Uploaded by Sevene Alberto Nhamposse

Dissertação or Monografia

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Escola Superior de Ciências Marinhas e Costeiras
Monografia para obtenção do grau de licenciatura em Oceanografia
Estudo da variação do fluxo de Amônio, Fosfato e Nitrato nos canais
de mangal com vegetação densa e menos densa no estuário dos Bons
Sinais, Cidade de Quelimane
Autor
Sevene Alberto Acácio Nhamposse
Escola Superior de Ciências Marinhas e Costeiras
Monografia para obtenção do grau de licenciatura em Oceanografia
Estudo da variação do fluxo de Amônio, Fosfato e Nitrato nos canais
de mangal com vegetação densa e menos densa no estuário dos Bons
Sinais, Cidade de Quelimane
Sevene Alberto Acácio Nhamposse
Supervisores:
-Msc. Noca Furaca
-Msc. Inocência Paulo
Quelimane, Dezembro de 2016
Estudo da variação do fluxo de Amônio, Fosfato e Nitrato nos canais de mangal com
vegetação densa e menos densa no estuário dos Bons Sinais
Dedicatória
Dedico a presente obra aos meus pais Ivone Julinho Mário Bonde e Alberto Acácio Sevene
Nhamposse.
Aos meus irmãos Edson Nhamposse, Inocêncio Nhamposse, Márcia Nhamposse, Iranilde
Nhamposse e Helton Nhamposse.
E a toda família Bonde, Nhamposse, Notiço e Quinhentos
Sevene Alberto Nhamposse
Licenciatura em Oceanografia
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Estudo da variação do fluxo de Amônio, Fosfato e Nitrato nos canais de mangal com
vegetação densa e menos densa no estuário dos Bons Sinais
Agradecimentos
Em primeiro lugar agradeço a Deus por me ter proporcionado força, saúde e inspiração para que
eu me pudesse formar.
Agradeço ao corpo docente e aos funcionários da Escola Superior de Ciências Marinhas e Costeiras
pelos conhecimentos científicos, deontológicos e sociais transmitidos.
Agradeço aos meus supervisores dr. Noca Furaca e a dr. Inocência Paulo, e ao dr. Anildo Naftal
pelas sugestões e contribuições que foram cruciais na elaboração da presente pesquisa.
Agradeço aos meus queridos pais Alberto Acácio Nhamposse e Ivone Mário Bonde, pelo apoio
moral e financeiro durante a minha formação, por acreditarem em mim, e por nunca terem poupado
esforços para que não me faltasse o básico.
Agradeço aos meus tios Adérito Quinhentos, Adelaide Quinhentos, Ambrósio Nhamposse,
Anselmo Nhamposse, Carlos Bonde, Fátima Bambo, Albino Nhamposse, Sabi, Emília Bonde,
Laura Bonde, Júlia Bonde, Massada (in memorian), Dionísia Nhamposse, Saúl Nhamposse, Zaida
Nhamposse, Rosa Nhamposse, Guida, Juramento, Cármen, Carolina, Rainha Julinho Bonde,
Moisés Matavele (in memorian), Rosta, Victor Manuel, Nelinho, Zinha Nhamposse, Odete, Visto,
Mussa, Paizinho, Muni, Pedro Notiço, Uelicene Nhamposse, Rogério Nhamposse; aos meus
primos: Santos, Caetano, Paulo, Selemane, Manuel Victor, Cléusia, Mida, Alberto, Plácido,
Acacito, Ciara, Mãe, Cleide, Aláina, Adelina, Ivanilda, Márcia Ambrósio, Júnior, Ivan,
Leodumila, Unaite, Maninho, Armando e Jesimiro Matavele; aos meus prezados avós Luísa
Cumbane, José Maria Gordinho, Alberto Sevene Nhamposse, Elisa Gordinho, Julinho Bonde,
Gonçalves Quinhentos e Acácio Nhamposse, aos amigos: Abdiel Enaldo, Domingos Bata,
Amange Maposse, Elton Matule, Emerson, Benedito Raimundo, Segueno Doho e Zacarias Doce.
Agradeço as famílias Bonde, Notiço, Nhamposse e Quinhentos pelo apoio moral, financeiro, e
acima de tudo pelo amor que fazem sempre questão de transmitir.
Agradeço aos meus colegas de curso, e aos que ingressaram no mesmo ano comigo pelo
companheirismo e pelas trocas de ideias.
Sevene Alberto Nhamposse
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Estudo da variação do fluxo de Amônio, Fosfato e Nitrato nos canais de mangal com
vegetação densa e menos densa no estuário dos Bons Sinais
Agradeço aos meus ilustres e queridíssimos colegas Debierne Paixão, Nelton Raúl, Pyarly Mega,
Adolfo Maromete, Andrisse Augusto, Sheila Machava, Adriano Mberequete, Iolanda Duarte,
Balbina Sitoe, Ivânia Xavier, Páscoa Fevereiro, Jéssica Tila, Leonel Raimo, Adérito Maússe,
Recilda, Samuel Chichava, Alberto, Augusto Júnior, Cláudia Machaieie, Leovistónia Cumbe,
Adelaide Bambo, Kátia Matucanduva, Nélia Jeque, Maria Teresa, Adélia Nicole, Vanessa Manuel,
Francisco Júnior, Conde Tipa, Bernardo Orlando, Jaime Tobias, Tobias João, Benziro Rendeceu,
Orlando Jamisse, Félix Sodasse, Ricardo, Belgínia Nicoadala, Salvador, Fordomo, Mamudo,
Esperante Dualia, Óscar Muabsa, Sónia Lahade, Gaston Emile, Telma Timba, Alfredo Chaúque,
Joaquina Benjamim e Ticiano Chihale que com passar do tempo viraram amigos meus pelo facto
de terem tornado a minha trajetória académica menos árdua a partir de convívios e de conselhos
motivadores.
Agradeço também todos aqueles que direta ou indiretamente influenciaram de forma positiva na
minha trajetória académica.
Meu muito obrigado!
Sevene Alberto Nhamposse
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Estudo da variação do fluxo de Amônio, Fosfato e Nitrato nos canais de mangal com
vegetação densa e menos densa no estuário dos Bons Sinais
Declaração de honra
Eu, Sevene Alberto Acácio Nhamposse portador do BI n° 110101302735I renovado pelo arquivo
de identificação da cidade de Maputo aos 20/07/2016, declaro por minha honra que o presente
trabalho de pesquisa nunca antes foi publicado e que constitui fruto do meu esforço e empenho
originado por uma profunda pesquisa científica, tendo sido obedecidas todas as regras de
investigação, e devidamente indicadas as fontes consultadas.
Quelimane, Dezembro de 2016
(Sevene Alberto Acácio Nhamposse)
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Estudo da variação do fluxo de Amônio, Fosfato e Nitrato nos canais de mangal com
vegetação densa e menos densa no estuário dos Bons Sinais
Resumo
O estudo teve como objectivo principal analisar os fluxos de nutrientes como amônio, fosfato e
nitrato entre os canais de mangal e o estuário dos Bons Sinais num dia seco e no outro chuvoso.
Foram realizadas duas expedições, sendo uma no dia seco (17 de Dezembro de 2015) e outra no
dia chuvoso (07 de Maio de 2016). As amostras dos nutrientes foram colhidas em intervalos de
uma hora em ambos canais, onde um dos canais era coberto de mangal com vegetação densa e
outro com vegetação menos densa. Em cada canal, para além da colheita de amostras para análise
da concentração dos nutrientes no laboratório, foi medido a altura da maré, velocidade das
correntes e ainda determinou-se a topografia dos canais. Dentre os fluxos de nutrientes analisados
o que teve melhor correlação com a maré foi o de amônio na segunda expedição no canal de mangal
com vegetação densa, e os fluxos de nutrientes da primeira expedição apresentaram correlações
positivas mas fracas com a ação das marés.
No geral o canal de mangal com vegetação densa comportou como fonte de nutrientes para o
estuário com um balanço do fluxo de +389.79 gs-1, ao passo que o canal de mangal com vegetação
menos densa era o reservatório dos nutrientes com um balanço do fluxo de -155.63 gs-1. O balanço
total entre os dois canais mostrou que os nutrientes fluem mais em direção ao estuário com um
valor estimado de cerca de +234.16 gs-1. No dia seco o maior fluxo de nutrientes foi de +292.84
gs-1 e no dia chuvoso foi de -71.08 gs-1.
Palavras-chave: Amónio, Fluxo, Fosfato, Mangal e Nitrato.
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Estudo da variação do fluxo de Amônio, Fosfato e Nitrato nos canais de mangal com
vegetação densa e menos densa no estuário dos Bons Sinais
Abstract
The main objective of this study was to analyze the nutrient fluxes, such as ammonium, phosphate
and nitrate, between the mangrove channels and the Bons Sinais estuary during the dry day and
rainy day. Two expeditions were carried out, one in the dry day (December 17, 2015) and another
in the rainy day (May 7, 2016). The nutrient samples were collected at one hour intervals in both
channels, where one of the channels was mangrove with dense vegetation and one with less dense
vegetation. In each channel, in addition to sampling the nutrient concentration in the laboratory,
the tide height, velocity of the currents and the topography of the channels were determined.
Among the nutrient fluxes analyzed, the best correlation with the tide was ammonium in the second
expedition in the mangrove channel with dense vegetation, and the nutrient fluxes of the first
expedition had positive but weak correlations with the tide action.
In general, the mangrove channel with dense vegetation behaved as a source of nutrients for the
estuary with a flow balance of +389.79 gs-1, whereas the mangrove channel with less dense
vegetation was the nutrient reservoir with a flow balance of -155.63 gs-1. The total balance between
the two channels showed that nutrients flow more towards the estuary with an estimated value of
about +234.16 gs-1. In the dry day, the highest nutrient flow was +292.84 gs-1 and in the rainy day
was -71.08 gs-1.
Keywords: Ammonium, Flux, Mangrove, Nitrate and Phosphorus.
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Lista de figuras
𝑡𝒐 Figuras
Páginas
1
3
2
Ilustra os factores que fazem do mangal um ecossistema vivo
Concentração de alguns nutrientes em função do tempo entre dezembro de 1982 e julho 5
de 1984 no recife de coral da ilha Hinchin-brook no nordeste da Austrália
3
Ilustra o escoamento em diferentes canais: a) Canal sem mangal e b)Canal com mangal 10
4
Área de estudo
12
5
Localização geográfica dos canais usados para coleta de dados no Estuário dos Bons
14
Sinais
6
Ilustração de alguns instrumentos usados: Fotómetro portátil (Multidirect_7) (a), 16
garrafas plásticas de 500 ml (b), Papéis de filtro (c) e régua graduada (d).
