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AULA6IntroduçãoTerminologia

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INTRODUÇÃO À TERMINOLOGIA
Disciplina: Linguística documentária
1
Profa Dra Marilda Lopes Ginez de Lara
Profa Dra Vânia Mara Alves Lima
CBD/ECA/USP
2016
TERMINOLOGIA
domínio do saber interdisciplinar que
cuida dos conceitos e suas representações;
 conjunto de termos que representam o
sistema de conceitos ligados a um domínio
do conhecimento;
 publicação dentro da qual o sistema de
conceitos ligado a um domínio é
representado.

(FELBER,H. Manual de terminologia, 1987)
2
TERMINOLOGIA
 Disciplina
que se ocupa de termos
especializados.
 Conjunto de diretrizes ou princípios que
regem a compilação dos termos.
 Produto gerado pela prática, isto é, conjunto
dos termos de uma área específica.
(CABRÉ, M. T.,1995)
3
TERMINOLOGIA
 Disciplina
centrada em um objeto, as
unidades terminológicas, tendo em conta
que áreas de conhecimento surgem, se
estabelecem e se especificam em função das
condições sociais e políticas dos contextos
em que aparecem, e são estas condições que
explicam as diferentes aproximações a que
qualquer objeto científico pode dar lugar.
CABRÉ (2005)
4
TERMINOLOGIA

5
Terminologia teórica
 conjunto de diretrizes e princípios que regem a
compilação, formação de termos e estruturação de
campos conceituais (ou nocionais).

terminologia concreta
 conjunto de termos que representam sistemas de
conceitos
relacionados
a
uma
língua
de
especialidade ou área de atividade particular.
TERMINOLOGIA (ASPECTOS HISTÓRICOS)

Não é um fenômeno recente.
 Filósofos gregos: Cratylus de Platão pode ser
considerado o
terminologia.
primeiro
texto
básico
sobre
A língua dos comerciantes cretas.
 Os vocábulos especializados da arte militar.
 Dicionários monolíngües dos sumérios.
 De Platão ao século XVI os Estóicos, Santo
Agostinho, Santo Anselmo, pensadores indianos,
filósofos árabes, gramáticos e lexicógrafos
escreveram sobre o assunto.

6
Imprensa
Revolução Industrial
Evolução do
conhecimento
científico
Repercussão
no vocabulário
Desenvolvimento
terminológico
7
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Século XVII: surge a necessidade de referir-se a
um conjunto de palavras que designam elementos
próprios de um determinado campo do saber ou do
fazer humano, assim como a idéia de uma
disciplina que estude esse tipo de conjunto
vocabular.
 Século XVIII: Karl von Lineu propôs um sistema
universal de nomenclatura para a Botânica e a
Zoologia.
 1864: terminologia como a palavra que designa o
conjunto de termos técnicos de uma ciência ou de
uma arte e das idéias que elas representam.

8
SÉCULO XX
 1930-1960: ênfase no caráter sistemático
das terminologias
 Teoria Geral da Terminologia (Wuster na
Alemanha)
 Estudo linguístico sobre os termos (Lotte
na URSS)
 Escola
de Praga – Funcionalistas
(Aspectos da comunicação)
 1960-1975:
abordagem normativa das
línguas (bancos de dados terminológicos
monolíngues, bilíngues e multilíngues).
9
SÉCULO XX
1975-1985:
planejamento
linguístico
(normalização terminológica, modificação
das línguas por meio da modernização
vocabular
e
da
transmissão
de
conhecimentos científicos e técnicos).
 1985-1990:
expansão
territorial
e
científica da Terminologia.
 década de 1990: novos paradigmas
(Socioterminologia, Teoria Comunicativa
da Terminologia)

10
TERMINOLOGIA CONTEMPORÂNEA
-
-
Terminologia clássica  padronização
- Terminologia Comunicacional  uso
- Socioterminologia  uso
-
11
-
Quebec, Canadá
Barcelona, Catalunha, Espanha
Rouen, França
Brasil, Argentina, Chile, México
4 PERSPECTIVAS PARA A TERMINOLOGIA
 Como
necessidade social.
 Como prática destinada a resolver essa
necessidade.
 Como aplicação ao conjunto de recursos
gerados pela prática.
 Como campo de conhecimento.
12
FUNÇÕES DA TERMINOLOGIA

Otimiza a comunicação entre especialistas e
profissionais

Permite o planejamento de uma língua.


