12/06/2023 Prof.: Dr.: Anderson Antonio Denardin 1 Prof.: Dr.: Anderson Antonio Denardin 2 12/06/2023 MACROECONOMIA ABERTA O conceito de economias abertas está relacionado ao fato de uma economia poder efetuar alguma forma de transação com as demais economias no resto do mundo. O conceito de abertura abrange três noções distintas: Abertura no mercado de bens: determina a possibilidade que empresas e consumidores dispõem de escolher entre adquirir bens nacionais e estrangeiros. Abertura dos mercados financeiros: constitui a possibilidade que os investidores financeiros têm de escolher entre ativos financeiros domésticos ou ativos estrangeiros. Abertura do mercado de fatores: define a possibilidade que as empresas têm de escolher onde localizar a produção e que os trabalhadores têm de escolher onde trabalhar e, que os indivíduos, de um modo geral , tem de escolher para onde migrar. 3 O DIAGRAMA DO FLUXO CIRCULAR DA RENDA ECONOMIAS ESTRANGEIRAS Receita Despesa MERCADO DE BENS E SERVIÇOS - As empresas vendem - As famílias compram Bens e Serviços Vendidos EMPRESAS - Produzem e vendem bens e serviços - Contratam e utilizam fatores de produção Insumos para a produção Salário, aluguéis e lucros 4 Bens e Serviços Comprados Fluxo de bens e serviços Fluxo de moeda MERCADO DE FATORES DE PRODUÇÃO - As famílias vendem - As empresas compram ECONOMIAS ESTRANGEIRAS FAMÍLIAS - Compram e consomem bens e serviços - São proprietárias de fatores de produção e os vendem Terra, Trabalho e Capital Renda 12/06/2023 MACROECONOMIA ABERTA Uma economia está ligada ao resto do mundo em virtude das transações comerciais e financeiras que realizam com as economias estrangeiras. O Balanço de Pagamentos é um instrumento da contabilidade nacional que registra as transações comerciais e financeiras de um país com o resto do mundo. Ele registra o total de dinheiro que entra e sai de uma economia, na forma de importações e exportações de produtos, serviços, capital financeiro, bem como, transferências unilaterais. Existem duas contas principais no Balanço de Pagamento: Conta Corrente: que registra as entradas e saídas devidas ao comércio de bens e serviços, bem como pagamentos de transferência; Conta Capital: registra as transações empréstimos e transferências financeiras. de fundos, 5 EXTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTOS 1) Conta Correntes: 1.1) Balanço Comercial 1.1.1) Exportações de bens e serviços; 1.1.2)Importações de bens e serviços; 1.2) Saldo de serviços 1.2.1) Serviços não- fator (fretes, seguros, turismo, etc...) 1.2.2) Serviços de capital (recebimento de juros, remessas de lucros) 1.2.3) Serviços de mão-de-obra (remessa de trabalhadores do exterior) 1.3) Transferências Unilaterais correntes 6 1.3.1) Transferências oficiais. 1.3.2) Outros 12/06/2023 EXTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTOS 2) Conta Capital 2.1) Investimento direto 2.1.1) Investimento direto do país 2.1.1.1) Participação no capital 2.1.1.2) Empréstimo entre empresas 2.1.2) Investimento estrangeiro direto 2.1.2.1) Participação no capital 2.1.2.2) Empréstimo entre empresas 7 EXTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTOS 2) Conta Capital 2.2) Investimentos em carteira 2.2.1) Investimento do país em carteira 2.2.1.1) Ações de companhias estrangeiras 2.2.1.2) Títulos de renda fixa 2.2.2) Investimento estrangeiro em carteira 8 2.2.2.1) Ações de companhias do país 2.2.2.2) Títulos de renda fixa 12/06/2023 EXTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTOS 2) Conta Capital 2.3) Derivativos 2.3.1) Ativos 2.3.2) Passivos 2.4) Outros investimentos 2.4.1) Outros investimentos do país 2.4.2) Outros investimentos estrangeiros 3) Erros e Omissões 4) Resultado do Balanço 5) Conta de Capitais Compensatórios 5.1) Contas de Caixa 5.1.1) Haveres no exterior 5.1.2) Reservas em ouro 9 SALDO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS Regra simples para o saldo do Balanço de Pagamentos: Qualquer pagamento efetuada a estrangeiro é considerado um item de déficit no balanço de pagamentos. Qualquer pagamento proveniente de estrangeiros constitui um item de superávit do balanço de pagamentos. O saldo do balanço de pagamentos é constituído pela soma dos déficits (superávits) da conta correntes e de da conta capital. Saldo do Balanço de Pagamento = Saldo na Conta Corrente + Saldo na Conta Capital. Assim, temos que: Receitas > Despesas = Superávit no Balanço de Pagamentos Despesas > Receitas = Déficit no Balanço de Pagamentos 10 12/06/2023 TAXA DE CÂMBIO NOMINAL Definição: As taxas nominais de câmbio entre duas moedas quaisquer podem ser definida pelo quantidade de moeda nacional necessária para adquirir uma unidade da moeda estrangeira. As taxas de câmbio entre as moedas são cotadas de duas maneiras distintas: Pelo número de unidades de moeda estrangeira que se pode obter com uma unidade de moeda nacional. Ex.: taxa de câmbio 2 R$/1US$ - 1 R$ = 0,5 US$ Pelo número de unidades de moeda nacional que se pode obter com uma unidade de moeda estrangeira; Ex.: taxa de câmbio 1US$ /2 R$ - 0,5 US$ = 1 R$ 11 TAXA DE CÂMBIO NOMINAL A taxa nominal de câmbio entre duas moedas quaisquer é determinada pela interação entre a demanda e oferta de divisas que ocorre no mercado de câmbio. A taxa de câmbio é determinada a cada instante pela interação entre compradores e vendedores de divisas no mercado de câmbio. E (R$/US$) E* OFERTA E DEMANDA Q* 12 Q(US$) 12/06/2023 TAXA DE CÂMBIO NOMINAL A taxa de câmbio entre duas moedas quaisquer varia continuamente ao longo do tempo. Estas variações são chamadas de apreciações (valorização) nominais ou depreciações (desvalorizações) nominais: Apreciação (Valorização) da taxa de cambio R$/US$: ocorre quando o preço das moedas estrangeiras (US$) avaliada em termos de moeda nacional (R$) é reduzido, ou seja, a moeda se valoriza quando ocorre uma redução na taxa de câmbio (redução no preço da moeda estrangeira). Ex.: 2R$/1US$ - 1,8 R$/US$ Depreciação (Desvalorização) da taxa de cambio R$/US$: ocorre quando o preço das moedas estrangeiras (US$) avaliada em termos de moeda nacional (R$) é aumentado, ou seja, a moeda se desvaloriza quando ocorre um aumento na taxa de câmbio (aumento no preço da moeda estrangeira). Ex.: 2R$/1US$ - 2,5 R$/1US$ 13 EVOLUÇÃO DA TAXA DE CÂMBIO NOMINAL Taxa de Câmbio 1996/06 - 2009/06 4,5 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1 0,5 1994.06 1994.10 1995.02 1995.06 1995.10 1996.02 1996.06 1996.10 1997.02 1997.06 1997.10 1998.02 1998.06 1998.10 1999.02 1999.06 1999.10 2000.02 2000.06 2000.10 2001.02 2001.06 2001.10 2002.02 2002.06 2002.10 2003.02 2003.06 2003.10 2004.02 2004.06 2004.10 2005.02 2005.06 2005.10 2006.02 2006.06 2006.10 2007.02 2007.06 2007.10 2008.02 2008.06 2008.10 2009.02 2009.06 0 Taxa de Câmbio 14 16 1500 0,5 1000 0 1994.09 1994.12 1995.03 1995.06 1995.09 1995.12 1996.03 1996.06 1996.09 1996.12 1997.03 1997.06 1997.09 1997.12 1998.03 1998.06 1998.09 1998.12 1999.03 1999.06 1999.09 1999.12 2000.03 2000.06 2000.09 2000.12 2001.03 2001.06 2001.09 2001.12 2002.03 2002.06 2002.09 2002.12 2003.03 2003.06 2003.09 2003.12 2004.03 2004.06 2004.09 2004.12 2005.03 2005.06 2005.09 2005.12 2006.03 2006.06 2006.09 2006.12 2007.03 2007.06 2007.09 2007.12 2008.03 2008.06 2008.09 2008.12 2009.03 