SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS: DIFERENCIAL RESIDUAL Amanda C. C. Gonçalves1; Érica L. O. Rocha2; Elvis Rodrigues3; Igor Aparecido Ribeiro4; Higor Azevedo5; Johnson Oliveira6; Karen Patrícia de Moura7; Pedro Veloso8; Washington Souza9 Eduardo Henrique Goncalves10 (Orientador) Centro Universitário de Belo Horizonte, Belo Horizonte, MG 1amandacosta52@hotmail.com; 2ericaludimila@hotmail.com; 3elviseletrica@gmail.com; 4igaoribeiro@yahoo.com.br; 5higor.tam@gmail.com;6john_oliv@yahoo.com.br; 7karenpmoura@yahoo.com.br; 8pedro.veloso@mbmineracao.com.br; 9washingtongsf@hotmail.com; 10ephpgp@yahoo.com.br RESUMO: Circuitos e equipamentos elétricos são constantemente solicitados a funcionar em condições de variação dos níveis de tensão em relação aos valores nominais com sub ou sobre tensões. Esta situação se agrava quando os circuitos não estão em bom estado de conservação. Tais variações podem danificar os circuitos e equipamentos, e podem resultar na circulação de correntes de fuga pela estrutura dos equipamentos ou pela fiação, colocando em risco de acidentes de choque pelo contato direto ou indireto. A fim de amenizar este risco, para determinados tipos de circuitos, a norma NBR 5410 indica a instalação de DR’s para proteção. Assim, este trabalho vislumbra expor sobre a aplicabilidade e a importância deste dispositivo nos sistemas de proteção. PALAVRAS-CHAVE: SEGURANÇA, PROTEÇÃO, CHOQUE-ELÉTRICO. ABSTRACT: Electrical circuits and equipment are constantly being asked to operate under conditions of varying voltage levels relative to nominal values under or over voltages . This situation worsens when the circuits are not in good condition . Such variations can damage the circuits and equipment , and may result in the circulation of leakage currents by the structure of the equipment or the wiring , posing a risk of accident shock by direct or indirect contact . In order to mitigate this risk for certain types of circuits , the NBR 5410 indicates the installation of DR's for protection. Thus , this work presents expound on the applicability and the importance of this device in protection systems . 1. qualquer instalação elétrica. Gradativamente, esse INTRODUÇÃO equipamento Com o aumento crescente de acidentes envolvendo eletricidade, tornará necessário uso de diversos mecanismos de proteção. O escape de corrente elétrica pode causar acidentes graves e gerar danos temporários ou permanentes aos usuários das instalações. vem ganhando reconhecimento e emprego nas novas instalações, mas ainda é pouco utilizado. Esse equipamento é normatizado através da ABNT NBR5410 que estabelece as condições a que devem satisfazer as instalações elétricas de baixa tensão, a fim de garantir a segurança de pessoas e animais ao funcionamento adequado da instalação e a Falar de proteção é muito complexo, pois só se dedica conservação dos bens. Esse dispositivo tem como a devida importância quando há um risco. Nesse caso função acusar e desarmar o circuito quando houver o risco existe e é expresso pelo número de pessoas uma fuga de corrente elétrica. As correntes de fuga que morrem ou são vítimas de acidentes cuja origem é provocam riscos às pessoas, aumento de consumo de a eletricidade. energia, aquecimento indevido, destruição da um isolação, podendo até ocasionar incêndios, a partir daí equipamento indispensável para a segurança de podemos concluir sobre a importância da utilização O dispositivo diferencial residual (DR) é desses equipamentos na segurança à vida dos O choque elétrico é a passagem de uma corrente pelo usuários e também dos equipamentos da instalação. corpo 2. tornando-se um condutor elétrico. Essa condução de corrente varia de acordo com a PROBLEMA E CONTEXTUALIZAÇÃO intensidade de volts com que a pessoa é submetida Um condutor metálico, que tem a característica de no choque elétrico e pode gerar desde um pequeno ter elétrons livres, quando é conectado a um pólo susto até uma fibrilação cardíaca ou mesmo a morte. positivo, e em sua outra extremidade a um pólo negativo (diferença de potencial elétrico, ddp), iniciam um movimento ordenado e em um sentido - a corrente elétrica. Ela é explicada pelo conceito de campo elétrico, ou seja, ao considerar uma carga