Faculdade de Ciências Departamento de Química Licenciatura em Química Industrial 4º Nível Ciência e Tecnologia de Alimentos Relatório da aula laboratorial Nº 7 Determinação do teor de Fósforo numa amostra de Molina pelo método espectrofotométrico. Discentes: Docentes: Bila, Artur Júnior Regente: Profa. Doutora Amália Uamusse Assistentes: Mestre Amélia Furvela Maputo, Abril de 2022 Determinação de fósforo em alimentos Resumo O fósforo é um elemento essencial no corpo humano, requerido pelas células para o seu funcionamento, sendo o fósforo o maior constituinte dos ossos do corpo humano na forma de fosfato de cálcio, a determinação de fósforo pode ser efectuada utilizando-se diferentes técnicas tais como espectrofotometria de absorção molecular, cromatografia iónica, fosforescência e espectrometria de emissão atómica. Neste trabalho o fósforo foi determinado em alimentos através do método espectrofotométrico à 440 nm e obteve-se o teor de 0,0510% para a amostra de Molina. Palavras chave: Fósforo, molina, espectrofotometria. Artur Bila & Valentim Valente Departamento de Química-UEM 1 Determinação do teor de Fósforo numa amostra de Molina Índice Resumo ............................................................................................................................. 1 1. Introdução ..................................................................................................................... 1 1.1. Objectivos .............................................................................................................. 2 1.1.1. Geral ................................................................................................................ 2 1.1.2. Específicos ...................................................................................................... 2 2. Parte experimental ........................................................................................................ 2 2.1. Materiais, reagentes e equipamentos ..................................................................... 2 2.2. Procedimentos ........................................................................................................ 3 3. Resultados e interpretação ............................................................................................ 5 4. Conclusões .................................................................................................................... 6 Referências bibliográficas ................................................................................................ 7 Anexos ............................................................................................................................... a Grupo 5. Licenciatura em Química Industrial Página i Determinação do teor de Fósforo numa amostra de Molina 1. Introdução A xicaba, nas províncias do Sul, o lifete, nas províncias do Centro, ou molina, nas províncias do Norte, é uma pasta de farinha de tapioca, misturada com açúcar e amendoim assado. A indústria de alimentos utiliza o ácido fosfórico e seus derivados como agentes complexantes, antimicrobianos e estabilizadores de emulsão. Por conveniência, são classificados em ortofosfatos e fosfatos condensados, constituídos de polifosfatos e metafosfatos (Araújo, 2004). O fósforo é encontrado no organismo na forma inorgânica (sais de fosfato), bem como na forma orgânica, como participante de importantes funções metabólicas (ATP, 2,3-DGP) concentrando-se principalmente nos ossos e no compartimento intracelular. Os distúrbios de seu metabolismo decorrem basicamente da redistribuição de fósforo entre os compartimentos intra e extracelular do balanço entre aporte e excreção (Barbosa et al., 1999). A determinação de fósforo pode ser efectuada utilizando-se diferentes técnicas tais como espectrofotometria de absorção molecular, cromatografia