2009.06 MILHÕES R$ -1000 -1500 EXPORTAÇÕES EXPORTAÇÕES IMPORTAÇÕES IMPORTAÇÕES TAXA DE CÂMBIO 4500 4000 2500 2000 2009.05 2009.01 2008.09 2008.05 2008.01 2007.09 2007.05 2007.01 2006.09 2006.05 2006.01 2005.09 2005.05 2005.01 2004.09 2004.05 2004.01 2003.09 2003.05 2003.01 2002.09 2002.05 2002.01 2001.09 2001.05 2001.01 2000.09 2000.05 2000.01 1999.09 1999.05 1999.01 1998.09 1998.05 1998.01 1997.09 1997.05 1997.01 1996.09 1996.05 1996.01 1995.09 1995.05 1995.01 1994.09 MILHÕES R$ 12/06/2023 EXPORTAÇÕES, IMPORTAÇÕES E SALDO COMERCIAL EXPORTAÇÕES, IMPORTAÇÕES E SALDO COMERCIAL 1994/09 - 2009/05 5000 5500 4000 4500 3000 3500 2000 2500 1000 1500 500 -500 0 SALDO COMERCIAL 15 EXPORTAÇÕES, IMPORTAÇÕES E TAXA DE CÂMBIO EXPORTAÇÕES, IMPORTAÇÕES E TAXA DE CÂMBIO 1994/08 - 2009/08 5500 4 5000 3,5 3 3500 2,5 3000 2 1,5 1 12/06/2023 TAXA DE CÂMBIO REAL A taxa de câmbio real é determinada pelo produto da taxa de câmbio nominal e a razão entre os preços dos bens estrangeiros (medidos em dólares), e o preços dos bens domésticos (medidos em reais). Onde, “e” representa a taxa de câmbio real; “E” representa a taxa de câmbio nominal; “P*” o índice de preços externos; e “P”, o índice de preços nacionais. OBS.: a taxa de câmbio real mede a competitividade de um país no comércio internacional. 17 TAXA DE CÂMBIO REAL Com base na relação estabelecida pela taxa de câmbio real, temos que: 18 Aumentos (reduções) na taxa de câmbio nominal promovem aumentos (reduções) proporcionais na taxa de câmbio real (depreciação/apreciação do câmbio real); Aumentos (reduções) no nível de preços externos promovem aumentos (reduções) proporcionais na taxa de câmbio real (depreciação/apreciação do câmbio real); Aumento (reduções) no nível de preços domésticos promovem redução (aumentos) na taxa de câmbio real (apreciação/depreciação do câmbio real). 12/06/2023 REGIMES CAMBIAIS Taxa de Câmbio Fixa: em um sistema de taxas de câmbio fixas, os bancos centrais dos países fixam suas taxas de câmbio em um determinado valor, e se comprometem a comprar e vender divisas ao valor fixado, promovendo variações em suas reservas cambiais. Inclui-se nesse sistema o regime de bandas cambiais, Brasil (1995-1998). Taxa de Câmbio Flexível (Flutuante): em um regime de taxas de câmbio flexíveis, por outro lado, os bancos centrais permitem que a taxa de câmbio se ajuste para equacionar a oferta e a demanda por moeda estrangeira, ou seja, a taxa de câmbio é determinada pelas condições de mercado. O regime de câmbio flutuante pode se apresentar de duas formas: Sistema de Flutuação Limpa: os bancos centrais ficam totalmente de fora do mercado de divisas e permitem que as taxas de câmbio sejam determinadas livremente nos mercados de câmbio (as variações nas reservas oficiais são iguais a zero). Sistema de Flutuação Suja: os bancos centrais intervêm no mercado de câmbio comprando e vendendo moedas estrangeiras, na tentativa de influenciar as taxas de câmbio (as variações nas reservas oficiais podem ser positivas ou negativas). 19 TAXA DE CÂMBIO NOMINAL X REAL 180 TAXA DE CÂMBIO NOMINAL X TAXA DE CÂMBIO REAL 1994/06 - 2009/06 160 4 140 3,5 120 3 100 2,5 80 2 60 1,5 40 1 20 0,5 0 1994.06 1994.10 1995.02 1995.06 1995.10 1996.02 1996.06 1996.10 1997.02 1997.06 1997.10 1998.02 1998.06 1998.10 1999.02 1999.06 1999.10 2000.02 2000.06 2000.10 2001.02 2001.06 2001.10 2002.02 2002.06 2002.10 2003.02 2003.06 2003.10 2004.02 2004.06 2004.10 2005.02 2005.06 2005.10 2006.02 2006.06 2006.10 2007.02 2007.06 2007.10 2008.02 2008.06 2008.10 2009.02 2009.06 0 Taxa de Câmbio Real 20 4,5 Taxa de Câmbio Nominal 12/06/2023 EXEMPLO Suponhamos o seguinte: i) Os únicos produtos no mundo são a soja brasileira e o vinho francês. ii) O preço de um saco de soja no Brasil é de R$ 20,00. Apure a taxa “real” de câmbio entre o Brasil e a França quando: a) O euro vale R$ 2,20 e o preço de uma garrafa de vinho na França é de 25 euros. b) O euro vale R$ 2,20 e o preço de uma garrafa de vinho na França é de 30 euros. c) O euro vale R$ 2,30 e o preço de uma garrafa de vinho na França é de 30 euros. d) O euro vale R$ 2,00 e o preço de uma garrafa de vinho na França é de 30 euros. e) Se o preço da soja no Brasil aumentar para R$ 25, calcule os valores para a, b, c e d. f) Explique o que ocorre com a taxa de câmbio (apreciação ou depreciação) quando aumenta o preço do vinho na França, quando aumenta o preço da soja no Brasil, e quando muda a taxa de câmbio nominal R$/Euro. 21 O MERCADO DE BENS E SERVIÇOS EM UMA ECONOMIA ABERTA Em uma economia aberta, parte da produção de bens serviços doméstica é vendida para estrangeiros (exportações) e parte dos gastos domésticos são realizados com aquisição de bens e serviços estrangeiros (importações). Assim, em uma economia aberta, a análise da demanda agregada deve ser modificada para incluir as transações efetuadas por um país com o resto do mundo. 22 12/06/2023 O MERCADO DE BENS E SERVIÇOS EM UMA ECONOMIA ABERTA Em uma economia aberta, a equação de demanda é determinada por: Onde, X representa as exportações e M representa as importações. Ou, de modo equivalente: Onde TC representa o saldo em transações correntes, ou transações correntes: 23 O MERCADO DE BENS E SERVIÇOS EM UMA ECONOMIA ABERTA Saldo em Transações Correntes: é dada pela diferença entre o valor das exportações e das importações de bens e serviços de um país. O saldo em conta corrente pode apresentar três situações distintas: Deficit em Transações Correntes: as importações de um país excedem suas exportações. Importações (M) > Exportações (X) Superávit em Transações Correntes: as exportações de um país excedem suas importações. Exportações (X) > Importações (M) Equilíbrio em Transações Correntes: refere-se a uma situação em que as exportações são iguais às importações. Exportações (X) = Importações (M) 24 12/06/2023 O MERCADO DE BENS E SERVIÇOS EM UMA ECONOMIA ABERTA Um país com déficit em transações corrente deve cobrir seu excesso de gasto tomando emprestado a diferença com os estrangeiros, portanto, estará aumentando sua dívida externa líquida pelo valor equivalente ao montante do déficit. O país deficitário torna-se devedor internacional. Por outro lado, um país com superávit em transações está financiando o déficit em transações correntes de seus parceiros comerciais, emprestando dinheiro a eles, portanto, acumulando crédito internacional. O país superavitário torna-se credor internacional. Este raciocínio mostra que o saldo em transações correntes de um país é igual à mudança em sua riqueza externa líquida. Os empréstimos internacionais podem ser identificado como comércio intertemporal. Um país com um déficit em transações correntes está importando consumo presente e exportando consumo futuro. Já um país com superávit em transações correntes está exportando consumo presente e importando consumo futuro. 25 TRANSAÇÕES CORRENTES E O ENDIVIDAMENTO EXTERNO O saldo em transações correntes também pode ser definido pela diferença entre a renda nacional e os gastos domésticos dos residentes, como segue: Assim temos que: Se Y > (C+I+G), TC > 0 e ΔDivida < 0 (aumento na riqueza externa líquida). Se Y < (C+I+G), TC < 0 e ΔDivida > 0. (redução na riqueza externa líquida). Se Y = (C+I+G), TC = 0 e Δdivida = 0. (a riqueza não se altera). 