A positiva e outra B, negativa, então há um campo orientado da carga A para B. Ao ligar-se um fio condutor entre as O choque elétrico pode ser causado por fenômenos naturais como um raio, por exemplo, ou acidentes como o contato direto com fiações elétricas domésticas ou públicas, áreas energizadas em decorrência de alguma fonte de energia mal isoladas, ou até mesmo o contato direto com uma pessoa que está recebendo uma descarga elétrica. duas os elétrons livres tendem a se deslocar no sentido da carga positiva, devido ao fato de terem cargas negativas, lembrando que sinais opostos são atraídos. O sentido convencional da corrente coincide com o sentido de movimentação das cargas elétricas positivas, que é contrário ao movimento dos elétrons. Figura 02: Passagem de corrente pelo corpo Fonte: http://www.infoescola.com/fisica O efeito da corrente no corpo humano depende da intensidade da corrente, do tempo de exposição, do percurso através do corpo humano e das condições Figura 01: Sentido da corrente Fonte: http://www.infoescola.com/fisica/corrente-eletrica/ A intensidade da corrente é dada pela quantidade de carga elétrica por unidade de tempo, logo temos: Onde: Q= carga elétrica (C - Coulomb). Delta t = intervalo de tempo (s - segundo). i = intensidade de corrente (C/s ou A - Ampere). Unidade de medida (SI). orgânicas do individuo. Tabela 01: Efeitos fisiológicos diretos Fonte: http://www.infoescola.com/fisica Caso uma instalação elétrica tenha "fugas" de A Associação Brasileira de Conscientização para os eletricidade, o DR desarma instantaneamente, até que Perigos a "fuga" seja eliminada. da Eletricidade (Abracopel) divulgou os dados de acidentes elétricos ocorridos em 2013. Este dispositivo protege os condutores do circuito A entidade usa, desde 2007, a internet e os sistemas contra sobrecarga e curto-circuito e as pessoas contra de alerta online para reunir os dados. Por meio de choque elétrico. palavras-chave como eletrocussão, choque elétrico e 3.1 Classificação de acordo com a IEC61008-1 curto circuito, e também de notícias publicadas na internet as informações chegam até a Abracopel, que trabalha estaticamente os dados. O resultado dessa análise é a única pesquisa do tipo que existe no Brasil. Tabela 02: Efeitos fisiológicos indiretos Fonte: http://www.infoescola.com/fisica Tendo como base as normas IEC 61008-1, IEC 61009-1 e IEC 60947-2, os DR’s são divididos em três tipos, sendo: Tipo I – Dispositivos que operam sem proteção de sobrecorrente, para proteção residencial e similar. Figura 03: DR sem proteção de sobrecorrente Fonte: www.ge.com.br Em 2013, a entidade registrou 592 mortes. Além Tipo II – Dispositivos que operam com proteção de desse dado, 173 choques elétricos resultaram em sobrecorrente incorporada, para proteção residencial e grave sequela; ocorreram 234 curtos-circuitos, sendo similar. 200 acabando em incêndios de grandes proporções. Portanto, a Abracopel registrou um total de 1038 acidentes envolvendo eletricidade. Entre 2007 e 2012, a média de mortes por choques elétricos foi de 270. Os números de 2013 foram considerados assustadores pela entidade. 3. DIFERENCIAL RESIDUAL - DR O DR tem a função de identificar caso haja a fuga de corrente elétrica numa instalação e "desarmar" o circuito. Essa "fuga elétrica" pode ser um simples cabo/fio descascado em algum lugar da edificação, bem como pode ser uma pessoa levando um choque. Figura 04: DR com proteção de sobrecorrente incorporada. Fonte: www.ge.com.br Tipo III – Dispositivos de corrente diferencial residual com toróide externo: usado em plantas industriais com elevadas correntes de fuga à terra. São compostos por um relé conectado a um toróide externo com enrolamento para detecção de corrente residual. No caso de falha à terra, um sinal comanda o mecanismo de abertura de um dispositivo de seccionamento de 4. FUNCIONAMENTO potência (disjuntor ou contator). Uma característica comum nestes dispositivos é a possibilidade de ajustar-se o nível de corrente de fuga e também definir um tempo de atraso (delay) para a atuação da proteção. Esta função é especialmente útil na proteção de motores de indução trifásicos, os quais Basicamente, o funcionamento do DR é similar a um interruptor automático, que