ROTEIRO DE CONSULTA| Paciente Luiz Farmacêutica (F) / Paciente (P) F: Boa tarde senhor Luiz. Como vai o senhor? Pode se sentar. Fica à vontade. P: Tudo bem. Obrigado! F: Senhor Luiz meu nome é Juliana, eu sou farmacêutica. Te chamei hoje aqui para a gente ver como anda a saúde do senhor e como estão os seus tratamentos, tudo bem? P: Uhum. F: Então, a minha proposta para nós hoje é verificar como está se sentindo, como estão seus exames e avaliar o seu tratamento de modo geral. Então a consulta hoje, por ser a primeira, demora um pouquinho mais para a gente se conhecer melhor. Em torno de 1 hora. Se precisar de outras consultas normalmente é mais rápido, tá bom? P: Tá bom! F: Estou vendo que o senhor trouxe os medicamentos, as receitas e os exames. P: Uhum. Me pediram para eu trazer quando agendaram essa consulta, aí eu trouxe. F: Isso mesmo. Que bom que o senhor trouxe. Daqui a pouco vamos conversar sobre eles. Quantos anos o senhor tem? P: 70. F: Com quem o senhor mora? P: Com minha esposa. F: Ela ajuda o senhor a tomar os medicamentos? P: Sim. Quando pode ela ajuda. F: Vocês têm algum telefone para quando precisarmos entrar em contato? P: Sim. 9999-9999. F: Onde vocês moram? P: Na rua da paz, 100, no bairro da luz. F: O senhor tem algum problema de visão, locomoção ou audição? P: Não. Nenhum. F: O senhor estudou, senhor Luiz? P: Sim. Estudei até completar o ensino médio. F: Qual a ocupação do senhor? Ainda trabalha com alguma coisa ou já conseguiu se aposentar? P: Já me aposentei. F: Que bom senhor Luiz. E onde que o senhor armazena os seus medicamentos em casa? P: No armário do banheiro F: Então senhor Luiz. Eu fiz essa pergunta porque existem lugares que não são recomendados para armazenamento dos medicamentos. Não recomendamos que guarde no banheiro nem na cozinha próximo à geladeira, fogão, micro-ondas e pia, nem onde pegue sol. O ideal é guardar em um local arejado, onde não pegue sol, mas que também fique fácil para o senhor ver e lembrar. P: Ah entendi. Eu não sabia. Então vou guardar na sala. Pode? F: Sim. Pode ser sim. Desde que seja em um local mais alto, fora do alcance dos netos, caso o senhor tenha. O senhor faz uso de bebidas alcoólicas senhor Luiz? P: Eu bebo pouco. Bebo uma a duas latinhas de cerveja por dia. Só nos finais de semana que bebo umas doses de pinga. F: A gente precisa tentar reduzir o consumo do álcool por que ele pode trazer prejuízos à saúde do senhor sabe? P: É. Minha esposa sempre reclama. Mas eu gosto muito da minha cervejinha. F: A gente vai conversar sobre isso com mais calma para vermos a melhor forma do senhor não ter prejuízos na saúde. O senhor fuma? P: Aí sim é um grande problema meu. Eu fumava quando era mais novo. Até fiquei sem fumar bastante tempo, mas quando tinha uns 50 anos voltei a fumar e não parei mais. F: E quanto o senhor fuma por dia? P: Um maço de cigarro por dia. F: É senhor Luiz. O cigarro realmente é um grande problema para a saúde do senhor. Além de poder causar vários tipos de câncer, ele pode causar infarto, derrame, asma e vários outros problemas de saúde. Mas caso o senhor tenha interesse em parar, existem estratégias que podem auxiliá-lo e podemos trabalhar isso nas nossas consultas também. Sabemos como é difícil parar de fumar, mas nós estamos aqui para ajudá-lo, tudo bem? P: Entendi. F: E exercício físico? O senhor pratica? P: Não. Às vezes caminhava até o mercado que era mais longe de casa, mas agora abriu uma mercearia bem perto. Eu quase não saio e como tudo é longe, meu filho que leva a gente de carro quando a gente precisa sair de casa. F: Certo. E quando fazia essas caminhadas, o senhor sentia alguma dor, algum desconforto ou falta de ar? P: Faz tempo que não caminho e quando caminhava não lembro de sentir nada ruim não. F: E como é a alimentação do senhor? O senhor restringe alguma coisa ou come de tudo? P: Eu como de tudo. Gosto muito de churrasco, massas, doces, pães. F: Entendi. E como é