26 12/06/2023 POUPANÇA E TRANSAÇÕES CORRENTES Enquanto em uma economia fechada a poupança nacional deve ser sempre igual ao investimento, em uma economia aberta poupança e investimento podem ser diferentes: Uma economia aberta pode poupar aumentando seu estoque de capital ou adquirindo riqueza externa, ao passo que uma economia fechada pode poupar apenas aumentando seu estoque de capital. 27 POUPANÇA PRIVADA E POUPANÇA DO GOVERNO Poupança Privada: é definida como a parte da renda disponível que é poupada, e não consumida. A renda disponível é representada pela renda nacional (Y), deduzidos os impostos líquidos arrecadados das famílias e das firmas pelo governo (T). Poupança do Governo: é definida pela diferença entre a receita de impostos arrecadada pelo governo (T) e seus gastos (G). 28 12/06/2023 POUPANÇA PRIVADA E POUPANÇA DO GOVERNO As duas modalidades de poupança (privada e do governo) formam a poupança nacional, como segue: 29 POUPANÇA PRIVADA E O DÉFICIT ORÇAMENTÁRIO DO GOVERNO Efeitos das decisões de poupança do governo nas economias abertas: A última relação afirma que a poupança privada de um país pode assumir três formas distintas: 30 Investimento na acumulação de capital doméstico (I); Compras de riqueza dos estrangeiros (TC); Compras de dívida emitida pelo governo, se G >T. 12/06/2023 O MERCADO DE BENS E SERVIÇOS EM UMA ECONOMIA ABERTA Em uma economia fechada temos que os gastos doméstico dependem da taxa de juros e da renda, assim temos: As transações correntes são determinadas por: Onde, “Yf” representa a renda externa, “Y” a renda doméstica e “e” a taxa de câmbio real. 31 O MERCADO DE BENS E SERVIÇOS EM UMA ECONOMIA ABERTA Com base na expressão que representa as exportações líquidas (NX) Temos as seguintes relações entre as variáveis: 32 Um aumento (diminuição) na renda externa aumenta (diminui) as exportações; Um aumento (diminuição) na taxa de câmbio aumenta (diminui) as exportações , e diminui (aumenta) as importações. Um aumento (diminuição) na renda doméstica aumenta (diminui) as importações. 12/06/2023 O MERCADO DE BENS E SERVIÇOS EM UMA ECONOMIA ABERTA Considerando a exportações líquidas: Temos as seguintes relações funcionais: Com base nessas relações, podemos estabelecer os seguintes resultados: Um aumento (redução) na renda externa, permanecendo inalterados outros fatores, melhora (piora) o saldo das transações correntes de um país e aumenta (diminui) a demanda agregada. Um aumento (redução) na renda doméstica aumenta (diminui) os gastos com importações e piora (melhora) o saldo em transações correntes. Um aumento (redução) na taxa de câmbio (depreciação/apreciação cambial) melhora (piora) o saldo em transações correntes e aumenta (diminui) a demanda agregada. 33 CURVA DA BALANÇA COMERCIAL Considerando um dado nível de renda externa Yf , e para um dado nível de taxa de câmbio real “e”, a curva que representa o salto em transações correntes é dada por: TC 0 Y Y A curva de transações correntes é uma função decrescente do nível de renda. Um aumento na renda expande as importações e reduz as exportações líquidas. A curva é mais inclinada quanto maior for a propensão marginal a importar. 34 12/06/2023 EQUILÍBRIO NO MERCADO DE BENS A curva IS de uma economia aberta inclui agora o saldo em conta corrente como uma componente da demanda Uma vez que o nível de equilíbrio da renda dependerá tanto da renda externa como da taxa de câmbio real, faz-se necessário identificar como mudanças nessas variáveis afetam o nível de equilíbrio da renda. 35 EFEITO DE UM AUMENTO NA RENDA DOMÉSTICA SOBRE A CURVA DE DEMANDA AGREGADA E SOBRE O SALDO EM TRANSAÇÕES CORRENTES i LM i1 i0 E’ E IS NX 0 36 Y0 Y1 E E’ Y0 Y1 IS’ Y Y 12/06/2023 EFEITO DE UMA EXPANSÃO NA RENDA EXTERNA SOBRE A CURVA DE DEMANDA AGREGADA E SOBRE O SALDO EM TRANSAÇÕES CORRENTES i LM i1 i0 E’ E IS TC 0 Y0 Y1 E E’ Y0 Y1 IS’ Y Y 37 EFEITO DE UMA DEPRECIAÇÃO NA TAXA DE CÂMBIO SOBRE A CURVA DE DEMANDA AGREGADA E SOBRE O SALDO EM TRANSAÇÕES CORRENTES i LM i1 i0 E’ E IS TC 0 38 Y0 Y1 E E’ Y0 Y1 IS’ Y Y 12/06/2023 EFEITOS DE DISTÚRBIOS NA RENDA E NA TAXA DE CÂMBIO SOBRE AS EXPORTAÇÕES LÍQUIDAS A tabela resume as principais alterações promovidas por mudanças nas principais variáveis que afetam as exportações líquidas: AUMENTO (REDUÇÃO) NA RENDA DOMÉSTICA AUMENTO (REDUÇÃO) NA RENDA EXTERNA DEPRECIAÇÃO (APRECIAÇÃO) REAL + (-) (+) + (-) + (-) + (-) + (-) RENDA DOMÉSTICA EXPORTAÇÕES LÍQUIDAS 39 CONFLITO DE INTERESSE ENTRE PLENO EMPREGO E EQUILÍBRIO EXTERNO i Y* EX=0 LM II E i0 I III IS NX 0 40 Y0 E Y E’ Y0 Y* Y 12/06/2023 BALANÇO DE PAGAMENTOS A curva do balanço de pagamentos (BP) de uma economia aberta inclui, além do saldo em transações corrente, o saldo na conta capital (CK), representado por: O saldo em transações correntes é determinado pelo nível de renda interno e externo, e pela taxa de câmbio real. O movimento de capitais, por sua vez, responde ao diferencial de retorno oferecido pelos ativos domésticos e estrangeiros, ou seja, pelo diferencial entre as taxas de juros internas e externas (i,i*). O movimento de capital depende, essencialmente, das decisões de portfólio dos agentes em busca de maximização de retorno em suas carteiras de ativos. 41 CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO NO BALANÇO DE PAGAMENTOS Para que o saldo do balanço de pagamentos esteja em equilíbrio, temos que: A curva BP representa as combinações de taxa de juros e níveis de renda para os quais o balanço de pagamentos apresenta-se em equilíbrio. 42 12/06/2023 CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO NO BALANÇO DE PAGAMENTOS Para efeito de análise, podemos escrever a condição de equilíbrio como: 43 CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO NO BALANÇO DE PAGAMENTOS Para um dado nível de renda esterna Y*, uma dada taxa de câmbio real (e), e um dado nível de taxa de juros externa (i*), o saldo do balanço de pagamentos (BP) de uma economia aberta pode ser representado por: Ou seja, o saldo do balanço de pagamentos é uma função da taxa de juros e do nível de renda doméstica. 44 12/06/2023 CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO NO BALANÇO DE PAGAMENTOS Para dados valores de (Y*, e, i*), podemos representar a curva de equilíbrio no Balanço de Pagamentos no plano (i, Y), como segue: i BP Superávit Déficit Y Ao longo da curva BP, existe equilíbrio no balanço de pagamentos. À esquerda de BP, existe superávit porque a taxa de juros doméstica está além da taxa de equilíbrio para o nível corrente de renda. E, à direita de BP existe déficit, pois taxa de juros doméstica está aquém da taxa de equilíbrio para o nível corrente de renda. 45 CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO NO BALANÇO DE PAGAMENTOS A inclinação da curva BP dependerá basicamente do grau de mobilidade de capitais, isto é, da forma como estes respondem a variações na taxa de juros. Assim temos que: 46 Se qualquer desvio da paridade acarreta um fluxo instantâneo de capital para dentro ou para fora do país, mantendo a igualdade entre i=i*, a curva BP seria uma reta horizontal passando pelo ponto i = i*. Se não existir qualquer mobilidade de capital entre o país e o exterior, a curva BP é representada por uma reta vertical. Se a mobilidade de capital for menos que perfeita, a curva BP apresenta inclinação positiva. 