atua na instalação, desligando o circuito elétrico para situações em que a corrente de fuga expor a vida das pessoas ao risco de acidente. podem apresentar elevadas correntes de fuga no momento da partida. Figura 06: Contato Direto e Indireto com Corrente de Fuga Fonte: www.siemens.com.br O contato com as instalações elétricas pode ocorrer Figura 05: DR com toróide externo. Fonte: www.ge.com.br de forma direta ou indireta, conforme ilustrado a seguir. Para ambas situações, a atuação do DR 3.2 Classificação Quanto ao Tipo de Proteção ocorrerá da mesma forma, pois este dispositivo visa promover a garantia da proteção das pessoas contra Quanto ao tipo de proteção, os DRs são divididos nos seguintes tipos: choques elétricos provocados por contatos diretos e/ou indiretos com partes energizadas, bem como a a) Quanto ao tipo de falta possível de se detectar: proteção contra os riscos de incêndio devido aos - Tipo AC: a abertura é garantida para correntes possíveis efeitos de circulação das correntes de fuga residuais alternadas senoidais ou de falta para a terra (LIMA FILHO, 2001) [15]. - Tipo A: a abertura é garantida para correntes residuais alternadas senoidais e correntes residuais pulsantes (retificadas meia-onda) - Tipo B: a abertura é garantida para correntes residuais contínuas, para correntes residuais alternadas senoidais e correntes residuais pulsantes. b) Quanto ao tempo de operação: - Tipo Instantâneo - Com tempo de atraso (tipo S) Figura 07: Vista de Corte Frontal de um DR Fonte: Guia EM da NBR5410 O circuito do DR é composto basicamente por: - Transformador diferencial toroidal; I3, que passa a circular no enrolamento do circuito - Disparador Eletromagnético; de detecção. • Quando a corrente I3 é grande o suficiente para - Carga; - Relé (Imã permanente, contatos NA / NF). atingir a faixa de valores nominais especificados para o circuito de detecção, ela gera um campo magnético que é capaz de vencer o campo 4.1 Funcionamento do DR: magnético permanente do imã (circuito do relé), o O funcionamento do circuito segue descrito baseando- que causará o disparo do circuito e a inversão do se no Guia EM da NBR5410 [11] e no manual sobre contato, que vai abrir e interromper o circuito, logo DR para eletricistas da Siemens [1]. cessando a corrente de fuga que chegaria até o • O circuito é energizado com Fase e Neutro (FN), equipamento ou cabos / fiação. gerando a corrente I1, descendente em relação à carga (a). I1 ao passar pela bobina 5. NORMAS DE SEGURANÇA b1 transformador diferencial toroidal, cria um fluxo magnético Ф1. De acordo com o item 5.1.3.2.2 da norma NBR 5410, o dispositivo DR é obrigatório desde 1997 nos seguintes casos: I. Em circuitos que sirvam a pontos de utilização situados em locais que contenham chuveiro ou banheira. II. Em circuitos que alimentam tomadas situadas em áreas externas à edificação. III. Em circuitos que alimentam tomadas situadas em áreas Figura 08: Esquema elétrico do circuito do DR Fonte: Guia EM da NBR5410 internas que possam vir a alimentar equipamentos na área externa. IV. Em circuitos que sirvam a pontos de utilização • A corrente I1 circula na carga e retorna de forma situados em cozinhas, copas, lavanderias, áreas de ascendente como I2 (corrente de retorno). I2 por serviço, garagens e demais dependências internas sua vez ao circular pela bobina b2, gera o fluxo Ф2. normalmente molhadas ou sujeitas a lavagens. Esta segunda bobina está oposta a primeira bobina Observações: onde passou I1, logo o fluxo gerado por ela estará • A exigência de proteção adicional por dispositivo vetorialmente oposto ao Ф1. • Caso I1 seja igual a I2, os dois fluxos gerados irão se anular o que significa que o circuito está em DR de alta sensibilidade se aplica às tomadas de corrente nominal de até 32A; • Quanto ao item 4, admite-se a exclusão dos pontos equilíbrio e não está ocorrendo nenhuma fuga de que corrente seja para a carga ou para a instalação e posicionados a pelo menos 2,50m do chão; fiação do circuito. Ou seja, o circuito do DR está em equilíbrio e o diferencial entre I1 e I2 é zero. alimentem aparelhos de iluminação • O dispositivo DR pode ser utilizado por ponto, por circuito ou por grupo de circuitos. • Caso I1 seja diferente de