-se cada vez mais de Deus e do controle das consequências. Uma vida privada do poder de escolher e aprisionada nas consequências do pecado além do remorso traz consigo um vazio tão pungente que somente o sentimento carnal de um estomago vazio e a incapacidade de alimentá-lo pode compar-se a fome espiritual.9 A necessidade é um sentimento de falta do que se precisa e na incapacidade pessoal para obtê-la. A opressão de uma alma sujeita aos apetites que desorientam sua compressão das consequências de seus atos. Ao pecarmos dissolutamente, Moisés 7:32, D&C 101:78. O Presidente Wilford Woodruff falando sobre o assunto disse: ―Esse arbítrio sempre foi a herança do homem sob a direção e o governo de Deus. O homem o possuía no céu dos céus antes deste mundo existir, e o Senhor o manteve e o defendeu contra a agressão de Lúcifer e de seus seguidores. Em virtude desse arbítrio, vocês e eu e toda a humanidade nos tornamos seres responsáveis, responsáveis pelo rumo que tomamos, pela vida que vivemos e pelos atos que praticamos‖.( Millennial Star, 14 de outubro de. 1889, p. 642. Citado por Wolfgangh Paul, em O Dom do Arbítrio, Conferência Geral de Abril de 2002. Disponível em: https://www.lds.org/general-conference/2006/04/the-gift-of-agency?lang=por#3PD00006561_059_014 . [Ver 2 Néfi 2:26-27.] 8 Elder Neal A. Maxwell comenta: ―É irônico notar que alguns saem em busca de ―uma terra longínqua‖ (Lucas 15:13), deixando a nutritiva horta da família, na qual talvez haja umas poucas ervas daninhas, em troca de um deserto de arbustos secos.‖ (Elder Neal A. Maxwell. As Tentações e Seduções do Mundo. Conferência Geral de Outubro de 2000. Disponível em: https://www.lds.org/generalconference/2000/10/the-challenge-to-become?lang=por 9 Elder neal A. Maxwell comenta: ―Não são muitos os filhos pródigos que retornam, mas de tempo em tempo, alguns voltam de ―uma terra longínqua‖.(Lucas 15:13)É claro que é melhor nos tornarmos humildes ―por causa da palavra‖ em vez de sermos compelidos pelas circunstâncias, embora isso também seja aceitável! (VerAlma 32:13–14.) A fome pode induzir-nos à sede espiritual. Tal como o filho pródigo, também podemos ir parar em ―uma terra longínqua‖, mesmo que ela não seja mais afastada que um vil concerto de rock. A distância até ―uma terra longínqua‖ não é medida em quilômetros, mas em quão distantes nosso coração e mente estão de Jesus! (Ver Mosias 5:13.) A fidelidade, e não a geografia, é que determina a distância!‖ (Elder Neal A. Maxwell. As Tentações e Seduções do Mundo. Conferência Geral de Outubro de 2000. Disponível em: https://www.lds.org/general-conference/2000/10/the-challenge-to-become?lang=por 6 7 cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos, a apascentar porcos. Lucas 15:15 Volta para o campo. Apascentar porcos. E desejava encher o seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada. Lucas 15:16 Bolotas. Ninguém lhe dava nada. onde os publicanos e pecadores encontravam-se, ao afastarem-se do Pai. Eles não são cidadões deste lugar eles estão ali. O desespero os cega momentaneamente10. Buscam na cidade e nos seus verdadeiros cidadãos, demônios11, segundo Agostinho12, que atendam a sua necessidade, espiritual, de culto e pertencimento. Portanto o “cidadão” ou alguém que vive, negocia e exerce algum poder nela pode ser relacionado com o poder satânico ou o próprio Satanás, o príncipe deste mundo, o pai das mentiras13 e aquele que tenta destruir o arbítrio do homem desde o princípio14. A volta para o campo, sarcasticamente o filho mais novo havia saído do campo, um lugar que lembrava algo que ele havia deixado para tráz e que o enchia de lembranças. O publicano e pecador viviam ao lado do Templo, porém não eram