Facilita a tradução especializada


Deseja um estado nacional; manutenção de estado único
multilíngue; resgate de línguas minoritárias; reforma da
língua
Uma boa tradução não deve apenas expressar o mesmo
conteúdo do texto de partida, mas fazê-lo com as formas
que o falante nativo da língua de chegada utilizaria.
Auxilia a Documentação na elaboração da
Linguagem Documentária
13

Intercâmbio e transferência de conhecimento.
NORMALIZAÇÃO TERMINOLÓGICA
É
consequência de duas características do
desenvolvimento do conhecimento científico:
 Interdisciplinaridade  necessidade de
padronização para comunicação
 Micro-especializações

criação
de
neologismos
(RONDEAU, 1984)
14
PROCESSO DE NORMALIZAÇÃO TERMINOLÓGICA
Dos Comitês nacionais à homogeneização
internacional: os países determinam as normas que
são discutidas pelos organismos internacionais que
procuram diminuir as disparidades existentes entre
as terminologias do mesmo domínio.
 Normalização internacional direta: os Comitês
ISO determinam as normas.

15
NORMALIZAÇÃO, RECOMENDAÇÃO E
HARMONIZAÇÃO



Normalização: se dá com base em medidas
coercitivas, adotadas por autoridade política.
Recomendação: significa que um termo deve ser
empregado preferencialmente.
Harmonização: é resultado de um acordo estabelecido
sobre o uso de conjuntos terminológicos empregados
em um determinado domínio.
16
TEXTOS TÉCNICOS, CIENTÍFICOS E
ESPECIALIZADOS
 Discursos
produzidos por uma área do saber.
 Marcados por uma norma discursiva própria
(características comuns e constantes em
diversos níveis: léxico-semântico; semânticosintáxico, narrativo e discursivo).
 Têm por objetivo maior transmitir uma
informação e, portanto, neles predomina a
função referencial.
17
Terminologia
Representa o conhecimento científico e por essa
razão seus termos compreendem:
 tanto uma dimensão cognitiva: ao expressarem os
conhecimentos especializados;
 quanto uma dimensão linguística: conformam o
componente lexical especializado ou temático das
línguas
 Elemento
inerente às chamadas comunicações
especializadas (redação de artigos científicos, teses,
resenhas, manuais, textos especializados em geral)
 Particularidades: precisão, objetividade e o uso
sistemático de termos técnico científicos.

18
PORTANTO,
A TERMINOLOGIA
é
um produto das comunicações científicas e
técnicas devido a necessidade que os
especialistas de um domínio têm em
padronizar
a
denominação
de
novos
conceitos e novas descobertas garantindo
assim a comunicação dentro desse domínio;
 e ao mesmo tempo constitui-se enquanto
disciplina
pela
necessidade
de
se
estabelecerem regras e princípios a partir dos
quais os termos devem ser coletados.
19
O PASSADO DA TERMINOLOGIA
 Deve-se
a Eugene Wuster o reconhecimento
disciplinar e político da terminologia no
âmbito:
 Sócio-político
 Acadêmico
 Científico
20
TEORIA GERAL DA TERMINOLOGIA (TGT)
 Wüster (1930) Alemanha
 Objetivo: dar as bases científicas para a
eliminação da ambiguidade nos discursos
técnicos e científicos.
 Sem
termos polissêmicos, sinônimos ou
homônimos.
 Conteúdo e expressão são independentes.
 Se não existe uma designação aceitável e
única, a Terminologia normativa pode criá-la,
respeitando os princípios terminológicos
21
preestabelecidos.
TGT
Pode identificar um conjunto de conceitos de um
domínio especializado, organizá-los em um sistema
estruturado e defini-los sem mesmo identificar com
precisão os termos que os designam.
 Terminologia descritiva:
se ocupa da coleta dos
dados terminológicos e da descrição dos termos por meio
de definições
Elaboração
de
vocabulários
 Terminologia normativa: ocupa-se da uniformização
de conceitos e da atribuição de termos para os designar.
Tenta eliminar ou reduzir a sinonímia e a homonímia
Normalização