iónica, fosforescência, espectrometria de emissão atómica, entre outras, neste trabalho o fósforo foi determinado em alimentos através do método espectrofotométrico, no qual o fósforo presente na forma de ortofosfato reage com o reagente de molibdovanadato para produzir um complexo de cor amarela, cuja transmitância é medida a 440nm e correlacionada à percentagem de fósforo presente na amostra. A espectrofotometria de absorção molecular, baseia-se na absorção da radiação por moléculas na zona do UV/VIS (200 – 800 nm) e na medição da transmitância (T) ou da absorvância (A) de soluções contidas em cuvetas de comprimento (b). Neste método a concentração é determinada através da lei de Lambert-Beer: A=εbc (1) π0 A= − logT = log π (2) As curvas de calibração por Adição Padrão consiste na adição crescente de padrão à várias alíquotas da própria matriz da amostra (C0 < C1 < C2 < Cn). Essa matriz não é branca, ou seja, ela possui concentrações da substância que queremos quantificar. A calibração é o processo que busca relacionar o sinal analítico medido com a concentração do anólito. O método de Calibração Normal baseia-se na leitura das Grupo 5. Licenciatura em Química Industrial Página 1 Determinação do teor de Fósforo numa amostra de Molina absorvâncias das soluções padrões separadamente à da amostra. A relação funcional (matemática) constitui o modelo de calibração e a representação gráfica do modelo de calibração é denominada curva analítica (Da Silva et al, 2008). 1.1. Objectivos 1.1.1. Geral β Analisar o fósforo em alimentos pelo método espectrofotométrico. 1.1.2. Específicos β Fazer a leitura das absorvâncias nas soluções padrões e na amostra; β Traçar a curva de calibração; β Determinar o teor de fósforo na molina. 2. Parte experimental 2.1. Materiais, reagentes e equipamentos A tabela 1 ilustra todos os materiais, equipamentos e reagentes utilizados para a realização da experiência. Tabela 1. Materiais, reagentes e equipamentos utilizados. Materiais Soluções, reagentes e Equipamentos solventes Cadinho Amostra de molina Balança analítica (Denver Instrument XL-610; precisão e = 0.01g) 1 balão de fundo chato Ácido perclórico Estufa (Marca: Memmert. Modelo: de 250 mL, 1 e 2 L e 7 (HClO4) 70 % UN30) de 100 mL Copos de Becker de 100 Água destilada Mufla (Carbolite Gero 30-3000ºC) e 250 mL Grupo 5. Licenciatura em Química Industrial Página 2 Determinação do teor de Fósforo numa amostra de Molina 6 boenos de 250 mL Molibdato de amónia Manta eléctrica (Electrothermal EM0250/C 250mL) Provetas de 20 mL e 1 L Metavanadato de sódio Banho de areia (informação sobre equipamento não registado) Espátula Fosfato monopotássico Espectrofotómetro de (KH2PO4) Jenway molecular (Marca: absorção 6850 UV/Vis Spectrophotometer) Vidro de relógio Ácido nítrico 55 % Papel de filtro Ácido clorídrico Funil de vidro Dessecador Fonte: Auto elaborada. 2.2. Procedimentos β Preparo das soluções Reagente de molibdovanadato: pesou-se 50.08 g de molibdato de amónio tetrahidratado e dissolveu-se em 400 mL de água destilada e dissolveu-se com ajuda de uma placa de aquecimento com agitação. De lado pesou-se 2.01 g de metavanadato de sódio e com ajuda da placa de aquecimento com agitação dissolveu-se em 250 mL de água destilada num becker de 250 mL e adicionou-se no balão de 2 L e de seguida adicionou-se 250 mL de ácido perclórico à 70 %. Gradualmente adicionou-se a solução de molibdato à solução de metavanadato e perfez-se o volume de 2 L. Soluções padrão de fósforo: para a solução stock pesou-se 0.91 g de fosfato monopotássico e dissolveu-se em um balão de 100 mL (2 mg/mL). Para a solução trabalho tomou-se 50 mL da solução stock e diluiu-se num balão de 1 L. Solução de ácido nítrico à 33%: tomou-se 134.6 mL do ácido nítrico à 55 % e diluiu-se num balão de 250 mL. Grupo 5. Licenciatura em Química Industrial Página 3 Determinação do teor de Fósforo numa