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Sistema Nervoso e Cérebro: Organização Anatômica e Funcional

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AULA 2
SISTEMA NERVOSO E
CÉREBRO: ORGANIZAÇÃO
ANATÔMICA E FUNCIONAL
Prof. Alisson Rogério Caetano de Siqueira
CONVERSA INICIAL
Na aula anterior, apresentamos o Sistema Nervoso (SN). Sabemos agora
que o SN é responsável pela comunicação dentro do organismo humano. Em
razão dessa sua importância, ele está organizado em uma estrutura interligada,
comandada pelo encéfalo.
O encéfalo é responsável por manter a transmissão da informação para
todo o corpo. Sua origem está marcada na formação do tubo neural. O tubo neural
dá origem ao Sistema Nervoso, mas, em sua formação, era responsável por
manter interligado o organismo para que este sobrevivesse. O encéfalo é formado
por: cérebro, tronco encefálico e cerebelo.
Esta aula tem como objetivo apresentar os aspectos anatômicos e
funcionais do cérebro. Sendo assim, nosso assunto está distribuído em:
1. Estrutura básica do cérebro
2. Anatomia do córtex
3. Funções corticais
4. Anatomia do diencéfalo
5. Estrutura do Sistema Límbico
O conteúdo a ser abordado nos direcionará aos esclarecimentos
necessários propostos pela disciplina.
CONTEXTUALIZANDO
Em um processo administrativo, é comum visualizarmos o modelo gerencial
de coordenação. Quanto maior a empresa, maior a necessidade de distribuir
funções sem perder o controle. A administração buscou, na anatomia humana,
uma analogia para um modelo de gerenciamento. Desta forma, surgiu a
expressão de que o chefe/gerente/líder seja o “cabeça pensante”.
Pois bem, essa analogia tem uma verdade comprovada. É na cabeça que
está o centro de controle do organismo: mais precisamente, o cérebro. Embora o
encéfalo tenha outras partes, também muito importantes, é o cérebro o
responsável pelas altas funções de comando e controle do organismo.
Sem cérebro, não haveria pensamento, talvez só estímulos e respostas. O
cérebro nos permite ter vontade, elaborar ideias, resolver problemas. É na
complexidade da sua estrutura que o cérebro humano faz com que sejamos
diferentes dos outros animais.
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A importância de estudar o cérebro humano está diretamente relacionada
a quê? À busca de que possibilidades? Conhecer o cérebro acrescenta o que ao
esclarecimento de questões que continuam obscuras?
TEMA 1 – ESTRUTURA BÁSICA DO CÉREBRO
O cérebro é a parte do encéfalo que trabalha altas funções. É esta região a
responsável por receber as impressões sensitivas e elaborar as reações motoras
voluntárias. Outra função do cérebro é a de realizar operações psíquicas mais
complexas e elevadas (Kandel, 2012).
O cérebro ocupa quase toda a caixa craniana. Sua estrutura é ovoide. Em
sua parte mais extensa, alcança cerca de 17 centímetros de diâmetro, e 14
centímetros na sua região mais reduzida. O peso do cérebro sofre variações, mas,
no homem, é de 1.200 gramas e, na mulher, de 1.050 gramas.
Uma característica marcante do cérebro é a presença de várias pregas,
conhecidas como giros ou circunvoluções, e também de estruturas chamadas de
sulcos, que, em alguns casos, são fissuras.
As divisões básicas do cérebro são: telencéfalo e diencéfalo.
1.1 Telencéfalo
O telencéfalo é formado por dois hemisférios cerebrais, o direito e o
esquerdo, com uma pequena linha mediana situada na porção anterior do terceiro
ventrículo.
Na estrutura dos hemisférios é possível verificar certa rugosidade. Na
verdade, durante o processo de desenvolvimento do encéfalo, ao ganhar volume,
ele foi se dobrando e dando origem aos sulcos e giros, também denominados de
circunvoluções.
Os sulcos são fendas (as fendas mais profundas são chamadas de
fissuras). A fissura mais profunda é a longitudinal, que faz a separação dos
hemisférios. De uma forma mais simples, os sulcos delimitam os lobos. Os
principais sulcos são o lateral, também chamado de Sylvius, e o central, também
chamado de Rolando.
Os giros são saliências ou concavidades que o cérebro possui; neles
ocorrem o pensamento, o raciocínio lógico e os estados subconscientes.