7
1.a-Topografia do CMVD; 1.b-Correlação entre a elevação e a área da secção transversal 20
no CMVD; 2.a-Topografia do CMVMD; 2.b- Correlação entre a elevação e a área da
secção transversal no CMVMD
8
Concentração e fluxo de nutrientes nos CMVD e CMVMD na primeira expedição 21
efectuada no dia 17 de Dezembro de 2015
9
Concentração e fluxo de nutrientes em função do tempo nos canais de mangal com 23
vegetação densa e menos densa na segunda expedição que ocorreu no dia 07 de Maio de
2016
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Lista de tabelas
Tabelas
Páginas
Tabela de abreviaturas
ix
Algumas formas solúveis e insolúveis do fosfato
10
Coordenadas geográficas dos pontos de coleta de dados nas três expedições
14
Correlação entre as marés e os fluxos de nutrientes em ambas expedições
26
Balanço de Amónio, Fosfato e Nitrato em função do ciclo de marés entre o estuário e os canais 27
em ambas expedições
28
Fluxos totais de nutrientes nas épocas secas e chuvosas em cada canal
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Tabela de abreviaturas
Símbolo
Significado
%
Percentagem
NH4+
Amônio
NO−
3
Nitrato
PO3−
4
Fosfato
CMVD
Canal de Mangal com Vegetação Densa
CMVMD
Canal de Mangal com Vegetação Menos Densa
ESCMC
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g
Grama
ha
Hectare
km
Quilómetro
L
Litro
m
Metro
mg
Miligrama
ml
Mililitro
h
Horas
pH
Potencial de Hidrogénio
UEM
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vegetação densa e menos densa no estuário dos Bons Sinais
Sumário
CAPÍTULO I
1.
Introdução ............................................................................................................................................. 1
1.1.
Objectivos ..................................................................................................................................... 2
1.1.1.
Geral:..................................................................................................................................... 2
1.1.2.
Específicos: ........................................................................................................................... 2
CAPÍTULO II
2.
Fundamento teórico .............................................................................................................................. 3
2.1.
Mangal .......................................................................................................................................... 3
2.2.
Nutrientes na coluna de água ........................................................................................................ 4
2.2.1.
Amônio ( NH4 +) ................................................................................................................. 6
2.2.2.
Nitrato (NO3−) .................................................................................................................... 7
2.2.3.
Fosfato (PO43 −) .................................................................................................................. 8
2.3.
Factores físicos que influenciam na distribuição de nutrientes nos canais e estuários ................. 9
2.3.1.
Marés..................................................................................................................................... 9
2.3.2.
Correntes de maré ............................................................................................................... 11
CAPÍTULO III
3.
Metodologia ........................................................................................................................................ 12
3.1.
Área de estudo............................................................................................................................. 12
3.2.
Amostragem ................................................................................................................................ 13
3.2.1.
Colecta de amostras de água ............................................................................................... 14
3.2.2.
Determinação da velocidade das correntes ......................................................................... 14
3.2.3.
Medição das marés .............................................................................................................. 15
3.2.4. Determinação da topografia e da área da secção transversal nos dois canais ............................. 15
3.3.
Instrumentos usados .................................................................................................................... 16
3.4.
Análise laboratorial ..................................................................................................................... 17
3.5.
Determinação do fluxo de nutrientes .......................................................................................... 18
3.6.
Correlação entre o fluxo de nutrientes e a ação das marés.......................................................... 19
CAPÍTULO IV
4.
Resultados ........................................................................................................................................... 20
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6.
Conclusão............................................................................................................................................ 33
7.
Recomendações .................................................................................................................................. 34
8.
Bibliografia ......................................................................................................................................... 35
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CAPÍTULO I
1. Introdução
Ecossistemas costeiros como estuários e mangais são diversificados e importantes em termos
biológicos, químicos, físicos e socioeconómicos, pois são locais que influenciam de forma direta
nas taxas de biomassa a nível mundial, neles ocorrem de forma constante a renovação das águas e
o processamento da matéria dissolvida e particulada que são transportadas da terra para o oceano,
e também são considerados locais propensos para a construção de portos que facilitam o despacho
e o intercâmbio comercial.
De acordo com Boyer (2002) esses ecossistemas marinhos e costeiros desde sempre foram
dependentes de nutrientes provenientes de diversas fontes para o aumento da produtividade
primária, onde a distribuição e disponibilidade de nutrientes nesses ecossistemas são dependentes
de factores como regime de marés, fluxo nos canais, precipitação, o estado de conservação das
florestas de mangal, entre outros. Esses nutrientes são mais importantes para os organismos do
primeiro nível trófico pois eles representam a principal fonte de alimentação dos mesmos, e na
ausência deles ou em casos de se apresentarem em excesso na coluna de água podem causar
distúrbios fatais nos organismos aquáticos.
O fluxo de água nos canais provenientes do mangal transportam consigo nutrientes de origem
natural e superficial que subsidiam ecossistemas costeiros e os torna melhores ou piores lugares
para os organismos aquáticos habitarem dependendo da quantidade e da qualidade de nutrientes
que são escoados para esses cursos de água costeiros (Eschrique, 2011). Os estuários são
extremamente dependentes desse fluxo de nutrientes provenientes dos mangais para sua
sobrevivência e estabilidade, por essa razão esses ecossistemas, os estuários, sofrem bastante com
a destruição das florestas de mangal que é causada principalmente por factores antropogénicos
como desmatamento, queimadas descontroladas e a poluição (Eschrique, 2011). A perda da
vegetação nas florestas de mangal que é causada pelos factores acima citados faz com que o fluxo
de nutrientes para o estuário seja alterado, o que pode ter como implicância a migração e morte de
organismos por falta ou por excesso de nutrientes. Grandes quantidades de nutrientes não
aproveitados podem causar o surgimento de vários processos como eutrofização, nitrificação,
amonificação e biomagnificação que são capazes de exterminar organismos aquáticos e tornar o
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estuário um local impróprio para habitação dos mesmos devido a falta de recursos como oxigénio
(Nataniel, 2010). Em ambientes costeiros o fósforo e o nitrogénio orgânico dissolvido são
considerados os nutrientes mais importantes no metabolismo dos organismos autotróficos, onde o
Nitrogénio e os seus derivados têm como principais fontes materiais de origem orgânica,
degradação de rochas e descargas fluviais (Dellagiustina, 2000). Para o caso do Fosfato a
degradação de rochas constitui a principal fonte para os ecossistemas marinhos e costeiros segundo
Braga (1995). O estuário dos Bons Sinais é suprido de nutrientes na forma dissolvida e particulada
provenientes de diversas fontes, isso devido ao facto do estuário banhar algumas Ilhas da Província
da Zambézia repletas de florestas de mangal e uma parte da cidade de Quelimane, que é uma cidade
caracterizada por actividades antropogénicas. De acordo com Boyer (2002), os nutrientes que
desaguam neste curso de água participam em processos biogeoquímicos e contribuem na bio
estabilidade do sistema aquático. Estudos referentes ao fluxo e concentração de nutrientes são de
extrema importância, pois ajudam a obter informações acerca das condições biogeoquímicas do
estuário, que por sua vez estão diretamente ligadas a produtividade primária e as condições
habitacionais de organismos do mesmo ecossistema. Para além disso, pesquisas como estas
envolvendo análise do fluxo de nutrientes nos canais de mangal de vegetação densa e menos densa
também podem fornecer informações referentes ao maior e menor contribuinte de descarga de
nutrientes para os estuários, ajudam a achar respostas para fenómenos como abundância e escassez
do pescado, e o nível de poluição no mesmo ecossistema.
1.1.Objectivos
1.1.1. Geral:
3−
Estudar o fluxo de amónio (NH4+ ), nitrato (NO−
3 ) e fosfato (PO4 ) nos canais de mangal de
vegetação densa e menos densa no estuário dos Bons Sinais nos dias seco e chuvoso.
1.1.2. Específicos:
3−
οƒΌ Determinar a concentração e o fluxo de amónio (NH4+ ), nitrato (NO−
3 ) e fosfato (PO4 );
οƒΌ Correlacionar o fluxo de nutrientes acima referenciados com as marés;
οƒΌ Identificar o canal com maior fluxo de nutrientes para o estuário e para o mangal;
οƒΌ Identificar o dia de maior fluxo de nutrientes para o estuário e para o mangal.
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CAPÍTULO II
2. Fundamento teórico
2.1.Mangal
Tratando-se do ecossistema base usado para efectuar o presente estudo, os mangais serão descritos
neste capítulo sob ponto de vista oceanográfico e ecológico, especificamente focalizando-se em
aspectos como fluxo e concentração de nutrientes, marés e correntes de maré.
De acordo com Ribeiro at al. (2002) os mangais podem ser definidos como ecossistemas costeiros
que ditam a transição entre o ambiente marinho e o terrestre composto por florestas que ocorrem
em lagos e estuários de rios sujeitos a ação das marés (figura 1).
Os mangais são considerados o ecossistema costeiro mais produtivo a nível mundial, e geralmente
podem ser encontrados em zonas tropicais e subtropicais e ocupam áreas que variam entre 1,7 a
2 × 105 π‘˜π‘š2 . Esse ecossistema possui uma vegetação capaz de suportar altos níveis de salinidade
e inundações perpetuadas pelas marés, assim como pode reter e produzir sedimentos e nutrientes
(Ribeiro at al., 2002).
Os mangais através das marés exporta consideráveis quantidades de matéria particulada,
Nitrogénio orgânico, Carbono e fósforo que subsidiam a cadeia alimentar dos ecossistemas
costeiros tanto na coluna de água assim como no ambiente bentônico (Alongi, 2009).
Figura 1.Ilustra os factores que fazem do mangal um ecossistema vivo (Lara-Domínguez, 1999).
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É importante frisar que as espécies de plantas do mangal são heliófitas, e na costa Ocidental de
África as espécies mais comuns segundo Lamprecht (1990) citado por Ribeiro at al. (2002) são:
Rhizophora mucronata, Bruguiera gymnorrhiza, Ceriops tagal, Xilocarpus granatum, Xilocarpus
muluccensis, sonerratia alba, Avicennia marina, Avicennia officinales, Heritiera littorales,
Lumnitzera racemosa e Acrostichum aureum. Das espécies citadas as que são mais comuns na
costa de Moçambique são: Avicennia marina, Rhizophora mucronata, Bruguiera gymnorrhiza,
sonerratia alba, Heritiera littorales e Lumnitzera recemosa.