amostra de Molina Solução de HCl-H2O (1+3): adicionou-se 62.5 mL do ácido em 100 mL de água destilada. Transferiu-se para um balão de 250 mL e perfezse o volume com água destilada. β Digestão da amostra Esterilizaram-se os cadinhos durante 30 mins à 105°C na estufa e deixou-se arrefecer no dessecador durante 30 mins. De seguida pesou-se o cadinho vazio e de seguida com a amostra de molina (fez-se a diferença e obteve-se o peso da amostra igual a 2.02 g). Colocou-se a amostra na estufa e deixou-se durante 30 mins à 105°C, retirou-se e deixou-se arrefecer no dessecador durante 30 mins. Levou-se a amostra à mufla e calcinou-se à 550°C durante 5 horas e retirou-se e deixou-se arrefecer no dessecador. Transferiram-se em seguida as cinzas para um boeno de 250 mL e adicionou-se às cinzas algumas gotas de água destilada. Adicionou-se 40 mL da solução HCl-H2O (1+3) e 5 mL da solução HNO3 à 33 % e deixou-se ferver no banho de areia durante 1 hora com o copo semi tapado com vidro de relógio no nicho e retirou-se e deixou-se arrefecer e de seguida adicionou-se 10 mL da solução HCl-H2O (1+3) e 10 mL de H2O. Colocou-se novamente no banho de areia durante 15 mins e com ajuda de um papel de filtro e funil de vidro passou-se a solução para um balão de 100 mL. β Preparo dos padrões Tomou-se 5, 8, 10 e 15 mL das soluções contendo 0.5, 0.8, 1.0, e 1.5 mg de P, respectivamente, para balões de 100 mL, e para o branco, obviamente, nenhum volume foi adicionado. Colocou-se de seguida em cada um dos balões, incluíndo o branco, 20 mL da solução de molibdovanato e perfez-se os volumes com água destilada. β Preparo da amostra para análise Tomou-se 10 mL da solução amostra preparada para um outro balão de 100 mL, adicionou-se 20 mL do reagente molibdovanadato e perfez-se o volume com água destilada. Grupo 5. Licenciatura em Química Industrial Página 4 Determinação do teor de Fósforo numa amostra de Molina β Leitura no espectrofotómetro Foram lidas as respectivas absorvâncias (dos padrões e amostra) à um comprimento de onda de 440 nm. 3. Resultados e interpretação Como foram lidas as absorbâncias da amostra e dos padrões, é ainda possível convertêlas em transmitâncias pela Lei de Lambert-Beer (vide os respectivos cálculos no anexo; a tabela 3 no anexo mostra os valores das leituras repetidas das absorbâncias para cada solução e a tabela 4 apresenta os valores da transmitância e da concentração). Partindo da equação da curva logarítmica obita pode-se calcular a concentração do P na amostra e portanto a sua massa e por fim o teor que estão demonstrados nos anexos. A tabela 1 apresenta o resultado da determinação do teor de fósforo em %. Tabela 2. Resultados da amostra de molina. Massa da amostra (g) Amostra 2.02 Conc. de P na amostra lida (mg/L) Conc. de P na amostra original(mg/L) Massa de P na amostra (mg) Teor de P (%) 2,0591 20,591 1,02955 0,0510 Os resultados revelam que o teor de fósforo é de 0,0510% na amostra de molina, o resultado da amostra de molina está de acordo com o valor encontrado na literatura que indica um teor de fósforo igual a 0,261% para amendoim seco. Assume-se que as cinzas de molina não são feito de 100% de amendoim contendo outra parte de mandioca e outros constituintes. Grupo 5. Licenciatura em Química Industrial Página 5 Determinação do teor de Fósforo numa amostra de Molina 4. Conclusões Os resultados obtidos estão dentro dos parâmetros teóricos verificados na literatura consultada, a título de exemplo pode se citar a molina que apresenta um teor de fósforo equivalente a 0,0510 %. β Na determinação do teor de fósforo na molina, o método verificou-se bom pois apresentou um teor de fósforo na amostra de molina dentro dos padrões aceitáveis. Grupo 5. Licenciatura em Química Industrial Página 6 Determinação do teor de Fósforo numa amostra de Molina Referências bibliográficas β Araújo, J.M.A. (2004). Química de alimentos. 