Podemos caracterizá-los pelo fato de o cérebro estar comprimido. Se
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esticássemos o nosso cérebro, ele teria aproximadamente o tamanho de uma
fronha.
1.2 Diencéfalo
O diencéfalo está situado abaixo do telencéfalo. Isso significa que,
estruturalmente, ele também serve de suporte. Todavia, só pode ser observado
na porção inferior do cérebro. O diencéfalo possui estrutura dividida em:
• Tálamo
• Hipotálamo
• Epitálamo
• Subtálamo
1.2.1 Tálamo
O tálamo está localizado logo abaixo do corpo caloso. O corpo caloso é a
estrutura que une os hemisférios cerebrais. A principal função do tálamo é a de
transmitir as mensagens dos órgãos do sentido até o córtex cerebral. O tálamo
não transmite as informações vindas do olfato.
1.2.2 Hipotálamo
O hipotálamo está localizado logo abaixo do tálamo. Sua função, entre
outras, é de regular a temperatura do nosso corpo, a fome, a sede, a
concentração, as funções endócrinas, o comportamento sexual e as respostas do
Sistema Nervoso Autônomo.
Essa atividade está diretamente relacionada com a condição de
sobrevivência do organismo. O hipotálamo é um agente fundamental na
manutenção da vida.
TEMA 2 – ANATOMIA DO CÓRTEX
O córtex cerebral possui algumas divisões que permitem explicar melhor o
seu funcionamento. Todavia, isso não estabelece que determinada área do córtex
só exerça aquela função específica. O córtex cerebral trabalha sempre em
conjunto. Suas ações, embora sejam localizadas, necessitam de informações que
estão espalhadas por toda a sua camada cortical.
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Observando o cérebro por uma vista superior, é possível verificar que há
um sulco com direção anteroposterior profundo. Podemos chamá-lo também de
fissura. Essa fissura divide o órgão em duas metades ou hemisférios cerebrais.
A ligação entre os dois hemisférios é feita por um grande feixe de fibras
brancas, o corpo caloso. O corpo caloso serve também de base de sustentação
para essa estrutura cortical.
O córtex cerebral possui uma espessura entre 1,5 a 3,5 mm. Sua estrutura
cobre os hemisférios com aproximadamente 10 bilhões de neurônios,
posicionados em cinco camadas sobrepostas.
2.1 Hemisférios cerebrais
Os hemisférios são separados por uma fissura longitudinal e, em sua base,
são interligados pelo corpo caloso.
A estrutura de cada hemisfério apresenta internamente urna cavidade, o
ventrículo lateral. Os ventrículos laterais não se comunicam diretamente entre si,
mas sim por intermédio do ventrículo médio, ou terceiro ventrículo, que fica entre
eles. Em todos os ventrículos existe o líquido cefalorraquidiano.
Os hemisférios, embora interligados, operam de forma independente e
comandam funções diferentes do organismo. Como exemplo, podemos esclarecer
a lateralidade, que é de coordenação cruzada nos hemisférios. O hemisfério
direito controla a esquerda e o hemisfério esquerdo controla a direita.
Os hemisférios compreendem uma grande área do cérebro. Desta forma,
a melhor maneira de observá-lo é verificando suas subdivisões, desenhadas em
lobos.
2.2 Lobos
Os lobos são localizados pelos sulcos que os delimitam, ou pelos giros. Os
lobos que compreendem a extensão do córtex são:
• Lobo frontal
• Lobo temporal
• Lobo parietal
• Lobo occipital
• Lobo da ínsula
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2.2.1 Lobo frontal
O lobo frontal ocupa a parte anterior do hemisfério cerebral. Há sulcos
secundários, que fazem uma delimitação no lobo, e quatro partes, conhecidas
como circunvoluções: a primeira, a segunda e a terceira frontais, e a frontal
ascendente. Há, na terceira circunvolução, uma área denominada Zona de Broca,
onde está localizado o centro da linguagem falada.
2.2.2 Lobo temporal
O lobo temporal está localizado na parte inferior da face externa, logo
abaixo da fissura de Sylvius. As divisões do lobo temporal são feitas também por
circunvoluções, que são três: a primeira, a segunda e a terceira temporais.