dignos de estarem lá, para onde olhavam encontravam o ódio do povo. Apascentar porcos, para Agostinho era a submissão a servidão extrema e imunda que costma alegrar os demônios(...)15. As bolotas ou o pseudo alimento espiritual ofertado aos Publicanos e Pecadores era incapaz de suste-los além de ser um alimento inapropriado. Todo o culto idólatra de Roma como a filosofia greco-romana não conseguiam sustentar uma alma na condição de morte espiritual. Agostinho compara este alimento ―as vistosas doutrinas do mundo: servem para ostentar mas não para sustentar; alimento digno para porcos, mas não para homens: próprias para dar aos demônios deleitação, mas não aos fiéis justificação.‖16 acabamos por entrar na Babilônia espiritual. Mesmo nesta condição, nossa carência espiritual nos leva a aproximarmos ainda mais dos falsos deuses deste mundo, idolatria e hedonísmo e cada vez mais forte torna-se o relacionamento com Satanás. Ele nos sujeita, escraviza e nos faz sofrer com o remorso e o sentimento de impotência. Na ondição de servo do pecado muitas vezes acabamos por procurar alimentos espiritualistas que por meio do sofisma, culto idólatra ou a mescla de escrituras com filosofias humanas tentam dar um sentido a vida miserável no pecado.17 Na verdade Satanás não dá nada à ninguém ele é caracterizado como um ladrão e usurpador18. D&C 78:10. D&C 10:5. 12 Jean Lauand (org.) Cultura e Educação na Idade Média, São Paulo, Martins Fontes, 1998. Disponível em: http://www.hottopos.com/mp5/agostinho2.htm 10 11 2 Néfi 2:18. Moisés 4:3. 15 Jean Lauand (org.) Cultura e Educação na Idade Média, São Paulo, Martins Fontes, 1998. Disponível em: http://www.hottopos.com/mp5/agostinho2.htm 16 Jean Lauand (org.) Cultura e Educação na Idade Média, São Paulo, Martins Fontes, 1998. Disponível em: http://www.hottopos.com/mp5/agostinho2.htm 13 14 E, tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti; Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros. Lucas 15:17-19 “tornando em si”. Abundância da mesa do pai. A decisão de voltar para o pai. A presença dos publicanos e pecadores aos pés de Cristo não era por acaso. Nele e em suas palavras encontravam novamente a fartura e sabor da mesa do pai. Observavam a vida privilegiada dos discípulos de Cristo, alimentados pela palavra viva e eficaz de salvação. Muitos, como Mateus e Zaqueu haviam feito o caminho de volta que começa dentro de si mesmos. E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e Levantando-se. O pai o vê de longe. O pai sofre junto com o filho. O pai vai até ele e o abraça e beija. A confisão do filho. Os servos trazem a roupa, o anel e a sandália.21 Jesus agora chega no ponto mais emocionante do relato. Seu público deve estar atentamente esperando o desfecho. Novamente o coração dos infelizes párias é tomado de esperança. O levantar-se, da morte espiritual, 17 Aqui tem início o arrependimento. O momento único da pura instrospecção19, o voltar para dentro de si mesmo, a tomada de consciência da condição pessoal e da lembrança do sabor e fartura da doutrina do evangelho e da vivência da vida consagrada. O cogitar nas palavras de súplica remontam na volta da intenção de religarse com Deus por meio da oração. Agostinho magníficamnete registra: ―Por vezes, em meio a uma tribulação ou tentação, alguém pensa em orar, e, no próprio ato de pensar o que irá dizer a Deus na oração, considera que é filho e que, como tal, tem direito a reivindicar a misericórdia do Pai. E diz de si para si: "Direi a meu Deus isto e aquilo; não temo que, em lhe dizendo isto, e chorando, não seja eu atendido pelo meu Deus". Geralmente, Deus já o está atendendo quando ele diz estas coisas; e mesmo antes, quando as cogita, pois