Novela do lixo: um fedor de R$ 30 bilhões 1 mensagem Lúcio Flávio Pinto <comment-reply@wordpress.com> seg., 15 de abr. de 2024 às 11:27 Responder para: Lúcio Flávio Pinto <comment+2ydzsguqup1cj9die5yx5m-f@comment.wordpress.com> Para: fernando.comercialbr@gmail.com Leia no blog ou leitor Lúcio Flávio Pinto Novela do lixo: um fedor de R$ 30 bilhões Lúcio Flávio Pinto 15 de abril de A empresa Guamá Tratamento de Resíduos, gestora do Aterro Sanitário de Marituba, que atende quase 2 milhões de habitante de três municípios da região metropolitana de Belém, anunciou, hoje, que irá recorrer da decisão da justiça, tomada ontem, “que a obriga a prestar serviços a outra empresa privada, a Ciclus Ambiental, contrariando normas jurídicas de direito privado, em desrespeito à livre iniciativa e à liberdade de contratar asseguradas aos agentes econômicos pela Constituição da República”. Argumenta a empresa que contratada há mais de 60 dias para realizar todo o processo de limpeza urbana da cidade – da coleta ao tratamento do lixo – a Ciclus Amazônia “chegou a anunciar a subcontratação do Aterro Sanitário de Marituba até que implementasse uma nova central de tratamento de resíduos, porém a Guamá não recebeu comunicado ou visita técnica e somente no dia 11/4 a Ciclus solicitou proposta comercial e, mesmo tendo recebido no próprio dia a proposta da Guamá, não buscou nenhuma negociação e resolveu buscar a justiça alegando emergência quando na verdade usou da sua própria leniência para induzir decisão judicial”. Agora a Guamá “se vê surpreendida por uma ordem judicial que a obriga a atender à nova concessionária sem contrato, sob valor que não cobre seus custos forçando a Guamá operar com prejuízo e contra seus interesses”. Ela declara que, com o novo contrato entre a Ciclus e o município de Belém, estabeleceu-se “uma nova relação, na qual o acordo entre Guamá e a nova concessionária deve ser pautado pelas normas jurídicas de direito privado. Diante disso, a Guamá procurou a nova concessionária para que um acordo financeiro fosse fechado, mas a empresa não acatou e decidiu recorrer à Justiça, que definiu que a Guamá mantenha os serviços e o preço atualmente praticado com o Município de Belém”. Mas diante da nova decisão, em um contencioso que se arrasta na justiça há longo tempo, depois de fracassar no plano administrativo, a Guamá irá recorrer “e reafirma que, mesmo diante da operação com prejuízo e contra seus interesses – acumulando ao longo de suas operações prejuízo de mais de R$ 390 milhões – vai cumprir integralmente a decisão do Poder Judiciário do Pará”. Ontem, a empresa fez um alerta à população, contendo graves acusações à prefeitura da capital. A empresa se declara motivada a fazer essa manifestação, em anúncio de meia página, no Diário do Pará e O Liberal, com o título de “informe publicitário”, ao saber, no dia 8 que o prefeito Edmilson Rodrigues, do PSOL, “anunciou o nome do consórcio vencedor da licitação para gestão de resíduos sólidos na capital que vai sediar a COP 30, em novembro de 2025. O grupo vai ser responsável pela coleta domiciliar e por implantar um novo aterro sanitário”, substituindo a Guamá. O vencedor da licitação foi o consórcio Natureza Viva, composto pelas empresas CS Brasil Transporte de Passageiros e Serviços Ambientais Ltda, Terraplena Ltda, Promulti Engenharia e Infraestrutura e Meio Ambiente Ltda. O contrato será assinado ainda neste mês de janeiro, em meio às comemorações pelo aniversário da cidade. No anúncio, a Guamá lembra que o consórcio vencedor apresentou o valor fixo mensal de R$ 32.668.572,59 para a realização dos serviços de limpeza pública, que englobam as atividades operacionais de coleta e transbordo, transporte e triagem para fins de reutilização ou reciclagem. O contrato de concessão de 30 anos tem valor total de R$ 11.760.686.131,65. Isso mesmo: quase 11,8 bilhões de reais, ou quase R$ 400 milhões por ano. A licitação também