Distribuição das florestas de mangal em Moçambique e no mundo
Os mangais encontram-se distribuídos em 112 países incluindo Moçambique entre as coordenadas
30° Norte e 30° Sul, onde as mais ricas ecologicamente e mais extensas encontram nas margens
da costa oriental americana e africana (Chaia, 2015).
Segundo a FAO citado por Ribeiro at al. (2002) a Indonésia e a Austrália possuem as florestas de
mangal mais extensas a nível mundial com 2.5 milhões e 1.1 milhões de hectares respectivamente,
e pra o caso de África, Moçambique (85 mil ha) compartilha o top 3 dos países que possuem as
florestas mais extensas com Quénia (96 mil) e Tanzânia (45 mil ha).
No nosso país os mangais podem ser encontrados ao longo de quase toda costa onde as florestas
mais densas e extensas podem ser encontradas nas províncias da Zambézia e Sofala com 155.757
e 125.317 ha respectivamente, isso devido aos estuários dos rios Zambeze, Pungué e Save que se
localizam nessas províncias. Os principais factores que influenciam na distribuição das florestas
de mangal são o regime de marés, condições edáficas, teor de salinidade e a duração das
inundações (Ribeiro at al., 2002).
2.2.Nutrientes na coluna de água
Segundo Braga (1995) nutrientes como fosfatos e derivados de nitrogênio inorgânico dissolvido
(nitrato e amônio) são encontrados na forma dissolvida na coluna de água e são usados pelos seres
foto-autotróficos na síntese de matéria orgânica através do processo fotossintético. De acordo com
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o mesmo autor 0,01% das substâncias dissolvidas na coluna de água são sais inorgânicos de
extrema importância na produtividade primária.
Nos ecossistemas aquáticos dos trópicos as alterações do ciclo de nitrogênio e fósforo tem maior
impacto sobre o ambiente aquático em relação aos sistemas das zonas temperadas devido a
acentuada entrada e saída de nutrientes (menor retenção), que é causada pela grande taxa de
precipitação observada em zonas tropicais (Boto & Wellington, 1988).
Factores como produção biológica e fontes de nutrientes não identificadas fazem com que os
nutrientes apresentem-se em concentrações variáveis nos cursos de água, onde as actividades
biológicas são tidas como responsáveis pela falta deles na zona superficial (Ré, 2000).
De acordo com Boyer (2002) a origem do nitrogênio e dos seus compostos nas águas dos rios é
mais complexa do que a de outros elementos, isto ocorre porque o nitrogênio em solução existe
em diferentes formas. O nitrogênio inorgânico pode existir em sete estados de oxidação diferentes.
Figura 2. Concentração de alguns nutrientes em função do tempo entre dezembro de 1982 e julho de 1984
no recife de coral da ilha Hinchin-brook no nordeste da Austrália (Boto & Wellington, 1988).
No estudo efectuado pelo Boto & Wellington (1988) (figura 2) baseado em um modelo numérico,
observou-se maiores concentrações de nutrientes entre dezembro de 1982 e julho de 1983, e
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fevereiro de 1984 devido aos altos níveis de precipitação que foram previstos nesse período, que
culminou com um grande escoamento de nutrientes e de matéria orgânica da ilha para o coral.
Entre agosto de 1983 e janeiro de 1984 foram observadas menores concentrações de nutrientes
devido as menores taxas de precipitação que fizeram com que o escoamento de nutrientes em
direcção ao coral fosse menor.
2.2.1. Amônio ( ππ‡πŸ’+ )
O amônio é um nutriente originado pela decomposição e fixação do nitrogênio orgânico na água
proveniente da matéria orgânica, dos efluentes municipais, da poluição industrial e agrícola, e pode
ser encontrado em águas superficiais e subterrâneas. É uma substância de extrema importância
para organismos vivos pois contribui na formação de moléculas orgânicas como aminoácidos,
ácidos nucleicos, açúcares aminados, entre outros.
O amônio quando se apresenta em concentrações iguais ou acima de 0,25 πœ‡π‘”/𝐿 num ecossistema
pode prejudicar o curso normal de vida dos organismos. Uma das implicações de altas
concentrações do amónio é a diminuição do oxigênio dissolvido devido ao processo de
amonificação que ocorre com consumo desse elemento, o oxigênio, que é considerado crucial para
o desenvolvimento dos organismos aquáticos.
O pH e a temperatura do meio aquático podem ditar a estabilidade do amônio, ou seja, quando o
pH for menor que 8 (neutro ou ácido) e a uma temperatura abaixo dos 25 ℃ o amônio formado é
instável, ao passo que em pH básico e a uma temperatura acima dos 26℃ o amônio será estável e
durante a sua formação haverá libertação de uma fração do amônio para a atmosfera.
NH3
(g)
+ H2 O ↔ NH4+
(aq.)
+ OH −(aq.) (𝟏)
Para além da estabilidade do amônio esses parâmetros (pH e temperatura) são capazes de ditar a
toxicidade dependendo das concentrações e da distribuição do mesmo.
De acordo com os resultados obtidos pelo Dellagiustína (2000) e os demais autores, o amônio
atinge maiores concentrações quando o canal apresenta um menor fluxo e o inverso quando o fluxo
é maior, e durante o ano o maior fluxo deste nutriente no rio de algumas regiões do mundo pode
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ser observado em Novembro. Mas também se pode observar menores concentrações de amônio
num canal de menor fluxo e grandes concentrações quando o fluxo for maior. Essa instabilidade
nas variações da concentração deste nutriente está diretamente ligado a processos como oxidação
e diluição que ocorrem no canal.
2.2.2. Nitrato (𝐍𝐎−
πŸ‘)
O nitrato ocorre de forma natural em lagos, rios e mares com uma concentração de cerca de 1πœ‡π‘”/𝐿
que pode aumentar quando as fontes externas desse composto estiverem conectadas a esses cursos
de água e, é considerado o derivado do nitrogênio mais estável (Dellagiustína, 2000).
O nitrato é uma forma do nitrogênio orgânico particulado que é originado após a passagem dos
seguintes estágios:
οƒΌ Redução do nitrogênio orgânico em amoniacal devido a ação bacteriana;
οƒΌ Conversão do nitrogênio amoniacal em Nitrito (NO−
2 ) causada pela ação do segundo grupo
de bactérias; e
οƒΌ A conversão do nitrito (NO2− ) em nitrato (NO3− ) também pela ação de bactérias.
A densidade dos organismos aquáticos de valor económico considerável possui uma boa
correlação com a concentração do nitrato a nível mundial, mas segundo Baird (1995) citado por
Dellagiustína (2000) se essa concentração estiver acima do recomendado em água potável pode
causar sérios problemas de saúde para adultos assim como para as crianças.
Para os adultos o excesso dessa substância pode causar a metaemoglobinemia e o câncer de
estômago devido a acidez do estômago que oxida o nitrato. Para o caso das crianças, a ingestão de
forma excessiva desse nutriente pode provocar morte por asfixia devido ao interrompimento do
fornecimento de oxigênio nas células e nos tecidos que é causada pela oxidação da hemoglobina
do sangue.
Os efeitos colaterais das altas concentrações do nitrato não só podem ser observados nos seres
humanos, mas também nos organismos aquáticos. Os ambientes em que esse composto apresenta-
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Estudo da variação do fluxo de Amônio, Fosfato e Nitrato nos canais de mangal com
vegetação densa e menos densa no estuário dos Bons Sinais
se em grandes quantidades tornam-se impróprios para organismos vivos devido a alta toxicidade
e falta de oxigênio, que pode ter como causa as diversas reações que ocorrem na presença do
nitrato. É importante também frisar que a variação da concentração de nitrato em função do fluxo
do canal é similar ao do amónio, e os principais factores responsáveis pelas variações são as
actividades bacterianas e a diluição segundo a pesquisa desenvolvida pelo Dellagiustína (2000).
2.2.3. Fosfato (ππŽπŸ‘−
πŸ’ )
O fósforo é um elemento de extrema importância para as espécies responsáveis pela produtividade
primária (produtores) assim como para os organismos de outros níveis tróficos. De acordo com
Esteves (1998) fósforo e os seus derivados são responsáveis pela estrutura do esqueleto e pela
conversão de energia em qualquer sistema biológico devido ao facto deste elemento participar em
processos importantes do metabolismo dos seres vivos, nomeadamente: na estruturação da
membrana celular e no armazenamento de energia através dos fosfolipídeos.
De acordo com Filho (2004) geralmente no meio aquoso o fósforo apresenta-se primeiramente em
sua forma ácida (𝐻3 𝑃𝑂4), e a sua ionização é feita em três fase:
+
H3 PO4 ↔ H2 PO−
(2)
4 +H
2−
+
H2 PO−
(3)
4 ↔ HPO4 + H
3−
+
HPO2−
4 ↔ PO4 + H
(4)
Efluentes municipais, detritos industriais e fertilizantes agrícolas que não passam por um certo
tratamento antes de serem despejados nos diversos cursos de água, e as águas carregando o material
degradado das rochas por intemperismo possuem concentrações consideráveis de derivados do
fósforo como ortofosfato e polifosfato (fosfatos inorgânicos condensados) que é um composto
frequentemente presente em produtos de limpeza, e geralmente provêm dos esgotos domésticos,
dejetos humanos, efluentes de despesca e dos fertilizantes usados na agricultura (Silva, 2007).
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Estudo da variação do fluxo de Amônio, Fosfato e Nitrato nos canais de mangal com
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Segundo Braga (1995) citado por Silva (2007) em meios aquáticos com menos actividades
antropogénicas acima citadas o fósforo apresenta normalmente concentrações baixas em torno de
1μg/L.
Tabela 1.Algumas formas solúveis e insolúveis do fosfato (Dellagiustína, 2000) (Adaptado).
Fosfato
Formas Solúveis
Formas Insolúveis
Inorgânico 𝐻2 𝑃𝑂4− , 𝐻𝑃𝑂42− e 𝑃𝑂43− (ortofosfatos)
Orgânico
Complexos fosfato-argilas
Compostos orgânicos dissolvidos: Fosfatases, Fósforo complexado a matéria
Fosfolipídios, inositol, Fosfoproteínas, entre orgânica
outros
O fósforo dissolvido assim como na sua forma particulada pode ser removido da coluna de água a
partir da sedimentação e dos processos biogeoquímicos tais como aprisionamento de nutrientes de
formas bio disponíveis, assimilação fotossintética, precipitação-dissolução e adsorção-desorção.