I2, a diferença vetorial A NBR 5410/97, norma da ABNT sobre instalações entre estas correntes não é zero, ou seja, há um elétricas de baixa tensão, prescreve a separação dos desequilíbrio entre os fluxos Ф1 e Ф2. Desta forma, circuitos de iluminação e tomadas em todos os tipos por indução magnética será gerada uma corrente de edificações e aplicações, independentemente do “Qualquer que seja o esquema de aterramento, local (quarto, sala, etc). deve ser objeto de proteção complementar contra Há dois motivos básicos para essa exigência. O contatos diretos por diferencial-residual dispositivos (dispositivos a DR) corrente de alta primeiro é que um circuito não deve ser afetado pela sensibilidade, isto é, com corrente diferencial falha de outro, não permitindo que, por ocasião de um residual IΔN igual ou inferior a 30 mA”. (NBR 5410) defeito em circuito, toda uma área fique desprovida de alimentação elétrica. O segundo é que a separação dos circuitos de iluminação e tomadas auxilia, de modo decisivo, na implementação das medidas de proteção adequadas contra choques elétricos. Nesses casos, quase sempre é obrigatória a presença de um dispositivo DR nos circuitos de tomada, o que não acontece com os circuitos de iluminação. Ao contrário do que pode parecer, o aumento de custo Figura 09: Circuito com DR instalado Fonte: Fonte: Guia EM da NBR5410 de uma instalação é quase insignificante quando se a) Os circuitos que sirvam a pontos situados em separam os circuitos de iluminação e tomadas. Além disso, a crescente presença de aparelhos eletrônicos (computadores, videocassete, DVDs, reatores eletrônicos, etc.) nas instalações provoca um aumento na presença de harmônicas nos circuitos, perturbando assim o funcionamento geral da instalação. locais contendo banheira e chuveiro; b) Os circuitos que alimentam tomadas de corrente situadas em áreas externas à edificação; c) Os circuitos de tomadas de corrente situadas em áreas internas que possam vir a alimentar equipamentos no exterior; Uma das recomendações básicas quando se trata de reduzir a interferência provocada pelas harmônicas é separar as cargas perturbadoras em circuitos independentes dos demais. A NBR 5410/97 exige ainda que a seção mínima dos d) Os circuitos de tomadas de corrente de cozinhas, copas-cozinhas, lavanderias, áreas de serviço, garagens, e no geral, a todo local interno molhado em uso normal ou sujeito a lavagens; circuitos de iluminação seja de 1,5mm e a dos circuitos de força, que incluem as tomadas, de 2,5mm. Portanto, a exigência da norma de separar os circuitos de iluminação e força tem forte justificativa técnica, seja no que diz respeito ao funcionamento adequado da instalação, à segurança das pessoas ou à qualidade de energia no local. 6. APLICAÇÕES A seção 5.1.3.2.2 da NBR 5410 estabelece alguns Figura 10: DR Bipolar instalado em Chuveiro Fonte: Fonte: Guia EM da NBR5410 e) Campings, laboratórios, oficinas; casos em que o uso de dispositivo diferencial-residual de alta sensibilidade como proteção adicional é obrigatório: f) Canteiros de obras e quaisquer instalações provisórias, como palcos, estruturas metálicas de construção, etc. 7. INSTALAÇÃO DO DR O dispositivo DR, conforme a norma brasileira de baixa tensão NBR-5410, deve ser instalado no quadro geral da residência, nos circuitos que atendem às partes molhadas, como banheiros, cozinhas, área de serviço e piscinas. Como dito em norma “Nesses locais, a chance de o usuário de equipamento energizado ser eletrocutado é muito maior que em Figura 13: Esquema TT Fonte:Siemens outros da residência. Por isso, a norma obriga a sua utilização”. O esquema TT possui um ponto da alimentação 7.1 Esquema de ligações básicas (NBR 5410 – diretamente item 4.2.2.2) instalação ligadas a eletrodo(s) de aterramento aterrado, estando as massas da eletricamente distinto(s) do eletrodo de aterramento da alimentação. Em sistemas TN-C o dispositivo DR somente poderá ser instalado se o circuito protegido for transformado em TN-S, caracterizando-se um sistema TN-C-S. 7.2 Como montar os quadros de distribuição Abaixo segue um exemplo de montagem dos Figura 11: Esquema TN-S Fonte:Siemens Dispositivos DR nos quadros de distribuição padrão IEC. No esquema TN-S as funções do condutor Neutro (N) e do condutor de Proteção (PE) são distintos na rede. 1 - Dispositivo DR tetrapolar de 30 mA. 2 - Circuitos de saídas protegidos por disjuntores Dispositivo de proteção contra surtos - DPS, instalados entre fase (F) e terra (PE). 