incluiu o tratamento, destinação e disposição final de forma ambiental adequada dos resíduos sólidos urbanos e provenientes de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços, com volume e composição equiparáveis ao lixo domiciliar. E, ainda, os resíduos de serviços de saúde e da construção civil – contabiliza a Guamá na sua peça. Com esta contratação, o valor a ser pago mensalmente pela prefeitura pelo serviço em 2024 salta de R$ 18 milhões para R$ 35 milhões, considerando os reajustes previstos em contrato. Dando a informação, a Guamá “deixa claro que a empresa participante do seu grupo empresarial participou da licitação realizada pela Prefeitura de Belém e que propôs o valor atualizado de R$ 183,00 para o tratamento dos resíduos no aterro sanitário, tendo, inclusive, apresentado um preço global inferior, conforme atestado pelo Cartório Chermont”. A nota da empresa acrescenta que a licitação “prevê que o consórcio pode subcontratar um aterro licenciado até que seja implementada pelo Consórcio uma nova central de tratamento de resíduos. O Consórcio chegou a divulgar que subcontrataria o Aterro Sanitário em Marituba, pela inexistência de outro na Região Metropolitana com os pré-requisitos ambientais e legais exigidos e cumpridos integralmente hoje pela Guamá”. Porém, mesmo após mais de 60 dias do final do processo de licitação, a empresa diz que não recebeu nenhum comunicado ou visita técnica, como deveria ser feito. Toando a iniciativa, a Guamá “tentou contato por diversas vezes, sem sucesso e sem qualquer retorno dos responsáveis”, sem resultado. Mesmo recebendo valores “abaixo do mínimo adequado para a complexidade de sua operação e contra seus interesses – acumulando ao longo de suas operações prejuízo de mais de R$ 390 milhões”, a empresa assegura que tem cumprido integralmente a decisão do poder judiciário estadual, mantendo o recebimento e tratamento até a implementação do novo sistema conforme assim definido. A nota observa que, às vésperas do que foi anunciado, não existe nenhum documento formal entre as empresas. “Portanto, logo no início do que se pretende ser uma “revolução” da questão dos resíduos em Belém, conforme divulgado pela Prefeitura, o Consórcio não tomou as providências necessárias para o tratamento adequado dos resíduos”. A licitação para o serviço demorou sete meses, sendo suspensa duas vezes por questionamentos sobre a sua legalidade. Ao anunciar o resultado, o prefeito Edmilson Rodrigues declarou que o sistema era novo e melhor, significando “um marco histórico na zeladoria de Belém, inovação que vai levar o bem-estar pessoal e ambiental em todos os bairros e distritos. A demora se deu porque buscamos a solução verdadeira e responsável, e por isso mesmo mais difícil, ao invés de paliativos e improvisações”. O tal projeto revolucionário deveria entrarem operação em agosto, mas teve que ser prorrogado para dezembro, quando a capacidade do aterro de Marituba já teria se esgotado. A alternativa foi mais uma prorrogação, para fevereiro. Por causa da COP 30, a prefeitura admitiu a hipótese de reativar o lixão do Aurá, mas a ideia foi imediatamente combatida. A Guamá foi obrigada a receber o lixo pelo período adicional de até mais 15 meses. Em junho, o aterro vai completar nove anos de funcionamento, para receber 480 mil toneladas de resíduos por ano. São cerca de 40 mil por mês, 1.300 por dia. Desde então, a trajetória da estação tem fedido tanto ou mais do que o lixo que recebe. A história, ao que parece, ainda vai continuar. Afinal, essa novela tem um enredo de 12 bilhões de reais. Comentário Curtir Você também pode responder a este e-mail para deixar um comentário. Lúcio Flávio Pinto © 2024. Gerencie suas configurações de e-mail ou cancele a assinatura. Obtenha o app do Jetpack Assine, marque como favorito e receba notificações em tempo real - tudo em um único aplicativo! Automattic, Inc. - 60 29th St. #343, San Francisco, CA 94110