mesmo o pensamento não está oculto ao olhar de Deus. Quando o homem delibera orar, já lá está Aquele que lá estará quando ele começar a oração‖.20 Relacionado a redenção do filho pródigo Elder Jeffrey R. Holland faz os seguintes comentários: ―A imagem terna do ansioso e fiel pai desse rapaz, correndo até ele e ―A parábola do filho pródigo é uma parábola de todos nós. Faz com que nos lembremos de que, em certa medida, somos filhos e filhas pródigos de nosso Pai Celestial. Pois, como disse o Apóstolo Paulo: ―( . . . ) todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus‖ (Romanos 3:23)Como o filho errante da parábola do Salvador, viemos para ―uma terra longínqua‖ (Lucas 15:13) separados de nosso lar pré-mortal. Como o pródigo, partilhamos de uma herança divina, mas, por causa de nossos pecados, desperdiçamos uma parte dela e experimentamos uma ―grande fome‖ (Vers. 14) de espírito. Como ele, aprendemos por meio de dolorosa experiência que os prazeres e atividades mundanos não têm maior valor do que as bolotas que os porcos comiam. Ansiamos por nos reconciliar com nosso Pai e voltar a Sua casa. ―Vagando errantes no mal a andar, pedimos-te amparo fiel!‖ (“Cantando Louvamos”, Hinos 1990, 50.)” Élder Bruce D. Porter. Redendetor de Israel. Conferência Geral de Out de 1995. Disponível em: http://www.lds.org/generalconference/1995/10/redeemer-of-israel?lang=eng&clang=por “O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.” João 10:10 Elder Neal A. Maxwell comenta o momento de instrospecção do filho mais novo da seguinte forma: ―Evidentemente, algumas decisões íntimas de ―preocupar-nos‖ com nossa alma e ―guardá-la‖ ocorrem em momentos corriqueiros, como aconteceu com o filho pródigo. Ele dava de comer aos porcos dia-a-dia, até o momento em que finalmente acabou ―tornando em si‖. (Lucas 15:17) Seja o que foi que tenha acontecido nesse dia em particular naquela ―terra longínqua‖ (Lucas 15:13), o filho pródigo ―[considerou] os [seus] caminhos‖ (Salmos 119:59) e tomou esta firme decisão: ―Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai (…)‖. (Lucas 15:18) A introspecção seguiu-se de uma transformação. Mesmo assim, um guardador de porcos indo para casa dificilmente chamaria a atenção dos transeuntes, embora coisas de significado eterno lhe tivessem acontecido.‖(Neal A. Maxwell. “Preocupai-vos com a Vida da Alma”. Conferência Geral, Abril de 2003. Disponível em: https://www.lds.org/general-conference/2003/04/care-for-the-life-of-thesoul?lang=por 20 Jean Lauand (org.) Cultura e Educação na Idade Média, São Paulo, Martins Fontes, 1998. Disponível em: http://www.hottopos.com/mp5/agostinho2.htm 21 Henri J. M. Nouwen. El regreso de hijo prodigo. [Tradução livre do autor] ―O Pai veste seu filho com os sinais da liberdade, a liberadade dos filhos de Deus. Não quer que nenhum de seus filhos sejam criados ou escravos. Quer que levem a roupa da honra, o anel da herança e o calçado do 18 19 perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho. Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa; e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés; E trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos; Porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a alegrar-se. Lucas 15:20-24 O sacrifício do cordeiro e o banquete. A nova vida e a alegria. a força retorna aos seus artelhos a certeza de que é possível voltar para casa. Um pouco diferente do Jeová do legalismo farisaico, este Pai não espera estático no portão de casa com as mãos na sintura, ele vai onde eles estão, ele entra na sua casa e come na sua mesa, ele cura. Ele antecipa a sua misericórdia. Ele mal dá atenção a sua confissão ele o abraça e beija. Simplesmente por que eles voltaram. A investidura da veste, o anel e a sandália nos pés representavam claramente a total e plena restauração proposinada pela expiação. O retorno a condição de filho.22 cobrindo-o de beijos é uma das cenas mais comoventes de todas as escrituras sagradas. Ela diz a cada filho de Deus que, quer esteja no caminho ou não, Ele nos quer de volta sob a proteção de Seus braços.