3 ed. Minas Gerais: UFV, p.9091. β Barbosa, A.P., Sztajnbok, J. (1999). Distúrbios hidroeletrolíticos. Jornal de Pediatria, v. 75. Rio de Janeiro. β Da Silva., Edvan C. (2008). Análise Química Instrumental. João Pessoa – Brasil. pp. 9 Powell, G.T., West, J. W. (1990). Determination of calcium and phosphorus in milk. J. Sci Food Agric. 51, 20 Grupo 5. Licenciatura em Química Industrial Página 7 Determinação do teor de Fósforo numa amostra de Molina Anexos β Cálculo do volume do HNO3 55 % necessário para o preparo do HNO3 à 33 %: • HNO3 55 %; densidade: 1.34 kg/L; Mr: 63.01 g/mol kg 1000g π × t 1.34 L × 0.55 × 1kg C1 = = = 11.676 M g Mr 63.01 mol • HNO3 33 %; densidade: 1.205 kg/L; Mr: 63.01 g/mol kg 1000g π × t 1.205 L × 0.33 × 1kg C1 = = = 6.31 M g Mr 63.01 mol • Para o preparo desta solução num balão de 250 mL fez-se o seguinte cálculo: n1 = n2 → C1×V1 = C2×V2 → V2 = C1 ×V1 C2 = 6.3×250 11.7 = 134.6 mL β Cálculo do volume de HCl necessário para o preparo da mistura HCl-H2O (1+3) em um volume total de 250 mL: 4 → 250 mL 1→x x = 62.5 mL Tabela 3. Absorvâncias lidas. Absorbâncias Padrões e Amostra P0 A1 A2 A3 A4 0.0636 0.0636 0.0634 0.0635 X ou A (Média) 0.0635 P1 0.2499 0.2495 0.2494 0.2486 0.2494 P2 0.3257 0.3255 0.3257 0.3255 0.3256 P3 0.4032 0.4036 0.4036 0.4036 0.4035 a Determinação do teor de Fósforo numa amostra de Molina P4 0.5631 0.5633 0.5631 0.5635 0.5633 Amostra 0.1371 0.1371 0.1374 0.1370 0.1372 Testes de outliers para os dados suspeitos da tabela 3: P1: Q1 = Q3 = 0.2494+0.2486 2 0.2499+0.2495 2 = 0.249 = 0.2497 IQR = Q3 β Q1 = 0.2497 β 0.249 = 0.0007 Q1 β 1.5×IQR = 0.249 β 1.5×0.0007 = 0.2479 Q3 + 1.5×IQR = 0.2497 + 1.5×0.0007 = 0.2508 • Visto que nenhum valor lido é menor que 0.2479 e maior que 0.2508 não temos outlier para este padrão. P3: Q1 = Q3 = 0.4032+0.4036 2 0.4036+0.4036 2 = 0.4034 = 0.4036 IQR = Q3 β Q1 = 0.4036 β 0.4034 = 0.0002 Q1 β 1.5×IQR = 0.4034 β 1.5×0.0002 = 0.4031 Q3 + 1.5×IQR = 0.4036 + 1.5×0.0002 = 0.4039 • Visto que nenhum valor lido é menor que 0.4031 e maior que 0.4039 não há outlier para este padrão. Cálculo das concentrações dos padrões: • Para cada padrão, para obter a concentração inicial basta dividir a massa dada pelo volume onde todos darão 0.1 mg/mL. Considerando que a concentração e volume stock sejam C e V, respectivamente, temos: ππ ππ πΆ×π 0ππ/ππΏ×0ππΏ×1000 0 πΆ×π 100ππΏ 0,1ππ/ππΏ×5ππΏ×1000 1 100ππΏ P 0 : C0 = π = P 1 : C1 = π = = 0 ppm = 5 ppm b Determinação do teor de Fósforo numa amostra de Molina P 2 : C2 = πΆ×π π2 πΆ×π = P 3 : C3 = π = 0,1ππ/ππΏ×8ππΏ×1000 = 8 ppm 100ππΏ 0,1ππ/ππΏ×10ππΏ×1000 πΆ×π 100ππΏ 0,1ππ/ππΏ×15ππΏ×1000 4 100ππΏ 3 P 4 : C4 = π = = 10 ppm = 15 ppm O cálculo da transmitância: A= − log(T) → T = 10−π΄ T0 = 10−0,0635 = 0.8639 Para o restante das transmitâncias procede-se da mesma maneira e os resultados estão na tabela 3 a seguir. Tabela 4. Tabela de Transmitância X Concentração. P0 Absorbâncias 0.0635 Transmitâncias % 0.8639 Concentração (ppm) 0 P1 0.2494 0.5631 5 P2 0.3256 0.4725 8 P3 0.4035 0.3949 10 P4 0.5633 0.2733 15 Amostra 0.1372 0.7291 2,0591 y = -0,0389x + 0,8092 R² = 0,9536 1 0.9 transmitancia 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 Linear (y) 0.3 0.2 0.1 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 concentração de fósforo em ppm c Determinação do teor de Fósforo numa amostra de Molina Concentração do fósforo: β’ Na amostra lida: y = *****×e−****x → x = − π¦ ) ∗∗∗∗∗∗ ln ( =− ∗∗∗∗∗∗ 0.7291 ) ∗∗∗∗∗∗ ln ( ∗∗∗∗∗∗ = ****** mg/L Ou π − 0,8092 −0,0389 π= π= 0,7291 − 0,8092 −0,0801 = = 2,0591 πππ −0,0389 −0,0389 β’ Na amostra original: Ci×Vi = Cf×Vf → Ci = m = C×V = Cf×Vf ππ = 20,591mg/L×50mL×1L 1000ππΏ 2,0591×100 10 = 20,591 mg/L = 1,02955 mg O teor de fósforo na amostra: π(π) Teor (P) = π(ππππ π‘ππ) × 100% = 1,02955 mg 2020 mg × 100% = 0,0510 % Fig.1. Série dos padrões e a solução da amostra. d