a rotina do senhor? Que horas acorda, toma café, lancha, almoça, janta e dorme? P: Eu acordo sete da manhã, tomo café oito horas, não lancho, almoço uma hora, janto umas sete e durmo umas onze horas. F: E como está a saúde do senhor? Me conte sobre o que mais te preocupa em relação a sua saúde. P: Eu até que estou me sentindo bem sabe, mas o médico sempre fala do meu problema da pressão que sempre foi complicado e do meu colesterol que está alto. Ele também disse que eu tenho um problema crônico nos meus rins. Ah, tem uma coisa que eu até queria ver com a doutora. Agora, tem uns 3 dias, minha coluna tá doendo. Tomei um comprimido que minha esposa tinha em casa, melhorou no dia, mas depois a dor voltou. F: O senhor se lembra qual era o medicamento? P: Era um comprimido grande. Acho que tylenol. Mas tomei dois dias só, porque tenho medo de misturar com os outros remédios que eu tomo. F: O senhor sabe me dizer se é uma dor que queima e se a dor vai irradiando para as pernas ou outro lugar? P: É uma dor que queima. Mas não vai irradiando não. É só nas costas mesmo, nessa parte de baixo (paciente aponta para região lombar). F: O senhor percebe algo que piora ou que melhora essa dor? P: Piora quando eu fico muito tempo sentado, ainda mais agora que está frio. E melhora só com o remédio mesmo. Mas o efeito do remédio passa bem rápido. F: O senhor se lembra de algo que tenha feito antes de começar a dor, como levantar algo muito pesado, ou ter batido ou caído? Ou talvez tenha dormido em local ou colchão diferente do que costuma dormir? P: Olha, agora que você falou eu lembrei que teve um dia que dormi no sofá de casa. Minha neta estava em casa e queria dormir com a avó. Nesse dia dormi no sofá. E foi depois disso que a dor começou a incomodar. F: E qual a intensidade dessa dor? Dificulta o senhor de realizar as atividades diárias? P: Não é uma dor muito forte, mas é uma coisa que fica ali incomodando. Como eu disse, quando fico muito tempo sentado vendo TV, aí na hora que eu levanto sinto que a dor fica mais forte. F: Entendi senhor Luiz. No sofá, a gente acaba dormindo em uma postura inadequada o que pode machucar a musculatura que sustenta nossa coluna. Normalmente a dor passa em alguns dias, mas para o senhor não ficar sentindo esse incômodo, vou passar esse mesmo remédio que o senhor tomou, o paracetamol, mas para aliviar a dor o senhor vai poder tomar 1 comprimido até 4 vezes ao dia. O efeito dele dura menos mesmo, por isso precisa tomar mais vezes pra melhorar. Mas ele é mais seguro para o senhor que outro medicamento, como os anti-inflamatórios. Se a dor não tiver passado nos próximos 7 dias, pode ser que precise de um diagnóstico, aí o senhor precisará consultar com o médico. Tudo bem? P: Entendi. F: Eu posso dar uma olhada nos exames do senhor? P: Sim. Estão aqui. F: Hum... Estou vendo que os exames de colesterol do senhor realmente estão alterados (CT: 260 mg/dL; TG: 350 mg/dL; HDL: 23 mg/dL). Vejo aqui também que o senhor fez cateterismo e angioplastia há 1 ano. O senhor entende o que aconteceu? Explicaram para o senhor? P: Mais ou menos. O médico disse que um vaso do coração estava fechando e que precisava desentupir ele para eu parar de ter dor. F: É isso senhor Luiz. O nosso coração é como se fosse uma bomba que vai receber sangue com oxigênio do pulmão e vai mandar esse sangue para todo o corpo. O senhor sabe que todas nossas células do corpo precisam desse oxigênio para que tudo funcione normalmente? Então o nosso coração se enche de sangue com oxigênio e se contrai; quando ele se contrai esse sangue vai para o resto do corpo, e vai irrigar também as células do próprio coração através de artérias coronárias, que são esses vasinhos que o médico disse que estavam fechando. Mas o que significa isso: “estar fechando”? Eu tenho uma ilustração aqui no consultório que pode ajudar o senhor a entender o que está acontecendo dentro do vaso do seu coração. O senhor está