‖ (...) ―Misericordiosamente, nossos erros podem ser completamente apagados por nosso insistente arrependimento, tendo fé para tentar de novo, seja em uma tarefa ou em um relacionamento. Essa insistência é realmente uma afirmação de nossa verdadeira identidade! Os filhos e filhas espirituais de Deus não precisam ficar permanentemente abatidos, se forem elevados pela Expiação de Jesus. A Expiação infinita de Cristo se aplica, portanto, a nossos fracassos mortais! Por isso é que o hino diz: Sei que eu sou propenso a vagar sem rumo, Senhor; Propenso a abandonar o Deus a quem amo; Aqui está meu coração, ó, tome-o e guarde-o; Guarde-o para as cortes celestes.‖23 Acrescento também as palavras de H. Nouwen: ―Um dos grandes desafios da vida prestigio. É como uma investidura por meio da qual se inaugura o ano aceitável de Deus. O pleno significado desta investidura e iniciação aparece explicada na quarta visão, do profeta Zacarias: E ele mostrou-me o sumo sacerdote Josué, o qual estava diante do anjo do SENHOR, e Satanás estava à sua mão direita, para se lhe opor. Mas o SENHOR disse a Satanás: O SENHOR te repreenda, ó Satanás, sim, o SENHOR, que escolheu Jerusalém, te repreenda; não é este um tição tirado do fogo? Josué, vestido de vestes sujas, estava diante do anjo. Então respondeu, aos que estavam diante dele, dizendo: Tirai-lhe estas vestes sujas. E a Josué disse: Eis que tenho feito com que passe de ti a tua iniqüidade, e te vestirei de vestes finas. E disse eu: Ponham-lhe uma mitra limpa sobre a sua cabeça. E puseram uma mitra limpa sobre a sua cabeça, e vestiram-no das roupas; e o anjo do SENHOR estava em pé. E o anjo do SENHOR protestou a Josué, dizendo: Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Se andares nos meus caminhos, e se observares a minha ordenança, também tu julgarás a minha casa, e também guardarás os meus átrios, e te darei livre acesso entre os que estão aqui. Ouve, pois, Josué, sumo sacerdote, tu e os teus companheiros que se assentam diante de ti porque são homens portentosos; eis que eu farei vir o meu servo, o RENOVO. Porque eis aqui a pedra que pus diante de Josué; sobre esta pedra única estão sete olhos; eis que eu esculpirei a sua escultura, diz o SENHOR dos Exércitos, e tirarei a iniqüidade desta terra num só dia. Naquele dia, diz o SENHOR dos Exércitos, cada um de vós convidará o seu próximo para debaixo da videira e para debaixo da figueira. Zacarias 3:1-10‖ Agostinho entende desta forma a investidura do filho pródigo: E o pai ordena que o vistam com a primeira veste, aquela que Adão perdera ao pecar. Tendo recebido o filho em paz, tendo-o beijado, ordena que lhe dêem uma veste: a esperança de imortalidade, conferida no batismo. Ordena que lhe dêem um anel, penhor do Espírito Santo; calçado para os pés, como preparação para o anúncio do Evangelho da paz, para que sejam formosos os pés dos que anunciam a boa nova . Estas coisas Deus faz através de seus servos, isto é, os ministros da Igreja. Acaso eles podem, por si próprios, dar veste, anel e calçados? Não, apenas cumprem seu ministério, desempenham seu ofício; quem dá é Aquele de cujo depósito e de cujo tesouro são extraídos estes dons. Mandou também matar o bezerro cevado, isto é, que fosse admitido à mesa em que o alimento é Cristo morto. Mata-se o bezerro para todo aquele