22
CONCEITO
 Unidade
de conhecimento criada por
uma
combinação
única
de
características. (ISO, 1087,2000).
 Estruturas do conhecimento que estão
representadas no léxico da língua.
23
TERMO
 Designação
verbal de um conceito dentro de
um domínio (ISO, 1087,2000).
 É uma palavra “ativada singularmente por
suas condições pragmáticas de adequação a
um tipo de comunicação” (CABRÉ, 1999 apud
BARROS, 2004, p.41)
 Unidade
básica da terminologia. É
palavra efetivamente usada no discurso
a
(LE
GUERN, 1989)
24
 Termo
Signo
linguístico
das
línguas
de
especialidade que pode ser analisado:
 do ponto de vista do significante e do
significado;
das relações de sentido que mantém com
outros termos (sinônimos, homônimos)
de
seu valor sociolinguístico (usos,
preferências, conotações, processo de
banalização)
25
NORMAS TERMINOLÓGICAS
 Objetivo:
prescrever recomendações sobre
princípios
e
métodos
do
trabalho
terminológico, harmonização de conceitos e
termos.
 ISO
704 Terminology work – principles e
methods
 ISO
1087 Terminology work - vocabulary
26
TEORIA COMUNICATIVA
(TCT)
DA
TERMINOLOGIA
 Cabré
(1999) Espanha
 Reconhece o valor do modelo de Wüster, mas o
considera reducionista e idealista, uma vez que
parte do pressuposto que o conhecimento
especializado é uniforme e independente das
línguas e culturas.
 Não aceita distinção drástica entre unidade
terminológica (termo) e unidade lexical da
língua geral (palavra).
27
TCT
 Considera
os termos como unidades linguísticas
que exprimem conceito técnicos e científicos,
mas que não deixam de ser signos de uma LN
com características e propriedades semelhantes.
 Reconhece a existência de variação conceptual e
denominativa nos domínios de especialidade e
leva em conta a dimensão textual e discursiva
dos termos.
 Os termos devem ser considerados em seus
aspectos linguísticos, cognitivos e sociais.
28
TCT
O
conteúdo de um termo é relativo a um
domínio e a uma situação de uso.
 O valor de um termo, dentro de um sistema
conceptual é dado pelo lugar que ele ocupa
na estrutura, podendo ocupar lugares
diferentes de acordo com os critérios de
organização do sistema de conceitos.
 “Os termos não pertencem a um domínio,
mas são usados em um domínio com valor
singularmente específico”
(CABRÉ, 1999)
29
FUNDAMENTOS



DA
TCT
Teoria do conhecimento  estudos relativos às
possibilidades e tipos de conceptualização da
realidade e à relação conceito-designação.
Teoria da comunicação estuda os tipos de
situação comunicativa e as possibilidades e limites
dos diferentes sistemas de expressão de um conceito.
Teoria da linguagem  que analisa as unidades
terminológicas como unidade da língua geral e como
unidades linguísticas que designam conceitos de um
dado domínio em uma dada situação de uso.
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OBJETIVO DA TCT
“
descrever
formal,
semântica
e
funcionalmente as unidades que podem
adquirir valor terminológico, dar conta de
como são ativados e explicar suas relações
com outros tipos de signos do mesmo ou
distinto sistema, para fazer progredir o
conhecimento
sobre
a
comunicação
especializada e as unidades que nela se
usam” (CABRÉ, 1999)
31
TERMINOLOGIA PRÁTICA
Identificação de termos próprios de uma área.

Reunião de conceitos e termos importantes de
um área de conhecimento ou de atividade.

Análise e definição dos conceitos.

Classificação e organização dos sistemas de
conceitos.