Segundo Dellagiustína (2000) o fosfato possui uma variação da concentração com fluxo muito
próxima das formas do Nitrogênio orgânico dissolvido acima descritos. Todavia, o fosfato
apresenta maiores valores de concentração geralmente nas marés vazantes quando o fluxo é mais
intenso.
2.3.Factores físicos que influenciam na distribuição de nutrientes nos canais e estuários
2.3.1. Marés
As marés possuem um papel de extrema importância na vida dos mangais devido a sua capacidade
de manter o equilíbrio ecológico facilitando a migração de espécies, escoamento de nutrientes para
os ecossistemas costeiros e renovação dos recursos hídricos das florestas de mangal.
As marés podem ser conceitualizadas como movimentos oscilatórios periódicos observados na
superfície das águas marinhas e das zonas adjacentes que podem ser causadas pela força de
atracção perpetuada pela lua, sol e outros astros sobre o planeta terra (Nehama, 2004). Geralmente
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Estudo da variação do fluxo de Amônio, Fosfato e Nitrato nos canais de mangal com
vegetação densa e menos densa no estuário dos Bons Sinais
esses movimentos têm sido em forma de ondas progressivas que comportam-se como ondas de
águas rasas com as partículas a descreverem órbitas fechadas que se dispõem em planos verticais
paralelos. A maré sendo uma onda de águas rasas com um comprimento relativamente maior que
a profundidade do local, é natural que a sua acção se faça sentir em ecossistemas costeiros como
florestas de mangal de modo a influenciar na ocorrência de processos vitais para o meio (Silva A.
, 2011).
De acordo com Hayakawa (2007) e Pethick (1984), a onda de maré em estuários e mangais surge
de uma combinação entre uma onda estacionária com uma progressiva onde a mudança de direcção
acontece durante a preamar e a baixa-mar, e as velocidades máximas da corrente são observadas
aproximadamente nos meados da vazante e da enchente. A intensidade da corrente de maré é
influenciada pelas características da onda de maré e pela morfologia do ambiente estuarino e dos
outros ecossistemas acoplados de forma parcial (Pethick, 1984).
Segundo Parker (1991) quando a maré propaga-se em direcção a costa sofre alterações na medida
em que a profundidade varia bruscamente. Maioritariamente a variação brusca da profundidade
faz com que haja modificações na amplitude da onda de maré e na transferência de energia a partir
das constituintes harmónicas fundamentais que formam a maré superficial astronómica para
frequências harmónicas mais baixas e mais altas (assimetria da maré barotrópica).
É importante clarificar que denomina-se maré a oscilação vertical na superfície da água, e o
movimento horizontal das partículas de água toma o nome de corrente de maré. Sendo a corrente
de maré um dos parâmetros a serem analisados nessa pesquisa, se fará em linhas gerais a sua
descrição (Silva A. , 2011).
De acordo com Oliveira (2010) em margens de mangal com vegetação densa ocorre a deformação
das ondas de maré causando um atraso da preamar e aumentando o tempo de ocorrência da vazante
da maré devido a presença de árvores e raízes (figura 3). Para além disso, a retenção de um volume
significativo de água no mangal durante a enchente faz com que a velocidade da corrente seja
maior na vazante. Nas margens sem vegetação de mangal as diferenças da velocidade da corrente
na enchente e na vazante dependem principalmente da topografia (Oliveira, 2010).
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vegetação densa e menos densa no estuário dos Bons Sinais
Figura 3. Ilustra o escoamento em diferentes canais: a) Canal sem mangal e b)Canal com mangal (Oliveira,
2010).
2.3.2. Correntes de maré
O fluxo da corrente de maré em estuários e canais de maré é de carácter oscilatório apresentando
inversões de sentido padronizadas, deste modo, sendo possível achar vários valores da velocidade
da corrente incluindo os do sentido contrário para um mesmo instante (Melo, Martins, & Franco,
1997).
De acordo com Oliveira (2010), a magnitude das correntes de maré dependem basicamente de
factores como assimetria, amplitude e morfologia do local de propagação, e maioritariamente as
velocidades máximas desta corrente em estuários e canais podem ser observadas aproximadamente
no meio da enchente e da vazante da maré. O escoamento em canais é de caracter oscilatório pelo
facto da maré ser uma onda de natureza periódica, embora a velocidade das correntes não esteja
em fase com a amplitude da maré.
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CAPÍTULO II
3. Metodologia
3.1.Área de estudo
As amostras usadas para efectuar as análises foram colhidas nos canais dos mangais de vegetação
densa e menos densa que se encontram nas margens do estuário dos Bons Sinais. O estuário dos
Bons Sinais está localizado na zona centro do país nas coordenadas 17°52’ 24.04” Sul e 036°51’
26.79” Este, na Província da Zambézia, onde faz fronteira a Oeste com a cidade de Quelimane e a
Este com o distrito de Inhassunge (Chaia, 2015). O estuário possui uma profundidade média de
cerca de 12 metros, largura e comprimento médio de 0.6 e 30 quilómetros respectivamente. O
clima da região é marcado por uma estação fria e seca entre os meses de Abril e Outubro, e uma
estação quente e húmida de Novembro a Março (República de Moçambique, 2005). A zona é
fortemente influenciada pelos ventos monções da África Oriental, e é predominada por marés de
natureza semidiúrnas. As temperaturas diurnas são em geral superiores a 30°C na estação quente
mas as vezes podem baixar até 20°C na estação fria (INAHINA, 2000).
Estuário dos Bons Sinais
Figura 4.Área de estudo (Governo da província da Zambézia, 2016; Coimbra, 2013 & Google Earth).
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3.2.Amostragem
A colecta de dados que foram usados para efectuar inúmeras análises durante a presente pesquisa
foi feita nos canais localizados nas margens do estuário dos Bons Sinais durante os dias chuvoso
e seco, onde o canal pertencente a margem da Cidade de Quelimane foi apelidado de Canal de
Mangal com Vegetação Menos Densa (CMVMD), e a outro canal que faz parte da margem de uma
das ilhas do distrito de Inhassunge recebeu o nome de Canal de Mangal com Vegetação Densa
(CMVD). A aquisição de dados foi feita em duas expedições, nomeadamente:
1ª Expedição (dia seco) - Ocorreu no dia 17 de Dezembro de 2015 na maré viva e a colecta de
dados teve a duração de 12 horas (das 05h:20min às 17h:20min) tanto no CMVMD assim como
no CMVD (das 05h:40min às 17h:40min);
2ª Expedição (dia chuvoso) - Ocorreu no dia 07 de Maio de 2016 num período de maré viva
durante 10 horas e 30 minutos (das 06h:30min às17h:00min) em ambos canais assim como na
expedição anterior.
Tabela 2. Coordenadas geográficas dos pontos de colecta de dados nas duas expedições.
Expedições
1&2
CMVD
CMVMD
Latitude
17° 52’ 59.11”S
17° 52’38.88”S
Longitude
036° 52’ 9.70”E
36° 51’ 44.31”E
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Figura 5. Localização geográfica dos canais usados para colecta de dados no Estuário dos Bons Sinais
(Fonte: Google Earth).
3.2.1. Colecta de amostras de água
As amostras de água foram colhidas com ajuda de garrafas plásticas de 500 ml de volume em
ambos canais. Durante os períodos em que se esteve no campo, nas duas expedições, efectuou-se
a colecta da amostra de água num intervalo de uma hora de tempo, e logo após a colecta as tais
garrafas foram conservadas em um coolman com gelo e depois em uma geleira, com o intuito de
fazer com que não ocorresse alteração da concentração de nutrientes contidos nas amostras de
água. Essa tal alteração poderia ser causada pelos seres fotossintéticos contidos na amostra, que
em condições normais de temperatura, pressão e com concentrações ideais de oxigénio alimentamse de micronutrientes.
3.2.2. Determinação da velocidade das correntes
Para a determinação da velocidade das correntes delimitou-se previamente uma extensão de 3
metros em ambos canais com ajuda de duas estacas em paralelo com o canal por onde percorriam
folhas jogadas no canal e por vezes provenientes do mangal, e fez-se o controle da duração da
trajectória dessas partículas pela extensão de 3 metros. Esse exercício foi feito a cada 15 minutos,
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vegetação densa e menos densa no estuário dos Bons Sinais
onde efectuou-se três medições e calculou-se a média que foi usada como o valor de tempo para
cada 15 minutos. De seguida, com auxílio da expressão da velocidade referente ao movimento
rectilíneo uniforme fez-se o cálculo da velocidade das correntes a cada 15 minutos:
𝐯=
βˆ†π±
Μ…Μ…Μ…
βˆ†π­
(πŸ“)
Onde:
v −Velocidade da corrente (m/s);
βˆ†x −Variação do espaço (m);
Μ… −Tempo médio (s).
βˆ†t
É importante frisar que os valores da velocidade observados durante a enchente da maré foram
considerados negativos e os da vazante da maré positivos, com intuito de diferenciar o fluxo
proveniente do canal de mangal para o estuário (entrada +) com o que sai do estuário para o canal
de mangal (Saída -).
3.2.3. Medição das marés
As marés podem ser medidas de duas maneiras distintas, uma envolvendo réguas graduadas e a
outra usando instrumentos personalizados como Correntómetro Sea Guard. Na presente pesquisa
a medição da maré foi feita usando réguas graduadas e consistiu na colocação de uma régua no
canal próximo da margem, e os valores atingidos pelo nível do mar eram registados a cada 15
minutos. Na medida em que a maré vazava ou ganhava altura dificultava as medições, e como
solução usou-se uma segunda régua pra auxiliar a primeira nas medições e deslocações durante
determinação da altura da maré.
3.2.4. Determinação da topografia e da área da secção transversal nos dois canais
O formato físico dos canais (topografia) de colecta de dados foi determinado com auxílio do Eco
Sonda acoplado ao barco que foi usado para efectuar as deslocações no canal durante as
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expedições. As áreas das secções transversais ocupadas pela maré em cada altura atingida em
ambos canais (CMVD e CMVMD) foram determinadas a partir dos gráficos referentes as alturas
das marés com um fundo gradeado esboçados no Excel 2013 nas duas expedições. O fundo
gradeado criou diversos rectângulos de largura (altura da maré) e comprimento (ordem)
conhecidos, o que facultou o cálculo da área dos mesmos. Com as áreas dos rectângulos que
compõem a curva topográfica prontamente calculadas, registou-se o número de rectângulos que
envolvia cada altura de maré e o resultado da soma das áreas dos mesmos rectângulos foi
considerada a área ocupada pela altura de maré. Cada altura de maré teve a sua respetiva área de
secção transversal. Apôs a determinação das áreas achou-se as correlações entre elas e a elevação
da maré em cada canal de modo a analisar a viabilidade das áreas atribuídas a cada altura da maré.