que, de longe, vem para a Igreja, na qual se prega a morte de Cristo e no Seu corpo o que vem é admitido. Mata-se o bezerro cevado porque o que se tinha perdido foi encontrado. Jean Lauand (org.) Cultura e Educação na Idade Média, São Paulo, Martins Fontes, 1998. Disponível em: http://www.hottopos.com/mp5/agostinho2.htm 22 Élder Jeffrey R. Holland. O outro filho https://www.lds.org/liahona/2002/07/24?lang=por 23 pródigo, Conferência Geral de Abr de 2002. Disponível em: espiritual é receber o perdão de Deus. Há algo em nós, seres humanos que nos faz apegar-nos a nossos pecados e nos impede de deixar Deus apagar nosso passado e nos dar um começo completamente novo. Às vezes parece como se eu quizesse mostrar a Deus que a minha escuridão é grande demais para ser vencida. Enquanto ele quer devolver-me toda a dignidade da minha condição de filho, e eu sigo insistindo de que me contentaria em ser um jornaleiro. Mas eu realmente quero que me devolva toda a responsabilidade de filho? Realmente desejo ser perdoado e que me seja possível viver de ouutra forma? Eu tenho fé suficiente em mim mesmo e numa mudança tão radical? Desejo romper com minha tão arraigada rebelião contra Deus e render-me a seu amor tão absoluto que pode fazer com surja uma pessoa nova? Receber o perdão implica a vontade de deixar Deus ser Deus e deixá-lo fazer todo o trabalho de restauração, cura e renovação da minha pessoa. Sempre que intento fazer parte do trabalho sozinho, termino conformando-me com soluções humanas. Sendo jornaleiro posso continuar mantendo-me distante, posso seguir rebelando-me e queixando-me do salário. Sendo o filho amado, tenho que buscar minha dignidade e começar a preparar-me para chegar a ser o pai.‖24 E o seu filho mais velho estava no campo; e quando veio, e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças. E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo. E ele lhe disse: Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo. Mas ele se indignou, e não O Filho mais velho. O campo. A morte do bezerro cevado e a alegria. Indignação e recusa. A cobrança do prêmio. O juízo contra o irmão. O argumento do Pai. Claramente o filho mais velho representa os fariseus e escribas. Mesmo que eles achassem que eram muito diferentes dos publicanos e pecadores o elemento “campo” os unia em uma mesma condição, ambos vieram do campo para a casa paterna25. Um cuidara das ovelhas do Pai outro dos porcos de Satanás. Mas ambos Talvez a dureza de nossos julgamentos, ciúmes e inveja possam macular uma vida dedicada a Deus e a obra Dele. Estar no campo do Pai não significa ausência de trabalho e dificuldades. As vezes nos preocupamos tanto com reconhecimento neste mundo e momento e esquecemos que ainda não concluímos nossa corrida e Henri J. M. Nouwen. El regreso de hijo prodigo. [Tradução livre do autor] “Mas absortos nesta história do filho mais jovem, podemos perder de vista, se não tivermos cuidado, o registro de um filho mais velho, pois consta na primeira linha do relato do Salvador: ―Um certo homem tinha dois filhos‖ — e poderia ter acrescentado — ―ambos estavam perdidos e precisavam voltar para casa‖. O filho mais moço voltou e foi colocado sobre seus ombros um manto e em seu dedo, um anel, quando entra em cena o filho mais velho. Ele 24 25 tem sido zeloso, trabalhando fielmente no campo, e agora está voltando do trabalho. A linguagem de jornadas paralelas para casa, embora de diferentes lugares, é fundamental nessa história.‖ Élder Jeffrey R. Holland. O outro filho pródigo, Conferência Geral de Abr de 2002. Disponível em: https://www.lds.org/liahona/2002/07/24?lang=por queria entrar. E saindo o pai, instava com ele. Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos; Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado. E ele lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas; Mas era justo alegrarmo-nos e folgarmos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; e tinha-se perdido, e achou-se. Lucas 15:25-32 estavam no campo, ou seja no seu âmbito de provação. Uma das grandes queixas do filho mais velho era a aparente falta de reconhecimento do Pai. Os fariseus e escribas lutavam tanto pela observância correta da Lei, porém parecia que a atenção de Cristo era direcuionada, amorosa e tolerante justo àqueles pecadores. Eles não cansavam de exercer o juízo contra pecadores. Mesmo sem acompanhar a vida daquelas pessoas eles citavam seus pecados. Reconeciam estes como filhos do Pai porém não como seus irmãos. ainda não guadamos a fé. Tornar-se como o Pai é o prêmio final.26 CONCLUINDO O presente estudo, longe de ter qualquer intenção de esgotar o assunto e a análise da parábola do “Filho Pródigo”, porém qualquer um que examina com alguma profundidade e tempo, encontra verdades tão maravilhosas que nos animam a continuar no caminho do discipulado. O que torna a escritura antiga viva e a nossa contante visita. Ao buscarmos avaliar nossa condição, poderemos em alguns momentos da vida estarmos agindo como o filho mais moço inexperiente, ora como um pai que não desiste de esperar o retorno do filho ou ainda como um ciúmento e incoerente filho mais velho. Ao visitarmos o texto deste drama familiar poderemos com certeza nos vermos ou compreender todo o amor de Jesus Cristo pelo ser humano. Pois afinal ―(...) No plano eterno de Deus, a salvação é um assunto individual; já a exaltação é um assunto de família.27 (Verão, Fevereiro de 2013.) Elder Maxwell salienta: ―Mesmo assim, freqüentemente ainda aparecem invejas mortais com respeito ao dinheiro, à influência, à ofensa ou o ―manto‖ e o ―bezerro cevado‖ dados a outras pessoas. (Ver Lucas 15:22–23.) A verdadeira posse acontece quando sabemos quem somos e a Quem pertencemos! Lembram-se da letra de uma famosa música de Um Violinista no Telhado, que falava a respeito de Anatevka? Ali, ―todos sabiam quem ele era e o que Deus esperava que ele fizesse‖. (Joseph Stein,Um Violinista no Telhado, 1964, p. 3; grifo do autor) Poderia também ser acrescentado: ―E quem Deus espera que ele seja‖.‖ (Elder Neal A. Maxwell. As Tentações e Seduções do Mundo. Conferência Geral de Outubro de 2000. Disponível em: https://www.lds.org/general-conference/2000/10/the-challenge-to-become?lang=por 26 Elder Russel M. Nelson. Salvação e Exaltação. Conferência Geral, Abril de 2008. Disponível em: https://www.lds.org/general-conference/2008/04/salvation-and-exaltation?lang=por 27 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bíblia de Estudo Almeida. Barueri – SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2000. [Tradução de João Ferreira de Almeida – Revista e Corrigida] Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego. Rio de Janeiro – RJ: CPAD. 2011. [Tradução de João Ferreira de Almeida – Revista e Corrigida, 4ª. Edição, 2009 – SBB.] Bíblia Sagrada Tradução Brasileira. New York – EUA: Americam Bible Society, 1929.[Obra esgotada] GIRARD, Marc. Os símbolos na Bíblia. São Paulo – SP: Paulus, 1997. HINCKLEY, Bryant S. Um estudo da vida e dos ensinamentos de Jesus de Nazaré. São Paulo-SP: Missões Brasileiras da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, [sem ano]. [Obra esgotada] KOEHLER, S.J., Pe. Henrique. Pequeno Dicionário Escolar Latino-Português. Porto Alegre – RS: Globo, 1960. STERN, David H. Comentário judaico do Novo Testamento. Belo Horizonte – BH: Atos, 2007. Demais referências indicadas nas notas de rodapé do texto.