vendo que nós temos 3 vasos aqui? Esse primeiro representa uma artéria do nosso coração quando ainda está saudável. Com o passar dos anos, essas plaquinhas vão formando pelo estilo de vida que nós levamos, com alimentação inadequada, sedentarismo. Quando a gente continua tendo o mesmo estilo de vida, essas plaquinhas de gordura vão aumentando. Quando essa placa de gordura está grande, quase fechando a artéria, igual está acontecendo aqui (aponta o segundo vaso da ilustração), a gente começa a sentir dor no peito. Isso porque o sangue não passa direito dentro dessa artéria, dessa forma o músculo do coração vai começar a sofrer, porque não está recebendo o oxigênio pra fazer esse trabalho de bomba. E foi isso que estava acontecendo com o senhor. Por isso o médico fez a angioplastia e abriu espaço dentro dessa artéria, para o sangue conseguir passar novamente. O que é importante o senhor entender, é que esse processo de formar gordura nas artérias continua acontecendo, e por isso o médico deve ter passado mais medicamentos para o senhor e também deve ter feito algumas orientações de mudança de estilo de vida. Isso tudo serve pra evitar que isso ocorra novamente, ou para evitar algo pior, como o infarto. Quando essa plaquinha de gordura se rompe ocorre a formação de um trombo (aponta o terceiro vaso da ilustração) e assim, a parte do músculo do coração fica sem o suprimento sanguíneo e morre. Esse caso é mais grave, dependendo da artéria que isso acontece, não dá tempo de a gente ser socorrido. Por isso o infarto pode levar a morte. Essa placa se rompe seu Luiz quando fumamos, quando a pressão está alta e quando os exames sangue estão alterados. Por isso precisamos nos cuidar. P: Quer dizer que tudo isso está acontecendo dentro de mim agora? F: Pode estar acontecendo sim. Mas existe uma forma de evitar isso, que é usando os medicamentos adequadamente e realizando algumas mudanças no estilo de vida. O objetivo das nossas consultas será fazer com que o senhor consiga fazer tudo isso ao poucos. É claro que mudar tudo de uma vez só não é fácil, por isso vamos te acompanhar para ajudá-lo neste processo. Tudo bem? P: Tudo bem. F: Agora iremos medir a pressão. O senhor se alimentou ou tomou café antes de vir para cá senhor Luiz? P: Não. F: Hoje de manhã o senhor tomou os remédios da pressão? P: Eu tomei. F: E andou bastante ou fez outro esforço físico mais intenso antes de vir? P: Não. F: Está com vontade de ir ao banheiro? P: Não. F: Ótimo. Eu pergunto isso por que são coisas que podem influenciar a medida da pressão. Como é a nossa primeira consulta, eu vou fazer a medida nos dois braços do senhor. O braço que tiver a medida mais alta, eu vou medir mais uma vez e calcular a pressão média do senhor. Mas não se preocupe, pois esse é o procedimento normal. Nas próximas consultas, a gente vai realizar as medidas sempre no mesmo braço. Tudo bem? Farmacêutico afere a pressão arterial P: Sim. F: Por favor, senhor Luiz, coloca um o braço direito aqui. Deixa a palma da mão para cima. Se o senhor se sentir desconfortável me avise. Agora a gente vai ficar um pouco em silêncio durante a medida, para não alterar o valor, e já voltamos a conversar. Pode ser? P: Pode sim. F: Agora vamos medir no braço esquerdo. Em seguida farei mais uma medida no braço em que o valor da pressão estiver maior. Vamos ficar em silêncio só mais um pouquinho e em seguida conversamos. P: (consentimento com a cabeça) Farmacêutico afere a pressão arterial F: Prontinho senhor Luiz. O resultado da pressão do senhor hoje deu 167/96 mmHg. É um valor alto realmente. Mas não se preocupa. Estamos aqui justamente para avaliar essas coisas e ver como podemos resolver, junto com o senhor, e se precisar, com o médico também. Vou pedir para o senhor fazer esse monitoramento aqui (MRPA) para avaliarmos certinho como está a pressão do senhor em casa. O senhor vai medir a pressão em casa por 5 dias seguidos, três vezes pela