3A/3B - Dispositivo de proteção contra surtos - DPS, instalados entre neutro (N) e terra (PE). Nos casos onde a separação do condutor neutro (N) e terra (PE) ocorre dentro do Quadro de Distribuição, não é necessário aplicação desse módulo. Figura 12: Esquema TN-C-S Fonte:Siemens No esquema TN-C-S as funções do condutor Neutro (N) e do condutor de Proteção (PE) são combinadas em um único condutor (PEN). c) Todos os exemplos acima descritos consideram que junto ao medidor existe uma proteção realizada por meio de disjuntor IEC ou fusível, por esta premissa, foi possível realizar os exemplos de montagem sem a utilização de um disjuntor geral no quadro de distribuição, realizando a entrada diretamente pelo Dispositivo DR. Nos casos onde não houver uma proteção prévia coordenada é recomendável a utilização de um disjuntor geral no Quadro de Distribuição. Figura14: Instalação no quadro de Distribuição Fonte:Siemens 8. BENEFÍCIOS NA UTILIZAÇÃO DO DISPOSITIVO DE SEGURANÇA DR 4 - Barramento para condutores de proteção - terra (PE). Como descrito anteriormente, a função e utilidade do dispositivo DR é evidenciado pela norma técnica de 5 - Barramento para condutores neutro (N). segurança NBR 5410/97 que obriga o seu uso, a fim 6 - Barramento bifásico isolado para alimentação dos de conscientizá-los dos benefícios e assegurar a circuitos. integridade física dos eletricistas, operadores e 7 - Terminal para derivação. usuários dos equipamentos protegidos por esse dispositivo na realização de suas atividades diárias. 8 - Trilho de fixação rápida. Assim sendo, os principais benefícios observados 9 - Isolador terminal (reserva). após a sua utilização, foram referentes a obtenção de 10 - Circuitos de saída dos cabos terra. um ambiente de trabalho mais sadio com menor risco de acidentes envolvendo choques elétricos. 11 - Circuitos de saída dos cabos neutro. 12 - Cabos de entrada. 8.1 Principais benefícios do Interruptor Residual: 13 - Cabos de interligações internas do quadro. • Proteção contra riscos de acidentes com O exemplo de montagem acima é para uma rede eletricidade. Vários estudos comprovam que à bifásica (2F + N + PE), para outras possibilidades de corrente elétrica circula pelo corpo do ser redes considerar as seguintes alterações: humano em diferentes intervalos de tempos, a) Para uma rede trifásica (3F + N + PE), o Dispositivo causam diversos efeitos, sendo assim, levam a DR permanecerá tetrapolar fazendo a ligação da fase descobrir seis zonas de tempo X corrente e os (F3). Utilizar mais um dispositivo de proteção contra efeitos sobre essas pessoas. surtos - DPS para a fase adicional e barramento • manter a segurança das pessoas. trifásico isolado. b) Para uma rede monofásica (1F + N + PE), o Dispositivo DR será bipolar e desconsiderar um dispositivo de proteção contra surtos - DPS da fase (F2) e o barramento isolado será monofásico. Seja qual for a sua aplicação, o DR ajuda a • Proteção contra incêndios: Uma corrente de fase-massa elevada (na ordem de mA) pode provocar aquecimentos indesejáveis em seu percurso, devido a circunstâncias locais, é imprevisível. • Esses aquecimentos quando Essa situação também poderá ocorrem em lugares onde são armazenados, acontecer quando são usados circuitos (fios) produtos elétricos inflamáveis, pode tronar-se um extremamente longos, colocados incêndio. Neste caso o DR tem como função muitos equipamentos elétricos para serem fazer um diagnóstico para detectar instalações alimentados por um único DR, ou quando a sua mal executadas ou mau estado de conservação. instalação é imprópria (como um DR para rede É um vigilante de boa qualidade de uma elétrica monofásica ser empregado em uma instalação elétrica. trifásica). • Permite manter a instalação em bom estado. • A corrente diferencial residual funciona como, 9. um elemento de controle do nível de isolamento de uma instalação elétrica, sendo assim, possibilita o racionamento de energia nos locais onde o aterramento elétrico realmente funciona