Normalização, se necessário

Apresentação (arranjo) dos termos
32

MÉTODOS DE TRABALHO
 Identificação
e coleta das unidades
terminológicas
33
 Descrição
 Criação
de termos
neológica
 Tratamento
e normalização dos termos
 Apresentação
(arranjo) dos termos
IDENTIFICAÇÃO DOS TERMOS
Vocabulário conceitual
 termos que por sua forma ou significado
denominam as realidades específicas da
especialidade

Vocabulário funcional
 expressões da LN que fazem parte do
vocabulário dos especialistas
(Dubuc)
34

DESCRIÇÃO DO TERMO (ANÁLISE
CONCEITUAL)
35

Identificação de conteúdo conceitual do
termo

Contexto: explicativo, associativo ou de
definição
CRIAÇÃO DE UM TERMO (CRIAÇÃO
NEOLÓGICA)

Neologismo semântico: a palavra já existe na
língua, porém ganha um novo significado Ex. A minha
prima está fazendo um bico naquela loja
 Neologismo lexical: uma nova palavra com um novo
conceito é criada. Ex. deletar (apagar)
 Neologismo sintático: é resultante da organização
de um novo vocábulo, a partir da combinação de
elementos já existentes na língua (ocorre por meio da
derivação ou composição) Ex. O processo
indenizatório teve inicio no ano passado.

36
Fenômeno linguístico que consiste na criação
de uma palavra ou expressão nova, ou na
atribuição de um novo sentido a uma palavra
já existente
TRATAMENTO E NORMALIZAÇÃO
DE UM TERMO
Redução da margem de arbitrariedade

Recomendável, porém não imprescindível
37

REGISTRO DAS INFORMAÇÕES
TERMINOLÓGICAS
 Ficha
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terminológica:
 Elementos que validam a informação:
fonte, data, contexto
 Permite mostrar a correspondência entre
conceitos
 Serve para registrar e confirmar o uso do
termo
DISPONIBILIZAÇÃO DE INFORMAÇÃO
TERMINOLÓGICA
 Vocabulários,
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dicionários
terminológicos, bancos terminológicos
Termo
Definição
Área e subárea temática pertinente
Equivalentes em outras línguas
Bibliografia de fontes consultadas
 Léxicos
listas bilíngues sem definição
QUAL A UTILIDADE DA TERMINOLOGIA
PARA A DOCUMENTAÇÃO?
 Permite
substituir as práticas empíricas de
escolha de termos para compor um
Vocabulário Controlado pela consulta a
terminologias das áreas do saber ou de
atividade;
 Fornece metodologias para identificação dos
domínios de conhecimento e de atividade;
 Fornece metodologias para a identificação de
termos e conceitos;
 Permite identificar as relações entre os
conceitos a partir de definições.
40
“ A história particular de uma ciência se resume na de
seus termos específicos. Uma ciência só começa a
existir ou consegue se impor na medida em que faz
existir e em que impõe seus conceitos, através de sua
denominação...Denominar, isto é, criar um conceito, é
a o mesmo tempo, a primeira e última operação de
uma ciência.”
(BENVENISTE, 1989)
 “Para os especialistas e terminologia é o reflexo formal
da organização conceitual de uma especialidade, é um
meio inevitável de expressão e comunicação
profissional”
(CABRÉ, 1993)

Qual a função da terminologia e da
documentação no fazer científico?
41




BARROS, L.A. Curso básico de terminologia. São Paulo: Edusp,
2004. p.25-96
CABRÉ, M.T. La terminología hoy: concepciones, tendencias y
aplicaciones. Ciência da Informação, v.24, n.5, 1995. Disponível
em: http://revista.ibict.br/index.php/ciinf/article/view/487
KRIEGER, M.G.; FINATTO, M.J.B. Dos fundamentos. In: ___.
Introdução à Terminologia: teoria e prática. São Paulo :
Contexto, 2004. p.13-120.
SAGER, J.C.. Prólogo: la terminologia, ponte entre varios mundos.
In: CABRÉ, M.T. La terminologia: teoría, metodologia,
aplicaciones. Barcelona : Ed. Antártida ; Empúries, 1993. p.11-17.
42
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