3.3.Instrumentos usados
A realização dessa pesquisa foi possível com auxílio de instrumentos como Fotómetro portátil
(Multidirect_7), garrafas plásticas de 500 ml, papéis de filtro, Coolman, Filtro de Whatman (110 mm
de porosidade), marégrafo, réguas graduadas e reagentes.
a
b
c
d
Figura 6. Ilustração de alguns instrumentos usados: Fotómetro portátil (Multidirect_7) (a), garrafas
plásticas de 500 ml (b), Papéis de filtro (c) e régua graduada (d).
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3.4.Análise laboratorial
O processamento das amostras de água foi feito com auxílio de diversos instrumentos no
laboratório de Química da ESCMC-UEM, que sita na Cidade de Quelimane, com intuito de
3−
determinar as concentrações de amônio (NH4+ ), nitrato (NO−
3 ) e fosfato (PO4 ) nos canais de
mangal de vegetação densa e menos densa. É importante frisar que o laboratório apenas foi usado
para determinar concentrações de nutrientes, onde os instrumentos bases foram o fotómetro portátil
e o manual laboratorial de química intitulado Photometer System MultiDirect_7. Segundo Chaia
(2015), o funcionamento do fotómetro portátil é baseado na emissão da luz a partir de uma lâmpada
incandescente sobre um tubo contendo a amostra de água. A luz detectada pela célula fotoeléctrica
é ilustrada no visor do instrumento na forma digital, ou seja, em forma de números referentes a
concentração do nutriente em análise.
3.4.1. Determinação da concentração de nutrientes
Primeiro calibrou-se o fotómetro com branco que era composto pelo reagente (líquido e em pó) e
por uma porção da primeira amostra de cada canal que antes foi filtrada com ajuda dos papéis de
filtro e das garrafas de filtro. O fotómetro foi zerado três vezes na primeira e segunda expedição
pois foram analisados três nutrientes (amônio, nitrato e fosfato) em cada expedição. Após a
calibração do fotómetro foram obtidas as concentrações de nutrientes com ajuda das instruções de
um manual laboratorial de química intitulado Photometer System MultiDirect_7.
Com a obtenção de dados referentes a concentração de nutrientes através das análises laboratoriais
fez-se o processamento dos mesmos em planilhas da plataforma Microsoft Excel 2013. O
processamento dos dados referentes a concentração de nutrientes baseou-se na organização dos
mesmos em colunas juntamente com o tempo, e a posteriormente os mesmos dados foram usados
em diversas análises com intuito de responder aos objectivos traçados.
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3.5.Determinação do fluxo de nutrientes
Os fluxos de cada nutriente foram obtidos a partir da aplicação da expressão abaixo após a
determinação da concentração de nutrientes a partir das análises laboratoriais:
𝑭 = 𝑽𝑭 ∗ [π‘ͺ]
(πŸ”)
Sabendo que:
𝑽𝑭 = 𝑨 ∗ 𝒗
(πŸ•)
Onde:
𝐹 −Fluxo de nutrientes (g/s);
𝑉𝐹 −Volume de água transportado (π‘š3 /s);
𝐴 −Área da secção do canal ocupada pela maré (m2 );
𝑣 −Velocidade das correntes (m/s);
[𝐢] −Concentração do nutriente (mg/L).
3−
Após o cálculo dos fluxos de amônio (NH4+ ), nitrato (NO−
3 ) e fosfato (PO4 ) usando a equação 6,
fez-se o processamento dos mesmos na folha da plataforma Excel juntamente com os dados de
maré, concentração de nutrientes, áreas das secções transversais e de velocidade das correntes.
3.5.1.
Fluxos totais de nutrientes em ambos canais em função dos ciclos de maré
Após a determinação dos valores referentes ao fluxo de nutrientes nos canais de mangal com
vegetação densa e menos densa seguiu-se a soma dos mesmos em cada canal. Durante a soma dos
fluxos em ambos canais os valores de fluxo negativo (enchente) foram separados dos positivos
(vazante). O balanço do fluxo de nutrientes em ambos canais foi feito a partir das somas dos fluxos
totais da enchente (saída do estuário) e da vazante (entrada no estuário), e o balanço total surgiu
da soma entre o balanço do CMVD e CMVD (Alongi, 2009). Para além dos fluxos em cada canal
determinou-se também os fluxos totais para os dias seco e chuvoso.
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3.6.Correlação entre o fluxo de nutrientes e a ação das marés
Com o fluxo de nutrientes já determinado fez-se a organização dos mesmos juntamente com os
dados de maré e prosseguiram-se diversas análises, onde uma delas estava relacionada com a
correlação entre essas duas componentes. A correlação foi feita a partir da representação gráfica
dos dados pertencentes ao fluxo de nutrientes em função das marés. Do gráfico esboçado obtevese a equação de regressão e o coeficiente de correlação r. É importante frisar que os valores do
coeficiente de correlação variam entre −1 ≤ π‘Ÿ ≤ 1, onde:
−𝟏 ≤ 𝐫 ≤ −𝟎. πŸ“ → Correlação negativa forte (ou boa);
−𝟎. πŸ’πŸ— ≤ 𝒓 ≤ −𝟎. 𝟏 → Correlação negativa fraca (ou não boa);
𝟎 → Não há correlação;
𝟎. 𝟏 ≤ 𝒓 ≤ 𝟎. πŸ’πŸ— → Correlação positiva fraca;
𝟎. πŸ“ ≤ 𝒓 ≤ 𝟏 → Correlação positiva forte.
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CAPÍTULO IV
4. Resultados
y = 17.393x2 - 11.915x + 4.1238
R² = 0.9736
1.a
120
2.5
1.5
1
0.5
80
60
40
20
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
0
10
0
Distância (m)
1
2
3.5
3
Elevação da maré (m)
y = 5.4084x2 + 7.1929x - 1.288
R² = 0.9564
2.a
2.b
60
3
50
2.5
Área (m²)
Topografia (m)
1.b
100
2
Área (m²)
Topografia (m)
3
2
1.5
40
30
20
1
10
0.5
0
-10 0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10 11
Distância (m)
1
2
3
4
Altura da Maré (m)
Figura 7. 1.a-Topografia do CMVD; 1.b-Correlação entre a elevação e a área da secção transversal no
CMVD; 2.a-Topografia do CMVMD; 2.b- Correlação entre a elevação e a área da secção transversal no
CMVMD.
1ª Expedição (17 de Dezembro de 2015):
Na primeira expedição foram medidas as concentrações e os fluxos de amônio, fosfato e nitrato
nos canais de mangal com vegetação densa e menos densa cujos valores encontram-se
representados na forma gráfica na figura 8.
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CMVMD
Maré CMVD
Maré CMVMD 4
b
2
17:00
16:00
15:00
14:00
-10.000
0
Tempo (Horas)
c
1.5
1
0.5
CMVD
20
CMVMD
17:00
16:00
15:00
14:00
13:00
12:00
11:00
9:00
10:00
8:00
7:00
6:00
0
8.000
CMVD
Maré CMVD
6.000
Tempo (Horas)
17:00
16:00
15:00
14:00
13:00
12:00
11:00
10:00
9:00
8:00
7:00
6:00
0
1
0.000
-2.000
0
Tempo (Horas)
Fluxo de Nitrato
(g/s)
5
2
2.000
80.000
10
3
4.000
e
15
CMVMD
d
Maré CMVMD 4
Maré (m)
CMVMD
2
Fluxo de Fosfato
(g/s)
CMVD
Tempo (Horas)
CMVD
Maré CMVD
CMVMD
f
Maré CMVMD
4
3
30.000
2
1
-20.000
Tempo (Horas)
Maré (m)
13:00
12:00
11:00
9:00
10:00
8:00
7:00
0.000
6:00
Concentração de
Amônio (mg/L)
CMVD
10.000
Tempo (Horas)
Concentração de
Nitrato (mg/L)
20.000
Maré (m)
a
8
6
4
2
0
2.5
Concentração
deFosfato (mg/L)
CMVMD
Fluxo de Amônio
(g/s)
CMVD
0
Figura 8.Concentração e fluxo de nutrientes nos CMVD e CMVMD na primeira expedição
efectuada no dia 17 de Dezembro de 2015.
O amônio mensurado no CMVD apresentou das 06 às 10 horas valores maiores de concentração
que os do CMVMD com exceção das 07 horas; das 11 às 17 horas o CMVMD apresentou maiores
concentrações de amônio em relação ao CMVD com exceção das 13 horas (fig.8.a). A menor
concentração de amônio foi observada no CMVD e foi de cerca de 1.3 mg/L (17:00 horas), e o
maior valor de concentração deste nutriente foi obtido no CMVMD e foi de cerca de 6.4 mg/L
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Estudo da variação do fluxo de Amônio, Fosfato e Nitrato nos canais de mangal com
vegetação densa e menos densa no estuário dos Bons Sinais
(13:00 horas) (fig.8.a). O amônio atingiu o seu maior fluxo no CMVD de cerca de 11.45 g/s por
volta das 07 horas durante a maré enchente (fig.8.b).
O fosfato apresentou em todos instantes valores maiores no CMVD em relação ao CMVMD. O
maior valor de concentração deste nutriente foi de 2.04 mg/L (11 horas) e foi observado no CMVD,
ao passo que o menor valor foi observado no CMVMD e foi de 0.2 mg/L (das 07 às 10 horas)
(fig.8.c). É importante referir que a concentração de fosfato no CMVMD apresentou valores
similares das 07 às 10 horas (0.2 mg/L) e das 13 às16 horas (0.7 mg/L) no CMVMD (fig.8.c). O
fosfato ainda apresentou o seu maior fluxo de cerca de 6.156 g/s (07 horas) no CMVD durante a
maré enchente (fig.8.d).