manhã e três vezes à noite, antes de se alimentar e antes de usar os medicamentos. O senhor tem aparelho de pressão calibrado em casa? P: Tá certo. Eu tenho aparelho de medir pressão sim. É um aparelho novo e dos bons. Eu faço. Minha mulher ajuda. Eu achava que estava boa a pressão por que não tô sentindo nada. F: A pressão alta é assim mesmo. A gente não sente nada quando ela está alterada, mas se não controlarmos ela pode levar a algumas complicações, como AVC, insuficiência cardíaca, problemas visuais e nos rins. E tudo isso vai acontecendo de forma bem silenciosa mesmo. Por isso é importante sempre estarmos avaliando. Mas eu gostaria que o senhor monitorasse a pressão em casa para que a gente possa avaliar melhor na próxima consulta, tudo bem? P: Tudo bem. Pois é, minha pressão sempre variou muito. Já chegou a dar 24 por 10. Fui parar na UPA. Já cheguei a tomar tudo que era remédio, mas nada baixava. Mas depois o médico foi colocando mais remédio e foi baixando. F: Isso mesmo senhor Luiz. Temos que cuidar dessa pressão do senhor. O senhor sente dor no peito? P: Não F: E falta de ar? P: Também não. F: Tontura? P: Não F: Fadiga, cansaço? P: Também não. F: Sente dor em algum lugar? P: Só na coluna F: Ok. Agora vamos dar uma olhadinha nos medicamentos e receitas do senhor. P: Estão aqui oh... F: Esse medicamento aqui (o farmacêutico aponta para o enalapril 10 mg – prescrito 1-0-1) alguém já explicou para o senhor para quê o senhor utiliza? P: Para a pressão né? F: Isso mesmo. E como o senhor utiliza? P: Eu tomo 2 comprimidos pela manhã. F: E como o senhor se sente com este medicamento? P: Eu me sinto bem. F: E esse aqui (o farmacêutico aponta para o anlodipino 5mg – prescrito 1-0-1), o senhor sabe para quê utiliza? P: Esse eu não sei não F: É para a pressão também. P: Ah. Entendi. F: E como o senhor utiliza? P: Tomo um comprimido pela manhã. F: E como se sente quando utiliza? P: Não sinto nada. F: E esse aqui (o farmacêutico aponta para a sinvastatina 20mg – prescrito 0-0-1), o senhor sabe para quê utiliza? P: Para o colesterol ne? F: Isso mesmo. E como o senhor utiliza? P: Tomo um comprimido pela manhã F: E como o senhor se sente quando usa? P: Sinto nada não. F: E esse aqui (o farmacêutico aponta para a clonidina 0,200mg – prescrito 1-0-1), o senhor sabe para que utiliza? P: Para a pressão também. F: Isso mesmo. E como o senhor utiliza? P: Tomo quando a pressão tá muito alta. F: O senhor toma só quando está alta. Entendi. Mas alta é quanto? P: Ah. É minha esposa mede pra mim e a maior tá uns 15 ou 16. F: E nessa última semana, o senhor se lembra quantas vezes a pressão ficou alta e o senhor precisou tomar a clonidina? P: Não me lembro certinho. Mas acho que tomei uns 3 ou 4 dias. F: E quando o senhor toma ele, tem algo que o incomoda? P: Eu fico tonto e sonolento. Não me sinto bem. F: E esse medicamento aqui (o farmacêutico aponta para o AAS 100mg – prescrito 0-1-0), o senhor sabe para quê utiliza? P: Dizem que é para afinar o sangue né? F: É. Isso mesmo. E como o senhor utiliza? P: Eu tomo um comprimido após o almoço. F: E como se sente após uso deste medicamento? P: Não sinto nada. F: E esse aqui (o farmacêutico aponta para a furosemida 40mg – prescrito 1-0-0), o senhor sabe para quê utiliza? P: Para urinar. F: Ele serve para evitar retenção de líquido e também ajuda na pressão. E como o senhor utiliza? P: Esse eu parei de usar por que eu ficava indo no banheiro a noite toda e não conseguia dormir. F: Mas que horas o senhor tomava? P: À noite F: Esse foi o problema senhor Luiz. Na verdade, esse medicamento foi prescrito para tomar pela manhã justamente para não atrapalhar o sono do senhor. P: Ahhh. Então se eu tomar pela manhã não vai dar isso a noite? F: Exatamente. Vai melhorar esse problema. P: Ai que bom. F: Quero fazer mais algumas orientações com relação aos medicamentos que o senhor usa, mas antes vou fazer mais algumas perguntas para eu entender melhor a