2.2.3 Lobo parietal
O lobo parietal está localizado logo atrás da fissura de Rolando e acima da
fissura de Sylvius. Compreende três circunvoluções: a parietal ascendente, a
parietal superior e a parietal inferior.
2.2.4 Lobo occipital
O lobo occipital está na parte posterior do hemisfério cerebral. Sua divisão
é realizada por sulcos secundários em três circunvoluções: a primeira, a segunda
e a terceira occipitais.
2.2.5 Lobo da ínsula
O lobo da ínsula é visualizado afastando-se os lábios do sulco lateral. A
ínsula tem forma cônica, e seu ápice, está voltado para baixo e para frente.
Também é denominado de Ilha de Reil, homenagem ao médico e fisiologista
alemão Johan Christian Reil, o primeiro a descrever a região anatomicamente.
TEMA 3 – FUNÇÕES CORTICAIS
As funções corticais estão relacionadas diretamente às áreas do córtex.
Podemos dizer que elas consistem na descrição da atividade realizada por aquela
parte do córtex.
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3.1 Lobo frontal
O lobo frontal tem uma ligação direta com a ação do raciocínio e do
planejamento. Opera ações combinadas com outras partes do córtex na fala, nas
emoções, nos movimentos e na solução de problemas. É comum designar o Lobo
Frontal como centro de controle de nossas emoções e da nossa personalidade.
O lobo frontal possui algumas funções específicas, como a consciência, a
iniciativa, o juízo, o pensamento lógico, a personalidade, a motivação e a inibição.
A localização dos lobos frontais permite a incidência de quantidade alta de
lesões. A razão disto é fácil de identificar. A posição frontal do crânio, quando
sofre um choque, pode incidir, diretamente com esse contato, no osso esfenoide,
podendo produzir lesões que venham a interferir no funcionamento das operações
do córtex, principalmente as funções executivas.
Em razão de termos dois hemisférios, podemos concluir que temos dois
lobos frontais. O que é importante saber é o fato de que esses lobos não são
simétricos. Isso significa que são diferentes. Observando essa diferença entre os
lobos, podemos dizer que o lobo frontal esquerdo possui uma ação de controle
dos movimentos que são relacionados diretamente à linguagem. Quando olhamos
para as ações do lobo frontal direito, verificamos que a sua atividade está dirigida
a habilidades não verbais.
Não podemos deixar de considerar que as ações do córtex frontal são
coordenadas. Isso significa que, embora possam ser responsáveis por atividades
diferentes, há uma interação para que aquela atividade venha a ser
operacionalizada.
3.2 Lobo parietal
O lobo parietal é identificado como o que recebe as informações oriundas
das sensações e de órgãos do sentido. É fácil associá-lo às ações de movimento,
reconhecimento, orientação e à percepção dos estímulos.
Se estamos falando sobre identificação de sentidos, estamos falando do
lobo parietal. Tudo que seja sensação é responsabilidade do lobo parietal.
Dizemos que o lobo parietal é responsável pelas sensações de dor, tato, gustação,
temperatura e pressão, recepções de estímulos oriundas dos órgãos do sentido.
O lobo parietal também tem relação com a lógica matemática.
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Ao classificarmos as regiões dos lobos parietais, temos duas regiões
funcionais. A primeira está diretamente relacionada com a sensação e a
percepção. A outra tem como responsabilidade a recepção da informação,
também denominada de input.
Ambas as áreas trabalham em conjunto. A finalidade desta integração é a
construção do processo cognitivo realizado pela primeira e o gerenciamento
espacial produzido pela segunda. Lesões nos lobos parietais podem produzir
deficits que podem interferir na compreensão de imagens corporais e relações
espaciais.
A Síndrome de Gerstmann, identificada pelos sintomas de dificuldade de
escrita (agrafia), dificuldades com pensamento matemático (acalculia), desordens
na linguagem (afasia) e inabilidade de perceber objetos normalmente (agnosia), é
produzida por um dano ao lobo parietal esquerdo.
Já foi verificado que danos ao lobo parietal direito podem resultar na
negligência a uma parte do corpo ou do espaço (negligência contralateral). Isso
significa que a pessoa perde as habilidades de cuidado próprio, tem dificuldade
de se vestir, de tomar banho. Mas é possível que danos no lado direito também
causem dificuldades na realização de muitas coisas (apraxia construcional), a
negação de deficits (anosagnosia) e habilidades para desenhar.