O nitrato foi o nutriente que apresentou maiores concentrações durante as expedições com valores
a variarem entre 5 e 16 mg/L. O CMVMD apresentou maiores valores de concentração de nitrato
em relação ao CMVD apenas em três instantes (7, 11 e às 16 horas), onde num desses instantes
apresentou a maior concentração de cerca de 15 mg/L (16 horas) (fig.8.e). A menor concentração
de nitrato observada foi de 7 mg/L (12 horas) no CMVMD. É de salientar que às 06 e às 17 horas
os valores de concentração de nitrato em ambos canais coincidiram (fig.8.e). Para o caso do fluxo,
o nitrato apresentou um valor máximo de cerca de 56.994 g/s por volta das 07 horas durante a maré
vazante no CMVMD (fig.8.f). É importante destacar que nos canais de mangal com vegetação
densa e menos densa o amônio, fosfato e nitrato apresentaram um fluxo mínimo de 0 g/s por volta
das 11:00 e 12:00 horas durante a maré vazante.
2ª Expedição (07 de Maio de 2016):
Na segunda expedição foram mensurados e representados na forma gráfica (figura 9) as
concentrações e os fluxos de amônio, fosfato e nitrato, assim como ocorreu na primeira expedição.
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a
150
CMVMD
CMVD
Maré CMVD
Maré CMVMD
b
4
100
3
50
2
0
1
-50
-100
0
Tempo (Horas)
100.00
CMVMD
CMVD
Maré CMVD
Maré CMVMD
4
3
17:00
16:00
15:00
14:00
13:00
12:00
11:00
9:00
-50.00
10:00
0.00
17:00
16:00
15:00
14:00
13:00
12:00
11:00
10:00
9:00
8:00
-150.00
0
Tempo (Horas)
Fluxo de Nitrato (g/s)
200
17:00
16:00
15:00
e
14:00
13:00
CMVD
12:00
11:00
10:00
8:00
7:00
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
9:00
CMVMD
2
1
-100.00
Tempo (Horas)
Concentração de Nitrato
(mg/L)
d
50.00
8:00
c
7:00
CMVD
Fluxo de Fosfato (g/s)
CMVMD
7:00
Concentração de
Fosfato (mg/L)
Tempo (Horas)
4.5
4
3.5
3
2.5
2
1.5
1
0.5
0
Maré (m)
CMVD
Maré (m)
CMVMD
CMVMD
CMVD
Maré CMVMD
Maré CMVD
3.5
3
100
2.5
0
2
-100
1.5
-200
1
-300
0.5
-400
Tempo (Horas)
f
Maré (m)
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Fluxo de Amônio (g/s)
Concentração de Amônio
(mg/L)
Estudo da variação do fluxo de Amônio, Fosfato e Nitrato nos canais de mangal com
vegetação densa e menos densa no estuário dos Bons Sinais
0
Tempo (Horas)
Figura 9. Concentração e fluxo de nutrientes em função do tempo nos canais de mangal com vegetação
densa e menos densa na segunda expedição que ocorreu no dia 07 de Maio de 2016.
O amônio nesta expedição apresentou concentrações variáveis nos dois canais (fig.9.a). Ao longo
do tempo o CMVD apresentou maiores valores de concentração de amônio que o CMVMD com
exceção das 09,11,12 e 15 horas. O maior valor de concentração deste nutriente foi observado no
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Estudo da variação do fluxo de Amônio, Fosfato e Nitrato nos canais de mangal com
vegetação densa e menos densa no estuário dos Bons Sinais
CMVMD e foi de cerca de 6.9 mg/L (09 horas). O valor mínimo de concentração foi de cerca de
1.5 mg/L (09 horas) e foi observado no CMVD.
O amônio na segunda expedição (fig. 9.b) apresentou o maior fluxo no CMVD e foi de cerca de
132.09 g/s às 16 horas na maré enchente, e o menor valor de fluxo de amônio foi observado no
CMVD durante a transição da maré vazante para a enchente e foi de cerca de 0.3 g/s às 12 horas.
O fosfato na segunda expedição apresentou uma variação em função do tempo completamente
diferente da expedição anterior (fig.9.c). O CMVD apresentou mais concentrações maiores de
fosfato que o CMVMD. A maior concentração deste nutriente foi registada no CMVMD, e foi de
4.07 mg/L às 17 horas. O menor valor de concentração de fosfato foi de 2.99 mg/L, e foi observado
no CMVD pelas 07 horas.
Na fig.9.d que é referente ao fluxo de fosfato nota-se que o maior valor foi observado no CMVMD
durante a maré vazante e foi de cerca de 100.2 g/s pelas 07 horas. O menor fluxo deste nutriente
foi de 0.696 g/s por volta das 13 horas no CMVD durante a maré enchente.
O nitrato na segunda expedição apresentou variações não padronizadas assim como os restantes
nutrientes (fig.9.e), mas apresentou maiores concentrações assim como na expedição anterior. A
maior concentração de nitrato nesta expedição foi observada no CMVMD e foi de 16 mg/L (10
horas), e a menor concentração foi de 5 mg/L (14 horas) tendo sido também observada no
CMVMD. O nitrato foi o nutriente que para além de ter apresentado maior concentração também
apresentou o maior fluxo. O maior fluxo deste nutriente foi observado no CMVMD tendo sido de
cerca de 330 g/s (07 horas) durante a vazante da maré viva, e o menor fluxo foi de 1.5 g/s (12
horas) no CMVD durante a transição da vazante para a enchente da maré viva (fig.9.f).
4.1.Correlação entre os fluxos de nutrientes e a maré em ambas expedições
Na primeira expedição o fluxo de nutrientes apresentou no geral uma correlação positiva forte
(boa) com a maré, apenas com exceção do fosfato no CMVMD (π‘Ÿ=0.48). O maior coeficiente de
correlação no CMVD foi entre fluxo de amônio e a maré (π‘Ÿ=0.63), e para o caso do CMVMD o
maior coeficiente de correlação foi de 0.59 entre o fluxo de nitrato e a maré. A menor correlação
observada no CMVD foi entre o nitrato e a maré (π‘Ÿ=0.55).
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Estudo da variação do fluxo de Amônio, Fosfato e Nitrato nos canais de mangal com
vegetação densa e menos densa no estuário dos Bons Sinais
Tabela 3.Correlação entre as marés e os fluxos de nutrientes em ambas expedições.
Expedições
Canais
CMVD
Primeira
CMVMD
CMVD
Segunda
CMVMD
Nutrientes
Coeficiente de correlação
NH4+
0.63
NO−
3
0.55
PO3−
4
0.56
NH4+
0.54
NO−
3
0.59
PO3−
4
0.48
NH4+
0.88
NO−
3
0.88
PO3−
4
0.83
NH4+
0.79
NO−
3
0.73
PO3−
4
0.75
Na segunda expedição fez-se a correlação entre o fluxo de nutrientes e a ação da maré tal como na
expedição anterior. A correlação foi positiva e boa em ambos canais, onde o amônio apresentou
as melhores correlações com a maré em relação aos outros nutrientes. O maior coeficiente de
correlação foi entre a maré e os fluxos de amônio e nitrato no CMVD (π‘Ÿ=0.88), e o menor
coeficiente foi constatado na correlação entre o fluxo de nitrato e a maré (π‘Ÿ=0.73) no CMVMD.
4.2.Balanço do fluxo de nutrientes nos CMVD e CMVMD e nos dias chuvoso e seco
Os fluxos dos nutrientes apresentaram diferentes direções de acordo com variação das marés nos
dois canais. Em ambos canais na enchente da maré viva houve transporte de nutrientes do estuário
para o mangal, e na vazante ocorreu o inverso.
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Estudo da variação do fluxo de Amônio, Fosfato e Nitrato nos canais de mangal com
vegetação densa e menos densa no estuário dos Bons Sinais
Tabela 4. Balanço de Amónio, Fosfato e Nitrato em função do ciclo de marés entre o estuário e os canais
em ambas expedições.
Nutrientes
Fluxo na vazante (g/s)
(Entrada no estuário)
Fluxo na enchente (g/s) Balanço dos fluxos
(g/s)
(Saída do estuário)
NH4+
+209.16
-101.72
+107.44
NO−
3
+473.98
-258.56
+215.42
PO3−
4
+133.59
-67.66
+65.93
+816.73
- 426.94
+389.79
NH4+
+149.9
-120.96
+28.94
NO−
3
+349.9
- 481.56
-131.66
PO3−
4
+101.47
-154.38
-52.91
Subtotal 2
+601.27
-756.9
-155.63
CMVD + CMVMD
+1,418
Canais
CMVD
Subtotal 1
CMVMD
Subtotal 1 + Subtotal 2
-1,183.84
+234.16
Na tabela 4 nota-se que o nitrato foi o nutriente que apresentou maior fluxo na vazante da maré
(fluxo em direcção ao estuário) assim como na enchente (fluxo em direcção ao mangal) em ambos
canais, e ainda apresentou maior balanço de cerca de +215.42 g/s. No CMVD o nitrato durante a
vazante e enchente atingiu fluxos de cerca de 473.98 g/s e -258.56 g/s respectivamente, e no
CMVMD o mesmo nutriente na vazante e na enchente apresentou fluxos de cerca de 349.9 g/s e 481.56 g/s respectivamente. O nutriente que apresentou menor fluxo na vazante (133.59 g/s) e na
enchente (-67.66 g/s) no CMVD foi o fosfato. O nutriente que apresentou menor fluxo na vazante
no CMVMD foi o fosfato com cerca de 101.47 g/s, e o que apresentou menor fluxo na enchente
no CMVMD foi amônio com cerca de 120.96 g/s. Ainda é possível verificar na tabela acima que
o CMVD na junção de ambas expedições foi o que mais escoou nutrientes para o estuário na
vazante com cerca de 816.73 g/s, e o CMVMD escoou mais nutrientes para o mangal com cerca
de 756.9 g/s. A soma dos fluxos da enchente e da vazante indicaram um maior fluxo de nutrientes
para o estuário no CMVD (+389.79 g/s), e no CMVMD a soma dos fluxos da enchente e da vazante
resultou num fluxo em direcção ao mangal (-155.63 g/s). É possível também notar na mesma tabela
que a soma dos fluxos resultantes da enchente e da vazante (balanço) dos dois canais resultou num
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Estudo da variação do fluxo de Amônio, Fosfato e Nitrato nos canais de mangal com
vegetação densa e menos densa no estuário dos Bons Sinais
fluxo positivo (+234.16 g/s), o que significa que o fluxo para o estuário foi maior que o para o
canal de mangal.
Tabela 5. Fluxos totais de nutrientes nas épocas secas e chuvosas em cada canal.