12/06/2023 TAXA DE CÂMBIO E RETORNO DOS ATIVOS Para saber qual depósito, em moeda doméstica ou moeda estrangeira oferece a maior taxa de retorno esperada, deve-se calcular a taxa de retorno, em moeda doméstica, dos títulos domésticos e estrangeiros, e compará-los. A taxa de retorno em moeda nacional dos depósitos em moeda estrangeira é, aproximadamente, determinada pela taxa de juros dos títulos estrangeiros mais a taxa de depreciação da moeda doméstica em relação a moeda estrangeira. Como segue: Onde, i* = taxa de juros de um ano dos depósitos em moeda estrangeira. Et = taxa de câmbio presente (moeda nacional/moeda estrangeira). e E t+1= taxa de câmbio esperada que prevalecerá no final do período (moeda nacional/moeda estrangeira). 47 TAXA DE CÂMBIO E RETORNO DOS ATIVOS Esse retorno esperado devemos comparar à taxa de juros dos depósitos em moeda doméstica (i), para decidir qual dos títulos é mais atrativo. A diferença entre a taxa de retorno esperada dos depósitos estrangeiros e o nacional é dado pela seguinte expressão: Quando a diferença for positiva a taxa de retorno dos ativos domésticos é maior do que a taxa de retorno dos ativos estrangeiros. Quando a diferença for negativa a taxa de retorno dos ativos domésticos é menor do que a taxa de retorno dos ativos estrangeiros. Quando a diferença for igual a zero a taxa de retorno dos ativos domésticos é igual a taxa de retorno dos ativos estrangeiros. 48 12/06/2023 COMPARANDO A TAXA DE RETORNO DOS DEPÓSITOS EM REAIS COM OS DEPÓSITOS EM DÓLAR Exemplo: TAXA DE JUROS DO REAL (R$) TAXA DE JUROS DO DÓLAR (US$) TAXA ESPERADA DE DEPRECIAÇÃO DO REAL EM RELAÇÃO AO DÓLAR (E e -Et )/Et t+1 TAXA DE RETORNO DIFERENÇA ENTRE OS DEPÓSITOS EM REAIS E DÓLAR i-i*(E e -Et )/Et t+1 1 0,10 0,06 0,00 0,04 2 0,10 0,06 0,04 0,00 3 0,10 0,06 0,08 -0,04 4 0,10 0,12 -0,04 0,02 49 COMPARANDO A TAXA DE RETORNO DOS DEPÓSITOS EM REAIS COM OS DEPÓSITOS EM DÓLAR Efeito de mudanças na taxa de câmbio corrente sobre os retornos esperados. Considere que a taxa de câmbio esperada seja de 2,5 R$/US$, e que a taxa de juros do dólar seja de 5%. Assim temos 50 TAXA DE CÂMBIO REAIS DÓLAR (R$/US$) TAXA DE JUROS DOS DEPÓSITOS EM DÓLAR REAL (R$) TAXA ESPERADA DE DEPRECIAÇÃO DO REAL EM RELAÇÃO AO DÓLAR 1,80 0,05 0,389 0,439 1,85 0,05 0,351 0,401 1,90 0,05 0,316 0,366 1,95 0,05 0,282 0,332 2,00 0,05 0,250 0,300 2,05 0,05 0,220 0,270 2,10 0,05 0,190 0,240 (2,50-Et )/Et TAXA DE RETORNO EM REAIS DOS DEPÓSITOS EM DÓLAR i*+(E e -Et )/Et t+1 12/06/2023 COMPARANDO A TAXA DE RETORNO DOS DEPÓSITOS EM REAIS COM OS DEPÓSITOS EM DÓLAR Relação entre Taxa de Câmbio R$/US$ Corrente e o Retorno Esperado em Reais dos Depósitos em Dolar 2,6 2,5 2,4 2,3 2,2 2,1 2 1,9 1,8 1,7 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5 Retorno Esperado em R$ dos depositos em US$ 51 EQUILÍBRIO NO MERCADO DE CÂMBIO O mercado de câmbio está em equilíbrio quando os depósitos em todas as moedas oferecem a mesma taxa de retorno esperada. A condição de que os retornos esperados dos depósitos em determinado par de moedas sejam iguais quando medidos em uma mesma moeda é denominada “condição da paridade dos juros”. Ela considera que os detentores potenciais de depósitos em moeda estrangeira consideram esses depósitos como ativos igualmente atraentes. 52 12/06/2023 Taxa de Câmbio R$/US$ DETERMINAÇÃO DA TAXA DE CÂMBIO DE EQUILÍBRIO Taxa de Retorno dos Depósitos em Reais (R$) E2R$/US$ E*R$/US$ Retorno Esperado dos depósitos em Dólar E1R$/US$ i Taxa de Retorno (R$) 53 Taxa de Câmbio R$/US$ EFEITO DE UM AUMENTO NA TAXA DE JUROS DO REAL Taxa de Retorno dos Depósitos em Reais (R$) E*R$/US$ Retorno Esperado dos depósitos em Dólar E1R$/US$ i i’ Taxa de Retorno (R$) 54 12/06/2023 Taxa de Câmbio R$/US$ EFEITO DE UM AUMENTO NA TAXA DE JUROS EM DÓLAR OU DA TAXA DE CÂMBIO ESPERADA Taxa de Retorno dos Depósitos em Reais (R$) E1R$/US$ E*R$/US$ Retorno Esperado dos depósitos em Dólar i Taxa de Retorno (R$) 55 EQUILÍBRIO NO MERCADO DE CÂMBIO É possível rearranjar a condição de paridade dos juros e escrever na forma de uma relação negativa entre a taxa de juros doméstica e a taxa de câmbio, como segue: Esta equação diz que, para uma dada taxa de câmbio futura esperada e E t+1, e uma taxa de juros estrangeira i*, o aumento da taxa de juros interna provoca a diminuição da taxa de câmbio e, portanto, uma apreciação cambial. De maneira simétrica, a diminuição da taxa de juros interna provoca o aumento da taxa de câmbio e, portanto, uma depreciação da moeda. Quando i = i*, temos que a taxa de câmbio corrente (E) é igual a taxa de câmbio esperada (Ee), ou seja, E = Ee 56 12/06/2023 Taxa de juros i RELAÇÃO ENTRE TAXA DE JUROS E TAXA DE CÂMBIO DECORRENTE DA PARIDADE DE JUROS i i* Relação de paridade de juros, dados i* e Ee i Apreciação da moeda nacional Ee Depreciação da moeda nacional Taxa de Câmbio R$/US$ 57 CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO MERCADO DE BENS E FINANCEIROS As equações que determinam a interação entre o produto, a taxa de juros e a taxa de câmbio, estabelecem as condições para garantir o equilíbrio no mercado de bens e no mercado financeiro, assim temos que: O equilíbrio no mercado de bens implica que o produto depende, entre outros fatores, das taxas de juros e da taxa de câmbio: A taxa de juros, por sua vez, é determinada pelas condições de equilíbrio no mercado monetário, ou seja, pela interação entre a oferta e demanda por moeda: A condição de paridade de juros implica uma relação negativa entre a taxa de juros doméstica e a taxa de câmbio: 58 12/06/2023 RELAÇÃO ENTRE TAXA DE JUROS E TAXA DE CÂMBIO DECORRENTE DA PARIDADE DE JUROS Relação de paridade de juros, dados i* e Ee i’ Taxa de juros i Taxa de juros i LM i i” i’ i i” IS Y Apreciação da moeda nacional E Depreciação da moeda nacional Taxa de Câmbio E 59 EFEITO DE MUDANÇAS DA TAXA DE JUROS SOBRE O PRODUTO E SOBRE A TAXA DE CÂMBIO O aumento na taxa de juros produz os seguintes efeitos sobre o produto e sobre a taxa de câmbio: Efeito Direto: Primeiro, é o efeito direto sobre o investimento, que já estava presente no modelo IS-LM de uma economia fechada. Ou seja, o aumento da taxa de juros provoca a diminuição do investimento e, portanto, a diminuição da demanda por bens produzidos internamente e, conseqüentemente, diminui o produto agregado. Efeito Indireto: o segundo efeito, que só está presente em economias abertas, é o efeito que ocorre por meio da taxa de câmbio. O aumento na taxa de juros intera, acima da taxa de juros internacional, promove um aumento na entrada de divisas (oferta de moeda estrangeira é maior que a demanda) acarretando uma apreciação cambial. A apreciação cambial torna os bens produzidos internamente relativamente mais caros que os bens estrangeiros, acarretando a diminuição das exportações líquidas e, por sua vez, a diminuição da demanda por bens produzidos internamente e o produto. 