3.3 Lobo temporal
O lobo temporal tem uma relação direta com a audição, o olfato, as funções
psíquicas, a linguagem compreensiva e serve de agente de trânsito dos
transmissores visuais. É no lobo temporal que está a estrutura central responsável
pelo gerenciamento da memória.
O lobo temporal tem sua posição demarcada na caixa craniana pela orelha.
Isso nos mostra uma das atividades funcionais deste lobo. Ele controla a audição,
trabalha com a memória e está ligado ao processo das emoções. Essas ações
são combinadas com outras partes do córtex, mas, predominantemente, é este
lobo que está ligado à audição e à memória.
É importante ressaltar que a localização do lobo temporal está diretamente
relacionada com a zona de estimulação auditiva, que neste caso é o aparelho
auditivo. O aparelho auditivo tem uma ligação direta com o lobo frontal. É comum
denominarmos está área de córtex auditivo.
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O lobo temporal, como gerente de memória, é responsável pelo trânsito das
informações que serão arquivadas. Desta forma podemos identificar neste lobo
as afasias e agnosias (Kapczinski, 2011).
Resumindo o que podemos localizar no lobo temporal, segundo Silva
(2012), descrevemos:
a. O córtex auditivo primário – está contido em parte da superfície superior do
lobo temporal.
b. A Área de Wernicke – importante para a compreensão da linguagem.
c. O processamento da informação visual – está particularmente contido na
superfície inferior do temporal.
d. A aprendizagem e a memória – parte mais medial do Lobo Temporal.
3.4 Lobo occipital
Ao falarmos em visão, nós a relacionamos diretamente com o córtex
occipital. O córtex occipital está associado ao processamento visual
Quando há dano no lobo occipital, pode ocorrer cegueira total ou parcial.
Os lobos occipitais são o centro do nosso sistema de percepção visual. Eles não
são muito vulneráveis a danos por conta de sua localização (parte posterior do
cérebro), embora qualquer trauma significante ao cérebro possa causar súbitas
mudanças no nosso sistema visual-perceptual, como defeitos no campo de visão
e escotomas.
Segundo Kandel (2012), o lobo occipital também está envolvido no
processamento viso-espacial, discriminação de movimentos e discriminação de
cores. Desta forma, um dano a um dos lados dos lobos occipitais pode causar
perdas na visão. É possível verificar alucinações visuais e ilusões quando há uma
desorganização no lobo occipital.
3.5 Lobo da ínsula
O lobo da Ínsula está localizado na parte mais profunda do cérebro, na face
interna do lobo frontal, e é separado dos demais lobos por sulcos pré-insulares.
Tem como principal função a coordenação das emoções, fazendo parte do
sistema límbico. Funciona como uma espécie de intérprete do cérebro, ao traduzir
sons, cheiros, sabores, sentimentos de nojo, desejos, raiva, orgulho; todas as
formas de emoção e sentimentos são processadas na porção frontal da ínsula.
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Os estudos do Lobo da Ínsula são relativamente recentes. Há cerca de 10
anos, ele era caracterizado como a área mais primitiva do cérebro, envolvido em
atividades básicas, como se alimentar e fazer sexo. Todavia, verificou-se que o
lobo da ínsula tem papel primordial no processamento das emoções humanas.
A ínsula ainda prepara o indivíduo para situações que estão por vir,
ajustando o metabolismo paro o inesperado. Em pacientes portadores de fobias e
transtornos obsessivos-compulsivos, a ínsula registra atividade intensa.
TEMA 4 – ANATOMIA DO DIENCÉFALO
Como já vimos, o diencéfalo tem função vital para o organismo.
4.1 Tálamo
O tálamo tem função sensorial; ele recebe a comunicação aferente, motora,
emocional e realiza ativação cortical. Liga-se ao córtex por conexões recíprocas
através dos feixes de radiações talâmicas.
4.2 Hipotálamo
O hipotálamo recebe múltiplas conexões aferentes e eferentes que lhe
permitem múltiplas interações. Comunica-se com o Sistema Límbico por
intermédio do fórnice, da estria terminal e pelo feixe prosencefálico medial.
Relaciona-se com a área pré-frontal, onde há o comportamento emocional.