sua relação com os medicamentos. Tudo bem? P: Certo. F: São dois questionários. As perguntas são um pouco repetitivas, mas a intenção é essa mesmo. Eu vou fazer a pergunta ao senhor e a forma como o senhor interpretar a pergunta também faz parte da minha avaliação. Pra cada pergunta o senhor irá me responder uma das opções: “Nunca”, “Às vezes”, “Quase sempre” e “Sempre”. P: Tudo bem. F: Com que frequência você se esquece de tomar seus medicamentos? “Nunca se esquece”? “Às vezes se esquece”? “Quase sempre se esquece”? Ou “Sempre se esquece”? P: Às vezes. F: Com que frequência você decide não tomar seus medicamentos naquele dia? “Nunca”, “Às vezes”, “Quase sempre” ou “Sempre”? P: Nunca. Só não tomo se tiver me fazendo mal. F: Com que frequência você se esquece de ir à farmácia pegar seus medicamentos? “Nunca”, “Às vezes”, “Quase sempre” ou “Sempre”? P: Já aconteceu, mas é muito difícil. Acho que põe às vezes. F: Com que frequência você deixa acabar seus medicamentos? “Nunca”, “Às vezes”, “Quase sempre” ou “Sempre”? P: Que eu deixo acabar pra ir buscar? Acho que quase sempre. F: Com que frequência você deixa de tomar seu medicamento porque vai a uma consulta médica? “Nunca”, “Às vezes”, “Quase sempre” ou “Sempre”? P: Nunca. F: Com que frequência você deixa de tomar seu medicamento quando se sente melhor? “Nunca”, “Às vezes”, “Quase sempre” ou “Sempre”? P: Nunca. F: Com que frequência você deixa de tomar seu medicamento quando se sente mal ou doente? “Nunca”, “Às vezes”, “Quase sempre” ou “Sempre”? P: Nunca. F: Com que frequência você deixa de tomar seu medicamento quando está mais descuidado consigo mesmo? “Nunca”, “Às vezes”, “Quase sempre” ou “Sempre”? P: Nunca. F: Com que frequência você muda a dose do seu medicamento por alguma necessidade? (como quando você toma mais ou menos comprimidos do que deveria tomar)? “Nunca”, “Às vezes”, “Quase sempre” ou “Sempre”? P: Quase sempre, mas só a clonidina que uso pra quando a pressão está muito alta. F: Com que frequência você esquece de tomar o medicamento quando tem que tomar mais de 1 vez ao dia? “Nunca”, “Às vezes”, “Quase sempre” ou “Sempre”? P: Às vezes eu esqueço sim. F: Com que frequência você deixa de adquirir seu medicamento por causa do preço muito caro? “Nunca”, “Às vezes”, “Quase sempre” ou “Sempre”? P: Nunca deixo de pegar eles não. Quase não tenho gasto. F: Com que frequência você se antecipa e busca seu medicamento na farmácia antes mesmo de acabar seu medicamento em casa? “Nunca”, “Às vezes”, “Quase sempre” ou “Sempre”? P: Às vezes. F: Ótimo senhor Luiz. Esse próximo questionário é para saber sua opinião sobre os medicamentos que foram prescritos para o senhor. Agora para cada afirmação que eu ler o senhor irá me responder se “concorda”, “não tem certeza” ou se “discorda”. Certo? P: Certo. F: Atualmente, a minha saúde depende destes medicamentos. O senhor “concorda”, “não tem certeza” ou “discorda”. P: Mais ou menos. F: Ter que tomar estes medicamentos me preocupa. O senhor “concorda”, “não tem certeza” ou “discorda”. P: Me preocupa sim. F: A minha vida seria impossível sem estes medicamentos. “Concorda”, “não tem certeza ou “discorda”. P: Acho que discordo. F: Às vezes os efeitos em longo prazo destes medicamentos me preocupam. “Concorda”, “não tem certeza” ou “discorda”. P: Não sei. Acho que discordo. F: Sem estes medicamentos, eu estaria muito doente. “Concorda”, “não tem certeza” ou “discorda”. P: Acho que parcialmente. F: Estes medicamentos são um mistério para mim. “Concorda”, “não tem certeza” ou “discorda”. P: Discordo. F: A minha saúde no futuro dependerá destes medicamentos. “Concorda”, “não tem certeza” ou “discorda”. P: Concordo parcialmente. F: Estes medicamentos perturbam a minha vida. “Concorda”, “não tem certeza” ou “discorda”. P: Concordo parcialmente porque alguns me incomodam muito, mas outros não. F: Às vezes me preocupo em ficar muito dependente destes medicamentos. “Concorda”, “não tem