60 12/06/2023 EFETO DA POLÍTICA FISCAL EM ECONOMIAS ABERTAS Relação de paridade de juros, dados i* e Ee IS’ LM i’ Taxa de juros i Taxa de juros i IS i Y i’ i Apreciação da moeda nacional E Depreciação da moeda nacional Taxa de Câmbio E 61 EFETO DA POLÍTICA FISCAL EM ECONOMIAS ABERTAS Suponha que, a partir de um orçamento equilibrado, o governo resolva aumentar os gastos e criar um déficit orçamentário, verifica-se os seguintes efeitos sobre o produto, a taxa de juros e a taxa de câmbio: Um aumento dos gastos do governo acarreta o aumento da demanda e, portanto, do produto. À medida que o produto aumenta, também aumenta a demanda por moeda, o que pressiona a taxa de juros para cima. O aumento na taxa de juros (i>i*), que torna os títulos de dívidas domésticos mais atraentes, promove uma entrada de divisas (oferta de divisas supera a demanda), o que acarreta uma apreciação da moeda nacional. O aumento da taxa de juros e a apreciação cambial fazem com que a demanda interna por bens diminua, o que compensa, em parte, o efeito dos gastos do governo sobre a demanda e o produto. 62 12/06/2023 EFETO DA POLÍTICA FISCAL EM ECONOMIAS ABERTAS Os distintos componentes da demanda agregada agem como segue: O consumo e os gastos do governo claramente aumentam – o consumo em virtude do aumento da renda, e os gastos do governo devido a política fiscal expansionista. O efeito sobre os investimentos é ambíguo. Uma vez que o investimento é função da renda e da taxa de juros I(Y,i), por um lado, o aumento do produto provoca o aumento dos investimentos. Por outro lado, a taxa de juros mais elevada promove uma redução nos investimentos. Dependendo de qual desses dois efeitos predomine, o investimento pode aumentar ou diminuir. Uma vez que o saldo em transações correntes depende da renda externa, da renda doméstica e da taxa de câmbio, temos que a apreciação cambial e o aumento do produto se combinam para reduzir o saldo em transações correntes. A apreciação diminui as exportações e aumenta as importações, enquanto o aumento do produto faz com que as importações aumentem ainda mais. O déficit orçamentário leva à deterioração do balanço comercial. Se o comércio estiver inicialmente equilibrado, o déficit orçamentário provocará o déficit comercial. 63 EFETO DA POLÍTICA MONETÁRIA EM ECONOMIAS ABERTAS LM’ Relação de paridade de juros, dados i* e Ee i’ Taxa de juros i Taxa de juros i LM i i’ i IS Y Apreciação da moeda nacional E Depreciação da moeda nacional Taxa de Câmbio E 64 12/06/2023 EFETO DA POLÍTICA MONETÁRIA EM ECONOMIAS ABERTAS Para um nível dado de produto, a diminuição do estoque de moeda de M/P para M’/P, faz com que a curva LM se desloca para a esquerda de LM para LM’, provocando: Um aumento das taxas de juros; À medida que a taxa de juros aumenta, os investimentos são reduzidos, promovendo uma redução no produto; O aumento na taxa de juros (i>i*), que torna os títulos de dívidas domésticos mais atraentes, promove uma entrada de divisas (oferta de divisas supera a demanda), o que acarreta uma apreciação da moeda nacional. O aumento da taxa de juros e a apreciação cambial fazem com que a demanda interna por bens diminua, promovendo uma redução na demanda e no produto. 65 O MODELO MUNDELL-FLEMING A analise que estende o modelo IS-LM padrão para uma economia aberta com mobilidade de capital, é denominado modelo Mundell-Fleming. O modelo Mundell-Fleming agrega as condições de equilíbrio simultâneo no mercado de bens (IS), no mercado monetário (LM) e, no balanço de pagamento (BP), como segue: Equilíbrio no mercado de bens IS: Equilíbrio no mercado monetário LM: Equilíbrio no Balanço de Pagamentos BP: 66 12/06/2023 A DEMANDA AGREGADA A demanda agregada é constituída pela soma do consumo (C) com o investimento (I), com os gastos do governo (G) e com o saldo comercial (X-M) (Exportações menos Importações), e é representada do seguinte modo: Essa equação, denominada identidade, estabelece uma relação entre a produção a renda e a demanda agregada. 67 A DEMANDA AGREGADA Supomos que as exportações dependem da taxa de câmbio real efetiva “e” e do rendimento do resto do mundo Y*, e que as importações dependem do rendimento interno Y e, também, da taxa de câmbio real efetiva “e”, como segue: Onde, a1 e a2 representam, respectivamente, as sensibilidades das exportações e importações à movimentos na taxa de câmbio. E os parâmetros “d” e “m” representam, respectivamente, a sensibilidade das exportações à renda externa (propensão Marginal a Exportar da Renda) e a sensibilidade das importações à renda doméstica (Propensão Marginal a Importar da Renda). 68 12/06/2023 A DEMANDA AGREGADA Assim, as exportações líquidas (Net eXport), ou saldo em transações correntes é dado por: Assim, temos que as exportações líquidas dependem da sensibilidade com que reagem a mudanças no câmbio, representado pelo parâmetro “v”, e da Propensão Marginal a Importar da Renda, representada pelo parâmetro “m”. 69 A DEMANDA AGREGADA Considere, ainda: FUNÇÃO CONSUMO: 70 12/06/2023 A DEMANDA AGREGADA Considere, ainda: FUNÇÃO INVESTIMENTO: GASTO DO GOVERNO: 71 A DEMANDA AGREGADA Considere, ainda: FUNÇÃO EXPORTAÇÕES LÍQUIDAS: 72 12/06/2023 EQUILÍBRIO NO MERCADO DE BENS Substituindo na função de Demanda Agregada, temos: 73 EQUILÍBRIO NO MERCADO DE BENS Como reage o produto em função de mudanças nos diferentes parâmetros: 74 12/06/2023 EQUILÍBRIO NO MERCADO MONETÁRIO Considere as condições para o equilíbrio no mercado monetário, e suponha que em condição de equilíbrio i = i*: 75 EQUILÍBRIO NO MERCADO DE BENS E MONETÁRIO Considere as condições para o equilíbrio no mercado de bens e monetário, assim temos que: 76 12/06/2023 EQUILÍBRIO NO MERCADO DE BENS E MONETÁRIO Substituindo (2) em (1) obtemos o equilíbrio simultâneo no mercado de bens e monetário: 77 EQUILÍBRIO NO MERCADO DE BENS E MONETÁRIO Resolvendo para a taxa de juros temos: 78 12/06/2023 EQUILÍBRIO NO MERCADO DE BENS E MONETÁRIO Igualando as duas funções e resolvendo para a taxa de câmbio real efetiva, temos: A taxa de câmbio real de equilíbrio é dada por: 79 EQUILÍBRIO NO MERCADO DE BENS E MONETÁRIO Como a taxa de cambio muda em função dos distintos parâmetros: 80 12/06/2023 EFICIÊNCIA DE POLÍTICAS FISCAIS E MONETÁRIAS SOB DIFERENTES REGIMES CAMBIAIS: - REGIME DE CÂMBIO FÍXO - REGIME DE CÂMBIO FLEXÍVEL 81 EFICIÊNCIA DE POLÍTICAS FISCAIS E MONETÁRIAS SOB REGIME DE CÂMBIO FÍXO 82 12/06/2023 TAXAS DE CÂMBIO FIXAS E PERFEITA MOBILIDADE DE CAPITAL Sob taxas de câmbio fixa, o Banco Central intervém no mercado cambial mantendo constante o preço das moedas estrangeiras em termos de moeda nacional. Ele faz isso comprando e vendendo moeda estrangeira à taxa de câmbio fixa. Em um sistema de taxas fixas, os bancos centrais têm que financiar quaisquer superávit ou déficit de balanço de pagamentos que surjam à taxa de câmbio determinada (fixa), comprando e vendendo moeda estrangeira. Para manter a política de câmbio fixo, o Banco Central tem que manter um estoque de reservas de moeda estrangeira, para garantir a estabilidade da taxa de câmbio e a realização de suas operações no mercado cambial. 