Também faz conexões viscerais e realiza aferências sobre as atividades das
vísceras provenientes do núcleo do trato solitário.
4.3 Epitálamo
O epitálamo possui duas partes distintas. A parte endócrina compreende a
glândula pineal, que produz melatonina e que, com o hipotálamo, controla o ritmo
circadiano e as demais glândulas endócrinas. A outra parte é a nervosa, que
compreende a habênulas, o trígono habenular, a comissura das habênulas, a
comissura posterior, que limita o mesencéfalo e o diencéfalo, e as fibras
relacionadas ao reflexo (pupilar) consensual.
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4.4 Subtálamo
O subtálamo tem como função a ação motora somática. Sua estrutura é
composta pelo núcleo subtalâmico e pela zona incerta. É uma região constituída
de neurônios, células que formam uma massa cinzenta denominada de lobo
límbico.
TEMA 5 – ESTRUTURA DO SISTEMA LÍMBICO
Segundo Ribas (2007), temos, no sistema límbico, o cérebro emocional.
Alguns autores o definem como lobo límbico – mas, neste caso, podem estar se
referindo ao lobo da ínsula. O sistema límbico tem uma composição básica:
tálamo, hipotálamo, amígdala e hipocampo.
Os integrantes do sistema límbico estão relacionados diretamente à
manifestação e ao desempenho de atividades relacionadas a comportamentos
emocionais e sexuais, aprendizagem, memória, motivação, mas também a
algumas respostas homeostáticas.
A melhor tradução da função do sistema límbico é a de que ele é
responsável por integrar as informações sensitivo-sensoriais com o estado
psíquico interno. Essa é uma atividade que tem um processo sináptico complexo,
em razão da produção de neurotransmissores, motivo pelo qual entendemos que
no Sistema Límbico transita o conteúdo afetivo.
O sistema límbico possui uma memória, na qual informações registradas
são relacionadas com memórias pré-existentes. O resultado disso é a resposta
emocional qualificada, que pode ser adequada, consciente e/ou vegetativa.
5.1 Tálamo
É uma massa de substância cinzenta localizada profundamente no cérebro
anterior, na parte mais alta do diencéfalo; possui funções sensoriais e motoras.
O tálamo recebe informações sensoriais do corpo e as transmite para o
córtex cerebral. O córtex cerebral envia informações motoras para o tálamo que,
posteriormente, são distribuídas pelo corpo. Participa, com o tronco encefálico, do
sistema reticular, encarregado de “filtrar” mensagens que se dirigem às partes
conscientes do cérebro.
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O tálamo é compreendido como estimulações do dorso medial e dos
núcleos anteriores correlacionadas à reatividade emocional do homem e dos
animais.
Segundo Amaral e Oliveira (2018), os núcleos na regulação do
comportamento emocional são considerados importantes por possuírem
conexões com outras estruturas do Sistema Límbico. Isso significa que o núcleo
dorso-medial faz conexão com as estruturas corticais da área pré-frontal e com o
hipotálamo. Dessa forma, compreendemos o processo de ação como oriundo do
pré-frontal e, o de emoção, do hipotálamo.
5.2 Hipotálamo
Esta região é parte do diencéfalo, e está localizada abaixo do tálamo. A
estrutura está envolvida em funções tais como a homeostase, a emoção, a sede,
a fome, os ritmos circadianos e o controle do sistema nervoso autônomo, além de
controlar a pituitária. O hipotálamo também organiza os comportamentos mais
importantes ligados à sobrevivência da espécie: luta, alimentação, fuga e
reprodução.
Segundo Machado (2013), o hipotálamo é compreendido como a parte
mais importante do Sistema Límbico. Sua função, em termos de comparação,
parece com a do cerebelo, mas trabalha as funções vegetativas do encéfalo, e
seu controle está relacionado ao comportamento. O cerebelo trabalha em função
da vegetatividade de todo o organismo. Ele mantém vias de comunicação com
todos os níveis do sistema límbico. Compreendendo o hipotálamo no sistema
límbico, verificamos sua especificidade na emoção. Observando a sua estrutura
anatômica, as partes laterais parecem envolvidas com o prazer e a raiva,
enquanto a porção mediana parece mais ligada à aversão, ao desprazer e à
tendência ao riso incontrolável (Machado, 2011).