certeza” ou “discorda”. P: Dos da pressão não. Mas essa amitriptilina eu me preocupo sim. Aí não quis tomar. F: Estes medicamentos protegem-me de ficar pior. “Concorda”, “não tem certeza” ou “discorda”. P: Concordo. F: Estes medicamentos me dão efeitos secundários desagradáveis. “Concorda”, “não tem certeza” ou “discorda”. P: Não todos, mas alguns. Acho que concordo parcialmente então. F: Pronto senhor Luiz. Acabaram as perguntas. Depois vou avaliar as respostas dos questionários com cuidado, e isso será importante para fazer o acompanhamento do senhor. Com relação aos medicamentos do senhor, o médico deixou prescrito a clonidina para ser utilizada todos os dias. Não pode ser só quando a pressão do senhor sobe. Isso inclusive pode ser perigoso porque esse medicamento, quando a gente pára de usar abruptamente, pode elevar demais a pressão; nós chamamos isso de hipertensão rebote. Ele tem que ser usado corretamente, todos os dias. O senhor acha que consegue? P: Acho que sim. F: Além disso, percebi algumas outras coisas na sua terapia que talvez estejam comprometendo os resultados do tratamento da pressão arterial. Esse medicamento aqui, o enalapril, que o senhor está tomando dois comprimidos pela manhã, na verdade foi prescrito para o senhor usar um comprimido pela manhã e um pela noite. O senhor consegue? P: Ah é? Nem percebi. Achei que era assim, os dois comprimidos pela manhã. Mas consigo sim. F: Tudo bem. Isso acontece. É muita coisa para lembrar né senhor Luiz. E eu estou aqui justamente para ajudar o senhor nisso. Esse outro medicamento, o anlodipino, que o senhor está usando um comprimido pela manhã, é para o senhor usar um comprimido pela manhã e um pela noite. P: Vixi. Achei que era só um. Então tá certo. Vou tomar de manhã e de noite. F: Ótimo. Eu vou te ajudar com isso, não se preocupe. E esse medicamento aqui, a sinvastatina, que o senhor está usando pela manhã, é importante tomar ela à noite para ela fazer efeito. Se a gente toma ele de manhã, ele não faz o efeito desejado. Talvez seja por isso que o seu colesterol está elevado. P: Ahhhhh. Achei que podia ser qualquer horário. F: Não senhor Luiz. Esse medicamento faz efeito melhor quando tomado à noite. E é um medicamento muito importante. Além de baixar o colesterol, ele ajuda a diminuir as placas de gordura dos vasos e também deixam as placas quietinhas lá, porque se essas plaquinhas se romperem podem acontecer igual eu mostrei na nossa maquete, forma um trombo, o sangue para de passar na veia e o coração infarta. P: Entendi. Tá certo. Vou tomar à noite. F: Eu vou fazer um calendário com os medicamentos e os horários certinhos para o senhor tomar. O senhor acha que ajuda? P: Sim. Ajuda demais. Por que às vezes eu confundo e esqueço. F: Pois então eu vou fazer o calendário com os medicamentos e horários conforme a rotina do senhor. P: Ai que bom. Obrigado. F: Além disso, eu vou enviar uma carta para o médico para que ele avalie a necessidade do ajuste de dose da sinvastatina. Para o senhor, esta dose pode estar baixa. Junto ao médico, precisamos melhorar essa dose para que o medicamento faça aquilo que expliquei, tudo bem? P: Pode sim. F: Os demais medicamentos a gente vai esperar para ver como eles funcionarão agora que o senhor vai tomar certinho. E aí o senhor vai monitorando a pressão conforme eu expliquei, nesse diário aqui (o farmacêutico aponta par ao MRPA). O que o senhor acha? P: Ótimo. Tá certo. F: Algum dos medicamentos incomoda o senhor? P: Esse aqui (clonidina) que me dá muita tontura e sonolência. F: E quanto incomoda? Muito, um pouco ou muito pouco? P: Muito. Mas é aquele que a doutora disse que tomo errado. Né? F: Isso mesmo. Quando tomamos apenas quando sente a pressão alta, como senhor relatou, pode sim causar sintomas como os que o senhor tem sentido. Vamos tomar conforme combinamos e a gente avalia depois, caso o senhor sinta muito desconforto. Mas para isso, eu preciso que o senhor