Ética de Ayn Rand Ramiro Marques - Apontamentos de Ética e Deontologia Ayn Rand: nasceu em 1905; morreu em 1982 Quem foi Ayn Rand? De origem judia, nasceu na Rússia em 1905. Morreu em Nova Iorque em 1982. O pai era farmacêutico e a mãe, professora. Estudou filosofia e história na Universidade de Petrogrado. Exilou-se nos EUA. Viveu os primeiros tempos em Los Angeles onde trabalhou para a indústria do cinema e fez trabalhos de secretariado. Tornou-se escritora profissional. É autora de duas dezenas de livros de filosofia, política e ética: Atlas Shrugged; The Fountainhead; The Virtue os Selfishness; Anthem; Philosophy: Who Needs It?. Ética objetivista Fundou a ética objetivista. Os factos e os fenómenos existem fora da consciência e podem ser captados e entendidos pela razão. A razão é o único meio que os humanos têm para adquirir conhecimentos. Os únicos conhecimentos válidos são os que são adquiridos pelo uso da razão. A fé, as crenças, os sentimentos e as emoções não são meios válidos para adquirir conhecimentos. Ética objetivista Objetivismo é o nome dado por Ayn Rand à sua filosofia, compreendendo o projeto de baseá-la em uma realidade objetiva, ou seja, os fatos são apenas fatos, não são interferidos por qualquer tipo de emoção e desejo dos homens. Para ser possível a apreensão objetiva da realidade, é necessário que os homens se utilizem da razão. Sendo esse o único meio para que o homem possa compreender a realidade, é também a razão a única fonte de conhecimento, o único guia para as nossas ações. Cada homem é um fim em si mesmo, deve buscar o próprio benefício, através da valorização do auto-interesse racional, tendo como maior meta a própria felicidade. Fonte: Int. à Ética Objetivista (Mundo Filosófico) Egoísmo e interesse individual No uso popular, a palavra “egoísmo” é um sinônimo de maldade; a imagem que invoca é de um brutamontes homicida que pisa sobre pilhas de cadáveres para alcançar seu próprio objetivo, que não se importa com nenhum ser vivo e persegue apenas a recompensa de caprichos inconsequentes do momento imediato. Porém, o significado exato e a definição do dicionário para a palavra “egoísmo” é: preocupação com nossos próprios interesses. Este conceito não inclui avaliação moral; não nos diz se a preocupação com os nossos próprios interesses é boa ou má; nem nos diz o que constitui os interesses reais do homem. (RAND, 1991,A Virtude do Egoísmo. Porto Alegre: Ed. Ortiz/IEE. p. 14) A crítica do altruísmo O egoísmo é racional na medida em que se caracteriza objetivamente, e não através de impulsos arbitrários. Entretanto, o mesmo não ocorre com o altruísmo, já que este vai contra o princípio básico do auto-interesse, causando prejuízos e corrompendo a moralidade. O altruísmo pode ser percebido muito mais estando ligado a uma dimensão emocional, no sentido em que devemos privilegiar os outros, seguindo até mesmo preceitos inculcados por meio da religião. A questão central proposta é não se sacrificar pelos outros assim como não sacrificar os outros por si. Não podemos deixar que o amor ao próximo, a preocupação exacerbada com os demais indivíduos seja maior do que nosso amor próprio, rebaixando desse modo nossa Liberdade e indivíduo em primeiro lugar Os humanos são seres dotados de vontade consciente e capazes de livres arbítrio. A liberdade que cada um tem de decidir o que é melhor para si é um direito inalienável que nenhum estado, nenhuma tribo ou comunidade deve violar. Livre arbítrio Cada um deve eleger livremente os seus fins e escolher os meios adequados para atingir a felicidade. E deve fazê-lo não para se sacrificar pelos outros, ajudar os outros ou porque se preocupa com os outros mas porque a procura do caminho para atingir a realização pessoal tem de ser feita em liberdade e sem pressões, controlos e condicionamentos. O objetivismo baseia-se no livre arbítrio individual e recusa todas as espécies de determinismo histórico ou epistemológico. Ética fundamentada na razão Só existe uma fonte de valores: a razão. A tese kantiana da razão universal é falsa. Só existe razão individual. Casa ser humano faz um uso peculiar da razão e esse exercício é tanto mais válido quanto estiver afastado das crenças e emoções. O elogio do egoísmo Cada um de nós nasceu com uma pulsão biológica para a sobrevivência mas a única forma adequada de viver é usando a razão de forma livre. A finalidade culminante dos humanos é a felicidade. Não existe felicidade coletiva ou comunitária. A felicidade só pode ser individual. Os valores éticos cimeiros são a razão e a autoestima. Cada um deve trabalhar para o seu próprio interesse, usando a razão para escolher os melhores fins e os meios adequados. A defesa do estado mínimo Ninguém tem - nem o Estado - o direito de usar a força para retirar aos outros o produto do seu trabalho, criação e inteligência. Abrir exceções a este princípio, com o argumento de que é preciso retirar aos ricos para distribuir pelos pobres, é escancarar as portas da ditadura e do desastre económico. O resultado é este: os que criam riqueza são pressionados para deixar de criar. É a célebre teoria da greve dos criadores de riqueza como protesto contra o confisco que o Estado lhes faz. As elevadas taxas de desemprego resultam da greve dos criadores de riqueza que, por sua vez, respondem ao esbulho e confisco pelo Estado parando de criar riqueza. O primado do mercado livre A economia e os negócios devem resultar do mútuo e livre entendimento entre duas partes que procuram, cada um, o seu próprio benefício. O Estado não deve fazer leis que regulem as actividades económicas porque isso distorce os mercados, limita a livre concorrência, cria mercados protegidos e, no final, conduz à perda da liberdade. O primado do contrato com mútuo consentimento A ética de Rand insere-se na teoria liberal clássica que defende um estado pequeno e limitado e o direito inalienável do indivíduo a prosseguir, em liberdade, os seus interesses com o mínimo de intervenção possível do Estado. Indivíduos livres e dotados de razão saberão usar o seu tempo, energia, capacidades e recursos da maneira que melhor serve os seus interesses e vocações e fá-lo-ão interagindo livremente e estabelecendo contratos com mútuo consentimento para o bem das duas partes. As virtudes Quais são as virtudes enfatizadas pela ética objetivista? Acima de todas a racionalidade, acompanhada pela produtividade, a criatividade, a inteligência, autoestima, responsabilidade, justiça, independência, integridade, honestidade, liberdade e o orgulho. Ser honesto é ser capaz de reconhecer e de ser fiel aos factos. É uma virtude essencial à livre celebração de contratos. Ser justo é dar a cada um aquilo que lhe é devido. Ao invés, a injustiça é dar a cada um mais ou menos do que aquilo que ele ou ela merece. As virtudes - 2 O orgulho é a virtude da ambição. Ter vontade e capacidade para atingir a excelência. Procurar atingir todo o potencial daquilo que um indivíduo é capaz. Bibliografia básica • Ayn Rand, a biography by Jeff Britting • Documentary movie: Ayn Rand: A Sense of Life • Journals of Ayn Rand, edited by David Harriman • Letters of Ayn Rand, edited by Michael Berliner • “My Thirty Years with Ayn Rand,” by Leonard • • • Peikoff (Free audio recording) “Ayn Rand’s Life: Highlights and Sidelights,” by Harry Binswanger (Free audio excerpt) “Ayn Rand and the Atlas Shrugged Years: Reminiscences and Recollections,” by Mary Ann Sures with Harry Binswanger (Free audio recording) “Centenary Reminiscences of Ayn Rand” by