como é o caso da Espanha onde as hastes utilizadas para este fim são soldadas. No Brasil, o fato de as hastes serem apenas amarradas umas às outras, impossibilita usufruir dessa vantagem. • molhadas. DR COM SISTEMA ELETRÔNICO No Brasil, predominantemente são utilizados DR’s eletromecânicos. Já nos Estados Unidos, na África do Sul, no Japão e na China o uso dos DR’s eletrônicos se destaca. “No caso do Brasil, uma explicação para a predileção pelo DR eletromagnético pode ser obtida na própria norma de instalações elétricas de baixa tensão (ABNT NBR 5410), que restringe o uso de DR’s eletrônicos em algumas situações: 6.3.3.2.7 Admite-se o uso de dispositivos DR com fonte auxiliar que não atuem automaticamente no caso de falha da Limita as correntes de fuga a valores aceitáveis. O dispositivo evita o desperdício contribuindo, para conservação da energia elétrica. fonte auxiliar se a instalação na qual o dispositivo for utilizado tiver sua operação, supervisão e manutenção sob-responsabilidade de pessoas advertidas (BA4) ou qualificadas (BA5).” [13] 8.2 Limitações do Interruptor Residual: Os modelos de DR eletromecânico e eletrônico De acordo com ALENCAR et al (2003) [12], apesar de seus Benefícios o DR também possui suas limitações, são elas: • simultaneamente, em duas partes o circuito que estejam em potencial diferente. Acionamento automático aparentemente, nenhum defeito no seu isolamento. Essa situação acontecerá, seja motivos de má esses dois dispositivos é que o eletromecânico não depende de uma tensão de alimentação para poder atuar, enquanto que o dispositivo eletrônico, por ser composto por um sistema sensorial e um circuito quando, equipamento ou instalação elétrica, ocorreu no por funcionamento para detectar a presença de correntes de fuga em um determinado circuito. O que diferencia O Dispositivo DR não protegerá a pessoa de sofrer um choque elétrico, caso esta tocar, • disponíveis no mercado tem o mesmo princípio de manutenção dos equipamentos ou instalação elétrica, como existência de material estranho nos seus circuitos elétricos, má conservação dos fios elétricos e conectores e ferramentas elétricas eletrônico que faz a analise vetorial das correntes diferencias, pressupõe uma alimentação do circuito para que este opere como esperado [13]. A dependência do circuito eletrônico da alimentação para poder funcionar é um ponto de atenção, já que tal tensão de alimentação será a responsável por fazer o dispositivo acionar o contato que interrompe o circuito onde há presença de correntes de fuga. No DR eletromagnético, como explicado anteriormente, a presença da corrente de fuga é quem irá provocar a alteração do relé que irá abrir o circuito. Tal fato torna o DR eletrônico mais sensível quando a tensão de alimentação é reduzida. Todavia, os DR’s eletrônicos podem atingir um nível de grau de controle muito mais refinado, podendo ter sensibilidade para detectar a presença de correntes de fuga ainda menores, apresentando uma alta performance e menor sensibilidade a disparos intempestivos [13]. Existem ainda outros estudos que buscam assimilar o Figura 15: Interruptor de corrente de fuga à terra uso dos DR’s eletrônicos com microcontroladores, de Fonte: SOUZA, 2012 forma a automatizar ainda mais o funcionamento dos diferenciais residuais e ampliar a sua faixa de precisão e sensibilidade na detecção de correntes de fuga. “O protótipo do dispositivo DR eletrônico contara com elementos eletrônicos para leitura e interpretação dos dados obtidos nos condutores” [14]. Observa-se que “o GFCI não substitui o Disjuntor DR (Disjuntor Diferencial Residual), mas complementa a função exigida na NBR 5410 de proteção contra os efeitos nocivos das correntes de fuga, também de acordo com a NR-10, principalmente em casos de uso de equipamentos elétricos temporários em obras, Tal dispositivo microcontrolado se mostrou capaz de ambientes industrias e outros.” [16] detectar correntes a níveis de micro àmperes, o que demonstra que os DR’s ainda podem evoluir muito e ter sua precisão devidamente ajustada de acordo com a necessidade de sua aplicação. 