tome direitinho, tudo bem? P: Tudo bem. F: Como o senhor está com a pressão alta aqui no consultório, vamos tentar tomar todos os medicamentos certinho pra ver se agora a pressão fica boa e se esse sintoma ruim passa. Agora, eu vou falar alguns sintomas e o senhor me fala se está sentindo ou sentiu nos últimos meses. Está certo? P: Ta bom. F: Dor de cabeça? P: Não F: Coceira? P: Não F: Problemas gastrointestinais – dor de estômago, azia, dificuldade de ir no banheiro ou diarreia? P: Não. F: Incontinência ou algum outro problema urinário? P: Não F: Problemas sexuais? P: Não F: Dor muscular? P: Só a dor na coluna que te contei F: Fadiga ou cansaço? P: Não F: Mudanças no humor? P: Não F: Problemas de sono? P: Tenho bastante dificuldade para dormir. O médico passou um medicamento, mas eu não comecei a tomar. Não quero ficar dependente. Pera aí que acho que a receita está aqui (o paciente mostra a prescrição médica de amitriptilina 25mg – 0-0-1) F: Desde quando o senhor tem esse problema para dormir? P: Já faz tanto tempo que nem me lembro F: O senhor tem dificuldade de pegar no sono? Fica acordando muito a noite? Ou os dois? P: Os dois. Demoro para conseguir dormir, mas também acordo o tempo todo a noite. E sinto que o sono não me descansa. F: Tem alguma coisa que o senhor percebe que piora essa dificuldade de dormir? P: Não F: E algo melhora? P: Não também F: Sente mais alguma coisa associada? P: Não F: Eu vou precisar encaminhar o senhor para o médico para reavaliação de um tratamento mais específico para insônia. O que o senhor acha? P: Pode ser. F: Tem mais alguma coisa que o senhor sente? P: Não. Acho que é só isso mesmo. F: Se o senhor lembrar de mais alguma coisa pode me contar P: Tá certo F: Ótimo senhor Luiz. E como o senhor faz para conseguir os medicamentos? O senhor compra ou pega no postinho de saúde? P: A maioria eu pego no posto de saúde. Mas alguns eu preciso comprar. F: E o senhor tem alguma dificuldade para comprar os que não tem posto? Pergunto isso, por que se estiver difícil para o senhor comprar nós podemos avaliar como melhorar esse acesso do senhor aos medicamentos. P: Por enquanto tá dando certo. Não tenho dificuldade não. Sei que eles são importantes, tenho que usar, então faço um esforço. F: Que bom que está dando certo senhor Luiz. Mas se sentir qualquer dificuldade me fala. P: Ta certo. Obrigada. F: O senhor usa algum chá? P: Não F: E acupuntura? P: Não F: Florais? P: Não F: Nenhum outro tipo de terapia? P: Não F: Ta certo. E o senhor tem alguma alergia? P: Sim. Dipirona F: Sempre que o senhor for usar algum medicamento ou fazer algum procedimento, informe dessa alergia senhor Luiz. E observe bem a composição dos medicamentos que o senhor usa, pois, alguns medicamentos contêm dipirona na composição. P: Tá certo. F: Senhor Luiz me diz uma coisa, se fosse para dar uma nota para sua saúde, no geral, que nota o senhor daria, sendo 10 a melhor saúde imaginável e 0 a pior? P: Eu vou dar 7. F: pode me contar por que senhor Luiz? P: Por que apesar de saber que estou doente e usar tantos medicamentos, eu estou vivo. F: Agora pensando na qualidade de vida que o senhor tem, que nota o senhor daria sendo 10 a melhor qualidade de vida e 0 a pior? P: Acho que para a qualidade de vida eu dou 9. Por que apesar das dificuldades, eu tenho uma família muito boa, sabe? F: Aham. Isso é importante demais! P: Eu não tenho do que me queixar, queria e quero viver muito tempo, por isso que eu tomo esse monte de remédio, às vezes eu fico pensando: eu tomo tanto remédio. Aí eu não acho que precisa. Dá vontade de parar, mas se eu paro é pior, aí não dá certo. F: É importante tomar os medicamentos para ficar bem né senhor Luiz?! P: É. Faz parte. F: Senhor Luiz, então hoje nós decidimos algumas coisas importantes juntos né? Esse é o calendário posológico que eu montei para ajudar o senhor a tomar os remédios certinhos (o farmacêutico mostra o calendário posológico). Aqui