83 POLÍTICA FISCAL SOB TAXAS DE CÂMBIO FIXAS E PERFEITA MOBILIDADE DE CAPITAL POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA Taxa de juros i LM E’ i’ E LM’ E” i BP=0 IS’ IS Y 84 Y’ 12/06/2023 POLÍTICA FISCAL SOB TAXAS DE CÂMBIO FIXAS E PERFEITA MOBILIDADE DE CAPITAL Política Fiscal Expansionista Aumento na Demanda Agregada e na Renda Doméstica Aumento na taxa de Juros (i > i*) Entrada de capital, Superávit no Balanço de Pagamentos Pressão para Apreciação Cambial Intervenção do BC comprando divisas e vendendo moeda nacional Expansão monetária, queda na taxa de juros, retomada do equilíbrio no Balanço de Pagamentos. Aumento no nível de renda de equilíbrio 85 POLÍTICA FISCAL SOB TAXAS DE CÂMBIO FIXAS E PERFEITA MOBILIDADE DE CAPITAL POLÍTICA FISCAL CONTRACIONISTA LM’ Taxa de juros i LM i E E” BP=0 E’ i’ IS IS’ Y’ 86 Y’ 12/06/2023 POLÍTICA FISCAL SOB TAXAS DE CÂMBIO FIXAS E PERFEITA MOBILIDADE DE CAPITAL Política Fiscal Contracionista Redução na Demanda Agregada e na Renda Doméstica Redução na taxa de Juros (i < i*) Saída de capital, déficit no Balanço de Pagamentos Pressão para depreciação cambial Intervenção do BC vendendo divisas e comprando moeda nacional Contração monetária, aumento na taxa de juros, retomada do equilíbrio no Balanço de Pagamentos. Redução no nível de renda de equilíbrio 87 POLÍTICA FISCAL SOB TAXAS DE CÂMBIO FIXAS E PERFEITA MOBILIDADE DE CAPITAL Sob taxas de câmbio fixas e perfeita mobilidade de capitais, a política fiscal mostra-se plenamente eficiente para a determinação do nível de renda de equilíbrio. Sob perfeita mobilidade de capital, uma política fiscal expansionista (contracionista) promove uma elevação (redução) na taxa de juros, uma pressão para a apreciação (depreciação) da moeda e, por conseguinte, exige uma intervenção do Banco Central produzindo uma expansão (contração) na oferta monetária para assegurar a taxa de câmbio constante. Assim sendo, o aumento (redução) da renda promovida pela política fiscal expansionista (contracionista) é potencializado pela expansão da oferta monetária do Banco Central. De modo geral, sob taxas de câmbio fixas e perfeita mobilidade de capitais, distúrbios reais que afetam a demanda agregada, afetam o nível de renda de equilíbrio. 88 12/06/2023 POLÍTICA MONETÁRIA SOB TAXAS DE CÂMBIO FIXAS E PERFEITA MOBILIDADE DE CAPITAL POLÍTICA MONETÁRIA EXPANSIONISTA LM LM’ Taxa de juros i IS i E BP=0 i’ E’ Y Y’ 89 POLÍTICA MONETÁRIA SOB TAXAS DE CÂMBIO FIXAS E PERFEITA MOBILIDADE DE CAPITAL Política Monetária Expansionista Redução na taxa de Juros (i < i*) Saída de capital, déficit no Balanço de Pagamentos Pressão para depreciação Cambial Intervenção do BC vendendo divisas e comprando moeda nacional Contração monetária, aumento na taxa de juros, retomada do equilíbrio no Balanço de Pagamentos. O nível de equilíbrio da renda não é alterado 90 12/06/2023 POLÍTICA MONETÁRIA SOB TAXAS DE CÂMBIO FIXAS E PERFEITA MOBILIDADE DE CAPITAL POLÍTICA MONETÁRIA CONTRACIONISTA IS’ LM Taxa de juros i IS i’ i E’ E Y’ BP=0 Y 91 POLÍTICA MONETÁRIA SOB TAXAS DE CÂMBIO FIXAS E PERFEITA MOBILIDADE DE CAPITAL Política Monetária Contracionista Aumento na taxa de Juros (i > i*) Entrada de capital, Superávit no Balanço de Pagamentos Pressão para apreciação Cambial Intervenção do BC comprando divisas e vendendo moeda nacional Expansão monetária, redução na taxa de juros, retomada do equilíbrio no Balanço de Pagamentos. O nível de equilíbrio da renda não é alterado 92 12/06/2023 TAXAS DE CÂMBIO FIXAS E PERFEITA MOBILIDADE DE CAPITAL Sob taxas de câmbio fixas e perfeita mobilidade de capital, um país não pode promover uma política monetária independente. As taxas de juros não podem se desalinhar das taxas que prevalecem no mercado mundial. O comprometimento para manter a taxa de câmbio fixa torna o estoque monetário endógeno, dado que o Banco Central tem que prover moeda estrangeira ou moeda doméstica que for demandada à taxa de câmbio determinada. Qualquer tentativa para reduzir (aumentar) a taxa de juros doméstica aumentando (reduzindo) o estoque monetário, incentiva a saída (entrada) de capital, promovendo pressão para depreciação (apreciação) da moeda. Isso cria a necessidade de intervenção do Banco Central comprando e vendendo moeda estrangeira até que as taxas de juros alinhem-se outra vez com as taxas do mercado mundial. Sob taxas de câmbio fixas e perfeita mobilidade de capital, a política monetária torna-se completamente ineficiente. 93 EFICIÊNCIA DE POLÍTICAS FISCAIS E MONETÁRIAS SOB REGIME DE CÂMBIO FLEXÍVEL 94 12/06/2023 TAXAS DE CÂMBIO FLEXÍVEIS E PERFEITA MOBILIDADE DE CAPITAL Sob taxas de câmbio totalmente flexíveis, o banco central não intervém no mercado cambial. A taxa de câmbio deve ajustar-se para equilibrar o mercado, fazendo com que a demanda e a oferta de moeda estrangeira se equilibrem. Sob taxas de câmbio totalmente flexíveis, a ausência de intervenção implica um balanço de pagamentos equilibrado. Qualquer déficit em conta corrente deve ser financiado por entrada privada de capital e qualquer superávit por saídas de capital. Os ajustamentos na taxa de câmbio asseguram que a soma das contas corrente e de capital sejam iguais a zero. 95 POLÍTICA FISCAL SOB TAXAS DE CÂMBIO FLEXÍVEIS E PERFEITA MOBILIDADE DE CAPITAL POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA IS’ LM Taxa de juros i IS E’ i’ i E BP=0 Y 96 Y’ 12/06/2023 POLÍTICA FISCAL SOB TAXAS DE CÂMBIO FLEXÍVEIS E PERFEITA MOBILIDADE DE CAPITAL Política Fiscal Expansionista Aumento na Demanda Agregada e na Renda Doméstica Aumento na taxa de Juros (i > i*) Entrada de capital Apreciação Cambial Aumento das Importações e Redução nas Exportações A piora no saldo comercial anula o efeito inicial promovido pela política fiscal expansionista sobre o nível de renda de equilíbrio. 97 POLÍTICA FISCAL SOB TAXAS DE CÂMBIO FLEXÍVEIS E PERFEITA MOBILIDADE DE CAPITAL POLÍTICA FISCAL CONTRACIONISTA IS LM Taxa de juros i IS’ E i i’ BP=0 E’ Y’ 98 Y 12/06/2023 POLÍTICA FISCAL SOB TAXAS DE CÂMBIO FLEXÍVEIS E PERFEITA MOBILIDADE DE CAPITAL Política Fiscal Contracionista Redução na Demanda Agregada e na Renda Doméstica Redução na taxa de Juros (i < i*) Saída de capital Depreciação Cambial Redução nas Importações e Aumento nas Exportações Melhora no saldo comercial anula o efeito inicial promovido pela política fiscal expansionista sobre o nível de renda de equilíbrio. 99 POLÍTICA FISCAL SOB TAXAS DE CÂMBIO FLEXÍVEIS E PERFEITA MOBILIDADE DE CAPITAL Sob taxas de câmbio flexíveis e perfeita mobilidade de capitais, a política fiscal mostra-se completamente determinação do nível de renda de equilíbrio. ineficiente para a Sob perfeita mobilidade de capital, uma política fiscal expansionista (contracionista) promove uma elevação (redução) na taxa de juros, uma pressão para a apreciação (depreciação) da moeda e, por conseguinte, produz uma piora (melhora) no saldo em transações correntes (Exportações-Importações). Assim sendo, o aumento (redução) da renda promovida pela política fiscal expansionista (contracionista) é completamente anulado pela redução (aumento) da renda promovido pela queda nas exportações líquidas. De modo geral, sob taxas de câmbio flexíveis e perfeita mobilidade de capitais, distúrbios reais que afetam a demanda agregada, não afetam o nível de renda de equilíbrio. 