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Resumo do Capítulo 1 – Estética do Sentimento PDF

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Disciplina de Estética
Resumo do Capítulo 1 – Estética do Sentimento, de E. Hanslick
O procedimento rotineiro da estética musical, quase sem exceção, padece do equívoco de não se ocupar em indagar
o que é belo na música, mas antes, de retratar os sentimentos que se apoderam de nós; o sentimento não pode ser
base para leis estéticas.
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A natureza é o belo da música: sem depender, sem necessitar de um conteúdo exterior, consiste unicamente
nos sons, e em sua ligação artística. A investigação do belo consiste em romper com um método que parte do
sentimento subjetivo [aproximar-se do método das ciências naturais e examinar o que há de duradouro e
objetivo nelas, pois as leis do belo são inseparáveis das propriedades de seu material, de sua técnica], para mais
uma vez retornar, depois de um poético passeio por toda periferia do objeto, ao sentimento.
O belo não tem absolutamente nenhum objetivo; ele é de fato, pura forma. Se, a partir da contemplação do belo,
surgem, para quem observa, sentimentos prazerosos, estes não dizem respeito ao belo quanto tal – não é sua
intenção, pois continua sendo belo mesmo que não suscite nenhum sentimento; é, na realidade, belo somente para
o prazer de quem o contempla, e não a causa desse prazer.
Pelo fato de a arte musical estar vivamente relacionada com os nossos sentimentos, não justifica de forma alguma
a afirmativa de que nessa relação esteja seu significado estético.
Sensações, sentimentos e emoções não delimitam o que é belo. O belo musical não é condicionado a impressão
subjetiva. Para melhor entendimento, veja os conceitos:
Sensação: é a percepção de uma determinada qualidade sensível – perceber um som, uma cor, um aroma; para
provocar sensações, não há necessidade de ser arte.
Sentimentos: é o conscientizar-se de um encorajamento ou de um impedimento do nosso estado de espírito, por
conseguinte, de um bem-estar ou de um desprazer; amor, alegria, ódio, melancolia.
O belo toca, em primeiro lugar, nossos sentidos. E este caminho não lhe é exclusivo, pois tudo passa pela percepção,
sendo a sensação o início e condição do prazer estético [o início do processo de contemplação do belo].
Por sua vez, o efeito da música sobre o sentimento não possui nem a necessidade, nem a exclusividade, nem a
continuidade que um fenômeno deveria apresentar para poder estabelecer um princípio estético.
A arte deve, antes de tudo, representar o belo. O meio pelo qual se entra em contato com o belo não é o sentimento,
mas a fantasia, enquanto atividade de pura contemplação.
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A obra musical surge da fantasia do artista para a fantasia do ouvinte.
Fantasia do artista > Sem dúvida, diante do belo, a fantasia não é simplesmente uma contemplação, mas uma
contemplação com intelecto [que está entre o ‘sentimento’ e o ‘intelecto’], isto é, representações e juízos;
Fantasia do ouvinte > corresponde perfeitamente ao ato de escutar com atenção, que consiste num observar
sucessivo das formas sonoras.
Tratando-se, portanto, da música como arte, deve-se reconhecer enquanto sua instancia estética, a fantasia e
não o sentimento. Uma vez estabelecido que a fantasia é o órgão verdadeiro do belo, manifestar-se-á em toda arte
um efeito secundário sobre o sentimento, enquanto age imediatamente apenas sobre a fantasia. Portanto, em vez
de buscar o efeito secundário e indeterminado do fenômeno musical sobre o sentimento, o importante é penetrar
no interior das obras e elucidar a força específica de sua impressão a partir das leis de seu próprio organismo.
Faz parte de um dos mais belos e mais generosos mistérios o fato de arte conseguir provocar semelhantes emoções
sem nenhuma causa terrena, como por graça divina somente protestamos contra a utilização antes científica desses
fatos por princípios estéticos.
UFMT
2021
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