nas linhas horizontais eu coloquei cada um dos medicamentos de uso contínuo do senhor, e em cada coluna eu coloquei o número de comprimidos que você deve tomar em cada horário, café da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e hora de dormir. Veja que aqui em cima eu coloquei nas colunas se é para o senhor tomar o remédio antes ou após as refeições. Agora eu quero que o senhor olhe esse calendário e me conte como o senhor tomará cada um dos medicamentos. P: Tudo bem. Tá, esse aqui é o enalapril, eu tenho que tomar um comprimido depois do café da manhã e um à noite, após o jantar; tem o anlodipino que também é um comprimido de manhã e um à noite, depois do café e do jantar; a clonidina que vou tomar um comprimido de manhã e um à noite, depois do café e do jantar também; a furosemida pra tomar um comprimido de manhã depois do café; o AAS um comprimido após o almoço e a sinvastatina que é para eu tomar um comprimido antes de dormir. F: Muito bem!! O senhor conseguiu entender o calendário bem certinho. O senhor pode deixar em algum lugar que fica fácil do senhor ver todos os dias. Além disso, posso colocar alarmes no celular do senhor, assim ele vai tocar quando for a hora de tomar os remédios. O senhor acha que ajudaria? P: Ah ótimo. Vai me ajudar muito. F: Me empreste o celular que coloco rapidinho. F: Pronto. O calendário e os alarmes vão evitar que o senhor se esqueça de tomar os medicamentos nos horários corretos. Siga essas orientações essa semana e em casa o senhor irá fazer o monitoramento da sua pressão arterial e irá preencher essa ficha, para entendermos como a pressão está em casa. P: Sim. Vou fazer bem certinho. F: Já estou escrevendo aqui também a carta para o médico do senhor para ele avaliar esse medicamento que o senhor toma, a sinvastatina, pois talvez seja necessário aumentar a dose. Além disso, estou relatando aqui a dor nas costas que o senhor se queixou, para ele avaliar, caso o senhor ainda sinta dor até a consulta. Também estou solicitando a reavaliação do seu tratamento para insônia e monitoramento do seus rins. O senhor concorda? P: Sim. F: Aqui está a receitinha do remédio que o senhor vai tomar para dor nas costas que falei antes. Veja que coloquei aqui para o senhor tomar no máximo 4 comprimidos por dia, para reduzir o consumo de álcool e evitar uso de novos medicamentos sem indicação do médico ou farmacêutico. Isso tudo pra evitar que o senhor tenha algum problema relacionado ao uso desse medicamento. P: Certo. Entendi. F: Estou aqui para te ajudar, senhor Luiz. Faremos de tudo para deixar a saúde do senhor a melhor possível e para que o tratamento do senhor tenha os melhores resultados. P: Obrigado. F: O senhor tem alguma dúvida senhor Luiz? P: Não. F: Caso o senhor tenha alguma dúvida ou alguma dificuldade para seguir o plano que fizemos juntos pode entrar em contato comigo. Aqui eu anotei para o senhor o telefone da farmácia. Pode me ligar sempre que necessário. P: Certo. F: Como eu comentei antes, o estilo de vida que levamos influencia muito na nossa saúde. E a gente precisa ter um cuidado maior com o senhor, por causa da hipertensão, do rim, do colesterol alto e, principalmente, porque o senhor já infartou. Então nas nossas próximas consultas, quero conversar melhor com o senhor em relação ao cigarro, o consumo de álcool em excesso, a alimentação e a falta de atividade física. O que o senhor acha de agendarmos nossa próxima consulta para daqui a 7 dias? Pode ser? P: Pode sim. F: Ótimo. Tem alguma preferência de horário? P: Se for a tarde para mim é melhor. F: Pode ser a tarde. Então eu anotei aqui para o senhor a data e o horário da nossa próxima consulta. Ficou para o dia 10/06 às 13:30h. P: Combinado. F: Quer me falar ou perguntar mais alguma coisa senhor Luiz? P: Não. F: Então nos encontramos em breve na próxima consulta. E qualquer coisa que precisar pode me ligar ou vir aqui conversar comigo. P: Certo. Muito obrigado.