CMVD
NO3−
CMVMD
NO3−
Dias
NH4+
Seco
+19.26
+121.34
+13.48 +15.72 +120.41
+2.63
+292.84
Chuvoso
+88.18
+82.62
+52.45 +13.22 -252
-55.55
-71.08
Total
+107.44 +203.96
+65.93 +28.94 -131.59
-52.92
+221.76
PO3−
4
NH4+
Balanço dos Fluxos (g/s)
PO3−
4
CMVD + CMVMD
A tabela 5 ilustra a variação do fluxo de nutrientes nos dias seco e chuvoso, onde é possível notar
que no dia seco todos nutrientes apresentaram fluxos em direcção ao estuário, tendo sido o nitrato
a apresentar maiores valores e o fosfato os menores em ambos canais. No dia seco o maior fluxo
foi de cerca de 121.34 g/s e o menor foi de 2.63 g/s.
No dia chuvoso o CMVD apresentou fluxos de nutrientes em direcção ao estuário e no CMVMD
apenas o amônio apresentou o fluxo na mesma direcção. Durante o dia de chuva o nitrato foi o
nutriente que apresentou maior fluxo em direcção ao mangal no CMVMD com cerca de 252 g/s e
o fosfato apresentou menor fluxo de cerca de 52.92 g/s no mesmo canal e na mesma direcção. Os
balanços indicaram um maior fluxo de nutrientes na época seca em direcção ao estuário (+292.84
g/s) e um maior fluxo na época chuvosa em direcção aos ecossistemas de mangal (-71.08 g/s).
5. Discussão
As análises dos resultados obtidos foram efectuadas tomando em consideração dias seco e de
chuva, as variações diárias e quinzenais da maré, a vegetação dos mangais, consumo e produção
de nutrientes. As alturas da maré durante o período de colecta de dados nos CMVD e CMVMD
em ambas épocas variaram entre 0.02-2.97 metros, valores esses que fazem parte do intervalo de
variação da maré previstos no porto de Quelimane estabelecido pelo INAHINA (2000).
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Estudo da variação do fluxo de Amônio, Fosfato e Nitrato nos canais de mangal com
vegetação densa e menos densa no estuário dos Bons Sinais
No CMVD durante o dia seco (Primeira expedição) as alturas máximas e mínimas da maré foram
de 2.97 metros (08:00 horas) e 0.02 metros (14:00 horas), respectivamente. Para o caso do
CMVMD os foram verificados valores máximos e mínimos da altura da maré de cerca de 2.83
metros (08:00 horas) e 0.02 (14:00 horas), respectivamente. Para o chuvoso a maré no CMVD
atingiu uma altura máxima de cerca de 2.84 metros às 17:00 horas, e um mínimo de 0.04 metros
por volta das 12:00 horas. No CMVMD a maré atingiu alturas máximas e mínimas de cerca de
2.87 (17:00 horas) e 0.05 (11:00 horas) metros respectivamente.
i.
Dia seco (πŸπ’‚ expedição)
Na primeira expedição o amônio no CMVD (fig.8.a) apresentou maior valor de concentração
durante a maré vazante, comprovando desta forma os resultados obtidos por Silva (2007),
Dellagiustina (2000) e Senthilkumar (2008) em seus respetivos estudos. As prováveis razões da
obtenção de maiores valores desses nutrientes no canal durante a vazante foram: escoamento de
matéria orgânica do mangal para aos canais através das marés, maior conversão de Nitrogénio
orgânico dissolvido em amônio a partir da amonificação ou devido a menor assimilação desses
nutrientes por parte dos seres fotossintéticos neste período.
A maior concentração do nitrato no CMVD (fig.8.e) foi observada durante a enchente contrariando
os resultados obtidos pelo Nataniel (2010) num estudo envolvendo a mesma área de estudo, o que
leva a crer que durante esse período houve condições ambientais que favoreceram na
transformação de diferentes formas de nitrogénio orgânico dissolvido em nitrato a partir da
nitrificação, ou a assimilação biológica deste nutriente tenha sido muito baixa.
O amônio e o nitrato no CMVMD (fig.8.c) apresentaram maiores e menores concentrações na
maré vazante e enchente respectivamente, coincidindo dessa forma com os resultados obtidos no
CMVD e as possíveis razões da obtenção de maiores valores desses nutrientes no canal durante a
vazante foram: maior escoamento de matéria orgânica do mangal para aos canais através das
marés, maior conversão de nitrogênio orgânico dissolvido em amónio a partir da amonificação
para o amônio e nitrificação para o nitrato, ou ainda devido a menor assimilação desses nutrientes
por parte dos seres fotossintéticos neste período. Os menores valores de concentração de amônio
observados no CMVMD foram observados durante a enchente, e as possíveis causas desse
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Estudo da variação do fluxo de Amônio, Fosfato e Nitrato nos canais de mangal com
vegetação densa e menos densa no estuário dos Bons Sinais
fenómeno são: diluição das águas através da acção da maré e o baixo consumo desse nutriente por
conta da ocorrência de misturas no canal que tenham dificultado a assimilação.
O fosfato (fig.8.c) no CMVD apresentou a sua maior concentração durante a vazante, assim como
havia sido constatado pelo Dellagiustina (2000), e a possível razão deste fenómeno é que a maré
nesse instante foi responsável pelo escoamento de matéria proveniente do mangal para os canais
composta por restos de animais e plantas ricas em fósforo. Para além disso é importante também
destacar o facto de possivelmente ter havido um fraco aproveitamento de nutriente por parte dos
organismos naquele instante devido a intensidade da corrente que foi maior durante a maré
vazante. É de salientar que na época seca o fosfato apresentou durante toda expedição maiores
concentrações no CMVD em relação CMVMD, e segundo Sánchez-Carrilo et al (2009) deve-se a
alta conversão da matéria orgânica proveniente do mangal (na maré vazante) e do estuário (na
maré enchente) em fosfato observada neste canal, ou ainda pelo facto de ter havido menor consumo
deste nutriente no canal de mangal denso (CMVD). O fosfato no CMVMD (fig.8.c) apresentou a
sua maior concentração durante a vazante provavelmente devido ao escoamento das águas das
florestas de mangal em direcção aos canais ricas em fósforo proveniente de dejetos de animais,
restos de peixes e fauna acompanhante descartados próximos do canal e dos esgotos domésticos
existentes nas proximidades do mangal. Os menores valores de concentração de amônio, nitrato e
fosfato (fig.8.b,d e f) foram observados em ambos canais na enchente provavelmente pelo facto de
se ter notado uma acentuada diluição das águas do canal causadas pelas águas provenientes do
estuário, baixa concentração de matéria orgânica no canal, a fraca conversão do Nitrogénio
orgânico dissolvido em amônio e nitrato, ou ainda porque o estuário possa ter retido os nutrientes
de modo a não permitir a sua saída em grandes quantidades.
Os maiores fluxos desses nutrientes (amônio, fosfato e nitrato) tanto no CMVD assim como no
CMVMD foram observados simultaneamente na maré enchente. Para o caso do fosfato, esse
resultado coincide com o dos estudos desenvolvidos pelo Alongi (2009) e Nataniel (2010). As
possíveis razões desse fenómeno são: maior área ocupada pela água rica em nutrientes
provenientes do estuário durante a colecta de dados, concentrações consideráveis desse mesmo
composto durante a enchente ou pelo facto do estuário ter servido de fonte desses nutrientes
durante o período, embora as maiores velocidades da corrente tenham sido observadas durante a
maré vazante. Os menores fluxos dos nutrientes acima citados em ambos canais foi de 0 g/s durante
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Estudo da variação do fluxo de Amônio, Fosfato e Nitrato nos canais de mangal com
vegetação densa e menos densa no estuário dos Bons Sinais
a maré vazante, pois o canal apresentou-se parcialmente seco (velocidade da corrente foi nula), ou
seja, com alguns charcos contendo água estagnada por onde foram colhidas as amostras de água
para a análise laboratorial.
i.
Dia chuvoso (πŸπ’‚ expedição)
Na segunda expedição em ambos canais o amônio (fig.9.a e b) atingiu as suas maiores
concentrações tanto na vazante assim como na enchente, onde para o caso da enchente no canal de
mangal de vegetação densa essa maior concentração deve estar ligada as condições apresentadas
pelo canal que facultaram o aumento da fixação do nitrogénio na coluna de água para a posterior
conversão em amônio a partir do processo de amonificação, ou também pelo facto de ter havido
um fraco consumo deste nutriente por parte dos organismos fotossintéticos. O valor mínimo de
concentração de amônio foi observado durante a maré vazante provavelmente pelo facto de ter
havido retenção desse nutriente no mangal e por causa da fraca conversão de nitrogénio dissolvido
em amônio através da amonificação, contrariando deste modo resultados obtidos nos estudos
anteriores desenvolvidos por Senthilkumar (2008), Dellagiustina (2000) e Nataniel (2010).
As maiores concentrações do nitrato (fig.9.e) na segunda expedição foram observadas durante a
enchente contrariando os resultados obtidos pelo Nataniel (2010) num estudo envolvendo a mesma
área de estudo, o que leva a crer que durante esse período houve condições ambientais que
favoreceram na transformação de diferentes formas de nitrogénio orgânico dissolvido em nitrato,
ou a assimilação biológica deste nutriente tenha sido muito baixa. Os menores valores de Nitrato
foram observados durante a vazante possivelmente devido ao elevado consumo deste nutriente por
parte dos organismos fotossintéticos, por se ter observado menor conversão de nitrogénio orgânico
dissolvido em nitrato ou ainda pelo facto do mangal ter feito a retenção desse nutriente (Alongi,
2009). O fosfato apresentou no CMVMD (fig.9.c) maiores valores de concentração durante a maré
enchente assim como o Dellagiustina (2000) havia constatado, pelo facto de ter ocorrido uma fraca
assimilação deste nutriente por parte dos organismos aquáticos devido a ação das marés ou também
devido as misturas que devem ter ocorrido no canal que possibilitaram que o fósforo presente no
substrato estivesse disponível na coluna de água ou ainda porque o estuário durante a enchente
comportou-se como fonte de nutrientes. As menores concentrações de Fosfato nesta expedição
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30
Estudo da variação do fluxo de Amônio, Fosfato e Nitrato nos canais de mangal com
vegetação densa e menos densa no estuário dos Bons Sinais
foram observadas também na enchente mas logo após a maré ter atingido o seu ponto mínimo
provavelmente devido a diluição da água do canal causada pela maré, pelo alto consumo deste
nutriente por parte dos organismos aquáticos ou pelas condições químicas do ambiente que não
favoreceram a produção deste nutriente.