100 12/06/2023 POLÍTICA MONETÁRIA SOB TAXAS DE CÂMBIO FLEXÍVEIS E PERFEITA MOBILIDADE DE CAPITAL POLÍTICA MONETÁRIA EXPANSIONISTA LM Taxa de juros i LM’ E i E” BP=0 E’ i’ IS’ IS Y Y’ 101 POLÍTICA MONETÁRIA SOB TAXAS DE CÂMBIO FLEXÍVEIS E PERFEITA MOBILIDADE DE CAPITAL Política Monetária Expansionista Redução na taxa de Juros (i < i*) Saída de capital Depreciação Cambial Aumento das Exportações e Redução nas Importações Melhora no Saldo Comercial A melhora no saldo comercial potencializa o efeito promovido pela política monetária expansionista sobre o nível de renda de equilíbrio 102 12/06/2023 POLÍTICA MONETÁRIA SOB TAXAS DE CÂMBIO FLEXÍVEIS E PERFEITA MOBILIDADE DE CAPITAL POLÍTICA MONETÁRIA CONTRACIONISTA LM’ Taxa de juros i LM E’ i’ E i BP=0 E” IS IS’ Y Y’ 103 POLÍTICA MONETÁRIA SOB TAXAS DE CÂMBIO FLEXÍVEIS E PERFEITA MOBILIDADE DE CAPITAL Política Monetária Contracionista Aumento na taxa de Juros (i > i*) Entrada de capital Apreciação Cambial Redução das Exportações e Aumento nas Importações Piora no Saldo Comercial A piora no saldo comercial potencializa o efeito promovido pela política monetária contracionista sobre o nível de renda de equilíbrio 104 12/06/2023 POLÍTICA MONETÁRIA SOB TAXAS DE CÂMBIO FLEXÍVEIS E PERFEITA MOBILIDADE DE CAPITAL Sob taxas de câmbio flexíveis e perfeita mobilidade de capitais, a política monetária mostra-se bastante eficiente determinação do nível de renda de equilíbrio. para a Qualquer tentativa para reduzir (aumentar) a taxa de juros doméstica aumentando (reduzindo) o estoque monetário, incentiva a saída (entrada) de capital, promovendo pressão para depreciação (apreciação) da moeda, uma melhora (piora) no saldo comercial e, por conseguinte, um aumento (redução) no nível de renda de equilíbrio. 105 TAXAS DE CÂMBIO FLEXÍVEIS E PERFEITA MOBILIDADE DE CAPITAL Vantagens da taxa de câmbio flexível: Permite aos formuladores de políticas econômicas concentrarem-se em metas internas, livres de preocupações com déficits no balanço de pagamentos. A flexibilidade da taxa de câmbio removeria conflitos potenciais que surgem entre o equilíbrio interno e o equilíbrio externo. Taxas de câmbio flexíveis protegem a economia interna de choques econômicos originários no exterior. 106 12/06/2023 EFEITOS DE POLÍTICAS FISCAIS E MONETÁRIAS SOB TAXAS DE CÂMBIO FIXAS E FLEXÍVEIS E PERFEITA MOBILIDADE DE CAPITAL POLÍTICAS FISCAIS E MONETÁRIAS COM PERFEITA MOBILIDADE DE CAPITAIS Taxa Fixa Taxas Flexíveis - Não afeta o nível de - Depreciação Cambial; renda de equilíbrio; - Melhora no Saldo em Expansão Monetária - Redução no estoque de Transações Correntes; reservas cambiais. - Expansão no nível de renda de equilíbrio. Expansão Fiscal - Expansão no nível de - Apreciação Cambial; renda de equilíbrio. - Piora o Saldo em - Aumento no estoque de Transações Correntes; reservas cambiais. - Não afeta o nível de renda de equilíbrio; 107 EFEITOS DE POLÍTICAS FISCAIS E MONETÁRIAS SOB TAXAS DE CÂMBIO FIXAS E FLEXÍVEIS E PERFEITA MOBILIDADE DE CAPITAL POLÍTICAS FISCAIS E MONETÁRIAS COM PERFEITA MOBILIDADE DE CAPITAIS Taxa Fixa 108 Taxas Flexíveis Contração Monetária - Não afeta o nível de - Apreciação Cambial; renda de equilíbrio; - Piora no Saldo em - Aumento no estoque de Transações Correntes; reservas cambiais. - Contração no nível de renda de equilíbrio. Contração Fiscal - Redução no nível de - Depreciação Cambial; renda de equilíbrio; - Melhora no Saldo em - Redução no estoque de Transações Correntes; reservas cambiais. - Não afeta o nível de renda de equilíbrio; 12/06/2023 EFEITOS DE POLÍTICAS FISCAIS E MONETÁRIAS SOB TAXAS DE CÂMBIO FIXAS E FLEXÍVEIS E PERFEITA MOBILIDADE DE CAPITAL POLÍTICAS FISCAIS E MONETÁRIAS COM PERFEITA MOBILIDADE DE CAPITAIS Taxa Fixa Taxas Flexíveis Política Monetária Ineficiente Eficiente Política Fiscal Eficiente Ineficiente 109 EFEITOS DE MUDANÇA NOS PREÇOS SOBRE A TAXA DE CÂMBIO EFEITO DE UM AUMENTO NO NÍVEL DE PREÇOS DOMÉSTICOS E E0 Taxa de Retorno dos Depósitos em Ativos Nacionais 1 2 E1 0 Taxa de Retorno dos Depósitos em Ativos Estrangeiros i0 M/P1 M/P0 110 i1 2 1 L(Y, i) i 12/06/2023 EFEITOS DE AUMENTO NOS PREÇOS SOBRE A TAXA DE CÂMBIO Aumento no Nível de Preços Redução na Oferta Real de Moeda Aumento na taxa de juros i > i* Entrada de Capital Oferta por moeda estrangeira aumenta Redução da Taxa de Câmbio (Valorização Cambial) 111 EFEITOS DE MUDANÇA NOS PREÇOS SOBRE A TAXA DE CÂMBIO EFEITO DE UMA REDUÇÃO NO NÍVEL DE PREÇOS DOMÉSTICOS E E1 Taxa de Retorno dos Depósitos em Ativos Nacionais 2 1 E0 0 Taxa de Retorno dos Depósitos em Ativos Estrangeiros i1 M/P0 M/P1 112 i0 1 2 L(Y, i) i 12/06/2023 EFEITOS DE REDUÇÃO NOS PREÇOS SOBRE A TAXA DE CÂMBIO Redução no Nível de Preços Aumento na Oferta Real de Moeda Redução na taxa de juros i < i* Fuga de Capital Demanda por moeda estrangeira aumenta Aumento da Taxa de Câmbio (Desvalorização Cambial) 113 DINÂMICA DA CRISE CAMBIAL Hipóteses Iniciais: O Banco Central fixa a taxa de câmbio em um nível E0, e se compromete a vender moeda estrangeira a este preço enquanto tiver algo para vender; O Banco Central permite a expansão do crédito doméstico, de modo que o governo recorre aos empréstimos do banco central para financiar eventuais déficits orçamentários; O Banco Central abandona o regime de câmbio fixo se as reservas oficiais caírem a zero. 114 12/06/2023 DINÂMICA DA CRISE CAMBIAL E Taxa de Câmbio Sombra Flutuante Es EsT2 Es = E 0 EsT1 Diminuição das Reservas Oficiais Promovidas pelo Pelo Ataque Especulativo 0 T1 T* T2 M/P0 M/P1 Estoque de Reservas Oficiais 115 DINÂMICA DA CRISE CAMBIAL Déficit Orçamentário Financiamento via Expansão Monetária (O Banco Central Compra os Títulos do Governo) Aumento na Oferta Monetária Fuga de Capital Esombra = E0(Fixa) Ataque Especulativo Crise Cambial 116 Tempo 12/06/2023 CONDIÇÃO DE MARSHALL-LERNER Hipótese Inicial: depreciação real da moeda de um país melhora suas transações correntes. Em que condições essa hipótese é válida? A validade dessa hipótese depende da resposta dos volumes de exportações e importações às mudanças nas taxas de câmbio real. A condição de Marshall-Lerner (Alfred Marshall e Abba Lerner) afirma que, permanecendo tudo o mais constante (ceteris paribus), uma depreciação real melhora as transações correntes se o volume de exportações e importações forem suficientemente elásticas em relação à taxa de câmbio real. 117 CONDIÇÃO DE MARSHALL-LERNER MODELO As transações correntes são determinadas por: Supondo que a renda externa Y* é mantida constante, e que a taxa de câmbio real é determinada por e=E.P*/P, a equação de transações correntes pode ser reescrita como: Fazendo M = e.X*, obtemos as importações medidas em produto interno, de modo que a transação corrente podem ser determinadas por: 118 12/06/2023 CONDIÇÃO DE MARSHALL-LERNER MODELO Para definir o efeito da variação cambial sobre as transações correntes, derivamos a expressão em relação a taxa de câmbio real. Assim, obtemos: De forma mais específica a equação pode ser reescrita como: Essa equação resume os dois efeitos de uma depreciação real sobre as transações correntes: efeito volume e efeito valor. 119 CONDIÇÃO DE MARSHALL-LERNER MODELO Efeito Volume: efeito de mudanças em “e” sobre o número de unidades de produto exportadas e importadas. Efeito Valor: representado por X*(Y,e), sugere que um aumento em “e” piora as transações correntes, uma vez que eleva o valor do volume inicial das importações em termos de produtos internos. 