A sintomática física do efeito da emoção no organismo tem uma via no
hipotálamo. Participam desse evento, no curso dessa informação, os centros
límbicos, que fazem a transmissão para os núcleos pré-frontais, os quais, por um
mecanismo de feedback negativo, produzem ansiedade (Machado, 2011).
Os corpos mamilares, parte integrante do hipotálamo são responsáveis por
direcionar os impulsos oriundos da amígdala e do hipocampo, além do reenvio
desses impulsos ao tálamo; por isso, são entendidos como parte mais importante
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do hipotálamo. Têm no rol de sua função principal ser um importante canal de
recepção e transmissão de informação.
5.3 Amígdala
A amígdala é uma parte do telencéfalo, e se encontra no Lóbulo Temporal.
Está relacionada à memória, à emoção e ao medo.
Observando os animais, podemos verificar que a destruição das amígdalas
torna o sujeito dócil, sexualmente indiscriminativo, afetivamente descaracterizado
e indiferente às situações de risco. Quando as amígdalas são estimuladas
eletricamente, essas estruturas provocam crises de violenta agressividade.
Observando o ser humano, a lesão da amígdala faz, entre outras coisas,
com que o indivíduo perca o sentido afetivo da percepção de uma informação
vinda de fora, como a visão de uma pessoa conhecida. Ele sabe quem está vendo,
mas não sabe se gosta ou desgosta da pessoa em questão.
A sua localização é de fundamental importância, pois está instalada na
profundidade de cada lobo temporal anterior, e funciona de modo íntimo com o
hipotálamo. É o centro identificador de perigo, gerando medo e ansiedade e
colocando o animal em situação de alerta, aprontando-se para fugir ou lutar.
Segundo Carlson (2014), a amígdala não é apenas a capitã das nossas
emoções, mas, associada ao hipocampo, também dá origem às lembranças
emocionais. Mas isso não é tudo: junto ao hipotálamo, enche os nossos processos
básicos de cor emocional, associando a ansiedade ou as emoções negativas à
alimentação, ao sono ou ao comportamento sexual.
5.4 Hipocampo
Segundo Kandel (2012), o hipocampo tem sua localização no interior do
Lóbulo Temporal. As principais funções do hipocampo estão relacionadas
diretamente ao aprendizado e à memória. É no hipocampo que ocorre a conversão
da memória de curto prazo, e nele se processam as ações de recordação das
relações espaciais no mundo ao nosso redor.
A memória de longa duração está diretamente relacionada à ação do
hipocampo, que grava a memória. Quando algo ocorre com os hipocampos, essa
memória fica impossibilitada de ocorrer. Em um hipocampo intacto, há a
possibilidade de comparar as condições de uma ameaça atual com experiências
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passadas similares. Isso proporciona ao sujeito escolher qual a melhor opção para
garantir sua preservação (Amaral & Oliveira, 2018).
Saiba mais
Confira um exemplo clássico da importância do hipocampo lendo a história do
paciente
conhecido
como
HM.
Acesse
<http://www2.uol.com.br/vivermente/reportagens/henry_gustav_molaison__o_homem_sem_lembrancas_imprimir.html>.
Segundo Carlson (2014), temos, no hipocampo, o principal encarregado da
memória emocional, pois ele trabalha como um filtro daquilo que é importante e
do que foi coletado enquanto vivíamos, sentíamos e experimentávamos. O
hipocampo e o hipotálamo trabalham juntos, permitindo que possamos nos
lembrar não somente das experiências, mas também daquilo que sentimos em
relação a elas.
FINALIZANDO
Nesta aula, pudemos observar a importância de conhecer e de
compreender o centro de comando e controle do organismo, que é o cérebro. Mais
importante foi verificar que este cérebro desvendado nos permite conhecer suas
possibilidades, seus recursos, suas potencialidades. Estudar o cérebro passa a
ser de fundamental importância para quem lida com pessoas.
Dessa forma, foi possível verificar que áreas corticais têm funções
específicas. Todavia, são responsáveis pela comunicação entre si. Outra forma
de observarmos isto está na formação do Sistema Límbico.
O Sistema Límbico utiliza-se de outras áreas, com as quais trabalha em
coordenação, objetivando o controle emocional do indivíduo.
Esta aula nos permitiu conhecer a estrutura anatômica e funcional do
cérebro.
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REFERÊNCIAS
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Artmed, 2011.
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