No geral o amônio em ambos os canais apresentou maior valor de fluxo (fig.9.b) durante a enchente
contradizendo os resultados obtidos por Dellagiustina (2000), e uma das possíveis razões deste
fenómeno é que foi neste período que as alturas de maré ocuparam maiores áreas, ou pelo facto do
estuário ter-se comportado como fonte desse recurso, embora as maiores concentrações de
nutrientes não tenham coincido com as maiores alturas de maré e as velocidades das correntes
tenham sido menores neste período. O nitrato (fig.9.d e f) por sua vez apresentou maior valor de
fluxo no início da maré vazante (Nataniel, 2010), sendo as possíveis razões as grandes áreas
inundadas pela água nesse período, existência de condições ambientais que favoreceram a
produção desse nutriente ou ainda pelo facto do mangal ter-se comportado como fonte desse
composto. O fosfato no CMVMD apresentou o seu maior fluxo na vazante e no CMVD o maior
fluxo foi observado na enchente. Grandes áreas de inundação, maior produção desse composto
através da actividade microbiana ou o facto do estuário ter exportado esse nutriente para o canal
são as prováveis razões de se ter observado o maior fluxo do fosfato no CMVD (Alongi, 2009 &
Nataniel, 2010). Os três nutrientes em análise apresentaram menores fluxos na vazante em ambas
expedições porque as alturas de maré ocuparam menores áreas durante a baixa-mar apesar da
corrente ter atingido valores ligeiramente maiores de velocidade durante a vazante. O facto do
amônio, fosfato e do nitrato terem apresentado valores menores na vazante durante a presente
pesquisa comprova os resultados obtidos nos estudos anteriores feitos por autores como
Dellagiustina (2000), Senthilkumar at al. (2008) e Santos (2011), onde destaca-se a retenção de
nutrientes no mangal como possível razão desse fenómeno.
5.1.Fluxo total de nutrientes nos dias seco e chuvoso em ambos canais
Na soma dos valores referentes ao fluxo o nitrato apresentou o maior fluxo para o estuário assim
como para o mangal nos dias seco e chuvoso em ambos canais, pois pelos resultados apresentados
o nitrato foi o nutriente mais abundante e o mais importado para o estuário, assim como havia sido
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31
Estudo da variação do fluxo de Amônio, Fosfato e Nitrato nos canais de mangal com
vegetação densa e menos densa no estuário dos Bons Sinais
constatado por Nataniel (2010) (Tabela 5). No geral no dia seco observou-se maior fluxo total de
nutrientes para o estuário, o que significa que possivelmente os canais de mangal serviram de fonte
de nutrientes para o ecossistema estuarino. No dia de chuva houve maior fluxo de nutrientes em
direcção ao mangal e a provável razão deste fenómeno é o facto do estuário ter servido de fonte
desse recurso durante o dia chuvoso. O dia chuvoso apresentou um balanço de fluxo menor em
relação ao seco provavelmente por causa da diluição de nutrientes na coluna de água causada pela
precipitação. O balanço do fluxo resultante dos dois canais resultou num valor positivo (+234.16
g/s), o que significa que houve mais entrada do que saída de nutrientes no estuário, ou seja, o
mangal foi provavelmente uma das maiores fontes de nutrientes para o estuário, e o estuário por
sua vez reteu mais nutrientes que os dois canais de mangal em análise. O maior contribuinte de
nutrientes para o estuário foi o canal de mangal com vegetação densa (pouca influência
antropogénica), o que nos leva a crer que no ecossistema estuarino o fluxo natural ainda é a
principal fonte de nutrientes.
5.2.Correlação linear entre fluxo de nutrientes e ação das marés
A relação entre os fluxos de nutrientes e acção das marés no geral foi positiva e boa, apenas com
exceção do fluxo de fosfato no CMVMD durante o dia seco (Tabela 3). Na segunda expedição os
fluxos de nutrientes envolvidos apresentaram uma correlação positiva e boa com as marés assim
como alguns nutrientes da primeira expedição, o que significa que a análise desses mesmos
nutrientes envolvendo variação das marés é aconselhável, pois a variação do fluxo depende em
grande magnitude da acção das marés. O fluxo de fosfato da primeira expedição no CMVMD
apresentou uma correlação positiva mas não boa com as marés, o que quer dizer que a variação do
fluxo nesse caso não depende de forma significativa da maré, e a análise teria sido mais exaustiva
usando um outro factor diferente das marés. Dentre outros factores que podem ter sido
responsáveis pela variação do fluxo desse nutriente destacam-se a precipitação, descargas de
esgotos domésticos da região de Chuabo Dembe, Temperatura, assimilação e pH (Dellagiustína,
2000).
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Estudo da variação do fluxo de Amônio, Fosfato e Nitrato nos canais de mangal com
vegetação densa e menos densa no estuário dos Bons Sinais
CAPÍTULO V
6. Conclusão
Após a elaboração da presente pesquisa que é referente ao estudo do fluxo de nutrientes como
amônio, fosfato e nitrato nos canais de mangal com vegetação densa e menos densa, chegou-se as
seguintes conclusões:
οƒΌ A maior concentração de amônio foi de 6.9 mg/L, a do fosfato foi de 4.07 mg/L, e o nitrato
apresentou uma maior concentração de cerca de 16 mg/L, e todos foram obtidos na segunda
expedição no CMVMD;
οƒΌ As menores concentrações de amônio, fosfato e nitrato foram de 1.3 mg/L (primeira
expedição), 0.2 mg/L (primeira expedição) e 5 mg/L (segunda expedição),
respectivamente;
οƒΌ Os maiores valores de fluxo de amônio (132.09 g/s), fosfato (100.20 g/s) e nitrato (330 g/s)
foram todos observados na segunda expedição (dia chuvoso);
οƒΌ Os menores valores referentes ao fluxo de amônio, fosfato e nitrato foram observados
durante a primeira expedição (dia seco) em ambos canais e foi de cerca de 0 g/s para cada
nutriente;
οƒΌ O nutriente que apresentou maior fluxo para o estuário em ambos canais e expedições foi
o Nitrato com cerca de 473.98 g/s e 481.56g/s no CMVD e CMVMD, respectivamente;
οƒΌ O canal que apresentou maior fluxo de nutrientes para o estuário foi o de mangal com
vegetação densa com um total de cerca de 816.73 g/s, e o de mangal com vegetação menos
densa apresentou maior fluxo para o mangal com cerca de 756.9 g/s;
οƒΌ No dia seco observou-se mais fluxo de nutrientes para o estuário (+292.84 g/s) e no
chuvoso os nutrientes foram mais escoados em direcção ao mangal (-71.08 g/s);
οƒΌ Os fluxos de nutrientes do dia chuvoso apresentaram melhor correlação com a maré, onde
os que mais se destacaram foram o nitrato e o amônio.
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33
Estudo da variação do fluxo de Amônio, Fosfato e Nitrato nos canais de mangal com
vegetação densa e menos densa no estuário dos Bons Sinais
7. Recomendações
οƒΌ Recomenda-se que nas próximas pesquisas da mesma natureza as análises envolvam
parâmetros geológicos (fluxo de sedimentos) e mais parâmetros químico-biológicos (pH
ou oxigénio dissolvido), e relacionar o fluxo de nutrientes com abundância de uma certa
espécie de modo a torná-la mais específica, exaustiva e qualitativa;
οƒΌ Aconselha-se também que nos estudos a posteriores sejam considerados mais canais tanto
para o mangal de vegetação densa assim como para o de vegetação menos densa, e que em
todos eles sejam considerados nutrientes como amônio, fosfato e nitrato;
οƒΌ Para além do aumento de canais propõem-se também o alastramento do número de
expedições em épocas diferentes;
οƒΌ Recomenda-se ainda que os dados referentes a concentração e fluxo de nutrientes obtidos
na presente pesquisa sejam usados em estudos a posteriores de modo a fornecer
informações acerca da abundância e escassez do pescado no estuário dos Bons Sinais.
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Estudo da variação do fluxo de Amônio, Fosfato e Nitrato nos canais de mangal com
vegetação densa e menos densa no estuário dos Bons Sinais
CAPÍTULO VI
8. Bibliografia
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Estudo da variação do fluxo de Amônio, Fosfato e Nitrato nos canais de mangal com
vegetação densa e menos densa no estuário dos Bons Sinais
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Estudo da variação do fluxo de Amônio, Fosfato e Nitrato nos canais de mangal com
vegetação densa e menos densa no estuário dos Bons Sinais
Anexos
a) Primeira expedição
CMVD
Tempo
(Horas)
6:00
7:00
8:00
9:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
Maré (m)
2.24
2.85
2.97
2.72
2.15
1.41
0.73
0.32
0.02
0.18
0.75
1.3
Area (m²)
22.40
45.60
47.52
38.08
17.20
7.05
2.19
0.64
0.01
0.18
2.25
5.85
CMVMD
Velocidade (m/s)
Maré (m)
Area (m²)
0.107
0.100
0.021
0.011
0.035
0.013
0.000
0.020
0.167
0.036
0.070
0.480
2.12
2.71
2.83
2.61
2.02
1.36
0.81
0.31
0.02
0.14
0.61
1.18
23.32
35.23
36.79
31.32
22.22
12.24
3.24
0.62
0.01
0.14
1.83
8.26
Velocidade (m/s)
0.188
0.125
0.036
0.043
0.000
0.000
0.250
0.176
0.214
0.231
0.136
0.130
b) Segunda expedição
CMVD
CMVMD
Tempo
(Horas) Maré (m)
Área (m2) Velocidade (m/s) Maré (m) Área (m2)
Velocidade (m/s)
7:00
2.77
60
0.500
1.72
28.13
0.5
8:00
1.87
45
0.214
0.87
15
0.21
9:00
1.07
10
0.333
0.34
3.13
0.33
10:00
0.42
2.5
1
0.22
1.87
1
11:00
0.05
0.3
0.75
0.08
0.63
0.75
12:00
0.21
1.3
0.75
0.04
0.25
0.75
13:00
1.08
10
0.097
0.41
2
0.1
14:00
1.48
17.5
0.068
0.86
15
0.07
15:00
2.03
30
0.231
1.84
30
0.23
16:00
2.7
60
0.214
2.52
92.5
0.21
17:00
2.87
60.5
0.07
2.84
110
0.07
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