10. GFCI (GROUND FAULT CIRCUIT INTERRUPTER) – DR PORTÁTIL “O GFCI (Ground Fault Circuit Interrupter) não é senão um interruptor DR portátil que se insere entre qualquer tomada e a máquina ferramenta (eletroportátil) e que tem sensibilidade da ordem de 6 mA a 10 mA para as Figura 16: Equipamento ligado ao CFTI correntes de fuga, com capacidade de suportar Fonte: www.qualisseg.com.br correntes de carga da ordem de 15 A. Não se trata, obviamente, de equipamento obrigatório, nem a NR10 menciona o dispositivo, mas há empresas que, conscientes da importância de sua aplicação nos trabalhos de instalação, manutenção e conservação em instalações de terceiros, cujo controle elas não detêm, fornecem os dispositivos aos seus colaboradores, com instrução e compromisso de utilizá-los sempre, de forma a garantir a proteção contra choques.” [10] A norma OSHA, exige a aplicação do GFCI para equipamentos elétricos de uma fase, 125 V, 15, 20 ou 30A que não fazem parte permanente da instalação elétrica, ou seja, para conexões temporárias. Equipamentos elétricos que não fazem parte da instalação elétrica permanente também devem ser ligados a um GFCI, independentemente da voltagem e corrente. [16]. encontrados. Ou seja, subestima-se o risco que uma 11. CONCLUSÃO instalação MOREIRA (2014) afirma as instalações elétricas, sejam elas provisórias (canteiros de obras, por exemplo) ou definitivas, devem respeitar os preceitos da NR10, que não diferencia tais instalações, e preconiza que ambas devem receber o mesmo tratamento em relação à segurança. Ou seja, para ambas as instalações devem-se equipamento protegido de forma inadequada pode representar para a segurança e atenuação ou mitigação de riscos de acidentes. Assim, muitos profissionais e empresas deixam de investir em segurança, convivendo com um sistema precário ou inexistente de proteção à variações de tensões e correntes e se colocam a margem de ter obedecer aos mesmos requisitos e condições que arcar com danos graves, quiçá irreversíveis mínimas na implementação de medidas de controle decorrentes de um acidente elétrico que venha a e sistemas preventivos, a fim de garantir a ocorrer. segurança e a saúde dos trabalhadores que, direta “Ao circular pelo corpo humano, ou de animais, a ou indiretamente, interajam em instalações elétricas e serviços com eletricidade. E não somente isso. corrente elétrica produz um efeito patofisiológico Ambas as instalações devem respeitar ainda os chamado Choque Elétrico que pode, muitas vezes, mesmos provocar lesões graves, ou mesmo vítimas fatais” requisitos de projeto e montagem estabelecidos pela norma técnica de baixa tensão, a ABNT NBR 5410. (MOREIRA, 2014) Apesar de ser de extrema importância, reconhecidos e exigidos pela NBR5410, de acordo com a pesquisa do mercado brasileiro dos Dispositivos Elétricos [8], os DR’s não fazem parte do dia a dia do profissional da área elétrica, pois sua utilização não foi fortemente Além disso, outro gargalo em relação à utilização de dispositivos de proteção nas instalações, é que em muitos casos a especificação destes é feita de forma inadequada ou ainda a instalação é incorreta. Isso faz com que dentre as não conformidades detectadas, por em canteiros de (LIMA FILHO, 2001) [15]. Por isso medidas de proteção preventiva vislumbrando a redução ou mitigação do risco de acidentes por contato com superfícies energizadas se faz tão necessário. O que fica claro é a necessidade do desenvolvimento de um trabalho de conscientização a fim de que seja dada verificada nos dados levantados. exemplo, ou obras [9], o superdimensionamento de dispositivos de proteção e a ausência de DR estejam dentre os problemas mais a devida importância à especificação e instalação adequada do sistema de proteção elétrico, pois apesar da obrigatoriedade normatizada, ainda é possível deparar com muitas situações de descaso com a segurança operacional. Medidas simples como a instalação de DR’s podem preservar vidas e evitar muitos acidentes, protegendo contra os efeitos nocivos das correntes de fuga à terra, garantindo uma proteção eficiente para as pessoas e para o patrimônio da instalação [13]. ____________________________________________________________________________ REFERÊNCIAS [1] Guia do Eletricista Siemens, disponível em: http://www.siemens.com.br Acesso em 13/10/14. 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