120 12/06/2023 CONDIÇÃO DE MARSHALL-LERNER MODELO Deve-se estabelecer as condições para que: Definindo a elasticidade da demanda por exportações em relação a “e”, 121 CONDIÇÃO DE MARSHALL-LERNER MODELO Multiplicando o lado direito da equação TC por e/X, temos: Se as transações correntes são inicialmente iguais a zero (equilíbrio em transações correntes), temos que: 122 12/06/2023 CONDIÇÃO DE MARSHALL-LERNER MODELO Substituindo X por “e.X*”, temos: 123 CONDIÇÃO DE MARSHALL-LERNER MODELO A condição de Marshall-Lerner é representada por: A condição de Marshall-Lerner afirma que, se as transações correntes forem inicialmente iguais a zero, uma depreciação real da moeda causa um superávit em transações correntes caso a soma das elasticidades câmbio das demandas por exportações e importações seja maior que a unidade. 124 12/06/2023 AJUSTE GRADUAL DO FLUXO DE COMÉRCIO E A DINÂMICA DAS TRANSAÇÕES CORRENTES Uma hipótese importante na teoria do comércio internacional é que, permanecendo tudo o mais constante, uma depreciação da moeda local melhora imediatamente as transações correntes, enquanto uma apreciação real faz com que as transações correntes piorem imediatamente. Na realidade, o que se verifica é que o comportamento subjacente aos fluxos de comércio pode ser muito mais complexo, uma vez que, envolve elementos dinâmicos – tanto do lado da oferta quanto do lado da demanda – que levam as transações correntes a se ajustar gradualmente às mudanças na taxa de câmbio. 125 AJUSTE GRADUAL DO FLUXO DE COMÉRCIO E A DINÂMICA DAS TRANSAÇÕES CORRENTES A CURVA J: Em alguns casos se observa que as transações correntes de um país pioram imediatamente após uma depreciação real da moeda e só começam a melhorar alguns meses mais tarde, ao contrário da hipótese levantada inicialmente. Se as transações correntes inicialmente pioram após uma depreciação, sua trajetória temporal, descreve uma trajetória inicial semelhante ao formato de uma curva J, portanto, a denominação “curva J” atribuída a este fenômeno. As transações correntes, medidas em produto doméstico, podem se deteriorar abruptamente logo após uma depreciação da moeda, pois a maioria dos pedidos de importações e exportações é feito muitos meses antes. Nos primeiros meses após a depreciação, os volumes de exportações e importações podem, portanto, refletir decisões de compra feitas com base na taxa de câmbio real antiga. Assim, o efeito principal da depreciação é elevar o valor do nível de importações pré-contratadas em termos dos produtos domésticos. 126 12/06/2023 AJUSTE GRADUAL DO FLUXO DE COMÉRCIO E A DINÂMICA DAS TRANSAÇÕES CORRENTES A CURVA J: Como as exportações medidas em produtos domésticos não mudam, enquanto as importações medidas em produto doméstico aumentam, existe uma queda inicial nas transações correntes. Mesmo depois dos contratos antigos de exportação e importação terem sido cumpridos, ainda leva tempo para que as novas encomendas se ajustem plenamente à mudança no preço relativo. Do lado da produção, os exportadores podem ter de instalar unidades e equipamentos adicionais e contratar novos trabalhadores. Na medida em que as importações consistam em materiais intermediários usados nas manufaturas domésticas, o ajuste da importação também ocorre gradualmente, conforme os importadores vão adotando novas técnicas de produção que economizem insumos intermediários. Existe defasagem também no consumo, uma vez que, para expandir o consumo estrangeiro de exportações domésticas pode ser necessário construir novas lojas de varejo no exterior, o que leva tempo para se consolidar. 127 AJUSTE GRADUAL DO FLUXO DE COMÉRCIO E A DINÂMICA DAS TRANSAÇÕES CORRENTES A CURVA J: descreve a defasagem temporal com que uma depreciação real da moeda real melhora as transações correntes. TC Efeito de Longo Prazo da depreciação real sobre as transações correntes 1 3 2 Depreciação real ocorre e a curva J se inicia 128 Fim da Curva J Tempo 12/06/2023 EFEITO DE CURTO E DE LONGO PRAZO DE UM AUMENTO PERMANENTE NA OFERTA DE MOEDA E E1 Taxa de Retorno dos Depósitos em Ativos Nacionais 2 2 E1 3 E3 1 E0 0 Taxa de Retorno dos Depósitos em Ativos Nacionais E Taxa de Retorno dos Depósitos em Ativos Estrangeiros i1 i0 i i1 L(Y, i) M/P0 M/P1 1 M/P0 M/P1 2 i0 i L(Y, i) 1 2 129 EFEITO DE CURTO E DE LONGO PRAZO DE UM AUMENTO PERMANENTE NA OFERTA DE MOEDA M M1 M0 2 P1 P0 i0 1 2 1 t0 Tempo E NÍVEL DE PREÇOS E1 2 E2 1 E0 Tempo 130 TAXA DE JUROS i1 t0 P i OFERTA DE MOEDA Tempo TAXA DE CÂMBIO 2 3 1 t0 Tempo 12/06/2023 EFEITO DE CURTO E DE LONGO PRAZO DE UM AUMENTO PERMANENTE NA OFERTA DE MOEDA OVERSHOOTING DA TAXA DE CÂMBIO: Como efeito de um aumento na oferta monetária, a taxa de câmbio sofre uma depreciação superior a depreciação de equilíbrio de longo prazo. Diz-se que a taxa de câmbio sofre uma “ultrapassagem ou overshooting” quando sua resposta imediata (de curto prazo) a uma perturbação é maior que sua resposta de longo prazo. A ultrapassagem ou overshooting da taxa de câmbio é um fenômeno importante porque ajuda a explicar a variabilidade excessiva da taxa de câmbio no curto prazo. A ultrapassagem é uma conseqüência direta da rigidez de curto prazo do nível de preços. Em um mundo hipotético onde o nível de preços pudesse se ajustar imediatamente a seu novo nível de longo prazo, após um aumento na oferta de moeda, a taxa de juros do dólar não diminuiria, porque os preços se ajustariam imediatamente e isso evitaria que a oferta de moeda real aumentasse. Em tais condições, não haveria necessidade da ultrapassagem para manter o equilíbrio no mercado de câmbio. A taxa de câmbio alcançaria o equilíbrio simplesmente saltando de uma só vez para seu novo nível de longo prazo. 131 REPASSE DA TAXA DE CÂMBIO E INFLAÇÃO EFEITO PASS-THOUGH DA TAXA DE CÂMBIO PARA PREÇOS: O repasse dos movimentos cambiais aos índices de preços de um país é denominado na literatura econômica de “efeito pass-through cambial”. O grau de pass-through é definido como a elasticidade taxa de câmbio – preços domésticos, isto é, é o impacto percentual de uma mudança de 1% na taxa de câmbio nominal sobre os preços domésticos, sejam eles comercializáveis ou não. Esse grau de repasse cambial aos preços identifica a sensibilidade dos preços domésticos em relação às mudanças cambiais. 132 12/06/2023 REPASSE DA TAXA DE CÂMBIO E INFLAÇÃO EFEITO PASS-THOUGH DA TAXA DE CÂMBIO PARA PREÇOS: Diversos fatores afetam o grau deste repasse de variações cambiais para os preços, dentre os mais importante, destacam-se: - o grau de abertura da economia; - o nível de aquecimento da demanda doméstica (hiato do produto); - ambiente inflacionário; - o grau de participação de insumos importados na produção de bens domésticos; - o desvio da taxa de câmbio real de sua taxa de equilíbrio. - Grau de concentração de mercado; - A elasticidade preço-demanda. Sendo assim, em uma economia aberta, os preços dos produtos consumidos domesticamente estão sujeitos a choques advindos do mercado externo, seja por questões relacionadas a ajustes nos preços relativos das moedas, seja por movimentações nas condições internacionais de oferta e demanda. 133 EFEITO DE MUDANÇAS NA TAXA DE CÂMBIO SOBRE DIFERENTES INDICADORES DE PREÇOS 134 12/06/2023 BIBLIOGRAFIA Bibliografia Básica: DORNBUSCH, R. STANLEY, F., Macroeconomia. Editora Makron. BLANCHARD, O. Macroeconomia. São Paulo. Ed. Campus, 1999 SACHS, J.D. e LARRAIN, F., Macroeconomia. Editora Makron. Bibliografia Complementar: FROYEN, R. Macroeconomia. São Paulo. Ed. Saraiva, 2001 SIMONSEM, M.H. Macroeconomia. São Paulo. Ed. Atlas, 1996 135